Jornal "Jovens" - Salesianos do Estoril
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Jornal "Jovens" - Salesianos do Estoril
Ano 54º | número 935 Estoril, jan.2015 Salesianos Estoril - Escola 1ª Gala da Educação de Cascais Celebrar os resultados dos alunos do concelho de Cascais e o trabalho educativo de 175 instituições públicas, privadas e de solidariedade social que dia-a-dia mobilizam centenas de profissionais para dar o melhor de si às crianças e jovens que estudam e aprendem em Cascais, foi o objetivo da gala da Educação que teve lugar, pela primeira vez, na tarde do passado domingo, dia 26 de outubro de 2014, no Salão Preto e Prata do Casino Estoril. Os alunos foram selecionados pelos estabelecimentos de ensino que frequentaram, tendo sido usados como critérios de seleção e distinção, não só os excelentes resultados académicos (média de 12º ano igual ou superior a 17 valores), bem como um percurso escolar marcado pela assunção e vivência de comportamentos relevantes de cidadania, de solidariedade e de serviço à Comunidade. Foi neste contexto que subiram ao palco do Salão Preto e Prata no passado domingo, o nosso aluno João José Rodrigues Fernandes para receber das mãos do Sr. Presidente da Junta de Freguesia de Cascais-Estoril, Dr. Pedro Morais Soares, o Prémio Municipal de Valor Escolar e, as nossas alunas Marta Nunes Seco Paralta de Figueiredo, Marta Tavares Gomes e Maria Ezequiel Matias Ravara, para receber das mãos do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras, o Prémio Municipal de Mérito Escolar do Ensino Secundário. Cascais (Cont...) de Educação Para além da presença entusiasta e profundamente orgulhosa dos seus pais, irmãos, avós e outros familiares e amigos, fizeram questão de estar presentes nesta bonita e merecida homenagem, o Diretor da nossa Escola, Sr. Pe. Tarcízio Morais, a Diretora Pedagógica, Dr.ª Paula Cristina Baptista, o Diretor do Ensino Secundário, Dr. Nelson Silva, o Diretor do Terceiro Ciclo, Dr. Miguel Ângelo Dias e a Diretora do Segundo Ciclo, Dr.ª Ana Paula Ramalho. O momento foi vivido com grande alegria e enorme satisfação por vermos reconhecido o trabalho, o esforço e a dedicação destes jovens que, ao longo de tantos anos, nos orgulhamos de ter acompanhado e ajudado a crescer em todas as suas dimensões. Para eles vai o nosso sincero obrigado e o desejo de que neste novo percurso que há pouco começou, continuem com a mesma força para “darem vida ao sonho”, com o mesmo espírito de partilha, de entreajuda e com a mesma vontade firme e férrea de “serem protagonistas” na construção de uma sociedade mais solidária, com mais igualdade de oportunidades e com mais justiça social. Paula Cristina Baptista Casa do Tinóni. Tinóni No passado dia cinco de novembro fomos, com a nossa professora, visitar a Casa do Tinóni. Lá pudemos ver e relembrar alguns dos cuidados que devemos ter quando andamos na rua: os cuidados ao passar na passadeira, ter atenção aos sinais de trânsito, luminosos ou verticais… Na Casa do Tinóni também vimos o que é que devemos fazer em caso de emergência, quer seja um incêndio ou um sismo. No final, fizemos um jogo muito divertido e recebemos um diploma. Foi uma tarde muito animada! Os alunos do 1ºA A turma do 3ºC foi ao Museu Conde Castro de Guimarães e ao Farol de Santa Marta, no dia 5 de novembro de 2014. Partimos dos Salesianos do Estoril e fomos a caminhar pelo paredão até Cascais. Neste percurso vi o mar, gaivotas e restaurantes. Depois, subi até ao Farol de Santa Marta, onde vi o painel do aparelho ótico, que serve para aumentar a luz. A turma do 3ºC fez um peddy-paper, que era descobrir pegadas de vários animais. Em seguida fomos ao Museu Conde e Castro de Guimarães. No museu vi o quarto do Conde Castro de Guimarães, a sala de chá, a sala das armas e a biblioteca. Almoçamos no jardim deste museu e depois fomos dar comida aos pombos, patos e aos pavões e também brincamos no parque infantil. Quando acabamos de brincar voltamos para a escola, de novo a pé, cansados mas felizes. O que gostei mais deste passeio foi ir ao Farol de Santa Marta, porque aprendi como se ajudam os barcos