Encurtar distâncias
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Encurtar distâncias
1 Esta publicação faz parte do projeto Encurtar Distâncias, uma iniciativa apoiada pela Medida 3.4.2. – Cooperação Transnacional do Subprograma 3 do PRODER e que envolveu duas associações portuguesas ADREPES (Península de Setúbal) e ADIRN (Ribatejo Norte) e três associações cabo-verdianas AMI-Ribeirão (Santo Antão), Sol di Fogo (Fogo) e Valorizar Sal (Sal). A sua conceção teve por base a proposta de candidatura, os relatórios produzidos durante o projeto e 11 entrevistas a atores-chave: António Pombinho (ADREPES); Manuela Sampaio (ADREPES); José Diogo (ADREPES); Jorge Rodrigues / Carla Augusto (ADIRN); Francisco Dias (Câmara Municipal da Ribeira Grande); António Carente (AMI-Ribeirão); José Polido (Câmara Municipal de Sesimbra); Luis Miguel Calha (Câmara Municipal de Palmela); José Almeida Henriques (Câmara Municipal de Alcochete); Henrique Soares (Comissão Vitivínicola Regional da Península de Setúbal); José Carlos Caleiro (Adega Cooperativa de Palmela) e José Pedro Calheiros (SAL - Sistemas de Ar Livre). 1 Ficha técnica Título: ENCURTAR DISTÂNCIAS novos passos na cooperação com Cabo Verde Autor: Joaquim Carapeto Edição: ADREPES Design e paginação: Inês Ramos Fotos: ADIRN e ADREPES Impressão: REGISET, Lda. Local e data de edição: Palmela, Dezembro 2014 Depósito legal: Tiragem: 500 exemplares Encurtar Distâncias novos passos na cooperação com Cabo Verde não é um “livro de receitas” nem tão pouco um “guia de boas práticas”. É, sobretudo, um testemunho vivido daqueles que partilharam viagens entre Portugal e Cabo Verde e que descobriram que cooperar rima com sonhar, missão rima com coração e solidariedade rima com amizade. Não sendo um relatório de atividades nem tão pouco um manual de ensinamentos, este documento procura traçar a jornada que foi o “Encurtar Distâncias”, revelando novas abordagens de cooperação passíveis de serem adotadas, partilhadas e disseminadas entre distintas latitudes e realidades. Paisagem agrícola em Santo Antão Encurtar Distâncias novos passos na cooperação com Cabo Verde é um certificado depurado pela pena imparcial de quem não cruzou o atlântico mas atento aos olhares das testemunhas que encontraram em terras de África os laços eternos da lusofonia. 3 Visita do Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, à Ribeira Grande 4 Índice Do projeto e sua missão – a ideia adaptada........7 Agentes e protagonistas – a rede de atores......11 Das intenções e dos atos – as experiências partilhadas...............................................................21 Verdade ou consequência – as conquistas reveladas .................................................................29 As lições aprendidas – memórias vividas...........33 Novos desafios – o futuro .....................................37 Entre a razão e o coração – estados de alma....41 5 Adega Maria Chaves – Fogo 6 Do projeto e sua missão – a ideia adaptada “A Península de Setúbal sempre foi uma região aberta à cooperação. A ADREPES com competências para dinamizar estes processos tem um papel muito importante, desde logo pela procura de novos caminhos tanto a nível regional como a nível internacional. É nesta lógica que surge o “Encurtar distâncias” em parceria com a ADIRN.” Luis Miguel Calha (Vereador da Câmara Municipal de Palmela) O projeto “Encurtar Distâncias” inscreve-se num quadro de cooperação transnacional entre Portugal e Cabo Verde, apoiado pelo subprograma 3 do PRODER, com vista ao intercâmbio de experiências entre os três territórios parceiros (Península de Setúbal, Ribatejo Norte e Cabo Verde – Ilhas de Santo Antão, Fogo e Sal), tendo como base a experiência da ADREPES na conceção de metodologias de circuitos curtos de comercialização entre produtores e consumidores individuais (famílias) e coletivos (hotéis e restaurantes), algumas já disseminadas à escala nacional em Portugal, como por exemplo o projeto PROVE. A implementação do “Encurtar Distâncias” beneficiou da larga experiência da ADIRN em território cabo-verdiano, nomeadamente devido à implementação do projeto “Rota da Morabeza”, através do qual foi possível criar uma rede de parceiros onde foram abordadas temáticas tão diversas como o desenvolvimento local, o turismo, a formação profissional, o empreendedorismo, o artesanato e os produtos locais. 