Volkswagen - Portal dos Jornalistas
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Uma história de pessoas e suas realizações. Novo site do Núcleo da Cultura Odebrecht www.culturaodebrecht.com.br Volkswagen Edição 661 Foi um tiro Esses 13 anos de vida que celebramos com esta edição mais do que especial de Jornalistas&Cia passaram muito rápido, como um tiro. Outro dia mesmo estávamos diante de uma “revolucionária” máquina de fax, passando, um a um, os “exemplares” do então FaxMOAGEM, para corajosos assinantes que em nós acreditaram, entre eles os pioneiros Audálio Dantas e Banco Bradesco, ambos ainda hoje fiéis leitores do informativo. O fax ficou no passado, inclusive no nome, que virou Jornalistas&Cia. Em que pese a comparação desses 13 anos de estrada com um tiro, somos da paz e do bem e é isso que nos move. Nossa vocação é a de promover reencontros, identificar e divulgar oportunidades, colocar na vitrine nossos valorosos profissionais, mostrar as coisas boas (e também as não tão boas assim) para um número cada vez maior de leitores – número que estimamos ser hoje da ordem de 35 mil, entre aqueles que nos lêem nesse imenso Brasil e outros a quem chegamos, graças à revolucionária internet, no exterior. Falo estimados 35 mil leitores porque realmente é difícil calcular o número exato, tal a multiplicação, impossível de controlar, de nossos quase 3 mil disparos semanais, seja por conta da retransmissão para outros emails, seja pela impressão em papel, que depois segue para murais, onde a leitura é compartilhada por dezenas, centenas de jornalistas, em locais (redações e agências) de alto adensamento profissional. Nossa maior pesquisa é a repercussão das notícias que publicamos. E esta pode ser comprovada por um sem-número de depoimentos que colecionamos ao longo da história. Não existe coisa mais gostosa para um editor do que ouvir de seus leito- 24 a 30 de setembro de 2008 res afirmações do tipo “eu não consigo começar minha 4ª.feira enquanto J&Cia não chega”. É música para os ouvidos. E, felizmente, na nossa história essa tem sido uma sinfonia permanente. E assim esperamos que continue e esse é o nosso compromisso maior. Como homenagem a esses 13 anos, cuidamos com esmero da edição que está chegando às suas mãos e aos seus olhos (quem sabe, ao seu coração). Ela está recheada de matérias especiais que a muitos, temos certeza, vão surpreender e encantar. Será, a nosso juízo, uma edição para ler, reler e guardar. Na primeira parte, até a página 5, os leitores poderão acompanhar o noticiário quente da semana; e na segunda, matérias que vão mostrar casais de jornalistas, irmãos jornalistas, filhos de jornalistas, mulheres jornalistas que chegaram lá e um pouco do que aconteceu na história de nossa atividade nesses 13 anos de vida de J&Cia, inclusive alguns dos nomes que se foram antes do combinado, deixando o jornalismo mais triste. Ao concluir, quero aqui fazer um agradecimento público aos nossos patrocinadores, anunciantes, assinantes e leitores, sem os quais obviamente não existiríamos. E outro, especial, à equipe que tem sido motor dessa trajetória de sucesso: o editor-executivo Wilson Baroncelli; o diretor comercial Sílvio Ribeiro; as editoras regionais Cristina Vaz de Carvalho, no Rio, e Kátia Morais, em Brasília; as correspondentes Ana Cecília Rezende / Raquel Vianna, em Minas Gerais, Mariana Trindade, na Bahia, Sarah Castro, em Santa Catarina, e Thell de Castro, no Interior de São Paulo; o estagiário e assistente de Redação Luiz Anversa; o chargista Mário César; e nosso produtor e designer Paulo Sant’Ana. E não poderia esquecer a colaboração que esta edição teve de Célia Chaim (que também tem sido nossa editora-contribuinte na série J&Cia Entrevista) e de Pedro Venceslau, valorosos e reconhecidos colegas. Boa leitura! Eduardo Ribeiro As páginas que a ditadura censurou de Estadão e JT em exposição na PUC-SP Vai até sábado (27/9), no Centro de Documentação e Informação Científica Prof. Casemiro dos Reis Filho (Cedic) da PUC-SP (rua Monte Alegre, 984, Prédio ERBM), a mostra 1968, mordaça no Estadão, com as páginas origi- nais dos jornais O Estado de S.Paulo e Jornal da Tarde censuradas durante a ditadura e com anotações dos censores nunca apresentadas ao público. A exposição acontece em comemoração aos 28 anos do Centro. A entrada é franca e os horários são: 9 às 21h, durante a semana, e das 9 às 14h, no sábado. Outras informações com Marco Barone (marco@luciafaria.com.br), no 113277-8891, ramal 22. Após São Paulo, Vejinha prepara-se para bater recorde também no Rio As Vejinhas São Paulo e Rio estão em festa. O especial Comer & Beber, que circulou no último final de semana em São Paulo, saiu com 464 páginas, 210 delas de publicidade – recorde absoluto da Vejinha e a maior re- vista, em número de páginas, já publicada pela Abril. São números melhores até que os da maior concorrente do gênero, a Eating & Drinking, que saiu este ano com 434 páginas, das quais 200 de publicidade. A edição foi preparada, segundo informou a este J&Cia o diretor Carlos Maranhão, pelos seguintes profissionais: Wanderley Sanches (editor), Arnaldo Lorençato (Restaurantes e Vinhos), Fabio Wright (Bares), Juliana de Faria (Comidinhas), Valdécio de Oliveira (edição de Arte), Marcos Rogério da Silva (designer), Mário Rodrigues e Fernando Moraes (fotógrafos), Taciana Azevedo e Ana Sílvia Simões (checadoras), Kiki Romero (produção visual) e Carlos Neri (capa). A festa prossegue no primeiro final de semana de outubro, quando chegará às bancas o especial Comer & Beber de Veja Rio. O espelho ainda não está pronto, mas a revista também deverá ser a maior da história de Veja Rio, com cerca de 350 páginas. Volkswagen www.culturaodebrecht.com.br Edição 661 Página 2 SÃO PAULO Sandra Boccia sucede Roberta Rossetto na Pequenas Empresas Sandra Boccia, atual editora na Marie Claire, assume, a partir desta 5ª.feira (25/9), a Direção de Redação da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. Substitui, no cargo, Roberta Rossetto (robertarossetto@terra.com.br), que está deixando a Editora Globo (desliga-se oficialmente em 30/9) para regressar à H.Stern, empresa onde já havia trabalhado por oito anos, entre 1996 e 2004. Ali, vai se dedicar a projetos de responsabilidade social e também coorde- nar a equipe de Comunicação e Assessoria de Imprensa em todo o Brasil e também de Estados Unidos, Argentina, Alemanha, França e Israel. Sandra (sboccia@ edglobo.com.br), que antes de seu atual trabalho colaborou em veícu- Renato Krausz deixa o Agora São Paulo e começa na VIP Renato Krausz deixou há pouco mais de uma semana a Chefia de Reportagem do Agora São Paulo, onde estava desde o lançamento, em 1999, e começou como editorsênior da VIP, a convite do diretor de Redação Celso Miranda. Em janeiro próximo ele completaria 15 anos de Grupo Folha, tendo atuado também em Folha de S.Paulo, Notícias Populares e Folha daTarde (os dois últimos já extintos), em diversas funções (repórter, repórter especial, editor e secretário de Reda- ção). Na Abril, seu novo e-mail é renato.krausz@ abril.com.br. Ricardo Osman está de volta ao Diário do Comércio, após período trabalhando na IstoÉ. Chega para a vaga de Davi Franzon que foi para o iG. los como O Globo, Valor Econômico, Veja e Exame, era desde 1994 editora de Internacional e Viagens de Marie Claire. Ela se reportará a Nelson Blecher, diretor do Núcleo de Jornalismo de Negócios. Denise Juliani deixou a Gazeta Mercantil, onde editava Finanças, e começou na última 2ª.feira (22/ 9) como editora de Economia do Jornal da Tarde, na vaga que permanecia aberta desde a saída, em julho, de Valmir Zambrano. Diário de S.Paulo monta estúdio para interagir na programação da Rádio Globo O Diário de S.Paulo inaugura, na próxima 3ª.feira (7/10), às 17h, o Estúdio Osmar Santos, consolidando um projeto que vem sendo discutido há seis meses entre o jornal e a Rádio Globo e que viabilizará a entrada permanente de repórteres do jornal na programação da rádio, com qualidade de estúdio. O próprio Osmar Santos, homenageado pelas duas casas, cortará a fita, abrindo oficialmente o estúdio, no programa Globo Cidade, comandado por Osvaldo Pascoal. O objetivo, segundo informou o editorchefe do Diário, Luiz André Alzer, é ampliar as entradas ao vivo que a Redação já realiza na programação da Rádio Globo: “Adaptamos uma sala de reuniões, que foi transformada em estúdio, com equipamentos que a rádio Globo aqui instalou e um grande painel com fotos de diferentes momentos da vida e da carreira do Osmar, que é um símbolo do rádio brasileiro.” A operação para aumentar a sinergia entre os produtos foi um trabalho de parceria desenvolvido por Alzer com o gerente-executivo da Rádio Globo de São Paulo, Marcus Aurélio, e com o ASSESSORIAS-SP Eleno Mendonça acumula nova Diretoria na DPZ. Zaccaria Jr. começa na Madeira Energia. Simone Leal deixa Anfavea Eleno Mendonça está assumindo novas funções na DPZ, onde há quatro anos comanda a Diretoria de Comunicação. Ele agora passa a acumular a recém-criada Diretoria de Relações Governamentais, que trata, entre outros assuntos, de concorrências públicas e do relacionamento da agência com seus atuais e futuros clientes governamentais. Zaccaria Junior assumiu a Chefia de Relações Institucionais da CURTAS-SP A Rádio Globo estreou, nesta 3ª.feira (23/9), em São Paulo, o projeto Globo Esportivo nas Universidades, que já existe no Rio de Janeiro e começou recentemente também em Belo Horizonte. Na estréia, o Globomóvel, estúdio móvel da emissora, esteve no campus da Metodista, em São Bernardo do Campo, dali transmitindo ao vivo, no início da noite, o Globo Esportivo, com Oscar Ulisses e participação dos alu- Madeira Energia S/A – Mesa, concessionária responsável pela construção da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira (Porto Velho, Rondônia), que tem como acionistas Odebrecht, Furnas, Andrade Gutierrez, Cemig, Banif e Santander. Zaccaria foi assessor de Relações Institucionais da Pirelli, editor-assistente da revista e do site Primeira Leitura e já passou pela Assessoria Especial de Geraldo Al- nos e espectadores presentes. José Mojica Marins, o Zé do Caixão, é o editor convidado do caderno Variedades do Jornal daTarde que circula nesta 5ª.feira (25/9). Será um caderno com a cara dele, repleto de histórias sombrias. Entre outras matérias, está a dos endereços malassombrados de São Paulo; a história de pessoas que trabalham “entre a vida e a morte”,como funcionários do Instituto Médico Legal; coveiros e maquiadores de cadáveres; o perfil diretor-executivo da rádio no Brasil, Giovanni Faria. Cerca de 15 profissionais do jornal passaram por uma oficina de Radiojornalismo, para aprender as técnicas e também noções de locução, construção de linguagem radiofônica e exercícios de improviso. “A idéia é que tenhamos uma atuação constante na programação da rádio, com a participação dos repórteres em vários programas da grade, como os diários Globo Cidade SP e Globo Esportivo, além de giros pela redação que vão entrar no ar ao longo da tarde” – diz Alzer, acrescentan- do que “nas manhãs de domingo, teremos o quadro Diário da Fama, que leva o mesmo nome da coluna e vai tratar do mundo das celebridades”. Segundo garante, “o projeto é ambicioso porque não vai limitar a participação dos jornalistas do Diário em apenas um ou dois horários, mas sim ao longo de toda a programação e de acordo com o calor das notícias do dia. Como o estúdio foi montado numa sala grande e com uma grande mesa, teremos inclusive a possibilidade de promover debates com vários convidados”. ckmin, no Governo de São Paulo, e CDN. O novo e-mail dele é zaccaria @madeiraenergia.com.br. Simone Leal despediu-se recentemente da Anfavea, após 21 anos respondendo pela área de relações públicas da entidade. Está disponível a propostas e pode ser contatada pelo e-mail simoneleal.rp@gmail. com ou 11-9133-2274 / 3582-8670. Luiz Vitiello incorporou-se há alguns dias à equipe da Via News, de Pedro Cadina. Com mais de 32 anos de atuação em comunicação corporativa como cliente, grande parte coordenando a Comunicação da Petróleo Ipiranga, em São Paulo, Vitiello vive sua primeira experiência de fornecedor, no staff de uma agência de comunicação. Os novos contatos profissionais dele são luiz.vitiello@vianews.com.br e 11-7657-4910. Bianca de Castro é a nova coordenadora de Comunicação Corporativa da Herbalife, passando a responder pelas áreas de relações públicas, imprensa, comunicação interna, responsabilidade social, publicidade e eventos esportivos, culturais e médicos da empresa. Bianca foi anteriormente da Edelman, ali atuando por cinco anos na Divisão de Consumo. O novo email dela é biancad@herbalife.com e o telefone, 11-3879-7895. Renata Camargo, vinda da Publicom, onde atuou como gerente de Núcleo para Novartis, Kraft Foods e General Shopping Brasil, assumiu a Gerência de Gestão de Clientes da TV1 Editorial, agência de conteúdo do Grupo TV1, dirigida por Ernesto Bernardes. Os novos contatos dela são 11-36770826 e rcamargo@tv1.com.br . Rosângela Bezerra deixou, na última 6ª.feira (19/9), a Assessoria de Imprensa do Grupo Pão de Açúcar, onde esteve durante quase cinco anos. Ainda não definiu os próximos passos profissionais. Os contatos dela são rosangela.beze rra@terra.com.br e 11-8821-4150. de um homem conhecido por Cemitério, que coleciona caixões em casa; e a história de uma banda chamada Sociedade Grã Ordem Mojiquista, seguidora fiel do cineasta. De quebra, a aventura de um repórter do JT que vai escrever sobre a aventura de passar uma noite na casa do cineasta, décimo convidado do projeto que circula sempre na última semana de cada mês. Já participaram, entre outros, Caco Barcellos, Mauricio de Sousa e Maitê Proença. HUMOR Por Mário César de Oliveira (mario@masquemario.net) Volkswagen Edição 661 Página 3 AGENDA-SP Consultor Jurídico lança Anuário da Justiça Paulista O site Consultor Jurídico, dirigido por Márcio Chaer, lança, na próxima 2ª.feira (29/9), com o apoio da Unip, o Anuário da Justiça Paulista 2008, uma espécie de retrato em corpo inteiro do Tribunal de Justiça de São Paulo, o maior do mundo. Diz Chaer sobre o projeto: “Por qualquer ângulo que se olhe, o TJ-SP é uma enormidade: ele conta hoje com mais de 700 julgadores, entre desembargadores, juízes de segundo grau e juízes convocados, para dar conta de cerca de 500 mil recursos que chegam a cada ano. Na primeira instância, o número de processos em tramitação já ultrapassa os 17 milhões. E foi para jogar uma SÃO PAULO – INTERIOR (*) Em Ribeirão Preto, movimentações nas agências Milagre do Verbo, que contratou Godi Júnior (exFonte Assessoria e que continua editor de conteúdo do portal Tele História e editor da revista Bem Viver); e Outras Palavras, onde come- luz sobre o mundo do Judiciário paulista que a equipe do Consultor Jurídico fez o Anuário”.Além dos dados biográficos dos desembargadores e juízes de segundo grau, ele traz a resenha das decisões mais importantes proferidas pelo tribunal em 2007, um ranking dos municípios que produzem mais leis inconstitucionais no Estado de São Paulo e reportagens especiais mostrando como trabalham os 1.180 juízes que atendem à população dos 646 municípios paulistas e como funcionam a Justiça Federal e a Justiça do Trabalho no mais rico e mais populoso estado do Brasil. A festa de lançamento está marcada para o Maksoud Plaza (al. çou Fernanda Cicillini (ex-Rádio UFSCar FM, de São Carlos, e Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto). CURTAS-INTERIOR A EPTV de Ribeirão, afiliada Globo, criou um núcleo especial com cinco profissionais para cobrir as Campinas, 150), a partir das 19 horas. Informações pelo 11-3094-7492, com Elizabeth ou Ana Cláudia. 24/9 (4ª.feira) – A empresária Lourdes Magalhães convida para o coquetel de lançamento da sua Primavera Editorial e dos primeiros títulos do catálogo da empresa, La Lhorona, de Marcela Serrano, e 31 Profissão Solteira, de Cláudia Aldana, na Livraria da Vila do Shopping Cidade Jardim (av. Magalhães de Castro,12.000 – pista local da Marginal do Pinheiros, entre as pontes Cidade Jardim e Morumbi). Outras informações com Betânia Lins (betania.lins@printeccomuni cacao.com.br) no 11-5182-1806. 28/9 (domingo) – Hildebrando Pafundi (hpafundi@ig.com.br) lan- ça na Livraria Nobel do Shopping ABC (av. Pereira Barreto, 42, Santo André), a partir das 14h, Janela da liberdade e outras histórias (Editora Espaço IDEA), seu primeiro livro infantil. Durante o evento, também estarão à venda os livros anteriores do autor, No ritmo sensual da dança (contos) e Cotidiano e imaginário do ano 2000 (diário). 