na navegação e que o farol mais alto de Portugal é o de Aveiro. E também gostei muito do peddy-paper. Rafael Vences, 3ºC visita estudo A visita de estudo As Três Irmãs Em tempos que já lá vão, havia um reino onde viviam três princesas. Mas não são elas que nos interessam para a nossa história. Pelo menos por enquanto... Nesse mesmo reino, viviam também três jovens irmãs: Anilorac, Airam e Asile, cada uma delas de uma beleza incomparável. A mais velha, Anilorac, tinha uns cabelos cor de fogo muito curtos, que pareciam verdadeiras labaredas quando ela movia a cabeça. Os seus olhos eram escuros como carvão e o seu sorriso largo parecia irradiar mais calor do que os cabelos fulgurantes. A do meio, Airam, apresentava uma cortina de cabelo louro platinado. No lugar dos olhos, parecia ostentar duas grandes gotas de água, tal era a frescura azul, pura e límpida do seu olhar, e o seu riso era semelhante a uma cascata cristalina de um jovem ribeiro passando por entre seixos irregulares. A mais nova, Asile, tinha uns caracóis sedosos cor de cacau. Apesar de ser a mais jovem, os seus olhos verdes inteligentes possuíam já a força e a segurança de um sólido carvalho, como que espreitando por trás das maçãs do seu rosto ainda primaveril, duas pétalas de rosa. Todas tinham uma pele branca como a mais pura das neves e uma voz melodiosa capaz de igualar em beleza e harmonia o mais perfeito canto de rouxinol. Apesar das suas muitas diferenças, tanto em termos físicos como de personalidade, todas elas eram irresistivelmente encantadoras, atraindo os olhares e quebrando os corações de todos os jovens do reino. Não havia um único que não se sentisse perdidamente apaixonado quando via uma das três irmãs pela primeira vez. As suas poucas incursões à vila mais perto de casa acabavam invariavelmente de forma desastrosa, criando-se uma densa multidão de rapazes ansiosos à sua volta que as impedia de avançar. E, se algum dos mais atrevidos ousava destacar-se do resto da turba, aproximandose delas um passo que fosse face aos outros, desencadeava-se imediatamente uma luta envolvendo alguns dos jovens mais arrebatados. No meio de uma confusão de ramos de flores já desfeitos, punhos cerrados, esgares e gritos de dor, faces arreganhadas, pontapés e poeira, as três acabavam por conseguir desaparecer no meio da multidão e afastar-se sorrateiramente. Depois de duas ou três experiências semelhantes, que diferiam apenas no tempo de duração da luta, nos rapazes envolvidos e na gravidade dos ferimentos que infligiam uns aos outros, viram-se obrigadas a desistir de ir até à vila na sua própria pele, usando todo o tipo de artimanhas e disfarces para conseguirem passar o mais despercebidas possível. Claro que bastava um contacto visual mais prolongado com algum vendedor mais experiente para que tudo desabasse, mas, como acontece a maior parte das vezes, a prática levou mesmo à perfeição e, com o tempo, as três irmãs aprenderam a mover-se como verdadeiras sombras por entre as gentes. No entanto, esta sua aparente desaparição só fez despertar paixões nos poucos corações por apaixonar e sentimentos ainda mais intensos nos, já de si, mais exaltados. Deseperados, os rapazes procuraram por todos os meios encontrar algum sinal delas, não mais na vila, mas nos bosques em redor, onde, provavelmente, se localizaria a sua casa. Quando, finalmente, a descobriram, o anteriormente calmo e silencioso refúgio verdejante que era a clareira em que a casa de madeira tinha sido construída, rapidamente se transformou num constante corropio de jovens e adolescentes, de ramos de flores em punho como espadas, rondando a casa com um andar confiante e orgulhoso, quais pavões exibindo as suas plumas coloridas. Formaram-se mesmo grupos de ataque: conjuntos de cinco ou seis rapazes que montavam uma vigia constante e atenta à casa em turnos de algumas horas, noite e dia, apesar do calor insuportável e quase intolerável que pesava sobre eles, o sol de verão atravessando as copas das árvores frondosas e derramando sobre os jovens os seus raios quentes dourados. Chamavam por elas em brados apaixonados. Pouco faltou para