Especial de aniversário

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Especial de aniversário
Edição especial - Janeiro 2014
Paraisopólis
141 anos!
Especial de aniversário
Aislan Ferreira
Prezado (a) Leitor (a).
É com imensa satisfação que me dirijo a você por meio destas simples, mas
verdadeiras palavras.
Há mais de cinco anos o ‘Jornal Gazeta do Vale’ circula em Paraisópolis, cidade
que adotou nossa equipe e nos tornamos filhos da terra.
Há exatamente um ano fui iluminado por Deus, após idealizar e realizar o primeiro caderno de aniversário da cidade em comemoração aos 140 anos de emancipação política e, junto com este caderno especial, lançar a primeira edição do
jornal GAZETA DO VALE MICRORREGIONAL. Nosso veículo de comunicação foi
prontamente aceito pelos anunciantes e leitores, a quem dedico toda minha gratidão.
Muitos pensam e dizem que existe algum político por trás das atividades de
nosso periódico, o que não é verdade. Nosso jornal, desde a sua criação, nunca
teve nenhum vínculo ou acordo com ninguém. Divulgamos gratuitamente os feitos dos políticos que são comprometidos com os interesses da sociedade e que realizam obras de interesse público. Nosso compromisso é único e exclusivamente com anunciantes e leitores, pois estes sim são os esteios de qualquer projeto.
No mês de fevereiro, o Jornal GAZETA DO VALE MICRORREGIONAL completará seu primeiro ano e, para diferenciar da edição regional, passaremos a utilizar
o nome de GAZETA MICRORREGIONAL, no lugar de GAZETA DO VALE.
Quero aqui aproveitar e registrar meus sinceros agradecimentos a todos colaboradores que, neste período de quase seis anos de existência do Jornal, traba-
lham incansavelmente para fazer
o melhor. São eles: os Jornalistas Luis César e Carla
Barbosa, representantes Edson Carvalho, José Astrogildo e Mara Lambert,
secretária Darline, diagramador e arte finalista Marcos Maciel, responsável pela
distribuição Luiz Fernando e, em especial, Deus e minha sócia e esposa Mariângela.
Graças ao esforço de todos, podemos dizer que, hoje, o jornal GAZETA
DO VALE:
Tem a melhor tiragem;
Tem a melhor impressão;
Tem a melhor distribuição, e o mais importante
Tem compromisso e respeito com o Leitor.
Abraços a todos e parabéns a Paraisópolis pelos seus 141 anos e a toda sua população, simpática e acolhedora.
Gerson Oliveira
Diretor Geral
Expediente
Jornal Gazeta do Vale
Redação: Avenida Tiradentes, 250, Centro, Cambuí/MG, CEP 37600-000.
Telefone: (35) 3431-6262 | E-mail: redacao@jormalgazetadovale.com.br | Comercial: comercial@jornalgazetadovale.com.br | www.jornalgazetadovale.com.br | Diretor geral: Gerson Benedito de Oliveira | Reportagens: Carla Barbosa | Jornalista Responsável: Luis Cesar da Fonseca (Mtb 09485 JP-MG) | Diagramação e arte final: Marcos Maciel.
Colaboradores: Aislan Ferreira, Anderson Nasser, Emanoel Almeida e Marcia Maria de Souza. As matérias assinadas
são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opnião deste veículo de comunicação. As publicidades veiculadas são de responsabilidade das empresas anunciantes. | Representante comercial:
José Astrogildo (35) 9949-5580.
Circulação quinzenal / Impressão: PousoGraf - Pouso Alegre/MG - Telefone: (35) 3421-4896
Edição especial de aniversário Paraisópolis. Tiragem: 4.000 exemplares
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e
E o Zé N
Carla Barbosa
José Toledo Neto, casado com
Anita Ferreira Toledo. Sete �ilhos, doze netos e dois bisnetos.
Impossível não conhecer e admirar essa �igura que de tão popular, tornou-se apenas: Zé Neto.
Paraíso não é sua terra natal,
mas, foi nessas terras que há 55
anos conheceu e se casou com
dona Anita, criou os �ilhos e �ixou
raízes. Zé Neto nasceu em Ouro
Fino, com poucos meses mudou-se para Pouso Alegre, aos treze
anos foi morar em Taubaté e com
15 anos �inalmente se �irmou em
Paraisópolis.
