Relatório Nacional de Angola
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Relatório Nacional de Angola
FORTALECENDO AS CONTRIBUIÇÕES DAS UNIVERSIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA NA ÁFRICA AUSTRAL Relatório Nacional de Angola ESTUDO DE IDENTIFICAÇÃO DA SARUA AS ALTERAÇÕES Nota CLIMÁTICAS CONTAM Encontra-se aqui o Relatório Nacional de Angola referente ao estudo de identificação As 2 RELATÓRIO 2014 Alterações Climáticas VOLUME Contam da Associação NACIONAL Regional das1 Universidades da África Austral (SARUA). Este texto reúne a documentação de base sobre as alterações climáticas em Angola, as indicações sobre as necessidades de conhecimento e investigação e as lacunas de capacidade (individuais e institucionais), o mapeamento das funções e contribuições universitárias existentes para o desenvolvimento compatível com o clima (CCD), assim como uma discussão acerca da possibilidade de existência de vias de aprendizagem acerca do CCD e da co-produção e utilização futuras e conhecimento colaborativo o CCD emPARA Angola. FORTALECENDO AS CONTRIBUIÇÕES DAS sobre UNIVERSIDADES O DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA NA ÁFRICA AUSTRAL Este Relatório faz parte de um conjunto de 12 Relatórios Nacionais no Volume 2, que servem de base ao Volume 1: Quadro de Co-produção de Conhecimento regional integrado do estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam, e inclui uma análise regional comparativa integrada usando os resultados dos outros países da SADC, bem como o proposto quadro regional Editor da Série: Piyushi Kotecha para a investigação colaborativa sobre o desenvolvimento compatível com o clima. Relatório Nacional de Angola Autores: Heila Lotz-Sisitka e Penny Urquhart © SARUA 2014 Associação Regional das Universidades da África Austral (SARUA) PO Box 662 WITS 2050 ÁFRICA DO SUL O conteúdo desta publicação pode ser utilizado e reproduzido livremente sem fins lucrativos, desde que seja dado pleno reconhecimento da fonte. Todos os direitos reservados. ISBN: 978-0-9922355-5-0 Coordenador do Programa SARUA: Piyushi Kotecha Autores: Heila Lotz-Sisitka & Penny Urquhart Gestão e Coordenação do Projecto: Botha Kruger, Johan Naudé, Ziyanda Cele Investigação e Facilitação de Workshops: Vladimir Russo, Dick Kachilonda, Dylan McGarry, Mutizwa Mukute Parceiro de Hospedagem Universitária: Universidade Agostinho Neto Comité Director do Projecto: Professor X Mbhenyane, Universidade de Venda; Professor R Mutombo, Universidade de Lubumbashi; Professor M New, Universidade da Cidade do Cabo; Professor P Yanda, Universidade de Dar-es-Salam, Professor RJ Zvobgo, Universidade Estadual de Midlands Edição de Texto: Kim Ward Tradução: Folio Translation Consultants A SARUA é uma associação de liderança sem fins lucrativos que reúne as universidades públicas dos 15 países da região da SADC. Tem por missão promover, fortalecer e expandir o ensino superior, a investigação e a inovação através de iniciativas inter-institucionais alargadas de cooperação e de desenvolvimento de capacidades na região. Promove as universidades como contribuindo decisivamente para a construção de economias de conhecimento, para o desenvolvimento socioeconómico nacional e regional e para a erradicação da pobreza. Os autores são responsáveis pela selecção e apresentação dos factos contidos neste documento e pelas opiniões nele expressas, não sendo estas necessariamente as da SARUA, e não assumem qualquer compromisso em nome da Associação. O estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam é a fase inicial do Programa de Desenvolvimento de Capacidades em matéria de Alterações Climáticas da SARUA. Este estudo foi viabilizado pelo apoio profissional, financeiro e em espécie de múltiplos parceiros. O patrocinador principal do estudo foi a Rede de Conhecimento para o Clima e Desenvolvimento (CDKN). Principais Parceiros do Estudo de Identificação Proprietário do Programa Parceiro de Implementação Patrocinadores Complementares do Estudo Programa Regional de Educação Ambiental da SADC Patrocinadores e Hospedeiros Universitários Rhodes University Tshwane University of Technology Universidade Agostinho Neto Université des Mascareignes University of Cape Town University of Dar Es Salaam University of Fort Hare University of Malawi University of Namibia University of Pretoria University of Seychelles University of Swaziland University of Zambia Vaal University of Technology Zimbabwe Open University Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Índice 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6 1.1 Riscos climáticos regionais e liderança universitária para o desenvolvimento compatível com o clima na África Austral ...................................................................................................................... 6 1.2 Programa da SARUA de Desenvolvimento de Capacidades no domínio das Alterações Climáticas: História e objectivos ........................................................................................................ 11 1.3 Estudo da SARUA de identificação do CCD: Identificar a capacidade existente e as futuras possibilidades de produção de conhecimento .................................................................................. 12 1.4 2 Conceitos fundamentais ......................................................................................................... 13 METODOLOGIA, FONTES DE DADOS E LÓGICA DA ANÁLISE ............................................... 17 2.1 Concepção da investigação .................................................................................................... 17 2.1.1 2.1.2 2.1.3 3 Análise documental ......................................................................................................................... 17 Consultas com as partes interessadas e pessoal universitário (workshop nacional) ...................... 18 Questionários .................................................................................................................................. 19 2.2 Limitações do estudo de identificação ................................................................................... 20 2.3 Ampliação do estudo de identificação ................................................................................... 21 2.4 Lógica da análise ..................................................................................................................... 22 ANÁLISE DAS NECESSIDADES .............................................................................................. 23 3.1 Introdução da análise das necessidades ................................................................................ 23 3.2 Contexto socio-económico e impactos e vulnerabilidades das alterações climáticas: Factores impulsionadores das necessidades de CCD ....................................................................................... 23 3.2.1 3.3 Contexto socio-económico.............................................................................................................. 23 Impactos e vulnerabilidades da alterações climáticas observadas e previstas ...................... 24 3.3.1 3.3.2 3.3.3 Alterações climáticas observadas ................................................................................................... 24 Alterações climáticas previstas ....................................................................................................... 24 Impactos e vulnerabilidades ........................................................................................................... 25 3.4 Necessidades identificadas: Prioridades nacionais para o CCD em Angola a curto e médio prazo ................................................................................................................................................ 26 3.4.1 Necessidades identificadas: Prioridades de adaptação e mitigação articuladas nas políticas e estratégias ..................................................................................................................................................... 26 3.4.2 Prioridades e necessidades identificadas para o CCD articuladas no workshop ............................. 28 3.4.3 Necessidades identificadas para o CCD articuladas nos dados do questionário ............................. 29 3.5 Necessidades de conhecimento e de capacidade: Investigação e conhecimento sobre o CCD, lacunas em matéria de capacidade individual e institucional (relacionadas com as prioridades do CCD) ................................................................................................................................................ 29 3.5.1 3.5.2 3.5.3 4 Necessidades de investigação e lacunas de conhecimento ............................................................ 29 Análise das necessidades: Lacunas de capacidade individual ......................................................... 35 Análise das necessidades: Lacunas de capacidade institucional ..................................................... 36 ANÁLISE INSTITUCIONAL ..................................................................................................... 38 4.1 Introdução da análise institucional ........................................................................................ 38 4.2 Disposições políticas e institucionais...................................................................................... 38 4.2.1 4.2.2 Disposições políticas e institucionais que regem o ensino superior em Angola ............................. 38 Contexto político das alterações climáticas .................................................................................... 40 Maio de 2014 1 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4.2.3 Disposições institucionais das alterações climáticas ....................................................................... 41 4.3 Quadros de investigação e desenvolvimento ......................................................................... 41 4.4 Algumas iniciativas e programas actuais a nível do CCD ........................................................ 42 4.5 Estado existente da investigação, educação, trabalho de inclusão e ligação em rede a nível do CCD em Angola ............................................................................................................................. 43 4.5.1 4.5.2 4.5.3 4.5.4 4.5.5 4.5.6 4.5.7 Entendimento do CCD: Políticas nacionais, intervenientes e pessoal universitário ........................ 43 Actual investigação relacionada com o Desenvolvimento Compatível com o Clima ...................... 45 Inovações curriculares e ensino do CCD ......................................................................................... 51 Sensibilização comunitária e política .............................................................................................. 51 Envolvimento estudantil ................................................................................................................. 51 Cooperação e ligação em rede universitária ................................................................................... 51 Gestão da política universitária e do campus ................................................................................. 54 4.6 Que práticas existentes podem ser reforçadas e o que se poderá fazer de forma diferente? .......................................................................................................................................... 54 4.6.1 Afectação de recursos para o CCD e para a política do CCD e ainda a aplicação de políticas ......... 54 4.6.2 Coordenação, cooperação e desenvolvimento de melhores parcerias .......................................... 54 4.6.3 Fortalecer e alargar o entendimento do CCD.................................................................................. 54 4.6.4 Desenvolvimento de capacidades a nível do CCD e do pessoal ...................................................... 55 4.6.5 Desenvolvimento e inovação curriculares ...................................................................................... 56 4.6.6 Investigação e desenvolvimento de capacidades de investigação (incluindo a gestão de centros de investigação) ................................................................................................................................................. 56 4.6.7 O papel dos líderes universitários ................................................................................................... 57 5 POSSIBILIDADES DE CO-PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO .................................................. 58 5.1 Actuais práticas de co-produção de conhecimento através de abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares ............................................................................................... 58 5.1.1 Esclarecimento do significado de abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares da investigação ................................................................................................................. 58 5.1.2 ‘Estado’ actual das abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares da investigação e co-produção de conhecimento.............................................................................................. 61 6 RESUMO E CONCLUSÃO ...................................................................................................... 66 6.1 Perspectiva de síntese sobre a análise das necessidades de conhecimento, investigação, capacidade individual e institucional ................................................................................................ 66 6.1.1 6.1.2 6.1.3 6.1.4 6.1.5 6.1.6 Contexto definidor das necessidades.............................................................................................. 66 Necessidades gerais de adaptação e mitigação .............................................................................. 67 Lacunas específicas em matéria de conhecimento e investigação ................................................. 67 Necessidades transversais .............................................................................................................. 68 Necessidades de capacidade individual .......................................................................................... 68 Necessidades de capacidade institucional ...................................................................................... 68 6.2 Perspectiva de síntese sobre a análise institucional .............................................................. 69 6.3 Um amplo mapa das vias de co-produção de conhecimento sobre o CCD em Angola .......... 72 6.3.1 SADC Possibilidade de ligação a um sistema de co-produção de conhecimeno em rede na região da ........................................................................................................................................................ 78 ANEXO A: LISTA DE PRESENÇAS .................................................................................................. 79 ANEXO B: INVESTIGADORES ACTIVOS IDENTIFICADOS QUE CONTRIBUEM PARA ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO RELACIONADAS COM AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS / O DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA ....................................................................................................... 83 ANEXO C: QUESTIONÁRIO DIRIGIDO ÀS UNIVERSIDADES .......................................................... 89 ANEXO D: QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS INTERVENIENTES ...................................................... 94 Maio de 2014 2 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Quadros Quadro 1: Programa geral do workshop ..................................................................................... 18 Quadro 2: Lacunas de conhecimento, investigação e capacidade individual e institutional identificadas pelos participantes no workshop .......................................................................... 32 Quadro 3: Algumas iniciativas e programas existentes a nível do CCD em Angola .................... 42 Quadro 4: Primeiros seis artigos enumerados na busca com o Google Scholar utilizando os termos ‘Alterações Climáticas’ e ‘Angola’ na busca e origem do primeiro autor ....................... 45 Quadro 5: Redes de conhecimento angolanas relacionadas com o CCD ................................... 50 Quadro 6: Redes de investigação angolanas relacionadas com o CCD ....................................... 50 Quadro 7: Outros intervenientes e o seu papel no trabalho com o sector universitário, conforme abordado no workshop .............................................................................................. 53 Quadro 8: Fontes de especialização sobre o CCD identificadas em Angola ............................... 71 Quadro 9: Análise das Lacunas de Conhecimento, Investigação, Desenvolvimento de Capacidades e Capacidade Institucional de uma das prioridades de Angola em termos de CCD: A Gestão de Recursos Hídricos.................................................................................................... 74 Quadro 10: Lista de competências especializadas – Angola ....................................................... 83 Figuras Figura 1: Alteração projectada da temperatura média anual (°C) e da precipitação média anual (mm) na região da SADC, para o período contínuo 2040-2060 e 2080-2099, relativo a 19702005 ............................................................................................................................................................................. 8 Figura 2: Alteração projectada da temperatura média anual (°C) e da precipitação média anual (mm) na região da SADC, para o período contínuo 2040-2060 e 2080-2099, relativo a 19702005............................................................................................................................................... 9 Figura 3: Programa da SARUA de Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas, mostrando o estudo de identificação. ...................................................................... 12 Figura 4: Quadro Conceptual do Desenvolvimento Compatível com o Clima (adaptado de Mitchell e Maxwell, 2010) ........................................................................................................... 14 Figura 5: Abordagens da investigação ........................................................................................ 59 Maio de 2014 3 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Siglas ABA Associação dos Biólogos de Angola AMESD Projecto de Monitorização Africana do Ambiente para um Desenvolvimento Sustentável AQA Associação dos Químicos de Angola BCC Comissão da Corrente de Benguela BCLME Grande Ecossistema Marinho da Corrente de Benguela BESA Banco Espírito Santo Angola BID Documento com Informações Gerais CASSALD Avaliação do Âmbito de Aprendizagem e Desenvolvimento da China e Sul-Sul CBNRM Gestão dos Recursos Naturais com Base nas Comunidades Locais OBC Organização de Base Comunitária CDKN Rede de Conhecimento para o Clima e Desenvolvimento CDM Mecanismo de Desenvolvimento Limpo CEIC Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola CESSAF Centro de Excelência para Ciências Aplicadas à Sustentabilidade CNPC Comissão Nacional de Protecção Civil CNRF Centro Nacional de Recursos Fitogenéticos CSIR Conselho de Investigação Científica e Industrial CTI Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação CTMA Associação de Educação Ambiental da África Austral DNA Autoridade Nacional Designada DNAPF Direcção Nacional de Agricultura, Pecuária e Florestas DW Development Workshop EEASA Associação de Educação Ambiental da África Austral FCUAN Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências FEUAN Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Engenharia FFEWS Sistema de Alerta Precoce sobre Fome e Inundações GCLME Programa do Grande Ecossistema Marinho da Corrente do Golfo GHG Gases com efeito de estufa GIS Sistemas de Informação Geográfica GdA Governo de Angola Maio de 2014 4 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola IES Instituição de Ensino Superior HEMA Consórcio Gestão do Ensino Superior em África IDRC Centro de Investigação Internacional para o Desenvolvimento INAMET Instituto Nacional de Hidrometeorologia e Geofísica (Instituto Meteorológico) INE Instituto Nacional de Estatística IPCC Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas JEA Juventude Ecológica de Angola MAT Ministério da Administração do Território MINAGRI Ministério da Agricultura MINCO Ministério do Comércio MINERGA Ministério da Energia e Águas MINFIN Ministério das Finanças MINGM Ministério da Geologia e Minas MINPES Ministério das Pescas MINPET Ministério dos Petróleos MINSCT Ministério da Ciência e Tecnologia MINTRANS Ministério dos Transportes NAPA Programa de Acção Nacional de Adaptação ONG Organização Não Governamental NIReS Instituto Newcastle de Investigação sobre Sustentabilidade ODINAFRICA Rede de Dados e Informações Oceânicas de África REDE MAIOMB ONG de Coordenação para o Ambiente SADC Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SADC REEP Programa Regional de Educação Ambiental da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SARUA Associação Regional das Universidades da África Austral SASSCAL Centro de Serviços Científicos para as Alterações Climáticas e Gestão Adaptável da Terra da África Austral SD Desenvolvimento Sustentável SODA Assimilação Simples de Dados Oceânicos TDA Análise de Diagnóstico Transfronteiriça UAN Universidade Agostinho Neto UJES Universidade José Eduardo dos Santos PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento UNFCCC Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas Maio de 2014 5 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 1 INTRODUÇÃO 1.1 Riscos climáticos regionais e liderança universitária desenvolvimento compatível com o clima na África Austral para o Globalmente, a África Austral é uma das regiões mais vulneráveis ao impacto das alterações climáticas. A actual variabilidade climática e a vulnerabilidade a eventos extremos como cheias e secas é elevada, e uma série de factores de perturbação existentes, como a disponibilidade de água, a degradação da terra e desertificação, assim como a perda de biodiversidade, condicionam a segurança alimentar e o desenvolvimento. A redução da pobreza estrutural na região é também posta em causa pelas ameaças para a saúde como a malária e o VIH/SIDA, assim como por aspectos institucionais e de governação. As alterações climáticas irão agravar muitos destes problemas correlacionados que se colocam à subsistência regional, que muitas vezes assenta na agricultura de subsistência, e às economias regionais, frequentemente dependentes de recursos naturais. A elevada vulnerabilidade da região às alterações climáticas é uma função da gravidade dos impactos climáticos físicos projectados e deste contexto com múltiplos factores de perturbação, que aumentam quer a exposição quer a sensibilidade a esses impactos. Além do seu papel como multiplicador de risco, as alterações climáticas introduzem novos riscos climáticos. As mudanças de temperatura já observadas na África Austral são mais elevadas do que os aumentos de temperatura referidos noutras partes do mundo (IPCC 2007), e as projecções indicam um aumento de 3.4°C da temperatura anual (até 3.7°C na primavera), quando se compara o período de 1980-1999 com o período de 2080-2099. O aquecimento médio das superfícies terrestres provavelmente irá exceder os aumentos de temperatura médios terrestres globais em todas as estações.1 Outras previsões apontam para a secagem geral da África Austral, com maior variabilidade de pluviosidade; adiamento do início da estação chuvosa, com cessação antecipada em muitas áreas; e um aumento da intensidade de precipitação nalgumas zonas (ver Figura 1 2). Os riscos adicionais causados pelo clima, para além dos efeitos directos do aumento da temperatura e da incidência e/ou gravidade de eventos extremos como cheias e secas, incluem mais tempestades de vento, vagas de calor e fogos de mato. Os riscos acrescidos e os novos riscos agirão a nível local, agravando outros factores de perturbação e pressões a nível de desenvolvimento a que as pessoas fazem face, e 1 IPCC. 2013. Impacts, Vulnerability and Adaptation: Africa. IPCC Fifth Assessment Report, draft for Final Government Review, October 2013, Chapter 22. 2 As projecções das futuras alterações climáticas apresentadas nas Figuras 1 e 2 foram facultadas pelo Conselho de Investigação Científica e Industrial (CSIR), e foram obtidas mediante a redução de escala do resultado de diversos modelos globais associados (CGCMs) a alta resolução em África, usando um modelo climático regional. Todos os CGCMs com redução de escala contribuíram para a 5ª Fase do Projecto de Intercomparação de Modelos Associados (CMIP5) e do 5º Relatório de Avaliação (AR5) do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC). São fornecidas informações adicionais destas simulações na 1ª Fase do 1º Relatório Técnico LTAS. O modelo regional usado é o modelo atmosférico conformal-cúbico (CCAM), desenvolvido pelo CSIRO na Austrália. Para ver diversas aplicações do CCAM na África Austral, consultar Engelbrecht, F.A., W.A. Landman, C..J. Engelbrecht, S. Landman, B. Roux, M.M. Bopape, J.L. McGregor and M. Thatcher. 2011. “Multi-scale climate modelling over southern Africa using a variable-resolution global model,” Water SA 37: 647-658. Maio de 2014 6 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola a nível nacional sobre as economias da região dependentes de recursos naturais. A natureza abrangente destes impactos realça o facto de as alterações climáticas não constituírem um limitado problema ambiental mas antes um desafio fundamental ao desenvolvimento que exige novas e alargadas respostas. Maio de 2014 7 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 8 Nota: São aqui indicados o percentil 90 (painel superior), a mediana (painel central) e o percentil 10 (painel inferior) para um conjunto de reduções de escala de três projecções CGCM, para cada um dos períodos contínuos. As reduções de escala foram efectuadas usando o modelo regional CCAM. Todas as projecções CGCM contribuem para o CMIP5 e o AR5 do IPCC, e destinam-se ao RCP4.5. Figura 1: Alteração projectada da temperatura média anual (°C) e da precipitação média anual (mm) na região da SADC, para o período contínuo 2040-2060 e 2080-2099, relativa a 1970-2005 Maio 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 9 Nota: São aqui indicados o percentil 90 (painel superior), a mediana (painel central) e o percentil 10 (painel inferior) para um conjunto de reduções de escala de três projecções CGCM, para cada um dos períodos contínuos. As reduções de escala foram efectuadas usando o modelo regional CCAM. Todas as projecções CGCM contribuem para o CMIP5 e o AR5 do IPCC, e destinam-se ao RCP8.5. Figura 2: Alteração projectada da temperatura média anual (°C) e da precipitação média anual (mm) na região da SADC, para o período contínuo 2040-2060 e 2080-2099, relativo a 1970-2005 Maio 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola As Figuras 1 e 23 mostram a alteração projectada da temperatura média anual (°C) e da precipitação média anual (mm) na região da SADC, para os períodos 2040-2060 e 2080-2099, relativo a 1970-2005. As projecções CGCM da Figura 1 destinam-se ao RCP4.5 e da Figura 2 ao RCP8.5. A Comunicação Nacional Inicial (INC) à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas em Angola (GdA 2012)4 reconhece os elevados níveis de vulnerabilidade às alterações climáticas do país mas, ao mesmo tempo, reconhece a relação entre alterações climáticas e desenvolvimento. As alterações climáticas também estão contempladas no Plano de Desenvolvimento Nacional de Angola (GdA 2011a).5 Como assessor do Ministério do Ambiente, o Dr. Luís Constantino afirmou durante a abertura do workshop da SARUA sobre o estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam: “As alterações climáticas não constituem apenas um problema ambiental, mas também um desafio ao desenvolvimento socio-económico. A vulnerabilidade às alterações climáticas e aos processos de adaptação afecta profundamente o nosso modelo de desenvolvimento, particularmente nos sectores mais vulneráveis.” A transferência da perspectiva de ‘desenvolvimento’ para uma perspectiva orientada para o ‘desenvolvimento compatível com o clima’ exige considerável inovação científica e social. São necessárias novas formas de aprendizagem, liderança, planeamento, formulação de políticas e produção de conhecimento. Serão necessárias novas plataformas de colaboração dentro e entre países e suas universidades. As universidades têm um papel crucial a desempenhar no apoio à inovação social e à mudança em prol do CCD. Não só promovem o conhecimento e a competência de futuros líderes no governo, sector empresarial e sociedade civil, mas também fornecem respostas sociais imediatas dado o seu papel fulcral como centros de investigação, ensino, partilha de conhecimento e autonomização social. Dado o efeito multiplicador do risco das alterações climáticas, aliado ao contexto dos múltiplos factores de stress, é evidente que o impacto das alterações climáticas será alargado e agirá sobre variados sectores como transporte, agricultura, saúde, indústria e turismo. Isto requer uma resposta abrangente e inter-sectorial, em que se recorre a áreas do conhecimento não relacionadas com o clima. As universidades precisam de desenvolver um sólido entendimento das implicações, em termos de conhecimento, ensino, investigação e sensibilização, do contexto de desenvolvimento externo das alterações climáticas em que funcionam, o que exige o seguinte: Novas direcções e práticas científicas; Novo conteúdo e abordagens a nível de ensino e aprendizagem; 3 Tendências e cenários climáticos para a África do Sul. Programa Emblemático de Investigação dos Cenários de Adaptação a Longo Prazo (LTAS). 