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Volume 18 número 1 Março 2000 SOCIEDADE DE OLERICULTURA DO BRASIL Presidente Rumy Goto UNESP-Botucatu Vice-Presidente Nilton Rocha Leal UENF-CCTA 1º Secretário Arlete Marchi T. de Melo IAC 2º Secretário Ingrid B. I. Barros UFRGS-Porto Alegre 1º Tesoureiro Marcelo Pavan UNESP-Botucatu 2º Tesoureiro Osmar Alves Carrijo Embrapa Hortaliças COMISSÃO EDITORIAL DA HORTICULTURA BRASILEIRA Presidente Leonardo de Brito Giordano Embrapa Hortaliças Editores Antônio T. Amaral Jr. UENF-CCTA Arminda Moreira Carvalho Embrapa Cerrado Carlos Alberto Lopes Embrapa Hortaliças Danilo F. Silva Fo INPA Francisco Reifschneider Embrapa Hortaliças José Magno Q. Luz UFU Marcelo Mancuso da Cunha IICA-MI Maria Aparecida N. Sediyama EPAMIG Maria do Carmo Vieira UFMS - CEUD - DCA Mirtes Freitas Lima Embrapa Semi-Árido Renato Fernando Amabile Embrapa Cerrados Sieglinde Brune Embrapa Hortaliças CORRESPONDÊNCIA: Horticultura Brasileira Caixa Postal 190 70.359-970 - Brasília-DF Tel.: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br hortbras@cnph.embrapa.b r Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. ISSN 0102-0536 SUMÁRIO CARTA AO EDITOR Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos? P. T. Della Vecchia; P. S. Koch. 3 ARTIGO CONVIDADO O cultivo de yacon no Brasil. S. M. C. Vilhena; F. L. A. Câmara; S. T. Kakihara. 5 PESQUISA Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea. Z. L. de O. Melo; C. R. Bueno. 9 Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio em cultivares de ervilha sob diferentes lâminas de água. C. A. da S. Oliveira; W. A. Mouelli; J. R. M. dos Santos; L. S. Boiteux. 16 Nariz eletrônico: tecnologia não-destrutiva para a detecção de desordem fisiológica causada por impacto em frutos de tomate. C. L. Moretti; S. A. Sargent; M. O. Balaban, R. Puschmann. 20 Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado. M. Puiatti; C. Fávero; F. L. Finger; J. M. Gomes. 24 Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos, cultivado com doses elevadas de nitrogênio. F. V. Resende; P. S. R. de Oliveira; R. J. de Souza 31 Impacto da irrigação por aspersão convencional na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas em plantas de repolho. A. T. de Oliveira; A. M. R. Junqueira; F. H. França 37 Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium tumefaciens. A. C. Torres; A. T. Ferreira; E. Romano; M. K. Cattony; A. S. Nascimento. 41 PÁGINA DO HORTICULTOR Caracterização pós-colheita de laranjas ´Baianinha‘ submetidas ao armazenamento refrigerado e a condições ambientais. B. J. Teruel M.; L. A. B. Cortez; P. A. Leal; L. C. Neves Filho. Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças na região do Distrito Federal. J. S. Costa; A. M. R. Junqueira. “Stimulate Mo” e proteção com “Tecido não Tecido” no pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa. M. Y. Reghin; R. F. Otto; J. B. C. da Silva. Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-PE. N. D. Costa; G. M. de Resende; R. de C. S. Dias Características de qualidade de cebola múltipla durante armazenamento sob condição ambiental não controlada. M. C. C. Maia; J. F. Pedrosa; J. Torres Filho; M. Z. de Negreiros; F. Bezerra Neto. 46 49 53 57 61 INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro. C. Rodrigues; L. G. Ribeiro; J. C. Lopes; F. S. de Freitas; L. A. S. de Azevedo. Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita, em Porteirinha - MG. G. M. de Resende Crescimento e produtividade da batateira, em função do modo de aplicação do fertilizante e dos fungicidas contendo Zn. M. A. Moreira; P. C. R. Fontes; R. L. F. Fontes; A. A. Cardoso. 65 68 72 ERRATA 77 NORMAS PARA A PUBLICAÇÃO 81 Volume 18 number 1 March 2000 ISSN 0102-0536 CONTENT Journal of the Brazilian LETTER TO THE EDITOR Society for Vegetable Science Long shelf life tomatoes: what are and how they were developed. P. T. Della Vecchia; P. S. Koch. 3 INVITED ARTICLE The yacon cultivation in Brazil. S. M. C. Vilhena; F. L. A. Câmara; S. T. Kakihara. 5 RESEARCH Development of yam bean or “Feijão-Macuco” plant in a floodplain area. Z. L. de O. Melo; C. R. Bueno. 9 Sclerotia of Sclerotinia sclerotiorum production and powdery mildew severity in pea cultivars under different water depths. C. A. da S. Oliveira; W. A. Mouelli; J. R. M. dos Santos; L. S. Boiteux. 16 Electronic nose: a non-destructive technology to screen tomato fruit with internal bruising. C. L. Moretti; S. A. Sargent; M. O. Balaban, R. Puschmann. 20 Growth and productivity of taro and sweet corn under intercropping conditions. M. Puiatti; C. Fávero; F. L. Finger; J. M. Gomes. 24 Growth, yield and nitrogen uptake in garlic obtained by tissue culture, cultivated under high nitrogen levels. F. V. Resende; P. S. R. de Oliveira; R. J. de Souza 31 Impact of sprinkler irrigation on diamondback moth injuries on cabbage plants. A. T. de Oliveira; A. M. R. Junqueira; F. H. França 37 Genetic transformation of potato cultivar Achat by Agrobacterium tumefaciens. A. C. Torres; A. T. Ferreira; E. Romano; M. K. Cattony; A. S. Nascimento. 41 GROWER'S PAGE Postharvest characterization of oranges ´Baianinha‘ stored under refrigeration and ambient conditions. B. J. Teruel M.; L. A. B. Cortez; P. A. Leal; L. C. Neves Filho. 46 Diagnosis of the horticultural crop production in hydroponical facilities in the Distrito Federal region. J. S. Costa; A. M. R. Junqueira. 49 “Stimulate Mo” and protection with floating rowcover on pre-rooting of peruvian carrot (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) explants. M. Y. Reghin; R. F. Otto; J. B. C. da Silva. 53 Evaluation of onion cultivars at Petrolina, Pernambuco State, Brazil. N. D. Costa; G. M. de Resende; R. de C. S. Dias 57 Characteristics of multiplier onion during controlled storage conditions. M. C. C. Maia; J. F. Pedrosa; J. Torres Filho; M. Z. de Negreiros; F. Bezerra Neto. 61 PESTICIDES AND FERTILIZERS IN TEST Efficiency of Metalaxyl to control tomato late blight. C. Rodrigues; L. G. Ribeiro; J. C. Lopes; F. S. de Freitas; L. A. S. de Azevedo. Yield characteristics of sweet potato cultivars under different harvest periods in Porteirinha, Minas Gerais State, Brazil. G. M. de Resende Potato plant growth and tuber yield as a function of Zn fertilizer application methods and Zn fungicides. M. A. Moreira; P. C. R. Fontes; R. L. F. Fontes; A. A. Cardoso. Address: Caixa Postal 07-190 70359-970 Brasília-DF Tel: (061) 385-9000/9051 Fax: (061) 556-5744 www.hortbras.com.br hortbras@cnph.embrapa.br 65 68 72 ERRATA 77 INSTRUCTIONS TO AUTHORS 81 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. carta ao editor DELLA VECCHIA, P.T.; KOCH, P.S. Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos? Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 3-4, março 2.000. Tomates longa vida: O que são, como foram desenvolvidos? Paulo Tarcísio Della Vecchia; Paulo Sergio Koch Sementes Agroflora/Sakata, Caixa Postal 427, 12.906-840 – Bragança Paulista – SP. RESUMO ABSTRACT A produção de tomates para o consumo in natura no Brasil sofreu grandes transformações tecnológicas nesta última década. Dentre elas, a utilização de sementes híbridas de cultivares que produzem frutos do tipo longa vida (cultivares do tipo longa vida) foi, sem dúvida, uma das mais importantes. A expressão “tomates longa vida” tem sido utilizada no Brasil para descrever a característica de maior conservação pós-colheita dos frutos produzidos por algumas cultivares específicas de tomateiro (cultivares tipo longa vida). Cultivares de tomateiro do tipo longa vida podem ser obtidas por meio da seleção de alelos favoráveis para uma maior firmeza do pericarpo, pela utilização de mutantes de amadurecimento (rin, nor e alc) e por meio de técnicas da moderna biotecnologia molecular. As primeiras são conhecidas como longa vida estruturais, as segundas como longa vida rin, nor ou alc, e as terceiras como longa vida transgênicas. Cultivares de tomateiro do tipo longa vida foram introduzidas comercialmente no Brasil pela primeira vez pela Agroflora em 1988 (longa vida estruturais) e em 1992 (longa vida rin). Não existem atualmente cultivares de tomateiro do tipo longa vida transgênicas sendo comercializadas no Brasil. Long shelf life tomatoes: what are and how they were developed. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, rin, nor, alc, transgênico, firmeza. The production of fresh market tomatoes in Brazil experienced great technological transformations, during the last decade. Among them, the use of F1 hybrid cultivars which produce fruits with extended shelf life (long shelf life cultivars) was, without any question, one of the most important. The expression ‘long shelf life tomatoes’ has been used in Brazil to describe the characteristics of extended post harvest life of fruits produced by some specific tomato cultivars (long shelf life cultivars). Long shelf life tomato cultivars can be obtained by the selection of favorable alleles for an improved pericarp firmness, by the utilization of ripening mutants (rin, nor and alc) and by modern molecular biology techniques. The first ones are known as structural long shelf life cultivars, the second as rin, nor or alc long shelf life cultivars and the third as transgenic long shelf life cultivars. Long shelf life tomato cultivars were first introduced commercially in Brazil by Agroflora in 1988 (structural long shelf life cultivars) and in 1992 (rin long shelf life cultivars). Up to the present there are no transgenic long shelf life tomato cultivars being commercialized in Brazil. Keywords: Lycopersicon esculentum, rin, nor, alc, firmness, transgenic. (Aceito para publicação em 07 de janeiro de 2.000) E m função do grande número de consultas que temos recebido questionando-nos sobre a origem dos tomates longa vida atualmente comercializados no Brasil, entendemos que é bastante oportuno prestar à sociedade alguns esclarecimentos que possibilitem um melhor entendimento sobre o assunto. A produção de tomates para o consumo “in natura” no Brasil sofreu grandes transformações tecnológicas, nesta última década. Dentre elas, a utilização de sementes híbridas de cultivares que produzem frutos do tipo longa vida (cultivares do tipo longa vida) foi sem dúvida uma das mais importantes. O fruto de tomate das cultivares tradicionais possui uma curta vida pós-colheita. Ao contrário, o fruto das cultivares do tipo longa vida possui uma vida Hortic. bras., v. 18, n. 1, jul. 2000. pós-colheita mais prolongada, permanecendo firme por um maior período de tempo. A expressão “tomate longa vida” foi utilizada pela primeira vez no Brasil, em 1988, pela Agroflora, para descrever a característica de maior conservação pós-colheita dos frutos da cultivar híbrida F1 Débora VFN, introduzida comercialmente por esta companhia, naquele ano. O termo “longa vida” foi utilizado por passar mais facilmente o novo conceito a produtores e consumidores, uma vez que o leite tipo longa vida já começava a fazer sucesso, naquela época, frente ao tipo tradicional. Além disso, a tradução direta dos termos utilizados na literatura internacional para qualificar a característica (“long shelf life” = vida longa de prateleira; “extended shelf life” = vida prolongada de prateleira) não pa- recia ser a mais indicada para descrever o novo conceito no Brasil. Existem três possibilidades para se criar/obter uma cultivar híbrida de tomateiro do tipo longa vida: a) Por meio de métodos convencionais de melhoramento genético, onde se busca, pela seleção de parentais superiores, aumentar a freqüência dos alelos favoráveis para uma maior firmeza do pericarpo do fruto. Neste caso temos o longa vida do tipo estrutural. Longa vida do tipo estrutural é um caráter genético quantitativo, predominantemente controlado por genes de ação gênica aditiva. Os tomates longa vida do tipo estrutural são resultantes de um longo período de seleção para o caráter. Praticamente, todas as cultivares do tipo longa vida estrutural, atualmente comercializadas, 3 P.T. Della Vecchia & P.S. Koch descendem direta ou indiretamente de cultivares de tomateiro criadas/desenvolvidas para o processamento industrial (tomates de indústria) nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60. Cultivares de tomateiro do tipo longa vida estrutural foram introduzidas comercialmente pela primeira vez no Brasil pela Agroflora, em 1988. Como exemplos de cultivares deste tipo comercializadas no mercado brasileiro temos os híbridos F1 Débora VFN, Débora Plus, Débora Max, Diana, Monalisa, Seculus, Cronos, etc; b) Por meio de métodos convencionais de melhoramento genético pela utilização de mutantes de amadurecimento. O termo mutantes de amadurecimento tem sido utilizado para designar alelos mutantes simples com efeitos múltiplos (pleiotrópicos) que afetam o amadurecimento do fruto do tomate. Entre eles se destacam o rin (“ripening inhibitor” = inibidor de amadurecimento), o nor (“non ripening” = não amadurece) e o alc (Alcobaça). Em frutos destes mutantes, durante o processo de amadurecimento, ocorrem reduções drásticas na degradação das paredes celulares das células do pericarpo, na síntese do etileno e de carotenóides e na respiração do fruto, o que lhes proporciona uma vida pós-colheita mais prolongada. Neste caso temos os longa vida rin, nor ou alc. Rin, nor e alc são alelos recessivos. Estes alelos são geralmente introduzidos individualmente nas linhagens parentais de híbridos por meio de retrocruzamentos sucessivos. Eles são explorados comercialmente em cultivares híbridas F 1 de tomate no estado heterozigoto. O alelo rin foi descoberto e descrito pelos pesquisadores R.W. Robinson e M.L. Tomes da Universidade de Cornell, EUA, em 1968, em uma linhagem F4 de tomateiro selecionada do cruzamento entre as cultivares Fireball e Linhagem 54-149. O alelo nor, pelos pesquisadores E.C. Tigchelaar, M.L. Tomes, E.A. Kerr e R.J. Barman da Universidade de Purdue, EUA, em 1973, na cultivar de tomateiro Italian Winter e o alelo alc foi descoberto e descrito por F. Almeida em uma cultivar da região de Alcobaça, Portugal, em 1967. Cultivares de tomateiro do tipo longa vida rin foram introduzidas comercialmente pela primeira vez no Brasil pela Agroflora, em 1992. Como exemplo de cultivares deste tipo comercializados no mercado brasileiro temos os híbridos F1 Carmen, Raisa, Graziela, Neta, etc; 4 Tabela 1. Vida média pós-colheita para os diferentes tipos de tomate longa vida. Genótipo Normal/Mole Normal/Firme Vida Média Pós-colheita 1/ 1A 2-3 A Tipo de Tomate Longa Vida Tradicional Estrutural Heterozigoto Heterozigoto Alc/Firme Rin/Firme 3-4 A 3-5 A Alc Rin Heterozigoto Heterozigoto Nor/Firme Rin/Nor/Firme 4-5 A 5-7 A Nor Rin/Nor 1/ A = 4 dias no verão; A = 7 dias no inverno. c) Por meio de técnicas da moderna biologia molecular. São as cultivares transgênicas. Diversas técnicas e abordagens têm sido utilizadas para esta finalidade. Dentre elas se destaca o uso de transgênicos homozigotos de orientação (senso e antisenso) de translação do DNA e de transcrição de mRNA, que interferem na produção de etileno e na produção e/ou atividade de enzimas envolvidas no processo do amadurecimento normal do fruto do tomateiro. Neste caso temos os longa vida transgênicos. Não existem, atualmente, cultivares de tomateiro do tipo longa vida transgênicos comercializados no Brasil. Como exemplo de cultivares deste tipo temos o híbrido F1 Flavr Savr que foi criado/desenvolvido pela Calgene-Monsanto e que foi comercializado nos EUA por alguns anos na metade desta década. Os diferentes tipos de tomates longa vida apresentam diferentes níveis de vida pós-colheita. A tabela 1 apresenta dados comparativos relativos à vida média pós-colheita para os diferentes tipos de tomate longa vida. Desde a sua introdução no mercado brasileiro, em 1988, o tomate longa vida tem aumentado a sua participação no mercado para consumo in natura. Estima-se que hoje eles já representem cerca de 70% do mercado para o produto. Devido à maior flexibilidade oferecida ao produtor na hora da colheita, menor perda nas operações de embalagem e transporte dos frutos e menor perda na comercialização dos frutos no varejo, o tomate longa vida conquistou definitivamente seu espaço no mercado brasileiro. Sem sombra de dúvida o tomate longa vida desempenha hoje um papel fundamental no incremento da produtividade e da qualidade do tomate produzido no Brasil. LITERATURA CITADA ATHERTON, J.G.; RUDICH, J. The Tomato Crop: A scientific basis for improvement. New York: Chapman and Hall, 1986. 661 p. DELLAPENNA, D.; LINCOLN, J.E.; FISCHER, R.L.; BENNET, A.B. Transcriptional analysis of polygalacturonase and others ripening associated genes in Rutgers, rin, nor and Nr tomato fruit. Plant Physiology; v. 90, n. 4, p. 1372-1377, 1989. HERNER, R.C.; SINK, K.C. Ethylene production and respiratory behavior of the Rin tomato mutant. Plant Physiology; v. 52, n. 1, p. 3842, 1973. KOPELIOVITCH, E.; MIZRAHI, Y.; RABINOWITCH, H.D.; KEDAR, N. Effect of the Fruit-ripening Mutant Genes rin and nor on the Flavor of Tomato Fruit. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 107, n. 3, p. 361-364, 1982. LOBO, M.; BASSET, M.J.; HANNAH, L.C. Inheritance and characterization of the fruit ripening mutation in “Alcobaça” tomato. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 109, p. 741-745, 1984. MURRAY, A.J.; BIRD, C.R.; SCHUCH, W.W.; HOBSON, G.E. Evaluation of transgenic tomato fruit with reduced polygalacturonase activity in combination with the rin mutation. Postharvest Biology and Technology; v. 6, n. 1/2, p. 91-101, 1995. MUTSCHLER, M.A.; WOLFE, D.W.; COBB, E.D.; YOURSTONE, K.S. Tomato fruit quality and shelf life in hybrids heterozygous for the alc ripening mutant. HortScience; v. 27, n. 4, p. 352-355, 1992. ROBINSON, R.W.; TOMES, M.L. Ripening inhibitor: a gene with multiple effect on ripening. Tomato Genetics Coop. n. 18, p. 3637, 1968. SITRIT, Y.; BENNET, A.B. Regulation of tomato fruit polygalacturonase mRNA accumulation by ethylene: a re-examination. Plant Physiology; v. 116, n.3, p. 1145-1150, 1998. TIEMAN, D.M.; KAUSCH, K.D.; SERRA, D.M.; HANDA, A.K. Field performance of transgenic tomato with reduced pewctin methylesterase activity. Journal of the American Society for Horticultural Science; v. 120, n. 5, p. 765-770, 1995. TIGCHELAAR, E.C.; TOMES, M.L.; KERR, E.A; BARMAN, R.J. A new fruit-ripening mutant, non-ripening (nor). Tomato Genetics Coop., n. 23, p. 33-34, 1973. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. artigo convidado VILHENA, S.M.C.; CÂMARA, F.L.A.; KAKIHARA, S.T. O cultivo de yacon no Brasil. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 5-8, março 2000. O cultivo de yacon no Brasil. Stela Maria C. Vilhena; Francisco Luiz A. Câmara; Sergio T. Kakihara UNESP - FCA, C. Postal 237, 18.603-970 Botucatu – SP. ABSTRACT RESUMO O yacon (Polymnia sonchifolia Poep. Endl.) é uma espécie da família Asteraceae que apresenta um complexo sistema subterrâneo. Suas raízes tuberosas e rizóforos contêm grandes quantidades de frutose e glicose livres, além de fruto-oligossacarídeos do tipo inulina como carboidrato de reserva. Vem despertando interesse principalmente por suas propriedades medicinais, sendo utilizado como auxiliar no tratamento contra diabetes e colesterol. Foi introduzido no Brasil por volta de 1989, porém somente em 1994 iniciaram-se os primeiros cultivos comerciais. Atualmente é cultivado na região de Capão Bonito (SP), a partir de rizóforos pesando de 60 a 80 g. Estes são plantados em canteiros de 0,30 - 0,40 m de altura por 1,0 m de base, em um espaçamento de 1,00 x 0,90 m. O pH do solo é ajustado para 6,0 e a fertilização básica é realizada com NPK + Zn, de acordo com análise e a recomendação utilizada para batata doce. Posteriormente são aplicados 40 kg.ha-1 de N em duas parcelas. A irrigação é feita por aspersão e a colheita realizada entre os 8 e 10 meses após o plantio, obtendo-se um rendimento médio de 80 t.ha-1 de raízes e 1 t.ha-1 de folhas desidratadas. Tanto as raízes como as folhas podem ser consumidas frescas ou desidratadas em estufas com ventilação forçada, à temperatura máxima de 50°C, para se evitar a degradação dos carboidratos de reserva e das substâncias do metabolismo secundário. Yacon (Polymnia sonchifolia Poep End.) is a species from the Asteraceae family which presents a complex subterraneous system. Its tuberous roots and rhizophores contain great amounts of free fructose and glucose, besides inulin type fructo-oligosaccharides as reserve carbohydrates. It has raised interest mainly for its medicinal properties, being used as an auxiliary in the treatment against diabetes and cholesterol. It was introduced in Brazil around 1989, but only in 1994 the first commercial cultivation started. It is presently cultivated in the Capão Bonito region, São Paulo State, from rhizophores weighing from 60 to 80 g. These are planted in beds 0.30 - 0.40 m high, 1.0 m wide, in a 1.0 x 0.90 m interspace. Soil pH is adjusted to 6.0 and the basic fertilization is made with NPK + Zn according to soil analysis and to some recommendation for sweet-potatoes. Later on, 40 kg.ha-1 of N are added, divided in two applications. Irrigation is made by sprinkle irrigation and harvesting happens between the 8t h and 10th months after planting, yielding an average of 80 t.ha-1 of tuberous roots and 1 t.ha-1 of fresh leafs. Roots as well as leafs can be freshly consumed or dehydrated in a stove with forced ventilation at 500C maximum temperature to avoid loss of reserve carbohydrates as well as the secondary metabolism substances. Palavras-chaves: Polymnia sonchifolia Poep. Endl., carboidratos de reserva, diabetes, sistema de produção, pós-colheita. Keywords: Polymnia sonchifolia Poep. Endl., store carbohidrate, diabetes, production system, post-harvest. The yacon cultivation in Brazil. (Aceito para publicação em 07 de dezembro de 1999) O yacon, espécie da família Asteraceae, é originário dos vales andinos da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e noroeste da Argentina, em altitudes de 2.000 a 3.100 metros. Nessa região, é cultivado desde a antiga civilização Inca, e utilizado na alimentação humana. É também conhecido como “aricoma” ou “jicama”, no Peru e Equador e como “yacon strawberry”, nos Estados Unidos (National Research Concil, 1989; Montiel,1996; Grau & Rea, 1998). Foi introduzido na Europa há mais de 50 anos como espécie potencial para a produção de álcool etílico, porém logo foi esquecido e somente redescoberto na década de 80. No Brasil, a espécie foi introduzida por volta de 1989, na região Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. de Capão Bonito (SP), por imigrantes japoneses, que utilizam suas folhas e raízes tuberosas nos tratamentos contra diabetes e altas taxas de colesterol no sangue (Kakihara et al.,1996). Além disso, tanto os rizóforos como as raízes tuberosas apresentam grandes quantidades de fruto-oligossacarídeos do tipo inulina, com grau de polimerização (Gp) £ 12, como carboidratos de reserva, o que justifica sua importância potencial na indústria alimentícia, como adoçante alternativo para a sacarose, na indústria de alimentos infantis, por serem anticariogênicos, e de produtos dietéticos, por conter baixas calorias (Ohyama et al.,1990; Asami et al.,1991; Fukay et al.,1993; Vilhena & Câmara, 1998). DESCRIÇÃO BOTÂNICA É uma espécie do tipo perene, cujos caules aéreos são cilíndricos, de coloração esverdeada, apresentam pilosidade em toda superfície, e chegam a medir até 2,5 m de altura. As folhas brotam de gemas do caule aéreo, são opostas, delgadas, apresentam as bordas lobuladas e formam uma ala de cada lado do pecíolo (National Research Concil, 1989; Montiel,1996). Estas apresentam várias estruturas secretoras, tais como tricomas, idioblastos e hidatódios (Dip et al.,1996) que secretam compostos secundários do grupo dos terpenos (Grau & Rea, 1997). As flores estão agrupadas nas extremidades dos ramos 5 S.M.C. Vilhena et al. A C B D Figura 1: (A) Aspecto geral de uma cultura de yacon com 5 meses; (B) inflorescência; (C) sistema subterrâneo; (D) folhas. Botucatu, UNESP, 1997. e podem ser de dois tipos: as liguladas, que se encontram nos bordos, e as tubulares na parte central da inflorescência. O sistema subterrâneo é constituído de três partes distintas: os rizóforos que são ricos em frutanos e fibras não digeríveis, dos quais originam-se gemas que darão origem a uma nova planta; as raízes de absorção e fixação; e as raízes tuberosas ou de reserva, também ricas em frutanos, porém menos fibrosas, mais suculentas, translúcidas e que chegam a pesar até 2 kg, sendo as preferidas para o consumo humano (Zardini,1991; Bonucceli, 1989; Lizarraga et al.,1997), (Figura 1). ASPECTOS CLIMÁTICOS E TÉCNICAS DE CULTIVO É uma espécie extremamente adaptável quanto ao clima, altitude e tipo de solo, sendo que sua alta resistência ao frio e à seca está relacionada à grande quantidade de carboidratos de reserva nos ór6 gãos subterrâneos. Além disso, seus rizóforos contêm gemas que regeneram uma nova planta a cada ano, após o inverno. Descrita como neutra ao fotoperíodo (National Research Council, 1989), alcança a maturidade a partir de sete meses após o plantio, quando tem início a floração, seguida da fase de senescência de toda parte aérea. Entre oito e dez meses de idade, quando a parte aérea começa a secar, é realizada a colheita das raízes tuberosas (para fins comerciais) e dos rizóforos (como material de propagação para o próximo plantio). É também nesta fase em que se observam as maiores quantidades de frutooligossacarídeos nesses orgãos, sendo que a partir dos dez meses inicia-se o processo de despolimerização das cadeias, com a liberação de frutose e glicose, que serão utilizadas na forma de energia, para a brotação das gemas e consequente regeneração da planta. A colheita das folhas é realizada três vezes durante o ciclo, sendo retiradas somente as folhas da parte mediana do caule (Vilhena, 1997). A cultura do yacon é implantada em áreas bem preparadas, com aração profunda ou sobre canteiros com 1 m de largura e 0,30 m de altura. O plantio é feito utilizando-se rizóforos pesando entre 60 e 80 g, com espaçamento de 1,0 m entre linhas e 0,90 m entre plantas, a uma profundidade de aproximadamente 0,15 m. O pH do solo é corrigido com calcáreo dolomítico objetivando mantê-lo por volta de 6,0; é feita uma adubação de plantio (recomendação para batata) com NPK e Zn, e duas adubações nitrogenadas em cobertura. Deve-se ter um cuidado especial com a irrigação, que pode ser feita por aspersão e com a eliminação das plantas invasoras, realizando-se pelo menos três capinas manuais durante o ciclo. No Brasil, na região de Capão Bonito, o plantio é feito normalmente nos meses de agosto e setembro, utilizando-se rizóforos de um único clone que foi introduzido nesta região (Kakihara et al.,1996). Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. O cultivo de yacon no Brasil. A C D B Figura 2: (A) Raízes comerciáveis; (B) desidratação das raízes tuberosas de yacon, na forma de chips, em estufa elétrica; (C) em túneis com energia solar; (D) raízes e folhas desidratadas e embaladas para comercialização. Capão Bonito, 1996. TÉCNICAS DE PÓS-COLHEITA A colheita das folhas e dos órgãos subterrâneos é feita manualmente. Kakihara et al. (1996) relataram obter rendimentos de até 100 t.ha -1 de raízes tuberosas e 1 t.ha -1 de folhas frescas. As folhas colhidas são desidratadas em estufa à temperatura de 40°C, trituradas e embaladas em potes ou sacos plástico. As raízes para consumo “in natura” podem ser armazenadas em câmara fria, à temperatura de 4°C por período de até 30 dias. Para obtenção de raízes desidratadas, estas devem ser lavadas em água corrente, descascadas, fatiadas na forma de “chips”, espalhadas em bandejas e desidratadas natural ou artificialmente. Independentemente do método utilizado para desidratação (estufa elétrica ou túneis com aquecimenHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. to solar) a temperatura não deve ultrapassar 50°C (Figura 2). UTILIZAÇÃO Na medicina popular suas folhas são utilizadas in natura ou desidratadas, na forma de chá, contra diabetes e altas taxas de colesterol. As raízes tuberosas são consumidas tanto in natura como cozidas em sopas ou desidratadas na forma de “chips” para os mesmos fins, e também como alimento. Nieto (1991), estudou a composição química das raízes de algumas linhagens de yacon e encontrou valores médios, em matéria seca, de 3,7% de proteínas, 3,5% de cinzas, 1,5% de matéria graxa, 3,4% de fibras, 87,7% de extrato livre de nitrogênio e 8,2% de potássio, considerando um alimento alta- mente energético e de bom valor nutricional. Mais recentemente, Vilhena et al. (1997), observaram maiores quantidades de proteínas nas raízes tuberosas do clone introduzido no Brasil, e relacionam seu valor energético ao alto conteúdo de açúcares totais (Tabela 1). Além de sua importância como alimento energético e como planta medicinal, os órgãos subterrâneos de yacon contêm de 60 - 70% de frutanos na forma de fruto-oligossacarídeos do tipo inulina, com grau de polimerização (GP) máximo de 12 (Figura 3), que podem ser utilizados tanto na indústria de produtos dietéticos e de alimentos infantis, como para a produção de xarope de frutose, açúcar de grande interesse para a indústria alimentícia (Ohyama et al., 1990; Asami et al., 1991; Vilhena, 1997). 7 S.M.C. Vilhena et al. Tabela 1. Composição química (% da massa seca) de raízes tuberosas de yacon. Botucatu, UNESP, 1997. Proteína M. Graxa Cinzas Fibras Acidez* pH 4,34 1,66 3,56 3,26 1,28 5,53 Frutose total** 98,41 Açúcar total 63,18 % de água nas raízes = 85,93% * Acidez normal em ml/100 g de amostra ** mg.g -1 massa fresca Figura 3: (A) Cadeia de frutanos do tipo inulina; (B) Identificação dos fruto-oligossacarídeos nas raízes tuberosas de yacon pela cromatografia líquida de alta resolução (HPLC): (Ht) amostra padrão de fruto-oligossacarídeos extraídos de Helianthus tuberosus, (X) e (Y) fruto-oligossacarídeos extraídos de raízes tuberosas de Polymnia sonchifolia Poep Endl. recém colhidas. Vilhena,1997. LITERATURA CITADA ASAMI, T.; MINAMISAWA, K.; TSUCHIYA, T.; KANO, K.; HORI, I.; OHYAMA, T.; KUBOTA, M.; TSUKIHASHI, T. Flutuation of oligofructan contents in tuber of yacon (Polymnia sonchifolia) during growth and storage. Japanese. Journal of Soil Science and Plant Nutrition, v. 62, p. 621-7, 1991. BONUCCELI, F.R. Plantas alimenticias en el antiguo Peru. 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Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18. n. 1, p. 9-15, março 2.000. Desenvolvimento de feijão-macuco em área de várzea. Zilvanda L. de Oliveira Melo; Carlos Roberto Bueno INPA, Caixa Postal 478, 69.011-970 Manaus-AM. RESUMO ABSTRACT Entre as espécies tropicais que produzem tubérculos encontrase Pachyrrhizus tuberosus, conhecida popularmente como feijãomacuco ou jacatupé. Objetivou-se avaliar o crescimento da espécie correlacionando o desenvolvimento de órgãos da planta na fase vegetativa, de floração, de frutificação e da formação das raízes tuberosas, bem como avaliar a importância do tutoramento e da eliminação da inflorescência no desenvolvimento da planta e na produção das raízes tuberosas. O estudo foi realizado em área de várzea do Rio Solimões, no período de agosto de 1993 a maio de 1994, tendo-se verificado um total de 1.925 mm de chuva, temperatura média de 26oC e umidade relativa 86,5%. Foi estudado o comportamento de três genótipos (definidos como 1, 2 e 3), submetidos a quatro formas de manejo: com e sem tutoramento das plantas e com e sem poda das inflorescências. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso em esquema fatorial 3 x 2 x 2 (respectivamente introduções, tutoramento e retirada das inflorescências). Foram utilizadas três repetições e as parcelas mediram 15,5 x 25,0 metros. O tratamento tutorado promoveu acúmulo da matéria seca dos frutos e do caule, resultando em maior peso da matéria seca da parte aérea. De maneira geral, no tratamento tutorado houve incremento ordenado das partes aérea e subterrânea. As taxas de crescimento dos genótipos estudados apresentaram um mesmo padrão de desenvolvimento das plantas. Houve tendência das plantas tutoradas de apresentarem maior crescimento relativo. A poda das inflorescências promoveu aumento considerável do peso das raízes tuberosas, chegando a aumentar em até 4,6 vezes, em comparação com o tratamento com inflorescências. Além de aumentar o peso da matéria seca das folhas, a poda das inflorescências favoreceu também um aumento nos teores de clorofilas a, b e total, aos 160 dias após a semeadura. Pelos resultados obtidos nesse trabalho, concluímos que o tutoramento das plantas, associado à remoção das inflorescências, favoreceu o desenvolvimento do feijão macuco. Development of yam bean or “Feijão-Macuco” plant in a floodplain area. Palavras-chaves: Pachyrrhizus tuberosus, tutoramento, poda de inflorescência, tuberização, clorofila. Key Words: Pachyrrhizus tuberosus, staking, inflorescence pruning, tuberous root formation, chlorophyl. Pachyrrhizus tuberosus, popularly known as yam bean, (“feijão-macuco” or “jacatupé” in portuguese) is one of the tropical food plant species bearing edible tuberous roots. The purpose of this study was to evaluate the plant’s growth, correlating the development of the plant parts in the vegetative, flowering, fruiting and tuberous root formation stages, as well as assessing the importance of staking the plants and pruning the inflorescence in the development of the plant and in the yield of tuberous roots. The study was carried out in a Rio Solimões’ floodplain area from August 1993 to May 1994, with 1,925 mm of rainfall, 26oC average temperature and 86.5% relative humidity. The behavior of three genotypes, identified as 1, 2 and 3, which were submitted to four kinds of plant management: with and without staking the plants and with and without pruning the inflorescences. The experimental design was completely randomized blocks in a factorial scheme of 3 x 2 x 2 (genotypes, staking, and inflorescences pruning, respectively) with three replications. Plots measuring 15.5 x 25.0 m were used. The staking treatment increased the plant and stems dry matter weight. Usually there was a steady increase of the above and below ground parts with staking. Growth rates were similar to all genotypes. Staked plants showed a tendency to higher relative growth. The pruning of the inflorescences promoted up to 4.6 fold increase in the tuberous roots weight. In addition to raising the leaves dry matter weight, inflorescence pruning also furthered an increase in the a, b and total chlorophyl grades 160 days after sowing. According to results obtained, it was concluded that staking plants associated with the pruning of the inflorescences improved the development of the “feijão-macuco”. (Aceito para publicação em 02 de fevereiro de 2.000). P achyrrhizus tuberosus conhecida popularmente como feijão-macuco é uma planta herbácea, trepadeira podendo atingir de 30 centímetros a 3,5 metros de altura, formando uma ou mais raízes tuberosas, de casca marrom claro e interior branco. O fruto é um legume, medindo de 6,5 a 20 cm de comprimento. As raízes representam um alimento potencialmente importante para os trópicos, notadamente pelo conteúdo de Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. proteínas, que pode alcançar até 9% do total da matéria seca (Noda et al. 1984; Sales, 1993). Na literatura, alguns trabalhos mostram que a prática de determinados tratos culturais podem otimizar ou mesmo direcionar o desenvolvimento de uma espécie. Pesquisas de campo mostram que a desfolha induz alterações fisiometabólicas profundas nas relações fonte-dreno, como por exemplo na síntese e distribuição de fotoassimilados (Hanson & West, 1982; Pandey, 1983; Wilkerson et al., 1984; Pechan & Morgan, 1985). A remoção das flores, observada em lentilha (Lens esculenta L.) três semanas após a antese, em níveis de 25 a 75% reduziu sensivelmente a produção de sementes, porém, essa redução não foi proporcional ao grau de remoção (Pandey, 1983). Noda & Kerr (1983), em um estudo realizado com a 9 Z. de O. Melo & C. R. Bueno espécie jicama (Pachyrrhizus erosus (Urban)), onde avaliou-se a produção de raízes tuberosas em plantas com e sem tutor e com e sem inflorescência, verificaram que a retirada dos botões florais aumentou em até dez vezes a produção em peso das raízes e, que apesar dessa espécie ser uma planta trepadeira com crescimento indeterminado, os dados sugeriam não ser necessário tutoramento para aumentar a produção de raízes. Sinha et al. (1977), ao estudarem também a espécie jicama, obtiveram uma correlação negativa entre produção de raízes e número de vagens por planta. Isso sugere que há migração de fotoassimilados para as flores, vagens e sementes, em detrimento da formação de raízes. Noda et al. (1984) concluíram que a combinação tutoramento e retirada das inflorescências poderia aumentar a produção de raízes tuberosas em até dez vezes. Por sua vez Alvarenga (1987), em Campinas, (SP), verificou que, na primavera, a remoção de ramos laterais e inflorescências, praticadas isoladamente ou em combinação, não afetou o peso das raízes, enquanto que no outono, desfolhas de 33% e 66%, associada à remoção de inflorescências, propiciou peso de raízes superior em relação ao plantio de primavera. Em estudos realizados por Zapeda (1971), os resultados mostraram que a retirada das inflorescências em jicama aumentou o tamanho e o rendimento das raízes, promovendo um incremento de até 114%, em relação ao tratamento onde as inflorescências foram mantidas. Costa (1994), estudando o efeito da poda da parte aérea e das raízes em mudas de tomateiro industrial, verificou que o tratamento sem poda proporcionou maior peso médio dos frutos (83 g) e maior produtividade (66,0 t/ha). A importância do conhecimento do conteúdo de clorofila em folhas baseiase no seu relacionamento com a taxa fotossintética e o crescimento da planta (Boardman, 1977; Buttery & Buzzel, 1977; Engel & Poggiani, 1991). O rendimento fotossintético da planta por sua vez depende de vários fatores internos, como estrutura da folha, teor de clorofila e acúmulo de produtos da fotossín10 tese dentro dos cloroplastos, além de fatores externos, como qualidade e quantidade de luz (Hall & Rao, 1980). Alvarenga (1987), em estudos realizados com a espécie feijão-macuco, verificou que o fotoperíodo afetou os níveis de clorofilas a, b e total dos folíolos laterais da quinta folha trifoliolada, sem contudo alterar a relação clorofila a:b. Verificou, ainda, que a redução observada nos teores de clorofila não alterou o ganho de matéria seca das plantas, apesar de ter aumentado o número de folhas e suas respectivas áreas. Esse trabalho teve como objetivo: a) avaliar o crescimento da espécie feijãomacuco, correlacionando o desenvolvimento de órgãos da planta nas fases vegetativa, de floração, de frutificação e da formação das raízes tuberosas; b) avaliar a importância do tutoramento e da eliminação da inflorescência no desenvolvimento da planta e na produção de raízes tuberosas. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi desenvolvido na Estação Experimental do Ariau - Município de Iranduba, na margem esquerda do Rio Solimões, utilizando-se três genótipos da Coleção do Programa de Melhoramento de Hortaliças do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, identificadas como genótipos 1, 2 e 3, no período de agosto de 1993 a maio de 1994, tendo-se verificado um total de 1.925 mm de chuva, temperatura média de 26oC e umidade relativa de 86,5%. Foram coletadas amostras de solo (0 a 25 cm de profundidade) no local de implantação do experimento, para determinação do pH e da fertilidade. Os resultados obtidos foram: pH em água = 4,68; fósforo = 53 ppm; potássio = 126 ppm; cálcio = 9,18 me%; magnésio = 3,37 me%; alumínio = 0,90 me%; manganês = 88 ppm; zinco = 26 ppm; ferro = 618 ppm. A semeadura foi direta no campo, utilizando-se duas sementes por cova, em leiras com cerca de 20 cm de altura, utilizadas para proteger as plântulas na fase inicial de seu crescimento. O espaçamento foi de um metro entre linhas e de 0,5 metro entre plantas, e o delineamento experimental de blocos ao acaso, em esquema fatorial 3 x 2 x 2 (três introduções, com e sem tutor, com e sem a retirada das inflorescências), com três repetições. O tamanho das parcelas foi de 15,5 x 25,0 m. Durante a fase experimental as plantas apresentaram perfurações no limbo foliar, notadamente no início de seu desenvolvimento. Detectou-se que o principal ataque era devido a “vaquinhas”, principalmente dos gêneros Eriopis e Cerotoma. Para a identificação de doenças, fezse um levantamento avaliando a ocorrência das mesmas sobre as plantas e o nível de danos causados pelos patógenos. Observou-se que os principais problemas foram: ferrugem, causada por Fhakospsora pachyrhizi, observada em 100% das plantas; antracnose, causada por Colletotrichum sp, ocorrendo em folhas e vagens; virose (mosaico) e murcha, causada por Sclerotium spp. O tutoramento das plantas teve início quando as mesmas apresentavam o seu terceiro par de folhas trifolioladas, usando como tutor varas de madeira. A poda das inflorescências foi realizada semanalmente, quando as mesmas encontravam-se na fase de botão floral, tendo iniciado aos 70 dias após a semeadura. Durante o desenvolvimento das plantas foram realizadas avaliações mensais do crescimento, até 175 dias após o plantio. A cada coleta realizouse um sorteio de três plantas por parcela, de modo que, para cada característica avaliada, calculou-se a média aritmética de três repetições, totalizando 36 plantas por bloco. As plantas foram arrancadas do solo com o auxílio de uma enxada, tomando-se o cuidado para não danificar o sistema radicular e a seguir, colocadas em sacos plásticos, etiquetadas por tratamento, colocadas em caixas de isopor contendo gelo e transportadas para o laboratório. Antes de se iniciar as medições, as plantas foram cuidadosamente lavadas, secas e suas raízes tuberosas escovadas para a remoção de qualquer resíduo de solo. Foi feita a contagem do número de folhas por planta e a medida da área Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea. foliar foi realizada com o auxílio do aparelho portátil LICOR LI 3.000. Para a determinação da biomassa dividiu-se a planta por partes (folhas, caule, flores, vagens, sementes e raízes). Cada uma dessas partes foi colocada em sacos de papel e levada a estufa a 80°C com circulação forçada de ar, até se obter peso constante. Após a secagem, obteve-se o peso da matéria seca, utilizando-se uma balança analítica modelo METTLER H35 AR. O desenvolvimento das raízes tuberosas foi avaliado através do peso da matéria fresca e da matéria seca acumulada. A razão de área foliar foi determinada por meio da relação RAF = AFE x RPF, onde RAF é razão de área foliar; AFE área foliar específica e RPF razão do peso foliar, expresso em cm2/g/dia, segundo Benincasa (1986). A taxa de crescimento relativo foi avaliada considerando as diferenças de matéria seca acumulada em um período de trinta dias ao longo do desenvolvimento das plantas, sendo que na última coleta o intervalo foi reduzido para quinze dias, devido à cheia do rio Solimões. A equação utilizada para o cálculo da taxa de crescimento relativo foi: TCR = 1nP2-1n P1/T2-T1 , expressa em g.g-1.dia (Magalhães, 1985) onde: P2 e P1 são pesos da matéria seca acumulada nos tempos T2 e T1. Para obtenção dos teores de clorofilas a, b e total, foi selecionada a quinta folha trifoliolada. Para compor uma amostra, fez-se a homogeneização de três amostras provenientes de um mesmo tratamento. A seguir, retiraram-se seis discos foliares de 0,72 cm, evitando-se a borda e a nervura central das folhas. Os discos foram pesados e macerados em acetona 80%, com adição de MgCO3, a fim de evitar a feofitinização (Steffens Tabela 1. Número de folhas por planta de feijão-macuco em diferentes estádios de desenvolvimento. Manaus, INPA, 1996. Tratamento Com tutor Sem tutor DMS 40 12,4 b 15,2a 2,16 dias após a semeadura 70 100 130 160 12,6 28,6 34,6 47,3 12,3 25,1 36,3 48,2 - 175 36,7 45,9 - Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si a 5% pelo teste de Tukey. et al., 1976) e centrifugados a 2.500 rpm durante dez minutos. As absorbâncias dos extratos cetônicos foram determinadas em espectrofotômetro, a 645 nm e 663 nm e os cálculos das concentrações de clorofilas a, b e total foram realizados com base nos coeficientes de Arnon (1949), expressos em miligramas por grama de material fresco: clorofila a = (12,7 x DO663 - 2,69 x DO 645) x V/1.000 x W; clorofila b = (22,9 x DO645 - 4,68 x DO 663) x V/1.000 x W; clorofila total = (20,2 x DO645 + 8,02 x DO663) x V/1.000 x W; onde: V = volume da amostra em mililitros; W = peso da amostra em gramas; DO = densidade ótica. Para a análise dos dados utilizou-se o programa estatístico SAS (SAS, 1989). Na avaliação dos dados foi realizada análise de variância pelo teste F e comparação das médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade (Gomes, 1977). RESULTADOS E DISCUSSÃO Parte aérea e sistema radicular A análise estatística mostrou que a área foliar e a razão de área foliar não apresentaram diferenças significativas em nenhum dos tratamentos estudados e suas interações. Isso significa que tanto os genótipos como o manejo adotados não proporcionaram aumento foliar, apesar de ter sido eliminado na planta um dreno de fotoassimilados, que é a inflorescência. Nesse caso, outra parte da planta foi beneficiada com a alteração desse dreno metabólico. Observou-se que apenas aos 40 dias as plantas não tutoradas apresentaram médias mais elevadas referentes ao número de folhas, quando comparadas com aquelas tutoradas (Tabela 1), mostrando que a diferença foi observada apenas no início do crescimento vegetativo e posteriormente as plantas cresceram de forma equilibrada, atingindo valores semelhantes. Referente ao peso de matéria seca acumulada na parte aérea (Tabela 2), foram observadas diferenças significativas aos 160 dias para o caule e total, sendo o tratamento tutorado aquele que resultou em maior crescimento. As folhas não mostraram diferenças, enquanto que o caule sim, o que resultou em maior peso total da parte aérea. O aumento do peso da matéria seca do caule 160 dias nas plantas submetidas ao Tabela 2. Peso de matéria seca da folha, caule e parte aérea de plantas de feijão-macuco em diferentes dias após semeadura e formas de manejo. Manaus, INPA, 1996. Tratamento 40 Com tutor 2,2 Folha (g) Caule (g) Parte Aérea (g) (dias após a semeadura) (dias após a semeadura) (dias após a semeadura) 70 100 130 160 175 3,9 10,8 15,5 22,6 20,6 40 0,5 70 3,2 100 130 160 175 7,7 16,9 34,6a 38,4 40 2,6 70 100 130 160 Sem tutor 2,8 3,7 8,4 11,6 17,8 20,3 0,5 3,0 7,3 10,8 20,1b 36,9 3,3 6,5 16,3 24,4 41,4b Com infl. 2,3 4,5 9,6 13,0 16,7 16,0b 0,4 3,4 8,3 14,0 2,8 7,6 17,6 31,7 Sem infl. 2,7 3,1 9,7 DMS (tutor) - - - 14,1 23,7 25,0a - - DMS (inflor) - - - - - 5,63 25,7 32,2 29,0 42,9 175 7,0 18,0 36,7 83,6a 101,4 79,4 69,0 105,8 0,6 2,8 6,7 13,7 3,2 5,9 16,8 29,4 - - - - 13,92 - - - - - 39,38 56,1 76,4 - - - - - - - - - - - - - Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 11 Z. de O. Melo & C. R. Bueno Tabela 3. Peso de matéria seca das raízes, parte aérea e total, em três genótipos de feijão-macuco, obtidos em diferentes dias após a semeadura e formas de manejo. Iranduba, INPA, 1996. Raízes (g) Tratamento (dias após a semeadura) 40 Com tutor Parte Aérea(g) 70 100 130 160 Total (g) (dias após a semeadura) 175 0,1 1,4b 5,2 7,9 25,1 32,8 7,7 18,9 40 2,6 70 100 130 160 (dias após a semeadura) 175 40 7,0 18,0 36,7 83,6a 101,4 2,9 70 100 130 160 175 8,6 21,2 43,4 105,3a 128,6 Sem tutor 0,4 2,0a 8,5 28,0 3,3 6,5 16,3 24,4 41,4b 79,4 3,6 8,4 25,9 31,3 Com infl. 0,3 1,9 7,1 6,0b 10,4b 16,5b 2,8 7,6 17,6 31,7 69,0 105,8 3,1 9,6 24,0 37,2 79,5 117,4 Sem infl. 0,3 1,5 6,4 9,6a 33,5a 44,6a 3,2 5,9 16,8 29,4 56,1 3,5 7,5 83,5 121,2 DMS (tutor) - 0,46 - - DMS (inflor) - - - 3,12 9,64 12,01 76,4 23,1 37,5 - - - - 39,38 - - - - - - - - - - - - - - - 57,5b 108,8 43,40 - - Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey. tutoramento, permitiu melhor distribuição e disposição das folhas, promovendo melhor interceptação relativa da luz solar do que nas plantas não tutoradas. Portanto, o tutoramento pode favorecer o crescimento em extensão do caule, decorrente da expansão dos primórdios foliares, do aumento de nós formados e do alongamento dos entrenós. Este último exige um suprimento contínuo de produtos fotossintetizados (Whatley & Whatley 1982). Com relação à disposição das folhas, Mota (1979) ressalta que a fotossíntese, nas folhas com inclinação ótima, aumenta linearmente com a luz e que, para o uso eficiente da luz solar, a inclinação ótima deve ser de 81°, ou seja, uma posição mais ou menos ereta. Aos 175 dias, o peso de matéria seca das folhas, para o tratamento com retirada das inflorescências, mostrou valor superior. Segundo Verkleyj & Challa (1988), durante o crescimento, os fotoassimilados produzidos nas folhas (fonte) podem ser utilizados parcial ou temporariamente no crescimento da planta e/ou armazenados sob a forma de amido e açúcares, assim como podem ser exportados para outros órgãos. Tais substâncias podem acumular-se nas folhas, formando material não fotossintetizante, resultando, portanto, num maior acúmulo de matéria seca. Com a retirada das inflorescências, as raízes tuberosas passam a ser o principal dreno metabólico, e as folhas passam a exportar os fotoassimilados para a formação e desenvolvimento dessas raízes. As plantas não tutoradas apresentaram, 70 dias após o plantio, peso de matéria seca das raízes superior ao das plantas submetidas ao tutoramento 12 Figura 1. Peso da matéria seca acumulada na parte aérea (PA), raízes (PR) e total (PT) em plantas de feijão macuco tutoradas, com e sem inflorescências (CI e SI). Iranduba - AM, INPA, 1996. (Tabela 3). Com relação aos demais períodos, o peso de matéria seca das raízes não foi influenciado pelo tutoramento. Esses resultados parecem indicar, que como as plantas começaram o processo de tuberização por volta dos 70 dias e que, em algumas plantas esse processo foi mais precoce do que em outras, essa desuniformidade pode ter ocasionado diferenças estatísticas em favor do tratamento sem tutoramento. Com relação aos demais períodos, não foram observadas diferenças significativas no peso de raízes, nas plantas submetidas ou não ao tutoramento. Verificou-se que, aos 130, 160 e 175 dias após a semeadura, no tratamento com poda de inflorescência o peso de raízes foi superior. Vários autores (Zapeda, 1971; Meyer et al., 1973; Noda, 1979; Noda & Kerr, 1983; Noda et al., 1984), mencionam que a prática da retirada das inflorescências proporciona um aumento considerável na produção de raízes tuberosas. Zapeda (1971), trabalhando com jicama, relata a necessidade dessa prática para duplicar o rendimento das raízes em termos de tamanho e peso. Meyer et al. (1973) mencionam que, em geral a remoção das flores, frutos ou gomos em desenvolvimento favorece o crescimento radicular, podendo causar um decréscimo na razão caule-raiz. A Tabela 3 mostra que o aumento do peso da matéria seca das raízes ocorreu quando as inflorescências foram retiradas das plantas (a poda teve inicio aos 70 dias após o plantio). A poda das inflorescências possibilitou a transferência preferencialmente de fotoassimilados para as raízes (maior dreno metabólico), resultando consequentemente, no aumento do peso da matéria seca. No final do ensaio, aos 175 dias após o plantio, as plantas tutoradas e com poda das inflorescências produziram cerca de 4,6 vezes mais raízes tuberosas do que o tratamento sem tutor e com inflorescências (Figura 1). Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea. Com relação ao peso da matéria seca da parte aérea, o maior acúmulo ocorreu nas plantas submetidas ao tratamento com tutor, 160 dias após a semeadura. Para os demais períodos, não se verificou diferenças estatísticas. Os tratamentos com e sem inflorescências não influenciaram no peso da matéria seca da parte aérea em todos os períodos analisados. Os dados do peso de matéria seca acumulada na parte aérea, raízes e total em plantas de feijão-macuco com tutor e sem tutor são mostrados nas Figuras 1 e 2, respectivamente. Com relação à retirada das inflorescências, observou-se que o peso da matéria seca das raízes foi significativamente superior nos tratamentos sem inflorescências que naqueles com inflorescências. Este resultado mostrou que os fotoassimilados que seriam utilizados para a formação das flores e posteriormente para vagens e sementes foram carreados para o sistema radicular, promovendo maior produção de raízes. Nas plantas submetidas ao tutoramento, a produção de raízes foi ainda mais evidente do que nas plantas não tutoradas. Isso se deve a uma melhor penetração e distribuição de luz solar por entre as folhas, facilitado pelo crescimento mais ordenado das plantas, conduzidas pelo tutor. Não foram observadas diferenças entre os genótipos utilizados. Comparando-se a matéria seca nas raízes e na parte aérea (Figuras 1 e 2), observou-se que as plantas submetidas ao tratamento com tutoramento apresentaram um acúmulo de matéria seca da parte aérea e total superior aos das plantas não tutoradas. Observou-se ainda que as plantas, a partir de 120 dias após semeadura apresentaram tanto nos tratamentos com tutor e sem tutor, um aumento progressivo no crescimento, chegando a 175 dias após o plantio ao pleno desenvolvimento. Estes resultados parecem indicar que na época da última coleta, aos 175 dias após o plantio, as plantas ainda encontravam-se acumulando matéria seca e portanto em condições de desenvolvimento, podendo o ensaio ter sido prolongado por um período maior. Observou-se também que as plantas cultivadas com inflorescências tiveram um maior acúmulo de matéria Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Figura 2. Peso da matéria seca acumulada na parte aérea (PA), raízes (PR) e total (PT) em plantas de feijão macuco sem tutor, com e sem inflorescências (CI e SI). Iranduba - AM, INPA, 1996. seca da parte aérea, independente de terem sido ou não tutoradas. Quanto ao peso de matéria seca total, as plantas tutoradas apresentaram maior acúmulo quando submetidas ao tratamento sem inflorescências. Taxas de crescimento relativo Os genótipos estudados apresentaram uma tendência de taxa de crescimento relativo dentro de um mesmo padrão ao longo do seu desenvolvimento, em todos os períodos avaliados (Figura 3) .Observou-se também que nos genótipos 1 e 3 ocorreu um decréscimo na taxa de crescimento relativo das raízes no intervalo de tempo de 40-70 dias. Coincidentemente nesse período as raízes iniciaram a tuberização e, provavelmente, o processo não foi uniforme. Outro fator que pode ter contribuído para esse decréscimo foi que neste mesmo período as plantas sofreram grande ataque de vaquinhas e as folhas ficaram danificadas, prejudicando o processo de fotossíntese, a formação de fotoassimilados e, consequentemente, a tuberização. No intervalo de tempo de 70-100 dias, época em que as plantas estavam iniciando a floração, ocorreu decréscimo na taxa de crescimento dos frutos (considerados aqui a soma dos valores de flores, vagens e sementes), nos três genótipos estudados. Isto devese ao fato de que neste mesmo período também iniciou-se a tuberização. Houve uma tendência das plantas tutoradas a apresentarem um maior crescimento relativo da raiz, caule, folha e fruto (Figura 3). Verificou-se que houve uma maior taxa de crescimento relativo da raiz nas plantas que foram simultaneamente tutoradas e desprovidas de inflorescências, reforçando os dados já discutidos de um crescimento mais ordenado nas plantas tutoradas. Verificou-se, ainda, um aumento acelerado na taxa de crescimento relativo do fruto a partir de 130 dias até 175 dias após a semeadura. Esse período também coincidiu com um aumento da área foliar. Estes dados confirmam os resultados encontrados por Alvarenga (1987), trabalhando com feijão-macuco que verificou aumentos na produção de vagens e sementes, coincidentes com o melhor desenvolvimento foliar. Teores de clorofilas O conteúdo de clorofilas em uma planta está diretamente relacionado com a capacidade de realizar a fotossíntese, cujo resultado ou produto final é o desenvolvimento do vegetal. Observou-se que 160 dias após a semeadura os teores de clorofilas obtidos em plantas onde as inflorescências foram removidas, apresentaram valores estatisticamente superiores ao tratamento sem poda (Tabela 4). Observou-se que os teores de clorofila a, 160 dias após o plantio, apresentaram diferenças significativas, em 13 Taxa de crescimento relativo (g/g.dia) Taxa de crescimento relativo (g/g.dia) Taxa de crescimento relativo (g/g.dia) Z. de O. Melo & C. R. Bueno Figura 3. Taxa de crescimento relativo de três introduções de feijão macuco, em função do tempo. Iranduba - AM, INPA, 1996. função dos tratamentos com ou sem inflorescências. Analisando-se os teores de clorofila b, verificou-se que apenas no período de 160 dias, ocorreram diferenças significativas quanto a forma de manejo. Os tratamentos sem inflorescências mostraram-se superiores e com diferenças significativas no teste F ao ní14 vel de 5% e 1% de probabilidade nos teores de clorofilas a e b, respectivamente. Com relação a clorofila total, os valores do teste F, em função das formas de manejo foram não significativos, quando avaliados nos períodos de 40, 100 e 130 dias após semeadura. Observou-se ainda que no tratamento com manejo das inflorescências, foram encontradas diferenças pelo teste F, nos períodos de 70 e 160 dias (Tabela 4). São escassas as informações sobre os efeitos fisiológicos da remoção das inflorescências sobre a tuberização e o conteúdo de clorofilas. Supõe-se que, com a retirada das inflorescências, seria eliminado um forte dreno metabólico, que é a floração e a formação de vagens e sementes. Com essa alteração, a planta passaria a deslocar maior quantidade de assimilados para a formação de raízes tuberosas e para o seu crescimento vegetativo, apresentando maior vigor e provável acúmulo de clorofilas nas folhas. Os resultados obtidos neste trabalho, dentro das condições desenvolvidas, permitem concluir que: A última coleta foi realizada aos 175 dias após a semeadura, quando as plantas ainda apresentavam incrementos de matéria seca nas diferentes partes, encontrando-se portanto em pleno desenvolvimento, indicando que seria viável permanecer por mais tempo no campo e provavelmente aumentar a produção de raízes. As plantas tutoradas apresentaram, de maneira geral, tendência a um desenvolvimento mais organizado, resultando num incremento ordenado das partes aérea e subterrânea, promovendo um maior rendimento das raízes. O tutoramento das plantas resultou em aumento do peso de matéria seca acumulada nos frutos, apesar de os mesmos não serem comestíveis e no momento utilizados apenas para a multiplicação das plantas. As taxas de crescimento de todos os genótipos apresentaram o mesmo padrão ao longo do desenvolvimento das plantas, considerando o período estudado. Observou-se uma tendência das plantas tutoradas a apresentarem uma maior taxa de crescimento relativo, indicando um maior acúmulo no peso da matéria seca, ou seja, maior crescimento. A remoção das inflorescências aumentou o peso de matéria seca acumulada das folhas, bem como a produção de raízes tuberosas, que associada ao tutoramento, produziu 4,6 vezes a mais, em peso, que o tratamento com inflorescências, sendo portanto recomendada essa prática cultural. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Desenvolvimento de feijão macuco em área de várzea. Tabela 4. Teores de clorofilas a, b e total em plantas de feijão macuco, obtidas em diferentes períodos após semeadura, em função da poda de inflorescências. Iranduba, INPA, 1996. Clorofila a (mg/g MF) (DAS) Tratamento 40 70 Com infl. 1,86 1,29 Sem infl. 1,98 DMS - 100 130 Clorofila b (mg/g MF) (DAS) 160 40 160 40 1,51 1,53 1,38b 0,66 - 0,06 0,55 0,46b 2,56 1,29a 1,56 2,16 1,84b 1,18 1,51 1,63 1,67a 0,69 - 0,05 0,54 0,55a 2,56 1,12b 1,55 2,16 2,17a - - - - - - - - - 0,23 70 100 130 Clorofila total (mg/g MF) (DAS) 0,07 - 70 0,16 100 130 160 0,28 Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% pelo teste de Tukey. LITERATURA CITADA ALVARENGA, A.A. Estudos de alguns aspectos do desenvolvimento do feijão jacatupé (Pachyrrhizus tuberosus (Lam) Spreng). Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1987. 174 p. (Tese doutorado). ARNON, D.I. Copper enzymes in isolated chloroplasts. Polyphenoloxidase in Beta vulgaris. 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Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio em cultivares de ervilha sob diferentes lâminas de irrigação. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 16-20, março 1999. Produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e severidade de oídio em cultivares de ervilha sob diferentes lâminas de água. Carlos Alberto da S. Oliveira; Waldir Aparecido Marouelli; Jorge Roland M. dos Santos; Leonardo S. Boiteux Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília - DF. RESUMO ABSTRACT Foi estudado o efeito de lâminas de água sobre o número de escleródios produzidos por Sclerotinia sclerotiorum, a severidade de oídio causada por Erysiphe pisi e a produção de matéria seca da parte aérea em ervilha (Pisum sativum L.) sob condições de solo e clima do Brasil Central. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. As lâminas de água, aplicadas através de uma única linha de aspersão, variaram entre 125 e 499 mm. As cultivares estudadas foram Maria, Luíza, Marina, Mikado, Triofin, Viçosa, Amélia e Kodama. A matéria seca da parte aérea das plantas não variou entre as cultivares, mas aumentou com a lâmina total de água aplicada. O número de escleródios produzidos nas plantas aumentou significativamente com o aumento da lâmina de água aplicada e não diferiu entre cultivares semiáfilas e cultivares de folhas normais. As cultivares Marina, Mikado e Luíza mostraram uma produção de escleródios significativamente inferior à observada na cultivar Triofin. Lâmina de água e cultivar interagiram significativamente para severidade de oídio avaliada aos 70 dias após o plantio. O aumento da lâmina de água total aplicada na cultura reduziu a severidade de oídio nas cultivares suscetíveis Amélia e Mikado. As cultivares Maria e Marina apresentaram potencial de serem utilizadas em áreas com problemas de Sclerotinia. Sclerotia of Sclerotinia sclerotiorum production and powdery mildew severity in pea cultivars under different water depths. Palavras-chave: Pisum sativum L., Erysiphe pisi, manejo da irrigação, doença, controle. Keywords: Pisum sativum L., Erysiphe pisi, irrigation management, disease, control. The effect of water depth on the number of sclerotia produced by Sclerotinia sclerotiorum, oidium severity caused by Erysiphe pisi, and top plant dry matter of dry pea (Pisum sativum L.) was studied under soil and climate conditions of Central Brazil. It was used a randomized complete block design with four replications (cultivar as a factor and a split plot on water depth). Water depths, applied through a single irrigation sprinkler line, varied from 125 to 499 mm, and the cultivars studied were Maria, Luiza, Marina, Mikado, Triofin, Viçosa, Amélia and Kodama. Top plant dry matter did not vary among cultivars; however, it increased with total water depth applied. Number of sclerotia produced in infected plants increased significantly as water applied increased and did not differ for semileafless and normal leaf cultivars. Cultivars Marina, Mikado and Luiza showed a significant reduced number of sclerotia in comparison with cv. Triofin. Water depth and cultivar interacted significantly for oidium severity evalueted 70 days after planting. Increasing water depth applied to the crop reduced oidium severity on the susceptible cultivars Amélia and Mikado. Cultivars Maria and Marina showed good potential for use in areas infected with Sclerotinia. (Aceito para publicação em 02 de dezembro de 1999). O Brasil, por vários anos, importou praticamente toda a ervilha (Pisum sativum L.) necessária para suprir a demanda das indústrias de processamento. Entretanto, entre 1977 e 1987, o país se mostrou com potencial para tornar-se exportador, em razão da rápida expansão da área cultivada no Brasil Central. Esta região é caracterizada por inverno seco, com baixa umidade relativa do ar e temperatura amena. Tais condições são adequadas à produção de sementes de alta qualidade fisiológica (Andreoli, 1979), reduzem o perigo da ocorrência de doenças (Oliveira, 1965) e exigem o cultivo sob irrigação. A irrigação é uma das práticas que mais favorece o aumento da produtividade da cultura de ervilha (Haddock & Linton, 1957; Hawthorn & Polland, 1966, 16 Marouelli et al., 1991, Chauhan, et al., 1992), tornando-se por isso uma prática indispensável. Em regiões com distribuição irregular de chuvas é possível obter razoáveis produções, sem irrigação desde que as plantas não sejam submetidas a severo déficit hídrico por ocasião do florescimento e do enchimento das vagens (Salter, 1962; Salter, 1963; Salter & Willians, 1967; Behl et al., 1968), principalmente por ocasião do enchimento das vagens (Miller et al., 1977). Apesar do sucesso que a cultura da ervilha obteve no Brasil Central, há escassez de informações relacionadas ao desempenho de novas cultivares plantadas no país, diante das múltiplas interações água-solo-planta-doença, principalmente aquelas relacionadas à doenças de solo e de folha. Entre as principais doenças que atacam a lavoura de ervilha no Brasil Central está a podridão-de-esclerotínia, causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, relatada como doença de solo e causadora de grandes danos a diversas lavouras na região de Cerrados (Café Filho, 1985). Os danos podem ser diretos, com morte de plantas e redução da produção, mas o maior problema reside na inviabilização de áreas para novos plantios, pois o fungo permanece no solo por muitos anos, não existindo métodos eficazes para a sua erradicação (Café Filho, 1985; Santos et al., 1993). A alta multiplicação e disseminação deste fungo pode se tornar um dos fatores limitantes à produção de ervilha para grãos nas regiões produtoras do país (Santos & Reifschneider, 1990), ainda Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Escleródios oídio em ervilha sob diferentes lâminas de água. mais porque não há cultivares resistentes a este patógeno. A arquitetura da planta de ervilha e as altas densidades de plantio, aliadas a outros fatores, podem ajudar a criar um microclima mais ou menos favorável à podridão-de-esclerotínia. Em feijão, plantas com arquitetura significativamente mais densa, devido à maior quantidade e proximidade de folhas, mostraram-se com maior incidência da doença (Schwartz & Gaves, 1980). Tal fato sugere que cultivares áfilas ou semiáfilas de ervilha podem apresentar menores níveis de severidade dessa doença (Santos, 1990). Outra doença de importância na cultura de ervilha na região do Planalto Central é a doença de folha causada por oídio (Erisiphe pisi), considerada endêmica (Santos et al., 1990) e que apresenta diversas cultivares suscetíveis a essa doença. O fungo reduz a biomassa vegetal podendo promover perdas acima de 50% na produção (Café Filho et al., 1988). O efeito favorável da chuva, do orvalho e da irrigação por aspersão no desenvolvimento do oídio foi relatado por Yarwood (1957). Por outro lado, a incidência de oídio decresceu durante o período de chuvas (Schnathorst, 1965), sugerindo um possível efeito de remoção ou lavagem de esporos de oídio pela ação mecânica da água da chuva ou da irrigação sobre as partes infectadas da planta. Trabalhos mais recentes não foram encontrados na literatura tratando sobre a interação entre água e doenças causadas por esclerotinia e oídio, em especial, para condições tropicais. Este trabalho teve por objetivo avaliar o desempenho da biomassa aérea de oito cultivares de ervilha, incluindo duas semi-áfilas, e quantificar a produção de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum e a severidade de oídio nestas cultivares, quando submetidas a diferentes níveis de água no solo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no campo experimental da Embrapa Hortaliças, em Brasília (DF), em Latossolo Vermelho-Escuro, fase cerrado e textura argilosa, em uma área infestada naturalmente por S. sclerotiorum e conduzido duHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. rante a época fria e seca do ano que vai de abril a setembro. As práticas culturais adotadas foram as recomendadas pela Embrapa Hortaliças (Giordano et al., 1984). Foram estudadas as cultivares de ervilha Maria, Luíza, Marina, Mikado, Triofin, Viçosa, Amélia e Kodama. Todas as cultivares têm características de adaptação a regiões tropicais e apresentam ciclo entre 100 e 120 dias. As cultivares Amélia e Kodama são semi-áfilas; Amélia e Mikado são consideradas suscetíveis ao oídio (Giordano et al., 1988) e as demais resistentes. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e quatro repetições. A área total de cada subparcela foi de 24 m² sendo a área útil de 8 m² (4,0 x 2,0 m). O espaçamento entre linhas de plantio foi de 17 cm sendo distribuídas cerca de 35 sementes por metro linear. Ao contrário de Hanks et al. (1980), que considerou cultivar como parcela principal e nível de irrigação como subparcela, os tratamentos deste experimento consistiram da combinação de seis níveis de água correspondendo a 499, 415, 331, 259, 197 e 176 mm (obtidos até 107 dias após o plantio e dos quais 124 mm são provenientes de chuvas), localizados nas parcelas principais, com as oito cultivares localizadas nas subparcelas. Uma única linha de aspersores foi utilizada para todo o experimento, conforme metodologia proposta por Hanks et al. (1980), para obter os seis níveis de água. Os aspersores foram espaçados de 6 m entre si e proporcionaram um raio molhado médio de 13 m. A lâmina de água aplicada foi medida por meio de coletores (latas de óleo de um litro) em cada tratamento de irrigação, dispostos em apenas um lado da linha de aspersão. Para possibilitar a germinação adequada em todas as parcelas, até a época de início dos tratamentos, foi aplicada a lâmina de água de 50 mm pelo sistema de aspersão convencional. A partir dos resultados de Marouelli et al. (1991), a freqüência de irrigação foi determinada com base na leitura média (quatro repetições) de tensiômetros em cada subparcela do tratamento de irrigação mais próximo da linha de aspersores, considerando-se a tensão de 35 kPa, a 15 cm de profundidade, como limite para reposição de água ao solo durante o ciclo da cultura. Para fins do manejo da água do solo, a capacidade de retenção de umidade do solo, relacionando os teores volumétricos de água (θ), em %, com as tensões de água (h), no intervalo entre 10 e 1.500 kPa, foi representada pela equação a seguir: θ (h) = 42,153 h - 0,062 (r2 = 0,92) Para as cultivares estudadas foram avaliados os efeitos de lâminas totais de água sobre: peso seco da parte aérea após a separação dos grãos, grau de severidade de oídio 70 dias após o plantio e número de escleródios de S . sclerotiorum existentes junto aos grãos, após a colheita e trilhagem da parte aérea das plantas. Outros dados de produção foram obtidos e estão sendo publicados em um outro trabalho. O grau de severidade de oídio, inoculado naturalmente sob condições de campo, foi quantificado em cada parcela por dois avaliadores, aos 70 dias após o plantio (lâminas de água correspondentes a 303, 250, 204, 162, 125 e 114 mm, das quais 63 mm proveniente de chuvas), com o uso da seguinte escala de notas adaptada de Bohn & Whitaker (1964): 1 = ausência de doença (zero plantas infectadas); 2 = incidência baixa (menos de 33% das plantas); 3 = incidência média (33 a 66% de plantas) e 4 = incidência alta (mais de 66% das plantas). RESULTADOS E DISCUSSÃO Não ocorreu interação entre cultivar e lâmina de água para peso seco (biomassa) da parte aérea e número de escleródios presentes nos grãos colhidos, indicando efeitos semelhantes do fator cultivar dentro das lâminas estudadas. Entretanto, houve interação para severidade de oídio indicando que cada genótipo pode responder de forma diferenciada com o aumento da lâmina de água. Como o fator lâmina de água não foi aleatorizado, não foi válido o respectivo teste estatístico “F”, porém, os efeitos de lâmina d’água foram bastante óbvios para severidade de oídio e número de escleródios. O fator cultivar não foi significativo para o peso seco final da parte aérea realizado após a separa17 C.A. da S. Oliveira Figura 1. Valores observados e ajustados de produtividade média de matéria seca da parte aérea de plantas (g/m2) e número médio de escleródios por m2 em função da lâmina total de água aplicada, em mm. Médias obtidas com oito cultivares de ervilha. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1989. Figura 2. Número de escleródios para oito cultivares de ervilha. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1989. (Médias seguidas da mesma letra não diferiram entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey). ção dos grãos, que apresentou uma média de 1935 g/parcela ou seja, 2,42 t/ha. O peso seco da parte aérea das plantas, não variou estatisticamente entre cultivares, mas foi afetado pela lâmina total de água aplicada. A equação de regressão ajustada para explicar o efeito da lâmina de água (x), para todas as cultivares, sobre a produção de biomassa aérea (MS) por metro quadrado é dada pela expressão MS = 60,4586 + 0,8992x - 0,00073x2 - 4,1619E-07x3, com r2 = 0,99 (Figura 1). Através da equação ajustada o valor máximo de 278,7 g/m2 é obtido para a lâmina de 444,7 mm, 18 observando-se o efeito negativo sobre esta característica a partir de lâminas de água maiores. Ao contrário do que se esperava a biomassa aérea final de cultivares com folhas normais e semi-áfilas foram similares, o padrão de senescência e deiscência dos diversos tipos de folhas talvez possa explicar este comportamento que necessita ser melhor quantificado. Para todas as cultivares houve redução no crescimento da parte aérea da planta quanto menor a lâmina total de água aplicada. O número de escleródios foi significativamente afetado tanto pela lâmina total de água aplicada quanto pela cultivar (Figuras 1 e 2). Independentemente da cultivar utilizada, houve redução no número de escleródios (NE) por metro quadrado de área plantada com a redução da lâmina total de água aplicada e da biomassa aérea (Figura 1). A equação logística de regressão ajustada foi NE = -1,1938 + 69,0882 / [ 1 + (x / 360,4629) ^ (-6,1378) ], com r²=0,99. Assim, ao irrigar demasiadamente uma cultura se está favorecendo a produção de escleródios que, juntamente com outros fatores, irão contribuir para a redução da biomassa final da planta conforme evidenciado pelas duas curvas da Figura 1. Em relação às cultivares, o fato dos genótipos com folhagem semi-áfila, Amélia e Kodama não diferirem das demais, quanto a produção de escleródios, sugere que diferenças na arquitetura (número de folhas e gavinhas, principalmente) dessas cultivares não foram suficientes para reduzir a produção de escleródios, obtida sob as condições edafoclimáticas e densidade de plantio estudadas. A não existências de diferenças estatísticamente significativas na biomassa aérea de plantas semi-áfilas e com folhas normais ajuda a explicar este resultado. As cultivares Triofin e Marina, Mikado e Luíza apresentaram, respectivamente, as maiores e menores produções de escleródios (Figura 2) em relação às demais cultivares indicando que existem diferenças genotípicas entre elas. Assumindo que a presença de propágulos se correlaciona positivamente com a resistência de campo a esclerotinia, os resultados sugerem que as cultivares Marina, Mikado e Luíza, por não diferirem estatisticamente entre si, podem apresentar maior resistência de campo à podridão-de-esclerotínia do que a cultivar Triofin. Assim, devese preferir as cultivares que reduzem o potencial de inóculo de esclerotinia em áreas sob irrigação por aspersão e em áreas onde não existam muitas opções de rotação de culturas. Entretanto, a prática do manejo integrado da água do solo e de cultivares mais resistentes deve ser estimulada, por razões óbvias. Os resultados observados, 70 dias após o plantio e após a floração, para Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Escleródios oídio em ervilha sob diferentes lâminas de água. Tabela 1. Severidade de oídio em oito cultivares de ervilha submetidas a diferentes lâminas totais de água, 70 dias após o plantio. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1989. Lâmina de água (mm) 303 250 Maria 1,0 a* 1,0 a /1 204 162 125 114 1,0 1,0 1,0 1,1 Triofin 1,0 b 1,0 b a a a a 1,0 1,0 1,0 1,1 b b b b Luíza 1,0 c 1,0 c 1,0 1,0 1,0 1,1 c c c c Cultivar Viçosa Marina 1,0 d 1,0 e 1,0 d 1,0 e 1,0 1,0 1,0 1,0 d d d d 1,0 1,0 1,1 1,5 e e e e Kodama 1,0 f 1,0 f 1,0 1,1 1,5 1,8 f f f f Mikado 1,4 de 1,4 de Amélia 2,0 cd 2,0 cd 1,8 cde 2,0 cd 2,5 bc 3,3 ab 2,5 bc 2,9 b 3,3 ab 4,0 a * Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey. /1 Severidade de oídio avaliada através de escala visual de notas, sendo 1 = ausência da doença; 2 = severidade baixa; 3 = severidade média e 4 = severidade alta. severidade de infecção de oídio proveniente de inoculações obtidas naturalmente sob condições de campo e cuja interação lâmina de água aplicada x cultivar foi significativa, mostraram as cultivares suscetíveis Amélia e Mikado com notas de severidade de oídio inversamente proporcionais à lâmina de água aplicada (Tabela 1). A cultivar Kodama apresentou uma tendência de quebra da susceptibilidade para menores lâminas de água aplicada. As demais cultivares não apresentaram este comportamento e confirmaram a sua resistência a esta doença (Giordano et al., 1988) independentemente do nível de irrigação. O comportamento observado nas cultivares consideradas suscetíveis a oídio, por sua vez, evidencia que elevadas precipitações podem reduzir o potencial de inóculo, devido à maior remoção ou lavagem da fonte de inóculo das partes aéreas das plantas (Sivaplan, 1993). Considerando que o oídio é um parasita obrigatório, com nenhuma capacidade saprofítica, a simples remoção do esporo da planta para o solo reduz a fonte de inóculo secundário dentro da lavoura. Por outro lado, a maior incidência de oídio nos tratamentos menos irrigados, também pode ser explicada pelos freqüentes relatos da literatura mostrando que diversas culturas, quando estão submetidas a menores lâminas de água e consequentemente nutrientes, podem reduzir ou acelerar o seu ciclo de vida e se tornarem mais suscetíveis ao ataque e desenvolvimento de doenças em geral. Ao usar a irrigação por aspersão, como parte do manejo integrado dessas Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. duas doenças, há que se levar em consideração que podridão-de-esclerotínia, representada pela produção de escleródios, e oidiose têm comportamentos opostos em relação à quantidade de água aplicada através da irrigação, ou seja, a produção de escleródios aumenta enquanto a severidade de oídio é reduzida sob maiores lâminas de água aplicada. Entretanto, considerando que a resistência genética existe somente para oídio, esforços devem ser feitos no sentido de maximizar a produção das cultivares resistentes ao oídio e, através do manejo adequado da irrigação e cultivares resistentes, minimizar a produção de escleródios e prováveis danos de esclerotínia. Portanto, as cultivares Maria e Marina, que são altamente resistentes a oídio, apresentam altas produtividades e praticamente tiveram o mesmo comportamento com relação a produção de escleródios (Figura 2), devem ter a preferência para plantio em locais naturalmente infestados por S. sclerotiorum. LITERATURA CITADA ANDREOLI, C. Avaliação do comportamento de algumas cultivares de ervilha (Pisum sativum L.) no Distrito Federal. Científica, Marília, v. 7, n. 3, p. 417-419, 1979. BEHL, N.K.; SAWHNEY, J.S.; MOOLANI, M.K. Studies on water use in pea (Pisum sativum L.). Indian Journal of Agricultural Science, v. 38, n. 4, p. 623-633, 1968. BOHN, G.W.; WHITAKER, T.W. 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Após atingirem o estádio verde-rosado (menos de 10% da superfície do fruto com coloração vermelha ou amarelo-tanino), parte dos frutos foram submetidos a uma queda de 0,40 m sobre uma superfície plana e lisa. Posteriormente, os frutos submetidos ao impacto e os não-submetidos foram armazenados a 20°C e 85-95% de umidade relativa até estarem completamente amadurecidos. Os frutos com e sem injúrias mecânicas foram então colocados individualmente no frasco de amostragem do “nariz eletrônico” e os doze sensores iniciaram a detecção dos compostos emanados pelos frutos. Os dados foram submetidos à análise discriminante multivariada. O grau de dissimilaridade entre os tratamentos foi definido utilizando-se a distância de Mahalanobis. As diferenças encontradas nos frutos com e sem injúria mecânica foram significativas (P<0,0041). A distância de Mahalanobis entre grupos (28,19 unidades) foi um indicativo dramático das diferenças encontradas entre os dois grupos de frutos. A análise do desempenho do “nariz eletrônico” demonstrou que o equipamento é uma ferramenta útil para classificar, não-destrutivamente, tomates expostos a condições extremas de manuseio pós-colheita, como injúrias mecânicas. Electronic nose: a non-destructive technology to screen tomato fruit with internal bruising. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, armazenamento, injúria mecânica, pós-colheita. Keywords: Lycopersicon esculentum, mechanical injury, postharvest, storage. Tomato (Lycopersicon esculentum Mill) fruits, ‘Solar Set’, were harvested at the mature-green stage (green color in 100% of the fruit surface) and gassed with 100mL.L-1 of ethylene at 20°C. At the breaker stage (less than 10% of the fruit surface is red or tanninyellowish), fruit were dropped from a 40 cm height onto a smooth surface. Following impact, fruits were stored at 20°C and 85-95% relative humidity until table-ripe stage. Bruised and unbruised fruit were then placed individually inside the electronic nose-sampling vessel and the twelve conducting polymer sensors were lowered into the vessel and exposed to the volatile given off by the fruit. Data were analyzed employing multivariate discriminant analysis (MVDA), which maximizes the variance between treatments. The degree of dissimilarity was defined using the Mahalanobis distance The differences found between bruised and unbruised fruit were highly significant (P<0.0041). The Mahalanobis distance between groupings (28.19 units) was a dramatic indicative of the differences between the two treatments. The electronic nose proved to be a useful tool to nondestructively identify and classify tomato fruit exposed to harmful post-harvest practices such as mechanical injuries. (Aceito para publicação em 31 de janeiro de 2.000) A ocorrência de injúrias mecânicas de impacto, vibração e compressão está geralmente associada a todas as etapas do manuseio pós-colheita dos diversos produtos hortícolas. A severidade e os danos decorrentes das injúrias mecânicas variam de acordo com o manuseio 20 do produto. Injúrias mecânicas de impacto, vibração, compressão, abrasão e corte estão relacionadas a diversas alterações de composição química, física e sensorial em maçãs, pepinos, batatas e tomates. Hudson & Orr (1977) observaram que existe relação direta entre a ocorrência de injúrias mecânicas de impacto e abrasão e perda de água em batatas. Em tomates, a ocorrência de injúrias mecânicas de impacto nem sempre causa uma sintomatologia aparente, isto é, sinais externos e prontamente visíveis. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Nariz eletrônico: detecção de desordem fisiológica causada por impacto. Em alguns casos, a injúria mecânica manifesta-se apenas internamente, dando origem a desordem fisiológica de impacto. A ocorrência deste fenômeno foi inicialmente estudada por Halsey (1955), que observou amadurecimento alterado em frutos de tomate com esta desordem. A ocorrência da desordem fisiológica de impacto é cumulativa durante as diversas etapas de manuseio, e sua severidade depende da cultivar, estádio de maturação e número de impactos sofridos pelo fruto (McColloch, 1962, Sargent et al., 1989; Sargent et al., 1992). Embora exista uma considerável quantidade de trabalhos abordando os efeitos de injúrias mecânicas sobre a fisiologia, metabolismo, aparência e qualidade de produtos hortícolas submetidos a injúrias mecânicas, há uma lacuna na literatura no que diz respeito à utilização de equipamentos eletrônicos na detecção da alteração de características químicas e físicas de frutos de tomate com desordem fisiológica de impacto. A detecção eletrônica de aromas tem sido amplamente utilizada nos últimos anos para a classificação de grãos (Borjesson et al., 1996), classificação de peixes armazenados (Di Natale et al., 1996), determinação do ponto de colheita em melões cantaloupe (Benady et al., 1995), determinação da qualidade de “blueberries” (Simon et al., 1996) e concentração de compostos voláteis em frutos de tomate maduros em relação ao ponto de colheita (Maul et al., 1998). O interesse por tecnologias não destrutivas tem aumentado a cada ano. Assim é que técnicas como medida de firmeza por aplanação (Calbo & Nery, 1995), transmissão de impulsos acústicos na determinação da maturidade de melões (Sugyama et al., 1994) e fluorescência de pigmentos clorofílicos (DeEll, et al., 1997) têm se mostrado ferramentas efetivas para definir e predizer a qualidade de produtos frescos. Apesar do trabalho com estes tipos de ferramentas ter sido intenso nos últimos anos, a utilização de técnicas nãodestrutivas para a avaliação da ocorrência de danos mecânicos em produtos hortícolas ainda não foi avaliada. