Avaliação da iluminação em creches públicas no município
Transcription
Avaliação da iluminação em creches públicas no município
Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP Rosangela Nunes de Matos1 - arqta.ronunes@yahoo.com.br Especialização em Iluminação e Design de Interiores - IPOG São Paulo, SP, 24 de Julho de 2012 Resumo O presente trabalho propôs avaliar a iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires, que atendem crianças entre zero e quatro anos de idade. Para alcançar a finalidade foram avaliados aspectos técnicos referentes à iluminação, juntamente com estudos bibliográficos. Após o levantamento dos valores de iluminância nos espaços destinados aos berçários, verificou-se heterogeneidade da iluminação, caracterizando os ambientes como inadequados segundo as normas existentes em vigor. Os resultados demonstraram falta de projetos luminotécnicos e falhas na implantação, repercutindo de modo negativo no processo de aprendizado. Acredita-se que esta pesquisa possa oferecer ao município soluções de iluminação adequadas para as creches, de acordo com os níveis de iluminância necessários e compatíveis com as atividades desenvolvidas. Palavras-chave: Iluminação; Creches; Aprendizado. 1. Introdução Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Crianças no período de educação infantil recebem apoio pedagógico além de cuidados de higiene e nutrição. As creches iniciam o processo de alfabetização através de atividades lúdicas onde as crianças adquirem conhecimento, interagindo com o ambiente através dos sentidos, principalmente pela visão que se desenvolve progressivamente até os cinco anos de idade quando se torna igual à de um adulto. De acordo com Kowaltowski (2011), a formação do aluno depende não apenas do professor e do material didático, mas também do espaço que ele frequenta. Nesta etapa de iniciação à aprendizagem todos os estímulos transmitidos às crianças são de suma importância. Quase todos os ambientes são construídos para receber atividades humanas e, para um melhor desempenho dessas atividades, é necessário ter uma boa definição da informação visual que constitui 85% da percepção humana, convertendo-a no elemento mais importante para o indivíduo. A partir dela, localizamo-nos no espaço e criamos uma intimidade com o ambiente (LIMA, 2010:3). Dessa forma o ambiente arquitetônico de uma escola pode interferir na aprendizagem dos alunos e na produtividade dos professores. “O projeto do ambiente de ensino discute o projeto arquitetônico e o conforto ambiental de edificações e sua contribuição para a qualidade do ambiente escolar e o alcance dos objetivos pedagógicos” (KOWALTOWSKI, 2011). Um projeto arquitetônico bem 1 Formação – Pós-graduando na Especialização em Iluminação e Design de Interiores ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 elaborado pode proporcionar condições de conforto adequado, garantindo o bem estar dos usuários e repercutindo de forma positiva no processo de ensino e aprendizagem. Mostrou-se que a educação de qualidade depende de um ambiente de ensino com um grande número de componentes que devem trabalhar em sintonia com o objetivo de aprofundar e ampliar o aprendizado dos alunos. O ambiente depende das características das pessoas presentes, do sistema educacional adotado, do suporte da comunidade e da infraestrutura disponível. A escola também depende da qualidade dos espaços que abrigam as atividades pedagógicas desenvolvidas. A arquitetura escolar, por isso, tem um papel fundamental ao propiciar um ambiente de ensino adequado, considerado o terceiro professor (KOWALTOWSKI, 2011: 61). É importante salientar que a iluminação dos ambientes pode influenciar no comportamento dos usuários. De acordo com Kowaltowski (2011) a luz natural é essencial para o bem estar fisiológico e psicológico de crianças e adultos confinados por muitas horas em espaços internos ou fechados. É através da iluminação que os ciclos de melatonina, hormônio do sono, e de cortisol, hormônio do stress, nos