1º/10 (4ª.feira) – A Aberje realiza a 2ª Reunião de seu Comitê de Desenvolvimento Profissional, das 8h30 às 11h30, com as presenças de Olinta Cardoso, diretora de Comunicação Institucional da Vale, e Alfredo José Assumpção, presidente da Fesa Global Recruiters. Informações com Emily Stalder, pelo 11-3662-3990 ou emily@aberje.com.br. Eleições 2008, sob a liderança do chefe de Redação Sérgio Trindade. A emissora, aliás, já definiu também o nome do profissional que mediará os debates dos candidatos a prefeito das cidades da região: Chico Ferreira. A gerente de Jornalismo da EPTV Ribeirão é Edith Gonçalves. A editora-chefe e apresentadora Luciane do Valle foi escalada pela TV Uniara para ancorar a série de encontros com os candidatos a prefeitos de Araraquara, que a emissora sediará entre os dias 22 e 29 de setembro. (*) Com a colaboração de Thell de Castro (thelldecastro@telehistoria.com.br e 16-8147-0543), do portal Tele História (www.telehistoria.com.br). O Brasil dos correspondentes Será lançado em Brasília, na próxima 2ª.feira (29/9), no Bar Monumental (Cls 201 Bl C, s/nº, loja 33), a partir das 19h, o Brasil dos Correspondentes (Editora Mérito), obra que reúne artigos de vários correspondentes estrangeiros que atuam no País, produzida em comemora- ção aos 30 anos da ACE – Associação dos Correspondentes Estrangeiros. Organizado por Jan Rocha, Verónica Goyzueta e Thomas Milz, o livro conta 30 anos da história do Brasil pela ótica de correspondentes que aqui trabalham. São fragmentos da história, da econo- mia e da cultura do País, ilustrados com documentos, imagens, capas de jornais e revistas, que saíram diretamente das gavetas e arquivos pessoais para as páginas do livro, o que o torna também um documento importante para quem quer conhecer a história da imprensa estrangeira no Brasil. Já lançado em São Luís, Natal e Santos, sempre com o apoio da TAM, o livro chega a São Paulo no dia 9/10, em evento marcado para a Fnac Pinheiros. Alberto Dines assina a apresentação e as fotos são de Roberto Cattani e Paulo Fridman. Outros detalhes da obra no link www.youtube.com/ watch?v=U_Kq7xyiOVs . Edição 661 Página 4 Volkswagen RIO DE JANEIRO Gustavo de Almeida começa na IstoÉ Maíra Magro, que foi do Valor Econômico em São Paulo, da Gazeta Mercantil em Minas Gerais e, por último, morou nos Estados Unidos, trabalhando para a ONG Article 19. Fernanda Pontes foi para a coluna Gente Boa, de Joaquim Ferreira dos Santos, no Segundo Caderno de O Globo. Entrou no lugar de Telma Alvarenga, que foi morar em Salvador. Fernanda vem da editoria Rio, na qual foi substituída por Isabela Bastos, que estava no Jornal de Bairros. A Rio cedeu ainda Daniel Engelbrecht para o Departamento Jurídico do jornal, pois ele acaba de se formar em Direito. Para a vaga aberta, virá em outubro Rogério Daflon, do Esporte, logo que voltar de férias. E para o Esporte vai Tatiana Fur- tado, também do Bairros. Ana de Souza (ana.souza.allia ge@extra.inf.br) está no Extra, cuidando da programação de show e teatro para o caderno Sessão Extra. Os eventos gratuitos continuam com Simone Gondim. Ana trabalhou no caderno D, de O Dia, até julho e depois fez frilas para a Folha de S.Paulo. Sant’Anna, pelo que pedimos desculpas. Ele tomou a iniciativa de responder, então, ao que fora perguntado desde o início: trabalhou em O Globo, no JB, e passou os últimos tempos em agências de publicidade. Em quase tudo, muito parecidos. Ana Lúcia Rangel, ex-assessora da CBF, vai ministrar o curso de extensão Assessoria de Comunicação em Esportes, no campus Rebouças da Universidade Estácio de Sá (rua do Bispo, 83). Com início previsto para 8/10, o curso tem no programa os fundamentos do trabalho, incluindo imprensa, RP e eventos; a evolução do Jornalismo esportivo nas várias mídias; o diaa-dia da atividade, o relacionamento com atletas, entidades e patrocinadores, além de casos ilustrativos. As inscrições podem ser feitas pelo www.estacio.br. Mehane Albuquerque (mara ssessoria@terra.com.br) escreveu, com a publicitária Lia Medeiros, um trabalho sobre Comunicação e Sustentabilidade, apresentado ao público da Rio Oil & Gas, no Riocentro, na semana que passou. Na palestra de apresentação, as autoras mostraram o que uma empresa pode fazer para integrar corretamente todos os grupos com os quais se relacio- na, comunicar suas ações de forma clara e eficiente, e gerar credibilidade. xa de ser Globo Online e passa a se chamar O Globo, a capa na internet terá o mesmo header do impresso, e a produção de conteúdo será mais integrada entre as redações. O papel amplia a interatividade com o leitor, herança digital. A F/Nazca Saatchi&Saatchi criou uma campanha publicitária que vai aparecer em todas as mídias do grupo, incluindo o novo slogan Muito além do papel de um jornal, em substituição ao anterior Faz diferença. Liana Milanez, gerente-executiva da Rádio MEC, foi a representante das oito emissoras que compõem o grupo de rádios da EBC, a empresa pública de Comunicação, na 7ª Bienal Internacional de Rádio, no México, entre 8 e 12 de setembro. O tema do encontro era A rádio frente ao futuro: O impacto da convergência tecnológica. Participaram da Bienal 76 convidados de 16 países. Paralelamente aos debates, foram realizados 11 cursos para estudantes e profissionais de rádio. nários que atuam na Coordenação de Jornalismo da Câmara dos Deputados (61-3216-1525). Sob o comando de Christian Morais, chegaram por lá Márcia Becker, vinda da TV Câmara, Camila Santana e a estagiária Ana Helena Melo. Beatriz Ribeiro é a nova sócia de Ratão, Luiz Antunes, na E-CO Soluções em Comunicação (613201-0125 / 3202-0124). A agência está cuidando da divulgação regi- onal da SAP, multinacional de desenvolvimento de softwares de negócios, e do XXVI Congresso Brasileiro de Psiquiatria, trabalhos desenvolvidos em parceria com as agências TV1 e Assessora, de São Paulo. Bia já atuou em empresas como Coca-Cola, Instituto Ronald McDonald, Bondinho Pão-de-Açúcar e Andreoli MSL. ASSESSORIAS-RJ Firjan: Sant’Anna não é Santana Na edição anterior, J&Cia noticiou a contratação recente de João Santana pela Firjan. Do nome, temos que corrigir apenas a ortografia, pois o correto é João Sant’Anna. Mas da biografia publicada nada se aproveita, pois pertence ao homônimo, que continua envolvido com campanhas políticas. J&Cia falou com Sant’Anna na Firjan, confirmou sua chegada e pediu dados profissionais, que ele preferiu não fornecer. Uma infeliz coincidência de informações, na checagem feita por J&Cia, levou ao erro e à nota incorreta, com ampla repercussão, o que contrariou AGENDA-RJ 26/9 (6ª.feira) – Sai a nova revista Programa do JB. As seções foram reformuladas e há novas colunas. Na mesma 6ª, a Aberje realiza o curso Endomarketing: prioridades empresariais através do estratégico alinhamento interno. O instru- tor é Saul Bekin, criador do termo endomarketing. No programa estão o marketing e os relacionamentos apoiados na comunicação, o desenvolvimento da lealdade dos funcionários, e de quem é a responsabilidade pela sustentabilidade, entre outros tópicos. As informações podem ser conferidas no www.aberje.com.br. CURTAS-RJ O Globo unificou as marcas do jornal impresso e do site, desde o último domingo, 21/9. O site dei- Mais um ano de informação com qualidade. Parabéns equipe Jornalistas & Cia! www.approach.com.br Gustavo de Almeida (gustavo dealmeida@istoe.com.br) começou na IstoÉ no início da última semana. Ele era sub da Geral e chefe de Reportagem interino de O Dia e estava também no Blog da Segurança, no site do jornal; antes disso, foi editor de Cidade do JB, mas é a primeira revista de sua carreira. A IstoÉ recebe ainda BRASÍLIA João Paulo Charleaux deixou Brasília com destino a São Paulo. Ele despediu-se do cargo de coordenador de Comunicação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha para Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, em Brasília, onde permaneceu por sete anos, e começou como editor-assistente de Internacional no Estadão. No Jornal de Brasília, registro para o retorno de férias, nesta 2ª.feira (22/9), do chefe de Redação Freddy Charlson. Por lá também foram contratados o repórter de Política Valdecyr Rodrigues e as estagiárias Ana Leitão e Vilhena Soares. E trocaram de postos na redação, Gisela Cabral, que era de Cidades e foi para Economia, e Larissa Leite, que fez o caminho inverso. ASSESSORIAS-DF Completa-se o quadro de funcio- CURTA-DF Rádio Câmara destaca em série 20 anos da Constituição Até a próxima 6ª.feira (26/9), a Rádio Câmara transmite, de 8h às 23h, reportagem especial sobre os 20 anos da Constituição, que serão comemorados em 5 de outubro. A série traz opiniões e informações dos constituintes, parlamentares, ex-parlamentares, especialistas de diversas áreas e representantes da sociedade civil. A reportagem é de Alexandre Pôrto, com edição de Aprígio Nogueira, produção de Lucélia Cristina e Lena Araújo, e trabalhos técnicos de Milton Santos. A Rádio Senado apresenta nes- ta 6ª.feira (26/9), às 18h, o especial Machado de Assis: da infância pobre à consagração como escritor. O programa, que tem uma hora e meia de duração e que é reprisado aos sábados (10h) e domingos (17h), traz uma entrevista com o filósofo e acadêmico Sérgio Paulo Rouanet, e trechos de Machado interpretados pelo ator Marco Antunes. Antonio Carlos Leite, diretor de Redação de A Notícia Agora (ES), substituirá Alexandre Bach, editorchefe do Diário Gaúcho (RS), no fórum sobre jornais populares que a Secom, da Presidência da República, realizará para os assessores de comunicação do Governo Federal, em 1º de outubro, às 9h, no Auditório do Anexo I, do Palácio do Planalto. Antonio Carlos dividirá a mesa com Teodomiro Braga, diretor-executivo do jornal Super Notícias (MG), e Octavio Guedes, editor-executivo do Extra (RJ). Outras informações pelo telefone 61-3411-4818 ou e-mail forum.secom@planalto.gov.br. Pingos nos is – A TV Brasil, onde trabalha Lídia Neves (que ganhou a Bolsa de Investigação Jornalística da Fundação Avina – ver edição 660), é o Canal Integración, que não é a TV Brasil, Rede Pública de Televisão re- 21 anos anos 21 Maturidade e Identidade da Comunicação www.casadanoticia.com.br (11) 2503-7611/5536-9086 centemente criada. Operado pela EBC Serviços, o Canal Integración é especializado em América do Sul e transmitido internacionalmente em português e espanhol. Volkswagen Edição 661 Página 5 MINAS GERAIS (*) Exposição conta história de dois séculos da imprensa brasileira Será inaugurada nesta 6ª.feira (26/9), no Palácio das Artes (Espaço Mari’Stella Tristão), uma exposição inédita patrocinada pela Vale em homenagem aos 200 anos de história da imprensa brasileira. Dividida em três módulos, a exposição conta a história da imprensa nacional, a linha do tempo percorrida até os dias atuais e as particularidades regionais. A mostra destaca, entre outros temas, o primei- ro jornal, as revistas, a censura, os acontecimentos políticos, a tecnologia e as novas formas de levar as notícias aos leitores. O módulo regional, que conta a história da imprensa mineira, foi desenvolvido com o apoio do Sindicato dos Jornalistas de Minas. A mostra, que será aberta ao público no sábado (27/9), poderá ser vista até 12 de outubro. A entrada é franca e os horários são: às 2ªs.feiras, das 18h às 21h; de 3ª a sábado, das 9h30 às 21h; e aos domingos, das 16h às 21 horas. Outras informações no 31-3236-7400. VAIVÉM-MG Karla Mendes deixou a editoria de Economia do Estado de Minas e foi para o Correio Braziliense, em Brasília, do mesmo grupo – os Diários Associados. Outra que saiu da Economia do Estado de Minas foi Izabela Ferreira Alves, ainda (*) Com a colaboração de Ana Cecília Rezende (ana.cecilia@linkcomunicacao.com.br) e de Raquel Vianna (raquel.vianna@linkcomunicacao.com.br), da Link Comunicação. sem ter definido os próximos passos profissionais. Uma das vagas foi ocupada por Paula Takahashi, vinda da Rede Comunicação. Renata Nunes, subeditora de Cidades de O Tempo, deixou o jornal. Aline Reskala retornou esta semana ao Hoje em Dia, depois de período em licença-maternidade. Agora é a vez da editora de Cultura Viviane Moreno sair para ter bebê. Ela será substituída no período por César Macedo. Ainda por lá, Lucas Prates está cobrindo as férias de Renato Cobucci na editoria de Fotografia. BAHIA (*) Itapoan FM tira o Se liga bocão da Transamérica e estréia o Levanta Cidade O programa Se liga bocão está deixando a Transamérica a caminho da Itapoan FM, com estréia prevista para o próximo dia 6/10, às 18 horas. Milene Rios e Me Acuda acompanham o apresentador Zé Eduardo e Luciana Fialho chega para reforçar a equipe. O formato atual será mantido. Outra estréia programada para a primeira 2ª.feira de outubro pela Itapoan é o Levanta Cidade, jornal diário, das 8h às 9h, com noticiário local e de economia, que abrirá espaço para a participação dos ouvintes. Será apresentado por Márcio Martins e terá comentários políticos de Samuel Celestino, que também escreve para A Tarde, e esportivos de Édson Almeida. A festa de lançamento e de apresentação para o mercado está marcada para esta 4ª.feira (24/9), no restaurante Barbacoa. dos por Renata Souza, gerenteexecutiva da Abap-BA, os estudantes foram recebidos pela sócia Suely Temporal que na oportunidade discutiu com eles assuntos sobre gestão de agência de comu- nicação, comunicação corporativa e planejamento em assessorias de imprensa. ASSESSORIA-BA Laila Pinheiro (lpinheiro@dow. com) está deixando a unidade local da Dow e a Bahia para assumir, em São Paulo, na sede da empresa, a Comunicação Interna para o Brasil. CURTA-BA Na última semana, a Agência de Textos recebeu a visita de alunos de comunicação e administração das Faculdades Vasco da Gama e da Unibahia. Acompanha- (*) Com a colaboração de Mariana Trindade (71-3341-6350 / 9239-3229 e mariana@darana.com.br), da Darana Comunicação CURTAS A brasileira Patrícia Hespanha, que havia cinco anos ocupava a cadeira de presidente da Seleções do Reader´s Digest no Brasil, vai assumir a mesma função no México. Deixa o posto para o sucessor Luís Henrique Fichman, que respondia pela Diretoria de Marketing, como a maior empresa de marketing direto do País, com a venda de 750 mil livros e 900 mil cds por ano, além de uma revista com circulação média de 400 mil exemplares/mês. O professor Bernardo Kucinski, consultor do Observatório de Mídia e que assessorou o presidente Lula no primeiro mandato, é um dos entrevistados de Paulo Vieira Lima, no programa Cenários, que vai ao ar nesta 4ª.feira (24/9), às 17h (reprise às 5ªs.feiras às 10h e às 6ªs, às 20h), na Rádio Mega Brasil Online, que pode ser sintonizada no www.megabrasil.com.br. Crítico severo da mídia e do capital internacional, Kucinski diz, na entrevista, a propósito da atual crise econômica, que a mídia não é inocente e está ligada aos interesses do capital estrangeiro. “O conteúdo do noticiário tem um forte peso dos comentaristas internacionais traduzidos e traz informações da- das por economistas nacionais alheios à realidade brasileira, compromissados com linhas de pensamento de suas escolas de origem e distantes da realidade das pessoas comuns” – afirmou. Terminam nesta 5ª.feira (25/9) as inscrições para o 26º Curso Abril de Jornalismo, o programa de treinamento para recém-formados (do período de 2007 e 2008). Os interessados podem se inscrever pelo www.cursoabril.com.br . As vagas disponíveis são para jornalismo, design, fotografia, rádio e tevê, mídias digitais e cinema. O Curso Abril vai acontecer em janeiro de 2009. SITES, BLOGS E AFINS... Cláudia Moretz-Sohn é a novidade no site do Globo Cláudia Moretz-Sohn entrou como editora para o site do Globo, vindo da Secretaria Estadual de Saúde. Chega para o lugar de Cilene Guedes, transferida para a área de Plataformas Digitais, como coordenadora de Mobilidade. Outros mais assumem postos de coordenação: Tesla Coutinho responde por Audiência Métrica, Márcio Carvalho por Otimização de Busca e Márcio McCulloch por Parcerias e E-commerce. Luciano Trigo, em sua coluna Máquina de Escrever, no portal G1 (http://colunas.g1.com.br/maquinadeescrever) passa a publicar, todas as 5as.feiras, uma entrevista com escritor brasileiro. O primeiro é Deonísio da Silva, que lançou recentemente, pela Novo Século, seu sétimo romance, Goethe e Barrabás, a história de um professor que encontra uma última chance de redenção, depois de escolhas erradas na vida. O boletim semanal Direito na Mídia, que analisa as principais reportagens e artigos jurídicos publicados na imprensa, editado por Ricardo Maffeis, completou esta semana dois anos de existência. A edição comemorativa pode ser lida no blog homônimo (http:// direitonamidia.blogspot.com), onde também é possível se cadastrar para recebimento do boletim. Percy Faro (percyfaro@gmail. com) está desde a semana passada com sua coluna Autos & Fatos no site Coisas de Agora (www.coi sasdeagora.com.br), de Ricardo Hernandes. Percy, que contabiliza mais de 38 anos de carreira, dedica-se há 23 ao setor automotivo, tendo atuado em publicações AFINAL, O QUE SERIA DOS NÚMEROS SEM AS LETRAS? O Prêmio BM&FBOVESPA chega a sua 20ª edição com uma novidade: este ano também vai premiar o tema derivativos. Você tem até o dia 24 de outubro para inscrever até três trabalhos por correio ou internet. Acesse www.bmfbovespa.com.br/imprensa e conheça mais detalhes sobre o regulamento e os prêmios. como 4x4, Moto, Oficina Mecânica, O Mecânico e Jornauto. Ele integrou a equipe que fundou a revista Carro e foi produtor e apresentador do programa Carro, da TV Gazeta, além de editor do Jornal Veículos, do Diário do Grande ABC. Aldo Antonio Schmitz, do Instituto Superior de Comunicação, começa a ministrar na próxima 2ª.feira (29/9), exclusivamente pela internet, o curso Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia. Detalhes no www.iscom. com.br ou pelo e-mail aldo@iscom.com.br. Volkswagen Edição 661 Página 6 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO 13 HISTÓRIAS DE IRMÃOS JORNALISTAS Uns nos braços dos outros (ou nem tanto) As divergências entre eles, se as há, disfarçaram. Mas o que se depreende das declarações dos irmãos jornalistas que J&Cia entrevistou, compondo 13 diferentes histórias, é que amam com igual intensidade a profissão. Por Wilson Baroncelli ADRYANA E CARINA ALMEIDA “Derrubamos o mito de que trabalhar com família é complicado” As carreiras das irmãs Adryana e Carina Almeida, sócias-diretoras da agência de comunicação Textual, do Rio de Janeiro, bem poderiam estar retratadas em outra parte desta edição especial, pois são filhas do internacionalmente consagrado fotógrafo Evandro Teixeira, editor de Fotografia do JB. Mas aí o foco seria a relação com ele, e não entre elas, embora transbordem o COB na cobertura dos VII Jogos Sul-Americanos, que o Brasil sediou naquele ano. “Tive um pouco de estranhamento no início, pois não era a minha área de atuação, mas foi uma surpresa ter dado tão certo, a sinergia que houve. Derrubamos o mito de que trabalhar com família é complicado”. Mas ela alerta para o fato de que isso também funciona porque as duas tomam alguns cuidados: “É claro que o fato de sermos irmãs gera mais intimidade, mais liberdade no trato. Mas no trabalho nossa postura é estritamente profissional. E o pessoal da agência de admiração pelo pai e confessem ter ingressado na profissão por causa dele, ainda que em funções distintas: Carina no texto e Adryana na fotografia. Carina, que se formou em Jornalismo e em Economia, diz que no princípio o pai não queria que ela fosse jornalista, mas sim que assumisse a carreira de economista. “Ele vivia me arrumando estágios em bancos. O jeito foi absorveu bem isso”. Casada com o também jornalista Marcelo Moreira, da TV Globo, Adryana concorda com a irmã de que a casa acaba sendo uma extensão do trabalho, principalmente agora que está em período de amamentação de sua segunda filha, de três meses (a primeira tem 12 anos): “Ainda bem que hoje tem computador, telefone e internet e a gente pode resolver muita coisa sem se deslocar. Mesmo assim, como moro perto da agência, sempre que posso, entre uma mamada e outra, dou um pulo lá”. ÁLVARO FILHO, OCTÁVIO E CECÍLIA COSTA A genética falou mais alto “As coisas estão muito piores do quando comecei na profissão. Era tudo muito claro, não havia dúvidas. Hoje não recomendo o jornalismo a ninguém, a não ser que tenha talento indiscutível. Fiz isso com a minha filha, que cursou Direito”. Em aparente contradição, o autor da frase, Octávio Costa, diretor da Editora Três em Brasília, tem dois irmãos jornalistas – Álvaro Filho, o Varô, especialista em automobilismo, mas que há muito abandonou as redações; e Cecília, que atuou em algumas das principais redações do Rio e hoje é editora-assistente da Revista do Livro, da Biblioteca Nacional, colunista do site da ABI, além de escritora consagrada. Para reforçar a contradição, seu pai, Álvaro Costa, os tios Odylo, filho e José, além do avô paterno, Odylo, e do avô materno, Hamilton Barata, são/eram jornalistas. “Com essa linhagem, não tive alternativa, precisei cumprir o meu destino”, brinca Octávio, ele eu unir as duas coisas: trabalhei na Economia do JB por sete anos”. De lá, saiu para implement ar a área de comunicação em uma empresa de consultoria e daí decidiu criar a Textual. Não se lembra bem em que ano foi, mas convidou a irmã, quatro anos mais nova, que trabalhava com o pai na Fotografia do JB, para dividir com ela o comando da empresa: “Tem dado supercerto, foi uma química boa. Temos visões e temperamentos complementares. A desgraça nisso de fazer negócio em família é que a gente acaba fa- Carina e Adryana Almeida lando de trabalho até nos finais de semana”. Adryana, que foi por nove anos fotógrafa do JB sob o comando do pai, lembra ter ido para a Textual em 2002 e que sua primeira tarefa foi montar a equipe de fotografia da agência para atender As duas falam com orgulho do pai, a quem consideram um mestre, talento nato, exemplo de disciplina e excelência no trabalho, e que agora se tornou cliente da agência: elas produziram, editaram e divulgaram o livro 68: Destinos. Passeata dos 100 mil, que conta a trajetória de vida de 100 pessoas captadas pelas lentes de Evandro naquela passeata de 26 de