Quem sofreu na Itália e hoje vive no Brasil Joel
Transcription
Quem sofreu na Itália e hoje vive no Brasil Joel
A M A I O R M Í D I A D A C O M U N I D A D E Í T A L O - B R A S I L E I R A www.comunitaitaliana.com.br Ano XII – Nº 89 ISSN 1676-3220 R$ 7,50 Rio de Janeiro, outubro de 2005 Especial II Guerra Difícil Recomeço Quem sofreu na Itália e hoje vive no Brasil Joel Silveira, um olhar sobre o front e os civis Exclusivo: Planalto ignora apelo de padre extraditado em 80 COSE NOSTRE Julio Vanni DIRETOR-PRESIDENTE / EDITOR: Pietro Domenico Petraglia (RJ23820JP) DIRETOR: Julio Cezar Vanni VICE-DIRETOR EXECUTIVO: Adroaldo Garani PUBLICAÇÃO MENSAL E PRODUÇÃO: Editora Comunità Ltda. TIRAGEM: 30.000 exemplares ESTA EDIÇÃO FOI CONCLUÍDA EM: 13/10/2005 às 12:30h DISTRIBUIÇÃO: Brasil e Itália REDAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Rua Marquês de Caxias, 31 Centro – Niterói – RJ – Brasil CEP: 24030-050 Tel/Fax: (21) 2722-0181 / (21) 2719-1468 E-MAIL: redacao@comunitaitaliana.com.br SUBEDIÇÃO Luciana Bezerra dos Santos jornalismo@comunitaitaliana.com.br REDAÇÃO: Giordano Iapalucci (repórter especial), e Nayra Garofle REVISÃO / TRADUÇÃO Cristiana Cocco PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: Alberto Carvalho FOTO DE CAPA Arquivo do Exército Brasileiro COLABORADORES: André Felipe Lima – Ana Beatriz Bonadiman – Franco Vicenzotti – Braz Maiolino – Lan – Giuseppe D’Angelo (in memoriam) – Pietro Polizzo – Venceslao Soligo – Marco Lucchesi – Domenico De Masi – Franco Urani – Giovanni Meo Zilio – Fernanda Maranesi – Giuseppe Fusco – Beatriz Rassele CORRESPONDENTE: Guilherme Aquino (Milão) Comunità Italiana está aberto às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos e estrangeiros. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da Revista. La rivista Comunità Italiana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. I collaboratori esprimono, nella massima libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione. E Pelo bem da humanidade stá sendo veiculada na Itália uma publicidade do Greenpeace onde aparece a imagem da destruição provocada por um tornado e um texto que diz: “Ou você defende o planeta ou ele se defende sozinho”. Nunca a ecologia esteve tão em voga. Os já constantes fenômenos naturais, que deixam o homem impotente diante de sua força, nos levam à reflexão. Por séculos descarregamos na atmosfera mercúrio liberado a partir da combustão do carbono, mesmo existindo tecnologia e métodos fáceis para frear essa poluição devastadora. Imagine ir ao médico e ele dizer que 60% do seu corpo estão debilitados e mesmo assim você continuar com os mesmos hábitos que o levaram a tal ponto. Pois é isso que emerge de uma pesquisa produzida por 1.300 cientistas de 95 países, publicada recentemente e intitulada Millenium Ecosystem Assessment. Nela consta que 15 dos 24 ecossistemas cruciais para a vida sobre a terra estão em estado de degradação ou de excessiva exploração. A própria CIA afirma que em 2015 três bilhões de pessoas viverão em áreas sem água, do Norte da África até a China. Na Índia a previsão é de que daqui a dez anos a disponibilidade de água seja de até 75% inferior do que existe hoje. Nos países africanos o número de pessoas que morrem por desnutrição aumentará em 20% nos próximos 15 anos. Na China setentrional o nível de água dos rios que irrigam áreas de cultivo de cereais está baixando 1,5m ao ano e no Brasil a seca tem causado grandes estragos. A situação é alarmante, mas não irreversível. Outro dia conversava com uma escritora italiana e tive quase que levá-la a um posto para que ela acreditasse que aqui existem carros que se locomovem a álcool. Por que isso não é divulgado para o mundo? Por que nenhum governo ou partido confronta abertamente o uso do petróleo propondo formas alternativas de abastecer os motores? Por que os partidos verdes não carregam a bandeira do combustível? Óbvio que o lobby do petróleo é muito forte e os interessados (família Bush, etc.) nos farão acreditar que renunciar ao petróleo causaria uma quebra financeira mundial. Por outro lado, qual político abrirá mão dos pomposos royalties e outras divisas derivadas do ouro negro para governar? Uma simples campanha para a correta calibragem de pneus nos EUA diminuiria em até 30% o consumo de combustível e, consequentemente, a emissão de gases tóxicos. É por essa razão que os americanos, que consomem 25% da produção petrolífera do globo, se quiserem comprar um carro “flex” têm que ficar numa fila de espera mais longa do que a de um transplante de rins. Pietro Petraglia Defendo a tese de que os países que mais poluem devem ser taxados Editor duramente, transferindo capital para os países mais pobres, pois, como comentou um líder africano: “Quando os elefantes combatem, a erva sofre”. alando em energia limpa, o presidente Lula está na Europa para, entre outros acordos, vender o biocombustível. Na Embaixada do Brasil em Roma, Lula vai se encontrar com líderes da sociedade civil italiana e, ainda na capital da Itália, participa da homenagem aos 60 anos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), encerrando a agenda em reunião com industriais e sendo recebido pelo presidente Carlo Azeglio Ciampi. Os dois líderes terão, muito o que conversar para tirar um atraso de três anos. Lula, desde que assumiu em 2003, nunca visitou a Itália. ecuperar a desgastada imagem também está nos planos de Lula. A crise ecoa intensamente no exterior. Na Itália, não seria diferente. O processo de reintegração do padre italiano Vitor Miracapillo - expulso do Brasil pelo governo militar em 1980 - está parado no Planalto, como o próprio sacerdote conta em entrevista exclusiva: “Nunca recebi resposta do Lula”. O padre clama às autoridades brasileiras para que freiem os latifundiários, que estariam ameaçando o projeto social deixado por ele em Pernambuco, quando foi extraditado. ara recordar os 60 anos do fim da Segunda Guerra mundial, uma ampla reportagem sobre o conflito que deixou a Itália sob ruínas. Dor, fome e descaso foram recordados em depoimentos contundentes de historiadores, civis italianos da época, ex-combatente da FEB, correspondente de guerra e até de um ex-soldado das tropas do Duce. Um documento histórico imperdível. a edição 88, a extraordinária imigração italiana no Espírito Santo, ainda pouco conhecida no Brasil, foi recuperada por uma reportagem que rendeu à Comunità o carinho e homenagens do povo capixaba. A todos, só nos resta agradecer e afirmar, com total convicção: nosso leitor é a nossa rigorosa prioridade. A eles, a melhor informação... sempre. F R P N EDITORIAL Participe da Comunità Caros leitores: gostaríamos de continuar partilhando com vocês a tarefa de aprimorar ComunitàItaliana a cada edição. Portanto, aguardamos suas sugestões, comentários e críticas sobre os textos publicados. ISSN 1676-3220 Filiato all’Associazione Stampa Italiana in Brasile 2 Entretenimento com cultura e informação COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 BATISMO NA FAVELA IMIGRAÇÃO E A m homenagem a João Paulo II, a favela do Vidigal, na zona sul do Rio de Janeiro, se chama agora “Comunidade Vidigal - João Paulo II”. A Lei sancionada pela governadora do Rio, Rosinha Garotinho, perpetua o gesto do Papa João Paulo II, que, em sua viagem ao Brasil, em 1980, escolheu a favela para ser a primeira comunidade pobre do país a ser visitada por ele. Num ato simbólico, transmitido ao mundo inteiro pela televisão, o Papa doou o seu anel de ouro aos moradores do morro. revista “Nossa História” deste mês traz um especial sobre a imigração no Brasil. Em artigo sobre a imigração italiana, a arquiteta genovesa Maria Pace Chiavari ressalta a importância da fotografia para a compreensão dos desafios enfrentados pelos italianos. Além disso, faz uma viagem entre registros das lentes que vão do final do século XIX ao início do XX. “Nossa História” é uma publicação da Editora Vera Cruz. SAIA JUSTA, NEM PENSAR MEDICINA PREVENTIVA A A igreja parece sentir saudades da inquisição do século XVII. Ou pelo menos é o que parece acontecer com o pessoal de uma igrejinha de Fano, na Itália. Caterina Bonci, 38 anos, foi demitida pela igreja por ser “muito atraente” e se vestir de maneira muito “sexy”. Bonci lecionava religião na diocese há 14 anos. A igreja argumentou que a saída da mulher foi motivada pelo seu estado civil, pois ela é divorciada e não pelas suas roupas. Sociedade Pestalozzi de Niterói promove de 28 a 30 de outubro, o Congresso Nacional das Federações Pestalozzi do Brasil. Entre os convidados estão Leonaldo Falduto e Joana Maciel da Universidade SUIMS, de Turim, na Itália. Na ocasião será assinado um convênio para a implantação na Faculdade Pestalozzi de um Centro de Medicina Preventiva e Esportiva nos padrões italianos. BARRACO EM ROMA ADEUS A SÉRGIO ENDRIGO A O modelo Naomi Campbell gosta mesmo de um ba-fa-fá. O alvo dessa vez foi a atriz italiana Yvonne Scio. Segundo um tablóide inglês, Scio foi agredida a tapas, em um hotel cinco estrelas em Roma, na Itália. Em entrevista ao jornal, a atriz afirmou que Naomi bateu nela como se fosse “Mike Tyson”: – Ela me empurrou contra a parede e bateu no meu rosto, me fazendo sangrar. O teor da discórdia teria sido porque Naomi ficou brava por achar que Scio estava roubando trabalhos seus. Ansa FUNDADO EM MARÇO DE 1994 O cardial Emilio Ruini exibe capa do livro “A revolução de Deus”. A obra, uma espécie de oração de Bento XVI, foi lançada com 350 mil cópias em 4 mil pontos de venda. cantor e compositor romântico Sérgio Endrigo morreu de câncer no pulmão, em setembro, em Roma, na Itália. Endrigo ficou conhecido no Brasil, nos anos 60, por ser autor da canção “Per te”, com a qual Roberto Carlos ganhou o Festival de San Remo, em 1968. Outra conhecida canção é “Io che amo solo te”, que embalou muitos namoricos mundo afora nos anos de 1960 e 70. Endrigo nasceu em Pola, Itália, em 15 de junho de 1933. Filho de um cantor de ópera de algum destaque, ele perdeu o pai muito cedo e cresceu em grande pobreza, “uma pobreza honrada, típica das famílias operárias daquela época”, reza sua biografia oficial. ‘CAIXA DOIS’, EU?! A COISA TÁ FEIA... NA ARGENTINA O M D premier italiano Silvio Berlusconi foi absolvido, em setembro, por um tribunal de Milão em um caso de suposto “caixa dois”, na década de 1990, na empresa All Iberian, que pertencia ao grupo Finivest. Alfredo Zuccoti, Giancarlo Foscale e Ubaldo Livolsi, três ex-altos executivos da Finivest (da holding de Berlusconi) acusados do mesmo crime, foram igualmente absolvidos. Cerca de um bilhão de euros havia transitado entre 1989 e 1996 no suposto “caixa dois”, que teria financiado contas no exterior que serviam para operações ilegais, como a corrupção de magistrados e a participação em empresas cotadas sem respeitar as regras da bolsa. A grana teria financiado ilegalmente partidos políticos. A nova lei sobre crimes orçamentários, aprovada pela maioria conservadora do governo Berlusconi, é mais tolerante que a anterior, mudando de sete para quatro anos e meio o tempo de prescrição do crime. OUTUBRO 2005 / ais de 2,5 milhões de famílias italianas vivem abaixo da linha da pobreza, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística Italiana (Istat). O boletim, divulgado no início de outubro, aponta a pobreza relativa, ou seja, a que se determina em relação ao gasto médio mensal de uma família de duas pessoas, cuja linha de pobreza foi fixada em 919,98 euros em 2004. Uma em cada 4 famílias no Mezzogiorno (sul da Itália) vive na pobreza. No norte, os núcleos familiares pobres são de 4,47% e no centro chegam a 7,3% BEBÊ INDEPENDENTE U m restaurante da cidade italiana de Trento foi criado especialmente para bebês e crianças pequenas. O estabelecimento oferece papinhas e mamadeiras para os pequenos clientes. Além de alimentos, a casa disponibiliza também louças e acessórios coloridos, babadores, esquenta-mamadeiras e uma mesa especial para servir os pimpolhos, com jogos. Ah! tem ainda um espaço para organizar festas de aniversário. Só falta o nenenzinho dizer aos pais: “Vamos jantar fora hoje?” COMUNITÀ ITALIANA e 28 a 30 de outubro acontece em Buenos Aires o encontro entre os toscanos no mundo. O Brasil será representado por toscanos que vivem em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Entre os temas discutidos está a integração dos jovens toscanos do continente. PARABÉNS!!! O cônsul geral da Itália, no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, completou no dia primeiro de outubro, um ano no comando da Casa D´Itália do Rio. 3 PARLIAMONE Opinione - Franco Urani Dove sta andando la produzione automobilistica T orino - Questo settore è mondialmente in pieno fermento. Da una parte esistono sempre più fattori limitativi dello sviluppo, quali il fabbisogno di petrolio che cresce a dismisura specie per l’apertura dei nuovi mercati (Cina e – tra breve – India ed Est Europa) con i prezzi che vanno alle stelle, l’inquinamento ed il surriscaldamento del pianeta a livelli sempre più allarmanti, come dimostrano i cataclismi di quest’anno che sembrano motivati, almeno in parte, dagli squilibri ambientali. Dall’altra, l’anelito alla libertà di locomozione, all’indipendenza, all’avventura, fa sì che l’umanità non rinunci alla motorizzazione familiare o individuale, ma cerchi di renderla compatibile con le nuove situazioni e le sue possibilità. Siamo ancora lontani dai motori puliti all’idrogeno per difficoltà di generazione e distribuzione, sempre più diffusi invece quelli a metano i cui prezzi peraltro avranno tendenza a seguire quelli del petrolio, i carburanti derivati da vegetali (alcol di canna, oli vari in aggiunta al diesel) potranno essere un’alternativa sempre più concreta in grandi paesi agricoli come il caso del Brasile, anche se il rinnovamento indeterminato di queste risorse è aleatorio per l’inevitabile esaurimento dei terreni coltivati, progressi con- 4 sistenti si stanno facendo nella motorizzazione elettrica. In effetti, stanno entrando decisamente in commercio autoveicoli a combustibile alternativo, nei quali il funzionamento a carburante derivato dal petrolio può essere immediatamente convertito a alcol o metano (i flex brasiliani), o a energia elettrica accumulata in capaci batterie (alcuni modelli della giapponese Toyota). Da notarsi poi che, specie in Europa e Giappone, ormai oltre la metà delle vetture – e anche quelle di lusso – offrono motorizzazioni diesel che hanno fatto progressi impressionanti nei consumi, silenziosità, rendimenti, basso indice di inquinamento; emblematico, al riguardo, la FIAT 1300 turbo di 70 HP, costruita in Polonia in associazione con la GM, i cui consumi sono mediamente di 18/20 Km. per litro e che non ha normalmente necessità di revisioni prima dei 250.000 Km... A questa diversificazione, destinata a sempre più accelerarsi con le moderne tecnologie, deve appunto corrispondere la parsimonia nei consumi per motivi economici (il petrolio è ormai a quasi 70 dollari al barile), la compatibilità ambientale in quanto ormai è impellente una seria difesa del nostro tartassato pianeta che dovrà venire regolamentata con sempre maggiore severità, l’ingombro limitato per decongestionare il traffico citta- dino e, per un volume crescente di nuovi veicoli, la convenienza del prezzo – compatibilmente alle norme di sicurezza - per renderli accessibili alle possibilità delle classi popolari e dei giovani. E cioè, fenomeni assurdi di automezzi costosi, ingombranti, inquinanti diffusi soprattutto in Nord America anche per il basso costo del carburante locale, sembrano ormai entrare in irreversibile declino, mentre la nuova tendenza mondiale si sposterà sempre più verso vetture di classe economica o quantomeno adeguata all’effettivo fabbisogno, costruite – dato il contesto di forte concorrenza – là dove il costo di produzione sarà più conveniente e privilegiando quanto più possibile, sempre per motivi economici, la collaborazione industriale tra marche diverse per l’unificazione delle piattaforme, motori, cambi e indotto in generale. Vale la pena citare quanto sta avvenendo nell’area emergente dell’Est Europeo recentemente integrata all’Unione Europea, il cui nuovo Eldorado automobilistico si chiama Repubblica Ceca, Polonia, Slovacchia, Ungheria, Romania, in attesa che anche Lettonia ed Estonia diano sufficienti garanzie di affidabilità industriale. Si riportano di seguito alcune di queste nuove operazioni industriali in corso: la TOYOTA e la PSA (Peugeot/Citroen) hanno inaugurato a fine maggio il loro stabilimento di Kolin presso Praga per 3 tipi gemelli di city-car (varia solo qualche particolare estetico). Si tratta di un impianto costato 1,3 miliardi di Euro, impiega 3.000 dipendenti e sfornerà 300.000 automobili all’anno. All’Ungheria si sono rivolte la AUDI per il modello TT, la VW per motori, la RENAULT con NISSAN e DACIA, e la SUZUKI con la FIAT per la produzione di un piccolo SUV. In Romania, la stessa RENAULT ha iniziato le produzioni del suo modello low cost LOGAN, mentre in Slovacchia sono in fase avanzata stabilimenti VW, PSA e della coreana KYA-HYUNDAI. La FIAT è tradizionalmente presente in Polonia, dove già assemblava negli anni ’30 Balilla e Topolino. Nel modernissimo stabilimento di Tichy fabbrica oggi il suo world car PANDA ed è stato ora firmato un protocollo di intenzioni tra FIAT e FORD per fare qui, su una piattaforma derivata appunto dalla PANDA, i city-car Fiat 500 e Ford KA, una collaborazione industriale che potrà forse espandersi in futuro. Mentre – come detto – con la GM va a gonfie vele la fabbrica dei modernissimi motorini diesel. Gli esperti prevedono che, dal 2010, una delle nuove frontiere dell’auto sarà appunto nell’Europa centrale che dovrebbe allora assorbire non meno di 1,5 milioni di veicoli all’anno in 13 siti produttivi, oltre ad altri 10 per la fabbricazione dei motori. Gioca a favore – oltre al mercato potenziale - la localizzazione ed i costi ridotti. Costruire all’Est costa molto meno: c’è fame di lavoro, operai efficienti, assenteismo nullo, sindacati tolleranti, notevoli i concorsi finanziari pubblici. Fatti questi che giocheranno in modo decisivo all’integrazione nell’Unione Europea di questi Paesi, dopo il lungo periodo comunista. Analoghi sviluppi presenta, nei paesi emergenti e a clima tropicale, il mercato dei motocicli la cui evoluzione tecnica – guidata dai giapponesi e con buone presenze italiane – è altrettanto rapida. COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 con l’Avvocato Giuseppe Fusco ufficiolegale@terra.com.br I cittadini italiani residenti all’estero e i diritti sociali L ’Assegno Sociale (qualcuno lo vuole chiamare l’Assegno di Solidarietá) non spetta al cittadino italiano privo di mezzi economici che risiede all’estero. Per commettere questa ingiustizia i burocrati hanno fatto proprio un discutibile principio secondo il quale l’Assegno Sociale, la Pensione Sociale, le prestazioni di natura assistenziale e l’indennità di accompagnamento non sono esportabili all’estero. Parlando soprattutto dell´Assegno Sociale dicevo che il principio di non esportabilità è anticostituzionale. Mi hanno chiesto di chiarire questa affermazione. Lo faccio senza la pretesa di atteggiarmi a costituzionalista, ma utilizzando – anche forse superficialmente – le poche cose che so. Allora, perché la non esportabilità dell’assegno sociale è anticostituzionale? Dunque, parliamone. Un principio consolidato dice che non è possibile distinguere i diritti politici e di cittadinanza da quelli sociali, economici, previdenziari e assistenziali. Di fatto, ancora prima di essere codificati, essi costituiscono l´essenza stessa dei diritti senza i quali la propria dignità della persona è gravemente ferita. Non a caso la Costituzione li inserisce nel corpo dei Principi Fondamentali, la cui esigibilità e tutela non sono subordinate al requisito (meramente burocratico/amministrativo) della stabile residenza nel territorio della Repubblica. Una volta riconosciuti i diritti civili e politici, il cittadino residente all`estero (un mero accidente che non cambia l’essenza) diventa titolare dei diritti sociali, in regime di uguaglianza con i residenti in Italia, anche alla luce dell’art. 3 capoverso della Costituzione: “è compito della Repubblica rimuovere gli ostacoli di ordine economico e sociale che, limitando di fatto la libertà e l’uguaglianza dei cittadini, impediscono il pieno sviluppo della persona umana e l’effettiva partecipazione di tutti i lavoratori all’organizzazione politica, economica e sociale del Paese”. Ma quali sono i diritti sociali? La Costituzione dedica ad essi disposizioni chiarissime. Eccole in sintesi: a) l’art.36, rifacendosi all’art. 4 (che riconosce il diritto al lavoro – fra l’altro l’art.35 nel riconoscere la liberta dell’emigrazione, tutela il lavoro italiano all’estero-) prevede che “il lavoratore ha diritto ad una retribuzione proporzionata alla quantità e qualità del suo lavoro e in ogni caso sufficienti ad assicurare a sé e alla famiglia una esistenza libera e dignitosa”; b) l’art.38 crea un vero e originale “diritto all’assistenza”, determinando che ”ogni cittadino inabile al lavoro e sprovvisto dei mezzi economici necessari per vivere ha diritto al mantenimento e all’assistenza sociale” e aggiungendo che “ai compiti previsti in questo articolo provvedono organi e istituti predisposti o integrati dallo Stato”; c) L’art. 34 stabilisce che “la scuola è aperta a tutti” che “l’istruzione inferiore è obbligatoria e gratuita”, che i più capaci e meritevoli, anche se sprovvisti di mezzi hanno “il diritto di raggiungere i gradi più alti degli studi”. Diritto assicurato mediante borse di studio, assegni alle famiglie e altre provvidenze; (sarebbe interessante, prima o poi, affrontare il problema della scuole italiane all’estero, dei corsi di lingua e cultura italiana per i cosí chiamati “discendenti” e i tanti baracconi abitati da tanti pataccari...) d) L’art.32 stabilisce poi che “la Repubblica tutela la salute come fondamentale diritto dell`individuo e interesse della collettività”. Pertanto, collegando la Costituzione italiana alle norme europee e al principio della universalità dei diritti sociali sanciti anche dall’ONU, non si capisce perché si debba ancora discutere sulla esportabilità o no dell’assistenza, visto che non è uma facoltà dello Stato ma un diritto originale garantito che deve essere attuato affinché non esistano più cittadini disiguali. In altre parole, i diritti sociali sono l’oggetto di un principio costituzionale e giuridico vincolante e per questo non sottoposti alla discrezionalità o alla mera volontà di una passeggera maggioranza politica. la quale, a seconda dei casi e del colore, fa dire da illuminati dottori che nella Costituzione ci sono norme programmatiche (le belle intenzioni) e norme precettive. Dimenticano di far sapere che questa classificazione manualistica è dottrinariamente superata anche in molte