Diagnóstico, controlo e prevenção da displasia da anca no cão
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Diagnóstico, controlo e prevenção da displasia da anca no cão
ARTIGO DE REVISÃO 2 % 6 ) 3 4 ! 0 / 2 4 5 ' 5 % 3 ! $% #).#)!36%4%2).¸2)!3 Diagnóstico, controlo e prevenção da displasia da anca no cão Diagnosis, control and prevention of canine hip dysplasia M. M. D. Ginja1*, M. P. Llorens Pena2, A. J. A. Ferreira3 1 Departmento de Ciências Veterinárias-CETAV, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, 5001-801 Vila Real, Portugal. Departamento de Medicina Animal e Cirurgia, Faculdade de Veterinária, Universidade Complutense, 28040 Madrid, Espanha. 3 Departmento de Clínica-CIISA, Faculdade de Medicina Veterinária, Pólo Universitário da Ajuda, Rua Prof. Cid dos Santos. 1300-477 - Lisboa, Portugal. 2 Resumo: A displasia da anca é uma doença do desenvolvimento comum no cão. Apesar da intensa investigação realizada sobre esta afecção, no homem e no cão, muitas questões continuam sem resposta. O propósito deste artigo é fazer uma revisão sobre as técnicas de diagnóstico disponíveis, programas de controlo e prevenção conservativa ou cirúrgica da doença articular degenerativa, resultante da displasia da anca. Os animais afectados por esta doença, nascem com articulações normais, mas o genótipo “displásico” associado a factores ambientais adversos, rapidamente conduz à lassidão articular, subluxação e artrose. Recomenda-se a reprodução selectiva de animais normais, com os melhores valores reprodutivos, para a redução da prevalência da doença nas populações caninas. A radiografia tornou-se o método mundialmente aceite para o diagnóstico e monitorização do tratamento da displasia da anca, embora novas modalidades de diagnóstico (tomografia computorizada, ultrasonografia, ressonância magnética, plataforma de forças, cinemática e técnicas moleculares) estejam presentemente a ser investigadas. Nos animais jovens com lassidão articular, com ou sem dor, e com ou sem alterações radiográficas mínimas de osteoartrite, o tratamento preventivo recomendado é controverso. Futuras investigações, que ajudem na previsão da magnitude da doença e na sua prevenção por métodos conservativos e cirúrgicos, poderiam conduzir a protocolos padronizados de tratamento, muito úteis para os médicos veterinários. Summary: Canine hip dysplasia is a common developmental problem affecting the canine population. Despite extensive research into the condition in dog and man, many questions remain unanswered. The purpose of this paper is to review the current knowledge on current diagnostic techniques, control programmes and preventive conservative and surgical management. Animals affected by hip dysplasia are born with normal hips, but under “dysplastic” genotype and adverse environmental factors quickly develop hip laxity, subluxation and degenerative joint disease. Selective breeding of only normal dogs, with the best breeding values, is the recommended method of reducing the incidence in general population. The radiography has become the world accepted method for the diagnosis and management control of canine hip dysplasia, although newer diagnostic modalities (e.g., computed tomographic scanning, ultrasonography, magnetic resonance imaging, force plate, kinematics and molecular techniques) are currently under investigation. In young animals with joint laxity, with or without pain and with or no *Correspondência: Telefone 259 350666. E-mail mginja@utad.pt. minimal radiographic evidence of osteoarthritis, the preventive treatment approach is controversial. Future research on accurate prediction of disease magnitude and on preventive conservative and surgical treatments will be to enter into standardized treatment protocols, very helpful for veterinarians. Introdução A palavra displasia tem origem grega, derivando de “dys” que significa anormal e “plassein” formar (Allan, 2002; Morgan e Stephens, 1985; Wood e Lakhany, 2003). Por isso o termo displasia da anca (DA) significa literalmente formação anormal da articulação coxofemoral. Foi diagnosticada pela primeira vez em 1935 e descrita como Subluxação Congénita da Anca, em 1937 (Mäki et al., 2000; Schenelle, 1937; Swenson et al., 1997). A sua verdadeira importância, nas populações caninas, só foi reconhecida a partir da década de 50 (Henricson e Olsson, 1959; Wood et al., 2000). Pode afectar mais de 50% dos animais de determinadas raças (Ginja et al., 2004; Morgan e Stephens, 1985) e representar o problema ortopédico hereditário mais comum (Reed et al., 2000; Richardson, 1992; Smith, 1998). Nos animais afectados, no momento do nascimento as articulações são normais (Riser e Shirer, 1966; Riser, 1975), seguindo-se um processo patológico dinâmico que progride ao longo da vida (Devine e Slocum, 1998; Townsend et al., 1971). Os animais com DA têm predisposição para desenvolver desequilíbrios articulares biomecânicos que conduzem à evolução patológica caracterizada por derrame sinovial, congruência articular deficiente, instabilidade, subluxação funcional e desenvolvimento de doença articular degenerativa (DAD) (Cook et al., 1996; Lust e Summers, 1981; Lust et al., 1980; Prieur, 1980; Smith et al., 1990; Wood et al., 2000). A doença afecta preferencialmente cães de raças grandes e gigantes, apresentando baixa prevalência nos galgos, o que sugere a resposta à selecção pela capaci147 Ginja, M.M.D. et al. dade de trabalho nestas raças (Allan, 2002; Goddard e Manson, 1982; Leighton et al., 1977; Lust et al., 1973; Mäki et al., 2000; Priester e Mulvihil, 1971). Normalmente, é uma doença bilateral (Allan, 2002; Mäki et al., 2000), havendo relatos de afecções unilaterais com prevalência que varia entre 3% e 30% (Corley e Hogan, 1985) e ambos os sexos estão afectados na mesma proporção (Allan, 2002; Priester e Mulvihil, 1971; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Rettenmaier et al., 2002). Os sinais clínicos são influenciados, mas não completamente determinados, pelo grau da doença (Arnbjerg, 1999; Brass, 1989; Kapatkin et al., 2002a). Há exemplares com DA que passam despercebidos ou evidenciam só sinais clínicos numa fase etária avançada da sua vida (Kapatkin et al., 2002a; Smith, 1998), podendo desempenhar as suas funções normalmente (Banfield et al., 1996) e ganhar concursos e títulos de beleza (Ginja et al., 2004). Por outro lado, a DA pode ser altamente limitante da actividade normal dos animais (Arnbjerg, 1999; Fry e Clark, 1992; Goddard e Manson, 1982), justificando o recurso a intervenções médicas relativamente agressivas e de elevados custos (Jensen e Sertl, 1992; Lippincott, 1992; Montgomery et al., 1992; Prieur, 1998; Slocum e Devine, 1998d). A DA é hereditária (Bliss et al., 2002; Corley, 1992; Leighton et al., 1977; Leighton, 1997), mas a sua expressão genética é condicionada por diversos factores ambientais: actividade física (Arnbjerg, 1999; Everts et al., 2000; Reed et al., 2000); nutrição (Arnbjerg, 1999; Everts et al., 2000; Kealy et al., 1992; Kealy et al., 2000; Richardson, 