que tentassem forçar a entrada para a casa. Ao fim de alguns dias, as três irmãs viram-se obrigadas a prometer que passariam a ir à vila todas as semanas se eles não voltassem a aproximar-se de sua casa. E, com este acordo, tudo começou a correr melhor. Pelo menos, era o que parecia. Acontece que o rei estava a sentir-se cada vez mais incomodado com toda esta situação. Por um feliz (ou infeliz) acaso, as suas três filhas (eu disse que elas iam ser importantes) tinham exatamente as mesmas idades das três irmãs: dezassete, dezoito e dezanove anos. Ora, uma princesa que se preze tem apenas dois objetivos na sua vida: casar e ter filhos. O mais cedo que lhe for possível. Estando o segundo dependente do primeiro, torna-se evidente que uma princesa sem príncipe pouco mais é que o dia sem a noite, o bem sem o mal, o calor sem o frio, um rei sem reino. Estas nossas três princesinhas, não sendo de todo feias ou desprovidas de inteligência, não tinham, contudo, capacidade de competir com as três irmãs pela atenção dos jovens do reino, fossem eles rufias ou fidalgos. Nem mesmo a perspetiva de vir a governar aquelas terras, ao casar com uma das princesas, parecia ser suficiente para os levar a desistir de Anilorac, Airam e Asile, e, por isso, Suas Altezas estavam a deparar-se com enormes dificuldades para encontrar o seu príncipe. Foi sem qualquer dificuldade (após apenas alguns dias em reflexão profunda e depois de ter escutado, avaliado e considerado a opinião de todos os seus ministros) que o rei chegou à seguinte conclusão: – A culpa de as minhas princesas estarem ainda por casar é apenas e só daquelas três raparigas de quem todos tanto falam! Sua Alteza proferiu esta exclamação numa voz que denotava simultaneamente alguma surpresa (perante o alcance da sua própria inteligência) e alguma resignação (perante a incompreensão a que, como é sabido, todos os iluminados estão sujeitos por serem obrigados a conviver com os comuns dos mortais), enquanto batia com a mão na testa (não sei se para procurar conservar a iluminação no seu devido lugar, se para enfatizar a descoberta que fizera) com uma real e enfastiada delicadeza. Nunca a este monarca se pedira que tomasse uma tão importante e difícil decisão. Por um lado, era essencial que conseguisse arranjar um noivo para cada uma das filhas (o que significava que precisava de precisamente… três rapazes, exato). Por outro, tinha perfeita consciência de que nada do que pudesse fazer iria tornar os seus rebentos mais apetecíveis (ou as suas concorrentes menos aprazíveis) aos olhos quase famintos daqueles rapazes. Nada, a não ser… Sim, talvez isso resultasse, mas era uma medida demasiado drástica para um rei que nunca, em todo o seu reinado pachorrento, tivera um único sobressalto, um único afazer, uma única crise. Mas, se tinha de ser, tinha de ser… – Ordeno que as três irmãs sejam trazidas à minha presença até amanhã de manhã, o mais discretamente que for possível, – declarou, muito cheio de si, naquele tom confiante de quem fala movido por um propósito superior de que impregnava as suas ordens. E como estes reis querem, podem e mandam (apesar de, muitas vezes, não saberem bem o que querem e, menos ainda, porque mandam o que mandam), lá foram as três levadas urgentemente até ao palácio. Quando lá chegaram, o monarca esperava-as do alto da sua importância sentado no trono majestoso. Depois de umas vénias desajeitadas e muitos avanços e recuos, as três aproximaram-se do rei o máximo que lhes era permitido e aguardaram que se pronunciasse. Após uns momentos de silêncio (respeitoso, da parte delas; condescendente, da dele), o rei agraciou-as com o som da sua voz melodiosa, algo arrastada e pastosa, e disse: – Tenho notícias horríveis para vos dar. Não há aqui... Não há aqui... Não há aqui “infemismo”, é isso, que nos valha. Ao ouvir estas palavras, todos os fidalgos que se encontravam presentes enxugaram lágrimas de alegre e emocionada comoção por serem governados por tão ilustre e bem falante soberano, enquanto as três irmãs estremeceram com o arrepio que lhes percorreu a espinha, não por temerem as horríveis notícias