decisioni della Corte di Cassazione e della Corte Costituzionale. L’applicazione “territoriale”, oltre che essere antiquata, svilisce il concetto di cittadinanza che, come abbiamo osservato, ha oltrepassato le frontiere geografiche nel momento in cui lo Stato ha riconosciuto i diritti civili e politici ai cittadini residenti all’estero, integrandoli, di fatto, nella società política allargata. Cosa fare e come fare, allora, per rendere esigibili i diritti sociali all’estero? Usare il diritto di petizione è una strada che potrà essere percorribile soltanto quando questa battaglia di civiltà non sarà trattata come una facile promessa elettorale o uma avvilente negoziazione politica, ma un impegno generale condiviso. È un sogno, un’illusione? Lo sembrava anche la battaglia per il riconoscimento dei diritti politici... comunidade O A trilogia “Trinta e Três E 1/3”, “Setenta“ e “Dez Mil”, de Andréa Kerbaker são obras sucintas para os amantes de música, literatura e cinema. Editora Rocco, 112, 128 e 84 págs., R$ 24 OUTUBRO 2005 / cônsul geral da Itália no Rio de Janeiro, Massimo Bellelli, entregou o título de honra ao mérito da República Italiana à Piero Ruzzenenti, concedido pelo ministro para os Italianos no Mundo, Mirko Tremaglia. O evento aconteceu em setembro na casa de Eder Meneghini, no Rio de Janeiro. Entre os presentes estavam o secretário de Trabalho e Renda do Estado, Marco Antonio Lucidi e embaixatriz da Paz, Ísis Penido. COMUNITÀ ITALIANA “De San Marino ao Espírito Santo, fotografia de uma emigração”, de Mauro Reginato, relata episódios curiosos da emigração da segunda metade do século XIX até meados do XX. Mais informações: (28) 9881-5903. Editora EDUFES, 312 págs., R$ 30 5 Marco Lucchesi - Intervista La Pazienza dei Giorni 6 omeriggio freddo a Chennevièressur-Marne. Sì, dovremmo essere vicini. Guardate il numero. La casa dev’essere questa. Suoniamo il campanello e un’amabile signora ci riceve a braccia aperte come se fossimo vecchi amici. Venite. Il giardino è stato duramente bruciato dall’inverno. Ma non è difficile immaginarne la bellezza. Entrate, per favore. Lui sta aspettando. Ma, come sarà personalmente? È così facile rimanere delusi di qualcuno i cui libri sono splendidi e le cui miserie possono essere inversamente proporzionali ai meriti letterari. Ma era tardi e la strada di ritorno impossibile. Andavo a vedere qualcuno che si era convertito all’islam e che aveva detto cose ammirevoli nei suoi libri e lettere sul dialogo delle civiltà. O che aveva insegnato per lo più la ragione e il bisogno della differenza. Questa parola così tenue e, malgrado questo, così imperiosa. Si era convertito all’islam portandosi nel suo bagaglio il Capitale e la Bibbia. Tutte le tappe della sua vita assunte dialetticamente nel Corano. Nessuna esclusione che potesse far fallire la speranza più fondamentale di questa nostra era degli estremi, il rispetto per la differenza. Una scala: Andiamo, salite. Monsier Garaudy!, dicevo, come se cantassi. Bien-venu, mon frère, ha risposto. È stato un abbraccio tra fratelli. Sì, questa è la parola con cui Garaudy saluta nelle sue lettere: fraternellement. È veramente un essere fraterno e cordiale. Abbiamo passato cinque ore a progettare ponti sugli abissi, a immaginare larghi viali e a costruire lunghe ferrovie che uniscono Mosca a New York, Roma a Pechino, San Paolo a Gerusalemme. Gli occhi di Garaudy si sono incendiati con questa geografia promettente e singolare. Bisognava affrontare gli ostacoli più insormontabili. E magari fossero stati soltanto geografici. L’uomo era il lupo dell’uomo, ma poteva anche esserne l’angelo. A ottantatré anni, Garaudy richiama rilkianamente l’angelo, dopo aver incontrato Giovanni Paolo II. Fidel Castro e dom Hélder. Paul Éluard e Bachelard. Althusser e Sartre. Picasso e Portinari. Il Nilo e l’Amazonas. La Cina e l’India. Il Muro dei Lamenti. Le moschee della Turchia e dell’Iran. Le chiese di Ouro Preto. La teologia della speranza e della libertazione. Un viaggio solitario e solidale verso il sec. XX. Un’impresa. Perché ha viaggiato tanto? Perché l’Occidente è un incidente. Tutte le sue aspirazioni COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 di eternità e di universalità, di centralismo e di proselitismo, di militarismo e di capitalismo, di guerre e di esclusione, ecco il lascito di un’eredità che ormai non troverà eredi, perché l’Occidente comincia ad agonizzare se non riesce a ribaltare subito la sua logica di distruzione. Saremo tutti morti. Noi e la Terra. La sociologia continua ad insistere sulla questione dell’etnocentrismo. La lettura di Mauss e Radcliffe-Brown, Evans Pritchard e Clifford Geertz, Margareth Mead e Malinosvski, LéviStrauss e Eliade – per citare in transito – è stata rivista a partire da un asse non evoluzionista, la cui storia non dovrebbe risultare in modo irreversibile nell’Occidente. Perciò il concetto di incidente, per chi si pensa l’universale, e che in fondo si domanda, spaventato, come un essere umano possa essere persiano o cinese. Sì, l’Occidente è un incidente. Assistiamo alla celebrazione di un processo di criminale depredazione delle riserve naturali della Terra, di distruzione delle culture non occidentali e di crescita della povertà. Guardate cosa ha fatto Chirac con le sue bombe atomiche. Un vero retrocesso. Come se la Terra non fosse un organismo sensibile e delicato. L’Occidente ha perso il sentimento dell’unità con la natura e il divino. Ha desiderato trasformare tutto in proprietà. E proprio per questo si trova sempre più condannato a una devastante e irreversibile solitudine. Chiuso in un labirinto che diventa più drammatico man mano che il processo storico si inabissa in se stesso. La società materialista subisce un processo di autodistruzione, qualcosa di splengeriano, dove la pace si chiama, d’ora in avanti, equilibrio del terrore, il tradimento dei popoli si chiama sicurezza nazionale, la violenza istituzionale si chiama ordine, la concorrenza della selva si chiama liberalismo e l’insieme di queste regressioni, progresso. Sono state parole dure, radicali, dolorose, terribili, pronunciate quel pomeriggio, Bisogna sovvertire tutto ciò. Prima che sia troppo tardi. Il viaggio di Garaudy dovrebbe attraversare tutte le direzioni conturbate di questo secolo. Il viaggio dovrebbe essere come quello di Benjamin: contropelo. E lo divorava una tale passione di intendere e rispettare le differenze, che la conversione all’islamismo implicava un’ardente adesione. Garaudy non poteva dimenticare le grandi lezioni di Maimonide così come le ampie ramificazioni delle cultura giudaica. Qualsiasi mancanza di rispetto alla tolleranza non sarebbe stato tollerato. Lo stesso Corano dice che Dio inviò a ogni popolo un messaggero per rendere chiaro il suo messaggio. Se Maometto era il segno della profezia, Gesù era il segno della santità. Abramo e Mosè erano stati i grandi patriarchi. Garaudy non capiva l’esclusione. Voleva il dialogo nel senso puro ed aperto, senza inalberare in leggi e dogmi i sentimenti razziali, che offuscavano il vero senso della religione come succede al fondamentalismo. Quando Garaudy ha chiesto all’arcivescovo di Algeri qual era l’obiettivo del suo apostolato di fronte ad un’infima presenza cristiana, la risposta è stata brillante e profonda. Quando ci fu in tutto il paese una campagna di alfabetizzazione, risponde l’arcivescovo, un vecchio sacerdote che OUTUBRO 2005 / conosceva perfettamente l’arabo aderì immediatamente alla campagna. Ma imparare la lingua come prima cosa significava decifrare i versi del Corano. Il sacerdote rispose che la sua missione era quella di far diventare migliori i musulmani. Secondo l’arcivescovo, quello era uno dei suoi migliori sacerdoti. Questa era la limpida vocazione dei fratelli e sorelle di Foucauld, il cui apostolato si dirigeva ai poveri, ai più abbandonati, ai più distanti da Cristo, per i quali la parola è quasi inutile e la testimonianza imperiosa. I fratelli e sorelle si mettevano accanto agli esclusi, vivevano con loro il tran-tran quotidiano, condividendo la sofferenza del lavoro e l’amore cristiano. Testimoniavano con la propria vita la bontà del Vangelo. Anche nelle drammatiche condizioni attuali dell’Algeria, dove molti sacerdoti vengono assassinati, l’arcivescovo di Oran ha dichiarato coraggiosamente che questo non è motivo per abbandonare i poveri di quel paese. Chi vuole rimanere dovrebbe veramente rimanere. Gesù morì a braccia aperte sulla croce per accogliere i figli allontanatisi dal Padre. Nella linea divisoria che separa la Terra dal Cielo, la speranza dallo scoramento. Chi voleva rimanere doveva rimanere misericordiosamente. In Algeria, i sacerdoti avrebbero occupato una di queste linee sismiche che attraversano il mondo: Nord e Sud, Occidente e Islam, Ricchi e Poveri. Cristo e il deserto coincidevano un’altra volta. Quegli stessi sacerdoti che vivevano la vita occulta di Gesù a Assekrem sarebbero stati visitati da Garaudy, che aveva deciso di passare una notte con loro tra le montagne del deserto. Si tratta di una delle pagine più ispirate delle sue memorie, dove il silenzio e l’abbandono di quelle altezze sacre, il vento glaciale e la densa oscurità generavano una presenza misteriosa e inaspettata. Era la notte dell’Antico Testamento. Alle prime luci dell’alba, l’evento terminò, facendo sentire meglio il silenzio di Dio. Le montagne circostanti emergevano dalla notte, come da un mondo in genesi, non finito, con le sue rocce sprovviste di alberi o di qualsiasi traccia di vita. Quanti deserti e metafore, quante notti e preghiere! Garaudy viveva il suo deserto. Come Psichari, il tristissimo Psichari, arrestato dovuto alle dolorose contraddizioni che l’avrebbero portato a Dio. Isabelle Eberhardt, che ha trovato nel deserto la ragione della sua vita insolita e della sua morte paradossale. Come Charles de Foucauld, ucciso senza pietà. Come René Voillaume, a El Abiodh. O Carlo Carretto, quando chiedeva a suor Dulcidia una mappa celeste per non perdersi nell’immensità del Sahara. Come la notte fredda che ho passato nel deserto del Marocco, chiamando Dio. O nel sertão di Pernambuco. Bisogna coltivare il deserto. Specialmente nelle città, il più terribile di tutti i deserti. Garaudy, con la sua voce ferma e la sua erre meridionale, parlava con grande entusiasmo e con perfetto riserbo del suo pellegrinaggio alla Mecca. Così come possiamo vedere nelle sue memorie, quando descrive i pellegrini intorno a Kaaba: “Centro del mondo e cuore dell’essere per un miliardo di musulmani, il cubo di pietra, motore immobile della gravitazione della galassia umana, COMUNITÀ ITALIANA e l’asse di questa ruota che gira in senso contrario a quello delle lancette dell’orologio come se, tutti insieme, tornassimo indietro nel tempo, nella controcorrente delle derive della Storia, per arrivare alla fonte: Maometto, Gesù, Mosè e, infine, Abramo che, dice il Corano, ha costruito la Kaaba. Padre della fede, lui ha rivelato come, grazie a questa fede, tutte le vite ammettono un senso, in risposta all’appello di quello che la trascende”. Ecco quello che ci dice nel suo Mon tour de siècle en solitaire. E sa concludere, con incomparabile senso mistico, la dimensione della preghiera e la grandezza epica dei pellegrini che si girano verso la Mecca: “La preghiera non ci lega soltanto alla natura e al cosmo, ma all’umanità intera, alle qiblas di tutte le moschee del mondo che formano intorno alla Kaaba circoli concentrici, a simbolizzare l’unità suprema. Le ore della preghiera cambiano con la latitudine, in ogni momento una fronte si alza mentre l’altra si prosterna, in un’immensa ondata di adorazione che fluttua, senza cessare, intorno alla Terra”. I tempi della storia e la storia dei tempi. Garaudy ha ricordato tutto ciò come chi volesse strappare dalle sue interiora una ragione cruciale e profonda, come chi, in pellegrinaggio, cercasse la comprensione radicale del mistero che lo fa divenire singolare tra singolari, allo scoprire che il pellegrinaggio comincia e finisce in se stesso. La pietra è interna. Ricordo Djalal ad-Din Rumi: Oh, pellegrini! Dove andate? L’Amato rimane dov’è sempre stato, tornate in fretta. Lui vive insieme a voi. Che idea vi ha indotto a vagare per il deserto dell’Arabia? Siete a Casa, il Padrone, la Kaaba! Venite, il tesoro è qui. Ahimé! Siete il velo del tesoro che cercate! La Mecca interiore nella tradizione sufista. La Gerusalemme interiore, nella tradizione cristiana. Garaudy mi indica il quadro di Don Chisciotte nel suo ufficio e dice che è lui il suo maestro inesorabile, da cui non è stato mai abbandonato e che in lui si ispirava sotto mille forme. Niente di più vero, conoscendo il PrincipioSperanza di Ernst Bloch, una delle letture che mi ha salvato da me stesso. Ho detto a Garaudy che avevo conosciuto un altro discepolo di Chisciotte, Adolfo Pérez Esquivel, Premio Nobel della Pace. Ho sentito una conferenza a Buenos Aires dove c’era Hebe de Bonafini, la fondatrice delle madri di Plaza de Mayo. Parole soavi e dure, quelle di Esquivel, lanciate contro il neoliberalismo. Tupac Amaru ha detto che di sconfitta in sconfitta avremmo costruito la vittoria. Ma il pessimismo e la sconfitta sarebbero stati sorpassati dalla coscienza e dalla speranza dei popoli che lottano e resistono. Per questo, ha detto Esquivel, bisognava fare memoria. Per capire il nostro tempo e recuperare valori che illuminino il processo e ci permettano di costruire il futuro. L’azione di Adolfo Pérez Esquivel era tutta rivolta alla non violenza. Pensava a Gandhi e Thoreau. Garaudy apre un largo sorriso. Un abbraccio affettuoso. Fraterno. Paulette ci chiede di tornare. Ma la notte è fredda, fonda e senza Dio, e c’era un’urgenza di tessere la pazienza dei giorni. (testo originale in portoghese di Marco Lucchesi tradotto da Cristiana Cocco Carvalho) 7 Economia Mezzo milanesa, mezzo paulistana Governos brasileiro e italiano fazem de conferência um trampolim para acordos bilaterais Guilherme Aquino Correspondente • MILÃO M ilão – Locomotivas econômicas da Itália e do Brasil, São Paulo e Milão – não por acaso – são duas cidades consideradas “gêmeas”. O Brasil tenta atrair recursos e investimentos italianos e um dos principais portos de entrada é a capital paulista. A concorrência com os mercados asiáticos e dos países do leste europeu acirra a competição. A Itália, depois de ter dado as costas para a América Latina, recomeça a prestar mais atenção às possibilidades de negócios com os seus históricos parceiros. Um importante passo vai ser dado no mês de outubro, com a Conferência Nacional sobre a América Latina, nos dias 17 e 18 de outubro, no Palazzo Mezzanotte, da Bolsa de Valores, em Milão. O evento está sendo organizado pelo Ministério do Exterior, Região da Lombardia e Câmera de Comércio de Milão. A agenda prevê a análise de oportunidades no campo do comércio, dos investimentos e da presença de empresas italianas, pequenas e médias do setor agrícola e de serviços, principalmente. Esse encontro será um pontapé inicial na retomada do diálogo euro-latino-americano baseado na comunhão de valores, na democracia e na colaboração em diferentes frentes internacionais. Na pauta, estão ainda o intercâmbio de experiências no campo da pesquisa entre universidades latino-americanas e italianas, a formação profissional, além de instrumentos e métodos de financiamentos de novos projetos, e transmissão de conhecimento. O presidente da Venezuela, Hugo Chavez, deverá abrir os trabalhos, enquanto o presidente Luis Inácio Lula da Silva, do Brasil, que fará uma breve visita à Milão antes de seguir à Rússia, será o responsável pelo fechamento da Conferência. Os contatos entre Brasil e Itália vão continuar no dia 19, quando os ministros da Agricultura dos dois países vão se reunir em Parma, cidade-sede da Agência Européia de Alimentação. Furlan: brinde aos novos negócios com o mercado externo. Abaixo, estande da Itália no evento TREM-BALA RIO-SAMPA A recente visita do vice-governador de São Paulo, Cláudio Lembo, à Milão, ocorrida em meados de setembro, serviu como um preâmbulo da Conferência. Ele se encontrou com o secretário-geral da Promos, agência de atividades internacionais da Câmera de Comercio de Milão, Pier Andrea Chevallard. Na pauta da mesa de negociações, estava o interesse do estado de São Paulo em construir uma linha de trem de alta velocidade. Ela ligaria os 31 quilômetros que separam o centro da capital paulista do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. A obra está orçada em US$ 110 milhões. Além desse projeto, o governo de São Paulo vai abrir concorrência internacional para a reforma dos portos, a construção do Porto de São Sebastião, a privatização da malha rodoviária e a revisão da inteira rede ferroviária. Muitos desses projetos estão amarrados às chamadas PPP’s (parcerias públicas-privadas). Um outro projeto importante, o do trem-bala entre a cidade do Rio de Janeiro e São Paulo, com quase todas as cidades do Vale do Paraíba incluídas, depende da captação de recursos e da vontade política do Governo federal. – O trem rápido seria capaz de integrar todo o Vale do Paraíba, que tem um alto grau de produção, temos a Embraer, em São José dos Campos, temos fábricas de automóveis, que exportam através do porto de São Sebastião. Acho que, assim, o Rio de Janeiro e São Paulo poderiam se tornar uma grande cidade - vislumbra Lembo. A estrada será longa para recuperar os investimentos italianos no estado de São Paulo. Dos recursos estrangeiros aplicados na terra da garoa nos últimos oito anos, a Itália contribui com apenas 3,77%, contra investimentos mais parrudos do Japão (4,31%), da França (4,85%), de Portugal (6,96%), da Espanha (12,45%), da Alemanha (12,86%) e dos Estados Unidos (35,9%). – O estado de São Paulo está crescendo a uma taxa de 8% ao ano, três pontos a mais do que o Brasil. Temos muitas oportunidades de investimentos para a Itália. O país deixou um pouco de lado a América Latina e acho que está na hora de os italianos aproveitarem o espaço que existe. Além disso, temos ótimos laços culturais - concluiu Lembo. Parceria perfumada Fotos: Divulgação Guilherme Aquino Politica Exultante com a performance do setor de cosméticos, Furlan sinaliza para acordos com italianos Venceslao Soligo S ão Paulo – Se depender do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, as indústrias de cosméticos de Brasil e Itália terão um relacionamento que se estenderá em todas as cadeias do setor. Empolgado com os extraordinários números do setor – o que mais cresceu no país – anunciados durante a 15ª edição da Cosmoprof Cosmética – Feira Internacional de Beleza, em setembro, Furlan visitou alguns expositores italianos e afirmou que a participação italiana cria oportunidades não só de vendas para o mercado brasileiro, mas também de parcerias olhando a terceiros mercados. – Este é um setor que cresce com a velocidade chinesa. Seria bom se toda economia brasileira crescesse dessa maneira. Através de iniciativa assim que nós, do Ministério do Desenvolvimento, estamos apoiando dentro do protocolo que assinamos com o Ministério da Produção italiano, olhando os nossos mercados onde se dá uma união de criatividade, de tecnologia, de inovação dos produtos e das empresas – ressaltou o ministro, figura do Planalto mais assídua na ponte Brasília-Roma, referindo-se aos 8,2 pontos percentuais de crescimento da área de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos em 2004. No ranking do mercado de produtos para cabelos, o Brasil ocupa um eloqüente terceiro lugar. Ao olhar internacional, a indústria de Pindorama é a que maior gama de diversidades oferece. Xampus e condicionadores para cabelos secos, oleosos, crespos, lisos, ondulados, raízes secas e pontas oleosas ou vice-versa, com ou sem volume, para cabelos de diferentes etnias; xampus que dispensam enxágüe; tinturas que não agridem o coro cabeludo; cremes para pentear; ceras que modelam os cabelos; métodos de relaxamento capilar; e assim por diante, foram alguns lançamentos apresentados na feira. Ou seja, não faltou... diversidade. Entre as empresas italianas presentes ao evento, estavam a Equimpex, Bottega Verde, Farmen, Inca, Intégrée, L’Agape, Kaaral, Oyster, Quinoa, Specchiasol, Paglieri profumi, Espansione, Dielle, Hair club, Ga.ma. A Cosmoprof Cosmética é considerado o maior evento do setor na América Latina. A festa da indústria da beleza acontece todos os meses de setembro, no Pavilhão de Exposições do Anhembi. Este ano a feira contou com a participação de mais de 400 expositores, que apresentaram 700 marcas brasileiras e internacionais. Foram registrados cerca de 2 mil lançamentos. Durante os quatro dias da feira, os organizadores contabilizaram a presença de 80 mil compradores profissionais, dos quais cerca de 800 internacionais, de 40 países, vindos principalmente dos Estados Unidos, Alemanha, Austrália, China, Espanha, França, Holanda, Hong Kong, Inglaterra e Itália. A previsão do mercado é de que os acordos firmados durante e pósevento deverão estimular negócios pelos próximos 12 meses, chegando a US$ 29 milhões. Ocupando a 6ª posição mundial, com 4,2% de participação no setor, atrás apenas dos americanos, japone- Indústria italiana de cosméticos: faturamento anual de 7,5 bilhões de euros OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA ses, franceses, alemães e ingleses, os brasileiros deverão exportar neste ano, aproximadamente, US$ 400 milhões, valor 20% superior ao apontado em 2004. Na Itália a expectativa também é das melhores. A Associação das Indústrias Italianas de Cosméticas, com mais de 500 afiliados, mantém um faturamento anual de 7,5 bilhões de euros e emprega 35 mil pessoas. A consistente performance lhe garante o terceiro posto do setor na Europa, com um desenvolvimento médio de crescimento de 5% ao ano. Fotos: Arquivo pessoal Entrevista ‘Nunca recebi resposta do Lula’ Luciana Bezerra dos Santos No dia 06 de setembro de 1980, em Ribeirão, no interior de Pernambuco, “um pecado” praticado por um padre rendeu o que para muitos foi a maior celeuma entre Igreja Católica e Governo brasileiro nas últimas três décadas. Aos olhos do ex-presidente da Câmara, Severino Calvacanti, na ocasião deputado estadual pela Arena em Pernambuco, padre Vito Miracapillo era um “pecador”. Não tardaria para Severino solicitar ao governo do general João Baptista Figueiredo a expulsão do padre. Deu certo. O sacerdote teve de sair do Brasil, inclusive com o “silêncio do Vaticano”, como ele mesmo destaca nessa entrevista à Comunità, apesar do estardalhaço provocado pela imprensa na época. Mas, afinal, que “pecado” tão grave teria cometido Miracapillo? O padre recusou-se – para a indignação (e intolerância) de Severino – a celebrar uma missa em Ação de Graças pela Independência do Brasil na Matriz de Sant’Ana, lá em Ribeirão, o “palco” do “pecado”. 