antiinflamatórios não-esteróides na movimentação ortodôntica em
Transcription
antiinflamatórios não-esteróides na movimentação ortodôntica em
Ana Cristina Fernandez Aguiar ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES NA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA EM RATOS: ANÁLISES HISTOLÓGICAS E HISTOQUANTITATIVAS Belo Horizonte 2002 1 Ana Cristina Fernandez Aguiar ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES NA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA EM RATOS: ANÁLISES HISTOLÓGICAS E HISTOQUANTITATIVAS Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Ortodontia Orientador: Prof. Dr. José Bento Alves Belo Horizonte 2002 2 Dedicatória Com amor, dedico este trabalho aos meus pais, Eli e Geanine, que realizaram comigo um grande sonho, através do amor, apoio, dedicação que sempre me deram, pelos exemplos durante toda a vida e pelo incentivo em todas as horas. 3 Agradecimentos A Deus, que já se faz presente em minha vida. Aos meus pais, pelo enorme apoio e confiança, sempre presentes, imprescindíveis para a realização desse trabalho. Às minhas irmãs, Luciana e Isabela, pelo carinho e compressão, participando de todas as etapas desta conquista. Ao Professor Doutor José Bento Alves, pela orientação, contribuindo de maneira decisiva para a realização desse trabalho e, pelos conhecimentos transmitidos ao longo de todo o curso. Ao Doutor Eustáquio Araújo pelo exemplo de dedicação à Odontologia, pelo exemplo profissional, pelos ensinamentos, estímulos e carinho. Ao Professor José Maurício por ter aberto o meu caminho, me acompanhando desde o início e também pelo grande apoio, estímulo e amizade. Ao Professor Heloísio Leite, pelo grande apoio, carinho, amizade e estímulos constantes, tão importantes para a minha formação, crescimento e desenvolvimento profissional Ao Professor Hélio Brito, pelo carinho com que tanto me ensinou. Ao Professor Doutor Ênio, pelo exemplo de dedicação ao ensino da Ortodontia e pela contribuição nesse trabalho. Ao Professor Doutor Roberval de Almeida Cruz, pela firme missão em formar novos professores. Aos professores do COP PUC Minas pelos ensinamentos, estímulos e exemplos, importantes para a minha formação profissional. Aos funcionários do COP PUC Minas - Fátima, Edna, Vitório, Luciana, Roberto, Poliana, Aparecida, Silvana - pela atenção sempre dedicada aos alunos. À Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, na pessoa do Chefe de Departamento de Odontologia, professor Félix Araújo Souza. Aos meus amigos e colegas, Anna Clara, Cláudia, Cláudio, Ludmila, Marcelo, Tarcísio, Henrique e Ricardo, pelo carinho, amizade e apoio demonstrados pelo nosso convívio diário. À Gerluza por ter me aberto às portas e me dado tanto apoio e carinho. Aos amigos Nelson Lopes, Kézia Aguirre, Guilherme e Raquel, por terem sidos tão importantes para a realização desse trabalho e pela atenção, apoio e amizade, demonstrados em nosso convívio e durante nossos dias de trabalho no laboratório. À Suzana pelas sugestões e contribuições nesse trabalho. 4 Ao FIP, por acreditar no trabalho e conceder-nos o apoio financeiro. A todos que, pelo trabalho e dedicação, pela amizade e estímulo e, pela convivência ao longo desses anos, foram importantes para a concretização desse trabalho. A vocês, os meus sinceros agradecimentos. 5 SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE FIGURAS LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE TABELAS RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................14 2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................17 2.1 Movimento dentário ortodôntico – Princípios e reações biomecânicas..................18 2.1.1. As alterações metabólicas ósseas........................................................................18 2.1.2. Mecanismos de controle biológico no movimento dentário...............................23 2.2 Drogas antiinflamatórias não-esteróides...................................................................28 2.3 Antiinflamatórios não-esteróides e movimento ortodôntico....................................30 2.4 A utilização de ratos como modelo experimental......................................................33 3 OBJETIVOS.........................................................................................................................35 3.1 Objetivo geral................................................................................................................36 3.2 Objetivos específicos.....................................................................................................36 4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................37 4.1 Seleção dos animais.......................................................................................................38 4.2 Administração e preparação das drogas.....................................................................39 4.3 Pesagem dos animais.....................................................................................................39 4.4 Anestesia dos animais....................................................................................................39 4.5 Inserção e ativação dos dispositivos ortodônticos.......................................................40 4.6 Sacrifício dos animais e moldagem final......................................................................42 4.7 Medição dos modelos de gesso e análise da quantidade de movimento....................43 4.8 Preparação dos espécimes.............................................................................................44 4.9 Análise microscópica descritiva....................................................................................44 4.10 Análise histométrica.....................................................................................................45 4.11 Análise estatística.........................................................................................................46 5 RESULTADOS....................................................................................................................48 5.1 Análise do peso corporal dos animais.........................................................................49 5.2 Análise da quantidade de deslocamento dentário......................................................52 6 5.3 Análise histométrica – Contagem de osteoclastos......................................................56 5.4 Análise microscópica descritiva...................................................................................61 5.4.1 Resultados histológicos no lado controle.............................................................61 5.4.2 Resultados histológicos no lado experimental.....................................................69 5.4.2.1 Período experimental - 1 dia..................................................................69 5.4.2.2 Período experimental - 5 dias................................................................74 5.4.2.3 Período experimental - 14 dias..............................................................80 6 DISCUSSÃO.........................................................................................................................83 7 CONCLUSÕES....................................................................................................................90 8 PERSPECTIVAS.................................................................................................................92 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................94 ANEXOS................................................................................................................................102 7 LISTA DE ABREVIATURAS AAS = ácido acetisalicílico AINEs = antiinflamatórios não-esteróides AMPc = adenosina 3’, 5’ monofosfato cíclico ATP = adenosina 3’, 5’ trifosfato C = lado controle COX-1 = ciclooxigenase-1 COX-2 = ciclooxigenase-2 E = lado experimental GM-CSF = fator de estimulação daS colônias de granulócitos-macrófagos GMPc = guanosina 3’, 5’monofosfato cíclico GTP = guanosina 3’, 5’trifosfato H. E. = hematoxilina e eosina HETE = ácido hidroxieicosatetraenóico IL-1β = interleucina-1β IL-1α = interleucina-1α LP = ligamento periodontal OC = número de osteoclastos no lado controle OE = número de osteoclastos no lado experimental PDGF = fator de crescimento derivado de plaquetas Pf = peso final PGs = prostaglandinas PGE2 = prostaglandina E PGF1α = prostaglandina F1α Pi = peso inicial TNFα = fator de necrose tumoral α 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - Movimento dentário ortodôntico.........................................................................20 FIGURA 2 - Diagrama resumido dos mediadores derivados do metabolismo do ácido araquidônico e suas ações....................................................................................25 FIGURA 3 - Animal posicionado na mesa operatória..............................................................40 FIGURA 4 - Ilustração da instalação do aparelho para a movimentação dentária...................41 FIGURA 5 - Aparelho instalado...............................................................................................41 FIGURA 6 - Medição da força ortodôntica..............................................................................42 FIGURA 7 - Medição da quantidade de deslocamento dentário no modelo............................43 FIGURA 8 - Área avaliada na análise microscópica................................................................45 FIGURA 9 - Lado controle (direito). Animal sem medicação, sacrificado 24 horas após a ativação do dispositivo ortodôntico..................................................................63 FIGURA 10 - Ampliação da região 10 delimitada na figura 9.................................................64 FIGURA 11 - Ampliação da região 11 delimitada na figura 9.................................................67 FIGURA 12 - Lado controle (direito) – Raiz mésio-vestibular do animal administrado com ácido acetilsalicílico, no período experimental de 14 dias..................................66 FIGURA 13 - Lado controle (direito) - Animal administrado com ácido acetilsalicílico, no período experimental de 5 dias..........................................................................67 FIGURA 14 - Ampliação da região 14 delimitada na figura 13. Reabsorção frontal e presença de osteoclastos.....................................................................................................68 FIGURA 15 - Lado experimental (esquerdo) – Área de hialinização. Animal sem medicação, sacrificado 24 horas após a ativação do dispositivo ortodôntico......................71 FIGURA 16 - Ampliação da região 16 delimitada na figura 15...............................................72 FIGURA 17 - Lado experimental (esquerdo) - Animal administrado com ácido acetilsalicílico, no período experimental de 1 dias..............................................73 FIGURA 18 - Lado experimental (esquerdo) - Animal do grupo sem medicação e tempo experimental de 5 dias.......................................................................................75 FIGURA 19 - Ampliação da região 19 delimitada na figura 18..............................................76 FIGURA 20 - Ampliação da região 20 delimitada na figura 18. Reabsorção retrógada e frontal...................................................................................................................77 9 FIGURA 21 - Lado experimental (esquerdo) - Animal do grupo ácido acetilsalicílico e tempo experimental de 5 dias.........................................................................................78 FIGURA 22 - Ampliação da região 22 delimitada na figura 21...............................................79 FIGURA 23 - Lado experimental (esquerdo) - Animal do grupo que recebeu ácido acetilsalicílico e tempo experimental de 14 dias.................................................81 FIGURA 24 - Ampliação da região 24 delimitada na figura 23. Fase de deposição óssea.....82 10 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso, após o período de tratamento..........................................................................................51 GRÁFICO 2 - Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança percentual do peso, considerando-se a medicação utilizada......................................................52 GRÁFICO 3 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e experimental da medida (quantidade de movimento), após o período de tratamento.......................................................................................................55 GRÁFICO 4 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e experimental da medida (quantidade de movimento), considerando-se a medicação utilizada..........................................................................................56 GRÁFICO 5 – Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), após o período de tratamento.....................................................................58 GRÁFICO 6 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), considerando-se a medicação utilizada......................................................59 GRÁFICO 7 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE), após o período de tratamento.........................................................................................60 11 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Caracterização dos ratos quanto ao peso inicial e final, considerando-se o grupo e o dia do sacrifício..............................................................................................50 TABELA 2 - Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso após o período de tratamento..........................................................................................51 TABELA 3 - Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança percentual do peso, considerando-se a medicação utilizada...............................................................52 TABELA 4 - Comparação entre as primeiras e segundas medidas avaliadas no mesmo indivíduo..............................................................................................................53 TABELA 5 - Caracterização dos ratos quanto à medida realizada no lado controle e no lado experimental considerando-se o grupo e o dia do sacrifício...............................53 TABELA 6 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e experimental da medida (quantidade de movimento), após o período de tratamento......................................................................................................54 TABELA 7 - Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e o lado experimental da medida (quantidade de movimento), considerando-se a medicação utilizada...............................................................55 TABELA 8 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos no lado controle e lado experimental, considerando-se o grupo e o dia do sacrifício......................57 TABELA 9 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), após o período de tratamento.....................................................................58 TABELA 10 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OEOC), considerando-se a medicação utilizada......................................................59 TABELA 11 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE), após o período de tratamento.........................................................................................60 TABELA 12 - Análise da relação entre o número de osteoclastos e a quantidade de movimento..........................................................................................................61 12 RESUMO Pacientes submetidos à tratamento ortodôntico relatam com freqüência desconforto associado a dor. Nesses casos, um grande número de profissionais tem recorrido ao uso de analgésicos e antiinflamatórios, sendo os antiinflamatórios não-esteróides, as drogas mais utilizadas. Considerando que, na fase precoce do movimento ortodôntico, há envolvimento de resposta inflamatória aguda, a utilização de drogas antiinflamatórias não-esteróides irá interferir na resposta inflamatória e, conseqüentemente, na remodelação óssea, por serem importantes inibidores da enzima ciclooxigenase, que está envolvida na síntese de prostaglandinas Dados da literatura, sobre a avaliação dos efeitos dessas drogas na movimentação dentária ortodôntica, são controversos. No presente estudo, procurou-se verificar e comparar os efeitos do paracetamol e do ácido acetilsalicílico, durante a movimentação dentária ortodôntica em ratos, analisando-se a quantidade de movimento, o número de osteoclastos e as respostas histológicas dos tecidos periodontais. Foram selecionados 42 ratos, da raça Holtzman, sacrificados em 1, 5 e 14 dias, após a aplicação de 20 g de força. O lado direito, de cada maxila, foi utilizado como controle, onde não foi instalado o dispositivo ortodôntico. Os resultados obtidos da análise histológica, revelaram que, a administração de antiinflamatórios não-esteróides, não interferiu na resposta tecidual, apresentando similaridades entre as características do periodonto, independente do tipo de droga. Os dados histométricos mostraram maior número de osteoclastos no lado experimental em relação ao lado controle. Ausência de diferenças estatisticamente significantes entre os grupos foi observado envolvendo a contagem dos osteoclastos e a quantidade de movimento. Dessa forma, apesar dos antiinflamatórios, principalmente o ácido acetilsalicíclico, serem inibidores da ciclooxigenase e, conseqüetemente da síntese de prostaglandinas, não interferiram em nenhuma das situações referidas e analisadas. Sugere-se, que as prostaglandinas possam não ser os únicos mediadores do processo de reabsorção óssea, associado com movimentação dentária induzida por forças ortodônticas. 