junho de 1968, no Rio. Carina diz que o pai é um ótimo cliente, mas muito exigente: “Isso é bom, porque acaba sendo um estímulo para a gente”. próprio um jornalista de grande experiência. O seu desencanto com a profissão para os mais jovens se deve basicamente às precárias condições do mercado de trabalho atual. Mas Cecília ele estimulou, ao insistir para que ela, aos 21 anos, então estudante de História e de Literatura, em férias, fosse trabalhar como secretária na Revista Econômica do JB. “Logo eu, que sou totalmente desorganizada. Meu pai foi contra, porque, embora dirigisse o Jornal do Commercio, achava que aquilo não era ambiente pra mulher. E eram mesmo muito poucas”. Depois, formada, não teve jeito, a genética falou mais alto: começou na Revista Bolsa, então sob o comando de Noênio Spinola. “Eu, que só escrevia contos, recebi como primeira incumbência fazer matéria sobre não-ferrosos. Aprendi open-market na rua”. O tempo realmente passa rápido qu an d o tra b a l h am os com vitalidade. Parabéns, Jornalistas & Cia, pelos 13 anos. Uma homenagem da Unilever. u n i l e v e r. c o m . b r Volkswagen Edição 661 Página 7 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO MANUELA E GIANNI CARTA A genética falou mais alto (2) Também Manuela Carta, publisher de CartaCapital, e Gianni Carta, correspondente da revista na Europa, filhos de Mino, tiveram que cumprir seu destino genético. Gianni diz que, de certa forma, era natural que Manuela e ele enveredassem pela carreira de jornalista: “Ainda na Itália, meu avô, Giannino, era jornalista, e depois, no Brasil, trabalhou em O Estado de S.Paulo. As conversas nos longos almoços preparados aos domingos pelo meu pai, dos quais participavam minha avó, Clara, mulher de Giannino e autora de livros, e a irmã dela, zia Bruna, crítica de cinema e também escritora, giravam em torno de política internacional, nacional, arte e, claro, gastronomia. Digamos que havia sempre discórdias, vozes se alçavam, e isso nos ajudava a formar nossas próprias opiniões. Também aju- dou o fato de minha mãe, Daisy, ávida leitora de jornais, revistas e livros, sempre ter nos encorajado a ler. E quando o tio Luís, irmão jornalista do meu pai, nos convidava para almoçar na sua casa, os assuntos eram os mesmos”. Manuela confirma a prevalência genética: “Na verdade, acho que não decidi ser jornalista, nasci jornalista. Até tentei ser redatora de publicidade (cheguei a estagiar na Almap e na DPZ), mas não me entusiasmei. Um dia, no 3º ano da faculdade, manifestei a meu pai o interesse em escrever. Ele, que na época dirigia a revista Senhor, me ofereceu um frila sobre a chegada da marca Calvin Klein ao Brasil. Depois de um breve estágio, me contrataram”. Ela diz que partilhou com Gianni as redações de IstoÉ e, agora, CartaCapital, “mas eu no Brasil e ele em algum lugar no exterior, como correspondente. Ain- PAULO E CHICO CARUSO nos shows que realizam Brasil afora – que, além de humor, tem música. Paulo, o mais velho (nasceu 15 minutos antes), conta que desenhavam já com quatro ou cinco anos de idade. “Aos 17, o Chico arrumou um emprego: foi desenhar na Folha da Tarde. Quando estava doente ou não podia ir por alguma razão, eu ia no lugar e ninguém percebia. Passava um jipe do jor- Dupla de dois O humor, tanto quanto o jornalismo, sempre marcou a vida dos gêmeos Paulo e Chico Caruso. Embora sejam ambos cartunistas, nunca trabalharam juntos, exceto, como conta Chico, num jornal chamado Bolão, que faziam na época em que cursavam a Faculdade de Arquitetura, em São Paulo, e, hoje, Jornalistas & Cia: há 13 anos conectando os jornalistas e agências de RP do Brasil The Jeffrey Group: há 15 anos conectando as grandes marcas e os jornalistas de toda a América Latina CACALO E JUCA KFOURI Do Morumbi à PQP Juca (José Carlos do Amaral) Kfouri dispensa apresentações. Considerado um dos mais influentes jornalistas de esportes do País, ficou, entre outros trabalhos, anos em Placar (onde chegou a diretor), dirigiu Playboy e hoje tem atuação múltipla, na Rádio CBN, na ESPN e ESPN Brasil, coluna na Folha, blog no UOL. Cacalo (Luiz Carlos do Amaral) Kfouri, três anos mais velho, igualmente bem-sucedido profissionalmente, mas com bem menos exposição pública, é repórter fotográfico reconhecido, hoje fazendo controle de qualidade de conteúdo da EBC na internet e frilas. Largou o curso de Engenharia para se dedicar à fotografia. Começou como secretário de Produção em Playboy, trabalhou no projeto da Vejinha, na Realidade, Documento Abril, Estadão... e fez frilas para Placar, quando o irmão era chefe de Reportagem. “Nunca fui beneficiado por ser irmão do Juca. Ele sempre foi profissional, separava bem as coisas e nunca inventou trabalho pra me ajudar”, diz Cacalo. Juca confirma: “Ele só teve prejuízo comigo. Em Placar, por exemplo, se havia dois jogos pra cobrir, um no Morumbi e outro na PQP, Cacalo ia pra PQP”. Às vezes perdeu mesmo, porque os que não gostavam de Juca (sempre muito direto e crítico -– características que, aliás, Cacalo também tem) não iam oferecer trabalho para o irmão dele... “Não nos vemos muito, porque os horários não batem”, diz Cacalo. “Mas se precisar, ele está lá. Quando acordei num hospital em Recife, após um enfarte, ele já estava ao lado da cama”. Não chegam a um acordo sobre as duas únicas matérias que teriam feito juntos, quando Juca era diretor de Playboy. Cacalo diz que foram as entrevistas de Cristiane da quando estudávamos no Dante Alighieri (anos 70), eu dei pitaco no jornal que ele editou e ele deu pitaco no que eu ensaiei editar, o Gazetim-tim-tim”. Segundo Gianni, o jornalismo, “como bem disse a Manuela, não era uma profissão com a qual sonhávamos – era algo que fazia parte de nosso dia-a-dia. Quando, em 1980, lancei o Jornal do EstuDante, no Dante Alighieri, ela me ajudou a editá-lo. O jornal, político e cultural, foi proibido pelos diretores da escola (a censura chegava até às escolas), mas vendemos todos os exemplares e organizamos uma greve. Naquele ano fui para os Estados Unidos estudar numa escola pública secundária, e comecei a escrever uma coluna de política no jornal da escola. Na universidade, ainda na Califórnia, resolvi fazer Ciências Políticas, e ao mesmo tempo comecei a escrever uma coluna de política no diário da faculdade. Também fazia reportagens de tênis e perfis de alu- Manuela e Gianni Carta nos. Naquela época, comecei a fazer uns frilas para o Brasil. Meu sonho era ser cientista político, mas, pouco a pouco passei a escrever sobre política”. Ele corrige a irmã quanto a não estarem juntos no mesmo espaço: “Em 1988 voltei ao Brasil, e trabalhei seis meses em IstoÉ. Da minha mesa avistava a Manu martelando suas matérias. Há 15 anos sou correspondente da CartaCapital na Europa, e semanalmente converso com ela. Outro dia, ela achou um diário meu que remonta a meados dos anos 70; rimos muito das besteiras que eu escrevia”. nal pegando todo mundo, porque precisavam estar lá às seis da manhã. Havia umas figuras folclóricas, como o colunista (Luiz) Álvaro Assumpção, que chegava àquela hora, de porre e smoking, vindo direto das baladas. Eu adorava ficar na redação. Não queria mais nada. Um lugar divertido, fazendo o que gostava e ainda pagavam?” Como bons irmãos, brigam o tempo todo, mas são inseparáveis. Chico lembra que sempre roubava os carrinhos de Paulo. A avó lhe dava outros e ele roubava de novo. “Eu era maior e vivia batendo nele. Até que um dia ele cresceu e eu tive que parar”. Paulo, que mora em São Paulo e faz charges ao vivo no programa Roda Viva, da TV Cultura, diz que Chico, residindo no Rio, é o próprio exemplo da globalização: trabalha na Globo. Torloni e Washington Olivetto; Juca afirma que foram este e Ricardo Semler. Rita, secretária de Juca e guardiã de seus arquivos, garante: foi só Olivetto. Cacalo insiste: “As fotos da chamada da entrevista de Cristiane são minhas”. Não importa. Segundo Juca, a parceria ficou nisso porque o irmão também adora perguntar: “Não ia dar certo”. (Aqui, peço licença para uma intervenção pessoal e para discordar de Juca. Trabalhei com os dois, em Placar – onde, aliás, conheci Eduardo Ribeiro, diretor deste J&Cia –, e apenas com Cacalo, na sucursal paulista da Rio Gráfica e Editora, hoje Editora Globo. Viajei inúmeras vezes com este para cobrir jogos na PQP, por Placar, e competições náuticas, por Vela&Motor. O fotógrafo “perguntador”, meu amigo até hoje, sempre ajudou muito nas matérias que fiz.) Outros jornalistas na família? O avô, Luiz Amaral, primeiro repórter a encontrar a Coluna Prestes e que Juca afirma ter sido fascista. Tem também a irmã Maria Luiza, a Mana, especialista em música brasileira, que mantém o site www.discosdobrasil.com.br . E os filhos de Juca, André, hoje na ESPN, e Daniel, fotógrafo já consagrado, com trabalhos publicados em Placar, Folha de S.Paulo, AFP e outros. Cacalo demoveu da idéia um dos seus, Fernando, que fez Direito e agora é promotor. Chico e Paulo Caruso Volkswagen Edição 661 Página 8 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO DANIELA E MARCO CHIARETTI diam a parentes e vizinhos. “Eram notícias da família, das férias, da rua, escritas a caneta e reproduzidas com a tecnologia do carbono”, conta Marco. “Acho que chegamos a noticiar, se não me engano, a morte do Costa e Silva”. Daniela diz lembrar-se vagamente dessa época, mas afirma que desde sempre quis ser jornalista. “Quer dizer, primeiro eu queria ser astronauta. Era muito romântica”. Marco discorda: “Conversa, essa história de astronauta. Ela sempre soube que seria jornalista. Eu é que não me dediquei exclusivamente à profissão”. Isso apesar de ter começado primeiro, em 78, como revisor na Abril, antes mesmo de cursar Jornalismo (ela iniciou em 82, na Gazeta Mercantil). Marco formou-se na Cásper Líbero, deu aulas, esteve em Veja, Folha de S.Paulo, UOL, foi correspondente confirma: “Era desenhista industrial na Votorantim. Um dia fui almoçar com o Kaíke na Veja, mas ele não pôde e acabei saindo com o fotógrafo Sérgio Dutti. Fiquei interessado por aquele trabalho de apuração, mas não pela fotografia, pois eu gostava era de contar histórias. Fiz vestibular, passei e como já estava com 25 anos aceitei estagiar numa assessoria ganhando salário mínimo. O Kaíke me ajudou a pagar a faculdade. Minha mãe dizia: ‘Você não dá pra isso, você é bom em matemática’”. A partir daí, Klester trabalhou em algumas redações por onde Kaíke já havia passado, como Veja, onde protagonizou um episódio que deixou o irmão abalado: “Klester foi seqüestrado por grileiros quando fazia uma reportagem na Amazônia. Ficou um bocado de tempo amarrado na mata até que conseguiu se soltar e andou quilômetros em busca de ajuda. Quando fez contato comigo, coube a mim contar para os meus pais”. Apesar de terem orientado suas carreiras em diferentes direções mais novo, tem carreira igualmente consagrada, mas com bem menos exposição pública. Começou como repórter geral de esportes no Estadão, onde o irmão era editor de Esportes Amadores, e de lá se transferiu para a revista Placar. Ali, tendo por mestre José Pinto, deu uma guinada na profissão e tornou-se fotógrafo, área em que fez nome por muitos anos. Agora na tevê (faz o Histórias do Esporte, na ESPN Brasil), voltou a ser novamente repórter. Os irmãos Kotscho só trabalharam juntos em duas ocasiões, dois frilas: uma entrevista com o cantor e compositor Luiz Gonzaga e uma reportagem em Canapi, interior de Alagoas, sobre Pompílio Malta, irmão de Rosane Collor. Nesta brigaram. Ricardo conta que todo mundo tinha medo de Malta, inclusive o prefeito: “E vai o Alemão querer subir na caixa d’água da delegacia pra fotografar a pisci- na da casa do homem, único lugar onde havia água em Canapi. Batemos boca mesmo, porque podiam nos matar. Aliás, uns jagunços dele nos deram cinco minutos pra sair da cidade”. Alemão confirma a história da foto, mas diz que a ameaça veio depois, quando saíam da cidade e novamente discutiram: “Imagina que o Ricardo viu um escudo do São Paulo num pé-sujo sor de imprensa do jogador Kaká. dela. Um exemplo: fui a Salvador fazer um perfil do então ministro Gilberto Gil. Ele estava pintando o cabelo e depilando o peito e as axilas para o Carnaval. Não queria fotos. Ela, com todo o jeito, o con- venceu. A foto acabou saindo em seis colunas na primeira página do jornal. Eu a considero, sem exagero, uma das melhores repórteres do Brasil.” Jornalistas desde criancinhas Descontado o exagero do tempo, o título é quase verdade para retratar a carreira dos irmãos Daniela, repórter especial de Meio Ambiente do Valor Econômico, e Marco Chiaretti, editor-chefe de Conteúdo Digital do Grupo Estado. Com cerca de nove anos, ele, e abaixo dos sete, ela, os dois produziam um jornal caseiro que ven- KLESTER CAVALCANTE E KAÍKE NANNE O repórter e o executivo Klester Cavalcante e Kaíke Nanne têm algumas redações em comum, mas nunca trabalharam juntos. “Eu sou o primeiro jornalista da família”, diz Kaíke, atual diretor do Núcleo Semanais da Editora Abril. “Comecei na Folha de Pernambuco, depois passei para a TV Manchete, não gostei, fui para o Jornal do Commercio e era chefe da sucursal de Veja no Recife quando o Klester começou a se interessar pela profissão”. O irmão RICARDO E RONALDO KOTSCHO Até que Malta os separe Ricardo Kotscho é praticamente uma figura pública. Com mais de 40 anos de profissão, foi repórter premiado, assessor de imprensa do presidente Lula, escreveu livros, entre outras atividades. Agora mesmo acaba de criar um blog no iG, o Balaio do Kotscho, portal onde desde abril é colunista e repórter especial. Seu irmão Ronaldo, o Alemão, dois anos MONICA E MARLENE BERGAMO Entre tapas e beijos Depoimento de Monica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo: “Minha relação com a Marlene é maravilhosa e vai muito além de uma relação de irmã. É de mãe e filha, filha e mãe, tudo junto – moramos juntas, e boa parte do tempo sozinhas, até quase nossos 30 anos. E, claro, é uma relação de brigas tremendas também (agora que estamos mais velhas, nem tanto). Decidimos por nossas profissões (fotógrafa e repórter) antes ainda dos 20 anos e já fizemos centenas de pautas juntas: de Osasco a Saint Martin, no sul da França, passando por Rio, Brasília, Salvador e muitos outros lugares do coração do Brasil. A Marlene começou a trabalhar na Folha bem antes que eu (uns dez anos) e quando fui contratada pelo jornal tive a oportunidade de dividir muitas pautas com ela. De briga em briga, conseguimos resultados que considero maravilhosos por causa do JB em Buenos Aires e por três anos ficou afastado do jornalismo e de São Paulo, atuando como executivo da Data Sul, em Joinville. Lida com internet desde 1995. Daniela também passou por UOL e Veja, mas em épocas diferentes. Esteve na Alemanha, foi redatora-chefe de Marie Claire, entre outras atividades. Nunca trabalhou com Marco. “Não sei como seria. Eu sou ligada em Economia, ele em Cultura e, lógico, internet”. Kaíke Nanne e Klester Cavalcanti (Klester gosta mesmo é de escrever livros-reportagem e Kaíke tornou-se executivo), falam-se com freqüência. “Ele sempre me pede para dar uma olhada nos originais de seus livros”, conta Kaíke. Eles têm ainda uma irmã, Kemine, publicitária, que mora nos EUA. Klester atualmente edita a revista Domingo, do JB, na Editora Peixes, em São Paulo. Volkswagen Edição 661 Página 9 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO K I KO E PAU AULLO NO G U E I R A Sobre conversas e orgulho Paulo e Kiko Nogueira são dois fazedores de revistas, ambos formados na escola da Abril. Paulo de lá se desgarrou, convidado que foi a assumir a Direção Editorial da Editora Globo, que recentemente deixou, para ser, a partir de 2009, correspondente da Época em Londres. Kiko ainda lá permanece, à frente da Redação da Viagem e Turismo. Filhos de Emir Nogueira, profissional que fez história no jornalismo brasileiro, ambos têm pelo pai – e um pelo outro – um profundo respeito e uma grande admiração. Vejam o que fala Kiko: “Uma das lembranças mais vívidas da minha infância é a das noites em que meu pai chegava da Folha de S.Paulo. Ele se sentava no chão da sala, em frente à tevê, enquanto minha mãe preparava qualquer coisa para ele comer. Pouco depois chegava meu irmão Paulo. E aí começava um momento especial: o da conversa. O da discussão. Eu assistia a tudo num sofá ao lado do Velho. Falavase de cinema, política, religião, música (e também do desempenho do Hugo Carvana e da Denise Bandeira na série Plantão de Polícia, que passava naquela hora). Eu só ouvia.” Paulo confirma: “Jornalismo sempre foi assunto na mesa de casa. Meu pai trabalhou na Folha por muitos anos. Era uma alegria vê-lo chegar da redação cheio de jornais, e era um momento mágico visitá-lo na Folha, na Barão de Limeira. As máquinas de escrever faziam um barulho majestoso em seu caos criativo, e este é sem dúvida um dos sons de minha vida. O som do fechamento da Folha de antigamente.” E vai além: “Tantos anos depois, jornalismo continua a ser assunto de mesa da família. Virei, como meu pai, jornalista. Bem como meu irmão caçula, Kiko, tão mais novo que é uma espécie de primogênito meu. Quando almoçamos juntos, ou na casa de nossa mãe ou onde seja, o jornalismo sempre é tema de debates. Venho agora mesmo de um almoço familiar, e lá estávamos Kiko e eu refletindo sobre o impacto digital nas revistas sob o olhar atento e inteligente de mais um Nogueira jornalista: nossa irmã Cláudia.” Kiko recorda como cedeu aos encantos do jornalismo, de certo modo inspirado no exemplo do pai e nas conversas com o irmão mais velho: “Meu pai morreu. Meu irmão acabou fazendo uma belíssima carreira jornalística. Comandou revistas. Ele me mostrou a primeira Rolling Stone e me apresentou o mundo maravilhoso do jornalismo americano. Tentei ser músico, mas logo vi que, para dar certo, eu teria que dedicar mais do que meus finais de semana ao rock´n´roll. Virou um hobby. O Paulo é um devoto das revistas. Hoje é também um apóstolo do jornalismo digital. Mas o Paulo é, sobretudo, uma grande conversa. Quando nos encontramos, falamos. Muito. De quase tudo. Cada um montado em suas convicções, nós discutimos, debatemos e até, eventualmente, concordamos. Mas seguimos, tantas noites após aquelas dos meus tempos de garoto, fazendo o que meu pai gostava.” E se o assunto é confetes, Paulo devolve: “É com orgulho que vejo o profissional em que Kiko se transformou. Kiko é um dos melhores editores de revistas do País. Tem sensibilidade para captar pautas interessantes, versatilidade suficiente para trabalhar em que qualquer tipo de publicação – e principalmente sabe para onde uma revista tem que ir. Ou de onde deve se retirar. Kiko tem também personalidade, luz própria – e é com orgulho (escondido, admito) que o vejo desafiar com tanto fundamento e freqüência algumas de minhas idéias sobre jornalismo.” CARLOS E RODRIGO TRAMONTINA “Pai” zeloso, “filho” orgulhoso Um é famoso, fez carreira na televisão e trabalha na Globo. O outro decidiu seguir também carreira no jornalismo, mas optou pela assessoria de imprensa, trabalhando atualmente na Peugeot, em São Paulo. Além de irmãos têm em comum a voz idêntica. A separálos no tempo, uma diferença de18 anos na idade. Carlos diz que se decidiu pelo jornalismo “porque, em primeiro lugar, era um péssimo aluno nas exatas. Depois, sempre li muito, A sua fui orador da turma nos cursos primário, ginasial e colegial. Participava de apresentações públicas sem dificuldade. Decidi pelo Jornalismo escrito, mas ao sair da faculdade procurei emprego em vários lugares e consegui um estágio na Globo, onde estou até hoje”. Já sobre as razões do irmão... “Nunca conversamos sobre os motivos que o levaram a optar pelo Jornalismo”, confessa. E a influência do irmão famoso, teria pesado na escolha de Rodri- grifeem comunicação www.planin.com 11 2138-8900 Paulo e ele acabou optando pela PUC-SP e veio morar comigo para mais facilmente ser introduzido nas ‘manhas’ do jornalismo a partir das nossas conversas.” A versão é integralmente corroborada por Rodrigo: “Quando anunciei minha decisão em prestar vestibular para Jornalismo, ele foi enfático ao afirmar que eu teria de vir a São Paulo. Dizia que, se eu quisesse realmente me desenvolver na área, o local seria na capital, centro de tudo, onde tudo acontece. Fiz provas então apenas nas faculdades paulistanas. Passei em três e optei pela PUC, até pela proximidade com a casa dele, em Perdizes, onde fui morar.” Sobre a semelhança de vozes, muitas histórias. Carlos relembra: “Muitas vezes ele atendia telefonemas de pessoas que me procuravam, e elas, sem perceber com quem falavam, contavam tudo pensando que eu estava na linha. Só depois é que a confusão era desfeita.” Numa ocasião, quando Rodrigo ainda morava com Carlos, ligou para lá numa tarde alguém da chefia da Globo. “Atendi e a pessoa me explicou o que estava acontecendo”, conta Rodrigo. “Respondi: ‘Fulano, você vai me desculpar, mas sou o irmão dele. O Carlos não está’. Acabei tomando uma bronca. ‘Carlos, isso não é hora de brin- go? Ele mesmo conta: “Não sei dizer quanto o Carlos me influenciou na escolha da profissão. Nunca conversamos demoradamente sobre isso. A situação era curiosa. Afinal, eu tinha um irmão famoso. Lembro- me, com muita clareza, de um fato comum em minha infância, vivida em Ibitinga/Araraquara (ambas no interior do Estado). Quando alguém da família via uma entrada dele na tevê, gritava para todos ouvirem: ‘O Beto tá na televisão!!!’ Era uma correria danada pra ver o irmão mais velho na telinha”. (N.R.: Beto diz respeito ao Alberto que Carlos Tramontina tem no meio do nome.) Mas quem pensa que o irmão cadeira. Estou falando sério e vamos levar esse assunto para uma reunião amanhã!’ Precisei de mais alguns minutos para convencê-lo da pequena confusão armada”. Rosana, a mulher de Carlos, até hoje confunde a voz de ambos ao telefone. Rodrigo diz lembrar-se muito bem também da primeira vez em que o acompanhou à Globo, às 5h, para assistir ao vivo a apresentação do Bom Dia São Paulo: “Os colegas dele perguntavam, ‘Tramonta, trouxe seu filho?’. E ele, ‘Não, meu irmão mais novo’. A réplica vinha na mesma hora. ‘Você é louco, Tramonta? Não explicou para ele que Jornalismo é fria? Parte da família Tramontina numa festa à fantasia: (a partir da esquerda) Nathália (filha de Carlos), Juliana (esposa de Rodrigo), Carlos e sua esposa Rosana, Rodrigo mais velho não daria pitacos na do irmão mais novo engana-se: “Eu me meti na vida estudantil do Rodrigo quando ele disse que pretendia cursar jornalismo no interior. Insisti para que ele viesse para São Rodrigo, você está ainda no primeiro ano, dá tempo de mudar de idéia...’ Bom, não mudei e não me arrependo disso. Mas nunca trabalhamos juntos. Até porque trilhamos caminhos distintos na carreira. Numa ocasião pontual, ele me contratou como frila para traduzir do inglês um material do qual ele necessitava quando estava escrevendo seu segundo livro, Morada dos Deuses.” Volkswagen Edição 661 Página 10 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO LÚCIO FLÁVIO, RAIMUNDO, LUIZ E ELIAS PINTO JR. Locomotiva amazônica Lúcio Flávio Pinto é certamente o jornalista amazonense mais conhecido do País e também um dos mais conhecidos no exterior. Comandando desde 1987 o seu Jornal Pessoal, mais longeva publicação alternativa do País e a única ainda em atividade – quinzenal, não aceita publicidade, vive de venda avulsa e ele a escreve praticamente sozinho –, tornou-se uma referência em questões amazônicas. Também ficou famoso por ser alvo de dezenas de processos movidos pela família Maiorana, dona do maior grupo de comunicação do Estado do Pará, em função de críticas e matérias que publicou em seu JP. O que muitos não sabem é que ele, filho de Elias Pinto, que, entre 1952 e 1954, manteve em Santarém o jornal O Baixo Amazonas, onde começou a trabalhar aos 16 anos, puxou feito uma locomotiva os três irmãos para a profissão (“Não foi protecionismo, não. Eles tinham talento.”): Raimundo, hoje no comando do portal Pará Negócios; Luiz, que atua como frila e o ajuda no JP; e Elias Jr., diagramador e ilustrador do JP. Raimundo foi seu aluno num curso que deu em 1968 e depois o substituiu CLEY, SIMÃO E WILLE SCHOLZ são de jornalista, mas só Wille, o mais velho, herdou a paixão do pai e, depois de experiências também em tevê e assessoria, ficou mesmo em rádio e está hoje na CBN, em Curitiba. Simão, o caçula, passou por várias emissoras de tevê e hoje trabalha no Balanço Geral, da TV Record, em São Paulo; é casado com Janaína Pirola, editora do Profissão Repórter, da Globo. E Cley optou pelos impressos, tendo passado por O Estado do Paraná, JT, Diário do Grande ABC, O Globo, Agência Estado, Valor Econômico e Veja; atualmente traba- Cada um na sua Não é de todo impossível que no campo “natural de” da certidão de nascimento dos irmãos Cley, Simão e José Wille Scholz conste: “Rádio Guairacá, Mandaguari, PR”. Se não consta, deveria, pois eles praticamente nasceram dentro da emissora que o pai comandava naquela cidade do Norte do Paraná: ela funcionava num apartamento e a família morava em outro, conjugado. Dos sete irmãos, apenas os três seguiram a profis- como correspondente do Estadão em Belém (Lúcio ficou 18 anos no jornal e Raimundo, 16). Luiz, ele levou para São Paulo, na primeira vez em que trabalhou na capital paulista – ilustrava a página chamada Jornal Pessoal, que Lúcio então publicava em A Província do Pará. E Elias Jr. também foi seu aluno num curso sobre imprensa alternativa, quando lançou uma pu- blicação nessa linha chamada Bandeira 3. “Foi engraçado porque, no encerramento, ele, com apenas 16 anos, fez uma única pergunta: quando é que jornalista se aposenta?”, lembra Lúcio. Foi o único local em que os irmãos trabalharam juntos. “Era um jornal mensal de 24 páginas e durou apenas sete edições. Levei outros seis meses só pra pagar as dívidas”. 13 anos passam muito rápido. Por isso, nada melhor que uma pausa para comemorar. A assessoria de imprensa do HSBC parabeniza o Jornalistas&Cia. no seu 13º aniversário. E-mail: imprensa@hsbc.com.br HSBC Bank Brasil S.A. - Banco Múltiplo lha na Chefia de Reportagem do Estadão. Cley diz que os três são jornalistas, “mas cada um na sua: Wille no rádio, Simão na tevê e eu no jornal. Nunca trabalhamos juntos, mas espero que um dia possamos desenvolver um projeto conjunto”. E, pelo visto, o “bicho jornalístico” continuará contaminando a família: Mariana, filha de Wille, está se formando pela UFPR e já trabalha numa revista de esportes náuticos; o outro filho dele, Leonardo, vai prestar vestibular para jornalismo no fim do ano. www.letraselucros.com.br A informação que gera e preserva a riqueza 13 HISTÓRIAS DE FILHOS DE JORNALISTAS Apaixonados pelos pais e pelas notícias Muitos, no início, renegam a origem. Querem distância da profissão que separa pais e filhos em alguns dos melhores momentos da vida, como é o caso do jornalismo. Se os pais são famosos, então, seguir a carreira e enfrentar as naturais comparações e cobranças é um ônus muitas vezes pesado demais para carregar. Os pais, muitas vezes querendo “uma vida melhor” para os filhos, tentam desestimulá-los, mostrando as mazelas da profissão. Para o bem ou para o mal, são muitos, em nossa profissão, os filhos que seguem os pais, como mostram as 13 histórias a seguir, algumas em que os filhos já ameaçam até mesmo superar os pais, contadas pelo editor convidado Pedro Venceslau “ME APAIXONEI POR ISSO DE ACHAR A NOTÍCIA” (Renata Cafardo, filha de Pedro Cafardo) Renata Cafardo, chefe de Reportagem do caderno Vida&, do Estadão, sempre soube o que queria ser quando crescesse. Desde pequena montava pequenos jornais, revistas e programas de tevê em casa, escrevia textos sobre notícias verdadeiras ou fictícias e entrevistava as pessoas nas festas de família. Ou seja, brincava de jornalista. A influência do pai, Pedro Cafardo, hoje editor do Valor Econômico, foi, claro, determinante. “Posso dizer com tranqüilidade que meu pai foi quem mais influenciou a escolha da minha profissão”, conta. “Como meu pai foi editor muito cedo e acabou exer- cendo cargos de chefia durante quase toda a sua carreira, eu tinha uma visão do jornalismo mais do lado de quem comanda, digamos assim. Ao começar no jornal como repórter vi um outro lado e me apaixonei por isso de achar a notícia, organizar a apuração, dar o furo, escrever...”. A mãe, Rumely, também é jornalista, mas atuou grande parte da carreira como assessora de imprensa. O DNA da família não pára por aí. “Tenho um primo mais novo, o Thiago Cafardo, que é jornalista e trabalha no Ceará. E sou casada com Herton Escobar, também do Estadão. Minha madrasta, Erica Benute, também é jornalista. Quando criança, eu adorava ver a movimentação do fechamento, as decisões sendo tomadas, as pessoas escrevendo. Eu me sentia importante. Mais tarde, já na faculdade, ajudava meu pai a fazer títulos nos fins de semana e notinhas de primeira página”. Renata formou-se na Cásper Líbero, em 1998. Seu primeiro emprego foi como assistente de Elio Gaspari. Depois trabalhou durante um ano na Band e em 1999 morou nos EUA, onde fez especialização na New York University e um estágio na TV Globo de lá. Há 13 anos, quando nasceu J&Cia, Renata estava no 1º ano de faculdade de Jornalismo, na Cásper Líbero. Seu pai era editor-chefe do Estadão. Volkswagen Edição 661 Página 11 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO “SEI QUE ESTA É UMA PROFISSÃO MUITAS VEZES INGRATA” (Mario Bucci, filho de Eugênio Bucci) Antes de decidir-se cedo estava na cara qual seria a pelo Jornalismo, Mario escolha. Em 1995, quando cursaBucci, estudante de Jor- va a 2ª série, Mario montou um nalismo da PUC-SP, pen- jornalzinho junto com os colegas sou seriamente em fazer Publici- de escola. “Meu pai me ajudou dade e Direito. Quando, enfim, com alguns detalhes no começo, bateu o martelo, recebeu apoio mas me deixou tocar a idéia do total do pai, Eugênio Bucci. “Ele meu jeito”. Outra forte lembrança concordou com a minha escolha e do tempo de criança é a rotina do até me apoiou, mas ressaltou que pai. “Em geral, voltava para casa é um mercado bastante disputa- tarde e em alguns finais de semado e que esta é uma profissão na não saía com a família pois premuitas vezes ingrata. Mais tarde, cisava trabalhar. Ás vezes eu visitodas as impressões se confirma- tava o lugar em que meu pai trabaram, tanto as que meu pai me pas- lhava, a Editora Abril”. Mario está no 3º ano de Jornasou quanto as que eu formulara”. Apesar da indefinição, desde lismo da PUC-SP. Por enquanto, sua única experiência na profissão foi como estagiário, por sete meses, da Rádio Bandeirantes. “O fato de ser filho de jornalista pode ajudar e também atrapalhar, depende muito da sua postura, dos seus chefes e dos colegas. Em geral, ter um pai jornalista gera uma cobrança imensa, não só de outras pessoas como sua também. Deve-se aprender uma forma de lidar com isso”. Há 13 anos, quando J&Cia nasceu, Mario tinha oito anos e estava na 2ª série. Na época, seu pai trabalhava na Abril. “TENHO DE PROFISSÃO O MESMO TEMPO QUE J&CIA TEM DE VIDA” (Henrique Fruet, filho de Luiz Henrique Fruet) Henrique Fruet, diretor da Al- pai uma máquina de escrever porbatroz Comunicação, nunca cogi- tátil. Ele levava o trambolho para a tou seguir outra profissão. “Ou casa dos amigos e lá escrevia as melhor, cogitei sim: quando crian- lições e trabalhos escolares. “Toça, meu sonho era ser dono de dos sempre queriam cair no meu banca de jornais”. Seu desejo era grupo. Eu dividia os trabalhos em ter ao dispor dezenas e dezenas tópicos, reescrevia o material, junde gibis e revistas. “Sempre sou- tava, dava título, paginava etc.. Só be que era uma profissão ingrata anos depois, já trabalhando numa em relação ao ritmo de trabalho. redação, é que me lembrei disso Quando meu pai trabalhava em e me dei conta de que havia acuVeja, por exemplo, eu mal o via no mulado os cargos de copidesque final da semana. Ele estava sem- e editor...”. Por opção e consenso, pre muito cansado”. Helena Fruet, pai e filho nunca trabalharam junirmã mais nova, seguiu o mesmo tos. “Como quando eu comecei a destino e hoje trabalha na Record- trabalhar ele ocupava cargos de News, depois de ter passado por direção ou chefia, sempre evitaVeja. A caçula, Marina, livrou-se da mos. Segui meu próprio caminho. “sina” e trabalha na Justiça do Tra- Só mais recentemente, quando balho, seguindo os passos da mãe, escrevo um texto bacana, envio Vera Helena. “Mas mesmo os para ele dar uma olhada antes de membros da família que não são fechar”. jornalistas sabem tudo da profis- Henrique formou-se na PUC, em são. Pauta, pescoção, fechamen- 2000. Começou a trabalhar logo no to, fonte etc. são palavras bem fa- 1º ano de faculdade, na finada Folha da Tarde. O fato de ser filho de miliares para todos”. Quando pré-adolescente, Hen- jornalista ajuda? “Ajudou muito na rique pediu de aniversário para o formação. Não sei se teria tido a oportunidade de ler tudo o que li se não tivesse um pai jornalista”. Mas ele não nega: o primeiro emprego teve ajuda do pai. “O Nilson Camargo, que era diretor de Redação da Folha da Tarde (e continua no cargo, com o jornal transformado no Agora São Paulo), havia frilado para o meu pai alguns anos antes. Quando soube que eu era ‘filho do Fruet’, me recebeu muito bem e me encaminhou para a editoria de Turismo, para uma vaga de estagiário de menos de R$ 150 por mês. No jornalismo (como em qualquer outra área), o QI (quem indica) existe. A diferença é que as redações não têm condições de manter um funcionário apenas pelo QI. Quem não mostrar serviço dança”. Uma coincidência: foi há 13 anos que Henrique começou na profissão... “Tenho de profissão o mesmo tempo que J&Cia tem de vida. E desde o início sou um leitor assíduo da publicação, vale ressaltar. Antes, lia sobre os amigos do meu pai; agora, me informo sobre eles e Helena, Henrique e Luiz Henrique Fruet também sobre os colegas que colecionei pelo caminho. Há 13 anos, meu pai dirigia a revista Globo Ciência, que viria a se tornar Galileu”. “MEU PAI DISSE: ‘VOCÊ NÃO DEVERIA FAZER ISSO, É UMA VIDA DESGASTANTE DEMAIS’”. (Marcelo Onaga, filho do Romeu Onaga) O pai de Marcelo, Romeu Ona- com o Estadão, o Jornal da Tarde ga, sempre foi um leitor compulsi- e a Folha”. Foi uma boa influência. vo de jornais. “Lembro que acor- Com dez anos, o pequeno Marcedava cedo e lá estava ele na sala, lo já havia adquirido o saudável hábito de ler jornal diariamente. “Gostava do JT. Lembro de uma série de capas em que o nariz do Maluf crescia a cada dia que passava o prazo que ele havia imposto para descobrir petróleo em São Paulo. Por uma grande coincidência, o JT foi o jornal em que mais tempo trabalhei”. Além de Romeu e Marcelo, boa parte da “velha guarda” da família Onaga era formada por jornalistas. “Eu adorava ouvir as histórias de meu tio, Hideo, um dos maiores repórteres de sua época. As avenRomeu e Marcelo Onaga turas dele eram fascinantes”. Mas por pouco Marcelo não virou tenista. Jogador desde os nove anos, chegou a disputar alguns torneios profissionais. Por pressão da família, que não admitia a hipótese de ele parar de estudar, foi para a faculdade. Além do Jornalismo, prestou para Odontologia e Administração. Passou em Odonto, mas não contou para ninguém. “Meu pai me disse: ‘Você não deveria fazer isso, é uma vida desgastante demais’. A reação mais forte, no entanto, veio do meu tio Hideo. Ele brigou com meu pai – por ter me deixado fazer – e me deu uma bronca. Disse que eu estava louco, que o mercado de trabalho era reduzido, que eu não teria finais de semana... Mas depois que come- cei a trabalhar, já no primeiro ano da faculdade, os críticos viraram fãs. Eles adoravam ouvir minhas histórias, ler minhas matérias”. Marcelo formou-se na Cásper Líbero e começou lá mesmo, na TV Gazeta, fazendo estágio. Depois, foi para a extinta revista Match Point e, de lá, para a Folha de S.Paulo. Ele sente falta dos papos sobre jornalismo com a família. “Meu pai faleceu no ano passado e, logo depois, meus tios. Eles fazem muita falta”. Uma dica para filhos de jornalistas que querem seguir a profissão? “Ouçam seus pais”. Há 13 anos, Marcelo trabalhava no Jornal da Tarde. E seu pai, na Petrobras. Volkswagen Edição 661 Página 12 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO “ACABEI PEGANDO GOSTO PELA COISA” (Mauricio Noriega, filho de Luiz Noriega) Antes de optar pelo tações do mercado, a concorrênJornalismo, Mauricio cia, muitas vezes desleal, os baiNoriega jogou vôlei por xos salários, as restrições ao condez anos e só abando- vívio familiar, entre outras dificulnou as quadras porque achou que dades inerentes à profissão, que não tinha estatura suficiente para mais tarde Mauricio pôde sozinho seguir em frente. “Também pen- perceber. “Mas os aspectos posisei em ser professor de educação tivos dos quais ele me falava, como física, psicólogo, físico nuclear, al- a possibilidade de conhecer o mundo, o sentimento de dever cumgumas coisas (risos)”. Mas o convívio com o pai, Luiz prido e algumas grandes amizades, Noriega, um dos grandes narrado- também se confirmaram”. res esportivos das décadas de 70 Diferentemente do pai, que inie 80, acabou sendo determinante ciou a carreira em rádio, na Difuna escolha pela profissão. “Vendo sora Olímpica, no interior de São a forma apaixonada, ética e profis- Paulo, Mauricio começou trabasional com que ele se dedicava foi lhando na assessoria de imprensa que, entendo hoje, acabei pegan- da Federação Paulista de Basquete, por indicação do pai. Logo foi do gosto pela coisa”. Formado pela Cásper Líbero em para a Folha da Tarde (atual Agora 1989, Noriega, o filho, nunca so- São Paulo), e passou a trilhar um freu oposição do pai, apesar dos caminho pelos grandes veículos da constantes alertas sobre as limi- área: A Gazeta Esportiva, Lance, Rádio Bandeirantes, até chegar ao SporTV, onde atualmente é comentarista. Ao longo da carreira que construiu até aqui, poucas vezes cruzou profissionalmente com o pai. Foram apenas alguns trabalhos que fizeram juntos, em revistas dirigidas que a empresa de comunicação da qual são sócios publica e em debates em programas de rádio e tevê. “Sempre aprendi muito nessas ocasiões”. Aprendeu, principalmente, valores que acha que hoje estão em falta no Jornalismo. “Havia mais lealdade e respeito entre os profissionais. Não existia tanta vaidade. Infelizmente, hoje, o garoto põe a cara na telinha da tevê e acha que é artista. Não somos artistas, somos jornalistas trabalhando em televisão, o que é muito diferente”. Luiz e Maurício Noriega O filho lamenta também que hoje, por causa da cultura do nepotismo na política brasileira, é “feio” seguir a carreira do pai. “Mas não é. Acho que é uma homenagem. Eu me orgulho”. “EU QUERIA SER VETERINÁRIA” (Teté Ribeiro, filha de Zé Hamilton Ribeiro) lista – e com a irmã mais