1ª Fase, Relatório Técnico nº 1. Engelbrecht et al., “Multi-scale climate modelling”. 4 GdA. 2012. Comunicação Nacional Inicial à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas. 5 GdA. 2011a. Plano Geral (Nacional) do Governo de Angola (2010-11). Maio de 2014 10 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Formas mais fortes de intervenções comunitárias e actividades de sensibilização; e Reforço da cooperação entre universidades e outros produtores e utilizadores de conhecimento na sociedade. Em reconhecimento das questões referidas supra e das suas implicações a longo prazo para a sociedade e para as universidades, a Associação Regional das Universidades da África Austral promoveu um Diálogo sobre Liderança em 2011 que conduziu à visão de um programa colaborativo acerca do desenvolvimento de capacidades no domínio das alterações climáticas, com um conjunto de resultados definido. 1.2 Programa da SARUA de Desenvolvimento de Capacidades no domínio das Alterações Climáticas: História e objectivos Com base no Diálogo sobre Liderança de 2011, a SARUA concebeu um programa quinquenal para o Desenvolvimento de Capacidades em matéria de Alterações Climáticas, visando cumprir o seu mandato de promover, fortalecer e aumentar a investigação e a inovação no ensino superior, através de iniciativas alargadas para a cooperação inter-institucional e o desenvolvimento de capacidades em toda a região. O programa quinquenal colheu o apoio de uma maioria dos Vice-Reitores das 62 universidades públicas membro da SARUA (até Agosto de 2013). O programa visa desenvolver capacidades a nível do desenvolvimento compatível com o clima (CCD), que surge agora como plataforma para uma importante colaboração no sector académico. São os seguintes os objectivos identificados: Desenvolvimento de redes colaborativas (estabelecimento de seis redes colaborativas); Projectos de apoio politicos e comunitários; Investigação (140 doutorandos (em média 10 por país) em pelo menos dois programas temáticos de investigação); Ensino e aprendizagem (integração do CCD nos cursos de licenciatura e mestrados); Gestão do conhecimento (base de dados regional e sistemas de gestão do conhecimento); e Aprendizagem e apoio institucionais (desenvolvimento contínuo reflexivo programático).6 O programa comecou com um extenso estudo de identificação das actuais prioridades relacionadas com o clima e capacidades universitárias a respeito do CCD dos países na região, apoiado por financiamento do Reino Unido e da Rede de Conhecimento para o Clima e 6 J. Butler-Adam. 2012. The Southern African Regional Universities Association (SARUA). Seven Years of Regional Higher Education Advancement. 2006-2012. Johannesburg: SARUA. Maio de 2014 11 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Desenvolvimento (CDKN) financiada pela Holanda. O consórcio Gestão do Ensino Superior em África (HEMA) coordena o estudo em nome da SARUA. Este Relatório Nacional sobre Angola faz parte do estudo de identificação. A iniciativa pode ser ilustrada esquematicamente da seguinte forma: Programa de Desenvolvimento de Capacidades em matéria de alterações climáticas da SARUA Estudo de Planificação Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos Objectivo geral do projecto: • Programas e acções consoante o Enquadramento de Co-produção de Conhecimentos por forma a criar e aumentar as redes colaborativas • Determinar prioridades e capacidades actuais na região da SADC relativamente ao desenvolvimento compatível com o clima (DCC) • Identificar oportunidades para melhorar a colaboração e produção de conhecimentos. PHASE 1 • Base científica regional A rede de ENSINO INSTITUCIONAL E DESENVOLVIMENTO Rede de INVESTIGAÇÃO (1) A rede de ENSINO E APRENDIZAGEM Rede de INVESTIGAÇÃO (2) 2013 • Desenvolvimento da SADC O hub da PLATAFORMA DE CONHECIMENTO A rede de ENSINO E APRENDIZAGEM 2014 2015 2016 • Revitalização do ensino superior • Contextualização da educação • Resistência e adaptação climáticas 2017 PHASE 2 Figura 3: Programa de Desenvolvimento de Capacidades para as Alteraçõdes Climáticas, mostrando o estudo de identificação. O resultado pretendido do estudo de identificação da SARUA será um quadro de co-produção colaborativa de conhecimento com o objectivo de reforçar a investigação, ensino e intervenções políticas e comunitárias no campo do CCD na África Austral. Incluirá estratégias que visam fortalecer as redes de investigação, ensino, intervenções políticas e comunitárias sobre o desenvolvimento compatível com o clima que envolvam processos de co-produção de conhecimento entre universidades participantes e intervenientes a nível político e comunitário. Este quadro servirá de base à consecução de objectivos a longo prazo do programa da SARUA traçado acima, assim como de um programa de investigação a nível da SADC e diversos acordos de parceria centrados nos países. Assim, o quadro procura beneficiar as próprias universidades, ao mesmo tempo que reforça a interacção e cooperação regionais. O Quadro Regional de Co-produção de Conhecimento em matérial de Desenvolvimento Compatível com o Clima pode ser consultado no portal da SARUA (www.sarua.org). 1.3 Estudo de identificação do CCD da SARUA: Identificar a capacidade existente e as futuras possibilidades de co-produção de conhecimento O desenvolvimento compatível com o clima (CCD) é um desenvolvimento hipocarbónico e resistente às alterações climáticas. Embora o conceito exija claramente a integração de desenvolvimento, adaptação e mitigação (ver as definições infra), a elaboração específica do conceito de CCD pode variar entre países, universidades e disciplinas, de acordo com metas, Maio de 2014 12 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola necessidades e valores nacionais, institucionais e disciplinares diferentes. O âmbito e solidez das competências, redes e capacidades existentes para a investigação e para a produção de conhecimento na SADC no domínio do desenvolvimento compatível com o clima são, em larga medida, desconhecidos ou não estão consolidados. Apesar das infra-estruturas de conhecimento emergentes em termos do CCD na região, as oportunidades de colaboração envolvendo instituições do ensino superior no seio de, e entre, países ainda não foram plenamente exploradas. Para fazer face a estes factores, o estudo de identificação visa: Explorar os diferentes entendimentos do CCD país-a-país; Aprofundar as necessidades de conhecimento e de capacidade a nível do CCD paísa-país (uma ‘avaliação das necessidades’); Identificar e fazer o levantamento das capacidades de investigação, ensino e intervenção no domínio do CCD que existem nos países da África Austral (uma ‘análise institucional’ das universidades membro da SARUA); e Produzir uma imagem actualizada do grau de práticas de co-produção de conhecimento e de investigação transdisciplinar na rede da SARUA e identificar oportunidades para uma colaboração futura. Os relatórios do estudo de identificação país-a-país são complementados por uma perspectiva regional gerada pela análise entre países, que visa oferecer uma plataforma para a colaboração e co-produção de conhecimento regionais. Este documento contém a análise nacional relativa a Angola. O processo de identificação foi concebido para ser informado do ponto de vista científico, participativo e multidisciplinar. Através do processo de realização de workshops surgirão novas possibilidades de colaboração, estabelecendo-se um empenho e participação mais fortes no programa quinquenal da SARUA sobre o Desenvolvimento de Capacidades para as Alterações Climáticas. 1.4 Conceitos fundamentais Desenvolvimento Compatível com o Clima O desenvolvimento compatível com o clima (CCD) refere-se a desenvolvimento hipocarbónico e resistente às alterações climáticas. O conceito foi desenvolvido em reconhecimento da urgente necessidade de adaptação, dada a actual variabilidade climática e a gravidade do impacto climático previsto que irá afectar a região, e ainda a necessidade de reduzir as emissões tão rapidamente quanto possível a fim de evitar alterações climáticas ainda mais catastróficas no futuro. Assim, embora o CDD possa ser concebido de formas diferentes, dadas as trajectórias de desenvolvimento específicas nacionais e locais, ele exige que os riscos climáticos actuais e futuros sejam integrados no desenvolvimento, e que tanto a adaptação como a migração constituam objectivos integrais do desenvolvimento, conforme indicado na Figura 3. Portanto, o CCD não apenas reconhece a importância da adaptação e da mitigação nos novos percursos do desenvolvimento mas, conforme explicitado em Mitchell e Maxwell Maio de 2014 13 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola (2010), “O desenvolvimento compatível com o clima vai mais longe ao solicitar aos decisores políticos que ponderem estratégias de ‘conquista em três frentes’ que simultaneamente resultem em baixas emissões, desenvolvam a resiliência e promovam o desenvolvimento”. No contexto da África Austral, a redução da pobreza, como componente integral e meta das estratégias de desenvolvimento regionais e nacionais, seria um benefício mútuo desejado. As incertezas dos principais motores de mudança, incluindo os riscos climáticos, socioeconómicos e políticos, determinam que o CCD seja visto como um processo interactivo, em que as respostas da identificação de vulnerabilidades e da redução de riscos sejam revistas com base na aprendizagem continua. O desenvolvimento compatível com o clima realça as estratégias climáticas que incluem os objectivos e estratégias de desenvolvimento que integrem as ameaças e as oportunidades de um clima em mudança. 7 Assim, o desenvolvimento compatível com o clima abre novas oportunidades para a investigação interdisciplinar e transdisciplinar, ensino e envolvência com as comunidades, decisores políticos e profissionais. Desenvolvimento Sustentável Estratégias de Desenvolvimento Desenvolvimento hipocarbónico Desenvolvimento resistente às alterações climáticas Desenvolvimento compatível com o clima Estratégias de mitigação Benefícios mútuos Estratégias de adaptação Figura 4: Quadro conceptual do Desenvolvimento Compatível com o Clima (adaptado de Mitchell e Maxwell, 2010) Embora o CCD seja o conceito central usado no trabalho financiado pela CDKN, é importante compreender esse facto juntamente com o conceito de vias de desenvolvimento resistentes às alterações climáticas conforme definido pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) e o conceito mais alargado de desenvolvimento sustentado (ver definições infra). 7 Mitchell ,T. and S. Maxwell. 2010. Defining climate compatible development. CDKN Policy Brief, Novembro de 2010. Maio de 2014 14 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Vias resistentes às alterações climáticas A seguinte definição de vias resistentes às alterações climáticas foi retirada do glossário do Quinto Relatório de Avaliação preparado pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC)8: “Processos evolutivos de gestão de mudança no seio de sistemas complexos a fim de reduzir as perturbações e aumentar as oportunidades. Encontram-se radicados nos processos iteractivos de identificação de vulnerabilidades aos impactos das alterações climáticas, de tomada de medidas apropriadas para reduzir as vulnerabilidades no contexto das necessidades e recursos de desenvolvimento e para aumentar as opções disponíveis de redução de vulnerabilidades e enfrentar as ameaças inesperadas, de monitorização dos parâmetros climáticos emergentes e suas implicações, juntamente com a monitorização da eficácia dos esforços de redução de vulnerabilidades, e ainda a revisão das respostas de redução de risco assentes na aprendizagem contínua. Este processo pode envolver mudanças graduais e, conforme necessário, transformações significativas.” O IPCC realça a necessidade de pôr a tónica quer a adaptação quer a mitigação, conforme ilustrado pela frase seguinte: “As vias resistentes às alterações climáticas são trajectórias de desenvolvimento que combinam adaptação e mitigação com o objectivo de alcançar a meta do desenvolvimento sustentável. Elas podem ser consideradas como processos iteractivos em constante evolução para gerir a mudança no seio de sistemas complexos.”9 Desenvolvimnto Sustentável A definição mais amplamente aceite de desenvolvimento sustentável, conforme expresso no relatório da Comissão Bruntland denominado ‘O Nosso Futuro Comum’ em 1987, é a que se refere a “desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades”. Esta definição foi instrumental para moldar a política ambiental e de desenvolvimento a nível inernacional, desde a Cimeira da Terra realizada no Rio em 1992, onde a Agenda 21 foi proposta a título de plano de desenvolvimento global visando alinhar os objectivos de desenvolvimento económico com a sustentabilidade social e ambiental. As discussões iniciais sobre o desenvolvimento sustentável tenderam a incidir no conceito de resultados tripartidos referentes ao meio ambiente, economia e sociedade, separadamente. As discussões mais recentes sobre o desenvolvimento sustentável prevêem a necessidade de uma ‘forte sustentabilidade’, onde a sociedade, a encomia e o meio ambiente são vistos a interagir num sistema interrelacionado e bem implantado. O conceito de desenvolvimento sustentável tal como é amplamente utilizado hoje em dia sublinha que tudo no mundo está ligado através do espaço, tempo e qualidade de vida e, portanto, requer uma abordagem sistémica para compreender e resolver problemas sociais, ambientais e económicos interligados. Em 2002, a África do Sul acolheu a Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, e o Plano de 8 IPCC. 2013. Fifth Assessment Report: Impacts, Vulnerability and Adaptation. Resumo Técnico, projecto de documento, Outubro de 2013. 9 IPCC. 2013. Fifth Assessment Report. Maio de 2014 15 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Implementação de Joanesburgo reafirmou o seu empenho na Agenda 21 e nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Estes últimos encontram-se actualmente em estudo e serão ampliados através de Objectivos de Desenvolvimento Sustentáveis. Em 2012, realizou-se a Conferência Rio+20 no Rio de Janeiro, tendo os resultados desta cimeira mundial sido recolhidos num documento intitulado ‘O Futuro Que Queremos’. Uma importante mudança no discurso e nos objectivos entre a primeira cimeira em 1992 e a cimeira Rio+20 diz respeito a uma preocupação mais forte em relação às alterações climáticas e ao desenvolvimento compatível com o clima, especialmente o aparecimento de um futuro hipocarbónico, acompanhado e parcialmente implementado pelas Economias Verdes. Estes compromissos internacionais, juntamente com a avaliação contínua das preocupações e objectivos nacionais em termos de desenvolvimento sustentável, têm contribuído para o crescimento de políticas e práticas de desenvolvimento sustentável. O conceito de CCD salienta a necessidade de integrar os actuais e futuros riscos climáticos no planeamento e prática de desenvolvimento, numa tentativa constante de alcançar o desenvolvimento sustentável. Maio de 2014 16 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 2 METODOLOGIA, FONTES DE DADOS E LÓGICA DA ANÁLISE 2.1 Concepção da investigação Este estudo baseado nos países assenta numa concepção de investigação interactiva e dialogante que incluiu a análise documental de importantes documentos nacionais e regionais incidindo sobre as alterações climáticas em Angola e na região da SADC. Isto produziu uma análise inicial usada para planear e comunicar com participantes universitários e organizações nacionais envolvidas nas alterações climáticas e no desenvolvimento em consulta mútua a fim de discutir a) a validade da análise, e b) pontos de vista e perspectivas alargadas sobre a análise, e ter uma visão mais clara da prática de co-produção de conhecimento e das possibilidades de desenvolvimento compatível com o clima. Foram utilizados os seguintes métodos para compilar o estudo de identificação intitulado Relatório Nacional de Angola, sendo adoptada uma metodologia geral intepretativa, participativa, consultiva e realista do ponto de vista social10: 2.1.1 Análise documental Foi produzido para cada país um Documento com Informações Gerais (BID) assente na revisão inicial de documentos. O BID fornece um resumo das necessidades, prioridades e lacunas de capacidade já identificadas em importantes documentos nacionais (ver a Secção 3 infra) relativamente às alterações climáticas, adaptação e mitigação e, nalguns casos, sempre que essa informação estiver disponível, ao desenvolvimento compoatível com o clima. Os documentos BID foram utilizados como fonte das informações contextuais para as consultas institucionais e com as partes interessadas realizadas em cada país. Embora o âmbito do CCD seja necessariamente vasto, a aanálise de documentos não incidiu sobre a política e as instituições sectoriais, mas antes numa política abrangente que lidasse com a inclusão das alterações climáticas no planeamento e no desenvolvimento. A análise inicial de documentos foi apresentada às partes interessadas durante os workshops, e revista com base nos resultados das consultas realizadas em cada país. Para o Relatório Nacional sobre Angola, foram analisados os seguintes documentos fundamentais de política e programação mediante uma rápida análise documental: 10 Estratégia Nacional relativa às Alterações Climáticas, 2007 (GdA, 2007); Programa Geral (Nacional) do Governo de Angola (2010-11), (GdA, 2011a); Programa de Acção Nacional de Adaptação (NAPA), (GdA 2011b); e Uma metodologia realista do ponto de vista social leva em linha de conta o conhecimento que foi adquirido anteriormente através de métodos científicos antes da participação em processos de produção de conhecimento consultivos e participativos. Maio de 2014 17 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Comunicação Nacional Inicial à Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (UNFCCC), (GdA, 2012). 2.1.2 Consultas com as partes interessadas e pessoal universitário (workshop nacional) Como parte do estudo de identificação da SARUA As Alterações Climáticas Contam, realizou-se um workshop de consulta nacional em Angola no dia 2 de Outubro de 2013 no Campus Universitário Agostinho Neto em Camama11, Luanda. As consultas foram estruturadas como programa de um dia, com um grupo variado de participantes, que incluíram intervenientes provenientes de universidades, governo, sector privado e ONGs, assim como um segundo dia de reuniões em pequenos grupos com partes interessadas seleccionadas. Por favor consultar a lista de participantes no Anexo A. Apresenta-se em seguida um resumo do conteúdo das diferentes sessões no Quadro 1. Com base nos trabalhos detalhados do workshop captados por uma equipa de três relatores foi produzido um relatório do workshop, que foi distribuído a todos quantos participaram no workshop para verificação e garantia de exatidão. Os dados produzidos nos workshops foram igualmente verificados e incluídos durante as sessões plenárias. O relatório do workshop constitui uma parte substancial dos dados usados neste Relatório Nacional, juntamente com a análise de documentos e os dados dos questionários. Quadro 1: Programa geral do workshop Hora Actividade 08h00 – 08h30 Café e registo 08h30 – 09h00 Boas-vindas e observações introdutórias 09h00 – 09h30 Visão geral da iniciativa da SARUA 09h30 – 10h00 10h00 – 10h30 1ª SESSÃO: Enquadramento do Desenvolvimento Compatível com o Clima (CCD) Pausa para chá/café 2ª SESSÃO: 10h30 – 11h30 Prioridades e necessidades de Angola Lacunas e capacidade de conhecimento e institucionais 3ª SESSÃO: 11h30 – 13h30 11 Discussão em grupo (grupos separados) Prioridades e necessidades de Angola Lacunas e capacidade de conhecimento e institucionais As consultas em Angola foram possíveis devido à amável contribuição da Universidade Agostinho Neto, Campus de Camama, Luanda. Maio de 2014 18 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Hora Actividade 4ª SESSÃO: 13h00 – 14h30 14h30 – 15h00 Qual é o papel do sector universitário? Identificação de outros parceiros de conhecimento Almoço 5ª SESSÃO: Grupos separados e discussão em plenária Quem faz o quê e onde nas Universidades a nível do CCD? (Investigação, Ensino, Envolvimento das Comunidades) Quem faz o quê e onde nos grupos de intervenientes? Como é que isto responde às necessidades e prioridades? Quais são os planos existentes das Universidades? Que lacunas existem? 15h00 – 16h00 6ª SESSÃO: 16h00 – 16h30 Discussão em plenária Introdução à co-produção de conhecimento e exemplo de programa de investigação transdisciplinar Lacunas no ambiente habilitador e necessidade de apoio político e prático 7ª SESSÃO: 16h30 – 17h15 17h15 – 17h30 Oportunidades de colaboração Implicações políticas para o governo, universidades e doadores 8ª SESSÃO: Caminho a seguir e encerramento 2.1.3 Questionários Foram preparados dois questionários diferentes para analisar as práticas e possibilidades de co-produção de conhecimentos sobre alterações climáticas e CCD (Consultar anexos C e D). Um foi concebido para profissionais universitários, enquanto o outro é dirigido a intervenientes nacionais e regionais que estão envolvidos nas problemática das alterações climáticas e do CCD. Foram preenchidos nove questionários no total, quatro dirigidos aos intervenientes e cinco aos profissionais universitários. As questões incidiram nas seguintes áreas: 2.1.3.1 Questionário dirigido ao pessoal universitário A. Informações gerais demográficas e profissionais (nome, género, habilitações mais elevadas, cargo, anos de experiência, anos de experiência em matéria de alterações climáticas, nome da universidade, país, faculdade, departamento, programa, contactos) B. Compreensão das Alterações Climáticas e do Desenvolvimento Compatível com o Clima e das opiniões sobre questões cruciais a nível do CCD e respostas das universidades (pessoal e responsáveis universitários) Maio de 2014 19 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola C. Lacunas em matéria de capacidades, conhecimentos e investigação (níveis de envolvimento na investigação das alterações climáticas e do CCD – locais, nacionais e internacionais; níveis de envolvimento monodisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar na investigação do CCD; envolvimento das partes interessadas; financiamento e angariação de fundos destinados à investigação do CCD; contribuições políticas; importantes programas / projectos de investigação; investigadores activos; redes de investigação e conhecimento) D. Currículo, ensino e aprendizagem (cursos especializados; integração das questões do CCD nos cursos; ensino inter-faculdades; abordagens pedagógicas interdisciplinares ou transdisciplinares; abordagens à aprendizagem em serviço; abordagens criadas para o pensamento crítico e a resolução de problemas; cursos de inovação social ou técnica; avaliação e estudo das questões a nível do CCD; disponibilidade e capacidade do pessoal; cursos presenciais e métodos de ensino) E. Participação política e comunitária e envolvimento dos alunos F. Colaboração universitária (dentro da universidade; entre universidades no país; com parceiros; envolvimento regional e internacional) G. Política universitária e gestão do campus 2.1.3.2 Questionário dirigido aos intervenientes O questionário dirigido aos intervenientes abarcou os pontos A-C supra, havendo ainda um ponto adicional: H. Interesses, políticas, redes e Centros de Excelência ou de Especialização 2.2 Limitações do estudo de identificação Este estudo de identificação foi condicionado a) pela ausência de dados de base sobre as lacunas de conhecimento e investigação no que diz respeito às respostas baseadas no desenvolvimento compatível com o clima e nas universidades em Angola, e b) por condicionalismos de tempo e recursos que não permitiram uma visita de campo detalhada, entrevista ou observação individual antes, durante e depois do processo de consulta. Adicionalmente, a informação produzida no workshop nacional está relacionada com o número de participantes, o seu conhecimento especializado e o número de diferentes sectores e instituições presentes. Além disso, embora se tenham feito todos os esforços para obter respostas ao questionário de um leque de intervenientes tão vasto quanto possível, e tenham sido feitos acompanhamentos após o workshop com vista a enriquecer esta informação, a grande variedade de respostas ao questionário impõe certas limitações ao conjunto de dados. Contudo, a melhor informação disponível foi cuidadosamente consolidada, revista e verificada na elaboração deste Relatório Nacional integrando o estudo de identificação. A nível geral, o estudo de identificação foi ainda condicionado por um corte orçamental imposto a meio do estudo. Maio de 2014 20 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Embora se possa obter muita informação sobre as lacunas de conhecimento relacionadas com as alterações climáticas e o CCD, as necessidades de investigação e lacunas de capacidade, obviamente há mais a aprender a este respeito. De igual modo, obteve-se o máximo de informação possível sobre ‘quem está a fazer o quê’ e sobre a prática e as possibilidades existentes de co-construção de conhecimentos e investigação, mas claramente também há muito mais a aprender sobre elas. Portanto, este Relatório Nacional é um ‘documento inicial’ útil e espera-se que Angola e, em particular, a Universidade Agostinho Neto, a Universidade Metodista de Angola e outros intervenientes nacionais possam aprofundar esta análise nas actividades contínuas de identificação e planeamento relacionadas com a co-produção de investigação e conhecimento sobre CCD. 2.3 Ampliação do estudo de identificação Há numerosas maneiras de ampliar este estudo, sobretudo ao administrar os questionários (incluídos nos Anexos C e D) de forma a incluir todos os académicos nas universidades em Angola, e de modo a permitir dados agregados dentro e entre Faculdades e Departamentos (Anexo C). O âmbito de tal análise detalhada fica além da capacidade do actual estudo de identificação. Os dados colhidos com base nos questionários são, assim, indicativos mais do que conclusivos. De igual modo, o questionário dirigido aos intervenientes pode ser administrado com intervenientes nacionais e locais adicionais (Anexo D) envolvidos em iniciativas ambientais e de desenvolvimento em Angola com vista a compreender todas as vertentes da capacidade de resposta às alterações climáticas e do CCD em Angola, e de contribuir para desenvolver a capacidade de co-produção de conhecimento sobre CCD no país. Assim, em muitos sentidos o estudo da SARUA, conforme indicado no Relatório Nacional integrando o estudo de identificação, traça o caminho a seguir para uma análise contínua mais aprofundada e reflexiva da capacidade de co-produção de conhecimento sobre o CCD em Angola e, através dos questionários e da análise apresentada neste documento, começa a fornecer a capacidade de monitorização e desenvolvimento contínuos necessários para a coprodução de conhecimento sobre o CCD em Angola. Os ministérios que podem levar avante este estudo incluem o Ministério do Ensino Superior, em colaboração com os seguintes ministérios: Ministério da Administração do Território (MAT); Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MINAGRI); Ministério da Energia e das Águas (MINERGA); Ministério dos Petróleos (MINPET); Ministério da Geologia, Minas e Indústria (MINGM); Ministério do Ensino Superior, Ciências e Tecnologia (MINSCT); Ministério dos Transportes (MINTRANS); Ministério do Comércio (MINCO); Ministério das Pescas (MINPES) e Ministério das Finanças (MINFIN). O Ministério do Ambiente é também um ministério importante cuja cooperação deve ser procurada, tal como é importante a Autoridade Nacional Designada que implementa o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM), e lida com questões como a biodiversidade. O Ministério do Ambiente também dirige a Comissão Interministerial para as Alterações Climáticas e Biodiversidade. Maio de 2014 21 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 2.4 Lógica da análise A lógica da análise que constitui a base deste Relatório Nacional integrando o estudo de identificação assenta em três aspectos. Em primeiro lugar, apresenta uma análise das necessidades que identifica as lacunas a nível nacional em matéria de conhecimento, investigação e capacidade no que toca às principais prioridades do CCD, conforme exposto nos documentos, no workshop e nas respostas aos questionários. Em segundo lugar, proporciona uma análise institucional que apresenta informações sobre a capacidade institucional existente a nível da co-produção de conhecimento do CCD. Em terceiro lugar, dá uma perspectiva não apenas da prática existente de co-produção de conhecimento sobre o CCD em Angola, mas também das possibilidades de co-produção de conhecimento, com base nas informações recolhidas durante o estudo de identificação. Oferece uma base de conhecimentos para produzir vias de co-produção de conhecimento em Angola, facto que poderá igualmente ajudar o país a cooperar com outros países da SADC nos processos de coprodução regional de conhecimento. Maio de 2014 22 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 3 ANÁLISE DAS NECESSIDADES 3.1 Introdução da análise das necessidades A análise de necessidades começa com uma síntese do contexto socio-económico de Angola e um resumo das alterações climáticas observadas e previstas para o país (secção 3.2), uma vez que estes são os principais factores impulsionadores da ‘necessidade’ de CCD identificada pela política, nos workshops e através dos questionários (secção 2.3). A análise das necessidades descreve depois necessidades mais detalhadas em termos de conhecimento, investigação e capacidade (secção 3.4), recorrendo à diferenciação seguinte das lacunas em matéria de conhecimento, investigação e capacidade: Lacunas em matéria de conhecimento (por ex., conhecimentos insuficientes das tecnologias apropriadas para o CCD); Lacunas em matéria de investigação (por ex., não é feita qualquer pesquisa sobre a aceitação cultural das tecnologias dirigidas ao CCD); Lacunas em matéria de capacidade individual (são necessárias competências) (por ex., para técnicos / pensamento sistémico, etc.); e Lacunas em matéria de capacidade institucional (que têm implicações a nível de lacunas de conhecimento inferido e de investigação) (por ex., recursos para aplicar programas de mudança tecnológica em grande escala). É possível que esta análise seja ampliada no futuro, pelo que se aconselha os leitores do estudo de identificação a utilizarem a informação aqui facultada como a melhor informação disponível (produzida dentro dos condicionalismos do estudo de identificação referidos acima), em vez de a considerar informação definitiva. 