sustentabilidade
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News A revista do Grupo LET Recursos Humanos N0 32 | Março / Abril | 2012 | Ano 6 | www.grupolet.com EDIÇÃO ESPECIAL Thereza Abraão Banco Santander Leonardo Gloor Fundação Arcelor Mittal Brasil André Trigueiro Globo News SUSTENTABILIDADE que transforma pessoas Eles têm muito a ver com isso... Desiê Ribeiro Vale Tião Santos Do filme “LIXO EXTRAORDINÁRIO” institucional entrevista especial Foto: Army Agency / Renan Monteiro Editorial Papo com o leitor “Sustentabilidade: prioridade para líderes! ” Caros leitores, E m época de Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (será em junho), vivemos a maior crise ambiental da história – fato sem precedentes – e um número ainda não suficiente de gestores de pessoas parece se dar conta disso e colocar, por isso, a chamada “mão na massa”. Como ajudar a construir uma sociedade melhor, por meio da conscientização, também é papel de NEWSLET. Por isso dedicamos esta edição ao tema Sustentabilidade. Nossa reportagem principal traz nomes de altíssima credibilidade como Thereza Abraão, do Grupo Santander Brasil, Leonardo Gloor da Fundação ArcelorMittal, e o jornalista André Trigueiro, da Globo News. Este último, por sinal, em seu mais recente livro “Mundo Sustentável 2 – Novos Rumos para um planeta em crise” revela os caminhos para o que chama de “novo modelo de civilização”. Se no tema Sustentabilidade o lixo é algo que jamais podemos “varrer para debaixo do tapete”, nosso Personagem da edição é ninguém menos do que Tião Santos, Reciclador de Lixo que ficou célebre como protagonista do filme “Lixo Extraordinário”, indicado ao Oscar de 2011. Fomos ao Lixão de Novo Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), conhecer e destacar a importância do belíssimo trabalho realizado por estes profissionais comumente não-valorizados pela sociedade. Já na Entrevista Especial, Desiê Ribeiro, Gerente Geral de Educação e Desenvolvimento de Pessoas da Vale, ressalta como a questão da capacitação contribui para a sustentabilidade do negócio de uma organização que muito tem agregado à economia brasileira. NEWSLET Sustentável também faz o raio-x de uma empresa júnior, mostrando como o seu trabalho ajuda a fomentar líderes, uma carência de nosso mercado de RH. Abordamos o case da Ayra Consultoria, da UFRJ. Os profissionais do Grupo LET também ajudam os candidatos com dicas importantes para que vagas não sejam desperdiçadas por puros deslizes em detalhes que muitos não imaginavam serem relevantes. NEWSLET tem sempre aquele algo a mais, pronto para surpreender você, leitor, razão de estarmos aqui. Joaquim Lauria Diretor Executivo do Grupo Let Recursos Humanos Boa leitura! Expediente Grupo LET Recursos Humanos Membro Oficial Matriz Centro Empresarial Barra Shopping Av. das Américas 4.200, Bloco 09, salas 302-A, 308-A, 309-A – Rio de Janeiro – RJ – tel.: (21) 3416-9190 - CEP – 22640102 / Site: http://www.grupolet.com Escritório LET – Rio de Janeiro (RJ) – Centro Avenida Rio Branco 120, grupo 607, sala 14, Centro, Rio de Janeiro (RJ), CEP: 20040-001 tel.: (21) 2252-0780 / (21) 2252-0510. Escritório LET – São Paulo (SP) – Vila Carrão – Rua Bonfim 121, Vila Carrão São Paulo – Tel: (11) 2227-0898 / (11) 5506-4299 Escritório Juiz de Fora (MG) Rua Fernando Lobo 102, sala 804, Ed. 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Afinal, conflitos e emoções permeiam as escolhas humanas em todos os campos da vida. “A Metáfora do Tempo”, de Marco Antonio Furtado Qualitymark Editora Uma brilhante citação de Oscar Wilde, na página 40, diz que “o que movimenta o tempo são as personalidades e não os princípios”. Ela sintetiza o fato de que nós devemos dominar o tempo e usá-lo ao nosso favor e não o contrário, ou seja, sermos dominados e subjugados por ele. Este livro de bolso dá dicas muito interessantes sobre como podemos realmente conciliar compromissos e cumpri-los dentro dos prazos e, de forma saudável, desfrutar de lazer e descanso. Dizer “não”, priorizar, delegar e compartilhar, são algumas das açõeschave que devem ser praticadas. “Afeto e Limite – Uma Vida Melhor para Pais e Filhos ”, de Edina Bom Sucesso Qualitymark Editora A Gestão de Pessoas deveria ser vista, sempre, de forma holística. Se assim o fosse, qualquer gestor perceberia, na prática, que a educação e a relação afetiva com os filhos são os primeiros passos da construção de um grande ser humano e, por reflexo disso, um grande profissional. As histórias contidas na obra proporcionam um entendimento preciso, por exemplo, do porquê a atitude dos pais, por mínima que seja, determina o tipo de resposta emocional do filho. A autora aborda os vieses da construção dessa relação em uma realidade em que boa parte dos casamentos se esfacela ou se arrasta. Foto: Agência Vale (obs: também a foto dela na capa) 2 Publicação bimestral Março / Abril 2012 Ano 6 – Nº 32 Tiragem 1.500 exemplares Jornalista responsável (redação e edição): Alexandre Peconick (Comunicação Grupo LET) Mtb 17.889 / e-mail para comunicacao@grupolet.com Diagramação e Arte: Murilo Lins (murilolins@terra.com.br) Foto da Capa: Composição Oportunidades: Cadastre seu currículo diretamente em nossas vagas clicando www.grupolet. com/vagas/candidato e boa sorte! Impressão: Walprint Gráfica e Editora Ltda. Endereço: Rua Frei Jaboatão 295, Bonsucesso – Rio de Janeiro – RJ E-mail: walprint@walprint.com.br Tel: (21) 2209-1717 3 Desiê Ribeiro Gerente Geral de Educação e Desenvolvimento de Pessoas da Vale “Educamos não apenas para nós, mas também para o mercado e a comunidade” O foco e a paixão pela área de Educação sempre estiveram presentes na trajetória profissional de Desiê Ribeiro nas últimas duas décadas. Antes de ingressar na Vale ela contribuiu para aperfeiçoar a qualidade da VARIG, maior companhia aérea brasileira da história, onde trabalhou por mais de 10 anos, ao criar o Estilo Varig de Atendimento por meio da revisão dos processos de recrutamento, treinamento, comunicação e reconhecimento. A experiência em integração de processos foi decisiva na Vale, onde também atuou como Gerente de Desenvolvimento Organizacional no Canadá e no Brasil. Sua visão além-fronteiras foi decisiva para formar novas lideranças nesta organização. A Vale criou o departamento de Gestão de Talentos e implementou um sistema global de Carreiras e Sucessão para gerenciar esses talentos. Graduada em Literatura pela UFRJ, com mestrado em Marketing e Serviços pelo IBMEC e MBA pela Fundação Dom Cabral (MG), como Gerente Geral de Educação, Desiê é uma das responsáveis dentro da Vale pela aceleração da inclusão social em inúmeros pontos do País, por meio dos cursos técnicos e programas educacionais oferecidos, comprovando que este também é um tema vinculado à Sustentabilidade. Em 2011 a Valer – a Universidade Corporativa da Vale, criada em 2003 – teve seu trabalho reconhecido pelo Prêmio Ser Humano