mas pelo horrível erro que o rei cometera ao dizer “infemismo” em vez de “eufemismo”. Para dizer a verdade, creio que foi uma daquelas situações em que o erro é tão atroz que nos impede de prestar atenção a tudo o mais que a pessoa tem para nos contar, deixando-nos a remoer vezes sem conta na infame utilização de uma língua como a nossa, tentando compreender em que universo é que alguém se lembraria de utilizar tal expressão – mas, novamente, rei é rei, merecendo, por isso, o supremo esforço de concentração que as três empreenderam para seguir o resto do diálogo. Sem mais demoras, aqui vai ele: – Por muito que me custe – nem custava assim tanto, não era ele que ia mexer um dedo que fosse, no máximo a boca para dar a ordem, mas também não era tão má pessoa que lhe fosse absolutamente indiferente os meios que utilizava para atingir os seus fins –, não tenho outro remédio: vocês têm de morrer. É assim, sem mais nem menos, que se determina a vida (neste caso, a morte) de alguém e que se transmite essa determinação ao dito alguém em meia dúzia de palavras simples. As três olharam umas para as outras num choque mudo e surdo, os olhos espelhando o misto de incredulidade, pavor, angústia que sentiam e que as palavras (minhas ou delas) nunca conseguiriam expressar. No entanto, este era um rei misericordioso na indiferença, pragmatismo e crueldade: – Conceder-vos-ei, porém, a cada uma de vós, um último desejo, desde que este não inclua saírem, ainda que temporariamente, deste palácio, ou contactarem seja quem for do exterior. Por incrível que possa parecer, é praticamente impossível escolhermos um desejo que gostaríamos de satisfazer quando sabemos que deixaremos todos os outros que alguma vez tivemos, temos ou teremos por realizar. Assim sendo, as três jovens olharam umas para as outras e, vendo a mesma determinação espelhada no calor do fogo, na clareza da água e na força da terra, perceberam que todas tinham chegado à mesma conclusão. magnífico piano de cauda os aguardava. E Airam começou a tocar. Não, aquilo não era tocar. Os seus dedos deslizavam suavemente sobre as teclas com a mesma fluidez do – Gostaria de ter uma última oportunidade de tocar uma música num piano – pediu Airam, chegando-se à frente. Deslocaram-se todos à sala de música do palácio, onde um magnífico piano de cauda os aguardava. E Airam começou a tocar. Não, aquilo não era tocar. Os seus dedos deslizavam suavemente sobre as teclas com a mesma fluidez do ribeiro do seu olhar, os longos cabelos ondeando levemente em reflexos de ouro. A música que a irmã do meio tocava derramava sobre os presentes a sua beleza melancólica, enchendo-lhes os corações de uma tristeza cuja origem nenhum deles (para além de Asile e Anilorac) era capaz de identificar e cuja natureza eram incapazes de compreender – por um lado, desejavam que a música parasse; por outro, estavam como que enfeitiçados pela sua melodia, fitando o vazio com um olhar esgazeado, a respiração suspensa, quais estátuas vivas. Pareciam estar na contemplação do mistério do mundo, como se se tivesse estabelecido uma ligação entre eles e o transcendente, e talvez fosse verdade – afinal de contas, não é isto mesmo que é a música? Quando Airam finalmente parou de tocar, as últimas notas ainda ressoando no ar e nos ouvidos e corações da audiência, gerou-se um silêncio profundo em toda a sala. Lentamente, os presentes lá foram recuperando a mobilidade e o raciocínio, despertando do estado de letargia mágica e deslumbrada em que se encontravam. – Pois… Bem… Eu… – hesitava o rei, parecendo ainda absorto e com os pensamentos algo perturbados. No entanto, rapidamente recuperou a compostura, abanando a cabeça para clarear as ideias, e prosseguiu, mais para si próprio do que para quem quer que fosse: – Realmente, é uma infelicidade que as coisas tenham de ser como têm de ser. Uma jovem com este talento… Que perda, que desperdício…! Mas se tem de ser, será. Próxima! – exclamou, em tom de comando, já para que todos o ouvissem, após terem regressado à sala do trono. E, assim, a primeira tentativa das três irmãs de demover o rei da sua decisão, procurando