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a utilização de tecnologia nãodestrutiva denominada “nariz eletrônico” na discriminação de frutos de tomate Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. com e sem desordem fisiológica causada por impacto. MATERIAL E MÉTODOS Material vegetal. Frutos de tomate (Lycopersicon esculentum Mill.), da cv. Solar Set, foram colhidos no primeiro semestre de 1997 em campos de produção comercial em Bradenton (Flórida, EUA), para o primeiro experimento, e na estação experimental da Universidade da Flórida (Gainesville, EUA), para um segundo experimento. Após a colheita, os frutos foram colocados em badejas de isopor (Niles Packaging, Michigan, EUA), similares às usadas para transportar ovos e levados para o laboratório de pós-colheita no mesmo dia. Após seleção para retirada de frutos danificados e classificação por tamanho (63 a 72 mm) e massa (140 ± 10 g), os frutos foram tratados com 100 mL. L-1 de etileno gasoso num sistema de fluxo contínuo (fluxo de 50 mL.s-1) a 20°C. Após atingirem o estádio de amadurecimento verde-rosado (menos de 10% da superfície do fruto com coloração amarelo-tanino ou avermelhada), os frutos foram retirados do tratamento com etileno e submetidos a injuria mecânica de impacto. Injúria mecânica de impacto e armazenamento. Os frutos foram submetidos à queda de uma altura de 0,40 m sobre uma superfície metálica, plana e rígida. Cada fruto sofreu dois impactos em pontos eqüidistantes de uma linha equatorial imaginária, tentando-se não atingir a parede locular que separa dois lóculos adjacentes. Após o impacto, os frutos foram armazenados a 20°C com 85-90% de umidade relativa até atingirem a maturidade comercial para os padrões de firmeza do mercado americano. O padrão foi determinado quando os tomates colocados sobre uma superfície côncava de borracha apresentaram uma deformação maior ou igual a 3 mm quando submetidos a uma força estática de 9,8 N aplicada por 5 segundos sobre a região equatorial do fruto. A ponta de prova utilizada possuía formato convexo e 11 mm de diâmetro. A firmeza foi medida com um medidor de firmeza do tipo Cornell (Hamson, 1952), adaptado por Gull et al. (1980). Teste com o “nariz eletrônico”. Ao atingirem o padrão anteriormente determinado, os frutos foram submetidos ao teste com o nariz eletrônico (modelo eNose 4000, Neonotronics Scientific Co., Flowery Branch, Georgia, EUA). O equipamento é, como o próprio nome sugere, uma simulação do sistema olfativo humano. Basicamente, ele consiste de uma série de 12 sensores químicos não específicos, cada um mostrando uma resposta distinta aos compostos voláteis que são liberados pelo produto objeto de estudo (Neonotronics Scientific Inc., 1996). A resistência elétrica dos sensores químicos muda à medida que a concentração de compostos voláteis no espaço amostral aumenta. As mudanças na resistência elétrica são traduzidas em números que são então analisados por um sistema de reconhecimento, utilizando-se como ferramenta, por exemplo, a análise de funções discriminantes. A calibração do sistema, feita com polietileno glicol (PEG), durou 10 minutos e foi feita em três etapas sendo monitorada por um microprocessador acoplado ao equipamento. Inicialmente, o frasco de amostragem foi aspergido com ar purificado (fluxo de 7 ml.s-1) por 2 minutos a fim de eliminar-se qualquer odor estranho à análise a ser feita. Procedeu-se então a aspersão de ar purificado por 4 minutos sobre os 12 sensores de polímeros condutores contidos na sonda de amostragem com a finalidade de eliminar-se qualquer composto que porventura estivesse impregnado nos sensores. Finalmente, os sensores foram rebaixados para o interior do frasco de amostragem e foram expostos por 4 minutos aos compostos voláteis liberados pelo PEG para calibrar o equipamento. Após a calibração, os frutos injuriados e não-injuriados foram colocados, individualmente, no frasco de coleta do equipamento e as três etapas descritas anteriormente foram desenvolvidas, tendo-se dessa vez os frutos como elementos emanadores de compostos voláteis. O delineamento empregado foi inteiramente casualizado com 2 tratamentos (frutos com desordem fisiológica causada por impacto e controle) e 8 repetições, sendo um fruto por repetição. 21 C.L. Morethi et al. Escores canônicos Figura 1: Frequência de escores canônicos para tomates ´Solar Set´ com desordem fisiológica causada por impacto e controle. Gainesville, Flórida (EUA), Universidade da Flórida, 1997. Os resultados apresentados são as médias dos dois experimentos conduzidos. Os resultados das alterações nas resistências elétricas dos 12 sensores empregados foram armazenados numa base de dados e posteriormente analisados. Utilizou-se a técnica de análise de funções discriminantes empregando-se o pacote de programas STATISTICA (Statsoft, 1994). Este procedimento estatístico de análise multivariada cria funções discriminantes lineares que maximizam as diferenças entre tratamentos e seus respectivos controles, otimizando a probabilidade de uma re-classificação tendo por base a concentração de compostos voláteis de uma amostra da qual não se conhecesse a história pregressa. Foi calculada a distância de Mahalanobis (distância entre os centróides de dois grupos distintos) a fim de comparar-se a extensão da diferença (grau de dissimilaridade) entre os tratamentos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O “nariz eletrônico” mostrou-se uma tecnologia eficaz na detecção de frutos com desordem fisiológica de impacto. Ele forneceu informações suficientes para que o procedimento de análise discriminante multivariada encontrasse diferenças significativas (P<0,0041) entre os frutos injuriados e não injuriados. A distância de Mahalanobis (28,19 unidades) (Figura 1) entre os dois grupos de frutos foi um indicativo das dra22 máticas diferenças encontradas pelos sensores ao amostrarem os compostos voláteis que foram produzidos pelos frutos. Segundo a análise discriminante multivariada, os frutos injuriados foram agrupados com escores canônicos variando entre –15 e –12 e os não injuriados entre 11 e 15 (Figura 1). A reclassificação dos frutos baseada na análise discriminante foi 100% acurada, isto é, a probabilidade de classificar-se um fruto qualquer como sendo injuriado ou não injuriado foi igual a 1,0. Acredita-se que as alterações fisiológicas e metabólicas observadas nos frutos com desordem fisiológica de impacto possam estar relacionadas com as diferenças observadas. Os aumentos transientes da evolução de gás carbônico e etileno (Moretti et al., 1998), alterações na concentração de pigmentos carotenóides, considerados precursores de vários compostos voláteis em tomates (Buttery & Ling, 1993), de compostos voláteis chave na determinação de aroma e sabor (Moretti et al., 1997), de ácidos orgânicos, vitamina C total e consistência (Moretti et al, 1998) podem estar relacionadas com os resultados detectados pelo equipamento. A interpretação da distância de Mahalanobis foi útil para contrastar o grau de diferença encontrado entre os frutos que sofreram injúria mecânica de impacto e os frutos não injuriados. A distância obtida entre os grupos de frutos injuriados e não injuriados (28,19 unidades) foi quase três vezes maior do que a distância entre frutos intactos no estádio verde-rosado e vermelho (10,72 unidades) observada por Maul et al. (1997). Assim, foi possível colocar em perspectiva a importância do manejo pós-colheita na obtenção de frutos com sabor e aroma desejáveis. Acredita-se que compostos voláteis como 2-isobutiltriazol, 1-penteno-3-ona, hexanal, cis-3-hexenal, entre outros, tenham papel importante na percepção de sabor de tomates (Kader et. al, 1977; Petró-Turza, 1987). Os resultados obtidos com esta tecnologia mostram a potencialidade de sua utilização na determinação não-destrutiva da qualidade de tomates frescos em indústrias e supermercados, com um custo relativamente menor e maior rapidez comparativamente às técnicas analíticas. O aroma e o sabor dos frutos submetidos à análise com o “nariz eletrônico” poderiam contar a história da vida pós-colheita do fruto quando nenhum sintoma visual, como no caso da desordem fisiológica causada por impacto, for perceptível. Desta forma, assegurar-se-ia que um maior número de frutos chegasse com melhor qualidade à mesa do consumidor. LITERATURA CITADA BENADY, M.; SIMON, J.E.; CHARLES, D.J.; MILES, G.E. Fruit ripeness determination by electronic sensing of aromatic volatiles. Transactions of the ASAE, v. 38, n. 1, p. 251257, 1995. BORJESSON, T.; EKLOV, T.; JONSSON, A.; SUNDGREN, H.; SCHNURER, J. Electronic nose odor classification of grains. Cereal Chemistry, v. 73, n. 4, p. 457-61, 1996. 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Gomes1 UFV – Depto. de Fitotecnia; 2/Bolsista de IC/CNPq – 36.571-000 Viçosa – MG. 1/ RESUMO ABSTRACT Objetivando avaliar a viabilidade agronômica e econômica da associação inhame e milho doce, foi desenvolvido um trabalho em área da horta de pesquisas da Universidade Federal de Viçosa, em sistema de consórcio (associação aditiva), utilizando-se inhame (Colocasia esculenta) ‘Chinês’ como cultura principal e milho doce (Zea mays) ‘Doce Cristal’ como cultura contrastante. O inhame foi plantado em sulcos de 12 cm de profundidade, no espaçamento de 100 x 30 cm, e o milho doce em covas de 3 cm de profundidade, na fileira de plantio, entre as plantas de inhame, 40 dias após plantio do inhame. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, no esquema fatorial (3 x 2) + 2 (três arranjos de plantas: uma planta de milho a cada 30 cm; duas plantas de milho a cada 60 cm e três plantas de milho a cada 90 cm x dois manejos das plantas de milho: sem e com corte e retirada da parte aérea das plantas de milho no momento da colheita das espigas verdes + dois controles: monoculturas de inhame e de milho doce). Foram avaliadas características de crescimento e de produção das culturas, além dos índices de eficiência dos consórcios. As duas espécies são adequadas para plantio em sistema de consórcio. O arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm propiciou maiores produtividades e índices de eficiência dos consórcios. Com exceção do arranjo com três plantas de milho/cova a cada 90 cm com corte da parte aérea das plantas de milho na colheita das espigas, no qual ocorreram menores índices de eficiência dos consórcios e rendimento financeiro total inferior ao da monocultura do inhame, as demais associações estudadas demonstraram-se viáveis agronômica e economicamente. Growth and productivity of taro and sweet corn under intercropping conditions. Palavras-chave: Colocasia esculenta, Zea mays, cultivos múltiplos. An experiment was conducted to evaluate some crop production characteristics and economic viability of intercropping systems using taro (Colocasia esculenta) ‘Chinês’, as major crop, and sweet corn (Zea mays) ‘Doce Cristal’ as minor crop. Taro corms were planted in 12-cm-deep furrows in a 100 x 30 cm spacing. Sweet corn seeds were sowed in the row between the taro plants 40 days after the main crop planting. Corn plants were distributed in three arrays, as follows: one corn plant 30 cm apart; two corn plants 60 cm apart, and three corn plants 90 cm apart; and two growing systems (with and without removing the corn shoot when the ears were harvested at 110 days after sowing – soft kernel stage), comprising six treatments of intergrown and two control treatments (i.e., single crops). The experiments were organized in four random blocks, in a factorial array design (3 x 2) + 2 (three distribution of plants: one corn plant 30 cm apart; two corn plants 60 cm apart, and three corn plants 90 cm apart by two systems of corn growth: with and without removal of shoot when the ears were harvested + two control: single crop of either taro or sweet corn). Data for plant growth, production and the efficiency for the different planting systems arrays were collected. Both crops were suitable for intergrowing systems. Higher values for crop production and intergrowing efficiency index were obtained in treatment with one corn plant 30 cm apart. Lower intergrowing efficiency index and economical return were observed in the treatment where each three corn plants were 90 cm apart and shoots were removed just after the harvest at the soft kernel stage. The others intercrop systems were both agronomically and economically viable. Keywords: Colocasia esculenta, Zea mays, intercropping. (Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2.000) O s sistemas de cultivos múltiplos constituem-se em peça fundamental na manutenção da pequena propriedade agrícola em países em desenvolvimento ou como componentes de sistemas agrícolas sustentáveis (Vandermeer, 1981; Santos, 1998). O potencial desses sistemas relaciona-se com o aumento da eficiência de exploração dos recursos naturais e do uso da terra, além de conferir proteção contra pragas e doenças e de reduzir a pressão exercida por plantas espontâneas sobre as culturas (Altieri, 1995; Liebman, 1995; Santos, 1998). Outro fator a se destacar é o aspecto social desta práti24 ca, uma vez que ao envolver maior utilização de mão-de-obra, normalmente de cunho familiar, funciona como mecanismo de integração de seus membros e da comunidade rural reduzindo o êxodo do campo. Dentre os sistemas de cultivos múltiplos, o consórcio de plantas, em particular, tem recebido especial atenção, principalmente pela riqueza de suas interações ecológicas e do arranjo e manejo das culturas no campo, o que contrasta com a exploração de sistemas agrícolas sustentados em monoculturas, com uso intensivo de capital e de “insumos modernos” (Santos, 1998). Para a maio- ria dos pequenos proprietários rurais, a preocupação com a produtividade biológica e com o retorno econômico é menor que aquela dispensada ao suprimento de alimentos para a família com mínimo envolvimento de capital e de riscos (Francis, 1986; Santos, 1998). Dentre as culturas com grande potencial para exploração em sistema de consórcio, tem-se o inhame (Colocasia esculenta), que é alimento básico para diversas populações distribuídas pelo mundo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais úmidas (Wang, 1983; Rubatsky & Yamaguchi, 1997). Seus rizomas, além de apresentarem boa Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado. conservação pós-colheita, são fonte de carboidratos, minerais e vitaminas (Hashad et al., 1956; Plucknett et al., 1970; Sunell & Arditti, 1983; Wang, 1983; Puiatti et al., 1990, 1992; Rubatsky & Yamaguchi, 1997). Esta espécie é rustica, de fácil cultivo, ciclo longo porém com flexibilidade de colheita, com grande versatilidade quanto às formas de consumo, tolerante ao sombreamento, além de clones com adaptação à condições edafoclimáticas distintas (Plucknett et al., 1970; de la Pena, 1983; Sunell & Arditti, 1983; Wang, 1983; Nolasco, 1984; Heredia Zarate, 1988, 1995; Rubatsky & Yamaguchi, 1997). O inhame é uma espécie de regiões tropicais úmidas, apresentando certa tolerância ao sombreamento (Plucknett et al. 1970; de la Pena, 1983; Sunell & Arditti, 1983; Wang, 1983; Rubatzky & Yamaguchi, 1997), sendo que em alguns países é tradicionalmente cultivado em consórcio com coco, milho e outras culturas, apesar de poder crescer à luz direta (Rubatzky & Yamaguchi, 1997). A tolerância ao sombreamento (que pode estar ligada à flexibilidade da arquitetura da planta e à plasticidade na absorção de biomassa), constitui-se em fator chave em determinadas associações, e sua ausência tem sido a causa do insucesso de associações quando do excessivo sombreamento de uma espécie em decorrência do crescimento acentuado de outra (Cruz & Sinoquet, 1994, citados por Santos, 1998). Por outro lado, o milho doce (Zea mays), é um importante alimento indicado para o consumo humano principalmente como fonte de calorias, além de vitaminas e proteínas (Pereira, 1987; Rubatsky & Yamaguchi, 1997). Devido ao sabor adocicado, pericarpo fino e endosperma com textura delicada, o milho doce é indicado para consumo humano no estádio de grãos verdes (Pereira, 1987; Parentoni et al., 1990; Rubatsky & Yamaguchi, 1997; Wolfe et al., 1997). É uma espécie de ciclo relativamente curto, rústica, produtiva (Parentoni et al., 1990, 1991; EMBRAPA, 1992; Rubatsky & Yamaguchi, 1997), com boa adaptação a grandes amplitudes térmicas (Rubatsky & Yamaguchi, 1997) e por ser planta C4, adapta-se melhor a ambientes com alta luz (Wolfe et al., 1997). Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. No Brasil, seu cultivo poderá se constituir em boa opção para os agricultores visando atender à demanda crescente pelo consumo “in natura” e/ou pela indústria de enlatados (Parentoni et al., 1991). Por apresentar hábito de crescimento e desenvolvimento temporal distintos ao do inhame, constitui-se numa opção bastante interessante para associação com inhame. Essa associação permitiria melhorar a exploração da área, com investimentos reduzidos e retorno financeiro antecipado ao colher as espigas de milho ainda verdes. Os objetivos do experimento foram verificar a viabilidade agronômica e econômica da associação inhame e milho doce, em três arranjos de plantas e dois manejos das plantas de milho após a colheita das espigas verdes. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido em área da horta de pesquisas da Universidade Federal de Viçosa (UFV) no período de 05 de setembro de 1988 a 05 de junho de 1989, em solo Podzólico VermelhoAmarelo Câmbico, textura argilosa e topografia plana. As análises realizadas nas amostras de solo, nos Laboratórios de Física e de Química de Solos do Departamento de Solos da UFV, revelaram os seguintes valores: argila = 55, silte = 19, areia fina = 9 e areia grossa = 17 dag/kg de solo; pH em água (1:2,5) = 5,5; Al +3 = 0,1, Ca+2 = 3,4 e Mg+2 = 0,9 cmolc/dm3; P = 88 e K = 141 mg/dm3 de solo e C = 2,0 dag/kg de solo. Foi avaliado o consórcio (associação aditiva) entre as culturas de inhame (cultura principal ou padrão) e de milho doce (cultura contrastante). O inhame foi plantado em sulcos de 12 cm de profundidade, no espaçamento 100 x 30 cm. Após a colocação das mudas, no sulco de plantio, foi passado sulcador bico de pato, tração animal, entre as linhas de plantio, cobrindo as mudas de inhame e formando os sulcos de irrigação com profundidade aproximada de 15 cm. O milho doce foi plantado na fileira de plantio do inhame, em covas com cerca de 3 cm de profundidade, feitas com auxílio de enxada, entre as plantas de inhame, 40 dias após plantio (DAP) do inhame. O delineamento experimental adotado foi de blocos ao acaso, com quatro repetições, no esquema fatorial (3 x 2) + 2 (três arranjos de plantas: uma planta de milho a cada 30 cm, duas plantas a cada 60 cm e três plantas a cada 90 cm x dois manejos das plantas de milho: sem e com corte e retirada da parte aérea das plantas de milho por ocasião da colheita das espigas verdes + dois controles: monoculturas de inhame e de milho doce). O corte das plantas de milho foi realizado rente ao solo, com auxílio de enxada, e a parte aérea das plantas foi retirada da área experimental imediatamente após a colheita das espigas verdes. A parcela experimental foi composta de 4 linhas de 3,60 m de comprimento (14,4 m2) e teve como área útil (3,6 m2) as duas linhas centrais excetuandose 0,90 m das extremidades. Os dois tratamentos controle (monoculturas de inhame e de milho doce) foram espaçados de 100 x 30 cm apresentando populações de 33.333 plantas/ha para inhame e para o milho doce. Para cada cultura, essas populações foram mantidas constantes em todos os tratamentos consorciados (associação aditiva); dessa forma, variou-se apenas o arranjo das plantas e o manejo das plantas de milho doce na colheita das espigas verdes. Para propagação do inhame ‘Chinês’ foram utilizados rizomas filhos com peso médio de 55 g, obtidos no banco de germoplasma de hortaliças da UFV. Para o milho, foram utilizadas sementes da variedade ‘Doce Cristal’ adquiridas no comércio, sendo colocadas de três a cinco sementes/cova, procedendo-se o desbaste das plântulas em excesso aos 15 dias após emergência, deixando-se o número de plantas/cova de acordo com cada tratamento. Em razão dos níveis elevados de nutrientes apresentados na análise química do solo não foi realizado nenhum tipo de adubação. Foram realizadas, durante o cultivo, quatro capinas manuais, aos 40, 75, 125 e 185 dias após o plantio (DAP) do inhame. Na ausência de chuvas, e até 30 dias antes da colheita do inhame, foram realizadas irrigações semanais, por infiltração, nos sulcos formados entre as linhas de plantio, aplicando-se, em cada irrigação, uma lâmina de água de cerca 25 M. Puiatti et al. de 40 mm, considerada suficiente para atender às necessidades das culturas de inhame (Soares, 1991) e do milho doce (EMBRAPA-CNPMS, 1992). Durante o desenvolvimento das culturas, seis plantas de inhame previamente escolhidas e identificadas na parcela útil, foram avaliadas mensalmente, a partir de 70 até 250 DAP, quanto a área foliar, a altura de planta e o número de folhas emitidas. Para avaliação da área foliar foi utilizado o método de Chapman (1964), adaptado para o inhame ‘Chinês’ por Nolasco (1984), utilizando-se da equação Y = 242,0 . X0,6656. O valor X utilizado correspondeu ao valor médio das medidas tomadas da última folha emitida com o limbo foliar totalmente expandido das seis plantas identificadas. Para o cálculo do Índice de Área Foliar (L – dm2/m2), o valor Y foi multiplicado pelo número médio de folhas fotossinteticamente ativas/planta e pelo número de plantas presentes na área útil da parcela, dividindo-se o valor encontrado pela área útil da parcela (3,6 m2 ). A altura de plantas foi obtida pela distância da superfície do solo até a inserção do pecíolo no limbo foliar da folha utilizada para medições da área foliar. Considerou-se, para o número de folhas emitidas no intervalo das avaliações, as folhas com o limbo aberto. Aos nove meses do plantio do inhame, após atingida a maturação, as plantas de inhame foram colhidas e avaliadas quanto a produção de rizomas. Os rizomas mãe foram separados, e os rizomas filhos classificados, com base no diâmetro transversal, de acordo com Puiatti et al. (1990), nas classes extra = filho grande (>47 mm), especial = filho médio (40-47 mm), primeira = filho pequeno (33-40 mm) e refugo (<33 mm), contados e pesados. Considerouse produção comercial o somatório das três primeiras classes. Para o milho doce, aos 90 DAP, foi avaliada a altura de plantas (do nível do solo até o ápice do pendão floral), altura da inserção da primeira espiga e diâmetro do colmo a 1,0 m de altura do nível do solo. Aos 110 DAP do milho (150 DAP do inhame), com as espigas apresentando grãos verdes (“estádio de pamonha”), as plantas tiveram as suas espigas colhidas e avaliadas quanto a produção de espigas com e sem palha (número e peso de espiga). A Produtivade Relativa da parte colhida de cada Cultura (PRc) foi calculada pela relação entre a produtividade da cultura em associação/produtividade da respectiva cultura solteira (monocultura); o Índice de Eficiência da Terra (IET) consistiu do somatório das PR de cada cultura na respectiva associação: IET= PRi + PRm, onde: PRi e PRm = Produtividades Relativas do inhame (i) e do milho (m). No cálculo do rendimento financeiro considerou-se, para o milho doce, a produtividade total de espigas em palha com valor médio de R$ 5,00/saca de 25 kg nas Centrais de Abastecimento de Belo Horizonte (CEASA-BH) no mês de fevereiro/ 98 (correspondendo ao mês da colheita do milho). Para o inhame calculou-se o rendimento ponderado, considerando-se o somatório das multiplicações das produtividades de cada classe de inhame pelo respectivo valor médio de comercialização na CEASA-BH, no mês de junho/98 (correspondendo ao mês da colheita do inhame), valendo a saca de 20 kg: R$ 3,00, R$ 11,00, R$ 8,00 e R$ 4,00, respectivamente para rizomas mãe, filho grande, filho médio e filho pequeno. Exceto para os dados de crescimento das plantas de inhame e os índices de eficiência das associações, os quais são apresentados como valores médios sem análise estatística, para os demais dados obtidos foi realizada a análise de variância, e às médias aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Considerou-se, para efeito de análise estatística do fatorial, apenas observações advindas de cada cultura, conforme Wijesinha et al. (1982). Valores oriundos de contagem foram transformados por x + 0,5 para proceder às análises estatísticas. Os rendimentos financeiros (R$/ha) da monocultura do inhame (controle) e das associações (fatorial) foram comparados pelo teste de Dunett a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os tratamentos em associação afetaram o crescimento da parte aérea das plantas de inhame (Figura 1). No período entre 30 e 90 DAP do milho (70 a 130 DAP do inhame), observou-se, Tabela 1. Alturas de planta (AP) e de inserção da 1a espiga (AIE), diâmetro de colmo (DC), número de espigas/planta (EP), peso médio de espigas (PME) com e sem palha, número de plantas colhidas/m2 (PC), produção de espigas/ha (PE) com e sem palha e rendimento financeiro (RF) proporcionado pela cultura do milho ‘Doce Cristal’ em consórcio com inhame ‘Chinês’ em função do arranjo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89. AP (cm) AIE (cm) DC (cm) EP 1/30 278,9 139,2 2,20 2/60 279,9 139,8 3/90 275,2 Fatorial Monocultivo Arranjo1 CV (%) PME (g) C/ palha S/ palha 1,44 347,3 160,6 2,29 1,46 356,1 139,0 2,39 1,47 278,0 139,3 2,30 297,4 148,8 2,44 4,6 7,4 7,2 9,6 PC/m2 PE (kg/ha) RF (R$/ha) C/ palha S/ palha 2,62 a 13.026, a 6.039 2.605,20 a 169,8 2,18 b 11.531, ab 5.467 2.306,10 b 350,3 162,6 2,20 b 11.169, b 5.193 2.233,90 1,46 351,2 164,4 2,34 11.909, 5.566 2.381,73 1,52 374,8 178,5 2,67 15.208, 7.239 3.041,60 7,0 7,7 12,3 10,0 13,0 c 10,0 */Dentro de cada fator médias, nas colunas, seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 / 1/30 = uma planta de milho a cada 30 cm; 2/60 = duas plantas de milho a cada 60 cm; 3/90 = três plantas de milho a cada 90 cm. 26 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado. visualmente, crescimento acentuado das plantas de milho, as quais ocasionaram sombreamento progressivo das plantas de inhame nos tratamentos em associação. Apesar da maioria das espécies da família Araceae serem consideradas plantas de sombra (Rubatzky & Yamaguchi, 1997), o sombreamento das plantas de inhame proporcionado pelas plantas do milho doce, promoveu, nessa fase, o alongamento dos pecíolos das plantas de inhame fazendo com que essas atingissem maior altura de planta, comparado ao cultivo solteiro (Figura 1C); além disso, para a maioria das associações, o sombreamento também promoveu a expansão do limbo foliar das plantas de inhame, visto que observou-se aumento do índice de área foliar (Figura 1A), sem contudo ter ocorrido alteração na taxa de acúmulo de folhas (Figura 1B). Com a colheita das espigas de milho (110 DAP do milho ou 150 DAP do inhame), observou-se nas plantas de inhame dos tratamentos associados, necrose das folhas superiores, possivelmente em razão do aumento repentino na exposição dessas plantas à luz direta; essa necrose levou à diminuição drástica da área foliar das plantas de inhame dessas associações (Figura 1A), além de um atraso na emissão de novas folhas (Figura 1B), mesmo nas associações nas quais as plantas de milho não sofreram corte na colheita das espigas (T1, T2 e T3). Todavia a injúria (necrose) nas folhas foi mais pronunciada nas associações com maior número de plantas de milho/cova e com a remoção da parte aérea das plantas de milho (T5 e T6 – Figura 1), possivelmente em decorrência de um maior sombreamento inicial provocado pelas plantas de milho às plantas de inhame adjacentes. Pela análise de variância observouse efeito significativo do arranjo de plantas somente para a cultura do milho, em que com uma planta de milho a cada 30 cm proporcionou maiores número de plantas colhidas/m2, produção de espigas com palha e rendimento financeiro pela cultura (Tabela 1). O manejo de plantas teve efeito significativo somente sobre a produção de rizomas mãe, cujo valor foi maior quando não se procedeu o corte das plantas de milho na colheita das espigas (Tabela 2). A interação arranjo x manejo foi signifiHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Figura 1. Índice de área foliar (A), número de folhas acumuladas (B) e altura de plantas (C) de inhame ‘Chinês’ em monocultura e em associação com milho doce ‘Doce Cristal’, avaliadas entre 70 e 250 dias após o plantio. T1, T2 e T3 correspondem, respectivamente, ao arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm, com duas plantas de milho a cada 60 cm e com três plantas de milho a cada 90 cm, mantendo-se as plantas de milho após a colheita das espigas verdes; T4, T5 e T6, correspondem respectivamente, aos tratamentos T1, T2 e T3, procedendo-se o corte das plantas de milho e a retirada dessas plantas da aérea de cultivo na colheita das espigas verdes; T7 corresponde à monocultura de inhame. Seta indica a época em que foi realizada a colheita das espigas de milho. Viçosa, UFV, 1988/89. 27 M. Puiatti et al. Tabela 2. Produção de rizomas mãe (RM), filho grande (FG), filho médio (FM), filho pequeno (FP), comerciais (RC) e total (RT) e rendimento financeiro (RF) proporcionado pela cultura do inhame ‘Chinês’ em consórcio com milho ‘Doce Cristal’ em função do arranjo e do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89. Arranjo 1 1/30 2/60 3/90 Manejo2 S/ corte C/ corte Fatorial Monocultivo CV (%) RM (kg/ha) FG (kg/ha) FM (kg/ha) 4.535 5.921 3.501 4.429 5.421 3.670 3.755 4.327 3.343 4.786, a 3.693, b 4.240 5.895 17,4 5.017 5.429 5.223 9.882 22,7 3.481 3.528 3.504 4.778 21,0 FP (kg/ha) 437 333 455 RC (kg/ha) 9.422 9.091 7.669 RT (kg/ha) 14.393 13.853 11.879 RF (R$/ha) 5.424,40 5.180,10 4.371,03 395 421 408 665 17,1 8.498 8.957 8.728 14.600 19,9 13.679 13.071 13.375 21.160 17,3 4.948,58 5.035,10 4.991,84 8.330,55 18,6 */Dentro de cada fator médias, nas colunas, seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey. 1 / 1/30 = uma planta de milho a cada 30 cm; 2/60 = duas plantas de milho a cada 60 cm; 3/90 = três plantas de milho a cada 90 cm. 2 / S/ corte = plantas de milho permaneceram até a colheita do inhame; C/ corte = plantas de milho foram cortadas rente ao solo e retiradas da área de cultivo quando da colheita das espigas verdes. Tabela 3. Rendimento financeiro (R$/ha) das culturas de inhame ‘Chinês’ e de milho ‘Doce Cristal’ em associação em função do arranjo e do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89. Arranjo1 1/30 2/60 3/90 Manejo 2 S/ corte C/ corte 7.556,83 a A 7.272,30 a A 7.325,65 a A 8.502,40 a A 7.700,50 a A 5.884,20 b B */Médias seguidas da mesma letra, minúscula nas colunas e maiúscula nas linhas, não diferem entre si a 5 % de probabilidade pelo teste de Tukey; 1,2 /Vide legenda da Tabela 2. cativa somente para rendimento financeiro das culturas associadas (Tabela 3), em que o corte das plantas de milho no arranjo com três plantas de milho a cada 90 cm proporcionou menor rendimento financeiro. Com exceção para altura de inserção da primeira espiga, diâmetro de colmo e peso médio de espigas, as médias do monocultivo das demais características analisadas, para ambas culturas, foram significativamente superiores às médias do fatorial (Tabelas 1 e 2). Apesar das plantas de inhame, nas associações, terem apresentado recuperação parcial da parte aérea (após a colheita das espigas do milho) com o decorrer do ciclo, possuindo no final do ciclo índice de área foliar próximo ao do controle (Figura 1A), a produção das classes de rizomas dos tratamentos associados foi afetada de forma significativa em relação à monocultura de inhame (Tabela 2). Em inhame os açúcares solúveis (principalmente os redutores) sintetizados no limbo foliar são 28 translocados para os rizomas (órgãos principais de reserva) passando antes por um “armazenamento temporário” nos pecíolos (Hashad et al., 1956). Dessa forma, o armazenamento de reservas nos rizomas é altamente dependente da integridade das estruturas aéreas (limbo e pecíolo), e qualquer alteração morfofisiológica dessas estruturas poderá afetar a síntese, a quantidade e a velocidade de translocação dos açúcares, repercutindo no crescimento dos rizomas. Danos à parte aérea durante o ciclo podem refletir negativamente na produção de rizomas, uma vez que, conforme observado nos inhames ‘Chinês’ e ‘Japonês’, os rizomas filhos iniciam seu crescimento em torno de 165 DAP do inhame (Puiatti et al., 1992), podendo contudo ocorrer variações entre clones e efeito ambiental (Plucknett et al., 1970; Herédia Zarate, 1988, 1995). O arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm foi o que menos afetou a produção de rizomas, o qual apresentou, comparativamente aos demais arranjos e à média do fatorial, valores de produção (exceto para filho médio e filho pequeno), rendimento financeiro e PRi numericamente maiores (Tabelas 2 e 4). Por outro lado o arranjo com três plantas de milho a cada 90 cm proporcionou, exceto para produção de filho pequeno, os menores valores para essas características. Nesse último arranjo as plantas de inhame adjacentes à cova do milho provavelmente tenham sofrido maior competição por fatores de crescimento como luz, água e nutrientes, visto que menores valores de crescimento dessas plantas foram observados durante o ciclo e, em especial, quando procedeu-se o corte das plantas de milho na colheita das espigas (Figura 1). A competição por luz em associações é um dos principais fatores que limita crescimento das culturas associadas, e a maior habilidade de uma cultura em interceptar a radiação fotossintética ativa pode representar uma maior capacidade de explorar nutrientes e água do solo (Harper, 1977). As culturas podem apresentar mecanismos de compensação da produtividade que podem ocorrer em função de modificações das populações dessas culturas nas associações, bem como nos arranjos espaciais dessas e mesmo em função do sincronismo de plantio e do desenvolvimento temporal das espécies (Santos, 1998). No inhame ‘Chinês’, foi observada redução do peso da massa do rizoma mãe com aumento da Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Crescimento e produtividade de inhame e de milho doce em cultivo associado. densidade populacional (Silva et al., 1971). No presente trabalho a menor produção de rizomas mãe quando do corte da parte aérea das plantas de milho pode ter favorecido o crescimento dos rizomas filhos, embora esse aumento não tenha sido significativo (Tabela 2). A cultura do milho foi a que mais contribuiu para o IET, apresentando, nos dois fatores em estudo (arranjo e manejo), maiores valores de PR que a cultura do inhame (Tabela 4). Tal fato evidencia que a cultura do milho teve comportamento de cultura dominante (Santos, 1998); por essa razão as associações não interferiram no seu crescimento, expresso pela altura de inserção da primeira espiga, diâmetro de colmo e peso médio de espigas com e sem palha, em que as médias dessas características nos cultivos associados (fatorial) não diferiram de forma significativa das médias do monocultivo (Tabela 1). Em situações de distribuição uniforme dos indivíduos, como ocorre nos arranjos aditivos (caso em questão), a espécie que apresenta crescimento mais rápido sobressai e suplanta a menos vigorosa (Harper, 1977), o que pode ter acontecido com milho em relação ao inhame. Apesar dos fatores em estudo (arranjo e manejo) não terem tido efeito sobre as características de crescimento das plantas e das espigas de milho, o número de plantas de milho colhidas/m2 e a produção de espigas com palha foram menores nos arranjos com maior número de plantas/ cova (Tabela 1). Isso demonstra que, mesmo sendo cultura dominante, nos arranjos com maior número de indivíduos/cova as plantas de milho sofreram competição em alguma fase do desenvolvimento o que afetou de alguma forma a sua prolificidade. O milho é uma planta com metabolismo C4, e como tal melhor adaptada a ambientes com alta irradiancia (Wolfe et al., 1997); considerando que seu plantio ocorreu 40 DAP do inhame, as plantas de milho em arranjo com maior número/cova podem ter sofrido competição por luz com a cultura do inhame (e entre si) no estádio inicial de desenvolvimento. A competição por outros fatores e em outras fases de desenvolvimento da cultura, especialmente durante o enchimento dos grãos, quando ambas culturas já apreHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Tabela 4. Produção relativa de rizomas de inhame ‘Chinês’ (PRi) e de espigas com palha de milho ‘Doce Cristal’ (PRm) e índice de eficiência da terra (IET) nas associações em função do arranjo e do manejo das plantas. Viçosa, UFV, 1988-89. Arranjo1 1/30 2/60 3/90 Manejo2 S/ corte C/ corte Fatorial Monocultivo 1,2 PRi 0,68 0,66 0,57 PRm 0,86 0,76 0,74 IET 1,54 1,42 1,31 0,65 0,62 0,64 1,0 0,80 0,77 0,78 1,0 1,45 1,39 1,42 1,0 /Vide legenda da Tabela 2. sentavam os sistemas radiculares desenvolvidos, não deve ser descartada. Interferências negativas entre espécies vegetais nas associações podem estar ligadas a diversos fatores, tais como: competição por recursos como água, nutrientes, CO2 e luz, ou ainda por modificações danosas no microclima e/ou efeitos alelopáticos (Vandermeer, 1981; Santos, 1998), em que a intensidade dessas interações pode ser alterada pelo grau de sincronismo entre o crescimento das espécies envolvidas e o estádio fenológico em que se dá a interferência (Harper, 1977). Apesar das culturas em associação terem apresentado menores produtividades que as respectivas monoculturas (Tabelas 1 e 2), observa-se pelo IET (Tabela 4), que as associações foram eficientes, uma vez que em todas o IET foi superior a 1,00, indicando que as culturas são adequadas para serem consorciadas (Santos, 1998); ou seja, para que as monoculturas produzissem o mesmo que um hectare das duas culturas juntas haveria a necessidade de área de cultivo total, das duas culturas solteiras, superior a um hectare. Isso evidencia que, de acordo com o “Princípio da Produção Competitiva” de Vandermeer (1981), a competição que ocorreu nessas associações pode ser considerada como do tipo “competição mútua suficientemente fraca”, uma vez que, para áreas iguais, as duas culturas em associação produziram mais que as respectivas monoculturas. Esse tipo de resultado é altamente desejável face às limitações que pesam sobre os pequenos agricultores, e demonstra o poten- cial do sistema de cultivo em consórcio para a pequena propriedade agrícola, na qual a limitação de área disponível se torna num dos fatores mais limitantes (Santos, 1998). Observa-se ainda (Tabela 4), que os maiores valores de IET foram alcançados pelo arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm, e sem corte da parte aérea das plantas de milho na colheita das espigas, os quais propiciaram as maiores contribuições em termos de produtividade relativa da parte colhida para o inhame (PRi) e para milho (PRm). Além disso, o arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm proporcionou rendimento financeiro pelo milho significativamente superior aos demais arranjos (Tabela 1); comportamento semelhante, embora não significativo, foi observado para o inhame (Tabela 2). Todavia a associação que proporcionou, numericamente, maiores índice de eficiência (IET = 1,55) e rendimento financeiro foi a que envolveu o arranjo de uma planta de milho a cada 30 cm com o corte das plantas na colheita. Nessa associação o inhame apresentou 72% do rendimento financeiro proporcionado pela respectiva monocultura de inhame, que somado ao rendimento proporcionado pelo milho (82% do rendimento proporcionado com a monocultura do milho), alcançou o montante de R$ 8.502,40/ha (Tabela 3); destaca-se ainda que o rendimento proporcionado pelo milho ocorreu antecipadamente com a venda das espigas, fato esse que vem demonstrar o potencial dessa associação. A complementariedade ou não-coincidência dos ciclos de crescimento e produção das culturas 29 M. Puiatti et al. associadas é um dos mecanismos que levam ao sucesso as associações (Santos, 1998), e pode ser o caso dessa associação, inhame com milho doce. Dentre as associações estudadas, o arranjo com três plantas de milho a cada 90 cm com corte da parte aérea das plantas de milho na colheita das espigas, foi a menos eficiente (IET =1,19), e a única que apresentou rendimento financeiro total (inhame + milho) inferior ao da monocultura do inhame (teste de Dunett, P<0,05) e às demais associações (Tabela 3). O que mais contribuiu para o baixo IET nessa associação foi a pequena PR do inhame (0,47), embora também tenha sido a menor PR alcançada pelo milho (0,72); esses valores podem ter sido devidos a interferências sofridas pelas plantas nessa associação, principalmente pelo inhame, conforme discutido. A exceção do arranjo com três plantas de milho a cada 90 cm que apresentou menores valores de PR e IET (Tabela 4) e rendimentos físico e financeiro pelas culturas (Tabelas 1 e 2) os demais arranjos apresentaram rendimentos físico e financeiro próximos entre si, destacando-se o arranjo com uma planta de milho a cada 30 cm. O efeito do manejo das plantas de milho na colheita das espigas (sem ou com corte) foi pouco expressivo. Os resultados obtidos nesse trabalho evidenciam a viabilidade agronômica e econômica das associações de inhame e milho doce. A escolha do tipo de associação deverá levar em consideração as peculiaridades de cada propriedade e a preferência do mercado a comercializar os produtos. Há de se considerar ainda que, nos tratamentos associados, parte do retorno financeiro ocorreu antecipadamente com a venda do milho verde (150 DAP do inhame). Além disso, nas associações com a retirada da parte aérea das plantas de milho ainda verdes teria o opcional de fornecer material vegetal para alimentação animal levando à produção de leite e/ou carne, além do esterco. Esse esterco poderia voltar diretamente à área em cultivos posteriores, ou indiretamente 30 via composto orgânico, repondo, em parte, os nutrientes removidos pelas culturas. Nesses casos, entretanto, deve ser feita uma análise da relação custo/benefício em função do gasto com mãode-obra para execução de tais procedimentos, especialmente na obtenção do composto. LITERATURA CITADA ALTIERI, M.A. Traditional agriculture. In: ALTIERI, M.A. ed. Agroecology: the science of sustainable agriculture. Boulder: Wesview Press, 1995. p. 107 - 144. CHAPMAN, T. A note on the measurement of leaf area of the tannia (Xanthosoma sagittifolium). Tropical Agriculture, v. 41, n. 4, p. 351 - 352, 1964. de la PENA, R.S. Agronomy. In: WANG, J.K.; HIGA, S. ed. Taro, a review of Colocasia esculenta, and its potentials. Honolulu: University of Hawaii Press, 1983. p. 167 - 179. EMBRAPA-CNPMS. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - CENTRO NACIONAL DE PESQUISA DE MILHO E SORGO. A cultura do milho doce. Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1992. 34 p. (Circular Técnica 18). FRANCIS, C.H. Distribution and importance of multiple cropping. In: FRANCIS, C.H. ed. Multiple cropping. 