Aqui se fez presente em vários setores. Estudou até a 4ª série na escola municipal ‘Bueno
de Paiva’. Trabalhou em duas tipogra�ias na cidade, prestou Serviço Militar, mudou-se para São
José dos Campos, onde foi motorista de ônibus circular. Retornou a Paraisópolis e trabalhou
nos Correios por quinze anos até
sua aposentadoria. Mesmo depois de aposentado, Zé Neto não
parou. Foi taxista e motorista de
ônibus escolar.
Mas, não foi somente na vida
pro�issional que ele marcou presença na cidade. A irreverência
não podia �icar contida. Fez par-
ticipações em teatros, foi locutor
da rádio Paraisópolis, tocou em
bandas, foi goleiro da seleção de
Paraisópolis, professor das fanfarras do Colégio Santa Ângela e Escola Estadual Antônio Eufrásio de Toledo, palestrante em
grupos de oração, trabalhou em
encontros de Casais, foi comissário de menor entre tantas outras
facetas que até mesmo lhe fogem
a memória.
Dada a importância de seus
feitos e contribuição para o desenvolvimento da cidade, em
2011 recebeu da Câmara Municipal, uma medalha de Honra ao
Mérito pelos relevantes serviços
prestados ao município.
Esse ano a Taça Minas São
Paulo de Futsal também presta
uma singela homenagem ao assíduo frequentador do Poliesportivo Professor Helcias Rocha. Todo
ano uma personalidade é home-
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Parabéns ao Zé Neto que fez aniversário no dia sete de janeiro e
também completou 55 anos de casado com dona Anita no dia 6
nageada e, esse ano, o troféu leva
o nome de Zé Neto.
Hoje, aos 78 anos, é hora de
descansar um pouco. Certo? Errado. Dono de um vozeirão grave, no tempo livre, Zé Neto não
abre mão do hobby. Cantar. Faz
apresentações em restaurantes,
barzinhos e bailes. Quando não
tem show, ajuda na produção da
Banda Look 7. Ah! E não dá pra
esquecer, que dia de jogo, é sagrado. Santista doente, não perde um jogo do peixe. E Como �ilho e netos de peixe, peixinhos
são. Quase sempre as tardes de
futebol são desfrutadas na companhia da família.
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Carla Barbosa
O grupo de teatro ‘Toque de
Arte’, nasceu de um sonho e foi
se tornando real. Fundado há
quase 10 anos, fará uma apresentação especial em comemoração ao aniversário de Paraisópolis. ‘O casamento suspeitoso
de Ariano Suassuna’ será a apresentação de número 100.
Faz de conta que acontece
Foram longos anos de batalhas entre 2004 e 2006.
Até que finalmente após se
manterem com recursos próprios, em 2007, o grupo foi
reconhecido como utilidade
pública do município passando a receber um subsídio da
Prefeitura.
Formado por 14 artistas e
formando outros tantos por
onde passa. O ‘Toque de Arte’ mais
que um teatro, é realidade. Mostra
que é possível sonhar e realizar.
Além das peças de teatro, o grupo também realiza espetáculos de
“Palhaçaria Clássica”, desenvolvidos pelos próprios integrantes,
com oficinas ministradas por Gerson que trouxe as técnicas. A equipe viaja e carrega consigo o nome
da cidade. Leva na bagagem, alegria e deixa um pouquinho dela por
onde passa.
O próximo objetivo do grupo é serem reconhecidos também como uti-
lidade pública do Estado para cada
vez mais obter recursos e realizar
trabalho de qualidade.
O espetáculo 100 será no dia 31
de janeiro no salão da escola estadual Antônio Eufrásio de Toledo
(Ginásio) a partir das 20h. A entrada é franca.
O grupo teatral conta com apoiadores, entre eles: Prefeitura Municipal, Conselho de Patrimônio, Secretária de Cultura, direção da Escola E.
A. Eufrásio de Toledo e pessoas ligadas ou não à arte que prestigiam e divulgam os trabalhos.
Lira ‘Cônego Benedito
Profício’ é resgatada em 2013
Carla Barbosa
A Lira ‘Cônego Benedito Profício’, fundada pela Paróquia em 1969 e registrada
oficialmente em 1970, ficou desativada por anos em Paraisópolis. Graças a iniciativa
Tiago Pinto dos Santos, 33, que durante três anos buscou meios de reavivar essa cultura, em 2013, as portas se abriram novamente.