seres humanos são controlados. Já Solano (2001) comenta que a presença marcante da luz, em edifícios escolares, tem valor indiscutível, estimulando a criatividade e a sensibilidade. “A boa iluminação, juntamente com a boa acústica, conforto térmico e ventilação, será parâmetro fundamental para o bom aprendizado e rendimento dos alunos” (SOLANO, 2001). Por outro lado, Silva (2009) explica que bem iluminar não quer dizer bastante iluminação, mas iluminação na medida adequada e com recursos de dinamicidade. Segundo Kowaltowski (2011), há avanços no sentido de melhorar o ambiente em escolas públicas e comenta que é urgente a adequação do ambiente educacional às práticas tidas como ideais para a formação dos cidadãos atuais, tarefa de responsabilidade de arquitetos e profissionais da área de construção. Kowaltowski (2011) também acredita que não é escopo do projetista o estudo aprofundado de como o estudante apreende, mas o que importa a esse profissional são as práticas que se desenvolvem nos espaços de aprendizagem. Assim mostra-se evidente a necessidade de diagnosticar os berçários das creches municipais, a fim de avaliar a iluminação e contribuir com as questões pedagógicas da instituição. 2. Ambiente escolar e o conforto luminotécnico O ambiente escolar das unidades de educação infantil não tem contemplado o conforto ambiental como um dos itens essenciais do partido arquitetônico. Berçários com pouca ou nenhuma iluminação natural, falta de área de solário para banho de sol, iluminação artificial tratada da mesma forma em todos os ambientes independente das atividades realizadas são bastante frequentes na rede pública de ensino. Ambientes dominados pela iluminação artificial, vidros opacos que impedem a visão do exterior, presença de grades de proteção, monotonia de formas, cores e mobiliário, falta de manutenção, excesso de ordem, rigidez na funcionalidade, falta de personalização e impossibilidade de manipulação pelo usuário, são considerados desumanos e, portanto, menos satisfatórios ou apreciados (KOWALTOWSKI, 2011:44). As crianças e os educadores passam parte do dia no interior das escolas e a qualidade desses ambientes podem afetar a vida e o comportamento desses usuários. “As pessoas que ali estudam e trabalham necessitam estar bem acomodadas” (KOWALTOWSKI, 2011). A iluminação nos berçários é necessária tanto para a execução de tarefas pelos funcionários quanto ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 para o desenvolvimento de atividades pelas crianças e através dela é possível que se tenha a percepção visual e espacial, seja de um ambiente ou de um objeto. “Aprendemos durante nossa infância como as formas se revelam na luz e o que cada uma delas significa” (LIMA, 2010). Durante a fase de aprendizado, as crianças necessitam de ambientes criativos e estimulantes nos momentos de recreação e ao mesmo tempo tranquilos e confortáveis nos períodos de repouso. Kowaltowski (2011) comenta que a iluminação natural e artificial, na maior parte dos ambientes escolares, é usada de modo combinado para oferecer ambientes condizentes com o tipo de atividade desenvolvida, já Silva (2009) salienta que identificar a atividade e definir o tipo de luz adequada é objetivo essencial de um projeto. Entretanto, a maioria das construções escolares públicas é uma tentativa de padronização de um tipo de edificação, diferentes apenas na implantação. “A decisão sobre o local de implantação deve-se a fatores políticos: o local é escolhido em função da sua visibilidade, o que nem sempre significa que é adequado a uma escola” (KOWALTOWSKI, 2011). Ainda segundo Kowaltowski (2011), o histórico de construções das escolas mostra a constante preocupação em atender à crescente demanda por vagas, ou seja, nem sempre a prioridade é a qualidade dos ambientes, mas a quantidade de vagas criadas e, além disso, a padronização nem sempre leva em conta situações locais específicas, resultando em ambientes escolares desfavoráveis, com problemas de conforto ambiental. Esse