Especial de aniversário
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Especial de aniversário
Edição especial - Janeiro 2014 Paraisopólis 141 anos! Especial de aniversário Aislan Ferreira Prezado (a) Leitor (a). É com imensa satisfação que me dirijo a você por meio destas simples, mas verdadeiras palavras. Há mais de cinco anos o ‘Jornal Gazeta do Vale’ circula em Paraisópolis, cidade que adotou nossa equipe e nos tornamos filhos da terra. Há exatamente um ano fui iluminado por Deus, após idealizar e realizar o primeiro caderno de aniversário da cidade em comemoração aos 140 anos de emancipação política e, junto com este caderno especial, lançar a primeira edição do jornal GAZETA DO VALE MICRORREGIONAL. Nosso veículo de comunicação foi prontamente aceito pelos anunciantes e leitores, a quem dedico toda minha gratidão. Muitos pensam e dizem que existe algum político por trás das atividades de nosso periódico, o que não é verdade. Nosso jornal, desde a sua criação, nunca teve nenhum vínculo ou acordo com ninguém. Divulgamos gratuitamente os feitos dos políticos que são comprometidos com os interesses da sociedade e que realizam obras de interesse público. Nosso compromisso é único e exclusivamente com anunciantes e leitores, pois estes sim são os esteios de qualquer projeto. No mês de fevereiro, o Jornal GAZETA DO VALE MICRORREGIONAL completará seu primeiro ano e, para diferenciar da edição regional, passaremos a utilizar o nome de GAZETA MICRORREGIONAL, no lugar de GAZETA DO VALE. Quero aqui aproveitar e registrar meus sinceros agradecimentos a todos colaboradores que, neste período de quase seis anos de existência do Jornal, traba- lham incansavelmente para fazer o melhor. São eles: os Jornalistas Luis César e Carla Barbosa, representantes Edson Carvalho, José Astrogildo e Mara Lambert, secretária Darline, diagramador e arte finalista Marcos Maciel, responsável pela distribuição Luiz Fernando e, em especial, Deus e minha sócia e esposa Mariângela. Graças ao esforço de todos, podemos dizer que, hoje, o jornal GAZETA DO VALE: Tem a melhor tiragem; Tem a melhor impressão; Tem a melhor distribuição, e o mais importante Tem compromisso e respeito com o Leitor. Abraços a todos e parabéns a Paraisópolis pelos seus 141 anos e a toda sua população, simpática e acolhedora. Gerson Oliveira Diretor Geral Expediente Jornal Gazeta do Vale Redação: Avenida Tiradentes, 250, Centro, Cambuí/MG, CEP 37600-000. Telefone: (35) 3431-6262 | E-mail: redacao@jormalgazetadovale.com.br | Comercial: comercial@jornalgazetadovale.com.br | www.jornalgazetadovale.com.br | Diretor geral: Gerson Benedito de Oliveira | Reportagens: Carla Barbosa | Jornalista Responsável: Luis Cesar da Fonseca (Mtb 09485 JP-MG) | Diagramação e arte final: Marcos Maciel. Colaboradores: Aislan Ferreira, Anderson Nasser, Emanoel Almeida e Marcia Maria de Souza. As matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opnião deste veículo de comunicação. As publicidades veiculadas são de responsabilidade das empresas anunciantes. | Representante comercial: José Astrogildo (35) 9949-5580. Circulação quinzenal / Impressão: PousoGraf - Pouso Alegre/MG - Telefone: (35) 3421-4896 Edição especial de aniversário Paraisópolis. Tiragem: 4.000 exemplares a r a p a c n u n o t e E o Zé N Carla Barbosa José Toledo Neto, casado com Anita Ferreira Toledo. Sete �ilhos, doze netos e dois bisnetos. Impossível não conhecer e admirar essa �igura que de tão popular, tornou-se apenas: Zé Neto. Paraíso não é sua terra natal, mas, foi nessas terras que há 55 anos conheceu e se casou com dona Anita, criou os �ilhos e �ixou raízes. Zé Neto nasceu em Ouro Fino, com poucos meses mudou-se para Pouso Alegre, aos treze anos foi morar em Taubaté e com 15 anos �inalmente se �irmou em Paraisópolis. Aqui se fez presente em vários setores. Estudou