Músico desde os 16 anos, Tiago veio de Caxambu, fixou-se em Paraisópolis e é
o atual presidente da nova diretoria. O renascimento reativou o CNJP e tornou a
Lira uma das mais antigas cadastradas no programa de apoio as bandas de música mineiras.
O projeto de trazer a música de volta a cidade, enfrentou diversas dificuldades,
principalmente com relação a estrutura básica, como imóvel, instrumentos, documentação entre outros. A equipe idealizadora superou os obstáculos e hoje a Lira
está apta a receber uma subvenção, já que a Corporação Musical ‘Lira Cônego Benedito Profício’ possui decreto de utilidade pública.
Atualmente sob a regência do maestro Benedido Ferreira Braz, mais conhecido
como Dito Cota e do professor Renan **, a escolinha de música se encontra em plena atividade.
As novas instalações são no centro cultural Amilcar de Castro e de acordo com a
Prefeitura, o local será restaurado.
Para melhorar a qualidade do serviço prestado, os instrumentos estão sendo reformados, e a equipe recebeu recentemente a notícia de que foram contemplados
pela doação de instrumentos feita pelo Estado.
Entre 15 e 20 alunos já compõem a ‘nova’ Lira e as vagas são disponíveis para alunos a partir de 12 anos.
A empreitada de reavivar a memória e os feitos a antiga Lira estão progredindo e o resgate histórico visa principalmente valorizar essa antiga tradição da cultura e do patrimônio de Paraisópolis.
Tiago recebe ajuda de apoiadores como: Aparecido Lopes Teixeira (Cido Teixeira), Oliveira Caetano Custódio (Oliveirinha) e Gerônimo P Carvalheira (Português).
Paraisópolis 141 anos 05
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Paraisópolis 141 anos
ONG ‘Resgate Quatro
Patas’ salvando vidas
Carla Barbosa
É fácil se comover
diante de um animal
abandonado, difícil é abdicar de seus afazeres para
ajudar e tomar a iniciativa
de defender. Diante disso,
surgem verdadeiros anjos para o indefeso mundo animal. Os voluntários.
A ONG ‘Resgate Quatro Patas’ surgiu em
Gonçalves e hoje estende seus projetos para
Paraisópolis por meio de
parceiros e protetores
há dois anos.
Dezenas de animais
são resgatados pela equipe, cuidados e encaminhados para adoção. Mas,
o trabalho não é simples.
Não basta amor e carinho. É preciso incentivo financeiro para arcar
com as despesas que não
são baratas. Os integrantes da ONG se viram como
podem e arrecadam dinheiro com a venda de ca-
misetas, adesivos, artesanatos, bazares ou até
mesmo ‘vaquinha’.
Os próprios protetores mantém animais em
casa, como é o caso da
Thaynara Siqueira, presidente da ONG. Ela é bióloga com especialidade em
fauna e atualmente cuida
de 12 animais na própria
casa, entre cães e gatos.
Outra amiga dos animais
é Andressa Rosa, vice pre-
sidente, que divide seu espaço com 24 animais. Cada
um deles com uma história
comumente triste.
Se você gostaria de
ajudar de alguma forma
ou adotar um animal, entre em contato com os representantes pelo e-mail:
resgatequatropatas@hotmail.com ou pela página
da ONG no facebook.
Ajude os voluntários a
resgatar mais vidas!
Sucata vira arte
e incentiva sustentabilidade
Carla Barbosa
Há 29 anos Dimas Cândido Ferreira, ou simplesmente ‘Dimas Tatoo’, faz a arte seu
sustento. Segundo ele, a arte
é “uma necessidade da alma”,
mas, nem sempre é fácil viver dela. Aos 43 anos, após 23
exercendo a profissão de tatuador, abandonou o ofício e
dedica seu tempo às esculturas, principalmente as que têm
como matéria prima o ferro.
Materiais ‘inúteis’ retorcidos
pelas mãos habilidosas do artista dão vida e asas a imaginação. O que para você pode parecer uma simples corrente de
bicicleta, em pouco tempo vira
um dragão ou uma moto.