fato implica em falhas na orientação das edificações, que podem apresentar iluminação precária ou em excesso, além de não atender às expectativas e necessidades dos usuários. De acordo com os Parâmetros básicos de infaestrutura para instituições de educação infantil (2006), as salas dos berçários devem possuir janelas com abertura mínima de 1/5 da área do piso permitindo a ventilação e iluminação natural, além de visibilidade para o ambiente externo. Deve ser previsto solário, área livre descoberta para banho de sol, com orientação solar adequada, localizado próximo à sala, possibilitando fácil integração e acesso. A iluminação artificial deve ser uniforme, bem distribuída e difusa, preferencialmente indireta evitando-se ofuscamentos, reflexos, sombras ou contrastes excessivos. Por outro lado, a ABNT NBR 5413 (1992), norma que estabelece os valores de iluminância de interiores, recomenda que salas de aula devam apresentar em média 300 lux (tabela 01), nível de iluminação necessário para execução de tarefas com requisitos visuais limitados, para usuários com idade inferior a 40 anos, onde a velocidade e precisão são importantes para o cuidado das crianças em ambientes com refletâncias entre 30 e 70% (tabela 02). Classe A Iluminação geral para áreas usadas interruptamente ou com tarefas visuais simples B Iluminação geral para área de trabalho C Iluminação adicional para tarefas visuais difíceis Iluminância (lux) Tipo de atividade 20 – 30 – 50 50 – 75 – 100 100 – 150 – 200 Áreas públicas com arredores escuros Orientação simples para permanência curta Recintos não usados para trabalho contínuo; depósitos Tarefas com requisitos visuais limitados, trabalho bruto de maquinaria, auditórios Tarefas com requisitos visuais normais, trabalho médio de maquinaria, escritórios Tarefas com requisitos especiais, gravação manual, inspeção, indústria de roupas Tarefas visuais exatas prolongadas, eletrônica de tamanho pequeno Tarefas visuais muito exatas, montagem de microeletrônica 200 – 300 – 500 500 – 750 – 1000 1000 – 1500 – 2000 2000 – 3000 – 5000 5000 – 7500 – 10000 ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP 10000 – 15000 – 20000 Fonte: Adaptado de ABNT NBR 5.413 (1992) julho de 2013 Tarefas visuais muito especiais, cirurgia Tabela 01 – Iluminâncias por classe de tarefas visuais As cores do teto, paredes e piso, são fatores que também influenciam nas condições de iluminação uma vez que a refletância das superfícies permite maior ou menor reflexão da luz nos ambientes. “As cores das paredes e do teto das salas de aula influenciam a qualidade construtiva, pois atuam nas condições de iluminação e, indiretamente, ampliam a legibilidade” (KOWALTOWSKI, 2011). Características da tarefa e do observador -1 Idade Inferior a 40 anos Velocidade e precisão Sem importância Refletância do fundo da tarefa Superior a 70% Fonte: Adaptado de ABNT NBR 5.413 (1992) Peso 0 40 a 55 anos Importante 30 a 70% +1 Superior a 55 anos Crítica Inferior a 30% Tabela 02 – Fatores determinantes da iluminância adequada Ainda segundo Kowaltowski (2011), a iluminação e a cor devem estar de acordo com as atividades desenvolvidas no espaço, e não com o padrão estabelecido ou o resultado do layout inicialmente previsto. Baseado em Kowaltowski (2011), ambientes escolares são ricos em informações e podem ter avaliações em relação à satisfação dos usuários e à aprendizagem dos alunos, medindo-se a produtividade do ambiente. Espera-se que a partir da análise dos ambientes dos berçários, diagnosticando os fatos acima apresentados, juntamente com a avaliação dos funcionários seja possível propor recomendações para a elaboração de projetos que favoreçam o conforto dos usuários. Assim, idealizou-se uma pesquisa referente à avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires SP. 3. Método Os dados foram coletados no mês de junho de 2012 nos ambientes destinados aos berçários na E. M. Prof. Valberto Fusari localizada em Ribeirão Pires, região metropolitana do Estado de São Paulo. Foram