3.2 Contexto socio-económico e impactos e vulnerabilidades das alterações climáticas previstas: Factores impulsionadores das necessidades de CCD 3.2.1 Contexto socio-económico Angola, situada na costa ocidental da África Austral, abarca uma área de 1.246.700 km², e uma costa com 1.659 km. Cerca de metade da população de aproximadamente 21 milhões de pessoas vive em zonas urbanas, em larga medida devido à migração das zonas rurais para as urbanas causada pela longa guerra civil. O clima é sub-tropical a tropical, com duas estações mais ou menos bem definidas: o fresco e seco “cacimbo” entre Junho e Setembro, e a estação chuvosa quente e húmida entre Outubro e Maio. O país está dividido en quatro regiões ecológicas principais: as zonas costeiras com uma precipitação média anual de 600 mm; as zonas interiores do norte com altas temperaturas e elevada precipitação; o planalto interior com temperaturas médias anuais de 18 °C; e a zona semi-árida interior do sudoeste (NAPA, 2011). A precipitação média anual varia entre menos de 300 mm na zona semi-árida e mais de 1.200 mm no interior norte. A variabilidade pluviométrica inter-anual é elevada em muitas regiões do país. Angola foi afectada por uma seca extrema na década de 80. Os grandes Maio de 2014 23 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola recursos naturais incluem perto de 57.4 milhões de hectares de terra arável, dos quais apenas entre 5 e 8 milhões de hectares de terra arável são usados, e abundantes recursos hídricos. Angola tem registado elevados níveis de crescimento económico – uma média de 9.2% nos últimos anos. O petróleo representa 55 % do PIB e 95 % das exportações, seguido do sector rural (8% do PIB), que inclui a agricultura, silvicultura e pecuária. As pescas contribuem 7,8% do PIB. Estão a ser feitos grandes investimentos em estradas, caminhos-de-ferro e redes de telecomunicações, assim como nas redes do sector industrial e de distribuição alimentar, destruídas durante os conflitos armados. Os elevados níveis de pobreza reflectem-se no acesso inadequado à alimentação, água potável, saneamento, educação, saúde, electricidade e outros bens essenciais. As populações rurais registam níveis de pobreza mais elevados. O acesso à educação nas zonas rurais é de 25.1%, enquanto que nas zonas urbanas ascende a 40%. Em 2000, a taxa de analfabetismo da população com idade superior a 15 anos era 58%. A malária continua a ser a principal causa de morte em Angola, principalmente de crianças com menos de 5 anos. A esperança de vida é de 49 anos. A pobreza rural e a dependência da agricultura de subsistência, os grandes assentamentos costeiros e a exposição a um maior risco de malária em zonas já vulneráveis à malária, e por ela afectadas (entre outros factores identificados infra), tornam Angola vulnerável às alterações climáticas, e constituem factores determinandes da necessidade de respostas em termos do CCD em Angola. 3.3 Impactos e vulnerabilidades das alterações climáticas observadas e previstas 3.3.1 Alterações climáticas observadas O INC de Angola (GdA 2012) aponta uma tendência bem comprovada de aquecimento em Angola, tendo as temperaturas de superfície aumentado entre 0.2 °C e 1.0 °C entre 1970 e 2004 nas zonas costeiras e regiões do norte, e entre 1.0 °C e 2.0 °C nas regiões centrais e do leste. A análise dos dados referentes à temperatura do ar em Luanda revela uma taxa crescente de 0.2 °C por década, resultando num total cumulativo de 1.9 °C entre 1911 e 2005, e aumentos mais elevados na estação fria. A informação sobre a precipitação não é fiável, uma vez que apenas 20 das 500 estações pluviométricas estão operacionais. Os dados meteorológicos provenientes do planalto central de Angola, onde os dados são mais fiáveis, não apontam para a alteração das tendências relativas à precipitação. No sul de Angola, onde os dados são menos fiáveis, há uma indicação de menos precipitação e mais variabilidade do que no passado. Em Luanda, o padrão pluviométrico desde 1941 tem mostrado aumentos e diminuições: uma tendência para a subida entre 1941 e 1964; uma descida rápida entre 1964 e 1978; e uma tendência para a subida durante o período pós-1978 (NAPA, GdA 2011b). 3.3.2 Alterações climáticas previstas Os modelos climáticos indicam que haverá uma subida de 3.0 °C a 4.0 °C na temperatura de superfície de Angola no leste, e um aumento ligeiramente mais pequeno nas regiões costeiras e do norte nos próximos 100 anos. Não existe consenso quanto às tendências futuras relativas Maio de 2014 24 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola à precipitação na região. Para além das altas temperaturas, os modelos climáticos projectam fenómenos climáticos mais extremos, uma expansão das zonas áridas e semi-áridas, mudanças sazonais da precipitação, inundações localizadas, maior incidência de fogos descontrolados, subida do nível do mar, aumento das chuvas nas regiões a norte do país, alterações dos caudais fluviais e alterações das temperaturas do mar e lagos. Segundo uma fonte, as projecções disponíveis concordam que haverá uma diminuição do período de cultivo agrícola no sul de Angola e ao longo da costa, ao passo que as áreas a norte que actualmente beneficiam de dois ciclos vegetativos podem no futuro ter apenas um.12 3.3.3 Impactos e vulnerabilidades As principais vulnerabilidades do país por sector incluem a perda de biodiversidade, saúde humana, infra-estruturas, pescas, e agricultura e segurança alimentar. Embora as incertezas nas projecções de precipitação dificultem a previsão de impactos específicos, prevê-se que as alterações climáticas tornem as vulnerabilidades existentes mais severas. As alterações climáticas nos países vizinhos terão implicações e oportunidades para Angola: o tempo mais seco na Namíbia e na África do Sul pode conferir importância regional aos recursos hídricos, energéticos e agrícolas de Angola. Prevê-se que a precipitação mais elevada no norte cause mais erosão dos solos e sedimentação, ao passo que uma precipitação mais intensa provavelmente causará mais inundações, afectando os assentamentos humanos e as infra-estruturas rodoviárias. Os impactos podem ser graves: por exemplo, as chuvas fortes pouco habituais de 2006 e 2007 provocaram graves inundações em zonas que não têm registo de inundações, causando danos materiais e em infra-estruturas ascendendo a milhões de dólares. As inundações podem ainda aumentar a contaminação da água por doenças transmitidas pela água como a cólera. Prevêse que as temperaturas mais elevadas levem a uma maior incidência de malária numa área mais vasta. As populações de moscas tsetse provavelmente irão expandir em condições mais quentes e conduzir ao aumento do número de pessoas infectadas com a doença de Chagas, especialmente nas populações rurais. As projecções apontam para que a subida do nível do mar tenha um impacto significativo nos assentamentos costeiros, onde reside 50% da população do país, assim como nas redes rodoviárias e infra-estruturas industriais e comerciais. Prevê-se igualmente que a subida do nível do mar reduza o potencial para actividades agrícolas nas zonas costeiras devido à salinização. Devido às incertezas das projecções pluviométricas, não é claro qual será o impacto das alterações climáticas na segurança alimentar em Angola. Todas estas questões são determinantes na necessidade de CCD e de conhecimento, investigação e desenvolvimento de capacidades sobre o CCD em Angola. Angola começou a elaborar uma política nacional que dê respostas às alterações climáticas com vista a orientar o CCD no país, como se pode verificar na secção seguinte. 12 http://www.adaptationlearning.net/angola/profile Maio de 2014 25 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 3.4 Necessidades identificadas: Prioridades nacionais para o CCD em Angola a curto e a médio prazo 3.4.1 Necessidades identificadas: Prioridades de adaptação e mitigação articuladas nas políticas e estratégias Angola identificou necessidades e prioridades fundamentais, relacionadas com as alterações climáticas, impactos e vulnerabilidades observadas e previstas acima mencionadas. Segundo a Comunicação Nacional Inicial à Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas de Angola (GdA 2012), uma prioridade importante transversal a todas as áreas/sectores é a necessidade de produzir informação e conhecimentos. Os sectores prioritários para as medidas de adaptação específicas e outras medidas conexas que foram sublinhados na Comunicação Nacional Inicial, e que também estão incluídos no Plano de Acção Nacional de Adaptação em Angola (GdA 2011), são: Água: Melhorar os níveis de conhecimento de hidrologia, assim como o entendimento de factores que contribuem para os riscos de subida do nível da água e das inundações; desenvolver projectos-piloto para reduzir os riscos causados pelas inundações e subida do nível da água; avaliar os efeitos potenciais do aumento dos caudais de água nas centrais hidroeléctricas; e preparar quadros sobre áreas propensas a inundações Agricultura: Estudar os efeitos das alterações climáticas nos sistemas agrícolas; definir as alterações climáticas e variabilidade e riscos associados com base nos conhecimentos e experiência das comunidades, especialmente na região do sul; reduzir a vulnerabilidade das comunidades na agricultura através de um melhor suprimento de sementes apropriadas; e realizar estudos sobre a implicação das alterações climáticas na distribuição das doenças animais e na disponibilidade de água para o gado. Erosão do solo: Determinar os factores humanos e naturais que contribuem para os riscos de erosão do solo em muitas áreas do país; identificar as áreas de risco de erosão; e criar projectos-piloto que reforcem as capacidades locais para reduzir os riscos de erosão. Biodiversidade e florestas: Recolher informação sobre os níveis de biodiversidade actuais e o seu estado de conservação; melhorar a gestão das reservas existentes e prever a possibilidade de criar novas reservas; e incluir o impacto provável das alterações climáticas na elaboração de planos de conservação para regiões diferentes. Aumentar o conhecimento das alternativas à deflorestação e energia a fim de reduzir a deflorestação. Áreas costeiras e subida do nível do mar: Estudar os factores que moldam a costa marítima e determinar os níveis de erosão e sedimentação; estudar os possíveis efeitos da subida do nível do mar; aprofundar os estudos sobre a corrente fria de Benguela e a forma como tais estudos se podem alterar no futuro; e estudar as implicações da subida do nível do mar, da erosão e da sedimentação nas infraestruturas situadas em zonas costeiras Maio de 2014 26 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Assentamentos humanos, habitação, infra-estruturas e transportes: Estudar os efeitos das temperaturas mais elevadas e das chuvas mais fortes na habitação; melhorar os projectos das habitações; traçar os assentamentos humanos que são vulneráveis às inundações e erosão; analisar e adaptar os parâmetros climáticos na concepção/construção de estradas, caminhos-de-ferro e centrais hidroeléctricas; estudar as possibilidades de adaptar as infra-estruturas actuais às alterações climáticas; e implementar planos de manutenção infra-estrutural Saúde: Estudar as implicações das alterações climáticas na (re)distribuição das doenças humanas e na sua ocorrência em relação à precipitação, temperatura e fenómenos extremos; e melhorar o nível de preparação do sistema de saúde para lidar com fenómenos extremos. Meteorologia: Organizar e analisar os dados meteorológicos desde 1975 até 2005; utilizar diversos meios de comunicação como boletins de informação agrícola, boletins sobre segurança alimentar e jornais para informar sobre fenómenos climáticos extremos; estabelecer fenómenos extremos no passado a partir dos conhecimentos e experiência das comunidades; fazer parceria com centros regionais de investigação meteorológica para desenvolver modelos de alterações climáticas que incluam Angola; e estudar variações inter-anuais de precipitação e temperatura e um sistema de previsões sazonais para as diferentes regiões do país. Algumas medidas de adaptação que já estão a ser implementadas em Angola incluem: capacitação, formulação de políticas, investigação e adaptação com base nas comunidades nos domínios da agricultura, água e políticas. Os projectos actuais centram-se nos níveis comunitários, nacionais e regionais, aumentando dessa forma a sensibilização das adaptações envolvendo uma variedade de actores. Os principais sectores angolanos que foram identificados para mitigação são a energia e transportes, resíduos e silvicultura. A Comunicação Nacional Inicial à UNFCC (GdA 2012) identifica as seguintes medidas de mitigação: Energia e transporte: Aumentar a qualidade da rede de distribuição de electricidade; desenvolver as energias renováveis, especialmente a hídrica e a eólica e utilizar o gás natural em vez do petróleo; promover tecnologias energeticamente mais eficientes; melhorar o sistema de transporte (por ex., rede de transporte de carga, revitalização do sistema ferroviário e utilização da nova geração de automóveis que usam energia renovável); acesso e utilização de tecnologia limpa. Resíduos: Recolha e tratamento de resíduos sólidos urbanos; e criação de aterros para resíduos; introdução de impostos sobre os resíduos; regulamentação da gestão de resíduos; medidas de compostagem e reciclagem. Silvicultura: Reduzir a desflorestação; utilização de gás butano; participação comunitária e do sector privado na gestão florestal; proteger e conservar a silvicultura e vida selvagem; e reforçar a legislação. Maio de 2014 27 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 3.4.2 Prioridades e necessidades identificadas para o CCD expressas em interacções no workshop Os participantes ofereceram uma variedade de respostas durante a sessão do workshop dedicada a identificar as alterações climáticas e necessidades relacionadas com o CCD, respostas essas que indicaram um elevado nível de empenho nesta questão. As áreas vulneráveis apontadas pelos participantes incluíram: Desenvolvimento do CCD e implementação de programas de energias renováveis (energia eólica e solar); Iniciativas e programas hipocarbónicos; Desflorestação e gestão florestal; e Biodiversidade e gestão de recursos hídricos. Os participantes também recomendaram apoio especializado em termos desenvolvimento compatível com o clima ao Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical. As discussões acerca destas necessidades específicas identificadas levaram os participantes a salientar os seguintes aspectos fundamentais: A informação sobre as alterações climáticas em Angola é escassa e, quando está disponível, não é devidamente utilizada nos processos decisórios; A falta de recursos humanos formados e experientes constitui um dos principais obstáculos à implementação de programas relacionados com as alterações climáticas; Coordenação institucional intersectorial deficiente conduzindo à duplicação de esforços e à má utilização de recursos; Falta de documentação e publicações sobre a adaptação às, e mitigação das alterações climáticas, particularmente em Português; Identificação deficiente de vulnerabilidades e variabilidade, particularmente nas zonas mais propensas a eventos extremos como a província do Cunene; e Instituições de investigação e projectos de investigação insuficientes sobre alterações climáticas. Os participantes consideraram que existia legislação suficiente sobre questões ambientais que podia ser usada para promover o CCD nas estruturas governamentais. Contudo, a falta de recursos humanos qualificados e o financiamento insuficiente prejudica a investigação potencial sobre o CCD. A principal recomendação apontou para que o governo, através do Ministério do Ambiente, investisse mais tempo e recursos em programas de sensibilização ambiental orientados para instituições governamentais e do ensino superior, assim como para o público em geral. Não há um programa concertado de sensibilização ambiental, apenas algumas actividades ad hoc. Outro sentimento generalizado manifestado pelos participantes foi o facto de a maior parte da informação, dados e modelos climáticos serem elaborados em Inglês e, portanto, ser necessário um maior investimento para desenvolver tais produtos em Português. Maio de 2014 28 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 3.4.3 Necessidades identificadas para o CCD expressas nos dados dos questionários Os dados dos questionários não indicaram qualquer relação específica entre o interesse / mandato institucional e/ou o interesse / mandato disciplinar e a definição das necessidades prioritárias. Devido a limitações na resposta dos participantes universitários, apenas dois participantes exploraram aquilo que consideraram ser necessidades específicas identificadas para Angola. Elas incluíram a redução de combustíveis fósseis, e considerações sobre os tipos de agricultura adoptada. Estes investigadores tinjam interesses institucionais nos campos da engenharia e da química, respectivamente. No entanto, os intervenientes angolanos ofereceram uma visão mais aprofundada da relação entre os interesses institucionais/mandatados e as prioridades críticas relativas à resposta às alrerações climáticas em Angola. Um interveniente com interesse institucional e mandatado em meteorologia deu prioridade à redução da pobreza, segurança alimentar, educação e desflorestação como áreas de acção decisivas. Outra interveniente junto do Departamento de Redução da Pobreza do PNUD deu prioridade aos combustíveis/energias renováveis a nível doméstico, gestão de recursos hídricos, saneamento, gestão de resíduos e saúde pública, fortemente relacionadas com o interesse mandatado dessa interveniente. Embora nenhumas tendências específicas revelem a relação entre o interesse institucional/mandatado sobre as alterações climáticas prioritárias ou as prioridades do CCD, é contudo possível que as diferentes instituições / disciplinas e os diferentes níveis de gestão inter-disciplinar moldem as percepções das mais importantes ‘necessidades’ em termos do desenvolvimento compatível com o clima para Angola. Se for esse o caso, é importante identificar e reconhecer estas perspectivas diferentes dos processos e abordagens de coprodução de conhecimento. As respostas recebidas mostram a natureza interdisciplinar e multissectorial das alterações climáticas. Como aproveitar essas perspectivas e os conhecimentos especializados conexos em que assentam tais perspectivas constitui o maior desafio do quadro e do processo de coprodução de conhecimento. 3.5 Necessidades de conhecimento e de capacidade: Investigação e conhecimento sobre o CCD, lacunas em matéria de capacidade individual e institucional (relacionadas com as prioridades do CCD) As necessidades identificadas de investigação, conhecimento e capacidade a nível do CCD assentam nas necessidades identificadas relativas às prioridades do CCD em Angola (discutidas na secção 3.2 acima). Esta secção aborda essas necessidades tal como foram encontradas em importantes documentos nacionais, e conforme expresso pelos intervenientes e pelo pessoal universitário que esteve presente no workshop e preencheu os questionários. 3.5.1 Necessidades de investigação e lacunas de conhecimento Conforme referido supra na secção 3.3.1, todas as áreas identificadas para adaptação e mitigação necessitam de investigação e produção de conhecimentos. Como já mencionado na Maio de 2014 29 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Comunicação Nacional Inicial à UNFCC (GdA 2012), algumas das necessidades específicas de investigação incluem as seguintes: Água: Investigação hidrológica para compreender os factores que contribuem para os riscos de subida do nível da água e das inundações, incluindo a identificação das áreas propensas a inundações, e os impactos dos caudais de água nas centrais hidroeléctricas. Agricultura: Estudar os efeitos da variabilidade climática nos sistemas agrícolas e ter acesso aos conhecimentos comunitários para adaptação às alterações climáticas; analisar as implicações das alterações climáticas na distribuição das doenças animais e na disponibilidade de água para o gado. Erosão dos solos: Identificar as áreas de risco de erosão e respectivas causas. Biodiversidade: Incluir as avaliações sobre o impacto provável das alterações climáticas na elaboração de planos de conservação para regiões diferentes. Áreas costeiras e subida do nível do mar: Estudar os possíveis efeitos da subida do nível do mar; estudar os efeitos da sedimentação e erosão costeiras; aprofundar os estudos sobre a corrente fria de Benguela e a forma como tais estudos se podem alterar no futuro; e estudar as implicações da subida do nível do mar, da erosão e da sedimentação nas infra-estruturas situadas em zonas costeiras. Assentamentos humanos, habitação, infra-estruturas e transportes: Identificar os assentamentos humanos que são vulneráveis às inundações e erosão; analisar e adaptar os parâmetros climáticos na concepção/construção de estradas, caminhos-de-ferro e centrais hidroeléctricas; estudar as possibilidades de adaptar as infra-estruturas actuais às alterações climáticas. Saúde: Estudar as implicações das alterações climáticas na (re)distribuição das doenças humanas e na sua ocorrência em relação à precipitação, temperatura e fenómenos extremo.s Meteorologia: Organizar e analisar os dados meteorológicos desde 1975 até 2005; fazer parceria com centros regionais de investigação meteorológica para desenvolver modelos de alterações climáticas que incluam Angola; estudar variações inter-anuais de precipitação e temperatura e um sistema de previsões sazonais para as diferentes regiões do país. Energia e transportes: Expandir a investigação e o conhecimento de tecnologias e opções associadas às energias renováveis; e realizar pesquisa sobre a produção de energia limpa. A promoção de opções energéticas alternativas foi igualmente identificada como uma necessidade de investigação que está associada à investigação sobre os solos, biodiversidade, silvicultura e opções energéticas alternativas. Outras necessidades de investigação apontadas na Comunicação Nacional Inicial à UNFCC (GoA 2012) e noutras fontes relacionadas com as referidas supra incluem: Avaliação da vulnerabilidade: São necessárias avaliações quantitativas e qualitativas da vulnerabilidade para compreender os impactos das alterações climáticas na saúde pública, gestão de recursos hídricos e energia hidroeléctrica, Maio de 2014 30 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola agricultura e meios de subsistência rurais, assentamentos costeiros (vulnerabilidade à subida do nível do mar), infra-estruturas e segurança alimentar. Informações e projecções meteorológicas: É necessária uma maior capacidade de produção de informações fiáveis sobre o clima e o tempo, incluindo a subida do nível do mar, em apoio da tomada de decisões. Existe insuficiente capacidade para medir o impacto da variabilidade climática e os fenómenos meteorológicos extremos em sectores socio-económicos importantes. Essas informações diriam respeito a investigação específica sobre alterações da precipitação, alterações da temperatura, variabilidade climática geral e, igualmente relacionado com estes factores, a níveis específicos de vulnerabilidade em regiões diferentes. Uma outra área de investigação relacionada com a identificação de informações e projecções meteorológicas é a influência da corrente fria de Benguela nas alterações climáticas em Angola. Ter acesso e recorrer a conhecimentos da comunidade: 13 Partilhar conhecimentos da comunidade sobre as alterações climáticas através de histórias orais na fase pós-conflito de Angola, com referência específica às seguintes necessidades de conhecimento: Codificação de conhecimentos autóctones; Áreas fulcrais: agricultura, pescas e segurança alimentar, energia, silvicultura, género, pobreza e vulnerabilidade, água; Recolha de histórias orais acerca de memórias locais sobre a variabilidade climática e as alterações climáticas como substitutos para a obtenção de dados meteorológicos e outros dados ambientais. Relacionada com as necessidades acima referidas, e com este estudo de identificação em geral, está a ênfase dada à Comunicação Nacional Inicial de Angola à UNFCC (GdA 2012) sobre o conhecimento insuficiente do CCD como importante barreira à adaptação e mitigação das alterações climáticas. Esse mesmo documento refere que existe pouco conhecimento das questões relativas às alterações climáticas, insuficiente capacidade técnica e limitados dados disponíveis, assim como incoerências nos dados disponíveis. Os dados decorrentes do workshop e dos questionários também identificaram necessidades de conhecimento e de investigação relacionadas com o desenvolvimento e aplicação de programas de energias renováveis, iniciativas e programas hipocarbónicos, desflorestação e gestão das florestas, gestão da biodiversidade, condições climáticas e gestão de recursos hídricos, conforme ilustrado no Quadro 2 que se segue. Aqui foram identificadas as seguintes lacunas importantes em matéria de investigação: 13 Processos e estratégias de alerta precoce; e Desflorestação – para avaliar as práticas de desflorestação existentes, elaborar um inventário florestal, e analisar a relação entre a desflorestação, as opções de energias renováveis, e a mitigação e adaptação às alterações climáticas. http://www.africa-adapt.net/projects/145/ Maio de 2014 31 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 32 Quadro 2: Lacunas de conhecimento, investigação e capacidade individual e institucional identificadas pelos participantes no workshop Necessidades do CCD por ordem de prioridades 1. Desenvolvimento e aplicação de programas de energias renováveis (energia eólica e solar) 2. Iniciativas e programas hipocarbónicos Lacunas de conhecimento Conhecimento inadequado das vantagens das energias renováveis por parte dos municípios e empresas de construção Falta de entendimento do impacto do trânsito nos padrões climáticos e qualidade do ar a nível local Inexistência de zonas verdes (parques e jardins) Lacunas de investigação Ausência de investigação sobre as áreas apropriadas para projectos de energia eólica e solar Falta de investigação sobre o impacto das emissões de gás com efeito de estufa na saúde Lacunas de capacidade individual Ensino e formação inadequados sobre questões ambientais e tecnologias renováveis Falta de prática associada à teoria Falta de entendimento do impacto positivo das iniciativas hipocarbónicas Falta de especialização em paisagismo do ambiente Lacunas de capacidade institucional Falta de coordenação intersectorial Falta de fundos para implementar a Estratégia Nacional para as Tecnologias Ambientais Falta de estações meteorológicas e dados meteorológicos As instituições locais (a nível da comunidade e do município) trabalham isoladamente e possuem financiamento limitado e escassez de capacidade de recursos humanos Implementação inadequada da legislação ambiental Falta de coordenação intersectorial Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Necessidades do CCD por ordem de prioridades 3. Desflorestação e gestão das florestas Lacunas de conhecimento Conhecimento inadequado das implicações da desflorestação na saúde humana e na poluição Ausência de divulgação da importância biológica das florestas 4. Gestão dos recursos hídricos 5. Estudo sobre as condições climáticas Lacunas de investigação Investigação insuficiente sobre práticas de desflorestação Falta de inventário florestal Processo de licenciamento inadequado para a produção de madeira Lacunas de capacidade individual Falta de pessoal devidamente formado e de programas de sensibilização Falta de prática Quantidade insuficiente de técnicos no domínio do desenvolvimento florestal Falta de sensibilização relativamente ao impacto das alterações climáticas sobre recursos florestais 33 Lacunas de capacidade institucional Financiamento insuficiente para o inventário florestal Coordenação intersectorial e provincial insuficiente Participação insuficiente das instituições locais no processo decisório nacional Ausência de programas de sensibilização Conhecimento inadequado das ferramentas de avaliação de vulnerabilidades Falta de entendimento das diferentes vulnerabilidades regionais Falta de pessoal devidamente formado sobre alertas precoces, previsões eagro-meteorologia Número insuficiente de estações hidrometeorológicas e meteorológicas Dados desactualizados relacionados com as alterações climáticas e bacias hidrográficas Falta de dados sobre precipitação e temperatura relativos a todo o país Insuficiente entendimento das energias renováveis Falta de formação estatística Falta de financiamento institucional para investigação e aplicação de estações meteorológicas Recursos insuficientes para as estações hidrometeorológicas nos principais rios Coordenação intersectorial e provincial insuficiente Falta de conhecimento das principais técnicas de adaptação Levantamentos e projectos de investigação insuficientes nas zonas afectadas por fenómenos extremos como secas e inundações Falta de pessoal devidamente formado e de programas de sensibilização sobre a adaptação Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Necessidades do CCD por ordem de prioridades 6. Gestão da biodoversidade Lacunas de conhecimento Falta de pleno entendimento da biodiversidade de Angola Lacunas de investigação Lacunas de capacidade individual Falta de mapeamento dos recursos da biodiversidade Falta de conhecimento sobre a variabilidade climática e as alterações climáticas Ausência de sensibilização individual sobre alterações climáticas e climatologia Entendimento inadequado da ocupação da terra no que diz respeito à variabilidade e vulnerabilidade climáticas Falta de entendimento dos diferentes níveis de vulnerabilidasde consoante as regiões do país Dados e fontes estatísticas climáticas deficientes sobre aspectos meteorológicos Entendimento deficiente do impacto da variabilidade climática e dos fenómenos extremos na biodiversidade (fauna, flora e ecossistemas) Modelos e estratégias climáticas insuficientes para a gestão da biodiversidade 34 Lacunas de capacidade institucional Utilização insuficiente de dados climáticos para tomada de decisões – isto é, são necessários sistemas de integração dos dados climáticos no processo de tomada de decisões, particularmente a nível provincial Políticas de formaçāo e de desenvolvimento profissional deficientes ligadas às necessidades de gestão da biodiversidade e às alterações climáticas Falta de recursos financeiros adequados e má utilização desses recursos Ausência de planos de gestão da bviodiversidade com componentes referentes às alterações climáticas Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Os dados do workshop oferecem uma perspectiva mais matizada das importantes necessidades de capacidade e conhecimento em Angola, sendo exploradas as principais áreas prioritárias. Os dados do workshop descritos acima ajudam a compreender melhor como as prioridades do CCD se articulam com as lacunas de conhecimento, as necessidades de investigação e as preocupações quanto a capacidade individual e institucional. Esta análise é explorada em mais pormenor nas secções 3.3.2 e 3.3.3 abaixo, que reflectem mais detalhadamente as lacunas de capacidade individual e institucional. 