plano de histórias e memórias das favelas
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plano de histórias e memórias das favelas
Batan / Complexo do Andaraí e Grajaú / Complexo do São Carlos e Santa Teresa / Complexo do Turano / Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos / Morro da Formiga / Morro do Vidigal e Chácara do Céu / Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira / Rocinha / Santa Marta PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS 2013 PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS 2013 4 5 PALAVRA DO SECRETÁRIO Zaqueu da Silva Teixeira Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos Para apresentar o Plano de Histórias e Memórias das Favelas, eu preciso destacar a relevância desse encontro. Digo encontro, porque quando assumi a gestão da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, o plano ainda era um projeto em andamento, dentro do Programa Territórios da Paz. E, ao me deparar com ele, encontrei uma projeção das ações e conceitos que sempre acreditei e que venho propondo desde o início da minha vida profissional e política. Quando participei da elaboração do Programa de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), pensava em uma polícia atuando dentro das comunidades e para as comunidades, levando em conta seu cotidiano, seus costumes e suas manifestações culturais. A polícia se adequando àquela realidade, muito mais do que limitando ou moralizando os atores locais. Por isso enxerguei que o projeto deveria transformar-se em Plano e reafirmei a importância de aprovarmos, o mais rápido possível, um edital. É importante manter viva a memória dessas comunidades, é importante dar valor às suas histórias, suas origens. A cultura do morro deve ser conhecida e conservada porque sempre fez história e sempre esteve na nossa memória. Foi no Morro do São Carlos, considerado berço do samba e da boe-mia, onde foi criada a primeira escola de samba. O morro dialoga com o asfalto através de uma linguagem miscigenada e multicultural. O morro é uma explosão cultural. E essa história, esse dia-a-dia, devem ser relatados e estimulados nas mais diversas expressões. Quem não gostaria de saber de onde vem o nome do morro da Formiga? Ou que o morro do Escondidinho teria se originado, em 1940, como um antigo Quilombo? Ou que o nome do morro da Babilônia foi inspirado nos Jardins Suspensos da Babilônia e abrigou a família do paisagista Burle Marx? Após diversos encontros com as comunidades, a equipe da Superintendência de Territórios detectou, em cada uma delas, o desejo da população de resgatar e preservar sua história. E o Plano existe para dar esta garantia. Ele é mais do que um identificador, ele reforça o simbolismo e importância das favelas. A importância de se estabelecer uma política social nas UPPs, priorizando a comunidade e seus interesses, porque essas pessoas fizeram, fazem e farão a história do Rio de Janeiro. 6 PLANO DE HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DAS FAVELAS sumário SUMÁRIO Parte I Parte II 1. Apresentação 13 1.Breve histórico das favelas participantes 22 2. Do direito à memória 15 3. Diretrizes 17 3.1. Identificação e Registro 3.2. Preservação 18 3.3. Promoção e Difusão 19 4. Horizontes 20 26 30 2.Memórias da construção do Plano por localidade 34 Batan 24 Complexo do Andaraí e Grajaú 25 Batan 37 Complexo do São Carlos e Santa Teresa 26 Complexo do Andaraí e Grajaú 38 Complexo do Turano 27 Complexo do São Carlos e Santa Teresa 41 Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 28 Complexo do Turano 42 Morro da Formiga 29 Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos 45 Morro do Vidigal e Chácara do Céu 30 Morro da Formiga 46 Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 31 Morro do Vidigal e Chácara do Céu 49 Rocinha 32 Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira 50 Santa Marta 33 Rocinha 53 24 28 32 Santa Marta 54 Ficha Técnica 56 25 27 29 31 33 parte I Apresentação 1. Breve histórico das favelas participantes 10 11 parte I i.1 Apresentação Moradores no I Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, 25.05.2012, Simone Pitta Participação de Moradores no I Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. 25/05/2012. Foto: Simone Pitta. 12 1. Optou-se pelo termo “favela” em detrimento de outros, como “conglomerado urbano” ou “comunidade”, seguindo orientação dos moradores expressa no I Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, ocorrido em maio de 2012, na SEASDH. A proposta de elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Favelas¹ surgiu no contexto da atuação das equipes de gestão social do programa Territórios da Paz, criado em novembro de 2010 pelo governo do Estado do Rio de Janeiro no âmbito da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) e da Superintendência de Territórios (SuTer). O Programa Territórios da Paz busca promover o contato e a articulação entre os atores locais e as instituições e tem por finalidade contribuir para o atendimento das demandas sociais, atuando como interlocutor do Estado junto às favelas, de forma que a população tenha maior possibilidade de participar e intervir nas políticas públicas e nas ações privadas implantadas. A preservação da memória e da história social tem sido uma das preocupações culturais mais importantes das sociedades contemporâneas. Este fenômeno também foi observado nas favelas em que as equipes de gestão social atuam. Entre as diversas demandas de ordem estruturais e sociais, foi possível observar demandas comunitárias vinculadas à questão da história e da memória social. A partir desta percepção, na primeira metade de 2012, as equipes de gestão do programa Territórios da Paz das favelas do Batan, Complexo do Andaraí e Grajaú, Complexo do 13 parte I . 1 I.2 Moradores no II Encontro Intercomunitário do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. 21/03/2013. Foto: Weder Ferreira. Do direito à memória São Carlos e Santa Teresa, Complexo do Turano, Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos, Morro da Formiga, Morro do Vidigal e Chácara do Céu, Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira, Rocinha e Santa Marta realizaram uma série de encontros, tendo em vista a criação de uma estratégia conjunta para fomentar a criação de um projeto para a preservação da história e da memória das favelas. Este objetivo começou a tomar forma em maio de 2012, quando foi realizado o 1º Encontro Intercomunitário do então chamado Projeto Memória e História das Comunidades. O encontro reuniu gestores, moradores, lideranças locais e pesquisadores universitários. Desse encontro ficou estabelecido que o projeto deveria ser construído de forma dialógica e coletiva e ter por princípio o protagonismo dos atores locais. Nesta ocasião, as equipes de gestão social da Superintendência de Territórios responsabilizaram-se em apresentar a forma pela qual cada favela julgava ser o ideal para preservar a sua história e memória social. Em setembro de 2012, a fim de dar cabo às deliberações do 1º Encontro Intercomunitário, as equipes do Programa Territórios da Paz realizaram um fórum interno, em que foi apresentado à Superintendência de 14 Territórios o Projeto Memória e História das Favelas. Desse encontro, concluiu-se que o projeto devia ser transformado em plano, a ser implementado pela SEASDH, e que seria necessário convocar novamente os moradores e lideranças locais para o 2º Encontro Intercomunitário, realizado em março de 2013. Para além dos objetivos da construção do Plano, o evento serviu ainda para avaliar o impacto do programa Territórios da Paz. Na oportunidade, os moradores e lideranças verbalizaram a importância do programa, como instrumento de valorização das populações das favelas da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente, o Plano de Histórias e Memórias das Favelas encontra-se em sua versão final, a fim de que possa, finalmente, ser posto em prática. Além de servir de mecanismo de fortalecimento das redes locais e de potencializar as iniciativas de base comunitária, o Plano de Histórias e Memórias das Favelas pretende ser um mecanismo de preservação e difusão da história e da memória social, contribuindo de forma significativa para o fortalecimento dos vínculos sociais e identitários das populações das favelas da cidade do Rio de Janeiro. O arcabouço político e jurídico do direito à memória no Brasil surgiu de forma mais contundente no período de redemocratização, após o regime civil-militar instalado com o golpe de 1964. Neste período, familiares de presos políticos, exilados e os próprios civis que sofreram direta e indiretamente com a ditadura iniciaram uma série de ações com objetivo de resgatar a história e memória daquele passado. Este processo buscou e busca dar visibilidade e trazer justiça às violações sistemáticas de direitos humanos que ocorreram no país. O direito à memória nasce na esfera pública com o propósito de atender à necessidade de resgatar e preservar a história deste e outros períodos de mobilizações populares e resistências políticas a partir das memórias individuais e coletivas de sua população. A memória se torna um direito, na medida em que estabelece garantias aos cidadãos, como o acesso à informação e aos arquivos públicos e históricos, a preservação destes acervos pessoais e públicos e a difusão dessa história enquanto atividade política e de expressão cultural. Neste sentido, o componente político e simbólico do direito à memória é o de garantir que pessoas e grupos sociais possam livremente exercer o ato de lembrar o passado, dar-lhe significado e partilhar este passado de diversas formas e com diversos grupos de maneira plena. Cabe ao 15 parte i . 