Texto na Íntegra 4,5MB

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Texto na Íntegra 4,5MB
Faculdade de Ciências da Saúde
Universidade de Marília – UNIMAR
JEFFERSON JOSÉ DE CARVALHO MARION
PROCESSO DE REPARO DE DENTES DE CÃES APÓS
BIOPULPECTOMIA
E
OBTURAÇÃO
DOS
CANAIS
RADICULARES COM OS CIMENTOS SEALAPEXTM OU
MTA
MANIPULADO
COM
PROPILENOGLICOL,
ASSOCIADOS AO EFEITO DO EMPREGO OU NÃO DE UM
CURATIVO DE CORTICOSTERÓIDE-ANTIBIÓTICO
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação da
Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Marília
(UNIMAR), como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de Mestre em Clínica Odontológica – Área de concentração
em Endodontia.
ORIENTADOR: PROF. TITULAR DR. ROBERTO HOLLAND
CO-ORIENTADOR: PROF. TITULAR DR. VALDIR DE SOUZA
MARÍLIA – SP
2008
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a
reprodução total ou parcial desta Dissertação, por processos
fotocopiadores e outros meios eletrônicos. Marília, 26 de março de 2008.
M341p
Marion, Jefferson José de Carvalho
Processo de reparo de dentes de cães após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com os cimentos SealapexTM ou MTA manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do emprego ou não de um
curativo de corticosteróide-antibiótico./ Jefferson José de Carvalho Marion -- Marília: UNIMAR, 2008.
377f.
Dissertação (Mestrado em Clínica Odontológica – área de concentração em Endodontia)- Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade
de Marília, Marília, 2008.
1. Endodontia 2. Biopulpectomia 3.Propilenoglicol 4. Agregado de
Trióxido Mineral (MTA) 5.Sealapex 6.Otosporin 6. Medicação de Corticosteróide-Antibiótico 7. Tratamento de Canais Radiculares I. Marion,
Jefferson José de Carvalho II. Processo de reparo de dentes de cães...
CDD – 617.634
UNIVERSIDADE DE MARÍLIA – UNIMAR
REITOR: MÁRCIO MESQUITA SERVA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PRÓ-REITORA: PROFª. DRA. SUELY FADUL VILLIBOR FLORY
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR: PROF. DR. ARMANDO CASTELO BRANCO JÚNIOR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CLÍNICA ODONTOLÓGICA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ENDODONTIA
ORIENTADOR:
PROF. TITULAR DR. ROBERTO HOLLAND
CO-ORIENTADOR:
PROF. TITULAR DR. VALDIR DE SOUZA
DADOS CURRICULARES
JEFFERSON JOSÉ DE CARVALHO MARION
Data de Nascimento
20 de janeiro de 1971
Nova Esperança – PR
Filiação
Jair de Carvalho
Lourdes Catarina Marion de Carvalho
1991-1995
Curso de Graduação em Odontologia, na
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUC-PR, Brasil).
1995-1996
Curso de Pós-Graduação Latu Senso em
Endodontia na Pontifícia Universidade Católica
do Paraná (PUC-PR).
1996-1997
Segundo Tenente Dentista, prestando serviços
técnicos especializados ao Comando Militar do
Sul, 5º Batalhão de Suprimentos Formação
Sanitária (5º BSup). Curitiba, PR, Brasil.
1997 – Atual
Serviços
técnicos
especializados
em
Endodontia, Consultório Odontológico J Marion
Endodontias, Brasil.
2003-2004
Professor auxiliar no Curso de Odontologia na
disciplina de Endodontia da Faculdade Ingá,
UNINGÁ, Brasil.
2006-2008
Curso
de
Mestrado
Pós-Graduação
em
Universidade
de
Clínica
Marília,
Strictu
Senso,
Odontológica
UNIMAR,
da
Brasil.
Orientador: Prof. Titular Dr. Roberto Holland,
área de concentração: Endodontia.
DEDICATÓRIA
A DEUS, fonte de vida e de toda sabedoria, que me concedeu o privilégio de
iniciar e concluir este curso de Mestrado, capacitando-me, sustentando-me,
protegendo-me e colocando em meu caminho as pessoas certas para que eu
pudesse concretizar este trabalho.
