cynthia tiemi silva - grupo
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - USP ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES - ECA CURSO DE GESTÃO INTEGRADA DA COMUNICAÇÃO DIGITAL EM AMBIENTES CORPORATIVOS ATUAÇÃO DE RÁDIOS DO SEGMENTO JOVEM NA INTERNET CYNTHIA TIEMI SILVA SÃO PAULO, 2012 CYNTHIA TIEMI SILVA ATUAÇÃO DE RÁDIOS DO SEGMENTO JOVEM NA INTERNET Monografia apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo como requisito básico para obtenção de título de especialista em Comunicação Digital. Orientadora: Profa. Dra. Adriana Amaral SÃO PAULO 2012 Autorizo a divulgação e reprodução total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. FICHA CATALOGRÁFICA SILVA, Cynthia. Atuação de rádios do segmento jovem na internet. Especialização em Comunicação Digital. Escola de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo. 2012. Palavras-chave: comunicação digital; rádio; internet; convergência de mídia; jovens. CYNTHIA TIEMI SILVA Atuação de rádios do segmento jovem na internet Trabalho de conclusão do curso de especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital em Ambientes Corporativos, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Aprovado em 22 de novembro de 2012. Aprovado por: Profa. Dra. Adriana Amaral Prof. Dr. Fábio Fernandes da Silva Prof. Ms. Claudir Segura Resumo: A evolução das novas mídias por meio do progresso tecnológico e sócioeconômico-cultural repercutiu em nítidas transformações na esfera da comunicação, principalmente a partir da década de 90, no Brasil. Ao passo que os usuários assumem papeis cada vez mais ativos no processo comunicativo diante de um cenário de informações altamente competitivo, os meios tradicionais também tendem a adequar-se a novos formatos de mídia e a novas demandas de consumidores. Desta forma, rádios categorizadas no segmento jovem buscam diversificar seu negócio e ampliar o alcance de seu público estando presente no meio digital e atuando de forma diferenciada da rádio tradicional. Palavras-chave: comunicação digital; rádio; internet; convergência de mídia; jovens. Abstract: The evolution of new media through technological and social-economic-cultural progress reflected in transformations in the communication sphere, especially from the 90s, in Brazil. While users take increasingly active roles in the communication process against a backdrop of highly competitive information, the traditional media also tend to get adapted to new media formats and new demands from consumers. Therefore, radios categorized in the youth segment seek to diversify their business and extend the reach of their audience by being present in the digital environment and by acting differently from traditional radio. Keywords: digital communication; radio; internet; media convergence; youth. Lista de Figuras Figura 1. Post de maior engajamento | Mix FM ........................................................................... 35 Figura 2. Página oficial da Rádio Mix FM no Facebook. ............................................................ 35 Figura 3. Página oficial da 89 FM no Facebook .......................................................................... 39 Figura 4. Aba ao vivo, na qual o usuário pode escutar a programação da rádio 89 FM convencional pelo próprio Facebook .......................................... 39 Figura 5. Post que apresentou maior engajamento no período analisado | 89 FM ...................... 41 Figura 6. Imagem de capa da Fan Page da Metropolitana FM divulga o notebook Sony série E que é premiado no Sem Parar.....................................................................................45 Figura 7. Imagem de capa divulga o programa Jovem Pan Morning Show.................................. 52 Figura 8. Post de divulgação do Social Radio Jovem Pan FM ...................................................... 52 Lista de Gráficos Gráfico 1. Gráfico de post semanal | Mix FM ..................................................... 33 Gráfico 2. Gráfico de classificação de posts por assunto | Mix FM .....................34 Gráfico 3. Gráfico de artistas mencionados nos posts analisados | Mix FM ........ 34 Gráfico 4. Gráfico de quantidade de posts publicados por dia em um período de sete dias corridos | 89 FM ........................................... 40 Gráfico 5. Gráfico de post por assuntos | 89 FM ................................................. 40 Gráfico 6. Gráfico com principais temas dos posts | 89 FM ................................ 41 Gráfico 7. Gráfico de quantidade de post por dia da Metropolitana FM ............. 46 Gráfico 8. Gráfico de quantidade de post por tema | Metropolitana FM ............. 46 Gráfico 9. Gráfico de assuntos específicos abordados nos posts | Metropolitana FM .............................................................. 47 Gráfico 10. Gráfico de quantidade de posts por dia | Jovem Pan FM ................. 50 Gráfico 11. Gráfico de post por assunto | Jovem Pan FM ................................... 48 Gráfico 12. Gráfico dos principais assuntos de posts | Jovem Pan FM ............... 51 Gráfico 13. Quantidade de publicações no Facebook.............................................54 Sumário Resumo Abstract Introdução ........................................................................................................................................ 10 Capítulo 1: As primeiras transformações do meio de comunicação rádio................................ 14 1.1 A transposição do rádio a novos meios de comunicação ....................................................... 17 1.2 A cultura da convergência ...................................................................................................... 19 1.3 Aspectos ligados à presença de rádios na internet ................................................................. 21 1.4 A modalidade podcast............................................................................................................22 Capítulo 2: O processo comunicativo na internet ....................................................................... 24 2.1 Usuários como meios ............................................................................................................. 26 2.2 A Rádio Multimídia ............................................................................................................... 26 Capítulo 3: Rádio jovem na internet ............................................................................................ 30 3.1 Análise de caso: Mix FM ....................................................................................................... 30 3.1.1 Mix FM | Promoções ....................................................................................................... 32 3.1.2 Mix no Facebook............................................................................................................. 33 3.2 Análise de caso: 89 FM .......................................................................................................... 36 3.2.1 89 FM | Promoções.......................................................................................................... 37 3.3.2 89 FM | Facebook ............................................................................................................ 38 3.3 Análise de caso: Metropolitana FM ....................................................................................... 42 3.3.1 Metropolitana FM | Promoções ....................................................................................... 42 3.3.2 Metropolitana FM | Facebook..........................................................................................45 3.4 Análise de caso: Jovem Pan FM ............................................................................................ 47 3.4.1 Jovem Pan FM | Promoções ............................................................................................ 48 3.4.2 Jovem Pan FM | Facebook .............................................................................................. 50 Conclusão ........................................................................................................................................ 53 Referências Bibliográficas ............................................................................................................. 57 INTRODUÇÃO Não é de hoje que se discutem as transformações das rádios com a chegada de novas tecnologias. Os primeiros indícios registrados a partir dos anos 20 foram marcados com a substituição de material para produção do aparelho, medidas governamentais que facilitaram as concessões de canais FM, inserção de publicidade na programação seguida da exploração comercial das emissoras, além do consumo de rádio pelo público jovem diante de todas essas medidas, que contribuíram para o formato de atuação das rádios como vemos até hoje. Nos anos 50, o questionamento de sua existência se deu por conta da chegada da televisão, meio de comunicação caracterizado pela veiculação em massa e por uma nova linguagem que combinava elementos visuais e sonoros. E atualmente, discute-se a mesma coisa com a chegada da internet e de suas infinitas possibilidades para consumo de informação e entretenimento. Veremos em seguida que, mais do que uma ameaça a sobrevivência da rádio, algumas transformações pautadas sobretudo em tecnologias se fazem necessárias pelo ciclo natural de existência do meio, gerando impactos na estrutura tecnológica, aspectos relacionados ao negócio, e nas formas de atuação. Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo identificar quais são as práticas mais utilizadas por rádios do segmento jovem na Internet e pontuar possíveis peculiaridades de cada uma das emissoras analisadas, em meio a um contexto no qual ocorre uma disputa de atenção entre diversas fontes utilizadas para consumo de informação e entretenimento. Para uma melhor compreensão do objeto de estudo da pesquisa, foram considerados estudos de especialistas da área de comunicação: Nélia Del Bianco introduz as primeiras transformações do rádio, Roger Fidler sugere que o fenômeno de novas mídias é natural, o qual possibilita a evolução dos meios de comunicação e, conseqüentemente, de processos comunicativos que acontecem nesse universo; Henry Jenkins já aposta no trabalho mútuo entre os diferentes tipos de mídia, em que ambos os meios – tradicionais e as novas mídias - se apóiam sob a cultura da convergência; Fernando Khun e Paula Cordeiro expõe aspectos característicos de quando a rádio marca presença na internet. 