2 i.3 A seguir apresentam-se as diretrizes do Plano de Histórias e Memórias das Favelas, discriminadas por áreas de ação com seus respectivos objetivos estratégicos. Diretrizes O imperativo metodológico do Plano é de que todas as ações deste devem ser desenvolvidas com o protagonismo comunitário, ou seja, devem ser feitas com a participação e execução dos próprios moradores das favelas aqui envolvidas. 3.1. Identificação e Registro Incentivo e apoio à identificação, reunião e/ou registro de material documental, entendido como unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato². Estado democrático, o dever de garantir condições para que este direito possa de fato ser exercido de forma autônoma, livre, por qualquer grupo social e em qualquer localidade. e moradores que reconstroem a memória local em uma perspectiva que amplia os olhares e saberes sobre o desenvolvimento de favelas, valorizando os diferentes grupos e vozes que contam a história local. É a partir deste contexto, e considerando o desenvolvimento de uma política pública do direito à memória, que surge o Plano de Memórias e Histórias das Favelas. O presente documento, construído e pautado no diálogo e participação com diferentes grupos de diversas favelas do município do Rio de Janeiro, tem o potencial de materializar o exercício de um direito – o direito de moradores e cidadãos da cidade de resgatar e reconhecer as memórias e histórias das favelas cariocas, muitas das quais foram silenciadas. O acesso à fala de moradores pioneiros no processo de organização e construção das favelas, relatando o cotidiano local, as lutas por melhorias sociais, as manifestações culturais e religiosas, os processos de produção de trabalho, a culinária e a arquitetura desses locais, precisa fazer parte do conjunto de prioridades de órgãos governamentais e privados, que visam garantir o direito à memória. Isto é, preservar e difundir as histórias de moradores e movimentos sociais que, durante décadas, lutaram para a resistência das favelas. A preocupação, de acordo com moradores, é ainda maior quando se pensa na história que se quer contar para as gerações futuras já que, na perspectiva destes atores sociais, os jovens precisam obter consciência histórica, como seus avôs, avós, pais e vizinhos. Por meio do trabalho das equipes de gestão do Programa Territórios da Paz da SEASDH foi possível identificar a insatisfação constante em relação à forma como as histórias oficiais dessas localidades foram marcadas pela memória da violência, da criminalização da pobreza e desprovidas de narrativas próprias, fazendo que populações destas favelas se sentissem significativamente violadas. Eleger o que contar e como relembrar é, assim, um gesto político diante de um processo que, muitas vezes, foi atravessado por ações de expulsão e reassentamento destas favelas. Diversos locais e monumentos se tornaram o símbolo destas disputas históricas. São espaços 16 O resgate da memória social deve promover a legitimação dos processos constituintes das favelas enquanto regiões políticas, culturais e sociais autônomas e integrantes da cidade. A autonomia de moradores de favelas enquanto cidadãos, no exercício pleno de seu direito às memórias que lhes são concernentes, também se apresenta dentro de uma proposta inovadora, posto que são os próprios moradores os protagonistas das narrativas sobre a história e a memória de sua localidade. 2. Referência: Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/ Media/Dicion%20Term%20Arquiv.pdf. Acesso: 11 jun. 2013. 3. O conceito de Lugares de Memória foi cunhado pelo historiador francês Pierre Nora e se refere a lugares materiais, imateriais e simbólicos, que possuem uma vontade de memória, ou seja, uma intenção memorialista, contribuindo para a identidade e pertencimento desses grupos. Objetivos estratégicos: Estimular a realização de oficinas de capacitação que oriente o trabalho de identificação e registro de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e/ou histórias das favelas; Incentivar a Identificação e Registro de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico existente nas favelas; Estimular a identificação e registro de experiências e/ou iniciativas locais de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas; Apoiar o funcionamento de espaços físicos ou virtuais que atuem no registro de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas; Estimular a realização de pesquisas realizadas com os moradores sobre as histórias e/ ou memórias das favelas; Estimular a identificação e registo das histórias e memórias das favelas através da história oral; Apoiar a identificação e registro de publicações de autores locais sobre histórias e/ou memórias das favelas; Estimular a identificação de músicas de compositores locais que tenham relação com a memória e/ou a histórica das favelas; Apoiar a identificação dos lugares de memória³ nas favelas; Apoiar a identificação das datas comemorativas nas favelas que se relacionem com a história e a memória destes locais. 17 parte i . 3 i.3 3.2. Preservação 3.3. Promoção e Difusão Incentivo e apoio à preservação, organização, guarda e/ou manutenção de material documental. Incentivo e apoio à promoção e difusão de material documental. Objetivos estratégicos: Objetivos estratégicos: Estimular a capacitação de atores locais através de oficinas para o tratamento de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e histórias das favelas; Incentivar a preservação, organização, guarda e manutenção de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico existentes nas favelas em seu local de origem, salvo interesse dos moradores de que este se apresente em um distinto espaço; Incentivar a construção de espaços físicos nas favelas e/ou espaço virtual para a guarda de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as memórias e histórias das favelas; Estimular parcerias que apoiem técnica e financeiramente moradores e/ou locais responsáveis pela guarda de material documental de cunho histórico e/ou memorialístico sobre as favelas; Incentivar a preservação e manutenção dos lugares de memória das favelas; Estimular a salvaguarda de práticas culturais diversas de moradores que busquem resgatar e preservar histórias e memórias das favelas. 18 Estimular a capacitação dos atores locais sobre como promover a difusão e promoção do trabalho de resgate e preservação das histórias e memórias das favelas; Apoiar a difusão de material documental de cunho histórico e memorialístico existente nas favelas; Estimular parcerias que apoiem a publicação de obras de autores locais sobre histórias e memórias das favelas, bem como a difusão de músicas dos compositores locais; Incentivar a produção de livros, revistas e gibis, em formatos diversos, de autores locais, com as histórias e memórias dos moradores de favelas, bem como estimular a sua distribuição nas escolas localizadas nas favelas e/ou no seu entorno; Estimular a promoção de ações educativas nas escolas a partir do material produzido sobre as histórias e memórias das favelas, a fim de garantir a difusão do trabalho feito e garantir que o ensino se aproxime da realidade local; Estimular, apoiar e difundir eventos culturais das favelas, e entre elas, que tenham como característica o incentivo e a divulgação das memórias e histórias, envolvendo diversas formas de manifestações e/ou atividades comemorativas. Exemplos: oficinas, exposições, grafites, shows, apresentações teatrais e musicais, concursos, transmissão e/ ou contação de histórias, poesia, fotografias, filmes, dentro e fora dos territórios; Incentivar a promoção de espaços de diálogo e integração das distintas favelas na construção e registro das memórias e histórias da cidade do Rio de Janeiro. 19 parte i . 