ABRH-RJ ao abordar a criação do primeiro curso de Operador Portuário de País e o investimento de R$ 12 milhões na construção de uma unidade do CEFET (instituição de ensino parceira da Vale), em Itaguaí (RJ), com capacidade para receber 1200 alunos. NEWSLET – Por que a Educação se transformou em um pilar na Vale? Desiê Ribeiro – A Vale vem tendo um crescimento muito forte nos últimos anos. Somos hoje 134 mil empregados nos cinco continentes. Isso gera um desafio muito grande em termos de pessoas. E acreditamos que a melhor forma de cumprir este desafio é através da Educação, pilar que se intensifica na medida em que investimos em novos projetos. Esta estratégia se consolidou com a criação da Valer, que trabalha com foco na capacitação contínua, na formação de quem está entrando na companhia e na liderança. NEWSLET – O próximo CONARH (Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas) fala em “acelerar a capacitação para crescermos”. O que a Vale tem feito neste sentido? Desiê Ribeiro – A Valer faz a gestão de educação com base no Modelo de Gestão por Competências, que são desdobrados em itinerários formativos que chamamos de trilhas educacionais para as diversas áreas da companhia. Trata-se de modelos customizados para as necessidades do negócio e para a vida em sociedade. Temos um mapeamento detalhado de competências para cada função e RHs nas pontas junto com as áreas, dando-lhes suporte por meio da implementação de ações educacionais. Anualmente revemos o Plano de Desenvolvimento das entrevista especial equipes com base no mapa de competências daquela função. Outro acelerador é o processo de certificação. É realizado um diagnóstico que indica em qual grau de conhecimento relativo a uma determinada competência aquele funcionário se encontra. Dessa forma, identificamos as lacunas de conhecimento que podem ser preenchidas por ações educacionais. Em 2011 investimos cerca de R$ 138 milhões em programas educacionais. Em nossos treinamentos utilizamos diversas mídias, simuladores e recentemente adotamos um business game para o desenvolvimento de liderança na área de Saúde e Segurança. Já estamos fazendo, por exemplo, apresentações dos equipamentos de segurança em 3D, usando uma linguagem de animação. NEWSLET – Como os programas da Vale em Educação ligam a organização às famílias dos funcionários? Desiê Ribeiro – Acreditamos que educar e capacitar são ações que beneficiam o indivíduo, a empresa e a comunidade. Como consequência natural deste trabalho, os funcionários ampliam a sua consciência como seres humanos. Eles ficam cientes do seu compromisso com o entorno e incentivam a família a estudar mais e a ter boas atitudes. Isso impacta na sustentabilidade de toda a nossa cadeia de negócios. Ouvimos exemplos das famílias que transformaram não apenas suas condições de vida, mas, sobretudo, o modo de enxergar a vida. Detalhes como ter a preocupação de não colocar as facas com a ponta para cima no escorredor de pratos, por exemplo, ou o respeito ao se expressar com o outro, no que se deve dizer, como, quando e onde, são percebidos claramente. Alem disso, nossas pesquisas indicam que a renda familiar dos funcionários melhora família LET “Os alunos são estimulados e buscar oportunidades de melhoria e chamados a desenvolver uma solução. Este exercício é vital para aprimorar a competência crítica altamente demandada pelo mercado.” em 60% após a capacitação. Capacitamos não apenas para a Vale, mas para o mercado e a sociedade. NEWSLET – O conceito moderno de Educação fala em “ensinar o aluno a pensar, refletir, contestar”. Essa premissa também faz parte da filosofia de ensino da Vale? Desiê Ribeiro – A nossa filosofia não teria alcançado os retornos imensamente positivos que temos sem o foco na contestação, reflexão e senso crítico. Buscamos trazer essa reflexão por meio do estudo de casos reais. O nosso programa de formação tem a maior parte das ações voltadas à prática. Os alunos são estimulados a buscar oportunidades de melhoria e chamados a desenvolver uma solução. Este exercício é vital para aprimorar a competência crítica altamente demandada pelo mercado. Neste sentido reflexivo temos também o eixo Cultura-Arte. Uma de suas ações consiste em usar a ferramenta do Cinema, seguido de debate, para 5 Foto: Divulgação 4 endereçar assuntos relevantes para a formação do empregado. É o Cine Valer. Acredito no Cinema como rica fonte de Educação. Já fui mediadora de vários desses debates, em filmes como “A Corporação” e “Ensaio sobre a cegueira” . o v c ê á t . . s . e e d n O NEWSLET – Como a Desiê educadora tem visto o investimento do mercado em Educação? Desiê Ribeiro – Não há discussão com relação à importância da Educação para o desenvolvimento da sociedade. As empresas assumem esse papel, junto com as instituições não-governamentais e o próprio governo. Na verdade, de país para país temos níveis muito distintos de desenvolvimento. No Brasil há interesse crescente do governo em endereçar essa questão. Tenho uma visão otimista de que sempre poderemos fazer mais. Mas estamos investindo em educação sim. NEWSLET – Afirma-se que o nível educacional brasileiro, no âmbito corporativo, ainda está aquém do que deveria para que o Brasil aproveite a grande oportunidade que o sistema econômico global “está lhe oferecendo”. Você concorda? Desiê Ribeiro – Prefiro olhar a situação de um prisma mais otimista. Há muita gente fazendo coisas interessantes, como por exemplo, o governo do Estado de Minas Gerais com o Programa de Educação Profissional (PEP), que concede bolsas de formação técnica aos alunos. Outros estados também têm iniciativas que atendem suas necessidades locais. Tem crescido muito a parceria entre escolas de formação técnica, empresas, universidades e governos. Hoje tenho visto um número muito maior, por exemplo, de escolas interessadas em adotar modelos que atendam as empresas. E x- Analista de RH do Grupo LET na matriz – Rio de Janeiro (por onde atuou entre outubro de 2007 e maio de 2011), ela hoje, aos 28 anos, é Analista de Recrutamento & Seleção na Brookfield Incorporações, uma das maiores incorporadoras do mercado imobiliário no Brasil. Seu nome: Joana Benito. O aprendizado e a experiência acumulados em pouco mais de quatro anos na condução de inúmeros e complexos processos seletivos no Grupo LET, entre vagas operacionais e gerenciais, foram decisivos para que Joana, graduada em Psicologia pela Universidade Estácio de Sá, pudesse atender com excelência aos clientes internos e externos de uma multinacional com mais de 100 anos de serviços prestados. Em seu atual cargo ela soma as responsabilidades de garantir que os líderes tenham as ferramentas para atingir as metas de adesão aos valores com a de implementar ações relacionadas ao clima organizacional. A escassez de gente suficientemente qualificada no segmento da construção civil é outro desafio diário com o qual tem que