Avaliação macroscópica e histopatológica de cetáceos
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Avaliação macroscópica e histopatológica de cetáceos
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ FACULDADE DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS MONICA REGINA ALVES MOTTA AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA E HISTOPATOLÓGICA DE CETÁCEOS ENCALHADOS NO LITORAL DO CEARÁ FORTALEZA 2006 1 MONICA REGINA ALVES MOTTA AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA E HISTOPATOLÓGICA DE CETÁCEOS ENCALHADOS NO LITORAL DO CEARÁ Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias. Orientadora: Profa Dra Diana Célia Nunes Sousa Pinheiro. FORTALEZA 2006 2 MONICA REGINA ALVES MOTTA AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA E HISTOPATOLÓGICA DE CETÁCEOS ENCALHADOS NO LITORAL DO CEARÁ Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias. Aprovada em 07/12/2006 BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Profa Dra Diana Célia Sousa Nunes Pinheiro (Orientadora) Universidade Estadual do Ceará __________________________________________________ Profa Dra Adriana Wanderley de Pinho Pessoa Universidade Estadual do Ceará __________________________________________________ Prof. Dr. Cláudio Cabral Campello Universidade Estadual do Ceará 3 Aos animais, Todo o meu respeito, amor e dedicação. 4 AGRADECIMENTOS A Deus e a grande oportunidade de estar vivendo neste mundo de aprendizados. Aos meus pais, Milton e Vera, e aos meus irmãos, Cato e Tite, por todo o amor, dedicação, compreensão, e apoio às minhas decisões. Obrigado pelo exemplo de vida! A minha avó Dirce, que com sua afabilidade e doçura, me mostrou desde pequena o valor das coisas simples da vida, tornando-se a maior cúmplice do meu amor pelos animais. À minha orientadora Diana Célia, por aceitar o desafio e pela confiança em mim depositada. Por todo o seu carinho, companheirismo e disposição em ajudar sempre. Aos meus queridos estagiários, Vitor Luz e Ana Paula Domingos, pela linda amizade que construímos, e pela dedicação e entusiasmo que nos permitiram aprender e crescer juntos. Vocês vão longe! Ao Thiago Cartaxo, pela sua grande ajuda e paciência, e por ter se permitido conhecer (e gostar) do mundo da veterinária. A equipe da AQUASIS, e a grande oportunidade que tive durante os anos que trabalhei no CRMM, de aprender e me apaixonar pelos animais marinhos. Agradeço especialmente aos grandes amigos que fiz lá, Danise Alves (Dan), Virginia Gois (Vivica), Giovana Maraschin (Gio), Karla Cavalcante (Karlinha), Andréia Pighinelli (Dedéia), Alexandra Costa (Alê), Aline Martins (Ali), Helen Barros (Helenzita), Maria Luíza Ferraz (Malu), Henrique Almeida (Rique), Thaís Moura, Fernanda Menezes, e Mardônio Oliveira, cujas palavras seriam incapazes de descrever o quanto se tornaram importantes em minha vida. Ao histotécnico do Laboratório de Histologia da Faculdade de Medicina/UFC, José Ivan Rodrigues de Sousa, pela competência e dedicação com que preparou as lâminas histológicas, e pelo seu exemplo de dignidade e integridade, que são motivos para a admiração de todos que o conhecem. À Virginia Girão, Daniel Viana, e Daniel Sanches, pela essencial atenção e contribuição por tantas vezes requisitada. À Jociery Vergara-Parente, João Borges, Milton Marcondes, Claudia Nascimento e a Luisa Lopes, nos quais sempre encontrei conselhos e palavras de incentivo, e cuja dedicação ao trabalho e a conduta ética são inteiramente inspiradoras. À Juliana Marigo e Márcia Elisa Pereira, exemplos de iniciativa e perseverança que são de grande estímulo pra mim. Obrigada pela amizade e parceria. 5 Aos colegas de mestrado, por tudo que passamos juntos, especialmente os momentos de solidariedade e incentivo. Aos professores do PPGCV/UECE que contribuíram para a minha formação científica, em particular ao Prof. Ricardo de Figueiredo, que ministrou com brilhantismo a disciplina de bioética, demonstrando a relevância e complexidade deste tema. Ao Prof. José Catão por consentir a minha presença e participação em suas aulas na FMVZ/USP, sempre mostrando-se solícito às minhas mais variadas indagações. Ao Prof. Cláudio Cabral Campello e Profa. Adriana Wanderley, por permitir a utilização de seus recursos e dependências. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq, pela bolsa concedida durante a realização do curso. A todos meus amigos, em especial à Mariana Gaffório e ao Ricardo Maruyama, meus companheiros de longa data e de todas as horas. Sei que a minha alegria também é de vocês! 6 "Olhe no fundo dos olhos de um animal e, por um momento, troque de lugar com ele. A vida dele se tornará tão preciosa quanto a sua e você se tornará tão vulnerável quanto ele. Agora sorria, se você acredita que todos os animais merecem nosso respeito e nossa proteção, pois em determinado ponto eles são nós e nós somos eles." Philip Ochoa 7 RESUMO Os exames post mortem em cetáceos encalhados, embora escassos no Brasil, podem proporcionar informações importantes sobre as doenças e as ameaças sofridas por estas espécies. Este trabalho teve por objetivo avaliar macroscópica e histopatologicamente os cetáceos encalhados no litoral do Ceará, durante o período de 1994 a 2006. Foram analisadas amostras teciduais provenientes dos cetáceos resgatados mortos em praias da costa cearense, e daqueles que vieram a óbito durante o processo de reabilitação no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos - CRMM/AQUASIS. Os fragmentos dos órgãos coletados durante as necropsias, foram fixados e mantidos em solução de formalina 10%, e posteriormente submetidos ao método convencional de preparação de lâminas histológicas e à coloração de Hematoxilina-eosina, sendo utilizadas, quando oportunas, outras técnicas histoquímicas especiais. Considerando que os 29 animais estudados pertenciam a diferentes espécies, faixas etárias e sexo, foi realizada uma análise descritiva geral dos aspectos patológicos encontrados em cada caso. Os resultados macroscópicos evidenciaram que 51,7% (15/29) dos cetáceos apresentaram sinais externos de interação antrópica. Destes, 66,7% (10/15) apresentaram lesões características de emalhamento em rede de pesca. Em 55,2% (16/29) dos animais foi constatada a presença de parasitos, principalmente nematóides e cestóides, localizados nos pulmões, estômagos e intestinos, e na forma encistada em gordura. Microscopicamente, os processos inflamatórios mostraram-se predominantemente crônicos, entre eles, 100% dos achados de gastrite (14/14), hepatite (3/3), nefrite (1/1), bronquite (1/1), encefalite (1/1), meningite (1/1), esofagite (1/1), e paniculite (1/1), 85,7% (12/14) das pneumonias intersticiais, e 72,7% (8/11) das enterites. Os achados histopatológicos relevantes, compreendem ainda, o carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico e o rabdomiossarcoma, diagnosticados em um mesmo animal, e os casos de fibrose cardíaca. Através dos resultados aqui obtidos e da criação do primeiro banco de lâminas histológicas de cetáceos no Estado do Ceará, espera-se colaborar para uma maior compreensão dos processos patológicos que acometem e predispõe esses mamíferos à morte, bem como, demonstrar a importância da abordagem multidisciplinar na busca do conhecimento necessário para direcionar os esforços na conservação das diferentes espécies. Palavras-chaves: Cetacea. Encalhe. Patologia. 8 ABSTRACT Postmortem examination of stranded cetaceans, though scarce in Brazil, can provide important information about diseases and threats of these species. The aim of this project was to carry out the macroscopic and histopathologic evaluation of the cetaceans stranded on the coast of the state of Ceara, between 1994 and 2006. Histological samples derive from dead cetaceans rescued on the beaches and from those that died during the rehabilitation process at the Marine Mammals Rehabilitation Center - CRMM/AQUASIS. The fragments of the organs collected during necropsy, were fixed and maintained in a solution of formaldehyde 10%, and subsequently submitted to conventional methods of preparation of histological slides and hematoxylin-eosina coloring. When opportune, other special histochemical techniques were used. Considering that the 29 animals under study belonged to different species, age bracket and sex, a descriptive general analysis of the pathological aspects found in each case was carried out. The macroscopic results showed that 51,7% (15/29) of the cetaceans presented external signs of some type of human interaction. From these, 66,7% (10/15) had physical marks of entanglement in fishing gear. In 55,2% (16/29), the presence of parasites was noted, principally round and flat worms, in the lungs, stomachs and intestines, and in the encysted form in the fat. Microscopically, the inflammatory processes were predominantly chronic, among them, 100% of the findings in gastritis (14/14), hepatitis (3/3), nephritis (1/1), bronchitis (1/1), encephalitis (1/1), meningitis (1/1), esophagitis (1/1), and paniculitis (1/1), 85,7% (12/14) of the interstitials pneumonia, and 72,7% (8/11) in enteritis. The relevant histopathologic findings included the acantholytic squamous cell carcinoma and the rhabdomyosarcoma, diagnosed in one sole animal, and the cases of cardiac fibrosis. Through the results here obtained and the creation of the first bank of histologic slides of cetaceans in the state of Ceara, which we hope will lead to the better understanding of the pathological processes that affect these mammals and their predisposition to death, as well as to demonstrate the importance of the multidisciplinary view in search of necessary knowledge to lead efforts towards the conservation of the different species. Key-words: Cetacea. Stranding. Pathology. 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Desenho esquemático das principais características que diferenciam os Odontocetos e Misticetos...............................................................................................................................21 Figura 2 - Desenho esquemático dos três compartimentos estomacais encontrados na maioria das espécies dos cetáceos..........................................................................................................25 Figura 3 - Aparência do rim multilobado característico dos cetáceos, detalhando os renículos....................................................................................................................................26 Figura 4. Ferimento por objeto cortante (seta) na região ventral do rostro. Steno bredanensis – caso no 2....................................................................................................................................43 Figura 5. Marcas de rede e corda evidenciando o aprisionamento em aparelho de pesca. Steno bredandensis – caso no 6...........................................................................................................43 Figura 6. Marca de mordida de tubarão (170,8 mm de diâmetro) cranio-lateral à nadadeira dorsal. Peponocephala electra – caso no 28.............................................................................43 Figura 7. Escoriações oriundas do encalhe. Caquexia (observar o abaulamento após o crânio). Nota-se ainda o aprofundamento do globo ocular. Kogia breviceps – caso no 29. ..................................................................................................................................................43 Figura 8. Infecção parasitária pulmonar por nematóides do gênero Halocercus sp. em brônquios e bronquíolos. Observa-se ainda a congestão pulmonar. Stenella clymene – caso no 17...............................................................................................................................................44 Figura 9. Infecção parasitária gástrica por nematóides da espécie Anisakis typica em estômago pilórico. Stenella clymene – caso no 24.....................................................................................44 Figura 10. Congestão cerebral. Stenella longirostris – caso no 18...........................................44 Figura 11. Dilatação dos ventrículos, especialmente o direito (seta). Nota-se ainda a congestão das artérias e veias coronárias. Kogia breviceps – caso no 11...............................................................................................................................................44 Figura 12. Fratura completa (transversal e medial) de escápula esquerda. Sotalia guianensis – caso no 22..................................................................................................................................45 Figura 13. Múltiplas fraturas de mandíbula e maxila com perda óssea e tecidual. Ferimento necrosado. No detalhe, visão ventro-dorsal da mandíbula após dissecação. Stenella clymene – caso no 24..................................................................................................................................45 10 Figura 14. Lesão cutânea, profunda, ulcerada, necrosada e com bordas arredondadas (carcinoma de células escamosas), na região maxilar direita do rostro. Steno bredanensis – caso no 15................................................................................................................................. 45 Figura 15. Enterite em terço médio dos intestinos. Nota-se o espessamento de mucosa e a presença de secreção purulenta. Peponocephala electra – caso no 28.....................................45 Figura 16. Esofagite na porção anterior do órgão. Observa-se a mucosa esofágica edematosa, espessada e hiperêmica (seta). Kogia breviceps – caso no 29...................................................45 Figura 17. Foco de hepatite crônica, moderada, com o predomínio de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no infiltrado (H.E., 100x). Lagenodelphis hosei – caso o n 12...........................................................................................................................................46 Figura 18. Gastrite crônica granulomatosa, moderada, difusa, em estômago mecânico (H.E., 100x). Stenella longirostri – caso no 19...................................................................................46 Figura 19. Foco de pneumonia crônica granulomatosa intersticial (H.E., 100x). Sotalia guianensis – caso no 25.............................................................................................................47 Figura 20. Enterite crônica, linfoplasmocitária, severa, difusa (H.E., 100x). Lagenodelphis hosei – caso no 12.....................................................................................................................47 Figura 21. Carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico. Observar as células neoplásicas epiteliais arranjadas em trabéculas infiltrativas e ninhos, contendo dissociação e degeneração celular ao centro, resultando em um formato cístico, que confere ao tumor aspecto pseudoglandular (H.E., 100x). Steno bredanensis – caso o n 15...........................................................................................................................................47 Figura 22. Rabdomiossarcoma. Notar as células neoplásicas mesenquimais arranjadas em feixes de orientação anárquica e ninhos circunscritos (H.E., 40x). No detalhe, a marcação positiva para musculatura estriada esquelética (Hematoxilina-fosfotungstica, 100x). Steno bredanensis – caso no 15...........................................................................................................47 Figura 23. Área de fibrose em região de miocárdio. Observa-se a presença de cardiomiócitos entremeio aos feixes de colágeno (H.E., 100x). No detalhe, a marcação positiva para tecido conjuntivo (Tricômico de Massom, 100x). Sotalia guianensis caso no26...........................................................................................................................................48 Figura 24. Necrose difusa em região tubular cortical (H.E., 100x). Sotalia guianensis - caso no 23...............................................................................................................................................48 Figura 25. Foco de calcificação, fibrose pulmonar e pneumonia crônica piogranulomatosa (H.E., 100x). Stenella clymene – caso no 24...............................................................................................................................................48 Figura 26. Foco de desmielinização cerebral (H.E., 100x). Stenella longirostris – caso o 21...............................................................................................................................................49 11 Figura 27. Hemorragia (entre as setas) cortico-medular adrenal (H.E., 100x). Stenella clymene – caso no 24...............................................................................................................................49 Figura 28. Hiperplasia esplênica de polpa branca e vermelha (H.E., 100x). Stenella clymene – caso no 24..................................................................................................................................49 Figura 29. Úlceras enegrecidas e profundas, de formato e tamanho variados, em estômago mecânico. Kogia breviceps – caso no 11...................................................................................50 Figura 30. Úlceras enegrecidas e profundas, necrosadas, de formato e tamanho variados, em estômago pilórico. Nota-se ainda a mucosa gástrica edematosa e hiperêmica. Stenella longirostris – caso no 19............................................................................................................50 Figura 31. Úlceras (medindo entre 1,0 a 1,5 cm de diâmetro) em estômago pilórico. Notar os espécimes de Anisakis typica aderidos, tecido necrosado e as bordas extremamente sobressalentes. Observa-se ainda a mucosa gástrica edematosa e hiperêmica. Peponocephala electra – caso no 28...................................................................................................................50 Figura 32. (A) Corte transversal do parasito Anisakis typica em estômago pilórico. (B) Gastrite crônica granulomatosa com apreciável quantidade de eosinófilos em torno do parasito. (C) Reação inflamatória crônica severa, com predomínio de linfócitos e plasmócitos no infiltrado. Áreas de necrose e formação de extensa fibrose (H.E., 100x). Peponocephala electra – caso no 28...................................................................................................................50 Figura 33. Conteúdo de edema pulmonar em traquéia. Nota-se também a congestão e enfisema nos pulmões. Sotalia guianensis – caso no 23...........................................................51 Figura 34. Notar os pulmões extremamente edemaciados e congestos. Sotalia guianensis – caso no 22..................................................................................................................................51 Figura 35. Observar o encurvamento dorsal, sinal característico de choque por estresse em odontocetos. Stenella longirostris – caso no 18........................................................................51 12 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Identificação dos casos estudados em função do número de registro da REMANE, espécie, sexo, comprimento total, peso e data de necropsia.....................................................39 Quadro 2 - Principais achados macroscópicos observados nos cetáceos estudados.................52 Quadro 3 - Resultados histopatológicos observados nos cetáceos estudados...........................58 13 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos pulmonares................................................................................................................................64 Gráfico 2 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos gástricos....................................................................................................................................64 Gráfico 3 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos cardíacos....................................................................................................................................65 Gráfico 4 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos esplênicos..................................................................................................................................65 Gráfico 5 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos renais.........................................................................................................................................66 Gráfico 6 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos hepáticos....................................................................................................................................66 Gráfico 7 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos intestinais..................................................................................................................................67 Gráfico 8. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos cerebrais....................................................................................................................................67 Gráfico 9 - Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos adrenais.....................................................................................................................................68 14 LISTA DE ESPÉCIES E NOMES POPULARES (mamíferos marinhos citados no texto) Balaenoptera edeni: Baleia-de-bryde Balaenoptera physalus: Baleia-comum, Baleia-fin Delphinapterus leucas: Beluga Delphinus delphis: Golfinho-comum Enhydra lutris: Lontra-marinha Eubalaena glacialis: Baleia-franca Globicephala macrorhynchus: Baleia-piloto-de-peitorais-curtas Globicephala melas: Baleia-piloto-de-peitorais-longas Halichoerus grypus: Foca-cinzenta Kogia breviceps: Cachalote-pigmeu Kogia simus: Cachalote-anão Lagenodelphis hosei: Golfinho-de-fraser Lagenorhyncus obliquidens: Golfinho-branco-do-pacífico Megaptera novaeangliae: Jubarte Orcinus orca: Orca Peponocephala electra: Golfinho-cabeça-de-melão Physeter macrocephalus: Cachalote Phocoena phocoena: Boto-do-porto Phocoenoides dalli: Boto-de-dall Pontoporia blainvillei: Franciscana, Toninha Sotalia guianensis: Boto-cinza Stenella attenuata: Golfinho-pintado-pantropical Stenella clymene: Golfinho-climene Stenella frontalis: Golfinho-pintado-do-atlântico Stenella longirostris: Golfinho-rotador Steno bredanensis: Golfinho-de-dentes-rugosos Tursiops truncatus: Golfinho-nariz-de-garrafa Zalophus californianus: Leão-marinho-da-califórnia Ziphius cavirostris: Baleia-bicuda-de-cuvier 15 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.............................................................................................09 LISTA DE QUADROS.......................................................................................... 12 LISTA DE GRÁFICOS................................................................................... ...... 13 LISTA DE ESPÉCIES E NOMES POPULARES................................................. 14 1. INTRODUÇAO...................................................................................................... 17 2. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................19 2.1 Aspectos da História Natural dos Cetáceos.................................................... 19 2.2 Aspectos da Biologia dos Cetáceos................................................................ 20 2.3 Aspectos Anatômicos Macro e Microscópicos dos Cetáceos.........................21 2.4 Aspectos dos Encalhes de Cetáceos......................................................... ...... 27 2.5 Enfermidades de Cetáceos.............................................................................. 27 2.5.1 Doenças infecciosas.............................................................................. 28 2.5.2 Doenças não-infecciosas....................................................................... 31 3. JUSTIFICATIVA...................................................................................................34 4. OBJETIVOS...........................................................................................................35 4.1 Gerais............................................................................................................... 