levantadas as dimensões, cores de teto, paredes e piso, aberturas, orientação, tipos de controle para proteção solar, luminárias e lâmpadas. Utilizou-se trena a laser da marca Bosch modelo DLE 50 para o levantamento das dimensões, câmera fotográfica digital da marca Kodak modelo Easyshare Sport C123 12MP para o registro dos ambientes e luxímetro da marca Minipa modelo MLM-1011 para as medições de iluminância. Para o levantamento das demais informações necessárias foi utilizado um formulário para cada ambiente. A população dos berçários avaliados é composta por 120 crianças de 0 a 4 anos e 34 educadores, sendo estes avaliados por meio de um questionário cujo objetivo é analisar o nível de satisfação dos funcionários quanto à iluminação dos ambientes. 3.1 Caracterização do objeto de estudo ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 A creche localiza-se no Centro de Ribeirão Pires, dentro do Complexo Cultural Ayrton Senna. No entorno da creche estão a SEJEL – Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer, a SEI – Secretaria de Educação e Inclusão, o Teatro Municipal Euclides Menato, a Tenda de eventos, onde ocorre anualmente o Festival do Chocolate, além de comércios, serviços, edificações de uso institucional e algumas residências, caracterizando um bairro de uso e ocupação do solo misto (figura 01). Os berçários avaliados estão distribuídos pela edificação e o critério de escolha foram as diferentes orientações dos ambientes (figura 02). Figura 01 – Implantação E. M. Prof. Valberto Fusari Fonte: Adaptado de Google Maps (2012) ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 Figura 02 – Planta E. M. Prof. Valberto Fusari Fonte: a autora O berçário IA (figuras 03 e 04) atende cerca de 30 crianças de 0 a 11meses e conta com cinco profissionais no período da manhã (7h às 13h) e cinco no período da tarde (13h às 19h). Localiza-se na fachada leste da edificação e conta com área de solário conectada à sala. Possui dimensão de 9.10m por 4.60m, totalizando 41,86m². O teto, uma laje inclinada revestida com massa corrida e tinta látex branca, possui pé direito variável de 3.0m a 2.70m. As paredes são pintadas de azul com tinta esmalte até 1m e o restante na parte superior em tinta látex PVA em tonalidade mais clara. Já o piso é revestido com placas cerâmicas brancas. As esquadrias são metálicas pintadas com tinta esmalte verde, dimensões das janelas 3.00m x 1.20m e peitoril de 0.90m, onde são utilizadas cortinas para proteção solar. Quanto à iluminação artificial, são utilizadas cinco luminárias distribuídas simetricamente em duas fileiras. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 Figura 03 – Planta do berçário IA Fonte: a autora Figura 04 – Berçário IA Fonte: a autora Já o berçário IB (figuras 05 e 06) atende 30 crianças de 1 ano a 1 ano e 5 meses e conta com quatro profissionais em cada período. Localiza-se ao lado direito do berçário IA e está voltado para o pátio interno da edificação, coberto com telhas de fibrocimento e de PVA translúcidas. Possui as mesmas características do Berçário IA, diferenciando apenas no piso de material vinílico na cor bege escuro e na ausência de solário. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 Figura 05 – Planta do berçário IB Fonte: a autora Figura 06 –Berçário IB Fonte: a autora O berçário IC (figuras 07 e 08) por sua vez, possui dimensões menores, atende 20 crianças de 1 ano e 6 meses a 1 ano e 11 meses e conta com três profissionais em cada período. Está voltado para fachada oeste e possui solário conectado à sala. Possui 6.25m por 4.75m, totalizando 29,68m². A laje também é inclinada, pé direito variável de 3.0m a 2.70m. Teto revestido com argamassa e pintura látex na cor branca. Paredes pintadas com tinta esmalte na cor verde até 1m e demais partes com tinta látex PVA em tonalidade mais clara. Piso em placas cerâmicas na cor branca e esquadrias ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 metálicas pintadas com tinta esmalte verde, nas dimensões 2.50m x 