“...Tu és meu servo, eu te escolhi, e não te rejeitei.
Não temas, porque eu estou contigo.
Não te assustes, porque eu sou o teu Deus.
Eu te dou coragem, sim, eu te ajudo.
Sim, eu te seguro com minha mão vitoriosa...”
(Is. 41-9,10)
A MINHA MÃE LOURDES, exemplo de vida, de honestidade, de caráter, de
sabedoria, de força de vontade, carinho, amor e compreensão. Minha eterna
gratidão pela formação moral, intelectual e espiritual. Nunca poupou esforços para
o meu engrandecimento, sempre acreditou em mim, passou-me confiança e, com
muita convicção, fez-me seguir em frente, até nos momentos em que eu mesmo
não acreditava ser capaz. Muito obrigado por estar sempre a meu lado,
renunciando, em muitos momentos, aos próprios sonhos para que eu pudesse
realizar os meus. Eu a amo muito! A senhora é meu incentivo constante, é mãe e
também pai. Hoje, mãe, colha comigo um pouco do que tanto lutou para dar a seu
filho!
“Para completar o homem, Deus fez a mulher...
Mas para participar do milagre da vida, Deus fez a mãe.
Para liderar uma casa, Deus fez a mulher...
Mas para edificar um lar, Deus fez a mãe.
Para estudar, trabalhar e competir, Deus fez a mulher...
Mas para guiar a criança insegura, Deus fez a mãe.
Para os desafios da sociedade, Deus fez a mulher...
Mas para o amor, a ternura e o carinho, Deus fez a mãe.
Para fazer qualquer trabalho, Deus fez a mulher...
Mas para embalar o berço e construir um caráter, Deus fez a mãe.
Você é o mais lindo presente de Deus para mim.
Eu quero ser uma dádiva de Deus pra você.
Te amo, Mãe!”
(Autor desconhecido)
A MEU PAI, JAIR (in memorian), que empreendeu sua viagem à felicidade eterna,
convertido numa estrela no céu, e que me acompanha e me protege com sua luz.
“Minha estrela-guia,...
minha lágrima e meu riso,
meu grande aprendizado,
minha maior saudade.
Voou como um pássaro...
voou, virou estrela...
a mais linda estrela do meu céu!”
(Mariú Zalaf)
A MEUS AVÓS APARECIDA e JOSÉ PAULO MARION, personalidades marcantes
em minha vida e em nossa família, pelos quais tenho muito carinho e muita gratidão.
Muito obrigado por todos esses anos dedicados a nós, filhos, netos e bisneto,
sempre colaborando, incentivando, orientando o meu caminho e participando das
minhas decisões. Obrigado por serem meus segundos pais, por marcarem minha
educação e formação de maneira tão presente. Pa e Ma, amo vocês!
A MEUS FAMILIARES, pelo amor, carinho, companheirismo, apoio, pela
confiança
e
compreensão.
Obrigado
por
entenderem
minha
ausência,
participarem dos meus sonhos e me apoiarem para realizá-los. Com vocês
aprendi o verdadeiro significado da palavra cumplicidade. Esta conquista é nossa.
“Agradecer é admitir que houve um momento
em que se precisou de alguém,
É reconhecer que o homem jamais
poderá lograr para si o dom de ser auto-suficiente.
Ninguém e nada cresce sozinho,
é sempre preciso um olhar de apoio,
uma palavra de incentivo,
um gesto de compreensão,
uma atitude de amor.”
(Autor desconhecido)
A minha secretária, PAULA CARDOSO, por sua fidelidade, cumplicidade,
honestidade, profissionalismo e amizade, que me impressionam. Sem você eu
jamais conseguiria fazer este curso de Mestrado, e por isso é que esta vitória
também é sua.
AGRADECIMENTOS
ESPECIAIS
A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta ou indireta
de muitas pessoas. Manifesto minha gratidão a todas elas, e de forma particular
às seguintes:
A meu orientador PROF. DR. ROBERTO HOLLAND, pelo exemplo de
competência, paciência, conhecimento e determinação, e pela forma com que me
acolheu: de portas abertas, como um pai acolhe um filho. Sua dedicação,
convivência, amizade, além de apoio e incentivo constante trouxeram influências
marcantes em minha conduta profissional, científica e pessoal. É um líder,
formador de discípulos e o grande responsável pelo desenvolvimento deste
trabalho, além de exemplo de pesquisador e defensor da Endodontia Biológica.