10 A confusão foi tão intensa que Miracapillo foi motivo de tese de mestrado do historiador Júlio Reinaux, que, em sua pesquisa, defende a tese de que o padre foi expulso do País em função de uma rixa entre latifundiários e o grupo mais ousado da Igreja, do qual o sacerdote fazia parte. Um grupo que visava mais justiça social no campo. Pedro Eurico, deputado estadual e, então advogado do padre, confirma a tese do historiador. Hoje, aos 58 anos, o padre italiano só quer uma coisa: retornar ao Brasil e tocar o projeto “Criança Livre”. Que ele venha tranqüilo, mas com força, porque, embora Severino já esteja fora de cena, os latifundiários, continuam de tocaia. - O projeto está sendo perseguido, sendo área de latifúndio, os proprietários estão nos perseguindo - confirma o padre, que chegou a encaminhar uma carta ao presidente Lula sobre sua situação, mas nunca obteve resposta, apesar de algum esforço de Frei Betto. Comunità Italiana - Padre, a que o senhor atribui uma atitude tão drástica do ex-deputado Severino Cavalcanti por causa de tão pouco? Seria o cenário político bastante polarizado e maniqueísta da época? Vito Miracapillo – A atitude foi tão drástica porque a motivação da expulsão não foi a recusa da missa pela independência e sim o porquê da recusa, o conteúdo da oração nas missas de 7 de setembro, o trabalho pastoral junto aos camponeses, a defesa dos direitos do povo e à posse da terra de cerca de mil famílias de camponeses. CI - O senhor perdoou imediatamente Severino Cavalcanti ou levou algum tempo para digerir a postura dele? Miracapillo – Perdoei desde aquele tempo porque entendia que ele era um homem do poder; mas a questão não era de caráter pessoal, e sim de regime. Lastimava, porém, que quem se dizia político não estava a serviço dos direitos do povo e sim de latifundiários e da ditadura. Além do mais, não conhecia o então deputado nem em alguma circunstância tínhamos nos encontrado. CI - Aliás, como ecoa a crise política brasileira na Itália? Que imagem os italianos fazem, por exemplo, do presidente Lula? Miracapillo – Não existe informação adequada. A imagem do presidente Lula despertou esperança em muitos, quando da eleição, mas acho que agora perdeu muito, devido aos últimos acontecimentos. Quando Lula foi eleito, eu escrevi para ele falando do meu caso, como também do “Criança Livre”, mas não recebi resposta. Depois falei com Frei Betto que me pediu toda a documentação para ver o que podia fazer. E como não sabia se o caso era de pertinência do Ministério da Justiça ou do Supremo [Supremo Tribunal Federal], não pude enviar. Até porque não tenho a documentação jurídica em mãos. O Supremo, hoje, está vendo a possibilidade de cancelar a extradição, caso não, eu tenho que entrar com advogados para reaver o processo. Pelo menos agora consegui o cancelamento no Supremo. CI - Como o senhor avalia a decisão de Lula em adotar o mesmo expediente que utilizaram contra o senhor - o Estatuto do Estrangeiro - para banir do país o jornalista Larry COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 Rother, que produziu uma reportagem, no ano passado, sobre Lula com repercussão internacional? Miracapillo – Não conheço especificamente o caso, mas acredito que se o jornalista fosse culpado haveria outras maneiras de enfrentar o que ocorreu num processo justo. CI - Mas, afinal, o que a CNBB disse na época a respeito do episódio que ocorreu com o senhor? Miracapillo – A CNBB, como o meu bispo de Palmares, em Pernambuco, me defendeu do começo até o fim com muita força e determinação, afirmando que se tratava de uma “injustiça” e de uma “ditadura”. O problema foi que o governo pediu ao Vaticano que me tirasse do Brasil. E o Vaticano me mandou para a Itália evitando mais protesto, mas claro o Vaticano não podia fazer isso, caso contrário o culpado era eu e então preferiu o silêncio. E também com aquele ato, o Estatuto dos Estrangeiros que o governo tinha imposto ao país, em cinco de agosto de 1980, visava afastar velhos missionários estrangeiros como também os refugiados políticos, do cone sul e da América Latina. Já o Papa, em julho de 1980, quando visitou pela primeira vez o Brasil, criticou aquela lei. E a sociedade civil se impôs e o governo teve que modificar a lei, mas eu fiquei condenado. CI - O senhor não recorreu diretamente ao Vaticano? Miracapillo – Não, porque devido à crise Estado-Igreja, o Vaticano preferia o silêncio a tomar uma medida a meu respeito, do jeito que o governo ditatorial havia pedido, porque estava em jogo a permanência no Brasil dos missionários estrangeiros. CI - O que Dom Hélder Câmara disse disso tudo na época? Na ocasião, ele era um ícone da abertura política. Miracapillo – Dom Hélder foi encarregado pela CNBB de acompanhar o meu caso e sempre me defendeu. Nos anos 80 as relações Estado-Igreja não eram muito boas e se falava de crise. CI - Quando o senhor pretende retornar ao Brasil e o que irá fazer? Miracapillo – Não sei porque tem que ser eliminada antes a condenação proferida contra mim pelo STF e agora há o problema de minha mãe que está muito velhinha e tudo vai depender dos bispos. De 1993 até hoje, vou ao Brasil uma vez por ano, fico uns 30 dias e as pessoas da paróquia ficam perguntando quando voltarei definitivamente. O problema é a condenação no Supremo Tribunal Federal. Claro que depois de 25 anos tenho outros problemas por aqui. Um deles é minha mãe que está bastante velhinha, outros são a minha colocação no Brasil e a decisão do bispo daqui se aceita ou não me mandar de vol- ta. Eu voltaria para a cidade de Ribeirão, onde o projeto “Criança Livre” está implantado. CI - Hoje o senhor mantém um centro comunitário em Canosa di Puglia, na Itália. Caso o senhor venha residir novamente no Brasil, quem cuidará do centro italiano? Miracapillo – Haverá, no caso, um outro padre. CI - Porque somente em 1993 o senhor foi autorizado a entrar no Brasil? Haja vista que naquele ano já havia uma democracia consolidada no país? Miracapillo – Porque só em 1993 o então presidente Itamar Franco [que deixou recentemente a Embaixada brasileira em Roma] revogou o decreto de expulsão de Figueiredo [ex-presidente João Baptista Figueiredo], de 15 de outubro de 1980. Mas isso só me permitiu entrar no país como turista, enquanto persistia a condenação do STF. CI - O senhor tem um projeto chamado “Criança Livre” mantido em Pernambuco. Quem o ajuda a mantê-lo e desde quando? Miracapillo – “Criança Livre” é um projeto modelo que acolhe adolescentes filhos de camponeses para com poucas horas de trabalho no campo, dar de comer a eles e às suas famílias, produzindo culturas de subsistência, e oferecer um futuro. Quem faz parte tem que se comprometer a freqüentar a escola e conseguir boas notas. Neste ano um dos meninos fundadores, filho de camponeses de cana-de-açúcar, conseguiu vaga na faculdade de engenharia civil. Além do mais, o projeto faz educação alimentar, tem área de reserva ecológica e cuida também da criação de peixes. Isso tudo começou em 1994. Contribuímos financeiramente junto com outras pessoas e, especialmente, com os voluntários que lá trabalham. Hoje o projeto está sendo mantido por voluntários brasileiros e pela Arquidiocese da Itália. No começo eram 150 adolescentes, agora outras pediram para entrar. O problema não era só o trabalho, mas também dar a metade de um salário mínimo ao adolescente, os auxiliarem na escola e ajudar a suas famílias. O problema é que, no momento, o projeto está sendo perseguido, sendo área de latifúndio, os proprietários estão nos perseguindo. Na época em que eu estava lá, tudo estava sob controle. O trabalho pastoral era de apoio aos direitos e a vida do povo. Sendo que, por um lado, havia o regime da ditadura e, por outro, os latifundiários que não permitiam cobertura nenhuma e também tratavam as pessoas que trabalhavam de forma desumana. ‘O governo [militar, de Figueiredo, em 1980] pediu ao Vaticano que me tirasse do Brasil. E o Vaticano me mandou para a Itália’ OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA CI - O senhor também escreveu um livro que fala de exílio. O que ele narra especificamente sobre o tema? Miracapillo – Escrevi logo após a expulsão o “Caso Miracapillo – Paradigma do conflito Estado-Igreja no Brasil”, publicado em italiano, em junho de 1981, e em português, no Brasil, em 1985, Publiquei também outros livros: “O homem e o não homem”, editora Vozes, em 1984, e “Cantigas de um longo exílio”, editora Paulinas, em 1985. São mensagens para reflexão. Já no Brasil, escrevi mais dois livrinhos. Um para jovens, o “20 perguntas para você meditar”, da editora Paulinas, e “Hora eucarística”, da editora Vozes. CI - Quando o senhor chegou ao Brasil pela primeira vez e por quais motivos? Miracapillo – Em 1974, de visita ao Brasil. De 8 de agosto até 8 de novembro. A 31 de outubro de 1975, com visto permanente para trabalho pastoral na diocese de Palmares. CI - A propósito, em que região o senhor nasceu e o que guarda de mais significativo da infância na Itália? Miracapillo – Na Puglia, “no salto da bota”. Guardo a vida simples e alegre de nós meninos, que brincávamos pelas ruas, sobretudo o calor da vida familiar, embora pobres, e o relacionamento fraterno com todos os parentes e vizinhos. Ao todo somos cinco irmãos, três homens e duas mulheres. De toda família, só eu virei padre. Atualmente estou na cidade Canosa, ao sul da Itália. A minha cidade natal é Andria. Já estou há dois anos em Canosa. Anteriormente fiquei 23 anos numa paróquia da periferia de Andria, saí de lá em virtude de alguns problemas sociais. Depois fui para Montevidéu. Como não tinha igreja na cidade, celebrava missa nas ruas mesmo. Depois de cinco anos conseguimos construir a igreja. 11 Turismo Comportamento ‘Tem para todo mundo’ Na pele de ‘tio Glauco’, Edson Celulari encanta várias gerações... até a das vovós Luciana Bezerra dos Santos O maravilhoso mundo de Pinocchio ONDE NASCEU PINOCCHIO Pinocchio nasceu em berço de ouro: em um ambiente de natureza exuberante, beleza exótica e conforto, Collodi, neto do administrador do Castelo Garzoni, criou Gepetto e Pinocchio. Sua história está intimamente ligada ao Palácio Garzoni, um dos mais belos monumentos da aristocracia tosca12 na, cujo parque resultou num dos mais deslumbrantes cenários da jardinagem européia. Os Garzoni constituíam importante família gibelina originária de Pescia, cidade antigamente integrada ao Ducado de Lucca. Atribui-se a Alessandro Garzoni o projeto e a construção, em 1633, do castelo e do parque que o envolve. O Parque Garzoni se abre como um imenso teatro ao ar livre. Fontes, lagos e grutas, ornados com objetos de arte, evocam diferentes épocas. O jardim, que à entrada antecede o parque, possui uma caprichosa estrutura geométrica e multiplicidade de arranjos florais, e ensejou, no passado, o deslumbramento e a inveja de reis e nobres, ao ponto de torná-lo referência para outros jardins da Europa, como os de Versailles e Saint Claude, na França; o de Wichelmhohe, na Alemanha; e os de Viena, na Áustria. No castelo Garzoni, conhecido como a casa das cem janelas, se acham bem conservadas todas as instalações e alcovas com móveis medievais, arrumados da maneira como eram recebidos os ilustres visitantes do passado, entre eles Napoleão Bonaparte, que chegou a se hospedar em um dos quartos. Na cozinha, permanecem os apetrechos para preparar e servir um banquete de última hora. VISITA AO PARQUE PINOCCHIO O Parque de Pinocchio, com sua vegetação integrada à arte do encantamento e a ação pedagógica, oferece aos visitantes, jovens ou adultos, um percurso literário e fantástico. Assim como o Parque Garzoni, é um verdadeiro museu a céu aberto, que conta as aventuras do incrível boneco de Gepetto. Visitá-lo significa penetrar no mundo das fantasias descrito no conto collodiano e nele viver o fascínio de cada episódio, materializado com riqueza de detalhes. É necessário dispor de um dia inteiro para penetrar no universo de Pinocchio, que, logo de início, pode ser visto com a fada. Depois, basta seguir por uma trilha cercada de louros. É fácil a identificação de episódios e personagens como o grilo falante, a fada menina, a serpente, o guarda que prendeu Pinocchio pelo nariz e que, permanecendo de pernas abertas, permite aos meninos passarem por elas como se ludibriassem a vigilância, além da baleia com seu surpreendente esguicho d’água. Vêse também a casa das moedas de ouro, a gruta dos piratas, a nave corsária, o parque de diversões, o bosque, o campo dos milagres, o encontro de Pinocchio com a fada, o laboratório das palavras e das figuras, Gepetto na sua comodidade, a transformação de Pinocchio em menino de verdade e a despedida final. escola, onde Celulari acompanhava o corre-corre dos atores nas coxias. Mas a escolha profissional só veio aos 17 anos, quando resolveu estudar Arte Dramática na USP. Seu primeiro trabalho na TV, foi na extinta Tupi, em “Salário Mínimo”, de Chico de Assis. Dois anos depois, o filho de imigrantes italianos estreava na TV Globo e não parou mais. CINEMA: LUTA DESIGUAL CONTRA AMERICANOS O PARQUE PINOCCHIO O Parque Pinocchio nasceu da proposta do professor Rolando Anzilotti da Universidade de Pisa que, em 1951, era prefeito de Pescia, Província de Pistoia. Construído pelos arquitetos Renato Baldi e Leonello De Luigi, é, hoje, um patrimônio cultural da Província de Pistoia e uma das belas atrações turísticas da Toscana. Para preservar a história de Pinocchio e também o Parque, foi criada, em 1990, a Fondazione Culturale Carlo Collodi, que hoje conta com uma ampla e rústica Osteria, anexa ao restaurante Gambero Rosso, onde se pode apreciar os deliciosos vinhos e pratos típicos da Toscana. Onde fica: Collodi é uma frazione (distrito) do município de Pescia, Província de Pistoia. Dista apenas 60 quilômetros de Florença, capital da Região Toscana, 15 quilômetros de Lucca, centro histórico de rara beleza, dez de Montecatini, importante balneário temático da Itália e 32 quilômetros de Pisa, onde se encontra a famosa torre inclinada e funciona um dos aeroportos internacionais. COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 Divulgação TV Globo/ João Miguel Júnior C ollodi - A Itália teve em Pinocchio um dos personagens mais notáveis da sua literatura infanto-juvenil. Embora conhecida na Europa e nas comunidades italianas de além-mar desde o século XIX, muitos anos decorreram-se até que a história do simpático boneco de madeira, criado por Carlos Lorenzini (Collodi), ganhasse fama mundial, através da versão cinematográfica norte-americana. Quando a Disney projetou para o mundo a história de Pinocchio e de Gepetto, o bonequinho de pinus encantou milhões de crianças e de adultos. No entanto, embora os italianos simpatizassem com a versão criada pelos desenhistas de Hollywood, ficava-lhes no fundo da alma o desagrado pela descaracterização do verdadeiro Pinocchio de Collodi, mais ousado e descontraído do que o tímido personagem celebrizado no cinema. Ainda assim, os ecos da mídia internacional foram aproveitados para a criação do Parque Pinocchio, em frente ao Parque Garzoni, onde viveu Lorenzini, vulgo Carlo Collodi. Julio C. Vanni co, na sinopse, iria passar por todas essas fases. Estava tudo previsto, mas o espaço que está ocupando agora foi uma surpresa para todos nós. Novela muda de foco com freqüência e hoje é o momento do nosso núcleo. Daqui a pouco a Glória muda a estória para outros personagens. É normal e saudável para o coletivo: tem para todo mundo. Ser olhado como galã, não o atrapalha, mas Celulari prefere fugir a esse estereótipo. Aos 47 anos de idade e 27 de profissão, o ator não esperava a dimensão que Glória Perez deu a seu personagem Glauco. Afinal, o personagem não é tão ortodoxo assim. Casado, com uma amante há vários anos e, ainda por cima, assume um romance com a melhor amiga da filha é uma situação quase inverossímil. Se a diferença de idade pode afetar uma relação? O ator responde: – A diferença de idade pode pesar com o passar dos anos, mas não que isso impossibilite uma relação. Acho que quando o assunto é amor, tudo é possível. Porém todo relacionamento tem suas exigências. É preciso paciência, empenho, disponibilidade e talento para se levar a ‘vida à dois’. Casamento é troca – ressalta o ator. O pai de Sophia e Enzo se apaixonou pela arte dramática aos 13 anos, quando ajudava o pai na cantina de um colégio em Bauru, interior de São Paulo. A cantina ficava próxima ao teatro da Divulgação TV Globo/ Márcio de Souza A fábula de chapeuzinho vermelho pode estar subliminarmente contida na trama de Glória Perez, a novela América da TV Globo. Não, evidentemente, com as cores vivas da fábula secular, onde a menininha é “seduzida” para ser “devorada” pelo lobo mau. Maniqueísmos à parte, Edson Celulari forma com Cleo Pires um dos pares românticos mais polêmicos da teledramaturgia nos últimos anos. Ele, quase um cinqüentão grisalho, e ela uma mocinha, “tipo assim”, ingenuazinha. Deu certo. O casal encantou o público. Celulari – que ostenta em seu currículo alguns prêmios, inclusive o de melhor ator no Festival de Brasília pelo filme “Asa Branca”, em 1981 – se diverte com tudo isso: – Recebo cantada de todas as idades. Até as senhoras me chamam de tio, imitando a malícia da Lurdinha [personagem de Cléo Pires]. Eu e a Claudia [a atriz Claudia Raia, com quem é casado há 12 anos] estamos curtindo o sucesso do personagem. Temos um casamento sólido e bem resolvido – assinala o ator. Para o ator, novela é sempre “um mistério”, e por isso “fascinante”, que provoca no ator uma ansiedade ilimitada quanto à expectativa de como o público vai receber a personagem. – Folhetim deve ser popular e a opinião, de quem acompanha, tem um grande peso. O Glau- Celulari, em cena, com Cleo Pires e Cristiane Torloni. Triângulo amoroso inusitado OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA Atualmente no cinema com o filme “Diário de um Novo Mundo”, Celulari elogia o esforço que produtores, cineastas e atores vêm promovendo para alavancar o cinema brasileiro, mas faz um alerta sobre a disparidade quando um filme brasileiro é posto lado a lado com um americano. – Os festivais cumprem seu papel. Um prêmio em festival não garante um lançamento. O mercado é muito concorrido. O produto estrangeiro, principalmente o americano, é muito forte. Nossa produção ainda é pequena, nosso público aumenta dia a dia e os olhos dos investidores começam a piscar para o cinema nacional. Uma parceria com países do Mercosul seria fortificante. Assim como a co-produção com a televisão brasileira. Com exceção do cinema americano, em nenhum outro país o cinema sobrevive sem a ajuda do governo. No Brasil, não é diferente. Ainda falta muito para se consolidar a indústria de cinema por aqui. Celulari representa a terceira geração de uma família de italianos no Brasil, que veio do sul da Itália, de uma pequena cidade ao norte de Nápoles. – Não conheci nenhum parente italiano, mas tenho o maior orgulho de pertencer a esta família. Tenho a maior curiosidade pela cultura, pela história e pela culinária italiana. É um país para onde viajo sempre que posso. 13 Cinema L’Italia sugli schermi brasiliani Nuovi talenti del cinema italiano sbarcano al Festival di Rio Giordano Iapalucci “I l Festival è internazionale, la città non se ne parla neanche”. Con questo slogan si è aperto il 7º Festival del cinema di Rio de Janeiro, da quando nel 1999 il Cima (Centro de Cultura, Informação e Meio Ambiente), che realizzava il vecchio “Rio Cine” e il Grupo Estação, responsabile della mostra Rio, si sono unite. Dal 22 al 6 ottobre 436 titoli di film di 60 paesi diversi (un incremento di circa il 25% rispetto all´anno passato quando parteciparono 247 film) hanno letteralmente riempito le 35 sale cinematografiche carioca messe a disposizine del Festival. I 13 film italiani hanno partecipato fuori concorso ma hanno fatto onore al cinema italiano che, in questi anni, deve comunque registrare una certa crisi, sia per ciò che riguarda la ricerca o comunque la riscoperta di una propria identità anche di linguaggio, sia per la mancanza di fondi economici e finanziari fondamentali per lo sviluppo non solo del cinema di cartello, ma anche di quello chiamato “indipendente”. 