1.20m e peitoril de 0.90m, com cortinas para proteção solar. Duas luminárias espaçadas simetricamente em fila única são utilizadas para a iluminação artificial. Figura 07 – Planta do berçário IC Fonte: a autora Figura 08 – Berçário IC Fonte: a autora ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 A sala do minigrupo D (figuras 09 e 10) atende 15 crianças de 3 anos e 6 meses a 4 anos, com três profissionais em dois períodos. Com acesso pelo pátio interno coberto, está localizada ao fundo da edificação do bloco principal, cujas aberturas estão voltadas para o sul (duas janelas com dimensões de 1.50m x 0.60m e peitoril de 1.40m) e para o pátio interno coberto (duas janelas com dimensões de 1.35m x 0.80m e 2.00m x 0.80m, ambas com 1.30m de peitoril). O ambiente apresenta as seguintes dimensões: 5.95m x 5.45m, área de 32,42m² e pé direito de 2.70m. O teto tem laje plana com revestimento em massa corrida e pintura em tinta látex PVA branca. Piso em placas cerâmicas brancas e paredes pintadas em azul, sendo 1m em tinta esmalte e o restante em látex PVA em tonalidade mais clara. Existem duas luminárias simetricamente distribuídas em fileira única. Figura 09 – Planta do minigrupo D Fonte: a autora ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 Figura 10 – Minigrupo D Fonte: a autora Para atender crianças de 2 anos a 2 anos e 11 meses, foi criado um bloco anexo, com fachada voltada para o norte e interligado ao bloco principal da edificação por uma passagem coberta com telhas cerâmicas e algumas telhas de vidro que permitem a entrada de iluminação natural nesta circulação. Neste bloco foi avaliado o berçário IIC (figuras 11 e 12), cujas dimensões são 8.00m x 5.00m, totalizando 40,00m² onde trabalham dois profissionais em cada período e atendem cerca de 25 crianças. Possui porta de vidro para acesso ao solário, nas dimensões de 2.40m x 2.10m, está voltada para fachada norte e possui cortina do tipo blackout para proteção solar. Na parede oposta, também em vidro, voltada para a circulação coberta, abertura com dimensões de 2.40m x 1.20m e peitoril de 1.0m onde são utilizadas cortinas em tecido leve proporcionando privacidade ao ambiente. Possui forro em gesso com pé direito de 2.70m. O piso tem placas cerâmicas brancas e as paredes são pintadas de azul, sendo uma faixa de 1m em esmalte e o restante em látex PVA em tonalidade mais clara. Seis luminárias são distribuídas simetricamente em duas fileiras. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 Figura 11 – Planta do berçário IIC Fonte: a autora Figura 12 – Berçário IIC Fonte: a autora Em todas as salas foram utilizadas luminárias de sobrepor com corpo em chapa de aço tratada com acabamento em pintura eletroestática epóxi-pó na cor branca, com refletor em alumínio anodizado de alto brilho (reflexão total de 86%), sem aletas. As lâmpadas são do tipo fluorescente tubular, com 32W de potência, fluxo luminoso de 2.700 lm, temperatura de cor 4.000K e índice de reprodução de cor entre 80 e 89. Apenas o Berçário IA apresenta luminárias com apenas uma lâmpada, os demais ambientes possuem duas lâmpadas por luminária. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 3.2. Avaliação da iluminação As medições dos níveis de iluminância foram realizadas no dia 19 de junho de 2012 com luxímetro da marca Minipa, modelo MLM-1011, cujos procedimentos seguiram o método das Iluminâncias médias. Os ambientes foram divididos em áreas iguais e os níveis de iluminância foram medidos no centro de cada área. Foram verificadas as condições de conforto lumínico em cada ponto com lâmpadas acesas e apagadas, sendo a iluminação total geral – iluminação artificial e natural avaliada com lâmpadas acesas e cortinas abertas uma vez que no período das medições o tempo apresentava-se nublado, com o céu parcialmente encoberto. Os resultados foram comparados com os valores recomendados pela NBR ABNT 5413, cuja iluminância média recomendada para salas de aula é 300 lux. 3.3. Avaliação da satisfação dos usuários Foram incluídos