Muito mais que Endodontia, ensinou-me sua paixão e dedicação pela docência e
pela ciência, o que transformou minha vida. Tenho a honra de fazer parte da
última turma que o teve como mestre. Expresso meu orgulho, agradecimento e
minha felicidade por ter sido seu orientado. Meu sincero respeito e minha
gratidão.
“Mestre é aquele que caminha com o tempo,
propondo paz, fazendo comunhão,
despertando sabedoria.
Mestre é aquele que estende a mão,
inicia o diálogo e encaminha
para a aventura da vida.
Não é aquele que ensina fórmulas, regras,
raciocínios, mas o que questiona e
desperta para a realidade.
Não é aquele que dá o seu saber,
mas aquele que faz germinar
o saber do discípulo.
Eu serei sempre seu discípulo
na escola da vida.”
(N. Maccari)
A meu co-orientador PROF. DR. VALDIR DE SOUZA, exemplo de humildade e
dedicação, pela maneira sábia e paciente como guia e ensina seus alunos. Muito
obrigado pelas sugestões, pelo apoio, pela amizade, pelo carinho e pelas muitas
vezes que me recebeu em sua casa. Sempre me lembrarei de sua ajuda e de sua
presença, que neste trabalho foram fundamentais. Seguirei seus conselhos!
“Dádiva é poder regar a árvore
para que cresça e dê frutos.
Tarefa árdua é ensinar a autodisciplina,
e ao mesmo tempo nortear de forma singela.”
(Autor desconhecido)
À PROFª DRª SUELI MURATA, mulher batalhadora, dedicada, exemplo de
pesquisadora, sempre atenta às minhas necessidades, pela ajuda incansável na
realização deste trabalho. Sua garra e seu entusiasmo pela pesquisa são
contagiantes e dignos de serem seguidos. Obrigado, professora, pelas suas dicas
e pelos seus conselhos. A você, meu respeito e reconhecimento.
Ao PROF. DR. FRANCISCO SOUZA FILHO, pelo estímulo e incentivo, pelo
grande ser humano e pesquisador que sempre contribui para o avanço e
crescimento dos que estão a sua volta. Obrigado, por sua amizade e também por
mais uma vez aceitar minha solicitação, fazendo parte da banca examinadora.
Ao PROF. DR. ESTRELA, grande pesquisador da Endodontia Nacional e
Mundial. Obrigado, pelo carinho com que aceitou gentil e prontamente participar e
colaborar com este trabalho, fazendo parte da banca examinadora.
A meu amigo de mestrado DOMINGOS NETO e sua esposa ELAINE. Vocês me
ensinaram que a vida pode ser vivida com leveza e tranqüilidade. Que viver o hoje
é mais importante que esperar pelo amanhã. Domingos, obrigado pela paciência,
pelos conselhos, pelo acolhimento em sua casa, pelos muitos momentos
compartilhados durante o curso. Valeu, meu amigo! Onde quer que você vá, que
Deus o acompanhe sempre!
A minha amiga de mestrado SUELLEN BORLINA. Sua inteligência e seu caráter
farão de você uma mulher de sucesso. Você é exemplo de trabalho e disciplina.
Obrigado pela amizade, pelos conselhos e pela ajuda constante nos momentos
em que precisei, e também por me deixar fazer parte da sua família.
“Hoje nossos caminhos se partem,
para que possamos andar sozinhos,
na certeza de que todas as estradas
se unem em um ponto comum,
onde nos encontraremos para falar da vida,
das lágrimas, do sorriso e, é claro,
dos sonhos que ainda ousaremos realizar.
Sentirei saudades.
E ter saudades é não ter medo
de olhar para trás,
é ter coragem de aprender
tudo o que se viveu.
Afinal, a vida continua,
a nossa historia continua...
Não fiquemos tristes nas despedidas.
Uma despedida é necessária
antes de a gente se encontrar outra vez.”