até a 4ª série na escola municipal ‘Bueno de Paiva’. Trabalhou em duas tipogra�ias na cidade, prestou Serviço Militar, mudou-se para São José dos Campos, onde foi motorista de ônibus circular. Retornou a Paraisópolis e trabalhou nos Correios por quinze anos até sua aposentadoria. Mesmo depois de aposentado, Zé Neto não parou. Foi taxista e motorista de ônibus escolar. Mas, não foi somente na vida pro�issional que ele marcou presença na cidade. A irreverência não podia �icar contida. Fez par- ticipações em teatros, foi locutor da rádio Paraisópolis, tocou em bandas, foi goleiro da seleção de Paraisópolis, professor das fanfarras do Colégio Santa Ângela e Escola Estadual Antônio Eufrásio de Toledo, palestrante em grupos de oração, trabalhou em encontros de Casais, foi comissário de menor entre tantas outras facetas que até mesmo lhe fogem a memória. Dada a importância de seus feitos e contribuição para o desenvolvimento da cidade, em 2011 recebeu da Câmara Municipal, uma medalha de Honra ao Mérito pelos relevantes serviços prestados ao município. Esse ano a Taça Minas São Paulo de Futsal também presta uma singela homenagem ao assíduo frequentador do Poliesportivo Professor Helcias Rocha. Todo ano uma personalidade é home- 03 Parabéns ao Zé Neto que fez aniversário no dia sete de janeiro e também completou 55 anos de casado com dona Anita no dia 6 nageada e, esse ano, o troféu leva o nome de Zé Neto. Hoje, aos 78 anos, é hora de descansar um pouco. Certo? Errado. Dono de um vozeirão grave, no tempo livre, Zé Neto não abre mão do hobby. Cantar. Faz apresentações em restaurantes, barzinhos e bailes. Quando não tem show, ajuda na produção da Banda Look 7. Ah! E não dá pra esquecer, que dia de jogo, é sagrado. Santista doente, não perde um jogo do peixe. E Como �ilho e netos de peixe, peixinhos são. Quase sempre as tardes de futebol são desfrutadas na companhia da família. 04 Carla Barbosa O grupo de teatro ‘Toque de Arte’, nasceu de um sonho e foi se tornando real. Fundado há quase 10 anos, fará uma apresentação especial em comemoração ao aniversário de Paraisópolis. ‘O casamento suspeitoso de Ariano Suassuna’ será a apresentação de número 100. Faz de conta que acontece Foram longos anos de batalhas entre 2004 e 2006. Até que finalmente após se manterem com recursos próprios, em 2007, o grupo foi reconhecido como utilidade pública do município passando a receber um subsídio da Prefeitura. Formado por 14 artistas e formando outros tantos por onde passa. O ‘Toque de Arte’ mais que um teatro, é realidade. Mostra que é possível sonhar e realizar. Além das peças de teatro, o grupo também realiza espetáculos de “Palhaçaria Clássica”, desenvolvidos pelos próprios integrantes, com oficinas ministradas por Gerson que trouxe as técnicas. A equipe viaja e carrega consigo o nome da cidade. Leva na bagagem, alegria e deixa um pouquinho dela por onde passa. O próximo objetivo do grupo é serem reconhecidos também como uti- lidade pública do Estado para cada vez mais obter recursos e realizar trabalho de qualidade. O espetáculo 100 será no dia 31 de janeiro no salão da escola estadual Antônio Eufrásio de Toledo (Ginásio) a partir das 20h. A entrada é franca. O grupo teatral conta com apoiadores, entre eles: Prefeitura Municipal, Conselho de Patrimônio, Secretária de Cultura, direção da Escola E. A. Eufrásio de Toledo e pessoas ligadas ou não à arte que prestigiam e divulgam os trabalhos. Lira ‘Cônego Benedito Profício’ é resgatada em 2013 Carla Barbosa A Lira ‘Cônego Benedito Profício’, fundada pela Paróquia em 1969 e registrada oficialmente em 1970, ficou desativada por anos em Paraisópolis. Graças a iniciativa Tiago Pinto dos Santos, 33, que durante três anos buscou meios de reavivar essa cultura, em 2013, as portas se abriram novamente. Músico desde os 16 anos, Tiago veio de