14 Sono state presentate opere sia di affermati come di emergenti registi. Tra i primi si citano i nomi di Roberto Faenza (Alla luce del sole); Pupi Avati (Ma quando arrivano le ragazze?), Ferzano Ozpetek (Cuore sacro), Gianni Amelio (Le chiavi di casa), Marco Tullio Giordana (Quando sei nato non puoi più nasconderti), Pasquale Scimeca (La passione di Giosuè) e Massimo Venier (Tu la conosci Claudia?). Da sottolineare anche la forte presenza di giovani registi come i toscani Francesco Fei (Onde) e Stefano Mordini (Provincia meccanica), i romani Francesco Munzi (Saimir) e Saverio Costanzo (Violazione di domicilio) ed il siciliano Marco Amenta (Il fantasma di Corleone). Sempre nell’ambito della divulgazione della presenza italiana al Festival della Città meravigliosa è stato presentato il 4 ottobre passato presso i locali dell´Istituto Italiano di Cultura il film “All invisibile children” co-finanziato dal Ministero degli Affari Esteri. Si tratta di un lungometraggio in cui 8 registi di fama internazionale, tra cui Spike Lee, Emir Kusturica, Ridley Scott e l’italiano Stefano Veneruso, propongono otto corti. Alla serata è stato presente il direttore del Festival del cinema di Venezia e presidente della giuria a Rio, Marco Muller. I cineasti italiani, durante tutto il corso del festival, si sono confrontati con la realtà cinematografica sud-americana anche nella ricerca di nuovi partner e alleati per contrastare la grande produzione nord-americana di Hollywood. Sotto questo aspetto si sono detti molto soddisfatti e ben impressionati dalla grande apertura a coproduzioni del mondo brasiliano e sud-americano, in generale, con quello italiano ed europeo. I film coprodotti risultano essere sempre più la via di salvezza per chi, non rientrando nel grande circuito cinematografico dei botteghini, non riesce con la sola vendita di biglietti e sponsor a coprire interamente i costi di produzione. Proprio nell’ambito del sostegno economico l’Italia ha varato da poco una legge con la quale è possibile inserire prodotti pubblicitari all’interno dei film. - Un sistema che sicuramente avrà degli effetti positivi sul finanziamento privato al cinema nostrano ma che probabilmente non risolverà i problemi delle chiamate “produzioni minori” – ha commentato il regista fiorentino Francesco Fei. Sul tema della coproduzione si è svolto un importante incontro tra operatori del settore italiani e brasiliani presso l’Hotel Meridien nel tentativo di rilanciare l’accordo di collaborazione tra i due paesi del 1970. Un accordo tra le istituzioni cinematografiche italiane e la Embrafilm che non è mai entrato in vigore; inizialmente per motivi politici legati al periodo dittatoriale brasiliano poi per la stessa estinzione della produttrice brasiliana. Importante incontro tra operatori del settore italiani e brasiliani nel tentativo di rilanciare l’accordo di collaborazione tra i due paesi del 1970 COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 Consolato Generale d’Italia Rio de Janeiro COMUNICATO PER I CITTADINI ITALIANI RESIDENTI ALL’ESTERO È attualmente in corso un’operazione di verifica anagrafica rivolta solamente ai cittadini il cui nome risulta nello schedario consolare e non nell’AIRE o viceversa. Di tale operazione è già stata data ampia pubblicità. A questi nostri connazionali è stato inviato un modulo per la verifica dei dati anagrafici, insieme con una lettera nella quale si indica che il termine per la restituzione del modulo è il 30 settembre 2005. Si precisa che gli Uffici consolari potranno accettare anche i moduli pervenuti dopo tale data, purché in tempi ragionevolmente brevi. Alla ricezione del modulo, infatti, gli Uffici consolari debbono eseguire una notevole serie di operazioni amministrative che riguarderanno numerosissime risposte ricevute. Pertanto, per assicurare la trattazione di tutte le risposte, è necessario che tutti i cittadini anche nel caso che i dati presenti siano corretti restituiscano al più presto il modulo ricevuto secondo le istruzioni indicate nella lettera. Si ricorda che la mancata restituzione del modulo o una restituzione troppo tardiva può comportare la cancellazione anagrafica del nominativo dallo schedario ove risulta attualmente iscritto. Il Console Generale Ernesto Massimo Bellelli Comunità Jocimar Montibeller Leonel Comunidade Petrópolis parla italiano! Comunità em solo capixaba P Revista e reportagem especial sobre imigração no ES são homenageadas V Beatriz Rassele, Fernando Pretti e Zuca Coser, Rosangela Bosi, Sergio de Aguiar, Deotílio Destefani, Célia Nolasco, José Carlos Zamprogno, Marisa Buteri, Jules White, Manuel Pericão, Marisa Nemer. Além da Braslimp, Vigserv e Centro da Praia Shopping. O lançamento da Comunità, em Vitória e em Santa Teresa, foi um sucesso. Regado a vinho, queijo e muita polenta, o público delirou com show de música clássica, de Bach a Tom Jobim tocadas pelo Duo Santoro de violoncelos, formado pelos músicos Paulo e Ricardo Santoro, ambos com apresentações nacionais e internacionais no currículo. HISTÓRIAS SIMPLES DE MENÇÃO RICA Para Pietro Domenico Petraglia, presidente da Comunità Italiana, a revista procura mostrar o que a Itália tem de mais moderno, seja no design, na tecnologia ou mesmo de seu cotidiano aproximando assim, os oriundi existentes no exterior. - Somente uma publicação moderna, formada por profissionais qualificados que buscam, acima de tudo, a informação de qualidade em uma apresentação nos melhores padrões artísticos poderia trazer o prazer da leitura para este público tão especial – concluiu Petraglia. Franco Vicenzotti, presidente do Instituto Italiano do Rio de Janeiro, afirmou que durante trabalhos nos Institutos Italianos de países da Europa e da América Latina e Austrália é a primeira vez que se depara com uma publicação da qualidade como à Comunità. - Em toda minha experiência profissional é a primeira vez que encontro uma publicação do nível do Comunitá Italiana. O conteúdo da revista é voltado para os italianos no exterior que buscam informações de qualidade. Além do mais, o veículo auxilia no aprendizado da língua italiana – assinala Vicenzotti. O prefeito de Santa Teresa, Gilson Amaro, que encerrou as festividades de lançamento da revista na região ressaltou que a imagem e história dos teresenses estampada na revista foi motivo de orgulho para toda a cidade. - Quando recebemos a repórter, não imaginávamos que algumas histórias simples de oriundi, ganhassem uma dimensão tão rica. Espero que a revista só venha a somar para que esse resgate cultural se perpetue - garantiu. Fotos: Roberto e Heron itória (ES) - Se voltarmos a 1994 – ano de fundação da revista Comunità Italiana – não imaginaríamos que a publicação fosse chegar tão longe. Para alguns, “morreríamos” na primeira edição. Para outros, ainda mais céticos, ela sequer sairia do papel. Hoje nos orgulhamos de galgarmos mais um espaço na mídia, ao longo desses 12 anos de existência. A cada reunião de pauta ou conclusão de edição vimos que nosso esforço valeu mesmo a pena. Diante do que costumava dizer o “mestre informal” da comunicação, José Abelado Barbosa de Medeiros, o “Chacrinha”, “quem não se comunica, se trumbica”. Foi inspirada nessa famosa máxima do “Velho Guerreiro”, que conheci Beatriz Croce Rassele, uma simpática oriundi capixaba, que me apresentou a sua terra natal, Santa Teresa, uma pequena cidadezinha do interior do Espírito Santo, construída por imigrantes italianos, no século XIX. Depois de uma ampla reportagem sobre a história da região e a influência italiana no desenvolvimento econômico e turístico do Espírito Santo, optamos por lançar a revista no estado, com o apoio, é claro, de empreendores, como Luciana Bezerra dos Santos etrópolis (RJ) – Cascatinha, uno dei più antichi quartieri di Petropolis, nella regione montana di Rio de Janeiro, si è trasformato per quattro giorni di settembre in un pezzettino d’Italia. Circa 20mila persone, secondo gli organizzatori, hanno partecipato alla seconda edizione della Festa Italiana della regione. L’evento, che si è svolto tra il 14 e il 18 settembre, è stato innaffiato da molto vino, piatti tipici della mamma e show musicali di Jerry Adriani, Adriano Bruno, Francesco Del Franco, tra gli altri. Un grande momento della festa è stata l’esposizione di fotografie e cicli di conferenze su temi associati all’Italia e i coloni italiani che si sono stabiliti a Petropolis nella seconda metà del XIX secolo. Secondo il sindaco di Petrópolis, Rubens Bomtempo, la colonizzazione italiana a Cascatinha è stata un punto culminante nello sviluppo della città di montagna: – Sono stati uomini e donne che hanno aiutato la storia di un quartiere e di una città. Solo qui, nella Companhia Petropolitana [antica fabbrica di tessuti di Cascatinha], gli operai – nella maggior parte italiani – hanno spinto in avanti l’economia, con la produzione di fili e tessuti – esalta Bontempo. L’antica fabbrica è entrata nella storia dei lavoratori anche perché ha realizzato il primo sciopero dell’industria tessile in America Latina, agli inizi del XX secolo Le commemorazioni della colonizzazione italiana nella regione sono state concluse dal vescovo della diocesi, Dom Filippo Santoro, che ha celebrato una messa campale nel patio dell’antica Companhia Metropolitana. Durante la messa, Dom Filippo ha affermato che essendo “cittadino italiano” non avrebbe potuto non “affratellarsi con i suoi conterranei”. – Sono molto orgoglioso di essere qui oggi, dando la benedizione a quest’immigrazione che ha portato allegria, cordialità, serietà nel lavoro e rispetto per i legami familiari – ha detto il vescovo. nel dopoguerra – tanto della prima, come della seconda grande guerra. Secondo Wilma Borsatto, leader comunitaria della regione, molti italiani imbarcavano verso Cascatinha attratti dagli impieghi offerti nella fabbrica di tessuti. Non sarebbe strano, quindi, se il locale si fosse trasformato in un’estensione dell’Italia. E lo è stato. Wilma sta terminando un libro su Cascatinha, con pubblicazione prevista per la seconda metà del 2006. malgrado le festività e del centro storico mantenuto da lei nell’antica stazione ferroviaria di Cascatinha, Wilma fa notare che le nuove generazioni si stanno dimenticando tutta una storia: - Le tradizioni, i costumi, così come l’architettura dell’epoca, non sono stati preservati da noi oriundi. L’unico costume, che si conserva fino ad oggi è l’attaccamento alla Chiesa Cattolica. Io, ad esempio, sono stata allevata da mia nonna Margarina, che era italiana e non ho mai cercato di farmi insegnare niente sull’Italia, neanche la lingua. Oggi me ne pento un poco. La maggior parte delle famiglie di qui non parla italiano. Secondo me, questa mancanza di attaccamento ai costu- Fotos: Márcio Pregal II edizione della Festa d’Italia, nell’antica fabbrica, dove hanno lavorato molti immigranti, atrae più di 20 mila persone Don Filippo: benedizione agli oriundi mi non è dovuta alla repressione che gli italiani hanno subito in Brasile, perché i tedeschi hanno sofferto molto di più e conservano ancora oggi i loro costumi, perlomeno qui a Cascatinha – dice Wilma, che si è anche lamentata della mancanza d’interesse dell’ Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Secondo Wilma, l’organo federale non si “sta sforzando come dovrebbe” per recuperare l’antica fabbrica e i documenti storici, come schede degli antichi impiegati, alcuni di essi scoperti da lei, dimenticati in una pattumiera nello scantinato della Companhia Petropolitana. (L.B.S) PER MANTENERE LA STORIA Franco Vicenzotti elogia Comunità Italiana. Ao lado, Julio Vanni e Pietro Petraglia 16 Pietro Petraglia comemora com Beatriz Rassele e Zuca Coser o sucesso da revista Adriana Veloso prestigia o evento. Assim como, Lorena, Fabiana e Ana Beatriz Croce Rassele COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 Il quartiere di Cascatinha è conosciuto perché ha attratto, nel momento aureo del periodo industriale, gli italiani che arrivavano in Brasile OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA 17 Saúde Saúde Arquivo ma nova pesquisa feita nos Estados Unidos indica que o suco de romã pode ajudar a diminuir o avanço do câncer de próstata. O novo estudo, da Universidade de Wisconsin, foi publicado na revista acadêmica Proceedings of the National Academy of Sciences. Segundo os cientistas, testes em ratos mostraram grande redução no ritmo de multiplicação desse tipo de célula cancerígena na presença do extrato de romã. ALGA NO ‘FAST FOOD’ U m extrato à base de algas é capaz de transformar os calóricos e pouco nutritivos lanches das redes de fast food em alimentos saudáveis. A descoberta de pesquisadores da Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, diz que a adição de alginato, extraído das algas, aumenta a quantidade de fibras em hambúrgueres, tortas e bolos. O que significa que as pessoas poderiam continuar consumindo estas guloseimas, mas de forma mais saudável. OLHE A PRESSÃO! A hipertensão arterial é um dos maiores fatores de risco para infartos, derrames. Atinge de 10% a 15% dos brasileiros e entre 30% e 50% das pessoas maduras. O pior é que muitos não se preocupam em baixá-la. Um estudo publicado no Jornal da Associação Médica Americana analisou 5.296 pessoas e constatou que a situação mais perigosa é das mulheres idosas. Cerca de 37% dos homens controlavam sua pressão, independentemente da faixa etária. Nas mulheres, a porcentagem variava de 38% no grupo jovem (abaixo de 60 anos) até 23% nos grupos de mais idade (acima de 80 anos). 18 Fernando Pretti estuda a talassemia há 30 anos de. Às vezes morriam antes mesmo de completar dez anos. Ao longo da minha carreira perdi cinco pacientes com menos de oito anos. Com o avanço da medicina e um regime chamado de hiper-transfusão, onde o paciente é submetido à transfusão de sangue a cada 20 dias, controla-se a taxa de hemoglobina. Porém é um tratamento penoso – ressalta o especialista. A doença, no entanto, se alastrou no mundo todo. Percentuais relevantes de portadores de talassemia são registrados em toda América, sobretudo Estados Unidos, Brasil e Argentina, bem como na Índia, Austrália, etc. (L.B.S.) MENOS MORTE ROMÃ MARAVILHA U E E specialistas da Organizações das Nações Unidas afirmam que esforços para melhorar a saúde das mulheres não apenas salvariam milhões de vidas, mas também seriam um passo para reduzir a pobreza no mundo. Segundo o relatório do Fundo da ONU para a População (UNFPA), quase todas as mortes maternas são evitáveis mas, assim mesmo, uma mulher morre por minuto em decorrência de problemas na gravidez ou no parto. Em 2000, mais de 500 mil mulheres morreram de complicações na gravidez. VAI UMA SALADINHA AÍ? U m regime alimentar rico em frutas e verduras reduz os riscos de contrair câncer de pulmão, de acordo com um estudo publicado no “Journal of the American Medical Association”, dos Estados Unidos. As substâncias anticancerígenas contidas nestes alimentos – como espinafre, cenoura, brócolis e frutas – são fitoestrogênicas, ou seja, têm hormônios de origem vegetal, explicaram pesquisadores do Centro Anderson de Câncer da Universidade do Texas, na cidade de Houston. O estudo foi realizado com 1.674 doentes com câncer de pulmão e 1.735 pessoas com boa saúde, mas com estilos de vida similares. Esses hormônios de origem vegetal se mostraram benéficos tanto para homens e mulheres fumantes, como não-fumantes. COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 Arquivo A doença tem duas formas: Minor (leve) e Major (grave). O tipo de talassemia mais comum no Brasil e no mundo é a minor talassemia, que corresponde de 0,5 a 1,5% - índice considerado alto - da população e que afeta a produção de hemoglobina A1, a mais importante no corpo do adulto (97% do total). Pretti alerta também que a doença não tem evolução. Porém os casais que apresentam a forma leve correm sério risco de a cada gravidez gerar um filho portador da talassemia major. – Por mais que seja genética, a criança nasce sem sintomas, mas depois do quinto mês é que eles aparecem. Geralmente, o quadro é anemia, palidez intensa, crescimento do baço, os glóbulos vermelhos passam a sobreviver muito menos. E a criança precisa viver com transfusão de sangue constantemente, caso contrário ela não sobrevive. Antigamente um paciente com a forma grave não passava dos 14 anos de ida- Arquivo U m defeito da estrutura da hemoglobina, ou seja, uma doença genética que causa anemia por falta de ferro. Esta é a talassemia, doença cuja maior incidência está nos povos oriundos do mediterrâneo, como gregos, portugueses, italianos, espanhóis e em alguns países árabes. Há 30 anos estudando sobre o tema, o hematologista e empresário Fernando Pretti, 55 anos, dono do laboratório Bioclínico, em Vitória, no Espírito Santo, afirma que a talassemia pode ser confundida com a Leucemia, em virtude da semelhança dos efeitos colaterais. – O paciente apresenta uma anemia intensa, uma taxa de hemoglobina baixa e sofre de processo hemolítico, ou seja, uma destruição dos glóbulos vermelhos, o que pode apresentar icterícia, o olho amarelo confunde com a hepatite e a família pensa que a criança está com hepatite – assinala Pretti. SEM RUGAS Luciana Bezerra dos Santos Talassemia não é leucemia SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute sticar a testa, contrair os lábios, puxar os olhos. Esses são alguns movimentos da ginástica facial. Afinal, não é só o corpo que precisa de exercícios físicos para ficar em forma. Os músculos do rosto, pescoço e do colo também precisam de ginástica para continuarem firmes e com aspecto jovem. A ginástica facial atua como alternativa nos tratamentos para evitar a flacidez e as rugas causadas pelos movimentos involuntários que fazemos no dia-a-dia. Segundo especialistas, o ideal é começar a partir do 25 anos. NOVAS REGRAS PARA ASILOS SER MÃE A ulheres que esperam para ter filhos depois dos 35 anos estão desafiando a natureza e correm o risco de passar por um grande sofrimento. É o que afirmam especialistas em fertilidade na publicação médica “British Medical Journal”. Os obstetras se disseram “tristes” com o crescente número de mulheres que apresentam problemas por causa disso e dizem que a melhor idade para ter filhos continua sendo entre os 20 e os 35. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) editou uma resolução com novas regras para funcionamento de asilos em todo o país. A resolução, que vai entrar em vigor em dois anos, regula desde o número de profissionais por idoso nos estabelecimentos até as dimensões mínimas das principais áreas de um asilo. Na edição de setembro, a revista Comunità Italiana divulgou uma ampla reportagem sobre o assunto. M Arquivo SaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSaluteSaúdeSalute HOMENS, TREMEI I nspirar ar poluído pode afetar a qualidade dos espermatozóides e diminuir a fertilidade masculina, diz uma nova pesquisa. O estudo em reprodução humana descobriu uma ligação importante entre longos períodos de exposição ao ar poluído e o aumento da quantidade de espermatozóides defeituosos. Evidências sugerem que a poluição causada pelos carros, por exemplo, ajuda a reduzir a qualidade dos espermatozóides. Notizie SCOMPARSO ITALIANA SEQUESTRATA MAGGIOR PONTE SOSPESO DEL MUNDO É L U arrivato al Consolato Generale un messaggio del Ministero relativo alla scomparsa del sig. Albino Collu. Chi avesse notizie è pregato di contattare immediatamente la sede diplomatica più vicina in modo tale da aiutare la famiglia nella ricerca del loro caro. Il sig. Albino Collu, figlio di Angelo Salvatore Collu e Maria Grazia Tuveri, è nato a Cagliari il 15.9.1976 e al momento della scomparsa (avvenuta nell´agosto 2001) era residente a Decimomannu località Is Orrus. La sua altezza è di circa 1,75 m, di corporatura esile. Qualsiase informazione si può contattare il Consolato di Rio nel numero: 21. 2122-2118 ALZATE E SCHIACCIATE I l presidente della Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Ary Graça Filho, e il presidente della Federazione Italiana, Carlo Magri, hanno firmato un accordo che permette trasferimenti di giocatori con meno di 23 anni, purché gli atleti abbiano già giocato in squadre nazionali. Un accordo simile era stato fatto quest’anno tra il presidente della CBV e il presidente della Lega Italiana Pallavolo, Diego Mosna, per la modalità maschile che gioca nella Superlega e nella Lega Italiana. E.T.R. L ’Italia avrà una nuova rete di treni ad alta velocità, che unirà Torino, Milano, Roma e Napoli. Il percorso tra Milano e Roma, per esempio, che prima impiegava circa quattro ore, oggi è fatto in tre ore. Le stime indicano che il sistema trasporterà oltre 66 milioni di persone all’anno, un aumento del 47% rispetto al numero attuale di passeggeri, il che assorbirà il 25% degli utenti di automobili e il 3-11% di coloro che usano l’aereo. Il tragitto fino a Roma sarà fatto in 83 minuti di meno e costerà 31,5 euro in più. Per Napoli, il risparmio sarà di due ore e mezza, con un aumento di 37 euro sul valore attuale del biglietto. Le diramazioni della rete permetteranno che viaggi da Milano e per Torino, Genova, Venezia e Firenze saranno compiuti in poco più di questo: settanta minuti. La rete verrà inaugurata in parti: la tratta Roma-Napoli comincerà ad entrare in operazione entro il 2005; quella di Milano-Bologna, nel 2007; quella di Bologna-Firenze, nel 2008, ed entrerà in completo funzionamento a partire dal 2009. a giornalista Simona Torretta – sequestrata in Iraq nel 2004 – racconta la sua tragica epopea nel suo libro “Otto anni e 21 giorni. Il mio impegno di solidarietà in Iraq” [Oito anos e 21 dias. O meu compromisso de solidariedade no Iraque]. Il libro però non tratta soltanto del sequestro e del giorno in cui lei e Simona Pari sono state rilasciate, il 28 settembre, ma anche di altre esperienze della giornalista in Iraq, paese che aveva visitato per la prima volta nel 1994. Il sequestro è durato 21 giorni. Quando i sequestratori le hanno liberate le hanno vestite con un mantello scuro e un velo usati dalle donne sannite e le hanno messe dentro un’automobile. n ponte con 3,6 chilometri di estensione e 60,4 metri di larghezza unirà l´isola della Sicília al continente. Il progetto centenário divulgato dal gruppo Impereglio avrà sei corsie, tre per ogni lato, e due ferrovie, che comporterà un flusso di sei mila veicoli e 200 treni giornaliere . Le opere che inizieranno il prossimo anno, si concluderanno nel 2012. Il costo totale sarà di 3,9 milioni de euro. Il ponte fu una promessa della campagna elettorale nel 2001 del primo ministro Silvio Berlusconi, ed integra il programma di infrastruttura strategica del governo italiano. Saranno creati 40 mila posti di lavoro. CLANDESTINI IN ITALIA INSTANCABILE FIAT BRAVA GENTE I L a Fiat ha mantenuto, in settembre, il primato nelle vendite tra le case automobilistiche intallate in Brasile. Nel totale, l´impresa ha venduto 294.356 auto, totalizzando il 25,3% del mercato da gennaio. I numeri rappresentano un incremento di 33.187 veicoli in relazione ai dati di agosto. La Fiat supera la seconda collocata, la GM, con 38.254 veicoli venduti in più. La GM ha il 22% del mercato, Volkswagen segue con il 21,6%. I VENDEMMIA 2005 PIAGNISTEO ITALIANO VERSIONE DEI FONDI D G N l ministro degli interni, Giuseppe Pisanu, ha divulgato che da gennaio a settembre di quest’anno più di 15mila persone sono entrate illegalmente in Italia via mare. Secondo il ministro, il numero di clandestini illegali è raddoppiato rispetto all’anno precendente. Per Pisanu, la situazione sta preoccupando poiché il numero di illegali nel paese può raggiungere “gravi proporzioni”. elle 368 campionature di vino iscritte alla tredicesima Valutazione Nazionale di Vini, realizzata a Bento Gonçalves, nello stato di Rio Grande do Sul, 15 sono state selezionate per rappresentare il migliore profilo dei vini nazionali della vendemmia 2005. In tutto vi hanno partecipato 84 vinicole degli stati di Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Pernambuco. Secondo gli organizzatori, specialisti brasiliani, italiani, spagnoli, francesi, argentini e cechi hanno degustato la bevanda degli déi insieme a circa 700 stimatori. li ultimi negoziati tra la Telecom Italia, il Citigroup e i fondi di pensione per la vendita della BrT (Brasil Telecom) sono stati rifiutati. Gli italiani hanno gettato la spugna perché hanno considerato inaccettabili le condizione richieste dai soci. Fonti della Telecom Italia affermano che la negoziazione si è bloccata perché hanno considerato inaccettabili i fondi che hanno via via aumentato il valore richiesto per la BrT e hanno fatto questione sul cambiamenti nella struttura dell’operazione. XX Giochi Olimpici d’Inverno e i IX Giochi Paraolimpici, che saranno disputati l’anno prossimo a Torino, conteranno sull’aiuto di 25000 volontari, ha informato il comitato di organizzazione dell’evento. Oltre a 41mila persone si sono presentate candidate. Tra i volontari, il 55% sono uomini e il 45% donne, di cui il 63% ha tra i 18 e i 34 anni, e oltre la metà (il 55%) ha un diploma universitario. eanche un po’ preoccupato con i capricci degli italiani, il gruppo dei fondi di pensione però presenta un’altra versione: gli italiani del Citigroup vorrebbero beneficiarsi a spese dei fondi. La Telecom Italia ha proposto di comprare tutte le azioni del Citi. Dei fondi, ne avrebbe voluta appena una parte, il che obbligherebbe le fondazioni a rimanere per tempo indeterminato nella compagnia, facendo il tifo per una valorizzazione futura della Brasil Telecom. TIM FESTIVAL 2005 I concerti di King of Leo, The Strocks, Mundo Livre S/A, Lado 2 Estéreo, Bob Mintzer Big Band, Russel Malone & Benny Gree, Wayne Shorter Quartet, Wilco e The Arcade Fire, che fanno parte delle