7 O trabalho de terreno e as trocas de experiências entre os cooperantes alteraram os objetivos iniciais do projeto, permitindo uma reavaliação do mesmo a qual deu origem a novos olhares, temáticas diversas e diferentes abordagens. Tendo como mote a comercialização de produtos locais, o “Encurtar Distâncias” abriu novos caminhos para o desenvolvimento de outros temas e estratégias que podem contribuir, de forma integrada, para o surgimento de novas oportunidades de mercado e para a capacitação das comunidades cabo-verdianas, promovendo a criação de sinergias, com base na valorização dos recursos endógenos e nas oportunidades locais e na criação de pontes efetivas com Portugal nos domínios técnico, empresarial e político. “O Encurtar Distâncias foi mais um ponto de partida do que um ponto de chegada!” José Diogo (Técnico de projeto ADREPES) 8 Mantendo-se o espirito primordial, cumprem-se novos desafios, respeitando o princípio que abraçou a ideia original e desenham-se novos rumos para encurtar outras distâncias. Os projetos assumem vida própria, detetam problemas e buscam soluções. “Encurtar Distâncias” evoluiu, descobriu ideias, envolveu pessoas e organizações. Identificou novos pontos e criou novas pontes, para os ligar! Participação na Feira Agro-Industrial da Ribeira Grande – Santo Antão 9 Ilha do Sal 10 Agentes e protagonistas – a rede de atores Os protagonistas do “Encurtar Distâncias” fazem parte duma parceria constituída por duas associações de desenvolvimento local portuguesas: ADREPES – Associação de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal e ADIRN – Associação para o Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Norte, responsáveis pela gestão do Subprograma 3 do PRODER (desenvolvimento rural de filosofia LEADER) e três associações cabo-verdianas: AMI-Ribeirão – Associação dos Amigos de Ribeirão (Santo Antão), Associação de Solidariedade Social Valorizar Sal (Sal) e SOL di Fogo – Associação de Solidariedade Social para o Desenvolvimento da Ilha do Fogo (Fogo). Paisagem agrícola em Santo Antão 11 • ADREPES (www.adrepes.pt) Grupo de Ação Local (GAL), entidade privada sem fins lucrativos, que tem como finalidade o desenvolvimento regional da Península de Setúbal. A sua atividade está essencialmente direcionada para a procura permanente, em articulação com os agentes locais, de formas inovadoras e distintivas que contribuam para a criação de valor e desenvolvimento, melhoria da qualidade de vida e capacitação das pessoas, reforço da competitividade do tecido empresarial, preservação e valorização do património ambiental e promoção da identidade cultural. Responsáveis: Manuela Sampaio (Coordenadora) e José Diogo (Técnico de projeto) Contactos: Tel.: 212 337 930; Email: adrepes@adrepes.pt Sede da ADREPES, Espaço Fortuna - Artes e Ofícios, Quinta do Anjo Castelo Palmela – Península de Setúbal 12 • ADIRN (www.adirn.pt) Grupo de Ação Local (GAL), entidade privada sem fins lucrativos, tem como finalidade o desenvolvimento integrado do Ribatejo Norte. A sua atividade tem sido direcionada essencialmente para a gestão do programa LEADER, privilegiando as áreas do Turismo Rural, a Valorização dos Produtos Locais e a Formação Profissional. Responsáveis: Jorge Rodrigues (Coordenador) e Carla Augusto (técnica do projeto) Contactos: Tel.: 249 310 040; Email: adirn@adirn.pt Sede da ADIRN Ribatejo Norte 13 14 • Sol di Fogo • AMI-Ribeirão Associação que reúne cerca de 28 associações da Ilha do Fogo, dedicada essencialmente ao financiamento, através de microcrédito, de pequenos negócios. Entre os projetos mais comuns destacam-se os relacionados com o sector primário (pequenas explorações agropecuárias