Rodeado por materiais inusitados para um ateliê, Dimas só
precisa de uma maquina de solda, uma de costura, ferramentas de alvenaria, furadeiras, esmerilhadeira e compressores
para trabalhar.
Utilizando como princípio o
reaproveitamento dos resíduos
que descartamos, além de inovar, o artista luta contra o consumismo dos dias de hoje: “pois
as engrenagens que movem o
mundo podem facilmente girar
a nosso favor”.
As mudanças na vida do artista são baseadas em um trecho
dito pelo expoente da arte em
ferro retorcido, nosso conterrâneo, Amílcar de Castro que fala
sobre buscar a originalidade:
“acho que tudo que eu faço é um
pouco diferente, buscando ser
original sempre, o exemplo são
os materiais que utilizo como
enxadas, foices, ferraduras, correntes, coroas de moto, e parafusos velhos. Trabalho em peças
minhas onde a criação é completa e totalmente inusitada”, conta.
O encanto pelo meio artístico,
podemos dizer que nasceu com ele,
já que antes mesmo de ingressar
na escola, Dimas já se arriscava em
desenhar histórias em quadrinhos
sem apresentar dificuldades.
Perdeu o pai aos 14 anos e
assumiu os trabalhos de tapeceiro deixados por ele em São
Bento do Sapucaí. A necessidade de contribuir no sustento da família impulsionou
o jovem a aprender o ofício:
“eu só sabia costurar em linha
reta, o resto aprendi na marra”. O único homem de cinco filhos tomou as rédeas e se
tornou literalmente o homem
da casa.
Atualmente Dimas compõe
suas peças em uma ateliê localizado à Avenida Adelino Dias de
Carvalho 120, Boa Vista II e boa
parte das vendas e da publicidade é feita pela internet.
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No ano passado recebeu
um convite para expor no Ministério do trabalho em Brasília. O evento será realizado
em assim que o acervo estiver
pronto: “são necessárias 25
peças. Devido ao tempo curto
do meu dia vou fazendo a medida que posso. Além disso,
há muitos detalhes nas peças,
que é a característica do meu
trabalho”, explica.
O sucesso das peças é comprovado pelas vendas até mesmo no exterior: “vendi duas
peças para fora do Brasil, uma
para o cônsul da província de
San Marino, outra para a cidade Ilinois EUA”, lembra ele.
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Zizo: exemplo de
honestidade na política
Carla Barbosa
No ano de 2013 em 27 de julho, Paraisópolis perdeu uma das fuguras mais importantes do meio político. José Asdrubal Zizo de Almeida ou simplesmente,
seu Zizo. Aos 89 anos deixou orfã uma cidade, cinco
filhos,13 netos e 7 bisnetos. Um filho ele havia perdido em 2011.
Zizo nasceu 18 de março de 1924 e faleceu em Paraisópolis. Morou por algum tempo no Rio de Janeiro, onde serviu às Forças Armadas em 1944,logo em
seguida estouraria a segunda guerra muncial. Morou
também em São José dos Campos, onde foi bancário,
mas nunca se ausentou de Paraíso por muito tempo.
Com 22 anos anos regressou a Paraisópolis em definitivo e se casou com Jacira Dias de Almeida com
quem completaria esse ano, 68 anos de casamento.
Infância e juventude:
Zizo passou a infância em Paraisópolis, fez o ginasio em Pouso Alegre, no Colégio São jose, trabalhou
no banco Itajubá, hoje o Santander, depois disso foi
transferido para o RJ.
Foi reservista de 2ª categoria nas forças armadas e
convocado para o exército quando voltou para Pouso
Alegre e permaneceu até terminar a guerra sendo dispensado depois da guerra.
Vida política:
Zizo começou seu envolvimento na política trabalhando na prefeitura de Paraisópolis como secretário geral por 18 anos. Depois de trabalhar na
gestão do prefeito Wenceslau Simões de Almeida,
entrou para a política. Sua primeira experiência
como prefeito foi 1971 a 1973, num mandato ‘tampão’. Aposentou-se na Prefeitura como servidor público em 1977. Depois foi eleito dessa vez pela vontade do povo em 1982 até 1988. Foram oito anos de
Prefeitura e dezenas de obras.