(Autor desconhecido)
A meu amigo RAPHAEL MATTOSINHO. É difícil colocar em palavras tudo o que
você fez para que eu pudesse concluir este curso de Mestrado. Além de realizar
quase toda a assessoria de informática, você foi o amigo fiel que abdicou dos
seus momentos de lazer e também de alguns momentos profissionais e familiares
para que eu pudesse concretizar este trabalho. Seu empenho, carinho, respeito, e
sua dedicação, paciência e alegria contagiante me deram forças para continuar.
Show, Mattoso! Valeu, fera!
Ao amigo RONALDO CECHELA, que também dedicou parte do seu tempo para
confeccionar as ilustrações gráficas deste trabalho e se dispôs, nos momentos em
que precisei, dando-me segurança e tranqüilidade para obtenção de um bom
resultado. Sua dedicação foi muito importante para mim. Obrigado!
À amiga NATHÁLIA MACHADO, pela generosidade com que dispôs do seu
tempo e de sua energia para que esta Dissertação fosse editada, e pelas
sugestões de mudanças na forma e no conteúdo.
Ao PROF. CARLOS, pelo auxílio nas traduções de inglês, e pelo respeito a este
trabalho.
Ao PROF. DR. ELÓI DEZAN JÚNIOR, pela contribuição valiosa e fundamental na
elaboração da análise estatística dos resultados.
À PROFª DRª JEANETTE DE CNOP, vice-presidente da Academia de Letras de
Maringá, pela correção e adequação deste trabalho à luz das normas que regem
a Língua Portuguesa. E a HELAINE FERREIRA, pela formatação, diagramação e
normalização segundo a ABNT.
A ANDRÉA HERMÍNIO e REGINA PEREIRA, secretárias do curso de pósgraduação da UNIMAR, pela extrema dedicação em todos os momentos
necessários, pelo carinho e principalmente pela amizade que construímos. Já
sinto saudades.
A NEUCI VIEIRA, HERMELINDA BREFORE e NEUZA SANTOS, pelo brilhante
trabalho no processamento histológico e pelo carinho com que me receberam no
laboratório da disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de
Araçatuba.
À bibliotecária da UNIMAR, CESIRA PORTO, pelo auxílio durante a elaboração
deste trabalho. E também aos funcionários SEBASTIÃO, GE, WANESSA e
ROSENI, pelo apoio constante durante todo o tombamento bibliográfico realizado.
À coordenadora do biotério da UNIMAR, PATRÍCIA BUENO, por apoiar na
realização desta pesquisa, colocando-se à disposição em todos os momentos em
que foi solicitada. Aos funcionários ROBERTO, PABLO e OSMAR, pela
disponibilidade e ajuda na aquisição e manutenção dos cães utilizados neste
trabalho. E aos ANIMAIS, por contribuírem em benefício da espécie humana e da
ciência endodôntica.
Ao PROF. GILBERTO GARUTTI (Giba), pelo acompanhamento durante a
disciplina de Estágio à Docência, e ao PROF. SEBASTIÃO DE CARVALHO,
responsável pelas disciplinas de Metodologia Científica, Metodologia da Pesquisa e
Bioestatística, pela confiança e pelo incentivo demonstrados, além do apoio no
decorrer do curso.
“Nos bastidores do palco iluminado,
resultado da empatia e convivência,
acontece o verdadeiro espetáculo.”
(Autor desconhecido)
Às PROFas ÉRICA LOPES e VÂNIA WESTPHALEN, por terem despertado em
mim o amor pela Endodontia e pelo ensino. Vocês plantaram uma semente que
agora começa a gerar frutos. O seu eterno aluno lhes agradece pelas
oportunidades durante a graduação e a especialização, pois vocês me orientaram
a encontrar o rumo a ser seguido.
A PROFª BEATRIZ FRANÇA, que me ensinou a amar a Odontologia, sendo base
na construção do meu caráter e da minha personalidade profissional. Exemplo de
dignidade e profissionalismo a serem seguidos. Agradeço pelo seu incentivo, sua
confiança, sua amizade e, agora, por mais esta vitória.
“Vivemos com o que recebemos,
mas marcamos a vida com o que damos.”