35 4.2 Específicos....................................................................................................... 35 5. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................... 36 5.1 Animais............................................................................................................ 36 5.2 Protocolo de Estudo......................................................................................... 36 5.2.1 Obtenção de informações................................................................ ...... 36 5.2.2 Necropsia............................................................................................... 36 5.2.3 Histopatologia........................................................................................ 37 5.2.4 Análise descritiva...................................................................................38 6. RESULTADOS...................................................................................................... 39 6.1 Amostras.......................................................................................................... 39 6.2 Avaliação Macroscópica.................................................................................. 40 6.3 Avaliação Histopatológica............................................................................... 41 16 7. DISCUSSÃO.......................................................................................................... 69 7.1 Infecções Parasitárias.......................................................................................69 7.1.1 Trato respiratório................................................................................... 69 7.1.2 Trato gastrointestinal............................................................................. 72 7.2 Neoplasias........................................................................................................ 75 7.3 Asfixia....................................................................................................... ...... 79 7.4 Estresse............................................................................................................ 82 7.5 Fibroplasia....................................................................................................... 85 7.6 Outros Casos de Interesse................................................................................ 88 8. CONCLUSÕES...................................................................................................... 91 9. PERSPECTIVAS .................................................................................................. 93 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 94 ANEXOS................................................................................................................ 112 17 1. INTRODUÇÃO O Brasil possui aproximadamente 8.000 km de costa. Neste vasto litoral já foram notificadas cinqüenta espécies de mamíferos aquáticos em águas continentais e costeiras (IUCN, 1991; JEFFERSON et al., 1993; HETZEL e LODI, 1993; IBAMA, 2001; PINEDO et al., 2002). Os principais registros de encalhes são de espécies da Ordem Cetacea, os quais ocorrem em número expressivo, todos os anos, ao longo de toda a costa brasileira (SILVA et al., 2005). A grande maioria desses animais está classificada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, no Plano de Ação para Mamíferos Aquáticos do Brasil, na categoria D.D. (Data Deficient – “Dados Insuficientes”). Essa categoria indica que não existem informações adequadas para a avaliação do status de conservação, ameaças sofridas e outras características dessas espécies. Segundo Lima e César (2005), a carência de informações deve-se principalmente à inexistência de instituições e de pessoal técnico especializado em mamíferos marinhos, bem como à utilização inadequada dos materiais biológicos resultantes dos encalhes. A pesquisa com mamíferos marinhos no Brasil é recente, datando os primeiros estudos sistematizados do final da década de 70. Atualmente a comunidade científica que se dedica à pesquisa e à conservação desses animais é composta por cerca de 150 a 200 pesquisadores, sendo a grande maioria formada por profissionais da área de Ciências Biológicas e Oceanografia (RUOPPOLO, 2003). A escassez de profissionais especializados no estudo de enfermidades em mamíferos marinhos reflete na reduzida quantidade de investigações e publicações, as quais poderiam servir como bons indicadores da saúde das populações e dos ecossistemas em que estas vivem. O estudo de encalhes de mamíferos marinhos pode proporcionar o conhecimento necessário para direcionar os esforços de conservação e fornecer dados para uma avaliação anual da taxa de mortalidade dos grupos taxonômicos, causas dos óbitos, sazonalidade dos eventos e associação com atividades humanas predatórias (LIMA e CÉSAR, 2005). A identificação das causas de mortalidade, considerando sua quantificação e seu monitoramento, faz parte dos itens G.2 e G.4 das listas de projetos prioritários inseridas nos Planos de Ação para Mamíferos Aquáticos em águas brasileiras (IBAMA, 1997, 2001), o que salienta a importância da realização deste tipo de trabalho no Brasil. No Ceará, desde 1994, a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – AQUASIS realiza o monitoramento de mamíferos marinhos, sendo responsável 18 pela coleta de material oriundo destes animais e pela manutenção de um acervo biológico no Estado. Entretanto, até o momento, não haviam sido realizados estudos patológicos procedentes da utilização destes materiais. Considerando que estes estudos podem colaborar na elucidação das possíveis causas de encalhe, este trabalho teve por objetivo, avaliar macroscópica e histopatologicamente os órgãos e tecidos dos cetáceos encalhados no litoral do Ceará entre os anos de 1994 e 2006. 19 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Aspectos da História Natural dos Cetáceos A Ordem Cetacea (do latim, cetus = baleia) é representada por mamíferos totalmente adaptados à vida aquática, sendo composta pelas baleias e golfinhos (PINEDO et al., 1992). Os cetáceos representam um grupo diversificado de mamíferos cuja anatomia e o comportamento especializados mascaram a sua origem terrestre (BARNES, 2002). Evolutivamente estes animais estão mais fielmente relacionados aos artiodáctilos (GERACI e LOUNSBURY, 1993a, GINGERICH et al., 2001), e as baleias mais especificamente à família Hipopotamidae (RICE, 2002). Entretanto, existem controvérsias sobre a teoria do desenvolvimento evolucionário dos mamíferos aquáticos em geral. O ajuste ao ambiente aquático exigiu dos cetáceos uma série de adaptações bioquímicas, fisiológicas e anatômicas, como a perda dos membros traseiros e o desenvolvimento de uma hidrodinâmica corporal adequada (JEFFERSON et al., 1993). Os rins, alongados e lobados, produzem urina altamente concentrada, reduzindo assim a perda de água (GERACI, 1986; GERACI e LOUNSBURY, 1993a, 2005a). Os pulmões firmes e flexíveis, os músculos com grande quantidade de mioglobina, e um grande volume de sangue rico em hemoglobina, garantem uma maior eficiência na obtenção, armazenamento e utilização do oxigênio (GERACI e LOUNSBURY, 1993a), permitindo desta forma, mergulhos prolongados e a grandes profundidades (PINEDO et al., 1992). Os cetáceos ainda desenvolveram um sistema de contracorrente entre veias e artérias nas nadadeiras (ELSNER, 2002, NORBERTO et al., 2005) e uma espessa camada de gordura subcutânea para possibilitar uma termorregulação apropriada, permitindo tolerância a grandes variações de temperatura (GERACI e LOUNSBURY, 1993a). De acordo com Leatherwood e Reeves (1982) e Jefferson et al. (1993), os cetáceos estão divididos em duas subordens viventes: Mysticeti, que inclui 12 espécies de baleias verdadeiras (ENGEL e MARCONDES, 2005), que apresentam como características principais a presença de barbatanas e de dois orifícios respiratórios; e Odontoceti, subordem composta por cerca de 70 espécies de golfinhos em geral, incluindo as orcas e os cachalotes (NORBERTO et al., 2005), os quais são caracterizados pela presença de dentes e um orifício respiratório (Figura 1). A Subordem Archaeoceti, surgida há cerca de 50 milhões de anos e representada por espécies extintas e conhecidas apenas por fósseis, apresentava características 20 intermediárias entre seus ancestrais terrestres e os cetáceos atuais, dentre elas o corpo serpentiforme, heterodontia e o orifício respiratório localizado entre o extremo do rostro e a região dorsal da cabeça (PINEDO et al., 1992). 2.2 Aspectos da Biologia dos Cetáceos Fatos sobre a biologia de cetáceos possuem amplas variações entre as espécies e mesmo entre grupos de diferentes regiões geográficas. Alguns fatores como idade de maturidade sexual, período de lactação e intervalo entre crias são influenciados por fatores externos como a densidade populacional e a disponibilidade de alimento (GERACI e LOUNSBURY, 1993a, 2005a). Os odontocetos variam de 1,5 a 18 metros de comprimento total, sendo que os machos costumam ser maiores que as fêmeas (NORBERTO et al., 2005). Nos misticetos, o peso pode variar de 3 a 140 toneladas, sendo em média de 1 a 3 toneladas por metro de comprimento, com as fêmeas geralmente 5% maiores que os machos quando atingem o comprimento máximo (ENGEL e MARCONDES, 2005). A estrutura social dos cetáceos é diversa. Segundo Geraci e Lounsbury (1993a; 2005a) e Ballance (2002), os cetáceos podem viver solitários, aos pares ou formar grupos de centenas de indivíduos, como no caso de algumas espécies de odontocetos, que se organizam em grandes grupos a fim de se beneficiarem na predação e na proteção contra predadores. A ecolocação, caracterizada pela emissão e recepção de sons, é de importância vital para os cetáceos. Através dela, esses animais conseguem não apenas estabelecer comunicação entre si, mas também perceber o ambiente em que se encontram, garantindo sua orientação e a aquisição de alimentos (MARCONDES, 2005). O tipo de alimento utilizado pelos cetáceos varia de espécie para espécie, mas inclui uma grande variedade de peixes, lulas e pequenos crustáceos (GERACI, 1986). Os cetáceos podem enfrentar águas de -2 a 30ºC de temperatura (BALLANCE, 2002) e reter a respiração por tempo variado, tendo sido relatados mergulhos de alguns minutos até quase duas horas de duração (NORBERTO et al., 2005). Os misticetos, com exceção da Baleia-de-bryde, realizam grandes migrações, de até 20.000 km anuais, deslocando-se durante o verão para águas polares a fim de se alimentarem, voltando durante o inverno para águas subtropicais ou tropicais para acasalamento e nascimento dos filhotes (GERACI, 1986; ENGEL e MARCONDES, 2005). 21 Aparentemente pouco ou nenhum alimento é consumido durante as migrações. Acredita-se que o estoque energético seja representado pela quantidade massiva de gordura subcutânea, a qual providenciaria energia metabólica por muitos meses, incluindo o requerimento para a amamentação do filhote (ELSNER, 2002). Os cetáceos possuem um período gestacional de aproximadamente um ano, sendo o nascimento de mais de um filhote bastante raro. Possuem uma longevidade que pode variar entre 2 a 10 décadas, dependendo da espécie (CHIVERS, 2002). Em geral, os pequenos odontocetos têm uma duração de vida mais curta e ciclos reprodutivos mais acelerados comparados com as grandes espécies de cetáceos (GERACI e LOUNSBURY, 2005a). 2 orifícios respiratórios barbatanas 1 orifício respiratório dentes Mysticeti Odontoceti Figura 1. Desenho esquemático das principais características que diferenciam os Odontocetos e os Misticetos (Adaptado de GERACI e LOUNSBURY, 1993a, 2005a). 2.3 Aspectos Anatômicos Macro e Microscópicos dos Cetáceos Em geral, os cetáceos apresentam corpo longilíneo e fusiforme, com os membros anteriores transformados em nadadeiras com a função principal de direcionamento dos movimentos. A nadadeira caudal possui função de propulsão e a dorsal, quando existente, proporciona o equilíbrio na água (GERACI, 1986; NORBERTO et al., 2005). Não possuem pavilhão auricular e as glândulas mamárias e o sistema genital são intrabdominais (BRITT e 22 HOWARD, 1983, DIERAUF, 1990). O sexo é reconhecido através da diferença de comprimento da abertura genital, sendo que nos machos existem duas pequenas fendas, uma atrás da outra, e nas fêmeas uma única fenda, comprida e proeminente, que contém as duas aberturas, genital e anal (GERACI, 1986). A pele dos cetáceos é macia, impermeável, não possui glândulas e nem pêlos, com exceção das vibrissas presentes no rostro dos infantes (LING, 1974, GERACI, 1986). A epiderme é espessa, não queratinizada e não possui uma camada granular. É composta primariamente pela camada espinhosa com papilas profundas. A derme é extremamente vascularizada, e composta por feixes de colágeno relativamente curtos e espessos. A hipoderme é bastante espessa, sendo constituída por uma densa camada de gordura. A gordura contém muitas bandas de colágeno, fibras elásticas e adipócitos, sendo separada da musculatura estriada por tecido conjuntivo frouxo (LING, 1974, BRITT e HOWARD, 1983, ROMMEL e LOWENSTINE, 2001). Nos cetáceos, o cérebro é bem desenvolvido, com o peso variando de 200 a 2.000 g em golfinhos, até 10.000 g em grandes baleias (OELSCHLAGER e OELSCHLAGER, 2002). Os hemisférios cerebrais são grandes e arredondados e possuem alto quociente de encefalização, ou seja, um grande número de circunvoluções e sulcos (BRITT e HOWARD, 1983). De acordo com a descrição de alguns autores, as fendas corticais do cérebro e do cerebelo dos cetáceos são complexas e relativamente maiores do que em cérebros de tamanho similar nos mamíferos terrestres (ROMMEL e LOWENSTINE, 2001). Entretanto, Oelschlager e Oelschlager (2002) relatam que este padrão é semelhante ao encontrado nos carnívoros e ungulados. O maior tamanho relatado do cerebelo em um misticeto foi de 1.500 g, o que corresponde a 20% do tamanho do cérebro. Em odontocetos essa relação costuma ser um pouco menor (BERTA e SUMICH, 1999). Os mamíferos marinhos em geral possuem um sistema cardiovascular adaptado para acomodar as demandas fisiológicas do mergulho. O coração possui paredes ventriculares espessas e altamente trabeculadas, cordas tendíneas bastante desenvolvidas e a artéria aorta é bulbosa e elástica. Em algumas espécies o coração pode ter um aspecto ventro-dorsal plano ou achatado e com o ápice arredondado, dando um formato diferenciado em relação aos corações da maioria dos mamíferos terrestres, entretanto a localização e a estrutura básica são típicas em relação aos mamíferos em geral. Os cetáceos possuem um sistema de anastomoses de veias e artérias que ocorre na base do crânio e ao longo das vértebras, sendo especialmente proeminente na região torácica. Hipoteticamente, esta rede tem como função agir durante o mergulho no controle da pressão e redistribuição do volume sanguíneo, contribuir na 23 termorregulação, bem como modificar a composição do sangue. Outra adaptação vascular é o sistema de contracorrente nos plexos arteriovenosos das nadadeiras peitorais, caudal e dorsal, o qual permite o controle da temperatura do corpo através da dissipação ou retenção de calor (BRITT e HOWARD, 1983; GERACI, 1986; DIERAUF e GAGE, 1990; GERACI e LOUNSBURY, 1993a, 2005a; BERTA e SUMICH, 1999; ROMMEL e LOWENSTINE, 2001; REYNOLDS et al, 2002; PONGANIS, 2002; MARCONDES, 2005). O orifício respiratório dos cetáceos encontra-se no topo da cabeça e as passagens nasais possuem uma série conectada de sacos aéreos envolvidos na produção do som. A laringe é uma estrutura altamente modificada, tubular e alongada que comunica a traquéia ao orifício respiratório. O arranjo da laringe permite aos cetáceos engolir e respirar concomitantemente. A traquéia é um cilindro cartilaginoso fenestrado formado por anéis fundidos. Os pulmões não apresentam lobos e são envoltos por uma pleura espessa (COWAN e MONTREAL, 1966; BRITT e HOWARD, 1983; GERACI e LOUNSBURY, 2005a; ROMMEL e LOWENSTINE, 2001). Geraci e Lonsbury (1993a; 2005a) consideram os pulmões simétricos, contudo, Berta e Sumich (1999) mencionam que usualmente o pulmão esquerdo é menor, mais curto e menos pesado, devido à posição do coração. A cartilagem presente ao redor dos bronquíolos até a periferia dos pulmões dos cetáceos, garante uma textura firme e flexível ao órgão e previne o colapso das vias aéreas do trato respiratório inferior, quando submetidas à pressão durante os mergulhos. Os septos alveolares contêm dois capilares paralelos, com a função de incrementar a oxigenação do sangue e diminuir o tempo de recuperação após mergulhos profundos. Esfíncteres mioelásticos estão presentes nos bronquíolos terminais, presumivelmente como mais uma adaptação aos mergulhos (WISLOCKI, 1929; COWAN e MONTREAL, 1966; BRITT e HOWARD, 1983; GERACI, 1986; GERACI e LOUNSBURY, 1993a; ROMMEL e LOWENSTINE, 2001; MARCONDES, 2005). O sistema digestivo dos cetáceos apresenta diferenças marcantes quando comparado ao dos animais terrestres. O conceito de que a língua dos cetáceos não possui papilas gustativas é conflitante (GERACI, 1986), embora seja descrito por alguns autores (RUOPOLLO, 2003). De acordo com Berta e Sumich (1999), os cetáceos possuem papilas gustativas na base da língua e alguns golfinhos em cativeiro têm demonstrado percepção de algumas substâncias. O esôfago é único na sua porção proximal, bifurcando-se quando penetra dorso-ventralmente na laringe, o que permite ao alimento entrar no estômago por ambos os lados do tubo (GERACI, 1986; GERACI e LOUNSBURY, 1993a; 2005a). O estômago da maioria dos cetáceos possui três compartimentos, que funcionalmente 24 correspondem às regiões do estômago único da maioria dos mamíferos. A primeira câmera, denominada de estômago anterior ou mecânico, é um prolongamento do esôfago delineado por epitélio escamoso estratificado queratinizado aglandular, tendo grande capacidade de dilatação e função de armazenamento do alimento. A segunda porção corresponde ao estômago glandular ou fúndico, que tem o epitélio grosseiramente trabeculado, altamente vascularizado, com glândulas secretoras de HCl e enzimas digestivas. O terceiro compartimento, chamado de estômago pilórico, é secretor de muco e prepara o conteúdo para a digestão intestinal. Um forte esfíncter muscular marca distalmente o estômago pilórico, comunicando-o com a ampola duodenal. Entre o segundo e terceiro compartimento, existe um canal conectivo, o qual separa os estômagos através de esfíncteres e possui um epitélio muito similar ao do estômago pilórico, com glândulas mucosas que auxiliam na proteção do epitélio, lâmina própria colagenosa e muscular da mucosa. Microscopicamente, os estômagos dos cetáceos possuem aparência análoga ao das espécies terrestres, adicionando que as células parietais são bastante proeminentes nos odontocetos. Os intestinos dos cetáceos são extremamente longos e não possuem distinção visível entre intestino delgado e grosso. O ceco está ausente na maioria das espécies, com exceção de alguns misticetos. É numerosa a presença de tecido linfóide associado à mucosa ao longo de todo o trajeto intestinal, especialmente no cólon distal onde pode ser encontrada, em algumas espécies, a tonsila anal. Alguns cetáceos não possuem vilosidades no duodeno proximal e as glândulas de Brunner podem estar variavelmente presentes (BRITT e HOWARD, 1983; GERACI, 1986; TARPLEY et al., 1987; DIERAUF e GAGE, 1990; LOWENSTINE e OSBORN, 1990; ROMMEL e LOWENSTINE, 2001; MEAD, 2002; MARCONDES, 2005). O pâncreas é firme e alongado, sendo maior em fêmeas adultas que em machos, e está localizado próximo à parte inicial do duodeno (BERTA e SUMICH, 1999; ROMMEL e LOWENSTINE, 2001; MEAD, 2002). Os cetáceos não possuem vesícula biliar, sendo esta falta, em parte, compensada pela capacidade de armazenamento do fígado e do sistema biliar. O fígado está tipicamente localizado imediatamente caudal ao diafragma, e a maioria de seu volume está posicionado na parte esquerda do corpo. É geralmente bilobado, possui lobos alongados e finos acompanhando o formato alongado do corpo e duto hepatopancreático com abertura no duodeno. Ocasionalmente um terceiro lobo hepático intermediário se desenvolve, o que provavelmente está relacionado à alta taxa metabólica dos cetáceos, particularmente dos odontocetos (BRITT e HOWARD, 1983; GERACI, 1986; ROMMEL e LOWENSTINE, 2001; MEAD, 2002). Histologicamente podem ser encontrados muitos vasos de paredes espessadas na tríade portal e musculatura lisa ao redor de algumas veias centrais (ROMMEL e 25 LOWENSTINE, 2001). O baço, geralmente localizado no lado direito do corpo, é escuro e arredondado (DIERAUF e GAGE, 1990) e peculiarmente firme e pequeno (GERACI, 1986), correspondendo a 0,02% do peso corporal dos cetáceos (BERTA e SUMICH, 1999), podendo estar acompanhado por um ou mais baços acessórios de menor tamanho (GERACI, 1986). A cápsula espessa do baço é fibrosa externamente e muscular internamente, com as células musculares prolongando-se através das densas trabéculas (COWAN e SMITH, 1999). 3) 2) 1) Figura 2. Desenho esquemático dos três compartimentos estomacais encontrados na maioria das espécies de cetáceos: 1) Estômago anterior ou mecânico, 2) Estômago glandular ou fúndico e 3) Estômago pilórico (Adaptado de MEAD, 2002). 26 O sistema urinário dos cetáceos é composto por rins ovais, alongados e multilobados, contendo unidades individuais conhecidas como renículos que podem variar de centenas a milhares por rim, sendo agrupados por uma fina cápsula de tecido conjuntivo fibroso. Cada renículo, de aproximadamente 1 cm de diâmetro, é funcional e autônomo, possuindo sua própria medula, córtex e papila. Normalmente uma camada de colágeno, fibras elásticas e musculatura lisa, é observada na junção cortico-medular circundando a pirâmide medular, sendo esta característica evidenciada unicamente nos cetáceos. Os glomérulos são de tamanho claramente similar. Vários renículos compartilham um mesmo ducto urinário que conduz ao ureter correspondente. A bexiga, de localização caudo-ventral na cavidade abdominal, é geralmente pequena e de parede espessa, podendo atingir a região umbilical quando distendida (COWAN e MONTREAL, 1966; BRITT e HOWARD, 1983; HENK et al., 1986; PFEIFFER, 1997; BERTA e SUMICH, 1999; ROMMEL e LOWENSTINE, 2001; REYNOLDS et al. 2002; MARCONDES, 2005). De acordo com Aubin (2001), os cetáceos possuem as glândulas adrenais típicas, com a localização, e aspectos anatômicos e histológicos similares àqueles encontrados em outros mamíferos. A diferença proeminente é a pseudolobulação do córtex adrenal, devido à presença de projeções que se estendem da periferia da medula e da cápsula de fibras colágenas (KIRBY, 1990; AUBIN, 2001; CLARK et al., 2005). Renículos Figura 3. Aparência do rim multilobado característico dos cetáceos, detalhando os renículos (Acervo AQUASIS). 27 2.4 Aspectos dos Encalhes de Cetáceos Os cetáceos podem encalhar solitários ou em grupo. O encalhe em massa é definido como o encalhe de dois ou mais animais da mesma espécie desde que não seja constituído pelo par mãe e filhote. Normalmente os encalhes em massa ocorrem apenas com os odontocetos, sendo as espécies de Glopicephala sp. e Physeter macrocephalus aparentemente as mais susceptíveis a este tipo de evento (WALSH et al., 2001; NORBERTO et al., 2005). No Brasil, ocorreram quatro registros de encalhes em massa, no Rio Grande do Sul em 1972 com 33 animais da espécie Physeter macrocephalus (GOMES, 1973), na Bahia em 1987 com 240 Peponocephala electra (LODI et al., 1990), no Rio Grande do Norte em 1991 com 5 Globicephala macrorhynchus (HETZEL e LODI, 1993), e no Rio de Janeiro em 1997 quando 6 golfinhos Steno bredanensis encalharam na foz do rio Cairuçu, na baía da Ilha Grande (HETZEL e LODI, 1998). Várias teorias surgiram ao longo dos anos para explicar a causa dos encalhes de cetáceos, dentre elas: topografia complexa e condições oceanográficas desfavoráveis, contato com biotoxinas, predação ou fuga de predadores em águas rasas, condições climáticas adversas, alterações no campo magnético da terra causando falha de navegação, desorientação do líder em espécies socialmente coesas, doenças, distúrbios de ecolocação, aumento da densidade populacional em uma espécie localizada, e injúrias antrópicas diversas (NEEDHAM, 1993; GERACI e LOUNSBURY, 2005c; PERRIN e GERACI, 2002). Os animais que encalham vivos estão sujeitos a uma série de efeitos do encalhe, onde a hipo ou hipertermia, desidratação, dificuldade respiratória, ferimentos e traumas, alterações circulatórias, estresse e choque, são os mais comumente relatados (NEEDHAM, 1993; GERACI e LOUNSBURY, 1993a; 2005a). 