Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
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Medicina Interna REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA Livro de Resumos VOL.20 Edição Especial Novembro 2013 Resumos de Comunicações Livres e Posters 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 1 Atribuição dos Prémios “AVC e Investigação Clínica” “AVC e Investigação Básica” - Estágio de 3 meses em Oxford Estágio de 3 meses em Santiago de Compostela Regulamento www.spmi.pt Submissão electrónica de resumos - data limite 13 de Outubro de 2013 Publicação dos resumos em Suplemento da Revista Portuguesa de Medicina Interna Cursos com avaliação Secretariado: SPMI - cristina@spmi.pt, adelina@spmi.pt Parceiro-base - isantos@parceiro-base.pt Inscrições no congresso online: www.parceiro-base.pt Inscrições nos cursos: cristina@spmi.pt 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA PORTO, HOTEL TIARA, 29 E 30 DE NOVEMBRO DE 2013 Medicina Interna REVISTA DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA Director João Sequeira Conselho Honorário António Martins Baptista Armando Porto Ávila e Costa Barros Veloso Caldeira Ferreira Carlos Dias Daniel de Matos Faustino Ferreira Fernando Santos Jaime Merino João Araújo Correia João Mascarenhas Araújo João Sá José Barata Levi Guerra Luís Drummond Borges Luís Dutschmann Manuel Teixeira Veríssimo Manuela Melo Olga Gonçalves Pastor Santos Silva Rodrigues Dias Editor Filipa Malheiro Conselho Redactorial Luís Duarte Costa Marco Fernandes Maria João Lobão Nuno Bernardino Vieira Rui Pina Sofia Lourenço Zélia Lopes Conselho Consultivo Ana Teresa Boquinhas Helena Estrada João Paulo Fernandes Lelita Santos Paula Alcântara Raquel Domingos Responsável do Web Site João Figueira Secretárias de Redacção e Marketing Cristina Azevedo, Adelina Claudino Maquetização e paginação Ad Médic, Lda. Propriedade, Edição e Administração Sociedade Portuguesa de Medicina Interna R. da Tobis Portuguesa, nº 8, 2º sala 7. 1750-292 Lisboa. Tel.: 217520570 | Fax: 217520579 cristina@spmi.pt • adelina@spmi.pt • www.spmi.pt Impressão: Printipo - Indústrias Gráficas, Lda. Alto da Bela Vista, Estrada de Paço de Arcos, Nº 77, Pavilhão 20 2735-197 Cacém ISSN: 0872-671X • Registo de Publicação: Isenta de Registo por não estar à disposição do Público em Geral (Despacho da ERC em 05|12|2012) • Deposito legal: 175 203/02 • Preço: 5 € • Assinatura anual: 15 € Tiragem: 2600 exemplares • Publicação Trimestral Conselho Científico Nacional Prof. A. Coutinho, Prof. A. Sales Luís, Dr. Abílio Reis, Dr. Álvaro de Carvalho, Dr. Álvaro Coelho, Dr.ª Amanda Alves, Dr. António Maria de Meirelles, Dr. António Santos Castro, Dr. António Vital Morgado, Dr. Arlindo Baptista, Dr. Borges Alexandrino, Prof. Braz Nogueira, Dr. Brito Avô, Dra. Carla Araújo,Prof. Carlos Ferreira, Dr. Carlos Monteverde, Prof. Carlos Vasconcelos, Dr.ª Conceição Barata, Dr. Coutinho de Miranda, Dr. D. Antunes de Azevedo, Prof. Ducla Soares, Dr. Eduardo Silva, Dr. F. Lacerda Nobre, Prof.ª Fátima Ceia, Prof. Fernando Pádua, Dr. Ferreira de Almeida, Dr. Filipe Basto, Prof. Fonseca Ferreira, Dr. Francisco Parente, Dr. Freire Soares, Prof. Jacinto Simões, Dr. João Alberto Saavedra, Dr. João Pacheco Pereira, Dr. Jorge Cotter, Dr. Jorge Crespo, Dr. Jorge Nóbrega Araújo, Prof. José Alves Moura, Dr. José Malhado, Prof. José Manuel Silva, Dr. José Ribeiro, Dr. José Poole da Costa, Dr. Luís Campos, Dr. Luís Pires Gonçalves, Dr. M. M. Camilo Sequeira, Prof.ª Maria Helena Saldanha, Dr. Mário Rui Ferreira, Dr. Mello e Silva, Dr. Miguel de Sousa, Prof. Nascimento Costa, Dr. Nelson Rocha, Dr. Nuno Riso, Dr. Oliveira Soares, Prof. Pedro Abecasis, Prof. Pedro Póvoa, Dr. Pimenta da Graça, Prof. Políbio Serra e Silva, Prof. Rafael Ferreira, Dr. Rui Proença, Prof. Rui Vitorino, Prof. Sousa Guerreiro, Dra.Teresa Cardoso, Prof. Tomé Ribeiro, Dr. Valente Fernandes, Dr. Vaz Riscado. Conselho científico internacional Dr. Chris Davidson (Brighton), Dr. David D´Cruz (Londres), Dr. Graham Hughes (Londres), Prof. J.F.Blicklé (Estrasburgo), Prof. J.Guardia (Barcelona), Prof. J.M.Martinez Vasquez (Santiago de Compostela), Prof, J.W.F.Elte (Roterdão), Dr. Javier Alegria (Málaga), Prof. Munther Khamashta (Londres), Dr. Pedro Conthe (Madrid), Prof. Ph.Jaeger (Berna), Prof. Ramon Pujol (Barcelona), Prof. Ugo Carcassi (Roma). Sociedade Portuguesa de Medicina Interna Direcção Presidente: Dr. A. Rodrigues Dias Vice-Presidentes: Prof. Armando de Carvalho, Dr. João Araújo Correia e Dr. José Barata Secretário Geral: Dr. Narciso Oliveira Secretários Adjuntos: Dr. Arsénio Santos, Dr. Nuno Bernardino Vieira e Dra. Helena Sarmento TesoureirO: Dr. Luís Duarte Costa 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 3 14 º CONGRESSO Do núcleo de estudos da doença vascular cerebral Da sociedade portuguesa de medicina interna Porto, Tiara Park atlantic, 29 e 30 de novembro de 2013 Organização Comissão Científica e Organizadora Patrocínio Científico Patrocínio Platina Patrocínio Ouro Outros Patrocínios Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna Coordenadora: Drª M Teresa Cardoso Dr.ª M Teresa Cardoso, Dr. A. Oliveira e Silva, Dr.ª Teresa Fonseca, Dr. Guilherme Gama, Dr.ª Ivone Ferreira, Dr. Jorge Poço, Dr.ª Luísa Rebocho, Dr. Sebastião Geraldes Barba, Dr.ª Luísa Fonseca, Dr.ª Ana Paiva Nunes, Dr.ª Carmélia Rodrigues, Dr. Tiago Gregório Ordem dos Médicos Sociedade Portuguesa de Aterosclerose Sociedade Portuguesa de Cardiologia Sociedade Portuguesa de Diabetologia Sociedade Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Doenças do Metabolismo Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade Sociedade Portuguesa de Hipertensão Sociedade Portuguesa de Neurologia Boehringer Ingelheim Bayer, BMS/Pfizer, Astra, Astra/BMS Abbott, Servier, MSD, Novartis, Sanofi/Genzyme, Medinfar, Rottapharm Madaus, Bial Sociedade Portuguesa de Medicina Interna R. da Tobis Portuguesa nº 8 – 2º sala 7. 1750-292 Lisboa Tel. 21 752 05 70 Fax 21 752 05 79 cristina@spmi.pt, adelina@spmi.pt Secretariado Parceiro Base - Consultoria e Eventos Rua da Cidade de Rabat nº38 - C/D 1500-165 Lisboa Tel. 21 404 87 72 Fax 21 404 87 74 isantos@parceiro-base.pt Publicação dos resumos dos trabalhos apresentados em Suplemento da Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna 4 Livro de Resumos Programa Científico Sexta-feira • 29 de Novembro 08H30 3Abertura do Secretariado 09H00 3Comunicações Orais Sala Guimarães CO1 a CO6 Moderadores - Dr.ª Dulce Pinheiro V.N.Gaia; Dr. Miguel Veloso, V.N.Gaia Sala Bragança CO7 a CO12 09H50 Moderadores - Dr.ª Ana Lourenço, Lisboa; Dr. Joaquim Pinheiro, Porto 3Sessão Inaugural Dr.ª M Teresa Cardoso (Coordenadora do NEDVC da SPMI) Dr. Rodrigues Dias (Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna) Prof Doutor Victor Oliveira (Presidente da Sociedade Portuguesa de Neurologia) Dr. Rui Cernadas (Vice-Presidente do Conselho Diretivo da ARS do Norte) Dr. Miguel Guimarães (Presidente do Conselho Regional da O. M. do Norte) 10H00 3Workshop - Painel de Peritos (televoto) A melhor estratégia diagnóstica e terapêutica face a 4 casos clínicos Moderadores - Dr.ª M. Teresa Cardoso, Porto e Dr. Guilherme Gama, Porto Medicina Interna – Dr.ª A. O. Silva, Porto Neurologia - Dr. Vitor Tedim, S. M. Feira Cardiologia - Dr. Pedro Bernardo Almeida, Porto Neuroradiologia - Dr. Jaime Rocha, Braga 11H30 3Intervalo e Sessão de Posters 12H00 3Conferência Avanços na Reabilitação. Novas drogas, novas técnicas. Robótica, estimulação transcraneana magnética, mobilização 1as 24h Presidente - Prof. Doutor M. Veríssimo, Coimbra Conferencista - Dr. Jorge Lains, Coimbra 13H00 3Almoço 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 5 14H30 3Prós-Contras Encerramento de FOP no AVC criptogénico (televoto) Moderadores - Prof. Doutor Paulo Bettencourt, Porto e Dr. João Alcântara, Lisboa A favor - Dr. Pedro Braga, Vila Nova de Gaia Contra - Dr.ª Cristina Cruz, Porto 15H30 3Terapêutica Endovascular. Resultados da experiência de um Centro Dr.ª Ana Paiva Nunes, Lisboa 16H00 3Intervalo 16H30 3Mesa-Redonda Avanços no AVC Moderadores - Dr.ª Teresa Fonseca, Lisboa e Dr. Gustavo Cordeiro, Coimbra Estado de arte na terapêutica endovascular no AVC agudo Dr. Egídio Machado, Coimbra Dupla antiagregação no AVC agudo e prevenção secundária. Novas perspectivas Prof. Doutor Victor Oliveira, Lisboa AVC criptogénico Prof. Doutor Paulo Chaves, Porto 18H00 3Reunião do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral Novos sócios / Plano de actividades 20H00 3Jantar do Congresso Sábado • 30 de Novembro 09H00 3Comunicações Orais Sala Guimarães CO13 a CO19 Moderadores - Dr. Sebastião Geraldes Barba, Santarém; Dr. Pedro Castro, Porto Sala Bragança CO20 a CO25 10H00 Moderadores - Prof. Dr. Miguel Castelo Branco, Covilhã; Dr.ª Marta Carvalho, Porto 3Mesa Redonda Novos anticoagulantes em prevenção secundária na FA. Decisões difíceis frequentes na prática clínica (televoto) Presidente - Dr.ª M. Teresa Cardoso, Porto Moderadores - Dr. A Oliveira e Silva, Porto e Drª Luciana Ricca, Porto 3Novos anticoagulantes orais versus antagonistas da Vitamina K. Dr. Tiago Gregório, V.N.Gaia 3AVC agudo em doentes sob os novos anticoagulantes orais. Como resolver? Como tratar? 6 Dr.ª Luísa Fonseca, Porto 3Hemorragia intracraneana em doentes sob os novos anticoagulantes orais. Quando e como recomeçar? Dr.ª Luísa Rebocho, Évora Livro de Resumos 11H30 3Intervalo e Sessão de Posters 11H45 3Entrega dos Prémios do NEDVC “AVC e Investigação Clínica” Estágio de 3 meses em Oxford “AVC e Investigação Básica” Estágio de 3 meses em Santiago de Compostela 12H00 13H00 3Conferência: Genética e AVC (televoto) Presidente - Dr.ª M. Teresa Cardoso, Porto Conferencista - Prof. Doutor Jorge Sequeiros, Porto 3Encerramento Sessão de Posters Sexta-feira dia 29 - 11h30 Grupo 1 - P01 a P06 - Casuísticas Moderadores - Dr.ª Carmélia Rodrigues, Viana; Dr.ª Raquel Real, Porto Grupo 2 - P07 a P12 - Hipocoagulação e AVC Moderadores - Dr. António Oliveira e Silva, Porto; Dr.ª Gabriela Lopes, Porto Grupo 3 - P13 a P17 - Trombólise e Trombose Venosa Cerebral Moderadores - Dr. Jorge Poço, Macedo Cavaleiros; Dr.ª Cristina Machado, Coimbra Grupo 7 - P34 a P38 - Causas Raras de AVC Moderadores - Dr.ª Ivone Ferreira, Viana; Dr. João Massano, Matosinhos Grupo 8 - P39 a P43 - Sindrome antifosfolipidico e AVC Moderadores - Dr. Guilherme Gama, Porto; Dr.ª Carla Fraga, Vale de Sousa Grupo 9 - P44 a P49 - Mimics Moderadores - Dr.ª Teresa Fonseca, Lisboa; Dr.ª Amélia Mendes, Viana Sábado dia 30 - 11h30 Grupo 4 - P18 a P22 - Dissecções Moderadores - Dr.ª Dulce Pinheiro, V.N. Gaia; Dr. José Manuel Castro, V.N. Gaia Grupo 5 - P23 a P27 - Foramen Oval Patente Moderadores - Dr. Rafael Freitas, Funchal; Dr.ª Rosa Lobato, Viana Grupo 6 - P28 a P33 - AVC em adulto jovem e AVC criptogénico Moderadores - Dr. Fernando Girão, Viseu; Dr. Pedro Castro, Porto Grupo 10 - P50 a P54 - Manifestações neurológicas de vários tipos de AVC I Moderadores - Dr.ª Ana Duarte, Guimarães; Dr.ª Madalena Pinto, Porto Grupo 11 - P55 a P59 - Manifestações neurológicas de vários tipos de AVC II Moderadores - Dr.ª Ana Araújo Gomes, Viseu; Dr. João Pinho, Braga Grupo 12 - P60 a P64 - Miscelania Moderadores - Drª Fátima Grenho, Lisboa; Dr. José Mário Roriz, S.M.Feira 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 7 Atribuição dos Prémios AVC e Investigação Clínica* Estágio de 3 meses em Oxford AVC e Investigação Básica Estágio de 3 meses em Santiago de Compostela *Patrocínio: Boehringer - Ingelheim Cursos no Congresso Organização e Coordenação do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da SPMI 30 DE NOVEMBRO 2013, 15H-19H “Protocolo de trombólise” - Coordenador Dr. Pedro Abreu Valorização do exame neurológico (vídeo). Aplicação da escala NIHSS Indicações e contra-indicações. Situações de fronteira. Aspectos práticos da administração “Neuroimagem no AVC isquémico e no AVC hemorrágico. Aspectos práticos”- Coordenador Dr. Dias da Costa Imagem no AVC Isquémico - Sinais precoces (fase aguda e subaguda), extensão e localização da lesão. Diagnóstico etiológico e diferencial. Sinais de colateralização. Imagem no AVC Hemorrágico - Hemorragia primária ou secundária? Extensão da lesão. Tempos de imagem. Carga horária: 4 h. Fornecimento pelo curso de informação escrita/electrónica Avaliação final: Teste de resposta múltipla, 20 perguntas por curso, tempo 20 minutos. Classificação: Escala 0 a 20 Lotação: 20 a 30 pessoas por curso. 8 Livro de Resumos Painel de Peritos Sexta-Feira • 29NOV • 10H00 PP2 ALTERAÇÃO DA LINGUAGEM RECORRENTE COM RESOLUÇÃO APÓS TROMBÓLISE EM DOENTE COM ALTERAÇÕES IMAGIOLÓGICAS SUGESTIVAS DE ISQUÉMIA CEREBRAL João Filipe Carvalho, Tiago Ramires, Inês Ribeiro, Cármen Corzo, Sílvia Lourenço, Sérgio Galo, Luísa Rebocho PP1 Hospital do Espírito Santo de Évora, EPE EMBOLIA PARADOXAL APÓS CIRURGIA ORTOPÉDICA COM PROFILAXIA COM NOVO ANTICOAGULANTE ORAL Marta Couto1,2, Paulo Ramalho1, Luísa Fonseca3, Paulo Chaves2,3, António Oliveira e Silva3 Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João, 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 3 Unidade de Acidente Vascular Cerebral do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João 1 Caso Clínico: Mulher, 31 anos, cirurgia ortopédica recente a joelho esquerdo, sem outros antecedentes. Medicada com contraceptivo oral e rivaroxabano até cerca de 6 dias antes. Recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de afasia, desvio do olhar para a esquerda e hemiplegia direita com tempo de evolução desconhecido, hemodinamicamente estável e em ritmo sinusal. Tomografia Cerebral (TC CE) sem quaisquer alterações. Analiticamente elevação dos marcadores inflamatórios, estudo da coagulação normal e D-dímeros elevados. Por apresentar hipoxemia realizou ecocardiograma que revelou dilatação das câmaras direitas, depressão moderada a grave da função sistólica do ventrículo direito, fluxo pulmonar sugestivo de hipertensão pulmonar e septo inter-auricular aneurismático. Administrada enoxaparina 80mg e transferida para Hospital terciário. Realizou ecodoppler dos membros inferiores com permeabilidade do sistema venoso e repetiu TC CE que revelou hipodensidade cortico-subcortical fronto-insular esquerda e lenticulo-capsular esquerda. O angioTC torácico confirmou tromboembolismo pulmonar agudo extenso com sinais de sobrecarga das câmaras cardíacas. Face ao tempo de evolução sem indicação para tratamento trombolítico ou endovascular. Recusada também para trombectomia pulmonar. Internada na Unidade de Acidente Vascular Cerebral (AVC) com NIHSS à admissão de 17, hipocoagulada. Estudo imunológico e pró-trombótico negativos. Ecodoppler cervical com sinais de oclusão da artéria carótida interna esquerda. Ecocardiograma transesofágico com melhoria dos sinais de sobrecarga e shunt D/E associado a FOP. Evolução favorável. Alta sob hipocoagulação com varfarina. Reavaliada aos 6 meses apresentando NIHSS de 4. Decidido manter hipocoagulação por 1 ano. Discussão e Conclusão: A singularidade deste evento prendese com o facto de o AVC surgir associado a tromboembolismo pulmonar em doente no pós-operatório de cirurgia ortopédica sob profilaxia com rivaroxabano. Como problema adicional discute-se a duração da hipocoagulação. Introdução: A causa mais frequente de afasia é o AVC isquémico, podendo ocorrer episódios transitórios na enxaqueca com aura e epilepsia, pelo que é fundamental a exclusão de patologia estrutural do SNC. RM-CE com difusão tem alta sensibilidade para alterações isquémicas mas não é 100% específica, devendo ser enquadrada no contexto clínico. Caso Clínico: Mulher, 48 anos, saudável. Veio à urgência (Dez/12) por alteração da linguagem com 90 minutos de evolução. Não cumpria ordens, com afasia global e parafasias, e apagamento do sulco nasogeniano direito - NIHSS 7. Trombólise ev com melhoria clínica em 4h - NIHSS 1. RM-CE: restrição à difusão molecular de água na região cortical temporal esquerda (TE), sugerindo AVC isquémico da ACM esquerda. Estudo etiológico do AVC jovem sem alterações. Alta sem défices neurológicos, com Clopidogrel. Em Fev/13 regressou por quadro semelhante e 50 minutos de evolução – NIHSS 10. Estudo de perfusão por RM: assimetria de fluxo com redução de 30% na área TE. Fez trombólise ev com resolução. Na fase de recuperação objectivaram-se movimentos estereotipados ruminatórios da face, auto-limitados. EEG: ondas lentas – e pequenas ondas abruptas na região TE, enquadrando-se os episódios no contexto de Epilepsia do Lobo Temporal (ELT) com crises parciais complexas. Sob levatiracetam a RM-CE (Março/13) revelou lesão cortical TE com efeito de massa, cuja espectroscopia mostrou rácio Colina/N-acetil-aspartato > 4, sugestivo de lesão neoformativa cortical. Faleceu em Abril/13. Conclusão: A ELT é uma entidade de difícil diagnóstico com quadro clínico florido. A utilização de RM-CE na epilepsia permitiu constatar alterações peri-ictais locais que implicam diagnóstico diferencial com outras entidades como AVC isquémico ou neoplasia, reforçando a importância da clínica e da multidisciplinaridade na avaliação de casos complexos. PP3 AVC ISQUÉMICO CARDIOEMBÓLICO E MIXOMA AURICULAR ESQUERDO: DESCRIÇÃO DE UM CASO CLíNICO Francisco Cunha, Filipa Gomes, Paulo Chaves, António Oliveira e Silva Centro Hospitalar São João, Serviço de Medicina Interna, Unidade de AVC, Centro Hospitalar São João, Porto Caso Clínico: Os autores descrevem o caso de uma mulher de 38 anos com doença de Addison e hipotiroidismo que 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 9 recorre ao serviço de urgência com quadro de cerca de 12h de evolução de afasia motora, desvio da comissura labial e hemiparésia direita, pontuando 12 na escala de NIHSS. Apresentava-se hemodinamicamente estável, subfebril, na auscultação cardíaca com S1 hiperfonético e rodado mitral e com auscultação pulmonar normal. A tomografia cerebral (TC) identificou hipodensidade cortico-subcortical frontoinsular esquerda com extensão à região caudado-capsulolenticular ipsilateral, sugestiva de lesão vascular isquémica recente, associada a áreas de transformação hemorrágica com inundação para o sistema ventricular e lesões sequelares cortico-subcorticais occipital e frontal direitas. No restante estudo, o ECG apresentava ritmo sinusal e o estudo analítico leucocitose e elevação da PCR. Admitida na Unidade de AVC. Realizou ecocardiograma transtorácico que revelou volumosa massa friável com protusão para o ventrículo esquerdo, compatível com mixoma. Por persistência de febre com elevação dos biomarcadores inflamatórios e após isolamento de Staphylococcus aureus meticilino-sensível em hemoculturas, iniciou terapêutica com flucloxacilina. Evolução favorável com recuperação parcial de défices neurológicos, apirexia sustentada e diminuição de marcadores inflamatórios. Com o intuito de programar cirurgia realizou angioTC que excluiu lesão vascular subjacente. Ao 16º dia apresentava parésia facial minor e afasia moderada, pontuando 2 na escala de NIHSS, sendo transferida para Serviço de Cirurgia Torácica para realização de cirurgia, que decorreu sem complicações. Discussão e Conclusão: Com este caso os autores pretendem destacar uma etiologia pouco comum de acidente vascular cerebral salientando as dificuldades que se colocaram relativamente à decisão do tratamento antibiótico e ao timing cirúrgico. PP4 A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO: HIPOCOAGULAÇÃO ORAL NA ATEROMATOSE DO ARCO AÓRTICO – HAVERÁ BENEFÍCIO? Ana Elisa Costa1, Vânia Araújo1, Guilherme Gama2, Goreti Moreira2 1 Serviço de Medicina Interna – Centro Hospitalar S. João EPE, Porto; 2Unidade de AVC - Centro Hospitalar S. João EPE, Porto Caso Clínico: Descreve-se o caso clínico de homem de 73 anos, caucasóide, hipertenso, fumador, com antecedentes de síndrome vertiginoso e Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico criptogénico, duplamente antiagregado, que re correu ao serviço de urgência por diplopia. Ao exame neurológico apresentava nistagmo horizontal bilateral e diplopia cruzada na dextroversão, dismetria na prova dedo-nariz à esquerda, apagamento do sulco naso-labial à esquerda e disartria ligeira, pontuando 3 na National Institute of Health 10 Livro de Resumos Stroke Scale. Realizou tomografia cerebral que não revelou lesões isquémicas recentes, mas antes lesões sequelares corticais em diferentes territórios vasculares. Admitido por AVC isquémico da circulação posterior. Da avaliação efetuada destaca-se ecodoppler transcraneano e cervical com doença aterosclerótica carotídea e estenose ligeira no início da cerebral posterior direita; eletrocardiograma e ecocardiograma transtorácico normais; polissonografia com síndrome de apneia obstrutiva do sono ligeiro. Evolução favorável, com regressão completa dos défices. Dado apresentar lesões cerebrais em diferentes territórios sob anti-agregação dupla, e não ter sido identificada causa que justificasse os eventos descritos, foi decidido início de hipocoagulação por suspeita de etiologia embólica. Realizou posteriormente ecocardiograma transesofágico que identificou placas ateroscleróticas extensas no arco aórtico. Discussão e Conclusão: Em algumas situações, a etiologia dos eventos vasculares cerebrais não se consegue definir, o que coloca muitas dificuldades em termos de orientação terapêutica. No caso descrito as alterações do arco aórtico poderão justificar a clínica, no entanto, o doente já se encontrava sob terapêutica antiagregante dupla, mantendo eventos. Qual o benefício da hipocoagulação neste caso? Comunicações Orais Sexta-Feira • 29NOV • 09H00 Sala Guimarães CO1 AVALIAÇÃO DA UTILIDADE CLÍNICA DA INVESTIGAÇÃO ULTRASONOGRÁFICA DOS VASOS DO PESCOÇO E TRANSCRANIANA – ESTUDO OBSERVACIONAL Mariana Alves, Francisca Lopes, Ana Miranda, Luis Mieiro, Teresa Fonseca Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital Pulido Valente Introdução: O estudo vascular por ultrassonografia para identificar estenoses carotídeas sintomáticas graves que beneficiam de endarterectomia carotídea (EAC) precoce é recomendado nos doentes com acidente vascular cerebral (AVC) isquémico agudo. A prevalência de doença carotídea aumenta com a idade e o benefício de realizar EAC na obstrução carotídea sintomática grave (70-99%), é maior acima dos 75anos, reduzindo o risco absoluto de recorrência de AVC, se a esperança média de vida for maior que 5anos. O Doppler transcraniano (DTC) está também recomendado para o diagnóstico de alterações das grandes artérias cerebrais e pode indicar a presença de shunt direito-esquerdo através de micro bolhas (MES). Objectivo: Avaliar o impacto terapêutico do Doppler carotídeo-vertebral (DCV) e DTC na abordagem dos doentes, na prática real duma Unidade de AVC (UAVC). Metodologia: Estudo retrospectivo num período de 26 meses. Foram analisados AITs e AVCs isquémicos agudos. Os doentes foram classificados em 3 escalões etários: ≤64; 65-75 e ≥76anos. Foi analisada a mudança de atitude clínica, após realização do estudo ultrassonográfico vascular. Resultados: n=311, média de idade 74 anos, 48% homens. ≤64anos (n=55), 65-75anos (n=79) e ≥76anos (n=177). DCV e DTC foram realizados nos respectivos grupos etários em 86%, 79% e 48%. Os resultados do DCV de acordo com as respectivas faixas etárias foram: oclusão (8%,10% e 6%), estenose 70-99% (0%,3% e 1%), estenose 50-69% (13%,14% e 16%) e dissecção (2%,0% e 0%). Resultados do DTC: estenose (15%,22% e 20%) e MES (23%,2% e 1%). Conclusão: Esperaríamos que a avaliação vascular sistematizada encontrasse mais estenoses carotídeas significativas sintomáticas com o avançar da idade. No entanto, nesta série, em que a maior parte dos doentes tinham mais de 75 anos, tal não se verificou, e o número de doentes que beneficiou de EAC precoce foi muito reduzido. Estes dados levam a questionar a custo-efectividade destas técnicas diagnósticas, na fase aguda do AVC nos idosos. CO2 anticoagulante oral (ACO) e 49.3% sob antiagregação, apresentando-se os restantes 28.2% sem qualquer profilaxia. Dos remanescentes 247 doentes admitidos com ritmo normal, 17.8% realizou H24, tendo-se identificado FAP em 13.6% dos casos e pausas ou arritmia patológica em 11.3%. A realização de H24 motivou alteração de atitude terapêutica (ACO) em 20.5% casos na alta hospitalar. Discussão e Conclusão: Este estudo identificou uma prevalência de FA no doente com AVC superior à descrita anteriormente. Tal facto poder-se-á dever à idade avançada da amostra e projetar a realidade futura. Mais de um quarto dos doentes com FA conhecida não se encontrava sob qualquer tromboprofilaxia. A realização de H24 não só permitiu identificar casos de FAP ignorados de outra forma, mas sobretudo oferecer uma terapêutica protetora eficaz a 1 em cada 5 doentes. A prevalência de FAP obtida pode porém estar aquém da realidade, pois aquela dependeu da realização do exame bem como da altura em que foi realizado. CO3 RENTABILIDADE DIAGNÓSTICA DO ESTUDO ECOCARDIOGRÁFICO NO DOENTE COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL - ESTUDO OBSERVACIONAL NUMA UNIDADE DE AVC Mariana Alves, Francisca Lopes, Ana Miranda, Teresa Fonseca A UTILIDADE DO HOLTER NA INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA DO AVC ISQUÉMICO EM INTERNAMENTO Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital Pulido Valente Mieiro L, Miranda A, Narciso M, Alves M, Lopes F, Dias A, Fonseca T Acidente Vascular Cerebral (AVC) na procura de doença cardioembólica. As indicações para a sua realização são abrangentes fazendo com que muitos doentes com AVC sejam submetidos a este exame. Autores referem que ecocardiograma transesofágico (ETE) é superior ao transtorácico (ETT) na detecção de fontes de cardioembolismo. Outro estudo revelou que ETT não tem impacto clinico na abordagem ao doente. Objectivo : Avaliar utilidade e efectividade do ecocardiograma como parte da avaliação de rotina do doente com AVC isquémico agudo. Material e Métodos: Estudo retrospectivo num período de 26 meses numa Unidade de AVC. Foram analisados AITs e AVCs isquémicos agudos. Os doentes foram classificados em 3 escalões etários: ≤65; 66-75 e ≥76anos. A decisão de realização de ETT e ETE foi do clínico assistente, sendo habitualmente o ETE realizado após detecção de alterações em exames prévios. Foi analisada a mudança de atitude clínica, após realização dos ETT e ETE. Resultados: n=310, média idade 75 anos, 48% homens. ≤ 65 anos (n=63), 6675 anos (n=71) e ≥ 76 anos (n=176). ETT foi realizado