ou dedicadas à produção hortofrutícola). Responsáveis: Honorato Gomes (Presidente); Manuel da Luz Alves (Diretor) Contactos: Tel.: (00238) 2813167/2812841 Entidade que reúne a comunidade de Ribeirão (Ribeira Grande, Ilha de Santo Antão) dedicada ao desenvolvimento de projetos de carácter associativo no setor agrícola e de apoio social à população. Responsável: António Carente Pires (Presidente) Contactos: Tel.: (00238) 224 22 93/224 12 03 Email: carent@sapo.cv • Valorizar Sal ONG de Solidariedade Social, de âmbito nacional, com sede em Morro do Curral, Espargos, Ilha do Sal. A promoção da solidariedade, o desenvolvimento social e intelectual, o intercâmbio cultural, a troca de experiências entre associados, a análise e o debate de educação cívica, politica e social, a criação de bases de orientação e formação do cidadão para a participação na vida nacional, figuram como os seus principais objetivos. Responsável: Clara Diniz Estrela (Presidente) Contactos: Tel.: (00238) 241 34 35/251 15 13 Cada parceiro principal envolveu ao longo do projeto outros atores, públicos e privados, que contribuíram para o alargamento e a densificação da rede de parceiros numa demonstração clara sobre a sua capacidade de se assumirem como verdadeiros agentes de desenvolvimento e coesão dos territórios. As relações de proximidade estabelecidas e aprofundadas entre todos os agentes envolvidos permitiram uma maior capacidade de reavaliação da finalidade do projeto e sua implementação. 15 Foram privilegiadas as experiências de cada um dos participantes ativos (associações, autarquias, entidades governamentais), o que contribuiu para um maior conhecimento e uma melhor análise das realidades políticas, económicas e sociais dos territórios envolvidos. Estas experiências revelaram-se profundamente enriquecedoras pelas vivências e relações humanas entretanto estabelecidas e neste contexto quer a língua portuguesa quer a história e os valores partilhados por ambos os países sairam também reforçados desta cooperação. 16 “A cooperação entre territórios visa ganhos de eficiência e a obtenção de mais-valias para todos os parceiros envolvidos. Pretende-se contribuir para o Desenvolvimento Sustentável das regiões envolvidas, com base no envolvimento das pessoas, das instituições, das empresas com vista à gestão conjunta dos recursos, ao ganho de escala e/ou diversificação de oferta, ao ganho de eficiência, à transferência de conhecimentos, ou seja trata-se de um processo de criação de sinergias. Para concretizar um processo de cooperação efetiva, os parceiros devem, de boafé, indicar com o que podem contribuir para a parceria e para atingir os objetivos propostos, devem clarificar os recursos dos seus territórios, das suas gentes e instituições para se poder articular um projeto coerente que no final tenha resultados objetivamente mensuráveis” Jorge Rodrigues / Carla Augusto (Coordenador ADIRN / Técnica ADIRN) A Rede de Atores Adega de Chã das Caldeiras - Fogo “Temos andado há muitos anos à procura de parceiros em Portugal e tivemos a sorte de encontrar a ADREPES cujas políticas de desenvolvimento local se enquadram nas políticas e nas estratégias de Cabo Verde e nas estratégias das nossas organizações” António Carente (Presidente da AMI-Ribeirão, Santo Antão) ADREPES (António Pombinho, Manuela Sampaio, José Diogo, Paulo Cipriano); ADIRN (Jorge Rodrigues, Carla Augusto); AMI-RIBEIRÃO (António Carente, Tereza Cruz); SOLDIFOGO (Honorato Gomes, Manuel da Luz); VALORIZAR SAL (dirigentes e técnicos); CÂMARA MUNICIPAL DE PALMELA (Álvaro Amaro, Luis Calha); CÂMARA MUNICIPAL DE SESIMBRA (José Polido); CÂMARA MUNICIPAL DE ALCOCHETE (José Almeida Henriques); CÂMARA MUNICIPAL DE SETÚBAL (Ana Gomes, Rodrigo Mateus); CÂMARA MUNICIPAL DE TORRES NOVAS (Pedro Ferreira, António Rodrigues); CÂMARA MUNICIPAL DE TOMAR (Carlos Carrão); CÂMARA MUNICIPAL DE ALCANENA (Fernanda Asseiceira); CÂMARA MUNICIPAL DE VILA NOVA DA BARQUINHA (Miguel Pombeiro, Fernando Freire); CÂMARA MUNICIPAL DE OURÉM (José