13 ABSTRACT It is well-known that orthodontic treatment usually causes some discomfort and pain to the patients. Various orthodontists prescribe analgesics and anti-inflammatory drugs. The most commonly drugs utilized are nonsteroidal anti-inflammatory. The application of orthodontic force leads an acute inflammatory reaction. The use of nonsteroidal anti-inflammatory can affect this inflammtory process and so, the remodeling of alveolar bone, now that, these drugs are potent inhibitors of ciclooxigenase, an enzime involved in the prostaglandins synthesis. In the literature, there are studies about the effects of nonsteroidal anti-inflammatory on orthodontic tooth movement, but conflict results exist. The purpose of the present study was to examine and to compare the effects of paracetamol and acetylsalicilic acid during orthodontic tooth movement in rats. The amount of tooth movement and the number of osteoclasts were evaluated and histological observation of periodontal tissues were made. The sample consisted of 42 male animals of the Holtzman strain, that were sacrificed at the end 1, 5 and 14 days. The right side served as control for all the groups and here it was not placed appliance orthodontic. The histological examination showed that nonsteroidal antiinflammatory drugs did not alter the morphological aspects of the periodontal tissues. The histometric data revealed a greater number of osteoclasts into the experimental side than into the control one and demonstrated no statistically significant difference, between the groups, in the number of osteoclasts. Paracetamol and acetylsalicylic acid did not appear to significantly affect tooth movement in rat undergoing orthodontic treatment. It suggests that prostaglandinas may not be the only mediators of the bone resorption associated with tooth movement induced by orthodontic forces. 14 1 INTRODUÇÃO 15 1 INTRODUÇÃO A movimentação dentária pode ser classificada como fisiológica e induzida. Os movimentos dentários fisiológicos incluem os processos de erupção e a migração espontânea dos dentes. Já os movimentos induzidos são aqueles conseguidos por meios mecânicos e nem sempre têm finalidade ortodôntica, por isso, não devem ser utilizados como sinônimos de movimento ortodôntico (MAZZIEIRO, 1999). A reação tissular que ocorre durante a movimentação fisiológica dos dentes é uma função normal das estruturas de suporte. Em seres humanos, a migração dos molares ocorre em direção mesial, principalmente na maxila, enquanto em ratos os molares migram em direção distal, havendo diferenças na migração dentária em diferentes espécies (REITAN, 1971). Diferenças marcantes existem entre as mudanças tissulares fisiológicas e ortodônticas, uma vez que os dentes são movidos mais rapidamente durante o tratamento, havendo alterações tissulares mais extensas. Os elementos teciduais que sofrem mudanças com os movimentos dentários são, principalmente, o ligamento periodontal, com suas células e matriz extracelular, capilares e nervos, e, secundariamente, o osso alveolar (GRABER & VANARSDALL, 1996). A aplicação de um estímulo mecânico (força ortodôntica) sobre um dente pode desencadear um processo inflamatório no ligamento periodontal e no osso alveolar, promovendo o remodelamento dessas estruturas, com o conseqüente movimento do dente. O remodelamento do ligamento periodontal e do osso alveolar durante a movimentação ortodôntica parece estar relacionado com a liberação de mediadores químicos, tais como as prostaglandinas E, as interleucinas - 1, especialmente do tipo beta (IL-1ß) (SHIMIZU et al., 1995; GRIEVE III et al., 1994; HOU, LIANG & LUO, 1997). Essas substâncias mediam várias ações importantes nos mecanismos da inflamação e da imunidade celular, podendo ser liberadas pela ação de estímulos mecânicos (força), infecciosos e/ou químicos, promovendo um aumento do número de osteoclastos e na atividade de reabsorção óssea (GRABER & VANARSDALL, 1996). Pacientes submetidos a tratamento ortodôntico relatam com freqüência desconforto associado à dor. Nesses casos, um grande número de profissionais tem recorrido ao uso de analgésicos e antiinflamatórios. De acordo com SIMMONS & BRANDT (1992), o movimento dentário ortodôntico requer a aplicação de forças nos dentes, o que gera dor, sendo esta percebida diferentemente em cada indivíduo. A dor ocorre devido às mudanças na polpa e no tecido do ligamento periodontal e periósteo, em resposta à aplicação da força, afetando os níveis das substâncias moduladoras da dor (encefalinas) na polpa. A aplicação de 16 forças ortodônticas provoca tensão e compressão no ligamento periodontal, permitindo a movimentação dentária através de formação e reabsorção óssea, respectivamente. Níveis excessivos de tensão e compressão, contudo, podem produzir trauma e hipóxia no ligamento periodontal. Isso resultará na produção de mediadores químicos envolvidos com a sensação de dor (histamina, bradicinina , prostaglandina). De acordo com SIMMONS & BRANDT (1992), o ideal para controle da dor seria aplicar uma quantidade de força que estivesse abaixo do limiar de dor do paciente. A utilização de medicação para analgesia também pode ser considerada, sendo os antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) as drogas mais comumentes utilizadas. Considerando que, na fase precoce do movimento ortodôntico, há envolvimento de resposta inflamatória aguda, a utilização de drogas antiinflamatórias não-esteróides irá interferir na resposta inflamatória e, conseqüentemente, na remodelação óssea, por estas serem importantes inibidores da enzima ciclooxigenase, que está envolvida na síntese de prostaglandinas (YAMASAKI et al., 1984; MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC, 1989; CHUMBEY & TUNCAY, 1986; KEHOE et al., 1996). Essas substâncias são importantes mediadores químicos da resposta inflamatória. Estudos que se baseiam no uso de drogas para controle ou interferência dos movimentos dentários induzidos também vêm sendo realizados. Comprovadamente, os corticóides, alguns antiinflamatórios não-esteróides ( ZHOU, HUGHES & KING, 1997) e até hormônios mostram-se capazes de atuar sobre os eventos biológicos de tais movimentos, reduzindo ou exacerbando os resultados (MAZZIEIRO, 1999). Resultados contraditórios têm sido observados em estudos relacionados ao efeito de drogas antiinflamatórias não-esteróides na movimentação ortodôntica, estando entre elas: a indometacina, o ácido acetilsalicílico e o paracetamol. CHUMBLEY & TUNCAY (1986), através de estudos em gatos e, MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC (1989), em ratos, observaram que a aplicação de indometacina, potente inibidor da enzima ciclooxigenase, reduziu significantemente a quantidade de movimentação ortodôntica, enquanto WONG, REYNOLDS & WEST (1992), utilizando o ácido acetilsalicílico em cobaias, não constatou diferenças na quantidade de movimento ortodôntico, sendo observado o mesmo com o paracetamol (acetaminofeno), em uma pesquisa realizada em coelhos (ROCHE, CISNEROS & ACS, 1997). Face ao exposto, torna-se necessária a realização de mais estudos para que se possa ampliar os conhecimentos sobre o papel de drogas antiinflamatórias não-esteróides sobre os elementos do periodonto, frente à aplicação de força ortodôntica. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 18 2 REVISÃO DE LITERATURA Algumas drogas são reconhecidamente capazes de interferir no processo de remodelação óssea envolvido com o tratamento ortodôntico. De uma forma geral, tais drogas atuam no processo inflamatório local, oriundo da aplicação de forças sobre o periodonto, exacerbando ou diminuindo os níveis de mediadores químicos locais (TYROVOLA & SPYROPOULOS, 2001). A movimentação dentária induzida com finalidade ortodôntica e a atividade da remodelação óssea são dependentes de fatores sistêmicos, tais como fatores nutricionais, doenças ósseas metabólicas, idade e uso de medicação. TYROVOLA & SPYROPOULOS (2001), realizaram uma revisão dos efeitos desses fatores no movimento ortodôntico e, com base em conhecimentos prévios e em questionamentos gerados pela análise da literatura sobre o assunto, observaram que hormônios como estrógeno, andrógeno e calcitonina estariam envolvidos num aumento do conteúdo mineral ósseo e uma diminuição da proporção de reabsorção óssea que, conseqüentemente, atrasaria o movimento dentário ortodôntico. Já hormônios da tireóide e corticosteróides poderiam estar envolvidos em aceleração do movimento dentário durante a terapia ortodôntica. Drogas como bifosfonatos, metabólicos da vitamina D, antiinflamatórios não-esteróides poderiam levar à redução do movimento dentário. Diante dessa revisão, os autores puderam concluir que se torna necessário o dentista ter conhecimento a respeito das drogas utilizadas pelos pacientes, para que possa avaliar o tempo de tratamento e a melhor estratégia terapêutica a ser adotada. Neste capítulo apresenta-se um conjunto de resumos de trabalhos selecionados a respeito dos antiinflamatórios não-esteróides e da sua utilização no tratamento ortodôntico. 2.1 Movimento dentário ortodôntico – Princípios e reações biomecânicas 2.1.1 As alterações metabólicas ósseas O movimento dentário induzido no tratamento ortodôntico resulta em reações diferentes nos tecidos periodontais formando-se lados de pressão e tensão. O osso alveolar no lado da pressão sofre ciclos sucessivos de reabsorção e formação óssea como conseqüência das reações ao trauma no tecido do ligamento periodontal, enquanto no lado da tensão sofre, predominantemente, formação óssea (STOREY, 1973; MELSEN, 1999). Assim, o tratamento ortodôntico fundamenta-se no princípio de que, se uma pressão prolongada é aplicada a um dente, ocorrerá movimento dentário à medida que ocorre a remodelação óssea ao redor do mesmo. O osso é seletivamente removido em algumas áreas e 19 adicionado em outras. Como a resposta óssea é mediada pelo ligamento periodontal, o movimento dentário é um fenômeno desse ligamento (PROFFIT, 1995). Após a aplicação de força ortodôntica por um período prolongado, observa-se uma resposta inflamatória na região do ligamento periodontal, resultando em reabsorção óssea (STOREY, 1973). Tem-se suposto que a aplicação de forças ortodônticas suaves resultará em reabsorção óssea direta no lado de pressão. A reabsorção óssea direta implica em diferenciação de osteoclastos, que reabsorverão o osso da parede do alvéolo na área correspodente às fibras comprimidas, e ao mesmo tempo, haverá remodelação das fibras de colágeno no ligamento periodontal, para acomodar a nova posição dentária (GRABER & VANARSDALL, 1996; TEN CATE, 1998). No lado de tensão, também haverá remodelação das fibras de colágeno, porém associada à deposição óssea na parede do alvéolo. É duvidoso que as técnicas ortodônticas reproduzam essa situação ideal: a maioria envolve algum dano tecidual, pois as forças aplicadas para movimentar o dente não são distribuídas uniformemente por todo o ligamento periodontal e devem ser cuidadosamente controladas (GRABER & VANARSDALL, 1996; TEN CATE, 1998). A duração do movimento ortodôntico pode ser dividida em um período inicial e um secundário (GRABER & VANARSDALL, 1996; REITAN, 1967) (FIG 1). Normalmente, quando o dente é inclinado através da força ortodôntica, forma-se área de compressão e de tensão (DAVIDOVITCH, 1988). Nas áreas de compressão, o ligamento sofre hialinização, um termo que descreve, na microscopia de luz, a perda de células em uma área induzida por trauma (KUROL & OWMAN-MOLL, 1998). Na ausência de células, não há remodelação óssea, resultando na paralização do movimento, o que caracteriza o período inicial da movimentação ortodôntica. O movimendo dentário recomeçará, iniciando-se o período secundário, apenas quando todo o tecido hialinizado do ligamento periodontal estiver sido removido e repovoado por novas células do tecido adjacente ou dos espaços medulares do osso alveolar. O osso subjacente ao tecido hialinizado também deve ser eliminado pela reabsorção a distância (reabsorção indireta, solapante ou retrógada) por osteoclastos na superfície endosteal. Nesse período, a presença de osteoclastos é observada na face voltada para o lado de compressão, formando lacunas de reabsorção, denominadas de lacunas de Howship, ao mesmo tempo em que osteoblastos são observados na estrutura oposta, área de tensão, formando novo osso. Nesse local, observa-se um aumento da largura do espaço periodontal e a presença de células responsáveis pela formação de novo osso na superfície voltada para o ligamento periodontal. Há presença de osteoclastos na superfície oposta do mesmo osso, ocasionando reabsorção, o que mantém a dimensão original do osso alveolar e 20 sua integridade (DAVIDOVITCH, 1979; MELSEN, 1999). Portanto, durante o período inicial da movimentação ortodôntica, podem-se observar vários estágios: (1) gradual compressão do LP, que pode durar de quatro a sete dias; (2) período de hialinização, que pode durar de quatro a cinco dias e acima de dois meses ou mais em animais experimentais com alta densidade óssea; (3) período secundário durante o qual há reabsorção direta, o que leva à continuação do movimento do dente. Caso se busque um eficiente e rápido movimento dentário, é necessário formar pequena área de hialinização ou mesmo evitar a sua formação (REITAN, 1967). É evidente que forças intensas provoquem maiores áreas de hialinização e, conseqüentemente, maior período de reparo e movimento dentário mais lento. to en rdio vim o ta Mo ntári de Hialinização FIGURA 1 – Movimento dentário ortodôntico FONTE – Adaptado de GRABER & VANARSDALL, 1996. A hialinização é influenciada por fatores anatômicos e mecânicos. Um dos fatores anatômicos é a forma e o perfil da superfície óssea. Ossos densos, com poucos espaços medulares são mais difíceis de sofrerem reabsorção solapante, ocorrendo um período maior de hialinização (REITAN, 1967; GRABER & VANARSDALL, 1996). Além disso, o fator idade pode influenciar na quantidade de movimento. O adulto, normalmente, possui osso mais denso que o jovem, mas a principal razão da baixa resposta em adultos é o fato de possuir um tecido com poucas células e fibras mais fortes e espessas (REITAN, 1967). Com o intuito de verificar quais células estavam envolvidas na remoção de tecido hialinizado e na reabsorção radicular, após a aplicação de força ortodôntica, BRUDVIK & RYGH (1994) movimentaram o primeiro molar superior direito de 12 ratos da raça Wistar e, através da microscopia eletrônica de varredura, observaram que células gigantes multinucleadas sem bordas franjadas, assim como células mononucleares semelhantes a macrófagos, foram responsáveis pela eliminação do tecido hialinizado formado, bem como pela reabsorção radicular. Osteoclastos só foram encontrados em associação com o tecido 21 ósseo. Com isso, o tecido fibroso degradado e restos de células pareceram ser eliminados, principalmente, por macrófagos. Os fibroblastos podem agir também como células eliminadoras de tecido (TEN CATE, DEPORTER & FREEMAN, 1976). As mudanças observadas durante a formação das zonas hialinizadas podem ser: (1) compressão gradual das fibras periodontais que leva à contração e ao desaparecimento dos núcleos celulares; (2) formação de osteoclastos nos espaços medulares e em áreas adjacentes da superfície interna; (3) aumento gradual do número de células jovens do tecido conectivo ao redor dos osteoclastos e em áreas onde a pressão é aliviada pela reabsorção óssea solapante. O aumento generalizado da quantidade de células facilitará a reabsorção óssea durante a fase secundária do movimento dentário (GRABER & VANARSDALL, 1996). Uma grande quantidade de eventos de proliferação e diferenciação celular é iniciada no ligamento periodontal pela aplicação de força ortodôntica. Simultaneamente às mudanças que ocorrem no lado de pressão, é possível se observar mudanças formativas no lado de tensão. Como precursores da formação óssea, a quantidade de osteoblastos e fibroblastos também aumenta. Esse aumento na quantidade das células ocorre por divisão celular mitótica, descrita por MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE (1954). Logo após a proliferação ter sido iniciada, o tecido osteóide será depositado no lado de tensão. O osteóide é o produto dos osteoblastos. Essa formação rápida de osteóide é especialmente marcada durante o período secundário, depois que se completa a reabsorção solapante no lado de pressão (GRABER & VANARSDALL, 1996). A sequência dos eventos de proliferação e diferenciação envolvidas na histogênese de osteoblastos foi descrita por ROBERTS & CHASE (1981) e ROBERTS, GOODWIN & STANLEY (1981). Através de seus estudos, a seqüência histogênica dos osteoblastos foi determinada pela avaliação morfológica em três eventos distintos na fisiologia celular: (1) fase de síntese de DNA (S); (2) mitoses (M); e (3) aumento no volume nuclear para diferenciar-se em um pré-osteoblasto. Osteoblastos são células uninucleadas que sintetizam tanto colágeno quanto proteínas não-colagenosas (a matriz orgânica, osteóide). Elas são responsáveis pela mineralização e derivam de células mesenquimais multipotentes. O osteoblasto é geralmente considerado como se diferenciado de uma célula precursora, o préosteoblasto (TEN CATE, 1998). ROBERTS & CHASE (1981) observaram a presença de préosteoblastos que se diferenciaram em osteoblastos no ligamento periodontal após a movimentação ortodôntica em ratos. A partir dos seus achados, pôde-se concluir que os osteoblastos poderiam ser derivados de células presentes no ligamento periodontal. 