Jornal "Jovens" - Salesianos do Estoril

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Jornal "Jovens" - Salesianos do Estoril
Ano 54º | número 935
Estoril, jan.2015
Salesianos Estoril - Escola
1ª Gala da Educação de Cascais
Celebrar os resultados dos alunos do concelho de Cascais e o trabalho educativo de
175 instituições públicas, privadas e de solidariedade social que dia-a-dia mobilizam
centenas de profissionais para dar o melhor de si às crianças e jovens que estudam e
aprendem em Cascais, foi o objetivo da gala da Educação que teve lugar, pela primeira vez,
na tarde do passado domingo, dia 26 de outubro de 2014, no Salão Preto e Prata do Casino
Estoril.
Os alunos foram selecionados pelos estabelecimentos de ensino que
frequentaram, tendo sido usados como critérios de seleção e distinção, não só os
excelentes resultados académicos (média de 12º ano igual ou superior a 17 valores), bem
como um percurso escolar marcado pela assunção e vivência de comportamentos
relevantes de cidadania, de solidariedade e de serviço à Comunidade.
Foi neste contexto que subiram ao palco do Salão Preto e Prata no passado
domingo, o nosso aluno João José Rodrigues Fernandes para receber das mãos do Sr.
Presidente da Junta de Freguesia de Cascais-Estoril, Dr. Pedro Morais Soares, o Prémio
Municipal de Valor Escolar e, as nossas alunas Marta Nunes Seco Paralta de Figueiredo,
Marta Tavares Gomes e Maria Ezequiel Matias Ravara, para receber das mãos do Sr.
Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras, o Prémio Municipal de
Mérito Escolar do Ensino Secundário.
Cascais
(Cont...)
de
Educação
Para além da presença entusiasta e profundamente orgulhosa dos seus pais,
irmãos, avós e outros familiares e amigos, fizeram questão de estar presentes nesta bonita e
merecida homenagem, o Diretor da nossa Escola, Sr. Pe. Tarcízio Morais, a Diretora
Pedagógica, Dr.ª Paula Cristina Baptista, o Diretor do Ensino Secundário, Dr. Nelson Silva, o
Diretor do Terceiro Ciclo, Dr. Miguel Ângelo Dias e a Diretora do Segundo Ciclo, Dr.ª Ana
Paula Ramalho.
O momento foi vivido com grande alegria e enorme satisfação por vermos
reconhecido o trabalho, o esforço e a dedicação destes jovens que, ao longo de tantos anos,
nos orgulhamos de ter acompanhado e ajudado a crescer em todas as suas dimensões.
Para eles vai o nosso sincero obrigado e o desejo de que neste novo percurso que
há pouco começou, continuem com a mesma força para “darem vida ao sonho”, com o
mesmo espírito de partilha, de entreajuda e com a mesma vontade firme e férrea de “serem
protagonistas” na construção de uma sociedade mais solidária, com mais igualdade de
oportunidades e com mais justiça social.
Paula Cristina Baptista
Casa do Tinóni.
Tinóni
No passado dia cinco de novembro fomos, com a nossa professora, visitar a
Casa do Tinóni.
Lá pudemos ver e relembrar alguns dos cuidados que devemos ter quando
andamos na rua: os cuidados ao passar na passadeira, ter atenção aos sinais de trânsito,
luminosos ou verticais…
Na Casa do Tinóni também vimos o que é que devemos fazer em caso de
emergência, quer seja um incêndio ou um sismo.
No final, fizemos um jogo muito divertido e recebemos um diploma.
Foi uma tarde muito animada!
Os alunos do 1ºA
A turma do 3ºC foi ao Museu Conde Castro de Guimarães e ao Farol
de Santa Marta, no dia 5 de novembro de 2014. Partimos dos
Salesianos do Estoril e fomos a caminhar pelo paredão até Cascais.
Neste percurso vi o mar, gaivotas e restaurantes. Depois, subi até ao
Farol de Santa Marta, onde vi o painel do aparelho ótico, que serve
para aumentar a luz. A turma do 3ºC fez um peddy-paper, que era
descobrir pegadas de vários animais. Em seguida fomos ao Museu
Conde e Castro de Guimarães. No museu vi o quarto do Conde
Castro de Guimarães, a sala de chá, a sala das armas e a biblioteca.
Almoçamos no jardim deste museu e depois fomos dar comida aos
pombos, patos e aos pavões e também brincamos no parque
infantil.
Quando acabamos de brincar voltamos para a escola, de novo a pé,
cansados mas felizes.