2.5 Enfermidades de Cetáceos As informações sobre as enfermidades nas espécies de cetáceos são procedentes, em sua maioria, dos animais encalhados (SIMPSON e CORNELL, 1983), podendo ser obtidas também de animais de cativeiro e daqueles capturados acidentalmente em rede de pesca. 28 2.5.1 Doenças infecciosas Desde o início da medicina em mamíferos marinhos, numerosas enfermidades causadas por bactérias, vírus, fungos e endoparasitos têm sido identificadas nestes animais (RUOPOLLO, 2003). Cumpre ressaltar que dentre as doenças infecciosas emergentes ou reemergentes que têm sido documentadas no ambiente marinho, muitas são zoonoses de grande importância para a saúde pública (MOTTA et al., 2005). As doenças causadas por bactérias, em especial as pneumonias, acompanhadas ou não de infecções parasitárias, são provavelmente a maior causa de mortalidade dos mamíferos marinhos, particularmente dos cetáceos (HOWARD et al., 1983b; DUNN, 1990). Várias bactérias patogênicas já foram isoladas em cetáceos, tais como: Staphyloccocus aureus, que pode causar lesões de pele, miocardite, pneumonia e septicemia (SWEENEY, 1986a; SIEBERT, 2002); Streptococcus sp., que pode suscitar em mastite, metrite, pneumonia e infecções em diversos sistemas (HOWARD et al., 1983b; COWAN et al., 2001); Pseudomonas sp., que já foi isolada em lesões de pele necrosadas e ulceradas em golfinhos, e pode ocasionar broncopneumonia e septicemia (ADDISON, 1983; LIONG et al., 1985); Brucella sp., geralmente associada às desordens reprodutivas (TRYLAND, 2000); Erysipelothrix rhusiopatiae, produtora de duas formas clínicas distintas, dermatológica e septicêmica aguda (BUCK e SCHROEDER, 1990; DUNN et al., 2001), sendo esta última geralmente severa e rapidamente fatal (MEDWAY, 1980); Pasteurella multocida e Pasteurella hemolytica, que podem ocasionar respectivamente, enterite e traqueíte hemorrágicas (SWEENEY, 1986a); Salmonella sp., associada geralmente a quadros de pneumonia, enterite e septicemia; Clostridium perfringens, que pode causar necrose e abscesso muscular, com produção de gás e toxemia (HOWARD et al., 1983b; MOELLER, 2001); Mycobacterium marinum, isolada principalmente em granulomas cutâneos resultantes de lesões infectadas (BUCK e SCHOROEDER, 1990); Vibrio sp., que pode provocar septicemia (DUNN et al., 2001); Nocardia sp., associada a quadros de linfadenite, pleurite, encefalite e mastite (MOELLER, 2001). O estudo dos vírus relacionados aos cetáceos é um campo extremamente vasto e ainda em desenvolvimento. O reconhecimento e caracterização dos vírus vêm crescendo na última década, principalmente devido aos avanços biotecnológicos (KENNEDY-STOSKOPF, 2001). Dentre as viroses reconhecidas em cetáceos pode-se mencionar: Poxvírus, que pode causar o aparecimento de lesões de pele circulares ou irregulares, solitárias ou disseminadas; 29 Calicivírus, o qual já foi identificado como causador de lesões vesiculares (VAN BRESSEM et al., 1999; GAYDOS et al., 2004); Herpesvírus, relacionado com lesões em pele e mucosas, e mais recentemente, identificado como agente causador de encefalite e septicemia (BLANCHARD et al., 2001; GAYDOS et al., 2004); Papilomavírus, capaz de produzir lesões epiteliais na pele e junções mucocutâneas (VAN BRESSEM et al., 1999); Morbilivírus, relacionado a grandes surtos em cetáceos, estando associado principalmente a quadros de deficiência imunológica, pneumonia, com áreas demarcadas de consolidação, edema e enfisema nos pulmões, e encefalite, com necrose neuronal, gliose e desmielinização cerebral (CORNAGLIA et al., 2000; MOELLER, 2001; KENNEDY-STOSKOPF, 2001; COWAN, 2002; RUOPOLLO, 2003). Os vírus da Influenza A e o Adenovírus, embora já isolados em algumas espécies de cetáceos, tem a patogenicidade ainda pouco conhecida nestes animais (KENNEDY-STOSKOPF, 2001). Embora os relatos sobre enfermidades micóticas em cetáceos sejam relativamente raros quando comparados aos demais, os organismos fúngicos podem contribuir de maneira significativa para a mortalidade dos mamíferos marinhos. As lesões produzidas por fungos são geralmente severas e podem envolver vários órgãos e sistemas. Sendo os fungos organismos oportunistas, as infecções micóticas são mais prováveis de ocorrer na presença de fatores predisponentes (MIGAKI e JONES, 1983; REIDARSON et al., 2001). Segundo Migaki & Jones (1983), em cetáceos, alguns dos fungos patogênicos mais comumente encontrados incluem: Aspergillus fumigatus, geralmente afeta o trato respiratório, podendo causar pneumonia granulomatosa, sendo também isolado em outros sistemas como o tegumentar, gastrointestinal e genital; Candida sp., causador de infecção local severa, com aparecimento de lesões na pele e membranas mucosas, com acantose e hiperplasia pseudoepiteliomatosa, sendo a candidíase sistêmica mais comumente observada nos rins, coração e pulmões (BIRKUN JR., 2002); Fusarium sp. associado a quadros de dermatite; Loboa loboi, causa uma dermatite crônica granulomatosa com múltiplas lesões cutâneas nodulares, esbranquiçadas, elevadas e crostosas, bem como infecção do sistema nervoso central (MOELLER, 2001; REIDARSON et al., 2001); Cryptococcus neoformans, afeta primariamente os pulmões, podendo ocorrer em outros órgãos, especialmente o sistema nervoso central; Blastomyces dermatites, desenvolve lesão primária nos pulmões, com conseqüente disseminação para outros órgãos, incluindo a pele (BUCK e SCHOROEDER, 1990). A classe dos Zigomicetos, que inclui os fungos Apophysomyces, Rhizomucor, Saksenaea vasiformis, entre outros (REIDARSON et al., 2001), pode estar associada à infecção localizada na pele e tecido subcutâneo, assim como à infecção sistêmica (MIGAKI e 30 JONES, 1983; WUNSCHMANN et al., 1999). As infecções parasitárias são achados comuns em mamíferos marinhos selvagens. Estes animais apresentam-se mais frequentemente parasitados que os indivíduos terrestres devido ao fato de que a grande maioria dos parasitos que os infecta possui um ciclo de vida indireto, utilizando os peixes como hospedeiros intermediários. Portanto, a contaminação do hospedeiro definitivo ocorre mais comumente através da dieta e, dificilmente através da ingestão acidental ou da contaminação ambiental, como ocorre com as espécies terrestres (HOWARD et al., 1983a). Segundo Moeller (2001), os cetáceos parasitados por protozoários podem desenvolver lesões cutâneas associadas à pneumonia, linfoadenopatia, e infecção generalizada. Entre os protozoários mais comumente relatados em cetáceos encontram-se os Haematophagus megapterae, Kyaroikeus cetarius, Chilodonella sp., Chilomastix sp, Hexamita sp., e Entamoeba sp., os quais são considerados não-patogênicos ou são de patogenicidade ainda indeterminada; Sarcocystis sp e Toxoplasma gondii, que podem levar a uma encefalite severa, e Cystoisospora delphini, causador de enterite. Em cetáceos, os helmintos são encontrados principalmente no trato gastrointestinal, respiratório, urogenital, bem como no tecido conjuntivo e cérebro (DAILEY, 2001), produzindo entre as lesões mais relevantes, a pneumonia verminótica e granulomas pulmonares, as úlceras e fibroses gástricas e a enterocolite ulcerativa (RUOPOLLO, 2003). Entre os nematóides encontram-se os da família Anisakidae (Anisakis, Contracaecum, Pseudoterranova), relacionados a casos de gastrite e úlceras; os da família Crassicaudidae e Pseudaliidae, onde os gêneros Crassicauda e Placentonema estão associados principalmente a problemas reprodutivos, e os gêneros Halocercus, Pharurus, Pseudalius e Stenurus, a sintomas respiratórios (DAILEY, 2001; COWAN, 2002). Dailey (1985) apresentou dez gêneros de trematóides gastrointestinais, os quais são responsáveis somente por uma irritação da mucosa, entretanto outros gêneros como Campula, Oschmarinella e Zalophotrema, podem causar lesão hepática grave; e o Nasitrema, que causa geralmente alterações no sistema nervoso central. Existem oito gêneros conhecidos de cestóides adultos em cetáceos, entretanto apenas um é considerado patogênico, o Strobilocephalus triangularis, que penetra na parede do cólon e provoca úlceras e necrose; e duas formais larvais, a Phylobothrium delphini e Monorygma grimaldii, que podem ser encontradas livres no peritônio, ou na gordura e no tecido conjuntivo, porém sem nenhuma patologia associada. Dois gêneros de acantocéfalos são encontrados em cetáceos, o Bolbosoma sp. e o Corynosoma sp., entretanto não são considerados como causadores de doença severa. Os cetáceos são hospedeiros de vários grupos de ectoparasitos, que geralmente se alimentam na epiderme e nos fluidos corporais (DAILEY, 2001; COWAN, 2002). 31 2.5.2 Doenças não-infecciosas Na literatura existem muitos casos dispersos de doenças não-infecciosas relatados em mamíferos marinhos, contendo, entretanto, pouca informação sobre o verdadeiro impacto destas afecções nas populações selvagens destes animais (GULLAND et al, 2001). Em cetáceos, os traumas de origem antropogênica são comumente relatados no mundo todo, sendo as agressões intra e inter-específicas e os defeitos congênitos menos significativos como causa de mortalidade. O emalhe ou ingestão de lixo marinho, a interação com a atividade pesqueira, colisões com embarcações, e o uso de explosivos para a exploração sísmica e testes nucleares submarinos, têm sido reportados como causadores de graves lesões e/ou morte nestes animais. As interações intra-específicas geram comumente lesões superficiais evidenciadas pelas marcas de dentes na pele, contudo mais recentemente foram reportados casos de infanticídio em golfinhos Tursiops truncatus. Os traumas interespecíficos, caracterizados por ferimentos cutâneos e, menos frequentemente, por fraturas e lesões inflamatórias em órgãos internos, são conseqüentes geralmente das interações entre cetáceos e peixes (tubarões e arraias), bem como entre cetáceos de espécies distintas. Os defeitos congênitos relatados em cetáceos, em sua maioria, foram detectados durante as necropsias de fêmeas gestantes, sendo já constatados o defeito de septo ventricular, polidactilia, transposição da artéria pulmonar e aorta, hermafroditismo, rins policísticos, entre outros (HOWARD, 1983; GULLAND et al., 2001; GERACI e LOUNSBURY, 2005a). A contaminação ambiental gerada por derramamento de petróleo, poluentes industriais, incluindo compostos organoclorados, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e metais pesados, e ainda esgotos sem saneamento, tornam as espécies marinhas susceptíveis a uma série de enfermidades conseqüentes da exposição crônica a estes poluentes ambientais (MARTINEAU et al., 1985, 1988 e 1994; DE GUISE et al., 1994; O’ HARA e O’SHEA, 2001). O fato dos cetáceos serem geralmente predadores que estão no topo da cadeia alimentar, os torna vítimas de qualquer processo de bioacumulação. Contaminantes lipofílicos podem acumular-se no tecido adiposo dos mamíferos e de suas presas, podendo ser liberados em altas concentrações durante a mobilização de reservas energéticas, além de alguns produtos da lise e da combustão destes compostos induzirem à atividade microssomal enzimática hepática, alterando a esteroidogênese ou o catabolismo dos hormônios esteróides, com efeitos no sistema reprodutivo e no sistema imune (REDDY et al., 2001; O’ HARA e O’SHEA, 2001; RUOPOLLO, 2003). O hiperadrenocorticismo, associado com alterações cranianas, uterinas e renais, tem sido atribuído à exposição a determinados contaminantes 32 ambientais (BERGMAN et al., 1992; REIJNDERS e AGUILAR, 2002). Martineau et al. (1994) descrevem as lesões neoplásicas encontradas em vários indivíduos da espécie Delphinapterus leucas expostos há mais de cinqüenta anos a uma mistura complexa de poluentes industriais no Estuário de St. Lawrence no Canadá. O número de relatos de neoplasias em mamíferos marinhos tem aumentado exorbitantemente nos últimos 20 anos (GULLAND et al., 2001). Howard et al. (1983c), relataram que 50% dos casos documentados em cetáceos são histologicamente classificados como fibromas ou lipomas, sendo apenas 14% dos tumores descritos como malignos. Segundo os autores, o trato genital é o local de maior incidência tumoral, entretanto no estudo retrospectivo realizado por Geraci e colaboradores (1987), foi verificado que 24% das neoplasias ocorrem na pele, 31% no trato gasto-intestinal e 21% no sistema reprodutivo feminino dos cetáceos. Doenças do trato respiratório de origem não-infecciosa são de ocorrência incomum em mamíferos marinhos (HOWARD, 1983). Cardiomiopatias de causa desconhecida, envolvendo o ventrículo direito, já foram reportadas em cetáceos, mais especificamente em misticetos. Macroscopicamente, o ventrículo afetado torna-se aumentado e flácido. Histologicamente são observadas fibrose e degeneração ventricular, além de perda hepatocelular e necrose hepática, o que sugere falência de coração direito (MOELLER, 2001). O aparecimento de arteriosclerose, envolvendo a artéria aorta e vasos coronários, também tem sido relatado principalmente em baleias (GULLAND et al., 2001; DUIGNAN, 2003). A angiomatose, caracterizada pela proliferação de pequenos vasos sanguíneos nos pulmões e nos linfonodos, e a amiloidose, que provoca a deposição de material protéico amorfo em tecidos de diversos órgãos, têm sido principalmente relatadas em indivíduos da espécie Tursiops truncatus, sendo a causa de ambas as afecções ainda desconhecida (COWAN, 2002). Em muitas espécies de cetáceos, foi constatada uma alta incidência de artrite nas articulações do pescoço e nadadeiras peitorais (COWAN, 2002). Desordens metabólicas hepáticas de etiologia desconhecida, caracterizadas por fibrose, degeneração e acúmulo de gordura nos hepatócitos, têm sido comumente relatadas em golfinhos, bem como hepatite aguda e crônica, presumivelmente causadas por toxinas ambientais ou nutricionais. Vôlvulo intestinal com necrose tem sido observado em algumas espécies, entretanto as possíveis causas ainda são incertas, embora um comportamento demasiadamente ativo tenha sido sugerido como importante fator predisponente. Pancreatite e fibrose pancreática, nefrose tubular associada à mioglobinúria e miopatia, cálculo renal, cistos ovarianos, distocia, enterite inespecífica, úlceras gástricas e intestinais causadas por stress e ingestão de corpos estranhos, 33 e encefalopatia hemorrágica sugestiva de oclusão cérebro-vascular e infarto, têm sido descritos em cetáceos encalhados e/ou detectados em exames de necropsia (SWEENEY, 1986b; GULLAND et al., 2001). 34 3. JUSTIFICATIVA Sem o conhecimento das causas de encalhe e de mortalidade que acometem os cetáceos, bem como os principais fatores de impacto sobre as populações naturais, não é possível traçar planos de conservação para as diferentes espécies. Estes diagnósticos podem servir como bons indicadores do status das populações e da saúde dos ecossistemas em que estas vivem, bem como facilitar a terapêutica de animais em reabilitação. Cumpre ressaltar a existência de uma série de zoonoses as quais os profissionais que manipulam os cetáceos e as comunidades costeiras que utilizam a carne para consumo podem estar potencialmente expostos. Desta forma, através dos estudos necroscópicos e histopatológicos, pode-se contribuir substancialmente para o desenvolvimento da Medicina da Conservação e da Saúde Pública. 35 4. 4.1 OBJETIVOS Geral Avaliar macroscópica e histopatologicamente os órgãos e tecidos dos cetáceos encalhados no litoral do Ceará entre os anos de 1994 e 2006. 4.2 Específicos • Colaborar na elucidação das causas de encalhe e de mortalidade, e quando possível, identificar as principais enfermidades que acometem os cetáceos comuns na costa do Ceará; • Aprimorar o conhecimento sobre patologia de cetáceos, e desta forma contribuir para a conservação das diferentes espécies. 36 5. 5.1 MATERIAIS E MÉTODOS Animais Foram utilizados animais da ordem Cetacea encontrados mortos em praias do litoral do Ceará, ou que vieram a óbito durante o processo de reabilitação no Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos - CRMM/AQUASIS, localizado na Praia de Iparana, Caucaia, Ceará. As amostras teciduais foram obtidas através de necropsias realizadas no período de 1994 a 2006. 5.2 5.2.1 Protocolo de Estudo Obtenção de informações As informações sobre os cetáceos encalhados, tais como, histórico do encalhe e/ou reabilitação; espécie, sexo, idade estimada, peso, medidas e condição física do animal; ocorrência de perdas teciduais, presença de marcas, cicatrizes e ferimentos, foram obtidas através do levantamento do banco de dados da AQUASIS (Anexo 1 – Ficha biométrica para odontocetos e Anexo 2 – Ficha biométrica para misticetos), tendo o projeto de pesquisa sido previamente aprovado e autorizado na íntegra pela instituição (Anexo 3). 5.2.2 Necropsia As necropsias foram realizadas pela equipe de resgate da AQUASIS durante o período de 1994 a 2006, sendo desempenhadas e coordenadas pela pós-graduanda nos últimos quatro anos, período de vínculo (empregatício ou voluntário) da mesma com a instituição. As carcaças foram examinadas de maneira sistemática, sendo empregada a técnica de necropsia preconizada por Geraci e Lounsbury (1993b, 2005b). Os exames foram realizados a campo ou na sala de necropsia do CRMM. Todas as informações obtidas durante o procedimento foram 37 registradas em uma ficha de necropsia específica (Anexo 4) e através de fotografias. Os animais cujas carcaças foram enquadradas nos códigos 2 – morte recente ou 3 – início de decomposição, segundo a classificação de Geraci & Lounsbury (1993b, 2005b) (Anexo 5), tiveram amostras teciduais coletadas, especialmente de áreas visivelmente lesionadas ou suspeitas de alteração patológica. Em seguida, as amostras foram fixadas e mantidas em solução de formalina a 10%, sendo armazenadas no acervo histológico da AQUASIS. 5.2.3 Histopatologia Dentre o material mantido no acervo histológico, foram triadas amostras de órgãos como coração, pulmões, estômagos, intestinos, fígado, baço, rins, adrenais, e cérebro, sendo os fragmentos de aproximadamente 1 a 2 cm3 colocados em cassetes plásticos devidamente identificados. Os fragmentos teciduais foram então submetidos ao método convencional de preparação de lâminas histológicas. As peças passaram pelos processos de desidratação e diafanização, banho em parafina líquida, inclusão em bloco, e posterior corte em micrótomo rotativo. Os cortes, de 04 a 05 micra de espessura, foram colocados em lâminas lapidadas e submetidos ao método de coloração Hematoxilina-eosina (H.E.), sendo então montados utilizando-se lamínula e resina sintética (BEHMER, 1976; LILIE e FULMER, 1976; JUNQUEIRA e JUNQUEIRA, 1983). Técnicas histoquímicas especiais foram utilizadas quando oportunas, como a coloração de Tricrômico de Massom, para a confirmação de fibroplasia e Hematoxilina-fosfotungstica específica para musculatura estriada (LUNA, 1968; PROPHET et al., 1991). A confecção e leitura das lâminas histológicas foram desempenhadas respectivamente no Laboratório de Histologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará/UFC e no Laboratório de Imunologia e Bioquímica Animal da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará/UECE. Todas as informações obtidas durante o exame histopatológico foram anotadas em uma ficha patológica específica (Anexo 6) elaborada pela pós-graduanda. 38 5.2.4 Análise descritiva Considerando que os animais estudados pertenciam a diferentes espécies, faixas etárias e sexo, foi realizada uma análise descritiva geral dos aspectos patológicos encontrados em cada caso. Foram descritas as alterações macroscópicas observadas durante o exame externo, e no exame das cavidades e sistemas. Os órgãos foram caracterizados de acordo com o tamanho, formato, consistência e coloração. Microscopicamente, foram analisados diversos parâmetros, tais como, edema, congestão, hemorragia, infiltrado inflamatório, necrose, fibrose, calcificação, e degeneração. Os achados foram categorizados, quando pertinente, segundo a localização, distribuição (focal, multifocal, difusa) e intensidade (discreta, moderada, severa). Os principais resultados obtidos foram avaliados quanto à prevalência sendo expressos em percentagem. 39 6. 6.1 RESULTADOS Amostras De um total de 380 amostras armazenadas no acervo histológico da AQUASIS, pertencentes a 50 indivíduos da ordem Cetacea, foram selecionadas 124 amostras (32,6%) referentes a 34 indivíduos (68%). A seleção do material para este estudo baseou-se na quantidade de amostras e informações disponíveis em cada caso. Durante a leitura das lâminas, em 5 animais foi constatada a autólise tecidual completa de todos os órgãos selecionados, sendo então eliminados do estudo. Os 29 casos eleitos, 15 machos e 14 fêmeas de 11 espécies diferentes, encontram-se no Quadro 1, com o número de registro padronizado pela Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Nordeste - REMANE (Anexo 7), espécie, sexo, comprimento total, peso e data da necropsia. As informações sobre o encalhe e/ou manejo dos cetáceos estudados estão sumarizadas no Anexo 8. Quadro 1. Identificação dos casos estudados em função do número de registro da REMANE, espécie, sexo, comprimento total, peso e data de necropsia. Caso No No REMANE Espécie Sexo Comprimento Total (m) Peso (Kg) Data da Necropsia 1 02C1511/37 Peponocephala electra M 2,30 160 24/05/1994 2 02C1212/70 Steno bredanensis F 2,60 150 10/02/1996 3 02C1121/78 Stenella frontalis M 1,66 46 03/05/1996 4 02C1512/79 Peponocephala electra F 2,33 200 13/04/1996 5 02C1412/81 Sotalia guianensis F 1,28 27 09/06/1996 6 02C1211/114 Steno bredanensis M 1,53 55 27/10/1997 7 02C1412/123 Sotalia guianensis F 1,35 30 23/01/1998 8 02C0811/137 Ziphius cavirostris M 2,35 (#) 200 01/12/1998 9 02C1412/144 Sotalia guianensis F 1,66 60 07/02/1999 10 02C1512/145 Peponocephala electra F 2,04 (*) N.R. 15/02/1999 11 02C0521/149 Kogia breviceps M 2,17 160 22/03/1999 40 CONTINUAÇÃO QUADRO 1. Caso No No REMANE Espécie Sexo Comprimento Total (m) Peso (Kg) Data da Necropsia 12 02C2611/153 Lagenodelphis hosei M 2,35 N.R. 26/05/1999 13 02C1412/161 Sotalia guianensis F 1,56 44 30/09/1999 14 02C0412/168 Physeter macrocephalus F 3,53 N.R. 23/03/2000 15 02C1212/183 Steno bredanensis F 2,44 N.R. 29/09/2000 16 02C0212/198 Megaptera novaeangliae F 4,68 (#) 1.000 05/09/2001 17 02C1152/219 Stenella clymene F 1,74 47 09/11/2002 18 02C1132/221 Stenella longirostris F 1,91 63 17/02/2003 19 02C1131/225 Stenella longirostris M 1,94 64 05/04/2003 20 02C1131/226 Stenella longirostris M 1,79 52,5 13/04/2003 21 02C1131/227 Stenella longirostris M 1,13 (#) 16 18/04/2003 22 02C1411/238 Sotalia guianensis M 0,85 (#) 7 03/09/2003 23 02C1411/239 Sotalia guianensis M 1,64 (*) 75 04/09/2003 24 02C1151/242 Stenella clymene M 1,60 41 14/10/2003 25 02C1411/253 Sotalia guianensis M 1,65 (*) 60 11/08/2004 26 02C1411/259 Sotalia guianensis M 1,89 61 12/03/2005 27 02C1412/264 Sotalia guianensis F 1,71 48 29/04/2005 28 02C1512/273 Peponocephala electra F 2,03 70 15/10/2005 29 02C0521/279 Kogia breviceps M 2,62 N.R. 01/01/2006 Legendas: Sexo: M – masculino; F – feminino. Comprimento Total: (*) mensuração de comprimento na ausência da nadadeira caudal; (#) filhote. Peso: N.R – não relatado. 