22 A produção e a mineralização da matriz de qualquer tecido duro são processos fásicos que se caracterizam por períodos de atividade intercalados com períodos de repouso, e refletem-se morfologicamente por linhas incrementais perceptíveis. A linha reversa constitui um tipo dessa linha, sendo semelhante à linha de repouso na sua composição, porém muito mais ondulada, e marca a mudança entre a reabsorção e a formação óssea (TEN CATE, 1998). A reabsorção óssea é o fator limite que determina a velocidade da movimentação dentária (ROBERTS, GOODWIN & STANLEY, 1981). A velocidade de remodelação é diretamente proporcional às cavidades de reabsorção e ao número de osteoclastos presentes (GRABER & VANARSDALL, 1996). A velocidade de reabsorção dos osteoclastos é amplamente controlada pelos fatores metabólicos, sendo os hormônios mais importantes no metabolismo ósseo o paratormônio, a 1,25-diidroxivitamina D, a calcitonina, o estrogênio e os glicocorticóides. O paratormônio e a vitamina D são bifásicos em suas ações, aumentando a reabsorção óssea quando em altas concentrações, mas estimulando a formação óssea em baixas concentrações. A calcitonina e o estrogênio inibem a reabsorção óssea, enquanto os glicocorticóides inibem, principalmente, a formação. Os hormônios afetam a atividade óssea através da secreção das citocinas (TEN CATE, 1998). Não existe qualquer evidência direta para sugerir que os osteoclastos são produzidos no ligamento periodontal ou em qualquer outra superfície óssea. Pré-osteoclastos derivam da medula (TSAY, CHEN & OYEN, 1999) e penetram no ligamento periodontal e no osso adjacente através da circulação sanguínea (ROBERTS, GOODWIN & STANLEY, 1981; RODY, KING & GU, 2001), sendo formadas diretamente pela fusão assíncrona de células mononucleares, pertencentes à linhagem dos macrófagos, que se originam de monócitos (TEN CATE, 1998; RODY, KING & GU, 2001) Portanto, pode ser estabelacido que a origem das células formadoras de osso são células mesenquimais, ao passo que a origem dos osteoclastos são as células hematopoiéticas. O desenvolvimento de ambos os tipos celulares é um processo com várias etapas, cada qual estimulada durante o processo de desenvolvimento por um único grupo de citocinas e hormônios (TEN CATE, 1998). O osteoclasto, célula multinucleada, quando comparado a todas as outras células ósseas e suas precursoras é uma célula muito maior, tornando-se identificável ao microscópio de luz. Caracteriza-se por apresentar, citoquimicamente, fosfatase ácida tártaro-resistente dentro de suas vesículas citoplasmáticas e vacúolos, os quais o distinguem de outras células gigantes e macrófagos. Normalmente, os osteoclastos são encontrados acoplados à superfície óssea, ocupando depressões superficiais, conhecidas como lacuna de Howship. Adjacente à 23 superfície do tecido, sua membrana celular emite uma grande quantidade de profundas invaginações que formam uma borda em escova ou borda franjada, unindo-se ao tecido mineralizado, criando um meio ambiente selado, que primeiro é acidificado para desmineralizar o tecido duro. Após a exposição ao meio ambiente acidífero, a matriz orgânica é reabsorvida pela secreção de enzimas proteolíticas (TEN CATE, 1998). 2.1.2 Mecanismo de controle biológico no movimento dentário A indução da remodelação óssea ocorre tanto no processo de erupção dentária quanto na movimentação ortodôntica. Em ortodontia, essa remodelação é induzida por forças mecânicas (SANDY, 1992). STOREY (1973) demonstrou que a resposta inicial dos tecidos periodontais à aplicação de uma força ortodôntica constitui-se em uma reação inflamatória. Os capilares sanguíneos tornam-se hiperemiados, seguindo-se a migração de leucócitos dentro dos tecidos sob pressão. O processo inflamatório envolve uma série de eventos que podem ser desencadeados por estímulos mecânicos, físicos ou químicos. As células envolvidas na resposta inflamatória são neutrófilos, monócitos, eosinófilos, linfócitos, basófilos e plaquetas. Os mastócitos, fibroblastos, macrófagos residentes também estão relacionados com a inflamação (COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000). De acordo com GILMAN et al.(1991), a inflamação ocorre em três fases distintas, sendo cada uma delas mediada por mecanismos diferentes: (1) fase aguda transitória, caracterizada por vasodilatação local e aumento da permeabilidade vascular; (2) fase subaguda retardada, caracterizada , principalmente, por infiltração de leucócitos; e (3) fase proliferativa crônica, na qual se observa degeneração tecidual. As respostas vasculares, celulares da inflamação aguda e crônica são mediadas por fatores químicos provenientes do plasma ou das células envolvidas. Tais mediadores, atuando de maneira isolada, em combinação ou em seqüência, amplificam a resposta inflamatória e influenciam a sua evolução (COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000). Alguns dos mediadores da inflamação aguda são: histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas e leucotrienos, que exercem os seguintes efeitos: quimiotático (prostaglandinas e leucotrienos, principalmente, LTB4 ), vasodilatação (exceto pelos leucotrienos), aumento da permeabilidade vascular. Bradicinina e prostaglandinas também estão envolvidas com o processo da dor (KATZUNGA, 1998). Interleucinas (IL) liberadas por macrófagos e linfócitos T; fatores de estimulação de colônias de granulócitos-macrófagos (GM-CSF) liberados por macrófagos, linfócitos T, 24 células endoteliais e fibroblastos; fator de necrose tumoral α (TNFα), interferons, produzidos por macrófagos, linfócitos T e células endoteliais; e fatores de crescimento derivados de plaquetas (PDGF) liberados por fibroblastos e células endoteliais constituem alguns dos mediadores da inflamação crônica (KATZUNGA, 1998). Os efeitos primários desses mediadores são: ativação de linfócitos (interleucinas); produção de prostaglandinas (interleucinas e TNFα); ativação de macrófagos e granulócitos (GM-CSF); quimiotaxia e proliferação de fibroblastos (PDGF) (KATZUNGA, 1998). O mecanismo do remodelamento ósseo, durante o movimento dentário induzido pela aplicação de força ortodôntica, pode estar relacionado com a liberação de mediadores inflamatórios. Quando as células ósseas são ativadas por diferentes estímulos, os lipídeos das suas membranas são rapidamente remodelados para gerar mediadores lipídicos biologicamente ativos, que servem como sinais intracelulares ou extracelulares (COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000). O ácido araquidônico é um ácido graxo que não ocorre livremente nas células, mas, normalmente, é esterificado em fosfolipídeos da membrana. CHUMBLEY E TUNCAY (1986); KEHOE et al. (1996) e COTRAN, KUMAR E COLLINS (2000) relatam que, após a aplicação de um estímulo mecânico, físico ou químico ou por outros mediadores, ocorre a liberação do ácido araquidônico através da ativação da enzima fosfolipase A2 . Os metabólitos do ácido araquidônico, também chamados de eicosanóides, são sintetizados por duas classes principais de enzimas: ciclooxigenases e lipoxigenases. A ciclooxigenase produzirá prostaciclinas, prostaglandinas e tromboxanas, enquanto a lipoxigenase dará origem aos HETES (ácidos hidroxieicosatetraenóicos) e aos leucotrienos (COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000; GRABER & VANARSDALL, 1996) (FIG.2). Os eicosanóides podem mediar praticamente todas as etapas da inflamação. Quando as células são ativadas por injúria tecidual ou por alguns tipos de sinais químicos, a taxa de eicosanóides aumenta. 25 FIGURA 2 – Diagrama resumido dos mediadores derivados do metabolismo do ácido araquidônico e suas ações. FONTE: COTRAN, KUMAR & COLLINS, 2000 As prostaglandinas são produzidas por células de todos os tecidos dos mamíferos e se ligam a receptores de superfície, agindo como mediadores locais durante a transmissão autócrina e parácrina, influenciando as células que as produzem e suas vizinhas próximas, respectivamente (GRABER & VANARSDALL, 1996). Vários estudos (GRIEVE III et al.,1994; TSAY, CHEN, OYEN, 1999; RODY, KING & GU, 2001) permitem obter maior conhecimento envolvendo a interação física e bioquímica entre força ortodôntica e ligamento periodontal. Sabe-se que as células ósseas (osteoblastos e osteoclastos) apresentam maior proliferação quando, da aplicação de força ortodôntica (MOSTAFA, WEAKS-DYBVIG & OSDOBY, 1983). A ativação das células ósseas por meio de forças mecânicas envolve flutuações das concentrações dos componentes intracelulares de transmissão, denominados de mensageiros secundários (DAVIDOVITCH, 1979). Deve-se notar que, enquanto o estímulo inicial nesse caso é mecânico, a resposta das células envolvidas é bioquímica. Tem sido identificado um grande número de agentes estimulantes das células ósseas, denominados mensageiros primários incluindo hormônios (paratormônios, calcitonina, hormônios da tireóide, 26 testosterona, esteróides, prostaglandinas E, endotoxinas) e uma variedade de drogas que interagem com transporte de minerais, enzimas ou síntese de proteínas (DAVIDOVITCH, 1979). O estresse mecânico ocasionado pela força ortodôntica constitui um dos estímulos, entre vários outros agentes capazes de levar à ativação do processo de remodelação óssea. O modo de ação desses estímulos, ou primeiros mensageiros, baseia-se no reconhecimento do agente pelo receptor específico na membrana. Esses receptores protéicos de superfície celular atuam como transdutores de sinal: eles se ligam ao ligante sinalizador e transformam esse evento extracelular em um ou mais sinais intracelulares que alteram o comportamento da célula-alvo, levando à ativação e/ou síntese de enzimas localizadas na membrana celular, como a adenilil ciclase e guanilato-ciclase. Essas enzimas catalizam ATP e GTP dentro das células, formando AMPc e GMPc que, juntamente com íons Ca2+, constituem mensageiros secundários, que passam adiante o sinal, alterando o comportamento das proteínas celulares selecionadas, ao modificar a sua conformação e, conseqüentemente, a sua atividade. Mudanças nos níveis desses mensageiros secundários estão correlacionadas com alteração na proliferação celular, na diferenciação e na ativação das células envolvidas no processo de remodelação óssea (MOSTAFA, WEAKS-DYBVIG & OSDOBY, 1983). As prostaglandinas atuam como mensageiros primários, ligando proteínas ao receptor da superfície celular e, em conexão, ativam enzimas que geram uma alteração na concentração de compostos intracelulares de transmissão, os mensageiros secundários. Estes incluem AMPc; GMPc; 1,2-diacilglicerol e inositol 1,4,5-trifosfato. Além disso, pode ocorrer influxo de íons Ca2+, que também age como mensageiro secundário (GRABER & VANARSDALL, 1996). Segundo DAVIDOVITCH (1979), o mensageiro secundário classicamente envolvido com a transdução da força mecânica é o AMP cíclico que ativa enzimas denominadas proteinoquinases, as quais ativam outras enzimas que levarão à síntese de componentes celulares, tais como, DNA, RNA, proteínas, enzimas e ácidos que podem contribuir para o processo de formação e reabsorção óssea. Portanto, osteoblastos liberam procolágeno, complexos de carboidrato de proteínas, fosfolipídeos, enzimas, íons que podem participar na formação e mineralização da matriz óssea. Células responsáveis pela reabsorção liberaram colagenases, fosfoproteínas, fosfatase e ácidos (lactato, carbonato e citrato). A elevação de prostaglandinas e o subseqüente aumento intra-celular de AMPc estimulam a atividade osteoclástica (MOSTAFA, WEAKS-DYBVIG & OSDOBY, 1983). 27 De acordo com SANDY (1992), as prostaglandinas são importantes mediadores no processo de remodelação óssea. Mas não são os únicos. Há evidências, através de estudos, da atuação de leucotrienos e HETES , que provêm do mesmo substrato (ácido araquidônico), no processo de reabsorção na remodelação óssea. Os sistemas imunes também têm papel regulador nas reações teciduais ortodônticas. A vasodilatação pronunciada tem-se apresentado nas áreas de tensão e na periferia dos locais comprimidos do ligamento periodontal no movimento dentário experimental (RYGH, 1976). É geralmente aceito que a vasodilatação leva à migração dos macrófagos, dos linfócitos, das proteínas e do fluido para dentro do espaço extracelular. Essas células inflamatórias, bem como os fibroblastos e osteoblastos, produzem moléculas sinalizadoras, as citocinas (SAITO et al., 1990 e NGAN et al., 1990): interleucinas 1α e 1β (IL1α e IL1β) que atraem leucócitos, estimulam a proliferação de fibroblastos e aumentam a reabsorção óssea e o chamado fator de necrose tumoral α (TNFα) que leva à produção de interleucinas por monócitos, aumenta a produção de colágeno e prostaglandinas E2 e aumenta a quantidade de osteoclastos (GRABER & VANARSDALL, 1996). A interleucina-1β é um potente modificador da resposta biológica, pois exerce papel central no processo inflamatório e induz a produção de prostaglandina E2 (DAVIDOVITCH et al., 1988; SAITO et al., 1990). De acordo com SHIMIZU (1994), a interleucina-1 β estimula a reabsorção óssea numa proporção quinze vezes maior do que a interleucina 1α, sendo caracterizada como fator de ativação de osteoclastos (SAITO et al., 1990). No sentido de analisar a interação entre estresse mecânico e presença de interleucinas1β com a produção de prostaglandinas E e AMPc por fibroblastos do ligamento periodontal humano e células osteoblásticas clonadas de camundongos (MC3T3IE1), um estudo in vitro foi realizado por NGAN et al.(1990). Os resultados demonstraram uma elevação da síntese de prostaglandinas E e AMPc após o estiramento dos fibroblastos e das células osteoblásticas clonadas de camundongos (MC3T3IE1), sendo maior após a aplicação de interleucina-1β. A produção de AMPc foi secundária e dependente da produção de prostaglandinas E. Esses achados demonstraram que os sinais químicos e mecânicos dessas células são mediados por receptores de superfície. Objetivando analisar os efeitos das interleucinas-1 sobre a movimentação dentária induzida, HOU, LIANG & LUOC (1997) desenvolveram uma pesquisa em 12 coelhos, nos quais se administraram na gengiva ao redor do dente que sofreu movimentação ortodôntica, injeções contendo interleucina-1. A proporção do movimento dentário e o número de osteoclastos foram analisados e comparados entre os lados experimental e controle. Os 28 resultados encontrados permitiram concluir que as inteleucinas-1 puderam aumentar o número de osteoclastos e promover remodelação óssea após a aplicação de força ortodôntica. Com o intuito de verificar os níveis de prostaglandina E e interleucinas-1β no fluido do sulco gengival em dentes humanos movimentados ortodonticamente, GRIEVE III et al.(1994) estudaram dez pacientes. Significante aumento dos níveis de prostaglandina E e interleucinas-1β foi observado, principalmente nas primeiras 24 e 48 horas. Esses resultados corroboraram aqueles encontrados por UEMATSU, MOGI & DEGUCHI (1996). Esses achados indicaram que pode haver associação entre mudanças dos níveis de citocinas no fluido do sulco gengival e movimentação dentária induzida. Através de um estudo das interações de bradicinina, trombina, interleucinas 1α e 1β e fatores de necrose tumoral (TNF-α e TNF- β) na biossíntese de prostanóides (prostaglandinas E2 PGF1α ), RANSJO et al.(1998) observaram que houve interação sinérgica entre os mediadores analisados e a produção de prostaglandinas, quando da aplicação de força ortodôntica. Portanto, o remodelamento do ligamento periodontal e do osso alveolar durante a movimentação ortodôntica parece estar relacionado com a liberação de mediadores químicos, tais como, as prostaglandinas E e as interleucinas-1, especialmente a do tipo beta (IL1β), promovendo um aumento no número de osteoclastos e na atividade de reabsorção óssea (ALMEIDA, ETO & MARIGO, 2001). 