Caxambu, fixou-se em Paraisópolis e é o atual presidente da nova diretoria. O renascimento reativou o CNJP e tornou a Lira uma das mais antigas cadastradas no programa de apoio as bandas de música mineiras. O projeto de trazer a música de volta a cidade, enfrentou diversas dificuldades, principalmente com relação a estrutura básica, como imóvel, instrumentos, documentação entre outros. A equipe idealizadora superou os obstáculos e hoje a Lira está apta a receber uma subvenção, já que a Corporação Musical ‘Lira Cônego Benedito Profício’ possui decreto de utilidade pública. Atualmente sob a regência do maestro Benedido Ferreira Braz, mais conhecido como Dito Cota e do professor Renan **, a escolinha de música se encontra em plena atividade. As novas instalações são no centro cultural Amilcar de Castro e de acordo com a Prefeitura, o local será restaurado. Para melhorar a qualidade do serviço prestado, os instrumentos estão sendo reformados, e a equipe recebeu recentemente a notícia de que foram contemplados pela doação de instrumentos feita pelo Estado. Entre 15 e 20 alunos já compõem a ‘nova’ Lira e as vagas são disponíveis para alunos a partir de 12 anos. A empreitada de reavivar a memória e os feitos a antiga Lira estão progredindo e o resgate histórico visa principalmente valorizar essa antiga tradição da cultura e do patrimônio de Paraisópolis. Tiago recebe ajuda de apoiadores como: Aparecido Lopes Teixeira (Cido Teixeira), Oliveira Caetano Custódio (Oliveirinha) e Gerônimo P Carvalheira (Português). Paraisópolis 141 anos 05 06 Paraisópolis 141 anos ONG ‘Resgate Quatro Patas’ salvando vidas Carla Barbosa É fácil se comover diante de um animal abandonado, difícil é abdicar de seus afazeres para ajudar e tomar a iniciativa de defender. Diante disso, surgem verdadeiros anjos para o indefeso mundo animal. Os voluntários. A ONG ‘Resgate Quatro Patas’ surgiu em Gonçalves e hoje estende seus projetos para Paraisópolis por meio de parceiros e protetores há dois anos. Dezenas de animais são resgatados pela equipe, cuidados e encaminhados para adoção. Mas, o trabalho não é simples. Não basta amor e carinho. É preciso incentivo financeiro para arcar com as despesas que não são baratas. Os integrantes da ONG se viram como podem e arrecadam dinheiro com a venda de ca- misetas, adesivos, artesanatos, bazares ou até mesmo ‘vaquinha’. Os próprios protetores mantém animais em casa, como é o caso da Thaynara Siqueira, presidente da ONG. Ela é bióloga com especialidade em fauna e atualmente cuida de 12 animais na própria casa, entre cães e gatos. Outra amiga dos animais é Andressa Rosa, vice pre- sidente, que divide seu espaço com 24 animais. Cada um deles com uma história comumente triste. Se você gostaria de ajudar de alguma forma ou adotar um animal, entre em contato com os representantes pelo e-mail: resgatequatropatas@hotmail.com ou pela página da ONG no facebook. Ajude os voluntários a resgatar mais vidas! Sucata vira arte e incentiva sustentabilidade Carla Barbosa Há 29 anos Dimas Cândido Ferreira, ou simplesmente ‘Dimas Tatoo’, faz a arte seu sustento. Segundo ele, a arte é “uma necessidade da alma”, mas, nem sempre é fácil viver dela. Aos 43 anos, após 23 exercendo a profissão de tatuador, abandonou o ofício e dedica seu tempo às esculturas, principalmente as que têm como matéria prima o ferro. Materiais ‘inúteis’ retorcidos pelas mãos habilidosas do artista dão vida e asas a imaginação. O que para você pode parecer uma simples corrente de bicicleta, em pouco tempo vira um dragão ou uma moto. Rodeado por materiais inusitados para um ateliê, Dimas só precisa de uma maquina de solda, uma de costura, ferramentas de alvenaria, furadeiras, esmerilhadeira e compressores para trabalhar. Utilizando como princípio o reaproveitamento dos resíduos que descartamos, além de inovar, o