nos respectivos grupos etários em 79%, 79% e 60%. O ETE foi realizado em: 14%, 1.4% e 0.6%. Os resultados do ETT al- UAVC, Hospital Pulido Valente, Centro Hospitalar Lisboa Norte Introdução: A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia mais identificada e um factor de risco documentado em doentes com Acidente Vascular Cerebral Isquémico (AVC). A FA pode atingir 15% das admissões por AVC. Contudo, no contexto atual, os recursos disponíveis para diagnosticar FA devem ser criteriosamente utilizados. Os autores avaliam a prevalência de FA na admissão por AVC bem como o benefício do uso de Holter 24horas (H24) no diagnóstico da FA paroxística (FAP) ou outras arritmias. Material e Métodos: Estudo observacional retrospectivo de doentes internados numa unidade de AVC (UAVC) de um Serviço de Medicina de um Hospital terciário durante um período de 26 meses. Diagnóstico de FA baseado em história, electrocardiograma ou H24. Análise estatística descritiva realizada em SPSS v21. Resultados: N=326, idade mediana 77 anos, 52.2% mulheres. A prevalência de FA na admissão foi 24.2%, dos quais 10.1% destes correspondentes a novo diagnóstico. Dos doentes com FA conhecida, 22.5% encontrava-se sob Introdução: Ecocardiogramas são realizados a doente com 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 11 teraram a abordagem clínica em 2.7% (5 doentes: um shunt direito-esquerdo, endocardite, estenose mitral reumática e dois enfarte agudo miocárdio), sendo estas alterações equitativas entre os grupos etários. O ETE detectou Foramen Oval Patente em 3 doentes, todos com idade ≤65anos. Foram realizados 183 ETT (97%) e 5 ETE (69%) que não obtiveram impacto clínico. Conclusão: O ETT alterou a abordagem clínica numa minoria de doentes (3%). O ETE mostrou-se mais eficaz (31%), mas a sua realização foi também mais selectiva. Estes dados sugerem que estes exames não devam ser “de rotina”, mas sim realizados com base numa avaliação individual. CO4 PATENT FORAMEN OVALE ANS ISCHEMIC STROKE: A META-ANALYSIS OF OBSERVATIONAL STUDIES Joana Mascarenhas, Hugo Tavares, Pedro Maciel, Marta Viana, Ricardo Pais, Nuno Lunet Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia Espinho, Hospital de Pedro Hispano, Instituto de Saúde Pública do Porto, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto Background: In about one third of patients the cause of stroke remains unknown after an exhaustive investigation. The association between patent foramen ovale (PFO) and cryptogenic stroke (CS) has been suggested. Aims: We conducted a systematic review and meta-analysis to investigate the association between the presence of PFO and the occurrence of a first ischemic stroke and a first CS in adults. Methods: Pubmed, Scopus and ISI Web of Knowledge were searched and 27 eligible observational studies were identified from 3117 potentially relevant studies. Data extraction and assessment of study quality was conducted independently by two investigators following a standardized procedure. Two studies were excluded due to inadequate control group. Combined OR [95% confidence intervals] were calculated using random effects methods. Heterogeneity was assesses using the I2 statistics. Estimates of the association of PFO-first stroke and PFO-first CS were computed separately. Results: We found a significant association between PFO and first ischemic stroke (OR 2.47 [1.80-3.39]), stronger in subjects aged <55 years ((OR 3.90 [2.87-5.31], I2=0%) than in older patients (OR 1.54 [1.06-2.24], I2=59%). Similar results were obtained for the association between PFO and CS compared to both known stroke cause (OR 2.94 [2.30-3.78]) and non-stroke patients (OR 3.29 [2.56-4.21]). Homogeneous results and a stronger association were found among younger subjects in both groups. Conclusions: PFO was significantly associated with first ischemic stroke and first CS in adults, the association being consistently higher in younger subjects. Modalities of PFO diagnosis, clarification of stroke cause and study design are potential sources of heterogeneity, especially in the older. 12 Livro de Resumos CO5 EVENTOS ISQUÉMICOS CEREBRAIS EM DOENTES COM FIBRILAÇÃO AURICULAR: CARACTERIZAÇÃO DE CASOS INCIDENTES Mónica Brinquinho, Telma Santos, Dulce Pinheiro, Tiago Gregório Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho Introdução: A Fibrilação auricular (FA) é a arritmia mais comum na população e a sua prevalência aumenta com a idade, constituindo um fator de risco para eventos isquémicos cerebrais. A terapêutica antitrombótica é eficaz na redução destes eventos. Objetivo: Caraterização da população de doentes com eventos cerebrais isquémicos associados à presença de FA. Material e métodos: Estudo de base hospitalar de casos incidentes de isquemia cerebral na presença de FA, envolvendo uma amostra consecutiva de doentes admitidos durante o ano de 2012. Foram avaliadas variáveis demográficas, assim como fatores de risco trombóticos e hemorrágicos, tratamentos preventivos em curso e conhecimento prévio da arritmia. Resultados: 140 doentes cumpriram os critérios de inclusão. A FA foi de causa valvular em 36 doentes, dos quais apenas 13 estavam hipocoagulados. 104 doentes apresentavam FA não-valvular, dos quais apenas 19 estavam hipocoagulados à admissão. Nestes, o INR encontrava-se infraterapêutico em 91,7%. Nos doentes não-hipocoagulados com FA não valvular, a arritmia era previamente conhecida em 69,5% e a mediana do score CHADS2VASC foi 4, com um intervalo interquartil [3;6]. Não foram detetadas diferenças estatisticamente significativas nos fatores de risco trombóticos e hemorrágicos nos doentes com FA não-valvular hipocoagulados em comparação com não-hipocoagulados. Conclusão: Os doentes com FA admitidos por eventos isquémicos cerebrais são maioritariamente não-hipocoagulados, com FA conhecida, de risco trombótico elevado e com risco hemorrágico que não difere dos doentes hipocoagulados. Os resultados deste estudo sugerem a necessidade de intervenções na população que levem à otimização da terapêutica antitrombótica, quer em número de doentes abrangidos, quer em termos de eficácia de hipocoagulação. CO6 VIA VERDE DO AVC NO “WAKE-UP STROKE”: ACORDAR PARA UMA NOVA ABORDAGEM Rita Faria, Isabel Fragata, Nuno Mendonça, João Alcântara Hospital São José - Centro Hospitalar Lisboa Central Introdução: Entre 8% e 27% dos doentes com AVC is- quémico têm sintomas ao acordar, não sendo submetidos a fibrinólise pela incerteza da hora de início. Estudos demon- stram que estes doentes têm características clínicas e radiológicas semelhantes aos doentes com hora de início dos sintomas conhecida. Métodos: Estudo observacional retrospetivo com revisão de processos clínicos dos doentes admitidos, no hospital de São José, pela Via Verde do AVC de 1 de Janeiro 2010 a 31 de Dezembro de 2012. Critérios de inclusão: início dos sintomas ao acordar; diagnóstico de AVC isquémico agudo. Critérios de exclusão: presença de sintomas antes de adormecer; Last Known Normal-to-needle <270min; mRS≥2 prévio, contraindicação formal para rt-PA e/ou terapêutica endovascular. Objetivo primário: escala de Rankin modificada (mRS) 0-2 aos 90 dias; Objetivos secundários: variação do NIHSS às 24h e alta, hemorragia intracraniana sintomática. Resultados: Foram incluídos 29 doentes. O tempo até à admissão hospitalar foi em média 474 min (IQR: 589-366) para “Last Known Normal” e 106 min (IQR:130-69) para “First Known Abnormal”. As imagens de TC-CE foram avaliadas através da escala Alberta Stroke Program Early CT Score sendo >7 em 65% dos casos. A mediana do NIHSS inicial foi 15(IQR:21-7). 48.3% dos doentes foram submetidos a fibrinólise endovenosa (EV) exclusiva, 24.% a fibrinólise EV e trombectomia, 20.7% a trombectomia exclusiva. O mRS aos 90 dias foi ≤2 em 75.9% (≤1 em 72.4%). Variação do NIHSS às 24h (- 5) [IQR:(-2)-(-11)] e à alta (- 6) [IQR:(-4)-(-14.5)]. 3 doentes desenvolveram hemorragia intracraniana, apenas 1 sintomática. Conclusão: A maioria dos doentes com AVC ao acordar não teve sinais de isquemia instituída na TC-CE de admissão. Registou-se melhoria neurológica após a terapêutica de revascularização, sem complicações hemorrágicas significativas, e um bom prognóstico funcional aos 3 meses. Comunicações Orais Sexta-Feira • 29NOV • 09H00 Sala Bragança foi observada em mais de 50% dos pacientes, independentemente do subtipo de acidente vascular cerebral. Objectivos: Este trabalho pretende estudar a relação entre os níveis de glicemia na admissão e o prognóstico à alta dos doentes com o diagnóstico de AVC. Secundariamente, pretende estudar a relação entre o prognóstico destes doentes com outras variáveis. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo dos pacientes internados na U-AVC do CHCB com o diagnóstico de AVC. Os dados colhidos são referentes aos pacientes internados no período compreendido entre 1 de Junho de 2009 e 30 de Maio de 2010. Para a recolha de dados (níveis de glicemia capilar, HbA1c, PCR, fibrinogénio e D-dímeros medidos na admissão, pontuação da escala de NIHSS admissão, bem como pontuação na ER e IB à alta), procedeu-se à consulta dos processos clínicos. Resultados: Estudaram-se 297 pacientes sendo que 31,3% eram diabéticos e 73,7% apresentavam valores de glicemia superiores aos considerados normais. Em relação aos pacientes com hiperglicemia na admissão, 19 faleceram e 114 foram classificados como dependentes enquanto que dos pacientes sem hiperglicemia na admissão, 2 faleceram e 34 foram classificados como dependentes. As relações entre hiperglicemia na admissão com a mortalidade e com o prognóstico não foram estatisticamente significativas (p=0,71 e p=0,199, respectivamente). Conclusão: Os resultados deste trabalho sugerem que tanto a hiperglicemia na admissão como a própria Diabetes sejam achados frequentes na população vítima de AVC. Os pacientes com hiperglicemia na admissão apresentaram uma maior mortalidade e um pior prognóstico (maior número de pacientes classificados como dependentes). CO8 ENFARTES DA CIRCULAÇÃO CEREBRAL POSTERIOR - CASUÍSTICA DE 2 ANOS DE UMA UNIDADE DE AVC Renata Violante Silva, Pedro Guimarães, João Pessoa Cruz, Ana Graça Velon, Rui Couto, Mário Rui Silva CHTMAD - Vila Real CO7 NÍVEIS DE GLICEMIA CAPILAR E PROGNÓSTICO DO DOENTE COM AVC Marco Silva; Francisco Álvarez Pérez Faculdade de Ciências da Saúde - Universidade da Beira Interior Introdução: Os Acidentes Vasculares Cerebrais são um grave problema de saúde pública em Portugal e em todo o mundo. Níveis elevados de glicose no sangue são comuns na fase inicial do AVC. A prevalência de hiperglicemia, definida como o nível de glicose no sangue >6,0mmol/L (108mg/dl), Objectivo: Caracterizar os enfartes da circulação cerebral posterior (POCI) nos doentes internados numa Unidade de Acidente Vascular Cerebral (UAVC), relativamente à abordagem incial, intervenção terapêutica, factores de risco associados, evolução e o prognóstico durante o internamento. Material e Métodos: Estudo retrospectivo e descritivo, dos POCI em doentes internados numa UAVC num período entre Janeiro de 2011 e Dezembro de 2012, consultando a base de dados da nossa instituição e os respectivos processos clínicos. Resultados: Foram identificados 150 doentes, dos quais 92 eram homens e 58 mulheres. A idade média foi 72,63 [30- 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 13 96] anos. À admissão, verificou-se ativação da Via Verde de AVC em 20 casos e 7 doentes foram submetidos a trombólise, dos quais 3 faleceram durante o internamento. Foi o primeiro evento vascular em 99 doentes, os restantes já tinham pelo menos um episódio prévio. Como co-morbilidades associadas, encontrou-se hipertansão arterial em 94 doentes, diabetes em 48, dislipidemia em 63 e fibrilhação auricular em 22. Apenas 9 doentes não apresentavam nenhuma destas patologias. O tempo médio de internamento foi de 8,91 [1-38] dias. No momento da alta, o índice de Rankin melhorou em 103 doentes e apenas um doente piorou. Já na escala do National Institutes of Health, verificou-se agravamento em 5 doentes. Faleceram 11 doentes, 26 foram referenciados para uma Unidade de Cuidados Continuados, 26 foram transferidos para outros hospitais e 69 tiveram alta orientados para a consulta externa. Conclusão: Esta análise mostrou a baixa percentagem de ativação da via verde AVC e tratamento fibrinolítico. Salienta-se a evolução favorável com recuperação funcional de grande parte dos doentes. Como era de esperar, houve grande prevalência das patologias consideradas de risco para eventos vasculares, contudo variantes como o tabagismo e o sedentarismo não foram incluidos no estudo o que não nos permite afirmar que os 9 doentes não apresentavam fatores de risco. CO9 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM CONTEXTO DE DISSECÇÃO ARTERIAL CAROTÍDEA E VERTEBRAL: CASUÍSTICA DE 4 ANOS NUM CENTRO HOSPITALAR Filipa Sequeira, Diana Anjos, Vitor Fagundes, André Paupério, Alice Castro, Carla Fraga, Anabela Silva, Mari Mesquita Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, E.P.E. Introdução: Dissecções arteriais correspondem a 1 a 2% de todos os acidentes vasculares isquémicos. Ocorrem mais frequentemente entre os 35 e os 50 anos. Objetivos: Descrever o quadro clínico,achados imagiológicos e avaliar a recorrência de eventos vasculares ao 1 ano de doentes internados na Unidade de Acidente Vascular Cerebral (UAVC) com o diagnóstico de dissecção carotídea ou vertebral no período compreendido entre julho de 2009 e julho de 2013. Material e Métodos: Revisão retrospetiva dos processos clínicos e colheita das variáveis: idade, sexo, clínica, tempo de internamento, fatores de risco, diagnóstico imagiológico, evolução e recorrência de eventos. Resultados: Identificados 9 doentes com dissecção arterial (0,7% dos doentes internados na UAVC), 7 doentes com disseção carotídea e 2 com dissecção vertebral. Idade média 50 anos, 56% sexo masculino. Hipertensão arterial 14 Livro de Resumos (n=3) e dislipidemia (n=4) foram os principais fatores de risco para doença vascular. Os principais achados semiológicos nos casos de dissecção carotídea foram alterações da linguagem (n=4), hemianópsia (n=4), hemiparesia (n=7) e distúrbios sensitivos (n=6).Nos pacientes com dissecção vertebral os principais défices foram parésia do III par (n=1), hemiparesia (n=1) e hemihipoestesia (n=2).O diagnóstico foi realizado por angio-tomografia computorizada em 5 doentes e por ressonância magnética (RM) cerebral em 4 doentes. Cinco doentes tinham oclusão associada. Sem recorrência de eventos vasculares após 1 ano em 6 doentes (3 doentes ainda não completaram 1 ano de seguimento). Conclusão: A apresentação clínica com cervicalgia no trajeto da artéria, frequentemente associada a cefaleia, e seguida de acidente vascular isquémico embora seja característica não esteve presente na população estudada. O número de dissecções arteriais apresentado é reduzido e possivelmente esta patologia tem sido subdiagnosticada, nomeadamente em casos de apresentação clínica não hemorrágica que não foram submetidos a angiografia digital ou RM. CO10 ACIDENTES VASCULARES CEREBRAIS NA POPULAÇÃO COM IDADE IGUAL OU SUPERIOR A NOVENTA ANOS João Pessoa Cruz, Ana Graça Velon, Renata Silva, Pedro Guimarães, Rui Couto, Fernando Afonso, Mário Rui Silva Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro Objetivos: Caracterizar os acidentes vasculares cerebrais (AVCs) na população com idade igual ou superior a noventa anos, relativamente ao território vascular, fatores de risco associados e evolução a curto prazo. Métodos: Análise descritiva, retrospectiva, dos AVCs nos doentes internados numa Unidade AVC com idade superior ou igual a noventa anos entre Janeiro 2011 e Julho 2013. Resultados: Foram identificados setenta e um doentes, dos quais cinquenta e sete eram mulheres. A idade média foi de 92,2 anos. Foram diagnosticados sessenta e quatro AVCs isquémicos, quarenta e oito casos da circulação anterior, onze da circulação posterior e cinco eventos lacunares. Nenhum foi submetido a tratamento fibrinolítico. Pelo menos dezoito doentes já tinham tido um evento vascular prévio, trinta e sete eram hipertensos, vinte e oito apresentavam fibrilhação auricular, e dezanove padeciam das duas patologias em simultâneo. Treze doentes tinham o diagnóstico de insuficiência cardíaca, oito eram diabéticos e seis apresentavam dislipidemia. Aquando da alta, o score na escala de Rankin melhorou em dez doentes e não piorou em nenhum. A pontuação na escala de Barthel melhorou em treze doentes e não piorou em nenhum. Na escala do National Institutes of Health, dezasseis doentes melhoraram o seu score e apenas dois pioraram. A média de dias de internamento foi de 10,2 dias. Trinta e quatro doentes tiveram alta para o domicílio, vinte e quatro foram transferidos para outra instituição, e treze faleceram. Conclusão: Comparando com outras séries, os fatores de risco associados ao AVC no doente idoso são os esperados. Verificou-se que apesar das comorbilidades e da idade avançada, existe um potencial de melhoria funcional nestes doentes. 83.3%. Contudo, apresentaram NIHSS e mRS mais altos do que o grupo não trombólise. Esta diferença deve-se ao facto de alguns dts não admitidos a trombólise terem AIT´s ou AVC´s minor. A melhoria neurológica com trombólise permitiu que a maior parte tivesse alta para o domicílio e sob terapêutica antiagregante ou anticoagulante. CO12 NT-PROBNP: PREDITOR INDEPENDENTE DE CARDIOEMBOLISMO NO AVC ISQUÉMICO? CO11 TRATAMENTO TROMBOLÍTICO NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) EM DOENTES COM MAIS DE 81 ANOS - EXPERIÊNCIA DE UMA UNIDADE DE AVC (UAVC) Nuno Ribeiro Ferreira1, Sofia Mateus1, Filipa Aguiar1, Patrícia Oliveira1, Verónica Borges1, Ana Lourenço1,2, Fátima Grenho1, 2, Luís Campos1 1 Serviço de Medicina 4, 2Unidade de AVC, Hospital de São Francisco Xavier Introdução: O risco de AVC aumenta com a idade. De acordo com estudos doentes (dts) com mais de 81 anos (very-old) têm pior prognóstico, seja pela idade, comorbilidades /dependência, gravidade do AVC ou tratamento menos agressivo. Objetivos: Caracterização clínica de uma população de dts very-old admitida numa uAVC; comparação do NIHSS à admissão e alta, outcome funcional -escala de rankin modificada (mRS), complicações hemorrágicas, mortalidade, destino e terapêutica na alta dos dts submetidos a trombólise com os que não fizeram este tratamento. Material e Métodos: Estudo retrospectivo dos dts very old admitidos numa uAVC de Janeiro 2012 a Setembro 2013; consulta da base de dados e processos clínicos. Resultados: Admitidos 463 dts, dos quais 82 (17.7%) tinha mais de 81 anos. Submetidos a trombólise 18 dts (21.9%) contra 64 (78.1%) que não foram submetidos. Os principais motivos de não trombólise foram: timing do evento (n=24; 37.5%), AVC hemorrágico (n=10;15.6%) e NIHSS <4 (n=7;10.9%). Do grupo trombólise, o NIHSS médio à admissão 15.8 e na alta 9.4. No grupo não trombólise, o NIHSS médio 8.7 à admissão e à alta 6.5.O mRS médio admissão era <1 no grupo da trombólise e 1 no grupo não trombólise, sendo na alta 3.3 e 2.8, respetivamente. Dos18 dts que fizeram trombólise, 12 tiveram alta para domícilio (66.7%), 5 foram transferidos (27.7%) e registamos 1 óbito (5.5%). Destes doentes, foram anticoagulados 33.3% e antiagregados 55.5%.No grupo trombólise registamos 5 casos de transformação hemorrágica (27.7%, 4 minor;1 major). Discussão e Conclusão: Na população de dts very old, os dts submetidos a trombólise tiveram melhoria neurológica mais significativa bem como recuperação neurológica em Luís MM, Malheiro J, Pinheiro D, Veloso M, Gregório T, Mascarenhas J Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia / Espinho EPE Introdução: Em cerca de 1/3 dos acidentes vasculares cere- brais (AVCs) isquémicos pode ser identificada uma causa cardioembólica, com implicações terapêuticas em termos de prevenção secundária. Os peptídeos natriuréticos têm mostrado valor diagnóstico na identificação destes focos. Objectivo: Avaliar os preditores independentes de NT-proBNP nos doentes internados por Acidente Isquémico Transitório (AIT)/AVC isquémico. Material e métodos: Avaliação de 123 doentes com AIT/AVC isquémico consecutivamente admitidos em Unidade de AVC, ao longo de 3 meses. Foram recolhidos dados demográficos, de exames laboratoriais e NIHSS à admissão. Todos os doentes realizaram ecocardiograma transtorácico. A concentração sérica de NT-proBNP foi determinada por imunoensaio. A avaliação de focos embólicos utilizou os critérios TOAST. Utilizou-se regressão linear para determinar os preditores de NT-proBNP. Resultados: A idade média dos doentes (56,9% homens) foi 70,4±12,6 anos e a mediana de NT-proBNP foi 426,0 [VIR 120,0-1594,0] pg/mL. A prevalência de cardioembolismo foi 55,3% (33,3% doentes com foco embólico major). Na análise de regressão multivariada, a presença de foco cardioembólico major (β=1.050, 95% CI 0.503-1.596 por pg/ mL, p<0.001) foi identificada como determinante dos níveis séricos de NT-proBNP, independentemente da idade, sexo, NIHSS à admissão e fracção de ejecção ventricular esquerda. Conclusão: Valores elevados de NT-proBNP estão independentemente associados com a presença de focos embólicos major. Os resultados deste estudo confirmam a utilidade do NT-proBNP na avaliação diagnóstica do cardioembolismo cerebral. 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 15 Comunicações Orais Sábado • 30NOV • 09H00 Sala Guimarães CO13 EFICÁCIA DA ANTICOAGULAÇÃO ORAL – A EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO DE MEDICINA Patrícia Dionísio, Gisela Borges, Catarina Marques, Maria de Jesus Silva, Glória Silva Serviço de Medicina IIIA, Hospital Pulido Valente, Lisboa Introdução: Os antagonistas da vitamina K foram durante muito tempo os únicos anticoagulantes orais (ACO) disponíveis na prevenção de eventos tromboembólicos. A sua eficácia foi comprovada em muitos estudos e relacionada com o tempo que o doente permanece com valor do International Normalized Ratio (INR) no intervalo terapêutico. Mais recentemente surgiram novos ACO, progressivamente com mais indicações clínicas. Objectivos: Determinar, à data do internamento, qual a percentagem de doentes, anticoagulados oralmente em ambulatório, que se encontrava com valor de INR dentro do intervalo terapêutico, bem como, se esse valor se relacionava com a admissão por eventos vasculares cerebrais. Determinar igualmente a indicação clínica para anticoagulação nesses doentes, assim como o fármaco utilizado. Métodos Fez-se um estudo retrospetivo para obter o valor de INR na admissão ao internamento num Serviço de Medicina Interna de um Hospital Central, durante o ano de 2012, de 325 doentes anticoagulados oralmente em ambulatório, bem como o motivo para anticoagulação, fármaco usado e os 4 primeiros diagnósticos finais. Resultados: Dos 325 doentes (54% mulheres; 46% homens), com idade entre 30-97 anos, cerca de 88,6% estava medicada com varfarina, 5,9% com Pradaxa® e 5,5% com Sintrom®. Principais indicações: 85,5% fibrilhação auricular, 6,5% prótese valvular mecânica cardíaca, 5,8% tromboembolismo pulmonar. Apenas 27,2% apresentava INR terapêutico, 38,0% infraterapêutico e 34,8% supraterapêutico. Foram registados 19 eventos isquémicos cerebrais, em que o valor de INR era em 63,2% infraterapêutico, 26,3% terapêutico e 10,5% supraterapêutico, e 1 evento hemorrágico, com INR infraterapêutico. Nenhum foi sob Pradaxa®. Conclusão: Apesar do INR ter sido obtido em situação de doença aguda, é em parte representativo dos valores de ambulatório, tratando-se de uma percentagem muito baixa de doentes corretamente anticoagulados, o que nos leva a equacionar a importância dos novos ACO. 16 Livro de Resumos CO14 ARTRITE GOTOSA, HIPERURICEMIA E DOENÇA VASCULAR CEREBRAL AGUDA Tiago Gama Ramires, Maria Inês Ribeiro, João Filipe Carvalho, Hugo Moreira, Sílvia Lourenço, Cármen Corzo, Luísa Rebocho Hospital Espírito Santo Évora Introdução: É sabido que o ácido úrico se associa com a artrite gotosa (AG) e, de acordo com a literatura recente, poderá ser um importante factor de risco para doença cardiovascular (FRDCV). Objectivo: Caracterizar os doentes com artrite gotosa (AG) e/ou hiperuricemia na fase aguda da doença vascular cerebral (DVC), internados na nossa unidade de AVC. Material e Métodos: Estudo retrospectivo, 2011 a 2012, com consulta de base de dados da unidade de AVC, incluindo doentes com acidente isquémico transitório (AIT), acidente vascular cerebral (AVC) isquémico e hemorrágico com hiperuricemia (ácido úrico ≥6,2mg/dL) e/ou AG. Resultados: Revistos 490 doentes, dos quais 59 (12%) foram incluídos no estudo, 48 com hiperuricemia e 11 com AG (dos quais 6 com hiperuricémia). A frequência de AG no total de doentes internados foi de 2.2%. A média de idades foi de 68,83 anos com 59,32% de homens. Amostra constituída por 49 AVC isquémicos, 7 hemorrágicos e 3 AIT. Em relação aos FRDCV mais frequentes, ambos os grupos apresentavam uma proporção semelhante de HTA (96% na hiperuricémia e 91% na AG) e Diabetes mellitus (38% na hiperuricémia e 30% na AG) mas a frequência de etilismo era superior nos indivíduos com AG (17% na hiperuricémia e 50% na AG). Dos indivíduos com HTA e hiperuricémia, 48,14% estava sob terapêutica diurética. Verificou-se que a AG e a hiperuricemia foram mais frequentes no AVC isquémico (81% e 88%, respectivamente). Em relação à classificação de Bramford, a AG foi mais comum nos doentes com PACI enquanto que a hiperuricemia nos POCI e LACI. Em 75% dos casos, a crise de gota ocorreu no membro parético. Conclusão: Este estudo mostra que a hiperuricemia poderá ser um preditor de AG embora esta seja uma complicação pouco frequente da DVC aguda, nos nossos doentes. Constatou-se maior frequência no AVC isquémico. A maioria dos doentes com hiperuricémia tinha HTA associada e quase metade realizava terapêutica diurética, que poderá justificar a presença de hiperuricémia. CO15 CO16 BENEFICIO CLÍNICO DA REAVALIAÇÃO IMAGIOLÓGICA CEREBRAL NO DOENTE COM AVC AGUDO: A EXPERIÊNCIA DE UMA UAVC DE UM HOSPITAL TERCIÁRIO Ribeiro Narciso M, Alves M, Mieiro L, Miranda A, Lopes F, Dias A, Fonseca T STROKE MIMICS – QUAL A SUA ETIOLOGIA E CONSUMO DE RECURSOS ASSOCIADOS À SAUDE: ESTUDO OBSERVACIONAL NUMA UNIDADE DE AVC Mariana Alves, Marco Narciso, Francisca Lopes, Ana Miranda, Luis Mieiro, Teresa Fonseca Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital Pulido Valente UAVC, Hospital Pulido Valente, Centro Hospitalar Lisboa Norte Introdução: O estudo imagiológico é um componente im- portante no diagnóstico e follow-up dos doentes com Acidente Vascular Cerebral (AVC). A repetição da tomografia computorizada cranioencefálica (TC) por rotina não é atualmente recomendada. A ressonância magnética (RM) apresenta maior acuidade diagnóstica mas menor disponibilidade. O pedido de exames de imagem deve ser criterioso, pelo esforço económico que representam para as instituições de saúde. Os autores pretendem avaliar o benefício da repetição de TC ou RM na acuidade diagnóstica dos doentes numa Unidade de AVC (UAVC). Materiais e Métodos: Estudo observacional retrospectivo de doentes internados numa UAVC de um Serviço de Medicina de hospital terciário durante 26 meses. Todos realizaram TC sem contraste na admissão, sendo exames posteriores realizados segundo critério clínico (melhor esclarecimento do tipo, tamanho, localização e distribuição vascular da lesão ou agravamento do quadro). Análise estatística em SPSSv21. Resultados: N=367, 55% mulheres, idade mediana 76 anos. 74% AVC isquémico (AVCi), 11% Acidente Isquémico Transitório, 4% AVC hemorrágico e 11% mimics. 