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27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE TUBERCULOSE: ATENÇÃO PROPORCIONADA AO DOENTE NOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA Reinaldo Antonio Silva-Sobrinho1, Rosane Munhak da Silva2, Carline Slovinski Acordi3, Érika Simone Galvão Pinto 4, Ana Carolina Pereira5, Tereza Cristina Scatena Villa6 INTRODUÇÃO Apesar de ser uma doença antiga e bem conhecida, a tuberculose (TB) dentre as doenças infecciosas, continua sendo responsável pelo maior índice de mortalidade no mundo. Nos anos 80 foi considerada controlada, sendo praticamente esquecida pela saúde pública dos países desenvolvidos dessa época. Contudo, este fato tornou-se um equívoco, uma vez que houveram inúmeras mudanças no mundo no decorrer dos anos as quais favoreceram o aparecimento da doença, como a urbanização, o envelhecimento da população, a pandemia do Human Immunodeficiency Virus (HIV), o surgimento de grandes favelas e, a multirresistência do Mycobacterium tuberculosis - causador da doença (WHO, 2004). Considerando essas mudanças e o controle negligenciado, a TB persiste como um sério problema de saúde pública, sendo que, o Brasil vem tentando estruturar o serviço de saúde para atender esses doentes. Hoje além do enfoque ao tratamento do doente por meio do Programa de Controle da Tuberculose (PCT), a Atenção Básica à 1 Enfermeiro. Doutor. Universidade Estadual do Oeste do Paraná Unioeste, Campus Foz do Iguaçu, PR. Av. Tarquínio Joslin dos Santos 1300. Foz do Iguaçu, PR. (45) 3576 8128. 2 Enfermeira. Especialista. Mestranda pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Rua Universitária, 2069. Bairro: Jardim Universitário Cascavel, PR. (45) 3220 3000. 3 Enfermeira. Especialista. Universidade Estadual do Oeste do Paraná Unioeste, Campus Foz do Iguaçu, PR. Av. Tarquínio Joslin dos Santos 1300. Foz do Iguaçu, PR. (45) 3576 8128. 4 Enfermeira. Doutora. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN. Av. Sen. Salgado Filho, 3000 - Lagoa Nova. Natal, RN. (84) 3215-3119. 5 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Estadual do Oeste do Paraná Unioeste, Campus Foz do Iguaçu, PR. Av. Tarquínio Joslin dos Santos 1300. Foz do Iguaçu, PR. 6 Enfermeira. Doutora, Professora Titular. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP-USP. Av. Dos Bandeirantes 3900. Ribeirão Preto São Paulo - SP (16) 3621 3407. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Saúde (ABS) também tornou-se responsável pelo atendimento em TB com foco na família e a comunidade (NOGUEIRA, 2007). O Brasil passa por um imenso esforço para descentralizar as ações de controle da TB para a ABS, levando o doente a encontrar inúmeras dificuldades para o acesso ao tratamento, a começar pelo acesso ao próprio serviço em Unidades de Saúde da Família (USF) (SÁ et al., 2011). A descentralização das ações para o controle da TB representa um avanço significativo, no entanto poderá gerar riscos inicialmente pelo fato de apresentar fragilidades e necessitar de ajustes (MARCOLINO; NOGUEIRA, 2009). Diante das dificuldades relacionadas a baixa adesão e abandono do tratamento, foi implantado pelo Ministério da Saúde o Tratamento Diretamente Observado (TDO) com o objetivo de potencializar o sucesso do tratamento, incorporando as ações de controle da TB na ABS (FIGUEIREDO et al., 2009). Ressalta-se que a ABS também passa por um período de transformação desde a década de 1990, a qual tem encontrado dificuldades na execução de suas ações e práticas em saúde coletiva, principalmente no que tange a estruturação de uma referência (ESCOREL; GIOVANELLA, 2007). Existem ainda, dificuldades quantitativas e qualitativas em relação aos recursos humanos para atender os usuários acometidos pela TB. Estes obstáculos envolvem principalmente a formação e a capacitação profissional e a baixa oferta de educação em saúde em TB para a comunidade (MONROE; GONZÁLES, 2008). Ressalta-se que a TB continua representando um constante desafio para a ABS, a qual busca adotar medidas de prevenção e controle, mediante uma atenção à saúde com enfoque integral, social e cultural (OBLITAS; LONCHARICH, 2010). Dessa forma, o Programa Nacional de Controle da Tuberculose tem se estruturado para desenvolver estratégias relacionadas à descentralização das ações para o controle da TB por meio das equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), entretanto as dificuldades para implantação encontram-se presentes e, mesmo com esse esforço, a TB permanece como um problema de magnitude epidemiológica e social (NOGUEIRA, 2007). 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Considerando o processo de descentralização em TB estimulado pelo Ministério da Saúde e que recentemente o município de Foz do Iguaçu, aderiu a essa recomendação e somando-se o fato de ser uma cidade de tríplice fronteira a qual contribui para os altos índices da TB é que se propõe o presente estudo. Nesse sentido, espera-se que, a partir do conhecimento das ações e práticas dos serviços de ABS do município, possamos contribuir para a efetivação da atenção à saúde e controle da TB. OBJETIVO Avaliar a atenção proporcionada (processo) ao doente de TB na Atenção Básica à Saúde no município de Foz do Iguaçu, Paraná. METODOLOGIA Esta pesquisa está articulada a um projeto de âmbito nacional, intitulada: Estratégia DOTS no Tratamento da Tuberculose: Desempenho da Atenção Básica em Municípios da Região Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR, financiada pelo CNPq e desenvolvida pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP em parceria com outras Universidades do Brasil, entre elas a Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, com abordagem metodológica de avaliação de caráter quantitativa, realizada em um município de tríplice fronteira, considerado prioritário para o controle da TB segundo Ministério da Saúde. Foz do Iguaçu, PR com população estimada de 325.132 habitantes para o ano de 2009, está localizada no extremo oeste do Estado do Paraná, fazendo fronteira com Ciudad D’Leste (Paraguay) e Puerto Iguazu (Argentina). Em 2009 foram notificados no município 126 casos novos de TB, neste período a cobertura do TDO alcançou 53,2% da área, sendo que, 67,3% dos casos evoluíram para cura, 14,7% abandonaram o tratamento e 15,1% apresentaram co-infecção TB-HIV (SILVA-SOBRINHO et al., 2012). 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE As unidades de ABS do município somam 27 unidades de ABS, sendo que 11 são UBS e 16 USF, as quais estão distribuídas por distritos sanitários, quais sejam: Leste, seis unidades de saúde; Oeste, quatro unidades de saúde; Sul, seis unidades de saúde; Norte, sete unidades de saúde; Nordeste, quatro unidades de saúde. Os Informantes-chave foram constituídos por enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, médicos e Agentes Comunitários de Saúde envolvidos com o tratamento dos doentes de TB nos serviços de ABS. A coleta de dados foi realizada por meio de um instrumento estruturado com questões fechadas, elaborado com base nas definições dos componentes básicos da avaliação da qualidade dos serviços de saúde (estrutura-processo-resultado) elaborado pelo Grupo de Pesquisas Operacionais em Tuberculose – GEOTB/USP, (DONABEDIAN, 1988). O banco de dados da pesquisa foi explorado após treinamento no software Statistic 9.0. Para análise dos dados, foram realizadas técnicas de análise exploratória das variáveis do estudo, utilizando a distribuição de frequências absolutas e relativas. A análise ocorreu à luz do referencial designado estrutura – processo – resultado para avaliação da qualidade dos serviços de saúde proposto por Donabedian em 1960. Atendendo à resolução nº 196/96, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual do Oeste do Paraná sob o registro nº 166/2011/CEP, cadastrado no Conselho Nacional de Ética em Pesquisa. Cada entrevistado participou da pesquisa mediante a assinatura de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido sendo garantido o anonimato dos participantes. RESULTADOS Entrevistou-se 28 enfermeiros, 55 auxiliar/técnicos de enfermagem, 29 médicos e 113 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de 21serviços de saúde da AB do município de Foz do Iguaçu (PR). A distribuição dos profissionais entrevistados mostrou que a maioria é do sexo feminino e é constituída por ACS (50,2%). Em se tratando das informações básicas sobre a doença conforme orientação do Ministério da Saúde, constatou-se que 98% dos profissionais orientam os doentes. Dentre as 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE orientações repassadas, as mais citadas foram: forma de transmissão da doença; horário de tomar a medicação; reações adversas da medicação; necessidade de examinar os contatos; importância da adesão ao tratamento. No município em estudo, a medicação é disponibilizada semanalmente para 28,9% dos doentes; quinzenalmente para 2,7% doente e mensalmente para 33,8% dos doentes. Conforme os entrevistados, o TDO é realizado na maioria das vezes no próprio domicílio do doente (72,4%), sendo pouco comum sua realização no ambiente de trabalho do doente (2,2%). Quanto a regularidade na solicitação de baciloscopia de controle durante o tratamento de TB, 55,9% dos profissionais responderam não saber qual é a frequência de solicitação desse exame. Para 94,2% das dos doentes acompanhados pelo serviço, o atendimento é realizado sempre pelos mesmos profissionais, conforme equipe de referência. Destaca-se que 85,8% dos profissionais responderam que existe no município a referência diante das necessidades dos doentes, contudo nem sempre a contrarreferência acontece entre os níveis de atenção à saúde (51,1%). A busca ativa aos faltosos é realizada pela maioria dos profissionais (98,2%), independente da finalidade da ação, seja para consulta ou para o momento da busca do medicamento. O “Livro Verde” é desconhecido para muitos profissionais (64,9%). Por fim, verificou-se que as ações educativas são realizadas apenas quando a secretaria de saúde estimula por ocasião de campanhas municipais e estaduais. CONCLUSÕES Em síntese pode-se afirmar que não há uniformidade das ações (processo) na realidade estudada, uma vez que inúmeros problemas foram encontrados nas práticas profissionais voltadas à atenção à saúde a pessoa acometida pela TB. A descentralização recente justificaria as dificuldades encontradas na ABS para o controle da TB, no entanto não é motivo para a ocorrência de falhas na atenção que ocorrem aos doentes de TB, visto que o direito ao tratamento adequado é garantido pela política de Atenção 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Básica a Saúde. Desse modo, salienta-se que o serviço precisa ser reorganizado no que se refere ao planejamento e execução de ações para o controle da TB em nosso país. PALAVRAS-CHAVE: Atenção Básica à Saúde. Tuberculose. Avaliação de Serviços de Saúde. Saúde Coletiva. Avaliação de Processos. REFERÊNCIAS DONABEDIAN, A. The assessment of technology and quality. A comparative study of certainties and ambiguities. International Journal Technology Assessment in Health Care. Cambrigde, v. 4, n. 4, p. 487-496, 1988. ESCOREL, S. et al. O Programa de Saúde da Família e a construção de um novo modelo para a atenção básica no Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica [online], v.21, n.2-3, p. 164-176. 2007. FIGUEIREDO, T. M. R. M. et al. Desempenho da Atenção Básica no Controle da Tuberculose. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 43 n.5, 825-831, 2009. MARCOLINO, A. B. L. et al. Avaliação do acesso às ações de controle da tuberculose no contexto das equipes de saúde da família de Bayeux - PB. Revista Brasileira de Epidemiologia. São Paulo, v. 12, n. 2, p. 144-157, 2009. MONROE, A. A. et al. Envolvimento de Equipes da Atenção Básica à Saúde no Controle da Tuberculose. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v. 42 n. 2, p.262-267. 2008. NOGUEIRA, J. A. et al. Busca ativa de sintomáticos respiratórios no controle da tuberculose na percepção do Agente Comunitário de Saúde. Revista Eletrônica de Enfermagem. Goiânia, v. 9, n. 1, p. 106-118, 2007. OBLITAS, F. Y. M. et al. O Papel da Enfermagem no Controle da Tuberculose: uma Discussão sob a perspectiva da equidade. Revista Latino-Americana de. Enfermagem. v.18, n.1, p. 130-138, 2010. SÁ, L. D. et al. A organização da estratégia saúde da família e aspectos relacionados ao atraso do diagnóstico da tuberculose. Cogitare Enfermagem. v. 16, n. 3 p. 437-42, 2011. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE SILVA, SOBRINHO, R. A. et al. Retardo no diagnóstico da tuberculose em município da tríplice fronteira Brasil, Paraguai e Argentina. Pan American Journal of Public Health (Impresa). v. 31, p. 461-468, 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Global tuberculosis control: surveillance, planning, financing. WHO Report. Geneva: WHO/HTM/TB, 2004. EIXO TEMÁTICO: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ATENÇÃO BÁSICA A SAÚDE: AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA EXISTENTE PARA O CONTROLE DA TUBERCULOSE Reinaldo Antonio Silva-Sobrinho7 Anneliese Domingues Wysocki8 Janaína Pauli9 Aline Ale Beraldo10 Katya Regina Polanczyk11 Tereza Cristina Scatena Villa12 INTRODUÇÃO Na segunda metade da década de 80, o processo de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) caminhou para a adoção de uma série de medidas governamentais voltadas para o fortalecimento da Atenção Básica a Saúde (ABS) (ESCOREL et al., 2007), caracterizada por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde (BRASIL, 2006). Concomitantemente, o crescente incentivo à descentralização do setor saúde , fomentou grandes mudanças na organização, financiamento e oferta dos serviços de saúde (SS), com a introdução de programas inovadores e estratégicos, centrados na Atenção Primária à Saúde (APS), família e comunidade, articulando-os aos outros níveis de atenção. (VILLA et al., 2008). ABS no contexto da tuberculose (TB), as ações de controle do agravo inicialmente eram realizadas de forma centralizada nos Programas de Controle e, apenas 1 Enfermeiro. Doutor. Universidade Estadual do Oeste do Paraná Unioeste, Campus Foz do Iguaçu, PR. Av. Tarquínio Joslin dos Santos 1300. Foz do Iguaçu, PR. (45) 3576 8128. 2 Enfermeira. Mestre. Doutoranda pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP-USP. Av. Dos Bandeirantes 3900. Ribeirão Preto São Paulo - SP (16) 3621 3407. 3 Enfermeira. Especialista. Universidade Estadual do Oeste do Paraná Unioeste, Campus Foz do Iguaçu, PR. Av. Tarquínio Joslin dos Santos 1300. Foz do Iguaçu, PR. (45) 3576 8128. 4 Enfermeira. Mestre. Doutoranda pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP-USP. Av. Dos Bandeirantes 3900. Ribeirão Preto São Paulo - SP (16) 3621 3407. 5 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Estadual do Oeste do Paraná Unioeste, Campus Foz do Iguaçu, PR. Av. Tarquínio Joslin dos Santos 1300. Foz do Iguaçu, PR. 6 Enfermeira. Doutora, Professora Titular. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – EERP-USP. Av. Dos Bandeirantes 3900. Ribeirão Preto São Paulo - SP (16) 3621 3407. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE a partir de 2006 o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) passou a considerar a descentralização das medidas de controle do agravo para a Atenção Básica (AB) no sentido de ampliar e fortalecer o acesso da população em geral e das populações mais vulneráveis ou sob risco acrescido de contrair a TB (BRASIL, 2010). Nesse sentido, atualmente as diretrizes nacionais de controle da TB estão sendo operacionalizadas pela ABS por meio das Unidades Básicas de Saúde Tradicionais (UBS) e pelas Unidades com Estratégia de Saúde da Família (UESF), reafirmando a política de descentralização dos serviços estabelecidos pelo SUS (GOMES et al., 2007). Sabe-se que o contexto de saúde brasileiro é amplo e diversificado, portanto, atualmente existem municípios que atuam de forma central e descentralizada no controle da TB. Um dos municípios que vem realizando as ações de diagnóstico, controle e acompanhamento dos doentes de TB e comunicantes de maneira descentralizada é Foz do Iguaçu (PR), no qual as equipes de saúde da família são responsáveis pelo controle do agravo, contando com o respaldo do PCT municipal (SILVA-SOBRINHO et al. 2012). Por se tratar de uma doença cujos determinantes do desfecho diagnóstico favorável vai além da eficácia medicamentosa, a TB permanece como um dos maiores desafios às políticas de saúde pública, uma vez que desafios relacionados aos constituintes organizacionais dos serviços de saúde também estão diretamente relacionados à continuidade do tratamento (BRUNELLO et al., 2007). Diversos são os obstáculos que dificultam a acessibilidade ao cuidado em saúde durante o tratamento da TB, sendo esses relacionados à terapêutica, ao paciente e ao modo como o serviço se organiza para prestar assistência (ARAKAWA et al. 2011). A adesão ao programa de tratamento da TB exige acesso e cuidados de saúde adequados, embora não seja garantido que a simples disponibilidade desses serviços leve à adesão ao regime pretendido. Para melhorar a aderência dos doentes ao tratamento é importante o desenvolvimento de medidas específicas destinadas a influenciar o comportamento do doente de TB, como a presença de aspectos estruturais adequados e compatíveis às exigências ddos programas de saúde e organização do serviço (VOLMINK e GARNER, 2009). 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Nesse sentido, é possível que a persistência da TB como um agravo cujos indicadores estão muito aquém de serem alcançados esteja relacionada à forma como os serviços de saúde estão estruturados para organizar a assistência aos doentes de TB em tratamento. OBJETIVO Avaliar a estrutura dos serviços de atenção básica para o tratamento dos doentes de TB no município de Foz do Iguaçu (PR) na perspectiva dos profissionais de saúde. MÉTODOS Esta pesquisa está articulada com um projeto de âmbito nacional, intitulada: Estratégia DOTS no Tratamento da Tuberculose: Desempenho da Atenção Básica em Municípios da Região Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – PR, financiada pelo CNPq e desenvolvida pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP em parceria com outras Universidades do Brasil, entre elas a Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste. Trata-se de uma pesquisa de avaliação da estrutura da atenção básica no controle da TB utilizando uma investigação com abordagem quantitativa. A população do estudo para a pesquisa foi constituída pelos profissionais de saúde das unidades de Atenção Básica de Foz do Iguaçu que aceitaram participar da pesquisa, mediante a aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, em cumprimento da Resolução n.° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Os dados foram coletados por meio de um instrumento estruturado aplicado aos profissionais de saúde, elaborado pelo Grupo de Pesquisas Operacionais em Tuberculose – GEOTB/USP, baseando nos conceitos teóricos da avaliação em saúde (Estrutura-Processo-Resultado) (DONABEDIAN, 1988). A estrutura dos serviços de atenção básica contempla a capacidade instalada (recursos humanos e físicos) e a organização do serviço. Para classificar e descrever a estrutura destes serviços, por meio de técnicas de estatística foram avaliados os 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE seguintes indicadores: recursos físicos, recursos humanos e a organização do serviço com enfoque nas ações de tratamento e acompanhamento da TB. RESULTADOS Foram entrevistados 28 enfermeiros, 55 auxiliar/técnicos de enfermagem, 29 médicos e 113 Agentes Comunitários de Saúde (ACS) de 21serviços de saúde da AB do município de Foz do Iguaçu (PR). Os entrevistados relataram que o enfermeiro é o principal profissional envolvido no atendimento ao doente de TB e os auxiliares e técnicos de enfermagem constituemse como a categoria profissional que menos se envolvem com a assistência aos doentes. Segundo os respondentes as capacitações para atendimentos em TB tem sido direcionadas ao enfermeiro e o médico. A maioria dos auxiliares/técnicos de enfermagem (73,35%) e agentes comunitários de saúde (89,8%) não foram capacitados para o controle da TB, assim como outras categorias de profissionais como assistentes sociais, psicólogos e profissionais da saúde bucal. Relatou-se que o enfermeiro é o principal profissional responsável pelo Tratamento Diretamente Observado (TDO) nos serviços de saúde (53,8%), contrariando a respostas de alguns entrevistados (6,2%) que verbalizaram não existir um profissional responsável pelo TDO em algumas unidades de saúde. Os entrevistados relataram que não existem consultórios médicos e salas de enfermagem separadas para atendimento ao doente de TB, além de não ser disponibilizados vale alimentação e vale transporte a esses doentes. A maioria dos entrevistados revelou possuir acesso aos instrumentos de registros de TB (fichas de notificação, prontuários, fichas de acompanhamento mensal de tratamento, fichas diárias de TDO e o livro verde). Já quanto à disponibilidade de insumos/equipamentos para o controle da TB (pote para exame de escarro, pedido de baciloscopia, pedido de cultura, pedido de exame HIV e fichas de referência e contrareferência), a maioria dos respondentes (95,8%) apontaram que estes materiais e serviços são ofertados pelos serviços de saúde. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Com relação aos medicamentos para TB 97,8% dos profissionais responderam que houve disponibilidade (entrega) destes nas Unidades de Saúde nos últimos 12 messes. Os entrevistados relataram ainda que os doentes de TB são atendidos mesmo nos casos em que não possuem consultas agendadas (84,4%), e nos casos em que passam mal devido à medicação ou outra intercorrência no tratamento, os mesmos conseguem atendimento no prazo de 24 horas. Ao serem questionados sobre o prazo em que fica pronto o resultado do exame de baciloscopia escarro, os entrevistados relataram que o mesmo não chega ao serviço em até 7 dias (49,3%). Sessenta e quatro porcento dos entrevistados relataram que há nos serviços um sistema informatizado contendo informações sobre o doente de TB. CONCLUSÕES Ficou evidenciado que os diferentes profissionais possuem conhecimento distinto sobre os insumos e estrutura física existente e como está funcionando o controle da TB em sua própria unidade de trabalho. Destaca-se que foi verbalizado no estudo a não existência de responsável pelo tratamento supervisionado em algumas unidades de saúde, ponto desfavorável para a adesão ao tratamento da doença. No que tange ao oferecimento de vale alimentação e vale transporte, identificaram-se semelhanças nas respostas, visto que a maior porcentagem dos profissionais entrevistados apontou que não é ofertado o benefício para os doentes de TB. Deve-se reconhecer que essa situação é desfavorável à acessibilidade, constituindose de uma barreira econômica ao cuidado. Os profissionais de saúde possuem acesso aos instrumentos de registro como, as fichas de notificação, prontuários, fichas de acompanhamento mensal de tratamento, fichas diária de TDO e ao livro verde. Os instrumentos de registros de TB são importantes para a identificação de pacientes bacilíferos e para o controle do tratamento, pois oferecem informações sobre o tratamento, cura, abandono e encerramento dos 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE casos. Contudo, os profissionais não realizam as anotações em todos os instrumentos havendo deficiência na qualidade do atendimento ao doente e exatidão dos dados. Em relação aos insumos/equipamentos/medicamentos para controle do tratamento, os resultados apontam que os serviços de saúde possuem potes para exame de escarro, pedido de exames de baciloscopia, cultura, HIV e fichas de referência e contra referência, assim a não solicitação desses exames passaria a ser relacionada ao processo de trabalho dos profissionais. A disponibilidade de insumos e manutenção regular dos materiais é fundamental para garantir a continuidade da assistência e continuidade terapêutica. Estudos avaliativos, que permitem o conhecimento da realidade local, podem subsidiar o planejamento de ações efetivas, voltadas para o tratamento da TB, bem como servir de base para a construção e fortalecimento da estratégia de controle à tuberculose. PALAVRAS-CHAVE: Atenção Básica à Saúde. Tuberculose. Avaliação de Serviços de Saúde. Saúde Coletiva. Estrutura dos Serviços. REFERÊNCIAS ARAKAWA, T. et al. Accessibility to tuberculosis treatment: assessment of health service performance. Revista Latino-Americana de Enfermagem. v. 19, p. 994-1002. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Controle da Tuberculose. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. 2010. BRUNELLO, M. E. Firmino. et al. O Desempenho dos Profissionais de Saúde para o Estabelecimento do Vínculo na Atenção ao Doente de Tuberculose, Ribeirão Preto, 2007. Tuberculose: pesquisas operacionais. Ribeirão Preto, SP: FUNPEC Editora. 2009; 132:137. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DONABEDIAN, A. The assessment of technology and quality. A comparative study of certainties and ambiguities. International Journal Technology Assessment in Health Care. Cambrigde, v. 4, n. 4, p. 487-496, 1988. ESCOREL, S. et al. O Programa de Saúde da Família e a construção de um novo modelo para a atenção básica no Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica [online], v.21, n.2-3, p. 164-176. 2007. GOMES, A. L. C. et al. O Vínculo e a Relação com as Ações de Controle da Tuberculose: Concepções de Profissionais das Equipes de Saúde da Família. Tuberculose: pesquisas operacionais. Ribeirão Preto, SP: FUNPEC. 2009; p.132:137. SILVA, SOBRINHO, R. A. et al. Retardo no diagnóstico da tuberculose em município da tríplice fronteira Brasil, Paraguai e Argentina. Pan American Journal of Public Health (Impresa), v. 31, p. 461-468, 2012. VILLA, T. C. S. et al. Cobertura do tratamento diretamente observado (DOTS) no Estado de São Paulo (1998 a 2004). Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 42, p. 98-104, 2008. VOLMINK, J.; GARNER, P. Directly observed therapy for treating tuberculosis. Cochrane Database. v. 4. p. 29. 2007. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA TUBERCULOSE: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Ana Carolina Bueno Guisso1 Louise Polina1 João Lucas Campos de Oliveira2 Daiane Morilha Rodrigues3 Luana Luiza Enzweiler3 Claudia Ross4 1 Graduanda em Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE campus de Cascavel. Contato: (45) 99697173 2 Enfermeiro. Mestrando no Programa de Pós Graduação em Enfermagem – PSE da Universidade Estadual de Maringá – UEM. 3 Enfermeira. Graduada em Enfermagem na UNIOESTE. 4 Enfermeira. Doutora em Microbiologia. Docente do curso de graduação em Enfermagem da UNIOESTE. INTRODUÇÃO: A Tuberculose (TB) vem preocupando as autoridades de saúde de todo o mundo. Trata-se de uma enfermidade antiga que persiste como problema sério de saúde pública. Em 1993 a Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou a TB como um estado de urgência, e várias outras instituições a nível mundial juntaram-se a ela na batalha pelo controle da TB (PROTTI et al., 2010). A persistência e importância clínico-epidemiológica que a tuberculose vem demonstrando ao longo do tempo levaram a busca científica por tratamentos que viabilizassem a otimização da recuperação da doença. Existem evidências da elevada eficácia das drogas atualmente utilizadas para o tratamento da TB. Neste cenário, inferese que o óbito decorrente da doença em questão e considerável um evento evitável (SELIG et al., 2004). Apesar de toda a evolução tecnológica e de ações em saúde que procuram a prevenção da doença, a TB ainda configura-se como uma das principais causas de morte no mundo, tendo o Brasil uma posição de destaque com elevadas taxas de incidência da patologia. A transferência de ações de execução do controle da TB ocorreu a partir da década de 80, quando os municípios iniciaram a desenvolver ações de controle da TB baseado nas normas e orientações do Plano Nacional de controle da Tuberculose 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE (PNCT). Nas últimas décadas o controle da TB foi fortemente negligenciado, sendo as políticas públicas direcionadas para outros campos de atuação. A estratégia Directly Observed Treatment (DOTS) vem sendo recomendada e introduzida em diferentes partes do mundo, e tem no Tratamento Supervisionado (TS), ou tratamento diretamente supervisionado um de seus elementos de sucesso terapêutico, no entanto, vem encontrando dificuldades na sua implantação na Atenção Básica (AB), mais recentemente, Atenção Primária à Saúde (APS) (PROTTI et al., 2010; SILVA et al., 2007). Uma das dificuldades relacionadas ao tratamento e ao manejo dos pacientes portadores da TB é a adesão ao correto tratamento medicamentoso que esta condição de saúde demanda. Entretanto, é indiscutível que a adesão ao tratamento medicamentoso depende, também, da forma como a pessoa é acolhida pela equipe e pelo serviço de saúde, ou seja, está condicionada à humanização da assistência, que envolve uma relação de confiança e vínculo entre os usuários e os profissionais. Além disso, sabe-se que os comportamentos das pessoas acometidas por agravos à saúde são orientados pelas suas concepções sobre o processo saúde/doença vivenciado (HINO et al., 2012). Atualmente, enfatiza-se a importância de fatores não biológicos determinantes da morbidade e da mortalidade decorrentes da TB. A simples presença do bacilo de Koch não basta para causá-la. Frequêntemente, os fatores de ordem social, econômica e cultural têm que estar presentes para que a moléstia se desenvolva (SEVERO et al., 2007). A premissa anterior reforça a importância da APS como elemento para assistência preventiva e no tratamento da TB. O estudo justifica-se na razão de que se entende a relevância epidemiológica de caráter historicamente persistente que a TB exerce nas populações. Para tanto, estudos que se utilizem de todas as questões que permeiam a doença, suas implicações, seus determinantes, controle e tratamento, entre outros, devem ser estimulados a fim de que melhorias possam ser discutidas a partir de dificuldades encontradas e/ou possíveis falhas no processo da prevenção e recuperação do agravo. Além disso, o conhecimento já produzido deve ser continuamente repensado com olhar crítico e reflexivo, para que colabore para o melhor entendimento da situação do fenômeno na atualidade. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE OBJETIVOS Tem-se por objetivo do presente estudo a busca por uma reflexão acerca da temática apresentada anteriormente, utilizando-se da revisão integrativa, sobre a assistência de saúde ao portador de TB tanto a nível primário da atenção, como também a nível hospitalar, dando enfoque principal à relação da equipe de enfermagem na assistência ao paciente portador de tal agravo à saúde. METODOLOGIA O percurso metodológico deste estudo iniciou-se com a proposta de uma disciplina optativa acerca da assistência de enfermagem à pacientes portadores de doenças infecto-contagiosas do curso de graduação em enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) em realizar uma revisão integrativa acerca dos cuidados e da assistência de enfermagem prestada aos portadores de Tuberculose. Desta forma a questão norteadora para o desenvolvimento do estudo foi “Quais são os focos da assistência de enfermagem para a tuberculose?”. A busca bibliográfica foi realizada nas bases de dados Medline, Lilacs, Scielo, BDenf e CAPES, no período de outubro a novembro de 2012. Utilizou-se os descritores “assistência de enfermagem”, “tuberculose”, “cuidado em saúde”. Os critérios de inclusão para a averiguação dos materiais encontrados na busca bibliográfica foram: artigos em português e espanhol, artigos disponíveis na íntegra na rede online, artigos publicados nos últimos 10 anos (2002 a 2012) e artigos relacionados com a assistência primária e/ou hospitalar na TB. Por outro lado, foram considerados excluídos do banco de dados do estudo os trabalhos com as seguintes características: artigos repetidos, manuais, anais de congresso, resenha, artigos de opinião, artigos de reflexão, editoriais e artigos que não abordaram diretamente o tema de interesse ao estudo. RESULTADOS No total foram encontrados 502 artigos, dos quais se procedeu a leitura do resumo de todos. O total de artigos que atendeu todos os critérios de inclusão para o estudo, bem como não foram excluídos segundo os critérios de exclusão do mesmo foi de 19 trabalhos. A maior parte dos artigos foi produzida no ano de 2010, 6 artigos; 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE seguidos de 2009, 4 artigos; 2012, 2011, 2008 e 2007 todos com 2 artigos cada; e por último um artigo produzido em 2005. A metodologia utilizada foi em expressiva maioria estudos qualitativos, com 9 artigos; seguidos de estudos quantitativos, com 4 artigos; estudos quanti-qualitativos e revisão integrativa com 2 artigos cada; e inquérito epidemiológico e incidente crítico com um artigo cada. Do atendimento prestado ao doente de TB, a maioria foi centrada no atendimento no que permeia a assistência prestada na Unidade Básica de Saúde (UBS), sendo estas unidades vinculadas principalmente à Estratégia Saúde da Família (ESF); três artigos ao tratamento a nível ambulatorial e apenas um artigo discorreu sobre a assistência a nível hospitalar. A classificação conforme as evidências de forma hierarquizada definiu quatro categorias principais relacionadas à assistência de enfermagem ao portador de TB, a saber: “O vínculo entre o profissional de saúde e o portador de tuberculose”, “A interferência do contexto sócio-econômico no tratamento da tuberculose”, “As dificuldades da adesão ao tratamento de tuberculose na visão do doente”, “A atuação do profissional de enfermagem no controle da tuberculose”. As categorias mencionadas emergiram com a leitura aprofundada dos trabalhos selecionados na amostra da revisão de literatura. Tal leitura, além de embasar a formulação das categorias possibilitou a discussão dialógica dos resultados com outras obras bibliográficas, bem como acerca da percepção dos estudantes que realizaram o exercício da revisão. Não cabe, no presente estudo, a descrição em pormenores dos elementos constitutivos de cada categoria definida. CONCLUSÃO Grande parte dos artigos voltados para a assistência de enfermagem à tuberculose foi produzida no ano de 2010. Teve-se o método de pesquisa qualitativa como o mais difundido, e a atenção primária foi o foco em detrimento da descentralização da atenção voltada à TB. Os estudos avaliados apontam que apesar da doença ainda ter um caráter fortemente relacionado com o contexto sócio-econômico, tem-se o vínculo entre doente e equipe de saúde um elemento destacado como crucial no que se refere ao sucesso 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE terapêutico; a ele se somam situações que interferem na adesão como dificuldade no acesso a unidade de saúde, incompatibilidade de horários entre turno de trabalho e consultas, falta de conhecimentos acerca da doença, apoio da família, entre outros. Como barreiras a prestação de um atendimento de qualidade para os doentes de TB foram relacionados dificuldades de operacionalizar o Programa de Controle da Tuberculose, dificuldades relacionadas à estrutura física da unidade, insuficiente conhecimento a cerca da doença por parte dos profissionais, falta de treinamento contínuo, desinteresse por parte dos gestores, dentre outros. Salienta-se que, de acordo com os estudos avaliados, o agente comunitário de saúde juntamente com o médico foram os profissionais mais procurados pelos doentes de TB quando tiveram problemas de ordem biológica; o enfermeiro tem se distanciado das atividades de atenção a TB para atividades administrativas ou outras atividades, delegando suas responsabilidades para outros elementos da equipe, quando deveria ser uma peça chave e de referência aos doentes de TB. Impera-se a necessidade de elaboração de estudos voltados ao conhecimento dos enfermeiros, mas também de toda a equipe, acerca da TB, e ainda sobre os limites que estes encontram no manejo dos portadores da doença e das questões que permeiam a problemática. A utilização da revisão integrativa da literatura possibilitou um olhar mais aprofundado e crítico perante a questão da TB no Brasil e no mundo. Mesmo a doença sendo descrita como cronologicamente antiga, ela ainda exerce importância clínica e epidemiológica bastante atual, o que demanda, possivelmente, ações que extrapolem o tratamento clínico-medicamentoso, e que possam ir ao encontro das reais necessidades da população no tocante aos determinantes não biológicos da doença. Palavras-Chave: Tuberculose; Doenças transmissíveis; Enfermagem. REFERÊNCIAS HINO, P.; TAKAHASHI, R.F.; BERTOLOZZI, M.R.; VILLA, T.C.S.; EGRY, E.Y. Conhecimento da equipe de saúde da família acerca das necessidades de saúde das pessoas com tuberculose. Rev. Latino-Am. Enferm. v. 20, n. 1, p. 44-51, 2012. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE PROTTI, S.T. et al. A gerência da unidade básica de saúde no controle da tuberculose: um campo de desafios. Rev. Esc. Enferm. USP. v. 44, n. 3, 2010. SELIG, L. et al. Óbitos atribuídos à tuberculose no Estado do Rio de Janeiro. Jornal Bras. Pneumol. v. 30, n. 4, p. 417-24, 2004. SEVERO, N.P.; LEITE, C.Q.F.; CAPELA, M.V.; SIMÕES, M.J.S. Características clínico-demográficas de pacientes hospitalizados com tuberculose no Brasil, no período de 1994 a 2004. Jornal Bras. Pneumol. v. 33, n. 5, p. 565-71, 2007. SILVA, A.C.O.; SOUSA, M.C.M.; NOGUEIRA, J.; MOTTA, M.C.S. Tratamento supervisionado no controle da tuberculose: potencialidades e fragilidades na percepção do enfermeiro. Rev. Eletr. Enferm. v. 9, n. 2, 2007. Eixo temático: Saúde do adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE EXPERIÊNCIA DO HOMEM EM RELAÇÃO AOS CUIDADOS COM A SUA SAÚDE Rosana Claudia de Assunção13 Cesar Junior de Carvalho14 Silvia Cristina Mangini Bocchi15 Juliane Pagliari Araujo 16 INTRODUÇÃO A saúde do homem é um tema que vem sendo explorado nacionalmente, observa-se que a mídia tem sido utilizada como estratégia de educação em saúde, objetivando alertar a população para um problema de saúde pública. É comum, a tradicional exclusão do homem da prática dos cuidados em saúde (consigo próprio e com outros), espaço considerado e direcionado as mulheres, e a dependência que os homens geralmente têm delas nesta arena, ampliam a experiência da vulnerabilidade masculina (MADUREIRA, 2005). A despeito da maior vulnerabilidade e das altas taxas de morbimortalidade, os homens não buscam como fazem as mulheres, os serviços de atenção primária, adentrando ao sistema de saúde pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade, o que tem como consequência agravo da morbidade pelo retardamento na atenção e maior custo para o sistema de saúde. 13 Enfermeira. Mestre em enfermagem. Docente do departamento de enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. 2 Enfermeiro. Mestre em enfermagem. Docente do departamento de enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. 3 Enfermeira. Orientadora. Pós-Doutora. Docente do Programa de Pós-Graduação Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP. 4 Enfermeira. Mestranda em Biociências pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná -UNIOESTE. Docente do departamento de enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina.. Endereço: Rua João XIII, 600, Jardim Dom Bosco, Londrina/PR. Telefone: (43)38786100. Email: juliane.pagliari@ifpr.edu.br 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Estes dados indicam que os homens vivem menos e que apresentam comportamentos diferenciados em relação às questões relacionadas à saúde, quando comparados com as mulheres, realidade que inspira preocupação para todos os gestores em saúde. A relevância consiste em buscar nas falas dos entrevistados a relação existente entre homem e processo saúde-doença, buscando compreender melhor este contexto, podendo se possível até sugerir caminhos que possam auxiliar nas questões que tange a saúde do homem. OBJETIVOS Descrever a experiência do homem em relação aos cuidados com sua saúde. METODOLOGIA Trata-se de um estudo que utilizou abordagem qualitativa. O cenário de estudo foi um hospital público localizado no município de Londrina- PR. Trata-se de um hospital de grande porte, que é credenciado ao Sistema Único de Saúde (SUS), caracterizando-se como instituição de caráter público, é considerado um Centro de referência regional para o Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o único hospital público de grande porte no norte do Paraná. O referido hospital contempla em sua estrutura, unidades de internação médico-cirúrgicas, pediátrica, maternidade, centro-cirúrgico, pronto-socorro e UTI adulto, pediátrica e neonatal. Fizeram parte deste estudo 21 homens com crise hipertensiva que procuraram atendimento no serviço de emergência no ano de 2010. O período da coleta de dados ocorreu no período de outubro de 2011 a abril de 2012. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE A técnica da coleta de dados utilizada, foi à entrevista não-estruturada. Para motivar os homens a falarem foi utilizada a questão norteadora: Conte-me qual a sua experiência em relação aos cuidados com a sua saúde? A entrevista foi realizada no domicílio, após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. Durante a realização de cada entrevista, as narrativas foram audiogravadas em gravador digital e depois transcritas na íntegra. O referencial teórico adotado foi Teoria Fundamentada nos Dados que consiste na descoberta e no desenvolvimento de uma teoria a partir das informações obtidas e analisadas sistemática e comparativamente (GLASER, 1967). Categorias são abstrações do fenômeno observado nos dados e formam a principal unidade de análise. A teoria se desenvolve por meio do trabalho realizado com as categorias, que faz emergir uma que é central, sendo geralmente um processo, como consequência da análise (CHENITZ; SWANSON, 1986). A pesquisa foi desenvolvida mediante a apreciação e parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina – UEL, sob nº CEP 277/2010 e atendeu inteiramente a Resolução no 196, de 10 de outubro de 1996, que aprovou seguindo as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos (BRASIL, 1996). Para garantir o anonimato dos homens entrevistados, os mesmos foram identificados pela letra H (homem) seguida pela ordem numérica em que foram realizadas as entrevistas, por exemplo, H.1. RESULTADOS 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Será apresentada uma breve caracterização dos pacientes que fizeram parte do estudo. Estavam na faixa etária entre 30 e 81anos, quanto ao estado civil apareceu casado, viúvo e solteiro, quanto a ocupação surgiram diversas dentre elas: técnico de segurança, vendedor autônomo, protético, advogado e pensionista. Neste item, são apresentados os resultados oriundos do conteúdo das falas dos participantes, os quais estão agrupados em um único tema: A experiência do homem em relação aos cuidados com sua saúde, conforme apresentado a seguir. Tema: A experiência do homem em relação aos cuidados com sua saúde. H9 É! Como se diz não bebê, não fumá, né... Como isso aí isso aí eu faz muito tempo que eu parei de beber essas pingas. Mas agora a cervejinha lá de vez em quando a gente toma né! Mas aí a gente procura evitá muitas coisas né. Não fumá bom, isso aí faz uns quinze anos que eu parei né. Bebê esses negócios de pinga tem uns quinze também. É o que eu faço é só tomar uma cervejinha né. Quando a pressão sobe paro de tomá. E assim por diante. H.11 Experiência na parte teórica tenho vasto conhecimento, mas o problema é o que é aplicado na prática né, que poderia ser o que? Poderia ser melhor aplicado. Eu me cuido, mas deveria me cuidar muito mais né. Apesar de já ter várias de ter muita informação tanto na minha casa, o ambiente de trabalho, poderia ter assim muito mais cuidados a serem tomados em relação à alimentação à atividade física né, cuidados necessários pra manter um bom funcionamento do que? Do corpo e mente né. H 14 É a minha experiência é assim eu quando descobri que tinha diabetes daí comecei todos os tratamento possíveis de prevenção H 15 Bom, além da medicação é a única forma de eu a única forma de eu me cuidar é a medicação, não tem outro meio de eu me cuidar daí. H 17 É, minha experiência com a minha saúde é péssima, não dô, não ligo pra minha saúde. (sorriso) Minha alimentação é má, meu ritmo de vida é corrido alimentação má, ritmo de vida e vivo totalmente estressado. H 18 Ah, que tem experiência de pouca coisa né, porque a gente quando é mais novo não se cuida, né e agora que tem pobrema (sic) e saúde a gente, quase não vai atrás também. Né e pouco se cuida. H 19 Ah... eu antigamente eu num dava bola não. Os discursos apontam que os homens apresentam um comportamento não 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE positivo em relação aos cuidados com sua saúde. No discurso H9 pode-se perceber que na fala do paciente ele relata que não beber e não fumar pode ser considerado como ter cuidados com a saúde e reforça que não faz mais isso há muito tempo, porém seguindo o discurso afirma tomar cervejinha e ainda acrescenta que quando a pressão sobe para de tomar. Em estudo realizado por Jardim, Gondim e Humb (2007) cujo objetivo foi o de estimar a prevalência da hipertensão arterial (HA) e de alguns fatores de risco cardiovasculares na população adulta de uma capital brasileira, avaliaram 1.739 pessoas (87% do previsto). Dentre os resultados apareceu que o sedentarismo esteve presente em 62,3% da população, sem diferenças entre os sexos. Em relação ao hábito da ingestão regular de bebidas alcoólicas em 44,4% dos indivíduos, sendo mais frequente entre homens. Outra questão a ser destacada é a falta de adesão dos pacientes hipertensos ao tratamento, conduta esta que se torna um fator de impedimento para o alcance dos objetivos terapêuticos e também pode constituir se em uma fonte de frustração para os profissionais de saúde (JESUS et al., 2008). Quanto ao controle da HAS depende de medidas dietéticas e de mudança no estilo de vida (atividade física regular combate ao tabagismo, controle do consumo de álcool) e, quando necessário, do uso regular de medicamentos (SANTA-HELENA et al., 2010). Percebe-se que nos demais discursos observa-se que os homens admitem que não apresentam cuidados adequados com a saúde ( H.11, H.14, H.15, H.17, H.18 e H.19). Sobre este assunto, pesquisas revelam que a presença masculina em Instituições 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE de baixa complexidade é bastante diminuída, quando confrontado com as mulheres. Tal fato pode se justificar na dificuldade que os homens possuem em exteriorizarem suas aflições e de admitirem problemas de saúde, pois isto insinua em reconhecerem-se fracos (FIGUEIREDO, SCHRAIBER, 2011). Também há de se atentar para o fato dos serviços de saúde não reconhecer a singularidade dos homens, fato este que pode trazer dificuldades em esses sujeitos incorpora-se como um protagonista de seus cuidados (GOMES et al., 2011). Estudos apontam que os homens reprimem suas necessidades de saúde e apresentam dificuldades para expressá-las, buscando menos que as mulheres o atendimento dos serviços de saúde. È possível observar que na atenção primária, essa situação torna-se mais enfática, pois os serviços são designados principalmente às mulheres, às crianças e aos idosos (FIGUEIREDO, 2005). Para os homens o ambiente das unidades básicas de saúde são feminilizados, o que desenvolve neles a sensação de não pertencimento àquele espaço. Da parte dos serviços, estudos mostram que o sistema de cuidados edifica um comportamento de saúde dentro da referência dominante de atribuições de gênero, direcionando à invisibilidade dos homens (SCHRAIBER, 2005). Assim, os serviços de atenção primária apresentam dificuldades para acionar práticas de prevenção e promoção da saúde dos homens. Desta forma, o medo dos homens em buscarem instituições primárias de saúde faz com que a população masculina fique carente de cuidados indispensáveis para a manutenção de sua saúde. Fato que resulta no aumento dos custos para o sistema de saúde, pois os homens buscam assistência em serviços de urgência e emergência quando 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE já apresentam consequências graves de alguma doença (BRASIL, 2008). CONCLUSÕES Os dados que foram apresentados neste estudo revelaram que os homens não apresentaram cuidados adequados com sua saúde, porém culpá-los não mudará o cenário atual. É possível perceber que o homem ao longo do tempo foi educado para ser forte fisicamente e emocionalmente. Neste contexto a esfera das relações homem-mulher é histórica social e culturalmente conferida ao homem o papel de provedor (MADUREIRA, 2005). Acredita-se que essa forma de concepção tem enraizamento na tradição patriarcal, que reserva ao homem um mundo diferenciado o mundo público, da rua, e à mulher o mundo privado, do lar, constituindo uma diferenciação entre produção e reprodução, na qual a acoplamento ‘homem-trabalho produtivo’ e ‘mulher trabalho reprodutivo’ é fortemente ressaltada. Essa distinção coloca para o homem a obrigação de suprir as necessidades materiais para a sobrevivência da família, na qual o sustento da mulher está embutido. É necessário procurar entender o que verdadeiramente está por trás destas atitudes de não se cuidarem, vale destacar que os comportamentos humanos apresentam influência de toda uma trajetória de vida, e também dos valores de uma sociedade. Desta forma é preciso ser cauteloso quando se fala em saúde, entendendo que não há nada acabado, mas sim em permanente construção. Assim, é imprescindível que a sociedade proporcione um novo olhar no que diz respeito à saúde do homem entendendo todas as suas extensões. Também é preciso buscar soluções para as 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE dificuldades reais do cotidiano dos serviços de saúde e ainda construir novos espaços de atendimento (CARVALHO; BRITO; SANTOS, 2011). Vale salientar que este estudo não teve a pretensão de esgotar um tema relevante e tão complexo, mas sim fazer algumas reflexões. Vale pontuar que é imprescindível compreender a percepção do homem neste contexto saúde doença. Para concluir é necessário dispensar esforços no que diz respeito às questões que tange a saúde do homem, bem como investir em estudos que possam apontar porque os homens, não procuram a atenção primária, e só buscam o serviço de saúde em situações de emergência. PALAVRAS-CHAVE: Saúde do homem; Cuidados de enfermagem; Pesquisa qualitativa. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde, 1996. ______. Ministério da Saúde. Política nacional de atenção integral à saúde do homem: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. CARVALHO, J.B.L.; BRITO, R.S.; SANTOS, D.L. Percepção do homem sobre a atenção recebida dos profissionais que assistem a companheira com síndromes hipertensivas. Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 10, n. 2, p. 322-9, abr./jun. 2011. Disponível em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/11200/pdf>. Acesso em: 29 jan. 2013. CHENITZ, W.C.; SWANSON, J.M. From practice to grounded theory. California: Sage Publications, 1986. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE FIGUEIREDO, W. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, p. 105-9, 2005. FIGUEIREDO, W.S.; SCHRAIBER, L.B. Concepções de gênero de homens usuários e profissionais de saúde de serviços de atenção primária e os possíveis impactos na saúde da população masculina. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, p. 35-44, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v16s1/a25v16s1.pdf>. Acesso em: 29 fev. 2013. GLASER, B.G; STRAUSS, A.L. The discovery of grounded theory. New York: Aldine, 1967. GOMES, R. et al. Os homens não vêm! ausência e/ou invisibilidade masculina na atenção primária. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, p. 983-92, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v16s1/a30v16s1.pdf>. Acesso em: 29 fev. 2013. JARDIM, P.C.B.V.; GONDIM, M.R.P.; HUMB, E.T.M. Hipertensão arterial e alguns fatores de risco em uma capital brasileira. 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Gênero e 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE saúde: Programa Saúde da Família em questão. Rio de Janeiro: Abrasco/UNFPA, 2005. p. 39-61. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ÚLCERA DE PRESSÃO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA Carina Reis17 Elizabeth Braz18 INTRODUÇÃO Mesmo com os avanços terapêuticos e de recursos tecnológicos, a úlcera de pressão continua preocupando os profissionais que lidam com pacientes acamados, pois, sua presença pode aumentar o tempo de permanência do paciente no ambiente hospitalar e desse modo, acarretar complicações que podem agravar seu quadro, trazendo sofrimento físico, emocional e social, além de custo elevado para seu tratamento (DEALEY, 1996; TALIBERTI; MACHADO, 1982; HOLZAPFEL, 1993, apud LEAL, 2005). Segundo o NPUAP – American National Pressure Ulcer Adivisory Panel (1989), apud Costa (2003, p. 23), a úlcera de pressão é definida como: uma área localizada de morte celular, desenvolvida quando um tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura, por um longo período de tempo. Podemos considerar que, os índices de prevalência e incidência de UP variam de acordo com o país, a população de pacientes, a instituição e a metodologia utilizada no estudo (NPUAP, 1989, apud LEAL, 2005). Entretanto, sabemos que, a incidência deste agravo é realidade em diversos locais de assistência à saúde, com uma prevalência maior em pacientes graves agudos, hospitalizados ou crônicos e em instituições com longa permanência (SOUZA, 2005; CUDDIGAN et al., 2001, apud COSTA, 2003). Pacientes de terapia intensiva apresentam um elevado risco para UP, pois, freqüentemente apresentam coma patológico ou induzidos por medicamentos ou com aparelhagem que dificultam a realização de mudanças de decúbito, levando a imobilidade (COSTA, 2003). 17 18 Enfermeira, Especialista, Rua Recife 741, 99938252, carinarmesquita@gmail.com Enfermeira, Doutora 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Algumas doenças que afetam a percepção sensorial e o nível de consciência podem também, levar o paciente à diminuição da mobilidade e da capacidade de aliviar as forças de pressão, tornando-o dependente para a mobilização (FERNANDES, 2000). As diretrizes para prevenção de úlcera de pressão abordam quatro aspectos do cuidado e discriminam as ações necessárias para obtenção dos objetivos (BERGSTROM; ALLMAN; CARLSON et al., 1992, apud FERNANDES, 2000), sendo elas: avaliação do risco, cuidados com a pele e avaliação precoce (medidas preventivas), redução da carga mecânica e utilização de superfícies de suporte e educação. Segundo Rabeh (2001) por muitos anos a UP foi considerada um problema da enfermagem, sinônimo de uma enfermagem ruim. Desde a época da Florence Nightingale que a UP tem essa conotação negativa, caracterizando-se como uma falha no cuidado prestado. Esse fato fez com que a equipe de enfermagem tivesse o sentimento de culpa quando um paciente desenvolvia essas lesões (GOULD, 1986, apud RABEH, 2001). Atualmente a úlcera de pressão tem sido usada como um indicador de qualidade do serviço, e não somente da equipe de enfermagem. Com as novas pesquisas sabe-se que a UP não é responsabilidade única do enfermeiro, devido a seus fatores multicausais, todavia a equipe de enfermagem continua tendo um papel fundamental na prevenção e tratamento dessas lesões, o que traz a necessidade de conhecimento científico nesta área específica (BERGSTROM et al., 1987; WALSH; FORD, 1992, apud SOUZA, 2005; DEALEY, 1997; WALSH, FORD, 1992, apud RABEH, 2001). OBJETIVO Realizar uma revisão sistematizada sobre a produção teórica referente ao tema úlcera de pressão, sintetizando as contribuições das pesquisas. METODOLOGIA O levantamento bibliográfico realizou-se baseado na necessidade de construção de um corpo de conhecimento a cerca da úlcera de pressão. O presente estudo teve seis fases no seu processo de elaboração, conforme o preconizado por WHITTEMORE; KNAFL (2005); BEYEA; NICOLL (1998); BROOME (2000); GANONG (1987); COOPER (1984), apud MENDES; SILVEIRA; 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE GALVÃO (2008): Identificação do tema e seleção da hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revisão integrativa; Estabelecimento para critérios de inclusão/ exclusão de estudos/ amostragem ou busca na literatura; definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados/ categorização dos estudos; Avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa: corresponde a analise dos dados; Interpretação dos resultados: corresponde à fase de discussão dos principais resultados na pesquisa convencional; Apresentação da revisão/ síntese do conhecimento. Os critérios de inclusão adotados para seleção dos artigos foram: Artigos que abordem o tema úlcera de pressão, indexados no banco de dados Lilacs (Literatura Latino-Americana em ciências da Saúde) e Sielo (Sientific Eletronic Library Online) cuja apresentação seja dentro da modalidade texto completo, publicados em português, dentro do período delimitado para esta pesquisa, ou seja, entre os anos de 1999 e 2010. As palavras – chaves utilizadas para este levantamento bibliográfico no Lilacs e no Scielo foram “úlcera de pressão” e “úlcera de decúbito” e a busca ativa dos artigos foi realizada no primeiro bimestre de 2011. A amostra desta pesquisa foi composta de vinte e oito artigos indexados na base de dados Lilacs que estavam dentro dos critérios de seleção. Foi realizada leitura destes artigos, interpretação e preenchimento do instrumento de coleta de dados. Após a leitura exaustiva dos artigos foi preenchido os instrumentos de coleta de dados de forma a atender os objetivos da pesquisa, e posterior análise dos dados. RESULTADOS Os anos que mais apresentaram publicações foram 2007 e 2009, perfazendo um total de 21,4% (6) artigos cada. A segunda maior freqüência foram os anos 2005, 2008 e 2010 com 14,3% (4) dos artigos. O ano de 2006 apareceu com 7,1% (2) dos artigos, 1999 e 2004 tiveram a frequência de 3,6% (1) das publicações. A grande maioria das publicações ocorreu, em periódicos da área da enfermagem (12 periódicos), enquanto apenas três foram da área médica ou de medicina intensiva. Isso demonstra que apesar de a UP não ser responsabilidade única do enfermeiro, devido a seus fatores multicausais, a área da enfermagem é a que está mais envolvida em pesquisas nesta temática. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Analisando a produção bibliográfica da amostra desta pesquisa constatamos uma desigualdade acentuada na distribuição da produção científica. A região Sudeste concentrou 64,3% da produção nacional sobre a temática UP no período de 1999 a 2010, seguidos pelo Centro-oeste (14,3), o Nordeste (7,1%), e o Sul (7,1%). A região norte não possui nenhum periódico com publicação nesta temática na nossa amostra utilizada. A internet foi responsável por 7,1% das publicações. Pode estar ocorrendo pouco incentivo a produção de conhecimento nessas regiões, uma maior necessidade de educação permanente e de incentivo à pesquisa na área de úlcera de pressão. Na maior parte dos artigos desta amostra o dado sobre a titulação dos profissionais está indisponível no artigo (40,2% dos autores). Os profissionais que mais produziram conhecimento nesta temática são doutores (14,6% dos autores) ou mestres (13,4% dos autores), seguidos por graduados (12,1% dos autores) e especialistas (9,8% dos autores). Nos artigos desta amostra que o profissional que mais tem produzido conhecimento a cerca do tema úlcera de pressão é o enfermeiro. Dentre os enfermeiros os docentes foram os que mais produziram pesquisa nesta temática (31,7% dos autores), estando mais voltados para pesquisa. No Brasil, geralmente o enfermeiro mais graduado se concentram nas instituições de ensino, que oferecem maior estímulo para tal. Os enfermeiros assistenciais (17% dos autores) necessitam se inserir mais na produção e no consumo de conhecimento, pois estão diretamente ligados ao cuidado. Para que isto ocorra deve haver um maior incentivo ao aprimoramento dos profissionais que atuam na assistência. Outros profissionais como médicos, fisioterapeutas e dentistas foram responsáveis por 10,9% dos artigos desta amostra, o que nos mostra que falta um envolvimento maior de outros profissionais não enfermeiros, para que o cuidado a cerca de UP seja multiprofissional. O maior número de estudos foi desenvolvido em hospitais (53,6%), seguidos por revisão bibliográfica (17,9%) e Unidade Básica de Saúde (7,1%). Os Outros locais somaram juntos 21,6%. A grande quantidade de estudos realizados em hospitais pode-se dar em decorrência do grande número dessas lesões em pacientes hospitalizados, o que representa um grande problema para os cuidadores e para os pacientes. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Durante os 11 anos estudados, o cenário hospitalar foi o predominante nas pesquisas sobre úlcera de pressão. Dentre as pesquisas da amostra 6 foram desenvolvidas em várias unidades do hospital (hospital geral18,2%), 3 em UTI adulto (Unidade de Terapia Intensiva 9,1%), 3 em clínica médica (9,1%), 2 em CTI (Centro de Terapia Intensiva 6,1%), Clínica Cirúrgica (6,1%), Instituto de Ortopedia e Traumatologia (6,1%). Em Unidade Básicas de Saúde, também foram desenvolvidos dois estudos (6,1%). Os outros cenários somaram juntos 24% dos estudos sobre a temática úlcera de pressão nos últimos 11 anos. A maior parte dos sujeitos da amostra, ou seja, 28,6% (08) eram pacientes sem úlceras de pressão prévia. Os pacientes com UP prévia foram sujeitos de 4 artigos (13,8%), em 5 artigos (17,2%) foram realizadas revisões bibliográficas, 10,3% dos sujeitos eram pacientes com lesão medular traumática, e em 3 artigos os sujeitos foram enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem (10,3%). Os outros sujeitos da amostra somaram juntos 20,4%. O maior interesse dos pesquisadores foi pela assistência de enfermagem ao paciente com UP e conhecimento a cerca da temática úlcera de pressão (21,4%). Em seguida aparece a incidência e prevalência de UP com 17,9% da amostra. Prevenção e tratamento da UP, fatores de risco para UP, e escalas de risco para avaliação da UP tiveram 14,3% cada. Epidemiologia teve 10,7% da amostra. Os outros temas somaram 7,2%. Em todos os artigos da amostra as pesquisa estavam de acordo com os objetivos, e os mesmos foram alcançados. CONCLUSÕES A úlcera de pressão é um problema antigo, mas até hoje preocupa os profissionais da área da saúde, por ser uma lesão que aumenta o tempo de permanência do paciente nas instituições, podendo levar a complicações no quadro, além de sofrimento emocional e aumento de custos no tratamento. A úlcera de pressão deve ser tratada por uma equipe multiprofissional, entretanto o que observamos nesse estudo foi que os profissionais da equipe de enfermagem continuam tendo papel fundamental tanto na prevenção quanto no tratamento dessas lesões. Identificamos que os periódicos com maior freqüência na publicação de estudos relacionados à úlcera de pressão são da área da enfermagem (82,3%), e que são os enfermeiros, tanto os docentes quanto os 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE enfermeiros assistenciais, os que mais produziram pesquisa sobre o tema (52,4%). Dessa forma, como é o enfermeiro que está mais próximo no cuidado ao paciente com UP, destacamos a importância do profissional enfermeiro produzir pesquisa, e além disso consumir conhecimento, para que sua prática seja baseada em evidências científicas. Observamos nesta pesquisa, que os enfermeiros assistenciais precisam se inserir mais na produção de pesquisa, e para que isso ocorra seria necessário uma maior motivação ao aprimoramento profissional, por parte das instituições onde estes profissionais desenvolvem seus trabalhos, através de incentivos salariais quanto maior for nível de graduação e a quantidade de pesquisa produzida e através de educação continuada e discussões a cerca da temática úlcera de pressão, para que sejam minimizadas as lacunas no âmbito da avaliação, prevenção e tratamento dessas lesões . Palavras-chave: Úlcera de pressão; Prevenção; Enfermeiro REFERÊNCIA COSTA, I. G. Incidência de úlcera de pressão e fatores de risco relacionados em pacientes de um centro de terapia intensiva. 2003. 150p. Dissertação [Mestrado] – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2003. FERNADES, L. M. Úlcera de pressão em pacientes críticos hospitalizados. Uma revisão integrativa da literatura. 2000. 186p. Dissertação [Mestrado] – Escola de enfermagem de Ribeirão Preto/ USP, Ribeirão Preto, 2000. LEAL, P. S. Úlcera por pressão: avaliação pela Escala de Braden em pacientes institucionalizados. 2005. 115p. Dissertação [Mestrado] – Uni Vap, São José dos Campos, 2005. MENDES, K. D. S. ; SILVEIRA, R. C. C. P. ; GALVÃO, C. M. Revisão Integrativa: método de pesquisa para incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, 7p. Out/ dez. 2008. RABEH, S. A. N. Úlcera de Pressão: a clarificação do conceito e estratégias para divulgação do conhecimento na literatura de enfermagem. 2001. 195p. Dissertação [Mestrado] – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/ USP, Ribeirão Preto, 2001. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE SOUZA, D. M. S. T. Incidência de úlcera de pressão e fatores de risco em idosos institucionalizados. 2005. 119 p. Dissertaçã [Mestrado] - Escola de Enfermagem/ USP, Ribeirão Preto, 2005. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE PERCEPÇÃO DE ENFERMEIROS DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA SOBRE O HIPERDIA Tatiane Baratieri19 Jéssica Dal Santos Ottoni20 Rita de Cassia Serpa Maciel21 Maria Luciana Botti22 Letícia Gramazio Soares23 INTRODUÇÃO Até a metade do século XX, as doenças que causavam a morte dos indivíduos e a mobilização dos profissionais de saúde eram as doenças infecciosas e transmissíveis como a tuberculose, hanseníase, dengue, malária, entre outras. As transformações decorrentes transição demográfica, epidemiológica, nutricional e ocupacional, geraram mudanças importantes no que diz respeito ao processo saúde-doença. Além disso, o constante processo de industrialização, entrada da mulher no mercado de trabalho e a grande influência do capitalismo favoreceram mudanças nos hábitos de vida, caracterizados muitas vezes, por hábitos não saudáveis (CARNELOSSO, 2008). Segundo Moura et al. (2011), as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), constituem-se em um dos principais problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, pois 58% das mortes ocorridas em todo mundo são causadas por estas. Tais enfermidades têm como característica a multiplicidade etiológica, assim como a diversidade dos fatores de risco, além do longo período de latência, podendo causar incapacidades funcionais permanentes. 19 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Endereço: Simeão Varela de Sá, 03, Bairro Vila Carli. Cep: 85040-080. E-mail: baratieri.tatiane@gmail.com Celular: 42 98105804 20 Enfermeira. 21 Enfermagem. Especialista. Professora da Unicentro. 22 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Unicentro. 23 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Unicentro. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Sendo assim, Malta et al. (2010) aponta a necessidade de ações de âmbito coletivo, que ultrapasse as ações prescritivas individuais, para o enfrentamento da DCNT. Tais ações têm maior capacidade resolutiva, pois consideram as esferas sociais, ambientais e históricas como determinantes complementares no estabelecimento de saúde. Nesse contexto, para melhorar a atenção e direcionar ações tanto no âmbito da prevenção aos agravos como para melhora da qualidade de vida dos portadores de DCNT, no século XX foi implementado, no Brasil, o Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos (SisHiperdia), conhecido como programa HiperDia, que pode auxiliar os profissionais da saúde, em especial os enfermeiros, a detectar quais os principais agravos a saúde que acometem a população pela qual é responsável, além de nortear investigações e disponibilizar informações relacionadas às DCNT de maior impacto epidemiológico no contexto brasileiro. Sendo assim, caracteriza-se como um importante aliado no diz respeito a diagnósticos de situações de saúde (ZILLMER et al., 2010). Destaca-se a importância da utilização do cadastro dos usuários no HiperDia, como ferramenta de pesquisa para realização do levantamento de fatores de risco para DCNT que acometem os indivíduos cadastrados, e consequentemente pessoas que convivem com os mesmos. Além disso, o cadastro pode ser um aliado dos profissionais enfermeiros na realização de suas ações de promoção a saúde, prevenção de agravos e seguimento terapêutico favorecendo o planejamento das ações e atenção adequada às necessidades de saúde da população pela a qual é responsável. OBJETIVO Levantar a percepção de enfermeiros atuantes na saúde da família sobre o HiperDia em uma cidade do Centro-Oeste do Paraná. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada na cidade de Pitanga, a qual está localizada no centro-oeste do 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE estado do Paraná, com 32.638 habitantes. Atualmente a cidade possui a cobertura de oito equipes de Estratégia Saúde da Família, representado 100% de cobertura. Para seleção dos sujeitos do estudo foram usados os seguintes critérios: enfermeiros que estivessem atuando por mais de um ano na unidade e enfermeiros que se aceitaram a participar do estudo. Assim, dos oito profissionais atuantes, fizeram parte do estudo apenas dois enfermeiros. O tempo em questão foi definido, pois o trabalho aborda a questão de fatores de risco para desenvolvimento de DCNT, sendo que, as ações de promoção e prevenção que os enfermeiros realizam acerca destes fatores requerem este período mínimo para serem implementadas, além disso, esse período é fundamental para reconhecimento do território e vínculo com a população (STARFIELD, 2002); A coleta de dados se deu no mês de maio de 2012, após autorização da Secretaria Municipal de Saúde e agendamento da coleta com os enfermeiros, após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Os dados foram coletados por meio de entrevista semiestruturada, a qual foi gravada para não se perder a fidedignidade dos dados. A questão norteadora da entrevista foi: Quais são suas ações quando ao tratar sobre o Hiperdia? A análise dos dados se deu pela análise temática de Minayo (2004), sendo realizada a pré-análise, leitura exaustiva do material, codificação, enumeração, classificação e agregação (MINAYO, 2004). O presente estudo seguiu os preceitos éticos da resolução n.º 196/96 do Conselho Nacional de Saúde - CNS/MS, e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Unicentro pelo parecer nº 082/2012. Para preservar a identidade dos sujeitos os enfermeiros foram referenciados no texto com a codificação E1 e E2. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para que haja a promoção da saúde os indivíduos esses devem ter acesso a informações de qualidade e educação em saúde, tendo suas habilidades desenvolvidas para a construção de uma vida saudável por meio de escolhas mais adequadas, visando 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE assegurar a igualdade de oportunidade para que conheçam e controlem os fatores determinantes da sua vida (RIBEIRO, 2012). O Hiperdia consiste em um instrumento importante, pois gera informações de saúde aos gestores a respeito do perfil epidemiológico da sua população, fornecendo meios para a elaboração de estratégias de combate e prevenção de complicações das DNCT (PEREIRA, 2008). Entretanto, evidenciou-se que o mesmo não está ocorrendo conforme o proposto, pois, conforme a fala dos sujeitos do estudo as fichas de cadastro no Hiperdia não são utilizadas para o acompanhamento e/ou elaboração das ações em saúde em sua área de abrangência: [...] o programa existe, mas as fichas não estão em dia, não estão dentro da unidade [...] (E1); [...] com o passar do tempo foi mudando a equipe e as pessoas, foi-se deixando de lado esse cadastro... e a equipe também acabou deixando de lado, a secretaria de saúde não cobrava mais [...] (E2). Estas gestoras do cuidado não possuem um instrumento de avaliação sistematizada para os hipertensos e/ou diabéticos de sua área de abrangência. Não há planejamento com base nas reais necessidades de saúde dessa população, expondo-os a maiores agravos à saúde, tendo em vista a falta de atenção conforme as necessidades de cada um e do grupo, necessidades essas que poderiam ser melhor evidenciadas frente à classificação de risco dos hipertensos e diabéticos, e o direcionamento das ações conforme o risco. A avaliação com classificação de risco proporciona agilidade no atendimento a partir da verificação do grau de necessidade e da gravidade da situação de saúde dos cadastrados, direcionando o atendimento de acordo com o nível de complexidade em que o indivíduo se apresenta, sendo estes dados essenciais para definir o tratamento mais adequado e as ações que deverão ser direcionadas a problemática de saúde ao qual se apresenta, ou seja, os fatores ou fator de risco ao qual está exposto (BRASIL, 2004). Apesar dos enfermeiros não pautarem suas ações conforme o cadastro do Hiperdia, e com ele realizar a assistência em saúde aos indivíduos, elas vêem o mesmo com um instrumento facilitador do processo do trabalho entre a equipe multidisciplinar, o que pode ser visto nas seguintes falas: [...] poderiam estar sendo usados até em 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE reuniões com a equipe... na ficha existem dados que poderiam ajudar. (E1). Eu acredito que poderia ser usada por toda a equipe. É um instrumento para toda a equipe da unidade, para que se possa estar acompanhando o paciente [...] (E2). Percebe-se que estas profissionais reconhecem a importância do trabalho em equipe e da interdisciplinaridade dentro das unidades de estratégia saúde família, sendo que este deve ser o foco para os que integram tais unidades elaborarem planos conjuntos de trabalho, atingindo a população na sua totalidade. Os profissionais que atuam em unidades de ESF têm o compromisso de prestar uma assistência integral aos indivíduos, tanto na unidade quanto no domicílio, conforme as necessidades e fatores de riscos identificados, intervindo de maneira adequada. Permitindo a continuidade do atendimento e maior envolvimento da equipe com a população, o que favorece a adesão ao tratamento (OLIVEIRA; SPIRE, 2006). Quando mencionado o trabalho multidisciplinar durante a entrevista, apenas uma dos enfermeiros relatou o acompanhamento, juntamente com uma fisioterapeuta, aos cadastrados no programa. Porém, em nenhum momento foi falado de classificação dos indivíduos ou interação com outros profissionais, sendo que as ações relatadas se mostram bem restritas: O programa teoricamente existe, a gente acompanha os pacientes semanalmente, eles fazem atividade física uma vez por semana com uma fisioterapeuta que vem acompanhar, e juntas aferimos a pressão [...] (E1). As ações realizadas ainda são muito limitadas, e o trabalho interdisciplinar é incipiente, de modo que a prevenção de doenças e promoção da saúde não estão sendo feitas de maneira efetiva nas unidades pesquisadas, mas sim realizadas apenas ações pontuais, sem estudo epidemiológico e de necessidades de saúde da população assistida. Destaca-se que o enfermeiro é de suma importância, tanto na elaboração de estratégias direcionadas às DCNT’s, quanto na identificação do diagnóstico clínico, na conduta terapêutica e no processo de informar e educar estes usuários, priorizando as ações básicas de saúde. Pois ele é qualificado para realizar tais atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças, podendo contribuindo significativamente para transformar o modelo assistencial (NÓBREGA, MEDEIROS; LEITE, 2010). 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Apesar de o enfermeiro como gestor do cuidado ter como atribuição o desenvolvimento de atividades de prevenção de agravos e promoção da saúde à população de sua área adscrita, devendo ter como propósito central, já que estão inseridas na saúde da família, a integralidade do cuidado, as entrevistadas ainda apresentam uma visão médico centrada do assunto, além de reduzirem a avaliação do usuário e o levantamento dos problemas a um atendimento de livre demanda, em que o usuário que sente necessidade busca o profissional: Os dados da ficha podem contribuir porque poderiam estar sendo usados até em reuniões com a equipe, talvez o médico não conheça direito ou o paciente não esteja vindo para as consultas médicas direito (E1); [...]A ficha acaba sendo um instrumento, e durante a entrevista com o paciente você pode ta levantando coisas a mais que a ficha não traz. (E1) Evidencia-se que os enfermeiros não compreendem a importância da atenção qualificada aos hipertensos e diabéticos, não havendo a organização da demanda de trabalho pensando no usuário. Além disso, as mesmas estão contrariando suas falas, ao comparar com fala em momento anterior sobre multidisciplinaridade, mostrando que sua visão sobre este assunto ainda não está clara nos seus processos de trabalho, havendo ainda a figura do médico como profissional “superior” aos demais na assistência à população. A população precisa ser atendida por profissionais que tenham uma visão voltada para a atenção integral do cuidado em todos os níveis de assistência, respondendo às demandas e necessidades de saúde dos indivíduos e da sua comunidade, e não uma visão tradicional, onde somente o médico tem ação (GONÇALVES et al., 2009). CONCLUSÃO O estudo evidenciou que o enfermeiro não tem conhecimento sobre o real potencial do Hiperdia, evidenciado pela não utilização do cadastro dos usuários para facilitar, qualificar e organizar seu processo de trabalho. Além disso, os mesmos não realizam a classificação de risco destes indivíduos, não sabendo distingui-los de acordo com suas reais necessidades e especificidades. Sendo assim, estes profissionais realizam 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE um trabalho pouco efetivo perante esta população, favorecendo para o agravamento da situação e aumento das doenças crônicas em sua área de abrangência. Durante o estudo, pode-se dizer que houve limitações, porém estas não impediram o alcance do objetivo proposto, dentre elas, a realização da pesquisa em somente duas unidades de ESF e com apenas dois enfermeiros. Estudos dessa natureza são grande relevância, pois servem de subsídios para melhorar a atenção à saúde à população de hipertensos e diabéticos no âmbito da Atenção Primária à Saúde. PALAVRAS-CHAVE: Hipertensão, Diabetes Mellitus, Doenças Crônicas, Fatores de Risco, Enfermagem em Saúde Comunitária. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-estético no fazer em saúde / Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. CARNELOSSO, M. L. Iniciativa CARMENT: resultados e tendências das prevalências dos fatores de risco cardiovascular. 109, folhas. Tese (Doutorado): Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação. Goiânea, 2008. GONÇALVES, R. J.; SOARES, R. A.; TROLL, T.; CYRINO, E. G. Ser médico no PSF: formação acadêmica, perspectivas e trabalho cotidiano. Revista Brasileira de Educação Médica. V.33, n.3, p. 393 – 403. 2009 MALTA, D. C.; MOURA, E. C.; SILVA, S. A.; OLIVEIRA, P. P. V.; COSTA & SILVA, V. L. Prevalência do tabagismo em adultos residentes nas capitais dos estados e no Distrito Federal, Brasil, 2008. Jornal Brasileiro de Pneumologia; v. 36, n.1, p.7583. 2010. MINAYO, M.C.S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo / Rio de Janeiro: HUCITEC / ABRASCO; 2004. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE MOURA, E. C., SILVA, S. A., MALTA, D. C., NETO O. L. M. Fatores de risco e proteção para doenças crônicas: vigilância por meio e inquérito telefônico, VIGITEL, Brasil, 2007. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 486-496, mar, 2011. NÓBREGA, E. S. L.; MEDEIRO, A. L. F.; LEITE, M. C. A. Atuação do enfermeiro no controle da hipertensão arterial em unidades de saúde da família. 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Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE MONITORAMENTO DA PARTICIPAÇÃO DOS CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA EM UMA UNIDADE DE ATENÇÃO PRIMÁRIA (UAP) Rafael Capitani24 Katiane Mazetto Zini25 Nelsi Salete Tonini26 INTRODUÇÃO: Atenção Primária é caracterizada pelo Ministério da Saúde na portaria 648 de 2006 como um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. A portaria ressalta ainda que deve ser desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Esse nível de atenção possui práticas assistenciais de elevada complexidade e baixa densidade tecnológica, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. Deve se configurar como o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (PNAB, 2006). Assim, compreende um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos ordenados de modo a possibilitar a interação com a realidade, programar as estratégias e as ações necessárias para alcançar os objetivos e as metas preestabelecidas, sendo um 24 Acadêmico da 5ª Série do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. End: Rua Administração, 530, Jardim Universitário, Cascavel – PR. Fone: (45) 9925 0592. E-mail: rafaelcapitani@gmail.com 25 Acadêmica da 5ª Série do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 3 Enfermeira. Doutora em Enfermagem Psiquiátrica pela Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE processo contínuo que permite uma postura ativa dos gestores de uma organização na sua relação com a população e com o meio (TANCREDI et al., 1998). Nesse contexto, consideraremos uma das atividades realizadas nesse nível de atenção: o programa HiperDia, desenvolvido pela Atenção Primária em Saúde (APS), é um Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos captados no Plano Nacional de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial (HA) e ao Diabetes Mellitus (DM), em todas as unidades ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SUS), gerando informações para os gerentes locais, gestores das secretarias municipais, estaduais e do Ministério da Saúde. Além do cadastro, o sistema permite a solicitação de exames, consultas, orientações de saúde, o acompanhamento dos pacientes e a garantia do recebimento dos medicamentos prescritos, ao mesmo tempo em que, em médio prazo, poderá ser definido o perfil epidemiológico desta população, e o consequente desencadeamento de estratégias de saúde pública que levarão à modificação do quadro atual, a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas e a redução do custo social. Esse acompanhamento é realizado por meio de reuniões organizadas pelo enfermeiro, onde é possível, verificar a pressão arterial, altura, circunferência abdominal, peso, glicemia dos participantes do programa e ainda repassar informações sobre medicação e cuidados adequados aos portadores de diabetes e hipertensão. A Diabetes Mellitus e a Hipertensão Arterial são doenças crônicas não transmissíveis, e representam problema de saúde de grande magnitude. De acordo com o Ministério da Saúde em 2007, 72% dos óbitos no país foram decorrentes dessas doenças, com destaque para doenças do aparelho circulatório (31,3%), câncer (16,3%), diabetes (5,2%) e doença respiratória crônica (5,8%). As Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT) atingem indivíduos de todas as camadas socioeconômicas, mas, principalmente, aqueles pertencentes a grupos vulneráveis, como os idosos e aqueles de baixas escolaridade e renda (BRASIL, 2011). Atualmente, doenças crônicas como o diabetes e a hipertensão arterial sistêmica representam um importante problema de Saúde Pública para o Brasil. O levantamento de dados e análise sobre essas doenças são de fundamental importância. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Com intuito de facilitar a identificação e o acompanhamento dessas doenças e possibilitar melhor continuidade do HiperDia e de estratégias de controle das doenças crônicas não-transmissíveis, o Ministério da Saúde publicou em 2010 o Caderno de Rastreamento na Atenção Primária, o qual fornece direcionamentos às equipes de saúde, ressaltando que o rastreamento e o acompanhamento deve ser realizado de forma contínua e atenciosa, evitando o cadastramento precoce e possibilitando uma atividade clínica fundamentada e qualificada. O Ministério da Saúde reforça ainda, nos Cadernos de Atenção Básica nº 15 de 2006, que as estratégias de saúde pública são necessárias para a abordagem de fatores relativos ao estilo de vida e aos hábitos da população, visando redução de doenças crônicas e agudizações destas, através do acompanhamento adequado. Portanto, considerando a importância do HiperDia e a necessidade de acompanhamento dos pacientes portadores de doenças crônicas, é fundamental a implementação de modelos de atenção que incorporem estratégias individuais e coletivas que realizam o controle e o acompanhamento dessas doenças nesse sentido, esse trabalho visa identificar as principais necessidades e características dos pacientes que participam das reuniões do HiperDia na Unidade de Atenção Primária (UAP) do bairro Floresta. OBJETIVOS Analisar a participação e o acompanhamento no HiperDia pelos pacientes portadores de HA e DM do tipo II. Identificar os participantes que não consultaram e não realizaram exames nos últimos seis meses e agendar consulta médica para esses pacientes. METODOLOGIA A presente pesquisa caracteriza-se por um estudo de caráter exploratóriodescritivo, de natureza quantitativa. Realizada no período de abril a maio de 2013, durante as reuniões do HiperDia da Unidade de Atenção Primária do bairro Floresta. Primeiramente, organizou-se um calendário de temas a serem discutidos nas reuniões do 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE grupo do HiperDia, que acontecem sempre na primeira terça-feira e primeira quintafeira do mês, sendo que na terça-feira o atendimento prioritário é para os hipertensos e a reunião inicia-se às sete horas da manhã, e na quinta-feira o foco são os pacientes diabéticos e a reunião inicia-se às nove horas da manhã. As reuniões são realizadas visando o acompanhamento dos pacientes portadores destas doenças crônicas residentes na área de abrangência da Unidade. Em seguida, elaborou-se um questionário estruturado em forma de tabela, que foi utilizado como instrumento de coleta de dados para entrevistar os pacientes durante as reuniões do programa, os quesitos e a forma de preenchimento adequado do instrumento são apresentados a seguir: nome (nome completo do participante); endereço (descrever: rua, número da casa em que o participante reside); hipertenso (preencher: S se o paciente for hipertenso, N se não); diabético (preencher: S se o paciente for diabético, N se não); data da última consulta (mês e ano); data da última realização de exames (mês e ano); trabalhador (S se o paciente trabalhar, N se não); turno de trabalho (preencher: manhã, tarde, noite); frequência no grupo (preencher: primeira vez, esporádico ou mensal). A análise dos resultados foi realizada através de operações estatísticas de distribuição de frequência em porcentagem e os resultados obtidos serão apresentados em tabelas e gráficos, com posterior discussão embasada na literatura disponível acerca da temática em questão. Vale ressaltar que esta pesquisa está em andamento e os resultados apresentados nesse trabalho são procedentes das duas reuniões do mês de abril, sendo que ainda serão coletados os dados das duas reuniões do mês de maio e, assim, concluiremos a coleta da pesquisa. Contudo, os resultados, mesmo que parciais, já demonstram relevância para incentivar e contribuir com as discussões sobre as estratégias na Atenção Primária. Esta pesquisa foi solicitada pela coordenação da UAP, que autorizou a utilização dos dados. RESULTADOS Os resultados apresentados nesse trabalho são parciais e, até o momento da pesquisa, foram entrevistados 119 pacientes, dos quais 82 são do sexo feminino e 37 do 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE sexo masculino; quanto à doença crônica que apresentavam, identificamos 36 pacientes portadores de HA, representando 30,25% do total; 6 pacientes, representando 5,04% do total de portadores de DM do tipo II; e 77 pacientes, o que significa 64,7%, portadores das duas doenças. Quanto à realização de consultas, identificou-se que a maioria dos pacientes (63 pessoas, 52,94% do total) realizou consulta médica nos últimos seis meses; contudo, para 47,06%, ou seja, 56 pacientes, a última consulta foi realizada há mais de seis meses, sendo que, destes, 5 pacientes (4,2%) estão a um período maior que um ano sem se consultarem. O item realização de exames demonstrou que 72 pacientes (60,5%) não realizaram nenhum exame nos últimos 6 meses; para 8 pessoas (6,72%) esse período é maior que um ano; e somente 39 pacientes (32,77%) realizaram exames nos últimos 6 meses. Quatro pacientes trabalham durante o período diurno (manhã e tarde) o restante relatou não trabalhar, quanto à idade dos participantes, obtivemos uma margem entre 30 (paciente mais novo) e 82 anos (paciente mais velho), prevalecendo a idade entre 50 e 69 anos. O último item pesquisado foi a frequência de participação no grupo do HiperDia. Noventa pacientes relataram que participam mensalmente das reuniões, 8 pacientes estavam presentes pela primeira vez e 21 responderam que participavam esporadicamente. CONCLUSÃO Os participantes do HiperDia na UAP do bairro Floresta são, em sua maioria, idosos, do sexo feminino, não trabalham, são portadores das duas doenças crônicas, Diabetes Mellitus tipo II e Hipertensão Arterial, grande parte são participantes mensais das reuniões do programa, ainda que não realizem consulta médica ou exames de rotina com frequência, participando do grupo para verificar a pressão arterial e a glicemia e para efetuar a troca de receitas realizada pela unidade. Com esta pesquisa, identificamos que, mesmo quando o paciente adere ao programa e participa mensalmente das reuniões, se não houver adequada atenção da equipe de saúde, o paciente pode permanecer sem realizar consultas ou exames. Com o intuito de proporcionar melhor acompanhamento das doenças crônicas, os pacientes que 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE estavam há mais de 6 meses sem consulta e/ou sem exames de rotina terão as consultas agendadas na unidade com o clínico geral para serem avaliados e realizarem os exames necessários. Cabe ainda ressaltar que a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus são dois agravos debilitantes, que, se não tratados adequadamente, levam ao surgimento de diversas outras doenças incapacitantes. Além disso, os profissionais de enfermagem são fundamentais na assistência a estes pacientes, planejando, executando e, sobretudo, acompanhando os portadores de doenças crônicas. Palavras-chave: Monitoramento; HiperDia; Atenção Primária em Saúde; Estratégias de Atenção. REFERÊNCIAS. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº. 648, de 28 de março de 2006. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em: <http://dtr2004.saude.gov.br/dab/docs/publicacoes/pactos/pactos_vol4.pdf>. Acesso em 12 abr. 2013. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº. 648/2006, que estabelece a Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 95 p.: il. – Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Primária, n. 29. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Ministério da Saúde, 2006. 58 p. – Cadernos de Atenção Básica; 16. Série A. Normas e Manuais Técnicos. TANCREDI, F. B et al. Planejamento em saúde. Série Saúde e Cidadania. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública; 1998. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DESENVOLVENDO AÇÕES DE PREVENÇÃO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL E DIABETES MELLITUS Suzamara Batista1 Eva Marcanssoni Rochi Marinilce Mariano Dobbins Edicarcia Milhoretto Rinaldi Thaise de Almeida Granzotto INTRODUÇÃO O aumento epidêmico das patologias Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus tornou-se uma prioridade de saúde pública, mundialmente são doenças de elevado índice de acometimento, além de um alto custo nacional para seu atendimento dependendo da prevalência e complexidade do tratamento disponível (BRUCE 2006). A hipertensão arterial e a diabetes melittus são doenças que evoluem silenciosamente, as pessoas acometidas mostram-se com freqüência, isentos de sintomas. O sedentarismo e a alimentação inadequada são fatores que contribuem para seu desencadeamento. Oficialmente a Hipertensão Arterial é definida como uma pressão arterial sistólica superior a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior que 90mmHg durante um período sustentável, quanto maior for a pressão arterial, quer sistólica ou diastólica, maior será o risco (BRUNNER; SUDDARTH, 2002). O termo Diabetes Mellitus é aplicado a um quadro de hiperglicemia crônica acompanhado de distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras. Os efeitos crônicos incluem danos, disfunção ou falência de órgãos, especialmente rins, nervos, coração e vasos sanguíneos. A identificação de casos diagnosticados precocemente e o tratamento e acompanhamento de indivíduos já acometidos pela Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, visa prevenir complicações agudas e crônicas (BRUCE, 2006). Pensando em intensificar os cuidados à pacientes acometidos pelas morbidades em discussão, o município de Laranjeiras do Sul, localizada no centro-oeste do Paraná, com uma população total de 30.783 mil habitantes (IBGE, 2010) disponibilizando de recurso federal de incentivo a Promoção em Saúde, vem desenvolvendo, desde 2009, ações de prevenção a hipertensão arterial e diabetes melittus, sendo sua população alvo 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE hipertensos e diabéticos acompanhados pelas Estratégias Saúde da Família (ESF) e apoio do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF I), integrando uma equipe multidiciplinar com nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, educador físico e profissionais integrantes da ESF. OBJETIVO Orientar e estimular pacientes hipertensos e diabéticos a adotarem uma vida mais saudável através de alimentação adequada e prática de exercícios físicos. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência, do trabalho desenvolvido em um município de médio porte, desenvolvendo ações de prevenção de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, utilizou-se dados do Ministério da Saúde DATASUS/SIAB e referências bibliográficas. O plano de controle para a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus é simples e de baixo custo em relação a gravidade de suas complicações, inicialmente requer a necessidade de mudança de estilo de vida do indivíduo. O sedentarismo aliados a uma alimentação inadequada contribuem para o desencadeamento de um importante fator de risco para o acometimento da Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, a obesidade, um dos grandes vilões e atualmente, devido a um estilo de vida adotado tem seu índice elevado, pesquisas recentes estimam que 50% dos indivíduos hipertensos e diabéticos estão acima do peso (BRUNNER & SUDDARTH, 2002). As evidências epidemiológicas sustentam a indicação de prática de atividades físicas como medida não farmacológica a redução do peso e alimentação saudável é outra indicação racional. A prática de exercícios físico é indicada a todos os pacientes hipertensos e diabéticos, pois melhora o controle metabólico, reduz a necessidade de hipoglicemiantes, ajuda no controle da pressão arterial, promove emagrecimento nos pacientes obesos, diminuindo assim, os riscos de agravos da doença e melhora a qualidade de vida (BRUCE 2006). A promoção do exercício físico é considerada prioritária tanto para o manejo quanto para a prevenção da Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, associada a uma alimentação saudável é a base para uma 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE qualidade de vida satisfatória. Os Hábitos alimentares saudáveis fazem parte de um cardápio de estilo de vida que contribuem para a prevenção das doenças (BRUCE 2006). RESULTADOS E DISCUSSÕES Com bases em dados de indicadores avaliados em 2009, notou-se a presença do fator de risco obesidade em mais de 50% dos pacientes hipertensos e diabéticos, um aumento na taxa de internamentos por complicações devido a hipertensão arterial e diabetes mellitus e elevado número de casos de Acidente Vascular Cerebral (DATASUS), o município de Laranjeiras do Sul-PR, desenvolve desde 2009, ações de prevenção da hipertensão arterial e diabetes mellitus, integrando inicialmente 3.171 hipertensos e 528 diabéticos, atualmente integram 3576 hipertensos e 661 diabéticos acompanhados por 11 ESFs, (DATASUS/SIAB). Esses pacientes são acompanhados pelos profissionais nutricionista e psicólogo do NASF, educador físico e fisioterapeuta. Os pacientes hipertensos e diabéticos são divididos em grupos, atualmente integram 35 grupos, são realizadas reuniões mensais onde os profissionais trabalham com atividade de educação em saúde relacionadas às patologias e sua complicações, educação alimentar, dinâmica de apoio psicológico, avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC), aferição da pressão arterial e hemoglicoteste, alem de fazer entrega de medicamento do programa HIPERDIA. A atividade física sempre foi estimulada e realizadas nestes grandes grupos a fim de incentivar a prática de exercícios físicos e, nos últimos dois anos, foram criados os grupos Coração Feliz, os quais realizam atividades físicas semanais com acompanhamento do educador físico e dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) nas praças públicas, ginásio de esportes, no lago municipal e na academia ao ar livre do município. Atualmente são 7 grupos do Coração Feliz com cerca de 300 participantes, que possuem acompanhamento nutricional, através da avaliação do IMC nos dias de atividades físicas e atendimentos individualizados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) conforme agendamento e encaminhamento da ESF. O excesso de peso foi detectado em 49,2% dos pacientes avaliados sendo 25,5% estavam com sobre peso e 23,7% com obesidade agravando e aumentando os riscos de 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE complicações das patologias. As metas da experiência é estimular as práticas de atividades físicas e hábitos alimentares saudáveis nos pacientes hipertensos e diabéticos acompanhados pelas ESF, com isso diminuindo gradativamente o uso de medicamentos relacionados à Obesidade, Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, procura-se também, um diagnostico precoce de novos casos da comorbidade em questão. Estima-se a longo prazo, ações de controle da obesidade, um dos principais fatores de risco para o desencadeamento da Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. Houve um comprometimento por parte do município em disponibilizar condições de trabalho para os profissionais através da aquisição de equipamentos, confecção de material educativo (banners, folders, cartazes), que auxiliam no desenvolvimento de ações e atividades de educação em saúde da ESF. Mensalmente são realizadas reuniões com os pacientes hipertensos e diabéticos onde os profissionais da ESF e do NASF fazem Educação em Saúde através de palestras orientando o público alvo sobre a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus seu acometimento, fatores de riscos, agravos e complicações, como prevenir ou manter um controle sobre as patologias, a importância de uma alimentação saudável aliada a prática de atividades físicas regulares possibilitando assim, qualidade de vida. A equipe realiza aferição de pressão arterial e hemoglicoteste diagnosticando assim, novos casos, muitas vezes assintomáticos, de familiares que acompanham os pacientes hipertensos e diabéticos ate as reuniões. Indivíduos que encontram dificuldade em manter o controle nos níveis da pressão arterial e glicemia requerem mais atenção e alerta por parte dos profissionais da ESF e do NASF. A orientação aos familiares também é essencial pois são grandes aliados tanto nos hábitos alimentares como na questão de fármacos, percebe-se grande dificuldade em pacientes idosos em horários a serem seguidos como também na identificação dos fármacos. Trabalhando integralmente individuo, família e comunidade com ações de prevenção simples e de baixo custo através de orientações e incentivos percebe-se grandes evoluções na melhoria da qualidade de vida e diminuição de agravos e complicações das morbidades Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus. Na Conferencia de Saúde realizada em Julho de 2011, foi apresentada uma pesquisa com vários depoimentos dos participantes dos 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE grupos do Coração Feliz, os quais relatam melhora na auto estima, nos hábitos alimentares e qualidade de vida. CONCLUSÃO O objetivo proposto com este estudo foi alcançado, pois possibilitou-nos conhecer, mesmo que de maneira sucinta, a importâncias do desenvolvimento de ações de prevenção de morbidades como a hipertensão arterial e diabetes mellitus, que atualmente tem elevado índice de acometimento e agravos. Reconhecemos que os resultados das ações em saúde e na qualidade de vida da população foram observados ao longo do tempo. O número de hipertensos e diabéticos acompanhados pelas ESFs manteve-se um valor maior decorrer dos últimos anos, em função da ampliação dos cadastros da ESF que atualmente acompanham 83,7% da população do município (SIAB), outrossim, o diagnóstico precoce da Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, principalmente dos familiares dos pacientes já acompanhados. Percebe-se que a população alvo esta consciente das patologias e seus agravos e a necessidade da mudança nos hábitos de vida, uma alimentação saudável e atividades físicas regulares. Outrossim, salientamos que é imprescindível que medidas profiláticas e de orientação sejam alvos de trabalhos da equipe multidisciplinar, considerando que a experiência pode ser aplicada em qualquer local onde haja ESF que possam contar com o apoio dos profissionais do NASF ou de outros programas que garantam a interdiciplinariedade, tendo em vista que são ações simples e que trazem bons resultados, exigem apenas comprometimento da equipe em promover a qualidade de vida do individuo e comunidade. PALAVRAS-CHAVES: Hipertensão Arterial; Diabetes Mellitus; Prevenção REFERÊNCIAS: BRUNNER & SUDDARTH. SMELTZER Suzanne C., BARE Brenda G. Tratado de Enfermagem Medico Cirúrgica, nona edição, volume 2, Editora Guanabara Koogan. São Paulo, 2002. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DUNCAN, Bruce B.; SCHMIDT Maria Inês; GIUGLIANI Elsa R. J. Medicina Ambulatorial Condutas de Atençao Primária Baseadas em Evidencias, 3° edição, editora Artmed. Porto Alegre- RS, 2006. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/ Indicadores/ censo 2010. Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populaçao/censo2012/tabelas, Acesso em: 22 abril 2013. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE SISTEMA DE REFERÊCNIA E CONTRA REFERÊNCIA DO AMBULATÓRIO DE FERIDAS DE FOZ DO IGUAÇU/PR Terezinha Aparecida Campos27 Nelsi Salete Tonini28 Maristela Salete Maraschin29 INTRODUÇÃO O sistema de referência e contra referência constitui-se na articulação entre os níveis de atenção à saúde, primário, secundário e terciário, sendo que a referência compreende o fluxo de encaminhamento do usuário do nível menor para o de maior complexidade, inversamente, a contra referência está relacionado ao ato de referenciar do nível de maior para o de menor complexidade (JULIANI; CIAMPONE, 1999). Como previsto pela Norma Operacional Básica (NOB-SUS 01/96), os municípios têm a responsabilidade de desenvolver métodos de planejamento e de gestão, incluídos os mecanismos de referência e contra referência (AGUIAR, 2007). Para garantir o acesso e o atendimento ao usuário em todos os níveis de atenção a saúde, é imprescindível estabelecer fluxos de referência e contra referência baseados na acessibilidade e continuidade da assistência, segundo a lógica da complexidade, caso contrário, a ausência deste sistema pode ser apenas um discurso reiterado, mas, sem possibilidade de concretização. Entendemos que o sistema de referência e contra referência é um instrumento gerencial importante para a organização dos serviços de saúde, no entanto, na revisão de literatura observam-se escassas publicações em relação ao tema, sob a visão do enfermeiro. Pautado neste aspecto, este estudo justificou-se na perspectiva de que este profissional também pode intervir neste sistema, para isso, buscamos conhecer na prática a aplicabilidade deste instrumento. 27 Enfermeira. Especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná- UNIOESTE e Residente do Curso de Gerenciamento em Clínica Médica e Cirúrgica - UNIOESTE. Contato: tcamposzto@hotmail.com - Telefone: (45) 9105-6622 28 Enfermeira. Doutora em Enfermagem Psiquiátrica pela Universidade de São Paulo – USP – Ribeirão Preto. Docente do Curso de Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 29 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal do Paraná – UFPR – Curitiba-Pr. Docente do Curso de Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE OBJETIVOS Conhecer o funcionamento do sistema de referência das equipes de saúde da família para o Ambulatório de Feridas do município de Foz do Iguaçu, e a contra referência dos pacientes/clientes para as das equipes de saúde da família de origem. METODOLOGIA Após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Parecer nº 085/2011), juntamente com as Autorizações outorgados pelo Departamento da Atenção Básica da Secretaria Municipal da Saúde de Foz do Iguaçu/PR e Poliambulatório Nossa Senhora Aparecida, acrescido do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o estudo foi desenvolvido por meio de pesquisa de campo, na dimensão qualitativa de forma observacional e exploratória. Para o desenvolvimento desta pesquisa foi selecionado o Ambulatório de Feridas e Unidades de Saúde da Família (USF) do município de Foz do Iguaçu/PR. Na primeira etapa, foi realizada a pesquisa de forma observacional com um roteiro previamente elaborado pelas pesquisadoras, no intuito de conhecer como ocorre o fluxo de referência dos pacientes/clientes acometidos por feridas crônicas ao Ambulatório de Feridas. Para que o ato da observação pudesse contemplar os requisitos pré estabelecidos foi realizado um teste piloto previamente em uma das USF, qual não estaria entre as selecionadas para a pesquisa. Esta etapa ocorreu durante o acolhimento, já que, teoricamente esse é o período de maior fluxo nas unidades de saúde. A segunda etapa consistiu de entrevista gravada, semi estruturada, composta por quatro questões norteadoras, tendo como alvo os enfermeiros das equipes de saúde da família (ESF), onde foi realizada a parte observacional da pesquisa, mais o enfermeiro do Ambulatório de Ferida, totalizando um n= 10 enfermeiros. Para a coleta dos dados desta etapa foi utilizado um gravador portátil Sony M-430, adquirido pelos pesquisadores, esta fase da pesquisa ocorreu na sequência do acolhimento, e, após o entrevistado assinar o TCLE. Para análise dos dados foi procedido da seguinte forma: as informações da pesquisa observacional foram quantificadas e discutidas por similaridade temática, enquanto que as entrevistas foram transcritas na íntegra e agrupadas em quatro categorias principais, conforme referencial de Minayo (1992), enfatizando a similaridade das respostas e expondo pontos relevantes 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE das falas originais dos entrevistados, quais foram identificados com nome de pedras preciosas, no intuito de preservar a identidade dos mesmos. RESULTADOS Primeiramente, foram apresentados e discutidos os dados obtidos por meio da observação, no qual buscou conhecer os seguintes parâmetros: como o paciente/cliente acometido por ferida crônica é atendido na USF; qual profissional faz a avaliação da ferida; de que forma este indivíduo é encaminhado ao Ambulatório de Feridas; os profissionais estão orientados em relação ao fluxo de encaminhamento; e, se há um protocolo de feridas para nortear a assistência. Diante do que foi observado verificamos que o cliente/paciente acometido por ferida crônica ao chegar à unidade de saúde é atendido em livre demanda, exceto quando é apenas para realizar o curativo. Esse dado corrobora na totalidade das USF observadas, o que leva a pensar que a organização destes serviços ainda está vinculada a demanda espontânea, segundo Roncalli (2000), este modelo reforça a atitude dos usuários que só procuram a unidade de saúde quando estão doentes, predominando o modelo curativista ao invés do preventivo. Em relação qual profissional faz a avaliação, constatou-se que 50% das avaliações são realizadas juntamente pelos dois profissionais (médico/enfermeiro), enquanto que 30% está centrada somente no médico, e, apenas 20% das avaliações é realizada só pelo enfermeiro, o que consideramos baixa essa representatividade, pressupondo a fragilidade da autonomia deste profissional. Dentre as atribuições privativas do enfermeiro, Ferreira; Bogamil; Tormena (2008) salientam que em relação ao tratamento de feridas, os cuidados baseiam-se em conhecimentos adquiridos durante a academia e na busca por atualização. No entanto, a hegemonia médica e a falta de autonomia do enfermeiro podem interferir na tomada de decisão, sobretudo quando se discute especificamente o tratamento de feridas crônicas. Ao observarmos de que forma é realizado o encaminhamento deste indivíduo ao Ambulatório de Feridas verificou-se que metade dos enfermeiros não realiza nenhum tipo de encaminhamento, enquanto que uma pequena parcela utiliza o sistema de referência e contra referência, além, de previamente fazer o contato telefônico. Estas observações evidenciam que o mecanismo formal administrativo do sistema de referência, nos serviços pesquisados não segue uma 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE organização. Quando a pesquisa mostra que metade dos enfermeiros não utiliza nenhum tipo de mecanismo para referenciar este paciente/cliente, acreditamos que isso possa estar relacionado com a falta de informação do fluxo/direcionamento, já que 50% dos enfermeiros desconhece como funciona o sistema de referência para o Ambulatório de Feridas. Infelizmente, tais observações apresentam fragilidade na funcionalidade, na resolutividade e na integralidade da assistência, pelo fato de não garantir a continuidade da assistência. De acordo com Petruci (2010), o sistema de referência e contra referência é fundamental para que se concretizem os direitos dos pacientes/clientes à integralidade, norteando o processo de trabalho e as práticas dos profissionais envolvidos. Para Fontoura; Mayer (2006), a integralidade da assistência é a pedra angular para obter qualidade nas ações e serviços voltados para a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da saúde. Outro aspecto a considerar é a resolutividade que está ligada diretamente na maneira que os profissionais enfrentam os problemas de saúde da comunidade, e, a capacidade de resolver os agravos da população sem a necessidade de encaminhamento para um nível de maior complexidade, evitando assim o aumento da demanda dos serviços especializados. Ao analisar se havia protocolo para atendimento e tratamento de feridas, nos serviços que participaram da pesquisa, em nenhum deles foi encontrado algum tipo de protocolo instituído, reforçando a fragilidade na assistência prestada aos indivíduos acometidos por ferida crônica, do referido município. Sabe-se que protocolos de ações e condutas constituem uma etapa fundamental na organização dos serviços de saúde e da assistência. Consequentemente, se este tipo de ferramenta não é padronizado no serviço, provavelmente cada profissional realizará uma assistência conforme o que lhe parecer correto ou de acordo com seu conhecimento científico. Segundo Dantas (2010), para realizar a assistência ao paciente/cliente acometido por ferida crônica, é importante que o profissional esteja pautado em um protocolo que contemple avaliação clínica, diagnóstico precoce, planejamento do tratamento, implementação do plano de cuidados, evolução e reavaliação das condutas instituídas. Referente à segunda etapa da pesquisa, a primeira questão buscou identificar como funciona o sistema de referência e contra referência para pacientes/clientes acometidos por feridas crônicas, onde se constatou que a minoria 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE dos enfermeiros tem o hábito de referenciar. Esse fato corrobora com dados do estudo realizado por Juliani; Ciampone (1999), que trazem achados como estes e sugerem a realização de mais estudos de avaliação, já que referência e contra referência é um sistema determinante para o sucesso e a agilidade no encaminhamento do usuário. Além disso, compartilhamos da mesma ideia de Pontes et al. (2009), que quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e contra referência entre os níveis de atenção a saúde, maior será a eficiência e a eficácia da assistência prestada. No contexto das entrevistas realizadas denota a falta de integração entre as USF e o Ambulatório de Feridas, pressupõe que se o paciente/cliente precisar de encaminhamento ao serviço especializado para avaliação e tratamento da ferida, não há um sistema efetivo que contemple os princípios doutrinários do SUS, entre eles a integralidade e hierarquização. Quando solicitados para elencar as potencialidades do sistema de referência e contra referência, afirmam que este tipo de sistema é um dos métodos mais adequado para assistir o paciente/cliente integralmente, embora saibam e verbalizem a importância desse sistema não aplicam de maneira formal no cotidiano. Nesta perspectiva, afirmamos e defendemos que o sistema de referência e contra referência é uma ferramenta potente para a efetividade das ações em saúde. Conforme Fratini (2007), a referência e contra referência assegura o fluxo em todos os níveis de atenção a saúde, com acesso universal e contínuo, com qualidade, resolutividade e desenvolvimento de vínculo entre profissionais e usuários. No que tange as fragilidades deste sistema, foi apontado à inexistência da contra referência do Ambulatório de Feridas para as USF. Isso, consequentemente, deixa os profissionais da atenção básica sem as informações pertinentes sobre a assistência prestada e a conduta terapêutica instituída. Igualmente Filho; Santos; Pinto (2010), em um estudo feito com enfermeiros atuantes em ESF do município de Ipatinga/MG, diz que um dos obstáculos e desafios enfrentados por estes profissionais está no sistema de contra referência, refletindo no processo organizacional dos serviços de saúde. Ou seja, um sistema de referência e contra referência, estruturado, sistematizado e praticado adequadamente pressupõe que a assistência preventiva, curativa e de reabilitação ocorre de maneira integral, com 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE fluxos bem delineados e distribuídos geograficamente de maneira compatível com a demanda populacional de cada território. CONCLUSÕES Sabendo da importância dos benefícios que este sistema traz tanto para o usuário quanto para os gestores, reconhecemos que para a efetivação da referência e contra referência faz-se necessário levar os profissionais de saúde a reflexão e conscientização da utilização deste sistema. Os dados encontrados nos serviços pesquisados evidenciaram claramente a ausência deste sistema formalizado, presumindo que não há princípios de organização e hierarquizada, como é preconizado pelo Sistema Único de Saúde. Apesar das limitações deste estudo, e, reconhecendo a importância da organização do serviço, propusemos um fluxo de referência e contra referência que contemplasse as necessidades do mesmo. Reconhecendo que a construção e adoção de diretrizes necessitam ser associadas à literatura e a realidade da instituição, bem como, a validação do documento e constante avaliação da sua efetividade. PALAVRAS-CHAVE: Referência; Ambulatório; Feridas; Usuário; Enfermeiro. REFERÊNCIAS AGUIAR, R. A. T. A construção internacional do conceito de atenção primária à saúde (APS) e sua influência na emergência e consolidação do sistema único de saúde no Brasil. Dissertação (Mestrado em Políticas de Saúde e Planejamento), Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG, 2007. DANTAS, D. V. Assistência aos portadores de úlceras venosas: proposta de protocolo. Dissertação (Mestrado em Enfermagem), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Natal, 2010. FERREIRA, A. 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MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo, Hucitec/Abrasco, 1992. PETRUCI, F. R. Benefícios da Contra Referência na Alta Hospitalar para Equipe da atenção Básica. Monografia - Instituto de Ensino e Capacitação e Pós Graduação (INDEP), Assis-SP, 2010. PONTES, A. P. M. et al. O princípio de universalidade do acesso aos serviços de saúde: o que pensam os usuários?. Esc Anna Nery Rev Enferm, v. 13, n. 3, p. 500-507, 2009. RONCALLI, A. G. A organização da demanda em serviços públicos de saúde bucal. Tese [Doutorado em Odontologia Preventiva e Social], Araçatuba: Faculdade de Odontologia da UNESP; 2000. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE PROGRAMA EDUCATIVO DE ANTICOAGULAÇÃO ORAL COMO PROPOSTA PARA AUTO EFICÁCIA E A ADESÃO*. Flávia Martinelli Pelegrino1 Ariana Rodrigues da Silva Carvalho2 Fabiana Bolela3 Inaiara Scalçone de Almeida Corbi4 Rosana Aparecida Spadoti Dantas5 INTRODUÇÃO Iniciar o uso da anticoagulação oral não é uma tarefa fácil, haja vista, a complexidade de seu seguimento e o envolvimento de fatores intrínsecos e extrínsecos aos indivíduos que fazem uso de anticoagulantes orais. O manejo do tratamento entre os usuários de anticoagulação oral vem evoluindo nas últimas décadas, com o surgimento de clínicas especializadas que favorecem um seguimento diferenciado aos usuários e familiares a fim de otimizar os resultados para o controle da coagulação sanguínea diminuindo as complicações do tratamento (BURNETT, TRUJILLO; 2013). Diretrizes internacionais vêm sendo instituídas com o intuito de promover a segurança e a qualidade do tratamento. A exemplo, pesquisadores da área publicaram a 9th ed. American College of Chest Physicians para orientar as melhores práticas. Destaca-se a necessidade de uma “Intensive Patient Education”(ACCP, 2012). Essas atitudes têm demonstrado melhores controles da coagulação sanguínea, diminuição dos custos de saúde, aumento da adesão ao tratamento, significativa redução de eventos tromboembólicos e internações por complicações (PERNOD et al., 2008; GEYER, FORD, RINDONE, 2011; GRUNAU, WIENS, HARDER, 2011). No entanto propor um modelo de abordagem educativa aos indivíduos no processo saúde-doença torna-se um desafio aos profissionais de saúde. Em teoria, “aquilo que as pessoas pensam, creem e sentem afeta a maneira como se comportam” (BANDURA, 2008, p.99). Essas capacidades proporcionam aos indivíduos os meios cognitivos pelos quais influenciam e determinam as suas ações. É talvez a crença de auto eficácia o que mais afeta o funcionamento humano, pois envolve um julgamento delas próprias em suas capacidades para se organizarem e executarem as ações necessárias para alcançar determinado objetivo. No entanto, o comportamento das pessoas pode não estar 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE relacionado às suas capacidades reais ou pode diferir amplamente mesmo que tenha conhecimentos e habilidades semelhantes. Surge daí a motivação, sendo o reforço positivo a base para os indivíduos desenvolverem expectativas e estabelecerem objetivos de melhora progressiva para si mesmos (BANDURA, 2008). OBJETIVO Comparar a auto eficácia e a adesão ao tratamento ao anticoagulante oral de indivíduos que participaram de um programa educativo para o autocuidado relacionado ao uso de anticoagulante oral baseado na Teoria de Bandura com aqueles que receberam o cuidado de rotina. MÉTODO Estudo experimental com designação aleatória dos participantes para o grupo intervenção (GI) ou grupo controle (GC). O estudo foi realizado em um hospital do interior do estado de São Paulo. Os participantes foram esclarecidos quanto aos objetivos do estudo e concordaram em participar mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os critérios de inclusão foram: ter iniciado o anticoagulante oral durante a hospitalização, ter idade acima de 18 anos, ter capacidade cognitiva para responder as questões de acordo com o teste do Mini-Exame do Estado Mental de Bertolucci e colaboradores (1994). O programa educativo para o uso da terapia da anticoagulação oral envolveu orientação verbal e escrita durante a internação hospitalar; o reforço positivo por meio do contato telefônico na primeira e na quarta semana após a alta hospitalar e o encontro ambulatorial após dois meses da alta hospitalar. Ressaltamos que o monitoramento da anticoagulação oral durante os retornos ambulatoriais foi realizado exclusivamente por enfermeiras as quais seguiam uma diretriz de atendimento institucional. O médico era consultado conforme previsto nesta diretriz. Os dados foram coletados por entrevistas individuais e consulta aos prontuários dos participantes. Um roteiro para o contato telefônico foi desenvolvido e validado pelas pesquisadoras. Este roteiro foi composto por 10 questões com suas respectivas condutas a fim de nortear as respostas das pesquisadoras durante os contatos telefônicos. A avaliação da auto eficácia foi obtida pela General Perceived Self-Efficacy Scale que foi originalmente concebido por Schwarzer et al. (1997) e validada no Brasil 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Souza e Souza (2004). Trata-se de instrumento composto por 10 itens com respostas que variam de um a cinco. Cada item refere-se ao alcance de metas e atribuí à percepção interna do sucesso, sendo que maior pontuação indica maior percepção da auto eficácia, em um intervalo de 10 a 50. Para a avaliação da adesão ao tratamento da anticoagulação oral foi utilizado o instrumento Medida de Adesão ao Tratamento (MAT) de Delgado e Lima (2001), em sua versão validada para o uso em pacientes anticoagulados (CARVALHO, et al., 2010). Trata-se de um instrumento composto por sete itens, sendo suas respostas fornecidas por meio de uma escala ordinal de seis pontos que varia de sempre (um) a nunca (seis). Os valores obtidos com as respostas aos sete itens foram somados e divididos pelo número de itens. Posteriormente, os valores cinco e seis foram transformados no valor um (o que na escala original corresponde a aderente) e os demais foram transformados no valor zero (não aderentes na escala original). Para análise dos dados foi utilizado o programa Statistical Package for Social Science version 20.0 (SPSS), sendo realizada análises descritivas de frequência simples e análises de posição (média e mediana) e dispersão (desvio-padrão) para as características sociodemográficas e clínicas; e o Teste t-student para comparação das medidas obtidas pelos instrumentos de auto eficácia e adesão. RESULTADOS Durante o período de estudo, tivemos 98 pacientes elegíveis ao estudo, sendo que três recusaram em participaram da pesquisa. Assim, 95 pacientes foram aleatorizados para o GI ou para o GC. Durante o seguimento tivemos a descontinuidade de 15 participantes por diversos motivos, como por exemplo, óbito, suspensão do anticoagulante oral, desistência em participar do estudo, internação devido ao agravo da doença, dentre outros. A amostra final foi composta de 80 participantes sendo que 40 foram alocados para participarem da nova proposta de gestão da anticoagulação e 40 receberam o cuidado de rotina. A maioria dos participantes era do sexo feminino (GC:52,5%, GI:65%) com idade média de 59 anos, casados (GC:65%, GI:52,5%), em uso de ACO devido a trombose venosa profunda (GC:40%) e fibrilação atrial (GI:37,5%). Esses participantes apresentaram outras comorbidades, o que os levava ao uso de outros medicamentos (média de quatro medicamentos/dia). Durante o período do 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE estudo, os pacientes compareceram em média três vezes as consultas ambulatoriais. Após dois meses de seguimento, os pacientes que participaram do programa educativo da anticoagulação oral (GI) tiveram resultados relativamente melhores em relação àqueles que receberam o cuidado de rotina (GC). Em relação à auto eficácia obtivemos média de 39,1 para o GI e de 37,8 para o GC, sendo a diferença entre os grupos estudados estatisticamente significantes (p=0,040). Na avaliação da adesão ao tratamento, a pontuação obtida pelo MAT, indicou que os participantes de ambos os grupos foram aderentes ao uso de anticoagulação oral. Embora as médias obtidas fossem semelhantes entre os grupos, ou seja, média de 5,7 e desvio-padrão de 0,2 para os participantes do GC e média de 5,8 e desvio-padrão de 0,1 para os participantes do GI, a diferença entre eles ainda foi estatisticamente significante (p<0,001). CONCLUSÕES Fazer o uso de anticoagulantes orais implica em uma fase de mudanças e adaptações para muitos indivíduos que se deparam com constantes controles, restrições e observância de sinais e sintomas de desajustes do medicamento. Desenvolver uma proposta de gestão da anticoagulação oral demonstrou melhoria nos aspectos relacionados à auto eficácia e adesão ao tratamento com anticoagulação oral. A implementação dessa estratégia pode ser um momento propicio na interação “profissional de saúde-paciente" a fim de proporcionar-lhes um cuidado individual e produzir melhores desfechos. PALAVRAS-CHAVE: Anticoagulantes. Gestão em Saúde. Educação em Saúde. Adesão à Medicação. Eficácia. REFERÊNCIAS ACCP Guidelines. 9th ed. American College of Chest Physicians Evidence-Based Management of Anticoagulant Therapy Antithrombotic Therapy and Prevention of Thrombosis, Evidence-Based Clinical Practice Guidelines. CHEST, v.141, n.2, Suppl, p.152s-184s, 2012. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE BANDURA, A., AZZI, R.G., POLYDORO, S. Teoria Social Cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: ArtMed, 2008. BERTOLUCCI, P.H.; BRUCKI, S.M.; CAMPACCI, S.R.; JULIANO, Y. O miniexame do estado mental em uma população geral: impacto da escolaridade. Arq Neuropsiquiatr. 1994; 52:1-7. BURNETT, A.E., TRUJILLO, T.C. The future of inpatient anticoagulation management. J Thromb Thrombolysis, DOI:10.1007/s11239-013-0892-1, 2013. DELGADO, A.B., LIMA, M.L. Contributo para a validação concorrente de uma medida de adesão aos tratamentos. Psic Saúde & Doenças, v.2, n.2, p.81-100, 2001. GEYER, A., FORD, M.A., RINDONE, J.P. The use of letter communication for patients enrolled in a pharmacist managed anticoagulation clinic. J Clin Pharmacy and Therapeutics, v.23, n.3, 553-556, 2011. GRUNAU, B.E, WIENS, M.O., HARDER, K.K. Patient self-management of warfarin therapy Pragmatic feasibility study in Canadian primary care. Can Fam Physician., v.57, p.e292-298, 2011. PERNOD, G. et al. EDUC’AVK: Reduction of Oral Anticoagulant-related Adverse Events After Patient Education: A Prospective Multicenter Open Randomized Study. J Gen Intern Med., v.23, n.9, p.1441-1446, 2008. SCHWARZER, R., BABLER, J., KWIATEK, P., SCHRODER, K. The Assessment of Optimistic Self-beliefs: Comparison of the German, Spanish, and Chinese Versions of the General Self-efficacy Scale. Appl Psychol.: An Intern Review, v.46, n.1, p.69-88, 1997. SOUZA, I., SOUZA, M. A. Validação da Escala de Auto Eficácia Geral Percebida. Rev Univ Rural: Série Ciências Humanas, v.26, n.1-2, p.12-17, 2004. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ESTADO NUTRICIONAL DE IDOSOS COM DIABETES MELLITUS TIPO II ACOMPANHADOS PELO HIPERDIA EM CIDADE PARANAENSE Claudia Regina Felicetti Lordani1 Gladis Kilpp2 Tarcisio Lordani3 INTRODUÇÃO As transições demográfica, nutricional e epidemiológica ocorridas no século XX determinaram um perfil de risco em que doenças crônicas como o Diabetes Mellitus (DM) assumiram ônus crescente e preocupante na população mundial. Atualmente é considerado um importante problema de saúde pública em todos os países, independente do seu grau de desenvolvimento (WHO, 2002; TOSCANO, 2004; WILD et al., 2004). O DM é uma doença crônica, heterogênea caracterizada por distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia, sendo este, resultado de defeitos na ação ou secreção da insulina ou em ambos. Os sintomas mais frequentes são a fadiga, cansaço, polidipsia, poliúria, perda de peso corporal e polifagia (SBD, 2007). O DM pode ser classificado em quatro classes segundo a American Diabetes Association (ADA, 2003): DM tipo I, DM tipo II, outros tipos específicos de DM e DM gestacional. Ainda existem duas outras categorias, referidas como pré-diabetes, caracterizada por glicemia de jejum alterada e a tolerância à glicose diminuída. O DM tipo II é mais comum, representa cerca de 90% a 95% dos casos e caracteriza-se por defeitos na ação e na secreção da insulina. Pacientes com essa forma de DM apresentam sobrepeso ou obesidade e não são dependentes de insulina exógena, mas ______________________________________________________________________ 1. Nutricionista. Mestre em Saúde Coletiva. Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), Cascavel – PR. Endereço: Rua Sibipiruna, 161, Recanto Tropical, CEP 85.807-210, Cascavel – PR. Telefone: 45 3321 5240, e-mail: clafelicetti@yahoo.com.br 2. Nutricionista. Pós graduanda em Nutrição Clínica. Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel – PR. 3. Enfermeiro. Mestre em Promoção da Saúde. Faculdade Assis Gurgacz (FAG), Cascavel – PR. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE podem necessitar de tratamento com insulina para a obtenção de um controle metabólico adequado ao longo da vida. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2007) pode ocorrer em qualquer idade, mas é geralmente diagnosticado após os 40 anos pois o estilo de vida (erro alimentar, sedentarismo, excesso de peso) estão fortemente associados ao seu aparecimento. De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009) há cerca de 6 milhões de diabéticos no Brasil, dos quais 3 milhões fazem acompanhamento nas Unidades Básicas do Sistema Único de Saúde. Ghelman et al. (2009) afirmam que as elevadas taxas de prevalência e incidência dessa doença torna fundamental o acompanhamento dos portadores na rede básica de saúde. Como diagnóstico primário é a sexta causa mais freqüente de internação hospitalar e contribui de forma significativa (30% a 50%) para outras causas como cardiopatia isquêmica, insuficiências cardíaca e renal, colecistopatias, acidente vascular cerebral e hipertensão arterial. É, ainda, a principal causa de amputações de membros inferiores e a principal causa de cegueira adquirida. Todas estas complicações comprometem a produtividade, qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos, além de envolver altos custos para o seu tratamento (SBD, 2007). Segundo Gil; Haddad e Guariente (2008), o DM é uma doença que necessita de mudanças permanentes no estilo de vida e seu tratamento exige um acompanhamento de equipe multiprofissional especializada para reduzir o impacto desfavorável sobre morbi-mortalidade prematura destes indivíduos. OBJETIVOS Verificar o perfil nutricional e bioquímico de indivíduos portadores de diabetes mellitus tipo II acompanhados pelo Programa HiperDia em uma Unidade Básica de Saúde do município de Céu Azul - PR, bem como de avaliar os hábitos alimentares desta população. METODOLOGIA Pesquisa transversal realizada com idosos portadores de DM tipo II, acompanhados pelo Programa HiperDia da Unidade Básica de Saúde (UBS) Central do município de Céu Azul – Paraná. Os critérios de inclusão foram: idade igual ou superior a 60 anos, diagnóstico clínico de DM tipo 2 que compareceram à reunião do HiperDia e consentiram em participar do trabalho assinando o Termo de Consentimento Livre e 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Esclarecido. Foram excluídos da pesquisa os indivíduos com amputações de membros, cadeirantes e que apresentavam algum tipo de fratura na ocasião do estudo. A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevista individual com aplicação de questionário estruturado que possibilitou a identificação de dados demográficos, doenças atuais e pregressas associadas ao DM. Também foi utilizado um formulário de frequência alimentar para análise dos hábitos alimentares. Os exames laboratoriais de colesterol total e frações, triglicérides e hemoglobina glicada foram coletados no dia da entrevista com auxílio da equipe de enfermagem do local. Foram considerados aceitáveis os níveis de hemoglobina glicada inferior a 7% (ADA, 2007; SBD, 2004), para a classificação do lipidograma foram seguidas as recomendações da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2001). A avaliação nutricional consistiu da aferição do peso corporal, altura e circunferência da cintura. O peso foi obtido por meio de balança mecânica da marca Plenna®, com capacidade para 120 Kg onde a pessoa foi posicionada em pé, no centro da base da balança, descalça e com roupas leves mantendo-se parada nessa posição até a realização da leitura. Para a verificação da altura, foi fixada em uma parede lisa (sem rodapé) uma fita métrica inelástica de 150 cm de comprimento, a 50 cm do chão, sendo que o individuo foi orientado a posicionar-se em pé, ereto, com calcanhares, ombros e nádegas encostadas na parede, de costas para a fita com a cabeça erguida livre de adornos, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos e com os braços estendidos ao longo do corpo (CUPPARI, 2005). Com base nestes dados, foi calculado o índice de massa corpórea (IMC), sendo interpretados conforme referências de Lipschitz (1994) específico para população idosa. A circunferência da cintura foi aferida com o indivíduo em pé, utilizando uma fita métrica inelástica que circundou a pessoa na linha natural da cintura, na região mais estreita entre o tórax e o quadril, geralmente no ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela, realizando a medida no momento da expiração (CUPPARI, 2005), os resultados foram comparados à recomendação da OMS (WHO, 1989). Para a análise estatística foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney por meio do software ASSISTAT 7,5 Beta. Foram consideradas significativas as diferenças evidenciadas com o p<0,05. A pesquisa foi autorizada pela Secretaria 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Municipal de Saúde de Céu Azul – Pr e pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da FAG (Parecer nº069/2012). RESULTADOS No dia da reunião do HiperDia, compareceram 18 idosos que consentiram em participar do estudo. A maioria eram mulheres (66,7%); média de idade de 65,5 ± 6,01 anos; 62,5% eram casados. Metade dos entrevistados já realizava tratamento para DM há 5 anos e 16,7% há mais de 15 anos. Todo o grupo estudado possuía hipertensão arterial como co-morbidade associada; 50% relataram fazer algum tipo de atividade física regularmente, sendo mais comentado a caminhada diária (38%), seguido da participação no grupo "vida ativa" (programa criado pelo Ministério dos Esportes no Brasil em 1997) (BRASIL, 2009) que visa a prática de atividade física supervisionada por profissional de educação física, direcionado à terceira idade, duas vezes na semana (46%). Sobre o estado nutricional dos participantes, 75% das mulheres apresentaram excesso de peso e 25% eutrofia (média de IMC de 31,04 ± 5,04); 83,3% dos homens apresentaram excesso de peso e 17,7% eutrofia (IMC médio de 28,72 ± 4,22). Quanto à circunferência da cintura, todos os participantes apresentaram valores superiores às recomendações da OMS (WHO, 1989) com média de 107,5 cm ± 5,55 cm indicando risco grave para doenças cardiovasculares. Resultados semelhantes foram verificados nos estudos de Lagaci et al., (2008) com pessoas diabéticas, usuárias de Unidade Básica de Saúde de Campinas, SP, cujas médias de IMC variaram entre 30,65 para as mulheres e de 28,04 para os homens e dos estudos de Corrêa et al., (2003) com pacientes diabéticos ambulatoriais do Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, onde obtiveram médias superiores a referência para ambos os gêneros. Sobre o hábito alimentar do grupo de Céu Azul, observou-se uma ingestão alimentar rica em frutas (77,8% dos participantes consumiam diariamente pelo menos 1 porção), hortaliças e leguminosas (72,2% consumiam diariamente pelo menos uma porção), todos consumiam carne (embutidos pelo menos uma vez ao dia) e leite integral diariamente. Observou-se, ainda, que a maioria 88,8% consumia entre 5 a 6 porções de carboidratos complexos por dia. Chama a atenção o fato de que 81,47% dos participantes relataram consumo raro ou nulo de doces (balas, sobremesa e chocolate) podendo indicar 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE adequada adesão ao tratamento. Apesar disto, 38,9% dos participantes apresentaram hemoglobina glicada superior a 9% (média de 7,6%) sendo significativamente maior no gênero feminino comparada ao masculino (p=0,02). Um pequeno grupo (22,2%) referiu consumo diário de frituras e o restante respondeu que o consumo girava em torno de 1 a 2 vezes por semana. Grande parte dos idosos (77,7%) referiu uso de óleo vegetal (soja) para o cozimento e o restante banha de porco. Nenhum paciente referiu redução do uso de sal de cozinha na preparação dos alimentos e todos referiram uso frequente de temperos industrializados. O lipidograma dos participantes demonstrou valores de colesterol total, colesterol-LDL e triglicérides dentro dos limites desejáveis, com exceção dos triglicerídes para o sexo masculino, onde se observou uma pequena alteração (média de 152,33 ± 41,10 em 75% dos homens). CONCLUSÕES Observou-se elevado índice de excesso de peso, sobretudo gordura abdominal nos participantes; alterações nas taxas de hemoglobina glicada e, hipertrigliceridemia em 75% do grupo masculino demonstrando que os hábitos alimentares necessitam de orientação profissional a fim de prevenir complicações futuras e proporcionar, com isso, melhor qualidade de vida. Sugere-se outros estudos com metodologia mais detalhada a cerca da alimentação e atividade física para avaliar a influencia destas práticas no controle do DM e demais alterações bioquímicas. Por fim, os resultados deste estudo indicam necessidade de inclusão do profissional Nutricionista na rede básica de atenção à saúde deste município, como estratégia de acompanhamento nutricional individualizado através de educação e acompanhamento nutricional; pois sabe-se que o suporte nutricional é parte integrante do tratamento do DM. PALAVRAS – CHAVE: Diabetes mellitus. Hábitos alimentares. Avaliação Nutricional. REFERÊNCIAS ADA. American Diabetes Association. Standards of Medical Care in Diabetes. Position Statement. Diabetes Care; 30(suppl. 1): S4-S41, 2007. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ADA. American Diabetes Association. Report of the expert committee on the diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care; 21 Suppl 1: S5. 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Vigitel Brasil 2008: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 112 p.: il. – (Série G. Estatística e Informação em Saúde). BRASIL. Ministério dos Esportes. Políticas de lazer e saúde em espaços urbanos. Org. Alex Branco Fraga et al. Porto Alegre: Gênese, 2009. CORRÊA, F. H. S.; et al. Influencia da gordura corporal no controle clinico e metabólico de pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. Rio de Janeiro. 47(1): 62-68, 2003. CUPPARI, L. Guia de Nutrição: Nutrição no adulto. 2ª. ed. Barueri, SP: Manole. p. 299-305. 2005. GHELMAN, L. et al. Conhecimento de portadores de diabetes mellitus atendidos em uma unidade básica de saúde, quanto às práticas de auto-cuidado com pés. Enferm. glob.; 11(26): 324-343, 2009. GIL, G. P.; HADDAD, M. C. L.; GUARIENTE, M. H. D. M. Conhecimento sobre diabetes mellitus de pacientes atendidos em programa ambulatorial interdisciplinar de um hospital universitário público. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina; 29 (2): 141-154, 2008. LAGACI, M. T.; et al. Estado nutricional de pacientes diabéticos atendidos em uma unidade básica de saúde, Campinas-SP. Cogitare Enferm.; 13(2):206-211, 2008. LIPSCHITZ, DA. Screening for nutritional status in the elderly.v. 21, n.1, 1994. SBC. Sociedade Brasileira de Cardiologia. III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arq. Bras. Cardiol.; v. 77. p. 4. 2001. SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. A importância da hemoglobina glicada (A1C) para a avaliacao do controle glicemico em pacientes com diabetes mellitus: aspectos clínicos e laboratoriais. Posicionamento Oficial, 2004. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE SBD. Sociedade Brasileira de Diabetes. Classificação etiológica do Diabetes Mellitus. In: Tratamento e acompanhamento do Diabetes Mellitus, Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2007. TOSCANO, C. M. As campanhas nacionais para detecção das doenças Crônicas nãotransmissíveis: diabetes e hipertensão arterial. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 9(4): 885-895, 2004. WHO. World Health Organization. The World Health Organization Report 2002: Reducing Risks, Promoting Healthy Life. Geneve, WHO, 2002. WHO. World Health Organization. Measuring Obesity: Classification and Distribution of Anthropometric Data. Copenhagen, Denmark: WHO; 1989. WILD, S. et al. Estimates for the year 2000 and projections for 2030. Diabetes Care; 27(5):1047-53, 2004. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE IMPACTO DA TERAPIA COM ANTICOAGULANTE ORAL NA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE DE PACIENTES EM ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL Luana Luiza Enzweiler1 Ariana Rodrigues da Silva Carvalho2; Laura Cristina da Silva Ahmann3; INTRODUÇÃO Os anticoagulantes orais (ACO) são fármacos que atuam diminuindo a coagulação do sangue, e também, intentam garantir o equilíbrio hemostático. O uso da terapia anticoagulante antivitamina K tem aumentado significativamente nas últimas décadas, devido a sua eficácia, segurança comprovada e ampla indicação. No Brasil, os dois tipos principais desses fármacos, aprovados para o uso clínico são a varfarina sódica e a femprocumona. Como principais indicações ao uso de ACO antivitamina K pode-se citar: a fibrilação atrial (FA), a trombose venosa profunda (TVP), a embolia pulmonar (EP), as trombofilias, as próteses valvares cardíacas, entre outras. O prognóstico de pacientes anticoagulados depende não só da terapêutica farmacológica, mas também de aspectos não-farmacológicos, fundamentais para o tratamento (LEIRIA et al., 2010; YOSHIDA; YOSHIDA; ROLLO, 2011). Existem muitas dificuldades associadas ao uso do ACO, dito antivitamina K, devido à instabilidade para manter o indivíduo dentro da faixa terapêutica, de acordo com sua indicação, o que gera riscos de complicações hemorrágicas e tromboembólicas. A estabilidade da terapia com ACO está relacionada a uma série de fatores, como: idade, nível socioeconômico, nível de escolaridade, custo da medicação, complicações, comorbidades, polimorfismos genéticos, uso concomitante com outras medicações, fatores psicológicos e emocionais, interação com alimentos, em especial os que possuem vitamina K, educação em saúde e acompanhamento sistemático (ÁVILA et. al, 2011; ESMÉRIO et al., 2009; LEIRIA et al., 2010; LORENZATTO, s.d.). Devido à variação no metabolismo do ACO antivitamina K, variando as doses entre sujeitos e para ele mesmo, existe a necessidade de monitoramento laboratorial frequente, que deve ser semanal durante as primeiras semanas de tratamento e, após estabilizada, o monitoramento não deve ultrapassar mais 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE do que quatro semanas (ANSELL et al., 2008; FORNARI, 2005). Dessa forma, o controle farmacológico, ou seja, a indicação da dose de ACO é realizada a partir dos resultados do exame laboratorial de coagulação do sangue. O uso das drogas anticoagulantes exige uma especial atenção em razão das complicações hemorrágicas, as estimativas anuais demonstram uma ocorrência de 2% e 8% de risco de sangramento e 1% e 3% na falha do tratamento, dessa forma, é imprescindível um controle laboratorial rigoroso do tratamento e acompanhamento por uma equipe multidisciplinar (ESMERIO et al., 2009). As comorbidades, também afetam o metabolismo dos ACO, as disfunções hepáticas são as mais preocupantes, devido ao metabolismo da droga ocorrer principalmente neste órgão, mas pode-se citar ainda, as mutações genéticas que levam a uma resistência genética a varfarina (ANSELL et al., 2008; BARBOSA; MAFEI, MARIN, 2004; SANTOS et al., 2006). Um indivíduo que faz uso de um número elevado de medicamentos deve ser uma preocupação para a terapia de anticoagulação, considerado que há uma grande quantidade de medicamentos que influenciam na farmacocinética do ACO, dentre eles, alguns antibióticos, antinflamatórios, analgésicos, drogas que atuam sobre o sistema nervoso central, dentre outros (ANSELL et al., 2008). Alguns sujeitos apontam necessidade de mais informações sobre a doença, sequelas, uso da terapia, tempo de tratamento, efeitos colaterais, situações de emergência, interações alimentares e, outras complicações do tratamento (PRINS et al., 2009). Daí a importância de um acompanhamento sistemático, em que seja aplicada a educação em saúde como um reforço positivo no auxilio do tratamento anticoagulante. Devido às exigências práticas e psicológicas da terapia de ACO podem surgir efeitos negativos e positivos com relação à percepção da saúde e qualidade de vida (CARVALHO et al., 2010). O termo QVRS tem sido utilizado quando a preocupação dos pesquisadores é investigar a influência da doença e do tratamento na qualidade de vida do indivíduo (CORBI et al., 2011). Portanto, frente a todas as exigências práticas relacionadas a terapia de ACO, faz-se necessário investigar em que medida o tratamento de ACO afeta a qualidade de vida do sujeito. OBJETIVO Investigar a QVRS entre usuários de ACO em acompanhamento ambulatorial. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE METODOLOGIA Estudo exploratório, prospectivo, descritivo e transversal. Submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná para sua apreciação e deliberação, e aprovado pelo Parecer no201/2010 – CEPE, ata no 004/2010 – CEPE, processo CR no 567/2010. A coleta de dados ocorreu de janeiro a agosto de 2012 no Ambulatório de Anticoagulação Oral do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP). Participaram da pesquisa os usuários de ACO (Marevan® e Femprocumona ®), maiores de 18 anos, que concordaram formalmente a participar do estudo. A abordagem aos usuários de ACO foi realizada no momento da coleta de exames de coagulação, dentro do próprio ambulatório, a técnica de coleta de dados foi por meio de entrevista individual e análise documental do prontuário. Foi realizada caracterização sociodemográfica e clínica, e para avaliar a QVRS foram utilizados os instrumentos Medical Outcomes Survey 36 – Item Short-Form (SF-36); Escala Visual Analógica (EVA) e o Duke Anticoagulation Satisfaction Scale (DASS), válidos e confiáveis. Os dados foram processados e analisados pelo SPSS versão 15.0. RESULTADOS Participaram do estudo 56 sujeitos, 53,6% homens, com idade média de 58 anos. A Fibrilação Atrial (44,6%) aparece como principal indicação, e a varfarina sódica (91,1%) foi o ACO mais usado. As mudanças que a terapia causou no cotidiano de 41 sujeitos (73,2%) esteve relacionada às alterações físicas, emocionais e ao próprio tratamento. As alterações físicas e emocionais foram classificadas em positivas e negativas pelos pacientes; foram mudança positiva, a melhora na disposição para as atividades do dia-a-dia, menor cansaço, menor irritabilidade, mais segurança com o tratamento; foi mudança negativa, a responsabilidade no uso correto do medicamento e também a queda de cabelo. O maior incômodo apontado por 15 sujeitos (26,8%) foram atividades relacionadas ao próprio tratamento, como: ter que lembrar-se de tomar o medicamento nos horários e na dose correta, sentimento de responsabilidade, as coletas de sangue, as consultas frequentes e as restrições alimentares; outros motivos de maior incômodo (7,1%) citados foram: a demora no resultado do exame, o deslocamento até o ambulatório, a compra do ACO, dificuldade de encontrar o ACO em farmácias e a 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE restrição de atividades que causassem risco. Na avaliação da QVRS, quando questionado sobre seu estado de saúde atual pela aplicação da Escala Visual Analógica (EVA), obteve-se média de 71 pontos; pelo SF-36, a melhor avaliação foi do domínio Saúde mental (70,9), que inclui itens como sentimentos de depressão, nervosismo, tristeza, felicidade, tranquilidade, etc. e expectativas relacionados à terapia como; cura, ausência de complicações, facilidade do uso, acompanhamento médico, etc. Estes elementos contribuíram para um melhor estado de saúde percebido e QVRS. Já a pior avaliação ficou a cargo do domínio Aspectos físicos (36,2); que inclui itens como capacidade de realizar atividades vigorosas, moderadas, maior dificuldade na realização de atividades do dia-a-dia e atividades de auto-cuidado como, por exemplo, higiene pessoal. Estes elementos contribuíram para uma piora na QVRS. Pelo DASS, a pior avaliação foi do domínio Limitação (26,1), que inclui itens como medo de expor-se a riscos e sangrar, dificuldade de realizar viagens, dificuldade no emprego, de realizar outros tratamentos de saúde, dificuldade de consumir alimentos que não afetem a terapia, etc. Contribuindo para uma piora na QVRS. Já a melhor avaliação ficou a cargo do domínio Impacto psicológico negativo; os impactos negativos estão relacionados a achar o tratamento difícil, doloroso, um sacrifício, gasto de tempo seguindo o tratamento e a relação deste na piora da qualidade de vida. Dessa forma os impactos negativos não contribuíram na piora da QVRS. CONCLUSÕES Foram entrevistados 56 sendo, (53,6%) do sexo masculino, com idade média de 58 anos. A Fibrilação atrial (44,6%) aparece como a principal indicação ao uso de ACO. Das mudanças que apareceram com o início do tratamento de ACO, tem-se as alterações físicas (67,9%), emocionais (5,4%), e ao próprio tratamento (1,8%); e o incômodo esteve relacionado a diversos motivos, mas principalmente com o deslocamento até o ambulatório. Quanto a QVRS, na avaliação global de saúde, realizado com a Escala Visual Analógica (EVA), obteve a nota média de 71; na aplicação do SF-36 a melhor avaliação da QVRS foi do domínio Saúde mental, e a pior avaliação foi do domínio Aspectos físicos; e no instrumento DASS o item que obteve melhor avaliação Impacto psicológico negativo, e o domínio que obteve a pior avaliação foi Limitação. Estima-se 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE que os resultados podem ter sido influenciados por variáveis como a idade dos sujeitos, que em sua maioria, eram idosos, mas também pelos próprios requisitos que compõe a terapia ACO, que já eram vistos como uma possível fonte de influências na QVRS. No entanto, de acordo com os resultados do instrumento DASS, fica estabelecido que as atividades relacionadas diretamente à terapia não foram elementos que afetaram a QVRS de forma significativa, e sim outras atividades, como seguir dieta, dificuldade em outros tratamentos de saúde, deslocamento, demora no resultado do exame. Tendo em vista estes resultados, fica evidente o importante papel que a equipe de saúde tem em traçar planos personalizados na atenção à saúde, entender as dificuldades e facilidades do sujeito anticoagulado, contribuindo dessa forma para bons resultados na QVRS. O instrumento DASS obteve resultados satisfatórios nesta pesquisa, no entanto, há um pequeno número de estudos que possibilitem um comparativo dos dados obtidos. Palavras-chave: anticoagulante oral; qualidade de vida relacionada à saúde; saúde do adulto; acompanhamento ambulatorial. REFERÊNCIAS: ANSELL, J. et al. Pharmacology and management of the vitamin k antagonists. American College of Chest Physicians Evidence-Based Clinical Practice Guidelines (8th edition). CHEST, v.1, p. 160-198, 2008. Supplement. ÁVILA, C.W.; ALITI, G.B.; FEIJÓ, M.K.F; RABELO, E.R. Adesão farmacológica ao anticoagulante oral e os fatores que influenciam na estabilidade do índice de normatização internacional. Revista Latino-americana Enfermagem, São Paulo, v.19, n.1, jan-fev 2011. BARBOSA, M.S.; MAFEI, F.H.; MARIN, M.J.S.; Diagnósticos e Intervenções de Enfermagem aos Indivíduos em Terapia Anticoagulante. Revista Brasileira de Enfermagem, v.57, n. 5, p. 601-604, 2004. CARVALHO, A.R.S.; DANTAS, R. A. S.; PELEGRINO, F. M.; CORBI, I.S.A.; Adaptação e validação de uma medida de adesão à terapia de anticoagulação oral. Revista Latino-Americana de Enfermagem, n.18, v.3, mai-jun, 2010. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE CORBI, I.S.A.; DANTAS, R.A.S.; PELEGRINO, F.M.; CARVALHO, A.R.S.; Qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes em uso de anticoagulação oral. Revista Latino-americana de Enfermagem, v.19, n.4, 2011. ESMERIO, F.G.; SOUZA, E.M.; LEIRIA, T.L.; LUNELLI, R.; MORAES, M.A. Uso crônico de anticoagulante oral: implicações para o controle de níveis adequados. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v.93, n.5, p.549-554, 2009. FORNARI, L.S.; Fibrilação atrial e tratamento antitrombótico em pacientes atendidos em hospital especializado em cardiologia no Brasil. Tese de doutorado. Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 2005. LEIRIA, T.L.L.; PELLANDA, L.; MIGLIORANZA, M.H.; SANT’ANNA, R.T.; BECKER, L.S.; MAGALHÃES, E.; LIMA, G.G. Varfarina e femprocumona: experiência de um ambulatório de anticoagulação. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Rio de Janeiro, v.94, n.1, 2010. LORENZATTO, W.S. Apostila descreve a Coagulação e anticoagulação oral. s.d. Acesso temporário a curso ministrado via internet em: 22 de julho 2008. PRINS, M.H.; MARREL, A.; CARITA, P.; ANDERSON, D.; BOUSSER, M.G.; CRIJNS, H.; CONSOLI, S.; ARNOULD, B.; Multinational development of a questionnaire assessing patient satisfaction with anticoagulation treatment: the ‘Perception of Anticoagulant Treatment Questionnaire’ (PACT-Q). Health and Quality of Life Outcomes, v. 7, n.9, 2009 Available from; http://www.hqlo.com/content/7/1/9 SANTOS, F.C.; MAFFEI, F.H.A.; CARVALHO, L.R.; TOMAZINI-SANTOS, I.A.; GIANINI, M.; SOBREIRA, M.L.; ARBEX, P.E.; MÓRBIO, A.P. Complicações de terapia anticoagulante com warfarina em pacientes com doença vascular periférica: estudo coorte prospectivo. Jornal Vascular Brasileiro, p.194-202, v.5, n.3, 2006. YOSHIDA, R.A.; YOSHIDA, W.B.; ROLLO, H.A.; Novos anticoagulantes para a profilaxia do tromboembolismo venoso em cirurgias ortopédicas e de grande porte. Jornal Vascular Brasileiro, v. 10, n.2, 2011. Eixo temático: Saúde do Adulto 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE PERFIL DAS PESSOAS COM DIABETES MELLITUS TIPO 2 DE UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NEIVA, Caroline Fernandes Diniz1 FELICIANO, Adriana Barbieri2 PADILHA, Roberto de Queiroz3 INTRODUÇÃO A categoria de doenças crônicas inclui tanto as doenças transmissíveis, como as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Dessa forma, pode-se enumerar o Diabetes Mellitus (DM), as doenças cardiovasculares, o câncer, as doenças mentais e a síndrome da imunodeficiência adquirida (HIV-AIDS) como exemplos de condições crônicas de saúde (OMS, 2003). O impacto dessas doenças em muitos países, nos quais há uma expressiva parcela da população de baixa e média renda, está crescendo continuamente. Verifica-se que vários países em desenvolvimento estão vivenciando uma rápida explosão de fatores de risco e mortes por doenças crônicas, especialmente em ambientes urbanos. É importante que se faça uma nova abordagem focando esforços de prevenção e controle de doenças crônicas, por meio dos profissionais, gestores de saúde bem como da população em geral (OMS, 2005). As DCNT impõem novas demandas de longo prazo aos sistemas de saúde, pois condições crônicas não só serão a causa primeira de incapacidades em todo o mundo até o ano 2020, mas também se tornarão os problemas de saúde mais dispendiosos para tais sistemas (OMS, 2003). Estima-se que aproximadamente 50% das pessoas desconhecem sua doença, e de 20 a 30% não realiza tratamento, o que contribui para o aumento na sua morbimortalidade devido ao aparecimento precoce de complicações crônicas, decorrentes do mau controle (MALERBI; FRANCO, 1992). OBJETIVOS Descrever o perfil das pessoas com DM tipo 2 segundo as variáveis sociodemográficas, de história da doença, de hábitos de vida, de morbidade referida, de acesso aos serviços de saúde. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE METODOLOGIA Trata-se de um estudo epidemiológico, do tipo seccional ou de corte transversal. A população do estudo compreendeu o universo de 102 pessoas com DM tipo 2, cadastradas em uma USF no município de São Carlos, SP. Dos 102 sujeitos identificados, 90 participaram do estudo (perda de 11,8%). Como critérios de inclusão do estudo considerou-se pessoas com idade superior a 18 anos, cadastrados na USF, que concordaram em participar da pesquisa, com diagnostico clínico de DM tipo 2 há pelo menos 6 meses. As variáveis do estudo foram agrupadas em variáveis sociodemográficas; de história da doença, de hábitos de vida; de morbidade referida e de acesso ao cuidado. O instrumento para a coleta de dados refere-se ao questionário subdividido em cinco temas: I- Historia da doença; II- Dados Sociodemograficos; IIIAspectos clínicos e de morbidades; IV- Hábitos de vida; e V- Acesso aos serviços de saúde. A coleta de dados constituiu-se de entrevistas com pessoas com DM tipo 2 por meio de visitas domiciliares realizadas pelo próprio pesquisador. Para aquelas pessoas que não foram encontradas na residência na primeira visita, realizou-se uma nova visita em horários distintos. Consideraram-se usuários não localizados após ausência em três visitas realizadas. Os dados foram coletados e organizados em uma planilha do programa Microsoft Excel, por meio de dupla digitação e posterior validação, a fim de controlar possíveis erros na transposição das informações. As variáveis foram codificadas de acordo com a resposta obtida no questionário e, quando possível, foram categorizadas para permitir maior facilidade na análise e compreensão dos resultados. A análise descritiva foi realizada por frequências absolutas/relativas. Todas as análises estatísticas foram realizadas com a utilização do software estatístico SAS® (Statistical Analisys System) - Versão 9.3. RESULTADOS Na população estudada houve predomínio do sexo feminino (63%) e a faixa etária de 71 a 91 anos correspondeu a maioria (28,9%), a idade variou de 32 a 91 anos. Quanto ao estado conjugal, 55,6% dos sujeitos se declararam casados. Quanto à composição familiar, 86,7% declararam viver com alguém, sendo que desses 34,4% residem com companheiros e filhos e apenas 13,3% declararam viver sozinhos. A 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE escolaridade foi analisada pelos anos de estudos e 47,8% apresentaram de 1 a 5 anos. Quanto à procedência, 62,3% declararam terem nascido na região sudeste. Quanto à ocupação, 35,6% correspondem a serviços gerais e 27,8% declaram do lar/diarista. Em relação à atividade remunerada, 52,2% não exercem atividade remunerada e 54,4% recebem aposentadoria e/ou pensão. Quanto à situação econômica 63,3% apresentam satisfação às suas necessidades básicas, como moradia, saúde, alimentação e lazer. Em relação à história da doença, a maioria (52,3%) dos sujeitos descobriu essa patologia a menos de cinco anos e 58,9% não apresentavam sintomas no momento que descobriram o DM tipo 2. Dos que apresentaram sintomas (41,1%), polidpisia, poliuria e emagrecimento corresponderam aos mais significativos, 12,1%; 6,6%; 5,5%, respectivamente. Referiram a unidade de saúde como o local de maior frequência do diagnóstico da doença (84,4%) dos sujeitos. Ao analisar os hábitos de vida os resultados mostraram que 84,4% dos sujeitos não são tabagistas, porém, dos 14 sujeitos (15,6%) que apresentam o hábito de fumar atualmente, 13 (14,4%) consomem cigarro e apenas 1 (1,1%) corresponde ao cigarro de palha. Quanto à frequência, o consumo de até 10 cigarros por dia correspondeu a maioria (7,7%). Quanto à ingestão de bebida alcoólica, 51,1% dos sujeitos declararam nunca ter bebido, porém, 26,6% disseram ingerir bebida alcoólica com alguma frequência. No que se refere à prática de atividade física, 72,2% não praticam nenhuma atividade. Dos 27,8% que exercem a atividade física, 18,9% realizam caminhada ao menos três vezes na semana. Em relação às complicações referidas a retinopatia e coronariopatia apresentaram maior percentual (6,7%). Em relação às comorbidades referidas, a HAS se caracterizou mais representativa com 77,8%, enquanto que as dislipidemias corresponderam a 40%. Em relação ao acesso aos serviços de saúde, 90% declararam ter procurado algum serviço de saúde nos últimos seis meses, e apenas 4,4% realizaram acompanhamento em serviços de saúde com frequência anual. 93,3% utilizam a USF para acompanhamento em saúde. Considerando o estado de saúde, 84,4% não apresentaram internação médica nos últimos dois anos. Dos 15,6% que apresentaram internação nesse período, 10% correspondeu a apenas um episodio, e 11% permaneceu até cinco dias. Em relação ao estado de saúde chama a atenção o fato de que mais de 65% deles consideraram seu estado de saúde regular ou 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ruim. Para melhor caracterização do universo de pacientes estudados realizou-se cruzamento de algumas variáveis, como história da doença, de morbidade referida, de hábitos de vida e de acesso ao serviço de saúde segundo o sexo. Os dados mostraram maior porcentagem de mulheres diagnosticadas com DM em serviços hospitalares (15,8%), a incidência de HAS (82,5%) e a obesidade (42,1%) no sexo feminino. Quanto ao tabagismo (18,1%) e a ingestão de bebidas alcoólicas foram predominantemente presentes no sexo masculino (48,4%), porém, 68,4% dos indivíduos que nunca ingeriram bebidas alcóolicas corresponderam ao sexo feminino. Em relação ao estado de saúde, 51,4% dos homens relataram excelente/bom enquanto que 70,1% das mulheres o consideraram regular/ruim. CONCLUSÕES O estudo nos mostra que a população estudada é predominantemente feminina, acima de 60 anos, com baixa escolaridade, grande parte sedentária e apresenta como comorbidades mais significativas a HAS e a dislipidemia. Como recomendação há a necessidade de capacitação permanente dos profissionais de saúde que integram as Equipes de Saúde da Família, a fim de obterem maior implementação de programas de educação em DM e protocolos clínicos, intensificarem estratégias que melhorem a adesão ao tratamento medicamentoso, e o controle metabólico no acompanhamento à saúde. Reconhecer a educação em diabetes como uma estratégia é de suma importância para que haja envolvimento da população no cuidado à saúde e na problemática que envolve o tratamento do DM tipo 2. Assim, há a necessidade de qualificar a atenção do DM com vistas a incrementar a eficácia dos serviços de saúde. PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Diabetes Mellitus. Terapêutica. REFERÊNCIAS MALERBI, D. A.; FRANCO, L. J. Multicenter study of the prevalence of Diabetes Mellitus and impaired glucose tolerance in the urban Brazilian population aged 30-69 yr. Diabetes Care, Washington, v. 15, n. 11, p. 1509-16, Nov. 1992. OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAUDE (OMS). Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação. Relatório mundial. Brasília, DF: OMS, 2003. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ______. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAUDE (OMS); ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DA SAUDE (OPAS). Prevenção de doenças crônicas: um investimento vital. Brasília, DF: OMS, 2005. Eixo temático: saúde do Adulto . 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ACOMPANHAMENTO DOMICILIAR DE PACIENTES COM DOENÇAS CRÔNICAS PELAS RESIDENTES DE FARMÁCIA E NUTRIÇÃO DO PRMSF Luna Rezende Machado de Sousa1 Paula Bianca Barbosa2 Joseane M. Andrade Mouzinho de Oliveira3 Suelen Braz de Jesus4 Fernanda do Pilar Maciel de Magalhães5 INTRODUÇÃO A Estratégia Saúde da Família (ESF) representa um norte para a assistência à saúde, baseada na responsabilização multiprofissional e atuação interdisciplinar (BRASIL, 2006). Contrapondo-se ao modelo biomédico, a ESF tem uma equipe multiprofissional como unidade prestadora dos serviços e seu foco deixa de ser somente o indivíduo, mas inclui também a sua família e contexto social, priorizando ações de prevenção, promoção e recuperação à saúde (RICIERI et al, 2006; FURTADO, 2008). Neste sentido, o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (PRMSF) visa o desenvolvimento de diferentes profissionais de saúde, num contexto de atuação crítica, reflexiva e tecnicamente competente, para uma atuação interdisciplinar na atenção primária (RICIERI et al, 2006; GEUS et al, 2011). 1 Nutricionista Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (PRMSF) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Contato: luna.rms@outlook.com (41) 9681-4686 Rua Dom Pedro I, 530 ap 26, CEP 80620-130, Curitiba-PR ² Farmacêutica Residente do PRMSF da UFPR 3 Supervisora do PRMSF da UFPR 4 Nutricionista Residente do PRMSF da UFPR 5 Preceptora do PET Pró Saúde da UFPR e do PRMSF da UFPR ² Farmacêutica Residente do PRMSF da UFPR 3 Supervisora do PRMSF da UFPR 4 Nutricionista Residente do PRMSF da UFPR 5 Preceptora do PET Pró Saúde da UFPR e do PRMSF da UFPR 3 Supervisora do PRMSF da UFPR 4 Nutricionista Residente do PRMSF da UFPR 5 Preceptora do PET Pró Saúde da UFPR e do PRMSF da UFPR 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Diferente do atendimento multiprofissional, onde o indivíduo é assistido por diferentes especialidades isoladamente, a interdisciplinaridade representa uma assistência desenvolvida e vivenciada a partir de distintos enfoques, integrando diferentes conteúdos e convergindo-os para determinado objetivo (SAAR & TREVIZAN, 2007). Assim, o PRMSF é um espaço privilegiado de construção de novos saberes e articulação de diferentes núcleos profissionais, para a formação de profissionais comprometidos com o SUS (SALVADOR et al, 2011). Dentro da ESF o cuidado domiciliar deve ser enfatizado, não apenas para os indivíduos com dificuldade de locomoção, mas como uma forma dos profissionais da saúde interagirem com o ambiente em que acontecem as relações sociais, que geram conflitos e fatores de risco de adoecer (KLOCK, HECK, CASARIM, 2005). Nas Unidades Saúde da Família (USF) estão integradas ações programáticas, focadas em grupos associados a fatores de risco específicos, como Saúde da Criança, Saúde da Mulher e Doenças Crônicas. A mudança no perfil epidemiológico da população é caracterizada pelo aumento da sobrevida da população idosa e das doenças crônicodegenerativas (KLOCK, HECK, CASARIM, 2005). Muitas destas doenças podem ser prevenidas e tratadas, concomitantemente com terapia medicamentosa, com hábitos alimentares e de vida saudáveis (SILVA et al, 2006). A promoção da alimentação saudável deve ser realizada por todos os profissionais da saúde que integram a equipe do PSF, essa prática faz com que se desenvolva a autonomia do indivíduo perante o conhecimento do processo saúde-doença (MATTOS & NEVES, 2009). A hipertensão arterial (HAS) não controlada, com as suas consequências, é a maior responsável pelos gastos do sistema de saúde no Brasil (CARDOSO et al, 2011). A incidência e prevalência da diabetes mellitus está aumentando no mundo todo, alcançando proporções epidêmicas (SILVA et al, 2006). O controle de suas complicações, bem como o tratamento, também geram altos custos para o SUS, sendo a sexta causa mais frequente de internação hospitalar no Brasil (SILVA et al, 2006). Este trabalho aborda o acompanhamento multiprofissional, de forma integrada, do profissional farmacêutico e nutricionista em pacientes inseridos no grupo do Hiperdia (hipertensos e diabéticos) de uma USF. As experiências do farmacêutico na 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Atenção Primária e na ESF ainda são incipientes, e suas atribuições pouco difundidas. Isto se deve pela falta de referencial da atuação farmacêutica no serviço, a própria Política de Assistência Farmacêutica não contempla a presença do farmacêutico em todas as suas etapas e no âmbito da Atenção Primária (RICIERI et al, 2006). Com o crescente envelhecimento da população, cresce também a terapia medicamentosa como intervenção mais utilizada pela medicina atual (FURTADO, 2008). A medicalização visa à melhoria da qualidade de vida dos pacientes, porém, também pode causar prejuízos a saúde quando não vem acompanhada com a promoção do uso racional dos medicamentos (FURTADO, 2008). Muitos pacientes fazem uso de medicamentos sem entender para que servem, como usá-los e quais outros cuidados com a saúde devem tomar para prevenir as complicações da doença, o que deve ser inadmissível na atenção à saúde (FURTADO, 2008). O conceito de Atenção Farmacêutica vem sendo ampliado, incorporando o seguimento farmacoterapêutico, caracterizado pelo acompanhamento individual dos pacientes em uso de medicamentos para a promoção da farmacoterapia racional (CONSENSO..., 2002). Muitas doenças crônicas têm como fator de risco o consumo inadequado de alimentos, com alta ingestão de produtos ricos em sódio, açúcar e/ou gorduras, que também está relacionada à falta de acesso aos alimentos saudáveis, caracterizando a insegurança alimentar (MATTOS & NEVES, 2009). Não somente como forma de prevenção, mas a alimentação saudável é fundamental no tratamento da hipertensão e do diabetes mellitus, por isso é indispensável um modelo de atenção à saúde que associe estes aspectos para uma intervenção adequada (MATTOS & NEVES, 2009). Deste modo, o nutricionista tem papel fundamental na promoção de hábitos alimentares saudáveis e orientação dietética específica para as diversas patologias. Mesmo assim, pesquisas mostram que a presença do nutricionista nas equipes do PSF é rara (MATTOS & NEVES, 2009). OBJETIVO A inclusão de outros profissionais de saúde nas equipes da ESF é uma estratégia racional para alcançar uma abordagem não fragmentada do paciente (FURTADO, 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE 2008). Este trabalho visa mostrar a importância da atuação conjunta do nutricionista e do farmacêutico na atenção primária, relatando a experiência das residentes de farmácia e nutrição, do PRMSF, no acompanhamento integral de pacientes portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus de uma USF. METODOLOGIA O acompanhamento interdisciplinar das residentes de farmácia e nutrição tem sido realizado com pacientes cadastrados no grupo Hiperdia da Unidade de Saúde da Família Alexandre Nadolny, Colombo-PR. Neste relato serão apresentados os resultados preliminares dos acompanhamentos realizados com 10 pacientes, entre 25 de março a 26 de abril de 2013. O critério de seleção foi o seu encaminhamento por profissionais de saúde da equipe, por motivos de difícil controle glicêmico e pressão arterial, ou descoberta recente da doença. Todos os acompanhamentos foram realizados em domicílio, para melhor compreensão do contexto social e cultural dos pacientes, na presença de um agente comunitário de saúde. Dados como idade, presença de doenças crônicas e analfabetismo foram coletados anteriormente às visitas, pelo prontuário. Durante o primeiro acompanhamento foi verificada a quantidade de comprimidos tomados ao dia e a presença de inadequações no uso da medicação e nos hábitos alimentares. Nos casos onde não foram verificadas inadequações alimentares ou no uso dos medicamentos reforçou-se a importância da terapia medicamentosa da alimentação saudável, porém não foram realizados outros acompanhamentos. Quando verificadas inadequações na terapia medicamentosa ou nos hábitos alimentares, foram realizadas orientações dietoterápicas específicas e quanto ao uso racional dos medicamentos, além de novos acompanhamentos, com intervalo de 5 a 15 dias, para avaliar a evolução dos pacientes, no que diz respeito a mudanças positivas no uso de medicamentos e na alimentação. Para verificar mudanças positivas, ou não, no uso dos medicamentos, foram comparados os relatos dos pacientes quanto às doses e frequência da ingestão dos comprimidos, com a prescrição médica dos mesmos. Para observar mudanças positivas nos hábitos alimentares, a nutricionista indagou se os 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE pacientes realizaram alguma modificação na alimentação após o primeiro acompanhamento. Diminuições na ingestão de alimentos ricos em sódio (temperos industrializados, sal, embutidos, enlatados, etc.), pelos hipertensos, e carboidratos simples (açúcar, doces, cereais não integrais, etc.), pelos diabéticos, foram consideradas mudanças positivas nos hábitos alimentares. Também foram comparados os parâmetros bioquímicos, de pressão arterial e glicemia capilar, aferidos até 1 mês antes do 1º acompanhamentos e após a última visita realizada, dos pacientes que continham tais dados em prontuário. Todas as orientações foram realizadas verbalmente, e na presença de cuidadores ou parentes para pacientes analfabetos. Quando o paciente era ou residia com parente alfabetizado, as orientações também foram entregues por escrito. Para auxiliar os pacientes analfabetos, foram confeccionadas e entregues “caixinhas de remédios” com divisórias para a separação dos medicamentos de acordo com seus turnos de utilização, manhã, tarde e noite (Figura 1). Figura 1 – Caixinha de Remédios: ferramenta de auxílio na terapia medicamentosa para pacientes analfabetos. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observadas no primeiro acompanhamento, e coletadas via prontuário, as seguintes características dos pacientes: Tabela 1 - Características dos pacientes acompanhados DM: Diabetes Mellitus tipo 2 HAS: Hipertensão Arterial IR: Insuficiência renal DPOC: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Dos pacientes acompanhados, houve predominância de mulheres (70%), analfabetos (80%) e idosos (70%). Dos dez pacientes que receberam o 1º acompanhamento, três deles (nº 8, 9 e 10) não necessitaram de intervenção e outros acompanhamentos, pois não foram detectadas inadequações alimentares e no uso dos medicamentos. Em análise subjetiva, o número de comprimidos em uso ao dia não parece estar correlacionado ao seu uso inadequado, já a alfabetização parece contribuir para o tratamento, visto que todos os pacientes alfabetizados (nº 9 e 10) não apresentaram inadequações alimentares ou no uso das medicações. Os dados preliminares da evolução dos pacientes que demandaram outros acompanhamentos, devido à presença de inadequações nos hábitos alimentares e/ou terapia medicamentosa, são apresentados na Tabela 2. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Todos os pacientes que receberam orientações alimentares e quanto ao uso racional dos medicamentos apresentaram mudanças positivas na alimentação e na terapia medicamentosa. Dos 5 pacientes que continham em prontuário os dados da PA aferida em até 1 mês antes ao primeiro acompanhamento e pós-acompanhamento, 4 apresentaram melhora da mesma. Os 3 pacientes que continham dados de glicemia aferida pré e pós-acompanhamento apresentaram melhora no controle glicêmico pósacompanhamento. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE CONCLUSÕES Apesar do curto espaço de tempo e falta de informações dos parâmetros bioquímicos em prontuário, a experiência do acompanhamento multiprofissional e interdisciplinar dos setores de farmácia e nutrição se mostrou positiva para a melhoria dos hábitos alimentares e uso correto das medicações em pacientes com hipertensão e/ou diabetes mellitus. Esta experiência também nos mostrou que a dificuldade de entendimento da doença e dos seus cuidados necessários influencia a adesão ao tratamento, e que a promoção das orientações de saúde pode melhorar esse quadro, desde que o profissional da saúde tenha um olhar minucioso sobre todo o contexto de vida do paciente. Integrar equipes multiprofissionais e interdisciplinares pode garantir uma compreensão mais abrangente dos problemas de saúde e intervenções mais efetivas. Entretanto, a imensa maioria das unidades assistenciais conta apenas com a chamada equipe mínima, constituída por médico, enfermeiro, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (GEUS et al, 2011). PALAVRAS-CHAVE: estratégia saúda da família; equipe multiprofissional; atenção primária à saúde; educação em saúde; doenças crônicas. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Residência multiprofissional em saúde: experiências, avanços e desafios / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Departamento de Gestão da Educação em Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 414 p.: il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde). CARDOSO, C.K., et al. 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Eixo Temático: Saúde da criança 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Cuidado em Atenção Primária na Saúde da Mulher UM ESTUDO DAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS DO COMITÊ MORTALIDADE MATERNA DO ESTADO PARANÁ Leticia Gramazio Soares1 Larissa Gramazio Soares 2 Tatiane Baratieri 3 Maria Luciana Botti4 INTRODUÇÃO As altas taxas de óbitos maternos se configuram um grave problema de saúde pública, sendo que a redução é ainda um desafio para os serviços de saúde e a sociedade. Observa-se que é um problema que atinge desigualmente todas as regiões brasileiras, com maior prevalência entre mulheres das classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais. Segundo Laurenti, Jorge e Gotlieb (2004) a mortalidade materna (MM) pode ser considerada um excelente indicador de saúde, não apenas da mulher, mas da população como um todo. O óbito materno, segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID10) é toda morte de uma mulher durante ou até 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas em relação a ela, porém não relacionada às causas acidentais ou incidentais (OMS, 1998). A MM é uma das mais graves violações dos direitos humanos das mulheres. Em 92% dos casos é uma tragédia evitável, por ocorrer principalmente nos países em desenvolvimento, onde os índices são alarmantes. No Brasil, em 2006 a taxa de MM foi de 77 óbitos por 100 mil nascidos vivos (NV). Em, 2010 foi registrado 75 óbitos para cada 100 mil NV. Para a OMS, esse número não deveria ultrapassar 20 mortes para cada 100 mil nascimentos (BRASIL, 2009; ARNS, 2010). A redução da MM é um dos Objetivos para Desenvolvimento do Milênio, o Ministério da Saúde então vem adotando uma série de medidas para melhorar a qualidade da atenção à saúde da mulher e o registro dos óbitos maternos, dentre elas a melhoria da Vigilância Epidemiológica do Óbito Materno. Assim, em 2004, através da Portaria GM/MS 1.172, definiu-se a vigilância epidemiológica da MM como uma atribuição de Municípios e 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Estados, pelo Pacto Nacional pela Redução da MM e Neonatal, que reconhece a vigilância do óbito materno, por intermédio da organização da investigação dos óbitos de mulheres em idade fértil (10 a 49 anos) e a criação dos Comitês de MM, como uma estratégia fundamental para o alcance dos seus objetivos. Em 2008, a Portaria 1119 GM/MS, regulamentou esta prática estabelecendo prazos e fluxos da investigação dos óbitos maternos para agilizar a disponibilidade de informações pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Segundo Brasil (2009) os Comitês de MM são organismos interinstitucionais, de caráter eminentemente educativo, com atuação sigilosa, não coercitiva ou punitiva. Congregam instituições governamentais e da sociedade civil organizada, contando com participação multiprofissional, visam analisar todos os óbitos maternos e apontar medidas de intervenção para a sua redução na região de abrangência. Constituem-se como importantes instrumentos de gestão que permitem avaliar a qualidade da assistência a saúde prestada a mulher, para subsidiar as políticas públicas e as ações de intervenção. Entre os objetivos dos comitês, estão as investigações das circunstâncias de cada morte materna, dentro dos primeiros 30 dias após a ocorrência; a identificação das responsabilidades técnicas e administrativas pelas mortes; a realização de estudos para saber as causas e para a definição das medidas para sanar as irregularidades; além da promoção de atividades educativas e de conscientização da comunidade e dos profissionais envolvidos na assistência à saúde da mulher. OBJETIVO Este trabalho teve como objetivo analisar a produção científica sobre óbito materno a partir de dados obtidos no Comitê de Mortalidade Materna do Paraná. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa, na qual formulou-se a seguinte questão: como são utilizados os dados do Comitê de Mortalidade Materna do Paraná para fins de pesquisa científica? Para a seleção dos artigos foram utilizadas a base de dados Scielo (Scientific Electronic Library Online). Os critérios de inclusão dos artigos foram: artigos publicados em português, no período compreendido entre 2000 a 2012. As palavras-chave utilizadas foram: Mulher, Mortalidade Materna, Comitê de 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Profissionais. A busca foi realizada pelo acesso on-line, utilizando os critérios de inclusão, a amostra final desta revisão integrativa foi constituída de artigos. Para a coleta de dados dos artigos foi elaborado um instrumento que contempla os seguintes itens: identificação do artigo original, dados dos autores, características metodológicas, intervenções, resultados e principais considerações finais encontrados. A apresentação dos resultados foi realizada de forma descritiva. RESULTADOS O Comitê de Mortalidade Materna do Paraná foi criado em 1989, moldado conforme preconização do Ministério da Saúde, a partir dele forma criados os comitês regionais e municipais, os quais atuam em rede no Estado. Os óbitos maternos discutidos nos Comitês geram muitos dados, dessa forma, é possível perceber na literatura científica publicações em periódicos da área da saúde. Foi possível verificar a publicação de 06 artigos científicos, que utilizaram dados do Comitê de MM do Paraná, sendo três em 2008 e os demais em 2006, 2009 e 2012. Os artigos foram publicados em Revistas de Qualis A, sendo elas Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (2), Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano (1), Caderno de Saúde Pública (1), Revista de saúde Materno-Infantil (1) e Revista de Enfermagem Anna Nery (1). Sobre a formação dos autores prevalecem os enfermeiros. Os objetivos dos artigos pesquisados remetem a identificar taxas e fatores de risco de MM, com foco na eclâmpsia e aborto, assim a abordagem metodológica que prevaleceu é a quantitativa. Um dos artigos apresenta a trajetória do Comitê de MM do Paraná. De modo geral, os resultados convergem para a redução da taxa de MM no Estado nos últimos anos, sendo de 65,9 por mil NV de 2008 a 2010, sendo que em outros anos já chegou a 80 por mil NV. Os estudos destacam alguns problemas a serem enfrentados tais como: 90% dos óbitos foram consideradas evitáveis; reforçam atenção adequada as multigestas; a taxa de letalidade é alta mesmo em hospitais de referência para gestações de alto risco e na mesma proporção em hospitais de baixo risco, o que aponta dificuldades no atendimento das complicações obstétricas em ambos os níveis de atenção; mulheres acima de 40 anos apresentaram maiores riscos às primigestas; confirmação da relação entre MM e baixo status socioeconômico e baixa escolaridade, bem como renda e cor; 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE relação de abortos; taxa elevada de subnotificação e problemas no preenchimento adequado de Declaração de Óbitos. Os artigos analisados demonstram claramente a inserção ético-política dos Comitês no Paraná e a relação com os Comitês regionais e municipais, a importância do Sistema de Informação de Mortalidade e comprometimento com a Vigilância em Saúde. Os artigos trazem considerações finais relevantes, dentre elas destacam-se: Avaliação do risco obstétrico na primeira consulta de pré-natal; encaminhamento oportuno das gestantes de risco para atenção especializada; o problema social da MM, sendo um deles a orfandade e desestrutura familiar causadas pela falta da figura materna; capacitação dos profissionais de municípios para o correto preenchimento da Declaração de Óbito. Destaca-se o consenso dos autores sobre capacitação dos profissionais para o atendimento às emergências obstétricas e o monitoramento do uso dos protocolos em todos os níveis hospitalares, bom como reforço no pré-natal. Os Comitês tem contribuído efetivamente para a vigilância dos óbitos maternos, identificando e corrigindo a subnotificação das MM, apontando os determinantes e medidas de prevenção. CONCLUSÃO O presente estudo conclui que a análise dos óbitos maternos realizada pelos Comitês de MM configura-se num campo rico para a pesquisa em saúde. O Comitê do Estado do Paraná, através de alguns membros e pesquisadores em geral, publicaram artigos científicos de grande relevância e contribuição para o enfrentamento da temática no país. A taxa de MM no Paraná tem apresentado redução, porém sabe-se que muito há a ser feito para o alcance de níveis próximos aos 20 por 100 mil NV considerados como relativamente baixos pela OMS, ou para nos igualarmos aos países desenvolvidos, que apresentam índices inferiores a 10 óbitos maternos por 100 mil NV. Para tanto, é necessário a atuação do Comitês, através de comprometimento dos membros, cumprimento de obrigações, capacitação, fluxo ágil e continuo de informações para que desempenhem adequadamente seu papel. Palavras-chave: Saúde da Mulher, Mortalidade Materna, Vigilância em Saúde. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica do óbito materno/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília: Ministério da Saúde, 2009. _______. Ministério da Saúde. Portaria n 1172, de 15 de junho de 2004. Regulamenta a NOB SUS 01/96 no que se refere as competências da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, na área de Vigilância em Saúde, define a sistemática de financiamento e da outras providencias. 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Eixo temático: Saúde da Mulher 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE INCIDÊNCIA DE CÂNCER UTERINO EM MORADORAS DE UMA COMUNIDADE DA CIDADE DE CASCAVEL/PR Zeneide Teresinha da Silva30 Maristela Maraschin31 INTRODUÇAO O câncer do colo de útero se desenvolve a partir das lesões cervicais precursoras que se apresentam em grau evolutivo, do ponto de vista cito histopatológico e são classificados como neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) de graus I (lesão de baixo grau), II e III (lesões de alto grau) (SAMPAIO; ALMEIDA, 2009). O fator mais importante para o desenvolvimento de lesões pré-neoplásicas e de carcinoma invasor do colo do útero é a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) e secundariamente, alta paridade, grande número de parceiros sexuais, idade no primeiro coito, baixo nível socioeconômico, tabagismo, pílula anticoncepcional e imunossupressão adquirida (AIDS) ou induzida (drogas imunossupressoras) (COELHO; COSTA, 2005). No Brasil representa o terceiro mais comum tipo de neoplasia maligna que acomete mulheres, depois do câncer de pele não-melanoma e do câncer de mama (FERNANDES, et. al, 2009). O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão, comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Com os programas de rastreamento do câncer do colo do útero realizados por meio do exame de Papanicolau (colpocitologia oncótica) foi verificado um declínio em cerca de 70% da mortalidade por este tipo de tumor, (COELHO; COSTA, 2005). O diagnóstico pode ser feito com base nos resultados anormais do esfregaço de Papanicolau, seguidos pelos resultados de biópsia identificando a displasia grave (neoplasia intra-epitelial cervical do tipo III [CIN III], lesões intra-epiteliais escamosas de alto grau [HGSIL] [também referidas como HSIL], ou carcinoma in situ, (SMELTZER; BARE, 2005). Os sinais e sintomas são avaliados, sendo realizados radiografias, exames laboratoriais e exames específicos, como a biópsia por punção e colposcopia. A detecção precoce do câncer do colo permite evitar ou retardar a progressão para câncer invasor com o uso de intervenções como colposcopia e biópsia, excisão local, conização e eventualmente a histerectomia (COELHO; COSTA, 2005). O câncer do colo do útero incide mais em mulheres de nível socioeconômico baixo, vida sexual precoce, múltiplo parceiros sexual, baixa 30 Enfermeira. Egressa do curso de Enfermagem da Universidade Paranaense/UNIPAR, campus de Cascavel. Atua na Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel/PR. E-mail zeneide7@hotmail.com Fone: (45) 99142096. Rua Cipreste 249 – Parque Verde. Cascavel/PR. 31 Enfermeira. Mestre. Docente da Universidade Paranaense/UNIPAR, campus de Cascavel/PR e Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE, campus de Cascavel. E-mail maraschin@certto.com.br Fone 99716684. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE imunidade, carências nutricionais, multíparas e fumantes. Alguns estudos sugerem o uso do contraceptivo oral como fator de risco, contudo eles podem ter sido influenciados por variáveis de confundimento, como o início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros e história prévia de doença sexualmente transmissível (TRINDADE; PRIMO, 2004). OBJETIVOS Conhecer a incidência de câncer do colo uterino em mulheres que realizaram exame de Papanicolau entre os anos de 2008 a 2011, com idade de 23 a 71 anos, na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Aclimação, localizada no município de Cascavel/PR; Identificar o perfil demográfico, socioeconômico, comportamental e reprodutivo das mulheres que apresentaram algum tipo de alteração citopatológica no exame de Papanicolau realizado na UBS do bairro Aclimação. METODOLOGIA Foi um estudo de campo, descritivo com abordagem quantitativa. O estudo foi realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Aclimação, localizada na região oeste da cidade de Cascavel/PR. Para a realização deste estudo, primeiramente foram coletados os dados secundários dos sujeitos participantes, realizado nos prontuários e/ou livro de registros das mulheres com idade entre 23 a 71 anos, que realizaram o exame de Papanicolau, nos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011. Para a coleta destes dados foi construído um formulário com questões norteadoras. Após a coleta dos dados secundários, foi realizada a segunda etapa da pesquisa com a aplicação de uma entrevista contendo 08 questões fechadas e 10 questões abertas. As entrevistas foram realizadas na casa das participantes. Os critérios de inclusão foram mulheres que realizaram o exame de prevenção do câncer do colo uterino nos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011, com idade entre de 23 a 71 anos e que já tenham iniciado a atividade sexual e que pertencem à área de abrangência da UBS Aclimação. Nos anos de 2008, 2009, 2010 e 2011, foram coletados 2.899 preventivos dos quais 33 apresentaram algum tipo de alteração, destes, 18 são pertencentes à área de abrangência da UBS e 15 provenientes de outras áreas do município. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Paranaense/UNIPAR, que envolve seres humanos, conforme resolução 196/96, conforme parecer número 51759 do dia 26 de julho de 2012. RESULTADOS Inicialmente tínhamos um total de 18 mulheres que realizaram o exame de preventivo de câncer, porém tivemos 1 (uma) mulher que recusou participar do estudo e 4 (quatro) mulheres mudaram de endereço. Diante disto, o total da amostra deste estudo foram 13 mulheres que aceitaram participar. Encontramos 2 mulheres que apresentaram NIC I, 6 mulheres apresentaram NIC I/HPV, 4 mulheres apresentaram NIC II/NIC III e 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE 1 mulher apresentou NIC III. Quanto as idades, tivemos de 23 a 27 anos encontramos 3 mulheres, de 33 a 37 anos também 3 mulheres, seguidos pelas idades de 28 a 32 anos, 38 a 42 anos e 60 anos ou mais apresentaram 2 casos para cada faixa etária, com idade de 43 a 47 anos 1 mulher. Destas, 6 são solteiras, divorciadas 3, casadas 2, separadas 1 e viúva 1. Quanto ao nível de escolaridade, possuem ensino fundamental completo 7 mulheres, ensino médio completo 3 mulheres, ensino superior completo 2 mulheres e não alfabetizadas 1 mulher. As faixas etárias de 23 a 27 anos e de 33 a 37 anos apresentaram o maior percentual de mulheres com alteração nos resultados dos exames ginecológicos 3 casos, seguidos pelas idades de 28 a 32 anos, de 38 a 42 e acima de 60 anos, com 2 casos para cada faixa etária, e as mulheres de 43 a 47 anos 1 caso. Neste estudo encontramos que a maioria das mulheres e suas famílias vivem com uma renda familiar de 1 salário mínimo, correspondendo a 6 casos, das que recebem 2 salários mínimos representam 4 casos, de 3 a 4 salários mínimos 2 e mulheres que recebem acima de 5 salários mínimos 1. Das 13 mulheres participantes deste estudo, encontramos 2 mulheres fumantes. Em relação à profissão, 2 empregadas domésticas, 2 aposentadas, 1 arquiteta, 1 esteticista, 1 vendedora, 1 encarregada de bazar, 1 operadora de caixa, 1 zeladora, 1 diarista, 1 autônoma e 1 desempregada. A idade da primeira menstruação predominou entre 13 e 14 anos. Das 13 mulheres, 10 tiveram ciclos menstruais regulares. Em relação à idade que as mulheres iniciaram a atividade sexual, 3 mulheres iniciaram com 16 anos e 3 mulheres com 17 anos, com 18 anos, 2 casos, as demais iniciaram aos 14, 19, 20, 25, 30 respectivamente. 5 mulheres fazem uso de anticoncepcional oral, 4 mulheres não utilizam nenhum método contraceptivo, 2 mulheres assimilam dois métodos preservativos/anticoncepcional oral, 1 utiliza preservativo/anticoncepcional injetável e 1 utiliza preservativo 1 mulher. A maioria das mulheres afirma que realizam a coleta do exame de Papanicolau anualmente. Neste estudo 11 mulheres relataram que fazem o exame de Papanicolau, para prevenir-se e 2 por apresentar algum sintoma. A maioria das mulheres relatou ter tido parto normal. Em relação à quantidade de filhos que cada mulher tem, encontramos 4 mulheres com 2 filhos, 3 mulheres não possuem filhos, 3 mulheres possuem 1 filho, 2 mulheres possuem 4 filhos e 1 mulher está grávida. Em relação às práticas utilizadas para a prevenção do câncer do colo uterino tivemos 5 mulheres que utilizam o uso de preservativos nas relações sexuais e a prática de exercícios físicos, 4 mulheres referiram não adotar nenhuma prática para prevenir o câncer de colo uterino, 2 mulheres relataram que cuidam da alimentação e praticam atividades físicas, 1 mulher relata que faz ginástica como forma de prevenção e 1 mulher relata possuir apenas um parceiro como forma de prevenção do câncer de colo uterino. Diante da expectativa gerada pelo resultado do exame encontramos que 5, mulheres tiveram uma expectativa positiva diante do resultado, 4 mulheres sentiram medo diante do possível resultado, 1 mulher relatou 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE sentir forte tensão emocional, 1 ter tido um pressentimento ruim em relação ao resultado, 1 diz ter ficado tranquila diante do resultado e 1 ter sentido nervosismo e ansiedade diante do possível resultado do exame. Diante dos resultados verificamos que 11, mulheres não possuem ninguém na família que tenha desenvolvido o câncer de colo uterino, 1 mulher possui 1 prima que teve o câncer de colo uterino e 1 mulher tem 1 irmã que teve câncer de colo uterino. O impacto causado pelo resultado do exame nos mostrou que 4 mulheres ficaram desesperadas, 1 destas mulheres além do desespero ficou depressiva; 1 mulher ficou paralisada, 1 mulher ficou assustada, 1 além de assustada sentiu medo e vergonha, 2 sentiram algo horrível sendo que 1 destas diz que quase morreu do coração, 1 relatou ter saído o chão, 1 ficou nervosa diante do resultado, 1 não acreditou no resultado e entregou nas mãos de Deus e 1 agiu naturalmente. Quanto ao tratamento, 11 mulheres usaram medicação via oral e intra-vaginal por um breve período, destas 11 mulheres, além do tratamento medicamentoso, 4 mulheres fizeram a conização de uma parte do colo uterino e 2 fizeram a cauterização, 1 mulher fez somente a conização e 1 não fez nenhum tipo de tratamento. Depois de realizado os tratamentos e após coleta de novos exames de Papanicolau 8 mulheres apresentaram resultados satisfatórios, 4 mulheres não sabem do resultado após o tratamento por não terem feito novamente o exame de Papanicolau, sendo que 1 destas mulheres não fez o exame novamente por estar grávida e 1 mulher não fez tratamento e não sabe quando irá fazer um novo exame de Papanicolau. Em relação às dificuldades enfrentadas atualmente, encontramos 4 mulheres que relataram não possuir nenhum tipo de dificuldade, 3 mulheres informaram que a dificuldade maior é a solidão, 3 mulheres relataram dificuldades familiares, 2 relatam como dificuldades atuais questões emocionais como cansaço e depressão, 1 relatou que a dificuldade atual é enfrentar a gravidez sozinha. Entre as perspectivas futuras das mulheres entrevistadas encontramos 3 mulheres que querem melhorar de vida em todos os níveis, 1 mulher quer terminar o ensino médio, 2 querem comprar a casa própria, 2 querem encontrar um novo companheiro, 1 quer voltar a morar no Rio Grande do Sul, 1 quer mais atenção dos filhos, 1 espera que a filha amadureça e cuide do filho que hoje mora com ela (avó), 1 espera que o pai do seu filho assuma as responsabilidades de pai e 1 quer que o filho tenha um pai presente. CONCLUSÕES Encontramos que as faixas etárias de 23 a 27 anos e de 33 a 37 anos apresentaram o maior percentual de mulheres com alteração nos resultados dos exames ginecológicos. A maioria das mulheres são solteiras, à escolaridade que prevaleceu foi o ensino fundamental completo, 6 mulheres vivem com suas famílias com uma renda de 1 salário mínimo. Diante dos resultados verificamos que 11, mulheres não possuem ninguém na família que tenha desenvolvido o câncer de colo uterino, 1 mulher possui 1 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE prima que teve o câncer de colo uterino e 1 mulher tem 1 irmã que teve câncer de colo uterino. O impacto causado pelo resultado do exame mostrou que 4 mulheres ficaram desesperadas com o resultado. Todas as mulheres que tenham iniciado atividade sexual devem realizar o exame de Papanicolau, podendo assim, detectar precocemente o câncer de colo uterino que permite a redução da morbimortalidade em mulheres. PALAVRAS-CHAVE: Prevalência, câncer uterino, mulher. REFERÊNCIAS COELHO, F. R. G; COSTA, R. L. R. Padronização em Ginecologia Oncológica. Ribeirão Preto, SP: Tecmedd, 2005. FERNANDES, J. V. et. al. Conhecimentos, atitudes e prática do exame de Papanicolau por mulheres, Nordeste do Brasil. RSP- Rev. de Saúde Pública. Vol:43 n°05. Outubro, 2009. SAMPAIO, L. C; ALMEIDA, C. F. Vitaminas Antioxidantes na Prevenção do Câncer do Colo Uterino. Rev. Brasileira de Cancerologia. Vol:55 n°03. Julho/Setembro, 2009. SMELTZER, S. C.; BARE, B. G.Brunner & Suddarth:Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10° ed. Rio de Janeiro: editora Guanabara Koogan S.A., 2005. TRINDADE, E. S; PRIMO, W. Q. S. P. Manual de ginecologia oncológica. Rio de Janeiro: MEDSI Editora médica e científica Ltda, 2004. Eixo temático: Saúde da Mulher 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE RELATO DE EXPERIÊNCIA: ASSISTÊNCIA HUMANIZADA AO PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO Andressa Larissa Dias Müller de Souza 32 Isabela Fernanda Larios Fracarolli Maria Eduarda de Carli Rodrigues Sebastião Caldeira INTRODUÇÃO A assistência pré-natal objetiva garantir a saúde materna e fetal. Para que isso seja possível é preciso garantir o cuidado integral à saúde da mulher, sendo que assistência pré-natal deve se organizar de forma a detectar às reais necessidades de cada gestante, isso se faz por meio da utilização de conhecimentos técnico-científicos disponíveis na atualidade, além dos meios e recursos adequados que são oferecidos. O intuito da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início de sua gravidez considerando seus medos, angústias, dúvidas e curiosidades, assegurando o bem-estar físico e mental da mãe, da família e do concepto. Ao acolher a mulher no pré-natal o enfermeiro deve disponibilizar um atendimento humanizado que ofereça serviços resolutivos, éticos e interdisciplinares, considerando a gestante e sua família em sua integralidade¹. Esse tipo de humanização se inter-relaciona com a definição de ambiência que se resume, no campo da saúde, como o modo de proceder ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar aos indivíduos uma atenção acolhedora, resolutiva e humana³. A assistência humanizada do pré-natal se dá por meio do acolhimento, sem intervenções desnecessárias, ou seja, acolher a gestante, assegurando a ela e ao concepto, ao fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal². Nesse cenário a enfermagem tem muito a contribuir, pois o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado pelo enfermeiro4. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda princípios essenciais para a atenção pré-natal, perinatal e puerperal. Os dez princípios fundamentais da atenção perinatal, assinalados pela OMS, indicam que o cuidado na gestação e no parto normais deve: 32 Discente, enfermagem, Unioeste, Cascavel. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE 1. Não ser medicalizado, o que significa que o cuidado fundamental deve ser previsto, utilizando conjunto mínimo de intervenções que sejam realmente necessárias; 2. Ser baseado no uso de tecnologia apropriada, o que se define como conjunto de ações que inclui métodos, procedimentos, tecnologia, equipamento e outras ferramentas, todas aplicadas para resolver um problema específico. Esse princípio é direcionado a reduzir o uso excessivo de tecnologia, ou a aplicação de tecnologia sofisticada, ou complexa, quando procedimentos mais simples podem ser suficientes, ou ainda ser superiores; 3. Ser baseado em evidências, o que significa ser embasado pela melhor evidência científica disponível, e por estudos controlados aleatorizados, quando seja possível, e apropriado; 4. Ser regionalizado e baseado em sistema eficiente de referência de centros de cuidado primário para centros de cuidado secundário e terciário; 5. Ser multidisciplinar e multiprofissional, com a participação de médicos(as), enfermeiras(os), técnicos(as) de enfermagem, agentes comunitários de saúde, educadores, parteiras tradicionais e cientistas sociais; 6. Ser integral e levar em conta necessidades intelectuais, emocionais, sociais e culturais das mulheres, seus filhos e famílias, e não somente um cuidado biológico; 7. Estar centrado nas famílias e ser dirigido para as necessidades não só da mulher e seu filho, mas do casal; 8. Ser apropriado, tendo em conta as diferentes pautas culturais para permitir lograr seus objetivos; 9. Compartilhar a tomada de decisão com as mulheres; 10. Respeitar a privacidade, a dignidade e a confidencialidade das mulheres. Esses princípios asseguram fortemente a proteção, a promoção e o suporte necessário para se atingir um cuidado perinatal efetivo. Eles estão sendo incorporados nos materiais técnicos, bem como nas ferramentas de monitorização e avaliação da OMS1 (BRASIL, 2005, p. 13 e 14). A atenção obstétrica e neonatal, prestada pelos serviços de saúde, deve ter como características essenciais à qualidade no atendimento, articulada com a humanização. É dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com dignidade e respeito a mulher e o seu filho, dando enfoque em seus direitos¹. Também se destaca o fato de que a atenção qualificada e humanizada se resume na incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias, garantindo o acesso a serviços de qualidade promovendo atividades que interagem basicamente todos os níveis da atenção, sendo eles: promoção, prevenção e assistência a saúde da gestante, desde o atendimento básico ambulatorial ao hospitalar de alto risco¹. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE A gestante pode ter um atendimento de qualidade quando no momento da consulta de pré-natal o profissional atuante garanta que ela seja ouvida, de abertura para que as suas dúvidas sejam esclarecidas, e ainda realize os procedimentos de maneira eficiente, com a intenção de diagnosticar os problemas precocemente, observando suas principais queixas e dificuldades, sendo que é nesse momento que a paciente percebe a qualidade de uma consulta realizada envolvendo a humanização. As ações de Atenção Pré-natal, Controle Pré-natal, Assistência Pré-natal, Acompanhamento Pré-natal, Cuidado Pré-natal, Consulta Pré-natal são atividades que envolvem uma série de contatos, entrevistas ou visitas programadas à gestante com integrantes da equipe de saúde. Isso promove o acolhimento da mulher desde o início de sua gestação respeitando a vivência de cada uma, construindo uma atenção de qualidade ao atendimento, onde seja valorizado as informações de cada mulher transformando-a em ações concretas. Essas atitudes permitem ainda que o atendimento á gestante seja prestado por profissionais treinados que selecionam dados necessários para a avaliação das estatísticas de serviço, proporcionando o aumento de gestações saudáveis e livre de riscos. O diálogo franco, a sensibilidade e a capacidade de percepção de quem acompanha o pré-natal são condições básicas para que o saber em saúde seja colocado à disposição da mulher e da sua família – atores principais da gestação e do parto. Uma escuta aberta, sem julgamento nem preconceitos, que permita à mulher falar de sua intimidade com segurança, fortalece a gestante no seu caminho até o parto e ajuda a construir o conhecimento sobre si mesma, contribuindo para um parto e nascimento tranquilos e saudáveis1. Nesse contexto observando a importância do cuidado pré-natal o enfermeiro deve estar ciente das atividades a serem desenvolvidas para alcançar um pré-natal humanizado, que para ser realizada com sucesso deve envolver as atividades de escuta da mulher e seus acompanhantes, realização de atividades educativas que forneçam informações relacionadas a gestação, esclarecimento de dúvidas, registro da história clínica da paciente, realização do exame físico geral e gineco-obstétrico da gestante, bem como exames laboratoriais, imunização, avaliação do estado nutricional, prevenção e tratamento dos distúrbios nutricionais, entre outros. Preconiza-se no mínimo seis consultas de pré-natal, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no último trimestre, isto é necessário para garantir uma atenção pré-natal de qualidade, na qual será possível prevenir e avaliar diversas 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE intercorrências, tais como as complicações clínico-obstétricas que tem como exemplo o trabalho de parto prematuro, a pré-eclâmpsia, descolamento de placenta, placenta prévia, entre outros. OBJETIVO Partilhar a experiência vivenciada pelas acadêmicas do Curso de Enfermagem durante o atendimento pré-natal humanizado da gestante de baixo risco, em uma instituição filantrópica. METODOLOGIA Relato de experiência vivenciado pelas acadêmicas do 4º ano do Curso de Enfermagem da Unioeste – Campus de Cascavel-PR em Atividades Práticas Supervisionadas na disciplina de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia entre maio a junho de 2012, desenvolvidas no Núcleo Assistencial Francisco de Assis (NAFA), Bairro Interlagos. RESULTADOS Durante a realização das Atividades Práticas Supervisionadas, as acadêmicas realizaram algumas tarefas que tinham como intenção a promoção da saúde da mulher. As acadêmicas iniciaram as atividades supervisionadas com a realização de grupos focais, que tinham como convidadas as futuras mães participantes do grupo de gestantes do NAFA. Nesse grupo foi possível a abordagem de temas pertinentes ao período gravídico, que se resume em alimentação saudável, desenvolvimento fetal, alterações gestacionais, exercícios na gestação, aleitamento materno, cuidados com as mamas, sinais e sintomas do trabalho de parto e parto, cuidados no puerpério e com recém-nascido, planejamento familiar dentre outros. Nesse momento foi possível apresentar as gestantes as principais dúvidas e incertezas que a mulher encontra no período gravídico, desse modo elas obtiveram maior conhecimento sobre os temas, e ainda apresentaram suas queixas e dificuldades e esclareceram suas dúvidas com relação ao período gravídico, parto e pós-parto. Após a realização dos grupos, as gestantes foram encaminhadas ao atendimento individual. Nesse período foram atendidas 28 gestantes, com idade entre 16 e 35 anos, 20 casadas e 8 solteiras. Quanto à escolaridade, 12 possuíam o segundo grau completo e 16 o primeiro grau. O período gestacional compreendeu os três trimestres, sendo 4 gestantes no primeiro, 8 no segundo e 16 no terceiro trimestre. Durante cada consulta de enfermagem de prénatal, utilizando o referencial da humanização, foi realizada a história clínica da gestante, abordando aspectos epidemiológicos, antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos juntamente com a situação da gravidez atual. Após foi realizado o exame físico geral completo, seguido do exame gineco-obstétrico, no qual se procedeu às atividades de pesagem da 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE gestante, medida da altura uterina, verificação de sinais vitais e ausculta de batimentos cardíaco fetal. Durante todo o momento as gestantes foram receptivas às orientações, levantaram dúvidas particulares sobre os temas abordados, bem como sobre a sua situação de saúde, oportunizando momentos ricos ao processo ensino-aprendizagem. CONCLUSÃO Percebeu-se que o cuidado humanizado, além da aplicação de conhecimentos técnicos e trabalho educativo, proporcionou a todos uma visão ampla sobre saúde da mulher, pois além de uma gravidez segura a gestante pode se tornar autônoma quanto ao autocuidado. A realização dessas atividades proporcionou as acadêmicas uma excelente oportunidade de aprofundarem os conhecimentos sobre o tema pré-natal, além da gratificação pelo reconhecimento positivo recebido pelas gestantes. Esse reconhecimento se deve ao fato de as acadêmicas proporcionarem a gestante a assistência de cuidado humanizado, quem em várias situações não é oferecido por muitos profissionais da saúde, desse modo a paciente reconhece esse cuidado diferenciado e volta para sua casa com um sentimento de satisfação proporcionada pela consulta pré-natal humanizada. Palavras-chave: Pré-natal; gestante; enfermagem. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada. BRASÍLIA – DF, 2005. _______. Decreto n. 94.406/87. Regulamenta a Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre o exercício profissional de enfermagem. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Ambiência/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 32 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde). CASCAVEL. Manual de Pré-natal e Puerpério. Cascavel: Secretaria Municipal de Saúde, 2010. Eixo temático: Saúde da Mulher 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE DE PUÉRPERAS NO NÚCLEO ASSISTENCIAL FRANCISCO DE ASSIS: RELATO DE EXPERIÊNCIA Angela Elisa Breda33 Laura Ahmann1 Louise Polina1 Priscila Rodrigues Xavier1 Tanielle Amanda Sulzbacher1 Michelle de Marchi Sanches34 INTRODUÇÃO A disciplina de Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia compõe a grade curricular do curso de graduação em Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. A mesma compreende 221 horas-aula, dentre as quais 119 horas são aulas teóricas, 65 horas compreendem Aulas Práticas Supervisionadas e 37 horas são reservadas à Atividade Prática como Componente Curricular (APCC). A APCC é direcionada à realização de atividades educativas e orientações a um grupo, referentes à disciplina supracitada. Um dos objetivos da referida disciplina consiste em proporcionar educação e promoção da saúde para a mulher, levando em conta a participação da mesma na sociedade e comunidade. Os alunos da 4ª série do curso de Enfermagem, supervisionados por docente da disciplina em questão, participam desta prática, promovendo orientações para a Educação e Promoção da Saúde das puérperas que frequentam o Clube de Mães do Núcleo Assistencial Francisco de Assis - NAFA, abordando conteúdos relacionados ao período puerperal e valorizando os aspectos fisiológicos e emocionais do pós-parto. A Educação em Saúde representa um dos principais elementos para a Promoção da Saúde. Constitui-se como uma forma de cuidar que leva ao desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva, que permite a emancipação dos sujeitos ao possibilitar a produção de um saber que contribui para Discentes da 5ª Série do curso de Enfermagem Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Discente da 5ª série do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE; Rua Universitária, 2069; Jardim. Universitário - Cascavel – PR; telefone: (45) 9906-7952; e-mail: laura_ahmann@hotmail.com 2 Enfermeira, especialista em Cuidados Intensivos Neonatais, docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 33 1 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE que as pessoas possam cuidar melhor de si e de seus familiares (SANTOS; PENNA, 2009). Vasconcelos apud Cardoso; Pereira (2010) afirma que: “... é um campo de práticas e de conhecimentos que tem se ocupado com a criação de diálogos entre a ação profissional e o pensar e o fazer cotidiano da população”. Assim, para Cardoso; Pereira (2010) o conhecimento técnico-científico e o saber popular devem caminhar juntos a fim de promover a permuta de conhecimentos e informações entre os diferentes sujeitos que se encontram nos serviços de saúde (profissionais de saúde, pacientes e/ou usuários do sistema de saúde). Teixeira; Ferreira; Queiroz (2010) afirmam que novos tempos e modos de ensino de Educação em Saúde são necessários para que a enfermagem alcance maior grau de autonomia, realize mudanças na sua prática social a fim de beneficiar-se da potencialidade que possui para o desenvolvimento das ações educativas e que embora haja um movimento de mudança, persiste ainda uma prática tradicional de Educação em Saúde nos serviços, que coloca o usuário do sistema em uma posição passiva diante do educador. Em relação à prática educativa em saúde, o trabalho em grupo pode ser utilizado como estratégia, pois a construção deste acontece a partir das interações entre seres humanos de forma dinâmica e reflexiva, uma vez que a técnica de trabalho com grupos promove o fortalecimento das potencialidades individuais e coletivas, a valorização da saúde, a utilização dos recursos disponíveis e o exercício da cidadania (ALONSO, 1999 apud REBERT; HOGA, 2005). Souza et al (2005) referem que ao participar de um grupo, cada indivíduo tem a possibilidade de expressar seu pensamento, dar sua opinião, seu pondo de vista ou seu silêncio, constituindo-se em importante ferramenta para a conscientização crítica dos indivíduos a respeito de seu meio social e suas condições de vida e saúde. De acordo com os autores supracitados, no trabalho realizado com grupos emergem possibilidades a partir do compartilhamento do conhecimento que advêm das experiências e juntos estes indivíduos podem perceber o potencial que o grupo tem para organizar e concretizar ações de mudança. O relato de experiência em questão faz referência a um conjunto de mulheres reunidas em um “grupo de puérperas” que busca compartilhar espaços de informações/orientações relacionadas aos cuidados com o recém-nascido, modificações do organismo materno no puerpério, métodos contraceptivos, aleitamento materno e outros assuntos 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE pertinentes ao período puerperal. Com relação à avaliação puerperal, desde a década de 80 do século passado, através do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, a assistência ao puerpério imediato é preconizada pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 1984 apud CARDOSO; PEREIRA, 2010). Para os autores, o período pós-parto é marcado tanto por alterações biológicas, quanto emocionais e sociais, portanto, devem ser levadas em consideração as possibilidades de trabalhar ações que assegurem uma atenção integral à saúde da mulher capaz de promover uma assistência obstétrica qualificada e humanizada como previsto no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. OBJETIVOS Descrever as ações de Promoção e Educação em Saúde para as puérperas e analisar a visão das mesmas sobre este espaço de encontro para o grupo. METODOLOGIA O cenário deste estudo foi o Núcleo Assistencial Francisco de Assis – NAFA que está localizado no Bairro Jardim Interlagos, no município de Cascavel – PR. A instituição é mantida pela Sociedade Espírita Paz Amor e Luz – SEPAL e objetiva assistir a população da região, que é predominantemente carente. Um dos grupos atendidos pelo NAFA é denominado Clube de Mães, e desde 1998 atende gestantes e puérperas oportunizando o estudo da Doutrina Espírita, a doação de alimentos, roupas, aulas de crochê e costura e a realização de práticas educativas, para instruir as participantes sobre a saúde da mulher e da criança. É formado por cerca de 30 mulheres que caracterizam faixa etária de 20 a 35 anos, sejam elas gestantes ou puérperas (SEPAL, s/d). Para a atividade em questão participaram somente as puérperas e nutrizes e os temas para a prática de Educação em Saúde foram decididos em consulta à coordenação do NAFA que expôs as necessidades do conjunto. Os cônjuges ou outros familiares não participaram da atividade devido ao horário que a mesma era realizada. Os alunos foram subdivididos em grupos de cinco a seis, e cada subgrupo teve a oportunidade de elaborar a Educação em Saúde destacando os seguintes assuntos: Higiene do recém-nascido e Higiene da puérpera; Doenças Sexualmente 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Transmissíveis; Consulta Puerperal e Métodos Contraceptivos; Problemas Mamários e Infecção Puerperal; Transtornos Psicológicos e Psiquiátricos no Puerpério; Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Participaram do estudo 32 alunos, no período de setembro a outubro de 2012, e os encontros aconteceram semanalmente, às quintasfeiras no período da manhã. Os discentes ministraram aulas expositivas dialogadas, com auxílio de computador e multimídia, bonecos, banheira, bacias, roupas, fraldas, próteses mamárias (manequins), entre outros, sob supervisão da docente da disciplina Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia. RESULTADOS Durante o exercício da prática educacional em saúde era oportunizado às participantes esclarecerem suas dúvidas, colaborando com os seus conhecimentos cotidianos inerentes à comunidade onde residem e contribuindo assim para desmistificar algumas práticas equivocadas, enriquecendo o conteúdo do trabalho. Além das orientações para a saúde da mulher no puerpério também foram orientados os cuidados e principais intercorrências relacionadas ao recém-nascido, conforme dúvidas das mesmas. Por incentivo das mulheres, de acordo com a demanda e as dúvidas apresentadas por elas, decidiu-se por abordar temas que não estavam no cronograma tais como: conhecimentos sobre o calendário vacinal da criança e orientações quanto à realização da puericultura, dentição da criança, planejamento familiar, sexualidade, entre outros. Este fato demonstra o interesse das mulheres por outros assuntos importantes dos quais elas não tinham conhecimento, uma vez que estas se sentiram à vontade para questionar sobre diversos temas. O uso de bonecos, manequins e outros recursos, segundo as mulheres, favoreceu a observação da prática correta de alguns cuidados realizados por elas tais como banho do recém-nascido, higiene e troca de fraldas, amamentação, e outros. A fala das mulheres nos revela que estes encontros favoreceram a troca de experiências e de conhecimentos com as outras mulheres sobre os assuntos relacionados à saúde da mulher e recém-nascido no período pós-parto. A participação em grupos, para Cardoso; Pereira (2010) facilita a interação equipe de saúde/puérpera e auxilia as pessoas a entenderem melhor o contexto em que estão inseridas. As mulheres criam vínculos entre si e trocam experiências, com o propósito 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE de aprenderem com os profissionais e com todos os participantes do grupo (entre as próprias mulheres). As participantes também apontaram que sentiram-se à vontade para esclarecer dúvidas, devido ao grupo ser pequeno. Referem como ponto negativo o fato de terem que levar os filhos, pois devido ao horário em que era realizada a atividade, não tinham com quem deixá-los. CONCLUSÕES Partilhar saberes com a finalidade de promover a saúde através de ações educativas possibilita a construção de conhecimentos em conjunto com a comunidade. Consideramos que espaços para grupos como estes devem ser incentivados visto que enriquecem a prática profissional oportunizando aos alunos e às mulheres um espaço de acolhimento e educação para a saúde. O espaço criado para esta prática proporcionou às mulheres o esclarecimento de dúvidas que não foram elucidadas durante a gestação ou nas consultas de pré-natal e a participação de forma ativa, trocando experiências, retirando dúvidas, diminuindo medos/ansiedades, contribuindo para promover a saúde do grupo. PALAVRAS CHAVE: Saúde da Mulher; Período pós-parto; Grupo Social; Educação em Saúde. REFERÊNCIAS: BACKES, V.M.S.; LINO, M.M.; PRADO, M.L.; REIBNITZ, K.S.; CANAVEN. B.P. Competência dos enfermeiros na atuação como educador em saúde. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 61, n. 6. Dez.. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672008000600011&l ng=en&nrm=iso>. Acesso em: 21 abr. 2013. CARDOSO, N.D.; PEREIRA, A.V. Práticas interdisciplinares de acolhimento, educação em saúde e avaliação pós-parto em grupo de puérperas. Rev. APS, Juiz de Fora, v. 13, n. 4, p. 421-431, out./dez. 2010. Disponível em: http://www.aps.ufjf.br/index.php/aps/article/viewArticle/1019. Acesso em: 15 abri. 2013 REBERT, L.M.; HOGA, L.A.K. O desenvolvimento de um grupo de gestantes com a 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE utilização da abordagem corporal. Texto Contexto Enferm. v. 14, n. 2, p. 186-192. Abr-Jun. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v14n2/a05v14n2.pdf. Acesso em: 21 abr. 2013. SANTOS, R.V.; PENNA, C.M.M. A educação em saúde como estratégia para o cuidado à gestante, puérpera e ao recém-nascido. Texto Contexto Enferm, v. 18, n. 4. pp. 652-660. Out- Dez. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v18n4/06.pdf. Acesso em: 21 abr. 2013. SEPAL. Sociedade Espírita Paz, Amor e Luz. Núcleo Assistencial Francisco de Assis – NAFA. Disponível em: http://sepalcascavel.com/institucional/departamentos/nucleoassistencial-francisco-de-assis-nafa/. [S. d.]. Acesso em: 15 abril, 2013. SOUZA, A.C.; COLOME, I.C.S.; COSTA, L.E.D.; OLIVEIRA, D.L.L.C. A educação em saúde com grupos na comunidade: uma estratégica facilitadora da promoção em saúde. Rev. Gaucha Enferm., Porto Alegre (RS) 2005 ago.; 26(2): 147-53. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4547. Acesso em:15 abri.2013 TEIXEIRA, E.; FERREIRA, D.S.; QUEIROZ, A.M. Educação em Saúde: experiência de avaliação em uma disciplina de pós-graduação. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2010;12(4):775-9.Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/index.php/fen/article/view/ 5819. Acesso em: 22 out.2012. Eixo temático: Saúde da Mulher 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ADOLESCÊNCIA E GESTAÇÃO: DADOS DE UMA UNIDADEDE SAÚDE DA FAMÍLIA DE COLOMBO - PR Fernanda do Pilar Maciel de Magalhães1 Paula Francislaine Moura2 Arícia Vanessa Brasileiro Sampaio3 Aislaine Poplade Pereira de Mattos4 Juliana Bertolin Gonçalves5 Ana Cristina da Rosa6 INTRODUÇÃO A adolescência, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), compreende faixa de 10 a 19 anos de idade de um indivíduo, delimitando a evolução entre a infância e a idade adulta, ocorrendo assim uma transição de um estado de dependência para outro de relativa autonomia. Período este que é caracterizado pelo crescimento rápido e desenvolvimento da personalidade, o que pode gerar estresse, conflitos e instabilidade emocional, além de intensas transformações psicossociais e biológicas (WHO, 2005; BERLOFI et al,2006; ACCIOLY; LACERDA; SAUNDERS, 2009; YAZLLE; FRANCO; MICHELLAZO, 2009). Elegendo-se assim como temas prioritários a esta faixa etária o uso abusivo de drogas, os acidentes de trânsito, as violências, as doenças sexualmente transmissíveis e as gestações não planejadas. (MS, 1999) Frequentemente é nesse período que ocorre a iniciação sexual, o que gera preocupações, seja pela possibilidade de gestações indesejadas ou pelas doenças sexualmente transmissíveis (YAZLLE; FRANCO; MICHELLAZO, 2009) A gravidez ocorrendo simultaneamente com a adolescência revela complicações, pois requer reestruturação em diversas dimensões como novas mudanças de identidade e papéis sociais. (MOREIRA et.al, 2007) Apesar de muito frequente, nem sempre a gestação na adolescência se torna um evento único, pois para muitas jovens esta situação acaba se repetindo. Em diversos casos mulheres que iniciam a maternidade na adolescência, tendem a ter um número maior de filhos em toda sua vida reprodutiva, devido a primeira gestação não ser planejada, ou até mesmo indesejada, fazendo com 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE que a probabilidade das seguintes gestações adquirirem este caráter ser altíssima (BERLOFI et al,2006). Diversos estudos abordam a questão da gravidez precoce demonstrando resultados obstétricos e perinatais desfavoráveis, como aumento dos índices de baixo peso ao nascer (BPN – peso ao nascer menor que 2,5 Kg), restrito crescimento intrauterino, recém nascidos pré-termo (RNPT – idade gestacional ao nascer menor que 37 semanas), aborto espontâneo, sofrimento fetal intraparto, parto por cesárea, diabetes gestacional, pré eclampsia e dificuldade de amamentação o que influenciou negativamente sobre o prognóstico infantil, com consequente elevação dos custos do setor de saúde. (ACCIOLY; LACERDA; SAUNDERS, 2009; YAZLLE; FRANCO; MICHELLAZO, 2009) Quanto à questão social, a gravidez nesta época pode ocasionar repercussões sociais negativas na evolução pessoal, profissional e no núcleo familiar (YAZLLE et al, 2004). Altas taxas de evasão escolar também são vistas nesse período, chegando a aproximadamente 30% (WHO, 2004). Das complicações que se estendem ao recém-nascido de mães adolescentes, observa-se aumento na incidência de desnutrição, maus tratos e cuidados, podendo persistir com o aumento da idade. Na infância, durante o primeiro ano de vida principalmente, há maior incidência de desnutrição e acidentes domiciliares (MALAMITSI-PUCHNER; BOUTSIKOU, 2006). Existem estudos que abordam a questão da repetição da gravidez nessa faixa etária, e foram observadas as seguintes características comuns às adolescentes que apresentaram nova gestação: menarca precoce, primeira relação logo após a menarca, repetição escolar, abandono da educação formal, ocupação não remunerada, família em condição de pobreza, envolvimento com parceiro mais velho, coabitação com o parceiro, baixa utilização de preservativo, pai ausente, aborto prévio, ausência de consulta de puerpério reação positiva da família à gestação e antecedência familiar de gestação na adolescência (PERSONA; CHIMO; TARALLO, 2004). Essas informações precisam ser consideradas para propostas de programas de atenção a adolescentes, 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE visando à prevenção da gravidez e sua repetição (YAZLLE; FR ANCO; MICHELLAZO, 2009). Tendo em vista o desenvolvimento tecnológico que hoje presenciamos no campo da contracepção e dados os avanços no âmbito da saúde sexual e reprodutiva, disponibilizar informações e meios de acesso relacionados aos métodos anticoncepcionais existentes é essencial para uma proposta de prevenção. De modo a oferecer escolhas, gerando segurança para que os jovens possuam a capacidade de reproduzir, porém com a liberdade para tomar suas próprias decisões quanto ao seu melhor momento (BERLOFI et al,2006). Em 2007, dados do Sistema Único de Saúde (SUS) revelavam que cerca de 25% das internações de parto e puerpério registradas correspondiam a adolescentes entre 10 e 19 anos. (ACCIOLY; LACERDA; SAUNDERS, 2009). Visto a importância do tema em questão, este trabalho tem por finalidade debater índices atuais de fecundidade em âmbito nacional, estadual, municipal e local. Exemplificando dados obtidos em uma Unidade de Saúde do Município de Colombo – PR. OBJETIVOS Levantar a ocorrência da situação de gestação na adolescência em unidade de saúde da família do município de Colombo-PR. METODOLOGIA Realizou-se um estudo utilizando como fontes de pesquisa dados eletrônicos disponibilizados pelo Ministério da Saúde – Saúde da Criança e do Adolescente, Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, com o intuito de abordar de forma clara e objetiva os índices de gravidez na adolescência, realizando uma abordagem de nível nacional, estadual, municipal e local exemplificando a realidade de uma Unidade de saúde em ColomboPR. Os índices avaliados nesta pesquisa são referentes ao período de 2005 a 2013. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Analisou-se então os dados obtidos, visando debater os riscos de uma gestação indesejada e/ou reincidência gestacional nesta faixa etária. RESULTADOS Segundo o Censo de 2010 do IBGE, as adolescentes representam 35,8% do total de mulheres em idade fértil no Brasil, sendo que 8% já tiveram filhos e 16% destas já possuem dois ou mais filhos. O que demonstra taxa considerável de reincidência. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2005 e 2009 o número de partos realizados entre adolescentes caiu 22,4% se comparado à década anterior. Já em janeiro de 2013, o SIAB em seu levantamento apontou a prevalência de 21,5% de gestantes com idade inferior a 20 anos. Nas informações estatísticas disponibilizadas pelo SIAB, entre o ano de 2012 e 2013 os índices revelaram uma queda de 22, 9%. O que pode revelar uma maior atenção para esta questão nesse período, como programas e ações voltadas a este tema. No estudo realizado por Borges, Nichiata e Shor em 2006 foi evidenciada a presença da escola como promotora de educação sexual, sendo relatada por 85,9% dos adolescentes que já participaram de atividades desta natureza. No entanto, quando referida, a escola apresenta-se de forma predominante como fonte de informações e esclarecimento de dúvidas sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis DST’s/ AIDS e não como ambiente de discussões sobre o planejamento familiar. A pesquisa também identificou a importância da família como fonte de informação sobre sexualidade. O estudo apontou que os amigos são a escolha para esclarecimento de dúvidas, seguido dos pais, quando criado um espaço possível de diálogo e em terceira opção o ambiente escolar. No Paraná, o índice de gestantes adolescentes apontado pelo SIAB, em relação ao ano de 2010 apresentou uma diminuição de 1% caindo de 21% a 20% em janeiro de 2013 comparado ao total de gestantes. A mesma prevalência foi registrada no Município de Colombo-PR no ano de 2013. Num estudo realizado por Aquino et al, em 2003 nos municípios de Porto Alegre, Rio de janeiro e Salvador onde se entrevistou 4634 jovens (47,2% do sexo masculino e 52,8% do sexo feminino), a experiência de gestação antes dos vinte anos 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE foi relatada por 21,4% dos homens e 29,5 % das mulheres. Sendo que, na primeira gestação adolescente, a maioria dos jovens entrevistados não estava planejando a gravidez (85,6% dos homens e 70,3% das mulheres), porém somente 36,3% dos rapazes e 31,4% das moças declararam estar em uso de algum método de contracepção por esta ocasião. Torna-se importante destacar que a maioria das gestações ocorreram durante relacionamentos afetivos e não em relações eventuais, sendo que em relação as mulheres, 56,2% foram com o parceiro que se iniciaram sexualmente. Foi verificada a diminuição do uso de contraceptivos conforme o tempo de relacionamento com o mesmo parceiro. Já em âmbito local, em uma Unidade de Saúde no município de Colombo - PR a análise do total de gestantes cadastradas, quanto ao número de gestantes com idade inferior a 20 anos, revelou o índice de 36% com relação ao total, registrando uma acentuada prevalência na região. Segundo o Ministério da Saúde, filhos de mães muito jovens são mais propensos a morrer de desnutrição e problemas infecciosos no primeiro ano de vida (MS,1999). Informação esta que pode ser confirmada pelo Censo de 2010 do IBGE que apresentou um percentual de 2,5 de nascidos mortos entre o total de filhos tidos por mães adolescentes, representando assim 0,9 % do total de nascidos mortos. CONCLUSÃO A adolescência repleta de novos desafios, desejos e aprendizagens representa uma fase de construções, tanto da própria identidade do jovem, quanto dos processos de preparação para uma vida adulta plena. Nela se definem as oportunidades de um futuro profissional e as perspectivas da obtenção de uma situação financeira adequada que garanta qualidade de vida. Sendo assim, este período possui extrema importância, no sentido de garantir a preparação do indivíduo para que, de forma independente, consiga fazer as melhores escolhas para seu futuro. A educação em saúde pode colaborar na prevenção de muitas situações indesejáveis e que podem gerar risco de adoecimento. A gravidez na adolescência pode acarretar problemas de saúde para a mãe e para a criança, sobretudo em situações de 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE maior vulnerabilidade relacionadas à questões sociais, psicológicas e de saúde mais críticas. A prevenção da gestação na adolescência deve também ser discutida nos casos dos primeiros relacionamentos afetivos, visando o planejamento familiar, visto que a maioria das gestações em menores de 20 anos se fazem dentro deste cenário. Considerando a importância deste público e os riscos à saúde a que estão expostos, programas e ações visando à prevenção e a informação do adolescente devem ser fortalecidos, de modo que a escola não seja o único lugar de informação segura sobre sexualidade para os adolescentes. A responsabilidade por este grupo deve ser realizada de forma intersetorial entre escolas, unidades de saúde, pais e comunidade. A promoção de uma educação sexual mais adequada ao momento de vida em que vive o adolescente deve ser uma meta a ser atingida. Torna-se fundamental também a utilização de uma abordagem mais humanizada e acolhedora por parte dos setores da educação e da saúde sobre a temática, no sentido de se evitar constrangimentos por parte dos adolescentes quando o assunto é tratado e para que haja o devido esclarecimento das dúvidas mais recorrentes. As unidades de saúde da família podem contribuir muito neste aspecto, trabalhando essa temática junto às famílias de sua área de abrangência, cumprindo, dessa forma, seu papel perante a sociedade no sentido de promover a abordagem mais adequada para todos os assuntos que envolvem o planejamento familiar. PALAVRAS CHAVE: Gestação; Adolescência; Educação Sexual; Planejamento Familiar; Colombo-PR. REFERÊNCIAS ACCIOLY, E. SAUNDERS, C. LACERDA, E.M.A. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009. AQUINO, E. M. L. Adolescência e reprodução no Brasil: a heterogeneidade dos perfis sociais. Cad. de Saúde Pública, Rio de janeiro, 19(Sup. 2):S377-S388, 2003. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE BERLOFI, L. M. ALKMIN, E. L C. BARBIÉRI, M. GUAZZELLI, C. A. F. ARAUJO, F. F. Prevenção da reincidência de gravidez em adolescentes: efeitos de um Programa de Planejamento Familiar. Acta Paul Enferm 2006;19(2):196-200. BORGES, A.L.V.; NICHIATA, L.Y.I.; SCHOR, N. Conversando sobre sexo: a rede sócio familiar como base de promoção da saúde sexual e reprodutiva de adolescentes. Rev. Latino-am. Enfermagem.14(3):422-7. maio-junho, 2006 BRASIL. Ministério da Saúde – Saúde da criança e do adolescente. Disponível em http://www.brasil.gov.br/sobre/saude/saude-da-crianca-e-do-adolescente/gravidez-naadolescencia, acessado em 04 de março de 2013. ________.Ministério da Saúde - Saúde e Desenvolvimento da Juventude Brasileira: Construindo uma Agenda Nacional. Brasília: M, 1999. _______. Ministério da Saúde - Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB. Disponível em http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?siab/cnv/SIABSPR.def , acessado em 10 de abril de 2013. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. CENSO 2010 Disponível em http://www.ibge.gov.br/paisesat/main_frameset.php Acesso em: 14 de abril de 2013 MALAMITSI-PUCHNER, A., BOUTSIKOU, T. Adolescent pregnancy and perinatal outcome. Pediatr Endocrinol Rev. 3 Suppl 1:170. 2006. MICHELAZZO D, YAZLLE MEHD, MENDES MC, PATTA MC, ROCHA JSY, MOURA MD. Indicadores sociais de grávidas adolescentes: estudo caso-8. controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 26(8):633-9. 2004. PERSONA, L., SHIMO, A.K., TARALLO, M.C. Perfil de adolescentes com repetição da gravidez atendidas num ambulatório de pré-natal. Rev Latino-am Enfermagem. 12(5):745-50. 2004. WHO. World Health Organization. Adolescent pregnancy: issues in adolescent health and development [WHO Discussion Papers on Adolescence]. 12. Geneva: WHO, 2004. ________. World Health Organization. Discussion papers on adolescence. Nutrition in adolescence- issues and challenges for the health sector: issues inadolescent health and development. Geneva. WHO, 2005. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE YAZLLE, M.E.H.D; FRANCO, R.C; MICHELLAZO, D. Gravidez na adolescência: uma proposta para prevenção. Rev Bras Ginecol. Obstet. 2009; 31(10):477-9, 2009. Eixo temático: Saúde da Mulher 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL ENTRE MÃES DE MENORES DE UM ANO DE IDADE QUE EVOLUÍRAM PARA ÓBITO35. Jéssica Andrade Tizziani36 Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari37 Flávia Lopes Sant’Anna38 Bianca Martins Marcos Evanilde dos Santos Carneiro39 Bianca Martins Marcos40 INTRODUÇÃO O acompanhamento pré-natal foi criado com o intuito de que toda gestação termine com o nascimento de um bebê saudável e sem danos á saúde da mãe. É de extrema importância que a mulher realize o pré-natal, pois, isso pode evitar problemas, além de oferecer a gestante mais tranquilidade e confiança durante esse período tão especial (BRASIL, 2001). O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher precocemente, ou seja, desde a confirmação de sua gravidez, pois é um período de mudanças físicas e emocionais, que cada gestante vivencia de forma diferente. Essas transformações podem gerar medos, dúvidas, angústias, fantasias ou simplesmente a curiosidade de saber o que 35 Trabalho extraído do Projeto de Pesquisa: “Mortalidade Infantil: trajetória percorrida do adoecimento ao óbito, Londrina-PR”, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG), Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. 