2.2 Drogas antiinflamatórias não-esteróides (AINEs) O controle da dor é um dos mecanismos mais importantes das drogas analgésicas, que pertencem a quatro categorias principais (RANG, DALE & RITTER, 2001): - drogas semelhantes à morfina (opióides); - drogas antiinflamatórias não-esteróides (aspirina e substâncias relacionadas); - anestésicos locais; - várias drogas não opióides de ação central. As drogas semelhantes à morfina, assim como a maioria das drogas do último grupo, produzem analgesia através da ação no sistema nervoso central, enquanto as drogas semelhantes à aspirina e aos anestésicos locais atuam em nível periférico (KEHOE et al., 1996) As AINEs estão entre as mais usadas de todos os agentes terapêuticos. São freqüentemente prescritas nas queixas musculoesqueléticas “reumáticas”e estima-se que mais de 20 milhões de pessoas na Inglaterra apresentam esse tipo de distúrbio, e 8 milhões delas 29 consultam seus médicos no decorrer de um ano, representando 23% de todas as consultas. Nos EUA são feitas mais de 7 milhões de prescrições de AINE a cada ano. Além disso, quantidades muito grandes dessas drogas são compradas pelo público em geral, sem prescrição, para o tratamento de cefaléia, dor de dente e várias outras pequenas queixas (RANG, DALE & RITTER, 2001). As AINEs incluem diversos agentes de diferentes classes químicas. A maioria dessas drogas possui três principais tipos de efeito: - efeito antipirético; - efeito analgésico; - efeito antiinflamatório: modificação da reação inflamatória (KEHOE, et al., 1996). Os analgésicos podem ser classificados de acordo com o tipo de ação a nível central (narcóticos) ou a nível periférico (não-narcóticos), sendo que essas últimas também possuem propriedades antiinflamatórias , antipiréticas e antitrombóticas e são classificadas como drogas amtiinflamatórias não-esteróides (CAPELOTA, SHRIVER & ROSENTHALE, 1980). Em geral, todos esses efeitos estão relacionados à ação primária das drogas – inibição da via da ciclooxigenase do ácido araquidônico e, portanto, inibição da produção de prostaglandinas e tromboxanos (KYRKANIDES, O `BANION & SUBTELNY, 2000) (FIG.2). A ciclooxigenase (COX) é encontrada em duas formas: COX-1 e COX-2. A COX-1 é uma enzima constitutiva expressa na maioria dos tecidos e está envolvida na sinalização entre células e na hemostasia tecidual. A COX-2 é induzida nas células inflamatórias, quando estas são ativadas, sendo responsável pela produção de mediadores prostanóides da inflamação (VANE & BOTTING, 1996, apud RANG, DALE & RITTER, 2001). Os AINEs de uso atual são, em sua maior parte, inibidores de ambas as isoenzimas, apesar de variarem quanto ao grau de inibição de cada uma delas (GRISWOLD & ADAMS, 1996). A ação antiinflamatória dos AINEs está claramente relacionada com a sua inibição da COX-2, e é provável que, quando utilizados como agentes antiinflamatórios, seus efeitos indesejáveis decorram, em parte, da inibição da COX-1 (RANG, DALE & RITTER, 2001). Nem todas as AINEs possuem as três ações mencionadas na mesma intensidade. A maioria é analgésica, mas o grau de atividade antiinflamatória varia: algumas (como a aspirina e a indometacina) são fortemente antiinflamatórias; algumas são moderadamente antiinflamatórias (naproxeno, meclofenaco e fenclofenaco), enquanto outras (como o paracetamol) praticamente não possuem atividade antiinflamatória (RANG, DALE & RITTER, 2001). De acordo com ROCHE, CISNEROS & ACS (1997), o paracetamol (acetaminofeno) é considerado um fraco inibidor de prostaglandina, possuindo pequeno efeito 30 antiinflamatório. Apesar de não estar claro o mecanismo pelo qual o acetaminofeno alivia a dor, parece que essa propriedade está relacionada à maior ação dessa substância no sistema nervoso central (KEHOE et al., 1996). As AINEs são, portanto, eficazes, principalmente, contra os tipos de dor em que as prostaglandinas amplificam os mecanismos da dor básica, que são aqueles tipos associados aos processos inflamatórios. Drogas como as AINEs, cuja principal ação é inibir a ciclooxigenase, portanto, a síntese de prostaglandinas e tromboxanas, afetam, principalmente, aqueles aspectos da inflamação nos quais tais agentes têm participação significativa, que são vasodilatação e eritema (RANG, DALE & RITTER, 2001). 2.3 Antiinflamatórios não-esteróides e movimento ortodôntico Segundo ROCHE, CISNEROS & ACS (1997), o movimento dos dentes durante o tratamento ortodôntico depende de um processo de reabsorção do osso alveolar, que envolve uma resposta inflamatória, a qual pode levar a algum grau de desconforto secundário a essa resposta. Embora a análise histológica desse processo de remodelação já tenha sido estudada intensamente, os mediadores químicos envolvidos não são totalmente conhecidos. Estudos realizados demonstraram que as prostaglandinas e os nucleotídeos cíclicos poderiam ser considerados como mediadores envolvidos na reabsorção óssea e no movimento dentário induzido (ROCHE, CISNEROS & ACS, 1997). Durante o movimento ortodôntico, deformações mecânicas das células do ligamento periodontal levam a alterações moleculares, algumas das quais são capazes de causar reabsorção óssea (SANDY, 1992). O “stress” mecânico parece evocar uma resposta bioquímica e estrutural em uma variedade de tipos celulares. Na fase precoce do movimento ortodôntico, há envolvimento de resposta inflamatória aguda caracterizada por vasodilatação periodontal e migração de leucócitos dos capilares de ligamento periodontal (DAVIDOVITCH & SHANFELD, 1980). Citocinas secretadas pelos leucócitos podem interagir diretamente com células ósseas ou indiretamente via células vizinhas, tais como, monócitos, macrófagos, linfócitos e fibroblastos. Essa interação desencadeia alterações estruturais e bioquímicas de um complexo processo regulado por diversas citocinas e mediadores inflamatórios, como prostaglandinas E (PGE) e interlucinas (IL), as quais levam à remodelação óssea. 31 Células do sistema nervoso, imunológico e endócrino estão envolvidas na ativação da resposta do ligamento periodontal e das células ósseas durante a movimentação ortodôntica. (KEHOE et al., 1996). Embora muitos estudos tenham avaliado as modificações ósseas decorrentes da movimentação ortodôntica, pouca informação se tem da fisiologia da remodelação óssea e dos mediadores bioquímicos envolvidos nesse processo. Contudo, temse afirmado que a movimentação ortodôntica pode ser mediada através da produção e da atuação das prostaglandinas, importantes componentes da resposta inflamatória, através da alteração da atividade e do número dos osteoclastos (YAMASAKI, MIURA & SUDA, 1980). YAMASAKI, MIURA & SUDA (1980) descreveram o papel das prostaglandinas como mediadores da reabsorção óssea induzida por tratamento ortodôntico em ratos. Demonstrou-se que a injeção local de PGE resultava em aumento de osteoclastos no lado do movimento do dente, enquanto a indometacina, um inibidor específico da síntese de prostaglandinas, tinha um efeito inibitório no aparecimento dos osteoclastos. A redução na movimentação dentária em animais testados com indometacina é encontrada freqüentemente na literatura (MOHAMMED, TATAKIS & DZIAK, 1989; CHUMBEY & TUNCAY, 1986). Drogas antiinflamatórias não-esteróides (ibuprofeno) inibiram a produção de PGE no ligamento periodontal de cobaias, bem como reduziram o movimento ortodôntico (KEHOE et al, 1996). O efeito do paracetamol (acetaminofeno), analgésico utilizado para controle da dor em pacientes submetidos a tratamentos ortodônticos e que possui fraca atividade antiinflamatória (RANG, DALE & RITTER, 2001), não alterou o padrão de movimentação ortodôntica em coelhos (ROCHE, CISNEROS & ACS, 1997). A administração local de PGE próximo dos dentes de pacientes submetidos à movimentação ortodôntica acelerou esse processo (YAMASAKI et al.,1984). Do mesmo modo, a aplicação de injeções de PGE na gengiva de ratos determinou aumento do número de lacunas osteoclásticas no lado de pressão, comparado com o grupo controle que não recebeu injeções de PGE (LEE, 1990). Sabendo-se que as prostaglandinas estão relacionadas com a reabsorção óssea e que estudos já demonstraram a presença dessa substância no ligamento periodontal, CHUMBLEY & TUNCAY (1986) administraram indometacina, potente inibidor da síntese de prostagiadina, em seis ratos para analisar o envolvimento das prostaglandinas no movimento dentário induzido por forças ortodônticas. Aparelho ortodôntico constituído por uma mola fechada entre o canino e os terceiros pré-molares direito e esquerdo foi utilizado em todos os animais. Decorridos 21 dias, a quantidade de movimento dentário foi medida e, como 32 resultado, observou-se que no grupo controle foi duas vezes maior que no experimental. Tais resultados permitiram concluir que as prostaglandinas possuem papel importante no processo de rebsorção óssea durante a terapia ortodôntica e corroboraram as recomendações de se evitar a administração das indometacinas durante o tratamento ortodôntico. As influências dos efeitos do acetaminofeno, do ibuprofeno e do misoprostol sobre a síntese de prostaglandinas do tipo E2 durante o movimento ortodôntico foram avaliadas por KEHOE et al.(1996), tendo como animais experimentais porcos da Índia, que foram divididos em um grupo controle e em três experimentais, sendo este de acordo com o tipo de medicação administrada. Uma força ortodôntica foi aplicada nos incisivos superiores, e medições lineares da separação desses dentes nos dias experimentais 2, 4, 6, 10 e 11 foram realizadas. Exudatos inflamatórios da região do ligamento periodontal dos incisivos superiores foram recolhidos nos dias experimentais 4 e 9 e submetidos à análise radiomunológica para a detecção de PGE2 Os resultados revelaram diferenças na concentração de PGE2 em relação às drogas utilizadas e no tamanho do diastema entre os incisivos. O ibuprofeno inibiu significantemente a produção de PGE2 e a quantidade de movimento dentário. O misoprostol não alterou de forma significativa a produção local de PGE2, mas provocou um aumento significativo na quantidade de movimento dentário. O acetaminofeno (paracetamol) provocou uma redução nos níveis de PGs no ligamento periodontal, mas não alterou, de forma significativa, a quantidade de movimento dentário. Esses resultados sugeriram que o acetaminofeno representa o analgésico de escolha durante o tratamento ortodôntico. Considerando que drogas com efeitos analgésicos e antiinflamatórios, como a aspirina e o ibuprofeno reduzem a quantidade de movimento dentário induzido, ROCHE, CISNEGO & ACS (1997) desenvolveram um estudo experimental com coelhos, objetivando estudar os efeitos do acetaminofeno sobre a movimentação dentária em animais. Sob efeito anestésico, foram posicionadas molas entre os primeiros molares e incisivos inferiores, aproximando esses dentes. Em um total de sete animais experimentais, foram administrados diariamente 1000 mg de acetaminofeno, e sete animais do grupo controle receberam água. Todos os coelhos foram sacrificados em 21 dias e a quantidade de movimento dos incisivos e molares foi mensurada. Os resultados mostraram considerável quantidade de movimento em ambos os grupos, não apresentando diferenças significativas entre eles. O acetaminofeno não afetou a quantidade de movimento dentário induzido. Pretendendo avaliar a influência do ácido acetilsalicílico, um inibidor da síntese de prostaglandinas no movimento dentário induzido, WONG, REYNOIDS & WEST (1992) utilizaram porcos da Índia, nos quais instalaram aparelho ortodôntico, objetivando obter a 33 separação dos incisivos superiores. Os animais do grupo experimental receberam, diariamente, por via oral, 65 mg/kg de aspirina, divididos em três doses. Após 28 dias, a quantidade de separação dos dentes foi medida. Os resultados demonstraram que a aspirina não alterou, de forma significativa, a quantidade de movimento. A partir disso, pôde-se concluir que, talvez, as prostaglandinas não deveriam ser os únicos mediadores do processo de reabsorção óssea associada ao movimento dentário induzido por forças ortodônticas leves. A influência do ibuprofeno, um antiinflamatório não-esteróide, na progressão da doença periodontal, foi avaliada em um estudo longitudinal em 22 cadelas da raça Beagle, durante um período de 13 meses (WILLIAMS et al., 1988). Seis animais foram utilizados como grupo controle, e os restantes foram divididos em três grupos experimentais, de acordo com a quantidade de dose de ibuprofeno administrada diariamente. Radiografias padronizadas foram utilizadas para medir a quantidade de perda óssea. Os resultados revelaram diferenças entre os três grupos experimentais tratados com ibuprofeno e o controle, de maneira que os primeiros apresentaram uma perda óssea significativamente menor do que o último. Demonstrou-se, assim, que o ibuprofeno, um antiinflamatório não-esteróide, pôde inibir a perda óssea em cadelas da raça Beagle. Nesse aspecto, portanto, os antiinflamatórios não-esteróides podem representar não apenas um possível caminho para o controle químico do movimento dentário, como também uma contra-indicação para o tratamento, o que sugere uma avaliação criteriosa da sua utilização. 2.4 A utilização de ratos como modelo experimental A utilização de ratos em experimentos oferece algumas vantagens: 1- facilidade de obtenção dos animais, possibilidade de manipulação de um maior número de animais, devido ao curto tempo de procriação e às ninhadas com muitos filhotes, o que permite apresentar pouca variação genéticapodendo levar à padronização. Além disso, seus molares são parecidos com os dos seres humanos, guardando as mesmas proporções de tamanho e outras peculiaridades anatômicas. São animais dóceis e de pequeno porte, o que facilita o trabalho e possibilita a obtenção de quantidades representativas de tecidos para inclusão e análise microscópica (MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE, 1954; PORTER, 1967); 34 2- o osso alveolar de ratos possui um balanço perfeito entre a reabsorção e a formação óssea, uma orientação espacial dessas atividades e uma taxa alta de turnover ósseo (LASFARGUES & SAFFAR, 1992; ROBINSON & SCHENEIDER, 1992). MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE (1954) e AZUMA (1970) estudaram as mudanças histológicas no ligamento periodontal em ratos após a inserção de bandas elásticas entre o primeiro e segundo molar e demonstraram que a formação e reabsorção óssea ocorrem mais rapidamente nos primeiros molares por moverem contra o movimento fisiológico distal dos dentes. Foi estabelecido que esse remodelamento incluía a deposição de osso neoformado na superfície óssea no lado de tensão e reabsorção da parede alveolar no de pressão (WALDO & ROTHBLATT, 1954; MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE, 1954; ZAKI & VAN HUYSEN, 1963; AZUMA, 1970; ASHIZAWA & SAHARA, 1998). ASHIZAWA & SAHARA (1998) também observaram, através de uma técnica cronológica de marcação de chumbo, que o movimento fisiológico do dente do rato ocorre para distal, onde notaram maior formação de osso na face mesial da raiz mesiolingual. Ao se realizar o movimento mesial do dente com aplicação de força, observou-se que o lado em que havia maior formação de osso passou a ser o distal. A dentição dos ratos consiste em um incisivo e três molares em cada quadrante dos maxilares, apresentando apenas uma dentição. O primeiro molar permanente é o maior dos três em cada quadrante, apresentando cinco raízes, sendo a mesiovestibular e a dentovestibular as maiores e mais utilizadas nas análises microscópicas. Devido ao menor tamanho dos molares inferiores, esses são pouco utilizados em pesquisas (MACAPANPAN et al., 1954). O osso alveolar dos ratos apresenta poucos espaços medulares e maior densidade em relação ao osso alveolar humano, uma alta taxa de remodelação e o tecido osteóide é abundante (MAZZIEIRO, 1999; REITAN & KIVAN, 1971). 35 3 OBJETIVOS 36 3 OBJETIVOS 3.1. Objetivo geral: Avaliar a biologia dos tecidos de suporte, durante a aplicação de força ortodôntica. 3.2. Objetivo específico 1. Avaliar as alterações do peso corporal; 2. Avaliar as alterações histológicas e histoquantitativas do periodonto, durante a movimentação ortodôntica, após a administração de paracetamol e de ácido acetilsalicílico. 37 4 MATERIAL E MÉTODOS 38 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Seleção dos animais Foram utilizados 42 ratos da raça Holtzman, machos, com peso corporal entre 165 e 350g com 60 dias de idade, provenientes da colônia do biotério do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Durante o período experimental, os animais permaneceram em gaiolas plásticas, forradas com maravalhas, contendo cada gaiola um número máximo de quatro animais. A alimentação dos animais foi de consistência pastosa (ração da marca Labina-Purina dissolvida em água) e água ad libitum. O projeto experimental foi aprovado pelo Comitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Os animais foram divididos em três grupos distintos: um grupo controle e dois experimentais, sendo que em todos os grupos foi realizada movimentação ortodôntica. Cada grupo subdividiu-se em três subgrupos de acordo com o tempo de administração da droga e a época do sacrifício dos animais. Esses grupos, com seus respectivos subgrupos, são listados abaixo. ∙Grupo 1 (controle) – Composto de 13 animais, distribuídos em três subgrupos, sem administração de drogas. O número de animais e os tempos de sacrifício foram os seguintes: - subgrupo 1: quatro animais, sacrificados após um dia da ativação dos dispositivos ortodônticos; - subgrupo 2: quatro animais, sacrificados após cinco dias da ativação dos dispositivos ortodônticos; - subgrupo 3: cinco animais, sacrificados após 14 dias da ativação dos dispositivos ortodônticos. ∙Grupo 2 (paracetamol + movimentação) – Contendo 15 animais, distribuídos em três subgrupos, recebeu administração de paracetamol (20 mg/kg dissolvidos em água destilada). O número total de animais por subgrupo e o tempo de administração da droga e as épocas do sacrifício dos animais foram os seguintes: - subgrupo 1: cinco animais, sacrificados após um dia da ativação dos dispositivos ortodônticos; - subgrupo 2: cinco animais, sacrificados após cinco dias da ativação dos dispositivos ortodônticos; 39 - Subgrupo 3: cinco animais, sacrificados após 14 dias da ativação dos dispositivos ortodônticos. ∙Grupo 3 (ácido acetilsalicílico + movimentação) – Contendo 14 animais, sudividiuse em três subgrupos, de acordo com o tempo de administração da droga e a época do sacrifício dos animais. Os animais foram tratados com ácido acetilsalicílico (20 mg/kg dissolvidos em água destilada). Segue, abaixo, a subdivisão realizada: - subgrupo 1: quatro animais, sacrificados após um dia da ativação dos dispositivos ortodônticos; - subgrupo 2: cinco animais, sacrificados após cinco dias da ativação dos dispositivos ortodônticos; - subgrupo 3: cinco animais, sacrificados após 14 dias da ativação dos dispositivos ortodônticos. 4.2 Administração e preparação das drogas Os animais dos grupos 2 e 3 receberam, via bucal, o paracetamol e o ácido acetilsalicílico, respectivamente, sempre no mesmo horário do dia. Todos os animais receberam a medicação um dia anterior à inserção dos dispositivos ortodônticos. A dosagem foi calculada a partir de um estudo piloto, de acordo com a proporção do peso dos animais e equivaleu a uma dosagem diária de 20mg/kg de peso dissolvidos em água. Essa solução era preparada diariamente e deixada nas gaiolas para que fosse consumida. Para isso, foi necessário determinar a média diária de água que cada animal ingeriu. O paracetamol e o ácido acetisalicílico utilizados foram manipulados na Farmácia Amphora, tendo como excipientes talco e lactose nas concntrações de 50% cada. Apresentaram-se sob forma de cápsulas, contendo cada uma 6 mg. 4.3 Pesagem dos animais Os animais foram pesados ao início e ao final do experimento, e a variação do peso foi submetida à análise estatística. 