22% repetiram TC e 52% destes apresentaram alterações “de novo”. Nos AVCi a detecção de alterações na TC inicial relacionou-se com a classificação OCSP (p<0.05): 64%TACI, 42%PACI, 51%POCI e 30%LACI, mantendo-se a mesma relação na repetição da TC: 75%, 57%, 14% e 25% respetivamente (p<0.05). Realizaram-se 45 RM, 64% em doentes com AVC e 36% mimics; 85% em doentes com idade <75 anos (p<0.05). A RM revelou nova informação face a TC em 38% dos casos e foi determinante em 13% dos mimics. Conclusão: A maior parte dos doentes fez apenas um exame de imagem cerebral. Foi considerada haver necessidade de repetição de TC, ou efectuar RM na fase aguda, respectivamente em 22% e 12% dos doentes e realização destes exames mostrou-se útil em cerca de metade dos casos. Estes resultados relevam a importância fulcral do julgamento clínico para a correta utilização dos recursos. Introdução: Stroke Mimics são doenças não vasculares que simulam acidente vascular cerebral (AVC). O diagnóstico precoce é importante para evitar a realização de trombólise, mas também para reduzir custos desnecessários em saúde. Objectivos: Detecção da prevalência de mimics, sua etiologia, consumo de recursos e as variáveis estatisticamente associadas. Metodologia: Estudo retrospectivo dos doentes admitidos numa Unidade AVC durante 26meses. Os doentes são classificados como mimics quando os dados clínicos e/ou imagiológicos sustentam uma causa não vascular para diagnóstico. Os exames complementares de diagnóstico (ECD) são considerados desnecessários quando a posteriori não havia indicação para a sua realização. Resultados: n=367, idade média 74 anos, 46% sexo masculino. Foram classificados como mimic 11,4% doentes. A duração média de internamento foi 6.2 dias, comparativamente a 9.3dias nos doentes com AVC. Os diagnósticos dos mimics foram: 12 doenças somatoformes, 10 vertigens periféricas, 6 doenças metabólicas, 3 sincopes, 2 de cada um dos seguintes: sindromes de Munchausen, tumores intracranianos, convulsões e malformações de Chiari; 1 de cada um dos seguintes: reacção a fármaco (diplopia), nevrite vestibular e paralisia de Bell. Os mimics eram mais novos, mais mulheres e tinham menor NIHSS, menos fibrilhação auricular (FA) e doença cerebrovascular (p<0.05). Os factores de risco vascular não foram critério de distinção entre mimics e doentes com AVC. Electrocardiograma, TC e RM cranio-encefálica permitem distinguir estes dois grupos (p<0.05). ECD desnecessários: 1 estudo protrombótico, 15 serologias da sifilis, 20 dopplers dos vasos do pescoço e transcraniano, 4 Holters e 14 ecocardiogramas transtorácicos. Conclusão: Doenças somatoformes e vertigem periférica foram as causas mais comuns de mimic. A FA e AVC prévio correlacionam-se com AVC, mas outros factores de risco vascular por si, não permitem distinguir os dois grupos. A duração do internamento e consumo de ECD pelos mimics devem ser considerados na boa gestão de recursos no Serviço Nacional de Saúde. 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 17 CO17 PNEUMONIA PÓS-AVC: UMA REALIDADE SUBESTIMADA QUE É POSSÍVEL PREVENIR? Lopes F, Mieiro L, Alves M, Miranda A, Narciso M, Fonseca T Unidade de AVC, Hospital Pulido Valente, Centro Hospitalar Lisboa Norte Introdução: A pneumonia pós-Acidente Vascular Cerebral (PPAVC) é uma complicação frequente do AVC, aumentando significativamente a sua mortalidade. Diversos factores de risco foram já descritos. Objectivos: Os autores pretendem avaliar factores de risco para PPAVC encontrados em doentes internados numa Unidade de AVC (UAVC) de um Serviço de Medicina de um Hospital Terciário. Material e Métodos: Estudo observacional retrospectivo numa UAVC durante 26 meses. Excluídos doentes sem o diagnóstico final de AVC. Considerou-se PPAVC se doente com clínica de pneumonia e aumento dos parâmetros inflamatórios após início do internamento. Análise estatística realizada em SPSS® v21. Resultados: De 368 doentes admitidos identificaram-se 324 com AVC, idade mediana 77 (68-83) anos, 52.2% sexo feminino (p=NS), prevalência de PPAVC 20.1%. Os doentes com PPAVC são mais idosos (idade mediana 81 vs. 76, p<0.001), têm demoras medianas mais longas (13.5 vs. 6 dias, p<0.001), apresentam maior défice neurológico na admissão (NIHSS>=10 31.6% vs. 11.6%, p=0.005), mais disfagia de novo (61.4% vs. 10.8%, p<0.001), mais causa cardioembólica (45.8% vs. 24.5%, p=0.039) e mais enfarte total da circulação anterior (TACI) (42.4% vs. 12.4%, p<0.001). Estes doentes apresentam também maior incapacidade no fim do internamento (mRs 4 vs. 1, p<0.001); maior défice funcional (Índice Barthel 50 vs. 95, p<0.001) e maior mortalidade (16.9% vs. 2.1%, p<0.001). Conclusão: Este estudo vem demonstrar maior prevalência de PPAVC que a descrita anteriormente. Os doentes com PPAVC são mais idosos, têm AVC mais grave, com mais fenómenos cardioembólicos, maior demora e maior mortalidade. A disfagia neurológica é mais prevalente neste grupo, reforçando a hipótese da sua importância como factor modificável no desenvolvimento da PPAVC. A sensibilização e treino dos profissionais das UAVC para a identificação destes doentes, com mobilização e detecção precoce de disfagia, poderão ser cruciais na redução de casos de PPAVC. CO18 IMPORTÂNCIA DOS FACTORES DE RISCO EM DOENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. Carlos Moreira, Paula Alcântara, Cristina Alcântara, Armando Dias, J.Braz-Nogueira Serviço de Medicina I (HSM-CHLN)/Cadeira de Medicina I (FML) Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) continua a ser a causa de morte prevenível mais frequente no mundo ocidental. A existência de comorbilidades aumenta o risco do 18 Livro de Resumos evento e aumenta a rigidez arterial (RA) com o consequente aumento do risco cardiovascular. O objetivo do presente estudo é avaliar a relação entre lesões de órgãos alvo (AVC) e marcadores de lesão, nomeadamente a interface média-intima (IMI), a pressão de pulso (PP) e o fibrinogénio (Fbg). Material e Métodos: Foram estudados 140 doentes (D) HT, tendo 70 D antecedentes de AVC nos últimos seis meses e 70 D não apresentavam nenhum evento grave na sua história. Todos os D efetuaram exame clínico, analises, tonometria com medição da pressão aórtica e ecografia carotídea com determinação da IMI. O modelo utilizado foi o t-student tendo-se considerado significativo valores de p<0,01 (“twotailed probabilities”). Resultado: Os dois grupos de D não apresentavam diferenças significativas em relação á idade, sexo, índice de massa corporal, consumo de tabaco e álcool e pressão arterial sistólica e diastólica periférica (PASB e PADB). Os D com antecedentes de AVC apresentavam um significativo aumento em relação á percentagem de doentes não dipper (13% vs 42% p<0,001), à presença de DM (24% vs 65%, p<0,001), pressão pulso braquial (53,2 + 10,5 vs 63,4 +13,1 mmHg, p<0,01, pressão pulsos central (39,2 + 12,4 vs 52,7 + 15,3 mmHg, p<0,01), espessamento do complexo média-intima carotídeo (0,60 + 0,07 vs 0,83 + 0,07 mm, p<0,01)e fibrinógénio (Fbg) (326 + 93 vs 405 + 112 mg/dl, p<0,01). Conclusão: O nosso estudo permitiu determinar que nos D mais graves (que já apresentavam sequelas de lesão nos órgãos alvo) as variáveis que exprimiam lesões a nível vascular apresentavam valores significativamente elevados. Nestes doentes existe um aumento das lesões arteriais com aumento da rigidez do vaso e a alteração da estrutura coexistindo possivelmente um aumento do componente inflamatório. CO19 AVC: 9 ANOS DEPOIS Maria Inês Ribeiro, Tiago Ramires, João Carvalho, Carmen Corzo, Silvia Lourenço, Luisa Rebocho Hospital do Espírito Santo de Évora Introdução: A doença vascular cerebral representa uma en- tidade com elevado impacto a nível de morbilidade e mortalidade. O tratamento do acidente vascular cerebral (AVC) agudo em unidades de cuidados especializados – UAVC – demonstrou melhoria na sobrevivência e na dependência dos doentes. Objectivo: Avaliação clínica de doentes com AVC, 9 anos após o internamento em unidade de agudos. Material e métodos: Estudo observacional retrospectivo dos doentes internados em 2004 na UAVC com colheita de dados relativos às características pessoais, etiologia do AVC, classificação de NIHSS e escala de Rankin modificada. Através do contacto telefónico e consulta de processos foi realizada a recolha de informação respeitante à sua condição actual. Resultados: Foram internados 281 doentes, dos quais 253 (90%) tiveram AVC ou AIT – 45%tiveram alta hospitalar, 42% foram transferidos para o serviço de Medicina e 3% faleceram na UAVC. No grupo de doentes com AVC ou AIT obtivemos informação actualizada de 153 doentes (45% do total) – amostra sobre a qual incidiu a avaliação da evolução. Destes, 55% mantêm-se vivos, mas com sequelas em 52% dos casos. No entanto, podemos verificar que nestes doentes houve uma melhoria em termos funcionais traduzida por diminuição do Rankin actual comparativamente ao inicial. Em 12% dos casos, assistiu-se a recorrência de AVC. Relativamente aos falecidos, 45% da amostra, o AVC foi a causa de morte em um quarto das situações, sendo que estes doentes tinham um Rankin superior comparativamente aos que se mantêm vivos. Todos os doentes vivos foram vigiados em consulta de doença vascular cerebral, mantendo-se em prevenção secundária com antiagregante ou anticoagulante oral. Discussão e Conclusão: Conclui-se que o AVC continua a ser uma patologia que representa um ónus para o indivíduo e para a sociedade, apesar dos cuidados especializados disponíveis. De referir que encontrámos limitações no estudo, nomeadamente no que concerne as classificações no internamento, por ausência de registos uniformizados. Comunicações Orais Sábado • 30NOV • 09H00 Sala Bragança A prevalência de hipertensão arterial foi 70%, de dislipidemia 40% e de diabetes 20%. Cerca de 17% eram fumadores atuais ou passados. A prevalência de doença vascular cerebral (DVC) isquémica foi 33%. Um doente apresentava doença cardíaca isquémica e outra doença arterial periférica. Os doentes com DVC comparando com os sem DVC apresentavam menor prevalência de hipertensão (60% vs 70%) mas maior prevalência de diabetes tipo 2 (40% vs 10%), dislipidemia (50% vs 35%) e tabagismo (30% vs 10%). Nenhuma destas comparações foi estatisticamente significativa (qui-quadrado). Conclusão: A idade média dos doentes com ACG incluídos neste estudo coaduna-se com a descrita na literatura. Apesar de haver uma elevada prevalência de FRV, estes dados são semelhantes aos da população hospitalizada sem ACG. Quando se estratifica estes FRV pela presença de DVC parece existir uma tendência para a população com ACG e DVC apresentar maior prevalência de FRV como diabetes tipo 2, dislipidemia e tabagismo. Os dados não foram estatisticamente significativos provavelmente pelo reduzido número de doentes incluídos. A identificação dos FRV à altura do diagnóstico de ACG permitirá a sua abordagem atempada no sentido de evitar eventos vasculares isquémicos, uma complicação frequente desta doença. CO21 AVALIAÇÃO DE FATORES DE RISCO PARA OCORRÊNCIA DE ACIDENTE VASCULAR ISQUÉMICO APÓS INTERNAMENTO POR SÍNDROME CORONÁRIA AGUDA Neves J, Ferreira R, Martins-Coelho G, Mesquita-Bastos J, Santos JA, Centro Hospitalar do Baixo Vouga, EPE CO20 FATORES DE RISCO VASCULAR NOS DOENTES COM ARTERITE DE CÉLULAS GIGANTES André Silva-Pinto, Andreia Costa, Ana Faceira, Pedro Abreu, Sofia Pereira Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, Porto Introdução: A arterite de células gigantes (ACG) tem uma taxa de incidência de 1 a 30/10 000 nos indivíduos acima de 50 anos. É mais frequente no sexo masculino e alguns estudos mostram uma elevada prevalência de doença vascular nos doentes com ACG. Objetivo: Caraterizar os doentes com ACG de acordo com os fatores de risco vascular (FRV) e doença cerebrovascular estabelecida. Métodos: Foi realizado um estudo transversal dos doentes com o diagnóstico de ACG internados ou em regime de consulta entre 2006 e 2013. Os dados demográficos e clínicos recolhidos foram analisados com o SPSS-21®. Resultados: Trinta doentes foram diagnosticados com ACG. A idade média foi 74,8 anos e o racio homens:mulheres 1:2. Introdução: Os doentes internados por Síndrome Coronária Aguda (SCA) apresentam risco aumentado de acidente vascular isquémico de 1 a 2,5%. Vários fatores se tem encontrado como preditores de evento cerebrovascular isquémico e alguns scores têm sido propostos. Objetivo: Avaliar a ocorrência de acidente vascular cerebral nestes doentes e determinar a existência de factores preditores de evento. Métodos: Análise retrospetiva do processo clínico de doentes consecutivos internados na Unidade de Cuidados Intensivos Coronários (UCIC), durante 24 meses, com diagnóstico de SCA. Avaliar a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC) isquémico durante um período de follow up de 12 meses. Avaliação dos factores independentes de risco de AVC isquémico, através de análise de correlação de variáveis estatísticas. Resultados: De 451 doentes internados com SCA, 10 doentes (2,2%) apresentaram AVC isquémico. A maioria dos doentes era do sexo masculino (n=7), sendo contudo o risco AVC isquémico maior no sexo feminino (2,1% versus 2,4%). Todos os doentes que apresentaram evento tinham mais de 65 anos e eram não fumadores. Tal como esperado, a maioria destes doentes (n=9) já eram hipertensos conhecidos. Na análise multivariada de Cox, 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 19 ajustada às variáveis de confusão (sexo, idade, história familiar de doença coronária, HTA, dislipidémia e Diabetes mellitus) obtevese um Hazard Ratio significativo para o IMC 0,227, p< 0.04 ( IC 95% 0,05-0,95) e para a FC à entrada 1,04, p< 0,01 (IC 95% 1,009-1,066), como preditores de AVC isquémico nestes doentes. Discussão e Conclusão: A ocorrência de AVC isquémico em doentes com evento coronário recente não apresenta uma prevalência elevada, contudo é responsável pelo aumento da morbilidade e mortalidade. É assim necessária a aplicação precoce de scores de risco para uma identificação precoce dos indivíduos que apresentem maior risco de evento, permitindo uma intervenção mais precoce e agressiva. causa que justificasse o evento cerebrovascular identificado, o que levanta algumas dúvidas quanto ao real significado destes anticorpos e critérios atualmente utilizados. CO23 MODIFICAÇÃO DO PERFIL TENSIONAL EM DOENTES COM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Carlos Moreira, Paula Alcântara, Cristina Alcântara, Pawel Sierzputowski, J.Braz-Nogueira Serviço de Medicina I (HSM-CHLN)/Cadeira de Medicina I (FML) Introdução: A hipertensão arterial (HT) é um factor de risco dom- CO22 ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA DA SíNDROME ANTIFOSFOLíPIDICA NO CONTEXTO DE DOENÇA CEREBROVASCULAR: ANÁLISE DESCRITIVA DE UMA SÉRIE DE CASOS João Fonseca, Cristina Duque, Luís Isidoro, Gustavo Cordeiro, Luís Cunha Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Introdução: A síndrome antifosfolipídica (SAF) é uma doença auto-imune definida pela associação de manifestações clínicas trombóticas e/ou obstétricas e a presença de anticorpos antifosfolipídicos (AFL). No território arterial, o sistema nervoso central, é o mais afectado, geralmente sob a forma de acidente vascular cerebral (AVC) ou acidente isquémico transitório. Objectivos: Analisar os doentes diagnosticados com SAF no contexto do estudo etiológico da doença cerebrovascular, e as suas implicações terapêuticas. Material e métodos: Análise retrospetiva dos doentes internados num Serviço de Neurologia por doença cerebrovascular, entre 2007 e 2012, com AFL positivos. Os doentes com diagnóstico prévio de SAF foram excluídos. Resultados: Foram identificados 12 doentes, divididos em 3 grupos: A) indivíduos que preencheram os critérios de Classificação de Sapporo 2006 - SAF definitivo (n=6, dos quais 2 associados a LES); B) indivíduos com AFL transitoriamente positivos (n=4); C) indivíduos com AFL positivos persistentemente baixos (n=2). A pesquisa de AFL foi justificada no contexto do estudo etiológico do AVC no jovem (n=10), ou no idoso perante elevação persistente do tempo de tromboplastina parcial activadaTTPa (n=2). Os doentes com SAF definitivo foram identificados no contexto de AVC isquémico (n=4), trombose venosa cerebral (n=1) e demência por multienfartes (n=1); todos tinham anticoagulante lúpico positivo, TTPa elevada, e foram tratados com varfarina. Apenas em 1 doente do grupo B e C foi identificada outra causa para o evento cerebrovascular (défice de proteína S), os restantes foram medicados com antiagregantes. Nenhum dos 12 doentes apresentou novos eventos trombóticos. Conclusão: Metade dos doentes com AFL positivos, não cumpria critérios de SAF. Na sua maioria, não foi identificada outra 20 Livro de Resumos inante e um indicador de prognóstico em doentes com acidente vascular cerebral (AVC). O objectivo do presente estudo foi avaliar as alterações do ritmo circadiano da pressão arterial observadas em doentes com AVC. Material e métodos: Foram estudados doentes que tinham tido AVC na enfermaria do nosso serviço e que possuíam medição ambulatória da pressão arterial (MAPA) nos seis meses anteriores apresentando perfil “dipper” e nos seis meses posteriores ao AVC. Além do MAPA os doentes apresentavam análises e exame clínico. A avaliação da MAPA foi efetuada com recurso a um monitor Spacelab 90207 e este na última medição tinha sido colocado no lado não afetado do doente. Utilizou-se os modelos de qui-quadrado e t-student tendo-se considerado significativo valores de p<0,01 (“two-tailed probabilities”). Resultados: Os factores de risco dos 95 doentes incluídos foram hipertensão essencial (n=76; 80%), diabetes mellitus (n=32; 33,6%) e fumadores (n=18; 19%). Todos os doentes incluídos no estudo apresentavam AVC isquémico e em 84 (88,4%) doentes foi abolida a descida noturna da pressão (“dip”) superior a 10%, tendo em 28 doentes (29,5%) apresentado na segunda medição um perfil de “dipper” invertido (a média da pressão noturna era superior á pressão diurna). A comparação dos “dipper” invertidos com os não “dipper” não apresentava diferença significativa entre os dois grupos em relação às variáveis estudadas, exceto no IMC que era superior nos doentes “dipper” invertidos. Conclusão: Com o nosso trabalho detetamos uma alteração patológica do perfil circadiano após a ocorrência de AVC tendo em 88,4% dos doentes passado de perfil dipper para não dipper. Nos doentes com elevado índice de massa corporal a alteração de perfil além de não dipper ainda apresentava na maioria dos casos perfil dipper invertido, o qual por si só parece aumentar o risco de AVC. CO24 DELIRIUM E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Cristina Correia, Paulo Ramalho, Paulo Chaves Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar São João, Porto Introdução: O delirium é uma alteração do estado de con- sciência frequente em doentes hospitalizados, com impacto na mortalidade e prognóstico. O acidente vascular cerebral (AVC) constitui um dos seus principais factores predisponentes. Objectivos: Analisar a incidência de delirium em doentes internados por AVC, bem como factores de risco associados, terapêutica e evolução. Material e Métodos: Estudo retrospectivo a partir de processos clínicos de doentes internados por AVC entre 1-1-12 e 30-4-12. Escala de avaliação usada: “Confusion Assessment Method “(CAM). Resultados: Verificou-se uma incidência de delirium de 41,7%, com registo especifico no processo clínico em 50% dos casos. Dos 95 doentes selecionados (51 mulheres; 44 homens), com média de idade de 73 anos (83% com idade > ou = 65 anos), 5,3 % apresentavam dependência nas atividades vida diária e 6,3 % tinham diagnóstico prévio de síndrome demencial. O AVC foi hemorrágico em 23,2% dos casos e de localização direita em 36,8%. O delirium era do tipo hipoactivo em 43,2% dos casos, misto em 36,8 %, e hiperactivo em 20,0% (17% destes com necessidade de imobilização). No que respeita a fatores associados e sua frequência: evidência de infeção (42,1%); consumo de álcool regular( 23,2% ); dor (24,2%), sendo 78,3% medicados com analgésico opiáceo; retenção urinária (6,3%); hipoacusia( 6,3%); atividade epileptiforme (6,3 %).Em relação a terapêutica (administrada durante delirium), 25,3% dos doentes estavam medicados com 3 ou mais psicofármacos; 19,0% foram medicados com haloperidol; 13,7% com antipsicóticos atípicos; 48,4% com benzodiazepinas; 7,9 % com antidepressores e 9,5 % com corticoterapia. Relativamente a evolução (período de seguimento entre 3meses-1ano) registou-se mortalidade de 9,5% e grau de dependência elevado em 36,8%. Conclusão: O delirium é subdiagnosticado nos doentes hospitalizados, sendo necessários protocolos de prevenção e abordagem terapêutica específicos adaptados a doentes com AVC, bem como estudos prospectivos para sua melhor avaliação. CO25 REABILITAÇÃO COGNITIVA COM COMPUTADOR: NOVA ARMA TERAPÊUTICA NO ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Ana Zão, António Camelo Serviço de FIsiatria - Centro Hospitalar do Porto Objectivos: Avaliar a eficácia da reabilitação cognitiva base- ada em computador (RCC) no tratamento de alterações cognitivas em doentes com acidente vascular cerebral (AVC). Material e Métodos: Pesquisa da literatura publicada até Setembro de 2013 nas bases de dados PubMed, Web of Science, Cochrane Library, EBSCO and EMBASE. Revisão sistemática e meta-análise, com avaliação da qualidade metodológica e viés de publicação dos estudos seleccionados. Resultados: Dos doze estudos que cumpriam os critérios de inclusão (um total de 461 doentes com AVC), seis ensaios clínicos randomizados apresentavam qualidade metodológi- ca elevada. Os estudos sugerem eficácia da RCC, com um tamanho de efeito global de 0.54 (95 % intervalo de confiança [0,33 – 0,74]), interpretado como benefício moderado, estatisticamente significativo (p<0,05). A heterogeneidade e viés de publicação dos estudos não foram significativos. Conclusão: Existe evidência do benefício da RCC na melhoria das funções cognitivas em doentes com AVC. Como modalidade terapêutica comprovadamente eficaz, deverá ser incluída nos planos de reabilitação. São necessários mais estudos para avaliar os diferentes tipos de RCC e quais as subpopulações de doentes com AVC que mais beneficiariam. Posters Sexta-feira • 29NOV • 11H30 Sábado • 30NOV • 11H30 P1 CASUÍSTICA DE UM ANO DE INTERNAMENTOS NUMA UNIDADE DE AVC – DADOS DE UM HOSPITAL DISTRITAL Anabela Brito, Helena Vilaça, Amanda Rey, Liliana Costa, Miguel Morgado, Joana Carneiro, Lourdes Vilarinho, José Veloso, Ana Brandão Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Serviço de Medicina 2 Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) constitui a principal causa de morte em Portugal, afetando especialmente indivíduos idosos com pluripatologia crónica. As unidades de AVC (UAVC), desempenham um papel crucial no tratamento diferenciado e multidisciplinar desta patologia, através da identificação e prevenção precoce de complicações, no prognóstico funcional e orientação adequada. Objectivo: Caracterização do perfil demográfico, clínico e mortalidade de uma população de doentes internados por AVC numa UAVC de um hospital distrital de nível 1. Material e métodos: Análise retrospetiva dos processos clínicos referentes à população de doentes admitidos numa UAVC no ano de 2012 com os diagnósticos de AVC agudo isquémico (AVCi), hemorrágico (AVCh) ou acidente isquémico transitório (AIT). Resultados: Foram analisados 161 internamentos consecutivos, dos quais 124 (77%) eram AVCi, 26 (16%) eram AVCh e 11 (7%) eram AIT. A média de idades foi de 77,8 ± 11,4 anos e 90 (56%) eram doentes do sexo feminino. Destaca-se uma elevada prevalência de factores de risco: 32% dos doentes tinha fibrilhação auricular e 65% dos doentes apresentava dois ou mais factores de risco cardiovasculares (FRCV), correspondendo a associação da hipertensão arterial e dislipidemia a mais frequentemente identificada, presente em 45% dos doentes. A taxa de mortalidade intra-hospitalar foi de 11%, todos os casos 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 21 em doentes com mais de 65 anos. Os doentes apresentavam um elevado grau de dependência funcional. À data de alta hospitalar, 49% dos doentes foram encaminhados para a rede nacional de cuidados continuados. Conclusão: O AVC agudo é uma importante causa de morbilidade e mortalidade nesta população. A elevada prevalência de FRCV, realça a oportunidade de intervenção na prevenção primária e secundária. O seu tratamento atempado e diferenciado em UAVC nos hospitais de menor dimensão é fundamental na promoção da qualidade da medicina de proximidade e na redução do impacto devastador desta doença. P2 UAVC: ESTATISTICA DE JANEIRO 2012-MAIO DE 2013 Darlene Adolfo, Paulo Roboredo, Cristina Sequeira, Nuno Costa, Heidy Cabrera, João Reis Pereira ULS Guarda - Hospital Sousa Martins Introdução: O acidente vascular cerebral é caracterizado pela perda rápida de função neurológica, decorrente de isquemia ou hemorragia de vasos sanguíneos que irrigam o sistema nervoso central. Em Portugal a principal causa de morte tem origem cardiovascular com 36% dos óbitos e destes derivam 400 AVC por dia. Objectivo: Avaliar as características dos doentes internados na UAVC do HSMG de Janeiro de 