1992); metabolismo (Belfield, 1976); e possivelmente influências hormonais (Corley, 1992; Goldsmith et al., 1994; Paatsama et al., 1968; Sprinkle e Krook, 1970). A genética da doença é complexa, a expressão fenotípica é determinada pela interacção de vários genes e afectada por inúmeros factores ambientais (Everts et al., 2000; Fries e Remedios, 1995; Reed et al., 2000; Shepherd, 1986). A reprodução selectiva de animais livres de DA, tendo por base o diagnóstico radiográfico da subluxação e DAD, utilizando a projecção ventrodorsal da bacia com os fémures em extensão, aos 1 ou 2 anos de idade (Corley, 1992; Henry, 1992; Morgan e Stephens, 1985; Wood et al., 2000), tem sido a forma recomendada pela Federação Cinológica Internacional (FCI) e Fundação Ortopédica de Animais (OFA) para o controlo e redução da doença nas populações caninas (Corley, 1992; Mäki et al. 2000; Morgan e Stephens, 1985). Alguns países utilizam programas de controlo da doença, há mais de 4 décadas e nem sempre têm sido bem sucedidos. A doença continua a propagarse, com grande impacto económico e emocional nos proprietários e criadores (Adams, 2000; Fries e Remédios, 1995; Gibbs, 1997; Swenson et al., 1997; Willis, 1997). A verdadeira prevalência da DA nas populações caninas é normalmente desconhecida, pois muitos dos estudos baseiam-se em amostras de animais não representativas da população, tendo por base a leitura de radiografias, enviadas voluntariamente, para centros de 148 RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 certificação (Corley et al., 1997; Kaneene et al., 1997; Kapatkin et al., 2002a; Morgan e Stephens, 1985; Rettenmaier et al., 2002; Smith, 1998). Para estes locais são submetidas preferencialmente as radiografias de animais com lesões articulares menores, resultando em prevalências inferiores, às reais (Corley et al., 1997; Smith, 1998). Esta doença também afecta outras espécies domésticas e o homem (Keller et al., 1999; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Tönnis, 1985), sendo rara nos animais selvagens, o que reflecte a provável interferência humana (Morgan e Stephens, 1985). No homem a DA é conhecida há mais tempo (descrita por Hippocrates, 370 a.C.) e reveste-se de particularidades importantes de natureza biomecânica, prevalência, e pelo facto de ser congénita e mais frequente no sexo feminino. Contudo, estas divergências não impedem a existência de aspectos comuns que têm conduzido ao intercâmbio e partilha de conhecimentos científicos, entre a medicina humana e veterinária (Everts et al., 2000; Schoenecker et al., 1984; Smith et al., 1963; Todhunter e Lust, 1994; Townsend et al., 1971). Neste texto fazemos uma extensa revisão, da bibliografia de referência existente acerca da DA, relativamente ao diagnóstico, controlo e prevenção. Procuramos dar ênfase especial às áreas de estudo da doença, cujo aprofundamento do conhecimento científico, a médio e longo prazo, possa resultar num impacto positivo para os animais, proprietários e criadores. Diagnóstico O diagnóstico nem sempre é fácil, e não existe nenhum método que por si só permita despistar todos os casos (Kapatkin et al., 2002a). A apresentação clínica de animais com DA é muito variável e por vezes pouco específica, podendo ser uma condição relativamente despercebida ou causar claudicação grave (Fries e Remedios, 1995; Kapatkin et al., 2002a). O diagnóstico deve partir da anamnese, observação clínica e exame físico (palpação da anca), complementando com o exame radiográfico (Arnbjerg, 1999; Fry e Clark, 1992; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Smith, 1998). Um teste genético molecular seria muito útil para a detecção e selecção de animais livres da doença (Bliss et al., 2002). Anamnese e observação clínica Para muitos autores, devem distinguir-se clinicamente 2 grupos de animais, jovens (menos de 1 ano) e adultos (Fry e Clark, 1992; Rettenmaier e Constantinescu, 1991). Os primeiros exibem uma súbita redução da actividade e evidenciam dor e claudicação nos membros posteriores exacerbada pelo exercício vigoroso ou por traumatismos mínimos (Cook et al., 1996; Fry e Clark, 1992). A dor está associada aos sinais clínicos e depende das alterações articulares entretanto produzi- Ginja, M.M.D. et al. das, embora a correlação não seja perfeita (Fry e Clark, 1992). A dor atribui-se ao derrame sinovial, estiramento da cápsula e ligamento redondo, microfracturas, distúrbios no suprimento sanguíneo do fémur proximal e destruição da cartilagem (Cook et al., 1996; Chalman e Butler, 1985; Prieur, 1980). A maior parte destes animais evidencia sinal de Ortolani positivo e atrofia muscular na região pélvica (Chalman e Butler, 1985; Cook et al., 1996; McLauglin, 2001). Nos animais adultos os sinais clínicos resultam da doença articular degenerativa, sendo normalmente insidiosos. A claudicação piora com a inactividade ou após exercício intenso, há crepitação articular, diminuição da amplitude de movimentos e atrofia muscular nos membros posteriores (Chalman e Buttler, 1985; Cook et al., 1996; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Roush, 2001). Nestes animais, o sinal de Ortolani positivo é raro (Chalman e Butler, 1985; Cook et al., 1996; Roush, 2001). Ambos os grupos evidenciam dificuldades quando se levantam e sobem escadas, no posicionamento com estação anormal e alterações nos andamentos (Cook et al., 1996; Slocum e Devine, 1998a). A luxação da anca leva: ao alargamento e aplanamento da garupa; à aproximação dos membros posteriores em estação ou durante a marcha; quando em corrida, à deslocação com ambos os membros em adução, tipo “salto de coelho” (optando pelo galope, em detrimento do trote) (Fry e Clark, 1992; McLauglin, 2001; Slocum e Devine, 1998a). Em contrapartida, na fase de displasia em que ainda é possível a redução da subluxação articular, é comum observar-se alargamento da base normal de apoio (Slocum e Devine, 1998a). Alguns animais em marcha evidenciam a transição da anca luxada para reduzida, acompanhada de um som característico que se reproduz como “clunk” (Slocum e Devine, 1998a). Os animais com DA também mostram relutância à elevação dos membros anteriores, por conduzir à extensão forçada da anca (Slocum e Devine, 1998a). Devem ser despistadas outras causas de claudicação (neurológicas, ruptura do ligamento cruzado anterior, luxação da rótula, panosteíte, etc.) (Arnbjerg, 1999; Cook et al., 1996; Fry e Clark, 1992; McLauglin, 2001). Nos animais com DA, 25% podem ter lesões neurológicas com sede na coluna vertebral, não diagnosticadas (Lippencott, 1992; Lust, 1997). Exame físico com o animal consciente O exame físico permite avaliar se a claudicação ou desconforto tem localização na articulação coxofemoral ou noutra região anatómica. Os diferentes testes de manipulação da articulação apresentam diferente sensibilidade e especificidade na localização da dor (Fry e Clark, 1992; Slocum e Devine, 1998a). Normalmente a resposta negativa é a indiferença e a positiva varia, da simples rejeição da posição até à tentativa