O que gostei mais deste passeio foi ir ao Farol de Santa Marta,
porque aprendi como se ajudam os barcos na navegação e que o
farol mais alto de Portugal é o de Aveiro. E também gostei muito do
peddy-paper.
Rafael Vences, 3ºC
visita
estudo
A visita de estudo
As Três Irmãs
Em tempos que já lá vão, havia um reino onde viviam três
princesas. Mas não são elas que nos interessam para a nossa história. Pelo
menos por enquanto...
Nesse mesmo reino, viviam também três jovens irmãs: Anilorac, Airam
e Asile, cada uma delas de uma beleza incomparável. A mais velha, Anilorac,
tinha uns cabelos cor de fogo muito curtos, que pareciam verdadeiras
labaredas quando ela movia a cabeça. Os seus olhos eram escuros como
carvão e o seu sorriso largo parecia irradiar mais calor do que os cabelos
fulgurantes. A do meio, Airam, apresentava uma cortina de cabelo louro
platinado. No lugar dos olhos, parecia ostentar duas grandes gotas de água, tal
era a frescura azul, pura e límpida do seu olhar, e o seu riso era semelhante a
uma cascata cristalina de um jovem ribeiro passando por entre seixos
irregulares. A mais nova, Asile, tinha uns caracóis sedosos cor de cacau. Apesar
de ser a mais jovem, os seus olhos verdes inteligentes possuíam já a força e a
segurança de um sólido carvalho, como que espreitando por trás das maçãs do
seu rosto ainda primaveril, duas pétalas de rosa. Todas tinham uma pele
branca como a mais pura das neves e uma voz melodiosa capaz de igualar em
beleza e harmonia o mais perfeito canto de rouxinol.
Apesar das suas muitas diferenças, tanto em termos físicos como de
personalidade, todas elas eram irresistivelmente encantadoras, atraindo os
olhares e quebrando os corações de todos os jovens do reino. Não havia um
único que não se sentisse perdidamente apaixonado quando via uma das três
irmãs pela primeira vez. As suas poucas incursões à vila mais perto de casa
acabavam invariavelmente de forma desastrosa, criando-se uma densa
multidão de rapazes ansiosos à sua volta que as impedia de avançar. E, se
algum dos mais atrevidos ousava destacar-se do resto da turba, aproximandose delas um passo que fosse face aos outros, desencadeava-se imediatamente
uma luta envolvendo alguns dos jovens mais arrebatados. No meio de uma
confusão de ramos de flores já desfeitos, punhos cerrados, esgares e gritos de
dor, faces arreganhadas, pontapés e poeira, as três acabavam por conseguir
desaparecer no meio da multidão e afastar-se sorrateiramente. Depois de
duas ou três experiências semelhantes, que diferiam apenas no tempo de
duração da luta, nos rapazes envolvidos e na gravidade dos ferimentos que
infligiam uns aos outros, viram-se obrigadas a desistir de ir até à vila na sua
própria pele, usando todo o tipo de artimanhas e disfarces para conseguirem
passar o mais despercebidas possível. Claro que bastava um contacto visual
mais prolongado com algum vendedor mais experiente para que tudo
desabasse, mas, como acontece a maior parte das vezes, a prática levou
mesmo à perfeição e, com o tempo, as três irmãs aprenderam a mover-se
como verdadeiras sombras por entre as gentes.
No entanto, esta sua aparente desaparição só fez despertar paixões nos
poucos corações por apaixonar e sentimentos ainda mais intensos nos, já de si, mais
exaltados. Deseperados, os rapazes procuraram por todos os meios encontrar algum sinal
delas, não mais na vila, mas nos bosques em redor, onde, provavelmente, se localizaria a sua
casa. Quando, finalmente, a descobriram, o anteriormente calmo e silencioso refúgio
verdejante que era a clareira em que a casa de madeira tinha sido construída, rapidamente
se transformou num constante corropio de jovens e adolescentes, de ramos de flores em
punho como espadas, rondando a casa com um andar confiante e orgulhoso, quais pavões
exibindo as suas plumas coloridas.
Formaram-se mesmo grupos de ataque: conjuntos de cinco ou seis rapazes que
montavam uma vigia constante e atenta à casa em turnos de algumas horas, noite e dia,
apesar do calor insuportável e quase intolerável que pesava sobre eles, o sol de verão
atravessando as copas das árvores frondosas e derramando sobre os jovens os seus raios
quentes dourados. Chamavam por elas em brados apaixonados. Pouco faltou para que
tentassem forçar a entrada para a casa.