attrazioni del TIM Festival 2005 tra il 21 e il 23 ottobre presso il Museu de Arte Moderna a Rio de Janeiro, hanno già venduto tutti gli ingressi. La domanda di biglietti preannuncia il successo dell’evento, che avrà un’edizione speciale in altre tre città. I concerti extra del TIM Festival Special Editing, con alcune delle principali star del festival, si avranno a Belo Horizonte, Porto Alegre (capitali che riceveranno il TIM Festival per la prima volta) e San Paolo. OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA 21 Notizie IL RITORNO DELLA ‘FIORENTINA’ L’ITALIA FA SQUADRA NUOVO SPORTELLO ICE A RIO I I l 23 settembre a San Paolo, nella sede della Camera di Commercio Italo-Brasiliana, si è svolto il terzo incontro-convegno della serie “Informare per competere: come difendere e esportare il Made in Italy nel mondo”. Hanno partecipato ai lavori, tra i tanti, Giorgio Mulé (direttore di Economy), Edoardo Pollastri (pres. di Assocamereestero), l’ambasciatore Valensise e Riccardo Landi (Pres.ICE-SP). Dall’incontro è emerso che il Brasile può offrire enormi opportunità alle aziende italiane, ma l’Italia deve essere pronta a fare sistema e a cogliere queste opportunità ora, senza perdere altro tempo, prima che la concorrenza lo faccia prima. L’incontro è stato proposto in concomitanza con la pubblicazione di Speciale Paese, promosso da èItalia ed Economy in collaborazione con Assocamerestero. Pollastri ha parlato di un momento felice per il Sistema Italia, che finalmente si sta muovendo sinergicamente, come dimostra questo incontro, dove sono presenti Ambasciata, ICE, Camera di Commercio, istituzioni e aziende. Ma come ha messo in luce lo stesso Ambasciatore esistono due “debolezze” italiane che è necessario contrastare il prima possibile: primo la debolezza del nostro sistema bancario, assolutamente in controtendenza rispetto alla concorrenza degli altri Paesi. Le nostre banche se ne stanno andando dal Brasile mentre quelle estere stanno entrando. La seconda riguarda i collegamenti aerei: la nostra compagnia di bandiera ha infatti eliminato gli unici due voli diretti per Roma. L a bistecca alla fiorentina ritorna sui tavoli dei ristoranti. Dopo quattro anni e mezzo di messa al bando per l’allarme “mucca pazza” è arrivato l’11 ottobre scorso l’attesissimo verdetto del Comitato permanente per la catena alimentare dell’Ue che ha accolto la proposta della Commissione europea di innalzare da 12 a 24 mesi l’età dei bovini per la rimozione della colonna vertebrale. FELLINI PER MAGGIORENNI D isegni erotici del cineasta italiano Federico Fellini, che rivelano il suo apprezzamento del corpo femminile, stanno facendo successo tra gli amanti dell’arte in Austria, dove le opere sono in esposizione. La mostra “Erotomachia”, che riunisce 29 disegni erotici di Fellini fatti negli ultimi tempi della sua vita, tra il 1991 e il 1992, rimarrà in esposizione fino al 29 gennaio 2006. I disegni mostrano l’ultima amante di Fellini, Gianna, con cui il cineasta ha vissuto prima di morire, nel 1993, a 73 anni. Le illustrazioni di Gianna rivelano una donna grande, forte e sensuale, in contrasto con un uomo piccolo, quasi senza viso, che le serve da giocattolo. In Brasile, l’esposizione “Circo Fellini” rimarrà fino al 30 ottobre, nel Conjunto Cultural da Caixa, Praça da Sé, 111 – São Paulo – SP. Mais informações: (11) 3107-0498 – www.caixa.gov.br ‘UN REGALO’ I l prossimo 28 ottobre, il ristorante Milano Doc – a Ipanema – nella zona sud di Rio commèmora due anni di apertura. Per festeggiare la data, i proprietari Michelli e Humberto Fernandes serviranno gratuitamente ai clienti prosecco Brut della Fattoria Aurora. La casa ha il menu ispirato alla cucina milanese, tutto preparato al forno a legna. Maggiori informazioni: (21) 2522-0303 VINO NELLA VALLE MARATONA DEL VINO MARATONA DEL VINO II D A L al 20 a 28 de ottobre si avrà, nella Valle dei Vigneti, a Bento Gonçalves, nello stato di Rio Grande do Sul, il Festival Sinfonia della Primavera, con presentazione di cori, concerti, gite per le fattorie, corsi di degustazione di vini e abbondante gastronomia regionale. Altre informazioni (54) 451-9601. ncora nella Valle dei Vigneti, nel febbraio 2006, durante l’apertura della vendemmia, si avrà la prima Maratona Tematica del Vino. L’evento sarà la versione nazionale della Maratona del Medoc, gara realizzata tra le fattorie della regione di Bordeaux, in Francia. Saranno tre categorie: professionisti, amatori e infantile. Durante i 42 chilometri del percorso, gli atleti percorreranno le vinicole della regione degustando i migliori vini accomagnati da formaggi, polenta, pasta e il tradizionale galletto della regione. Come premio, il vincitore riceverà decine di bottiglie delle migliori annate a seconda del peso. Ossia, il corridore che pesa 65 chili, si porterà via 65 litri di vino. a corsa serve anche come studio per la medicina. La performance cardiaca di alcuni corridori, che berranno vino lungo il percorso, verrà analizzata dopo come prova. Secondo gli organizzatori, il progetto si trova ancora in fase di finalizzazione e sarà reso noto – così come le iscrizioni – ufficialmente a novembre. Ci si aspetta che circa tremila persone parteciperanno all’iniziativa, tra atleti e amatori. La maratona è una iniziativa della Aprovale, della Pousada Boghetto Sant’Anna, dell’Hotel Villa Michelon, tra gli altri. l giorno 7 ottobre, alla presenza del sottosegretario di stato agli Affari Esteri sen. Giampaolo Bettamio è stato inaugurato un nuovo sportello dell’Istituto nazionale italiano per il Commercio Estero (ICE) nella Casa d’Italia a Rio de Janeiro. L’apertura del nuovo punto mostra che nonostante l´inossidata importanza economica e strategica di San Paolo, Rio mantiene la seconda piazza economica nazionale con una quota del PIL nazionale che arriva in questi ultimi anni a sfiorare il 19%. L’ambasciatore Michele Valensise ha voluto sottolineare come la curva di incidenza del Pil dello Stato di RJ su quello nazionale è in costante ascesa dal 1996 ad oggi. – Questo significa che ci sono delle potenzialità che noi italiani dovremo saper ancor più cogliere anche grazie a questa nuova antenna dell’ICE. Si tratta di un piccolo ma significativo passo con il quale le autorità italiane e tutto il Sistema Italia rispondono a questa esigenza – ha sottolineato l’ambasciatore. Il direttore dell’Istituto per il Commercio Estero, Riccardo Landi, ha fatto notare come l’investitore italiano abbia spesso una distorsione d’immagine informativa di Rio: – Si pensa spesso ad una città in cui vi è solo spiaggia, turismo e carnevale, invece a fianco vi è tutto un apparato, una struttura economica seconda in Brasile. Landi ha inoltre fatto sapere che l’intenzione dell’ICE è quella di aprire nuovi sportelli in altre città brasiliane tra la fine del 2005 e primi mesi 2006. La prossima, in termini di tempo, sarà molto probabilmente Belo Horizonte dove la presenza della Fiat ha reso l’Italia molto ben voluta da tutte le autorità brasiliane locali. È stata infatti riscontrata una grande apertura nei confronti del nostro paese – ha ripreso Landi – tanto che le autorità dello Stato hanno definito una legge che favorisce gli investimenti italiani. Noi dell’ICE vogliamo quindi proiettare le possibilità di affari anche fuori lo stato paolista, dove molti imprenditori ed istituzioni brasiliane sono meno abituati ad essere corteggiati rispetto a quelli di SP. Sono cioè estremamente aperti a trovare dei partner per gli investimenti e per gli affari. Il nostro istituto deve stare sul luogo affinché si possa riuscire ad essere in grado di captare in tempo reale delle notizie sulle possibilità di investimento in alcune aree. Il sottosegretario Bettamio, nel suo intervento, ha messo in risalto l’importanza del mercato dell’America Latina grazie alla sua grande recettività e soprattutto alla sua complementarità rispetto alla nostra economia se la si compara per esempio a quella cinese, si aperta ma molto aggressiva. Monito importante poi sulla capacità degli imprenditori e delle istituzioni italiane a fare squadra. – Bisogna che gli attori economici italiani si uniscano ancora di più per cercare di portare avanti meno il proprio e di più il comune. In questo senso si colloca la difficile situazione finanziaria: le banche italiane non sono ancora pronte ad affiancarsi alle istituzioni italiane in Brasile quali ICE, Camera di Commercio e Enit. Mi è venuta in mente questa frase – ha continuato Bettamio –”abbiamo fatto l’Italia ora facciamo gli italiani”; ovvero dobbiamo fare questo salto di cultura e di mentalità in cui questa presenza deve essere una presenza unitaria e qualificata. Il nuovo sportello ICE-RJ sarà diretto dal Diego Tomassini e rimarrà aperto all’8º piano della Casa d’Italia – Av. Pres. Antonio Carlos 40 - due volte a settimana. (G.I.) D al 6 all’8 ottobre si è svolta a San Paolo la riunione continentale del Comitato Generale degli Italiani all’Estero. Tra i diversi punti dell’ordine del giorno si è discusso della Conferenza Permanente Stato – Regioni – Province; della divergenza dei dati fra gli iscritti alle anagrafi consolari e le liste del Ministero degli Interni e della cooperazione italiana in America Latina. Si è parlato, inoltre, di assistenza sanitaria per gli italiani in America Latina e di formazione professionale per la piccola e media impresa. Nel corso della riunione, i Presidenti Comites hanno presentato una mozione avente per oggetto la richiesta della revisione dei contributi stanziati per i Comites che, è stato rilevato, nel corso dell’’ultimo triennio hanno avuto tagli di circa il 50%. Ai lavori hanno partecipato tra i tanti il segretario generale CGIE Franco Narducci; il consigliere CGIE del Brasile, Rita Blasioli Costa; l’ex-ambasciatore brasiliano in Italia, André Matarazzo e il console generale di San Paolo, Gianluca Bertinetto. LA BELLA POLENTA... L 22 Il console Bellelli; il direttore dell’ICE Landi; il sottosegretario sen. Bettamio; l’ambasciatore Valensise e il nuovo responsabile dello sportello ICE-RJ Tomassini CONTINENTALE CGIE A SP TERRORE SIMULATO C irca 24 mila persone hanno partecipato alla XXVII Festa della Polenta, realizzata a Venda Nova do Imigrante, interiore Capixaba. L´evento si è riempito di molta polenta è chiaro e musica italiana, oltre ad altre varietà della mamma. Gabriel Lordêllo Ansa ’esplosione del 3 ottobre scorso, provocata da un falso terrorista (una bambola), ha aperto nella piazza del Colosseo, a Roma, una serie di esercitazioni antiterroristiche. Il “suicida” si trovava a trenta metri dall’apertura della stazione del metrò, prossima al monumento. Sono stati simulati anche falsi incendi che, nonostante la forte pioggia, hanno mobilitato le “false” vittime e i volontari del servizio civile. È poi avvenuta una seconda esplosione simulata in un vagone del metrò in prossimità alla stazione Termini nel centro della città, alla quale hanno partecipato decine di poliziotti, pompieri e membri della protezione civile con l’obiettivo di evacuare l’area e accudire le “vittime”. Ernane D. Assumpção Notizie COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA ééEspecial II Guerraéé 60 anos Capa André Felipe Lima 24 COMUNITÀ ITALIANA Foto do livro Invasão da Sicília vitória ou derrota? Editora Renes Somos incautos por não olharmos para trás. Desidiosos, rechaçamos a memória daqueles que viveram uma história, que esperamos nunca mais presenciarmos na face da terra: a Segunda Guerra mundial. Hoje, com o tempo avançando impiedoso, muitos dos que sobreviveram à destruição total da Itália, à fome, às humilhações indescritíveis estão desaparecendo. E, com eles, relatos contundentes que podem ensinar às novas gerações que a paz não tem preço e que tampouco deva ser sinônimo para a dor. / OUTUBRO 2005 OUTUBRO 2005 / Thassilo Mitke / Editora Objetiva O Uma guerra esquecida poeta siciliano Salvatore Quasimodo (1901-1968) viu Milão sob ruínas após incessantes bombardeios iniciados em 11 de junho de 1940. Já não escrevia mais o artista, mas todo um povo externando sua dor: “Em vão procuras no meio da poeira pobre mão, a cidade morreu/ Morreu: ouviuse o último estrondo sobre o coração do Navio/ E o rouxinol caiu da antena, alta sobre o convento onde cantava antes do ocaso/ Não escaveis poços nos quintais: os vivos não têm mais sede/ Não toqueis os mortos, tão vermelhos, tão inchados/ deixai-os na terra de suas casas: a cidade é morta, é morta.” Esse era o sentimento dilacerado de civis que viram suas cidades em chamas, como se um Nero, patrício de um tempo bem longínquo ao deles, houvesse ressurgido para ceifar, não somente Roma, mas toda a península. E isso, de certo modo, aconteceu. A Segunda Grande Guerra não deixa palavras. Impera – com a licença poética devida – um eloqüente silêncio que insiste em macular o sono de muitos daqueles que viram os seus entes mais queridos morrerem por uma causa que não era a deles, mas a de pouquíssimos insanos. Não estive lá, como Curzio Malaparte, correspondente de guerra e autor do célebre “A pele”, transformado por Liliana Cavani em um cultuadíssimo filme, que retrata a crueza e brutalidade da guerra, onde mulheres vendem a si e aos seus filhos para sobreviverem. Um preço altíssimo a ser pago. E o sergipano Joel Silveira, hoje com 86 anos, também correspondente, viu as duras “moedas” daquele triste mercado da guerra: – O civil sofre mais que o soldado. A guerra passa e deixa aquele rastro de destruição. As pessoas vão vendendo filho por uma barra de chocolate. Eu nunca comprei filho, nem coisa parecida. Como tinha facilidade de comprar roupas e comida junto aos americanos, eu dava às famílias, embora os soldados não falassem com os civis por ordens de seus superiores. Muitos italianos que conheci lá, nunca mais revi. A guerra subverte tudo. Prevalece a lei da fome. Subverte todos os valores. Silveira, na época com apenas 26 anos, recorda que ao embarcar para a Itália Assis Chateaubriand, seu chefe e dono dos Diários Associados, fez a seguinte recomendação: “Você vá, mas não me morra!”. O repórter chegou à Bota sob um impiedoso inverno, o que rendeu a recente compilação [O inverno da Guerra – Ed. Objetiva] de algumas de suas melhores reportagens no front, entre as quais “Eu vi morrer o sargento Wolf”. – A melhor que fiz. Wolf era um curitibano, um homem valente. Numa dessas patrulhas, fui com ele. Era amigo dele. Ele pediu para eu escrever um bilhete, no telégrafo, para sua filha: “Diga assim: ‘Lucinha querida, Papai vai bem, beijo do Wolf”. Passei o telegrama. A menina recebeu, mas aí o pai já estava morto. Thassilo Mitke, fotógrafo, veio comigo. Mas Wolf disse: “Vocês ficam aqui, daqui em diante o problema é meu e de meus soldados”. Morreram ele e os soldados. O repórter brasileiro diz aos mais incrédulos que “não foi a passeio” e “que chegou lá com 26 e voltou com 40 anos”. A narrativa foi contundente: “Viu casas partidas ao meio”. Como ele ‘A guerra passa e deixa aquele rastro de destruição. As pessoas vão vendendo filho por uma barra de chocolate’ JOEL SILVEIRA, CORRESPONDENTE DE GUERRA mesmo frisa em um dos seus relatos, surpreendeu-se com os “meninos andrajosos do porto”, que lhes “estendem suas mãos magras e súplices”, ou com o “homem magro” do albergo, com “olhos úmidos e pigarro insistente”, que o ajuda com sua bagagem, mas que ao receber a paga pelo préstimo, rechaça as liras. “Quer cigarros, chocolate, caramelos, qualquer coisa que possa comer”. A primeira impressão de Silveira foi lacônica: “Tudo está maduro, à espera da morte.” – Os cocca [limpadores de sapatos, engraxates] eram crianças que viviam nas ruas. Dávamos gorjeta, mas preferiam leite condensado, pão e chocolate – recordou Silveira, que hoje já não conta mais suas memórias pessoalmente. A idade e a conseqüente fraqueza do velho corpo de guerra o impedem. Por telefone, entre uma tossida e outra, ele foi revirando seu baú. Não são muitos os que ousam mexer no ocaso italiano durante a guerra. O civil sofreu tanto quanto qualquer outro cidadão do velho mundo, mas – até por interdições culturais – os mais antigos não gostam de abordar sobre o tema. Alguns, porém, não temem, como foi o caso do jornalista COMUNITÀ ITALIANA e economista romano Edoardo Coen, hoje com 75 anos, cuja vida esteve por um fio. Apesar de romano, era também judeu. Escreveu parte de suas memórias no livro “Era guerra... eu era menino”. Coen teve de trocar o seu sobrenome para Pratesi logo após 16 de outubro 1943, dia em que os alemães prenderam os judeus romanos, numa ação comandada pelo coronel Herbert Kappler e organizada pelo capitão T. Dammechr, um dos mais ferozes colaboradores de Eichmann. – Esta ação foi realizada sem o conhecimento das autoridades fascistas italianas, já que não inspiravam confiança aos alemães – enfatiza Coen, que cita, inclusive, relatório do próprio Kappler enviado ao general Wolf, da SS, que dizia o seguinte: “Os policiais alemães foram detidos na porta de uma moradia por um fascista com camisa negra, com um documento oficial, o que sem dúvida tinha entrado na moradia judia, usando-a como própria uma hora antes da chegada da polícia (...) durante a ação não se manifestou nenhum sinal de participação da parte anti-semita da população (...) o comportamento da população italiana foi claramente de resistência passiva, que num grande número de singulares casos se transformou em prestações de ajuda ativa.” Mesmo que os italianos fossem veementemente contrários ao racismo impetrado pelos nazistas, isso não impediu que vários judeus italianos ou que viviam na Itália fossem levados aos campos de concentração. – Lamentavelmente perdi cinco parentes meus, pessoas com mais de 70 anos, tios e tias de meu pai e minha mãe foram presos naquele dia [16 de outubro de 1943] e nunca mais voltaram – relembra Coen, cujo pai temendo o pior saiu da Itália em 1939. O jornalista conta que a correspondência entre ambos, no decorrer da guerra, limitavase a 30 palavras e era feita através do Vaticano e da Cruz Vermelha: “Demorava meses para ser entregue”. Sem poder fazer nada, o pai sofria no Brasil e Coen, o irmão e a mãe padeciam com a fome na Itália: – Em Roma, onde eu morava, a quantia de pão diária para cada pessoa era apenas de 100 gramas. Um pão, que de ‘pão’ tinha apenas o nome. Quanto ao restante, como carne, azeite, manteiga e assim por diante, podia só ser encontrado no mercado negro onde custava cinco vezes mais. Havia apenas mínima quantidade de verduras. Nessas condições não podia haver compreensão por parte de alguém. Apenas as organizações ligadas ao Vaticano forneciam nas igrejas uma sopa que servia como suplemento ao pouco daquele período. Mas quem mais passou fome foram os cidadãos ao norte, cujas cidades eram dominadas pelos alemães. As do sul – ressalta Coen – menos, mas também sofreram, apesar de predominantemente agrícolas e de terem os aliados ingleses e americanos por perto, o que, todavia, não significou nenhum estado pleno de segurança. O engenheiro Franco Luperi, nascido em Livorno, em 1930, está botando a memória no papel. O futuro livro, “Un ragazzo, una guerra”, mostrará a trajetória de Luperi diante das intempéries do período. Quando a guerra começou, ele tinha apenas nove anos. Comia apenas 200 gramas de pão por dia. Uma ingrata dieta 25 Editora Angellara Franco Luperi sobre soldados brasileiros e civis italianos: “São povos irmãos” que perdurou por quase um ano. Sobre o soldado americano, uma amarga lembrança: – Ele olhava para a nossa cara, a gente estava morto [sic] de fome, e jogava a comida fora. Nossa reação era de raiva. Imagine... estávamos com uma fome tremenda! A gente comia pão e pão. A comida americana era um alimento. Era coisa que doía o coração – recorda Luperi, que, durante boa parte da guerra, viveu em uma sala de aula onde sua família dividia o espaço com mais outras três. Segundo o coronel Amerino Raposo Filho, ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e hoje vice-presidente do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), era recorrente os comentários entre civis e soldados brasileiros sobre atrocidades cometidas por soldados ingleses e americanos. A despeito disso, os pracinhas mantinham um bom relacionamento com os italianos: – Alguns italianos comentavam essa violência, essa forma bruta, com que americanos e ingleses os tratavam, não só os prisioneiros, mas a própria população. Repartíamos com civis todas as sobras de comida. Eu não fumava. Recebíamos todos os dias 4 maços de cigarro. Camel, Luck Strike, Pall Mall... eram marcas grã-finas. Na guerra, a razão sai de cena. Tolerância e alteridade são varridas. Luperi presenciou um descalabro sem precedentes do qual também foi vítima. Apesar de ter apenas nove anos, foi processado pelo tribunal de guerra improvisado pelos aliados na Itália sem nenhuma justificativa plausível. O mesmo tribunal processou médicos que auxiliavam soldados fascistas feridos no front. – Participei de um processo, que contarei em meu livro, durante o qual foram processados médicos que cuidaram de fascistas. Foram absolvidos porque a primeira idéia do médico é salvar o ser humano, independentemente do caráter religioso ou político – narra Luperi. Todos, inclusive ele próprio, foram absolvidos. CONTRA O ANTI-SEMITISMO Embora a maioria tivesse acreditado que a Itália “seria melhor” com o fascismo, o ingresso na guerra mascarou uma incômoda situação sócioeconômica e fez recrudescer no povo italiano uma indignação contra o viés racista proposto pelo estado fascista, sobretudo contra judeus. Mas há quem acredite que a postura de subserviência de Mussolini à Hitler encobria um suposto “nariz-torcido” para o anti-semitismo. – Mussolini não era anti-semita, nem o povo italiano. As leis raciais foram promulgadas apenas para acompanhar o seu parceiro alemão, Hitler, e foram aplicadas com pouquíssimo rigor. Quanto a uma lei que protegia italianos filhos de Soldado do Duce Eduardo Coen em 3 fases: “Minha infância acabou no dia 2 de março de 1939” sa, as minhas tias, eram fascistas. Na mesma casa havia essa divisão. Como a família é mais importante do que qualquer outra coisa, essa relação se torna curiosa. Havia muito debate, bate-boca, mas entregar um familiar seria um absurdo. Em cidade pequena, discutiam muito isso em casa. O racismo não era focado apenas nos judeus. O coronel Amerino Raposo recorda sobre uma tropa americana formada apenas por soldados negros, que trocou de posto – em uma manobra arriscada - com um pelotão brasileiro durante o confronto com os nazistas. Segundo o ex-combatente, a intolerância entre brancos e negros americanos era franca e poderia ser vista, logo após o fim da guerra, nas ruas de Roma. – Em Roma – digo isso porque vi –, eu entrei num ônibus, onde estava um tenente, sargento ou capitão preto [sic] americano sentado. O ônibus parou e entrou um branco. O soldado americano se levantou e desceu, embora havia lugar no ônibus. Não podia ficar no mesmo veículo. Vou lhe