6.2 Avaliação Macroscópica O Quadro 2 apresenta as principais alterações macroscópicas evidenciadas nos exames de necropsia dos animais estudados. Observou-se que 51,7% dos cetáceos (15/29) apresentaram sinais externos característicos de interação antrópica (Fig. 4), seja antes ou após o óbito. Destes, 66,7% (10/15) tinham marcas corporais de emalhamento em rede de 41 pesca (Fig. 5). Em 10,3% (3/29) dos animas foram verificadas marcas de mordida de tubarão (Fig. 6). O estado nutricional se mostrou regular em 17,2% (5/29), sendo constatada caquexia (Fig. 7) no caso no 29. Em 55,2% (16/29) dos animais foi constatada a presença de infecção parasitária, principalmente por nematóides e cestóides, em pulmões, estômagos e intestinos e na forma encistada em gordura. No estudo taxonômico identificaram-se principalmente os gêneros Halocercus sp. em pulmões (Fig. 8), e Anisakis sp. nos compartimentos estomacais (Fig. 9). Outros achados macroscópicos relevantes incluem a congestão cerebral (Fig. 10) encontrada nos casos nos 18, 19, 21, 22, 23 e 24; a dilatação ventricular direita (Fig. 11) evidenciada nos casos nos 11, 12, 28 e 29; a fratura completa de escápula direita no caso no 16 e de escápula esquerda (Fig. 12) no caso no 22, as fraturas das falanges da nadadeira peitoral esquerda no caso no 2, e as múltiplas fraturas de mandíbula e maxila com perda óssea e tecidual e presença de necrose (Fig. 13) no caso no 24; as lesões tumorais evidenciadas na epiderme do rostro (Fig. 14) e na parede interna da musculatura lateral no caso no 15; enterite severa em terço médio dos intestinos (Fig. 15) no caso no 28; esofagite na porção anterior do órgão (Fig. 16) no caso no 29; cistite, vaginite, metrite, e salpingite necro-hemorrágicas no caso no 16; e superfície corporal irregular com formações nodulares disseminadas encontradas no caso no 24. 6.3 Avaliação Histopatológica Desprezando as amostras em autólise completa e aquelas sem alterações microscópicas evidentes, foram selecionados 108 diagnósticos histopatológicos, sendo 22 de pulmão, 18 de estômagos (8 de estômago mecânico, 6 de pilórico e 4 de glandular), 13 de coração, 13 de baço (incluindo os baços acessórios em 3 casos), 11 de rins, 9 de fígado, 8 de intestino, 6 de cérebro, 3 de adrenais, 2 de músculo, 1 de pele, 1 de gordura, e 1 de esôfago. Estes dados podem ser observados no Quadro 3 e foram sistematizados de acordo com a prevalência nos Gráficos de 1 a 9. Os processos inflamatórios se mostraram predominantemente crônicos, entre eles, 100% dos achados de hepatite (3/3) (Fig. 17), nefrite (1/1), bronquite (1/1), encefalite (1/1), meningite (1/1), esofagite (1/1), paniculite (1/1), e de gastrite (14/14) (Fig. 18), sendo neste 42 último, 14,9% (2/14) classificados como persistentes e 21,4% (3/14) como granulomatosos; 85,7% (12/14) das pneumonias intersticiais (Fig. 19), sendo destas, 25% (3/12) persistentes e 16,7% (2/12) granulomatosas; e 72,7% (8/11) das enterites (Fig.15), incluindo 12,5% (1/8) persistentes. No exame microscópico das amostras de pele e músculo do animal no 15, referentes as lesões evidenciadas no exame externo, foram diagnosticados duas neoplasias: carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico (Fig. 21) na região cutânea rostral e um rabdomiossarcoma (Fig. 22), confirmado pelas colorações histoquímicas Tricrômico de Massom e Hematoxilina-fosfotungstica, na parede interna da musculatura lateral direita. Os achados histopatológicos relevantes compreendem ainda a fibrose, confirmada pela coloração de Tricrômico de Massom, em miocárdio (Fig. 23) e subendocárdio nos casos nos 12, 26 e 29, em região peri-portal hepática no caso no 3, pleura e interstício pulmonar nos casos nos 10, 24 e 25, mucosa gástrica nos casos nos 12 e 28, e na região perivascular esplênica no caso no 3. Além disso, foram observadas também necrose renal cortical (Fig. 24) nos casos nos 2 e 23, necrose cerebral, esplênica e gástrica nos casos nos 12, 25 e 28, respectivamente; calcificação pulmonar intersticial (Fig. 25) nos casos nos 24 e 26 e de cartilagem brônquica no caso no 29; edema cerebral e desmielinização (Fig. 26) nos casos nos 12, 21 e 23; esteatose microgoticular hepática nos casos nos 9 e 29; hemorragia adrenal cortico-medular (Fig. 27) e peri-capsular no caso no 24, hemorragia hepática no caso no 29; e hemossiderose esplênica nos casos nos 3 e 29, gástrica nos casos nos 19 e 28, subendocárdica no caso no 5 e subepicárdica no caso no 12. Foi observada também a hiperplasia esplênica de polpa branca e vermelha (Fig. 28) nos casos nos 2, 6, 7, 16, 24, 25, e 29. 43 Figura 4. Ferimento por objeto cortante (seta) na região ventral do rostro. Steno bredanensis – caso no 2. Figura 5. Marcas de rede e corda evidenciando o aprisionamento em aparelho de pesca. Steno bredandensis – caso no 6. Figura 6. Marca de mordida de tubarão (170,8 mm de diâmetro) cranio-lateral à nadadeira dorsal. Peponocephala electra – caso no 28. Figura 7. Escoriações oriundas do encalhe. Caquexia (observar o abaulamento após o crânio). Nota-se ainda o aprofundamento do globo ocular. Kogia breviceps – caso no 29. 44 Figura 8. Infecção parasitária pulmonar por nematóides do gênero Halocercus sp. em brônquios e bronquíolos. Observa-se ainda a congestão pulmonar. Stenella clymene – caso no 17. Figura 9. Infecção parasitária gástrica por nematóides da espécie Anisakis typica em estômago pilórico. Stenella clymene – caso no 24. Figura 10. Congestão cerebral. Stenella longirostris – caso no 18. Figura 11. Dilatação dos ventrículos, especialmente o direito (seta). Nota-se ainda a congestão das artérias e veias coronárias. Kogia breviceps – caso no 11. 45 Figura 12. Fratura completa (transversal e medial) de escápula esquerda. Sotalia guianensis – caso no 22. Figura 13. Múltiplas fraturas de mandíbula e maxila com perda óssea e tecidual. Ferimento necrosado. No detalhe, visão ventro-dorsal da mandíbula após dissecação. Stenella clymene – caso no 24. Figura 14. Lesão cutânea, profunda, ulcerada, necrosada e com bordas arredondadas (carcinoma de células escamosas), na região maxilar direita do rostro. Steno bredanensis – caso no 15. Figura 15. Enterite em terço médio dos intestinos. Nota-se o espessamento de mucosa e a presença de secreção purulenta. Peponocephala electra – caso no 28. Figura 16. Esofagite na porção anterior do órgão. Observa-se a mucosa esofágica edematosa, espessada e hiperêmica (seta). Kogia breviceps – caso no 29. 46 Figura 17. Foco de hepatite crônica, moderada, com o predomínio de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no infiltrado (H.E., 100x). Lagenodelphis hosei – caso no 12. Figura 18. Gastrite crônica granulomatosa, moderada, difusa, em estômago mecânico (H.E., 100x). Stenella longirostris – caso no 19. 47 Figura 19. Foco de pneumonia crônica granulomatosa intersticial (H.E., 100x). Sotalia guianensis – caso no 25. Figura 20. Enterite crônica, linfoplasmocitária, severa, difusa (H.E., 100x). Lagenodelphis hosei – caso no 12. Figura 21. Carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico. Observar as células neoplásicas epiteliais arranjadas em trabéculas infiltrativas e ninhos, contendo dissociação e degeneração celular ao centro, resultando em um formato cístico, que confere ao tumor aspecto pseudoglandular (H.E., 100x). Steno bredanensis – caso no 15. Figura 22. Rabdomiossarcoma. Notar as células neoplásicas mesenquimais arranjadas em feixes de orientação anárquica e ninhos circunscritos (H.E., 40x). No detalhe, a marcação positiva para musculatura estriada esquelética (Hematoxilina-fosfotungstica, 100x). Steno bredanensis – caso no 15. 48 Figura 23. Área de fibrose em região de miocárdio. Observa-se a presença de cardiomiócitos entremeio aos feixes de colágeno (H.E., 100x). No detalhe, a marcação o positiva para tecido conjuntivo (Tricômico de Massom, 100x). Sotalia guianensis - caso n 26. Figura 24. Necrose difusa em região tubular cortical (H.E., 100x). Sotalia guianensis caso no 23. Figura 25. Foco de calcificação, fibrose pulmonar e pneumonia crônica piogranulomatosa (H.E., 100x). Stenella clymene – caso no 24. 49 Figura 26. Foco de desmielinização cerebral (H.E., 100x). Stenella longirostris – caso no 21. Figura 27. Hemorragia (entre as setas) cortico-medular adrenal (H.E., 100x). Stenella clymene – caso no 24. Figura 28. Hiperplasia esplênica de polpa branca e vermelha (H.E., 100x). Stenella clymene – caso no 24. 50 Figura 29. Úlceras enegrecidas e profundas, de formato e tamanho variados, em estômago mecânico. Kogia breviceps – caso no 11. Figura 30. Úlceras enegrecidas e profundas, necrosadas, de formato e tamanho variados, em estômago pilórico. Nota-se ainda a mucosa gástrica edematosa e hiperêmica. Stenella longirostris – caso no 19. Figura 31. Úlceras (medindo entre 1,0 a 1,5 cm de diâmetro) em estômago pilórico. Notar os espécimes de Anisakis typica aderidos, tecido necrosado e as bordas extremamente sobressalentes. Observa-se ainda a mucosa gástrica edematosa e hiperêmica. Peponocephala electra – caso no 28. Figura 32. (A) Corte transversal do parasito Anisakis typica em estômago pilórico. (B) Gastrite crônica granulomatosa com apreciável quantidade de eosinófilos em torno do parasito. (C) Reação inflamatória crônica severa, com predomínio de linfócitos e plasmócitos no infiltrado. Áreas de necrose e formação de extensa fibrose (H.E., 100x). Peponocephala electra – caso no 28. 51 Figura 33. Conteúdo de edema pulmonar em traquéia. Nota-se também a congestão e enfisema nos pulmões. Sotalia guianensis – caso no 23. Figura 34. Notar os pulmões extremamente edemaciados e congestos. Sotalia guianensis – caso no 22. Figura 35. Observar o encurvamento dorsal, sinal característico de choque por estresse em odontocetos. Stenella longirostris – caso no 18. 52 Quadro 2. Principais achados macroscópicos observados nos cetáceos estudados. Caso No Exame externo Cavidades corpóreas e sistemas 1 Pele ressecada e com escoriações oriundas do encalhe. Parasitos nematóides em ouvido interno e áreas adjacentes (seio pterigóide). 2 Marcas de rede no rostro, nadadeiras peitoral direita e caudal, e pedúnculo caudal. Marcas de cordas no ventre. Falanges da nadadeira peitoral esquerda fraturadas. Ferimento por objeto cortante na região ventral do rostro (108 mm de comprimento/27 mm de profundidade). Sangue na cavidade oral. Estado nutricional bom. Edema, enfisema e congestão pulmonares. Espinhas de peixe em esôfago. Parasitos nematóides no estômago mecânico. Congestão hepática e do trato gastrointestinal. Rins friáveis. Glândulas mamárias em lactação, corno uterino direito dilatado. 3 Ferimento por objeto cortante na região dorsal, próximo ao espiráculo (39,4 mm de comprimento/79,1 mm de profundidade – atravessou a musculatura). Estado nutricional regular. Enfisema pulmonar. Parasitos em estômagos e intestinos. Conteúdo alimentar nos estômagos. Cistos no estômago pilórico, próximos ao canal conectivo. Esplenomegalia discreta. 4 Descamação da pele. Máculas (média de 30,5 mm) em região esquerda. Estado nutricional bom. Congestão e presença de cisto pulmonar. Conteúdo alimentar em estômago glandular. Congestão do trato gastrointestinal. Adrenais assimétricas. Parasitos nematóides em esôfago, estômagos mecânico e glandular. 2 parasitos trematóides em seio pterigóide. 5 Marcas de rede no rostro, nadadeira peitoral esquerda, pedúnculo caudal e próximo ao espiráculo. Estado nutricional bom. Enfisema pulmonar, nódulos disseminados por toda a superfície do órgão. Áreas de hemorragia intestinal. 6 Marcas de rede (provavelmente de arrasto) na região dorsal. Marcas de corda por toda superfície corporal. Estado nutricional bom. Edema, enfisema e hemorragia pulmonares. Corpo estranho (areia) em esôfago, estômagos mecânico e glandular. Ausência de conteúdo alimentar em estômago mecânico. Maceração das mucosas esofágica e gástrica. Bexiga com urina. 7 dorsal Marcas de rede no rostro, dorso e nadadeiras caudal e peitorais. Estado nutricional bom. Edema e enfisema pulmonar. Conteúdo alimentar em estômago mecânico. 53 CONTINUAÇÃO QUADRO 2. Caso No Exame externo Cavidades corpóreas e sistemas 8 Marcas de mordidas de tubarão charuto (formato de meia-lua). Ferimentos lineares no rostro, ventre e nadadeira caudal. Marcas de dobras fetais. Enfisema pulmonar. Congestão das artérias e veias coronárias. Hiperemia de mucosa em estômago glandular. 9 Marcas de rede e corda por toda a superfície corporal. Vários ferimentos por objeto cortante na região latero-dorsal direita, próxima à nadadeira peitoral. Ausência do globo ocular direito e do lobo direito da nadadeira caudal (retirado por populares). Sangue na cavidade oral e região ocular esquerda. Estado nutricional bom. Edema e congestão pulmonares, cisto em pulmão direito. Hiperemia de mucosa em estômago glandular. Cisto intestinal. Superfície hepática irregular. Hidroperitônio hemorrágico. 10 Descamação cutânea. Ausência da nadadeira caudal (retirado por populares). Hidrotórax hemorrágico. 4 nódulos na superfície pulmonar. Ausência de musculatura e nadadeira dorsal (retirada por populares). Parasitos encistados em gordura. Dilatação dos ventrículos, especialmente o direito. Congestão das artérias e veias coronárias. Nódulos enrijecidos na superfície e parênquima pulmonares. Edema e congestão pulmonares. Bexiga com urina. Úlceras enegrecidas e profundas, de formato e tamanho variados, em estômago mecânico. 12 Protusão peniana. 2 escoriações: rostro (região mandibular cranial) e nadadeira caudal. Sangue na cavidade oral. Estado nutricional bom. Parasitos encistados em gordura. Hidrotórax hemorrágico. Congestão cardíaca. Dilatação de ventrículo direito. Edema, enfisema e congestão pulmonares. Congestão hepática, com focos de fibrose (“manchas de leite”) e depressão na cápsula. Esplenomegalia. Antracose em linfonodos. Urina de aspecto espessado. Muco gelatinoso em laringe. Conteúdo alimentar e abscesso em estômago mecânico. 3 nódulos em estômago pilórico (26,9 mm, 14,6 mm, 28,5 mm), 1 nódulo entre o estômago pilórico e a ampola duodenal (32,0 mm), diminuindo o diâmetro do esfíncter, e 1 nódulo intestinal (54,4 mm). 13 6 ferimentos por objeto cortante (média de 40 mm de comprimento): 5 na região ventral, atingindo o peritônio, e 1 no rostro. Ausência da musculatura dorsal (retirada por populares). Hidroperitônio hemorrágico. Perfuração intestinal e hepática. 14 Aftas no palato. Estado nutricional regular. 11 Congestão pulmonar, cardíaca, e hepática. 54 CONTINUAÇÃO QUADRO 2. Caso No Exame externo 15 Pele ressecada e com escoriações oriundas do encalhe. Lesão cutânea profunda, tumoral, intensamente necrosada e com bordas arredondadas, em região de maxilar (lado direito do rostro). Lesão tumoral aderida à parede interna da musculatura lateral direita. Cirrípede fixado na cavidade oral, próximo a um dente mandibular. Estado nutricional regular. Enrijecimento de ventrículo esquerdo. Enfisema, edema e congestão pulmonares. Ectoparasitos e lacerações cutâneas (oriundas do encalhe) distribuídos pela região dorso-ventral e pedúnculo caudal. Conteúdo de edema pulmonar (espumoso) em espiráculo e cavidade oral. Abaulamento da região escapular direita. Fratura completa (transversal e distal) de escápula direita, circundada por extenso coágulo e envolvida por espessa e firme cápsula fibrocartilaginosa. Estado nutricional bom. Linfonodos (submandibulares, subescapulares e retrofaríngeos) aparentemente hipertrofiados. Edema, congestão e hemorragia na laringe, com espessamento da parede da glote. Conteúdo de edema pulmonar (sanguinolento, espumoso e de odor fétido) em traquéia. Hidrotoráx (líquido de cor amarelo-citrino). Edema severo e congestão pulmonares. Congestão hepática. Ausência de conteúdo alimentar no trato gastrointestinal. Intestinos com mucosa hemorrágica. Áreas hemorrágicas em pâncreas. Rins friáveis. Sinais de inflamação evidentes em bexiga, vagina, útero e trompas, com exsudação necrohemorrágica, descamação epitelial e espessamento de parede. 16 17 18 10 máculas (diâmetro variando entre 2,8 e 35,7 mm) em região de rostro. Estado nutricional bom. Afta na língua. Secreção líquida amarelada em glândulas mamárias. Fezes de coloração verdemusgo em região anal. 2 ferimentos necrosados: rostro e nadadeira peitoral esquerda. Estado nutricional bom. Cavidades corpóreas e sistemas Muco translúcido na cavidade oral. 2 dentes em fase de eclosão (mandíbula – bilateral). Nódulos enrijecidos distribuídos pelo parênquima pulmonar, grande infecção parasitária inclusive com a obstrução de bronquíolos por nematóides. Congestão, edema e enfisema pulmonares. Embebição hemoglobínica em coração. Parasitos nematóides soltos e aderidos à mucosa dos estômagos, 6 úlceras enegrecidas arredondadas (média 15,4 mm de diâmetro) no estômago mecânico, áreas hemorrágicas disseminadas na mucosa do estômago glandular e grande quantidade de conteúdo líquido de coloração amarelo-citrino no estômago pilórico. Parasitos nematóides e cestóides nos intestinos. Formações císticas em região de ceco. Bexiga com ausência de urina. Parasito encistado (17,5 mm de diâmetro) em peritônio, na região caudal à bexiga. Grande infecção parasitária em gordura (parasitos encistados – média de 3,5 mm de diâmetro) na região do pedúnculo caudal. No local, após a retirada dos parasitos, permaneceram úlceras com conteúdo líquido amarelado. Pulmões colabados, friáveis, com áreas de hemorragia e enfisema. Parasitos vivos em esôfago, estômagos e início dos intestinos. Formação cística em ovário esquerdo (22,8 mm de diâmetro). Útero gravídico (feto de 33,5 cm). Parasitos encapsulados em peritônio. Congestão cerebral e encefalomalácia. 55 CONTINUAÇÃO QUADRO 2. Caso No 19 20 Exame externo Cavidades corpóreas e sistemas Sangue e parasitos regurgitados na cavidade oral. Sangue em espiráculo. Globos oculares congestos. 3 ferimentos em início de cicatrização no rostro (8,7 mm, 9,4 mm, 17,7 mm de diâmetro). Estado nutricional bom. Parasitos em esôfago. Conteúdo sanguinolento de edema pulmonar em traquéia. Hemorragia, edema e enfisema pulmonar, com o órgão discretamente friável. Parasitos nematóides em estômagos. 1 úlcera no estômago mecânico e 2 úlceras no estômago pilórico. Edema e hemorragia em estômago pilórico. Focos de hemorragia em início de intestino. Parasitos cestóides (acantocéfalos) soltos e aderidos à mucosa intestinal. Parasitos encistados em região de peritônio (caudal aos rins e testículos e fixados ao mesentério). Fezes na região final do intestino. Congestão hepática. Parênquima renal hemorrágico. Bexiga com urina de coloração amarelo-esbranquiçada e aspecto espessado. Congestão cerebral. Muco translúcido e espesso em cavidade oral. Marcas de dentes em região dorsal. Evidência de poros das vibrícias. Estado nutricional bom. Hidrotórax hemorrágico. Congestão cardíaca. Hidropericárdio. Conteúdo de edema pulmonar em traquéia. Edema, congestão, hemorragia e enfisema pulmonares, com áreas de consolidação. Parasitos nematóides (brônquios e bronquíolos). Parasitos aderidos à mucosa esofágica, pequena ulcerações (média de 9,9 mm de diâmetro). Ausência de conteúdo alimentar nos estômagos. Conteúdo líquido de coloração amarelo-citrino em estômagos glandular e pilórico. Parasitos acantocéfalos em região de ampola duodenal e ceco. Focos de hemorragia em mucosa intestinal. Parasitos na região final do intestino. Fezes de coloração verde-musgo. Superfície esplênica irregular. Congestão hepática, com focos de fibrose (“manchas de leite”). Bexiga com urina de coloração amarelo-citrino. Hemorragia cerebral focal no lobo esquerdo. 21 6 ferimentos lineares necrosados no dorso (variando de 9,6 mm a 30,9 mm). 1 lesão linear necrosada em pedúnculo caudal (35,5 mm). Petéquias disseminadas na pele (mais evidentes no ventre). Estado nutricional bom. Conteúdo sanguinolento de edema pulmonar em traquéia. Edema, enfisema e hemorragia pulmonares, com áreas de consolidação. Conteúdo alimentar em estômagos. Fezes de coloração amarronzada na região final de intestino, parasitos aderidos à mucosa intestinal na região inicial e final do órgão. Superfície esplênica irregular. Congestão cerebral. 22 Protusão peniana. Protusão de alças intestinais pela região umbilical. Ausência dos globos oculares e do lobo direito da nadadeira caudal (retirados por populares). Marcas de cordas principalmente no rostro. Equimoses disseminadas na pele (mais evidentes na região latero-dorsal). Fratura completa (transversal e medial) de escápula esquerda. Presença de vibrícias. Estado nutricional bom. Congestão, edema, hemorragia e enfisema pulmonares. Congestão cardíaca. Corpo estranho (areia) em estômago mecânico. Maceração da mucosa gástrica. Conteúdo mucoso esbranquiçado em estômago pilórico. Conteúdo alimentar digerido em intestinos. Rins friáveis. Congestão cerebral e encefalomalácia. 56 CONTINUAÇÃO QUADRO 2. Caso No 23 24 Exame externo Pele ressecada e com escoriações oriundas do encalhe. Marcas de rede e dentes disseminadas. Ausência dos olhos e nadadeira caudal (retirado por populares). Protusão peniana. Língua volumosa e protundida. Estado nutricional bom. Múltiplas fraturas da mandíbula e maxila com perda óssea e tecidual, ferimento necrosado. Superfície corporal irregular: nódulos (variando de 0,5 a 1 cm) disseminados por toda a epiderme. Ectoparasitos e sangue em espiráculo. Ferimento necrosado (19 mm) e ferimento linear superficial (15 cm) na região latero-dorsal esquerda. Escoriação (3 cm) na região rostral esquerda. Estado nutricional regular. Cavidades corpóreas e sistemas Conteúdo sanguinolento de edema pulmonar em traquéia. Edema, enfisema e hemorragia pulmonares. Áreas de consolidação. Hidropericárdio. Hidroperitônio hemorrágico. Conteúdo estomacal regurgitado em esôfago. Conteúdo alimentar em estômagos. Presença de conteúdo alimentar digerido em intestinos. Pigmentos enegrecidos em região de ampola duodenal. Bexiga com urina. Congestão cerebral. Parasitos encistados em gordura. Congestão das artérias e veias coronárias. Conteúdo sanguinolento de edema pulmonar em traquéia. Edema, congestão, enfisema e hemorragia pulmonares. Grande infecção parasitária inclusive com a obstrução de bronquíolos por nematóides. Parasitos nematóides soltos e aderidos à mucosa dos estômagos e intestinos, ausência de conteúdo alimentar nos estômagos, úlceras enegrecidas arredondadas em estômago mecânico, focos de hemorragia e antracose em estômago pilórico. Linfoadenomegalia. Congestão cerebral, 2 focos de hemorragia discreta (bilateral). 25 Ausência do globo ocular esquerdo e da nadadeira caudal (retirado por populares). Marcas de corda no dorso e ventre. Marcas de rede no rostro. Estado nutricional bom. Hidroperitônio hemorrágico. Conteúdo estomacal regurgitado em esôfago. Espinha de peixe aspirada em traquéia. Edema, enfisema e congestão pulmonares. Parasitos nematóides (brônquios e bronquíolos). Conteúdo alimentar em estômagos e intestinos. Cisto intestinal. Pigmentos enegrecidos em fígado, intestino e epliplon, próximo aos linfonodos, pâncreas e testículos. 26 Ausência da musculatura dorsal (retirada por populares). Marcas de rede nas nadadeiras caudal, dorsal e peitorais. Estado nutricional bom. Conteúdo estomacal regurgitado em cavidade oral. Hemopericárdio hemorrágico. Edema, enfisema e congestão pulmonares. Conteúdo alimentar em estômagos. Intestinos autolisados. 27 Ausência da nadadeira peitoral direita (retirada por populares). Descamação da pele na região ventral. Marcas de rede na nadadeira dorsal. Congestão pulmonar e cardíaca. Ausência de conteúdo alimentar em estômagos. 57 CONTINUAÇÃO QUADRO 2. Caso No 28 29 Exame externo Cavidades corpóreas e sistemas Marca de mordida de tubarão (170,8 mm de diâmetro) crânio-lateral à nadadeira dorsal. Presença de várias cicatrizes naturais. Estado nutricional regular. Parasitos encistados em gordura. Corpo estranho (areia), algas e parasitos em esôfago. Conteúdo de edema pulmonar em traquéia. Dilatação de ventrículo direito. Congestão, edema, enfisema, hemorragia pulmonares. Ausência de conteúdo alimentar em estômagos. Parasitos nematóides em estômagos mecânico e pilórico. 4 úlceras (variando de 1 a 1,5 cm de diâmetro) necrosadas, com parasitos aderidos, bordas arredondadas e sobressalentes em estômago pilórico. Mucosa hemorrágica e edematosa em estômago pilórico. Parasitos, áreas de congestão e hemorragia intestinal. Cistos em mucosa do terço final do intestino, enterite com espessamento de mucosa e secreção purulenta em terço médio, e úlceras duodenais. Congestão hepática e aparente hepatomegalia. Baço hipocorado com a superfície irregular. Ausência de alguns dentes mandibulares. Pele ressecada e com escoriações oriundas do encalhe. Marcas de mordidas de tubarão charuto (formato de meia-lua). Globos oculares aprofundados na órbita. Caquexia. Parasitos encistados em gordura e musculatura. No local, após a retirada dos parasitos, permaneceram úlceras com conteúdo líquido amarelado. Dilatação de ventrículo direito. Conteúdo de edema pulmonar em traquéia. Enfisema, congestão e edema pulmonares, com 2 nódulos na superfície caudal do órgão (bilateral). Parasitos em região pulmonar esquerda. Mucosa esofágica edematosa, espessada e hiperêmica na porção anterior do órgão, com presença de parasitos. Áreas de mucosa ulcerada e hemorrágica e presença de parasitos em estômago glandular. Bexiga com urina. Consistência e coloração hepática alteradas, com focos de fibrose (“manchas de leite”) e depressão na cápsula. 