Alho); CÂMARA MUNICIPAL DE S. FILIPE (Luís Pires, eleitos e técnicos); CÂMARA MUNICIPAL DE RIBEIRA GRANDE (Francisco Dias, Eleitos e técnicos); COMISSÃO VITIVÍNICOLA REGIONAL DA PENÍNSULA DE SETÚBAL (Henrique Soares); ADEGA COOPERATIVA DE PALMELA (José Carlos Caleiro, Américo Sousa); ALIGRUPO (Vítor Menino); MARVIFLORA (Angela Gonçalves); ASSOCIAÇÃO ROTA DE VINHOS DA PENÍNSULA DE SETÚBAL (José Carlos Caleiro); INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL (Pedro Dominguinhos); PRIMO HORTA (Isabel Ferreira); ARTESANAL PESCA (Manuel José); QUEIJARIA DO SABINO (Susete Pinhal); SAL – TURISMO NATUREZA (José Pedro Calheiros); MINISTÉRIO DESENVOLVIMENTO RURAL DE CABO VERDE (Eva Ortet, Osvaldo Maurício); SECRETARIA DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS FLORESTAS (Francisco Gomes da Silva); CÂMARA DE COMÉRCIO DO BARLAVENTO (Fátima Lima); ESCOLA PROFISSIONAL DA MOITA (Direção e corpo docente); Empresários e agricultores cabo-verdianos; agricultores e pescadores portugueses. 17 Recepção na C.M. Paúl - Santo Antão Fórum do Empreendedorismo – Fogo 18 Recepção na Adega Maria Chaves – Fogo “A minha convicção é que todos os parceiros estavam imbuídos do mesmo espírito: construir, construir e construir! Isso foi visível em todas as iniciativas realizadas. Havia um sentido de cooperação e parceria muito forte” Luis Miguel Calha (Vereador da Câmara Municipal de Palmela) 19 Dia da Ribeira Grande com a presença do Presidente da República de Cabo Verde 20 Das intenções e dos atos – as experiências partilhadas Apesar da curta duração do projeto, entre 2011 e 2014, foi possível – com base no intercâmbio de know how e na partilha de recursos – identificar as áreas de intervenção a desenvolver, fruto duma reavaliação permanente do trabalho efetuado, considerando quer as necessidades não satisfeitas dos territórios envolvidos quer os contributos dos parceiros e a própria evolução do projeto. Temas desenvolvidos • Rede de circuitos curtos de comercialização – diretamente dos produtores para os consumidores individuais (famílias) e coletivos (restaurantes e hotéis) • Qualificação e diversificação da pequena agricultura • Promoção da vinha e do vinho • Legislação e certificação de produtos locais (i.e. grogue) • Apoio às pescas (embarcações e conservação do pescado) • Comercialização (mercados locais, nacionais e internacionais) • Conservação de frescos (hortícolas/frutos; carne e pescado) • Turismo da natureza (circuitos, operadores e guias turísticos) • Educação (língua, escolas e professores) • Formação (qualificação de recursos humanos e competências locais) • Empreendedorismo (criação de empresas e de emprego) • Importação e exportação • Desenvolvimento local • Identidade territorial • Competitividade territorial • Marketing 21 As ações levadas a cabo permitiram igualmente potenciar a diversidade e a heterogeneidades dos vários territórios, contribuindo para a partilha de ideias, conhecimentos, recursos e iniciativas diversificadas e inovadoras, aumentando desta feita a competitividade dos territórios, o dinamismo socioeconómico e, sobretudo, o desenvolvimento sustentável. Visita da delegação de Cabo Verde à Casa Mãe Rota dos Vinhos “A estratégia da ADREPES tem como um dos vetores centrais a valorização dos produtos locais, através da criação de melhores condições de acesso ao mercado, sua transformação e melhoria das condições de distribuição. Também o turismo assume importância central na nossa estratégia, como forma relevante de aumentar o rendimento dos nossos produtores. Por outro lado, a cooperação com outros territórios, procurando aprender com as diferentes experiências é um objetivo sempre presente.” António Pombinho (Presidente da ADREPES) 22 Momentos decisivos 2011 • Encontro de Cooperação e Desenvolvimento Rural na Ilha do SAL, setembro. Arranque do projeto. Conhecimento dos parceiros; definição de critérios comuns de actuação para a criação de processos de comercialização de circuito curto e respectiva promoção. • Visita aos territórios