artista luta contra o consumismo dos dias de hoje: “pois as engrenagens que movem o mundo podem facilmente girar a nosso favor”. As mudanças na vida do artista são baseadas em um trecho dito pelo expoente da arte em ferro retorcido, nosso conterrâneo, Amílcar de Castro que fala sobre buscar a originalidade: “acho que tudo que eu faço é um pouco diferente, buscando ser original sempre, o exemplo são os materiais que utilizo como enxadas, foices, ferraduras, correntes, coroas de moto, e parafusos velhos. Trabalho em peças minhas onde a criação é completa e totalmente inusitada”, conta. O encanto pelo meio artístico, podemos dizer que nasceu com ele, já que antes mesmo de ingressar na escola, Dimas já se arriscava em desenhar histórias em quadrinhos sem apresentar dificuldades. Perdeu o pai aos 14 anos e assumiu os trabalhos de tapeceiro deixados por ele em São Bento do Sapucaí. A necessidade de contribuir no sustento da família impulsionou o jovem a aprender o ofício: “eu só sabia costurar em linha reta, o resto aprendi na marra”. O único homem de cinco filhos tomou as rédeas e se tornou literalmente o homem da casa. Atualmente Dimas compõe suas peças em uma ateliê localizado à Avenida Adelino Dias de Carvalho 120, Boa Vista II e boa parte das vendas e da publicidade é feita pela internet. 07 No ano passado recebeu um convite para expor no Ministério do trabalho em Brasília. O evento será realizado em assim que o acervo estiver pronto: “são necessárias 25 peças. Devido ao tempo curto do meu dia vou fazendo a medida que posso. Além disso, há muitos detalhes nas peças, que é a característica do meu trabalho”, explica. O sucesso das peças é comprovado pelas vendas até mesmo no exterior: “vendi duas peças para fora do Brasil, uma para o cônsul da província de San Marino, outra para a cidade Ilinois EUA”, lembra ele. 08 Zizo: exemplo de honestidade na política Carla Barbosa No ano de 2013 em 27 de julho, Paraisópolis perdeu uma das fuguras mais importantes do meio político. José Asdrubal Zizo de Almeida ou simplesmente, seu Zizo. Aos 89 anos deixou orfã uma cidade, cinco filhos,13 netos e 7 bisnetos. Um filho ele havia perdido em 2011. Zizo nasceu 18 de março de 1924 e faleceu em Paraisópolis. Morou por algum tempo no Rio de Janeiro, onde serviu às Forças Armadas em 1944,logo em seguida estouraria a segunda guerra muncial. Morou também em São José dos Campos, onde foi bancário, mas nunca se ausentou de Paraíso por muito tempo. Com 22 anos anos regressou a Paraisópolis em definitivo e se casou com Jacira Dias de Almeida com quem completaria esse ano, 68 anos de casamento. Infância e juventude: Zizo passou a infância em Paraisópolis, fez o ginasio em Pouso Alegre, no Colégio São jose, trabalhou no banco Itajubá, hoje o Santander, depois disso foi transferido para o RJ. Foi reservista de 2ª categoria nas forças armadas e convocado para o exército quando voltou para Pouso Alegre e permaneceu até terminar a guerra sendo dispensado depois da guerra. Vida política: Zizo começou seu envolvimento na política trabalhando na prefeitura de Paraisópolis como secretário geral por 18 anos. Depois de trabalhar na gestão do prefeito Wenceslau Simões de Almeida, entrou para a política. Sua primeira experiência como prefeito foi 1971 a 1973, num mandato ‘tampão’. Aposentou-se na Prefeitura como servidor público em 1977. Depois foi eleito dessa vez pela vontade do povo em 1982 até 1988. Foram oito anos de Prefeitura e dezenas de obras. Alguns feitos: • Criação do pronto socorro; • Posto de saúde; • Contrução de estradas; • Deu início ao processo para trazer a Erickson a Paraisópolis; • Delphi; • Aquisição da primeira máquina para manutenção de estradas; • Com apoio de deputados e prefeitos vizinhos abriu a estrada que ligava Paraíso à piranguinho; • Com apoio do governador, a estrada