2012 a Maio de 2013, relacionando o tempo de internamento, a mortalidade, e o destino após a alta. Material e Métodos: Num universo de 325 doentes no período acima citado, usamos para amostra o Universo de admitidos no serviço. Resultados: Tendo uma média de internamentos inferior a 9 dias, uma mortalidade de 10%, idade média em torno aos 72, abarcando a faixa etária de 27-95 com desvio padrão de 12. O sexo masculino foi o mais afectado, sendo pior o prognóstico nos eventos hemorrágicos. Foram realizadas 18 trombólises com uma taxa de sucesso de cerca de 80% (melhoria clínica). Conclusão: Da análise dos números sobressai que a mortalidade de 20% nos doentes sujeitos a trombólise é superior à mortalidade nos eventos isquémicos restantes, possivelmente devido aos critérios de admissão na unidade. P3 TROMBOSE VENOSA CEREBRAL NO SERVIÇO DE MEDICINA DE UM HOSPITAL DISTRITAL: UMA CASUÍSTICA DE 3 ANOS Filipa Alçada, Fernando Henriques, Lilian Sousa, Mª Jesus Banza, Fernando Mota Tavares CHLP - Leiria Introdução: A trombose venosa cerebral (TVC) é uma en- tidade que surge, frequentemente, sub-diagnosticada, aten- 22 Livro de Resumos dendo à inespecificidade dos sintomas com que se apresenta e à baixa sensibilidade dos exames complementares utilizados na primeira avaliação. Apesar deste facto, estima-se uma incidência da TVC na população mundial de entre 1 a 2 casos por milhão de habitantes, existindo descrições de incidência em alguns países da Ásia de 7 casos por cem mil habitantes. Trata-se de um fenómeno que predomina em indivíduos jovens com estados de hipercoagulabilidade (primária ou adquirida), na sinusite crónica, após traumatismo encefálico ou cirurgia e associado à toma de determinados fármacos. Material e Métodos: Os autores avaliaram os doentes internados num serviço de Medicina de um hospital distrital com o diagnóstico de trombose venosa cerebral, nos anos de 2010,2011 e 2012. São discutidos os factores predisponentes encontrados, o meio de diagnóstico utilizado, a estratégia terapêutica a curto e longo prazo e os resultados da mesma após um ano. Conclusão: Devido à inespecificidade da clínica a TVC encontra-se, muito provavelmente, subdiagnosticada, o que atrasa a introdução terapêutica e aumenta a mortalidade atribuída a esta patologia, avaliada pelo número de casos descritos “post mortem”. Sugere-se o uso de ressonância magnética cranioencefálica nos casos em que a suspeita clínica é forte e a tomografia computorizada se revela normal ou sugere, mas não confirma, a presença de TVC. P4 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL HEMORRAGICO NO DEPARTAMENTO DE MEDICINA – CASUÍSTICA DE UM ANO Liliya Malanka, Helena Maurício, Cristiana Pinto, Cristiana Batouxas, Romeu Pires, Adelaide Esteves, Prudência Vaz Serviço de Medicina Interna, ULSNE, Hospital de Bragança Introdução: A doença cerebrovascular continua a ser a pri- meira causa de mortalidade e uma das primeiras causas de morbilidade em Portugal. A hemorragia intracerebral (HIC) é a mais debilitante e com maior taxa de mortalidade. A causa mais frequente de HIC espontânea é a hipertensão arterial (em 75% dos casos); seguidamente angiopatia amilóide cerebral, sobretudo na população mais idosa; e anomalias vasculares (aneurisma, malformação, angioma cavernoso) mais frequentes em idades mais jovens. As causas menos frequentes são as alterações na coagulação, os tumores cerebrais e a ingestão de substâncias tóxicas. Material e métodos: Estudo retrospectivo com base na análise de processo clínico de todos os doentes internados no Serviço de Medicina Interna durante ano de 2012 com diagnóstico principal de AVC hemorrágico/HIC. Resultados: A incidência geral foi de 26 doentes dos quais 53,8% (n=14) eram do sexo masculino e 46,2% (n=12) do sexo feminino. A idade variou entre os 25 anos e os 89 anos, sendo a idade média de 73 anos. As maiorias dos doentes eram provenientes do serviço de urgência, apenas 2 doentes foram transferidos do Serviço de Neurocirurgia. À data de alta, 50% (n=13) dos doentes internados foram colocados na rede nacional de cuidados continuados integrados, outros 15,4% (n=4) orientados para consulta externa, só 1 doente (3,8%) foi transferido para outro Hospital a fim de ser submetido a cirurgia intracerebral por agravamento neurológico. Mortalidade hospitalar era de 30,8% (n=8). Demora média do internamento era de 12,7 dias. Conclusão: Apesar da amostra da população estudada ser pequena, observou-se uma elevada taxa de mortalidade. Revelou-se uma maior prevalência no sexo masculino. Como factor de risco cardiovascular predominante destacase a hipertensão arterial (96,1%), seguida da fibrilhação auricular (38,5%), da antiagregação plaquetária (34,6%) e do alcoolismo (19,2%). Prognóstico depende do volume e da localização de HIC. P5 A IMPORTÂNCIA DA TOMOGRAFIA COMPUTORIZADA NA VIA VERDE DE AVC Júlio Pinto1, Luís Martins2, Miguel Macedo1 Centro Hospitalar Tâmega e Sousa 1 Universidade Fernando Pessoa 2 Introdução : A Via Verde pode ser entendida como uma estratégia organizada para a abordagem, encaminhamento e tratamento mais adequado relativos a AVC. O surgimento da Tomografia Computorizada Multi-Corte na década de noventa veio possibilitar a otimização do estudo crânioencefálico, e em especial, no que concerne à patologia cerebrovascular aguda. O reconhecimento rápido dos sintomas e sinais de lesão cerebral constituem o elo mais relevante para a cadeia de sobrevivência do doente Material e Métodos: Estudo clínico de cariz retrospectivo de todos os exames de TC realizados na região de Tâmega e Sousa no 1º trimestre de 2012, separando-se à posterior os episódios de AVC isquémicos e hemorrágicos agudos. Os dados foram recolhidos dos processos clínicos dos doentes através do programa de Sistema de Apoio ao Médico (SAM) e da base de dados da U-AVC. A investigação constante, numa área de intervenção tão importante como o Acidente Vascular Cerebral é, inquestionavelmente, necessária, pois cada vez se sabe mais sobre as suas causas. Mas persiste ainda a necessidade de serem estudadas novas formas de o prevenir, detectar e tratar, tendo sempre em atenção a melhoria da qualidade de vida dos doentes, durante e após o tratamento. Resultados: Em análise a este estudo a conclusão que fica é que em 156 casos validados de avc isquémico agudo apenas conseguimos através da TC fazer o despiste de 34 casos, podemos dizer de grosso modo que obtivemos uma percentagem de apenas 22% no despiste através da neuro imagem. Conclusão: Existe uma fraca sensibilização dos meios re- sponsáveis pela prevenção no que concerne a informação não tanto para os fatores de risco de AVC mas sim para os tempos de recorrência aos serviços adequados no intuito de solicitar intervenção bem como do acompanhamento a nível dos centros de saúde e médicos de família na correta medicação de acompanhamento mediante a patologia do paciente. P6 (DES)COORDENAÇÃO DA MARCHA APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL: COMO INTERVIR? Ana Zão, António Camelo Serviço de FIsiatria - Centro Hospitalar do Porto Objectivos: Avaliar a eficácia das intervenções terapêuticas actualmente utilizadas para tratamento das alterações da coordenação da marcha após acidente vascular cerebral (AVC). Material e Métodos: Pesquisa da literatura publicada até Setembro de 2013 nas bases de dados Medline, EMBASE, Scopus, Cochrane Library, EBSCO e Health Star. Resultados: Trinta e três ensaios clínicos cumpriam os critérios de inclusão. Os resultados sugerem que as intervenções de reabilitação actualmente utilizadas melhoram significativamente a marcha. A prática repetitiva de tarefas específicas parece ser a abordagem mais promissora no restabelecimento da coordenação da marcha. Conclusão: A maioria dos doentes com melhoria da coordenação da marcha apresentam um aumento na velocidade da mesma, sugerindo que o investimento na coordenação parece ser a melhor estratégia de melhoria da capacidade global de marcha após AVC. Para definir os mecanismos de melhoria do controlo locomotor e ganho funcional é fundamental compreender tanto a neuroplasticidade como as alterações da coordenação após AVC. Assim, no futuro serão necessários estudos que avaliem simultaneamente os aspectos espaciais e temporais da coordenação, a activação cortical e o impacto nas actividades da vida diária. P7 CASO CLÍNICO: DOENTE HIPOCOAGULADO COM DABIGATRANO POR FA, COM NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE MANOBRAS INVASIVAS H. Gomes,1 M. Guerreiro,2 A. Freixo,1 F. Bischoff,1 L. Gonçalves,1 F.Araújo1 1 Serviço de Imuno-hemoterapia, 2Serviço de Hematologia Clínica, Centro Hospitalar São João, Porto Caso Clínico: Doente do sexo masculino, de 71 anos, hipoco- agulado por fibrilhação auricular (CHA2DS2-VASc de 2) desde Novembro de 2011 com dabigatrano 110mg 2xdia, com avalia- 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 23 ção periódica da função renal. No contexto de análises de rotina foi detectado um aumento do PSA, com indicação para biópsia prostática em Janeiro de 2013. Para efectuar a manobra, de acordo com o seu ClCr de 72ml/mn, suspendeu dabigatrano durante 24h antes da manobra e reiniciou 24h após a mesma, sem bridging. Não houve intercorrências. Foi estabelecido o diagnóstico de adenocarcinoma da próstata. Ao efectuar TC para estadiamento foi detectado nódulo de 5,5cm no rim direito, interpretado como neoplasia renal. Foi decidido efectuar prostatectomia radical e nefrectomia no mesmo tempo cirúrgico. Para isso, suspendeu dabigatrano 48h antes da cirurgia. A cirurgia decorreu sem problemas. Como profilaxia de TEV, iniciou HBPM (80 mg/dia) 24h após a cirurgia e utilização de meias elásticas. Três dias após a cirurgia foi decidido interromper a HBPM e reiniciar o dabigatrano (110 mg 2xdia), não tendo ocorrido qualquer complicação hemorrágica ou trombótica. O exame anátomo-patológico do rim identificou um carcinoma de células renais do tipo claras. A função renal à data da alta apresentava um ClCr de 58ml/mn. Actualmente o doente encontra-se estável, mantendo periodicamente (cada 6 meses) a avaliação laboratorial com hemograma, função hepática e função renal. Discussão e Conclusão: Este caso ilustra a abordagem no manuseio da hipocoagulação com dabigatrano, em doentes com necessidade de manobras invasivas, desde que cumpridas as recomendações estabelecidas de suspensão, de acordo com as características do doente (nomeadamente o risco trombótico e a função renal que afecta a semi-vida do fármaco), bem como do risco hemorrágico da manobra invasiva. P8 CASO CLÍNICO: DOENTE HIPOCOAGULADO COM DABIGATRANO POR FA COM HEMORRAGIA INTRACRANEANA ESPONTÂNEA. B. Delgado,1 F. Martinez,1 S. Fernandes,1 L. Gonçalves,1 A. Oliveira e Silva,2 P. Bettencourt,3 F.Araújo1 1 Serviço de Imuno-hemoterapia, 2Unidade de AVC, 3Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, Porto Caso Clínico: Reportamos o caso clínico de doente, sexo mas- culino, com 82 anos, hipocoagulado desde final de Setembro de 2012, após AVC isquémico cardioembólico e que apresentava Fibrilhação Auricular (CHA2DS2-VASc de 6 e HAS-BLED de 2). Foi medicado com Dabigatrano 110mg 2xdia. O doente ficou com hemiparesia esquerda sequelar (Rankin 4). A 24 de Outubro 2012 deu entrada no SU do CHSJ pela Via Verde de AVC por afundamento súbito do estado da consciência, vómitos e diminuição de força muscular generalizada. Foi efectuado TC que revelou volumosa lesão hemorrágica intra-parenquimatosa, sem efeito de massa, com restantes achados imagiológicos similares aos do TC efectuado em Setembro de 2012. A última toma de dabigatrano ocorreu 14h antes da admissão. Apresentava Hb 9,7g/dl, plaquetas 311x109/L, ClCr 73ml/mn, estudo da coagulação com aPTT 24 Livro de Resumos 47seg, TP 14seg, FI 500 mg/dl. Foi considerado sem indicação cirúrgica. Foi decidida reversão do efeito anticoagulante com 3000UI de complexo protrombínico activado (FEIBA). O estudo da coagulação, 1h após a administração de FEIBA, apresentava aPTT 40,3seg, TP 11seg, FI 486 mg/dl. O estado neurológico do doente teve discreta melhoria. A TC efectuada ao D5 revelou hemorragia em reabsorção. Na profilaxia de TEV foram utilizados meios mecânicos. Iniciou HBPM em dose profilática no D6, conforme protocolo. Uma vez que o doente apresentava evolução neurológica favorável e estabilidade hemodinâmica, ao D7 foi transferido para o internamento da Medicina Interna. Repetido TC cerebral, este revelou hemorragia em reabsorção sem lesões agudas. O doente faleceu ao D21 por infecção respiratória resistente à ATB instituída e falência cardio-respiratória. Discussão e Conclusão: Apesar do desfecho, a administração de FEIBA foi eficaz na correcção da coagulação. Há estudos exvivo que parecem demonstrar a correcção da hemostase, com FEIBA, em indivíduos a realizar dabigatrano. Existem casos clínicos reportados em que a sua utilização foi clinicamente eficaz em hemorragias graves. P9 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO SOB DABIGATRAN, COMPLICADO POR HEMORRAGIA DIGESTIVA Rita Moça, Armando Peixoto, Rui Gaspar, Isabel Camões Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, Porto Introdução: A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia cardíaca mais comum e uma das principais causas de acidente vascular cerebral (AVC) - 4.5% ano - e embolismo sistémico. A hipocoagulação reduz o risco de novo AVC em 1.4% ano, sendo assim fortemente recomendada. Dos hipocoagulantes mais recentes, destaca-se o dabigatrano, um inibidor direto da trombina, que demonstrou igual ou superior eficácia à varfarina na prevenção de tromboembolismo, sendo o risco de hemorragia major significativamente menor com dabigatrano 110mg (2.9% ano), comparativamente com a varfarina (3.6% ano). Não necessita de controlo periódico para ajuste de dose, no entanto, ainda não existe antídoto em caso de hemorragia, sendo preconizada a hemofiltração. Caso clínico: Doente de 83 anos, previamente autónoma nas atividades da vida diária, internada por AVC isquémico sem tradução na TC-cerebral. A doente apresentava desequilíbrio na marcha para a esquerda, nistagmo ligeiro, disfagia e disfonia. Como comorbilidades relevantes, apresentava hipertensão arterial, doença cerebro-vascular e FA, diagnosticada há 1 ano, tendo iniciado hipocoagulação com dabigatrano nessa data. A ressonância magnética cerebral revelou lesão vascular isquémica recente na vertente póstero-lateral esquerda do bulbo. No 18º dia de internamento, a doente iniciou quadro de dor abdominal, tipo cólica, mais intensa no flanco esquerdo, sem alteração do trânsito intestinal. Acompanhada de hipotensão refractária ao volume, com gasimetria inicial sem hiperlactacidemia. Ecografia abdominal sem alterações. Realizou angio-TC abdominal, que sugeriu a presença de isquemia intestinal. Nas 48h seguintes, a doente iniciou quadro de hemorragia digestiva e da mucosa nasal, incontroláveis. O estudo da coagulação revelou importante alteração, com aPTT>180 segundos, pelo que foi administrado complexo protrombínico e plasma fresco, sem reversão da coagulopatia. A doente faleceu por choque hipovolémico. P10 DECISÕES DIFICEIS DE HIPOCOAGULAÇÃO: A PROPÓSITO DE UM CASO Ana Margarida Ribeiro, Hugo Amorim, Filipe Martins, Edite Peixoto, Patrícia Lourenço, M Teresa Cardoso, Paulo Bettencourt Centro Hospitalar de São João, Porto Introdução: O tratamento de tromboembolismo pulmonar (TEP) pode ser complicado se hemorragia concomitante. Caso clínico: Mulher, 77 anos, com hipertensão arterial. Inter- namento em Agosto/2013 por hemiparesia esquerda, tomografia computorizada (TC) cerebral: hemorragia parietal direita com edema associado; suspeita de lesão ocupando espaço. Ressonância magnética nuclear (RMN) cerebral: hemorragia parietal direita em fase subaguda não podendo excluir angioma cavernoso ou lesão neoplásica subjacente. Angio-TC cerebral não evidenciou malformação arteriovenosa. Endoscopias digestiva alta e baixa sem lesões. Mamografia negativa; excluída neoplasia ginecológica. TC toracoabdominopelvico sem alterações. HIV negativo. Alta aos 17 dias, sem défices, hemorragia em reabsorção. Mobilidade muito limitada desde a alta. Re-internada em Setembro/2013 por TEP bilateral - artérias pulmonares principais com disfunção ventrículo direito. Inibidor lúpico e anti-cardiolipinas negativos. Repetida TC cerebral – iniciada heparina não fraccionada e depois fraccionada em dose terapêutica. RMN cerebral ao 9º dia: nova hemorragia frontal direita, características sugestivas de angiopatia amiloide. Doppler membros inferiores: tromboses venosas superficiais e profundas bilaterais. Colocado filtro na veia cava inferior (VCI). TC cervicotoracoabdominal: nódulos tiróide (11 e 9mm), formação cística pâncreas 25x30mm - biópsia: pseudocisto, sem malignidade. Mantida enoxaparina; 4 dias após: síncope; TC cerebral: aumento da hemorragia frontal. Suspensa hipocoagulação. Estabelecimento progressivo de défice membro superior e parésia facial à esquerda. TC cerebrais seriados: estabilização hemorragia e edema cerebral marcado, sugestivo de lesões expansivas secundárias. Dexametasona oral - estabilização défice. Discussão e Conclusão: TEP bilateral com impossibilidade de hipocoagulação por hemorragia cerebral. Eventual neoplasia oculta na base das manifestações hemorrágicas e trombóticas. Filtro VCI e atitude expectante. P11 HIPOCOAGULAÇÃO – UMA DECISÃO DIFÍCIL Marta Couto1,2, Eva Padrão1, Adelaide Cruz1, Joana Meireles4, Goreti Moreira3, Guilherme Gama2,3 1 Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João (CHSJ), 2Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, 3Unidade de Acidente Vascular Cerebral do Serviço de Medicina Interna do CHSJ, 4Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de São João Caso Clínico: Mulher, 78 anos, viúva, obesa e dislipidémica, Rankin prévio 3. Internamento em 2007 por acidente vascular cerebral (AVC) isquémico, do território da artéria cerebral média esquerda, submetido a trombólise de etiologia desconhecida; ecodoppler sem alterações de relevo, ecocardiograma com dilatação ligeira da aurícula esquerda e Holter sem evidência de fibrilação auricular. Seguida em consulta com boa recuperação neurológica (mantendo discreta afasia nominal). Em 2012 novo internamento por síndrome lacunar sensitivo motor esquerdo ficando com hipostesia sequelar da mão esquerda. Ecodoppler com ateromatose carotídea de cerca de 25-30% sem repercussão hemodinâmica. Em 2013 admitida por AVC isquémico de provável etiologia cardioembólica. Diagnóstico de fibrilação auricular de novo ainda no Serviço de Urgência. Ecodoppler sobreponível a anterior. Iniciou hipocoagulação ao 10º dia. Alta com NIHSS de 6, com níveis terapêuticos de INR (2,43). Readmitida em menos de 24h por prostração, pontuando no exame neurológico 5 na escala NIHSS. Documentada ligeira transformação hemorrágica intralesional sendo suspensa hipocoagulação. Reavaliação imagiológica com reabsorção parcial do componente hemático, sem evidência de ressangramento. Alta sob anti-agregação. Reinternada 10 dias depois por alteração transitória de linguagem. Sem evidência de imagem aguda em tomografia cerebral. Alta hipocoagulada. Discussão e Conclusão: Este caso alerta-nos para a problemática do diagnóstico da fibrilação auricular paroxística, bem como para a dificuldade de definição do tempo de início ou de re-introdução de hipocoagulação após evento vascular cerebral agudo. P12 ANTICOAGULAÇÃO PROFILÁCTICA APÓS EPISÓDIO DE HEMORRAGIA INTRACEREBRAL (HIC) ASSOCIADA À VARFARINA: UM CASO CLÍNICO Armando Peixoto; Ana Rita Moça; Isabel Camões Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, Porto Introdução: As indicações para anticoagulação profiláctica devem ser cuidadosamente revistas após um episódio de hemorragia intracraneana (HIC) associado à varfarina, não 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 25 havendo dados precisos sobre o risco de recorrência ou agravamento das lesões. Caso clínico: Os autores apresentam o caso de uma mulher de 84 anos, previamente autónoma e com antecedentes patológicos de fibrilhação auricular anticoagulada com varfarina, doença coronária e cerebrovascular isquémica sem sequelas. Recorre ao serviço de urgência por tonturas e síncope. À observação inicial pontuava 15 na Escala de Coma de Glasgow, apresentando-se hemodinamicamente estável. Analiticamente com INR de 4,55. A TC cerebral revelava “hemorragia extra-axial aguda estendendose inferiormente ao espaço perimedular posterolateral esquerdo até ao nível de C1-C2 com moldagem da transição bulbo-medular e da amígdala cerebelosa esquerda”. O quadro foi interpretado como HIC associada a varfarina, revertida com vitamina K e concentrado de complexo protrombínico (CCP). Internada inicialmente em unidade de cuidados intermédios e posteriormente transferida para o serviço de Medicina Interna, onde se ponderou reiniciar a anticoagulação, optando-se por não o fazer dada a persistência da lesão na TC de reavaliação. Ao 8º dia de internamento apresentou depressão do estado de consciência com imagem isquémica de novo frontotemporoparietal direita extensa em nova TC cerebral e isquemia aguda nos membros direitos, sendo submetida a trombolectomia cirúrgica com remoção de múltiplos êmbolos. Teve evolução desfavorável com falecimento no dia seguinte. Discussão e Conclusão: A presença de HIC em contexto de anticoagulação com varfarina exige a reversão da mesma, mesmo em doentes com elevado risco trombótico, com recurso a vitamina K, CCP e/ou plasma fresco congelado. O risco de um evento trombótico existe, sobretudo com o uso de CCP. Indica-se o uso de heparina de baixo peso molecular na prevenção de trombose venosa profunda, excepto se contra-indicação neurocirúrgica. P13 TROMBÓLISE PARA ALÉM DAS RECOMENDAÇÕES, UMA DECISÃO COMPLEXA Ana Palricas, Vera Salvado, André Almeida, João Estevão, João Jacinto, Valentyna Krivonos, Patrícia Ferreira, Nuno Mendonça, Cristina Sousa, Alexandre Silva, Ana Paiva Nunes Unidade CerebroVascular - Centro Hospitalar Lisboa Central Hospital São José Introdução: As recomendações para o tratamento do acidente vascular isquémico apontam para uma janela terapêutica de quatro horas e meia. Sabemos contudo que em certos casos a viabilidade do parênquima cerebral pode persistir além deste tempo, nomeadamente quando avaliados por estudos de imagem mais sensíveis. Caso Clínico: Apresenta-se o caso de uma doente, 57 anos, com hipertensão arterial, dislipidemia mista, diabetes mellitus tipo 2. Trazida ao serviço de urgência após ter sido encontrada com alteração da linguagem e diminuição da força à direita. Vista sem queixas cerca de 6 horas antes. À observação, sonolenta, mas des- 26 Livro de Resumos pertável, desvio conjugado do olhar e da cabeça para a esquerda, hemianópsia homónima direita, afasia global com mutismo e hemiplegia direita, totalizando NIHSS de 26. A TC CE mostrava perda de diferenciação entre a substância branca e cinzenta nucleocapsular esquerda e hiperdensidade da artéria cerebral média (ACM) esquerda. Angio-TC revelou trombo endoluminal em M1, suboclusivo e circulação muito lenta a jusante. Estudo por RM evidenciou áreas de restrição à difusão no núcleo caudado, lenticular e substância branca capsular e radiária, com menor intensidade de sinal em Flair não se documentando envolvimento cortical. Neste contexto, face ao mismatch clínico-imagiológico e na ausência de terapêutica endovascular disponível, optou-se por submeter a doente a terapêutica fibrinolítica. A TC de controlo às 24horas mostrou aspectos globalmentes sobreponíveis aos do estudo por difusão pré-fibrinólise e o Doppler transcraniano mostrou repermeabilização arterial. Conclusão: Os autores apresentam este caso com intuito de mostrar um exemplo em que ocorreu benefício na realização de fibrinólise para além dos limites de tempo convencionados, apoiado por estudos de RM mismatch difusão/FLAIR. P14 DISSECÇÃO ESOFÁGICA APÓS TERAPÊUTICA FIBRINOLÍTICA: O IMPROVÁVEL ACONTECE Vera Salvado, Ana Palricas, André Almeida, João Estevão, João Jacinto, Valentyna Krivonos, Patrícia Ferreira, Nuno Mendonça, Cristina Sousa, Alexandre Silva, Ana Nunes, João Alcântara Centro Hospitalar Lisboa Central - Hospital São José, Unidade de Cerebrovasculares Introdução: O hematoma intramural do esófago é uma patologia rara, sendo mais comum nas mulheres idosas e em 83% dos casos localiza-se no esófago distal. A tríade clássica de sintomas inclui dor torácica, disfagia súbita e hematemeses. Existem vários factores precipitantes, iatrogénicos ou não, e alguns casos espontâneos. O tratamento é conservador. Caso clínico: Mulher de 88 anos com história de hipertensão arterial e dislipidémia. Iniciou quadro súbito de diminuição de força muscular à esquerda e disartria. Transportada ao hospital sendo activada a via verde do AVC. Clinicamente, mantinha hemiparésia esquerda, desvio oculocefálico para a direita, hemianópsia homónima esquerda e extinção táctil homolateral, perfazendo NIHSS 11. TC-CE à admissão sem lesões agudas. Realizou fibrinólise com rtPA 160 minutos após o início das queixas, registando-se melhoria do quadro para um NIHSS de 1. Ao 3º dia de internamento apresentou dor retroesternal, hematemeses e descida da hemoglobina de 11.7 para 8.1 mg/dL. Endoscopia digestiva alta mostrou extensa elevação da mucosa esofágica compatível com dissecção da parede do esófago, com estenose no 1/3 médio. TC-Tórax confirmou a presença de proeminente hematoma parietal do esófago com extensão de 20 cm. A doente manteve-se em dieta zero dois dias, tendo repetido TC-Tórax com gastrografina que mostrou atenuação do hematoma, sem evidência de extravasão do contraste endoluminal. Durante o restante internamento manteve-se sem perdas hemáticas e com melhoria gradual da sintomatologia apresentada. Conclusão: Apesar dos benefícios da terapêutica fibrinolítica superarem os riscos de hemorragia grave, os clínicos devem estar alerta para a existência de hemorragias em locais atípicos, especialmente no doente idoso. Descrevemos um caso raro, de hemorragia submucosa do esófago que condicionou uma extensa dissecção do mesmo. Na literatura não existe documentação desta complicação, quando associada fibrinólise no tratamento do AVC isquémico. P15 FIBRINÓLISE EM ANEURISMA CEREBRAL NÃO ROTO Nadine Monteiro, Diana Briosa e Gala, André Almeida, Ana Paiva Nunes, Patrícia Ferreira, Nuno Mendonça, Alexandre Amaral e Silva, João Alcântara Centro Hospitalar de Lisboa Central-Hospital de São José Introdução: A presença de aneurisma cerebral não roto é atualmente uma contraindicação para fibrinólise no tratamento do AVC isquémico agudo pelo potencial risco aumentado de hemorragia. Caso clínico: Apresenta-se o caso de uma doente com AVC isquémico agudo por oclusão da artéria cerebral posterior esquerda, que durante a perfusão de alteplase realiza angioTC que documenta um aneurisma de 7mm da ACM direita previamente desconhecido. A doente realizou estudo por RM que não mostrou sinais de trombose ou hemorragia do aneurisma, evidenciando área de restrição à difusão na região talâmica esquerda. Ponderando os riscos e os benefícios decidiu-se pela manutenção da terapêutica trombolítica que decorreu sem intercorrências. Clinicamente registou-se excelente evolução clínica (NIHSS de 16 à entrada e 4 à data da alta). Ao 8º dia após terapêutica fibrinolítica e sob antiagregação dupla efectuou-se angiografia diagnóstica e terapêutica tendo sido colocado stent intracraniano e feita embolização do saco aneurismático, sem intercorrências . Conclusão: O risco real de hemorragia associada a fibrinólise sistémica em doentes com aneurisma cerebral não roto é desconhecido. Os estudos recentemente publicados sugerem um risco baixo. A decisão de efetuar fibrinólise sistémica deve ser individualizada. de forma variada. As manifestações clínicas sistémicas ocorrem numa fase precoce com febre, mialgias e rash cutânea. A Neuroborreliose aparece numa fase mais tardia, mais comumente meningoencefalite, mielite ou radiculopatias. Caso Clínico: Mulher de 28 anos, sem antecedentes patológicos, exceto uma história com alguns anos de eritema num membro inferior que terá resolvido espontaneamente, e que atualmente apenas estava medicada com anticontraceptivo. Recorreu ao serviço de urgência (SU) no dia 11 de Julho por ‘visão enevoada’ monocular esquerda com cerca de 24 horas de evolução. Neurologicamente apresentava diminuição da acuidade visual do olho esquerdo. Sem alterações analíticas de relevo, realizou TAC cerebral que foi normal. Procedeu-se a punção lombar (PL) com estudo citoquímico do LCR normal. Perante uma neuropatia óptica grave de etiologia incerta, optou-se pelo início empírico de corticoterapia. Com melhoria das queixas oftalmológicas, voltou 2 dias depois por cefaleia pós-PL e desconforto cervical resolvidos com analgesia. No 18 de Julho, foi trazida ao SU por crise focal motora direita com generalização secundária. Referia nessa altura parestesias e diminuição da força muscular do membro superior direito. A TAC revelou aspectos compatíveis com trombose venosa cerebral (TVC) cortical, confirmada Angio-RMN. Foi admitida de imediato na Unidade de Cuidados Intermédios com medicada com enoxaparina sódica e terapêutica anti-epiléptica. Clinicamente estável foi transferida para a Unidade de AVC onde se verificou posteriormente PCR positiva para Borrelia burgdorferi no LCR. Iniciou Ceftriaxona com franca melhoria clínica. Conclusão: Este caso clínico salienta a desvalorização por parte da doente de manifestações sistémicas frustes mas precoces sugestivas de Doença de Lyme, descrevendo uma apresentação invulgar desta patologia. P17 TROMBOSE VENOSA CEREBRAL – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Luisa C. Teixeira, Mariana Batista, Cristina Machado, Gustavo Cordeiro, Luis Cunha Serviço Neurologia – Hospitais da Universidade de Coimbra - CHUC Introdução: A Trombose Venosa Cerebral (TVC) corresponde P16 TROMBOSE VENOSA CEREBRAL COMO APRESENTAÇÃO DA DOENÇA DE LYME CASO CLÍNICO Renata Violante Silva, Pedro Guimarães, João Pessoa Cruz, Ana Graça Velon, Rui Couto, Mário Rui Silva CHTMAD - Vila Real Introdução: A Doença de Lyme é uma infecção causada pela espiroqueta Borrelia burgdorferi, que afecta muitos sistemas a cerca de 0,5% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC), com predomínio em mulheres jovens e associada a bom prognóstico quando tratada precocemente. Dada a inespecificidade da sua apresentação, o diagnóstico requer elevada suspeita clínica e estudo imagiológico apropriado. Na maioria dos casos, o exame realizado é a TC cranioencefálica (CE), que em cerca de 20-25% dos casos pode ser normal. Caso clínico: Mulher de 55 anos, caucasiana, com antecedentes de hipotiroidismo e diabetes mellitus tipo 1, recorreu à urgência por cefaleia frontal direita e diminuição da 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 27 acuidade visual no olho direito, com um dia de evolução. Sem melhoria com analgésicos. Sem outras queixas. No exame objetivo: apirética, sem sinais meníngeos, apresentava papiledema bilateral mas mais marcado à direita e restante exame neurológico normal. A TC-CE não evidenciou alterações e a punção lombar (PL) revelou uma pressão de abertura e estudo citoquímico do líquor normais. A Veno-TC revelou “falha de preenchimento da porção distal dos seios transverso e sigmóide direitos, aspetos a sugerir trombose dos mesmos”. Doppler carotídeo e transcraniano normais. Electrocardiograma normal. No internamento foi realizado restante estudo etiológico. Atualmente, o estudo disponível: hemoglobina glicada 6,6%, função tiroideia normal e estudo da hemostase normal. Estudo autoimune e risco trombótico ainda em curso. Iniciou hipocoagulação. Mantém-se ainda internada, já com melhoria da sintomatologia. Conclusão: Este caso ilustra a necessidade de identificação dos sinais de alarme em doente com cefaleias, nomeadamente os que sugerem hipertensão intracraniana; e que o diagnóstico deve ser suspeitado mesmo na presença de TC normal. P18 DISSECÇÃO ARTERIAL VERTEBRAL BILATERAL NO PUERPÉRIO Paulo Torres Ramalho1, Marta Reina Couto1,4, Pedro Castro2,3, Marta Carvalho2, 4, Luísa Fonseca3 Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de São João (CHSJ), EPE; 2Serviço de Neurologia do CHSJ, EPE; 3Unidade de Acidente Vascular Cerebral - Serviço de Medicina Interna do CHSJ; 4Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 1 Introdução: A dissecção vertebral extracraniana bilateral es- pontânea é uma entidade extramente rara, constituindo uma causa importante de Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico no adulto jovem. Caso Clínico: Doente de 36 anos, género feminino, sem antecedentes patológicos de relevo, G2P2, ao 5º dia de puerpério (após cesariana sob anestesia locorregional), inicia cefaleia parietoccipital bilateral pulsátil e cervicalgias recorrentes agravadas pela lateroversão, com resposta suboptima à analgesia simples. Ao exame neurológico não apresentava alterações. TC cerebral: sem lesões vasculares agudas. Ecodoppler dos vasos cervicais: estenoses bilaterais das artérias verterbrais (AV) sobretudo no seu trajeto intertransversário, sugerindo dissecção. AngioTC cervical/troncos supraaórticos (TSA): marcada redução luminal das AV em toda a extensão no segmento cervical. RM cerebral /AngioRM cerebral/TSA: hipersinal em T1 nas paredes das AV, de predomínio à direita, na porção distal de V2 e segmento V3, compatível com dissecção, sem lesões parenquimatosas. Estudo imunológico negativo. Assumida dissecção bilateral das AV de etiologia indeterminada (eventual trauma minor por posição viciosa durante a amamentação), instituiu-se hipocoagulação oral 28 Livro de Resumos (HCO) com varfarina, com evolução clínica favorável. Discussão e Conclusão: A patofisiologia da dissecção das AV parece ser multifactorial. Trauma minor e factores genéticos são considerados factores de risco. Alterações hemodinâmicas e hormonais durante puerpério e gravidez parecem estar implicados na etiopatogenia. A apresentação clínica é heterogénea, exigindo elevado nível de suspeição clínica para o diagnóstico. Embora com escassa evidência, preconiza-se HCO durante 3-6 meses com seguimento imagiológico. O prognóstico é, em geral, favorável com mortalidade e recorrência baixas, possivelmente subestimadas. P19 MERGULHO E ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL Lino Nóbrega, Carolina Sales, Patrício Freitas, Ema Freitas, Armando Morganho, José Júlio Nóbrega, Rafael Freitas, Luz Reis Brazão Hospital Central do Funchal Introdução: Dada à crescente popularidade do mergulho, a incidência de lesões neurológicas associadas a este desporto têm aumentado nos últimos anos. A embolia gasosa arterial e a doença por descompressão são as principais causas responsáveis por esses danos. No entanto, outras etiologias mais raras têm sido descritas. Caso Clínico: Relatamos o caso clínico de um doente do sexo masculino de 49 anos de idade, de nacionalidade alemã, sem antecedentes patológicos relevantes, que 24h após um mergulho de 25m, iniciou quadro súbito de confusão mental e hemiparesia esquerda motivo pelo qual recorreu ao serviço de urgência do nosso hospital. Na admissão tinha recuperado a força muscular, embora se observassem mioclonias do membro superior esquerdo e hemiface ipsilateral. Foram efectuados tomografia computorizada crânio-encefálica (TC-CE), electrocardiograma e análises que não revelaram alterações. Por suspeita de embolia gasosa / doença por descompressão foi submetido a sessão de oxigenoterapia hiperbárica. 12 horas após a admissão assistiu-se a um agravamento dos défices neurológicos, com desvio oculocefálico à direita, síndrome de Horner, hemiplegia esquerda com componente facial central, anosognosia e hemineglect esquerdo associados a cefaleia holocraneana esquerda. Foi efectuada nova TC-CE que mostrou enfarte recente da artéria cerebral média direita. O estudo complementar incluiu angio-ressonância cerebral, ecodoppler dos vasos do pescoço e ecocardiograma transtorácico cujos resultados foram compatíveis com dissecção da artéria carótida interna direita. Foi transferido ao 10º dia de internamento para o hospital do seu país de origem, mantendo a clínica atrás descrita e a antiagregação com ácido acetilsalicílico. Conclusão: A dissecção arterial dos vasos do pescoço deve estar presente no diagnóstico diferencial de défices neu- rológicos mais graves associados ao mergulho, permitindo uma melhor abordagem terapêutica e com repercussão na história natural da doença. P21 CEFALEIAS E SÍNDROME DE WALLENBERG Nelson Domingues1,Pedro Ribeiro1, Rui André2, Fernando Girão1 P20 CERVICALGIA E VERTIGEM APÓS ROTAÇÃO CEFÁLICA: SUSPEITAR DE DISSECÇÃO DE ARTÉRIA CERVICAL Cátia Barreiros, Irene Miranda, Edgar Torre, Carmélia Rodrigues, Diana Guerra. Unidade de AVC, Serviço de Medicina 1, Unidade Local de Saúde do Alto Minho – Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo. Introdução: A dissecção das artérias vertebrais é descrita como uma causa relativamente rara de acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquémicos, sendo, em conjunto com a dissecção carotídea, responsável por 1 a 2% dos casos. A hemorragia subaracnóideia também é possível quando a dissecção é intra-craniana. As dissecções podem ser espontâneas, como na síndrome de Marfan ou secundárias a traumatismo, por vezes mínimo, como hiper-extensão ou rotação do pescoço. Caso Clínico: Homem, 61 anos. Hipertensão arterial (HTA), dislipidémia e hiperuricémia. Ex-fumador. Em 03/05/13 reporta movimento cefálico brusco, seguido de cervicalgia esquerda súbita e intensa. No dia seguinte inicia mal-estar geral e tonturas com síncope. Recorre ao hospital e é medicado sintomaticamente. Mantém cervicalgia esquerda com irradiação occipital e surgem parestesias no braço ipsilateral. Volta ao SU onde apresenta vómitos e vertigens, agravados com o movimento. À observação, nistagmo horizontal. Dismetria na prova dedo-nariz à esquerda. Sem défices motores ou sensitivos. TC CE sem alterações; Eco-doppler: elevação da resistência na artéria vertebral esquerda, com fluxo estagnado, compatível com oclusão ou suboclusão por dissecção. Angio-TC confirma dissecção vertebral esquerda até à sua porção intra-craniana. A RMN cerebral revela lesões isquémicas recentes na região cerebelosa inferior e bulbar posterolateral esquerdas, em território da artéria cerebelosa postero-inferior. A opção terapêutica tomada foi a anticoagulação. Cirurgia vascular sugere tratamento conservador. Inicia fisioterapia vindo a melhorar progressivamente. Conclusão: A disseção de artéria cervical é um diagnóstico que deve ser considerado em caso de traumatismo cefálico ou cervical, ainda que minores. Neste caso o trauma minor, foi inicialmente desvalorizado até pelo doente que apenas relatou o episódio quando questionado. Salienta-se ainda que os sinais neurológicos podem surgir vários dias após o início da cefaleia. Serviço de Medicina 1 1, Serviço de Neurologia 2, Centro Hospitalar Tondela-Viseu Introdução: A dissecção arterial é uma das causas mais co- muns de acidente vascular cerebral (AVC) no jovem, a maior parte ocorrendo espontaneamente ou após traumatismo mínimo. De todos os acidentes vasculares cerebrais apenas 25% ocorrem na circulação vertebrobasilar. De entre as diversas causas, destaca-se a dissecção da artéria vertebral, que pode levar a enfarte da medula lateral (Síndrome de Wallenberg). Caso Clínico: Apresentamos o caso de um jovem de 33 anos, com antecedentes de enxaqueca, que recorreu ao Serviço de Urgência por quadro de tonturas, desequilíbrio e cefaleia hemicraniana esquerda pulsátil de intensidade 7/10 e história de parestesias do braço e perna direitos nos dois dias anteriores. Ao exame objectivo apresentava hipostesia no território do nervo trigémio à esquerda, abolição do reflexo córneo homolateral e marcha atáxica com desequilíbrio para a esquerda. O restante exame físico era normal. Realizou Tomografia Computorizada crânio-encefálica e Punção Lombar que não revelaram alterações. Já em regime de internamento efectuou Ressonância Magnética/Angio-Ressonância Magnética crânio-encefálica: “dissecção da artéria vertebral esquerda e pequena lesão vascular isquémica bulbar póstero-lateral esquerda, envolvendo o pedúnculo cerebeloso inferior ipsilateral”. Tendo em conta a clínica e o estudo complementar imagiológico fez-se o diagnóstico de Síndrome de Wallenberg. Teve alta ao 6º dia de internamento medicado com anticoagulação oral que deverá manter durante 6 meses. Conclusão: Os autores pretendem com este caso alertar para a dificuldade diagnóstica do AVC da circulação vertebrobasilar, em particular da Síndrome de Wallenberg dada a sua predominância em adultos jovens e a sua clínica multifacetada. P22 SINDROME DE WALLENBERG – A PROPÓSITO DE 3 CASOS CLÍNICOS Ilídia Carmezim, Ana Abreu Nunes, Mafalda Miranda, Ana Gomes, Lénea Porto, Fernando Girão Centro Hospitalar Tondela - Viseu Introdução: Cerca de 20% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquémicos ocorrem na circulação posterior, sendo as causas mais frequentes a aterosclerose, embolização e disseção. O enfarte da medula oblonga lateral por oclusão da ar- 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 29 téria vertebral intracraniana causa o Síndrome de Wallenberg, cuja apresentação clínica inclui Síndrome de Horner ipsilateral, sinais cerebelosos ipsilaterais e alterações sensitivas a nível da hemiface ipsilateral e hemicorpo contra-lateral. Com este trabalho, os autores pretendem apresentar 3 casos clínicos de Síndrome de Wallenberg com diferentes etiologias. Casos Clínicos: O primeiro caso é referente a um jovem de 29 anos, com antecedentes de febre reumática na infância, fumador e consumidor esporádico de haxixe. Este doente apresentou-se com clínica Wallenberg-like. O estudo realizado revelou a presença de uma trombose venosa poplítea e uma comunicação inter-auricular, que pode ter estado na base de uma embolização paradoxal e do AVC isquémico. O segundo caso é referente a uma doente do sexo feminino, 30 anos, sem antecedentes pessoais ou familiares de relevo, com história de parto há 8 meses e torcicolo com manipulação cervical por massagista três dias antes. Esta doente apresentou-se com Síndrome de Wallenberg tendo como etiologia a dissecção da artéria vertebral esquerda provavelmente na sequência de manipulação cervical vigorosa. O terceiro caso é referente a um doente do sexo masculino, 58 anos, sem antecedentes pessoais de relevo e sem medicação crónica. Apresentou-se também com clínica Wallenberg-like. O estudo realizado revelou enfarte agudo em território da artéria cerebelosa postero-inferior direita. Realizou angiotomografia cerebral que revelou uma placa aterosclerótica a nível da artéria vertebral direita. P23 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO E FORAMEN OVALE PATENTE – CASO CLÍNICO Luisa C. Teixeira, Cristina Duque, Filipe Blanco, João Sargento-Freitas, Gustavo Cordeiro, Luis Cunha Serviço de Neurologia, Hospitais da Universidade de Coimbra – CHUC Introdução: Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) que não apresentam etiologia definida, apesar da investigação completa, são denominados criptogénicos. O foramen ovale patente (FOP) pode estar presente em cerca de 45% dos casos. A sua deteção é possível através da realização de ecocardiograma transtorácico ou transesofágico (ETE) com contraste salino. Caso clínico: Um jovem 29 anos, com hábitos alcoólicos e toxicómanos, antecedentes de tromboflebite femoropoplítea direita com recusa de hipocoagulação e história familiar de trombofilia (irmã), foi admitido na urgência por prostração, após ter sido encontrado caído em casa. Apresentava-se sonolento, despertável, evidenciando uma afasia global, hemianopsia direita, hemiplegia e hemihipostesia direitas e reflexo cutaneoplantar em extensão à direita. Do estudo inicial, a salientar análises com rabdomiólise e pesquisa de canabinóides positiva. TC cranioencefálica revelou lesão isquémica temporo-frontal esquerda subaguda e trombo endoluminal no topo da artéria carótida 30 Livro de Resumos interna e da artéria cerebral média (ACM) esquerda. ECG com ritmo sinusal. No internamento realizou estudo autoimune que revelou ANA positivos, com padrão granular fino denso; anticorpos anti-dsDNA, anti-histonas, anti-cardiolipinas e anti-β2 glicoproteínas negativos. Rastreio de vasculites negativo. Homocisteinémia 22 µmol/L. VIH e Hepatites negativos. Estudo das trombofilias revelou mutação genética em heterozigotia do Factor V H1299R. Ecodoppler carotídeo normal e o transcraniano mostrou assimetria e aceleração focal no final do segmento M1 da ACM esquerda e shunt direito-esquerdo com reforço após manobra de Valsalva. Ecodoppler venoso membro inferior direito revelou trombose venosa profunda ao longo das veias poplítea, femoral superficial e comum com trombo a esse nível. Realizou ainda ETE que revelou comunicação interauricular tipo FOP. Iniciou hipocoagulação com varfarina e foi encaminhado para consulta de cardiologia para posterior encerramento do FOP. P24 ENCERRAMENTO DO FORAMEN OVAL PATENTE: RISCO OU BENEFÍCIO? Ana Sofia Nicola, Alina Osuna, Marina Bastos Centro Hospitalar Tondela Viseu Introdução: O Foramen Oval Patente (FOP) é uma anoma- lia congénita com elevada prevalência na população geral (≈25%). Na maioria dos casos é um achado incidental sem necessidade de tratamento. Porém, esta patologia foi associada a inúmeras condições patológicas major. É mais prevalente em doentes com história de acidente vascular cerebral (AVC) de idade inferior a 50 anos e parece não haver influências da raça ou sexo. Apesar de numerosos estudos terem sugerido uma forte associação entre FOP e a incidência de AVC criptogénico, uma correlação clara ainda não foi estabelecida. Caso Clínico: Homem, de 52 anos. Antecedentes de dislipidemia. Iniciou quadro súbito de afasia, com duração de cerca de 2 minutos, sem outros défices associados. Recorreu a Cardiologista, que o referenciou ao nosso SU com a seguinte informação: “Realizou ecocardiograma que revelou SAI redundante com provável FOP”. Ao exame objetivo não apresentava qualquer alteração. Foi admitido a internamento, tendo realizado exames complementares de diagnóstico. Analiticamente, apresentava heterozigotia para as mutações MTHFR C 677 T e MTHFR A 1298C, sem outras alterações. ECG e Ecodoppler dos vasos do pescoço normais. TC CE sem alterações. Após realização de ecocardiograma transtorácico, realizou ecocardiograma transesofágico que confirmou FOP. Teve alta medicado e referenciado para Consulta. Aguarda decisão terapêutica. Conclusão: O encerramento percutâneo do foramen oval tem sido proposto como uma opção terapêutica vantajosa para pacientes sintomáticos. Todavia, as evidências atuais não são suficientemente robustas para indicar que a oclusão percutânea do FOP é um tratamento mais seguro e eficaz do que o uso de anticoagulantes ou antiagregantes, na prevenção de eventos recorrentes. A eleição de terapia farmacológica ou encerramento percutâneo tem sido objeto de intenso debate ao longo dos últimos anos. P26 AVC EM DOENTE COM FORAMEN OVALE PATENTE Edite Marques Mendes, Lucia Meireles Brandão, Cátia Barreiros, António Ferreira, Edgar Torres, Carlos Ribeiro, Diana Guerra Unidade Local Saúde Alto Minho Introdução: Cerca de 40% dos Acidentes Vasculares Cere- P25 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL DE ETIOLOGIA INDETERMINADA: RELATO DE CASO Ana Margarida Fernandes, Tatiana Fonseca, Cláudia Roseira, Joaquim Pinheiro, Miguel Veloso, Ludovina Paredes, Dulce Pinheiro, Vítor Paixão Dias, Tiago Gregório. Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, E.P.E. , Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) isquémico constitui a principal causa de morte em Portugal. A identificação etiológica dos eventos constitui um passo importante para a adoção de uma correta estratégia de prevenção secundária. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 47 anos, diabético e dislipidémico, com história de acidente isquémico transitório 2 anos antes, recorreu ao Serviço de Urgência por deficit motor esquerdo e disartria. Ao exame neurológico confirmaramse as queixas do doente e foi ainda identificada hemianopsia homónima esquerda. A tomografia computorizada cerebral mostrou 2 lesões isquémicas em território das artérias cerebrais média e posterior direitas. O estudo etiológico mostrou um exame doppler dos vasos do pescoço sem lesões hemodinamicamente significativas, eletrocardiograma sem alterações de ritmo e um ecocardiograma transesofágico com um forâmen oval patente (FOP). A pesquisa de trombofilias identificou um deficit de proteína S. Realizou ressonância magnética cerebral com estudo angiográfico dos vasos intracranianos, a qual mostrou uma origem fetal da artéria cerebral posterior direita com uma estenose distal da artéria carótida interna ipsilateral. Discussão e Conclusão: O FOP é uma anomalia congénita com elevada prevalência na população geral (25%), sendo a sua frequência ainda mais elevada nos AVCs criptogénicos. A abordagem deste achado na prevenção secundária não é consensual e depende de vários fatores, entre os quais a presença de trombofilias. A artéria cerebral posterior (ACP) geralmente origina-se como ramo distal da artéria basilar mas em cerca de 20% dos casos surge como continuação da artéria comunicante posterior, sendo designada como origem fetal da ACP. O conhecimento desta variante pode ser crucial para uma correta avaliação etiológica do AVC. No presente caso diferentes achados confluem para a ocorrência do evento, ilustrando a complexidade da abordagem do doente com AVC isquémico. brais (AVC’s) não tem uma etiologia claramente definida e são designados de AVC’s criptogénicos. A prevalência de Foramen Ovale patente (FOP), uma comunicação entre a aurícula esquerda e direita, é superior nos doentes com AVC criptogénico (40% vs 26% na população geral). Caso Clínico: Apresenta-se um caso de mulher de 46 anos, com antecedentes de espondiloartropatia seronegativa, AVC isquémico em 2011 (com hemiparesia e hipostesias esquerdas, mas sem sequelas) e dislipidemia. Recorre ao serviço de urgência por diminuição da força muscular dos membros direitos, hipostesia no membro superior direito (MSD) e disartria. Ao exame objectivo: apresentava hemiparesia direita, hemihipostesia direita, sem outras alterações. Analiticamente com anemia (11,1 g/dL) normocrómica, normocítica. Na tomografia computorizada axial crânio-encefálica (TACCE) não se identificaram áreas de hipodensidade. Admitida na Unidade de AVC. Do restante estudo etiológico efectuado: análises com perfil hepático, estudo imunológico e protrombótico normal. Colesterol total 178 mg/dL, LDL 73 mg/dL; Serologias víricas e VDRL negativo. Ecodoppler carotídeo: sem estenoses significativas. Ecocardiograma transtorácico: normal. Ressonância Magnética crânio-encefálica: sequela de lesão isquémica em território da artéria cerebelosa postero-inferior esquerda. Ecocardiograma transesofágico que identificou descolamento ao nível da fossa oval com shunt esquerdo-direito compatível com FOP. Por história de AVC em doente antiagregada, decide-se iniciar hipocoagulação. À data de alta apresentava apenas hipostesia ligeira no MSD. Observada em consulta externa de Cardiologia, decide-se por não encerramento de FOP. Actualmente a doente mantém-se sem défices neurológicos. Conclusão: Este caso pretende enfatizar o FOP como possível causa/factor de risco no evento cerebrovascular agudo recorrente em adulto jovem. P27 QUANDO UM AZAR NãO VEM Só… Ana Abreu Nunes, Ilídia Carmezim, Marta Mós, Joana Capelo, Fernando Girão Centro Hospitalar Tondela – Viseu. Unidade de Viseu, EPE Introdução: Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) são mais frequentes nas 7ª e 8ª décadas de vida. Na população 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 31 jovem a incidência não é negligenciável, podendo atingir 5 a 10%. As causas são mais variadas justificando uma investigação etiológica mais exaustiva. Caso Clínico: Homem de 44 anos de idade, com osteoartrose, fumador e consumo etílico regular, que recorreu ao SU por vertigem não rotatória, náusea, parestesias do hemicorpo direito e noção de desequilíbrio. Apresentava-se hipertenso, com paralisia facial direita, hipostesia álgica ipsilateral e reflexo cutâneo plantar direito em extensão. Sem outras alterações ao exame neurológico. Teve recuperação progressiva nas horas seguintes. Analises de urgência sem alterações. TAC-CE com leucoencefalopatia isquémica incipiente, enfartes lacunares do núcleo caudado e núcleo lenticular esquerdo. Admitido por enfarte cerebral lacunar. Fez estudo etiológico: perfil lipídico normal, défice de proteína S (34,4%), MTHFR 677 T heterozigoto e restante estudo de trombofilia negativo; Ecodoppler carotídeo com ateromatose sem compromisso hemodinâmico; RMN-CE confirmou multienfartes