(Winston Churchill)
A DONA NETA, esposa e companheira do Prof. Dr. Valdir de Souza, pela
amizade e carinho manifestado em todas as vezes em que me recebeu em sua
casa e, também, nas conversas informais que tanto contribuiu para nossa
amizade.
A TODOS OS AMIGOS que participaram, direta ou indiretamente, da minha
formação profissional e humana, e que torceram por mim em ações e orações.
“Quando me lembro de tantos momentos
que passamos juntos, percebo
o quanto vocês são importantes para mim.
Ora aprendendo, ora ensinando,
às vezes alegre, às vezes de mau humor...
respeitando as diferenças e desejando sempre
tudo de bom, uns ao outros.
Sou muito feliz por poder compartilhar
minha vida com vocês.”
(Adaptado de Ortega & Gutierres)
À amiga MARCIA FRANZONI ARRUDA, responsável pelo meu ingresso neste
curso de Mestrado, nesta fase da minha vida. Esta vitória também é sua. Muito
obrigado!
À minha família em Marília, SUELLEN, DONA NICE, NAIARA e CELSO
BORLINA, pelo carinho, acolhimento, pela preocupação e dedicação. Esses dois
anos de convivência serão inesquecíveis! Meu agradecimento.
As minhas eternas secretárias, EDILEUSA, ALESSANDRA e NEIDE, por vocês
cuidarem com tanto carinho e respeito dos meus pacientes e também de mim.
Vocês foram pilares sólidos para que eu pudesse conquistar esta vitória. Muito
obrigado.
À UNIVERSIDADE DE MARÍLIA, na pessoa do magnífico reitor Márcio Mesquita
Serva, pela realização deste curso de Mestrado.
À Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista, na
pessoa do diretor PROF. DR. PEDRO FELÍCIO ESTRADA BERNABÉ, e em
especial à disciplina de Endodontia dessa faculdade, por dar suporte e auxiliar em
toda a parte laboratorial deste trabalho.
Uma nuvem não sabe porque se move
em tal direção e em tal velocidade.
Sente o impulso... é para este lugar que deve ir.
Mas o céu sabe os motivos
dos desenhos por trás das nuvens.
E você também saberá quando se erguer
o suficiente para ver além dos horizontes.
(Richard Bach)
MARION, J.J.C. Processo de reparo de dentes de cães após biopulpectomia
e obturação dos canais radiculares com os cimentos SealapexTM ou MTA
manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do emprego ou não
de um curativo de corticosteróide-antibiótico. Marília, 2008. 377f. Dissertação
(Mestrado em Clínica Odontológica – Área de Concentração em Endodontia) –
Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Marília, Marília, 2008.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar in vivo o processo de reparo de dentes de cães
após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com SealapexTM ou MTA
manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do emprego ou não de um
curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Foram utilizadas 40 raízes de
incisivos e pré-molares de cães adultos jovens, fêmeas, da mesma ninhada e sem
raça definida, com idade média próxima a 2 anos. Os dentes foram preparados
biomecanicamente pela técnica mista invertida, e em seguida foi efetuado o
arrombamento da barreira cementária apical até a lima K 25, dando origem ao
forame principal. Com a finalidade de permitir a neoformação de um coto pulpar,
através da invaginação de um tecido conjuntivo periodontal pelo forame, 20
canais receberam o curativo de demora de Otosporin® por 7 dias. Cada canal foi
então obturado pela técnica da condensação lateral com cones de guta percha e
um dos materiais estudados. Os demais canais foram obturados em sessão
única, utilizando-se a mesma técnica de obturação e cada um dos materiais sem
a aplicação do curativo de Otosporin®. Decorridos 90 dias, os animais sofreram
processo de eutanásia, por overdose de solução anestésica. As maxilas e
mandíbulas foram removidos, e os espécimes preparados para análise
histomorfológica e histomicrobiológica. Os resultados estatísticos demonstraram
que o curativo de Otosporin® favoreceu o processo de reparo, independentemente
dos cimentos utilizados (p=0,03). Assim, com base nos resultados foi possível
concluir que a obturação dos canais radiculares com SealapexTM ou MTA
manipulado com propilenoglicol, apresentaram comportamento semelhante e que
o uso do curativo de Otosporin®, favoreceu o processo de reparo.