da ADREPES e da ADIRN por parte dos parceiros da AMI – Ribeirão, dezembro. Troca de experiências; definição de estratégias na área da formação e comercialização. Recepção na Câmara Municipal da Ribeira Grande – Santo Antão 2012 • Seminário do Turismo Sustentável em Santo Antão; janeiro. Em torno da oferta turística, operadores, guias e marketing territorial, com a presença do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural de Portugal (Daniel Campelo). Conferência Turismo Sustentável – Santo Antão 23 • Missões politicas, técnicas e empresariais; Ilhas de Fogo, Sal e Santo Antão; janeiro. Troca de experiências, intercâmbios; abordagem global do projeto, temas e metodologias de intervenção. Contou com a presença do Senhor Presidente da República de Cabo Verde (Carlos Jorge Fonseca). • Visitas de prospeção e diagnóstico às ilhas do Fogo, Sal e Santo Antão; janeiro. Reconhecimento do território, levantamento de áreas de cooperação. Visita da delegação de Cabo Verde à Marviflora – Península de Setúbal • Visita de parceiros estratégicos e empresários cabo-verdianos a Portugal, fevereiro. Troca de experiências/workshops, visitas de campo sobre produtos agro-alimentares; vinha e vinho; pesca artesanal; circuitos curtos de comercialização. Vinha Maria Chaves – Fogo 24 • Missão empresarial às Ilhas de S. Vicente e Santo Antão; outubro. Abordagem aos setores do vinho, animação turística e pescas. 2013 • Fórum do empreendedorismo “Da Produção à Comercialização”, Ilha de Fogo; março. Contou com as participações da Ministra do Desenvolvimento Rural de Cabo Verde (Eva Ortet) e do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural de Portugal (Francisco Gomes da Silva), em torno de “Marketing e Qualificação” e “Organização da Produção e da Comercialização”. Missão empresarial em São Vicente • Receção de comitiva Cabo-verdiana na Península de Setúbal; junho. Abordagem aos setores agroindustrial, pescas, educação, qualificação e inovação. Fórum do Empreendedorismo – Fogo 25 • Seminário para a Cooperação e Desenvolvimento Rural, Ilha de Santo Antão; novembro. Sobre o ponto de situação da cooperação entre Portugal e Cabo Verde. 2014 • Mesa Redonda para o Desenvolvimento da Agricultura, Santo Antão; outubro. Que abordou a gestão sustentável dos recursos naturais, novas tecnologias de de produção, rega, adequação dos sistemas de produção, organização da produção, diversificação de atividades, certificação e valorização dos produtos. Inauguração da Feira Agro-Industrial de Santo Antão com a ministra do Desenvolvimento Rural, Eva Ortet Mercado Municipal de São Filipe – Fogo 26 “Penso que foram desenvolvidos ações muito interessantes, sobretudo na área da agricultura que nos podem ajudar na transformação e conservação de produtos agrícolas. O projeto teve um papel importante também ao nível da legislação, contribuindo para se pensar no mercado nacional e quiçá internacional. Demos um passo também na preparação de documentação orientada para a certificação de produtos. É uma área que se conseguiu bons resultados mas que devemos continuar a investir, seguindo as orientações que foram definidas ao longo do projeto, tanto na agricultura, como noutras áreas como as pescas, o turismo e mesmo a educação.” Francisco Dias (Vereador, Câmara Municipal de Ribeira Grande) Fábrica de café - Fogo Mostra de produtos da Península de Setúbal na Conferência de Turismo Sustentável - Santo Antão 27 Paços do Concelho – Ribeira Grande 28 Verdade ou consequência – as conquistas reveladas Como principais resultados alcançados a partir das diferentes iniciativas – e face às temáticas tão abrangentes e distintas abordadas – identificam-se as conquistas que mais vezes se fizeram ouvir e mais registos mereceram por parte de todos os cooperantes e participantes. Principais resultados alcançados Na governação, economia e sociedade • A importância do trabalho em grupo e em rede • A partilha de experiências e a tutoria entre as organizações • A visão integrada do território e possibilidade