4.4 Anestesia dos animais Antes da inserção dos dispositivos ortodônticos, os animais foram anestesiados com citrato de fentanyl, diluído em água destilada, na dosagem de 25 µg por quilograma de peso, 40 via intraperitoneal. Obtido o efeito anestésico, os animais foram posicionados em uma mesa operatória (FIG.3). FIGURA 3 – Animal posicionado na mesa operatória 4.5 Inserção e ativação dos dispositivos ortodônticos: Após a anestesia e o posicionamento na mesa operatória, fez-se a instalação de dispositivos ortodônticos idênticos em todos os animais, constituídos por molas de NiTi de secção fechada, da marca comercial MIDWEST Orthodontic Manufacturing LLC®, de 0.010” X 0.030", código 225-136. Essas molas permaneceram fixadas nos primeiros molares e nos incisivos superiores esquerdos, por meio de um fio de amarrilho de aço de 0.020", localizados nas extremidades das molas e que laçaram os primeiros molares e incisivos, passando pelos espaços interproximais desses dentes, segundo metodologia descrita por HELLER & NANDA (1979) (FIG 4). No lado direito, considerado controle, nenhum tipo de dispositivo ortodôntico foi colocado, ou seja, não houve aplicação de força. Para facilitar a instalação do fio, os molares eram afastados com o auxílio de uma agulha de sutura. 41 FIGURA 4 – Ilustração da instalação do aparelho para a movimentação dentária FONTE – Adaptado de HELLER & NANDA, 1979. Objetivando aumentar a retenção desses fios aos incisivos, realizou-se um sulco no esmalte no terço gengival da coroa desses dentes utilizados como ancoragem, onde o fio de amarrilho foi posicionado e amarrado firmemente. Recobrindo essa região do sulco e do amarrilho, foi colocada resina composta Concise Ortodôntica, da marca comercial 3M®, manipulada segundo as indicações do fabricante (FIG.5). FIGURA 5 – Aparelho instalado As molas utilizadas, preparadas com um comprimento de 6 mm, foram ativadas de maneira a produzir uma força de tensão inicial de 20 gramas, aferida por meio de uma carga 42 previamente calibrada. Depois de instaladas, nenhuma ativação subseqüente foi realizada durante o período experimental (FIG.6). 20 g A 20 g FIGURA 6 -Medição da força ortodôntica Todos os procedimentos foram realizados por um único profissional, o que favoreceu a padronização dos atos experimentais. O correto posicionamento dos dispositivos ortodônticos foi conferido no momento do sacrifício, sendo descartados aqueles animais que apresentaram qualquer tipo de anormalidade nos mesmos. 4.6 Sacrifício dos animais e moldagem final Ao término dos períodos experimentais, os animais foram sacrificados por inalação excessiva de éter etílico e deslocamento cervical. Em seguida, foram decapitados, e as maxilas foram dissecadas, removendo-se os seus componentes epiteliais e musculares, e colocadas em solução tamponada de formol a 10%, para fixação. Após três dias de fixação, fez-se a lavagem do material em água corrente durante um dia para , então, ser realizada a moldagem das maxilas. O material utilizado nesse procedimento foi uma silicona de condensação, Silon D, de alta viscosidade e Silon F, de baixa viscosidade, manipulados 43 segundo as instruções do fabricante, Dentsply®. As moldagens do arco superior foram realizadas com moldeiras parciais de aço. Logo em seguida, os moldes eram conferidos e imediatamente vazadas com gesso especial. Após a obtenção dos modelos, as maxilas foram colocadas em solução desmineralizadora de etilenodiaminotetracetatodissódico a 10% EDTA , tamponada, à temperatura ambiente. 4.7 Medição dos modelos de gesso e análise da quantidade de movimento Para um controle da quantidade de deslocamento dentário, foram obtidos modelos de gesso da região dos molares superiores direito e esquerdo ao final do experimento. Todos os modelos foram codificados para a realização da avaliação às cegas. A distância entre as cristas marginais da cúspide mesial do primeiro molar superior e da cúspide distal do terceiro molar superior foi medida em todas as maxilas no lado direito e esquerdo. A medição foi realizada duas vezes, por um único profissional, em períodos diferentes, com um paquímetro digital eletrônico com aproximação de centésimos de milímetros, da marca comercial Pro-Max, Fowleer-NSK®, posicionado paralelo ao plano oclusal (FIG.7). A comparação entre a 1ª e 2ª medidas foi submetida à análise estatística. FIGURA 7 – Medição da quantidade de deslocamento dentário no modelo A quantidade efetiva de movimento dentário ao final do experimento para cada animal, foi calculada subtraindo-se a distância do lado esquerdo (com aplicação de força 44 ortodôntica) da distância do lado direito (sem aplicação de força ortodôntica), como preconizado por KOBAYASHI et al.(1998). 4.8 Preparação dos espécimes Após fixação, as maxilas foram seccionadas ao meio, na região da sutura palatina mediana, e as hemimaxilas direita e esquerda foram colocadas em solução desmineralizadora de EDTA a 10%, tamponada, à temperatura ambiente até se obter a desmineralização desejada. Trocas da solução foram feitas a cada dois dias, durante um período que variou de 70 a 90 dias. O controle da desmineralização foi feito pela técnica do estilete, que consiste em introduzir uma lâmina através do tecido, para avaliar a resistência. Depois de devidamente desmineralizados, os fragmentos maxilares foram preparados para os procedimentos histotécnicos de rotina. As peças maxilares foram processadas para inclusão em parafina, nas seguintes etapas: 1- desidratação: os tecidos foram mergulhados em uma série crescente de álcool (70%, 80%, 90%, absoluto I, absoluto II , absoluto III) com um tempo de 30 minutos em cada banho; 2- diafanização: os tecidos foram mergulhados em três banhos de xilol, durante 30 minutos em cada banho; 3- infiltração: foram realizados três banhos em parafina a 60°C durante 90 minutos em cada. Após o último banho, realizou-se a inclusão do material em parafina, obtendo-se os blocos. Os blocos de parafina de todos os animais foram cortados no sentido vestíbulopalatino, ao longo do eixo dos primeiros molares superiores, em um micrótomo, obtendo-se cortes seriados de seis micrômetros de espessura. Os cortes foram coletados em lâminas de vidro e deixados secar durante um dia. Em seguida, foram realizados os procedimentos de coloração com hematoxilina e eosina (H.E.). 4.9 Análise microscópica descritiva Os cortes teciduais obtidos foram examinados em microscopia de luz, com microscópio da marca Olympus BX 50, e a área de estudo foi considerada a raiz mésiovestibular dos primeiros molares superiores direito (lado controle) e esquerdo (lado experimental), visto que essa raiz é a maior e uma das mais utilizadas nas análises microscópicas. Devido à localização das cinco raízes em planos diferentes, a obtenção de todas em um mesmo corte longitudinal foi impossível (FIG.8). 45 FIGURA 8 – Área avaliada na análise microscópica FONTE – Adaptado de SCHOUR & MASSLER, 1963. Na raiz mésio-vestibular, foram analisadas as alterações nas faces mesial e distal, considerando-se o início dessas faces junto à crista alveolar e o seu término junto ao forame apical. Foram analisados os seguintes fenômenos: 1- presença de reabsorção frontal e retrógrada, presença de lacunas osteocíticas e deposição de tecido osteóide; 2- espessura do ligamento periodontal, presença de infiltrado inflamatório, áreas de destruição e áreas de hialinização; 3- presença de áreas de reabsorção e aposição no cemento; 4- alterações morfológicas dos fibroblastos, cementoblastos, clastos, osteoblastos e suas relações de localização e distribuição quanto ao cemento radicular, ligamento periodontal, osso alveolar. 4.10 Análise histométrica A contagem do número de osteoclastos presentes no periodonto, tanto na superfície mesial, quanto na distal da raiz mésio-vestibular do primeiro molar superior esquerdo, foi realizada por meio de um microscópio da marca Olympus BX 50, sendo feita sempre por um mesmo operador. As imagens usadas para as medições apresentavam-se em ampliações de 400x. O cálculo do número de osteoclastos foi realizado tanto no lado controle, quanto no experimental em cada animal, sendo obtido o número de osteoclastos em quatro cortes por 46 bloco, para cada animal. Foram utilizados secções seriadas, analisando um corte a cada intervalo de 50 µm, medida que propiciou a não repetição da contagem de um mesmo osteoclasto ao fazer a análise de um corte para outro. A média do número de osteoclastos no lado controle e no lado experimental foi calculada para cada animal e, depois, obteve-se a média final para cada grupo, sendo submetida à análise estatística. 4.11 Análise estatística Neste estudo, houve interesse em avaliar a quantidade de movimento dentário observada no lado que sofreu a movimentação ortodôntica (lado experimental). Esta medida foi estabelecida comparando-se esse lado (E) com o lado controle (C), tomando-se E − C a diferença em percentual × 100 . Esse cálculo foi realizado, partindo-se do E princípio de que havia uma simetria entre os dois lados. Foi avaliado o peso no início e no final do tratamento de cada animal, quando se Pf − Pi × 100 . buscou a mudança de peso em percentual de forma semelhante Pi Também foi levantado o número de osteoclastos no lado controle (OC) e no lado experimental (OE), tomando-se a diferença entre os dois lados (OE-OC). Essas medidas foram obtidas, a partir da média do número de osteoclastos para cada subgrupo e grupo. As medidas descritivas são apresentadas em tabelas e gráficos com porcentagens ou medidas descritivas como média, mediana, mínimo, máximo e desvio padrão. As comparações entre os grupos de animais quanto ao peso, quantidade de movimento e número de osteoclastos foram realizadas utilizando-se o teste de Kruskal-Wallis. Esse teste tem como objetivo comparar duas ou mais amostras independentes em relação a uma medida de interesse; além disso, trata-se de um teste não paramétrico. Isto é, esse não se baseia na média e desvio-padrão, e, sim, nos postos / posições (Rank - posição do indivíduo na amostra) das medidas. Com o objetivo de avaliar a relação entre o número de osteoclastos e a quantidade de movimento, utilizou-se a análise de correlação de Spearman (r), medida que expressa a relação linear entre duas variáveis X e Y, medindo a grandeza dessa relação: r > 0: indica relação direta, ou seja, um aumento em X é acompanhado por um aumento em Y; 47 r < 0: indica relação indireta, ou seja, um aumento em X é acompanhado por um decréscimo em Y. Um alto valor de r próximo de um (negativo ou positivo) representa uma forte relação linear, enquanto um valor próximo de zero mostra que a associação linear é fraca. Para a comparação entre a 1ª e a 2ª medidas da quantidade de movimento dentário ortodôntico, utilizou-se o teste t de Student para amostras pareadas (dependentes). Trata-se de um teste paramétrico que tem como objetivo comparar medidas realizadas no mesmo indivíduo (animal). Todos os resultados foram considerados significativos para uma probabilidade de significância inferior a 5% (p< 0,05), tendo, portanto, pelo menos 95% de confiança nas conclusões apresentadas. 48 5 RESULTADOS 49 5 RESULTADOS No quadro 1, fez-se referência ao tamanho da amostra avaliada. QUADRO 1 Número de animais avaliados em cada situação de interesse Peso Grupo Sem medicação Paracetamol AAS 1º 4 5 4 5º 5 5 5 14º 4 5 5 1º 4 4 4 Medida Quantidade de movimento 5º 14º 4 4 4 4 4 4 Nº de osteoclastos 1º 4 4 4 5º 4 4 4 14º 4 4 4 Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico 5.1 Análise do peso corporal dos animais A tabela 1 fornece as medidas descritivas do peso corporal, caracterizando os ratos quanto ao peso inicial e final e, considerando-se o grupo e o dia do sacrifício. 50 TABELA 1 Caracterização dos ratos quanto ao peso inicial e final, considerando-se o grupo e o dia do sacrifício Medidas descritivas Máximo Mediana Média Dia Medicação Etapa Mínimo 1º Nenhuma Inicial 247,0 303,0 279,5 277,2 24,5 Final 237,0 283,0 256,5 258,2 20,7 Inicial 206,0 255,0 225,0 230,0 21,7 Final 191,0 248,0 226,0 226,0 23,8 Paracetamol AAS 5º Nenhuma Paracetamol AAS 14º Nenhuma Paracetamol Desvio Inicial 235,4 250,0 242,2 242,4 6,0 Final 238,0 251,0 245,5 245,0 5,7 Inicial 269,0 353,0 293,0 300,6 34,8 Final 226,0 311,0 259,0 266,2 37,6 Inicial 233,0 298,0 265,0 265,6 24,7 Final 208,0 267,0 259,0 244,6 25,8 Inicial 205,0 247,0 225,0 223,8 15,5 Final 178,0 240,0 205,0 209,4 24,2 Inicial 222,0 247,0 231,0 232,7 10,9 Final 228,0 270,0 248,8 248,9 17,9 Inicial 245,0 303,0 269,0 269,6 21,4 Final 250,0 305,0 273,8 275,8 24,1 Inicial 165,0 267,0 226,0 214,2 42,8 Final 143,0 Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico 276,0 233,0 211,6 55,9 AAS A tabela 2 e o gráfico 1 fornecem a avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso após o período de tratamento. Foram constatados, após um dia de tratamento, diferenças significativas entre os grupos quanto à mudança de peso em percentual. Neste caso, o grupo sem medicação apresentou, em média, uma perda de peso em percentual superior à variação observada nos demais grupos, que não diferiram entre si. Ressalta-se que, no grupo em que se administrou o ácido acetilsalicílico, ocorreu um aumento de peso. Após 5 e 14 dias de tratamento, nenhuma diferença significativa foi observada. 51 TABELA 2 Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso após o período de tratamento Dia 1º Medicação Nenhuma Paracetamol AAS Mínimo -8,6 -7,3 -0,8 5º Nenhuma Paracetamol AAS -16,9 -17,8 -13,2 Medidas descritivas Máximo Mediana Média -4,0 -7,3 -6,8 1,4 -0,8 -1,8 3,7 0,7 1,1 Desvio 2,0 3,4 1,9 p 0,031 S < (P = A) -11,6 -7,8 -6,5 4,1 6,9 7,4 0,543 S=P=A Nenhuma -7,7 21,6 7,7 7,3 Paracetamol -3,5 8,5 1,8 2,3 AAS -13,3 22,1 -6,8 -1,7 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico 12,0 4,4 14,7 0,418 S=P=A -5,4 -2,3 4,6 -11,9 -4,3 -9,3 14º 10 7,3 8 6 Mudança percentual de peso 4 2,3 2 1,1 Medicação 0 -2 -1,7 -1,8 Nenhuma Paracetamol AAS -4 -6 -8 -6,5 -6,8 -7,8 -10 -12 -11,6 -14 1º dia 5º dia 14º dia GRÁFICO 1 – Avaliação da influência da medicação na mudança percentual do peso, após o período de tratamento A tabela 3 e o gráfico 2 mostram a avaliação do tempo de tratamento na mudança percentual do peso, considerando-se a medicação utilizada. No grupo em que se administrou ácido acetilsalicílico, não foram constatadas diferenças significativas entre os dias de avaliação. Já nos demais grupos (paracetamol e sem medicação), constatou-se que a redução de peso observada no 5º dia diferiu significativamente da avaliação realizada no 14º dia, quando ocorreu, na verdade, um ganho de peso. 52 TABELA 3 Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança percentual do peso, considerando-se a medicação utilizada Medicação Nenhuma Dia 1º 5º 14º Mínimo -8,6 -16,9 -7,7 Paracetamol 1º 5º 14º -7,3 -17,8 -3,5 Medidas descritivas Máximo Mediana Média -4,0 -7,3 -6,8 -5,4 -11,9 -11,6 21,6 7,7 7,3 Desvio 2,0 4,1 12,0 p 0,029 5 < 14 -1,8 -7,8 2,3 3,4 6,9 4,4 0,039 5 < 14 1º -0,8 3,7 0,7 1,1 5º -13,2 4,6 -9,3 -6,5 14º -13,3 22,1 -6,8 -1,7 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis 1,9 7,4 14,7 1,4 -2,3 8,5 -0,8 -4,3 1,8 AAS 0,425 1 = 5 = 14 Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico 10 8 7,3 6 4 Mudança percentual do peso 2,3 2 1,1 0 -2 -1,7 -1,8 1º dia 5º dia 14º dia -4 -6 -8 -6,5 -6,8 -7,8 -10 -12 -11,6 -14 Nenhuma Paracetamol AAS GRÁFICO 2 – Avaliação da influência do tempo de tratamento na mudança percentual do peso, considerando-se a medicação utilizada 5.2 Análise da quantidade de movimento dentário induzido por forças ortodônticas A tabela 4 mostra que não foram constatadas diferenças significativas entre as 1ª e 2ª medidas, mostrando que o avaliador realizou duas medidas de forma similar. 