10 Para o presidente da ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Joaquim Mendonça (1994)1, citado por Del Bianco (1999, p. 203)2: “O impacto das novas tecnologias faz com que o empresário de rádio e televisão renove seus equipamentos, busque novos padrões de gerenciamento e, enfim, adote na condução de seus negócios uma atitude de rigorosa vigilância para que a velocidade com que aquelas são introduzidas não os surpreenda.” O autor Roger Fidler (1997) citado por Bufarah (2004) 3 apresenta essa realidade de por meio do conceito “Mediamorfosis”. O autor o define como “transformação dos meios de comunicação, como resultado da interação entre as necessidades percebidas, as pressões políticas e de competência, e das inovações sociais e tecnológicas.” Define também cinco aspectos característicos no processo de transição dos veículos de comunicação de massa para o ambiente digital. São eles: coevolução/coexistência, metamorfose, sobrevivência, oportunidade e adaptação. A transição de meios, principalmente dos tradicionais para as novas mídias, implica na discussão sobre a Cultura da Convergência, estudado por Henry Jenkins. O autor afirma que a convergência refere-se ao “fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam”. (JENKINS, 2008, p.27). Enfatiza ainda que a circulação de conteúdos depende da participação ativa dos consumidores e que, portanto, a convergência deve ser compreendida como um processo tecnológico que contribui para a união de diversas funções dentro dos mesmos aparelhos, além de também representar uma transformação cultural, na qual os consumidores aprendem e se habilitam a fazer novas buscas de informação e conexões entre conteúdos dispersos. 1 Discurso de Joaquim Mendonça. “Seminário debate em Brasília as novas tecnologias”. Revista Abert, nº 97, setembro de 1994. 2 MOREIRA, V.e DEL BIANCO, N. Rádio no Brasil: Tendências e Perspectivas. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999. 3 Trabalho apresentado ao NP 06 – Rádio e Mídia Sonora, do IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa do Intercom (2004). 11 O pesquisador Fernando Khun4 pontua quatro aspectos em sua dissertação de mestrado cujo tema é “O Rádio na internet: rumo à quarta mídia” que podem ser visualizadas durante o processo de transição do meio tradicional rádio para a internet. São eles: globalização de audiência e universalidade de freqüências, pluralidade de conteúdos, democratização de acesso à mídia e a rádio visual. Sobre o ambiente digital, mais especificamente sobre a definição de ciberespaço, Pierre Levy o define como um “novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo.” (LEVY, 1999, p.17). Isso implica nitidamente nos processos comunicativos estabelecidos em função dos novos meios e de uma nova cultura midiática. A idéia de comunicação unidirecional, característica de modelos de comunicação em massa cede lugar a comunicação multidirecional. Manuel Castells introduz sua idéia de que: “A Internet é um meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em escala global. Assim como a difusão da máquina impressora no Ocidente criou o que McLuhan chamou de a “Galáxia Gutemberg”, ingressamos agora num novo mundo de comunicação: a Galáxia da Internet”. (CASTELLS, 2003, p.8). Em função da alternância de papeis no que se refere ao consumo de informações e produção delas, o autor Clay Shirky5 ressalta a importância da “amadorização” do conteúdo, quando este provém de pessoas comuns, usuárias de internet. A tarefa que, até então, era restrita a grupos de mídia e profissionais da comunicação, passa a se estender a outras pessoas. 4 KUHN, F. O Rádio na internet: rumo à quarta mídia. 2000. Dissertação (Mestrado em Multimeios). Universidade de Campinas. São Paulo. 5 SHIRKY, Clay. Lá vem todo mundo: o poder de organizar sem organizações. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. Cap. 3. 12 Em 2004, Paula Cordeiro6 faz uma reflexão sobre a redefinição conceitual de rádio em meio à chegada da Internet no artigo “Rádio e Internet: novas perspectivas para um velho meio”, pela Universidade de Algarve, Portugal. Para a autora, a Internet surge como um “suporte complementar para as emissões em FM”, fazendo com que ela seja simultaneamente encarada como um desafio e como uma concorrente. Por fim, para realizar o presente projeto e identificar como as rádios do segmento jovem atuam na Internet, foi feita uma pesquisa que seguiu o método de observação da presença digital de quatro emissoras líderes do segmento jovem: Mix FM, 89 FM, Metropolitana FM e Jovem Pan 2 FM7. Considera-se aqui como presença digital o site e as páginas oficiais dessas rádios no Facebook. Para análise dos sites foram feitas descrições do que eles oferecem a seu público e para análise das Fan Pages, foram tabulados conteúdos postados por elas em um período de sete dias corridos devido ao curto espaço de tempo para realização da pesquisa. O estudo visa responder à questão de como as rádios do segmento jovem atuam na internet e disputam espaço com diversas fontes utilizadas para consumo de informação e entretenimento, e quais são as características específicas de cada emissora no que está relacionado à sua atuação na internet. 6 CORDEIRO, P. Rádio e Internet: novas perspectivas para um velho meio. Universidade do Algarve. Potugal, 2004. 7 As quatro são líderes de audiência dentro do segmento jovem, segundo o boletim de audiência referente ao trimestre fevereiro, março e abril de 2012, divulgado pelo Instituto Ibope. 13 CAPÍTULO 1 AS PRIMEIRAS TRANSFORMAÇÕES DO MEIO DE COMUNICAÇÃO RÁDIO O surgimento da Internet e a expansão da banda larga propiciaram uma evolução no progresso das tecnologias digitais em paralelo a mudanças no modo como as pessoas se relacionam com os meios de comunicação tradicionais e, conseqüentemente, em como esses meios tradicionais se adaptam a novos formatos de mídia. No caso do rádio, embora seja possível identificar transformações desde a data da sua criação, é possível observar que na história do meio houve uma intensificação de mudanças a partir da década de 90, no Brasil. A pesquisadora Nélia Rodrigues Del Bianco propõem uma relação de como essas transformações pautadas sobretudo em novas tecnologias também influenciaram no gerenciamento tradicional das emissoras de rádio8. A princípio, nos anos 20, os veículos de comunicação passavam por um momento de experimentação e estavam quase sempre vinculados à personalidade de um profissional da área. Contudo, em décadas seguintes, as rádios deixaram de ter esse vínculo pessoal e passaram a ter ligações com organizações empresariais. Essa característica ainda prevalece, atualmente. Tornou-se comum ver grandes empresas ou conglomerados de mídia por trás de um ou mais negócios no âmbito da comunicação. A rádio Mix FM, por exemplo, é controlada pelo Grupo Objetivo que inclui empresas como o Colégio Objetivo, Faculdades Objetivo, univesidade Unip, além das redes de televisão Mix TV, Mega TV e a própria rádio Mix FM. Ao resgatar a história do meio, é possível destacar dois fatos importantes para a formação das rádios como meio de comunicação de massa – ou tradicional, como também é conhecido: o primeiro deles foi a substituição dos rádios de galena pelos de válvula, que na época – década de 30 - contribuiu para a redução de custo do aparelho, possibilitou sua popularização e ampliou o alcance de ouvintes; o segundo foram alterações legais que 8 DEL BIANCO, N. Ensaio “Tendências da Programação Radiofônica nos anos 90 sob o Impacto das Inovações Tecnológicas”. In: Rádio no Brasil: Tendências e Perspectivas. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999. P. 185-204. 14 permitiam inserções de publicidade na programação, as quais impactaram na mudança do que se era produzido: O rádio cultural-educativo cedeu lugar aos programas populares voltados ao lazer e diversão. Música popular, horários humorísticos, novelas, programas de auditório e concursos do rei e da rainha do rádio eram alguns dos produtos oferecidos ao público numa programação pontilhada pelos “reclames”. (DEL BIANCO, 1999, p. 187). Desde então, as rádios organizaram-se como empresas9 e vivenciaram uma fase caracterizada pela profissionalização, na qual havia uma equipe contratada e qualificada para realizar suas devidas funções e atender às demandas da emissora em uma estrutura muito mais organizada.10 Nesse momento, surgiram os “corretores de reclames”, atuais profissionais de mídia cuja função como veículo era e continua sendo a venda de espaço publicitário para anunciantes. Ademar Casé foi um dos pioneiros de grande destaque nessa profissão e chegou a ter seu próprio programa em 1932. Sobre ele, Reinaldo Tavares declara: Casé era um seguidor da filosofia do professor Roquette-Pinto, entendendo que o rádio deveria se preocupar com a educação e a cultura, o que em pouco tempo teve que ser modificado, já que nas duas horas reservadas à chamada música „erudita‟, o telefone da emissora, ao contrário da primeira parte que não parava de tilintar, ficava mudo, não havendo nenhuma manifestação dos ouvintes. (TAVARES, 1997, p. 1720). Diante desse cenário, as programações ganharam horários fixos e começaram a ser produzidas com antecedência e de forma estratégica. Del Bianco cita que “o advento da rádio comercial é registrado por Renato Ortiz como um fator fundamental para a introdução da indústria cultural no Brasil.” (BIANCO, 1999, p. 187). Outro fator fundamental para a expansão da rádio entre os meios de comunicação tradicionais foram ações governamentais com objetivo políticos que facilitaram as concessões de canais FM e deram incentivos às indústrias de equipamento. Isto porque, embora a rádio fosse o meio de comunicação mais popular nas décadas de 40 e 50, ainda 9 Op. Cit. OTRIWANO, G. A informação no rádio. São Paulo: Summus Editorial, 1985, p.15. 10 A questão da profissionalização se estende até hoje. É comum observar que as rádios tendem a investir na profissionalização de produtores de conteúdo, já que este é um dos principais chamarizes para sua atuação na internet. 