Palavras-chaves: 1.Endodontia; 2.Biopulpectomia; 3.Propilenoglicol; 4.Agregado
de Trióxido Mineral (MTA); 5.Sealapex; 6.Otosporin®;
7.Medicação de corticosteróide-antibiótico; 8.Tratamento do
canal radicular.
MARION, J.J.C. Healing process of dogs’ teeth after biopulpectomy and root
canal filling with Sealapex or MTA with propylene glycol associated to the
effect of corticosteroid-antibiotic applying or not. Marília, 2008. 377f.
Dissertação (Mestrado em Clínica Odontológica – Área de Concentração em
Endodontia) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Marília, Marília,
2008.
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the healing process of dogs’ after
biopulpectomy and root canal filling with SealapexTM or MTA with propylene glycol
associated or not a corticosteroid-antibiotic (Otosporin®) dressing. It were used
forty roots of incisives and pre-molars of two young adult mongrel dogs’ from the
same litter aging about 2 years old. The teeth were prepared by reverse mixed
technique and the cementary barrier was perforated and enlarged up to file K#25,
originating a main foramen. Aiming the neoformation of pulp stump with the
ingrown a periodontal connective tissue thru the foramen, twenty canals received
a dressing with Otosporin® for 7 days aiming to allow the neo-formation of a pulp
stump. Each root canal was then filled by the lateral condensation technique with
gutta-percha points and one of the studied materials. The 20 canals remaining
were filled in just one session using the same root canal filling technique and
materials but without the use of Otosporin® dressing. After 90 days, the animals
were sacrificed by an overdose of anesthetic, the maxillas and jaws were removed
and the teeth were prepared for histomorphological and histomicrobiological
analysis. The Otosporin® dressing favored the healing process independently of
the studied filling material (p=0.03). It was possible to conclude that the root canal
filling with SealapexTM or MTA with propylene glycol showed similar behavior and
the use of Otosporin® dressing improved the healing process.
Keywords: 1.Endodontics; 2.Biopulpectomy; 3.Propylene glycol; 4.Mineral
Trioxide
Aggregate
(MTA);
5.Sealapex;
6.Otosporin®;
7.Corticosteroid-antibiotic dressing; 8.Root canal treatment.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
CEMA (Centro de Experimentação em Modelos Animais) da
UNIMAR.................................................................................... 169
FIGURA 2
Vista panorâmica parcial do canil da UNIMAR.........................
FIGURA 3
A- Cão 1; B- Cão 2; C- Incisivos centrais e mediais
anteriores; D- Segundos, terceiros e quartos pré-molares
superiores e inferiores; E- Película em posição para tomada
radiográfica; F- Radiografia dos incisivos; G- Radiografia dos
pré-molares.............................................................................. 172
FIGURA 4
A- Injeção intramuscular na coxa do cão; B- Drogas utilizadas
para anestesiar os cães; C- Depilação da pata do cão; DColocação do scalp; E- Solução de Ringer; F- Animal sendo
hidratado;
GComplementação
anestésica
no
174
scalp.......................................................................................
FIGURA 5
Sealapex™ (SybronEndo – SDS)............................................. 177
FIGURA 6
ProRoot™ MTA (Dentsply).......................................................
FIGURA 7
Propilenoglicol PA (CAQ – Casa da Química Ind. e Com.
LTDA.)...................................................................................... 179
FIGURA 8
Otosporin® (FQM – Farmoquímica SA)....................................