levar o coração daquele homem a sobrepor-se à razão, não resultara. Era agora a vez de Asile, a mais nova. Deu um passo em frente, destacando-se do semi-círculo que se formara à frente do trono (as três irmãs, no centro, ladeadas por vários fidalgos e damas da corte), ostentando uma segurança que, contrariamente ao habitual, não sentia. – Gostaria de propor a Sua Alteza e aos restantes nobres aqui presentes que tentassem resolver um pequeno enigma que concebi. Se estiverdes dispostos a isso… – disse a rapariga, na sua voz calma e segura de si. – É claro que sim! – proferiu o rei, animado. – “Tenho doze pernas de madrugada e seis quando o sol vai alto no céu. Nunca verei a noite chegada, mas se a visse teria nove pernas. Quem sou eu?” O rei e os nobres pensaram... Pensaram... E pensaram... Mas a nenhuma conclusão chegaram. Pediram, então, uma pista, ao que Asile respondeu: – “Quando me aborrecem, digo sempre “Ai” exactamente três vezes, nem duas, nem quatro.” E os nobres e o rei pensaram... Pensaram... E pensaram. Mas a nenhuma conclusão chegaram. Pediram, então, que Asile lhes desse a solução do seu mistério, ao que Asile respondeu: – Somos nós as três. Enquanto bebés, na madrugada do dia que é a vida humana, gatinhávamos, tendo, por isso, doze pernas, três vezes quatro. Agora, já adultas, em pleno dia, no auge da nossa vida, caminhamos, tendo, por isso, seis pernas, três vezes duas. Nunca veremos a noite, pois morreremos brevemente e, por isso, nunca precisaremos de um terceiro apoio para suportar o peso de uma vida, tendo, assim, nove pernas, três vezes três. Quando qualquer pessoa aborrece uma de nós, tem de lidar com as três. Cada “Ai” corresponde às duas letras comuns aos nossos nomes: A e I. O rei e os nobres ouviram e calaram, impressionados com a capacidade da jovem e, muito embora não o admitissem, nem a si mesmos, com a sua própria estupidez. Era já possível distinguir em muitos dos fidalgos um traço de compaixão nas expressões cuidadosamente moldadas para mostrarem um interesse educado (nem exacerbado, nem quase inexistente) no que se desenrolava à sua frente. Uma centelha de dúvida e incerteza parecia brilhar nos olhos do monarca. No entanto, rei que é rei não volta atrás nas decisões que toma, pelo que, cerrando os dentes numa determinação teimosa, declarou: – Impressionante. Deveras impressionante. Última! As pobres raparigas estavam à beira das lágrimas. Ambas as suas tentativas de tocar aquele coração aparentemente de pedra haviam fracassado. Só lhes restava uma alternativa: estava tudo nas mãos de Anilorac. A jovem deu um passo em frente, vacilante. A sua expressão geralmente calorosa apresentava agora uma palidez cadavérica, mortal. Forçando-se a olhar o rei nos olhos, algo tão inédito que o próprio não sabia o que responder a tal afronta, disse: – Eu troco o meu desejo pela liberdade das minhas irmãs. Há situações na nossa vida que definem quem somos. Esta era uma delas: em todo o treino que recebera, nada preparara o pobre monarca para este momento. Se, até ali, o rei conseguira reprimir as vozes que lhe falavam na sua cabeça, admoestando-o, censurando-o pela terrível injustiça que estava a cometer, fizera-o com esforço e pensando no bem da sua descendência. Apercebia-se, agora, de que aquelas três jovens poderiam ser as suas filhas, não fosse o destino querer que as coisas fossem de outra forma. Apercebia-se, agora, de que as três irmãs tinham uma família à sua espera em casa, que as amava, e que nunca voltaria a vê-las. Apercebia-se, agora, de que aquelas três jovens estavam unidas por laços tão fortes que seria um crime contra as leis da natureza quebrá-los, e eram absolutamente únicas: mágicas, inteligentes, altruístas. Todo este intenso conflito se desenrolava no seu interior, ameaçando explodir. Levantando-se para tentar dar alguma vazão aos sentimentos contraditórios que o assolavam (e, claro, para conferir alguma imponência à sua declaração), ordenou, num estado de agitação pouco comum neste rei de natureza tão calma: – Desejo ficar a sós com as três irmãs. Saiam! Imediatamente! Todos vocês! Fora! E assim aconteceu. Quando