Alguns feitos:
• Criação do pronto socorro;
• Posto de saúde;
• Contrução de estradas;
• Deu início ao processo para trazer a
Erickson a Paraisópolis;
• Delphi;
• Aquisição da primeira máquina
para manutenção de estradas;
• Com apoio de deputados e prefeitos
vizinhos abriu a estrada que ligava Paraíso à piranguinho;
• Com apoio do governador, a estrada
que liga Paraíso à Conceição dos Ouros;
• Pavimentação da rua Pouso Alegre;
• Encanamento da rede de esgoto e
pavimentação da Vila Frei Orestes;
• Contrução da praça Centenárioem
homenagem ao centenário da cidade;
• Construção da Praça da Consolação
em homenagem aos antepassados de lá,
que era chamada Capivari.
• Canalizaçãoda água do bairro Brejo Grande para dar acesso à água potável a cidade;
• Pavimentação da avenida guarda
mor Carneiro, Avenida Rio Branco e Vila
São Luis.
• Finalizaçãoda àrea de Lazer;
• Construiu casas populares.
Zizo em família:
Meu avô era muito honesto. Honestidade era o adjetivo que ele levava a risca, tanto na vida pública quanto na pessoal. Era
honesto com as finanças e com a integridade. Ele foi um homem que nunca se curvou
às vaidades que a vida pública propusera. Ele nunca se curvou ao mundo, sempre
manteve seus ideias como o norte de sua
vida. Era muito amoroso, carinhoso. A alegria dele era os netos em volta. Era apaixonado por crianças. Tratava educadamente
a todos, sem discriminar ninguém. Era cavalheiro, daqueles à moda antiga que priorizava a mulher e os mais velhos. Tinha
orgulho da família e do trabalho que exercera. Ele era de bem com a vida, só sorria. (
Emanuel Almeida, neto).
Um dedo de prosa...
Outro de cachaça
Carla Barbosa
Na divisa entre os municípios de Paraisópolis e
Conceição dos Ouros, há 98 anos nascia da cana de
açúcar o líquido que mais tarde se consolidaria como
um dos símbolos da cidade, a cachaça Amélia.
No início do século passado, João Pereira de Faria
chegou à terra do vento com a esposa Edwiges e cinco
filhos, vindo de Brasópolis.
Nos tempos em que estradas não cortavam a zona
rural do então, São José do Paraíso, era preciso vencer
primeiramente o desafio de alimentar a família.
João plantou café, milho, arroz, mandioca e feijão. Criou porcos e gado. E logo menos a prosperidade
chegou à Fazenda Santa Luzia. João era filho de outro
João e da Dona Amélia. Movido pela ideia de construir
um engenho, não se aquietou até o fazer. Sob os olhos
atentos do empreendedor, a garapa se transformava
em rapadura, melado e cachaça. João da Amélia viu seu
sonho reluzir na folhagem verde cana que cercava a fazenda. O que ele não sabia, é que mais tarde a ‘Pinga
Amélia’ viria a conquistar não só o sul de Minas, como
também romper as limítrofes do estado.
Em 1942 João da Amélia arrendou a Fazenda Santa Luzia para seus filhos Isaac e José, que se dedicaram e se empenharam quase somente na produção de cana para produzir aguardente Amélia. Já em 1957, a área de engenho
crescia para 300 metros quadrados para conseguir abrigar
caldeira, novas moendas e alambique. Com esta mudança, a
indústria que tinha um consumo de três toneladas por dia,
passou a processar quinze toneladas por dia.
Mas, nem sempre a produção de cachaça foi de vento em popa. Com a morte de Isaac, José passou a administrar a fazenda sozinho e enfrentou alguns dos piores anos de mercado. A fabricação da pinga deu lugar a
rapadura e por quatro anos foi assim que a fazenda sobreviveu. Em 1966 o mercado voltou a reagir e os trabalhos foram retomados.
09
Em 1973, Joaquim Antônio abandona o ofício na
área de telecomunicações para seguir os passos do
pai, assumindo o setor de vendas da aguardente. Em
1977, José Maria o filho mais velho deixa uma multinacional em São Paulo e faz o caminho de volta para
casa a exemplo do irmão. Para completar, João Vianney deixou os frios laboratórios de Química Industrial de uma grande empresa e se junta aos irmãos.
Em 1982, os três irmãos assumem a ‘Pinga Amélia’ e
se inicia uma nova etapa da empresa com a criação da
aguardente Três Jotas.