53 TABELA 4 Comparação entre as primeiras e segundas medidas avaliadas no mesmo indivíduo Medida 1ª Medidas descritivas Máximo Média 7,00 6,48 Mínimo 5,00 Desvio 0,52 p 0,320 2ª 6,00 7,00 6,43 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste t de Student 0,50 As medidas descritivas realizadas no lado controle e no lado experimental podem ser avaliadas na tabela 5. TABELA 5 Caracterização dos ratos quanto à medida realizada no lado controle e no lado experimental considerando-se o grupo e o dia do sacrifício Dia 1º Medidas descritivas Máximo Mediana Média 6,79 6,64 6,64 6,53 6,37 6,36 Medicação Nenhuma Lado E C Mínimo 6,50 6,18 Paracetamol E C 6,17 5,96 6,70 6,27 6,47 6,17 6,45 6,14 0,26 0,14 AAS E C 6,30 6,16 6,75 6,50 6,57 6,45 6,55 6,39 0,19 0,16 Nenhuma E C 6,37 6,25 6,88 6,67 6,57 6,32 6,60 6,39 0,21 0,20 Paracetamol E C 6,53 6,21 6,64 6,35 6,59 6,28 6,59 6,28 0,06 0,07 AAS E C 6,32 6,12 7,0 6,63 6,38 6,24 6,52 6,31 0,32 0,22 Nenhuma E C 6,57 6,25 6,97 6,67 6,84 6,42 6,81 6,44 0,18 0,18 Paracetamol E C 6,48 6,08 7,12 6,71 6,78 6,40 6,79 6,40 0,30 0,26 E 6,41 C 6,16 Legenda: AAS Æ Ácido acetilsalicílico 7,13 6,63 6,69 6,50 6,73 6,45 0,30 0,21 5º 14º AAS Desvio 0,14 0,20 Avaliando-se as diferenças entre os dois lados, em percentual, através da tabela 6 e do gráfico 3, constataram-se, durante todo o estudo, similaridades entre os grupos. No entanto, 54 considerando-se o 1º dia após o início do tratamento, foi verificada uma tendência (p = 0,074) da ocorrência de alguma diferença entre os grupos. Neste caso, observou-se, em média, uma maior movimentação no grupo que recebeu paracetamol e menores medidas no grupo que recebeu ácido acetilsalicílico. Pode-se verificar que, em todos os períodos de tratamento, o grupo do ácido acetilsalicílico apresentou menor quantidade de movimentação dentária. Quanto às comparações entre os dias de tratamento, apresentadas na tabela 7 e no gráfico 4, nenhuma diferença significante foi observada. Houve uma tendência de ocorrer maior quantidade de movimentação dentária no 14° dia. TABELA 6 Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e experimental da medida (quantidade de movimento) após o período de tratamento Dia 1º Medicação Nenhuma Paracetamol AAS Mínimo 2,97 3,00 0,91 5º Nenhuma Paracetamol AAS 1,80 4,22 1,88 Medidas descritivas Máximo Mediana Média 5,50 4,22 4,23 6,86 4,49 4,71 4,59 1,95 2,35 Desvio 1,08 1,83 1,59 p 0,074 S=P=A 3,43 4,63 3,21 1,31 0,30 1,48 0,232 S=P=A Nenhuma 4,30 6,21 5,54 5,40 Paracetamol 2,72 8,48 5,96 5,78 AAS 2,08 7,00 3,75 4,15 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis Legenda: Ácido acetilsalicílico Æ AAS 0,97 2,37 2,06 0,490 S=P=A 14º 4,80 4,90 5,28 3,55 4,70 2,83 55 8 7 5,78 Diferença percentual da medida 6 5,40 5 4,71 4,63 Medicação 4,23 4,15 4 3,43 Nenhuma Paracetamol AAS 3,21 3 2,35 2 1 0 1º dia 5º dia 14º dia GRÁFICO 3: Avaliação da influência da medicação a diferença percentual entre o lado controle e o lado experimental da medida (quantidade de movimento) após o período de tratamento TABELA 7 Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e o lado experimental da medida (quantidade de movimento), considerando-se a medicação utilizada Dia 1º 5º 14º Medidas descritivas Mínimo Máximo 2,97 5,50 1,80 4,80 4,30 6,21 Mediana 4,22 3,55 5,54 Média 4,23 3,43 5,40 Desvio 1,08 1,31 0,97 1º 5º 14º 3,00 4,22 2,72 4,49 4,70 5,96 4,71 4,63 5,78 1,83 0,30 2,37 0,584 1 = 5 = 14 1º 0,91 4,59 1,95 2,35 5º 1,88 5,28 2,83 3,21 14º 2,08 7,00 3,75 4,15 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis 1,59 1,48 2,06 0,334 1 = 5 = 14 Medicação Nenhuma Paracetamol AAS 6,86 4,90 8,48 p 0,105 1 = 5 = 14 56 8 7 6 5,78 Diferença percentual da medida 5,40 5 4,71 4,63 4,23 4,15 4 3,43 1º dia 5º dia 14º dia 3,21 3 2,35 2 1 0 Nenhuma Paracetamol AAS GRÁFICO 4: Avaliação da influência da medicação na diferença percentual entre o lado controle e experimental da medida (quantidade de movimento), considerando-se a medicação utilizada 5.3 Análise histométrica – Contagem de osteoclastos. Na tabela 8, observam-se os dados descritivos envolvendo o número de osteoclastos no lado experimental e no lado controle, tomando-se a média de cada lado. Nota-se que, em todos os grupos, houve maior média do número de osteoclastos no lado experimental. 57 TABELA 8 Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos no lado controle e experimental considerando-se o grupo e o dia do sacrifício Dia 1º 5º 14º Medidas descritivas Máximo Mediana Média 11,50 7,75 7,44 4,00 3,25 3,13 Medicação Nenhuma Lado E C Mínimo 2,75 2,00 Paracetamol E C 2,00 1,00 9,50 3,00 5,62 1,12 5,69 1,56 3,42 0,97 AAS E C 0,00 0,00 4,75 3,50 2,50 0,75 2,44 1,25 2,29 1,59 Nenhuma E C 13,75 0,75 34,25 7,00 18,50 1,50 21,25 2,69 9,06 2,90 Paracetamol E C 24,50 2,00 39,00 2,50 34,25 2,25 33,00 2,25 6,26 0,20 AAS E C 11,25 0,25 37,0 2,25 22,13 1,00 23,13 1,13 10,75 0,92 Nenhuma E C 5,75 0,75 11,25 7,75 7,75 2,33 8,13 3,29 2,43 3,25 Paracetamol E C 6,75 3,00 18,00 12,25 14,63 5,00 13,50 6,31 5,15 4,11 AAS E C 10,50 5,00 6,50 1,75 7,13 2,13 2,44 2,32 Legenda: E Æ experimental 5,00 0,00 C Æ controle Desvio 3,59 0,85 A tabela 9 e o gráfico 5 apresentam os dados obtidos a partir da comparação entre os grupos, mostrando que os mesmos são similares quanto à diferença observada entre os dois lados (experimental e controle), sendo a maior diferença no grupo que recebeu paracetamol. 58 TABELA 9 Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OE-OC), após o período de tratamento Dia 1º Medicação Nenhuma Paracetamol AAS Mínimo 0,75 1,00 -0,25 5º Nenhuma Paracetamol AAS 12,25 22,50 11,00 Medidas descritivas Máximo Mediana Média 8,50 4,00 4,31 6,50 4,50 4,13 2,75 1,12 1,19 Desvio 3,19 2,70 1,23 p 0,234 S=P=A 18,56 30,75 22,00 6,38 6,07 9,87 0,138 S=P=A Nenhuma 1,00 7,25 5,37 4,83 Paracetamol 3,75 12,25 6,37 7,19 AAS 2,00 7,59 5,37 5,00 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis Legenda: Ácido acetilsalicílico Æ AAS 2,81 3,83 2,19 0,745 S=P=A 27,25 36,50 34,75 17,37 32,00 21,12 14º 35 30,75 Diferença do nº de osteoclastos 30 25 22,00 Medicação 20 18,56 Nenhuma Paracetamol AAS 15 10 7,19 5 4,31 5,00 4,83 4,13 1,19 0 1º dia 5º dia 14º dia GRÁFICO 5 – Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OE-OC), após o período de tratamento. Em relação às comparações entre os dias de tratamento, visualizadas na tabela 10 e no gráfico 6, foi constatado um pico da diferença de osteoclastos no 5° dia entre os lados. Ou seja, as avaliações realizadas no 1° e 14° dia foram similares, e ambas apresentaram resultados inferiores aos observados no 5° dia. 59 TABELA 10 Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OE-OC), considerando-se a medicação utilizada Medicação Nenhuma Dia 1º 5º 14º Mínimo 0,75 12,25 1,00 Paracetamol 1º 5º 14º 1,00 22,50 3,75 Medidas descritivas Máximo Mediana Média 8,50 4,00 4,31 27,25 17,37 18,56 7,59 5,37 4,83 Desvio 3,19 6,37 2,81 p 0,023 5 > (14 = 1) 4,13 30,75 7,19 2,70 6,06 3,83 0,018 5 > (14 = 1) 1º -0,25 2,75 1,12 1,19 5º 11,00 34,75 21,12 22,00 14º 2,00 7,25 5,37 5,00 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis 1,23 9,87 2,19 0,024 5 > (14 = 1) 6,50 36,50 12,25 4,50 32,00 6,37 AAS 35 30,75 30 Diferença do nº de osteoclastos 25 22,00 20 18,56 1º dia 5º dia 14º dia 15 10 7,19 5 4,83 4,31 5,00 4,13 1,19 0 Nenhuma Paracetamol AAS GRÁFICO 6 - Caracterização dos ratos quanto à diferença do número de osteoclastos (OE-OC), considerando-se a medicação utilizada Quanto à comparação entre os grupos no que diz respeito ao número de osteoclastos avaliados no lado experimental, nenhuma diferença significativa foi observada, como pode ser observado na tabela 11 e no gráfico 7. 60 TABELA 11 Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE), após o período de tratamento Dia 1º Medicação Nenhuma Paracetamol AAS Mínimo 2,75 2,00 0,00 5º Nenhuma Paracetamol AAS 13,75 24,50 11,25 Medidas descritivas Máximo Mediana Média 11,50 7,75 7,44 9,50 5,63 5,69 4,75 2,50 2,44 Desvio 3,59 3,42 2,29 p 0,173 S=P=A 21,25 33,00 23,12 9,06 6,26 10,75 0,191 S=P=A Nenhuma 5,75 11,25 7,75 8,12 Paracetamol 6,75 18,00 14,63 13,50 AAS 5,00 10,50 6,50 7,13 Nota: A probabilidade de significância refere-se ao teste Kruskal-Wallis Legenda: Ácido acetilsalicílico Æ AAS 2,43 5,15 2,44 0,127 S=P=A 34,25 39,00 37,00 18,50 34,25 22,13 14º 35 33,0 30 Nº de osteoclastos 25 23,1 21,3 Medicação 20 Nenhuma Paracetamol AAS 15 13,5 10 8,1 7,4 7,1 5,7 5 2,4 0 1º dia 5º dia 14º dia GRÁFICO 7 - Caracterização dos ratos quanto ao número de osteoclastos (OE), após o período de tratamento A análise da existência de uma relação entre o número de osteoclastos no lado experimental e a quantidade de movimento em percentual, independente do grupo avaliado foi realizada, como pode ser visto na tabela 12. Como resultado, constatou-se ausência de uma relação entre as duas variáveis. 61 TABELA 12 Análise da relação entre o número de osteoclastos e a quantidade de movimento Medicação Nenhuma Paracetamol AAS r -0,49 0,13 -0,22 p 0,880 0,697 0,498 5.4 Análise microscópica descritiva Os resultados foram obtidos a partir de uma análise microscópica de cada espécime de cada grupo experimental. Os achados apresentados basearam-se na descrição dos aspectos morfológicos microscópicos, levando-se em consideração aqueles resultados mais freqüentemente observados. O critério da escolha das fotomicrografias utilizadas nas ilustrações foi a obtenção de caracterização geral dos grupos experimentais, facilitando o entendimento evolutivo dos fenômenos ocorridos. As áreas analisadas em todos os grupos correspondem ao periodonto localizado em toda extensão da raiz mésio-vestibular dos primeiros molares superiores. As análises microscópicas descritas do lado controle de todos os grupos, que corresponde à hemimaxila direita, na qual não foi feita a instalação do dispositivo ortodôntico, serão apresentadas em conjunto, devido à similaridade dos resultados encontrados, não ocorrendo diferenças em relação ao tipo de medicação utilizada e ao período do experimento. Nesses diversos períodos, as características do periodonto não demonstraram alterações passíveis de serem notadas na microscopia de luz. 5.4.1 Resultados histológicos no lado controle Nas áreas analisadas, a crista óssea alveolar apresentou-se íntegra, com um contorno caracteristicamente arredondado (FIG. 9 e 10). Em alguns animais, puderam-se observar linhas de reversão em toda a extensão óssea de forma mais pronunciada a partir do terço médio em direção ao ápice, principalmente no grupo com maior período experimental (FIG. 9, 10 e 12). 62 Osteoblastos apresentaram-se alinhados na superfície óssea do ligamento periodontal, dispostos organizadamente em paliçada, podendo ter forma arredondada ou achatada, em repouso (FIG. 10). Tal variação na distribuição das células do osso ao longo da superfície óssea reflete o constante estado de remodelação do alvéolo. A largura do ligamento periodontal manteve-se uniforme em toda a extensão da raiz, sendo mais estreito na face distal da raiz analisada, voltada para o septo inter-radicular, devido ao movimento fisiológico dos molares dos ratos para distal (FIG. 9 e 12). Ao longo de todo o ligamento periodontal, as células, principalmente os fibroblastos, e as fibras colágenas eram nítidas. A hipercementose foi um evento constantemente visto. Os cementos acelular e celular foram observados na superfície radicular, ocupando, respectivamente, os terços médio e cervical e o terço apical (FIG. 9, 12 e 13). Entre os espécimes notaram-se pequenas variações relativas à espessura e à extensão de cada tipo de cemento. O cemento acelular apresentou-se, de modo geral, pouco espesso e regular. No tipo celular, notaram-se distribuição irregular e espessura variável. Cementoblastos foram visualizados revestindo os dois tipos de cemento, dispostos em paliçada, geralmente de maneira organizada (FIG. 11). Nas áreas correspondentes à face distal da raiz mésio-vestibular, voltada para o septo inter-radicular, as características de normalidade do ligamento periodontal, osso, cemento, células, fibras e vasos sanguíneos, foram observadas (FIG.11). A superfície óssea periodontal mostrou-se regular e uniforme, com poucos clastos multinucleados presentes, podendo-se observar discretas áreas de reabsorção frontal ou direta (FIG. 11 e 14). Vasos sanguíneos foram observados em todo o ligamento periodontal. Geralmente, esses se mostraram distendidos, hiperêmicos e possuindo vários tamanhos (FIG. 13). 63 M DE P COA D ot LP OA C 10 11 FIGURA 9 – Lado controle (direito) - Aspectos morfológicos microscópico da crista óssea alveolar (COA), do ligamento periodontal (LP) em toda a extensão da raiz mésio-vestibular do animal do grupo sem medicação, sacrificado 24 horas após a ativação do dispositivo ortodôntico. Nota-se as características de normalidade dos tecidos periodontais. A seta grossa indica a direção do movimento fisiológico dos ratos, sendo para distal. Presença de linha de reversão (setas estreitas), marcando a deposição de tecido osteóide (ot), na face óssea voltada para região mesial da raiz. Mesial (M), distal (D). Polpa (P), dentina (DE), cemento (C), osso alveolar (OA). Coloração H.E. Aumento de 40X. 64 LP FIGURA 10 – Ampliação da região 10 delimitada na figura 9. Linha reversa (setas maiores), marcando a deposição de tecido osteóide na face que sofre tensão no movimento fisiológico dos dentes dos ratos. Nota-se a presença dos osteoblastos (setas pequenas) nessa superfície. Ligamento periodontal íntegro (LP). Coloração H.E. Aumento de 113X. 65 D FIGURA 11 – Ampliação da região 11 delimitada na figura 9. Distal (D), cementoblastos (setas menores). Destaca-se a normalidade das estruturas, apresentando reabsorção frontal fisiológica (setas maiores) no osso alveolar voltado para a face distal da raiz. Coloração H.E. Aumento de 113X. 66 M D p DE COA lr ot C LP FIGURA 12 - Lado controle (direito) - Aspectos morfológicos microscópico da crista óssea alveolar (COA), do ligamento periodontal (LP) em toda a extensão da raiz mésio-vestibular do animal do grupo que recebeu paracetamol, sacrificado 14 dias após a ativação do dispositivo ortodôntico. Nota-se as características de normalidade dos tecidos periodontais e similaridade com o grupo sem medicação Presença de linha de reversão (lr), marcando a deposição de tecido osteóide (ot), na face óssea voltada para região mesial da raiz. Mesial (M), distal (D). Polpa (P), dentina (DE), cemento (C). Coloração H.E. Aumento de 40X. 67 FIGURA 13 – Lado controle (direito) – Raiz mésio-vestibular do animal administrado com ácido acetilsalicílico, no período experimental de 5 dias. Nota-se a similaridade, dos aspectos microscópicos, com os outros grupos. Observa-se o estreitamento do ligamento periodontal na direção da movimentação fisiológica (seta grande). Coloração H.E. Aumento de 40X. 68 FIGURA 14 – Ampliação da área delimitada na figura 13. Reabsorção frontal e presença de osteoclastos (seta). Coloração H.E. Aumento de 450X. 69 5.4.2 Resultados histológicos no lado experimental O lado experimental para cada grupo foi a hemimaxila esquerda, onde o primeiro molar superior esquerdo foi submetido à força ortodôntica de 20 g. A seqüência de eventos que caracterizou o experimento foi: o tecido ósseo normal, submetido à força ortodôntica, apresentou processos de destruição tecidual, áreas de hialinização no ligamento periodontal, reabsorção frontal e retrógrada do tecido ósseo. Foi observado intenso infiltrado inflamatório, com aumento de vascularização no ligamento periodontal, apresentando graus variados de destruição. Após essa fase de degeneração, tecido osteóide foi depositado, e linhas reversas foram, então, observadas, caracterizando-se o início de uma fase de proliferação tecidual. Esses achados variaram de acordo com o período de experimento, ou seja, houve diferenças quando analisados com 1, 5 e 14 dias de movimentação ortodôntica. Portanto, as diferenças notadas nos grupos serão destacadas e caracterizadas considerando-se os diversos tempos experimentais (1, 5 e 14 dias), independente do tipo de medicação, devido às similaridades dos resultados encontrados em relação ao grupo 1 (sem medicação), ao grupo 2 (paracetamol) e ao grupo 3 (ácido acetilsalicílico). 5.4.2.1 Período experimental – 1 dia Na região apical da raiz mésio-vestibular, voltada para o septo inter-radicular, notou-se estreitamento do ligamento periodontal, sendo submetida à aplicação de pressão (FIG. 15). Na região cervical distal da mesma raiz, que foi submetida à aplicação de tensão, observou-se aumento daquele ligamento. Essa alteração do espaço periodontal deveu-se à ocorrência do movimento de inclinação em direção mesial do molar, após a aplicação da força ortodôntica (FIG. 15). Na região cervical mesial da raiz mésio-vestibular, submetida à aplicação de pressão, a crista óssea alveolar mostrou-se pontiaguda, com alteração da sua forma, apresentando áreas de destruição óssea e da papila gengival (FIG.16). Nessa região, também ocorreu estreitamento do ligamento periodontal, observando áreas de hialinização, caracterizadas por ausência de células, compressão das fibras periodontais e dos vasos sangüíneos (FIG. 15, 16 e 17). Além disso, algumas áreas de reabsorção ativa foram detectadas. Áreas de tecido osteóide e linhas de reversão foram observadas em alguns espécimes, principalmente, na superfície óssea da crista alveolar, voltada para o ligamento periodontal. 70 A superfície óssea mostrou áreas de reabsorção incipientes. Um pequeno número de osteoclastos foram encontrados justapostos e à distância da superfície óssea. A presença de osteoblastos foi variada, revestindo pouco e grosseiramente a superfície óssea e, em alguns casos, estes estiveram, ausentes, não existindo padrão predominante (FIG.16). A presença de infiltrado inflamatório já é observada nessa época, sendo de intensidade discreta (FIG. 15). Os vasos sangüíneos no ligamento periodontal apresentaram-se colabados e, em outras áreas, hiperemiados (FIG. 17). 71 ii D M H 16 ii FIGURA 15 – Lado experimental (esquerdo) – Distal (D), mesial (M). Área de hialinização (H) na face mesial, em direção ao movimento ortodôntico (seta). Presença de infiltrado inflamatório (ii). Os aspectos microscópicos correspondem ao animal do grupo sem medicação e tempo experimental de 1 dia. Coloração H.E. Aumento de 40X 72 H FIGURA 16 – Ampliação da região 16 delimitada na figura 15. Presença de poucas células e fibras, caracterizando a área de hialinização (H), correspondente à área de compressão. Não se observa a presença de osteoclastos. Coloração H.E. Aumento de 113X 73 H FIGURA 17 – Lado experimental (esquerdo) – Nota-se área de hialinização (H) na face mesial e a destruição da papila gengival (seta). Os aspectos microscópicos correspondem ao animal do grupo administrado com ácido acetilsalicílico e tempo experimental de 1 dia. Pode-se observar os mesmos aspectos citados na figura 15. Coloração H.E. Aumento de 40X 74 5.4.2.2 Período experimental – 5 dias Os eventos observados nesse período experimental foram semelhantes aos descritos para os animais sacrificados no 1° dia, após a ativação do dispositivo ortodôntico. Todos os eventos acima citados estavam presentes, sendo mais característicos e intensos, excetuando a ocorrência de diminuição da extensão das áreas hialinas na região cervical mesial, que passaram a ser discretas e localizadas, basicamente, na face distal da raiz mésio-vestibular. Portanto, após 5 dias de experimento, a eliminação do tecido hialinizado já é observada (FIG. 18 e 21). Nas áreas com cemento e submetidas à pressão, foram detectadas eventuais áreas focais de reabsorção superficial (FIG. 19). Ocorreu um aumento no número de vasos sangüíneos, apresentando intensa vascularização, tanto no ligamento periodontal, quanto no tecido pulpar. Os vasos sangüíneos encontraram-se distribuídos por toda a extensão do ligamento periodontal, estando hiperemiados e dilatados (FIG. 18 e 20). A presença de infiltrado inflamatório intenso foi observada em todos os espécimes (FIG. 21 e 22). A superfície óssea mostrou áreas de reabsorção, variando de moderada a intensa, com grande número de lacunas de Howship e, inclusive, um grande número de osteoclastos localizados no interior dessas lacunas ou justapostos à superfície (FIG. 20 e 22). Em relação ao tipo de reabsorção óssea, se frontal ou retrógrada, ambas aconteceram na região da crista alveolar e no septo inter-radicular. Observou-se pouco tecido osteóide (FIG. 20 e 22). 