HEADING WEST antónio olaio
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HEADING WEST antónio olaio
HEADING WEST antónio olaio Heading West, he’s determined to walk as far as he can. Heading West, she realizes how afraid she is of looking back. Heading West, she suddenly stops. Heading West, his eyes try to focus where Jane used to be. Heading West, feeling the southern breeze on her cheek. Heading West, he believes he’s heading North. Heading West, he looks down, following the path of his thoughts. Heading West, he bumps into John and keeps on going. Heading West, he thinks he might start running, but he doesn’t. Heading West, she thinks of Joe, wondering where he might be. Heading West (…and keeps on going) O trabalho de António Olaio revelou sempre um inconformismo pautado por uma postura descomprometida na sua relação com as artes visuais. Para este artista, a performance, a pintura, o vídeo e a música são áreas comuns em que o acto de fazer, pintar, compor, expor-se, constitui um lugar de troca de mensagens e de inversão de sentido, onde a palavra, na sua oralidade cantada ou inscrita sobre outros suportes, com particular incidência na pintura, ganha uma força poética e por vezes desconcertante entre a ironia e a sua relação com o cliché que o artista sabe encontrar na correspondência com a realidade. “Heading West”, a exposição que apresenta no espaço da galeria Appleton Square, é exemplar das possibilidades que a sua capacidade virtuosa evidencia ao transitar por universos aparentemente próximos dessa ideia de realidade que tem como linha de horizonte. Mas António Olaio é um artista que nos arrasta para zonas de fronteira, sejam estas próximas dessa tónica sobre o real, aparentemente mais imediata nas pinturas e mais distante no vídeo que apresenta na segunda sala da galeria. Nas pinturas, marcadas por uma paleta entre cinzentos e negros, podemos ver figuras de jovens (eventualmente captadas por entre o universo dos seus alunos) elevadas por pedestais que são ao mesmo tempo a projecção da sua sombra, mas onde não reconhecemos qualquer expressão facial porque a figura ultrapassa propositadamente a dimensão do suporte e em nenhuma delas podemos ver a cabeça. Não são figuras decapitadas, mas personagens que encar- nam essa deriva que “Heading West” nos transmite. Deriva do pensamento e da imaginação que se solta da corporalidade e da presença do olhar numa poética que se liberta em direcções diversas, e que é acentuada no diálogo visual que essas pinturas constroem com as palavras da letra da música e com as frases instaladas sobre a parede da galeria. O vídeo, em que interpreta a música composta com João Taborda, seu compagnon de route das andanças musicais, reconduz-nos ao paradoxo do retrato, que também aqui excede o formato da projecção. Um enorme close-up sobre um rosto que identificamos através de pequenos detalhes, numa ampliação extrema, como sendo o do próprio artista, é também revelado pelas suas qualidades vocais e pela presença de uma sonoridade rock em que a guitarra preenche o corpo que se esconde para lá do enquadramento, deixando as palavras soltas no espaço da galeria que nos dão o guião dessa deriva: “feeling the southern breeze on her cheek”. Olaio regressa nesta exposição ao seu universo amplificado, cruzando referências e modos de fazer que, não parecendo, recombinam estratégias pop e pós-conceptuais numa atitude irreverente mas consciente de que a prática artística não se resume a um estilo ou a uma filiação. É um compromisso sério em que a liberdade segue a poética. Mesmo quando esta desvela um lado risível e quase caricatural que opera sobre os dias que correm, nessa deriva. João Silvério Fevereiro 2015 Heading West (…and keeps on going) António Olaio’s work has always reflected a nonconformist attitude, marked by a freewheeling relationship with the visual arts. To him, performance art, painting, video and music make up a common ground in which the acts of making, painting, writing music or displaying oneself combine as a platform for exchanging messages and reversing meanings, where the word, sung or written via a variety of techniques, particularly painting, attains a poetic and sometimes disconcerting power, between irony and its connection with the cliché Olaio is adept at discovering in its confrontation with reality. ‘Heading West’, the exhibition he brings to the Appleton Square gallery space, exemplifies the possibilities his virtuoso skills manifest as they explore universes that are seemingly close to the idea of reality at which his work aims. But António Olaio is an artist who draws us to borderlands, be they or not close to that accent on reality that seems more apparent in his paintings than on the video piece he presents on the gallery’s second room. The paintings, which explore combinations of grays and blacks, depict young people (perhaps his students) standing on pedestals that are also their projected shadows; their facial features, however, are out of our sight since the figures’ heads are out of the frame. These are not headless figures, but characters who incarnate the drift ‘Heading West’ conveys to us. A drift of thought and imagination that disengages itself from corporeality and the presence of the gaze as a poetics that sets off in many different directions, and is heightened via the visual dialogue between these paintings and the words in the song and the sentences on the gallery wall. The video piece, in which Olaio performs music co-written with João Taborda, his longtime musical partner, brings us back to that paradoxical approach to the portrait, which once again exceeds the frame size. A huge close-up shot of a face, which we eventually come to recognise, thanks to certain details, as the artist’s own, an impression further confirmed by the sound of his voice in combination with rock sonorities, as an electric guitar fills in for the body that conceals itself outside the frame and the words move freely across the gallery space, further conveying to us the previously mentioned drift: ‘feeling the southern breeze on her cheek’. In this exhibition, Olaio returns to his amplified universe, interweaving references and techniques that discreetly recombine Pop and postconceptual approaches into an irreverent stance that is also aware that art goes beyond a style or affiliation, being a serious commitment in which freedom follows poetics, even when it unveils a risible, near-caricatural aspect that acts upon the days that drift by. João Silvério February 2015 revisão e tradução do texto: José Gabriel Flores Feet were made for walking Eyes were made to see Please, look through that window Don’t you stare at me Far beyond those hills There’s one single house And inside that house There’s a guy that’s me Pack your things and go Don’t you stare at me Far beyond those hills There’s your destiny 12 de Março de 2015, exposição “Heading West”, Appleton Square, Lisboa, curadoria de João Silvério, pintura e vídeo de António Olaio, música de António Olaio & João Taborda