bilaterais profundos e doença arterial de pequenos vasos; Ecocardiograma TE revelou foramen oval patente (FOP), com shunt E-D; Ecodoppler excluiu trombose venosa profunda dos membros inferiores. Foi, sob antiagregação, orientado à alta para consultas de Cardiologia e de AVC no jovem para prosseguimento de vigilância e estudo. Discussão e Conclusão: As causas cardíacas de embolia parodoxal estão associadas especialmente ao AVC criptogénico (30%), sendo a causa mais prevalente o FOP (25-50%). O FOP é um fator de risco independente para AVC; pode predispôr ao evento por diversos mecanismos e não é por si só suficiente para estabelecer o diagnóstico de embolia paradoxal. Por isso, devem ser investigados outros factores etiológicos, para uma melhor abordagem terapêutica e prevenção secundária. P28 AVC ISQUÉMICO: QUANDO A ETIOLOGIA NÃO É ÓBVIA Marta Amaral Silva, Filipe Blanco, João Sargento Freitas, Fernando Silva, Gustavo Cordeiro, Luís Cunha Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra - Hospital Universitário Introdução: O AVC isquémico pode ser classificado como aterotrombótico, cardioembólico, lacunar, de outra etiologia determinada ou de causa indeterminada. A determinação da etiologia do AVC tem importantes implicações terapêuticas. Caso clínico: Homem de 70 anos de idade, recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por défice motor do hemicorpo esquerdo com 3 horas de evolução. Apresentava uma síndrome clínica de AVC isquémico total da circulação anterior direita: desvio óculo-cefálico para a direita, hemianópsia homónima esquerda, hemihipostesia e hemiplegia esquerdas. Fez fibrinólise 32 Livro de Resumos endovenosa, sem benefício clínico. O doente era portador de pacemaker definitivo por bloqueio aurículo-ventricular, sem outros antecedentes patológicos ou medicação crónica. O ECG revelou traçado em ritmo sinusal. A TAC CE revelou uma hiperdensidade espontânea compatível com oclusão da artéria carótida interna (ACI) direita e do segmento M1 da artéria cerebral média (ACM) direita e hipodensidade parenquimatosa lentículo-capsular direita com extensão insular, correspondente ao território sob isquémia. O ecodoppler carotídeo e vertebral confirmou oclusão da ACI e da ACM direitas. A leitura do pacemaker permitiu objectivar dois períodos de fibrilhação auricular (FA) paroxística, na véspera do AVC. Teve alta para Cuidados Continuados, hipocoagulado com dabigatrano 110mg 2id. Discussão e Conclusão: Apesar de, à chegada ao SU, o doente se encontrar em ritmo sinusal, os exames imagiológicos e a leitura do pacemaker permitiram esclarecer a etiologia cardioembólica do AVC, o que teve implicações terapêuticas. Os autores pretendem enfatizar que, nos doentes portadores de pacemaker que apresentem um quadro clínico de AVC em que se admite uma etiologia embólica, a leitura do registo daquele dispostivo permitirá confirmar ou excluir a presença de paroxismos de FA. Neste caso podemos especular que, durante os períodos de FA que ocorreram na véspera, ter-se-á desenvolvido o trombo que embolizou no dia seguinte, provocando o AVC. P29 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL CRIPTOGÉNICO: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO André Silva-Pinto, Ana Faceira, Sofia Pereira, Maria Teresa Cardoso Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar São João, Porto. Introdução: O acidente vascular cerebral isquémico (AVCi) é uma patologia frequente na população portuguesa. Mesmo após investigação clínica completa, a sua etiologia permanece desconhecida em 30 a 40% dos casos. Caso Clínico: Apresentamos o caso de uma doente de 59 anos, com antecedentes pessoais relevantes de AVCi aos 49 anos e hipertensão arterial e medicada com antiagregante plaquetário, antihipertensor e benzodiazepina. A doente recorreu ao serviço de urgência em Abril 2013 por diminuição da força muscular do membro superior esquerdo. Ao exame geral e neurológico apresentava, de relevo, anosognosia, hemianópsia homónima esquerda, parésia facial central esquerda, hemiparésia esquerda (medição research council grau 3) de predomínio braquial e hemihipostesia à esquerda. A TC cerebral revelou lesão frontal direita sequelar, área hipodensa corticosubcortical frontoparietal direita, área isodensa corticosubcortical e periventricular parietal direita e enfartes lacunares lenticulocapsulares e talâmico à direita. A RM cerebral confirmou estes achados e revelou ainda alargamento do corno occipital direito (sequela de enfarte isquémico hemorrágico), leucoencefalopatia isquémica frontoparietal extensa e microhemorragias dispersas. A avaliação neuropsicológica evidenciou compromisso cognitivo significativo e difuso. Foi realizado estudo etiológico no que diz respeito às etiologias cardioembólica (electrocardiograma em ritmo sinusal; ecocardiograma sem alterações), aterosclerótica (não fumadora; ecodoppler cervical sem placas ateroscleróticas), infeciosa (VIH, sífilis e antigénio Borrelia negativos), protrombótica (estudo protrombótico negativo), auto-imune (estudo auto-imune sem alterações), vasculítica primária do sistema nervoso central (angio-RM cerebral sem alterações de relevo) e hereditária (história familiar negativa, mutação NOTCH3 negativa, lactatos e amónia normais). Conclusão: Este caso clínico evidencia a dificuldade na definição da etiologia dos AVCi mesmo após extenso estudo. as hipóteses de lesões tromboembólicas por síndrome de anticorpos antifosfolipídicos ou anemia ferropénica grave; síndrome de vasoconstrição cerebral; vasculite por vírus de hepatite C, estes dois menos prováveis. A doente ficou apenas antiagregada. Conclusão: Os autores salientam a importância de uma visão holística do doente, atendendo não só ao problema major mas também às suas co-morbilidades, no sentido da melhor orientação. Neste caso a abordagem terapêutica aguda e a etiologia do AVC revelaram-se um desafio. P31 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM DOENTE JOVEM Gisela Borges, Patrícia Dionísio, Maria de Jesus Silva, Glória Silva Serviço Medicina IIIA, Centro Hospitalar Lisboa Norte Hospital Pulido Valente P30 AVC DO ADULTO JOVEM: PROBLEMAS NA IDENTIFICAÇÃO DA CAUSA E DECISÕES DIFÍCEIS NO TRATAMENTO Helena Martins, Ana Oliveira, Ana Monteiro, Luísa Fonseca, Pedro Abreu, Marta Carvalho Serviço de Neurologia e Medicina Interna, Centro Hospitalar São João, Porto Introdução: O AVC isquémico do adulto jovem suscita frequentemente problemas de diagnóstico etiológico, com implicação na prevenção secundária para o resto da vida. A coexistência de morbilidades que contra-indiquem a trombólise endovenosa na fase aguda obriga a decisões céleres, procurando soluções eficazes na redução da área isquémica e consequente melhoria prognóstica. Caso clínico: Mulher, 42 anos; antecedentes de tabagismo, alcoolismo, hepatite B e C, toxicodependente sob metadona. Trazida à Urgência após ter sido encontrada caída na via pública. Apresentava afasia mista, hemianópsia homónima esquerda, hemiparésia e hipostesia esquerdas, pontuando 18 no NIHSS. Analiticamente com anemia hipocrómica e microcítica (Hemoglobina 8,1), e pesquisa de drogas de abuso positiva para cocaína, metadona e benzodiazepinas. TC cerebral sem lesão parenquimatosa; angio TC cerebral sugestivo de oclusão do segmento M1 da artéria cerebral média direita (ACM D). Por apresentar anemia importante, optou-se pela trombectomia mecânica, com melhoria clínica. Ao fim de 20 dias, NIHSS de 14. Do estudo etiológico, salienta-se persistência da anemia microcítica; beta 2 glicoproteína IgM positiva; ecocardiograma transesofágico normal; eco-Doppler cervical e transcraniano: acelerações em vários segmentos de artérias intracranianas que normalizaram ao fim de 7 dias; RM cerebral: lesões isquémicas só em território de ACM D; endoscopia digestiva alta: úlcera gástrica. Colocaram-se Introdução: Cerca de 15% dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) ocorrem entre os 15 e os 44 anos de idade: 50% isquémicos, 20% hemorrágicos e 30% hemorragias subaracnoideas. A principal etiologia é cardioembólica, mas é frequentemente heterogénea e relacionada com abuso de drogas ilícitas. Caso Clínico: Homem, 49 anos, presidiário, com antecedentes de consumo álcool, tabaco e drogas ilícitas desde os 15 anos, hipertensão arterial, dislipidémia mista, diabetes mellitus tipo 2 e vários episódios de AVC. Recorreu ao serviço urgência (SU), em Agosto de 2013, por quadro de amaurose fugaz, agravamento de hipostesia do MI direito e braço esquerdo e de disartria (lesões antigas) associados a hipostesia de 2 dedos da mão direita e hemiface esquerda de novo. Ao exame objectivo: vigil; disartria, sem alterações nomeação/repetição; cumpria ordens simples e complexas; sem alterações campos visuais; sem oftalmoparésias; fácies simétrico; palato e língua sem desvios; hemiparésia esquerda grau 4; hipostesia perna e 2 dedos mão direita e hipostesia do braço e hemiface esquerdos. Tomografia cranio-encefalica sem lesões de novo. Hipóteses diagnósticas: Crise epiléptica de etiologia vascular/ AIT do território carotídeo por hipoperfusão. Outros exames: triplex carotídeo- placa aterogénica calcificada obliterando quase totalmente o lúmen das carótidas internas; doppler transcraniano- alterações compatíveis com mecanismo compensatório; ecocardiograma e electro-encefalograma sem alterações; estudo de trombofilias e vasculites negativo. Iniciou anticoagulação oral. Foi observado pela Cirurgia Vascular que pediu AngioTC dos vasos supra-aórticos e o referenciou à consulta. À data da alta mantinha lesões sequelares com recuperação completa das lesões de novo. Conclusão: Este caso clínico ilustra, não só os vários factores de risco modificáveis, como outras causas de AVC no adulto jovem. O uso de drogas ilícitas tem papel preponderante na disfunção endotelial e aceleração da aterosclerose. 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 33 P32 AVC NO JOVEM – A IMPORTÂNCIA DA SUSPEITA Joana Leite, António Araújo, Nídia Calado, Isabel Lavadinho, Isabel Soles Serviço de Medicina, Hospital Doutor José Maria Grande, Portalegre Introdução: O AVC no adulto jovem é uma patologia pouco frequente, responsável por 3 a 15% de todos os AVCs. A sua frequência aumenta com a idade, havendo um predomínio do género feminino nos mais jovens. A identificação do fator causal é em geral difícil, embora haja estudos a mostrar sucesso em 93% dos casos. De entre os fatores de risco vascular, a homocisteinémia é uma condição rara, que acomete vasos de todos os calibres, estando associada a eventos trombóticos venosos e arteriais. É causada por mutações genéticas que acarretam defeitos no metabolismo da metionina e desencadeada ou agravada por deficiências nutricionais de co-factores ou patologias sistémicas. Caso Clinico: Os autores discutem o caso de uma jovem de 21 anos de idade, com antecedentes de quadrantanópsia inferosagital direita que justificou realização de TC e RMN CE sem evidência de alterações. Recorre ao SU por alterações do comportamento. Ao exame objectivo apresentava desorientação temporal, inatenção, labilidade emocional, discurso com débito diminuído e agnosia aperceptiva. Foi realizada TC CE que revelou área lesional tálamo-capsular anterior esquerda e posteriormente RMN que confirmou a etiologia vascular isquémica. Do restante estudo de referir ligeiro espessamento das paredes de ambas as artérias corótidas comuns avaliadas por eco-doppler, défice ligeiro de ácido fólico e um estudo das trombofilias que se revelou “inconclusivo”. A doente teve alta medicada com ácido fólico e ácido acetilsalicílico e encaminhada para a consulta de medicina interna onde foi pedido estudo genético que revelou mutação em homozigotia para o gene MTHFR, bem como heterozigotia no gene FGB. Conclusão: Este trabalho pretende chamar a atenção para que num jovem adulto com a suspeita de AVC, este deve ser ativamente pesquisado sendo, perante a sua confirmação, necessário um estudo exaustivo para a determinação do fator causal do evento vascular com o objetivo de prevenção secundária e eventual acompanhamento genético familiar. P33 PROFISSÃO E AVC NO ADULTO JOVEM – UM CASO CLINÍCO Mateus H., Ferreira N., Rocha R., Carvalho L., Pires M., Chan S., Ferreira S., Saraiva R.. Serviço Medicina I. Centro Hospitalar Leiria, Hospital de Santo André – Leiria Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) no adulto jovem é considerado uma patologia rara, com uma incidência que varia entre 5 a 10% do total de AVC’s. A sua etiologia é 34 Livro de Resumos variada e requer um estudo exaustivo, sendo possível identificar o fator causal em 55 a 93% dos casos. Caso clínico: Os autores propõem-se apresentar o caso clinico de um doente de 55 anos professor de profissão, sem antecedentes pessoais de relevo, que recorre ao serviço de urgência por episódio de síncope com traumatismo crânio-encefálico após um período de alterações agudas do discurso. Ao exame objetivo de entrada apresentava-se hemodinamicamente estável, desorientado no espaço. Não apresentava outras alterações no exame físico, nomeadamente no exame neurológico ou sinais meníngeos. Dos exames complementares de diagnóstico realizados, de realçar, tomografia computorizada crânio-encefálica com evidência de lesão isquémica temporal esquerda com pequenos focos hemorrágicos e discreto efeito de massa. Durante o internamento foi constatada afasia anómica tendo iniciado terapia da fala. Realizou-se o estudo etiológico de AVC isquémico no adulto jovem com inclusão de angiotomografia cerebral. Na consulta de seguimento pós internamento, o doente mantinha o défice e constatou-se o abandono da atividade letiva. Conclusão: Com o presente trabalho, os autores pretendem relembrar a importância do estudo etiológico do AVC no adulto jovem e o impacto da incapacidade condicionada por esta patologia na vida do doente. P34 UMA CAUSA RARA DE AVC TALÂMICO BILATERAL – A PROPÓSITO DE UM CASO CLíNICO Irene Miranda, Margarida Carvalho, Elisabete Monteiro, Pedro Abreu, Celeste Dias Serviço de Medicina Intensiva - Unidade de Cuidados Intensivos Neurocríticos e Serviço de Neurologia, Centro Hospitalar de São João, Porto Introdução: O enfarte talâmico bilateral representa cerca de 0,6% dos acidentes vasculares cerebrais (AVCs) agudos, podendo resultar do enfarte da artéria de Percheron (AP). As causas mais frequentes são cardioembólicas e a doença de pequenas artérias. Caso clínico: Homem de 56 anos com hemiparesia (HP) e paresia facial central (PFC) esquerdas sequelares. Admitido na urgência por escala de coma de Glasgow (ECG) 10(O2V3M5) e anisocoria, sem outros défices de novo. Por ECG:7(O1V1M5) é sedado, entubado e admitido na Unidade de Cuidados Intensivos Neurocríticos. TC cerebral sem sinais de hemorragia ou isquemia recente, com hiperdensidade no segmento P1 direito (SP1D) e lesões encefaloclásticas corticosubcorticais occipital e frontoparietal direita sequelares. Angio-TC cerebral sem progressão de contraste para o SP1D, a sugerir trombose; normal progressão na artéria cerebral posterior contralateral. RM cerebral com lesões agudas isquémicas tálamo-mesencefálica bilaterais (provável enfarte da artéria AP). Do estudo etiológico a realçar ecocardiograma transtorácico com banda de Chiari (BD). Febre persistente com elevação de parâmetros inflamatórios e ecocardiograma transesofágico com vegetação móvel aderente à válvula mitral (VM), e BD na aurícula direita. Isolados Streptococcus oralis e sanguinis em hemoculturas. Concluiu-se por AVC isquémico mesencefálico e talâmico bilateral (enfarte da AP), cardioembólico e endocardite da VM. Iniciou ceftriaxone e gentamicina, com evolução favorável. Extubado ao 11º de internamento, ECG 14, hemianópsia homónima esquerda incompleta, anisocoria hipoativa à direita, ptose palpebral direita completa, limitação dos movimentos oculares sobretudo a infra e supraversão, com oftalmoparésia internuclear direita. Disartria moderada e défices sequelares prévios. Conclusão: Este caso alerta para os sintomas do AVC mesencefálico e talâmico bilateral e considera a possível embolização da AP, aqui com duas fontes cardioembólicas possíveis. P35 CAUSA RARA DE ISQUEMIA CEREBRAL Miranda A, Alves M, Lopes F,Mieiro L, Narciso M, Fonseca T Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital Pulido Valente Introdução: A síndrome Hipereosinofílica (SHE) inclui um grupo de doenças heterogéneas, caracterizadas por eosinofilia persistente (>1500/mm3), em 2 avaliações com um 1 mês de intervalo, sem causa secundária identificada, com envolvimento de órgão alvo (sistema nervoso central e periférico, cardíaco, pulmonar e hematológico). 12% dos SHE têm acidentes vasculares cerebrais (AVC). Estes doentes devem ser seguidos regularmente, com monitorização dos valores séricos de troponina, ecocardiograma e função pulmonar de 6-12 meses. É importante para a escolha do tratamento, a pesquisa genética da mutação do FIP1L1-PDGFR, uma vez que na presença desta, a doença é muito mais agressiva. Caso exista, o tratamento de escolha será com Imatinib, se o estudo genético for negativo, pode-se optar inicialmente por corticoterapia. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 77 anos, internado por acidente isquémico transitório na Unidade de Acidente Vascular Cerebral (UAVC). Quadro de inicio súbito de disartria e PFC esquerda (duração +/- 6h). Da investigação clínica destacou-se hipereosinofilia 30% (>1500/mm3), TC CE: lacunas e leucoaraiosis; volumosa cardiomegalia, à custa de dilatação biauricular, hipertensão pulmonar grave e oclusão do tronco venoso braquiocefálico esquerdo. Holter com períodos de bradifibrilhação auricular e pausas >3,7s, pelo que foi necessária colocação de pacemaker. Após exclusão de causas secundárias de eosinofilia (alérgica, parasitária, auto-imune ou paraneoplásica), persistência da hipereosinofilia >1500 /mm3 por um período superior a 6 meses, e presença de lesões de órgão-alvo, foi colocada a hipótese de SHE. O resultado do estudo genético da mutação FIP1L1 – PDGFR foi negativo, tendo sido iniciado corticoterapia 1 mg/kg/dia, com boa resposta clínica e analítica. Foi também iniciada anticoagulação oral. Conclusão: Pretende-se com este caso realçar o papel do internista em UAVC. P36 ENFARTE DA ARTÉRIA DE PERCHERON: UMA ENTIDADE RARA Darlene Adolfo, Paulo Roboredo, Cristina Sequeira, Nuno Costa, Heidy Piñero, Assunção Vaz Pato, João Reis Pereira ULS Guarda - Hospital Sousa Martins Introdução: Descrita pela primeira vez em 1973 pelo médico francês Gerard Percheron, a artéria com o seu epónimo é uma variante anatómica rara da vascularização do cérebro, caraterizada por um único tronco arterial, que surge a partir da artéria cerebral posterior, e irriga os tálamos e o mesencéfalo. A oclusão desta artéria pode manifestar-se clinicamente com transtornos oculomotores, cognitivos e/ou do estado da consciência que, por poderem ser flutuantes, implicam um desafio diagnóstico importante. Objectivo: Apresentar, à luz de um caso clínico, uma forma rara de acidente vascular cerebral (AVC) isquémico – o enfarte da artéria de Percheron – que exige, tanto do ponto de vista clínico como imagiológico, uma alta suspeição para o seu diagnóstico. Caso clínico: Mulher de 68 anos, caucasiana, doméstica, com antecedentes de síndrome vertiginoso recorrente, que deu entrada no Serviço de Urgência por perda da consciência, seguida de afasia e hemiparesia direita, em contexto de emergência hipertensiva. Com melhoria coincidente com o tratamento antihipertensivo, a doente voltou, contudo, a apresentar, uma hora depois, sincope. Ao exame físico objetivou-se afasia, hemiparesia direita e diplopia. A tomografia craneoencefálica (TAC-CE) não mostrou alterações e a doente recuperou espontaneamente da afasia, tendo sido internada para estudo e sem critérios para tratamento trombolítico. A ressonância magnética evidenciou alterações compatíveis com enfarte da artéria de Percheron. Conclusão: Pela sua raridade (0,1-2% de todos os casos de AVCs isquémicos), pela forma atípica de apresentação (períodos de flutuação sindromática) e pela inespecificidade tomográfica (de fraca tradução na TAC-CE), o enfarte da artéria de Percheron é certamente uma entidade subdiagnosticada, que necessita de maior visibilidade para o seu correto diagnóstico e atempado tratamento. P37 CADASIL - A IMPORTÂNCIA DA CORRELAÇÃO CLÍNICA E IMAGIOLÓGICA Fernando Henriques, Filipa Alçada, Ana Paris Centro Hospitalar Leiria - Pombal Introdução: CADASIL é o acrónimo para arteriopatia ce- rebral autossómica dominante com enfartes subcorticais e leucoencefalopatia. Trata-se de uma doença genética com 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 35 transmissão autossómica dominante. A apresentação clínica é variável e caracteriza-se principalmente por quatro manifestações: acidente vascular cerebral isquémico, demência, enxaqueca com aura e distúrbios do humor. Sendo o acidente vascular cerebral isquémico uma das manifestações mais frequentes, deve ser sempre equacionado em doentes jovens, sem fatores de risco conhecidos. Caso clínico: Jovem do sexo feminino com múltiplas vindas ao Serviço de Urgência por alterações neurológicas acompanhadas de cefaleias. As diversas TC-CE realizadas, durante os vários episódios, revelaram múltiplos enfartes lacunares. Foi realizado estudo etiológico, com ecocardiograma transesofágico, holter, ecodoppler cervical e estudo analítico (incluindo imunológico, protrombótico e infecioso) sem alterações relevantes. Posteriormente fez RM-CE que apresentou alterações sugestivas de CADASIL. O diagnóstico clínico foi confirmado pela identificação de mutações no gene Notch 3. Conclusão: A doença está associada a acidentes vasculares cerebrais, principalmente eventos isquémicos (enfartes lacunares) e cefaleias. A presença deste quadro clínico e as alterações na RM-CE levaram à suspeita do diagnóstico. Posteriormente, confirmado pela identificação da mutação no gene Notch 3. A prevalência de CADASIL ainda não está estabelecida, mas, provavelmente é uma patologia sub-diagnosticada. P38 MIXOMA AURICULAR, PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO: AVC ISQUéMICO Cátia Barreiros1, Irene Miranda1, Carmélia Rodrigues1, Carla Dias2, Diana Guerra1 Unidade de AVC, Serviço de Medicina 1, 2Unidade de Cardiologia, Unidade Local de Saúde do Alto Minho – Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo 1 Introdução: Os tumores cardíacos, mesmo benignos, têm complicações importantes, como distúrbios na condução, doença valvular, embolização sistémica, etc. O mixoma auricular (MA) é o mais frequente (0,5-1 por milhão/ano), sendo a aurícula esquerda (AE) o local preferencial. A clínica é variável, mas 26-45% dos doentes desenvolvem sintomas neurológicos. Caso Clínico: Mulher, 74 anos. Antecedentes de hipertensão arterial, doença de Parkinson e “depressão”. Recorreu ao SU por diminuição súbita da força nos membros esquerdos. Na última semana com dispneia de esforço. No exame objectivo, vigil, lentificada e disártrica, parésia facial esquerda central e hemiparésia esquerda (grau 4/5). Sem défices sensitivos. Apresentava ainda crepitações inspiratórias bi-basais e sibilos dispersos. ECG com ritmo sinusal; TC crânio-encefálico: hipodensidade frontal direita. Enfartes lacunares antigos núcleocapsulares. O ecocardiograma (Eco) transtorácico 36 Livro de Resumos mostrou massa volumosa na AE e Eco transesofágico confirmou massa pediculada (66x25mm), muito móvel, aderente à região do foramen ovale do septo interauricular, de superfície irregular, sugestiva de mixoma, que se insinua através da válvula mitral para o ventrículo esquerdo (VE), condicionando estenose mitral funcional. Feita exérese ao dia 11 sem complicações. Orientada para fisioterapia. Concluiu-se por acidente vascular cerebral (AVC) cardioembólico e provável demência vascular, causados por MA esquerdo. Discussão e Conclusão: Nesta doente, tal como em cerca de 30% a 50% dos casos, os fenómenos embólicos cerebrais precederam o diagnóstico do MA. Segundo a literatura, o MA é responsável por cerca de 0,5% dos AVC isquémicos. Algumas das características presentes favoreceram a embolização: superfície irregular, tumor pediculado e móvel. Consideramos ainda que esta doente, rotulada como “deprimida”, apresenta na realidade uma demência vascular, provocada por múltiplos enfartes cerebrais assintomáticos, provavelmente decorrentes do MA. P39 SINDROME QUEIRO-ORAL, POSSIVEL APRESENTAÇÃO DE HISTIOCITOSE DE CÉLULAS DE LANGERHANS? Carvalho José Luis, Sousa Elisabete, Brito Telma Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, Porto. Introdução: Sitting descreveu em 1914 um grupo de 3 paci- entes que apresentavam um quadro clínico semelhante, caracterizado por alterações sensitivas restringidas apenas ao ângulo da cavidade oral e à mão/falanges distais do membro superior homolateral. Essa alteração sensitiva pura e característica foi mais tarde designada de Sindrome Queiro-Oral (Cheiro-Oral Syndrome, COS). Este trabalho é um case-report de uma doente internada no nosso serviço com o diagnóstico de COS. À medida que fomos avançando no estudo da etiologia desta entidade, fomo-nos deparando com a possibilidade de uma hipótese de diagnóstico rara, sendo que não foi encontrado na literatura consultada nenhum caso que relacionasse COS e Histiocitose de Células de Langerhans (Langerhans Cells Histiocytosis, LCH). Caso Clínico: Trata-se de uma mulher, 62 anos, que recorre ao SU com queixas de parestesias na mão e região peri-oral à esquerda, de instalação súbita e autolimitada. Exame objectivo e neurológico normal. Sem alterações analíticas. TC cranio-encefálica “lesão de aspecto sequelar parietal direita com pequena calcificação associada”. Assumido diagnóstico de COS. Durante o internamento para esclarecer o quadro clínico realizou RMN que identificou um “granuloma calcificado residual parietal direito” e “um foco osteolítico único no osso parietal direito, que possivelmente corresponde a um pequeno granuloma de esosinófilos”. O Rx do esqueleto e a Cintigrafia óssea evidenciavam a mesma lesão osteolítica. A TC toráx identificou “múltiplas bronquiectasias, em relação com atelectasia crónica no pulmão direito, com micronódulo com 4 mm, inespecífico, no lobo esquerdo”. O estudo analítico, imunológico e serológico completos negativos. Conclusão: Nesta conjuntura parece-nos provável que o COS se deve ao granuloma calcificado secundário a doença granulomatosa sistémica, sendo que a hipótese