já todos tinham abandonado a sala, num passo apressado e com expressões simultaneamente apreensivas e curiosas nos rostos, o rei sentou-se e permaneceu alguns minutos em silêncio, de olhos cerrados, não para conferir algum dramatismo à situação (que já era, por si só, suficientemente dramática e parecendo saída de um conto de fadas), mas para se concentrar. Subitamente, ergueu-se de um pulo, rebentando de entusiasmo, a compreensão estampada no rosto iluminado, e disse, num ritmo acelerado, como se temesse esquecer-se de algo muito importante que acabara de lhe ocorrer: – Minhas jovens, estou perante um grande dilema. É absolutamente necessário que as minhas queridas filhas encontrem um noivo o mais cedo possível, o que nunca acontecerá se todos os rapazes deste reino forem incapazes de ter olhos para outra rapariga que não uma de vocês as três. Assim sendo, pensei, como puderam constatar, em matar-vos para solucionar o problema. As três jovens escutavam, incrédulas, o tom leviano com que o monarca comentava o facto de ter planeado a sua morte. No entanto, ele prosseguiu, aparentemente indiferente aos ares de surpresa (e alguma indignação) que elas arvoravam: – No entanto, cheguei à conclusão de que há uma alternativa que será vantajosa para todas as partes do acordo. Bem, seria difícil que não fosse vantajosa para elas, não há assim tantas coisas piores do que a morte. A grande questão, pensavam as irmãs, era quão melhor seria a solução que o rei lhes apresentaria. Porém, por uma questão de respeito para com a boa vontade do seu soberano, as três limitaram-se a mostrar uma surpresa grata perante as novidades, procurando esconder quaisquer sinais de cautela ou dúvida. – Vocês têm de se casar. As três. E o mais depressa possível. Só assim será possível que todos os jovens do reino, excetuando os três escolhidos, vos esqueçam de uma vez por todas e fiquem disponíveis para casar. Por isso, façam como quiserem, mas encontrem um noivo até ao próximo Equinócio da Primavera. E tenho dito! E tinha dito. E, quando um rei diz, faz-se. As três regressaram a casa nesse mesmo dia, ainda atarantadas com o curso dos acontecimentos. Deparavam-se, agora, com uma nova questão: como escolher um noivo, assim, sem mais nem menos, em apenas poucos meses? Decidiram espalhar a mensagem por todo o reino de que as três planeavam casarse muito brevemente. Desta forma, os interessados em cada uma das irmãs deveriam apresentar-se no centro da vila dali a exatamente três semanas. Asile pedira-lhes que pensassem em qual seria a maior qualidade dela, Ariam, na maior qualidade de cada um deles e Anilorac, no maior defeito dela. No dia combinado, todos os rapazes do reino encontravam-se reunidos em três grupos, consoante a irmã que haviam escolhido. As horas e os pretendentes sucediam-se, todos eles chumbando na avaliação, e as três ficavam cada vez mais desanimadas: nenhum se destacava dos outros. Asile ouviu os mais variados elogios. Aparentemente, ela seria o cúmulo da perfeição: bela, inteligente, bondosa, humilde, elegante, alegre, optimista, honesta. Também Ariam foi inundada de qualidades, neste caso dos próprios rapazes. Ao que tudo indicava, o reino estava repleto de jovens venturosos: corajosos, robustos, sinceros, nobres, persistentes, perspicazes, honestos, inteligentes, divertidos. Já Anilorac recebeu, invariavelmente, a mesmíssima resposta (mudando, talvez, a escolha de palavras): é claro que alguém como ela não teria, certamente, qualquer defeito, por mínimo que fosse. Até que chegou “o tal” de cada uma delas. “O tal” de Asile, num esforço claro por ostentar uma expressão firme e resoluta e por fitar os seus olhos sem vacilar, afirmou: – Não sei. Neste momento, a única qualidade que consigo apontar é a tua beleza estonteante. No entanto, estou muito mais interessado em conhecer a beleza que certamente tens por dentro do que esta que aqui está a minha frente, à vista de todos. “O tal” de Airam olhou para ela, algo desanimado, como se não tivesse qualquer esperança de ser bem sucedido na tarefa em que tantos tinham já falhado, e disse-lhe: – Não sei. Infelizmente, sou