que liga Paraíso à Conceição dos Ouros; • Pavimentação da rua Pouso Alegre; • Encanamento da rede de esgoto e pavimentação da Vila Frei Orestes; • Contrução da praça Centenárioem homenagem ao centenário da cidade; • Construção da Praça da Consolação em homenagem aos antepassados de lá, que era chamada Capivari. • Canalizaçãoda água do bairro Brejo Grande para dar acesso à água potável a cidade; • Pavimentação da avenida guarda mor Carneiro, Avenida Rio Branco e Vila São Luis. • Finalizaçãoda àrea de Lazer; • Construiu casas populares. Zizo em família: Meu avô era muito honesto. Honestidade era o adjetivo que ele levava a risca, tanto na vida pública quanto na pessoal. Era honesto com as finanças e com a integridade. Ele foi um homem que nunca se curvou às vaidades que a vida pública propusera. Ele nunca se curvou ao mundo, sempre manteve seus ideias como o norte de sua vida. Era muito amoroso, carinhoso. A alegria dele era os netos em volta. Era apaixonado por crianças. Tratava educadamente a todos, sem discriminar ninguém. Era cavalheiro, daqueles à moda antiga que priorizava a mulher e os mais velhos. Tinha orgulho da família e do trabalho que exercera. Ele era de bem com a vida, só sorria. ( Emanuel Almeida, neto). Um dedo de prosa... Outro de cachaça Carla Barbosa Na divisa entre os municípios de Paraisópolis e Conceição dos Ouros, há 98 anos nascia da cana de açúcar o líquido que mais tarde se consolidaria como um dos símbolos da cidade, a cachaça Amélia. No início do século passado, João Pereira de Faria chegou à terra do vento com a esposa Edwiges e cinco filhos, vindo de Brasópolis. Nos tempos em que estradas não cortavam a zona rural do então, São José do Paraíso, era preciso vencer primeiramente o desafio de alimentar a família. João plantou café, milho, arroz, mandioca e feijão. Criou porcos e gado. E logo menos a prosperidade chegou à Fazenda Santa Luzia. João era filho de outro João e da Dona Amélia. Movido pela ideia de construir um engenho, não se aquietou até o fazer. Sob os olhos atentos do empreendedor, a garapa se transformava em rapadura, melado e cachaça. João da Amélia viu seu sonho reluzir na folhagem verde cana que cercava a fazenda. O que ele não sabia, é que mais tarde a ‘Pinga Amélia’ viria a conquistar não só o sul de Minas, como também romper as limítrofes do estado. Em 1942 João da Amélia arrendou a Fazenda Santa Luzia para seus filhos Isaac e José, que se dedicaram e se empenharam quase somente na produção de cana para produzir aguardente Amélia. Já em 1957, a área de engenho crescia para 300 metros quadrados para conseguir abrigar caldeira, novas moendas e alambique. Com esta mudança, a indústria que tinha um consumo de três toneladas por dia, passou a processar quinze toneladas por dia. Mas, nem sempre a produção de cachaça foi de vento em popa. Com a morte de Isaac, José passou a administrar a fazenda sozinho e enfrentou alguns dos piores anos de mercado. A fabricação da pinga deu lugar a rapadura e por quatro anos foi assim que a fazenda sobreviveu. Em 1966 o mercado voltou a reagir e os trabalhos foram retomados. 09 Em 1973, Joaquim Antônio abandona o ofício na área de telecomunicações para seguir os passos do pai, assumindo o setor de vendas da aguardente. Em 1977, José Maria o filho mais velho deixa uma multinacional em São Paulo e faz o caminho de volta para casa a exemplo do irmão. Para completar, João Vianney deixou os frios laboratórios de Química Industrial de uma grande empresa e se junta aos irmãos. Em 1982, os três irmãos assumem a ‘Pinga Amélia’ e se inicia uma nova etapa da empresa com a criação da aguardente Três Jotas. Do lombo dos burros que carregavam até 1.500 litros de pinga, para a incrível produção de dois milhões e duzentos mil litros por safra. A distribuição que antes levada até 15 dias para chegar ao