4 H o r i z Fotografias, recortes de jornais, documentos variados reunidos em diversas casas de moradores; exposições fotográficas; rodas de conversas sobre as histórias e memórias locais; cuidado e preservação de locais considerados históricos; produção de filmes documentários ou simplesmente o registro em áudio e vídeo de depoimentos de moradores sobre a história local; registro fotográfico; apresentações musicais; composição de músicas e poesias; realização de peças de teatro; produção de livros e pesquisas. Essas e outras inciativas já acontecem nas favelas envolvidas na elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. Moradores e parceiros locais trabalham duro há anos, muitas vezes sem qualquer tipo de apoio, para transformarem seus desejos de resgatar, preservar e contar histórias e memórias locais em realidade. O presente Plano é publicado com a intenção de dar visibilidade a essas iniciativas e apontar diretrizes que possam orientar a continuidade desse trabalho em cada uma dessas favelas, respeitando a particularidade e desejo de cada local. O Plano de Histórias e Memórias das Favelas materializa mais de um ano de trabalho entre equipes de gestão social do programa Territórios da Paz da SEASDH e moradores das dez favelas participantes, já apresentadas aqui. Desde o início, a construção do Plano ocorreu de forma 20 o n t e s dialógica, com igual participação dos representantes de todas as favelas envolvidas. O Plano expressa, assim, o desejo desses moradores em resgatar e preservar as memórias e histórias das favelas onde vivem. A SEASDH, ao publicar e apoiar a execução das suas primeiras atividades do Plano, busca garantir o direito à memória dessas favelas, através do estímulo ao resgate e preservação das histórias e memórias destes locais. A continuidade da execução, entretanto, vai depender de uma junção de esforços: de instituições públicas e privadas, espera-se o apoio e incentivo às diretrizes aqui apresentadas, através principalmente do patrocínio às ações previstas; dos moradores das favelas envolvidas no Plano, o compromisso de protagonizar o desenvolvimento do trabalho de forma a garantir o resgate, preservação e difusão das memórias e histórias destes lugares. Espera-se ainda que a publicação e execução do Plano contribua para o estímulo ao debate sobre a importância e potencialidades do trabalho de resgate, preservação e promoção das memórias e histórias das favelas. Tornar essas histórias conhecidas, produzir novas versões a partir de relatos dos moradores, é uma forma de contribuir para a construção de identidades, individuais e coletivas, e de registrar experiências culturais diversas. 21 parte II.1 Breve histórico das favelas participantes 1. Breve histórico das favelas participantes 22 23 Breve histórico das favelas participantes parte II . 1 Complexo do Andaraí e Grajaú Batan A comunidade do Batan está localizada no bairro de Realengo, às margens da Avenida Brasil. Existe há aproximadamente 70 anos e seu nome deriva da árvore Ubatan ou Urubatã que existia na localidade. O território teve sua ocupação alavancada no final da década de 1970 e início da década de 1980, quando vários terrenos desocupados do loteamento foram invadidos. A história da ocupação da comunidade está interligada à construção da Avenida Brasil e a consequente expansão da ocupação da zona oeste com a implantação desta importante via da cidade do Rio de Janeiro. O perímetro de atuação da UPP Batan abrange outras comunidades como Morrinho, Jardim Batan, Cristalina, Vila Jurema, Ipês e Fumacê, todas conectadas à Avenida Brasil. I Encontro Memória Batan. 2012. Foto: Cíntia Nascimento. O Complexo do Andaraí e Grajaú compreende seis comunidades localizadas nos bairros de mesmo nome. São elas: Morro do Andaraí, Jamelão, Juscelino Kubitschek ou Caçapava, João Paulo II ou Sá Viana, Nova Divinéia e Vila Rica ou Borda do Mato. Não existe consenso sobre o número de habitantes da região e as diferentes estimativas vão de 15 mil até 30 mil habitantes. Sabe-se que o bairro herdou seu nome da expressão “Andirá-y”, proveniente da língua falada pelos índios Tamoios, que habitavam a área, e que significa- ria “Rio dos Morcegos” (o atual Rio Joana). Nos séculos XVII e XVIII foram desenvolvidas atividades agrícolas de cana-de-açúcar e café, especialmente onde hoje se encontra a comunidade Borda do Mato, na qual ainda podem ser vistas ruínas de uma fazenda cafeeira. O povoamento das encostas dos morros teve início nos primeiros anos do século XX com a formação da comunidade Arrelia (hoje considerada uma subdivisão do Morro do Andaraí), provavelmente a primeira favela a existir na zona norte da cidade. Entrada do Morro do Andaraí. 1983. Foto: Darcy Silvério. Antigos moradores do Batan. Décadas de 1960 e 1970. Acervo da família residente na Rua Maragogipe. 24 Lideranças comunitárias do passado e do presente do Complexo do Andaraí e Grajaú. 2012. Foto: Raquel Brum. 25 Breve histórico das favelas participantes parte II . 1 Complexo do São Carlos e Santa Teresa O complexo inclui as favelas São Carlos, Mineira, Zinco, Querosene, Prazeres, Escondidinho, Coroa, Fallet e Fogueteiro, compreendendo os bairros do Estácio, Catumbi, Rio Comprido e Santa Teresa. Está situado na região central e norte do Rio de Janeiro. versos escravos fugidos das fazendas de cana e café, principalmente de Santa Teresa. Devido a sua difícil localização, em função da mata fechada, ficou por anos, anônimo. Posteriormente, circularam lendas sobre o antigo quilombo, “muito escondidinho de todos”. De acordo com moradores do Fallet, é preciso esclarecer o equívoco quanto à denominação de favela para sua comunidade, acirrada com a chegada do tráfico nos anos 1980-90. Inicialmente, o Fallet era um loteamento no bairro de Santa Teresa, datado de 1922, cujos primeiros moradores foram imigrantes europeus. No clube havia, semanalmente, bailes de gala. Além disso, o Fallet destacou-se tanto nos esportes (time campeão de basquete) quanto na arte e cultura, com seu bloco carnavalesco, vencedor de vários títulos. A região do Fogueteiro ficou assim conhecida pelo casal, Seu Zé Galo e Dona Katita, que fabricava e vendia fogos de artifício. O morro da Coroa começou a ser ocupado em 1946. Há três versões para o seu nome: a de que a região fora um haras para os cavalariços da coroa, durante o período imperial; ou devido ao antigo campo de futebol localizado no seu topo, e em virtude ao formato arredondado do seu topo. O latifúndio onde hoje se localizam parte do Fallet, e a totalidade dos Prazeres e Escondidinho pertenceu, até o final do século XIX, a Manuel de Valadão Pimentel, médico e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que recebeu o título de Barão de Petrópolis, da Imperial Or26 Vista parcial do Fallet. 1995. Foto: Waldir Carneiro (Saci). dem de Cristo, o qual batiza a principal via de acesso por aquele quadrante de Santa Teresa. Nos Prazeres, uma grande massa migratória de pernambucanos construíram suas primeiras casas perto da antiga Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, posteriormente demolida. O Escondidinho teria se originado em 1940 como um antigo Quilombo, que refugiou di- O morro do São Carlos, no bairro do Estácio, é considerado o berço da boemia carioca, com a criação da primeira escola de samba da cidade, a Deixa Falar, pelo compositor Ismael Silva, em 12 de agosto de 1928, que, em 2013, completaria 85 anos. A versão mais conhecida para a sua história é a de que fazia parte de um conjunto de terras arrendadas por um fazendeiro, cujo tataraneto começou a vender lotes para imigrantes. O nome São Carlos teria se fixado devido à rua de mesmo nome, que corta a comunidade ao meio em quase toda a extensão. Além de Ismael Silva, lá habitaram Gonzaguinha, Luiz Melodia, Dominguinhos do Estácio e Madame Satã. Hoje a grande perso- nalidade viva é o músico Zeca da Cuíca. E, no Bairro do São José Operário, Zinco, havia uma igreja Católica onde o padre Mário abrigava os resistentes da ditadura militar, nos anos 196070. Um grupo de 31 voluntários construiu a rua, antes de barro vermelho. A região do Querosene foi assim chamada, pois, na ausência de luz elétrica, os moradores precisavam circular com lamparinas a querosene. Localizado no Catumbi, o morro da Mineira tem em seu nome a homenagem a uma ilustre moradora da área chamada Maria da Silva Dias César, nascida no município de Alto Jequitibá (MG). Aportando na comunidade em 1950, ela dominava o ofício de parteira, profissão a qual se dedicou com afinco, pois sua cidade natal carecia de serviços médicos básicos. A história se repetiu quando se mudou para o Rio, já que era a única parteira da comunidade, ganhando o respeito e admiração de todos. De suas mãos nasceram dezenas de crianças, cujos pais não tinham condições de acesso aos hospitais. Grupo de Trabalho Memórias do Fallet. 2013. Foto: Silvana Bagno. Complexo do Turano Vista parcial do Turano. 