lidar. Joana Benito “É gratificante atuar em uma empresa com eficiência organizacional, que se preocupa com o desenvolvimento dos colaboradores e de suas carreiras, investindo na educação corporativa como fator determinante para o crescimento pessoal e profissional”, destaca Joana Benito, ao lembrar também com saudades o diferencial de ter passado por uma consultoria de Recursos Humanos que lhe abriu as portas ao mercado. “No Grupo LET tive a oportunidade de trabalhar atendendo a empresas multinacionais que me fizeram conhecer a dinâmica de exigências e prazos do mundo corporativo; graças a este contato, hoje consigo dimensionar a real necessidade de saber negociar com o fornecedor para que sempre tenhamos uma relação de ganhaganha”, enfatiza a profissional que, também pelo Grupo LET, fez interface como a NPA (National Personnel Associates – uma rede mundial de R&S). Profissional sem medo de encarar qualquer desafio, Joana lembra que logo em sua segunda semana de trabalho pelo Grupo LET foi enviada à Barra do Piraí (no sudoeste fluminense) para assumir um projeto de preencher nada menos do que 80 vagas para a empresa AmBev. “Fiz com sucesso, tanto que trabalhei e aprendi muito no contato de dois anos com esta empresa”, revela. A relação LETAmBev mostrou a Joana o quão importante é para o RH se sentir parte do negócio. Profissional com inglês fluente, Joana sempre valorizou, em sua qualidade de vida, o fato de morar próximo ao trabalho. Nas horas de folga gosta de jogar tênis, uma paixão que estimula e aprimora seu nível de concentração e foco no resultado. Feliz na Brookfield Incorporações, ela se vê crescendo de forma sólida e estruturada no mercado. Para o futuro, pretende ampliar seu conhecimento sobre os demais processos de RH, como Remuneração, Benefícios, Treinamento, entre outros. Profissional que “veste a camisa”, como fez no Grupo LET, Joana pretende assim contribuir para o fortalecimento dos valores e da cultura de sua atual organização. GESTÃO DE PESSOAS /CAPA S obreviver. Ir além disso: viver bem! O comportamento humano degrada de tal forma as relações interpessoais e o próprio planeta que parece difícil colocar as duas primeiras ideias desta matéria em prática. Fala-se demais em Sustentabilidade. Antes de definila convidamos os leitores a uma reflexão: você age na direção do bemestar comum? Este bem-estar inclui todo o tipo de vida na Terra agora e no futuro? Se a direção for esta, você já está praticando Sustentabilidade! Entre os dias 13 e 22 de junho, aliás, líderes de todo o mundo estarão – ao menos é a ideia – definindo a agenda para o chamado “desenvolvimento sustentável para as próximas décadas” na Rio+20 (a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável). Antecipamo-nos a eles. Trazemos três profissionais que diariamente abrem caminhos mentais e práticos em Sustentabilidade: o jornalista André Trigueiro, Editor de Cidades e Soluções (GloboNEWS) e autor do recém-lançado livro “Mundo Sustentável 2”; a psicóloga Thereza Abraão, Consultora de Educação do Banco Santander; Leonardo Gloor, DiretorSuperintendente da Fundação ArcelorMittal Brasil (empresa que pertence ao Grupo ArcelorMittal) e as informações da área de Sustentabilidade do Walmart Brasil, uma das maiores redes mundiais de varejo. A capacidade de suprir o que é necessário ao presente sem comprometer o legado às futuras gerações, traz, no entender de Thereza Abraão, muito mais do que a obrigação de cuidar, ao mesmo tempo, dos problemas ambientais, sociais e econômicos. Trata-se, de acordo com a Diretora de Desenvolvimento Sustentável da ABRH-Nacional, de um desafio que requer a tomada de consciência urgente por parte das lideranças. “As práticas só acontecerão por meio da transformação dos valores, com base no bem-comum, deixando para trás o individualismo e o materialismo; o que coloca RH como bola da vez, pois estes princípios valorizam a inovação na busca de soluções eficientes, o respeito e consciência ampliada sobre si e sobre o mundo”, acentua. A estrada é longa, mas consciente. “A sustentabilidade da empresa pode ser encarada como uma estratégia de perenidade da organização – de que forma esta empresa pode ter vida longa, bem como pode ser buscado um mecanismo de atuação não predatório e relevante para a sociedade, validando sua existência; no final, essas duas retas se encontram, mas no curto prazo, podem coexistir por caminhos diferentes”, define Leonardo Gloor. A ArcelorMittal tem uma diretriz em âmbito mundial que confirma a busca da sustentabilidade como um valor. Este é o principal mote ancorando todas as iniciativas que aparecem naturalmente ao longo dos processos. Os programas da Fundação ArcelorMittal Brasil têm como objetivo promover a educação, o bem-estar social e a cultura, estimulando o exercício da cidadania, ampliando o acesso e a melhoria da educação formal de crianças e adolescentes e contribuindo para o Foto: Alexandre Peconick Precisam s de... SUSTENTABILIDADE 7 Foto: Divulgação GESTÃO DE PESSOAS /CAPA Imagem: Site Sxc.hu 6 Andre Trigueiro Thereza Abraão desenvolvimento das comunidades e melhoria da qualidade de vida. Somente em 2011, 500 mil pessoas foram beneficiadas pelos projetos desenvolvidos em 44 municípios onde a ArcelorMittal Brasil possui operações, nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro e Santa Catarina; O mesmo modelo mental de foco na Sustentabilidade se aplica à rede Walmart de supermercados onde, já em 2005, o então Presidente Lee Scott definia que “a empresa deve ser suprida 100% por energia renovável; ser uma operação impacto zero em termos de resíduos; e ofertar cada vez mais produtos com diferenciais em sustentabilidade”. De acordo com a área de Sustentabilidade da empresa, a definição de Sustentabilidade para o Walmart também se explica pela relação com seus clientes. A rede identifica clientes cada vez mais cuidadosos de sua responsabilidade na preservação do meio ambiente, influenciados pelas iniciativas diversas de conscientização do impacto individual das ações cotidianas. Por motivos nobres ou por exigência da sociedade há muito mais gente e organizações investindo seu tempo, dinheiro e ideias em Sustentabilidade. Para André Trigueiro, jornalista que há muitos anos se dedica à “causa verde”, não importa se os motivos são genuínos ou não: o que vale é fazer. Ele argumenta que falta senso de ur- gência. “Fala-se muito e pratica-se pouco; perdemos o direito de errar ou de postergar a ação, ou assumimos que precisamos corrigir o rumo imediatamente, ou nos responsabilizaremos pelos enormes riscos já amplamente diagnosticados através das mudanças climáticas, escassez de recursos hídricos, desertificação, destruição da biodiversidade e produção monumental de lixo”, alerta o jornalista que cita em seu livro “estarmos vivendo um colapso ambiental”. Trigueiro, no entanto, reconhece em alguns setores da economia, segundo ele, nobres