15 enfrentava o desafio de ampliar seu alcance de ouvintes diante da restrição de acesso àqueles com melhores condições financeiras para adquirir um aparelho e devido ao estilo de programação não muito atrativo das poucas emissoras FM da época. Na década de 70, os empresários passaram a explorar a freqüência comercialmente e os ouvintes ganharam programações variadas e com qualidade sonora. Outro destaque apontado por Del Bianco é que “mais do que uma novidade tecnológica, a FM revolucionou o rádio brasileiro ao conquistar o público jovem pelo novo estilo de programação” (1999, p.191).11 Em função disso, também houve um crescimento no investimento publicitário no meio: “no início dos anos 80, as FMs passaram a receber 80% das verbas publicitárias destinadas ao rádio” 12. Por fim, uma transformação que teve início nessa mesma época e que ainda hoje pode ser observada é a diversificação de negócios na qual as rádios vêm investindo a fim de explorar novas formas para se ter receita e adaptar-se a outros meios de comunicação. Atualmente, vemos que muitas emissoras estão presentes na Internet em diversos canais digitais, com o objetivo de ampliar sua visibilidade, atrair investimento publicitário e comercializar projetos que sejam próximos de sua identidade editorial. Conforme a pesquisa de Del Bianco, “a rede Transamérica foi a primeira a entrar na rede mundial de computadores, em abril 1996”. (1999, p.200). Inicialmente, os sites disponibilizavam informações sobre a emissora e suas programações até chegar, em dias atuais, a modelos mais complexos que oferecem variadas funcionalidades para interação, compartilhamento, além da própria oferta de conteúdo e entretenimento. Para o presidente da ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Joaquim Mendonça (1994)13, citado por Del Bianco (1999, p. 203): “O impacto das novas tecnologias faz com que o empresário de rádio e televisão renove seus equipamentos, busque novos padrões de gerenciamento e, enfim, adote na condução de 11 A Rádio Cidade, fundada em 1977, no Rio de Janeiro, foi a primeira emissora a produzir um estilo de programação voltada ao público jovem, com transmissão de seqüência de músicas e locução mais informal. 12 “A Revolução das FMs”. Veja, 27/06/84, p. 84-91. 13 Discurso de Joaquim Mendonça. “Seminário debate em Brasília as novas tecnologias”. Revista Abert, nº 97, setembro de 1994. 16 seus negócios uma atitude de rigorosa vigilância para que a velocidade com que aquelas são introduzidas não os surpreenda.” A partir dessa perspectiva, a transformação de meios de comunicação tradicionais se faz necessária, gerando impacto tanto na estrutura tecnológica como em aspectos relacionados ao negócio. 1.1 A transposição do rádio a novos meios de comunicação Não é de hoje que acontecem discussões relacionadas à existência, ou sobrevivência, do meio de comunicação rádio. A primeira ameaça surgiu com a chegada da televisão, na década de 50, quando um novo meio instituía uma nova linguagem composta pela combinação de som e imagem. Hoje, a reflexão se dá pela evolução da internet e a quantidade e diversidade de coisas que ela oferece e que acabam impactando na forma como os usuários se relacionam com os meios de comunicação tradicionais. Sobre isso, Meditsch (2001) faz o seguinte questionamento: O velho fantasma da extinção do rádio ronda mais uma vez os nossos estúdios, trazendo angústias e incertezas a seus profissionais e gerando confusão entre os estudiosos do meio. Agora, a ameaça se chama internet, o fenômeno que parece querer subjugar o mundo nesta virada do milênio, devorando todas as mídias que o antecederam, até mesmo a televisão, até há pouco tão garbosa no seu domínio sobre a civilização. Diante de tal poder e voracidade, quem tem chance de sobreviver? Alguém é louco de apostar no rádio? (MEDITSCH, 2001, p. 1). Entretanto, a transposição da rádio a um novo meio não implica necessariamente na extinção do formato de mídia tradicional. Muito pelo contrário, enquanto alguns autores sugerem que este é um fenômeno natural, o qual possibilita a evolução dos meios de comunicação e, conseqüentemente, de processos comunicativos que acontecem nesse universo, outros já apostam no trabalho mútuo em que ambos os meios se apóiam sob a cultura da convergência. O autor Roger Fidler (1997) citado por Bufarah (2004) 14 apresenta essa realidade de por meio do conceito “Mediamorfosis”. O autor o define como “transformação dos meios de comunicação, como resultado da interação entre as necessidades percebidas, as pressões políticas e de competência, e das inovações sociais e tecnológicas.” De fato, foi 14 Trabalho apresentado ao NP 06 – Rádio e Mídia Sonora, do IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa do Intercom (2004). 17 possível identificar os presentes aspectos na história das primeiras transformações do rádio, no capítulo anterior. O aumento do alcance de ouvintes passou a ser uma necessidade e as inovações sociais e tecnológicas também estavam relacionadas com os incentivos recebidos com objetivos políticos. Outra observação feita pelo autor é de que existem cinco aspectos característicos no processo de transição dos veículos de comunicação de massa para o ambiente digital. São eles: coevolução/coexistência, metamorfose, sobrevivência, oportunidade e adaptação. A coevolução/coexistência refere-se à consciência de que todas as formas de meios de comunicação podem existir e evoluir simultaneamente dentro de um sistema abrangente e, de certa forma, complicado, em processo de adaptação e difusão. Sendo que cada advento de forma de comunicação exerce o poder de estimular o desenvolvimento das demais. Desse princípio, parte os primeiros indícios sobre convergência de mídia, que será abordado mais adiante. A metamorfose sugere que os novos meios surgem a partir da transformação dos mais antigos, e que o fato de eles existirem não impede que os antigos também continuem existindo. Pelo contrário, induz uma constante adaptação no processo de evolução com o objetivo dos meios antigos não serem extintos. Sob esse entendimento, o fato da internet oferecer uma diversidade de produtos que antes eram essencialmente centralizados por meios de comunicação tradicionais, não impede que as rádios, em seu formato convencional, continuem existindo e diversificando suas ramificações de negócios por meio da sua atuação em outras áreas. A sobrevivência, também atrelada à concepção de metamorfose, significa que os meios de comunicação são obrigados a se adaptarem e evoluírem em prol de continuarem existindo, mediante o contexto no qual estão inclusos. Sobre o objeto de estudo do presente trabalho, todas as emissoras de rádio analisadas atuam na internet e estão presentes nas redes sociais. O quarto item, a oportunidade, se baseia na demanda social, política ou econômica que incentive o desenvolvimento dos novos meios ou de ferramentas pertencentes a eles, e que não é exclusivamente em função da tecnologia. Conforme cita o 18 autor Alberto Dines [2007, p. 11]15: “o rádio é o mais interativo entre os meios tradicionais porque oferece condições efetivas de parceria entre o emissor e o receptor”. Desta forma, a presença digital das rádios, especialmente em redes sociais, pode potencializar todas as formas de interação entre esses dois agentes. Por fim, a fase de adaptação é a que denomina o tempo de espera para que novas tecnologias tornem-se efetivamente comercializáveis. Fidler argumenta que o tempo para compreensão e adoção de novas tecnologias leva, em média, de 20 a 30 anos. Mas com a velocidade do fluxo de informações na internet e nos canais digitais, supõe-se que a sensação de adaptabilidade seja muito mais rápida, principalmente para as novas gerações de usuários que vivenciam tais transformações em seu dia a dia. 1.2 A cultura da convergência Nem sempre velhas e novas mídias se convergem, ou se substituem por completo. Ao analisar o contexto das rádios, vemos que o maior desafio desse meio de comunicação é atrair audiência tanto para sua atuação digital quanto para a programação da emissora via meio tradicional. Isto porque cada mídia tem uma linguagem e um formato próprio, que lhes garante uma estratégia de atuação única. André Lemos explica: "Trata-se aqui da migração dos formatos, da lógica da reconfiguração e não do aniquilamento de formas anteriores. Não é transposição e não é aniquilação. Estamos mais uma vez diante da liberação do polo da emissão, do surgimento de uma comunicação bidirecional sem controle de conteúdo. E novos instrumentos surgem a cada dia” (LEMOS, 2002, p. 15). 16 A transição de meios, principalmente dos tradicionais para as novas mídias, implica na discussão sobre aniquilação ou convergência deles. Por conta disso, é interessante ter um entendimento sobre a dinâmica da coexistência desses meios, abordada pelo teórico Henry Jenkins no livro Cultura da Convergência. 15 Apresentação para “O Rádio na Era da Informação: Teoria e Técnica do Novo Radiojornalismo”, de Eduardo Meditsch. 16 Tópico “A cibercultura no cotidiano. As novas práticas comunicacionais” In: LEMOS, A; CUNHA, P. (orgs). Olhares sobre a Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003, P. 11-23. 19 A convergência refere-se ao “fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam”. (JENKINS, p. 27, 2008). O autor destaca que a circulação de conteúdos depende da participação ativa dos consumidores e que, portanto, a convergência deve ser compreendida como um processo tecnológico que contribui para a união de diversas funções dentro dos mesmos aparelhos, além de também representar uma transformação cultural, na qual os consumidores aprendem e se habilitam a fazer novas buscas de informação e conexões entre conteúdos dispersos. Conforme Jenkins: “A convergência não ocorre por meio de aparelhos, por mais sofisticados que venham a ser. A convergência ocorre dentro dos cérebros de consumidores individuais e em suas interações sociais com os outros.”. O conceito de cultura participativa trata da posição atual desses consumidores, na qual assumem papeis de interagentes, se distinguindo da passividade que assumiam no passado. Diante disso, cada indivíduo “cria sua própria mitologia pessoal, a partir de pedaços e fragmentos de informações extraídos do fluxo midiático e transformados em recursos através dos quais compreendemos nossas vidas”. E pelo consumo tornar-se um processo coletivo é que se chega ao conceito de Inteligência Coletiva, expressão amplamente difundida por Pierre Levy. Para o autor, a inteligência coletiva pode ser vista como fonte alternativa do poder midiático. Neste cenário, os interagentes tomam consciência do poder que lhes é dado e aprendem a usá-lo nas interações diárias dentro da cultura da convergência. Jenkins esclarece que este tema vem sendo pauta de muitas discussões e que este fenômeno também representa uma mudança de paradigma. Nos anos 90, questionava-se o fato de que os novos meios de comunicação eliminassem os antigos, de que a Internet substituísse a radiodifusão e de que os consumidores utilizariam outros recursos como fonte de informação. Idem faz referência à publicação do livro “Vida Digital” (1990), do autor Nicholas Negroponte, o qual contestava que: 20 “Os impérios monolíticos de meios de comunicação de massa estão se dissolvendo numa série de indústrias de fundo de quintal [...] Os atuais barões das mídias irão se agarrar a seus impérios centralizados amanhã, na tentativa de mantê-los [...] As forças combinadas da tecnologia e da natureza humana acabarão por impor a pluralidade com muito mais vigor do que quaisquer leis que o Congresso possa inventar”. [Negroponte apud Jenkins, 2008]. O escritor George Gilder também se opôs ao conceito de convergência e via nas novas mídias a completa destruição da cultura de massa. Entretanto, a perspectiva do tema começou a mudar a partir do estouro da bolha pontocom, quando velhas e novas empresas passaram a fazer suposições de como seria o futuro da indústria de entretenimento. Por fim, concluíram que o novo paradigma da convergência presumia na interação cada vez mais complexa entre velhas e novas mídias. 