3.5.2 Análise das necessidades: Lacunas de capacidade individual O Programa de Acção Nacional de Adaptação de Angola (NAPA, GdA 2011b) identifica necessidades específicas de desenvolvimento de capacidades nos seguintes campos: Hidrologia e Hidrometeorologia – para avaliar os caudais de água, o impacto e as implicações das inundações; Geologia – para avaliar os riscos climáticos e as respostas de adaptação – nas áreas da energia, água e solo; Agrometeorologia – para avaliar a variabilidade climática na agricultura Epidemiologia – para avaliar os riscos relacionados com a saúde associados às alterações climáticas Meteorologia e Climatologia – melhores sistemas de recolha de dados climáticos e monitorização do tempo; Meteorologia Marítima – para compreender as mudanças da corrente fria de Benguela; Especialistas na Redução e Gestão do Risco de Catástrofes e Alerta Precoce – para dar uma ideia das vulnerabilidades regionais, e para proporcionar previsões adequadas de alertas precoces e respostas apropriadas; Gestão das Zonas Costeiras – avaliações, infra-estruturas, análise e projecções da subida do nível do mar; Agricultura – examinar a vulnerabilidade às alterações climáticas no sector agrícola em pequena escala; Sociologia, Educação e Comunicação – para fortalecer a utilização do conhecimento comunitário, e o envolvimento da comunidade, nos processos de adaptação climática; e Tecnologia e Engenharia – para reforçar a utilização, produção e alargamento da tecnologia nas energias renováveis, assim como as estratégias dirigidas ao desenvolvimento de energia limpa. As discussões no workshop também realçaram as lacunas de capacidade individual nos seguintes campos: Funcionários municipais / titulares de órgãos executivos das autarquias locais – para compreender as implicações das alterações climáticas e as vantagens da tecnologia nas energias renováveis; Maio de 2014 35 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Engenheiros e gestores de projecto de empresas de construção – para compreender as implicações das alterações climáticas e as vantagens da tecnologia nas energias renováveis; Arquitectos paisagistas do ambiente – para criar ‘zonas verdes’ e para ajudar as actividades de sequestro de carbono; Peritos em desenvolvimento florestal – para responder à falta de conhecimento, políticas e estratégias de resposta à desflorestação; Cientistas em biodioversidade – com conhecimentos especializados para traçar a biodiversidade e analisar o impacto da variabilidade climática e fenómenos extremos na fauna, flora e ecossistemas; Educação Ambiental / Educação para o Desenvolvimento Sustentável – para reforçar e ampliar a capacidade em todos os sectores orientada para a adaptação às alterações climáticas e as próprias alterações climáticas, desenvolver um ensino transformador e as abordagens de aprendizagem, e apostar na inovação do currículo; e Especialista em Estatística – para ajudar a elaborar previsões e avaliações em todos os domínios relacionados com o CCD. Conforme afirma o NAPA (GdA 2012): “Hoje, a necessidade de adaptação é um facto, pelo que é preciso existir capacidade humana e técnica para responder ao problema, o que exige a intervenção de todos por forma a garantir que a sobrevivência das gerações futuras não seja posta em risco.” 3.5.3 Análise das necessidades: Lacunas de capacidade institucional O Programa de Acção Nacional de Adaptação de Angola (GdA 2012) identifica uma série de lacunas de capacidade institucional em Angola no domínio do CCD. Essas lacunas incluem: Lacunas de capacidade política e institucional: Cooperação técnica limitada entre instituições diferentes; integração insuficiente das alterações climáticas na legislação e planificação do país; falta de um sistema de gestão da informação que reúna os dados nacionais de diferentes sectores. Barreiras e lacunas de capacidade socio-culturais: Pobreza extrema e baixos níveis de educação e saúde; baixos níveis de sensibilização das comunidades. Barreiras e lacunas de capacidade financeiras: Ausência de instrumentos económicos para implementação da mitigação, como acesso ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo; e baixos níveis de desenvolvimento e transferência de tecnologia ecológica. Quadro jurídico eficaz e eficiente: baseado num entendimento adequado dos desafios colocados pelas emissões de gases com efeito de estufa no país; Estabelecimento e gestão do projecto relativos ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo: Falta de capacidade na Autoridade Nacional Designada Maio de 2014 36 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola (DNA) para preparar projectos relativos ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM). Além disso, a Avaliação do Âmbito de Aprendizagem e Desenvolvimento da China e Sul-Sul (CASSALD) (2012) identifica a ausência de uma política e uma estratégia energéticas que procurem integrar a energia a partir de fontes e formas diferentes no país. Além destas barreiras específicas referidas nos documentos governamentais nacionais, o workshop e os questionários identificaram a necessidade de desenvolvimento de capacidade institucional em vários domínios fulcrais. Conforme ilustrado no Quadro 2 acima, uma preocupação específica foi a questão da coordenação intersectorial inadequada. Considerouse que as instituições locais (a nível da comunidade e do município) trabalhavem isoladamente e tinham financiamento limitado e capacidade em matéria de recursos humanos também limitada. Além destes factores, verificou-se que programas de formação insuficientes e desenvolvimento de currículos a nível terciário sobre questões relacionadas com o clima, assim como a falta de programas de sensibilização, reduziam a capacidade institucional mais alargada em Angola, levando a outras lacunas sistemáticas na gestão de centros de investigação e à expansão de políticas que encorajam o desenvolvimento profissional em matéria de alterações climáticas e do CCD. Observou-se uma mobilização de recursos financeiros insuficientes na ausência visível de aplicação de estratégias nacionais para criação de tecnologias ambientais, estações meteorológicas e sistemas para captar dados meteorológicos, por exemplo. Além disso, as discussões do workshop revelaram que, embora Angola tivesse estabeelcido recentemente um Centro de Investigação sobre Ecologia Tropical e Alterações Climáticas na Universidade José Eduardo dos Santos na província do Huambo, este centro actualmente não dispunha dos recursos adequados em termos de conhecimento, nem de pessoal qualificado com competências a nível da investigação climática e do desenvolvimento curricular. Dispunha igualmente de financiamento insuficiente e o seu centro de interesse e prioridades não tinham sido claramente definidos. Observou-se que o Centro de Investigação sobre Ecologia Tropical e Alterações Climáticas tendia a centrar a sua atenção a nível provincial, e que não dispunha de programas de formação e currículos a nível terciário sobre questões relacionadas com o clima. Além disso, havia pouca capacidade institucional e experiência de gestão de centros de investigação, o que afectava o funcionamento eficaz do Centro. Maio de 2014 37 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4 ANÁLISE INSTITUCIONAL 4.1 Introdução da análise institucional Esta secção descreve as actuais respostas de diferentes instituições (ensino superior, governo, ONG/OBC, sector privado) para fazer face às alterações climáticas e promover o CCD, no contexto mais alargado das lacunas acima referidas em matéria de investigação, conhecimento e capacidade. Dá-se mais atenção às instituições de ensino superior, uma vez que é consensualmente reconhecido que têm um papel importante a desempenhar na investigação, educação e formação, e em oferecer apoio a nível de formulação de políticas e estratégias e de liderança no desenvolvimento. A análise institucional começa por referir as disposições institucionais mais alargadas para responder às alterações climáticas e avançar em direcção ao CCD, e quaisquer quadros de investigação e desenvolvimento relevantes. Em seguida discute algumas das actuais iniciativas e programas de combate às alterações climáticas e de promoção do CCD presentemente em curso em Angola, e identifica alguns intervenientes importantes que poderão fazer parte do quadro de co-produção de conhecimento sobre o CCD em Angola. Após este debate, examina o entendimento do CCD por parte de intervenientes e pessoal universitário, começando depois a aprofundar a praática e a capacidade de investigação, assim como programas e capacidades curriculares, de ensino e aprendizagem no sector do ensino superior. A partir daí, analisa também outros aspectos da interacção do ensino superior com as alterações climáticas e o CCD, a saber, iniciativas a nível da participação da comunidade, dos alunos, das políticas e da sustentabilidade do campus. 4.2 Disposições políticas e institucionais 4.2.1 Disposições políticas e institucionais que regem o ensino superior em Angola14 Devido à prolongada guerra civil que não só limitou o desenvolvimento do ensino superior mas também obrigou muitos académicos a sair do país, pode considerar-se que o ensino superior em Angola se encontra na sua fase definidora. Um importante marco é a importância que o actual governo está a dar ao ensino superior e o nível de crescimento que este sector tem registado (e continua a registar) em menos de uma década. Em termos práticos, Angola assistiu a um aumento significativo do número de instituições de ensino secundário e póssecundário ou escolas profissionais. Começando com apenas duas universidades em 1998 – a Universidade de Agostinho Neto (UAN) e a Universidade Católica – o Presidente angolano recentemente salientou o facto de haver mais de 17 universidades e 44 instituições de ensino 14 Este breve resumo baseia-se num Perfil Nacional da SARUA compilado por Samuel N. Fongwa em 2011 (Chapter 2: Angola in A profile of Higher Education in Southern Africa, Volume 2 – www.sarua.org). Maio de 2014 38 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola superior no país. Estas instituições têm contado com o apoio de verbas governamentais ascendendo a mais de US$480 milhões para a criação e funcionamento de 53 novas escolas e estabelecimentos de ensino técnico e profissional (SARUA 200915). Em 2012, prevê-se que o governo angolano gaste mais com bolsas de estudo em apoio ao crescimento do ensino superior. O Ministro do Ensino Superior, Ciências e Tecnologia anunciou que ‘o governo angolano deverá criar 6.000 novas bolsas de estudo em 2012 como parte da sua política de promoção do ensino’. Este novo número virá juntar-se aos 2.405 alunos que já estudam no estrangeiro (1.965 para Bacharelatos, 146 para Mestrados e 294 para Doutoramentos em diferentes países). No dia 12 de Setembro de 2012, uma notícia na comunicação social indicou que o governo identificara a necessidade urgente de todos os cidadãos angolanos participarem no ensino superior, uma vez que se trata de um sector que desempenha um papel crucial no desenvolvimento sustentável ‘harmonioso’ no país. De acordo com o relatório16, um alto responsável da Universidade José Eduardo dos Santos afirmou que: “… a qualidade da riqueeza e do alívio da pobreza depende da qualidade do ensino… O desenvolvimento económico e social de um país exige, em primeiro lugar, que desenvolva o ensino universitário, com base no forte desempenho científico e académico dos alunos.” Defendeu que o desenvolvimento do ensino superior é responsabilidade de todos os cidadãos angolanos, e não apenas de alguns executivos. Uma vez que o género constitui um factor importane no acesso ao, e produção no ensino superior, o governo angolano adoptou importantes iniciativas a nível de políticas no sentido de não apenas aumentar o acesso das mulheres ao ensino superior, mas também faciliar o seu acesso à investigação científica e à inovação. Durante a 28ª reunião sobre a política nacional referente à Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI), o Ministro do Ensino Superior, Ciências e Tecnologia salientou que o objectivo específico da política consistia em abordar “questões relacionadas com a promoção e a garantia da participação das mulheres nas actividades da política de CTI”, reiterando que esta política iria “abrir o caminho para o aumento do número de angolanas em carreiras científicas, produzindo conhecimentos científicos e enriquecendo a comunidade científica nacional a nível regional e internacional”. Numa tentativa de colocar o ensino superior nos seus esforços de desenvolvimento, Angola acolhe o recentemente criado Centro de Excelência para Ciências Aplicadas à Sustentabilidade (CESSAF) (a partir de 2011, com o primeiro grupo de alunos em 2013; ver a análise institucional que se segue), que tem por objectivo conferir doutoramentos a 100 doutorandos num período de dez anos. A Universidade Agostinho Neto, sediada em Luanda, acolherá este primeiro Centro Africano para Investigação sobre Desenvolvimento Sustentável. Prevê-se que o Centro proporcione oportunidades de pesquisa e formação a cientistas da 15 SARUA Handbook. 2009. A Guide to the Public Universities of Southern Africa http://www.sarua.org/?q=publications/saruahandbook-2009-guide-public-universities-southern-africa 16 http://www.sarua.org/files/Country%20Reports%202012/Angola%20country%20profile%20Eng.pdf Maio de 2014 39 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola África Subsaariana através de formação especializada e partilha de conhecimentos de ponta entre países diferentes (ver análise mais detalhada mais adiante). O Ministro do Ensino Superior, Ciências e Tecnologia inaugurou recentemente um novo Politécnico na Província da Huíla, no sul. Para além dos enormes depósitos de petróleo, gás e mineirais com que o país é dotado, o governo angolano e o sistema de ensino superior envidaram importantes esforços no sentido de alinhar o seu processo de desenvolvimento e reconstrução ao conhecimento, ensino superior e inovação. Contudo, a maioria destes esforços é desenvolvida por diferentes ministérios e sectores e existe pouca coordenação nesse sentido da parte do governo através de um órgão ou quadro central. 4.2.2 Contexto político das alterações climáticas O Plano Nacional de Angola de 2010-2011(GdA 2011) estabelece disposições para as alterações climáticas no desenvolvimento nacional. Algumas das suas disposições são: desenvolvimento de um sistema nacional de sensibilização, redes de observação meteorológica abrangendo todas as capitais provinciais, e a a criação de um Centro Nacional de Sensibilização de Peritos em Meteorologia e Ambiente. O Plano Nacional prevê ainda medidas de adaptação e mitigação nos domínios da agricultura, pescas, recursos hídricos, biodiversidade, construção, energia e gestão de resíduos. Angola tem uma Estratégia de Implementação Nacional para a UNFCCC e o Protocolo de Quioto, com sete objectivos, cinco dos quais se encontram referidos em seguida: Preparar inventários e relatórios sobre emissões de gases com efeito de estufa e o seu impacto no ambiente e na saúde pública; Desenvolver programas e projectos para mitigar os efeitos das alterações climáticas; Desenvolver planos de acção para sensibilizar profissionais e técnicos sobre as alterações climáticas; Promover conhecimentos internacionais e transferência tecnológica sobre alterações climáticas; e Coordenar acções para implementação dos compromissos da UNFCCC e do Protocolo de Quioto. O quadro político de Angola referente à gestão de desastres inclui o Plano Nacional de Preparação, Contingência, Resposta e Recuperação de Calamidades e Desastres Naturais; e o Plano Estratégico de Gestão de Risco de Desastres As novas actividades que foram iniciadas a nível político pelo Ministério do Ambiente em 2013 incluem: segunda Comunicação Nacional; actualização da Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas; e criação de um Grupo Técnico para elaboração do Plano Nacional de Emissões. Maio de 2014 40 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4.2.3 Disposições Institucionais para as Alterações Climáticas A Comissão Técnica Multi-sectorial para o Ambiente (CTMA) é a agência governamental com responsabilidade geral por todas as decisões políticas sobre alterações climáticas. É presidida pelo Ministro do Ambiente e inclui uma representação de todos os ministérios que têm impacto na política do ambiente. Estes Ministérios são: Ministério da Administração do Território (MAT); Ministério da Agricultura (MINAGRI); Ministério da Energia e das Águas (MINERGA); Ministério dos Petróleos (MINPET); Ministério da Geologia e Minas (MINGM); Ministério das, Ciências e Tecnologia (MINSCT); Ministério dos Transportes (MINTRANS); Ministério do Comércio (MINCO); Ministério das Pescas (MINPOES) e Ministério das Finanças (MINFIN). O Ministério do Ambiente é também a Autoridade Nacional Designada que aplica o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM). A Comissão Nacional de Protecção Civil (CNPC), que é presidida pelo Ministro do Interior mas também é inter-ministerial, conta com a representação dos Governadores Provinciais, e centra-se nos desastres e questões de emergência nacional. Os membros da Comissão Nacional de Protecção Civil são os Directores dos seguintes organismos: Serviço Nacional de Protecção Civil; Aviação Civil; Instituto de Meteorologia; e Marinha Mercante e Portos. O Comandante-Geral, Major-General e General da Polícia, Forças Armadas e do Corpo de Bombeiros, respectivamente, também fazem parte da Comissão Nacional de Protecção Civil. Foi criada em 2012 uma Unidade de Coordenação para as Alterações Climáticas pelo Ministério do Ambiente, que acolhe igualmente uma Comissão Nacional sobre Alterações Climáticas e Biodiversidade. O Ministério do Ambiente aprovou também cinco projectos como parte do Mecanismo de Desenvolvimento limpo (CDM), que incluem a central de LNG (Gás Natural Liquefeito), projectos de energia hidroeléctrica e a redução das emissões de gases com efeito de estufa mediante a substituição de lâmpadas normais por lâmpadas energeticamente eficientes. Envolvimento das partes interessadas: O processo de preparação do NAPA angolano (concluído em 2011) incluiu uma avaliação participativa das vulnerabilidades, no âmbito da qual foram efectuadas visitas a seis províncias. Em cada província as populações foram consultadas a quatro níveis diferentes, isto é, autoridades, organizações não governamentais, sector privado e a população de locais específicos onde se registaram mais provas do tipo de vulnerabilidade. 4.3 Quadros de investigação e desenvolvimento Em Angola, o Ministério do Ensino Superior, Ciências e Tecnologia é essencialmente responsável pela investigação e desenvolvimentos tecnológico e dirige o Centro Técnico Nacional. O Fundo Nacional para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico proporciona apoio financeiro a projectos e inovações científicas. Angola é membro do recentemente inaugurado Centro de Serviços Científicos para as Alterações Climáticas e Gestão Adaptável da Terra da África Austral (SASSCAL). Maio de 2014 41 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4.4 Algumas iniciativas e programas actuais a nível do CCD Há várias iniciativas e programas activos a nível do CCD em Angola. Esta análise institucional conseguiu apenas identificar alguns deles (ver Quadro 3 infra). Uma análise nacional mais abrangente deverá contribuir para uma compreensão mais aprofundada dos programas activos existentes. Quadro 3: Algumas iniciativas e programas existentes a nível do CCD em Angola Programa / Iniciativa Agência / departamento promotor Foco Promover energias renováveis alternativas para reduzir a desflorestação Direcção Nacional de Energias Renováveis e Ministério da Agricultura Silvicultura, energias renováveis e conservação do solo Projectos referentes ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Aprovados pelo Ministério do Ambiente Central de LNG de Angola, projectos de energia hidroeléctrica, projecto de redução das emissões de gases com efeito de estufa mediante a substituição de lâmpadas normais por lâmpadas energeticamente eficientes Estratégias de adaptação, respondendo aos mais vulneráveis nas comunidades rurais IFPR (na liderança); em parceria com a ASARECA, FANRPAN, PIK, ZALF 2008: 2012 desenvolvimento de capacidades, desenvolvimento baseado na comunidade, formulação e interacção de políticas, tónica centrada nas zonas rurais, agricultura Partilha de conhecimentos comunitários sobre alterações climáticas através de histórias orais na fase pósconflito de Angola17 AfricaAdapt Recolha de histórias orais acerca de memórias locais sobre a variabilidade climática e as alterações climáticas como substitutos para a obtenção de dados meteorológicos e outros dados ambientais 17 Workshop sobre Desenvolvimento em Angola Estado / comentários adicionais Codificação de conhecimentos autóctones Áreas fulcrais: agricultura, pescas e segurança alimentar, energia, silvicultura, género, pobreza e vulnerabilidade, água http://www.africa-adapt.net/projects/145/ Maio de 2014 42 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Programa / Iniciativa Agência / departamento promotor Programas Regionais de Combate às Alterações Climáticas na África Austral One World Sustainable Investments, financiado pela DFID e Sida Foco Estado / comentários adicionais 2009-2014 O programa é uma síntese da ciência relevante em matéria de alterações climáticas e procura desenvolver a pesquisa estratégica e fortalecer o diálogo ciência-políticas e governaçãofinanciamento. O programa constrói uma base fundamentada para as respostas transfronteiriças às alterações climáticas. Nota: A lista no Quadro 3 não é uma lista exaustiva mas é mais ilustrativa da forma como algumas das questões identificadas acima já estão a ser abordadas. 4.5 Estado existente da investigação, educação, trabalho de inclusão e ligação em rede a nível do CCD em Angola 4.5.1 Entendimento do CCD: Políticas nacionais, intervenientes e pessoal universitário Actualmente, conforme apontado na Secção 3, as questões relativas às alterações climáticas são abordadas nalguns sectores através de prioridades específicas no domínio da mitigação e adaptação traçadas na Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas (2007; actualmente em actualização); no Plano Geral (Nacional) do Governo de Angola (2010-11, GdA 2011b); e no Programa de Acção Nacional de Adaptação (NAPA 2011a). Neles há um entendimento claro que as intervenções a nível de adaptação e mitigação das alterações climáticas estão intimamente ligadas ao desenvolvimento socio-económico do país. Mesmo com estas políticas, é necessário desenvolver em Angola um entendimento comum das questões fundamentais relacionadas com o Desenvolvimento Compatível com o Clima (CCD) necessárias para a co-produção de conhecimento. A discussão nos workshops sobre o significado de desenvolvimento compatível com o clima centrou-se na definição principal facultada pelos facilitadores : O desenvolvimento compatível com o clima (CCD) refere-se a desenvolvimento hipocarbónico e resistente às alterações climáticas – por outras palavras, desenvolvimento que integra os actuais e futuros riscos climáticos, a adaptação às alterações climáticas, e a mitigação (ou redução) das emissões de gases com efeitos de estufa. Dadas as incertezas nas projecções climáticas e a forma complexa como interagem as alterações climáticas e outros factores determinantes como a degradação Maio de 2014 43 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola ambiental, a globalização e o desenvolvimento económico, o desenvolvimento compatível com o clima (CCD) requer uma abordagem interactiva de aprendizagem por meio da prátic a envolve uma adaptação contínua. Os significados contextuais do CCD no dia-a-dia de participantes seleccionados no workshop revelaram alguma compreensão do CCD, embora os aspectos interactivos e integradores do CCD não tivessem sido mencionados. Um representante do PNUD definiu o CCD como “Iniciativas de promoção de apoio que se encontram incorporadas nas tecnologias hipocarbónicas”. Um representante do MINAMB entendeu o CCD como sendo “Programas de desenvolvimento que levam em linha de conta uma combinação de medidas de adaptação e de mitigação com vista a melhorar a qualidade de vida das pessoas.” De igual modo, um participante do INAMET considerou que o CCD representava a “Incorporação de mecanismos resistentes que visam fazer face aos problemas das alterações climáticas em todos os programas e iniciativas de desenvolvimento.” Na Universidade Privada de Angola e na Universidade Agostinho Neto, há um entendimento algo diferente do CCD, como revelam estes extractos dos dados doos questionários obtidos de nove inquiridos universitários: “Produzir o mínimo de emissões de carbono possível. Criar condições para a adaptação às condições climáticas” “O desenvolvimento compatível com o clima pode trazer benefícios e prejuízos. Baixo rendimento agrícola devido à subida do nível do mar nas zonas agrícolas férteis, que podem causar mudanças no solo, que pode ser argiloso, dificultando asssim a produção de alimentos, etc. Benefícios: terrenos áridos e férteis para produção” “O desenvolvimento compatível com o clima integra o desenvolvimento que está adaptado às alterações climáticas e que não afecta o ambiente de forma negativa” Algumas percepções do CCD por parte dos intervenientes extraídas dos dados dos questionários incluem as seguintes: “É o desenvolvimento que mantém um equilíbrio ambiental, ou desenvolvimento sustentável.” “O desenvolvimento compatível com o clima ocorre tendo simultaneamente em conta o clima e os efeitos das alterações climáticas.” “O desenvolvimento sustentável onde o impacto pode ser compensado por um investimento semelhante no ambiente é um exempolo do desenvolvimento compatível com o clima.” A partir destas respostas é possível ver que, embora o entendimento do CCD varie entre os intervenientes e o pessoal universitário envolvido em trabalho relacionado com o CCD, existe em geral uma associação conceptual íntima entre o desenvolvimento compatível com o clima e a adaptação e mitigação, e entre o desenvolvimento compatível com o clima e o desenvolvimento sustentável. É também evidente que o conceito de CCD é relativamente novo para alguns dos intervenientes. O contexto poderá igualmente ter influência na forma Maio de 2014 44 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola como o CCD é compreendido, e influencia o significado e entendimento do conceito do CCD, o que tem implicações importantes para os processos de co-produção de conhecimento e exige uma participação cuidadosa no desenvolvimento da compreensão mútua desses processos. 4.5.2 Actual investigação relacionada com o Desenvolvimento Compatível com o Clima 4.5.2.1 Visão global Uma busca detalhada em bases de dados de toda a investigação publicada sobre alterações climáticas / desenvolvimento sustentável em Angola forneceria pormenores substantivos sobre a investigação que já se está a realizar no país. Uma vez que esta acção estava fora do âmbito deste estudo, só é possível mostrar alguma da investigação que actualmente se publica sobre alterações climáticas em Angola. Uma rápida análise dos trabalhos de investigação publicados disponíveis no Google Scholar (os primeiros dez artigos enumerados utilizando os termos ‘alterações climáticas em Angola’ na busca) revela os seguintes trabalhos de investigação levada a cabo sobre alterações climáticas em Angola. Encontrou-se um total de seis publicações. Quadro 4: Primeiros seis artigos enumerados na busca com o Google Scholar utilizando os termos ‘Alterações Climáticas’ e ‘Angola’ na busca e a origem do primeiro autor Artigo Origem do primeiro autor Mills, Michael S.L., et al. 2011. "Mount Moco: its importance to the conservation of Swierstra’s Francolin Pternistis swierstrai and the Afromontane avifauna of Angola," Bird Conservation International 21(2): 119-133. África do Sul Beck, L. and T. Bernauer. 