esforços em favor da inovação comprometida com a redução do desperdício, com a ecoeficiência, redução das emissões de gases estufa e da pegada ecológica. Afinal, para ele, ser sustentável passa, inexoravelmente, por “estar comprometido”. Thereza concorda com Trigueiro. E esclarece que o discurso de engajamento é simples: basta pensar no custo que pagamos hoje pela pobreza, pelas mudanças climáticas e pela ganância de pessoas e instituições. “Se o clima está mudando porque estamos destruindo as florestas e emitindo muitos gases de efeito estufa, isso afeta a agricultura, que impacta no preço dos alimentos, que prejudica a sociedade, que atinge os bancos que financiam as empresas e a sociedade e assim por diante, gerando um ciclo de escassez, que não é bom para ninguém”, justifica Thereza. Ela assegura que o discurso baseado em impactos, irá promover a consciência pelo fato do reconhecimento do retorno ser espontâneo. A grande questão reside na ambição humana pelo lucro de curto prazo, que pode trazer consequências nefastas como a crise financeira global de 2008. Seguindo este mesmo raciocínio, Leonardo Gloor afirma que no longo prazo a sociedade fará uma “seleção natural”, definindo as empresas que terão “a permissão para existir”. Ele defende que o modelo mental das pessoas de uma organização deve ser transformado, daquele que focava apenas em lucro, para outro que priorize necessidades sociais e ambientais. “Precisamos valorizar a educação para a Sustentabilidade não apenas do empregado, que tem o registro em carteira de trabalho, mas principalmente do indivíduo, que, mudado, levará ao trabalho, uma nova visão e comportamento”, destaca o executivo da Fundação ArcelorMittal. No caso da Walmart, segundo a área de Sustentabilidade, os negócios da rede, a vida e o desenvolvimento das famílias de funcionários e clientes dependem da responsabilidade ambiental de cada indivíduo e das corporações. “O varejo tem pouco impacto direto no meio ambiente, mas como estamos no meio da cadeia produtiva, temos a possibilidade de influenciar de fornecedo- GESTÃO DE PESSOAS /CAPA 9 Foto: Divulgação Fundação ArcelorMittal GESTÃO DE PESSOAS /CAPA Foto: Site Sxc.hu 8 Foto: Site Sxc.hu Leonardo Gloor Água: um recurso que fará cada vez mais a diferença “Precisamos valorizar a educação para a Sustentabilidade não apenas do empregado, que tem o registro em carteira de trabalho, mas principalmente do indivíduo, que, mudado, levará ao trabalho uma nova visão e comportamento” - Leonardo Gloor res a clientes”, explica uma fonte da empresa. A cadeia mundial de varejo considera prioritários os objetivos que fazem uma conexão direta com o “desenvolvimento sustentável”, pois ao mesmo tempo em que crescem os seus negócios, a Walmart está comprometida em melhorar a qualidade de vida das comunidades nas quais (e com as quais) atua. Além do impacto que causa a terceiros, o contato com uma cultura associada à Sustentabilidade torna o ser humano mais crítico consigo mesmo, mais cuidadoso com suas relações e questionador, inclusive, de seu próprio trabalho. De acordo com Thereza Abraão, atinge-se um estágio de querer fazer algo que tenha valor para si mesmo e para o outro. Ela cita o exemplo do funcionário de um banco: se ele pertencer a uma instituição com este tipo de cultura, se orgulhará em poder ajudar pessoas a equilibrar a relação com o dinheiro. Tal percepção provavelmente o levará a enxergar seu papel na sociedade de forma bem mais ampliada do que sim- plesmente vender produtos e processar operações financeiras. Esta nova conexão costuma provocar uma série de novas atitudes como cidadão. E seguindo a lógica dos impactos, se mudarmos o cidadão, podemos transformar a organização e, por consequência, mercado e sociedade. Por sua vez, Leonardo Gloor destaca que a percepção de cidadania daquelas pessoas que absorvem o valor da Sustentabilidade muda ao ponto de aprimorar não somente o clima organizacional, mas, sobretudo, a produtividade. Em geral, a motivação principal do Banco Santander, segundo Thereza, é a crença de que é possível dar lucro e, ao mesmo tempo, investir em cuidar das pessoas e preservar recursos naturais. Esta política se traduz em diversas ações, entre as quais o incentivo à prática do microcrédito produtivo e orientado, oferecido às comunidades de baixa renda para incentivar microempreendedores a ampliarem seus negócios. Esta crença também está orientada ao tra- balho de desenvolver líderes com o foco na inserção da Sustentabilidade no núcleo do negócio da organização. Na mesma intensidade, o Santander se preocupa com a educação financeira de seus funcionários, bem como com a reciprocidade de seus valores com os dos clientes. “Agir com ética, transparência, equidade e cuidado com o meio e a sociedade nos aproxima de pessoas e instituições com os mesmos valores; esta postura nos traz excelentes resultados”, sintetiza Thereza. Já na ArcelorMittal, uma organização complexa em termos de diversidade e abrangência de operações, a busca por procedimentos sustentáveis, segundo Leonardo Gloor é decisiva para conquistar e fidelizar clientes e fornecedores. “Trabalhar com processos industriais mais limpos e produtivos, procedimentos de comercialização e logística que otimizam recursos, valorização no tratamento e cuidado com os empregados, com as comunidades onde estamos presentes, são ações Cuidar para crescer e prosperar: um dos princípios da Sustentabilidade que convergem para as necessidades do mundo atual”, acrescenta o executivo. Otimização, aliás, é o que não falta no Walmart, que realiza o “Sustentantabilidade de Ponta a Ponta”, um desafio para que os fornecedores da rede desenvolvam produtos mais sustentáveis em sua cadeia produtiva. Entre outras ações, o Walmart criou o Clube dos Produtores. São 9100 agricultores e produtores familiares que integram a rede de fornecedores da rede. A negociação não tem intermediários e as empresas têm prioridade na entrega de mercadorias e prazos de pagamento menores. As medidas beneficiam especialmente os pequenos e médios negócios, que contam com menos recursos e flexibilidade para enfrentar os desafios da gestão financeira e da logística de distribuição. Para participar do programa, o departamento técnico faz uma triagem dos produtores que tem foco em boas práticas trabalhistas, respeitem a legislação, bem como preservem o meio ambiente. A companhia estabelece parâmetros desde a produção até a embalagem. Comprometer-se em agir de forma sustentável transforma vidas, seja no Banco Santander, na ArcelorMittal ou no Walmart, nossas organizações-exemplo. No Santander, Thereza lembra de um Gerente Executivo na área de Varejo que se destacou em um dos programas de desenvolvimento de líderes para a Sustentabilidade. “As conexões e novas percepções que ele demonstrou contribuíram para que assumisse a liderança da área de Microcrédito do Banco; diria que ele combina