1.3 Aspectos ligados à presença de rádios na internet Algumas características podem ser visualizadas durante o processo de transição do meio tradicional rádio para a internet. O pesquisador Fernando Khun pontua quatro aspectos em sua dissertação de mestrado cujo tema é “O Rádio na internet: rumo à quarta mídia”. São eles: globalização de audiência e universalidade de freqüências, pluralidade de conteúdos, democratização de acesso à mídia e a rádio visual. O primeiro item é a globalização da audiência e a universalidade de freqüências. Com a transmissão de uma rádio via web, é possível sintonizá-la a partir de qualquer lugar do mundo – com a condição de que ela tenha infra-estrutura básica para isso. Em seguida, é a pluralidade de conteúdos em um contexto no qual a “Internet aponta para uma maior desfocalização das transmissões”. Isto é, o ouvinte está apto a ouvir a consumir a mesma informação e entretenimento por variadas fontes, o que também lhe permite construir uma interpretação própria sobre aquilo. Além disso, é por meio dessa pluralidade de conteúdos que os ouvintes também entram em contato com outras culturas e passam a ter conhecimentos de novos estilos de música e/ou podem buscar apenas o que lhe mais agrada. Em terceiro, a facilidade com que se tem acesso à mídia rádio. A democratização do meio, de certa forma, está associada ao fim da exigência de se ter uma concessão, 21 disputar freqüência ou investir grandemente em infra-estrutura. Conforme Khun (apud Machado et al, 1986), o presente cenário contribui para a liberdade de criação de rádios virtuais por quem queira fazê-la e pela ampliação do alcance de pequenas estações. A quarta característica apontada é a mudança de linguagem da rádio que, tradicionalmente, apela para o sentido auditivo, produz uma comunicação unidirecional com ausência de interlocutores e utiliza-se de redundâncias devido ao grau de fugacidade da mensagem. No caso, com sua transposição para a Internet, a rádio pode utilizar recursos multimídia que alteram a configuração de linguagem com o ouvinte/usuário e possibilita, inclusive, interação via e-mail, chat ou outros canais de comunicação. No desenvolvimento do trabalho, Kuhn ainda relata que é possível observar uma horizontalização das relações entre emissora e ouvinte com uma segmentação cada vez mais definida e uma imensa variedade de alternativas para consumo de informação e entretenimento. O ouvinte da web tem condições de ouvir apenas o que ele desejar sem ficar a mercê de uma única emissora ou programação. Ele também vê a possibilidade de formação de comunidades virtuais em torno de gostos em comum, independente da localização geográfica do usuário – o autor cita, inclusive, o exemplo de imigrantes sitiados em diversos países que retomam os vínculos com a cultura e o idioma de origem por meio das rádios na Internet. Por fim, o autor conclui que os recursos da Internet oferecem um cenário de possibilidades ao meio radiofônico tradicional. Entretanto, mesmo com essa transposição de mídias, que chegam até a convergir em determinados momentos, as rádios continuarão mantendo características intrínsecas ao meio. Nesse caso, sempre haverá a estrutura básica de locutor, notícias, músicas, entretenimento e o papel do ouvinte/usuário. Fernando Kuhn finaliza suas considerações afirmando que o usuário nem sempre estará disposto a dar atenção visual à rádio e que sempre haverá o “momento de ouvir, imaginar, lembrar, sonhar, deixar-se impressionar. E isso, já há muito tempo, é rádio.”. 1.4 A modalidade podcast No presente contexto, inclui-se também a questão dos podcasts – arquivo de áudio digital sob demanda cujo formato permite a distribuição de programas de rádio, músicas, 22 notícias, entre outros. Segundo ANTOUN e PECINI (2007) citado por HERSCHMANN, M. e KISCHINHEVSKY. M (2007, p. 103), essa modalidade de radiodifusão, bastante difundida entre 2004 e 2005, teve o surgimento associado à chegada da web 2.0, caracterizada pelo aspecto colaborativo e com relações horizontais entre os diversos usuários de internet. Uma das facilidades do podcast é que o acesso se dá por meio de downloads que permitem armazená-los no computador ou em outros dispositivos móveis (aparelhos de celular, MP3 players etc), tornando possível o consumo a qualquer hora e em qualquer lugar, do que se quiser – sejam eles de músicas, programação de rádio, palestras ou de outra forma de expressão. Conforme HERSCHMANN, M. e KISCHINHEVSKY. M (2007, p. 103), o formato do podcast pode apresentar similaridades com as micromídias e com as mídias de nicho (PRIMO, 2005) – segmentadas por estilo editorial ou musical, por exemplo. Ou até mesmo se tornarem uma mídia estratégica que ensine o “usuário a consumir conteúdo distribuído de forma legalmente sancionada pela indústria cultural”, a exemplo da loja virtual iTunes Music Stores, da Apple (CASTRO, 2005). Observando um pouco dessa realidade em relação às rádios analisadas no presente trabalho, a Mix FM tem uma seção em seu site dedicada exclusivamente ao fornecimento de podcasts com a programação do Club Mix, Jackson Five e Mixto Quente. Por meio dela, o ouvinte pode “baixar” o episódio que quiser ouvir de cada uma dessas três programações. A Metropolitana oferece algo semelhante por meio da seção Playlist, no qual o usuário deve fazer seu cadastro no site para criar sua lista de músicas. 23 CAPÍTULO 2 O PROCESSO COMUNICATIVO NA INTERNET O desenvolvimento das TICs – Tecnologias da Informação e Comunicação – como sistema de produção, armazenamento e acesso à informação, bem como um meio para interações com diversas funções, evidencia uma série transformações que vem ocorrendo no campo da comunicação na chamada Era Cibercultural.17 A primeira delas é que o presente cenário distancia-se da forma como as informações eram consumidas nas sociedades orais: no mesmo domínio de espaço e de tempo em que eram produzidas. Tampouco permanece com a qualidade da cultura impressa, na qual as informações eram armazenadas em dispositivos técnicos. Pode-se dizer que hoje, por conta de um progresso social, cultural e tecnológico, a produção e consumo delas já não, necessariamente, encontram-se estritamente vinculadas. Os emissores e receptores apresentam-se em freqüentes trocas de papeis. A este ambiente, cabe a definição de ciberespaço explicada por Pierre Levy: “novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo.” (LEVY, P. 1999, p.17).18 Outra transformação observada é que a idéia de comunicação unidirecional, característica de modelos de comunicação em massa – ou tradicionais, como também são conhecidos - na qual a transmissão de informação se dá de um pólo emissor a um pólo receptor sem interferências de agentes passa a ser inadequada. Portanto, enquanto a lógica da comunicação de massa prioriza a idéia de transmissão unidirecional, a lógica da 17 CORRÊA, E. “Fragmentos da Cena Cibercultural: Transdisciplinaridade e o 'Não Conceito'”. Dossiê Cibercultura, n. 86, pp. 6-15, ago. 2010. 18 LEVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. 24 comunicação digital prioriza aspectos colaborativos da informação e diferencia-se pelas múltiplas extensões dos intercâmbios de informação dentro de um mesmo ambiente. Manuel Castells introduz sua idéia de que: “A Internet é um meio de comunicação que permite, pela primeira vez, a comunicação de muitos com muitos, num momento escolhido, em escala global. Assim como a difusão da máquina impressora no Ocidente criou o que McLuhan chamou de a “Galáxia Gutemberg”, ingressamos agora num novo mundo de comunicação: a Galáxia da Internet”. (CASTELLS, 2003, p.8). Sobre essa mesma questão, Wilson Dizard Júnior retrata que este processo possibilita a democratização da informação a consumidores comuns e enfatiza ainda que os meios de comunicação tradicionais dependam, cada vez mais, de meios para distribuição na Internet: “O poder da internet está baseado na sua habilidade de superar as barreiras que limitavam o acesso de uma enorme massa de informações para os consumidores comuns. A internet é o prático caminho para o ciberespaço e, além disso, o software que vai pegar carona em todas as faixas da nova autoestrada da informação eletrônica. [...] Os meios de comunicação de massa constituem apenas uma pequena parte de uma indústria de informação que é cada vez mais dependente das ferramentas de distribuição da internet para entregar seus produtos.” (DIZARD, p. 25, 2000). Nesse sentido, os recursos dos ambientes interativos utilizados “nessa nova situação comunicativa privilegia o surgimento de informações coletivas, de complexa assinatura, em permanente processo de elaboração” (ALZAMORA, 2004, p. 106). Em função disso, vemos que os ambientes interativos também geram impactos sobre os usuários e vice-versa. Mais do que isso, a importância se dá pelo fato do desenvolvimento de uma sociedade com sua própria cultura dar-se por meio da interação do homem com seu entorno. Na prática, os usuários ganham poder de voz ao passo que a qualquer momento e sem grandes dificuldades conseguem criar seus próprios canais e oferecer, inclusive, conteúdos semelhantes aos que são distribuídos por outros meios de comunicação com maior reputação. Tamanha facilidade para exercer o papel de um polo emissor, atualmente, contribui para a criação de um ambiente competitivo e repleto de informação, que aparenta estar em constante evolução. A pesquisadora Sonia Virginia Moreira salienta que diante disso, “os consumidores dos produtos dos meios de massa tenderão a desenvolver novas 25 formas de entendimento dos veículos eletrônicos, com destaque para a dimensão e a natureza comercial da multimídia e dos recursos cibernéticas”.19 2.1 Usuários como meios A sociedade conectada apresenta, constantemente, uma alternância de papeis no que se refere ao consumo de informações e produção delas. Em função disso, o autor Clay Shirky ressalta a importância da “amadorização” do conteúdo, quando este provém de pessoas comuns, usuárias de internet. A tarefa que, até então, era restrita a grupos de mídia e profissionais da comunicação, passa a se estender a outras pessoas. Sobre o presente cenário, André Lemos afirma: “A cibercultura instaura uma estrutura midiática ímpar (...) na história da humanidade, na qual, pela primeira vez, qualquer indivíduo pode produzir e publicar informação em tempo real, sob diversos formatos e modulações, adicionar e colaborar em rede com outros, reconfigurando a indústria cultural (“massiva”). Os exemplos são numerosos, planetários e em crescimento geométrico: blogs, podcasts, sistemas peer to peer, softwares livres, softwares sociais, arte eletrônica... Trata-se de crescente troca e processos de compartilhamento de diversos elementos da cultura a partir das possibilidades abertas pelas tecnologias eletrônico-digitais e pelas redes telemáticas contemporâneas.” (LEMOS, A, 2006, P. 159)20 Nesse sentido, a internet gerou um novo ecossistema, no qual a “amadorização” em grande volume diminui os custos de reprodução/distribuição e a qualidade de exclusividade do veículo de comunicação. Assim, qualquer usuário está apto a gerar uma notícia e a cobrir um assunto em primeira mão. Shirky opina que os blogs são ilimitados e podem gerar a “consciência pública”, além de que “os blogs individuais não são apenas sites alternativos de publicação; eles são alternativas à própria publicação enquanto atividade própria dos editores, uma classe minoritária e profissional”. (SHIRKY, 2012, p. 60). 