velha, Ana Lúcia, sempre decidida pelas redações, Teté agia como ovelha negra: “Meio que por rebeldia, queria ser diferente do resto da família. Mas sempre gostei de ler e escrever, então acho que estava só brigando com o ‘sistema’”. Mas foi cursando Filosofia que descobriu sua paixão por Jornalismo. Aos 20 anos, e sem pressa de entrar no mercado, só aceitou a sugestão do pai de fazer umas traduções para a produtora Ver e Ouvir, de Narciso Kalili, seu colega em Realidade, que produzia o programa Globo Ciência, para ter um dinheiro para sair e viajar nas férias. “O ambiente de trabalho era cheio de energia, vivo, pulsante. Eu tinha que ficar meio período numa salinha no 2º andar vendo as matérias da CNN e traduzindo, mas com a festa que era o 1º andar, a redação do programa, eu não resistia e ficava lá mais tempo do que era preciso. Passei a estudar à noite e comecei a fazer reportagens. Migrei para o Jornalismo sem parar para pensar no assunto”. Com a transição natural, as oportunidades para o pai se opor à opção dela não existiram, ao contrário do que acontecera com a irmã: “Meu pai nunca foi a favor”. Zé Hamilton falava que jornalista nunca ia se livrar de chefe e que era besteira entrar numa profissão sabendo disso. Apesar disso, ele nunca deixou de ser um repórter apaixonado. “Meu pai me fazia pensar que ser jornalista era uma coisa meio Indiana Jones, de grandes aventuras”. Percepção natural para a filha de um jornalista ganhador de sete prêmios Esso e que há 26 anos é repórter do Globo Rural. “Quando era mais nova, achava que todos eram assim na profissão. A gente mudava de cidade porque ele ia dirigir um jornal em Ribeirão Preto, depois Rio Preto, depois Campinas, e aí era aquela movimentação: casa, escola e clube novos. Então, a gente chegava nas cidades com a impressão de que ele tinha ido lá encontrar um tesouro perdido ou salvar aquela cidade de uma situação injusta”. Atualmente, além de colaborar para a Folha, Teté é autora de livros como A Nova York de Sex and the City. E o mesmo Jornalismo que aproximou seus pais no elevador da Editora Abril, quando Zé era repórter de Quatro Rodas e Maria Cecília, revisora de Cláudia, também foi o responsável por sua união com Sérgio Dávila, correspondente da Folha em Washington. (Naomi Suzuki, filha da Nair Suzuki) Quando Naomi e o irmão eram redações, Naomi não teve dúvida na pequenos, a mãe, Nair Suzuki, os hora de escolher a profissão. “‘Naslevava para a creche da Folha de ci’ no meio jornalístico e desde peS.Paulo, que ficava no mesmo pré- quena acompanho a carreira da midio da redação. Assim, entre uma nha mãe”. Apesar de saber que a apuração e outra, podia descer e escolha da filha era uma conseqüência natural da relação entre elas, dar um beijo nas crias. Com um pouco mais de idade, Nair não gostou muito da idéia no Naomi começou a acompanhar os começo, mas depois deu muita forplantões de fim-de-semana da mãe, ça. Falava para a filha que o jornalisagora dentro da redação de O Es- ta trabalhava muito e não tinha hotado de S.Paulo. “Ficava brincando rário. Mesmo convivendo com isso, na máquina de escrever e achava o Naomi queria mesmo era vivenciar máximo quando eles discutiam a o lado bom da profissão da mãe: “Ela manchete e os títulos das matérias também me falava que era uma proe no dia seguinte eu lia lá no jornal”. fissão dinâmica, intensa e que exi Acostumada com o ambiente das gia apuração dos fatos”. E era isso que ela queria: ler muito, escrever bem, investigar a apurar os fatos. Formou-se na Metodista e começou a trabalhar na assessoria de imprensa do Grupo Bandeirantes de Comunicação, com uma ajudinha da mãe, que conhecia a dona da agência. Antes disso, Naomi fez alguns trabalhos em revistas de moda e estagiou na agência Fonte de Comunicação. Diariamente se espelhando na mãe e mentora, como ela mesma afirma, ainda conta muito com a opinião dela para tomar as suas decisões. Apesar disso, acredita que ser filha de Nair não atrapalha sua carreira porque trabalham em áreas diferentes: Naomi é asses- sora de imprensa na agência Comcept e Nair é editora-adjunta do caderno Negócios do Estadão. Além disso, a filha também é formada em moda pela Santa Marcelina: “O cliente que atendo aqui na assessoria é a Adidas; então consigo unir as duas coisas”. Desde cedo admiradora da carreira da mãe (“Espero ainda conseguir ser uma profissional tão respeitada quanto ela”), Naomi acredita que a principal diferença do Jornalismo de hoje e o de quando Nair começou é o avanço da tecnologia e, conseqüentemente, a velocidade com que as informações chegam e a rapidez das atualizações: “O Jornalismo hoje é globalizado”. Quando criança, Teté Ribeiro, filha do repórter José Hamilton Ribeiro, do Globo Rural, queria ter um macaco como animal de estimação. Para tanto, aos sete anos, criou uma armadilha para capturálos. Na escola, contou a experiência em uma redação. O pai achou aquilo tão engraçado que publicou o texto no caderno para crianças do jornal Dia e Noite, de São José do Rio Preto, que ele dirigia. Foi o primeiro trabalho que ela teve publicado. Apesar dessa experiência precoce, a decisão pelo Jornalismo aconteceu muito depois. “Eu nunca pensei que ia virar jornalista. Minha vida inteira queria ser veterinária. Mas acabei fazendo faculdade de Filosofia na USP”. Antes de se decidir, passou um tempo fazendo teatro e outro tanto afirmando com certeza absoluta que faria tudo menos Jornalismo. Sendo filha mais nova de um casal de jornalistas – a mãe, Maria Cecília, apesar de formada em Letras Clássicas, atua como jorna- “NASCI NO MEIO JORNALÍSTICO” Zé Hamilton e Teté Ribeiro Volkswagen Edição 661 Página 13 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO “TÁ BOM, MAURO, JÁ QUE VOCÊ QUER SER JORNALISTA, SÓ NÃO SEJA ESPORTIVO” (Mauro Beting, filho de Joelmir Beting) Neto, filho, sobrinho, dade: ‘Tá bom, Mauro, já que você primo, afilhado, padri- quer ser jornalista, só não seja esnho, irmão e marido de portivo’”. O desejo da mãe só foi jornalistas, Mauro Be- seguido no início da carreira, quanting diz ter sido maravilhoso fra- do ele trabalhou com Política. Mas cassar na sua tentativa de se for- não teve jeito: a paixão pelo futemar em Direito. Depois de termi- bol falou mais alto e ele acabou nados os cinco anos de faculdade, indo cobrir esportes a partir de mas de ter sido reprovado em duas 1990. matérias, disse que o curso foi um “O jornalismo é uma profissão embasamento cultural muito im- atraente”, essa era a imagem que portante. Mas foi esse o motivo tinha enquanto acompanhava seu da sua opção definitiva pelo Jorna- pai nos estúdios da Jovem Pan e lismo: “Aprendi a ler com jornais e da TV Record, o ajudava a passar revistas. Não tive escolha, tinha cola nas laudas que desciam pelos canos para a edição da Folha e uma escola em casa”. Apesar disso, seu pai, Joelmir quando tentava falar com o pai Beting, nunca disse nada que pu- absorto no trabalho “. desse direcioná-lo nesse sentido. Joelmir Beting começou a exerNa verdade, sua mãe é quem fez cer sua profissão no sistema de uma tentativa de impedir que ele som da praça da matriz de Tambaú, fosse jornalista esportivo. “Ela só cidade do interior paulista, e como pediu uma coisa quando me viu secretário do Padre Donizeti. Na dando aula de Jornalismo na facul- capital, iniciou a carreira como re- pórter de O Esporte e revisor do Diário Popular. Já a trajetória do filho Mauro começou na Cásper Líbero, onde iniciou o curso de Jornalismo que foi terminar na Fiam. Na vida profissional, começou a trabalhar na Band com a ajuda do pai: “Comecei como estagiário na Band, onde meu pai esteve por dez anos. Ele já era comentarista da Globo, mas eu conhecia muita gente por lá, pela amizade que tinham com ele”. Apesar de no princípio ter ajudado, o fato de ser filho de um jornalista tão conhecido tem seu lado negativo. “Até o fim dos dias irão dizer que só trabalho em duas rádios, duas revistas, quatro televisões, quatro sites e um jornal (tudo isso hoje) porque sou filho dele”. Há 13 anos, Mauro era comentarista do SporTV e da Rádio Gazeta e colunista da Folha da Tarde; Joelmir e Mauro Beting tinha um ano de casado com Helen Martins, apresentadora e repórter do Globo Rural. Joelmir era comentarista da TV Globo e da rádio CBN e colunista de mais de 40 jornais. A admiração que tem pelo reconhecido trabalho do pai pode ser resumida em poucas palavras: “Joelmir é o melhor jornalista que um filho pode ter como pai e o melhor pai que um jornalista pode ser”. “HOJE AS PESSOAS PENSAM MUITO MAIS NO MERCADO” (Mariana Nadai, filha de Elvira Lobato) Na hora de escolher a carreira, filha gostava de vê-la sofrer e queMariana Nadai, ficou em dúvida ria sofrer um pouco também. “Fientre Jornalismo e História. Optou quei com essa impressão de que pela segunda alternativa, mas um seria uma profissão onde estaria ano depois pediu transferência envolvida em muitas áreas diferenpara... Jornalismo. A mãe, Elvira tes, inclusive História”. As impresLobato, comentava com as ami- sões se confirmaram quando cogas, em tom de brincadeira, que a meçou a estagiar na revista Brasileiros, depois de ter passado por Em Tempo, Gazeta de Pinheiros, Sala de Aula e Nova Escola. Ela diz que ser filha de jornalista tem algumas desvantagens: mesmo que a cobrança não seja externa, sente-se na obrigação de fazer um “MEU PAI FICOU MUITO FELIZ E ORGULHOSO” (Herbert Henning, filho de Hermano Henning) Herbert Henning estava nos tan Connection, e boletins para as Estados Unidos, há 13 anos, quan- rádios Eldorado, de São Paulo, do foi contaminado definitivamen- Gaúcha, de Porto Alegre, e Novite pelo “vírus do jornalismo”, como dade, de Manaus. ele mesmo define. “Para me man- Mas mesmo antes disso ele titer em Nova York, onde fui fazer nha contato íntimo com o jornaliscursos de cinema, acabei indo tra- mo. Filho de Hermano Henning, balhar numa produtora que fazia Herbert acompanhou de perto a materiais de televisão e programas carreira do pai, que fazia questão jornalísticos para o Brasil”. Entre as de levá-lo e ao irmão mais novo, produções estavam matérias para André, que também trabalha na a TV Cultura, Manchete, Multishow área, para dentro de estúdios de e GNT, programas como o Manhat- rádio e redações nas quais traba- onde você vê atitude, você vê O Boticário. Respeito, cuidado e atitude são valores sempre presentes no dia-a-dia do Boticário. Tudo para que você possa viver num mundo ainda melhor. imprensa@boticario.com.br www.boticario.com excelente trabalho “para que não nos comparem”. Para Mariana, a principal diferença entre o Jornalismo de agora e da época em que sua mãe começou é que antes as questões políticas eram muito mais presentes. “Minha mãe entrou no Jornalismo para fazer diferença, mudar algo em nosso País. Hoje as pessoas pensam muito mais no mercado”. Há 13 anos, Mariana, que hoje trabalha no Almanaque Abril, estava na 4ª série e Elvira no Klick Educação. lhou. “Cheguei a fazer viagens profissionais com ele aqui no Brasil e no exterior”. As experiências foram inúmeras, curiosas e precoces. Antes dos 14 anos, Herbert contabilizava um vôo de helicóptero no Maranhão durante uma reportagem para a TV Manchete, um vôo de balão no interior de São Paulo, para uma matéria do Fantástico, e conheceu boa parte da Europa quando o pai era correspondente. Mesmo novo não deixava de ajudar: “O que eu podia fazer era carregar equipamento de tevê e pequenas tarefas de ‘assistente de produção’, como comprar sanduíches e refrigerantes para a equipe”. Por isso, quando comunicou seu pai da decisão, não ouviu nenhuma reprovação, pelo contrário, “ficou muito feliz e orgulhoso”. Herbert começou a cursar Jornalismo na Universidade Federal da Bahia, mas concluiu na Metodista de São Paulo. E iniciou a carreira no extinto Jornal da Bahia, como repórter de Geral. Antes, fez um estágio no escritório do SBT em Washington, que era dirigido pelo pai. Hermano começou a vida jornalística nos estúdios da Rádio Difusora de Guararapes, no interior de São Paulo, onde nasceu. Só entrou na faculdade muito tempo depois e, em vez de Jornalismo, cursou Direito. Há 13 anos, Hermano preparava as malas para voltar ao Brasil. Eram seus últimos meses como correspondente da Globo nos Estados Unidos. Quando voltou à terra natal, tornou-se âncora de telejornais do SBT. Volkswagen Edição 661 Página 14 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO “NUNCA HOUVE DIFERENÇA ENTRE CASA E TRABALHO” (Juliana Kunc Dantas, filha de Audálio Dantas) “No café da manhã, o Ribeiro, Caco Barcellos. As reuassunto sempre é jorna- niões de família eram praticamenlismo. No almoço e no te atualizações dos bastidores dos jantar também”, conta veículos. “Todo mundo tem noviJuliana Kunc Dantas, estudante dades para contar. Minha família é de Jornalismo da Cásper Líbero e quase uma redação inteira”. Porfilha de Audálio Dantas e de Va- que, além de seus pais, sua sobrinha é jornalista e radialista, o irmão nira Kunc. Fato curioso; o pai foi paraninfo e o tio, produtores de tevê, e o prida turma da mãe antes mesmo de mo, cineasta. se conhecerem. A opção pela car- Quando tinha quatro anos, Julireira foi, portanto, um processo ana aprendeu a passar fax para a natural. “Não houve nem possibili- mãe. Aos 14, ajudou a fazer assesdade de meus pais concordarem soria de imprensa da exposição ou não com isso. Simplesmente 100 Anos de Cordel, organizada aconteceu”.A casa de Juliana sem- pelo pai. Palavras como lauda, paupre foi freqüentada por “dinossau- ta e diagramação sempre soaram ros” como Ricardo Kotscho, Juca familiares. A responsabilidade foi Kfouri, Ziraldo, José Hamilton aumentando... “Ficar vendo minha mãe escrever no conteúdo e na forma, acompanhar a correria de fechamento quando meu pai fazia matérias diárias para o Diário Popular foi determinante para a minha formação”. Juliana começou bem a carreira. Logo no primeiro ano de faculdade pegou uma carona com o pai no projeto de um livro de arte-reportagem sobre a vida e obra do escritor Graciliano Ramos. Embarcou ao lado dele e do fotógrafo Tiago Santana e os acompanhou nas visitas às comunidades alagoanas. Voltou e fez um making of de texto e foto para o site da faculdade. Há 13 anos, Audálio se aposentou, mas nunca parou de trabalhar. Juliana, Vanira e Audálio Dantas Hoje, além de manter ao lado da esposa a empresa Audálio Dantas Comunicação & Projetos Culturais, é vice-presidente da ABI. Juliana estava apenas na 1ª série do Ensino Fundamental. “TENHO QUE CONFESSAR: SOU FILHA CORUJA MESMO” manha. Meu pai e meu tio Ronaldo Kotscho (hoje na ESPN) se tornaram jornalistas aqui no Brasil – apesar de só terem aprendido a falar português depois dos sete anos (eles só falavam alemão).Tem ainda meu primo Diogo Kotscho, filho do Ronaldo, que trabalha como assessor de imprensa”. Ela se orgulha de nunca ter precisado pedir a ajuda do pai para conseguir trabalho. Nem furos de reportagem: “Quando meu pai era assessor de imprensa do Lula e eu ia fazer alguma reportagem lá no PT, acho que nem olhava na cara dele. Tinha medo de que as pessoas achassem que eu poderia ter alguma informação privilegiada por ser filha. E o pior é que acabava acontecendo o contrário... Ele che- gava a passar algo exclusivo pra um amigo e não passava pra mim! “. Há 13 anos, Mariana estava na Rede Record, como repórter. E o pai, no SBT. (Mateus Cripa, filho de Marcos Cripa) No colégio, Mateus Cripa fazia conhecer todas as etapas que o um jornal com os amigos e pro- trabalho envolvia. Em casa, aprofessores que era sucesso de pú- veitava os momentos em que o blico. Bastou o pai, o jornalista pai não estava para sentar-se à Marcos Cripa, elogiar o trabalho frente da máquina de escrever e para Mateus resolver que era imitá-lo: “Gostava muito de tudo o que ele fazia”. aquela profissão que iria seguir. Quando adolescente, apaixo- Ainda sim, quando contou ao nou-se pelo cotidiano agitado do pai sua opção ouviu alguns respai – “às vezes trabalhava de ma- mungos: “O trabalho é muito insdrugada, às vezes de manhã” – e tável e mal remunerado”. Marcos passou a visitar as redações para Cripa alertou-o também para as exigências cada vez maiores de um mercado cada vez menor. E deu um veredicto: “Você vai ter que trilhar seu caminho com as próprias pernas”. O pai acha que é a melhor forma de ele entender e saber lidar com as dificuldades impostas pelo mercado. Por isso, o ainda estudante está à procura de um estágio. Mas, mesmo assim, para o filho a ajuda do pai vai ser fundamental. “A faculdade é muito importante mas é na prática que realmente aprendemos”. E experiência é que não falta para o pai, que já passou por praticamente todos os campos do jornalismo: assessoria de imprensa, assessor de campanha política, repórter de impresso, chefe de reportagem em televisão, professor e coordenador do curso de Jornalismo da PUC-SP, além de ser mestre em Comunicação pela USP. Diante de toda essa bagagem, Mateus tem receio de ser constantemente cobrado para repetir o sucesso do pai. “Na faculdade, já exigem mais por ser filho do professor. Acredito que essa cobrança também vai se repetir no trabalho, mas espero que isso mude, porque é um peso e uma responsabilidade muito grandes”. Entretanto, a experiência paterna ajuda na hora de tomar decisões e discutir sobre a profissão. “Conversamos sobre as mudanças e os rumos do mercado”. Por isso, Mateus acredita que antigamente os jornalistas tinham mais vontade de informar realmente a verdade. “Hoje o jornalismo é muito comercial, cada vez menos informativo”. 