Do lombo dos burros que carregavam até 1.500
litros de pinga, para a incrível produção de dois milhões e duzentos mil litros por safra. A distribuição
que antes levada até 15 dias para chegar ao destino,
hoje a conta com quatro caminhões de distribuição.
E hoje, 98 anos depois, o sonho de João se transformou no império da Pinga Amélia, um dos símbolos que
levam o nome da cidade para o mundo.
‘ Guardiões da Cidadania’
10
Carla Barbosa
Em uma cidade pequena, é difícil tomar
partido de certas situações, questionar os fatos
ou em um português bem
claro: ‘dar a cara a tapa.
Mas, nada disso foi problema para a ONG ‘Guardiões da Cidadania’.
Instituída no dia 10
de janeiro de 2005, esteve a serviço da população
de Paraisópolis até julho
de 2008, quando venceu
o prazo de dois anos do
mandato de presidente de
Paulo Artur Gonçalves:
“convoquei eleições e não
apareceu nem candidato nem sócio eleitor. Isto
posto, suspendi as atividades. Não aceitei convo-
car assembléia, com qualquer número, para mudar
o estatuto e continuar
como presidente. A ONG
era da sociedade e a alternância no comando é necessária. Eu era presidente da ONG e não a ONG”
acrescenta Paulo”.
Tratava-se de uma associação civil, sem fins
lucrativos cuja finalida-
de era trabalhar em favor da ética na política e da transparência na
Gestão Pública. Realizava um trabalho de levantamento de dados, onde
suspeitava haver indícios de corrupção e encaminhava esses dados ao
Ministério Público.
O trabalho muitas vezes impecável dos membros deu a ONG reconhecimento nacional. No
início era composta por
30 membros e em seu
encerramento, restaram
apenas cinco, sendo que
três faziam parte da diretoria. A estrutura da
ONG começou a ser abalada após a morte de um
dos fundadores e primeiro presidente, Sidney Alves Monteiro. A falta de
apoio, dificuldades e sobrecarga dos trabalhos
investigativos foram os
motivos de muitas abdicações.
Suas reuniões aconteciam na sala cinco do Salão Paroquial as terças
feiras, onde era discutido
o conteúdo do programa
da rádio “Cidadania Já”,
pautadas as ações de fiscalização, analisados os
resultados das já efetuadas, elaboração das representações ao Ministério Publico, entre outros.
A lembrança da existência da ONG está atrelada à importância de
Paulo Artur Gonçalves a
cidade de Paraisópolis.
Falecido no dia 20 de julho de 2013, engenheiro e empresário deixou
marcas de sua passagem
e algumas delas foram
as investigações conduzidas como último presidente da “Guardiões da
Cidadania”.
Matéria escrita com
base em uma entrevista
concedida por Paulo Artur
Gonçalves em 2009, para o
jornal Gazeta do Vale.
Ary Wilson Prado
é Cirurgião Dentista há
32 anos, Especialista em
Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-faciais
(reconhecido pelo C.F.O. e
M.E.C.) , Especialista em
Implantodontia (reconhecido pelo C.F.O. e M.E.C.) ,
Especialista em Cirurgia
Plástica Periodontal e
Peri-implantar (reconhecido pelo M.E.C.) . Residência no Departamento de
Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-faciais
do Hospital Beneficência Portuguesa de São
Caetano do Sul – S.P. .
Atua na área de Implantodontia há 20 anos.
O que são implantes
dentários ?
São parafusos em titânio puro, colocados
dentro dos ossos maxilares, servindo como fi-
Paraisópolis 141 anos 11
Dúvidas sobre Implantes Dentários
da e da musculatura facial. Causa problemas
na mastigação, dores articulares, além de perda
estética com aspecto de
envelhecimento.
xação para diferentes
tipos de próteses dentárias:
de um único
dente, de vários dentes, ou até mesmo de
todos os dentes.
Qual o tempo que
devo aguardar para a
colocação das próteses ?
Normalmente aguarda-se de 4 a 6 meses
para colocação das próteses definitivas. Período da osseointegração
(formação óssea ao redor do implante com sua
posterior fixação).
O paciente deve ficar desdentado durante o período de osseointegração ?
Não. Salvo em raras
exceções, todos os pacientes receberão próteses provisórias durante
o período de osseointegração, para que possam realizar suas atividades de convívio social.