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Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos, cultivado com doses elevadas de nitrogênio. Francisco V. Resende1; Paulo Sérgio R. de Oliveira 1; Rovilson José de Souza 2 1 UNIMAR - Faculdade de Ciências Agrárias, C. Postal 554, 17.525-902 Marília - SP; 2 UFLA, C. Postal 37, 37.200-000 Lavras - MG. RESUMO ABSTRACT Este trabalho foi realizado em Marília (SP), com o objetivo de estudar o crescimento, produção, absorção de N e as correlações entre estas características, no alho obtido por cultura de tecidos, cultivado em doses elevadas de N. Foram utilizadas cinco doses de N: 0, 80, 140, 200 e 250 kg/ha, adotando-se delineamento experimental de blocos casualizados com quatro repetições. O número de folhas/planta e a razão bulbar aumentaram proporcionalmente à elevação da dose de N no solo. A altura da planta e o acúmulo de matéria seca, por outro lado, demostraram uma resposta quadrática, aumentando até as doses de 180 e 164 kg/ha de N, respectivamente. A acumulação de N também seguiu o comportamento quadrático para parte aérea e bulbo, entretanto, somente o bulbo apresentou um ponto máximo de acúmulo na dose de 182 kg/ha. Para produção total de bulbos, verificou-se um comportamento quadrático, aumentando até a dose de 234 kg/ha de N. A produção comercial foi afetada negativamente pelos níveis de N mais elevados, apresentando uma curva de resposta quadrática. A produção comercial máxima estimada (18,74 t/ha) foi verificada para uma dose de 194,4 kg de N por hectare. Os níveis de resposta ao N do alho proveniente da cultura de tecido mostraram-se superiores ao do alho multiplicado de forma convencional. Foram verificadas correlações altamente significativas entre a quantidade de N extraída e as características de produção da planta. Growth, yield and nitrogen uptake in garlic obtained by tissue culture, cultivated under high nitrogen levels. This work was accomplished in Marília county, State of São Paulo - Brazil, with the objective of studying the growth, production, N uptake and correlations between these characteristics, on tissue culture garlic cultivated under high nitrogen levels. Five levels of N were used: 0, 80, 140, 200 and 250 kg/ha in a randomised block design with four replications. The number of leaves per plant and the bulbing ratio increased under high N levels in the soil. The plant height and dry matter accumulation showed a quadratic response, reaching maximum values at N levels of 180 and 164 kg/ha, respectively. The N-accumulation on leaves and bulbs also followed the quadratic behaviour, although only the bulb showed a maximum value of N-accumulation under the level of 182 kg/ha. For total yield, a quadratic effect was observed, increasing up to 234 kg/ha of N. The commercial yield was negatively affected by the high N levels, showing a quadratic effect. The maximum estimated commercial yield (18.74 t/ha) was obtained under 194.4 kg/ha of N. Garlic plants originated from tissue culture had better response to higher N levels than those whose bulbs were multiplied in the field. Highly significant correlations were observed between N-accumulation and the plant production components. Palavras-chave: Allium sativum L., multiplicação “in vitro”, adubação nitrogenada. (Aceito para publicação em 11 de fevereiro de em sido demonstrado por meio de influência na severidade de várias doenresultados experimentais que a ças, destacando-se nesse caso as viroutilização da cultura de tecidos em alho, ses. Sabe-se que em alguns situações, o com intuito de eliminar viroses, tem re- vírus pode direcionar para sua reprodusultado em materiais com crescimento e ção até 75% do conteúdo de proteínas produção significativamente superiores de uma célula, além de afetar o conteúaos multiplicados pela via convencional do de outros compostos ricos em N (Resende, 1997). Esse comportamento como os açúcares e a clorofila (Gibbs sugere que as exigências nutricionais des- & Harrison, 1979). tas plantas serão alteradas pela ausência Verifica-se, na literatura internaciode viroses nos materiais limpos de vírus. nal, resposta a níveis elevados de N pelo Portanto, para viabilizar a utilização do alho, podendo chegar a 360 kg/ha alho oriundo de cultura de tecidos em es- (Maksoud et al., 1984). No Brasil, entrecala comercial, muitas questões relacio- tanto, o alho responde a níveis bem mais nadas à nutrição e adubação precisam ser modestos, atingindo no máximo 100 kg/ esclarecidas, para que o produtor possa ha (Menezes Sobrinho et al., 1974). No explorar todo potencial produtivo propor- caso de alho proveniente de cultura de cionado pela cultura de tecidos. tecidos comprovou-se a capacidade de Neste contexto, o N merece atenção resposta ao N em níveis significativamenespecial por ser um dos nutrientes mais te superiores aos materiais multiplicados exigidos pela cultura do alho e pela sua de forma convencional. (Barni & Garcia, T Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 2.000) 1994; Resende, 1997), verificaram que o alho proveniente de cultura de tecidos respondeu efetivamente às adubações mais pesadas com N que as plantas da mesma cultivar multiplicadas de forma convencional. Partindo das observações desses autores, procurou-se neste trabalho identificar a real capacidade de resposta ao N por plantas de alho provenientes de cultura de tecidos, avaliando o comportamento das mesmas quando cultivadas em níveis elevados de N, bem como correlacionar, nestas condições, a quantidade de N absorvida pela planta com seu crescimento e produção. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi realizado na Universidade de Marília (UNIMAR), em 31 F.V. Resende et al. 80 dias - Y = 54,99 + 0,047X; R2 = 0,87** 120 dias - Y = 49,38 + 0,124X - 0,00034X2 ; R2 = 0,91** Figura 1. Altura aos 80 e 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997. Marília (SP), utilizando material propagativo da cultivar Gigante Roxão multiplicado através de cultura de tecidos, no Laboratório de Biotecnologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA). As plantas utilizadas neste trabalho foram multiplicadas durante dois anos em campos isolados de lavouras comerciais em Lavras (MG). Em função da ausência de caracterização das viroses que ocorrem no alho no Brasil e, consequentemente, inexistência de anti-soros específicos (Dusi, 1995), não foram realizados testes de indexação para presença de viroses nas plantas estudadas. A cultivar Gigante Roxão pertence ao grupo dos alhos semi-nobres (ciclo médio), apresenta bulbos com película de coloração arroxeada, pequena incidência de bulbilhos “palitos”, boa resistência ao pseudo-perfilhamento e adaptação às condições de plantio do Sudeste e Centro Oeste do país dispensando a necessidade de vernalização (EMBRAPA, 1984). O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental da UNIMAR no período de 16/04/1997 a 23/09/1997 em um solo classificado como Podzólico Vermelho Amarelo de transição abrupta, com as seguintes características químicas: pH em CaCl 2: 6,2; matéria orgânica: 20,8 g dm-3; P: 121 mg dm-3; K: 5,1 mmolc dm-3; Ca: 43 mmolc dm-3; Mg: 26 mmolc dm-3; V: 82%. As adubações de plantio basearamse em recomendações para o Estado de 32 São Paulo, seguindo informações do Boletim 100 (Raij et al., 1996) para o alho comum, constando de 120 kg/ha de P2O5, 40 kg/ha de K2O, 10 kg/ha de ácido bórico e sulfato de zinco e 50 kg/ha de sulfato de magnésio. Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. As parcelas foram dimensionadas com 1,00 m de largura por 2,00 m de comprimento, constando de 5 fileiras de 20 plantas, totalizando 100 plantas/parcela. Como área útil, foram consideradas as três fileiras centrais, excluindo-se as duas últimas plantas de cada extremidade da parcela. O espaçamento utilizado para o plantio foi de 0,10 m entre plantas e 0,20 m entre fileiras. Os tratamentos constituíram-se de cinco doses de nitrogênio: 0, 80, 140, 200 e 250 kg/ha, utilizando uréia como fonte, parceladas em três aplicações: no plantio, aos 45 e 70 dias após o plantio. Após o plantio foi colocado sobre os canteiros, uma camada de 5 cm de casca de arroz (cobertura morta) com a função de manter a umidade e a temperatura do solo adequadas à emergência das plântulas. O controle das plantas daninhas foi realizado com aplicações em pós-emergência, utilizando os herbicidas Fluazifop-butyl e Linuron nas dosagens recomendadas para cada produto e capinas manuais quando necessário. Foram realizadas pulverizações semanais com produtos à base de Mancozeb, Iprodione, Tebuconazole, Vamidothion e Parathionmetyl visando o controle preventivo de pragas e doenças. Foram avaliados aos 80 e 120 dias após o plantio, a altura da planta, o número médio de folhas/planta e a razão bulbar que mede a relação entre o diâmetro do pseudocaule e diâmetro do bulbo em formação, fornecendo uma estimativa da taxa de bulbificação da planta (Mann, 1952). Aos 120 dias foram coletadas amostras de 3 plantas/ parcela, secadas em estufa a ± 70oC até peso constante para obtenção da produção de matéria seca. A quantificação do N na planta foi realizada no Laboratório de Solos e Adubação da Universidade de Marília pelo método semi-microkjeldahl com digestão ácida quente. As plantas atingiram o ponto de colheita aos 160 dias após o plantio. Os bulbos foram curados em local seco e ventilado durante 50 dias, sendo então classificados por tamanho e pesados para obtenção das produções total e comercial. Para produção comercial foram considerados apenas bulbos com diâmetro superior a 35 mm, intactos, livres de sintomas de ataque de pragas e doenças e em perfeito estado de conservação. Os dados obtidos foram submetidos aos testes de Lilliefors e Barttlet para verificar, respectivamente, o ajuste aos critérios de normalidade e homogeneidade exigidos para a análise de variância (Little & Hills, 1978). Os valores médios das características estudadas foram ajustados à curva de resposta (regressão) em função das doses de N (Gomes, 1990). RESULTADOS E DISCUSSÃO As doses de N influenciaram significativamente (p<0,01) a altura da planta e o número médio de folhas/planta aos 80 e 120 dias após o plantio. Os resultados para a altura das plantas indicaram aos 80 dias, uma tendência linear de resposta ao aumento das doses de N, enquanto aos 120 dias prevaleceu um comportamento tipicamente quadrático (Figura 1). O número médio de folhas apresentou uma relação linear, aumentando proporcionalmente ao incremento das doses de N aos 80 e 120 dias (Figura 2). A altura da planta alcançou, aos 120 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos. dias, um valor máximo estimado de 60,7 cm para a dose de 182,3 kg/ha. Para o número médio de folhas/planta o valor máximo ocorreu fora do intervalo de doses estudados. Uma vez que o desenvolvimento vegetativo do alho intensifica-se no período entre 60 e 120 dias após o plantio (Silva et al., 1970), a resposta linear apresentada aos 80 dias torna-se coerente, pois nesse período as plantas encontram-se em pleno crescimento. Da mesma forma, o comportamento quadrático aos 120 dias, explicase pela coincidência com o início da senescência da parte aérea. O efeito positivo do N no crescimento e no aumento da massa foliar do alho tem sido observado tanto em plantas multiplicadas de forma convencional (Souza, 1990; Resende, 1992), quanto provenientes de cultura de tecidos (Resende, 1997). As produções de matéria seca das folhas (p<0,05), bulbo (p<0,01) e total (p<0,01), aos 120 dias após o plantio, mostraram-se significativamente influenciadas pelo aumento das doses de N, apresentando para todas estas características, com exceção da matéria seca total que mostrou comportamento linear, relação quadrática com o aumento de N no solo (Figura 3). As respostas significativas obtidas nesta época foram sustentadas pelo trabalho de Silva et al., (1970). Segundo estes autores, entre 90 e 135 dias a bulbificação do alho é intensificada resultando no aumento da demanda de nutrientes (principalmente N e K). Durante este período a planta absorve 49% do N total e os bulbos passam a responder por mais de 50% da matéria seca total da planta (Zink, 1963). Analisando-se as curvas de ajuste (Figura 3), observa-se que a quantidade de matéria seca cresceu para parte aérea até a dose de 183,3 kg/ha (8,96 g/planta), para o bulbo até 168 kg/ha (13,25 g/ planta) e para o total até 166,6 kg/ha (23,50 g/planta) de nitrogênio. Estes resultados complementaram as observações de Resende (1997), que verificou aumentos lineares na matéria seca, num intervalo de doses de 0 e 140 kg/ha de N, em folhas, bulbos e raízes de plantas multiplicadas através de cultura de tecidos. Em plantas multiplicadas pela via convencional, segundo este autor, os ponHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 80 dias - Y = 7,16 + 0,003X; R2 = 0,73** 120 dias - Y = 9,34 + 0,0051X; R2 = 0,95** Figura 2. Número médio de folhas por planta aos 80 e 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997. Figura 3. Matéria seca das folhas, bulbo e total aos 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997. tos máximos de produção de matéria seca foram obtidas nas doses de 105 e 102 kg/ ha, respectivamente, na parte aérea e total, e 118 kg/ha para o bulbo aos 110 dias após o plantio. A razão bulbar foi afetada pelo N apenas aos 120 dias (p=0,06), traduzindo-se numa relação linear positiva com o incremento das doses de N. Como o aumento da razão bulbar indica atraso na bulbificação, este resultado mostra que a formação do bulbo foi limitada pela elevação das doses de N (Figura 4). Esta relação linear expressa, de maneira geral, a mesma tendência observada em outros trabalhos com alho de cultura de tecidos (Resende, 1997) e convencional (Santos et al.,1984). Aos 80 dias, o aumento das aplicações de N não interferiu na razão bulbar. Nesta 33 F.V. Resende et al. Figura 4. Razão bulbar aos 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997. Figura 5. Quantidade de nitrogênio absorvido pela parte aérea, bulbo e total aos 120 dias após o plantio, de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997. época, a formação do bulbo encontrase ainda pouco evidente e, portanto, a exigência nutricional é mínima nesta parte da planta. Segundo Mann (1952), quando a razão bulbar reduz-se a níveis inferiores a 0,5, o bulbo encontra-se completamente formado e para valores menores que 0,2 encontra-se em fase final de maturação. Nota-se que com estas pressuposições, mesmo estando completamente formados aos 120 dias após o plantio, a elevação das doses de N provocou, nesta 34 época, um nítido atraso no processo de maturação dos bulbos, demonstrado pelo aumento da razão bulbar. Esse atraso pode ser entendido como resultante de um excessivo desenvolvimento vegetativo da planta causado por quantidades elevadas de N, retardando ou prejudicando fase reprodutiva (Malavolta e t al.,1989), que no caso do alho é representada pela formação do bulbo. Como esperado, a absorção de N pela planta mostrou-se bastante influenciada (p<0,01) pelo aumento das doses de N. Embora a quantidade acumulada de N em todas as partes, à exceção do acúmulo total que apresentou resposta linear, tendeu para um comportamento quadrático em relação às doses deste nutriente (Figura 5), apenas para o bulbo detectou-se um ponto de máximo acúmulo de N, que segundo a equação ajustada, foi igual a 280,27 mg/planta na dose de 182,60 kg/ha de N. O N total acumulado atingiu o valor calculado de 545,38 mg/planta na dose máxima utilizada (250 kg/ha). Assemelhando-se aos resultados de Resende (1997), que observou um acúmulo crescente de N até 228 mg/planta para dose máxima aplicada (140 kg/ha) deste nutriente em plantas de alho de cultura de tecidos (as plantas convencionais acumularam o máximo de 132,2 mg/planta com 107 kg/ha de N), verificou-se também que a absorção de N aumentou de forma proporcional à disponibilidade deste nutriente no solo, ou seja, até a dose de 250 kg/ha. A absorção de nutrientes pelo alho acompanha o crescimento das folhas, das raízes e principalmente do bulbo (Zink, 1963; Silva et al., 1970). Este comportamento pode ser notado, de maneira geral, pela similaridade de resposta ao N entre as características de crescimento da planta e a quantidade de nitrogênio absorvido e corroborado pelas correlações positivas e altamente significativas (p<0,01) entre a acumulação de N e a produção de matéria seca e peso dos bulbos; fato constatado também entre o N total absorvido e as produções total e comercial (Tabela 1). Aos 120 dias após o plantio, não foram observadas correlações significativas entre a altura da planta e a matéria seca das folhas com a quantidade de N extraída por estas partes (Tabela 1). Este comportamento pode ser explicado pelo início da senescência foliar do alho, marcada entre outros fatores, por uma elevada redistribuição de nutrientes da parte aérea para o bulbo, entre 120 e 150 dias após o plantio (Silva et al., 1970; Resende, 1997). Reforçando esta hipótese, verificou-se que aos 80 dias, época em que a parte aérea encontra-se em pleno crescimento, houve uma correlação significativa entre a altura da planta e o N acumulado na parte aérea. As produções total e comercial foram significativamente (p<0,01) influenHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Crescimento, produção e absorção de nitrogênio do alho proveniente de cultura de tecidos. ciadas pelo N, apresentando relações quadráticas com as doses de N utilizadas (Figuras 6 e 7). Enquanto a produção comercial atingiu o ponto máximo, segundo a regressão, em 18,77 t/ha para uma dose de 194,4 kg/ha de N, a produção total evoluiu, ainda que com pequena intensidade, até a dose de 234 kg/ha, onde obteve-se uma produção calculada de aproximadamente 18,69 t/ha. Nota-se, portanto, praticamente nenhuma variação entre a produção total e comercial em função do baixo índice de descarte de bulbos devido, principalmente, ao pequeno número de bulbos com diâmetro inferior ao padrão comercial, em conseqüência do efeito da cultura de tecidos e à mínima ocorrência de superbrotamento em alhos do grupo semi-nobre. Respostas significativas de alho proveniente de cultura de tecidos à adubação nitrogenada foram, de forma similar, verificadas por Barni & Garcia (1994) e Resende (1997), entretanto, trabalhando com níveis inferiores de N, até 120 e 140 kg/ha de N respectivamente. Para o alho comum ou semi-nobre multiplicado de forma convencional, as recomendações de adubação com N encontram-se na faixa de 60 a 100 kg/ha (Raij et al., 1996). Pode-se concluir, portanto, que o alho proveniente de cultura de tecidos responde a doses mais elevadas de nitrogênio, tanto em termos de crescimento quanto de produção, que o alho multiplicado de forma convencional. Considerando a obtenção de produções comerciais, os níveis de resposta chegaram a aproximadamente 195 kg/ha de N, sendo quase duas vezes superior ao recomendado para o alho propagado pela via convencional. Para produção total de bulbos obteve-se resposta até 234 kg/ha de N. Outra conclusão importante referese à absorção de N pela planta, que acompanhou de forma proporcional o aumento dos níveis deste nutriente no solo e correlacionou-se significativamente e de forma positiva com o aumento na altura da planta, peso do bulbo, produção total e comercial. Tabela 1. Correlação entre as características de crescimento e produção com a absorção de nitrogênio pelas plantas de alho provenientes de cultura de tecidos. Marília (SP), UNIMAR, 1997. Características correlacionadas correlação (r) Altura da planta (80 dias) x N absorvido pela parte aérea 0,8435 * Altura da planta (120 dias) x N absorvido pela parte aérea 0,6567 ns Matéria seca das folhas (120 dias) x N absorvido pela parte aérea 0,5594 ns Matéria seca do bulbo total (120 dias) x N absorvido pelo bulbo 0,9743 ** Peso médio do bulbo total x N absorvido pelo bulbo 0,9515 ** Peso médio do bulbo comercial x N absorvido pelo bulbo 0,9816 ** Produção total x N total absorvido pela planta 0,9806 ** Produção comercial x N total absorvido pela planta 0,9375 ** *, **, ns: correlações significativas aos níveis de 5 e 1% de probabilidade e não significativa, respectivamente, pelo teste t de Student. Figura 6. Produção total de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997. LITERATURA CITADA BARNI, V.; GARCIA, S. Comportamento do alho Quitéria isento do Virus do Estriado Amarelo do Alho em diferentes condições de cultivo. Hortisul, Pelotas, v. 3, n. 1, p. 15-19, jan. 1994. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Figura 7. Produção de bulbos comerciais de plantas de alho provenientes de cultura de tecidos em função das doses de nitrogênio aplicadas. Marília (SP), UNIMAR, 1997. 35 F.V. Resende et al. DUSI, A.N. Doenças causadas por vírus na cultura do alho. Informe agropecuário, Belo Horizonte, v. 17, n. 183, p. 19-21, 1995. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Cultivo do alho. Brasília: CNPH, 1984. 16 p. (Instrução Técnica n. 2). GIBBS, A.; HARRISON, B. Plant Virology: the principles. New York: Buffer and Turner, 1979. 292 p. GOMES, F.P. Curso de estatística experimental. Piracicaba: Nobel, 1990. 468 p. 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O primeiro composto por dois ensaios, foi realizado na Embrapa Hortaliças. No primeiro ensaio, larvas de terceiro e quarto estágio foram colocadas em 16 plantas de repolho, cv. Kenzan, com folhas abertas, 40 dias após a semeadura e em 16 plantas iniciando a formação da cabeça. Após um período de 24 horas, os vasos com as plantas foram conduzidos ao campo, onde metade deles recebeu irrigação por aspersão convencional. A lâmina aplicada foi de 23 mm em trinta minutos. A outra metade das plantas serviu como testemunha. No segundo ensaio, realizado com a mesma metodologia, larvas de primeiro e segundo estágios foram colocadas em quarenta plantas. No segundo experimento realizado na Fazenda Água Limpa, Universidade de Brasília, o delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com três tratamentos (inseticida clorfluazuron com aplicações semanais de 400 ml/ha; clorfluazuron aplicado quando atingido o nível de dano de seis furos, em média, nas quatro folhas centrais e testemunha sem inseticida), em dez repetições, totalizando trinta parcelas com 24 plantas cada uma. Foram aplicados 400 mm de água à cultura durante o ciclo. As pulverizações semanais do inseticida e o acompanhamento do nível de dano em cinco plantas ao acaso, em cada parcela, tiveram início no 360 dia após o transplante. As notas foram atribuídas (104 dias após o transplante) às oito plantas centrais das parcelas, conforme a escala: 01 = folhas raspadas ou sem danos, 02 = folhas com furos pequenos (pouco dano); 03 = folhas com furos grandes (muito dano); 04 = plantas totalmente danificadas. Verificouse que a precipitação tem influência no controle da traça-das-crucíferas, promovendo 52% de remoção de larvas quando as plantas estavam com as folhas abertas e quando larvas de primeiro e segundo estágios foram utilizadas. Não foi observada diferença estatística entre os tratamentos “inseticida semanal” e “inseticida aplicado quando atingido o nível de dano”. Também não houve diferença estatística entre os tratamentos “inseticida aplicado quando atingido o nível de dano” e a testemunha. Impact of sprinkler irrigation on diamondback moth injuries on cabbage plants. Palavras-chave: Plutella xylostella, irrigação, manejo integrado de pragas. Keywords: Plutella xylostella, irrigation, integrated pest management. Two experiments were carried out to evaluate the impact of sprinkler irrigation on Diamondback moth injuries on cabbage plants (cv. Kenzan). The first experiment, composed by two trials, was carried out at Embrapa Hortaliças. In the first trial, larvae of third and forth stages were transferred to 16 plants with open leaves, 40 days after sowing and on 16 ‘Kenzan’ plants beginning to form head. After 24 hours, pots with cabbage plants were transferred to the field, where half of them were irrigated using sprinkler irrigation system for 30 minutes per day, receiving depth of water of 23 mm. The other half of the pots were the control treatment. On the second trial, carried out at the same way, larvae of the first and second stage were transferred to 40 cabbage plants. The second experiment was carried out at Fazenda Água Limpa, University of Brasília. The experimental design was completely randomized with three treatments (clorfluazuron weekly applied – 400 ml/ha; clorfluazuron applied at crop economic threshold and control, without clorfluazuron) in 10 replicates, total of 30 plots with 24 plants each. It was applied 400 mm of water during crop cycle. The weekly clorfluazuron applications and the weekly crop economic threshold evaluation began 36 days after transplanting. Grades were attributed to eight plants per plot during harvest according to the degree of injuries observed: 01= no damage; 02= few damages; 03= leaves with many injuries; 04= plant totally damaged. Sprinkler irrigation has influence on Diamondback moth control by removing 52% of the larvae when first and second stage larvae were used. No statistically significant difference was observed between the grades of the plants that received clorfluazuron weekly and the plants that received it at crop economic threshold and between the latter treatment and the control. (Aceito para publicação em 07 de fevereiro de 2000) A produção mundial de repolho (Brassica oleracea var. capitata) situa-se em torno de 42,2 milhões de toneladas, sendo que no Distrito Federal e região do entorno a produção anual é de 6.931,5 t/ano (EMATER, 1996). Dentre 1 as pragas que atacam a cultura, a traçadas-crucíferas (Plutella xylostella) é um fator limitante na produção. As larvas da traça ao perfurarem as cabeças de repolho diminuem o valor comercial do produto. As medidas de controle da traça baseiam-se no uso de inseticidas de amplo espectro usados em doses elevadas e em intervalos muito curtos. Estima-se o custo anual para o manejo da traça em um bilhão de dólares (Shelton et al., 1994). Segundo Villas Bôas et al. (1990) Trabalho realizado como parte das exigências para obtenção do grau de Engenheiro Agrônomo pelo primeiro autor. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 37 A.T. de Oliveira et al. aplicações contínuas de produtos utilizados para o controle de Plutella xylostella levam ao rápido aparecimento de indivíduos resistentes. No Distrito Federal, piretróides não atingiram controle satisfatório da traça (França et al., 1984). A traça-das-crucíferas é considerada a praga de maior importância econômica para o repolho na região do Distrito Federal (Castelo Branco & Melo, 1992) e o período de desenvolvimento de altas populações ocorre entre os meses de junho a outubro (França et al., 1984). Estratégias de manejo devem ser realizadas para diminuir a pressão de seleção imposta pelos inseticidas à traça conferindo-lhe resistência. Guimarães & Villas Bôas (1989) ao estudarem a flutuação populacional da traça em repolho, objetivando definir a melhor época de plantio na região do Distrito Federal, determinaram que no plantio da época seca (julho) obteve-se o pico populacional aos 70 dias após o transplante com 5,7 larvas/planta e que no plantio das águas (dezembro) o pico ocorreu apenas no final do ciclo, atingindo 2,0 larvas/planta. Castelo Branco et al. (1996) recomendam, para controle da traça-das-crucíferas em repolho, que as aplicações de inseticidas sejam iniciadas a partir da formação das cabeças e somente quando forem encontrados, em média, 6 furos nas quatro folhas centrais. A precipitação tem grande influência no desenvolvimento populacional da traça-das-crucíferas na cultura do repolho ao remover larvas nos primeiros estágios de vida (Carballo et al., 1989). Experimentos visando o controle da traça-das-crucíferas resultaram em 75% (Castelo Branco & Melo, 1992), 95% (Guimarães & Villas Bôas, 1989) e 50% (Carballo et al., 1989) de cabeças comerciais, quando do cultivo em época de chuva e sem aplicação de inseticidas. Segundo Castelo Branco et al. (1997) a irrigação efetuada durante a noite reduz o acasalamento da traça e pode contribuir para diminuir a população da praga na área e, irrigações efetuadas durante o dia podem contribuir para a redução da população da traça por meio da remoção de ovos das plantas. Costa et al. (1996) observaram significativa remoção de ovos de T. absoluta (traça-do-tomateiro) em cultivo de tomate sob pivô-central. McHugh & Foster (1995), em estudo 38 sobre o potencial do uso da irrigação por aspersão como ferramenta de gerenciamento para controle da traça no repolho, demonstraram que o uso mais efetivo da irrigação ocorreu quando a aplicação da água aconteceu diariamente, intermitentemente nas horas noturnas, com um índice de 85,9% de redução na infestação da traça. Junqueira et al. (1998) ao avaliarem o impacto de diferentes lâminas e sistemas de irrigação nos danos de Plutella xylostella em plantas de repolho, observaram número de danos bem inferior nas plantas sob irrigação por aspersão, em comparação à irrigação por gotejamento. O objetivo deste trabalho foi avaliar o impacto da água aplicada à cultura do repolho, via sistema de irrigação por aspersão convencional, na remoção de larvas e fazer um estudo comparativo do controle da traça-das-crucíferas utilizando água; água e inseticida (Clorfluazuron com aplicações semanais); e água e inseticida Clorfluazuron (aplicado quando era atingido um nível de dano pré-estabelecido para a cultura do repolho). MATERIAL E MÉTODOS O primeiro experimento foi composto por dois ensaios, onde foram utilizados diferentes estágios da larva de Plutella xylostella com a finalidade de quantificar a remoção de larvas da traça por meio da utilização da irrigação por aspersão convencional. O primeiro experimento foi realizado de agosto a outubro de 1996 na Embrapa Hortaliças, Brasília - DF. Primeiramente realizou-se um ensaio com larvas de terceiro e quarto estágios e após o término deste realizouse o ensaio com larvas de primeiro e segundo estágio. Para ambos os ensaios, a metodologia utilizada foi a mesma. Plantas de repolho, cv. Kenzan, foram produzidas em vasos em casa-de-vegetação. As mudas foram plantadas a intervalos de 30 dias de forma que durante a realização dos ensaios, metade das mudas tinha entre 40-50 dias de idade (folhas abertas) e a outra metade tinha 70 dias (iniciando a formação da cabeça). Larvas de quarto estágio e pupas da traça foram coletadas em plantas de repolho no campo experimental da Embrapa Hortaliças e cultivadas em laboratório em temperatura controlada de 20°C e fotoperíodo de 16 horas luz. Após a eclosão das pupas os adultos foram colocados em gaiolas juntamente com duas a três folhas de repolho para a oviposição. As folhas com ovos foram transferidas para caixas plásticas e armazenadas em câmara com temperatura e luz controlada. Ao atingirem os estágios desejados as larvas foram levadas para a casa-de-vegetação e transferidas para as plantas de repolho. Dez larvas foram depositadas nas quatro folhas centrais de cada planta de repolho, 32 plantas no primeiro ensaio e 40 plantas no segundo ensaio. Após 24 horas, as plantas foram conduzidas ao campo, onde metade do total das plantas de ambas as idades foram irrigadas pelo sistema de aspersão convencional, durante um período de 30 minutos, com uma lâmina de água de 23 mm. A outra metade serviu de testemunha, não recebendo irrigação. Após a irrigação as plantas foram reconduzidas à casa-devegetação onde realizou-se a contagem das larvas remanescentes. O segundo experimento, que teve como finalidade comparar o controle da traça-das-crucíferas utilizando água, água + 400 ml/ha de clorfluazuron (aplicações semanais) e água + 400 ml/ha de clorfluazuron (aplicado quando atingido o nível de dano da traça - 06 furos em média - nas quatros folhas centrais da planta), teve início em maio de 1997 na Fazenda Água Limpa da Universidade de Brasília. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, com 3 tratamentos, 10 repetições, com quatro linhas de 06 plantas cada uma, totalizando 24 plantas por parcela. As sementes do híbrido Kenzan foram plantadas em bandejas, e mantidas protegidas sobre telado até chegarem ao estágio de 5 a 6 folhas definitivas (30 dias) quando foi realizado o transplante. O terreno foi preparado com passagem de arado, grade aradora e enxada rotativa. O espaçamento utilizado foi de 0,8 x 0,3 m. O plantio foi feito em sulco ao nível do solo em 11 de junho de 1997, e as adubações foram realizadas no sulco conforme recomendado para a cultura, tendo por base a análise do solo. Os aspersores foram dispostos em forma de retângulo à uma distância de 12 metros entre aspersores e 18 metros entre linhas. Foram instalados “pluviômetros tipo lata” Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Impacto da irrigação na dinâmica populacional da traça-das-crucíferas. em cada parcela para acompanhamento e controle da quantidade e uniformidade da água aplicada via irrigação. Após a instalação do equipamento de irrigação, foi realizado um teste onde foi observada a aplicação de uma lâmina de 11,46 mm/ hora com um Coeficiente de Uniformidade de Christiansen de 84%. A partir do teste, determinou-se o tempo de irrigação da cultura de acordo com o seu estágio de desenvolvimento. Em cada irrigação realizada, anotava-se a quantidade de água retida em cada pluviômetro e calculavase a lâmina precipitada. Utilizou-se o turno de rega praticado pelos produtores da região: intervalo de dois dias no estágio inicial da planta e de três dias quando decorridos trinta dias do transplante. Foram aplicados 400 mm de água à cultura durante o ciclo. No trigésimo sexto dia após o transplante (planta iniciando a formação da cabeça), iniciou-se as pulverizações com o inseticida clorfluazuron em dez parcelas em aplicações semanais. Para avaliação do nível de dano, para aplicação ou não de inseticida, a contagem do número de furos foi realizada semanalmente, no mesmo período em que tiveram início as pulverizações semanais, em cinco plantas obtidas ao acaso, dentre as 24 plantas que constituíam as dez parcelas pré-determinadas. Na avaliação, as notas foram atribuídas às oito plantas centrais de cada parcela, ficando o restante como bordadura. Na colheita, realizada aos 104 dias após o transplante, as cabeças de repolho foram avaliadas para os danos da traçadas-crucíferas de acordo com a seguinte escala de nota: 01= folhas raspadas ou sem dano; 02= folhas com furos pequenos (pouco dano); 03= folhas com furos grandes (com dano); 04= plantas com folhas totalmente danificadas (muito dano). As notas foram atribuídas por dois avaliadores. Foi registrado ainda o peso individual de cada cabeça. Os resultados de ambos experimentos foram transformados em x + 1 (Snedecor & Cochran, 1989). Após a transformação, os dados foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO No primeiro ensaio do primeiro experimento, onde foram utilizadas larvas Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Tabela 1. Porcentagem de remoção de larvas* de terceiro e quarto estágio de Plutella xylostella em plantas de repolho, por meio de irrigação por aspersão. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1996. Idade da Planta 40 dias 70 dias Média Testemunha 35,00** 16,25 25,62A Irrigadas (23mm) 33,75 33,75 33,75A Média 34,68 a 25,00 a * Porcentagem de remoção de larvas, incluídas perdas no transporte. ** Média de oito plantas. Coeficiente de variação = 21,04%. Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula ou minúscula) não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. Tabela 2. Porcentagem de empupamento verificado em relação à quantidade de larvas remanescentes* por planta, após a irrigação de 23 mm de lâmina de água aplicada via sistema de irrigação por aspersão convencional. Brasília, Embrapa Hortaliças,1996. Planta 01 02 03 04 05 06 07 08 Média Test. (40 dias) 33,3 33,3 42,8 37,5 20,0 100 66,6 41,6 Irrig. (40dias) 62,5 83,3 80,0 60,0 16,6 85,7 62,5 37,5 61,0 Test. (70 dias) 50,0 33,3 50,0 30,0 25,0 20,0 25,0 33,3 33,3 Irrig. (70 dias) 40,0 20,0 33,3 50,0 42,8 40,0 11,1 29,6 * Para cálculo da porcentagem de empupamento verificado, considerou-se como total remanescente de larvas a quantidade de larvas acrescida da quantidade de pupas não removidas pela irrigação. de terceiro e quarto estágios, observouse que uma única aplicação de 23 mm de lâmina de água nas plantas de repolho, via sistema de irrigação por aspersão convencional, não removeu satisfatoriamente larvas da traça (Tabela 1). A baixa remoção de larvas foi decorrente, provavelmente, do estágio avançado em que as larvas se encontravam, resultando em uma menor suscetibilidade à remoção, aliada a um empupamento ocorrido, em larvas de quarto estágio, no período compreendido entre a colocação das larvas nas plantas de repolho e a irrigação destas (Tabela 2). No segundo ensaio do primeiro experimento, realizado com larvas de primeiro e segundo estágios, verificou-se que a precipitação de 23 mm, aplicada via sistema de irrigação por aspersão convencional, removeu satisfatoriamente larvas da traça (Tabela 3). A maior remoção de larvas neste ensaio foi ocasionada, provavelmente, pela maior suscetibilidade das larvas à remoção em decorrência de seu pequeno tamanho, quando comparado às larvas usadas no primeiro ensaio. Estes resultados estão de acordo com Harcourt, citado por McHugh & Foster (1995), que verificou que larvas de primeiros estágios ao serem lavadas pela irrigação são incapazes de retornar à sua posição na planta e são afogadas nas poças de água formadas no solo ou nas axilas das folhas. A precipitação tem influência no controle da traça-das-crucíferas pela remoção de larvas da planta, independente da idade da planta ou larva. Porém, foi observado que a remoção de larvas foi superior quando as plantas estavam com aproximadamente 40 dias de idade (folhas abertas) e quando larvas de primeiro e segundo estágios foram utilizadas. No segundo experimento, nas parcelas onde o inseticida foi aplicado quando atingido o nível de dano, obser39 A.T. de Oliveira et al. Tabela 3. Porcentagem de remoção de larvas* de primeiro e segundo estágio de Plutella xylostella em plantas de repolho, por meio de irrigação por aspersão. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1996. Idade da Planta 50 dias 70 dias Média Testemunha Irrigadas (23mm) Média 10,00** 7,00 8,50A 52,00 29,00 40,50B 31,00 a 18,00 b * Porcentagem de remoção de larvas, incluídas perdas no transporte. ** média de 10 plantas. Coeficiente de variação = 23,80 % Médias seguidas pela mesma letra (maiúscula ou minúscula) não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. Tabela 4. Notas atribuídas às plantas de repolho nos três diferentes tratamentos. Brasília, UnB, 1997. Tratamento Testemunha Nota* 2,10**a Aplicação Semanal do Inseticida 1,61b Inseticida Aplicado com Nível de Dano 1,74ab * Notas atribuídas de acordo com o nível de dano: 1 = folhas sem dano; 2 = folhas com pouco dano; 3 = folhas com dano; e 4 = folhas com muito dano. ** Média de oito plantas. Coeficiente de variação = 34,52% Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. vou-se redução de 70% no número de pulverizações comparada ao tratamento onde as parcelas foram pulverizadas semanalmente. As médias das notas atribuídas para os três tratamentos, em geral, foram baixas em virtude do baixo nível de dano observado (Tabela 4). As observações feitas neste experimento estão de acordo com as apresentadas por McHugh e Foster (1995) e Junqueira et al. (1998) que ao compararem a irrigação aplicada à cultura do repolho via aspersão convencional com a irrigação por gotejamento, verificaram que a infestação da traça pode ser reduzida simplesmente pelo uso da irrigação por aspersão. As médias dos pesos das cabeças de repolho observadas nos três tratamentos demonstram que houve uniformidade na adubação e irrigação do experimento. As cabeças de repolho em todos os tratamentos, devido ao espaçamento utilizado, apresentaram-se com tamanho médio, compactas e densas, conforme preferência imposta pelo mercado consumidor. Não houve diferença estatística significativa entre as médias dos três tratamentos, sendo que o peso das cabeças de repolho variou de 1.322 g a 1.606 g/cada. 40 As pulverizações com o inseticida no campo deverão ser iniciadas quando os danos da traça observados aleatoriamente na cultura atingirem o nível de dano econômico pré-estabelecido. Este método é simples de ser realizado, requer em média, um minuto por planta para ser executado e não exige o manuseio das folhas e plantas. Ainda, sua utilização não reduz a produção comercial da lavoura (Castelo Branco et al., 1996). Verificou-se que, se o produtor obedecer à demanda de água exigida pela cultura do repolho, somente com a irrigação poderá obter o controle efetivo da traça-das-crucíferas. A irrigação aplicada à cultura via aspersão convencional pode vir a ser utilizada como parte de programas de manejo integrado da traça-das-crucíferas, reduzindo a quantidade de inseticidas empregada no ciclo da cultura e permitindo aos produtores enviar produtos mais saudáveis ao mercado consumidor. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao PIBIC – UnB/CNPq pela concessão de bolsa, ao CNPq pelo apoio financeiro, à Embrapa Hortaliças e à Fazenda Água Limpa – Universidade de Brasília, pelo apoio logístico, ao professor José Ricardo Peixoto (UnB, FAV), por sua colaboração na atribuição de notas no segundo experimento e a Sieglinde Brune (Embrapa Hortaliças), pela cuidadosa revisão do manuscrito. LITERATURA CITADA CARBALLO, M.V.; HERNÁNDEZ, M.; RUTILIO, J.Q. Efecto de los insecticidas y de las malezas sobre Plutella xylostella (L) y su parasitoide Diadegma insulare (Cress) en el cultivo de repollo. Manejo Integrado de Plagas, v. 11, p. 1-20. 1989. CASTELO BRANCO, M.; MELO, P.E. Avaliação de inseticidas e bioinseticidas para o controle da traça-das-crucíferas no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 10, n. 2, p. 116-117, 1992. CASTELO BRANCO, M.; VILLAS BOAS, G.L.; FRANÇA, F.H. Nível de dano de traça-dascrucíferas em repolho. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 2, p. 154-157, 1996. CASTELO BRANCO, M. FRANÇA, H.F.; VILLAS BÔAS, G.L. Traça-das-crucíferas (Plutella xylostella) - Artrópodes de importância econômica, Embrapa Hortaliças, 1997, 4 p. (Comunicado Técnico 4). COSTA, J.S.; JUNQUEIRA, A.M.R.; SILVA, W.L.C.; FRANÇA, F.H. Impacto da irrigação via pivô-central na dinâmica populacional da traça-do-tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n. 1, p. 82, 1996. EMATER-DF. Produção de repolho em 1994-95 no D. Federal e região do entorno. Informativo da Produção Agrícola - IPAGRICOLA, 1996. FRANÇA, F.H.; CORDEIRO, C.M.T.; GIORDANO, L.; RESENDE , A.M. Controle de traça-das-crucíferas em repolho. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 3, n. 2, p. 50-51, 1984. GUIMARÃES, A.L.; VILLAS BÔAS, G.L. Flutuação populacional da traça (Plutella xylostella) em repolho e seu principal inimigo natural Apanteles sp. no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 7, n. 1, p. 56, 1989. JUNQUEIRA, A.M.R.; COSTA, J.S.; CASTELO BRANCO, M.; FRANÇA, F.H. Impacto de diferentes lâminas e sistemas de irrigação nos danos de Plutella xylostella em plantas de repolho. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 38, 1998, Petrolina, Resumos... Petrolina: SOB, 1998. McHUGH, J.J.Jr.; FOSTER, R.E. Reduction of Diamondback Moth (Lepidoptera: Plutellidae) Infestation in Head Cabbage by Overhead Irrigation. Journal of Economic Entomology, v. 88, n. 1, p. 162-168, 1995. SHELTON, A.M.; ROBERTSON, J.L.; TANG, J.D.; PEREZ, C.; EIGENBRODE, S.D.; PREISLER, H.K.; WILSEY, W.T.; COOLEY, R.J. Resistance of diamondback moth (Lepidopetera: Plutellidae) to B. thuringiensis subspecies in the field. Journal of Economic Entomology. v. 86, n. 3, p. 697-705, 1994. SNEDECOR, G.W.; COCHRAN, W.G. Statistical Methods. Ames, 1989. 