58 Quadro 3. Resultados histopatológicos observados nos cetáceos estudados. Caso No Diagnósticos histopatológicos 1 Músculo (região genital): Presença de parasito na musculatura. 2 Pulmões: Edema, discreto, difuso. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Congestão severa. Baços acessórios: Hiperplasia, moderada, de polpa branca e vermelha. Congestão discreta. Rins: Necrose, difusa, tubular cortical. Degeneração hidrópica, moderada, multifocal, do epitélio tubular. 3 Pulmões: Edema, discreto, multifocal. Enfisema, moderado a severo, difuso, alveolar. Hemorragia, discreta, multifocal. Espessamento fibroso dos septos alveolares. Presença de ovos de parasito no parênquima pulmonar. Estômagos: Gastrite crônica, linfocitária, moderada, multifocal, em estômago pilórico. Intestinos: Enterite crônica, linfoplasmocitária, discreta, difusa. / Enterite crônica linfoplasmocitária, discreta, multifocal, em duodeno. Fígado: Congestão discreta a moderada. Degeneração hidrópica, discreta, multifocal. Fibrose (confirmada através do Tricrômero de Massom): discreta a moderada, multifocal, peri-portal. Baço: Hiperplasia, discreta a moderada, de polpa vermelha. Hemossiderose, discreta, multifocal. Fibrose (confirmada através do Tricrômico de Massom), discreta, multifocal, perivascular. Rins: Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular. Congestão moderada. 4 Pulmões: Edema, severo, difuso. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, severa, difusa. Estômagos: Espongiose, discreta, multifocal, do epitélio do estômago mecânico. Intestinos: Enterite crônica, linfoplasmocitária, severa, difusa, terço final do intestino. Rins: Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular. Congestão discreta. 5 Coração: Hemossiderose, discreta, multifocal, subendocárdica. Congestão discreta. Intestinos: Enterite crônica, linfoplasmocitária, moderada, difusa. Necrose multifocal. Fígado: Hepatite crônica, linfoplasmocitária, discreta, multifocal. Degeneração hidrópica, discreta, difusa. 6 Pulmões: Pneumonia crônica, linfoplasmocitária, discreta, multifocal, intersticial. Edema, moderado, multifocal. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, moderada, multifocal. Atelectasia. Baço e Baços Acessórios: Hiperplasia, moderada, de polpa branca e vermelha. 7 Coração: Congestão discreta. Baço: Hiperplasia, moderada, de polpa branca e vermelha. Congestão discreta. 59 CONTINUAÇÃO QUADRO 3. Caso No Diagnósticos histopatológicos 8 Pulmões: Pneumonia crônica persistente (subaguda), moderada a severa, difusa, intersticial. Edema, severo, difuso. Enfisema, discreto, multifocal, alveolar. Hemorragia, severa, multifocal. 9 Estômagos: Degeneração balonosa, discreta, difusa, da camada basal do epitélio de revestimento do estômago mecânico. / Gastrite crônica, linfocitária, discreta, focal, da camada submucosa do estômago glandular. Intestinos: Enterite crônica persistente (subaguda), moderada, focal. Congestão moderada. / Enterite crônica, linfoplasmocitária, discreta, multifocal, em região de ampola duodenal. Fígado: Congestão discreta. Esteatose microgoticular, discreta a moderada, multifocal. 10 Pulmões: Pneumonia crônica, com predomínio de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no infiltrado, severa, difusa, intersticial, com extensa subversão da arquitetura do órgão. Edema, discreto, multifocal. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, discreta, multifocal. Fibrose, severa, difusa, pleural. Espessamento fibroso dos septos alveolares. 11 Pulmões: Enfisema, discreto multifocal, alveolar. Hemorragia, severa, multifocal. Congestão severa. Coração: Congestão moderada. Estômagos: Gastrite crônica, linfoplasmocitária, moderada, focal, em estômago glandular. 12 Pulmões: Pneumonia aguda, com predomínio de neutrófilos e alguns linfócitos no infiltrado, severa, difusa, intersticial. Enfisema, discreto, multifocal, alveolar. Hemorragia, severa, difusa. Coração: Hemossiderose, discreta, difusa, subendocárdica e subepicárdica, em ventrículo direito. Congestão moderada. / Fibrose (confirmada através do Tricrômico de Massom) em ventrículo esquerdo: discreta, multifocal, miocárdica; e moderada a severa, difusa, subendocárdica. Congestão moderada. Cérebro: Necrose, multifocal, neuronal. Congestão discreta. Desmielinização, discreta, multifocal. Edema, discreto, multifocal. Estômagos: Degeneração balonosa, discreta a moderada, difusa, da camada basal do epitélio de revestimento do estômago mecânico. Gastrite crônica, linfoplasmocitária, severa, difusa, com presença de ovos de parasito. Fibrose, severa, difusa. / Gastrite crônica, linfoplasmocitária, discreta, focal, em estômago glandular. / Gastrite crônica granulomatosa, severa, difusa, em estômago pilórico, com presença de ovos de parasito. Fibrose, severa, difusa. Intestinos: Enterite crônica, linfoplasmocitária, severa, difusa, com presença de ovos de parasito. Congestão discreta. Fígado: Hepatite crônica, com o predomínio de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no infiltrado, moderada, multifocal. Degeneração hidrópica, discreta, multifocal. Baço: Hiperplasia, moderada, difusa, de polpa branca. Congestão severa. 13 Pulmões: Pneumonia crônica, linfocitária, discreta, focal, intersticial. Edema, discreto, difuso. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, discreta, difusa. Atelectasia, próxima à pleura. Estômagos: Gastrite crônica, linfoplasmocitária, severa, multifocal, em estômago mecânico. Degeneração balonosa, discreta, difusa, da camada basal do epitélio de revestimento. / Gastrite crônica, linfoplasmocitária, severa, multifocal, em estômago pilórico. 60 CONTINUAÇÃO QUADRO 3. Caso No Diagnósticos histopatológicos 14 Coração: Congestão moderada. 15 Pulmões: Edema, discreto, multifocal. Enfisema, moderado, difuso, alveolar. Atelectasia. Pele (Rostro): Carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico, moderadamente diferenciado, com proliferação de células neoplásicas epiteliais arranjadas em trabéculas infiltrativas e ninhos, contendo dissociação e degeneração celular ao centro, de formato cístico e aspecto pseudoglandular. Células neoplásicas com amplo citoplasma e alteração na relação núcleo/citoplasma, moderado pleomorfismo, núcleo pálido com grande nucléolo central basofílico. Moderadas figuras de mitose, na sua maior parte sem atipias. Estroma abundante, composto por tecido fibrovascular, com múltiplos focos de invasão a tecidos adjacentes, sede de processo inflamatório subagudo pentumoral. Músculo (parede interna da musculatura lateral direita): Rabdomiossarcoma, formado por um nódulo circunscrito e bem delimitado, composto por células neoplásicas de origem mesenquimal, com arranjo em feixes com orientação anárquica e ninhos circunscritos de células alongadas com moderado citoplasma eosinofílico e núcleo pleomórfico, de formato variando do arredondado ao fusiforme. Estroma escasso em meio ao neoplasma, com moderada quantidade de tecido fibroso delimitando o nódulo tumoral. 16 Estômagos: Paraceratose, moderada, difusa, do epitélio de revestimento do estômago mecânico. Degeneração balonosa, discreta, difusa. Acantose, moderada, difusa. Hipermelanose, moderada, difusa. Baço: Hiperplasia, severa, de polpa branca e vermelha. 17 Coração: Congestão discreta. Estômagos: Gastrite crônica persistente (subaguda), severa, difusa, em estômago mecânico. Presença de parasito dentro das criptas da mucosa. Gordura: Paniculite crônica, granulomatosa, severa, multifocal. 18 Pulmões: Pneumonia crônica, linfocitária, discreta, multifocal, intersticial. Edema, discreto, multifocal. Enfisema, discreto, multifocal, alveolar. Hemorragia, discreta, multifocal. Atelectasia. Cérebro: Encefalite. Edema multifocal. Congestão. Trombos sépticos. 19 Pulmão: Edema, severo, difuso. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, severa, difusa. Congestão severa. Estômagos: Gastrite crônica granulomatosa, com foco de atividade, moderada, difusa em estômago mecânico. / Gastrite crônica persistente (subaguda), ulcerada, severa, difusa, em estômago pilórico. Hemossiderose, moderada, multifocal. 61 CONTINUAÇÃO QUADRO 3. Caso No Diagnósticos histopatológicos 20 Pulmões: Pneumonia crônica, linfoplasmocitária, com a presença de alguns macrófagos no infiltrado, moderada, multifocal, intersticial. Edema, discreto, multifocal. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, discreta, multifocal. Atelectasia. Coração: Congestão discreta. Cérebro: Edema, discreto, multifocal. Fígado: Congestão moderada. Degeneração hidrópica, discreta, difusa. Baço: Congestão moderada a severa. Rins: Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular. Congestão discreta. Adrenais: Congestão, discreta, cortico-medular. 21 Pulmões: Pneumonia crônica, linfoplasmocitária, com a presença de alguns macrófagos no infiltrado, moderada, multifocal, intersticial. Edema, discreto, multifocal. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, discreta, multifocal. Atelectasia. Coração: Congestão discreta. Cérebro: Desmielinização, discreta, multifocal. Edema, discreto, multifocal. Congestão discreta. Meningite crônica, linfoplasmocitária, discreta, focal. Hemossiderose, discreta, difusa, da subaracnóide. Rins: Degeneração hidrópica, moderada, multifocal, do epitélio tubular do rim direito. Congestão discreta. / Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular do rim esquerdo. Congestão discreta. Adrenais: Congestão, discreta, cortico-medular. 22 Pulmões: Edema, discreto, multifocal. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Hemorragia, discreta, multifocal. Atelectasia. Coração: Congestão discreta. 23 Pulmões: Edema, moderado, multifocal. Enfisema, discreto a severo, multifocal, alveolar. Hemorragia, moderada, multifocal. Cérebro: Desmielinização, discreta, multifocal. Edema, discreto, multifocal. Congestão moderada. Intestinos: Enterite aguda, abscedativa, também com a presença de alguns linfócitos no infiltrado, severa, multifocal, por vezes dissociando fibras musculares. Baço: Hiperplasia, moderada, de polpa branca. Rins: Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular. Necrose, difusa, tubular cortical. Congestão moderada. 24 Pulmões: Pneumonia crônica piogranulomatosa, severa, difusa, intersticial. Fibrose e calcificação, discreta, multifocal. Hemorragia, severa, multifocal. Congestão discreta. Atelectasia. Coração: Congestão discreta. Cérebro: Edema, discreto, multifocal. Estômagos: Degeneração balonosa, discreta, difusa, da camada basal do epitélio de revestimento do estômago mecânico. Fígado: Congestão severa. Degeneração hidrópica, moderada, focal, centrolobular. Baço: Hiperplasia, moderada, de polpa branca e vermelha. Rins: Nefrite crônica persistente (subaguda), severa, multifocal, intersticial. Degeneração hidrópica, discreta a moderada, multifocal, do epitélio tubular. Congestão moderada. Adrenais: Congestão, discreta, cortico-medular. Hemorragia, severa, peri-capsular. Hemorragia, moderada a severa, cortico-medular. 62 CONTINUAÇÃO QUADRO 3. Caso No Diagnósticos histopatológicos 25 Pulmões: Pneumonia crônica granulomatosa, severa, multifocal, intersticial, em região pulmonar direita. Enfisema, moderado a severo, multifocal, alveolar. Atelectasia. Fibrose, moderada, multifocal, ao redor dos focos de inflamação a parasitos. / Pneumonia crônica, linfocitária, discreta, focal, intersticial, em região pulmonar esquerda. Enfisema, severo, difuso, alveolar. Fibrose, severa, difusa, intersticial. Intestinos: Enterite com a presença de eosinófilos, neutrófilos e linfócitos no infiltrado, severa, difusa. Baços Acessórios: Hiperplasia, moderada, de polpa branca e vermelha. Congestão discreta. Necrose multifocal. Rins: Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular do rim direito. Congestão discreta. / Degeneração hidrópica, moderada, multifocal, do epitélio tubular do rim esquerdo. Congestão moderada. 26 Pulmões: Pneumonia crônica persistente (subaguda), discreta, multifocal, intersticial, em região pulmonar direita. Edema, moderado, difuso, de septo alveolar. Calcificação, multifocal. / Edema, moderado a severo, difuso, de septo alveolar, em região pulmonar esquerda. Congestão discreta. Coração: Fibrose (confirmada através do Tricrômico de Massom) em ventrículo direito: discreta, multifocal, miocárdica; e moderada a severa, difusa, subendocárdica. Congestão discreta. / Fibrose (confirmada através do Tricrômico de Massom) em ventrículo esquerdo: severa, difusa, miocárdica; e discreta, difusa, subendocárdica. Congestão discreta. Fígado: Degeneração hidrópica, discreta, difusa. Baço: Hiperplasia, severa, de polpa branca. Rina: Congestão discreta. 27 Pulmões: Pneumonia crônica, linfocitária, discreta, focal, intersticial, em região pulmonar direita. Resquício de um foco granulomatoso com parasito. / Enfisema, moderado, multifocal, alveolar, em região pulmonar esquerda. 28 Pulmões: Pneumonia, com o predomínio de eosinófilos, neutrófilos, linfócitos e macrófagos no infiltrado, discreta, focal, intersticial. Edema, discreto, focal. Enfisema, moderado, multifocal. Hemorragia, discreta, multifocal. Congestão discreta. Coração: Congestão discreta. Estômagos: Gastrite crônica piogranulomatosa, com focos de atividade, severa, difusa, com a presença de eosinófilos em torno dos parasitos em estômago pilórico. Fibrose severa difusa (confirmada através do Tricrômico de Massom). Necrose multifocal. Hemossiderose, moderada, multifocal. Congestão discreta. Intestinos: Enterite com a presença de eosinófilos, plasmócitos e linfócitos no infiltrado, severa, multifocal. / Enterite crônica, linfoplasmocitária, severa, multifocal, em duodeno. Congestão moderada. Fígado: Hepatite crônica, com o predomínio de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no infiltrado, discreta, multifocal. Congestão moderada. Degeneração hidrópica, discreta, difusa. Baço: Hiperplasia, moderada, de polpa branca. Rins: Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular. Congestão discreta. 63 CONTINUAÇÃO QUADRO 3. Caso No Diagnósticos histopatológicos 29 Pulmões: Pneumonia crônica, linfocitária, discreta, focal, intersticial. Edema, discreto, multifocal. Hemorragia, severa, difusa. Congestão severa a moderada. Calcificação, severa, difusa, da cartilagem brônquica. Coração: Fibrose (confirmada através do Tricrômico de Massom): discreta, multifocal, miocárdica; e moderada a severa, difusa, subendocárdica. Congestão discreta. Esôfago: Esofagite crônica, linfoplasmocitária, discreta, multifocal. Edema, discreto, multifocal. Acantose irregular do epitélio. Estômagos: Gastrite crônica, linfoplasmocitária, discreta, multifocal, em estômago glandular. / Gastrite crônica, linfoplasmocitária, discreta, multifocal, em estômago pilórico. Fígado: Esteatose microgoticular, severa, focal, centrolobular. Hemorragia, moderada, multifocal. Congestão severa. Baço: Hiperplasia, moderada a severa, de polpa branca e vermelha. Mielopoiese, discreta, multifocal. Hemossiderose, discreta, multifocal. Rins: Degeneração hidrópica, discreta, multifocal, do epitélio tubular. Congestão moderada a severa. 64 20 Enfisema 86,4% 77,3% 77,3% Hemorragia 68,2% Edema 15 Pneumonia 40,9% Prevalência 10 31,8% Atelectasia 18,2% 13,6% 5 Congestão Fibrose Calcificação 0 Achados histopatológicos pulmonares Gráfico 1. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos pulmonares. Total de amostras analisadas: 22. Gastrite 15 77,8% Degeneração balanosa epitelial Fibrose Hemossiderose Prevalência 10 Acantose c/ paraceratose epitelial Congestão 27,8% 5 16,7% Necrose 11,1% 5,6% 5,6% 5,6% 5,6% Espongiose epitelial 0 Achados histopatológicos gástricos Gráfico 2. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos gástricos. Total de amostras analisadas: 18. 65 92,3% 10 Congestão Prevalência Fibrose 5 23,1% 15,4% Hemossiderose 0 Achados histopatológicos cardíacos Gráfico 3. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos cardíacos. Total de amostras analisadas: 13. Hiperplasia polpa branca 84,6% Hiperplasia polpa vermelha 10 61,5% Congestão Mielopoiese Prevalência 38,5% 5 Necrose 7,7% 7,7% 7,7% 7,7% Fibrose Hemossiderose 0 Achados histopatológicos esplênicos Gráfico 4. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos esplênicos. Total de amostras analisadas: 13. 66 90,9% 90,9% 10 Congestão Degeneração hidrópica do epitélio tubular Necrose tubular cortical Prevalência 5 18,2% Nefrite 9,1% 0 Achados histopatológicos renais Gráfico 5. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos renais. Total de amostras analisadas: 11. . 10 Degeneração hidrópica dos hepatócitos 77,8% Congestão 66,7% Hepatite 5 Esteatose microgoticular Prevalência 33,3% 22,2% 11,1% 11,1% Fibrose Hemorragia 0 Achados histopatológicos hepáticos Gráfico 6. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos hepáticos. Total de amostras analisadas: 9. 67 10 100,0% Enterite 37,5% Congestão 5 Prevalência 12,5% Necrose 0 Achados histopatológicos intestinais Gráfico 7. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos intestinais. Total de amostras analisadas: 8. 10 Edema Congestão 100,0% 5 Desmielinização 66,7% Necrose neuronal Prevalência 50,0% 16,7% 16,7% 16,7% 16,7% Encefalite Meningite Hemossiderose 0 Achados histopatológicos cerebrais Gráfico 8. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos cerebrais. Total de amostras analisadas: 6. 68 5 Congestão corticomedular 100,0% Prevalência Hemorragia corticomedular 33,3% 33,3% Hemorragia pericapsular 0 Achados histopatológicos adrenais Gráfico 9. Representação da prevalência dos principais achados histopatológicos adrenais. Total de amostras analisadas: 3. 69 7. DISCUSSÃO Na presente discussão serão abordados os casos e processos patológicos mais relevantes observados neste estudo. 7.1 Infecções Parasitárias Parasitas são frequentemente encontrados nos cetáceos em condições naturais (ANDRADE et al, 2001), sendo a presença de algumas espécies relacionada com processos patológicos e a causa de encalhes de baleias e golfinhos (DAILEY, 2001). A ação parasitária desenvolve em mamíferos aquáticos uma grande variedade de anormalidades tissulares (RIDGWAY, 1972; DAILEY e STROUD, 1978) que podem ser provocadas por diversos mecanismos, tais como, os mecânicos, bioquímicos e nutricionais (THOMSON, 1983; CARLTON e McGAVIN, 1998; EIRAS et al., 2000). Neste trabalho, em 55,2% (16/29) dos animais foi constatada a presença de infecção parasitária, sendo as lesões associadas observadas principalmente nos tratos respiratório e gastrointestinal. 7.1.1 Trato respiratório Os parasitos pulmonares são considerados uma das principais causas de mortalidade em populações de cetáceos devido aos seus efeitos diretos, como as pneumonias parasitárias, bacterianas, complicações cardiovasculares ou reações de hipersensibilidade (JEPSON et al., 2000). Os nematóides mais comuns que infectam os pulmões, veias pulmonares, espaços auditivos e seios nasais são pertencentes a duas famílias, Pseudallidae e Crassicaudidae; e quatro gêneros, Halocercus, Pharurus, Pseudalius e Stenurus. Os sintomas das infecções parasitárias pulmonares variam de acordo com as espécies do hospedeiro e do parasito, bem como com a intensidade da infecção (DAILEY, 2001). Segundo Cowan (2002), aproximadamente 100% dos pequenos cetáceos possuem parasitos nematóides nos pulmões, sendo relativamente inócuos quando permanecem nas vias aéreas, mas provocando reações inflamatórias quando migram nos espaços mais distais de troca gasosa. No trabalho de Ruopollo (2003), todos os exemplares de Sotalia guianensis 70 examinados, vieram a óbito apresentando lesões pulmonares relacionadas à presença de parasitos, sendo que os nematóides pulmonares Halocercus brasiliensis foram identificados em 40% dos casos. Neste estudo, o gênero Halocercus foi identificado com maior freqüência nos pulmões parasitados associado principalmente a quadros inflamatórios crônicos, acometendo 34,5% (10/29) dos cetáceos de diversas espécies, como Peponocephala electra, Sotalia guianensis, Kogia breviceps, Stenella clymene e Stenella longirostris. Estes parasitos são particularmente interessantes devido a sua estreita especificidade parasito-hospedeiro, sua notável abundância no hospedeiro infectado e à incidência aparentemente elevada da infecção. São encontrados no parênquima pulmonar, freqüentemente com a extremidade posterior se estendendo pra dentro dos brônquios e bronquíolos (MARIGO, 2003). De forma geral, a extremidade anterior de parasitos nematóides adultos envolvida nos pequenos brônquios estimula a produção de muco nos bronquíolos e a ocorrência de edema alveolar e intersticial, podendo induzir a formação de centros piogranulomatosos que eventualmente se organizam em sólidos granulomas encapsulados, fibrosados e calcificados, centrados ao redor do pequeno brônquio parasitado. Lóbulos adjacentes podem se tornar atelectásicos ou enfisematosos. A forma crônica de pneumonia verminótica por nematóides pode ser vista macroscopicamente como nódulos pálidos subpleurais de 1 a 10 mm de diâmetro (HOWARD et al., 1983a). Neste estudo, os achados pulmonares nas infecções parasitárias por Halocercus sp. corroboram com aqueles descritos na literatura. Além de uma elevada infecção parasitária inclusive com a aparente obstrução de bronquíolos por estes nematóides (Fig. 8), foram observados nódulos esbranquiçados e enrijecidos distribuídos pela pleura e parênquima pulmonar, os quais continham os nematóides encapsulados. Nos casos nos 17, 24 e 29, em que os animais encalharam ainda com vida, sintomas intensos de dispnéia foram observados. Microscopicamente, hemorragia, atelectasia, congestão, edema e enfisema pulmonares foram constatados na maioria dos pulmões infectados. Foi observada ainda, em alguns casos, a presença de múltiplos focos de fibrose e calcificação (Fig. 25). A pneumonite crônica (Fig. 19), geralmente linfoplasmocitária, variou de moderada à severa e de multifocal à difusa, podendo aparecer também na forma granulomatosa e piogranulomatosa. Áreas discretas de inflamação aguda com infiltrado polimorfonuclear também puderam ser encontradas em alguns casos, o que segundo Baker e Martin (1992) seria uma provável evidência de invasão bacteriana secundária. Em mamíferos marinhos selvagens, a doença respiratória bacteriana é 71 freqüentemente seqüencial a um parasitismo severo, sendo característico dos cetáceos uma prevalência alta de doenças respiratórias com componentes bacterianos. Estudos em cetáceos cativos demonstraram a pneumonia bacteriana como uma causa comum de mortalidade nestes animais (DUNN et al., 2001). Conlogue et al. (1985) descrevem grandes infecções por Halocercus dalli em Phocoenoides dalli, indicando uma maior prevalência em animais jovens, propondo desta forma, uma transmissão transplacentária. Dailey e colaboradores (1991) confirmaram a evidência de infecção pré-natal por Halocercus lagenorhynchi em golfinhos Tursiops truncatus, e sugeriram que uma grande infecção possa causar morte pós-natal precoce devido à pneumonia verminótica. Este indício é reforçado pela presença de filhotes de cetáceos muito jovens já apresentando infecção por parasitos adultos (CONLOGUE et al., 1985; DAILEY et al., 1991). Jepson et al. (2000), além da transmissão placentária, suspeitaram também de transmissão mamária de Halocercus sp. em Phocoena phocoena. Entretanto, muitos autores acreditam que o ciclo de vida dos parasitos da família Pseudallidae, também envolva hospedeiros intermediários (RAGA et al, 2002). Neste estudo, de acordo com o tamanho mínimo para a maturidade sexual de cada espécie, todos os animais que apresentaram lesões pulmonares relacionadas à infecção por Halocercus sp. foram considerados adultos, exceto um espécime macho de Stenella longirostris, que foi classificado como jovem ou sub-adulto. No trabalho realizado também no Brasil por Marigo (2003), a amostra de cetáceos parasitados por Halocercus brasiliensis, provenientes do sul e sudeste do país, era composta basicamente de animais jovens imaturos e de um filhote com menos de um ano de idade, sugerindo uma possível transmissão transplacentária para esta espécie, da mesma forma que nos outros parasitos do gênero Halocercus. A infecção pulmonar parasitária é uma condição adversa na qual o sistema respiratório é confrontado com um irritante intraluminal, e que através de mecanismos adaptativos tenta reter e destruir a infecção e seus produtos, promovendo desta forma destruição tecidual e lesões cicatriciais (COWAN e MONTREAL, 1966). Lesões pulmonares severas, e inclusive fatais, podem ocorrer quando existe um grande número de parasitos migrando ao mesmo tempo, sendo possível ocorrer também reações de hipersensibilidade na infecção de um hospedeiro não adaptado ou quando houver a exposição prévia de um hospedeiro natural ao parasito (DUNGWORTH, 1993). Em animais imunocomprometidos por contaminantes, lesões, desnutrição, e outros agentes infecciosos, as infecções parasitárias podem ser agravadas. As lesões pulmonares relacionadas à parasitose podem causar uma condição altamente debilitante em animais como os cetáceos, que dependem integralmente da 72 capacidade pulmonar para sobreviver, afetando desta forma a sua habilidade de mergulho e de aquisição de alimentos (MEASURES, 2001). 