de morder, dependendo também do temperamento do animal (Slocum e Devine, 1998a). RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 Teste da abdução e rotação externa - Cada um dos membros é testado em separado, o médico veterinário coloca-se caudalmente ao animal, segurando o membro junto do joelho e promove a extensão, abdução e rotação externa da anca (Slocum e Devine, 1998a). A amplitude de movimento em displasias graves pode estar reduzida para cerca de 45º (Fry e Clark, 1992; Rettenmaier e Constantinescu, 1991). Teste da extensão da anca - O médico veterinário coloca-se caudalmente ao animal em estação, segura um dos membros na região cranial do joelho, apoia a outra mão na região isquiática e promove a extensão completa do membro (170º-180º) (Slocum e Levine, 1998a). Em condições normais o animal tolera o teste. Quando afectado, a capacidade de extensão pode estar reduzida e manifestar dor (Fry e Clark, 1992; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Roush, 2001). As afecções lombo-sagradas também resultam numa resposta positiva. Teste de subluxação – Cada anca é testada individualmente, o examinador coloca-se do lado a avaliar, põe a mão ipsilateral medialmente na região cranioproximal do fémur e o dedo polegar no ílio. O fémur é puxado lateralmente e o ílio medialmente (Slocum e Devine, 1998a). Teste da pressão dorsal – Os animais normais toleram bem a pressão no dorso e resistem, aqueles que estão clinicamente afectados mostram menor resistência e tendem a sentar-se (Fry e Clark, 1992). Exame físico com o animal sedado ou anestesiado Depois de se localizar a lesão, o exame físico prossegue com o animal sedado ou anestesiado, pretendendo-se verificar e quantificar a lassidão articular (Fry e Clark, 1992). Método de Bardens – Este método pode ser utilizado com fiabilidade, na palpação das articulações coxofemorais, em cachorros entre as 6 e as 8 semanas. Permite determinar a predisposição para desenvolver DA nas raças atingidas com maior frequência (Bardens e Hardwick, 1968; Wright e Manson, 1977). Contudo, estes resultados não foram confirmados posteriormente, por outros investigadores (Lust et al., 1985). A sedação ou anestesia facilita o procedimento, embora não seja recomendada por alguns autores (Cook et al., 1996). O examinador coloca o cachorro em decúbito lateral sobre a mesa, o dedo polegar situado na tuberosidade isquiática, o médio na crista ilíaca dorsal e o indicador no grande trocânter. Com a outra mão segura o fémur na região média e faz força para empurrar a cabeça do fémur lateralmente, para fora do acetábulo. A amplitude da lassidão é estimada pela mobilidade do indicador em cima do grande trocânter (Bardens e Hardwick, 1968). A quantificação do movimento do dedo pode ser melhorada se for utilizado equipamento adequado para a medição (Fig. 1A e B) (Wright e Manson, 1977). Sinal de Ortolani - O Sinal de Ortolani foi descrito pela primeira vez em medicina humana na década de 149 Ginja, M.M.D. et al. RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 Figura 1 – Método de Bardens. A. Técnica de palpação. B. Equipamento para medição da lassidão articular, de acordo com o modelo de Wright e Manson (1977). Figura 2 – Sinal de Ortolani. A. Pressão sobre o fémur no sentido proximal. B. Abdução do fémur. 30, sendo utilizado actualmente também em medicina veterinária no diagnóstico da lassidão articular da anca (Chalman e Butler, 1985; Fry e Clark, 1992; Cook et al., 1996). A técnica pode ser realizada com o animal em decúbito lateral ou dorsal (Chalman e Butler, 1985; Cook et al., 1996). Com o animal em decúbito dorsal, o clínico coloca-se atrás dele, segura os fémures pelo joelho, colocando-os de forma vertical e paralela. Neste posicionamento, faz pressão para baixo e posteriormente realiza a abdução individual de cada fémur. Nos animais com DA a pressão proximal, causa subluxação dorsal da cabeça do fémur e a abdução, reduz a subluxação, provocando um audível e/ou palpável ruído que se descreve como “click” (Chalman e Butler, 1985). Com o animal em decúbito lateral, o examinador coloca-se atrás do animal, com uma mão segura o joelho não dependente e a outra coloca-a na região dorsal da pélvis, com o polegar sobre o grande trocânter. O fémur posiciona-se perpendicularmente ao eixo longo do animal e paralelamente à superfície da mesa. Inicialmente, empurra-se o fémur proximalmente e depois faz-se a abdução (Figuras 2A e B). Como no posicionamento dorsal, o “click” na abdução é interpretado como sinal positivo (Chalman e Butler, 1985; Cook et al., 1996). A técnica pode ser realizada em animais acordados ou sedados, mas alguns autores para melhores resultados recomendam a anestesia profunda, com perda do reflexo palpebral (Chalman e Butler, 1985). Alguns animais com DA não manifestam sinal de Ortolani positivo (Fry e Clark, 1992; Roush, 2001). Resultados falsos negativos podem advir de má técnica, inadequada profundidade de anestesia, animais muito grandes ou demasiado jovens, ou na fase crónica da doença, quando se verifica: destruição da região acetabular dorsal; aumento da espessura e fibrose da cápsula articular; osteófitos; limitação do grau de movimento; luxação da cabeça do fémur (Adams et al., 1998; Chalman e Butler, 1985; Fry e Clark, 1992). O resultado positivo deste método não deve ser interpretado como indicação de tratamento cirúrgico, uma vez que por vezes não é acompanhado de sinais clínicos (Puerto et al., 1999). 150 Radiografia convencional O exame radiográfico padrão foi definido na década de 60, é recomendado pela FCI e OFA para efeitos de certificação, devendo obedecer a determinados requisitos técnicos de posicionamento e qualidade (Mäki et al., 2000; Morgan e Stephens, 1985; Rendano e Ryan, 1985; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Whittington et al., 1961): - O animal é colocado em decúbito dorsal, os membros posteriores são estendidos caudalmente, rodados medialmente; mantendo o paralelismo entre si, com a coluna vertebral e mesa; - A radiografia ventrodorsal (VD) obtida deve ser identificada de forma inamovível, ter densidade, contraste e definição adequada, a bacia simétrica, fémures paralelos e rótulas centradas. As normas da FCI têm uma maior implantação nos países da Europa, com ligeiras alterações (Mäki et al., 2000; Morgan e Stephens, 1985; Ohlarth et al., 2001; Swenson et al., 1997), enquanto que a OFA centrali- Ginja, M.M.D. et al. RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 Quadro 1 – Classificação da DA de acordo com as normas da FCI. Adaptado de Morgan e Stephens (1985). Graus Características A- Normal Congruência da cabeça do fémur e acetábulo e ângulo de Norberg (AN) >105º. Bordo craniolateral do acetábulo bem definido e ligeiramente arredondado, nos casos excelentes envolve mesmo a cabeça do fémur craniolateralmente. Espaço articular pouco vasto e regular. B- Transição A cabeça do fémur e acetábulo são ligeiramente incongruentes e AN >105º ou congruência da cabeça do fémur e acetábulo e AN <105º. A cabeça do fémur e