2013. Foto: Fabrízia Amaral. Localizado no Centro e na Zona Norte da cidade, especificamente nos bairros do Rio Comprido e Tijuca, o Complexo do Turano compreende uma população de mais de 10 mil habitantes. Parte da região que hoje compreende tal conjunto de comunidades começou a ser ocupada em meados dos anos 1930 por Emílio Turano, que se dizia dono dessas terras. Os novos moradores que chegavam à região pagavam ao mesmo uma taxa para ocupar o local. Na tentativa de não pagar mais as taxas abusivas cobradas por Emílio Turano, os moradores foram ocupando uma nova área, que hoje corresponde ao morro da Liberdade, e iniciaram uma luta para comprovar a ilegalidade da propriedade por Turano. Com o apoio político e jurídico na época, os moradores conse- guiram a vitória no caso e o morro foi então batizado como Liberdade. Nos anos seguintes, a ocupação da região cresceu, dando origem a outras comunidades do Complexo, como o Rodo, Sumaré, Matinha, Bispo, Chacrinha e Pantanal. Futebol na Quadra Vista Alegre, na Raia. Sem data. Autor desconhecido 27 parte II . 1 Breve histórico das favelas participantes Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos O topônimo Ladeira dos Tabajaras tem sua origem a partir do etnônimo “tabajaras”, relativo a um grupo indígena oriundo do Ceará que se instalou nas imediações da via que liga o bairro de Botafogo a Copacabana. Com a expansão urbana do século XIX no Rio de Janeiro, a atual Ladeira dos Tabajaras constituía-se numa via de atalho entre o Jardim Botânico e CopacabaExpedição ao Rio de Janeiro, com vista para a Ladeira dos Tabajaras. Início do século XX. Foto: Marc Ferez na. O caminho ganhou notoriedade durante o século XIX pela possibilidade de se observar de forma panorâmica, toda a porção inicial da baía de Guanabara, além de se poder observar, a partir de um ângulo panorâmico, o Corcovado, o Pão de Açúcar e as praias litorâneas de Niterói. Há relatos de que o próprio D. Pedro II utilizava-se frequentemente deste atalho, já que em local conhecido como Cocheira, o imperador descansava durante a travessia do íngreme percurso. Ao longo do século XX, a proto-urbanização da encosta expandiu-se, sobretudo para a região conhecida como Morro dos Cabritos, denominação referente à criação extensiva de caprinos pela população local. Essa expansão urbana pautou-se em construções irregulares e precárias do ponto de vista técnico. A partir da segunda metade do século XX, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, a região registrou uma série de deslizamentos de terra, provocando mortes por soterramento. Segundo dados oficiais, as duas comunidades possuem cerca de 4.200 habitantes. Expedição das equipes Territórios da Paz e INEPAC na Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos. 2012. Foto: Weder Ferreira 28 Morro da Formiga Caminhada Ecológica no Morro da Formiga. 2013. Foto: Fabrízia Amaral O Morro da Formiga, situado no bairro da Tijuca, zona norte da cidade, possui atualmente cerca de 7 mil habitantes. Por volta de 1911, foi ocupado por imigrantes portugueses e alemães. A ocupação se intensificou entre as décadas de 1940 a 1960, a partir de um loteamento que se estendeu pelas encostas. Nesse período, deu-se início à urbanização do morro. Os trabalhadores, encantados com o lugar, decidiram fixar residência e foram repreendidos pela polícia, que passou a demolir seus barracos. Esse conflito perdurou até os trabalhadores terem a ideia de construir as casas e imediatamente ocuparem-nas. Assim, iniciou a história de luta e resistência dos moradores do Morro da Formiga, o qual já foi cenário de muita peleja e conquista. Essa comunidade é originalmente (escritura dos lotes) conhecida como Morro da Cascata, possivelmente em função da presença do Rio Cascata. Conforme relato de um morador antigo da comunidade, o nome Formiga surgiu quando abriram as ruas 2 e 3, que com o remexer da terra surgiram muitas formigas cabeçudas, formando montes de formigueiros. Então, o grupo de especialistas, enviado pela prefeitura para combatê-las, ao se encaminhar para o local dizia que ia para o “morro das formigas”. Morro da Formiga. 1971. Foto: Gilmar (Arquivo Nacional, acervo Correio da Manhã) 29 parte II . 1 Breve histórico das favelas participantes Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira Morro do Vidigal e Chácara do Céu O Morro do Vidigal ganhou esse nome em referência ao ex-comandante da Policia Militar do Estado do Rio de Janeiro, no século XIX, o major Miguel Nunes Vidigal, que devido aos seus serviços, recebeu de presente dos monges beneditinos, em 1820, um terreno ao pé do Morro Dois Irmãos, o qual foi ocupado por barracos a partir de 1940, dando origem à atual favela. O caso do Vidigal se tornou um marco na resistência à remoção de favelas, quando em 1970, em plena ditadura militar, a associação de moradores, com o apoio dos advogados da Pastoral de Favelas, entre eles os juristas Sobral Pinto e Bento Rubião, conseguiu evitar que os barracos da atual comunidade 314 fossem destruídos para dar lugar à construções de luxo. A comoção e apoio político deram origem, em 1978, à assinatura pelo Governador Chagas Freitas, do decreto de desapropriação da área para fins sociais. Tal fato é sempre lembrado como emblemático, inclusive, pela visita do Papa João Paulo II, em 1980, quando o mesmo presenteou a comunidade com seu anel, simbolizando a resistência dos moradores que se negaram a serem removidos da comunidade que construíram. A Chácara do Céu, conforme depoimentos de moradores, nasceu nos anos de 1950, a partir de uma antiga chácara escondida no alto do 30 morro e praticamente isolada. Nela vendiam-se frutas e legumes para os bairros vizinhos e tinha acesso restrito por trilhas no meio do mato. O clima de tranquilidade e a vista espetacular serviram como inspiração para os primeiros moradores que – sem saber – batizaram a comunidade com este nome. Há certa discussão, sobre esta ter sido um quilombo, mas os próprios moradores estão tentando se certificar do processo. Vista de parte do Morro do Vidigal. Sem data. Foto: Felipe Paiva Localidade conhecida como Pedrinha. Sem data. Foto: Felipe Paiva. Babilônia e Chapéu Mangueira, comunidades do bairro do Leme, zona sul da cidade, possuem cerca de 5 mil habitantes e comemoram, entre os anos de 2013 e 2014, o seu centenário de ocupação. Tal conquista dos moradores se deu, na Babilônia, em sua parte mais elevada para, em seguida, se espraiar pelas demais regiões; no Chapéu Mangueira ocorreu o oposto. De acordo com relatos dos moradores, os primeiros habitantes firmaram residência para facilitar o acesso a seus locais de trabalho. Eram militares que atuavam no Forte do Leme e operários da construção do Túnel do bairro. As famílias que ali residem são oriundas, principalmente, dos estados de Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Paraíba e do próprio Rio de Janeiro. Vista aérea do Morro. Sem data. Foto: Genilson Araújo As comunidades têm formações históricas diferentes. Na Babilônia havia a presença constante do Exército, por meio da delimitação do território e do controle do fluxo de pessoas, relação que teria se intensificado durante os anos de ditadura militar. Já no Chapéu Mangueira, a ação do exército não era explícita, talvez porque parte da comunidade localizava-se em propriedade privada. Assim, de acordo com relatos, os moradores eram ligados a movimentos de esquerda; fato que, provavelmente, influenciou no seu engajamento através de mutirões que construíram a Associação de Moradores, o Posto de Saúde, a Creche, entre outros equipamentos. Mutirão de Construção no Chapéu Mangueira. Sem data. Acervo da Associação dos Moradores do Chapéu Mangueira Sobre a origem dos seus nomes, supõe-se que a Babilônia teria sido batizada em função da riqueza da flora local, tal como os Jardins Suspensos da Babilônia. A região abrigou a família do paisagista Roberto Burle Marx e dizem que muitas das espécies vegetais de seus jardins foram coletadas no terreno de sua chácara, hoje Área de Proteção Ambiental. Já o nome do Chapéu Mangueira teria surgido por conta de uma placa fixada na entrada do morro com seguintes dizeres: “Em breve neste local, Fábrica de Chapéus Mangueira”. 31 parte II . 1 Breve histórico das favelas participantes Santa Marta Rocinha Vista parcial da Rocinha. 2012. Foto: Simone Pitta Rocinha. 