7.1.2 Trato gastrointestinal Dentre os nematóides do trato gastrointestinal, a família Anisakidae, composta pelos gêneros Anisakis, Contracaecum e Pseudoterranova, é uma das mais bem sucedidas em termos de potencial de colonização de hospedeiros em uma grande diversidade de ambientes (RAGA et al., 2002), estando estas espécies entre os parasitas mais comumente encontrados em cetáceos e outros mamíferos marinhos (DAILEY, 2001). As espécies do gênero Anisakis, com um nível aparentemente baixo de especificidade parasito-hospedeiro, possuem uma ampla variedade de crustáceos, peixes e lulas como hospedeiros intermediários e principalmente cetáceos como hospedeiros definitivos (MATTIUCCI et al., 2004). Estágios adultos são encontrados somente nos compartimentos estomacais de mamíferos marinhos (DAILEY et al., 1972), permanecendo livres ou aderidos à mucosa gástrica (GERACI et al., 1987). Em geral, estes nematóides não causam doença severa aos seus hospedeiros, porém a penetração de larvas e adultos na mucosa e submucosa gástricas pode provocar hemorragias e induzir a gastrite e formação de úlceras (SMITH, 1989; RAGA et al., 2002). Neste estudo, espécies do gênero Anisakis, principalmente a A. typica, foram identificadas nos compartimentos estomacais de diversas espécies de cetáceos, como Peponocephala electra, Steno bredanensis, Kogia breviceps, Stenella clymene e Stenella longirostris. A infecção foi constatada em 34,5% (10/29) dos animais, sendo que os espécimes de Anisakis spp. encontravam-se parasitando um ou dois dos três compartimentos estomacais avaliados (mecânico, glandular e pilórico), permanecendo em sua maioria livres na luz gástrica (Fig. 9). As lesões associadas a esta parasitose se caracterizaram principalmente pela presença de úlceras na mucosa gástrica (Figs. 29, 30 e 31), sendo a aparência macroscópica variada, sobretudo no formato (arredondado, oval ou retangular), tamanho (0,5 a 2,5 cm de diâmetro ou de 0,25 a 1,0 cm largura x 1,0 a 3,0 cm comprimento), cor (acinzentada a enegrecida, rósea a vinhosa), profundidade (superficiais a profundas) e número (1 a 6 por compartimento estomacal). Todas as úlceras observadas apresentaram bordos bem definidos e arredondados. Em um dos exemplares de Peponocephala electra (caso no 28) foram encontradas 4 úlceras no estômago pilórico medindo entre 1,0 a 1,5 cm de diâmetro, contendo tecido necrosado e espécimes de Anisakis spp. aderidos, com as bordas 73 extremamente sobressalentes (Fig. 31). Em alguns animais a mucosa gástrica apresentou-se edematosa e/ou hiperêmica (Figs. 30 e 31) com áreas de hemorragia. Microscopicamente, observou-se uma gastrite crônica (Fig. 18), linfoplasmocitária na maioria dos estômagos parasitados, variando de discreta a severa e de focal a difusa. Alguns animais apresentaram focos de reação granulomatosa com a presença de eosinófilos e células gigantes em torno do parasito (Fig. 32), ou ainda uma gastrite na forma subaguda com predomínio de neutrófilos acompanhando os macrófagos, linfócitos e plasmócitos predominantes. Outras alterações menos freqüentes, incluem uma espongiose ou degeneração vacuolar discreta da camada basal do epitélio de revestimento no estômago mecânico, e extensas áreas de hemossiderose, fibrose (Fig. 32) e necrose nos estômagos glandular e pilórico. A ulceração e a inflamação do estômago podem ser atribuídas a causas parasitárias e não-parasitárias. Entretanto, em mamíferos marinhos, a maior parte dos relatos estão diretamente associados com o parasitismo por nematóides, incluindo o Anisakis sp. Os parasitos geralmente se aderem à úlcera através da fixação de sua extremidade anterior (GERACI e St. AUBIN, 1987), entretanto em alguns casos podem ser encontrados numerosos parasitas anisaquídeos adultos e larvais e nenhuma ulceração (HOWARD et al, 1983a). Neste estudo, seis animais dos dez parasitados por Anisakis sp. apresentaram gastrite e úlceras, sendo que destes, somente três apresentaram parasitos visivelmente aderidos a regiões ulceradas dos estômagos (Fig. 31). A ulceração não-parasítica em cetáceos cativos pode ser atribuída à toxicose histamínica (GERACI e St. AUBIN, 1987) em que a alta concentração de histamina como parte de uma dieta pode causar uma excessiva secreção de ácido gástrico. Segundo Geraci e Lounsbury (1993b), o excesso de ácido não diluído pode produzir úlceras em todas as câmaras estomacais, em particular na primeira. Alternativamente, a inanição, estresse ou trauma têm sido propostos como causadores de úlceras gástricas (SWEENEY e RIDGWAY, 1975, DUIGNAN et al., 2003). Lipscomb e colaboradores (1993) relataram a ocorrência de erosões gástricas em lontras da espécie Enhydra lutris expostas a contaminação por óleo bruto. No sudoeste do Oceano Atlântico, doenças do trato digestivo foram reportadas em 20% das espécies de mamíferos marinhos selvagens examinados (LOUREIRO et al., 1996), contudo, a etiologia das lesões não foi esclarecida. O isolamento recente de Helicobacter sp. na mucosa gástrica de golfinhos mortos sugere uma etiologia infecciosa de úlceras gástricas nestes animais (HARPER et al., 2000). 74 Schoroeder e Wegeforth (1935) sugeriram que, embora a associação entre nematóides e lesões gástricas tenha sido demonstrada em alguns casos, os parasitas não seriam a causa inicial da condição patológica, ou seja, eles teriam invadido as úlceras que já estavam presentes, exacerbando desta forma a reação do hospedeiro. Os autores consideraram, durante seu estudo, que as úlceras examinadas teriam sido iniciadas pela abrasão da mucosa gástrica por pedaços de rocha vulcânica engolida, sendo posteriormente invadidas e agravadas por nematóides. Contudo, Young e Lowe (1969), além de demonstrarem a associação entre lesões gástricas e nematóides em duas espécies de mamíferos marinhos, Halichoerus grypus e Phocaena phocaena, observaram também o desenvolvimento de lesões gástricas depois da alimentação forçada de ratos de laboratório com larvas de Anisakis sp. A relação foi demonstrada entre o comportamento de invasão pelas larvas e o desenvolvimento de lesões semelhantes àquelas observadas em mamíferos selvagens. Cattan et al. (1976) sugerem que as úlceras gástricas em leões marinhos sulamericanos são predispostas pela penetração de larvas de nematóides na mucosa gástrica. Uma vez introduzida a ação mecânica pelos parasitos, ocorre a destruição da mucosa, com uma intensa gastrite seguida de ulceração. Segundo os autores, a ulceração seria complicada por um acúmulo da excreção dos nematóides, bem como pela invasão profunda de bactérias nas lesões, facilitada pela atividade migratória dos parasitos. Duignan e colaboradores (2003) observaram em seu estudo que embora os parasitos não estivessem sempre presentes quando os estômagos foram examinados, é provável que as úlceras tenham sido induzidas pela fixação do parasito na mucosa. Moeller (2001) acredita que esses parasitas causam a ulceração da mucosa gástrica e submucosa durante a migração. As úlceras podem ser agudas e hemorrágicas, ou crônicas com cicatrizes por fibrose e granulação. Nas infecções severas, as perfurações da parede do estômago podem ocorrer, causando peritonite e morte (GERACI e St. AUBIN, 1987). Neste estudo, macroscopicamente, as úlceras apresentaram desde uma aparência recente até variados graus de cicatrização. Em nenhum dos estômagos examinados foi observada perfuração, entretanto úlceras profundas, estendendo-se além da submucosa e atingindo a túnica muscular, foram constatadas em alguns casos. Segundo Howard e colaboradores (1983a), a resposta do hospedeiro com a formação de fibrose impede a perfuração da maior parte das úlceras, mas ocasionalmente pode ocorrer uma gastrite transmural com peritonite secundária. De acordo com Howard et al. (1983a) e Moeller (2001), em cetáceos odontocetos, os parasitas anisaquídeos estão geralmente localizados na primeira e terceira câmaras 75 estomacais. Entretanto, este estudo demonstrou uma predileção similar de infecção por Anisakis spp. nos três compartimentos estomacais associada com lesões macroscópicas e microscópicas. As características microscópicas encontradas, como infiltração maciça de células inflamatórias mononucleares (linfócitos, plasmócitos, macrófagos), destruição tecidual, e a substituição de tecido danificado por tecido conjuntivo fibroso, corroboram com a definição de lesão inflamatória crônica dada por Ringler (1997) e Collins (2000) e com os achados de outros estudos que pesquisaram a infecção por Anisakis sp. em mamíferos (YOUNG e LOWE, 1969) e também no homem (RUITENBERG, 1970; GERMANO e GERMANO, 1998). As secções transversais dos nematóides foram encontradas no centro necrótico dos granulomas caracterizados por áreas centrais com eosinófilos degenerados rodeados de uma larga zona do tecido de granulação seguido por tecido fibroso (Fig. 32), que segundo Dailey e Stroud (1978) são característicos desta infecção. O papel fundamental da reação granulomatosa consiste em defender o hospedeiro contra irritantes persistentes (RINGLER, 1997). Nesse sentido, os parasitos, que são partículas insolúveis, persistentes, e não facilmente degradáveis pelos macrófagos, são estímulos típicos que incitam uma resposta granulomatosa. 7.2 Neoplasias Os mamíferos marinhos desenvolvem diversos tipos de tumores, benignos e malignos (GULLAND et al., 1996). Howard et al. (1983c), pesquisando cerca de 1500 mamíferos marinhos, concluiu que as neoplasias ocorrem em uma incidência de 2,5% em grandes populações. Os relatos são incomuns, sendo que duas revisões enumeram até hoje somente 80 tumores confirmados em cetáceos (ESTEP et al. 2005). Destes, 28 (35%) foram encontrados em uma população pequena, isolada, e muito contaminada de Delphinapterus leucas, no Estuário de St. Lawrence no Canadá (COWAN, 2002). Entretanto, segundo Gulland e colaboradores (1996), os crescentes estudos sobre estes animais, vêm causando um aumento no número e na variedade dos tumores relatados. Neste trabalho, em uma fêmea de Steno bredanensis, encalhada em 2000 (caso no 15), foi constatada a presença de duas formações tumorais, uma aderida à parede interna da musculatura lateral direita e a outra, representada por uma lesão cutânea, profunda, ulcerada, necrosada e com as bordas arredondadas, na região maxilar direita do rostro (Fig. 14). Ao exame histopatológico foram diagnosticados o rabdomiossarcoma na musculatura lateral e o 76 carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico na epiderme do rostro. O carcinoma (Fig. 21) apresentou-se moderadamente diferenciado, com proliferação de células neoplásicas epiteliais, as quais se encontravam arranjadas em trabéculas infiltrativas e ninhos, contendo dissociação e degeneração celular ao centro, resultando em um formato cístico, o que confere ao tumor aspecto pseudoglandular. Nas células neoplásicas observou-se amplo citoplasma e alteração na relação núcleo/citoplasma, moderado pleomorfismo, núcleo pálido com grande nucléolo central basofílico. Notou-se ainda, moderadas figuras de mitose, na sua maior parte sem atipias. O estroma apresentou-se abundante e composto por tecido fibrovascular, com múltiplos focos de invasão a tecidos adjacentes, sede de processo inflamatório subagudo pentumoral. O padrão pseudoglandular observado é uma característica do carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico, o que segundo Hendrick e colaboradores (1988) é uma variante histológica incomum desta neoplasia, onde a degeneração e o desprendimento das células neoplásicas resultam em uma formação cística com uma camada periférica única. O carcinoma de células epiteliais escamosas, uma neoplasia maligna, em humanos constitui o tumor mais comum que surge em áreas expostas ao sol de indivíduos de idade mais avançada. Além da luz solar, os fatores predisponentes implicados incluem os carcinógenos industriais (alcatrões e óleos), úlceras crônicas e osteomielite com drenagem, antigas cicatrizes de queimaduras, ingestão de arsenicais, e radiação ionizante. Um outro fator importante a ser considerado é a imunossupressão, pois parece favorecer o aparecimento e a progressão da neoplasia. A presença de vírus também tem sido associada aos tumores. Foram detectadas seqüências de DNA de certos vírus (por exemplo, o papilomavírus humano tipo 36) no DNA extraído de precursores potenciais do carcinoma de células escamosas (MURPHY e MIHN-Jr., 2000). Segundo Jones e co-autores (1997a), os carcinomas epidermóides, como os demais carcinomas, têm uma propensão especial para fazer metástases para os linfonodos regionais, e daí para os órgãos viscerais. Já Pulley e Stannard (1990) consideram os carcinomas de células escamosas localmente invasivos, porém de metástase lenta. No caso no 15, o carcinoma se desenvolveu na região cutânea do rostro, próximo a junção com a mucosa oral. Em cavalos, é comum o aparecimento desta neoplasia em junções mucocutâneas. Já o carcinoma de células escamosas oral é comum em várias espécies de mamíferos, incluindo os humanos, e sua ocorrência tem sido associada com carcinogênicos, infecção viral, irritação e inflamação crônicas, sendo que em golfinhos, a causa é desconhecida (PULLEY e STANNARD, 1990). 77 Muitas vezes o carcinoma de células escamosas pode ter uma aparência de “couve-flor”, com a superfície ulcerada e que sangra facilmente. O tipo erosivo mais comum, inicialmente aparece superficial, com úlceras crostosas, as quais à medida que vão se desenvolvendo, ficam profundas, formando uma cratera (PULLEY e STANNARD, 1990). No caso observado neste estudo, a lesão tumoral já estava bem desenvolvida, formando uma grande úlcera. O rabdomiossarcoma é o nome dado à neoplasia maligna dos músculos estriados. Vleet (1997) propõe que embora conhecidos em muitas espécies animais, esses tumores são considerados infreqüentes, sendo localmente invasivos e com tendência a fazer metástese precocemente. Macroscopicamente é formado por nódulos cinza-rosados, que à medida que crescem costumam evidenciar hemorragia e necrose (HULLAND, 1990). Os aspectos microscópicos do rabdomiossarcoma são variados e freqüentemente de difícil identificação (VLEET, 1997). Por isso, neste estudo, foram utilizadas colorações histoquímicas especiais, como a de Tricrômico de Massom e Hematoxilina-fosfotungstica, que propiciaram a identificação definitiva da histogênese do tumor e a diferenciação do leiomiossarcoma, com a marcação positiva para musculatura estriada esquelética. Ao exame histopatológico evidenciou-se um nódulo circunscrito e bem delimitado, composto por células neoplásicas de origem mesenquimal (Fig. 22), com arranjo em feixes com orientação anárquica e ninhos circunscritos de células alongadas com moderado citoplasma eosinofílico e núcleo pleomórfico, com formato variando do arredondado ao fusiforme. O estroma apresentou-se escasso em meio ao neoplasma, porém com moderada quantidade de tecido fibroso delimitando o nódulo tumoral. Em humanos ainda são desconhecidos os fatores que favorecem o desenvolvimento do rabdomiossarcoma. O aparecimento, em qualquer localização anatômica, é comum em crianças e jovens, sendo considerado bastante agressivo (ROSENBERG, 2000). Considerando os relatados já publicados de neoplasias em cetáceos, o carcinoma de células escamosas em pele foi confirmado apenas em dois cetáceos, um golfinho da espécie Lagenorhyncus obliquidens em 1983 (HOWARD et al., 1983c), e uma baleia da espécie Delphinapterus leucas em 2002 (MARTINEAU et al., 2002). Em mucosa oral, foi diagnosticada em 1999 (RENNER et al., 1999) e mais recentemente em 2005 (BOSSART et al., 2005), a ocorrência de carcinoma de células escamosas sublingual e lingual, respectivamente, em golfinhos da espécie Tursiops truncatus. Ao nosso conhecimento, este é o primeiro relato de rabdomiossarcoma, não somente em cetáceos, como nos mamíferos 78 marinhos em geral, bem como o primeiro relato de neoplasia na espécie de golfinho Steno bredanensis. A ocorrência de dois ou mais tipos de tumores concomitantes em um mesmo animal já foi relatada em várias espécies de cetáceos, inclusive na população de Delphinapterus leucas do Estuário de St. Lawrence no Canadá, onde dos 21 animais com neoplasia, sete tinham mais de um tumor, sendo que um tinha três tumores, sendo dois malignos. Particularmente, este ambiente do Estuário de St. Lawrence sofre de uma pesada poluição industrial, com as águas contendo hidrocarbonetos policíclicos aromatizados. Altas concentrações de organoclorados, metais pesados, e benzopirenos foram encontradas nos tecidos das baleias dessa população, sugerindo um efeito carcinogênico direto dos poluentes ou um prejuízo da resistência destes animais contra o desenvolvimento neoplásico. As idades dos animais acometidos estavam geralmente acima dos 29 anos, entretanto em animais jovens de 1,5 a 3,5 de idade também foram encontradas neoplasias (COWAN, 2002). No caso no 15, a fêmea de Steno bredanensis foi considerada adulta, estando 34 cm acima do tamanho mínimo estabelecido para maturidade sexual das fêmeas desta espécie (JEFFERSON, 2002b). Entretanto, a idade do animal em valor numérico ainda não foi estimada, sendo para isso necessária a contagem das camadas de crescimento em tecidos persistentes, como os dentes ou ossos (HOHN, 2002). Em humanos e outros animais, a perda progressiva de peso envolvendo a massa muscular e os estoques de gordura, acompanhada por marcada fraqueza, anorexia, e anemia são características comuns nos estágios terminais de câncer (De GUISE e BÉLAND, 1994). Em contraste, o animal estudado neste trabalho, embora com duas lesões tumorais malignas de aparência bem desenvolvida, não se apresentava extremamente emaciado, sendo seu estado nutricional considerado regular. Os principais estudos com neoplasias em mamíferos marinhos, além do realizado com as baleias Delphinapterus leucas do Estuário de St. Lawrence no Canadá inclui o trabalho de Gulland et al. (1996) que reportou a incidência de 66 carcinomas de células transicionais no epitélio de parte do trato urogenital, ocorrendo em uma população de 370 leões marinhos da espécie Zalophus californianus examinados em um período de 15 anos. Segundo Cowan (2002), o local e causa original desta extraordinária incidência de um tipo particular de tumor foi um mistério por muitos anos, devido ao avançado estado da doença quando os animais eram avaliados. A poluição ambiental com uma variedade de compostos químicos foi especulada como causa, entretanto com a utilização de técnicas analíticas 79 modernas, uma forte evidência está se voltando para a infecção por herpesvírus gama. Este vírus é implicado como agente etiológico de muitos casos de câncer em animais. Estes dois estudos são interessantes porque mostram que uma incidência supostamente baixa de tumores em populações selvagens de mamíferos marinhos pode ser simplesmente um artefato, e que quando animais de vida livre são estudados cuidadosamente durante um longo período, grupos de doenças podem ser revelados. Embora haja geralmente suposições, a etiologia da maior parte dos tumores em mamíferos marinhos é desconhecida, assim como na maioria dos casos de tumores espontâneos em outras espécies. Certamente, os mamíferos marinhos estão expostos a muitos tipos de potenciais carcinogênicos, incluindo vírus oncogênicos, bem como os contaminantes radioativos que se acumulam em seus tecidos (GULLAND et al., 2001). Em outros mamíferos, as neoplasias têm sido associadas com vários fatores, incluindo os hormonais, os infecciosos, os genéticos (congênitos e hereditários), além dos agentes físicos e químicos. Estabelecer esse vínculo requer anos de investigação em grandes populações, além de uma consideração sistemática e da eliminação de outras possíveis associações, sendo bem mais complexo quando se trata de estudos em mamíferos marinhos (GERACI et al., 1987). 