Ao fim de alguns dias, as três irmãs viram-se obrigadas a prometer que passariam a ir
à vila todas as semanas se eles não voltassem a aproximar-se de sua casa. E, com este
acordo, tudo começou a correr melhor.
Pelo menos, era o que parecia. Acontece que o rei estava a sentir-se cada vez mais
incomodado com toda esta situação. Por um feliz (ou infeliz) acaso, as suas três filhas (eu
disse que elas iam ser importantes) tinham exatamente as mesmas idades das três irmãs:
dezassete, dezoito e dezanove anos. Ora, uma princesa que se preze tem apenas dois
objetivos na sua vida: casar e ter filhos. O mais cedo que lhe for possível. Estando o segundo
dependente do primeiro, torna-se evidente que uma princesa sem príncipe pouco mais é
que o dia sem a noite, o bem sem o mal, o calor sem o frio, um rei sem reino. Estas nossas
três princesinhas, não sendo de todo feias ou desprovidas de inteligência, não tinham,
contudo, capacidade de competir com as três irmãs pela atenção dos jovens do reino,
fossem eles rufias ou fidalgos. Nem mesmo a perspetiva de vir a governar aquelas terras, ao
casar com uma das princesas, parecia ser suficiente para os levar a desistir de Anilorac,
Airam e Asile, e, por isso, Suas Altezas estavam a deparar-se com enormes dificuldades para
encontrar o seu príncipe. Foi sem qualquer dificuldade (após apenas alguns dias em
reflexão profunda e depois de ter escutado, avaliado e considerado a opinião de todos os
seus ministros) que o rei chegou à seguinte conclusão:
– A culpa de as minhas princesas estarem ainda por casar é apenas e só daquelas três
raparigas de quem todos tanto falam!
Sua Alteza proferiu esta exclamação numa voz que denotava simultaneamente
alguma surpresa (perante o alcance da sua própria inteligência) e alguma resignação
(perante a incompreensão a que, como é sabido, todos os iluminados estão sujeitos por
serem obrigados a conviver com os comuns dos mortais), enquanto batia com a mão na
testa (não sei se para procurar conservar a iluminação no seu devido lugar, se para enfatizar
a descoberta que fizera) com uma real e enfastiada delicadeza.
Nunca a este monarca se pedira que tomasse uma tão importante e difícil decisão.
Por um lado, era essencial que conseguisse arranjar um noivo para cada uma das filhas (o
que significava que precisava de precisamente… três rapazes, exato). Por outro, tinha
perfeita consciência de que nada do que pudesse fazer iria tornar os seus rebentos mais
apetecíveis (ou as suas concorrentes menos aprazíveis) aos olhos quase famintos daqueles
rapazes. Nada, a não ser… Sim, talvez isso resultasse, mas era uma medida demasiado
drástica para um rei que nunca, em todo o seu reinado pachorrento, tivera um único
sobressalto, um único afazer, uma única crise. Mas, se tinha de ser, tinha de ser…
– Ordeno que as três irmãs sejam trazidas à minha presença até amanhã de manhã,
o mais discretamente que for possível, – declarou, muito cheio de si, naquele tom confiante
de quem fala movido por um propósito superior de que impregnava as suas ordens.
E como estes reis querem, podem e mandam (apesar de, muitas vezes, não saberem
bem o que querem e, menos ainda, porque mandam o que mandam), lá foram as três
levadas urgentemente até ao palácio.
Quando lá chegaram, o monarca esperava-as do alto da sua importância sentado no
trono majestoso. Depois de umas vénias desajeitadas e muitos avanços e recuos, as três
aproximaram-se do rei o máximo que lhes era permitido e aguardaram que se
pronunciasse.
Após uns momentos de silêncio (respeitoso, da parte delas; condescendente, da
dele), o rei agraciou-as com o som da sua voz melodiosa, algo arrastada e pastosa, e disse:
– Tenho notícias horríveis para vos dar. Não há aqui... Não há aqui... Não há aqui
“infemismo”, é isso, que nos valha.