2º CLICHÊ: A 14ª HISTÓRIA. NA ATIVA, MAS DE OLHO NO LEGADO DO PAI Antonio trabalhou várias vezes com o pai. “Entre as mais marcantes, lembro-me do período em que colaboramos com o Shopping News, por volta de 1998, quando o jornal enfrentava mais uma dura crise, e tive a chance de contribuir com a editoria de Cidades, e aprender muito com ele. Junto comigo, foram alguns outros amigos da faculdade, que também aproveitaram a oportunidade. E, ainda mais importante, foi a chance de realizar com o Biondi a pesquisa para o livro O Brasil Privatizado, que vendeu mais de 140 mil exemplares”. Ser filho de jorna- lista ajuda ou atrapalha na carreira? “Ajuda bastante e é algo que me honra e alegra. Mas não se trata de uma ajuda interesseira, de empurrõezinhos e coisas afins e sim de uma continuidade e proximidade naturais dessas relações. Hoje, cuidamos da memória do Biondi, por meio do projeto O Brasil de Aloysio Biondi, que pode ser conhecido pelo site www. aloysiobiondi.com.br”. Há 13 anos, Antonio estava terminando o 3º ano do colegial no Gracinha. E o pai estava voltando de Goiânia, após passar cerca de um ano à frente do Diário da Manhã. (Mariana Kostcho, filha de Ricardo Kotscho) Foi com o pai, Ricardo, que dio-escuta e uma passagem pelo Mariana Kotscho aprendeu: o jor- SBT. “Ao contrário de muitos pais nalismo é mais do que uma profis- jornalistas, que dizem não desejar são – é uma opção de vida. “Quan- esta profissão para os filhos, tenho do pequena, eu adorava ir pra re- certeza de que, no fundo, meu pai dação com ele. Ficava brincando ficou muito feliz. Ele adora a prode repórter nas máquinas de es- fissão que escolheu, é um jornacrever. Nos plantões na Folha, por lista apaixonado. Isso me fez ser exemplo, eu e minha irmã escreví- também apaixonada pelo jornalisamos historinhas para a Folhinha mo. Ele acompanha minha carrei– isso com uns nove, dez anos”. ra, mas não é de dar muito palpite Uma das brincadeiras prediletas – o que até acho bom...” era fingir-se de repórter de televi- Mariana pegou algumas manias são. Improvisava um microfone e do pai. Quando morou no Ceará, saía entrevistando quem apareces- pela Rede Globo, por exemplo, vise na frente. Não por acaso, con- ajava para o sertão com uma pauseguiu realizar cedo o sonho. As- ta e voltava com cinco matérias. sim que se formou, aos 21 anos, “Jornalismo na minha família até foi efetivada repórter da Rede Re- parece praga. Meu bisavô e minha cord, depois de quatro anos na rá- tia-avó eram jornalistas lá na Ale- “VOCÊ VAI TER QUE TRILHAR SEU CAMINHO COM AS PRÓPRIAS PERNAS” (Antonio Biondi, filho de Aloysio Biondi) Antonio Biondi, filho de Aloy- Jornalismo. Depois de quase uma sio Biondi, está cursando Direito década estudando e trabalhando na USP. O segundo curso é, por com isso, entendi que gostaria e assim dizer, uma bagagem extra. poderia complementar minha forJornalista formado pela ECA em mação no Direito. E hoje transito 2002, ele tomou a decisão sobre a nesses dois mundos, mas mais carreira que queria seguir ainda na para o Jornalismo”. Ele e o irmão escola, quando ficou fascinado pela Pedro, também jornalista, e a irmã, experiência de fazer uma publica- Bia, que é música, sempre freqüenção – o Grito Escrito – do grêmio taram com prazer as redações por do colégio Gracinha. “Vi os efeitos onde Aloysio passou. A molecada que o jornal causou, como gerar adorava circular pela Folha, Shopdebate, incomodar os acomodados, ping News, DCI & Visão, Diário da provocar mudança. E resolvi cursar Manhã... Volkswagen Edição 658 Página 15 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO 13 HISTÓRIAS DE MULHERES JORNALISTAS Elas nunca foram tão poderosas Na edição especial sobre o Dia Internacional da Mulher, publicada em março deste ano, J&Cia ouviu pessoas importantes do Jornalismo no Rio. Elas falaram de suas conquistas e do que faltava alcançar e, neste último quesito, um comentário recorrente foi o fato de haver ainda poucas mulheres em cargos de direção. Nos últimos 13 anos, J&Cia viu o panorama se alterar para melhor. E foi buscar agora 13 mulheres (estão numeradas por ordem de citação de 1 a 13) que chegaram lá, para contarem o que mudou no decorrer desse tempo, em um mosaico de opiniões. O texto é da editora regional deste J&Cia, Cristina Vaz de Carvalho Nas revistas, maioria esmagadora Chama a atenção o fato de, pela primeira vez no Rio, três das principais revistas semanais serem dirigidas por mulheres. Por ordem de chegada, temos Eliane Lobato na IstoÉ, Lucila Soares na Veja e Ruth Aquino na Época. Eliane Lobato (1) está há oito anos em IstoÉ, os dois últimos como chefe de Redação do Rio, substituindo Aziz Filho. Ela comenta: “Demorou, hein? Veja tem 40 anos, IstoÉ, 35 e Época, uns 10 anos. Acho que é um marco, mesmo”. E lembra: “Uma revista importante, CartaCapital, é a única dirigida por homem, o Maurício Dias”. Sobre os motivos para essa mudança, Eliane diz: “Sinceramente, credito ao Carlos Marques, diretor Editorial da Três, ter sido o primeiro a entregar uma revista a uma mulher, a investir na força da mulher. Podemos perguntar: por que nunca antes? Em décadas e décadas, com certeza houve outras competentes, antes de nós. No começo, eu achava as redações lotadas e loteadas, porque nós significávamos mão-deobra mais barata. Hoje isso mudou, temos cargos e salários compatíveis com os dos homens. E vejo que há mais investimento na capacitação profissional, independentemente de gênero”. Lucila Soares (2), que entrou na Veja em 1999, chefia a sucursal desde outubro do ano passado e procura dar continuidade às mudanças iniciadas por seu antecessor, Lauro Jardim.Também na Veja Rio, a redatora-chefe Cristina Grillo (3) exerce um cargo inédito para o gênero. “Sinal dos tempos que tenha aumentado o número de mulheres. Acho isso uma coisa muito bemvinda, mas não necessariamente perseguida. O importante é ter pessoas competentes e sérias nesses cargos, e as mulheres poderem competir numa situação que leva em conta suas credenciais profissionais. Mas o que está acontecendo nas sucursais do Rio é completamente atípico, uma coincidência. Não se podem fazer ilações a partir desse número”, acredita Lucila. Indagada sobre a quebra de barreiras para as mulheres chegarem aos altos cargos, ela analisa: “O que existia era uma avaliação de que mulheres não tinham, digamos, personalidade talhada para comandar. Podiam ser muito competentes, mas os cargos de comando exigiam características – como firmeza e liderança – que não eram consideradas próprias da condição feminina. Mais do que qualquer outra coisa, isso está mudando, e também em relação aos homens. A moderna ges- Jornal, televisão, rádio, internet – elas estão em toda parte tão de RH exige deles características que não são consideradas masculinas. Entram na roda habilidade para negociação, flexibilidade, sensibilidade. É o começo de um caminho”. Ruth Aquino (4), depois de passagem pela sede de Época em São Paulo, como redatora-chefe, assumiu em meados deste ano a direção no Rio, cargo que acumula com a coluna Nossa Antena, na revista. O colunismo deve ser uma experiência inédita para ela, mas o mesmo não pode ser dito sobre o cargo. Entre 1996 e 2000, Ruth foi diretora de Redação de O Dia. Naquele tempo, em todo o Brasil, além dela havia apenas outra mulher no comando de uma redação, em Fortaleza. Muitos(as) acreditaram que, após as pioneiras, outras viriam, o que não ocorreu. Nos jornais, várias mulheres freqüentam o aquário, mas hoje não há, no Rio, diretoras de redação. Ana Branco Gigi Carvalho (5), diretora-presidente do Grupo O Dia, herdou a empresa de seu pai, Ari Carvalho. Apesar da longa convivência com as questões da mídia – além de filha de Ari, foi casada com Walter de Mattos Jr., hoje dono do Lance – Gigi nunca tivera trabalho remunerado. Como ela mesma admitiu, em público, por ocasião do lançamento do tablóide Meia Hora, sua formação era de esposa e mãe. Mesmo assim, assumiu o posto no início de 2004. Para resolver algumas questões familiares, poderia ter contratado um administrador profissional, mas não o fez. Sob seu comando, além de lançar o novo jornal popular, a redação já passou por duas reformulações, a empresa contornou problemas financeiros. Para 2009, está prevista a mudança de formato físico de O Dia, de standard para um berliner adaptado às condições da gráfica. E Gigi continua a lutar com bravura. Numa entrevista a Veja, em março do ano passado, definiu seu posicionamento pessoal: “Continuamos com a cara pintada, prontos para a guerra (do mercado)”. Experiência profissional era o que não faltava a Alice Maria (6), diretora-geral da GloboNews, quando Evandro Carlos de Andrade a convidou, em 1996, para participar da montagem do primeiro canal brasileiro de tevê allnews. O projeto completa 12 anos e Alice Maria hoje colhe os frutos da maturidade do canal, que se confunde com a própria tevê paga no Brasil, enfrentando os desafios da concorrência e da renovação interna. Paula Cesarino (7) dirige, há cerca de cinco anos, a Folha de S.Paulo no Rio, para onde veio substituir Marcelo Beraba. Em sua gestão, a sucursal ampliou a presença do Rio no jornal, valorizada por prêmios importantes da nossa imprensa. Até fevereiro, Paula faz um curso na Europa; cumpre o período sabático com que a Folha premia por tempo de casa seus principais colaboradores. Da mesma forma, Heloísa Magalhães (8), chefe de Redação da sucursal do Valor Econômico desde que o jornal foi fundado, em 2000, pode se orgulhar do conceito de que desfruta a equipe sob seu comando. Desde fevereiro de 2002, Mariza Tavares (9) é a diretora-executiva da CBN, braço do Jornalismo para todo o Sistema Globo de Rádio. Ela constata: “Vejo nas redações um número cada vez maior de mulheres. Na direção, ainda não, mas isso aumenta com muita velocidade. É o caminho natural, desde que as mulheres deixaram as baias dos cadernos femininos. Antes, chegavam até determinado patamar, apesar do número de anos dessas mulheres nas chefias. Houve uma leva de desbravadoras. É um processo”. Atualmente, porém, não nota diferença de tratamento: “Nas chefias, são poucos os postos e, hoje em dia, o que conta é a meritocracia. As redações chegaram a tal nível de complexidade que é preciso tecer uma rede de várias competências”.Mariza ressalta ainda as diferenças regionais: “Quem chefia nossa regional Rio é uma mulher, das mais jovens, a Carolina Morand. Minha única tristeza é ver esse quadro ainda muito restrito ao Rio e São Paulo. Faço palestras País afora e noto a ansiedade de quem está no interior. Espero que esse exemplo positivo possa ser capitalizado por mais mulheres”. Raquel Almeida (10) é a gerente de Plataformas Digitais da Infoglobo, cargo que assumiu no início deste mês, depois de editar o Globo Online – marca que deixa de existir a partir desta semana – desde 2004. Ela responde agora pelo conteúdo, nos diversos suportes que não o papel, dos jornais O Globo, Extra, Expresso e Diário de S.Paulo. Raquel lembra: “Quando comecei, 16 anos atrás, já havia muitas editoras, mas os aquários ainda eram masculinos. Agora há mulheres em praticamente todos eles, mas poucas na direção. Acho que isso mudou tão pouco... É maior a presença das mulheres em cargos de liderança, mas o cenário ainda é muito masculino. Felizmente, estamos caminhando”.Vê, porém, sinais claros de mudança: “Na empresa, temos mulheres em postos importantes: Ana Paula Pessoa, diretora corporativa de Recursos Estratégicos, e Sandra Sanches, diretora-executiva de Negócios da Unidade Globo. Não é por ser mulher ou homem, o importante é buscar a melhor composição para o produto. A busca é por qualidade mesmo, conhecimento, por caber naquela função”. Ela vê a ascensão das mulheres ligada também às grandes mudanças ocorridas nas redações: “Talvez uma razão para isso seja a rotina de produção que o Jornalismo exige. As novas tecnologias obrigam a adotar nova rotina, o negócio também prevê isso. O olhar multifunção é uma característica feminina, porque as mulheres foram e são multitarefas o tempo inteiro.” Edição 661 Página 16 Volkswagen ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO Nas associações de classe, elas já têm tradição Suzana Blass (11), presidente do Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio, repete a tradição de uma entidade com forte presença feminina que teve, antes dela, Janice Caetano e a pioneira Beth Costa, mais tarde presidente também da Fenaj. Suzana fala de sua trajetória: “Não estava nos meus planos, de jeito nenhum. Ao montarem a chapa que concorreria à eleição, meu nome foi consenso, pois queriam alguém sem ranço, e eu tinha trânsito bom entre Sindicato e redação. Nunca tive atuação partidária; no auge da militância, era ainda muito jovem. Fui à Passeata dos 100 Mil com a minha escola, e tinha apenas dez anos de idade”. Ao listar as características das mulheres no comando, lembra a ruptura de sua geração: “A mulher é mais executiva, arregaça as mangas e faz as coisas, tem uma certa ansiedade para ver os resultados. Além disso, a maturidade nos dá mais elegância para lidar com as questões. Nossa geração de mulheres teve que brigar muito, por tudo. Éramos contestadoras, sempre quebrando alguma regra.Tomamos uns trancos, mas conseguimos muita coisa”. E conclui: “Viver esta posição tem sido muito rico para mim. Eu estava do outro lado, reclamando. Agora, chegou minha vez de conviver com a rejeição”. A Associação dos Correspondentes de Imprensa Estrangeira empossou em agosto Alícia Martínez Pardíes (12), correspondente da agência italiana Ansa. Ela sucedeu a Paula Gobbi na Presidência da entidade, da qual já foi vice-presidente. Na Abraji, do Jornalismo Investigativo, Angelina Nunes (13) substituiu o fundador Marcelo Beraba em janeiro deste ano. Ali, metade da diretoria é composta por mulheres. “Nas redações, no mercado, é crescente o número de mulheres, e assim, é natural que ocupem mais postos de comando”, diz Angelina. Mas nem sempre foi desta maneira: “Quando me for- mei, só tive chefes homens, na tevê, no rádio, em jornal. Nos anos 80, cheguei a ouvir: ‘Gosto de trabalhar com mulher porque faz serviço de Rolls Royce por um salário de Fusca’. Hoje isso mudou; pelo que posso ver, para cargos iguais, os salários são iguais. Mas somente de uns 15 anos para cá as mulheres começaram a ocupar os cargos de chefia. E as vejo cada vez mais nesses cargos”. Mesmo considerando as peculiaridades de sua área, o Investigativo, ela vê igualdade no trato dos gêneros e lembra, como Mariza Tavares, a distância que existe entre as mulheres dos grandes centros e o resto do País: “Acho que o meio jornalístico é um meio masculino. Exigem-se respostas imediatas, tem que ir muito para a rua, há o risco de sofrer violência. Mas as mulheres que pegam no pesado – e na área de Polícia elas são muitas – são recompensadas do mesmo jeito. A possibilidade de ascensão está vinculada à competência. Sempre galguei minhas posições Suzana Blass por merecimento, e nunca fui discriminada, nem quando estava grávida. Mas sei que, no interior, tudo é mais difícil”. De forma semelhante à presidente do Sindicato Suzana Blass, de quem é amiga, Angelina coloca lado a lado características como tenacidade e conciliação: “Mulher, quando pega uma tarefa, vai até o fim. Por questões de trabalho mesmo, sem precisar forçar. A experiência traz isso para a gente: não dá para brigar por qualquer besteira”. 13 HISTÓRIAS DE CASAIS DE JORNALISTAS Amor, eterno amor... posto que é chama, que seja infinito enquanto dure O amor é lindo. Entre jornalistas, mais ainda. Opa! Devagar com o andor que o santo é de barro! Ter um casamento feliz e duradouro entre parceiros em geral ansiosos e dedicados a uma atividade estressante como jornalismo é coisa para psiquiatra analisar. Aliás, entre os casais, tem uma que abandonou as redações para clinicar. Quem sabe Mara (ou Freud) explique. Abaixo, você confere 13 histórias de amor, de carinho, de compreensão de gente que se aproximou pelo jornalismo, dele tirou o sustento, ao menos por uma boa parte do tempo, e, contrariando a lógica, continuam juntos – até prova em contrário –, muito bem casados. Os textos são de Célia Chaim, exceção dos dois últimos, escritos por Eduardo Ribeiro. CASAMENTO NA PRESENÇA DOS FILHOS Andréa Assef e Biô Barreira A “igreja” que une jornalistas é a redação. Foi na redação da IstoÉ Dinheiro que Andréa encontrou Biô, editor de Fotografia. Eles acabam de se casar, na presença de seus quatro filhos: Marcelo, filho do primeiro casamento de Biô; Mariana, também filha de um casamento anterior de Andréa; e Isabel e Nina, filhas dos dois. O Jornalismo os aproximou, só isso. Andréa e Biô não acordam e dormem pensando no trabalho. Ela, hoje na Letras & Lucros, filha mimada de Osvaldo Assef, especia- lista em relações públicas, e da jornalista Lídia Neves, continua sendo mimada e “cheia de novidades”. Dizer que não sabe fazer nem café não é subestimá-la. “Não sei nada de cozinha e não quero aprender”, diz sob o sorriso de Biô. Anos atrás, ela comia mais que um bebê aqueles potinhos de comida para crianças. “Agora ele não deixa”. Ela encontrou seu verdadeiro parceiro; ele começou a viver uma história de amor com a mulher adorável, criativa, inusitada, competente e fora da ordem que passou por várias redações. PARCEIROS NO TRABALHO Eduardo Elias e Carla Gomes Os dois batem um bolão na ESPN. Os dois chamam a atenção pela beleza e pelo talento. Edu é um curinga indispensável, capaz de juntar em qualquer rua, inclusive da China, os piores chutadores, homens e mulheres que aceitam fazer a brincadeira, e permitem criar um quadro muito divertido para a tevê. Ni-Hao, sucesso enorme como mascote olímpico da emissora, foi seu companheiro na visita à Praça da Paz Celestial para procurar pelo atleta do século em um evento. Capaz também de ser o “UM ENTENDE A VIDA MALUCA DO OUTRO” Oscar Pilagallo e Beatriz Alessi Oscar, jornalista que se bandeia para a categoria de escritor, conheceu Beatriz na BBC de Londres. Ele fazia as suas transmissões num estúdio envidraçado quando viu Beatriz passando do outro lado do vidro. Passou uma, duas, e ele no ar. Só então se conheceram. Estão casados desde 1991, pais de Sofia, 13 anos. É a terceira união dele, a que deu certo. “Acho ótima a união entre dois jornalistas porque um entende a vida maluca do outro”. Ela trabalha com Ana Paula Padrão na produtora Tuareg, que faz o SBT Realidade. Ele fez livros para a Folha de S.Paulo e, ao que parece, não quer mais voltar ao diaa-dia das redações. A casa que BEM-SUCEDIDOS, COM E SEM PATRÃO morou em Londres está alugada, para pagar o financiamento – que lá sai sem nenhuma burocracia. Da sua passagem pela capital inglesa ele não esquece que trabalhamos juntos, ilegais, como garçons de um hotel de “médio fino trato”. Ele me socorria quando eu perdia paciência com um hóspede, soltava alguns palavrões. Em troca, ao final do café da manhã, eu passava o hoover (aspirador) no salão. Como garçons provamos para nós mesmos que o nosso negócio era ser jornalista (embora eu, num outro hotel, igualmente ilegal, tenha recebido a proposta de ser promovida para cuidar da limpeza apenas do 4º andar). Joaquim Castanheira e Angélica Consiglio Os dois trabalham em áreas diferentes, ele editor-executivo da IstoÉ Dinheiro, ela fundadora da Planin, em 1993, empresa que começou na área de assessoria de imprensa e hoje integra o Worldcom Public Relations Group, um dos mais importantes grupos independentes de agências de relações públicas do mundo, com pre- condutor de um programa (apresentador não, êta palavrinha feia!), de fazer rir, brincar, informar e até conquistar Carla, repórter que enfrenta com categoria até os mais raivosos técnicos sem recorrer a nenhuma artimanha feminina para conseguir a informação. Pergunta o que quer, às vezes ouve o que não quer, mas não desiste. No trabalho são parceiros, jamais marido e mulher. Eles se conheceram no Rally dos Sertões em 2003, mas só se reencontraram em 2005 na ESPN. Cada um viaja a trabalho para lugares diferentes. Um impulsiona o outro. E o ciúme, aquela quase inevitável praga, fica para trás. sença direta em 43 países. Ela e Joaquim não têm filhos, “o que é até bom para nossa rotina de trabalho”, diz. “Viver com um jornalista é bom também porque os dois entendem as exigências da profissão”. Ciúmes, Angélica admite ter. Vai explicar para ela que esse ciúme não tem sentido, dado que ela é mais jovem e também é bem sucedida com a sua “butique” de comunicação, que ela mesma criou. E ele (sorry, Joaquim!), é bem-sucedido mas tem patrão. Volkswagen Edição 661 Página 17 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO MELHOR MESMO É COMER FORA MILTON NO FOGÃO, SUZANA NA ADEGA Milton Gamez e Suzana Barelli “Não viemos aqui pra namorar, tá certo?” É assim que esse casal de jornalistas, com 11 anos de união, se cruza entre as revistas IstoÉ Dinheiro e Menu, da Editora Três, várias vezes por dia. Miltinho é economia pura. Suzana, ex-repórter de Economia na Folha de S.Paulo e no Valor Econômico, especializou-se em gastronomia e também é mestre em vinhos. Quem vê Miltinho, sério, diante do computador, quem sabe escrevendo sobre a crise americana, não imagina que, aos domingos, possa encontrá-lo pilotando o fogão. A comida é dele, a escolha do vinho é dela. O bom – para ele – é que a revista que ela dirige traz das mais simples às mais elaboradas receitas. Calma Miltinho! Vem tudo escrito, passo-a-passo, pra você nunca perder a mão. Os dois, vez por outra, podem ser encontrados num prazeroso café da manhã, na Padaria Euroville, no bairro da Pompéia, onde moram, e que também é ponto de encontro de muitos outros jornalistas da região. PUC, ela de manhã, ele à noite. Envolvida na política estudantil, essa diferença de “turno” não atrapalhou. “No finzinho do curso a gente se encontrou para ficar juntos”. Cada um defendendo as suas idéias, que não eram sempre convergentes, deu certo. “A gente enxerga o mundo da mesma maneira. O tipo de dedicação que você tem que dar a seu trabalho, seus horários. Não vou dizer que nas outras profissões as pessoas não se dediquem, mas a nossa vida é diferente, não tem hora para nada”. Silvana é do tipo que gosta disso. Ele também, tanto que concordou em ter filhos depois de dez anos de casados. Tiraram o atraso e tiveram três: Marina, 12 anos, André, dez e Marcelo, seis. Ela não deixa por pouco: “Todos eles são Quaglio Oinegue”. do sol raiar de verdade que começaram a se cobiçar. Ela casou, descasou, ele noivou e desnoivou, até que há dez anos se casaram. É uma tragédia, ele admite, “mas jornalista, para dar certo, a união tem que ser com pessoa da mesma profissão”. Por quê? “Uma das coisas, responde Sabino, se você não for médico e chegar em casa tarde, como é habitual para jornalistas, sua mulher vai achar que você tem uma amante. Em casa somos um fiasco. Minha mulher brinca comigo assim: quando ela precisa trocar uma lâmpada pede para o marido da empregada fazer o serviço. ‘É o marido de aluguel’”. A televisão nova, cheia de botões, último tipo, ficaram só olhando, desligada. Não sabiam qual botão apertar. Logo, logo, a filha do primeiro casamento de Luciana, Luísa, vai dar um banho em vocês – os dois jornalistas que sabem muito o que escrever, o que pautar, o que ler, opinar, discutir, vão aprender com ela como é fácil lidar com essas coisas de “tecnologia”. Sabininho tem hoje 42 anos e Luciana, que disse “chega!” ao jornalismo para cuidar de Luísa, 41. Christian. Diz Kátia: “É meio assim, como na música Catavento e Girassol, de Guinga e Aldir Blanc, interpretada por Leila Pinheiro: ‘...meu catavento tem dentro o que há do lado de fora do teu girassol. Entre o escancaro e o contido, eu te pedi sustenido e você riu bem...’ – muitas semelhanças e diferenças, que no fim das contas, até agora 13 anos de união, acabam rendendo aprendizagens. Traduzindo em miúdos, o cotidiano, nesses bons anos, são de cum- plicidade, de velhos amigos. A semelhança na profissão só facilita certos diálogos, e esses são explorados com capricho. Trocamos idéias e ajudamos um ao outro, mais em conceitos do que na prática, pois temos tarefas diferentes a cumprir, eu uma free-lancer, que trabalha em casa, e ele um coordenador de Jornalismo da Câmara dos Deputados, que corre com o dever pra cumprir. O dia-a-dia é movimentado, com muitas informações. Aqui em casa, lê-se até bula de remédio, por conta do Christian. Há disputas pela palavra, ou um cantinho de silêncio pra ler ou apenas pensar um pouco. Em momentos especiais, como o de eleições, ou de acontecimentos relevantes do País, dorme-se e acorda-se respirando política, pois ouve-se todos os noticiários, pronunciamentos, entrevistas etc. ... Pra desligar um pouco, há que se sair de casa ou se trancar num quarto, ouvindo um bom rock‘n’roll. Laurentino Gomes e Mara Ziravello Se você acredita que não con- listas. O destino quis que a união segue viver fora de uma redação, de ambos passasse novamente leia a história de Laurentino Go- por essa provação. Deu certo. Esmes, 31 anos de profissão, sem- tão juntos já há muitos anos. pre em posições na ponta dos ex- Sabiamente, ele decidiu largar pedientes, aquelas em que jorna- tudo para escrever livros de histólistas ganham dinheiro, prestígio ria e perambular pelo Brasil, como (ou desprestígio), e de Mara Zira- se estivesse na caravana do filme vello, também jornalista por 25 Bye-Bye Brasil, para fazer palestras anos. Curiosamente, ambos foram – não daquelas chatas, a que se casados anteriormente com jorna- vai por obrigação e senta-se bem no fundo do auditório para cochilar ou sumir quando quiser. Quem um dia na vida assistiu a uma palestra chata, que não acaba nunca, sabe do que se trata. Laurentino também. Mara, jornalista em ação por 25 anos, exerce hoje o trabalho de psicóloga e estuda psicanálise. “Tanto no meu caso quanto no dela, o Jornalismo nos deu uma vida muito rica, um mergulho profundo em realidades muito diferentes, um conhecimento geral que te capacita a fazer qualquer coisa na vida”. A decisão de sair das redações sem deixar de ser jornalista fez bem para os dois. O livro 1808, de Laurentino, já vendeu mais de 400 mil exemplares no Brasil e em Portugal. A vida é mais leve e o tempo mais longo. Bye-bye fechamentos. ta por cima”. Cresceu ali e fora. Voltou sem que ninguém desse um pio sobre qualquer forma de privilégio. Casou em 2006 com Lygia, que trabalha para uma revista da Rede Record. Os dois são jovens (têm 29 anos), mas aprenderam que o segredo da vida é o respeito mútuo. “O que não é diferente em muitas outras profissões e em outros casamentos”, diz Cacá. Dario Palhares e Adriana Teixeira Quem tem alguma rio!), mas o melhor mesmo, para intenção de casar com os dois, é comer fora de casa. Em uma jornalista e esperar seu segundo casamento, ele e ela dela um prato de comi- não carregam atritos pelas peculida nas noites de 2ª a 6ª, desista. aridades dos horários e não perNove entre dez não cozinham. Na dem muito tempo em casa falancasa de Dario, sócio na Grecco Co- do sobre os respectivos dia-a-dia. municações, e Adriana, editora de Requisito básico para esse tipo de Variedades do Diário de S.Paulo, a união: não ter – ou engolir – ciúregra é confirmada. Ela sai tarde mes. Outro adotado pelo casal do jornal e não se formou em Dario e Adriana: sobrando tempo, “prendas domésticas”. Ele apren- esqueça a rotina do jornalismo no deu alguma coisa (quem diria, Da- cinema ou em viagens. “A GENTE ENXERGA O MUNDO DA MESMA MANEIRA” Eduardo Oinegue e Silvana Quaglio Casados há 22 anos e, segundo medicina, gestão ambiental e comela, “todo esse tempo porque nós panhias abertas. É fácil trabalhar dois somos tinhosos”, Eduardo e com marido jornalista, sendo você Silvana têm um longo currículo pro- da mesma profissão? Silvana não fissional em grandes veículos de fica em cima do muro: “Não! Acho imprensa. Trabalham juntos e por que ser da mesma profissão do conta própria há apenas três anos, marido não é fácil, embora nesse na Análise Editorial, empresa su- meio isso seja muito comum. Talperespecializada que produz, en- vez porque provavelmente se entre outras coisas, anuários setori- tenda melhor sobre a rotina do traais em áreas como advocacia, balho”. Os dois se conheceram na A TEVÊ DESLIGADA Marco Antonio Sabino e Luciana Bonafé Eu o conheci como Sabininho, alçar seu primeiro vôo como repórum repórter e tanto que certo dia ter. A ousadia, que poderia pareme perguntou alguma coisa pare- cer pretensão a outros olhos, para cida com “o que eu vou ser quan- mim foi uma alegria sem tamanho. do eu crescer?, Ou seja, aqui na Não é que o meu Sabininho estarevista (Exame) meu futuro é ser va se tornando dono de seu próeditor, como você?” “Pelo que prio percurso profissional? E foi imagino, Sabininho, seu destino nesse percurso que ele encontrou será mais ou menos esse”. Ele foi Luciana Bonafé, pauteira dos três franco: “Não é isso que eu quero”. primeiros jornais da TV Globo. Se alguém pensou que eu iria fi- Os dois se conheceram na Rácar brava com ele, se enganou. Dei dio Bandeirantes. Ela apresentava a maior força, sem que ninguém jornais à noite; ele, chefe de Resoubesse. Passado pouco tempo, portagem, chegava na hora em que assistindo tevê, vi meu Sabininho ela saía, às 7 da manhã. Foi antes DESLIGAR? SÓ OUVINDO UM BOM ROCK‘N’ROLL Christian Morais e Kátia Morais Também este J&Cia tem lá suas peculiaridades familiares influenciadas pelo Jornalismo. A editora regional Kátia Morais, que semanalmente envia as novidades da Capital da República, divide o mesmo teto com o atual coordenador de Jornalismo da Câmara dos Deputados, Christian Morais (bingo!!!) há 13 anos. Quando nascíamos como FaxMOAGEM, eles celebravam no Rio uma união que, mais tarde, os levaria a Brasília, fruto de um concurso prestado por A VIDA É BELA FORA DA REDAÇÃO RESPEITO MÚTUO Carlos Sambrana e Lygia Rebello Ele é quase um garoto-prodígio. Quando muitos imaginavam que, jovem jornalista, tinha arrumado emprego na revista IstoÉ Dinheiro porque sua irmã era casada com o chefão, mostrou que não estava ali pelo emprego, mas pelo trabalho de jornalista que começava a exercer. Por não se aproveitar em nenhum momento do quase parentesco, Cacá, como é chamado, deu exatamente o que se chama “vol- Volkswagen Edição 661 Página 18 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO MEDO DE AVIÃO Fernando e Claudia Calazans Ele é considerado um tra vira craque, desanca cartolas, dos melhores, se não o não escreve sobre aquelas táticas melhor, colunista de Es- com que o treinador explica. Ler o portes do País. Escreve Calazans é uma delícia, mesmo no jornal O Globo, mas sua coluna para quem não é muito ligado em é diferente de tudo o que tem por futebol – o que é bem difícil no Rio aí. Fernando não fala muito, mas de Janeiro do Flamengo. Ele e quando escreve é afiado. Não ba- Cláudia, que trabalhou em assesjula, não se impressiona quando soria de imprensa, pesquisas, se um jogador de uma hora para ou- conheceram numa festa, da ma- neira mais enviesada possível, através da irmã dela, que trabalhara com ele nos bons tempos do Jornal do Brasil. Vão fazer 20 anos de casamento em março. “Quando éramos namorados eu era redator e ficava até tarde no jornal, mas depois a gente saía para comer e beber alguma coisa. Ela ia me buscar”. Em casa, não falam sobre o tra- balho, especialmente o dele, onde reina o futebol. Sem filhos, viajam nas férias para a Europa e, tudo indica, levam uma vida muito boa, harmoniosa, ajudada, com certeza, pelo enorme respeito mútuo. A fraqueza do marido de Claudia: tem medo de avião. “De avião não, ele diz, de aeroporto, mas confesso que sou preguiçoso”. JORNALISMO SIM, MAS SEM OBSESSÃO Everaldo Gouveia e Arlete Taboada Eles se conheceram na faculda- formalidade, estão juntos por opção de, origem, aliás, de muitos casa- mesmo. Entre as coisas marcantes, mentos – inclusive dos inúmeros Everaldo lembra da viagem que fique não dão certo, por acontece- zeram logo após a formatura pela rem antes do tempo. Mas no caso América, deixando todo o resto para de Everaldo Gouveia e Arlete Tabo- trás. Antes de retornar a São Paulo, ada a história foi diferente. Come- decidiram viver em Manaus e lá moçaram a namorar no campus da raram por um ano e meio. Em São UMC, em Mogi das Cruzes, em Paulo, seguiram carreiras distintas, 1989, continuaram in love mesmo ela mais focada em assessoria de após mudarem de turma e estão imprensa e ele, em redação. Foi dujuntos até hoje, muito próximos das rante muitos anos do Diário Popuduas décadas de união. Nada de lar/Diário de S.Paulo e por aquele jornal acabou, após alguns anos na diretoria do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, ocupando a Presidência da entidade, em duas gestões, nos anos 1990. Foram tempos difíceis, mas também recompensadores, sobretudo pela compreensão da parceira, que garantiu a ele a força necessária para seguir até o fim. Hoje Everaldo integra a equipe de comunicação da campanha de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo e Arlete é professora do curso de Rádio da Universidade São Judas, ali discorrendo sobre parte da experiência vivida nos tempos de Excelsior e Eldorado. Não têm filhos nem parentes próximos atuando no Jornalismo. Jornalismo? Sim, gostam muito, é óbvio, mas não é obsessão. Chegam até a dedicar parte do tempo em que ficam juntos para trocar informações e conselhos sobre as atividades recíprocas. Mas sem qualquer exagero. Afinal, a vida é feita também de outros desafios e prazeres. 13 ANOS DE FATOS E FALTAS O que vimos nascer e morrer em 13 anos de vida Agora você acompanha uma seleção de alguns acontecimentos marcantes noticiados por J&Cia nesses seus 13 anos e de perdas de companheiros que se foram nesse período (com antecipados pedidos de desculpas por excessos ou omissões), trabalho feito sob a coordenação do editor-executivo Wilson Baroncelli com a colaboração do assistente Luiz Gustavo Anversa OS FATOS nia ainda maior com seu público- sem nome definido (seria o Valor então oferecidos na internet, Alek Entrou no ar em 15/10/1996 a GloboNews, canal de tevê por assinatura da Globo dedicado 24 horas por dia ao jornalismo. Desde então, o comando do canal está nas mãos de Alice Maria. Chegou às bancas no dia 19/10/ 1997 o diário esportivo Lance!, que Walter de Mattos Jr. montou após deixar O Dia. É atualmente o principal jornal esportivo do País. Em 22/5/1998, foi a vez da revista Época, que chegava para concorrer diretamente com Veja e IstoÉ. Os alvos principais eram os 340 mil leitores que semanalmente compravam revistas nas bancas, ao sabor de seus próprios humores. Após completar três anos de existência, a partir da edição 154 (7 a 13/10/1998) o FaxMOAGEM passou a se chamar Jornalistas& Cia, título que o colocou em sinto- alvo e com o mercado. A TV Globo inaugurou sua nova sede em São Paulo, no aniversário da cidade, em 25/1/1999, com a estréia do Jornal Hoje, produzido e apresentado da capital paulista. Como âncora, a também editoraexecutiva Sandra Annemberg. Cercado de rigoroso sigilo, foi lançado em 22/3/1999 o Agora São Paulo, jornal do Grupo Folha que substituiu a Folha da Tarde. O editor responsável era Nilson Camargo, egresso da FT, que lá permanece até hoje. João Roberto Marinho (Organizações Globo) e Luís Frias (Grupo Folha) anunciaram no dia 10/10/ 1999 que as duas empresas lançariam, juntas, um novo jornal de Economia no 2º trimestre de 2000, com investimentos de R$ 50 milhões e sede em São Paulo. Ainda Econômico), o novo diário, formato standard, fruto dessa parceria inusitada, empregaria cerca de 300 pessoas, metade delas na redação. A previsão era de que atacasse diretamente a Gazeta Mercantil, havia anos em relativo sossego, e desse um “chega pra lá” nos projetos de Orestes Quércia, então dono do Diário Popular, de lançar o seu próprio jornal de Economia (ele adquiriu o DCI – ver nota mais à frente). Quércia acabou criando o Panorama Brasil, com Roberto Müller Filho no comando, veiculado apenas na internet. Em 29/3/2000 entrava no ar o portal iG (internet grátis), projeto vinculado ao GP Participações, do Banco Garantia. À frente do empreendimento, que prometia balançar os conteúdos editoriais até sandar Mandic, criador do primeiro provedor de acesso brasileiro, e Matinas Suzuki Jr., egresso da Folha de S.Paulo. Num trágico episódio, Antônio Marcos Pimenta Neves, então diretor de Redação do Estadão, assassinou sua ex-namorada e repórter do jornal, Sandra Gomide, em 20/8/2000. Pimenta deixou o jornal e desde então entrou numa maratona jurídica que tem garantido, de forma provisória, sua liberdade. Em abril de 2001 o Diário Popular, de São Paulo, então com 116 anos, passava às mãos das Organizações Globo. As negociações tiveram pouquíssimos movimentos públicos, como a presença de Roberto Irineu Marinho na inauguração do novo parque gráfico do jornal de Orestes Quércia, um ano antes. Assumiu como novo diretorsuperintendente o espanhol Juan Ocerin. O jornal viria posteriormente a mudar seu nome para o atual Diário de S.Paulo. O final de 2001 e os anos de 2002 e 2003 foram marcados pela crise, decorrente em grande parte do estouro da bolha da internet e dos investimentos precipitados de vários grupos de comunicação, que, endividados em dólar, sofreram um duro golpe com a maxidesvalorização do real no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Foi um período marcado por cortes de investimentos, demissões, engavetamento de projetos, caracterizado como um dos piores da história da mídia brasileira. Nesse período todo, J&Cia durante semanas virou uma espécie de ave de mau agouro, tantas e tamanhas eram as notícias más. Felizmente a crise acabou e J&Cia pôde voltar a dar notícias boas em muito maior quantidade que as negativas. J&Cia não cobriu, por óbvio, os atentados às torres gêmeas de Nova York em 11 de setembro de 2001. Mas como saiu com uma edição (303) no dia 12, pôde fazer um registro do que alguns grandes veículos divulgaram sobre eles. O informativo registrou as edições extras de O Globo, O Dia, JB, Época e IstoÉ, e, após contatos com os diretores de Redação, descreveu como seria a cobertura de Folha de S.Paulo, Estadão, Estado de Minas, Zero Hora, JB, Valor Econômico, Gazeta Mercantil e Correio Popular, de Campinas. Uma curiosidade igualmente registrada: o presidente da RBS, Nélson Sirotsky, de férias em Nova York, também trabalhou na cobertura. O DCI, diário econômico paulista que vinha sendo editado precariamente havia alguns anos com base em autorização judicial, renasceu das cinzas pelas mãos do ex-governador do Estado Orestes Quércia em 17/2/2002. A operação, mantida em sigilo, contemplou o arremate da marca em leilão feito meses antes pela Receita Federal, por conta das dívidas acumuladas pela empresa que a detinha, À frente do novo DCI (que começaria circulando na Grande São Paulo, em Campinas, Santos e São José dos Campos e em junho de 2004 passaria a ter distribuição nacional) estava Getúlio Bittencourt. O antigo DCI deixou de circular e Getúlio também deixou o jornal anos depois. Começou a circular em 1º/5/ 2002, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o popular Super Notícia, com enfoque em conteú- do da cidade, polícia, esporte, emprego e prestação de serviços. O jornal, hoje um dos mais vendidos do País, é da Sempre Editora, que edita O Tempo. Ao apagar das luzes de 2002, mais precisamente no dia 7/12, um grupo de 60 jornalistas que havia participado de um seminário internacional sobre jornalismo investigativo na ECA-USP decidiu criar uma associação nos moldes da Investigative Reporters and Editors, dos EUA, mantida pelos próprios jornalistas. Nascia ali a Abraji, ainda então sem nome. A idéia, de Marcelo Beraba, na época diretor da sucursal da Folha de S.Paulo no Rio, teve o apoio de um grupo grande de jornalistas. Depois de quase sete décadas, o programa radiofônico A Voz do Brasil ganhava, em 1º/9/2003, novas cara, formato e vozes. A mudança restringiu-se aos 25 minu- Volkswagen Edição 661 Página 19 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO tos produzidos pela Agência Brasil (Radiobrás). Segundo o então presidente da empresa, Eugênio Bucci, “mudamos o foco mas não mudamos a pauta; modernizamos sem desvirtuar os princípios básicos do projeto; e tratamos de aprimorar o conteúdo para garantir informações mais precisas e claras para o cidadão”. A iniciativa sofreu fortes resistências e ataques ao longo de toda a gestão Bucci, inclusive por setores do próprio governo. Elsie Dubugras, editora especial da revista Planeta, comemorou 100 anos de vida em plena atividade, em 2/3/2004. Ela se tornou jornalista na própria revista, 31 anos antes, quando tinha nada menos do que 69 anos (vinha de experiências em outras áreas, inclusive vários anos na PanAm). Começou