2012. Acervo Jornal O Globo A Rocinha se localiza no Morro dos Dois Irmãos, entre os bairros de São Conrado e Gávea, na zona sul da cidade. De acordo com o censo demográfico do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) realizado entre 20092010, a Rocinha é a favela mais populosa do país, com mais de 100 mil habitantes vivendo em mais de 23.350 domicílios. Segundo histórias contadas por pessoas que residiram e residem na Rocinha, a comunidade recebeu seus primeiros habitantes logo após a II Guerra Mundial, vindos de Portugal, França e Itália. Eles viviam, basicamente, da agricultura, pos- 32 suíam pequenas roças e vendiam suas produções na região vizinha, dando origem ao nome Rocinha. A partir da década de 50, com os processos de reurbanização e remoção de favelas em regiões na zona sul na cidade, e com a imigração de famílias nordestinas, bem como de mineiros e baianos, para a cidade, a Rocinha se torna uma grande favela, não só em termos de população como na oferta de serviços e vida social na comunidade. Na década de 1960, são fundadas a União Pró-Melhoramentos dos Moradores da Rocinha (UPMMR) e a Ação Social Padre Anchieta Santa Marta ou Dona Marta? Um padre de nome Clemente tornou-se proprietário das terras onde hoje se encontra o bairro de Botafogo, zona sul da cidade, e batizou um de seus morros de Dona Marta, em homenagem a sua mãe. A encosta, que ficou conhecida por esse nome na década de 20, pertencia ao Colégio Santo Inácio. Os primeiros moradores que ali se instalaram haviam sido abrigados pelo Padre José Maria Natuzzi e contratados para trabalhar na ampliação da igreja desse colégio. Eram famílias vindas do estado de Minas Gerais e norte fluminense, que habitaram inicialmente a parte mais alta e mais recolhida do morro, longe da vigilância florestal. (ASPA) como instituições de representação de moradores. Logo em seguida, com a expansão e novos sub-bairros, foram criadas a Associação de Moradores e Amigos do Bairro Barcellos (AMABB) e a Associação de Moradores e Amigos da Vila Laboriaux. Naquele período, uma das formas que os moradores da Rocinha encontraram para resistir às remoções foi se mobilizar e se organizar em mutirões para limpezas de valas, tendo como órgão estimulador a Capela N. S. Aparecida, no Largo do Boiadeiro. Na década de 1970, surgem discussões de grupos organizados, visando o desenvolvimento social da comunidade, onde são reivindicados perante o poder público, o acesso à saúde, à educação, ao fornecimento regular da água, luz e saneamento básico. Na década de 80, surgem as escolas, creches e centros comunitários, como o Centro de Saúde Albert Sabin, o Núcleo da CEDAE e a Região Administrativa. E a partir das obras do PAC em 2007, grandes investimentos e obras de infraestrutura passam a compor este universo, alterando significativamente o cenário da favela atualmente. Simply by not owning three medium-sized castles in Tuscany I have saved enough money in the last medium-sized castle in Tuscany. Campeonato União do Santa Marta. 2005. Foto: Tandy Firmino Imagem da área do Pico. 2012. Foto: Mariana Adão A ocupação foi se dando de cima para baixo com barracos de madeira, barro ou estuque. As residências eram mais amplas, com quintal e área externa. Atualmente a favela comporta cerca de 1.400 domicílios e 5.000 moradores. Santa Marta é considerada a padroeira do Morro e sua imagem teria sido levada ao Pico em seus primórdios, na década de 30. Mais tarde, foi construída uma igreja para abrigá-la. 33 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II.2 1. Breve histórico das favelas participantes 35 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE Batan No Batan, a demanda por iniciativas promotoras de atividades de preservação e divulgação das histórias e memórias locais surgiu nas reuniões do café comunitário, a partir de discussões sobre a necessidade da criação de espaços culturais na comunidade. Os participantes abordaram a importância de reunir os relatos de moradores antigos em uma publicação porque não há registros sobre a memória do Batan. Contudo, seria fundamental que eles próprios contassem suas histórias, seus olhares sobre os diferentes momentos da comunidade, destacando a construção da Avenida Brasil. Foi realizado um encontro com lideranças e moradores, que levaram recortes de jornais e fotografias antigas, como um primeiro movimento de criação do acervo para contar a história da comunidade. Uma parceria com o Projeto Bairro Educador, da Secretaria Municipal de Educação, levou o tema para as escolas e alguns professores promoveram atividades sobre a memória local nas salas de aula. Chá da Memória Batan e Fumacê. 2013. Foto: Renata Brum. Chá da Memória Batan e Fumacê. 2013. Foto: Cíntia Nascimento Equipe de gestão: Cintia Nascimento de Oliveira Conceição – Gestora Social Renata da Silva Brum – Assistente de Gestão 37 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II . 2 Complexo do Andaraí e Grajaú Desde a entrada em campo, da Equipe de Gestão do Programa Territórios da Paz no Complexo do Andaraí e Grajaú, puderam ser observadas demandas em relação à preservação e divulgação da história local. Realizou-se, então, um mapeamento dos moradores que tinham tal interesse e/ou já realizavam algum tipo de trabalho nesse sentido. Em maio de 2012, ocorreu o primeiro encontro “Café com memória”, na comunidade Juscelino Kubitschek, no Grajaú. Estiveram presentes alguns moradores e representantes de instituições que atuam na região, os quais discutiram a importância do resgate das histórias e memórias do Complexo na ressignificação dos vínculos entre as comunidades que o compõem. Foi formada uma comissão que esteve presente no 1º Encontro Intercomunitário, realizado na SEASDH também em maio. No mês de julho, organizouse o segundo “Café com memória”, na comunidade Borda do Mato, o qual já contou com aproximadamente 50 pessoas, todas discutindo como deveria ocorrer o processo de preservação e divulgação histórica. Uma nova comissão participou do 2º Encontro Intercomunitário realizado na SEASDH em 2013. Grupo de Trabalho Café com Memória. 2012. Foto: Raquel Brum Equipe de gestão Territórios da Paz e grupo FelizIdade. 2012. Foto: Ana Barros. Equipe de gestão: Raquel Brum Fernandes da Silveira – Gestora Social Isabelle Furtado de Moura – Assistente de Gestão 38 39 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II . 2 Complexo do São Carlos e Santa Teresa Nos momentos iniciais de sua gestão em território, a equipe fez um levantamento acerca das principais demandas, em reuniões com moradores locais. O desejo de preservação e divulgação da história e das memórias de sua comunidade foi sinalizado por lideranças, jovens e idosos. Nos Prazeres, a intenção é de produzir um catálogo e exposição de fotos e um documentário sobre as histórias e memórias de sua comunidade. Jovens da Coroa desejam documentar as memórias dos ancestrais da sua comunidade e fazer uma exposição permanente, nos becos, da árvore genealógica dos moradores, com dados de identificação e fotos. No Zinco, há o desejo de encontros intergeracionais entre avós e netos, compartilhando as memórias dos mais velhos e confeccionando um livro e exposições com essas memórias. No Fallet, há o desejo pelo resgate dos tempos áureos da localidade, em termos socioculturais e esportivos. O Fogueteiro deseja transmitir suas memórias através de um documentário com os idosos e primeiros habitantes. O Morro do São Carlos, sua tradição cultural e musical. Grupo de Trabalho Memórias do Complexo do São Carlos e de Santa Teresa. 2012. Foto: Silvana Bagno 40 Equipe de gestão: Silvana Bagno – Gestora Social Cíntia Aparecida Pereira Guimarães – Assistente de Gestão Fernando Capitulino da Silva – Assistente de Gestão Grupo Orun Mila no Santa Música Faz, na Mineira. 2012. Foto: Vanessa Nolasco 41 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II . 2 Complexo do Turano Em janeiro de 2012, a equipe do Programa de Gestão Social em Territórios Pacificados – Territórios da Paz para as áreas do Turano e Paula Ramos deu início às atividades em campo. Como uma das primeiras etapas do trabalho, a equipe desenvolveu um diagnóstico social amplo, buscando identificar os principais problemas, desejos, potencialidades locais, a fim de, a partir desse documento, construir um plano de atuação para o território. Como parte desse diagnóstico, identificou-se no Turano o desejo de alguns atores locais de desenvolver um projeto que preservasse a memória da favela do Turano. As motivações que levaram os moradores a solicitar que uma ação desse tipo fosse desenvolvida no Turano foram: contar uma história positiva do morro, diferente da história do tráfico de drogas e da violência que normalmente foi e ainda é noticiada pela 42 mídia; mostrar os aspectos positivos de viver no morro, suas histórias e belezas naturais; fazer com que a comunidade sinta orgulho de viver no local onde vive. Deve-se destacar que ações no campo da memória já haviam sido realizadas no Turano por diferentes pessoas, como a tentativa de realizar um filme sobre a história da favela. Contudo, nem todas as ações iniciadas tiveram continuidade. É nesse contexto que surgem as demandas de moradores e atores locais por ações no campo da memória. Em maio de 2012, realizou-se no Turano o primeiro encontro do Grupo de Trabalho Memórias do Turano. A atividade tinha o objetivo de identificar as demandas específicas dos moradores no campo da memória, assim como promover um espaço de diálogo e articulação dos III Mostra Cultural Turano, na Raia. 2013. Foto: Fabrízia Amaral diferentes atores que tinham ou desejavam promover ações de preservação da memória e história local. O grupo se reuniu novamente e desde então não parou mais. Os moradores decidiram continuar organizados em torno do GT para poder desenvolver trabalhos no campo da memória. Foi assim que o GT promoveu três mostras culturais no Turano, em diferentes comunidades, com o objetivo de promover um dia de lazer e discussão sobre a história do local, assim como divulgar o trabalho do grupo e sensibilizar os moradores a aderirem à inciativa. Até maio de 2013, o GT Memórias do Turano já havia se reunido 36 vezes. Atualmente, o grupo está dividido em comissões, cada uma delas cuidado de uma atividade específica. Equipe de gestão: Marco Antonio dos Santos Teixeira Gestor Social Fabrízia Clécia do Amaral – Assistente de Gestão 12ª Reunião do Grupo de Trabalho Memórias do Turano. 