dar um outro dado: havia, na via Veneto, no fim da rua, um hotel parecido com o Copacabana Palace. O melhor hotel de Roma. Por trás dele está o Coliseu. Este hotel era requisitado pelo 5º exército para oficiais aliados. Eu passava uns três dias para descansar lá. Uma porção de privilégios. Se ganhava tíquetes, cada um podia levar duas italianas. Eram suítes com telefone, apartamentos com mármore de carrara. Cada banheiro daqueles tinha um telefone. Orquestra tocando 24 horas. Ali era um centro de descanso para os oficiais aliados. Os pretos [sic] americanos iam por fora, lá no subúrbio meio favelado de Roma. Não havia como um deles passar por ali. Isso durante a guerra e depois da guerra. A desconsideração do branco americano com o preto [sic] era total. INFÂNCIA ROUBADA “Minha infância acabou no dia 2 de março de 1939, com a quebra da união familiar”. Assim, de forma pragmática, Edorado Coen resume o último resquício da juventude saudável que ostentava até seu pai sair da Itália deixando esposa e filhos. Aquele passado harmonioso anterior à guerra, resume-se hoje em lembranças “diluídas”: – O ano de 1946 foi quando a família se reuniu novamente. Sempre fui muito apegado à minha mãe e a meu irmão, Giorgio. O início da minha vida brasileira foi um tanto traumático, principalmente nas relações com meu pai, já que ele não podia compreender a mudança que tinha ocorrido em mim depois de um período trágico como aquele de uma guerra vivida in loco. Coen cresceu em um contexto onde o que se ensinava nas escolas primárias italianas era a doutrina fascista e o culto ao “duce”. Benito Musso- A ntonio Sarpa nasceu na província de Cosenza, no sul da Calábria, em 8 de abril de 1924. Seu pai, Giuseppe Sarpa, foi ex-combatente na Primeira Guerra mundial. Dos sete irmãos – três homens e quatro mulheres –, apenas Antonio foi à Segunda Guerra. Hoje vive desde novembro de 1949 em Niterói, onde trabalhou na Companhia Cantareira. Ficou pouco mais de um mês no emprego. Tornou-se jornaleiro, profissão que mantém até hoje. Mas foi no dia 7 de janeiro de 1943 que o olhar sincero e as palavras duras do pai mudaram sua vida. Era o começo da carreira militar de Antonio Sarpa fazendo pontes, trilhos e túneis na área de engenharia dos regimentos fascistas na Segunda Guerra. Luciana Bezerra dos Santos judeus, a verdade é que o artigo 8º do Decreto Lei 1728 de 17 de janeiro de 1938 [as famosas Leis raciais] dizia: ‘Não é considerado de raça hebraica quem é nascido de pais de nacionalidade italiana, dos quais um apenas de raça hebraica que em data de 1° de outubro 1938 pertencia a uma religião diferente daquela hebraica’ – cita Edoardo Coen. Galeazzo Ciano, ministro do Exterior italiano daquela época, em seu célebre diário, escreveu sobre esse Decreto Lei: “Foi levantado um problema que, felizmente, não existia”. Coen recorda o livro-reportagem “Eichmann em Jerusalém”, da filósofa judia-alemã Hanna Arendt, ex-discípula de Martin Heiddeger – um dos mais originais pensadores sobre o “ser” no século XX, que, infelizmente, batia continência para Hitler. Na página 198, a filósofa afirma que enquanto a condescendência em relação aos judeus na Dinamarca era, por exemplo, “uma questão política, não humanitária”, na Itália era decorrência da “humanidade geral quase automática de um povo antigo e civilizado”. Luciana Facchinetti, historiadora, cuja tese de mestrado transformou-se no bom livro “Parla” [Editora Angellara], sobre os imigrantes do pósguerra, frisa que Hannah Arendt – ao cobrir, na década de 1960, para o The New York Times, o julgamento, em Israel, do carrasco nazista Eicchmann preso na Argentina –, apontou a repugnância dos italianos ao anti-semitismo. – Foi o primeiro julgamento em Israel. Como ela colheu muitas informações, escreveu um livro e ali, pelas informações, relatos, ela coloca no livro que o povo italiano, em geral, se negava... ela vai falando de como fascistas de alto escalão escamoteavam os nazistas para dar fuga aos judeus. Era uma coisa [sic] do povo, que não aceitava aquilo. Para o italiano que queria unificar, formar uma identidade nacional, aquela coisa [sic] de raça ariana era extremamente incômoda – explica Luciana. Aliás, essa perseguição aos judeus na Itália tornou-se um tabu. Quem viveu aqueles momentos, prefere o silêncio. Algo que Luciana sempre questionava aos pais, até porque nas casas italianas daquela época havia uma cisão ideológica ferrenha, mas sem conseqüências mais drásticas para a unidade familiar: – Minha mãe só dizia para mim que “Jesus Cristo era judeu”. Não tocavam no assunto. Minha mãe era muito católica e minha avó também, ela era antifascista, meu avô, pai do meu pai, também. Sobre essas coisas, eles não tomavam conhecimento porque eram absurdas. Na mesma ca- ééEspecial II Guerraéé 60 anos Editora Angellara / Arquivo pessoal Arquivo Exército Brasileiro ééEspecial II Guerraéé 60 anos DERROTA EM STALINGRADO “Fiquei em Como, no norte da Itália. Fui, em julho, à Polônia contra a União Soviética. Só a Itália perdeu quase um milhão de soldados no front russo, em Stalingrado. Recuamos até que nos derrubaram completamente.” PENA DE MORTE “Um dia um soldado apanhou uma garota que disse a ele: ‘Vamos à minha casa’. O militar, quando chegou lá, viu mais duas mulheres e três homens na casa. Tinha recebido o soldo, uma mixaria. Roubaram o soldado. Quando chegou na portaria do quartel, sem o paletó militar, perguntaram: ‘O que aconteceu?’. Eu servia na portaria. O tenente pegou duas caminhonetes, apanharam os três rapazes e as três moças e levaram ao quartel. O tenente ligou para o coronel, que disse: ‘Mata! Morte, e acabou. É finito!’. Colocaram eles no paredão e... fogo! Botaram os corpos na camionete e depois os jogaram no mar. Isso foi em 1944, em Como. O soldado que foi roubado, depois de uma semana, foi para o front e morreu.” OS AMANTES E O PADRE “Havia um soldado que tinha uma namorada na minha cidade. Queria se casar para deixar a pensão para ela porque sabia que ia morrer no front. Se casaram no civil, mas queriam casar também no religioso. O padre não quis casá-los. Depois de três dias, uma bala pegou o padre, que morreu. O soldado foi para o front e morreu também. A garota ficou com a pensão. Depois disso, jamais entrei em uma igreja.” SAUDADE DOS PAIS “Meu pai era de 1893. Ele fez quase quatro anos e meio de Primeira Guerra. Ficou mutilado no trabalho após a guerra porque a árvore lhe quebrou a espinha dorsal. Quando parti, ele disse para mim: ‘Olhe, vá embora e não se despede de ninguém porque você vai morrer’. Meu pai dizia à minha mãe: ‘Ele morreu. Está morto. Acabou, não precisa chorar, não’. Dois anos depois minha mãe recebeu a minha primeira carta. Ela ficou toda alegre [Sarpa sorri, mas com o olhar marejado].” cronologia de um ocaso 1914 – Mussolini é expulso do Partido Socialista Italiano (PSI). 26 1918 – A Itália, sob a monarquia de Vittorio Emmanuele III, troca de lado político, alia-se à França e à Inglaterra e vence os alemães e austríacos na Primeira Guerra Mundial. Os problemas sociais permanecem. Fomenta-se o ideário fascista. 1919 – Benito Mussolini lidera o movimento fascista a partir de 23 de março de 1919. 1921 – Fundado no Congresso do Fascio, em Roma, nasce o Partido Nacional Fascista (PNF). 1922 – A famosa marcha sobre Roma de 22 de outubro da população consolida o duce no poder, com o aval irrestrito de Vittorio Emmanuele III. COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 1923 – Reforma eleitoral aprovada pela Câmara dos deputados, garantindo o poder do duce. OUTUBRO 2005 1924 – Eleições em abril. Assassinato, no mês seguinte, do secretário geral do Partido Socialista Unitário (PSU), Giacomo Matteotti, pelos fascistas. Matteotti denunciava fraudes eleitorais. / COMUNITÀ ITALIANA 1925 – Mussolini faz discurso em janeiro, reivindicando a autoria do assassinato e desafiando os opositores. Era a ditadura. 1926 – Criados a polícia política e o tribunal especial, este condenou o filósofo comunista Antonio Gramsci e o último secretário do Partido Popular (PPI), Alcide de Gasperi. 27 ééEspecial II Guerraéé 60 anos lini aproveitou-se de um cenário onde o analfabetismo predominava. Veio-lhe a idéia: fomentar gerações de fascistas para a manutenção do status quo. O que se seguiu a década de 1930 foi o acirramento totalitário do modelo político. O historiador João Fábio Bertonha, que lançou recentemente “Os italianos” [Editora Contexto], aponta que no final do século XIX, “mais de 60% da população economicamente ativa na Itália trabalhava no campo, sendo que 80% deles não tinham terras. A economia era fortemente agrícola. A maior parte dos 22 milhões de italianos era camponesa, que trabalhava em um cenário insalubre sob os constantes riscos de contágio de malária, cólera entre outras doenças. O índice de analfabetismo era de 80%.” – A juventude daquela época, nascida e crescida sob o regime fascista, tinha recebido uma educação voltada ao culto da pátria, transformando o patriotismo em retórica. A idéia da nação, em nacionalismo exasperado e inculcando nos jovens a necessidade de combater pelo tricolor [bandeira da Itália], transformando a guerra como a prova definitiva da vitalidade e maturidade de um povo e a morte em batalha como o corolário de uma vida digna de ser vivida. A Gil [Gioventù Italiana del Littorio], que substituiu a ONB [Opera Nazionale Balilla], foi a tentativa de militarizar as novas gerações transformando-as em dóceis instrumentos do poder central – destaca Coen. Desde os seis anos de idade, conta Coen, quando a criança iniciava o ciclo escolar numa escola pública era automaticamente inscrita na Gil, como figlio della Lupa [Filho da Loba], recebendo a respectiva farda com a camisa negra. Dos oito aos dez anos era promovido a balilla e, em seguida, a balilla moschettiere [balila mosqueteiro], quando o jovem aprendia a usar uma arma de brinquedo. Concluídos os três anos de escola média [ginásio], tornava-se avanguardista. Durante essas fases aprendia-se a marchar e a desfilar recebendo sempre uma “lavagem cerebral”, como frisa Coen: – Somente com as derrotas militares da Segunda Guerra, esses jovens perceberam que tudo nada mais era que um castelo de cartas. Muitos deles, que tinham aprendido como usar as armas, se transformaram em membros da resistência. CULTO AO DUCE O fascismo surgiu em Milão no dia 23 de março de 1919, fundado por Benito Mussolini, que criou uma organização denominada fasci di combattimento [esquadrões de combate], composta por ex-combatentes e desempregados. A nova organização política contou com o financiamento de alguns industriais, como explica Bertonha em “Os italianos”: “É um erro pensar, contudo, que ele foi mera criação de seu líder máximo, Benito Mussolini, ou que era tão só uma reação ao contexto de crise geral em que a Itália atravessava em 1919, após sair a Primeira Guerra mundial. Claro que Mussolini é figura-chave para se entender o fascismo e é evidente que as idéias fascistas surgiram para dar conta dos problemas italianos. Ainda assim, é importante perceber que o fascismo foi se adaptando às necessidades políticas que iam ‘Ele [soldado americano] olhava para a nossa cara, a gente estava morto [sic] de fome, e jogava a comida fora’ FRANCO LUPERI, ITALIANO surgindo, assim como as idéias que os fascistas usaram para criar seu movimento já estavam presentes há um bom tempo na sociedade italiana”. Para Bertonha, o fascismo bebeu na fonte dos nacionalistas, sindicalistas revolucionários e intelectuais futuristas, estes últimos “defensores da entrada da Itália no mundo moderno via rompimento radical com o passado, renovação artística e estética e nacionalismo”, o que, assevera o historiador, vários autores confirmam. Se o impacto do fascismo nos ensinos básico e médio era contundente, na universidade não seria diferente. Ela sentiu o peso da mão-de-ferro de Mussolini. Bertonha recorda que professores foram obrigados a aceitar o fascismo e os estudantes foram enquadrados em órgãos fascistas específicos. Mas foi mesmo ao mundo da escola primária, porém, que o fascismo dedicou mais atenção: “Seria na escola, mediante a doutrinação da juventude, que se criaria o ‘novo homem’ fascista.” (...) Além da instrução religiosa e da ênfase no estudo do italiano [em oposição aos dialetos locais] o regime enaltecia nestes dois segmentos sociais a “vitória” do duce e “suas grandes realizações” que “recolocaram” a Itália em um patamar de importância no cenário sócio-econômico mundial.” A também historiadora Luciana Facchinetti ressalta que – apesar do intenso controle ideológico – Mussolini temia um vultoso êxodo, que inevitavelmente fragilizaria suas pretensões em consolidar-se no poder. Ele utilizou-se de todos os artifícios possíveis (e impossíveis, não menos obscuros!) para atingir sua meta. – Metade da população realmente acreditava que Mussolini ia fazer da Itália um novo país. O que houve foi uma propaganda maciça. Mussolini obrigava as crianças a irem à escola. As famílias que não cumprissem isso eram chamadas à delegacia. Pagavam multa. Tinham de fazer pelo menos o primário. Não porque Mussolini fosse bonzinho – comenta Luciana. Pergunto à historiadora se o interesse predominante dessa malfadada ascensão de Mussolini era a doutrina de que “o fascismo é duro, mas útil”. Ela responde: – Exatamente. Porque ele vai formar uma geração de fascistas, ao mesmo tempo em que faz escolas técnicas, elitizando a educação. Essas pessoas têm de saber ler escrever para ler jornal e repetir o discurso dele porque rádio era algo caro. Nas entrelinhas, Mussolini incutia na população um ideal nacionalista exacerbado. Para ele, a “Itália era linda, maravilhosa”. Disseminava-se, portanto, um viés egocêntrico, quase narcisista, que ignorava o que acontecia para além da janela da própria casa. O mundo era a Itália, como assim defendiam os antigos romanos. Deu no que deu. HUMILHAÇÃO EXTREMA Mussolini ficou acuado. Foi preso, mas os nazistas o libertaram. Essa parceria transformou o norte da Itália em um caos sem precedentes. Estava fundada a nefanda Repubblica Sociale Italiana [Republica de Salò], retratada por Pier Paolo Pasolini no cinema com “Saló: 120 dias de Sodoma”, onde uma trupe de padres, fascistas e nazistas sevicia adolescentes. O filme é para quem tem estômago forte. Para muitos, Pasolini exagerou. Pintou com cores fortes demais. – Naquela época sabia apenas que existia a República de Saló, e que estava ao serviço dos alemães invasores. Quanto às aberrações descritas por Pasolini, acredito que sejam apenas fantasias cinematográficas, mesmo sabendo que os ‘republiquinos de Saló’ não eram santos – pondera Edoardo Coen. ééEspecial II Guerraéé 60 anos Há ‘lógica’ para o sadismo? Kappler ordenou fuzilamento de mais de 300 judeus italianos em 44. Morreu em 78. Mas organizador da lista negra das Fossas Ardeatinas vive impune até hoje A ordem do chefe da SS em Roma, heir Herbert Kappler, foi lamentavelmente irrevogável pela intolerância: para cada um dos 33 soldados alemães mortos no ataque da resistência italiana ao quartel general nazista em Roma, no fatídico março de 1944, o fuzilamento de 10 civis. A equação assassina começava por 260 pessoas de prisões romanas. Os carrascos contaram, mas faltava gente. Dos guetos da cidade foram detidos a esmo 75 judeus. No dia 24 de março de 1944, um dos crimes mais hediondos da guerra na Itália: os cidadãos, a grande maioria italiana, foram levados às Fossas Ardeatinas, cavernas próximas às catacumbas da Via Appia, e lá foram fuzilados por soldados embriagados, que não economizavam munição. Trinta e nove corpos foram encontrados sem cabeça. Em 1948, Kappler foi condenado à prisão perpétua. No ano seguinte, porém, fugiu do Hospital Militar do Célio dentro de uma mala carregada – não se sabe como – por sua esposa Anelise Kappler, que escreveu um livro contando sobre a fuga. Há quem acredite na tese de que a Odessa – rede internacional de ex-nazistas – é que ajudou Kappler a sair do hospital. O câncer matou o nazista em 1978, na Alemanha Já o organizador da lista das Fossas Ardeatinas e ex-capitão de Kappler, Erich Priebke, viveu tranqüilos 40 anos até maio de 1994, na cidade de Bariloche, na Argentina, quando foi descoberto e detido. No ano seguinte, foi extraditado junto com outro ex-oficial nazista, Karl Hass, de 88 anos, para a Itália. Os dois oficiais foram condenados em março de 1998 por um tribunal de Roma pelo massacre da Fossas Ardeatinas. Na prisão militar de Forte Boccea, o ex-SS Priebke surpreendentemente recebeu mais de 500 cartas de fãs. Priebke está preso? Não totalmente. Em agosto, por exemplo, gozou “férias” concedidas pela Justiça Italiana. Foi “espairecer” com os seus 92 anos de idade na casa de um “amigo”, em Varese, no norte da Itália. Priebke foi libertado devido à suposta fragilidade de sua saúde no final de 1999, desde então se mantém em regime de prisão domiciliar em Roma, na casa de um outro “amigo”. Quem conheceu canalhas dessa estirpe durante a guerra, jamais os esqueceria. – Em 1941, a prefeitura de Roma, por causa dos acontecimentos bélicos, que aumentaram o número dos moradores em Roma, ordenou àqueles que possuíam apartamentos com quartos que superavam um certo número de moradores, a alugarem um deles. Quem se apresentou para alugar o quarto da nossa residência foi um capitão do exército alemão com a esposa italiana. Apresentou-se como o secretário do adido militar da embaixada alemã. Quando dissemos que éramos judeus, disse apenas: ‘E eu com isso? Vocês não são canibais, nem espiões. Ficamos com o quarto, sem dúvida nenhuma’. O nome desse capitão era, creio, Screiber. Era engenheiro e residia na Itália desde 1920 como representante de uma empresa alemã que fabricava máquinas para tipografia. Se exprimia num italiano perfeito e era de uma gentileza fora de série. Amante da arte italiana, discutia com meu avô os vários estilos artísticos, principalmente o do Renascimento, que admirava acima de tudo. Como trabalhava na embaixada alemã, semanalmente convidava os seus colegas militares para jantar. A esposa, apesar dos mantimentos que punha à disposição, era um verdadeiro desastre ferroviário [sic] na cozinha, e por isso era minha mãe quem aprontava os jantares (era esta uma ajuda interessada já que uma parte era para nós), que eram apreciados com esmero. Quando souberam que quem cozinhava era minha mãe, exigiram que nós também participássemos dos jantares. Esses militares convidados eram todos SS, do serviço de informação e proteção. Sabiam evidentemente que a casa onde jantavam era de judeus. Apesar disso, nunca uma palavra ofensiva foi pronunciada. Um deles tinha simpatia por mim. Sempre me trazia um par de salsichas alemãs (Wustel). Brincava comigo, comportando-se sempre com a máxima educação e simpatia. Somente depois da guerra viemos a saber que ele era Herbert Kappler, o massacrador [sic] dos judeus presos em 16 de outubro 1943 e dos 335 reféns assassinados nas Fosse Ardeatine. Agora, passados tantos anos, sinto de não têlo conhecido bastante, já que com isso poderia ter uma razão lógica e racional sobre o mecanismo que desencadeia loucura, crueldade e sadismo no ser que se diz humano – recorda o jornalista e economista Edoardo CoKap ple en, judeu-italiano. r Kappler virou dois filmes. No primeiro deles, encarnado pelo ator Richard Burton, em “Massacre em Roma”, de 1973; o segundo, na pele de Christopher Plummer [A Noviça Rebelde], em “O escarlate e o negro”, de 1983. P rieb ke cronologia de um ocaso 1928 – O novo grande conselho fascista consolida a ditadura e o despotismo de Mussolini. 28 1937 – Muito doente, o jornalista e filósofo Gramsci é definitivamente solto para morrer, no dia 23 de abril, fora da prisão. Mussolini visita Hitler, em Berlim. 1940 – A Itália declara, em junho, guerra à França, mas, no mesmo ano, o armistício franco-italiano é assinado em Roma. Os combates param em todas as frentes. A Itália ataca, em agosto, a Somália; em setembro (sem êxito), o Egito, e, em outubro, a Grécia pela fronteira com a Albânia. Vitória grega, em novembro, em Koritsa. Em dezembro, Sidi Barrani é reocupada pelos britânicos. Os italianos recuam na Albânia. COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 1941 – Hitler envia à Líbia as tropas do general Erwin Rommel para ajudar seus aliados italianos. Os Estados Unidos entraram na guerra contra o Japão em 8 de dezembro e a Alemanha e a Itália declararam guerra aos Estados Unidos três dias depois. OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA 1942 – Getúlio Vargas autoriza o Governo brasileiro a declarar guerra à Alemanha e Itália em 22 de agosto. 