mais provável será mesmo LCH. A doente aguarda a realização de biópsia da lesão do osso parietal direito para estabelecer o diagnóstico definitivo. P40 SíNDROME QUEIRO-ORAL COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE SINDROME ANTI-FOSFOLIPÍDICO Telma Santos, Carina Silva, Pedro Barros Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho Introdução: A Síndrome Queiro-Oral (SQO) carateriza-se pela presença de alterações sensitivas restritas à hemi-língua, região peri-oral e dedos da mão. É uma entidade clínica rara cuja etiologia mais comum é o AVC isquémico de localização talâmica/ pôntica. A Síndrome anti-fosfolipídica (SAF) é a trombofilia adquirida mais comum, representando 5-10% dos casos de AVC (acidente vascular cerebral) isquémico no adulto jovem. Caso Clínico: Mulher, 52 anos, descreve episódio de início súbito e 20 minutos de duração, caraterizado por parestesias na hemi-língua, região peri-labial e dedos da mão, à direita. Refere recorrência desta sintomatologia dois dias depois, que se acompanha, em poucas horas, de noção de défice motor e alteração da sensibilidade em todo o hemicorpo direito. Sem fatores de risco vascular conhecidos. Nega lesões cutâneas, fenómeno Raynaud, artrite, abortamentos recorrentes e eventos trombóticos prévios. O exame neurológico evidencia hemihipostesia táctil/álgica no hemicorpo direito associado a hemiparésia direita (grau 4+/5), sem outras alterações. Analiticamente salienta-se elevação IgM anti-cardiolipina, IgM anti-B2 glicoproteína e anticoagulante lúpico, que se mantém após 12 semanas. O eletrocardiograma, ecocardiograma transtorácico e triplex carotídeo são normais. A RMN crânio evidencia enfarte talâmico esquerdo. Inicia anticoagulação e antiagregação. Aos três meses mantém hipostesia peri-labial e mão direita. Conclusão: Apresentamos um caso de enfarte talâmico secundário a SAF, que se apresentou como SQO. O mecanismo mais provável é doença pequenos-vasos das artérias infero-laterais da segunda porção da artéria cerebral posterior que irrigam os núcleos talâmicos VPM (ventral póstero-medial) e VPL (ventral póstero-lateral), os principais relays do sistema somatossensitivo. Salientamos a importância do reconhecimento da SQO bem como das suas implicações diagnósticas, terapêuticas e prognósticas. P41 SÍNDROME ANTIFOSFOLIPÍDICO - CAUSA DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO Susana Barbosa, António Ferreira, Ana Margarida Peixoto, Paula Felgueiras, Diana Guerra Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Hospital de Sta Luzia, Serviço de Medicina Introdução: O síndrome antifosfolipídico (SAF) caracteriza-se por trombose venosa/arterial, morbilidade gestacional e presença de anticorpos antifosfolipídicos. A sua incidência continua por definir, calculando-se uma prevalência de 1-4,5% na população geral. Caso Clínico: Sexo masculino, 56 anos, sem antecedentes pessoais relevantes e sem medicação crónica habitual. No dia 30/12 enquanto estava ao computador, começou de forma súbita a escrever erros e ter dificuldade no manuseamento do rato. Posteriormente teve a sensação de voz arrastada. No Serviço de Urgência apresentava disartria, pausas anómicas e parafasias literais no discurso espontâneo. Do estudo complementar realizado: TAC CE- sem evidência de lesões isquémicas ou hemorrágicas. RMN CE- Lesão estriato-capsular esquerda que condiciona restrição à difusão das moléculas da água, o que traduz enfarte recente em território profundo da artéria cerebral média esquerda. ECG: ritmo sinusal. Ecodoppler carotídeo normal. Ecocardiograma: função sistólica do ventrículo esquerdo globalmente conservada com fracção de ejecção média de 70%. Análises: Hb 14,7g/dL, Leucócitos 6280, Neutr 67%, Plaquetas 184 000. VS 13mm, Ureia 37mg/dL, Creatinina 0,92mg/dL, Colesterol total 197mg/dl, Triglicéridos 109mg/dL, VDRL negativo, função tiroideia sem alterações. Ac anti-cardiolipina IgG 8U/mL, IgM 52,4U/mL (normal <12), Ac anti-beta 2 glicoproteína IgG 2RU/mL e IgM 12,3 RU/mL (normal <7), Anticoagulante lúpico 1,1 (normal <1,2). Após doze semanas foi repetido estudo pró-trombótico e mantinha Ac antibeta 2 glicoproteína IgM e Ac anti-cardiolipina IgM positivos, pelo que foi considerado o diagnóstico de Síndrome antifosfolipídico e iniciada hipocoagulação oral. Conclusão: O caso clínico apresentado pretende realçar a importância do estudo pró-trombótico no acidente vascular cerebral. P42 SÍNDROME ANTIFOSFOLIPÍDICO: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Carla Dias1, Ana Elisa Costa1, Paula Marques1, Luísa Fonseca2, Paulo Chaves2,3 Serviço de Medicina Interna – Centro Hospitalar S. João EPE, Porto; 2Unidade de AVC - Centro Hospitalar S. João EPE, Porto; 1 Faculdade de Medicina da Universidade do Porto 3 Introdução: O síndrome antifosfolipídico define-se pela presença de dois componentes: manifestação clínica e manifestação laboratorial. As tromboses são a manifestação clínica mais frequente e o local mais atingido é o cérebro quando se trata de 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 37 uma trombose arterial. Os eventos trombóticos recorrentes são frequentes nesta patologia e a presença de anticorpos anticardiolipinas parece ser um fator de risco para a sua recorrência. Caso Clínico: Os autores apresentam o caso clínico de um homem de 64 anos com dois internamentos no nosso Hospital por acidente vascular cerebral isquémico em territórios vasculares distintos de causa não esclarecida o segundo já sob terapêutica com antiagregante plaquetário e estatina. Como outras patologias conhecidas apresentava síndrome ventilatório obstrutivo, gastrite e hepatite B medicado habitualmente com lorazepam, hidroxizina, budesonida/formoterol e nebulizações com brometo de ipatrópio e salbutamol em SOS. Do estudo efetuado apresentou electrocardiograma e Holter com ritmo sinusal. A ausência de etiologia para o evento conduziu à medição dos níveis séricos de anticorpos antifosfolipidicos. Verificou-se uma elevação dos níveis de anticorpos anti-beta 2 glicoproteína IgM e anti-cardiolipina IgM. Iniciou hipocoagulação oral sem novos eventos trombóticos até à data. Discussão e Conclusão: Trata-se de um doente do sexo masculino, com mais de 60 anos com acidente vascular isquémico em vários territórios cerebrais. Apesar da etiologia mais frequente ser a cardioembólica, a não identificação de fibrilação ou outra fonte de cardioembolismo levou à pesquisa de outras etiologias tendo-se verificado a presença de duas medições séricas elevadas de anticorpos antifosfolipídicos. A forma de apresentação clínica foi sugestiva permitindo assim chegar ao diagnóstico que implicou alteração da estratégia terapêutica. P43 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL - UMA ETIOLOGIA MENOS COMUM Filipa Gomes, Francisco Cunha, Pedro Abreu, Vasco Costa, Sara Póvoa, M Teresa Cardoso, António Oliveira e Silva Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar São João, Porto Introdução: O acidente vascular isquémico (AVC) é um diagnóstico frequente na população idosa. No entanto, outras patologias, também prevalentes nesta faixa etária, têm apresentação semelhante mas tratamento e prognóstico diferentes. Caso Clínico: Apresentamos o caso de uma mulher de 87 anos, dislipidémica controlada. Recorreu ao SU por queixas sugestivas de amaurose fugaz, vertigem e dificuldade na marcha por desequilíbrio. Apresentava limitação na adução, supra e infra levoversão do olho direito (OD) com nistagmo multidireccional e marcha com base alargada com queda para a esquerda. Fundo de olho com colaterais nos vasos da arcada temporal superior sugestivos de oclusão/suboclusão prévia. TAC cerebral sem lesões agudas. Analiticamente com anemia normocítica/normocrómica. Sem outras alterações. Internada com a suspeita de AVC da circulação posterior. No estudo inicial identificada velocidade de sedimentação elevada, função tiroideia e cinética do ferro normais, serologia para sífilis negativa, electroforese de proteínas e 38 Livro de Resumos doseamento de acido fólico e vitamina B12 normais. Quando questionada referia claudicação da mandíbula, dor à palpação da região temporal e negava sintomas constitucionais. Levantada a suspeita de arterite de células gigantes pelo que realizou ecodoppler que mostrou espessamento difuso das paredes das vertebrais e das artérias temporais, com halo sugestivo de espessamento vasculítico segmentar e com aumento das velocidades. A biópsia da artéria temporal confirmou o diagnóstico, tendo iniciado corticoterapia com resolução dos sintomas. Discussão e Conclusão: A prevalência da arterite de células gigante aumenta com a idade e o envolvimento dos vasos cervicais, apesar de menos comum, deve ser suspeitado em doentes com défices neurológicos focais e com poucos fatores de risco para doença aterosclerótica, sendo essencial um questionário dirigido, bem como a valorização cuidadosa das alterações analíticas. P44 QUANDO A CLÍNICA NOS ENGANA A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Zélia Neves, Ana Paiva Nunes, Nuno Mendonça, Alexandre Silva, Cristina Sousa,Patrícia Ferreira, João Alcântara Unidade de Doenças CerebroVasculares - Hospital de S.José, Centro Hospitalar de Lisboa Central Introdução: A hiponatrémia, alteração metabólica mais comum em doentes internados, tem etiologia diversa sendo, por vezes, iatrogénica. A apresentação clínica é variável, sendo o surgimento de sinais neurológicos focais raro. Caso clínico: Os autores apresentam o caso de uma doente de 80 anos, com hipertensão arterial e osteoporose, medicada com perindopril, nicergolina, brometo de pinavério, omeprazol e ácido ibandrónico. Iniciara terapêutica laxante no dia prévio para realização de colonoscopia (ácido cítrico/óxido de magnésio/picossulfato de sódio). Enviada ao Serviço de Urgência por quadro súbito de alteração da linguagem, confusão mental e alterações mnésicas. Objectivamente estava vigil, agitada, pupilas isocóricas/isorreactivas, mutismo, parésia facial central direita, hemianopsia homónima direita, sem limitação dos movimentos oculares, sem defeito sensitivo ou motor; reflexos cutâneoplantares em flexão bilateralmente, sem dismetria nas provas de coordenação. NIHSS =12. O restante exame objectivo era normal. Realizou TC CE que foi normal pelo que iniciou terapêutica fibrinolítica (alteplase) na presunção de AVC isquémico em evolução. Da avaliação complementar salienta-se: hiponatrémia (117mmol/L) e hipoclorémia. A osmolaridade plasmática era de 257mmol/L e o estudo urinário mostrava uma natriúria de 37mmol/L, com osmolaridade urinária de 557mmol/L. O estudo etiológico para AVC isquémico foi negativo. Realizou RMN CE às 24h que evidenciou características de edema vasogénico, sem restrição à difusão (compatível com alteração metabólica), sem outras lesões, nomeadamente vasculares. Na ausência imagi- ológica de lesão vascular, e uma vez identificada causa metabólica excluiu-se AVC. Neurologicamente verificou-se recuperação dos défices com a correcção da natrémia, apresentando à data da alta NIHSS=0. Conclusão: Os autores apresentam este caso pela raridade de manifestação neurológica de uma condição metabólica frequente, relembrando a importância da iatrogenia medicamentosa em doentes idosos. P45 AFINAL ERA UM VÍRUS! Nuno Sousa, Tiago Teodoro, Luís Abreu, Ana Franco, Behnam Moradi, Renato Saraiva Serviço de Medicina I ,Centro Hospitalar Leiria - Pombal Introdução: A investigação etiológica do Acidente Isquémico Transitório (AIT) é uma prática corrente, mas deve implicar uma história clínica completa. Por vezes, uma suspeita remota pode-se transformar num achado raro permitindo o sucesso terapêutico. Caso Clínico: Descreve-se o caso de um homem de 62 anos com antecedentes de hipertensão arterial e macroglobulinemia de Waldenstrom, submetido a quimioterapia imunossupressora 6 meses antes e complicada por Síndrome de Ramsay-Hunt à esquerda nessa altura. Teve 3 episódios súbitos em 2 dias consecutivos de disartria, desvio da comissura labial e hemiparésia direita, com regressão completa e sem alterações correspondentes na tomografia computorizada. A investigação complementar foi compatível com AIT’s em cacho associados a estenose da artéria cerebral média (ACM) esquerda: doppler transcraneano com aumento de velocidade de fluxo na ACM esquerda sugestivo de estenose e Ressonância magnética e angioressonância crânioencefálicas com evidência de lesões isquémicas recentes envolvendo alguns núcleos da base, região frontal e parietal à esquerda, bem como estenose peri-oclusiva do segmento inicial da ACM esquerda. Dada a história recente de infeção a vírus varicela-zoster (VZV), foi colocada a hipótese de vasculopatia a VZV, apoiada por serologia e PCR positivas para VZV no líquor. Admitindo um contexto de imunossupressão, optou-se por terapêutica antiviral com aciclovir por 21 dias, associada a prednisolona nos primeiros 5 dias, mantendo-se o doente assintomático desde então. Conclusão: Este caso é o exemplo de uma causa invulgar de AVC’s e ilustra a importância de uma abordagem metódica e ponderada caso a caso. P46 EXAME NEUROLÓGICO ATENTO: VIA VERDE DE EXCLUSÃO DE AVC Ana Sofia Nicola, Alina Osuna, Marina Bastos Centro Hospitalar Tondela Viseu Introdução: Para se afirmar um diagnóstico de AVC é necessário ter em atenção não só os sintomas e sinais do doente, mas é também fundamental excluir outras situações clínicas que podem mimetizar um AVC, sendo necessária a sua diferenciação por meio da correlação da história clínica com exames complementares. Caso Clínico: Homem, de 48 anos. Antecedentes de dislipidemia, alcoolismo e tabagismo. Recorreu ao SU de outro hospital por diminuição da força muscular no membro superior esquerdo. Realizou análises e TC CE sem alterações. Foi transferido para o nosso hospital (área de residência) por AVC em evolução, sendo admitido a internamento com o mesmo diagnóstico. Posteriormente, com uma história clínica e exame objetivo pormenorizados, constatou-se défice de extensão do antebraço esquerdo (G4), extensão mão e dedos à esquerda (G0), abdução do polegar esquerdo (G2+) e alteração da sensibilidade álgica desse membro, sem qualquer outra alteração. Diagnosticou-se, então, lesão do nervo radial, corroborada pelo colega de Neurologia. Os restantes exames complementares de diagnóstico mantiveram-se normais. Iniciou terapêutica dirigida. O doente teve alta com o diagnóstico de lesão do nervo radial esquerdo e foi encaminhado para consulta. Discussão e Conclusão: O quadro clínico observado na fase aguda do AVC pode ser semelhante a outras condições neurológicas, que devem ser lembradas e excluídas. Para um diagnóstico assertivo, confirmação diagnóstica e exclusão de outras patologias, deve-se proceder, logo que houver suspeita de AVC, a uma anamnese dirigida e ao exame clínico com exame neurológico pormenorizado. A observação clínica, passo imprescindível, conduz frequentemente a um diagnóstico, podendo, ainda, ser complementada com exames auxiliares. Estes procedimentos e exames visam confirmar o diagnóstico de AVC, fazer o diagnóstico diferencial entre AVC e outras patologias que possam mimetizar AVC, devendo ser realizados rápida e precisamente, para garantir a viabilidade do tratamento. P47 NEM TUDO É AVC Miguel Pires, Luísa Teixeira, Luís França, Luís Carvalho, Ana Rita Rocha, Hélia Mateus, Sónia Chan, Luisa Pinto, Renato Saraiva Serviço Medicina 1, Centro Hospitalar de Leiria. Introdução: A tomografia computorizada crânio encefálica (TC-CE) é o exame complementar de diagnóstico de eleição no diagnóstico do Acidente Vascular Cerebral (com uma sensi- 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 39 bilidade 64% e especificidade 85%) e na identificação de outras lesões cerebrais, apresentando no entanto, algumas limitações. Caso Clínico: Homem, 58 anos de idade, antecedentes patológicos de Hipertensão Arterial e Dislipidémia, recorreu ao Serviço Urgência (SU) por parestesias e diminuição da sensibilidade no membro superior esquerdo (MSE) de início súbito. Ao exame objetivo destaca-se MSE espástico com contractura do trapézio homo-lateral e diminuição da sensibilidade. Realizou TC-CE 6-7 horas após o início dos sintomas que revelou “Acidente vascular cerebral (AVC) isquémico da artéria cerebral direita (ACM)”. No internamento, realizou ecocardiograma e eco doppler dos vasos do pescoço, ambos normais, tendo alta com o diagnóstico de AVC isquémico da ACM direita, com recuperação total dos défices neurológicos. Duas semanas depois, recorre novamente ao SU por parestesias e diminuição da força do MSE e disartria. Objetivamente apresentava força muscular grau 4 MSE e dismetria à esquerda na prova dedo-nariz. Realizou nova TC-CE que revelou lesão ocupante de espaço frontoparietal direita. Complementou estudo com ressonância magnética com identificação de “lesão atípica da serie neuroglial, com carácter de agressividade”. Enviado para o serviço de Neurocirurgia, realizou biópsia da lesão, que revelou Glioblastoma Grau IV (de IV). Conclusão: Com este trabalho os autores pretendem alertar que a TC-CE tem limitações na acuidade diagnóstica do AVC que o clínico não deve esquecer, evitando desse modo a restrição de um correto raciocínio clinico na abordagem global do doente. P48 UMA ETIOLOGIA INVULGAR… Maryna Telychko, Diana Vital, Sandra António Serviço Medicina 4, Hospital Distrital de Santarém Caso Clínico: As autoras apresentam o caso de um doente do sexo masculino, de 59 anos de idade, com antecedentes de hipertensão arterial, diabetes tipo 2, dislipidemia e fumador (90UMA), internado num serviço de Medicina Interna por Acidente Vascular Cerebral (AVC) do território da artéria cerebral média esquerda e que no decurso da investigação etiológica foi diagnosticado um nódulo pulmonar suspeito. Da investigação realizada salienta-se: avaliação do perfil lipídico sem alterações, bom controlo metabólico, eletrocardiograma em ritmo sinusal, ecocardiograma com boa função sistólica global e sem evidência de trombos, estudo de trombofilias negativo, serologias virais negativas, estudo imunológico negativo, ressonância magnética crânio-encefálica de acordo com o diagnóstico, tomografia computorizada demonstra nódulo de contornos irregulares, suspeito, com cerca de 23 mm e posteriormente biópsia pulmonar compatível com carcinoma adenoescamoso do pulmão esquerdo (T3N2M1). Conclusão: As autoras salientem a importância de uma correta investigação etiológica no doente jovem com diagnóstico de AVC e a sua relevância no prognóstico global do doente. 40 Livro de Resumos P49 MAIS UM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL OU TALVEZ NÃO... Joana F. Sequeira, Luis Val-Flores, Francisco San Martin, Isabel Maldonado, Rosa Amorim CHO - Caldas da Rainha, Serviço de Medicina Interna Caso Clínico: Os autores apresentam o caso de um doente de 47 anos, género masculino, que recorre ao S.U. por perda de equilibrio e parestesias no hemicorpo direito com 12 horas de evolução. Antecedentes pessoais: DM tipo 1 e Tabagismo crónico. Exame objectivo: TA:145/85 mmHg, pulso: 81 bpm rra, no exame neurológico a destacar discreta paresia facial central direita e RCP indiferente á direita, sem alterações da força ou sensibilidade. A TAC CE revelou “área lesional heterogénea predominantemente hipodensa em topografia cortico-sucortical frontal para-sagital traduzindo enfarte isquémico no território da ACA com áreas de hiperdensidade no seu seio correspondendo a transformação hemorrágica”. Para exclusão de lesão expansiva fez RM CE que revelou enfarte cortico-subcortical do território da artéria pericalosa esquerda em fase subaguda. Teve alta, sem défices neurológicos, com diagnóstico de AVC isquémico com transformação hemorrágica. Estudo AVC no jovem negativo. Em Consulta de seguimento (6 dias após alta) mantinha parestesias na perna direita, intermitente. Repetiu TAC CE que documentou trombose venosa da ACA. O estudo complementar imagiológico revelou LOE cerebral que foi biopsada correspondendo a Oligoastrocitoma anaplásico. Conclusão: Os oligoastrocitomas são tumores mistos da neuróglia correspondendo a cerca de 1% dos tumores cerebrais. O lobo frontal e o temporal são as localizações mais comuns e como tal os sintomas podem variar desde cefaleias, às convulsões ou à alteração da personalidade. O diagnóstico atempado é crucial para o bom prognóstico e passa pelo diagnóstico diferencial com um acidente vascular cerebral. P50 CEFALEIA E PARAFASIA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE DOENÇA CAROTÍDEA BILATERAL GRAVE Ângela Coelho, Tiago Gil Oliveira, Esmeralda Lourenço, Carla Ferreira, Fátima Almeida Hospital de Braga Introdução: A associação de cefaleias e défices neurológicos focais transitórios levanta várias hipóteses diagnósticas, entre as quais, acidente isquémico transitório (AIT), acidente vascular cerebral, hemorragia subaracnoideia, trombose venosa cerebral e síndrome de vasoconstrição cerebral reversível. Caso Clínico: Neste contexto os autores apresentam uma doente de 75 anos com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidémia e diabetes mellitus, que apresentava cefaleia generalizada intensa e episódios esporádicos de parafasia com 5 dias de evolução. Objetivamente não se identificaram défices neurológicos e a tomografia computorizada cerebral (TC-CE) não revelou lesões isquémicas agudas. Pela clínica optou-se por realizar angioTC-CE que mostrou preenchimento normal dos seios venosos durais, mas ausência total de preenchimento do segmento cervical e intracraniano da artéria carótida interna esquerda (ACIE) por provável oclusão a jusante. Nesta fase assumiu-se o diagnóstico de AIT em contexto de oclusão da ACIE, tendo-se optado pelo internamento. No estudo realizado detetou-se doença ateromatosa severa dos eixos carotídeos com oclusão da ACIE e estenose hemodinamicamente significativa (70-99%) da ACI direita, sendo o território da ACIE e artéria cerebral posterior irrigados pela ACID. A nível cerebral identificaram-se numerosas pequenas lesões isquémicas recentes em localização talâmica direita e cortical/sub-cortical fronto-parietal bilateral. Assim sendo, e na presença de estenose significativa e sintomática da ACID, optou-se, após discussão com imagiologia de intervenção e cirurgia vascular, por endarterectomia carotídea direita, que decorreu sem intercorrências, e sem recorrência de défices neurológicos até à data de alta. Conclusão: Com este caso os autores pretendem relembrar o raciocínio necessário ao diagnóstico diferencial de cefaleias e défices neurológicos focais, mas também recordar os critérios para doença carotídea sintomática e as indicações para o seu tratamento. P51 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO SINDROME DE VASOCONSTRIÇÃO CEREBRAL REVERSíVEL: A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLíNICOS Rogério Ferreira, Cristina Duque, Filipe Blanco, Gustavo Cordeiro Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Introdução: O Síndrome de vasoconstrição cerebral reversível (SVCR) é uma entidade clínica caracterizada por vasoconstrição arterial segmentar multifocal transitória,não inflamatória ou aterosclerótica.A clínica é heterogénea mas geralmente manifesta-se por cefaleias súbitas,muito intensas e recorrentes, com fotofobia e fonofobia. Pode resultar em hemorragia subaracnoideia, enfarte ou edema cerebral reversível. Caso Clínico 1: Mulher 32 anos, antecedentes de aborto recente às 17 semanas gestação,medicada com Bromocriptina. Recorre à urgência por início súbito cefaleia fronto-parietal direita intensa com foto e fonofobia e alterações visuais.Tinha hemianópsia homónima esquerda.Fez TC cerebral que mostrou enfarte parieto-temporal direito e nos dias após Angio-RM cerebral que mostrou múltiplos estreitamentos segmentares na artéria cerebral média do mesmo lado. Tinha aumento aPTT e Inibidor Lúpico positivo tendo sido confirmado presença de sínd. anti- fosfolipidico. Verificou-se melhoria clínica e realizou angiografia cerebral 2semanas depois que foi normal. Caso Clínico 2: Sexo feminino 63 anos, antecedentes de dislipidemia. Recorre à Urgência por cefaleia occipital intensa, súbita, com irradiação frontal bilateral, além de náuseas e vómitos. Sem sinais focais ao exame neurológico. Realizou TC-CE que mostrou hemorragia subaracnoideia preenchendo o sulco frontal superior direito e parcialmente o sulco pré-frontal homolateral. A Angio-TC cerebral mostrou estreitamentos alternados com dilatações multisegmentares focais sobretudo à direita. A ultrassonografia (cervical e transcraniano) não tinha alterações bem como o estudo analítico complementar.A RM-CE, realizada após 10 dias, não mostrava alterações. Houve reversão dos sintomas após o 3º dia de internamento.Repetiu Angio-TC cerebral 1mês após a alta, havendo normalização. Conclusão: O SVCR assume grande heterogeneidade clínica, mas perante cefaleia explosiva deve ser equacionada e os estudos de neuroimagem vascular solicitados. P52 ENFARTES DE WATERSHED COM TRANSFORMAÇÃO HEMORRÁGICA. A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. Lúcia Meireles Brandão, António Ferreira, Edite Marques Mendes, Edgar Torre, Carmélia Rodrigues, Fernando Gomes, Diana Guerra ULSAM, EPE - Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de morbi-mortalidade nos países desenvolvidos. Os enfartes de Watershed são secundários a mecanismos hemodinâmicos e representam cerca de 10% dos AVC isquémicos; raramente podem ser hemorrágicos ou mistos. A fibrilhação auricular (FA) apresenta elevado risco de AVC estando indicada profilaxia com anticoagulação. O timing de introdução desta terapêutica no AVC agudo continua em discussão. Caso clínico: Homem, 81 anos, antecedentes de dislipidemia, hábitos etílicos, ex-fumador. Recentemente internado por AVC isquémico (hemiparesia direita), sem tradução imagiológica. Considerada etiologia cardioembólica, por FA paroxística. Na alta recomendada hipocoagulação com dabigatrano, não iniciado uma vez que volta ao SU no dia seguinte por prostração, disartria e agravamento da hemiparesia direita. Na observação: TA: 122/71 mmHg, pulso: 87 bpm, T: 38.2ºC. Mantém arritmia cardíaca. Novo TC CE sem lesão isquémica. Identificada pneumonia nosocomial, iniciando antibioterapia. Apresentou hipotensão e frequência cardíaca baixa. RM CE: duas áreas córticosubcorticais esquerdas, traduzindo enfartes em fase subaguda, nomeadamente em território fronteira. Ao D8 de instalação dos défices neurológicos inicia hipocoagulação com enoxaparina. Após ligeira melhoria inicial, novo agravamento neurológico 11 dias depois. Repete TC CE: lesão hemorrágica frontal esquerda 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 41 com halo de edema. Suspensa hipocoagulação. Iniciou fisioterapia. Recuperação quase total dos défices. Discussão e Conclusão: Considerou-se inicialmente a etiologia cardioembólica e a opção terapêutica foi a hipocoagulação. Os enfartes subagudos em território fronteira foram correlacionados com eventos hemodinâmicos, considerando-se enfartes de Watershed. Embora não expectável, já que os enfartes eram de pequena dimensão, ocorreu transformação hemorrágica. Salienta-se neste caso a dificuldade em definir o timing para o início de hipocoagulação, e a etiologia mista. P53 AVC COM NECROSE LAMINAR CORTICAL, A IRREVERSIBILIDADE QUE OBRIGA A PARAR PARA PENSAR Luís Abreu, Ana Abreu Nunes, Joana Capelo, Marta Mós, Fernando Girão Serviço de Medicina Interna 1- Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E, Unidade de Viseu Introdução: A necrose laminar cortical (NLC) é a caracterização histológica dada à morte celular seletiva de neurónios num padrão em banda, que ocorre em banda nas zonas 3, 4 e 5 do córtex cerebral. Isto deve-se à maior suscetibilidade destas zonas, devido à sua maior necessidade metabólica, em situações de hipoperfusão cerebral, como o acidente vascular cerebral (AVC). A descrição dos achados compatíveis com a mesma, pelos métodos de imagem atualmente disponíveis, é relativamente rara, e representa a lesão irreversível do território encefálico afetado. Caso Clínico: Apresenta-se o caso de um doente de 80 anos, previamente autónomo, com doença renal terminal em hemodiálise que, durante a sessão de diálise, desenvolveu coma com hemiplegia direita. Em TC-CE foi documentado enfarte agudo em território da artéria cerebral media (ACM) esquerda. Foi internado mantendo tratamento de hemodialise e acompanhamento por nefrologia. Não houve qualquer melhoria neurológica durante internamento. Foi então discutida orientação em equipa multidisciplinar (Medicina Interna, Neurologia e Nefrologia). Repetida TC-CE, esta documentou necrose laminar cortical em todo o território da ACM esquerda, fundamentando irreversibilidade e grande extensão do enfarte cerebral. Foi concluído que, perante a imagem, mesmo na eventualidade de recuperação do coma, o doente manteria total dependência com défice cognitivo, afasia global, défice visual e hemiparesia direita. O caso foi, portanto, apresentado em comissão de ética que deliberou a suspensão do tratamento dialítico, mantendo-se apenas medidas de suporte. O doente, expectavelmente, veio a falecer, com dignidade e conforto. Conclusão: Pretende-se, com este caso, apresentar não só um achado imagiológico raro, mas apresentar uma situação em que a decisão correta deve passar pela decisão de não distanásia, decisão esta difícil e não exclusiva de unidades de cuidados intensivos. 