na avaliação todos os funcionários que atuam nas salas objeto de estudo desta pesquisa. A amostra é composta por 34 educadores sendo que 79,41% (27) participaram da pesquisa e 20,59% (07) não aceitaram participar. Dentre os funcionários que participaram 33,33% (09) atuam no Berçário IA, 22,22% (06) no Berçário IB, 14,81% (04) no Berçário IC, 11,11% (03) no Berçário IIC e 18,52% (05) no Minigrupo D. A maioria dos educadores, 96,30% (26) são mulheres e apenas 3,70% (01) são homens. Utilizou-se um questionário, elaborado com o objetivo de avaliar o nível de satisfação dos funcionários da creche, contendo perguntas relacionadas às condições de iluminação nos berçários (adequada, excessiva ou insuficiente). Os questionários foram entregues no dia 19 de junho de 2012 e recolhidos após dois dias. 4. Resultados Os resultados das medições do nível de iluminância nas cinco salas avaliadas na E.M Prof. Valberto Fusari estão apresentados na tabela 03. Observa-se que não há uniformidade de luz nos diversos pontos analisados destes ambientes. E E01 E02 E03 E04 E05 E06 E07 E08 E09 E10 E11 E12 E13 E14 E15 E16 Minigrupo D 14h30 N A 27 146 10 344 10 530 8 245 5 94 8 115 8 235 11 435 11 325 12 154 11 150 14 265 12 410 9 230 9 115 15 103 Berçário I B 15h00 N A 5 290 5 342 5 333 5 342 3 320 3 230 3 215 5 300 3 270 4 380 5 464 7 372 22 380 26 220 6 140 6 235 Berçário I A 15h30 N A 83 207 90 266 103 279 78 292 45 215 22 141 36 138 18 208 27 172 44 300 70 326 117 317 125 348 95 230 260 345 253 435 Berçário I C 16h00 N A 7 118 8 186 9 285 13 270 11 155 13 150 11 300 10 406 9 297 7 130 8 150 11 280 13 400 14 350 16 200 22 190 Berçário II C 16h30 N A 22 445 24 630 22 625 20 390 26 395 32 610 33 715 30 515 36 485 42 744 38 510 34 338 51 380 61 670 62 685 53 520 ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP E17 E18 E19 E20 E21 E22 E23 E24 E25 E26 E27 E28 E média julho de 2013 20 24 40 13 20 68 23 48 25 - 274 590 356 165 112 285 460 300 125 - 9 9 7 7 10 35 5 7 35 80 30 3 348 495 410 420 444 200 220 258 372 325 180 96 320 90 48 22 15 12 20 30 460 710 550 1350 415 408 280 210 149 105 155 240 540 1435 720 1480 52 49 28 20 50 83 230 220 160 - 340 385 295 140 190 220 430 375 255 - 51 870 700 65 - 350 1.030 950 270 - 18 263 13 307 182 370 43 260 114 563 E=Iluminância Fonte: a autora N=Iluminação Natural A=Iluminação Artificial E média= Iluminância média Tabela 03 – Níveis de iluminância – E. M. Prof. Valberto Fusari A tabela 04 apresenta uma comparação entre os níveis de iluminância média referente à iluminação total geral – iluminação artificial e natural – em cada ambiente. Sala Berçário IA Berçário IB Berçário IC Berçário IIC Minigrupo D Fonte: a autora Área m² Aberturas m² Orientação (Fachada) Controle Insolação Nº de Luminárias 41,86 41,86 29,68 40,00 32,42 3,60 3,60 3,00 7,92 4,48 Leste Pátio interno Oeste Norte Sul Cortina Cortina Cortina Cortina Cortina 05 05 02 06 02 Nº lâmpadas/ luminária 01 02 02 02 02 Iluminância média 370 307 260 563 263 Tabela 04 – Níveis de iluminância médios – E. M. Prof. Valberto Fusari De acordo com a tabela 04, a sala que mais se aproxima do valor recomendada pela norma, é o Berçário IB que apresenta 307 lux de iluminância média. As salas dos Berçários IA e IIC apresentam níveis de iluminância acima da média enquanto que o Berçário IC e Minigrupo D não atingiram os níveis necessários. É importante salientar que mesmo estando voltada para um pátio interno coberto, a sala do Berçário IB apresenta maior nível de iluminância do que o Berçário IC e Minigrupo D, uma vez que possui maior número de luminárias distribuídas na sala. As variações de níveis de iluminação natural e artificial em cada ambiente estão apresentadas nas figuras 13 e 14, respectivamente. Analisando a figura 13, verificou-se que as salas com orientação leste (Berçário IA) e norte (Berçário IIC) apresentaram maior incidência de luz natural, enquanto que as demais salas apresentaram níveis bastante baixos. Já na figura 14, é possível constatar que a maioria das salas apresentam níveis de iluminância total acima de 300 lux. Apenas as salas com fachadas oeste (Berçário IC) e sul (Minigrupo D) ficaram abaixo da média e não estão, portanto, seguindo as exigências da norma. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Iluminância (lux) Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 300 250 200 150 100 50 0 14h30 15h 15h30 16h 16h30 Berçário IIC Minigrupo D Hora Berçário IA Berçário IB Berçário IC Iluminância (lux) Figura 13 – Níveis de iluminação natural – E.M. Prof. Valberto Fusari Fonte: a autora 600 500 400 300 200 100 0 14h30 15h 15h30 16h 16h30 Hora Berçário IA Berçário IB Berçário IC Berçário IIC Minigrupo D Figura 14 – Níveis de iluminação artificial – E.M. Prof. Valberto Fusari Fonte: a autora Com relação às aberturas, todas as salas possuem janelas com área inferior a 1/5 da área do piso, apresentando pouca ou nenhuma visibilidade para o ambiente externo, além de ventilação e iluminação natural abaixo do mínimo estabelecido pelo Ministério da Educação. Os resultados do nível de satisfação dos funcionários da creche, analisados por questionário, estão apresentados a seguir. Na figura 15 observa-se que 93% (25) avaliam a iluminação artificial como adequada e apenas 7% (2) acham que é excessiva. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 7% 0% 93% Adequada Excessiva Insuficiente Figura 15 – Iluminação artificial segundo os funcionários Fonte: a autora Quanto à iluminação natural 59% (16) acham adequada enquanto 41% (11) definiram como insuficiente o nível de insolação nos ambientes (figura 16). 41% 59% 0% Adequada Excessiva Insuficiente Figura 16 – Iluminação natural segundo os funcionários Fonte: a autora Já 67% (18) dos funcionários responderam que não há ofuscamento (figura 17) enquanto que 33% (9) deles demonstraram algum incômodo na visão por reflexos ou excessos de luz enquanto trabalham. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 33% 67% Sim Não Figura 17 – Ofuscamento segundo os funcionários Fonte: a autora 5. Conclusão Através dos resultados obtidos nesta pesquisa constatou-se que as condições de iluminação em creches públicas de Ribeirão Pires não atendem plenamente às exigências e às normas de iluminação. Foi observado que a incidência de iluminação natural varia de acordo com a implantação dos ambientes, tamanho e altura das aberturas. Com relação à iluminação artificial, verificou-se que embora algumas salas apresentem níveis de iluminação acima da média estabelecida pela NBR 5413, em todos os berçários há grande variação de iluminâncias, resultando em ambientes heterogêneos, com distribuição não uniforme da luz e com luminárias sem padronização de número, independente das dimensões das salas. Já com relação aos funcionários, a maioria demonstrou estar satisfeitos com a iluminação dos berçários e poucos se incomodam com o ofuscamento provocado pelas luminárias, o que denota por parte dos educadores pouca importância com a qualidade da luz nos ambientes e falta de conhecimento sobre os seus efeitos no bem estar dos usuários. A fim de melhorar a qualidade da iluminação nos berçários recomenda-se a instalação de luminárias mais eficientes, de acordo com a quantidade definida em projeto, que contemplem aletas a fim de evitar o ofuscamento, proporcionando uma iluminação uniformemente distribuída e difusa. Aberturas com dimensões maiores também são necessárias, proporcionando melhor aproveitamento da luz natural, assim como pintura das paredes com cores mais claras aumentando a refletância das superfícies permitindo maior reflexão da luz nos ambientes. Outro ponto importante é a dimerização das lâmpadas, possibilitando a variação da intensidade da luz, criando cenas nos berçários, de forma a ter uma luz mais intensa para a criança brincar e explorar o ambiente e luz mais suave e aconchegante durante o repouso. O uso de lâmpadas com diferentes temperaturas de cores também pode ser uma maneira de influenciar os aspectos fisiológicos e comportamentais dos usuários. Há evidências que luzes brancas e azuis interferem na produção de hormônios pelo organismo, suprimindo a produção de melatonina e elevando o nível de cortisol, ocorrendo o contrário com luzes vermelhas e amarelas. Dessa forma, luz mais intensa com temperatura de cor elevada, aumentam o nível de cortisol no organismo, estimulando a atenção e a atividade mental. Enquanto que temperatura de cor mais baixa e ambiente mais escuro aumentam os níveis de melatonina, induzindo à sonolência. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 Aplicando essas soluções, a luz passa a ser utilizada de acordo com a atividade, com maior eficiência, aumentando a vida útil das lâmpadas e reduzindo o consumo de energia elétrica. Portanto, fica evidente a necessidade de integração entre o projeto arquitetônico e o projeto luminotécnico em edifícios escolares, oferecendo níveis adequados de iluminação natural e artificial, garantindo o conforto e o bem estar dos usuários e principalmente o rendimento e aprendizado das crianças. Referências ABNT. NBR 5413: Iluminância de Interiores. São Paulo, 1992. BRASIL. Congresso Nacional. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e base da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros básicos de infaestrutura para instituições de educação infantil: Encarte 1. Brasília: MEC, SEB, 2006. 31p. :il. KOWALTOWSKI, Doris C. C. K. Arquitetura Escolar – o projeto do ambiente de ensino. Brasil: Oficina de Textos, 2011. 272 p. LIMA, Mariana Regina Coimbra de. Percepção Visual Aplicada a Arquitetura e Iluminação. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2010. 145 p. SILVA, Mauri Luis da. Iluminação – Simplificando o Projeto. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda. 2009. 176 p. VIANA, Nelson Solano; GONÇALVES, Joana Carla Soares. Iluminação e Arquitetura. São Paulo: Virtus s/c Ltda, 2001. 378 p. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 ANEXO I - Formulário de vistoria Unidade Escolar: Data: Sala: Orientação da fachada: 1. Iluminação Natural: a. Janelas do lado esquerdo da sala b. Janelas do lado direito da sala c. Janelas ao fundo da sala d. Janelas em mais de um lado da sala Dimensão das janelas: __________x__________ Peitoril: __________ Quantidade: __________ 2. Controle de proteção solar: a. Cortina b. Persiana c. Brises 3. Iluminação artificial: a. Luminária: b. Lâmpada: c. Nº luminária/sala: d. Nº lâmpada/luminária: 4. Distribuição das luminárias: a. Luminárias simetricamente espaçadas em duas ou mais fileiras b. Luminária central c. Luminárias individuais em linha única d. Luminárias com duas ou mais linhas contínuas e. Luminárias com uma linha contínua f. Teto luminoso 5. Solário: a. Existente – conectado à sala b. Inexistente 6. Materiais e cores a. Teto b. Paredes c. Piso d. Mobiliário e. Esquadrias 7. Funcionários: a. Mulheres b. Homens Quantidade: Horas de trabalho: ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013 Avaliação da iluminação em creches públicas no município de Ribeirão Pires – SP julho de 2013 ANEXO II - Questionário aplicado aos funcionários da Creche Unidade Escolar: Nome: Função: Data: _____/_____/_____ 1. Iluminação geral da sala a. Adequada b. Excessiva c. Insuficiente 2. Luminárias a. Acesas o dia inteiro b. Acesas somente quando há necessidade (Aproveitamento da luz do dia) c. Apagadas o dia inteiro d. Apagadas durante o repouso das crianças 3. Iluminação natural a. Existente b. Ausente 4. Quanto à iluminação natural a. Adequada b. Excessiva c. Insuficiente 5. Controle de insolação (cortinas, persianas, brises) a. Ficam sempre abertos b. Ficam sempre fechados c. Abertas ou fechadas de acordo com a insolação d. Fechadas durante o repouso das crianças e. Não há controle de insolação 6. A visão é ofuscada por reflexos ou excesso de luz? a. Sim b. Não 7. No período de repouso a maioria das crianças a. São tranquilas e dormem com facilidade b. Ficam irritadas e tem dificuldade em dormir ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 – julho/2013