2012. Foto: Nyeta Magalhães 43 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos As demandas relativas à questão da história e da memória nas favelas da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos surgiram no contexto dos fóruns comunitários realizados junto à associação de moradores. Ao identificar junto com a população local, a existência de áreas que foram no passado regiões quilombolas, realizou-se a identificação das mesmas. Na sequência, realizamos uma série de reuniões com membros do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Cultura (SECULT). Desses encontros, resultou uma visita em campo, para identificar supostos vestígios das antigas ocupações quilombolas. Além desta ação, coletamos os nomes das pessoas mais antigas das comunidades, a fim de realizar com elas, o Café com História. Além disso, foi distribuído para as associações de moradores, um relatório contendo um esboço histórico da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos. Expedição das equipes Territórios da Paz e INEPAC na Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos. 2012. Foto: Antonio Soares Equipe de gestão: Weder Ferreira da Silva – Gestor Social Gloria Maria de Moraes Rego Fairbairn – Assistente de Gestão Debate sobre a Proposta do Projeto Memórias. 2012. Foto: Weder Ferreira. 45 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II . 2 Morro da Formiga II Café Memória da Formiga. 2012. Foto: Ana Barros Na Formiga, diferente das demais comunidades, a demanda pelo resgate e divulgação da história e memória do morro surgiu no âmbito institucional, cinco meses após a entrada da equipe em campo. Assim, em junho de 2012, a equipe de gestão do programa Territórios da Paz participou de uma reunião, juntamente com as equipes de Matriciamento da Coordenadoria Geral de Saúde da Área Programática 2.2 (CAP 2.2) e de Estratégia de Saúde da Família do Centro Municipal de Saúde Prof. Júlio Barbosa (antigo CEMASI), onde a equipe da CAP citou o Encontro de Memória do Andaraí 46 como uma estratégia positiva a ser replicada na Formiga, visando à garantia da atenção integral em saúde, de modo a considerar não só o contexto socioeconômico, mas, também o aspecto cultural da população. A partir de então, a equipe iniciou diálogos com lideranças comunitárias, com a finalidade de ratificar tal demanda comunitária e estabelecer parcerias para a realização de quatro encontros de memória, que envolveram cerca de oitenta pessoas, entre moradores e representantes institucionais. No mês de julho, houve dois Chás da Memória, onde foi sugerida a organização de um terceiro encontro, em que os moradores “contassem” a história do morro. Nessa perspectiva, em setembro foi realizado o I Café da Memória, destinado ao registro dos relatos sobre a história e memória da Formiga, produzido por dois jovens com formação em audiovisual e memória, cujo vídeo editado foi exibido em dezembro, no II Café da Memória. Equipe de gestão: Ana Cláudia Borba Gonçalves Barros – Gestora Social Fabiana Braga Silva – Assistente de Gestão I Café Memória da Formiga. 2012. Foto: Ana Barros 47 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II . 2 Morro do Vidigal e Chácara do Céu A entrada em campo da Equipe de Gestão do Vidigal e Chácara do Céu ocorreu em fevereiro de 2012, concomitantemente, a uma demanda institucional. A proposta advinda do Governo do Estado era a de que a comunidade se organizasse, a fim de elaborar e apresentar um projeto que estivesse em sintonia com os objetivos da Rio+20. Com isso, após reuniões e deliberações de comissões organizadoras de tais projetos, suas ideias foram apresentadas, respeitando e valorizando as particularidades de cada território. Em tal cenário, surgiu a demanda pela valorização, preservação e divulgação da história das referidas comunidades, uma vez que a Chácara do Céu é remanescente de um quilombo e a ‘permanência’ do Vidigal é fruto de um movimento de resistência ocorrido na década de 1980. Assim, após tais reuniões da comissão organizadora da Rio+20, foi realizado um evento no dia 18 de junho de 2012 na Capela São Francisco de Assis, composto por exposição de fotos da década de 80; uma palestra abordando a história da comunidade, seguida da apresentação de cinco músicas compostas por moradores do Vidigal. Equipe de gestão: Denise Martins da Luz – Assistente de Gestão Evento da AMAR. Sem data. Foto: Felipe Paiva Localidade conhecida como Pedrinha. Sem data. Foto: Felipe Paiva 49 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE Morros da Babilônia e Chapéu Mangueira Logo após o início do trabalho, a equipe de gestão social Babilônia e Chapéu Mangueira identificou, a partir de relatos de diversos moradores, o desejo de preservar e difundir a memória destas comunidades. Esta necessidade parecia estar fortemente ligada aos sentimentos de identidade e de pertencimento que, rotineiramente, eram associados ao orgulho dos muitos mutirões que fizeram nascer, resistir e reinventar estas favelas: “Não podemos deixar se perder o que construímos, como se tudo tivesse sido em vão”, escutamos. Um aspecto interessante destas localidades é o fato de que a preocupação com a memória não parece ser uma demanda restrita aos “mais velhos”. Há, neste grupo plural, idosos, jovens e até novos residentes. No que se refere às temáticas, mapeou-se um desejo de identificar, registrar, preservar e difundir saberes e acervos ligados aos movimentos sociais, às resistências, às lideranças comunitárias, aos lugares de memória, às iniciativas culturais diversas e, também, à violência. Assim se consolidou o Grupo de Memórias Babilônia e Chapéu Mangueira que, além de refletir e debater a respeito do papel social e político da memória, teve parte de seu potencial revelado no emocionante espaço dedicado a estas histórias durante o evento internacional Rio+20, em junho de 2012. Equipe de gestão: Flora Côrtes Daemon de Souza Pinto – Gestora Social 50 I Encontro Local GT Memórias Babilônia e Chapéu Mangueira. 2013. Foto: Flora Daemon III Encontro Local GT Memórias Babilônia e Chapéu Mangueira. 2013. Foto: Flora Daemon 51 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE parte II.2 Rocinha Membros do Museu Sankofa com a equipe da Biblioteca e Parlamentares, na Semana Cultural da Rocinha. 2013. Acervo Biblioteca Parque da Rocinha 52 Na década de 80, surge o grupo Pró-Museu da Rocinha, formado por moradores e profissionais que atuaram na Rocinha nos segmentos da saúde, educação, cultura e meio ambiente. Com o início das obras do PAC, entre 2007 e 2008, através do Fórum Cultural da Rocinha, é lançado o Plano Cultural da Rocinha, que entre suas ações, prioriza a preservação das Memórias e Histórias dos moradores enquanto um direito. A partir desta iniciativa, se inicia uma série de atividades de promoção da memória como chá de museus, exposições de grafitti, e o lançamento de publicações pelos membros do grupo do Museu Sankofa Memória e História da Rocinha. Em 2012, a equipe da Rocinha do Programa Territórios da Paz, ao tomar conhecimento desta iniciativa, participou como convidado em duas ações realizadas pelo grupo, o Chá de Museu, com apresentação de acervos pessoais de moradores, e o lançamento do livro “Memória Feminina em três tempos”, referenciando lideranças mulheres na Rocinha através de suas biografias. Durante a Rio +20, a equipe realizou a impressão de 40 cartazes fotográficos, com fotos do trabalho do Museu, realizado no mural da “Curva do S”, que também expôs seu trabalho em uma tenda na Feira Semeando a Arte, no Complexo Esportivo, entre os dias 18 e 19 de junho. Através de reuniões do Fórum Cultural da Rocinha e com o grupo do Museu Sankofa, seus integrantes foram convidados a participar da iniciativa coletiva da SEASDH, na elaboração do Plano de Histórias e Memórias das Favelas. Mural da “Curva do S”. 2011. Acervo do Museu Sankofa Equipe de gestão: Simone Souto Pitta – Gestora Social Pricila Gonçalves de Freitas – Assistente de Gestão 53 parte II . 