Ao ouvir estas palavras, todos os fidalgos que se encontravam presentes enxugaram
lágrimas de alegre e emocionada comoção por serem governados por tão ilustre e bem
falante soberano, enquanto as três irmãs estremeceram com o arrepio que lhes percorreu a
espinha, não por temerem as horríveis notícias mas pelo horrível erro que o rei cometera ao
dizer “infemismo” em vez de “eufemismo”. Para dizer a verdade, creio que foi uma daquelas
situações em que o erro é tão atroz que nos impede de prestar atenção a tudo o mais que a
pessoa tem para nos contar, deixando-nos a remoer vezes sem conta na infame utilização
de uma língua como a nossa, tentando compreender em que universo é que alguém se
lembraria de utilizar tal expressão – mas, novamente, rei é rei, merecendo, por isso, o
supremo esforço de concentração que as três empreenderam para seguir o resto do
diálogo. Sem mais demoras, aqui vai ele:
– Por muito que me custe – nem custava assim tanto, não era ele que ia mexer um
dedo que fosse, no máximo a boca para dar a ordem, mas também não era tão má pessoa
que lhe fosse absolutamente indiferente os meios que utilizava para atingir os seus fins –,
não tenho outro remédio: vocês têm de morrer.
É assim, sem mais nem menos, que se determina a vida (neste caso, a morte) de
alguém e que se transmite essa determinação ao dito alguém em meia dúzia de palavras
simples. As três olharam umas para as outras num choque mudo e surdo, os olhos
espelhando o misto de incredulidade, pavor, angústia que sentiam e que as palavras
(minhas ou delas) nunca conseguiriam expressar. No entanto, este era um rei
misericordioso na indiferença, pragmatismo e crueldade:
– Conceder-vos-ei, porém, a cada uma de vós, um último desejo, desde que este não
inclua saírem, ainda que temporariamente, deste palácio, ou contactarem seja quem for do
exterior.
Por incrível que possa parecer, é praticamente impossível escolhermos um desejo
que gostaríamos de satisfazer quando sabemos que deixaremos todos os outros que
alguma vez tivemos, temos ou teremos por realizar. Assim sendo, as três jovens olharam
umas para as outras e, vendo a mesma determinação espelhada no calor do fogo, na clareza
da água e na força da terra, perceberam que todas tinham chegado à mesma conclusão.
magnífico piano de cauda os aguardava. E Airam começou a tocar. Não, aquilo não
era tocar. Os seus dedos deslizavam suavemente sobre as teclas com a mesma fluidez do
– Gostaria de ter uma última oportunidade de tocar uma música num piano – pediu
Airam, chegando-se à frente. Deslocaram-se todos à sala de música do palácio, onde um
magnífico piano de cauda os aguardava. E Airam começou a tocar. Não, aquilo não era
tocar. Os seus dedos deslizavam suavemente sobre as teclas com a mesma fluidez do
ribeiro do seu olhar, os longos cabelos ondeando levemente em reflexos de ouro. A
música que a irmã do meio tocava derramava sobre os presentes a sua beleza
melancólica, enchendo-lhes os corações de uma tristeza cuja origem nenhum deles (para
além de Asile e Anilorac) era capaz de identificar e cuja natureza eram incapazes de
compreender – por um lado, desejavam que a música parasse; por outro, estavam como
que enfeitiçados pela sua melodia, fitando o vazio com um olhar esgazeado, a respiração
suspensa, quais estátuas vivas. Pareciam estar na contemplação do mistério do mundo,
como se se tivesse estabelecido uma ligação entre eles e o transcendente, e talvez fosse
verdade – afinal de contas, não é isto mesmo que é a música?
Quando Airam finalmente parou de tocar, as últimas notas ainda ressoando no ar e
nos ouvidos e corações da audiência, gerou-se um silêncio profundo em toda a sala.
Lentamente, os presentes lá foram recuperando a mobilidade e o raciocínio, despertando
do estado de letargia mágica e deslumbrada em que se encontravam.
– Pois… Bem… Eu… – hesitava o rei, parecendo ainda absorto e com os pensamentos
algo perturbados. No entanto, rapidamente recuperou a compostura, abanando a cabeça
para clarear as ideias, e prosseguiu, mais para si próprio do que para quem quer que fosse:
– Realmente, é uma infelicidade que as coisas tenham de ser como têm de ser. Uma
jovem com este talento… Que perda, que desperdício…! Mas se tem de ser, será. Próxima! –
exclamou, em tom de comando, já para que todos o ouvissem, após terem regressado à sala
do trono.
E, assim, a primeira tentativa das três irmãs de demover o rei da sua decisão,
procurando levar o coração daquele homem a sobrepor-se à razão, não resultara. Era agora
a vez de Asile, a mais nova. Deu um passo em frente, destacando-se do semi-círculo que se
formara à frente do trono (as três irmãs, no centro, ladeadas por vários fidalgos e damas da
corte), ostentando uma segurança que, contrariamente ao habitual, não sentia.
– Gostaria de propor a Sua Alteza e aos restantes nobres aqui presentes que
tentassem resolver um pequeno enigma que concebi. Se estiverdes dispostos a isso… –
disse a rapariga, na sua voz calma e segura de si.