destino, hoje a conta com quatro caminhões de distribuição. E hoje, 98 anos depois, o sonho de João se transformou no império da Pinga Amélia, um dos símbolos que levam o nome da cidade para o mundo. ‘ Guardiões da Cidadania’ 10 Carla Barbosa Em uma cidade pequena, é difícil tomar partido de certas situações, questionar os fatos ou em um português bem claro: ‘dar a cara a tapa. Mas, nada disso foi problema para a ONG ‘Guardiões da Cidadania’. Instituída no dia 10 de janeiro de 2005, esteve a serviço da população de Paraisópolis até julho de 2008, quando venceu o prazo de dois anos do mandato de presidente de Paulo Artur Gonçalves: “convoquei eleições e não apareceu nem candidato nem sócio eleitor. Isto posto, suspendi as atividades. Não aceitei convo- car assembléia, com qualquer número, para mudar o estatuto e continuar como presidente. A ONG era da sociedade e a alternância no comando é necessária. Eu era presidente da ONG e não a ONG” acrescenta Paulo”. Tratava-se de uma associação civil, sem fins lucrativos cuja finalida- de era trabalhar em favor da ética na política e da transparência na Gestão Pública. Realizava um trabalho de levantamento de dados, onde suspeitava haver indícios de corrupção e encaminhava esses dados ao Ministério Público. O trabalho muitas vezes impecável dos membros deu a ONG reconhecimento nacional. No início era composta por 30 membros e em seu encerramento, restaram apenas cinco, sendo que três faziam parte da diretoria. A estrutura da ONG começou a ser abalada após a morte de um dos fundadores e primeiro presidente, Sidney Alves Monteiro. A falta de apoio, dificuldades e sobrecarga dos trabalhos investigativos foram os motivos de muitas abdicações. Suas reuniões aconteciam na sala cinco do Salão Paroquial as terças feiras, onde era discutido o conteúdo do programa da rádio “Cidadania Já”, pautadas as ações de fiscalização, analisados os resultados das já efetuadas, elaboração das representações ao Ministério Publico, entre outros. A lembrança da existência da ONG está atrelada à importância de Paulo Artur Gonçalves a cidade de Paraisópolis. Falecido no dia 20 de julho de 2013, engenheiro e empresário deixou marcas de sua passagem e algumas delas foram as investigações conduzidas como último presidente da “Guardiões da Cidadania”. Matéria escrita com base em uma entrevista concedida por Paulo Artur Gonçalves em 2009, para o jornal Gazeta do Vale. Ary Wilson Prado é Cirurgião Dentista há 32 anos, Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-faciais (reconhecido pelo C.F.O. e M.E.C.) , Especialista em Implantodontia (reconhecido pelo C.F.O. e M.E.C.) , Especialista em Cirurgia Plástica Periodontal e Peri-implantar (reconhecido pelo M.E.C.) . Residência no Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-faciais do Hospital Beneficência Portuguesa de São Caetano do Sul – S.P. . Atua na área de Implantodontia há 20 anos. O que são implantes dentários ? São parafusos em titânio puro, colocados dentro dos ossos maxilares, servindo como fi- Paraisópolis 141 anos 11 Dúvidas sobre Implantes Dentários da e da musculatura facial. Causa problemas na mastigação, dores articulares, além de perda estética com aspecto de envelhecimento. xação para diferentes tipos de próteses dentárias: de um único dente, de vários dentes, ou até mesmo de todos os dentes. Qual o tempo que devo aguardar para a colocação das próteses ? Normalmente aguarda-se de 4 a 6 meses para colocação das próteses definitivas. Período da osseointegração (formação óssea ao redor do implante com sua posterior fixação). O paciente deve ficar desdentado durante o período de osseointegração ? Não. Salvo em raras exceções, todos os pacientes receberão próteses provisórias durante o período de osseointegração, para que possam realizar suas atividades de convívio social. Posso