o tradicional perfil da área comercial, com sensibilidade, capacidade de indignação, autoconfiança e talento para enxergar valor nas mais diversas atitudes de qualquer ser humano”, revela a Consultora de Educação. Para o negócio da ArcelorMittal, segundo Leonardo Gloor, uma pessoa mais consciente em Sustentabilidade tende a aprimorar seu nível de percepção da importância e alcance das ações. “O exemplo do Sandro Almada, Engenheiro que trabalhava na área de suprimentos e foi promovido à Gerência de Meio Ambiente, é perfeito; ele desenvolve construções sustentáveis com algumas iniciativas muito relevantes em relação ao aproveitamento de subprodutos gerados no processo de produção do aço”, destaca. Afinal, como avalia o executivo, uma pessoa mais consciente no tocante à sustentabilidade tende, de fato, a considerar outros pontos que geralmente não são abordados dentro de uma visão menos desenvolvida nesse campo.Já o case do Walmart atende pelo nome de Maria Rita Galiza Lobato, profissional que está na empresa há sete anos na área de Marketing e Comercial. Responsável pelo lançamento do “Sustentabilidade de Ponta a Ponta” o trabalho dela ampliou a venda de produtos mais sustentáveis. A visibilidade do seu talento chegou à matriz da empresa nos Estados Unidos, quando Maria Rita criou uma ferramenta alternativa ao projeto global da companhia para medir a redução das embalagens dos produtos vendidos nas lojas. Se o tema é diverso, o que se sabe em Sustentabilidade é que mágicas não existem: não colhemos se não plantarmos e cabe às empresas investir para ter o retorno continuado. Mais: Sustentabilidade é pluralidade: um exercício constante do NÓS! personagem personagem Foto: Alexandre Peconick 10 Tião Santos Presidente da ACAMJG Associação dos Catadores do Aterro Metropolitano do Jardim Gramacho. Representante do MNCR – Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis. “A Extraordinária consciência que faz do Lixo uma Arte” O adolescente que começou a catar lixo como “tábua de salvação” se transformou em um embaixador do valor da classe dos Catadores de Material Reciclável e, aos 33 anos, sonha em fazer faculdade de Sociologia. A sociedade? Talvez tenha despertado quando viu Tião Santos protagonizar o filme Lixo Extraordinário (do artista plástico Vik Muniz). As luzes que iluminaram este candidato ao Oscar em 2011 trouxeram ao trabalho dos catadores do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), uma visão mais realista e sem preconceitos de suas realidades. NEWSLET – De que forma Lixo Extraordinário transformou a sua vida e a de mais de milhares de catadores do lixão do aterro sanitário? Tião Santos – O filme rompe com muitos paradigmas, como o do “homem do saco”: barbudo, com uma garrafa de cachaça e nenhuma ideia na cabeça. Alguém que não quis nada na vida. E o Catador não é isso! Em Lixo Extraordinário, foi revelada a verdadeira figura do catador de material reciclável; o pai e a mãe de família, que por mais que vivam em uma sociedade excludente conseguiram vencer de forma criativa e digna. O filme também fala da questão ambiental sem ser “eco-chato”, aborda questões sociais sem melodramas. NEWSLET – A visualização de arte no trabalho mexeu com a autoestima? Tião Santos – É notório! Redimensionei a importância do meu trabalho. Hoje sou um conhecedor do negócio do Catador. Do seu poder de transformação. Material reciclável sempre foi ligado à coleta e venda. Quando o Vik trouxe a proposta de transformar isso em arte achei que ele fosse louco. É incrível, mas em um primeiro momento, a mobilidade social traz medo. O Vik percebeu que precisaria utilizar outra linguagem para se comunicar conosco. Fomos ao estúdio e ganhamos uma aula de arte. Ficamos encorajados! A falta do conhecimento é que te dá medo de ser audacioso, de arriscar. NEWSLET – Diminuiu a discriminação? Tião Santos – Sim bastante. Mostramos a nossa verdadeira face. Em uma palestra num colégio, por exemplo, me emocionei ao ver 500 adolescentes me aplaudindo de pé. Como a vida mudou né?! Saí do colégio pelo preconceito das pessoas. Quando veem as cenas das toneladas de lixo, cada uma delas diz a si mesma: “Fui eu quem fez isso!” A garrafa pet de cada um, se bem destinada, irá gerar cidadania, emprego, trabalho e renda para muitos. Coleta seletiva precisa ser discutida como política pública de inclusão social. Segundo dados do IPEA, o Brasil deixa de ganhar anualmente R$ 8 bilhões por não reciclar. Por dia o País gera 240 mil toneladas de resíduos, 40% disso é material reciclável. E nós só reciclamos 1,4%! NEWSLET – É falta de informação ou de interesse político? Tião Santos – De tudo: interesse político, educação, consciência ambiental. Infelizmente a reciclagem no Brasil começou pelo viés da pobreza e exclusão social e não por programa de educação ambiental. Aliás, meio ambiente não pode ser “projetozinho riponga”. NEWSLET – Hoje há mais escolas e empresas fazendo coleta seletiva... Tião Santos – É pouco! Quando vou fazer palestras na Europa ninguém entende porque o Brasil não institucionalizou a coleta seletiva. E explico: é porque só existe, em geral, gente pobre fazendo isso. Temos que romper o paradigma de que reciclagem é coisa de gente pobre. Reciclagem é para as pessoas inteligentes! NEWSLET – A sede de conhecimento de quem assiste a uma palestra sua na Europa é bem diferente daquela dos que a assistem no Brasil? Tião Santos – Muito! No Brasil me perguntam “como devemos fazer?” e na Europa eles questionam “por que vocês ainda não fizeram?”. Por lá reciclar é tão natural quanto escovar os dentes e almoçar. Há um histórico por trás disso, com leis, educação ambiental, mobilização, multas. No Brasil muita gente ainda não entende porque o vidro não pode ser jogado fora junto com o plástico e com o papel. NEWSLET – O problema é que há muitas leis no Brasil que “são interpretadas”... Tião Santos – Existe a lei que “cola”, a que “não cola” e as brechas da lei. Penso que acima da lei deve estar a mobilização da sociedade. NEWSLET – O seu trabalho tem ajudado a sociedade a acordar para o valor dos catadores? Tião Santos – Este é o meu papel: Embaixador da Causa do Lixo. Tanto é verdade que a UNESCO me chamou para engajar essa política junto à juventude brasileira, sobretudo durante a conferência Rio +20. Um pilar da Sustentabilidade é o da reciclagem. NEWSLET – Você achou o livro “O Príncipe”, de Maquiavel no lixão. Como essa leitura mudou a sua vida? Temos que romper o paradigma de que reciclagem é coisa de gente pobre. Reciclagem é para as pessoas inteligentes! Tião Santos – Maquiavel me ensinou a ser mais flexível. Há um pensamento do livro que diz: “Não adianta puxar a espada para lutar contra o rei se o povo está satisfeito; você vai lutar sozinho e o rei vai mandar te enforcar! No momento em que o povo estiver insatisfeito levante-se e vá lutar pelos direitos dele”. Aprendi a esperar esse momento. Não