– É claro que sim! – proferiu o rei, animado.
– “Tenho doze pernas de madrugada e seis quando o sol vai alto no céu. Nunca verei
a noite chegada, mas se a visse teria nove pernas. Quem sou eu?”
O rei e os nobres pensaram... Pensaram... E pensaram... Mas a nenhuma conclusão
chegaram. Pediram, então, uma pista, ao que Asile respondeu:
– “Quando me aborrecem, digo sempre “Ai” exactamente três vezes, nem duas, nem
quatro.”
E os nobres e o rei pensaram... Pensaram... E pensaram. Mas a nenhuma conclusão
chegaram. Pediram, então, que Asile lhes desse a solução do seu mistério, ao que Asile
respondeu:
– Somos nós as três. Enquanto bebés, na madrugada do dia que é a vida humana,
gatinhávamos, tendo, por isso, doze pernas, três vezes quatro. Agora, já adultas, em pleno
dia, no auge da nossa vida, caminhamos, tendo, por isso, seis pernas, três vezes duas. Nunca
veremos a noite, pois morreremos brevemente e, por isso, nunca precisaremos de um
terceiro apoio para suportar o peso de uma vida, tendo, assim, nove pernas, três vezes três.
Quando qualquer pessoa aborrece uma de nós, tem de lidar com as três. Cada “Ai”
corresponde às duas letras comuns aos nossos nomes: A e I.
O rei e os nobres ouviram e calaram, impressionados com a capacidade da jovem e,
muito embora não o admitissem, nem a si mesmos, com a sua própria estupidez. Era já
possível distinguir em muitos dos fidalgos um traço de compaixão nas expressões
cuidadosamente moldadas para mostrarem um interesse educado (nem exacerbado, nem
quase inexistente) no que se desenrolava à sua frente. Uma centelha de dúvida e incerteza
parecia brilhar nos olhos do monarca. No entanto, rei que é rei não volta atrás nas decisões
que toma, pelo que, cerrando os dentes numa determinação teimosa, declarou:
– Impressionante. Deveras impressionante. Última!
As pobres raparigas estavam à beira das lágrimas. Ambas as suas tentativas de tocar
aquele coração aparentemente de pedra haviam fracassado. Só lhes restava uma
alternativa: estava tudo nas mãos de Anilorac. A jovem deu um passo em frente, vacilante. A
sua expressão geralmente calorosa apresentava agora uma palidez cadavérica, mortal.
Forçando-se a olhar o rei nos olhos, algo tão inédito que o próprio não sabia o que
responder a tal afronta, disse:
– Eu troco o meu desejo pela liberdade das minhas irmãs.
Há situações na nossa vida que definem quem somos. Esta era uma delas: em todo o
treino que recebera, nada preparara o pobre monarca para este momento. Se, até ali, o rei
conseguira reprimir as vozes que lhe falavam na sua cabeça, admoestando-o, censurando-o
pela terrível injustiça que estava a cometer, fizera-o com esforço e pensando no bem da sua
descendência. Apercebia-se, agora, de que aquelas três jovens poderiam ser as suas filhas,
não fosse o destino querer que as coisas fossem de outra forma. Apercebia-se, agora, de
que as três irmãs tinham uma família à sua espera em casa, que as amava, e que nunca
voltaria a vê-las. Apercebia-se, agora, de que aquelas três jovens estavam unidas por laços
tão fortes que seria um crime contra as leis da natureza quebrá-los, e eram absolutamente
únicas: mágicas, inteligentes, altruístas.
Todo este intenso conflito se desenrolava no seu interior, ameaçando explodir.
Levantando-se para tentar dar alguma vazão aos sentimentos contraditórios que o
assolavam (e, claro, para conferir alguma imponência à sua declaração), ordenou, num
estado de agitação pouco comum neste rei de natureza tão calma:
– Desejo ficar a sós com as três irmãs. Saiam! Imediatamente! Todos vocês! Fora!
E assim aconteceu. Quando já todos tinham abandonado a sala, num passo
apressado e com expressões simultaneamente apreensivas e curiosas nos rostos, o rei
sentou-se e permaneceu alguns minutos em silêncio, de olhos cerrados, não para conferir
algum dramatismo à situação (que já era, por si só, suficientemente dramática e parecendo
saída de um conto de fadas), mas para se concentrar. Subitamente, ergueu-se de um pulo,
rebentando de entusiasmo, a compreensão estampada no rosto iluminado, e disse, num
ritmo acelerado, como se temesse esquecer-se de algo muito importante que acabara de
lhe ocorrer:
– Minhas jovens, estou perante um grande dilema. É absolutamente necessário que
as minhas queridas filhas encontrem um noivo o mais cedo possível, o que nunca
acontecerá se todos os rapazes deste reino forem incapazes de ter olhos para outra rapariga
que não uma de vocês as três. Assim sendo, pensei, como puderam constatar, em matar-vos
para solucionar o problema.