19 MOREIRA, S. V. Rádio@Internet. In: DEL BIANCO, N. R. e MOREIRA, S. V. ( orgs). Rádio no Brasil: Tendências e Perspectivas. Rio de Janeiro: EdUERJ; Brasília, DF: UnB, 1999. p 222. 20 Textos elaborados a partir do I Simpósio Nacional de Pesquisadores em Comunicação e Cibercultura, realizado na PUC-SP, entre 25 e 29 de setembro de 2006. 26 Outro fenômeno que pode ser observado com a produção e disseminação independente de conteúdo é a combinação de características da comunicação interpessoal e de massa nas informações. Geane Alzamora (2004, p. 110) refere-se à internet como “ambiente que abriga simultaneamente informações produzidas conforme regras de comunicação sedimentadas pelos mass media e outras que se caracterizam pelo uso inovador da apropriação social do meio”21. Deste modo, além da informação no ciberespaço corresponder às demandas e repertórios de emissores e receptores em constante intercâmbio de papéis, ela também tende a, cada vez mais, combinar características da comunicação interpessoal e de massa aos aspectos comunicativos típicos da rede. Com relação ao hibridismo desse novo tipo de comunicação, definido por Castells como mass self comunication (intercomunicação individual)22, o autor lembra que a comunicação assume um papel fundamental como fonte de poder e contra poder, de dominação e transformações sociais. Ela existe dentro do universo público e fornece o apoio para a produção social de sentido. A partir daí, há formação de opinião e construção de uma sociedade baseada em um conjunto de normas e valores. Há também os cidadãos que acreditam no potencial de influência que eles próprios têm por meio de mobilizações sociais. Essas reações são freqüentes e passíveis de serem feitas com a ajuda de redes sociais digitais, por exemplo, onde a comunicação acontece com grande velocidade e tem a capacidade de gerar um alto alcance de audiência, sem limites geográficos e de tempo. 2.2 A Rádio Multimídia Em 2004, Paula Cordeiro faz uma reflexão sobre a redefinição conceitual de rádio em meio à chegada da Internet no artigo “Rádio e Internet: novas perspectivas para um 21 ALZAMORA, Geane. A semiose da informação webjornalística. In: ALZAMORA, Geane; BRASIL, André; FALCI, Carlos; JESUS, Eduardo. Cultura em fluxo – novas mediações em rede. Belo Horizonte: Editora Pucminas, 2004, p.110. 22 Artigo “Communication, Power and Counter-power in the Network Society”, retirado do International Journal of Communication 1 (2007), 238-266. 27 velho meio”, pela Universidade de Algarve, Portugal. Para a autora, a Internet surge como um “suporte complementar para as emissões em FM”, fazendo com que ela seja simultaneamente encarada como um desafio e como uma concorrente. O desafio existe pelo fato de haver uma variedade imensa de suportes midiáticos que distribuem informação e entretenimento na web, exigindo, desta forma, novas maneiras de conquistar a atenção do usuário. Já a concorrência se deve à peculiaridade de ambos os meios em resposta à demanda do consumidor multimídia – enquanto a rádio convencional explora em maior concentração a linguagem sonora, na comunicação de rede destaca-se, sobretudo, o estilo hipermediático, o qual permite “interatividade, hiperligações, personalização e atualização constante”. A autora conta que, a princípio, a Internet era utilizada pelas rádios como ferramenta de trabalho. Basicamente, as estações disponibilizavam seu conteúdo de forma integral em um website. Depois, e até os dias de hoje, passaram a produzir conteúdos exclusivos para a Internet com um pensamento estratégico e ações pontuais para o novo meio. A pesquisadora afirma que “uma rádio com texto e vídeo foge ao modelo tradicional, transformando um formato com cerca de oitenta anos de existência e fornecendo ao utilizador, que também é o ouvinte, um amplo conjunto de potencialidades, que até aqui seriam impensáveis”. Em função disso, a atuação de rádios na internet mostra um novo discurso e “tranforma-se em um meio essencialmente visual”, integrando materiais multimídias em seus conteúdos e possibilitando, inclusive, convergência de meios. Além disso, as rádios podem aproveitar os recursos disponíveis na comunicação de rede para interagir com usuários/ouvintes e colocá-los até em posição de produtores de conteúdo. No presente trabalho, o estudo será com foco nesse modelo de presença dada a complexidade dos websites das rádios que serão analisadas – Mix Fm, 89 Fm, Jovem Pan 2 FM e Metropolitana FM. A pesquisadora concluiu em seu artigo que o site de uma rádio deve ser uma representação de uma estrutura paralela que se diferencia do seu formato tradicional. Até pelos próprios recursos tecnológicos que tornam viáveis a oferta de serviços distintos da rádio tradicional, com uma estrutura mais rica e diversificada na web. Como conseqüência, a nova estrutura acaba concorrendo diretamente com o formato tradicional de rádio. Entretanto, outra característica observada é que, independente do meio e dos recursos de 28 linguagem, o site de uma rádio deve estar de acordo com o perfil editorial do que é transmitido tradicionalmente. O canal digital também tem como função o incentivo da visita e do retorno dela por meio do conteúdo relevante em sintonia com o público-alvo. Em suas considerações finais, Paula Cordeiro pontua que “a tecnologia possibilita a ampliação de difusão e uma maior capacidade de armazenamento, favorecendo a utilização em favor daquilo que os ouvintes/usuários determinam”. A partir disso, se tem novas formas de organização de conteúdo e de personalização. Esta que pode ser gerada a partir da interação entre a rádio e os usuários por meio de relacionamento digital. 29 CAPÍTULO 3 RÁDIO JOVEM NA INTERNET Para realizar o presente projeto e identificar como as rádios do segmento jovem atuam na Internet, serão analisadas a presença de quatro emissoras: Mix FM, 89 FM, Metropolitana FM e Jovem Pan 2 FM. As quatro são líderes de audiência dentro do segmento jovem, segundo o boletim de audiência referente ao trimestre fevereiro, março e abril de 2012, divulgado pelo Instituto Ibope. O resultado mostra que, no segmento jovem, a Mix FM mantém a liderança com 0,94% de participação no mercado e 158.704,21 ouvintes por minuto; a 89 FM aparece em segundo lugar com 0,60% de participação no mercado e 101.846,31 de ouvintes por minuto; a Metropolitana em terceira posição com 0,55% de participação no mercado e 93.790,14 ouvintes por minuto; e por último, a Jovem Pan 2 FM com 0,54% de participação no mercado e 92.236,02 ouvintes por minuto. A medição de audiência é feita por amostragem com uma base que é monitorada todos os dias durante o período analisado: fevereiro, março e abril de 2012. Segundo a publicação do resultado, a maior diferença entre a TV e o rádio é que o ouvinte, aparentemente, é mais fiel às emissoras de rádio do que os telespectadores dos canais de TV. Portanto, os ouvintes passam um maior tempo ouvindo a mesma estação. 3.1 Análise de caso: Mix FM O site da rádio Mix FM (www.mixfm.com.br) oferece uma opção para o usuário escolher uma das 23 afiliadas. Alguns conteúdos, como promoções locais, aparecem somente para a rede selecionada. A rádio disponibiliza sua programação online via streaming pela Cross Host23. E oferece, inclusive, um link para incorporar o player da Mix em outros sites e blogs. 23 Em 2009, a Cross Host atendeu 70% das emissoras de rádio da capital paulista. Um ano depois, ela começou a oferecer a captação de todos os segmentos de eventos com tecnologia HD e a transmissão deles pela internet. 30 O site é todo integrado às redes sociais, por onde a partir de várias páginas é possível se tornar fã da página da Mix no Facebook ou seguir o perfil no Twitter. Também existe a opção para compartilhar as páginas nas redes do Facebook, Twitter e Google+. O menu principal mostra sete seções de conteúdos, além da própria página de entrada (home): promoções, drops, especiais, fotos, vídeos, podcast, agenda e jogos online. No menu secundário estão as opções: afiliadas, equipes, grade de programação, fale conosco, peça sua música, cadastro, bandas e artistas. Outro destaque é que a rádio tem uma parceria com o iTunes. Além de o usuário poder ouvir a música pelo site, ele está apto a comprá-la pelo iTunes por um ícone que tem do lado de cada música e que leva ao site de compra. Durante a programação da rádio, também são sorteados crédito de músicas que valem para a loja iTunes do Brasil. Os ganhadora desse prêmio recebem um código por e-mail que possibilita o download de arquivos de música digitais. Por meio da galeria de fotos e vídeos, a Mix publica conteúdos dos bastidores de suas programações. Tem entrevistas com artistas e fotos tiradas durante alguns programas da rádio, no próprio estúdio da emissora. Algumas funcionalidades tornam a busca no site mais fácil, como nuvem de tags mais procuradas, lista de bandas e artistas por ordem alfabética, além do próprio campo de busca. A seção de jogos online contribui para o aumento do tempo de navegação no site e estimula a participação social dos usuários pelo campo de comentários integrado ao Facebook, além das opções para compartilhamento. Estão disponíveis 26 jogos das mais diversas temáticas – futebol, corrida, luta, tetris, pac-man, justin bieber, crepúsculo, entre outros. O site também traz uma área fechada, pela qual os usuários participam de promoções. O cadastro é feito por preenchimento de formulário ou pelo vínculo com uma conta no Facebook. 