36 Estudante do 3º ano do curso de Enfermagem. Colaborador do Projeto. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço:Rua. Pará, 1907, Centro, CEP: 86020410. Email: Jéssica_tizziani@hotmail.com 37 Enfermeira, Doutora. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 38 Enfermeira. Mestre. Professor Auxiliar do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 39 Estudante do 3º ano do curso de Enfermagem. Colaborador do Projeto. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço:Rua. Uruguai, 674, Centro, CEP: 86010-210. Email: evanilde.carneiro@hotmail.com 40 Estudante do 3º ano do curso de Enfermagem. Colaborador do Projeto. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço:Rua. Pará, 1907, Centro, CEP: 8602410. Email: bia_marcos13@hotmail.com 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE acontecerá com seu corpo durante esse período. Para que ocorra uma gravidez segura, são necessários cuidados da própria gestante, do parceiro, da família e, especialmente, dos profissionais de saúde (BRASIL, 2000). Uma atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias. Portanto, deve incluir ações de prevenção e promoção da saúde, além de diagnóstico e tratamento precoce e adequado dos problemas que poderão ocorrer neste período (Brasil 2005). Além disso, durante o pré-natal, a gestante recebe informações sobre cuidados importantes como o aleitamento materno, alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos. Assim sendo, há a necessidade de que a equipe de assistência seja treinada e preparada para o trabalho educativo e aborde, nas consultas, assuntos que envolvam a importância do pré-natal, sexualidade, desenvolvimento da gestação, modificações corporais e emocionais, sinais e sintomas do parto, cuidados com o recém-nascido, entre outros, a fim de cessar todas as dúvidas, mitos e medos da gestante (BRASIL, 1998). Com relação aos exames, estes são realizados já quando é detectada a gravidez e são fundamentais em termos de prevenção e/ou detecção precoce de patologias tanto maternas como fetais, possibilitando o desenvolvimento saudável do bebê e reduzindo os riscos de morbimortalidade materna. São eles os testes de sangue, grupo sanguíneo, coombs indireto (se necessário), glicemia, VDRL, urina, sorologia anti-HIV (que identifica presença do vírus da Aids), sífilis, hepatite B e C, toxoplasmose, rubéola e estreptococos, além de outros solicitados quando a gestante for de alto risco, como é o caso de obesidade, diabetes, problemas cardíacos e histórico de aborto. Nesses casos o pré-natal requer maior atenção e a gestante deve ser encaminhada para hospitais ou centros de saúde que possam cuidar melhor da gestação (VANNESTE et al, 2000). Visto que a mortalidade materna e infantil é um importante indicador de saúde e de realidade social de um país por estar relacionado ao nível socioeconômico, a qualidade da assistência, a iniquidade entre os gêneros, qualidade e acesso aos serviços de saúde e a determinação política de promoção da saúde pública, teoricamente a assistência pré-natal de qualidade, de fácil acesso, poderia reconhecer precocemente os 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE sinais ou os fatores de risco para morbidade e mortalidade materna, permitindo, dessa forma, que intervenções apropriadas fossem instituídas. Infelizmente, a efetividade da detecção das condições gestacionais parece não estar sendo eficaz para prevenir as mortes maternas e infantis, além de não garantir o emprego adequado dos recursos. Entretanto, não se pode ignorar seu valor na detecção e tratamento das complicações relacionadas à gravidez, além de permitir o correto planejamento do parto com atendimento institucional apropriado (BRASIL, 2005). No Brasil, vem-se registrando aumento do número de consultas de pré-natal por mulher que realiza o parto no SUS, partindo de 1,2 consultas por parto em 1995 para 5,1 consultas por parto em 2003 (SIA-Datasus e AIH-Datasus, 2004). Apesar da ampliação na cobertura, ainda há comprometimento da qualidade de atenção, que pode ser identificado através do número expressivo de mortes, fazendo, ainda, parte da realidade social e sanitária de nosso País. Muitas mortes ainda ocorrem por causas evitáveis, que são aquelas passíveis de prevenção e/ou tratamento, principalmente em relação às ações dos serviços de saúde e, entre elas, a atenção prénatal, as campanhas de vacinação, estímulo ao aleitamento materno e controle das doenças infecciosas (BRASIL, 2002). No intuito de uma melhor efetivação do programa, o Ministério da Saúde lançou, em 2000, o Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) que incentiva as gestantes a buscarem o Sistema Único de Saúde (SUS) e determina que seja preconizado que toda mulher tenha direito ao serviço de pré-natal gratuito e realize, no mínimo, 6 consultas (BASIL, 2000). Ele é baseado nas análises das necessidades de atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mulher no período pós-parto e tem como objetivo: reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna e perinatal; assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal; e ampliar os investimentos nas redes estaduais de assistência à gestação de alto risco e nas unidades hospitalares integrantes destas redes incrementando o custeio de procedimentos específicos (BRASIL, 2007). Portanto, a equipe de cada unidade deve ser sensibilizada para o programa e possibilitar efetividade de seus fundamentos, causando assim repercussões positivas, como: maior 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE adesão ao pré-natal, captação precoce das gestantes e melhor qualidade na assistência (BRASIL, 2002). Outro recurso, na verdade um compromisso proposto pelo Governo Federal foi o “O Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil” que tem por objetivo articular os atores sociais, mobilizados em torno da melhoria da qualidade de vida de mulheres e crianças, na luta contra os elevados índices de mortalidade materna e neonatal no Brasil. Tem por princípios o respeito aos direitos humanos de mulheres e crianças; a consideração das questões de gênero, dos aspectos étnicos e raciais e das desigualdades sociais e regionais; a decisão política de investimentos na melhoria da atenção obstétrica e neonatal; e a ampla mobilização e participação de gestores e organizações sociais (BRASIL, 2007). Por fim as ações de saúde devem estar voltadas para a cobertura de toda a população-alvo da área de abrangência da unidade de saúde, assegurando continuidade no atendimento, acompanhamento e avaliação dessas ações sobre a saúde materna e perinatal (BRASIL, 2001). OBJETIVO Caracterizar o pré-natal entre mães de crianças menores de um ano de idade que evoluíram para óbito. METODOLOGIA Este é um estudo retrospectivo quantitativo baseado em dados da cidade de Londrina, Paraná, no período de 2000 a 2009. Foi realizado o levantamento e agrupamento dos dados a partir da Declaração de Nascido Vivo (DN), da Declaração de Óbito (DO) e das Fichas de Investigação de Óbito Infantil do Comitê Municipal de Prevenção de Mortalidade Materna Infantil (CMPMMI), arquivada no Núcleo de Informação de Mortalidade (NIM), da Secretaria de Saúde do município. Os dados foram coletados em formulário previamente testado, sendo digitalizados em dupla entrada no programa computacional Epi Info®. Em seguida, os dados serão apresentados em números absolutos e proporções, em forma de tabelas e/ou 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE gráficos. O programa Microsoft Office Excel® também viabilizou o processamento eletrônico das variáveis, SSPS®. Para análise utilizou-se apresentação em números e porcentagens. As variáveis foram agrupadas em: faixa etária, escolaridade da mãe, situação conjugal, realização ou não de consultas pré-natais, trimestre de início e número de consultas pré-natais, afecções maternas, idade gestacional, classificação de evitabilidade e período do óbito. A pesquisa foi submetida à análise da Diretoria de Atenção à Saúde sob da Autarquia Municipal de Saúde de Londrina e do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina CEP/UEL, tendo sido aprovado em 19 de março de 2012 o número CAAE: 01079112.3.0000.5231. RESULTADOS No período de 2000 a 2009 ocorreram 783 óbitos infantis. Desse total obtevese a informação, nas fichas de Investigação do Óbito Infantil, que 719 mães dos menores de 1 ano de idade haviam realizado o acompanhamento pré-natal. Quanto às variáveis sociodemográficas maternas observou-se que 308 (39,3%) das mulheres tinham idade maior que 28 anos, seguido de 299 (38,2%) com idade entre 20 e 27 anos e 176 (22,5%) com menos de 19 anos. Em relação à escolaridade 516 (65,9%) haviam concluído 8 anos ou mais de estudo e 267 (34,1%) menos de 7 anos. Do total 631 (80,6%) tinham parceiro conjugal. A maioria das mães, 393 (71%), disseram possuir renda familiar igual ou inferior a 3 salários mínimos e 160 (28%) renda maior que 4 salários mínimos. Em relação ao pré-natal 719 (91,8%) das mulheres realizaram o pré-natal, sendo que destas, 546 (70,4%) iniciaram no 1° trimestre de gestação, 152 (19,6%) no 2° semestre e 4 (0,5%) no 3° trimestre. Para 395 (55,1%) mulheres o número de consultas foi igual ou menor que 6, sendo que destas 127 (32,1) fizeram menos que 4 e 322 (44,9%) sete ou mais. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Do total das mulheres do presente estudo 644 (82,2%) apresentaram afecções durante a gestação. Os nascimentos com 36 semanas ou menos de gestação ocorreram em 466 (70,0%) crianças e com 37 semanas ou mais 200 (30,0%). O óbito no período neonatal precoce (0 a 6 dias de vida) ocorreu para 395 (50,4%) crianças, para 143 (18,3%) no neonatal tardio (7 a 27 dias) e para 245 (31,3%) no pós-neonatal (28 a 365 dias). Um dado preocupante foi que, o óbito em 581 (74,2%) dos casos, foi considerado evitável mediante assistência adequada durante a gestação e parto. CONCLUSÃO Tem-se observado que a assistência pré-natal de qualidade é de extrema importância para a evitabilidade da mortalidade materno-infantil. Estudos apontam que ações de prevenção e promoção são essenciais para a diminuição desse índice, já que, em países desenvolvidos, onde a assistência é efetiva e a disponibilidade financeira é elevada, as causas principais de mortes são consideradas não evitáveis, ou seja, impossibilidade de sobrevida. É possível identificar, na literatura, apontamentos que indicam que, no Brasil, as condições socioeconômicas das gestantes estão diretamente relacionadas com a taxa de mortalidade, visto que, em sua maioria, apresentam renda salarial reduzida, baixo nível de escolaridade, precocidade da gestação e não adesão ao serviço de pré-natal. O presente estudo revelou que, no município de Londrina, alguns desses fatores condizem com a realidade nacional, entretanto, alguns dados como idade e escolaridade materna não foram relevantes, pois, a minoria das mulheres possuía menos que 19 anos de idade. Em relação às consultas pré-natais, a maioria realizou, contudo vale ressaltar que o número realizado foi, na grande maioria, menor que 6 consultas e o Ministério da Saúde preconiza no mínimo sete. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a maior parte dos óbitos neonatais ocorre no período neonatal precoce e sua maioria é considerada evitável. Isso também pode ser evidenciado nesse estudo, e podemos destacar que a redução da mortalidade neonatal é um desafio para o Brasil e a assistência básica ainda necessita de 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE investimentos financeiros, de recursos humanos e da mobilização de gestores na promoção de políticas e ações que busquem a melhoria da qualidade de vida da população em geral. Palavras-chaves: Mortalidade Infantil; Mortalidade Materna; Pré natal. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Programa do pré-natal. 2001 _______. Ministério da Saúde. Assistência Pré-Natal Manual Técnico. Brasília, 2000. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada - manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. _______. Ministério da Saúde. Assistência pré-natal: normas e manuais técnicos. Brasília, 1998. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Implantação do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento. Brasília, 2002. _______. Ministério da Saúde. Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal. Brasília, 2007. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE VANNESTE, A.M.; RONSMANS, C.; CHAKRABORTY, J.; DE FRANCISCO, A. Pre natal screening in rural Bangladesh: from prediction to care. Health Policy Plan. 2000, v15, n1, p.1-10. Eixo temático: Saúde da Mulher 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE A ENFERMAGEM NO CUIDADO HUMANIZADO DURANTE A PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO UTERINO E DE MAMA Juliana Roberta Junges41 Jéssica Cristina Ruths42 Poliana Deves43 Sebastião Caldeira44 INTRODUÇÃO Considera-se hoje o câncer um grave problema de saúde pública, devido ao fato de que este representa a segunda causa de morte por doença, de modo que este fica atrás apenas das doenças cardiovasculares. De acordo com Valente, Adrade, Soares e Silva (2009) no Brasil, o câncer de mama representa a principal neoplasia maligna em mulheres, sendo o segundo lugar ocupado pelo câncer de colo do útero, que se evidencia a partir dos 20 anos de idade e apresenta seu maior risco entre 25 e 49 anos, sendo responsável pelo óbito de aproximadamente 230 mil mulheres ao ano. O exame especular para a prevenção das repercussões físicas e psicológicas do câncer cérvicouterino “Papanicolaou”, o exame clínico de mama e o encaminhamento para mamografia apresentam baixo custo e são simples se comparados ao tratamento da doença em fase mais avançada. O enfermeiro em parceria com a equipe de saúde e a comunidade pode desenvolver um trabalho importante na busca da prevenção destes agravos. Segundo Bim C. R. et al (2010), o câncer de mama é a principal causa de morte em mulheres brasileiras, acompanhado de câncer de pulmão, cólon e reto e colo uterino. O câncer de mama apesar de ter um bom prognóstico se diagnosticado e tratado precocemente, ainda está sendo detectado tardiamente, o que prejudica seu tratamento, acarretando índices elevados de morte entre as mulheres brasileiras. De acordo com Bim C. R. et al (2010) e Brasil (2006), a prevenção do câncer cérvicouterino é possível, pois sua evolução em geral ocorre de forma lenta, com fases 41 o Acadêmica do 5 Ano do Curso de Enfermagem – Unioeste – Campus de Cascavel PR. Email: juliana_junges@hotmail.com Endereço: Rua Pedro Miranda, 801 – Coqueiral, Cascavel, Paraná. Tel.: (45) 99220516 42 o Acadêmica do 5 Ano do Curso de Enfermagem – Unioeste – Campus de Cascavel PR. 43 o Acadêmica do 5 Ano do Curso de Enfermagem – Unioeste – Campus de Cascavel PR. 44 Enfermeiro Obstétra. Doutor em Ciências – Cuidado em Saúde – PPGE-EEUSP. Professor Adjunto A – Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia – Unioeste – Campus de Cascavel PR. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE pré-clínicas detectáveis, exibindo expressivo potencial de cura no início frente aos demais tipos de câncer. A Humanização na saúde significa a valorização da qualidade técnica e ética do cuidado, aliada ao reconhecimento dos direitos do/a usuário/a, de sua subjetividade e referências culturais, garantindo o respeito às questões de gênero, etnia, raça, situação econômica, orientação sexual e a grupos populacionais como indígenas, trabalhadores, quilombolas, ribeirinhos e assentados. (BRASIL, 2006) Ainda de acordo com Brasil, (2006, p. 07) a concretude dessa política se dá por meio de seus dispositivos - tecnologias, ferramentas e modos de operar. Dentre esses se destaca o “acolhimento”, que se caracteriza como um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a dar atenção a todos/as que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades – escuta qualificada – e assumindo no serviço, uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas com os/as usuário/as. O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética, não pressupõe hora ou um profissional específico para fazê-lo, implica compartilhamento de saberes, necessidades, possibilidades, angústias e invenções. Sendo, portanto o acolhimento, e os demais preceitos das políticas de humanização do SUS, visadas e colocas em prática durante as atividades realizadas pelas acadêmicas. A atuação do enfermeiro na saúde da mulher permite, também, atender a mulher integralmente, levando em conta aspectos sociais, culturais e econômicos, além de diagnosticar algumas doenças sexualmente transmissíveis, possibilitando a orientação adequada e se necessário, se houver um protocolo institucional ele poderá realizar o tratamento não só da mulher, mas também de seu parceiro. OBJETIVOS Partilhar a experiência vivenciada pelas acadêmicas do Curso de Enfermagem, durante o atendimento ginecológico à mulher. Através deste, almeja-se evidenciar e incentivar os benefícios do atendimento humanizado na saúde da mulher. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE METODOLOGIA Como recursos metodológicos, utilizou-se o relato de experiência a fim de descrever a experiência vivenciada pelas acadêmicas de Enfermagem do Curso de Enfermagem da Unioeste – Campus de Cascavel PR em Atividades Práticas Supervisionadas (APSs) em Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia entre o período de maio a junho de 2012. Os atendimentos realizaram-se de segunda e quarta feira com média de seis atendimentos por aluno, incluindo consulta e retorno com os resultados dos exames. Foram atendidas mulheres desde a adolescência, período fértil, climatério/menopausa, fase adulta e mulheres idosas, desde que já tiveram atividade sexual durante algum momento da vida. Importante ressaltar que as mulheres Histerectomizadas (retirada cirúrgica do útero, seja parcial ou total, ou total com anexectomia “retirada dos anexos – trompas e ovários”), também puderam realizar o exame. Afinal a mulher é um todo e não somente a soma de partes e não pode ser fragmentada (útero e mamas) - mas sim a mulher inteira no aspecto biopsicossocial no sentido da humanização. O cuidado humanizado conforme Brasil (2004) foi o foco para o desenvolvimento das nossas atividades. Assim sendo o cuidado de Enfermagem em ginecologia realizou-se por meio do Exame clínico das mamas, orientação sobre o Auto Exame das Mamas – AEM, encaminhamentos para mamografia, exame especular com a coleta de material para o exame de prevenção do câncer cérvicouterino – Papanicolaou, tratamentos conforme rotina e protocolo do Ministério da Saúde para o Enfermeiro Obstetra, bem como os encaminhamentos para a equipe médica quando necessário. RESULTADOS As políticas de controle ao canceres, de mama e cérvico uterino, tratam, de acordo com Valente, Andrade, Soares e Silva (2009) das seguintes diretrizes: aumento da cobertura da população-alvo; garantia da qualidade; fortalecimento do sistema de informação; desenvolvimento de cursos de capacitação; desenvolvimento de pesquisas e mobilização social. De maneira que estas são compostas por ações a serem desenvolvidas, nos distintos níveis de atenção à saúde, sendo a atenção primária a porta 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE de entrada das pacientes no sistema, bem como o nível de atenção onde a prevenção deve caracterizar a principal estratégia de ação. Neste sentido é fundamental que os serviços de saúde estejam estruturados para orientar a população a respeito do exame preventivo, enfatizando sempre que a realização periódica deste é um fator facilitador da redução da mortalidade por câncer do colo do útero e de mama na população de risco. Partindo-se do princípio de que a prevenção tem se destacado como a melhor estratégia contra o câncer de colo uterino o presente trabalho, teve importante papel em estratégias locais voltadas a saúde da mulher, integrando as propostas do Ministério da Saúde. Durante as atividades foram atendidas vinte e seis mulheres, de 18 à 56 anos, ou seja, foi possível que as alunas tivessem contato variadas faixas etárias consideradas de risco. Entre estas mulheres doze (46,2%) retornaram com o resultado do exame citopatológico de colo de útero, evidênciando ainda a necessidade de se trabalhar em cima da prevenção e da necessidade de continuidade dos tratamentos. No que se refere aos resultados clínicos, oito mulheres (66,7%) não possuíam nenhuma patologia ou alteração no resultado. Entretanto três (25%) foram diagnosticas laboratorialmente com Gardnerella Vaginalis. Uma (8,3%) retornou para consulta e foi diagnosticada clinicamente com Candidíase. Diante destes quadros, foi possível realizar atendimento clínico de enfermagem a diversas patologias, bem como foi possível realizar ações de atenção psicológica a mulheres portadoras de doenção sexualmente transmissíveis. Durante os atendimentos clínicos, e após o retorno com resultado laboratorial, seis mulheres receberam tratamento medicamentoso, uma com Fluconazol V.O. e Miconazol V.V. para Cândida Albicans e cinco mulheres tratadas com Tinidazol 2 g V.O. juntamente com seus parceiros sexuais, e a mulher recebeu creme vaginal de Metronidazol para tratamento de Gardnerella Vaginalis. Os tratamentos foram realizados conforme protocolos para prescrição dos enfermeiros obstetras. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE As mulheres diagnósticas dom doenças sexualmente transmissíveis (DST) receram orientações específicas sobre a patologia que às acometia, bem como sobre o acompanhamento mais criterioso, para prevenção de câncer cérvico uterino. Segundo Brasil (2006), estudos de prevalência mostram que mulheres com DST apresentam lesões precursoras do câncer do colo do útero cinco vezes mais freqüentemente do que aquelas que procuram outros serviços médicos. Portanto, justifica-se a atenção redobrada com mulheres que apresentam DST, estas têm maior risco para câncer do colo do útero, principalmente se houver infecção pelo HPV (Papilomavírus Humano). É razoável que mulheres com DST sejam submetidas à citopatologia mais frequentemente, pelo seu maior risco de serem portadoras de câncer do colo do útero ou de seus precursores. O atendimento as mulheres, prezou a valorização das queixas das mulheres, através da escuta de queixas, não desvalorização de seus problemas e reconhecimento seus direitos e esclarecimentos em linguagem simples de fácil entendimento. As decisões sobre ações, dentro dos limites terapêuticos foram realizados de maneira compartilhada. Por meio das atividades, foi possível participar do atendimento às necessidades de saúde definidas tecnicamente, contemplando promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. CONCLUSÃO Conclui-se, portanto que a enfermagem tem papel importante na busca do atendimento integral à mulher, levando em consideração seu âmbito social, econômico e cultural. Nesse contexto, a enfermagem, por sua formação mais generalista com competência e habilidade para atuar em diversas áreas da saúde, especialmente no cuidado à mulher em todo o ciclo de vida, de forma mais humana e mais voltada para a educação em saúde, pode contribuir efetivamente para a melhoria dos números de agravos as mulheres em ginecologia – em especial no câncer de mama e cervicouterino. Todavia, é necessária também a ação do poder público, que deve se voltar para a população mais necessitada e mais vulnerável por sua pouca escolaridade e baixa condição socioeconômica. Só assim pode-se cumprir um dos princípios básicos da Constituição Brasileira, de que a saúde é um direito de todos e dever do Estado. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Palavras Chaves: Enfermagem; Prevenção; Câncer cérvico Uterino; Câncer de Mama REFERENCIAS BIM, C. R., PELLOSO, S. M., CARVALHO, M. D. de B., PREVIDELLI, I. T. S. Diagnóstico precoce do câncer de mama e colo uterino em mulheres do município de Guarapuava, PR, Brasil. Rev. esc. enferm. USP [online]. v. 44, n. 4, p. 940-946, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v44n4/12.pdf. Acesso em: 23 de out. 2012. BRASIL. Ministério da Saúde (BR). Humaniza/SUS. Acolhimento com avaliação e classificação de risco: um paradigma ético-estético no fazer saúde. Brasília: DF, 2004. _______. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama / Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2006. VALENTE, C.A.; ANDRADE, V.; SOARES, M.B.O.; SILVA, S.R. Conhecimento de mulheres sobre o exame de Papanicolaou. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2009, vol.43, n.spe2, pp. 1193-1198. ISSN 0080-6234. http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342009000600008. Eixo Temático: Saúde da Mulher Disponível em: 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DISMENORRÉIA EM MULHERES JOVENS Juliana Cristina Frare1, Aniele Tomadon2, Joseane Rodrigues da Silva3, Letícia Dubay Murbach4 INTRODUÇÃO O termo dismenorreia significa menstruação difícil e dolorosa acompanhada ou não de manifestações gerais. Caracteriza-se como uma dor em região abdomino-pélvica, crônica e cíclica associada à menstruação, comumente chamada de cólica menstrual. Em torno de 50% a 90% da população feminina experimenta este quadro álgico em alguma fase da vida (VIANNA et al., 2008), constituindo uma das principais queixas ginecológicas observada nos consultórios médicos (STEPHENSON E O´CONNOR, 2004). Segundo Ribeiro e Rezende (1996) a dismenorréia pode ser classificada em primária e secundária, com seus graus variando entre leve, moderado e severo. A dismenorreia primária é definida como menstruação dolorosa em mulheres com anatomia pélvica normal, com início, normalmente, durante a adolescência. Mulheres com dismenorreia primária têm a atividade do músculo uterino aumentada com aumento da contractilidade e frequência das contrações. Prostaglandinas são lançadas durante a menstruação devido à destruição das células endometriais e ao lançamento resultante de seus conteúdos (FONSECA; BANGNOLI, 1999). A dismenorreia secundária é a dor menstrual associada à patologia subjacente, seu início pode se dar anos após a menarca e está relacionada a alterações do sistema reprodutivo como a endometriose, doenças de inflamação pélvica, dispositivos intrauterinos, ciclos irregulares, problemas de infertilidade, cistos ovarianos, adenomiose, miomas uterinos ou pólipos, aderências intrauterinas e estenose cervical (VIANNA et al, 2008). A dor menstrual no grau leve não compromete as atividades habituais da mulher, no grau moderado a dor interfere nas atividades diárias e pode durar todo o ciclo menstrual, já no grau severo a dor não permite o desempenho normal e pode levar a alterações em diversos sistemas do organismo. Estudos sobre a prevalência e gravidade da dor menstrual mostram que muitos fatores podem estar relacionados a este distúrbio, os quais incluem uma idade mais jovem, tabagismo, menarca precoce, fluxo menstrual intenso ou prolongado, queixas somáticas 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE perimenstrual, distúrbios psicológicos e influência genética (LATTHE et al, 2006; TONINI, 2002). O desconforto físico originado pela dismenorreia pode levar ao absenteísmo (escolar e laboral) o que gera impactos sociais que desestabilizam as relações familiares, restringem o contato social e interferem nos hábitos e rotinas mensalmente (COCO, 1999). OBJETIVOS Este estudo teve por objetivo avaliar a prevalência e intensidade da sintomatologia dolorosa das cólicas menstruais das acadêmicas do Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. METODOLOGIA. Trata-se de um estudo descritivo-epidemiológico, de caráter quantitativo. Foi realizado, no período de junho a julho de 2012, através da aplicação de um questionário elaborado para o estudo às acadêmicas matriculadas no ano letivo de 2012 no Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel. Inicialmente as pesquisadoras entraram em contato com as acadêmicas do curso para esclarecer às mesmas a importância do estudo, seus objetivos e forma de realização, então foi aplicado o TCLE. Na sequência foi entregue o questionário sócio pessoal, composto por 12 questões relacionadas aos dados pessoais e sociais das pacientes e por uma avaliação de intensidade de dor através da Escala Visual Analógica (EVA). Todos os dados foram lançados em uma planilha do Programa Excel 7.0 (Microsoft®), e posteriormente analisados em termos de frequências relativas e absolutas. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisas Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). RESULTADOS No ano letivo de 2012 matricularam-se no Curso de Fisioterapia da Unioeste 183 acadêmicos, destes 156 (85%) eram do sexo feminino. Do total de acadêmicas do curso, 112 (72%) participaram do estudo. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Das 112 acadêmicas participantes 80 (71%) afirmaram ter dismenorreia. A real incidência da dismenorréia é de difícil determinação, devido à variação dos métodos diagnósticos e ao grande número de mulheres dismenorreicas que não procuram auxílio médico (IKEDA; SALOMÃO; RAMOS, 1999). Exite uma grande variação na estimativa da dismenorreia a partir de estudos ao redor do mundo, os quais apresentam faixas de prevalência que variam entre 28% a 71,7% (PITTS et al, 2008; DAVIS; WESTHOFF, 2001). Segundo Maio, Moraes e Santos (2012), fatores que podem levar a uma maior variação de estimativas são a grande diversidade na definição do termo dismenorreia, às diferentes metodologias utilizadas nos estudos e a faixa etária das amostras estudadas, pois a dismenorreia esta diretamente ligada à concentração de prostaglandina (PGF2) intrauterina, sendo assim, quanto maior for a concentração prostaglandinas a dor será mais intensa. Isso explica porque a dismenorreia é mais comum nas adolescentes, as quais possuem um menor volume uterino, apresentando assim altas concentrações de prostaglandina (DIEGOLI; DIEGOLI, 2007). A alta prevalência de dismenorreia (71%) encontrada neste estudo entre as acadêmicas estudadas é similar a de outros realizados ao redor do mundo que utilizaram faixa etária similar, como o de Unsal et al (2010), de caráter descritivo e transversal, que observou uma prevalência de dismenorreia de 72,7% da população estudada e o de Yanez et al (2010) com prevalência de 73% . A média de idade das acadêmicas que participaram do estudo foi 22,21 anos (± 2,11) e a média de idade da menarca da população estudada foi 12,37 anos (±1,24). A faixa etária da menarca encontrada no presente estudo é similar a outros estudos que encontraram valores de aproximadamente 12 anos, como o de Yanez et al (2010) e o de Rodrigues et al (2011). Das pacientes com dismenorréia 63 (78,75%) tinham mães com histórico de dismenorreia e 50 (62,50%) faziam uso de anticoncepcionais. Alguns trabalhos, como o de Unsal et al (2010), mostram prevalência de dismenorreia em mulheres de um mesmo grupo familiar. Podendo assim haver relação com algum fator genético, ainda não totalmente esclarecido. Com relação à utilização de anticoncepcionais, os resultados encontrados neste estudo diferem dos encontrados por Brito et al (2012), em seu estudo descritivo, quantitativo, prospectivo realizado em Pernambuco, onde de uma amostra de 642 acadêmicas com 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE dismenorreia, apenas 128 (23%) utilizavam anticoncepcionais. Dado este que pode ser explicado devido às questões socioculturais locais. Observou-se neste estudo que 41 (51%) das acadêmicas com dismenorréia entrevistadas não realizavam nenhum tipo de atividade física. Segundo estudo de Champman e Syrjala (1990), o hábito de praticar exercícios físicos pode contribuir para a redução das queixas álgicas, pois a atividade física promove melhor funcionamento dos órgãos pélvicos e extra pélvicos por adequar o metabolismo, o equilíbrio hidroeletrolítico, as condições hemodinâmicas e o fluxo sanguíneo, principalmente na região pélvica. Souza (2009) afirma que a atividade física também pode vir a promover um fenômeno chamado de analgesia pelo exercício físico, por meio de mecanismos endógenos e de liberação de opióides que agiriam aumentando o limiar de dor. Apenas 1 (1,25%) acadêmica entrevistada neste estudo era tabagista. Segundo Harlow et al (1996) o mecanismo pelo qual o tabaco agravaria a dismenorreia pode estar relacionado com o efeito vasoconstritor da nicotina, com consequente redução do fluxo sanguíneo endometrial e isquemia local. Com relação à presença de alterações no sistema reprodutivo: 69 (85%) entrevistadas referiram não apresentar nenhum tipo de alteração, 9 (11,25%) apresentavam ovário policístico, 2 (2,5%) endometriose e 1 (1,25%) útero retrovertido. Segundo Vianna et al (2008), a dor menstrual pode estar associada à patologias subjacentes tais como a endometriose, doenças de inflamação pélvica, problemas de infertilidade, cistos ovarianos e disfunções uterinas, porém parte dos quadros de dismenorreia são de origem primária, ou seja, ocorrem em mulheres com anatomia pélvica normal, sem diagnóstico de patologias associadas e com inínio, em geral, durante a adolescência (FONSECA; BANGNOLI, 1999). Na avaliação da EVA, 27 acadêmicas (33,75%) referiram dor intensa (7 - 10), 28 (35%) dor moderada (4 - 6) e 23 (28,75%) dor leve (0 - 3). A EVA é classificada como um método de avaliação unidimensional, pois avalia somente uma das dimensões da experiência dolorosa, a intensidade (LIMA NETO; GOLDENBERG; JUCÁ, 2003). Para indivíduos jovens, esta escala apresenta alto índice de validade e confiabilidade (JENSEN; KARROLY; BRAVER, 1986). Resultados similares aos deste estudo no que diz respeito a intensidade da dor foram observados em estudo de Unsal et al. (2010), onde 33,8% das participantes apresentam dor leve, 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE 42,4% dor moderada e 23,8% dor severa. Em relação à sintomatologia causada pela dismenorreia 58 (72,50%) entrevistadas neste estudo referiram dores nas costas, 27(33,75%) cefaleia, 19 (23,75%) fadiga e 17 (21,25%) náuseas. Segundo French (2005), em mais de 50% dos casos, a dismenorreia é acompanhada de sintomas como vômitos, cefaleias, diarreia, fadiga e episódios de lipotímia, os quais resultam da ação das prostaglandinas sobre a musculatura lisa do estômago, intestino e vasos sanguíneos. 34 (42%) acadêmicas participantes do estudo referiram já ter faltado a algum compromisso devido à dismenorreia. Resultado similar foi observado por Ortiz, et al. (2010) no qual a mesma porcentagem de participantes já haviam faltado a compromissos.. A dismenorreia é considerada uma causa comum de absenteísmo por doença tanto em atividades acadêmicas quanto laborais. O impacto da dismenorreia no absenteísmo das atividades cotidianas tem sido um tema muito discutido nos últimos anos (UNSAL et al, 2010). CONCLUSÃO. A alta prevalência de dismenorreia encontrada neste estudo realizado com uma população homogenea mostra a importância desta doença entre mulheres jovens. A dor menstrual interfere e/ou nao permite realização das atividades de vida habituais em 68,75% das acadêmicas. A alta taxa de absentísmo relacionada à mesma demonstra que a dismenorreia continua sendo uma doença de impacto que interfere negativamente nas atividades cotidianas da população feminina. PALAVRAS CHAVE: Dismenorréia; mulheres jovens; epidemiologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRITO, S.A., MARQUES, C.C.C., ALVES, D.S., ALEXANDRE, A.C.S. Prevalence of dysmenorrhea in undergraduate health courses at an institution of higher education. JNUOL. v6, p.1386-94, 2012. CHAPMAN, R.S., SYRJALA, K.L. Meansurement of pain. 2. ed. Londres: Lea & Febiger, 1990. COCO, A.S. Primary Dysmenorrhea. American Family Physician. v60, p.489-96, 1999. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE DAVIS, A.R., WESTHOFF, C.L. Primary dysmenorrhea in adolescent girls and treatment with oral contraceptives. 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Eixo Temático: Saúde da Mulher 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE PLANEJAMENTO FAMILIAR: AÇÕES E PROGRAMAS VOLTADOS A PREVENÇÃO DA GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA EM UMA USF Paula Francislaine Moura¹ Fernanda do Pilar Maciel de Magalhães² Luna Rezende Machado de Sousa² Aislane Poplade Pereira de Mattos² Suelen Braz de Jesus² Verônica Lima Ramos² INTRODUÇÃO Uma questão de saúde pública e de âmbito social já muito comentada mas que ainda é vastamente discutida é a gravidez precoce ou a dita gravidez na adolescência. Seja pelo risco materno ou por questões sociais este é um tema de âmbito nacional que necessita ser tratado com mais atenção de modo a garantir uma diminuição nas taxas de concepção na faixa etária de 10 a 19 anos garantindo a ordem cronológica e biológica correta a fim de garantir mais estabilidade psicossocial a mãe bem como presar pela saúde de ambos. (WHO, 2005; ACCIOLY; LACERDA; SAUNDERS, 2009) Segundo Ministério da Saúde considera-se em idade fértil pessoas do sexo feminino de 10 a 49 anos sendo consideradas adolescentes segundo a OMS pessoas de 10 a 19 anos. Com base em dados recentes contabiliza-se que dos 198.360.943 habitantes do Brasil 100.805.716 são do sexo feminino sendo que 70.533.725 encontram-se em idade fértil (CENSO, 2010). Atualmente tem-se visto que a iniciação sexual ocorre frequentemente no período da adolescência sendo que o número de adolescentes em vida sexual ativa tem aumentado de maneira significante nos últimos anos, fato este que é motivo de preocupação visto que além da ocorrência de uma gestação indesejada deve-se atentar para a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis. Esse aumento nas estatísticas ao longo do tempo tem causado muita preocupação por parte dos profissionais de saúde sendo que motiva a realização de estudos mais aprofundados sobre o assunto a fim de identificar a magnitude do problema de modo que dessa forma pode-se oferecer meios para conscientização tanto dos profissionais de saúde e de outras 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE áreas bem como da população de um modo geral tornando dessa forma cada vez mais viável a adoção de ações preventivas (YAZLLE; FRANCO; MICHELLAZO, 2009). Outra preocupação em crescimento é a reincidência gestacional neste mesmo grupo visto que em estudo já publicado avaliou-se um número relativo de adolescentes dos quais pode-se obter resultados para realização de programas de atendimento direcionado para este público visando a prevenção da gestação e abrangendo a sua repetição sendo que a última bem como a primeira podem ser prevenidas considerando a inclusão dessa faixa etária nos programas de assistência à saúde da mulher com ênfase a contracepção e orientação sexual devendo-se considerar essas práticas como uma das prioridades em atenção primaria à saúde (BRUNO et.al, 2009). Assegurado pela Constituição Federal e pela Lei n° 9.263, de 1996, o planejamento familiar caracteriza-se por ser um conjunto de ações que auxiliam pessoas que pretendem ter filhos ou que preferem adiar por algum tempo a concepção. Sendo assim além de evitar uma gravidez não planejada e auxiliar na prevenção de gestações de alto risco também promove uma maior intervalo entre os partos e ainda garante que o casal tenha somente o número de filhos que planejou (MS, PORTARIA Nº 426/GM 2005). Desta forma, o trabalho a seguir discorre sobre alguns índices de gravidez na adolescência tomando como exemplo dados de uma Unidade Saúde da Família em Colombo PR, a importância de um programa especificamente para adolescentes e o métodos contraceptivos e seu acesso no Sistema Único de Saúde (SUS). OBJETIVOS Realizar um levantamento dos programas de planejamento familiar existentes e as ações desenvolvidas tanto em âmbito nacional como no município de Colombo-PR voltadas à planejamento familiar e prevenção da gestação na adolescência, bem como, citar os programas propostos a nível nacional e municipal. Discorrendo sobre os métodos contraceptivos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE METODOLOGIA Foram levantados dados sobre a gestação na adolescência disponíveis nas bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, do Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB, do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde do município de Colombo pesquisando as informações básicas sobre os programas de planejamento familiar já existentes a nível nacional e municipal. Também buscou-se levantar as ações realizadas no âmbito municipal voltadas à realização da educação sexual no período da adolescência. Tendo como base as duas categorias de informações disponíveis realizou-se a análise da situação evidenciada considerando os referenciais teóricos disponíveis e a elaboração de proposições. RESULTADOS Toda mulher em idade fértil (de 10 a 49 anos de idade) segundo o Ministério da Saúde tem o direito de ter acesso a métodos contraceptivos nas Unidades Saúde da Família, sendo que na maioria dos casos é necessária consulta prévia com profissional de saúde para a definição da opção mais adequada a cada caso. Nesta consulta deve-se também avaliar a efetividade do método escolhido bem como a facilidade de obtenção deste. A Política Nacional de Planejamento Familiar lançou um conjunto de ações para garantir acesso aos métodos anticoncepcionais como além de oferecer métodos contraceptivos hormonais gratuitos sendo que em 2008 foram incorporados a lista de medicamentos do Programa Farmácia Popular garantindo a venda destes a preços reduzidos nas mais de 10 mil drogarias privadas credenciadas. (BRASIL, 2012) O acesso à informação acerca dos métodos contraceptivos é outro ponto fundamental para uma prática consciente, saudável e efetiva, além de viabilizar a adesão ao tratamento (MOURA; SILVA, 2004). Fazem parte, portanto, da Política de Planejamento familiar a distribuição de preservativo masculino e feminino, realização de vasectomias, realização de laqueaduras, uso de anticoncepcionais hormonais (injetáveis, minipílula, pílula combinada, pílula de emergência), colocação de DIU e diafragma. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE Os medicamentos hormonais geralmente são os métodos de escolha além da camisinha, que sempre deve ser utilizada como prevenção das DSTs, para essa faixa etária sendo que estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS): pílula oral combinada (etinilestradiol 0,15 mg + levonorgestrel 0,03mg) e minipílula (norestiterona 0,35mg) indicada para o pós parto, sendo estes distribuídos a todos os municípios brasileiros independentemente de qualquer critério prévio; injetável mensal (enantato de norestiterona 50mg/mL + valerato de estradiol 5mg/mL) e injetável trimestral (medroxiprogesterona 150mg), sendo estes distribuídos a municípios com população igual ou superior a 5 mil habitantes. Além dos métodos hormonais o diafragma é distribuído em municípios com população igual ou superior a 200 mil habitantes sendo o DIU distribuído a municípios que possuem população igual ou superior a 50 mil habitantes. No Município de Colombo existe um Protocolo de Assistência Integral a Saúde da mulher colombense no qual trata do direito sexual e reprodutivo. Neste protocolo são colocadas ações de planejamento familiar no município bem como os métodos anticoncepcionais utilizados no município que são os preconizados pelo Ministério da Saúde. Na parte que trata do planejamento familiar relata-se o ciclo de atendimento básico aos usuários que é composto do acolhimento, assistência preconcepção, atendimento mulher/casal sendo feita avaliação dos riscos reprodutivos e nutricionais e assistência anticoncepção. No que diz respeito a ao enfoque principal esse é um protocolo que se direciona as pessoas de 15 a 49 anos com vida sexual ativa que desejam evitar uma gestação; devem ser considerados grupo de risco as mulheres com mais de 35 anos ou menores de 16 anos de idade, de baixa escolaridade materna (que não tenha completado a 4ª série do ensino fundamental), que possuírem antecedentes obstétricos desfavoráveis e doenças crônicas. Observando que mesmo que no protocolo conste o público alvo como prioritário, ainda há ausência de ações específicas e adequadas voltadas aos adolescentes. Atualmente, na Unidade Saúde da Família em estudo, cerca de 97 pacientes utilizam o método anticoncepcional hormonal e tem acompanhamento médico, sendo 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE que fazem o exame preventivo anualmente. Destas 36,1% usam a pílula combinada; 12,37% usam minipílula sendo que todas estão amamentando; 20,61% utilizam injetável mensal; 30,92% utilizam injetável trimestral. No que se trata dos métodos de barreira o distribuído na Unidade Saúde da Familía em questão é o preservativo masculino sendo o consumo mensal com base nos últimos cinco meses de 600 preservativos, valor este que no período de 19 de março a 19 de abril aumentou para o excepcional consumo de 1100 preservativos. Segundo informações do Protocolo de Assistência Integral a Saúde da mulher Colombense encontra-se menores valores de falha em métodos contraceptivos do tipo pílula combinada índice de falha deste método é de 0,1% se usada corretamente podendo ir até 3%. Os métodos injetáveis apresentam ineficácia de 0,3 a 0,4%; foram relatadas falha de 6 a 18% no uso de diafragma, de 2 a 12% no uso de preservativo masculino e feminino, por fim o DIU disponibilizado na rede pública apresenta falha de 0,5 a 1%. Quanto a ações propriamente voltadas para os adolescentes observa-se distribuição de cartilhas de saúde e prevenção nas escolas o que acontece não só a nível municipal mas também a nível nacional. Estas cartilhas basicamente são compostas de informações sobre o sistema reprodutor, gravidez e métodos de contracepção. Considera-se que o material do Ministério da Saúde apresenta-se como o mais completo, tanto em nível de assuntos abordados como de esclarecimento de informações, pois as em circulação no município muitas vezes são predominantemente dotadas de figuras para melhor entendimento da população jovem considerando-se mais completa quanto a conteúdo as distribuídas pelo Ministério da Saúde. CONCLUSÕES Frente as informações obtidas pode-se afirmar que o Planejamento Familiar dentro de qualquer comunidade é de vital importância sendo que este deve ter ações efetivas principalmente no que se diz respeito a prevenção da gestação não planejada. Tais ações não devem se limitar a disponibilização de métodos anticoncepcionais a toda a população havendo a necessidade do serviço de aconselhamento de como utilizar o 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE método. No caso de métodos hormonais, situações ou medicamentos que podem inviabilizar ou diminuir a eficácia do método, a avaliação de adesão ao medicamento, as possíveis taxas de falhas e o risco benefício de determinado método devem ser discutidos permitindo a escolha e não a imposição ao paciente de um método que não seja de sua preferência. Considerando a ausência de programas de educação sexual adequados ao público adolescente propõe-se o seu desenvolvimento no âmbito da estratégia de Saúde da Família, com a utilização de referenciais vinculados à pedagogia da problematização proposta por Paulo Freire, no sentido de que se garanta a estruturação de um processo educativo permanente e adequado ao momento de vida que envolve a adolescência e a juventude, considerando sempre o contexto social, econômico e cultural dentro do qual encontra-se inserida a família do adolescente e o próprio adolescente. PALAVRAS CHAVE: Contracepção; Planejamento Familiar; Gestação; Adolescência; Colombo - PR. REFERÊNCIAS ACCIOLY, E. SAUNDERS, C. LACERDA, E.M.A. Nutrição em Obstetrícia e Pediatria. 2ª ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009. BRUNO ZV, FEITOSA FEL, SILVEIRA KP, MORAIS IQ, BEZERRA MF. Reincidência de gravidez em adolescentes. Rev Bras Ginecol Obstet. 19. 2009;31(10):480-4 IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. CENSO 2010 Disponível em http://www.ibge.gov.br/paisesat/main_frameset.php Acesso em: 14 de abril de 2013 MICHELAZZO D, YAZLLE MEHD, MENDES MC, PATTA MC, ROCHA JSY, MOURA MD. Indicadores sociais de grávidas adolescentes: estudo caso-8. controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004;26(8):633-9. 27 a 29 de maio de 2013 Cascavel, PR ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE CUIDADO EM ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE BRASIL - Lei n° 9.263, de 1996. Trata do planejamento familiar, estabelece penalidades e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm Acesso em: 15 de abril de 2013. _______. Ministério da Saúde. Manual de orientações às farmácias e drogarias credenciadas no “Aqui tem Farmácia Popular”. Disponível em: Acesso em: http://www.crfrs.org.br/crfrs/dados/manual_farmacia_popular.pdf 20/04/2013 _______.MINISTÉRIO DA SAÚDE - PORTARIA Nº 426/GM Em 22 de março de 2005. 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Portanto, o PMDE atende pacientes que possuem alguma dificuldade na alimentação via oral, sendo imprescindível a Terapia Nutricional Enteral Domiciliar. O programa é gerido com recursos exclusivamente municipais e tem como objetivo o fornecimento de dietas especiais para usuários do SUS residentes em Colombo/PR. Estes são encaminhados pelas Unidades de Saúde do município, por centros especializados ou por hospitais que possuem a responsabilidade de estabelecer o seu estado de saúde e encaminhar os mesmos para tratamento dentro de seu domicílio. Essa é uma das ações que vem ao encontro do propósito da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) e visa melhorar as condições de alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, garantindo a Segurança Alimentar e Nutricional de pacientes com dificuldades alimentares decorrentes de quadros patológicos (BRASIL, 2003). ANAIS DO I SENAPS A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo (AME) até o sexto mês de vida e mantido até os dois anos complementando a alimentação da criança. O leite materno oferece benefícios para a saúde da criança e da mãe, estabelece vínculo e afeto entre ambos, proteção e nutrição para a criança, constituindo a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução de morbimortalidade infantil (BRASIL, 2002). Diante desses inúmeros benefícios à saúde, o aleitamento materno deve ser mantido em diversas condições de saúde e hábitos da mãe, como tuberculose, hanseníase, hepatites, tabagismo e alcoolismo. Obviamente, nesses casos existem cuidados específicos para que o aleitamento não seja prejudicial à criança. Existem ocasiões onde a interrupção temporária da amamentação é recomendada, por exemplo, infecção herpética na pele da mama, varicela na mãe pré e pós-parto, doença de chagas, abscesso mamário e consumo de drogas. Por fim, a amamentação não é recomendada em alguns casos específicos como: mães infectadas pelos vírus HIV, HTLV1 ou HTLV2, uso de medicamentos e galactosemia infantil (BRASIL, 2009). No caso da impossibilidade de manter o AME pelos motivos citados acima ou pela inviabilidade de reverter o desmame precoce, a melhor opção é a oferta de leite humano pasteurizado, proveniente do Banco de Leite Humano (BLH) (BRASIL, 2009). O município de Colombo não dispõe de um BLH, por isso a introdução de fórmula láctea e/ou leite de vaca deverá ser avaliada pelo profissional de saúde. Vale salientar que não é conveniente fazer uso do leite de vaca não modificado no primeiro ano de vida devido o baixo teor de ferro, pelo risco de desenvolver alergias, distúrbios eletrolíticos e predisposição futura para excesso de peso (BRASIL, 2009). Devido o alto custo das fórmulas infantis, as famílias têm feito uso do leite de vaca como substituto do leite materno. O grande perigo reside na oferta da mamadeira com leite de vaca excessivamente diluído acrescido de cereais e açúcares, além do pouco cuidado no manuseio e na higiene dos materiais utilizados (BARBOSA, 2007). ANAIS DO I SENAPS A partir dessa realidade o PMDE fornece a fórmula via fluxo criterioso previamente estabelecido onde atuam diversos profissionais incluídos em diferentes instâncias do SUS, como nutricionista, assistente social e equipe de enfermagem da maternidade. OBJETIVO Relatar a experiência vivenciada por nutricionistas residentes sobre o incentivo ao AME em visitas domiciliares do Programa Municipal de Dietas Especiais realizadas no município de Colombo/PR. METODOLOGIA Para que um paciente seja assistido pelo PMDE, esse deve residir no município de Colombo/PR. A porta de entrada para que esse processo se inicie é a Unidade de Saúde (US) mais próxima de sua casa, ou seja, sua unidade de referência, onde o paciente adquire a Ficha de Solicitação de Dieta Especial, mediante avaliação do profissional de saúde competente. Nesta ficha constam dados sobre o diagnóstico, dieta prescrita, profissional responsável pela prescrição e aspectos nutricionais. Após isso, o paciente ou responsável deverá abrir um protocolo junto à Prefeitura. Este protocolo é enviado ao Setor de Nutrição da SMS, o qual possui um prazo de 30 dias para realizar uma visita domiciliar. Esta visita conta com a presença de um profissional nutricionista, assistente social, Agente Comunitário de Saúde (ACS) e motorista com carro próprio do setor de nutrição. O nutricionista avalia o estado nutricional, consumo alimentar, aceitação de alimentação e dieta industrializada, cuidados com sonda e equipo (quando utilizados) e as condições de higiene no preparo das refeições e diluição da dieta. Também são realizadas orientações nutricionais para adequação de dificuldades observadas na alimentação e no manejo com a dieta no âmbito domiciliar. ANAIS DO I SENAPS O assistente social avalia as condições de vida, moradia, renda e gastos mensais da família, incluindo gastos com o paciente. Diante do contexto observado, o profissional realiza orientações sobre o protocolamento de pedido de medicações e oxigenoterapia, quando necessário; encaminhamentos para Rede de Atendimento do Município e Estado; para o CRAS de referência quando existe a possibilidade de inclusão da família em programas sociais, como o Programa Bolsa Família; orientações sobre o recebimento de pensão alimentícia e benefícios da Previdência Social. O ACS por sua vez, tem a função de promover o vínculo do PMDE com a família e US, visando melhorar a compreensão do contexto familiar, histórico social e de saúde do paciente. Em seguida é realizado o parecer nutricional e social para o fornecimento parcial ou total da dieta. Nos casos onde o parecer não é favorável à liberação a família é orientada e encaminhada, quando necessário, para outros instrumentos de saúde ou programas. Caso haja resposta positiva, a dieta é entregue à US de referência, que tem a responsabilidade de comunicar via telefone ou mediante busca ativa realizada por ACS, o paciente ou familiar sobre a retirada das latas/frascos da respectiva dieta. No caso de fornecimento de dieta de partida é observado durante a visita domiciliar as dificuldades encontradas pelas mães em realizar o AME. Com vistas a promover o apoio ao aleitamento materno a essas famílias que apresentam dificuldades e solicitam uma vinculação ao PMDE, ocorre o encaminhamento para o Ambulatório de Aleitamento Materno, na Maternidade do município, pactuada como Hospital Amigo da Criança. Os profissionais da maternidade realizam uma avaliação minuciosa da mama, pega correta, entre outros, fornecendo um suporte à família, encaminhando ao Setor de Nutrição uma contra referência para efetuar o fechamento do parecer nutricional. RESULTADOS No período de junho a dezembro de 2011 foi atendida uma média de 24 pacientes/mês em uso de fórmula de partida pelo PMDE e no mesmo período em 2012, ANAIS DO I SENAPS uma média aproximada de 30 pacientes/mês. No período citado de 2012, foram realizadas 55 solicitações de fórmula de partida, sendo estes criteriosamente avaliados. Nas solicitações constavam diagnósticos como fissura palatina, síndromes, uso de medicamento que contraindica o aleitamento, perda de peso, mãe em tratamento de câncer ou usuária de drogas, mastite grave, óbito materno, disfunção cardíaca, paralisia cerebral, hidrocefalia, uso de traqueostomia e sonda, além de alegações médicas e familiares sobre “falta de leite materno”, “criança chorosa” e “criança rejeita o seio”’. Diante do aumento do número de solicitações e das inúmeras alegações sobre dificuldade na amamentação, percebeu-se a necessidade de criar outro mecanismo de orientação individual, efetivando-se a vinculação com o Ambulatório de Aleitamento Materno, na maternidade do município, a partir de novembro de 2012. Esta integração entre serviços buscou incentivar o AME e fornecer as fórmulas infantis apenas para os casos específicos que impossibilitam o sucesso do aleitamento. Segundo experiência adquirida em visitas domiciliares do PMDE, pode-se perceber uma alta demanda por solicitações de dieta de partida por outros motivos que não se enquadram nas situações em que o aleitamento materno não é recomendado ou quando é necessária a interrupção temporária deste. Por exemplo, pouca produção de leite materno, dificuldade na pega correta, entre outros. Diante dos inúmeros benefícios que aleitamento proporciona à saúde, foi observado que o PMDE possui um processo elaborado para que não haja a substituição do aleitamento materno pelo programa, ofertando às crianças com riscos de saúde uma fonte segura de alimentação. Em alguns casos de gemelaridade e prematuridade, por exemplo, a dieta de partida é fornecida como complemento ao aleitamento e todos esses casos obtêm orientações especializadas da maternidade, utilizando-se a técnica de aconselhamento durante as visitas e no Ambulatório de Aleitamento Materno, para que essas mães não abandonem a prática do aleitamento, considerando essa situação uma condição de muitas dúvidas e dificuldades. ANAIS DO I SENAPS Em ocasiões onde a amamentação direta não é possível ser efetuada, existe a orientação sobre a técnica da ordenha manual. Esta técnica consiste na extração do leite materno com as mãos e a oferta deste é realizada por copinhos à criança (VITOLO, 2008). Aconselhar significa ajudar as mães a tomar decisões, após ouvi-las e compreendê-las, dialogando sempre sobre os prós e contras das opções sugeridas. No aconselhamento, é importante que as mulheres sintam que o profissional se interessa pelo bem-estar delas e de seus filhos para que elas adquiram confiança e sintam-se apoiadas e acolhidas para amamentar com segurança e tranquilidade (BRASIL, 2009). Segundo Perin (2008), se faz necessário observar a realidade social como um fenômeno a ser compreendido para chegar a sua essência. A partir dessa concepção, o assistente social tende, a partir da atitude investigativa, chegar o mais próximo possível da vida social dos sujeitos e famílias, conjugando-a a capacidade interventiva na sua prática profissional. Portanto, o trabalho desenvolvido pelo assistente social durante as visitas domiciliares não se direciona apenas na possibilidade das famílias realizarem a compra das dietas, mas esse profissional visa também como objetivo reconhecer a realidade social existente e orientar sobre os direitos sociais que estas famílias possuem sobre outros programas, desde municipais até aos programas nacionais, melhorando assim as condições de vida e renda nestas famílias. Por fim, a atuação do setor de nutrição no PMDE promove a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e o Direito Humano à Alimentação Adequada, pois contempla dimensões de acesso a alimentos especiais a aqueles sujeitos que possuem necessidades específicas, estabelecendo relações entre alimento e saúde. Nessas dimensões, o programa recorre a ações de caráter emergencial, voltando seus objetivos para o atendimento mais imediato de grupos em condições adversas do ponto de vista social e de saúde (BRASIL, 2004). ANAIS DO I SENAPS A intersetorialidade é uma das premissas básicas de uma política de SAN e significa ações articuladas e coordenadas, utilizando os recursos existentes em cada setor (materiais, humanos, institucionais) de modo mais eficiente, direcionando-os para ações que sigam uma escala de prioridades estabelecidas em conjunto (BRASIL, 2004). Portanto, foi possível verificar que a intersetorialidade e o trabalho multiprofissional estabelecido entre o serviço social, maternidade e o setor de nutrição da SMS conseguiu implantar critérios rigorosos para que o aleitamento materno seja estimulado, evitando o fornecimento de fórmulas infantis em casos onde o aleitamento pode ser efetivo. CONCLUSÕES Diante do exposto, pode-se verificar que o PMDE vem se estruturando desde sua implantação, em 2009, para que seja promovida uma alimentação adequada dentro do âmbito familiar de pacientes com necessidades nutricionais específicas através da intersetorialidade e do trabalho multiprofissional. Tem-se como meta a redução da ainda elevada demanda de prescrições de fórmulas infantis, que se referem às dificuldades apresentadas pelas mães relativas à adequada realização das técnicas de amamentação. Nesse sentido, ressalta-se a importância da adoção da estratégia de vinculação do PMDE ao Ambulatório de Aleitamento Materno, com vistas à promoção do suporte necessário às famílias para a efetivação do aleitamento materno. Conforme já dito, tal vinculação realizou-se somente em novembro de 2012 havendo portanto uma expectativa que em 2013 ocorra uma redução significativa da demanda por fórmulas infantis. PALAVRAS-CHAVE: Programa Municipal de Dietas Especiais; aleitamento materno; fórmula infantil; serviço social; Hospital Amigo da Criança. REFERÊNCIAS ANAIS DO I SENAPS BARBOSA, M. B.; PALMA, D.; BATAGLIN, T.; TADDEI, J. A. A. C. Custo da alimentação no primeiro ano de vida. Revista de Nutrição. Campinas, v. 20, n. 1, p. 5562, jan/fev 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Política da Saúde. Guia alimentar para crianças menores de 2 anos. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília: Ministério da Saúde: 2002. 152p. ________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 2ª ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. 48p. ________. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – CONSEA. Princípios e Diretrizes de uma Política de Segurança Alimentar e Nutricional. Textos de Referência da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Brasília: 2004. 80p. ________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Cadernos de Atenção Básica, n°23. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília, Ministério da Saúde, 2009. 111p. PERIN, S. P. A visita domiciliar como instrumento de apreensão da realidade social. In: Encontro Nacional do Serviço Social no Ministério Público. 2. 2008. Brasília. Relatório final. Brasília: Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), 2008. VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008. 628p. Eixo Temático: Saúde da Mulher ANAIS DO I SENAPS A LEI MARIA DA PENHA E A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Wanylla Paula dos Santos Czezaniak45 Francielly Batista Fernandes46 INTRODUÇÃO A violência acompanha a história da humanidade, sendo considerado um fator histórico onde a influencia das sociedades tiveram grande importância, embora cada qual na sua época. A violência contra a mulher é um trágico quadro que perpetua na sociedade devido à falta de informação e a conceitos socioculturais ainda enraizados. Nos dias de hoje, a sociedade ainda é machista e patriarcal, carregando a concepção de que o homem é superior à mulher, mais seguro, forte e equilibrado. Na medida em que a sociedade e até mesmo a própria mulher aceita o homem como superior, ela se sente insegura e inferior em todos os aspectos. É nesse momento que a violência ocorre. De acordo com a Declaração das Nações Unidas, de 1949, sobre a Violência Contra a Mulher, aprovada pela Conferência de Viena em 1993, a violência se constitui em “[...] todo e qualquer ato embasado em uma situação de gênero, na vida pública ou privada, que tenha como resultado dano de natureza física, sexual ou psicológica, incluindo ameaças, coerção ou a privação arbitrária da liberdade.” (ADEODATO, 2005). As situações de violência contra a mulher resultam, principalmente, da relação hierárquica estabelecida entre os sexos, sacramentada ao longo da história pela diferença de papéis instituídos socialmente a homens e mulheres, fruto da educação diferenciada. Assim, o processo de “fabricação de machos e fêmeas”, desenvolve-se por meio da escola, família, igreja, amigos, vizinhança e veículos de comunicação em massa. Sendo assim, aos homens, de maneira geral, são atribuídas qualidades referentes ao espaço público, domínio e agressividade. Já às mulheres foi dada a insígnia de “sexo 45 Enfermeira, Especialista, atua na Secretaria Municipal de Saúde de Assis Chateaubriand. Endereço: Rua França, 492 Jardim Europa, Assis Chateaubriand, Telefone: 44-9911-5135. E-mail: wanyllapaula@hotmail.com 2 Bacharel em Enfermagem, Especialista. ANAIS DO I SENAPS frágil”, pelo fato de serem mais expressivas (afetivas, sensíveis), traços que se contrapõem aos masculinos e, por isso mesmo, não são tão valorizados na sociedade (AZEVEDO, 1985). A violência é um fenômeno complexo que pode estar presente em todos os âmbitos da vida, ao longo de seu ciclo vital, podendo se manifestar sob diferentes formas e inúmeras circunstâncias dentre os principais tipos destacam-se: violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral. O Plano Estadual de Saúde Paraná (2012/2015) traz dados de violência contra a mulher baseado nas notificações recebidas, de acordo com estudo randômico pode-se constatar que o perfil das mulheres em situação de violência é: faixa etária de 20 a 29 anos, cor branca, e quanto aos tipos em primeiro lugar temos a violência física, seguida de psicológica, moral e sexual. De acordo com a Lei nº 11.340/2006 Lei Maria da Penha, violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (BRASIL, 2006). A criação da lei é um avanço expressivo na conquista das mulheres que não dispunham de lei especifica e guinada na história da impunidade, onde as mulheres ganharam direito, proteção e fortalecimento da autonomia (BRASIL, 2012). A Lei Maria da Penha tem esse nome devido o caso da biofarmacêutica Maria da Penha Maia Fernandes que sofreu violência doméstica de seu cônjuge tornando-se paraplégica, denunciou porém o crime ficou impune, até a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA analisar a denuncia e condenar o Estado Brasileiro a julgar o agressor e elaborar lei especifica para a violência contra a mulher. Após 6 anos de análise, discussões de propostas a Lei foi sancionada pelo presidente em 7 de agosto de 2006, com olhar inovador, reconhecendo a situação de perigo e fragilidade que as vítimas de violência doméstica e familiar se encontram, responsabilizando o Estado pela ANAIS DO I SENAPS prevenção à violência, auxilio na reconstrução da vida das mulheres agredidas e punição dos agressores (BRASIL, 2012). Contempla ainda os vários tipos de violência, prevê políticas públicas integradas com Poder Judiciário, Ministério público e defensoria pública, áreas de segurança pública, assistência social, educação, saúde, habitação e trabalho, medidas protetivas de urgência onde delegacia ou juiz tem 48 horas para analisar a concessão da proteção requerida, permite prisão em flagrante e preventiva, programas assistenciais nas três esferas de governo, atendimento especializado, assegura vínculo trabalhista caso necessite de afastamento. Impossibilitou a punição dos agressores com penas pecuniárias (multas e cestas básica) (BRASIL, 2012). A caracterização deste tipo de ato causa desde formas sutis até marcas visíveis no corpo, causando prejuízos no desenvolvimento físico, cognitivo, social, moral e emocional da mulher (FONSECA, 2006). De acordo com os dados de notificação de violência, a região Noroeste do Paraná é considerada a que menos tem casos notificados, caracterizando subnotificações, baseado nos mesmos o Ministério da Saúde tem realizado investimentos em treinamento de profissionais de saúde para reconhecimento de casos e notificação dos mesmos. A violência trata-se de um fenômeno multidimensional que requer integração entre União, Estados, Municípios e ações não governamentais para lidar com a condição existente, combate à violência, prevenção de males maiores, promoção à prevenção de violência e cultura de paz (MELO, 2010). Segundo O Relatório Mundial sobre Violência e Saúde (OMS, 2002), a violência contra a mulher configura um grande problema de saúde pública no mundo e os serviços de saúde são fundamentais na detecção do problema. Por ter um contato mais próximo com as mulheres, podendo reconhecer e acolher o caso antes que incidentes mais graves aconteçam. (SCHRAIBER, et al. 2002). ANAIS DO I SENAPS A violência pode ser prevenida e a saúde pública é interligada a essa problemática, pois sua função é prevenir problemas de saúde, proporcionar segurança e cuidados às populações em sua totalidade. OBJETIVOS - Orientar os profissionais da rede de atendimento à violência tais como: saúde, educação e assistência social dos 18 municípios que compõem a 20° Regional de Saúde objetivando o aumento da detecção precoce dos casos de violência através de métodos de diagnóstico precoce, notificações e encaminhamentos necessários para a rede; - Oferecer subsídios teóricos e práticos acerca da Lei Maria da Penha e violência doméstica contra a mulher na atenção primária; - Divulgar o conteúdo da capacitação recebida acerca do tema para os profissionais de nível superior da Secretaria Municipal de Saúde de Assis Chateaubriand. METODOLOGIA Este estudo baseou-se em um relato de experiência acerca da participação de 03 profissionais de nível superior da Secretaria Municipal de Saúde de Assis Chateaubriand sendo 02 enfermeiros e 01 assistente social, na 1º Capacitação de Sensibilização às Vítimas de Violência Contra a Mulher, realizada no dia 22 de março de 2013, no auditório da Universidade Paranaense (UNIPAR) na cidade de Toledo, o evento foi promovido pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde Costa Oeste do Paraná (CISCOPAR). Os temas abordados foram expostos através da fala de 08 palestrantes acrescida de recurso áudio-visual, incluindo a interação com os participantes do evento para esclarecimentos. Os temas abordados incluem: Lei Maria da Penha - atuação do Ministério Público; Protocolos de Tratamento; A violência contra Mulher e suas representações na ANAIS DO I SENAPS sociedade; Atendimento as vítimas de violência no IML de Toledo; Acompanhamento e fluxo de atendimento farmacêutico dos pacientes; Ficha epidemiológica e notificações; A drogadição/violência contra a mulher e a ética profissional. Segundo a fala do Promotor de Justiça da cidade de Toledo a análise do número de homicídios femininos no Brasil situado em 7º lugar de 1980/2010, com 4465 homicídios, 338 no Paraná, capital com mais homicídios ficou Salvador com 118, idade das vítimas predomina de 20 a 29 anos por violência contra mulher no Brasil (WAISELFISZ, 2012). Dentre as diversas situações de violência das quais as mulheres são vítimas, destaca-se a doméstica, onde o agressor é geralmente alguém que já manteve ou mantém uma relação íntima com a vítima. RESULTADOS A iniciativa tem como principal objetivo capacitar profissionais de saúde pública, para articulação dos serviços que atendam vítimas de violência e realizam ações preventivas com foco nas crianças, adolescentes, mulheres, idosos e pessoas com deficiência. Com a capacitação os profissionais estarão devidamente orientados quanto aos procedimentos de identificação e encaminhamento das vítimas. Os organizadores do evento trabalharam a importância dos profissionais sobre a necessidade do atendimento em rede e assim desenvolver ações para que se obtenha 100% de notificações dos casos de violência, atendimento qualificado às vítimas e ampliação dos serviços quanto à prevenção da violência. A adesão dos funcionários convidados para a capacitação foi de 100%, sendo que os assuntos abordados forma satisfatórios no sentido de esclarecimento e fortalecimento das ações já existentes nesta área bem como a iniciativa da formação de redes de atenção à violência contra a mulher no município de Assis Chateaubriand. CONCLUSÃO ANAIS DO I SENAPS Esta capacitação teve como objetivo a organização de redes de atendimentos a partir da identificação da violência, formação de equipes multiprofissionais em parceria com a Organização Mundial de Saúde, governos e Estados no intuito de desenvolver estratégias nos serviços de saúde tornando-os mais atentos e conscientes acerca da violência doméstica por detrás de demandas diárias. Os profissionais devem dispor de condições para identificar, investigar e dar seguimentos necessários dentro e fora dos serviços de saúde para que as mulheres conheçam, exijam e pratiquem direito a uma vida sem violência e digna. A capacitação foi o primeiro passo para a estruturação de uma rede de atendimento na qual as mulheres tenham acesso facilitado e resolutivo nos serviços ofertados que contemplem sua integralidade. Palavras-chave: Violência. Mulher. Lei Maria da Penha. Capacitação. REFERÊNCIAS ADEODATO, Vanessa Gurgel et al. Qualidade de vida e depressão em mulheres vítimas de seus parceiros. Revista de Saúde Pública. 2005; AZEVEDO, Maria Amélia. Violência física contra a mulher: dimensão possível da condição feminina, braço forte do machismo, face oculta da família patriarcal ou efeito perverso da educação diferenciada? Mulheres espancadas: a violência denunciada. São Paulo: Cortez, 1985. p. 45-75. BRASIL. Lei nº 11.340 de 7 de agosto de 2006. Brasília, 2006. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 15 de abril de 2013. ________. SECRETARIA DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES. Lei Maria da Penha: Lei nº 11.340/2006. Brasília: 2012. FONSECA, Paula Martinez Da. LUCAS, Tatiane Nascimento Souza. Violência doméstica contra a mulher e suas consequências psicológicas. 2006. Trabalho de ANAIS DO I SENAPS Conclusão de curso (Graduação) Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, 2006. Disponível em:<http://newpsi.bvs-psi.org.br/tcc/152.pdf>. Acesso em: 18 de abril de 2013. MELO, Elza Machado. Podemos prevenir a violência: teorias e práticas. Brasília: Organização Pan Americana da Saúde, 2010. SCHRAIBER, Lilia B. et al. Violência contra a mulher: estudo em uma unidade de atenção primária à saúde. Rev Saúde Pública. 2002; SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ. Plano Estadual de Saúde Paraná. 2012-2015. SESA. Curitiba, 2013; WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012 Atualização: Homicídio de mulheres no Brasil, 2012.[livro]. Disponível em:<http://mapadaviolencia.org.br/pdf2012/MapaViolencia2012_atual_mulheres.pdf>. Acesso em 25 de abril de 2013. Eixo Temático: Saúde da Mulher ANAIS DO I SENAPS Cuidado em Atenção Primária na Saúde da Criança PERFIL CLÍNICO DE CRIANÇAS MENORES DE CINCO ANOS ATENDIDAS 47NA UPA II, EM CASCAVEL, PR. Jéssica Rosin1 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso2 Cláudia Silveira Viera3 Cláudia Ross4 Jéssica Martins Valter5 Bruna Regina Bratti Frank6 RESUMO Esta pesquisa objetivou caracterizar o perfil clínico de crianças de um a quatro anos, onze meses e 29 dias que foram atendidas no serviço de pronto atendimento continuado II (PAC II), do município de Cascavel, PR. O estudo é de natureza quantitativa, descritivo, inferencial e retrospectivo, cuja técnica de coleta de dados foi a pesquisa documental em prontuários de atendimento com uma matriz de coleta de dados estruturada e pré-definida. Os resultados evidenciaram que: houve prevalência do sexo masculino na faixa etária de 13 a 23 meses e do sexo feminino nas demais faixas de idade; a faixa etária prevalente foi dos 13 aos 23 meses de idade; as temperaturas indicaram febre baixa ou pouco elevada; o diagnóstico clínico de doenças respiratórias foi prevalente; avaliação médica e administração de medicamentos no pronto atendimento foram as condutas mais adotadas; após o atendimento, as crianças receberam alta ou foram encaminhadas para ambulatório SUS; a maioria dos atendimentos foi realizado por pediatras, porém, uma porcentagem significativa foi realizada por clínicos. Nosso estudo aponta para a necessidade das UBSse USFsse consolidarem como referência para a 47 Acadêmica do 5° ano do Curso de Enfermagem da Unioeste. End: Rua Aimorés, 147, Apto 01. Tel: (46) 9976-6570. E-mail: rosin.je@gmail.com 2 Doutora em Enfermagem pela EERP/USP. Professor adjunto do Curso de Enfermagem da Unioeste. 3 Doutora em Enfermagem pela EERP/USP. Professor adjunto do Curso de Enfermagem da Unioeste. 4 Doutora em Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina. Professor adjunto do Curso de Enfermagem da Unioeste. 5 Acadêmica do 5° ano do Curso de Enfermagem da Unioeste. 6 Acadêmica do 5° ano do Curso de Enfermagem da Unioeste. ANAIS DO I SENAPS população, para que esta busque neste local a resolução dos problemas de saúde apresentados. Esta consolidação se dará através do cumprimento dos princípios de orientação da Política Nacional de Atenção Básica e da valorização dos profissionais atuantes na rede. Será necessário reorganizar a demanda, permitindo que cada nível de atenção realize atendimentos de acordo com sua capacidade operacional e complexidade tecnológica, oferecendo serviços de qualidade para os usuários. INTRODUÇÃO No município de Cascavel, PR, a Atenção Básica se divide entre as Unidades Básicas de Saúde e as Unidades de Saúde da Família. O município conta com um total de nove Unidades de Saúde da Família e vinte e duas Unidades Básicas de Saúde. Possui, no nível intermediário de atenção a saúde, duas unidades de pronto atendimento continuado (atualmente denominadas UPAs – Unidades de Pronto Atendimento), além da rede hospitalar e serviços especializados (CASCAVEL, 2012).As Unidades de Pronto Atendimento - UPA 24h são estruturas de complexidade intermediária, compondo a rede de atenção às urgências juntamente com o componente hospitalar. São integrantes do componente pré-hospitalar fixo e devem ser implantadas em locais estratégicos, com acolhimento e classificação de risco em todas as unidades, em conformidade com a Política Nacional de Atenção às Urgências. O objetivo é diminuir as filas nos prontos-socorros dos hospitais, evitando que casos que possam ser resolvidos nas UPAs, ou unidades básicas de saúde, sejam encaminhados para as unidades hospitalares (BRASIL, 2012). Idealmente as Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou as Unidades do Programa Saúde da Família (USF) devem atuar como a porta de entrada do sistema de saúde e a partir delas os indivíduos são encaminhados para os níveis secundário e terciário de atenção, de forma referenciada (BRASIL, 2006). Porém, grande parte dos indivíduos continuam buscando atendimento à saúde em níveis mais complexos de atenção para problemas que poderiam ser solucionados na atenção básica (KOVACS, 2005). Constata-se que dentre todas as regiões do país, a região sul é que apresenta, desde 2000, a menor taxa de mortalidade em menores de cinco anos e fazendo parte da região sul o estado do Paraná é o que vem apresentando a maior taxa de mortalidade em menores de cinco anos, apesar da evidente queda. Constatamos ainda quenos menores de cinco anos, as principais causas de ANAIS DO I SENAPS mortalidade incluem as afecções perinatais, as infecções respiratórias, as doenças diarréicas e a desnutrição(DATASUS, 2011). Ainda de acordo com os dados disponíveis no DATASUS, em 2008 no estado do Paraná, a porcentagem de internações e suas respectivas causas em crianças de 1 a 4 anos foi: doenças do aparelho respiratório com 46,26%, seguidas de doenças infecciosas e parasitárias com 21,53%, doenças do aparelho digestivo com 5,46%, causas externas com 4,29%, doenças do aparelho geniturinário com 4,70%, neoplasias com 1,63%, transtornos mentais e comportamentais e doenças do aparelho circulatório somam juntos menos que 1% e, por fim, demais causas somam 15,38%. Assim, os questionamentos que levaram a condução deste estudo foram: por que as crianças da faixa etária estudada continuam adoecendo por causas evitáveis? Por que continuam sendo internadas se os problemas de saúde apresentados deveriam ser resolvidos pela atenção básica ou em nível ambulatorial? O que leva à busca do pronto atendimento e não a atenção básica? E, por fim, como os problemas de saúde dessas crianças são solucionados no pronto atendimento? OBJETIVOS O objetivo deste estudo é caracterizar o perfil clínico de crianças de um a quatro anos, onze meses e 29 dias que foram atendidas no Pronto Atendimento Continuado II (PAC II/UPAII), do município de Cascavel, PR, no ano de 2010. MATERIAIS E MÉTODOS A população do estudo foram crianças atendidas na UPA II (PAC II), em Cascavel Paraná, no ano de 2010, compreendidas na faixa etária de um a quatro anos, onze meses e vinte nove dias. A amostragem elegida foi a aleatória estratificada, que de acordo com Gil (2002), caracteriza-se pela seleção de uma amostra de cada subgrupo da população considerada. Neste caso, a população foi divida pela idade. Utilizou-se o intervalo de significância de 95% de confiança e 4% de margem de erro. Obtivemos como amostra total a ser caracterizada 236 prontuários. Iniciamos a pesquisa através da captação de prontuários junto ao SAME (Serviço de Arquivo Médico e Estatística) do PAC II. Neste serviço, constam os cadernos com os registros de todos os atendimentos realizados na unidade. Em seguida, selecionamos a amostra necessária através da enumeração das linhas de 00 a 33, sendo retirada a criança correspondente ANAIS DO I SENAPS ao número 29. Caso a criança não se enquadrasse na pesquisa, a imediatamente anterior foi selecionada. Posteriormente, levantamos os prontuários na UPA II para coleta dos dados clínicos, correspondendo à primeira etapa da pesquisa, a qual se refere o presente trabalho.O instrumento de coleta de dados consta de variáveis relacionadas aos dados clínicos do atendimento da criança na UPA II, sendo elas: sexo da criança; data do atendimento; idade; temperatura; freqüência respiratória; saturação periférica de oxigênio; hipótese diagnóstica; conduta; encaminhamento; e profissional que realizou o atendimento. A sistematização e análise dos dados ocorreu mediante a criação de banco de dados no programa EPI-Info 2010. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa – CEP/Unioeste, sob parecer de nº 495/2010 – CEP e contemplado no Edital Universal do CNPq 014/2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO Obtivemos como amostra total 236 prontuários correspondentes a atendimentos de menores de cinco anos e maiores de um ano realizados no PAC II no ano de 2010. Não houve diferença significativa quanto ao sexo. A faixa etária mais acometida foi de 13 a 23 meses. Os valores de temperatura se mostraram pouco elevados. As variáveis da frequência respiratória e saturação de oxigênio, em mais de 90% dos casos, não foram aferidas. As doenças respiratórias são os principais diagnósticos, seguindo-se as doenças gastrointestinais, outras causas (ferimentos, alergias, dermatites, presença de corpo estranho), causas externas, doenças infecto parasitárias (DIPs) e problemas geniturinários, respectivamente. As condutas adotadas incluíram avaliação médica, administração de medicamentos, realização de raios-X e observação. A maior parte dos encaminhamentos corresponde à alta, seguindo referência para ambulatório SUS. Apenas um caso requeriu encaminhamento para nível terciário de atenção à saúde e nove casos requereram internação no PA. Cerca de 70% dos atendimentos foram realizados por médicos pediatras. Os resultados do nosso estudo mostraram que a grande maioria dos problemas de saúde apresentados pelas crianças poderiam ser resolvidos pela atenção básica. Porém, ocorre que os pais ou responsáveis vão diretamente para níveis mais complexos de atenção à saúde, impedindo que a atenção básica proponha soluções para os problemas apresentados. Kovacset al. (2005) traz como explicação para a demanda espontânea para serviços de urgência e emergência o descompasso entre crescimento da rede básica, necessidades de atenção e indefinição sobre o papel das unidades básicas, percepções dos responsáveis pelas crianças ANAIS DO I SENAPS sobre USF, concepções sobre a necessidade de pronto-atendimento, valores relativos a utilização das urgências pediátricas e do cotidiano dos serviços, acessibilidade à rede básica e qualidade do atendimento prestado. CONCLUSÕES Nosso estudo evidenciou que muitos dos problemas de saúde que motivaram a busca pela UPA II (PAC II) eram passíveis de resolução na atenção básica. Porém, como os pais ou responsáveis buscam primeiramente níveis mais complexos de atenção à saúde, a atenção básica fica impossibilitada de resolver tais problemas. Nosso estudo aponta para a necessidade das Unidades Básicas de Saúde se consolidarem como referência para a população, para que esta busque nas UBSs/USFsa resolução dos problemas de saúde apresentados e não as utilizem apenas para atendimentos previamente agendados. Esta consolidação se dará através do cumprimento dos princípios de orientação da Política Nacional de Atenção Básica, como a integralidade, o acesso universal, o acolhimento, a criação de vínculos, a participação da população e controle social, além da valorização dos profissionais atuantes na rede. Da mesma forma que cabe a população buscar por serviços em níveis adequados de complexidade respeitando a hierarquia do sistema de saúde, é necessário que a Atenção Básica cumpra com seu papel e proporcione resolução dos problemas que chegam até ela. Assim, o sistema de saúde funcionará de forma adequada com a reorganização da demanda para as unidades de pronto atendimento e/ou unidades de urgência, permitindo que cada nível de atenção realize atendimentos de acordo com sua capacidade operacional e complexidade tecnológica, oferecendo serviços de qualidade para os usuários. PALAVRAS-CHAVE: criança, cuidado, organização do trabalho de saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. UPA 24h. Disponível <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=36654&janela=1> 04 Fev. 2012. em: Acesso: ANAIS DO I SENAPS ________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica –Brasília: Ministério da Saúde, 2006. CASCAVEL. Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel. Unidades de Saúde. Disponível em: <http://www.cascavel.pr.gov.br/secretarias/saude/pagina.php?id=136> Acesso: 04 Fev. 2012. ________.. Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel. Unidades Especiais de Saúde. PAC II. Disponível em: <http://www.cascavel.pr.gov.br/secretarias/saude/index.php> Acesso: 04 Fev. 2012. DATASUS. Proporção de internações hospitalares (SUS) por grupos de causas– 2008. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2009/d13.def> Acesso: 09 Nov. 2011. ________. Taxa de mortalidade em menores de cinco anos - 2008. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2009/c16.htm > Acesso em: 26 jun.2012. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. KOVACS, M. H; et al. Acessibilidade às ações básicas entre crianças atendidas em serviços de pronto-socorro.Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro v. 81, n. 3, Junho, 2005. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA – AÇÃO INTEGRADA PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM ESTUDANTES EM COLOMBO-PR Aislaine Poplade Pereira de Mattos Eloyse Weeny Ramos Bieberbach Ceschim Bruna Larissa Klingbeil de Lima Dayane Gomes Piala Evelyn Kultum Opuszka Nayana Cavassim do Nascimento INTRODUÇÃO Instituído pelo Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, o Programa Saúde na Escola (PSE) foi desenvolvido através da integração do Ministério da Saúde e Ministério da Educação com o objetivo de ampliar as ações em saúde no ambiente escolar. A partir da década de 90, a Escola passou a ser considerada como um espaço para ações que estabeleçam mudanças de atitude e opções mais saudáveis de vida, diminuindo assim, riscos e agravos à saúde de crianças, adolescentes e jovens adultos (BRASIL, 2009). A promoção de hábitos alimentares saudáveis está inserida no contexto da adoção de estilos de vida saudáveis, sendo componente importante na promoção da saúde e qualidade de vida. Esta promoção está pautada na concretização do direito humano à alimentação adequada (DHAA) e na garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) da população sendo um eixo estratégico da Política Nacional de Promoção da Saúde (BRASIL, 2006)constituindoa Política Nacional de Alimentação e Nutrição como uma importante diretriz(BRASIL, 2005). No ambiente escolar, o trabalho de promoção da saúde deve envolver professores, funcionários, pais e comunidade para que assumam uma atitude frequente de empoderamento dos estudantes de modo a desenvolver competências e autonomia ANAIS DO I SENAPS para o exercício pleno da cidadania (PORTUGAL, 2006; DEMARZO; AQUILANTE, 2008). Nas últimas cinco décadas, o Brasil passou por mudanças significativas no que diz respeito ao crescimento populacional, com aumento da expectativa de vida, aumento da população urbana e mortalidade infantil, denominada transição demográfica. Tal transição relaciona-se com a diminuição de doenças infecciosas e aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), chamada transição epidemiológica (RINALDI, et. al., 2008apud LAURENTI, R., 1990). Juntamente com tais mudanças, destaca-se atransição nutricional que é caracterizada pela mudança de estilo de vida (entrada da mulher no mercado de trabalho, alimentação fora de casa, entre outros), alteração do padrão dietético (aumento do consumo de gorduras saturadas e de origem animal, quantidade reduzida de carboidratos complexos e fibras, consumo de alimentos ricos em açúcares e sódio), sedentarismo e mudanças econômicas, sociais e demográficas. Como resultado tem-se a alteração do perfil nutricional da população, ou seja, a redução do número de casos de desnutrição e aumento do binômio sobrepeso/obesidade (BRASIL, 2008a). Diante deste cenário, cerca de 50% das crianças que são obesas até os seis meses de idade e 80% das obesas até os cinco anos, permanecerão nesta condição na fase adulta. Sendo assim, os hábitos alimentares estabelecidos na infância são de extrema importância para a definição do risco de DCNT’s (Doenças Crônicas não Transmissíveis), como: hipertensão, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e neoplasias na fase adulta (GOTMARKER, 1987 apud ABRANTES et. al, 2002.) Definida como o excesso de gordura corporal, a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa tanto no Brasil como em todo mundo e as consequências de hábitos alimentares não saudáveis são determinantes de várias complicações na infância e na idade adulta. A obesidade é considerada um grande problema da sociedade moderna e globalizada, causada por diversos fatores como: sedentarismo, alimentação inadequada, hábitos alimentares equivocados dos pais, entre ANAIS DO I SENAPS outros. Estudos mostram que a presença da obesidade na infância é um forte indicador de sua permanência na fase adulta, com consequentes riscos de doenças cardiovasculares e diabetes. Pode ainda acarretar distúrbios psicológicos, isolamento, depressão, preconceito e baixa autoestima (SILVA, 2008). OBJETIVO Relatar a experiência de profissionais da Nutrição em uma atividade de educação em saúde em 13 escolas do município de Colombo-PR,planejada a partir da iniciativa nacional da Semana de Saúde na Escola e dos resultados do Programa Saúde na Escola obtidos no ano de 2012. METODOLOGIA No período de 11 a 15 de março de 2013, foi desenvolvida uma atividade lúdica de educação nutricional em 13 escolas da rede pública do município, como resultado da Campanha da Semana da Saúde na Escola nas instituições públicas de ensino básico de todo o país, vinculadas ao PSE. A ação atingiu cerca de 200 crianças por escola e priorizou os 4º e 5º anos, não obrigatoriamente. O documentário “Muito Além do Peso” (2012) dirigido por Estela Rennerfoi utilizado como base para a preparação de um teatro contendo informações atuais para a conscientização de uma alimentação adequada x obesidade. Foram utilizados materiais do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Paraná, tais como: pacotes de salgadinhos e biscoitos recheados, garrafas plásticas que simbolizavam sucos e achocolatados, lata de achocolatado em pó, caixas de chocolate, embalagens de doces e frutas e verduras artificiais. Estes materiais simbolizavam os alimentos que o consumo não é recomendado e os alimentos consumidos frequentemente pelos alunos. Foram necessárias garrafas para colocar açúcar e óleo conforme as quantidades presentes em uma lata de refrigerante do tipo cola, um pacote médio de salgadinho de batata chips, ANAIS DO I SENAPS uma garrafa de refrigerante sabor uva de 600ml, uma caixa de achocolatado pronto para consumo de 200ml e um pacote de bolacha recheada. Os alimentos foram escolhidos com base no documentário assistido bem como as quantidades de açúcar e óleo. Para o figurino foram necessárias roupas masculinas (duas camisas e dois bonés), um avental colorido com frutas e verduras e três mochilas. Foi disponibilizada uma cópia do Documentário “Muito além do peso” para os diretores das 13 escolas assistidas pelo PSE, para que os mesmos repassassem aos professores, funcionários e pais para conscientização da gravidade da obesidade infantil. O roteiro foi distribuído entre quatro personagens.A nutricionista: uma profissional que participa da história para interagir com os personagens e com o público. É extrovertida, fala a linguagem das crianças, questiona e ensina de maneira clara e simples sobre a quantidade de gordura e açúcar que os alimentos mais consumidos pelas crianças possuem, sobre as doenças que podem decorrer do consumo exagerado deles (diabetes mellitus, obesidade e hipertensão) e como os alunos poderiam realizar mudanças no seu cotidiano (alimentação saudável, exemplos de lanches saudáveis e atividade física). O menino 1: aproximadamente 10 anos de idade que possui uma alimentação inadequada. Tem um armário na sua casa com todos os alimentos que as crianças gostam, porém não saudáveis. É o mais extrovertido, preguiçoso e reclama das orientações da nutricionista. Influencia os amigos para a alimentação inadequada no início, mas com o desenrolar do diálogo com os colegas, compreende e modifica seus hábitos. Todos os alimentos escolhidos para o teatro estavam dentro do armário fictício pertencente a este personagem. O menino 2: aproximadamente 10 anos de idade. Tem hábitos alimentares corretos e gosta de praticar atividade física. Não aceita as sugestões do amigo no início, mas é influenciado um pouco depois. Sempre tenta corrigir os amigos, mas acaba se frustrando quando eles nãolhe ouvem. É elogiado pela nutricionista e ao final, recebe o reconhecimento dos colegas, que acabam se tornando como ele. ANAIS DO I SENAPS A menina: aproximadamente 10 anos de idade, não tem uma opinião formada quanto a hábitos alimentares saudáveis. Julga-se correta sabendo muito bem o que é saudável ou não. Deixa-se influenciar demasiadamente pelo amigo 1, porém reconhece que estava errada e se assusta quando percebe que seus hábitos não estavam de acordo com as orientações da nutricionista. RESULTADOS No PSE realizado no ano anterior em 4 escolas de Colombo (4 dentre as 13 anteriormente citadas), observou-se que 20,2% (n: 227) das crianças apresentaram sobrepeso, 10,6% (n: 119) estavam obesas e 2,9% (n:33) já apresentavam obesidade grave segundo IMC para idade. Segundo protocolo do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) (BRASIL, 2011) espera-se que em uma população saudável, a porcentagem de crianças com sobrepeso seja de 15,9%, o que não corrobora com o resultado dos escolares avaliados em Colombo (20,2%). Da mesma maneira, observa-se uma discordância nas porcentagens referentes às crianças classificadas com obesidade e obesidade grave, sendo estas maiores que o esperado (2,3% e 0,1%, respectivamente). Diante de tais resultados, observou-se a necessidade da realização de uma atividade de educação nutricional. Durante a apresentação do teatro pode-se observar que, as crianças reconheceram e diferenciaram os alimentos considerados saudáveis e não saudáveis. Muitos se manifestavam com expressões faciais e gestos de positivo ou negativo.Quando os alunos foram questionados a respeito dos ingredientes contidos em maior quantidade nos produtos industrializados mostrados no teatro, grande parte deles soube identificar corretamente (grande quantidade de açúcar e gordura). A ideia original foi baseada no documentário descrito anteriormente e assim como no filme, os alunos mostraram-se surpresos quanto à quantidade desses ingredientes nos produtos exibidos e destinados pela indústria ao público infantil. ANAIS DO I SENAPS Considerando o processo de transição nutricional presente atualmente, se faz importante a elaboração de ações de nutrição e saúde, além disso, vale ressaltar que os hábitos alimentares são formados na infância e a introdução de práticas alimentares saudáveis pode prevenir doenças e agravos na vida adulta (CARVALHO; OLIVEIRA; SANTOS, 2010). A atenção das crianças, bem como os questionamentos realizados mostrou-se como um ponto positivo no objetivo de conscientização sobre a obesidade infantil e os problemas que uma má alimentação pode desencadear a saúde.Pode-se perceber que por meio da didática utilizada, quando os alunos visualizavam o que estava sendo discutido, a atenção dos mesmos era redobrada. Após a apresentação, quando os alunos foram questionados se continuariam a consumir os produtos industrializados mostrados, em algumas escolas, os alunos relataram que continuariam o consumo, sugerindo que há uma forte influência da mídia e de hábitos já arraigados, mesmo na mais tenra idade. Sabe-se que atualmente a criança passa grande parte do tempo em frente à televisão, e este é um veículo pelo qual diversos comerciais envolvendo produtos ricos em gorduras e pobre em nutrientes são veiculados, fazendo com que estes sejam consumidos na mesma proporção em que são anunciados (MIOTTO; OLIVEIRA, 2006). Quando questionados sobre o consumo de frutas e verduras, os alunos em sua maioria relataram consumir tais alimentos, porém de maneira esporádica. A importância de uma alimentação saudável e que contemple todos os grupos alimentares foi ressaltada e na medida em que o tema era abordado questionamentos surgiam e eram esclarecidos. Aproveitou-se a oportunidade para enfatizar a importância do consumo da merenda escolar e não de outros produtos industrializados trazidos de casa ou comprados próximos às escolas. A merenda escolar contempla e supre as necessidades ANAIS DO I SENAPS nutricionais dos escolares durante o período que estes se mantêm na escola, contribuindo para o crescimento e aprendizado dos escolares. CONCLUSÃO Analisando a experiência vivenciada pelas profissionais de Nutrição, as atividades de educação nutricional deveriam tornar-se constantes e/ou permanentes nas escolas de Colombo, bem como a inserção de uma disciplina de Educação em Saúde na grade curricular e incentivo a intersetorialidade entre Escolas e Unidades de Saúde através de programas do Governo Federal como o PSE, sugerindo que hábitos de vida saudáveis façam parte da rotina dos alunos, pais, diretores, funcionários, comunidade e profissionais de saúde contribuindo de modo singular para o desenvolvimento integral dos escolares em todos os âmbitos de vida. PALAVRAS-CHAVE: Obesidade Infantil; Programa Saúde na Escola; Educação Nutricional. REFERÊNCIAS ABRANTES, M. M.; LAMOUNIER,J. A.; COLOSIMO, E.A. Prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. Jornal de Pediatria, [S.I.], v. 78, n.4, 2002. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual Operacional para profissionais de saúde e educação: promoção da alimentação saudável nas escolas. Brasília: Ministério da Saúde, 2008a ________. Ministério da Saúde. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 2. ed. rev.Brasília, 2005. ________. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília, 2006. ________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Série B. Textos Básicos de Saúde. Cadernos de Atenção Básica, Saúde na Escola, n.24, 2009. ________. Ministério da Saúde. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde: Norma técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN. Brasília, 2011. ANAIS DO I SENAPS CARVALHO, A. P; OLIVEIRA, V. B.; SANTOS, L. C. Hábitos alimentares e práticas de educação nutricional: atenção a crianças de uma escola municipal de Belo Horizonte, Minas Gerais. Pediatria. v32, n1, p.20-7, 2010. DEMARZO, M. M. P.; AQUILANTE, A. G. Saúde Escolar e Escolas PromotorasdeSaúde. In: Programa de Atualização em Medicina de Família e Comunidade. Porto Alegre, RS: Artmed: Pan-Americana, 2008. v. 3, p. 49-76. LAURENTI, R.Transição demográfica e transição epidemiológica. Abstract do I Congresso Brasileiro de Epidemiologia; 1990 Sept 2-6; Campinas Brasil. p. 143-65. MIOTTO, A. C.; OLIVEIRA, A. F. A influência da mídia nos hábitos alimentares de crianças de baixa renda do Projeto Nutrir. Rev Paul Pediatria. v24, n2, p.115-20, 2006. PORTUGAL. Ministério da Saúde. Despacho nº 12.045 de 7 de junho de 2006. Programa Nacional de Saúde Escolar. Diário da República, [S.l.], n. 110, 7 jun. 2006. SILVA. Y.M.P.; COSTA, R.G.; RIBEIRO, R.L. Obesidade Infantil: uma revisão bibliográfica. Saúde e Ambiente em revista, Duque de Caxias, v.3, n.1, p.01-15,janjun, 2008. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS ADOLESCENTES E USO DE DROGAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE PRÁTICA EDUCATIVA Ana Tamara Kolecha Giordani1 Ana Paula Dias2 Cristina Bohrer2 Gleyce Kelly Duquesne Falco2 Leila Wiedmann3 Franciele Foshiera Camboin4 INTRODUÇÃO A adolescência é um período crítico na vida de cada indivíduo, pois nessa fase o jovem vivencia descobertas significativas e afirma a personalidade e a individualidade. Caracterizar a adolescência somente como faixa etária seria uma maneira muito simplista de observá-la, uma vez que ela compreende a transformação do jovem até a idade adulta, não apenas sob o ponto de vista biológico, mas também social e, principalmente, psicológico (CAVALCANTE; ALVES; BARROSO, 2008). Para Schenker; Minayo (2005) a adolescência é um período crucial no ciclo vital para o inicio do uso de drogas, seja como mera experimentação, seja como consumo ocasional, indevido ou abusivo. Muitas vezes as relações familiares saudáveis servem como fator de proteção para estes jovens. Embora na maioria das vezes este consumo seja experimental, é possível notar padrões que refletem comportamentos observados na vida adulta e que podem ser indicativos da necessidade de estabelecer medidas preventivas nesta etapa do desenvolvimento (TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001). A interface entre adolescência e uso de drogas é complexa, envolvendo aspectos biológicos, sociais, culturais e éticos. A discussão destes fatores é fundamental para subsidiar a abordagem pelos profissionais da saúde (BRASIL, 2003). A imagem do usuário de drogas como alguém incapaz de funcionar adequadamente dentro da sociedade reflete, na realidade, o estagio final do problema, sendo difícil o reconhecimento em estágios iniciais. A identificação de sinais precoces de comportamento de dependência é altamente necessária para que a família e o setor escola e saúde possam tomar providencias com maiores chances de sucesso. Tem-se a questão se a ausência a escola seria uma consequência do uso de drogas ou marcaria um ANAIS DO I SENAPS comportamento de dificuldade em outras áreas, que incluiria ou culminaria o uso de drogas (TAVARES; BÉRIA; LIMA, p. 157, 2001). O adolescente apresenta sinais de instabilidade e dependência. Cabe aos familiares, professores e equipe de saúde estarem atentos as mudanças comportamentais do individuo ao longo dos anos, saber identificar quando o adolescente encontra-se na classificação de risco para o uso de drogas e principalmente saber identificar quando este adolescente precisa de ajuda profissional para se livrar das drogas. Assim, o enfermeiro pode ser o profissional que faz o elo de ligação entre Unidade Básica de Saúde (UBS), escola e domicílio e deve conhecer o ambiente em que vive o usuário da UBS, conhecer os riscos que a população esta exposta e fazer um planejamento buscando a prevenção de tais males. A prevenção muitas vezes se dá através da educação em saúde com os sujeitos. Sendo a escola, a principal instituição voltada para formação de cidadãos, é compreendida como local para execução de educação em saúde, uma vez que as crianças e os adolescentes são o público mais vulnerável e são indicados para essas ações educativas. (BRASIL, 1998). As forças negativas do ambiente social podem explorar a vulnerabilidade do jovem ameaçando-o com problemas, como as drogas. A exploração é inevitável no desenvolvimento humano, e cabe ao jovem tomar a decisão certa. Neste caso, pais e professores podem exercer o papel de administradores e consultores na vida dos jovens, estabelecendo um laço de confiança em que, através de seus conselhos, os objetivos possam ser atingidos (TORRES; BOCHNIAK, 2003). O conceito de vulnerabilidade remete a ideia de fragilidade e de dependência, que se vincula à situação de crianças e adolescentes. Pode-se dizer que, ser vulnerável não é o mesmo que ser incapaz, mas ter por direito a condição de superar os fatores de risco que podem afetar o seu bem-estar. Quando se pensa em vulnerabilidade de crianças e adolescentes é importante percebê-los como seres que precisam ser urgentemente atendidos. Esta condição lança a família, a sociedade e ao Estado a responsabilidade para com sua formação (SIERRA; MESQUITA 2006). Quando se trata de uma atividade em que se deve relacionar a educação com a saúde na sala de aula, o relacionamento professor-aluno deve ultrapassar os limites do óbvio e surpreender os alunos, prender a atenção na aula e incentivar a participação dos mesmos. ANAIS DO I SENAPS Por isso o processo ensino aprendizagem deve ser diferente e os métodos de ensino diversificados. Diante disso, durante as atividades práticas supervisionadas da disciplina de prática de ensino do curso de enfermagem de uma universidade estadual no oeste do Paraná, realizamos uma prática educativa com alunos do ensino médio envolvendo o assunto. OBJETIVO Apresentar a prática educativa em saúde realizada com alunos de uma escola pública da região oeste do Paraná acerca dos principais tipos de drogas e os efeitos nocivos causados pelo uso do mesmo METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo que para Gil (1999), tem o objetivo de descrever as características de determinada população ou fenômeno. Na prática educativa foram ministradas aulas teóricas expositivas e dialogadas em dois dias, com carga horária de 5 horas/aula A cada dia, 3 horas/aula foram direcionadas para a fundamentação teórica e 2 para atividades prática e as dúvidas, sugestões e colocações foram realizadas no decorrer da prática educativa. Para isso, fez-se uso de aparelho multimídia, vídeos, dinâmica avaliativa e demonstração prática dos efeitos do tabagismo com a boneca Smokey Sue. RESULTADOS As aulas foram ministradas em dois dias, o que possibilitou uma maior interação com os alunos. Num primeiro momento foram discutidos aspectos relacionados a composição e efeitos das principais drogas no organismo. Durante a discussão varias perguntas surgiram inclusive depoimentos acerca de experiências anteriores com o uso abusivo de drogas. Observou-se que a maior parte dos alunos teve contato com drogas, descrevendo uma realidade diferente dos livros e nos mostrando como é fácil ter acesso as drogas na realidade em que vivemos. Segundo alguns alunos, algumas drogas eram misturadas a ANAIS DO I SENAPS corantes, recebiam nome de super herói e eram vendidas de forma que o consumidor acreditasse receber super poderes ao fazer uso da mesma. Além disso, houve depoimento de um aluno que fazia uso de cocaína, relatou seu efeito alucinógeno, modo de usar intranasal e a dificuldade para se livrar do vício. O aluno está em tratamento e acompanhamento e descreve como sendo uma luta diária contra o desejo de consumo. Este e outros relatos nos mostraram que os alunos tem um alto conhecimento sobre o assunto, citando drogas desconhecidas na literatura. Depois de realizadas as discussões, duas dinâmica avaliativas foram propostas. A primeira foi um teatro feito pelos alunos demonstrando o uso de uma droga, em que os demais colegas deveriam adivinhar a droga descrita. Na segunda dinâmica a sala foi dividida em três grupos. Uma pessoa era responsável no grupo para responder as perguntas relacionadas ao tema, outra pessoa andava casas no chão feitas com papel sulfite, como se fosse um jogo de tabuleiro e o resto do grupo realizava discussão para chegar na resposta certa. Assim, a cada resposta certa, o aluno andava uma casa e o grupo que respondia maior número de questões corretamente, vencia. Entretanto, a primeira dinâmica não foi eficaz, pois muitos dos alunos se recusaram a participar do teatro. Então, após esta primeira tentativa, a dinâmica foi tirada, permanecendo a dinâmica de perguntas e respostas, sendo que nesta, a maioria das questões eram respondidas corretamente e houve grande participação dos alunos. Para complementar o tempo previsto, mais vídeos sobre o tema foram apresentados. Por fim foi realizada uma demonstração pratica dos efeitos do tabagismo com a boneca Smokey Sue. Como a boneca fumava os cigarros, a atividade foi desenvolvida em um ambiente aberto, no pátio da escola. Um cigarro era colocado na boca da boneca e acendido, insuflando-se o peito da boneca era possível tragar o cigarro. Conforme o cigarro era consumido e a boneca fumava, as toxinas presentes no tabaco se acumulavam em um tubo de ensaio que representava o pulmão, tornando o tubo escuro. A atividade despertou o interesse e a curiosidade dos alunos e equipe pedagógica. Após a apresentação da boneca, vídeos sobre drogas foram passados ate o final da aula. CONSIDERAÇÕES ANAIS DO I SENAPS A realização de práticas educativas em saúde no ambiente escolar é uma atividade contemplada na matriz curricular do curso de enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, fazendo parte da formação do enfermeiro educador. Assim, esta atividade possibilitou uma troca de experiência entre acadêmicos e alunos. Nota-se que muitos adolescentes fazem o uso de drogas sem se preocupar com a maleficência do mesmo, e o enfermeiro como profissional de saúde pode, alerta-los sobre os riscos e consequências deste uso abusivo por meio de práticas educativas de prevenção, promoção e reabilitação à saúde. Para a enfermagem, o estudo sobre o comportamento dos adolescentes perante as drogas é de fundamental importância, uma vez que é de nosso conhecimento o fato de que tanto as medidas preventivas como as estatísticas disponíveis em nosso País são insuficientes para tratar e dimensionar a problemática. Aproximar-se da realidade dos nossos jovens a fim de conhecer o problema e elaborar políticas públicas e programas de prevenção e tratamento para o uso/abuso de álcool e drogas é um dos papéis dos profissionais de saúde, visando à manutenção da qualidade de vida da população jovem (CAVALCANTE; ALVES; BARROSO, 2008). Trabalhar com adolescentes é um desafio. Entretanto, buscando estratégias que fortaleçam o laço do profissional com o adolescente, a relação se torna benéfica para ambos, neste sentido o adolescente pode implementar ações para cuidar da sua saúde e tirar as dúvidas frequentes que se tem nesta fase, e o enfermeiro tem um feedback dos resultados que esta interação propicia. Palavras chaves: Drogas, Adolescentes, Enfermagem. REFERÊNCIA BRASIL. Núcleo de estudos da saúde do adolescente - NESA. Drogadição. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/multimedia/adolescente/drogas2.swf>. Acesso em: 30 de março de 2013. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/ Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998. ANAIS DO I SENAPS CAVALCANTE, M. B. P. T.; ALVES, M. D. S.; BARROSO, M.G. T. Adolescência, álcool e drogas: uma revisão na perspectiva da promoção da saúde. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 12, n. 3, 2008. GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4.ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 1999. SCHENKER, M.; MIRAYO, M. C. S. Fatores de risco e proteção para o uso de drogas na adolescência. Ciênc. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p. 707-717, 2005. SIERRA, V.M.; MESQUITA, W.A. Vulnerabilidade e fatores de risco na vida de crianças e adolescentes. São Paulo em perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v.20, n.1, p.148-155, 2006. TAVARES, B. F.; BÉRIA, J. U.; LIMA, M. S. Fatores associados ao uso de drogas entre adolescentes escolares. Rev. Saúde Pública, Pelotas, v. 38, n. 6, p. 787-796, 2004. TORRES, P. L.; BOCHNIAK, R. Uma leitura para os temas transversais: ensino fundamental. Curitiba: SENAR, 2003. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS PROCESSO DE TRABALHO NO CUIDADO DA CRIANÇA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: REVISÃO INTEGRATIVA Anna Luisa Finkler48 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso49 Cláudia Silveira Viera50 INTRODUÇÃO Todo trabalho constitui-se em uma atividade transformadora de um objeto de trabalho em produtos, em que a transformação de tal atividade pretende o alcance de uma finalidade (MARX, 1994). No setor saúde, tido como setor de serviços, tal afirmação não difere, já que se tem o cuidado como objeto de trabalho e a resolução das necessidades de saúde como a atividade fim deste trabalho, visto que ao conceber e planejar as ações em saúde, os trabalhadores identificam a necessidade de saúde que é possível ser satisfeita e a produção dessas ações incorpora os elementos que constituem o processo de trabalho, como: objeto, instrumentos, produto e finalidade que juntos articulam-se e sustentam-se em uma percepção do homem e do processo saúde-doença (PEDUZZI; SCHRAIBER, 2008). Tais elementos, no trabalho em saúde configuram-se por uma característica específica presente neste tipo de trabalho, o de ser relacional, ou seja, ocorre por meio de uma relação existente entre um trabalhador e um usuário, podendo ser de forma individual ou coletiva, com a utilização de conhecimentos que busque como finalidade única a saúde (BRASIL, 2005). Desta maneira, o processo de trabalho em saúde, dimensiona-se a partir do cotidiano do trabalho em saúde, na sua 48 Enfermeira. Mestranda. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, PR. Rua Universitária, 1619. Bairro: Jardim Universitário. Cascavel, PR. (45) 3220- 3000. annalufinkler@yahoo.com.br 49 Enfermeira. Doutora em Ciências pelo Programa de Enfermagem em Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – EERP/USP. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 50 Enfermeira. Doutora em Saúde Pública. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. ANAIS DO I SENAPS prática diária dos trabalhadores de saúde inseridos na produção e consumo dos serviços de saúde. Tal produção e consumo estão pautados por meio das tecnologias de saúde, caracterizadas por serem leves (relações estabelecidas), duras (máquinas e instrumentos) ou em leve - duras (conhecimento técnico), propostas por Merhy (2002). Assim, a forma de agir dos profissionais de saúde no seu processo de trabalho com a utilização de tais tecnologias, é o que caracterizará o trabalho em saúde e levará à resolução ou não dos problemas de saúde existentes. Indicando que os problemas de saúde são sempre complexos, pois envolvem inúmeras dimensões da vida, de ordem social, biológica e subjetiva, sendo que o trabalho em saúde se tornará eficaz se alcançar tais complexidades e der sentido à intervenção nos diversos campos de saúde (BRASIL, 2005). Dentre a complexidade do setor saúde, destaca-se a atenção especial requerida junto à infância. Para o Ministério da Saúde a infância é um momento que exige uma maior atenção, devido ao desenvolvimento das potencialidades humanas, sendo que o aparecimento de qualquer distúrbio pode causar graves consequências para os indivíduos e para a comunidade (BRASIL, 2009). Por esta causa, inúmeras ações (programas e políticas) vêm sendo criadas desde a década de 1980, com o objetivo de intervir nesta faixa etária a partir da mudança do modelo tecnoassistencial, representada pela ampliação do acesso aos serviços de saúde, pela desfragmentação da assistência e pela mudança na forma como o cuidado aos recém-nascidos e as crianças estava sendo realizado (BRASIL, 2012). Como exemplo, tem-se a implantação, nos últimos dois anos, de programas prioritários, como a Rede Cegonha e o Brasil Carinhoso. As ações propostas pela maioria dos programas e políticas públicas de saúde da criança voltam-se para o desenvolvimento e proteção da infância e da adolescência, destacando a assistência ao recém-nascido, a promoção do aleitamento materno, o seguimento do crescimento e desenvolvimento da criança, as imunizações, e também a prevenção e o controle das doenças diarreicas e respiratórias agudas (BRASIL, 2009). Para a concretização de tais ações, a Atenção Primária à Saúde (APS) foi designada como sendo a ferramenta essencial, pois é nesse âmbito de atenção que devem ser assegurados ANAIS DO I SENAPS os cuidados preventivos para a promoção de boas condições de saúde na infância, bem como os cuidados de promoção, prevenção e terapêutica, com o envolvimento dos profissionais da saúde, da família, da comunidade e de outros setores sociais (MELO; TONETE; SILVA, 2009). Para promover o cuidado da criança no âmbito da APS, fazse necessário a união e esforço contínuo da equipe de saúde, carreado por conhecimento de afetividade em prol de uma maior aproximação com os seres cuidados, com o objetivo de melhorar sua condição, resgatando a dimensão humana do cuidado, de forma a ultrapassar antigos paradigmas (MOURA; ROCHA, 2012) que centram-se, de maneira geral, apenas no conhecimento e condutas isoladas de um modelo biológico e unicausal do processo saúde – doença dos indivíduos e coletividades. Desse modo, levando em consideração a importância dada à atenção à saúde da criança e a forma como o trabalho em saúde se estrutura na APS por meio do processo de trabalho, tornase passível o seguinte questionamento: o que as produções científicas existentes nos periódicos nacionais têm abordado a respeito do processo de trabalho em saúde na assistência à saúde da criança na APS? OBJETIVOS Identificar na literatura nacional e apresentar o conhecimento científico produzido no que diz respeito ao processo de trabalho da equipe de saúde na assistência à saúde da criança no âmbito da APS. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão integrativa, cujo método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). Consiste na construção de uma análise extensa da literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos anteriores ANAIS DO I SENAPS (BROOME, 2000 apud MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008). A ferramenta utilizada para a busca de dados foi a internet. Após uma pesquisa prévia, optou-se pelo levantamento por meio dos seguintes periódicos da área de saúde pública/coletiva: Revista de Saúde Pública, Cadernos de Saúde Pública, Physis - Saúde Coletiva, Revista Latino-Americana de Enfermagem, Revista Brasileira de Enfermagem (Reben), Ciência, Cuidado e Saúde, Revista Escola de Enfermagem da USP, Acta Paulista de Enfermagem e Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste (RevRene). Os critérios para inclusão foram: a) artigos publicados em português, independente do método de pesquisa utilizado; b) artigos que abordem a temática de atenção primária a saúde das crianças, relacionados com o processo de trabalho em saúde da equipe; c) artigos que possuam resumo e texto completo disponível online para facilitar sua seleção prévia e acesso livre; e) artigos publicados no período entre julho de 2006 a abril de 2013. Para a seleção dos artigos, primeiramente foi feita a leitura dos títulos e dos resumos dos mesmos, percebendo se atendiam ao objetivo e à pergunta norteadora proposta pela pesquisa. Após a seleção dos artigos, foi realizada a categorização para análise e construção da interpretação dos resultados, seguida da conclusão. As palavras-chave utilizadas para a busca foram: atenção primária à saúde, criança e trabalho. Todas foram cruzadas e fazem parte dos descritores no DECs. RESULTADOS De um total de 225 artigos obtidos na primeira busca, após a leitura e aplicação dos critérios de inclusão/exclusão, obteve-se uma amostra final de nove artigos, a partir dos quais se elaborou os resultados. Por meio da análise das publicações selecionadas foi possível identificar os elementos do processo de trabalho, a saber: objeto de trabalho, instrumentos de trabalho e finalidade do trabalho. Objeto de trabalho em saúde: Quanto ao objeto de trabalho em saúde, quatro estudos (ALEXANDRE et al., 2010, COSTA et al., 2010, MONTEIRO et al., 2011, SILVA; RAMOS, 2011) mencionaram que a assistência à saúde da criança na APS estava pautada no modelo de assistência individual, curativo e biológico, que aborda as inúmeras e complexas ANAIS DO I SENAPS necessidades humanas e de cuidado de forma biologicista, centrado na doença e no corpo físico e biológico, ao invés de considerar o objeto de trabalho em saúde o cuidado humano que tem como ideal a consideração do indivíduo como um ser social e atuante. A atenção à saúde na sua subjetividade pressupõe transformações e requer, no cotidiano dos profissionais de saúde, uma postura ética, política e moral de reconhecimento da diferença da diversidade das demandas apresentadas pela população infantil em que o cuidado aplicado seja um cuidado amoroso, sensível, humano, solidário e terapêutico, conciliando as várias dimensões da vida e do viver, aliando aos aspectos biológicos os sociais, culturais e psicológicos (SOUSA; ERDMANN, 2012). Instrumentos de trabalho no cuidado a saúde das crianças na APS: Quanto aos instrumentos de trabalho, dois estudos (FLORES PENA; ALMEIDA; DURANZA, 2006, SOUSA; ERDMANN, 2012), mencionaram uma assistência de saúde às crianças na APS configurada como uma prática de saúde centrada em procedimentos, rotinas préestabelecidas, em que o trabalho vivo é substituído pelo trabalho morto, devido à importância institucional expressa nos protocolos e rotinas do serviço compactadas. Quanto a integralidade do cuidado à saúde da criança, abordada nas publicações, o modo de produzir cuidado não alcança os preceitos idealizados por este conceito, inviabilizando a resolução dos problemas de saúde das crianças, onde a articulação das ações que ocorre entre a atenção básica, média e alta complexidade ocorre informalmente e de forma descontínua, o que leva à pouca eficácia e insegurança por parte da população e dos próprios profissionais (SILVA; RAMOS, 2011, SOUSA; ERDMANN; MOCHEL, 2011). No entanto, no estudo de Ribeiro; Rocha e RamosJorge (2010) ao avaliar o acolhimento empregado pelos profissionais de uma equipe de saúde na APS, as respostas foram satisfatórias quanto à postura e resolutividade das ações segundo a visão das cuidadoras das crianças, evidenciando que a proposta do acolhimento contribui, de certa forma, para a escuta, valorização e condutas pautadas na integralidade da demanda assistida. A comunicação como ferramenta de instrumento de trabalho, foi evidenciada em alguns estudos (FLORES PENA; ALMEIDA; ANAIS DO I SENAPS DURANZA, 2006, SOUSA; ERDMANN, 2012) como uma dificuldade enfrentada durante o ato de cuidado a criança, impedindo que a mãe se sinta a vontade para questionar e esclarecer dúvidas devido ao tempo reduzido das consultas, imposição do profissional que conduz a um diálogo educativo, muitas vezes impositivo. Já em um outro estudo (MONTEIRO et al., 2012) realizado com profissionais de saúde para compreender a visão dos mesmos sobre humanização na APS, os profissionais reconheceram a importância da comunicação no processo de escuta e acolhimento dos pacientes, de forma a compreender os problemas apontados pelo usuário e o modo de tentar resolvê-los. Contudo, faz-se necessário que os profissionais da saúde repensem suas práticas e atuem em consonância com os princípios e diretrizes do SUS, promovendo a integralidade por meio das ferramentas existentes na APS, como o acolhimento e a proposta de assistência por meio das redes de atenção à saúde. Finalidade do trabalho no cuidado à criança na APS: Percebe-se, nos estudos selecionados, que os mesmos apontam estratégias para as mudanças necessárias, sendo capazes de promover melhorias das ações e das práticas oferecidas ao grupo de crianças. E também, apontam para a prática de um modelo de assistência hegemônico que continua influenciando a atuação dos profissionais e gestores e imobilizando a população na busca de autonomia e participação. Dessa forma, busca-se construir uma prática emancipatória, colaborando com o processo de autonomia e responsabilidade dos indivíduos com a sua saúde, através de uma relação horizontalizada, valorizando o diálogo e a capacitação dos indivíduos sobre o seu processo saúde-doença, permitindolhes influir em decisões que afetem a vida de suas crianças, de sua família e da coletividade (MONTEIRO et al., 2012). CONCLUSÃO Sendo assim, foi possível apreender que o cuidado à saúde da criança ofertado na APS deve estar centrado nas necessidades de saúde dos usuários, em um espaço de interação entre trabalhadores e no binômio materno-infantil, que permita a escuta e o estabelecimento de vínculo e responsabilização, para que a mãe possa expressar suas ANAIS DO I SENAPS duvidas relacionadas ao cuidado de seu filho, ser acolhida e encaminhada à uma rede de serviços que a olhe de maneira integral e resolutiva em toda a sua complexidade. PALAVRAS-CHAVE: Atenção Primária à Saúde, Criança e Trabalho. REFERÊNCIAIS ALEXANDRE, A., BICUDO, D., FERNANDES, A., DE SOUZA, C., MAFTUM, M., MAZZA, V. et al. Organization of primary health care of children second professional: qualitative research. Online Brazilian Journal of Nursing, Niterói (RJ), v. 9, n.1, p. , Mai 2010. Disponível em: <http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/j.1676-4285.2010.2801>. Acesso em: 06 Abr. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da Criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. 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ISSN 00347167 Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS LONGITUDINALIDADE DO CUIDADO EM SAÚDE PARA CRIANÇAS EM UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA EM CASCAVEL51 Bruna Regina Bratti Frank52 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso53 Cláudia Silveira Viera3 Cláudia Ross3 Phallcha Luízar Obregón3 INTRODUÇÃO No serviço de saúde temos uma série de programas que buscam a provisão de serviços de cuidados primários, sendo estes, considerados a porta de entrada do sistema de saúde, como, por exemplo, a Atenção Primária em Saúde (APS) (VIEIRA, 2010). Por esse motivo é necessário que a atenção seja de fácil acesso a toda a população. A atenção básica como porta de entrada encontra referência na Carta dos Direitos dos Usuários do SUS (BRASIL, 2006) que assegura aos cidadãos acesso de forma ordenada e organizada dos sistemas de saúde, prioritariamente por meio dos Serviços de Atenção Primária encontrados em locais próximos a moraria dos usuários (STARFIELD, 2002). Com a criação do Sistema Único de Saúde, consagrada pela aprovação do projeto de Reforma Sanitária na Constituição de 1988, tendo como diretrizes a universalidade, integralidade e participação social; e com as Leis Orgânicas da Saúde (Leis 8.080 e 8.142) em 1990 que estabeleceram bases para a organização do SUS, passamos a vivenciar um sistema que assegurasse acesso universal às ações e aos serviços de promoção, proteção, manutenção e recuperação da saúde, bem como avaliar a satisfação 51 Agradecimentos a equipe da pesquisa que não pode ser nominada na autoria em função da limitação do número de co-autores: Ana Carolina de Souza, André Luiz Soares, Andreia Carrer, Caroline Wink Sotti, Denise de Fátima Hoffmann Rigo, Henrique S. Shiroma, Jéssica Mayara Cardoso, Juliane Pagliari, Karina Faquini, Lindsay Menna Pereira, Louise B. Polina, Maciel Costa da Silva, Marina Casagrande Penteado, Nayara Angélica Barros Ribeiro, Paulo Henrique Pessali Dal’maso, Scaleti Vanessa Brisch. 52 Acadêmica do 5º ano do Curso de enfermagem, campus Cascavel, bolsista de Iniciação científica do projeto Avaliação da efetividade da atenção primária em saúde para a criança. 53 Docentes da Unioeste, orientadores da pesquisa. ANAIS DO I SENAPS desta com os serviços ofertados (JÚNIOR et. al., 2011). O Ministério de Saúde, na tentativa de operacionalizar um modelo assistencial com base nos princípios do Sistema Único de Saúde, propôs, em 1994, o Programa de Saúde da Família (PSF) – hoje denominado Estratégia de Saúde da Família (ESF) por não se tratar apenas de um Programa, mas de uma maneira de reorganizar a produção dos cuidados de saúde, objetivando a reorientação da prática assistencial em uma assistência voltada essencialmente à família, compreendida a partir de seu âmbito físico e social (ROECHER; BUDÓ; MARCON, 2012). No Brasil a ESF é definida como modelo nacional de APS pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB, 2006) e dentre suas diretrizes, além da integralidade, estão inclusos os atributos de coordenação da assistência, centralidade na família, orientação e participação comunitária e competência cultural dos profissionais de saúde, visando à efetividade dos atributos essenciais da APS, com objetivo de alcançar a resolutividade frente aos principais problemas de saúde da população (BARRETO; NERY; COSTA, 2012). A APS contempla quatro atributos essenciais, sendo eles: a acessibilidade, a longitudinalidade, a integralidade e a coordenação e três atributos derivados: centralização familiar, orientação comunitária e competência cultural. Dentre esses atributos importantes para a APS e consequentemente para a Estratégia de Saúde Família, destaca-se a longitudinalidade, que tem por significado o acompanhamento dos usuários pela equipe de saúde, promovendo uma assistência continuada ao longo do tempo (STARFIELD, 2002). A continuidade não é obrigatória para que a relação exista, pois interrupções na continuidade não interrompem a relação. A atenção à saúde da criança representa um campo prioritário no cuidado à saúde da população. Para que essa atenção se desenvolva de maneira efetiva e eficiente é necessário o conhecimento específico sobre as características relacionadas à morbimortalidade, tais como os aspectos biológicos, demográficos e socioeconômicos, bem como a importância de salientar o papel que os serviços e o sistema de saúde desempenham no cuidado à popuu1lação infantil (MACHADO et. al., 2012). Diante de seus atributos e sua concepção do processo saúde ANAIS DO I SENAPS doença, a APS é considerada porta de entrada para promoção da saúde infantil no âmbito sanitário. Ao providenciar cuidado de primeiro contato, contínuo, com ênfase nas ações de promoção e prevenção e forte componente de orientação familiar, os serviços de APS possibilitam condições otimizadas para um acompanhamento de qualidade da saúde da população infantil inserida no serviço. Ademais, grande parte das intervenções preventivas e curativas destinadas aos problemas prevalentes de saúde infantil é tecnologicamente simples, dispensando cuidados hospitalares. Por outro lado, quando existe a necessidade de cuidados especializados e uma intervenção tecnologicamente complexa, os serviços de APS, com a coordenação da atenção, proporcionam uma ponte entre os distintos níveis, mantendo a continuidade do cuidado e reforçando, junto aos demais níveis, a importância dos fatores socioambientais sobre a saúde das crianças (HARZHEIM, STEIN, DARDET, 2004). De acordo com a Agenda de Compromissos para Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, existem princípios norteadores do cuidado à saúde da criança, como o acesso universal, acolhimento, responsabilização, assistência integral e resolutiva, equidade, dentre outros, que garantem o acesso aos serviços de saúde, enfocando a integralidade do indivíduo e da assistência. Se as unidades básicas se comprometessem com esses princípios, talvez fosse possível modificar o cenário de busca dos serviços de saúde, priorizando a Atenção Primária como porta de entrada da rede de saúde, deixando os hospitais e ambulatórios para casos realmente necessários (BATISTELA, GUERREIRO, ROSSETTO apud BRASIL, 2005). OBJETIVO Avaliar a efetividade da atenção primária em saúde (APS) para crianças por meio da identificação do cumprimento do principio da APS – longitudinalidade o cuidado em saúde, em unidades de ESF do município de Cascavel. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa avaliativa, de natureza quantitativa, realizada nos serviços de atenção básica de saúde, em unidades de saúde da família da área urbana do ANAIS DO I SENAPS município de Cascavel – PR, por meio do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária, denominado PCATool – Brasil versão criança (BRASIL, 2010). Este estudo faz parte da pesquisa denominada “Avaliação da Efetividade do Cuidado na atenção primária em saúde para a criança”, financiada pelo edital universal CNPq nº 14/2011. A coleta de dados por meio do PCATool - Brasil versão criança nas UBS e USF urbanas, para um total de 548 participantes. A amostragem foi do tipo probabilística casual simples estratificada dentre as unidades de saúde e aplicada aos familiares (pai, mãe) e/ou cuidadores (avós, tios, cuidadores legais) de crianças até dez anos, atendidas nas UBS e USF urbanas do município de Cascavel, enquanto aguardavam atendimento de saúde na própria unidade, sendo que a amostra para a USF compreendeu 17 sujeitos. Os critérios de inclusão foram: ser residente em área urbana dos municípios, ter condições para ser o respondente do formulário, tais como capacidade de entendimento, expressão e compreensão dos documentos apresentados e, como critérios de exclusão crianças procedentes de outro município ou da área rural; pais ou responsáveis que não tivessem condições de responder a entrevista. A coleta de dados ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. Os dados foram digitados em banco de dados no Excel e analisados quantitativamente em estatística simples de distribuição de frequências absolutas e relativas, para posterior comparação com a literatura disponível sobre a temática em questão. Para todos os sujeitos participantes da pesquisa foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com o objetivo e forma de realização da pesquisa, com posterior solicitação da assinatura dos sujeitos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em pesquisa com Seres Humanos da UNIOESTE, sob parecer nº 19391/2012. RESULTADOS Em relação à regularidade de atendimento pelo profissional na USF para a maioria dos casos (70,5%), a criança é atendida pelo mesmo profissional, esse dado pode ser explicado pela evidência de que os profissionais dessas equipes percebem maior vinculação dos usuários ao serviço, sendo capazes de reconhecer melhor sua ANAIS DO I SENAPS população eletiva e, dessa forma, obtém-se maior afinidade do usuário com o profissional (CHOMATAS, 2009). Para 82,3% dos casos o profissional de saúde entende o que o usuário pergunta e, corroborando com esse item, existe o recíproco entendimento por parte dos usuários em relação às respostas do profissional (76,8%). Em relação às consultas, em 70,5% dos casos o responsável/principal cuidador têm tempo suficiente para expor suas preocupações e problemas, e, desta forma, sente-se livre para expor suas preocupações e problemas (58,8% dos casos). Segundo Stralen et.al. (2008) a alta avaliação dos usuários, em relação a estes itens, sugere que as Equipes de Saúde da Família estabelecem um vínculo profissional mais forte com os usuários do que os tradicionais centros de saúde, fato esse que estimula o conforto e afinidade do usuário ao esclarecer dúvidas pertinentes ao tratamento de sua criança. Percebeu-se uma quantidade relativamente alta em relação ao reconhecimento da criança mais como problema de saúde do que como pessoa por parte dos profissionais (35,3% ). Esse dado pode ser explicado pela alta rotatividade dos profissionais de saúde, principalmente os médicos, justificada por três questões principais: vínculo empregatício, valores salariais e condições de trabalho (CUNHA, 2006). Por outro lado observa-se uma alta afinidade dos profissionais em relação à história clínica completa de seus pacientes (70,5% dos casos), bem como o conhecimento das medicações que a criança toma/tomou (58,8% dos casos). Nestes casos, salientamos o papel que a APS desempenha na coordenação e organização dos fluxos de assistência, na qual observamos o sistema de contrarreferência dos próprios profissionais dentro do estabelecimento em que, mesmo tendo em vista à alta rotatividade, mantém as informações a respeito do atendimento prestado juntamente ao sistema de informações referentes ao usuário, ou seja, seu prontuário (CUNHA, 2006). Os responsáveis/principais cuidadores não sabem responder se os profissionais se reuniriam com os membros de sua família, se esta achasse que isso fosse importante para a saúde dos seus filhos em 35,3% dos casos. Observa-se que em 35,5% dos casos o responsável/cuidador principal não mudaria de serviço de saúde. Baratieri e Marcon ANAIS DO I SENAPS (2012) afirmam que quando os vínculos entre população e profissionais da ESF são estabelecidos, o acompanhamento ao longo do tempo é favorecido, levando a população a identificar na USF sua fonte regular de cuidados. Para o atributo Coordenação – Integração dos cuidados, observamos que 41,8% das crianças precisaram de consulta com especialista. Desse total, 71,4% tiveram a indicação da USF para a consulta; 85,7% dos profissionais souberam que a consulta foi realizada; 85,7% souberam do resultado da consulta com o especialista; 71,4% dos profissionais conversaram sobre os resultados da consulta com o responsável/principal cuidador; e 71,4% dos profissionais obtiveram interesse em relação ao cuidado prestado pelo especialista. Baratieri e Marcon (2012) afirmam que quando o usuário é atendido em um serviço de maior complexidade ele deve ser contra referenciado para sua equipe de ESF, pois isto possibilita aos profissionais conhecer todo o processo de assistência à saúde do usuário e, por conseguinte, obter um melhor acompanhamento de seu processo saúde/doença. Isto, por sua vez, favorece a continuidade da assistência, promovendo maior resolutividade e longitudinalidade no cuidado. CONCLUSÃO A avaliação da longitudinalidade na USF demonstrou que grande parte das crianças são atendidas pelo mesmo profissional de saúde, sendo que este, na maioria dos casos, entende quais são as dúvidas consideradas pertinentes para o responsável/principal cuidador. Os responsáveis/principais cuidadores entendem o que o profissional diz em relação ao plano de cuidados de seus filhos, bem como têm tempo suficiente e sentem-se a vontade em expor suas preocupações e problemas ao profissional. Observou-se uma quantidade considerável de profissionais que reconhecem as crianças mais como problema de saúde do que como pessoa. Por outro lado esses mesmos profissionais obtém maior afinidade com a história clínica do pacientes e têm conhecimento das medicações que a criança toma/tomou. Identificamos que os responsáveis/principais cuidadores não sabiam responder se os profissionais se reuniriam com sua família se esta considerasse pertinente à saúde de seus filhos e ANAIS DO I SENAPS também não trocariam de serviço. Em relação à referência e contrarreferência a maioria dos responsáveis/principais cuidadores foi encaminhada pela USF, e os profissionais estavam cientes da consulta e de seus resultado, demonstraram interesse em relação ao plano de cuidados prestado e conversaram com os responsáveis/principais cuidadores sobre o que foi tratado na consulta. Constatou-se que a prestação de um atendimento longitudinal por toda equipe de ESF pressupõe a manutenção de vínculos duradouros com os usuários. Assim, os profissionais que conquistam a confiança das pessoas, conhecem melhor sua realidade, consideram os aspectos biopsicossociais, de modo que as ações sejam elaboradas a fim de viabilizar a melhoria da qualidade de vida da população, reduzem a necessidade de utilização dos serviços de maior complexidade pelos usuários, acompanhando a saúde das crianças no âmbito da ESF. Palavras-chaves: Saúde da Criança; Atenção Primária a Saúde; Longitudinalidade; Saúde da Família REFERÊNCIAS BARATIERI, T.; MARCON, S.S. Longitudinalidade no trabalho do enfermeiro: Identificando dificuldades e perspectivas de transformação. Texto Contexto Enfermagem. Florianópolis, 2012. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n3/v21n3a09.pdf >. Acesso em 29 de abril de 2013. BARRETO, J. O. M.; NERY, I. S.; COSTA, M. S. C. 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Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ACERCA DAS PUBLICAÇÕES VOLTADAS PARA A PROTEÇÃO E SAÚDE DA CRIANÇA EM NÍVEL FEDERAL DE GOVERNO Denise de Fátima Hoffmann Rigo54 Fabieli Borges2 Claudia Ross3 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso4 Cláudia Silveira Viera5 Phallcha Luízar Obregón6 INTRODUÇÃO No Brasil, as propostas de políticas de saúde voltadas para atenção à criança surgiram juntamente com as demais políticas de saúde voltadas para os outros ciclos de vida da população. A cada período histórico ocorre a elaboração de políticas públicas condizentes com o momento histórico, político, econômico e social do país. Boa parte destas tinha por objetivos melhorar a assistência e os indicadores de saúde desta população, principalmente a redução dos altos coeficientes de mortalidade infantil do país, uma vez que este indicador refletia não apenas o nível de saúde, mas a qualidade de vida da população (NOVACZYK, 2008). “Para efeitos da Lei, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estabeleceu-se que “criança” compreende a faixa etária de 0 a 12 anos incompletos [...]” (FUJIMORI; OHARA, 2009, p. 62-3). 54 Acadêmica do 4° ano de enfermagem, Universidade Estadual do oeste do Paraná - campus Cascavel. ² Acadêmica do 4° ano de enfermagem, Universidade Estadual do oeste do Paraná - campus Cascavel, Email: fabieliborges@yahoo.com.br Contato:(42)9946-2924, Rua Agronomia, 1276 Apto.1, Jardim Universitário. ³ Profa. Dra da Área de Saúde Coletiva do Curso de Enfermagem - Campus de Cascavel - PR. 4 Profa. Dra. Área de Saúde da Criança e do Adolescente Curso de Enfermagem - Campus de Cascavel PR. 5 Profa. Dra da Área de Saúde pública e Enfermagem Pediátrica - Campus de Cascavel - PR. 6 Profa. Dra da Área de Saúde Pública do curso de Medicina - Campus Cascavel - PR. ANAIS DO I SENAPS As políticas de saúde voltadas para a criança tiveram “inicio” para melhorar os indicadores de saúde dessa população, devido aos altos índices de mortalidade infantil, no qual refletia não só um problema de saúde, mas sim uma má qualidade de vida da população. As ações para combater esse quadro começaram ainda no período do estado novo (1937/1945), (BRASIL, 2011). No ano de 1983, foi elaborado o Programa de assistência Integral à Saúde da Mulher e da Criança (PAISMC) pelo Ministério da Saúde que mais tarde foi desmembrado dando origem a dois distintos programas: Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) e Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança (PAISC), (BRASIL, 2011). Em 1984, o MS, em conjunto com o Ministério da Previdência Social (MPS), aprovou o Programa de Atenção Integral á Saúde da Criança (PAISC), com o objetivo de reduzir a morbidade e mortalidade na faixa etária de 0 a 5 anos. (FUJIMORI; OHARA, 2009). As principais ações relativas ao PAISM e PAISC podem assim ser resumidas: PAISM: assistência pré-natal; prevenção da mortalidade materna; doenças sexualmente transmissíveis; assistência ao parto e puerpério; planejamento familiar; controle do câncer ginecológico e mamário; promoção ao parto normal. PAISC: crescimento e desenvolvimento; controle das diarreias e desidratação; controle das infecções respiratórias agudas (IRA); prevenção e manejo do recém-nascido de baixo peso; prevenção de acidentes e intoxicações; assistência ao recém-nascido (BRASIL, 2011, p.13-4). A partir da década de 1990, vem ocorrendo mudança nas principais causas de óbitos infantis deslocando-se das diarreias e infecções respiratórias para afecções perinatais, assim, os esforços do Ministério da Saúde tem sido redirecionados a atender gestantes desde o pré-natal até o nascimento bem como para os cuidados ao recémnascido. (FUJIMORI; OHARA, 2009). Nessa mesma década, muitas mudanças ocorreram, com a criação do Sistema único de saúde em 1988. Respectivamente com a aprovação das leis orgânicas da saúde n°. 8.080 e n°. 8.142, torna-se visível a forma como o SUS seria operacionalizado, por ANAIS DO I SENAPS meio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde juntamente com a participação e controle social. O primeiro grande marco no que se refere à proteção social da criança assim como do adolescente foi na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, documento que ditou as bases para o estabelecimento da doutrina da proteção integral e em 1990 foi instituído no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente, por meio da Lei nº 8.069. (JUNIOR, 2012). O estatuto da criança e do adolescente (Lei n° 8.069, De 13 de julho de 1990) dispõe no Capítulo I acerca do Direito à Vida e à Saúde que abrange o direito da criança à vida e à saúde, desde a concepção até a adolescência com instrumentos criados capazes de fazer valer o direito ao acesso a serviços de saúde com garantia de qualidade nos art. 7, 11, 14 e parágrafo único. No Capítulo II Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade nos art. 15, 16, 17 e 18. Neste mesmo ano de 1990, surge a Iniciativa Hospital amigo da Criança (IHAC), idealizada pela OMS e pelo Unicef e adotada pelo MS onde hospitais e maternidades credenciados como “Amigos da Criança” redirecionam suas práticas com o intuito de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno partindo do pressuposto que o mesmo reduz a morbidade e a mortalidade infantil proporcionando nutrição de alta qualidade para a criança e contribuindo para o crescimento e desenvolvimento infantil. (FUJIMORE; OHARA, 2009). A portaria n° 80 de 2011, Estabelece na forma do Anexo desta Portaria, as normas para o processo de credenciamento, renovação de credenciamento, monitoramento e descredenciamento do Hospital Amigo da Criança integrante do Sistema Único de Saúde - SUS. Em 1996, foi proposto a estratégia de Atenção Integrada às doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) decorrente da determinação da Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) e o fundo das Nações Unidas em ANAIS DO I SENAPS favor da infância (Unicef) ao reconhecer a precária situação de saúde do grupo infantil. (FUJIMORE; OHARA, 2009, p.31-2). A AIDPI tem por finalidade promover uma rápida e significativa redução da mortalidade na infância. Trata-se de uma nova abordagem da atenção à saúde na infância, desenvolvida originalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF), caracterizando-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de doenças de maior prevalência na infância, ao invés do enfoque tradicional que busca abordar cada doença isoladamente, como se ela fosse independente das demais doenças que atingem a criança e do contexto em que ela está inserida. (BRASIL, 2002, p.5). Em 1998, o método Mãe-Canguru vem a ser implantado pelo MS para melhorar as chances de vida do recém-nascido de baixo peso ou prematuro. Tal programa promove o apego na relação mãe-bebê, por meio do contato pele a pele precoce entre mãe e filho incentivando a prática do aleitamento materno, reduzindo o tempo de internação e diminuindo os riscos de infecção hospitalar, tratando-se, portanto, na assistência neonatal de livre escolha da família para o atendimento ao recém-nascido de baixo peso. (FUJIMORE; OHARA, 2009, p.37). Visando a assistência e proteção do recém-nascido pode-se citar as portarias Nº 930 de 2012 (Define as diretrizes e objetivos para a organização da atenção integral e humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios de classificação e habilitação de leitos de Unidade Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS) , Nº 696 de 2010 (Esta portaria Institui a Comissão Nacional de Bancos de Leite Humano - CNBLH), Nº 2.799 de 2008 (Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS -, a Rede Amamenta Brasil) e N° 386 de 2005 (Aprova, na forma do Anexo desta Portaria, o Regimento Interno da Comissão Nacional de Monitoramento e Avaliação da Implementação do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal). São diversos os cadernos de atenção básica e cartilhas direcionadas ao cuidado com a saúde da criança sendo assim podem-se citar as seguintes: SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil, Aleitamento Materno e Alimentação Complementar ANAIS DO I SENAPS ,2009( aborda o aleitamento materno como estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança e constitui uma eficaz intervenção para redução da morbimortalidade infantil.); Atenção à Saúde da Criança De 0 a 12 anos, 2009(descreve a queda da mortalidade infantil e a remete às ações de diminuição da pobreza, ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família e a outros fatores); saúde da criança: Crescimento e desenvolvimento Cadernos de Atenção Básica, n° 33, 2012 (aborda aspectos fundamentais para a proteção da saúde da criança, entre eles como preparar o “ninho” para melhor recebê-la, em visitá-la, oferecer suporte a seus pais ou cuidadores, estimular o fortalecimento de vínculos – que serão importantes para toda a sua vida –, e identificar situações que as coloquem em risco e pessoas que também representem rede de apoio em momentos suscetíveis). Em 6 de junho de 2001, o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) foi criado e normatizado por meio da Portaria GM/MS nº 822/2001, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), que tem por finalidade desenvolver ações de triagem neonatal em fase pré-sintomática, acompanhamento e tratamento das doenças congênitas em todos os nascidos vivos. Em virtude dos diferentes níveis de organização das redes assistenciais, esse programa deve ser implantado por meio do “Teste do Pezinho”. (Brasil, 2008, p.15). Na última década, foram incorporadas ações específicas em estratégias de reforço à atenção básica, que visam a apresentar um novo paradigma de modelo assistencial, como o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e, posteriormente, o Programa Saúde da Família (PSF), onde se referem á necessidade de um trabalho amplo e integrado abrangendo ações que se destinam a melhorar a atenção prestada reduzindo a morbimortalidade na infância, sendo implementados prioritariamente em municípios de maior risco para mortalidade infantil. (BRASIL, 2002, p.11). O programa Saúde da família teve alteração para Estratégia Saúde na Família. Na área da Atenção Básica à Saúde, a Estratégia Saúde da Família, desde a sua criação, ANAIS DO I SENAPS no ano de 1993, vem se consolidando como um dos eixos estruturantes do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de um movimento de expressiva expansão de cobertura populacional, aprimorando em muito o acesso da população às ações de saúde. Dessa forma, o Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal veio para contribuir como instrumento para o fortalecimento da Saúde da Família no âmbito do SUS. (BRASIL, 2009, p.09). A Portaria N° 1.459, de 24 de junho de 2011 e Portaria N° 2.351, de 5 de outubro de 2011 consolida mais um programa voltado para a saúde materno infantil dentro da nova estrutura de atenção básica denominada Rede Cegonha (BRASIL, 2013). OBJETIVO Diante do exposto acima, o presente estudo buscou realizar uma reflexão de caráter descritivo cronológico, relacionado às políticas públicas de saúde voltadas para a criança, fazendo uma ponte entre as legislações e cadernos de atenção básica a fim de identificar as ações e amparo legal despendidos pela esfera federal do governo, relacionados à proteção, promoção da saúde, prevenção de doenças ligadas à assistência a saúde da criança. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de natureza descritiva. A questão norteadora da pesquisa foi: Quais as principais publicações voltadas para a proteção e saúde da criança em nível federal de governo? Essa pergunta inseriu-se no contexto de uma pesquisa para o projeto de iniciação científica (ICV), “Políticas de saúde voltadas para criança elaboradas pela esfera federal de governo: uma revisão literatura”. O levantamento bibliográfico foi realizado na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e nos sites governamentais oficiais. Foram elaborados dois quadros sinópticos no qual o primeiro elenca: as leis, portarias e decretos, e o segundo abrange os cadernos e ANAIS DO I SENAPS cartilhas contendo normas técnicas, protocolos e informações acerca da atenção a saúde da criança. RESULTADOS As publicações disponíveis nos sites governamentais oficiais e na biblioteca virtual de saúde (BVS) foram relacionadas à legislação, políticas, programas e ações de saúde para criança, caracterizado por leis, portarias, decretos e cadernos de atenção a saúde da criança. Relacionado ao quesito legislação foram selecionadas 3 leis, 24 portarias e 1 decreto, referentes à saúde e bem estar da criança, já na pesquisa relacionada aos cadernos de atenção básica foram selecionados 12 cadernos. CONCLUSÃO Nos últimos 70 anos, importantes leis e portarias foram publicados no país, a fim de assegurar o direito da criança brasileira de 0 a 12 anos à saúde. Hoje, a legislação brasileira trata de uma série de temas, como imunização, aleitamento materno, atenção à saúde do recém-nascido, nutrição, prevenção de acidentes e violências e muitos outros. PALAVRAS – CHAVE: políticas de saúde, saúde da criança, legislação, cadernos de atenção básica, nível federal. AGRADECIMENTOS: A equipe da pesquisa que não pode ser nominada na autoria em função da limitação do número de co-autores: Ana Carolina de Souza, André Luiz Soares, Andreia Carrer, Bruna Regina Bratti Frank, Caroline Winck Sotti, Henrique S. Shiroma, Jéssica Mayara Cardoso, Juliane Pagliari, Karina Faquini, Lindsay Menna Pereira, Louise B. Polina, Maciel Costa da Silva, Marina Casagrande Penteado, Nayara Angélica Barros Ribeiro, Paulo Henrique Pessali Dal’maso, Scaleti Vanessa Brisch. ANAIS DO I SENAPS REFERENCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. AIDPI Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: <<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/aidpi_modulo_1.pdf>>. Acessado em: 27 de Abr. 2013. ______. Ministério da Saúde. Brasil. Manual de Educação. Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_educacao_saude_volume1.pdf>. Acesso em: 26 de Abr. 2013. ______. 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Evolução jurídica do direito da criança e do adolescente no Brasil. Revista da Unifebe (Online); jan/jun, p.105-122 Artigo Original. ISSN 2177742X, 2012. ANAIS DO I SENAPS SCHNEIDER, Alessandra; RAMIRES, Vera Regina. Primeira Infância Melhor: Uma inovação em política pública. Brasília: UNESCO, Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul, 2007. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS DECLARAÇÃO DE ÓBITO INFANTIL ANTES E APÓS INVESTIGAÇÃO EM LONDRINA (PR), 2000 A 2009. Stela de Godoy Gaspar1 Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari2 Flávia Lopes Santa’Anna3 Evelyn Braun4. 1 Trabalho extraído do Projeto de Pesquisa: “Mortalidade Infantil: trajetória percorrida do adoecimento ao óbito, Londrina-PR”, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG), Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. 2 Estudante do 3º ano do curso de Enfermagem. Bolsista CNPQ. Colaborador do Projeto. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço:Rua da Torrei, 331, Parque residencial Cambé, CEP:86191170. Fone: (43) 9644-0895, Email: ste.la92@hotmail.com. 3 Enfermeira, Doutora. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. Fone: (43) 3371-2249; Email: ropimentaferrari@uel.br. 4 Enfermeira. Mestre. Professor Auxiliar do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. Fone: (43) 3371-2249; Email: santannafl@gmail.com. 5 Estudante do 3 º ano do curso de Enfermagem. Colaborador do Projeto, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço: Rua Matão, 160, Jd. Floresta, CEP: 86 600 000. ANAIS DO I SENAPS INTRODUÇÃO O Ministério da Saúde implantou, desde 1976, um modelo único de Declaração de Óbito (DO) para ser utilizado em todo o território nacional, como documento base do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). A DO tem dois objetivos principais: o primeiro é o de ser o documento padrão para a coleta das informações sobre mortalidade, que servem de base para o cálculo das estatísticas vitais e epidemiológicas do Brasil; o segundo, de caráter jurídico, é o de ser o documento hábil, para lavratura, pelos Cartórios de Registro Civil, da Certidão de Óbito, indispensável para as formalidades legais do sepultamento (BRASIL, 2009). A D.O deve ser preenchida em três vias sendo uma do setor responsável pelo reprocessamento dos dados, a segunda ao cartório de registro civil sendo arquivada para procedimentos legais e a terceira permanece nas unidades notificadoras, e a D.O segue um fluxo específico, passa pela coleta de dados, a periodicidade de envio das informações sobre óbitos e nascidos vivos para os Sistemas de Informações em Saúde (SIM) e Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) para assim, viabilizar controle populacional (BRASIL, 2013). Para o cumprimento desses objetivos, são fundamentais o empenho e o compromisso do médico com relação à veracidade, à completude e à fidedignidade das informações registradas na D.O, uma vez que é o profissional responsável pelas informações contidas no documento. Entre os coeficientes de mortalidade que utilizam a D.O para seu cálculo, merece destaque o da mortalidade infantil por ser indicador sensível das condições de vida em determinada população. A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) mensura a quantidade de mortes entre nascidos vivos no primeiro ano de vida os quais são vulneraveis, as condições de vida, intra e extrauterina e sua diminuição é uma das Metas do Milênio proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo Caldeira (2005) a causa principal de óbito decorre de uma combinação de fatores biológicos, sociais, culturais e de falhas do ANAIS DO I SENAPS sistema de saúde. No Brasil, houve um declínio da mortalidade infantil desde 1960, associada, no âmbito das políticas centralizadoras do regime militar, às ações representadas pela expansão da rede assistencial e à ampliação acelerada da infraestrutura de saneamento básico, sobretudo da rede de abastecimento de água, que tiveram o papel principal na continuidade do processo (BRASIL, 2009). O Brasil diminui significativamente a mortalidade infantil, assim como Londrina, devido a vinda de novas tecnologias, mas o indíce ainda é consideravel, e é preciso ainda um grande esforço para se chegar a patamares aceitáveis (BRASIL, 2013). Entretanto, apesar da redução da TMI, é essencial que a causa básica seja referida corretamente, permitindo que intervenções efetivas sejam implantadas para evitar especificamente a causa que levou ao óbito. A avaliação da TMI e de seus componentes contribui para a compreensão do processo saúde-doença ao longo do primeiro ano de vida (componente neonatal estima o risco de óbito nos primeiros 27 dias de vida, e o pós-neonatal estima o risco de óbito entre o 28º dia até o final do primeiro ano de vida), já que as causas e os fatores de risco para o óbito variam ao longo desse período. Conhecer a causa básica do óbito infantil é essencial para que novas políticas de promoção da saúde e prevenção das doenças possam ser implantadas e direcionadas para as crianças (BRASIL, 2009; BRASIL, 2010). Em Londrina, município situado ao Norte do Estado do Paraná, há atuação do Comitê Municipal de Prevenção de Mortalidade Materna Infantil (CMPMMI), o qual é tem como objetivo identificar as causas que levaram ao óbito infantil, especialmente aquelas que poderiam ser evitadas (FERRARI, 2012). OBJETIVO O objetivo desse estudo foi analisar a qualidade das informações contidas nas declarações de óbitos infantis, e a confiabilidade da causa básica antes e após a investigação do CMPMMI no município de Londrina, Paraná, Brasil. ANAIS DO I SENAPS METODOLOGIA Trata-se de um estudo retrospectivo quantitativo na cidade de Londrina, no período de 2000 a 2009. Foi realizado o levantamento e agrupamento dos dados a partir da Declaração de Nascido Vivo (DN), da Declaração de Óbito (DO) e das Fichas de Investigação de Óbito Infantil do CMPMMI, arquivada no Núcleo de Informação de Mortalidade (NIM), da Secretaria de Saúde do município. Os dados foram coletados e digitalizados em dupla entrada no programa computacional Epi Info®. O programa Microsoft Office Excel® também viabilizou o processamento eletrônico das variáveis. Para análise estatística utilizou-se o teste qui-quadrado e teste exato de Fisher, considerando nível de significância de 5% (p<0,05). As variáveis foram agrupadas em: ano do óbito (2000-2001/ 2001-2002/ 2003-2004/ 2005-2006/ 2007-2008/ 2009), causa básica do óbito (de acordo com a Classificação Internacional de Doenças décima revisão - CID-10), causas evitáveis (reduzíveis por prevenção/ assistência/ atenção no parto/ parcerias com outros setores, não evitáveis, mal definidas e não classificadas), idade gestacional (até 36 semanas e 37 semanas ou mais), tipo de parto (vaginal e cesária), peso ao nascer (até 2499g e 2500g ou mais), Apgar no 1º e 5º minutos (até 6 e 7 ou mais), local do óbito (hospital público ou privado) e confiabilidade das informações definidas pelo CMPMMI (sim ou não). A pesquisa foi submetida à apreciação da Diretoria de Atenção à Saúde da Autarquia Municipal de Saúde de Londrina e do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina CEP/UEL, tendo sido aprovado sob o número CAAE: 01079112.3.0000.5231. RESULTADOS Dos 783 óbitos, verificou-se que a confiabilidade das informações era maior em hospitais públicos (51,0%) comparado aos hospitais privados (49,0%). Foi verificado ANAIS DO I SENAPS com a pesquisa que da população de 783 crianças, 477 foram a óbito por afecções originadas no período perinatal, enquanto que 113 decorreram dos sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte, 40 por doenças infecciosas e parasitárias, 17 do aparelho respiratório, 14 do aparelho circulatório, 14 or malformações congênitas, 6 por causas externas, 4 por doenças do sistema nervoso e devido a lesões, envenenamento e algumas outras conseqüências de causas externas, 3 doenças endócrinas e 2 doenças do aparelho digestivo. Houve mudança nas frequências da causa básica após avaliação do CMPMMI: (1) Afecções originadas no período perinatal passaram de 58,4% para 60,0%; (2) Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte de 15,3% para 8,0%; (3) Algumas doenças infecciosas e parasitárias de 4,8% para 6,3%; (4) Doenças do aparelho respiratório de 6,9% para 7,0%; (5) Doenças do aparelho circulatório de 1,9% para 2,2%; (6) e Outras causas agrupadas de 12,7% para 16,5%, sendo p<0,001. Verificou-se que a evitabilidade do óbito nas afecções originadas no periodo perinatal 64,0% poderiam ser evitadas, enquanto que doenças do aparelho respiratório 85,2%, doenças do aparelho circulatório 94,1% e outras 81,3%, por outro lado foi observado que 71,4% dos sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte não poderiam ser evitados, esses dados comprovam que a confiabilidade dos dados têm grande relevância na classificação dos óbitos reduzíveis. No decorrer de 2000 a 2009 houve redução: Afecções originadas no período perinatal antes representavam 62,3% das mortes chegando em 2009 a 53,6% doenças infecciosas e parasitárias de 5,8% a 4,3%, doenças do aparelho circulatório de 3,7% a 1,4%, contrariamente houve aumento: nos sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte 8,4% a 12,1%, doenças do aparelho respiratório 5,8% para 9,3% e as demais causas básicas de 14,1% para 19,3%. ANAIS DO I SENAPS O baixo peso ao nascer abaixo de 1600 gramas foi 67,7% no total e característica predominante na população de estudo, enquanto que o apgar no 1 minuto de vida <6 foi de 60,4%, enquanto que no 5º minuto de vida houve predominância >7 com 65,9%. O Apgar além de indicar sinais vitais do neonato e sua evolução nos 5 primeiros minutos também demonstra presença ou não de cuidados básicos na assistência pré e pós da gestante e do bebê. CONCLUSÃO Nos últimos anos houve uma queda da mortalidade infantil em Londrina, mas os estudos sobre D.O insistem em apontar o preenchimento incorreto/ discrepantes das D.O’s e questionando sua validade, pois é um documento muito importante para medidas de reflexão, planejamento da prevenção e assistência, para intervenções efetivas que impulsionem o declínio da TMI no país. Os fatores que levam ao preenchimento incorreto são diversos podendo ser desde o descaso dos profissionais responsáveis por aferirem à causa, omissão, a cobertura ineficiente, a ausência de correção no SIM e SINASC devido aos termos vagos utilizados ou ainda quando é registrada a complicação apenas e não a causa do óbito. Os resultados afirmam a necessidade do preenchimento correto da D.O e da investigação sobre a real causa mortis, havendo a orientação aos médicos em relação a reflexão e senso critico no momento de fechamento. Fica evidente o potencial de utilização do atestado de óbito para o monitoramento de qualidade, para localizar problemas que contribuíram para as ocorrências e ser o ponto de partida para desenvolver politícas voltadas para prevenir esse tipo de morte no futuro, entretanto é necessário um aprimoramento da qualidade do seu preenchimento para viabilidade das ações. PALAVRAS-CHAVES: mortalidade infantil, qualidade declaração de óbito, causa óbito, evitabilidade óbito infantil. ANAIS DO I SENAPS REFERÊNCIAS: ALMEIDA, W. D.; SZWARCWAL, C. L. Mortalidade infantil e acesso geográfico ao parto nos municípios brasileiros. Rev Saúde Pública. 2012. Disponível em: www.scielo.br/rsp. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 5ª ed., 2010. SOARES, J.A.S; HORTA, F.M.B.; CALDEIRA, ANTÔNIO P. Avaliação da qualidade das informações em declarações de óbitos infantis. 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Pop., Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 285-295, jul./dez. 2010 Eixo Temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS PERFIL DE CRIANÇAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA ATENDIDAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO Francieli Fransozi1 Daiana de Freitas2 Bruno Rafael Branco Zambiazi2 Kelly Ribeiro2 Carmen Lúcia Braibante3 INTRODUÇÃO Desde a década de 1990, com a instituição do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a notificação de violência doméstica, sexual e outras violências vêm sendo concebida como um importante instrumento de proteção de criançase adolescentes (BRASIL, 1990). A realização da ficha de notificação de violência doméstica, sexual e/outras violências do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) é realizada em casos de suspeita ou confirmação de violência contra crianças e adolescentes. A notificação é obrigatória e dirigida aos conselhos tutelares e/ou autoridades competentes, de acordo com o art. 13 da Lei 8069/1990 (BRASIL, 1990). A notificação compulsória da violência contra a criança e o adolescente permite aos profissionais de saúde, assim como do campo da educação, da assistência social, do Conselho Tutelar e da justiça, adotar medidas de cuidado às vítimas de violência. (ASSIS et al., 2012) Adicionalmente, a realização da ficha de notificação de violência doméstica, sexual e /outras violências implica em dividir e compartilhar com os setores da sociedade a responsabilidade de proteger crianças e adolescentes (ASSIS et al., 2012) No contexto da vigilância, a notificação compulsória da violência tem a finalidade de viabilizar a obtenção de dados e a divulgação de informações sobre violências e acidentes (ASSIS et al., 2012). ANAIS DO I SENAPS A partir da realização da notificação, é possível dimensionar a magnitude da violência no país, planejar o investimento em núcleos de vigilância e assistência, possibilitar a garantia dos direitos de crianças e adolescentes e subsidiar pesquisas e ajustes na rede de proteção (GONCALVES et al., 2002). Apesar das determinações legais contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente, a subnotificação da violência é uma realidade no Brasil e em países onde a legislação é mais antiga e os sistemas de atendimento mais aprimorados (GONCALVESet al., 2002). Segundo estudo, as principais dificuldades na realização das notificações se devem as incertezas na identificação da violência nos serviços de saúde e a ausência de informações na graduação (GONCALVES et al., 2002). Para que haja informações de qualidade, é essencial capacitar e a mobilizar os profissionais de saúde que atuam em todos os níveis de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS), inclusive nas unidades de urgência e emergência, com vistas a superar os problemas relacionados à investigação e à informação relativa a violências. Adicionalmente, é necessário elaborar norma e adequar os instrumentos de registros, introduzindo questões específicas para o diagnóstico de violências e de acidentes e sensibilizar os gestores do SUS, profissionais de saúde e gerentes dos serviços, sobretudo de hospitais, adotando estratégias, como o estímulo à formação de grupos intersetoriais de discussão sobre o impacto da violência doméstica, sexual e /outras violências. OBJETIVOS Analisar o perfil das crianças vítimas de violência atendidas em um hospital universitário no ano de 2012, tendo como base de dados às fichas de investigação do Sistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN). ANAIS DO I SENAPS METODOLOGIA Estudo retrospectivo, descritivo com abordagem quantitativa realizado em um hospital universitário localizado na região oeste do Estado do Paraná que tem por finalidade promover o ensino, a pesquisa e a assistência. O hospital é de médio porte, com média de 195 leitos ativados, considerado de referência para as regiões do oeste e sudoeste do Estado do Paraná, sendo referência nas especialidades de ortopedia, ginecologia, dermatologia, endocrinologia, gastroenterologia, nefrologia, neurologia, neurocirurgia, obstetrícia, oftalmologia, otorrinolaringologia, pneumologia, reumatologia, urologia, cirurgia pediátrica e cardiopediatria. Os dados analisados foram obtidos através das fichas de Notificação/Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ou outras Violênciasdo ano de 2012 realizadas pelo Núcleo Hospitalar de Epidemiologia. A ficha de notificação/investigação de violência doméstica, sexual e/ou outras violências é composta pelas seguintes variáveis: tipologia da violência, meio de agressão, detalhamentos sobre atendimento de violência sexual, consequências da violência, tipos de lesões, dados sobre os prováveis autores da agressão, a evolução e o encaminhamento do caso. Foram incluídas no estudo as crianças com idade entre 0 a17 anos e 29 dias, por ser a faixa etária considerada na Ficha de Notificação/Investigação de Violência ANAIS DO I SENAPS Doméstica, Sexual e/ou outras Violências doSistema de Informação de Agravo de Notificação (SINAN). Para a tabulação dos dados quantitativos obtidos com a pesquisa e o processamento destes utilizamos o programa Office Excel(Microsoft Corp., Estados Unidos da América). RESULTADOS No ano de 2012 foram registradas 90 notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças menores de 17 anos e 29 dias. Deste total,72,2% (65) das notificações ocorreram em crianças do sexo masculino e 27,8% (25) em crianças do sexo feminino. Em relação à faixa etária, nota-se um predomínio de crianças entre 15 e 17 anos e 29 dias (34%) seguidos pela faixa etária de 10 a 14 anos (21%). 34% 21% 19% 9% 0-1 anos 7% 2-5 anos 6-9 anos 10-14 anos >15 até 17 anos Distribuição percentual das notificações de violência doméstica, sexual e outras violências em crianças no ano de 2012. Cascavel (N=90) No que se refere aos tipos de violência, a violência física foi mencionada em 71,2 % das notificações, seguido pela negligência/abandono com 17.5% das ANAIS DO I SENAPS notificações. Bem distante seguem os outros tipos de violência, com 3.7% das notificações cada para violência psicológica/moral e sexual. Quanto à violência física, estudos apontam ser a forma mais visível do fenômeno, caracterizado pelo dano físico e comumente enfatizado pelos pais como um método de educar. Na infância, as crianças iniciam a busca da autonomia, tornando-se curiosas, inquietas, audaciosas, com intensa atividade motora e aquisições cognitivas, necessitando, portanto, de realizar experimentações, exigências inerentes e fundamentais ao pleno desenvolvimento (SILVA et al., 2002). A negligência familiar foi responsável pela segunda maior parte das notificações, sendo a omissão de cuidados básicos e o abandono as principais manifestações, tendo sido verificado tanto nas crianças como nos adolescentes (0 a 19 anos). Segundo a Organização Mundial de Saúde, a negligência familiar acontece quando os pais ou responsáveis falham na provisão de cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional e social adequados, devido à condição socioeconômica desfavorável da família; pelos atos omissivos infligidos pelos agressores, assim como pelo abandono da criança (ASSIS et al., 1999). A violência psicológica é a forma mais sutil, sendo carregada de subjetividade e diferentes expressões, portanto, de difícil registro. Em geral, é exercida de forma crônica, podendo cursar com sérios prejuízos para o desenvolvimento cognitivo e psicossocial, comprometendo a saúde emocional das vítimas (COSTA et al., 2007). Esta violência é uma das formas mais difíceis de ser identificada, por não produzir evidências imediatas; consequentemente, costuma ser pouco notificada, fazendo parte do cortejo das outras formas de violência (COSTA et al., 2007). Quanto à violência sexual, a maior parte das vítimas não registra a queixa, por constrangimento e receio de humilhação, somados ao medo da falta de compreensão ou interpretação equivocada de familiares, amigos, vizinhos e autoridades. Sabe-se que a ANAIS DO I SENAPS real prevalência dos crimes sexuais ainda é pouco conhecida e acredita-se que o índice de subnotificação seja muito alto (COSTA et al., 2007). De acordo com a natureza da lesão infligida à criança, destacam-se os cortes/perfurações/lacerações com 28,4% das notificações, as fratura com 15,6%, traumatismo craniano e queimaduras com 13,7% e as contusões 11,7% das notificações. O politrauma e a intoxicação exógena foram verificados em 1,9% das fichas de notificação. Dentre os meios de agressão que atingiram crianças com idade entre 0 a 17 anos e 29 dias tem-se a utilização da arma de fogo como o meio mais comum (15,3%). Força corporal vem a seguir (12,0%), objeto quente (10.9%), objeto perfuro-cortante com (9,8%). Bem distantes estão às lesões decorrentes de enforcamento e objeto contundente (1,9%). Em torno de 49,5% do total de registros estava sem informação sobre o meio da agressão. CONCLUSÕES O presente estudo identificou o perfil das crianças e adolescentes vitimas de violência doméstica, sexual e/ou outras violências atendidas em um hospital universitário, por meio das fichas de notificações obtidas no Núcleo Hospitalar de Epidemiologia, o que permitiu o conhecimento do tipo de violência, natureza da lesão e meio de agressão. Todas as faixas etárias da infância e adolescência foram acometidas, com maiores prevalências nas faixas compreendidas entre 15 e 17 anos e 29 dias, seguido pela faixa dos 10 aos 14 anos, atingindo mais homens do que mulheres. As formas de violência mais prevalentes foram à violência física, seguido pela negligência na maioria das vezes por omissão ou abandono. O meio de agressão mais comum foi à utilização da arma de fogo seguido pela força física. Quanto à natureza da lesão destacam-se os cortes/perfurações/lacerações em seguidas pelas fraturas, traumatismo craniano e queimaduras. ANAIS DO I SENAPS Cabe ressaltar, que o ato de notificar possibilita o planejamento e avaliação das políticas públicas. E além de uma ação política, permite caracterizar a violência contra a criança e adolescente e criar de estratégias de cuidado e proteção. Diante destes dados, verifica-se a necessidade de mais pesquisas e estudos que abordem a amplitude da violência doméstica, sexual e/outras violências em crianças com o intuito de desenvolver programas preventivos e definir intervenções apropriadas. Os profissionais da área da saúde devem estar atentos para as situações de violência como um fator desencadeante e agravante de doenças físicas e emocionais, buscando uma efetiva prevenção e intervenção sobre elas. PALAVRAS-CHAVES: Notificação, violência, Cuidado da criança. REFERÊNCIAS ASSIS, S. G.; AVANCI, J. Q.; PESCE, R. P.; PIRES, T. O.; GOMES, D. L. Notificações de violência doméstica, sexual e outras violências contra crianças no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 17(9):2305-2317, 2012. ASSIS S. G. SOUZA, E. R. Criando Caim e Abel – pensando a prevenção da infração juvenil. Rev C S Col. 4 (1):131-144,1999. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Cortez; 1990. COSTA, M.C. O et al. O perfil da violência contra crianças e adolescentes, segundo registros de Conselhos Tutelares: vítimas, agressores e manifestações de violência. Ciênc. saúde coletiva. vol.12, n.5, pp. 1129-1141, 2007. GONCALVES, H.S.; FERREIRA, A.L. A notificação da violência intrafamiliar contra crianças e adolescentes por profissionais de saúde. Cad. Saúde Pública. vol.18, n.1, pp. 315-319, 2002. LIMA, J. S. Análise da implantação da ficha de notificação violência sexual contra crianças e adolescentes [tese]. Rio de Janeiro (RJ): Fundação Oswaldo Cruz; 2012. ANAIS DO I SENAPS SILVA, L. M. P; NASCIMENTO, C. A. D; SILVA,I.R.; GUIMARÃES K.N. et al. Violência doméstica contra crianças e adolescentes. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM MAIS COMUNS EM PACIENTES PORTADORES DE FISSURAS LABIOPALATAIS Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso55 Eliane de Souza 56 Fabiana Gonçalves de Oliveira Azevedo Matos57 Fabiana Severino Kupka58 Giselle Colpani59 Thaís Dresch Eberhardt60 INTRODUÇÃO A atenção especializada às pessoas portadoras de anomalias craniofaciais teve início no Brasil no final da década de 60, com os trabalhos de reabilitação de crianças com fissura de lábio e/ou palato do Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais da Universidade de São Paulo (HPRLLP - USP), na cidade de Bauru-SP (THOMÉ, 1990; SPERI, 1996 apud ARARUNA; VENDRÚSCOLO, 2000). O Centro de Atenção e Pesquisa em Anomalias Craniofaciais (CEAPAC) é um serviço especializado vinculado ao Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), localizado na cidade de Cascavel-PR. É voltado ao atendimento de pessoas com fissuras labiopalatais e demais anomalias craniofaciais, síndromes relacionadas e/ou distúrbios da audição, bem como à indivíduos com afecções das vias áreas e digestivas superiores da face e do pescoço, promovendo o ensino, a pesquisa e a extensão (UNIOESTE, 55 Enfermeira, Doutora em Ciências pelo Programa de Enfermagem em Saúde Pública da EERP/USP, docente do Curso de Enfermagem da Unioeste, CCBS, campus Cascavel 56 Auxiliar de Enfermagem. Graduada em Pedagogia. Auxiliar de enfermagem do CEAPAC/UNIOESTE. 57 Enfermeira, Doutora em Ciências pelo Programa de Enfermagem em Saúde do Adulto da EEUSP, docente do Curso de Enfermagem da Unioeste, CCBS, campus Cascavel 58 Enfermeira, Especialista em Saúde da Mulher pela UNIOESTE, enfermeira do CEAPAC/UNIOESTE. 59 Enfermeira, Residente do Programa de Residência em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Cascavel, Unioeste. E-mail: gisellecolpani@gmail.com Telefone: (45) 9909-8133. Endereço: Rua Natal, nº 3311, Residencial Flamboyant II, Apto 32. Bairro: Recanto Tropical. Cascavel-PR. 60 Enfermeira, Residente do Programa de Residência em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS), Cascavel, Unioeste. ANAIS DO I SENAPS 2011). O referido serviço teve as atividades de atendimento ao público iniciadas em março de 2013. Entre os objetivos do CEAPAC destacam-se: desenvolver atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde do público alvo, por meio de ações assistenciais e de atividades preventivas integradas; promover o ensino e a pesquisa, servindo de campo de estudo; desenvolver tecnologias assistenciais e educativas; e manter intercâmbio cultural e científico com instituições afins, nacionais e internacionais (UNIOESTE, 2011). Os pacientes portadores de anomalias craniofaciais e outras síndromes relacionadas necessitam de cuidados multiprofissionais (FONTES, 2001). A equipe interdisciplinar que atende no CEAPAC é composta por profissionais da área de otorrinolaringologia, pediatria, fonoaudiologia, psicologia, fisioterapia, enfermagem, serviço social, nutrição, neurologia, cirurgia plástica, anestesiologia e odontologia (odontologia geral, odontopediatria, ortodontia, implantodontia e cirurgia buco-maxilofacial) (UNIOESTE, 2011). A fissura labiopalatal é a anomalia congênita mais comum dentre as anomalias craniofaciais, caracterizada pela abertura anatômica anormal de lábio e de palato. As fissuras labiais e rebordos alveolares são desenvolvidos geralmente na 8ª semana do período embrionário e as fissuras palatais na 12ª semana (MONDINI et al., 2003). Segundo Fontes (2001) as fissuras orofaciais são importantes malformações congênitas tanto pelos efeitos estéticos, funcionais, emocionais e comportamentais que causam quanto pela sua incidência. Considerando as alterações morfológicas e psicossociais vivenciadas pelos fissurados, torna-se relevante uma assistência de enfermagem holística aos portadores destas anomalias e seus familiares. A assistência de enfermagem é embasada cientificamente por meio do processo de enfermagem que, através de suas etapas, permite identificar, compreender, descrever, explicar e/ou predizer os padrões de resposta humana frente à doença e determinar quais ANAIS DO I SENAPS aspectos dessas respostas necessitam de intervenção por parte do profissional de enfermagem (BARROS, 2009; GARCIA E NOBREGA, 2000 apud FONTES et al, 2010). Cabe ressaltar que, para que esse processo ocorra, o enfermeiro se utiliza de uma importante ferramenta de avaliação, os diagnósticos de enfermagem. A ideia da atividade diagnóstica para a enfermagem teve início com o advento da enfermagem moderna, quando Florence Nightingale diagnosticava e tratava os problemas de saúde dos soldados durante a guerra da Criméia (FARIAS, 1990). O desenvolvimento da segunda etapa do processo de enfermagem, que corresponde à identificação dos diagnósticos de enfermagem, vem ocorrendo nos últimos 20 anos. Compreender a etapa diagnóstica é fundamental para a correta interpretação das respostas humanas, uma vez que a escolha adequada das intervenções de enfermagem depende da acurácia dos diagnósticos enunciados (CARLSONCATALANO, 2004). De acordo com Cruz (2001), além de ser definido como uma das etapas do processo de enfermagem, o diagnóstico de enfermagem pode também ser definido como um processo de julgamento clínico, que por meio de um processo cognitivo, permite que o enfermeiro faça inferências sobre os dados que obteve da avaliação do paciente. A utilização dos diagnósticos de enfermagem na prática clínica melhora a assistência de enfermagem porque direciona as ações de enfermagem. Para Stanton, Paul e Reeves (1993) o diagnóstico de enfermagem se refere às necessidades de enfermagem do cliente, baseadas em problemas reais ou potenciais que podem ser de ordem fisiológica, comportamental, psicossocial ou espiritual. Durante a nona conferência da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) em 1990, foi aprovada a definição oficial de diagnóstico de enfermagem como sendo: Um julgamento clínico sobre as respostas do individuo, da família ou da comunidade aos processos vitais ou aos problemas de saúde atuais ou potenciais, os quais fornecem base para a seleção das intervenções de enfermagem, para atingir resultados, pelos quais o enfermeiro é responsável (FARIAS et al. 1990). ANAIS DO I SENAPS De acordo com a NANDA-I (2013) os diagnósticos de enfermagem são compostos por: título, definição, características definidoras, fatores relacionados e fatores de risco. O título estabelece o nome para o diagnóstico; a definição descreve o diagnóstico, diferenciando-o de outros diagnósticos similares; as características definidoras são as manifestações clínicas do diagnóstico; os fatores relacionados são os fatores etiológicos do diagnóstico e os fatores de risco são os fatores que aumentam a vulnerabilidade de um indivíduo, família ou comunidade desenvolver o diagnóstico. Quanto ao tipo, os diagnósticos de enfermagem podem ser classificados em: diagnósticos reais, diagnósticos de risco, diagnósticos de bem-estar e diagnósticos de síndrome. O diagnóstico de enfermagem real reapresenta uma situação clinicamente validada. O diagnóstico de enfermagem de risco consiste em um julgamento clínico sobre a maior vulnerabilidade do indivíduo, família ou comunidade comparando-se com outros em situação similar. O diagnóstico de enfermagem de bem-estar consiste em um julgamento clínico sobre um indivíduo, grupo ou comunidade em transição de um nível específico de bem-estar para um nível mais elevado. O diagnóstico de enfermagem de síndrome descreve um conjunto específico de diagnósticos de enfermagem que ocorrem juntos, sendo mais bem tratados em conjunto (NANDA, 2013). Pesquisadores renomados recomendam o aprofundamento dos estudos nessa área, visando a evolução e a validação dos diagnósticos de enfermagem já existentes e o desenvolvimento de novos diagnósticos de enfermagem. As iniciativas para a integração dos diagnósticos de enfermagem na prática profissional devem continuar tanto coletiva quanto individualmente. Coletivamente a profissão desenvolve e aprimora a estrutura taxonômica dos diagnósticos de enfermagem, mas cabe a cada profissional, de forma individual, a utilização dos diagnósticos de forma racional em sua atuação profissional (CARPENITO, 1997). Destacamos a necessidade deste estudo para favorecer a adequada seleção das intervenções de enfermagem aos portadores de fissuras labiopalatais. Ao diagnosticar corretamente as respostas dos clientes aos problemas vivenciados e ao prescrever os ANAIS DO I SENAPS cuidados de enfermagem adequados, o enfermeiro contribui não somente para se firmar enquanto profissional, mas também contribui para a obtenção dos resultados de enfermagem esperados e consequente melhora do paciente. OBJETIVOS Identificar os diagnósticos de enfermagem mais comuns aos pacientes portadores de fissuras labiopalatais descritos na literatura. METODOLOGIA Trata-se de estudo bibliográfico que de acordo com Gil (1996), é desenvolvido a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A revisão da literatura foi realizada por meio de busca de artigos científicos nas bases de dados on-line da Biblioteca Virtual da Saúde acessadas pelo endereço eletrônico http://www.bireme.br e no portal da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da Universidade de São Paulo acessado pelo endereço eletrônico http://www.teses.usp.br. As buscas foram feitas com os descritores de saúde: “Avaliação em enfermagem”, “Diagnóstico de enfermagem” e “Anormalidades crânio faciais”. Também foram feitas buscas com as palavras “Fissura lábio palatal” e “Fenda palatina”. Foram encontrados apenas dois estudos que abordavam o tema, sendo uma tese de doutorado sobre diagnósticos de enfermagem pré e pós operatórios de pacientes portadores de fissuras lábio-palatais e um artigo científico sobre diagnósticos de enfermagem de gestantes cujos filhos tem diagnóstico pré-natal de anomalia craniofacial. Com base nas pesquisas identificadas e na experiência dos autores deste estudo, foram elencados os diagnósticos de enfermagem mais comuns aos pacientes portadores de anomalias craniofaciais atendidos no CEAPAC. ANAIS DO I SENAPS Os diagnósticos elencados seguem a Taxonomia dos diagnósticos de enfermagem da NANDA-I (North American Nursing Diagnosis Association – International) (NANDA, 2013). RESULTADOS Foram elencados 35 diagnósticos de enfermagem distribuídos em 11 domínios, sendo eles: diagnósticos do domínio “Nutrição” (domínio 2): Deglutição prejudicada, Disposição para nutrição melhorada, Nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais, Risco para nutrição desequilibrada: menos do que as necessidades corporais, Padrão ineficaz de alimentação do lactente; diagnósticos do domínio “Eliminação” (domínio 3): Constipação, Diarreia; diagnósticos do domínio “Atividade/ Repouso” (domínio 4): Déficit no autocuidado para alimentação, Déficit no autocuidado para banho, Déficit no autocuidado para higiene íntima, Déficit no autocuidado para vestir-se, Mobilidade física prejudicada, Padrão do sono prejudicado; diagnósticos do domínio “Percepção/ Cognição” (domínio 5): Comunicação verbal prejudicada, Conhecimento deficiente, Percepção sensorial perturbada (visual, auditivas, gustativa, olfativa); diagnósticos do domínio “Auto Percepção” (domínio 6): Baixa auto-estima crônica, Baixa auto-estima situacional; diagnósticos do domínio “Relacionamentos de Papel” (domínio 7): Amamentação ineficaz, Conflito no papel de pai/mãe, Disposição para amamentação melhorada, Interação social prejudicada, Processos familiares disfuncionais, Risco de vínculo prejudicado; diagnósticos do domínio “Enfrentamento/ Tolerância ao Estresse” (domínio 9): Ansiedade, Medo; diagnósticos do domínio “Princípios de Vida” (domínio 10): Falta de adesão; diagnósticos do domínio “Segurança/ Proteção” (domínio 11): Dentição prejudicada, Hipertermia; Integridade tissular prejudicada, Integridade da pele prejudicada, Mucosa oral prejudicada, Recuperação cirúrgica retardada, Risco de aspiração e Risco de Infecção, diagnósticos do domínio “Conforto” (domínio 12): Dor aguda, Dor crônica, Isolamento social; e diagnósticos do domínio “Crescimento/ Desenvolvimento” (domínio 13): Atraso no crescimento e no desenvolvimento. Dos 35 (100%) diagnósticos de enfermagem elencados, 30 (86 %) são classificados como diagnósticos reais, 04 (11%) são classificados como diagnósticos de risco e 01 (3%) é classificado como diagnóstico de promoção da saúde. ANAIS DO I SENAPS CONCLUSÕES O diagnóstico de enfermagem é um fenômeno que o profissional de enfermagem está licenciado e tem competência para tratar. Acreditamos que a realização de todas as fases do processo de enfermagem com ênfase na etapa diagnóstica, garanta o adequado planejamento e direcionamento da assistência de enfermagem, o que qualifica o cuidado de enfermagem prestado. O presente estudo fornece uma ideia preliminar dos principais diagnósticos de enfermagem que o enfermeiro do CEAPAC pode se deparar no seu cotidiano de trabalho. Os resultados obtidos fornecem subsídios para a atuação do enfermeiro, visto que o conhecimento prévio dos diagnósticos de enfermagem mais comuns aos pacientes portadores de anomalias craniofaciais permite o adequado planejamento das ações de enfermagem. Estudos futuros são necessários para confirmar ou descartar os diagnósticos de enfermagem aqui elencados. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação em enfermagem, Diagnóstico de enfermagem, Anormalidades crânio faciais. REFERÊNCIAS ARARUNA, R. C.; VENDRÚSCOLO, Dulce Maria Silva. Alimentação da criança com fissura de lábio e/ou palato – um estudo bibliográfico. Rev. latino-am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 2, p. 99-105, abril. 2000. CARLSON-CATALANO, J. Método pedagógico para o desenvolvimento da habilidade diagnóstica. In: LUNNEY M. Pensamento crítico e diagnósticos de enfermagem: estudos de caso e análises. Trad. de Rômulo Marques. Porto Alegre: Artmed, 2004, p. 70-95. CARPENITO, L. J. 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Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS PERFIL CLÍNICO DE CRIANÇAS MENORES DE UM ANO ATENDIDAS NO PRONTO ATENDIMENTO CONTINUADO II Jéssica Martins Valter61 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso2 Bruna Regina Bratti Frank3 Cláudia Silveira Viera4 Cláudia Ross4 Jéssica Rosin6 RESUMO: Estudo para caracterizar as crianças de zero a onze meses e 29 dias atendidas em serviço de pronto atendimento quanto ao perfil clínico do atendimento. Pesquisa quantitativa, descritiva e retrospectiva que utiliza como técnica de coleta de dados a pesquisa documental em prontuários de atendimento com uma matriz de coleta de dados prédefinida. A amostra para a faixa etária estudada constituiu-se de 79 prontuários, destes a maioria eram do sexo masculino (44), e possuíam idade de 03 a 04 meses (20,25%). A maioria das crianças (77) apresentaram temperatura entre entre 36,1ºC e 37,7ºC. Em 88,46% e 98,70% dos prontuários não constavam dados referentes a frequência respiratória e a saturação de oxigênio, respectivamente. A especialidade médica que mais atendeu as crianças foi o pediatra. A hipótese diagnóstica mais indicada pelos profissionais que atenderam as crianças foi a hipótese de doença respiratória (46), 61 Acadêmica do 5º ano de Enfermagem UNIOESTE, rua arquitetura 1228, (45)99019205, email: jeh.valter@gmail.com; 2 Doutora em Enfermagem pela EERP/USP. Professor adjunto do Curso de Enfermagem da Unioeste. 3 Acadêmica do 5° ano do Curso de Enfermagem da Unioeste. 4 Doutora em Enfermagem pela EERP/USP. Professor adjunto do Curso de Enfermagem da Unioeste. 5 Doutora em Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina. Professor adjunto do Curso de Enfermagem da Unioeste. 6 Acadêmica do 5° ano do Curso de Enfermagem da Unioeste. ANAIS DO I SENAPS seguida pela doença gastrointestinal (11). As condutas médicas mais realizadas foram a avaliação médica (67) e a administração de medicamentos (20). Com este estudo podese verificar que as doenças consideradas evitáveis, ainda são as que mais acometem as crianças e que a atenção básica tem mostrado pouca resolubilidade frente aos casos de doenças evitáveis, visto que estão sendo atendidos no pronto atendimento em detrimento da atenção primária em saúde como porta de entrada do sistema. INTRODUÇÃO Os serviços de saúde são divididos em três níveis de atenção: primário, secundário e terciário, de acordo com o tipo de atendimento e de acordo com a densidade tecnológica do serviço. No município de Cascavel o atendimento primário é realizado por meio da Unidade Básica de Saúde - UBS e Estratégia de Saúde da Família- ESF e entres as instituições que prestam serviços de média e alta complexidade encontram-se as Unidades de Pronto Atendimento. As UBS devem ser a porta de entrada para o serviço, e devem garantir da mesma maneira que em outros níveis a resolutividade dos problemas e assistência integral. Em relação à atenção à saúde da criança as ações desenvolvidas fundamentam-se nas ações básicas de imunização, de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, estímulo ao aleitamento materno, controle das diarréias e infecções respiratórias. A principal diretriz tem sido o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, que proporciona uma organização da assistência à criança, utilizando uma rede de serviços públicos de saúde, contempla ações de saúde que visam avaliar e assistir a criança. O grande problema enfrentado nesses serviços resume-se na falta de resolutividade da atenção primária. A Agenda de compromissos para saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil, afirma que a organização de uma rede integrada de assistência deve ser baseada e focada na integralidade do indivíduo e da assistência. ANAIS DO I SENAPS De acordo com Slomp et al (2007) o Ministério da Saúde com o objetivo de reduzir a mortalidade infantil no Brasil e de acordo com proposição da OPAS/OMS e Unicef, vem propondo várias medidas, entre elas a implementação da estratégia da Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), que tem como objetivos a redução da mortalidade de crianças menores de 5 anos de idade; diminuição da incidência e/ou gravidade dos casos de doenças infecciosas e dos distúrbios nutricionais que acometem as crianças; garantia de adequada qualidade da atenção à saúde dos menores de 5 anos, tanto nos serviços de saúde como nos domicílios e na comunidade; e o fortalecimento da promoção à saúde e de ações preventivas na infância. O perfil de saúde infantil do país mostra uma proporção relativa de óbitos por afecções originadas no período neonatal, consideradas de difícil intervenção, e, por outro lado, a convivência com morbidades como problemas respiratórios e doenças infecciosas e parasitárias, relatadas como doenças de internações passíveis de serem reduzidas por meio de medidas de prevenção e assistência em nível primário, contribuindo para diminuição de gastos e liberação de leitos para patologias mais graves. Diante disso esse estudo tem como objetivo a caracterização de crianças menores de um ano que buscaram o pronto atendimento infantil para atenção à saúde, estabelecendo um perfil clínico dos atendimentos. Seu resultado pode subsidiar o planejamento de ações para prevenção e promoção de saúde para esse grupo etário. OBJETIVOS O objetivo deste estudo é caracterizar o perfil clínico de crianças de zero meses a onze meses e vinte e nove dias que foram atendidas no Pronto Atendimento Continuado II (PAC II/UPAII), do município de Cascavel, PR, no ano de 2010. MATERIAIS E MÉTODOS ANAIS DO I SENAPS Realizou-se uma pesquisa quantitativa, descritiva, inferencial e retrospectiva. Os dados foram obtidos junto ao Pronto Atendimento Continuado II (PAC II), em prontuários das crianças de zero a onze meses e 29 dias, que receberam atendimento ambulatorial na instituição, no período de janeiro a dezembro de 2010. Para ser efetuada a captação dos prontuários para compor a amostra estratificada, foi feita seleção no caderno de registro por meio da amostra sistemática. Um a cada 29 registros de prontuários foi retirado, ou o imediatamente anterior caso não contemplasse os critérios de inclusão. Obteve-se uma amostra real de 79 prontuários de crianças menores de um ano. Os dados foram agrupados e analisados por meio do programa estatístico EPIINFO 5.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO A maioria das crianças atendidas foi do sexo masculino (44), e possuíam idade entre 03 e 04 meses (20,25%), ou seja, lactentes. Muitos trabalhos na literatura apontam a faixa etária de menores de um ano, especificamente os lactentes, como sendo a faixa etária que mais procura por atendimento, corroborando com nosso estudo. E assim, pode-se concluir que eles estão mais predispostos a enfermidades e requerem maior atenção por parte dos profissionais e instituições de saúde. Houve predomínio de temperatura menor que 36ºC (22) e entre 36,1ºC e 37,7ºC, (40), ou seja, sem presença de febre ou febrícula. Baracat (2005) apud Batistela, Guerreiro e Rosseto (2008) referem que as queixas febris correspondem até 20% do total de atendimentos em serviços de emergências e a febre é o sintoma mais frequente na criança doente, mas, não é um sinal específico. Percebe-se assim que as crianças de nosso estudo não necessitavam recorrer a UPAII para atendimento, mas sim procurar a UBS. Como motivos da pouca procura das UBS ressalta-se aspectos como o descompasso entre crescimento da rede básica, necessidades de atenção e indefinições sobre papel das unidades básicas, concepções sobre necessidades e utilização do pronto- ANAIS DO I SENAPS atendimento e acessibilidade à rede básica, resolutividade e qualidade do atendimento prestado. Em 88,46% e 98,70% dos prontuários não constavam dados referentes a frequência respiratória e a saturação de oxigênio, respectivamente, evidenciando assim o descaso dos profissionais e do serviço quanto a um dado vital de suma importância no diagnóstico e tratamento dos pacientes. A maioria dos atendimentos foi realizada pelo pediatra (82,05%), mas 14,10% das crianças foram atendidas pelo clínico, evidenciando assim a falta de profissionais especializados na área de pediatria para atender as crianças. A hipótese diagnóstica mais indicada pelos profissionais que atenderam as crianças foi doença respiratória (46), seguida pela doença gastrointestinal (11). As doenças respiratórias são o primeiro motivo de consulta em ambulatórios e serviços de urgência, o que demanda capacitação das equipes de saúde para uma atenção qualificada, com continuidade, da assistência até a resolução completa dos problemas, evitando-se internação hospitalar desnecessária e morte por esse motivo. Segundo a Agenda de Compromisso para a Saúde Integral da Criança (2004) as doenças diarreicas e respiratórias persistem como graves problemas para a criança. As doenças respiratórias são o primeiro motivo de consulta em ambulatórios e serviços de urgência, o que demanda capacitação das equipes de saúde para uma atenção qualificada, com continuidade, da assistência até a resolução completa dos problemas, evitando-se internação hospitalar desnecessária e finalmente a morte por esse motivo. As parasitoses intestinais seguem com prevalência significativa na infância, interferindo no desenvolvimento adequado da criança, o que demanda, conjuntamente com a doença diarréica, ações intersetoriais integradas e promotoras de acesso à água tratada e esgotamento sanitário, além de tratamento adequado. É possível verificar que as afecções que mais prevalecem ainda são as doenças de causas evitáveis, mas se são evitáveis, por que continuam a ocorrer com tanta frequência? ANAIS DO I SENAPS Segundo Oliveira et al (2010) as hospitalizações por causas sensíveis à atenção primária são consideradas um indicador indireto da efetividade do sistema de saúde e da resolubilidade deste nível de atenção, pode-se então afirmar que as internações decorrentes destas doenças não receberam atenção de saúde efetiva no momento adequado, levando a um agravamento da condição clínica que exigiu a hospitalização. Malta et al. (2004) colaboram com a discussão referindo que quando há fragmentação do cuidado é o usuário quem faz seu próprio caminho pelas redes de serviço, ocasionando uma prática inadequada podendo levar a erros diagnósticos, acesso negado e não efetividade do atendimento. As condutas médicas mais realizadas foram a avaliação médica (67) e a administração de medicamentos (20).Com esses resultados podemos perceber que a contrarreferencia à atenção primária acontece somente em poucos casos. Como já foi possível verificar foram poucos os agravos que motivaram demanda infantil que realmente requeriam potencial tecnológico condizente com a capacidade assistencial da unidade utilizada e a maioria que não necessitava do potencial tecnológico disponibilizado pela UPA II e foi atendida, não foi referenciada para a UBS. CONCLUSÕES Após a análise dos resultados pode-se obter o perfil epidemiológico e as características das crianças de zero a onze meses que procuram assistência na UPA II. As crianças em sua maioria procuram a UPA II para tratamento de afecções respiratórias e gastrointestinais, afecções essas que são consideradas doenças de causa evitáveis. Pode-se verificar que a sobrecarga de um nível de atenção, gera uma assistência fragmentada e voltada somente para o aspecto curativo e não para a prevenção. E que a atenção primária em saúde ainda necessita de mudanças e melhorias para que o atendimento seja eficaz e garanta uma resolutividade adequada aos casos que recorrem a ela, além da necessidade de estabelecer vínculos e relações de confiança e ANAIS DO I SENAPS satisfação com o usuário. Sendo necessária também a comunicação entre os diversos níveis de assistência, para que se possa a integralidade do cuidado. PALAVRAS-CHAVE: Perfil de saúde, criança, pronto atendimento. REFERÊNCIAS BATISTELA, S.; GUERREIRO, N. P.; ROSSETTO, E. G. Os motivos de procura pelo pronto socorro pediátrico de um hospital universitário referidos pelos pais ou responsáveis. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 29, n. 2, p. 121130, 2008. MALTA, D. C. et al. Perspectivas da regulação na saúde suplementar diante dos modelos assistenciais. Ciência Saúde Coletiva, Belo Horizonte, v.9, n.2, p.433-444, 2004. OLIVEIRA, B. R.G; et al. Causas de hospitalização no SUS de crianças de zero a quatro anos no Brasil. Revista Brasileira Epidemiologia, Cascavel, v.13, n.2, p.268-77, 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil– Brasília: Ministério da Saúde, 2004. SLOMP; F. M. et al. Assistência ao recém-nascido em um Programa de Saúde da Família. Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 41, n. 3, p. 441-6, out, 2007. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS A MEDICALIZAÇÃO DOS ADOLESCENTES PRIVADOS DE LIBERDADE Juliana Biazze Feitosa 62 Maristela Maraschin 63 INTRODUÇÃO O Estatuto da Criança e do Adolescente, legislação que regulamenta a justiça infanto-juvenil no Brasil, prevê aos adolescentes autores de ato infracional o cumprimento das medidas socioeducativas, que são elas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e a internação, foco desta exposição. O artigo 106 do Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. A sentença de internação em nenhuma hipótese será aplicada havendo outra medida adequada e só se justifica, quando se tratar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, por reiteração no cometimento de outras infrações graves e por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta (BRASIL, 1990). Ela está sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Conforme o artigo 121, não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses (BRASIL, 1990). Tanto o Estatuto da Criança e do Adolescente quanto às legislações 62 Mestre em Psicologia pela UEM. Especialista em Saúde Pública pela UNIOESTE e em Saúde Mental, psicopatologia e psicanálise pela PUCPR. Graduada em Psicologia pela PUCPR. Psicóloga do Centro de Socioeducação II de Cascavel. Endereço: Rua Rafael Picolli, 2675, apto 441. Country. Cascavel-PR. CEP 85.813.220. E-mail: juliana_biazze@yahoo.com.br. Telefone (45) 9942-8785. 63 Mestrado em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especialização em Educação Popular pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Graduação em Enfermagem pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Professor titular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Docente da Universidade Paranaense. Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde. ANAIS DO I SENAPS internacionais promulgadas no Estado democrático preconizam que “o encarceramento deverá ser o último recurso e pelo menor prazo possível e que sejam desenvolvidos serviços e programas com base na comunidade para a prevenção da delinquência juvenil” (VOLPI, 2008, p. 20). Contudo, estudos científicos mostram que a internação, em geral, é uma das respostas que a sociedade tem oferecido para enfrentar a delinquência juvenil. Suas causas continuam a ser atribuídas apenas aos indivíduos, desconsiderando a complexidade social que envolve esta situação. A prática de atos ilícitos tem sido associada a “patologização” do adolescente e além da internação, a medicalização é presença constante nas instituições de privação de liberdade. OBJETIVOS Problematizar o fenômeno da medicalização nas Unidades de Internação Socioeducativa e evidenciar que a medicalização de adolescentes privados de liberdade pode ser mais uma estratégia para manter o modelo hegemônico de institucionalizar são os objetivos dessa pesquisa. METODOLOGIA Neste estudo realizamos pesquisa bibliográfica e documental. Acessamos documentos oficiais que retratam o atendimento prestado nas Unidades de Internação de Adolescentes em Situação de Conflito com a Lei, dentre eles: o intitulado “Inspeção Nacional às Unidades de Internação de Adolescentes em Conflito com Lei”, elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia e Conselho Federal da OAB. Vale esclarecer que os dados apresentados no citado documento foram levantados por meio de visitas em Unidades Socioeducativas de 22 Estados Brasileiros e no Distrito Federal realizadas na data de 15 de março de 2006. Para analisar os dados tomamos como orientação a história inspirada na vertente marxiana. RESULTADOS ANAIS DO I SENAPS Estudos indicam que a violência praticada por crianças e adolescentes no Brasil não é própria da atualidade e que há registros dela já no período imperial e principalmente nas primeiras décadas da instauração da República, nos idos de 1889 (SANTOS, 2002; CUNHA, 2002). Desde o final do século XIX as crianças aparecem nas estatísticas criminais do país, entretanto, é nas primeiras décadas do século XX que estas tomam uma maior proporção, em consequência do processo de industrialização do país. Contrastando com o “progresso”, centenas de brasileiros (principalmente os escravos abolidos) perambulavam pelas ruas sem trabalho, viviam em condições de extrema miséria, adoeciam em virtude das precárias e desumanas condições de saúde e habitação e também praticavam delitos. Era evidente que a deterioração das condições sociais, as mudanças impostas pela forma de organização capitalista e os novos padrões de convívio que a urbanidade impunha potencializavam a prática de crimes cometidos por adultos e menores de idade. Neste período, inúmeras prisões ocorriam, às vezes pelo simples fato da pessoa não conseguir comprovar sua ocupação. Grande parte dessas prisões arbitrárias tinha como alvo as crianças, que eram acusadas de vadiagem. No Estado de São Paulo “entre 1900 e 1916 o coeficiente de prisões por 10 mil habitantes era distribuído da seguinte forma: 307,32 maiores e 275,14 menores”. Todavia, os crimes cometidos por “menores” se diferiam muito dos praticados por adultos, que eram responsáveis por 93.1% dos homicídios realizados entre 1904 e 1906. As prisões de crianças eram motivadas por vadiagem (20%), embriaguez (17%) e furto ou roubo (16%) (SANTOS, 2002, p. 214). Já nesta época, conforme o autor, a sociedade e os juristas acreditavam que as casas de correções, hoje chamadas de Unidades Socioeducativas e a pedagogia do trabalho seriam medidas necessárias para o enfrentamento da violência praticada por crianças e adolescentes. Voltando a atualidade, constatamos que em 2009 foram registrados 16.940 adolescentes cumprindo medidas socioeducativas no Brasil. Também se observou que a superlotação foi mais evidenciada nas regiões Nordeste e Sul do Brasil, sendo que o Estado de São Paulo concentrava 37% dos adolescentes em cumprimento de regimes em meio fechado, ANAIS DO I SENAPS tornando-se o maior sistema socioeducativo do país (BRASIL, 2010). Nota-se que os estados das regiões mais desenvolvidas do Brasil, o Sudeste e o Sul, estão entre os que possuem maior população de adolescentes privados de liberdade (SP, MG, RS e PR). Esses resultados só reforçam uma das grandes contradições do capitalismo: o aumento da pobreza da classe operária e contraditoriamente o aumento da produção de riqueza (MARX, 2002). Parece que a institucionalização dos que não são absorvidos pelo mercado de trabalho formal torna-se uma estratégia do estado neoliberal para mascarar a desigualdade produzida pelo modo de organização social vigente. Tal percepção também é compartilhada com Passetti (2002, p.373), tendo em vista que ele afirma que com o neoliberalismo “se reconhece a necessidade do espaço de confinamento e mortificação para pobres de todas as idades, tanto nos internatos, quanto nas prisões”. A fim de minimizar o agravamento no estado emocional gerado pela própria privação de liberdade, em geral, tem-se recorrido a medicação psicotrópica. O processo de medicalização, de acordo com Barros (1983, p. 378), se define como “[...] a ampliação crescente do trabalho de intervenção da medicina na vida das pessoas, passando para a alçada médica, inclusive, problemas claramente determinados pela forma de ser da sociedade, no interesse de se manter o status quo (por exemplo, escamoteando os conflitos inerentes às relações capital - trabalho). De igual forma, processos antes tidos como naturais ou fisiológicos crescentemente passaram a ser merecedores da intervenção médica”. Conforme Suzuki (2012), durante o I Seminário Internacional “A educação medicalizada: dislexia, TDAH e outros supostos transtornos”, realizado no mês de Dezembro de 2010, em São Paulo, concluiu-se que a medicalização seria melhor interpretada como o uso abusivo e exacerbado da medicação em fatos da vida que são de natureza social, desconstruindo a ideia de que o referido termo significa contrariedade ao uso da medicação. Como apontam Moysés e Collares (2010, p. 150), “o processo de medicalização individualiza problemas coletivos, biologizando e naturalizando-os”. Esse processo de medicalização tem se tornado tão frequente, que na Inspeção Nacional às Unidades de Internação de Adolescentes em Conflito com Lei ANAIS DO I SENAPS constatou-se que mais de 80% dos adolescentes usavam antipsicóticos. Nos Estados de Minas Gerais e Paraná, por meio das visitas, foi possível inferir que os adolescentes costumavam ser medicados com psicotrópicos por problemas de comportamento (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA [CFP]; ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL [OAB], 2006). Ainda nesta inspeção, verificou-se que no Estado do Rio Grande do Sul cerca de 80% dos adolescentes eram medicados com o psicotrópico Amplictil. De acordo com equipe de saúde, a medicação era necessária devido aos quadros de ansiedade resultante do não uso de drogas. No Amazonas foi levantado que não há acompanhamento terapêutico combinado com as prescrições medicamentosas realizadas pelo hospital psiquiátrico, local onde eram atendidos os adolescentes que necessitavam dos serviços de saúde mental. Na ocasião da inspeção, no Pará, observouse que os jovens pediam os medicamentos que desejavam e que a enfermagem parecia atender aos pedidos, sem qualquer exame mais apurado e deixando dúvida se os medicamentos tinham sido prescritos pelo médico. Em Mato Grosso do Sul a situação era ainda mais crítica, pois era a enfermeira que medicava os adolescentes e os agentes assim também agiam diante de queixas de dores de cabeça ou algum outro sintoma durante a noite (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA [CFP]; ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL [OAB], 2006). Em Brasília observou-se que uma adolescente, que estava na cela de castigo, havia recebido uma dose forte de calmante. Ao ser questionada sobre qual medicamento havia tomado, não soube responder e disse que a medicação havia sido dada por ela estar nervosa. Vale destacar que a adolescente estava visivelmente tonta, encontrava-se em uma cela de castigo, sem a luz do sol há cinco dias. A cela era insalubre e sem chuveiro, havia apenas um buraco na parede de onde saia água fria (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA [CFP]; ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL [OAB], 2006). Por todo o exposto, nota-se que o processo de medicalização também é comum nas unidades socioeducativas do Brasil. A experiência profissional de Feitosa em unidades socioeducativas revela que grande parte dos adolescentes que toma medicação psicotrópica iniciou o uso durante o cumprimento ANAIS DO I SENAPS da internação. Em geral, ela é ministrada para conter aqueles que denunciam os malefícios da privação de liberdade e para aliviar o sofrimento produzido pela própria institucionalização, tornando-se uma estratégia para manter o modelo hegemônico de institucionalizar. Ao invés de problematizarmos um novo modelo de intervenção para o enfrentamento da violência, medicamos os que estão institucionalizados para que eles sobrevivam a essa experiência. CONCLUSÕES A violência praticada por adolescentes continua sendo entendida como um problema do indivíduo, de sua família e do meio onde coabitam. Portanto, não sendo uma construção coletiva e social, basta internar. A defesa se faz em prol do afastamento daqueles que denunciam e evidenciam as contradições sociais. O discurso atual de privilegiar o atendimento no seio da comunidade e o de esgotar as possibilidades de reintegração familiar se contradiz a uma prática secular: a de institucionalizar, por mais que a história tenha evidenciado a ineficácia desta medida. Apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente ser considerado um avanço no campo jurídico, de fato a sociedade atual tem apostado na internação e medicalização para enfrentar a violência praticada por jovens. Em geral, negamos e naturalizamos a intima relação entre violência e o modo de organização social, a alienação e o processo de adoecimento provocado pela institucionalização, por mais que inúmeros estudos indiquem que a privação de liberdade esta longe de garantir o desenvolvimento humano. Nestes termos, consideramos que as diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente ganharão concretude no momento em que conseguirmos superar a lógica de que a internação irá corrigir comportamentos ou possibilitar uma educação para a cidadania. Entretanto as ideias não são autônomas, alterando-se de acordo com as vontades individuais. Segundo a concepção materialista da história “o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual" (MARX, 1922, p. 82). Portanto o desafio é o de dar passagem a uma forma de organização social mais humana e igualitária. ANAIS DO I SENAPS Palavras-chave: Estatuto da Criança e do Adolescente, adolescência, internação socioeducativa e medicalização. REFERÊNCIAS BARROS, J. A. C. Estratégias mercadológicas da indústria farmacêutica e o consumo de medicamentos. Revista Saúde Pública, São Paulo n. 17, p. 377-386, 1983. BRASIL. Secretaria Especial de Direitos Humanos. 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Karina Jullyana de Melo Brondani64 Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari65 Flávia Lopes Sant’Anna66 Suellen dos Santos Silva 67 Mauren Teresa G. Mendes Tacla68 INTRODUÇÃO As doenças respiratórias, em particular as pneumonias, ainda apresentam uma importante causa de morbidade e mortalidade no Brasil e no mundo. Estima-se que no ano de 2012 houve 18.517 óbitos em crianças com menos de 1 ano, sendo que deste total 5% eram por pneumonia. Houve ainda mais de 100 mil internações hospitalares por pneumonia, gerando um custo de aproximadamente 80 milhões de reais, sendo deste número de casos 17% da região Sul (DATASUS, 2013). A pneumonia é caracterizada por uma inflamação dos tecidos pulmonares, geralmente causadas por bactérias, vírus, fungos, parasitas ou podendo, também, ser 64 Enfermeira Residente em Enfermagem em Saúde da Criança. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço: Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 65 Enfermeira. Doutora. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 66 Enfermeira. Mestre. Professor Auxiliar do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 67 Enfermeira Residente em Enfermagem em Saúde da Criança. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço: Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 68 Enfermeira. Doutora. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. ANAIS DO I SENAPS secundária por radiação, ingestão de substâncias químicas e inalação de corpos estranhos (ESCOBAR, GARCIA, 2002). A literatura identifica como sendo fatores de risco para as pneumonias bacterianas na infância, a pouca idade materna, baixa escolaridade, baixa renda, baixo peso ao nascer, ausência de aleitamento materno, esquema vacinal incompleto, aglomerado de pessoas em um mesmo domicílio e outros diversos fatores sociais e história de pneumonia anterior. É válido lembrar que a expansão da Estratégia da Saúde da Família (ESF), melhorou o acesso aos serviços de saúde através da ampliação do ingresso à atenção primária, aumentando assim a chance de identificação e referência dos casos necessários à internação (MOURA et. al., 2010). A enfermagem possui um papel fundamental na promoção e prevenção de saúde, atuando em muitas das causas evitáveis do acometimento por pneumonia e outras doenças em crianças. Faz-se presente nas consultas de pré-natal e puericultura, na busca ativa por vacinações e no incentivo ao aleitamento materno, sendo o profissional com maior vínculo com os pacientes (NASCIMENTO et. al., 2004). O desmame precoce está associado ao maior número de episódios de diarreia, risco de desnutrição, hospitalizações por doença respiratória e menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco (BRASIL, 2009). Esta relação entre ausência ou interrupção do aleitamento materno e as internações por pneumonia é corroborada em uma análise multivariada de dados secundários realizada nas capitais brasileiras e Distrito Federal, relatando redução do risco de hospitalização por pneumonia entre crianças com menos de 1 ano de vida, com o aleitamento materno exclusivo até 6 meses e de 9 a 12 meses, atingindo sua máxima eficácia quando o aleitamento materno é mantido até os 2 anos de idade. (BOCCOLINI et al, 2011). Isto também é observado em estudo realizado no Ceará, no qual se comprovou que as crianças desmamadas ficam mais suscetíveis às afecções, quando comparada àquelas em aleitamento materno exclusivo (AME) ou predominante, por verificarem que 18,9% das crianças que foram desmamadas a partir do segundo mês de ANAIS DO I SENAPS vida apresentaram algum problema de saúde, com destaque para as ocorrências do aparelho respiratório (XIMENES, 2010). Outro fator que influencia na redução das taxas de internação por pneumonia é a vacinação. Segundo análise do Ministério da Saúde no ano de 2010, verificou-se que a após a campanha de vacinação contra a Influenza H1N1 e a introdução da vacina antipneumocócica na rotina de vacinação das crianças houve queda dos números de hospitalização por essa morbidade. O maior impacto foi observado na cidade de Curitiba, onde houve maior cobertura dessas vacinas e redução de 34,0% das internações (BRASIL, 2010). O enfermeiro está inserido diretamente nas ações de promoção do aleitamento materno e vacinação, questões que podem ser abordadas por meio de educação em saúde. Esta constitui instrumento para a promoção da qualidade de vida de indivíduos, unindo conhecimentos técnicos e populares para uma melhor assistência de enfermagem (OLIVEIRA, 2004). Diante desta realidade e da constante aproximação da enfermagem com os pacientes, torna-se importante a atuação desta classe na profilaxia das pneumonias na atenção primária, evitando o desenvolvimento da doença e a consequente internação. OBJETIVO O presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil das internações pediátricas por pneumonia em um hospital escola público do Sul do Brasil nos anos de 2007 a 2009. MÉTODO Trata-se de uma de pesquisa descritiva e transversal, realizada nos anos de 2007 a 2009, em um hospital público de grande porte em Londrina, Paraná. A população de estudo foi constituída por crianças internadas na unidade pediátrica de um hospital escola público situado no município. É classificado como ANAIS DO I SENAPS hospital terciário, referência no Norte do Estado no atendimento de pacientes conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Atende pacientes de 250 municípios do Paraná e de mais de 100 cidades de outros Estados. Conta com uma média mensal de 1.150 internações, 12.000 atendimentos ambulatoriais, 7.000 atendimentos de prontosocorro e 600 cirurgias. É constituído por 365 leitos. A Unidade Pediátrica dispõe de 34 leitos para crianças entre zero e 12 anos nas diversas especialidades, e conta com média mensal de 49 internações e anual de 580. A coleta de dados se deu mediante a análise dos prontuários disponibilizados pelo Serviço de Arquivo Médico e Estatístico e incluiu as seguintes variáveis: idade, sexo, tempo de permanência, época do ano, diagnóstico principal, agente causal e tipo de saída hospitalar (alta ou óbito). Foram incluídas no estudo crianças de zero a 12 anos de idade com diagnóstico médico de pneumonia independente do agente causal, conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID 10). Os dados coletadas foram registradas em banco de dados e processados eletronicamente por meio do programa Epi info. A significância estatística foi testada utilizando os testes Qui-quadrado e o teste Chi-Square Tests. O nível de significância adotado para este estudo foi p <0,05. Atendendo a Resolução nº 196, de 10 de outubro de 1990, do Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre as normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos, o presente estudo obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da UEL - nº 236/08. RESULTADOS No período de estudo 561 crianças foram internadas, ou seja, onde 85,9% foram internações e 14,1% reinternações. No que se refere às internações 56,8% eram do sexo masculino e 42,5% do feminino, principalmente nos menores de três anos de idade. ANAIS DO I SENAPS A idade media encontrada foi de 2,97 e mediana de 2,00, sendo a idade mínima zero e máxima 17 anos. Apesar da amostra ser composta por crianças até 12 anos, foram internados sete (1,45%) adolescentes na faixa etária de 13 a 17 anos . A prevalência de internações por pneumonia ocorreu nos primeiros três anos de vida (71,3%), sendo 24,5% nos menores de um ano e 46,8% na faixa etária de um a três anos. Observa-se também que a maior demanda foi da própria cidade com 65,9% dos casos, as cidades circunvizinhas somaram 34,1%. Em Londrina, o maior número foi de crianças provenientes da Região Sul (31,2%) seguida da Norte (25,2%). Após análise dos dados verificou-se precariedade nas informações que caracterizam essa população. Não foram encontrados registros de renda familiar, escolaridade e raça, mesmo se tratando de um hospital escola publico. Pode-se observar que em 80,8% das internações o agente causal da pneumonia não foi esclarecido (CID: J18.9 – Pneumonia não esclarecida), em sua maioria nos menores de três anos de idade. O tempo de permanência na unidade pediátrica variou de zero a 130 dias. O maior percentual observado foi de até 10 dias de internação (67,2%), em crianças de até três anos esse valor chegou a 49,1%. Ao comparar evolução da doença respiratória e a ocorrência de óbito durante a internação, verificou-se a ocorrência desse evento em 7,7% das crianças. O maior percentual encontra-se nos menores de um ano (27,0%), seguido de um a três anos (35,1%), predominantemente no sexo masculino (57,0%) e por pneumonia não esclarecida (89,1%). Os óbitos ocorreram principalmente no outono (36%) e no verão (19,5%). CONCLUSÃO O estudo teve como objetivo caracterizar alguns dados sobre o perfil de crianças atendidas em um hospital público e por se tratar de um estudo transversal, as ANAIS DO I SENAPS características apresentadas se referem a um momento específico, podendo sofrer modificações à medida que intervenções vão sendo implantadas. Neste sentido, ressaltase a relevância da realização de novos estudos que aprofundem o conhecimento do tema e levem à identificação dos múltiplos fatores facilitadores das enfermidades mais comuns na infância, responsáveis por grande número de hospitalizações e reinternações e, que dessa forma, possam estimular e nortear programas de alcance e ações tão amplos e diversificados que logrem, idealmente, suplantar causas biopsicosociais. Esse perfil reflete em parte o padrão de morbidade de crianças residentes em Londrina e região, considerando que esses casos são internados, em sua maioria no hospital em estudo, mas não na sua totalidade por ter outros hospitais que atendem tanto o sistema privado como público. Apesar de parecer óbvio e simples, a atenção dispensada pelos órgãos públicos na prevenção primária poderia ser mais efetiva, a partir da intervenção sobre os fatores de risco sabidamente relacionados com o processo da doença. Este estudo também demonstrou certa variação sazonal no que se refere às causas de internações por pneumonia o que pode subsidiar o planejamento de ações da Unidade de Pediatria quanto à aquisição de medicamentos e outros materiais e de recursos humanos, bem como os serviços de atenção primária à saúde sobre a necessidade de intervenções específicas, visando reduzir estas demandas. A partir dessas informações, pode-se apontar para a necessidade de desenvolvimento de ações de saúde mais eficazes no nível primário, objetivando a prevenção das complicações, a manutenção do calendário básico de vacinação, a execução de consultas de acompanhamento do desenvolvimento e crescimento da criança no intuito de detectar precocemente sinais e sintomas de doenças respiratórias e evolução para pneumonias, dentre outras. Quanto ao nível terciário, além do tratamento da pneumonia, é necessário desenvolver estratégias de integração com o serviço de atenção básica antes da alta para a continuidade do atendimento e vigilância à saúde na comunidade para que as reinternaçoes não sejam tão comuns. ANAIS DO I SENAPS PALAVRAS-CHAVE: Pneumonia; Criança; Hospitalização; Epidemiologia; Mortalidade. REFERÊNCIAS BOCCOLINI, CS et al . O papel do aleitamento materno na redução das hospitalizações por pneumonia em crianças brasileiras menores de 1 ano. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 87, n. 5, 2011 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S002175572011000500006&lng=en&nrm=iso>. Acessado em 28 Abr. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Novas vacinas reduzem internações por pneumonia. Portal da Saúde. Brasília, 2010 MS. Disponível em: >http://portalsaude.saude.gov.br/noticia/2888/162/novas-vacinas-reduzem-internacoespor-pneumonia.html> Acessado em: 28 abr. 2013 _______. 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Doutora em Enfermagem em Saúde Pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo. Docente Adjunta do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina - UEL. 4 Enfermeira especialista em Pediatria. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina – UEL. 1 INTRODUÇÃO A atenção primária é considerada a entrada no sistema de saúde para qualquer nova necessidade ou problema de saúde. Oferece atenção de saúde à população no decorrer do tempo, para todas as condições - com exceção das muito incomuns ou raras - e coordena ou integra a atenção (STARFIELD, 2002). A Atenção Primária à Saúde é baseada no acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação. O acesso é um conceito complexo e que ainda não está bem definido. É um conceito que varia entre autores e que muda ao longo do tempo e de acordo com o contexto (TRAVASSOS, MARTINS, 2004). O acesso foi definido por Millman (1993) como “o uso oportuno de serviços pessoais de saúde para alcançar os melhores resultados possíveis em saúde.” Pode significar também o ato de ingressar ou porta de entrada. O comportamento do indivíduo é geralmente responsável pelo primeiro contato com os serviços de saúde, e os profissionais de saúde são responsáveis pelos contatos subsequentes (TRAVASSOS, MARTINS, 2004). Penchansky & Thomas (1981) identificaram várias dimensões que compõem o conceito de acesso, tais como disponibilidade, acessibilidade, acolhimento e aceitabilidade. Já a acessibilidade pode ser vista como caráter ou qualidade do que é acessível, possibilita que as pessoas ANAIS DO I SENAPS cheguem aos serviços. Ou seja, este é um aspecto da estrutura de um sistema de saúde e este aspecto é necessário para se atingir a atenção ao primeiro contato (STARFIELD, 2002). Acessibilidade é mais abrangente do que a mera disponibilidade de recursos em um determinado momento e lugar, refere-se às características dos serviços e dos recursos de saúde que facilitam ou limitam seu uso por potenciais usuários (DONABEDIAN, 1973 apud TRAVASSOS, MARTINS, 2004). Os termos acesso e acessibilidade são usados de forma intercalada e, geralmente, ambígua; mas em linhas gerais, acessibilidade refere-se às características da oferta e o acesso é a forma como as pessoas percebem a acessibilidade (STARFIELD, 2002). Esse estudo científico tem a finalidade de avaliar a efetividade da acessibilidade na Atenção Primária de Saúde buscando informações relevantes para a ação de medidas públicas voltadas ao público infantil. OBJETIVO Avaliar a acessibilidade das crianças de até 12 anos residentes na área urbana da cidade de Londrina para a efetividade do atendimento nas Unidades Básicas de Saúde. MÉTODO Pesquisa avaliativa, de natureza quantitativa, parte de uma pesquisa multicêntrica, realizada em dois municípios no estado do Paraná (Cascavel e Londrina) e um na Paraíba (João Pessoa), realizada por meio do instrumento de Avaliação da Atenção Primária denominado PCATool (Primary Care Assessment Tool) versão criança. Este questionário avalia os atributos essenciais da Atenção Primária (acesso de primeiro contato, integralidade, longitudinalidade e coordenação) e seus atributos derivados (orientação familiar, orientação comunitária e competência cultural) a partir de uma lista de questões sobre os serviços respondidas por usuários. O presente estudo fará análise do atributo acessibilidade e os demais atributos serão estudados em estudos subsequentes. No questionário o atributo acesso de Primeiro contato é formado por três ANAIS DO I SENAPS componentes: o grau de afiliação (A), utilização (B) – itens B1, B2 e B3 e a acessibilidade (C) – itens C1, C2, C3, C4, C5 e C6. Para cada pergunta é possível quatro respostas: “com certeza sim” (valor=4), “provavelmente sim” (valor=3), “provavelmente não” (valor=2), “com certeza não” (valor=1) e “não sei / não lembro” (valor=9). A partir daí foram calculados escores. Os escores para cada um dos atributos ou seus componentes são calculados pela média dos valores das respostas dos itens que compõe cada atributo ou seu componente. Por exemplo, o escore para o componente B é calculado pela soma do valor dos itens dividido pelo número de itens para produzir um escore médio. Escore = (B1 + B2 + B3) / 3. O instrumento foi aplicado em 39 unidades básicas de saúde no município de Londrina, Paraná no período entre agosto de 2012 e janeiro de 2013. A amostra foi de 609 entrevistas. Para a aplicação do instrumento foram considerados critérios de inclusão ser residente em área urbana dos municípios e ter condições para ser o respondente do formulário, tais como capacidade de entendimento, expressão e compreensão dos documentos apresentados (TCLE). Foram excluídos da pesquisa crianças procedentes de outro município do respectivo estado em estudo ou da área rural. As perguntas eram feitas aos principais cuidadores das crianças, menores de doze anos de idade, que utilizaram o serviço pelo menos três vezes. RESULTADOS Dos 609 entrevistados, 95,9% responderam que geralmente procuram a Unidade Básica de Saúde quando seu filho está doente. Ao se questionar se havia um médico, enfermeiro ou unidade de saúde que conhecia melhor a criança como pessoa 76,2% responderam positivamente, apontando o mesmo serviço que geralmente levava a criança, mas apenas 5,6% indicaram o médico ou enfermeiro como os profissionais que melhor conheciam a criança. Sobre o Acesso de Primeiro Contato propriamente, referente às questões de Utilização (B), quando perguntado se o responsável levava a criança primeiro no serviço de referência antes de ir a outro local quando a criança precisava de uma consulta de revisão, 86,9% responderam que sim. Já quando a criança ANAIS DO I SENAPS tinha um novo problema de saúde o número de respostas positivas reduziu para 62,1%. A respeito do encaminhamento obrigatório para consultar um médico especialista, 81,1% responderam que são obrigadas a passar por uma consulta antes de levarem sua criança para o especialista. Ainda sobre a utilização dos serviços, observou-se, por meio dos escores médios, uma avaliação positiva por parte dos cuidadores, quando 64,8% pontuaram com escore máximo, através da resposta Certo que Sim, seguido de mais 28,7% dos cuidadores respondendo Provavelmente Sim. Referente às questões de Acessibilidade (C), quando questionados sobre o atendimento no mesmo dia caso sua criança fique doente, 62,6% responderam que provavelmente/certamente que sim. Sobre ter que esperar muito ou ter que falar com muitas pessoas para marcar hora, 36,2% dos responsáveis respondeu afirmativamente. E 67,4% dos cuidadores alegam ter que esperar mais de 30 minutos para ser atendido. Sobre a dificuldade para conseguir atendimento para a criança quando o responsável pensa ser necessário, 38,1% indicaram que sim. A respeito do aconselhamento rápido pelo telefone, somente 32,2% disseram ter acesso. Verificando a acessibilidade, os respondentes realizaram a avaliação de forma equilibrada tanto para os escores positivos (50,4%) e negativos (44,5%) considerando os demais que não sabiam ou não lembravam. Sendo que a pontuação negativa que apareceu em destaque foi a espera por mais de 30 minutos ao chegar ao serviço de saúde (67,4%). DISCUSSÃO Os dados apresentados aqui são resultantes de uma análise parcial dos resultados desta pesquisa. Grande parte dos achados nesta pesquisa assemelha-se ao encontrado em outras pesquisas, embora em diferentes condições e em outros países. Pode-se observar que o acesso da população aos serviços de saúde mostra-se relativamente bom, indicando que ainda há barreiras ao acesso dos que procuram os serviços de saúde. É perceptível também que não há muitos médicos/enfermeiros que conhecem bem as crianças as quais prestam atendimento e que os pais não possuem um vínculo muito ANAIS DO I SENAPS significativo com os profissionais de saúde nas unidades básicas da cidade analisada. O profissional pode até conhecer a família e sua criança, mas isso se dá superficialmente. Quase nunca são os mesmo profissionais que atendem essas crianças nas consultas subsequentes, sendo impossível criar um vinculo e desenvolver um relacionamento mais profundo. O tempo de espera para ser atendido ultrapassa os 30 minutos na grande maioria dos casos, mostrando uma necessidade de contratação de mais funcionários e/ou reorganização do processo de trabalho para o melhor atendimento da população e aprimoramento deste quadro. Em vista disso, podemos constatar que o acesso é um importante aspecto na atenção primária a saúde, apesar de ser um conceito abrangente, ainda é perceptível a necessidade de seu desenvolvimento para dar conta das recentes mudanças no cenário da saúde brasileira. A coleta sistemática e periódica desses dados serve como subsidio para uma avaliação mais profunda e efetiva do sistema de saúde brasileiro. CONCLUSÃO O acesso, sendo uma das bases e a própria porta de entrada da atenção primária deve iniciar o processo para que o mesmo funcione corretamente. Como porta de entrada dos serviços de saúde deve estar bem organizada e adequada para atender a demanda e não reprimi-la. Conclui-se que o grau de afiliação é limitado e o acesso é positivo com algumas limitações. O problema maior está na demora em se receber o atendimento, marcar consultas e receber aconselhamento rápido pelo telefone. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação de serviços de saúde; Atenção primaria á saúde; Serviços de saúde, Acessibilidade. REFERÊNCIAS AGOSTINHO, M R; OLIVEIRA, M C; PINTO, M E B; BALARDIN, G U; HARZHEIM, E. Auto percepção da saúde entre usuários da Atenção Primária em Porto ANAIS DO I SENAPS Alegre, RS. Revista Brasileira de medicina, farmácia e comunicação; v 5, n 17, p. 9-15, jan/dez 2010. COSTA, G D; COTTA, R, M M; REIS, J R; FERREIRA, M de L S M; REIS, RS; FRANCESCHINI, S C C. Avaliação da atenção à saúde da criança no contexto da Saúde da Família no município de Teixeiras, Minas Gerais. Ciência e Saúde Coletiva, v. 16 n. 7 p. 3229-3240, 2011. MILLMAN, M. Acess to health care in America. Washington, DC: National Academy Press, 1993. PENCHANSKY DBA, THOMAS JW. 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Muitos dos recém-nascidos pré-termo e de muito baixo peso (RNPTMBP) iniciam suas vidas extra-uterinas em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, local que tem sido de suma importância para manter-lhe a vida. Por ser uma antecipação do nascimento biológico, o parto prematuro acarreta nos pais uma tempestade de sentimentos, pois o nascimento se dará no momento de maior desenvolvimento tanto para os pais quanto para o bebê, que cresce não apenas no útero, mas no imaginário do casal que o aguarda.1 Desta maneira, a interrupção abrupta da gravidez traz à luz tanto um RN prematuro, quanto pais prematuros, que além da separação física precoce, enfrentarão uma separação ainda mais dramática imposta pelo quadro clínico desses pré-termos. Nestes casos, o filho real em nada se assemelha ao filho imaginário, o que de certa maneira dificulta a formação do vínculo afetivo do casal com o bebê. 1 Também, a família se vê diante de experiência desgastante e desafiadora, fato que ocasiona profundas alterações na dinâmica familiar e que se acentua ainda mais com a internação, muitas vezes prolongada, do filho.2 Apesar de todas as dificuldades a serem enfrentadas durante essa internação, a família sente-se, em geral, segura quanto ao cuidado, visto ser na maior parte das vezes prestado por equipe especializada. Porém, com a evolução e alta do bebê, essa atribuição passa a ser assumida pela família e serviços de atenção básica à saúde. Visando qualificar o cuidado à saúde infantil, o Ministério da Saúde brasileiro busca, desde 2004, implementar a linha de cuidado integral de saúde da criança, a qual tem, no acompanhamento do recémnascido de risco, um de seus eixos principais. Assim, no contexto da atenção básica, espera-se que os RNPTMBP sejam prioritariamente assistidos, tanto nas Unidades Básicas de Saúde quanto nas Unidades de Saúde da Família.3 Ao considerar a vulnerabilidade desses bebês e as dificuldades de cuidado após a alta de unidades de terapia intensiva identifica-se a pertinência ANAIS DO I SENAPS de estudos que busquem compreender as experiências das famílias e de profissionais de saúde quanto ao seu cuidado. OBJETIVO Apreender as representações de familiares e de enfermeiros sobre o cuidado do recémnascido de muito baixo peso ao nascer no domicílio. MÉTODO Adotou-se a abordagem qualitativa de pesquisa, que é entendida como aquela capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes a atos, relações e estruturas sociais, sendo essas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas.4 A Teoria das Representações Sociais (TRS) fundamentou a realização desse estudo. Pode ser considerada interpretação da realidade que pressupõe que não haja distinção entre sujeito e objeto da pesquisa. Uma vez que toda realidade é representada pelo indivíduo, toda representação é, portanto, uma forma de visão global e unitária de determinado objeto. Para que o indivíduo possa formar essa visão global, ele usa elementos de fatos cotidianos e de conhecimentos do senso comum.5-6 A TRS é expressão filosófica que significa a reprodução de uma percepção anterior da realidade ou do conteúdo do pensamento. Assim, é expressa por representações coletivas, com o objetivo de referir as categorias de pensamento por meio das quais determinada sociedade elabora e expressa sua realidade. 4 Este estudo foi desenvolvido em Londrina – PR, município que conta com 510.770 habitantes7 e cujo número anual de nascidos vivos de mães residentes diminuiu de 8180 em 2000 para 6761 em 2009. No mesmo período, o número de crianças nascidas com peso inferior a 1500 gramas manteve-se praticamente o mesmo: 102 no início da década e 101 no seu final. 8 Para atendimento neonatal de alta complexidade o município conta com três Unidade de Terapia Intensiva (UTI), localizadas em três hospitais credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo um serviço público considerado Centro de Referência Regional; outro é instituição filantrópica e referência no atendimento a gestantes de alto risco e o terceiro atende diversos planos de saúde e também é caracterizado como instituição filantrópica. Na configuração da rede de atenção à saúde Londrina possui 52 unidades básicas de saúde (UBS), sendo 42 em área urbana e 10 localizadas na área rural, e 100 Equipes Saúdes da Família (ESF). Porém, foram incluídas nesta investigação apenas aquelas que tinham na sua área de abrangência uma das 41 famílias integrantes do estudo. Para serem incluídas no estudo as famílias precisavam residir em ANAIS DO I SENAPS Londrina, possuir recém-nascido com peso inferior a 1500 g, com necessidade de internação em UTI Neonatal, sem malformação e com parto ocorrido no período de novembro de 2011 a julho de 2012. Falecer nos primeiros seis meses de vida foi o único critério de exclusão infantil adotado. Também foram incluídos 22 enfermeiros atuantes na rede básica de saúde do município. Utilizaram-se entrevistas semi-estruturadas, processo de interação social no qual o entrevistador tem a finalidade de obter informações do entrevistado, através de um roteiro contendo tópicos em torno de uma problemática central.9 Além disso, privilegia a obtenção de informações através da fala individual, a qual revela condições estruturais, sistemas de valores, normas e símbolos e transmite, através de um porta-voz, representações de determinados grupos.4 Podem ser consideradas conversas com finalidades.10 Considerando-se seu importante papel no cuidado, elegeu-se a mãe como membro da família a participar, enquanto que os enfermeiros foram os entrevistados como profissionais de saúde. A coleta de dados com as mães foi realizada em seus respectivos domicílios no período de novembro de 2010 a julho de 2011, em três momentos distintos: sete dias após a alta hospitalar, 45 dias após a primeira visita e no sexto mês de vida da criança. Os enfermeiros foram entrevistados na unidade básica de saúde no mesmo período e uma única vez. A análise dos dados foi realizada de acordo com o referencial metodológico do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), proposta de organização e tabulação de dados de natureza qualitativa, constituindo-se em estratégia que utiliza uma forma discursiva e procura tomar claro o que pensa ou a vivência de determinada população sobre certo tema. Ao utilizar o DSC, os depoimentos de cada participante não se reduzem a categorias unificadoras, já que a proposta do método é reconstruir, com trechos dos relatos individuais, discurso síntese para expressar dado pensar ou sentir sobre um fenômeno.11 A proposta do DSC consiste basicamente em analisar o material verbal coletado, extraindo-se dos discursos algumas figuras metodológicas para organizar, apresentar e analisar os dados obtidos através dos depoimentos. As figuras metodológicas que auxiliam na análise dos dados são: as expressões chaves (constituídas por transcrições literais de parte dos depoimentos, que permitem o resgate do que é essencial no conteúdo discursivo dos segmentos em que se divide o depoimento), as idéias centrais (entendida como afirmações que permitem traduzir o essencial do conteúdo discursivo explicitado pelos sujeitos em seus depoimentos), o discurso do sujeito coletivo (construído na primeira pessoa do singular, buscando reconstruir com pedaços de discursos individuais, como um quebra–cabeça, tantos discursos-síntese quantos se julgue necessário para expressar o ANAIS DO I SENAPS pensamento ou representação social de um grupo de pessoas sobre determinado tema) e a ancoragem (manifestação linguística explícita de dada teoria, ideologia ou crença que o autor do discurso declara e que, na qualidade de afirmação genérica, está sendo usada pelo enunciador para “enquadrar” uma situação específica). 11 No presente estudo, foram desenvolvidas as três primeiras figuras. A pesquisa foi realizada mediante parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina – UEL, sob nº CEP 228/2011 e do Comitê de Ética em Pesquisa da Irmandade Santa Casa de Londrina - ISCAL, sob nº 393/2011 e atendeu plenamente a Resolução no 196, de 10 de outubro de 1996, que aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.12 Para garantir o anonimato, o nome das mães foi substituído pela letra M seguida de sequência numérica e o nome dos enfermeiros da rede básica de saúde foi substituído pela letra E, também seguido por sequência numérica. RESULTADOS Em relação às 41 mães participantes do estudo, possuíam entre 15 e 40 anos, sendo que 23 eram casadas, 12 tinham união estável, cinco eram solteiras e uma separada; 25 estavam vivenciando pela primeira vez a maternidade e 16 já possuíam outros filhos. Quanto aos enfermeiros, estavam na faixa etária entre 25 e 40 anos e tinham tempo de atuação profissional na atenção básica entre um e 15 anos. Emergiram dos discursos maternos as Ideias Centrais: A Felicidade impera na casa, Cuidado materno em tempo integral e A difícil adaptação. Considerando-se os enfermeiros, foram cinco as Ideias Centrais: Insegurança materna para realizar cuidados básicos, No domicílio é difícil manter a amamentação, As mães precisam de melhor preparo para a alta, As mães preferem que a criança seja acompanhada pelo hospital e Falta comunicação entre os serviços de saúde. Conclusão: São muitos os aspectos positivos representados pelas mães dos RNMBP quando esses chegam ao domicílio, revelando a superação de dificuldades até então vividas por elas e suas famílias desde o nascimento. Porém, apontam a intensa dedicação requerida e certa dificuldade em atender às necessidades da criança. Os enfermeiros da atenção básica consideram que o cuidado domiciliar é realizado com insegurança pelas mães, devido a seu despreparo, havendo necessidade de maior instrumentalização para os mesmos. A análise conjunta das representações maternas e dos enfermeiros apreendidas sobre o cuidado domiciliar ao RNMBP permite inferir que existem problemas com relação à integralidade da atenção a essas crianças, considerando os diferentes ANAIS DO I SENAPS níveis da assistência, havendo necessidade de fortalecimento da rede de cuidados à saúde materno infantil, especialmente em situações de risco. Palavras chaves: Peso muito baixo ao nascer, Cuidado do lactente, Família, Recém-nascido, Relações enfermeiro-paciente. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério a Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 80p. _______. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Brasil. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Sistema de informações sobre os Nascidos Vivos (SINASC). Nascimentos por residência da mãe segundo o Município. Brasília: Ministério da Saúde. 2011. [acesso em 25 jul 2011]. Disponível em: URL:http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvpr.def. CAETANO, V.C.; CRUZ, D.Y.; SILVA, G.A.; LEITE, I.C.G.; CARVALHO, S.M. Processo saúde-doença: um estudo das representações sociais de trabalhadores com DORT. Rev. Physis. v. 22, n. 3, p. 1047-62, 2012. HAGUETTE, T.M.F. Metodologias qualitativas na sociologia. 12ª.ed. Petrópolis: Vozes, 2010. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativa demográfica 2009. Censos demográficos 2000. LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A.M.C. Pesquisa de Representação Social. Um enfoque qualiquantitativo. São Paulo: Liberlivro, 2011. MINAYO, M.C.S. (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005. ________. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 11ªed. São Paulo: HUCITEC/ABRASCO, 2008. REIS, C.B.; ANDRADE, S.M.O. Representação social do trabalho em equipe na atenção à mulher sob a ótica da enfermeira. Rev. Esc. Anna Nery. v. 12, n. 1, p. 50-6, 2008. ANAIS DO I SENAPS SANTOS, M.C.L.; MORAES, G.A.; VASCONCELOS, M.G.L.; ARAUJO, E.C. Sentimentos de pais diante do nascimento de um recém-nascido Prematuro. J Nurs UFPE on line, v.. 1, n.2, p. 140-49, 2007. ZANI, A.V.; GOLIAS, A.R.C.; MARTINS, S.T.F.; PARADA, C.M.G.; MARCON, S.S.; TONETE, V.L.P. Sentimentos vivenciados pela família de recém-nascido de risco: revisão integrativa da literatura. Rev enferm UFPE on line. v. 7, n. 1, p. 269-78, 2013. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS INTERNAÇÕES POR CAUSAS EXTERNAS ENTRE CRIANÇAS DE ZERO A DOZE ANOS EM UMA UNIDADE DE PEDIATRIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DO PARANÁ Suellen dos Santos Silva 69 Rosângela Aparecida Pimenta Ferrari70 Flávia Lopes Sant’Anna71 Karina Jullyana de Melo Brondani72 Mauren Teresa G. Mendes Tacla73 INTRODUÇÃO Os acidentes e violência, denominados pela Classificação Internacional de Doenças (OMS, 2000) como causas externas de lesões e envenenamentos, representam uma importante causa de morbi-mortalidade atualmente, constituindo-se em um relevante problema de saúde pública, tendo em vista sua alta demanda (BLANK, 2002). Devido a sua imaturidade, curiosidade e vulnerabilidade, as crianças constituem um grupo propenso a sofrer acidentes e violência (MARTINS; ANDRADE, 2005). No Brasil, as causas externas ocupam o quinto lugar nas causas de mortalidade na faixa de zero a nove anos, sendo responsáveis por 124.935 óbitos apenas em 2006 (BRASIL, 2008?). 69 Enfermeira Residente em Enfermagem em Saúde da Criança. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço: Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 70 Enfermeira. Doutora. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 71 Enfermeira. Mestre. Professor Auxiliar do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 72 Enfermeira Residente em Enfermagem em Saúde da Criança. Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina-UEL, Paraná, Brasil. Endereço: Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. 73 Enfermeira. Doutora. Professor Adjunto do Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Londrina, Paraná. Av. Robert Koch, 99, Jd. Operária, Departamento de Enfermagem, Centro de Ciências da Saúde, 3º andar, CEP: 86039-440. ANAIS DO I SENAPS Diante da magnitude e transcendência do problema, é necessário investir na prevenção de acidentes, sendo essencial, primeiramente, abandonar a conotação de que estes são imprevisíveis e casuais, e adotar o conceito de “evento não intencional e evitável” descrito na Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes e Violências (BRASIL, 2001). As crianças e adolescentes, desde 1990 (BRASIL, 1990), têm o direito assegurado de que seus pais e eles próprios detenham o conhecimento dos princípios básicos de saúde, inclusive o de ações de prevenção de acidentes. Assim, acreditamos que também é papel do enfermeiro promover tais orientações para evitar possíveis agravos, pois o mesmo é apto para realizar programas de educação em saúde que envolvam a família. Tendo em vista que na infância dois terços dos acidentes ocorrem no ambiente doméstico (HOCKENBERRY; WILSON, 2011), os enfermeiros que trabalham na Atenção Básica em Saúde detêm uma posição privilegiada para atuar na orientação sobre a prevenção de agravos de acordo com a faixa etária, pois os mesmos realizam o acompanhamento das crianças atendidas pela sua unidade durante as consultas e visitas domiciliares. Além de que é preconizado que os mesmos realizem tal intervenção (LONDRINA, 2006). Para que os enfermeiros da Atenção Básica realizem uma educação em saúde de qualidade é necessário que os mesmos conheçam o perfil de morbidade infantil por causas externas, para que elaborem ações de prevenção condizentes com o cenário em que atuam, reestruturando sua assistência e serviço. OBJETIVO A presente pesquisa teve o objetivo de analisar o número de crianças internadas na unidade de Pediatria do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, entre menores de 12 anos, que foram vítimas de acidentes ou violências no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012. ANAIS DO I SENAPS MÉTODO A pesquisa constituiu um estudo quantitativo, transversal, com coleta retrospectiva de dados sobre o número de internações ocasionadas por acidentes na Unidade de Pediatria do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2012, disponibilizados pelo Serviço de Atendimento Médico e Estatística (SAME) do referido hospital. A unidade possui 34 leitos. A equipe de enfermagem é composta por seis enfermeiros, cinco técnicos de enfermagem, 21 auxiliares de enfermagem, três atendentes de enfermagem e um técnico administrativo. O Hospital tem caráter público, classificado como de grande porte, sendo o único com tais características no norte do Paraná. É considerado de alta complexidade por possuir serviços de diagnóstico e terapêutica, unidade de terapia intensiva adulto, pediátrica e neonatal. Foram considerados no estudo acidentes classificados nos códigos do capítulo XX (Causas externas de morbidade e de mortalidade) como W00 a X59 (Outras causas externas de traumatismos acidentais) e V01 a V99 (Acidentes de transporte) por serem as duas maiores responsáveis pelas internações não-fatais por Causas externas, segundo um estudo prévio realizado no Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná (MARTINS; ANDRADE, 2005). Além de serem as mais passíveis de prevenção através de educação em saúde promovida pela rede de Atenção Básica. Os dados foram tabulados através de planilha eletrônica pelo programa Microsoft Excel. As variáveis sexo e idade da população investigada foram analisadas. RESULTADOS No ano de 2011 ocorreram ao todo 11.455 internações no Hospital Universitário Regional Norte do Paraná, dos quais 255 (2,2%) aconteceram na Unidade de Pediatria. No ano de 2012 houve um acréscimo no número de internações, com um total de ANAIS DO I SENAPS 11.806, no entanto houve uma diminuição do número de crianças internadas, sendo 218 (1,8%). No período estudado houve um total de 93 (19, 6%) internações determinadas pela casuística pesquisada. Houve prevalência no sexo masculino, com total de 61 internações, correspondendo a 65,6%, já o sexo feminino correspondeu a 32 internações (34,4%). A unidade de Pediatria apresenta dados próximos à realidade brasileira quando comparamos a proporção de sexo masculino e sexo feminino de tais internações. No país 283.335, correspondendo, em média, a 7,4%, de todas as internações de pacientes de 0 a 14 anos ocorreram devido a uma causa externa classificada nos códigos W00 a X59 e V01 a V99. Dessas, 193.588 (68,3%) correspondem a internações de crianças do sexo masculino e 89.747 (31,7%) do sexo feminino. Podemos notar a prevalência do sexo masculino em ambos perfis local e nacional. Blank (2002) aponta que tal fato pode ser justificado pelas diferenças de comportamento de cada sexo, além de fatores culturais, como a estimulação que a sociedade exerce sobre os meninos para que eles realizem brincadeiras mais ativas, como jogar bola e andar de bicicleta e que as meninas permaneçam envolvidas em brincadeiras mais tranquilas, como brincar de casinha. A faixa etária predominante na pesquisa realizada foi a de 5 a 9 anos, com 45 (48,4%) internações, seguida de 1 a 4 anos com 35 (37,6%), e 10 a 12 anos com total de 11 (11,8%). O perfil nacional mostra que a faixa etária mais acometida por acidentes é a de 10 a 14 anos, com 94.303 (38,5%) internações, seguida de 5 a 9 anos, com 8.090 (35,6%) internações, 1 a 4 anos, 52.775 (21,6%) e menores de 1 ano, 10.249 (4,1%). Provavelmente, os dados do hospital diferem da realidade brasileira porque a unidade de Pediatria atende apenas pacientes que ainda não possuam 12 anos completos 12 anos, já os dados nacionais são apresentados com a faixa etária de 10 a 14 anos, o que gera uma diferença no resultado final do número de internações. De acordo com o CID, houve prevalência do código W00 a X59 (Outras causas externas de traumatismos acidentais), 73 (15,4%) internações na unidade de Pediatria. ANAIS DO I SENAPS Destas, 47 (64,4%) foram de crianças do sexo masculino e 26 do sexo feminino (35,6%). Estes dados assemelham-se ao perfil nacional, cujas internações de crianças no mesmo período por este CID contabilizaram 210.475, sendo 65.794 (68,7%) meninos e 65.794 (31,2%) meninas. Quanto a faixa etária, 37 (50,7%) pacientes de 5 a 9 anos foram internados devido a queda, afogamento, envenenamento entre outros; 33 (45,3%), de 1 a 4 anos, 11 (15,0%), de 10 a 12 anos. Já nos dados do Brasil, há prevalência da faixa etária de 10 a 14 anos com 78.873 (37,4%) crianças internadas, seguida por 5 a 9 anos com 75.183 (35,7%), 1 a 4 anos com 47.305 (22,4%) e 0 a 1 ano com 9.114 (4,5%). Martins e Andrade (2005) referem que, em geral, há um maior predomínio de acidentes (quedas, lesões, fraturas) em crianças maiores, pois é característica desta fase a prática de atividades motoras mais intensas, como andar de bicicleta e patins, jogos de bola, os quais expõem a criança ao risco de sofrerem um trauma. Malta et al. (2009) acrescenta que as crianças menores são mais propensas a sofrerem quedas de leito, afogamento, acidente com corpos estranhos e queimaduras. Internações relacionadas ao CID V01 a V99 (Acidentes de transporte) contabilizaram 20, correspondendo a 4,2% das crianças internadas na unidade de Pediatria do período pesquisado. Também houve um maior número de pacientes do sexo masculino, sendo 14 (70,0%) contra 6 (30,0%) do sexo feminino. Tal perfil assemelha-se ao brasileiro, visto que neste mesmo período, ocorreram 33.944 internações, sendo 23.520 (69,2%) meninos e 10.424 (30,8%) meninas. Quanto a faixa etária do código V01 a V99, a idade prevalente foi a de 10 a 12 anos, representada por 9 (45,0%) crianças, seguida por 8 (40,0%) de 5 a 9 anos e 3 (15,0%) de 1 a 4 anos. Os dados do Brasil mostram que a maioria dos pacientes internados vítimas de acidentes de transporte encontrava-se na faixa etária de 10 a 14 anos, 4.049 (45,4%), seguida por 5 a 9 anos com 1.907 (35,0%) pacientes; 1 a 4 anos com 5.472 (16,1%) e, de 0 a 1 ano, com 1.135 (3,3%). ANAIS DO I SENAPS Um estudo realizado por Malta et al. (2009), baseado nos dados do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes em Serviços Sentinelas de Urgência e Emergência (Inquérito VIVA) verificou que dentre os acidentes de transporte predominam as ocorrências envolvendo bicicletas, seguido por atropelamentos por automóvel e vítimas ocupantes de veículo. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise destas ocorrências pode auxiliar na orientação das ações de promoção à saúde desenvolvidas pela Atenção primária em Saúde. A partir da análise dos dados apresentados conclui-se que com as medidas de intervenção e prevenção, cerca de 20% das internações de crianças em nível terciário poderiam ser evitadas. Ações educativas para a prevenção de acidentes na infância realizadas com as famílias e até mesmo suas escolas evitariam o estresse causado pela internação, tanto na criança como na família, além da redução de gastos da hospitalização. Palavra-chave: Enfermagem. Atenção Básica. Criança. Acidentes. Morbidade. REFERÊNCIAS AMARAL, J. J. F.; PAIXÃO, A. C. Prevenção de Acidentes na Criança e Adolescente. 2005?. Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/pdf/2013/Abr/25/prevencao_de_acidentes _na_crianca_e_adolescente.pdf.> Acesso em: 26 abr. 2013. BLANK, D. Prevenção e controle de injúrias físicas: saímos ou não do século 20? 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Acidentes e violência na infância: evidências do inquérito sobre atendimentos de emergência por causas externas – Brasil, 2009. Ciência & Saúde Coletiva, v. 17, n. 9, p. 2247-2258, 2012. MARTINS, C. B. G.; ANDRADE, S. M. Causas externas entre menores de 15 anos em cidade do Sul do Brasil: atendimentos em pronto-socorro, internações e óbitos. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 8, n. 2, p. 94-204, 2005. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10). Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 10ª revisão. 8ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP); 2000. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS ELEMENTOS DO CUIDADO INTEGRAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DA CRIANÇA Rosane Meire Munhak da Silva74 Cláudia Silveira Viera75 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso76 Eliane Tatsch Neves77 Patrícia Oehlmeyer Nassar5 INTRODUÇÃO O Brasil demonstrou ao longo de sua história o descaso na atenção à saúde da criança, identificado pelos índices alarmantes da Mortalidade Infantil (MI) no período colonial que alcançava 700/1000 Nascidos Vivos (NV). Em meio aos investimentos para melhor as condições de vida das pessoas, a responsabilização e implementação de políticas públicas este cenário foi modificado. Estes resultados podem ser vistos mediante a redução expressiva na MI atualmente no Brasil, chegando a um índice de 16/1000 NV em 2011 (ARIÉS, 2011; UNICEF, 2012). Muito embora tenha evidenciado tais regressões na MI, o agravante que permaneceu neste cenário relaciona-se a alta possibilidade de redutibilidade nos óbitos infantis, chegando a 60%, somados ainda a faixa etária das crianças afetadas, o recémnascido (BRASIL, 2009; MENDES, 2012). Quando referimos à questão redutibilidade aos óbitos entre recém-nascidos, nos embasamos no fator causa de mortalidade, pois complicações no período perinatal e prematuridade têm representado as maiores causas de óbitos infantis no Brasil e no mundo (BASSANI, 2012). 74 Enfermeira. Mestranda. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, PR. Rua Universitária, 1619. Bairro: Jardim Universitário. Cascavel, PR. (45) 35784791. Email: zanem2010@hotmail.com 75 Enfermeira. Doutora. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rua Universitária, 1619. Bairro: Jardim Universitário. Cascavel, PR. (45) 3220 3000. 76 Enfermeira. Doutora. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rua Universitária, 1619. Bairro: Jardim Universitário. Cascavel, PR. (45) 3220 3000. 77 Enfermeira. Doutora. Universidade Federal de Santa Maria. Av. Roraima, 1000. Bairro: Camobi. Santa Maria, RS. (55) 3220 8473. 5 Odontóloga. Doutora. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rua Universitária, 1619. Bairro: Jardim Universitário. Cascavel, PR. (45) 3220 3000. ANAIS DO I SENAPS Salienta-se que, tais causas associam-se a ações sensíveis para a Atenção Primária à Saúde (APS), mediante a adequada assistência no planejamento família, à gestação e a continuidade do cuidado nas unidades de saúde ao longo do ciclo vital da criança. Contudo, para abarcar um serviço de APS sólido e resolutivo capaz de desenvolver ações de promoção da saúde e prevenção de agravos, é fundamental contemplar em seu contexto, o seguimento de quatro atributos essenciais: acesso; longitudinalidade; integralidade; coordenação. Deste modo, a APS garantirá resolutividade e qualidade na atenção à saúde da criança, neste caso, o recém-nascido e, principalmente colaborará na transformação do panorama nacional de mortalidade (STARFIELD, 2002; MENDES, 2012), bem como da morbidade infantil decorrente de problemas característicos da infância que muitas vezes levam a hospitalizações por causas evitáveis. A APS como proposta para atenção resolutiva será eficiente se considerar como caminho aspectos cognitivos, sociais e tecnológicos para atender 85% dos problemas da população infantil (MENDES, 2012). Esse caminho deve ancorar-se na integralidade tendo como condutor das ações, o cuidado integral. Para tanto, segundo Ayres (2003/2004) o cuidado deve ser direcionado por elementos essenciais, quais sejam: movimento, edificador do cuidado; interação, processo de escuta, fala e acolhimento; alteridade, essência do indivíduo; plasticidade, transformação; projeto, início do cuidado até sua concretização; desejo, processo de escolha para cuidar; temporalidade,relação do primeiro contato até sua resolutividade; não causalidade,processo de formação e contemplação do cuidado; responsabilidade, assumir para os serviços as necessidades de saúde dos indivíduos, independente da esfera de atenção. Nesse sentido, apresenta-se como pressuposto que, a realidade estudada não contempla em suas ações os elementos essenciais para cuidar integralmente, uma vez que há um número elevado de crianças e famílias, que buscam atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) para resolução dos problemas de saúde. Desta forma, a partir do conhecimento das ações e práticas dos serviços de APS do município ANAIS DO I SENAPS no cuidado à criança, poderemos contribuir para efetivar a atenção a esses segmentos, principalmente no que se refere ao grupo de recém-nascidos. OBJETIVOS Identificar os elementos do cuidado integral na atenção primária àsaúde da criança menor de um ano em Cascavel-PR. METODOLOGIA Este estudo é parte da dissertação de mestrado, intitulada “A integralidade à saúde da criança com enfoque a atenção primária e seu itinerário de cuidado e cura”, a qual se refere a um recorte de um projeto de pesquisa desenvolvido em dois municípios do sul do Brasil financiado pelo CNPq. Utilizou-se da abordagem qualitativa com base no referencial metodológico da hermenêutica-diálética para análise (GADAMER, 2002). Assim, foram sujeitos do estudo 16 famílias de crianças menores de um ano que receberam atendimento nas UPA de Cascavel-PR em 2010, residentes na área urbana do município. A coleta dos dados aconteceu no período de março a maio de 2012, primeiramente no setor de arquivo das UPA, em seguida nas residências das famílias, utilizando-se três técnicas de coleta: inquérito domiciliar; mapas falantes; entrevista semiestruturada. A construção dos resultados ocorreu pela organização dos dados em mapa horizontal, seguido de leituras repetitivas e transversais para compreender os resultados e discuti-los (MINAYO, 2008), ancorando-se nos referenciais elementos do cuidado integral (AYRES, 2003/2004) e atributos da APS (STARFIELD, 2002). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisada Universidade Estadual do Oeste do Paraná, sob o parecer 495/2010, atendendo as normas da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa envolvendo seres humanos. ANAIS DO I SENAPS RESULTADOS E DISCUSSÃO A figura 1 demonstra falas dos sujeitos envolvidos no estudo as quais evidenciaram a parcialidade ou simplesmente a ausência dos elementos essenciais para cuidar da criança no contexto da APS dos serviços de Cascavel-PR. Elementos do cuidado integral ausentes Movimento Interação Alteridade Projeto Desejo Plasticidade Não-causalidade Temporalidade Responsabilidade Falas dos sujeitos [...] tem que esperar, ficar e enfrentar fila de novo [refere-se a necessidade de retorno à consulta médica], tudo de novo (sujeito 16). Não dá oportunidade [refere-se a pediatra durante as consultas], [...] como eu vou falar, eu não devia nem procurar mais [...] (sujeito 12). Ela [agente comunitária de saúde] só pergunta quantas pessoas tem em casa, vai preenchendo aquela ficha, só e dá para gente assinar. Pergunta de pessoas doentes na casa, [...] olha a carteirinha, todos os meses, e, pergunta se está com um resfriado ou não, se falar que não, pronto. [...] não entra, não olha (sujeito 8). [...] se é muito grave chamam [profissionais da Unidade Básica de Saúde] a ambulância, se é uma situação muito grave, mas se é leve, tem que pegar ônibus. Se tiver carro, vai de carro (sujeito 7). Eles mandam ir ao PAC[Posto de Atendimento Continuado]. [...] só mandam ir pra lá (sujeito 9). [...] um dia um senhor estava brigando [risos], estava bravo, porque sua mulher estava mal e não vieram atender. E o coitado ficou umas três horas esperando, porque não falaram que não iria dar certo o encaixe, o coitado ficou esperando (sujeito 9). [...] a pediatra só pergunta o que está acontecendo naquela hora, só no momento. Ela não quer saber se melhorou do probleminha do olho, da visão [exemplifica com o problema da filha] (sujeito 8). [...] se, por exemplo, você toma uma medicação e não melhora, você precisa consultar no posto, ou, tem medicação que você não pode está repetindo em poucos dias. [...] se você não falar para o médico, ele passa a mesma medicação, pois ele não sabe o que a criança tomou,[...] não sabe de nada[...] (sujeito 6). Não, [...] não conhecem a história de saúde de meu filho (sujeito 12). Atributo da APS não efetivados Acesso, Integralidade e Coordenação Longitudinalidade Longitudinalidade e Integralidade Coordenação Coordenação Acesso, Longitudinalidade, Integralidade e Coordenação Integralidade Longitudinalidade e Integralidade Longitudinalidade e Integralidade Figura 1 – Ausência de elementos para cuidar integralmente correlacionados aos atributos da APS. Cascavel, PR, 2012. ANAIS DO I SENAPS Em análise ao movimento, o sujeito descreve que diante da necessidade de retornar à consulta médica, a família precisa enfrentar filas intermináveis novamente para ter acesso ao atendimento, demonstrando que existem dificultadores e impedimentos para o acesso nos serviços da realidade estudada. E ainda, considerando que, a integralidade refere-se à oferta de uma variedade ampla de serviços, independente do número de vezes que necessita ou esfera de atenção procurada, percebe-se veemente a ausência de seu seguimento, contribuindo para a não efetividade na atenção procurada, por manifestar a ausência de um serviço de saúde público efetivo e coordenado (STARFIELD, 2002). A interação não foi contemplada para o sujeito 12, pois no momento das consultas o profissional não possibilitou a interlocução entre os sujeitos, explicitando a ausência de longitudinalidade, bem como, a fusão de horizontes (AYRES, 2005). Momentos de fala, escuta atentiva e acolhimento devem existir em todo contato com o usuário, para que, conjuntamente possam construir o vínculo duradouro e garantir atenção à saúde da criança com base em suas reais necessidades, proporcionando-lhes continuidade do cuidado e felicidade (STARFIELD, 2002; SILVA et al., 2002). Em relação à alteridade, temos em vista que, profissionais de saúde atribuem suas ações a conhecimentos prévios, mas também àqueles que tomam por base, seja na família, na comunidade ou no trabalho. Deste modo, cada um agirá de acordo com seus conhecimentos e relações, tornando o cuidado enfraquecido e vulnerável. A descrição do sujeito na questão da alteridade demonstrou tais percepções, uma vez que, o grande objetivo da visita domiciliar, importante ferramenta da APS, é conhecer e intervir na realidade das famílias, este não foi explorado em sua plenitude pelo profissional que a visitou (STARFIELD, 2002; AYRES, 2003/2004; MENDES, 2012). Os elementos projeto e desejo serão discutidos conjuntamente pelo fato de ambos interferirem no atributo coordenação. Uma vez procurado o serviço de APS, este deverá se responsabilizar por seu usuário, independente da esfera da atenção que necessite, segundo o atributo integralidade (STARFIELD, 2002; MENDES, 2012). ANAIS DO I SENAPS Assim, este serviço deverá referenciar seu usuário a esfera de atenção necessitada, bem como, garantir-lhe um transporte seguro, o transporte sanitário. Tal fato não ocorreu para os sujeitos 7 e 9 acima citados, dificultando expressivamente a integralidade da atenção à saúde daquelas crianças (MENDES, 2012). A plasticidade envolve a transformação na forma de fazer saúde, para tanto, é fundamental garantir as famílias acesso resolutivo, bem como, o cuidado longitudinal permeado pela integralidade e coordenação. Na fala do sujeito mencionado na figura 1, percebe-se total ausência de tais atributos, e, principalmente essa transformação no cuidar. Muito embora o serviço não pudesse dispor da consulta médica procurada, este poderia o acolher e se necessário, referenciar a outro serviço, mediante o transporte sanitário, garantindo-lhe continuidade do cuidado no serviço de APS procurado (STARFIELD, 2002; MENDES, 2012). O olhar biológico explícito pela causalidade foi descrito pelo sujeito 8, pois o profissional de saúde que atendeu a referida família, não considerou as demais questões que a preocupava, mas apenas em questões biológicas e imediatistas (AYRES, 2005). E ainda, para os sujeitos 6 e 12 na sequencia, um olhar para além do biológico percebendo as subjetividades dos sujeitos e, preocupando-se com a atenção a ser ofertada, pela responsabilização e cuidado ao longo do tempo, completaram a concepção reducionista no pensar e fazer saúde na realidade estudada. Por fim, observou-se pelas falas que, a fragmentação do cuidado e o descaso aos determinantes sociais ainda emergem entre muitos profissionais, envoltos pela não plasticidade, temporalidade e responsabilização. Isto faz com que a atenção à saúde da criança e da família torne-se deficiente em meio à nossa sociedade. Nesse sentido, nota-se que para resolver os problemas de saúde da criança é preciso ter um serviço acessível, longitudinal, integral e coordenado, com vistas a atender os que necessitam de forma adequada, ágil e plena. Deste modo, a APS por estar próxima às pessoas e ser considerada primeiro nível de atenção do Sistema Único de ANAIS DO I SENAPS Saúde orientada por elementos para cuidar da criança apresenta-se como caminho a seguir. CONCLUSÃO Para a realidade estudada, percebeu-se a parcialidade ou ausência dos elementos para cuidar da criança no contexto dos serviços de APS, muito embora, emergisse ações profissionais solitárias para contemplar a integralidade. Nesse sentido, pontua-se que o olhar centrado no sujeito, neste contexto a criança, considerando-a sujeito social e de direitos seria uma proposta a seguir pelos serviços de APS em busca do cuidado integral, a qual nos direcionaria ao sucesso prático de nossas ações. PALAVRAS-CHAVE: Saúde da Criança; Atenção Primária à Saúde; Assistência Integral à Saúde; Enfermagem. REFERÊNCIAS ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2011. 196 p. AYRES, J. R. de C. M. Cuidado e reconstrução das práticas de Saúde. Interface Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v.8, n.14, p. 73-92, set-fev. 2003/2004. AYRES, J. R. de C. M. Hermenêutica e humanização das práticas de saúde. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 3, p. 549-560, set. 2005. BASSANI, D. Palestra sobre o papel das novas tecnologias na saúde infantil em países de média e baixa renda. (Informação verbal) In: III Simpósio Internacional de Saúde da Família na interface cuidados e perspectivas da criança e do adolescente. IV Congresso Internacional de Saúde da Criança e do Adolescente. Convidado de Toronto, Canadá, proferiu palestra em 31/08/2012 às 10:50 horas no Centro de Convenções Rebouças, São Paulo, SP, Brasil. ANAIS DO I SENAPS BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância do óbito infantil e fetal e do comitê de prevenção do óbito infantil e fetal. 2 ed.Brasília: Ministério da Saúde, 2009, 98 p. GADAMER, H. Verdade e método: Traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Tradução de Ênio Paulo Giachini. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 731 p. MENDES, E. V. O cuidado das condições crônicas na atenção primária à saúde: o imperativo da consolidação da estratégia da saúde da família. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2012. 512 p. MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. 11. ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 2008. 406 p. SILVA, N. E. K.; OLIVEIRA, L. A.; FIGUEIREDO, W. dos S.; LANDRONI, M. A. da S.; WALDMAN, C. C. S.; AYRES, J. R. C. M. Limites do trabalho multiprofissional: estudo de caso dos centros de referência para DST/Aids. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 108-116, ago. 2002. STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. 726 p. UNICEF. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Committing to child survival: a promise renewed. New York, USA, 2012, 44 p. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS EFETIVIDADE DOS ATRIBUTOS ESSENCIAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DA CRIANÇA EM CASCAVEL-PR78 Juliane Pagliari Araujo79 Cláudia Silveira Viera80 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso81 Cláudia Ross82 Phallcha Luízar Obregón83 INTRODUÇÃO A construção da Atenção Primária à Saúde (APS) no mundo e no Brasil perfaz longa caminhada, partindo de reflexões no campo da saúde que denotavam lacunas no modo de atenção à saúde vigente. Assim, em 1920, Dawson, médico inglês propõe no “Relatório Dawson” uma reformulação dos serviços de saúde na Inglaterra para uma medicina comunitária. Em suma este modelo fez crítica à separação entre serviços de ações curativas e preventivas, propondo os serviços de saúde domiciliares e a assistência a saúde em três níveis principais (primário, secundário e terciário). Neste modelo os serviços de atenção primária compreendiam serviços organizados de modo regionalizado e em uma estrutura descentralizada, proporcionando ações de promoção, prevenção e cuidado em saúde, bem como de tratamento e reabilitação (FACCHINI; GARCIA, 2009; MENDES, 2011). Outro trabalho importante para a construção da APS foi a Conferência Internacional sobre cuidados primários à saúde, em 1978, em Alma Ata, pela Organização Mundial de Saúde, em que delinearam diretrizes para os serviços de APS como: as unidades de saúde, com seus médicos generalistas, seriam responsáveis pela maior parte dos atendimentos de saúde e quando não fosse possível a resolução da situação nesse setor, o médico referendaria o usuário para o próximo nível. Desse 78 Este estudo faz parte de um projeto maior denominado “Avaliação da efetividade da atenção primária em saúde para crianças”, financiado pelo edital universal CNPq 14/2011, sob nº 474743/2011-0. Agradecimentos a equipe da pesquisa que não pode ser nominada na autoria em função da limitação do número de co-autores: Ana Carolina de Souza, André Luiz Soares, Andreia Carrer, Bruna Regina Bratti Frank, Caroline wink Sotti, Denise de Fátima Hoffmann Rigo, Henrique S. Shiroma, Jéssica Mayara Cardoso, Karina Faquini, Lindsay Menna Pereira, Louise B. Polina, Maciel Costa da Silva, Marina Casagrande Penteado, Nayara Angélica Barros Ribeiro, Paulo Henrique Pessali Dal’maso, Scaleti Vanessa Brisch. 79 Enfermeira. Mestranda. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel, PR. Docente do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. Rua João XXIII. Bairro: Jardim Dom Bosco. Londrina, PR. (43) 3878 6100. 80 Enfermeira. Doutora em Enfermagem em Saúde Pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo. Docente do Colegiado de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 81 Enfermeira. Doutora em Ciências pelo programa de Enfermagem em Saúde Pública da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo. Docente do Colegiado de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 82 Enfermeira. Doutora em Microbiologia. Docente do Colegiado de Enfermagem da UNIOESTE. 83 Médica. Doutora em Saúde Pública. Docente do Colegiado de Medicina da UNIOESTE. ANAIS DO I SENAPS modo, com a Conferência de Alma-Ata, a APS, passou a ganhar destaque no âmbito das políticas públicas de saúde e resultou em uma reafirmação sobre o significado da saúde como um direito humano fundamental e uma das mais importantes metas sociais mundiais (MENDES, 2004). A APS é uma estratégia para reorganizar os sistemas de saúde, sendo que no Brasil o método adotado pelo Ministério da Saúde para expansão desta proposta é a Estratégia Saúde da Família. Neste estudo, utilizou-se o referêncial teórico da APS proposto por Starfield (2002), a qual aponta quatro atributos essenciais “acesso de primeiro contato entre o usuário e o serviço público de saúde, longitudinalidade da assistência, coordenação da assistência dentro do próprio sistema e integralidade da atenção” e três atributos derivados “a orientação familiar, com atenção centrada na família, a orientação comunitária das ações e a competência cultural dos profissionais” para definir o grau de orientação da APS e a efetividade do sistema de atenção primária. OBJETIVO Avaliar a efetividade dos atributos essenciais da atenção primária em saúde para crianças por meio do instrumento PCATool-Brasil versão criança em unidades básicas de saúde e unidades de saúde da família urbanas no município de Cascavel PR. METODOLOGIA Pesquisa de avaliação dos modelos de atenção em saúde dos serviços de APS no cuidado à saúde da criança no município de Cascavel–PR, utilizando uma investigação com abordagem quantitativa. Avaliou-se o cuidado à criança em 22 unidades básicas de saúde e duas unidades de saúde da família na área urbana, por ocasião da coleta de dados da pesquisa, a qual ocorreu nos meses de outubro a dezembro de 2012 e em fevereiro de 2013, por meio da entrevista de aplicação do formulário PCATool Brasil, versão criança, à 548 usuários do serviço de saúde da APS de Cascavel – PR, que estiveram presentes nas unidades para receber ação de saúde, na forma de consulta médica ou de enfermagem, com seus filhos ou parentes menores de doze anos. O instrumento é composto de 55 itens distribuídos em 10 componentes, em que cada um está relacionado aos atributos da APS, compondo as variáveis a serem estudadas nessa pesquisa: grau de afiliação com o serviço de saúde, acesso de primeiro contato (utilização e acessibilidade), longitudinalidade, coordenação (integração de cuidados e sistema de ANAIS DO I SENAPS informações), integralidade (serviços disponíveis e serviços prestados), orientação familiar, orientação comunitária e competência cultural. Adotou-se uma margem de erro de 5% e intervalo de confiança de 95%, para obtenção da amostra de familiares a serem entrevistados. Foi realizado contato com os familiares na unidade de saúde, enquanto aguardavam o atendimento, verificado se contemplavam os critérios de inclusão, explicado sobre a pesquisa e perguntado sobre a possibilidade de sua participação. Após aceitarem, foi aplicado o instrumento de coleta na sala de espera da unidade ou outro local a disposição, de acordo com as distintas realidades locais. Para o desenvolvimento da pesquisa foram observados os aspectos éticos necessários para pesquisas com seres humanos por meio da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1997). RESULTADOS O presente estudo possibilitou avaliar a efetividade dos atributos da APS na saúde da criança no município de Cascavel PR. Foram realizadas 548 entrevistas com os principais cuidadores de crianças menores de doze anos que estavam na UBS ou ESF para acompanhamento de saúde. Na avaliação do grau de afiliação 43,1% apontam que a UBS é o local onde geralmente levam seu filho quando precisa de um conselho de saúde e 38,6% referem-se diretamente ao médico. Em estudo realizado no município de Montes Claros - MG foi identificado a ESF como serviço de referência (LEÃO; CALDEIRA; OLIVEIRA, 2011), mostrando semelhanças com outros estudos já realizados. Como no município de Cascavel-PR o modelo predominante de APS é o serviço de ABS, percebe-se uma semelhança com relação à busca de atendimento nos serviços de APS. Com relação à utilização do serviço de saúde, 95,8% dos entrevistados apontam como resolutivo o atributo de primeiro contato. Ao avaliar a acessibilidade no primeiro contato, 32,8% dos usuários garantem que foram atendidos no mesmo dia em que procuraram o serviço de saúde, já 27,9% garantem que não conseguem atendimento no mesmo dia que procuram a UBS, por motivo de adoecimento da criança. Com relação às consultas de revisão, 49,2% acreditam que é fácil agendar consulta e 22,7% apontam que com certeza não é fácil o agendamento de consultas de revisão. Na avaliação do usuário, 46,2% dizem que não precisam esperar muito tempo para falar com as pessoas ou agendar consultas, no entanto, 25,4% relatam que esperam. Somados os usuários que relataram que provavelmente não esperam a porcentagem sobe para 64,1%. No entanto, quando a espera é ANAIS DO I SENAPS para consultar a criança, 74% dos cuidadores relatam que ficam mais de 30 minutos esperando e somente 25,1% relataram que não ou provavelmente não ficam esperando por mais de 30 minutos. Ainda abordando o atributo de acesso de primeiro contato, quando questionado ao usuário se é difícil conseguir atendimento para a criança quando ele pensa ser necessário, 40,0% tem certeza que não e 29,7% dizem que é difícil. Quando o usuário foi perguntado sobre o aconselhamento via telefone 41,8% responderam que não conseguem atendimento, 23,4% apontaram que são atendidos e 21,5% não souberam responder. Na avaliação do atributo do primeiro contato os índices observados são baixos, pois apenas 15,3% dos entrevistados apontaram como resposta o item certo que sim, indicando que ainda existem barreiras, sejam elas, organizacionais, financeiras, políticas, geográficas, físicas, culturais ou de linguagem, que dificultam o acesso das crianças aos serviços de saúde. O estudo de Leão; Caldeira e Oliveira (2011) apontam também escores baixos para este atributo. O segundo atributo avaliado neste estudo foi a longitudinalidade, a qual pressupõe a existência de uma fonte continuada de atenção, e seu uso ao longo tempo. O vínculo da população com sua fonte de atenção deveria ser refletido em fortes laços interpessoais que demonstrassem a cooperação mútua entre as pessoas e os profissionais de saúde (STARFIELD, 2002). 77% dos usuários afirmam que é sempre o mesmo profissional de saúde que atende a criança quando eles comparecem na UBS e afirmam também com mais de 82% que esta mesma pessoa que atende a criança entende as perguntas que são realizadas e 85,2% dos usuários compreendem de forma clara a resposta de suas perguntas. Mais de 80% dos usuários afirmam ainda que, o profissional de saúde disponibiliza tempo suficiente durante as consultas para questionamentos e exposição das dúvidas relacionadas ao estado de saúde e tratamento da criança. Ainda, 82,7% dos entrevistados relatam que se sentem a vontade contando suas preocupações ou problemas relacionados ao seu filho. Na avaliação deste atributo pelos usuários, percebe-se que os índices são mais elevados, pois 87,2% consideram que existe o atributo da longitudinalidade. A presença deste atributo nos serviços de APS é um fator importante, pois quando existe aderência a este princípio tende-se a realizar diagnósticos e tratamentos mais precisos, bem como a redução das referências para especialistas e para a realização de procedimentos de maior complexidade (LEÃO; CALDEIRA; OLIVEIRA, 2011). No entanto, quando questionados sobre o conhecimento do profissional de saúde pela criança de forma integral, 41,6% dos cuidadores afirmam que acreditam que o profissional não tem conhecimento sobre a vida da ANAIS DO I SENAPS criança e sim conhece seu problema de saúde. Já 29,7% dos entrevistados apontam que o profissional tem sim, conhecimento sobre a história de vida da criança. Com relação à história clinica completa da criança, 59,5% afirmam que o profissional tem conhecimento, se considerados os cuidadores que responderam que provavelmente o profissional conhece, este índice sobe para 72,8%. Quando questionados sobre o uso de medicamentos, 85% dos entrevistados acreditam que o profissional sabe a respeito de todos os medicamentos que a criança esta ingerindo. Este índice fortalece ainda mais o atributo da longitudinalidade, resultando em atendimentos com maior qualidade. Devido à ineficiência de todos os atributos da APS, 40,7% dos usuários apontam que mudariam para outro serviço de saúde se isto fosse muito fácil de fazer e 56,6% não trocariam de serviço. A coordenação integra e reúne os demais atributos (STARFIELD, 2002), assim, a avaliação deste atributo é importante para que a APS seja efetiva. Das 30,5% crianças que consultaram com especialistas, 76,6% foram encaminhadas pelo serviço de UBS ou pelo profissional que atua neste serviço e 74,3% dos entrevistados afirmam que o profissional sabe sobre este encaminhamento para os especialistas. No entanto, somente 64,7% dos usuários afirmam que o profissional que atua na UBS sabe dos resultados da consulta com os especialistas, apontando uma deficiência no processo de referência e contrarreferência. Como avaliação do usuário o escore médio deste atributo foi positivo com 69,5% dos entrevistados satisfeitos. A integralidade do cuidado foi outro atributo avaliado, sendo entendida como um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos, curativos, individuais e coletivos nos diferentes níveis de complexidade do sistema e que seu princípio busca romper com a polaridade entre as práticas de saúde preventivas e as práticas meramente assistenciais (FRACOLLI et al. 2011; SALA et al., 2011). Assim, verificou-se que estas ações estão sendo executadas pelos serviços de saúde. Foram avaliados neste atributo os serviços disponíveis como vacinas, participação da família em programa de assistência social, planejamento familiar, programas de suplementação alimentar, procedimentos de suturas, aconselhamento para uso prejudicial de drogas, problemas de saúde mental, teste anti-HIV e avaliação de problemas visuais. A imunização obteve maior índice com 93,8% dos entrevistados afirmando a existência deste serviço na UBS. No entanto, o aconselhamento de saúde mental obteve somente 16,8% de certeza que o serviço está disponível. O escore geral deste atributo apontou que 58,3% dos usuários reconhecem que os serviços de saúde estão disponíveis. Os serviços prestados também foram avaliados, a saber, orientações de vida ANAIS DO I SENAPS saudável, segurança no lar, mudanças no crescimento e desenvolvimento, problemas de comportamento das crianças. A orientação para uma vida saudável foi o serviço prestado mais reconhecido pelos usuários com 76,4% e as orientações sobre como lidar com os problemas de comportamento das crianças e para a segurança no lar, obtiveram 40,4% e 35,5%, respectivamente, de certeza da existência deste serviço pelos usuários. Estes dados apontam a necessidade da expansão dos serviços nas UBS para que o atributo de integralidade seja efetivo. CONCLUSÕES Sabe-se que a adoção de um sistema de saúde integrado e que apresenta de forma satisfatória os atributos da APS torna-se mais resolutivo e efetivo. No entanto, neste estudo considera-se que alguns destes atributos, como o acesso, não apresentam resolutividade na visão do usuário. Os atributos de longitudinalidade, coordenação e integralidade apresentaram escore médio com valores satisfatórios na visão do usuário, apontando a presença destes atributos na APS na saúde da criança, embora com lacunas no reconhecimento de alguns serviços, os quais precisam ser ampliados para aumentar a efetividade do cuidado. PALAVRAS-CHAVE: Atenção primária à saúde. Avaliação em saúde. Saúde da criança. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde, Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Resolução 196/96, de 10 de outubro de 1996: diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, DF, 1997. FACCHINI, L.A.; GARCIA, C.P. Evolução e avanços da saúde da família e os 20 anos do sistema único de saúde no Brasil. In: Saúde Brasil 2008: 20 anos de sistema único de saúde (SUS) no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. FRACOLLI, L.A.; et al. Conceito e prática da integralidade na Atenção Básica: a percepção das enfermeiras. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(5):1135-41. LEÃO; C. D. A.; CALDEIRA, A. P.; OLIVEIRA, M. M. C. Atributos da atenção primária na assistência à saúde da criança: avaliação dos cuidadores. Rev. Bras. Saúde Materno. Infantil., Recife, 11 (3): 323-334 jul./set., 2011. ANAIS DO I SENAPS MENDES, E.V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011. MENDES, I.A.C. Desenvolvimento e saúde: a declaração de alma-ata e movimentos posteriores. Rev. Latino-am Enfermagem, São Paulo, 12(3):447-8, maio-jun. 2004. SALA, A.; et al. Integralidade e Atenção Primária à Saúde: avaliação na perspectiva dos usuários de unidades de saúde do município de São Paulo. Saúde Sociedade. São Paulo, v.20, n.4, p.948-960, 2011. STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília : UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS RASTREAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE VOLTADAS PARA A CRIANÇA Karina Faquini84 Claudia Ross85 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso3 Cláudia Silveira Viera4 Phallcha Luízar Obregón5 INTRODUÇÃO A saúde da criança é de extrema importância e é utilizada para medir o nível de mortalidade de uma população, bem como, indicador da qualidade de saúde de um país. Foi a partir do século XX que a expectativa de vida da população aumentou, como consequência as crianças morriam menos (BELON; BARROS, 2011). Políticas voltadas para as crianças, como a Puericultura não tiveram grande impacto no perfil de morbimortalidade desses indivíduos. Então é possível concluir, que as condições de saúde estão relacionadas diretamente com as condições de vida dessa população (COSTA et al., 2011). Foi na década de 80 que surge o Programa de Assistência Integral a Saúde da Criança (PAISC), com objetivo de assegurar a assistência integral à saúde da criança, reduzir agravos mais frequentes e de maior peso na mortalidade de crianças de 0 a 5 anos de idade. Com isso, cinco ações básicas foram propostas: promoção do aleitamento materno e orientação alimentar no primeiro ano de vida, controle da diarréia, controle das doenças respiratórias na infância, imunização e acompanhamento do crescimento e 84 Acadêmica do 5º ano do curso de Enfermagem - aluna iniciação científica - UNIOESTE - Cascavel/PR Fone: (45) 88256531. e-mail: karinafqn@hotmail.com 85 Docente do Curso de Enfermagem - UNIOESTE – Cascavel/PR Fone: (45) 9975-3713 e-mail: claudiross@gmail.com 3 Docente do Curso de Enfermagem - UNIOESTE – Cascavel/PR Fone: (45) 9971-17 91e-mail: lb.toso@certto.com.br 4 Docente do Curso de Enfermagem - UNIOESTE – Cascavel/PR Fone: (45) 9912- 00 66 email:clausviera@hotmail.com 5 Docente do Curso de Medicina - UNIOESTE – Cascavel/PR Fone: (45) 3220- 30 00 e-mail: phallcha@terra.com.br ANAIS DO I SENAPS desenvolvimento como metodologia para organização da assistência nessa faixa etária (FIGUEIREDO; MELLO, 2007). Nos anos 90, a temática família sofreu revalorização, onde em 1994 houve a criação do Programa Saúde da Família (PSF) embasada nos princípios da universalidade, equidade e integralidade da assistência. Foi com esse programa que a criação da Atenção Integrada as Doenças Prevalentes da Infância (AIDIP) em 1996 achou um campo propício (FIGUEIREDO; MELLO, 2007). Ainda nessa década, houve a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, com esse estatuto crianças e adolescentes passam a ser considerados cidadãos com direitos garantidos, com isso o poder público teve que implementar políticas públicas voltadas para essa população, também no mesmo documento fica claro a responsabilidade da sociedade e dos pais em relação as crianças e adolescentes (FIGUEIREDO; MELLO, 2007). Em 2002, o Ministério da Saúde (MS) lançou o Caderno de Atenção Básica Saúde da Criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Esse documento expressa adoção de medidas para o crescimento e desenvolvimento saudáveis, que trás a garantia de direito da população e o cumprimento do dever do Estado. Essas medidas se somam as recomendadas pela estratégia AIDPI. As normas que o MS impôs foram incorporadas as atividades do PACS e do PSF (FIGUEIREDO; MELLO, 2007). Em 2004 o MS lançou Agenda de Compromissos para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, que tem como objetivo frisar as ações essenciais do Ministério da Saúde, como cuidado integral e multiprofissional que responde pela compreensão das necessidades e direitos da criança como indivíduo (FIGUEIREDO; MELLO, 2007). Qualquer local do sistema de saúde deve prestar atenção integral a saúde da criança. Todas as unidades de saúde devem adotar Agenda de Compromissos para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, independendo sua forma de organização, deve ainda periodicamente avaliar seus resultados, essa avaliação deve ser pactuada entre a unidade de saúde e os gestores municipais (BRASIL, 2004). ANAIS DO I SENAPS Foi possível observar as principais causas de morbimortalidade de crianças no Brasil, e com isso o MS priorizou ações de atenção à criança a serem realizadas na atenção primária, como a promoção do nascimento saudável, acompanhamento do recém-nascido de risco, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e imunização, promoção do aleitamento materno e alimentação saudável atenção aos distúrbios nutricionais e anemias carências, abordagem das doenças respiratórias e infecciosas (BRASIL, 2004). OBJETIVOS Realizar um levantamento acerca das políticas públicas de saúde voltadas para a criança no município de Cascavel/PR. Verificar como estas políticas estão sendo implementadas no município de Cascavel/PR. MATERIAIS E MÉTODOS Este projeto é um recorte do projeto intitulado: Avaliação da efetividade da Atenção Primária em Saúde para Crianças, sob a coordenação da docente Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira, do qual a docente Claudia Ross é colaboradora. Este projeto foi aprovado em edital Universal-CNPq do ano de 2011 e se encontra atualmente em tramitação no Comitê de Ética em Pesquisa da UNIOESTE, com início de execução a partir de julho de 2012. A presente pesquisa de abordagem qualitativa caracteriza-se com base em seus objetivos em um estudo exploratório descritivo, cujo delineamento se concretizará através de um levantamento e pesquisa documental. Será realizada em 2 etapas. O levantamento é realizado pela interrogação direta do sujeito acerca do problema estudado e a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam tratamento analítico, ou seja, documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas que tratem da temática em estudo (GIL, 2007). Na primeira etapa da pesquisa, foco deste trabalho, foram entrevistados gestores municipais responsáveis pela área técnica de saúde da criança do município em estudo para se verificar junto a estes as principais políticas de saúde voltadas para a criança no ANAIS DO I SENAPS município de Cascavel/PR, como estas vem sendo implementadas e seus impactos na assistência à saúde deste grupo. Para coleta dos dados foi utilizado instrumento com perguntas abertas e fechadas para caracterização do perfil sócio, econômico, demográfico e profissional dos gestores entrevistados e a técnica de entrevista semi-dirigida gravada, a partir de uma questão norteadora: quais as políticas de saúde existentes para a criança no município de Cascavel/PR, como estas vêm sendo implementadas no município e qual o impacto das mesmas na assistência à saúde da criança? As entrevistas foram realizadas após agendamento prévio e no local de trabalho dos gestores. Somente sendo incluídos no estudo os sujeitos que aceitarem participar da mesma, após o esclarecimento detalhado do estudo e que assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), e após aprovação do CEP/UNIOESTE. A análise dos dados obtidos nas entrevistas obedecerá aos preceitos da análise temática proposta por Minayo (2006). RESULTADOS E DISCUSSÃO 1- Quais as políticas públicas 2- Como estas políticas estão 3- Qual impacto dessas de saúde voltadas para criança sendo implementadas no políticas para a assistência a no município de Cascavel? município de Cascavel? saúde da criança no município de Cascavel? Gestor 1: ‘’ Nós hoje, Gestor 1: ‘’ Olha, essas Gestor 1: ‘’ Olha, a gente estamos trabalhando com a políticas já estão pode apontar inúmeros fatores chamada Atenção Primária sedimentadas, elas fazem que trazem vantagens. A em Saúde, dentro da Atenção parte de um contexto, todo gente ta investindo na Primária esta implícito o estabelecido pelo Ministério Atenção Primária em Saúde. atendimento a criança , então da Saúde, desde 1988, como Os índices de vacinação são todo o atendimento hoje é responsáveis diretos pela muito bons, considerado entre feito através da Unidade Atenção primária em Saúde e o Paraná, um dos melhores, Básica de Saúde, nós temos o essa consolidação veio se estamos aí, entre os programa Ninar que faz parte dando ao longo desse tempo, municípios que maia vacinam da rede Mãe Paranaense e do então, é óbvio, nós hoje temos no Paraná. A mortalidade programa cegonha no Brasil, ainda unidades que serão infantil nesse ano baixou de este programa Ninar começa o construídas, que estão em dois dígitos para um digito atendimento na gestante e ao construção e outras que serão esta abaixo de dez. Então, o nascimento nós fazemos construídas a partir de 2013, resultado vem com o tempo, vacinas, orientação pra mãe e que farão parte dessa rede. essa consolidação da Política ANAIS DO I SENAPS um manual de orientações dos cuidados que elas devem ter com o bebê durante o primeiro ano de vida e a partir daí já é agendado uma consulta retorno na unidade e a enfermagem na unidade, a enfermeira o pediatra recepcionam essa criança e a partir daí fazem todo o acompanhamento necessário e ai essa criança é recebida em um programa chamado puericultura. No próprio protocolo nosso tem um estabelecimento de regras e requisitos que devem ser seguidos pela enfermagem e pelo pediatra, entre elas fazer consultas nos primeiros meses de vida pelo menos uma vez ao mês, depois, isso vai se estendendo a cada sessenta dias e até o segundo ano de vida há um acompanhamento constante por parte dessa equipe da unidade, inclusive com visita domiciliar. Logo após a recepção na unidade pela equipe de enfermagem e esse acompanhamento se der necessário, dai... Ah uma interação com o restante da rede, se precisa de nutricionista nós temos, se precisa de atendimento oftalmológico ou qualquer outra especialidade... o atendimento oftalmológico, fisioterapia, fono, psicologia... nós temos um chamado Centro da Criança e do Adolescente, que é o CEACRI e no CISOP, que é um centro regional de especialidades dos 25 municípios que compõe a Essa rede é constantemente melhorada, adaptada, redirecionada, mas dentro dessa lógica de políticas de Atenção Primária em Saúde estabelecida pelo Ministério, né! A gente segue né, isso estabelecido pelo Ministério. ’’ de Atenção Primária em Saúde, em principal a da criança, faz com que a gente tenha esse resultado positivo, mas hoje temos uma grande dificuldade pra não falar só nas vantagens, que é ainda a contratação de médicos pediatras, como é uma especialidade médica não muito procurada por recém formados. Então esse ai é um grande problema que nós temos hoje para administrar, então, nós temos que constantemente fazer novos concursos com uma boa remuneração para poder os atrair. ‘’ ANAIS DO I SENAPS nossa regional, fazem a oferta de outras especialidades existentes, então as políticas começam na Atenção Primária também... e a gente tem uma UPA especificamente voltadas para crianças que hoje em um local, alocado, alugado la no hospital Santa Catarina. A rede secundária e terciária esta toda formatada para poder receber a criança, se ela tiver necessidade de procurar um auxilio especializado. ‘’ Gestor 2: ‘’ Nós implantamos ano passado a Rede de Atenção a Saúde MaternoInfantil e hoje aqui em Cascavel esta como Programa Ninar o nome, mas ela segue as diretrizes da rede Cegonha e o rede Mãe Paranaense do estado do Paraná, essa é uma das políticas importantes e estamos também com a programação de implantar na sequencia a Rede de Atenção a Saúde do Adolescente.’’ Gestor 2: ‘’ Essas políticas são diretrizes do Ministério da Saúde, do Estado. Ela vem com uma parceria do Estado e do Ministério da Saúde com a Rede Cegonha e Rede Mãe Paranaense, dentro do município nós iniciamos ano passado. Iniciamos esse trabalho com a construção dessa rede com a Câmara Técnica de Saúde da Criança e o comitê que nós temos já, desde 2007, Comitê de redução da mortalidade infantil. Nós formamos uma grande comissão com parceria com a 10 Regional de Saúde, é... nós conseguimos implantar essa rede e ainda estamos em processo de capacitação das equipes, e... a... tentando contratualizar referências dos hospitais, eu acredito que até agora, já final do ano nós temos uma capacitação onde conclui a primeira fase de capacitação das equipes, ela vem sendo implantada gradativamente.” Gestor 2: ” Principalmente a gente, o grande objetivo né, que a gente tem é a redução da mortalidade infantil, esse é o grande objetivo. Também a gente percebe uma qualidade da assistência e uma qualificação melhor na Atenção Primária.’’ ANAIS DO I SENAPS Através da entrevista realizada com os Gestores municipais, foi possível perceber que as Políticas Públicas implantadas no município surtiram efeito positivo na população em estudo. Os Gestores citaram as políticas que estão implantadas no Município de Cascavel: Programa Ninar que faz parte da Rede Mãe Paranaense e do Programa Cegonha, Puericultura e Calendário Vacinal. Conforme citado pelo Gestor 1 e reforçado pelo Gestor 2, o principal objetivo da atual gestão, é reduzir a mortalidade infantil. No ano de 2012 a mortalidade infantil diminuiu de dois dígitos para apenas um, estando abaixo de 10. A entrevista com Gestores não foi esclarecedora em relação a quais documentos estão disponíveis nas Secretarias do Município e nas Unidades Básicas de Saúde, como Manuais do Ministério, Comunicação Interna, Protocolos, entre outros. CONCLUSÃO É possível concluir que as políticas que estão implementadas no município de Cascavel/ PR, estão trazendo impacto positivo para a população em estudo. E conforme foi citado pelos gestores nas entrevistas a mortalidade infantil na cidade diminuiu, sendo esse o principal objetivo da atual gestão. AGRADECIMENTOS A equipe da pesquisa: Ana Carolina de Souza, André Luiz Soares, Andreia Carrer, Bruna Regina Bratti Frank, Caroline Winck Sotti, Denise de Fátima Hoffmann Rigo, Henrique S. Shiroma, Jéssica Mayara Cardoso, Juliane Pagliari, Lindsay Menna Pereira, Louise B. Polina, Maciel Costa da Silva, Marina Casagrande Penteado, Nayara Angélica Barros Ribeiro, Paulo Henrique Pessali Dal’maso, Scaleti Vanessa Brisch. PALAVRAS-CHAVE: Políticas públicas; criança; história das políticas públicas. ANAIS DO I SENAPS REFERÊNCIAS BELON, A.P; BARROS, M.B.A. Esperança de vida ao nascer: impacto das variações na mortalidade por idade e causas de morte no Município de Campinas, São Paulo, Brasil.Cad. Saúde Pública vol.27 n.5 Rio de Janeiro May. 2011. BRASIL. Ministério da Saúde. Agenda de Compromissos para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil. 2004. Disponível em:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/agenda_compro_crianca.pdf> online acesso em 19 de fevereiro de 2012. FIGUEIREDO, G. L. A.; MELLO, D. F. Atenção à Saúde da Criança no Brasil: aspectos da vulnerabilidade programática e dos direitos humanos. Rev Latino-am Enfermagem 2007 novembro-dezembro; 15(6). GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. 9. reimpr. São Paulo: Atlas, 2007. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. 6a ed. São Paulo-Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco,2006. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS A INTEGRALIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE PARA CRIANÇAS: AVALIAÇÃO DOS CUIDADORES Isadora Rodrigues Rossignolo86 Mauren T. G. Mendes Tacla 87 Barbara de Andrade Alves88 Edilaine G. Rossetto4 Neusa Collet5 Beatriz Toso6 INTRODUÇÃO O Sistema Único de Saúde (SUS), em seu artigo 196 da Constituição de 1988, implica na reformulação do sistema de saúde, de modo a tratar a saúde como dever do Estado e direito de todos. A mesma Constituição, no artigo 198, dispõe que os serviços de saúde, assim como suas ações devem integrar uma rede de hierarquização e regionalização, organizados de acordo com as diretrizes de centralização, integralidade no atendimento (sem gerar custos para o cliente) e ter participação da população em suas ações (BRASIL, 1988). No mesmo contexto sobre a implementação do SUS, ditada no artigo 2° da LEI N.º 8.080, de 19 de Setembro de 1990, a integralidade é um dos princípios e diretrizes do SUS e é entendida como o conjunto de ações e serviços articulados, de caráter preventivo e curativo, bem como de forma individualizada e coletiva, de acordo com o caso em que se adequa nas mais diversas complexidades (BRASIL, 2006). Para concretizar a reformulação do SUS, o Ministério da Saúde criou em 1994, o Programa de Saúde da Família que tem como objetivo a colaboração na forma de organizar as ações de saúde, na municipalização, através da implementação dos princípios e diretrizes do SUS. Hoje esse programa é denominado como Estratégia 86 Aluna da 3ª série do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista de Iniciação Científica. 87 Enfermeira. Doutora em Enfermagem em Saúde Pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina - UEL. 4 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina - UEL ANAIS DO I SENAPS Saúde da Família (ESF), sendo composta por médico, enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes de saúde, que têm seu enfoque na priorização de ações preventivas de saúde (BRASIL, 2006). Segundo Gomes e Pinheiro (2005) “atualmente a ESF encontra-se em expansão em grandes centros urbanos e existe uma grande expectativa de que essa estratégia possa vir a ser a reestruturação da atenção básica”. No entanto, acredita-se que para a implementação de ações satisfatória, é necessário minimizar os fatores impeditivos como a falta de verbas, despreparo ou qualificação insuficiente desses profissionais. Em um estudo realizado sobre as práticas de integralidade voltadas para a gestão em saúde, os autores elaboraram três sentidos que caracterizavam a integralidade: “Integralidade como boa Medicina, Integralidade como modo de organizar as práticas e Integralidade como respostas governamentais à problemas de saúde”. O primeiro sentido era visto como uma resposta em meio aos problemas de saúde, ao sofrimento do paciente, buscando-se uma solução pelo médico que ultrapassasse sua demanda específica. Já a integralidade como modo de organização constistia na elaboração de protocolos e o terceiro sentido, que fossem capazes de identificar as situações de risco para a saúde, de acordo com as demandas, tanto espontâneas como as programadas. Dessa maneira, seria necessário conhecer a população e suas necessidades, para assim, conseguir o acolhimento e vínculo esperados (GOMES; PINHEIRO, 2005). O conceito de integralidade para Starfield (2002), se remete quanto à variedade disponível de serviços, ou seja, o quanto essa disponibilidade atende às necessidades comuns de certas populações. Starfield (2002) ressalta que é errôneo pensar que se há maior variedade e disponibilidade de serviços, o cuidado será melhor contemplado. Isto se explica pelo fato de que a variedade de serviço pode não condizer com as necessidades daquela população. Para tanto, assegura-se que a integralidade é capaz de ajustar-se às necessidades de uma certa comunidade assistida. A autora ainda enfatiza que a atenção primária é a “porta de entrada” para a saúde individual, embora se oponha em dizer que seja apenas um dos componentes principais de atenção. Em relação aos profissionais, é observado que a integralidade requer ANAIS DO I SENAPS disponibilidade de serviços e tecnologias, caso contrário fica evidente a dificuldade em se manter a competência de seus profissionais. Essas necessidades podem variar de uma população para outra, fato este que torna-se um dos principais desafios para a concretização da integralidade Observa-se que a formação da integralidade é sujeita à complexibilidade, ou seja, relacionar o trinômio trabalhador, gestor e usuário requer muito trabalho, não se resumindo apenas à criação de conceitos, metodologias do saber e sua aplicabilidade. Nesse contexto, enfatiza-se a importância do cotidiano dos serviços de saúde pois são através deles que a construção e concretização desse desafio interferem nas práticas do assistir. Outro problema que merece destaque é a focalização da assistência no binômio “queixa-conduta”, isto é, a integralidade é tida pelos profissionais como algo não integral e, sim, individualizado. Daí, a importância de se reformular os modos de assistência a fim romper com o modelo sanitário anterior. Desse modo, as práticas também são vistas como a construção de um modelo de assistência a partir da relação dos sujeitos, interferindo-as no modo de gerir, compartilhar informações, fazer e sentir do protagonista. A integralidade também é vista como o conjunto das noções livres do reducionismo, não se limitando ao doente e sua morbidade mas sim, tendo uma visão mais ampla do ser humano, identificando sua ação social e seus sentimentos. A integralidade como ação intervencionista é colocada como uma dificuldade da assistência, porém é uma realidade que será concretizada quando o modelo sanitarista for completamente abandonado, sendo alterado para o modelo da ESF. Por esses e outros motivos que a integralidade representa um dos maiores desafios de saúde pública (COSTA; UCHOA; COSTA; DANTAS, 2010). Esse estudo tem como finalidade verificar o exercício do princípio da integralidade na Atenção Primária da Saúde sob a percepção dos responsáveis das crianças, a fim de buscar soluções e medidas públicas que possam aprimorar o atendimento da saúde no âmbito infantil. OBJETIVO ANAIS DO I SENAPS Analisar a integralidade da Assistência da Atenção Primária em Saúde, através do instrumento PcaTool-Brasil (Primary Care Assessment Tool) versão criança, nos diferentes cenários de atendimento a crianças menores de doze anos, dos municípios de Londrina e Cascavel, no Paraná e João Pessoa, na Paraíba. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa multicêntrica, de caráter quantitativo. Os locais de coleta de dados incluem as Unidades Sáude da Família e Unidades Básicas de Saúde, dos municípios de Londrina e Cascavel (PR) e João Pessoa, na Paraíba, nas áreas urbanas dos mesmos. Sendo na totalidade 24 unidades de saúde urbanas em Cascavel (2USF e 22 UBS); em Londrina, 39 Unidades Básicas de Saúde (UBS) e em João Pessoa, devido à ampla rede municipal de atendimento, o estudo foi realizado no Distrito Sanitário III por ser área de abrangência da Universidade Federal da Paraíba e ser campo de atuação dos docentes da área da saúde desta universidade. Possui uma população de 180.000 habitantes, com 53 Equipes de Saúde da Família, cobrindo 90,5% das famílias daquela área. A população do estudo foi composta de familiares (pai, mãe) e/ou cuidadores (avós, tios, cuidadores legais) de crianças menores de doze anos. O cálculo amostral obtido total foi de 1501 entrevistados, realizado a partir do número de atendimentos realizados nas UBS a crianças menores de 12 anos nos seis meses anteriores à etapa de coleta de dados da pesquisa – Julho a Dezembro de 2011, sendo 344 entrevistados em João Pessoa, 548 em Cascavel e 609 em Londrina. À partir dos dados e do tamanho amostral, foi aplicado um questionário sócio econômico demográfico e o instrumento PCATool - Brasil versão criança nas UBS elencadas, por amostragem probabilística casual simples estratificada, com partilha proporcional por tipo de região e número de crianças por cada região. Do instrumento PCATool – Brasil versão criança, foram analisados para a avaliação da integralidade nos modelos da APS os itens G (G1 a G9) e H (H1 a H5) que avaliam a integralidade relacionada aos serviços disponíveis e os serviços prestados à saúde da criança. Nos ítens “G” e “H” ANAIS DO I SENAPS avaliados, incluem-se as vacinações, o planejamento familiar, aconselhamento/tratamento para uso de drogas, aconselhamento e solicitações para o teste anti-HIV, orientação para manter a criança saudável (como alimentação saudável, boa higiene ou sono adequado), segurança no lar ( como guardar medicamento com segurança), maneira de lidar com o comportamento de sua criança, dentre outros ítens. Adotou-se uma margem de erro de 3%, com intervalo de confiança de 95%, para obtenção da amostra de familiares a serem entrevistados. O cuidador foi convidado a participar da pesquisa quando o mesmo realizou a procura do atendimento da criança na Unidade Básica de Saúde, sendo neste local aplicado o instrumento com a assinatura prévia do termo de consentimento livre e esclarecido. . Resultados: Considerando a análise preliminar dos resultados, verificou-se que os escores médios do item Integralidade voltado aos Serviços Disponíveis foi avaliado pelos cuidadores dos três centros de estudo, em sua maior parte de forma positiva, Londrina (68%), Cascavel (58,3%) e João Pessoa (47,4%), com o destaque de que uma média de 18% dos cuidadores optou pela resposta Não Sei/ Não Lembro em mais de 50% das questões. Os serviços disponíveis com maior número de respostas Certo que Sim (Escore 4) foram as Imunizações (92%) e o Planejamento Familiar (76.9%), apresentando uma certa semelhança para todos os serviços disponíveis entre os três centros pesquisados. A avaliação da Integralidade pelos Serviços Prestados também apresentou uma boa avaliação pelos cuidadores das crianças com a seguinte soma de respostas positivas: Londrina (68,8%), Cascavel (64,3%) e João Pessoa (56,7%). No último centro, João Pessoa, o item de menor pontuação na avaliação de todos os centros de estudo foi quando era perguntado se nas consultas conversava-se sobre as maneiras de lidar com os problemas de comportamento da criança, com média de respostas negativas de 53,6%. CONCLUSÃO ANAIS DO I SENAPS Após essa primeira análise, acredita-se que a integralidade da assistência se faz necessária em diversos campos e discussões, constituindo-se em grande oportunidade de transformação do antigo modelo sanitarista para o atual modelo do PSF. Para isso, é importante que a Integralidade seja vista como uma assistência contínua, realizada por meio de um planejamento eficaz entre gestores, profissionais da área da saúde e comunidade. Acredita-se que uma forma eficaz para realizar uma boa gestão, que seja capaz de integrar todas as propostas do SUS, precisa ser feita por meio da observação e vivência do cotidiano que integra essas diretrizes. Para tanto, o aprofundamento dessa pesquisa a cerca do tema Integralidade, bem como as especificidades observadas em cada centro visam contribuir para a construção da Integralidade que deve ser composta por diversos sentidos e atuação participativa de cada profissional envolvido, sobretudo no domínio da coletividade. Destaca-se, a importância da humanização no atendimento, assim como a resolutividade dos problemas , vistos de forma mais ampliada, não se tratando ao homem como objeto da ciência. Palavras-chaves: Saúde da Criança; Integraldiaed; Atenção Primária a Saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasíli, DF: Senado, 1988. ______. Ministério da Saúde. Cadernos Humanizasus: Formação e Intervenções. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização. Brasília, 2010. v.1,p.15-17. ______. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Coletâneas de Normas para o Controle Social no Sistema Único de Saúde. Brasília, 2006. COSTA,I.K.F.;UCHOA, S.A.C.; COSTA, I.K.F.;DANTAS, R.A.N. Os Sentidos da Integralidade da Assistência à Saúde: Uma Revisão de Literatura. Revista Científica Internacional. Ano 3, n.12, mar/abr 2010. ANAIS DO I SENAPS FONTOURA, R.T.; MAYER, C.N. Uma breve reflexão sobre a integralidade. Revista Brasileira de Enfermagem. Jul/ago 2006. P.532-7. GOMES, M. C. O. A.;PINHEIRO, R. Acolhimento e vínculo: práticas de integralidade na gestão do cuidado em saúde em grandes centros urbanos. Interface-comunic., Saúde, Educ., v.9, n.17, p. 287-301, mar/ago, 2005. STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. P. 313-359. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS AVALIAÇÃO DO PRINCÍPIO DA COORDENAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DA CRIANÇA EM LONDRINA-PR89 Gisleine Tiemi de Souza90 Mauren T. G. Mendes Tacla 91 Barbara de Andrade Alves92 INTRODUÇÃO Atenção Primária à Saúde é definida como um nível individual e coletivo contemplando a promoção e proteção da saúde, prevenção e tratamento. Também é considerada a porta de entrada ao sistema de saúde e com isso o atendimento será com equidade, integralidade e satisfação dos usuários (BRASIL, 2007; STARFIELD, 2002). Para isso se concretizar, foi proposto a Estratégia Saúde da Família como meio para implementação e organização da Atenção Primária a Saúde, e isso influenciaria na coordenação do sistema de saúde. A Atenção Primária à Saúde é baseada no acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação (STARFIELD, 2002). A coordenação é considerada uma articulação entre os diversos serviços e ações relacionadas à saúde, que necessitam estar sincronizadas e contínuas para cada atendimento prestado, não implicando o local (ALMEIDA; FAUSTO; GIOVANELLA, 2011). Entretanto, a coordenação se depara com desafios na Unidade Básica de Saúde pela: variedade de informações disponíveis com diferentes profissionais; ausência de integração entre os níveis assistenciais na referência e contra referência pela falta de diálogo entre os níveis de atenção; difíceis meios de transferência de informações (BRASIL, 2007; STARFIELD, 2002). A transferência de informação pode potencializar a coordenação através do aprimoramento das informações descritas nos prontuários, 89 Este estudo faz parte de um projeto maior denominado “Avaliação da efetividade da atenção primária em saúde para crianças”, financiado pelo edital universal CNPq 14/2011, sob nº 474743/2011-0. Agradecimentos a equipe da pesquisa que não pode ser nominada na autoria em função da limitação do número de co-autores: Gabriela D´Ovídio, Isadora Rossignolo, Jéssica Mendes Daschevi, Leila Pegoraro, Louise Fontana. 90 Aluna da 3ª série do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista de Iniciação Científica. 91 Enfermeira. Doutora em Enfermagem em Saúde Pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina - UEL. 4 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina - UEL ANAIS DO I SENAPS pois esses são fragilizados pela precariedade das informações descritas pelos profissionais de saúde, pelas melhorias na continuidade dos profissionais (mesmo com a continuidade dos profissionais na Unidade Básica de Saúde, as consultas realizadas em outros lugares não facilitou o reconhecimento), sistemas de informações computadorizados ou atenção compartilhada. A atenção compartilhada melhora o fluxo das informações entre o profissional na Atenção Primária ao profissional especialista e essa atenção compartilhada pode facilitar a transferência de informações quando o paciente se consulta com vários profissionais envolvidos nos resultados (STARFIELD, 2002). Outros meios para potencializar a coordenação é a mudança no primeiro nível de atenção para atender às demandas das doenças crônicas e a revisão dos recursos no setor ambulatorial dado o progressivo deslocamento de procedimentos da atenção hospitalar para este nível (BRASIL, 2007). A contra referência é baixa, devido a pouca especificidade no prontuário médico para o retorno. Entretanto, esse retorno é facilitado quando nenhum conselho específico tinha sido dado, por informações escritas e quando o paciente considera quem encaminhou o médico da família. A continuidade na coordenação é definida como a sequência de eventos entre as consultas sem importar onde e por quais motivos ocorreram (STARFIELD, 2002). Objetivo: Avaliar o princípio da coordenação da Atenção Primária à Saúde em Unidades Básicas de Saúde do município de Londrina, Paraná e verificar se há contra referência da criança. MÉTODO Pesquisa desenvolvida no município de Londrina, estado do Paraná, na forma avaliativa, de natureza quantitativa, realizada por meio do instrumento de Avaliação da Atenção Primária denominado PCAToll (Primary Care Assessment Tool) versão criança. Essa pesquisa foi aplicada em 39 Unidades Básicas de Saúde localizadas na área urbana de Londrina, com 609 cuidadores no período de Agosto de 2012 a Janeiro de 2013. Foram adotados alguns critérios de inclusão como morar em área urbana, o acompanhante da criança na unidade de saúde deve ser o principal cuidador, a idade da ANAIS DO I SENAPS criança deve ser menor que 12 anos e o cuidador/respondente deve conhecer a unidade que irá avaliar. Também foram adotados os seguintes critérios de exclusão: crianças procedentes de outro município ou residente da área rural e familiares que utilizam esporadicamente a unidade para finalidades específicas como, por exemplo, imunização. RESULTADOS Foram 609 entrevistados, destes 69.8% referiram que seus filhos não se consultaram com o especialista. Entretanto, 30.2% referiram que seus filhos já passaram por serviço especializado, e foi evidenciado que 24.1% foram encaminhados através da Unidade Básica de Saúde e 23% referiram que a Unidade Básica de Saúde sabe a respeito da consulta com o especialista. Dos 30.2% que consultaram o especialista, 19.5% responderam certo que sim na pergunta referente se o médico da Unidade Básica de Saúde sabe a respeito dos resultados da consulta com o especialista. Quando perguntados se o médico da Unidade Básica de Saúde conversou sobre o que aconteceu durante a consulta com o serviço especializado e se pareceu interessado no cuidado prestado à criança, foi encontrado que 17.4% dos entrevistados responderam certo que sim em ambas as perguntas. Dos cuidadores entrevistados, 87.4% responderam que levam algum dos registros de saúde ou boletins de atendimento anterior para a consulta, 87,4% relataram que o prontuário esta sempre disponível nas consultas e 26.1% responderam com certeza não poderiam ler o prontuário da criança se quisessem, ressaltando que 9.4% responderam que provavelmente não poderiam ler o prontuário e 23.5% responderam que não sabe ou não lembrava se poderia ou não consultar o prontuário. CONCLUSÃO Pela pesquisa, identificamos que poucas crianças se consultaram com os especialistas, o que pode indicar boa resolubilidade na Atenção Primária a Saúde. Verificamos que a Unidade Básica de Saúde é de grande importância no ANAIS DO I SENAPS encaminhamento ao serviço especializado e que a Unidade Básica de Saúde possui conhecimento da criança que realizou a consulta ao especialista, assim respeitando a coordenação dos cuidados no serviço de saúde. Porém, quando perguntamos itens da contra referência (se o médico da Unidade sabe dos resultados da consulta, se conversou sobre o que aconteceu durante a consulta e ficou interessado na qualidade do cuidado prestado no serviço especializado), observamos uma queda na porcentagem indicando que a contra referência é baixa comparada com a referência, pois os médicos ou a Unidade Básica de Saúde não se interessam pelo serviço prestado no especialista e pelo baixo índice do conhecimento dos resultados, que dificultam a continuidade do cuidado à criança e acarreta a quebra na coordenação entre os níveis assistenciais à saúde. Percebemos o alto o índice de cuidadoras que levam os boletins de atendimento anterior e a disponibilidade dos prontuários nas consultas. Então, aproveitando o alto índice de disponibilidade dos prontuários, deve-se fazer associação com a referência e contra referência, ambas fragilizadas, pois irá ajudar na continuidade dos cuidados prestados em vários níveis de saúde. Ou seja, os prontuários necessitam estar completos e inteligíveis para qualquer profissional de saúde que irá ler as informações descritas. Os resultados encontrados na relação da consulta/leitura do prontuário foram baixos, pois somando os cuidadores com a resposta que não poderiam ler, mais aquelas que não tinham certeza e que não sabiam ou não lembravam, evidencia pouca informação da população sobre seus direitos ou que as Unidades Básicas de Saúde podem não estar sendo eficazes nas informações prestadas à comunidade. Palvras-chaves: Atenção Básica em Saúde, Saúde da Criança, Avaliação, Acessibilidade. REFERÊNCIAS ANAIS DO I SENAPS ALMEIDA, P.F; FAUSTO, M.C.R; GIOVANELLA L. Fortalecimento da Atenção Primária à Saúde: estratégia para potencializar a coordenação dos cuidados. Rev Panam Salud Pública, v. 29, n.2, p. 84-95, 2011. BRASIL. Texto referência – Atenção Primária na Saúde (APS). Ciclo de debates sobre redes regionalizadas de atenção à saúde: desafios do SUS. Brasília/DF, 10 de março de 2009. STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde, 2002. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS EDUCAÇÃO CONTINUADA COMO COMPONENTE ESSENCIAL PARA PRÁTICA CLINICA DE ENFERMAGEM RECEM-NASCIDO DE RISCO Maria Eduarda de Carli Rodrigues Cláudia Silveira Viera INTRODUÇÃO De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 50% dos óbitos de crianças menores de um ano de vida estão ligados a fatores de risco como nascimento pré-termo, baixo peso ao nascer e intercorrências na gestação e parto (OMS, 2001 apud ASSIS; MACHADO; RODRIGUES, 2008). Nesse contexto, nascimento prematuro, 93 baixo peso ao nascer, intercorrências durante a gestação e parto são fatores que contribuem para a hospitalização de recém-nascidos em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), os quais após receberem alta hospitalar, continuam necessitando de atendimento especializado nos serviços de saúde. Neste caso faz-se necessário, que os profissionais de saúde da Atenção Primária em Saúde (APS) lhes ofertem atendimento adequado. Partindo deste pressuposto ressalta-se que o atendimento não se restringe apenas durante o período de internamento hospitalar, este grupo de crianças e suas famílias requerem cuidados após a alta, visto que não estão isentos de complicações no domicílio, havendo, inclusive, maior probabilidade de intercorrências e rehospitalizações nos primeiros anos de vida (HAYAKAWA et al., 2010). Portanto, ao retornar para casa, essa criança e sua família devem ser inseridas precocemente no cuidado cotidiano das Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Unidades de Saúde da Família, as quais devem promover a saúde e reduzir os riscos e 93 Graduando do 5º ano de Enfermagem/ Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Rua Universitária, Bairro Faculdade Nº 1630/ (46) 99182889/ mariadecarli@hotmail.com ANAIS DO I SENAPS vulnerabilidades a que estão expostos esta população, devido as suas condições que frequentemente incluem o baixo peso e a prematuridade. Para se cumprir estes objetivos, reconhece-se a necessidade do profissional de saúde estar preparado para oferecer o suporte adequado ao RN e sua família, desde o período pré-natal, de internação da gestante, posteriormente ao nascimento na UTIN, quando houver esta condição, mantendo o vínculo entre os diversos pontos de atenção dos serviços de saúde até seu retorno para casa e sua reinserção nas unidades da APS, visando à recuperação completa, a manutenção e a promoção de saúde dos envolvidos em todas as fases evolutivas. Proporcionar a continuidade do cuidado a esse grupo após a alta hospitalar significa possibilitar a redução da morbimortalidade neonatal precoce, visto que dentre os principais fatores que contribuem para o aumento desta estão à prematuridade e o Baixo Peso ao Nascer (BPN) anteriormente citados (SILVA, 2005). Tais consequências decorrem da imaturidade associada às condições do nascimento e cuidados subsequentes. Diante deste contexto, enfatiza-se neste estudo a identificação do conhecimento e as habilidades técnico-científicas dos enfermeiros que atuam na APS no município de Cascavel-Paraná, no que diz respeito aos aspectos de acompanhamento e manejo de saúde desse grupo em específico. OBJETIVOS Este estudo tem como objetivo inicial identificar o conhecimento dos enfermeiros atuantes na Atenção Primária à Saúde do município de Cascavel, relacionado às características do recém-nascido de risco e suas necessidades após a alta da UTIN. METODOLOGIA ANAIS DO I SENAPS Este estudo se iniciou por meio do levantamento bibliográfico a fim de embasar a investigação da temática a ser estudada, instrumentalizando o pesquisador para a discussão dos dados da mesma. Possui caráter qualitativo, o qual para Minayo (2006) permite compreender a lógica interna de grupos, instituições e atores, quanto a valores culturais, representação sobre sua história e temas específicos. Afirma ainda que esta abordagem é capaz de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos. Foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/SESA-HT sob o nº 244/2010 e os dados foram coletados no município de Cascavel Paraná, por meio de entrevistas gravadas no ambiente de trabalho do enfermeiro, em um horário por ele definido. Como técnica de coleta de dados elegeu-se a entrevista semi-dirigida, orientada por roteiro específico. Foram considerados como critério de inclusão dos sujeitos do estudo: tempo de serviço na ASP, o qual deveria ser superior a seis meses; realizar a puericultura em sua unidade; aceitar participar do estudo. Antes da realização da entrevista foi apresentado aos sujeitos da pesquisa o Termo de Consentimento Livre Esclarecido para assinatura, caso o este aceitasse participar desta pesquisa. Entre o período de dezembro de 2011 a fevereiro de 2012, desenvolveu-se o teste piloto em que foram contatados os enfermeiros responsáveis pela realização da Puericultura nas UBS do município, dois dos enfermeiros contatados recusaram-se a participar e alguns se encontravam em período de férias. Assim os sujeitos do estudo foram nove enfermeiros. Após cada entrevista, estas foram transcritas e sistematizadas conforme congruência e convergência das informações e a análise dos dados obedeceu aos preceitos da análise temática proposta por Minayo (2006). Na análise de dados emergiram três eixos temáticos: Acompanhamento da Saúde da Criança na UBS, Acompanhamento da Saúde da Criança na UBS, educação continuada: componente ANAIS DO I SENAPS essencial para formação de recursos humanos. Contudo, neste trabalho optou-se por apresentar o ultimo tema. RESULTADOS Dentre os nove enfermeiros entrevistados o tempo de experiência na UBS variava de sete meses a doze anos. Estes profissionais relataram conduzir seu atendimento à criança de 0 a 1 ano baseados em constante atualização de sua prática profissional, acompanhamento de protocolos do município e em trabalho conjunto com a equipe médica da unidade de saúde. A educação continuada como componente essencial para formação de recursos humanos foi um dos temas que emergiram neste estudo, mostrando a necessidade desse recurso para promover a pratica clinica de enfermagem no acompanhamento do RN de risco na APS. Na avaliação clinica do RN de risco na unidade, os enfermeiros referiram dificuldades tanto nas habilidades técnicas como científicas, como também referentes à estrutura do sistema, a qual muitas vezes dificulta e retarda o acesso dos usuários ao serviço de saúde. Ainda, o excesso de trabalho destes profissionais e a amplitude dos problemas de saúde da população adscrita a unidade que deve ser atendida pelo enfermeiro associada às questões administrativas e burocráticas, não permite dedicação para a população infantil em específico. Como pode ser observado nos trechos a seguir: [...] não vimos muito essa parte na graduação (avaliação RN de risco), mas a gente acostuma um pouquinho [...] o peso é mais baixo [...] até um ano por aí, diferenciado das outras crianças, acho que essa criança que ficou uns três meses na UTI, ela sai de lá, está com três meses e poucas vezes, tem o peso da criança de um mês, então a gente sabe a diferença, mas assim, é alguma coisa, não no geral (E5). [...] Com relação ao prematuro, não tem diferença entre o crescimento e o desenvolvimento, a única coisa é que após ter saído da UTIN, em pouco tempo ele recupera se for bem cuidado, aí que entra o papel enfermeiro com o bebê prematuro. [...] com relação às complicações, nós não temos muito conhecimento [...] após a internação é a questão do baixo peso, a questão da ANAIS DO I SENAPS medicação, da mãe fazer o uso em casa incorretamente [...] as questões psicológicas que podem afetar o RN (E7). [...] Se não (criança não consegue realizar os reflexos esperados para a idade) vai pra fila, tem que marcar com o pediatra, se o pediatra achar que tem que ver o neuro, é pior ainda, às vezes demora até um ano pra chegar até o especialista. [...] os exames específicos são só lá no centro e pra chegar lá é complicado também (E3). Em relação ao tema educação continuada: componente essencial para formação de recursos humanos, os sujeitos do estudo apontaram que para o acompanhamento da saúde da criança nas UBS seja efetivo e eficaz, é preciso que além da estrutura física, recursos materiais, apoio da gestão e organização do serviço, os profissionais de saúde possuam habilidades técnico-científicas para desenvolver e subsidiar tal atividade. Nesse sentido, afirmam sua necessidade de adquirir novas competências no que tange ao cuidar da criança, seja ela de risco ou não. Apontando temas a serem trabalhados pela educação continuada: cuidados com a mãe-filho; relacionamento entre estes; avaliação do pré-termo; complicações e sequelas da prematuridade; avaliação nutricional, aleitamento materno e crianças cardiopatas. [...] são os aspectos psicológicos, tanto da criança quanto da família, que aqui na UBS a gente não tem muita base pra isso (E9). [...] desconheço as complicações da prematuridade. É claro que a criança vinda da UTIN vai ter alguma, a gente aprende o básico, o desenvolvimento normal e não aquele que a criança nasceu com baixo peso, muito baixo peso totalmente [...] (E5). [...] têm crianças que nunca sobe o peso, eu já vi casos de 3, 4 anos eles tão abaixo do peso e a gente acompanha até hoje e eles recebem até o leite do governo por causa disso, mas a gente tem que aprender o porquê disso (E5). [...] alguns anos atrás (tive uma) criança cardiopata [...] tive que aprender junto com ela os cuidados necessários (E7). É possível observar a preocupante posição dos profissionais envolvidos no acompanhamento do RN de risco na APS, os quais demonstram lacunas no conhecimento relacionado às possíveis complicações decorrentes da prematuridade e ANAIS DO I SENAPS consequentemente, a total dificuldade de detectá-las precocemente e realizar as intervenções necessárias. Os enfermeiros apontam ainda, que a falta do trabalho em equipe, de articulação entre o hospital e a unidade e a falha do sistema no que tange a referência e de contra referencia são fatores que dificultam o desenvolvimento de ações efetivas ao cuidado da criança na APS. [...] há uma falta de comunicação entre o hospital e a UBS, a gente não sabe o que aconteceu no hospital pra dar continuidade no trabalho aqui na UBS, eu acho que o que falta é referência e contra-referência (E9). [...] tivessem (toda equipe) preparadas para atender melhor a demanda. Não sobrecarregando determinado profissional, nem o médico, nem o enfermeiro, mas envolver a equipe inteira (E10). Rocha (2011) observou em seu estudo que o elo entre os diversos pontos de atenção dos serviços de saúde não é satisfatório, o que não é exclusividade do município de Cascavel. Afirmando que há necessidade de avançar para uma efetiva interlocução e integração entre a APS e atenção hospitalar, uma vez que tecer uma rede de cuidados à essa população, garantindo o acesso aos serviços de saúde, a integralidade, a resolubilidade adequada e que promova a equidade depende não só das equipes de saúde, mas também do envolvimento da gestão. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise de resultados relacionada à prática de acompanhamento do recémnascido de alto risco e a prática da equipe de enfermagem nos cuidados primários à saúde, em específico neste estudo nas UBS do município de Cascavel-PR, nos possibilitou o conhecimento sobre o atendimento e o esclarecimento das necessidades e dos desafios da prática clínica. Apesar de haver apoio do município mediante protocolos fornecidos referentes ao acompanhamento de crianças na APS, os enfermeiros lidam com outros obstáculos, os quais são diretamente ligados a um sistema falho que dificulta o acesso da população ANAIS DO I SENAPS aos serviços de saúde. Consequentemente, não há continuidade ao cuidado integral da criança e da família. Assim como há lacunas no conhecimento de características especificas desse grupo infantil, em que apesar do interesse dos participantes do estudo em realizar a puericultura de forma completa, nem sempre isto se reflete na prática, decorrente dessa lacuna do conhecimento técnico-cientifico. Portanto, além da atenção que deve ser dada as questões de estrutura e organização do serviço de saúde, fica claro que investimentos devem ser realizados na educação continuada dos recursos humanos para que se cumpram as metas de acolher estes usuários e suas famílias, auxiliar na recuperação, prevenindo complicações e promovendo a saúde. Pode-se concluir, diante dos vários aspectos apresentados no estudo que a atenção ao RN de risco na APS no município estudado, encontra-se fragilizada e incorrendo na urgência da reorganização das redes de atenção ao RN de risco e de sua família, bem como o aprimoramento das habilidades técnico-científicas dos profissionais enfermeiros para que promovam uma prática clínica resolutiva e de qualidade. Palavras-chave: Criança, puericultura, saúde, recém-nascido de risco. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSIS, M. H.; MACHADO, J. C.; RODRIGUES, N. R. Perfis de mortalidade neonatal precoce: um estudo para uma Maternidade Pública de Belo Horizonte (MG), 2001-2006. Revista Brasileira Epidemiologia. [online]. 2008, v.11, n.4, p. 675-686. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v11n4/13.pdf> Acesso em: 05 mar. 2010. HAYAKAWA, L.M. et al. Incidência de reinternação de prematuros com muito baixo peso nascidos em um hospital universitário. Escola Anna Nery, v.14, n.2, p.324-329, jun. 2010. MINAYO, M. C. de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 9. ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 2006. ANAIS DO I SENAPS ROCHA, F.G. O Atendimento e o Acompanhamento da Saúde da Criança de Zero a Dois Anos Realizada pelos Enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde do Município de Toledo-PR. Monografia (Especialização em Saúde Pública). Cascavel: UNIOESTE, 2011. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS O CUIDADO DAS CRIANÇAS E OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO BÁSICA DE CASCAVEL - PR Phallcha Luízar Obregón94 Beatriz Rosana Goncalves de Oliveira Toso2 Cláudia Silveira Vieira2 Claudia Ross2 INTRODUÇÃO: A literatura internacional é rica em evidências que mostram que os sistemas de saúde que possuem uma Atenção Primária à Saúde – APS fortalecida são mais efetivos1, 2 . De acordo com Starfield2, as principais características dos serviços de APS são constituídas pelos atributos essenciais como: acesso de primeiro contato do indivíduo com o sistema de saúde, longitudinalidade, integralidade e coordenação da atenção. Ainda considera os atributos derivados como orientação familiar, orientação comunitária e competência cultural. Estudos4 apontam que a avaliação destes atributos está relacionada com a prática assistencial dos serviços de APS. No Brasil, a Atenção Primária à Saúde é também denominada Atenção Básica. De acordo coma Política Nacional de Atenção Básica3, e a regulamentação da Lei 8.0804 a Atenção Básica é entendida como porta de entrada preferencial dos usuários para o sistema de saúde, possibilitando o acesso universal e contínuo a serviços de qualidade e resolutivos. A Atenção Básica à Saúde – ABS – constitui “um conjunto de ações, de caráter individual ou coletivo, situadas no primeiro nível de atenção dos sistemas de saúde, voltadas para a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação”. No Brasil, a Atenção Básica é representada pelas Unidades 94 Professora, Doutora do Curso de Medicina – CCMF, Unioeste, Campus de Cascavel. Contato: phallcha@terra.com.br Fone: 45- 88015923 2 Professora, Doutora do Curso de Enfermagem – CCBS, Unioeste, Campus de Cascavel. ANAIS DO I SENAPS Saúde da Família (USF) e o modelo tradicional representado pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Os profissionais da Atenção Básica constituem uma importante força de trabalho no contexto do Sistema Único de Saúde – SUS. Seu processo de trabalho é bastante peculiar, no qual interagem habilidades técnicas e relações interpessoais. Os profissionais da atenção básica devem ser capazes de planejar, organizar, desenvolver e avaliar ações que respondam às necessidades da comunidade. Evidências demonstram que receber atendimento continuado num mesmo serviço e pelos mesmos profissionais faz com que os pacientes obedeçam melhor às orientações médicas, utilizem menos serviços de urgência/emergência e tenham menos hospitalizações do que os que não possuem este tipo de atendimento1. A atenção à saúde da criança representa um campo prioritário dentro dos cuidados à saúde das populações. As atividades profissionais estão centradas no pediatra que atende geralmente uma demanda para a assistência curativa, particularmente, de vida a problemas respiratórios e doenças infecciosas, reduzindo a eficiência deste profissional para atendimento preventivo e funções de educação em saúde2. Embora os atendimentos estejam fortemente centrados no profissional médico, observa-se uma maior participação dos enfermeiros que desenvolvem programas como puericultura e imunização; os odontólogos, que desenvolvem atividades de saúde bucal e os assistentes sociais que atendem famílias de crianças em situações de risco biológico e/ou social5. É crescente o consenso entre os gestores e trabalhadores do SUS, de que a formação, o desempenho e a gestão dos recursos humanos afetam profundamente a qualidade dos serviços prestados e o grau de satisfação dos usuários. ANAIS DO I SENAPS Considerando a importância destes profissionais na ABS em relação ao cuidado das crianças faz-se necessário, portanto, um conhecimento do perfil desses profissionais integrantes do corpo de recursos humanos dos serviços. O presente estudo faz parte do projeto de pesquisa multicêntrico: “Avaliação da Efetividade da Atenção Primária em Saúde da Criança”, sendo desenvolvido nos municípios de Cascavel, Londrina e Paraíba e coordenado pelo grupo de pesquisa em Enfermagem Materno-Infantil da Unioeste. OBJETIVO Delinear o perfil dos pediatras e enfermeiros da rede de atenção básica do Município de Cascavel. METODOLOGIA Trata-se de estudo descritivo, de abordagem quantitativa com enfoque nos pediatras e enfermeiros que atuam nas UBS da área urbana do Município de Cascavel. Os dados foram obtidos a partir de fontes secundarias na Secretaria de Saúde do Município de Cascavel8 no período de agosto a dezembro de 2012. Como variáveis avaliadas foram consideradas as seguintes: idade, sexo, tempo de vínculo com a Prefeitura, carga horária semanal nas UBS e o local (UBS) onde desenvolvem as atividades. Os dados coletados foram sistematizados e inseridos em planilhas de dados no Programa Excel, versão 2010.A análise estatística dos dados contemplou uma abordagem quantitativa mediante verificação de frequência simples e valor absoluto, cujos resultados foram organizados em gráficos e são apresentados no item resultados. RESULTADOS: Descrição do Munícipio de Cascavel: A cidade de Cascavel localiza-se na região oeste do estado do Paraná, distante 500 km da capital, e apresenta uma área de 2.100,83 km², com população de 286.205 habitantes, segundo o censo do IBGE do ano 20106. Na ANAIS DO I SENAPS atenção à saúde, o município de Cascavel tem uma ampla rede de serviços incluindo unidades básicas de saúde, unidades de saúde da família urbanas e rurais; unidades de pronto-atendimento continuado ao nível da atenção secundária, denominadas Unidades de Pronto-atendimento (UPAs); centro regional de especialidades; clínicas privadas das mais diversas especialidades e hospitais, tanto privados, conveniados ao Sistema Único de Saúde, quanto públicos e filantrópicos7,8. Atualmente, na rede de Atenção Básica são 36 unidades, sendo 14 equipes do Programa Saúde da Família (PSF), dentre elas cinco em área urbana (Morumbi e Santo Onofre com duas equipes cada unidade, Canadá e Esmeralda com uma equipe cada unidade, estas últimas USF iniciaram suas atividades em julho de 2012) e nove unidades na área rural ( Juvinópolis, Rio do Salto, Sede Alvorada, São Salvador, Santa Bárbara, São Francisco, Navegantes, São João, Espigão Azul),e 23UBS na área urbana (Aclimação, Brasmadeira, Cancelli, Claudete, Cascavel Velho, Cataratas, Colmeia, Faculdade, Floresta, Guarujá, Interlagos, Los Angeles, Pacaembu, Palmeiras, Parque Verde, Periolo, Parque São Paulo,Santa Cruz, Santa Felicidade, Santos Dumont, São Cristovão, Vila Tolentino - antiga Neva -, XIV de Novembro). Ainda há previsão de funcionamento de USF Lago Azul para 2013 que no momento encontra-se em fase de implementação. No período de 2011 a 2012, a Secretaria de Saúde do Município de Cascavel realizou a territorialização8 nas unidades de saúde e estimou uma população de 321.843 habitantes para a zona urbana e de 21.741 habitantes para a zona rural. Em dezembro de 2012, a cobertura da atenção básica do município de Cascavel8 foi de 47,69%. As UBS tradicionais contam com profissionais médicos nas áreas de Pediatria, Ginecologia-Obstetrícia e um Clínico geral ou generalista. Enquanto que nas Unidades de Saúde de Família, as equipes são formadas por médico, enfermeira, auxiliar de enfermagem e agentes comunitários de saúde. Na rede de atenção básica, o atendimento é de segunda a sexta feira com horários diferenciados, sendo que 83% (19) das UBS funcionam das 07:00 às 19:00 Hs. ANAIS DO I SENAPS Apenas as UBS Santa Cruz, Floresta, Guarujá e Cascavel Velho (em reforma no período da pesquisa) apresentaram um horário que se estendia das 07:00 Hs às 22:00 Hs. Por sua vez, as USF funcionam das 08:00 às 12:00 Hs e das 13:00 Hs ás 17:00 Hs. Desta forma, o acesso a estas unidades é limitado a cinco dias da semana em horários restritos. Características dos profissionais de saúde As informações referem-se aos profissionais que atuam nas 23 UBS da área urbana do Município de Cascavel. Ao todo foram 58 profissionais de saúde, dos quais 17 (29,3%) são médicos e 41 (70,7%)enfermeiros. No momento da pesquisa duas unidades de saúde (Palmeiras e Cataratas) encontravam-se sem pediatra. A média da idade entre os pediatras foi de 46 anos, sendo a idade mínima de 32 anos e a máxima de 68 anos. Enquanto que para os enfermeiros a média da idade foi de 36 anos, sendo 26 anos a idade mínima e 55 anos a idade máxima. A Figura 1 apresenta a distribuição dos profissionais de saúde segundo a faixa etária. Observa-se que o maior número de trabalhadores por faixa etária concentrou-se no grupo de 30 a 39 anos para ambas as categorias de profissionais. Destaca-se que não há médicos menores que 30 anos devido talvez ao fato que nessa faixa etária a maioria dos médicos está realizando a residência e na faixa etária acima de 40 anos a proporção é quase um médico por enfermeiro. ANAIS DO I SENAPS Figura 1 - Profissionais de Saúde segundo faixa etária. 20 15 10 12 5 7 17 4 0 7 6 5 0 20 - 29 30 - 39 Pediatra 40 - 49 Enfermeira > 50 O ingresso dos profissionais de saúde à rede de atenção básica é por concurso público, cuja permanência é variável, como mostrado na Figura 2. A maioria dos médicos (59%) está vinculada a UBS entre 1 e 5 anos, podendo estar associada a rotatividade dos médicos na atenção básica como apontada em alguns estudos9,10, onde são ressaltados a influência de fatores individuais (profissional e pessoal), de organização e de mercado de trabalho. Por outro lado, o quadro de enfermeiros mostra certa regularidade na distribuição deles com o tempo, sendo que maioria está entre 1 e 10 anos de contrato com a Secretaria de Saúde do município de Cascavel, além de uma expressiva contratação de enfermeiros no ano de 2012. ANAIS DO I SENAPS Gráfico 2 - Profissionais da saúde e o tempo de vínculo com o Município de Cascavel 14 12 10 13 14 8 6 8 4 6 10 5 2 0 1 < 1 ano 1 1 - 5 anos Pediatra 6 - 10 anos > 11 anos Enfermeira Em relação à jornada de trabalho, o contrato de trabalho de 40 horas inclui 53% dos médicos (17) e 10 % dos enfermeiros (41). Em relação aos médicos também existe o contrato para 15 e 20 horas semanais. No caso dos enfermeiros, a grande maioria (90%) tem um contrato de 30 horas semanais. Os enfermeiros com vínculo de 40 horas tem a função de coordenação da Unidade Básica de Saúde. Ainda, 41% dos enfermeiros são responsáveis pela equipe PACS da unidade onde se encontram e 49% dos enfermeiros realizam as atividades de atenção. A distribuição de UBS por número de enfermeiros é mostrada na Figura 3. Todas as UBS contam com pelo menos um enfermeiro, porém a grande maioria das UBS (11 das 23) conta com duas enfermeiras. ANAIS DO I SENAPS Figura 3 - Distribuição de UBS por número de enfermeiros Número de UBS 12 10 8 6 9 11 4 2 2 0 Uma enfermeira Duas enfermeiras Três enfermeiras 1 quatro enfermeiras Quanto a distribuição dos médicos em relação ao número de UBS, 93% das UBS contavam com pediatra no momento da pesquisa e apenas 2 das 23UBS estavam sem pediatra (Cataratas e Palmeiras). Desta forma, as crianças destas áreas que precisavam de atendimento eram encaminhadas para as unidades mais próximas da sua residência ou para as UPAS (Unidade de Pronto Atendimento). A forma da distribuição dos médicos (17) é não uniforme entre as UBS. Assim, 71% dos pediatras atendiam exclusivamente em uma UBS específica, enquanto que 24 % dos pediatras atendiam em duas UBS e 5% atendiam em 3 UBS. Dessa forma entende-se que embora o município conte com poucos pediatras, o atendimento na maioria das UBS foi garantido empelo menos um período do dia. Em relação aos períodos de atendimento dos pediatras, havia 48% das UBS (Aclimação, Cancelli, Colmeia, Faculdade, Guarujá, Pacaembu, Parque São Paulo, Santa Felicidade, São Cristóvão e Vila Tolentino) com atendimento matutino, entretanto, em 33% das UBS (Brasmadeira, Cascavel Velho, Claudete, Interlagos, Los Angeles, Parque Verde e XIV de Novembro)acontecia o atendimento vespertino e em ANAIS DO I SENAPS 19% das UBS (Floresta, Periolo, Santa Cruz e Santos Dumont) o atendimento era esporádico em ambos os períodos. O treinamento dos profissionais de saúde é considerado como eixo estratégico para o aumento de resolutividade e para a qualificação da APS, permitindo o desenvolvimento de habilidades ou competências técnicas em áreas específicas. No município de Cascavel, no ano 2012, houve apenas 02 capacitações direcionadas para os profissionais da atenção básica: a Oficina Mãe Paranaense e a Capacitação sobre Síndromes Respiratórias. CONCLUSÕES As UBS oferecem uma diversidade de serviços estabelecendo-se como porta de entrada para o sistema de saúde, no entanto elas enfrentam problemas que comprometem a condição da APS como entrada preferencial do sistema, como por exemplo, horários restritos de funcionamento. Quanto aos profissionais de saúde, as unidades não possuem uniformidade quanto à distribuição do número de recursos humanos envolvidos, nem quanto à relação profissionais/população, havendo a necessidade de promover ampliação da oferta destes profissionais, especialmente pediatras nas UBS do município. A falta destes profissionais compromete o atributo da longitudinalidade na continuidade do cuidado das crianças. Conclui-se que há a necessidade de investimentos na rede municipal, visando fortalecer os atributos da Atenção Básica. Palavras Chave: Serviços de Saúde, Atenção Primária à Saúde, Saúde da Criança, Profissionais de Saúde. REFERÊNCIAS 1. MCWHINNEY, I. R. Medicina de família. Barcelona: Mosby/Doyma Libros; 1995. 2. STARFIELD, B. Atenção Primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Unesco, Ministério da Saúde; 2004. ANAIS DO I SENAPS 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM no 2.488 GM/MS de 21 de outubro de 2011.Dispõe sobre a Política Nacional de Atenção Básica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 out. 2011. Seção 1. no 204 p. 48. 