acetábulo são incongruentes e AN >100º e/ou há um ligeiro aplanamento do bordo craC- Displasia Ligeira niolateral do acetábulo. Podem estar presentes irregularidade ou ligeiros sinais de alterações osteoartríticas nas margens dorsal, cranial ou caudal do acetábulo, ou na cabeça e colo do fémur. D- Displasia Mode- Incongruência entre a cabeça do fémur e acetábulo óbvia, com subluxação. AN >90º, alisamento do bordo rada craniolateral do acetábulo e/ou sinais de osteoartrite. E- Displasia Grave Evidência de alterações displásicas graves na anca, como luxação ou subluxação, AN <90º, aplanamento óbvio do bordo cranial do acetábulo, deformação da cabeça do fémur (tipo cogumelo) e outros sinais de osteoartrite. za o diagnóstico e a certificação nos Estados Unidos da América (Corley, 1992; Morgan e Stephens, 1985; Rendano e Ryan, 1985). As radiografias obtidas na projecção VD, com a qualidade técnica adequada, são avaliadas e classificadas, segundo as actuais normas da FCI em 5 categorias: grau A, normal; grau B, transição; grau C, displasia ligeira; grau D, displasia moderada; grau E, displasia grave (Quadro 1 e Fig. 3A, B, C, D e E) (Mäki et al., 2000; Morgan e Stephens, 1985). O ângulo de Norberg, usado para avaliar a lassidão articular, é definido por duas linhas rectas, uma que une o centro das duas cabeças do fémur e a outra inicia-se Figura 3A, B, C, D e E - Radiografias da anca de cães, obtidas na projecção ventrodorsal padrão, com diferentes graus de displasia. Classificação segundo as normas da FCI: Grau A, B, C, D e E, respectivamente. no centro da cabeça do fémur e passa tangente ao bordo craniolateral do acetábulo (Morgan e Stephens, 1985). Por vezes, evidencia-se uma “linha” opaca na região caudal do colo do fémur, denominada “linha de Morgan”, em reconhecimento ao investigador que a descreveu pela primeira vez (Allan, 2002; Mayhew et al., 2002; Tôrres et al., 1999). A opacidade corresponde ao desenvolvimento de enteseófitos na inserção da cápsu151 Ginja, M.M.D. et al. la articular e é interpretada como um sinal precoce de DAD (Allan, 2002; Morgan, 1987). Para efeitos de certificação, a idade mínima requerida varia de 1 a 2 anos (Adams, 2000; Corley, 1992; Flückiger et al., 1999; Leighton et al., 1977; Leppänen et al., 2000; Mäki et al., 2000; Swenson et al., 1997; Willis, 1997). A sensibilidade da radiografia para detectar a doença aumenta com a idade, podendo o diagnóstico só ser possível depois dos dois anos (Corley, 1992). A necessidade de anestesia ou sedação profunda é controversa (Fries e Remedios, 1995). O posicionamento dos animais sobre a mesa é facilitado (Brass, 1989), mas as diferenças de qualidade são mínimas, pelo que pode ser considerada desnecessária em alguns casos (Farrow e Back, 1989). O relaxamento muscular que acompanha a anestesia pode interferir com o grau de subluxação na radiografia (Brass, 1989; Corley, 1992; Lust et al., 1985; Madsen e Svalastoga, 1991), embora estes aspectos tenham sido contestado por alguns investigadores (Farrow e Back, 1989). Num estudo recente, Todhunter et al. (2003b) não encontraram diferenças significativas, na lassidão articular da anca, entre a utilização da anestesia ou sedação profunda, nos animais examinados. Alguns autores preferem a sedação (Smith, 1998). Nas avaliações submetidas à OFA não se recomenda o exame radiográfico de fêmeas em estro (Corley, 1992). No entanto, Hassinger et al. (1997) observaram variações no soro, dos níveis de 17β-estradiol e progesterona durante o ciclo éstrico das fêmeas, que não foram correspondidas por alterações estatisticamente significativas na lassidão articular evidenciada no exame radiográfico. O diagnóstico radiográfico da DA é considerado fácil, nas formas moderadas e graves, todavia a detecção precoce da doença ou das suas formas ligeiras continua a ser difícil (Henry, 1992). A fiabilidade deste método radiográfico é de 85% a 95% aos 24 meses (Corley, 1992; Farrow e Back, 1989). Estes valores, são menores em animais jovens, embora Corley (1992) refira 89% de fiabilidade nas avaliações preliminares dos 4 aos 24 meses da OFA. A deficiente sensibilidade deste método na detecção das fases precoces da DA, levam a considerá-lo como uma técnica tardia, associando-o a grande percentagem de diagnósticos falsos negativos. Para alguns autores estes factos explicam os lentos progressos conseguidos, na redução da frequência e gravidade da DA nas diferentes raças, quando esta técnica é utilizada para a selecção dos reprodutores (Lust et al., 2001; Kapatkin et al., 2002a). Esta limitação do método advém do posicionamento dos animais em decúbito dorsal com a extensão dos membros posteriores, o que causa torção dos elementos fibrosos da cápsula articular e dos tecidos moles envolventes. O deslocamento lateral da cabeça do fémur é atenuado, obtendo-se uma radiografia inadequada para avaliar a lassidão articular (Arnbjerg, 1999; Heyman et al., 1993. Smith et al., 1990). 152 RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 Radiografias de stresse Outras técnicas de avaliação radiográfica da DA, com base no stresse articular e na detecção e quantificação da lassidão articular passiva, têm sido descritas nos últimos anos, com algumas vantagens (Belkof et al., 1989; Farese et al., 1998, Flückiger et al., 1999; Keller 1991; Madsen e Svalatosga, 1995; Smith et al., 1990). Estes métodos baseiam-se na premissa de que a lassidão articular é o sinal mais precoce da DA. O mais antigo e divulgado destes métodos foi desenvolvido na década de 80, na Universidade da Pensilvânia e é denominado de PennHIP (Smith et al., 1990; Todhunter et al., 2003b). O animal, sedado ou anestesiado coloca-se em decúbito dorsal sobre a mesa de raios X e realizam-se três radiografias. A primeira projecção é a ventrodorsal padrão da bacia e as outras requerem técnica e equipamento de posicionamento específicos, sendo denominadas de radiografia em compressão e distracção. Em ambas as projecções o médico veterinário segura cada um dos membros posteriores na região distal da tíbia, posicionando a articulação coxofemoral num ângulo de flexão/extensão neutro, os fémures quase verticais e as tíbias paralelas entre si, e com a mesa. Na radiografia em compressão os fémures são empurrados lateralmente, contra os posicionadores de compressão, o que favorece a congruência articular. Na obtenção da radiografia em distracção utiliza-se o Distractor PennHIP®, colocando-o entre os membros posteriores (Fig. 4). O posicionamento dos membros é idêntico à projecção anterior, mas exercer-se manualmente pressão medial. O distractor actua como fulcro, empurrando a cabeça do fémur lateralmente (Smith et al., 1990; Smith et al., 2002). As radiografias devem ser de boa qualidade e ser obtidas por pessoal qualificado (Smith et al., 2002). Na radiografia obtida em distracção, calcula-se o Índice de Distracção (ID). O ID obtém-se dividindo a distância do centro da cabeça do fémur ao centro do acetábulo, pelo raio da cabeça do fémur. O ID varia de 0 a >1, depende da mobilidade da cabeça do fémur e é utilizado para quantificar a Figura 4 - Equipamento específico PennHIP. 