fazer a prótese definitiva no mesmo dia da cirurgia ? Sim, em determinados casos. Trata-se do implante de carga ime- diata. Nestas situações, a instalação da prótese é realizada no mesmo dia ou em poucos dias após cirurgia. A falta de dentes pode me prejudicar ? Sim. A falta de um ou mais dentes leva a um desequilíbrio da mordi- Existe o risco de rejeição ? Não! O implante dentário é feito com titânio, um material biocompatível, portanto não é rejeitado pelo organismo. O que pode acontecer, em raros casos, é o insucesso por falha na união do implante com o osso. Mesmo não tendo osso suficiente é possivel colocar um implante ? Hoje em dia a quantidade insuficiente de osso nem sempre impede o tratamento com implantes dentários. Na grande maioria das vezes é possível regenerar através de enxerto ósseo. O que é enxerto ósseo ? Quando ocorre a perda de um dente, o osso que estava ao redor da raiz diminui gradativamente, em um processo chamado reabsorção óssea. Em casos que não há osso suficiente para fixação do implante, é necessário repor através de cirurgias pouco invasivas, utilizando-se materiais artificiais ou osso da própria pessoa retirado de outro local. São os enxertos ósseos. Os enxertos podem ser feitos previamente ou na mesma sessão da colocação do implante. OPIS: Há 15 anos batendo recorde em solidariedade 12 Carla Barbosa Competições e rivalidade x solidariedade e união. A maneira mais fácil de descrever a OPIS - Olimpíada de Paraisópolis de Inverno e Solidariedade. São 15 anos de história e arrecadações de fundos para as quatro instituições filantrópicas da cidade: APAE, Asilo São Vicente de Paula, Hospital Frei Caetano e Casa da Criança. A festa teve início 1999 e hoje conquista um público diversificado, parai- sopolense ou não. A OPIS é totalmente voluntária e conta com apoiadores para a realização. Divida em duas partes: Festiva e esportiva, o evento acontece sempre no mês de julho, aproveitando o período de férias. Ao final dos jogos, no último dia de festa durante o tradicional almoço solidário, é anunciada a equipe vencedora. Como surgiu a OPIS? Em 1999, em Paraisó- polis, a prática de esportes era bem pouco estimulada. Nesse mesmo momento, datado do final dos anos 90, f lorescia no Brasil ideias voltadas ao voluntariado, movimentos sociais e doação à comunidade. Foi aí que Régis Barros de Carvalho, filho de Paraisópolis e de ‘Seu Nonô’ que por muitos anos manteve uma loja de tecidos em frente a Igreja Matriz idealizou a OPIS - Olim- píada de Paraisópolis de Inverno e Solidariedade. A família se mudou para Belo Horizonte quando os filhos ainda eram todos muito jovens, porém, nunca perderam o vínculo com a cidade natal. Em uma dessas visitas a Paraíso, foi que Régis notou a falta de opção para os jovens em modalidades esportivas diferentes do futebol e decidiu criar uma gincana aliada a ações que auxiliassem às entidades filantrópicas da cidade. O projeto original era de integrar as entidades ao dia-a-dia da cidade, trazê-las para o centro , dar-lhes visibilidade.Fazer com que o cidadão comum, ao conhecer de perto o trabalho da Apae, Casa da Criança, Hospital e Asilo, entendesse sua importân- cia e colaborasse o ano todo com as instituições. Da mesma forma, seriam organizados ao longo do ano torneios e campeonatos, que preparassem os atletas para a participação na Opis – uma forma de fazer com que o esporte se consolidasse como opção de lazer e de participação comunitária. Régis lançou a semente e até mesmo patroci- nou o início da festa. Mesmo após a consolidação do evento, manteve a postura de contribuir anualmente para a realização da OPIS. A OPIS é a principal festa de Paraisópolis, e um dos maiores eventos esportivos da região. Há 15 anos batendo recorde em solidariedade. Com informações de Márcia Maria de Souza O céu é o limite Carla Barbosa