503 p. VILLAS BÔAS, G.L.; BRANCO, M.C.; GUIMARÃES, A.L. Controle químico da traçadas-crucíferas em repolho no Distrito Federal. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 8, n. 2, p. 10-11, 1990. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. TORRES, A.C.; FERREIRA, A.T.; ROMANO, E.; CATTONY, M.K.; NASCIMENTO, A.S. Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium tumefaciens. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 41-45, março, 2000. Transformação genética da batata cultivar Achat via Agrobacterium tumefaciens. Antonio Carlos Torres1; Adriana Teixeira Ferreira 2; Eduardo Romano3; Mônica Kangussú Cattony4; Adriana Souza Nascimento4 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF; 2Consultora Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF; Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, C. Postal 02372, 70.770-900 Brasília-DF; 4Bolsista CNPq/RHAE, Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970 Brasília-DF. 1 3 RESUMO ABSTRACT Explantes de segmentos nodais de batata (Solanum tuberosum L.) cultivar Achat provenientes da cultura in vitro foram transformados, via Agrobacterium tumefaciens, estirpe LBA4404, contendo o vetor binário pBI121 com os genes npt II e o gus-intron. A regeneração de potenciais transformantes foi feita em meio seletivo contendo 50 mg.L-1 de canamicina. Foram obtidas plantas expressando resistência à canamicina e atividade da β-glucuronidase. Pela análise molecular nas plantas gus+, via PCR, constatou-se a amplificação dos genes npt II. A hibridização por Southern blotting demonstrou a inserção de pelo menos uma cópia do gene introduzido. Genetic transformation of potato cultivar Achat by Agrobacterium tumefaciens. Palavras-chave: Solanum tuberosum, regeneração, plantas transgênicas. Nodal segment explants of potato (Solanum tuberosum L.) cv Achat were excised from in vitro growing plants, and transformed with Agrobacterium tumefaciens LBA4404 carrying the binary vector pBI121 with npt II and gus-intron genes. The regeneration of putative transformants was done in medium supplemented with 50 mg.L-1 of kanamycin. Putative transformants expressing kanamycin resistance and β-glucuronidase activity were identified. PCR analysis of these plants showed amplification of the npt II in gus+ plants. Southern blotting hybridization revealed the insertion of at least one copy of the npt II gene. Keywords: Solanum tuberosum, regeneration, transgenic plants. (Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2000) O melhoramento genético tradicional da batata (Solanum tuberosum L.) é lento e defronta-se com uma gama de dificuldades. A espécie cultivada é tetraplóide com segregação polissômica, e muitas das cultivares comerciais apresentam baixa fertilidade de pólen ou não florescem (Vayda et al., 1992). Nesse cenário, a utilização das técnicas de transformação genética em batata teria a vantagem de possibilitar a incorporação, em clones considerados elites, de genes específicos que codificam características de interesse. Achat é uma das cultivares lideres no mercado nacional, no entanto, reduções nos níveis de produtividade desse genótipo têm sido reportados devido a infecção por viroses do grupo potivirus e luteovirus. Estratégias de engenharia genética usando genes derivados de patógenos têm sido empregadas com sucesso no controle de doenças virais em diversas culturas incluindo a batata (Scholthof et al., 1993), permitindo o desenvolvimento, a curto prazo, de cultivares melhoraHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. das a partir de clones adaptados e largamente empregados pelos agricultores. Neste trabalho descreve-se o desenvolvimento e a aplicação de um sistema de regeneração e transformação eficiente para essa cultivar que, até então, não respondeu satisfatoriamente a protocolos de transformação. MATERIAL E MÉTODOS Regeneração in vitro Foram utilizados explantes provenientes de plantas desenvolvidas in vitro, subcultivadas a cada 20 dias, em meio básico composto de sais minerais de MS (Murashige & Skoog, 1962), 3% de sacarose e, em mg.L-1: i-inositol, 100; tiamina.HCl, 1,0; piridoxina.HCl, 0,05; ácido nicotínico, 0,05; glicina, 2,0. A esse meio foram adicionados, em mg.L-1: ácido naftalenoacético, 0,05; cinetina, 0,05; ácido giberélico, 0,2 e phytagar 6.000 (Souza & Souza, 1986). As culturas foram mantidas sob fotoperíodo de 16 h, densidade de fluxo de fótons de 62 mmolm-2s -1, a uma temperatura de 25±2°C. Explantes de segmentos nodais e folhas dos propágulos desenvolvidos in vitro foram excisados e cultivados no meio básico suplementado com zeatina (zea) nas concentrações de 0; 1,25; 2,5 e 5,0 mg.L-1 , respectivamente. Sensibilidade de explantes de batata a canamicina Os explantes foliares e os de segmentos nodais foram cultivados em meio básico com 2,5 mg.L-1 de zea e, suplementado, respectivamente, com 0, 25, 50, 100 e 200 mg.L-1 de canamicina (can). As culturas foram mantidas sob as mesmas condições de foto e termoperíodo descritas anteriormente. Agrobacterium e condições de cultura Foi utilizada a estirpe de Agrobacterium tumefaciens, LBA4404, contendo vetor binário pGUS-intron com os genes npt II (que confere resistência à can) e o gene gus (que expressa a atividade da β-glucuronidase). 41 A.C. Torres et al. O meio de cultura utilizado para o crescimento bacteriano foi o LB (Luria Broth) (5 g.L-1 de extrato de levedura, 10 g.L-1 de triptona e 10 g.L-1 de cloreto de sódio, pH 7,0) contendo os antibióticos can (50 mg.L-1 ), espectinomicina (100 mg.L-1 ) e rifampicina (50 mg.L-1 ). As culturas bacterianas para os experimentos de transformação foram inoculadas em erlenmeyers de 250 ml, com 50 ml do meio LB com os respectivos antibióticos. As culturas foram incubadas a 28°C, em agitador orbital de 0,175 g (150 rpm, raio 10 mm), durante 16 a 20 h, até atingirem uma densidade ótica (OD600) entre 0,6 a 0,8. Alíquotas de 15 ml dessas culturas foram centrifugadas a 5.000 rpm (Beckman J2-21, rotor 20) por 10 min, a 4°C. O sobrenadante foi descartado e o sedimento foi suspendido em 15 ml de meio LB antes de proceder à infecção e ao co-cultivo dos explantes. Infecção, co-cultivo, seleção e regeneração Os explantes foram imersos em 5 ml da suspensão bacteriana, durante 5 min. Em seguida, os explantes foram transferidos para placas de Petri, contendo papel de filtro estéril, para eliminar o excesso de bactéria e, incubados durante, respectivamente, 24, 48, 72 e 96 h em meio para co-cultivo (meio básico suplementado com 2,5 mg.L-1 de zea. Após o período de co-cultivo, os explantes foram imersos por 30 min, em 200 ml de meio contendo macro e microelementos MS, 3% sacarose e 200 mg.L-1 de cefotaxima. Depois, os explantes foram transferidos para meio de seleção (meio de co-cultivo, com 50 mg.L-1 de can, 500 mg.L-1 d e carbenicilina e 100 mg.L-1 de cefotaxima) durante, aproximadamente, 25 dias. Os explantes que iniciaram a regeneração foram transferidos para meio básico, com os respectivos antibióticos, para crescimento das brotações. Após 30 a 40 dias, os propágulos regenerados foram colocados em meio de enraizamento (macro, microelementos e vitaminas MS, acrescido de 3% de sacarose, 50 mg.L-1 de can e 0,05 mg.L-1 de ácido naftalenoacético (ANA), para diferenciação e desenvolvimento do sistema radicular. Teste de coloração histológico para a atividade de gus A atividade da enzima β glucuronidase foi determinada de acor42 Tabela 1. Efeito de concentrações de zeatina na diferenciação de brotações em explantes foliares e de entre-nós de batata Achat*. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Concentração de zeatina (mg.L-1) 0,00 1,.25 2,50 5,00 Média do número de brotações por explante Folha Segmento no dois 0,00 ± 0,00 0,00 ± 0,00 0,61 ± 0,35 1,11 ± 0,33 0,43 ± 0,22 3,50 ± 0,40 0,44 ± 0,20 3,25 ± 0,2 *A análise estatística foi feita baseando-se no erro padrão da média. Figura 1. Efeito da concentração de zeatina, em mg.L-1, na regeneração de brotações em explantes de segmentos nodais de batata Achat. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. do com o procedimento adaptado de Jefferson (1987). O substrato empregado foi o 5-bromo-4-cloro-3-indolilglucuranida (X-Glu, Jersey Lab and Glove Supply, Linvingston, NJ, USA). Um total de 5 mg de X-Glu foi dissolvido em 0,02 ml de dimetilformamida e adicionado a seguinte solução: 2,5 ml de fosfato de sódio 0,2 M; 2,3 ml de água deionizada ; 0,025 ml de ferricianeto de potássio 0,1 M; 0,025 ml de ferrocianeto de potássio 0,1 M; 0,10 ml de EDTA de sódio 0,5 M; e 0,10 ml de triton 10%. Propágulos e tecidos foram incubados nessa solução a 37ºC por 4 a 6 h. Análise molecular via PCR O DNA total das plantas resistentes à can foi obtido a partir do método descrito por Edwards et al. (1991). Foi utilizado o par de primers: 5’GAGGCTATTCGGCTATGACTG-3’ e 5’TCGACAAGACCGGCTTCCCATC3’ que amplificam um fragmento de 460 pb do gene nptII. A mistura de reação (25ml) continha 50 mM de KCl; 1,5 mM de MgCl2 e 10 mM de Tris-HCl pH 9,0), 0,25 mM de cada dNTP, 1 mM de cada primer, 5 unidades de Taq DNA polimerase (Pharmacia Biotech) e 2 ml do DNA (aproximadamente 100 ng). A amplificação foi realizada em um termociclador Perkin Elmer Cetus DNA e as condições de temperatura utilizadas foram 5 min a 94°C, seguidos de 35 ciclos de 1 min a 94°C, 1 min a 55°C e 1 min a 72°C, 5 min finais a 72°C. Análise molecular por Southern blotting O DNA dos transformantes primários foi extraído pelo método descrito por Dellaporta et al. (1983) e, posteriormente, purificado por gradiente de cloreto de césio (Sambrook et al., 1989). Um total de 20 mg de DNA de cada planta foi digerido com a enzima de restrição XbaI a 37°C por 16 h, separado por eletroforese em gel de agarose (0,8%) transferidos por capilaridade para membrana de náilon Hybond N (Amersham Life Science, Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Transformação genética da batata via Agrobacterium tumefaciens. Tabela 2. Efeito do período de co-cultivo na percentagem de explantes gus positivos (os números entre parênteses denotam o intervalo de confiança a 95%). Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Período de co-cultivo (h) 24 48 72 96 % de explantes com porção basilar GUS+ 42 (23-60) 66 (47-83) 46 (28-66)* * *Elevada contaminação Figura 2. Regeneração de brotações em explantes de foliares em concentrações de zeatina em mg.L-1. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Buckinghamshire, England) e hibridizados contra um fragmento interno do gene gus. A transferência e a hibridização foram realizadas essencialmente como descritas por Sambrook et al. (1989). RESULTADOS E DISCUSSÃO A adição de zea ao meio proporcionou a diferenciação de brotações nos explantes de segmentos nodais e foliares. Conforme observado na tabela 1, os explantes de segmentos nodais foram mais eficazes para regeneração da cultivar Achat, nas condições estabelecidas. Maior número médio de brotações (3 por explante) foi verificado em segmentos nodais, em meio básico suplementado com 2,5 ou 5,0 mg.L-1 de zea (Tabela 1, Figura 1). Em explantes foliares, o máximo de brotações ocorreu na presença de 1,25 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. mg.L-1 de zea com uma produção de 0,61 brotações por explante (Tabela 1, Figura 2). Esses resultados indicaram que os segmentos nodais apresentaram maior potencial morfogenético para formação de novo da parte aérea, em comparação com explantes foliares. A obtenção de transformantes a partir de explantes de segmentos nodais foi observada após um período de co-cultivo de 24 h. Maior porcentagem de explantes positivos para gus foi obtida em co-cultivos de 48 h (Tabela 2). Em períodos prolongados de co-cultivos (72 e 96 h) ocorreu um aumento na proliferação da A. tumefaciens, tornando difícil a sua eliminação do meio com os antibióticos empregados na transformação. Resultados semelhantes foram obtidos em outros trabalhos de transformação (Sheerman & Bevan, 1988; Torres et al., 1993; Forreiter et al., 1997; Torres et al., 1999) em que o período de co-cultivo de 48 h também foi o mais adequado para a produção de plantas transgênicas. Após o co-cultivo, os explantes foram imediatamente transferidos para meio de seleção contendo can, uma vez que as seleções tardias na presença desse antibiótico podem gerar quimeras que se perpetuam (Ferreira, 1998). Esse aspecto é importante uma vez que a batata se propaga vegetativamente. A concentração de 50 mg.L-1 de can foi eficiente para selecionar propágulos potencialmente transformados. Observou-se que os segmentos nodais não transformados não mostraram processos morfogenéticos nessa concentração, morrendo após 20 a 30 dias. Porém, quando cultivados na ausência de can, esses explantes diferenciaram parte aérea (Figura 3). A utilização de can como agente seletivo também foi observada por Newell et al. (1991) que transformaram entrenós da cv. Russet Burbank com o gene da capa protéica do vírus X e Y. Os explantes produziram brotações com uma freqüência de 60% na ausência de seleção e de 10% em meio com 100 mg.L-1 de can. Visser et al. (1989) analisaram brotações de batata regeneradas em meio com can, sendo que mais de 90% dessas eram transformadas. Trinca et al. (1990) também observaram que a presença de can no meio de regeneração foi eficiente na produção de até 100% de brotações de batata cv. Desirée resistentes a esse antibiótico e expressando o gene gus. Nesse trabalho foi observado que, aproximadamente, 60% dos explantes, transformados com a construção gusintron, quando incubados na presença do substrato X-Glu, mostraram expressão constitutiva desse gene, confirmando o evento de transformação. Porém, a regeneração de brotações foi de 12%. Esse resultado indica que somente células vegetais competentes para transformação e regeneração são capazes de diferenciar parte aérea em meio seletivo, sendo baixa a percentagem das células que possuíam esses dois atributos (Potrykus, 1990). Propágulos regenerados foram analisados e apresentaram, também, atividade constitutiva da enzima β-glucuronidase. A adição de 100 mg.L-1 d e cefotaxima e de 250 mg.L-1 d e 43 A.C. Torres et al. carbenicilina ao meio foi adequada para controlar o crescimento da A. tumefaciens nos tecidos dos explantes após o co-cultivo, não apresentando efeito deletério na regeneração de brotações. Os propágulos obtidos foram enraizados em meio com 0,05 mg.L-1 de ANA. As plantas produzidas foram transferidas para casa de vegetação. Ensaios histoquímicos de gus, nessa nova condição ambiental, demonstraram que não houve modificação no padrão de expressão desse gene. Em adição aos ensaios histoquímicos para confirmação da transgenicidade das plantas obtidas, foram realizados Polymerase Chain Reaction (PCR) e Southern blotting. Essa última técnica é considerada uma prova definitiva da integração do T-DNA no genoma vegetal (Potrykus, 1991). No ensaio de PCR, o DNA de 15 plantas potencialmente transformadas foi analisado utilizando-se oligonucleotídeos que amplificam um fragmento específico do gene npt II. A análise dos resultados indicou que todas as plantas tinham sido transformadas (Figura 4). Um total de três plantas positivas nos ensaios histoquímicos para gus e PCR foi analisado por Southern blotting (Figura 5). O resultado evidenciou a integração do T-DNA no genoma vegetal. Os resultados obtidos nesse trabalho são importantes devido à ineficácia dos protocolos prévios de transformação aplicados para a cultivar Achat. Foram otimizadas as condições de cultura que permitissem maior potencial de regeneração dos explantes e as condições que mediassem a transferência de genes nessa cultura. A cultivar Achat continua sendo uma das mais plantadas no Brasil devido a uma série de características quantitativas (poligênicas) incluindo tolerância a murcha bacteriana. A tecnologia descrita aqui poderá ser utilizada como procedimento padrão para introduzir outras características de interesse agronômico nesse genótipo, de maneira eficiente, em curto período de tempo. Figura 3. Sensibilidade de explantes de segmentos nodais de batata Achat às diferentes concentrações de canamicina, em mg.L-1. Brasília, Embrapa Hortaliças, 1999. Figura 4. Análise eletroforética dos fragmentos amplificados via PCR usando primers específicos do gene NPT II, a partir de DNA extraído de plantas de batata cv Achat potencialmente transgênicas. Da esquerda para a direita: 1. Marcador de DNA, 1 KB DNA Ladder; 2. Controle positivo; 3, 4, 5, 6 e 7 amplificação a partir de plantas transgênicas; 8. Controle negativo (planta não transgênica). A seta indica o fragmento de 460 pb correspondente ao segmento do gene nptII. Brasília, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 1999. Figura 5. Análise por Southern blotting dos transformantes primários. DNAs foram digeridos com Xba I, transferidos para membrana de náilon e hibridizados com fragmento interno do gene gus. Linha 1, planta não transgênica; linha 2-4, transformantes independentes. Os tamanhos dos fragmentos do marcador de peso molecular estão indicados à esquerda (RB: borda direita; LB: borda esquerda). Brasília, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 1999. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelas bolsas concedidas e à FAP-DF pelo apoio financeiro. 44 REFERÊNCIAS DELLAPORTA, S.L.; WOOD, J.; HICKS, J.B. A plant DNA minipreparation: version II. 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Caracterização pós-colheita de laranjas da variedade ´Baianinha‘ submetidas ao armazenamento refrigerado e a condições ambientais. Horticultura Brasileira, Brasília. v. 18, n. 1, p. 46-48, março 2000. Caracterização pós-colheita de laranjas ´Baianinha‘ submetidas ao armazenamento refrigerado e a condições ambientais. Bárbara J. Teruel M. 1; Luís A. B. Cortez2; Paulo A. Leal 2; Lincoln C. Neves Filho3. UNICAMP-FEM, C. Postal. 6122, 13.081-970. Campinas-SP; 2 FEAGRI, Depto de Construções Rurais, C. Postal 6011, 13.081-970 Campinas-SP;3 FEA, Depto de Engenharia dos Alimentos, C. Postal 6121, 13.081-970 Campinas-SP. 1 RESUMO ABSTRACT A qualidade pós colheita de laranjas in natura (Citrus sinensis (L.) Osbeck, ´Baianinha‘), foi avaliada em termos de suas propriedades químicas e físicas, em maio de 1998. Foi aplicado um delineamento inteiramente casualizado, com duas repetições, submetendo os frutos a dois tratamentos: armazenamento a temperatura ambiente (21 ± 0,4°C e UR= 60 ± 1,0%), e em uma câmara frigorífica (1 ± 0,5°C e UR = 85 ± 2,5%). Após 15 dias de armazenamento, foi observada uma diferença altamente significativa (P=0,01), nos níveis de ácido ascórbico (diminuição de 20% e 8%, nas laranjas expostas a temperatura ambiente e nos frutos refrigerados, respectivamente). A acidez titulável teve uma diminuição de aproximadamente 14%, para os frutos mantidos à temperatura ambiente, e de 8% para os frutos refrigerados. Comprovou-se um aumento de 30% (frutos em condições ambientais) e de 18% (frutos refrigerados), na relação sólidos solúveis e acidez titulável. Os resultados apontam uma tendência à perda da qualidade nos frutos mantidos em condições ambientais, o que reafirma a necessidade do uso de refrigeração para a conservação póscolheita de laranja in natura. Postharvest characterization of oranges ´Baianinha‘ stored under refrigeration and ambient conditions. The postharvest quality of fresh oranges (Citrus sinensis (L.) Osbeck, ´Baianinha‘) was evaluated in terms of chemical and physical properties, in May of 1998. An experiment was carried out in a completely randomized design, with two replications, submitting the fruits to two treatments: storage at ambient conditions (21 ± 0.4°C and RH = 60 ± 1.0%, and in cold room (1 ± 0,5°C and RH = 85 ± 2,5%). After 15 days of storage, a highly significant difference was observed (P=0,01) in the levels of ascorbic acid (decrease of 20% and 8%, at ambient condition and refrigerated fruits, respectively). Titratable acidity decrease approximately 14%, for fruits at ambient condition, and 8% for the refrigerated fruits. It was observed an increase of 30% (ambient condition) and 18% (refrigerated fruits), in the brix/ titratable acidity ratio. The results demonstrated that there is a tendency of quality loss for fruits maintained at ambient condition. Therefore, the use of refrigeration is necessary for the maintenance of post harvest quality of fresh orange. Palavras-chave: Citrus sinensis (L.) Osbeck, ácido ascórbico, acidez titulável, pH, sólidos solúveis. Keywords: Citrus sinensis (L.) Osbeck, ascorbic acid, titratable acidity, pH, soluble solids. (Aceito para publicação em 10 de dezembro de 1999) O Brasil é atualmente, um dos maiores produtores mundiais em vários mercados de frutas in natura, ocupando o 1º lugar no mundo entre os países produtores e exportadores de laranja (Carraro et al., 1994). Ainda assim, atualmente atingem-se altos valores de perdas, que podem chegar até 40%, dependendo do produto (Revista Circuito Agrícola, 1997), e entre as várias causas que originam estas perdas estão a não-utilização de armazenamento refrigerado pós-colheita. Baixas temperaturas retardam o fenômeno da respiração e da transpiração, os quais são responsáveis pelas mudanças no metabolismo e à rápida deterioração dos produtos (Mitchell et al., 1992). No Brasil, somente os frutos que são destinados à exportação são submetidos à refrigeração, fundamentalmente porque são destinados 46 ao mercado europeu, tendo que ser transportados por um período que varia aproximadamente, entre 10 a 15 dias. As frutas cítricas, entre elas a laranja, fornecem ao homem uma importante fonte de vitamina C, na forma de ácido ascórbico, sendo este o componente nutricional mais importante nestas. Especificamente a laranja contém entre 4070 mg de ácido ascórbico/100 ml de suco (Rocha et al., 1995). Esta propriedade, assim como outras, pode ser afetada após a colheita, pelas condições de conservação, sendo a temperatura, dentre outros, um dos fatores que mais pode influenciar (Kader, 1992). Laranjas expostas ao sol durante 9 h, após a colheita, prática comum na Nigéria, tiveram perdas de 40% no nível de ácido ascórbico (Mudambi & Rajagopal, 1977). Além do valor nutritivo, avaliado pelo nível de ácido ascórbico, outras características podem ser determinadas para a avaliação da qualidade das frutas frescas, dentre elas: a aparência (tamanho, cor), textura (firmeza, maciez), sabor (sólidos solúveis, acidez titulável, pH, ácidos orgânicos e compostos voláteis) (Kader, 1992, Fellers, 1985). Um balanço adequado da relação sólidos solúveis e acidez titulável, é necessário para obter frutos com aroma e sabor de alta qualidade, sendo muito usada, esta relação, para a avaliação de frutas cítricas (Ting et al., 1986). O objetivo deste estudo foi caracterizar algumas das propriedades químicas e físicas de laranjas in natura, após a colheita, e durante o armazenamento a 1°C e em condições ambientais. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Caracterização pós-colheita de laranjas submetidas ao armazenamento refrigerado. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizadas laranjas da cultivar ´Baianinha‘ (Citrus sinensis (L.) Osbeck), da Fazenda Sete Lagoas, em SP. Aproximadamente 230 kg (10 caixas) de laranja foram colhidas, no mês de maio, às 7 h 30 min. Durante a colheita foi feita uma seleção, procurando escolher laranjas com semelhante grau de maturação, tamanho, cor, ausência de injúrias e defeitos. Os frutos foram colocados em caixas plásticas (528 x 335 x 310 mm), cobertas com uma lona térmica, e transportados durante aproximadamente 90 min, até o Laboratório de Produtos Perecíveis (FEAGRI) e o Laboratório de Refrigeração (FEA), ambos na UNICAMP. Depois da chegada, foram colhidos três frutos, de forma aleatória de cada uma das caixas, das quais foram feitas as análises de sólidos solúveis, pH, acidez titulável e ácido ascórbico. Logo depois, duas caixas de laranja foram colocadas no laboratório, em condições de temperatura e umidade relativa ambiente. A temperatura ambiente, em média, durante o tempo de duração dos experimentos foi de 21 ± 0,4°C, e a umidade relativa de 60 ± 1,0%. A outra parte dos frutos foi colocada no interior de uma câmara frigorífica, com um sistema de resfriamento com ar forçado (temperatura de 1 ± 0,5°C e umidade relativa entre 85 ± 2,5%). Os frutos foram armazenados durante 15 dias, pois geralmente este é o tempo que a laranja in natura é conservada nos containers refrigerados, quando destinadas ao comércio de exportação. Foi aplicado um delineamento experimental inteiramente casualizado, e os dados foram submetidos à análise de variância, para um nível de significância de 1%, fazendo-se a comparação das médias pelo Teste F. Duas vezes por semana foram colhidos quatro frutos, aleatoriamente, dos que foram armazenados a temperatura ambiente e sob refrigeração, para a realização das análises químicas, perfazendo duas repetições. Para a avaliação dos sólidos solúveis, foi utilizado um refratômetro ATAGO-N1, com escala de 1 a 20° Brix (método refratométrico recomendado pela Association of Official Analytical Chemistry, AOAC 1997). Uma gota de suco foi colocada na lente refratométrica, fazendo-se a leitura diretamente. Os valores obtidos na leitu- Tabela 1. Limites permitidos pela Legislação Brasileira para laranja in natura (Portaria n. 371, Ministério da Agricultura, 1974). Parâmetro pH AT, g/100 ml AA, mg/100 ml SS, ºBrix Ratio, ºBrix/100 ml Limite mínimo 4,0 0,8 38,0 10,5 9,0 Limite máximo 4,6 1,0 80,0 15,0 20,0 AT- Acidez titulável, AA- Ácido ascórbico, SS- Sólidos solúveis, Ratio (sólidos solúveis/ acidez titulável). ra foram corrigidos usando as tabelas existentes de °Brix-temperatura. A acidez titulável foi medida utilizando um pHmetro de bancada microprocessado, HI-8417, com faixa de pH de 0 a 14 ± 0,01. Os resultados são expressos em porcentagem de ácido cítrico (método acidométrico, AOAC, 1997). A relação entre o conteúdo de sólidos solúveis e a acidez titulável (a qual é chamada também de ratio), foi obtida pelo quociente entre o valor das duas propriedades. Os valores de pH foram determinados com auxilio do pHmetro (método potenciométrico recomendado pelo Instituto Adolfo Lutz, 1985). Para a determinação do nível de ácido ascórbico foi utilizado uma solução titulada com 2,6-diclorofnolindofenosódio (DCFI). Com o volume consumido de DCFI foram calculados os valores de vitamina C, em mg de ácido ascórbico/100 ml de suco de laranja (método recomendado Instituto Adolfo Lutz, 1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores das propriedades químicas e físicas no início do armazenamento encontraram-se dentro da faixa aceitável para o consumo do produto in natura (Tabela 1). Após 15 dias de armazenamento, se comprovou uma diminuição do valor dos sólidos solúveis, entre as laranjas armazenadas a temperatura ambiente e as que foram refrigeradas. Nas laranjas refrigeradas a diminuição foi de 8%, com relação ao valor no início do armazenamento, sendo que nas laranjas refrigeradas a diminuição desta propriedade foi de 4% (Tabela 2). Tabela 2. Valores em média das propriedades avaliadas nas laranjas durante o armazenamento. Campinas, FEAGRI, UNICAMP, 1998. Condições AT, % SS, °Bxix Início 0,75 ± 0,024a* 10,80 ± 0,34a Ambiente Refrigeradas 0,60 ± 0,036a 0,69 ± 0,048a 9,49 ± 0,255a 10,30 ± 0,215a pH 0 dias 3,49 ± 0,041a 15 dias 3,64 ± 0,048a 3,85 ± 0,045a Ratio, °Brix/% AA, mg/100ml 13,74a 60,71 ± 1,49a 17,81a 16,36a 45,42 ± 1,56a 53,52 ± 1,23 b */Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si a 1% de probabilidade pelo Teste F. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 47 M.B.J.Teruel et al. O valor da acidez titulável nos frutos apresentou variação durante o armazenamento em condições ambientais e sob refrigeração, observando-se uma diminuição desta propriedade ao longo do período de armazenamento, de 20% (condições ambientais), e de 8% (frutos refrigerados) (Tabela 2). Ortiz et al. (1987), observaram que a acidez titulável de laranjas in natura, diminui gradualmente de 0,3% para 0,07% com a maturação, o que pode estar relacionado com a degradação de ácidos orgânicos. Nos frutos armazenados sob condições ambientais, o valor da relação sólidos solúveis e acidez titulável (ratio), aumentou aproximadamente em 30%, com relação ao valor inicial, sendo que nos frutos refrigerados, o aumento desta relação foi de 16%, no final do armazenamento (Tabela 2). Têm-se demonstrado que esta relação deve ter no mínimo um valor de 10° Brix/%, para laranja na hora da colheita e para o consumo in natura (Chitarra & Chitarra, 1990). Outros autores propõem que o valor desta relação deve estar entre 12 e 18° Brix/%, para possuir um balanceamento adequado entre o sabor e o aroma (doce-ácido) (Carvalho et al., 1990). Embora todas as propriedades antes discutidas tenham sofrido modificações ao longo do armazenamento, a análise estatística demonstrou que a diferença entre o armazenamento refrigerado e a temperatura ambiente, não foi significativa para o nível de probabilidade usado (P= 0,01). Da mesma forma observou-se que, mesmo os frutos mantendo o valor das propriedades do ratio (brix/ acidez), dentro dos limites recomendados (Tabela 1), após 15 dias de armazenamento, os frutos não refrigerados apresentaram uma tendência à perda de firmeza e aumento da coloração amarela, o que pode torná-los impróprios para o consumo. 48 Após o termino do armazenamento não foi comprovada diferença significativa nos valores do pH, entre os frutos conservados a temperatura ambiente e sob refrigeração (Tabela 2). Rocha et al. (1995), observaram que não existiram mudanças significativas no pH de laranjas armazenadas durante 10 dias a 4°C. O nível de ácido ascórbico no início dos experimentos está dentro dos limites permitidos (Tabela 1). No final do armazenamento o conteúdo de ácido ascórbico teve uma diminuição altamente significativa, sendo de 20% para os frutos mantidos a temperatura ambiente e 8% para os frutos que ficaram sob refrigeração (Tabela 2). Análises desenvolvidas durante o armazenamento de laranja in natura (por 4 semanas a 3°C), demonstraram uma retenção de ácido ascórbico de 93% (Nagy, 1980), ou seja, uma perda de 7% no nível de ácido ascórbico, o que poderia ser explicado por possíveis diferenças no tipo de cultivar, grau de maturação e ponto de colheita, entre outros, das laranjas, com relação aos frutos usados na presente pesquisa. Das propriedades caracterizadas na laranja ‘Baianinha´, o ácido ascórbico foi a que apresentou a variação altamente significativa. Observa-se portanto que, para laranja ´Baianinha‘, assim como em outras cultivares, a retenção do ácido ascórbico, depende, dentre outros fatores, dos níveis da temperatura de armazenamento. Esta degradação acontece também, devido à presença de enzimas específicas nos frutos (óxido citrocromo, óxido de ácido ascórbico e peróxido), cujas atividades são mais aceleradas a altas temperaturas (Klein, 1987). AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPESP, pelo apoio financeiro oferecido à pesquisa, ao Laboratório de Refrigeração (FEA), e ao Laboratório de Produtos Perecíveis (FEAGRI), na UNICAMP, por permitir a utilização de sua infra-estrutura para a realização deste trabalho. LITERATURA CITADA ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY. Official methods of analysis of the association of official analytical chemistry. 16 ed., 1997. 1115 p. BRASIL. Ministério da Agricultura. Legislação Brasileira. Portaria n. 371, 9/09/74, 1974. CARRARO, F.A.; MANCUSO, C.M. Manual de exportação de frutas. 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Junqueira UnB - FAV - NUCOMP, C. Postal 04508, 70.910-970, Brasília - DF. RESUMO ABSTRACT De outubro de 1997 a maio de 1998, foram realizadas entrevistas com produtores de hortaliças em cultivo hidropônico, na região do Distrito Federal, com o objetivo de verificar a situação atual, bem como identificar os pontos de estrangulamento no sistema de produção. Foram identificados 18 produtores em um raio de 50 km de Brasília. As principais culturas são alface e tomate, ocupando uma área de 2,7 ha e de 0,5 ha, respectivamente. Foi verificado que as estruturas são, na sua maioria, de madeira e arcos de ferro, com custo médio de R$ 26,00/m2, para produção de alface e de R$ 20,00/m2, para tomate. O custo por unidade de alface está em torno de R$ 0,25 e o preço médio de venda ao mercado de R$ 0,45, enquanto que o tomate está sendo vendido a R$ 1,20/kg. Devido à produção recente, os produtores de tomate não conseguiram ainda calcular os custos. As produtividades médias observadas foram de 300 t/ha/ano de alface e de 104 t/ha/ciclo de tomate. Os principais compradores são Ceasa, supermercados, restaurantes, sacolões e mercearias. Um dos produtores exporta alface para Manaus (AM). Metade dos produtores não usa agrotóxicos. Assistência técnica, ocorrência de “tipburn”, análise da solução nutritiva, aquecimento interno da estrutura, doenças e pragas são os principais problemas citados pelos produtores de alface e, na produção de tomate, frutos rachados, doenças e pragas. O cultivo hidropônico de hortaliças está sendo visto como uma alternativa para viabilização do agronegócio na região, além de permitir uma sensível redução na utilização de agrotóxicos. Aproximadamente 44% dos produtores estão sem assistência técnica e produzindo por meio de tentativas, demandando uma atuação mais efetiva dos órgãos de ensino, pesquisa e extensão rural da região. Diagnosis of the horticultural crop production in hydroponical facilities in the Distrito Federal region. Palavras-chave: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, cultivo hidropônico. From October 1997 to May 1998, several interviews with producers of hydroponic crops took place in Distrito Federal with the objective of not only verifying but also identifying the present situation regarding the constraint points in the production system. Eighteen producers were identified in a ratio of 50km away from Brasília. The main crops are lettuce and tomato, which occupy an area of 2,7 ha and 0,5 ha, respectively. It was also verified that the majority of the structures used was made of wood and steel, which account for an average cost of R$ 26,00/m2 for lettuce production, and of R$ 20,00/ m2 for tomato production. The unit cost for lettuce is around R$ 0,25 and the average market price is R$ 0,45, whereas the tomato is sold for R$ 1,20/kg. Due to the recent production, tomato producers haven't yet figured out the real costs. The average productivity observed was of 300t/ha/year for lettuce, and of 104t/ha/cycle for tomato. The main buyers are Ceasa, supermarkets, restaurants, vegetable stores, and green groceries stores. One producer exports lettuce to Manaus (AM). Half of the producers do not use chemicals. The main problems faced by lettuce producers are the lack of technical assistance, “tipburn”, analysis of the nutrient solution, inward structure heating, diseases and pests. On the other hand, tomato producers face cracked fruits, as well as diseases and pests. Vegetables hydroponic cropping is seen as an alternative for the feasibility of the agribusiness of the region, besides allowing a substantial reduction of chemicals utilization. Approximately 44% of the producers have no technical assistance and are also operating through attempts, which demands a more effective support by universities, research institutes and extension services. Keywords: Lactuca sativa, Lycopersicon esculentum, hydroponics. (Aceito para publicação em 12 de janeiro de 2.000) A hidroponia, cultivo de plantas fora do solo e em solução nutritiva, vem se tornando uma alternativa promissora para diversificação do agronegócio, pois gera um produto diferenciado, de boa qualidade e de grande aceitação no mercado. Destacam-se, também, outras motivações em relação à tecnologia de cultivo hidropônico, dentre elas: maior rendimento por área; menor incidência de pragas e doenças; maior facilidade de execução dos tratos culturais; melhor programação da produção; ciclos mais curtos, em decorrência de melhor controle ambiental (Martinez & Barbosa, Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 1996), redução de perdas por adversidades climáticas, o que confere maior segurança de produção na entressafra; proporciona antecipação das colheitas e aproveitamento de áreas relativamente pequenas (Zatarin, 1997). No entanto, deve-se considerar o custo de implantação e o alto nível tecnológico exigido nesse sistema (Martinez & Barbosa, 1996). Atualmente, o cultivo hidropônico é realidade em diversos países como na Holanda, nos Estados Unidos, na França, no Japão e em Israel. No Brasil, apesar da grande procura pelo cultivo hidropônico, existe pouca informação a respeito dessa técnica. Segundo Martinez & Barbosa (1996), cultivos hidropônicos começam a aparecer nos cinturões verdes de São Paulo (Vargem Grande e Mogi das Cruzes), Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre. Porém, sem grande suporte científico e por meio de tentativas. De acordo com Teixeira (1996), em praticamente todos os estados do Brasil se cultiva hortaliças por meio de hidroponia, principalmente alface e tomate, seguidos da abobrinha e do pepino. Outras hortaliças estão restritas a pequenas áreas experimentais ainda sem representatividade no 49 J.S. Costa & A.M.R. Junqueira Tabela 1. Localização dos produtores, espécies utilizadas, custo de implantação da estufa, custo de produção e preço de venda ao mercado de hortaliças. Brasília, UnB - FAV - NUCOMP, 1998. Localização Espécies Custo de estufa/m2 (R$) 1 Formosa Alface 26,401 Custo de produção/ unidade (R$) 0,40 2 3 4 Formosa Formosa Gama Alface Alface Alface 45,35 50,76 - 0,15 - 0,30 0,40 0,45 5 6 7 8 Gama Gama Lago Norte Lago Oeste Alface Alface Alface Tomate 32,471 57,00 24,441 0,30 - 0,50 0,45 1,20 9 10 11 Luziânia Nova Betânia Paranoá Tomate Alface Alface 16,781 33,08 34,26 0,37 1,20 0,40 0,40 12 13 14 15 Paranoá Samambaia Valparaízo Valparaízo Alface Alface Alface Alface 39,06 28,221 26,081 11,761 0,24 0,07 0,40 0,40 0,50 0,55 16 17 18 Vicente Pires Vicente Pires Vicente Pires - Alface Alface Alface - 11,901 44,901 12,55 25,962 0,25 0,20 0,25 0,50 0,50 0,454 Produtor Média 20,613 Preço de venda (R$) 0,60 1,205 Estrutura em madeira e arcos de ferro; 2 Custo médio/m2 da estufa em madeira e arcos de ferro com estrutura para o cultivo de alface; 3 Custo médio/m2 da estufa em madeira e arcos de ferro com estrutura para o cultivo de tomate; 4 Valor médio de venda de alface/unidade; 5 Valor médio de venda de tomate/kg. 1 mercado, como é o caso do agrião, salsinha, pimentão, morango e melões. No Distrito Federal, a hidroponia vem despertando interesse crescente dos agricultores, cuja participação é importante no abastecimento de hortaliças. Porém, existem poucas informações a respeito da situação atual dos produtores que optaram por este sistema de cultivo na região. O presente trabalho teve como objetivo verificar a situação atual do cultivo hidropônico de hortaliças na região do Distrito Federal, bem como identificar pontos de estrangulamento no sistema de produção. MATERIAL E MÉTODOS Entre outubro de 1997 e maio de 1998, o Núcleo de Apoio à Competi50 tividade e Sustentabilidade da Agricultura (NUCOMP) da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da Universidade de Brasília (UnB) realizou entrevistas com produtores de hortaliças em cultivo hidropônico na região do Distrito Federal. Na primeira etapa do diagnóstico foram identificados os produtores. Em uma segunda etapa foram realizadas visitas às propriedades, aplicando-se um questionário, cujos principais itens foram: motivos da adoção da hidroponia, localização, espécies e cultivares utilizadas, área ocupada por estufas, custo/m2 das estufas, custo de produção, preço de venda, produtividade, pontos de comercialização, necessidade de aplicação de agrotóxicos, assistência técnica e principais problemas enfrentados pelos produtores. Na terceira etapa foi realizada uma análise quantitativa simples dos dados. A média anual da região para umidade relativa do ar é de 70%, para temperatura é de 20ºC e a precipitação é de 1500 mm. RESULTADOS E DISCUSSÃO Constatou-se que o cultivo em sistema hidropônico é uma atividade muito recente na região, tendo iniciado há quatro anos, apenas. Foram identificados ao todo 18 produtores hidropônicos (Tabela 1). Os produtores estão situados a uma distância média de 50 km de Brasília e próximos às principais rodovias federais e estaduais. Diversas razões levaram os produtores a adotar o cultivo hidropônico, dentre elas: tecnologia do futuro, alterHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Diagnóstico do cultivo hidropônico de hortaliças. Tabela 2. Área de cultivo, produtividade média, utilização de agrotóxicos e assistência técnica por produtor e por espécime. Brasília, UnB - FAV - NUCOMP, 1998. 1 2 3 Alface Alface Alface Área de cultivo (m2) 1.818 88 788 4 5 6 7 Alface Alface Alface Alface 1.125 1.540 3.180 - 109,50 213,31 387,38 - não não não não 8 9 10 11 Tomate Tomate Alface Alface 2.455 2.146 7.980 1.080 104,00 205,83 152,08 não utiliza Preventivo Preventivo Curativo não recebe não recebe Eng. Agr. fixo EMATER 12 13 14 15 Alface Alface Alface Alface 640 1.240 1.150 1.435 384,96 423,87 499,89 572,30 Curativo não utiliza Curativo não utiliza EMATER EMATER EMBRAPA não recebe 16 17 18 - Alface Alface Alface - 840 2.450 1.910 31.8651 301,68 107,49 306,302 não utiliza Curativo - EMATER não recebe IAC - Produtor Espécies Produtividade Agrotóxicos 243,94 373,30 312,66 Curativo Curativo utiliza utiliza utiliza utiliza Assistência Técnica não recebe não recebe não recebe IAC EMBRAPA IAC não recebe 104,003 Área total ocupada por estufas; Produtividade média do alface em t/ha/ano; 3 Produtividade média do tomateiro em t/ha/ciclo. 