4._______. Presidência da República. Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras providências. 5. _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 6. IBGE. Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1> Acesso em: 24abr. 2013. 7. CASCAVEL. Prefeitura Municipal de Cascavel. Dados da territorialização e outras informações. Secretaria de Saúde. Cascavel/PR, 2012. 8. _______. Prefeitura Municipal de Cascavel. Unidades de Saúde. Secretaria de Saúde. Cascavel/PR, 2012. Disponível http://www.cascavel.pr.gov.br/secretarias/saude/pagina.php?id=136> em: Acesso em dezembro de 2012. 9. HARZHEIM, E; STEIN, A.T.; ÁLVAREZ-DARDET, C. A efetividade dos atributos da atenção primária sobre a saúde infantil. Boletim da Saúde. Porto Alegre, v.18, n.1, p. 23-40, Jan./Jun. 2004. 10. PERPÉTUO, I.H.O; COELHO DE OLIVEIRA, A; RIBEIRO, M.M; RODRIGUES, R.B. A categoria profissional dos médicos: fatores condicionantes da sua atração e fixação na Atenção Primária à Saúde em Minas Gerais. Belo Horizonte: Observatório de Recursos Humanos em Saúde do Nig.One/UFMG, 2009. 140 p. : il. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS ENTRE MENORES DE 10 ANOS NA CIDADE DE MARINGÁ, PARANÁ Renata Andrade Teixeira2 Ana Cleide Soares Victor95 Amanda Amaral Bacaro96 Bárbara Alves Gaino2 Jucemeri Teixeira de Melo2 Mariana Calça Evaristo2 INTRODUÇÃO Os acidentes de trânsito representam relevante papel no conjunto das principais causas de morbimortalidade no mundo contemporâneo. O aumento da morbimortalidade, devido à violência no trânsito, já é considerado uma epidemia, pela sua extensão e conseqüências para o indivíduo, para a família e para a sociedade. Segundo Dantas1, os acidentes de trânsito constituem um sério problema de saúde pública em nações desenvolvidas, porém, o país detentor do título de campeão mundial de acidentes de trânsito é o Brasil. Em 2004 a OMS divulgou um relatório mundial apresentando as taxas de mortalidade de vários países, no qual o Brasil ocupou o quinto lugar no ranking mundial2. Conforme a última atualização do DATASUS3, em 2007 foram registrados 38.419 óbitos por acidentes de trânsito no Brasil, o que equivale a uma taxa de mortalidade de 20,2 (óbitos por 100.000 habitantes). No Estado do Paraná foram registrados 3.196 óbitos por acidentes automobilísticos no mesmo ano, uma taxa de mortalidade de 30,2, a quinta maior do país. 95 Enfermeira. Mestra. Professora Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Maringá, Paraná, Brasil. 96 Enfermeiras. Alunas do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem em Urgência e Emergência da PUCPR, Maringá, Paraná, Brasil. Endereço para correspondência: Rua Paranaguá, 1058, apt. 63,Londrina - PR, Brasil -cep: 86020-030 E-mail: reteixeira@hotmail.com ANAIS DO I SENAPS O Laboratório de Segurança Viária4 traz que “os acidentes automobilísticos estão entre as cinco principais causas de morbimortalidade pediátrica, sendo responsáveis por 50% da mortalidade de crianças maiores de um ano”. “Nos países desenvolvidos, quase metade das lesões não intencionais em crianças está relacionada a acidentes de transporte, sendo os acidentes de trânsito a principal causa de morte entre 1 e 14 anos de idade”5 Oliveira5 confirma a criticidade desta situação apontando que “dados internacionais afirmam que a maioria das crianças que morreram em acidentes de trânsito era transportada sem uso de dispositivo de retenção infantil”. Em outro estudo publicado em 2009, Oliveira6 alerta que estas crianças em questão estão sujeitas à ejeção e possíveis colisões com passageiros e partes do carro no caso de acidentes, frenagem ou curvas. Assim, desde o início dos anos 90, tem aumentado o interesse por pesquisas que buscam o conhecimento dos fatores pelos quais os acidentes ocorrem, bem como das características próprias de determinados acidentes, visando à prevenção. Desta forma, os estudos epidemiológicos com coleta de dados possibilitam qualificar e identificar fatores de risco dentro de um enfoque preventivo 7,8. Em relação à cidade de Maringá, os dados obtidos através da Secretaria de Transito (SETRAN)9, mostram que o número de acidentes com vítimas aumentou de 2736 em 2005 para 3454 em 2009, porém a caracterização por faixa etária não é especificada. Assim, uma análise mais específica do panorama dos acidentes envolvendo crianças de 0 a 10 anos se faz necessária, como base de dados para programas de prevenção de acidentes de transito e conscientização quanto ao uso de dispositivos de retenção infantil (DRI). OBJETIVO ANAIS DO I SENAPS Caracterizar os acidentes automobilísticos com crianças de zero a dez anos, no município de Maringá - Pr. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de natureza analítico-epidemiológica, com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada no 15° Batalhão do Corpo de Bombeiros da cidade de Maringá, Paraná, no ano de 2010. Foram avaliados retrospectivamente os “Registro de Atendimento do Socorrista” (RAS), abrangendo os anos de 2005 a 2009. Foram admitidos na pesquisa os RAS de todas as crianças de zero a dez anos, vítimas de acidente automobilísticos, atendidas pelo Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma (SIAT). As variáveis utilizadas foram: ano; mês; sexo; idade; posição no veículo; ejetado: sim/não; uso de cinto de segurança: sim/não; uso de dispositivo de retenção infantil (DRI): sim/não; escala de coma de Glasgow; escala de trauma; principais lesões; sinais clínicos e destino da vítima. As informações coletadas foram repassadas em planilha previamente elaborada, realizando-se, posteriormente, a análise estatística dos dados. RESULTADOS Foram analisados 315 RAS e os dados coletados mostraram que o maior número de acidentes envolvendo crianças ocorreu no ano de 2009, 78 casos (24,76%), sendo que janeiro, julho e dezembro foram os meses com maior número de ocorrências desse tipo, 30 (9,52%), 31 (9,84%) e 30 (9,52%) respectivamente, praticamente um acidente por dia do mês. Ainda observou-se que 164 (52,06%) eram crianças do sexo masculino e a faixa etária de 6 a 8 anos foi a que apresentou maior número de vítimas de acidentes automobilísticos 84 (26,67%). Quanto à posição no veículo no momento da colisão, 257 indivíduos (83,71%) estavam no banco traseiro enquanto 50 (16,29%) localizavam-se no banco dianteiro. O estudo mostrou que a minoria das crianças fazia uso de DRI no momento da colisão, ANAIS DO I SENAPS apenas 12 (3,81%). Esta minoria também foi constatada em relação ao uso do cinto de segurança, apenas 79 crianças (25,08%) faziam uso, enquanto 123 (39,05%) não o usavam. Dos 117 RAS em que constou a informação se a criança foi ejetada ou não, constatou-se que houve 8 ejeções (2,54%). A maioria dos relatórios 198 (62,86%) não continha essa informação. De acordo com a Escala de Coma de Glasgow, observou-se que 86,98% das vítimas estavam conscientes, Glasgow 15 e na Escala de Trauma, 63,81% encontravam-se no nível 12(trauma leve). As crianças que estavam no banco dianteiro, 16 (5,08%) eram crianças de 6 a 8 anos. Ainda sobre as crianças que estavam sentadas no banco dianteiro, 2 (0,63%) destas foram ejetadas, nenhuma (0,0%) utilizava qualquer tipo de DRI e somente 14 (4,44%) estavam fazendo uso do cinto de segurança. Das crianças que estavam no banco traseiro, 6 (1,9%) foram ejetadas, somente 12 (3,81%) fazia uso de DRI, 64 (20,32%) usavam o cinto de segurança e 104 (33,02%) não usavam. Constatou-se ainda que na faixa etária compreendida entre 0 a 1 ano, 7 crianças (2,22%) faziam uso de DRI e 7 (2,22%) não o faziam. Entre as crianças de 4 a 5 anos, somente 1(0,32%) usava DRI, o mesmo valor encontrado para crianças de 9 a 10 anos. Apenas 3 (0,95%) das crianças entre 2 a 3 anos usavam DRI e, em relação a faixa etária compreendida entre 6 a 8 anos, nenhuma das crianças (0,00%) estava usando DRI. No presente estudo observou-se grande número de crianças de 6 a 8 anos que não usavam o cinto de segurança, 42 (13,33%). Podemos observar também que em todas as faixas etárias a quantidade de crianças que não usavam o cinto de segurança no momento da colisão é maior do que as que usavam. Outra constatação é que uma das crianças que estava usando o cinto de segurança foi ejetada. Por último, 35 crianças (11,11%) não faziam uso nem de cinto de segurança e nem de DRI. Outra informação relevante é que nenhuma das crianças que usavam DRI no momento da colisão foi ejetada e das 8 crianças ejetadas, 3 não usavam DRI, as outras 5 não foi informado. ANAIS DO I SENAPS O estudo mostrou ainda que as maiores proporções de lesões foram em áreas do crânio e face, como escoriações no crânio que corresponderam a 2,64%, escoriações de face 4,15%, ferida corto-contuso no crânio 4,15%, ferida corto-contuso face 7,55%, contusão no crânio 16,04% e contusão face 10,38%. CONCLUSÕES Ao realizar a caracterização dos acidentes automobilísticos com a presença de crianças de 0 a 10 anos, foram detectados aspectos importantes que devem ser considerados quando se pretende atuar na prevenção de acidentes automobilísticos e na redução das lesões provocadas por acidentes desse tipo, bem como na redução dos óbitos. Sabemos que a violência no trânsito representa um grave problema de nossa sociedade. Ocorre a cada instante e, indubitavelmente, a sociedade dispõe de condições necessárias e suficientes para apresentar soluções e reduzir os seus efeitos, como o uso do cinto de segurança, e os dispositivos de retenção infantil. Porém, esta pesquisa mostrou que, apesar da legislação vigente determinar o uso de cinto de segurança e DRI e as estatísticas mostrarem a eficácia destes na prevenção de lesões graves e óbitos, grande parte das crianças ainda são transportadas sem a devida segurança, correndo risco de morte. O que é pior, os próprios pais e cuidadores, são os que negligenciam o uso destes mecanismos de proteção. Levando em conta a proporção do corpo da criança e a sua cabeça, o risco, ou melhor, a vulnerabilidade, da criança sofrer lesões em crâneo e devido ao acidente de trânsito e permanecer com complicações graves é muito alta. Todo esse ônus pode ser evitado através de ações de prevenção e promoção da equipe de saúde, principalmente no âmbito da atenção primaria, no qual a criança é acompanhada frequente e continuamente. Neste contexto e, uma vez que nosso comportamento é primordialmente o resultado da educação que recebemos, considera-se a necessidade de ações no âmbito da educação, conscientização e fiscalização, o que representam um desafio diante da atual situação. ANAIS DO I SENAPS Ressalta-se a importância da equipe de saúde no que diz respeito às orientações que os pais precisam receber quanto a prevenção de acidentes de trânsito envolvendo crianças. Seja desde a orientação em pré-natal, orientando a família sobre como trazer essa nova criança para casa, seja orientando conforme o crescimento e desenvolvimento desta criança sobre os diferentes DRI conforme a faixa etária. Estas informações fazem parte das orientações que devemos dar aos pais quanto à prevenção de acidentes. Palavras-chave: Acidentes de Trânsito; Crianças; Dispositivo de Retenção Infantil; Cinto de segurança. REFERÊNCIAS 1. DANTAS, M.M.P., SILVA, C.A., ALMEIDA, P.C. et al. Caracterização dos Acidentes de Trânsito Envolvendo Crianças e Adolescentes Internados em um Hospital Público Terciário. Rev bras educ méd [Internet]. 2009 [Acesso em 2010 Nov 19]; 22(2):100-6. Disponível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/408/40811734007.pdf 2.GAWRYSZEWSKI, V.P. et al. Perfil dos atendimentos a acidentes de transporte terrestre por serviços de emergência em São Paulo, 2005. 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Eles têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Tem assegurado atendimento integral à saúde, por intermédio do SUS, os portadores de deficiência receberão atendimento especializado (BRASIL, 1990). O entendimento da criança como ser em permanente desenvolvimento é resultado de um longo processo que envolveu transformações na organização social, das famílias, alcançando as políticas públicas, que permitiram a adoção de práticas e condutas para esse processo de mudanças. Estas práticas referiram-se à assistência, à saúde e à educação, ao validarem, como opção ao enfrentamento da questão social da criança, a adoção de um caráter universal, obrigatório e de responsabilidade do Estado para com a população infantil (ERDMANN; SOUSA, 2009). ¹ Enfermeira Trainee, Hospital policlínica de Cascavel, (45) 9904-6196, ribeiro-sa1990@hotmail.com. ² Professora Doutora, Colegiado de Enfermagem da Unioeste – Campus Cascavel. OBJETIVOS ANAIS DO I SENAPS Realizar pesquisa bibliográfica acerca da temática: assistência à saúde da criança na atenção primária à saúde. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica, recorte do trabalho de conclusão de curso em enfermagem. RESULTADOS O Ministério da Saúde ao longo dos anos tem procurado através de políticas públicas diferenciadas para atender as necessidades dos diversos segmentos populacionais, em especial os idosos, mulheres e crianças (BRASIL, 2004). As crianças são alvo de preocupação de profissionais da saúde, gestores e políticos. As políticas de saúde voltadas a essa faixa etária são atreladas as políticas sociais de um modo geral. Sendo que os programas desenvolvidos buscam oferecer um atendimento médico mais humano e de melhor qualidade para as nossas crianças (BRASIL, 2004; SILVA, 2006; PINA et al., 2009). A atenção à saúde a esta faixa etária sofre transformações, sendo influenciada por cada período histórico, assim como pelos avanços do conhecimento técnicocientífico, pelas diretrizes das políticas sociais e pelo envolvimento de vários agentes e segmentos da sociedade. Ao longo das últimas décadas do século passado, foi evidente a evolução ocorrida na implementação de políticas assistenciais no país. Com ações de promoção do crescimento e desenvolvimento infantil saudáveis, enfocando a vigilância da saúde das crianças e o cuidado às doenças prevalentes, articulada às diretrizes do PSF (FIGUEIREDO; MELLO, 2007; PINA et al., 2009). A promoção da saúde integral da criança esta além de preocupação com a redução da mortalidade na infância, sendo que engloba o compromisso mútuo entre instituições governamentais e sociedade em prol da qualidade de vida da criança (PINA et al., 2009; NOVACZYK; DIAS; GAÍVA, 2008). ANAIS DO I SENAPS A assistência à saúde da criança, primeiramente, foi baseada em ações programáticas, convergiu-se numa proposta de atenção primária reducionista provida por pessoal de baixa qualificação profissional e portanto, a não efetivação das ações básicas, seja pelo despreparo técnico ou pelo reduzido número de trabalhadores ou pelos pequenos investimentos políticos na atenção primária à saúde (FIGUEIREDO; MELLO, 2003). Sendo que a Política de Atenção à Criança sempre esteve ligada à saúde materna, definida como política de Saúde Materno-Infantil (ERDMANN; SOUSA, 2009). A Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, como se apresenta hoje, foi denominada em 1998, mas sua história vem sendo construída há décadas, passando por uma série de mudanças de nomenclatura e gestão. A área é subordinada ao Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES), da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), do Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2011). Em 1984 foi implantado o Programa de Assistência Integral a Saúde da Criança - PAISC, este elaborado com base na análise das condições sanitárias e epidemiológicas da população; com enfoque nas ações básicas de saúde de alto custo-efetividade (FIGUEIREDO; MELLO, 2003; FIGUEIREDO; MELLO, 2007). O objetivo quando se apresentou esta proposta, era deslocar o enfoque de uma assistência médico-curativista, centrada na atenção à demanda espontânea às crianças doentes para garantir a integralidade na assistência prestada pelos serviços de saúde; possibilitando a criação de elos entre a população e os serviços de saúde, através do acompanhamento sistemático do crescimento e desenvolvimento de crianças menores de 5 anos de idade (FIGUEIREDO; MELLO, 2003; PINA et al., 2009). O PAISC foi preconizado, com objetivo mais amplo de reduzir a morbimortalidade na faixa etária até cinco anos, sendo considerado uma política universal, porque visava o beneficio e alcance de toda população infantil brasileira, a fim de incrementar a capacidade resolutiva dos serviços de saúde na atenção à criança (LACOSKI; HONER, 2005; PINA et al., 2009). ANAIS DO I SENAPS É inegável a contribuição do PAISC na redução da taxa de mortalidade infantil, pois, após sua implementação, a mortalidade infantil caiu de 70.9 para 47.6 por 1000 NV, no início dos anos 1990. Esse programa era destinado a problemas de fácil resolutividade, dependente apenas de ações governamentais tais como o saneamento básico, o acesso aos serviços de saúde e a informação (CABRAL; AGUIAR, 2003). A mortalidade infantil, a partir da década de 90, passa a ter uma redução mais lenta indicando que somente as ações do PAISC não são mais suficientes. Isso explicase pelo fato de ter ocorrido uma mudança nos determinantes da taxa de mortalidade infantil, antes da diarreia e infecções respiratórias para as afecções perinatais (CABRAL; AGUIAR, 2003). Nos anos 90, foram incorporadas ações específicas em estratégias de reforço à atenção básica, com a finalidade de apresentar um novo paradigma de modelo assistencial, como o PACS e o PSF, apontado para a necessidade de um trabalho amplo e integrado. Abrangem ações destinadas a melhorar a atenção prestada e a reduzir a morbimortalidade na infância, implementados prioritariamente nos municípios com maior risco para mortalidade infantil (BRASIL, 2003). Percebeu-se ser o PSF um campo propício à incorporação da estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), adotada no Brasil em 1996, onde foram priorizados os municípios com mortalidade infantil acima de 40 por mil nascidos vivos nos municípios que aderirem a essa estratégia e municípios com o PSF e PACS (CABRAL; AGUIAR, 2003; FIGUEIREDO; MELLO, 2007). Trata-se de uma nova abordagem da atenção à saúde na infância, originalmente desenvolvida pela OMS e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF), caracterizando-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de doenças de maior prevalência na infância, ao invés do enfoque tradicional que busca abordar cada doença isoladamente, como se ela fosse independente das demais doenças e do contexto em que encontra-se inserida, portanto, é diferente do que ANAIS DO I SENAPS acontecia com o PAISC, que interferia em problemas distintos (BRASIL, 2003; CABRAL; AGUIAR, 2003). Em 2002, o Ministério da Saúde lança o Caderno de Atenção Básica - Saúde da Criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil; as medidas preconizadas por essa integram-se as propostas pela estratégia AIDPI (FIGUEIREDO; MELLO, 2007). E em 2004, o MS lançou a Agenda de Compromissos para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil (FIGUEIREDO; MELLO, 2007). Com o objetivo, de tornar o mesmo mais uma ferramenta de trabalho para ajudar os gestores estaduais e municipais no processo de reorganização da rede de assistência à infância em seus vários níveis quer se reforçar o compromisso com a promoção e recuperação da saúde infantil, com estados e municípios para juntos construir um pacto em prol da redução da mortalidade infantil e pela garantia de uma rede de assistência pública integral, qualificada e humanizada (BRASIL, 2004). No desenvolvimento de ações voltadas às crianças, um instrumento é a caderneta de saúde da criança, importante no acompanhamento da saúde de cada indivíduo (BRASIL, 2005). Atualmente a assistência a saúde materna e da criança tem na rede cegonha a busca pela integralidade, efetividade e resolutividade da assistência a estes grupos específicos. Esta consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como à criança o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e ao desenvolvimento saudáveis, focando nos seus primeiros 24 meses de vida. Foi pensada com a intenção de organizar a rede de atenção à saúde materna e infantil, com a finalidade de garantir acesso, acolhimento e resolutividade. Assim como pretende reduzir a mortalidade materna e infantil com ênfase no componente neonatal (BRASIL, 2011). ANAIS DO I SENAPS Historicamente, em países em desenvolvimento os programas de assistência à saúde têm se apresentado, quase sempre sob a forma de cuidados médico-hospitalares, para o tratamento da doença. Consequentemente os programas de atenção à saúde infantil tem se caracterizado por ações e atividades também marcadamente hospitalocêntricas. Após a Conferência realizada em Alma ata, passa-se a considerar os cuidados primários à saúde, como essenciais (TRAPÉ; FUJIMORI; BERTOLOZZI, 2009). As atividades de promoção e de atenção básica são fundamentais para a melhoria da qualidade de vida e saúde da população e que as ações educativas contribuem para o melhoramento das condições de saúde da população infantil; neste processo a família deve estar inserida (SILVA; FREIRE; MACHADO, 2010). O coeficiente de mortalidade infantil tem sido um indicador bastante utilizado para avaliar o nível global de saúde, as condições de vida de uma população e a eficácia dos serviços de saúde. Em que as taxas de mortalidade neonatal precoce associam-se, direito de acesso e a qualidade dos serviços de saúde, da assistência pré-natal ao parto, e as taxas de mortalidade pós-neonatal (28 dias a um ano), que encontra-se mais associada às condições gerais de vida e saúde.(FRIAS; LIRA; HARTZ, 2005; BRASIL, 2006; PINA et al., 2009). No Brasil, nas últimas três décadas, houve um declínio da mortalidade infantil e na infância; estes dados são decorrentes de várias ações, estratégias, incorporadas ao longo dos anos (FRIAS; LIRA; HARTZ, 2005). A partir de 1980, as campanhas de vacinação em massa, as medidas de estímulo ao aleitamento materno, a terapia de reidratação oral, o combate às infecções respiratórias e doenças diarreicas, maior acesso relativo à assistência médica e hospitalar; elevação no nível de instrução da mãe e redução da fecundidade, entre outras, somam-se, contribuindo com o decréscimo da mortalidade nas últimas décadas. Houve uma mudança no perfil de causas de mortalidade infantil de 1980 a 2000. No início da década de 80, as doenças infecciosas intestinais constituíam a principal causa de morte, enquanto que, ao seu final, igualam-se às infecções respiratórias agudas. A ANAIS DO I SENAPS mudança foi decorrente principalmente do decréscimo da proporção dos óbitos por doenças infecciosas e aumento das afecções perinatais (NORONHA; PEREIRA; VIACAVA, 2005; FRIAS; LIRA; HARTZ, 2005). No início da década de 1990, foi instituído na região nordeste como instrumento de intensificação das ações voltadas para crianças e mulheres o PACS. Logo em seguida em 1994, institui-se o PSF, apresentado como uma estratégia capaz de estimular a mudança do modelo assistencial, sendo que no ano seguinte, passou a ser considerado projeto prioritário de governo (FRIAS; LIRA; HARTZ, 2005). Os índices de mortalidade infantil no país, mesmo que tenham sido reduzidos na última década, ainda são altos, principalmente em algumas regiões como o Nordeste. Onde as principais causas da mortalidade estão ligadas diretamente às condições socioeconômicas e culturais e dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Sendo que a maioria destas mortes precoces pode ser evitada (PINA et al., 2009). CONCLUSÃO Ao longo do tempo, percebe-se que em cada período histórico houve inúmeras mudanças nas diretrizes das políticas de saúde voltadas à população infantil, há o reconhecimento de que, apesar dos avanços alcançados, os indicadores revelam um longo caminho a percorrer com vistas ao direito integral à saúde, assumido nas leis brasileiras (BRASIL, 2004; FIGUEIREDO; MELLO, 2007; PINA et al., 2009). PALAVRAS-CHAVE: Atenção básica. Resolutividade. Assistência à criança. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/785/estatuto_crianca_adolescen te_7ed.pdf?sequence=10>. Acesso em 04 de jan de 2012. ANAIS DO I SENAPS _______. Ministério da Saúde. AIDPI Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância: curso de capacitação: introdução: módulo 1. 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Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS INTEGRALIDADE DO CUIDADO A CRIANÇA NA ATENÇÃO PRIMARIA EM SAÚDE EM UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE97 Scaleti Vanessa Brisch98 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso99 Cláudia Silveira Viera3 Cláudia Ross3 Phallcha Luízar Obregón3 INTRODUÇÃO Estudo sobre a efetividade da atenção primária em saúde para crianças, que trata do principio da Integralidade, o qual diz respeito ao atendimento de forma integral pela equipe de saúde, executando atividades de prevenção, promoção, cura e reabilitação. A Atenção Básica, aqui tratada como sinônimo de Atenção Primária em Saúde (APS) caracteriza-se por conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde (BRASIL, 2007). Pode ser definida como conjunto indissociável de elementos estruturantes, os atributos do sistema de serviços de saúde, que são: acesso de primeiro contato, integralidade, longitudinalidade, coordenação, orientação familiar e comunitária e competência cultural (STARFIELD, 2002). No artigo 198, do texto constitucional, a integralidade aparece como umas das diretrizes do sistema único de saúde, a qual expressa um atendimento de forma integral, enfocando ações preventivas sem que ocorram danos aos serviços assistenciais (BRASIL, 1988 apud ALBUQUERQUE; STOTZ, 2004). Teixeira (2011) coloca que a 97 Agradecimentos a equipe da pesquisa que não pode ser nominada na autoria em função da limitação do número de co-autores: Ana Carolina de Souza, André Luiz Soares, Andreia Carrer, Bruna Regina Bratti Frank, Caroline Wink Sotti, Denise de Fátima Hoffmann Rigo, Henrique S. Shiroma, Jéssica Mayara Cardoso, Juliane Pagliari, Karina Faquini, Lindsay Menna Pereira, Louise B. Polina, Maciel Costa da Silva, Marina Casagrande Penteado, Nayara Angélica Barros Ribeiro, Paulo Henrique Pessali Dal’maso. 98 Acadêmica do 4º ano do Curso de enfermagem, campus Cascavel, bolsista de Ações Afirmativas do projeto Avaliação da efetividade da atenção primária em saúde para a criança. E-mail: scaleti_vanessa@hotmail.com Fone:(46)99112343 99 Docentes da Unioeste, orientadores da pesquisa. ANAIS DO I SENAPS integralidade diz respeito ao leque de ações possíveis para a promoção da saúde, prevenção de riscos e agravos e assistência a doentes, implicando a sistematização do conjunto de práticas que vem sendo desenvolvidas para o enfrentamento dos problemas e atendimento das necessidades de saúde. Atenção integral seria aquela que disponibilizasse unidades de prestação de serviços, pessoal capacitado e recursos necessários, à produção de ações de saúde que vão desde as ações inespecíficas de promoção da saúde em grupos populacionais definidos, às ações específicas de vigilância ambiental, sanitária e epidemiológica dirigidas ao controle de riscos e danos, até ações de assistência e recuperação de indivíduos enfermos, sejam ações para a detecção precoce de doenças, sejam ações de diagnóstico, tratamento e reabilitação. A APS trabalha no acompanhamento e cuidados a longo prazo de pacientes com problemas indiferenciados; conhecimento do usuário, das famílias e da comunidade, permitindo ao profissional planejar os cuidados a serem adotados; boa relação entre usuários e serviço, como também equipe; ligação entre comunidade e os serviços de saúde de diferente complexidade e maior probabilidade de atuar em regiões mais carentes (MELO et al, 2008). OBJETIVO Avaliar o atributo da integralidade da atenção primaria em saúde no cuidado à criança em unidades básicas de saúde do município de Cascavel, PR. METODOLOGIA Pesquisa quantitativa sobre a avaliação da integralidade do cuidado a saúde da criança nas Unidades Básicas de Saúde no município de Cascavel. Cidade localizada na região oeste do Paraná com 286.172 habitantes (IBGE, 2010), Cascavel é sede da 10º Regional de saúde do estado do Paraná e se constitui em referência em saúde para 24 municípios da região oeste do estado. A APS é desenvolvida em 32 unidades de saúde, sendo 10 equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF): duas em área urbana e oito ANAIS DO I SENAPS unidades na área rural e 22 unidades básicas de saúde (CASCAVEL, 2010), à época da coleta de dados da pesquisa. Esta é uma pesquisa que faz parte de uma pesquisa maior denominada “Avaliação da Efetividade do Cuidado na atenção primária em saúde para a criança”, financiada pelo edital universal CNPq nº 14/2011. A coleta de dados ocorreu com a aplicação do instrumento PCATool - Brasil versão criança nas UBS e USF urbanas, para um total de 548 participantes. A amostragem foi do tipo probabilística casual simples estratificada dentre as unidades de saúde e aplicada aos familiares de crianças usuárias das UBS’s que estiveram presentes nas unidades no período estipulado para a coleta. Foram considerados como critérios de inclusão da amostra ser residente em área urbana dos municípios, ter condições para ser o respondente do formulário (capacidade de entendimento, expressão e compreensão dos documentos apresentados). Como critérios de exclusão crianças foram procedentes de outro município ou da área rural; pais ou responsáveis que não tivessem condições de responder a entrevista. Os entrevistados foram os familiares (pai, mãe) e/ou cuidadores (avós, tios, cuidadores legais) de crianças até dez anos, atendidas nas UBS e USF urbanas do município de Cascavel. A coleta de dados ocorreu entre os meses de outubro e dezembro de 2012 e fevereiro de 2013. Os dados foram digitados em banco de dados no Excel e analisados quantitativamente e tabulados em estatística simples de distribuição de frequências absolutas e relativas, para posterior comparação com a literatura disponível acerca da temática em questão. Para todos os sujeitos participantes da pesquisa foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com o objetivo e forma de realização da pesquisa, com posterior solicitação da assinatura dos sujeitos. RESULTADOS A integralidade das ações implica que a unidade de APS precisa fazer arranjos para que os usuários recebam todo o tipo de serviço de atenção à saúde, mesmo que alguns não ocorram naquele ponto de atenção. No presente estudo, a avaliação dos serviços de saúde permitiu aferir a percepção dos cuidadores sobre a qualidade destes ANAIS DO I SENAPS serviços dirigidos à população infantil, através da medida da extensão dos atributos da APS, especificamente a integralidade. A identificação das UBS como serviço de referência para o cuidado de saúde das crianças foi observada para a maioria dos entrevistados no presente estudo. Esse fato ocorre devido ao serviço de atenção primária do município de estudo ser ofertado à população, em quase toda sua totalidade, por unidades básicas de saúde. Avaliando o item vacinas (imunização), identificou-se que o enfermeiro foi citado por (45) 8,7% como profissional de referência para este serviço, enquanto que o médico foi lembrado em (227) 44,1%. Os demais (241) 46,8% apontaram a UBS como referencia. Quanto a participação em programas sociais verificou-se que 53,9% sempre tiveram ou muitas vezes tiveram acesso ou participação em programas sociais, enquanto que 24,3% afirmaram poucas vezes ou nunca terem participação ou tido acesso aos programas ofertados pela UBS. Os demais 21,9% não sabem ou não lembram sobre o acesso ou participação neste serviço. Ao analisar o item planejamento familiar ou métodos anticoncepcionais 73,5% dos indivíduos afirmaram sempre ter acesso ao serviço. Em relação aos que nunca ou poucas vezes tiveram acesso ou informação, corresponderam a 12,9%. Os que não souberam ou não lembraram correspondem a 9,1%. Desta forma a cobertura dos indivíduos que possuem acesso ou informação ao planejamento familiar ou métodos anticoncepcionais é superior aos que possuem pouca ou nenhuma informação, mostrando efetividade deste item nas UBS. Em relação aos programas de suplementação nutricional 49,5% dos indivíduos sempre e muitas vezes conheceram ou tiveram acesso aos mesmos. Enquanto 24% nunca ou poucas vezes possuíram acesso. O restante 26,5% não souberam ou não se lembraram de ter conhecimento ou participação sobre os mesmos. Esses dados revelam falhas na atenção primária, pois mais de 50% dos usuários entrevistados nunca receberam informações ou tiveram acesso. Quanto ao item aconselhamento ou tratamento para uso prejudicial de drogas constatou-se que 38% sempre e muitas vezes tiveram acesso ao serviço, ao mesmo tempo que 26,1% nunca e poucas vezes usufruíram do serviço. Ainda, 36% não souberam ou não lembraram deste item, o que demonstra baixa ANAIS DO I SENAPS utilização e conhecimento do serviço nas UBS, visto que 62% não conhecem ou não lembram de sua existência. Em relação ao item aconselhamento para problemas de saúde mental, identificou-se que 26,7 nunca ou poucas vezes tiveram acesso ao serviço, parâmetro que se iguala aos que sempre ou muitas vezes tiveram este acesso. Os que não souberam ou não recordam da oferta foi de 49,9%, o que demonstra que a população não tem conhecimento nem acesso ao serviço, visto que 76% nunca tiveram acesso, não souberam ou não lembraram do serviço. Sobre a avaliação do item sutura de corte que necessite de pontos os dados revelam que 15,3% dos indivíduos afirmaram nunca ser realizado tal procedimento pelas UBS, em contrapartida 11,6% afirmam que sempre é realizado nas UBS. Porém 13,8% dos indivíduos não souberam ou não lembraram se este procedimento é realizado nas UBS. A avaliação do aconselhamento e solicitação de teste anti-HIV demonstrou que 16,4% nunca e provavelmente não conheceram e não tiveram acesso a este serviço. Enquanto que 60% afirmaram sempre e muitas vezes ter acesso e conhecer o serviço. Os que afirmaram não saber ou não lembrar foram 23,5%. Percebe-se assim que quanto a este quesito, no estudo realizado, o item mostrou-se efetivo. O item identificação de problemas visuais apontou que 34,2% dos participantes relataram nunca e poucas vezes ter acesso ao serviço, ao mesmo tempo que 26,4% afirmaram sempre e muitas vezes terem acesso ao serviço. Outros afirmam não saber ou não lembrar do serviço prestado, correspondendo à 39,4%. Quanto à avaliação dos serviços com relação ao item orientações para manter sua criança saudável foram identificados que 81% dos indivíduos sempre e muitas vezes receberam orientações sobre a saúde de suas crianças, e 19,9% afirmar nunca e poucas vezes as terem recebido. Verifica-se, portanto a efetividade das UBS com relação às orientações de saúde da criança. Quanto à segurança no lar 61,1% dos entrevistados afirmaram sempre e muitas vezes receberem orientações quanto à segurança das crianças. Os que afirmam nunca e poucas vezes receberem orientações quanto a esse aspecto correspondem a 36,6%. Assim, entende-se que as UBS estão realizando as orientações quanto à segurança das crianças, cumprindo, dessa forma, seu papel. O item ANAIS DO I SENAPS mudanças do crescimento e desenvolvimento da criança esperados para cada idade mostrou que 67,3% dos entrevistados sempre e muitas vezes recebem orientações nas UBS sobre o desenvolvimento e características de fase da vida das crianças. 30,7% dos indivíduos nunca ou poucas vezes receberam orientações a respeito do desenvolvimento das crianças. A avaliação do item maneiras de lidar com os problemas de comportamento da criança revelou que 50,2% dos entrevistados das UBS nunca ou poucas vezes receberam informações e orientações de como se portar e lidar com o comportamento das crianças. 45,5% afirmam que sempre e muitas vezes recebem explicações sobre o assunto, 4,2% não sabem ou não lembram do tipo de serviço ofertado. O item maneiras para manter sua criança segura apontou que 57,5% sempre e muitas vezes recebem orientações de como manter as crianças seguras. Enquanto 40,5% demonstram que os entrevistados nunca e poucas vezes receberam orientações quanto a este assunto. Em estudo semelhante realizado por Leão, Caldeira e Oliveira (2011), os autores avaliaram os serviços ofertados nas USF e outros serviços de APS e identificaram que existe uma necessidade das unidades de saúde da ESF disponibilizarem mais serviços para atenderem às necessidades básicas de saúde da população, incluindo insumos como vacinas e medicamentos. Registra-se também a necessidade de uma melhora na qualificação dos profissionais em relação aos cuidados no manejo das condições mais comuns e de grande impacto na saúde geral das famílias e da comunidade (tais como alcoolismo, uso de drogas, problemas de saúde mental, entre outros). Torna-se necessário, pois a ampliação do escopo de atuação dos serviços de saúde. No estudo de Pereira et al. (2011), para avaliar características organizacionais e de desempenho de uma UBS, os serviços mais disponíveis encontrados foram vacinação, cuidado de pequenos ferimentos, acompanhmaneto das crianças e insipientes ações de prevenção, em similaridade ao que encontramos em nossos resultados. CONCLUSÃO ANAIS DO I SENAPS Conclui-se que o PCATool infantil representa um bom instrumento de avaliação e comparação da estrutura e processo dos serviços de APS dirigidos à população infantil. A APS de qualidade é uma estratégia efetiva na busca de maior promoção da saúde, prevenção de doenças, melhor estado de saúde das crianças e maior satisfação dos cuidadores. Contudo, em relação ao atributo integralidade, alguns de seus aspectos são considerados satisfatórios pelos usuários, como a disponibilidade de vacinas, acesso a programas sociais, planejamento familiar, enquanto outros precisam ser melhor desenvolvidos, como programas de suplementação nutricional, tratamento do uso de drogas e problemas de saúde mental. PALAVRAS- CHAVE: Cuidado; Integralidade; Atenção primária em saúde; Criança. REFERÊNCIAS: ALBUQUERQUE, P. C.; STOTZ, E. N. A educação popular na atenção básica à saúde no município: em busca da integralidade. Interface - Comunic., Saúde, Educ, Recife, v.8, n.15, p.259-74, mar/ago.2004. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Agenda de compromissos para a saúde integral da criança e redução da mortalidade infantil – Brasília. Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção À Saúde. Departamento de Atenção Básica. 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Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS PROTOCOLO DE ALIMENTAÇÃO DO LACTENTE E DA CRIANÇA PORTADORES DE FISSURA LÁBIO PALATAL Thaís Dresch Eberhardt100 Fabiana Severino Kupka101 Giselle Colpani3 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso4 Fabiana Gonçalves de Oliveira Azevedo Matos5 Eliane de Souza6 INTRODUÇÃO: A fissura lábio palatal é uma patologia congênita, caracterizada por uma falha tecidual ao nível do lábio e palato superior, podendo comprometer a arcada alveolar, o palato duro e o palato mole. (SÃO PAULO, 2012). Os lactentes que nascem com fissuras labiais ou palatais sofrem interferência na sua capacidade de alimentação, apresentando aspectos negativos na sua evolução normal. Por isso, o tratamento deve garantir a nutrição, estimulação neurossensorial e harmonia familiar, por meio de apoio e orientação aos familiares para que aceitem a situação do portador de fissura e prestem os cuidados adequados a ele (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000). 100 Enfermeira, Residente do Programa de Residência em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) – Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP), campus Cascavel. E-mail: thaiseberhardt@gmail.com. Telefone: (45) 99194200. Endereço: Rua do Encanador, nº 85, bairro Universitário, Cascavel - PR. 101 Enfermeira, Especialista em Saúde da Mulher, Enfermeira do CEAPAC/HUOP, Cascavel. 3 Enfermeira, Residente do Programa de Residência em Gerenciamento de Enfermagem em Clínica Médica e Cirúrgica da UNIOESTE – HUOP, campus Cascavel. 4 Enfermeira, Doutora em Ciências pelo Programa de Enfermagem em Saúde Pública da EERP/USP, docente do Curso de Enfermagem da Unioeste, campus Cascavel. 5 Enfermeira, Doutora em Ciências pelo Programa de Enfermagem em Saúde Pública da EERP/USP, docente do Curso de Enfermagem da Unioeste, campus Cascavel 6 Auxiliar de Enfermagem. Graduada em Pedagogia. Auxiliar de enfermagem do CEAPAC/HUOP, Cascavel. ANAIS DO I SENAPS Batista, Triches e Moreira (2011) estudaram a influência do aleitamento materno sobre o desenvolvimento bucomaxilofacial em crianças com fissura. Concluíram que o aleitamento em crianças portadoras de fissura de lábio palatal e/ou palatal é fator decisivo para a correta maturação e crescimento craniofacial em nível ósseo, muscular e funcional e na prevenção de problemas bucais. É de fundamental importância que as crianças com más formações orais sejam amamentadas porque o aleitamento materno diminui as infecções de ouvido e reduz a inflamação da mucosa nasal causada por refluxo do leite. O aleitamento materno promove o equilíbrio da musculatura orofacial, favorecendo o desenvolvimento das estruturas do sistema motor oral. Crianças com fissuras que não envolvem o palato têm menor dificuldade para mamar do que as que possuem fissura palatal, da mesma forma, a criança com fissura labial que envolve narinas e arcada dentária tem maior dificuldade de realizar a pega do mamilo e aréola e maior possibilidade de ter refluxo de leite para as narinas. As fendas labiais bilaterais comprometem o músculo orbicular dos lábios e consequentemente o vedamento anterior durante a amamentação. As fissuras posteriores pequenas geralmente não causam problemas para a amamentação, mas as fissuras palatais mais extensas dificultam a amamentação porque a língua não encontra apoio para compressão do mamilo e da aréola, limitando a compressão dos seios lactíferos para extração do leite (BRASIL, 2009). Anexo ao Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) foi inaugurado no começo do mês de março de 2013, o Centro de Atenção e Pesquisa em Anomalia Craniofacial (CEAPAC). Este é um serviço novo, que realiza atendimento aos portadores de fissura lábio palatal e outras doenças congênitas, por esse motivo, está em fase de estruturação. Conta com equipe interdisciplinar composta por enfermeiros, técnico de enfermagem, dentistas (ortodondista, cirurgiões bucomaxilofacial), médicos (pediatra, otorrinolaringologista, cirurgião plástico), nutricionista, psicóloga, fonoaudióloga e assistente social, entre outros. Além disso, alguns destes profissionais são docentes vinculados à Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). ANAIS DO I SENAPS Para garantir a qualidade da assistência de enfermagem a estes pacientes, é preciso construir protocolos de assistência. A elaboração de um protocolo sobre a alimentação de lactentes e crianças portadoras de fissura lábio palatal atendidos pelo CEAPAC torna-se relevante, pois permite padronizar as orientações realizadas pelos enfermeiros do serviço aos pais e familiares dos fissurados. OBJETIVO: Elaborar protocolo de alimentação do lactente e da criança portadores de fissura lábio palatal atendidos no CEAPAC com a finalidade de estimular a alimentação via oral sempre que possível e orientar o usuário e/ou família sobre a alimentação do portador de fissura lábio palatal. METODOLOGIA Trata-se de uma proposta de padronização dos procedimentos realizados pela equipe de enfermagem neste serviço, a fim de melhorar a qualidade da assistência prestada. Foi realizada revisão da literatura através de busca de artigos científicos na Biblioteca Virtual da Saúde, além de teses, dissertações e monografias, ou manuais de outros órgãos e instituições disponíveis on-line que abordassem o tema. As buscas foram feitas com o descritor de saúde: “alimentação” e também com as palavras “fissura” e “fissura lábio palatal”. RESULTADOS Foram encontrados uma revisão sistemática publicada na Biblioteca Cochrane, três artigos publicados em revistas científicas, um manual do Ministério da Saúde e outro do município de São Paulo e uma monografia. A partir da revisão da literatura específica encontrada, foi elaborado o protocolo, no qual foram abordadas as orientações para alimentação do lactente e da criança, sendo ANAIS DO I SENAPS incluídos os seguintes assuntos: aleitamento materno, descrevendo a técnica adequada de amamentação do fissurado; o uso correto de mamadeiras, nos casos em que houver interrupção do aleitamento materno; o intervalo indicado entre as mamadas; os cuidados após a alimentação/amamentação, para evitar broncoaspiração; a higiene oral e nasal, de forma a prevenir infecções; introdução de alimentos pastosos e sólidos; e orientações sobre prevenção e conduta frente à aspiração de corpo estranho. Aleitamento materno: Estimular o aleitamento materno (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; BRASIL, 2009) desde que a criança consiga sugar e a mãe sinta-se segura e à vontade (SÃO PAULO, 2012); o recém-nascido deve ter nascido a termo e sem intercorrência associada; Lembrar que, geralmente, bebês com fissura palatina mais extensa ou labiopalatina não apresentam níveis normais de sucção (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; CAMPILLAY; DELGADO; BRESCOVICI, 2010); Orientar a mãe sobre as posições corretas para o aleitamento materno (figura 1): Figura 1: Posições corretas para o aleitamento materno de lactentes portadores de fissura lábio palatina. Fonte: São Paulo, 2012. ANAIS DO I SENAPS A criança deverá ficar em posição inclinada em situação quase vertical (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; BRASIL, 2009; MARTINS, 2001; SANTOS et al., 2011, SÃO PAULO, 2012), os lábios (superior e inferior) devem ficar virados para fora, como se estivesse apoiados na mama (ROCHA et al., 2008, apud SÃO PAULO, 2012), o mamilo deve ocluir a fenda (SÃO PAULO, 2012); A mãe pode realizar a expressão manual do leite para amaciar o mamilo e a aréola (BRASIL, 2009); Ocluir a fenda com o dedo da mãe, durante a mamada (BRASIL, 2009); Aplicar compressas mornas nas mamas para facilitar a saída do leite (BRASIL, 2009); Posicionar o mamilo em direção ao lado oposto à fenda (BRASIL, 2009); O bebê precisa abocanhar o mamilo e a maior parte possível da aréola (ROCHA et al., 2008, apud SÃO PAULO, 2012); O tempo da amamentação pode ser o dobro de uma criança sem fissura (SÃO PAULO, 2012); Uso de mamadeiras: Quando não se consegue aleitamento materno por meio da sucção no peito da mãe, recomenda-se colocar o bebê por cinco minutos em cada seio para estimular a descida do leite e reforçar o contato mãe-filho. Após, oferecer o leite ordenhado em mamadeira com bico ortodôntico. Se isto não for possível, deve-se oferecer outro leite em mamadeira (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000); O bico deve: o ter um comprimento que não interfira na direção do crescimento da face (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000); o ser flexível (SANTOS et al., 2011); O furo do bico deve ser graduado de acordo com o poder de sucção que cada criança tem, sendo um tamanho regular, indicado para intensificar o movimento de sucção, além de manter um fluxo de leite próximo ao gotejar constante e mantendo o bico cheio ANAIS DO I SENAPS de leite (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; CAMPILLAY; DELGADO; BRESCOVICI, 2010); O bico deve ser posicionado na região anterior da boca e com o furo voltado para cima, evitando que o bico fique direcionado para a cavidade nasal; o bico deve estar sempre formando um ângulo de 90º em relação à face (ALTMANN; et al., 1997 apud ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; MENDES; LOPES, 2006 apud CAMPILLAY; DELGADO; BRESCOVICI, 2010); conforme figura 2, na qual o número 1 representa sucção através do seio materno, 2 sucção através do bico da mamadeira e 3 através do bico ortodôntico; Figura 2: Posição do mamilo, bico da mamadeira e bico ortodôntico durante o aleitamento. Fonte: Kudo et al., 1980 apud Araruna e Vendruscolo, 2000. A retirada da mamadeira deve acontecer entre um ano e seis meses e dois anos de idade para que não ocorram problemas dentários e musculares (ALTMANN, 1997 apud CAMPILLAY; DELGADO; BRESCOVICI, 2010; MENDES; LOPES, 2006 apud CAMPILLAY; DELGADO; BRESCOVICI, 2010); Somente na fase inicial, quando o recém-nascido ainda está apresentando alguma dificuldade para se adaptar à mamadeira, indicam-se manobras que facilitem o escoamento de leite para a cavidade oral: ANAIS DO I SENAPS o apertar o frasco da mamadeira de plástico (ALTMANN et al., 1997 apud ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; MARTINS, 2001); o apertar levemente o próprio bico da mamadeira nas laterais (ALTMANN et al., 1997 apud ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000); o pressionar o bico da mamadeira sobre a língua de forma a provocar o abaixamento da mandíbula (ALTMANN et al., 1997 apud ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000); o puxar levemente o bico da mamadeira para fora da boca (ALTMANN et al., 1997 apud ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000); o fazer pressão externa nas bochechas da criança, assim como embaixo da mandíbula (ALTMANN et al., 1997 apud ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; MARTINS, 2001); Garrafas plásticas comprimíveis parecem ser mais fáceis de usar do que mamadeiras rígidas para recém-nascidos com fendas labiais e/ou palatinas (BESSEL; et al., 2013); A mamadeira pode ser substituída por uma xícara (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000). Intervalo entre as mamadas: Durante o primeiro mês de vida: fracionar o horário de alimentação em intervalos de duas em duas horas e sempre que o bebê sentir fome (LIMA et al., 1997 apud MARTINS, 2001); Após, alimentar o bebê pelo menos de três em três horas (LIMA et al., 1997 apud MARTINS, 2001). Cuidados após a alimentação: Orientar os pais a manter o bebê em posição vertical até eructar (MARTINS, 2001); Após, colocá-lo em decúbito lateral (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000). Higiene oral e nasal: Realizar higiene oral e nasal antes e após a alimentação utilizando cotonete umedecido em água (ARARUNA; VENDRUSCOLO, 2000; MARTINS, 2001; SANTOS et al., 2011); ANAIS DO I SENAPS Alimentos pastosos e sólidos: Recomenda-se que as crianças com fissuras labiopalatinas não recebam alimentos pastosos antes dos cinco meses e a partir dos seis meses deve-se oferecer uma dieta mista (ALTMANN et al., 1997 apud CAMPILLAY; DELGADO; BRESCOVICI, 2010; SILVA et al., 2005 apud CAMPILLAY; DELGADO; BRESCOVICI, 2010); A introdução de alimentos pastosos e sólidos deve seguir as recomendações da literatura para a alimentação das crianças. Orientações sobre aspiração de corpo estranho (segundo BARACT, [2010?]: Orientar os pais sobre os sinais de aspiração durante a alimentação: tosse, engasgos, sudorese e cianose; Intorromper a alimentação imediamente após a presença dos sinais de aspiração; Quando a aspiração é parcial, a criança pode tossir e esboçar sons. Nesta situação, o melhor procedimento é a não intervenção no ambiente doméstico e encaminhamento a um serviço de saúde para tratamento; Quando a aspiração é total, a criança não consegue esboçar nenhum som, está com asfixia, falta de ar importante e até com os lábios arroxeador. Nesta situação, deve-se proceder da seguinte maneira: o Crianças maiores de um ano: realizar a manobra de Heimlich, que consiste em compressões abaixo das costelas, com sentido para cima, abraçando a criança por trás, até que o corpo estranho seja deslocado da via aérea para a boca e expelido, conforme figura 1; Figura 1: Manobra de Heimlich ANAIS DO I SENAPS Fonte: BARACAT, [2010?]. o Crianças menores de um ano: realizar cinco percussões com a mão na região das costas, a criança com a cabeça virada para baixo; seguida de cinco compressões na frente, até que o corpo estranho seja expelido ou a criança torne-se responsiva e reaja; Figura 2: título Fonte: BARACAT, [2010?]. o Se você conseguir visualizar o corpo estranho na boca, retire-o com cuidado, mas não tente ir às cegas com o dedo na boca, pois pode provocar lesões na região ou empurrar o corpo estranho para regiões mais baixas, e piorar o quadro de obstrução; Comunicar e solicitar remoção ao Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) através do número de telefone 192. CONLUSÕES Com a elaboração deste protocolo espera-se que as orientações realizadas pelos profissionais do CEAPAC aos pais e familiares dos portadores de fissura lábio palatal sejam padronizadas e embasadas cientificamente, visando adequar os cuidados relacionados à alimentação. Espera-se também incentivar o aleitamento materno exclusivo, naqueles casos em que for possível, por meio de orientação quanto à técnica adequada de amamentação do lactente fissurado. Para tornar o protocolo interdisciplinar, pretende-se discuti-lo com a nutricionista e a fonoaudióloga do setor. ANAIS DO I SENAPS PALAVRAS-CHAVE: Fenda labial, Fissura palatina, Alimentação. REFERÊNCIAS ARARUNA, Raimunda da Costa; VENDRUSCOLO, Dulce Maria Silva. Alimentação da criança com fissura de lábio e/ou palato: um estudo bibliográfico. Revista LatinoAmericana de Enfermagem, [online], v. 8, n. 2, p. 99-105, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n2/12424.pdf>. Acesso em 18 mar. 2013. BARACAT, Emílio Carlos. Elias. Aspiração de corpo estranho. Sociedade Brasileira de Pediatria: [online], [2010?]. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=21&id_detalhe=2918&tipo_det alhe=S>. Acesso em 25 mar. 2013. BATISTA, Luciana Rodrigues; TRICHES, Thaiza Cezária; MOREIRA, Emília Addison M. Desenvolvimento bucal e aleitamento materno em crianças com fissura labiopalatal. Revista Paulista de Pediatria, v. 29, n. 4, p. 674-9, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpp/v29n4/31.pdf>. Acesso em 23 abr. 2013. BESSELL, Alyson; HOOPER, Lee; SHAW, William C.; REILLY, Sheena; REID, Julie; GLENNY, Anne-Marie. Feeding interventions for growth and development in infants with cleft lip, cleft palate or cleft lip and palate. The Cochrane Library, [online], Issue 2, 2013. Disponível em: <http://cochrane.bvsalud.org/cochrane/show.php?db=reviews&mfn=&i>. Acesso em 18 mar. 2013. BRASIL. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar. Ministério da Saúde: Brasília, 2009. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_crianca_nutricao_aleitamento_alime ntacao.pdf>. Acesso em 18 mar. 2013. CAMPILLAY. Paloma Letelier; DELGADO, Susana Elena; BRESCOVICI, Silvana Maria. Avaliação da alimentação em crianças com fissura de lábio e/ou palato atendidas ANAIS DO I SENAPS em um hospital de Porto Alegre. Revista CEFAC, [online], v. 12, n. 2, mar./abr. 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcefac/v12n2/20-09.pdf>. Acesso em 18 mar. 2013. MARTINS, Juliana. Orientações aos pais de portadores de fissura lábio palatal: um olhar clínico. 2001. 53 f. Monografia (Especialização em motricidade oral) – Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, Itajaí, 2001. Disponível <http://www.cefac.br/library/teses/6f20781ef10734cb0af1d58aae6d84eb.pdf>. em: Acesso em 18 mar. 2013. SANTOS, Elen Cristina dos; LEITE, Silvanilde Gomes da Silva; SANTOS, Susana Maria Pereira; NEVES, Zaianni Ferreira; PASSOS, Xisto Sena; SILVEIRA, Fabiana Fagundes de Carvalho Fernandes. Análise qualitativa do padrão alimentar de crianças portadoras de fissura de lábio e/ou palato atendidas em um hospital de Goiânia – GO. Journal of the Health Sciences Institute, [online], v. 29, n. 3, p. 183-5, 2011. Disponível em: <http://www.unip.br/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2011/03_julset/V29_n3_2011_p183-185.pdf>. Acesso em 19 mar. 2013. SÃO PAULO. Manual cuidados básicos aos portadores de fissuras labiopalatinas. São Paulo: SMS, 2012. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/saudebucal/ manual_fissura_2012.pdf >. Acesso em 20 mar. 2013. ANAIS DO I SENAPS AVALIAÇÃO DA ORIENTAÇÃO FAMILIAR E COMUNITÁRIA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DA CRIANÇA EM LONDRINA-PR102 Jéssica Mendes Daschevi103 Mauren T. G. Mendes Tacla 104 Barbara de Andrade Alves105 INTRODUÇÃO A atenção primaria é considerada a porta de entrada dos serviços de saúde, ou seja, o primeiro contato dos indivíduos, suas famílias e a população com o sistema de saúde, além de ser o local responsável pela organização do cuidado e que tenta propor um equilíbrio entre melhorar a saúde da população e proporcionar a equidade na distribuição de recursos. (STARFIELD, 2002) Foi adotado então, a Estratégia da Saúde da Família como uma maneira de expandir a atenção básica, tornando-o uma estratégia de implementação e organização da Atenção Primaria à Saúde focada na família e inserida na comunidade. (BRASIL, 1997) Conforme chega mais próximo dos indivíduos e da comunidade, a atenção primária consegue aumentar seu poder de interação. (HARZHEIM et al, 2006) Sendo assim, a orientação familiar consiste no conhecimento dos fatores familiares relacionados à origem e aos cuidados das enfermidades e a orientação comunitária como reconhecer as necessidades na comunidade através de dados epidemiológicos e contato direto.(STARFIELD, 2002) OBJETIVO Avaliar os princípios da orientação familiar e comunitária, da Atenção Primária a Saúde da Criança do município de Londrina-PR. 102 Este estudo faz parte de um projeto maior denominado “Avaliação da efetividade da atenção primária em saúde para crianças”, financiado pelo edital universal CNPq 14/2011, sob nº 474743/2011-0. Agradecimentos a equipe da pesquisa que não pode ser nominada na autoria em função da limitação do número de co-autores: Gisleine Tiemi de Souza, Gabriela D´Ovídio, Isadora Rossignolo, Leila Pegoraro, Louise Fontana. 103 Aluna da 3ª série do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina. Bolsista de Iniciação Científica. 104 Enfermeira. Doutora em Enfermagem em Saúde Pública pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto Universidade de São Paulo. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina - UEL. 4 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Londrina - UEL ANAIS DO I SENAPS MÉTODOS Pesquisa avaliativa, de natureza quantitativa, realizada por meio do instrumento de Avaliação da Atenção Primária denominado PCATool (Primary Care Assessment Tool)-Brasil versão criança. Este questionário avalia os atributos essenciais da Atenção Primária (acesso de primeiro contato, integralidade, longitudinalidade e coordenação) e seus atributos derivados (orientação familiar, orientação comunitária e competência cultural) a partir de uma lista de questões sobre os serviços respondidas por usuários. O instrumento foi aplicado em 39 unidades básicas de saúde no município de Londrina, Paraná no período entre agosto de 2012 e janeiro de 2013. A amostra foi de 609 entrevistas. As perguntas eram feitas aos principais cuidadores das crianças, menores de doze anos de idade, que utilizaram o serviço pelo menos três vezes. O entrevistado escolhia a melhor opção entre as respostas: com certeza não, provavelmente não, com certeza sim, provavelmente sim e não sei/não lembro. RESULTADOS De acordo com a análise dos dados referente à dimensão da orientação familiar, ao perguntar aos cuidadores se o profissional conhecia bastante a família da criança, prevaleceu as respostas negativas (67,9%) em que 58,9% responderam com certeza não e 21,5 % com certeza sim; para o conhecimento do profissional sobre os problemas mais importantes da família também prevaleceu as respostas negativas (67,4%),com certeza não (58,9%),com certeza sim (19,5%); sobre o conhecimento do trabalho/emprego dos familiares da criança teve prevalência as respostas negativas (79,8%), com certeza não (73,2%) e com certeza sim (16,4); se o profissional saberia se o cuidador tivesse problemas em obter medicamentos respostas negativas prevaleceram (51%), com certeza não (42,2%), com certeza sim (32,7%); se o profissional pergunta sobre opiniões e ideias no tratamento da criança houve resultados negativos (65,8%),com certeza não( 60,2%), com certeza sim (29,2%); se perguntam sobre problemas e doenças existentes na família, as respostas foram positivas (68,2%), com ANAIS DO I SENAPS certeza não (29,3%) e com certeza sim (66,2%). Os resultados geraram um escore negativo para o atributo de orientação familiar (64,1%). Já em relação á orientação comunitária os resultados foram satisfatórios com respostas positivas para as perguntas sobre realização de visitas domiciliares (69,9%); conhecimento sobre os problemas da vizinhança (63,9%) e realização de pesquisas para identificar esses problemas (42,9%), enquanto em relação à pergunta do convite para participação do Conselho de Saúde, os resultados não foram satisfatórios, com prevalência nas respostas negativas (56,2%). O escore gerado para a orientação comunitária foi positivo (59,9%). CONCLUSÃO Conhecer como está sendo a orientação para família e comunidade é importante na avaliação da efetividade da atenção primária, tendo em vista seu compromisso com a integralidade da assistência focada na unidade familiar e na consistência com o contexto socioeconômico, cultural e epidemiológico da comunidade. Os resultados apontam, pelo ponto de vista dos usuários (cuidadores), uma deficiência por parte das unidades básicas de saúde em oferecer uma orientação familiar adequada, mostrando que o profissional responsável pelo atendimento pode, em alguns casos, não conhecer os problemas voltados às famílias das crianças. A grande preocupação em se resolver os problemas das crianças, ou seja, tratar a doença em si e não olhar o contexto em que ela está inserida, pode estar contribuindo para que isso ocorra. Além disso, o que poderia também justificar esses resultados, seria uma alta rotatividade e/ou falta de profissionais, principalmente de pediatras, nos serviços, além do problema da carga horaria efetiva, que em alguns casos é inferior à contratada. A orientação à comunidade, no entanto, obteve resultados positivos quanto à sua avaliação, mostrando que as unidades básicas de saúde apresentam uma equipe interessada e disponível para fazer visitas domiciliares e pesquisas na comunidade, a fim de identificar e posteriormente tentar solucionar os problemas existentes na população. A visita domiciliar é uma importante atividade que possibilita o conhecimento da situação de ANAIS DO I SENAPS saúde das famílias, e constitui uma boa maneira para estabelecer vínculos entre as equipes e as famílias. Se o serviço fornecer uma boa orientação às famílias e à comunidade, poderão identificar os problemas existentes, que por sua vez, se forem prevenidos e solucionados, diminuirão a morbidade na população em geral e principalmente nas crianças. É por isso que devemos voltar nossa atenção não apenas ao problema da criança, mas também ao contexto em que ela inserida (ambiente familiar e comunitário), o qual influenciará na qualidade da sua saúde. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação de serviços de saúde; Atenção primaria á saúde; Serviços de saúde. Referências BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Avaliação normativa do Programa Saúde da Família no Brasil: monitoramento da implantação e funcionamento das equipes de saúde da família: 2001-2002 / Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2004. BRASIL. Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Atenção Primária e Promoção da Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2007. 1-232 p. (Coleção Progestores – Para entender a gestão do SUS, 8). HARZHEIM, E. et al. Consistência interna e confiabilidade da versão em português do Instrumento de Avaliação da Atenção Primária (PCATool-Brasil) para serviços de saúde infantil. Cad Saude Publica, Rio de Janeiro, v.22, n.8, p.1649-59, 2006. STRALEN, C. J. et al. Percepção dos usuários e profissionais de saúde sobre atenção básica: comparação entre unidades com e sem saúde da família na Região Centro-Oeste do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.24, Sup 1, p.S148-S158, 2008. ANAIS DO I SENAPS STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura/Ministério da Saúde; 2002. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS AVALIAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LONGITUDINALIDADE DA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE DA CRIANÇA EM LONDRINA-PR Leila Garcia de Oliveira Pegoraro106 Gabriela D’ovidio Menezes ¹ Sarah Nancy Deggau Hegeto de Souza² INTRODUÇÃO A partir da reorganização do Sistema Único de Saúde e a ampliação da rede de serviço na área da Atenção Primária à Saúde, responsável pela prevenção, promoção e recuperação da saúde dos indivíduos em todas as fases da vida, a Estratégia Saúde da Família vem aprimorando o acesso da população às ações de saúde. A Atenção Primária à Saúde vista como o primeiro nível de atenção, é a porta de entrada do sistema de saúde. Identificar o grau de orientação à atenção primária em saúde de cada serviço ou equipe de ESF, possibilita conhecermos sua efetividade. Sabe-se da influência que fatores socioambientais exercem na saúde da criança, porém questiona-se: por que as crianças continuam adoecendo e necessitando de internação hospitalar por doenças que são de internação evitável e poderiam ser resolvidas no nível da atenção básica em saúde? Os serviços de atenção primária à saúde – unidade básica de saúde, unidade de saúde da família, ambulatório – têm conseguido resolver os problemas de saúde quando a família traz sua criança doente para atendimento? Utilizando o instrumento de avaliação da atenção primária PCATool podemos comparar o grau de orientação à APS dos outros modelos de atenção básica que ainda coexistem junto à ESF, como as 106 Acadêmica do 3º e 4º ano do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina/ PR. ²Enfermeira. Doutora em Ciências. Docente do Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina/PR ANAIS DO I SENAPS unidades básicas tradicionais. Sua efetividade tem o potencial de evitar o agravamento de problemas de saúde que se diagnosticados e tratados em tempo evitam as hospitalizações. O presente estudo avaliará o princípio da longitudinalidade, que é definida pela existência de uma fonte continuada de atenção, assim como sua utilização ao longo do tempo. A relação entre a população e sua fonte de atenção deve se refletir em uma relação interpessoal intensa que expresse a confiança mútua entre os usuários e os profissionais de saúde. Tendo as crianças como objeto de estudo, a longitudinalidade é de grande importância, para que as orientações não se percam e para o cuidador ter um local e profissional como referência para a prevenção e tratamento de agravos na saúde infantil. OBJETIVO Avaliar o princípio da longitudinalidade na atenção primária a saúde por meio do instrumento Pcatool-Brasil versão criança em unidades básicas de saúde do município de Londrina, Paraná. MÉTODO Pesquisa multicêntrica, desenvolvida concomitante em dois municípios da região sul e um da região nordeste. Trata-se de uma pesquisa avaliativa, quantitativa, realizada por meio do instrumento de Avaliação da Atenção Primária denominado PCATool (Primary Care Assessment Tool) versão criança. Participaram da pesquisa 609 cuidadores legais de crianças com idade até onze anos, onze meses e vinte e nove dias, em 39 UBS de referência para os participantes. A coleta de dados ocorreu no período de agosto de 2012 a janeiro de 2013, realizado por alunos de graduação e pós-graduação participantes do Grupo de Pesquisa de Assistência Integral à Saúde da Criança da ANAIS DO I SENAPS Universidade Estadual de Londrina, treinados para esse fim. Os critérios de exclusão foram familiares de crianças procedentes da área rural e/ou que utilizam esporadicamente a unidade para finalidades específicas, por exemplo, somente imunização. Para todos os sujeitos participantes da pesquisa foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com posterior solicitação da assinatura. RESULTADOS Registrou-se a regularidade no atendimento pelo mesmo profissional em cerca de 72,6% das respostas obtidas. Os dados demonstraram que há uma boa comunicação do profissional com o usuário. Na questão quanto ao entendimento do cuidador em relação às orientações do profissional, 77,8% disseram que entendem a explicação do profissional, 84,8% dos usuários relataram que o profissional responde suas perguntas de maneira que ele entenda, porém 10,4% dos pacientes disseram que o profissional não dá tempo para que suas preocupações sejam expostas. Importante analisarmos que 65,1% relatou que o profissional sabe a respeito dos medicamentos que seu filho está tomando, porem 44,9% da população relata que o profissional desconhece as medicações em uso. Observou-se que a maioria dos usuários, 44,3%, não consegue ter acesso aos profissionais pelo telefone, e que se tiverem uma emergência teriam que ir até a unidade básica de saúde para conversar com o profissional que melhor conhece seu filho; 25% relatou que não sabem se poderiam telefonar e conversar ou disseram que nunca tentaram. Grande parte dos cuidadores, 42,7%, respondeu que o profissional conhece a criança além de um problema de saúde, o que deveria gerar melhor receptividade dos cuidados preventivos e melhor comunicação e estabelecer vinculo. Mas 36,4% desta população avaliada acredita que o profissional não vê a criança além do problema de saúde. Outro dado avaliado demonstra que 35,2%, ou seja, 214 cuidadores das 609 entrevistas relataram que mudariam de serviço de aúde se fosse possível, demonstrando certo descontentamento em relação a algum aspecto da ANAIS DO I SENAPS assistência recebida para com seus filhos. Quando o usuário tem resolutividade em seu atendimento, conquista-se uma importante etapa na adesão do tratamento e resolução dos problemas de saúde, Dessa forma, favorece a construção de uma relação de confiança e respeito para com o usuário que busca o atendimento. Analisando os escores do item longitudinalidade, observa-se que para esse grupo de perguntas analisadas tivemos um bom resultado vendo que 53,2% responderam provavelmente sim, o que é avaliado de uma forma positiva para respostas das perguntas que foram feitas pelo entrevistador. A porcentagem que avalia negativamente a longitudinalidade foi de 16,6%. A presença adequada da longitudinalidade é um fator essencial para o sistema de saúde, pois este atributo tende a produzir diagnóstico e tratamentos mais precisos, além da redução dos encaminhamentos desnecessários para especialistas e para a realização de procedimentos de maior complexidade. A formação do vínculo ocorre pela aproximação entre usuário e profissionais de saúde, neste caso os cuidadores, que para a assistência à saúde da criança é preciso maior interação com a família e com a história de vida da criança para que possa atender e cuidar em suas fragilidades. É provável que o paciente procure inicialmente aquele profissional de saúde que já o conhece para atendimento no caso de um novo problema, fortalecendo o vinculo entre o usuário e o serviço. CONCLUSÃO Este presente estudo nos permitiu apontar a necessidade de maiores reflexões sobre prática dos profissionais de saúde no sentido de buscar esforços para que suas ações não estejam mais centradas na doença e sim a busca por um cuidado integral. Desta forma, há a possibilidade de se constituir uma assistência de melhor qualidade com vista ao cuidado em suas distintas manifestações, com impactos positivos tanto para o profissional e principalmente para o usuário, fortalecendo a relação duradoura entre profissional e usuário, tornando possível acompanhá-lo nos diferentes ciclos de ANAIS DO I SENAPS vida, conhecendo sua individualidade. Isso viabiliza a elaboração de intervenções mais eficazes, chegando à resolutividade dos problemas com maior rapidez e diminuindo o descontentamento pelo usuário. Desta forma, o profissional de saúde deve ser um investigador dos significados das suas ações e das relações estabelecidas com o usuário, para que possa favorecer a longitudinalidade no cuidado. Por estarem em contato frequente com os usuários, os profissionais de saúde devem criar e fortalecer o vínculo com a criança e seu cuidador para que assim possa conhecer as características, necessidades e problemas relacionados à saúde da criança e sua família. PALAVRAS-CHAVE: Atenção Básica em Saúde, Saúde da Criança, Avaliação, Longitudinalidade. REFERÊNCIA: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar – Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2009. STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. UNESCO/ Ministério da Saúde; 2002. HARZHEIM, E. ET AL. Manual do instrumento de avaliação da atenção primária à saúde – Primary Care Assessmente Tool – PCATool – Brasil. Porto Alegre: UFRGS, 2010. Eixo temático: Saúde da criança ANAIS DO I SENAPS Cuidado em Atenção Primária na Saúde do Idoso O ENFERMEIRO NO CUIDADO DA MULHER IDOSA: Abordagem da Fenomenologia Social de Alfred Schütz Sheila Aparecida Soares¹ Sebastião Caldeira² Claudia Silveira Viera3 Elizabeth Aparecida de Souza4 Silvana Maria Parecy5 INTRODUÇÃO Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (WHO/2011), a longevidade, em especial a feminina aumenta em todos os países do mundo em especial no Brasil sendo uma das principais preocupações para a atenção à saúde. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2010) a projeção da população brasileira mostra a tendência de crescimento do número de idosos, que deve alcançar a população de mais de 25 milhões de pessoas em 2020, sendo a maioria composta por mulheres (aproximadamente 15 milhões). No que diz respeito ao aumento da população feminina, percebe-se que esta tem aumentado consideravelmente. De acordo com dados apresentados pelo IBGE, no ano de 2010 havia no Brasil 8.549.259 de idosos do sexo masculino e 10.732.790, do sexo feminino. No Brasil, a expectativa de vida das mulheres é maior do que a dos homens. Segundo dados do IBGE, a média de vida dos homens é de 69,4 anos e das mulheres, 77 anos. Das cinco regiões do país, a Região Sul tem a maior diferença entre os sexos. Na faixa etária dos 65 anos ou mais, há somente 67 homens para cada 100 mulheres. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (SESA/2010) dos 10.439.601 habitantes que constituem a população do Estado do Paraná (região Sul do Brasil), 1.170.995 são idosos. Destes, 537.008 são homens e ANAIS DO I SENAPS 633.947 são mulheres. Na área de abrangência da Décima Regional de Saúde (10ª RS) de Cascavel no Oeste do Paraná, que inclui 25 municípios, local onde esta pesquisa está sendo realizada, a população de idosos totaliza 36.648 habitantes, sendo 18.232 do sexo masculino e 18.416 do sexo feminino. No tocante ao cuidado por parte do enfermeiro, importante salientar que o aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo, com destaque para o gênero feminino, reflete a necessidade de estudos que se dediquem a investigar o cuidado à mulher idosa pelo enfermeiro, considerando a perspectiva dos sujeitos envolvidos nessa relação de cuidado de saúde. Para tanto este precisa estar preparado para realizar o cuidado que permeia capacitação adequada, compromisso profissional, bem como de suporte dos setores governamentais. (CALDEIRA, 2012; CALDEIRA et al, 2012). Nesse contexto várias inquietações dos pesquisadores permearam a temática deste estudo: 1. Qual a compreensão do enfermeiro sobre a longevidade feminina? 2. Como o enfermeiro cuida da mulher idosa? 3. Quais fatores facilitam ou dificultam o cuidado de saúde à mulher idosa pelo enfermeiro? 4. O que o enfermeiro espera das suas ações de cuidado a saúde voltada a essa clientela? OBJETIVO Compreender como o enfermeiro cuida da mulher idosa. METODOLOGIA Esta é uma pesquisa qualitativa na qual os pesquisadores apropriaram-se do referencial da Fenomenologia Social de Alfred Schütz. Investigações qualitativas contribuem para a melhor compreensão da distância entre o conhecimento e a prática, na medida em que auxiliam na compreensão da vivência dos sujeitos explicando suas ações diante das necessidades de cuidado de saúde (MINAYO, 2010; MERIGHI, PRAÇA, 2003). A Fenomenologia Social visa compreender o mundo social em seu significado intersubjetivo e tem como proposta a análise das relações sociais (SCHÜTZ, 2003; SCHÜTZ, 2003a). O enfermeiro ao cuidar da mulher torna a sua ação de cuidado compreendida como relação social de cuidado em saúde, por isso, a opção por esse ANAIS DO I SENAPS referencial – A Fenomenologia Social. O campo de pesquisa foi as Unidades Básicas de Saúde pertencentes à área de abrangência da 10ª Regional de Saúde do Estado do Paraná. A escolha pela rede básica deve-se ao fato destas prestarem atendimento às usuárias do Sistema Único de Saúde – SUS e possuir enfermeiros que atuam diretamente com as mulheres idosas. A obtenção das falas foi por meio de entrevista gravada, com questões norteadoras derivadas das inquietações dos pesquisadores já citadas anteriormente. Os enfermeiros foram entrevistados em local privativo, por questão de sigilo e anonimato, os profissionais participantes da pesquisa terão nomes fictícios – Enfermeiro 1, Enfermeiro 2, Enfermeiro 3 e assim sucessivamente. Obtivemos Parecer favorável de número 026/2012 do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos - CEP/Unioeste. Este estudo deriva de um projeto de pesquisa intitulado: O Enfermeiro e a Mulher Idosa: vivências do cuidado de saúde, coordenado pelo orientador desta presente pesquisa. Dos depoimentos dos enfermeiros resultaram cinco (5) categorias concretas do vivido. As quatro primeiras referem-se aos “Motivos Porque”, ou seja, ações do passado e presente e a última referente aos “Motivos Para” – ações futuras (perspectivas para a ação do cuidado). 1. Compreensão sobre a longevidade feminina; 2. Percepção de necessidades de saúde e cuidado; 3. Conhecimento sobre os fatores de risco para as mulheres idosas; 4. Fatores que facilitam e ou dificultam o cuidado; 5. Expectativas do enfermeiro para o cuidado profissional. A organização e a categorização do material obtido foram realizadas seguindo-se os passos adotados pelos pesquisadores da Fenomenologia Social de Alfred Schütz: a) Leitura atentiva e criteriosa de cada depoimento na íntegra, procurando, primeiramente, identificar e apreender o sentido global da ação social; b) Releitura de cada depoimento com o objetivo de identificar aspectos comuns nos depoimentos dos sujeitos; c) Agrupamento dos aspectos comuns conforme convergência de conteúdos para a composição de categorias concretas; d) Análise ou organização das categorias concretas para a compreensão da ação social dos sujeitos do estudo; e) Discussão dos dados à luz da Fenomenologia Social de Alfred Schütz e outros referenciais ANAIS DO I SENAPS relacionados à temática (CALDEIRA, S; MERIGHI, MAB; MUÑOZ, LA; JESUS, MCP de; DOMINGOS, SR da F; OLIVEIRA, DM). DISCUSSÃO A compreensão da ação de cuidar da mulher idosa pelo enfermeiro nos fez perceber que o enfermeiro em sua atuação no cuidado possui um estoque de conhecimento adquirido durante suas experiências ao longo da vida. No tocante à compreensão sobre a longevidade feminina, de acordo com sua vivência, experiência e formação pode compreender como se dá essa fase da vida para a mulher idosa permeada de experiências, ou seja, o estoque de conhecimento dessa mulher. Alguns enfermeiros referem-se à prevenção e ao autocuidado como forma de aumentar a longevidade e espera a contrapartida das mulheres idosas para alcançar êxito nas suas ações de cuidado. O enfermeiro deste estudo é capaz de identificar as necessidades de cuidado de saúde da mulher idosa tornando-o capaz de planejar o cuidado diferenciado a essa clientela. Percebe a fragilidade, sendo esta uma das características do envelhecimento, o baixo nível escolar socioeconômico, os valores arraigados na população idosa, visto que o aspecto cultural e a não adesão da mulher idosa aos programas e serviços oferecidos também foram relatados pelos enfermeiros como dificultadores para o cuidado, em especial quando se trata da prevenção de alguns agravos como o câncer de mama e cérvicouterino. A dificuldade da mulher idosa em compreender a linguagem do enfermeiro também foi destacada como dificultador. O enfermeiro deste estudo percebe que o idoso tem maior facilidade de acesso aos serviços de saúde, mas mesmo assim são deixados de lado pelos profissionais de saúde. A participação da família foi citada como facilitador do cuidado. Assim destacou-se a importância da rede de apoio social em especial a família como mediadora e extensão do cuidado. CONSIDERAÇÕES Para que o cuidado seja desenvolvido com resolutividade faz-se necessária a participação recíproca por parte de ambos os sujeitos envolvidos no cuidar-cuidado, ANAIS DO I SENAPS nesse caso em especial o enfermeiro – aquele que cuida e a mulher idosa – que requer o cuidado (VEIGA; MENEZES, 2008). Para tanto o enfermeiro espera maior participação da mulher idosa, bem como maior responsabilidade no tocante ao autocuidado. A participação da família foi evidenciada em outros estudos como algo imprescindível para a continuidade das ações de cuidado (ARAÚJO, BARBOSA, 2010; GONÇALVES; ALVAREZ; SENA; SANTANA; VICENTE, 2006). A falta de programas, projetos e protocolos norteadores para o cuidado da mulher idosa evidenciou-se nos depoimentos dos enfermeiros, fazendo com que este tenha expectativas de que se houver algo que o respalde em suas atribuições como os protocolos ou linhas-guia de ação para o cuidado do idoso, isso poderia facilitar o desenvolvimento de suas atividades. A formação para o cuidado ao idoso, bem como a elaboração e desenvolvimento de protocolos para o cuidado deveriam ser pautados como fundamentais para o enfermeiro no cuidado ao idoso em especial à mulher (LIMA; TOCANTINS, 2009; BRASIL, 2001). Percebemos que abordagem teóricometodológica da Fenomenologia Social permitiu aos pesquisadores desvelar que o enfermeiro tem expectativas de prestar o cuidado qualificado à mulher idosa, isto requer o envolvimento tanto dos profissionais da saúde como da família para que o cuidado prestado pelo enfermeiro seja estendido para outras instâncias e para outros atores de cuidado. Para tanto o enfermeiro evidencia a formação profissional e a qualificação como essencial para o cuidado do idoso, em especial a mulher. Por fim não consideramos este estudo estanque, uma vez que os pesquisadores apreenderam apenas um olhar sobre o fenômeno – o enfermeiro no cuidado da mulher idosa. Sendo assim outros olhares devem ser lançados sobre este mesmo fenômeno para que possam ser somados aos resultados deste presente estudo. PALAVRAS-CHAVE: Saúde da mulher, Longevidade, Cuidado de Enfermagem, Pesquisa qualitativa. REFERÊNCIAS: ANAIS DO I SENAPS ARAÚJO Maria Aparecida da Silva; BARBOSA, Maria Alves. Relação entre o profissional de saúde da família e o idoso. Esc. Anna Nery, 2010; 14(4):819-824. BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES n 3, de 7 de nov. 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da União 2001 nov 9; 1: 37. CALDEIRA, Sebastião. O cuidado de saúde no contexto relacional enfermeiro e mulher idosa: o olhar dos sujeitos envolvidos. [Tese Doutorado] São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, 2012. CALDEIRA, Sebastião; MERIGHI, Miriam Aparecida Barbosa; MUÑOZ, Luz Angélica; JESUS, Maria Cristina Pinto de; DOMINGOS, Selisvane Ribeiro da Fonseca; OLIVEIRA, Deíse Moura. O enfermeiro e o cuidado à mulher idosa: abordagem da fenomenologia social. Rev. Lat.- am. Enf. 20(5). Set-out. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n5/pt_10.pdf. Acesso em: 28 jan 2013. GONÇALVES, Lúcia Hisako Takase; ALVAREZ, Angela Maria; SENA Edite Lago da Silva; SANTANA Wilma Luzia da Silva; VICENTE, Fernanda Regina. Perfil da família cuidadora de idoso doente/fragilizado do contexto sociocultural de Florianópolis, SC. Texto Contexto Enferm 2006;15(4):570-7. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2010. [citado 2013 mar 26]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. LIMA CA DE, TOCANTINS FR. Necessidades de saúde do idoso: perspectivas para a enfermagem. Rev Bras Enferm 2009; 62(3):367-3. [citado 2010 Mar 12]. 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Esse aumento envolve aspectos de seguridade social, formação de profissionais que sejam capazes de atender essa clientela, bem como a organização dos setores e serviços de saúde. Importe ressaltar que a expectativa de vida deve ser acompanhada com as expectativas de saúde bem-estar. Ao referir-se ao aumento da longevidade e às repercussões desse fenômeno no contexto da saúde, estudo desenvolvido no Canadá mostrou que a população mundial de pessoas idosas duplicará de 11% em 2006 para 22% em 2050, com implicações globais no desenvolvimento humano e na saúde no século XXI (PLOUFFE, KALACHE, 2010). No Brasil, o número de idosos passou de três milhões, em 1960, para sete milhões, em 1975, e para 20 milhões em 2008 – um aumento de quase 700% em menos de 50 anos. As projeções mais conservadoras indicam que, em 2020, o país será o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas. Consequentemente, doenças próprias do envelhecimento passaram a ganhar maior expressão no conjunto da sociedade (VERAS, 2009). Nesse sentido, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2010) vale a pena destacar que as doenças crônicas tendem a acelerar o processo do envelhecimento. Importante considerar que as doenças ANAIS DO I SENAPS decorrentes do tabagismo encontram-se em destaque, principalmente se não houver acompanhamento por parte dos profissionais que atuam nos serviços de saúde, pois de modo geral, o envelhecimento populacional se traduz em maior carga de doenças na população, mais incapacidades e aumento do uso dos serviços de saúde (VERAS, 2009). O tabagismo é um fator agravante para á saúde da população senil, sendo responsável por diferentes comorbidades, por sofrimentos e mortes prematuras, por um custo social e financeiro alto para as instituições de saúde. Existem poucos estudos sobre a prevalência do tabagismo na terceira idade no Brasil e no mundo, acredita-se que esta seja em torno de 10 a 11% da população geral dos fumantes. É um problema de saúde pública em todos os países do mundo com repercussões físicas, psicológicas, sociais e econômicas. Envolvem os tabagistas, a família, a sociedade, os serviços e profissionais da saúde e serviço social e o sistema de saúde. Nesse sentido o processo de envelhecimento populacional aumenta a necessidade de conhecer a situação de saúde e os fatores de risco envolvidos na gênese das doenças crônicas não transmissíveis, sobretudo das doenças cardiovasculares (DCV). Desde a década de 60, as DCV lideram as causas de óbito no país, são responsáveis por impacto expressivo na mortalidade da população brasileira e corresponderam, em 2007, a 29,4% dos óbitos em todas as idades e a 37,7% de mortes entre os idosos (FERREIRA, cols, 2010; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009; CRUZ, et al, 2004). É notável que existe carência de informações sobre as patologias decorrentes do tabagismo, principalmente às doenças do aparelho cardiocirculatório – infarto agudo do miocárdio (IAM), aterosclerose, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e as doenças pulmonares como a Doença Bronco Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Estudo desenvolvido por Sousa, et al (2011) na cidade de São Paulo mostrou que o fator de risco considerado mais importante para presença da DPOC é a fumaça de cigarro. O cachimbo, o charuto e outros tipos de tabaco, populares em muitos países também são fatores associados à DPOC. O tabaco é a segunda causa de mortalidade no mundo, sendo responsável pelo desencadeamento de doenças cardiovasculares, déficit cognitivo, diminuição da função ANAIS DO I SENAPS respiratória e disfunção osteoarticular, que adquirem maior significado com o avançar da idade. Nesse sentido, fez-se necessário buscar conhecimento em torno dos principais fatores que dificultam o abandono do tabaco (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Quanto aos profissionais que atuam no controle ao tabagismo, além da equipe de saúde composta por enfermeiros, médicos, técnicos de enfermagem, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), psicólogos, fisioterapeutas, convém lembrar que o trabalho do assistente social no Programa de Controle e Tratamento do Tabagismo é imprescindível na equipe de saúde. OBJETIVO Compreender como a mulher idosa vivencia o tabagismo. METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo direcionado pela abordagem da Fenomenologia Social de Alfred Schütz (2003) por ser o tabagismo uma ação social. As pesquisas qualitativas contribuem para a melhor compreensão da distância entre o conhecimento e a prática, na medida em que auxiliam na compreensão da vivência dos sujeitos explicando suas ações diante das necessidades de cuidado de saúde (MERIGHI; PRAÇA, 2003). São investigações que se preocupam com a realidade, com o universo de significados, bem como com outros motivos, valores e crenças que não podem ser quantificados e por aprofundar-se no mundo das ações, dos significados e das relações humanas (MINAYO, 2004). Dentre as diversas modalidades da pesquisa qualitativa, a Fenomenologia Social é a que se mostra mais pertinente no presente estudo por ser a que permite a compreensão dos fenômenos humanos vivenciados no cotidiano a partir de experiências concretas (SCHÜTZ, 2003). Foram entrevistadas dez mulheres idosas que participam de grupos de apoio ao antitabagismo em Unidades Básicas de Saúde no município de Cascavel PR – Brasil. A técnica para a coleta dos depoimentos se deu por meio da entrevista gravada com questões orientadoras. As ANAIS DO I SENAPS mulheres participantes deste estudo possuem idade entre 60 a 85 anos, a maioria com ensino fundamental incompleto, aposentada com ganho médio de aproximadamente de 1 a 3 salários mínimos, 10 são do lar, 07 casadas, 01 viúva e 02 solteiras. Todas as usuárias da sua respectiva Unidade Básica de Saúde (UBS) e todas participaram ou participam de atividades de grupo antitabagismo. Algumas dependem de atendimento especializado tais como pneumologista e gastroenterologista, endocrinologista sendo que a maioria adquiriu alguma patologia decorrente do tabagismo como bronquite, enfisema pulmonar e gastrite, diabete. RESULTADOS Os dados obtidos foram organizados em seis categorias concretas do vivido referentes à vivência da mulher idosa tabagista conforme os passos seguidos por pesquisadores da Fenomenologia Social de Alfred Schütz (CALDEIRA, 2012; CALDEIRA, MERIGHI, JESUS, MUÑOZ, DOMINGOS, OLIVEIRA, 2012). Quatro (4) categorias referem-se à vivência da mulher idosa até o momento atual, o que Schütz denomina “motivos porque”: a) Compreensão sobre o tabagismo; b) Vivência do tabagismo; c) Participação em espaços para discutir e tratar o tabagismo; d) Percepção da mulher quanto à atuação profissional no antitabagismo. Duas (2) categorias referem-se às perspectivas de ação (futuro) da mulher idosa denominadas por Schütz (2003) “motivos para”: a) Perspectivas de vida; b) Expectativas frente aos profissionais e serviços no antitabagismo. Os dados foram discutidos à luz do referencial da Fenomenologia Social e outros referenciais que abordam a temática do presente estudo conforme sugerem pesquisadores da Fenomenologia Social (CALDEIRA, 2012; CALDEIRA, MERIGHI, JESUS, MUÑOZ et al, 2012). DISCUSSÃO E CONSIDERAÇÕES Embora as idosas sintam-se mais aptas do que os jovens para enfrentar o tabagismo, falta a elas “a entrega” aos novos desafios, pois têm grande dificuldade de ANAIS DO I SENAPS romper barreiras e promover mudanças. Nesse sentido Schütz (2003) refere em seus estudos que a bagagem ou o estoque de conhecimento determina a situação biográfica. Assim sendo percebe-se que dependendo da bagagem de conhecimento que a mulher idosa adquiriu durante a sua vida, esta pode ou não ter facilidade em aderir às ações antitabagistas. Além disso, o aprendizado nessa faixa etária é mais lento e requer reforço e detalhamento das intervenções conjuntas de treinamento e habilidades. As idosas costumam ter menos laços sociais, por isso, deve-se preferir a abordagem em grupo, ampliando a rede de relacionamentos, os vínculos afetivos e as relações de interdependência. Não há evidência de que os grupos compostos exclusivamente por idosas apresentem benefícios. Deve-se apoiar a participação de outras faixas etárias, favorecendo a dinâmica e enriquecendo o repertório temático. Na relação social seja essa nos grupos familiares, de amigos ou de profissionais de saúde deve haver o que Schütz (2003) nos traz como relação face a face. Essa relação entre os sujeitos – mulher idosa tabagista e profissional da saúde que atua no antitabagismo - pode determinar as ações de cuidado no antitabagismo. Schütz (2003) também trabalha com o pressuposto de motivação. Nesse sentido, deve-se lembrar de que neste presente estudo a motivação da idosa fumante para deixar de fumar pode reforçar a conscientização da sociedade contemporânea sobre a importância do seu papel na família como estoque de sabedoria e refúgio afetivo para crianças e jovens, assumindo, assim, a função de modelo de conduta para futuros adultos e idosos. A capacitação de profissionais ligados á área de saúde para o atendimento a fumante idosa, pode ser semelhante ao da população em geral, mas se faz necessária uma atenção especial, como refere Schütz (2003) uma relação face a face por parte dos profissionais encorajando a idosa a iniciar o tratamento no programa de prevenção e controle do tabagismo. Podemos ressaltar que é fundamental a dedicação da equipe multiprofissional, que precisa estar sempre disponível e acessível aos usuários em tratamento. Esta disponibilidade é evidenciada e efetivamente realizada, pois as mulheres idosas buscam a equipe a qualquer hora do dia, nos seus momentos de crise, ANAIS DO I SENAPS quando estão com sintomas de abstinência, ou qualquer outro problema pelo qual estavam passando. Esta relação de confiança, relação face a face estabelecida com a equipe acabou resultando num atendimento que vai além das paredes da unidade básica: as idosas abordam os integrantes da equipe, médico, enfermeiro, assistente social, agende comunitário de saúde e outros para conversar sobre tabagismo em qualquer lugar fora do espaço da unidade de saúde. Importante destacar também que além da equipe multiprofissional responsável pelo tratamento é importante que toda a equipe de saúde esteja ciente do programa antitabagismo e de como funciona. Muitas vezes eles são os responsáveis por aconselhar, orientar e encaminhar novos participantes para o tratamento, bem como incentivar os que já estão em abstinência. A bagagem de conhecimento da equipe como vimos pode determinar as ações de cuidado no antitabagismo. Por fim, este estudo não pode ser considerado estanque, pronto, pois entendemos que em pesquisas qualitativas sempre pode haver novos olhares sobre o fenômeno pesquisado – neste caso – a vivência das mulheres idosas tabagistas. Espera-se que os resultados deste estudo possam subsidiar equipes que atuam no antitabagismo, bem como instigar novos estudos sobre a temática. Palavras-chaves: Mulher idosa; Fenomenologia; Tabagismo REFERÊNCIAS BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico 2010. [citado 2012 Jun. 06]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Coletânea de Normas para o Controle Social no Sistema Único de Saúde/ Ministério de Saúde, Conselho Nacional de Saúde. – 2 ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. CALDEIRA, S. O cuidado de saúde no contexto relacional enfermeiro e mulher idosa: o olhar dos sujeitos envolvidos. Tese (Doutorado). 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A idade é um dos fatores mais importantes de diferenciação social podendo ser relacionada com sexo, cor e classe social. “Usualmente identifica-se o envelhecer individual como fruto da passagem do tempo, resultante do aumento da idade pessoal”. O processo de envelhecimento individual assume particularidades tão distintas que quando se associa o envelhecimento com idade cronológica, é apresentado apenas “uma percepção grosseira do processo de envelhecimento, além de retirar a sua feição social e a sua condicionante histórica”, mesmo assim, é considerado como idosa segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) o indivíduo que apresentar 65 anos para países desenvolvidos e 60 anos em países em desenvolvimento (MOREIRA, 1997 apud ALBUQUERQUE, 2005 p. 12). Ao longo das aulas práticas supervisionadas, tanto no Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP) quanto em Unidades Básicas de Saúde da cidade de Cascavel (Pr) como discente do Curso de Enfermagem, foi observado a necessidade que a pessoa idosa apresenta em adquirir conhecimentos tanto da prevenção quanto da patologia em si, portanto a educação em saúde realizada pela enfermagem e por demais profissionais da saúde auxilia na transmissão de conhecimentos, no autocuidado e na prevenção e manutenção da saúde. Há problemas de saúde considerados peculiares e que acometem a população idosa e que estão relacionadas ao sedentarismo e a falta de cuidados com a manutenção da saúde durante toda a vida do indivíduo, ANAIS DO I SENAPS como a hipertensão arterial, diabetes mellitus, osteoporose, redução da acuidade visual, perda da dentição, quedas e labirintite. Muitas dessas condições de saúde poderiam ser evitadas ou reduzidas e através de atividades físicas, como alongamento e caminhadas, a fim de melhorar a qualidade de vida na velhice. Diante dessas situações, busca-se identificar se há mudanças significativas na vida e nas condições de saúde dos idosos que participam do Projeto “Pequenos passos, grande caminhada” que, a enfermeira da UBS Faculdade de Cascavel (Pr) realiza a educação em saúde associada às atividades físicas, verificando a efetividade dessas práticas educativas em saúde avaliado por uma amostra dos idosos pertencentes ao projeto. OBJETIVOS O objetivo desse estudo buscou identificar em que medida a educação em saúde associada com as atividades físicas provocam mudanças qualitativas na vida dos indivíduos da amostra, traçando o perfil dos idosos que frequentam o projeto e identificando possíveis mudanças de comportamento dos idosos decorrentes das orientações recebidas e das atividades realizadas. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória de caráter quanti-qualitativo. De acordo com Lakatos (1985), pesquisa de campo tem por objetivo adquirir informações e também conhecimentos sobre um problema, não sendo uma simples coleta de dados, pois requer planejamento prévio. A pesquisa foi realizada no projeto “Pequenos passos, grande caminhada” coordenado pela enfermeira da UBS Faculdade do Bairro Jardim Universitário de Cascavel, PR. O Projeto foi criado para atuar a prevenção, promoção, tratamento e recuperação de doenças crônicas, com ênfase na obesidade. Inicialmente, o grupo era formado por pessoas obesas de até 50 anos, mas com o tempo, pessoas idosas começaram a frequentar, tornando-se a maioria. Atualmente, participam 110 pessoas, entre elas obesas, idosas e gestantes. Esse grupo se reúne duas vezes por semana no Salão Comunitário do Jardim União para realizar atividades corporais e educativas. Nestes encontros, além da educação em saúde são realizadas caminhadas e alongamentos sob supervisão de um professor de educação física além de encaminhamentos para clínico geral, ginecologista, nutricionista, psicólogo e serviço social. A coleta de dados foi realizada em Junho e Julho de 2012 por meio de entrevista semipadronizada Para a coleta de dados foi utilizado o instrumento de avaliação sócio-funcional em idosos (IASFI). ANAIS DO I SENAPS RESULTADOS Foram incluídas na pesquisa, todas as pessoas acima de 60 anos integrantes do grupo que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O estudo buscou contribuir para ampliar os conhecimentos dos profissionais de enfermagem, mostrando a importância sobre as práticas educativas em saúde e os benefícios que podem proporcionar para a melhoria da qualidade de vida dos idosos. Na busca da classificação e as condições de saúde, foram identificadas que 60% a consideram como boa, mesmo possuindo ou não doenças crônicas e fazendo uso ou não de medicações. Com relação ao sexo, 40% são homens e apesar do estigma referente à vulnerabilidade da saúde masculina imposta pela sociedade, esses idosos frequentam o grupo a fim de buscar e/ou manter a saúde. A saúde é regular para 30% da amostra, sendo relacionada com doenças crônicas e presença de dor. Dos 30% que relataram que a saúde está regular, 20% relacionaram à presença de doenças crônicas e 10% relacionam com o uso excessivo de medicações. Somente 10% considerou a saúde excelente, independente da presença de doenças, pois os exames que realiza estão sempre dentro dos parâmetros normais, portanto, a patologia está controlada e isso em seu ponto de vista é excelente. Dos 10% que classificaram como excelente, relacionaram com o fato de que os exames têm resultados dentro da normalidade, o que confirma para o idoso a ausência de doenças. Das doenças não transmissíveis, as que se destacaram na amostra foram a hipertensão arterial e diabetes mellitus. Verifica-se que 20% do total apresentam somente hipertensão, 60% apresentou hipertensão associados com outras patologias, tais como diabetes (40%), osteoporose (10%) e colesterol elevado (10%), 20% afirmou não apresentar doenças, mas um desses idosos faz uso de Atenolol e AAS, ou seja, devido o fato da patologia estar controlada, sendo assintomático e também por não considerar o uso de medicamentos como presença de doenças, o indivíduo acredita ser sadio. Os indivíduos referiram o uso das seguintes medicações: Insulina, Captopril, Hidroclorotiazida, Nifedipino, Omeprazol, AAS, Metformida, Losartana, Sinvastatina, Atenolol, Alendronato sódico. Entre idosos destacam-se as doenças não transmissíveis (DNT’s) como principal causa de morbidade, mortalidade e incapacidade e o tratamento das DNT’s apresentam custo elevado tanto para o indivíduo e familiares, quanto para o Estado. Muitas dessas patologias podem ser evitadas ou adiadas através de programas e políticas que devem atuar em todas as fases da vida do indivíduo para garantir um envelhecimento com qualidade, pois “o que relativamente aumenta o risco de desenvolvimento ANAIS DO I SENAPS de DNT’s em idades mais avançadas é o tabagismo, falta de atividade física e dieta inadequada entre outros fatores de risco da vida adulta” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2005, p.17). Com relação à dor, 50% dos indivíduos apresentaram queixas de cefaléia, mialgia, dor em região lombar, pernas e pescoço, quanto às características da dor, relataram ser: constante, aguda e dormente. Os fatores que motivaram os idosos a participar do grupo de práticas educativas foram: a busca de benefícios para a saúde, a indicação por profissionais, necessidade física, social e psicológica. Para os idosos, a importância da participação apontada por 80% é a educação em saúde que trabalha a promoção, prevenção e os cuidados com as patologias que acometem os idosos. Outro fator identificado é a redução de dores físicas a partir da realização de caminhadas e alongamentos. Relataram também que a participação influenciou no autocuidado, na disposição e também na autoestima. Para os participantes da pesquisa, a Qualidade de Vida está relacionada com o relacionamento familiar satisfatório, a possibilidade de interagir com a sociedade através da participação em grupos, estabelecer laços de amizade, ser independente, ter tranquilidade, ser saudável, ter momentos de lazer e poder praticar exercícios e ter boa alimentação. Todos os idosos reconheceram que as suas condições de saúde e de vida melhoraram quando começaram a frequentar o grupo onde são realizadas práticas educativas em saúde, pois o alongamento e a caminhada proporcionam o convívio com diversas pessoas, melhorando o relacionamento com a comunidade, e a educação em saúde dá a oportunidade para o idoso ter a autonomia para cuidar de sua saúde e do seu corpo recebendo orientações diretas e tendo a possibilidade de manter o autocuidado, resultando em benefícios para sua autoestima e também para a sua qualidade de vida. Portanto, pode-se observar que para realizar as práticas educativas em saúde de forma efetiva, deve-se primeiramente levantar o perfil dos idosos e aplicar essas práticas de acordo com as necessidades individuais dos integrantes do grupo. CONCLUSÃO Na pesquisa evidenciou-se os benefícios e as mudanças de comportamento dos idosos, adquiridos pela associação da educação em saúde com as práticas educativas associada à atividade física. Este fato aponta para o fortalecimento do vinculo entre os idosos e os profissionais de saúde, contribuindo para uma relação efetiva na sua participação na UBS e os serviços realizados pelo projeto como encaminhamentos à clínicos gerais, ginecologistas, ANAIS DO I SENAPS nutricionistas. Assim sendo, o atendimento multidisciplinar estimula a frequência dos participantes. PALAVRAS CHAVES: Saúde do idoso, Educação em saúde, Educação física, Qualidade de vida REFERÊNCIAS ALBANO, Bruno Ramos; BASILIO, Marcia Chaves; NEVES, Jussara Bôtto. Desafios para a inclusão dos homens nos serviços de atenção primária à saúde. Revista Enfermagem Integrada, Ipatinga, v.3, n.2, p.554-563, nov./dez. 2010. Disponível em: <http://www.unilestemg.br/enfermagemintegrada/artigo/V3_2/08-desafios-parinclusao-doshomens-em-servicos-primarios-de-saude.pdf>. Acesso em: 10 set. 2012 ARRAIS, Paulo Sergio D. Perfil da automedicação no Brasil. Revista de saúde Pública. São Paulo, v. 31, n.1, p. 71-77, 1997. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-americana da Saúde, 2005. PASCHOAL, S. M. Qualidade de vida do idoso: elaboração de um instrumento que privilegia sua opinião. 2000. 225 f. Dissertação (Mestrado em Medicina) - Faculdade de Medicina de São Paulo, São Paulo, 2000. Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS VIVÊNCIA DA MULHER IDOSA SOBRE A SEXUALIDADE Cuidado em atenção primária na saúde do idoso Renata Jacobovski107 Thais Vanessa Bugs108 Claudia Ross109 Maristela Salete Maraschin110 Sebastião Caldeira111 INTRODUÇÃO O aumento da população idosa se dá em decorrência das taxas de fertilidade em declínio e maior expectativa de vida ao nascer. No Brasil, essa faixa etária vem aumentando significativamente, com destaque para o gênero feminino. Diante disso, ocorre o surgimento de novos desafios das políticas públicas e profissionais de saúde em relação as necessidade de cuidado dessa população (WHO, 2008), em especial no tocante a sexualidade na terceira idade. Assim, é relevante pensar que envelhecer não significa ficar triste ou ser assexuado, porém, ainda persiste em nossa cultura mitos atribuídos as pessoas com idade avançada e isso dificulta a vivência da sexualidade entre esse grupo. OBJETIVO Compreender como as mulheres idosas vivenciam a sexualidade nessa fase da 107 Acadêmica do 3º ano do Curso de Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bolsista PIBIC da Fundação Araucária. Rua filosofia, 1333, Cascavel-PR. renata_jc@hotmail.com. (45)99558776. Membro do Grupo de Pesquisa em Enfermagem Materna e Infantil (GPEMI). 108 Acadêmica do 4º ano do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Bolsista PIBIC da Fundação Araucária. Membro do Grupo de Pesquisa em Enfermagem Materna e Infantil (GPEMI). 109 Doutora em microbiologia pela UEL - Londrina. Docente em Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Coordenadora do Curso de Enfermagem. Membro do Grupo de Pesquisa em Enfermagem Materna e Infantil (GPEMI). 110 Mestre pela UFSC. Docente em Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Membro do Grupo de Pesquisa em Enfermagem Materna e Infantil (GPEMI). 111 Doutor em Ciência – Cuidado em Saúde – PPGE-EEUSP. Docente em Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Líder do Grupo de Pesquisa em Enfermagem Materna e Infantil (GPEMI). ANAIS DO I SENAPS vida. METODOLOGIA Estudo qualitativo, fundamentado na Fenomenologia Social de Alfred Schütz (SCHÜTZ, 2003). Para o desenvolvimento deste estudo a Fenomenologia Social é a que se mostra mais adequada por permitir a compreensão dos fenômenos humanos vivenciados no cotidiano a partir de experiências concretas, neste caso, a vivência da mulher idosa frente à sexualidade para nós é um evento social (SCHÜTZ, 2003; SCHÜTZ 2003a; CALDEIRA etal, 2012). Pesquisa desenvolvida nos municípios da área de abrangência da Décima Regional de Saúde (10ª RS) de Cascavel Paraná Brasil.A coleta de dados se deu nas dependências do Centro Regional de Especialidades do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Oeste do Paraná (CRE-CISOP) após autorização para a pesquisa. Foram entrevistadas 18 mulheres idosasapós concordarem em participar da pesquisa e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados coletados ocorrerampor meio de entrevista gravada com questões abertas. RESULTADOS A organização dos dados se deu a partir da identificação das categorias concretas do vivido das 18 mulheres idosas sobre a sexualidade, sendo um conjunto de experiências vivenciadas pela mulher idosa o qual nos referimos segundo o referencial da Fenomenologia Social de Alfred Schütz (2003), como "motivos por que". Também consideramos as expectativas da mulher idosa frente a sua sexualidade, bem como as expectativas de cuidado daquelas em relação aos profissionais de saúde denominadas "motivos para".Dessa forma, os depoimentos das mulheres idosas resultaram em seis categorias, sendo quatro referentes às experiências vividas, consideradas por Schütz (2003) “motivos porque”: 1) Compreensão sobre a sexualidade; 2) Vivência da sexualidade; 3) Espaço para discutir a sexualidade; 4) Percepção da atuação profissional frente à sexualidade. E duas categorias referentes por Schütz (2003) como “motivos ANAIS DO I SENAPS para”, ou seja, as perspectivas para ações futuras: 5) O que espera frente à sexualidade e 6) Expectativas frente aos serviços e profissionais de saúde. As idosas deste estudo compreendem a sexualidade a partir do conhecimento adquirido em suas relações sociais no mundo social. Alfred Schütz (2003) trata o mundo social como mundo vida, sendo o cenário de interação humana em que a pessoa utiliza o acervo ou bagagem de conhecimentos derivado de suas vivências e que são transmitidos aos outros que lhe antecederam e ou sucederam para a significação de suas experiências (CALDEIRA et al, 2012). Assim, para a maioria das mulheres estudadas a sexualidade não é compreendida apenas como um ato sexual, mas o conjunto que envolve o companheirismo, o respeito, fidelidade, um bom relacionamento entre o casal e a família, uma boa estrutura familiar. Porém, algumas referiram ser a sexualidade uma atividade sexual que depende do estado de saúde e doença, bem como da afinidade entre o casal.É como a mulher vivenciar e expressar o ser mulher e o homem ser homem. Através dos gestos, da postura, da fala, do andar, da voz, das roupas, dos enfeites, do perfume, enfim, de cada detalhe do individuo. Confunde-se sexualidade com relação sexual, no entanto, a relação sexual é um componente da sexualidade e ao contrário do que muita gente pensa não é apenas a relação pênis-vagina, mas sim a troca de sons, cheiros, olhares, toques, secreções e carícias (RIBEIRO, 2002).A mulher idosa vivencia a sexualidade de acordo com o conhecimento que possui sobre a mesma, o que Schütz (2003) denomina Bagagem de conhecimento. Para algumas mulheres, vivenciar a sexualidade está fortemente atrelada com a atividade sexual. Elas trazem em suas falas que a diminuição da libido, muitas vezes, interfere no relacionamento conjugal, uma vez que a longevidade pode, naturalmente, diminuir o desejo sexual, às vezes pela mulher, às vezes pelo companheiro. Além de que, essa fase da vida, podeenvolver preocupações, problemas de saúde, de acordo com as experiências vivenciadas por essas mulheres.As vivências sexuais da pessoa idosa ocorrem de forma distinta das etapas anteriores do desenvolvimento humano, existindo muito mais carinho e cumplicidade (VIEIRA; MIRANDA; COUTINHO,2012). Os fatores que interferem de forma negativa nessa ANAIS DO I SENAPS vivência considerada por Schütz (2003) como situação biográficatem relação com a presença de patologias, dificuldades financeiras, a percepção negativa da sociedade em geral em relação à sexualidade na velhice, gerando preconceito e discriminação contra a pessoa idosa, acarretando prejuízos a sua qualidade de vida (VIEIRA; MIRANDA; COUTINHO, 2012). A maioria das mulheres deste estudo relata que não possuem espaço para discutir a sexualidade nos serviços de saúde, ficando essa discussão restrita com o marido ou com as amigas. Outras falam que, simplesmente, não costumam conversar sobre o assunto, muitas vezes, por vergonha. E apenas a minoria diz que mantém uma discussão aberta com profissionais de saúde. Os estudos relacionados aos idosos, em sua maioria, dizem respeito aos problemas físicos dessa faixa etária, ficando a sexualidade em segundo plano (FRUGOLI; MAGALHÃES, 2011). Considerando isso, cabe aos profissionais de saúde manter um diálogo aberto e respeitoso com a mulher idosa, bem como esclarecer sobre as mudanças que o seu corpo apresenta nesse momento da vida (COELHO et al., 2010). Quando tratamos de diálogo no contexto deste estudo, podemos nos reportar aos conceitos da Fenomenologia Social em que Schütz (2003) traz a relação face a face nas relações sociais. Neste caso, o profissional de saúde e a mulher idosa estão envoltos por meio dessa relação face a face do cuidado no tocante a sexualidade e pela intersubjetividade, sendo esta uma precondição da vida social em que a vivência é a fonte dos significados humanos. Estes não são individuais, pois, à medida que são contextualizados na relação intersubjetiva, configuram um sentido social (CALDEIRA et al, 2012). As mulheres idosas deste estudo expõem satisfação na atuação dos profissionais, por meio de conversas com os mesmos, por esclarecimentos de dúvidas, por palestras, porém, ocorreu um relato de que há maior enfoque no âmbito de saúde e doença do que no aspecto sexual. Outras idosas dizem que nunca foram abordadas por profissionais para falarem sobre sexualidade, porém complementam que não possuem participação ativa em atividades desse nível. Nesse contexto é importante destacar que a saúde para a população idosa não se restringe à prevenção de agravos de doenças crônicas não transmissíveis, mas dizem respeito ANAIS DO I SENAPS também à saúde no tocante as ações que se destinam a garantir condições de bem-estar físico, mental e social (BRASIL, 1990). As idosas ressaltaram também que não possuem expectativas em relação à sexualidade, isso decorre do fato da idade avançada, aparecimento de doenças ou por já terem perdido o marido. Quando referem esperar algo sobre a sexualidade, os relatos não são detalhados, se restringindo, apenas, a esperarem algo bom ou que melhore. Segundo o Ministério da Saúde (2007), os serviços de atenção básica devem se adequar para atender as idosas tendo como alvo a educação no cuidado primário em saúde. Ainda, deve buscar, por meio de capacitação, aperfeiçoar a formação dos profissionais de saúde de modo que possam analisar as condições que afligem as idosas, dando a elas ferramentas para um envelhecimento saudável. Referente às expectativas das idosas, neste estudo ficou evidente que essas possuem expectativa em relação aos serviços e profissionais de saúde, pois além de expressarem intensa receptividade aos profissionais, almejam que estes melhorem as ações direcionadas para o idoso em especial no tocante à sexualidade. As mulheres que mostraram posicionamento contrário a este referiram não saber opinar por falta de participação ou envolvimento com os trabalhadores de saúde ou por já não esperarem mais nada em relação a própria sexualidade. Portanto, a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa traz entre suas finalidades e diretrizes manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, a formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa; facilitar a participação das pessoas idosas em equipamentos sociais, grupos de terceira idade, atividade física, conselhos de saúde locais e conselhos comunitários onde o idoso possa ser ouvido e apresentar suas demandas e necessidades; informar e estimular a prática de nutrição balanceada, sexo seguro, imunização e hábito de vida saudáveis; implementar ações que contraponham atitudes preconceituosas e sejam esclarecedoras de que envelhecimento não é sinônimo de doença; disseminar informação adequada sobre o envelhecimento para os profissionais de saúde e para toda a população, em especial para a população idosa. ANAIS DO I SENAPS CONCLUSÃO Percebeu-se nas falas das mulheres idosas que essas conhecem e vivenciam sua sexualidade de modos diferentes dependendo das suas experiências e bagagem de conhecimento adquirida, dessa forma elas ocultam ou deixam clara a sua compreensão sobre a sexualidade. A maioria valorizam os espaços para discussão sobre a sexualidade, porém receiam pela busca de conhecimento sobre o tema. Algumas referem não conhecer e não vivenciar a sexualidade e não apresentam expectativas, ao passo que outras, além de conhecerem e vivenciarem satisfatoriamente a sua sexualidade, vislumbram que possam melhorar ainda mais. As idosas deste estudo referem necessidade de maior envolvimento entre os profissionais de saúde e as mulheres idosas no tocante a sexualidade. Por fim, entendendo que a sexualidade não é somente a prática de atividade sexual, mas um conjunto que envolve o respeito, o companheirismo, a saúde e a qualidade de vida, cabe a nós profissionais de saúde buscar qualificação para cuidar da população idosa e consequentemente atuar mais eficazmente na educação em saúde em especial sobre a sexualidade como forma de cuidado integral a essa clientela. Palavras-chaves: Longevidade, Sexualidade, Pesquisa qualitativa. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção Básica. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. _______. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006: Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/2528%20aprova%20a%20politica%20na cional%20de%20saude%20da%20pessoa%20idosa.pdf>. Acesso em: 1 mar. 2013. ANAIS DO I SENAPS _______. Diário Oficial da União. Lei nº 8080/90. Dispõe sobre as condições para promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o financiamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília DF,19 de setembro de 1990. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/lei8080.pdf >. Acesso em:16 fev. 2013. CALDEIRA S; MERIGHI M. A. B; MUÑOZ L. A; JESUS M. C. P; DOMINGOS S.R.F; OLIVEIRA D. M. O enfermeiro e o cuidado à mulher idosa: abordagem da fenomenologia social. Rev. Latino-Am. Enfermagem.20(5):[08t elas]. Set.-out.2012. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/rlae/v20n5/pt_10.pdf>. Acesso em: 1 fev. 2013. COELHO D. N. P; DAHER D. V; SANTANA R. F; ESPÍRITO SANTO F. H. Percepção de mulheres idosas sobre sexualidade: implicações de gênero e no Cuidado de Enfermagem. Rev. Rene. Fortaleza, v.11, n.4, p. 163-173, out./dez.2010. Disponível em <http://www.revistarene.ufc.br/vol11n4_pdf/a18v11n4.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012. FRUGOLI, A; MAGALHÃES-JUNIOR, C. A. O. A sexualidade na terceira idade napercepção de um grupo de idosas e indicações para a educação sexual. Arq. Ciênc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v.15, n.1, p.85-93, jan./abr.2011. Disponível em <http://revistas.unipar.br/saude/article/view/3696>. Acesso em: 11 jun. 2012. Ribeiro, A. Sexualidade na terceira idade. In: Papaléo. M. N. Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Editora Atheneu; 2002.p. 124-35. SCHÜTZ, A. El problema de La realidad social. Escritos I. 2 ed. Buenos Aires: Amorrortu; 2003. ________. Estudios sobre teoría social. Escritos II. 2 . Buenos Aires: Amorrortu; 2003a. VIEIRA K. F. L; MIRANDA R. S; COUTINHO M. P. L. Sexualidade na velhice: um estudo de representações sociais.Psicologia e Saber Social, 1(1), 120-128, 2012. ANAIS DO I SENAPS Disponível em<http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/psisabersocial/article/viewArticle/3250>. Acesso em: 20 maio 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Gender, Women and Health: No one should be sick or die because of gender inequality. WHO/2008. [cited 2011 Nov 25]. Available from: http://www.who.int/gender/en/. Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE PROJETO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM IDOSOS. Cristina Daiana Bohrer1 Lili Marlene Hofstatter2 Ana Tamara Kolecha Giordani3 Wandressa Argente3 INTRODUÇÃO O envelhecimento é um processo natural que envolve o ser humano. Envelhecer não significa apenas ser velho, mas sim, sofrer mudanças constantemente e lentamente, tanto físicas como psicológicas. Dentre tantas mudanças, compreende-se também a sexualidade. Conforme Silva (2006), a sexualidade é o conjunto dos fenômenos da vida sexual de um indivíduo que compreende os aspectos biológicos, psicológicos, sociológicos, culturais e espirituais. Pode-se dizer que a sexualidade humana começa no microssegundo da fecundação e só termina com a morte. Portanto, a sexualidade é uma característica própria do ser humano desde sua criação, e que ao longo do tempo vai se transformando, porém permanece até o fim de sua vida. Nos últimos anos vem ocorrendo uma revolução na concepção e na prática da sexualidade, o que tem se refletido de forma indiscutível na terceira idade (RIBEIRO, 2002). Com o passar dos tempos, houve (e tende a prosseguir) uma mudança dos padrões das populações no mundo. O envelhecimento, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da maioria das sociedades. Tanto isso é verdade que estimase que para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento (BRASIL, 2007). De forma mais clara, o mundo está envelhecendo, e a partir disso, torna-se necessário mudanças de comportamento envolvendo a todos, independente da faixa etária. ANAIS DO I SENAPS Consequentemente, a saúde, e todos os envolvidos, devem sofrer mudanças em sua assistência e cuidado. Cuidar da pessoa idosa é uma tarefa complexa, devido ás suas particularidades e limitações, o que exige do profissional de saúde um melhor preparo para lidar com essa população. Trabalhar com idosos essa temática (sexualidade), é de certa forma bastante difícil, pois o que se vê ainda hoje é uma visão distorcida sobre o assunto na terceira idade. Mitos ou crenças infundadas há várias, tais como: na velhice o homem perde a ereção, a mulher após a menopausa perde o desejo. Por isso, o principal fator a ser abordado pelo profissional de saúde é a desmistificação (MANOCCI, 1995). Engana-se quem acha que a prática sexual na terceira idade não existe. O ato sexual deixou de ser uma atividade somente para procriação da espécie, e tornou-se algo que visa o prazer e bem estar, sendo algo natural da vida humana. Estudos mostram que 74% dos homens e 56% das mulheres casadas mantêm vida sexual ativa após os 60 anos (BRASIL, 2007). Essa afirmação vem para comprovar o fato de que a prática sexual existe sim na terceira idade, da mesma maneira que em outros períodos da vida, portanto, é um assunto que deve ser trabalhado com essa população. É claro que devido á idade, essa prática pode tornar-se diferente em alguns aspectos. Estruturalmente, não há qualquer causa que provoque diminuição do desejo, apetite ou impulso sexual, o que pode ocorrer são algumas alterações orgânicas, como: hipertensão arterial, arteriosclerose, diabetes, cardiopatias, processos reumáticos e osteoporose (MANOCCI, 1995). Um dos argumentos utilizados para a escolha desse tema foi também o crescente número de idosos infectados com algum tipo de doença sexualmente transmissível no nosso país nos últimos anos. O grupo populacional com 60 anos ou mais representa 8,6% da população em geral: cerca de 15 milhões de pessoas. A incidência de AIDS entre as pessoas idosas está em torno de 2,1%, sendo a relação sexual a forma predominante de infecção pelo HIV. Mas há uma crescente evidência de que esse grupo está se infectando cada vez mais não só pelo HIV, mas também, por outras ANAIS DO I SENAPS doenças sexualmente transmissíveis como sífilis, gonorréia, etc (BRASIL, 2007). Para reduzir tais índices, práticas de prevenção devem ser realizadas em qualquer fase da vida, daí vem-se a necessidade de explicar aos idosos sua importância. O profissional de saúde, na prática, ao prestar um atendimento integral ao paciente, busca não só curar uma doença, mas sim, prevenir outras, sejam elas de qualquer tipo, inclusive as DST’s. A enfermagem, principalmente por estar em contato direto com o paciente, deve abordar em seu cuidado essa temática, seja através da consulta de enfermagem, ou através de atividades educativas. Nessa idade, muitas vezes, os idosos buscam os serviços de saúde, somente quando tem algum tipo de doença ou agravo, e o seu tratamento é basicamente sobre isso, não buscando suas dúvidas referentes a outros assuntos, que são de extrema importância, como o deste relato. O objetivo do projeto “Educação em Saúde para Idosos do CRAS” é o de promover ações de educação em saúde visando melhoria da qualidade de vida da população idosa inscrita do programa do CRAS (Centro de Referencia de Ação Social) do município de Cascavel – PR além de esclarecer a população idosa, sobre os agravos mais comuns na terceira idade, bem como a prevenção de suas possíveis complicações. Assim, busca-se através de informações sobre o processo saúde –doença, melhorar a qualidade de vida não só dos idosos envolvidos, mas, bem como seus familiares, através da mudança de comportamento quanto ao seu autocuidado. OBJETIVO Descrever sobre as práticas educativas em saúde realizada com grupos de idosos do município de Cascavel, PR, participantes do projeto “Educação em saúde para idosos do CRAS”, acerca do tema “Sexualidade na Terceira Idade”. METODOLOGIA ANAIS DO I SENAPS As reuniões com os grupos de idosos foram realizadas na segunda semana do mês de novembro de 2012 e os grupos coordenados pelo CRAS tiveram dias da semana definidos para os diferentes bairros (Brasília, Periolo, Morumbi, Pacaembú, São Cristóvão e Consolata), ou seja, as reuniões ocorreram de segunda-feira a quinta-feira (4 reuniões) nos bairros acima citados, conforme cronograma da instituição. As apresentações foram feitas na forma expositiva e dialogada. Foram explicitados os principais aspectos referentes ao envelhecimento e sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e sua prevenção, além da exposição da maquete do sistema reprodutor feminino. Ao final da apresentação houve espaço para contribuições de experiências vividas pelas idosas e questionamentos referentes ao tema. RESULTADOS Nos grupos de idosas participantes, a maioria delas possuia idade acima de 60 anos e muitas viveram em ambientes familiares tradicionais, onde falar sobre sexualidade em público não era uma atividade normal por ser algo muito íntimo e individual do casal, por isso, é um assunto delicado de ser tratado. Durante a prática em saúde com esses grupos de idosas, pôde-se observar que muitas delas desconhecem o assunto (principalmente quanto a anatomia do sistema reprodutor feminino), ou ainda, não se sentem confortáveis para falar abertamente sobre isso. Na primeira reunião, obtivemos um desempenho não satisfatório, pois as idosas do grupo se sentiram ofendidas com o assunto, não aceitando que pessoas jovens falassem sobre o tema. Observou-se que esse era um grupo com idosas com maior idade que nos outros grupos, o que pode ter contribuído para essa reação, devido á sua cultura ser mais tradicional. A reunião foi iniciada pela apresentação da maquete feminina, o que também pode ser um fator de rejeição das mesmas, assim, não houve quase participação por parte delas e o assunto foi brevemente exposto devido a pouca receptividade das participantes. ANAIS DO I SENAPS A partir desse comportamento, foi necessária uma mudança da forma de transmissão do assunto nos próximos encontros, então, buscou-se iniciar a atividade de educação em saúde trazendo uma discussão mais aberta, falando sobre as alterações no organismo na terceira idade, depois expondo sobre as doenças sexualmente transmissíveis e por último mostrando a maquete do sistema reprodutor feminino. Com isso, obtivemos um resultado positivo nos outros 3 encontros, pois elas se interessaram mais pelo assunto, participando da atividade de educação em saúde, dando suas contribuições sobre experiências vivenciadas ou conhecidas e tirando algumas dúvidas sobre o tema. CONCLUSÃO A sexualidade é um tema delicado ao ser tratado com a população idosa, devido muitas vezes aos valores que essas pessoas carregam ao longo de sua vida, pois inclui fatores biológicos, psicológicos, sociais, culturais e religiosos. Para uma boa prática, o profissional de saúde deve desmistificar fatos incorretos, tabus e preconceitos em relação ao tema, e mostrar ao idoso que a prática sexual é importante e deve ser realizada em todas as fases da vida, inclusive na terceira idade. Expor os benefícios, incluindo o bem estar e satisfação pessoal, bem como mostrar como é o corpo humano, além da importância da prevenção de doenças sexualmente transmissíveis é fundamental. O enfermeiro tem papel essencial, pois é ele quem está em contato direto com essa clientela. A saúde do idoso faz parte de todo o plano de cuidados de Enfermagem, sendo uma prática diária. Assim, as atividades de educação fazem parte do cuidado, devendo ser realizadas continuamente. Devem ser reforçadas as práticas de educação em saúde, abrangendo este e os mais diversos temas envolvendo o ser humano. Dar atenção integral aos idosos e suas carências é fundamental, seja ele na promoção, prevenção ou recuperação da saúde oferecendo á população um envelhecimento seguro e de qualidade. ANAIS DO I SENAPS Palavras-chave: Sexualidade, Idoso, Enfermagem. REFERÊNCIAS MANOCCI, J. F. Disfunções sexuais. São Paulo: Fundação By, 1995.p. 174-5. BRASIL. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em:< http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad19.pdf>. Acesso em 25 de março de 2013 RIBEIRO, A. Sexualidade na terceira idade. In: NETTO, M. P. (Eds). Gerontologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2002. p.124-135. SILVA, M. S. Sexualidade no idoso. In: HARGREAVES, L. H. H. (Org). Geriatria. Brasília: Senado Federal, 2006. p. 141-148. Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS ACIDENTES COM QUEDAS EM IDOSOS DE UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA Ana Maria Vitória112 Elizabeth Aparecida de Souza113 Leila Wiedmann114 INTRODUÇÃO No Brasil o envelhecimento populacional é um fato real. Para Paixão Junior; Heckman (2006) as mudanças que ocorreram na estrutura populacional trazem uma série de desafios para a família, sociedade e serviços de saúde. Cabe ressaltar que as equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) é a responsável pela atenção à saúde de todas as pessoas, neste caso as pessoas idosas pertencentes a sua área de abrangência, inclusive, aquelas que se encontram em instituições, públicas ou privadas (BRASIL, 2010). Dessa forma, o envelhecimento populacional brasileiro é um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS), pois a associação entre envelhecimento populacional e a assistência e/ou cuidado a esse grupo vem sendo estudada nacional e internacionalmente (BRASIL, 2010). Destaca-se aqui que os acidentes com quedas entre pessoas idosas são fatos preocupantes em razão da maior vulnerabilidade desta parcela da população, resultando em comprometimento de gravidade incerta. Dentro dessa perspectiva, o profissional deve questionar a ocorrência e frequência de quedas nessa população, para a identificação do risco (BRASIL, 2010). O ambiente residencial pode aumentar o risco de quedas e deve ser incluído na programação de avaliação da pessoa idosa. Salienta-se que mais de dois terços daqueles que têm uma queda cairão 112 Enfermeira do Centro de Oncologia Cascavel – CEONC. Graduada pela Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade de Cascavel/PR. 113 Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá – UEM – PR. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade de Cascavel e Enfermeira da 10ª Regional de Saúde. 114 Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela Universidade Paranaense – UNIPAR - Unidade de Cascavel/PR. Enfermeira da 10ª Regional de Saúde. Rua Souza Naves 4081, Ap. 54 – Centro Cascavel - Pr (45) 9942-3860. leila_w@hotmail.com . ANAIS DO I SENAPS novamente nos seis meses subsequentes, 70% das quedas em idosos ocorrem dentro de casa e, dos que caem cerca de 2% requer hospitalização e dessa apenas metade sobrevivera após um ano (ESTADO, s/d). Concorda-se com Marin et. al. (2007) que embora as quedas contribuam para o aumento da morbidade e da mortalidade entre os idosos, elas são preveníveis, o que representa importante desafio para os profissionais de saúde na formulação e implementação das ações de saúde tanto para a população idosa como para a sociedade em geral. OBJETIVOS Conhecer os acidentes domésticos com quedas no último ano que ocorrem com idosos residentes na área de abrangência da Estratégia de Saúde da Família de São Salvador do município de Cascavel/PR e descrever os fatores de risco domésticos para os acidentes ocorridos com os idosos daquele território. METODOLOGIA Optou-se pela pesquisa descritiva e exploratória com abordagem quantitativa. Para a realização da pesquisa foi realizado um sorteio aleatório e foi selecionada a Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) de São Salvador no município de Cascavel/PR. Utilizou-se pesquisa de campo e a amostra foi composta pelos idosos de ambos os sexos, com história de acidentes domésticos com quedas no último ano e residentes na área de abrangência da UBSF de São Salvador. Os idosos foram selecionados no primeiro momento pela indicação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) da área adscrita, no segundo momento foram seguidos os critérios de inclusão para os sujeitos da pesquisa, ou seja, possuir 60 anos ou mais e ser residente do território da UBSF do distrito de São Salvador e, a exclusão se deu pelos sujeitos sem história de acidente domiciliar com quedas ou se recusem a participar da pesquisa e os dados foram coletados por meio de entrevista conforme a disponibilidade dos idosos. O ANAIS DO I SENAPS projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paranaense/UNIPAR e aprovado pelo parecer nº. 37120/2012. RESULTADOS Deve ser destacado que no delineamento da pesquisa algumas limitações devem ser consideradas, como o tamanho amostral que se deu pela delimitação da mesma. Entre os pesquisados não variou muito a faixa etária sendo apresentado de 60 a 64 anos 2 (40%) mulheres e 1 (20%) homem e de 75 a 79 anos para ambos os sexos 1 (20%), obtendo-se a média de 67,4 anos entre os idosos. Quanto ao estado civil, verifica-se que os sujeitos são casados 4 (80%) para ambos os sexos e 1 (20%) viúva, dentre as mulheres 1 (20%) reside com o esposo, 1 (20%) reside com os filhos, 1 (20%) com marido e filhos, os homens residem 1 (20%) com esposa e filhos e 1 (20%) com filhos e netos. Lembrando que todos estão aposentados. Os dados apontam que os primogênitos assumem uma parcela significativa da responsabilidade, situação que requer atenção dos profissionais de saúde, principalmente da enfermeira, pois Caldas; Saldanha (2004) refere que os membros da família nem sempre estão dispostos a assumir o cuidado e quando assumem podem estar despreparados ou sobrecarregados. Entretanto os cuidadores informais como filhos e parentes constituem a mais importante fonte de suporte para os idosos. Salienta-se que as quedas registradas entre as mulheres na faixa etária de 60 a 64 e 75 a 79 anos é de 1 (20%) tanto para a frequência de 1 a 2 quedas como para 5 ou mais quedas. Entretanto os homens na faixa etária de 60 a 64 e 75 a 79 anos é de 1 (20%) tanto para a frequência de 1 a 2 quedas como de 3 a 4 quedas. Salienta-se que conforme proposto a totalidade dos idosos apresenta história de quedas no último ano, sendo resultante de um deslize ou tropeço. A ocorrência de queda foi maior entre as mulheres. Yuaso; Sguizzatto (2002) relata que, aproximadamente 1/3 dos idosos, morando em casa sofrem uma queda por ano e salienta que a frequência de quedas em pessoas idosas é mais elevada do que se imagina, pois os idosos as aceitam como um acontecimento inevitável do envelhecimento e geralmente não as referem, a ANAIS DO I SENAPS menos que interrogados. Para os autores acima cabe ao profissional da saúde indagar sobre este evento, uma vez que o fato de cair pode significar a manifestação de doenças importantes que devem ser diagnosticadas, lembrando que a queda é um sintoma e não um acontecimento isolado. Técnicos do Ministério da Saúde sugerem que durante a consulta tanto nas Unidades Básicas de Saúde como no domicílio, seja realizada Avaliação Multidimencional Rápida da pessoa idosa, ponderando a queda sob os aspectos biológicos, físico-funcionais, cognitivos e psicossociais para identificação do mecanismo da queda, condições clínicas e medicamentos em uso (BRASIL, 2010). Os idosos relataram que a maioria dos acidentes ocorreu no banheiro, seguidos pela cozinha e lavanderia, e as principais lesões foram fratura seguidas pela contusão, luxação. Ressalta-se que 40% dos idosos necessitaram de hospitalização. Com relação ao desenvolvimento de doença após o trauma, 20% relataram terem desenvolvido infecção urinária e 20% infecção respiratória. Vale salientar que, das vítimas de acidentes domésticos, todos manifestaram dor. No Brasil o impacto econômico representado pelos acidentes pode ser medido diretamente pelos gastos hospitalares com internação, inclusive em unidades de terapia intensiva e em dias de permanência geral. A proporção de internação hospitalar decorrente de acidentes domésticos ocorridos nos conduz a pensar na necessidade de estratégias públicas para a prevenção desses acidentes com a população idosa (CARVALHO, 2007; BRASIL, 2010). Embora os idosos não articulem a queda com o ambiente, os resultados apontam que 80% não possuem barra de apoio no chuveiro, 100% não conta com barra próxima ao vaso sanitário, 60% não tem piso antiderrapante ou tapete fixo, 80% não têm hábito de manter luz acessa durante a noite, 100% não possuem nas escadas antiderrapantes ou corrimão, 40% não tem interruptor de luz próxima à cama, 40% sem uso de calcados adequados para a idade, 20% com roupas muito comprida, 20% com medicação para dormir, fatos que tem íntima relação com maior probabilidade a quedas. Cabe ressaltar que quando aos riscos ambientais não será possível fechar em 100%, pois dentre os idosos entrevistados obtivemos mais de uma resposta, ou seja, 2 idosos respondeu piso e escada, 3 idosos referem o piso e 2 os ANAIS DO I SENAPS tapetes. Um dos fatores extrínsecos que mais leva os idosos à queda é a presença de escadas com degraus irregulares e sem faixa antiderrapante no término ou corrimão para apoio, o que condiz com Yuaso; Sguizzatto (2002), onde a maior incidência de queda está relacionada aos fatores extrínsecos, dentre eles pode-se ressaltar como fatores de risco, a presença de móveis instáveis, escadas inclinadas e sem corrimão, tapetes avulsos e carpetes mal adaptados, iluminação inadequada, tacos soltos no chão, pisos encerados ou escorregadios, camas altas, sofás, cadeiras e vaso sanitário muito baixo, prateleiras de difícil alcance, presença de animais domésticos pela casa, uso de chinelos ou sapatos em más condições ou mal adaptados e fios elétricos soltos. Messias; Neves (2009) afirmam que pesquisas brasileiras têm dado grande ênfase referente às quedas em idosos aos fatores ambientais como fatores extrínsecos de risco, mas não se investiga sobre a influência do comportamento e atitude do idoso como contribuição nestes eventos. Concorda-se com Messia; Neves (2009) que as atividades que resultam em quedas se devem a condutas impensadas do próprio idoso, portanto, prevenir atitudes de risco por parte dos idosos que nunca caíram e que têm bom estado funcional é tão importante quanto à presença ou a exposição ao risco ambiental. Dessa forma, os profissionais devem ater-se tanto para investigação de atitudes de risco por parte dos idosos como exemplo subir em um banco para estender roupas no varal, como dos fatores ambientais de riscos de quedas, ou seja, para presença de tapetes em superfícies lisas, carpetes soltos ou com dobras, pisos escorregadios, cordas, cordões e fios no chão, ambientes desorganizados, móveis instáveis, presença de escadas irregulares, má iluminação, presença de animais, dentre outros. Alerta ainda para a necessidade de evitar o uso de chinelos, sapatos desamarrados, mal ajustados ou com solado escorregadio e cuidados em relação a roupas compridas, que arrastem no chão e podem desencadear quedas (BRASIL, 2010). Referindo ao atendimento integral da pessoa idosa na atenção básica, deve ser incluída na avaliação tanto a investigação de atitudes de risco por parte dos idosos como dos fatores ambientais de riscos de quedas e estabelecer estratégias para intervenção e prevenção da mesma (BRASIL, 2010). Não ANAIS DO I SENAPS podemos esquecer que 2 (40%) das mulheres referem insegurança ou medo de cair novamente, enquanto 3 idosos não registram medo de cair novamente, sendo 1 mulher e 2 homens. Yuaso; Sguizzatto (2002) alertam que as quedas podem gerar graves consequências físicas e psicológicas, como, por exemplo, lesões, hospitalizações, perda da mobilidade, restrição da atividade, diminuição da capacidade funcional, e medo de cair novamente. Salienta-se que o medo pode ser protetor quando o idoso toma mais cuidado para não se expor ao risco, mas também pode ser um risco quando causa limitação e insegurança. Dentre os idosos entrevistados a prevalência do uso de medicamentos foi de 100%, totalizando 11 medicamentos consumidos. O número máximo de medicamentos utilizado por um idoso foi 7 e o mínimo de 1, sendo a média de consumo entre os mesmos de até 3,4 medicamentos. A utilização de medicamentos em pessoas idosas deve ser sempre uma preocupação dos profissionais de saúde, lembrando que a fisiologia do idoso difere dos adultos jovens, bem como a interação medicamentosa indesejada, torna o uso de medicamentos um fator de risco (BRASIL, 2006). Salienta-se que um dos idosos é considerado idoso frágil ou em processo de fragilização, pois utiliza 7 medicamentos. Para Flores; Benvegnú (2008) os idosos são, possivelmente, o grupo etário mais medicalizado na sociedade, como o número de indivíduos idosos vem aumentando, o consumo de medicamento por esta população acompanha esta tendência, que possivelmente possa ser explicada devido ao aumento da prevalência de doenças crônicas com a idade. Assim, os medicamentos representam um dos itens importantes da atenção à saúde do idoso na prevenção de quedas. CONCLUSÃO Conclui-se que os acidentes domésticos com quedas no último ano e residentes na área de abrangência da UBSF de São Salvador trazem serias consequências físicas, psicológicas e sociais, portanto a identificação dos fatores de risco significativos causadores de quedas é uma importante etapa no sentido de estabelecer estratégias para prevenção da mesma. Visando a prevenção das quedas, as intervenções deverão ajudar ANAIS DO I SENAPS tanto os idosos, não ignorando sua parcela de responsabilidade, como família e cuidadores, principalmente a compreender a forma de reduzir a probabilidade de queda, sendo imprescindível que a residência do idoso seja diferenciada, a fim de que ofereça segurança necessária e diminua ao máximo o risco das quedas e suas consequências indesejáveis. Palavras-chave: Idosos, Quedas, Enfermagem REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de ações programáticas e Estratégicas. Caderneta de saúde da pessoa idosa: manual de preenchimento. Brasília, DF, Editora do Ministério da Saúde, 2006. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da pessoa idosa. Brasília, DF, 2010. V.19. CALDAS, C. P.; SALDANHA, A.L. Cuidado Familiar: A Importância da Família na Atenção à Saúde do Idoso. Saúde do Idoso: a arte de cuidar. 2ª. Ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. CARVALHO, Ana Cristina Silva de. Necessidades de saúde na perspectiva do idoso acometido de queda em domicílio: contribuições para enfermagem. 2007. 102 f. Dissertação (Mestrado)-Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, Rio de Janeiro, 2007. ESTADO. Centro de Estudos Ortopédicos do HSPE. Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual. Manual de prevenção de quedas da pessoa idosa. São Paulo – SP, s/d. FLORES, Vanessa Boeira; BENVEGNÚ, Luís Antônio. Perfi de utilização de medicamentos em idosos da zona urbana de Santa Rosa, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 6, p. 1439-1446, jun, 2008. ANAIS DO I SENAPS MARIN, Maria José Sanches et.al. Características dos riscos para quedas entre idosos de uma unidade de saúde da família. REME – Ver. Min. Enf., v. 11, n.4, p.369-374, out./dez., 2007. MESSIAS, Manuela Gomes; NEVES, Robson da Fonseca. A influência de fatores comportamentais e ambientais domésticos nas quedas em idosos. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., v. 12, n. 2, p. 275-282, 2009. PAIXÃO JUNIOR, Carlos Montes; HECKMAN, Marianela F. de. Disturbio da Postura, Marcha e Quedas. In: FREITAS, E. V. de et. al. Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. P. 951-961. Eixo temático: Saúde do Idoso YUASO, Denise Rodrigues; SGUIZZATTO, Guilherme Turolla. Fisioterapia em pacientes idosos. In: PAPALÉO NETTO, Matheus. Gerontologia: a velhice e o envelhecimento em visão globalizada. São Paulo: Atheneu, 2002. P. 331-347. Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS IDOSOS VÍTIMAS DE MAUS TRATOS Djulli Wirdian Lara115 Elizabeth Aparecida de Souza116 Leila Wiedmann117 INTRODUÇÃO Em países em desenvolvimento, o envelhecimento é uma das mudanças mais comuns e marcantes desde o século XX. De acordo com Alves et al., (2002) referem que a violência vem sendo caracterizada como um dos principais problemas enfrentados pela população de 60 anos ou mais e, acredita-se que isso acontece devido às diferenças entre a faixa etária da população, aonde a violência vem sendo manifestada pelo poder de outrem frente à fragilidade da pessoa idosa, resultando em uma série de conflitos e complicações. Considerado como crime desde a Constituição Federal de 1988 e no Estatuto do Idoso de 2003, os maus tratos causados aos idosos passam ainda despercebidos. Desta forma, compreende-se que a violência acompanha diversos fatores de riscos, receios e personalidades já formuladas por cuidadores, os quais na maioria das vezes resultam e influenciam na relação do idoso e cuidador, gerando conflitos, impondo um grau significativo de sentimentos evitáveis nessa relação. Saldanha; Caldas (2004) ressaltam que muitas vezes, os cuidados são prestados de forma inadequada e insuficiente, devido às situações que os membros da família se subestimam, não estando dispostos a lidar com o idoso, falta de paciência e entendimento, despreparados ou estão sobrecarregados por esta responsabilidade. 115 Enfermeira. Graduada pela Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade de Cascavel/PR. Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Estadual de Maringá – UEM – PR. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade de Cascavel e Enfermeira da 10ª Regional de Saúde. 117 Enfermeira. Especialista em Saúde da Família pela Universidade Paranaense – UNIPAR - Unidade de Cascavel/PR. Enfermeira da 10ª Regional de Saúde. Rua Souza Naves 4081, Ap. 54 – Centro Cascavel - Pr (45) 9942-3860. leila_w@hotmail.com . 116 ANAIS DO I SENAPS Portanto, a violência, segunda causa de mortalidade no Brasil, é uma das grandes preocupações da saúde publica, pois atinge toda classe social e diferentes grupos etários, mesmo que não leve à morte, causa danos, provoca lesões, traumas físicos e emocionais de grande intensidade (MACHADO; QUEIROZ, 2006). O Estatuto do Idoso no art.4º, § 1 esclarece que prevenir a ameaça ou a violação dos direitos dos idosos passa a ser um dever de toda a sociedade brasileira, bem como torna obrigatória a sua denuncia aos órgãos competentes (BRASIL, 2003). OBJETIVO Descrever os registros de ocorrências de maus tratos praticados contra idosos de ambos os sexos, no ano de 2011, na cidade de Cascavel, ressaltando um possível detalhamento da causa básica da denuncia, bem como identificar os ofensores e os tipos de lesões sofridas pelos idosos, segundo a Classificação Internacional das Doenças. METODOLOGIA Pesquisa descritiva de campo, com abordagem quantitativa fundamentada na analise documental de registros fornecidos pela Vigilância Epidemiológica e Centro de Referência Especializado de Assistência Social III (CREAS III) do Município de Cascavel – PR, do ano de 2011. A amostra foi composta pelos idosos que sofreram maus tratos e o caso estava registrado na Vigilância Epidemiológica e/ou no CREAS III no ano de 2011. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da Universidade Paranaense (UNIPAR), sob o parecer nº. 37119/2012. RESULTADOS Nos relatórios e fichas de notificações individuais de registros revisados junto aos setores de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Cascavel (SESAU) e CREAS III, constatou-se 180 casos de maus tratos aos idosos no ano de 2011 na cidade de Cascavel. Destes, 102 idosas (56,7%) eram do sexo feminino e 78 idosos (43,3%) do ANAIS DO I SENAPS sexo masculino. Deve-se considerar que por se tratar de arquivos de confirmação e investigação os registros de ocorrências encontrados no CREAS III e na Vigilância Epidemiológica aqui traçado diz respeito somente a 07 dentre os 180 casos com detalhamento dos maus tratos aos idosos, onde constam as seguintes lesões segundo a Classificação Internacional das Doenças (CID - 10): desnutrição (E-43), alcoolismo (Y91. 9), espancamento e fratura de membros (R45.6). Mediante a tais resultados indaga-se realmente os maus tratos não resultou em lesão? ou a investigação não foi adequada? Ressalta-se que esse item merece um estudo mais aprofundado posteriormente. Destacam-se as faixas etárias de 70 a 74 anos, seguida pelas de 65 a 69 anos e 60 a 64 anos onde as mulheres sofreram mais em relação aos homens, enquanto na faixa etária de 75 a 79 anos encontra-se equiparada nos dois grupos etários, sem distinções, o que não se pode desconsiderar nas demais faixas etárias. Para Souza; Freitas; Queiroz (2007) a idade mais avançada e a dependência emocional deixam os idosos mais suscetíveis aos maus tratos, tais informações são confirmadas pelos dados da pesquisa, pois ao estabelecer comparativo entre idade e maus tratos, percebeu-se que os idosos sofrem algum tipo de maus tratos em todas as faixas etárias. As mulheres são as principais vítimas da violência contra idosos em Cascavel-PR. Os números são preocupantes, pois, sabe-se que a cada um que pede por socorro há dez destes que calam, dificultando a visibilidade do problema. Isso ocorre por questões de gênero e baixo poder de autonomia, onde ainda convivem com algumas tradições em que os homens possuem o poder de machismo sob a mulher. Assim faz-se necessário facilitar à mulher, o acesso a uma rede de apoio social como trabalho, moradia, etc., buscando inclui-la na sociedade e elevar sua condição de cidadania (BRASIL, 2006). No entanto, a violência contra pessoas mais velhas ainda é muito presente no contexto social, o que pode ser considerado um fator contribuinte de abuso a pessoa idosa (SOUZA; FREITAS; QUEIROZ, 2007). Dentre os 180 casos pesquisados, 146 (81,1%) dos registros os agressores foram caracterizados pela violência intrafamiliar e 34 (18,9%) por outros ofensores, tais como o próprio idoso (a), vizinho, desconhecido, cuidador e ANAIS DO I SENAPS enteado. Souza; Freitas; Queiroz (2007) afirma que a violência familiar é realçada como a mais freqüente forma de abuso contra dos idosos nos estudos internacionais. Para o Brasil essa afirmação é insipiente, pois as pesquisas existentes não permitem estabelecer comparativo da proporção que incidem os abusos entre os parentes próximos com os que acontecem fora dos lares, bem como dentro das instituições. É importante salientar que todos os casos registrados de maus tratos aos idosos estavam acompanhados de um ou mais tipo de violência e agressor, resultando por diversos abusos sofridos por uma única vítima. Portanto, o número de maus tratos e agressores excedem o numero de vítimas. Destaca-se que o alto índice de violência registrado contra idosos em Cascavel tem sido liderado pela negligencia da família seguido pelo abandono. No entanto a violência sexual contra os idosos tem ficado cada vez mais frequente. Ela não lidera as estatísticas, mas exige bastante cautela e cuidado nas investigações. Em 2011 foi identificado e oficialmente contabilizado pelo CREAS III, três pessoas vítimas de violência sexual, quantas outras vítimas de abuso sexual omitiram o fato? Não se pode descartar a possibilidade de que o número de casos de violência contra idosos seja maior, porém muitos destas não são notificados, principalmente as que envolvam familiares. Devemos lembrar ainda, que uma percentagem dessa população vive em instituições para idosos, encontrando-se vulnerável aos mesmos tipos de violência já mencionados. Os maus-tratos e os abusos causados aos idosos são dos mais variados e na maioria causados pelas famílias (81,1%). Embora o idoso diga-se amparado pela Constituição de 1988 que institui “os filhos maiores tenham o dever de ajudar e amparar os seus pais na velhice”. Para Pasinato; Camarano; Machado, (2004) a família brasileira nem sempre tem condições de arcar com essa responsabilidade. Diante de tal fato como o estado está se organizando para acolher idosos vítimas de maus tratos que não podem continuar com a família? E o município? No caso do perfil agressor, dentre os registros analisados de maus tratos aos idosos, a violência intrafamiliar aparece com 157 dos casos, destes tendo como principal ofensor o filho da vitima com 109 casos. Tais atos e atitudes violentas dos filhos e de outros parentes visam quase sempre à ostentada de ANAIS DO I SENAPS bens, objetos e rendas, sem o consentimento dos idosos (SILVA, 2004). As queixas associam-se às várias formas de maus tratos físicos e psicológicos como apontam os dados com alto índice dessas agressões que consequentemente produzem lesões, traumas ou até a morte. Cabe ressaltar que por estes motivos muitos dos idosos acabam por procurar outros estilos de vida, como assinalam os resultados encontrados com um número significativo de idosos em situações de auto negligencia e abandono. Já os abusos financeiros seguem a margem percentual da violência física, o que provavelmente ocorre devido à apropriação da aposentadoria, onde se faz comum o uso de maus tratos físicos para com a pessoa idosa a fim de usufruir dos benefícios financeiros deste. Entre os maus tratos causados aos idosos há ofensores desconhecidos 6 (3,3%). Fato preocupante, pois, como pode o idoso ser vitima de outrem, sem que o mesmo o conheça? A partir dos dados significativos, ressalva a idéia de se discutir e buscar a identificação dos fatores de risco da população, para facilitar a definição de ações a serem desenvolvidas, com a finalidade de intervir preventivamente ou confirmar um diagnóstico, visando à adoção das medidas adequadas às diversas situações de violência intrafamiliar. Em casos de a família tentar ocultar situações de risco para o idoso, a aproximação do profissional poderá facilitar a abertura a um diálogo futuro, criando novos espaços de ajuda. Deve-se destacar que salvo situações de risco iminente, ou quando a vítima não tem capacidade de tomar decisões à equipe de saúde deve oferecer orientações e suporte para que a vítima possa compreender melhor o processo que está vivendo, analise as soluções possíveis para os seus problemas, tomando a decisão que lhe pareça mais adequada (BRASIL, 2006). Portanto, Souza; Freitas; Queiroz, (2007) referem que é necessário buscar e aplicar estratégias que preservem o idoso de maneira integral, principalmente aqueles em condição de dependência e fragilizados. CONCLUSÃO ANAIS DO I SENAPS Tendo em vista os aspectos observados, indaga-se sobre as condições de vida do idoso pós denuncia? Como o idoso vai denunciar a pessoa que convive com ele? Após o idoso denunciar casos de maus tratos, quais são as medidas de proteçao do estado? Que garantia o idoso tem que não sera mais agredido após denuncia? Conclui-se que é necessario uma rede de apoio ao idoso vitima de maus tratos, onde o mesmo poderá ter amparo e proteçao durante o desenrolar do processo de denuncia, com profissionais qualificados para auxilia-lo em qualquer dificuldade que possa vir a encontrar. Por fim, que o estado assegure o planejamento de estratégias e políticas, visando a prevenção dos maus tratos contra a pessoa idosa, favorecedo a estes o envelhecimento seguro e digno, ou seja, que seja assegurado seus direitos. Palavras-chave: Idoso. Maus tratos. Enfermagem. REFERÊNCIAS ALVES, D.C.I. et al. A violência no idoso. Revista Nursing. São Paulo Vol.5, n.47, p. 26-30, abr. 2002. BRASIL. Senado Federal. Estatuto do Idoso. Brasília, DF, 2003. ______. Ministério da Saúde - Secretaria de atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa/ Saúde da Família. Cadernos de Atenção Básica, Nº 19. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. MACHADO, L.; QUEIROZ, Z.V. Negligência e Maus - Tratos. 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Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS A PERCEPÇÃO DO CUIDADOR FAMILIAR DE IDOSOS DEPENDENTES SOBRE O PAPEL DO PROFISSIONAL DA SAÚDE EM SUA ATIVIDADE Maíra Caroline de Oliveira118 Keila Okuda Tavares119 INTRODUÇÃO A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera uma população como envelhecida quando a proporção de pessoas com 60 anos ou mais atinge 7%, com tendência a crescer. Portanto, não se pode mais dizer que o Brasil é um país jovem, já que a população de idosos segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os anos de 1999 e 2009, passou de um percentual de 9,1% para 11,3% (IBGE, 2010). Com o passar dos anos o organismo fica mais vulnerável as agressões do meio externo e interno devido ao envelhecimento biológico, que em particular é intransigente, ativo e irreversível. O processo de envelhecer é de natureza multifatorial, depende da programação genética e das alterações que ocorrem em nível celular-molecular. Consequentemente pode haver diminuição da capacidade funcional e sobrecarga dos mecanismos de controle homeostático, que passam a servir como fundamento fisiológico para o aparecimento de doenças (MORAES, 2008). A maior longevidade dos brasileiros e a presença das doenças crônicas são duas causas importantes do aumento dos percentuais de idosos portadores de incapacidades (KARSCH, 2003). Levando em consideração essa realidade é de se esperar que aumente o número de idosos dependentes inseridos no meio social e familiar (SILVA; GALERA; MORENO, 2007). Grande parte das doenças e limitações que os idosos 118 Discente do Curso de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). Rua Filosofia, 614 / Cascavel-PR. Fone: (46)9917-9308. E-mail: mah_falcade@hotmail.com. 119 Fisioterapeuta. Mestre. Docente do Colegiado de Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). ANAIS DO I SENAPS apresentam não é responsável por sua morte, mas tendem a ocasionar complicações e sequelas, a ponto de impedir o autocuidado, sobrecarregando a família e o sistema de saúde (ROSA, 2003). Considerando a família como um sistema, uma unidade na qual existe uma interação entre seus membros, a presença de um idoso dependente no domicílio afeta todos os componentes do grupo de diversas maneiras. Sendo assim, existe a necessidade dos profissionais da área da saúde levar em consideração a estrutura e as particularidades de cada família ao estabelecerem suas condutas e orientações, pois ela representa a ligação entre a equipe multiprofissional e a pessoa idosa dependente (SILVA; GALERA; MORENO, 2007). A família precisa de uma atenção específica, pois na maioria dos casos os familiares não se encontram preparados em vários aspectos para cuidar adequadamente desse indivíduo (RAFACHO; OLIVER, 2010). Dessa forma, é fundamental conhecer a vivência de cuidadores familiares de idosos dependentes para poder auxiliar de uma forma mais completa as pessoas que se dedicam a essa atividade. Na maior parte das vezes suas necessidades e particularidades não são observadas, o que por sua vez pode interferir no sucesso das abordagens das equipes de saúde. OBJETIVO Nesse sentido, o objetivo deste estudo é conhecer a opinião de cuidadores de idosos dependentes sobre como o profissional da saúde pode atuar no intuito de auxiliálo a ser um bom cuidador. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de caráter qualitativo. Foram realizadas entrevistas diretas, no período de setembro de 2012 a janeiro de 2013, com os cuidadores familiares dos idosos dependentes em domicílio assistidos pela Pastoral da Pessoa Idosa do Bairro Neva, do município de Cascavel-PR. ANAIS DO I SENAPS A coleta de dados foi realizada por meio de uma entrevista semi-estruturada, baseada em uma pergunta orientadora. Elas foram gravadas, utilizando-se um gravador digital e transcritas na íntegra para posterior análise. Todos os cuidadores foram entrevistados envolvidos nas atividades de cuidado do idoso dependente. A pesquisadora responsável entrou em contato com o cuidador familiar, e posteriormente a uma apresentação, forneceu esclarecimentos sobre o estudo, seus objetivos e sua forma de realização. Para os indivíduos que concordaram em participar, foi solicitada a leitura e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As entrevistas foram agendadas previamente e realizadas nas residências dessas pessoas, por considerar que neste local elas se sentiriam mais à vontade para falar sobre suas vivências. A entrevista baseou-se na seguinte pergunta norteadora: “O que você acha que os profissionais da saúde poderiam fazer para te ajudar a ser um bom cuidador(a) de idosos dependentes?” Para melhor caracterização dessas famílias foi aplicado também um questionário com perguntas abertas, fechadas e mistas, relacionadas a dados dos cuidadores e da pessoa idosa. Após a visita a cada residência, foram anotadas em um “diário de campo” todas as informações e impressões obtidas, com a finalidade de complementar os dados das entrevistas. As entrevistas transcritas foram identificadas pela letra “C” de “cuidador” e por números, e analisadas com o método da Análise do Conteúdo, obedecendo algumas etapas: (1) a pré-análise, (2) a exploração do material e (3) a organização dos resultados, inferência e interpretação (BARDIN, 2009). RESULTADOS Os cuidadores apresentavam em média 60,54 (±11,54) anos, com um mínimo de 48 e um máximo de 83 anos. Nove (69,23%) eram do sexo feminino e quatro (30,77%) do sexo masculino. Em relação ao grau de parentesco, oito (61,54%) eram filhos dos idosos, três (23,08%) eram seus cônjuges e dois (15,38%) eram companheiros/cônjuges ANAIS DO I SENAPS dos filhos dos idosos. O tempo que esses cuidadores estavam cuidando dos idosos variou de 6 meses a 15 anos. Dez (76,92%) pessoas se classificaram como cuidadores principais, e três (23,08%) como cuidadores secundários. A maioria era casada (76,92%), possuía ensino médio completo (38,46%), era aposentado (46,15%) e apresentava uma renda familiar de dois a cinco salários mínimos (69,23%). Todos entrevistados (100%) eram católicos. Em relação ao grau de dependência do idoso, a maioria era totalmente dependente para o banho e higiene pessoal (88,89%), vestuário (77,78%), deambulação/locomoção (55,56%) (66,67% usavam meios auxiliares para locomoção) e para executar transferências (mudanças de posição) (55,56%). A maioria era independente para se alimentar (44,44%). Por meio da leitura exaustiva dos textos transcritos e sua análise foi possível obter três categorias temáticas. Desconhecimento de alguns cuidadores familiares sobre como os profissionais de saúde pode os ajudar em sua atividade Após a leitura das falas dos cuidadores foi possível observar que alguns deles não sabem como os profissionais da saúde poderiam ajudá-los a cuidar dos idosos dependentes de uma forma mais completa e eficiente, no sentido de tentar atenuar a sobrecarga física e psicológica e o estresse crônico associado a essa ocupação. Pode-se notar que existe uma falta de conhecimento por parte desses sujeitos sobre o assunto. Apesar dos cuidadores familiares estarem dia a dia com o idoso, vivenciando as dificuldades que esse tipo de atividade acarreta, eles não conseguem identificar quais as situações em que as equipes de saúde poderiam intervir, e de que maneira elas poderiam intervir, para os auxiliarem em suas atividades. Na cidade de Cascavel-PR onde foi realizada a pesquisa existe o PAID (Programa de Assistência e Internação Domiciliar), um serviço de saúde da prefeitura desse município que foi implantando a partir do ano de 2005. Esse Programa tem como objetivo atender indivíduos (independente da idade) que se encontram dependentes total ANAIS DO I SENAPS ou parcialmente de outras pessoas. Conta com uma equipe multidisciplinar qualificada que presta serviços de saúde no âmbito domiciliar, buscando educar familiares e pacientes para o fortalecimento do autocuidado, diminuindo o uso da rede hospitalar e melhorando a qualidade de vida das pessoas acometidas e suas famílias. Apesar de alguns dos cuidadores entrevistados estarem vinculados aos atendimentos do PAID na época em que os dados foram coletados, estes também não sabiam determinar o que mais esses profissionais poderiam fazer para os auxiliarem no seu cotidiano relacionado ao cuidado do idoso dependente. Demonstraram por meio das falas não saber se existiria algo mais a ser feito pela equipe de saúde para os ajudarem a serem cuidadores melhores. Achavam que eles já faziam o suficiente por eles, pelo idoso e pela família. Apesar de o Programa ter objetivos relacionados à educação em saúde, o que mais foi destacado foram as atuações relacionadas ao serviço assistencial em si. Orientações e demonstrações: algo que poderia facilitar o cuidador e auxiliar o idoso dependente A maioria dos cuidadores relatou que as orientações dos profissionais de saúde são de suma importância para que eles possam cuidar melhor dos idosos dependentes e prevenir complicações, pois referiram não ter informações suficientes que auxiliem a exercer os cuidados de forma adequada. Na visão desses sujeitos a demonstração dessas orientações facilitaria ainda mais o aprendizado e a sua execução, pois assim saberiam como realizá-las corretamente, diminuindo a sobrecarga física a que são submetidos. Enfatizaram ainda o treino de alguns exercícios terapêuticos como um auxílio importante para o cuidado desses idosos, já que a dependência física deles acaba dificultando o cuidar e a recuperação dos acometidos, melhorando a qualidade de vida desses idosos e dos próprios cuidadores familiares. Ajuda psicológica e redes de apoio: fundamental para o idoso e também para o cuidador ANAIS DO I SENAPS Os entrevistados relataram a necessidade de auxílio psicológico profissional, pois a tarefa de cuidar de um idoso dependente no domicílio é estressante e os sobrecarrega de várias formas. A mudança na vida dos cuidadores em função dos cuidados com o idoso gera grande estresse, pois há a necessidade de conciliar a vida de toda a família com as exigências que essa nova realidade impõe. O tempo restrito dos cuidadores para descansar e para o lazer gera uma sobrecarga emocional que é constante em suas vidas. Dessa forma foram feitas observações em relação à necessidade de grupos de apoio informais e atividades de lazer tanto para os cuidadores como para os idosos no sentido de melhorar a convivência entre eles. Tudo isso também possibilitaria o favorecimento da interação social com outras pessoas em situações semelhantes o que proporcionaria uma rede de ajuda entre esses grupos que vivenciam dificuldades parecidas. CONCLUSÕES Após as entrevistas, as transcrições das falas e a análises dos textos, percebeu-se que a maioria dos entrevistados são indivíduos do sexo feminino, vivenciando também a terceira idade, que por sua vez estão cuidando de outros idosos que se encontram em uma situação importante de dependência. Tal fato pode ser muito prejudicial à saúde física e psicológica do cuidador e consequentemente influenciar a forma como o idoso dependente é cuidado. O fato de a maioria apresentar uma renda familiar de dois a cinco salários mínimos pode ser outro fator que dificulta os cuidados, pois além da sobrecarga física e mental, existe a sobrecarga financeira relacionada aos gastos com os tratamentos do idoso dependente. Observou-se que muitos não sabem como interagir com o profissional da área da saúde no sentido de aproveitar melhor o que esse profissional pode contribuir na sua atividade diária. O que a maioria acha que o profissional pode fazer é orientar, demonstrar e treinar condutas a serem realizadas com o idoso no domicílio. Questionase se isso é fruto do tipo de relacionamento que existe entre essas famílias que ANAIS DO I SENAPS apresentam um idoso dependente e os serviços de saúde, onde o foco é somente a doença e não a pessoa que está doente e a sua família que o assiste em casa. Percebe-se que essa atividade é estressante e desgastante, tanto para o cuidador como para quem é cuidado. Os entrevistados destacaram a necessidade de auxílio psicológico e de atividades de lazer e para eles e os idosos, e também a importância de grupos de apoio informais. PALAVRAS-CHAVE: cuidadores familiares, profissionais da saúde, idoso dependente, relações familiares. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 281 p. 5ª edição. Lisboa-Portugal: Editora 70, 2009. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [internet]. SIS 2010: Mulheres mais escolarizadas são mães mais tarde e têm menos filhos [acesso dia 02 de Março de 2012]. Disponível em: www. ibge.gov.br. KARSCH, U.M. Idosos dependentes: famílias e cuidadores. Caderno de Saúde Pública, v.19, n.3, p.861-66, 2003. MORAES, E.N. Princípios básicos de geriatria e gerontologia. 700 p. 1ª edição. Belo Horizonte: Editora Coopmed, 2008. RAFACHO, M.; OLIVER, F.C. A atenção aos cuidadores informais/familiares e a estratégia de Saúde da Família: contribuições de uma revisão bibliográfica. Revista de Terapia Ocupacional, v.21, n.1, p.41-50, 2010. ROSA, T.E.C. et al. Fatores determinantes da capacidade funcional entre idosos. Revista de Saúde Pública, v.37, n.1, p.40-8, 2003. SILVA, L.G.S.A.F.; MORENO, V. Encontrando-se em casa: uma proposta de atendimento domiciliar para famílias de idosos dependentes. Acta Paulista de Enfermagem, v.20, n.4, p.397-403, 2007. ANAIS DO I SENAPS Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS IMPLANTAÇÃO DA CADERNETA DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA NO MUNICIPIO DE CASCAVEL - PR Sara Mirian de Oliveira Fiirst120 Elizabeth Aparecida de Souza121 INTRODUÇÃO A construção de uma política pública de saúde com foco no envelhecimento e na saúde da pessoa idosa estabelece uma dimensão necessária às transformações da sociedade e a construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Desde 2003 com a implantação do Estatuto do idoso a garantia de direitos e a atenção integral à saúde da pessoa idosa pelo SUS e, em 2006 o Pacto pela Saúde e a redefinição das responsabilidades governamentais, bem como o compromisso entre os gestores no atendimento às prioridades que causam impacto sobre a situação de saúde da população brasileira (BRASIL, 2006a). Corroborando em 2006, foi revista a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) por meio da Portaria GM/MS n. 2.528, que tem como meta a atenção à saúde adequada e digna para os idosos brasileiros principalmente os considerados frágeis e/ou vulneráveis, estabelecendo importante papel para a equipe de saúde (BRASIL, 2006b). Destaca-se que a caderneta é uma das metas estabelecidas no Pacto pela Saúde/Pacto pela vida e na mesma deverão ser registradas as informações importantes sobre as condições de saúde da Pessoa Idosa com a finalidade da atenção à saúde integral (BRASIL, 2006c). Lembrando que o documento vai auxiliar os profissionais de saúde sobre as ações necessárias para a garantia de um envelhecimento ativo e saudável (BRASIL, 2006c). A caderneta é uma ferramenta de identificação de situações de risco potenciais para o idoso e, para os profissionais de saúde tais 120 Enfermeira do Hospital Santa Catarina. Graduada pela Universidade Paranaense – UNIPAR - Unidade de Cascavel – PR. Rua Arlindo Oscar Carelli, 404 - (45)84189173 – e.mail: saramirian_@hotmail.com 121 Enfermeira. Mestre em Enfermagem – Universidade Estadual de Maringá – UEM – PR. Docente do Curso de Enfermagem da Universidade Paranaense – UNIPAR – Unidade de Cascavel – PR e enfermeira da 10ª Regional de Saúde. ANAIS DO I SENAPS informações são úteis e necessárias para planejar e organizar as ações de promoção, recuperação e manutenção da capacidade funcional da pessoa idosa. É de suma importância que a atenção à pessoa idosa seja embasada na melhoria da qualidade da assistência e no aumento de sua resolutividade com envolvimento de todos os profissionais, ou seja, da equipe multiprofissional que trabalham na Atenção Básica. No que concerne ao município pesquisado, surgiram às seguintes indagações: Como está sendo realizado o processo de implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa no município? Como esta sendo realizada a distribuição da caderneta de saúde da pessoa idosa na área de abrangência das Unidades Básicas de Saúde? OBJETIVOS Relatar e descrever o processo de implantação da caderneta de saúde da pessoa idosa na área de abrangência das Unidades de Saúde no município de Cascavel/PR. METODOLOGIA Trata-se de pesquisa descritiva e exploratória com abordagem qualiquantitativa. Utilizou-se da pesquisa de campo e amostra foi composta pelo profissional que gerencia o cuidado da pessoa idosa na secretaria municipal de Saúde de Cascavel/PR e pelos(as) enfermeiros(as) de duas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) e duas Unidades Básicas de Saúde Tradicionais (UBST), por meio de entrevista. Para a definição das Unidades Básica de Saúde da Família e Unidade Básica de Saúde Tradicional foi realizado um sorteio aleatório, portanto, a coleta de dados foi realizada na UBS do Cancelli e na UBSF de Sede Alvorada, na UBS São Cristovão e na UBSF do Morumbi. Conforme Resolução 196/96 do CONEP/MS, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Paranaense (UNIPAR) e aprovado sob o protocolo nº. 62072/2012. ANAIS DO I SENAPS RESULTADOS No começo da década de 90 os idosos de Cascavel perfaziam 8.923 pessoas, significando 4.8% em relação à população total, entre os anos de 1990 a 1994 a diferença entre a taxa média de crescimento foi expressiva, de 6,3% para a população idosa e de 2,7% para a população em geral. Em 2005 já somavam 17.348 e a proporção sobe para 6.2% de idosos na população total, com taxa média de crescimento anual entre 1991 a 2005 de 3,3% superando a taxa média de crescimento anual para a população total (SOUZA, 2007). O último censo apurado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Cascavel-Pr conta com população total de 286.205 habitantes, dentre os quais 25.704 (9%) de população idosa (IBGE, 2010). Fizeram parte da pesquisa cinco enfermeiros, destes dois atuando na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), dois na Unidade Básica de Saúde Tradicional (UBST) e um enfermeiro da Secretaria Municipal de Saúde de Cascavel que atua no gerenciamento do cuidado a pessoa idosa no município. Foi solicitado aos entrevistados como foi realizada a distribuição das cadernetas de saúde da pessoa idosa no município de Cascavel e ano que ocorreu três (60%) dos enfermeiros não souberam informar a data de distribuição da mesma, destes um afirma não ter conhecimento do material e um enfermeiro relata “Na unidade foi distribuída a mais ou menos um ano na reunião do Hiperdia”. Um enfermeiro (10%) refere que a Regional de Saúde realizou a distribuição em 2009 para as Equipes de Saúde da Família (ESF) e em 2010 e 2011 a secretaria municipal de saúde de Cascavel distribuiu para as demais Unidades Básicas de Saúde (UBS). Salienta-se que um (10%) dos enfermeiros relata que a implantação ocorreu em 2009 em uma capacitação sobre Atenção Básica e “Na unidade foi entregue para os idosos que comparecia na UBS”. As entrevistas realizadas apontam situações que se transformam em entraves para a consolidação do processo de implantação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa (CSPI) no município, a saber, falta de conhecimento do material, distribuição das cadernetas sem o efetivo controle e acompanhamento, destaca-se que em momento algum foi mencionado outros profissionais da equipe de ANAIS DO I SENAPS saúde. Ainda, referente aos profissionais de saúde algumas iniciativas vêm sendo realizadas para capacitá-los, ou seja, Programa de Qualificação da Atenção Primária à Saúde (APSUS), o qual institui nova lógica para Atenção Primária em Saúde na implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecendo as capacidades de assistência e de gestão (ESTADO, 2011). Nessa perspectiva houve a definição de prioridades articuladas, integradas e serão constituídas em seis módulos voltados aos trabalhadores e gestores em saúde, evidenciando a previsão de diretrizes e ações estratégicas, com vistas à implantação das Redes de Atenção à Saúde (RAS) do idoso. Quando questionados se a UBS tem território definido, quatro (80%) dos enfermeiros responderam sim, enquanto um (20%) afirmou que não tem. A portaria 2.488 de 2011 institui que tanto as UBSF como as UBST devem ter seu território definido, com população adscrita, garantindo os princípios e diretrizes da Atenção Básica (AB) (BRASIL, 2011). No que diz respeito ao conhecimento dos profissionais no seu território em relação à saúde do idoso, dois enfermeiros relatam que não tem conhecimento e três (60%) afirmam que conhecem o território e citam o número de idosos de suas respectivas área de abrangência, dois (40%) citaram o número de idosos frágeis ou em processo de fragilização. Salienta-se que um dos enfermeiros desconhece o número de idosos independentes, bem como os idosos frágeis ou em processo de fragilização. Zachi (2011) afirma que no município de Cascavel/PR no ano de 2012 foi realizado o processo de territorialização na sua totalidade, atualmente tanto as UBST como as UBSF trabalham com território adscrito, para conhecer de modo mais aprofundado a realidade da população, suas condições de vida e saúde, possibilitando a construção de um diagnóstico epidemiológico, demográfico e macrossocial do município. No momento que os profissionais da AB identificam seu território e conhecem a população adscrita, torna-se mais fácil compreender as dificuldades. É necessário ter uma visão ampliada do fato de que, para avançar na construção da integralidade da atenção à população, é necessária à mudança do modelo assistencial de saúde vigente, ainda centrado na doença, para um modelo de saúde hierarquizado, ANAIS DO I SENAPS resolutivo, tecnicamente competente, integral e universal (BRASIL, 2011). Para a operacionalização da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, considera-se idosos independentes e idosos frágeis ou em processo de fragilização. Destaca-se que o objetivo da caderneta é exatamente identificar os idosos frágeis ou em processo de fragilização para que sejam priorizadas as ações de recuperação, de promoção e de atenção, evitando, com isso, a piora do quadro apresentado (BRASIL, 2006c). Com relação aos dados da caderneta quatro (80%) dos enfermeiros afirmam que as equipes não têm registro nos prontuários dos idosos e um (20%) refere que registram as “Orientações gerais sobre a saúde do idoso”. A caderneta de saúde da pessoa idosa é um instrumento de coleta de dados, desenhado para ser preenchido pelos profissionais da equipe de saúde quando da visita domiciliar ou no atendimento na unidade da saúde. Contém várias questões relevantes para a identificação de riscos de fragilidade em idosos (BRASIL, 2006c). Lembrando que na CSPI constam dados epidemiológicos relevantes para o planejamento das ações locais voltadas para a população idosa adscrita. Salienta-se que a utilização da CSPI merece registro e análise em função de seu pioneirismo e das inúmeras demandas e necessidades dessa parcela da população. Foram questionados sobre as dificuldades encontradas para a implantação da caderneta de Saúde da pessoa idosa na UBS e/ou no município, dois (40%) dos enfermeiros refere que não implantaram até a presente data, um (20%) não respondeu e dois (40%) enfermeiros referem “O não reconhecimento da caderneta como documento”, “Quantidade de informação para preenchimento”, “Não houve integração no desenvolvimento do processo”, “São muitos dados pra preenchimento”. Corroborando Ferreira (2010) afirma que a construção de um instrumento deste porte sugere significativo acúmulo teórico-conceitual e político, além de sensibilidade para com a questão da informação sobre a saúde do idoso, ambas as estratégias em caráter substitutivo em relação à rede de AB nos territórios em que atuam, para efetiva concretização da Atenção Primária em Saúde centrado na prevenção e promoção da saúde. Quando questionados se as equipes de saúde trabalham com saúde do idoso, as ANAIS DO I SENAPS enfermeiras foram unânimes ao afirmarem que sim, mas uma não citou as ações que desenvolve e as demais citaram “Grupo de hiperdia”, ”atendimento específico de saúde bucal”, “grupo de idosos”, “agendamento de consulta médica”. Evidencia-se a necessidade de educação permanente tanto para os profissionais de saúde como para os gestores, com abordagem de temas concernentes a Política Nacional da Pessoa Idosa (PNPI), envelhecimento saudável, prevenção e cuidado da pessoa idosa, suporte para a família (BRASIL, 2010). Na sequencia foi arguido se a caderneta de Saúde da pessoa idosa esta contribuindo para o atendimento do idoso e quatro (80%) dos enfermeiros relatam que não contribui e apenas um refere a “Identificação dos dados com mais objetividade”. Para as equipes de saúde, qual a finalidade da caderneta de Saúde da pessoa idosa no serviço e dois (40%) dos enfermeiros não responderam, três (60%) responderam “Facilitar no atendimento, pois constam todos os dados do idoso”, “Contribuir no acompanhamento da saúde do idoso e obter anotações importantes”, “Instrumento de monitoramento da saúde do idoso”. A caderneta da pessoa idosa é um instrumento precioso que ajudará na identificação das pessoas idosas frágeis ou em risco de fragilização. Por um lado possibilita aos profissionais de saúde, o planejamento, organização das ações e um melhor acompanhamento do estado de saúde dessa população, por outro é um instrumento de cidadania para as pessoas idosas, onde terá em mãos informações relevantes para o melhor acompanhamento de sua saúde (BRASIL, 2010). Ferreira (2010) afirma que as equipes de saúde enfrentam dificuldades para transformar dados locais em informação útil para o planejamento de suas ações. CONCLUSÃO No município de Cascavel/PR, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa não está sendo implantada, sendo um documento pouco conhecido e a prática desvalorizada pelos enfermeiros das Unidades de Saúde, sendo que os mesmos não reconhecem a função primordial e os objetivos da caderneta da pessoa idosa. Diante de tal fato questiona-se será que os resultados seriam os mesmos se a entrevista fosse realizada ANAIS DO I SENAPS com os demais profissionais da equipe? Recomenda-se a capacitação e educação continuada para enfermeiros, bem como para as equipes da Atenção Básica do município envolvido no processo, pois o assunto ainda é pouco conhecido e discutido. Palavras-chave: Pessoa Idosa. Caderneta de Saúde. Enfermagem. REFERÊNCIAS: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à Descentralização. Coordenação Geral de Apoio à Descentralizada. Diretrizes operacionais dos pactos pela vida, em defesa do SUS e de gestão. 2. ed. Brasília: Ministério da saúde, 2006a. ______. Ministério da Saúde. Portaria Nº 2.528 de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Diário Oficial da União 20 de outubro de 2006b. ______. Ministério da Saúde. Caderneta de saúde da pessoa idosa: manual de preenchimento. Brasília: Ministério da saúde, 2006c. ______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da pessoa idosa. Brasília, v.19, DF, 2010. ______. Ministério da saúde. Portaria Nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Disponível em:< http://www.brasilsus.com.br/legislacoes/gm/110154-2488.html>. Acesso em 26 abr. 2012. FERREIRA, Margareth Glória Sgambato. Implantação e monitoramento da caderneta de saúde da pessoa idosa na estratégia de saúde da família: a experiência da área programática 5.1do município do Rio de Janeiro. 92 f. Dissertação (Mestrado em Saúde da Família), Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro, 2010. ANAIS DO I SENAPS Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 30 de agosto 2012. PARANÁ. Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. APSUS-Atenção Primária à Saúde de Qualidade em todo Paraná. Formação e Qualificação Profissional em APS. Curitiba, 2011. SOUZA, E. A. Assistência ambulatorial à população idosa: estudo de demanda e oferta. 2007. 99 f. Dissertação (Mestrado)–Departamento de Enfermagem, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2007. ZACHI, Mara Lúcia Renostro. Projeto participativo de territorialização em saúde no município de Cascavel PR. Disponível em:< http://www.cascavel.pr.gov.br/arquivos /02022012_boletim_informativo_01__2011.pdf >. Acesso em 04 maio 2012. Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS O ENVELHECIMENTO, A INSTITUCIONALIZAÇÃO E A MORTE: COMPREENDENDO OS SENTIMENTOS DE IDOSOS Andréia Ramos do Porto122 Denise Albieri Jodas Salvagioni123 Simone Roecker124 INTRODUÇÃO A velhice pode ser entendida como um processo pessoal, natural, indiscutível e inevitável para qualquer ser humano na evolução da vida. Existem duas formas básicas de enfrentamento nessa fase de vida: de maneira consciente e tranquila, reconhecendo o que há de importante nessa etapa de vida para desfrutar, mesmo com limitações, surgindo imagens positivas da velhice e do envelhecimento. E a outra de grande intensidade, quando associada à doença e incapacidade, em que os idosos tendem a representar imagens negativas da velhice, ou seja, tudo depende da relação que a pessoa estabelece com sua própria velhice (FRANÇA, 2006). Falar sobre envelhecer e morrer não faz parte dos temas mais comuns, nem das conversas informais, quando se é jovem e mesmo na vida adulta geralmente não pensamos e não nos preocupamos com o fim da vida, porque normalmente o assunto é tratado como algo que está distante de nós (QUEIROZ, 2011). Assim o principal fator de risco para a mortalidade em idosos ainda continua sendo a própria idade, ou seja, quanto mais se vive maiores são as chances de morrer, o homem, o sexo masculino ainda ocupa o topo da pirâmide dos fatores de risco, do que as mulheres, porém, esta correlação tem se modificado cada vez mais, uma vez que as mulheres tem estado mais expostas e envolvidas na evolução social (RAMOS, 2003). Nesse sentido, observa-se que maioria das pessoas não se prepara para a velhice por diversos motivos. Um deles é que essa etapa está associada à ideia da própria morte, 122 Técnica em enfermagem pelo Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. Enfermeira. Mestre em enfermagem. Docente do departamento de enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. 124 Enfermeira. Mestre em enfermagem. Docente do departamento de enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. Endereço: Av. Voluntários da Pátria, 546, Jardim Andrade, Londrina/PR. Telefone: (45)88053021. Email: simone.roecker@ifpr.edu.br 123 ANAIS DO I SENAPS tema relativamente evitado pelas pessoas em todas as faixas etárias na atualidade (SOARES; SILVA; ROSA et al, 2009). A Associação Brasileira de Gerontologia afirma que é necessário garantir que a velhice e o processo de envelhecimento sejam processos orientados e bem-assistidos, tornando-se imprescindível que o aumento da expectativa de vida seja acompanhado por ganhos na qualidade de vida, satisfação e bem-estar (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GERONTOLOGIA, 2012). Assim, entende-se que essa temática deva ser abordada com naturalidade, pois, à medida que as pessoas tomam consciência de sua finitude, passam a compreender a vida em sua complexidade e tendem a rever seus valores. Assim, esta reflexão crítica oportuniza contextualizar o processo de envelhecimento e a morte em suas dimensões sociais, culturais, psicológicas e espirituais, bem como possibilitar ao idoso um espaço para expressar seus sentimentos e o seu modo de ser e ver o mundo (FRUMI; CELICH, 2006). OBJETIVOS O objetivo principal deste estudo é compreender os sentimentos dos idosos institucionalizados em relação ao processo de envelhecimento e morte. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo-exploratório de abordagem qualitativa, que buscou compreender os sentimentos dos idosos institucionalizados em relação ao processo de envelhecimento e morte. O campo de estudo foi o Lar Maria Tereza Vieira, localizado no município de Londrina - Paraná, fundado em 13/03/1988 que atende mulheres com mais de 60 anos. A coleta ocorreu durante o mês de julho de 2012 na instituição, junto a sete idosas, por meio de entrevistas gravadas, orientadas por um questionário semiestruturado com perguntas abertas. ANAIS DO I SENAPS A partir da concepção da análise de conteúdo as falas foram categorizadas por relevância teórica, após a construção de quadros temáticos, para confronto com a literatura científica (BARDIN, 2008). O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa do Hospital Universitário de Londrina em sob parecer n. 03635212.9.0000.5231, e foram respeitados os critérios da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa foi realizada com sete idosas e a idade variou entre 65 e 92 anos de idade; quanto a religião três são evangélicas, quatro católicas; a escolaridade variou do analfabetismo até o ensino fundamental completo; o tempo de permanência na instituição variou de dois meses a 20 anos sendo que duas das entrevistadas relataram que vieram por opção própria, uma veio por programa social de responsabilidade municipal e quatro vieram encaminhadas por familiares/filhos. Entendendo o envelhecer A velhice não pode ser vista como fato negativo, penoso e doloroso, mas sim, como etapa consequente de realizações acumuladas ao longo da vida. Embora a velhice não deva estar associada a doenças e incapacidades, identifica-se que com o envelhecimento a pessoa idosa tende a apresentar tais condições: [...] Meu corpo, minha saúde dão sinais que a velhice chegou, mas no meu espírito me considero jovem [...]. (Saudade, 76 anos) [...] Não me considero velha e não tenho medo da velhice, nem da morte, me sinto uma pessoa realizada mesmo com as limitaçãoes físicas que tenho hoje e o pouco contato com meus filhos [...]. (Realização, 80 anos) Os relatos demonstram que, na maioria das vezes, interpreta-se a velhice pelo que a aparência expressa, mas que muitas vezes, as pessoas idosas não se consideram velhas, pois se encontram dispostas a viver por muitos anos, mesmo que com limitações e tristezas. Atualmente a sociedade busca a negação da velhice numa tentativa de adiar os sinais do envelhecimento do corpo (PY; TREIN, 2007). Nesse mesmo contexto, afirma-se que, uma vez acometidas por doenças crônicodegenerativas, os idosos demandam cuidados especiais, e tornam-se em diversos casos ANAIS DO I SENAPS dependentes. Assim, torna-se indispensável que os profissionais envolvidos com a assistência a estes idosos tenham qualificação adequada (KAWASAKI; DIOGO, 2001). Por sua vez, a enfermagem precisa estar sempre se atualizando, visando ao atendimento dos idosos, tendo discernimento para identificar suas reais necessidades (MARIN; ANGERAMI, 2010). Segundo o Ministério da Saúde, os serviços de atenção básica devem se adequar para atender os idosos, tendo como alvo principal a sensibilização e a educação no cuidado primário em saúde, em concordância com as obrigações imprescindíveis dessa população. Ainda, deve buscar por meio de capacitação aperfeiçoar a formação e as atitudes dos profissionais de saúde, de modo que possam analisar e tratar as condições que afligem os idosos, fornecendo-lhes ferramentas e fortalecendo-os na direção de um envelhecimento saudável (BRASIL, 2007). Desvelando a morte Neste estudo observou-se que estão presentes nos depoimentos a negação, depressão e aceitação. O estágio da negação, que expressa o medo de morrer está descrito nesta fala: Me sinto feliz aqui, tenho amigos aqui, [...] mas tenho medo da morte [...]. (Tranquilidade, 75 anos) A morte não deveria ser vista como um inimigo a vencer, mas sim como parte integral da vida que dá um sentido a existência humana (SANTOS, 2010). Já a fala a seguir, produz o estágio da depressão, referindo o abandono: Sinto-me uma idosa marginalizada, revoltada com meus filhos, dediquei minha vida a eles, e eles me largaram me jogaram aqui, me sinto revoltada, traída, apunhalada, hoje tenho nojo de mim mesma do que fizeram comigo, sinto vontade de morrer todos os dias [...]. (Frustração, 82 anos) Eu não tenho medo da morte, muito pelo contrário, quero que ela chegue logo só assim poderei me livrar desta prisão e não ficarei mais sozinha, não gosto de estar sozinha [...]. (Tristeza, 87 anos). A forma como a sociedade convive com o “morrer” se modifica a cada época. No passado a família era mais afetiva com o ente que se encontrava em leito de morte, eles se recolhiam junto a pessoa e então era o momento de despedidas, de pedir e liberar perdão, de se fazer a partilha dos bens, se compadecer com a pessoas e esperar a morte chegar. Já nos tempos atuais as mortes não acontecem mais nas casas com suas famílias e sim nos hospitais, onde a pessoa passa a ser acompanhada por profissionais de saúde. Desta maneira, pode-se observar ANAIS DO I SENAPS que houve certo afastamento e inacessibilidade em relação à morte por parte da sociedade (SANTOS, 2010). Todo ser humano em qualquer faixa etária e em qualquer fase da vida está suscetível ao sentimento de solidão, que por sua vez provoca um sentimento de vazio interior, porém tende a ser mais frequente com o envelhecimento, e associado a solidão está a depressão, o luto, o isolamento, o abandono, a incapacidade física, a demência e o isolamento social (SANTOS, 2010). O idoso sofre quando é privado de seu convívio, seus costumes e relacionamentos, e uma das formas de demonstrar este sofrimento é deixando de lado seus hábitos que antes exercidos com satisfação e prazer, tornando-se triste, limita-se ao convívio social e relaxamentos, torna-se amargurado, solitário e depressivo. Tal situação é notória nos resultados dessa pesquisa e se intensifica considerando o local de moradia dos idosos. E, por fim, o estágio da aceitação: [...] a morte faz parte do sistema, do processo da vida [...] fiz tudo o que deu para fazer [...] espero ter uma morte serena sem sofrer e sem sentir dor [...]. (Realidade, 65 anos) A noção de morte pode ser vista de forma diferenciada, de acordo com as diversas fases da vida. Na velhice, além da morte do corpo, que está sendo percebida, o idoso tem de lidar com sua morte profissional, com a morte de suas funções corporais e intelectuais, dentre outras (OLIVEIRA; PEDROSA; SANTOS, 2009). Assim, idoso não deveria ser sinônimo de morte, mas sim de fechamento de um ciclo, de dever cumprido e de realizações durante todo o processo de vida. Vivenciando a institucionalização Percebe-se que quando se trata de idosos institucionalizados não é possível dialogar sobre a morte ou o processo de envelhecer sem que os depoimentos sejam remetidos ao ambiente da instituição e ao contexto que as levaram a estar lá. Vim para cá por opção própria, queria saber como é viver em uma casa de repouso depois que meu esposo faleceu, e eu fiquei doente, mas não imaginava que era tão difícil assim [...]. (Realidade, 65 anos) [...] Me enganaram, disseram–me que viríamos apenas conhecer o lugar, [...] quando dei por mim já haviam ido embora e me deixado, sinto ódio dos que me enganaram e me deixaram aqui [...]. (Engano, 92 anos) ANAIS DO I SENAPS Percebe-se nas falas que pelo fato de estarem institucionalizadas, a vida se transforma em um estágio da depressão, elas não sentem mais vontade de viver, sentem que a vida chegou em um estágio que não há mais o que se fazer, e realmente, observa-se sentimentos de revolta, tristeza, angústia, frustração da própria vida e vontade de morrer. As instituições asilares têm o compromisso de suprir as necessidades básicas dos idosos, proporcionando-lhes uma melhor qualidade de vida. Contudo, nem sempre são oferecidas atividades aos idosos, por falta de mão de obra especializada, problemas financeiros, ou até mesmo pela restrição de espaço físico. Assim, os idosos ficam muito tempo ociosos, o que pode levar a problemas de angústia e depressão, entre outras doenças (DIRIK; CAVLAK; AKDAG, 2006). CONCLUSÕES O envelhecer e a morte entre os idosos possuem um sentido singular determinado, principalmente, pela intensidade e qualidade da vida que se tem ou teve. E para muitos essa fase é permeada por sentimentos de angústia, desespero, medo e abandono. Nesse contexto, conciliar a velhice com a institucionalização pode ser a mais difícil das tarefas. E ainda, evidencia-se que dentre algumas entrevistadas a morte foi desejada como forma de se livrar da institucionalização. E que viver em uma instituição asilar pode gerar sentimentos amargos como a solidão, frustração e abandono. Os resultados retratam a necessidade de um melhor planejamento dos cuidados por parte dos profissionais de saúde nas instituições que atendem idosos, a fim ofertar, além dos cuidados que atendam as necessidades fisiológicas, as necessidades psicológicas, de auto-estima e realização, capaz de proporcionar um processo de envelhecimento mais humanizado e agradável à população estudada. PALAVRAS-CHAVE: Morte; Saúde do idoso; Institucionalização; Enfermagem. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GERONTOLOGIA. Gerontologia. 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Eixo temático: Saúde do Idoso ANAIS DO I SENAPS ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DE IDOSOS SUSCEPTIVEIS A LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) EM MARINGÁ PARANÁ Taiza Fernanda Ramalhais1 Gilberto Cesar Pavanelli2 Tarcisio Lordani3 INTRODUÇÃO A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença não contagiosa infecciosa causada por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmaniapertencente à família Tripanossomatidae (NEVES, 2005; REITHINGER et al.,2007), de transmissão vetorial que acomete pele e mucosas.Trata-se primariamente de uma zoonose, ou seja, naturalmente transmitida entre animais vertebrados (silvestres, sinantrópicos e domésticos, entre eles: cães, gatos e cavalos) e, secundariamente, entre os seres humanos(BRASIL, 2010).A LTA possui alta capacidade de produzir deformações nas vítimas e carga psicológica negativa que reflete nocamposocial e econômico (OMS, 2010), pois provoca úlceras no rosto, braços e pernas, podendo produzir centenas de lesões e resultar em incapacitação e cicatrizes permanentes (DUNAISKI, 2006; OMS, 2010).Ela destaca-se como importante problema de saúde pública mundial (RUIZ et al., 2011; TIUMAN et al., 2011), com diferentes formas clínicas e diversidade epidemiológica (PELISSARI et al., 2011). 1 Psicóloga, Mestre em Promoção da Saúde. Email: thai_19@hotmail.com. Professor Doutor do Programa de Pós Graduação em Promoção da Saúde - CESUMAR 3 Enfermeiro, Mestre em Promoção da Saúde. Docente do curso de Enfermagem – FAG. 2 ANAIS DO I SENAPS É considerada como uma das cinco doenças infecto-parasitárias mais relevantes (WHO, 2004 apud GUERRA et al., 2007), sendo problema de saúde públicaem 88países das Américas, Europa, Ásia e África, comincidência anualde 1-2 milhões de casos (WHO, 2006). No mundo, aproximadamente 14milhões de pessoassão afetadas pordiferentes formas deleishmaniose emais de 350milhões de pessoasvivem em áreas derisco (WHO, 2006).No Brasil, no período de 1980 a 2005, registraram-se 605.062 casos de LTA (BRASIL, 2005). Neste período, 13.384 casos foram notificados na Região Sul, representando 2,2 % dos casos do Brasil, dos quais 13.206 (98,7%) ocorreram no Estado do Paraná (276 dos 399 municípios), especialmente na região norte e oeste (BRASIL, 2005; LIMA et al., 2002; SILVEIRA et al., 1999), atingindo proporções epidêmicas, especialmente, nos anos de 1993, 1994 e 1995 (SILVEIRA et al., 1996), mesmo com a substituição da vegetação original de florestas pelas culturas de café, soja, milho, algodão e por pastagens, afetando indivíduos de todos os grupos etários e de ambos os sexos (MONTEIRO et al., 2008; LIMA et al., 2002).No Paraná, atribui-se a manutenção da LTA na forma endêmica à construção de moradias próximas de encraves de mata, onde persiste o ciclo enzoótico da doença e à organização do espaço peridomiciliar, com condições que permitem a adaptação de flebotomíneos no ambiente antrópico (MEMBRIVE et al., 2004; TEODORO et al., 2006; TEODORO et al., 2003). Recentemente, foi demonstrado que uma elevada proporção dos casos de LTA diagnosticados no Paraná não se infectou no domínio domiciliar, levantando-se a hipótese de que a migração constitui-se num fator de risco para a doença, neste estado (MONTEIRO et al., 2008), especialmente a crescente urbanização desorganizada em áreas rurais, onde ocorre o ciclo zoonótico.O meio urbano da Cidade de Maringá-Paraná apresenta arborização exuberante com a manutenção de fragmentos florestais remanescentes de Mata Atlântica. Estes ambientes são propícios para a manutenção de fauna silvestre, atuando como possíveis focos naturais de transmissão da leishmaniose (TEODORO et al., 2003). No período de 2000 a 2006, foram registrados em Maringá ANAIS DO I SENAPS 189 casos humanos de leishmaniose dos quais, 25 residiam próximos à Unidade de Conservação do Parque Borba Gato, região norte do município (BRASIL, 2012). OBJETIVOS Descrever o perfil epidemiológico dos casos de Leishmanioses Tegumentar Americana ocorridas em área endêmica no Bairro Borba Gato da cidade de Maringá Paraná, bem como propor ações e programas de capacitação e execução de medidas profiláticas envolvendo a comunidade, em especial os idosos com o objetivo de erradicação da zoonose. METODOLOGIA A pesquisa foi desenvolvida no Bairro Borba Gato, no município de Maringá, cidade com 362.329 mil habitantes (IBGE, 2010) localizada na região Norte central do Paraná. Seu clima é subtropical úmido mesotérmico, com temperaturas que variam de mínimas de 14º e 15ºC e máximas de 27º e 28ºC, com precipitação anual de 1500 a 1600 mm(ANJOS, 2000; LOLLI et al., 2011; CARFAN et al., 2004).A coleta de dados ocorreu no mês de agosto de 2012por meio de entrevista semi-estruturada com idosos residentes neste bairro indicados por membros da equipe de saúde da Unidade Básica de Saúde do Bairro Borba Gato, sendo os mesmos, pacientes cadastrados pelo SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica). As variáveis de estudo foram divididas em 4 blocos de acordo com as áreas de interesse do estudo, sendo eles: bloco 1 – caracterização da população, bloco 2 - conhecimento sobre a doença, bloco 3 - fatores de risco para a ocorrência da LTA, presença de animais domésticos e cuidados com eles; e bloco 4 - orientações recebidas quanto a prevenção da LTA. A presente pesquisa teve como base, abordagem quantitativa – qualitativa (BARDIN, 2006; MINAYO, 2001; YIN, 2001), de natureza descritiva (SAMPIERI, COLLADO e LUCIO2006).Os questionários foram respondidos no domicílio dos idosos, na presença do pesquisador após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi ANAIS DO I SENAPS aprovada pelo Comitê Avaliador da Secretaria de Saúde de Maringá (CECAPS) (nº. 881/2012) e do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (COPEC) do Centro Universitário de Maringá (CESUMAR), parecer nº. 67780 de 10/08/2012. RESULTADOS Dos 80 idosos entrevistados, (45) 56,25% eram do sexo feminino e (35) 43,75%, masculino, a média de idade entre ambos os sexos foi de 72 anos. Quanto a escolaridade, (29) 36,25% relataram ser não alfabetizados, (13) 16,25% apresentam o ensino fundamental incompleto, (23) 28,75% apresentam o ensino fundamental completo, (4) 5% apresentam o ensino médio incompleto, (9) 11,25% apresentam o ensino médio completo, (2) 2,5% apresentam ensino superior. Sobre as condições de moradia, (80) 100%, referem residir em casa de alvenaria, o tempo médio de residência no bairro foi de 18 anos.No segundo bloco, os idosos foram questionados sobre os fatores que predispõem o aparecimento da doença, dentre as respostas,um terço dos entrevistados (29) 36,35% referiram residir próximos a terrenos baldios com acúmulo de lixo, (51) 63,75% não estão expostos a este fator. Sobre o hábito de jogar o lixo em terrenos baldios, uma pequena minoria (5%) afirmou que realiza esta atividade e o restante (95%) respondeu que não. Quando indagados sobre o lixo atrair o mosquito transmissor da LTA, (67) 83,75% reconheceram esta prática como fator de risco e (13) 16,25%, não reconhecem; (67) 83,75% apresentam conhecimento sobre a existência de uma mata no bairro, podendo ser focos naturais para o mosquito e (13) 16,25% não apresentavam este conhecimento. Sobre o conhecimento de que a mata oferece condições para a proliferação do mosquito, (68) 85% responderam que sim, (12) 15% responderam não; Sobre a prática de caminhadas próximo a áreas de mata ou terrenos com a acúmulo de lixo, (13) 16,25% costumam fazer frequentemente e o restante, (67) 83,75% não praticam atividade física próximo a estes locais.No terceiro bloco, foi investigado sobre a posse de animais hospedeiros. Pouco mais da metade dos entrevistados (46) 57,5% possuem animais domésticos em casa, sendo que (20) 43,3%, ANAIS DO I SENAPS possuem 1 animal, (24) 52,18% possuem 2 animais e (2) 6,52% possuem 3 animais. A maioria, (41) 89,13%, possuem cães e (5) 10,87% gatos. Sobre os cuidados com estes animais, (19) 41,3% relataram que os animais saem sozinhos na rua e (33) 71,74% relataram que as vacinas estão atualizadas. O quarto bloco do questionário, é referente ao conhecimento dos idosos sobre a LTA, somente(17) 21,25% responderam saber o que significa o termo zoonose, mas (60) 75% conhecem ou já ouviram falar sobre a LTA. Quase metade dos entrevistados (39) 48,75% responderam que conhecem alguma pessoa que já adquiriu a doença, sendo que 2 idosos (2,5%) informaram ter tido casos na família. Sobre a infecção nos próprios idosos, não houve casos relatados. Sobre a existência de cães infectados, apenas 1 idoso (2,17%) referiu positivamente. Quando questionados sobre a possibilidade da Leishmaniose ser transmitida de animais ao homem através da picada do mosquito, (60) 75% demonstraram conhecimento sobre isso e (20) 25% não.Ainda no bloco referente ao conhecimento sobre a doença, foram questionados sobre a realização de orientações por profissionais de saúde.Apenas 43,75%(35) relataram ter recebido orientações sobre medidas de prevenção da LTA e 56,25%(45)relataram não terem recebido nenhum tipo de orientação. Aos que foram orientados, 8,57%(3) informaram que a orientação ocorreu há alguns meses atrás, sem precisão de tempo e 91,43%(32)informaram te-la recebido a mais de um ano. CONCLUSÕES Considerando a situação apresentada, ficou evidente a necessidade do aprimoramento nas estratégias de vigilância e controle da LTA no bairro Borba Gato em Maringá – Paraná. Observa-se a necessidade de acompanhamento da população idosa e a capacitação dos profissionais de saúde na rede básica, visando melhorias nas ações educativas para esta população, bem como, a utilização de práticas preventivas para a doença, tendo em vista que a população idosa do Bairro Borba Gato, apresenta alguns critérios que aumentam a suscetibilidade dos mesmos. Dentre os participantes, percebeu-se um elevado número de analfabetos, sendo, por isso, um fator que exige uma ANAIS DO I SENAPS intensificação nas praticas educativas, também ficou evidente que os entrevistados desconhecem alguns fatores que aumentam a incidência do vetor responsável pela transmissão da doença, sendo assim, ressalta-se a importância de desenvolver estudos dos reservatórios silvestres e domésticos da LTA.Evidencia-se a necessidade de desenvolver políticas públicas municipais de educação em saúde sobre Leishmaniose, com definições de medidas profiláticas para combate, erradicação da doença e promoção da saúde. PALAVRAS-CHAVE: Leishmaniose Tegumentar Americana. Epidemiologia. Idoso. REFERENCIAS: ANJOS, B. I. Caracterização climática para a região de Maringá, [Geografia]. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2000. BARDIN, L. Análise de conteúdo (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.). Lisboa, 70ed., 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. 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Isso significa que a partir de então, o cuidado ao indivíduo em sofrimento psíquico passou a ser ofertado em serviços substitutivos que fazem parte dos três níveis de atenção em saúde. Nesse sentido, o interesse pela temática se justifica tendo em vista que apesar da Reforma Psiquiátrica, muitos municípios não possuem a rede assistencial estruturada, pois não se enquadram nas determinações da legislação quanto a criação de serviços substitutivos principalmente devido ao número de habitantes que tem. Sendo assim, nos questionamos sobre a visão da equipe multiprofissional da atenção básica em saúde sobre o trabalho em saúde mental na perspectiva psicossocial de um município que não possui tal rede de atenção. 125 Acadêmica do sétimo período do Curso de Enfermagem da Faculdade Assis Gurgacz. Bolsista PIBIC/Fundação Araucária. Endereço: Rua Rio Grande do Sul nº 305, Guaraniaçu, PR. Telefone: (45) 3232- 2753 E-mail: jehh_thuany@hotmail.com 126 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Assis Gurgacz. ANAIS DO I SENAPS Para que a Reforma Psiquiátrica se tornasse evidente, o atendimento em saúde mental passou por muitas transformações ao longo de sua trajetória. Dessa forma, os acontecimentos que movimentaram questionamentos acerca da assistência psiquiátrica na Europa e nos Estados Unidos tiveram reflexos no processo da reforma psiquiátrica brasileira. Assim, a nova ordem política do país nos anos 80, contribuiu para a contestação da psiquiatria vigente. Sendo assim, a Reforma Psiquiátrica surge num momento de redemocratização das instituições e da Reforma Sanitária Brasileira (PEREIRA, 1997). A partir daí, surgem as reformas de saúde que tinham como pressuposto “... estabelecer novas funções do Estado na formulação e implementação de políticas públicas de saúde” (CORDEIRO, 2001, p. 320), o que resultou na descentralização fiscal e financeira dos programas de saúde. As mudanças na gestão em saúde ocorridas a partir das modificações sociais iniciadas na década de 60 refletiram também na organização da assistência ao indivíduo em sofrimento psíquico. E atrelados aos acontecimentos de redemocratização e implantação do SUS, acontecem os primeiros movimentos para a Reforma Psiquiátrica, que se iniciaram na década de 70 quando o poder centralizador do hospital psiquiátrico e o elevado índice de internações foram considerados as causas das condições desumanas a que eram submetidos os doentes mentais (FERREIRA, 2007). Essa reformulação assistencial revela três momentos tais como a fragmentação de grandes hospitais públicos em unidades autônomas com pluralidade de ofertas terapêuticas, a implantação de serviços que substituem os manicômios e; a preocupação com a questão de moradia leva à criação de residências terapêuticas (FERREIRA, 2007). A aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica Brasileira, sob o nº 10.216/01, redireciona o modelo assistencial em saúde mental. A partir daí apresenta-se a necessidade de construir uma rede de atenção psicossocial efetiva, a fim de substituir o modelo psiquiátrico tradicional (AMARANTE, 2005). ANAIS DO I SENAPS No caso da assistência em saúde mental, a atenção psicossocial se propõe a compreender a determinação psíquica e sócio-cultural do processo saúde-doença ao considerar os conflitos e contradições constitutivas dos sujeitos e intervir na organização das relações intra-institucionais, horizontalizando as ações e valorizando a equipe multidisciplinar (MORAES, 2008). Trabalha para a desconstrução, ou seja, para a reorganização dos serviços de atenção à saúde mental e da idéia de instituição como clausura, permitindo uma relação exterior, entendendo que se a realidade é construída também pode ser modificada (AMARANTE, 1996). E tem como princípio a execução de ações éticas e terapêuticas baseadas na recuperação dos direitos de cidadania e do poder de contratualidade social. Nesse contexto, o novo modelo da assistência psiquiátrica, visa à satisfação das necessidades sociais e individuais do indivíduo com transtorno mental, defendendo seus direitos de cidadão e de possuir um atendimento digno, evitando sua despersonalização e reclusão (COIMBRA, 2003). Nesse sentido, torna-se relevante conhecer como acontece a relação de cuidado da equipe multiprofissional da atenção básica de um município em que a rede assistencial preconizada pelo modelo psicossocial ainda não está estruturada e onde a UBS além de ser porta de entrada do SUS e do cuidado em saúde mental se constitui em uma das principais instituições de assistência ao sofrimento psíquico. OBJETIVO Compreender a visão da equipe multiprofissional sobre o cuidado em saúde mental na atenção básica de um município sem a estruturação de uma rede de atenção psicossocial. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva e qualitativa que está em fase de coleta de informações em Guaraniaçú, PR, com profissionais de saúde da rede de atenção básica ANAIS DO I SENAPS em saúde, especificamente das UBS, em encontros pré-agendados. Sendo que tal fase iniciou-se em março de 2013, por meio de uma entrevista semiestruturada, mediante o uso de um gravador, com as seguintes questões norteadoras: “Qual a sua percepção sobre o trabalho em saúde mental na perspectiva do modelo psicossocial?” “Como é realizado o atendimento em saúde mental no serviço de atenção básica a saúde em que você atua?” Para tanto foi encaminhada uma carta ao responsável pelo setor de pesquisa da Prefeitura Municipal de Guaraniaçú, PR, para solicitação de campo de pesquisa, e após a concordância da mesma e aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Assis Gurgacz, sob parecer nº 250/2012 conforme resolução 196/96 do CNS (BRASIL, 2000) iniciou-se a coleta das informações, mediante apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os participantes foram identificados com a letra E seguida de um número de ordem de entrevistas (E1, E2, E3...) a fim de assegurar o anonimato dos mesmos. A amostra será definida pela saturação dos resultados encontrados tendo em vista que se trata de uma pesquisa qualitativa. E as informações coletadas estão sendo analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo de Bardin (2004). Até o momento foram entrevistados quatro profissionais de saúde que atuam na atenção básica do município referido, sendo um enfermeiro e três técnicos de enfermagem. RESULTADOS A análise das informações coletadas até o momento possibilitou a identificação de dois eixos temáticos, formados a partir de categorias de análise como apoio familiar, dificuldade da família em lidar com o indivíduo em sofrimento psíquico, discriminação social, atendimento nos serviços da rede e procura pelo atendimento: A percepção dos profissionais acerca do trabalho em saúde mental na perspectiva psicossocial e; o atendimento em saúde mental no município em estudo. ANAIS DO I SENAPS 1) A percepção dos profissionais acerca do trabalho em saúde mental na perspectiva psicossocial A identificação desse eixo temático delineou-se a partir das seguintes unidades temáticas: Os profissionais relatam que o trabalho em saúde mental na perspectiva psicossocial permite o apoio familiar “Antes nas clinicas era bom, só que os pacientes não tinham a família por perto, para dar apoio”. E1 “A melhor forma de recuperação é a família. [...] o apoio da família é o primordial na recuperação”. E2 “[...] essa nova forma, da certo se a família for bem empenhada, se a família quiser mesmo cuidar do doente [...]”. E3 “[...] eu vejo muito a inclusão do paciente [...]”. E4 Entendemos que o apoio familiar é primordial para a inserção do indivíduo em sofrimento psíquico na sociedade, assegurando o que traz como princípio o modelo psicossocial de atenção em saúde mental. De acordo com Machineski (2011, p. 45): “É relevante a participação da família no tratamento do indivíduo em sofrimento psíquico, pois, para que este tenha um bom funcionamento social, há necessidade de um suporte familiar satisfatório [...]”. Os profissionais referem que os familiares têm dificuldade em lidar com o indivíduo em sofrimento psíquico “Hoje eles têm o apoio da família mais aqui é meio complicado, tem gente que não sabe como lidar”. E1 “Só que tem que ter o acompanhamento, claro, a família ‘as vezes nem sabe como lidar com a situação [...]”. E2 “[...] tem situações que a família tem que ser tratada, tem que ser educada, treinada [...]”. E3 Percebemos que os familiares apresentam dificuldades em lidar com a doença mental e as consequências que esta acarreta ao indivíduo em sofrimento psíquico. Isso porque conviver com indivíduos que apresentam transtornos mentais e proporcionar cuidado aos mesmos impõe uma série de encargos físicos, emocionais, econômicos e sociais (MELMAN, 2006). ANAIS DO I SENAPS Os profissionais percebem que os indivíduos em sofrimento psíquico e a família do mesmo sofrem discriminação “ [...] tem gente que não sabe como lidar, sofrem descriminação”. E1 “E um chama o outro de louco, também não da né, quem são os loucos na verdade?!”E2 “[...] aparece muita a resistência não só do doente mais da família também que vêem o psiquiatra ainda com aquele método antigo que era visto como o médico que mandava para o hospital de louco [...]”. E3 O preconceito e a discriminação acerca da doença mental e dos familiares do indivíduo acometido por esse quadro é muito comum devido a cultura social de que as pessoas devem se comportar de acordo com padrões esperados. De acordo com Spadini; Souza (2006, p. 126-7)): “Assim, é muito forte no meio social o rótulo dado ao louco [...]”. 2) O atendimento em saúde mental no município em estudo A identificação desse eixo temático delineou-se a partir das seguintes unidades temáticas: Os profissionais de saúde relatam como funciona o atendimento nos serviços da rede “Quando vem (os doentes mentais) aqui é por que tem as receitas vencidas e o dia da consulta esta longe, ai eles renovam as receitas e às vezes pegam remédio”. E1 “Eles procuram o posto pra uma troca de receita [...]”. E2 “[...] a gente troca as receitas para que eles possam continuar o tratamento [...]”. E3 Os profissionais de saúde referem que o indivíduo em sofrimento psíquico procura atendimento por outros motivos que não a doença mental “Quando acontece de ter eles para consulta são atendidos normalmente”. E1 “[...] são atendidos às vezes por outros motivos mais eles vêm controlados [...]”. E2 Em relação as unidades temáticas acima, entendemos que as UBS se constituem em porta de entrada da rede de atenção em saúde mental no modelo psicossocial e que, em locais onde a rede não está estruturada, atuam de forma mais coerente possível em ANAIS DO I SENAPS relação ao cuidado do indivíduo em sofrimento psíquico, proporcionando consultas e encaminhamentos necessários. Isso porque, a rede se constitui de UBS, unidades de Estratégia da Saúde da Família, Centros de Atenção Psicossocial, residências terapêuticas entre outros serviços (MACHINESKI, 2011). CONCLUSÕES Com uma análise prévia das informações coletadas para essa pesquisa que está em fase de desenvolvimento, pudemos compreender como a equipe multiprofissional percebe a atenção em saúde mental na perspectiva psicossocial e como se desenvolvem as práticas de atenção em saúde mental num município desprovido de serviços substitutivos como os Centros de Atenção Psicossocial. Percebemos que a equipe entende o atendimento psicossocial como importante para a inserção do indivíduo em sofrimento psíquico no convívio familiar, mesmo que as famílias apresentem dificuldades em lidar com a situação e sejam vítimas, juntamente com aquele, da discriminação social. Além disso, foi possível verificar que as práticas de saúde mental referem-se, em sua maioria, no atendimento para o provimento de receituário a fim de que o indivíduo em sofrimento psíquico possa adquirir o medicamento necessário, e visitas domiciliares para avaliação da situação de saúde do mesmo ou para contenção medicamentosa e encaminhamento quando necessário. Entendemos que a rede de atenção em saúde mental se faz necessária para o atendimento do indivíduo em sofrimento psíquico e sua família. E sugerimos o desenvolvimento de matriciamento em localidades onde aquela não foi estruturada, ou seja, treinamento em serviço sobre o cuidado em saúde mental, para as equipes das UBS, a fim de melhorar a qualidade do atendimento para essa clientela. PALAVRAS-CHAVE: Saúde Mental; Enfermagem; Atenção Primária à Saúde. REFERÊNCIAS ANAIS DO I SENAPS AMARANTE, P.D.C. (Org.). Archivos de saúde mental e atenção psicossocial. 2.ed. Rio de Janeiro: NAU, 2005. ______. O homem e a serpente: outras histórias para a loucura e a psiquiatria. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 1996. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3.ed. Lisboa: Edições 70, 2004. BRASIL. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Normas para pesquisa envolvendo seres humanos (Res. CNS /96/ 96 e outras). Brasília: Ministério da Saúde, 2000. COIMBRA, V.C.C. O acolhimento no centro de atenção psicossocial. [dissertação]. Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, 2003. CORDEIRO, H. 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Eixo temático: Saúde Mental ANAIS DO I SENAPS O USO DE MEDICAMENTOS PSICOATIVOS ENTRE UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DA SÁUDE EM CASCAVEL - PR Mírian Nara Lopes127 Maria Lucia Frizon Rizzotto128 INTRODUÇÃO O enfrentamento dos problemas decorrentes, tanto do ingresso na vida universitária, como os advindos da realidade diária, tem sido cada vez mais medicalizados. São encarados não como parte do processo de amadurecimento, que devem ser enfrentados com mecanismos psicológicos da própria pessoa, e sim como problemas a serem resolvidos por meio de terapêuticas medicamentosas, ou mesmo pelo uso de substâncias psicoativas, que por algum tempo fazem desaparecer a causa do sofrimento. A medicalização da sociedade atingiu patamares altíssimos, onde as perdas, sentimento de tristeza ou outros, que fazem parte da vida de todas as pessoas, passaram a ser encarados como passíveis de serem resolvidos com o uso medicamentos. Esta visão é partilhada por um contingente significativo da população e por profissionais da área da saúde. Neste sentido, tanto a medicalização como a automedicação contribuem para o consumo exagerado de substâncias psicoativas entre jovens e adolescentes em nosso país. De acordo com Raupp e Milnitsky-Sapiro (2005, p.61), “os problemas relacionados ao abuso de drogas por adolescentes são uma importante questão de saúde pública”, estima-se que representam a principal categoria de problemas psíquicos em adolescentes acima dos dezesseis anos. 127 Enfermeira, especialista em Assistência de Enfermagem ao Paciente Portador de Feridas e em Obstetrícia, atua na SESAU de Cascavel - UBS Palmeiras. Rua Flamboyant, 2542; CEP 85807-460. Fone (45) 99195258. Email: mirian.nara@bol.com.br. 128 Enfermeira, mestre em Educação, doutora em Saúde Coletiva, pós-doutora, atua na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). ANAIS DO I SENAPS Estudos sobre o uso de substâncias psicoativas por universitários vêm sendo ampliadas no Brasil, porém ainda em quantidade pouco representativa, sendo a grande maioria delas com abordagem quantitativa e com ênfase no uso de substâncias ilícitas, álcool e tabaco. Pizzol et al. (2006, p. 111), afirmam que no Brasil os programas destinados à prevenção do uso abusivo de substâncias psicoativas “tendem a não valorizar corretamente a relevância do uso dos medicamentos, apesar dos reconhecidos riscos à saúde associados ao seu uso e agravado quando esse é desnecessário ou inadequado”... Estes programas costumam seguir o padrão de outros países, que possuem uma realidade diferente da brasileira no que diz respeito ao acesso e consumo de medicamentos. Estudos realizados mostram um comportamento de risco do universitário que pode trazer prejuízos, bem como alteração da percepção e aumento do estresse. De acordo com Wagner e Andrade (2008, p. 52), Todos os alunos, em todas as pesquisas, citaram queixas em relação ao desempenho acadêmico decorrente do consumo de substâncias e há considerável aumento de consumo de medicamentos de prescrição controlada (benzodiazepínicos e anfetaminas) nos anos finais do curso. Esses dados deveriam receber atenção especial e novos levantamentos para o entendimento desse comportamento deveriam ser realizados. Silva (2005), afirma que se observam na vida contemporânea impasses e avanços de uma juventude que se encontra desamparada diante da insuficiência dos dispositivos sociais que indique com clareza o lugar que deva ocupar na sociedade. Relatos de universitários, em particular os que frequentam as séries finais dos cursos, evidenciam aumento do estresse relacionado ao momento vivido e ansiedade quanto ao seu futuro após a conclusão do curso. Esses sentimentos e preocupações parecem estar relacionados com a incerteza sobre a inserção no mercado de trabalho, assim como com o luto da separação dos colegas de curso e pela própria conquista da independência parental. ANAIS DO I SENAPS Sabe-se que o cérebro humano nas duas primeiras décadas de vida está em franco desenvolvimento e que passa por mudanças e remodelamentos até cerca dos 25 anos. Alguns autores consideram a fase dos 18 aos 30 anos como adolescência tardia, quando se daria a resolução da adolescência, sendo dos 18 aos 24 anos, ou mais, o período do auge de desenvolvimento social e moral (VARGAS RUBILAR, 2009). Assim, o uso de substâncias psicoativas, tanto as drogas lícitas como as ilícitas, podem alterar estruturalmente e quimicamente a função cerebral (SILVA; ROSSI, 2007), acarretando prejuízos irremediáveis. OBJETIVOS Os objetivos definidos para o estudo foram: conhecer a prevalência do uso de substâncias psicoativas entre jovens universitários da área da saúde; descrever o perfil e alguns hábitos dos entrevistados; conhecer o padrão de consumo e as principais substâncias consumidas, bem como as possíveis razões para este consumo. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa de campo, exploratória e descritiva, realizada com jovens universitários da área da saúde de um município do oeste do Paraná. A escolha por estudantes universitários da área da saúde se deve a dois aspectos, primeiro por serem cursos em que se tem maior acesso a conhecimentos sobre farmacologia e uso de substâncias psicoativas e, segundo, por já terem mais de 18 anos o que facilitaria a coleta de dados do ponto de vista ético. A pesquisa foi realizada com acadêmicos matriculados no 4º ano dos cursos de Enfermagem, Medicina e Odontologia de uma universidade pública e Enfermagem e Fisioterapia de uma universidade privada, totalizando cinco cursos. O instrumento utilizado para desenvolver o estudo foi um questionário do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) com algumas adaptações. A coleta se deu na própria sala de aula ou no laboratório/clínica de aula prática. O instrumento do ANAIS DO I SENAPS Cebrid é baseado no modelo desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e foi aplicado para realizar o levantamento nacional sobre uso de drogas em escolas públicas. O questionário foi aplicado nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2011. Conforme orientação da Resolução 196/96 da CONEP, o projeto de pesquisa foi submetido à análise do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da SESA/Hospital do Trabalhador, aprovado por meio do parecer no 250/2010. Os universitários participantes foram orientados sobre os objetivos da pesquisa e consentiram em participar assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Após a coleta de dados, os mesmos foram sistematizados e apresentados na forma de tabelas, para posterior análise descritiva e interpretação. RESULTADOS Foram pesquisados 102 universitários, 52 (50,9%) do curso de enfermagem, 20 (19,6%) do curso de odontologia, 16 (15,6%) do curso de medicina e 14 (13,7%) do curso de fisioterapia. Quanto ao sexo, 79 (77,5%) pertencem ao sexo feminino e 23 (22,5%) ao masculino. Destes, 72,2% estão na universidade pública e 27,8% na universidade privada. Os universitários que pertencem a classe C, D e E correspondem a 56 dos respondentes (60,9%). A questão sobre o uso de medicamento para emagrecer ou ficar acordado foi respondida pelos 102 alunos, sendo que 19 (18,6%) já usaram medicamento para emagrecer ou ficar acordado alguma vez na vida, destes 13 (68,4%) sem receita e seis (31,6%) com receita. Do total de usuários, proporcionalmente à composição da amostra, as mulheres são maioria (20,3%) contra (17,4%) dos homens. Entre esses 19 alunos que já usaram, 15 são mulheres, o que corresponde a 78,9%. Sobre o uso de tranquilizante, ansiolítico, calmante ou antidistônico (TACA) e sedativo ou barbitúrico (SB), 52 sujeitos fizeram ou fazem uso, o que perfaz 51,0% dos ANAIS DO I SENAPS 102 pesquisados. Destaca-se que destes 52 sujeitos, 29 alunos (60,4%) utilizaram ou utilizam TACA sem prescrição médica. A faixa de idade que mais frequentemente os jovens usaram pela primeira vez medicamento psicoativo, com ou sem prescrição, foi entre os 16 e os 20 anos, perfazendo um total de 40 alunos (39,2%). A questão sobre o uso não-médico de medicamentos (para sentir “barato”) foi respondida por 101 acadêmicos, sendo que 9 (8,9%) afirmaram tê-los usado. Nesta questão alguns relataram o uso de mais de um medicamento. O medicamento mais utilizado, tanto com como sem prescrição, foi o Rivotril (clonazepam). Dos 52 universitários que relataram o uso de medicamento, 15 (28,8%) usaram clonazepam. Destes 66,7% usaram sem prescrição, um consumo considerado alto. O diazepam foi o segundo medicamento mais utilizado, citado por 6 universitários (11,5%), seguido pela fluoxetina utilizada por 4 (7,7%). Quinze universitários (28,8%), porém, relatam não recordar o nome do medicamento utilizado. O objetivo maior desse estudo era identificar o consumo de medicamentos psicoativos, porém foram incluídas outras substâncias lícitas que também agem no sistema nervoso, já que muitas vezes o consumo está associado. Tanto a frequência como a intensidade do consumo de álcool por razões emocionais encontrada no estudo é alta. Dos 102 pesquisados, 55 universitários (53,9%) já ingeriram álcool na vida por não se sentir bem emocionalmente. Destes 21 (38,2%) usaram no último mês, sendo que a grande maioria 19 (90,5%) usaram de 1 a 5 dias. Proporcionalmente a composição da amostra a realidade mostra que os homens são a maioria dos consumidores, onde 16 homens dos 23 participantes do estudo (69,6%) fazem ou fizeram uso de álcool, contra 39 das 79 mulheres (49,4%). Sobre os efeitos da bebida após consumi-la, 42 (63,6%) referem que nada aconteceu; 18 (27,27%) faltaram à aula; 14 (21,21%) dirigiram e para 8 universitários (12,12%) aconteceram outras coisas. CONCLUSÕES ANAIS DO I SENAPS O desenvolvimento do trabalho revelou-se importante para conhecer um pouco melhor o perfil do futuro profissional de saúde. Entre os achados surpreendeu a prevalência do uso de substâncias psicoativas, principalmente os medicamentos ansiolíticos sem prescrição, que correspondeu a 28,4% dos universitários. O consumo de álcool por não se sentir bem emocionalmente também traz uma percentagem expressiva, já que foi usado por 53,9% dos universitários. É possível supor que muitos jovens estão em sofrimento psíquico, por qualquer que seja o motivo, e que por alguma razão não acessam o sistema de saúde, se automedicam da forma como conseguem, ou que acham mais adequada. Por serem alunos da área da saúde, esperava-se maior conhecimento dos prejuízos dessa prática e adesão às orientações que eles mesmos já devem dar aos pacientes que atendem. Trata-se de um grupo com acesso às informações científicas sobre as substâncias e seus efeitos, mas que sofrem a influência da mídia, dos colegas, da sociedade, como a maioria da população. Apesar dos dados apresentados serem compatíveis com achados em pesquisas realizadas em outros locais, ainda é possível supor, que mesmo com a garantia de anonimato, alguns alunos não tenham revelado o uso de substâncias por autocensura, desconfiança, erro de memória, sentimento de culpa ou outros motivos inibitivos. A própria proximidade com os colegas na sala de aula ou clínica pode ter inibido algumas respostas. Também se percebeu dificuldade na compreensão de algumas perguntas, principalmente quando se tratava da frequência e duração do uso. Ainda assim, os dados de um estudo dessa natureza são complexos, e permitem o cruzamento de diferentes informações e a partir delas, diferentes interpretações. Tendo em vista os resultados apresentados neste estudo, e sabendo que o consumo de substâncias psicoativas, tanto lícitas como ilícitas, é um problema social e de saúde pública, com consequências de grande magnitude, torna-se urgente a elaboração de programas de prevenção e intervenção nessa área. ANAIS DO I SENAPS Uma parte da população especialmente vulnerável a esse problema, como já foi mostrado, são os jovens. Há, de modo genérico, certa homogeneidade nesse grupo quanto à realidade de consumo, o que apontaria para estratégias de prevenção e intervenção também homogêneas. Porém, como mostram os resultados dessa e de outras pesquisas similares realizadas com a população jovem em diferentes cidades, especialmente com jovens universitários, existem especificidades no consumo no que diz respeito à quantidade, tipo de substância consumida, entre outros fatores, que mostram a complexa relação entre o consumo dessas substâncias e o meio onde o usuário se insere. Esses fatores, por influenciarem diretamente no consumo, devem ser considerados quando da elaboração de estratégias de ação. PALAVRAS-CHAVE: Substâncias psicoativas; Consumo de psicofármacos; Automedicação; Álcool e drogas. REFERÊNCIAS CEBRID. Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas. V Levantamento Sobre Drogas Psicotrópicas Entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras 2004. Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Departamento de Psicobiologia. Secretaria Nacional Antidrogas. Gabinete de Segurança Nacional. Brasil, 2004. PIZZOL et al. Uso não-médico de medicamentos psicoativos entre escolares do ensino fundamental e médio no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, v.22 n.1. Rio de Janeiro. jan. 2006. RAUPP, L. e MILNITSKY-SAPIRO, C. Reflexões sobre concepções e práticas contemporâneas das políticas públicas para adolescentes: o caso da drogadição. Saúde soc. 