2 MEMÓRIAS DA CONSTRUÇÃO DO PLANO POR LOCALIDADE Santa Marta No Santa Marta o tema da memória surgiu através de diversas frentes e grupos. Dois deles, no entanto, foram responsáveis pelo “pontapé inicial”: 1) o processo de remoção realizado no ponto mais alto e antigo do morro; 2) o trabalho de turismo de base comunitária, que vem se desenvolvendo de forma intensa. A partir de encontros pontuais que passaram a delinear tais demandas, encontros maiores passaram a ser feitos em torno do tema. O intuito dessas reuniões foi verificar com os participantes, a pertinência do tema para a comunidade, com a intenção de que, com a ratificação do coletivo, pudéssemos pensar então, em como poderíamos colocar em prática tais demandas. Ao todo, cerca de 30 a 40 pessoas se envolveram com tais conversas. Equipe de gestão: Karina Lopes Padilha – Assistente de Gestão Mariana Adão da Silva – Assistente de Gestão 54 Família que deu origem ao Projeto Ecomuseu Nêga Vilma. Sem data. Foto: Marcelo Terranova Encontro de Turismo de Base Comunitária. 2013. Foto: Sheila Souza 55 Ficha Técnica Governador do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Vice-governador do Estado do Rio de Janeiro Luiz Fernando de Souza - Pezão Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos Zaqueu da Silva Teixeira Chefe de Gabinete Pedro Henrique Pereira Prata Subsecretário de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos Eloi Ferreira de Araújo Superintendente de Territórios da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos William Resende de Castro Júnior Assessoria de Comunicação Assessora-chefe de Comunicação Paula Pinto Christóvão Revisão e Editoração Danielle Rabello Floriano Rodrigues Design Editorial Marcelo Santos Equipe da Superintendência de Territórios da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos Alvaro Maciel Anne Christhine Lima Fernanda Fernandes de Amurillo Julia Carvalho Silva Sobreira Lucia Maria Xavier da Silva Maria de Lourdes Fernandes dos Santos Gestores e Assistentes de Gestão do Programa Territórios da Paz (Organizadores) Ana Cláudia Borba Gonçalves Barros Cíntia Aparecida Pereira Guimarães Cíntia Nascimento de Oliveira Conceição Clarissa Coelho Ferreira Denise Martins da Luz Fabiana Braga Silva Fabio Leon Moreira Fabrízia Clécia do Amaral Fernando Capitulino da Silva Flora Côrtes Daemon de Souza Pinto Gloria Maria de Moraes Rego Fairbairn Isabelle Furtado de Moura Karina Lopes Padilha Livia Fortuna do Valle Marco Antonio dos Santos Teixeira Mariana Adão da Silva Nathalia Massi Pires Pricila Gonçalves de Freitas Raquel Brum Fernandes da Silveira Renata da Silva Brum Sabira de Alencar Czermak Silvana Bagno Simone Souto Pitta Tania Albuquerque Mendes Braga Vanessa Nolasco Ferreira Weder Ferreira da Silva Autores do Plano Abelardo Roque da Silva – morador do Complexo do Turano Adailton Pena – morador do Morro da Coroa 56 Adalberto Ferreira – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Adão Rodrigues Santos – morador do Morro da Coroa Aguinaldo Santos – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Alberto (Beto da Igreja) – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Alexandre Magno dos Santos – morador do Morro do Querosene Alexandre Salgueiro – morador do Complexo do Turano Aline Fernandes – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Aloísio S. Pacheco – morador do Ocidental Fallet Aluan Carlos Gomes – morador do Complexo do Turano Álvaro Maciel Júnior – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Alvimar – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Ana Beatriz da Costa – moradora do Complexo do Turano Ana dos Santos de Souza – morador do Complexo do Turano Anderson Costa – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Anderson Ribeiro Lula – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia André Castilho Tavares Júnior – morador do Complexo do Turano André Köller – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Andre Leonardo Silva de Carvalho – morador do Morro da Formiga André Luiz Abreu de Souza – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia André Luiz Gomes de Araújo – morador do Batan André Santana – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Andréa Alelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Andreza Gomes – moradora do Complexo do Turano Ângela Gomes– moradora do Complexo do Turano Antonio – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Antônio Carlos Firmino – morador da Rocinha Antônio José Paiva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Armando Flávio da Silva Gamboa – morador do Batan Armindo Lobo – morador do Morro do Fallet Arthur Viana – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Augusto Santos – morador do Morro da Formiga Aura de Souza – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Áureo Efigênio Nascimento – morador do Morro da Coroa Bernadete Soares Pereira – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Bruno Ferreira – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Bruno Gomes Luiz – morador do Morro da Coroa Carlos Alberto Gomes – morador do Complexo do Turano Carlos Alberto Moreira (Carlão) – morador do Morro do Fallet Carlos Alexandre Rosa – morador do Batan Carlos Eduardo Lucio Ribeiro (Carlinhos) – morador do Morro da Formiga Carlos Henrique Alves (Marreta) – morador do Morro do Zinco Carlos Henrique da Conceição – morador do Morro da Formiga Caroline Campos de Oliveira – moradora do Morro da Coroa Catarina Andrade – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Cervasia dos Santos – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Charles Siqueira – morador do Morro dos Prazeres Cíntia Paulo Luna – moradora do Morro do Fogueteiro Claudia Cristiane – moradora da Rocinha Claudio Batista – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Cléa da Silva – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Cleber de Jesus – morador do Batan Cosme Cesar Santos – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Cristiano Mendes Campos – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Dalva – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Danilo de Souza – morador do Morro do Zinco Danilo Ferreira de Souza – morador da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos Darcy Silvério – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Dejair Thomé dos Santos – morador do Morro da Formiga Dell Delambre – Ecomuseu Nêga Vilma/Santa Marta Denilda Souza da S. Almeida – moradora do Morro da Formiga Dercy Cruz Moraes – moradora do Complexo do Turano Dinei Medina – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Dornel da R. Pereira – morador do Morro da Formiga Edilson Benedito Alves – morador do Santa Marta Edna Maria Moreira da Rocha – moradora do Complexo do Turano Edson (Buluca) – morador do Morro da Formiga Edson Dias – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Eduardo Barbosa – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Eduardo Henrique Baptista – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Eliane Sales – moradora do Complexo do Turano Eliane Santos – moradora do Santa Marta Eliza Rosa Brandão da Silva – moradora do Morro dos Prazeres Elma Allelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Elzira Timóteo – moradora do Complexo do Turano Emile Thiago do Carmo – moradora do Morro da Coroa Érica Souza Silva – moradora do Morro da Coroa Eudyr dos Santos – morador do Morro da Formiga Evandro Machado – morador do Complexo do Turano Fabiana de Souza – moradora do Complexo do Turano Fábio Barbosa – morador do Complexo do Turano Fátima Alexandre Saraiva – morador do Complexo do Turano Fernanda Lima – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Fernando Ermiro – morador da Rocinha Fernando Machado – morador do Batan Flavia Eloah – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Flávio Mazzaro de Abreu (Fafá) – morador do Morro do Fallet Gabriel Richard da Silva Barbosa – morador do Complexo do Turano Genecy Soares – moradora do Complexo do Turano Geni de Moura – moradora do Morro da Formiga Geni Pereira da Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Gian Carlos Gomes – morador do Complexo do Turano Gibeon de Brito Silva – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Gisele de Jesus Santos – moradora da Vila Jurema Gisele Rosa dos Santos – morador do Morro da Formiga Guilhermina – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Haroldo José de Souza Netto (Haroldinho) – morador do Morro do Fallet Hélia Constantino de Araújo – moradora do Morro da Formiga Heraldo Martins dos Santos – morador do Complexo do Turano Heverton Leite Santana – morador do Morro da Formiga Hilton Marques – morador do Ocidental Fallet Hiram Lima – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Ilza Vieira dos Santos – moradora do Morro da Formiga Indara Moreira Paula da Silva – moradora do Complexo do Turano Irmã Maria de Fátima – moradora da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos Isabel Telles Cabral – moradora do Morro da Formiga Ivanilda de Abreu – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Izabel Telles Cabral – morador do Morro da Formiga Jair Borges Queiroz – morador do Morro da Formiga Jandira Evaristo Ferreira – moradora do Morro da Formiga Janete dos Santos Goulart – moradora do Morro da Coroa Joanita Galvão Rosa – moradora do Morro da Formiga João Batista da Silva – morador do Complexo do Turano João Roberto Nunes Procópio – morador do Complexo do Turano João Vasconcelos – morador do Complexo do Turano Joesse José de Oliveira (Délcio) – morador do Complexo do Turano Jorge de Souza – morador do Morro do Fallet Jorge Eduardo dos Santos de Souza – morador do Complexo do Turano Jorge Eduardo dos Santos de Souza – morador do Complexo do Turano Jorge Mathias de Souza – morador do Complexo do Andaraí e Grajaú Jorgina Soares Silva – moradora do Morro do Zinco José Antônio de Pontes – morador do Complexo do Turano José Barbosa (Araújo) – morador do Morro da Formiga José Carlos – ex-morador do Morro da Formiga José Martins – morador da Rocinha José Milton da Silva – morador do Complexo do Turano José Roberto Lopes – morador do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Joselice Rodrigues da Silva – moradora do Morro do Zinco Josete Cavalcante – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Joyce Barbosa – moradora do Complexo do Turano Júlia Chaves Giglio – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Júlia Geraldina dos Santos (Julinha) – moradora da Coroa Julyanna Elena Ferreira da Costa - Ecomuseu Nêga Vilma/Santa Marta Lucimar Alves de Araujo – moradora do Complexo do Turano Luís Felipe Paiva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Luiz Carlos (Cabeção) – morador do Morro da Formiga Luiz Gonzaga – morador do Complexo do Turano Lurdes das Dores – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Luzinete H. Madens – moradora do Morro da Coroa Manoel Borges Sampaio – morador do Batan Marcelo Alves – morador da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos Marcelo da Silva – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Márcio Andrade – morador do Complexo do Turano Marcos Burgos – morador da Rocinha Maria Alice Tiberto – moradora do Morro da Formiga Maria Amélia da S. Dias – moradora do Morro do Zinco Maria Augusta Nascimento Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Maria Cressiullo Meniguelle – moradora do Morro da Formiga Maria da Conceição Mendes Alves – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Maria da Glória Silva – moradora do Morro da Formiga Maria de Fátima da Silva – morador do Complexo do Turano Maria de Fátima de Jesus – moradora do Complexo do Turano Maria do Carmo Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Maria Efigênia Pereira da Silva – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Maria F. Nascimento – moradora do Morro da Coroa Maria Helena Cardoso – moradora da Rocinha Maria Helena Teixeira Mendonça – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Maria José – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Maria José B. Bezerra – moradora do Batan Maria José Ferreira – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Maria Mendes – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Maria Miniguelle – moradora do Morro da Formiga Maria Solange Martins Nery – moradora do Batan Marilda Alves de Oliveira – moradora do Morro da Formiga Marilena Alves da Silva – moradora do Morro da Formiga Marília de L. Rangel – moradora do Ocidental Fallet Marina Albaneses – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Mariuza de Lima – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Marlene Gonçalves Buriti – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Marta Alves – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Martinha dos Santos Teodoro – morador do Complexo do Turano Moacir Camargo – morador do Morro da Formiga Nádia Paula de Figueiredo – moradora do Morro do Zinco Nadir Pereira Rocha – moradora do Morro da Formiga Nanci Rosa Jovencio Luciano – moradora do Morro da Formiga Nara Ludovice – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Néa dos Santos Moreira – moradora do Morro do Fallet Neli Silva – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Neyde – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Nilo Guimarães Pimentel – morador do Morro da Formiga Nilton Freitas Cavalcanti – morador do Morro do Fallet Nilza Rosa dos Santos – moradora do Morro da Formiga Noêmia Alexandre Machado – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Octaviano Gomes de Araújo – morador do Morro da Coroa Otacílio Duarte – morador do Complexo do Turano Patrícia Fernandes – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Paulo Roberto Gomes – morador do Complexo do Turano Paulo Roberto Muniz – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Paulo Sérgio de Souza Cruz – morador do Morro do Zinco Paulo Sérgio Oliveira dos Santos – morador do Morro da Formiga Pedro de Freitas Dias – morador do Morro do Zinco Pedro Gonzaga – morador do Morro do Zinco Pr. Sebastião Mateus da Silva – morador do Morro da Formiga Priscila Alves – morador do Complexo do Turano Quênia Allelluia – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Quitéria R. da Silva – moradora do Batan Raff Giglio – morador do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Regina Tchelly – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Renato Lopes de Souza – morador do Complexo do Turano Ricardo Costa – ex-morador do Santa Marta/Ecomuseu Nêga Vilma Rita de Cássia dos Reis – moradora do Morro do Zinco Rita de Cássia Gonçalves Penha – morador do Complexo do Turano Roberta Lopes – moradora do Complexo do Turano Roberto Nunes – morador do Complexo do Turano Rogeria Teixeira – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Rogéria Xavier Santos – moradora do Fumacê Romero Alves de Souza – morador do Morro da Coroa Romildo de Oliveira – morador do Morro da Formiga Ronaldo Batista – morador da Rocinha Rosa Batista – moradora do Morro do Vidigal e Chácara do Céu Rosane Soares dos Santos – moradora do Morro da Formiga Rosângela Tertuliano – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Rose Firmino – moradora da Rocinha Roseane Cardoso – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Salete Martins – moradora do Santa Marta Sandra – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Saulo Ferraz Ramos – morador do Morro da Coroa Sebastiana Castro Lima – moradora do Morro Chapéu Mangueira e Babilônia Sebastiana dos Santos – moradora do Morro da Coroa Sebastião do Carmo Rezende (Adão de Deus) – morador do Morro da Formiga Sebastião Neves – morador do Complexo do Turano Serafina Rosa Nunes – moradora do Morro da Formiga Severina Geni da Silva – moradora do Morro da Formiga Sheila M. G. de Souza – moradora do Santa Marta Silvio Cesar da Conceição – morador do Morro da Formiga Siomara Alves dos Santos – moradora do Complexo do Turano Sirley de Souza – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Solange Rosa de Souza – moradora do Morro da Coroa Sônia Maria Oliveira – moradora do Santa Marta Sônia Marlene Polessa dos Reis – moradora do Morro da Formiga Sônia Regina – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Sueli da Costa Barros – moradora do Morro da Formiga Taiani Mendes da Silva – moradora do Morro da Formiga Tandy Firmino – morador do Santa Marta Terezinha de Souza – moradora do Morro da Coroa Therezinha Ribeiro – moradora da Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos Ubirajara da Fonseca (Bira) – morador do Morro do Fallet Verônica Moura – moradora do Santa Marta Vilma Mota – moradora do Complexo do Andaraí e Grajaú Vitor Lira – morador do Santa Marta Viviane de L. Scalzo – moradora do Morro do Fogueteiro Waldir Carneiro (Saci) – morador do Morro do Fallet Walter dos Santos – morador do Ocidental Fallet Wandercy Dias de Souza – morador do Morro da Coroa Wanderson da Silva Alves – morador do Complexo do Turano Wellington Castro dos Santos – morador do Fumacê Wellington Luiz Aquino – morador do Complexo do Turano Wellington Marcello – morador do Complexo do Turano Wilson Cesar Moraes – morador do Complexo do Turano Zoraide Francisca Gomes (Cris dos Prazeres) – moradora do Morro dos Prazeres Colaboradores Alberto de La Rosa Aline Portilho Aneci Palheta Angela Josefa Almeida Guedes Anthony Taieb Daniel Misse Daniel Soares Rodrigues Ernesto Alves Ester Ferreira do Nascimento Fábia Morais Flavia Vogel Flora Moana Beuque Gina Nesi João Marcos Cividanes Joelle Rouchou Juliana Velloso Julio Cesar Borges Kleber Mendonça Luciana Heymann Luiz Alberto Nascimento Maria Isabel Couto María José Luzuriaga Mariana Bonfim Mariana Machado Mello Milena Salgueiro Morgana Eneile Nyeta Magalhães Campos Roberto Lobo Rui de Souza Chavier Sabrina Guerghe Sandra Mônica Silva Schwarzstein Sarah Cardoso Suellen Ferreira Guariento Terezinha Vasconcelos Wilma Silva Palmares 2013 58