As três jovens escutavam, incrédulas, o tom leviano com que o monarca comentava
o facto de ter planeado a sua morte. No entanto, ele prosseguiu, aparentemente
indiferente aos ares de surpresa (e alguma indignação) que elas arvoravam:
– No entanto, cheguei à conclusão de que há uma alternativa que será vantajosa
para todas as partes do acordo.
Bem, seria difícil que não fosse vantajosa para elas, não há assim tantas coisas piores
do que a morte. A grande questão, pensavam as irmãs, era quão melhor seria a solução que
o rei lhes apresentaria. Porém, por uma questão de respeito para com a boa vontade do seu
soberano, as três limitaram-se a mostrar uma surpresa grata perante as novidades,
procurando esconder quaisquer sinais de cautela ou dúvida.
– Vocês têm de se casar. As três. E o mais depressa possível. Só assim será possível
que todos os jovens do reino, excetuando os três escolhidos, vos esqueçam de uma vez por
todas e fiquem disponíveis para casar. Por isso, façam como quiserem, mas encontrem um
noivo até ao próximo Equinócio da Primavera. E tenho dito!
E tinha dito. E, quando um rei diz, faz-se. As três regressaram a casa nesse mesmo
dia, ainda atarantadas com o curso dos acontecimentos. Deparavam-se, agora, com uma
nova questão: como escolher um noivo, assim, sem mais nem menos, em apenas poucos
meses? Decidiram espalhar a mensagem por todo o reino de que as três planeavam casarse muito brevemente. Desta forma, os interessados em cada uma das irmãs deveriam
apresentar-se no centro da vila dali a exatamente três semanas. Asile pedira-lhes que
pensassem em qual seria a maior qualidade dela, Ariam, na maior qualidade de cada um
deles e Anilorac, no maior defeito dela.
No dia combinado, todos os rapazes do reino encontravam-se reunidos em três
grupos, consoante a irmã que haviam escolhido. As horas e os pretendentes sucediam-se,
todos eles chumbando na avaliação, e as três ficavam cada vez mais desanimadas: nenhum
se destacava dos outros.
Asile ouviu os mais variados elogios. Aparentemente, ela seria o cúmulo da
perfeição: bela, inteligente, bondosa, humilde, elegante, alegre, optimista, honesta.
Também Ariam foi inundada de qualidades, neste caso dos próprios rapazes. Ao que tudo
indicava, o reino estava repleto de jovens venturosos: corajosos, robustos, sinceros, nobres,
persistentes, perspicazes, honestos, inteligentes, divertidos. Já Anilorac recebeu,
invariavelmente, a mesmíssima resposta (mudando, talvez, a escolha de palavras): é claro
que alguém como ela não teria, certamente, qualquer defeito, por mínimo que fosse.
Até que chegou “o tal” de cada uma delas. “O tal” de Asile, num esforço claro por
ostentar uma expressão firme e resoluta e por fitar os seus olhos sem vacilar, afirmou:
– Não sei. Neste momento, a única qualidade que consigo apontar é a tua beleza
estonteante. No entanto, estou muito mais interessado em conhecer a beleza que
certamente tens por dentro do que esta que aqui está a minha frente, à vista de todos.
“O tal” de Airam olhou para ela, algo desanimado, como se não tivesse qualquer
esperança de ser bem sucedido na tarefa em que tantos tinham já falhado, e disse-lhe:
– Não sei. Infelizmente, sou incapaz de reconhecer as minhas qualidades. Talvez seja
porque, inconscientemente, o que digo a mim mesmo é que essas já ninguém mas tira, pelo
que devo, isso sim, concentrar-me nos meus defeitos para poder eliminá-los. Não sei, mas
adoraria que me ajudasses a descobri-las.
Finalmente, “o tal” de Anilorac, com uma expressão algo insegura mas determinada
no rosto, como se não soubesse que reação esperar da jovem na sequência daquilo que
estava prestes a dizer, mas estivesse disposto a arriscar, declarou:
– Não sei. Mas são muitos, certamente. E ainda bem que assim é. Defeitos, todos os
temos: tenho eu e tens tu. Fazem parte daquilo que nós somos e são o que nos torna
Concurso
de contos
humanos. Já viste a fantástica oportunidade de aprendermos um
com o outro e de nos tornarmos pessoas melhores?