de envolver diferentes visões e competências: politicas, empresariais e a sociedade civil • A participação da administração (poder local) nos processos de desenvolvimento local • Solidariedade intra e inter-territórios • Criação e consolidação de sinergias • Mudança de mentalidade e novas formas de perspetivar o futuro • Reforço do empreendedorismo • Relações bilaterais • Reforço da cooperação • Possibilidade de negócios • Importações e exportações • Educação (língua, estabelecimentos de ensino, formação de professores) • Formação profissional (planos adaptados para o saber-fazer) • Apoio às empresas e ao emprego • Qualificação do território • Inovação 29 Nas actividades económicas “Realizámos encontros envolvendo políticos ao mais alto nível, empresários e a sociedade civil. Ficaram contactos diretos entre os empresários e relações institucionais entre municípios. Mais do que resultados concretos falamos de impactos que contribuem para mudanças sociais e económicas nos territórios.” Manuela Sampaio (Coordenadora ADREPES) 30 • Agricultura - Organização de produtores e escoamento de produtos - Técnicas de conservação - Circuitos curtos de comercialização - Agricultura de subsistência e comercialização de excedentes - Sistema de rega gota-a-gota - Legislação e cerificação de produtos locais (i.e. Grogue) - Produção de vinha e de vinho • Pescas - Embarcações a motor - Técnicas de conservação do pescado - Circuitos curtos de comercialização • Turismo - Turismo da natureza - Circuitos, operadores e guias turísticos - Marketing territorial - Desporto náutico; mergulho Porto de Pesca em Mosteiros – Fogo As conquistas reveladas Facilidade de comunicação com o território n Comercialização de produtos locais n Promoção dos recursos endógenos dos territórios envolvidos n Aumento da competitividade dos agentes locais e dos territórios n Valorização dos produtos do ponto de vista organolético mas também da segurança alimentar n Promoção da identidade territorial n Estabelecimento e reforço de laços de confiança entre agricultores e consumidores n Partilha e transferência de conhecimentos n Potenciação das diversidades e heterogeneidades dos vários territórios n Capitalização dos benefícios gerados pela partilha de ideias, conhecimentos e recursos n Aumento do grau de competitividade dos territórios a nível internacional n Aumento do dinamismo socioeconómico n Maior aproximação a novos mercados n Desenvolvimento sustentável com base no turismo, produtos locais, artesanato e atividades complementares associadas. 31 Paisagem agrícola em Santo Antão 32 As lições aprendidas – memórias vividas A cooperação entre territórios visa ganhos de eficiência e a obtenção de mais-valias para todos os parceiros envolvidos. Para além dos resultados atingidos, importa sobretudo perceber as lições aprendidas com o Encurtar Distâncias de forma a capitalizar e a disseminar as boas práticas, evitando erros futuros. De acordo com os cooperantes e participantes no projeto, várias foram as lições aprendidas e apreendidas, enunciadas e provenientes de esferas diversas consoante o tipo de participação e o envolvimento dos parceiros. Testemunhos na primeira pessoa • A primeira lição aprendida é que sozinhos não vamos a lado nenhum, juntos vamos mais longe. Sem envolvimento das associações e das comunidades não se conseguiria atingir os resultados previstos. O projeto encurtou distâncias na forma de pensar, na aproximação das pessoas, na aproximação do futuro. (Francisco Dias, Vereador da Câmara Municipal de Ribeira Grande) • A língua é um veículo fundamental que nos coloca numa posição de ligação e humanização. (...) Ficamos a perceber como é possível viver com muito menos do que aquilo que nós vivemos e mesmo assim ter um nível de felicidade razoável. Muitas vezes reclamamos da falta de meios e é muito interessante ver um povo com tão pouco, com tão poucos recursos e fazer tanto. (Henrique Soares, Presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal) • Cabo verde é uma realidade