devemos ligar Maquiavel apenas à maldade. Ele era excepcional. O exímio estrategista pode ser bom ou mal. NEWSLET – Qual é o grau de amadurecimento do brasileiro e do gestor de empresa no Brasil em relação à Sustentabilidade? Tião Santos – Seria demagogia dizer que o nível de consciência aumentou ao ponto do necessário. O nível evolui lentamente. É bom termos em mente que o direito ambiental é voltado a uma sociedade que já está com outros benefícios assegurados, como trabalho, moradia, educação e alimentação. NEWSLET – O jornalista André Trigueiro fala em seu mais recente livro que “vivemos um desastre ambiental”. Que parcela de participação tem nisso o descarte irresponsável do lixo? Tião Santos – Para responder, vou contar uma história. Quando era pequeno o 11 meu sonho era voar de avião. Adorava o lixo da Infraero, da Varig, da Vasp. A comida era maravilhosa e eles jogavam fora taças de cristais, talheres de prata e guardanapos de pano novinhos. Queria um dia estar dentro do avião para consumir “aquela maravilha toda”. Qual não foi a minha decepção quando consegui voar: ganhei uma barrinha de cereal, um amendoim e um copo plástico com suco. Imaginei: “olha a exclusão social de novo!”. O Brasil terá um “desastre” se não souber o que fazer no pós-consumo. Por que agora serviços que se tornaram acessíveis têm que ser de má qualidade?! Em nome de uma “Sustentabilidade” vamos excluir quem já está excluído?! Ouço dizerem que daqui a 10 anos será inviável alguém ter carro movido a gasolina. Ora: vamos baratear o carro movido a eletricidade! Podemos transformar a cultura e a sociedade sem exclusões. Sustentabilidade também quer dizer incluir os historicamente excluídos. Concordo com a André apenas no ponto que, se o consumo continuar desenfreado, haverá um desastre. NEWSLET – Há outra saída? Tião Santos – Sim. Viabilizar cada localidade para o trabalho. Nesse caso eu poderia viver de bicicleta. Como pensar em um aglomerado urbano onde milhares de pessoas têm que sair da Baixada Fluminense para a capital?! Devemos rediscutir a urbanização voltada para a Sustentabilidade de cada região. O modo urbano nosso é insustentável. NEWSLET – Se o modelo urbano está em colapso não é o descarte correto do lixo, sozinho, que vai resolver... Tião Santos – Não resolve. É preciso se praticar o conjunto que forma a Sustentabilidade: cultura, meio ambiente, sociedade, economia, qualidade de vida, urbanismo. Ser sustentável não é um favor, mas uma obrigação. A atitude sustentável, aliás, começa pelo indivíduo. por dentro do rh por dentro do rh cebeu que ele iria para uma entrevista no Grupo LET. “Ele nem sabia quem eu era; ou seja, agiu sem máscaras, sendo ele mesmo; passei referências positivas suas à Analista de RH que seria responsável por entrevistá-lo”, lembra. Tratar com respeito a secretária ou recepcionista da empresa segue este mesmo raciocínio do encontro no elevador. Fotos: Site Sxc.hu 12 Seleção sem fronteiras A o ler este título é provável que imagine estar diante de um processo seletivo na China, na Rússia...ou na Lua. Não está! Permaneça diante do computador ou fique ligado no smartphone. Quando muita gente imagina que a fronteira da seleção para uma vaga se restringe às paredes de uma sala de entrevista ou dinâmica de grupo, vale abrir os olhos para o entorno e imaginar que qualquer tipo de contato entre o candidato e a consultoria de RH (ou o RH da organização que abre a vaga) já está sendo avaliado. Se liga: ainda não aconteceu o contato, mas aquela brincadeira que julgou “inocente” e você postou em sua página no Facebook foi lida e reproduzida por alguém de sua lista de contatos, chegando ao conhecimento do RH da empresa que lhe convocou... O contato com a secretária da empresa, os telefonemas recebidos e uma possível troca de e-mails também já agregam informações aos profissionais de RH sobre aquela pessoa. Afinal, hoje as empresas querem conhecer aqueles que se casam com a sua cultura nas mais diversas situações de interação social. E uma situação na qual o candidato nem prestou a atenção pode servir para riscá-lo do mapa daquela vaga. Por mais cruel que possa parecer, boa parte dos recrutamentos leva esses pontos em consideração. OK, talvez não risque ninguém do mapa, mas já deixa o recrutador “com uma pulga atrás da orelha”. Conheça quais. As informações são de nossas líderes de RH no Grupo LET, Priscilla Monteiro e Hellen Martins. Situação 1 – Atendeu ao telefone? Esteja onde estiver, já começou o processo seletivo. As profissionais do RH do Grupo LET sugerem, em primeiro lugar, que o candidato tenha o máximo da paciência e educação quando do outro lado da linha estiver em jogo uma convocação para um processo de seleção. Segundo: prepare seu cônjuge ou familiares que moram com você a atender com respeito este chamado. Não importa para qual vaga. Afinal, imagine o quão desagradável é ouvir coisas do tipo “Mas quem é mesmo que quer falar com ele?!” ou “Ah, ele está dormindo, não sei se vou acordálo” ou ainda “Essa de entrevista para emprego eu já conheço; o que é que você quer com o meu marido hein?!”. O próprio candidato também pode queimar o filme quando diz “Ah, nesse horário não posso de jeito nenhum porque tenho médico”. Dependendo do nível de importância da vaga, o recrutador entende que o candidato pode adiar a consulta médica. Da mesma forma, falar em tom grosseiro, sonolento ou irônico também demonstra não apenas desrespeito, mas pouco interesse pela vaga. “Mesmo que não haja interesse pela vaga, o candidato deve ter em mente que ser educado pode ajudar que lem- bremo-nos dele para um processo seletivo futuro a outra vaga”, destaca Hellen. “Com aquilo que ouvimos ao telefone já é possível ir traçando um retrato do candidato; é claro que não usamos somente isso, mas são informações que compõem um perfil específico”, esclarece Priscilla Monteiro. Situação 2 – No elevador da empresa o candidato encontra alguém e começa a se soltar, mal sabe ele: está diante do seu futuro recrutador... O entrevistado chega ao local da entrevista, mas ainda não entrou na sala. Em locais como o elevador e corredores vai agir de forma natural. No elevador há desde os apressados que trombam nas pessoas ou os grosseiros que fazem piadas de mau gosto. Se a recrutadora estiver no mesmo elevador, certamente irá se lembrar disso para “construir o perfil” daquela pessoa durante a entrevista. Já houve o caso do candidato que jogou galanteios para a recrutadora e ficou todo travado ao perceber que a tal “bela moça”, como ele assim a qualificou, seria a responsável por lhe aplicar a entrevista. Segundo Hellen Martins, há um mês houve o caso de um rapaz que lhe chamou a atenção pela extrema educação com a qual tratou as outras pessoas no elevador. Ao sair do elevador, ela per- Situação 3 - Rede social também é filtro - Colocou no Facebook que você não gosta ou não tolera determinados tipos de