Foi assim que cada uma das três irmãs descobriu o amor da
sua vida. Quanto às três princesas, não tiveram qualquer
dificuldade em encontrar para noivo um bom rapaz, que gostava
delas por quem eram enquanto pessoas e não enquanto
princesas – estavam, simplesmente, demasiado concentrados
nas jovens plebeias para o compreender.
Muitos dizem que amor à primeira vista não acontece. Não
existe. Não passa de uma ilusão de almas e corações fracos, que se
refugiam em contos de fadas e impossibilidades. Provavelmente é
o vosso caso. Eu também não acreditava em nada disso até me
terem contado esta história. Agora acredito, sem sombra de
dúvida. Não só acredito, como sinto necessidade de partilhar esta
crença com outros, na esperança de conseguir atraí-los para o
interior deste círculo luminoso, desta nova forma de ver o mundo.
Fui bem sucedida? Espero que sim. Sentem esta vontade
de iluminar outros com a Verdade? Também espero que sim.
Porque é tão mais bonito acreditar...
Concurso de Contos
2013|14
Elisa de Sequeira Couto e Vazão Clemente
12ºA1
mar.2014
Clube FunMat
Treinamos a nossa mente,
estamos concentrados e atentos
mas também nos divertimos.
Criamos e aceitamos desafios,
Procuramos as melhores soluções,
Entendemos fazendo, jogando, pensando
e experimentando.
Resolvemos problemas também em coletivo,
Fazemos novos amigos...
Clube
FunMat
Origamis
matemáticos
Clube TecnoArte - exercícios de Origami
Praticar origami treina a tua
memória. Ganhas paciência e a
atenção, porque também há
regras que precisam de ser
seguidas à risca. Desenvolves o
teu raciocínio lógico, a tua
criatividade, melhoras a tua
perceção visual e espacial, a
tua coordenação motora fina.
Dás pontos
à
tua
tranquilidade e auto estima.
Experimenta !
Sara Silva
FlashBosco - 2015 Évora | Vendas Novas
Objetivos
No ano em que celebramos os 200 anos do
nascimento de D.Bosco tivemos como
objetivos:
Conhecer a vida de Dom Bosco, sobretudo,
através dos seus sonhos;
Descobrir o rumo da nossa caminhada;
Viver momentos de partilha e convívio.
Alegria e entusiasmo na vida;
Escuta da Palavra de Deus.
Paticiparam
Club Bosco | Grupos de catequese (7.º, 8.º e
9.º)
Alunos EMRC (7.º, 8.º e 9.º) | Grupos de
acólitos
Grupos missionários | Grupos vocacionais |
Escuteiros
Organização
Movimento Juvenil Salesiano
Delegação Nacional Salesiana de Pastoral
Juvenil
Coordenação de Pastoral Juvenil das Filhas
de Maria Auxiliadora
Prof. Álvaro Gomes
Participantes
Pedro Fonseca 7ºC
Francisco Pina 8ºD
Gonçalo Marques 8º B
Ana Costa 7ºA
Vera Marques 8º D
Mafalda Cerejeiro 7ºA
Catarina Barros 8ºD
Madalena Coelho 8º C
Mª Beatriz Almeida 8º C
Maria da Paz Garcia 8ºC
Maria do Mar Pinto 8ºD
Francisca Caruso 8ºC
Teresa Núncio 8ºC
Rita Ferreira 8ºC
Vera França 8ºD
Maria Cunha 8ºC
Guilherme Meneses 7ºC
Maria Dantas 9º C
Carolina Mercês 8ºD
Gonçalo Ferreira 8ºD
Ana Bandeira 9º C
Mª Aguiar Almeida 8º D
André Guerreiro 8ºD
(Pré-animadora)
Inês Ramalho 10ºB
João Alexandre 8ºD
Participantes da Comunidade Salesiana
Pastoral > Ricardo Mendes (Asp. SDB) e Pe Juan Freitas
Professores > Prof. Elisa Higino e Prof. Álvaro Gomes
Nos dias 10 e 11 de janeiro
participamos no FlashBosco – 2015, que
consistiu num acantonamento de dois dias,
onde pudemos conhecer e conviver com
outros adolescentes das Casas Salesianas
das mais diversas localidades. No ano em
que celebramos os 200 anos do nascimento
de D.Bosco, tivemos como objetivos:
conhecer a vida de Dom Bosco, sobretudo,
através dos seus sonhos; descobrir o rumo
da nossa caminhada; viver momentos de
partilha e de convívio.