31 3.1.1 Mix FM | Promoções A Mix FM está atualmente com cinco promoções no ar. A partir da observação de como é a mecânica de cada uma delas, é possível notar que a rádio procura diversificar a forma de participação utilizando como ferramentas do meio tradicional, o telefone, e como meio alternativo, a internet. Os prêmios variam entre sorteios de produtos físicos ou de experiência de marca, com ingressos para eventos e possibilidade de conhecer um artista. - Demi Lovato A Mix promoverá o encontro de um fã com a cantora Demi Lovato. Entre os dias 19 a 23 de setembro, o ouvinte deverá ligar para a Rádio Mix, no telefone (11) 3253-4000 e fazer sua inscrição, que também poderá ser feita pelo Twitter utilizando a “hashtag” #QueroConhecerADemiLovatoComAMix. O ouvinte sorteado ganhará 01 (um) par de ingressos para assistir ao Z Festival com direito a 01 (um) acompanhante e apenas o ganhador, terá direito a um Meet & Greet24 com a Demi Lovato. O resultado da promoção, com o nome do ganhador será divulgado no dia 23 de setembro, durante a programação da Rádio Mix. - Jump Festival A Mix FM está com uma promoção para o Jump Festival, evento de manobras e disputas nas modalidades BMX Freestyle e Skate, que acontece entre os dias 27 e 30 de setembro, no Ginásio do Ibirapuera. Para concorrer, o ouvinte deve ligar na rádio, por meio do telefone (11) 3253-4000 e fazer sua inscrição. Serão sorteados 12 (trinta) pares de ingressos para a área VIP do dia 30/09/2012. O resultado da promoção com os nomes dos ganhadores será divulgado em uma lista, atualizada periodicamente, no site da Rádio (www.mixfm.com.br). - Maré do Nx Zero A promoção levará um ouvinte para gravar um clipe não-oficial com a banda Nx Zero. Para concorrer, o participante deve fazer sua inscrição por telefone ou enviar uma 24 Encontro do fã(s) com o artista. 32 mensagem por Twitter com a hashtag #SouFãdaMixedoNXZero, entre os dias 10/09/2012 à 05/10/2012. O resultado da promoção com o nome do ganhador será divulgado no dia 06/10/2012, durante a programação da Rádio Mix. Esta promoção é válida somente para os ouvintes da cidade de São Paulo. - Blitz Mix A Mix também aproveita as ações promocionais que faz nas ruas para se relacionar com os ouvintes que colam o adesivo da Mix em seus veículos. Quem passa em uma Blitz Mix com o adesivo colado concorre a um iPod por semana. O resultado é divulgado às sextas-feiras, às 19h, durante a programação. - No Break Durante o programa No Break, que passa de segunda a sexta, às 19h, os ouvintes que ligarem na rádio e pedirem suas músicas concorrem a prêmios que variam de camisetas a DVDs, ipods, ingressos para show, entre outros. 3.1.2 Mix FM | Facebook A rádio Mix FM tem uma página oficial (www.facebook.com/redemixderadio) com 397.732 fãs. A pesquisa feita pelo método de observação de postagens durante um período de sete dias corridos mostra que a rádio segue uma média de sete posts por dia e nem sempre programa publicações para o final de semana. Gráfico 1. Gráfico de post semanal | Mix FM 33 Quanto ao conteúdo explorado, 45% (22 posts) foram relacionados à alguma celebridade, 33% (16 posts) à música e 22% (11 posts) sobre outros assuntos, como bastidores, entretenimento, show, promoção e anúncio publicitário. Dentre os artistas mais citados, estão: Rihanna e Taylor Swift, seguidos de Adele, Britney Spears, Bruno Mars, Lady Gaga, Maroon 5, entre outros. Gráfico 2. Gráfico de classificação de posts por assunto | Mix FM. Gráfico 3. Gráfico de artistas mencionados nos posts analisados | Mix FM O foco da rádio parece ser levar os usuários do Facebook ao site da emissora. Outros recursos de linguagem utilizados foram vídeo, imagem e foto compartilhada via Instagram. O post de maior sucesso, durante o período, foi o que comunicava o aniversário da cantora Beyoncé (1.888 curtir, 104 comentários e 228 compartilhamentos). 34 Figura 1. Post de maior engajamento | Mix FM Outro item explorado pela rádio é a imagem de capa do Facebook. A rádio atualmente a utiliza para divulgar uma promoção oficial para os quatro shows da Madonna, no Brasil. Outras promoções já foram divulgadas, como: O Rappa, SP Mix Festival, Taylor Swift, Madonna em Londres, entre outros. Figura 2. Página oficial da Rádio Mix FM no Facebook. 35 3.2 Análise de caso: 89 FM O site da 89 FM (www.89fm.com.br) oferece ao ouvinte a possibilidade de ouvir a programação da rádio online, no entanto, é o único player que fica incorporado no própria página de entrada, sem necessidade de abrir um pop-up para ouvi-la. Por um lado, a estratégia é boa para evitar a abertura de novas janelas, por outro, o ouvinte fica impossibilitado de navegar por outras páginas do site utilizando apenas uma aba do navegador, a menos que ele pare de escutar a rádio online. O site também traz uma área fechada, pela qual os usuários participam de promoções. O cadastro é feito por preenchimento de formulário. Para pedir músicas pelo site não é necessário ter um cadastro, o usuário apenas precisa preencher seu nome completo, endereço eletrônico e o nome da música. O menu principal mostra 9 seções, além da página de entrada (Home): Promoções, Ganhadores, Música, Fotos, Filmes, Giro, Plugado 89!, Contra Capa e Programas. O menu secundário apresenta 8 seções: Guia da semana, Ferozes FC, Cineclick, Obaoba, Gorila Polar, Culture-se, Disparada Obaoba e Trash 80‟s. Nas músicas mais pedidas, os usuários podem ouvi-la pelo site. Da mesma maneira como as outras rádios analisadas, a 89 FM explora a galeria de fotos para mostrar os bastidores, além de ganhadores e cobertura de eventos. Um destaque observado é que a 89 FM investe em parcerias para divulgação de conteúdos de entretenimento. O usuário pode consultar o Guia da Semana e o Oba Oba pelo site da rádio, além de acessar o site Culture-se, que oferece notícias de variados temas – moda, música, fotografia, arte, literatura, teatro, dança, cinema, TV, viagem, entre outros.25 No rodapé da página de entrada, tem mais um menu com as opções: Sobre a Fast 89, Trabalhe na 89, Contato e Termos de uso. 25 Em uma nova análise - feita no dia 19 de novembro de 2012 - para a apresentação da presente monografia, foi observado que houve uma atualização do site da rádio 89 FM. Atualmente, já não existe mais as parcerias que o site tinha com Guia da Semana, Oba Oba e Culture-se. Agora, oferece descontos em redes de restaurantes por meio de uma pareceria com o Glubster – site especializado em oferecer cupons de restaurantes com 30% de desconto. 36 O site está integrado às redes sociais, mas faz a divulgação dos canais da 89. A página oficial da rádio no Facebook (www.facebook.com/fast89fm) tem 29.413 fãs. O Twitter (twitter.com/oficial89fm) está com 63.746 seguidores. 3.2.1 89 FM | Promoções As mecânicas das promoções da rádio 89 variam entre inscrição via site e/ou telefone. Das que foram observadas e seguem descritas abaixo, nenhuma fornecia um regulamento. Houve casos de tampouco ter informações sobre validade da promoção e data de divulgação do resultado. - Camarote Ali Campbell na 89! A rádio sorteará 1 ingresso para o Ali Campbell, a voz do UB40, que estará dia 10/09 no Espaço das Américas. Para concorrer, o ouvinte deve realizar sua inscrição pelo site. - Fim de Semana Especial Até Que a Sorte Nos Separe! A rádio irá sortear ingressos para a pré-estreia do filme “Até que a sorte nos separe”, com direito a 01 par de ingressos para o Hopi Hari. Para concorrer, o ouvinte deve ligar para a rádio e fazer sua inscrição. - Cd + Camiseta Maroon 5 A promoção irá sortear o novo CD Overexposed e também a camiseta exclusiva do Maroon 5 – 89. Para concorrer, o ouvinte deve fazer sua inscrição pelo site. O resultado é divulgado todos os dias, às 18h. Não há informação de validade vigente para a promoção. - O Rappa em São Paulo A promoção irá sortear vários ingressos para o show do Rappa, que acontecerá no dia 28 de setembro, no Credicard Hall. A mecânica é inscrição via site. - Camarote Snow Patrol 89 FM 37 A promoção irá sortear vários ingressos para o show do Snow Patrol, que acontecerá no dia 10 de outubro, no Credicard Hall. Além disso, 4 ouvintes com acompanhante terão direito a conhecer a banda e assistir ao show no camarote. O resultado será divulgado no dia 08 de outubro. A mecânica para concorrer ao prêmio é inscrição via site. - Tarde de Prêmios 89 Cacau Show Em parceria com a rede de lojas Cacau Show, a 89 FM sorteia vários kits na “Tarde de Prêmios da 89”, a partir das 13h. O ouvinte pode concorrer a eles fazendo sua inscrição pelo site ou pelo telefone. - Som Pop 89 Inspirado no jogo Song Pop, famoso nas redes sociais, a 89 FM lançou em sua programação o Som Pop 89. O ouvinte realiza sua inscrição pelo site e, se chamado para participar ao vivo, pode ganhar prêmios. Além disso, entre todos os ganhadores do mês será sorteado um tablet Samsung Galaxy S. - Promoção Na Parada 89 com NX Zero! A promoção tem como público alvo jovens que têm bandas. O prêmio será a produção de uma música com o Rick Bonadio e participação da banda Nx Zero. Para concorrer, o ouvinte deve realizar sua inscrição pelo site da 89 FM. O resultado será divulgado no dia 25 de setembro. - iPod 10 na 89 FM! iPod 10 na 89 FM irá premiar 10 iPods para os ouvintes que acertarem os nomes das 10 músicas e de seus respectivos artistas que tocarem depois da vinheta da promoção. A participação é feita durante a programação e a inscrição pode ser realizada pelo site. 3.3.2 89 FM | Facebook A página oficial da Rádio 89 FM no Facebook (www.facebook.com/oficial89fm) tem 41.025 fãs. 38 O destaque da imagem de capa é para a aba “ao vivo”, na qual o usuário pode ouvir a programação da rádio na própria página do Facebook. Figura 3. Página oficial da 89 FM no Facebook. Figura 4. Aba ao vivo, na qual o usuário pode escutar a programação da rádio 89 FM convencional pelo próprio Facebook. Conforme a pesquisa de observação de posts publicados em um período de sete dias corridos, constata-se que a rádio tem uma média de 7,8 posts por dia e que há publicações programadas para os finais de semana. 