1. Distractor PennHIP; 2. Posicionadores para a radiografia de compressão. Ginja, M.M.D. et al. lassidão articular passiva presente (Fig. 5A, B e C). O objectivo é detectar a DA numa fase precoce (Smith et al., 1990). O volume de fluido sinovial relaciona-se directamente com a lassidão e instabilidade articular (Farese et al., 1999; Lust et al., 1980). Estudos preliminares de Lust et al. (1993) referem uma fiabilidade deste método de 88% na determinação de ancas normais, ID <0,4 (12% de falsos negativos), e de 57% quando se diagnosticam animais displásicos, ID >0,4 (43% de falsos positivos), em cachorros de 4 meses. Muitos dos cachorros com elevada lassidão não desenvolvem DAD (Smith et al., 1993). Pensa-se que estes animais sejam portadores dos genes de DA (Smith, 1998). As raças caninas apresentam diferentes susceptibilidades em desenvolver DAD, perante graus semelhantes de lassidão (Popovitch et al., 1995). A heritabilidade estimada para o ID é substancialmente superior à da radiografia convencional realizada aos dois anos de idade (Smith, 1997). O que sugere que a selecção de reprodutores, baseada no ID deve resultar em alterações genéticas mais rápidas do que as conseguidas pelos métodos tradicionais (Kapatkin et al., 2002c; Smith, 1997). Por outro lado, quando a susceptibilidade para a DA é diagnosticada precocemente há menor impacto emocional e económico nos proprietários e criadores. Numa idade jovem é mais fácil o refugo para reprodução, dos animais afectados com DA, o que tem repercussões directas no controlo da doença. O diagnóstico precoce permite ainda, prevenir RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 a acção de factores ambientais adversos que favoreçam a expressão clínica da doença. Como desvantagens do método PennHIP destacamos o grande consumo de material, a maior exposição humana à radiação ionizante no decurso dos exames radiográficos (Allan, 2002), a necessidade de enviar as radiografias para leitura nos EUA e o facto de ser um método global e centralizado que não contempla particularidades de determinadas populações, da mesma raça. Não se encontram descritos riscos acrescidos para o animal, relativamente à radiografia convencional ou à palpação realizada no exame ortopédico (Adams et al., 1998; LaFond et al., 1997). Técnicas radiográficas mais recentes, para avaliação da lassidão articular, foram descritas e estão a ser desenvolvidas por Farese et al. (1998) e Flückiger et al. (1999). Estas técnicas não necessitam de equipamento nem de formação técnica específica e segundo os autores os resultados são comparáveis ao sistema PennHIP. Farese et al. (1998) recomendam a mensuração da subluxação dorsolateral (SDL), na radiografia obtida com o animal em decúbito esternal. Os membros são colocados em adução, com os joelhos ligeiramente caudais às cabeças dos fémures, num posicionador de esponja adequado. A SLD é calculada na radiografia obtida, pela percentagem do diâmetro da cabeça do fémur medial ao bordo craniolateral do acetábulo. Lust et al. (2001) referem a associação da SDL à DAD, mas Figura 5 – Projecção PennHIP em distracção. A. Radiografia evidenciando reduzida lassidão articular: ID direito 0,32 e esquerdo 0,15. B. Radiografia mostrando grande lassidão bilateral: ID direito 0,88 e esquerdo 0,84. C. Grande plano da articulação esquerda da radiografia B, esquema de cálculo do índice de distracção (d/(∅/2)= 77/92= 0,84); CA- centro do acetábulo; CCA- centro da cabeça do fémur; ∅ diâmetro da cabeça do fémur; d- distância desde o centro da cabeça do fémur ao centro do acetábulo; pixel- unidade de medida. recomendam só a sua utilização em animais a partir dos 8 meses. Farese et al. (1999) assinalam potencialidades suplementares desta técnica na detecção dos efeitos estabilizadores do acetábulo relativamente à cabeça do fémur. Este método não necessita de contenção manual, mas a qualidade técnica requerida é de difícil obtenção, especialmente quando não se dispõe 153 Ginja, M.M.D. et al. de fluoroscopia e se trabalha com animais grandes de pêlo comprido. Flückiger et al. (1999) descreveram uma técnica radiográfica de stresse obtida com o cão em decúbito dorsal, em que se favorece a aproximação dos fémures, posicionados com um ângulo de cerca de 60º, relativamente à mesa. O examinador segura os membros pelas tíbias e empurra-os em sentido dorsal, durante o disparo. O grau de lassidão é quantificado através do índice de subluxação (IS), que é calculado de forma equivalente ao ID do método PennHIP. Testes genéticos Os testes genéticos moleculares ainda não são uma realidade, continuando a depositar-se neles toda a esperança, de num futuro próximo se determinar com toda a certeza a susceptibilidade dos animais para a DA e de poder desenvolver programas de melhoramento eficazes no combate à doença (Everts et al., 2000; Kapatkin et al., 2002c; Todhunter et al., 1999; Todhunter et al., 2003a). A DA é considerada uma doença herdada quantitativamente de forma contínua e aditiva, sendo influenciada por muitos genes (Andersen et al., 1988; Bliss et al., 2002; Hedhammar et al., 1979; Leighton, 1997; Lust, 1977; Mackenzie, 1985; Reed et al., 2000). Os métodos clínicos e radiográficos têm sido usados no diagnóstico e na selecção de animais sem DA, mas não evitam que cães saudáveis sejam portadores de genes que possam eventualmente contribuir para a manifestação da doença em descendentes (Kaneene et al., 1997; Mäki et al., 2000). Todhunter et al. (1999), têm tentado em investigações recentes estabelecer uma relação entre alterações fenotípicas detectadas de forma objectiva (e.g. lassidão articular e conformação óssea) e a transmissão genética da DA através da análise de marcadores moleculares, tais como microssatélites específicos para caninos, complementada com informação de registos genealógicos. O principal objectivo é a identificação de loci associados à expressão e transmissão da doença. Estes autores realizaram cruzamentos entre Labradores Retrievers com displasia e galgos não afectados, utilizando-os em conjunto com a sua descendência em análises genéticas. Assim, é possível analisar populações saudáveis e doentes, e determinar as frequências alélicas de microssatélites nestas populações de forma a tentar encontrar alguma associação entre estes marcadores e a manifestação da DA. Alternativamente, Wang et al. (1997) centraram os seus estudos genéticos na análise de fragmentos de ADN polimórfico amplificados de forma aleatória e na detecção de alelos numa população de cães restrita, muito homogénea e com elevada incidência de DA. Os genes responsáveis pela síntese de colagénio, bem como aqueles que são expressos especificamente na síntese de cartilagem são fortes candidatos etiológicos para a DA e outras doenças ortopédicas hereditárias (Everts et al., 2000). Farquhar et al. (1997) relatam uma maior susceptibili154 RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 dade para anomalias na cartilagem do ombro, do