diferente e para realidades diferentes, olhares diferentes. Em Cabo Verde o Associativismo é muito forte, fica a ideia de que se pode fazer muita coisa com fracos recursos e persistência. (José Diogo, Técnico de projeto ADREPES) 33 • Nos países lusófonos há todas as condições para se promover este tipo de cooperação. (…) Cabo Verde pode ser uma oportunidade de negócio do ponto de vista do turismo. Existem coisas muito interessantes sobretudo baseadas na sua identidade cultural, na música. (José Pedro Calheiros, SAL – Sistemas de Ar Livre) Adega Cooperativa de Chã das Caldeiras com o Sec. Estado das Florestas e DR • (Lições) múltiplas e muito enriquecedoras, especialmente na dimensão humana. Em parte fomos respondendo às diferentes sensibilidades que fomos registando. Em todo o caso, o conhecimento experienciado e vivido na visita realizada valorizou-nos enquanto seres humanos, responsáveis técnicos e agentes políticos. (José Almeida Henriques, Chefe de Gabinete de apoio à Presidência da Câmara Municipal de Alcochete) • As pessoas conseguem ser engenhosas e transformar o pouco que têm no seu ganha-pão. Outra lição tem a ver com a disponibilidade para aprender; estão muito bem organizados; têm a capacidade de transformar o espaço e sobreviverem em condições pouco generosas. (José Polido, Vereador da Câmara Municipal de Sesimbra) 34 • A primeira lição é que o futuro se constrói todos os dias, encontrando novos parceiros, objetivos, motivações e caminhos. A segunda lição é que juntos somos mais fortes. (...) a solidariedade, a língua portuguesa e a história conjunta são algo que facilita este diálogo entre Portugal e Cabo Verde e que facilita os resultados. (Luís Miguel Calha, Vereador da Câmara Municipal de Palmela) Café do Fogo • Aprendemos a trabalhar em rede; o individualismo não é suficiente. Aprendemos que nos devemos organizar e rendibilizar os recursos internos. E aprendemos também em termos sociais e políticos; percebemos que a participação da administração governamental e do poder local nestes processos de desenvolvimento é fundamental. (António Carente, Presidente da Associação AMI-Ribeirão) • Aprendi muito. Aprendi que a humildade existe e que é possível fazer muito com tão pouco. Talvez a maior lição seja a da democracia – uma relação de comunicação direta entre os diferentes protagonistas com capacidade de identificação de problemas e apontar resoluções plasmadas ao nível da legislação. (Manuela Sampaio, Coordenadora ADREPES) 35 Escola primária de Chã das Caldeiras – Fogo 36 Novos desafios – o futuro Com base no desenvolvimento de uma estratégia de atuação conjunta, as regiões têm a possibilidade de otimizar e racionalizar os recursos que, isoladamente, acabariam por desperdiçar e também a oportunidade de identificar complementaridades que permitam abrir novas conjunturas de mercado e o desenvolvimento dos seus territórios. Considerando os resultados obtidos e as lições aprendidas, o Encurtar Distâncias trouxe também a perspetiva futura para a continuidade, reforço e capitalização do alcançado, sobretudo com ganhos de escala ao nível duma parceria de cooperação. Estratégia de intervenção territorial Turismo e marketing territorial Capacitação organizacional e territorial Empreendedorismo, competitividade e inovação Governação Cultura e Identidade Local Valorização de recursos endógenos Educação e Formação Profissional Destilaria de Produção de Grogue – Santo Antão 37 Principais áreas de atuação Agricultura Transporte de banana e papaia em Santo Antão • Promoção de fileiras produtivas • Promoção e comercialização de produtos • Técnicas de conservação dos produtos hortofrutícolas • Organização de produtores • Formação profissional • Certificação de produtos, com enfoque no grogue • Transformação de produtos • Valorização da cultura da vinha e do vinho Pesca • Promoção da atividade piscatória • Promoção e comercialização do pescado • Técnicas de conservação do pescado • Organização de pescadores • Transformação de produtos • Embarcações e