pelas mãos de Ignácio de Loyola Brandão, que então dirigia a revista. Ela viria a falecer, de problemas respiratórios, em 2/3/2006. O Grupo Folha e o UOL anunciaram sua fusão em 4/1/2005, tornando-se, segundo nota conjunta que distribuíram na ocasião, “o segundo conglomerado de mídia do Brasil, com faturamento estimado em R$ 1,3 bilhão”. A família Frias manteve o controle da nova empresa, com 79% de participação, sendo os 21% restantes da Portugal Telecom. Foi ao ar em 20/5/2005 a BandNews FM, o mais significativo projeto de rádio que se fez no Brasil, desde a criação, anos antes, da CBN, pelas Organizações Globo: uma rede nacional de emissoras transmitindo em FM, com jornalismo 24 horas por dia no ar. Estruturada inicialmente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre, previa chegar em curto prazo a Brasília, Curitiba, Recife, Salvador e Santos, sob o comando de Marcello D’Angelo, diretor geral, que ficou no comando por cerca de dois anos. A Abril assinou, em 20/4/2005, os contratos de alongamento de seus débitos de curto prazo com um grupo de bancos, num total de R$ 524,9 milhões, sendo R$ 485,9 milhões da Editora e outros R$ 39 milhões da Dinap, a distribuidora de revistas que integra o Grupo Abril. O valor correspondia a 68% do passivo financeiro consolidado da companhia. A dívida deveria ser amortizada em três parcelas, com pagamento nos meses de dezembro de 2006 (20%), 2007 (40%) e 2008 (40%). Dois dias depois, em 22/4, comunicado assinado por Roberto Irineu Marinho, dirigido aos funcionários das Organizações Globo, informava que o processo de renegociação das dívidas da Globopar concluíra-se naquela data e que a proposta apresentada pela empresa fora aprovada por 81% dos credores em assembléia realizada em Londres. Com isso, poderia liquidar a dívida – da ordem de U$ 1 bilhão – ao longo de oito anos e em condições compatíveis com os resultados gerados pelos negócios do grupo. Com 120 jornalistas, quatro edições (Rio Preto, Sorocaba, Bauru e Jundiaí) e uma agência de notícias, nascia oficialmente em 16/ 11/2005 a rede de jornais Bom Dia, que o empresário J. Háwilla, dono do Grupo Traffic (marketing esportivo e entretenimento) montou no Interior de São Paulo. Matinas Suzuki Jr. era o diretor geral – não é mais. Em 20/6/2005, a ABI voltou a ter oficialmente uma representação em São Paulo, após anos de ausência, sob a direção de Audálio Dantas, também vice-presidente da ABI Nacional. Ele presidiu o Sindicato dos Jornalistas de SP durante os anos de chumbo e a Fenaj pouco depois, sendo o primeiro presidente da entidade eleito pelo voto direto. O Brasil entrou efetivamente no circuito dos diários gratuitos, a exemplo do que já ocorria nos principais centros, como Europa e Estados Unidos, em 6/7/2006, com o lançamento do Destak, em São Paulo. O jornal foi constituído com 70% de investimento do empresário brasileiro André Jordan e 30% do grupo Cofina, um dos maiores grupos editoriais de Portugal. A versão carioca do jornal foi lançada em 7/7/2008. O diretor Editorial era e ainda é Fábio Santos. Depois dele, viria o Metro, dos grupos Publimetro e Band. Outra publicação que começou a circular no segundo semestre de 2006, em 9/10, foi a revista mensal Piauí. O título foi escolhido a partir de uma pesquisa para o mote do conteúdo pretendido para a publicação: “o Brasil que ninguém conhece”. A intenção era mostrar uma face do País que não aparece nos meios de comunicação mais convencionais. Como publisher, João Moreira Salles; na redação, instalada no Rio de Janeiro, nomes como Mário Sérgio Conti, diretor, Dorrit Harazim e Marcos Sá Corrêa, editores, entre outros. Chegou às bancas em 7/3/ 2007 a revista Época Negócios, com uma tiragem de 100 mil exemplares e o chamado formato Marie Claire (diferenciado das demais revistas de Economia e Negócios). Nasceu com uma edição robusta, de 210 páginas, 80 delas de publicidade paga, com uma proposta de abordar permanentemente (e também praticar internamente) o tema inovação. O diretor de Redação era e é Nelson Blecher. Em 28/6/2007 foi a vez da 1ª edição de Brasileiros, revista mensal de reportagem fundada por Hélio Campos Mello (ex-IstoÉ e Estadão) e Patrícia Rousseaux, tendo Nirlando Beirão e Ricardo Kotscho como diretores-adjuntos. A proposta do novo título era contar boas histórias de brasileiros dentro e fora do País, anônimos e famosos, ricos e pobres, brancos e pretos. Engolfada a partir de fevereiro de 2007 numa crise sem prece- dentes em seus 35 anos de vida, a Editora Três entrou no dia 14/5 com pedido na Lei de Recuperação Judicial, que lhe daria um prazo da ordem de 60 dias para apresentar à Justiça seu plano de recuperação. O plano da empresa foi aprovado pela assembléia de credores em 20/5/2008. Desse modo, a empresa voltou à normalidade e pôs fim a todas as negociações que chegaram a ser estabelecidas no auge da crise, inclusive com Nelson Tanure, do Grupo CBM. Com uma equipe de 250 jornalistas em todo o Brasil e investimentos de US$ 7 milhões, entrou no ar em 27/9/2007 o novo canal da Rede Record, o RecordNews. Ele começou a transmitir às 20h (horário em que, 54 anos atrás, foi ao ar a primeira transmissão da emissora), com uma entrevista com o presidente Lula. Na parceria entre as duas emissoras administradas pela Igreja Universal, a Record passou a gerar o conteú- do, sob o comando de Douglas Tavolaro, que acumulou a função com a de diretor de Jornalismo da própria Rede Record O presidente Lula editou no dia 10/10/2007 a MP 398, que criava a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), órgão que iria gerir o sistema com a tevê e as emissoras de rádio públicas e a Agência Brasil. A empresa pública, uma sociedade anônima de capital fechado, teria capital inicial de R$ 200 milhões. A MP foi aprovada na Câmara em 26/2/2008 e no Senado em 12/3/2008. A ABI celebrou seu centenário em 7/4/2008, mas as comemorações vão se estender até março de 2009, com exposições, seminários e edição de obras. J&Cia marcou a data com uma edição especial, que também homenageou o Dia do Jornalista e os 200 anos da imprensa brasileira. o Estadão. Foi também o principal comentarista político da TV Globo e atuou no Manhattan Connection, de Lucas Mendes, no GNT. Era casado com Sonia Nolasco, correspondente da Gazeta Mercantil em Nova York. Marcos Faerman (12/2/1999), 55 anos, de enfarte, em São Paulo. Gaúcho, participou de vários projetos inovadores da imprensa brasileira, entre eles o Jornal da Tarde, Pasquim e Bondinho. Mas foi com o tablóide Versus que concretizou sua mais ousada experiência editorial, abrindo espaço para a intelectualidade de vanguarda. Era professor da Cásper Líbero, editor-chefe da revista Hebraica e repórter das revistas Educação e Problemas Brasileiros. Barbosa Lima Sobrinho (16/7/ 2000), 103 anos, no Rio de Janeiro. Foi o mais novo e o mais velho presidente da ABI, entidade que comandou em três ocasiões: 1926 a 1927, 1930 a 1932; 1978 a 2000; também presidiu o seu Conselho Administrativo, de 1974 a 1977. Embora sua história seja bastante conhecida, chama a atenção o fato de ter sido o primeiro signatário do pedido de impeachment do presidente Collor, em 1992. Aloysio Biondi (21/7/2000), 64 anos, de complicações cardíacas, em São Paulo. Defensor de idéias independentes no jornalismo econômico brasileiro, colaborava com diversos veículos (Diário Popular, Correio Braziliense, Caros Amigos, Bundas, Educação e portal MyWeb) e lecionava na Cásper Líbero. Teve seu auge no DCI, ali formando uma legião de seguidores, por conta das posições críticas que assumia publicamente contras as chamadas unanimidades. Tim Lopes (2/6/2002), 51 anos, brutalmente assassinado durante a realização de uma reportagem sobre bailes funk nos subúrbios do Rio de Janeiro para a TV Globo. Tim passou por O Globo, O Dia e Jor- nal do Brasil antes de ingressar na Globo, em 1996. Era fonte privilegiada de J&Cia, como registrado na edição 340: “Notícia nenhuma era pequena demais, irrelevante demais para ele. (...) Não haverá oportunidade de agradecer ao Tim a desmedida atenção que o J&Cia teve o privilégio de receber nesses seis anos de convivência”. Alessandro Porro (11/10/2003), 72 anos, de enfisema pulmonar, em São Paulo. Italiano de Nápoles, tinha mais de 50 anos de jornalismo. Foi um dos principais profissionais da Abril durante três décadas, período em que trabalhou como correspondente de várias publicações (principalmente Veja) em Londres, Paris, Roma, Buenos Aires, Madri e Tel-Aviv. Foi ainda diretor de Realidade e da sucursal de Veja no Rio, passou por Bloch Editores e SBT, e assinou a coluna Swan, em O Globo, com a morte de Zózimo Barrozo do Amaral, em 1997. As faltas Elpídio Marinho de Mattos (7/ 6/1996), 78 anos, por suicídio, em São Paulo. Funcionário da Gazeta Mercantil por mais de duas décadas, ele havia aderido meses antes ao programa de demissões voluntárias do jornal, mas quando foi fazer sua rescisão, no dia 5, recebeu apenas parte do que tinha direito. Franz Paul Heilborn, o Paulo Francis (4/2//1997), 66 anos, de ataque cardíaco, em Nova York, onde morava. Um dos mais polêmicos jornalistas brasileiros, começou a carreira como crítico de teatro e despontou na grande imprensa na Última Hora, pelas mãos de Samuel Wainer. Exilado no período da ditadura, colaborou com o Pasquim e com a revista Visão, então dirigida por Said Farhat. De volta ao País, foi convidado por Cláudio Abramo a assinar uma coluna na Folha de S.Paulo, Diário da Corte, que depois mudou para Volkswagen Edição 661 Página 20 ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO O ano de 2003 foi implacável com os donos dos jornais do Rio: em seis meses, tirou de cena os responsáveis pelo sucesso de três dos principais veículos da cidade; em fevereiro (8), Manoel Francisco do Nascimento Brito, que levou o Jornal do Brasil a uma posição de respeitabilidade no País inteiro, na década de 70; em julho (4), Ary Carvalho, mentor da grande mudança de O Dia no cenário carioca, a partir dos anos 80; e, um mês depois (6/8), Roberto Marinho, idealizador e pilar do maior império de comunicação do Brasil, as Organizações Globo. O desaparecimento dos três marcou o fim de uma era no jornalismo carioca. Fernando Sabino (11/10/2004), 81 anos, de câncer, no Rio de Janeiro. Um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, foi jornalista bissexto: correspondente do Diário Carioca em Nova York, correspondente do JB e de Manchete na Europa, correspondente do JB em Londres, e fez reportagens em Cuba para veículos do Rio, Minas, Bahia e Pernambuco. Publicou cerca de 50 livros. Mauro Borja Lopes, o Borjalo (18/11/2004), cartunista, 79 anos, de câncer, no Rio de Janeiro. Mineiro, começou publicando seus desenhos no Esporte da Folha de Minas e depois em Política do Diário de Minas. Mudou-se para o Rio a convite de Manchete, tendo trabalhado também em O Cruzeiro e A Cigarra. Teve charges e cartuns publicados em jornais europeus. Atuou também em tevê e encerrou sua carreira na Globo, onde se notabilizou pela criação da Zebrinha e do Plim-plim. Narciso Vernizzi (12/7/2005), 86 anos, de aneurisma, em São Paulo. Conhecido como o Homem do Tempo, começara na profissão 57 anos antes, na Rádio Panamericana, e em 1963 passou a trabalhar na área que o consagraria, a previsão do tempo, prestação de serviço então inédita no rádio brasileiro. Os filhos, Celso e Sérgio, seguiram seus passos. Luiz Alberto Bahia (28/11/2005), 82 anos, de falência múltipla dos órgãos, no Rio. Dirigiu o extinto jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, entre 1959 e 1962, integrou o Conselho Editorial da Folha de S.Paulo desde a sua criação, em 1978, e foi colunista da página 2 do jornal de 1977 a 1980. Também foi conselheiro do Tribunal de Contas do Município do Rio, onde se aposentou, em 1993, e da Sociedade Brasileira de Instrução, ligada à Universidade Cândido Mendes. Tales Alvarenga (3/2/2006), 61 anos, em decorrência de problemas pulmonares, em São Paulo. Diretor Editorial das revistas Veja e do Grupo Exame, iniciou a carreira em 1968, em Belo Horizonte, como repórter do Estado de Minas, ali permanecendo até 1972, quando, acompanhando a confraria dos mineiros que desembarcou em São Paulo naquele período, transferiu-se para o Jornal da Tarde. Mais quatro anos e pôs os pés em Veja, de onde nunca mais sairia: foi editor-assistente de Educação e Ciência, editor de Geral e de Política, editor-executivo, diretoradjunto, até ocupar o cargo de diretor de Redação, no período 1998/ 2004. Fernando Gasparian (7/10/ 2006), 76 anos, de infecção generalizada seguida de parada cardíaca, em São Paulo. Empresário, após o golpe militar de 64, passou a ser perseguido pela ditadura. Ficou conhecido por criar um semanário de oposição, o Opinião, lançado em 23/10/1972. Lançou também as revistas Argumento, Ensaios de Opinião e Cadernos de Opinião. Em 1973, assumiu a editora Paz e Terra, colocando como acionistas Alceu Amoroso Lima, Barbosa Lima Sobrinho, Celso Furtado, Dias Gomes, Érico Veríssi- mo e Fernando Henrique Cardoso, entre outros. Em 1976, chegou a editar vários exemplares do Jornal de Debates. Todas suas publicações foram atingidas pela censura do regime militar. Em 1977, criou a Livraria Argumento, em São Paulo. No ano seguinte, transferiua para o Rio de Janeiro. Gasparian retornou a São Paulo em 1984. Dois anos depois, foi eleito deputado federal pelo PMDB. Octavio Frias de Oliveira (30/ 4/2007), 94 anos, de insuficiência renal grave. Publisher do Grupo Folha, adquiriu a Folha de S.Paulo em 1962 e foi protagonista da modernização da mídia brasileira na segunda metade do século. Frias pertenceu a uma geração de empreendedores pioneiros dos quais ele era um dos últimos remanescentes e o único a se manter em atividade profissional até um ano antes de sua morte. A trajetória de sua vida virou livro pelas mãos de Engel Paschoal, com o apoio da Mega Brasil e deste J&Cia e patrocínio do Grupo Telefônica. Murilo Felisberto (11/5/2007), aos 67 anos, em decorrência de um câncer no fígado, em São Paulo. Mineiro de Lavras e formador de toda uma geração de talentosos profissionais, que ainda hoje se espalham por múltiplas atividades editoriais, Murilo transitou, de forma marcante, tanto pelo jornalismo quanto pela publicidade. Um dos fundadores do Jornal da Tarde, onde chegou em 1965 e que dirigiu por duas ocasiões, entre 1968 e 1978 e depois, entre 2000 e 2003, foi também diretor de Criação da DPZ, ali permanecendo por 16 anos, entre 1984 e 2000. Joel Silveira (15/8/2007), 88 anos, de câncer, no Rio. Sergipano de nascimento, mudou-se para o Rio aos 18 anos e era considerado por muitos o repórter mais importante do Brasil, função que exerceu durante toda a vida. Começou no semanário de literatura Dom Casmurro, de Álvaro Moreyra, passando depois para a revista Diretrizes, de Samuel Wainer. Pelos Diários Associados, foi destacado por Assis Chateaubriand para cobrir a 2ª Guerra Mundial, e acompanhou os soldados brasileiros na Itália durante 11 meses. Na volta, reuniu textos sobre o tema no livro Histórias de pracinha, recentemente reeditado sob o título O inverno da guerra. Ao todo, teve cerca de 40 livros publicados. Trabalhou em Última Hora, O Estado de S.Paulo, Diário de Notícias, Correio da Manhã, com uma longa passagem pela revista Manchete. A família Onaga perdeu três de seus membros, todos jornalistas em São Paulo, em menos de seis meses, no segundo semestre de 2007. O primeiro foi Romeu, no dia 6/7, aos 78 anos, aposentado havia quatro, desde que deixou a assessoria de imprensa da Petrobras, onde esteve por uma década. Era pai de Marcelo Onaga, atualmente editor da revista Exame. Em 24/ 8 foi a vez de Hideo Onaga, aos 85 anos, um dos mais respeitados repórteres de sua geração e pioneiro do jornalismo econômico no Brasil. Ele foi um dos principais responsáveis, em 1972, pela transformação da Gazeta Mercantil de mero boletim comercial num dos mais importantes veículos econômicos do País. Por fim, em 4/12, um enfisema pulmonar levou Ruy Onaga, que era o único vivo de uma família de cinco irmãos, quatro deles jornalistas. Ruy trabalhou por mais de 30 anos na revista Visão como secretário de Produção e era considerado um dos grandes revisores da imprensa brasileira numa época em que essa era uma função relevante. Tinha 84 anos. Paulo Patarra (21/1/2008), 74 anos, de um câncer na garganta que tratava havia um ano, em São Paulo. Ele comandou a redaçãoícone da imprensa brasileira, a da extinta Realidade, no final dos anos 1960, mas que também passou por Última Hora, Quatro Rodas, TV Globo e SBT, entre outros veícu- los. Conforme seu desejo, o corpo foi doado à Faculdade de Medicina da USP. Sérgio de Souza (25/3/2008), 73 anos, vítima de complicações por uma perfuração no duodeno, em São Paulo. Outro integrante da chamada “geração Realidade”, fundador e diretor da revista Caros Amigos havia onze anos, era considerado o pai da edição de texto no Brasil. Criou publicações que muitos classificaram como alternativas, entre as quais O Bondinho e Ex, mas ele rejeitava essa classificação. Preferia defini-las como “publicações jornalísticas comprometidas com a informação e idéias, não alinhadas com o pensamento único dominante na grande mídia”. Paulo Alberto Monteiro de Bar- ros, o Artur da Távola (9/5/2008), 72 anos, em decorrência de problemas cardíacos, em Brasília. Távola começou sua carreira política em 1960 quando elegeu-se deputado estadual no Rio. Viveu exilado na Bolívia e no Chile, entre 1964 e 1968. Em seu retorno ao Brasil, adotou o pseudônimo Artur daTávola. Mais antigo funcionário da Rádio MEC, estreou em 1957, na apresentação de um programa sobre música clássica. Foi colunista de O Globo durante 15 anos, escrevendo sobre televisão. Também teve passagens pela extinta Bloch, O Dia e TV Cultura. Foi um dos fundadores do PSDB, exercendo mandatos de deputado federal até 1995 e de senador (1995-2003). Fazia o programa Quem tem medo de música clássica?, para a TV Senado, e escrevia para O Dia. Fernando Barbosa Lima (6/9/ 2008), 72 anos, de infecção generalizada, no Rio. Ainda muito jovem, começou a trabalhar como desenhista publicitário; fundou depois uma produtora de tevê, Esquire, mais tarde transformada em agência de publicidade, e logo passou para a televisão comercial. Em 55 anos de carreira, foi um dos nomes mais importantes desse meio, até hoje. Criou programas que fizeram história, como Jornal de Vanguarda, Preto no Branco, Abertura e outros que ainda são veiculados: Sem Censura, da TV Rio, hoje na TV Brasil, e Cara a Cara, na Band. Presidia ultimamente o conselho deliberativo da ABI. Era filho de Barbosa Lima Sobrinho. Lourenço Diaféria (16/9/2008), 75 anos, em decorrência de problemas cardíacos, em São Paulo. Considerado o maior cronista paulistano, iniciou a carreira jornalística na Folha da Manhã (hoje Folha de S.Paulo), em 1956, e começou a escrever crônicas em 1964. Ali ficou até 1977, quando foi preso pelo regime militar pelo conteúdo de uma crônica – Herói. Morto. Nós. – considerada ofensiva às Forças Armadas. Passou também por Jornal da Tarde, Diário Popular, Diário do Grande ABC, rádios Excelsior, Gazeta, Record e Bandeirantes, além da TV Globo. Publicou diversos livros. Ouça também Jornalistas&Cia na Rádio Mega Brasil Online (www.megabrasil.com), toda 5ª.feira, às 17h, com reapresentações na 6ª, às 10h, e na 2ª, às 20 horas. 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