tipo osteoartrítico, em animais jovens com alto risco de vir a desenvolver DA. Outras técnicas de diagnóstico Métodos de diagnóstico não invasivos têm sido investigados na DA dos canídeos: tomografia computorizada (Farese et al., 1998; Hara et al., 2002; Swainson et al., 2000), ultrasonografia (Adams et al., 2000; O`Brien et al., 1997), apoio em placas de força (McLaughlin et al., 1991) e cinemática (Bennett et al., 1996). Actualmente, nenhum destes métodos é utilizado no diagnóstico da DA dos canídeos. No entanto, novas metodologias de diagnóstico são desejáveis (Kapatkin et al., 2002a). A capacidade de identificar cachorros susceptíveis de desenvolver DA antes das 8 semanas tem importantes implicações clínicas para criadores e potenciais proprietários (O`Brien et al., 1997; Smith et al., 1998). Em medicina humana a ultrasonografia é utilizada no diagnóstico da DA, em recém-nascidos, desde o inicio da década de 80 (Graf, 1981). Inicialmente utilizavamse métodos ultrasonográficos estáticos, que permitiam um estudo detalhado da morfologia acetabular, posteriormente foram complementados com técnicas dinâmicas, na tentativa de quantificar a lassidão articular (Harcke e Grissom, 1990; Saies et al., 1988). A ultrasonografia tem vantagem sobre a radiografia, porque não utiliza radiações ionizantes (Ohlarth et al., 2003). Tentativas de utilizar a ecografia no diagnóstico da DA, em cachorros com menos de 8 semanas, têm sido realizadas com sucesso limitado (Adams et al., 2000). Os estudos morfológicos do acetábulo são inviáveis a partir das 6 semanas devido à ecogenicidade crescente da cabeça do fémur (Greshake e Ackerman, 1992). Os estudos ultrasonográficos dinâmicos, através de acesso dorsal são viáveis entre as 8 e 26 semanas, mas a técnica é dificultada devido ao pêlo dos animais e pelo facto, de não existir um índice para quantificar a lassidão observada (O`Brien et al., 1997). Estes métodos foram utilizados por Adams et al. (2000) em cachorros com 8 semanas, de três raças diferentes, os resultados obtidos só foram relacionados com a DA, nos cães com 1 ano de idade, numa raça. Ohlerth et al. (2003) usaram a ecografia na avaliação da lassidão articular em cães de 8 meses, utilizando acesso da sonda pela região inguinal, sem o sucesso desejado. A Tomografia Computorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM) há muito tempo, que são utilizadas na caracterização, monotorização do tratamento e determinação do prognóstico da DA das crianças (Bos et al., 1988; Greenhill et al., 1993; Kim et al., 1999). Em medicina veterinária a utilização da TC no diagnóstico e monitorização do tratamento da DA é muito mais reduzida e não existem relatos da utilização da RM (Farese et al., 1998; Hara et al., 2002; Swainson et al., 2000). Com a expansão e apetrechamento de centros de veterinária com estes equipamentos é possível que Ginja, M.M.D. et al. Figura 6 - Ressonância magnética em T2, secção transversal da anca de cachorro com 8 semanas. Boa evidência da implantação do ligamento redondo (a), do liquido sinovial (b), bordo dorsal do acetábulo (c) e cabeça do fémur (d). Figura 7 – Tomografia computorizada mostrando a secção transversal da anca do mesmo animal da fig. 5B. Boa evidência da deficiente congruência articular e da reduzida superfície de contacto entre a cabeça do fémur e acetábulo; bordo dorsal do acetábulo (a), cabeça do fémur (b) e cavidade acetabular (c). estas técnicas venham a ser cada vez mais utilizadas no diagnóstico e monitorização do tratamento da DA dos canídeos (Figuras 6 e 7). Controlo A descoberta de um tratamento médico ou cirúrgico que previna ou pare a DAD é muito improvável (Kapatkin et al., 2002c). Tratando-se de uma doença hereditária, o controlo passa pela selecção de indivíduos genotipicamente livres da susceptibilidade para o desenvolvimento da doença, e pela sua utilização em cruzamentos selectivos, para maximizar os genes não alterados na população (Bliss et al., 2002; Kapatkin et al., 2002c; Smith, 1998; Wood et al. 2004). A heritabilidade estimada é característica da população estudada (Mackenzie, 1985), pelo que, tendo por base o diagnóstico radiográfico convencional, surgem na bibliografia de referência valores bastante variáveis: 0,22 em Pastor Alemão (PA) (Leighton et al., 1977); 0,43 em PA (Hedhammer et al., 1979); 0,74 em Flat-coated Retriever e 0,49 Terra Nova (Wood et al., 2000); 0,11 a 0,48 em PA (Distl et al., 1991). O controlo da DA é preferível a qualquer opção de tratamento (Smith, 1992). Para o sucesso dos programas de controlo é essencial a fiabilidade e precisão do método de diagnóstico (Kapatkin et al., 2002a). RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 Actualmente a qualidade genotípica é estimada a partir de exames radiográficos de diagnóstico que avaliam o fenótipo da anca (Kapatkin et al., 2002c; Leppänen et al., 2000; Smith, 1998). O fenótipo com maior heritabilidade é desejável, pois os progressos genéticos, conseguidos na redução da incidência da DA, são maiores por geração (Kapatkin et al., 2002c; Lingaas e Klemetsal, 1990; Smith, 1998). A precocidade de diagnóstico (antes da reprodução) também é vantajosa e pode ter interesse adicional, em termos de terapia preventiva (Corley et al., 1997; Devine e Slocum, 1998a; Lust et al., 2001; Ohlerth et al., 2003; Smith et al., 1993; Swainson et al., 2000; Swenson et al., 1997; Todhunter et al., 1999). Este tipo de selecção por vezes interfere com a tradicional melhoria morfológica e comportamental que os criadores desejam e procuram (Shepherd, 1986). A selecção contra a DA não tem sido fácil, a sua natureza poligénica e multifactorial dificulta a sua erradicação e requer um demorado e coordenado esforço conjunto por parte dos criadores, clubes de raça e médicos veterinários (Gibbs, 1997; Flückiger et al. 1998; Leighton, 1997; Shepherd, 1986; Smith, 1998; Swenson et al., 1997; Todhunter et al., 1999). Esquemas de controlo da doença estão estabelecidos pela FCI (Europa Continental), OFA (EUA), em Inglaterra e em outros países, desde a década de 60 (Corley, 1992; Leighton et al., 1977; Leppänen et al., 2000; Mäki et al., 2000; Swenson et al., 1997; Willis, 1997; Wood et al., 2000). Estes programas baseiam-se na reprodução selectiva de animais, certificados pela leitura de radiografias da bacia, obtidas na projecção ventrodorsal convencional, com idades a partir de 1 ou 2 anos (Corley, 1992; Mäki et al., 2000; Swenson et al., 1997; Willis, 1997). Alguns destes programas são obrigatórios e só aceitam para reprodução os animais com melhores ancas (Leighton, 1997; Leppänen et al., 2000; Swenson et al., 1997), outros têm por base a classificação da anca no registo genealógico dos animais (Mäki et al., 2000), ou podem ainda ser simplesmente voluntários (Corley, 1992; Kaneene et al., 1997; Reed et al., 2000; Wood et al., 2004). Com alguns destes programas têm-se conseguido progressos na qualidade da anca (Leighton, 1997; Swensen et al., 1997), outros têm-se revelado insuficientes e ineficazes, com resultados à quem do