2011. How will combined changes in water demand and climate affect water availability in the Zambezi river basin? Global Environmental Change 21(3): 1061-1072. África do Sul Alo, C.A. and G. Wang. 2010. Role of dynamic vegetation in regional climate predictions over western Africa. Climate dynamics 35(5): 907-922. EUA Weinzierl, T. and J. Schilling. 2013. “On Demand, Development and Dependence: A Review of Current and Future Implications of Socioeconomic Changes for Integrated Water Resource Management in the Okavango Catchment of Southern Africa,” Land 2(1): 60-80. Alemanha Speranza, C. I. 2010. “Flood disaster risk management and humanitarian interventions in the Zambezi River Basin: Implications for adaptation to climate change,” Climate and Development 2(2): 176-190. Angola/Alemanha González-Dávila, M., J.M. Santana-Casiano and I.R. Ucha. 2009. “Seasonal variability in temperature the Angola-Benguela region,” Progress in Oceanography 83(1): 124-133. Espanha Apenas um dos autores principais enumerados acima é de Angola, embora o trabalho tenha sido publicado na Alemanha. As publicações centraram a sua atenção principalmente na biodiversidade, recursos hídricos, mudanças de temperatura, vegetação e gestão do risco de Maio de 2014 45 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola catástrofes. Estes documentos são publicados em revistas internacionais, embora não por autores angolanos (na sua maioria), e alguns estão associados a análises transnacionais mais alargadas a nível macro. A literatura usada para dar um contributo de carácter informativo à Comunicação Nacional Inicial (GdA 2012) indica que muitas das fontes utilizadas para informação sobre alterações climáticas e ambientais nacionais são facultadas pelo governo e por organizações internacionais associadas. Poucas fontes são produzidas de forma independente e publicadas por investigadores ou grupos de investigação locais e, quando existem, assumem a forma de consultorias não publicadas, muitas vezes levadas a cabo em conjunto com departamentos governamentais ou para esses departamentos. No âmbito deste estudo de identificação, também não foi possível determinar quantos destes consultores de investigação são provenientes de instituições académicas e/ou organizações de consultoria. A Comunicação Nacional Inicial (GdA 2012) revela as seguintes iniciativas recentes18 baseadas na investigação sobre alterações climáticas em Angola (retiradas da lista de referência da CNI, 2012): Etnias e Culturas de Angola, Associação das Universidades Portuguesas, 2009; IEA, 2011. Agência Internacional de Energia. A perspectiva de limitação do aumento global de temperatura a 2°C torna-se mais desanimadora. IEA 30 de Maio de 2011. Instituto Nacional de Estatística, Inquérito Integrado Sobre o Bem-Estar da População (Ibep) 2008-09 – Principais Resultados Definitivos, Versão Resumida, Ministério do Planejamento, 2010. A Necessidade de Melhoramento das Opções de Mitigação e Adaptação em Instituições Angolanas, Ministério do Ambiente, Angola, 2010. Isto mostra o papel importante que o governo actualmente desempenha no apoio dado à investigação sobre o desenvolvimento compatível com o clima em Angola, especialmente para orientar as respostas políticas e práticas ao CCD. 4.5.2.2 Investigação universitária As conclusões supra podem ser explicadas a) pelo facto de o desenvolvimento compatível com o clima ser, em geral, uma nova área de investigação, b) pelo facto de as universidades em Angola não terem sido estabelecidas há muito tempo dado o longo período de guerra civil, e c) por informações colhidas a partir das discussões dos workshops, onde representantes de instituições do ensino superior explicaram que, tanto quanto era do seu conhecimento, não existiam projectos de investigação sobre alterações climáticas a nível universitário. Há vários programas de investigação que tratam de questões ambientais mas nenhum centra a sua atenção de forma específica em questões relativas às alterações climáticas. 18 Nesta secção a investigação realizada após 2009 é usada como referência (últimos cinco anos). Maio de 2014 46 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola De acordo com os participantes no workshop, as instituições governamentais, particularmente o Ministério do Ambiente, realizam a maioria do trabalho de investigação sobre alterações climáticas e este facto está relacionado principalmente com a formulação de políticas e a aplicação das recomendações da UNFCCC, para a produção de comunicações internacionais, e para o NAPA. O comentário geral dos participantes foi o facto de pouco se estar a fazer em termos de investigação e que os projectos que estão a ser implementados, e que incluem iniciativas de investigação, são pouco divulgados. Também foram levantadas críticas devido ao facto de haver muito poucas publicações e relatórios científicos. Os participantes solicitaram incentivos para publicar artigos e os resultados de pesquisa, e para utilizarem os meios de comunicação electrónicos (por ex., websites) quando possível. Foram enviadas aos participantes cópias electrónicas do questionário com vista a obter feedback de cada instituição.Contudo, isto não resultou na identificação de quaisquer novos projectos relacionados com as alterações climáticas ou com o CCD. 4.5.2.3 Centros de Excelência, Centros de Especialização e Redes de Investigação TERMINOLOGIA UTILIZADA NESTA SECÇÃO: Os Pólos de Especialização tal como usados neste documento designam ‘agrupamentos de especialização’ relacionados com uma área de investigação específica do CCD, envolvendo pelo menos um investigador académico de alto desempenho com experiência profissional póslicenciatura. Centros de Especialização designa centros ou institutos de investigação já estabelecidos funcionando na maioria das vezes a nível universitário, ou entre diversas universidades com ligações de parceria em rede (que poderão ser nacionais ou internacionais). Um Centro de Excelência tal como usado neste estudo designa um quadro de parceria multiinstitucional que trabalha uma área de investigação importante a nível do CCD envolvendo múltiplas universidades, e parcerias nacionais e internacionais formalizadas. Uma rede de investigação designa agrupamentos de investigação baseada em interesses que se reunem com regularidade para discutir ou debater investigação ou preocupações que tenham relevância para o CCD. Centro de Excelência Talvez de forma significativa como futuro mecanismo para levar por diante os resultados deste estudo de identificação é o facto de Angola acolher o recentemente criado Centro de Excelência para Ciências Aplicadas à Sustentabilidade (CESSAF). O Centro está sediado na Universidade Agostinho Neto, em Luanda. É liderado pelo Professor João Sebastião Teta, e irá Maio de 2014 47 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola trabalhar em estreita colaboração com o Instituto de Investigação sobre Sustentabilidade de Newcastle (NIReS), sediado na Universidade de Newcastle, no Reino Unido. As duas universidades, o Planet Earth Institute 19 e o Ministério do Ensino Superior, Ciências e Tecnologia irão definir a estratégia académica do centro, de acordo com a proposta de projecto. O Centro conta igualmente com o apoio da UNESCO. O CESSAF fará incidir uma tónica especial em áreas problemáticas como recursos hídricos, energia, alimentação, recursos naturais e assuntos urbanos, incluindo o transporte sustentável e bens de consumo. Será também um pólo de investigação sobre o impacto atenuante das catástrofes naturais, e promoverá a cooperação científica no continente africano. Estas áreas estão alinhadas com as necessidades de investigação em matéria de CCD referidas na Secção 3 supra. O centro NIReS no Reino Unido irá trabalhar com a Universidade Agostinho Neto durante um período de dez anos para desenvolver capacidades de peritos africanos. A primeira fase envolve um programa quinquenal de desenvolvimento de capacidades que visa apoiar um grupo de especialistas angolanos e africanos com elevada formação que, em cinco anos, poderão formar um grupo central de peritos sediados permanentemente no centro. O director do centro NIReS na Universidade de Newcastle é o Professor Paul Younger. O programa envolve cinco a dez académicos pós-licenciatura por ano, utilizando uma abordagem a dois níveis em relação à formação e pretende formar 100 doutorados nos próximos dez anos, fazendo deste o primeiro grande programa de doutoramento de Angola. Para o estudo de identificação da SARUA em geral é igualmente significativo o interesse regional do CESSAF. O CESSAF prevê criar uma base de dados central com informação sobre a investigação africana das ciências da Terra e promover o trabalho em rede e a colaboração entre centros de investigação em África. O Banco Espírito Santo Angola (BESA) fez uma parceria com o CESSAF no sentido de promover a formação e a investigação das ciências da Terra em África.20 O modelo de supervisão previsto para o CESSAF é também interessante da perspectiva de coprodução de conhecimento. De acordo com o modelo de supervisão do centro, cada doutorando terá três supervisores e mentores: 1) da universidade anfitriã em África; 2) da universidade internacional que presta apoio e 3) do sector empresarial, que oferece financiamento para as bolsas de estudo mas também vários estágios e oportunidades 19 O Planet Earth Institute é uma ONG internacional dedicada a desenvolver capacidades científicas e excelência locais em África e nas regiões do Sul. (www.planetearthinstitute.org). O seu modelo de apoio de Instituições do Ensino Superior envolve a geminação de universidades africanas com conhecidas universidades em todo o mundo para criar as competências e o ambiente necessários para uma formação avançada a nível de doutoramento, e estabelecer subsequentemente um eixo académico Sul-Sul, estabelecendo depois um centro de investigação de ponta sustentável. Existem planos para ligar o centro angolano a centros de investigação pioneiros no Brasil e na Índia. 20 Resumido de Munyaradzi, M. and Sawahel, W. 2011. “Angola: New centre for sustainable development,” University World News. Issue 00295, 10 November 2013. Maio de 2014 48 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola profissionais. Os alunos serão igualmente integrados de forma pró-activa em redes de conhecimento relevantes na África Subsaariana e a nível internacional. Centros de Especialização Não foram identificados no workshop ou no questionário quaisquer centros de especialização específicos para a investigação sobre o CCD. No entanto, uma busca baseada na Web21 e as discussões durante o workshop revelaram que a Universidade José Eduardo dos Santos (UJES) está a estabelecer um Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical na província central do Huambo, visando enriquecer o processo educativo no país. O reitor, Cristóvão Simões, anunciou esta medida em Fevereiro de 2012 e garantiu que o centro irá contar com a participação de todas as instituições académicas nacionais e estrangeiras com ligações a instituições de investigação científica e desenvolvimento tecnológico dos centros de investigação no país. Uma análise adicional do programa de desenvolvimento resistente em termos climáticos proposto pelo PNUD na Bacia de Cuvelai revelou o Centro Nacional de Recursos Fitogenéticos (CNRF) sediado na Universidade Agostinho Neto como centro de especialização. É um dos seis centros de investigação da UAN e o único no país dedicado à recolha e classificação de germoplasma nacional. A nível nacional está ligado ao Instituto de Investigação Agronómica para multiplicação das sementes de polinização livre e ainda ligado ao MINADERP (serviços de extensão) para a distribuição de sementes já multiplicadas. A nível internacional, faz parte da rede de centros de recursos genéticos da SADC. Foi identificado como parceiro importante na realização de investigação de variedades de culturas resistentes ao clima no Projecto sobre Resistência às Alterações Climáticas da Bacia do Cuvelai. A Development Workshop Angola (uma ONG) também foi reiteradamenrte referida como estando envolvida na investigação do CCD e, embora não afecta a qualquer universidade, tem ligações a diversas universidades. Possui escritórios em Luanda, Huambo, Cabinda e Lunda Norte, e trabalha em Angola desde 1981. Continua a ter uma forte presença em Angola e está envolvida em diversas formas de pesquisa sobre alterações climáticas. Foi igualmente identificada como importante parceiro de investigação no Projecto do PNUD sobre Resistência às Alterações Climáticas da Bacia do Cuvelai, e neste momento está envolvida em pesquisa sobre alterações climáticas financiada pelo IDRC canadiano no que diz respeito aos Riscos de Natureza Hidrológica e Climática dos Assentamentos Costeiros de Angola. Neste projecto investiga o impacto das alterações e variabilidade climáticas nos recursos hídricos e nas infraestruturas dos assentamentos informais urbanos com o objectivo de orientar as políticas, a governação e o desenvolvimento de capacidades. Possui igualmente os conhecimentos técnicos e a experiência necessários para utilizar Sistemas de Informação Geográfica (GIS) participativos na elaboração de mapas de riscos demográficos e geográficos. 21 http://allafrica.com/stories/201202211296.html Maio de 2014 49 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Redes de Investigação Registou-se que as redes de conhecimento alargadas que abordam especificamente o desenvolvimento compatível com o clima são quase inexistentes em Angola. A maioria do trabalho sobre o CCD é feita em instituições governamentais e plataformas de projectos como o Plano de Acção Nacional de Adaptação e o Primeiro Inventário Nacional. Estes dois projectos permitiram elevados níveis de consulta tanto a nível provincial como nacional, permitindo que os intervenientes discutissem questões relacionadas com as alterações climáticas e participassem na elaboração de políticas. O trabalho efectuado poelas instituições de ensino superior sobre alterações climáticas é visto como sendo muito ‘escasso’. Dito isto, as discussões durante o workshop revelaram as seguintes redes de conhecimento existentes relacionadas com o CCD que se considerou estarem acessíveis aos angolanos a nível nacional: Quadro 5: Redes de conhecimento angolanas relacionadas com o CCD Abreviatura Nome REDE MAIOMBE ONG de Coordenação para o Ambiente ABA Associação dos Biólogos de Angola AQA Associação dos Químicos de Angola CEIC Centro de Estudos e Investigação Científica DNA Autoridade Nacional Designada de Angola DW Development Workshop JEA Juventude ecológica de Angola Além destas, as seguintes redes de investigação regional relacionada com o CCD encontram-se igualmente disponíveis aos angolanos (nem todas dedicadas ao CCD, embora incluam aspectos do CCD nos seus objectivos gerais): Quadro 6: Redes de investigação angolanas relacionadas com o CCD Abreviatura Nome BCC Comissão da Corrente de Benguela EEASA Associação de Educação Ambiental da África Austral GCLME Programa do Grande Ecossistema Marinho da Corrente do Golfo ODINAFRICA Rede de Dados e Informações Oceânicas de África SADC REEP Programa Regional de Educação Ambiental da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral SADC Centro de Teledetecção da SADC SADC Centro de Monitorização da Seca da SADC SASSCAL Centro de Serviços Científicos sobre Alterações Climáticas e Gestão Adaptável de Terras da África Austral Maio de 2014 50 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4.5.3 Inovações curriculares e ensino do CCD Não foram facultadas informações no workshop ou no questionário sobre inovação curricular ou ensino do CCD. Um dos inquiridos mencionou um curso de geofísica. Contudo, o desenvolvimento específico relacionado com as alterações climáticas não estava incluído neste curso. 4.5.4 Sensibilização comunitária e política De igual modo não foi referida qualquer sensibilização comunitária ou política nas discussões durante o workshop ou nos questionários. No entanto, verificou-se que as instituições que tinham interesse nas alterações climáticas e no CCD estavam integradas em rede nos processos nacionais do NAPA e das Comunicações Nacionais, mas não foram facultadas informações específicas a este respeito 4.5.5 Participação estudantil Os dados recolhidos dos questionários e do workshop não revcelaram qualquer participação específica da comunidade na sensibilização relacionada com as alterações climáticas e o CCD. As buscas na Web22 revelaram que os alunos da Universidade Metodista de Angola participam nalgumas actividades relacionadas com as alterações climáticas como a poromoção de palestras sobre este tópico e nas actividades relacionadas com o Dia Mundial do Meio Ambiente. 4.5.6 Cooperação e ligação em rede universitária Os investigadores que responderam ao questionário e participaram nas discussões do workshop não identificaram redes de investigação ou exemplos de cooperação universitária. Em vez disso salientaram a visível falta de colaboração a respeito da investigação sobre alterações climáticas e trabalho em rede. O REEP da SADC e o SASSCAL foram, contudo, considerados como sendo duas das redes regionais mais activas em Angola. O Projecto Africano de Monitorização do Ambiente para Desenvolvimento Sustentável (AMESD) ajudou a reforçar os Serviços Nacionais Meteorológicos e Hidrológicos Africanos com vista a proporcionar previsões meterológicas precisas, monitorizar fenómenos meteorológicos extremos e melhorar a gestão de catástrofes. O AMESD ajuda a alargar a utilização de dados recolhidos por teledetecção nas aplicações de monitorização ambiental e climática que também fornecem informações úteis e apoio aos investigadores universitários. O AMESD também está activo em Angola, e está a tentar-se obter o seu apoio para o Programa do PNUD sobre Resistência às Alterações Climáticas da Bacia do Cuvelai (ver Caixa 2 infra), juntamente com apoio semelhante do Grupo de Análise dos Sistemas Climáticos da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul que estava alegadamente a trabalhar no sentido de 22 http://allafrica.com/stories/201106061219.html Maio de 2014 51 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola proporcionar projecções relevantes de escala reduzida devidamente enquadradas para todo o continente africano até meados de 2012. Parece, pois, que o recentemente criado CESSAF e o centro de investigação climática proposto terão um papel importante a desempenhar no fortalecimento da cooperação e criação de redes universitárias sobre questões fundamentais no domínio do desenvolvimento sustentável como o CCD. 4.5.6.1 Potenciais parceiros de co-produção de conhecimento Não foram mencionados parceiros específicos de co-produção de conhecimento nos questionários. Contudo, as discussões durante o workshop referiram a Análise de Diagnóstico Transfronteiriça (TDA) que foi elaborada para a Bacia do Okavango a fim de planear a futura utilização dos recursos hídricos. Para a elaboração desta TDA, foram elaborados vários relatórios de peritos, incluindo relatórios sobre os efeitos das alterações climáticas (temperatura e precipitação) na disponibilidade da água. Quatro áreas transfronteiriças emergentes que suscitam preocupação foram identificadas pelos países participantes (Angola, Botswana e Namíbia) durante o processo de TDA. A TDA reconheceu que a formulação de políticas a longo prazo era insuficiente, particularmente a respeito da adaptação às alterações climáticas e das estratégias inadequadas em termos de adaptação e mitigação das alterações climáticas ao nível da bacia. Uma importante recomendação do processo de TDA que se enquadra no contexto de produção de conhecimento sobre o CCD é o desenvolvimento de um sistema de gestão de informação a nível da bacia e o preenchimento de lacunas de conhecimento (dados e informação). Também se recomendou o estabelecimento de uma metodologia comum para avaliação dos rendimentos fiáveis de águas de superfície e subterrâneas, por forma a incluir diferentes cenários em termos de alterações climáticas e a revisão dos cenários e do impacto das alterações climáticas. Na sequência desta discussão durante o workshop, embora não tivessem sido identificados parceiros de co-produção de conhecimento contemporâneos visíveis em Angola durante o estudo de identificação, realizou-se um exercício no sentido de identificar os diferentes papéis dos diferentes parceiros potenciais envolvidos no processo de co-produção de conhecimento. No que diz respeito às universidades, foram atribuídas as seguintes funções: Produzir a informação necessária para apoio do processo de tomada de decisão; Trabalhar em parceria com instituições governamentais em programas relacionados com as alterações climáticas; Desenvolver abordagens contextualizadas à adaptação e mitigação de fenómenos extremos; Promover articulações com instituições governamentais fornecendo soluções para os desafios decorrentes das alterações climáticas; Promover a integração das vertentes respeitantes às alterações climáticas nos currículos de modo a neles incluir a avaliação climática e aspectos relacionados com as alterações climáticas; Maio de 2014 52 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Promover a disseminação de informação e partilha sobre questões relacionadas com o clima; Desenvolver centros de investigação científica centrados na investigação aplicada e publicação e partilha das conclusões da investigação; Aplicar programas de CCD a nível provincial e regional; Encorajar e realizar programas de formação especializada sobre CCD; Proceder a investigação em colaboração contínua com o objectivoe de fornecer soluções para os problemas ambientais; e Contribuir para a implementação eficaz do CCD. Também foram explorados durante o workshop outros intervenientes e o seu papel no trabalho com o sector universitário (ver o Quadro 7 em seguida). Quadro 7: Outros intervenientes e o seu papel no trabalho com o sector universitário, conforme abordado no workshop Outros parceiros do conhecimento Como podem trabalhar com o sector universitário Organizações não governamentais e organizações da sociedade civil (por ex., Development Workshop, Acção para o Desenvolvimento Rural e Ambiente, Juventude Ecológica de Angola) Implementar projectos sobre o CCD e apoiar os projectos de investigação a nível comunitário Desenvolver e implementar campanhas de sensibilização sobre alterações climáticas Sector privado e agências doadoras (por ex., GEF, PNUP, USAID, NORAD) Atribuir fundos a projectos sobre o CCD Colaborar em actividades de sensibilização Introduzir boas práticas ambientais Promover a transferência de conhecimentos Comissões Técnicas e Grupos Técnicos Intersectoriais (por ex., Comissão da Biodiversidcade e das Alterações Climáticas, Comissão da Protecção Civil, Comissão Técnica Ambiental Multissectorial) Fortalecer a coordenação intersectorial e a identificação de prioridades (por ex., recursos humanos e financeiros) e apoiar a elaboração de políticas Desenvolver propostas para obter financiamento Ministérios e instituições governamentais (institutos) (por ex., INAMET – Instituto Nacional de Meteorologia; INIP – Instituto Nacional de Investigação Pesqueira; INE – Instuto Nacional de Estatística) Formular e aprovar legislação e políticas adequadas Efectuar estudos científicos e partilhar as respectivas conclusões e resultados Publicar e partilhar dados nacionais sobre o clima Centros de ensino superior e de investigação (por ex., uni versidades públicas e privadas, Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical) Efectuar estudos científicos e partilhar as respectivas conclusões e resultados Fornecer dados importantes e exactos para o processo de tomada de decisão Apoiar actividades de ensino e aprendizagem e a revisão curricular estabelecendo parcerias com outras instituições de investigação Maio de 2014 53 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4.5.7 Gestão da política universitária e do campus Os participantes nos workshops e os que responderam aos questionários não mencionaram quaisquer processos de gestão de política universitária ou do campus que estejam alinhados às alterações climáticas e ao desenvolvimento compatível com o clima. Uma busca na Web não revelou quaisquer processos específicos de gestão de políticas universitária ou do campus em Angola. 4.6 Que práticas existentes podem ser reforçadas e o que se poderá fazer de forma diferente? 4.6.1 Afectação de recursos para o CCD e para a política de CCD e ainda a aplicação de políticas Os participantes acharam que se devia ter dado uma atenção particular à consolidação de legislação suficiente sobre questões ambientais que pudesse ser usada para promover o CCD em todas as estruturas do governo. No entanto, para o conseguir fazer, torna-se necessária uma requalificação dos recursos humanos e fundos suficientes. Recomendou-se sobretudo que o governo, através do Ministério do Ambiente, investisse mais tempo e recursos em programas de sensibilização ambiental orientados para instituições governamentais e do ensino superior, assim como para o público em geral. Ao desenvolver um processo multifacetado, adoptar-se-ia uma abordagem integrada com o tempo. Actualmente não há nenhuns programas de sensibilização ambiental concertados sobre o CCD, mas apenas algumas actividades ad hoc. Uma abordagem integrada que reunisse uma variedade de diferentes intervenientes e investigadores podia começar a criar um ambiente de facilitação do CCD mais robusto e acessível. 4.6.2 Coordenação, cooperação e desenvolvimento de melhores parcerias Tal como indicado supra, houve um grande debate durante o workshop sobre a cooperação, e como podia ser melhorada. Os participantes centraram-se nas oportunidades de transferência de conhecimento, em que a publicação e a partilha de resultados e de investigação eram promovidas pela universidade e pelas comunidades mais alargadas de investigação, políticas e investigação. Assim, uma melhor divulgação e partilha de conhecimento era vista como constituindo um passo crucial para melhorar a tomada de decisões por parte do governo, sendo vitais os passos dados no sentido de promover parcerias entre as universidades e os departamentos governamentais. Isso foi também identificado no contexto de estabelecimento de parcerias de investigação, particularmente com programas de investigação regional mais alargados. 