Quem vê asas delta colorindo o céu de Paraisópolis e dividindo espaço com parapentes e pássaros, não imagina que o primeiro construtor de um ‘geringonça’ dessa é nosso conterrâneo. Felipe Wasser faleceu aos 46 anos de idade em janeiro de 1988. Na verdade não nasceu em Paraisó- polis, mas habitualmente utilizava nossos picos para saltar. Morou a vida toda em São José dos Campos –SP e trabalhou na Embraer. A primeira asa foi trazida da Europa por um francês no início dos anos 70 para o Rio de Janeiro. O aventureiro já havia formado um aluno e o objeto voador instigou a curiosidade do projetista da Embraer. Em 1973, em uma passagem pela Itália, onde o esporte engatinhava, tomou as medidas e, chegando ao Brasil, buscou material similar ao utilizado na Europa. Assim nasceram os primeiros modelos “Rogalos” do país, e em seguida os primeiros alunos. Wasser foi um dos primeiros voadores a se aventurar em céu brasileiro e o primeiro a decolar em São Paulo com 32 anos. Se arriscar em esportes não foi novidade na vida do esportista. O �ilho Anderson Wasser, lembra que mesmo antes da asa, Felipe já praticava diversas modalidades: “era um exímio subidor de árvores e fazia tirolezas de tirar o fôlego, ele também fazia trilhas, e chegou a saltar de paraquedas”, conta. Subir no topo de um monte e se jogar lá de cima foi uma maneira que ele encontrou de suprir a frustração por não ter sido um piloto de aeronaves: “viu na asa a oportunidade de realizar seu sonho de voar”, explica Anderson. Descobridor de rampas, Felipe saltava do Pico Agudo, Atibaia, Caraguatatuba, Paraisópolis, Brazópolis, São Francisco Xavier, Caçapava, Aparecida e muitas outras regiões nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Curiosidade e audácia faziam parte da ro- 13 tina de Wasser, em meados dos anos 80 desbravou nossos terrenos mais íngremes até os topos mais altos e sem que haja registros anteriores a ele, acredita-se que tenha sido o primeiro voador de nossa cidade juntamente com o amigo e aluno Yutaka Nacamura. Anderson Wasser é o �ilho mais velho e aos 44 anos de idade segue o legado do pai tanto no lado pro�issional quanto no espírito aventureiro. Ele, junto com três amigos formaram a última turma formada por Wasser, antes de partir. A irmã Elisângela, é técnica em enfermagem e assim como o irmão acredita que onde o pai estiver, está contente em ser o pioneiro do vôo livre em Paraisópolis: “se todos nos voamos hoje em dia sobre a cidade, devemos um pouco disto a ele”, �inaliza Anderson. 14 Paraisópolis 141 anos Descobrindo um Paraíso Carla Barbosa Um Paraíso rodeado de verde, localizado ás margens do Rio Sapucaí e aos pés do Pico do Machadão que suspenso nas rochas há 1500 metros de altitude observa do alto a bela Paraisópolis e esconde a represa artificial mais alta da América Latina. Terrenos até então pouco explorados, mas, que desde 2010, encontrou na garra e determinação de um jovem aventureiro, o caminho para o turismo de aventura. Thiago Messias, deixou para trás a estabilidade do emprego como engenheiro civil em São José dos Campos –SP e retornou à cidade natal, onde realizou um sonho antigo, abrir as portas de uma agência de esportes, a ‘Radicais Livres Aventuras’ juntamente com seu irmão Lucas de Souza. Muito trabalho até catalogar todos os pontos, disponibilizar os esportes, treinar e capacitar instrutores, adquirir e organizar os equipamentos, até que no dia oito de de- zembro de 2013, finalmente o pontapé inicial estava dado. São inúmeras as opções, desde uma trilha simples, até vôos duplos de parapente e asa delta. O sonho de Thiago foi interrompido por um acidente fatal em setembro de 2013. Mas, a família conduz fielmente o legado do esportista. Em cada nova atividade realizada pela equipe, cada novo membro, novo desafio, nova aquisição, seu nome é lembrado como mentor.