esperado, não satisfazendo as pretensões dos criadores (Lingaas e Klemetsal 1990; Mäki et al., 2000; Reed et al., 2000; Todhunter et al., 1999; Willis, 1997). Onde os programas fracassaram ou não foram implementados a doença continua a existir nas populações caninas, por vezes com elevadas prevalências (Everts et al., 2000; Flückiger et al., 1999; Ginja et al., 2004; Kapatkin et al., 2002a). A idade de avaliação é um factor importante no diagnóstico da DA, os sinais radiográficos de DAD evidenciam-se melhor nos animais mais velhos (Corley et al., 1997; Lust et al., 1973; Mäki et al., 2000; Swensen et al., 1997; Wood e Lakhany, 2003). Pelo que, para efeitos de selecção e de comparação fe155 Ginja, M.M.D. et al. notípica dos exemplares, os despistes devem realizarse em idades semelhantes (Mäki et al., 2000; Swenson et al., 1997; Wood e Lakhany, 2003). Os fracos resultados conseguidos pelos programas tradicionais de controlo devem-se, em parte, à reduzida sensibilidade do exame radiográfico convencional na detecção das fases precoces da doença (Farese et al., 1998; Flückiger et al., 1999; Smith et al., 1993). O posicionamento recomendado neste exame radiográfico favorece a congruência articular e minimiza a lassidão articular passiva (Flückiger et al., 1998; Smith, 1997). Os métodos radiográficos recentes de diagnóstico do fenótipo displásico, através da mensuração da lassidão articular passiva (Farese et al., 1998; Flückiger et al., 1999; Smith et al., 1990) mostram grande precocidade com aceitável sensibilidade e especificidade no despiste precoce do desenvolvimento da DA (Flückiger et al., 1998; Kapatkin et al., 2002c; Leighton, 1997; Lust et al., 2001; Smith et al., 1993). A heritabilidade obtida através destes métodos, também é maior: 0,42 a 0,62 em PA, 0,92 em Labrador Retriever e 0,64 em Golden Retriever (Kapatkin et al., 2002c; Smith, 1998). Estas técnicas têm potencialidades que as tornam vantajosas na selecção dos animais em programas de controlo da DA, complementando os métodos radiográficos tradicionais (Leighton, 1997; Todhunter et al., 2003c). Numa doença poligénica multifactorial, como a DA, conseguem-se melhores resultados de ganho genético, se os programas de selecção incluírem os fenótipos familiares (irmãos, pais, avós e descendentes), na previsão do valor reprodutivo do exemplar (Andersen et al., 1988; Flückiger et al., 1999; Hedhammar et al., 1979; Kaneene et al., 1997; Leighton, 1997; Leppänen et al., 2000; Lingaas e Klemetsal, 1990; Shepherd, 1986; Swenson et al., 1997). A pressão da selecção utilizada não pode ser extrema uma vez que está associada à resistência dos criadores, ao aumento da consanguinidade e redução da variabilidade genética, e a um progresso final mais limitado (Kapatkin et al., 2002c; Smith, 1998). Goddard e Mason (1982) sugerem que o aumento da DA pode estar associado à consanguinidade. Para ultrapassar os inconvenientes da selecção e manter o máximo da heterogenicidade genética, Smith (1998) recomenda a utilização na reprodução dos animais que tenham ancas acima da classificação mediana e Ubbink et al. (1998) sugerem estudos prévios da estrutura da população em termos de parentesco em conjunção com a distribuição da doença. Como o progresso destes planos de controlo é lento, o médico veterinário tem a responsabilidade de esclarecer, encorajar a prevenção e educar os seus clientes, no sentido de protegerem ou melhorarem as raças ou linhas (Lanting, 1992; Shepherd, 1986). Outros factores essenciais para o sucesso dos programas de controlo da DA e redução da sua prevalência são: a aplicação estrita de um método radiográfico de diagnóstico; obrigatoriedade do despiste dos reprodutores e divulgação dos 156 RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 resultados nos registos genealógicos (Adams, 2000; Lust et al., 2001; Willis, 1997). Prevenção As recomendações terapêuticas para os animais susceptíveis de vir a desenvolver a doença, nem sempre são fáceis e consensuais (Remedios e Fries, 1995). Neste caso, mais importante que a fiabilidade e precisão de diagnóstico é a capacidade de previsão da doença e da sua magnitude, antes de qualquer sinal radiográfico convencional ou clínico se manifestar (Kapatkin et al., 2002b). Actualmente a progressão da DA é imprevisível e as publicações científicas existentes que documentam a eficácia das opções terapêuticas a longo prazo são escassas (Remedios e Fries, 1995). Os objectivos principais devem ser: prevenir os danos na cartilagem, que estão na base do desenvolvimento da DAD (Johnston, 1992); evitar a dor, e manter a qualidade de vida e a função (Morgan e Stephens, 1985). Em medicina humana, a abordagem clínica é orientada para o resultado final do doente e não tanto para os benefícios de um determinado tipo de tratamento (Kapatkin et al., 2002b), resultando em opções terapêuticas mais claras e consensuais, a prevenção conservativa e/ou cirúrgica da DAD, são sempre uma opção terapêutica nas ancas instáveis ou deslocadas (Bos et al., 1989; Gerscovich, 1997; Laor et al., 2000; Tönnis, 1985). Tratamento conservativo Riser e Miller (1966) referem que o confinamento de cachorros, geneticamente predispostos para a DA, após o mês de idade em jaulas de 1m2 evita o desenvolvimento da doença. Os animais passam a maior parte do tempo sentados, o que favorece a congruência articular e evita as lesões dos tecidos moles envolventes. Estes autores referem ainda que a maturação dos tecidos moles, função nervosa e massa muscular, é fundamental para manter a congruência articular. Após os 6 meses de idade alterações na forma articular só podem ocorrer acompanhadas de produção e reabsorção de osso (Riser, 1975). Todavia, os problemas de socialização inviabilizam esta opção terapêutica (Read, 2000; Johnston, 1992). No entanto, o controlo da actividade até ao ano de idade pode beneficiar animais que evidenciam precocemente lassidão articular (Barr et al., 1987; Smith, 1992). Recomenda-se um exercício mínimo de manutenção, de preferência com mínimo stresse articular (natação), para beneficiar a nutrição da cartilagem (Johnston, 1992; Kapatkin et al., 2002b) e manter a massa muscular que é um factor importante na estabilização da anca (Montgomery et al., 1992; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Smith et al., 1993). Por outro lado, num trabalho experimental a DA foi facilmente induzida em cachorros de 1 semana. Os tecidos moles Ginja, M.M.D. et al. da articulação foram sujeitos a um stresse aumentado durante 8 semanas, através da imobilização do membro posterior em extensão (Schoenecker et al., 1984). Na displasia congénita do homem a primeira opção de tratamento é a redução fechada da subluxação e imobilização dos membros, mantendo temporariamente a congruência articular artificial, que permite uma melhor e adequada maturação e desenvolvimento dos tecidos moles e estruturas ósseas articulares (Gerscovich, 1997; Laor et al., 2000; Tönnis, 1985). A cura das microfracturas acetabulares e melhoria da estabilidade articular e congruência, como resultado