1 2 nativa para pequenas áreas, dificuldades com a condução da cultura no solo, boa qualidade do produto hidropônico e boa aceitação do produto no mercado. Características principais do cultivo de hortaliças no Distrito Federal As principais espécies utilizadas em hidroponia comercial na região são alface crespa e lisa, ocupando aproximadamente 2,7 ha, e tomate tipo salada, ocupando 0,5 ha (Tabela 2). Outras, como couve, agrião, cebolinha, rúcula, salsa estão sendo cultivadas em áreas menores, em caráter experimental, possivelmente por falta de assistência técnica. Apenas dois produtores cultivam tomate. Dentro deste contexto, há uma perspectiva de crescimento. Para o ano 1998/99 está previsto um pequeno acréscimo de área (0,2 ha). Entretanto, isto demonstra expansão e aceitação da tecnologia entre os produtores. Observou-se um custo médio de R$ 26,00/m2 para estufa modelo arco com Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. estrutura de madeira e arcos de ferro, incluindo toda a estrutura necessária e os equipamentos para produção de alface hidropônica, e um custo médio de R$ 20,00/m2 para produção de tomate hidropônico (Tabela 1). Verificou-se que o custo médio de produção por unidade de alface está em torno de R$ 0,25 e o preço médio de venda ao mercado de R$ 0,45. O tomate hidropônico está sendo vendido a R$ 1,20 o quilograma (Tabela 1). Não foi possível obter o custo de produção do tomate, pois os próprios produtores ainda não conseguiram calculá-lo por se tratar de produção muito recente. Verificou-se que a produtividade média de alface está em torno de 300 t/ ha/ano, aproximadamente seis vezes maior que aquela obtida em condições de campo que é de 52 t/ha/ano. De acordo com os dados adaptados de Jensen & Collins, citados por Castellane & Araújo (1995), essa produtividade se equipara à produtividade obtida em outros países, que está próxima a 313 t/ha/ ano. A produtividade média alcançada pelos produtores de tomate hidropônico é de 104 t/ha/ciclo (Tabela 2). Com relação à utilização de agrotóxicos, verificou-se que 50% dos produtores entrevistados não utilizam produto químico para controlar doenças e pragas; 12,5% utilizam agrotóxicos de maneira preventiva e 37,5% utilizam como tratamento curativo (Tabela 2). A maioria dos produtores comercializa seus produtos em supermercados, sacolões, restaurantes, mercearias e Ceasa em Brasília. Um dos produtores exporta alface para Manaus (AM). Principais problemas mencionados pelos produtores do Distrito Federal Os produtores se queixaram da falta de assistência técnica especializada, sendo que do total dos produtores visitados, oito não recebem assistência técni51 J.S. Costa & A.M.R. Junqueira ca; quatro são assistidos pela EMATER, três pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), dois pela Embrapa Hortaliças. Apenas um produtor tem Engenheiro Agrônomo fixo na propriedade. Muitos produtores se queixaram do calor excessivo no interior da estrutura. A maioria dos produtores iniciou a atividade de forma empírica e cometeu erros que poderiam ter sido evitados, como a construção de uma estrutura com pé-direito mais alto e janela para saída de ar quente, o que evitaria o aquecimento. Observou-se, também, mau posicionamento das estruturas, muito próximas umas das outras, o que agrava ainda mais o problema do aquecimento e estruturas com pé-direito muito baixo para as condições climáticas da região (2,0 m em média). Os produtores têm grande dificuldade em obter análise da solução nutritiva e em ajustar as mesmas. Na cultura da alface observou-se a ocorrência de “tipburn” com frequência, principalmente durante os períodos mais quentes do ano, quando o aumento na taxa de evapotranspiração contribui para o aparecimento do problema. Quanto à ocorrência de pragas e doenças, as mais observadas em alface 52 foram o pulgão e o tripes, a Erwinia sp e a Cercospora sp, respectivamente. Na cultura do tomateiro, foram apontados problemas como frutos rachados, ocorrência de doenças como Alternaria sp, oídio e pragas como ácaro e traça-dotomateiro. O cultivo hidropônico de hortaliças está sendo explorado no Distrito Federal, como uma alternativa para viabilização do agronegócio. Os produtores estão situados próximos a importantes rodovias federais e estaduais, o que facilita o escoamento da produção para o mercado de Brasília e outros centros do Distrito Federal, bem como para outras cidades de outros estados mais próximos. Apesar de alface ser a principal espécie cultivada, observou-se um grande interesse dos produtores por outras culturas, que só não estão sendo cultivadas por falta de informações e de assistência técnica mais presente. O custo das estufas vai depender das instalações requeridas para o cultivo de determinada espécie e também do material utilizado na construção da mesma. A adoção da hidroponia, conforme a condução da cultura, pode eliminar em grande parte a necessidade de agrotóxicos. Aproximadamente 44% dos produtores estão sem assistência técnica evidenciando a ausência de suporte técnico-científico, como acontece em outros estados. Muitos dos problemas apresentados poderiam ter sido evitados diante de uma consulta prévia aos institutos de ensino, pesquisa e extensão da região. AGRADECIMENTOS As autoras agradecem ao CNPq, pelo apoio financeiro e pela concessão de bolsa, ao Núcleo de Apoio à Competitividade e Sustentabilidade da Agricultura, pelo apoio logístico, aos técnicos da EMATER do Distrito Federal e de Goiás, pelo auxílio na identificação dos produtores, e aos produtores, pela valiosa contribuição ao trabalho. LITERATURA CITADA CASTELLANE, P.D.; ARAUJO, J.A.C. de. Cultivo sem solo - hidroponia. Jaboticabal, FUNEP, 1995. 43 p. MARTINEZ, H.E.P.; BARBOSA, J.G. O cultivo de flores sob hidroponia. Boletim de Extensão, Viçosa, n. 38, 1996. 25 p. 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Postal 218, 70.359-970 RESUMO ABSTRACT Avaliou-se a brotação e o enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa, cultivar Amarela Comum, tratadas com o composto de reguladores de crescimento “Stimulate Mo”, associado ou não à cobertura dos canteiros com tecido de polipropileno, conhecido como Tecido “Não Tecido” (NT). As doses de “Stimulate Mo” foram: 1) testemunha sem tratamento; 2) 2,5 ml/ L; 3) 5,0 ml/ L; 4) 7,5 ml/ L e 5) 10,0 ml/ L. As mudas foram retiradas da periferia da touceira, selecionadas por peso (10-15 g), cortadas em bisel (1,5-2,0 cm de comprimento) e tratadas com imersão em hipoclorito de sódio 10%, por três minutos. Posteriormente foram imersas na solução de “Stimulate Mo”, por 30 minutos, armazenadas à sombra por cinco dias e transferidas para canteiros. O NT foi colocado após o plantio, em cobertura do canteiro, como uma manta flutuante. Foram avaliados: porcentagem de mudas com brotação, número e comprimento de folhas e de raízes. Não houve interação significativa entre os fatores NT e doses de “Stimulate Mo”. Observou-se efeito benéfico da proteção com NT para todas as características avaliadas, resultando em mudas uniformes, precoces e vigorosas aos 36 dias do plantio. O produto “Stimulate Mo” foi eficiente no aumento do número e comprimento de raízes, confirmando sua utilidade como estimulador do enraizamento. “Stimulate Mo” and protection with floating rowcover on pre-rooting of Peruvian carrot (Arracacia xanthorrhiza Bancroft) explants. Palavras-chave: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, polipropileno, reguladores de crescimento. Keywords: Arracacia xanthorrhiza Bancroft, rooting, polypropylene, plant growth regulators. It was evaluated the effect of doses of Stimulate Mo, a product with growth regulators on the sprouting and pre rooting of Peruvian carrot explants, cultivar Amarela Comum, associated with and without floating rowcover of polypropylene. The following doses were tested: 1) 0 (control without treatment); 2) 2.5 ml/ L; 3) 5.0 ml/ L; 4) 7.5 ml/ L and 5) 10.0 ml/ L. The explants were removed from the cornels, selected by size (10-15g), cut in bezel (1.5-2.0 cm of length) and treated by immersion in sodium hypocloride 10% during three minutes. Afterwards the explants were treated in different dose of “Stimulate Mo” during 30 minutes and stored during five days in a shaded place. After planting the floating rowcover of polypropylene had been set, it was evaluated the percentage of explants with sprouting, number and length of leaves and number and length of roots. It was not observed significative effect of interaction between floating rowcover and doses of “Stimulate Mo”. The protection by floating rowcover was superior in all of the characteristics observed, promoting the development of uniforms and vigorous explants and early pre-rooting at 36 days after planting. The product “Stimulate Mo” was efficient to increase number and root length confirming its utility as a rooting stimulator. (Aceito para publicação em 10 de janeiro de 2.000) O Brasil é o maior produtor mundial de mandioquinha-salsa, cultivando-se anualmente cerca de 11.000 ha, com produtividade média de 9,2 t/ha. É um produto muito valorizado, tanto do ponto de vista nutricional quanto comercial, mas tem como principais inconvenientes o ciclo cultural relativamente longo (10 a 12 meses) e ser um produto muito perecível. A cultura geralmente é instalada através de mudas ou rebentos que crescem a partir da base das plantas, formando uma touceira. A planta produz sementes botânicas, mas sua utilização é restrita aos trabalhos de melhoramento genético. Pelo fato do ciclo da cultura ser longo, é necessário estabelecer tão rápido Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. quanto possível, a população final desejada (Câmara, 1992). Por isso é importante conhecer bem os efeitos do tipo, tamanho das mudas, posição ocupada pela muda na touceira, tratamentos fitossanitários e técnicas para promover o rápido crescimento do vegetal, com maior garantia de estande. Quando se referem à posição da muda na touceira, alguns autores (Silva & Normanha, 1964; EMBRATER/ EMBRAPA, 1982), recomendam o uso daquelas da periferia, por resultarem em menor taxa de florescimento no campo. Câmara (1992), comparou mudas das regiões periférica, mediana e apical e enraizadas por 60 dias em canteiros, observando que o enraizamento destas e a produção de raízes de reserva por planta não foram influenciados pela posição do rebento na touceira. O autor concluiu que os fatores que regulam o florescimento não são os mesmos que condicionam as falhas de enraizamento no campo. Vieira et al. (1995) estudaram três tipos, três tamanhos e duas formas de plantio de mudas e seus efeitos no crescimento e produção da mandioquinha-salsa, quando observaram que a produção de raízes comerciáveis foi independente do tipo e tamanho de mudas utilizadas no plantio. Observaram ainda, quanto à profundidade da muda transplantada, que é mais viável deixar as mudas com o ápice descoberto no momento do plantio. 53 M.Y. Reghin et al. Uma das práticas generalizadas no preparo das mudas nos países andinos e no Brasil que tem resultado em maior produção é o corte dos propágulos (Casali et al., 1984), reduzindo sua estrutura de reserva para 1,5 a 2,0 cm, com massa de 3,0 a 6,0 g. Quanto aos tipos de cortes, podem ser encontradas várias alternativas. O mais comum é o corte em bisel simples, que é feito com um único corte inclinado em relação ao eixo do comprimento da muda. Conforme Senna Neto (1976), esta forma aumenta a superfície cortada, proporcionando maior enraizamento e produtividade e menor pendoamento. Na safra 96/97, no Estado do Paraná foram produzidas 39.827 t (Seab, 1998), estando a cultura em plena expansão. Para o plantio da mandioquinha-salsa tem sido observado a seleção de touceiras, preparo das mudas e plantio em leiras, no local definitivo. Dependendo da época de plantio, principalmente no período da estação seca e fria tem-se verificado alta desuniformidade no estande, e percentual significativo de florescimento, com reflexos diretos na diminuição do rendimento da cultura. Conforme Santos (1997), os plantios comerciais de mandioquinha-salsa nas principais regiões produtoras do país apresentam perdas de produção devido ao florescimento que, em alguns casos, chega a causar reduções expressivas. Ocorrem dois tipos de florescimento: o primeiro, denominado “capitão” dá origem a plantas incapazes de produzir raízes de reserva; acredita-se que esse tipo de florescimento está associado a mudas mais velhas. O outro tipo de florescimento não vem a ser tão comprometedor na produção, uma vez que, apesar da emissão do pendão floral, há formação de brotações laterais, de tal forma que a planta completa seu ciclo normal, produzindo ainda raízes comerciais. Câmara (1992) propôs conduzir a cultura em duas etapas, sendo a primeira destinada a promover o enraizamento de mudas, utilizando-se espaçamento adensado em canteiros, e a etapa definitiva instalada com o transplante das mudas pré-enraizadas. Isso possibilita evitar falhas no estande, selecionar plantas e manejar melhor a cultura, sem ocorrência de pendoamento e com me54 nor tempo da cultura na área definitiva. São poucos os resultados encontrados com reguladores de crescimento no pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa. Câmara (1989) estudou o enraizamento de mudas em substratos de areia, terra e vermiculita e suas misturas, imergindo previamente as mudas preparadas (corte transversal) em solução de ácido indol butírico (AIB) a 500, 1000 e 2000 ppm, por 20 segundos. Observou-se que o AIB, a partir de 1000 ppm, foi fitotóxico. A concentração de 500 ppm apresentou porcentagem média de enraizamento de 95%, estatisticamente igual à testemunha, sem utilização de AIB. Nos tratamentos com AIB, sempre que houve presença de vermiculita no substrato, foi baixa a porcentagem de enraizamento. Entretanto, sem AIB, os substratos não se diferenciaram. Sendo assim, por meio dos resultados obtidos, para o enraizamento prévio, o autor recomenda quaisquer dos substratos utilizados, sem aplicação de AIB. Em ensaio com mudas de mandioquinha-salsa, conduzido em casa-de-vegetação, Carvalho & Leal (1997) observaram que os tratamentos com hormônio AIB em diversas dosagens e tempo de imersão, praticamente não influenciaram nas características estudadas (número de mudas vivas, sem podridões e número de mudas com brotações aos 15, 30 e 60 dias). O produto “Stimulate Mo” é composto de reguladores de crescimento, contendo 90 ppm de cinetina, 50 ppm de ácido giberélico, 50 ppm de ácido indol butírico e 4% de molibdênio (Stoller do Brasil, 1998). Sua função é estimular o desenvolvimento do sistema radicular, aumentando a absorção de água e nutrientes pelas plantas e favorecendo o equilíbrio hormonal. O crescimento contínuo das raízes é fundamental para a produção das citocininas, que só ocorrem na extremidade de raízes novas (Stoller do Brasil, 1998). Na literatura, não existem trabalhos nesta área com a cultura da mandioquinha-salsa. Contudo, tem-se informações de que alguns produtores do Paraná tratam os propágulos antes do plantio, com a dose de 5,0 ml/ L de Stimulate Mo, durante 30 minutos. O Tecido “Não Tecido” (NT) é um filme de polipropileno, confeccionado a partir de longos filamentos de polipropileno que são colocados em camadas e soldados uns aos outros por meio de calor. Tem ampla utilização na indústria têxtil no Brasil, mas sua utilidade na agricultura é ainda pouco conhecida. Entretanto, na Europa, estima-se em 20.000 ha a área de cultura e coberta com o NT (Hernandez & Castilla, 1993). Esta “manta térmica” poderá, em muitos casos, se constituir em interessante alternativa de proteção de cultivos hortícolas, a baixo custo. Seu emprego é bastante generalizado em sementeiras (Hernandez & Castilla, 1993), tais como a de fumo (Wells & Loy, 1985), sendo colocado diretamente sobre o solo plantado, sem necessidade de estruturas de sustentação. Algumas vantagens atribuídas ao emprego do NT são o aumento da precocidade; aumento da produção (Soltani et al., 1995; Otto, 1997) e proteção contra danos causados por chuvas fortes ou granizo (Hemphill & Crabtree, 1988). O presente trabalho teve com o objetivo avaliar o efeito de doses de “Stimulate Mo”, com e sem proteção de NT, no pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa. MATERIAL E MÉTODOS Propágulos de mandioquinha-salsa da cultivar “Amarela Comum” foram retirados da periferia das touceiras que completaram o ciclo vegetativo. Foram selecionados aqueles com massa de 10 a 15 g, cortados em bisel a 1,5 - 2,0 cm da base das folhas e submetidos ao tratamento de imersão por três minutos, em solução à base de hipoclorito de sódio a 10% (Brune et al., 1996). Posteriormente, os propágulos foram imersos por 30 minutos na solução de “Stimulate Mo”, nas seguintes doses: 1) testemunha (sem tratamento); 2) 2,5 ml/ L; 3) 5,0 ml/ L; 4) 7,5 ml/ L e 5) 10,0 ml/L. Os propágulos foram mantidos em condições ambientais de laboratório por cinco dias, para cicatrização do tecido cortado, e então transferidos para canteiros com 1 m de comprimento por 1,1 m de largura, no espaçamento de 0,05 x 0,05 m, com 56 mudas por parcela. Em seguida os canteiros foram, ou não cobertos com NT de 20 – 25 micras de espessura e massa de 17g/m², aplicado direHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. “Stimulate Mo” e proteção com Tecido "não Tecido" em mandioquinha-salsa. Tabela 1. Porcentagem de brotação, número de folhas e comprimento da parte aérea de mudas de mandioquinha-salsa tratadas com “Stimulate Mo”, com e sem cobertura de Tecido “Não Tecido” (NT). Ponta Grossa, UEPG, 1998. "Stimulate Mo" Doses 0 2,5 ml/ L 5,0 ml/ L 7,5 ml/ L 10,0 ml/ L Média CV (%) Brotação (%) Com NT 96,67 98,00 97,00 90,67 96,67 95,80 A Sem NT 88,00 89,33 92,00 90,33 95,00 90,93 B 4,45 N° de folhas Com NT 2,27 2,27 2,55 2,55 2,83 2,49 A Sem NT 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 B 15,83 Parte aérea (cm) Com NT 10,77 10,73 12,67 10,57 11,10 11,17 A Sem NT 7,93 7,30 7,70 7,80 8,40 7,83 B 8,93 *Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si no nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Tabela 2. Enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa tratadas com Stimulate Mo, com e sem cobertura de Tecido “Não Tecido” (NT). Ponta Grossa, UEPG, 1998. "Stimulate Mo" Doses 0 2,5 ml/L 5,0 ml/L 7,5 ml/L 10,0 ml/L Média* CV (%) Número de raízes Com NT 50,50 53,60 57,27 53,00 60,50 54,97 A Sem NT 42,77 42,23 48,80 43,07 44,70 44,31 B 7,01 Comprimento de raízes (cm) Com NT Sem NT 3,20 2,33 2,67 3,17 4,70 3,33 4,10 3,33 3,87 3,40 3,71 A 3,11 B 17,05 *Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente entre si, no nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. tamente sobre os canteiros, formando uma manta flutuante, fixada com solo colocado sobre as bordas da manta. O plantio foi realizado em junho de 1998, na área experimental de Olericultura da Fazenda-Escola Capão da Onça, UEPG, Ponta Grossa (PR), utilizando irrigação por aspersão. Aos 36 dias do plantio avaliou-se a porcentagem de mudas com brotação, considerando-se aquelas com brotação da parte aérea e, numa amostra de 7 plantas por repetição, avaliaram-se o número e comprimento médio das folhas e das raízes. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com três repetições, utilizando-se o esquema fatorial de 5 x 2 (cinco doses de “Stimulate Mo”, na presença e ausência da cobertura com NT). Fez-se análise de regressão dos dados de doses de “Stimulate Mo” e, Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. para comparação das médias relativas à proteção ou não com NT, usou-se o teste de “F”. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os fatores doses de “Stimulate Mo” e proteção com NT tiveram atuações independentes, não ocorrendo interação significativa entre eles nas características avaliadas. Nas parcelas com proteção de NT observou-se desenvolvimento mais rápido e uniforme da parte aérea (Tabela 1). Aos 36 dias do plantio, mais de 95,0% das mudas apresentavam brotação da parte aérea, com maior número de folhas e comprimento maior que 10 cm, enquanto nas parcelas não cobertas, ocorreu 90,9% de mudas com brotação, e estas apresentavam menor crescimento. O efeito superior do NT também foi verificado no número e no comprimento de raízes (Tabela 2 e Figuras 1 e 2). As doses de “Stimulate Mo” não promoveram diferença significativa nas características de desenvolvimento da parte aérea (Tabela 1). Por outro lado, a aplicação de “Stimulate Mo” aumentou o número e o comprimento das raízes, com efeito linear para número (Figura 1) e quadrático para comprimento (Figura 2), tendo sido estimado como ponto de máximo, a dose de 7,0 ml/L. Não foram observados sintomas de fitotoxidez em quaisquer das doses estudadas. Estes resultados confirmam a atuação do produto como estimulador do sistema radicular, podendo resultar na maior capacidade de absorção de água e nutrientes (Stoller do Brasil, 1998). Apesar da brotação e do enraizamento terem ocorrido durante os meses de junho, com temperaturas relativamente baixas (médias das máximas de 26,2°C e mínimas de 9,4°C), não foram observadas mudas com haste floral em quaisquer dos tratamentos, provavelmente em função da idade das mudas e da seleção feita. Estes resultados corroboram com os obtidos por Silva & Normanha (1964) e EMBRATER/ EMBRAPA (1982). Embora, Câmara (1992) não tenha encontrado diferenças na taxa de florescimento em função da posição do propágulo na planta. A cobertura com NT resultou em médias superiores em todas as características avaliadas, quando comparada ao tratamento sem proteção (Tabelas 1 e 2). A proteção deve alterar fatores 55 M.Y. Reghin et al. ambientais sob a cobertura, ocorrendo um microclima mais favorável para o desenvolvimento das mudas. Salientase que um dos objetivos do uso do NT nos cultivos que ocorrem nas épocas frias, é o aumento da temperatura noturna do ar abaixo da cobertura, de 2 a 5°C, como os descritos por Hernandez & Castilla (1993) e Otto (1997). Os resultados demonstram que o pré-enraizamento de mudas de mandioquinha-salsa com o produto “Stimulate Mo” foi eficiente, aumentando o número e o comprimento de raízes de acordo com o aumento da dose até o limite de 7,0 ml/L. Qualquer das técnicas estudadas vem reforçar o uso do pré-enraizamento, podendo-se obter mudas aptas para o transplante em curto espaço de tempo (36 dias), enquanto que, em condições normais, o tempo é de 45 a 60 dias (Santos, 1997). Figura 1. Efeito de doses de “Stimulate Mo” no número de raízes de mudas de mandioquinhasalsa. Ponta Grossa, UEPG, 1998. LITERATURA CITADA BRUNE, S.; GIORDANO, L de B.; LOPES,C.A.; MELO, P.E de. Tratamento químico de mudas de mandioquinha-salsa. 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O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro repetições e as seguintes cultivares: Granex-429, Texas GranoPRR, Brownsville, Houston, Texas Grano-502, Texas Grano-438, Conquista, Composto IPA-6, Belém IPA-9, Franciscana IPA-10, Valeouro IPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179) , CNPH-5898, CNPH6074, CNPH-6040, CNPH-6067, Bola P. EMPASC, XP-1, XP-2 e Crioula Mercosul. A produtividade de bulbos comerciais variou de 21,41 a 61,78 t/ha, destacando-se as cultivares Texas Grano-PRR (61,78 t/ha), Granex-429 (58,28 t/ha), Texas Grano-438 (56,97 t/ ha), Brownsville (55,38 t/ha), Texas Grano-502 (53,97t/ha) e Houston (53,35 t/ha), que não mostraram diferenças significativas entre si. Evaluation of onion cultivars at Petrolina, Pernambuco State, Brazil. Palavras chave: Allium cepa, adaptação, produtividade, classificação de bulbos. Keywords: Allium cepa, adaptation of cultivars, yield, bulb classification. With the objective of identifying high productive and better quality onion cultivars for the tropical semi-arid region of Brazil, field trials were conducted at Petrolina, Pernambuco State, Brazil, from February until July of 1996.The experimental design was a randomized complete blocks with four repetitions and twenty treatments (Cultivars Granex-429, Texas Grano-PRR, Brownsville, Houston, Texas Grano-502, Texas Grano-438, Conquista, Composto IPA-6, Belém IPA-9, Franciscana IPA-10, Valeouro IPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179), CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH-6040, CNPH-6067, Bola P. EMPASC, XP-1, XP-2 and Crioula Mercosul). Production of commercial bulbs ranged forms 21.41 to 61.78 ton/ ha. Texas Grano-PRR had the highest yield (61.78 ton/ha), followed by Granex-429 (58.28 ton/ha), Texas Grano-438 (56.97 ton/ha), Brownsville (55.38 ton/ha), Texas Grano-502 (53.97 ton/ha) and Houston (53.35 ton/ha). (Aceito para publicação em 07 de fevereiro de 2.000) A produção mundial de cebola (Allium cepa L.) nos últimos anos (1995/96/97) esteve entre 37,38 e 38,49 milhões de t/ano, proveniente de uma área de cultivo de 2,2 a 2,3 milhões de hectares/ano, com uma produtividade média de 16,7 t/ha (FAO,1998). No Brasil, a cebola destaca-se ao lado da batata e do tomate como a cultura olerácea economicamente mais importante, tanto pelo volume produzido, em torno de 900 mil t/ano, como pela renda gerada. A sua produção ocorre nas regiões Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), contribuindo com 37,7% da produção nacional, Sudeste (São Paulo e Minas Gerais), com 35,3% e Nordeste (Pernambuco e Bahia), com 27%. A produtividade média nacional se situa em 12,49 t/ha, sendo que nos estados de Pernambuco e Bahia, maiores produtores do Nordeste, a produtividade média é de 14,89 e 14,68 t/ha (ANUÁRIO, 1996). No contexto do Mercosul, destacamse apenas as produções do Brasil, com ofertas equivalentes às suas necessidaHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. des de consumo, e da Argentina, cujo volume de produção tem gerado expressivos excedentes exportáveis. Esses dois países respondem em sua quase totalidade pelo abastecimento do referido mercado, sendo as produções do Uruguai e Paraguai praticamente marginais (cerca de 3,5%), não influindo no perfil do mercado (Boeing, 1995). A globalização da economia mundial e a formação do Mercosul interferiram significativamente no mercado de hortaliças no Brasil. As tendências das produções na Argentina e no Brasil evidenciam um mercado competitivo do qual continuarão participando aqueles países que tiverem maiores vantagens comparativas e fizerem inversões nos setores produtivos. Portanto, o momento por que passa a cebolicultura é crucial e deve apresentar definições. Somente continuará no mercado o produtor que se tecnificar, obter produto de qualidade e se adaptar a essas mudanças no mercado (Ferreira,1997). Hoje, a cebola está sendo cultivada em regiões distintas, dentro de uma grande amplitude geográfica, estendendo-se do Equador até regiões mais próximas aos círculos polares. As pesquisas têm demonstrado que as melhores cultivares são aquelas obtidas na própria região de produção, porque cada uma requer condições especiais de fotoperíodo e temperatura para a obtenção das características qualitativas desejáveis, altos rendimentos e boa conservação no armazenamento (Jones, 1963). A cultivar Texas Grano é uma das mais adaptadas às condições do Centro Sul do País (Filgueira,1982). Goto & Costa (1979), avaliando cultivares, concluíram ser a “Texas Grano-502” a mais produtiva em duas localidades onde foram avaliadas, com respectivamente, 80,0 e 96,8 t/ha. Avaliando cultivares de cebola de ciclo precoce, Gandim et al. (1989), verificaram produtividades variando de 17,47 a 32,32 t/ha, destacando-se as cultivares EMPASC 352- Bola precoce (32,32 t/ha), IPA-1 (29,42 t/ha), Baia Periforme (28,88 t/ha), IPA-2 (28,25 t/ 57 N.D. Costa et al. Tabela 1. Produtividade total e comercial de cultivares de cebola no Vale São Francisco. Embrapa Semi-Árido, Petrolina (PE), 19971. Produtividade (t/ha) Total Comercial Cultivares Texas Grano-PRR Granex-429 Texas Grano-438 62,71a 58,49 ab 57,79 ab 61,78 a 58,28 ab 56,97 ab Brownsville Texas Grano-502 Houston Alfa Tropical (CNPH-6179) 56,02 ab 54,20 ab 53,92 ab 49,86 bc 55,38 53,97 53,35 48,96 CNPH-6067 Franciscana IPA-10 (roxa) Valeouro IPA-11 43,82 42,99 40,25 cd cd cde 43,34 42,68 39,54 cd cd cde CNPH-6074 CNPH-5898 Composto IPA-6 39,50 36,26 35,62 de de de 38,86 35,49 34,73 cde de de XP-1 Belém IPA-9 Bola P. EMPASC CNPH-6040 35,37 35,22 33,79 30,93 de de def efg 33,77 33,76 32,40 30,36 de de ef ef Conquista Crioula Mercosul XP-2 29,89 24,70 23,89 29,40 22,31 21,41 f f f C.V. (%) 15,42 efg fg fg ab ab ab bc 16,56 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade. 1 ha) e IPA-6 (27,65 t/ha). Estudando a adaptação de cultivares de cebola, Churata-Masca & Santos (1983), observaram que a “Granex Yellow “ foi a mais produtiva (77,3 t/ha), seguida pelas cultivares Excel, Granex-33 e Granex-429 (entre 64,5 e 61,9 t/ha) e “IPA-2” (55,2 t/ha) e “Ag.-59” (50,7 t/ha). Candeia, et al, (1985), verificaram uma produtividade de 30,3 t/ha para a cultivar Brownsville, que foi a mais produtiva dentre as avaliadas. A maior produtividade de bulbos comerciais foi apresentada pelas cultivares Granex-33 e Granex-429 com 33,07 e 32,19 t/ha, respectivamente (Caraballo et al.,1990). Avaliando 29 cultivares de cebola, Madisa (1994) constatou ser “Equanex” a mais produtiva (36,28 t/ha), tendo a cultivar Granex alcançado 26,83 t/ha e a produtividade média das cultivares se situado em 23,29 t/ha. Murakami et al. (1995), estudando o comportamento de cinco genótipos e três cultivares, ob58 servaram que a cultivar Régia foi a mais produtiva (90,3 t/ha), seguida pela cultivar São Paulo (78,7 t/ha). Dada a importância desta hortaliça para a região do vale do São Francisco, objetivou-se identificar cultivares adaptadas, que apresentem alto potencial para produção e qualidade de bulbos. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi instalado no Campo Experimental de Bebedouro, da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina (PE), com altitude de 365,5m e latitude de 9 o 24’ Sul, no período de abril a agosto de 1997, em Latossolo Vermelho Amarelo com as seguintes características: pH (H2O) = 7,0; Ca2+ = 2,2 cmolc/ dm3; Mg2+ = 0,8 cmolc/dm3; Na+ = 0,05 cmolc/dm3; K+ = 0,32 cmolc/dm3; Al3 = 0,05 cmolc /dm3; e P/Mehlich = 23,88 mg/L, determinadas segundo metodologia da Embrapa (1979). O delineamento experimental foi blocos ao acaso com quatro repetições e os tratamentos, constituídos das seguintes cultivares: Granex-429, Texas Grano-PRR, Brownsville, Houston, Texas Grano-502, Texas Grano-438, Conquista, Composto IPA-6, Belém IPA-9, Franciscana IPA-10, Valeouro IPA-11, Alfa Tropical (CNPH-6179), CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH6040, CNPH-6067, Bola Precoce EMPASC, XP-1, XP-2 e Crioula Mercosul. Utilizaram-se parcelas de 7,2 m2 de área útil, com 300 plantas por parcela e bordaduras laterais, no espaçamento de 0,15 x 0,10m. A adubação básica constou de 30 Kg/ ha de N; 120 kg/ha de P2O5 e 60 kg/ha de K2O, de acordo com as recomendações baseadas na análise do solo. Foram aplicados em cobertura 90 kg/ha de N (uréia) e 60 kg/ha de K2O (cloreto de potássio) parcelados aos 20 e 30 dias após o transplante. Os tratos culturais e controle fitossanitários foram realizados de acordo com as recomendações regionais para a cultura da cebola. O transplante das mudas foi realizado aos 30 dias após a semeadura e as irrigações, quando necessárias, foram realizadas em sulcos. A colheita foi efetuada quando a maioria das plantas encontravam-se tombadas, aos 120 dias após a semeadura para as cultivares Granex-429, Texas Grano PRR, Texas Grano 438, Conquista, Alfa Tropical (CNPH-6179), CNPH-5898, CNPH-6074, CNPH6040, Franciscana IPA-10 e Bola Precoce EMPASC, e aos 127 dias para as cultivares Brownsville, Composto IPA6, Belém IPA-9, Valeouro IPA-11 e CNPH-6067 e aos 150 dias para as cultivares XP-1, XP-2 e Crioula Mercosul. As plantas colhidas foram submetidas ao processo de cura, ficando por seis dias expostas ao sol e dois dias à sombra, efetuando-se, em seguida, o corte da parte aérea. Avaliaram-se as seguintes características: produtividade total (t/ ha) e comercial (t/ha), sendo considerados comerciáveis os bulbos entre 35 e 90 mm de diâmetro. Os bulbos foram classificados de acordo com o maior diâmetro transversal em quatro classes comerciais, segundo Brasil (1995), onde 2 = 35 a 50mm, 3 = 50 a 70mm, 4 = 70 a 90mm e 5 = bulbos com diâmetro transversal maior que 90mm; sendo que Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Avaliação de cultivares de cebola em Petrolina-Pe. Tabela 2. Percentagem em peso de bulbos comerciais de cultivares de cebola, segundo o maior diâmetro transversal em classes e refugos. Embrapa Semi-Àrido, Petrolina (PE), 1997. Granex-429 T. Grano-PRR 5 49,35 51,80 4 38,59 32,96 Classes*(%) 3 10,94 12,67 Brownsville Houston T. Grano-502 T. Grano-438 Conquista 50,20 44,10 34,00 51,40 0,80 32,40 38,50 45,00 33,00 31,20 14,36 14,30 18,60 12,10 58,00 1,90 2,00 2,00 2,10 9,00 1,14 1,10 0,40 1,40 1,00 Composto IPA-6 Belém IPA-9 Valeouro IPA-11 Alfa Trop. (CNPH-6179) CNPH-5898 12,27 12,02 6,46 31,75 11,00 44,72 40,50 44,50 46,00 44,60 34,50 36,85 42,84 19,13 35,80 6,04 6,50 4,44 1,32 6,50 2,47 4,13 1,76 1,80 2,10 CNPH-6074 CNPH-6040 CNPH-6067 Franciscana IPA-10 (roxa) 17,04 4,03 18,84 11,86 46,37 42,73 50,40 51,50 30,40 41,39 26,10 33,90 4,57 10,00 3,50 2,00 1,62 1,85 1,16 0,74 B. P. Empasc XP-1 XP-2 C. Mercosul 5,95 11,00 3,77 - 40,76 44,25 31,66 37,35 42,50 34,70 40,37 43,25 7,65 5,35 10,60 9,70 3,14 4,70 13,60 9,70 Cultivares 2 0,77 2,22 1** 0,35 0,35 *Classe 2: 35 a 50mm; Classe 3: 50 a 70 mm; classe 4: 70 a 90 mm e classe 5: bulbos maiores que 90 mm de diâmetro transversal. ** Bulbos de baixo valor comercial os bulbos menores (diâmetro transversal inferior a 35 mm) foram computados apenas na produtividade total. Posteriormente, foi feita a análise de variância das características avaliadas, aplicando-se o teste de Duncan no nível de 5% de probabilidade para comparação das médias, segundo metodologia descrita por Gomes (1987). RESULTADOS E DISCUSSÃO A colheita foi efetuada quando a maioria das plantas encontravam-se tombadas, sendo iniciada aos 120 dias após a semeadura. Pela Tabela 1, observa-se que a produtividade de bulbos comerciais variou de 21,41 a 61,78 t/ ha, destacando-se as cultivares Texas Grano-PRR, Granex-429, Texas Grano438, Brownsville , Texas Grano-502 e Houston, que não mostraram diferenças significativas entre si. Estas cultivares apresentaram incrementos na produtiviHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. dade da ordem de 285,5 a 386,4% superiores à média nacional (12,7 t/ha); estando ainda acima da produtividade média mundial de 16,7 t/ha e dos resultados encontrados por Gandim et al. (1989), Candeia et al. (1985) e Madisa (1994) que variaram de 17,47 a 36.28 t/ ha. Entretanto foram inferiores às produtividades relatadas por Churata-Masca & Santos (1995) e Murakami et al. (1995), que relataram produtividades entre 77,3 e 90,3 t/ha. Os mais baixos rendimentos foram observados para as cultivares Bola Precoce EMPASC, CNPH-6040, Conquista, Crioula Mercosul e XP-2, que não mostraram diferenças estatísticas entre si. A boa performance produtiva das cultivares Texas Grano-PRR e Texas Grano-438, são evidenciadas por Goto & Costa (1979) e Filgueira (1982), que relatam serem estas as mais adaptadas e produtivas. Assim como também em relação a cultivar Granex-429, que Caraballo et al. (1990), informam boa produtividade comercial de bulbos (32,19 t/ha), no entanto, inferior a alcançada no presente trabalho. A Tabela 2, apresenta a percentagem do peso de bulbos comerciais de cebola em classes, segundo o maior diâmetro transversal. As cultivares Conquista, Valeouro IPA -11, Franciscana IPA-10, CNPH-6040, Bola P. EMPASC, CNPH5898 e Crioula, sobressaíram-se das demais por apresentarem bulbos comerciais acima de 80% nas classes 3 (50 a 70mm de diâmetro transversal) e da classe 4 (70 a 90mm de diâmetro transversal), que são os de maior preferência do mercado consumidor nacional. A cultivar XP-2 apresentou a maior quantidade de bulbos tipo 1 (chupeta), assim como as cultivares Texas Grano-PRR, Texas Grano-438, Brownsville, Granex-429 e Houston apresentaram 44% de bulbos comerciais da classe 5 (acima de 90 mm de diâmetro transver59 N.D. Costa et al. sal), que são bulbos grandes de baixo valor comercial, conforme relatam Silva et al.(1991) da preferência do consumidor nacional por bulbos com 80 a 100g e diâmetro transversal de 40 a 80 mm. Os resultados obtidos em termos de produtividade e qualidade de bulbos evidenciam que poderiam ser utilizadas pelos produtores, sob irrigação, as cultivares: Franciscana IPA-10, Valeouro IPA11, Alfa Tropical (CNPH-6179) e CNPH6067. Assim como consolida a cultivar Texas Grano-502 como adaptada às condições do vale do São Francisco. As cultivares Granex-429, Brownsville, Texas Grano-PRR, Houston e Texas Grano- 438, pela sua performance produtiva, necessitam de maiores estudos quanto a níveis de adubação e densidades de plantio, que promovam menor diâmetro do bulbo, adequando-as à preferência do mercado consumidor. BIBLIOGRAFIA CITADA ANUÁRIO ESTATISTICO DO BRASIL. Rio de janeiro: IBGE, v. 56, 1996. 60 BOEING, G. Cebola. Florianópolis: Instituto CEPA/SC, 85 p. 1995. BRASIL. Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária, Portaria n. 529 de 18 ago. Diário Oficial (República Federativa do Brasil), Brasília, 1 set.,Seção1, p. 13513. 1995. CANDEIA, J.A.; MENEZES, J.T. de; MENEZES, D.; WANDERLEY, L.J. da G. Avaliação de cultivares de cebola no Submédio São Francisco. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE OLERICULTURA, 25, Blumenau, SC. Resumos... Sociedade de Olericultura do Brasil, p. 65. 1985. 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Características de qualidade de cebola múltipla durante armazenamento sob condição ambiental não controlada. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 61-64, março 2.000. Características de qualidade de cebola múltipla durante armazenamento sob condição ambiental não controlada. Maria C. C. Maia1 ,2; Josué F. Pedrosa2; José Torres Filho2; Maria Z. de Negreiros2; Francisco Bezerra Neto2. 2 ESAM. C. Postal 137. CEP 59.625 – 900. Mossoró – RN. RESUMO ABSTRACT Utilizando-se progênies de meios irmãos de cebola múltipla, foram avaliados caracteres de qualidade de bulbos durante o armazenamento pós-colheita sob condição de ambiente natural. Para tanto, foi conduzido um experimento em condições de laboratório, utilizando delineamento inteiramente casualizado, com 14 tratamentos (progênies) e três repetições. Os conteúdos de sólidos solúveis e matéria seca foram influenciados significativamente pelo tempo de armazenamento. A perda de peso máxima foi 21,70 % em cinco semanas. Characteristics of multiplier onion during controlled storage conditions. Palavras-chave: Allium cepa L., pós – colheita, qualidade. Keywords: Allium cepa L., postharvest, quality. Bulb quality characteristics from multiplier onion half-sib families were evaluated during postharvest storage under natural ambient conditions. For this purpose, one experiment was conducted under laboratory conditions. The experiment was carried out in a completely randomized design with 14 treatments (families) and three replications. Soluble solid and dry matter contents were significantly influenced by storage period. Maximum weight loss was 21.7% within five weeks. (Aceito para publicação em 17 de fevereiro de 2.000) A cebola (Allium cepa L.) é uma hortaliça amplamente consumida em todo o mundo e o seu cultivo é expressivo no Brasil onde se tem observado um incremento contínuo na área plantada. Em 1993, a produção de cebolas no Brasil foi de 928.704 toneladas, ocupando o terceiro lugar em importância econômica (Anuário...,1995). Para Costa & Pinto (1977), o Rio Grande do Norte apresenta grande potencial para a exportação de cebola para o Mercado Comum Europeu. Sua produção se dá no verão, possibilitando a maturidade, geralmente acentuada, tornando a cura fácil e as condições de armazenamento satisfatórias, sendo consequentemente os bulbos de excelente qualidade. Na espécie existe grande diversidade de tipos, sendo que o grupo aggregatum G. Don. tem-se tornado comercialmente importante para o país, especialmente para as regiões norte, nordeste e sudeste, sendo utilizada no preparo de pratos típicos regionais. De acordo com Jones & Mann (1963), esse grupo se caracteriza por apresentar bulbos com numerosos brotos laterais; 1 inflorescência tipicamente sem bulbinhos, podendo ou não produzir sementes, propagando-se sexuada ou vegetativamente pelos bulbos laterais. O tipo produzido no Rio Grande do Norte possui coloração roxa devido à presença de fenóis (catecol e pirocatecol) em sua composição química, precursores dos pigmentos, e está ligada à resistência aos fungos Colletotrichum sp. e Botrytis spp (Costa & Pinto, 1977). O período de armazenamento depende das características genéticas da variedade, condições e tempo de armazenamento, junto a outros fatores, inclusive método de colheita e cura. Estudos dos fatores que determinam aumentos no período de armazenamento da cebola suscitam muitas perguntas. As publicações deste assunto refletem a complexidade do problema. As alterações que ocorrem na cebola após a colheita, e que dificultam a conservação são decorrentes da perda de água, brotação, enraizamento e deterioração (Santos & Araújo, 1993). De acordo com Ward (1976), a perda de peso em cebola armazenada sob temperatu- ras altas aumenta principalmente em função do aumento da respiração ou perda de água. A variedade de cebola múltipla pode apresentar uma vida útil pós colheita consideravelmente prolongada se estocada sob condições de armazenamento favoráveis. Associado a isso, inúmeros fatores, como procedimentos técnicos, características do genótipo, adequação no transporte, pequenas distâncias e tempo para a colocação do produto nos mercados podem minimizar as perdas do produto. A composição química dos bulbos de cebola é variável. O conteúdo de matéria seca mostra desde teores baixos, cerca de 4% até cerca de 25% em algumas cultivares, sendo que a maior parte da matéria seca é constituída por carboidratos (Jones & Mann, 1963). Teores de matéria seca variando de 7,62 a 9,13%, foram observados por Vavrina & Smittle (1993), quando estudaram o efeito do ambiente na qualidade dos bulbos de 6 cultivares de cebola comum. Geralmente o teor de matéria seca pode aumentar quando as cebolas são colhidas manualmente com a haste Bolsista da Capes Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 61 M.C.C. Maia et al. intacta e com o tempo de armazenamento (Smittle & Maw, 1988). Lorenz & Hoyle (1946), estudando o efeito do tempo de cura sobre a perda de peso e composição química de bulbos de cebolas inferiram que o incremento no teor de matéria seca nos bulbos de cebola após período de cura é devido a uma remoção de água dos bulbos juntamente com o movimento de substâncias, principalmente a translocação de açúcares da parte aérea para os bulbos. Smittle et al., (1979) avaliando características de qualidade em cebolas, já haviam reportado que o teor de matéria seca aumenta com o período de armazenamento. A qualidade de estocagem é extremamente importante em cebola quando os bulbos são mantidos por um longo período de tempo sob condições ambientais naturais. Longo período de armazenamento e alta percentagem de matéria seca se inserem numa mesma categoria interferindo na qualidade e no teor de sólidos solúveis totais (Pike, 1986). A capacidade que essa cultura possui de apresentar poucas alterações nas suas características físicas e químicas durante o armazenamento pode determinar sua potencialidade comercial e aceitabilidade, possibilitando minimizar as perdas pós colheita. Apesar da inquestionável importância que assume esse aspecto de conservação, inexistem investigações sobre as perdas que ocorrem com a cebola múltipla colhida no Rio Grande do Norte. O objetivo desse trabalho foi avaliar caracteres de qualidade (perda de peso, sólidos solúveis e matéria seca) durante armazenameto pós-colheita, utilizandose de progênies de meios irmãos de cebola múltipla. MATERIAL E MÉTODOS As 14 progênies de meios irmãos avaliadas neste trabalho foram plantadas na horta do Departamento de Fitotecnia da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), no período de junho a setembro de 1997, em solo classificado como Podzólico Vermelho-Amarelo Equivalente Eutrófico, textura francoarenosa, PE (Eutrustalfs), segundo o Soil Taxonomy, Estados Unidos (1979). 