4.6.3 Fortalecer e alargar o entendimento do CCD Tal como indicado na secção 4.2 supra, o CCD é um conceito relativamente novo para alguns intervenientes e investigadores universitários. Em especial a abordagem repetitiva entre o entendimento dos riscos climáticos e o desenvolvimento precisa de ser estabelecida e explorada por aqueles que estudam o CCD. Tal como identificado nos workshops e na política Maio de 2014 54 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola nacional, isto exige o desenvolvimento de novos conhecimentos e melhor produção, partilha e gestão de dados. São necessárias opções de desenvolvimento alternativas que respondam constantemente às alterações climáticas e aos paradigmas de desenvolvimento global e nacional emergentes relacionados com o clima que levam em linha de conta o que se passa na região de Angola e ao seu redor. Associada a esta necessidade está a necessidade de olhar para o CCD não como um conceito estático, mas antes uma área de investigação emergente e em evolução que precisa de incluir formas autóctones de mitigação e adaptação. Vladimir Russo, antigo assessor do Ministério do Ambiente em Angola, e Director da agência ambiental Holisticos, salientou os seguintes pontos fundamentaios relativamente ao alargamento do entendimento do CCD: O CCD está indissociavelmente ligado ao Desenvolvimento Sustentável (DS); A tónica do CCD é o desenvolvimento hipocarbónico e resistente às alterações climáticas; O CCD é formulado de formas diferentes com base em prioridades de desenvolovimento locais e nacionais específicas; O CCD abre novas oportunidades para novas formas de investigação e de produção de novos conhecimentos sobre o Desenvolvimento Compatível com o Clima; É fundamental incluir ou integrar o ensino e a investigação em matéria de CCD nas Instituições de Ensino Superior (IESs); e Para o CCD, são essenciais a participação individual e da comunidade. A principal ilação a retirar do debate sobre o conceito do CCD no estudo de identificação foi o facto de o CCD dever responder a diversos contextos e práticas espaciais mas também precisar de ser uma resposta transversal nas políticas governamentais e do sector privado. O CCD deve ser formulado com base nas necessidades e prioridades locais, assim como em práticas e capacidades humanas e tecnológicas valiosas. A ausência de programas de ensino e formação sobre o CCD em Angola constitui uma importante oportunidade para aumentar o conhecimento e o entendimento do CCD. 4.6.4 Desenvolvimento de capacidades a nível do CCD e do pessoal Houve um pedido enérgico no sentido de se facultar desenvolvimento de capacidades, particularmente para a realização de actividades de investigação mas também para integrar o CCD no currículo e no ensino. Uma vez que se trata de uma questão multidisciplinar, esse desenvolvimento de capacidades deve adoptar uma abordagem especializada (visando desenvolver a capacidade de investigação especializada) mas também uma abordagem multidisciplinar que permite o intercâmbio de conhecimentos e o desenvolvimento da cooperação. Actualmente continua a haver uma ausência de liderança institucional que forneça orientação e acompanhamento para melhorar a investigação multidisciplinar neste contexto. Contudo, as duas iniciativas identificadas – a saber, os novos planos para estabelecer um centro de estudos sobre alterações climáticas na Universidade José Eduardo dos Santos, e o programa emergente no Centro de Excelência (CESSAF) – representam importantes oportunidades para o desenvolvimento de capacidades em matéria de CCD no futuro. Maio de 2014 55 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4.6.5 Desenvolvimento e inovação curriculares Conforme indicado na análise institucional supra, o CCD parece não existir nos cursos universitários, embora um maior acesso a informações curriculares universitárias possa revelar uma imagem diferente. As alterações climáticas parecem não fazer parte do actual currículo das universidades em Angola, embora haja sinais que começam a ser introduzidas (por ex., através do interesse na criação do centro de estudos sobre alterações climáticas, e no CdE). Parece haver conhecimentos técnicos limitados acerca das alterações climáticas e na investigação sobre a adaptação ao CCD e subsequente desenvolvimento curricular, facto que suscita grande preocupação em Angola e que precisa de ser objecto de atenção com urgência. Embora não houvesse qualquer referência a esse respeito, parece que a ausência de discussão nas universidades angolanas em reconhecer que cada disciplina pode contribuir para a resolução dos problemas relacionados com as alterações climáticas constitui uma preocupação e precisa de ser explorada e resolvida. O desenvolvimento curricular foi referido constantemente como uma lacuna importante em termos de conhecimento, investigação, e de capacidade individual e institucional para as IESs em Angola. Até o NAPA (2011) realça a importância do desenvolvimento curricular relacionado com as alterações climáticas e as necessidades associadas a nível de capacidade. Isto deverá constituir uma prioridade no planeamento e desenvolvimento de estratégias futuras para o país. 4.6.6 Investigação e desenvolvimento de capacidades de investigação (incluindo a gestão de centros de investigação) Foi em geral acordado nos workshops que são precisos investigadores mais qualificados e formados a nível do ensino superior em Angola, e também mais centros de investigação, com capacidade de gestão adequada. Além disso, há igualmente necessidade absoluta de identificar fóruns ou plataformas onde partilhar metodologias de investigação, abordagens e resultados com vista a melhorar a transferência de conhecimento e apoiar as comunidades de investigação das alterações climáticas e do CCD robustas, activas e participantes em Angola. Uma outra recomendação importante foi a melhoria da coordenação intersectorial e das parcerias entre instituições governamentais e organizações de investigação ao mesmo tempo que se melhoram as oportunidades de criar redes de contacto com centros de excelência na SADC. O que ficou claro nesta imagem das preocupações gerais em Angola em termos de pesquisa é o estabelecimento de uma abordagem mais integrada e cooperante, que procura criar uma política e plano de acção comuns. Um outro sentimento generalizado dos participantes foi o facto de a maior parte da informação, dados e modelos climáticos serem elaborados em Inglês, pelo que seriam necessários recursos financeiros e tempo para desenvolver produtos em Português que ajudassem a participação local na investigação, e a expansão de redes de investigação e possibilidades de co-produção de conhecimento, bem como a utilização dos conhecimentos decorrentes da investigação na inovação, política e prática curriculares. Maio de 2014 56 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 4.6.7 O papel dos líderes universitários O papel desempenhado pelos líderes universitários no apoio à investigação e desenvolvimento do CCD está, em larga medida, centrado na formulação de políticas, o que exigiria amplas infra-estruturas universitárias (legislativas, financeiras e em termos de capacidade) para promover a investigação relacionada com o CCD e, por sua vez, melhorar a partilha de informação com o governo no que diz respeito aos processos decisórios. Considerou-se que os líderes universitários eram importantes para centrar a atenção na contextualização das questões relacionadas com a adaptação e mitigação das alterações climáticas em Angola (uma vez que muito trabalho de pesquisa sobre o CCD estava a ser feito por organizações internacionais como o PNUD que, por exemplo, utiliza o Centro de Investigação Tyndall na Universidade de Oxford para produzir o perfil das alterações climáticas em Angola23)), e para promover ligações entre outras instituições (governamentais e não governamentais) a fim de oferecer soluções viáveis decorrentes desta investigação. Conforme referido anteriormente, um dos principais papéis atribuídos aos dirigentes universitários é a importância de integrar as vertentes relacionadas com as alterações climáticas nos currículos e incluir as vertentes relacionadas com a avaliação de impacto e as alterações climáticas. Os dirigentes universitários desempenham um papel crucial no desenvolvimento de centros de investigação científica centrados na investigação aplicada e na publicação. O desenvolvimento de competências dos recursos humanos e o desenvolvimento de capacidade foi igualmente salientado como uma responsabilidade fundamental dos dirigentes universitários. 23 www.geog.ox.ac.uk/resarch/climate/projects/UNDPreports Maio de 2014 57 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 5 POSSIBILIDADES DE CO-PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO 5.1 Actuais práticas de co-produção de conhecimento através de abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares 5.1.1 Esclarecimento do significado de abordagens interdisciplinares e transdisciplinares da investigação multidisciplinares, O âmbito e a escala dos problemas e desafios associados às alterações climáticas, e o desenvolvimento compatível com o clima – conforme indicado na análise das necessidades deste Relatório Nacional integrando o estudo de identificação – exigem novas formas de produção de conhecimento. Neste contexto, estão a aparecer abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares da investigação, a partir do entendimento que a investigação baseada numa abordagem assente nos ‘procedimentos habituais’ não incluirá o engenho necessário para resolver desafios sociais e ecológicos complexos como as alterações climáticas. Historicamente, a abordagem dominante da investigação assenta na disciplina única. Embora a investigação de uma disciplina única continue a ser extremamente importante para o desenvolvimento de um conhecimento profundo e de alta qualidade, existe a necessidade de alargar estas abordagens no tempo em direcção a novas e mais complexas formas, do ponto de vista institucional, de produção de conhecimento.24 A Figura 5 infra indica que, com o tempo, a investigação pode incluir um leque maior de abordagens da investigação que inclui abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares. 24 Isto acontece porque as universidades estão organizadas e estabelecidas em torno de uma estrutura de produção de conhecimento disciplinar. Maio de 2014 58 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Escalas de problemas e abordagem Resultados de investigação que cumpre as necessidades da sociedade Tempo Abordagens de investigação: Disciplina Multi, inter e Transdisciplinar + trans+ entre sectores e única disciplinar escalas Figura 5: Abordagens da investigação Nota: O diagrama mostra abordagens da investigação e como elas podem surgir com o tempo, em relação a resultados que vão ao encontro de necessidades da sociedade no contexto de problemas complexos que precisam de ser resolvidos como o desenvolvimento resistente às alterações climáticas.25 Há provas globais que mais investigadores começam a expandir a abordagem da disciplina única da investigação, por forma a incluir abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares e, através dessas acções, a sua pesquisa associa sectores e escalas, com sistemas socio-ecológicos, complexidade e integração variáveis. Os investigadores que trabalham com estas abordagens defendem que os resultados da investigação produzida desta forma têm mais possibilidade de satisfazer as necessidades da sociedade.26 Estas abordagens emergentes da investigação encontram-se explicitadas em seguida. Multidisciplinaridade Envolve a utilização de estudos disciplinares diferentes para responder a um desafio ou problema empírico comum. Os métodos e estruturas disciplinares existentes não se modificam na investigação multidisciplinar, que ajuda a desenvolver diferentes ‘ângulos’ ou diferentes entendimentos de um determinado problema a partir do ponto de vista de diferentes disciplinas. 25 Fonte: Palmer, Lotz-Sisitka, Fabricius, le Roux & Mbingi, in press. 26 Há um crescente conjunto de obras científicas que reflectem esta perspectiva. Ver por exemplo: Hirsch Hadorn, G., H. Hoffmann-Riem, S. Biber-Klemm, W. Grossenbacher-Mansuy, D. Joye, C. Phol, U. Wiesmann and E. Zemp (eds). 2008. Handbook of Transdisciplinary Research. Springer. Maio de 2014 59 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Interdisciplinaridade Marca a posição entre a multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Envolve estudos multidisciplinares mas leva-os mais longe com trabalho de síntese que ocorre através das diferentes disciplinas. Envolve a criação de um quadro comum e talvez a utilização de terminologia e metodologias que transcendam as disciplinas, ao mesmo tempo que mantém certas distinções disciplinares cruciais. Na investigação interdisciplinar são importantes os processos de síntese e uma ‘mistura’ ou relato de conhecimento assente em disciplinas diferentes. Transdisciplinaridade Implica a utilização de estratégias baseadas na investigação interdisciplinar, embora envolva igualmente o desenvolver de um novo entendimento teórico e novas formas de praxe que são necessárias em sectores e escalas diferentes. Elas assentam numa interpenetração das perspectivas ou entendimentos disciplinares, e numa ‘intervenção criativa’ dos mesmos em contextos de prática27; muitas vezes complexos. É possível diferenciar entre uma ‘transdisciplinaridade fraca’, que apenas relaciona o conhecimento existente à prática, e uma ‘transdiscplinaridade forte’, que vai mais além para desenvolver novas e mais complexas formas de compreensão e participação em contextos onde a teoria e a prática se reúnem28 nos vários sectores e escalas. A transdisciplinaridade envolve diferentes formas de racionício: a racional, a relacional e a prática. A investigação transdisciplinar apresenta um ‘programa científico inacabado’ que oferece possibilidades fascinantes de reflexão e investigação avançadas. 29 Este facto é considerado cada vez mais como uma verdadeira oportunidade de inovação. A investigação transdisciplinar, orientada para a produção de conhecimento dirigida à mudança da sociedade, pode ser encarada como um processo que evolui com o tempo. Co-produção de conhecimento Tradicionalmente (e actualmente) a maioria das parcerias de investigação e das modalidaddes de financiamento continuam a centrar-se na disciplina única. No entanto, as plataformas de investigação internacional estão a mudar a favor da produção de conhecimento interdisciplinar e transdisciplinar, particularmente nas ciências sociais e ecológicas. Participar na produção de conhecimento interdisciplinar e transdisciplinar (devido ao seu interesse nas novas formas de síntese e na criação criativa de conhecimento em contextos de prática em vários sectores e escalas) exige novas formas de relacionamento, raciocínio e acção. 27 Bhaskar, R. 2010. “Contexts of interdisciplinarity: interdisciplinarity and climate change.” In Interdisciplinarity and Climate Change. Transforming knowledge and practice for our global future, edited by R. Bhaskar, F. Frank, K. Hoyer, P. Naess and J. Parker. London: Routledge. 28 Max-Neef, M. A. 2005. “Commentary: Foundations of Transdisciplinarity,” Ecological Economics 53: 5-16. 29 Max Neef 2005. Maio de 2014 60 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Em resultado, são necessárias novas parcerias entre os investigadorfes e um leque maior de actores sociais. O movimento nesta direcção depende do seguinte: 1) envolvimento da sociedade em geral no domínio da investigação (isto inclui investigadores, gestores, profissionais e a sociedade civil); 2) investimentos temporais visando desenvolver a confiança entre parceiros de investigação e participantes e respectiva competência; e 3) vontade de reconhecer que existem diferentes formas de conhecimento que precisam de inter-agir para que ocorra qualquer mudança da sociedade; e 4) aprendizagem pela prática, ou aprendizagem social 30 . A co-produção de conhecimento também é referida como co-criação de conhecimento, exigindo trabalho no sentido de reunir as diferentes contribuições no processo de produção de conhecimento. 5.1.2 ‘Estado’ actual das abordagens multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares da investigação e co-produção de conhecimento A respeito da investigação multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar em Angola, os participantes indicaram que havia muito poucos estudos sobre alterações climáticas nas universidades que utilizem esta abordagem. O facilitador do workshop, Vladimir Russo, deu alguns exemplos de co-produção de conhecimento em Angola, mas salientou que tais abordagens tinham tendência para estarem ligadas a organizações internacionais, ONGs, sector privado e governo, e não a universidades, embora alguns institutos universitários estejam envolvidos nestes projectos e programas de maior dimensão. Estes exemplos encontram-se incluídos nas Caixas 1 e 2 que se seguem. 30 Adaptado do projecto de proposta do Akili Complexity Forum, NRF África do Sul (Março de 2010). Maio de 2014 61 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Caixa 1: Abordagem ecossistémica da gestão haliêutica – quotas e produtividade apoiadas pelo programa do Grande Ecossistema Marinho da Corrente de Benguela (BCLME) financiado pela GEF O Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (INIP) tem usado uma abordagem ecossistémica na sua investigação sobre quotas de pesca e produtividade, particularmente como parte das actividades de investigação levadas a cabo no âmbito do Grande Ecossistema Marinho da Corrente de Benguela (BCLME). O BCLME é uma programa financiado pela GEF concebido para melhorar as estruturas e as capacidades da Namíbia, Angola e África do Sul para responder aos problemas ambientais que ocorrem nas suas fronteiras nacionais, para que o Grande Ecossitema Marinho da Corrente de Benguela possa ser gerido como um todo. Uma das acções mais importantes do programa BCLME no que diz respeito à avaliação do impacto ambiental é a harmonização de políticas e legislação ambientais nacionais para as actividades de exploração e produção de petróleo offshore, dragagem e mineração na região do BCLME. Há alguns estudos sobre o impacto das alterações climáticas na produtividade da pesca e nas economias costeiras. As questões pendentes, lacunas de conhecimento e medidas que devem ser tomadas no sentido de melhorar os potenciais efeitos das alterações climáticas foram classificadas por ordem de prioridade como se segue: Quanto à questão de dados inadequados: a reanálise de conjuntos de dados (por ex., SODA: Simples Assimilaçãodos Dados Oceânicos), onde os dados provenientes de modelos, obervações de satélite e in situ se combinan, precisa de estar facilmente acessível. O aquecimento global vai exigir que adoptemos os modelos e também outras fontes de dados. Um modelo pode ser cconcebido como uma ferramenta para a integração dos dados que possuímos, a fim de ajudar a reconstruir os últimos 50 anos. Os padrões e a teoria precisam de ser aproximados. Para o fazer, precisamos de desenvolver o entendimento teórico, que será elucidado com a observação de padrões. A integração plena da meteorologia e da oceanografia através da coordenação dos serviços de monitorização da atmosfera e do tempo oceânico/climático ajudará a recolher uma visão mais geral. É preciso dar a conhecer que tais serviços têm uma estreita dependência uns dos outros (por ex., a interacção atmosférica/oceânica através de transferência térmica é importante e o debate sobre o aquecimento global assenta nos diferentes efeitos de albedo e de absorção de diferentes tipos de nuvens). Maior atenção prestada à investigação em busca de limiares, com realce para a biologia. Os conjuntos de dados existentes precisam de ser recolhidos, analisados e comparados com dados modelo por forma a melhorar e aperfeiçoar as capacidades de modelização. A importância da oceanografia não apenas para os recursos haliêuticos, mas também para as alterações climáticas (e os efeitos subsequentes na conservação da biodiversidade) precisa de ser salientada, ampliando desse modo o objectivo da oceanografia. O programa BCLME também recomendou que deveria desenvolver-se um programa regional com o objectivo de reduzir a vulnerabilidade e aumentar a capacidade de adaptação dos aspectos sociais e ecológicos dos sistemas haliêuticos do BCLME, centrando-se sobretudo em: (i) estabelecer e/ou melhorar a cooperação e a comunicação nacional e regional entre agências a fim de promover respostas e acções em relação às alterações climáticas; (ii) desenvolver e alpicar uma metodologia holística e coerente para a avaliação das vulnerabilidades nas pescas; e (iii) estabelecer e implementar projectos-piloto por forma a desenvolver e testar medidas de antecipação e de resposta, facultando a aprendizagem/partilha de ensinamentos e melhoramentos. Este estudo indica haver necessidade de investigação interdisciplinar e transdisciplinar contínua conforme previsto no programa BCLME. Maio de 2014 62 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Caixa 2: Desenvolvimento Resistente ao Clima e Maior Capacidade de Adaptação ao Risco de Catástrofe na Bacia do Rio Cuvelai em Angola (com o apoio do PNUD e do Ministério do Ambiente em Angola) O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Angola, em colaboração com o Ministério do Ambiente, está a preparar um programa centrado no desenvolvimento resistente ao clima e maior capacidade de adaptação ao risco de catástrofes na Bacia do Rio Cuvelai em Angola. Este programa deverá ser financiado pela GEF e abordará o tema da adaptação climática e resistência às alterações climáticas em Angola e ao reforço das capacidades de adaptação com vista a reduzir os riscos dos prejuízos económicos induzidos por factores climáticos e dos riscos contínuos de ocorrência de catástrofes associados à Bacia do Rio Cuvelai, onde as populações na margem angolana do rio são particularmente vulneráveis. Este projecto envolverá as seguintes actividades de produção de conhecimento interdisciplinar e transdisciplinar (além de uma variedade de intervenções visando a implementação , não enumeradas aqui), e incluirá diversos parceiros, incluindo o Ministério do Ambiente, a Direcção Nacional dos Recursos Hídricos junto do Ministério de Energia e Águas, o Ministério da Agricultura, a Protecção Civil, o Centro Nacional de Recursos Fitogenéticos das Plantas (CNRF) na Universidade Agostinho Neto, o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, o PNUD, o Banco Mundial, e o Development Workshop Angola (uma ONG local): Estabelecimento de um sistema de alerta precoce abrangente de escassez alimentar e inundações (FFEWS) o qual vai exigir sistemas de previsões sazonais com redução de escala que levem em linha de conta os fenómenos de seca e inundações causados pelas alterações climáticas na Bacia; Aquisição e instalação de equipamento de localização por satélite para receber informação climática e ambiental em tempo real (através de um mapa geospacial de inundações) para as autoridades na Bacia; Aquisição ou reabilitação de pelo menos duas estações hidrométricas na Bacia; Avaliação dos meios de subsistência a nível da densidade especial e localização de todas as comunidades agrícolas de pequenos produtores na margem angolana da Bacia que são vulneráveis ao impacto das alterações climáticas; Criação de um registo em linha de dados sobre vulnerabilidades e densidade populacional com base nas avaliações referidas supra; Identificação de germoplasma resistente às alterações climáticas e localmente apropriado para a Bacia a partir da base de dados do Centro Nacional de Recursos Fitogenéticos das Plantas (CNRF); Estabelecimento de pelo menos três campos de demonstração na Bacia para variedades de culturas resistentes às alterações climáticas; Estudos de casos desenvolvidos e divulgados que captem os conhecimentos tradicionais sobre alterações climáticas a nível local; e Desenvolvimento e divulgação anual dos mapas micro-sazonais de adaptabilidade das diferentes culturas resistentes às alterações climáticas a todos os técnicos de extensão rural provinciais. O programa também inclui planos de desenvolvimento de capacidades para os Funcionários Governamentais Provinciais, e todos os funcionários da Protecção Civil na província, e ainda campanhas de sensibilização a nível das aldeias em 300 locais. O projecto tem por objectivo responder a algumas das lacunas de dados e a uma conclusão do relatório USAID/África Austral segundo a qual é provável que a Bacia do Cuvelai seja mais vulnerável às calamidades climáticas (sobretudo maiores inundações) do que qualquer outra área em toda a região da SADC. A província do Cunene (onde está situada a Bacia do Cuvelai) é uma das províncias mais pobres de Angola, estando a maioria dos meios de subsistência na província orientada para a subsistência e dependente da agricultura pluvial. Actualmente, o Governo de Angola apoia uma série de análises de referência para este programa, que incluem: Investimentos em efectivos e infra-estruturas a longo prazo visando a Redução do Risco de Catástrofes; Development Workshop (NGO) e o projecto do Centro Internacional de Investigação para o Desenvolvimento (IDRC) sobre os riscos climáticos e hídricos nos assentamentos costeiros de Angola; e Projecto de Desenvolvimento Institucional do Sector das Águas em Angola (financiado pelo Banco Mundial). Este projecto, portanto, constitui uma excelente oportunidade para que os investigadores angolanos adquiram um entendimento profundo dos processos e conteúdo das abordagens interdisciplianres e transdisciplinares da investigação. Faculta igualmente um local excelente para tal estudo a nível da região da SADC. Maio de 2014 63 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Como se pode observar a partir dos exemplos referidos supra nas Caixas 1 e 2 (apresentados aqui apenas de forma sintética), estes programas de investigação podem fornecer estudos de casos nacionais importantes das abordagens interdisciplinares e transdisciplinares à coprodução de conhecimento sobre o CCD em Angola. Ao ler a documentação sobre os projectos e programas, tornou-se evidente, contudo, que grande parte da especialização necessária para estes projectos e programas tinha sido ‘introduzida’ através dos grandes doadores e das organizações da Nações Unidas, e que embora se prestasse atenção ao desenvolvimento de capacidades, tratava-se normalmente de capacidade de implementação directa. Não é dada muita atenção ao desenvolvimento de capacidade duradoura no sistema de ensino superior para fazer avançar as inovações na produção de dados e gestão do CCD que sejam usadas e criadas através do projecto de desenvolvimento em larga escala. Para responder a este problema, o Ministério do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia podia estabelecer um ‘projecto de desenvolvimento de capacidades / transferência de conhecimentos sobre CCD’ onde o conhecimento a as novas formas de capacidade para o CCD produzidos por outros sectores e por iniciativas de parceria orientadas para o desenvolvimento em grande escala sejam explicitamente transferidas e partilhadas no sistema nacional de ensino e formação de modo a apoiar o desenvolvimento da investigação e a inovação curricular. Os intervenientes no workshop indicaram que existiam condicionalismos que era preciso ultrapassar para que essas abordagens (interdisciplinares e transdisciplinares) fossem usadas com êxito em Angola, sendo necessário prestar-se atenção ao seguinte: Desenvolvimento de investigadores mais qualificados e com mais formação a nível do ensino superior; Identificação de um fórum ou plataforma para partilhar metodologias, abordagens e resultados da investigação; Melhoria da coordenação transsectorial e das parcerias entre instituições governamentais, organizações de doadores que estimulam as inovações na investigação como aquelas que se apresentaram nas Caixas 1 e 2, e organizações de pesquisa; e Melhoria das oportunidades de ligação em rede com os centros de excelência da SADC. També ficou acordado que uma forma importante de promover a investigação multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar se fazia através de programas de investigação regional como o Centro da África Austral para Ciências e Serviços para a Adaptação às Alterações Climáticas e Uso Sustentável dos Solos (SASSCAL), e também através da aprendizagem com iniciativas de desenvolvimento em larga escala como o Programa do PNUD para a Bacia do Rio Cuvelai, uma vez que se tratam de programas com conhecimento intensivo, que estão na base das acções de adaptação directa e de desenvolvimento de capacidades. O SASSCAL é uma iniciativa conjunta de Angola, Botswana, África do Sul, Zâmbia, e Alemanha, em resposta aos desafios das mudanças climáticas globais. O estabelecimento do Centro da África Austral para Ciências e Serviços para a Adaptação às Alterações Climáticas e Uso Sustentável dos Solos foi proposto para criar valor acrescentado para toda a região da África Austral. Referiu-se que as iniciativas do SASSCAL, e as iniciativas como aquela promovida Maio de 2014 64 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola através do PNUD / Ministério do Ambiente na Bacia do Cuvelai, deviam estar integradas nas actividades de investigação regionais e nacionais. A missão do SASSCAL consiste em realizar investigação orientada para os problemas na área da adaptação às alterações climáticas e uso sustentável dos solos e oferecer pareceres baseados em provas a todos os decisores e partes interessadas com o objectivo de melhorar os meios de subsistência das pessoas na região e contribuir para a criação de uma sociedade africana baseada no conhecimento. O programa do PNUD referido anteriormente na Caixa 2 pretende produzir novos conhecimentos, dados e informações relevantes em que se possam apoiar a adaptação no terreno e as práticas de DRR (Redução do Risco de Catástrofes). É evidente que iniciativas de investigação em tão larga escala podem proporcionar uma plataforma para o enriquecimento da participação universitária nos processos de produção de conhecimento sobre o CCD. Todos os participantes concordaram quanto às seguintes recomendações, que foram enviadas a instituições governamentais com vista a fazer face aos desafios do CCD. O governo deverá apoiar o CCD definindo políticas sobre a implementação de medidas de mitigação e adaptação, bem como concedendo fundos para mais investigação científica, e deverá igualmente ter uma estratégia clara para fortalecer a capacidade nacional de investigação com vista a contribuir para os seus programas e planos de desenvolvimento. Esta abordagem trará implicações positivas como: Redução da pobreza; Integração regional dos diferentes programas de CCD; Fortalecimento da capacidade e coordenação multissectoriais; Melhoramento das políticas do sistema de ensino; e Optimização da utilização de recursos entre os diferentes sectores. Maio de 2014 65 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 6 RESUMO E CONCLUSÃO 6.1 Perspectiva de síntese sobre a análise das necessidades de conhecimento, investigação, capacidade individual e institucional 6.1.1 Contexto definidor das necessidades Angola tem uma tendência de aquecimento já bem estabelecida, tendo as temperaturas de superfície subido entre 0.2 e 1.0oC entre 1970 e 2004 nas zonas costeiras e nas regiões setentrionais; e entre 1.0 e 2.0oC nas regiões do centro e do leste. A informação sobre a precipitação não é fiável, uma vez que apenas 20 das 500 estações pluviométricas estão operacionais. Os modelos climáticos indicam que haverá uma subida de 3.0 a 4.0°C na temperatura de superfície de Angola no leste, e um aumento ligeiramente mais pequeno nas regiões costeiras e do norte nos próximos 100 anos. Neste contexto, a análise das necessidades de Angola no estudo de identificação revelou que, embora se tenha registado algum progresso na identificação das necessidades de investigação e capacidade em sentido lato, o estado do conhecimento e da investigação sobre o CCD é inadequado para as respostas que são necessárias. Segundo a Comunicação Nacional Inicial de Angola à UNFCC (GdA 2012), uma prioridade importante transversal a todos os sectores é a necessidade de produzir informação e conhecimentos para todas as prioridades de adaptação e mitigação identificadas até agora. A este respeito, os resultados da análise de necessidades poderão ser úteis na actualização da Estratégia Nacional para as Alterações Climáticas (actualmente em curso) e na preparação da Segunda Comunicação Nacional à UNFCC (actualmente tembém em curso). Em coerência com o contexto socioeconómico e a situação pós-conflito de Angola, as barreiras abrangentes à adaptação indicadas nas três fontes de dados incluem informações e conhecimentos de pouca qualidade sobre a natureza dos riscos das alterações climáticas e as respostas adequadas em termos de adaptação, mitigação e CCD; participação limitada da investigação nestas questões; baixos níveis de capacidade técnica; e recursos financeiros insuficientes para fazer face aos desafios de adaptação e mitigação das alterações climáticas. As respostas dadas no workshop identificaram uma série de necessidades transversais para responder melhor ao CCD, entre as quais se encontram o desenvolvimento de capacidaddes, instituições de investigação mais sólidas, com mais recursos e melhor geridas, inovação curricular, e inclusão do CCD nas políticas e práticas de aplicação nacionais. Além disso, foi identificada a necessidade de criar plataformas onde as iniciativas a nível de investigação das alterações climáticas e desenvolvimento das medidas de combate a essas alterações realizadas pelo PNUD e organizações doadoras podem ser partilhadas no sistema de ensino superior, servindo de base a inovações curriculares. Foi apontada uma outra necessidade, a de haver mais informação relacionada com o clima em Português, uma vez que a maior parte da informação é produzida em Inglês. Maio de 2014 66 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 6.1.2 Necessidades gerais de adaptação e mitigação Existe um amplo acordo entre as fontes de dados usadas para compilar este relatório integrando o estudo de identificação (sobretudo documentos e dados provenientes do workshop, visto que as respostas aos questionários eram limitadas) quanto às áreas de intervenção prioritária abrangente para a adaptação – a saber, gestão de recursos hídricos, agricultura e gestão da erosão dos solos (uma vez que estes domínios estão associados à segurança alimentar, particularmente nas zonas rurais), subida do nível do mar, biodiversidade e florestas, saúde humana e asssentamentos humanos. Central a todas elas está a necessidade de melhores dados e capacidade meteorológica. Estes últimos reflectem as vulnerabilidade climáticas de Angola, particularmente para as suas populações maioritariamente rurais. As fontes de dados também concordam quanto às amplas prioridades e necessidades a nível de mitigação, que abarcam medidas relacionadas com melhores sistemas de transporte, utilização de energias renováveis, gestão de resíduos e silvicultura a fim de reduzir a desflorestação. A política actual realça a energia e os transportes, as medidas de mitigação de resíduos e a silvicultura. Os dados do workshop sublinharam em particular o desenvolvimento das energias renováveis (energia eólica e solar) e as práticas florestais que reduzem a desflorestação. Angola é um país rico em petróleo, e os participantes no workshop identificaram a necessidade de desenvolvimento de tecnologia limpa como necessidade adicional de mitigação, necessidade essa que também se encontra traçada nas políticas. As políticas também sugerem a necessidade de procurar formas de desenvolver tecnologias de energias renováveis e de desenvolver o recurso ao gás natural em lugar do petróleo. 