da remodelação óssea e aumento da espessura da cápsula articular, podem resultar na melhoria clínica espontânea (Barr et al., 1987; Rettenmaier e Constantinescu, 1991;). A frequência e a gravidade da condição podem ser mitigadas pela administração de condroprotectores, manipulação da taxa de crescimento e prevenção da obesidade, podendo manter-se articulações fenotipicamente normais até aos 8 anos e uma qualidade de vida aceitável (Barr et al., 1987; Lust et al., 1973; Lust et al., 1992; Kealy et al., 2000; Montgomery et al., 1992; Riser et al., 1964; Richardson, 1992). Em cães portadores de genes para a DA, a administração de glicosaminoglicanos polisulfatados (das 6 semanas aos 8 meses) reduziu os sinais de DAD e melhorou a conformação, mas não interferiu com a lassidão articular (Lust et al., 1992). Noutro trabalho, o controlo do balanço electrolítico da dieta, condicionou a lassidão articular passiva e a gravidade da doença (Kealy et al., 1993). O balanço electrolítico na dieta influencia a osmolaridade e a quantidade de fluido sinovial na anca, interferindo com a lassidão articular durante a fase crítica do crescimento (Kealy et al., 1993; Lust et al., 1980; Richardson, 1992). Belfield (1976) num artigo de deficiente fundamento científico, refere a ausência de DA aos 5 anos, em 8 ninhadas de pastores alemães predispostos, em que foram administrados, suplementos de mega doses de vitamina C (Vit. C). Durante a gestação as fêmeas receberam diariamente 2 a 4g de cristais de ascorbato de sódio e os cachorros 500mg das 3 semanas aos 4 meses e 1 a 2g dos 4 meses aos 2 anos, via oral. Desconhecem-se outros estudos que relacionem os suplementos da Vit. C com a prevenção da DA, ou deficiências desta vitamina com a doença (Corley, 1992; Richardson, 1992). O ascorbato de manganésio é incorporado em algumas especialidades farmacêuticas protectoras da cartilagem, de medicina humana e veterinária, devido aos seus efeitos benéficos como anti-oxidante, e na síntese de glicosaminoglicanos e fluido sinovial (Anderson, 1999). Os suplementos de Vit. C continuam a ser utilizados de forma empírica por alguns criadores, com o objectivo de prevenir a DA, desconhecendo-se a sua verdadeira eficácia. A importância da Vit. C na síntese de colagénio desde há muito que é conhecida (Johnston, 1992; Rettenmaier e Constantinescu, 1991; Shepherd, 1986), e anomalias articulares associadas a 157 RPCV (2005) 100 (555-556) 147-161 esta proteína continuam a ser uma forte possibilidade etiológica para a DA (Everts et al., 2000; Madsen, 1997; Madsen et al., 1994; Smith et al., 1998). Tratamento cirúrgico Em medicina humana, quando as manobras clínicas não permitem restabelecer a congruência articular, opta-se pela redução cirúrgica fechada (tenectomia adutora percutânea) ou aberta, seguida de imobilização (Gerscovich, 1997; Laor et al., 2000; Tönnis, 1985). Algumas técnicas cirúrgicas têm sido recomendadas para prevenir ou atrasar a progressão da DAD em animais predispostos: osteotomia tripla (OT) (Hara et al. 2002; Slocum e Devine, 1998c), alongamento do colo do fémur (ACF) (Slocum e Devine, 1998b), osteotomia intertrocantérica (OI) (Prieur, 1998) e mais recentemente a sinfiodese púbica juvenil (SPJ) (Dueland et al., 2001; Patricelli et al., 2002; Swainson et al., 2000). No entanto, é essencial mais informação científica que permita identificar atempadamente: os animais em risco de desenvolver DAD; quando a DAD é associada a suficiente dor ou limitação que justifique a intervenção cirúrgica prévia; o grau de prevenção ou redução da gravidade da DAD nos animais tratados cirurgicamente, comparativamente aos controlos não tratados (Kapatkin et al., 2002b; Puerto et al., 1999). Considerando a relativa baixa morbilidade das formas ligeiras e moderadas da DA, a aplicação generalizada de cirurgias preventivas, pode não se justificar (Kapatkin et al., 2002a). A OT é utilizada no tratamento da DA desde a década de 60, consiste na osteotomia da bacia em 3 locais (púbis, ísquio e ílio) e rotação ventral do segmento acetabular, de forma a melhorar a cobertura da cabeça do fémur, e a reduzir a magnitude das forças na articulação e o stresse na cartilagem (Johnson et al., 1998). Este tratamento quando utilizado de forma criteriosa está associado a uma redução da progressão da osteoartrite, e a melhoria da congruência e da função (Hara et al. 2002; Johnson et al., 1998; McLaughlin et al., 1991; Slocum e Devine, 1998c; Tomlison e Cook, 2002). O ACF está reservado para as situações em que o seu comprimento é menor que o normal prejudicando a desejada congruência articular (Moses, 2000; Slocum e Devine, 1998b). O alongamento consegue-se pela osteotomia longitudinal do fémur proximal separando o grande trocânter da cabeça do fémur (Slocum e Devine, 1998b). A técnica aumenta a força de abdução e restabelece a estabilidade biomecânica (Moses, 2000; Slocum e Devine, 1998b). A OI está indicada quando se evidenciam radiograficamente anomalias no fémur proximal que impossibilitam uma adequada congruência articular (Prieur, 1998). Realiza-se a osteotomia transversal do fémur proximal, com posterior fixação, reduzindo o ângulo de inclinação e anteversão, e aumentando funcionalmente o colo do fémur. Alterações biomecânicas que Ginja, M.M.D. et al. favorecem a estabilidade, a força de abdução e a congruência articular (Moses, 2000; Prieur, 1998). A SPJ é um procedimento técnico simples, seguro, e não requer implantes ortopédicos. A SPJ baseia-se na indução da necrose térmica da placa de crescimento da sínfise púbica, conduzindo ao seu fechamento prematuro (Dueland et al., 2001; Patricelli et al., 2002).). A região dorsolateral da bacia continua a crescer normalmente, rodando o acetábulo ventrolateralmente, o que melhora a conformação e a estabilização da anca e é possível que previna ou atrase a DAD (Patricelli et al., 2002; Swainson et al., 2000). Os resultados preliminares desta técnica têm sido promissores (Dueland et al., 2001; Swainson et al., 2000). No entanto, a sua eficácia precisa de ser comprovada a médio e longo prazo (Patricelli et al., 2002). O tipo de animais que beneficiará da técnica, também deve ser definido, uma vez que a lassidão articular passiva nem sempre resulta em DAD e a DAD ligeira ou moderada, por vezes não causam anomalias clínicas (Smith et al., 2001). Bibliografia Adams, WM. (2000). Radiographic diagnosis of hip dysplasia in the young dog. Vet Cli North Am Small Anim Pract, 30, 267- 280. Adams, WM, Dueland, RT, Meinen, J, O`Brien, RT, Giuliano, E, Nordheim, EV. (1998). Early detection of canine hip dysplasia, comparison of two palpation and five radiographic methods. J Am Anim Hosp Assoc, 34, 339- 347. Adams, WM, Dueland, RT, Daniels, R, Fialkowski, JP, Nordheim, EV. (2000). Comparison of two palpation, four radiographic and three ultrasound methods for early detection of mild to moderate canine hip dysplasia. Vet Rad Ultrason, 41, 484- 490. Allan, G. (2002) Radiographic Signs of Joint Disease. 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