39 Gráfico 4. Gráfico de quantidade de posts publicados por dia em um período de sete dias corridos | 89 FM Os assuntos mais abordados no Facebook foram relacionados à alguma promoção (21% - 13 posts) da rádio, anúncio comercial (17% - 11 posts) e show (17% - 11 posts). Mais especificamente, entre os temas mais frequentes destacados no período analisado estão: post comercial para a Disney com a Agaxtur Turismo (8 posts), promoção para ir ao show da Alanis Morissete (4 posts), promoção Na parada com Nx Zero (4 posts) e divulgação do show do Rappa com a 89 (4 posts). Gráfico 5. Gráfico de post por assuntos | 89 FM 40 Gráfico 6. Gráfico com principais temas dos posts | 89 FM Os posts disponibilizam links para acessar a notícia no site da 89 FM ou em algum outro portal. Também são utilizados recursos visuais – imagem e fotos – e não foi observado publicação de vídeo. O post que gerou mais engajamento (223 curtir, 75 comentários e 401 compartilhamentos) foi de uma promoção relâmpago que pedia para os usuários curtirem a página da 89 FM São Paulo e compartilharem uma foto referente à dinâmica. O prêmio eram 5 exemplares do livro “Amy, Minha Filha”. Figura 5. Post que apresentou maior engajamento no período analisado | 89 FM 41 3.3 Análise de caso: Metropolitana FM O site da Metropolitana (www.metropolitanafm.uol.com.br) disponibiliza sua programação online para ser ouvida via Windows Media Player. Os usuários têm a opção de compartilhar que estão ouvindo a rádio ao vivo pelo Twitter ou Facebook, e também de avaliar a música que está passando clicando nos botões “curti” ou “não curti”, logo abaixo do player. Pela mesma janela, os usuários conseguem acompanhar as últimas notícias do site. O menu principal oferece 12 opções de seções: A rádio, Equipe, Programas, Programação, Fotos, Clipes, Notícias, Galeria de ídolos, Empregos, Peça sua música, Playlist e Fale conosco. “A rádio” traz informações sobre a área comercial da Metropolitana, “Programas” apresenta de forma breve os programas da rádio e seus horários e “Programação” tem a grade horária de todas as programações ordenadas por dia. O site também traz uma área fechada, pela qual os usuários participam de promoções e pedem músicas. O cadastro é feito por preenchimento de formulário. A Metropolitana procura explorar a galeria de fotos para mostrar um pouco dos bastidores da rádio. A seção de clipes traz uma seleção de vídeos hospedados no YouTube, e as músicas mais pedidas também podem ser ouvidas pelo site que, em parceria com o vagalume, disponibiliza as letras. Para realizar uma busca no site, somente existe a opção de preencher o campo busca, que é fixa no cabeçalho de todas as páginas. Uma curiosidade do site da Metropolitana é a seção “Empregos” que leva ao link www.empregos.metropolitanafm.uol.com.br, no qual está hospedado o site de busca de empregos chamado “Emprego Certo”. Em relação às redes sociais, o site mostra-se um pouco confuso. No rodapé da página de entrada há oito ícones de redes sociais e uma chamada para o usuário compartilhar o que está ouvindo. No entanto, apenas o ícone do Facebook e do Twitter deixam o usuário realizar a ação de compartilhamento, os demais ícones – Youtube, Orkut, Google+, Soundcloud, Flickr e Instagram via web, levam aos canais da Metropolitana. 3.3.1 Metropolitana FM | Promoções 42 As promoções da Metropolitana são baseadas em parcerias comerciais cujo objetivo é promover a marca do anunciante ou da própria rádio. Algumas delas são relacionadas à temas cotidianos, como é o caso do “Pit Stop – Gangnam Style” e do “Mensalão”. Já as mecânicas para participação variam entre inscrição via site e/ou telefone, participação ao vivo, frase criativa, entre outras. - Campeonato de truco copag 2012 A Metropolitana FM promove um campeonato de truco entre o público universitário. As informações estão simplificadas no site e mais detalhadas em um hotsite: WW ://metropolitanafm.uol.com.br/copagtruco. A rádio irá selecionar as 32 primeiras duplas de cada universidade inscritas através do site e telefone. As datas de inscrição serão divulgadas no site WWW.metropolitanafm.com.br, durante o programa Chupim, da Metropolitana FM e em ações promocionais na universidade e redondezas. Cada integrante da dupla vencedora ganhará uma viagem com direito a acompanhante para Punta Del Leste. Cada integrante da dupla que ficar em segundo lugar ganhará um Ipad. - Sem Parar – Notebook Sony Série E Durante o programa Sem Parar, todos os ouvintes que ligar na rádio concorrerão a um Notebook Sony Série “E”. Além disso, de meia em meia hora será sorteado um par de ingressos para o Hopi Hari. - 24 Horas – Restart A Metropolitana irá promover um dia inteiro com participação do Restart nas tarefas diária da rádio a fim de levantar sua bandeira para a sustentabilidade e reciclagem. A banda estará presente das 18h do dia 27 de setembro às 18h do dia 28 de setembro e estarão envolvidos em uma série de atividades que vão desde a apresentar os programas, a atender telefone e interagir com os usuários no Facebook. Os ouvintes que quiserem encontrar a banda pessoalmente deverão fazer um cadastro no site e levar duas pilhas usadas que serão enviadas para reciclagem. As vagas são limitadas e apenas os ouvintes selecionados poderão participar da 24 horas Restart. - iPhone 10 Metropolitana 43 A Metropolitana irá premiar um iPhone 5 para os ouvintes que acertarem a sequência de 10 músicas assim que ouvirem a vinheta da promoção. Para concorrer à participação, o ouvinte deve ligar para a rádio ou acessar o site da rádio para inscrever-se. - Maria Consumista A Metropolitana e o site Maria Consumista vão sortear R$ 1000,00 em compras no site WW.mariaconsumista.com.br por semana. Para participar, o ouvinte deve curtir a Fan Page da Metropolitana no Facebook e clicar em um link para participar do sorteio. O resultado é anunciado toda sexta-feira, às 17h. - Caricaneca – Central Plaza Shopping A Metropolitana está anunciando na seção de promoções a Caricaneca, promovida pelo Central Plaza Shopping. De 10 a 30/09, acima de R$350,00 em compras, o participante ganha uma caneca personalizada com a sua caricatura. Quem é associado do Central Plaza Card, ganha a caricaneca com uma compra acima de R$300,00. - Promoção One Direction A Metropolitana irá sortear um Xbox 360 do One Direction. Para concorrer, o ouvinte deve ligar na rádio e fazer sua inscrição toda vez que ouvir um trecho da música “One Thing” do One Direction. O resultado será divulgado no dia 5 de outubro no Top Metropolitana – 2ª edição, às 17h. - Pit Stop – Gangnam Style Aproveitando as ações promocionais que a Metropolitana FM realiza nas ruas, a rádio irá sortear o tênis Pony para os ouvintes que comparecerem ao Pit Stop e dançarem conforme o cantor Psy, no videoclipe Gangnam Style. O resultado é divulgado na 2ª edição do Top Metropolitana, às 17h. - Concurso Senac de humor Para participar, o ouvinte deve acessar o site da Metropolitana e responder à pergunta “Por que você faria um curso no Senac?” com uma frase criativa. Todos os participantes que votarem nas melhores respostas concorrem a uma bolsa de estudos no 44 curso livre Prática de Locução de Rádio do Senac. A resposta que for considerada a mais criativa ganha a bolsa. O resultado sai dia 24 no Chupim Metropolitana. E no dia 25, o vencedor do concurso Senac de humor se apresenta no programa ao vivo. - Promoção Mensalão Metropolitana Toda semana a Metropolitana irá sortear R$ 500,00 entre os ouvintes que ligarem na rádio e se inscreverem para a promoção. O resultado é divulgado toda sexta-feira, no programa Cafeína, às 6h. 3.3.2 Metropolitana FM | Facebook A emissora está presente no Facebook com a página oficial (www.facebook.com/metropolitanafm) que está, atualmente, com 88.830 fãs. Assim como a rádio 89 FM, a Metropolitana dispõe de uma aba no Facebook para os usuários ouvirem a rádio pela internet. Entretanto, a imagem de capa destaca uma promoção que premia notebooks Sony Série E durante o programa Sem Parar. Figura 6. Imagem de capa da Fan Page da Metropolitana FM divulga o notebook Sony série E que é premiado no Sem Parar. Conforme a pesquisa de observação de posts gerados dentro de um período de sete dias corridos, a Metropolitana é uma das que mais geram posts por dia, apresentando uma média de 15 publicações por dia. 45 Gráfico 7. Gráfico de quantidade de post por dia da Metropolitana FM Os temas abordados são semelhantes a das outras emissoras estudadas no presente trabalho, porém a Metropolitana destaca-se por também compartilhar conteúdos de tecnologia com dicas de aplicativos para dispositivos móveis. Posts sobre a programação da rádio (39% - 42 posts) prevalecem entre as publicações do período analisado, o que sugere uma estratégia de incentivo para que os fãs da página acompanhem a rádio tradicional. Gráfico 8. Gráfico de quantidade de post por tema | Metropolitana FM Outra estratégia de conteúdo traçada para as redes sociais da emissora é posts que promovam exclusivamente a interação dos usuários. Semelhante a um formato que circula com grande potencial pelo Facebook, a rádio utiliza de edição de imagens com frases sobre assuntos variados, como o feriado. 46 Gráfico 9. Gráfico de assuntos específicos abordados nos posts | Metropolitana FM Outro exemplo de como a Metropolitana procura integrar a comunicação na internet com a programação da rádio é uso do recurso de enquete no Facebook para o programa “3 no Face” da rádio. 3.4 Análise de caso: Jovem Pan FM O site da Jovem Pan (www.jovempanfm.virgula.uol.com.br) disponibiliza a programação online para ser ouvida pelo site via Flash Player. Para escutá-la, o usuário deve habilitar a abertura de pop-up e, por ele, também consegue visualizar chamadas de promoções que estão em andamento na rádio. Há cerca de dois meses, existia uma opção de selecionar a “Jovem Pan anos 90” e “Jovem Pan anos 80” para ouvir uma programação diferente da rádio ao vivo. Hoje já não há essas opções, somente está à disposição uma programação para ser ouvida online. O menu principal mostra sete seções: Entretenimento, Música, Na balada, Na Pan, Pânico, Programação e Promoções. A seção “Entretenimento” traz agenda de eventos e destaques para promoções. “Música” tem notícias sobre o universo de bandas e artistas e também um box com as cinco músicas mais pedidas pelos ouvintes, pelo qual os usuários conseguem ouvir a música e ver a letra dela. As notícias têm espaço para os usuários comentarem estando cadastrados no site ou loggados em uma conta do Intensedebate, Wordpress, Twitter ou Open ID. A seção “Na Pan” abre espaço para a rádio mostrar conteúdos de bastidores, além de destaques para loja do Pânico e CDs Jovem Pan. O link do “Pânico” leva o usuário ao site www.paniconaband.band.com.br. 47 Diferentemente das outras rádios, o site da Jovem Pan não tem uma seção dedicada à notícias. As publicações são, normalmente, alocadas dentro de “músicas”. Entretanto, por possuir vínculo com o portal Vírgula, quase todas as notícias postadas na página oficial da Jovem Pan no Facebook são de lá. 3.4.1 Jovem Pan FM | Promoções As promoções da Jovem Pan são, em grande maioria, para sorteio de ingressos para filmes ou de outros produtos – como DVDs, Kits, camiseta, entre outros. A mecânica é sempre por inscrição via site, entretanto, são atreladas à alguma chamada feita na programação da rádio. A Jovem Pan possui um programa inspirado no jogo de rede social Song Pop, semelhante ao formato utilizado pela 89 FM. A rádio também realiza concursos culturais cujas mecânicas baseiam-se em criação de respostas ou frases criativas. - Prêmios na programação A Jovem Pan está com algumas promoções que sorteiam diversos prêmios para os ouvintes que ligarem na rádio e fazerem suas inscrições no momento em que o locutor anunciá-los no ar. Os prêmios podem ser: - DVDs da 1ª temporada da série Homeland - Ingressos do filme Resident evil 5 - Ingressos do filme Dredd - Ingressos do filme O Legado Bourne - Ingressos do filme Vizinhos Imediatos de 3º grau - Ingressos do filme Os Mercenários 2 - Ingressos do filme Os Infiéis - Ingressos para a peça Atrás do Pano - Kit‟s exclusivos da série Teen Wolf +DVD‟s + camisetas - Ingressos do filme Abraham Lincoln: caçador de