42 Livro de Resumos P54 MUTISMO ACINÉTICO EM DOENTE COM AVC ISQUÉMICO FRONTAL BILATERAL Filipa Silva, Helena Magalhães, Tatjana Mihailovic, Paulo Bettencourt Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar São João, Porto Introdução: O Mutismo Acinético (MA) caracteriza-se por aci- nésia, apatia e afasia, mas com manutenção do estado de alerta. Consoante o quadro clinico e a localização da lesão, divide-se em dois tipos: um na região mesencefálica (mutismo com sonolência marcada) e outro na região frontal bilateral (mutismo hiperpático). Pode surgir em diferentes patologias, sendo as mais comuns a doença de Creutzfeldt-Jakob e o acidente vascular isquémico envolvendo a artéria cerebral anterior, mas também a esclerose múltipla, neoplasias ou por toxicidade farmacológica. Geralmente as áreas envolvidas são o lobo frontal (circunvolução do cíngulo, área motora suplementar, zona pré-frontal dorso-lateral), gânglios da base (núcleo caudado e putamen), mesencéfalo e tálamo. Caracteriza-se por interrupção dos circuitos subcorticais frontais que são importantes determinantes no comportamento. Caso Clínico: Descreve-se o caso de um doente de 64 anos, com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidémia e diabetes mellitus, que recorreu ao serviço de urgência por hemiparesia esquerda que notou ao acordar. Na admissão apresentava lentificação psicomotora, fácies inexpressiva, hemiparesia esquerda grau 4, hipostesia ligeira abaixo do joelho. Fez TC cerebral que identificou área hipodensa cortico-subcortical frontal parassagital direita sugestiva de lesão isquémica recente. No 2º dia de internamento por prostração e hemiparesia dupla com predomínio esquerdo, repetiu TC que mostrou áreas hipodensas mais extensas nas regiões frontais parassagitais bilaterais, bem como parietais e caudado-lenticulo-capsulares direitas. Durante o restante internamento manteve-se vígil, com abertura espontânea dos olhos, sem qualquer intenção comunicativa, fácies apática, hemiparesia dupla de predomínio esquerdo, portanto quadro compatível com MA. Conclusão: Com este caso clinico pretende-se alertar para esta entidade nosológica, frequentemente subdiagnosticada pela sobreposição clinica com coma vegetativo ou síndrome de “Lock-in”. P55 TROMBOSE DA BASILAR – APRESENTAÇÃO FLUTUANTE Ângela Coelho, João Marcos Rocha, Tiago Gil Oliveira, Esmeralda Lourenço, Carla Ferreira, Fátima Almeida Hospital de Braga Introdução: A circulação posterior é envolvida em mais de 20% dos acidentes vasculares cerebrais isquémicos, sendo que 3% se devem a trombose e/ou oclusão da artéria basilar. Os sintomas e sinais são variados passando por parésia transitória ou persistente, movimentos involuntários dos membros, ataxia, disartria, disfagia, oftalmoparésia, vertigem e surdez. Caso Clínico: Os autores apresentam uma doente de 72 anos com antecedentes de hipertensão arterial e dislipidémia, que, de madrugada, foi encontrada caída, embora bem acordada e sem assimetrias motoras, queixando-se apenas de astenia. Já no hospital apresentou movimentos coreicos dos membros esquerdos, desvio comissural em desfavor da esquerda, disartria moderada, limitação do desvio conjugado para a direita e nistagmo horizonto-rotatório na dextroversão, sem défices motores. A tomografia computorizada cerebral (TC-CE) revelou hiperdensidade do topo da basilar e artéria cerebral posterior (ACP) esquerda, sem evidência de lesões vasculares agudas, sendo a oclusão destas artérias confirmada por angio-TC. A doente recuperou espontaneamente dos défices, mas na presença de oclusão da basilar e défices flutuantes iniciou-se hipocoagulação. No internamento desenvolveu oftalmoparésia internuclear bilateral e síndrome cereboloso cinético com dismetria bilateral, incapacidade em manter ortostatismo e marcha atáxica. A TC-CE revelou trombo residual na artéria basilar e lesões isquémicas recentes em território perfurante da artéria basilar e ramos tálomo-perfurantes do segmento P1 da ACP no mesencéfalo, à esquerda. O estudo realizado não identificou fonte trombo-embólica inequívoca, no entanto, no holter detetaram-se frequentes extrassístoles supraventriculares (1% dos batimentos totais, ~45 extrassístoles/ hora), pelo que se optou por manter hipocoagulação à data de alta. Conclusão: Com este caso os autores pretendem exemplificar a variabilidade clínica que caracteriza a trombose da basilar e que faz com que o seu diagnóstico semiológico seja um desafio. P56 PSICOSE INAUGURAL AOS 81 ANOS? A PROPÓSITO DOS SÍNDROMAS DO LOBO FRONTAL Iolanda Godinho, Patrícia Pedro, Hermana Carneiro, Carlos Chagas, Diogo Telles-Correia Medicina IIIB, Centro Hospitalar Lisboa Norte Caso Clínico: Apresentamos um caso de uma doente do sexo feminino de 81 anos que inicia alteração súbita do seu comportamento, apresentando isolamento, agitação psicomotora, heteroagressividade, anomia, alucinações visuais e auditivoverbais, delírios persecutórios e insónia total. É levada ao Serviço de Urgência Central onde realiza avaliação analítica que revela apenas aumento ligeiro dos parâmetros inflamatórios e TC-CE que não revela alterações isquémicas agudas, referindo apenas preenchimento inflamatório do ouvido médio esquerdo. Pondera-se a hipótese de quadro confusional agudo e pede-se a colaboração da Neurologia que não encontra alterações significativas no exame neurológico. Nesse contexto, tendo em conta ausência de melhoria das queixas a doente é internada no Ser- viço de Medicina para esclarecimento etiológico. Para exclusão de meningite/encefalite com eventual ponto de partida no ouvido médio faz-se punção lombar com saída de líquor de características normais. Por manutenção das alterações do comportamento realiza RMN-CE que revela lesão compatível com enfarte subagudo em localização cortico-subcortical frontal interna. Discussão: Este caso reforça a importância de suspeitar e pesquisar a etiologia de estados confusionais agudos, sobretudo em idades mais avançadas, onde o diagnóstico é particularmente desafiante. Uma alteração súbita do estado mental, com desorientação, flutuações do estado de consciência, dificuldade em focar e manter a atenção, distúrbio do ciclo sono-vigília, agitação psicomotora e alucinações (tipicamente visuais) obrigam a exclusão de causa orgânica, nomeadamente cerebrovascular. Existem outros quadros clínicos que podem levar ao mesmo tipo de sintomatologia mas de forma mais insidiosa: demência, perturbações afectivas e psicóticas. Conclusão: Neste caso, a localização pouco habitual do evento isquémico não detectada na TC-CE e a ausência de défices focais poderão ter levado à não suspeição de uma Síndrome do Lobo Frontal em contexto de evento cerebrovascular. P57 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL EM CONTEXTO DE UMA POLIGLOBULIA PRIMÁRIA/POLICITEMIA VERA G. Oliveira, T. Santos, S. Castro, T. Soares-Silva, P. Carneiro Serviço de Imagiologia, Departamento do Neurorradiologia e Serviço de Neurologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho Introdução: As doenças hematológicas que condicionam esta- dos protrombóticos são causas reconhecidas de trombose arterial e venosa,embora raramente identificadas no estudo etiológico do AVC. As Poliglobulias Primárias, condicionando uma hiperviscosidade sanguínea, alteram a circulação sanguínea cerebral, sendo o AVC uma das principais complicações neurológicas. Aliás, um hematócrito elevado está associado a aumento das dimensões do enfarte cerebral. Caso clínico: Homem, 64 anos, inicia subitamente alteração da fala e diminuição da força dos membros esquerdos. Antecedentes de dislipidemia e tabagismo. Objetivamente apresentava rubor facial, sem organomegalias. Ao exame neurológico estava CCO, sem anosognosia, sem hemi-extinsão sensitiva com parésia facial esquerda, hemiparésia esquerda proporcional grau 4, hipostesia táctil e dolorosa do membro superior esquerdo e RCP extensor à esquerda. Sem dismetria. Marcha autónoma. Analiticamente: Hb-19.6 g/dL, VG-56%, plaquetas e leucócitos normais, EPO diminuída (4.4mUI/mL) e restante estudo sem alterações. TC cerebral revelou apenas hipodensidade da substância branca periventricular de predomínio posterior, traduzindo leucoencefalopatia por provável microvasculopatia arteriosclerótica. Pesquisa BCR/ABL negativa. Pesquisa da mutação 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 43 V617F-exão14, gene JAK2 negativa. Biópsia medular aguarda caracterização. Os restantes exames complementares também não mostraram alterações relevantes. O doente iniciou flebotomias bissemanais, hidroxiureia e antiagregante plaquetário tendo ocorrido normalização do seu eritrograma (Hb-15.6 g/dL, VG-45%). Apresentou melhoria progressiva do quadro, tendo exame neurológico normal após 10 dias. Conclusão: Apresentamos um caso de doente com AVC lacunar de etiologia trombótica secundária a Poliglobulia em contexto de provável Policitemia Vera. A rápida definição etiológica nestes casos permite o uso de flebotomias precocemente para reduzir a hiperviscosidade sanguínea, o que consideramos ter implicações na evolução e prognóstico destes doentes. P58 AVC E SIFILIS MENINGOVASCULAR UMA ASSOCIAÇÃO ESQUECIDA? Ana Rita Sanches, Sónia Cunha Martins, Margarida Sousa Carvalho CHMT Centro Hospitalar do Médio Tejo Introdução : Neurosifilis é uma infecção do sistema nervoso central por Treponema pallidum e pode ocorrer em qualquer altura após a infecção inicial. A sífilis meningovascular, estabelece relação entre arterite infecciosa e isquémia cerebral. Caso Clínico: Os autores apresentam o caso de um doente do sexo masculino, 49 anos de idade, camionista de profissão, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial, dislipidemia e hiperuricemia, hábitos alcoólicos e tabágicos pesados, medicado com valsartan 80. Recorreu ao Serviço de Urgência por queixas de disartria e hemiparesia direita. Admitiu-se Acidente Vascular cerebral em evolução pelo que ficou internado no Serviço de Medicina. O TAC que realizou à admissão não revelou alterações agudas, contudo verificaram-se “lacunas de natureza isquémica”. Na investigação clinica do AVC chegou-se ao diagnóstico de sifilis tendo o doente feito terapeutica subsequente. Conclusão: Os autores pretendem assim ressaltar a importancia do estudo etiologico dos AVCs particularmente em doentes jovens e a relevancia da suspeita clinica de sifilis. P59 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÉMICO BILATERAL: A PROPÓSITO DE UM CASO CLíNICO Filipa Alçada, Fernando Henriques, Mufulama Cadete, Sónia Salgueiro, Fernando Mota Tavares CHLP – Leiria Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) isquémico mantém-se como a primeira causa de morte em Portugal e a segunda causa de morbilidade, verificando-se um crescimento no número de casos que recorrem à urgência hospitalar nos últi- 44 Livro de Resumos mos anos, mas também uma melhoria relativa do prognóstico com o aumento da sensibilização para a doença. Estão descritas causas para o AVC isquémico bilateral, na maioria sobreponíveis ao AVC isquémico unilateral: hipertensão arterial (HTA), idade avançada, tabagismo, diabetes, acidente isquémico transitório prévio, arterite de células gigantes, flutter ou fibrilhação auriculares, dislipidémia e anemia de células falciformes. Apesar da prevalência global, o AVC bilateral é pouco frequente, nomeadamente aquele que afecta áreas cerebrais com vascularização independente. Caso Clínico: Os autores descrevem o caso de um homem de 64 anos, obeso, que é trazido à urgência por desorientação ocasional, mais marcada à condução automóvel. Estava orientado, com tensão de 177/85mmHg, sem queixas, sem crítica para o sucedido, destacando-se ao exame neurológico apenas uma hemianópsia temporal esquerda. A tomografia computorizada revelou lesões hipodensas, com zonas de edema vasogénico, a nível frontal esquerdo e occipital direito, apontando para lesões metastáticas. Na ressonância identificam-se lesões a nível temporo-occipital direito e frontal esquerdo, compatíveis com AVC agudo. Estudo posterior: despiste de apneia do sono negativo, ecodoppler cervical a sugerir estenose paradoxal (carótida direita e veretebral esquerda) não-confirmada em angio-tomografia, análises com hipertrogliceridemia e creatinina de1,3mg/dL. Ecocardiograma com hipertrofia das paredes ventriculares e depressão ligeira da função sistólica. Discussão e Conclusão: Os autores discutem os factores de risco identificados neste doente, a clínica inocente em relação à extensão das lesões e os procedimentos a ter nesta situação, no que respeita à prevenção secundária de eventos cerebrais e à melhoria da qualidade de vida. P60 TROMBO INTRACARDÍACO COM EMBOLIZAÇÃO CEREBRAL Ricardo Lavajo, Nádia Martins, Marlene Delgado, Marina Bastos Centro Hospitalar Tondela-Viseu Introdução: Os acidentes vasculares cerebrais (AVC) representam uma das principais morbilidades dos nossos dias, sendo a maioria (85%) de origem isquémica e cujo mecanismo cardioembólico é o responsável em cerca de 25% dos casos. A formação de trombos intraventriculares (TIV) é uma complicação frequente na miocardiopatia dilatada e no enfarte de miocárdio e cujo risco de embolização sistémica é variável em função da patologia subjacente e das características do trombo. A ecocardiografia é a técnica de imagem por excelência para o diagnóstico e estratificação do risco embolígeno dos TIV. As opções terapêuticas incluem a anticoagulação, fibrinólise ou cirurgia, sendo necessária uma avaliação caso a caso ponderando o risco embólico, hemorrágico e cirúrgico. Caso Clínico: Homem de 62 anos, antecedentes de psicose esquizotípica e úlcera gástrica que não cumpria terapêutica. Recorreu ao SU por quadro com 4 dias de cefaleias, lentificação psicomotora e disartria. Analises normais, ritmo sinusal no ECG e TC CE revela hipodensidade corticosubcortical parietal e temporo-insular posterior esquerda traduzindo lesão isquémica recente em território da artéria cerebral média. Em internamento o estudo etiológico AVC isquémico incluiu: trombofilias sem alterações, discreta ateromatose difusa na bifurcação carotídea no ecodoppler cervical e o ecocardiograma revelou FEVE de 50%, acinésia do terço distal do septo interventricular e apex, onde se observa imagem de trombo . Decididiu-se a introdução de hipocoagulação oral para prevenção e eventos embólicos em associação a anti-agregação plaquetária pela doença coronária. Mantém-se vigilância clinica e em 6 meses não ocorreram novos eventos embólicos. Conclusão: Para além da fibrilhação auricular, outras entidades clinicas podem ser responsáveis por fenómenos cardioembólicos, nomeadamente pela formação de TIV, muitas vezes de forma silenciosa, pelo que o recurso ao ecocardiograma é fundamental no estudo etiológico do AVC. P61 DO 8 AO 80 Luís de Pinho-Costa, Hélder Sousa USF Fânzeres Introdução: Os hipocoagulantes orais diminuem o risco de AVC isquémico em pacientes com Fibrilhação Auricular (FA) mas elevam o risco hemorrágico, nomeadamente de hemorragia intracraniana Caso Clínico: Homem, 58 anos, sem antecedentes familiares relevantes; história de FA e AVC isquémico em território da artéria cerebral média esquerda (2010), do qual resultaram sequelas de hemiparésia e hemianópsia homónima direitas; hipocoagulado com acenocumarol desde o final do mesmo ano. Recorreu à consulta em Junho/2013: esposa relatava mutismo desde há um dia, na sequência de evento psicologicamente traumático; ao exame constatado mutismo, sem alterações neurológicas de novo. Foi referenciado ao Serviço de Urgência de Psiquiatria, onde apresentou flutuação de consciência sendo encaminhado para Neurologia: TC cerebral documentou hemorragia cortical direita, sem componente compressivo; INR terapêutico. Reverteu-se hipocoagulação e internou-se para vigilância e reabilitação fisiátrica; evoluiu favoravelmente, tendo alta ao 41º dia sem sequelas e com hipocoagulação suspensa. Conclusão: Os pacientes com FA e fatores de risco adicionais (como hipertensão arterial, diabetes e AVC prévio) têm risco elevado de AVC isquémico – podendo atingir os 8%/ano – mas este pode ser reduzido em mais de 2/3 com os hipocoagulantes orais. Enquanto que na prevenção primária a indicação para hipocoagulação oral depende da estratificação de risco, na prevenção secundária ela é sempre a terapêutica de eleição. Os hipocoagulantes orais aumentam contudo a incidência de AVC hemorrágico; a maioria dos episódios ocorre com INR terapêutico, mas a sobrehipocoagulação associa-se a risco hemorrágico mais elevado. Os Médicos de Família, porque frequentemente se deparam com utentes com FA hipocoagulada, devem estar alerta e sensibilizados para o balanço entre risco isquémico e risco hemorrágico, por forma a reconhecer e orientar precocemente eventuais complicações dos dois pólos patológicos. P62 INVESTIGAÇÃO NA DISSOCIAÇÃO ENTRE CLÍNICA E IMAGEM NO AVC: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Mário Fontes e Sousa, José Faria da Costa, Mariana Reis Costa, Daniela Faria, Sofia Moutinho, Maria Teresa Antunes Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de São João, Porto. Caso Clínico : Os autores relatam o caso clínico de uma mulher, 96 anos, dextra, Rankin prévio 1, internada por Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquémico. Diagnósticos prévios de hipertensão arterial e hipotiroidismo, medicados. Encontrada inconsciente e trazida ao serviço de urgência, presumivelmente 6h pós-evento. Hemodinamicamente estável, apirética, 7-8/15 na escala de coma Glasgow (GCS), NIHSS 25/42, hemiplegia direita (movimentos espontâneos à esquerda), desvio mantido e conjugado do olhar para a esquerda, Babinsky em extensão à direita, sem outras alterações relevantes. Na tomografia computorizada (TC) craneo-encefálica (CE), identificada lesão aguda (discreta hipodensidade no núcleo lenticular à esquerda). Iniciou ácido acetilsalicílico, estatina e cuidados de suporte (sem critérios para trombólise ou unidade). Após 72h, sem evolução favorável do estado neurológico, apesar de apenas imagem frustre no TACCE, foram investigadas causas infecciosas ou metabólicas (distúrbio tiroideu ou eletrolítico, lesão renal ou hepática). Realizou também eletroencefalograma (EEG), cuja atividade era lenta e epileptiforme; foi iniciado ácido valpróico, com alguma melhoria clínica (sem desvio do olhar mantido) e sem actividade em EEG de controlo. Foi repetida TAC-CE, agora com extensa hipodensidade na região fronto-temporo-parieto-insular esquerda estendida à região posterior tálamo-capsular ipsilateral, traduzindo enfarte recente, território da artéria cerebral média esquerda. Eco-doppler cervical sem compromisso hemodinâmico e eletrocardiograma normal. Teve alta encaminhada para lar, mantinha défices neurológicos, GCS 8-9/15 e Rankin 5. Conclusão: Os autores realçam o atraso inicial da lesão efetiva na TAC-CE de entrada e a importância da valorização da apresentação, evolução clínica e dos exames seriados, sobretudo quando há dissociação entre imagem e clínica. Devem ser excluídas causas secundárias potencialmente reversíveis, como alterações metabólicas, infeção ou atividade epileptiforme. 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 45 P63 DÉFICE NEUROLÓGICO “MINOR” DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO NO AVC – UM CASO CLÍNICO Mateus H., Rocha R., Carvalho L., Pires M., Chan S., Ferreira S., Saraiva R. Serviço Medicina I. Centro Hospitalar Leiria, Hospital de Santo André – Leiria Introdução: O Acidente Vascular Cerebral (AVC), é a principal causa de incapacidade em adultos no mundo. O AVC hemorrágico corresponde a cerca de 15% de todos os AVC’s, e embora não possa ser considerado como mais grave, está associado a uma elevada taxa de mortalidade precoce (cerca de 50%). Caso Clínico: Os autores propõem-se apresentar um caso clinico de um doente do sexo masculino de 58 anos, com antecedentes de hipertensão arterial que recorre ao serviço de urgência por cefaleia intensa parieto-temporal direita com cerca de uma hora de evolução, associada a vómitos e visão turva. Ao exame objetivo de entrada encontrava-se ansioso, hipertenso com valores tensionais de 177/87 mmHg; não apresentava alterações na auscultação cardiopulmonar, nem sinais meníngeos. Do exame neurológico realizado, dificultado pela ansiedade do doente, destacava-se dificuldade em seguir objetos com o olhar, sem nistagmus. Nos exames complementares realizados no serviço de urgência, de realçar tomografia computorizada crânio-encefálica com lesões sugestivas de AVC hemorrágico. Foi admitido em internamento para estabilização e estudo do quadro clinico. Durante o internamento permaneceu estável, tornando-se mais colaborante no exame neurológico o que permitiu identificar uma hemianopsia homónima. Teve alta com cotação de 2 pontos na escala de Rankin modificada. Conclusão: Com o presente trabalho os autores pretendem mostrar a importância da reavaliação do doente na identificação de défices neurológicos “minor”. Estes são, por vezes, de difícil identificação, especialmente quando o próprio doente negligencia o défice, mas têm um importante impacto na recuperação da autonomia da vida quotidiana do doente. P64 CASUALIDADE OU ASSOCIAÇÃO? Luís Val – Flores, Joana F. Sequeira, Francisco San Martin, Teresa Martinho, Isabel Maldonado, Rosa Amorim Centro Hospitalar Oeste, Caldas da Rainha Introdução: Existem relatos na literatura, que apontam alter- ações nos componentes do sangue, concretamente leucócitos e eritrócitos, como preditores de eventos trombóticos, nomeadamente Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM). São testes analíticos baratos que podem prever/estratificar a gravidade ou predisposição para novos eventos trombóticos, sendo contudo necessário mais estudos nesta área de forma validar tal associação. 46 Livro de Resumos Casos clinicos: Os autores relatam os casos de 3 doentes com idades compreendidas entre os 82 e 86 anos, admitidos no Serviço de Medicina por evento trombótico (AVC ou EAM). Tinham como fatores de risco comuns, Hipertensão arterial, Diabetes Mellitus tipo 2, Fibrilhação auricular e Dislipidémia. Dois dos doentes tinham como diagnóstico principal AVC isquémico e o outro EAM. Analiticamente salienta-se que todos os doentes apresentavam na admissão no serviço urgência (SU), leucocitose > 14000 u/L, Hg > 14 g/dL e Htc 40 – 45%. Foi excluída infecção como causa de leucocitose. Doente 1: 86 anos, admitido por AVC, iniciou antiagregação e enoxaparina profilática. Doente 2: 82 anos, admitido por AVC, iniciou antiagregação e enoxaparina terapêutica (EAM no SU). Doente 3: 85 anos, admitido por EAM, iniciou antiagregação dupla e enoxaparina em dose terapêutica. Como intercorrências trombóticas nos doentes com AVC, um teve EAM no 1º dia de internamento e isquémia aguda do membro inferior direito ao 15º dia, apesar de anticoagulado e o outro registou subida dos biomarcadores de necrose do miocárdio às 24 h. O doente admitido por EAM fez AVC isquémico ao 5º dia de internamento, apesar de antiagregado e anticoagulado. Conclusão: Analiticamente, todos os casos apresentavam na admissão variações da série eritrocitária e leucocitária. Constatou-se previamente à complicação trombótica, variações dos componentes do sangue, destacando-se Htc > 45 %, Hg > 14,5 g/dL e leucocitose. Os dois doentes admitidos com diagnóstico primário de AVC acabaram por falecer. 15º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTERNA Porto, Tiara Park Atlantic 28.29 novembro 2014 14º CONGRESSO DO NÚCLEO DE ESTUDOS DA DOENÇA VASCULAR CEREBRAL DA SPMI 47