29 Cel. Amerino Raposo Filho ééEspecial II Guerraéé 60 anos A massa da Piazza Loretto mata Mussolini e comemora o fim da guerra Mas se a crítica de Pasolini era considerada inverossímil, não poderia se dizer o mesmo do constrangimento pelo qual passaram muitos italianos, principalmente mulheres. Na maioria das vezes não restava outra alternativa a não ser oferecer serviços, no mercado negro, às tropas aliadas, em expedientes de todos os tipos, inclusive a prostituição. Quando não eram os aliados, os nazistas eram atendidos para os nefandos e humilhantes “serviços”. – É necessário levar em conta que os americanos e os ingleses, com as tropas de outras nacionalidades, representavam os libertadores. Normalmente, em qualquer exército, há elementos de todos os tipos e instintos, e fatos estarrecedores devem ter acontecido. Temos que reconhecer, no entanto, que quanto à crueldade, o soldado alemão era, nesse ponto, mais disciplinado. Os americanos normalmente eram mais dados, simpáticos e alegres, enquanto os ingleses eram mais retraídos e sisudos – diz Coen. Mas não há como passar a mão na cabeça de ninguém. Impossível. Edoardo Coen lembra que além de alemães, ingleses e americanos, soldados de outras nações cometeram atrocidades de colocar no chinelo até mesmo “Saló”, de Pasolini: – A mancha negra desse quadro foram os marroquinos, que pertenciam ao exercito francês. Eram, literalmente, selvagens, não faziam prisioneiros, tinham o costume de cortar as orelhas dos inimigos como troféu. Estupravam mulheres e homens como se fosse a coisa mais natural do mundo, matando aqueles que ousavam resistir. Duas pequenas cidades italianas ao sul de Roma, Ausonia e Esperia, foram ocupadas por aquela “horda de bárbaros”, como narra Coen. – Nenhuma mulher conseguiu se salvar, daí surgiu o triste ditado: “dagli 8 agli 80 anni “ [dos 8 aos 80 anos]. Houve, evidentemente, casos de estupro por parte dos americanos, mas esporádicos, como houve também um caso isolado por parte de soldados da FEB [Força Expedicionária Brasileira], que mataram um homem que queria defender a mulher. Foram condenados à pena capital por parte de um tribunal militar brasileiro, mas em seguida foram anistiados por Getúlio Vargas. Casos de italianas estupradas por brasileiros aconteceram, mas o deslize de poucos não maculou a importância da FEB na Itália. Em um destes casos, o réu foi sentenciado à morte, como regia o art. 44 do Decreto-Lei 6396/44. No entanto o indulto presidencial de 1945 livrou o réu da pena de morte. Estes “poucos” transgressores da missão solidária da FEB contra o nazi-fascismo foram presos pela milícia de outros países, como constam dos relatórios de guerra da Justiça Militar bra- sileira e como está publicado no estudo “Guerra e Sexualidade – Delitos Sexuais na Campanha da Itália”, do historiador formado pela Universidade Federal do Paraná, Bruno Callado de Araújo, da Academia Montese, grupo de estudo sobre a chamada “Nova História Militar Brasileira”. Um dos coordenadores e fundadores da Academia Montese, o historiador Dennison de Oliveira, ressalta que os casos de transgressão nas tropas da FEB eram “muito raros” e que o relacionamento dos soldados brasileiros com os civis foi bastante “positivo”: – As tropas brasileiras foram as únicas a serem homenageadas na Itália com monumentos. Há, contudo, dois casos escabrosos de violência cometida por soldados da FEB: O “Balestra Eletra” e o “Pichioni Rosina”. O primeiro deles é brutal: “No dia 19 de outubro do corrente ano, cerca de 15 horas, na estrada que liga a cidade de Pisa ao acampamento da FEB, próximo ao cruzamento com a Vila Capamone, na região de São Rossore, Pisa, Itália, o acusado aproximando-se da senhora Balestra Eletra, nonagenária, de nacionalidade italiana, sob o pretexto de examinar um anel, convidou-a para a prática de conjunção e como fosse repelido, empurrou a referida senhora para uma vala, pisandoa e dando-lhe pontapés, que lhe causaram os ferimentos, além de ameaçá-la com um punhal.” O segundo, não menos: “No dia 22 de dezembro de 1944, na localidade de Cruce de Capugnano, Itália, na casa nº 23 da referida localidade, cerca das 17 horas, os acusados, armados aí chegaram e começaram a palestrar, até que passaram a dar tiros amedrontando os seus moradores e fazendo com que abandonassem a mesma, momento em que o primeiro atirou-se a ofendida, Pichioni Rosina, dominando-a com o seu sabre, levou-a para um quarto, violentando-a, praticando com ela conjunção carnal enquanto o segundo acusado, com o seu sabre, mantinha-a sujeita ao ato, findo este, trocaram os papéis, passou o segundo acusado à prática de conjunção carnal com a ofendida enquanto o primeiro armado de sabre a sujeitava a se deixar violentar. Enquanto isto ocorria no interior da casa, na porta da mesma, o terceiro denunciado, armado, vigiava, montando a sua guarda para que ninguém se aproximasse, aguardando a sua vez de satisfazer os seus instintos, quando chegou socorro da parte de um oficial e praça do Exército Inglês.” “A vida sexual dos combatentes no front” [editora Duas Cidades,1973] narra uma trajetó- ééEspecial II Guerraéé 60 anos ria mais amena do envolvimento de pracinhas com italianas, como confirma o depoimento do ex-combatente Roberto Antônio de Mello e Souza, cuja função era desarmar minas: “De mulheres, a gente sentia muita falta. Principalmente quando o perigo relaxava e se tinha tempo de ficar minhocando bobagem e dar umas voltas e ver algum rabo de saia. Aí o negócio mordia fundo e a rapaziada procurava um jeito de se virar. Mas nunca vi ninguém que tivesse abusado. Ouvi dizer de algumas maldades que uns praças andaram fazendo. Mas só de ouvir falar. Nunca soube de ninguém. E se quisesse bem que podia, porque a miséria daquele povo era tanta que a troco de comida e de sabão se arranjava até mercadoria finíssima (...) Nos acampamentos antes do front vinham muitas mulheres, deitavam no mato mesmo e a praçaria [sic] fazia fila e ia mandando. Mas numa porcaria daquelas eu nunca me meti. Em fila não, eu não sou nenhum animal.” Ao contrário de Coen, Franco Luperi guarda boa impressão dos soldados da FEB. Durante a guerra, a esposa fez a primeira comunhão com os brasileiros. A festa ficou por conta deles. “Tinha inclusive biscoitos Aymoré”, conta Luperi. Os pracinhas foram sempre bem recebidos pelas famílias italianas. – Posso dizer que são povos irmãos. Diferentes (E muito!) de outros aliados como os ingleses e americanos, que não deixaram absolutamente uma boa impressão e nem lembranças agradáveis – ressalta Luperi. Ele tem os seus motivos para criticar os excombatentes dos Estados Unidos e da Inglaterra: – Quando os americanos foram embora, na parte de Livorno, no Reno, ficavam as tropas americanas. Em Ancona, viviam os ingleses. Tive mais contato com os ingleses. Mas me lembro que quando voltamos à Livorno, quando os americanos foram embora, eles pegaram algumas garotas, que chamavam de signorinas, todas maiores de idade. Não existia isso de prostituição infantil. E muitas vieram da Sicília para cima juntas com os americanos. Não eram todas da minha terra. Algumas, claro, eram de lá. Os fascistas pegavam estas signorinas e raspavam toda a cabeça delas. Em Livorno isso aconteceu. Os fascistas eram sádicos. Para não ficarem por baixo diante dos alemães, aprenderam com esmero o que de mais lamentável e inescrupuloso os nazistas “ensinavam”. Mas os americanos também não portavam auréolas e, ao se fazerem FEB toma Monte Castelo, após controle de Montese. A 148º divisão Panzer alemã se rende de “santos libertadores”, alguns – recorda Luperi – pagaram um alto preço: – De vez em quando – e é uma coisa meio estranha de dizer – os americanos molestavam nossas mulheres de bem. Mas não consumiam. Alguns deles não viveram o suficiente para contar o resto da história. Era mais ou menos assim: ‘Fica na tua, que fico na minha’. Na minha cidade há muitos canais, e eu encontrava mortos nos canais, mas não se sabia por quê. O coronel Amerino recorda que, embora houvesse casos isolados como o narrado por Luperi, muita italiana se encantou por pracinhas brasileiros. – Houve muito caso de italiana que veio para aqui casada. Pergunto a ele, contudo, se muitos filhos foram deixados lá. Ele lembra, sem citar nomes, do caso de um amigo de front: – Ele acha que sim [de ter uma filha na Itália]. Porque uma determinada jornalista de TV – por sinal, muito bonita – tem o sobrenome parecido com o dele. Ele foi segundo tenente e ela se apaixonou. Era filha de pessoas com muito recurso. PRACINHAS E CIVIS A convivência das tropas da FEB com os civis confirma o coronel Amerino – “foi a melhor possível”. Vários ex-combatentes visitam a Itália, e comovem-se com a receptividade dos descen- dentes daqueles que não sobreviveram à guerra e, sobretudo, dos que resistiram. – Italianos encanecidos, com 70 ou 80 anos, se emocionam às lágrimas ao reencontrarem os brasileiros. Era uma relação extremamente fraternal das nossas tropas com aquelas famílias e aquelas casas que ocupávamos nos Apeninos. Casas isoladas, as famílias se desvelando para cederem um quarto ou dois. O coronel recorda uma história trágica e, ao mesmo tempo, cômica de um pracinha que ao ser atingido por estilhaços de um morteiro achava ter sido involuntariamente castrado: – Lélio Gonçalves Amorim comandava um pelotão. Logo que começou o ataque o combatente Mega é gravemente ferido e morre ali mesmo. Amorim é atingido por estilhaços e fica muito ferido. Perdeu massa muscular. Ele pensou que ficaria castrado. O brigadeiro Ruy Moreira Lima – que viria ser seu cunhado – assistiu a tudo. Em uma casinha, em Montese, de uma família muito pobrezinha, Amorim foi atendido, mas fazia um drama danado: ‘Tô castrado!’. Os padioleiros fizeram o torniquete e viram que não estava castrado. Aí, ele disse, brincando: ‘A primeira italiana que eu pegar, vou me vingar’. A senhora da casa fritou uns ovos de galinha para ele, que estava perdendo muito sangue... isso marcou. O Amorim conheceu anos depois essa família e teve uma crise de choro terrível, e a família italiana também. cronologia de um ocaso 1943 – O general Vittorio Ambrosio é nomeado, em janeiro, Chefe do estado maior italiano. O governo italiano ordena, em junho, a evacuação de Nápoles e das cidades da Sicília. No mês seguinte, as forças italianas na Sicília ocidental rendemse. O Rei da Itália é convidado a comandar as Forças Armadas. Reunião do Grande Conselho Fascista em julho. Mussolini demite-se e é preso. O marechal Badoglio é nomeado PrimeiroMinistro. A Lei Marcial é declarada em julho e o Partido Fascista dissolvido. Os alemães se retiram da Sicília em agosto e Roma é declarada “cidade aberta”. O 8.º Exército britânico ataca, em setembro, a Itália continental, através do Estreito de Messina, 30 desembarcando na Calábria, no Sul da Península. O armistício com a Itália é assinado em segredo, para se tornar efetivo no dia 8. As forças armadas italianas são desarmadas pelo exército alemão. Um grupo de 90 pára-quedistas alemães, comandados pelo oficial das SS, Otto Skorzeny libertam Mussolini. Os alemães abandonam a Sardenha, expulsos pelas tropas italianas. Mussolini proclama a República Social Italiana, a “República de Saló”, no Norte de Itália ocupado pelos alemães. O 5.º exército americano entra, em outubro, em Nápoles. O ataque da Luftwaffe (força aérea alemã) a Bari, no Sul da Itália acerta em barcos de munições. A Itália declara guerra à Alemanha. COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 1944 – Víttorio Emmanuele III renuncia a favor de seu filho Humberto II. Iniciada a batalha de Monte Cassino, em janeiro, e a ocupação em maio. O general Alexander, comandante supremo aliado em Itália, apela à população de Roma, em junho, para salvar a cidade da destruição. Hitler autoriza, no mesmo mês, o general Kesselring a abandonar Roma. O 5.º exército entra em Roma. Em 12 de julho, a força aérea aliada ataca as pontes sobre o rio Pó, no Norte da Itália. Em agosto, o 8.º exército britânico, em Itália, chega aos subúrbios de Florença. OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA 1945 - No Norte de Itália, o 8.º exército britânico e o 5.º americano atingem, em abril, o rio Pó. No mesmo mês, Mussolini é capturado perto da fronteira da Suíça por guerrilheiros italianos sendo morto e dependurado de cabeça para baixo com seus secretários e a amante Clara Petacci. 31 ééEspecial II Guerraéé 60 anos JUNTAR OS CACOS Os camponeses, que até 1938 correspondiam a 82% da população, recebeu o maior impacto dos descalabros fascistas. A crise econômica no campo acentuada por perda de salários e dificuldades de acesso à terra, aliada à escassez de empregos nas áreas urbanas, levou ao cadafalso a Itália. Foi nesse terreno onde pisou com firmeza o fascismo, com seu exacerbado discurso nacionalista. Seduziu as classes populares, “vendendo” a elas uma frondosa Itália. Mussolini jogou o país num tabuleiro de guerra sem a menor parcimônia. Invadiu a Etiópia, meteu o bedelho na guerra civil espanhola e, por fim, o pior tropeço: a parceria com Hitler declarada no dia 10 de junho de 1940, diante de uma multidão em Roma. A Itália estava, portanto, na guerra. Quando a massa tentou organizar ações antifascistas, já era tarde. Quem tentou, se deu mal. 32 – Nunca assisti a um fuzilamento. Apenas no ano de 1946, acho que em abril, quando na periferia de Roma brincava com alguns amigos, de longe vi um pelotão de soldados perfilados em frente a uma cadeira fincada na terra. Apenas isso, já que fomos enxotados pelos guardas. Depois soube que se tratava do fuzilamento de Pietro Caruso, chefe da polícia de Roma no período da ocupação alemã – diz Coen. E foi assim, da década de 1930 até o final da guerra, que a Itália presenciou uma ilimitada agressividade, como frisa Bertonha, começou com a invasão e a conquista da Etiópia em 1935-1936. No ano seguinte, começou a guerra civil na Espanha. “Movido por desejos geopolíticos de ampliar a sua influência na península ibérica, e por um senso de solidariedade fascista, Mussolini engajou-se a fundo nesse conflito: foram enviadas dezenas de milhares de soldados italianos (dos quais seis mil morreram), centenas de aviões, milhares de veículos e canhões, centenas de milhares de armas portáteis etc. Os adeptos do general Francisco [Francisco Franco, que se manteve no poder até a década de 1970] venceram a guerra, o que deu a Mussolini a certeza de que a Itália estava no caminho certo para que seu sonho de torná-la grande potência se tornasse realidade.” Ocaso na África, fiasco na Grécia e aliados na Sicília. O sonho de Mussolini, que já estava no poder há quase três décadas, ruiu. A situação apertou para o lado dele. Em 24 de junho de 1943, o rei Vittorio Emanuele III se voltou contra o “duce” e, com o apoio de alguns fascistas, derrubou-o do poder. Ao prenderem Mussolini e instalarem um governo provisório, os italianos imaginavam-se livres dos nazistas. Mas as tropas de Hitler dominaram o norte do país e libertaram Mussolini. A resistência do eixo durou quase dois anos. Até que Mussolini foi preso pelos partigiani e... Joel Silveira conta como tudo acabou: – Não cheguei a presenciar o massacre, mas vi os corpos já inchados dependurados na Piazza Loreto, amarrados pelas pernas de cabeça para baixo. Jogavam pedras, cuspiam. Os rostos estavam desfigurados. Tudo durou quatro horas. Além de Mussolini e Clara Petacci, também foram linchados pelos partigiani e populares Archille Starace, secretário do partido Fascista, e Alessandro Pavolini, ministro da Cultura. Muito tempo depois, Rachelle, esposa de Mussolini, que não se metia em política, isso 10 anos depois da morte dele, pediu o corpo para que fosse enterrado no norte da Itália. Os partigiani não queriam matar Clara [Clara Petacci, amante de Mussolini, morta com ele], mas ela ficou na frente dele para defendê-lo. O dia 29 de abril de 1945 foi o pior da minha vida. Além de ir ver Mussolini morto, em Milão, tive de retornar, 200 quilômetros à Verona, à leste, para cobrir a rendição da panzer alemã aos brasileiros. Coronel Amerino, que acompanhou a prisão de uma tropa alemã com 16452 soldados, também esteve lá e viu os corpos de Mussolini, de Clara e de seus signatários: – Tenho as fotografias dele dependurado na praça. As vendiam ali mesmo. As fotos são horríveis, afinal ele era chefe de estado. Penduraramnos pelos pés, sangraram os corpos dela também [Clara Pettacci], mas tiravam fotografias e vendiam em uma loja. Quando chegamos, comprei, mas, no dia seguinte, o serviço de informação do 5º Exército mandou apreender tudo. O que é natural, porque tudo estava sendo muito explorado. LINGUA ITALIANA OS EFEITOS L A alma italiana foi seqüestrada naquele período. E levaria tempo para resgatá-la. Somente no final da década de 1950 a vida começaria a normalizar-se. Com tudo destruído, a economia da bota e a penúria total da população eram lamentáveis. A produção industrial e agrícola havia caído de 40, em 1939, a 70%, no pós-guerra. Um pão, que custava 2,23 liras o quilo em 1940, passou a custar 73 liras em 1947. O quilo da pasta (massa), de 2,78 liras, saltou para 120 liras. Um cálculo aproximado indica que a guerra custou à Itália o equivalente a três anos de produção nacional, nos valores de 1939. Pesquisas da época, segundo dados de Franco Cangini, em “Storia della Prima Repubblica” [Ed. Newton Compton - 1994], apontam que seis milhões viviam em situação de indigência e dois milhões estavam desempregados. Dos 18,7 milhões de trabalhadores, a metade estava no campo, área bastante atingida pelos bombardeios. A Itália, em 1945, era um país destruído. Joel Silveira esteve lá, viu, com olhos de ver, e escreveu: “Nas idas e vindas do meu jipe por dezenas de povoados e cidades do litoral e do centro italianos, tenho contemplado espetáculos que dificilmente poderão ser esquecidos. É toda a tragédia de um povo aniquilado pela guerra, faminto, esfarrapado, um povo que, ao contrário das várias outras nações que vão sendo libertadas pelos aliados, não enxerga no futuro qualquer esperança amiga. Todos os erros e traições do fascismo estão agora ressurgindo em sofrimentos atrozes e o fascismo cometeu tantos crimes na Itália que muitos deles ainda não são conhecidos dos próprios italianos.” a V Settimana della Lingua italiana nel Mondo si avrà dal 21 al 28 ottobre a Rio de Janeiro. L’evento sarà realizzato presso il Planetário da Gávea, nella zona sud. A San Paolo, la “Settimana” sará dal 21 al 1º novembre, presso la sede dell’ Istituto Italiano di Cultura, in Rua Frei Caneca, 1071. Il progremma completo si trova nei siti internet: www.iicrio.org.br e www.iicsp.org Rio de Janeiro: Apertura della Settimana della Lingua Italiana con lo spettacolo “Planetario Brecht – La vita di Galileo Galilei”. Data: 21 ottobre alle 19.00 Dove: Teatro Planetário - Rua Padre Leonel Franca 240, Gávea – tel: 22747722 Tavola rotonda sul tema: “La lingua italiana tra narrativa e cinema dagli anni settanta ad oggi” con il Direttore dell’IICRIO, Franco Vicenzotti. Data: 24 ottobre alle 18.00 Dove: Sala Italia – Avenida Presidente Antonio Carlos, 40 - 4º piano – Centro Spettacolo musicale “Le parole cantate che lingua parla la canzone italiana?” di Paola Contavalli. Data: 27 ottobre alle 18.30 Dove: Sala Itália – Avenida Presidente Antonio Carlos, 40, 4º piano - Centro San Paolo: Apertura della Settimana della Lingua Italiana - Conferenza con la Profª Drª Maria Betânia Amoroso (UNICAMP), autora dos livros A Paixão pelo real - Pasolini e a crítica literária e Pier Paolo Pasolini. Data: 24 ottobre alle 19.00 Dove: Istituto Italiano di Cultura di San Paolo – Rua Frei Caneca, 1071 Conferenza Incontro com lo scrittore Ermano Cavazzoni – Literatura e Cinema dos anos 70 Data: 31 ottobre alle 19.30 Dove: USP Prédio de Letras - Av. Prof. Luciano Gualberto, 403 – Cidade Univ. Mussolini, Clara Petacci e os facistas mortos. Uma página virada na história da Itália COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 Ernane D. Assumpção Como escreveram correspondentes de guerra, dentre os quais Joel Silveira, Rubem Braga e Curzio Malaparte, a cena mais trágica da guerra na Itália foi o desespero de pais, que para salvar um número maior possível de filhos vendiam uma de suas crianças aos soldados americanos e ingleses em troca de alimentos, roupas ou medicamentos. Não há registro disso em nenhum documento de guerra. Por motivos óbvios. Quem viu, cala-se, por vergonha, dor, ou simplesmente para sublimar de vez tortuosa memória. O mundo entende. Acho que entende. Mas as novas gerações não merecem o silêncio. Precisam saber o que aconteceu para que tragédia nessa inaceitável proporção de intolerância e desprezo ao ser humano não se torne uma triste dialética. – Realmente a fome e a miséria decorrentes da guerra provocam uma decadência moral sob todos os sentidos. Sobre o comércio de crianças isso se deu principalmente em Nápoles, ver ‘La pelle’, de Curzio Malaparte. Via de regra as prestações das prostitutas – e isso foi um fenômeno de todas as cidades italianas – eram pagas em cigarros. A tarifa ia de 5 a 10 unidades – remexe Coen as lembranças. Mas o italiano é um dos povos que mais enaltece a imagem da família. Maculá-la seria uma transgressão imperdoável. Luperi, que nunca presenciou cenas de venda de crianças, indigna-se. Ele reconhece, contudo, que até nas boas famílias há os fracos de espírito. Quem não se recorda da alcoólatra e prostituída pelos fascistas e nazistas em “Roma, cidade aberta”, de Roberto Rosselini, irmã de Pina, interpretada pela genial Anna Magnani, personagem principal do filme? - Estes, não são italianos. Não acredito que tenha acontecido isso, mas sabe o que acontece, né? Esse tipo de mulher fica do lado de onde havia dinheiro e comida – diz Luperi. As “irmãs e irmãos de Pina” existiram. A historiadora Luciana Facchinetti confirma que a prostituição foi comum durante a guerra, mas desconhece registros de venda de crianças e tampouco de que era algo corriqueiro nas cidades devastadas pelas batalhas. – Não creio que tenha sido uma prática comum. Há depoimentos de prostituição, moças vendendo o corpo em troca de alimento para a família. Está escrito nos livros da história italiana. Não omitiram nada. Cel. Amerino Raposo Filho O MAIS TRISTE Cultura Musica nelle chiese porta Serenata Trio a Rio I n omaggio ai 200 anni dalla morte di Luigi Boccherini – un compositore italiano che ha vissuto a metà Settecento – il programma Música nas Igrejas a settembre ha presentato, nel convento di Santo Antonio a Rio de Janeiro, il trio di corde italiano Serenata Trio. Secondo l´Istituto Italiano di Cultura di Rio, che ha avuto l’appoggio del Comitato Italiano di Musica, hanno partecipato circa 600 persone. Formato da Ilaria Cusano e Simone Briatore al violino e Emanuele Silvestri al violoncello, il Serenata Trio è sorto dalla volontà dei solisti di perfezionare la vocazione per la musica classica. In parallelo a questa carriera, i musicisti suonano in veste di collaboratori fissi o occasionali in famose orchestre di musica da camera. Il trio ha già ricevuto premi nazionali e internazionali. Secondo Emanale, in Italia ci sono due tipi di pubblico: uno che va a vedere chi c’è, un altro a cui veramente piace, capisce o vuole capire la musica classica. Ma quando gli si domanda cosa ne pensano del pubblico latino – il Trio ha già Nayra Garofle toccato il Cile, l’Uruguay, l’Argentina e ha completato la sua tournee in Brasile – i tre hanno subito risposto: – Il pubblico di qui è più simpatico e caloroso! Secondo la violinista Ilaria, malgrado in Brasile non ci sia l’abitudine di realizzare presentazioni in chiese – quando invece in Italia succede proprio il contrario – alle persone sembra piacere molto. Questa è stata la prima presentazione del Trio in Brasile, ma i tre musicisti erano già stati qui per presentazioni individuali. Il 25 è stato il turno degli abitanti di San Paolo, che hanno ricevuto il Trio sul terrazzo del Museu da Casa Brasileira, che fa parte del progetto Musica nei Musei. A Rio de Janeiro, i solisti hanno avuto una brutta esperienza: durante una passeggiata all’Aterro do Flamengo, il trio è stato avvicinato da un ladro che gli ha portato via la macchina fotografica, dove c’erano tutte le foto della tournee in America Latina. Intervista Società ‘sotto controllo’ Giordano Iapalucci S Fotos: Andrea Lombardi i è svolto a Rio de Janeiro, alla UFRJ (Facoltà di Lettere), il I Simposio Internazionale di Lettere Neolatine. Il tema centrale da cui si è dipanato tutto il convegno, portava come figura principale quella dello spagnolo Miguel de Cervantes Saavedra, autore del romanzo “Don Chisciotte della Mancha”. La scelta del Brasile come sede la dice quindi lunga sull’importanza e sul ruolo di centralità che il Brasile rivolge all’interno della cultura e delle lingue neolatine. Dal 26 al 30 settembre scrittori, studiosi, professori e ricercatori di lingue e letterature neolatine hanno discusso sulla centralità e sull’influenza dello scrittore spagnolo nella stessa letteratura neolatina. Per quanto riguarda la presenza italiana l’Istituto Italiano di Cultura di Rio insieme alla UFRJ hanno invitato la scrittrice Ippolita Avalli. Milanese di origine, ma residente a Roma, la Avalli è portatrice di una sensibilità e intellettualità rivolta sopratutto, ma non solo, ad una sociologia moderna di stampo femminile. Oltre ad aver collaborato con Federico Fellini al film La città delle donne si ricordano tra i suoi romanzi Aspettando Ketty (1982), La Dea dei baci (1997) – che è arrivato ad essere finalista al premio “Strega” – e “Nascere non basta” (2003). 