incapaz de reconhecer as minhas qualidades. Talvez seja porque, inconscientemente, o que digo a mim mesmo é que essas já ninguém mas tira, pelo que devo, isso sim, concentrar-me nos meus defeitos para poder eliminá-los. Não sei, mas adoraria que me ajudasses a descobri-las. Finalmente, “o tal” de Anilorac, com uma expressão algo insegura mas determinada no rosto, como se não soubesse que reação esperar da jovem na sequência daquilo que estava prestes a dizer, mas estivesse disposto a arriscar, declarou: – Não sei. Mas são muitos, certamente. E ainda bem que assim é. Defeitos, todos os temos: tenho eu e tens tu. Fazem parte daquilo que nós somos e são o que nos torna Concurso de contos humanos. Já viste a fantástica oportunidade de aprendermos um com o outro e de nos tornarmos pessoas melhores? Foi assim que cada uma das três irmãs descobriu o amor da sua vida. Quanto às três princesas, não tiveram qualquer dificuldade em encontrar para noivo um bom rapaz, que gostava delas por quem eram enquanto pessoas e não enquanto princesas – estavam, simplesmente, demasiado concentrados nas jovens plebeias para o compreender. Muitos dizem que amor à primeira vista não acontece. Não existe. Não passa de uma ilusão de almas e corações fracos, que se refugiam em contos de fadas e impossibilidades. Provavelmente é o vosso caso. Eu também não acreditava em nada disso até me terem contado esta história. Agora acredito, sem sombra de dúvida. Não só acredito, como sinto necessidade de partilhar esta crença com outros, na esperança de conseguir atraí-los para o interior deste círculo luminoso, desta nova forma de ver o mundo. Fui bem sucedida? Espero que sim. Sentem esta vontade de iluminar outros com a Verdade? Também espero que sim. Porque é tão mais bonito acreditar... Concurso de Contos 2013|14 Elisa de Sequeira Couto e Vazão Clemente 12ºA1 mar.2014 Clube FunMat Treinamos a nossa mente, estamos concentrados e atentos mas também nos divertimos. Criamos e aceitamos desafios, Procuramos as melhores soluções, Entendemos fazendo, jogando, pensando e experimentando. Resolvemos problemas também em coletivo, Fazemos novos amigos... Clube FunMat Origamis matemáticos Clube TecnoArte - exercícios de Origami Praticar origami treina a tua memória. Ganhas paciência e a atenção, porque também há regras que precisam de ser seguidas à risca. Desenvolves o teu raciocínio lógico, a tua criatividade, melhoras a tua perceção visual e espacial, a tua coordenação motora fina. Dás pontos à tua tranquilidade e auto estima. Experimenta ! Sara Silva FlashBosco - 2015 Évora | Vendas Novas Objetivos No ano em que celebramos os 200 anos do nascimento de D.Bosco tivemos como objetivos: Conhecer a vida de Dom Bosco, sobretudo, através dos seus sonhos; Descobrir o rumo da nossa caminhada; Viver momentos de partilha e convívio. Alegria e entusiasmo na vida; Escuta da Palavra de Deus. Paticiparam Club Bosco | Grupos de catequese (7.º, 8.º e 9.º) Alunos EMRC (7.º, 8.º e 9.º) | Grupos de acólitos Grupos missionários | Grupos vocacionais | Escuteiros Organização Movimento Juvenil Salesiano Delegação Nacional Salesiana de Pastoral Juvenil Coordenação de Pastoral Juvenil das Filhas de Maria Auxiliadora Prof. Álvaro Gomes Participantes Pedro Fonseca 7ºC Francisco Pina 8ºD Gonçalo Marques 8º B Ana Costa 7ºA Vera Marques 8º D Mafalda Cerejeiro 7ºA Catarina Barros 8ºD Madalena Coelho 8º C Mª Beatriz Almeida 8º C Maria da Paz Garcia 8ºC Maria do Mar Pinto 8ºD Francisca Caruso 8ºC Teresa Núncio 8ºC Rita Ferreira 8ºC Vera França 8ºD Maria Cunha 8ºC Guilherme Meneses 7ºC Maria Dantas 9º C Carolina Mercês 8ºD Gonçalo Ferreira 8ºD Ana Bandeira 9º C Mª Aguiar Almeida 8º D André Guerreiro 8ºD (Pré-animadora) Inês Ramalho 10ºB João Alexandre 8ºD Participantes da Comunidade Salesiana Pastoral > Ricardo Mendes (Asp. SDB) e Pe Juan Freitas Professores > Prof. Elisa Higino e Prof. Álvaro Gomes Nos dias 10 e 11 de janeiro participamos no FlashBosco – 2015, que consistiu num acantonamento de dois dias, onde pudemos conhecer e conviver com outros adolescentes das Casas Salesianas das mais diversas localidades. No ano