pessoa? Isso pode contar para a sua avaliação De acordo com as nossas fontes desta reportagem é desejável que qualquer pessoa que envia currículos para processos seletivos evite expor opiniões ou posturas que demonstrem vícios, preconceitos ou situações antiéticas. As fotos postadas em páginas na internet também podem revelar indicativos de como aquela pessoa se comportaria no convívio corporativo. “Devemos entender até que ponto uma atitude exibida em um espaço online pode influir ou não no comportamento que é desejável para aquele cargo; por isso, eu não deixo de chamar pessoas por causa de Facebook, Orkut ou similares, mas posso usar essas informações para checá-las durante a entrevista”, explica Priscilla Monteiro. Se a vaga em questão for, por exemplo, para áreas como Tecnologia da Informação, Comunicação e Relações Públicas, que exijam a diversidade de interação social, dados postados na grande rede podem ajudar na seleção. Uma questão, levantada por Hellen Martins, é a de que com o advento das redes sociais muita gente ainda pensa que pode brincar com isso. No próprio reality show Big Brother Brasil, um dos eliminados da edição 12 ponderou dizendo que “ah, eu estava só brincando, pensei que as pessoas que estavam assistindo iriam levar tudo na brincadeira”. Não levam. Por outro lado, há situações em que 13 a rede social pode ser aliada do RH. “Ninguém pode se mascarar o tempo todo; em uma página eletrônica as pessoas de alguma forma mostram o que realmente são”, assegura Hellen. A equipe de RH do Grupo LET acredita que o aumento da oferta de vagas tem contribuído para que os candidatos cometam cada vez mais deslizes e não percebam que as fronteiras do processo seletivo estão cada dia mais extensas e tênues. “As pessoas estão mais informais, muitas vezes porque acreditam que se não forem para aquela vaga, conseguirão um trabalho no momento em que desejarem”, argumenta Priscilla. A preocupação em se preparar não incomoda o candidato, isso representa responsabilidade maior ao profissional de RH: aprimorar sua qualidade em selecionar. Para Hellen Martins a própria mudança nas relações interpessoais, mais descartáveis atualmente, influi na seleção. “Muita gente pensa e age em curto prazo”, justifica. Para aqueles que questionam a eficácia de um processo seletivo como o melhor passo para identificar os melhores profissionais para uma vaga, Priscilla e Hellen, discordam que este momento represente apenas “uma foto” do candidato. E o motivo número um para isso é simples: na entrevista são feitas perguntas que fogem do básico, do óbvio. “Saímos da fronteira ao surpreender os candidatos com perguntas sobre o comportamento deles, isso os provoca reflexões; ou seja, não adianta ler na internet ou em livros o tal ´como se preparar para uma entrevista´;”, revelam Priscilla e Hellen, que asseguram: existe uma entrevista para cada candidato. Elas entendem, digamos, que o processo seletivo “seja um vídeo” (e não uma fotografia) do candidato; o que, trabalhando com a ideia de movimento, envolve comportamentos que aquela pessoa não vai exibir apenas naquele momento. ponte para o mercado ponte para o mercado EXPERIÊNCIA SUSTENTÁVEL Da esquerda para a direita: Felipe Lontra, Maria Ana Falcão e Erick Alves – vivendo o aprendizado da liderança r o i n ú J a s e r p m E Conheça uma s P recisamos de desafios! Mais do que chamamento, a frase sintetiza o espírito dos jovens que atuam em uma empresa júnior. Ligadas às universidades – não apenas utilizando seu espaço físico, mas tendo professores como orientadores de projetos – estas organizações sem fins lucrativos operam tal e qual uma empresa comum: têm CNPJ, organograma, Presidente, Diretor de RH, de Marketing, trainees e até mesmo planejamento estratégico e pesquisa de clima. E têm contribuído para o engrandecimento das micro e pequenas empresas, prestando consultorias, em geral para suporte do plano de negócios, a um custo abaixo do que o mercado costuma pedir e com soluções que o mercado, por vezes, ainda não soube colocar em prática. Muito maior do que este aspecto profissional vale ressaltar que essas empresas estão contribuindo para gerar os futuros líderes das organizações: moças e rapazes com elevada capaci- o ir e il s ra b s re e d lí e d la o c s e O raio-X de uma dade de inovação, gestão de conflitos, liderança, networking e atuação sob a diversidade. No Estado do Rio de Janeiro – até o fechamento desta edição – eram 17 e, segundo o Site da RioJunior, 1.200 em todo o Brasil. Nossa reportagem foi conhecer uma delas: a Ayra Consultoria, uma consultoria de gestão de negócios que em julho completará sua primeira década no mercado. Ela é formada por alunos de cinco cursos da UFRJ no Campus da Praia Vermelha (Rio): Biblioteconomia, Ciência Contábeis, Gestão Pública, Administração e Economia. Hoje são 55 membros, dos quais 29 trainees e 26 membros efetivos, que se dividem em quatro áreas: administrativo-financeiro, marketing, projetos e recursos humanos. A sede fica em uma sala no Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE). Há ainda a participação dos ex-membros, profissionais atuantes no mercado de trabalho (no Conselho Consultivo), que contribuem para o melhor direcionamento e a não-repetibilidade das ações. Comprovando estar antenada ao mercado a Ayra tem sob a presidência a responsabilidade de um núcleo socioambiental que circula em todas as áreas. “Temos que retribuir à sociedade o que recebemos dela; cuidar do meio ambiente é uma excelente forma e temos buscado esta meta indo muito além das questões básicas, adotando alguns indicadores de mercado, adaptando-os à realidade das empresas juniores e intensificando, por exemplo, a implementação de ações sustentáveis em todos os nossos processos”, destaca Maria Ana Falcão, 21 anos, Presidente da Ayra e estudante do 5º período de Economia. A jovem estudante-executiva assegura que a experiência do dia a dia de uma empresa júnior abre possibilidades de ser proativo e de lidar com mudanças, conflitos e pressões. “Quem passa por uma empresa júnior, vivenciando inúmeros desafios em negócios, chega ao mercado com a certeza de que ajudando na atualização das ferramentas de gestão. Pelo e-mail ayra@ayraconsultoria.com o RH recebe muitos convites a empresários juniores para atuarem nas empresas. Também externamente a Semana Ayra oferecerá, entre os dias 28 de maio a 1º de junho, oportunidades de conhecimento e networking acerca de como funciona o mercado. O tema do evento este ano é “Experiências que levam ao sucesso”. Intensidade. O que se vivenciaria em cerca de uma década em uma empresa de mercado, acontece no intervalo de um ano e meio em uma empresa júnior. A média de permanência de cada profissional na Ayra é de 10 meses, embora possa ser de um ano e seis meses. Um presidente, vice-presidente ou diretor só ocupa seu cargo por períodos de seis meses. Até a avaliação de desempenho