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Inicialmente, importa destacar que a experiência é fruto do Projeto Participativo de Territorialização em Saúde, levado a cabo pela Secretaria de Saúde de Cascavel durante o ano de 2011 e início de 2012 em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Saúde da Família (USF) do município. A UBS Santa Cruz passou por este processo em abril de 2011, do que possibilitou a equipe e comunidade realizarem amplo diagnóstico do território (considerando para além do elemento geográfico, o elemento humano em suas múltiplas determinações) e traçar o planejamento estratégico local. A partir deste processo, verificou-se que uma das principais questões de saúde que se sobressaia na área de abrangência do serviço estava relacionada ao aumento gradativo de casos de doenças mentais, sobretudo, a 129 Mestre em Educação pela UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná). Assistente Social na Unidade Básica de Saúde Santa Cruz, Rua Xavantes, nº 729, Cascavel/PR, telefone (45) 39021888. Email: naraiananora@gmail.com 130 MBA em Gestão Financeira Auditoria e Controladoria. Coordenadora da Unidade Básica de Saúde Santa Cruz, Rua Xavantes, nº 729, Cascavel/PR. ANAIS DO I SENAPS transtornos de comportamento, com grande índice de mulheres acometidas por transtorno depressivo. A Organização Mundial de Saúde afirma que não existe definição "oficial" de saúde mental. Diferenças culturais, julgamentos subjetivos, e teorias relacionadas concorrentes afetam o modo como a "saúde mental" é definida. Saúde mental é um termo usado para descrever o nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional. A saúde Mental pode incluir a capacidade de um indivíduo de apreciar a vida e procurar um equilíbrio entre as atividades e os esforços para atingir a resiliência psicológica. Entende-se, que o conceito de Saúde Mental é mais amplo que a ausência de transtornos mentais. É ser capaz de ser sujeito de suas próprias ações sem perder a noção de tempo e espaço. É buscar viver a vida na sua plenitude máxima, respeitando o legal, o outro e a si mesmo. Implica em estar de bem consigo e com os outros. Aceitar as exigências da vida. Saber lidar com as boas emoções e também com as desagradáveis: alegria/tristeza; coragem/medo; amor/ódio; serenidade/raiva; ciúmes; culpa; frustrações. Para ter saúde mental é preciso que as pessoas tenham metas, objetivos, estabeleçam planos para sua vida, tenham sonhos... Esta é uma das principais características das pessoas que sofrem de transtornos depressivos: a ausência de perspectiva. Há que restaurar os sonhos esquecidos e ousar sonhar novos sonhos! Neste sentido, o Projeto de Atenção à Saúde Mental, intitulado Sonhar novos Sonhos, teve como finalidade estabelecer estratégias de ação voltadas para o público feminino afeto por doenças mentais, como depressão e transtornos de ansiedade, no sentido de promover ações de promoção à saúde mental para as mulheres adscritas no território da UBS Santa Cruz, haja vista que foi identificado no território de abrangência um número elevado de casos que envolvem a saúde mental, principalmente transtornos depressivos. Um agravante no diagnóstico, tratamento e acompanhamento destes pacientes é a dificuldade de acesso à rede de saúde mental do município, na qual a demanda é demasiadamente superior à oferta de serviços. Muitos casos poderiam ser facilmente tratados se diagnosticados e acompanhados desde os primeiros sintomas. Contudo, dado a demanda reprimida para os atendimentos ANAIS DO I SENAPS terapêuticos e, ainda, a demora nos casos que necessitam internação hospitalar, temos evidenciado a agudização e o aumento dos casos de saúde mental. Sabe-se que a causa de muitos transtornos tem origem nas dificuldades sócio-econômicas enfrentadas cotidianamente pelas famílias e pelo rompimento de vínculos familiares e afetivos. Ainda, a ocorrência da violência familiar e de conflitos interpessoais relativos as dificuldades nas interações também é visto como fator estressor. Em grande parte dos casos, verificamos que os sujeitos que sofrem com transtornos mentais tendem ao isolamento social e ao abandono gradativo de atividades ocupacionais e de lazer. Neste sentido, optou-se por trabalhar com um grupo de mulheres adultas, préselecionado a partir do diagnóstico do território e que apresentavam quadro clínico de depressão – tanto àquelas que já estavam em tratamento na rede de saúde mental do município, quanto as que tinham indicação para tal e não estavam inseridas ou apresentavam resistência em aderir ao tratamento – e, portanto, tinham perfil compatível com os propósitos do trabalho visando a prevenção de agravos, o preenchimento da ociosidade, o desenvolvimento de habilidades e técnicas que pudessem instrumentalizar estas usuárias a enfrentar e superar a condição patológica, estimular o convívio social, possibilitando a melhoria gradual das condições de vida. A ideia de trabalhar com por meio da técnica grupal teve, portanto, este elemento adicional, que foi o de favorecer para que o grupo mesmo buscasse através das relações comunitárias, da apropriação de técnicas de geração de trabalho e renda e da orientação socioeducativa, a promoção da saúde mental, melhorando assim suas expectativas de vida em relação ao seu futuro e ao seu cotidiano. OBJETIVO Geral: Proporcionar a melhoria da qualidade de vida de mulheres com transtornos depressivos moradoras na área de abrangência da UBS Santa Cruz. Específicos: a) prevenir os agravos decorrentes de transtornos depressivos não tratados; b) oportunizar a socialização de experiências e de vivências no campo da ANAIS DO I SENAPS saúde mental, buscando soluções coletivas através do convívio social; c) trabalhar educação em saúde e ações socioeducativas, através de palestras, filmes, documentários, dinâmicas; d) instrumentalizar as mulheres para o estabelecimento de novos parâmetros psicossociais e técnicas que favorecem a autonomização, por meio de oficinas terapêuticas e de aprendizagem da prática de artesanato, culinária, auto cuidado, práticas esportivas, passeios, entre outros; e) democratizar e socializar a experiência vivencial de cada participante no sentido da busca e fomento da autonomia grupal. METODOLOGIA Inicialmente foi realizada uma pré-seleção dos casos que se enquadravam no Projeto Sonhar Novos Sonhos pela equipe da unidade de saúde. Na sequência, a equipe da UBS confeccionou convites para o primeiro grupo, os quais continham um imã para serem colocados na geladeira e poderem suspender os convites de cada encontro, uma vez que a cada encontro eram entregues convites para o próximo grupo, com frases de incentivo e material visual atrativo. Os primeiros convites foram entregues pessoalmente para as mulheres pré-selecionadas por cada Agente Comunitária de Saúde (ACS) em sua respectiva micro-área. A partir do aceite do convite, foi preenchido uma ficha cadastral para cada participante contendo informações no âmbito da saúde, social e familiar, a fim de possibilitar maior conhecimento acerca dos membros do grupo. Na semana que antecedia cada encontro, a equipe de saúde ligava para as participantes a fim de recordá-las a data e incentivá-las a participar do Grupo. A equipe de saúde definiu previamente um cronograma de atividades, porém após o primeiro grupo, as atividades foram discutidas com as participantes e repensadas a partir de seus interesses, necessidades e sugestões. Os grupos ocorreram quinzenalmente, nas quintas-feiras a tarde, entre as 14h e as 16h30min, e contaram com a participação de mulheres na faixa etária de 20 à 66 anos. Para estimular a participação e adesão ao grupo, concomitante à atividade com as mulheres, foram realizadas atividades lúdicas e de recreação infantil com os filhos das participantes. Os encontros foram organizados do seguinte modo: ANAIS DO I SENAPS após a acolhida, atividade física com instrutor(a) de educação física; em seguida, espaço reservado para palestras socioeducativas e de educação em saúde, com temas sugeridos pelas participantes em parceria com os membros da equipe de saúde responsáveis pelo projeto; posteriormente, oficinas de artesanatos com material reciclável e sustentável, organizadas a partir da socialização de experiência e conhecimento de cada participante; para finalizar o encontro, momento de reflexão ou descontração mediante mensagem motivacional. Além dos encontros organizados sob esta sistemática, foram realizadas atividades externas, como visita a horta comunitária para aprendizagem de cultivo de plantas orgânicas e suspensas; também passeios em pontos turísticos de Cascavel, como parques e áreas de preservação ambiental. Com a finalidade de avaliar se o projeto estava sendo exequível, se os objetivos estavam sendo perseguidos e alcançados, realizamos reuniões quinzenais com a equipe da UBS envolvida no Projeto, além de feedback com as participantes após cada encontro. RESULTADOS A seguir apresentamos os principais resultados do Projeto de Saúde Mental Sonhar Novos Sonhos: contrariamente ao que frequentemente se observa quando se trabalha com grupos, verificou-se ao longo do Projeto uma tendência ao aumento do número de participantes e adesão ao Grupo, não havendo desistência ou esvaziamento, sendo que o Grupo que iniciou no segundo semestre de 2012 com 9(nove) participantes no primeiro encontro, terminou com 22 (vinte e dois); reinserção no mercado de trabalho e retorno ao convívio social, ao passo que algumas mulheres conseguiram superar a condição de isolamento social e retomaram a inserção laboral e participação em atividades comunitárias/familiares; resignificação de comportamentos, como o estabelecimento de expectativas em relação a família e em relação a educação (três participantes retomaram os estudos, sendo que uma delas era semialfabetizada); adesão ao tratamento medicamentoso e terapêutico, a partir do reconhecimento da necessidade de acompanhamento especializado e da desconstrução de concepções estereotipadas; ANAIS DO I SENAPS diminuição do preconceito para consigo mesma e demais pessoas acometidas por transtornos depressivos; fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. CONCLUSÕES O Projeto Sonhar Novos Sonhos possibilitou compreender a importância de realizar a territorialização em saúde, uma metodologia que é capaz de operar mudanças no modelo assistencial e nas práticas sanitárias vigentes, uma vez que permite o reconhecimento do território, o diagnóstico local, e consequentemente, a realização do planejamento estratégico local a partir de indicadores concretos que se apresentam naquele território. Outrossim, o tema da saúde mental tem-se tornado imperativo no âmbito da Atenção Primária em Saúde, como um dos principais nós críticos no que tange ao acesso aos serviços e ao trabalho em rede. Finalmente, cabe destacar que mesmo com os percalços que assolam o cotidiano do trabalho na APS, dado a precariedade dos serviços, as dificuldades de acesso aos recursos, a tendência a mercantilização da esfera pública, percebemos que há infinitas possibilidades e caminhos, porém há que sonhar.... e ousar realizá-los! PALAVRAS-CHAVE. Saúde Mental; Depressão; Grupo de Mulheres; Atenção Primária à Saúde. REFERÊNCIAS BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br> Acesso em 10 jun 2011. PARANÁ. SECRETARIA DA SAÚDE. <http://www.saude.pr.gov.br> Acesso em 12 jun 2011. Eixo Temático: Saúde Mental Disponível em: ANAIS DO I SENAPS O USO DA ARGILA EM SAÚDE MENTAL: A EXPERIÊNCIA COM PACIENTES DE UM HOSPITAL DIA Aquiléia Helena de Morais131 Denise Albieri Jodas Salvagioni132 Gabrielle Jacklin Eler133 Simone Roecker134 INTRODUÇÃO A saúde mental é definida como a capacidade de viver a vida dentro de suas tribulações estabelecendo equilíbrio na construção e no fortalecimento de uma resposta resiliente. Ela pode ser influenciada e alterada, sendo que as principais alterações mentais tem como causas os fatores ambientais, físicos, biológicos e hereditários, pré e peri natais, orgânicas, neuroendócrinas, fatores climáticos, adaptação ao meio, sociais, culturais e econômicos (BRASIL, 2003; SADOCK; SADOCK, 2007). A instalação dessas alterações denomina-se transtorno mental e pode acometer a lucidez, o humor, a emoção, o afeto, o desenvolvimento psicomotor, a fala, a memória, a atenção e o sono. Com intuito de tratar os transtornos mentais, muitas terapias alternativas e expressivas têm sido utilizadas como a terapia ocupacional, esportes, psicodrama, o uso de animais, o lúdico, as histórias e as arteterapias e dentro desta o teatro, a dança, a música, o desenho com a pintura e a modelagem. Dentro da arteterapia destaca-se a terapia com argila definida como o uso da argila no processo psicoterápico a fim de promover a descarga de emoções podendo levar o paciente a ter prazer pelo ato em si, como também a sensação de possuir o controle de seus sentimentos através de suas mãos. A essência profunda surge então e permite a comunicação com conteúdos conscientes ou inconscientes, expressando 131 Técnica em Enfermagem. Especialista em psicopedagogia. Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. 132 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente do departamento de Enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. 133 Enfermeira. Mestre em Ciências Biológicas. Docente do departamento de Enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. 134 Enfermeira. Mestre em enfermagem. Docente do departamento de enfermagem do Instituto Federal do Paraná – Campus Londrina. Endereço: Av. Voluntários da Pátria, 546, Jardim Andrade, Londrina/PR. Telefone: (45)88053021. Email: simone.roecker@ifpr.edu.br ANAIS DO I SENAPS sentimentos e sensações. Sendo assim esta atividade pode proporcionar a liberação de tensão, prazer e relaxamento, uma vez que o sujeito constrói algo para sua satisfação expressando a sua verdade (BOZZA, 2001; SOTTO, 2008; JANG & CHOL, 2012). Nesse sentido a enfermagem vem se interessando por essas novas concepções de tratamentos alternativos, principalmente ao abordar o assunto cuidado de uma forma holística. O conhecimento das práticas não alopáticas, adquirido pelos profissionais de enfermagem, talvez possa indicar uma maior capacidade de humanização, além de possibilitar uma visão ampla sobre as possibilidades de cuidado em saúde mental (SARAIVA; FERREIRA FILHA; DIAS, 2008). OBJETIVOS O presente estudo tem como objetivos caracterizar o perfil de pacientes que frequentam o hospital dia e compreender o significado da argiloterapia para eles, por meio da expressão de suas falas e sentimentos. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, descritiva e exploratória. Realizada em um hospital dia no município de Londrina – PR, junto a dezesseis pacientes que frequentavam regularmente a instituição e que aceitaram participar do estudo, e que participaram de no mínimo sete sessões de argiloterapia. A coleta ocorreu durante os meses de janeiro a julho de 2012 na instituição, por meio de uma entrevista, orientada por um questionário semiestruturado com perguntas abertas durante as sessões de terapia com argila. Após a coleta e transcrição dos dados procedeu-se a análise de conteúdo, e posteriormente o confronto com a literatura científica (BARDIN, 2008). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de ética em Pesquisa com parecer n. 5517/11. ANAIS DO I SENAPS RESULTADOS E DISCUSSÃO As Tabelas 1 e 2 apresentam algumas informações dos pacientes estudados, tais como dados sóciodemográficos, história da doença e terapêutica. Tabela 1 – Características sociodemográficas dos pacientes psiquiátricos submetidos a argiloterapia de um hospital dia. Londrina, 2012. Variáveis (n=16) Idade Sexo Estado civil Mora com quem? Raça 26 a 35 anos 36 a 45 anos 46 a 55 anos 56 a 65 anos Feminino Masculino Solteiro Casado Viúvo Pais Sozinho Esposo(a) Irmãos Outros Branca Amarela Parda Negra Participantes 3 (18,8%) 3 (18,8%) 6 (37,5%) 4 (25,0%) 6 (37,5%) 10 (62,5%) 12 (75,0%) 3 (18,8%) 1 (6,2%) 4 (25,0%) 3 (18,8%) 3 (18,8%) 5 (31,3%) 1 (6,2%) 3 (18,8%) 4 (25,0%) 8 (50,0%) 1 (6,2%) Observa-se que 62,5% dos pacientes possuem mais de 46 anos de idade, extremos de 34 e 65 anos, a maioria do sexo masculino (62,5%), solteiros (75,0%), a maioria mora com familiares, e nove deles (56,2%) são de cor parda ou negra. Tabela 2 – Informações de saúde dos pacientes psiquiátricos submetidos a argiloterapia de um hospital dia. Londrina, 2012. Variáveis (n=16) Diagnóstico principal (CID-10) Transtorno afetivo bipolar - F31.6 (P1, P2, P11) Retardo mental grave - F72.0 (P7, P14) Transtorno esquizoafetivo do tipo misto - F25 (P4, P8, P12, P13) Esquizofrenia - F20 (P9, P10, P15) Outros transtornos mentais especificados devidos a uma lesão e disfunção cerebral e a uma doença física - F06.8 (P3, P6) Depressão - F32 (P5) Participantes 3 (18,8%) 2 (12,5%) 4 (25,0%) 3 (18,8%) 2 (12,5%) 1 (6,2%) ANAIS DO I SENAPS Tempo de aparecimento dos primeiros sinais e sintomas História familiar psiquiátrica Transtornos psicóticos agudos e transitórios - F23 (P16) Inferior a 5 anos 5 a 10 anos 11 a 15 anos 16 a 20 anos Acima de 20 anos Ignorado Sim Não 1 (6,2%) 1 (6,2%) 2 (12,5%) 3 (18,8%) 1 (6,2%) 7 (43,8%) 2 (12,5%) 5 (31,3%) 11 (68,7%) Quanto às condições de saúde, 43,8% possuem como diagnóstico principal os transtornos esquizofrênicos, com o tempo de aparecimentos dos primeiros sinais e sintomas há mais de 20 anos, e a maioria nega história psiquiátrica na família. Vivenciando a terapia com argila Durante as sessões, foram realizadas entrevistas com os participantes, buscando entender seus sentimentos, opiniões, lembranças e sensações que a terapia promovia a eles. Dentre as respostas pôde-se perceber que algumas lembraram o passado: Eu lembro que quando eu ia pescar, arrancava minhoca. Daí sinto saudade, hoje eu não posso mais. Minha condição motora, não consigo mais. Tive que aprender tudo, igual recém-nascido (P3). Hoje aprendi que posso idealizar a peça e finalizar. Eu senti um carinho e amor pela peça [...] Ah! Eu senti concentração. Eu ajudava meu pai arrumar o jardim, eu gosto de argila (P13). Um dos aspectos de acesso ao inconsciente pela atividade artística é a lembrança de eventos da infância ou do passado. Assim a arte pode ser utilizada para representar uma forma consciente de eventos passados ao trabalhar com materiais como a argila (BRESSON, 2010). Às vezes, a pessoa pode se lembrar de eventos desagradáveis que foram reprimidos durantes anos e, neste caso, fazer contato com essa realidade pode ser difícil e assustador. Embora o evento em si não possa ser modificado ou excluído, este pode se resolver com mais segurança quando exteriorizado em um objeto ou imagem, convidando-o a ver o que está na memória sob outra perspectiva, passando a exercer ANAIS DO I SENAPS algum controle sobre sua vida, e, neste caso, o controle sobre a peça criada especificamente (BRESSON, 2010). Já para outros serviu para acalmar, relaxar e descarregar energias ruins: Descarreguei na argila. Saiu algo abstrato. Eu estava nervoso e o nervoso passou (P1). Me senti extravasando a emoção. Pegar e amassar a argila trouxe um sentimento de controle sobre as emoções. [...] Uma expectativa de ficar bom. Argila me deixa assim ocupado, usando minha imaginação, minha criação (P4). Senti bem. É uma coisa que mexe bastante com a cabeça. Ao invés de ficar sentado no meu canto, a gente mexe, fica mais solto, mais aliviado (P16). Observa-se que a arteterapia tem possibilitado aos usuários a vivência de suas dificuldades, conflitos, medos e angústias de um modo menos sofrido. Configura-se como um meio eficaz para canalizar, de maneira positiva, as variáveis do adoecimento mental em si, assim como os conflitos pessoais e com familiares. Nota-se que há uma minimização dos fatores negativos de ordem afetiva e emocional que naturalmente surgem com a doença, tais como: angústia, estresse, nervosismo, medo, agressividade, isolamento social, apatia, entre outros (COQUEIRO; VIEIRA; FREITAS, 2010). Estudos alegam que atividades com argila facilitam a liberação de emoções reprimidas, tais como sensação de desamparo ou de depressão, contribuindo para o bem-estar físico e psicológico (GREENGERG; STONE, 1992; JANG; CHOL, 2012). Alguns lembravam-se de suas casas, sua vida e rotina fora do hospital: Eu fiz uma taça, tanque, tipo copo de água. Eu lembro de taça que tenho em casa e ai eu faço. Lembro do tanque que tem lá em casa. Me senti ocupando a cabeça, distraindo a mente e aprendendo coisas diferentes (P7). Me senti bem. Porque eu gosto de cozinhar, eu fiz uma panelinha. Argila é bom, desenvolve as mãos, desenvolve a mente, o que vou fazer, bolar. Já estou pensando no próximo (P8). O objetivo da arteterapia é incentivar mudanças de longo prazo que contribuem para a melhoria do bem-estar geral da pessoa, além de enfatizar a comunicação nãoverbal e os processos criativos. Contudo a expressão do conteúdo interior do paciente ANAIS DO I SENAPS refletido na criação, na sua peça, torna-se um dos elementos centrais da arteterapia (BRESSON, 2010). A argila provoca o contato, o encontro do indivíduo com o seu ser mais profundo, com sua totalidade. O efeito da modelagem da argila atua nas sensações físicas e viscerais, quando trabalhada, a argila exige que o sujeito utilize quase que todo o corpo, com movimentos de força das mãos e braços para moldá-la, posições de posturas adequadas, atenção, firmeza do tronco, equilíbrio entre os membros, proporcionando sentimentos de estruturações internas. Como também, efeitos cognitivos e emocionais. A técnica exige uma canalização de energias adequadas, por ser um material que exige espontaneidade para criação (TEIXEIRA, 2006). Em algumas falas foi possível notar que mesmo sentindo-se bem com a atividade a ansiedade persistia: Senti bem. Relaxei o corpo, sistema nervoso. Mas, faço sempre correndo, não consigo. Termino muito rápido. Eu faço ligeiro, não adianta, é uma rotina um vício, não adianta (P9). Sinto muita força quando coloco a mão. Estou aprendendo, eu queria tanto fazer devagarzinho mais não consigo (P14). O trabalho com a argila provoca ao indivíduo sentimentos e emoções profundas, por ser um material primitivo, remete ao inconsciente, trazendo conteúdos escondidos que necessitam ser trabalhados. É um material que precisa ter cautela ao ser proposto, pois pode gerar sentimentos contraditórios em relação à produção final (TEIXEIRA, 2006). Outros estudos mostram que o trabalho com argila pode ajudar pacientes a entrar nos estados regressivos, com isto podem evoluir em seu estado mental, mas este material é difícil de usar e o seu uso pode resultar em frustração, pelo paciente não conseguir lidar com seus sentimentos, como a ansiedade, que foram aflorados e assim não conseguir superar suas dificuldades (MOON, 2010; SNIR; REGEV, 2013). ANAIS DO I SENAPS CONCLUSÕES O estudo com a argila mostrou-se um importante recurso arteterapêutico a ser utilizado em hospitais dia pela equipe multiprofissional, em especial a equipe de enfermagem, para o trabalho com pessoas que necessitam inaugurar novas formas de convivência com o mundo ao redor e consigo mesmas. Portanto, o uso da argila mostrase eficaz, sendo capaz de promover o autoconhecimento, trazendo inúmeros benefícios para quem busca alívio para suas angústias e conflitos. Assim pode-se concluir que a estimulação da criatividade é recurso essencial para que o indivíduo possa vislumbrar novas possibilidades na direção da saúde e qualidade de vida. Parece plausível definir a nossa experiência com o grupo de arteterapia no hospital dia supracitado como salutar, na medida em que observamos os resultados. Dessa forma, percebe-se a necessidade da ampliação dos trabalhos, por meio da criação de novos grupos terapêuticos que percebem na arte um instrumento importante na busca do bem-estar da pessoa em sofrimento mental e de promoção da saúde em geral. Frente a este contexto e com base nas reflexões realizadas, esperamos sensibilizar e estimular outros profissionais da área de saúde mental e artistas de modo geral a vivenciar essas gratificantes experiências junto a pacientes psiquiátricos em tratamento. PALAVRA-CHAVE: Saúde Mental; Terapia pela Arte; Enfermagem. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70; 2008. BOZZA, M. G. Argila: espelho da auto-expressão: um método para manifestação do inconsciente. Curitiba: editora do autor, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. 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Eixo temático: Saúde Mental ANAIS DO I SENAPS Cuidado em Atenção Primária na Saúde do trabalhador PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO E DOENÇAS AUTO REFERIDAS EM SERVIDORES PÚBLICOS DE UMA UNIVERSIDADE DO OESTE DO PARANÁ Jéssica Mayara Cardoso135 Karen Josiane Soares Pereira2 Bruna Bagatin3 Claudia Ross Ligiane de Lurdes da Silva INTRODUÇÃO A Saúde do Trabalhador constitui uma área da Saúde Pública que tem como objeto de estudo e intervenção as relações entre o trabalho e a saúde (BRASIL, 2001b). Mantovani et al (2009) também explica que a saúde pública é considerada como dever do estado e determinante no processo saúde-doença. Nesse contexto o principal objetivo é promover e proteger a saúde do trabalhador. Com isso pode ser realizado ações de vigilância aos risco, organizar e prestar assistência a esses trabalhadores. Principalmente mediar ações para condições ou doenças crônicas e agudas ocupacionais. 135 Acadêmica do 4° ano de enfermagem, Universidade Estadual do oeste do Paraná - Campus Cascavel. Graduada em Farmácia pela UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel. E-mail: karenjspereira@gmail.com Contado (45) 9931-0757 Rua Rua engenheiro rebouças, 1975 – Centro. 3 Graduada Em Farmácia pela UNIOESTE - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus 4 Profa. Dra da Área de Saúde Coletiva do Curso de Enfermagem - Campus de Cascavel - PR 5 Profa. Do Curso de Farmácia da UNIOESTE - Campus de Cascavel - PR 2 ANAIS DO I SENAPS Quando discutido sobre os trabalhadores e suas condições de trabalho, lembramos sempre sobre a Saúde do Trabalhador. O Ministério da Saúde (BRASIL, 2001a) usa esse termo para compreender a relação Trabalho e processo saúde/doença. A saúde e a doença são processos dinâmicos, que estão relacionados ao modo de desenvolvimento produtivo, esse que contribui numa forma especifica no adoecer e morrer. As doenças relacionadas ao trabalho são classificadas como um conjunto de danos ou agravos que sobrevêm à saúde do trabalhador e na maioria é causado, desencadeados ou até mesmo agravados por fatores de risco do trabalho. A relação doença e trabalho não podem ser estudados de forma isolada, é necessário compreender a dinâmica global e cotidiana do processo de trabalho uma vez que sofre influencias multicausais (BRASIL, 2001a). O trabalho tem sido reconhecido como importante fator de adoecimento, de desencadeamento e de crescente aumento de distúrbios psíquicos como exemplo o estresse e a depressão (BRASIL, 2001a). Bauer (2002) ressalta que muitas doenças cardiovasculares, metabólicos, gastrointestinais, reumáticas estão relacionadas ao estresse crônico. Consideradas como epidemia na atualidade, as doenças crônicas nãotransmissíveis (DCNT) constituem sério problema de saúde pública, tanto nos países ricos quanto nos de média e baixa renda (BRASIL, 2008). O Brasil tem experimentado, nas últimas décadas, importantes transformações na mortalidade e morbidade, em decorrência dos processos de transição epidemiológica, demográfica e nutricional. Em relação ao primeiro, ocorreu importante redução das doenças infecciosas e aumento das doenças crônicas não transmissíveis, bem como de acidentes e violências. Séries históricas de estatísticas de mortalidade disponíveis para as capitais dos estados brasileiros indicam que a proporção de mortes por doenças crônicas não transmissíveis aumentou em mais de três vezes entre as décadas de 1930 e de 1990 (MOURA, 2011 et AL. apud MALTA, 2006). ANAIS DO I SENAPS Para diferenciar condições crônicas e agudas nos servidores, procuramos na literatura, assim Mendes procura definir condições de saúde. Segundo Mendes (2011), condições de saúde podem ser definidas como o estado de saúde das pessoas, que apresenta diversas formas como, eventuais ou continuas e fragmentadas ou integrais no Sistema de Atenção à saúde. Explica ainda que na saúde trabalha-se, tradicionalmente, diferenciando doença transmissível e não-transmissível. Para a epidemiologia, além de ser muito utilizada é bem eficaz, mas para a organização dos sistemas de saúde não se faz eficaz. Para entender melhor e diferenciar condições crônicas e agudas usamos umas variáveis-chaves como: o tempo de duração da condição de saúde, breve ou longo; a forma de enfrentamento se episódica, reativa, queixa principal ou contínua, proativa e por meio de cuidados; e ainda o modo como se estrutura o sistema de saúde, integral ou fragmentado (MENDES, 2011). Von Korff (1997), Holman e Lorig (2000) apud Mendes (2011) referem que condições agudas tem um tempo mais curto, de 3 meses, e tendem a se limitar já condições crônicas têm um curso longo e em alguns casos tendem a ser definitivas e permanentes. Doenças transmissíveis, infecciosas ou traumas de curso curto tendem a ser condição agudas como, dengue, amigdalite e acidente domésticos, respectivamente lembrando que essas doenças em curso longo são consideradas condições crônicas (MENDES, 2011). Lembrando que muitas condições agudas podem evoluir para condição crônica, no caso um trauma que deixe seqüelas e necessite de cuidados contínuos. Ainda uma condição crônica pode ter períodos de agudização ou conhecido como eventos agudos, nesses casos deve ser tratada pelo sistema de atenção à saúde numa lógica de condição aguda que muitas vezes é causada pelo mal manejo das condições crônicas pelo sistema de saúde. Portando eventos agudos são diferentes de condições agudas, que são comuns nas condições crônicas (MENDES, 2011). ANAIS DO I SENAPS As situações de saúde revelam uma dimensão relativa do crescimento de condições crônicas, epidemiologicamente. Vários fatores interferem no crescimento das condições crônicas, como principais as mudanças demográficas, de consumo, estilo de vida, condições de trabalho entre outros. Como a população está envelhecendo elevamse a exposição a doenças crônicas (MENDES, 2011). O Ministério de Saúde (BRASIL, 2008) considera-se que todas essas requerem contínua atenção e esforços de um grande conjunto de equipamentos de políticas públicas e das pessoas em geral. Um forte impacto são as doenças crônicas, que trazem grandes consequências como: qualidade de vida afetada, mortes prematuras e ainda com questões econômicas para países, comunidades e famílias. Essa questão econômica está relacionada ao grande custo econômico que da doença crônica, como: o baixo desempenho e possivelmente desemprego no trabalho; o grande custo para os serviços de saúde; e os gestores de saúde sentem-se com descomodidade a respeito dos resultados (MENDES, 2011). Hoje, o sistema de atenção à saúde ainda se organiza de forma fragmentada para atender a essa demanda, dando mais ênfase as condições e eventos agudos. Os sistemas fragmentados se organizam de forma isolada e incomunicada uns com os outros, sendo incapazes de prestar uma atenção contínua à população. Enquanto que em sistemas integrados de saúde se evidencia uma atuação mais efetiva sobre as condições agudas e crônicas. Os sistemas integrados de atenção à saúde são organizados através de um conjunto coordenado, para prestar uma assistência contínua e integral a uma população definida (MENDES, 2011). A saúde é primordial para uma boa produtividade, a presença de doenças pode levar a desgastes emocionais, dificuldade laborativa, e ainda a problemas nos cuidados com doença. Para haver uma melhor resposta do indivíduo ao trabalho ele necessita estar em estado de equilíbrio e bem estar, mesmo na presença de condições agudas ou crônicas. Neste contexto, a condição aguda e ou crônica é o ponto de partida para se iniciar uma discussão acerca da saúde e qualidade vida entre servidores públicos de uma ANAIS DO I SENAPS universidade, uma vez que a relação entre o trabalho e o adoecer se constitui parte da vida e cultura da humanidade. A qualidade de vida está relacionada ao bem estar pessoal, e não apenas à ausência da doença, em um processo onde a saúde deixa de ser um estado estático, biologicamente definido, e passa a ser vista como um estado dinâmico, socialmente produzido. OBJETIVOS O presente estudo tem por objetivo conhecer e traçar o perfil dos servidores públicos de uma Universidade do oeste do Paraná, e detectar as principais condições agudas e crônicas auto referidas pelos servidores de uma universidade do oeste do Paraná. METODOLOGIA A pesquisa trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo e quantitativo. Para a realização da pesquisa os dados foram coletados a partir de fonte secundária de dados em arquivo. A fonte de dados foi composta por instrumentos de entrevistas preenchidos durante a execução do projeto: Qualidade de vida relacionada à saúde e adesão a tratamento medicamentoso em servidores de uma Universidade Pública do Paraná, realizado no município de Cascavel – Paraná, na Farmácia Escola da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), durante o mês de dezembro de 2011 a janeiro de 2012. Nesta ocasião foram entrevistados aproximadamente 160 servidores públicos da UNIOESTE alocados no campus de Cascavel, sendo excluídos aqueles: menores de 18 anos, funcionários terceirizados, indivíduos com dificuldade de comunicação ou aqueles que não quiseram participar da pesquisa.Totalizando 160 servidores entrevistados. Na presente pesquisa a amostra caracterizou-se por 122 entrevistas do arquivo do projeto maior que se encontravam devidamente preenchidas. Foi utilizada parte do ANAIS DO I SENAPS instrumento de coleta de dados das entrevistas correspondente ao perfil e condições agudas e crônicas auto referidas pelos servidores, contemplando às seguintes variáveis: sexo, idade, altura, peso, estado civil, grau de escolaridade, renda familiar, tempo de serviço na instituição, condições de saúde e doença do servidor. Os dados obtidos foram condensados em um banco construído em planilha do software Microsoft Office Excel 2007 a partir do qual se realizou a análise estatística dos mesmos. Os resultados são apresentados mediante distribuição de frequências relativas e absolutas das variáveis estudadas em tabelas. RESULTADOS Observa-se a maior prevalência do sexo feminino na pesquisa Areias e Guimarães (2004), perceberam a incidência do sexo feminino com 63%, enquanto nessa foi considerado dez por cento a mais com um valor de 73,7% (n=90). Por ser uma universidade pública e com estabilidade de emprego, a idade de serviço na instituição de ensino superior, mas prevalentes, foi de 16 a 20 com 27,8% (n=34), relacionando a idade dos participantes que tem seu pico acima dos 36 anos, percebe-se que quanto mais tempo de serviço mais a alta é a idade dos servidores. Neste presente estudo cerca de 61,4% (n=75) dos servidores apresentavam sobrepeso de acordo com o IMC. Nespeca e Cyrillo (2010) realizaram um estudo sobre a qualidade da dieta em funcionários de universidade pública, e observa que no que tange ao estado nutricional, a proporção de pessoas com excesso de peso do presente estudo, ou seja, IMC igual ou maior que 25kg/m2, foi superior a estimada pela POF de 2002-2003. Para o estado civil observou-se uma menor frequência de viúvos e de união estável com 2,4% (n=3). Também se verificou que mais de 56,5% (n=69) eram casados e 26,2% (n=32) solteiros. Acerca da Escolaridade verificou uma maior predominância para 8 anos ou mais de estudo com 52,4% (n=64) dos servidores, seguido de 5 a 8 anos de estudo com 36,8% (n=45). ANAIS DO I SENAPS A renda familiar dos servidores permaneceu na faixa de 1 a 5 salários mínimos para 62,2% (n=76) destes, e maior que 5 salários mínimos para 36,8% (n=45). Com relação à raça observou-se uma frequência de 76,2% (n=93) para a branca, seguida da parda com 13,11% (n=16), e da negra com 8,19% (n=10). De acordo com as doenças crônicas e agudas, observa-se que as doenças mais prevalentes auto referidas pelas servidoras da instituição foram: História de Doença Cardiovascular, seguido de Lesão por Esforço Repetitivo, Obesidade, Gastrite/ulcera, Depressão, Doença Respiratória. Entre os servidores destacam-se: História de Doença Cardiovascular, Colesterolemia, Obesidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente, além da prevalência das condições agudas, observa-se um crescente aumento das condições crônicas decorrentes do envelhecimento da população e aumento da exposição a fatores de risco presentes no ambiente social e de trabalho das pessoas. Portadores de condições agudas e crônicas sofrem alterações no estilo e qualidade de vida com influência direta em seu cotidiano familiar, social e de trabalho. Portadores de condições agudas ou crônicas podem ter sua capacidade laboral afetada, com diminuição da produtividade. Além disso, estas condições podem também contribuir para o aumento das taxas de absenteísmo e acidentes de trabalho no ambiente laboral. Conhecer o perfil de trabalhadores de uma universidade pública do oeste do Paraná e as principais condições doenças agudas ou crônicas auto referidas por estes, propicia um melhor entendimento e conhecimento destas condições para posterior planejamento e desenvolvimento de ações em saúde para melhorar a qualidade de vida dos mesmos. REFERENCIAS BAUER, Me. Estresse: como ele abala as defesas do corpo. Revista Medicina Ciência Hoje. 2002 Jan/Fev. ANAIS DO I SENAPS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde do Trabalhador. Caderno de Atenção Básica n5, Brasília, 2001a. BRASIL, Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao Trabalho: Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde. Série A. Normas e Manuais Técnicos; n. 114 Brasília/DF – Brasil, 2001b. BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes e Recomendações para o Cuidado Integral de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. Promoção da Saúde, Vigilância, Prevenção e Assistência. Vol 8.Brasília-DF, 2008. MANTOVANI, Maria de Fátima et al. Panorama da produção do conhecimento em enfermagem na saúde do trabalhador:impacto e perspectivas. Rev. bras. enferm. [online]. 2009, vol.62, n.5, pp. 784-788. ISSN 0034-7167. MENDES, Eugênio Vilaça. As redes de atenção a saúde. 2. ed. Brasília- DF: Organização Pan-americana da Saúde, 2011. 549 p. MOURA, Erly Catarina. Et al. Fatores de risco e proteção para doenças crônicas: vigilância por meio de inquérito telefônico, VIGITEL, Brasil, 2007. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(3):486-496, mar, 2011 Eixo Temático: Saúde do trabalhador ANAIS DO I SENAPS AVALIAÇÃO DE ESTRESSE EM TRABALHADORES NO CONTEXTO HOSPITALAR Jaquilene Barreto da Costa1 Bárbara Anzolin2 Luíza Bernardini Ferrari2 Mariana Gomes Brasil2 Romulo Ribeiro Brito3 Sheila Taba4 INTRODUÇÃO O trabalho tem significados e consequências diferentes para cada trabalhador, constituindo fonte de equilíbrio para uns e fonte de estresse e fadiga para outros (DEJOURS, 1994). No ambiente hospitalar a organização do trabalho estabelece normas e rotinas específicas e determina as ações dos trabalhadores na prestação dos cuidados aos pacientes. Nesse contexto, é possível identificar nas ações desses profissionais aspectos que podem desencadear sintomas de stress, principalmente, devido ao contato com situações emocionalmente intensas, tais como vida, doença e morte. O stress representa um complexo processo do organismo, inter-relacionando aspectos bioquímicos, físicos e psicológicos, desencadeados pela maneira como estímulos externos ou internos, os chamados estressores, são percebidos e interpretados pelo indivíduo, e causando um desequilíbrio na homeostase interna, o que exige uma resposta de adaptação do organismo para preservar a integridade e a própria vida (LIPP, MALAGRIS, 2003). A resposta negativa ao stress pode incluir sintomas físicos como, hipertensão, diabetes, alergias e psicológicos como cansaço mental, perda de memória, apatia, crises de ansiedade, etc. (LIPP, MALAGRIS, 2001). Partindo do pressuposto de que o ambiente hospitalar e as experiências vivenciadas nesse contexto podem desencadear alterações mentais, acredita-se que a ANAIS DO I SENAPS identificação de tais alterações contribuirá indiretamente para a melhoria da assistência prestada ao usuário, ampliando também o cuidado para àqueles que prestam o atendimento e a assistência: os trabalhadores. Com os resultados desse estudo pretende-se discutir e elaborar propostas de intervenção para minimizar os eventos estressantes dentro do ambiente de trabalho por meio do aprendizado de estratégias para lidar com situações geradoras de estresse, além disso, promover um trabalho preventivo de intervenção pessoal e institucional a fim de melhorar as condições de trabalho da população estudada. OBJETIVOS Avaliar a presença de sintomas de stress em trabalhadores que prestam assistência direta e indireta a pacientes hospitalizados. METODOLOGIA Estudo transversal descritivo realizado com trabalhadores que prestam assistência direta e indireta aos pacientes do Hospital Universitário do Oeste do Paraná (HUOP). Participaram do estudo, trabalhadores que atuavam nas diversas alas e setores da instituição pesquisada e que preencheram os seguintes critérios de inclusão: vínculo empregatício com a instituição por meio de concurso público, ter pelo menos um ano de trabalho e estar trabalhando durante o período de realização da pesquisa. Os dados foram coletados no período de agosto a setembro 2012 com os trabalhadores dos três turnos. Na primeira fase do estudo, os pesquisadores percorreram todas as alas e setores explicando o objetivo da pesquisa e convidando todos a participarem. Além disso, utilizou-se cartazes e comunicação interna encaminhada para todos os setores e alas, via programa TASY (gerenciador de atividades administrativas) da instituição. O instrumento foi disponibilizado em computadores, sendo que os trabalhadores ao responderem enviavam suas respostas diretamente para o banco de ANAIS DO I SENAPS dados da pesquisa e em papel para aqueles que não sabiam ou não queriam utilizar a tecnologia. A aplicação se deu em uma sala na qual os pesquisadores estavam disponíveis para auxiliar e nas alas para os trabalhadores que não podiam se ausentar do setor. Utilizou-se para avaliação de sintomas de stress, o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (LIPP, 2000), o qual permite identificar, a partir da sintomatologia apresentada, a presença ou não de stress, o modelo presente (somático ou psicológico) e em qual fase do stress se encontra o sujeito. Para coleta de dados sócios demográficos e relacionados ao trabalho utilizou-se um questionário elaborado para este fim. Os dados foram armazenados no programa Microsoft® Excel® e para análise e interpretação dos resultados foram utilizados os Programas Statistica 8.0 e o Statistical Analisys System (SAS-9.1). O estudo foi desenvolvido em conformidade com o preconizado pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e o projeto foi apreciado pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisas envolvendo Seres Humanos da UNIOESTE (Parecer N. 64507). A avaliação dos trabalhadores incluídos no estudo ocorreu após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. RESULTADOS Participaram do estudo 412 servidores que prestam assistência direta e indireta ao paciente. A maioria era do sexo feminino (87,0%), casados (61,65%), católicos (64,3%) na faixa etária entre 17 a 68 anos, com idade média de 39 anos, com filhos (75,2%). Em relação à escolaridade, 27,0% concluíram pós-graduação, seguido daqueles com superior incompleto (21,1%), superior completo (20,6%), nível médio completo (20,6%), pós-graduação incompleta (6,5%), nível médio incompleto (1,94%) e fundamental (2,18%). Dos avaliados, apenas 31,3% não frequentam curso ou faculdade e 51,7% praticam atividade física. ANAIS DO I SENAPS Em relação aos setores de trabalho, 101 prestam assistência nas UTIs e UCI, 44 nas unidades materno-infantil, 31 nas unidades clínica e cirúrgica, 20 na pediatria, 6 no Banco de Leite Humano, 10 na central de material e esterilização, 4 no Ambulatório, 20 na clínica neuro/orto, 10 na psiquiatria, 12 no pronto socorro,15 no centro cirúrgico, 17 no laboratório, 47 nos setores administrativos, 31 no serviço de apoio, 19 no serviço de nutrição e dietética, 16 no setor de processamento de roupas e 3 no setor de costura. Destes, 60,4% trabalham no período diurno e 39,6% no noturno, realizam carga horária de 6 horas (34,2%), seguidos daqueles com carga horária de 8 horas (11,2%), 12 por 60 (35,2%) e 12 por 36 (19,4%). Quanto ao tempo de trabalho, a maioria (45%) trabalha há mais de 10 anos e não trabalha em outra instituição (89,1%). O Inventário de Sintomas de Stress para Adultos (LIPP, 2000) aplicado revelou que dos 412 funcionários avaliados, 56,5% apresentaram sintomas de stress, destes 0,3% estavam na fase de alerta, 36,4% na fase de resistência; 1,9% na fase de quase exaustão e 17,7% na fase de exaustão. De acordo com os resultados verificou-se que a maioria dos profissionais apresentam sintomas de stress, o que corrobora com os resultados de outros estudos que tem identificado altos índices de stress em profissionais da saúde. Os resultados indicaram que entre aqueles que apresentaram sintomas de stress, houve uma prevalência de sintomas físicos (47,3%), seguidos de sintomas psicológicos (8,5%). Dos profissionais avaliados, aqueles que apresentaram prevalência de sintomas físicos, também apresentaram sintomas psicológicos. Os sintomas físicos mais assinalados pelos sujeitos foram aqueles que compõem a fase de resistência (cansaço constante, tensão muscular e sensação de desgaste físico constante). Já os sintomas psicológicos mais presentes foram sensibilidade emotiva exagerada e irritabilidade excessiva. Uma alta incidência de sintomas físicos reflete uma maior vulnerabilidade nessa área. Tais sintomas podem dificultar a assistência prestada ao paciente, principalmente, ANAIS DO I SENAPS pela carga emocional e física em que os profissionais são expostos no ambiente hospitalar. Além disso, os sintomas da fase de resistência revelam um desgaste acumulado ao longo do tempo, podendo haver um agravamento dos sintomas e os sujeitos evoluírem para fases mais crônicas do stress. Dessa forma, podemos inferir que os sujeitos avaliados estão mais suscetíveis a adoecerem, pois na fase de resistência o sujeito necessita utilizar de suas reservas de energia para manter seu equilíbrio interno, necessitando, portanto, do uso de estratégias eficientes para lidar o stress. (COSTA, et al, 2011) Vale salientar que 19,6% dos avaliados estavam na fase de quase exaustão/exaustão. Nestas fases, a tensão excede o limite, a resistência física e o equilíbrio emocional se rompem, e para realizar suas atividades diárias a pessoa tem que dispor de um grande esforço. A literatura apresenta algumas pesquisas com profissionais da área da saúde que investigaram o stress usando o mesmo inventário. Carvalho e Malagris (2007) aplicaram o instrumento em 31 profissionais de nível superior, de várias especialidades, que atuavam na assistência ou cargos de chefia de um Posto de Assistência Médica do Rio de Janeiro. O estudo chegou a resultados semelhantes ao desta pesquisa, já que a maioria (58,0%) apresentou sintomas de estresse. Desses, 94,0% encontravam-se na fase de resistência e com predominância de sintomas físicos (56,0%). Malagris e Fiorito (2006), avaliaram o nível de stress de trabalhadores da área de saúde. Os participantes eram técnicos de diversos setores. Os resultados encontrados foram de encontro aos desta pesquisa no que tange a ocorrência ou não de stress, já que a maioria (82,3%) se apresentou estressada e 76,9% encontrava-se na fase de resistência, porém com predominância de sintomas psicológicos. Outra pesquisa que utilizou o mesmo instrumento foi a de Camelo e Angerami (2004). Participaram trabalhadores de cinco núcleos de saúde da família, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). Os resultados apontam uma maioria (62,0%) dos ANAIS DO I SENAPS participantes com sintomas de stress. Destes, 83,0% estavam na fase de resistência, e diferentemente desta pesquisa, a predominância foi de sintomas psicológicos (48,0%). A diferença observada em alguns estudos comparado aos resultados dessa pesquisa, quanto à sintomatologia psicológica apresentada, pode ser explicada pelo fato dos participantes trabalharem em contextos diferentes, pelo tipo de estressor enfrentado, pelas características pessoais distintas e recursos de enfrentamento utilizados por cada profissional. Já a predominância de sintomas físicos nos profissionais estudados revela que os mesmos são mais vulneráveis nessa área, ou seja, frente às situações de stress os sujeitos tendem a apresentar um maior número de manifestações somáticas. Santos e Cardoso, 2010, avaliaram o stress de profissionais de serviços substitutivos de saúde mental. Participaram 25 trabalhadores com pelo menos seis meses de atuação profissional. Neste caso, apenas 36% apresentaram stress, diferentemente desta pesquisa. Os resultados semelhantes foram os de que a maioria (88,9%) dos participantes com sintomas de stress estavam na fase de resistência e a sintomatologia predominante foi física (66,7%). Nos resultados encontrados observou-se ainda que a maioria dos profissionais que apresentaram sintomas de stress, era do sexo feminino (51,2%), com mais de 10 anos de trabalho (26,0%). Malagris e Fiorito também encontraram que 83% das mulheres participantes da pesquisa estavam estressadas. Outros estudos já relataram que a ocorrência de stress parece ser mais frequente nas mulheres (CALAIS; ANDRADE; LIPP, 2003). A sobrecarga de tarefas pela dupla jornada de trabalho pode contribuir para o surgimento de sintomas de stress, principalmente para aquelas mulheres que se ocupam e se esforçam para cumprir todas as suas funções diárias (LIPP; TANGANELLI, 2002). Quanto aos setores estudados, o Alojamento Conjunto e a UTI Geral foram os setores com maior (81,0%) e menor (33,3%) proporção de trabalhadores estressados, respectivamente. Dos 21 funcionários avaliados na maternidade 17 apresentaram sintomas de estresse. ANAIS DO I SENAPS De acordo com o número de servidores avaliados por função, observou-se que os enfermeiros foram os que apresentaram uma maior proporção de indivíduos com sintomas de stress (68,5%), seguidos do auxiliar operacional (60%), técnico/auxiliar de enfermagem (53,5%), e técnico administrativo (52,2%). Destes, a maioria encontrava-se na fase de resistência. Percebe-se que a incidência de stress na equipe de enfermagem, incluindo enfermeiros e técnicos, é alta. Carvalho e Malagris (2007) também citaram a enfermagem como profissão mais atingida, juntamente com o serviço social e a medicina. O número reduzido de profissionais na enfermagem está diretamente relacionado ao excesso de trabalho, portanto, a sobrecarga de trabalho pode influenciar na qualidade do trabalho, na satisfação, na ineficiência dos recursos de enfrentamento, reduzindo assim sua energia e gerando alterações somáticas e psíquicas. CONCLUSÕES A presença de alterações emocionais decorrentes do ambiente de trabalho e a incapacidade para enfrentar situações estressantes podem resultar tanto em enfermidades físicas como mentais. Nesse estudo, constatou-se índices moderados de stress global em trabalhadores nos diferentes setores. A identificação e o conhecimento dos dados levantados a partir da avaliação dos trabalhadores podem ajudar na formulação de ações preventivas com vistas a uma melhor qualidade de vida no ambiente de trabalho. Sendo, portanto, imprescindível que o profissional esteja em boas condições físicas e emocionais para que possa prestar uma assistência adequada às necessidades do paciente. Neste sentido, constitui um papel igualmente importante da instituição na promoção de ações preventivas, de intervenção tanto pessoal, quanto organizacional, para minimizar e/ou eliminar os estressores presentes no ambiente de trabalho. PALAVRAS-CHAVE. Stress, Cuidador, Profissional da Saúde, Ambiente de Trabalho ANAIS DO I SENAPS REFERÊNCIAS CALAIS, S. L.; ANDRADE, L. M. B.; LIPP, M. E. N. Diferenças de sexo e escolaridade na manifestação de estrés em adultos jovens. Psicologia Reflexão e Crítica, 16 (2), pp. 257-263, 2003. CAMELO, S. H. H.; ANGERAMI, E. L. S. Sintomas de estresse nos trabalhadores atuantes em cinco núcleos de saúde da família. Revista Latino-americana de Enfermagem, n. 12 (1), pp. – 14-21, jan-fev. 2004. CARVALHO, L. de; MALAGRIS, L. E. N. Avaliação do nível de stress em profissionais de saúde. Estudos em Pesquisas em Psicologia, n. 7 (3), 2007. COSTA, J. B.; MOMBELLI, M. A.; DECESARO M. N.; WAIDMAN, M. A. P.; MARCON, S. S. Estrés y recursos de enfrentamiento del cuidador en el contexto hospitalário. Salud Mental, 34, pp. 129-138, 2011. DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E; JAYET, C. Psicodinâmica do trabalho: contribuição da Escola Dejouriana à análise das relações prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994. LIPP, M. E. N. Inventário de Sintomas de Stress para Adultos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. LIPP, M. E. N.; MALAGRIS, L. E. N. O stress emocional e seu tratamento. In: B. Rangé (org). Psicoterapias cognitivo-comportamentais. Rio de Janeiro: Artmed, 2003. LIPP, M. E. N.; TANGANELLI, M. S. Estrés e qualidade de vida em magistrados da justiça do trabajo: Diferenças entre homens e mulheres. Psicologia Reflexão e Crítica, 15 (3), pp. 537-548, 2002. MALAGRIS, L. E. N.; FIORITO, A. C. C. Avaliação do nível de stress de técnicos da área de saúde. Estudos de Psicologia, n. 23 (4), 2006. ANAIS DO I SENAPS SANTOS, A. F. de O.; CARDOSO, C. L. Profissionais de saúde mental: estresse e estressores ocupacionais em saúde mental. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 2, p. 245-253, abr.-jun, 2010. Eixo Temático: Saúde do trabalhador ANAIS DO I SENAPS PERSPECTIVAS PARA A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA ÁREA DE SAÚDE DO TRABALHADOR NA ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE Pamela Camila da Silva Goulart1 Indilla Simões Sotarelli Lemos2 Maria Antonia Ramos Costa3 RESUMO: Estudo de natureza bibliográfica, exploratória, com ênfase na proposta de análise documental, e parte do projeto de iniciação científica proposto pelas autoras intitulado “Prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares em trabalhadores de empresas do comércio”. Teve como objetivo identificar na produção científica, as discussões referentes à saúde do trabalhador na atenção primária a saúde. A escassez e inconsistência das informações sobre a real situação de saúde dos trabalhadores dificultam a definição de prioridades para as políticas públicas, o planejamento e implementação das ações de saúde do trabalhador, além de privar a sociedade de instrumentos importantes para a melhoria das condições de vida e trabalho. O Ministério da Saúde lançou uma politica específica para a saúde do trabalhador, subsidiando as ações e serviços de saúde em todo o território nacional. A mudança introduzida no processo de trabalho terá reflexos na saúde dos trabalhadores e deverá ser ainda objeto de muitos estudos, em especial para os profissionais enfermeiros. 1-Acadêmica do quarto ano de enfermagem da Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranavaí – Fafipa. Rua Rio Grande do Sul nº 1245, Jardim Vera Cruz, Paranavaí/PR, telefone: 044-98142517, email: pamela.cami@hotmail.com. Grupo de Pesquisa NEPEMAAS e PIBIC – Fundação Araucária. 2-Acadêmica do quarto ano de enfermagem da Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranavaí – Fafipa. Grupo de Pesquisa NEPEMAAS. 3-Enfermeira, mestre, doutoranda de enfermagem – UEM, professora do curso de enfermagem da Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranavaí – Fafipa. Grupo de Pesquisa NEPEMAAS. ANAIS DO I SENAPS INTRODUÇÃO A abordagem integrada das inter-relações entre as questões de segurança e saúde do trabalhador, meio ambiente e o modelo de desenvolvimento adotado no país, traduzido pelo perfil de produção-consumo, representa na atualidade, um grande desafio para o Estado Brasileiro. Para Política Nacional de Segurança e Saúde do trabalhador são considerados trabalhadores todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, no setor formal ou informal da economia (PSST, 2004). Em 2009, dentre as 162,8 milhões de pessoas de 10 anos ou mais de idade, 62,1% faziam parte da força de trabalho, ou seja, estavam trabalhando ou procurando trabalho e, por isso, eram consideradas economicamente ativas. Esse percentual manteve-se estável tanto em relação a 2008 quanto a 2004 (62% em ambos os anos) (PNAD, 2010). A distribuição dos trabalhadores, segundo o setor produtivo revela que das 75.471.556 pessoas consideradas ocupadas 19,53% estão no setor Agrícola e Extrativista; 13,72 % no setor da Indústria de Transformação e 17,15% no setor de Comércio e Reparação (PNAD, 2002). A saúde dos trabalhadores é condicionada por fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais relacionados ao perfil de produção e consumo, além de fatores de risco de natureza físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos presentes nos processos de trabalho particulares. De modo esquemático, pode-se dizer que o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores no Brasil, na atualidade, caracteriza-se pela coexistência de: agravos que têm relação com condições de trabalho específicas, como os acidentes de trabalho típicos e as “doenças profissionais”; doenças que têm sua freqüência, surgimento ou gravidade modificados pelo trabalho, denominadas “doenças relacionados ao trabalho” e; ANAIS DO I SENAPS doenças comuns ao conjunto da população, que não guardam relação de causa com o trabalho, mas condicionam a saúde dos trabalhadores (PSST, 2004). A escassez e inconsistência das informações sobre a real situação de saúde dos trabalhadores dificultam a definição de prioridades para as políticas públicas, o planejamento e implementação das ações de saúde do trabalhador, além de privar a sociedade de instrumentos importantes para a melhoria das condições de vida e trabalho. Neste aspecto este trabalho objetiva identificar na produção científica, as discussões referentes à saúde do trabalhador na atenção primária a saúde e como a enfermagem tem se inserido nestas discussões, tendo com questão norteadora a seguinte, qual a contribuição da produção científica referente a saúde do trabalhador e se a enfermagem vem participando destas discussões? METODOLOGIA O presente estudo consistiu em pesquisa de natureza bibliográfica, exploratória, com ênfase na proposta de análise documental (PIMENTEL, 2001), foi definido o período de 2005 a 2012. O ano de 2005 foi escolhido como início do período de análise por completar um ano de implantação da Politica Nacional de Saúde do trabalhador, pelo Ministério da Saúde. Para a localização dos artigos utilizamos os descritores “saúde do trabalhador” e “enfermagem” a “atenção primária a saúde” no site da Biblioteca Virtual em Saúde, foram encontrados um total de 16 artigos nas bases de dados da SCIELO E LILACS que respondiam a esta caracterização, e destes foram excluídos 2 artigos que não apresentavam-se na íntegra; 1 artigos que não eram em português, sendo que foram analisados 13 artigos, além dos documentos oficiais do Ministério da Saúde que serviram de referencial para a discussão dos objetivos da pesquisa. Foi indispensável olhar o conjunto de documentos, de forma analítica, por meio de leituras e fichamentos que indicaram trechos centrais para a análise. Na etapa de tratamento dos dados, foi empregado o processo de codificação e de inferências sobre as informações contidas nas ANAIS DO I SENAPS publicações, procurando encontrar os temas abordados por intermédio da análise de seu conteúdo manifesto e latente. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Constituição Federal (CF) de 1988 estabelece a competência da União para cuidar da segurança e da saúde do trabalhador por meio das ações desenvolvidas pelos Ministérios do Trabalho e Emprego, da Previdência Social e da Saúde, atribuições regulamentadas na Consolidação das Leis do Trabalho (Capítulo V, do Título II, Lei n. 6.229/75), na Lei n. 8.212/91 e 8.213/91, que dispõe sobre a organização da seguridade social e institui planos de custeio e planos de benefícios da previdência social e na lei Orgânica da Saúde, Lei No. 8080/90. Os artigos 196 ao 200 da CF atribuem ao Sistema Único de Saúde as ações de Saúde do Trabalhador, por meio de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, além de serviços e ações que possam promover, proteger e recuperar a saúde. As doenças crônicas não transmissíveis - DCNT (doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas, diabetes e doenças músculo-esquelético, entre outras) são doenças multifatoriais e têm em comuns fatores comportamentais de risco modificáveis e não modificáveis. Dentre os fatores comportamentais de risco modificáveis destacam-se o tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, a obesidade, as dislipidemias (determinadas principalmente pelo consumo excessivo de gorduras saturadas de origem animal), a ingestão insuficiente de frutas e hortaliças e a inatividade física. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as DCNTs já são responsáveis por 58,5% de todas as mortes ocorridas no mundo e por 45,9% da carga global de doença, constituindo um sério problema de saúde pública, tanto nos países ricos quanto nos de média e baixa renda. A Portaria Nº. 1339/GM de 18 de novembro de 1999, instituiu a Lista de Doenças relacionadas ao Trabalho, a ser adotada como referência dos agravos originados no processo de trabalho no Sistema Único de Saúde, para uso clínico e ANAIS DO I SENAPS epidemiológico, (elaborada em cumprimento da Lei 8.080/90 - inciso VII, parágrafo 3º do artigo 6º - disposta segundo a taxonomia, nomenclatura e codificação da CID-10), já incluiu algumas das DCNTs, como as doenças relacionadas com o trabalho. As doenças cardiovasculares, neoplasias, doenças respiratórias crônicas, diabetes e doenças músculo-esquelético, entre outras respondem pela maior parcela dos óbitos no país e de despesas com assistência hospitalar no SUS, totalizando cerca de 75% dos gastos com atenção à saúde A Organização Mundial da Saúde estima que o Brasil perderá até 2015 aproximadamente 60 bilhões de dólares devido ao impacto das Doenças Crônicas Não transmissíveis – DCNT (BRASIL, 2004). Segundo o Ministério de Saúde (2006) no Brasil, as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) respondem por 62,8% do total das mortes por causa conhecida. Séries históricas de estatísticas de mortalidade disponíveis para as capitais dos Estados brasileiros indicam que a proporção de mortes por DCNTs aumentou em mais de três vezes entre as décadas de 30 e 90 (LACAZ, 2000). Os profissionais de enfermagem enfrentam grandes desafios, pois como cuidadores preocupados com a saúde dos trabalhadores, ainda terá que enfrentar alguns desafios em sua profissão, como a sobrecarga de trabalho, falta de profissionais, desunião entre equipes e a competitividade no mercado profissional, gerando assim, muitas vezes, conflitos entre os profissionais e atrapalhando no resultado de suas ações (BAGGIO, 2007). Essas circunstancias estão cineticamente presentes em vários ambientes de trabalho como por exemplo na atenção primária á saúde em relação ao trabalhador, porém o profissional cuidador deve estar cada vez mais capacitado e apto, já que ele é o principal responsável pelas mudanças para evitar o risco ocupacional diante á saúde do trabalhador, promoção e prevenção de saúde e educação permanente sendo importante diante á equipe, pois é capaz de fazer com que suas opiniões sejam refletidas diante do grupo (SANTOS; et al, 2012). ANAIS DO I SENAPS A capacitação e qualificação dos profissionais de enfermagem colaboram na prevenção de acidentes no ambiente de trabalho, como por exemplo na educação do uso de equipamentos de proteção, que são outros riscos frente ao trabalhador, pois estes estão suscetíveis á materiais de risco biológico, mecânico, psicossocial, ergonômico, acidente de trajeto e físico (NUNES; et al, 2010). Os profissionais da saúde frente a saúde do trabalhador deve se atentar ás doenças DCNT e outros agravos como relação entre equipe multiprofissional devido a importância dessa relação, para o melhor resultado das ações desenvolvidas pelo enfermeiro juntamente com a sua equipe, devendo esses ser capazes de lidar com vários fatores negativos como competitividade,falta de profissionais e sobrecarga de trabalho e por fim a capacitação desses para uma melhor educação dos trabalhadores frente alguns agravos e principalmente DCNT (SANTOS; et al, 2012). Estas mudanças configuram novos desafios para a saúde pública de encontrar mecanismos para o enfrentamento das DCNT marcadas pela complexa relação entre a saúde e seus determinantes, considerando que essas doenças têm um forte impacto na qualidade de vida dos indivíduos afetados, causa morte prematura e geram grandes e subestimados efeitos econômicos adversos para as famílias, comunidades e sociedade em geral, atingindo em proporções cada vez maior a população economicamente ativa. Portanto, a prevenção e controle das DCNT e seus fatores de risco são fundamentais para evitar o crescimento epidêmico dessas doenças e suas conseqüências nefastas para a qualidade de vida, sistema de saúde, e o sistema econômico do país. O dimensionamento da problemática dos efeitos à saúde, relacionados ao trabalho, nos diversos coletivos populacionais, depende da qualidade das informações coletadas relativas à: documentação da distribuição de agravos segundo variáveis demográficas; detecção de situações de alerta epidemiológico; avaliação de tais situações para relacioná-las às suas causas; identificação de necessidades de investigações, estudos ou pesquisas e, finalmente, organização de banco de dados para o planejamento de ações e serviços. ANAIS DO I SENAPS CONCLUSÕES O estudo realizado evidenciou que as temáticas da área da saúde do trabalhador são amplas e objeto de distintas áreas do conhecimento. As produções científicas abordaram diferentes ambientes de trabalho num contexto marcado pelas mudanças introduzidas no mundo do trabalho. O Ministério da Saúde lançou uma politica específica para a saúde do trabalhador, subsidiando as ações e serviços de saúde na atenção primária em todo o território nacional. A mudança introduzida no processo de trabalho terá reflexos na saúde dos trabalhadores e deverá ser ainda objeto de muitos estudos. Os profissionais de enfermagem devem aprimorar-se nestas questões, pois como coordenador da equipe de saúde da atenção primária a saúde será o responsável pelas ações de promoção a saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação do trabalhador. Diante desse cenário pesquisas que visam analisar o impacto do trabalho na saúde do indivíduo, por meio do monitoramento da morbimortalidade e seus fatores de risco, e estimulando a indução e apoio a ações de promoção à saúde, prevenção e controle de doenças no âmbito da saúde do trabalhador é de grande relevância nacional, subsidiando a execução efetiva da Política Nacional de Segurança e Saúde do trabalhador. PALAVRAS-CHAVE: saúde, trabalhador, enfermagem. REFERÊNCIAS BAGGIO, Maria Aparecida. Relações Humanas no ambiente de trabalho: o (des) cuidado de si do profissional de enfermagem. Revista Gaúcha de Enfermagem 2007; 28 (3): – 409 15. Disponível em << http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/4695>> Acessado em 25 de abril de 2013. BRASIL. Ministério da saúde. Portaria nº 1339/GM Em 18 de novembro de 1999. Institui a lista de Doenças relacionadas ao Trabalho. Disponível em ANAIS DO I SENAPS http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port99/GM/GM-1339.html. Acesso em 30 de julho de 2012. _____. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador. Brasília. Versão pronta após sugestões – 29.12.2004. Incluídas as sugestões do Seminário Preparatório, dos AFTs e das DRTs. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/insumos_portaria_interministerial_800.pd f. Acesso em 08 de agosto 2012. _____. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica, Departamento de ações Programáticas e Estratégicas, Área Técnica de Saúde do Trabalhador. Caderno de Atenção Básica - Saúde do Trabalhador. Brasília: Ministério da Saúde, 2001. ______. Presidência da República. Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm. Acesso em 28 de julho de 2012. _____. Ministério da Saúde. Vigilância de Doenças Crônicas Não Transmissíveis. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=31877&j anela=1. Acesso em 01 de agosto de 2012. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –Diretoria de Pesquisas Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios - PNAD Coordenação de Trabalho e Rendimento Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Síntese de Indicadores 2009. Rio de Janeiro. 2010. Disponível em http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/pna d_sintese_2009.pdf. Acesso em 02 de agosto de 2012. _______. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE Diretoria de Pesquisas. Disponível em ANAIS DO I SENAPS http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2002/defa ult.shtm. Acesso em 07 de agosto de 2012. LACAZ, F. Saúde do trabalhador: cenários e perspectivas numa conjuntura privatista. In: Seminário do Sintratel, 2000, São Paulo. Disponível em <http://www.reluita.org/old/home/ler/informes/saudedotrabalhador.htm. Acesso em 01 de agosto de 2012. NUNES, Márcia Batista Gil; et al. Riscos Ocupacionais dos enfermeiros atuantes na atenção à Saúde da Família. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 abr/jun; 18 (2): 204 – 9. Disponível em <<http://www.facenf.uerj.br/v18n2/v18n2a07.pdf>> Acessado em 25 de abril de 2013. PIMENTEL, A. O método da análise documental: seu uso numa pesquisa historiográfica. Cadernos de Pesquisa, 2001; 114:179-95. SANTOS, José Luís Guedes dos; et al. Risco e vulnerabilidade nas práticas dos profissionais de saúde. Ver. Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2012 jun; 33 (2): 205 – 212. Disponível em <<http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n2/28.pdf>> Acessado em 25 de abril de 2013. Eixo Temático: Saúde do trabalhador ANAIS DO I SENAPS CONTRIBUIÇÃO DAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS, COMPLEMENTARES E ALTERNATIVAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA. Sheila Karina Lüders Meza136; Gleicy Kelly Teles da Silva²; Dohane Cristina Pereira Sdebski3; Fabieli Borges3; Terezinha Aparecida Campos4. INTRODUÇÃO A Medicina Complementar e Alternativa (MCA) cada vez mais têm se tornado objeto de políticas incentivadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (BRASIL, 2013). No Brasil, a Portaria MS/GM No. 971, de 03 de maio de 2006, aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde, sendo considerada referencial, reconhece e normatiza as seguintes áreas de atuação: Medicina Tradicional Chinesa – Acupuntura, Homeopatia, Plantas Medicinais e Fitoterapia. Não obstante a referida portaria deixou um valioso precedente para a inclusão de outras técnicas complementares, se forem necessárias, como por exemplo: os Florais, a Aromaterapia, o Reiki, o Jin Shin Jyutsu, o Taichi chuan, o Do-in, o Yoga, o Shiatsu, a Iridologia, a Quiropraxia, a Reflexologia, a Medicina Vibracional, a Meditação, a Musicoterapia, a Massoterapia e a Cinesiologia, entre dezenas de possibilidades terapêuticas, por meio da citação da Lei No 8.080/90 e pelo Plano “Estratégias da OMS sobre a Medicina Tradicional 2002 – 2005”. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares busca abordagens que estimulem a promoção, prevenção e recuperação da saúde utilizando 136 Farmacêutica, Mestre, Docente do Curso de Farmácia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Coordenadora do Programa Re-Vivendo a Saúde – Os Benefícios da Naturopatia, sheila.meza@unioeste.br; 2 Acadêmica da 3° série do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná- UNIOESTE, gleicykellyteles@gmail.com; Rua Agronomia n°1276 apto 01; (45) 9922-5356. 3 Acadêmica, Curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE; 4 Enfermeira, Especialista, colaboradora do Programa Re-Vivendo a Saúde – Os Benefícios da Naturopatia. ANAIS DO I SENAPS métodos naturais, pautados na escuta, no acolhimento e no desenvolvimento de vínculos terapêuticos entre usuário, família e profissional de saúde, de modo a auxiliar no entendimento do conceito ampliado de saúde e no autocuidado. (BRASIL, 2006). Com efeito, a PNPIC faz parte da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), desde o ano de 2006. A sintonia entre PICs e atenção básica é marcante, já que esta última considera o sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e inserção sócio-cultural, buscando também a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2006, P.23). De acordo com a Organização Mundial de Saúde (BRASIL, 2002), os países onde no sistema de saúde o modelo alopático é dominante, se classificam de terapias complementares, alternativas ou não convencionais o uso da medicina tradicional chinesa. Apesar de ter atingido grande avanço tecnológico, a medicina moderna ainda possui limitações significativas, seja na sua capacidade de descrever fenômenos sociopsicobiológicos envolvidos na saúde ou na doença, seja nas suas propostas terapêuticas, o que reflete numa crescente insatisfação dos pacientes, que apelam para técnicas ou tratamentos alternativos. Na busca de entender o motivo dessa aparente contradição, a qual exige uma reflexão sobre vários temas que tem influência determinante na qualidade da medicina atual foi desenvolvido o Projeto de Extensão “Re-Vivendo a saúde – Os Benefícios da Naturopatia” com início no dia 24 de Abril de 2009. Em Outubro de 2011, foi solicitado alteração de projeto de extensão para Programa permanente aprovado conforme a Resolução 065/2009 – CEPE, que dá parecer favorável no dia 10 de fevereiro de 2012. O programa tem por objetivos implantar e desenvolver ações de saúde que auxiliem na manutenção e recuperação do bem-estar físico e mental do público-alvo que são os discentes, docentes, servidores e a comunidade externa encaminhada pela Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Faculdade, pelo Centro de Reabilitação ANAIS DO I SENAPS Física e pelas Clínicas de Odontologia e Fisioterapia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – campus de Cascavel. A primeira avaliação do paciente é feita por meio da consulta de enfermagem a qual poderá direcionar a especialidade que contemple as necessidades do indivíduo. Dentre as especialidades estão as Terapias Florais, Acupuntura, Auriculoterapia, Psicoterapia, Método Pilates, Meditação, Acompanhamento Nutricional, Reike, Psychk, Meditação, Reprogramação Biológica, Iridologia, Grupo de Relacionamento e Shiatsu que são realizados por profissionais colaboradores da área. Das especialidades supracitadas, as que se encaixam nas Terapias Integrativas e Complementares oferecidas pelo Programa são as especialidades de Terapia Floral, Acupuntura, Auriculoterapia, Reike, Iridologia, Yoga e Meditação. Considerando que a Acupuntura é uma tecnologia de intervenção em saúde, inserida na Medicina Tradicional Chinesa (MTC), sistema médico complexo, que aborda de modo integral e dinâmico o processo saúde-doença no ser humano, podendo ser usada isolada ou de forma integrada com outros recursos terapêuticos, e que a MTC também dispõe de práticas corporais complementares que se constituem em ações de promoção e recuperação da saúde e prevenção de doenças [...]; Considerando que a Fitoterapia é um recurso terapêutico caracterizado pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas e que tal abordagem incentiva o desenvolvimento comunitário, a solidariedade e a participação social [...]. (PORTARIA Nº 971, de 3 de Maio de 2006). O público atendido nessas Terapias engloba os servidores, discentes, docentes da Universidade e a comunidade externa. Os servidores, técnicos e docentes lidam com problemas no cotidiano que interferem no andamento de suas atividades e mais gravemente levando-os a constantes afastamentos para tratamento de saúde. Isto se deve, em muitos casos, pelo número limitado de funcionários e as demandas emanadas das atividades de ensino, pesquisa e extensão. Os docentes e servidores que sofrem com a sobrecarga laboral e com os problemas de caráter profissional e pessoal, buscam a ANAIS DO I SENAPS resolutividade de tais complicações, por meio das Terapias ofertadas pelo Programa dentro do ambiente e horário de trabalho facilitando o acesso. Os acadêmicos apresentam problemas de ordem física, mas principalmente de caráter emocional, preponderantemente, nos cursos da área da saúde. Sendo que esses, em sua maioria, dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) para assistência, e uma parcela significante dos mesmos não conta com o respaldo familiar, devido ao fato de muitos residirem em outras regiões do Estado. Os discentes contam com o Programa para terem acesso dentro da própria Universidade a Terapias que busquem a prevenção, tratamento e redução das complicações causadas pelo ambiente acadêmico e pelas condições de vida. A comunidade externa desfruta das mesmas oportunidades, com acesso gratuito, como os demais. Esse fator torna-se um facilitador para o acesso as Práticas Integrativas, Complementares e Alternativas e deste modo, proporcionando a melhora dos agravos da saúde. Mesmo a Medicina Moderna tendo evoluído significativamente em aspectos que buscam descrever fenômenos sociopsicobiológicos envolvidos na saúde ou na doença, há também uma crescente insatisfação dos pacientes que buscam por meio das Práticas Integrativas a resolutividade de seus problemas, sejam eles de origem psíquica ou biológica. OBJETIVO O presente estudo tem por finalidade ressaltar, por meio do relato de experiência, o uso das Práticas Integrativas ofertadas pelo Programa, o qual tem sido classificado como de grande importância pelo público atendido. METODOLOGIA ANAIS DO I SENAPS Trata-se de estudo descritivo do tipo relato de experiência, assistência ao usuário por meio das Práticas Integrativas/Complementares/Alternativas em um programa de extensão de uma Universidade no interior do Paraná. O ingresso dos usuários ocorre por livre demanda e por encaminhamentos. Estes são oriundos das comunidades acadêmica (docentes, discentes, agentes universitários e estagiários) e externa (familiares da comunidade acadêmica, encaminhados pelo Centro de Reabilitação Física, pelas clínicas de fisioterapia, odontologia e pela UBS do bairro Faculdade). No primeiro momento o usuário preenche um cadastro inicial onde ele informa seus dados pessoais e econômicos e escolhe ainda a atividade de interesse dentre as ofertadas pelo programa. No segundo momento, o usuário é chamado para uma avaliação inicial constituída pela consulta de enfermagem. Após a avaliação da enfermagem, o usuário recebe as orientações relacionadas ao seu estado de saúde. Finalizado este processo e baseado na avaliação da enfermagem o paciente é encaminhado para a atividade em que se escreveu. Uma vez participante do programa e havendo necessidade, o usuário poderá ser referenciado para as demais especialidades caracterizando uma assistência multidisciplinar. Ao término deste “ciclo” o mesmo é redirecionado à consulta de enfermagem para a avaliação do resultado dos atendimentos no Programa. RESULTADOS A Prática Integrativa/Complementar compreende a necessidade dos participantes acerca das mudanças de hábitos insalubres de vida oportunizando a participação em atividades que permitam o relaxamento e uma maior conexão entre o biológico, o mental e espiritual de cada um. Nesta perspectiva, percebe-se uma grande procura do público-alvo por essa forma de assistência. As especialidades de Acupuntura e Terapia Floral são as práticas mais procuradas pelos servidores e discentes, assim como pela comunidade externa. Por outro lado, práticas como o Reiki, a Iridologia, a Reprogramação Biológica, o Psych-k, ANAIS DO I SENAPS o Shiatsu e o Yoga são as especialidades menos solicitadas, fato esse atribuído ao pouco conhecimento sobre as mesmas. Decorrente disso, uma das ações propostas pelo Programa é promover, junto à comunidade, atividades com o intuito de divulgar essas novas formas de assistência a Saúde e seus benefícios, ressaltando sempre que as mesmas atuam como complemento e não como uma forma de substituição da Medicina Ocidental. CONCLUSÃO Segundo o Ministério da Saúde o desenvolvimento da Política Nacional de Medicina Natural, bem como das Práticas Integrativas e Complementares faz parte da continuidade do processo de implantação no SUS, pois cumpre com os princípios e diretrizes do Sistema. Tal política ao atuar nos campos da prevenção de agravos, promoção, manutenção e recuperação da saúde considera o indivíduo em sua integralidade. Com essa experiência podemos aprimorar nossos conhecimentos técnicocientíficos acerca dos benefícios proporcionados por estas práticas, as quais trabalham baseadas na visão humanística e holística dos indivíduos alcançado resultados significativos. Desta forma, podemos crescer profissionalmente tendo uma visão global acerca do assunto uma vez que, o Programa nos permite reconhecer que além das práticas tradicionais, as práticas integrativas e complementares são parte integrante das ações que compõem a Atenção Primária a Saúde. PALAVRAS-CHAVE: Práticas Integrativas e Complementares, Promoção à Saúde, Extensão. REFERÊNCIAS ANAIS DO I SENAPS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS PNPICSUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. _______. Ministério da Saúde- 2013. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/visualizar_texto.cfm?idtxt=35352>. Acesso em: 27 de Abr.2013. OMS, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estratégias da OMS sobre Medicina Tradicional – 2002 2005. Disponível em <http://whqlibdoc.who.int/hq/2002/WHO_EDM_TRM_2002.1_spa.pdf>. Acesso em: 28/04/2013. PORTARIA Nº 971, DE 3 DE MAIO DE 2006. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/PNPIC.pdf>. Acesso em: 28 de abr.2013. Resolução COFEn 197/97 Disponível em: <http://site.portalcofen.gov.br/node/4253>. Acesso em: 23 abr. 2012. TROVO, M. M.; SILVA, M. J. P.; LEÃO, E. R. Terapias alternativas/complementares no ensino público e privado: análise do conhecimento dos acadêmicos de enfermagem. Rev Latino-am Enfermagem, v. 11, n. 4, p. 483-9, jul./ago. 2003. Eixo Temático: Saúde do trabalhador ANAIS DO I SENAPS Gestão, Educação, Planejamento, Avaliação e Monitoramento (GEPAM) do cuidado na Atenção Primária DESAFIOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO Tatiane Baratieri137 Maria Luciana Botti138 Leticia Gramazio Soares139 INTRODUÇÃO Em 1978, ocorreu a Conferência de Alma–Ata, em 1978, a qual propôs a Atenção Primária à Saúde (APS) como estratégia para ampliar o atendimento a todos os seguimentos da sociedade, fazendo uso de técnicas de atendimento que não fossem apenas clínicas, mas sim com uma ótica epidemiológica e social (ROSA; LABATE, 2005). Porém, é no fim da década de 1980 que o sistema de saúde no Brasil inicia um processo de reforma do setor da saúde, sendo que em 1986, no processo de redemocratização política brasileira, foi realizada a VIII Conferência Nacional de Saúde, a qual propôs uma reforma administrativa e a unificação das instituições de serviço e cuidados médicos em um único Ministério da Saúde, que seria responsável pela condução e gestão de toda a política de saúde (ROSA; LABATE, 2005). Entretanto, o marco foi a Constituição Federal Brasileira de 1988, a qual tornou real o ideal que se tinha de construir o Sistema Único de Saúde (SUS) a partir do momento que propôs a garantia do acesso universal ao sistema de saúde, superando as propostas até então existentes e instaurando uma nova definição de saúde, conceituada 137 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Endereço: Rua Simeão Varela de Sá, 03. Bairro Vila Carli. Cep: 85040-080. E-mail: baratieri.tatiane@gmail.com Celular: 42 98105804 138 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Unicentro. 139 Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora da Unicentro. ANAIS DO I SENAPS como direito. Além disso, contemplou os níveis de atenção em saúde, permitindo nova estruturação dos serviços de saúde a fim de priorizar ações coletivas e preventivas, sem prejuízo às ações individuais e curativas, até o momento predominante (NASCIMENTO; NASCIMENTO, 2005). No contexto do SUS, a APS é definida como: o conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social. A APS considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sociocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2006). A APS pode ser avaliada levando em consideração seus quatro atributos: atenção ao primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação. A atenção ao primeiro contato implica acessibilidade e uso do serviço de saúde para cada novo problema pelo qual as pessoas buscam atenção à saúde, sendo que o serviço somente é acessível se o usuário o perceber como tal, refletindo na sua utilização. A longitudinalidade se refere a existência de uma fonte regular de atenção e seu uso ao longo do tempo, sendo fundamental o vínculo profissional/usuário por meio de laços interpessoais e cooperação mútua. A integralidade impacta na oferta de todos os ANAIS DO I SENAPS serviços de atenção à saúde que os usuários necessitem, incluindo o encaminhamento para níveis mais complexos, cabendo à equipe de saúde identificar as necessidades de saúde da população a fim de direcionar as ações. O atributo da coordenação da atenção necessita de maneiras para a continuidade da assistência prestada, assim como o reconhecimento dos problemas (STARFIELD, 2002). É de suma importância a avaliação da APS, com a finalidade de identificar os sucessos e limitações no âmbito do primeiro nível assistencial, no intuito de formular políticas e direcionar as ações dos profissionais da saúde para que a assistência primária seja cada vez mais resolutiva. Ressalta-se que a avaliação somente agrega valor quando as informações produzidas são em prol do aprimoramento institucional e profissional (FELISBERTO, 2006). OBJETIVO Analisar a produção científica sobre os aspectos que dificultam a consolidação da APS no Brasil. METODOLOGIA Trata-se de um estudo bibliográfico, realizado pela Internet, pela BIREME, na Lilacs (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde). Foram utilizados os descritores "atenção primária à saúde”, "atenção básica em saúde", "avaliação em saúde". Como critérios utilizados para a seleção da amostra foram selecionados: artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais desde que a pesquisa tenha sido realizada no Brasil; artigos que abordem a temática da avaliação dos serviços de Atenção Primária à Saúde/Atenção Básica em Saúde; artigos publicados nos últimos dez anos (2003 a 2012). Inicialmente com as palavras-chave foram encontrados 537, e após leitura dos títulos e resumos dos artigos, restaram 22, que ao serem lidos na íntegra apenas 9 artigos atenderam aos critérios da pesquisa. Os dados foram analisados por meio da análise categoria, com ANAIS DO I SENAPS leitura exaustiva do material, sua codificação, enumeração, classificação e agregação, interpretação e categorização dos resultados obtidos (BARDIN, 2008). RESULTADOS Estudo realizado em 21 municípios do Nordeste brasileiro com o objetivo de avaliar experiências de implantação da Estratégia Saúde da Família, destaca que quanto à dimensão político-institucional a maioria ficou classificado como regular (12) e incipiente (5); no que tange a organização da atenção também houve prevalência da classificação regular (9) e incipiente (8); sobre o cuidado integral a maior parte dos municípios foi considerado com incipiente (15) (ROCHA et al., 2008). Pesquisa realizada em 15 municípios paraibanos evidenciou que quanto à organização da APS esses foram em sua maioria considerados insatisfatórios (5) e intermediários (8), de modo que apenas dois municípios obtiveram classificação satisfatório (VERAS; VIANNA, 2009). Em São Paulo foi realizado estudo para avaliar o desempenho da atenção nos serviços de APS, a qual apresentou resultados satisfatórios para: porta de entrada, vínculo (ou longitudinalidade) e profissionais. Porém, para as dimensões acesso, coordenação, orientação comunitária, enfoque familiar e elenco de serviços os resultados apontaram para atenção insatisfatória (IBAÑEZ et al., 2006). Já em Porto Alegre/RS o melhor serviço de APS avaliado foi o Serviço de Saúde Comunitária (SSC – vinculado à instituição pública federal), lembrando que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são responsáveis por 65% dos atendimentos primários do município, e foi o serviço com pior avaliação (CASTRO et al., 2012). Ibañez et al. (2006) constatou que a satisfação dos usuários está classificada como intermediária no que tange à atenção básica dos municípios pesquisados, e, outros estudos identificaram dificuldade de agendamento com especialistas/encaminhamentos, falta de divulgação de grupos, longo tempo de espera pelo atendimento, filas resultados de exames demorados, dificuldade de acesso, pouca escuta, impactando em insatisfação do usuário (ROCHA et al., 2008; ONOCKO-CAMPOS et al. 2012). ANAIS DO I SENAPS Além da avaliação insatisfatório da APS na maioria dos estudos, destaca-se que a atenção à saúde ainda está pautada no modelo tradicional/biomédico (FACCINI et al., 2006; IBAÑEZ et al., 2006; CAMARGO JR et al., 2008; ROCHA et al., 2008; ONOCKOCAMPOS et al., 2012), o que contribui para a não efetivação da APS. Camargo Jr et al. (2008) salienta que a proposta da ESF ainda está distante de sua consolidação, tendo em vista a pouca penetração das estratégias de reorientação do modelo. Os estudos trouxeram dados alarmantes no que se refere ao princípio da participação social, apontando para o controle social ainda incipiente (CAMARGO JR et al., 2008; VERAS; VIANNA, 2009). Veras e Vianna (2009) destacam que dos 15 municípios pesquisados, dez referiram Participação do Conselho Municipal de Saúde, porém nenhum mencionou a participação dos conselheiros na elaboração de projetos a avaliação das ações (VERAS; VIANNA, 2009). Outro aspecto avaliado nos estudos é a dimensão organizacional da APS, existindo dificuldades quanto: a descentralização da gestão municipal; operacionais (transporte, pessoal disponível e capacitado, tecnologia da informação); comunicação com a rede básica, atribuída à complexa hierarquia, além de precariedade na tecnologia da informação; má qualidade das informações de saúde; pouco uso pelos municípios da informações de saúde para avaliação da APS; ineficiência do sistema de referência e contrarreferência; inadequação dos serviços de odontologia e farmácia; estrutura física inadequada; falta de territorialização; falta de Plano Municipal (FACCHINI et al., 2006; SZWARCWARLD et al., 2006; CAMARGO JR et al., 2008; ROCHA et al., 2008; VERAS; VIANNA, 2009; ONOCKO-CAMPOS et al., 2012). A literatura pontua também a precarização de contratos de trabalho dos profissionais de saúde e rotatividades desses, o que desqualifica a atenção adequada (FACCINI et al., 2006; CAMARGO JR, 2008; ELIAS; MAGAJEWLKI, 2008; ROCHA et al., 2008; ONOCKOCAMPOS et al. 2012). A melhoria da qualidade da APS está relacionada ao monitoramento e avaliação por parte dos profissionais e gestores municipais. Entretanto, os estudos destacaram que essa prática ainda é incipiente nos municípios pesquisados (FACCHINI et al., 2006; CAMARGO JR, 2008; ROCHA et al., 2008; VERAS; VIANNA, 2009), o que reporta para a “necessidade ANAIS DO I SENAPS de incorporar a avaliação à gestão do sistema de serviços de saúde, de maneira que ela seja utilizada no processo de tomada de decisão” (VERAS; VIANNA, 2009, p. 139). Nesse sentido, destaca-se que “a avaliação de políticas e programas é essencial em saúde pública, contribuindo para os esforços em busca de uma sociedade mais saudável e prevenindo o desperdício de recursos com a implementação de programas ineficazes” (FACCHINI et al., 2006). CONCLUSÕES O estudo apresentou inúmeras dificuldades enfrentadas pelos municípios brasileiros para a consolidação da APS, sendo esses avaliados em sua maioria como insatisfatórios na prestação dos cuidados primários à saúde da população. Assim, apesar dos avanços alcançados até o momento, existe um longo caminho a ser percorrido para que sejam alcançados os propósitos da APS, a fim de que esta seja de fato o nível assistencial mais resolutivo. Estudos que avaliam a APS são de extrema importância para a reorganização do sistema de saúde e superação dos desafios ainda existentes no nível primário de atenção. PALAVRAS-CHAVE: avaliação em saúde, atenção primária à saúde, Sistema Único de Saúde. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Revista e Atualizada. Lisboa-Portugal: Edições 70; 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política nacional de atenção básica. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. CAMARGO JR, K.R., CAMPOS, E.M.S., TEIXEIRA, M.T.B., MASCARENHAS, M.T.M., MAUAD, N.M., FRANCO, T.B. et al. Avaliação da atenção básica pela ótica políticoinstitucional e da organização da atenção com ênfase na integralidade. Cad. Saúde Pública, v. 24, Sup 1, p. S58-S68, 2008. ANAIS DO I SENAPS CASTRO, R.C.L., KNAUTH, D.R., HARZHEIM, E., HAUSER, L., DUNCAN, B.B. Avaliação da qualidade da atenção primária pelos profissionais de saúde: comparação entre diferentes tipos de serviços. Cad. Saúde Pública, 28(9): 1772-1784, 2012. ELIAS, E., MAGAJEWSKI, F. A Atenção Primária à Saúde no sul de Santa Catarina: uma análise das internações por condições sensíveis à atenção ambulatorial, no período de 1999 a 2004. Rev Bras Epidemiol, v. 11, n. 4, p. 633-47, 2008. FACCHINI, L.A., PICCINI, R.X., TOMASI, E., THUMÉ, E., SILVEIRA, D.S., SIQUEIRA, F.V., RODRIGUES, M.A. Desempenho do PSF no Sul e no Nordeste do Brasil: avaliação institucional e epidemiológica da Atenção Básica à Saúde. Cienc. saude colet,, v. 11, n. 3, p. 669-681, 2006. FELISBERTO, E. Da teoria à formulação de uma Política Nacional de Avaliação em Saúde: reabrindo o debate. Cienc. saude colet, 11(3):553-563, 2006. IBAÑEZ, N., ROCHA, J.S.Y., CASTRO, P.C., RIBEIRO, M.C.S.A., FORSTER, A.C., NOVAES, M.H.D., VIANA, A.L. Avaliação do desempenho da atenção básica no Estado de São Paulo. Cienc. saude colet, v. 11, n. 3, p. 683-703. ONOCKO-CAMPOS, R.T., CAMPOS, G.W.S., FERRER, A.L., CORRÊA, C.R.S., MADUREIRA, P.R., GAMA, C.A.P. et al. Avaliação de estratégias inovadoras na organização da Atenção Primária à Saúde. Rev Saúde Pública, 2012, v. 46, n. 1, p. 43-50. NASCIMENTO, M. S.; NASCIMENTO, M. A. A. Prática da enfermeira no Programa de Saúde da Família: a interface da vigilância da saúde versus as ações programáticas em saúde. Cienc. saude colet., Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 333-345, 2005. ROCHA, P.M., UCHOA, A.C., ROCHA, N.S.P.D., SOUZA, E.C.F., ROCHA, M.L., PINHEIRO, T.X.A. Avaliação do Programa Saúde da Família em municípios do Nordeste brasileiro: velhos e novos desafios. Cad. Saúde Pública, v. 24, Sup 1, p. S69-S78, 2008. ROSA, W. A. G.; LABATE, R. C. Programa Saúde da Família: a construção de um novo modelo de assistência. Rev. latino-am. enfermagem, Ribeirão Preto, v. 13, n. 6, p. 1027-1034, 2005. ANAIS DO I SENAPS STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. UNESCO, Ministério da Saúde; 2002. 726p. SZWARCWALD, C.L., MENDONÇA, M.H.M., ANDRADE, C.L.T. Indicadores de atenção básica em quatro municípios do Estado do Rio de Janeiro, 2005: resultados de inquérito domiciliar de base populacional. Cienc. saude colet, v. 11, n. 3, p. 643-655, 2006. VERAS, C.L.S.M., VIANNA, R.P.T. Desempenho de Municípios paraibanos segundo avaliação de características da organização da atenção básica – 2005. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 18, n. 2, p. 133-140, 2009. Eixo Temático: GEPAM ANAIS DO I SENAPS TRAJETÓRIA PERCORRIDA PELOS EGRESSOS DE UM CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM140 Franciele Foscheira Camboin141 Giovanna Carolina Guedes142 Karina da Silva Arnold143 Rosa Maria Rodrigues144 INTRODUÇÃO A expansão experimentada pelos cursos de graduação no Brasil, a partir de 1990 tencionaram a construção de estratégias e políticas de avaliação de instituições e dos processos de formação. Apesar disso, internamente estas instituições e cursos devem aplicar processos avaliativos que produzam informações orientadoras da formação oferecida. Neste conjunto de ações necessárias para avaliação interna destaca-se a avaliação a partir da perspectiva dos egressos, pois este é desafiado em seu cotidiano a confrontar as competências desenvolvidas durante o curso, com as requisitadas no exercício profissional. O curso de enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel/PR completou, em 2012, trinta e quatro anos de criação e, ao longo de sua história, mostrou-se disposto a realizar mudanças em seu currículo acadêmico a fim de adequá-lo as demandas da comunidade acadêmica e aquelas oriundas de sua relação com a sociedade. A partir da implantação, ocorrida em 2003, tendo por base a evolução do PPP no curso de enfermagem, torna-se importante avaliar o desempenho da formação ofertada por este currículo acadêmico. O PPP de 2003 do curso de enfermagem da Unioeste Campus Cascavel/PR formou sua quinta turma e foi submetido a processo de avaliação no ano de 2012, para a qual os dados 140 Resultados parciais de Pesquisa desenvolvida no Grupo de Estudos e Pesquisas em Práticas Educativas e Formação em Saúde vinculado ao curso de Enfermagem da Unioeste/Campus Cascavel. 141 Enfermeira. Mestre. Docente do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste. Campus Cascavel/Paraná. 142 Enfermeira graduada pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus Cascavel. 143 Acadêmica do 3° ano do curso de Enfermagem da Unioeste/Campus Cascavel. Endereço: Rua Pedro Baú n° 807 Jardim Universitário. Telefone: (45) 91414596. E-mail: karinaarnold@hotmail.com. 144 Enfermeira. Doutora. Docente do curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Unioeste. Campus Cascavel/Paraná. ANAIS DO I SENAPS deste estudo visaram contribuir. Ganha relevância, portanto, avaliar o projeto a partir de todos os atores envolvidos, dentre eles os egressos concluintes a partir deste projeto curricular, pois até então havia lacuna em relação ao percurso traçado pelos alunos formados pelo projeto implantado. Ignorava-se como se deu sua trajetória e sua inserção no mercado de trabalho, sua área de atuação e dificuldades/facilidades encontradas após a conclusão do curso de graduação que podem estar relacionadas com a formação experimentada. Embora se saiba que apenas a formação não seja suficiente para garantir inserção no mercado/mundo do trabalho ela, quando de qualidade, pode ser elemento positivo naquela inserção. Pesquisar estes indicadores possibilitou desenhar a realidade enfrentada pelos egressos do curso. Divulgar estes dados pode auxiliar na avaliação da formação acadêmica ofertada, importante para aprimorar a educação superior da instituição. OBJETIVOS Conhecer a trajetória percorrida pelos enfermeiros após a conclusão do curso de enfermagem, Identificar os campos de atuação dos alunos egressos do curso de enfermagem do PPP implantado em 2003, Campus Cascavel/PR, formados a partir de 2007. METODOLOGIA Tratou-se de um estudo quantitativo descritivo exploratório, a partir de entrevistas estruturadas com os egressos formados a partir do PPP implementado em 2003. Este estudo se desenvolveu na Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel, no Colegiado do Curso de Enfermagem. Os dados foram coletados durante os meses de maio, junho, julho e agosto de 2012. Os sujeitos do estudo foram os alunos do curso de enfermagem da Unioeste, Campus de Cascavel/PR formados a partir da estrutura curricular do Projeto Político Pedagógico implantado em ANAIS DO I SENAPS 2003. Fizeram parte da população, os formandos dos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010. O ano de 2006 não contou com formandos, pois estava ocorrendo adaptação na grade curricular que anteriormente era de quatro e no novo PPP passou a ser de cinco anos. Os egressos do ano de 2011 não foram incluídos, pois avaliou-se não haver tempo hábil para a inserção destes no mercado de trabalho, inviabilizando a avaliação da formação acadêmica em adequação a prática profissional. No ano de 2007 formaram-se 34 alunos no curso de graduação em enfermagem da Unioeste, Campus Cascavel/PR; em 2008 foram 25 concluintes, e nos anos seguinte, 33 e 34 estudantes, respectivamente. Desta forma, a população deste estudo contabilizou 126 enfermeiros egressos desta instituição de ensino. As entrevistas foram realizadas pessoalmente, via contato telefônico, correio eletrônico ou via redes sociais (Orkut e Facebook). Os dados foram sistematizados estatisticamente e dispostos sob a forma de tabelas e quadros, possibilitando a verificação de inter-relação entre eles. RESULTADOS Os sujeitos que participaram desta pesquisa contabilizaram 126 indivíduos, sendo que 73 egressos responderam ao questionário, representando 57,94% da população total. Estes pertenciam predominantemente ao sexo feminino (91,78%), com faixa etária média de 27,4 anos. Observou-se que, de maneira geral, ingressaram jovens na faculdade, demonstrando a tendência de inserção na graduação cada vez mais precocemente. Com relação ao percurso acadêmico, identificou-se que a maioria dos participantes referiu ter participado de atividades de pesquisa (80,82%) sendo que destes, a maior frequência foi identificada na modalidade de aluno colaborador (40,68%). De forma similar, 90,41% dos egressos participaram de extensão universitária. Identifica-se, assim, uma característica dos egressos desta IES: presença marcante em projetos de pesquisa e extensão. Entretanto, as atividades de ensino foram menos experimentadas: 30,14% dos sujeitos relataram ter realizado atividades em projetos de ensino durante a graduação. Em sua formaçã, os indivíduos participaram de ANAIS DO I SENAPS cursos e estágios extracurriculares (79,45% e 45,21% da amostra estudada, respectivamente). A presença em entidades estudantis foi pequena (13,70%). Com relação ao trajeto posterior a conclusão da graduação em enfermagem, o estudo detectou que a maioria dos sujeitos iniciou algum curso de pós-graduação. Destes 84,93% começou a pós-graduação lato sensu e 9,59%, stricto sensu. As áreas com maior prevalência foram saúde pública e urgência/emergência (lato sensu) e enfermagem e biociências (stricto sensu). Estes dados refletem a busca de qualificação que os profissionais enfermeiros vivenciam. Em parte, pois a graduação não consegue contemplar em profundidade todos os conteúdos necessários para a prática profissional. Quando o sujeito acaba buscando diferenciadas trajetórias de formação continuada em áreas as mais diversificadas, ele pode estar sendo levado pelos discursos que emergem do mundo produtivo para os quais, quanto mais diversificação de formação maior a empregabilidade do sujeito trabalhador. Tal discurso esconde a carência de postos de trabalhos e lança uma cortina de fumaça sobre as reais determinações de encontrar ou não trabalho ou de encontrar trabalhos com uma maior remuneração, lançando para o sujeito a culpabilização pelo seu sucesso ou fracasso enquanto profissional. Talvez esta dimensão explique em parte a grande procura por cursos de pós-graduação lato sensu, entretanto, não se descarta ou se desmerece a importância e a pertinência em continuar os estudos após a graduação que, como já afirmado, não deixa o sujeito pronto para sempre. Pelo contrário, a área da saúde, embora não incorpore tecnologia nas mesmas proporções dos setores produtivos clássicos (PIRES, 1998) incorpora saberes e práticas, especialmente as de trato humano que se redimensionaram com a constituição do Sistema Único de Saúde e que se reconstroem diariamente no fazer dos sujeitos envolvidos na assistência e para as quais há necessidade de constante estudo e investigação. A realização de outro curso superior foi relatada por 6,85% dos egressos. Os cursos mencionados foram medicina, ciências biológicas e direito. Entretanto, 90,41% dos sujeitos referiram trabalhar como enfermeiro. O tempo de inserção para este profissional foi de até 12 meses (84,85%) após a conclusão do curso. A maior parte ANAIS DO I SENAPS exerce a atividade no mesmo estado em que concluiu a graduação (87,89%), sendo a cidade citada com maior frequência a de Cascavel/PR (30,77%). Identificou-se que, após a conclusão do curso, muitos permanecem na cidade, inserindo-se localmente no mercado de trabalho. Com relação às instituições empregadoras destacam-se as prefeituras municipais, hospitais privados e os colégios técnicos privados, com maiores frequências. Estudos realizados em outras regiões brasileiras revelam uma elevada absorção do profissional enfermeiro recém-formado pelo mercado hospitalar, fato este que difere com o encontrado neste estudo. Pode-se relacionar tal evidência com a baixa densidade hospitalar e crescente expansão da Estratégia Saúde da Família na região em que o estudo foi realizado. Atualmente experimenta-se uma crescente absorção de enfermeiros para trabalhar na saúde pública. Se antes, eles eram captados para trabalharem principalmente na assistência hospitalar, após a implementação do SUS, observou-se crescente atuação da enfermagem na saúde coletiva. A adoção, no início da década de 1990, da Estratégia de Saúde da Família, bem como o seu crescimento expressivo nos últimos anos, além de provocar mudanças no modelo de atenção à saúde e expressar potencialidade de ampliar o acesso aos serviços básicos, trouxe um considerável impacto nas dimensões e configurações dos mercados educativos e de trabalho das profissões do setor (BRASIL, 2006). Em relação às áreas de trabalho, a maior porcentagem dos egressos iniciou no mercado de trabalho na área assistencial (66,27%), seja ela hospitalar ou na saúde pública. Destaca-se também a atuação do enfermeiro no ensino, em colégios técnicos privados e públicos e no ensino superior (23,29%) dos egressos. Os vínculos empregatícios mais mencionados pelos sujeitos foram CLT e concurso público. Os dados sugerem que os egressos permanecem em um regime CLT até a aprovação em um concurso público, pois desta forma, possibilitaria um vínculo estável. CONCLUSÕES ANAIS DO I SENAPS O Brasil vivenciou inúmeras alterações nas ultimas décadas. A construção do Sistema Único de Saúde, a implantação das Leis de Diretrizes e Bases da Educação, a aprovação das Diretrizes Curriculares para os cursos da área da saúde e as mudanças no mundo do trabalho vêm proporcionando aos setores da educação e da saúde oportunidades de discussão coletiva, a fim de redefinir os papéis e alterar os currículos e projetos pedagógicos dos cursos, buscando aprimorar a formação de recursos humanos em saúde. O curso de Enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel/PR, vivenciou em sua história essas mudanças significativas. O projeto político pedagógico que foi avaliado foi implantado em 2003, buscando adequar-se a estas mudanças e, formar um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo. Neste estudo buscou-se avaliar a formação ofertada pelo curso em questão, sob o olhar do egresso. Este ator desempenha papel importante, pois em seu cotidiano é desafiado a confrontar as competências adquiridas durante a graduação, com a realidade necessária para o desenvolvimento profissional. O traçado do perfil do egresso em um curso superior é de fundamental importância para a compreensão daquilo que é esperado do estudante ao longo de sua trajetória pela IES. Acredita-se que, a amostra estudada foi representativa da realidade enfrentada pelo egresso desta IES. Espera-se que os dados revelados possam contribuir para o aprimoramento e aperfeiçoamento do curso de enfermagem da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Cascavel/PR. PALAVRAS CHAVE: Educação Superior. Avaliação. Egressos. Enfermagem. REFERÊNCIAS: PIRES, D. Reestruturação produtiva e trabalho em saúde no Brasil. São Paulo: Annablume, 1998. BRASIL. Ministério da Educação. Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. ANAIS DO I SENAPS Avaliação Externa de Instituições de Educação Superior: Diretrizes e Instrumentos. Brasília: Ministério da Educação, 2006a, 180p. Eixo Temático: GEPAM ANAIS DO I SENAPS ACESSO DE PRIMEIRO CONTATO NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA Lindsay Menna Pereira145 Cláudia Silveira Viera146 Beatriz Rosana Gonçalves de Oliveira Toso147 Cláudia Ross148 Phallcha Luízar Obregón149 INTRODUÇÃO O Sistema Único de Saúde (SUS), desde sua implantação, tem trazido transformações na assistência à saúde no Brasil. Neste sentido, a atenção primária à saúde (APS), foi se estabelecendo como a porta de entrada preferencial do SUS e a Estratégia Saúde da Família (ESF) foi elegida como meio de fortalecer a APS no país.A APS é caracterizada por um conjunto de “ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde” (BRASIL, 2007. p12). De acordo com Starfield (2002), os atributos essenciais da APS são: acesso de primeiro contato, longitudinalidade, integralidade e coordenação da atenção.Desta forma, vê-se a importância da atenção ao primeiro contato, pois possui relação com a acessibilidade e uso do serviço independente da situação de saúde do usuário, seja a 145 Graduanda do 4º ano de Enfermagem na Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Participante do grupo de pesquisa com enfoque na avaliação da atenção primária na saúde da criança. Rua Maranhão 2925. Tel. 99536043. lindsaymenna@hotmail.com. 146 Enfermeira. Doutora em Enfermagem em Saúde Pública, Professora Adjunta do Colegiado do Curso de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação da Unioeste. 147 Enfermeira. Doutora em Ciências pelo programa de Enfermagem em Saúde Pública da EERP/USP, Professora Adjunta do Colegiado do Curso de Enfermagem da Unioeste. 148 Enfermeira. Doutora em Microbiologia, Professora Adjunta do Colegiado do Curso de Enfermagem da Unioeste. 149 Médica. Doutora em Saúde Pública, Professora Adjunta do Colegiado do Curso de Medicina da Unioeste. ANAIS DO I SENAPS cada novo problema ou a um novo episódio de um problema. No Brasil, a atenção primária se constituiu como política de saúde muito recentemente, e tem como marco a implantação do Programa de Saúde da Família (PSF) em 1994, que a partir de 2006 é transformada em ESF - Estratégia da Saúde da Família (BRASIL, 2010). Nos serviços de APS, as diretrizes da ESF buscam a ampliação do acesso da população. O acesso, definido por Travassos et al (2006, p.976), como sendo a “possibilidade de utilizar os serviços de saúde quando necessário”, permite que os usuários utilizem estes serviços e alcancem os melhores resultados possíveis, sendo considerado um dos atributos essenciais para o alcance da qualidade nos serviços de saúde (SOUZA et AL, 2008). Entretanto, no Brasil tem sido relatado na literatura como sendo um dos principais problemas relacionados a assistência à saúde da população (MENDES et al, 2012). Destaca-se o valor que está sendo infundido à APS e o cuidado de enfocar as necessidades de saúde da população, prioritariamente na atenção à saúde da criança. No entanto, a APS apresenta-se vulnerável em sua efetividade nas ações de saúde voltadas a criança. Acredita-se que há uma fragilidade na operacionalização de seus atributos essenciais, dentre eles o acesso de primeiro contato. Para tanto, faz-se necessário elucidar como esta ocorrendo o acesso de crianças e suas famílias nos serviços de APS. OBJETIVO Conhecer, por meio de ampla busca na literatura, como está ocorrendo o acesso de crianças menores de cinco anos e suas famílias nos serviços de APS, especificamente nas USF, com vistas a obter subsídios teóricos para avaliar os serviços de atenção primária do município de Cascavel-PR, no que tange a um de seus atributos, o acesso de primeiro contato. METODOLOGIA ANAIS DO I SENAPS Para compreender como ocorre o acesso de primeiro contato na ESF, buscamos por meio de revisão de literatura, levantar o maior número de bibliografias já publicadas sobre o assunto, para aprofundar o tema em questão e construir o quadro teórico desta pesquisa. Para tanto, realizou-se a revisão integrativa composta de uma sequência de etapas, constituindo seis fases, com base na seguinte pergunta norteadora: como ocorre o acesso aos serviços de saúde das crianças e suas famílias?Desenvolveu-se uma busca de forma ampla, em bases eletrônicas, com utilização do portal da Bireme (Biblioteca Regional de Medicina), o qual compreende uma rede de bases de dados científicos em saúde, dentre eles: LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; IBECS – Índice Bibliográfico Espanhol de Ciências de Saúde; MEDLINE – Literatura Internacional em Ciências da Saúde.Para a pesquisa foram utilizados os descritores em ciências da saúde (DeCs) sendo eles: saúde da criança, família, saúde da família, atenção primária à saúde e acesso aos serviços de saúde. Foram realizadas buscas individuais por descritor e cruzamentos dos descritores citados, em todas as suas possibilidades. Foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão nos trabalhos encontrados, que foram: artigos que abordassem o tema em questão, com resumo disponível, no período de 2000 a 2012 e os artigos publicados em português, por se tratar de avaliação do acesso em USF no Brasil. Os critérios de exclusão foram: artigos que não estavam disponibilizados na íntegra, pesquisas realizadas fora do país e teses, dissertações e livros. Realizou-se juntamente com a leitura dos resumos dos artigos encontrados, a verificação da adequação da data publicada, para que se mantivessem os critérios de inclusão e exclusão. Obteve-se na primeira busca, um total de 1.578 artigos e após a aplicação dos critérios foram analisados 12 artigos. Para análise dos artigos seguiu-se uma planilha de síntese dos mesmos, contendo os seguintes dados: autor, ano de publicação, objetivo do estudo, método, resultados e conclusões. Os artigos foram lidos na íntegra, feita a síntese no quadro e analisados descritivamente, buscando responder a questão inicial do estudo, sendo apresentados a seguir de forma descritiva. RESULTADOS ANAIS DO I SENAPS Para o Ministério da Saúde a ESF é a principal ação no âmbito do sistema público, e a partir da APS visa uma reorientação do modelo assistencial e ampliação do acesso à saúde da população (NEDEL et al, 2008).O acesso pode ser classificado em socioorganizacional e geográfico. O primeiro, conforme Donabedian (1973, apud Starfield, 2002, p. 226), “inclui aquelas características de recursos que facilitam ou atrapalham os esforços das pessoas para chegarem ao atendimento”, que podem ser, por exemplo, os preconceitos sociais menos explícitos, tornando-se assim, uma barreira ao acesso. Já o geográfico “envolve as características relacionadas à distância e ao tempo necessário para alcançar e obter os serviços”. Caso haja barreiras neste acesso, os usuários buscam outro sistema para atendimento (TOMASI et al, 2011).De acordo com Mendes et al (2012), essas dificuldades podem estar associadas tanto às características do atendimento, quanto às barreiras organizacionais e geográficas, o que contribui, na maioria das vezes, para a procura pelos cidadãos por planos privados de saúde.Por outro lado, quando o acesso é fácil, pode haver procura pelo serviço de saúde para fins de prevenção à saúde (CESAR et al, 2002).No contexto da atenção à saúde da criança, para Samico et al (2005), problemas no cumprimento de normas técnicas por parte dos profissionais, não realização de trabalhos educativos, deficiências na notificação de dados e dificuldades no processo de trabalho dos profissionais são fortes impeditivos para uma adequada atenção à saúde, consequentemente, tornam-se barreiras para o acesso.Por este motivo, o Ministério da Saúde adotou a Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), como política de atenção à saúde da criança menor de cinco anos (COSTA, 2011), com vistas a ampliar o acesso aos cuidados básicos de saúde (SAMICO et al, 2005). No entanto, o cenário atual nos municípios brasileiros demonstra um desuso crescente da AIDPI, considerando ainda que em muitos locais, a estratégia não foi implantada. Nesse sentido, surgem questionamentos com relação à qualidade da atenção à saúde da criança (COSTA et al, 2011), visto que uma APS adequada, é capaz de reduzir a ocorrência de situações indicativas de cuidados insatisfatórios, como: ausência de ações de prevenção de doenças e promoção da saúde, ANAIS DO I SENAPS dificuldades de acesso a serviços de referencia e excesso de hospitalizações por problemas passíveis de resolução mediante uma atenção primária insatisfatória (SAMICO et al, 2005).Leão, Caldeira e Oliveira (2011) identificaram em seu estudo que ainda há barreiras que dificultam o acesso de crianças aos serviços de saúde, apontando que devido a vulnerabilidade biológica e social da criança, os serviços de saúde devem considerar esses aspectos na programação específica e provimento de maior acesso. Outro aspecto encontrado no estudo de Ribeiro, Siqueira e Pinto (2010) é que o acesso aos serviços de saúde no que se refere ao atendimento de rotina foi efetivo, contudo, os autores levantaram como nós críticos a baixa cobertura de visitas domiciliares, dificuldades na realização de exames solicitados e no fornecimento regular de medicamentos. Enfatizam no estudo que a visita domiciliária é uma ferramenta facilitadora do acesso aos serviços de saúde e de adesão a ESF. Em caso de uma APS efetiva, pautada em ações preventivas e de promoção de saúde, haverá maiores chances de o serviço ser prestado em estágios iniciais, considerando uma abordagem adequada e vínculo efetivo com a população (STARFIELD, 2002). Por outro lado, com a ausência de um ponto de entrada facilmente acessível, uma atenção adequada não é obtida, incorrendo em gastos adicionais para o Estado e usuário (STARFIELD, 2002). Essa é uma realidade observada na saúde da criança, pois dados mostram que a mortalidade infantil ocorre em 75% por causas evitáveis, assim como há aumento das hospitalizações por doenças de possível atenção e resolução na APS (COLLET; OLIVEIRA; VIERA, 2010). A persistência de problemas históricos na estrutura física dos serviços, acesso oportuno aos recursos, suficiência e perfil dos profissionais de saúde, reforça as dúvidas sobre a efetividade da Atenção Primária à Saúde na resposta às necessidades de saúde da população (FACCHINI et al, 2008). O entendimento destes processos poderia levar a uma melhor utilização dos serviços de saúde e, consequentemente, a atender aquela parcela da população que precisa de cuidados em saúde, mas não faz uso dele (CESAR et al, 2002). CONCLUSÕES ANAIS DO I SENAPS Com o principio de um acesso efetivo, dentro da APS, há uma maior resolução dos problemas de saúde das famílias, em seus diversos contextos. Entretanto, os resultados sugerem um comprometimento na condição da APS como porta de entrada preferencial do sistema, caracterizado por horários restritos, filas de espera, baixa resolutividade dos problemas e dificuldade de manejo à demanda espontânea. Constatase, portanto, a existência de um agir em saúde ainda fragmentando, sem a concretização dos atributos da APS, impondo como necessário, ações específicas para o seu fortalecimento. PALAVRAS-CHAVE: Saúde da criança. Família. Saúde da família. Atenção primária à saúde. Acesso aos serviços de saúde. REFERENCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção À Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Atenção Básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 4. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2007. Disponível em <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/volume_4_completo.pdf>. Acessado em: Dezembro 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. 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Eixo Temático: GEPAM ANAIS DO I SENAPS CONSELHO LOCAL DE SAÚDE: ESPAÇO DE PARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO NA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA Petrônio Barros Ribeiro de Jesus150 Daclé Vilma de Carvalho151 José Luiz Tatagiba Lamas152 Maria Cristina Pinto de Jesus153 Sueli Maria dos Reis Santos154 INTRODUÇÃO A relevância da participação do usuário na Estratégia de Saúde da Família (ESF) se deve ao fato de a mesma permitir um avanço na qualidade dos serviços e ações de saúde, uma vez que possibilita aos usuários se tornarem capazes de apontar as situações-problemas que os envolvem e os caminhos mais efetivos para solucioná-las1. Considerando ser a participação social um importante eixo estruturante do SUS, viabilizá-la na ESF prediz a necessidade de utilizar os espaços disponíveis neste contexto, com vistas à operacionalização deste princípio. O conselho local de saúde é considerado neste estudo uma arena estratégicapara efetivar a participaçãodo usuário na ESF. OBJETIVO Refletir sobre o Conselho Local de Saúde como espaço estratégico de participação na saúde. 150 Enfermeiro. Mestre em Enfermagem. Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Juiz de Fora. Rua Barão de Cataguases, 303. Juiz de Fora. Minas Gerais. (32) 8803-6196. E-mail: petroniojesus@gmail.com. 151 Enfermeira. Doutora. Professora Associada da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais. 152 Enfermeiro. Doutor. Professora Associado do Departamento de Enfermagem da Universidade de Campinas. 153 Enfermeira. Doutora. Professora Associada da Universidade Federal de Juiz de Fora. 154 Enfermeira. Doutora. Professora Associada da Universidade Federal de Juiz de Fora. ANAIS DO I SENAPS DESENVOLVIMENTO Pensar em usuário é reconhecê-lo como um sujeito ativo, capaz de exercer a sua cidadania de forma autônoma e participativa, com o intuito de que suas ações sejam pautadas em uma consciência social e política que lhe confira subsídio para reconhecer e buscar seus direitos, intervindo sobre o seu próprio processo de vida e saúde. Esta intervenção pressupõe um projeto comum entre os diversos atores sociais envolvidos na produção da saúde. É imprescindível que o planejamento e a construção de projetos assistenciais se deem com a participação de profissionais e usuários, a fim de que as ações de saúde sejam pautadas em decisões compartilhadas2. A participação do usuário para decidir sobre suas questões de saúde requer um esforço conjunto de profissionais inseridos na ESF, assim como a inclusão de gestores nos casos de projetos que preveem um amplo espectro de ação3. Este projeto comum baseia-se na reciprocidade de perspectivas entre os usuários, profissionais e gestores da saúde, o que pressupõe que tornar o sujeito ativo é, antes de tudo, mediar a emersão de um sentido comum para as práticas de saúde, geralmente instituídas de modo vertical no cotidiano dos serviços. Demarca-se, nesse sentido, a importância da convergência de intenções nas relações sociais, sob as quais a relação de cuidar está inscrita. As perspectivas recíprocas são construções típicas de objetos de pensamento que traduzem a apreensão desse objeto e de seus aspectos conhecidos pelas pessoas no mundo social4. Partindo dessa premissa, faz-se necessário que os espaços de potência para a participação do usuário e os projetos neles envolvidos produzam um sentido comum para usuários, profissionais e gestores. O que se observa nos serviços de saúde é uma inserção limitada do usuário, geralmente restrita às consultas médicas. A não participação da população nas demais atividades que acontecem nas unidades de saúde relaciona-se a não correspondência destas atividades com as necessidades apresentadas pelos