62 Figura 1. Perda de peso de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas. Mossoró, ESAM, 1998. O experimento foi conduzido no laboratório de Pós-Colheita da ESAM, nos meses de setembro e outubro de 1997. As condições ambientais de armazenagem foram de temperatura média 27,4°C ± 2°C e umidade relativa média do ar 69,5 % ± 2 %. As plantas de cada parcela útil foram colhidas com a parte aérea intacta nas primeiras horas do dia, aos 96 dias do transplantio, quando no mínimo, 80% das plantas de cada parcela apresentavam sinais de maturação, isto é, por ocasião do tombamento da haste e secagem inicial das folhas. A cura dos bulbos se deu de forma natural, com a exposição diária ao sol, até se observar seca completa de suas folhas, a qual ocorreu após uma semana. Após a cura, foram levados ao laboratório de pós-colheita da ESAM, onde permaneceram armazenados sob condição ambiental não modificada, com a parte aérea intacta, sob folhas de papel em balcões de alvenaria durante cinco semanas. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, com 14 tratamentos e três repetições. Cada repetição foi composta por 24 bulbos. Os dados foram analisados semanalmente. Avaliou-se a perda de peso considerando-se seis épocas a partir da cura, por meio da diferença entre o peso Inicial do bulbo e o peso obtido a cada intervalo de amostragem utilizando-se cinco bulbos de cada parcela útil, mantidas sob temperatura ambiente por um período de 35 dias. O teor de matéria seca, expresso em percentagem, foi determinado após a secagem de uma amostra de cinco bulbos, em estufa com circulação forçada de ar e temperatura constante a 70°C. O teor de sólidos solúveis foi determinado por refratometria (°BRIX), utilizando-se um refratômetro digital, em suco extraído através de “espremedor de limão” utilizando uma fatia da porção mediana do bulbo, sem película e camada mais externa, considerando uma amostra de cinco bulbos por parcela, expressa em porcentagem. O peso fresco dos bulbos foi determinado a partir de pesagem de uma amostra de cinco bulbos, em balança de precisão, sendo expresso em gramas. Os dados foram submetidos à análise de regressão utilizando-se o programa ‘Table Curve’. RESULTADOS E DISCUSSÃO Registrou-se uma perda de peso média de 17,41% durante o período de 35 dias de armazenamento. Considerando que a cebola é comercializada por unidade de peso, a perda de peso total se constitui num fator limitante na vida de armazenamento do produto, refletindo-se em sérios prejuízos econômicos. A perda de peso média diária foi de 0,62% durante o período em que as plantas foram armazenadas. Com relação ao período de armazenamento (Figura 1), Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Qualidade de cebola múltipla durante armazenamento. Figura 2. Teor de matéria seca de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas. Mossoró, ESAM, 1998. Figura 3. Teor de sólidos solúveis de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas. Mossoró, ESAM, 1998. Figura 4. Peso fresco de bulbos de cebola múltipla armazenados durante 5 semanas. Mossoró, ESAM, 1998. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. observou-se um aumento linear na perda de peso, sendo mais rápido até a 2a semana. A partir daí, notou-se um crescimento mais lento, com perda progressiva em peso total. Com o decorrer do tempo de armazenamento, alcançou 21,70%, no fim da 5a semana. Todas as perdas, provavelmente, ocorreram devido à desidratação e à taxa de respiração, estimuladas por altas temperaturas (27,4 ± 2°C), uma vez que as taxas de deterioração, enraizamento e brotação foram desprezíveis. Foi verificado um teor de matéria seca variando de 16,13 a 16,55% no decorrer do período de armazenamento. A desidratação dos bulbos, juntamente com o movimento vertical de substâncias, predominantemente carboidratos, da parte aérea para os bulbos são os principais fatores que contribuem para o incremento do teor de matéria seca nos bulbos armazenados com a haste intacta Lorenz & Hoyle (1946). O teor de matéria seca apresentou um acréscimo linear com o tempo de armazenamento (Figura 2), a translocação de solutos da parte aérea para os bulbos, juntamente com a perda de água, parece ter tido maior influência no aumento percentual de matéria seca. Cebolas que apresentam elevado teor de sólidos solúveis totais são desejáveis e de grande aceitabilidade, sendo seu destino a comercialização ‘in natura’ ou, principalmente, para a indústria de desidratação, pois esse índice é considerado uma importante característica de qualidade. O teor de sólidos solúveis totais, na 1a semana de armazenamento, apresentou um alto valor médio de 15,47%. Durante o período de armazenamento, o teor de sólidos solúveis totais alcançou um valor médio de 16,25%. Isso indica que houve um acréscimo no percentual de sólidos solúveis totais com o tempo de armazenamento conferindo melhor qualidade ao produto. Ao fim da 5a semana em que os bulbos foram armazenados com a parte aérea intacta, verificou-se um incremento linear na percentagem de sólidos solúveis totais (Figura 3). A composição desse parâmetro é formada essencialmente por açúcares, sendo que o aumento dessas substâncias com o tempo de armazenamento, é devido à remoção de 63 M.C.C. Maia et al. água dos bulbos, e principalmente, à translocação de açucares da parte aérea para os bulbos. Para o peso fresco de bulbos foram encontrados valores variando entre 36,95 g, observados na 1ª semana, a 21,18 g, ao final da 5ª semana de armazenamento. A média durante o período foi de 29,33 g. Registrou-se diminuição no peso fresco em relação ao peso inicial, mais acentuada a partir da 3a semana de armazenamento (Figura 4), indicando ser esse o período máximo quando se deseja armazenar cebolas sob condição ambiental com altas temperaturas. A desidratação e a respiração parecem ser os principais fatores responsáveis por essa perda progressiva. Conclui-se que a perda de peso máxima em cinco semanas foi de 21,70%, que o tempo de armazenamento influen- 64 ciou significativamente na elevação dos teores de matéria seca e sólidos solúveis totais e que o peso fresco de bulbos diminuiu ao longo do período de armazenamento. LITERATURA CITADA ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v. 55, 1995. COSTA, C.P. da; PINTO, C.A.B.P. Melhoramento de Cebola. In: ______. Melhoramento de hortaliças. Piracicaba, SP: ESALQ, 1977. n.p. JONES, H.H.; MANN, L.K. Onion and their allies. New York: Leonard Hillbooks. 1963. 286 p. LORENZ, O.A.; HOYLE, B. J. Effect of curing and time of topping on weight loss and chemical composition of onion bulbs. Proceedings of the American Society for. Horticultural Science. v. 47, p. 301-308. PIKE, L.M. Onion Breeding. In: BASSETT, M.J. Breeding Vegetable Crops. Florida, Avi Publishing Company, p. 357-392. 1986. SANTOS, R.F.A. de; ARAÚJO, M.T. de. Conservação pós-colheita da cebola ¢São Paulo¢. 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Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. insumos e cultivares em teste RODRIGUES, C.; RIBEIRO, L.G.; LOPES, J.C.; FREITAS, F.S. de; AZEVEDO, L.A.S. de. Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 65-67, março 2.000. Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro. Celson Rodrigues1; Luiz G. Ribeiro1; José Carlos Lopes1; Flávio S. de Freitas2 ; Luis Antonio S. de Azevedo3 1 UFES - Depto de Fitotecnia, 29.500-000, Alegre - ES; 2Santa Bárbara Agropecuária Ltda, 29.540-000 Ibitirama - ES; 3Novartis Biociências S.A., 04.706-900 São Paulo - SP. ABSTRACT RESUMO Foi avaliada a eficiência das dosagens de 1; 2,5 e 5 g/cova do fungicida Ridomil 50 gr (metalaxyl 50 g/kg), em aplicação única no solo, comparada com a dosagem de 400 g/100 litros de água do Fólio (metalaxyl + clorotalonil, 80 + 400 g/kg) e do Ridomil Mancozeb br (metalaxyl + mancozeb, 80 + 640 g/kg), em dez pulverizações, para o controle da requeima do tomateiro cv. Santa Clara. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições. A percentagem de área foliar lesionada pela requeima foi de 2,75% no tratamento com Folio, 7,25% com Ridomil Mancozeb br; 18,25; 18,50 e 24,25% com as dosagens crescentes do Ridomil 50 gr, e 34,25% com a ausência de tratamento com fungicidas (testemunha). A produção de frutos comercialmente aceitáveis por dez plantas de tomateiro, avaliadas em cada parcela experimental, durante quatro semanas a partir de 90 dias do transplantio do tomateiro foi de 10,26 kg para o tratamento com o Folio, 9,10 kg para o Ridomil Mancozeb br, 2,07 kg; 1,86 e 1,74 kg para as dosagens crescentes do Ridomil 50 gr, enquanto para a testemunha foi de 1,58 kg. Estes resultados demonstraram a superioridade dos fungicidas Folio e Ridomil Mancozeb br em relação ao Ridomil 50 gr, para o controle da requeima do tomateiro, nas condições experimentais utilizadas. An experiment was conducted to study the efficiency of the dosages of 1; 2.5 and 5 g/plant, of the fungicide ridomil 50 gr (metalaxyl, 50 g/ kg), in only one application in the soil, compared with the dosage of 400 g/100 liters of water, of the folio (metalaxyl + chlorothalonil, 80 + 400 g/kg) and of the ridomil mancozeb br (metalaxyl + mancozeb, 80 + 640 g/kg), in ten pulverizations for the control of the late blight of the tomato cv. Santa Clara. The experiments were set up in a complete randomized design, with six treatments and four replications. The percentage of the damaged foliage area caused by late blight was of 2.75% in the treatment with folio; 7.25% with ridomil mancozeb br; 18.25, 18.50 and 24.25% with the increasig dosages of the ridomil 50 gr, and, 34.25% in the control treatment. The production of commercially acceptable fruits for ten tomato plants were evaluated in each experimental plot, during four weeks after ninety days of the transplant to field. The yield was 10.26 kg for the treatment with folio; 9.10 kg for the ridomil mancozeb br; 2.07, 1.86 and 1.74 kg for the increasing dosages of the ridomil 50 gr, while the control treatment was 1.58 kg. Treatments with folio and ridomil mancozeb br gave better results in controlling late blight than ridomil 50 gr. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, Phytophthora infestans, controle químico, metalaxyl. Keywords: Lycopersicon esculentum, Phytophthora infestans, chemical control, metalaxyl. Efficiency of Metalaxyl to control tomato late blight. (Aceito para publicação em 21 de fevereiro de 2.000) D entre os fatores que reduzem a produção do tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.), destacam-se as inúmeras doenças de natureza biótica (Lopes & Santos, 1994). Trinta entre elas ocorrem no Estado do Espírito Santo (Liberato et al.,1996), tradicional produtor de tomate tipo “salada”, sendo algumas com níveis elevados de incidência e severidade. A “requeima” causada pelo fungo Phytophthora infestans (Mont.) De Bary, é considerada a doença mais importante, prevalecendo em condições persistentes de baixa temperatura e alta umidade. A mesma tornase altamente destrutiva em áreas sujeitas a frequentes cerrações ou em épocas com muito orvalho, chegando a perdas de até 100% da produção, caso não seHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. jam adotadas medidas de controle (Valle et al., 1992; Costa et al., 1995). A incidência da doença, nos municípios produtores do Estado alcança 95% (Valle et al.,1992. A falta de cultivares e híbridos comerciais com resistência ao patógeno, faz com que o controle químico seja o método mais utilizado para o controle da requeima. São recomendadas pulverizações preventivas periódicas com mancozeb, clorotalonil, cúpricos e com sistêmicos em condições climáticas favoráveis à doença (baixas temperaturas, 12 a 20ºC, chuvas ou neblinas frequentes por mais de dois dias) e curativas, assim que surgirem os primeiros sintomas (Kurozawa & Pavan, 1997). Dentre os fungicidas sistêmicos recomen- dados, destaca-se o metalaxyl, como um dos mais eficientes (Cohen et al., 1979; Sinigaglia et al., 1983). As formulações pós-molháveis e mistas, Ridomil Mancozeb br, à base de metalaxyl + mancozeb (80 + 640 g/kg), e Fólio, à base de metalaxyl + clorotalonil (80 + 400 g/ kg), são amplamente receitadas no Estado do Espírito Santo, sendo comum o uso de oito a dez pulverizações por ciclo vegetativo da cultura, (400 g do produto comercial/100 litros de água, 600 a 800 litros da calda por hectare). Este elevado número de pulverizações contribui para o aumento do custo de produção, risco de intoxicações por parte dos aplicadores e de excesso de resíduos químicos nos frutos, bem como para a poluição do solo e da água (Valle et al.,1992). 65 C. Rodrigues et al. A disponibilidade do Ridomil 50 gr no mercado brasileiro, (formulação granulada à base de metalaxyl (50 g/kg), registrada para o controle de Phytophthora e Pythium em citros, fumo e crisântemo), despertou o interesse sobre a possível eficiência no controle da requeima do tomateiro, visando reduzir o número de aplicações. Portanto, conduziu-se o presente experimento, comparando três dosagens do metalaxyl (Ridomil 50 gr), em aplicação única, via solo, com uma dosagem do metalaxyl + clorotalonil (Folio) e do metalaxyl + mancozeb (Ridomil Mancozeb br), em dez aplicações, via pulverização. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Fazenda Santo Antônio, em Santa Rita, no Município de Ibitirama-ES, de abril a setembro de 1996. A temperatura média mínima registrada foi de 150C e a máxima de 300C e a umidade relativa foi de aproximadamente 70%. Utilizouse a cultivar Santa Clara, por ser a mais cultivada na região e suscetível à requeima. As plantas foram conduzidas em sistema tutorado vertical, com uma planta por cova. A adubação e os tratos culturais foram os usuais à cultura. A irrigação foi efetuada em dias alternados, utilizando-se o sistema manual, com auxílio de uma mangueira. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, com seis tratamentos e quatro repetições. As parcelas, espaçadas de 2 m entre si, foram constituídas por quatro fileiras com 40 plantas, no espaçamento 0,5 x 1,0 m. Os tratamentos avaliados foram o fungicida Ridomil 50 gr nas dosagens de 1,0; 2,5 e 5,0 g/cova; Ridomil Mancozeb br na dosagem de 400 g/100 litros de água e o Folio na dosagem de 400 g/100 litros de água em pulverização e a testemunha, sem aplicação de fungicida. O fungicida Ridomil 50 gr foi aplicado uma única vez, na cova de plantio por ocasião do transplantio das mudas de tomateiro para o campo. As mudas foram transplantadas com 30 dias de idade. Os outros fungicidas foram aplicados em dez pulverizações cada, em intervalos de sete dias, iniciando-se 30 dias após o transplantio e empregando66 Tabela 1. Área foliar lesionada (%) e produção de frutos comerciais em plantas de tomate tratadas para o controle da requeima. Ibitirama(ES), UFES, 1996. Tratamentos Metalaxyl + Clorotalonil1 Metalaxyl + Mancozeb2 Metalaxyl 3 Metalaxyl 4 Metalaxyl 5 Testemunha C.V.( % ) Área foliar lesionada ( % ) 2,75 a 7,25 a 24,25 b 18,50 b 18,25 b 34,25 c 30,7 Produção de frutos ( Kg/10 plantas ) 10,26 a 9,10 a 2,07 b 1,86 b 1,74 b 1,58 b 34,0 *Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de 5% pelo Teste de Duncan. 1e2 / Dosagem de 400g de Folio e Ridomil Mancozeb br/100 litros de água, respectivamente. Volume de pulverização = 600 litros/ha. 3, 4 e 5 / Dosagens de 1,0 ; 2,5 e 5,0 g de Ridomil 50 gr/cova, respectivamente. se pulverizador costal manual, com bico cônico JD5-2. O volume aplicado por pulverização foi de 600 litros/ha. A avaliação de severidade da requeima foi efetuada aos 70 dias após o transplantio, em duas folhas por planta, localizadas na porção mediana da mesma, com o uso de uma escala diagramática divulgada por Azevedo & Leite (1996), para avaliação da doença na cultura da batateira, expressa em porcentagem de área foliar lesionada em quatro níveis: 1%, 10%, 25% e 50%. A produção de frutos comercialmente aceitáveis foi avaliada durante quatro semanas, a partir de 90 dias após o transplantio, através da colheita de todos os frutos considerados em ponto de colheita e pesagem dos comercialmente aceitáveis ou seja; com diâmetro transversal igual ou superior a 33 mm. Para as avaliações foram consideradas as dez plantas centrais de cada parcela, dispostas em duas fileiras (área útil de 2 m²). As médias foram comparadas estatisticamente por meio do teste de Duncan a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação à testemunha, todos os tratamentos com fungicidas reduziram significativamente a severidade da requeima do tomateiro. Nos tratamentos com Folio e com Ridomil Mancozeb br (dez pulverizações e dosagem de 400 g/ 100 litros de água), estatisticamente si- milares entre si, mas superiores aos demais tratamentos, as percentagens de área foliar lesionada destes dois tratamentos foram, respectivamente, de 2,75 e 7,25%. Para os tratamentos com o Ridomil 50 gr, aplicado uma única vez na cova e na ocasião do transplantio, os percentuais de área foliar lesionada foram de 24,25% para a dosagem de 1 g/ cova, de 18,50% para a de 2,5 g/cova e de 18,25% para a de 5 g/cova, igualando-se estatisticamente entre si e superando a testemunha, cujo percentual de área foliar lesionada foi de 34,25%. A produção de frutos comercialmente aceitáveis por dez plantas de tomateiro em cada parcela experimental, durante quatro semanas a partir de 90 dias do transplantio do tomateiro, foi de 10,26 Kg para o tratamento com o Folio, 9,10 Kg para o Ridomil Mancozeb br; 2,07, 1,86 e 1,74 kg para as dosagens crescentes do Ridomil 50 gr, enquanto que para a testemunha foi de 1,58 kg. Estes resultados demonstraram um incremento na produção em relação à testemunha de 550 e 476%, para os tratamentos com Folio e Ridomil Mancozeb br, respectivamente, enquanto que os tratamentos com o Ridomil 50 gr incrementaram-na em apenas 31, 17 e 10%, da menor para a maior dosagem avaliada, não diferindo estatisticamente da testemunha. A liberação gradativa do ingrediente ativo, característica que colabora para uma maior eficiência e redução no núHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Eficiência do metalaxyl no controle da requeima do tomateiro. mero de aplicações de formulações granuladas de fungicidas sistêmicos em geral, via solo, ampliando o seu efeito residual neste e nas plantas, não foi suficiente para garantir, neste experimento, uma eficiência do Ridomil 50 gr comparável com a obtida com Folio e com Ridomil Mancozeb br, no controle da requeima. Esta superioridade do metalaxyl em formulações mistas com fungicidas protetores, aplicadas via pulverização, sobre formulações simples, para o controle de P. infestans em tomateiro, foi por diversas vezes relatada (Sinigaglia et al., 1983; Azevedo, 1993; Costa et al., 1995), sendo atribuída a vários fatores relativos à constituição dos produtos, aplicação e às características dos patossistemas nos quais foram utilizados. A menor eficiência do uso do metalaxyl pode ser devida à alta solubilidade e mobilidade do produto ativo no solo. Dessa forma, apesar da fácil absorção e transporte acropetal por meio de raízes, caule e folhas do tomateiro (Cohen et al., 1979; Azevedo, 1993) provavelmente a lixiviação tenha ocorrido muito rapidamente. Como consequência apresentou-se em níveis insuficientes para conferir a proteção Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. necessária durante todo o período crítico de ocorrência da doença (20 aos 70 dias após o transplantio das mudas para o campo). Também a frequência de irrigações (uma a cada 48 horas) possivelmente levou à redução do residual do produto no solo, fato agravado pela utilização de somente uma aplicação do mesmo, por ocasião do transplantio. Há que se considerar ainda a possibilidade de encurtamento da meia vida do metalaxyl, devido à degradação do produto por microrganismos como alguns fungos e bactérias com potencial para metabolizá-lo em acylalaninas não fungistáticas, principalmente o metalaxyl ácido, no solo ( Azevedo,1993). LITERATURA CITADA AZEVEDO, L.A.S. Fungicidas antioomicetos. Revisão Anual de Patologia de Plantas, v. 1, p. 319-347. 1993. AZEVEDO, L.A.S.; LEITE, O.M.C. Manual de quantificação de doenças de plantas. São Paulo: Ciba Agro, 1996. 73 p. COHEN, Y.; REUVENI, M.; EYAL, H. The sistemic antifungal activity of ridomil against Phytophthora infestans on tomato plants. Phytopathology, v. 69, p. 645-649. 1979. COSTA, H.; ZAMBOLIM, L.; VALE, F.X.R. do; CHAVES, G.M. Controle químico da mela do tomateiro (Phytophthora infestans) sob condições favoráveis à doença. Fitopatologia Brasileira, Brasília (Suplemento), v. 20, p. 370. 1995. KUROZAWA, C.; PAVAN, M.A. Doenças do tomateiro. In: KIMATI, H. et al. Manual de Fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. 3 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 1997. p. 690-719. LIBERATO, J.R.; COSTA, H.; VENTURA, J.A. Índice de doenças de plantas do Estado Espírito Santo. Vitória: EMCAPA, 1996. 110 p. LOPES, C.A.; SANTOS, J.R.M. dos. Doenças do tomateiro. Brasília: EMBRAPA-CNPH/SPI, 1994. 61 p. SINIGAGLIA, C.; ISSA, E.; RAMOS, R.S.; OLIVEIRA, D.A. Controle da “requeima” [Phytophthora infestans (Mont.) De Bary] e da “pinta preta” [Alternaria solani (Ell. & Martin) Jones & Grout.] do tomateiro. Summa Phytopathologyca, São Paulo, v. 9, p. 85. 1993. VALE, F.X.R. do; ZAMBOLIM, L.; CHAVES, G.M.; CORREIA, L.G. Avaliação fitossanitária da cultura do tomateiro em regiões produtoras de Minas Gerais e Espírito Santo. Fitopatologia Brasileira, São Paulo, v. 17, p. 211. 1992. 67 RESENDE, G.M. de. Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita, em Porteirinha - MG. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, n. 1, p. 68-71, março 2.000. Características produtivas de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita, em Porteirinha - MG. Geraldo M. de Resende Embrapa Semi-Árido, C. Postal 23, 56.300-000 - Petrolina-PE e-mail: gmilanez@cpatsa.embrapa.br RESUMO ABSTRACT Com o objetivo de avaliar a produtividade e a qualidade de raízes de cultivares de batata-doce e identificar a melhor época de colheita, conduziu-se um experimento no Campo Experimental do Gorutuba, em Porteirinha-MG, de novembro de 1990 a junho de 1991. Foram estudadas cinco cultivares de batata-doce (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Princesa e Paulistinha) e duas épocas de colheita (150 e 200 dias após plantio), arranjadas em esquema fatorial 5x2, no delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco repetições. Verificou-se, para a colheita aos 150 dias após o plantio, que a cultivar Brazlândia Branca foi 62,7% mais produtiva (22,84 t/ha) que a cultivar Brazlândia Roxa (14,33 t/ha), a menos produtiva. Aos 200 dias de ciclo, a cultivar Paulistinha foi a mais produtiva (54,50 t/ha), sendo a menor produtividade apresentada pela cultivar Brazlândia Rosada (55,0% menos produtiva que a cultivar Paulistinha). A cultivar Brazlândia Roxa apresentou maior produção de refugos, de 7,76 e 12,38 t/ha, respectivamente, para a colheita aos 150 e aos 200 dias após o plantio. Para peso médio de raiz, houve uma variação de 220,12 a 504,95 g, sendo que todas as cultivares apresentaram maior porcentagem de raízes graúdas (400-800 g/raiz), quando colhidas mais tardiamente. Recomenda-se a colheita das cultivares Paulistinha, Brazlândia Rosada e Brazlândia Branca aos 150 dias após o plantio, pelo tamanho menor de raízes preferidas pelo consumidor. Já para a cultivar Princesa, em função da sua menor produção de raízes tipo 2 (400 a 800 g/raiz) comparativamente às cultivares anteriores, sua colheita pode ser feita de 150 até 200 dias após o plantio. A cultivar Brazlândia Roxa apresentou melhor desempenho quando colhida aos 200 dias após o plantio. Yield characteristics of sweet potato cultivars under different harvest periods in Porteirinha, Minas Gerais State, Brazil. Palavras-chave: Ipomoea batatas, raiz tuberosa, produtividade. Keywords: Ipomoea batatas, root tuber, yield. With the objective of evaluating sweet potato cultivars under different harvest periods, one experiment was carried at the Gorutuba Experimental Field, Porteirinha-MG, Brazil, from November 1990 to June 1991. The experimental design was a randomized complete block in a 5x2 factorial arrangement with four replications. The first factor consisted of five cultivars (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Princesa and Paulistinha) and the second one of two harvest times (150 and 200 days after planting). For the harvest at 150 days after planting, the cv. Brazlândia Branca yielded 62.7% more (22.84 ton/ha), than the cv. Brazlândia Roxa (14.44 ton/ha). For the harvest at 200 days after planting, the cv. Paulistinha had the highest yield (54.50 ton/ha), and cv. Brazlândia Rosada had the lowest yield, 55.0% less productive than the cv. Paulistinha. The cv. Brazlândia Roxa showed the highest non-commercial yield of 7.76 and 12.38 ton/ha, respectively, for the harvests at 150 and 200 days after planting. The mean root weight, renged from 220.12 to 504,95 g, and all the cultivars showed higher percentage of big roots (400-800 g/root) when harvested later. cv. Paulistinha, Brazlândia Rosada and Brazlândia Branca can be harvested 150 days after planting. cv. Princesa can be harvested at 150 days of planting extended up to 200 days due to its lowest yield of big roots. cv. Brazlândia Roxa, harvested at 200 days after planting, had the best performance. ( Aceito para publicação em 17 de janeiro de 2.000) P lanta de fácil cultivo, rústica e de ampla adaptação, a batata-doce é amplamente difundida, estando dentre as doze culturas fundamentais do mundo (Barreira, 1986), de grande importância social e econômica vislumbrando-se sua participação efetiva no suprimento de alimentos. Além disso, constitui-se numa excelente alternativa para a alimentação animal e para a agroindústria (Thomazelli et al., 1997), apresentando produtividade média mundial de 14,93 t/ha (FAO,1998) e nacional de 11,31 t/ha (ANUÁRIO, 1996), sendo que uma boa produtividade se situa entre 9 e 14 t/ha de acordo com Yamaguchi (1983). 68 O ciclo da cultura varia entre 90 e 240 dias (Vernier & Varin, 1994), 150 a 210 dias (Khatounian, 1994), 150 a 240 dias (Smith & Mantengo, 1995), dependendo da cultivar e das condições ambientes. A época de colheita varia de acordo com a destinação do produto. Para mesa, a batata-doce deve ser colhida tão logo atinja o tamanho ideal de comercialização, o que geralmente ocorre dos 100 aos 110 dias para as cultivares precoces até aos 180 dias para as tardias. Para a indústria, pode ser colhida mais tarde (Miranda et al., 1984). Avaliando doze clones de batatadoce, no espaçamento de 0,80 x 0,30 m, em Anápolis-GO, sob uso de irrigação por aspersão com colheita aos 152 dias, Peixoto et al. (1989) observaram produtividades variando de 16,7 a 27,0 t/ha, sendo a cultivar Brazlândia Branca a mais produtiva (26,7 t/ha), seguida pela Princesa (26,6 t/ha), Brazlândia Rosada (25,8 t/ha), Coquinho (18,1 t/ha) e Brazlândia Roxa (17,7 t/ha). A produção de refugos oscilou entre 1,6 e 4,5 t/ha e a maior foi a da ‘Brazlândia Roxa’ (4,5 t/ha). O peso médio de raízes variou de 183,3 g (Brazlândia Roxa) a 232,1 g (Brazlândia Rosada). Utilizando o espaçamento de 0,80 x 0,40 m, Mendonça & Peixoto (1991), no mesmo local, observaram Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Produtividade de batatinha em duas épocas de colheita. Tabela 1. Produtividade comercializável e de refugo (t/ha) de cultivares de batata-doce, em duas épocas de colheita. Porteirinha (MG), EPAMIG, 1990/91. Cultivares Brazlândia Branca Paulistinha Princesa Brazlândia Rosada Brazlândia Roxa C.V. (%) Comercializável 150 dias 200 dias 1 22,84 a 39,35 b 22,11 ab 54,50 a 19,79 ab 42,82 b 16,93 ab 29,99 c 14,33 b 35,66 bc 14,42 Refugo 150 dias 200 dias 4,89 b 11,00 a 3,37 b 6,01 b 2,90 b 3,08 c 4,22 b 3,26 c 7,76 a 12,38 a 20,77 Médias seguidas pela mesma letra na colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5%. 1 maiores produtividades para as cultivares Brazlândia Branca (20,21 t/ha) e Brazlândia Roxa (19,54 t/ha) e peso médio de raiz de 220,08 e 197,54g, respectivamente, com ciclo de 152 dias e plantio no período chuvoso (dezembro). Durante o desenvolvimento da planta, são necessários 25 mm de água por semana e um total de 450-600 mm no ciclo (Yamaguchi, 1983). Peterson, citado por King (1985), relata que 25 mm de água por semana resultaram em maiores produtividades que quando se aplicou uma lâmina de água de 12 mm, o que equivale a 500 mm por um período de cinco meses de ciclo. Aplicando-se uma lâmina de 10 mm em irrigações a cada dois dias, com plantio em novembro e colheita em maio (seis meses), Cecílio Filho et al. (1998) verificaram maior produtividade para a cultivar Brazlândia Branca (20,50 t/ha), seguida da ‘Brazlândia Rosada’ (9,35 t/ ha) e da ‘Coquinho’ (6,02 t/ha) em Lavras-MG. Em condições irrigadas no norte de Minas Gerais, colhendo aos 150 dias após o plantio, Resende (1999) verificou maior produtividade para as cultivares Brazlândia Branca (22, 3 t/ha), Paulistinha (21,3 t/ha) e Princesa (19,0 t/ha), que não tiveram diferenças significativas entre si. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial produtivo de cultivares de batata-doce em duas épocas de colheita no período chuvoso, com irrigação suplementar, nas condições da região Norte de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de novembro de 1990 a junho Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. de 1991 no Campo Experimental do Gorutuba, Porteirinha-MG, situada a 15° 47’ de Latitude Sul e 43° 18’ de Longitude Oeste, com altitude de 516 m. O clima, segundo a classificação de Köppen é do tipo AW, com verão chuvoso (outubro a março) e inverno seco, e o solo tipo aluvião, textura arenosa. Foram estudadas cinco cultivares de batata-doce (Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa, Princesa e Paulistinha) e duas épocas de colheita (150 e 200 dias após plantio), arranjadas em esquema fatorial 5 x 2, no delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco repetições. As parcelas constituíram-se de quatro fileiras de 4,5 m de comprimento, espaçadas de 0,80 m entre elas e 0,30 m entre plantas, sendo usadas como área útil as duas fileiras centrais. A adubação constou de 330 kg/ha de superfosfato simples e 50 kg/ha de cloreto de potássio, incorporados no sulco de plantio. No plantio (29/11/90), foram utilizadas mudas com oito entrenós, ficando enterrados três a quatro transversalmente na leira, a uma profundidade de 0,10 - 0,15 m. A cultura foi mantida no limpo, através de capinas manuais, não sendo realizados quaisquer tratos fitossanitários. Registraram-se as seguintes precipitações pluviométricas (mm) durante a realização do experimento: novembro 23,2; dezembro - 206,2; janeiro - 202,3; fevereiro - 54,20; março - 65,3; abril 23,2; maio - 12,6 e junho - 0,0 mm, perfazendo um total de 694,4 mm até 150 dias após o plantio (dap) e 774,5 mm até os 200 dap. Foram realizadas três irrigações suplementares no meses de- zembro, fevereiro e março até 150 dap, e mais outras duas (abril e maio) até 200 dias, com lâminas em torno de 40 mm. As colheitas foram realizadas aos 150 e aos 200 dias após o plantio, sendo avaliadas as seguintes características: produtividade comercializável (raízes com peso entre 100 e 800 g), refugo (raízes abaixo de 100 g, rachadas, deformadas, esverdeadas, brocadas e com veias), peso médio de raiz comercializável e classificação de raízes comercializáveis em porcentagem (Tipo 1 - raízes entre 100 e 400 g e Tipo 2 - raízes entre 400 e 800 g). Os dados foram submetidos à análise de variância, aplicando-se o teste de Tukey até o nível de 5%. Os dados de porcentagem foram transformados em arco-seno ( P/100). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados evidenciaram efeitos significativos da interação cultivares x épocas de colheitas para todas as características avaliadas. A cultivar Branca foi 62,7% mais produtiva do que a ‘Brazlândia Roxa’, a menos produtiva, aos 150 dias após plantio (Tabela 1). Para a colheita aos 200 dias a cultivar Paulistinha foi a mais produtiva (54,50 t/ha), sendo o pior desempenho apresentado pela cultivar Brazlândia Rosada que foi 55,0% menos produtiva que a ‘Paulistinha’. As produtividades obtidas estão acima da média mundial de 14,93 t/ha (FAO, 1998) e da nacional de 11,31 t/ha (ANUÁRIO, 1996). Peixoto et al. (1989), em Goiás, colhendo aos 152 dias após o plantio, também observaram maiores produtividades para as cultivares Brazlândia Branca (26,7 t/ha) e Princesa (26,6 t/ha) e menor para a cultivar Brazlândia Roxa (17,7 t/ha). Mendonça & Peixoto (1991) também constataram ser a cultivar Brazlândia Branca mais produtiva que a ‘Brazlândia Roxa’ e Kurihara et al. (1993) relatam para as cultivares Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia Roxa e Princesa produtividades variando de 15 a 18 t/ha, necessitando de irrigações na época seca. Por outro lado, as produtividades obtidas foram inferiores às 2530 t/ha informadas por Miranda et al. (1989) para as cultivares Brazlândia Branca, Brazlândia Rosada, Brazlândia 69 G.M. de Resende Tabela 2. Peso médio e classificação de raízes de cultivares de batata-doce, em duas épocas de colheita. Porteirinha (MG), EPAMIG, 1990/91. Cultivares Brazlândia Rosada Brazlândia Branca Paulistinha Princesa Brazlândia Roxa C.V. (%) Peso médio de raiz(g) 150 dias 200 dias 1 319,46 a 387,17 b 278,43 ab 397,55 b 261,04 ab 504,94 a 256,35 b 381,00 b 220,12 b 276,97 c 10,46 Classificação Tipo1 150 dias 200 dias 81,71 bc 44,58 c 78,88 c 53,17 b 75,21 c 41,37 c 86,41 b 58,14 b 92,19 a 72,42 a 3,45 de raízes (%) Tipo 2 150 dias 200 dias 18,29 b 55,43 a 21,12 ab 46,83 b 24,79 a 58,63 a 13,59 c 41,86 b 7,81 d 27,58 c 5,86 Médias seguidas pela mesma letra nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey, ao nível de 5%. Tipo 1 = raízes entre 100 e 400g Tipo 2 = raízes entre 400 e 800g 1 Roxa, em ciclo de 120-150 dias e superiores às produtividades relatadas por Cecílio Filho et al. (1998), para as cultivares Brazlândia Branca (20,50 t/ha) e Brazlândia Rosada (9,35 t/ha), colhendo aos 180 dias. Comparando-se as produtividades nos dois ciclos estudados (Tabela 1), verificaram-se incrementos, dos 150 aos 200 dias de ciclo, de 72,27; 146,49; 116,37; 77,14 e 148,85% para as cultivares Brazlândia Branca, Paulistinha, Princesa, Brazlândia Rosada e Brazlândia Roxa, respectivamente, em função do maior período de permanência da cultura no campo (ciclo). Estes incrementos, aliados à produção de refugos, peso médio de raiz e classificação de raízes, indicam o melhor ciclo para as diferentes cultivares em estudo. Resultados semelhantes com relação a refugos foram encontrados por Peixoto et al. (1989), que verificaram uma maior produção para a cultivar Brazlândia Roxa. Salienta-se, no entanto, que a produção de refugos foi proporcionalmente maior devido à produção de raízes com peso inferior a 100g e raízes deformadas, não sendo constatado ataque de pragas de solo por ocasião da colheita, ao contrário do que diversos autores relatam como um dos principais fatores de produção de raízes nãocomercializáveis de batata-doce (Peixoto & Miranda, 1984; King, 1985; EMPASC/ACARESC, 1990). No que se refere ao peso médio de raiz, verificou-se uma variação de 220,12 a 504,94 g/raiz (Tabela 2), sobressaindo-se, aos 150 e 200 dias após o plantio, as cultivares Brazlândia Ro70 sada e Paulistinha que mostraram-se 68,9 e 55,4% superiores à cultivar Brazlândia Roxa que apresentou os menores pesos médios de raiz, nas duas épocas de colheita. Os pesos médios das cultivares Brazlândia Branca e Brazlândia Roxa (Tabela 2), foram superiores aos obtidos por Mendonça & Peixoto (1991) colhendo aos 150 dias após o plantio (222,08 e 197,54 g/raiz, respectivamente). Resultados similares foram constatados por Peixoto et al. (1989), que observaram maior peso médio de raiz para a cultivar Brazlândia Rosada, colhendo aos 176 dias após o plantio, e por Miranda (1989) que relata uma maior produção de batatas graúdas, de elevado peso médio quando aquela cultivar é colhida após 120150 dias de ciclo. Aos 150 dias o após plantio, para a classificação de raízes comerciais em porcentagem (Tabela 2), observa-se que todas as cultivares a exceção da cultivar Brazlândia Roxa, apresentaram menos de 92,19 % de raízes entre 100 e 400g e mais de 13,0% de raízes entre 400 e 800g. Para a colheita aos 200 dias após o plantio, a cultivar Brazlândia Roxa sobressaiu-se, com maior porcentagem de raízes entre 100 a 400g (72,42%), comparativamente às demais cultivares que apresentaram maiores porcentagens de raízes graúdas (400 a 800g/raíz). Segundo Silveira et al. (1997), o tamanho ideal de batatas para o comércio está entre 200 e 500g e Silva et al. (1991) informam que para as condições do Rio de Janeiro e São Paulo, está entre 150 e 400g; para mercados menos exigentes, oscila entre 151 a 800g para a classificação de especial a extra A. Neste contexto, as cultivares avaliadas atendem plenamente às exigências do mercado consumidor brasileiro. Apesar de todas as cultivares apresentarem melhores produtividades aos 200 dias após o plantio, recomenda-se a colheita das cultivares Paulistinha, Brazlândia Rosada e Brazlândia Branca aos 150 dias após o plantio; para a cultivar Princesa, em função da sua menor produção de raízes tipo 2 (400 a 800 g/raíz), comparativamente às cultivares anteriores, pode-se inferir que sua colheita seja realizada aos 150 dias, podendo ser estendida até 200 dias após o plantio. A cultivar Brazlândia Roxa pelo seu desempenho quanto às diferentes características avaliadas, deverá ser colhida aos 200 dias após o plantio, corroborando as afirmações de Miranda et al. (1989) e Miranda (1989), de ser esta cultivar mais tardia. Esta recomendação baseia-se no fato da preferência dos consumidores recaírem sobre batatas de menor tamanho, assim como pela menor exposição da cultura ao ataque de pragas de solo, uma vez que quanto mais tempo a batata-doce permanecer no solo maior a possibilidade de ocorrerem pragas, sobretudo broca da raiz, cujas larvas danificam as raízes internamente e externamente, prejudicando o seu aspecto físico, o odor e o sabor, ficando imprestáveis para o consumo; conforme relatam Peixoto & Miranda (1984) e Miranda et al. (1989), que recomendam a colheita precoce como uma das medidas gerais de controle de insetos de solo. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Produtividade de batatinha em duas épocas de colheita. LITERATURA CITADA ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, v. 56, 1996. p. 3-42. BARREIRA, P. Batata-doce: uma das doze mais importantes culturas do mundo. São Paulo: Editora Ícone, 1986. 92 p. 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RESUMO ABSTRACT O presente trabalho teve por objetivo avaliar os efeitos do modo de aplicação do fertilizante contendo Zn e de fungicidas contendo ou não Zn sobre o crescimento, a produtividade e o conteúdo de nutrientes dos tubérculos de batata. O experimento foi conduzido na Horta Nova, da Universidade Federal de Viçosa, com a cultivar Monalisa, em solo Podzólico Vermelho - Amarelo Câmbico, contendo 6,9 mg dm-3 de Zn+2 , extraído por Mehlich-1. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas avaliou-se os efeitos da aplicação de fungicidas (contendo ou não Zn) e nas subparcelas o modo de aplicação do fertilizante contendo Zn (testemunha, Zn aplicado no solo, Zn pulverizado na parte aérea da planta e Zn no solo + parte aérea). O crescimento da planta, representado pelo comprimento e número de caules, peso da matéria seca da parte aérea e número de tubérculos, foi caraterizado aos 20 e 45 dias após a sua emergência. Após a senescência natural das plantas, os tubérculos foram colhidos, classificados e pesados. Em ambas as épocas de amostragens, os tratamentos não influenciaram o crescimento da batateira. A produtividade de tubérculos comerciais (44,2 t/ha) foi maior na parcela em que as plantas foram pulverizadas com fungicidas contendo zinco e não foi influenciada pelo modo de fertilização. Os tratamentos não apresentaram efeito sobre os conteúdos de P, Ca, Mg, Cu e Fe nos tubérculos; porém, os conteúdos de Mn e Zn foram maiores quando as plantas foram pulverizadas com fungicidas contendo Zn. Potato plant growth and tuber yield as a function of Zn fertilizer application methods and Zn fungicides. Palavras-chave: Solanum tuberosum, micronutriente, pulverização foliar, adubação. Keywords: Solanum tuberosum, micronutrient, foliar sprays, soil application. The objective of the experiment was to evaluate the effects of Zn fertilizer application methods and fungicides with or without Zn on potato plant growth, tuber yield and nutrient contents. The experiment was installed in the Horta Nova of the Universidade Federal de Viçosa with the Monalisa cultivar on a cambic Red-yellow Podzolic, containing 6.9 mg dm-3 of Zn extracted by Mehlich-1. The experiment was carried out in a randomized block with four replications in a split plot design. The fungicide spray programs (with or without Zn) were done in the main plots and the zinc fertilizer application methods (control, Zn in the soil, Zn sprayed on the plant shoots and Zn in soil + shoots) were in the split plots. Plant growth (stem lengths and numbers, shoot dry matter and tuber numbers) was characterized at 20 and 45 days after plant emergence. Following natural senescence, tubers were harvested, graded and weighted. At both sampling dates, plant growth was not affected by the treatments. Commercial tuber yield (44.2 t/ha) was higher in the plots receiving fungicides containing Zn and it was not affected by zinc fertilizer application methods. The treatments did not affect the P, Ca, Mg, Cu and Fe contents in the tubers but Mn and Zn contents were higher when plants were sprayed with Zn fungicides. (Aceito para publicação em 20 de janeiro de 2.000) E m solos tropicais, uma das limitações ao desenvolvimento e à produtividade da batateira é a baixa disponibilidade de fósforo. Como consequência, aumentos de produtividades quase sempre ocorrem quando o solo recebe elevada quantidade de adubo fosfatado (Fontes et al.,1997). Porém, o uso de altas doses de adubo fosfatado pode induzir ou aumentar a deficiência de zinco em plantas, particularmente em condições de limitada disponibilidade deste ion (Cakmak & Marschner, 1987) e de temperaturas abaixo de 15 0C, (Martin et al.,1965). Em solo cujo teor de Zn foi considerado moderamente baixo (0,90 mg dm-3 de Zn+2 extraído com ditizona), 72 Martin et al. (1965) mostraram que aconteceu em condições de baixa temperatura a adição de alta dose de P (200 mg dm-3) induziu à deficiência de Zn em tomate. Este efeito não se verificou em temperatura do solo acima de 210C. Porém, em solo com teor muito baixo de zinco (0,10 mg dm-3), as plantas adubadas com fósforo apresentaram deficiência de Zn, independemente da temperatura. A deficiência de zinco aumenta a permeabilidade das membranas radiculares (Marschner, 1995) e pode contribuir para a excessiva absorção de fósforo (Marschner & Cakmak, 1986; Parker, 1997). Assim, foi verificado que plantas de batata deficientes em zinco apresentavam altas concentrações de fósforo em seus tecidos (Christensen & Jackson, 1981). Os sintomas de deficiência de zinco mais comumente apresentados pela batateira são caracterizados pela posição quase vertical das folhas do ápice da planta, com as margens dos folíolos voltando-se para cima (Fontes, 1987) e por má formação das folhas, bronzeamento ou amarelecimento presentes ao redor das margens das folhas jovens (Boawn & Leggett, 1963). A deficiência de zinco pode ser corrigida pela sua adição ao solo, em quantidades variando de 4 a 35 kg/ha (Martens & Westermann,1991). Entretanto, a absorção do zinco pelas raízes, especialmente em solos intemperizados e com altos teores de óxidos de ferro e Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Aplicação do fertilizante e fungicidas contendo Zn em batateira. alumínio pode ser prejudicada pela ação adsortiva exercida por eles sobre o zinco adicionado (Saeed & Fox,1979). Além disto, a disponibilidade de zinco pode também ser reduzida pela elevação do pH, decorrente da calagem, tornando a sua aplicação via foliar uma possível alternativa. Usualmente, quando suplementado por via foliar, o zinco é aplicado em quantidade em torno de 0,5 kg ha-1 (Volkweiss,1991; Yilmaz et al., 1997). Diferentes métodos de aplicação do fertilizante contendo zinco e a sua presença nos fungicidas normalmente aplicados à cultura promoveram aumento no teor de zinco na parte aérea da batateira (Moreira, 1998). Entretanto, em condições brasileiras, pouco é sabido sobre os efeitos dos métodos de aplicação do fertilizante contendo zinco sobre a produtividade da cultura. Ainda mais que o efeito do zinco adicionado como fertilizante pode estar sendo confundido com aquele presente nos fungicidas, normalmente aplicados à cultura da batata. Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos do modo de aplicação do fertilizante contendo Zn e de fungicidas contendo ou não Zn sobre o crescimento, a produtividade e o conteúdo de nutrientes dos tubérculos de batata. MATERIAL E MÉTODOS Foi conduzido um experimento na Horta Nova, no campus da Universidade Federal de Viçosa, em solo Podzólico Vermelho-amarelo câmbico, contendo 38% de argila, pH (H2O) igual a 6,0, com os teores iniciais de 93 e 6,9 mg.dm-3 de P e Zn+2, extraídos por Mehlich-1. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas duas parcelas foram aplicados os fungicidas (contendo ou não Zn) e nas quatro subparcelas, testou-se o modo de aplicação do fertilizante contendo Zn (testemunha, Zn aplicado no solo, Zn pulverizado na parte aérea e Zn solo + parte aérea). Cada parcela experimental foi constituída de quatro fileiras de 10 plantas, no espaçamento de 0,8 x 0,3m. A área útil foi constituída pelas duas fiHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Tabela 1. Programa semanal de pulverizações com fungicidas contendo ou não zinco em suas formulações. Viçosa, UFV, 1997. Semana Programas de pulverizações com fungicidas Com zinco Sem zinco 1 2 3 4 Mancozeb Cymoxanil Mancozeb Mancozeb + Metalaxyl Chlorothalonil Chlorothalonil Chlorothalonil Metalaxyl 5 6 7 Mancozeb Mancozeb + Metalaxyl Oxicloreto de Cobre Chlorothalonil Metalaxyl Oxicloreto de Cobre leiras centrais, eliminando-se a primeira planta de ambas as extremidades. Os programas de pulverização com fungicidas contendo ou não Zn estão na Tabela 1, tendo sido empregados nas dosagens recomendadas pelos fabricantes. Foram feitas sete pulverizações com os fungicidas, sendo a primeira sete dias após a emergência (DAE) e as subsequentes semanalmente. O total de Zn aplicado como fungicida foi 3,6 mg por planta. No tratamento Zn no solo, este foi colocado nos sulcos, por ocasião do plantio, na dosagem de 4 kg/ha, utilizando-se o sulfato de zinco. Nas aplicações foliares foi utilizada uma solução contendo 0,5 g/L de Zn, na forma de sulfato de zinco, aos 20 e 45 dias após a emergência (DAE). Foram gastos, em média, 11,4 e 12,2 mL/planta de solução, respectivamente. O plantio dos tubérculos foi feito em julho de 1997, utilizando-se a cultivar Monalisa. A adubação, feita nos sulcos, constou de 300 de sulfato de amônio, 1.400 de superfosfato triplo e 500 de cloreto de potássio, 200 de sulfato de magnésio e 15 de bórax, todos expressos em kg/ha. A amontoa foi realizada aos 15 DAE, por ocasião da adubação nitrogenada em cobertura com 600 kg/ ha de sulfato de amônio. Aos 20 e 45 DAE, antes da aplicação foliar do Zn, foram realizadas amostragens de planta inteira, caracterizandose o crescimento (comprimento e número de caule, peso da matéria seca da parte aérea e número de tubérculos). A colheita dos tubérculos foi realizada em 23 de outubro de 1997, após a secagem completa da parte aérea. Os tubérculos foram classificados em comerciais e não comerciais. Os tubérculos não comerciais foram avaliados quanto ao embonecamento, coração oco, rachadura e esverdeamento. Os tubérculos comerciais foram classificados de acordo com o seu maior diâmetro transversal em: classe 1 = ø ³ 8,5cm; classe 2 = 4,5cm < ø < 8,4cm; classe 3 = 3,3cm < ø < 4,4cm e classe 4 = ø < 3,3cm, com base na Portaria número 69 de 21/02/95 do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Os tubérculos foram avaliados também quanto ao teor de matéria seca, P, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Comprimento do caule, número de caules e número de tubérculos O comprimento e o número de caules, e o número de tubérculos, avaliados aos 20 e 45 dias após a emergência (DAE), não foram significativamente afetados pelo uso de fungicidas contendo zinco e nem pelo modo de aplicação do fertilizante, não havendo também interação significativa entre eles. Na média de todos os tratamentos, os comprimentos dos caules foram 46 e 60 cm, aos 20 e 45 DAE, respectivamente. Reis Jr. (1995), testando a cultivar Baraka, aos 48 DAE, encontrou associação entre a máxima produção classificada de tubérculos e o comprimento de caule. Do mesmo modo, Rocha (1995) observou que os comprimentos do caule de 55 e 70cm, tanto aos 20 como aos 50 DAE, estavam associados à máxima produtividade de tubérculos da cultivar Baraka. 73 M.A. Moreira et al. Tabela 2. Conteúdos de P, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn nos tubérculos de batata, em função do uso de fungicidas contendo ou não Zn e do modo de fertilização com Zn. Viçosa, UFV, 1997. Fungicida Modo de Aplicação P Ca g planta -1 Conteúdos de nutrientes Mg Cu Fe Mn mg planta-1 Zn Com Zn Testemunha Solo Foliar Solo+Foliar 0,49 0,50 0,44 0,48 0,074 0,078 0,076 0,082 0,21 0,25 0,24 0,24 1,10 1,30 1,03 1,03 9,48 9,53 12,43 7,93 2,18 2,43 2,50 2,15 3,34 3,63 3,98 4,11 Sem Zn Testemunha Solo Foliar 0,50 0,47 0,44 0,084 0,080 0,069 0,24 0,25 0,23 1,00 0,98 0,98 11,25 9,25 10,83 1,68 1,80 1,73 3,09 2,99 3,37 Solo+Foliar 0,076 0,077 0,21 0,24 0,98 1,11 10,03 9,84 1,58 2,31A 3,64 3,77A Com Zn • 0,47 0,48 Sem Zn • 0,47 0,077 0,23 0,98 10,34 1,69 B 3,27 B • • Testemunha Solo 0,50 0,48 0,079 0,079 0,23 0,25 1,05 1,14 10,36 9,39 1,96 2,11 3,21 3,31 • Foliar 0,44 0,073 0,23 1,00 11,63 2,11 3,68 • Solo+Foliar 0,48 0,078 0,23 1,00 8,98 1,86 3,87 Letras maiúsculas comparam o uso de fungicidas contendo ou não zinco pelo teste F a 5% de probabilidade. Aos 20 e 45 DAE, o número médio de caules por planta foi 3,6 e 3,8, correspondendo a 15 e 16 caules/m, respectivamente. Esta característica varia de acordo com diversos fatores, dentre os quais a cultivar (Morena et al.,1994). Beukema & Van Der Zaag (1990) citam que para as condições européias são necessárias 15 a 20 hastes/m para produção adequada de batata para consumo, enquanto Fontes et al. (1995) mostraram que o número adequado de hastes por unidade de área depende da cultivar e do preço da batata semente. O número médio de tubérculos por planta foi 14,0 e 13,3, aos 20 e 45 DAE, respectivamente. Portanto, já aos 20 DAE, os números de caules e de tubérculos por planta já estavam definidos. Este fato foi diferente do encontrado por Reis Jr. (1995), que verificou maior número de tubérculos da cultivar Baraka aos 48 do que aos 20 DAE. Produção de matéria seca A produção de matéria seca da parte aérea e dos tubérculos por planta não foi significativamente afetada pelos tratamentos. Aos 20 DAE, cada planta apresentou, como média dos tratamentos com fungicidas, as seguintes produções de 74 matéria seca: 23,7 g de parte aérea e 10,5 g de tubérculos, enquanto que aos 45 DAE os valores médios foram: 29,5 e 110,3 g, respectivamente. Boawn & Leggett (1964) não encontraram resposta da produção de matéria seca das folhas da batateira com adição de zinco no solo ou na solução nutritiva. Porém, Christensen & Jackson (1981) verificaram que a produção de matéria seca das folhas das plantas cultivadas em solução nutritiva foi afetada pela interação zinco e fósforo na solução. Conteúdos de nutrientes nos tubérculos Os conteúdos de fósforo, cálcio, magnésio, cobre e ferro nos tubérculos não foram afetados pelos tratamentos (Tabela 2). Na média dos tratamentos pulverizados com fungicidas contendo zinco houve a retirada pelos tubérculos de 20 kg de P, 10 kg de Mg, 3.208 g de Ca, 410 g de Fe, 157 g de Zn, 97 g de Mn e 47 g de Cu/ha. A quantidade de nutrientes removida pelos tubérculos depende da produtividade e dos teores de nutrientes nos tubérculos, ambos variando com o solo, o ano, a adubação e a cultivar (Paula et al., 1986; Rocha, 1995). Por outro lado, os conteúdos de manganês e zinco nos tubérculos, elementos contidos nos fungicidas, foram afetados pelo uso de fungicidas contendo zinco (Tabela 2). Isto indica que a aplicação de fungicidas contendo zinco favoreceu a sua translocação para os tubérculos. Translocação do zinco aplicado nas folhas para as raízes e caules, de forma mais acentuada em plantas bem nutridas em zinco, foi observada em feijoeiro (Rodrigues et al., 1997). As quantidades de zinco absorvidas pelos tubérculos, nos tratamentos da parcela cujas plantas receberam pulverizações com fungicida contendo zinco, foram 139, 151, 166 e 171 g/ha para a testemunha, Zn no solo, Zn na parte aérea e Zn no solo + na parte aérea, respectivamente. Esses mesmos tratamentos receberam 241, 4.241, 734 e 4.584 g/ ha de zinco, provenientes dos tubérculos plantados (7,87 g/ha), do cloreto de potássio (0,30 g/ha), do sulfato de amônio (0,24 g/ha), do calcário (6,76 g/ha), do superfosfato triplo (21,0 g/ ha), do sulfato de magnésio (55,0 g/ha), das pulverizações com fungicidas contendo zinco (150 g/ha) e dos tratamentos em que o zinco foi colocado no solo (4000 g/ha), pulverizado na parte aéHortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Aplicação do fertilizante e fungicidas contendo Zn em batateira. rea (493 g/ha) e no solo + parte aérea (4.493 g/ha). Portanto, na parcela em que as plantas receberam pulverizações com fungicidas contendo zinco, as recuperações pelos tubérculos foram 0,30, 0,71 e 5,48% do zinco aplicado no solo, aplicado no solo + parte aérea e pulverizado na parte aérea, respectivamente. Os valores correspondentes nas parcelas que receberam pulverizações com fungicidas não contendo zinco foram – 0,10; 0,51 e 2,23 respectivamente. A baixa eficiência de recuperação do Zn adicionado como fertilizante pode ter sido devido à sua disponibilidade relativamente alta original no solo e a incorporação pelas diversas formas anteriormente mencionadas. Produtividade de tubérculos A utilização dos fungicidas contendo zinco, em comparação com aqueles que não o continham, proporcionou aumento significativo (p£0,05) na produtividade de tubérculos (Tabela 3). O uso de fungicidas contendo zinco proporcionou o mesmo efeito sobre o teor de zinco total na quarta folha da planta, determinado aos 20 DAE conforme os dados apresentados por Fontes et al. (1999). As produtividades médias de tubérculos foram 44,2 e 40,1 t/ha com uso de fungicidas contendo ou não Zn, respectivamente. Estes valores são considerados relativamente altos quando comparados com 22,14 t/ha, média da produtividade de países europeus, e 14,33 t/ ha, média brasileira (FAO, 1996). As produtividades alcançadas no presente ensaio foram devidas, em parte, à ausência aparente de doenças de folhagem durante todo o ciclo da batateira. A maior produtividade foi devido as aplicações de fungicidas contendo zinco. As aplicações do fungicida no estádio inicial de desenvolvimento da planta, período coincidente com temperaturas ainda baixas, podem ter favorecido a absorção de zinco através das folhas das plantas ainda jovens e com restrito sistema radicular. Nestas condições, a absorção de nutrientes é marcadamente reduzida, principalmente aqueles dependentes do processo de difusão, como é o caso do Zn. No milho, Leblanc et al. (1997) mostraram sintomas de deficiência de zinco mais acentuados em plantas jovens do Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Tabela 3. Produção de tubérculos de batata (t/ha), em função do uso de fungicidas contendo ou não Zn e do modo de fertilização com Zn. Viçosa, DFT-UFV, 1997. Modo de aplicação do fertilizante Testemunha Solo Foliar Solo+Foliar Média Fungicida Com Zn Sem Zn 42,0 42,3 46,0 40,7 45,4 38,2 43,2 39,3 44,2 A 40,1 B Média 42,2 a 43,3 a 41,8 a 41,3 a Letras maiúsculas comparam o uso de fungicidas contendo ou não zinco e letras minúsculas comparam o modo de aplicação do fertilizante. Em cada coluna, as médias seguidas pela mesma letra maiúscula ou minúscula não expressam diferenças significativas a 5% de probabilidade pelos testes F e de Tukey, respectivamente. que em plantas mais velhas, talvez, devido a diferenças no tamanho do sistema radicular. Ademais, o número de tubérculos e o número de caules já estavam definidos aos 20 DAE. Os fungicidas contendo zinco utilizados durante o experimento não foram analisados para saber se havia algum íon acompanhante que pudesse proporcionar esse aumento na produção de tubérculos. No presente experimento não foi constatada a ocorrência de doenças na parte aérea da batateira em nenhum dos tratamentos, independentemente da aplicação ou não de Zn. Graham & Webb (1991) mostram que o ion zinco pode ter nenhum efeito, decrescer ou aumentar a susceptibilidade das plantas a doenças. Estes autores, revisando a limitada literatura sobre o assunto, afirmam que a aplicação de zinco em quantidades maiores que aquelas necessárias para o crescimento das plantas, mas não fitotóxicas, podem ser benéficas na redução da manifestação de algumas doenças talvez pelo seu efeito tóxico sobre o patógeno ou pela sua importância na manutenção da integridade das biomembranas, principalmente das raízes. Entretanto, não há evidências do efeito de doses supraótimas de zinco na integridade e estabilidade das membranas. No tomateiro, em condições controladas, foi mostrado o efeito do zinco aumentando o biocontrole de Fusarium oxysporum por Pseudomonas fluorescens (Duffy & Defago,1997). O modo de aplicação do fertilizante não afetou significativamente a produtividade (Tabela 3), devido, provavelmente, ao teor de zinco no solo ter sido suficiente para o desenvolvimento da batateira. Ademais, houve aporte de zinco indiretamente pelos fertilizantes, calcários e tubérculo-semente. Ellis (1945) e Hoyman (1949) verificaram aumento na produtividade da batateira com o uso de zinco aplicado via foliar, mas não conseguiram resposta quando o zinco estava presente em quantidade suficiente no solo. Por outro lado, Boawn & Leggett (1963) observaram que a aplicação de zinco via foliar não foi eficiente para remover os sintomas de sua deficiência na batateira, enquanto Grunes et al. (1961) verificaram aumento na produtividade da batateira com aplicação do zinco no solo. Não ocorreu produção de tubérculos da classe 1. A única classe cuja produtividade respondeu significativamente ao uso de fungicidas contendo zinco foi a 2, que determinou a diferença na produção total. As médias de produção de tubérculos da classe 2 foram 39,54 e 34,82 t/ha, com o uso de fungicidas contendo ou não zinco, respectivamente. O número de tubérculos das classes 2, 3 e 4 não foram significativamente afetados pelos tratamentos, mostrando que o efeito da pulverização com fungicidas contendo Zn influenciou apenas o peso dos tubérculos. Em nenhuma classe foram observados tubérculos com rachaduras, embonecamento, coração oco e esverdeamento. O uso de fungicidas contendo Zn reduziu o teor de matéria seca dos tubérculos, sendo obtidos os valores de 15,4% e 16,0% para os tratamentos com fungicidas contendo ou não zinco, res75 M.A. Moreira et al. pectivamente. Estes valores estão próximos aos 16,4 e 15,7% de matéria seca encontrados por Rocha (1995) e Fontes et al. (1987) para outras cultivares. Por outro lado, o modo de aplicação do fertilizante não afetou os teores de matéria seca dos tubérculos. LITERATURA CITADA BEUKEMA, H.P.; VAN DER ZAAG, D.E. Introduction to potato production. Wageningen: Pudoc, 1990. 208 p. BOAWN, L.C.; LEGGETT, G.E. Zinc deficiency of the Russet Burbank potato. Soil Science, v. 95, n. 1, p. 137-141, 1963. BOAWN, L.C.; LEGGETT, G.E. Phosphorus and zinc concentrations in Russet Burbank potato tissues in relation to development of zinc deficiency symptoms. Soil Science Society Proceedings, v. 28, n. 1, p. 229-232, 1964. CAKMAK, I.; MARSCHNER, H. Mechanism of phosphorus-induced zinc deficiency in cotton. III. Changes in physiological availability of zinc in plants. Physiology Plantarum, v. 70, n. 1, p.13-20, 1987. CHRISTENSEN, N.W.; JACKSON, T.L. Potential for phosphorus toxicity in zinc stressed corn and potato. 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Ituporanga (SC), EPAGRI - Estação Experimental de Ituporanga. 1994/1995. Tratamento 1 - Vinclozolin (0,075%) 2 - Cinza vegetal (50 g/m²) 3 - Extrato de camomila (0,5%) 4 - C.bordalesa (0,5% de CuSO4) 5 - Ext. própolis+enxofre+silicato 6 - Testemunha B. squamosa ACPD 77,0 b 98,8 a 102,3 a 101,5 a 112,0 a 104,1 a Sobrevivência P. aptas ns 167,2 152,0 146,6 140,3 128,9 133,2 a a b b b b 94,8 63,1 63,1 70,8 57,5 63,0 7 - Extrato de alho (0,2%) 8 - Calda sulfocálcica (0,15º Be) 9 - Extrato de menta (1%) 10- Micronutrientes (B+Zn) 11- Silica-gasil-114 (0,1%) 109,3 105,8 107,6 107,6 104,1 a a a a a 140,5 125,2 142,1 123,6 131,0 b b b b b 60,9 52,1 60,8 58,5 72,5 1213141516- 101,0 101,5 108,5 107,6 95,7 a a a a a 146,4 140,2 130,9 124,5 140,9 b b b b b 64,0 64,5 56,4 61,3 65,9 KMnO4 (0,3%) Extrato de própolis (0,2%) Enxofre PM (0,2%) Creolina (0,25%) Gliocladium roseum (104 sp/ml) 17- G. roseum (106 esp/ml) 18- G. roseum (108 esp/ml) C.V. (%) Hortic. bras., v. 15, n. 2, nov. 1997. 95,7 a 89,1 b 8,9 161,1 a 180,9 a 13,7 63,1 73,2 22,9 77 No artigo "Caracterização dos estádios fenológicos da cúrcuma, em função da época e densidade de plantio", de autoria de Arthur Bernardes Cecílo Filho e Rovilson José de Souza, publicado no v. 17 n. 3, novembro 1999, as figuras 1, 2 e 3 foram impressas de forma ilegível (p. 249-252). Portanto, as mesmas encontram-se re-impressas a seguir: Figura 1. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o início do perfilhamento. Lavras, UFLA, 1996. Trat. 1 (20/10 x 20 cm) Trat. 2 (20/10 x 35 cm) Trat. 3 (20/10 x 50 cm) Trat. 4 (20/11 x 20 cm) Figura 2. Acúmulo de matéria seca da parte aérea (MSPA), matéria seca de perfilhos (MSPe) e produção de rizomas por planta (RIZ/PLA), durante seu ciclo (dias após o plantio - d.a.p), em função da época e densidade de plantio. LAVRAS, UFLA, 1996. 78 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. Trat. 5 (20/11 x 35 cm) Trat. 6 (20/11 x 50 cm) Trat. 7 (20/12 x 20cm) Trat. 8 (20/12 x 35cm) Trat. 9 (20/12 dez x 50cm) Trat. 10 (20/01 x 20cm) Trat. 11 (20/01 x 35cm) Trat. 12 (20/01 x 50cm) Figura 2. Continuação. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 79 Figura 3. Efeito da época de plantio, 20/10, 20/11, 20/12 e 20/01, correspondentes à DAPP de 0, 30, 60 e 90 dias, respectivamente, sobre o início do período de crescimento do rizoma (PCRi). Lavras, UFLA, 1996. normas NORMAS PARA PUBLICAÇÃO Instruções para apresentação de trabalhos à revista Horticultura Brasileira: I. O periódico, em português, é composto das seguintes seções: 1. Artigo Convidado; 2. Carta ao Editor; 3. Pesquisa; 4. Economia e Extensão Rural; 5. Página do Horticultor; 6. Insumos e Cultivares em Teste; 7. Nova Cultivar; 8. Expediente. II. Definição das seções: 1. ARTIGO CONVIDADO: sobre tópico de interesse atual, a convite da Comissão Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (b) e (d) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja citação de literatura, obedecer às alíneas (f) e (g) de PESQUISA. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA; 2. CARTA ao EDITOR: publicada a critério da Comissão Editorial, tendo forma livre, porém devendo atender à alínea (b) de PESQUISA; 3. PESQUISA a) Artigo relatando um trabalho original, referente a resultados de pesquisa, ainda não relatados ou submetidos simultaneamente à publicação em outro periódico ou veículo de divulgação, com ou sem corpo editorial, e que, após submetidos a Horticultura Brasileira, não poderão ser publica80 dos, parcial ou totalmente, em outro local sem a devida autorização por escrito da Comissão Editorial de Horticultura Brasileira; b) Os originais deverão ser submetidos em três vias, processados em microcomputador, em programa Word 6.0 ou superior, em espaço dois, fonte arial, tamanho doze. O disquete contendo o arquivo deverá ser incluído; c) Cada artigo submetido deverá ser acompanhado da anuência à publicação de todos os autores, assim como de cópia do recibo ou comprovante que o valha de quitação da anuidade corrente da Sociedade de Olericultura do Brasil de pelo menos um dos autores; d) Os artigos serão iniciados com o título do trabalho, que não deve incluir nomes científicos para quaisquer espécies, sejam plantas ou outros organismos, a menos que não haja nome comum em português. Ao título deve seguir o nome e endereço postal completo dos autores (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira, a partir do v. 14). Anotações como novo endereço de algum autor, referência a trabalho de tese, etc (veja padrão de apresentação nos artigos publicados em Horticultura Brasileira, a partir do v. 14) devem ser colocadas em notas de rodapé, com numeração consecutiva. Anotações como entidades financiadoras e concessão de bolsas devem ser colocadas em AGRADECIMENTOS; e) A estrutura dos artigos obedecerá ao seguinte roteiro: 1. Resumo em português, com palavras-chave ao final. As palavras-chave devem ser sempre iniciadas com o(s) nome(s) científico(s) da(s) espécie(s) em questão e nunca devem repetir termos para indexação que já estejam no título; 2. Abstract, em inglês, acompanhado de título e keywords. O Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. abstract, o título em inglês e keywords devem ser versões perfeitas de seus similares em português; 3. Introdução; 4. Material e Métodos; 5. Resultados e Discussão; 6. Agradecimentos; 7. Literatura Citada; 8. Figuras e tabelas. f) Referências à literatura no texto deverão ser feitas conforme os exemplos: Esaú & Hoeffert (1970) ou (Esaú & Hoeffert, 1970). Quando houver mais de dois autores, utilize a expressão latina et alli, de forma abreviada (et al.), sempre em itálico, como segue: De Duve et al. (1951) ou (De Duve et al., 1951); g) As referências bibliográficas citadas no texto deverão ser incluídas em LITERATURA CITADA, em ordem alfabética, pelo primeiro autor. Quando houver mais de um artigo do(s) mesmo(s) autor(es), no mesmo ano, indicar por uma letra minúscula, logo após a data de publicação do trabalho, como segue: 1997a, 1997b. A ordem dos itens em cada referência deverá obedecer as normas vigentes da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, como segue: Periódico: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do artigo. Título do Periódico (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações), cidade de publicação (apenas para periódicos brasileiros), volume, número do fascículo (quando a informação estiver disponível), paginação inicial e final, mês (indicando com inicial maiúscula os meses para periódicos em inglês e, com inicial minúscula, para periódicos em português, e abreviando-se na terceira letra quando o nome do mês possuir mais de quatro letras), ano de publicação. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: VAN DER BERG, L.; LENTZ, C.P. Respiratory heat production of vegetables during refrigerated storage. Journal of the American Society for Horticultural Science, v. 97, n. 3, p. 431 - 432, Mar. 1972. Livro: NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Número total de páginas. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: ALEXOPOULOS, C.J. Introductory mycology. 3 ed. New York: John Willey, 1979. 632 p. Capítulo de livro: NOME DOS AUTORES DO CAPÍTULO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do capítulo. In: NOME DOS EDITORES OU COORDENADORES DO LIHortic. bras., v. 17, n. 2, jul. 1998. VRO (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do livro (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedando-se a utilização de abreviações). Cidade de publicação: editora, ano de publicação. Páginas inicial e final. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: ULLSTRUP, A.J. Diseases of corn. In: SPRAGUE, G.F. ed. Corn and corn improvement. New York: Academic Press, 1955. p. 465 - 536. Tese: NOME DO AUTOR (em caixa alta). Título da tese (em Horticultura Brasileira sempre em itálico, vedandose a utilização de abreviações). Cidade de publicação: instituição, ano de publicação. Número total de páginas. (Tese mestrado ou doutorado). Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: SILVA, C. Herança da resistência à murcha de Phytophthora em pimentão na fase juvenil. Piracicaba: ESALQ, 71 p. (Tese mestrado). Trabalhos apresentados em congressos (quando não incluídos em periódicos): NOME DOS AUTORES (em caixa alta, separados por ponto-e-vírgula. Independente do número de autores do artigo, todos devem ser relacionados, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de et alli na LITERATURA CITADA). Título do trabalho. In: NOME DO CONGRESSO (em caixa alta, vedando-se, em Horticultura Brasileira, o uso de abreviações na LITERATURA CITADA), número do congresso. (seguido de ponto), ano de realização do congresso, cidade de realização do congresso. Título da publicação... (Anais...; Proceedings..., etc..., seguido de reticências): Local de edição da publicação: editora ou instituição responsável pela publicação, ano de publicação. Páginas inicial e final do trabalho. Recue o início de uma eventual segunda linha de referência até alinhar-se com a terceira letra da linha inicial. Veja o exemplo: HIROCE, R; CARVALHO, A.M., BATAGLIA, O.C.; FURLANI, P.R.; FURLANI, A.M.C.; SANTOS, R.R.; GALLO, J.R. Composição mineral de frutos tropicais na colheita. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 4., 1977, Salvador. Anais... Salvador: SBF, 1977. p. 357 - 364. www site - Autor(es): MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXiMO, F.A.; FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Quando o site não indicar autoria, entrar pelo título (ver exemplo 2). - Título: indica-se o título do documento consultado Ambiente de desenvolvimento de software para o domínio de administração rural. - Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e na língua do texto, o nome do site onde o documento está armazenado, seguido da data, entre parênteses, em que o mesmo tomou-se disponível na lntemet. 81 Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996) Disponível: Middlebuty College site (Feb. 7, 1996) URL: indica-se o endereço completo do site, precedido da sigla URL. URL:http:/Awww.agrosoft.com/agroport/docs95/ doc10.htm - Notas: data de consulta - indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consultado em 12 fev. 1996. Exemplo 1 MASSRUHÁ, S.M.F.S.; MANCINI, A.L.; MEIRA, C.A.A.; MÁXIMO, F.A.; FILETO, R.; PASSOS, S.L.Z. Ambiente de desenvolvimento de software para o domínio de administração rural. Disponível: site Agrosoft (07 fev. 1996). URL: http://www.agrosoft.com/agroport/docs95/ doc10.htm Consultado em 12 fev.1996. Exemplo 2 MARY Cassatt biographical sketch and paintings. Disponível: WebMuseum Paris site (1994). URL: http://www.oir.ucf.edu/louvre/paintauth/cassat Consultado em 10 abr. 1995. www page - Autor(es): indica-se o(s) nome(s) do(s) autor(es) e em sua ausência, entra-se pelo título - Título: indica-se o título do documento consultado - Fonte (location, site ou host): indica-se, em itálico e na língua do texto, o nome do site onde o documento está armazenado, seguido da data, entre parênteses, em que o mesmo tomou-se disponível na intemet - Disponível: site EMBRAPA (25 set. 1995) - Endereço URL:http:/www.hortbras.com.br/resumos_ dos_artigos.htm - Notas: indica-se na língua portuquesa, a data em que a consulta foi efetuada Horticultura Brasileira. Resumos dos artigos (10 nov. 1998). URL: http:// www.hortibras.com.br/resumos_dos_artigos.htm. consultado em 19 nov. 1999. FTP (file transfer protocol) Citação de arquivo disponível para transferência, atra vés do serviço ftp. - Autor(es), quando conhecidos indica-se o(s) autor(es) BRUCKMAN, A. - Título: indica-se o nome completo do documento, em itálico Approaches to managing deviant behavior in virtual communities. - Fonte: URL ou endereço do site ftp - indica-se o en dereço completo do site URL: ftp.media.mit.edu pub/asb/papers/deviancechi94 ou ftp: ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 - Notas: data de acesso - indica-se, na língua portu guesa, a data em que a consulta foi efetuada. Consul tado em 4 dez. 1994. BRUCKMAN, A. Approaches to managing deviant behavior in virtual communities. ftp.media.mit edu pub/asb/papers/deviance-chi94 Consultado em 4 dez. 1994. 82 Mensagem pessoal Documentos originados do correio eletrônico - Autoria: indica-se o nome do autor FERREIRA, S.M.S. - Assunto: indica-se o assunto, em itálico, no campo correspondente ao título, utilizando as informações con tidas na linha de assunto do e-mail. Notícias - Fonte: endereço - indica-se o endereço eletrônico do autor (o endereço pessoal poderá ser omitido, indicando em seu lugar o endereço da lista da qual o autor é assinante). smferrei@spider. usp.br indicação do tipo da mensagem - Mensagem pessoal - Notas: data da mensagem enviada 14 maio 1996 FERREIRA, S.M.S. Notícias. smferrei@spider.usp.br. Mensagem pessoal. 14 mai 1996 Artigos de periódico (em CD-ROM e na lnternet) - Autoria. - Título do artigo. - Título do periódico, por extenso, com iniciais maiúsculas. - Local de publicação, se houver. - Número do volume e fascículo e, se houver, o nome da seção. - Páginas (inicial e final) do artigo, ou número parágrafos (quando não apresentar paginação). - Data. - Endereço/protocolo (quando se tratar de documento disponível na intemet). - Indicação do tipo de mídia. - Data de acesso: indica-se, na língua portuguesa, a data em que a consulta foi efetuada, apenas quando se tratar de documentos disponível na lntemet. Exemplos: BARTSCH, S. Actors in the audience. Bryn Mawr Classícal Revíew, v.3, n.2, 10 par., 1995. Disponível: gopher:gopher. lib.virginia.edu:7OlOOIalpha/ bmrciv95195-3-2 Consultado em 07 ago 1996. WENTWORTH, E.P. Pitfalls of conservative garbage collection. Software - Practice & Experience, v.20, n.7, p.719-727, July 1990. CD-ROM. SP & E archive. Eventos Científicos Considerados em parte (em CD-ROM) - Autoria - Título e subtítulo da parte - Nome do evento - Número do evento - Data e local de realização - Título e subtítulo do evento - Local de edição - Editor - Ano de publicação - Páginas (inicial ou final) ou número de parágrafos (quando não apresentar paginação) Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. - Indicação do tipo de mídia CARRILHO, J. Z.; SOARES, J. V.; VALÉRIO FILHO, M. Detecção automática de mudanças como recurso auxiliar no monitoramento da cobertura do terreno. ln: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 8., 1996, Salvador. Anais. São Paulo: INPE / Sociedade Latino-Americana de Sensoriamento Remoto e Sistemas de lnforrnações Espaciais, 1996.26 par. CD-ROM. Seção artigos. h) A citação de resumos apresentados em congressos deve ser limitada a no máximo 20% do total de referências, exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável; i) A citação de trabalhos com mais de dez anos de idade deve ser limitada a no máximo 50% do total de referências, exceto no caso de assuntos onde não há literatura em quantidade razoável; j) Somente deverão ser incluídas tabelas e figuras que apresentem dados relevantes à interpretação do assunto e que não possam ser apresentados em poucas linhas de texto. Dados apresentados em figuras não devem ser apresentados novamente em tabelas e vice-versa. As tabelas e figuras devem ser apresentadas ao final do artigo, uma por página, com numeração consecutiva; k) Utilize o padrão da revista para títulos de tabelas, rodapés e legendas, indicando no título ou legenda, nesta ordem: local, instituição e ano de realização do trabalho. Tabelas e figuras devem ser sempre autoexplicativas, ou seja, o leitor deve entender o que está sendo demonstrado, sem ser necessário que consulte o texto. As tabelas devem ser configuradas no padrão SIMPLES do processador de textos Word, ou similar. Linhas verticais não são utilizadas e linhas horizontais devem aparecer somente entre o título e o corpo da tabela; entre o cabeçalho e o conteúdo da tabela e, quando for o caso, entre o conteúdo da tabela e a última linha; l) Ao longo do texto, as fórmulas químicas devem ser indicadas de acordo com a nomenclatura adotada pela Chemical Society (Journal of the Chemical Society, p. 1067, publicado em 1939). Em tabelas, as fórmulas químicas devem ser apresentadas no rodapé; m) No caso de agrotóxicos é vedada a utilização de nomes comerciais. Deve ser utilizado o nome técnico ou a referência ao princípio ativo; n) No caso do trabalho conter fotografias, a Comissão Editorial deve ser consultada. No caso de fotografias coloridas, os autores devem cobrir os custos adicionais. 4. ECONOMIA E EXTENSÃO RURAL: trabalho na área de economia aplicada ou extensão rural, tendo forma livre porém devendo atender obrigatoriamente às alíneas (a), (b), (c), (d), (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e key words (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 5. PÁGINA DO HORTICULTOR: Comunicação ou nota científica, passível de utilização imediata pelo horticultor. Observar o mesmo padrão de PESQUISA. Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. 6. INSUMOS E CULTIVARES EM TESTE: comunicação ou nota científica relatando ensaio com agrotóxicos, fertilizantes ou cultivares, tendo forma livre, mas devendo obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 7. NOVA CULTIVAR: Comunicação relatando o registro de nova cultivar, tendo forma livre, mas devendo obedecer, obrigatoriamente as alíneas (a), (b), (c) e (d) de PESQUISA e, quando aplicável, as alíneas (f), (g), (h) e (i) de PESQUISA, além de apresentar resumo, palavras-chave, abstract, título em inglês e keywords (observe instruções na alínea (e) de PESQUISA). Caso haja co-autores, é obrigatória a sua anuência à publicação. Caso haja tabelas, figuras, fórmulas químicas, referências a agrotóxicos ou inclusão de fotografias, obedecer as alíneas (j), (k), (l), (m) e (n) de PESQUISA. 8. EXPEDIENTE: seção destinada à comunicação entre os leitores e a Comissão Editorial e vice-versa, na forma de breves avisos, sugestões e críticas. O texto não deve exceder 300 palavras (1.200 caracteres) e deve ser enviado em duas cópias devidamente assinadas, acompanhadas de disquete e indicação de que o texto se destina à seção Expediente. Por questões de espaço, nem todas as notas recebidas poderão ser publicadas e algumas poderão ser publicadas apenas parcialmente. 9. Trabalhos que não atendam às alíneas (a), (h) e (i) de PESQUISA não serão aceitos. 10. Trabalhos que não atendam às alíneas (b), (d), (e), (f), (g), (j), (k), (l), (m) de PESQUISA serão devolvidos aos autores para que sejam adequados sem serem registrados na secretaria da revista. 11. Trabalhos que não atendam à alínea (c) de PESQUISA permanecerão na secretaria da revista, com processo de tramitação suspenso, por 90 dias a contar da data constante no aviso de recebimento do trabalho enviada aos autores pela Comissão Editorial. Findo esse prazo, caso as indicações contidas na referida alínea não tenham sido atendidas pelos autores, os originais dos trabalhos serão destruídos e o trabalho será excluído dos registros da secretaria da revista. III. Os manuscritos submetidos à publicação nas seções PESQUISA e ECONOMIA e EXTENSÃO RURAL serão apreciados por no mínimo dois assessores ad hoc, especialistas no tema do artigo apresentado, que darão parecer sobre a conveniência de sua publicação do trabalho, com base na qualidade técnica do trabalho e do texto. Os artigos submetidos à publicação nas demais seções, a critério da Comissão Editorial, podem também ser apreciados por assessores ad hoc. Ao seu critério, os assessores ad hoc poderão sempre que consultados indicar alterações que adequem o artigo ao padrão de publicação da revista. 83 IV. Em caso de dúvidas, consulte a Comissão Editorial ou verifique os padrões de publicação em Horticultura Brasileira, v. 14 em diante. V. Os casos omissos serão decididos pela Comissão Editorial. Se necessário, modificações nas normas de publicação serão feitas posteriormente. VI. Os originais devem ser enviados para: Horticultura Brasileira C. Postal 190 70.359-970 Brasília - DF Tel.: (061) 385.9051 / 385.9000 Fax: (061) 556.5744 E.mail: hortbras@cnph.embrapa.br 84 VII. Assuntos relacionados a mudança de endereço, filiação à Sociedade de Olericultura do Brasil - SOB, pagamento de anuidade, devem ser encaminhados à diretoria da SOB, no seguinte endereço: UNESP - FCA C. Postal 237 18.603-970 Botucatu - SP Tel: (014) 820 7172 Fax: (014) 821 3438 Hortic. bras., v. 18, n. 1, mar. 2000. tomate expressando resistência a Xanthomonas vesicatoria. Biotecnologia e transgênicos Os avanços na área de biotecnologia iniciaram-se a partir de 1953, quando Watson & Crick, demonstraram o modelo da estrutura da molécula do DNA, permitindo desvendar a universalidade do código genético. Na década de setenta, após o isolamento e caracterização das primeiras enzimas de restrição, uma nova disciplina – a Engenharia Genética – tomou impulso. Desde então, a tecnologia de DNA recombinante vem ocupando um lugar de destaque entre as estratégias disponíveis para o melhoramento genético de plantas e animais. Experimentos clássicos (incluindo a expressão do gene da insulina humana na bactéria Escherichia coli), indicaram, desde muito cedo, as incalculáveis possibilidades do emprego direto da biotecnologia na área da saúde. Novas e significantes contribuições incluíram conhecimentos detalhados sobre a estrutura e expressão gênica em diversos organismos, bem como a produção de proteínas não bacterianas em células bacterianas, terapia gênica e o desenvolvimento de animais e plantas com fenótipos até então inimagináveis. O desenvolvimento de hortaliças mais produtivas e com maior qualidade nutricional constitui um desafio para a nossa comunidade científica. A viabilidade econômica dessas culturas depende, em grande parte, da redução das perdas advindas do ataque de pragas, doenças, competição com ervas daninhas, bem como, de perdas decorrentes de fatores abióticos. Em sistemas altamente coevoluídos, como os observados nas relações plantas-patógenos, a introgressão de genes de resistência entre plantas geneticamente distantes (por exemplo entre diferentes gêneros) tem sido uma realidade. Um exemplo importante foi o isolamento do gene Bs2 de Capsicum chacoense e a obtenção de plantas transgênicas de A produção de organismos geneticamente modificados (OGM) está sendo uma estratégia com resultados satisfatórios para produção de plantas resistentes a fatores bióticos e abióticos que limitam a produtividade, bem como de alimentos com maior valor nutricional. Além disso, plantas transgênicas podem ser utilizadas como biorreatores para produção de mo léculas de interesse farmacológico. Exemplos dessa estratégia são os estudos que estão em andamento para produção da vacina contra cólera, hepatite e HIV. É um novo paradigma científico que está se iniciando. Até 1997, mais de 40 espécies cultivadas transgênicas tinham sido aprovados para comercialização em vários países, dentre os quais incluemse: a batata, com resistência a insetos; o tomate com maior período póscolheita; a abóbora com resistência a vírus; e a canola com resistência a herbicida. Os países em desenvolvimento só têm a ganhar com a utilização dessas novas tecnologias, quando acopladas a um sistema multidisciplinar visando o melhoramento genético. A qualificação de profissionais nessa área é essencial para formação de competência. Para parte da opinião pública essa nova tecnologia tem sido vista como uma afronta à ordem natural das coisas. Daí, rotularem os transgênicos de “antinaturais”. Entretanto, o me canismo da transgênese é um reflexo do que acontece na natureza, ou seja, a interação entre as plantas e a bactéria de solo Agrobacterium tumefaciens. Portanto, a transferência de genes entre reino diferentes vem ocorrendo há milhões de anos. No Brasil, trabalhos pioneiros em transformação genética de hortaliças, estão sendo desenvolvidos, em parceria, pela Embrapa Hortaliças, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Universidade Federal de Pelotas. Clones transgênicos de batata “Achat”, resistentes ao virus Y da batata (PVY), foram desenvolvidos mediante a expressão do gene que codifica a proteína da capa proteíca. Em casa-de-vegetação esses clones mantiveram o padrão de resistência quando desafiados por inoculação mecânica. Atualmente, esses clones estão sendo avaliados em campo. Antonio Carlos Torres e Leonardo S. Boiteux, Pesquisadores da Embrapa Hortaliças. Foto da capa: Arquivo Embrapa Hortaliças. Nossa Capa: Expressão do gene gus em plantas transgênicas de alface e batata Foto Centro: Corte transversal de segmento de caule de batata mostrando a expressão do gene gus (azul) localizado no sistema vascular Foto Superior esquerda: Segregação da geração R0 em sementes de alface mostrando o controle (ausência de coloração) e a expressão do gene gus (azul) Foto Superior direita: Brácteas de alface mostrando expressão do gene gus (azul) e controle (ausência de coloração) Foto Inferior esquerda: Calo de alface mostrando a expressão localizada do gene gus (azul) Foto Inferior direita: Folha de alface mostrando a expressão do gene gus (azul) A revista Horticultura Brasileira é indexada pelo CAB, AGROBASE, AGRIS/FAO, TROPAG e sumários eletrônicos/IBICT. Programa de apoio a publicações científicas Horticultura Brasileira, v. 1 nº1, 1983 - Brasília, Sociedade de Olericultura do Brasil, 1983 Quadrimestral Títulos anteriores: V. 1-3, 1961-1963, Olericultura. V. 4-18, 1964-1981, Revista de Olericultura. Não foram publicados os v. 5, 1965; 7-9, 1967-1969. Periodicidade até 1981: Anual. de 1982 a 1989: Semestral a partir de 1999: Quadrimestral 1. Horticultura - Periódicos. 2. Olericultura - Periódicos. I. Sociedade de Olericultura do Brasil. CDD 635.05 Tiragem: 1.000 exemplares