Posso fazer a prótese definitiva no mesmo
dia da cirurgia ?
Sim, em determinados casos. Trata-se do
implante de carga ime-
diata. Nestas situações,
a instalação da prótese é
realizada no mesmo dia
ou em poucos dias após
cirurgia.
A falta de dentes
pode me prejudicar ?
Sim. A falta de um ou
mais dentes leva a um
desequilíbrio da mordi-
Existe o risco de
rejeição ?
Não!
O implante
dentário é feito com titânio, um material biocompatível,
portanto
não é rejeitado pelo organismo. O que pode
acontecer, em raros casos, é o insucesso por
falha na união do implante com o osso.
Mesmo não tendo
osso suficiente é possivel colocar um implante ?
Hoje em dia a quantidade insuficiente de
osso nem sempre impede o tratamento com
implantes dentários. Na
grande maioria das vezes é possível regenerar através de enxerto
ósseo.
O que é enxerto ósseo ?
Quando ocorre a perda de um dente, o osso
que estava ao redor da
raiz diminui gradativamente, em um processo
chamado reabsorção óssea. Em casos que não
há osso suficiente para
fixação do implante, é
necessário repor através de cirurgias pouco
invasivas, utilizando-se
materiais artificiais ou
osso da própria pessoa
retirado de outro local.
São os enxertos ósseos.
Os enxertos podem ser
feitos previamente ou na
mesma sessão da colocação do implante.
OPIS: Há 15 anos
batendo recorde em solidariedade
12
Carla Barbosa
Competições e rivalidade x solidariedade e
união. A maneira mais fácil de descrever a OPIS
- Olimpíada de Paraisópolis de Inverno e Solidariedade. São 15 anos de
história e arrecadações
de fundos para as quatro
instituições
filantrópicas da cidade: APAE, Asilo São Vicente de Paula,
Hospital Frei Caetano e
Casa da Criança.
A festa teve início 1999
e hoje conquista um público diversificado, parai-
sopolense ou não. A OPIS
é totalmente voluntária
e conta com apoiadores
para a realização. Divida
em duas partes: Festiva e
esportiva, o evento acontece sempre no mês de julho, aproveitando o período de férias.
Ao final dos jogos, no
último dia de festa durante o tradicional almoço solidário, é anunciada a
equipe vencedora.
Como surgiu a OPIS?
Em 1999, em Paraisó-
polis, a prática de esportes era bem pouco estimulada. Nesse mesmo
momento, datado do final dos anos 90, f lorescia
no Brasil ideias voltadas
ao voluntariado, movimentos sociais e doação
à comunidade. Foi aí que
Régis Barros de Carvalho, filho de Paraisópolis e de ‘Seu Nonô’ que
por muitos anos manteve uma loja de tecidos
em frente a Igreja Matriz
idealizou a OPIS - Olim-
píada de Paraisópolis de
Inverno e Solidariedade.
A família se mudou
para Belo Horizonte quando os filhos ainda eram todos muito jovens, porém,
nunca perderam o vínculo
com a cidade natal.
Em uma dessas visitas a Paraíso, foi que Régis notou a falta de opção
para os jovens em modalidades esportivas diferentes do futebol e decidiu
criar uma gincana aliada
a ações que auxiliassem
às entidades filantrópicas da cidade. O projeto
original era de integrar
as entidades ao dia-a-dia
da cidade, trazê-las para
o centro , dar-lhes visibilidade.Fazer com que o cidadão comum, ao conhecer de perto o trabalho
da Apae, Casa da Criança, Hospital e Asilo, entendesse sua importân-
cia e colaborasse o ano
todo com as instituições.
Da mesma forma, seriam
organizados ao longo do
ano torneios e campeonatos, que preparassem os
atletas para a participação na Opis – uma forma
de fazer com que o esporte se consolidasse como
opção de lazer e de participação comunitária.
Régis lançou a semente e até mesmo patroci-
nou o início da festa. Mesmo após a consolidação do
evento, manteve a postura
de contribuir anualmente
para a realização da OPIS.
A OPIS é a principal
festa de Paraisópolis, e
um dos maiores eventos
esportivos da região. Há
15 anos batendo recorde
em solidariedade.