Tudo começou com a azáfama
matinal na nossa Escola, com as malas, a
preocupação dos pais e o nosso grande
entusiasmo! Depois da contagem feita e
dos cintos postos, fizemo-nos à estrada,
fazendo uma breve paragem em Lisboa,
para receber os nossos colegas dos
Salesianos de Lisboa, ficando o autocarro
ainda mais composto!
Ao chegar aos Salesianos de Évora,
iniciamos o encontro com o acolhimento e,
de seguida, formamos os grupos do
encontro, com os quais realizamos grande
parte das atividades! Descobrimos, então,
que o tema que iria ser abordado nas
dinâmicas de grupo seria “Dar vida ao
Sonho”.
O sábado foi repleto de atividades
que nos levaram a conhecer os nossos
sonhos e a importância de os partilhar e de
os colocar em prática, de forma a dar-lhes
vida, tal como fizera D. Bosco!
Na manhã de domingo, depois de
uma breve oração e do pequeno-almoço
completo e energético, partimos para
Vendas Novas, onde participamos na
Eucaristia, presidida pelo Sr. Arcebispo de
Évora, D. José Alves e concelebrada pelo
Provincial dos Salesianos, Pe. Artur Pereira.
Neste momento, associamo-nos à
celebração dos 75 anos da presença das
Filhas de Maria Auxiliadora em Portugal. O
encontro terminou com o almoço no
Colégio Laura Vicunha.
Gostei de todas as atividades
realizadas, mas em especial do
passeio/atividade que fizemos na cidade de
Évora, no qual, entre outras coisas, tivemos
de entrevistar algumas pessoas sobre os
seus sonhos!
Esta foi a minha quarta participação no
FlashBosco e a primeira como préanimadora. É sempre muito divertido
embarcar nesta aventura em que podemos
conhecer tantas pessoas maravilhosas e
criar laços!
E tu? Vens fazer parte do MJS – Movimento
Juvenil Salesiano? Contamos contigo!
Inês Ramalho
10º B
Sonhos realizados ...
À semelhança do que tem acontecido todos os anos, a nossa Escola recebeu, este
ano, a informação, que a todos deixou orgulhosos, da Católica-Lisbon School of Business
and Economics, de que sete dos nossos alunos que ingressaram este ano naquela
Instituição foram merecedores da atribuição de Bolsas de Mérito da Católica-Lisbon
durante o presente ano letivo. Estas visam reconhecer o mérito e o trabalho dos alunos e
são um incentivo à excelência. Entre estas, destacam-se as Bolsas Católica Top +, que
proporcionam isenção total de propinas, e Bolsas de Mérito, que correspondem a 75% ou a
50% do montante das mesmas. Estas Bolsas estão inseridas no Programa de Bolsas de
Mérito da CATÓLICA-LISBON, disponível para os alunos
que frequentam as Licenciaturas em Economia ou em
Gestão ou os novos programas internacionais,
integralmente lecionados em inglês desde o 1º ano –
International Undergraduate in Management e
International Undergraduate in Economics.
Congratulamo-nos, portanto, com os nossos exalunos (Matilde Gonzalez Castro Corrêa de Barros – Bolsa
Top+, Pedro Anjos de Sousa, Leonor Alves Minhós dos
Reis, Ana Maria Cabral Menéres Castelo Branco, Filipa
Rodrigues Soares Barata e Pedro Caldas Januário Macieira
Fragoso – Bolsa de Mérito nas Licenciaturas em Economia
e em Gestão e, ainda, Miguel de Gouvêa Pinto e Cruz –
Bolsa de Mérito no programa International
Undergraduate in Management) e respetivas famílias,
pelo bom desempenho académico, resultado do seu
empenho e esforço individual.
A Universidade Católica Portuguesa de Lisboa felicita, ainda, a nossa Escola e os
seus Docentes pela excelente preparação que tem vindo a proporcionar aos seus alunos e
faz votos de que, como parceiros possamos todos, continuar a contribuir para uma sólida
formação científica e cultural das novas gerações.
Que estas notícias que, Graças a Deus, vamos recebendo ano após ano,
constituam, para nós, verdadeira fonte de motivação para um trabalho que, todos
queremos, seja, cada vez mais, de elevada qualidade pedagógica e pastoral e de realização
de sonhos de felicidade.
Paula Cristina Baptista
Pe. Tarcízio Morais
Design Gráfico
Sara Silva