75 ii V p H COA DE LP 19 FIGURA 18 – Lado experimental (esquerdo) – Os aspectos microscópicos correspondem ao animal do grupo sem medicação e tempo experimental de 5 dias. Intenso infiltrado inflamatório é observado (ii) em algumas áreas e repovoamento das áreas que foram comprimidas do ligamento periodontal. Intensa vascularização (V) foi observada na polpa (P) e no ligamento periodontal (LP). A crista alveolar (COA) apresenta-se pontiaguda, perdendo o seu contorno arredondado. Presnça de áreas de hialinização residuais (H). Coloração H.E. Aumento de 40X 76 rr 20 FIGURA 19 – Ampliação da região 19 delimitada na figura 18. Menor extensão da área de hialinização é observado. O ligamento periodontal começa a ser repovoado por fibrablastos e osteoblastos. Reabsorção retrógada (setas grandes) e frontal (setas pequenas) são observadas. Áreas de reabsorção radicular estão presentes (rr). Coloração H.E. Aumento de 113X 77 oc oc V oc FIGURA 20– Ampliação da região 20 delimitada na figura 19. Osteoclastos (oc). O ligamento periodontal começa a ser repovoado por fibroblastos e osteoblastos. Reabsorção retrógada (setas grandes) e frontal (setas pequenas) são observadas. Intensa vascularização está presente (V). Coloração H.E. Aumento de 450X 78 ii ii 22 FIGURA 21 – Lado experimental (esquerdo) – Os aspectos microscópicos correspondem ao animal do grupo que recebeu ácido acetilsalicílico e tempo experimental de 5 dias. Intenso infiltrado inflamatório é observado (ii) em algumas áreas e repovoamento das áreas que foram comprimidas do ligamento periodontal. Áreas de reabsorção retrógada (setas) são encontradas no osso medular abaixo das áreas de hialinização (H). Coloração H.E. Aumento de 40X 79 H FIGURA 22 – Ampliação da região 22 delimitada na figura 21. Presença de áreas restantes de hialinização (H) na face distal. Intensas áreas de reabsorção retrógada estão observadas, observando-se um grande número de osteoclastos (setas). Coloração H.E. Aumento de 113X 80 5.4.2.3 Período experimental – 14 dias Áreas de hialinização já foram totalmente eliminadas, ocorrendo uma proliferação celular, principalmente, de osteoblastos e fibroblastos (FIG. 23). A intensidade do infiltrado inflamatório variou significantemente de discreto a moderado em alguns animais, e notou-se presença de vasos sanguíneos distribuídos ao longo da extensão de todo o ligamento periodontal. Processos formativos, como deposição de tecido osteóide, foram marcantes, principalmente nas áreas de aplicação de pressão, observando linhas de reversão (FIG. 24). A região cervical da crista óssea alveolar e a região apical apresentaram formação de tecido osteóide. Osteoclastos são ainda encontrados, aparecendo em menor número em lacunas de Howship e justapostos às superfícies. Áreas de reabsorção ainda são observadas, principalmente as do tipo retrógrada (FIG. 24). Em alguns espécimes, pôde-se observar intensa reabsorção do cemento e, em relação ao ligamento periodontal, este pareceu não apresentar grande capacidade de recuperação, por estar muito modificado e com grande destruição tecidual óssea e dentária. 81 ot 24 FIGURA 23 – Lado experimental (esquerdo) – Os aspectos microscópicos correspondem ao animal do grupo que recebeu ácido acetilsalicílico e tempo experimental de 14 dias. Um processo de reparo já é observado nesse período. Não há áreas de hialinização. É caracterizado por uma grande formação de tecido osteóide (ot). Pequenas áreas de reabsorção são observadas. Coloração H.E. Aumento de 40X. 82 LP lr ot FIGURA 24 – Ampliação da região 24 delimitada na figura 23. Fase de formação. Linha reversa (lr), marcando a deposição de tecido osteóide (ot), sobre a superfície do tecido ósseo. Ligamento periodontal íntegro (LP) Cementoblastos (setas maiores) e osteoclastos (setar menores). Coloração H.E. Aumento de 113X. 83 6 DISCUSSÃO 84 6 DISCUSSÃO Neste trabalho foram avaliadas as possíveis alterações decorrentes da administração sistêmica do paracetamol e do ácido acetilsalicílico associada à movimentação ortodôntica. O sistema de força escolhido para esta pesquisa foi constituído de molas de secção fechada, que permitiu a correta calibração e padronização das forças empregadas, mesializando os primeiros molares superiores esquerdos e liberando uma força contínua dissipante durante todo o tempo experimental. Outros sistemas de forças, como bandas elásticas utilizadas em alguns experimentos (MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE, 1954; WALDO, 1954; OHKAWA, 1982; KOBAYASH, 1998), não fornecem forças constantes. De acordo com KOBAYASH (1998), essas bandas perdem a sua elasticidade em quatro dias, impossibilitando a análise em períodos mais longos e a reprodução dos movimentos mais freqüentes da mecânica ortodôntica. A escolha da aplicação de força de 20 g no presente trabalho deve-se aos resultados encontrados em pesquisas presentes na literatura. KING & FISCHISWEIGER (1982) afirmaram que forças moderadas a severas podem ocasionar maior injúria aos tecidos e aumento da reabsorção óssea. KING et al. (1991), avaliararam a presença de variações quanto à aplicação de forças com variadas magnitudes (20, 40 e 60 g) e constataram a ausência de diferenças estatisticamente significantes em relação à quantidade de movimento entre as três magnitudes de força. Ocorrência de menor área de hialinização e, conseqüentemente, maior rapidez na movimentação, foram relacionadas com força de magnitude de 20 g. No estudo de ASHIZAWA & SAHARA (1998), observou-se que, aplicando forças de 27, 60 e 136g, diferenças não foram observadas envolvendo a quantidade de osso formado no lado de tensão. No entanto, no lado de pressão, apesar da não realização de uma análise quantitativa, a aplicação de forças mais pesadas ocasionou a formação de áreas de hialinização mais extensas, levando a uma demora na realização do processo de remodelação óssea no lado de pressão dos animais estudados. Os tempos experimentais de 1, 5 e 14 dias para a avaliação dos processos envolvidos na movimentação ortodôntica abrangeram as fases ideais de observação de todos os eventos biológicos de indução de movimento em ratos. Esses períodos encontram-se determinados e fundamentados na literatura (TRAN VAN, VIGNERY & BARON, 1982; KING et al., 1991). KING & FISCHISWEIGER (1982), reportaram que, em 14 dias de experimento, as três fases características da movimentação dentária ortodôntica puderam ser observadas: (1) movimento inicial (entre o 1° e o 4° dia); (2) estagnação do movimento (entre os dias quatro e sete); e (3) 85 movimento tardio (do 7° ao 14° dia). Os achados desses autores corroboraram os resultados encontrados no presente trabalho, em que se observou que, no 14°, a quantidade de movimentação foi maior, apesar de não ser estatisticamente significante (TABELA 5; GRÁFICO 3). A análise do peso corporal foi realizada, com o objetivo de verificar o comprometimento do fator nutricional, que pode afetar o crescimento e os processos reparativos. De acordo com ROCHE, CISNEROS &ACS (1997), pacientes com desnutrição podem apresentar menor quantidade de movimentação dentária em relação a pacientes saudáveis. Daí a importância do estado nutricional no metabolismo ósseo e, conseqüentemente, na movimentação ortodôntica. A perda do peso corporal dos animais foi maior em todos os grupos no período experimental de cinco dias. Isto se justifica a uma menor ingestão de alimentos em decorrência do incômodo e do trauma provocados pela inserção dos dispositivos ortodônticos, levando a uma hipersensibilidade na região dos molares nos tempos experimentais iniciais. Refletindo a recuperação da capacidade de alimentação após os cinco dias de experimento, os animais sacrificados ao final de quatorze dias, apresentaram-se com menor perda e, até mesmo, com um ganho de peso. Esses resultados foram semelhantes aos achados por CRUZ, (2001). Os animais dos grupos 2 e 3, que receberam antiinflamatórios não-esteróides e foram sacrificados ao final de um e cinco dias, apresentaram menor perda de peso em relação ao grupo 1 (sem medicação), sendo essa diferença estatisticamente significante no tempo experimental de um dia. Essa diferença pode ser devido ao efeito analgésico e antiinflamatório das drogas. No tempo experimental de 14 dias, devido à recuperação da capacidade de alimentação dos animais, ocorreu ausência de diferença estatística entre os grupos, apresentando com menor ganho ou mesmo perda, os ratos medicados com paracetamol e ácido acetilsalicílico. ROCHE, CISNEROS & ACS (1997) buscando analisar o efeito do paracetamol sobre a movimentação ortodôntica em coelhos durante 21 dias, também verificaram a diminuição do peso corporal em alguns animais. Tanto no presente trabalho, quanto no citado anteriormente, não foi possível esclarecer a principal causa responsável pela perda de peso nos períodos mais longos em animais que foram medicados com antiinflamatórios não-esteróides. ROCHE, CISNEROS & ACS (1997) sugeriram, como uma das possíveis causas, a ocorrência de um efeito tóxico ou mesmo a presença de um estado doentio dos coelhos e, talvez, a sensação de uma intensa dor que os prejudicou na alimentação e, portanto, no seu crescimento. 86 No presente trabalho, foram utilizados ratos com 60 dias de vida, correspondendo à idade de um animal adulto jovem. A preocupação com a faixa etária da amostra se justifica, porque a idade pode influenciar negativamente a regeneração óssea, como foi observado por KABASAWA et al. (1996) que verificaram um declínio das atividades dos osteoclastos e dos osteoblastos nos movimentos fisiológicos em ratos com idades mais avançadas. O tipo de movimento dentário, observado macro e microscopicamente, ocorrido nos primeiros molares superiores sob aplicação de força ortodôntica, foi de inclinação mesial da coroa, com leve extrusão e giroversão, e inclinação vestibular da coroa. De acordo com MACAPANPAN, WEINMANN & BRODIE (1954), a ocorrência desse tipo de movimento dentário deve-se à presença de uma quinta raiz, localizada na face vestibular entre as raízes mesial e distal, divergindo da direção das outras raízes. Na análise descritiva microscópica dos lados experimentais, as alterações do periodonto incluíram: a compressão do ligamento periodontal, a constrição de vasos sangüíneos, a formação de áreas de hialinização, a presença de infiltrado inflamatório e poucas áreas de reabsorção radicular e óssea no período inicial. No período experimental de cinco dias, houve diminuição da extensão das áreas de hialinização, observando-se, principalmente, processo de reabsorção óssea retrógada (RODY JR., KING & GU, 2001). Infiltrado inflamatório intenso e a presença de muitos osteoclastos já eram observados nessa fase. Nos períodos mais prolongados (14 dias), detectou-se ocorrência de processos reparativos, com a presença de tecido osteóide e diminuição do infiltrado inflamatório e do número de osteoclastos. Esses achados demonstraram a normalidade dos eventos envolvidos na biologia do movimento dentário ortodôntico relatado na literatura (MACAPANPAN, WEINMANN &BRODIE, 1954; WALDO & ROTHBLAT, 1954; REITAN, 1967; RYGH, 1976; KUROL & OWMAN-MALl, 1998). Nos grupos 2 e 3, a administração de paracetamol e a de ácido acetilsalicílico não apresentaram diferenças envolvendo a frequência dos eventos, em relação ao grupo 1, sem medicação. Em relação à quantidade de movimento, pôde-se observar que não houve diferenças estatisticamente significantes envolvendo os grupos em relação às drogas administradas e aos períodos experimentais. Apesar disso, nos animais sacrificados em um dia após a ativação do dispositivo ortodôntico, menor movimentação foi observada no grupo que recebeu ácido acetilsalicílico, apresentando p = 0,074, o que sugere uma tendência à existência de diferenças entre os grupos, corroborando os achados de ZHOU, HUGHES & KING (1997). Nos períodos experimentais mais longos, notou-se uma menor quantidade de movimentação ortodôntica relacionada ao grupo que recebeu ácido acetilsalicílico, apesar de não ser 87 estatisticamente significante. Esses achados são semelhantes aos resultados encontrados por SANDY & HARRYS (1984) e por WONG, REYNOLDS & WEST (1992) que não encontraram diferenças estatisticamente significantes na quantidade de movimento, quando da administração de flubiprofeno em coelhos, e ácido acetilsalicílico em ratos, respectivamente. Por outro lado, relatos na literatura, tais como aqueles observados após a administração de indometacina em gatos (CHUMBLEY & TUNCAY, 1986), de ibuprofeno em porcos da Índia (KEHOE et al., 1996) e de ácido acetilsalicílico em ratos (CRUZ et al., 2001) indicaram a diminuição significativa da quantidade de movimento, após a administração de antiinflamatórios não-esteróides em animais submetidos à aplicação de força ortodôntica, determinando, portanto, certas divergências entre os resultados. Analisando-se a ação do paracetamol, os resultados encontrados no presente trabalho vieram confirmar os achados de outros estudos na literatura (KEHOE et al., 1996; ROCHE, CISNEROS & ACS, 1997; CRUZ et al., 2001), não sendo detectada nenhuma diferença em relação à quantidade de movimentação com a aplicação desse antiinflamatório não-esteróide. Segundo esses autores, a ausência de interferência do paracetamol sobre a quantidade de movimentação ortodôntica é devido à pouca ação antiinflamatória que essa droga possui, ao se comparar com outros antiinflamatórios não-esteróides. Além disso, o efeito do paracetamol parece ser no sistema nervoso central, enquanto os outros antiinflamatórios não-estróides são de ação periférica. Conforme RANG, DALE & RITTER (2001), a resposta inflamatória é sempre acompanhada da liberação de prostanóides, sendo predominantes, as prostaglandinas E2 . Os antiinflamatórios não-esteróides possuem ações antiinflamatórias, antipiréticas e efeito analgésico decorrentes, principalmente, da inibição da enzima ciclooxigenase das células inflamatórias (isoenzima COX-2) e da conseqüente inibição da síntese dos prostanóides, estando entre eles, as prostaglandinas E2 . O papel das prostaglandinas no processo do remodelamento do periodonto submetido à força ortodôntica foi previamente documentado. MOHAMMED, TATAKIS & DIZIAC (1989); GRIEVE III et al. (1994) e KEHOE et al. (1996) demonstraram a ocorrência de um aumento de prostaglandinas E no periodonto com a aplicação de força ortodôntica. CHAO et al. (1988); YAMASAKI, MIURA & SUDA (1980) e LEE (1990), administrando prostaglandinas E na área submetida à força ortodôntica, mostraram a presença de um aumento da atividade de reabsorção óssea e do número de osteoclastos, bem como da quantidade de movimento dentário (YAMASAKI et al., 1984; KEHOE et al., 1996). DIZIAC et al. (1983), por meio de um estudo histoquímico, observaram maior quantidade de 88 receptores para prostaglandinas E2 nas células osteoclásticas em relação aos osteoblastos. A reabsorção óssea é o fator limitante que determina a velocidade da movimentação dentária (ROBERTS, GOODWIN & HEINER, 1981). A remoção do tecido ósseo, durante o movimento dentário, é diretamente proporcional à velocidade de reabsorção e recrutamento dos osteoclastos (GRABER &VANARSDALL, 1996). A análise do número de osteoclastos se justifica, porque na literatura há evidências da influência dos antiinflamatórios não-esteróides no recrutamento de osteoclastos durante o processo de remodelação óssea induzida após a aplicação de força ortodôntica, ocasionando a diminuição do número dessas células (YAMASAKI, MIURA & SUDA, 1980; ZHOU, HUGHES & KING, 1997). MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC (1989) e SAITO et al. (1990) relacionaram essa queda do número de osteoclastos com a diminuição da síntese de prostaglandinas pelas drogas. Analisando-se a contagem do número de osteoclastos, notou-se que houve um aumento no lado experimental em relação ao lado controle, apresentando um pico do número dessas células no 5° dia do experimento, passando a apresentar uma queda no período de 14 dias. Portanto, há forte evidência da ocorrência do recrutamento de um grande número de osteoclastos durante a aplicação da força ortodôntica. A diferença entre os períodos experimentais foi estatisticamente significante no presente trabalho. Esses resultados podem ser confirmados por aqueles encontrados por LEE (1990) e RODY JR., KING & GU (2001), ao analisarem o recrutamento de osteoclastos no lado de pressão nos movimentos dentários ortodônticos em ratos. Esses autores observaram um pico do número de osteoclastos nos 3° e 5° dias de experimento, ocorrendo diminuição no 7° dia. De acordo com TSAY, CHEN, OYEN (1999), o tempo de vida dos osteoclastos é de 9 a 10 dias. NOXON et al. (2001) constataram que a possível eliminação dos osteoclastos ocorra pelo processo de apoptose, a partir do 7° dia da aplicação da força ortodôntica em ratos, o que justifica a diminuição daquelas células nos animais sacrificados no 14° dia. No tempo experimental de um dia, observou-se menor número de osteoclastos em relação aos outros períodos, provavelmente