é mais curta do que normalmente seria: trimestral. “Passamos por situações que normalmente demorariam muito mais tempo para acontecer”, confirma Felipe Lontra. Até por isso, a Ayra se preocupa muito em disseminar os conceitos da liderança servidora. Claudia Klein, sóciadiretora da Argumentare e ex-executiva da L´Oréal Brasil, é consultora de Liderança da Ayra e sempre destaca que é pode fazer muito mais do que o papel que lhe dão; em geral, o empresário júnior tem uma velocidade mais aguçada em perceber e em oferecer soluções que antecipam as solicitações de um cliente”, explica Maria Ana. A opinião é reforçada por Felipe Lontra, Diretor de Marketing da Ayra, 21 anos, 6o período de Administração: “o contato com profissionais com bagagem de mercado nos traz intenso aprendizado porque nos desafia, ao contrário de boa parte dos estágios”, acredita. Também existe RH na empresa júnior e que, aliás, começa por um processo seletivo semelhante ao de uma empresa comum: com redação, dinâmica de grupo, entrevista individual e um período de experiência, na condição da trainee. “Trabalhamos unindo a esfera pessoal à profissional desde os trainees, focando em postura, comprometimento e trabalho em equipe”, revela Erick Alves, 21 anos, do 4º período de Economia. Ao revelar-se surpreso por ter descoberto o gosto pelo RH, Erick acredita ser este um handicap, pois perderá menos tempo quando estiver no mercado. Seu trabalho em RH não é apenas interno: por meio de uma página no Facebook busca acentuar a relação com os ex-membros que acabam 15 importante dividir e transmitir experiências que “alavanquem potencialidades”, segundo informou Maria Ana Falcão. “Tenho que estar de olho em toda a empresa, mas também com uma visão mais além, no futuro de nossa gestão”, entende a atual Presidente. Proatividade é igualmente imprescindível. “Mesmo que ninguém te provoque, imagine-se em um tanque de tubarões”, exemplifica Felipe Lontra. Este modelo mental justifica o acelerado rendimento destes jovens no mercado. Com o que arrecada nos projetos, a Ayra, como as demais empresas juniores, adquire equipamentos mais modernos para a sua sede e financia cursos de aprimoramento para seus diretores e membros. Não há vínculo empregatício, mas o membro que é admitido assina um termo pelo qual se compromete a atuar voluntariamente por 12 horas semanais. Em 10 anos foram cerca de 300 estudantes de graduação que passaram somente pela Ayra Consultoria. Ou estão empreendendo em empresas tais como Netlogos e Catapulta (uma “alavancadora social”) ou pertencem a quadros de organizações como BNDES, Eletrobras, KPMG, Red Bull, Coca-Cola, Petrobras, Vale, Oi, Shell, entre outras. CIA DE EMPRESÁRIO JÚNIOR? LEU A EXPERIÊN FALA EX-MEMBRO DA AYRA... VA Foto: Divulgação Foto: Alexandre Peconick 14 Franz Huber, 23 anos, Analista de Planejamento Sênior (área de Projetos) da Oi (ex-funcionário da Vale) “Falhei muito na época de empresário júnior, mas fazia parte, era o momento de aprendizado. Imagino aqueles que não passaram por isso e falham no mercado. É muito arriscado para a imagem profissional! Aprimorei liderança, habilidade de negociação e de relacionamento. A empresa júnior te faz raciocinar e aprender diariamente. Com essa bagagem se conseguem os melhores estágios, que exigem senso crítico. Acredito que as empresas buscam esse perfil de profissional, pois ele não tem muita frescura, sabe lidar com grandes problemas, traz soluções inovadoras e é altamente produtivo.” Fábio Soares dos Santos, 23 anos, Gerencial da Ágora Corretora de Valores “Minha passagem pela Ayra foi algo, em termos de aprendizado técnico e pessoal, que não se pode comprar com nenhum dinheiro do mundo. Descobrir que podemos ser líderes mesmo dentro de um pequeno grupo foi muito proveitoso. Não imagino como me comportaria ou me adaptaria ao mercado sem ter passado pela empresa júnior. Temos paixão por trabalhar em algo que dá prazer, pois somos um pouco donos do negócio! Outra capacidade que obtemos na empresa jr. é a de “se virar”, pois nos vemos em situações onde não há muita saída, mas nos superamos e geramos uma solução eficiente.” 16 especial Frases que mudam vidas Uma trajetória pessoal em 27 passos mentais “Um homem é um sucesso se pula da cama de manhã e vai dormir à noite e, nesse meio tempo, faz o que gosta.” - Bob Dylan “A coisa mais importante da vida não é a situação em que estamos, mas a direção na qual nos movemos.” - Oliver Wendell Holmes “O segredo da felicidade não está em fazer sempre o que se quer, mas em querer sempre o que se faz.” -- León Nicolaievich Tolstoi “Quando o trabalho é um prazer, a vida é alegria. Quando o trabalho é um dever, a vida é escravidão.” - Maxin Gorky “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida. “ - Platão “Faça cada um dos teus atos como se fosse o último de sua vida.” - Marco Aurélio “É um grande privilégio viver uma vida difícil.” - Indira Gandhi “Para ser persuasivo, precisamos ser confiáveis. Para ser confiáveis, precisamos ser dignos de crédito. Para ser dignos de crédito, precisamos ser autênticos. “ Edward R. Murrow “Regras e modelos destroem a genialidade e a criatividade. “ - William Hazlitt “Em um mundo onde existe uma rique- “A inovação vem da destruição criadora.” - Yoshihisa Tabushi “Não há nada mais difícil ou perigoso za de informação, existe frequentemente uma pobreza de atenção” – Ken Mehlman “Toda empresa tem duas estruturas or- do que tomar a frente na introdução de uma mudança.” - Maquiavel “A maior vitória: vencer-se a si mesmo.” - Pedro Calderón de La Barca “Não há mérito maior do que aproveitar a oportunidade em todas as coisas.” - Píndaro “Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, você estará fazendo o impossível.” - São Francisco de Assis “Experiência não é o que nos acontece, mas o que fazemos com aquilo que nos acontece.” - Aldous Huxley “O problema é que, se você não arrisca nada, o risco é ainda maior.” - Erica Jong “Toda empresa precisa de gente que erra, que não tem medo de errar e que aprenda com o erro.” - Bill Gates “A crise fundamental da nossa época é a crise da percepção. “ - Fritjof Capra “As pessoas só veem o que estão preparadas para ver.” - Ralph Waldo Emerson ganizacionais. Uma é a que está escrita. A outra é o relacionamento diário com seus funcionários. “ - Haolda Genen e Alvin Moscow “O ser humano gasta sua vida justificando o passado, reclamando do presente e temendo o futuro.” - Antoine Rivarol “Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.” - Cecília Meireles “Líder é necessidade aquele dos que tem infinita outros.” - Antoine de Saint-Exupéry “Aquilo que você mais sabe ensinar, é o que você mais precisa aprender...” - Richard Bach “Quem ri por último, perdeu todo o tempo que passou sem rir.” - Eno Teodoro Wanke “A gente sonha a vida inteira e só acorda no fim.” - Mano Brown
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