artes de pesca • Formação profissional Visita delegação de Cabo Verde à Doca Pesca de Sesimbra 38 Turismo • Definição e comercialização de circuitos turísticos da natureza • Apoio à criação de operadores turísticos • Formação de guias turísticos • Complementaridade do turismo com atividades de restauração, alojamento e atividades culturais (folclore), música, dança, artesanato e produtos locais Educação Escola Primária em Ribeirão – Santo Antão • Promoção e valorização do ensino da língua portuguesa • Formação de professores • Construção e requalificação de equipamentos escolares e de educação Formação profissional • Criação duma Escola Técnica Profissional em Ribeirão Micro e pequenas empresas SUIFOGO – Fogo • Apoio à criação e consolidação ao nível da gestão global • Implementação de sistema de Higiene e Segurança no Trabalho. 39 Conferência Turismo Sustentável – Santo Antão 40 Entre a razão e o coração – estados de alma Findo o projeto é unânime o sentimento de satisfação pela participação no Encurtar Distâncias e pelos resultados alcançados. Longe duma missão que não se deu como cumprida – pois ainda há muito que fazer – ficam as emoções e os sentimentos de quem partilhou viagens comuns, para muitos pela primeira vez. Para António Carente (AMI-Ribeirão) “cooperar é aproximar os povos. Considero a cooperação descentralizada como um dos principais vetores de desenvolvimento para os países menos desenvolvidos (ainda por vezes chamados de terceiro mundo) ”. Segundo Luis Miguel Calha (Câmara Municipal de Palmela) “Estas formas de cooperação são o futuro. A globalização traz-nos um desenvolvimento vertiginoso e temos que saber aproveitar da melhor forma os seus aspetos positivos como forma de aproximação da humanidade”. Para Manuela Sampaio (ADREPES) “Este tipo de cooperação é mais enriquecedora do que se estivéssemos a trabalhar com territórios semelhantes. (no entanto) Precisaríamos de mais tempo. Um projeto de dois anos é (muito) curto quando se começa do zero. Dois anos é o tempo quase necessário para os contactos e diagnósticos.” 41 Já para José Polido (Câmara Municipal de Sesimbra) “A cooperação é muito importante; devemos incentivar e levar o conhecimento a quem precisa. Se todos os povos tivessem os problemas de alimentação e conhecimento resolvidos, tudo seria muito mais pacífico”. Delegação Portuguesa da Península de Setúbal e Ribatejo Norte com o Sec. de Estado Daniel Campelo em Santo Antão Henrique Soares (Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal) “(Acha) que só é possível melhorar a cooperação cooperando. Penso que seria fundamental partilhar informação e desenvolver projetos a partir de resultados existentes sem desperdiçar meios e recursos em novos diagnósticos.” José Diogo (ADREPES), não tem dúvidas em considerar que “ (...) o projeto foi sobretudo um ponto de partida, uma descoberta enriquecedora que nos permitiu identificar outras áreas de cooperação para além daquela que esteve na sua base. Apesar de não se ter atingido todos os objetivos da proposta, faço uma avaliação muito positiva pois trabalhámos e atingimos outros objetivos muito para além do previsto, que nem sequer imaginávamos.” 42 No caso de José Carlos Caleiro (Adega Cooperativa de Palmela) o projeto permitiu-lhe “despertar para uma realidade desconhecida que me fez pensar nalgumas soluções, nalguns caminhos. O projeto deixou marcas nos participantes que nos tornaram pessoas diferentes... mais atentas. Hoje, visto também a camisola de Cabo Verde!” No final, como diz Francisco Dias (Câmara Municipal de Ribeira Grande) “Não existem outros caminhos para o desenvolvimento dos países e dos Povos senão os projetos de cooperação!” Delegação Portuguesa Península de Setúbal e Ribatejo Norte com o Presidente da República de Cabo Verde 43 ADREPES Associação de Desenvolvimento Regional da Península de Setúbal Espaço Fortuna - Artes & Ofícios Estrada Nacional 379, Quinta do Anjo 2950 - 807 Palmela – Portugal Tel. +351 212 337 930 | Fax +351 212 337 939 www.adrepes.pt 46