constituídos por osteoclastos já residentes no ligamento periodontal, na forma de pré-osteoclastos (TSAY, CHEN, OYEN, 1999; RODY JR., KING & GU, 2001). Não foi constatada uma relação entre o número de osteoclastos no lado experimental e a quantidade de movimento em percentual. Essa ausência de relação pode ser justificada pelo fato de acontecer, no 5° dia do experimento, um pico do número de osteoclastos, sendo que, nessa fase, ocorreu o processo de estagnação do movimento, prevalecendo a presença de 89 reabsorção retrógada (GRABER & VANARSDALL, 1996; RODY JR., KING & GU, 2001). No 14° dia, os resultados do trabalho demonstraram maior quantidade de movimento, caracterizando a ocorrência do deslocamento tardio (ZHOU, NUGHES & KING, 1997). Nessa fase observou-se uma queda do número de osteoclastos e a ocorrência de reabsorção frontal (GRABER & VANARSDALL, 1996). Portanto, os resultados deste trabalho revelaram que a movimentação ortodôntica e o número de osteoclastos em ratos que receberam paracetamol não apresentaram diferenças estatisticamente significantes em relação àqueles que não foram medicados, corroborando os achados na literatura. A administração sistêmica do ácido acetilsalicílico não acarretou também diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, confirmando os resultados de alguns estudos e mesmo divergindo dos resultados de outros, como descrito anteriormente. Devem-se interpretar os resultados comparativos obtidos pelo presente trabalho com os relacionados acima, com alguma ressalva, pois a dosagem utilizada, o tipo de antiinflamatório utilizado, a via de administração das drogas, o sistema de forças empregado, bem como os animais utilizados, nem sempre foram os mesmos. Possivelmente, os fatores citados acima podem ser um dos responsáveis pelas divergências nos resultados. Além disso, como foi considerado por WONG, REYNOLDS & WEST (1992), outros mediadores químicos, além das prostaglandinas, podem estar envolvidos no processo de remodelação óssea, induzida pela aplicação de força ortodôntica. Essa questão surge, devido à obtenção de resultados em estudos já realizados na literatura. MOHAMMED, TATAKIS & DZIAC (1989) analisaram os efeitos dos leucotrienos na movimentação dentária ortodôntica. Os leucotrienos são produtos da conversão do ácido araquidônico pela via da lipoxigensa. Foi observado que a inibição de leucotrienos (LTB4) ocasionou o aumento dos níveis de prostaglandinas E2, mas diminuiu a quantidade de movimentação dos dentes, o que levou à participação dos leucotrienos no processo de remodelação óssea. No trabalho de KEHOE et al. (1996), apesar de o paracetamol não interferir na quantidade de movimento, essa droga diminuiu a síntese de prostaglandinas. Em resumo, os resultados deste trabalho revelam que a movimentação dentária ortodôntica em animais com administração de antiinflamatórios não-esteróides não difere das movimentações induzidas na ausência de medicação. Assim, acredita-se que outros mediadores químicos, além das prostaglandinas, podem estar envolvidos na remodelação óssea. 90 7 CONCLUSÕES 91 7 CONCLUSÕES 1. Os animais submetidos à movimentação ortodôntica recuperaram a capacidade de alimentação, gradativamente; 2. A administração do paracetamol e do ácido acetilsalicílico não alteraram a movimentação dentária; 3. Há aumento do número de osteoclastos com a aplicação de força ortodôntica, sendo mais acentuado aos cinco dias de experimento. 92 8 PERSPECTIVAS 93 8 PERSPECTIVAS 1. Avaliar a ação dos antiinflamatórios não-esteróides, durante a movimentação dentária ortodôntica, em ratos, utilizando-se diferentes doses e vias de administração. 2. Realizar um novo estudo com maior número de animais . 94 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 95 REFERÊNCIAS BLIOGRÁFICAS 01- ALMEIDA, J.; ETO, L. F. & MARIGO, H. A. A importância da prostaglandina E e da interleucina - 1β na movimentação ortodôntica. Rev Bras Otod Ortop Dento-Facial, Belo Horizonte, v. 4, n. 1, p. 16-22, 2001. 02- ASHIZAWA, Y. & SAHARA, N. Quantitative evaluation of newly formed bone in the alveolar wall surrounding the root during the initial stage of experimental tooth movement in the rat. Archs Oral Biol, Oxford, v. 43, p. 473-484, 1998. 03- AZUMA, M. Study on hislologie changes of periodontal membrane incident to experimental tooth movement. Bull Tokyo Med Dcnt Univ, Tokyo, v. 17, p. 149-178, 1970. 04- BRUDVIK, P. & RYGH, P. Multi-nucleated cells remove the main hyalinized tissue and start resorption of adjacent root surfaces. European Journal of Orthodontics, Oxford, v. 16, p. 265-273, 1994. 05- CAPETOLA, R. J.; SHRIVER, D. A. & ROSENTHALE, M. E. Suprofen, a new peripheral analgesic. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, Baltimore, v. 214, n.1, p. 16-23, 1980. 06- CHO, C.; SHIH, C.; WANH, T. & LO, T. Effects of prostaglandin E2 on alveolar bone resorption during orthodontic tooth movement. Acta Anat, Basel, v. 132, p. 304-309, 1988. 07- CHUMBLEY, A. B.; TUNCAY, O. C. The effect of indomethacin (an aspirin-like drug) on the rate of orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 89, n. 4, p. 312 -314, april, 1986. 08- COTRAN, R. S.; KUMAR, V. & COLLINS, T. Patologia estrutural e funcional. 6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, S. A. 2000. 1251 p. 09- CRUZ, S. C. C.; AGUIAR, A. C. F.; ALVES, J. B. & BORBA, W. A. Alterações histológicas e histoquantitativas durante a movimentação ortodôntica. Pesqui Odontol Bras, v. 15, Suplemento 2001 ( Anais da 18ª Reunião Anual da SBPqO), p. 145, 2001. 10- CRUZ, S. C. C. Movimento ortodôntico em molares com dafeitos ósseos cirúrgicos: avaliações clínica, histológica e histométrica em ratos. Belo Horizonte: Faculdade de Odontologia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2001. 110p. Dissertação para a obtenção do título de mestre em Odontologia. 96 11- DAVIDOVITCH, Z. J Periodontal, Chicago, v.50 (4 spec n˚), p. 22-29, april, 1979. 12- DAVIDOVITCH, Z. & SHANFELD J. L. Prostaglandin E2 (PGE2) levels in alveolar bone of orthodontically-treated cats. (Abstr.362). J Dent Res, Washington, DC, 1980;59B:977. 13- DAVIDOVITCH, Z.; NICOLAY, O. F.; NGAN, P. W. & SHANFELD, J. L. Neurotransmitters, citokines, and the control of alveolar bone remodeling in orthodontics. Dental Clinics of North America, Philadelphia, v. 32, n. 3, p. 411-435, 1988. 14- DZIAC, R. M.; HURD, D.; MIYASAKI, M.; WEINFEFD, N. & HAUSMANN, E. Prostaglandin E2 binding and cyclic AMP production in isoleted bone cells. Calcif Tissue Int, v.35, p. 243-249, 1983. 15- GILMAN, G. A.; RALL, T. W.; NIES, A. S. & TAYLOR, P. As bases farmacológicas da terapêutica. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, S. A. 1991. 1232 p. 16- GRABER, M. T. & VANARSDALL JR., R. Ortodontia – princípios e técnicas atuais. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, S. A. 1996. 897 p. 17- GRIEVE III, W. G.; JOHNSON, G. K.; MOORE, R. N.; REINHARDT, R. A. & DUBOIS, L. M. Prostaglandin E (PGE) and interleukin-1ß (IL-1ß) levels in gingival crevicular fluid during human orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 105, n. 4, p. 369-374, april, 1994. 18- GRISWOLD, T. E. & ADAMS, J. L. Constitutive cyclooxigenase (COX-1) and inducible ciclooxigenas (COX-2): Rationale for selective inhbition and progress to date. Med Res Rev, v.16; p. 181-206, 1996 19- HELLER, T. J.; NANDA, R. Effect on metabolic alteration of perodontal fibers on orthodontic tooth movement. Am J Orthod, St. Louis, v.75, p. 239-259, march, 1979. 20- HOU, Y.; LIANG, T. & LUO, C. Effects of IL-1 on experimental tooth movement in rabbits. Zhonghua Kou Qiang Yi Xue Za Zhi, v. 32, n. 1, p. 46-48, january, 1997. 21- KABASAWA; EJIRI; MANADA; OZAWA. Effect of age physiologic and mechanically stressed rat alveolar bone: a cytologic and histochemical study. Int Adult Orthod Orthognath Surg, Lombard, v. 11, n.4, p. 313-327, 1996. 97 22- KATZUNGA, B. G. Farmacologia básica e clínica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, S. A. 1998. 854 p. 23- KEOHE, M. J.; COHEN, S. M.; ZARRINNIA, K. & COWAN, A. The effect of acetaminophen, ibuprofen and misoprostol on prostaglandin E2 synthesis and the degree and rate of orthodontic tooth movement. Angle Orthod, Appleton, n.5, p. 339 – 349, 1996. 24- KING, G. J. & FISCHLSCHWEIGER, W. The effect of force magnitude on extractable bone resorptive activity and cemental cratering in arthodontic tooth movement. J Dent Res, Washington, DC, v. 61, n. 6, p. 775-779, june, 1982. 25- KING, G. J.; KEELING, S. D.; MCCOY, E. A. & WARD, T. H. Measuring dental drift and orthodontic tooth movement in response to various initial forces in adults rats. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 99, n.5, p. 456-465, may, 1991. 26- KOBAYASHI, Y.; TAKAGI, H.; SAKAI, H.; HASHIMOTO, F.; MATAKI, S.; KOBAYASHI, K. & KATO, YUSO. Effects of local administration of osteocalcin on experimental tooth movement. Angle Orthod, Appleton, v. 68, n. 2, p. 161-166, 1998. 27- KUROL, J. & OWMAN-MOLL, P. Hialinization and root resorption during early orthodontic tooth movement in adolescents. Angle Orthod, Appleton, v. 68, n. 3, p. 259-266, 1998. 28- KYRKANIDES, S.; O’BANION, M. K. & SBTELNY, J. D. Nonsteroidal antiinflammatory drugs in orthodontic tooth movement: metalloproteinase activity and collagen synthesis by endothelial cells. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 118, n. 2, p. 203-209, august, 2000. 29- LASFARGUES, J. J. e SAFFAR, J. L. Effects of prostaglandin inhibition on the bone atctivities associated with the spontaneous drift of molar teeth in the rat. Anat Rec, New York, v.234, p. 310-316, 1992. 30- LEE, W. Experimental study of the effect of prostaglandin administration on tooth movement with particular emphasis on the relationship to the method of PGE1 administration. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 98, n. 3, p. 231-241, september, 1990. 31- MACAPANPAN, L. C.; WEINMANN, J.P.; BRODIE, A. G. Early tissue changes following tooth movement in rats. Angle Othod, Appleton, v.24, n. 2, p.79-95, april, 1954. 98 32- MAZZIEIRO, E. T. Bifosfonatos e movimentação dentária induzida: avaliação microscópica de seus efeitos. Bauru: Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, 1999. 152p. Tese para a obtenção do grau de doutor em Odontologia. 33- MELSEN, B. Biological reaction of alveolar bone to orthodontic tooth movement. Angle Othod, Appleton, v.269, n. 2, p.151-158, april, 1999. 34- MOHAMMED, A. H., TATAKIS, D. N., DZIAK, R. Leukotrienes in orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 95, n. 3, p. 231-237, march, 1989. 35- MOSTAFA, Y. A.; WEAKS-DYBVIG, M. & OSDOBY, P. Orchestration of tooth movement. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 83, n. 3, p. 245-250, march, 1983. 36- NGAN, P.; SAITO, S.; SAITO, M.; LANESE, R.; SHANFELD, J. & DAVIDOVITCH, Z. The interactive effects of mechanical stress and interleukin-1ß on prostaglandin E and cyclic AMP production in human periodontal ligament fibroblasts in vitro: comparison with cloned osteoblastic cells of mouse (MC3T3-E1). Archs Oral Biol, Oxford, v. 35, n. 9, p.717725, 1990. 37- NOXON, S. J.; KING, G. J.; GU, G. & HUANG, G. Osteoclast clearance from periodontal tissues during orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 120, n.5, p.466-475, november, 2001. 38- OKHAWA, S. Effects of orthodontic forces and anti-inflammatory drugs on the mechanical strength of the periodontium in the rat mandibular first molar. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 81, n.6, p.498-502, june, 1982. 39- POSTER, G. The Norway rat (Rattus norvegicus) In: LANNE-PETTER, W. et al. The UFAW handbook on the care and manegement of laboratory animals. 3.ed, London, E. & S. Livingstone Ltda. 1967, Cap. 22, p. 353-390. 40- PROFFIT, WILLIAM. R. Ortodontia Conterporânea. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A., 1995. 596 p. 41- RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M. Farmacologia. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A., 2001.703 p. 42- RANSJÖ, M.; MARKLUND, M.; PERSSON, M. & LERNER, U. H. Synergistic interactions of bradykinin, trombin, interleukin 1 and tumor necrosis factor on prostanoid 99 biosynthesis in human periodontal-ligament cells. Archs Oral Biol, Oxford, v. 43, p. 253260, 1998. 43- REITAN, K. Clinical and histologic observations on tooth movement during and after orthodontic treatment. Am J Orthod, St. Louis, v. 53, n. 10, p.721-745, october, 1967. REITAN, K & KVAM, E. Comparative behavior of human and animal tissue during experimental tooth movement. Angle Orthod, Appleton, v.41, n. 1, p. 1-14, january, 1971 44- ROBERTS, W. E. & CHASE, D. C. Kinetics of cell proliferation and migration associated with orthodontically-induced osteogenesis. J Dent Res, Washington, DC, v. 60, n. 2, p. 174-181, february, 1981. 45- ROBERTS, W. E.; GOODWIN, W. C. & STANLEY, R. H. Cellular response to orthodontic force. Dental Clinics of North America, Philadelphia, v. 25, n. 1, p. 3-17, january, 1981. 46- ROCHE, J. J.; CISNEROS, G. J.; ACS, G. The effect of acetaminophen on tooth movement in rabbits. Angle Orthod, Appleton, v. 67, n. 3, p. 231-236, 1997. 47- ROBINSON, J. A. & SCHNEIDER, B. J. Histological evaluation of the effect of transseptal fibre resection on the rate of physiological migraion of rat molar teeth. Arch Oral Biol, Oxford, v. 37, p. 371-375, 1992. 48- RODY JR, W.; KING, G. J. & GU, G. Osteoclast recruitment to sites of compression in orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 120, n.5, p.477489, november, 2001. 49- RYGH, P. Ultrastructural changes in tension zones of rat molar periodontium incident to orthodontic tooth movement. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 70, n. 3, p.269280, september, 1976. 50- SAITO, S.; NGAN, P.; SAITO, M.; LANESE, R.; SHANFELD, J. & DAVIDOVITCH, Z. J Dent Res, Washington, DC, v. 69, n. 8, p. 1456-1462, august, 1990. 51- SANDY, J. R. Tooth eruption and tooth movement. British Dental Journal, London, v. 172, n. 22 p. 141-148, february, 1992. 52- SANDY & HARRYS. Prostaglandins and tooth movement. Eur J Orthod, Oxford, v. 6, p. 175-182, 1984 100 53- SANDY, J. R. Prostaglandins and tooth movement. Eur J Orthod, Oxford, v. 6,p. 175182, 1984. 54- SCHOUR, I. & MASSLER, M. The teeth. In: FARRIS, E. J. & GRIFFITH J. Q. The rat in laboratory investigation, 2 ed., Hafner Publishing Co., New York, 1963, Cap. 6, p. 104165. 55- SHIMIZU, N.; YAMAGUCHI, M.; GOSEKI, T.; SHIBATA, Y.; TAKIGUCHI, H.; IWASAWA, T. & ABIKO, Y. Inhibition of prostaglandin E2 and interleukin 1-beta production by low-power laser irradiation in stretched human periodontal ligament cells. J Dent Res, Washington, DC, v. 74, n. 7, p. 1382-1388, july, 1995. 56- SHIMIZU, N.; YAMAGUCHI, M.; GOSEKI, T.; OZAWA, Y; SAITO, K.; TAKIGUCHI, H.; IWASAWA, T. & ABIKO, Y. Cyclic-tension force stimulates interleukin1β production by human periodontal ligament cells. J Periodont Res, Copenhagem, v. 29, p. 328-333, 1994. 57- SIMMONS, K. & BRANDT, M. Control of orthodontic pain. IDA-Journal, p. 8-10, july/august, 1992. 58- STOREY E. The nature of tooth movement. Am J Orthod., St. Louis, v. 63, n. 3, p. 292314, march, 1973. 59- TEN CATE, A. R. Histologia Bucal – desenvovimento, estrutura e função. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S. A., 1998, 439 p. 60- TEN CATE, A. R.; DEPORTER, D. A.; FREEMAN, E. The role of fibroblasts in the remodeling of periodontal ligament during physiologic tooth movement. Am J Orthod, St. Louis, v. 69, n. 2, p. 155-168, february, 1976. TRAN VAN, P; VIGNERY, A & BARON, R. Cellular knetics of the bone remodeling sequence in the rat. Anat Rec, New York, v. 202, p. 445-451, 1982. 61- TSAY, T. P.; CHEN, M. & OYEN, O. J. Osteoclast activation and recruitment after application of orthodontic force. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 115, n. 3, p. 323-330, march, 1999. 62- TYROVOLA, J. B. & SPYROPOULOS, M. N. Effects of drugs and systemic factors on orthodontic treatment. Quintessence Int, Illinois, v. 32, n. 5, p. 365-371, 2001. 101 63- UEMATSU, S.; MOGI, M. & DEGUCHI, T. Interleukin (IL)-beta, IL-6, tumor necrosis factor-alpha, epidermal growth factor, and beta 2-microglobulin levels ar elevates en gingival crevicular fluid during human orthodontic tooth movement. J Dent Res, Washington, DC, v. 75, n. 1, p. 562-567, january, 1996. 64- YAMASAKI, K.; SHIBATA, Y.; IMAI, S.; TANI, Y.; SHIBASAKI, Y. & FUKUHARA, T. Clinical application of prostaglandin E1 (PGE1) upon orthodontic tooth movement. Am J Orthod, St. Louis, v. 85, n. 6, p. 508-518, june, 1984. 65- YAMASAKI, K.; MIURA, F. & SUDA, T. Prostaglandin as a mediator of bone resorption induced by experimental tooth movement in rats. J Dent Res, Washington, DC, v. 59, n. 10, p. 1635-1642, october, 1980. 66- WALDO, C. M. e ROTHBLATT, J. M. Response to tooth movement in the laboratory rat: procedure and preliminary observation. J Dent Res, Washington, DC, v. 33, p. 481-486, august, 1954. 67- WILLIAMS, R. C.; JEFFCOAT, M. K.; HOWELL, T. H.; REDDY, M. S.; JOHNSON, H. G.; HALL, C. M. & GOLDHABER, P. Ibuprofen: An inhibitor of alveolar bone resorption in beagles. J Periodont Res, Copenhagen, v. 23, p. 225-229, february, 1988. 68- WONG, A.; REYNOLDS, E. C. & WEST, V. C. The effect of acetylsalicylic acid on orthodontic tooth movement in the guinea pig. Am J Orthod Dentofac Orthop, St. Louis, v. 102, n. 4, p. 360-365, february, 1992. 69- ZAKI, A . E . & VAN HUYSEN, G. Histology of the periodontum following tooth movement. J Dent Res, Washington, DC, v. 42, p. 1373-1379, 1963. 70- ZHOU, D.; HUGHES, B.; KING, G. J. Histomorphometric and biochemical study of osteoclasts at orthodontic compression sites in the rat during indomethacin inhibition. Archs Oral Biol, Oxford, v. 42, n. 10/11, p. 717-726, 1997. 102 ANEXOS