6.1.3 Lacunas específicas em matéria de conhecimento e investigação Os participantes no workshop consideraram que havia legislação suficiente sobre questões ambientais que podia ser usada para promover o CCD nas estruturas governamentais, empresariais e da sociedade civil. No entanto, a falta de recursos humanos qualificados foi repetidamente destacada nos domínios do CCD, como a gestão de recursos hídricos, a avaliação e gestão dos riscos de saúde relacionados com o clima, o planeamento e aplicação da adaptação de infra-estruturas, e a avaliação e gestão da biodiversidade (tanto nos dados provenientes do workshop como das políticas). Foram estes os domínios citados com mais regularidade que careciam de desenvolvimento específico em termos de investigação e conhecimento relacionado com a adaptação. As necessidade de conhecimento e investigação da mitigação centraram-se sobretudo na investigação de energias renováveis e de tecnologia limpa, investigação e desenvolvimento de transportes e silvicultura. Subjacentes a estas necessidades de investigação e conhecimento da adaptação e mitigação encontram-se, além disso, lacunas cruciais a nível da investigação e do conhecimento. Tais lacunas incluem a avaliação das vulnerabilidades (especialmente a identificação das vulnerabilidades a nível local) e a prestação de informações e previsões meteorológicas mais exactas e expansivas (dados baseados em observações concretas para apoiar as avaliações climáticas e as vulnerabilidades quanto aos recursos hídricos, agricultura, biodiversidade, subida do nível do mar, planeamento de infra-estruturas, e saúde humana). O acesso e o aproveitamento do conhecimento comunitário foram identificados como importantes prioridades de adaptação e do CCD, dada a grande dependência da produção de subsistência nas zonas rurais, e os elevados níveis de pobreza sentidos nestas áreas. Maio de 2014 67 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 6.1.4 Necessidades transversais As principais necessidades transversais são a necessidade de melhor coordenação intersectorial no governo e entre os parceiros de implementação, maior sensibilização e desenvolvimento de capacidades, e plataformas destinadas à partilha de conhecimento, e a produção de conhecimentos sobre o clima em línguas e formatos acessíveis (foram apontados diversas vezes os recursos em matéria de conhecimento em Português). Foi também referido reiteradamente o financiamento inadequado para responder às prioridades do CCD. As preocupações transversais na área de ensino envolveram a ausência de programas de ensino sobre as alterações climáticas nas universidades, e a falta de inovação curricular em relação às preocupações relacionadas com o CCD. De igual modo levantaram-se preocupações sobre a falta de programas de pós-graduação centrados nas questões do CCD, e a ausência de desenvolvimento profissional dos docentes universitários e educadores com o objectivo de se envolverem nestas matérias. O baixo nível de capacidade de investigação de questões relacionadas com o CCD também reflecte a necessidade de desenvolvimento da capacidade de investigação. 6.1.5 Necessidades a nível de capacidade individual As necessidades a nível de capacidade individual foram identificadas em documentos políticos e nas discussões do workshop como falta de competências específicas relacionadas com Hidrologia e Hidrometeorologia; Geologia; Agrometeorologia; Epidemiologia; Meteorologia e Climatologia; Meteorologia Marítima; Peritos de Estatatísca; Especialistas na Redução e Gestão do Risco de Catástrofes e Alertas Precoces. Todas estas competências estão relacionadas com a observação, modelagem e análise dos dados relacionados com o clima. Outras lacunas em matéria de capacidade individual eram relevantes para as actividades de gestão ambiental, como Gestão das Zonas Costeiras; Gestão da Agricultura e de Riscos Climáticos; Gestão Ambiental do Governo Local; Arquitectos Paisagistas do Ambiente, Peritos em Desenvolvimento Florestal e Peritos em Biodiversidade. Identificou-se uma carência de competências relacionadas com o desenvolvimento de tecnologia nos seguintes domínios: Tecnologia Limpa e Engenharia, e Engenheiros e Gestores de Projecto de Empresas de Construção com conhecimentos e competências em matéria de resistência às alterações climáticas. Na perspectiva da mudança social, identificaram-se as seguintes competências escassas: Especialistas em Sociologia, Educação e Comunicação, com referência especial aos especialistas em Educação Ambiental / Educação para um Desenvolvimento Sustentável. 6.1.6 Necessidades a nível de capacidade institucional As lacunas de capacidade institucional específicas que emergem da documentação e do workshop revelam uma falta generalizada de capacidade institucional sobre questões relacionadas com as alterações climáticas, o que não constitui surpresa num país pós-conflito onde poucas pessoas têm acesso ao ensino terciário. Os dados indicam consensualmente que é necessário reforçar de forma substancial a capacidade de desenvolvimento de informação e investigação sobre o CCD, e criar plataformas de partilha de conhecimento apropriadas entre universidades e outros intervenientes assentes na investigação, particularmente organizações internacionais que apoiam formas inovadoras de realizar investigação sobre o CCD. A falta de Maio de 2014 68 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola infra-estruturas de investigação nacional adequadas e o financiamento da investigação são outras questões que carecem de atenção urgente para expandir a capacidade de investigação sobre as alterações climáticas em Angola. Identificou-se a necessidade de melhor capacidade política e institucional de modo a permitir a cooperação técnica entre diferentes instituições e integrar as alterações climáticas nas leis e planos do país. Não existe um sistema de gestão da informação que reúna os dados nacionais dos diferentes sectores, e há barreiras socioculturais e lacunas de capacidade, especialmente relacionadas com comunicações e aprendizagem nas e das zonas rurais. Os obstáculos financeiros e as lacunas de capacidade, assim como os recursos financeiros insuficientes, foram igualmente identificados como uma importante lacuna a nível institucional. A ausência de um quadro jurídico eficaz e eficiente, e a falta de capacidade da autoridade designada nacional para preparar projectos relativos ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (CDM) foram também identificadas como lacunas de capacidade a nível institucional. Foi ainda referido que Angola não possui uma política e uma estratégia energéticas. Além disso, as instituições locais trabalhariam isoladamente e, em geral, os programas de formação e a educação e formação especializadas eram insuficientes para desenvolver currículos e ensinar novos programas relacionados com o CCD. A co-produção de conhecimento e a sua dependência de melhores capacidades institucionais intersectorial pode ser considerada uma área de preocupação importante para Angola. A forma como este conhecimento é partilhado, e como os decisores respondem à investigação suscitou uma preocupação específica entre os participantes no workshop. Estas lacunas de conhecimento e investigação específicas assumem uma relevância particular na implementação da futura Estratégia e Plano de Acção Nacional para as Alterações Climáticas em Angola (em elaboração em 2013/14), que se baseia nos processos de (co)produção de investigação e conhecimento. Esta secção do estudo de identificação de Angola demonstrou que seria importante que a diversidade destas necessidades de conhecimento fosse bem articulada nessa política com um nível de detalhe adequado. Conforme indicou um assessor político do Ministro do Ambiente: “As alterações climáticas não só constituem um problema ambiental, mas também um problema para o desenvolvimento socioeconómico.” 6.2 Perspectiva de síntese sobre a análise institucional Como já foi referido, há diversas necessidades complexas de conhecimento, investigação, individuais e institucionais expressas pelos próprios intervenientes e pessoal universitário. A que assume a maior importância é a clara ausência de capacidade institucional relativamente ao CCD no país, situação que, como mencionado acima, pode ser explicada pelo facto de o país se encontrar num período pós-conflito, de a investigação sobre o CCD constituir uma nova área de investigação e de as universidades não terem sido estabelecidas há muito tempo em Angola em resultado das perturbações causadas pela guerra. A avaliação institucional demonstrou que a investigação sobre as alterações climáticas representa uma área de investigação e desenvolvimento ainda muito nova em Angola, e que a maior parte do progresso alcançado até agora tem sido levado a cabo a nível da formação inicial de políticas. A análise institucional revela que muito poucos profissionais universitários angolanos parecem estar envolvidos na investigação do CCD. Referiu-se que que se podiam encontrar formas de Maio de 2014 69 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola investigação mais estabelecidas relacionadas com o CCD nas ciências ambientais e domínios conexos, mas mesmo no contexto destas áreas mais estabelecidas, havia pouca pesquisa relacionada com o CCD. O Governo desempenha um papel importante no lançamento e na realização de conhecimento relacionado com o CCD, mas isso não ‘está a passar’ para programas de investigação a nível das Instituições do Ensino Superior (IESs) ou das inovações curriculares neste momento. O comentário geral no workshop indicou que muito pouco se estava a fazer em termos da investigação do CCD, que os projectos que estavam a ser lançados não eram bem divulgados ou partilhados, e que o número de relatórios e publicações científicas eram muito limitados. A avaliação institucional revelou que havia poucos cursos centrados no CCD nos programas de ensino, estando isto associado a uma falta de inovação curricular, à ausência de materiais apropriados e adequados em Português, e ainda à capacidade profissional do pessoal universitário, geralmente também sobrecarregado com vastos programas de ensino a nível das licenciaturas. Referiu-se ainda que as redes de conhecimento alargado e especificamente dedicado ao CCD eram quase inexistentes em Angola, uma vez que a maior parte do trabalho sobre o CCD era efectuado através de instituições governamentais e plataformas como o Programa de Acção Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas e o Primeiro Inventário Nacional. Contudo, era encorajador o facto de estas plataformas terem permitido elevados níveis de consulta a nível provincial e nacional, dando ocasião a que os intervenientes discutissem a problemática das alterações climáticas e participassem na elaboração de políticas. No entanto, existe um conjunto de redes de conhecimento conexas ou associadas que podem constituir uma base para o conhecimento em rede relacionado com o CCD (apresentado no Quadro 6 infra). A avaliação institucional angolana também revelou que existem novas instituições e programas a emergir que poderão oferecer sólidas plataformas de co-produção de conhecimento sobre o CCD no futuro. São elas o recentemente estabelecido Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical, um Centro de Excelência para a Investigação sobre o Desenvolvimento Sustentável criado recentemente e um programa de grande dimensão recém-financiado pelo PNUD sobre o desenvolvimento da resistência às alterações climáticas (virado para a investigação, ligado à universidade, e que utiliza diversas abordagens de co-produção de conhecimento) – ver Quadro 6 infra. No entanto, estas instituições exigem o desenvolvimento de capacidades, conforme indicado pelos participantes na pesquisa que teceram comentários sobre a falta de recursos e de capacidade, o planeamento da investigação e o âmbito e a ênfase do recém-criado Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical. Maio de 2014 70 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 71 Quadro 8: Fontes de especialização sobre o CCD identificadas em Angola Universidade Universidade Agostinho Neto Universidade José Eduardo dos Santos Polos de especialização Centros de especialização Criação precoce de um Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical na Universidade José Eduardo dos Santos Centro Nacional de Recursos Fotogenéticos (CNRF) na Universidade Agostinho Neto como centro de especialização da pesquisa sobre germoplasma Nenhum outro foi identificado no estudo de identificação Development Workshop (NGO) com projectos e ligações de investigação intersectoriais centradas no CCD – também ligado a universidades e a importantes organizações e doadores internacionais Redes de investigação activas que poderão excelência desenvolver ligações especializadas sobre o CCD Criados recentemente: Centro de Excelência para Ciências Aplicadas à Sustentabilidade (CESSAF) Ligado aos Institutos de Investigação Agrícola e ao MINAGRI (serviços de extensão) Faz parte da rede de centros de recursos genéticos da SADC Centros de Director: Professor João Sebastião Teta. Ligado ao Instituto de Investigação sobre Sustentabilidade de Newcastle (NIReS), Reino Unido Também tem como parceiro e conta com o apoio do Planet Earth Institute e do Ministério de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia Primeira admissão de alunos, 2013 REDE MAIOMB ONG colectiva para o Ambiente ABA Associação dos Biólogos de Angola AQA Associação dos Químicos de Angola CEIC Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola DNA Autoridade Nacional Designada de Angola DW Development Workshop JEA Juventude ecológica de Angola BCC Comissão da Corrente de Benguela EEASA Associação de Educação Ambiental da África Austral GCLME Programa do Grande Ecossistema Marinho da Corrente do Golfo ODINAFRICA Rede de Dados e Informações Oceânicas de África SADC REEP Programa Regional de Educação Ambiental da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral Centro de Teledetecção da SADC Centro de Monitorização da Seca da SADC SASSCAL Centro de Serviços Científicos sobre Alterações Climáticas e Gestão Adaptável de Terras da África Austral Nota: Esta análise baseia-se na melhor informação disponível. Com informação e provas adicionais, poderá ser alargada, e ainda usada para monitorização e actualização das competências especializadas sobre o CCD em Angola Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Não foram identificados em Angola nenhuns centros activos centrados nos estudantes com potencial para fomentar o conhecimento e a sensibilização para as alterações climáticas e o CCD, salvo a Juventude Ecológica de Angola (JEA), uma ONG que trabalha com alguns alunos universitários, mas de forma independente como ONG. Os intervenientes e os profissionais universitários em Angola revelaram entender claramente que o CCD estava intimamente associado tanto à adaptação e mitigação como ao desenvolvimento sustentável. A análise institucional revelou igualmente que na comunidade universitária não se conseguia identificar exemplos de investigação transdisciplinar. Contudo, a nível mais lato, foram identificados dois exemplos de investigação transdisciplinar, embora fossem orientados por organizações internacionais e grandes redes de investigação (Comissão da Corrente de Benguela e PNUD). Um dos principais resultados da análise institucional foi a necessidade de plataformas de intercâmbio de conhecimentos entre universidades e esses programas de grande dimensão. Os participantes no workshop reconheceram o potencial papel de organizações regionais como o SASSCAL e os centros da SADC para darem apoio ao desenvolvimento de capacidades em Angola. A avaliação institucional revelou que há uma necessidade urgente de desenvolver capacidades no que toca às questões relacionadas com o CCD entre a comunidade de investigação angolana. Conforme indicado anteriormente, muito pouco se tem feito no domínio do ensino, investigação, intervenção comunitária e política sobre o CCD nas universidades em Angola, havendo necessidade de apoio vigorosa e claramente articulado a este nível, tanto a partir de políticas que salientam a necessidade de pesquisa, como entre intervenientes e profissionais. É necessário um desenvolvimento de capacidades disciplinares básicas, assim como formas mais inovadoras e expansivas de pesquisa e ensino transdisciplinar. A avaliaçāo institucional também sublinhou ser extremamente importante que as universidades em Angola participem mais energicamente nas questões relacionadas com a coprodução de conhecimento sobre o CCD, para se poderem inserir nos diálogos fundamentais sobre alterações climáticas, a fim de se conseguir prestar mais apoio às políticas e práticas do CCD. As principais áreas identificadas para Angola incluem o desenvolvimento e inovação curriculares, o desenvolvimento de capacidade das instituições de investigação, o desenvolvimento profissional individual, assim como o desenvolvimento de competências de investigação, a partilha de conhecimentos e a intervenção comunitária e política. 6.3 Um amplo mapa das vias de co-produção de conhecimento sobre o CCD em Angola Tendo em conta os workshops e os questionários, assim como outros conjuntos de dados em relação uns aos outros, é possível começar a delinear um mapa das vias de desenvolvimento de capacidades no domínio do CCD para a Namíbia. Oferece-se aqui um exemplo (Quadro 9). Podem ser apresentados mais exemplos associados com as prioridades do CCD com base nas necessidades deste domínio identificadas neste estudo de identificação e na política nacional. Podem ser criadas vias adicionais de conhecimento, investigação e desenvolvimento de capacidade, como se demonstra no Programa de Adaptação das Alterações Climáticas da Bacia Maio 2014 72 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola do Rio Cuvelai apoiado pelo PNUD (Caixa 2) e no programa do BCLME (Caixa 1), onde se presta uma atenção especial à situação como ponto de partida, e de onde as lacunas de conhecimento e de investigação, lacunas de capacidade individual e institucional são usadas para desenvolver estruturas integradas de co-produção e utilização de conhecimento. Maio 2014 73 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 74 Quadro 9: Análise das Lacunas de Conhecimento, Investigação, Desenvolvimento de Capacidades e Capacidade Institucional de uma das prioridades de Angola em termos de CCD: A Gestão de Recursos Hídricos Lacunas em matéria de conhecimento e investigação (agenda em termos de investigação) Prioridade a nível do CCD Gestão dos recursos hídricos Observação, modelização e investigação hidrometeorológica: Consolidar e produzir dados relativos à precipitação e à temperatura para todo o país Cartografia e modelização das zonas afectadas por fenómenos extremos como secas e cheias Melhoria dos dados de monitorização referentes à bacia hidrográfica Investigadores: Pessoal com formação deficiente em alerta precoce, previsões e agrometeorologia, hidrologia, geologia, e gestão integrada de recursos hídricos (incluindo a gestão de recursos hídricos transfronteiriços) Poucos engenheiros de recursos hídricos têm conhecimento do CCD Falta de formação estatística e capacidade de modelização Avaliações de vulnerabilidade: Realização de avaliações de vulnerabilidade em zonas identificadas como sendo afectadas or fenómenos extremos e secas Comunidades rurais: Avaliação do potencial de aumento dos caudais de água nas centrais hidroeléctricas Investigação sobre a adaptação: Identificação de respostas apropriadas à adaptação Investigação de sistemas de alerta precoce Investigação sobre a redução do risco de catástrofes Lacunas em matéria de capacidade institucional (agenda em termos de desenvolvimento institucional) Lacunas em matéria de capacidade individual (agenda em termos de ensino e formação) Formação na interpretação de dados sobre o CCD, planeamento do desenvolvimento sustentável, e coordenação intersectorial e provincial Líderes universitários / profissionais universitários e criadores de currículos: Expandir o número de estações meteorológicas e hidrometeorológicas existentes, particularmente nos rios principais Mobilização de recursos: Atribuir fundos institucionais para investigação, observação, monitorização e modelização regulares, e para o desenvolvimento de capacidades no domínio das actividades de pesquisa Disponibilizar os recursos adequados para aplicação dos programas de trabalho nas estações meteorológicas e hidrometeorológicas, particularmente nos rios principais Falta de sensibilização e capacidade para redução do risco de catástrofes e adaptação a fenómenos extremos como secas e cheias Funcionários governamentais: Infra-estruturas de observação e monitorização: Coordenação e gestão de sistemas intersectoriais: Melhorar a coordenação intersectorial e provincial Participar em abordagens sistemáticas à identificação de prioridades Alargar o centro de atenção a nível provincial Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Investigação sobre tecnologia e infra-estruturas: Investigação a nível da engenharia que sirva de base a um maior desenvolvimento de infraestruturas e melhor gestão de centrais hidroeléctricas am zonas propensas a inundações Falta de programas e currículos de formação a nível terciário sobre questões relacionadas com o clima; gestão integrada dos recursos hídricos, engenharia relacionada com o CCD Gestão dos centros de investigação e reforço institucional com vista a incluir uma perspectiva mais abrangente dos sistemas Desenvolvimento de centros de investigação O Governo deverá investir no desenvolvimento de capacidades dirigidas à gestão de centros de investigação Maio de 2014 75 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola A análise como a que foi reproduzida supra pode ser desenvolvida para todas as prioridades importantes em termos do CCD, e deve preferencialmente fazer parte da formulação de políticas nacionais no domínio das alterações climáticas. Essa análise oferece um ponto de partida para a co-produção de conhecimento a nível nacional. Os investigadores angolanos começam a envolver-se no CCD, embora a maior parte da investigação seja financiada, iniciada e apoiada pelo Governo (são escassos os indícios de pesquisa independente). Mas estão a formar-se novas instituições para este efeito, e os intervenientes e os investigadores que participam neste estudo de identificação identificaram as possibilidades de investigação sobre o CCD de instituições da África Austral como o SASSCAL e o REEP da SADC, apesar de estas não se encontrarem ainda muito desenvolvidas. A influência mais forte na investigação do CCD em Angola neste momento – para além da investigação efectuada pelo Governo – parece ser as iniciativas financiadas pelos doadores, particularmente as apoiadas pelo PNUD e pela GEF. Uma conclusão importante deste estudo de identificação é o facto de a base de conhecimento especializado carecer de ser significativamente aprofundada e apoiada de modo mais estratégico – e também reforçando a participação das Instituições do Ensino Superior (HEI) na investigação sobre o CCD – já que os desafios de co-produção de conhecimento em matéria de CCD são enormes e complexos, e a capacidade de resposta da investigação é claramente inadequada nesta altura. Foram apresentadas diversas recomendações para reforçar a capacidade de investigação e coprodução de conhecimento neste estudo de identificação que poderão ser úteis para traçar o caminho a seguir, incluindo aspectos como a melhoria do acesso à informação em Português, a melhoria da comunicação e da cooperação, a obtenção de fundos adequados para a investigação, incluindo bolsas de estudo para os alunos, e outros aspectos relacionados com a partilha e transferência de conhecimento. Seguem-se as questões críticas que devem ser abordadas se Angola quiser expandir a sua capacidade de co-produção de conhecimento sobre o CCD: Consolidar as análises de co-produção nacional de conhecimento baseadas nas necessidades e análises institucionais deste Estudo de Identificação Nacional, e tomando o exemplo acima como modelo (Quadro 9), para servir de guia a acções adicionais a nível nacional. Apoiar e ampliar a capacidade do Centro de Excelência CESSAF e outras instituições de investigação. Desenvolver uma ‘via para a capacidade’ visando fortalecer a competência da investigação individual, para que o interesse individual e a capacidade de investigação se possam transformar num ‘polo de especialização’ e depois num ‘centro de especialização’ e possivelmente no futuro um Centro de Excelência. Será necessário o apoio estratégico da comunidade responsável pela formulação de políticas dirigidas ao desenvolvimento compatível com o clima e ainda o apoio da comunidade do Ensino Superior para facilitar essas vias de desenvolvimento de capacidades em Angola, especialmente para fortalecer a capacidade de realização de investigação e a capacidade de inovação curricular e ainda de interligar as diversas iniciativas de pesquisa sobre o CCD que ocorrem sob a égide de programas governamentais e de desenvolvimento à investigação universitária e ao desenvolvimento de capacidades de investigação. Maio de 2014 76 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Melhorar a cooperação, a comunicação e o acesso partilhado a dados a todos os níveis e maximizar as potenciais oportunidades de intercâmbio de conhecimento e de investigação em cooperação junto de organizações de investigação nacionais e regionais centradas no CDD. Promover a motivação e incentivos para os investigadores, particularmente por participarem em abordagens da investigação multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Apoiar o desenvolvimento de capacidades dos investigadores nestes domínios e criar mecanismos que permitam aos investigadores existentes colher ensinamentos das novas abordagens da investigação interdisciplinar e transdisciplinar com base em estudos de casos sobre o desenvolvimento nacional (por ex., programa do PNUD). Reforçar as parcerias e as infra-estruturas de investigação, incluindo fundos destinados à investigação e incentivos para os alunos. Apoiar a capacidade de desenvolvimento e inovação curriculares por forma a integrar o CCD nos cursos e programas existentes. Reforçar as actividadesde intervenção política e comunitária existentes num quadro de co-produção de conhecimento e desenvolver ferramentas de monitorização para tornar os efeitos deste trabalho visíveis no contexto do sistema universitário e procurar formas de promoção da participação nos sistemas e comunidades políticas. Criar políticas e práticas de gestão do campus que envolvam os alunos nas questões relativas ao desenvolvimento compatível com o clima, proporcionar soluções e oferecer demonstrações das vias de aprendizagem sobre o CCD. Os programas de investigação e desenvolvimento de grande dimensão realizados com o apoio do PNUD, da GEF, da USAID e de outros doadores importantes em parceria com diversos Ministérios e organizações de desenvolvimento fornecem uma plataforma importante para promover o conhecimento de questões relacionadas com o CCD e os processos de coprodução de conhecimento, visto que a investigação realizada no âmbito destes projectos de grande escala é interdisciplinar, além de estar associada a programas e processos de aplicação e implementação. No entanto, será preciso criar explicitamente plataformas para que essa partilha de conhecimento ocorra. Muitas das instituições que pretendem reforçar a capacidade universitária de realizar investigação sobre o CCD ainda se encontram numa fase embrionária como, por ex., o proposto centro de investigação na Universidade José Eduardo dos Santos, e o programa emergente no Centro de Excelência (CESSAF). Contudo, estes últimos oferecem uma importante oportunidade de desenvolvimento de conhecimento sobre o CCD no futuro. A co-produção de conhecimento e a sua dependência de melhores capacidades institucionais intersectoriais constituem motivo de preocupação para Angola. Estas lacunas específicas em matéria de conhecimento e investigação assumem uma relevância particular para a implementação da futura Estratégia e Plano de Acção Nacional para as Alterações Climáticas em Angola, que se baseia nos processos de (co)produção de investigação e conhecimento. Seria importante que a diversidade destas necessidades de conhecimento e questões de Maio de 2014 77 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola capacidade institucional associadas fosse bem articulada nessa política com um nível de detalhe adequado. 