Com informações de
Márcia Maria de Souza
O céu é o limite
Carla Barbosa
Quem vê asas delta colorindo o céu de
Paraisópolis e dividindo espaço com parapentes e pássaros, não imagina que o
primeiro construtor de um ‘geringonça’
dessa é nosso conterrâneo. Felipe Wasser
faleceu aos 46 anos de idade em janeiro de
1988. Na verdade não nasceu em Paraisó-
polis, mas habitualmente utilizava nossos
picos para saltar. Morou a vida toda em
São José dos Campos –SP e trabalhou na
Embraer.
A primeira asa foi trazida da Europa
por um francês no início dos anos 70 para
o Rio de Janeiro. O aventureiro já havia formado um aluno e o objeto voador instigou a curiosidade do projetista da Embraer. Em 1973, em uma passagem pela Itália,
onde o esporte engatinhava, tomou as medidas e, chegando ao Brasil, buscou material similar ao utilizado na Europa. Assim
nasceram os primeiros modelos “Rogalos”
do país, e em seguida os primeiros alunos.
Wasser foi um dos primeiros voadores a se
aventurar em céu brasileiro e o primeiro a
decolar em São Paulo com 32 anos.
Se arriscar em esportes não foi novidade
na vida do esportista. O �ilho Anderson Wasser, lembra que mesmo antes da asa, Felipe já
praticava diversas modalidades: “era um exímio subidor de árvores e fazia tirolezas de tirar o fôlego, ele também fazia trilhas, e chegou
a saltar de paraquedas”, conta.
Subir no topo de um monte e se jogar lá de
cima foi uma maneira que ele encontrou de
suprir a frustração por não ter sido um piloto
de aeronaves: “viu na asa a oportunidade de
realizar seu sonho de voar”, explica Anderson.
Descobridor de rampas, Felipe saltava do
Pico Agudo, Atibaia, Caraguatatuba, Paraisópolis, Brazópolis, São Francisco Xavier, Caçapava, Aparecida e muitas outras regiões nos
estados de Minas Gerais e São Paulo.
Curiosidade e audácia faziam parte da ro-
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tina de Wasser, em meados dos anos 80 desbravou nossos terrenos mais íngremes até
os topos mais altos e sem que haja registros
anteriores a ele, acredita-se que tenha sido o
primeiro voador de nossa cidade juntamente
com o amigo e aluno Yutaka Nacamura.
Anderson Wasser é o �ilho mais velho e
aos 44 anos de idade segue o legado do pai
tanto no lado pro�issional quanto no espírito
aventureiro. Ele, junto com três amigos formaram a última turma formada por Wasser,
antes de partir. A irmã Elisângela, é técnica
em enfermagem e assim como o irmão acredita que onde o pai estiver, está contente em
ser o pioneiro do vôo livre em Paraisópolis:
“se todos nos voamos hoje em dia sobre a cidade, devemos um pouco disto a ele”, �inaliza Anderson.
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Paraisópolis 141 anos
Descobrindo um Paraíso
Carla Barbosa
Um Paraíso rodeado de verde, localizado ás margens
do Rio Sapucaí e aos pés do Pico do Machadão que suspenso nas rochas há 1500 metros de altitude observa do alto a
bela Paraisópolis e esconde a represa artificial mais alta da
América Latina.
Terrenos até então pouco explorados, mas, que desde 2010, encontrou na garra e determinação de um jovem
aventureiro, o caminho para o turismo de aventura. Thiago
Messias, deixou para trás a estabilidade do emprego como
engenheiro civil em São José dos Campos –SP e retornou à
cidade natal, onde realizou um sonho antigo, abrir as portas de uma agência de esportes, a ‘Radicais Livres Aventuras’ juntamente com seu irmão Lucas de Souza.
Muito trabalho até catalogar todos os pontos, disponibilizar os esportes, treinar e capacitar instrutores, adquirir e organizar os equipamentos, até que no dia oito de de-
zembro de 2013, finalmente o pontapé inicial estava dado.
São inúmeras as opções, desde uma trilha simples, até
vôos duplos de parapente e asa delta.
O sonho de Thiago foi interrompido por um acidente fatal em setembro de 2013. Mas, a família conduz fielmente o
legado do esportista.
Em cada nova atividade realizada pela equipe, cada
novo membro, novo desafio, nova aquisição, seu nome é
lembrado como mentor.