7.3 Asfixia Ruoppolo (2003), durante o seu estudo, concluiu que 76% dos mamíferos marinhos resgatados no sul e sudeste do Brasil (60/79) morreram como conseqüência da asfixia após o aprisionamento em redes de pesca, sendo a asfixia considerada do tipo “pura por obstrução”, ou seja, manifestada pela anoxemia e hipercapnéia. Segundo a autora, a determinação da causa de morte por asfixia decorrente de enredamento pode ser muito difícil em mamíferos marinhos. As lesões pulmonares indicativas de afogamento são inconsistentes, pois estes animais quando mortos em redes de pesca raramente apresentam líquido nos pulmões, possivelmente devido aos seus desenvolvidos reflexos de adaptação ao mergulho (GULLAND et al., 2001). A morte por asfixia em cetáceos ocorre na ausência da inspiração involuntária final, não havendo, desta forma, a invasão das vias aéreas pela água (HARTMANN et al., 1996). O diagnóstico de óbito por enredamento em aparelhos de pesca tem recebido 80 considerável atenção, sendo revisado por Kuiken e colaboradores (1994) e por Kuiken (1996). A patologia associada com a asfixia inclui a congestão e hemorragia caracterizada pela presença de espuma tingida de sangue nas vias aéreas, congestão aguda difusa e edema nos pulmões, com enfisema alveolar causado pela destruição aguda das paredes alveolares, hemorragia subcutânea e lacerações recentes (JAUNIAUX et al., 2002). Segundo Lipscomb (1996), a constatação histopatológica de congestão e edema pulmonares somada aos sinais de enredamento ante mortem, e a ausência de outras possíveis causas de morte, permitem a conclusão de asfixia como a causa da morte em um cetáceo. Neste trabalho, 51,7% dos cetáceos examinados (15/29) apresentaram sinais externos de algum tipo de interação antrópica, seja antes ou após o óbito. Destes, 33,3% (5/15) apresentaram possíveis evidências da interação direta com pescadores, sendo constatadas lesões profundas causadas por objeto cortante (Fig. 4), e 66,7% (10/15) tinham marcas corporais de emalhamento em rede de pesca (Fig. 5), estando todos em estado nutricional bom. Macroscopicamente, além das marcas corporais características de enredamento evidenciadas principalmente nas nadadeiras e da presença de conteúdo espumoso nas vias áreas (Fig. 33), foram verificados também congestão, edema e enfisema pulmonares (Figs. 33 e 34). Já no exame histopatológico, além da confirmação das alterações pulmonares evidenciadas durante a necropsia, a maior parte dos animais apresentava também sinais de outras afecções anteriores à captura, como pneumonia, enterite, gastrite, e hepatite crônicas; além das endoparasitoses. Segundo Ruoppolo (2003), existe uma tendência de se associar que animais capturados em rede de pesca são saudáveis. Entretanto, corroborando com os achados da autora para animais capturados no sul e sudeste do país, este trabalho encontrou diversas afecções nestes animais, além das causadas pela morte por asfixia, sugerindo que, embora não necessariamente fatais, estas alterações patológicas podem ter proporcionado algum tipo de desconforto nos animais, tornando-os mais susceptíveis ao enredamento. Acredita-se que animais doentes, tenham um maior estímulo de se alimentar nas redes de espera devido a possível dificuldade de caçar. Entretanto, segundo Ruoppolo (2003), independente destas ponderações, não se descarta a possibilidade de que a alimentação nas redes seja um comportamento adquirido ou ainda que os animais não detectem as redes, atravessando-as e fazendo com que a captura seja realmente acidental. Neste estudo, os animais vítimas de captura acidental em aparelhos de pesca pertenciam às espécies Sotalia guianensis e Steno bredanensis. Na estimativa da idade, 60% (6/10) foram considerados adultos, 30% (3/10) jovens e 10% (1/10) filhotes. Segundo Marigo 81 (2003), em animais da espécie Pontoporia blainvillei capturados acidentalmente na região sul e sudeste do Brasil, Argentina e Uruguai, a mortalidade induzida por enredamento é maior entre os animais jovens, com menos de três anos de idade. Este fato pode refletir a estrutura etária das populações locais ou um comportamento diferente dos animais mais jovens, tornando-os mais vulneráveis (ROSAS, 2000). Segundo Little (2002), a inexperiência dos animais em início de solidificação da dieta, ou a pesca em grandes profundidades utilizadas pelos indivíduos jovens estão entre os comportamentos de risco para esta espécie de cetáceo. Rosas (2000) relata uma maior incidência de mortalidade em machos de Pontoporia blainvillei capturados na região de Cananéia em São Paulo, o que segundo Marigo (2003) também foi evidenciado em outras espécies de cetáceos durante a sua pesquisa. Neste estudo, entretanto, não foi observada uma predisposição relacionada ao sexo, sendo verificada a mesma percentagem de machos e fêmeas nos animais enredados. No estudo de Rosas (2000), os indivíduos da espécie Sotalia guianensis capturados acidentalmente no litoral do Paraná, também demonstraram a proporção de sexo de 1:1, com 56,1% dos animais maduros sexualmente. É importante reforçar que nem todas as mortes de mamíferos marinhos relacionados à pesca são imediatas. As lesões causadas pelos aparelhos de pesca ou mesmo a permanência de fragmentos destes equipamentos presos ao animal, podem torná-lo mais susceptível a morte. Em algumas espécies, os ferimentos acarretados por equipamentos de pesca podem, ainda, representar uma importante fonte de informação sobre como os animais foram capturados (MEIRELLES e SILVA, 2005). No caso de pequenos cetáceos, a pesca intencional e acidental é responsável pela atual condição de ameaça às populações de algumas espécies. Segundo a International Whaling Commission – IWC (1994), já foram registradas 63 espécies de cetáceos em operações de pesca, representando 80% do total existente. A estimativa é que por ano, cerca de 100.000 animais se prendam acidentalmente em aparelhos de pesca no mundo inteiro, sendo grande parte dos enredamentos resultantes em morte. No Brasil, as pescarias costeiras com rede de espera são muito expressivas em termos de captura acidental de pequenos cetáceos, envolvendo principalmente espécies de hábitos costeiros como Sotalia guianensis, Pontoporia blainvillei e Steno bredanensis (MONTEIRO-NETO et al. 2000; ROSAS et al. 2002). Neste estudo, dos animais capturados em aparelhos de pesca, 80% (8/10) eram da espécie Sotalia guianensis, sendo 20% (2/10) da espécie Steno bredanensis. Vale ressaltar que em dois casos, o no 6 e o no 22, foram evidenciados resíduos de areia no esôfago e nos 82 primeiros compartimentos estomacais, o que demonstra uma provável ingestão deste sedimento oceânico antes da morte. Suspeita-se, desta forma, que estes animais tenham interagido com rede de arrasto de camarão, de uso comum na região nordeste do país, e que levanta grandes nuvens de areia. O reconhecimento seguro da mortalidade por enredamento é importante na determinação do impacto das indústrias de pesca em populações de cetáceos (LIPSCOMB, 1996). O Plano de Ação para os Mamíferos Aquáticos do Brasil (IBAMA, 2001), no item G.6, insere entre os projetos e ações prioritárias, a avaliação e o monitoramento do impacto das capturas acidentais durante as atividades de pesca, pela identificação das espécies, áreas e períodos, bem como das tecnologias de pesca mais impactantes. Segundo Ruoppolo (2003), para que este objetivo seja alcançado, faz-se necessária uma abordagem multidisciplinar dos indivíduos necropsiados, buscando informações que possam colaborar para uma maior compreensão dos processos biológicos e patológicos que acometem e predispõe a morte por enredamento em mamíferos marinhos. 7.4 Estresse Um problema extremamente reconhecido em cetáceos encalhados é o estresse (MAYER, 1996). Segundo Cowan e Curry (2002), o estresse é uma exigência de adaptação do organismo a determinados estímulos que apresentam circunstância súbita ou ameaçadora. O estresse pode ser benéfico na conservação da vida, considerando que os organismos estão em uma condição constante de ajuste dos sistemas fisiológicos para a manutenção da homeostase. Os cetáceos, por exemplo, encontram estressores naturais diariamente, como nas alterações das condições meteorológicas e oceanográficas, nas adaptações ao mergulho, na luta contra predadores, em agressões intra-específicas, ou na apreensão de presas. Os estressores não causam a mesma resposta para todos os indivíduos ou espécies. A resposta dada a um agente estressor depende de como o sistema sensorial do animal recebe e interpreta a informação sobre o ambiente a sua volta e da reação a esta informação (COWAN, 2002). A resposta ao estresse em mamíferos identifica, de acordo com a literatura, quatro categorias de interesse: fisiologia, endocrinologia, imunologia e neurologia. Durante a resposta a um agente estressor, essas categorias se sobrepõem, já que os hormônios alteram os 83 processos biológicos e a resposta imunológica, a estimulação neurológica induz respostas fisiológicas e endócrinas, estando estas ligadas também ao sistema imunológico, onde os mediadores da inflamação ativam alguns caminhos endócrinos. Em cada uma das categorias, a resposta pode ser aguda ou crônica, e as alterações associadas podem ser favoráveis ou mais agressivas. Desta forma, a sobrevivência do organismo depende da regulação do “feedback” entre esses sistemas, que quando incontrolado, prolongado ou estimulado a exaustão, causa efeitos irreversíveis e deletérios, resultando em distresse e morte (BREAZILE, 1987). O estresse crônico pode ocorrer se os agentes estressores forem freqüentes, intermitentes e/ou recorrentes, provocando a secreção repetitiva de glicocorticóides através da ativação permanente do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Este estímulo contínuo produz alterações patológicas e no crescimento, bem como na função reprodutiva e imunológica do animal (St. AUBIN e DIERAUF, 2001; COWAN e CURRY, 2002). Segundo Fowler (1986), a captura e a contenção estão entre os incidentes mais estressantes para um animal selvagem que pode induzir respostas agudas prejudiciais. A miopatia de captura, e seus sinais patognomônicos, devem ser considerados em qualquer procedimento envolvendo animais selvagens, incluindo os mamíferos marinhos (St. AUBIN e DIERAUF, 2001). Neste estudo, alguns animais do gênero Stenella (casos nos 17, 18, 21 e 24) apresentaram uma resposta aguda e fatal ao estresse. Durante o manejo ou transporte, alguns sinais e sintomas característicos de estresse em odontocetos (NORBERTO et al., 2005) foram constatados, tais como, encurvamento dorsal (Fig. 35), tremores, midríase, reflexo palpebral reduzido ou ausente, hipertermia, ptialismo, arritmia cardíaca, dispnéia, episódios de apnéia prolongados, e parada cárdio-respiratória; conseqüentes provavelmente de uma massiva liberação de catecolaminas endógenas (reação de alarme ou reação de “luta ou fuga”). Segundo Cowan e Curry (2002), esta liberação aguda de catecolaminas pela medula da glândula adrenal pode causar injúria cardíaca e morte súbita. O encalhe é uma situação inusitada e de acordo com Mayer (1996), o estresse e choque em cetáceos podem se desenvolver unicamente pelos efeitos físicos do encalhe, como a pressão sobre as vísceras e a insolação causadas pela permanência fora da água. O manejo, transporte, cativeiro, barulho, e a presença de pessoas, também são relatados como agentes estressores em cetáceos. Além disso, segundo a autora, deve-se considerar que os eventos de encalhe envolvem comumente animais doentes e debilitados, desta forma, a desidratação e a dor podem atuar como potencializadores do estresse. 84 De acordo com Cowan e Curry (2002), em mamíferos terrestres a reação de “luta ou fuga” provoca uma aceleração na atividade muscular, elevação da pressão sanguínea, taquicardia e hiperventilação. Para um animal aquático, entretanto, significa a retenção da respiração e o redirecionamento do fluxo sanguíneo dos órgãos menos dependentes de oxigênio para os órgãos vitais como o coração e o cérebro. Em situações extremas, como o evento de encalhe, somado a frustração causada pela incapacidade de fuga durante a contenção, além da separação e o isolamento do grupo (principalmente em espécies gregárias, como os golfinhos do gênero Stenella), a resposta adaptativa pode resultar em uma incapacidade generalizada do sistema circulatório em perfundir as células e tecidos com teores adequados de oxigênio e nutrientes, para que sejam atendidas as necessidades metabólicas do organismo. Desta forma, o choque circulatório ou colapso cardiovascular pode levar a um metabolismo anaeróbico, acidose lática, disfunção celular e orgânica, morte celular e consequentemente, morte do animal (JONES et al., 1997b). Cowan e Walker (1979) relataram uma variedade de alterações patológicas em 68 golfinhos, 19 da espécie Stenella longirostris e 49 da espécie Stenella attenuata, mortos durante interações com a pesca. Os autores notaram respostas cardíacas ao estresse em alguns destes animais e descreveram lesões patológicas microscópicas similares àquelas observadas em animais de laboratório submetidos à injeção com catecolaminas e em humanos com cardiomiopatia por estresse. Investigações recentes em cetáceos encalhados têm revelado um padrão de lesões sugestivas da liberação massiva de catecolaminas endógenas. Necrose das bandas de contração cardíaca e da musculatura esquelética em geral, bem como, injúrias de isquemia e reperfusão em intestinos e rins, são manifestações de uma reação de alarme excessiva e prolongada com conseqüências fatais. Estas observações foram correlacionadas às mortes abruptas durante o manejo de alguns cetáceos encalhados e visivelmente estressados (TURNBULL e COWAN, 1998; COWAN, 2000). A característica pelágica das espécies Stenella clymene e S. longirostris, envolvidas nos casos de choque por estresse observadas neste estudo, parecem estar associadas a uma menor tolerância destes animais a situações estressantes como o encalhe e o cativeiro (MAYER, 1996). Durante a necropsia não foram coletadas amostras dos intestinos e da musculatura destes animais. Os outros órgãos sabidamente associados ao estresse agudo, como coração e rins, apresentaram respectivamente, congestão e degeneração hidrópica do epitélio tubular, estando este último achado relacionado à hipóxia e isquemia (COTRAN et 85 al., 2000a). As adrenais avaliadas apresentaram-se congestas na região cortico-medular e em um dos animais foi constatada também a presença de hemorragia peri-capsular e corticomedular (Fig. 27). St. Aubin e Dierauf (2001) relatam lesões, cistos e hiperplasia adrenais como uma possível evidência de estimulação neste órgão, porém de caráter crônico. Ainda que a pesquisa sobre estresse em mamíferos marinhos tenha avançado consideravelmente nos últimos anos, avanços na interpretação dos indicadores relacionados ao estresse, inclusive aqueles que podem ser constatados durante os exames histológicos macro e microscópicos, se fazem necessários no aprimoramento do diagnóstico nestes animais. 7.5 Fibroplasia A destruição tecidual, com lesão das células parenquimatosas e do estroma, ocorre na inflamação necrosante e constitui uma característica fundamental dos processos inflamatórios (COTRAN et al., 2000b). Concorrentemente com a resposta inflamatória, e tendo continuidade depois que a inflamação desaparece, os processos de reparo tentam restaurar a integridade anatômica e funcional do tecido. Alguns tipos de tecidos, como as superfícies epiteliais, regeneram de forma bastante satisfatória, depois de uma lesão tecidual. Entretanto, em muitos tipos de tecidos em mamíferos, a regeneração não ocorre; ao invés, processos de reparo preenchem a área lesionada com uma matriz extracelular simples, mas elástica, a cicatriz de tecido conjuntivo (RINGLER, 1997). Apesar de funcionalmente imperfeita, a formação de cicatriz fornece um “remendo” permanente que permite ao parênquima residual continuar de certa forma a funcionar. Todavia, algumas vezes, a própria cicatriz é tão grande e possui uma localização tal, que pode causar disfunção permanente, como ocorre no miocárdio cicatrizado. Nesse caso, o tecido fibroso não apenas representa a perda do músculo contrátil pré-existente, como também constitui uma carga permanente para o músculo residual sobrecarregado (COTRAN et al., 2000b). Neste trabalho, dos treze corações estudados, três (23%) apresentaram fibroplasia ao exame histopatológico, sendo referentes às seguintes espécies: Lagenodelphis hosei, Sotalia guianensis, e Kogia breviceps (casos nos 12, 26 e 29, respectivamente). Macroscopicamente foi evidenciada a presença de hidropericárdio hemorrágico no S. 86 guianenses e uma discreta dilatação do ventrículo direito (Fig. 11) nos espécimes de L. hosei e K. breviceps. Nos três animais, a fibrose (Fig. 23) apresentou-se em múltiplos focos, de discretos a moderados, em região de miocárdio e subendocárdio. As fibras musculares localizadas ao redor do foco de fibrose apresentaram uma hipertrofia aparentemente adaptativa, verificada através do aumento na relação núcleo-citoplasma. Observou-se também uma ondulação das fibras musculares em alguns pontos, e a variação na densidade do tecido conjuntivo cicatricial depositado, demonstrando reorganização cardíaca pós-injúria em diferentes locais. Não foi evidenciada a presença de células inflamatórias. As causas mais comuns de fibrose cardíaca em animais domésticos são as deficiências nutricionais e intoxicações (JONES et al., 1997c). Já em mamíferos marinhos, os poucos relatos existentes de fibrose cardíaca foram relacionados a episódios de infarto e miocardite (HOWARD, 1983). Mais recentemente, Cowan e Curry (2002) evidenciaram em seu estudo que 35% dos cetáceos (20/56) apresentaram fibrose cardíaca, de tamanho e localização consistentes com necrose do miocárdio. Segundo os autores, estas lesões representam a cicatrização a uma injúria passada muito provavelmente relacionada ao estresse agudo ao qual estes animais são submetidos durante as interações com a pesca de atum no Pacífico oriental. No presente estudo, o indivíduo da espécie S. guianensis foi vítima de captura acidental em aparelho de pesca. Por se tratar de uma espécie costeira e que sabidamente tem contato freqüente com a pesca local, existe a possibilidade deste animal já ter sido capturado em outra ocasião, ter escapado do enredamento, sobrevivido, e devido à característica aguda do estresse já discutido no item anterior, terem ocorridos focos de isquemia e necrose cardíaca com posterior reparação. Outras lesões cardíacas relatadas em mamíferos marinhos incluem uma degeneração basofílica das fibras miocárdicas em várias espécies; cicatrização subepicárdica nas espécies Delphinus delphis e Lagenorhynchus obliquidens interpretadas como conseqüência de espasmos vasculares; necrose miocárdica aguda em leões marinhos da espécie Zalophus californianus que morreram intoxicados; necrose das bandas de contração cardíaca, caracterizada pela hipercontração focal e lise dos filamentos contrácteis em pequenos grupos de células miocárdicas, a qual tem sido documentada em várias espécies de cetáceos encalhados (GULLAND et al., 2001). Moeller (2001) cita que uma cardiomiopatia, de causa ainda indeterminada, envolvendo o ventrículo direito, tem sido observada em animais adultos das espécies Kogia breviceps e K. simus. Segundo ao autor, macroscopicamente o ventrículo aparece aumentado e flácido, sendo que histologicamente são encontrados focos de fibrose miocárdica associada à degeneração das miofibras, que 87 podem estar hipertrofiadas. Em vários dos animais é constatada ainda uma necrose hepatocelular relacionada possivelmente a uma insuficiência cardíaca de lado direito. Neste estudo, dois animais (casos nos 12 e 29) apresentaram também uma dilatação ventricular direita com alguns sinais que podem ser sugestivos de uma insuficiência cardíaca direita, como hidrotórax, focos de fibrose, hemorragia e congestão hepáticas, congestão renal e esplenomegalia, sendo que um deles (caso no 29), pertencia à espécie K. breviceps, uma das espécies relacionadas por Moeller (2001) aos casos de cardiomiopatia. Considerando que a ocorrência de infarto é incomum em animais, principalmente nos de vida livre, acredita-se que os achados de fibrose representem uma reação antiga a uma injúria cardíaca, possivelmente de origem infecciosa, que podem ter causado uma disfunção permanente no miocárdio ou foram acidentais em relação à causa de mortalidade destes animais. Foram também identificadas áreas de fibroplasia em outros órgãos, como o fígado, em região periportal no caso no 3; pulmões, em região de pleura no caso no 10 e em interstício nos casos nos 24 e 25; e estômagos, no primeiro compartimento gástrico no caso no 12 e no terceiro compartimento nos casos nos 12 e 28. Nos pulmões e estômagos, as áreas de fibrose parecem estar relacionadas às infecções parasitárias localizadas nestes órgãos acompanhadas de pneumonia e gastrite crônicas respectivamente. Já no caso no 3, o fígado apresentava-se também congesto e com degeneração hidrópica dos hepatócitos, sem a presença de células inflamatórias. A degeneração hidrópica, ao contrário da fibrose, é a primeira manifestação de quase todas as lesões celulares e uma resposta reversível. Este tipo de degeneração é conseqüente de uma incapacidade dos hepatócitos em manter a homeostase iônica e hídrica (COTRAN et al., 2000ª) geralmente por insulto tóxico ou imunológico (CRAWFORD, 2000). A fibrose periportal em animais domésticos é uma forma incomum, geralmente associada à necrose dos hepatócitos que circundam as tríades e que ocorre quando substâncias tóxicas fortes são conduzidas até o lóbulo (JONES et al., 1997d). Qualquer insulto significativo ao fígado pode causar necrose de hepatócitos, e a regeneração ocorre em todas as doenças, exceto nas mais fulminantes (CRAWFORD, 2000). Os achados de fibroplasia, incluindo o local e tamanho cicatricial, podem ajudar a esclarecer a resposta dos mamíferos marinhos aos vários tipos de injúrias às quais estes animais são submetidos no ambiente marinho, bem como indicar o quanto elas podem manter a integridade anatômica e funcional do tecido e garantir a recuperação e sobrevida do animal após o dano tecidual. 88 7.6 Outros Casos de Interesse Segundo Gulland e colaboradores (2001), as fraturas são regularmente observadas no sistema esquelético de mamíferos marinhos selvagens. Neste estudo, 13,8% (4/29) dos animais encalharam apresentando fraturas: um filhote de baleia da espécie Megaptera novaeangliae (caso no 16), com uma fratura completa, transversal e distal de escápula direita; um filhote de Sotalia guianensis (caso no 22), com uma fratura completa, transversal e medial de escápula esquerda (Fig. 12); e dois golfinhos adultos, um da espécie Steno bredanensis (caso no 2), com fraturas das falanges da nadadeira peitoral esquerda, e outro da espécie Stenella clymene (caso no 24), com múltiplas fraturas de mandíbula e maxila com perda óssea e tecidual (Fig. 13). Na costa Atlântica dos Estados Unidos, as colisões com embarcações são responsáveis por 30% dos encalhes de baleias das espécies Megaptera novaengliae e Balaenoptera physalus, sendo os filhotes e jovens mais vulneráveis (WILEY e ASMUTIS, 1995; LAIST et al, 2001). O caso das baleias da espécie Eubalaena glacialis no Atlântico norte é ainda mais alarmante, pois as mortes conseqüentes de colisões com embarcações, aumentaram para mais que o dobro desde 1989, sendo que são reportadas apenas metade das ocorrências (LAIST et al, 2001; MOORE et al., 2005). Entretanto para Slijper (1962), pelo fato das fraturas serem achados comuns em fósseis de baleias, o autor acredita que sejam conseqüentes principalmente de agressões intra-específicas. Já Siebert e colaboradores (2001), afirmam que as lesões do sistema esquelético são mais comumente observadas em animais de idade avançada. Bergmann et al. (1992) e Mortensen et al. (1992) citam também a ocorrência de osteoporose resultante de contaminantes ambientais. No caso no 16, o filhote encalhou ainda com vida, porém veio a óbito algumas horas depois por insuficiência respiratória. No exame de necropsia, os achados mais relevantes, além da fratura, foram os distúrbios de natureza inflamatória no trato gênito– urinário, como cistite, vaginite, metrite e salpingite, juntamente com distúrbios circulatórios das vias aéreas superiores e pulmões. A hiperplasia de polpa branca no baço pode estar relacionada às reações infecciosas. A fratura observada na nadadeira peitoral direita pode ter sido o fator desencadeante para a inabilidade do animal em acompanhar a mãe, advindo daí a inapetência para sobreviver e o conseqüente encalhe. Nos casos nos 2 e 22, os animais foram capturados acidentalmente em rede de pesca, sendo as fraturas provavelmente conseqüência 89 do enredamento. Kirkwood et al. (1997) colocam as fraturas de nadadeiras e até mesmo a amputação das mesmas como características que podem ser observadas comumente em animais que morrem por enredamento. Já no caso no 24, trata-se de um animal adulto que encalhou com as várias fraturas na região de maxila e mandíbula, magro, bastante debilitado, e com um quadro indicativo de imunossupressão. O golfinho apresentava nódulos cutâneos (variando de 0,5 a 1 cm) disseminados por toda a superfície corporal, ectoparasitas ao redor do espiráculo, alguns ferimentos necrosados pelo corpo, além de uma endoparasitose severa por nematóides nos brônquios e bronquíolos, associada à pneumonia piogranulomatosa, fibrose, calcificação, atelectasia, hemorragia, e congestão pulmonares. Nos estômagos, além de infecção parasitária, foi evidenciada a ausência de conteúdo alimentar, a presença de úlceras no estômago mecânico e hemorragia no estômago pilórico. Entre outros achados, foi constatada também uma nefrite subaguda, congestão e degeneração hidrópica do epitélio tubular renal, e congestão hepática e degeneração hidrópica centrolobular. Acredita-se que, neste caso, as fraturas associadas à perda de massa óssea tornaram o animal incapacitado de se alimentar, comprometendo seu estado imunológico, predispondo-o a infecções e ao encalhe. No Estado do Ceará, em quase dez anos de monitoramento, foi registrado o encalhe de apenas um espécime do gênero Stenella, um macho da espécie S. frontalis (caso no 3), que encalhou em 1996 com uma facada no dorso, próxima ao espiráculo, provavelmente conseqüência da interação com a pesca. Entretanto, no período de novembro de 2002 a outubro de 2003, ocorreram seis episódios incomuns de encalhe (dois S. clymene – casos nos 17 e 24 e quatro S. longirostris- casos nos 18, 19, 20 e 21), sendo três deles no mesmo mês. Todos os animais encalharam com vida, vindo a óbito durante a tentativa de reabilitação ou soltura. Com exceção do caso no 24, que encalhou com múltiplas fraturas no rostro (Fig. 13), todos os outros animais apresentavam estado nutricional bom. Na maioria dos animais estudados foi constatado um quadro de endoparasitose severa, em pulmões (n=3), esôfago (n=4), estômagos (n=4) e intestinos (n=5). Os principais achados histopatológicos foram: a) Pulmões – hemorragia (n=5), pneumonia crônica (n=4), atelectasia (n=4), edema (n=4), enfisema (n=4), fibrose e calcificação (n=1); b) Estômagos – gastrite crônica (n=3) e ulcerações gástricas (n=3); c) Cérebro – edema (n=4), congestão (n=2), encefalite crônica (n=1), meningite crônica (n=1), desmielinização (n=1) e hemossiderose (n=1); d) Rins – degeneração hidrópica do epitélio tubular (n=3), congestão (n=3) e nefrite crônica persistente (n=1); e) Fígado – degeneração hidrópica dos hepatócitos (n=2) e congestão (n=2); f) Baço – hiperplasia de polpa branca e vermelha (n=1); g) Adrenais – congestão cortico-medular (n=3) 90 e hemorragia (n=1). Em alguns dos animais foi realizada medicação de suporte e retirado sangue para hemograma. O resultado dos exames de hemograma foram comparados aos valores referenciais para a espécie Delphinus delphis, sendo constatada no caso no 17 uma diminuição de leucócitos totais, principalmente de eosinófilos e no caso no 18 um aumento de proteína plasmática total, plaquetas e leucócitos totais, principalmente segmentados e bastões, e diminuição de linfócitos e eosinófilos. A maioria dos animais demonstrou dispnéia e um comprometimento da flutuabilidade, sendo constatado no caso no 18 uma tendência do animal em girar para o lado direito. Embora não tenham sido encontrados sincícios e inclusões virais no exame histopatológico, alguns tecidos mantidos em formol, como pulmão, cérebro, órgãos linfóides e intestinos, foram analisados através da técnica de Reação de Polimerização em Cadeia – RT/PCR para a pesquisa de morbilivirus (MARANHO, 2005), sendo os resultados negativos. No ambiente marinho, os animais estão sujeitos a uma série de agentes bacterianos, virais, micóticos e parasitários, que são considerados importantes fatores de morbidade e mortalidade em mamíferos marinhos de vida livre. Entretanto, segundo Dunn et al. (2001) vários fatores tornam difícil quantificá-los, pois muitas infecções aumentam a debilidade do animal, predispondo-o a predadores, a interações com a pesca, e agentes oportunistas, e isso pode permitir uma representação irreal da causa primária da mortalidade. Os golfinhos do gênero Stenella são animais oceânicos, que vivem em grandes grupos de até centenas de indivíduos e que compartilham vários comportamentos sociais (JEFFERSON, 2002a; PERRIN, 2002). A transmissão de infecção entre indivíduos de espécies gregárias pode ser facilitada, pois muitos agentes infecciosos são transmitidos horizontalmente pela via respiratória através de aerossóis (KENNEDY-STOSKOPF, 2001), o que entre odontocetos parece estar mediada pela sincronização da respiração e das expirações explosivas (SIMMONDS e HUTCHINSON, 1996). No nordeste e no sudeste do Brasil têm sido observados grupos mistos de espécies do gênero Stenella (MORENO et al., 2000), inclusive com um recente relato de Silva-Jr. e colaboradores (2005) sobre uma suposta hibridização entre as espécies S. longirostris e S. clymene na região de Fernando de Noronha. Neste estudo, os achados patológicos sistêmicos observados nos animais do gênero Stenella, bem como a característica seqüencial dos encalhes e a considerável possibilidade destes golfinhos pertencerem ao mesmo grupo, podem estar relacionados a uma ou mais doenças infecciosas primárias e/ou secundárias e parecem estar integrados a alteração da resposta imune e diminuição da resistência natural destes indivíduos. 