vampiros - Ingressos do filme Um Divã para Dois - Ingressos do filme O Diário de Tati - Ingressos do filme O Vingador do Futuro 48 - Livros da banda One Direction - Ingressos para o stand up Comédia ao vivo - humor 5 estrelas - Ingressos do stand up Filhos da mãe joana, agora a véia infarta - Pica-Pau em quadrinhos O site da Jovem Pan vai premiar 10 kits com cinco revistas do Pica-pau até o dia 1º de outubro. Para concorrer, o internauta deve inscrever-se pelo site e responder à pergunta: "Por que você merece levar o kit do Pica-Pau para casa?". Os 10 autores das melhores respostas levam o kit. - Ceará Music 2012 A Jovem Pan vai premiar ingressos para o Ceará Music Festival. Para participar, o ouvinte deve cadastrar-se no site e montar uma frase criativa com as palavras: "CEARÁ"; "FESTIVAL"; e "DIVERSÃO". O resultado será divulgado no dia 10 de outubro, no programa Pânico. - Vamos viver com a Jovem Pan e o Detonautas A promoção “Vamos viver com a Jovem Pan e o Detonautas” levará um ouvinte para qualquer lugar do Brasil escolhido por ele, acompanhado da banda Detonautas. Para concorrer, o ouvinte deve fazer sua inscrição pelo site, escolher o seu roteiro, anotar 2 (dois) dias e horários que ouviu a chamada a promoção na rádio e responder: "Qual a melhor maneira de viver". A frase que for considerada a mais criativa e que esteja de acordo com o regulamento da promoção será a ganhadora. O resultado será divulgado no 02 de outubro durante o programa Pânico. - Song Pan 49 Inspirado no jogo Song Pop, famoso nas redes sociais, a Jovem Pan promove o Song Pan. Para concorrer à participação, o ouvinte deve cadastrar-se pelo site e esperar para ser chamado pelo produção. 3.4.2 Jovem Pan FM | Facebook A página oficial da Jovem Pan no Facebook (www.facebook.com/radiojovempan) tem 200.000 fãs. Durante o período de sete dias corridos de análise, foi observada uma média de 20 posts por dia, o que a torna a rádio que mais publica posts na Fan Page, entre as quatro emissoras consideradas no presente trabalho. Gráfico 10. Gráfico de quantidade de posts por dia | Jovem Pan FM O tema dos posts também é bastante abrangente, prevalecendo assuntos de celebridades (49% - 69 posts), entretenimento (22% - 32 posts), programação da rádio (12% - 17 posts) e música (8% - 12 posts). Grande parte dos posts possuem links que levam o usuário ao site do Vírgula, o que também contribui como fonte de conteúdo para as redes sociais. 50 Gráfico 11. Gráfico de post por assunto | Jovem Pan FM A Jovem Pan aproveita a tendência de compartilhamento no Facebook para promover posts que incentivam a participação dos usuários. Eles, geralmente, são atrelados a uma imagem e a um tema do cotidiano, seja como referência ao dia, fim de semana, feriado, ou algo que tenha um tom de humor. Gráfico 12. Gráfico dos principais assuntos de posts | Jovem Pan FM A imagem de capa coloca em destaque o programa Jovem Pan Morning Show. Apágina também disponibiliza um aplicativo para ouvir a rádio online pelo Facebook. Entretanto, o mesmo apresentou erro ao tentar acessá-lo. 51 Figura 7. Imagem de capa divulga o programa Jovem Pan Morning Show. Figura 8. Post de divulgação do Social Radio Jovem Pan FM. 52 CONCLUSÃO O presente trabalho possibilita concluir que, de fato, o surgimento de novas tecnologias impacta em algumas transformações nos meios de comunicação tradicionais, como no caso das rádios. Isto porque coexistem, em um mesmo espaço de tempo e, às vezes, até físico, diversos meios para um mesmo fim. De forma mais prática, as rádios oferecem a seus públicos: música, entretenimento e humor, que também podem ser consumidos por meio de uma infinidade de fontes na internet. Por outro lado, vimos com base teórica que, à medida que as rádios se adaptam a novos formatos de atuação, como exemplo na internet, elas passam a diversificar as formas de se obter receita no negócio. Inclusive, foi a partir do momento que as rádios começaram a vender espaços publicitários durante os programas é que elas incorporaram o formato que possuem até hoje, com uma grade de programação fixa, profissionais da comunicação empenhados tanto na parte estratégica quanto operacional, perfil editorial mais atraente, entre outras características. Foi também a partir desse período que as rádios começaram a ser fruto de conglomerados de mídia. Assim, a transposição da rádio a outros meios pode ser compreendida como parte natural de um ciclo de existência, no qual determina sua evolução perante novas necessidades da contemporaneidade. Como o autor Roger Fidler (1997) define, a Mediamorfosis é a “transformação dos meios de comunicação, como resultado da interação entre as necessidades percebidas, as pressões políticas e de competência, e das inovações sociais e tecnológicas.” De forma semelhante, Henry Jenkins ressalta a importância do papel dos usuários/ouvintes/consumidores para as mudanças entre velhas e novas mídias. É por meio da participação ativa desses agentes que diversas funções podem ser unidas dentro dos mesmos aparelhos permitindo com que haja, cada vez mais, circulação de conteúdo via tecnologias de informação e comunicação. Este fenômeno também implica em adaptação de linguagem. Na internet, os aspectos colaborativos da informação prevalecem na lógica da comunicação que se diferencia pelas múltiplas extensões de intercâmbios de informação dentro do ciberespaço. Com isso, utiliza-se com freqüência recursos hipermidiáticos e materiais multimídia. 53 Enquanto a rádio tradicional explora com maior intensidade a comunicação sonora, na internet, é recomendável utilizar conteúdos visuais – sejam eles imagens, vídeos e textos. Outro aspecto que pode ser ressaltado é que as rádios, como meio de comunicação de massa, são as que proporcionam mais interatividade entre todos os meios tradicionais. Desde a década de 70 - quando começaram a ser exploradas comercialmente, passaram por mudanças de qualidade, ganharam atratividades sonoras e conquistaram o público jovem as rádios já estabeleciam formas de contato com os ouvintes por meio de promoções e participações nos programas. Um fator que com o auxílio da internet e, especialmente das redes sociais, pôde ser potencializado no ambiente digital em meio à cultura e tecnologias favoráveis. Em relação ao estudo de observação realizado com as rádios Mix FM, 89 FM, Metropolitana FM e Jovem Pan 2 FM, é possível notar que elas têm plena consciência da importância de estarem presentes no ambiente digital e nas redes sociais. Todas disponibilizam sua programação online, isto é, possibilitam que o ouvinte ouça a rádio por um player incorporado no site, e possuem uma estratégia de atuação semelhante. Gráfico 13. Quantidade de publicações no Facebook Destacam-se os seguintes pontos: - os conteúdos de todas as rádios analisadas são focados em notícias sobre o universo de música e de artistas, entretenimento e humor. Algumas rádios, como a Jovem Pan FM e 54 a Metropolitana FM também falam sobre tecnologia, dando dicas de aplicativos para dispositivos móveis, por exemplo. - as rádios disponibilizam sua programação online para que o usuário possa acompanhar o que passa na rádio tradicional via internet. A 89 FM e a Jovem Pan oferecem aplicativos para que o usuário possa ouvi-los pelo próprio Facebook. A imagem de capa atual da 89 FM divulga essa opção. - a rádio Mix FM tem uma parceria com o iTunes. Além de o usuário poder ouvir a música pelo site, ele está apto a comprá-la pelo iTunes por um ícone que tem ao lado de cada música – na lista das mais pedidas - e que leva ao site de compra. Durante a programação da rádio, também são sorteados crédito de músicas que valem para a loja iTunes do Brasil. Os ganhadores desse prêmio recebem um código por e-mail que possibilita o download de arquivos de música digitais. A idéia é inovadora sob a perspectiva de que a própria rádio incentiva o download legal de músicas. E a integração entre a promoção da rádio tradicional e o site da Mix FM sugerem indícios de convergência entre os meios. - O site das rádios também tem algumas peculiaridades. A Mix FM tem uma seção dedicada a jogos online, o que contribui para o aumento do tempo de navegação no site e estimula a participação social dos usuários pelo campo de comentários integrado ao Facebook, além das opções para compartilhamento. Estão disponíveis 26 jogos das mais diversas temáticas – futebol, corrida, luta, tetris, pac-man, justin bieber, crepúsculo, entre outros. Um destaque observado é que a 89 FM investe em parcerias para divulgação de conteúdos de entretenimento. O usuário pode consultar o Guia da Semana e o Oba Oba pelo site da rádio, além de acessar o site Culture-se, que oferece notícias de variados temas – moda, música, fotografia, arte, literatura, teatro, dança, cinema, TV, viagem, entre outros. Uma curiosidade do site da Metropolitana é a seção “Empregos” que leva ao link www.empregos.metropolitanafm.uol.com.br, no qual está hospedado o site de busca de empregos chamado “Emprego Certo”. - A Jovem Pan e a Metropolitana FM seguem estratégias de atuação no Facebook bastante semelhantes. As duas rádios são as que mais publicam conteúdos por dia em suas respectivas páginas. Elas aproveitam a tendência de compartilhamento no Facebook para 55 promover posts que incentivam a participação dos usuários e que, não necessariamente, estão vinculados a alguma notícia, marca ou produto. Geralmente, utilizam recurso visual adequados a um tema do cotidiano, seja como referência ao dia, fim de semana, feriado, ou algo que tenha um tom de humor. Por fim, compreendemos que a rádio da internet diferencia-se da rádio tradicional, ainda que pela mesma emissora, por assumir diversas características relacionadas ao meio no qual se enquadra. A convergência entre elas pode existir, mas não é regra. Cada meio de comunicação possui suas peculiaridades e público-alvo. Entretanto, é possível observar que sempre existirá uma integração entre eles. Seja entre a rádio e o site, o site e as redes sociais, as redes sociais e a rádio. E assim por diante. 56 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALZAMORA, G. A semiose da informação webjornalística. In: ALZAMORA, G.; BRASIL, A.; FALCI, C.; JESUS, E. Cultura em fluxo – novas mediações em rede. Belo Horizonte: Editora Pucminas, 2004. BUFARAH, J. A. Rádio na Internet: desafios e possibilidades. NP 06 – Rádio e Mídia Sonora, IV Encontro dos Núcleos de Pesquisa do Intercom. 2006. Disponível em: [http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/14780483018709084918637003634914611648 3.pdf] CASTELLS, M. Communication, Power and Counter-power in the Network Society. In: International Journal of Communication 1, 2007, p. 238-266. CASTELLS, M. A Galáxia da Internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Zahar: São Paulo, 2003. CORDEIRO, P. 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