em que celebramos os 200 anos do nascimento de D.Bosco, tivemos como objetivos: conhecer a vida de Dom Bosco, sobretudo, através dos seus sonhos; descobrir o rumo da nossa caminhada; viver momentos de partilha e de convívio. Tudo começou com a azáfama matinal na nossa Escola, com as malas, a preocupação dos pais e o nosso grande entusiasmo! Depois da contagem feita e dos cintos postos, fizemo-nos à estrada, fazendo uma breve paragem em Lisboa, para receber os nossos colegas dos Salesianos de Lisboa, ficando o autocarro ainda mais composto! Ao chegar aos Salesianos de Évora, iniciamos o encontro com o acolhimento e, de seguida, formamos os grupos do encontro, com os quais realizamos grande parte das atividades! Descobrimos, então, que o tema que iria ser abordado nas dinâmicas de grupo seria “Dar vida ao Sonho”. O sábado foi repleto de atividades que nos levaram a conhecer os nossos sonhos e a importância de os partilhar e de os colocar em prática, de forma a dar-lhes vida, tal como fizera D. Bosco! Na manhã de domingo, depois de uma breve oração e do pequeno-almoço completo e energético, partimos para Vendas Novas, onde participamos na Eucaristia, presidida pelo Sr. Arcebispo de Évora, D. José Alves e concelebrada pelo Provincial dos Salesianos, Pe. Artur Pereira. Neste momento, associamo-nos à celebração dos 75 anos da presença das Filhas de Maria Auxiliadora em Portugal. O encontro terminou com o almoço no Colégio Laura Vicunha. Gostei de todas as atividades realizadas, mas em especial do passeio/atividade que fizemos na cidade de Évora, no qual, entre outras coisas, tivemos de entrevistar algumas pessoas sobre os seus sonhos! Esta foi a minha quarta participação no FlashBosco e a primeira como préanimadora. É sempre muito divertido embarcar nesta aventura em que podemos conhecer tantas pessoas maravilhosas e criar laços! E tu? Vens fazer parte do MJS – Movimento Juvenil Salesiano? Contamos contigo! Inês Ramalho 10º B Sonhos realizados ... À semelhança do que tem acontecido todos os anos, a nossa Escola recebeu, este ano, a informação, que a todos deixou orgulhosos, da Católica-Lisbon School of Business and Economics, de que sete dos nossos alunos que ingressaram este ano naquela Instituição foram merecedores da atribuição de Bolsas de Mérito da Católica-Lisbon durante o presente ano letivo. Estas visam reconhecer o mérito e o trabalho dos alunos e são um incentivo à excelência. Entre estas, destacam-se as Bolsas Católica Top +, que proporcionam isenção total de propinas, e Bolsas de Mérito, que correspondem a 75% ou a 50% do montante das mesmas. Estas Bolsas estão inseridas no Programa de Bolsas de Mérito da CATÓLICA-LISBON, disponível para os alunos que frequentam as Licenciaturas em Economia ou em Gestão ou os novos programas internacionais, integralmente lecionados em inglês desde o 1º ano – International Undergraduate in Management e International Undergraduate in Economics. Congratulamo-nos, portanto, com os nossos exalunos (Matilde Gonzalez Castro Corrêa de Barros – Bolsa Top+, Pedro Anjos de Sousa, Leonor Alves Minhós dos Reis, Ana Maria Cabral Menéres Castelo Branco, Filipa Rodrigues Soares Barata e Pedro Caldas Januário Macieira Fragoso – Bolsa de Mérito nas Licenciaturas em Economia e em Gestão e, ainda, Miguel de Gouvêa Pinto e Cruz – Bolsa de Mérito no programa International Undergraduate in Management) e respetivas famílias, pelo bom desempenho académico, resultado do seu empenho e esforço individual. A Universidade Católica Portuguesa de Lisboa felicita, ainda, a nossa Escola e os seus Docentes pela excelente preparação que tem vindo a proporcionar aos seus alunos e faz votos de que, como parceiros possamos todos, continuar a contribuir para uma sólida formação científica e cultural das novas gerações. Que estas notícias que, Graças a Deus, vamos recebendo ano após ano, constituam, para nós, verdadeira fonte de motivação para um trabalho que, todos queremos, seja, cada vez mais, de elevada qualidade pedagógica e pastoral e de realização de sonhos de felicidade. Paula Cristina Baptista Pe. Tarcízio Morais Design Gráfico Sara Silva