34 Comunità Italiana- In che maniera si collega la tua presenza al I Simposio Internazionale di Lingue Neolatine di Rio? Ippolita Avalli - I miei scritti hanno attinenza con Don Chisciotte, poiché il mio primo libro importante, che è “Aspettando Ketty”, del 1982, è la storia di una picara. Ora il personaggio spagnolo non è un picaro, ma un cavaliere errante. Però, la letteratura cavalleresca alla quale il personaggio di Cervantes fa riferimento si appoggia su una tradizione della letteratura cavalleresca di cui uno degli aspetti più importanti era la letteratura picaresca. Anche negli autori pre-Cervantes si raccontavano storie di personaggi morti di fame, orfani e che comunque nascevano da un destino avverso e che andavano per il mondo cercando di legare il proprio personaggio nel nome dell’avventura. Quindi, tra il mio personaggio e quello di Cervantes, vi è quello dell’attraversamento di innumerevoli storie come amori, morti, duelli ecc. Io non sono partita con il fare un romanzo picaresco. In realtà ho scoperto dopo di aver scritto un romanzo picaresco contemporaneo, che tra l’altro è anche una cosa abbastanza interessante visto che il picaro ha un elemento fondante, che è quello del viaggio. C.I. – Com’è cominciato e com’è il tuo rapporto con la letteratura? Avalli - La letteratura è tantissime cose. Si potrebbe dire che la letteratura è tante cose quanti sono gli scrittori che la scrivono in tutte le parti del mondo. Definirla è una impresa impossibile, sarebbe una definizione sfuggente. Esistono diversi atteggiamenti rispetto alla letteratura. Uno di questi, che per me è uno dei più importanti, è l’idea o la necessità che la letteratura sia qualcosa che sveglia, che colpisce che rivoluziona, che mette in subbuglio e che serve ad invertire e cambiare l’ordine statico e stabile delle cose. In questa dimensione della letteratura anch’io sono sempre alla ricerca di una condizione nella quale, alla conclusione di un libro, non sono più la stessa di quella che ero prima di incominciare quel libro. Anche la letteratura che amo leggere è una letteratura che rivoluziona, che cambia. C.I.- Non è forse anche l’obiettivo di chi legge un libro mettersi in un certo senso in gioco e vedere quali verità l’autore, secondo il suo modo di vedere, vuole trasmettere? Avalli - Sì, ma non sempre lo scrittore ha questo tipo di obiettivo. Vi è anche una letteratura di pura evasione e di puro piacere, che è anche un’ottima letteratura. Nella mia letteratura, vi è questa richiesta di mettersi in gioco anche per un senso etico-morale e politico molto forte. Quello che cerco è di sconvolgere e scardinare i luoghi comuni che vanno al di là del dato ed ha a che fare con i grandi interrogativi COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 della vita che poi sono sempre gli stessi e che non sono cambiati dall’età della pietra fino ad oggi. Sono quegli interrogativi per i quali non riusciamo ancora adesso a trovare delle risposte, cioè sul senso della vita. Anche quando andremo su Marte sarà molto difficile. Potremo vedere la terra sotto un’altra angolazione, ma non cambierà nulla. Visto che è impossibile accedere al senso unico ed assoluto della vita è bene fermarsi ai sensi relativi. E allora lì, ognuno, a seconda dei suoi talenti, delle sue possibilità, riconosce dei limiti, e all’interno di questi cerca di fare del proprio meglio. Questa è la condizione umana per eccellenza. Poi ci sono quelli che all’interno di questi propri limiti fanno del proprio peggio. E ce ne sono parecchi. C.I. - Per ritornare ai tuoi romanzi... Avalli - Da quasi 10 anni sto lavorando sullo stesso personaggio femminile. Nella trilogia, il primo libro, La dea dei baci, è una lettera al padre, il secondo volume, Nascere non basta, è una lettera al mondo e l’ultimo che sto scrivendo è una lettera al figlio. Dentro vi è la mia idea che è quella della fine del padre come figura nella nostra società industriale. Il padre è una figura che non esiste più come colui che dà la regola, come figura di riferimento. Questo perché, in qualche modo, al padre è stato sostituito il sociale che alla fine non tiene. C.I.- Questo per mettere in risalto che comunque la figura del padre rimane pur sempre importantissima? Avalli - Sì, assolutamente. Ovviamente non parlo del padre padrone. Ma dire che la figura del padre è importante è dire una cosa che non ha più senso perché il padre non c’è più. E chissà quanto ancora durerà la figura della madre. Cioè, nel momento che entreremo in una dimensione della clonazione non esisteranno più i genitori. L’uomo sarà completamente abbandonato a sé stesso e purtroppo, secondo me, alienato a sé stesso. Siamo in una società in continuo movimento, ma è un movimento che presuppone alla continua perdita. Non esiste più il tempo di elaborare questa continua perdita. Quello che facciamo noi nella società post-industriale e post-capitalista è continuare ad avanzare senza più guardare indietro, senza riuscire a fermarsi. E non c’è più tempo di elaborare nulla. Io per fortuna vengo da una civiltà contadina dove c’erano dei riti, dove la stessa società era strutturata in ruoli umani. C.I. – In questo senso si colloca l’importanza dei tempi di riposo intesi sia nell’ambito rurale quanto in quello umano di cui ha parlato qualche tempo fa? Avalli - Sì, esatto. I tempi di riposo corrispondono ai tempi morti dell’opera creativa. Se non ci sono non c’è il tempo di lasciare che quello che bolle sotto emerga. Il tempo di riposo non esiste perché è tutto sotto controllo. Se dovessi dare una definizione dell’epoca contemporanea direi che è “l’epoca del controllo”. Non sto parlando del “Grande Fratello” (BBB) che poi lo potrei definire “controllo naïf”. Si tratta invece di un controllo parcellizzato che ormai non dipende più dalle piccole situazioni esterne, ma anche da noi stessi. Quando tu cammini e trovi degli enormi cartelloni per strada dove è scritto: “se cammini sulle corsie degli autobus meno due punti della patente, se passi con il rosso meno 5 punti della patente, fumare ti uccide ecc”. Sono tutti divieti e ti dicono che sono fatti per il tuo bene. In realtà, a livello OUTUBRO 2005 / ‘Ci siamo venduti al controllo globalizzato e non sappiamo fare più nulla da noi stessi’ psichico funzionano come delle interdizioni che ti tolgono la possibilità di esprimerti liberamente e alla fine operi su te stesso un controllo e ti muovi in ottemperanza a tutti questi divieti. Stiamo diventando degli automi, come dei cloni. Stiamo vivendo uno inscatolamento. Tutte le fotocellule dei supermercati, delle banche, il telefonino fanno sì che io non sia più libero dei miei movimenti. Io sono sotto traccia costantemente anche quando il mio cellulare è spento. Questo significa che non siamo più esseri umani, ma numeri: di carta di credito, di cellulari, di passaporto ecc. In realtà di quello che tu senti, provi e sei non gliene frega a nessuno. Per la società sei solo uno che produce tot. L’essere umano, in realtà, non c’entra niente con tutto questo. Noi ci siamo venduti al controllo globalizzato e non sappiamo fare più nulla da noi stessi. Le nostre funzionalità sono tutte frammentate, tutte affidate. C’è stato l’esproprio delle capacità umane. Adesso siamo in una situazione in cui si creerà una razza perfetta, non si capisce per chi, in cui verrà fuori il perfetto pollo da batteria che non si ribellerà neanche più alla condizione di pollo da batteria. Metteranno due persone insieme facendogli credere che è meglio per loro che decidano di che sesso vogliono il figlio, che colore degli occhi, della pelle ecc. Non si farà neanche più l’amore, ma si andrà in un laboratorio e ci chiederanno: “come lo volete?” allora tutti vorranno un figlio che non rompa le palle, non contestatore, nell’illusione che la garanzia della felicità sia l’eliminazione dei problemi. Ma non è cosi. Si cerca sempre di sfuggire ai contrasti. Ma il dissenso fa parte della vita. Tutto ciò che impariamo lo apprendiamo da ciò che non funziona non da quello che funziona. Nelle cose che non vanno bene cresce la forza e ci rafforziamo sulle battute COMUNITÀ ITALIANA d’arresto. Il controllo parte dal presupposto che ti fanno credere che non sei più in grado di badare a te stesso. Si regalano cellulari a ragazzi di 6 anni dichiarandoli oggetti di difesa con il risultato di immettergli un messaggio pericolosissimo che è quello di non contare su sé stessi. C.I. – Si parla spesso del silenzio degli intellettuali. Che si siano assuefatti anche loro in tutto questo processo di controllo e appiattimento? Avalli - Io la mia parte cerco di farla. Ma che vivo una situazione di difficoltà è innegabile. Quello che ci manca di capire è che non siamo una parte separata dal mondo. Ognuno ha bisogno degli altri. Quindi penso che il “silenzio” degli intellettuali in tutto il mondo viene dal fatto che la cultura non ha più il primato, quella grande forza persuasiva e anche comunicativa delle menti e dei sentimenti degli esseri umani che aveva nel rinascimento italiano. A chi interessa quello che ha da dire un intellettuale? C.I. – Sei considerata una scrittrice con un forte accento femminista. Mi interessava sapere la tua opinione riguardo ad un argomento molto attuale in Italia: i Pacs (Patti civili di solidarietà) sia quelli riguardanti le coppie di fatto eterosessuali che omosessuali. Avalli - Sono assolutamente d’accordo ai Pacs. È sbagliato pensare che siano qualcosa che erode il principio del matrimonio. Vi è stata una posizione molto decisa della Chiesa che onestamente penso si dovrebbe fare un po’ i fatti suoi su questa cosa. Il termine religione deriva da religo che significa unire [sic]. Invece qui mi pare che si stia facendo tutt’altro. Le leggi dovrebbero essere fatte dalla base, a seconda delle esigenze della base. Se vi è un’esigenza di una parte della popolazione dello stesso sesso, che sia grande o piccola, non dipende dal numero, di mettere insieme beni o quello che possesso in una condivisione di fatto non vedo perché non riconoscerla. In fondo è già in atto. C.I. – Per tornare alla perdita della figura del padre, ritieni che l’affidamento di un bambino ad una coppia esclusivamente femminile possa ancor più velocizzare questa scomparsa? Avalli - Penso in ogni caso che la figura del padre non esiste più e anche quella della madre ha il tempo contato. L’uomo è portatore di una diversità rispetto alla donna, ancora adesso. Quindi è necessario che un bambino possa usufruire di entrambe le figure. Non voglio dire che il bambino non possa essere messo in una casa dove vivono solo maschi o solo femmine. Però, a questo punto, sento l’esigenza di proporre una terza persona. In una situazione per esempio di una coppia gay di maschi che adottano un bambino, io metterei conditio sine qua non una figura femminile nella casa: una zia, una nonna: una persona a cui il bambino possa riferirsi come figura femminile. È importante che sia la figura maschile che quella femminile siano presenti nella crescita di un bambino. 35 Stile evival dos GAFFE E ‘SCHERZETTI’ La sera della finalissima è stata piena di sorprese (e gaffe), a cominciare dalla presenza del cantante Eros Ramazzotti, per diletto del pubblico e delle miss, anche se Vasco Rossi era il preferito delle ragazze, secondo il sondaggio di opinione. Eros ha sceso le scalinate del Palazzo a ritmo Il ‘bicampionato’ del Piemonte La bella Edelfa è stata eletta in un evento fin cui è successo di tutto: barzellette, star di Hollywood e, è chiaro, gaffe Guilherme Aquino Corrispondente • MILÃO M accelerato e, una volta sul palco, ha preso il microfono e ha detto “Buona sera, Milano” e poi si è corretto: “Buona sera, Salsomaggiore”. Lapsus o ironia? Non importa, lui ha presentato una canzone inedita del suo prossimo CD, “La nostra vita”, e ha mandato un messaggio a tutti: “La famiglia al primo posto”, ha chiacchierato con qualche miss, ha risposto a domande e – a missione compiuta – se n’è andato. Anche il presentatore Carlo Conti ha osato fare un giochetto con l’attore Bruce Willis. Gli ha fatto vedere una serie di cartoline con fotomontaggi in cui i due sembravano avere una vecchia amicizia, sin dai tempi dei banchi di scuola. Carlo Conti che pescava con, diciamo, l’amichetto Bruce Willis, pedalando, andando al mare a Rimini. Anzi, Rimini potrà essere una delle prossime città candidate ad essere la sede del concorso di Miss Italia. I costi, all’incirca 1 milione e 500mila euro, hanno pesato molto sul preventivo della piccola città di Salsomaggiore. Di questo totale, 450mila euro sono andati nelle tasche della star di Hollywood come compenso – che è arrivato accompagnato da 18 guardie del corpo –, secondo alcune indiscrezioni. Per la prima volta, una star del show-business ha partecipato all’elezione di Miss Italia. Luciana Bezerra dos Santos* N a vitrola, o rock “água-com-açúcar” de Rita Pavone ou o blues de Janis Joplin? Tanto faz. O que importa é que ambas cantoras - com estilos bastante antagônicos - ditaram o comportamento de muitas menininhas na década de 1960. A turma das passarelas de Milão não titubeou. E a primavera-verão 2006 vai seguir essa linha. Depois de Londres, Paris e Nova York, a semana da moda feminina de Milão (Milano Moda Donna) fez estremecer as passarelas do mundo fashion no final de setembro e início de outubro, na Itália. Dentre as 240 coleções, que apresentaram a moda primavera-verão 2006, estavam as famosas Pucci, Prada, Giorgio Armani e Gucci, Alberta Ferretti e Dolce&Cabbana e Empório Armani. Os anos 60 e o branco virginal inspiraram Alberta Ferretti na sua coleção “Philosophy”, enquanto Dolce & Gabbana, com a marca “D&G”, também apresentou uma coleção nostálgica, com trajes juvenis e corte linear, ao estilo da famosa modelo andrógina Twiggy, no melhor estilo hippie. Ferretti incorporou Janis Jooplin e alternou seus desenhos com tons pastéis, azul celeste, amarelos claros e areia, combinado-os com listras gráficas e delicadas - a cantora adorava estes tons. Sedas e algodões crus foram amarrados em alegres fitas e laços. Os estilistas D&G também se deixaram seduzir pelo branco, que combinam com peças em jeans, como as calças curtas tão apreciadas por jovens de todos os continentes. Tanto os vestidos longos quanto os curtos parecem saídos do armário da vovó ou de depósitos de grandes marcas. As roupas masculinas também parecem sair de outra época, com jalecos trabalhados. Os trajes de noite ou para coquetéis são mais rebuscados. A marca Emporio Armani apresentou um estilo leve e descomplicado para o próximo verão. No entanto um rebuscamento foi mantido nas saias plissadas e nos tecidos leves com efeitos. Trajes bem cortados e cinturados com colarinho redondo descartaram a volta do habitual smoking. Giorgio Armani misturou efeitos óticos em sua coleção: xadrez, pontos pretos e brancos, listras e uma linha enriquecida por ondas, franjas e detalhes esvoaçantes. Lembra ou não Rita Pavone? - O rigor tende a aplanar tudo, a se repetir - afirmou Giorgio Armani ao apresentar sua coleção. – Os detalhes esvoaçantes são, no fundo, o detalhe feminino por excelência - compeltou o famoso estilista, cujo elogiado estilo, que nasce do rigor, acaba introduzindo ricos detalhes. Cavalli apresentou uma coleção dominada por seus tradicionais tecidos étnicos e psicodélicos em mini-vestidos só possíveis de usar nas discotecas, em parte já conhecidas. (Com agências internacionais) GUCCI Fotos: Divulgação ilão – Miss Italia si chiama Edelfa erano presentate in rapidi videoclip durante i Chiara Masciotta, è nata a Torino, programmi televisivi di RAI 1, e poi selezionate ha 21 anni e studia giurispruden- via televoto. Soltanto le prescelte con questo sistema saza. L’eletta ha ricevuto la corona con 2540 diamanti dalle mani dell’astro di Hol- rebbero arrivate alle tre notti eliminatorie e alla lywood Bruce Willis, padrino del concorso e del grande finale, responsabile per un audience di 9 corpo dei giurati. Si è fatta giustizia. La ragazza milioni di persone, o il 47% dei televisori accesi ha difeso bene la sua bellezza – tipo acqua e sa- in tutto il paese. Delle 25mila candidate iscritte all’inizio pone – e simpatia e ha conquistato il titolo di più bella d’Italia per il Piemonte per la seconda del concorso, soltanto 101 hanno sfilato sulla volta di seguito. Bruna e con gli occhi verdi, un passerella del Palazzo del Congresso, a Salsometro e 76, juventina di tutto cuore – che ha già maggiore. Alla fine, una miss sfidava l’altra e, a un proprietario, un architetto – si è disfatta in coppie, via via presentavano le loro doti fisiche lacrime quando ha sentito il suo nome annuncia- e intellettuali al pubblico dall’altra parte dello schermo. Non sono to dal presentatore Carlo Conti. Il verdetto non ha trovato resistenze da mancate proteste contro parte del pubblico, che ha applaudito molto. E la squalifica di alcune adesso, oltre che le sale imponenti dei tribunali, beltà. La decisione del l’aspetta una carriera nel mondo del show-busi- pubblico tele-elettore, come l’ha chiamato il ness delle ricche campagne pubblicitarie. - Sono molto emozionata, non speravo di vin- presidente della giuria cere, non so cosa dire. Sono una ragazza semplice, Loretta Goggi, andava che si emoziona facilmente e che ha tanta voglia sempre “in direzione di aiutare il prossimo – ha detto – disfacendosi in contraria” alle valutalacrime – la Miss Italia ai giornalisti subito dopo zioni tecniche. Ma anla pioggia di pezzetti di carta sul palco. Il bello che così le due finaliste, di Hollywood non ha risparmiato complimenti al- Edelfa, del nord, e la bella bruna Anna Munala beltà mentre le metteva la fascia: - Tu sei veramente la più bella di tutte – le fo, siciliana, hanno rappresentato la bellezza ha detto Bruce. L’elezione della musa italiana ha coronato italiana mediterranea, con esito una lunga competizione, che ha coin- che si riscontra nel paeO público se deleitou com obras de cerca de 500 artistas Nuova miss riceve la corona festeggiata dalle concorrenti volto i telespettatori fin dall’inizio. Le ragazze se da cima a basso. Moda italiana primavera-verão 2006 entre Woodstock e Rita Pavone Fotos: Ansa Le ragazze erano presentate in rapidi videoclip (...) e selezionate attraverso il televoto Moda 36 COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005 GUERRIERO OUTUBRO 2005 / COMUNITÀ ITALIANA 37 Sapori d’Italia Ana Beatriz Bonadiman (ESPECIAL PARA COMUNITÀ) Pausa alla pasta. Ora della moqueca Conosciuto come uno degli stati con maggior influenza italiana, l’ES ha anche un pesce servito nella pentola di coccio che è … per le buone forchette, “sô”! G uarapari (ES) – Che in terra capixaba ci siano molti discendenti di italiani non ci sono dubbi. Che da quelle parti si apprezzi un buon piatto di pasta, pure. Ma la culinaria popolare dello stato di Espirito Santo è conosciuta grazie ai piatti a base di frutti di mare, mettendo al primo posto le tradizionalissime muquecas e torte capixabas, così come i piatti fatti con granchi di mare e di terra. Famosa internazionalmente, la muqueca capixaba è il piatto che rappresenta il folclore dello stato di Espirito Santo. Il nome “muqueca” ricorda lo stile di preparare gli alimenti che consistono nella cottura senza acqua, soltanto con le verdure e i frutti di mare. È importante ricordare che, al contrario della muqueca baiana, quella capixaba non usa olio di dendê e neanche latte di cocco. Di origine indigena, e in origine fatta su una griglia di stecche o soltanto di foglie di alberi coperte da cenere calda, la muqueca è oggigiorno fatta in una grande pentola, di preferenza la tradizionale pentola di coccio, prodotta artigianalmente dalle famose “paneleiras”, discendenti da indigeni e neri. Il piatto, che vanta una tradizione di oltre 400 anni, riunisce tratti propri dello Espirito Santo che sono indigeni, africani e portoghesi. Gli indigeni hanno contribuito con l’urucum, che gli dà il bellissimo colore rossastro e un sapore speciale. Gli africani gli hanno dato un pizzico in più, nell’aggiungere il peperoncino e il coriandolo, che fanno sì che la muqueca abbia un sapore che invita a mangiarne sempre di più. I portoghesi, con la loro tradizione legata a millenni di pesca, hanno contribuito affinché il pesce subisse una preparazione prima della cottura, condendolo con limone, aglio e cipolla. SOSTEGNO PER MOLTA GENTE Di facile digestione, oltre ad essere un’attrazione dello Stato, la forza di questa culinaria muove non soltanto ristoranti e bar, ma serve anche da sostegno a molte famiglie. I pescatori, cuochi e “paneleiras” che vivono di questa cultura di generazione in generazione sono molti. Chi comanda da 20 anni il famoso ristorante “Cantinho do Curuca”, a Guarapari (ES), è Jailton Nascimento, insieme alla moglie, ai figli e al nipote. Il ristorante, il cui nome si rifà alla deposizione delle uova di pesce, è sinonimo di eccellente opzione di passatempo, dovuto alla sua qualità e localizzazione e viene citato in diversi itinerari gastronomici in Brasile. - Il successo della casa è dovuto alla nostra famiglia, che lavora unita, e alla varietà di pesci meravigliosi che abbiamo sul nostro litorale – dice Anderson Nascimento, nipote e gestore del “Cantinho do Curuca”. 38 Moqueca Capixaba Ingredienti: - 2 kg di trance di pesce - 3 spicchi d’aglio - Succo di limone - 3 cucchiai di olio d’oliva - 2 cipolle grandi a pezzetti - 6 pomodori tagliati a cubetti - 3 cipolline verdi a pezzetti - 4 gambi di coriandolo - 5 cucchiai di salsa di urucum - Sale e pepe quanto basta Preparazione: Condite le trance di pesce col sale, l’aglio schiacciato, il succo di limone il pepe. Ungete una pentola di coccio con l’olio, sistemate le trance già condite (l’ideale è che le trance non rimangano una sull’altra). Mettete tutti i condimenti, innaffiate con tintura di urucum per dare colore. Mettete in forno la pentola con il coperchio. Quando comincia a bollire, controllare il sale. Non girate le trance e cucinate con il coperchio, scuotendo la pentola ogni tanto per evitare che il pesce si attacchi sul fondo. Lasciatela in forno per 20 o 25 minuti. Salsa di Urucum 50 g di semi di urucum 250 ml di olio In una pentola, mettete l’olio e l’urucum, mettetelo a bollire e quando il miscuglio diventa ben rosso, toglietelo dal fuoco. Lasciate freddare e passatelo in un passino. Fate attenzione affinché non bruci l’olio. Nota: servite la moqueca con pirão, riso e una buona salsa di peperoncino. Per quanti: quattro persone. SERVIZIO: CANTINHO DO CURUCA AVENIDA SANTANA, Nº 96, MEAÍPE, GUARAPARI – ES TEL – (27) 3272-1262 COMUNITÀ ITALIANA / OUTUBRO 2005