6.3.1 Possibilidades de ligação a um sistema de co-produção de conhecimento em rede na região da SADC A investigação e o ensino sobre as alterações climáticas e o CCD em Angola parecem ser insuficientes e não serem dotados de recursos suficientes. Embora haja também algumas redes interessantes acessíveis em Angola e centros emergentes como o Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical, não parece terem sido ainda identificadas áreas específicas de grande solidez, embora o CESSAF na UAG prometa tornar-se um importante Centro de Excelência que poderá apoiar a investigação e co-criação de conhecimento a nível do CCD, uma vez que está relacionado com o desenvolvimento sustentável. O Centro Nacional de Recursos Fitogenéticos, igualmente sediado na UAN, oferece potencialmente conhecimentos especializados que podem ser partilhados e/ou aprendidos a nível regional, particularmente relacionados com a pesquisa sobre diversificação de culturas para uma resistência acrescida. Um outro programa importante a decorrer em Angola é o Programa de Adaptação às Alterações Climáticas da Bacia do Rio Cuvelai, que conta com o apoio do PNUD / Ministério do Ambiente, que oferece um ‘projecto modelo’ a outros estados da SADC preocupados com a adaptação, vulnerabilidade e redução do risco de catástrofes nas comunidades rurais que vivem da agricultura de subsistência. Em particular, os sistemas de produção de conhecimento, produção e getão de dados e iniciativas de desenvolvimento de capacidades terão um valor acrescido para a co-produção de conhecimento sobre o CCD a nível regional. Deverá reforçar-se e expandir-se outras iniciativas regionais de intercâmbio de conhecimento (por ex., através do SASSCAL e do SADC REEP). Maio de 2014 78 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 79 ANEXO A: LISTA DE PRESENÇAS Lista de participantes no Workshop em Angola, 2 de Outubro de 2013 Campus Universitário, Camama: Universidade Agostinho Neto Nome Departamento / Faculdade/ Organização Designação Contacto Correio electrónico Januário André UKB – Instituto S.CEB Sumbeporogramme Ciências da Natureza – Chefe de Departamento 923704717 januario1973@gmail.com Eduardo Ferdinand Holísticos Engenheiro Ambiental 925753914 eduardo.ferdinand@holisticos.co.ao Botha Kruger HEMA Director +27834637045 botha@futurelead.co.za Amaya Olivares PNUD Especialista de programa – GEF 925214084 amaya.olivares@undp.org Laura Devos PNUD Funcionária responsável pelos programas 919118081 laura.katirayi.devos@undp.org Fernanda Neves UPRA Engenheira civil – Chefe de Departamento 923602416 nandoneves@hotmail.com Nelson Lopes MINAMB Membro de pessoal 923378759 nelsonlopes@hotmail.com Maida Luís Gomes INARH Membro de pessoal +244925608582 maia_luia@msn.com Bomba B. Sangolay INIP/Min. Pescas Chefe de Departamento +244930000416 bsongolay2001@yahoo.com.br Luís Constantino MINAMB Assessor 923735952 luconsta@hotmail.com Marcial Catinda Faculdade de Ciências Professor 929300999 marcialcatinda@gmail.com Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 80 Nome Departamento / Faculdade/ Organização Designação Contacto Correio electrónico Georgina Van-Dúnem Universidade Católica de Angola Professora 927177624 georginav_27@yahoo.fr Lopes Baptista Morais Reitoria/UAN Membro de pessoal 923895287 lopesbaptista08@gmail.com Nádia Afonso Holísticos Membro de pessoal 928227455 laricias@hotmail.com Edna Ilídio Holísticos Membro de pessoal 916530482 edna.ilidio@msn.com Manuela Pedro Centro de Botânica Investigadora 923512749 manuelapedro1@hotmail.com Mário Pedro UMA Professor 923418390 mario@hotmail.com Sebastião António UAN Professor 925604836 sebastiao_antonio@yahoo.com.br Domingos Nascimento INAMET Chefe de Departamento 923600138 donascy@yahoo.com.br Jonês Mazumbua António Faculdade de Ciências Aluno 923630789 primomazumbua@hotmail.com Miguel da Rocha Lango Faculdade de Ciências Aluno 923797058 miguel_iango@hotmail.com Edson Pimentel Faculdade de Ciências Aluno 919004422 edpimenteldes@hotmail.com Bage Famorosa Faculdade de Ciências Aluno 923383110 BAGE-ENIGIMAS87@hotmail.com André José António Faculdade de Ciências Aluno 917076683 Maria António Faculdade de Ciências Leitora 923804157 Gregório Catraio Faculdade de Ciências Aluno 926552104 Domingos Ventura Faculdade de Ciências Aluno 934197124 Aldair Tala Faculdade de Ciências Aluno Sílvio Massango Faculdade de Ciências Aluno 924254439 Muanda Bernardo Faculdade de Ciências Aluno 921499068 Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 81 Nome Departamento / Faculdade/ Organização Designação Contacto Correio electrónico belarminapaxe@yahoo.com Belarmina E. Paxe DNA/MINAMB Membro de pessoal 923272942 Adriano Jorge DEI: Química Aluno 932551895 Alves N. Carlos DEI: Engenharia Geográfica Aluno 921880050 Domingos Vezua DEI: Geofísica Aluno 927383945 Adilson Samba Engenharia de Minas Aluno 947602652 Domingos Cadete Engenharia Geográfica Aluno 931609853 Alcino Jorge Engenheira Geográfico Aluno 935315497 alcinoclauvithes@hotmail.com Amilton S. Gaspar Engenharia Geofísica Aluno 929825742 Amiltongaspar@hotmail.com Damião Miranda Engenharia Geofísica Aluno 927777526 Mfinikina C. Paulo Engenharia Mecânica Aluno 935079682 mfinikinacapitao@hotmail.com Helga Silveira Development Workshop Investigadora 923685713 sofiahelga@gmail.com Domingos Utari Faculdade de Ciências Aluno 939350674 Job Alexandre Faculdade de Engenharia Aluno 949930204 Catarina Dias MINAMB Membro de pessoal 923316976 cdiascand@angola.net Vladimir Russo Holísticos Facilitado 939401303 roquerusso@nexus.ao Sílvio dos Prazeres Engenharia Aluno 923038365 silviodosprazeres@hotmail.com Africano Agostinho Engenharia Aluno 936862507 cabuloy@hotmail.com João Ananias Engenharia Aluno 929394038 Simão Jorge Quadro superior Membro de pessoal 923333618 alves-loalves@hotmail.com sinfjorge@hotmail.com Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola 82 Maio de 2014 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola ANEXO B: INVESTIGADORES ACTIVOS IDENTIFICADOS QUE CONTRIBUEM PARA ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO RELACIONADAS COM AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS / DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA Nota: Esta lista baseia-se em informações facultadas no workshop sobre o país e nos questionários, e é possível que esteja incompleta. Quadro 10: Lista de competências especializadas – Angola Nome da pessoa Departamento/Área de especialização Instituição Correio electrónico CLIMA Domingos Nascimento Monitorização do clima e avaliação das alterações climáticas Instituto Nacional de Hidrometeorologia e Geofísica (INAMET) Domingos.nascimento @inamet.gov.ao Francisco Osvaldo Monitorização do clima e avaliação das alterações climáticas Instituto Nacional de Hidrometeorologia e Geofísica (INAMET) Francisco.neto@inamet .gov.ao Vladimir Kiluange Agria Russo Impacto do fogo nas alterações climáticas Holístico-Ambiente vladimir.russo@holistic os.co.ao Miguel José Desenvolvimento de cenários Instituto Nacional de Hidrometeorologia e Geofísica (INAMET) Miguel.jose@inamet. gov.ao Lopes Ferreira Baptista Melhoria da base de dados sobre a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos (incl. mapas) Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN) lfmaioral@yahoo.es Manuel Quintino Melhoria da rede de monitorização e exploração hidrológica e hidrogeológica (também em relação aos recursos transfronteiriços) Direcção Nacional de Recursos HÍdricos quintinos@nexus.ao Helder André de Andrade e Sousa Aplicação de teledetecção em relação às cheias e recursos hídricos Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FE) helderdandradesousa@ gmail.com Ana Bela Leitão Reciclagem, saneamento e tratamento de águas Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FE) João Sebastião Neto Utilização eficaz dos recursos hídricos (gestão de fugas) Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES amfor_2000@yahoo.es Maio de 2014 83 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Nome da pessoa Departamento/Área de especialização Instituição Correio electrónico SILVICULTURA Domingos de Nazaré da Cruz Veloso Melhor avaliação dos recursos florestais (incluindo florestas de terra firme), incluindo dados de base socioeconómicos Direcção Nacional de Agricultura, Pecuária e Florestas (DNAPF) José Mutula Melhor programa de monitorização florestal (incl. avaliações no terreno; produtividade da vegetação) (das alterações funcionais: taxas de desflorestação, florestação, reflorestação de diferentes tipos de floresta) Direcção Nacional de Agricultura, Pecuária e Florestas (DNAPF) Carlos Avelino Manuel Cadete Valor socio-económico e ambiental da floresta natural para os meios de subsistência rurais (incl. o consumo de madeira, produtos não madeireiros) GEPE-Ministério do Ambiente carloscadete@hotma il.com Virginia Lacerda Quartin Regeneração das florestas, taxas de crescimento, ameaças e tendências em diferentes tipos de floresta Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES vmalacerda@hotmail .com Mateus Sidónio Impacto nos ecossistemas florestais (fogo, vida selvagem, plantas invasoras, pragas, organismos patogénicos, impactos antropogénicos, alterações climáticas) Direcção Nacional de Agricultura, Pecuária e Florestas (DNAPF) Maio de 2014 84 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Nome da pessoa Departamento/Área de especialização Instituição Correio electrónico AGRICULTURA Domingos Lucano Desenvolvimento e melhoria da avaliação integrada nacional e regional da ocupação do solo sem descontinuidades (espacial, socioeconómica, ocupação do solo, solos, vegetação) Direcção Nacional de Agricultura, Pecuária e Florestas (DNAPF) domingoslucano@hotm ail.com António Manuel Teixeira Monitorização dos ecossistemas agrícolas no que diz respeito aos efeitos das alterações climáticas (degradação da terra, fenologia das culturas, solo, pragas) Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES ateixeira33@yahoo.c om.br Ambrósio Furtunato de Almeida Processamento do entendimento e da dinâmica agrícola (por ex., migração de pragas relacionada com a temperatura) Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES amfor_2000@yahoo.es Rodrigues de Oliveira Major Impacto nos ecossistemas agrícolas (pragas e organismos patrogénicos, clima, posse da terra, estratégias de gestão, inundações) Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES gjgpereira@gmail.com Aderito Cunha Desenvolvimento de modelos e previsões em relação às actividades de desenvolvimento sectorial e mudanças na ocupação so solo ISPKS- High Politechnick Institut do Kwanza Sul gjgpereira@gmail.com Guilherme José Gonçalves Pereira Segurança alimentar Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES gjgpereira@gmail.com Imaculada Conceição Ferreira Henriques Estrutura socioeconómica para uma gestão sustentável da terra Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES cussaa@yahoo.com.br Gestão Integrada de Recursos Naturais (incl. zonas comunitárias) Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES Maio de 2014 85 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Nome da pessoa Departamento/Área de especialização Instituição Correio electrónico Manuel André Francisco Utilização contraditória da terra (agricultura contra vida selvagem) Universidade José Eduardo dos SantosFCA-UJES manuelas2003@yahoo. com.br Ginhas Alexandre Manuel Melhor gestão da fertilidade do solo (incl. microorganismos) Universidade José Eduardo dos SantosFCA-UJES ginhasmanuel@hotm ail.com BIODIVERSIDADE Filomena Livramento Biodiversidade – não diferenciada Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN) filomenalivramento@h otmail.com Miguel Morais Biodiversidade – não diferenciada Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN) dikungi@yahoo.com Amândio Gomes Biodiversidade – não diferenciada Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN) amandiogomes2@hot mail.com Fernanda Lages Biodiversidade – não diferenciada Laboratório e Museu das Aves -ISCED (Lubango, Huíla) f_lages@yahoo.com.br Maria de Lourdes Sardinha Biodiversidade – costeira e marinha INIP. Instituto de Investigação Pesqueira milu_sardinha@yahoo. com mariadl@unops.org Fernanda Lages Criação e melhoria de inventários de base para dados espaciais sobre biodiversidade (fauna, flora, zonas de reclassificação ecológica, estrutura da vegetação, etc.) Herbário - ISCED - Huíla herbario.lubango@g mail.com João Francisco Cardoso Inventário da diversidade genética de plantas e animais (variedades de culturas e de efectIvos pecuários) (explorar a lacuna existente) Universidade José Eduardo dos Santos FCA-UJES joaofca@yahoo.es Fernanda Lages Identificação de ADN com código de barras das gramíneas como ferramenta Herbário - ISCED - Huíla herbario.lubango@g mail.com Carmen Santos Impactos na biodiversidade (clima, ocupação do solo, ecoturismo, outros factores de stress) ISCED camyvandunem@gm ail.com Universidade Agostinho Neto- Faculdade de Ciências (FCUAN) Maio de 2014 86 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Nome da pessoa Departamento/Área de especialização Instituição Correio electrónico Agostinho da Silva Melhores estratégias para a conservação da biodiversidade Secção de Biologia ISCED-Huíla Elizabeth Matos Vulnerabilidade e resistência dos ecossistemas Centro de Recursos Fitogenéticos - CRF fitogen@ebonet.net Fragmentação e destruição de habitats Centro de Recursos Fitogenéticos - CRF pedmocamb@hotmai l.com Pedro António Moçambique lizmatos@netcabo.co .ao ASPECTOS TRANSVERSAIS António Valter Chissingui Desenvolvimento de ferramentas inovadoras a nível de TIC para gestão dos recursos naturais (floresta, biodiversidade, terras de pasto, queimadas) Herbário - ISCED - Huíla Manuel Enock e Giza Martins Quantificação dos reservatórios de carbono nas florestas e paisagens agroflorestais (incl. o potencial de sequestro), factor de expansão específica nacional, REDD IDEF/MINISTÉRIO DO AMBIENTE Alexandre Costa Governação, políticas, questão do cumprimento de protocolos regionais e internacionais MESCT acosta03@sapo.ao José Neto Governação, por ex. gestão de recursos naturais com base na comunidade (CBNRM), REDD ACADIR josenetotwr@netang ola.com Gabriela Pires Teixeira Cartografia de riscos e vulnerabilidades nacionais e regionais Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN) gabrielagptpires@gm ail.com vachissingui@gmail.c om PROGRAMAS DE FORMAÇÃO ACADÉMICA António Valter Chissingui Teledetecção e geoinformática Herbário - ISCED - Huíla António de Carvalho Jerónimo Ciências da Terra Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN) vachissingui@gmail.c om Maio de 2014 87 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola Nome da pessoa Suzanete Nunes da Costa and Carlos Pinto Departamento/Área de especialização Instituição Correio electrónico Novas propostas de programas académicos Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN), Herbário - ISCED - Huíla costasuzanete@yahoo. com.br and calypinto@yahoo.com SERVIÇOS Carmen Santos and Carlos Pinto Biodiversidade Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências (FCUAN), ISCED- Huíla camyvandunem@gmail .com and calypinto@yahoo.com DESENVOLVIMENTO DE CAPACIDADES Ana Bela Leitão Recursos Hídricos Universidade Agostinho Neto – Faculdade de Ciências – Faculdade de Engenharia (FEUAN) Carlos Pinto Biodiversidade ISCED - Huíla calypinto@yahoo.com Professor João Sebastião Teta Centro de Excelência para Ciências Aplicadas à Sustentabilidade (CESSAF) Professor Lauriano Centro de Investigação sobre Alterações Climáticas e Ecologia Tropical na Universidade José Eduardo dos Santos lauriano@uevora.pt Dr. Allan Cain Development Workshop Angola allan.cain@gmail.com Dr. Gabriel Luis Miguel Coordenador do programa SASSCAL Gabwater uise efficiency rielmig@gmail.com Maio de 2014 88 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola ANEXO C: QUESTIONÁRIO DIRIGIDO ÀS UNIVERSIDADES QUESTIONÁRIO PARA GESTORES UNIVERSITÁRIOS, PESSOAL DOCENTE E DE INVESTIGAÇÃO: Estado da Investigação, Ensino e Envolvimento Político / Comunitário sobre o Desenvolvimento Compatível com o Clima A: INFORMAÇÃO DE ÂMBITO GERAL A1: NOME A2: GÉNERO A3: HABILITAÇÕES MAIS ELEVADAS A4: CARGO A5: ANOS DE EXPERIÊNCIA A6: ANOS DE EXPERIÊNCIA COM QUESTÕES RELACIONADAS COM AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS / DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA A7: NOME DA UNIVERSIDADE A8: PAÍS A9: NOME DA FACULDADE A10: NOME DO DEPARTAMENTO A 11: NOME DO PROGRAMA/ CENTRO / UNIDADE / INSTITUTO A12: ENDEREÇO ELECTRÓNICO A13: ENDEREÇO DO SÍTIO: B: OPINIÃO GERAL B1: Dê uma descrição breve da forma como entende ‘alterações climáticas’. B2: Dê uma descrição breve da forma como entende ‘desenvolvimento compatível com o clima’ no seu contexto. B3: Na sua opinião, quais são os aspectos mais críticos com que é preciso lidar no seu país se se quiser alcançar o ‘desenvolvimento compatível com o clima’? B4: Na sua opinião, qual é o papel das universidades na contribuição para a realização do desenvolvimento compatível com o clima? B5: Na sua opinião, qual é o papel dos gestores universitários na contribuição para a realização do desenvolvimento compatível com o clima? Maio de 2014 89 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola C: LACUNAS EM MATÉRIA DE CAPACIDADE, CONHECIMENTO E INVESTIGAÇÃO Indique se responde a estas questões em nome de: Universidade Faculdade Departamento Programa / Centro / Instituto Classifique as contribuições da sua universidade / faculdade / 1 departamento / programa usando os valores de 1-5, sendo 1 inexistente e 5 muito activa ou bem desenvolvida C1 Envolvimento na investigação na área das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima C2 Envolvimento na investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima a nível local C3 Envolvimento na investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima a nível nacional C4 Envolvimento na investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima a nível internacional C5 Envolvimento em abordagens monodisciplinares à investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima C6 Envolvimento em abordagens interdisciplinares à investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima C7 Envolvimento em abordagens transdisciplinares à investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima C8 Envolvimento de diversas partes interessadas na investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima C9 Registo de angariação de financiamento para a investigação das alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima C10 Contribuições da investigação para as vias de desenvolvimento compatível com o clima a nível local C11 Contribuições da investigação para as vias de desenvolvimento compatível com o clima a nível nacional 2 3 4 5 C12: Descreveria a investigação da sua universidade / faculdade / departamento / programa principalmente centrada em: Alterações Climáticas Desenvolvimento Compatível com o Clima Outro (por favor especifique) Maio de 2014 90 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola C13: Enumere os principais projectos / programas de investigação centrados no desenvolvimento compatível com o clima na sua unversidade / faculdade / departamento / programa: C 14: Enumere os investigadores mais activos envolvidos na investigação sobre alterações climáticas e/ou desenvolvimento compatível com o clima na sua universidade / faculdade / departamento, e respectivas áreas de ‘especialização’ e, se possível, forneça um endereço electrónico para contacto. C 15: Enumere quaisquer práticas e iniciativas de investigação importantes que considere (ou que outros considerem) inovadoras na sua universidade / faculdade / departamento / programa, e respectivas respectivas áreas de ‘especialização’ e, se possível, forneça o nome e o endereço electrónico de uma pessoa responsável para contacto. C16: Enumere quaisquer redes importantes de produção de investigação ou de conhecimento em que esteja envolvido que se centram ou apoiam a produção e / ou utilização de conhecimento que sejam relevantes para o desenvolvimento compatível com o clima no seu contexto. Se possível, forneça o nome e o endereço electrónico da pessoa responsável pela rede para contacto. D: CURRÍCULO, ENSINO E APRENDIZAGEM Classifique as contribuições da sua universidade / faculdade / 1 departamento / programa usando os valores de 1-5, sendo 1 inexistente e 5 muito activa ou bem desenvolvida D1 Cursos especializados sobre alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima D2 Questões e oportunidades relacionadas com alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima integradas nos cursos existentes D3 Ensino inter-faculdades sobre alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima D4 Abordagens de ensino interdiscipinares e/ou transdisciplinares usadas para cursos sobre alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima D5 Aprendizagem de serviço (acreditação de envolvimento comunitário como parte do currículo formal) centrada nas alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima D6 Os cursos desenvolvem o pensamento crítico e as competências integradas de resolução de problemas D7 Os cursos centram-se claramente no desenvolvimento da inovação social e / ou técnica e acções éticas D8 Os aspectos relacionados com as alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima estão incluídos na avaliação e exames D9 Disponibilidade do pessoal de se envolver em novas problemáticas como alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima D10 Disponibilidade do pessoal de se envolver em novas problemáticas como alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima 2 3 4 5 Maio de 2014 91 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola D11: Enumere quaisquer cursos principais sobre alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima na sua universidade / faculdade / departamento / programa e indique se são cursos superiores (1°, 2°, 3° anos, etc.) ou cursos de pós-graduação (Licenciatura, Mestrado, Doutoramento) D 12: Dê um exemplo de um ou dois métodos de ensino que utilizaria para ensinar as alterações climáticas/envolvimento compatível com o clima nos seus cursos E: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA / COMUNITÁRIA E ENVOLVIMENTO ESTUDANTIL Classifique as contribuições da sua universidade / faculdade / 1 departamento / programa usando os valores de 1-5, sendo 1 inexistente e 5 muito activa ou bem desenvolvida E1 Envolvimento em actividades relacionadas com alterações climáticas / mobilização de políticas a nível do desenvolvimento compatível com o clima E2 Envolvimento em actividades relacionadas com alterações climáticas / mobilização comunitária a nível do desenvolvimento compatível com o clima E3 Envolvimento estudantil (por ex., através de sociedades, clubes, etc.) em actividades relacionadas com alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima no campus e zonas circundantes 2 3 4 5 E4: Enumere quaisquer actividades importantes de mobilização / envolvimento político em relação às alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima e, se possível, indique a pessoa responsável pelo programa: E5: Enumere quaisquer actividades importantes de mobilização / envolvimento comunitário em relação às alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima e, se possível, indique a pessoa responsável pelo programa: E6: Enumere quaisquer organizações / actividades estudantis importantes envolvidas em actividades relacionadas com as alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima F: COLABORAÇÃO UNIVERSITÁRIA Que oportunidades de colaboração existem na área da co-produção de conhecimento sobre o desenvolvimento compatível com o clima? F1: Dentro da universidade F2: Entre universidades no país F3: Com os parceiros F4: Regionalmente F5: Internacionalmente Maio de 2014 92 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola G: POLÍTICA UNIVERSITÁRIA E GESTÃO DO CAMPUS G1: A universidade tem políticas que estão em consonância com os objectivos do desenvolvimento compatível com o clima? Em caso afirmativo, enumere-as. G2: A universidade desenvolve actividades de gestão do campus que estão em consonância com os objectivos do desenvolvimento compatível com o clima? Em caso afirmativo, enumereas. G3: Há redes / grupos ou programas de investigação importantes em que a universidade esteja filiada que se centrem no desenvolvimento compatível com o clima? Em caso afirmativo, enumere-as. Maio de 2014 93 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola ANEXO D: QUESTIONÁRIO DIRIGIDO AOS INTERVENIENTES BREVE QUESTIONÁRIO PARA INTERVENIENTES SOBRE AS NECESSIDADES DE CONHECIMENTO, INVESTIGAÇÃO E CAPACIDADE DO DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA A: INFORMAÇÃO DE ÂMBITO GERAL A1: NOME A2: GÉNERO A3: HABILITAÇÕES MAIS ELEVADAS A4: NOME DA ORGANIZAÇÃO A5: NOME DA SECÇÃO / DO DEPARTAMENTO NA ORGANIZAÇÃO A6: CARGO A7: ANOS DE EXPERIÊNCIA A8: ANOS DE EXPERIÊNCIA COM QUESTÕES RELACIONADAS COM AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS / DESENVOLVIMENTO COMPATÍVEL COM O CLIMA A9: PAÍS A10: ENDEREÇO ELECTRÓNICO A11: ENDEREÇO DO SÍTIO NA INTERNET B: OPINIÃO GERAL B1: Dê uma descrição breve da forma como entende ‘alterações climáticas’ B2: Dê uma descrição breve da forma como entende ‘desenvolvimento compatível com o clima’ no seu contexto B3: Na sua opinião, quais são os aspectos mais críticos com que é preciso lidar no seu país se se quiser alcançar o ‘desenvolvimento compatível com o clima’? C: LACUNAS EM MATÉRIA DE CAPACIDADE, CONHECIMENTO E INVESTIGAÇÃO C1: Na sua opinião, quais são as lacunas de conhecimento mais críticas a que é preciso atender para realização do desenvolvimento compatível com o clima no seu contexto? C2: Quais são as necessidades de investigação específicas mais críticas para realização do desenvolvimento compatível com o clima no seu contexto? Maio de 2014 94 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola C3: Na sua opinião, quais são as lacunas de capacidade (competências individuais e de capacidade institucional) mais críticas a que é preciso atender para realização do desenvolvimento compatível com o clima no seu contexto? C 4: Na sua opinião, qual é o papel das universidades na contribuição para a realização do desenvolvimento compatível com o clima? C5: Na sua opinião, como pode / deve a sua organização colaborar com as universidades no sentido de reforçar o desenvolvimento compatível com o clima no seu país? D: INTERESSES, POLÍTICAS, REDES E CENTROS DE EXCELÊNCIA OU CENTROS DE ESPECIALIZAÇÃO D1: Descreva sucintamente o principal interesse da sua organização nas alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima D2: Enumere as principais políticas e planos com relevância para as alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima no seu país e/ou contexto organizacional D3: Descreva sucintamente qualquer colaboração que tenha tido com universidades e/ou centros de investigação, aprendizagem e inovação, etc., sobre a mobilização do conhecimento e capacidade em prol das alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima. Enumere a iniciativa / colaboração específica e, se possível, forneça indicações detalhadas sobre a pessoa por ela responsável. D4: Há centros de excelência nacional a nível de práticas de investigação e inovação sobre alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima no seu país? Em caso afirmativo, enumere-os e indique as respectivas áreas de competência especializada. D5: Sabe de alguns conhecimentos especializados no seu país / contexto em relação à investigação e aprendizagem sobre alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima? Em caso afirmativo, enumere-os e indique as respectivas áreas de competência especializada. D6: Há redes envolvidas em práticas de investigação e inovação sobre alterações climáticas / desenvolvimento compatível com o clima no seu país? Em caso afirmativo, enumere-as e indique a área em que se centram. Se possível, indique a pessoa responsável (fornecendo o respectivo contacto, caso possível). Maio de 2014 95 Estudo de identificação As Alterações Climáticas Contam da SARUA: Relatório Nacional de Angola www.cdkn.org Este documento é o resultado de um projecto financiado pelo Departamento de Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID) e da Direcção-Geral para a Cooperação Internacional (DGIS) dos Países Baixos para benefício de países em desenvolvimento. No entanto, as opiniões nele expressas e as informações nele contidas não são necessariamente as do DFID ou da DGIS nem aprovadas por estes organismos, que não aceitam qualquer responsabilidade por essas opiniões ou informações ou por qualquer confiança nelas depositada. Esta publicação foi elaborada apenas para orientação geral sobre assuntos de interesse, e não constitui um parecer profissional. O leitor não deverá agir em função das informação contida nesta publicação sem obter um parecer profissional específico. Não é prestada qualquer declaração ou garantia (expressa ou implícita) relativamente ao rigor ou exaustividade da informação contida nesta publicação e, na medida permitida pela lei, as entidades gestoras da Rede de Desenvolvimento e Conhecimento sobre o Clima não aceitam nem assumem nenhuma responsabilidade, obrigaçāo ou dever de diligência por quaisquer consequências decorrentes do facto de o leitor ou alguém agir, ou abster-se de agir, de acordo com a informação contida nesta publicação ou com o objectivo de tomar qualquer decisão baseada nessa informação. © 2014. Todos os direitos reservados. Maio de 2014 96