91 8. CONCLUSÕES Os exames post mortem em cetáceos encalhados podem proporcionar informações importantes sobre as doenças e as ameaças sofridas por estas espécies, sendo muitas vezes a única forma de acesso disponível para se estudar este assunto. Neste estudo, os resultados mais relevantes observados durante os exames macro e microscópicos nos permitiram concluir que: • As endoparasitoses severas, observadas principalmente nos pulmões e estômagos, acompanhadas de lesões inflamatórias e circulatórias nestes órgãos, podem ter contribuído diretamente para a mortalidade ou ter sido o fator predisponente para as infecções secundárias oportunistas e o conseqüente encalhe dos animais parasitados; • A ocorrência de dois tipos de neoplasias malignas concomitantes, o carcinoma de células escamosas do tipo acantolítico e o rabdomiossarcoma, em um golfinho da espécie Steno bredanensis, é o primeiro relato de neoplasia para esta espécie e o primeiro relato de rabdomiossarcoma nos mamíferos marinhos em geral; • A significativa proporção de cetáceos examinados que apresentaram sinais externos de algum tipo de interação antrópica, seja antes ou após o óbito, demonstram a importância e a necessidade da conscientização e educação das comunidades costeiras, inclusive por uma questão de saúde pública; • A maior parte dos animais capturados acidentalmente em aparelhos de pesca pertencia à espécie Sotalia guianensis, uma característica já esperada, considerando a expressiva atividade pesqueira no litoral do Ceará e os hábitos exclusivamente costeiros desta espécie; • Os animais capturados em aparelhos de pesca, em sua maioria, apresentavam sinais de outras afecções anteriores à captura; sugerindo que, embora não necessariamente fatais, estas alterações patológicas podem ter proporcionado algum tipo de desconforto nos animais, tornando-os mais susceptíveis ao enredamento; 92 • A baixa tolerância ao estresse apresentada por determinadas espécies pelágicas, como os golfinhos do gênero Stenella, salienta a importância do cuidado no resgate e manejo destes animais, bem como a necessidade do incremento no diagnóstico de estresse em mamíferos marinhos, através da interpretação de indicadores, inclusive aqueles que podem ser constatados durante os exames histológicos macro e microscópicos; • A determinação da causa de mortalidade pode ser difícil em cetáceos de vida livre, considerando que estes animais freqüentemente encalham severamente doentes e lesionados, apresentando, na maioria das vezes, mais de um processo mórbido potencialmente letal de forma simultânea; • A alta percentagem de amostras teciduais completamente autolisadas, demonstra a importância de uma rede de comunicação eficiente através de parcerias com as comunidades costeiras e pescadores, a fim de que haja uma maior agilidade no resgate das carcaças, principalmente levando em consideração a incidência solar e as altas temperaturas encontradas na região nordeste do Brasil durante o ano todo. Além disso, acreditamos que o bom acondicionamento da carcaça durante o transporte, os cuidados na coleta e fixação das amostras, bem como na manutenção do acervo histológico, devam ser priorizados pelos grupos de estudo e pelas instituições responsáveis; • A coleta sistematizada de material biológico é de vital importância para que seja realizado o maior número de estudos patológicos possível, os quais possibilitarão, quando correlacionados, um maior aprofundamento dos conhecimentos sobre as enfermidades que afetam os mamíferos marinhos na costa brasileira. 93 9. PERSPECTIVAS Esperamos com os resultados aqui obtidos, colaborar para uma maior compreensão dos processos patológicos que acometem e predispõe os cetáceos à morte, bem como demonstrar a importância da abordagem multidisciplinar dos animais encalhados e acidentalmente capturados, na busca do conhecimento necessário para direcionar os esforços na conservação das diferentes espécies. Vale ressaltar ainda, que este estudo proporcionou a criação do primeiro banco de lâminas histológicas de cetáceos no Estado do Ceará, que estará disponível à comunidade científica na Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos*, permitindo a realização de diversos estudos retroativos e prospectivos. * Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – AQUASIS Praia de Iparana S/N. CEP: 61.600-000. Caucaia - Ceará 94 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADDISON, K. Lessons from a deadly disease dolphin. New Science, v. 100, p. 520-522, 1983. ANDRADE, A.L.V., PINEDO, M.C., BARRETO, A.S. Gastrointestinal parasites and prey items from a mass stranding of false killer whales, Pseudorca crassidens, in Rio Grande do Sul, southern Brazil. Revista Brasileira de Biologia. v. 61, p. 55-61, 2001. AUBIN, D.J.S. Endocrinology. In: DIERAUF, L.A; GULLAND, F.M.D. (Eds.). CRC Handbook of marine mammal medicine. Second Edition. Florida: CRC Press, 2001. p. 165192. 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Journal of Comparative Pathology, v. 79, p. 301312. 112 ANEXOS Anexo 1 - Ficha Biométrica para Odontocetos FICHA BIOMÉTRICA PARA ODONTOCETOS Espécie: ______________________________________________ Nº de Registro: __________ Comp. Total (metros): ____________ Peso: __________ Sexo: ( ) M Data do Encalhe: ____/____/____ Data da Coleta: ____/____/____ ( )F ( )I Local do Encalhe (Lat./Long.): _______________________________________________________ Coletor(es): _______________________________________________________________________ Medidas 1. Comprimento total, desde o extremo da maxila até a reentrância central da cauda 2. Extremo da maxila até o meio do olho 3. Comprimento da maxila, desde o extremo até a base do melão 4. Comprimento da boca, desde o extremo da maxila até a comissura bucal 5. Extremo da maxila ao meato auditivo 6. Extremo da maxila até o centro do respiradouro 7. Extremo da maxila até a base da nadadeira dorsal 8. Extremo da maxila até a base da nadadeira peitoral 9. Extremo da maxila até o centro do orifício anal 10. Largura máxima da cauda 11. Comprimento da nadadeira peitoral, desde a inserção anterior até o extremo 12. Comprimento da nadadeira peitoral, desde a inserção posterior até o extremo 13. Largura máxima da nadadeira peitoral 14. Base da nadadeira dorsal 15. Altura da nadadeira dorsal 16. Diâmetro do corpo: 16A – Ao nível da axila 16B – Ao nível da porção anterior da nadadeira dorsal 16C – Ao nível do pedúnculo caudal mm Contagens Número de dentes da maxila direita / esquerda Número de dentes da mandíbula direita / esquerda Observações: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 113 Região do Corpo Linha Rede Corda Tipo de Marca Tubarão/ Faca Anzol Bicheira Projétil/ Arpão Hélice Cabeça Rostro Nad. peit. direita Nad. peit. esquerda Nad. dorsal Dorso Ventre Flanco direito Flanco esquerdo Pedúnculo caudal Nad. caudal Observações: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 114 Anexo 2 - Ficha Biométrica para Misticetos FICHA BIOMÉTRICA PARA MISTICETOS Espécie: ______________________________________________ Nº de Registro: __________ Comp. Total (metros): ____________ Peso: __________ Sexo: ( ) M Data do Encalhe: ____/____/____ Data da Coleta: ____/____/____ ( )F ( )I Local do Encalhe (Lat./Long.): _______________________________________________________ Coletor(es): _______________________________________________________________________ Medidas 1. Comprimento total , desde o extremo da maxila até a reentrância central da cauda 2. Extremo da maxila até o meio do olho 3. Extremidade da maxila ao ângulo de abertura da boca 4. Extremo da maxila ao meato auditivo 5. Extremo da maxila até o centro dos orifícios respiratórios 6. Extremo da maxila até a base da nadadeira dorsal 7. Extremo da maxila até a base da nadadeira peitoral 8. Extremo da maxila até o centro do orifício anal 9. Largura máxima da cauda 10. Comprimento da nadadeira peitoral, desde a inserção anterior até o extremo 11. Comprimento da nadadeira peitoral, desde a inserção posterior até o extremo 12. Largura máxima da nadadeira peitoral 13. Base da nadadeira dorsal 14. Altura da nadadeira dorsal 15. Diâmetro do corpo: 15A – Ao nível da axila 15B – Ao nível da porção anterior da nadadeira dorsal 15C – Ao nível do pedúnculo caudal 16. Comprimento dos orifícios respiratórios 17. Comprimento da barbatana mm Contagens Número de placas na barbatana da maxila direita / esquerda Número de sulcos ventrais Observações: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 115 Observações: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 116 Anexo 3 – Declaração AQUASIS 117 Anexo 4 - Ficha de Necropsia FICHA DE NECROPSIA – CETÁCEOS IDENTIFICAÇÃO Espécie: N°° de Registro: Comp. Total (metros): Peso: Idade (GLG): ( ) Filhote ( ) Jovem Sexo: ( ) M ( )F ( )I ( ) Adulto ( ) Senil HISTÓRICO Data/Hora do Encalhe: Local (Lat/Long): Condições do tempo na hora do encalhe: Data/Hora da Coleta: Condição Física: Atividade: Coletor (es): ( ) Caquético ( ) Apático ( ) Calmo ( ) Magro ( ) Normal ( ) Ativo ( ) Agitado ( ) Obeso ( ) Encontrado Morto Resumo: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Data do Óbito: Hora: : Data da Necrópsia: Início: : Condições da Carcaça: Término: : ( ) 2 – Morte Recente ( ) 3 – Início de Decomposição ( ) 4 – Decomposição Avançada ( ) 5 – Mumificada / Esqueleto Partes Perdidas: __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 118 Descrição Externa: coloração (caracterização do dorso, flancos direito e esquerdo, ventre) / Localização de cicatrizes e marcas. * Legenda: CN (cicatrizes naturais), D (dentes), E (ectoparasitas), R (rede), F (ferimento), T (mordidas de tubarão), O (outros). Cavidades Naturais: Boca : Espiráculo : Olhos : Genital : Ânus : Gordura / Músculo / Esqueleto __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Espessura da Camada de Gordura (em mm / cm): Cabeça (posterior ao espiráculo) À frente da nadadeira dorsal À altura do ânus 119 Exame dos Órgãos “IN SITU”: Cavidade Torácica: Cavidade Abdominal: Exame dos Órgãos Isolados Língua __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Tireóide / Timo __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Esôfago __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Traquéia __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Coração __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Pulmões __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Diafragma __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Estômagos __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Intestinos __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ 120 Pâncreas / Epíplon __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Fígado __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Baço __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Linfonodos __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Adrenais __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Rins __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Bexiga __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Gônadas (testículos/ovários) __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Útero / Vagina / Próstata /Pênis __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Glândulas Mamárias __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Cérebro / Hipófise __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________ Checklist das Amostras Coletadas História Amostra Natural Pele Gordura Músculo Língua Tireóide / Timo Esôfago Traquéia Coração Esquerdo Pulmões Direito Mecânico Estômagos Glandular Pilórico Terço sup. Intestinos Terço méd. Terço inf. Diafragma Pâncreas / Epíplon Fígado Baço Linfonodos Esquerda Adrenais Direita Esquerdo Rins Direito Bexiga Esquerda Gônadas Direita Útero/Vagina/Próstata/Pênis Glândulas Esquerda Mamárias Direita Cérebro / Hipófise Dentes / Barbatanas Ossos Conteúdo estomacal Sangue Urina Fezes Outros Bacteriológico Virológico Histopatológico Metais Toxicológico Organoc. Hidrocarb. Parasitológico Outros Observações 121 122 Identificação de Ecto / Endoparasitas Local Quantidade Descrição CONCLUSÕES GERAIS: PROVÁVEL CAUSA MORTIS: Participantes da Necropsia Nome Instituição 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Veterinário (a) Responsável: CRMV: Identificação 123 Anexo 5 – Classificação de Carcaça Marine Mammals Ashore - A Field Guide for Strandings (p. 177 e 178 - segunda edição) Devido à dificuldade em determinar o estágio de decomposição em carcaças de cetáceos, um sistema que define a qualidade do material e a melhor estratégia de coleta foi criado por Geraci & Lounsbury (1993b, 2005b). Os animais ou carcaças foram categorizados em cinco códigos: Código 1 Animal vivo: útil para morfometria, biopsias, análise de DNA, estudos hematológicos e toxicológicos; limitado para estudos parasitológicos, microbiológicos, patologia externa macroscópica, e história natural. Código 2 Carcaça em boa condição (fresca): útil para morfometria, análise de DNA, história natural; estudos parasitológicos, toxicológicos, microbiológicos, moleculares, e nutricionais (minerais e vitaminas A e E); patologia macroscópica e histopatologia, e possível amostragem para estabelecer linhas de cultura celular; limitada para estudos hematológicos. Características: aparência normal; odor fresco; olhos, mucosas e pele pouco secos e rugosos; ausência de inchaço; língua e pênis não protundidos; gordura firme, esbranquiçada e semitranslúcida; musculatura firme, vermelho-enegrecida, e bem definida; células sanguíneas intactas e soro não hemolisado; vísceras intactas e bem definidas (fígado é um bom indicador); intestinos contendo pouco ou nenhum gás; cérebro firme e não descorado, com as características superficiais distintas e facilmente removido intacto. Código 3 Carcaça em condição razoável (início e desenvolvimento de decomposição): útil para morfometria, análise de DNA, patologia macroscópica e histopatologia, estudos parasitológicos e moleculares; limitada para toxicologia e história natural. Características: carcaça intacta; inchaço evidente (língua e pênis protundidos); pele descamando; provável sinal de carniceirismo; odor brando característico; mucosas secas; olhos aprofundados ou perdidos; gordura tingida de sangue e oleosa; músculos macios e pouco definidos; sangue hemolisado; vísceras amolecidas, friáveis, de coloração variada, mas ainda intactas; intestinos distendidos por gases; cérebro macio, com as características superficiais distintas, frágil, mas geralmente removido intacto. 124 Código 4 Carcaça em condição ruim (decomposição avançada): útil para morfometria, e toxicologia (apenas metais pesados); limitada para análise de DNA, patologia macroscópica, parasitologia, e história natural. Características: carcaça pode estar intacta, mas colapsada; geralmente com evidências severas de carniceirismo; a epiderme pode estar inteiramente perdida; odor forte; gordura macia e oleosa, geralmente com bolsas de gás; musculatura quase liquefeita e de fácil ruptura; desprendimento fácil dos ossos; sangue escasso e escuro; vísceras geralmente identificáveis, porém friáveis, de fácil ruptura, e de difícil dissecação; intestinos preenchidos com gás; cérebro vermelho escuro, com consistência de pudim e com bolsas de gás. Código 5 Carcaça mumificada ou esqueleto remanescente: útil para morfometria; limitada para análise de DNA, e história natural. Características: a pele pode estar drapejada por cima do esquelético remanescente, e qualquer resto tecidual estar dissecado. 125 Anexo 6 - Ficha Patológica FICHA PATOLÓGICA – CETÁCEOS IDENTIFICAÇÃO Espécie: ____________________________________ Comp. Total (metros): __________ Idade: __________ (GLG) N°° de Registro: ______________ Peso: __________ ( ) Filhote ( ) Jovem Sexo: ( ) M ( )F ( )I ( ) Adulto ( ) Senil HISTÓRICO Data/Hora do Encalhe: ___/___/___ ___:___ Local (Lat/Long): ___________________________________ Data/Hora da Coleta: ___/___/___ ___:___ Coletor(es): Condição Física: Atividade: ( ) Caquético ( ) Apático ( ) Calmo ( ) Magro ( ) Normal ( ) Ativo ( ) Agitado ( ) Obeso ( ) Encontrado Morto Resumo:______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________ __________________________ Data do Óbito: ___/___/___ Hora: ___:___ Data da Necrópsia: ___/___/___ Hora: ___:___ Condições da Carcaça: ( ) 2 – Morte Recente ( ) 3 – Início de Decomposição ( ) 4 – Decomposição Avançada ( ) 5 – Mumificada / Esqueleto Partes Perdidas: ________________________________________________________________________________ Descrição Externa: coloração (caracterização do dorso, flancos direito e esquerdo, ventre) / Localização de cicatrizes e marcas. * CN (cicatrizes naturais), D (dentes), E (ectoparasitas), R (rede), F (ferimento), T (mordidas de tubarão), O (outros). 126 Necropsia: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ( ) FOTOS Histopatologia: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ( ) FOTOS Conclusões Finais: ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ___ 127 Anexo 7 – Padronização de Registros da REMANE Protocolo de Conduta para Encalhes de Mamíferos Aquáticos (p. 209 a 217) Objetivando a descrição padronizada do registro de animais e da catalogação de todo o material biológico existente nas diversas instituições, a REMANE – Rede de Encalhe de Mamíferos Aquáticos do Nordeste (2005) estabeleceu um código geral de identificação. Esse código tem como base o Local de Guarda, o Grupo, o Gênero e Espécie, o Sexo e o Número do Caso, obedecendo para isso a seguinte legenda: a) Local de Guarda 01 02 03 04 05 06 07 08 Centro Mamíferos Aquáticos/IBAMA Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos - AQUASIS Centro Golfinho Rotador Reserva Biológica Atol das Rocas/IBAMA Instituto Baleia Jubarte Sociedade de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Laboratório de Fisiologia Universidade do Estado do Rio Grande do Norte b) Grupo C S Cetáceos Sirênios P M Pinípedes Mustelídeos c) Gênero e Espécie 00 indeterminado C - Cetáceos 01 Balaenoptera 02 03 04 05 Megaptera Eubalaena Physeter Kogia 06 Hiperoodon 0 indeterminado 1 musculus 2 physalus 3 borealis 4 edeni 5 acutorostrata 6 bonaerensis 1 novaeangliae 1 australis 1 macrocephalus 1 simus 2 breviceps 1 planifrons 128 07 Mesoplodon 08 09 10 Ziphius Berardius Delphinus 11 Stenella 12 13 14 15 16 17 18 19 Steno Tursiops Sotalia Peponocephala Pseudorca Orcinus Grampus Globicephala 20 21 22 23 24 25 Feresa Lissodelphis Inia Pontoporia Phocoena Lagenodelphis P - Pinípedes 01 Otaria 02 Artocephalus 03 04 05 Mirounga Hydrurga Lobodon 1 grayi 2 hectori 3 densirostris 1 cavirostris 1 arnouxii 1 delphis 1 capensis 1 attenuata 2 frontalis 3 longirostris 4 coeruleoalba 5 clymene 1 bredanensis 1 truncatus 1 guianensis 1 electra 1 crassidens 1 orca 1 griseus 1 melas 2 macrorhynchus 1 attenuata 1 peronii 1 geoffrensis 1 blainvillei 1 spinipinnis 1 hosei 1 flavescens 1 australis 2 tropicalis 3 gazella 1 leonina 1 leptonyx 1 carcinophagus 129 S - Sirênios 01 Trichechus M - Mustelídeos 01 Pteronura 02 Lontra 1 manatus 2 inunguis 1 brasiliensis 1 longicaudis d) Sexo 0 1 2 Indeterminado Macho Fêmea e) Número do Caso Cada inclusão no acervo biológico da REMANE, seja resgate de animal vivo, seja de carcaça ou ossos, são registrados com um número, sempre procedido de uma barra (/) e dos códigos acima mencionados. * Exemplo: 02C1152/219 02 - Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – AQUASIS C – Cetáceo 11 – Stenella 5 – clymene 2 – fêmea 219 – 219o registro de cetáceo na instituição 130 Anexo 8 – Informações sobre o Encalhe e/ou Manejo dos Cetáceos Estudados Caso No Encalhe e/ou Manejo 1 Encalhou com vida, porém bastante debilitado. Veio a óbito durante o transporte. 2 Captura acidental em rede de pesca. 3 Encontrado morto. 4 Captura acidental em rede de pesca. 5 Captura acidental em rede de pesca. 6 Captura acidental em rede de pesca. 7 Captura acidental em rede de pesca. 8 Encalhou com vida, porém foi encontrado morto pela equipe de resgate. 9 Encontrado morto. 10 Encontrado morto. 11 Encontrado morto. 12 Encalhou com vida, vindo a óbito durante a tentativa de reabilitação em cativeiro. 13 Encontrado morto. 14 Encalhou com vida, vindo a óbito durante a tentativa de reabilitação em cativeiro. 15 Encontrado morto. 16 Encalhou com vida. Foi realizada a soltura no mesmo dia, porém voltou a encalhar morto na manhã seguinte. 17 Encalhou com vida, passou cerca de 17 horas em reabilitação no CRMM, vindo a óbito durante a soltura (choque por estresse *). 18 Encalhou com vida, foi reintroduzido, porém voltou a encalhar ainda com vida algumas horas depois, vindo a óbito logo em seguida (choque por estresse *). 19 Encalhou com vida. Foi reintroduzido, porém voltou a encalhar morto algumas horas depois. 20 Encalhou com vida. Foi reintroduzido por populares, porém voltou a encalhar morto uma hora depois. 21 Encalhou com vida. Foram realizadas várias tentativas de reintrodução por populares. Voltou a encalhar ainda com vida, vindo a óbito durante a tentativa de reabilitação em cativeiro (choque por estresse *). 22 Captura acidental em rede de pesca 23 Captura acidental em rede de pesca. 24 Encalhou com vida, porém bastante debilitado. Veio a óbito durante o transporte (choque por estresse *). 25 Captura acidental em rede de pesca. 26 Captura acidental em rede de pesca. 27 Captura acidental em rede de pesca. 28 Encontrado morto. 29 Encalhou com vida. Foi reintroduzido por populares, porém voltou a encalhar ainda com vida algumas horas depois, vindo a óbito logo em seguida. Legenda: * Choque por estresse - sinais e sintomas: encurvamento dorsal, tremores, midríase, reflexo palpebral reduzido ou ausente, hipertermia, ptialismo, arritmia cardíaca, dispnéia, episódios de apnéia prolongados, e parada cárdiorespiratória.