FIGURA 9
A- Delimitação do campo operatório; B- Antissepsia com taça
de borracha; C- Antissepsia da cavidade oral; D- Isolamento,
com dique de borracha, dos pré-molares; E- Isolamento, com
dique de borracha, dos incisivos; F- Antissepsia do campo
operatório.................................................................................. 184
FIGURA 10
A- Abertura coronária; B- Abertura coronária com exposição
pulpar dos incisivos; C- Abertura coronária com exposição
pulpar dos pré-molares; D- Pulpectomia dos incisivos; EPulpectomia dos pré-molares................................................... 186
FIGURA 11
A- Realização da odontometria dos incisivos; B- Realização
da odontometria dos pré-molares; C- Radiografia de
odontometria dos incisivos; D- Radiografia de odontometria
dos pré-molares........................................................................ 187
170
178
181
FIGURA 12
A- Abertura com ampliador de orifício; B- Abertura com broca
de Gates Glidden; C- Arrombamento da barreira cementária
com alargador mecânico; C1- Representação esquemática
do arrombamento da barreira cementária com alargador
mecânico; D- Irrigação/aspiração da solução irrigadora........... 189
FIGURA 13
A- Preenchimento do canal com Otosporin®; B- Canal
preenchido com Otosporin®; C- Selamento com guta percha;
D- Dente com restauração provisória....................................... 191
FIGURA 14
A- Sealapex™ sendo manipulado; B- Sealapex™ sendo
levado ao canal; C- MTA sendo manipulado; D- MTA
envolvendo o cone principal na espátula; E- MTA sendo
levado ao canal; F- Cone principal + cone secundário +
espaçador no pré-molar; G- Grupos de incisivos com MTA e
Sealapex™; H- Grupos de pré-molares com MTA e cones de
guta percha obturando o canal; I- Hollemback 3S cortando os
cones; J- Condensando a obturação; K- Dentes com
restauração definitiva em amálgama; L- Radiografia final de
obturação.................................................................................. 194
FIGURA 15
Maxila e mandíbula dissecadas................................................ 195
FIGURA 16
A- Maxila e mandíbula desmineralizadas; B- Dente sendo
separado da maxila; C- Dente sendo preparado para inclusão
na parafina; D- Dente incluído na parafina; E- Corte seriado;
F- Cortes sendo preparados para serem montados nas
lâminas; G- Cortes nas lâminas; H- Máquina corando por HE;
I- lâmina corada por HE; J- lâmina corada pelo método de
Brown e Brenn.......................................................................... 197
FIGURA 17
Representação esquemática do dente trabalhado...................
FIGURA 18
Locais pré-estabelecidos em que foram efetuadas as
medidas das espessuras do cemento neoformado e do
ligamento periodontal. Além disso, os 4 segmentos obtidos
foram utilizados para avaliar a organização do ligamento
periodontal: Pontos 1 a 5 - locais do início da circunferência
apical; Ponto 3 - local correspondente ao vértice apical; Pontos
2 e 4 - locais correspondentes, respectivamente, às
distâncias médias entre os Pontos 1 e 3 e os Pontos 3 e 5..... 200
FIGURA 19
Representação esquemática do selamento biológico
completo de todos os canais do delta apical............................ 203
FIGURA 20
Representação esquemática do selamento biológico
completo na maioria dos canais do delta apical....................... 204
198
FIGURA 21
Representação esquemática do selamento biológico
completo em poucos canais do delta apical............................. 204
FIGURA 22
Representação esquemática da ausência do selamento
biológico nos canais do delta apical......................................... 205
FIGURA 23
Representação esquemática do selamento biológico
completo do canal principal...................................................... 206
FIGURA 24
Representação esquemática do selamento biológico parcial
do canal principal...................................................................... 206
FIGURA 25
Representação esquemática da deposição de cemento
apenas nas paredes laterais do canal principal........................ 207
FIGURA 26
Representação esquemática da ausência de cemento
neoformado junto ao canal principal........................................ 207
FIGURA 27
Representação esquemática da extensão do infiltrado
inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 1- Células
inflamatórias ausentes.............................................................. 210
FIGURA 28
Representação esquemática da extensão do infiltrado
inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 2- Células
inflamatórias localizadas dentro das ramificações apicais ou
junto aos forames..................................................................... 211
FIGURA 29
Representação esquemática da extensão do infiltrado
inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 3- Células
inflamatórias pouco além dos forames apicais......................... 211
FIGURA 30
Representação esquemática da extensão do infiltrado
inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 4- Células
inflamatórias em grande parte do espaço periodontal.............. 212
FIGURA 31
Representação esquemática da inserção das fibras do
ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar,
em toda porção apical do dente. É evidenciado o ligamento
totalmente organizado.............................................................. 213
FIGURA 32
Representação esquemática da inserção das fibras do
ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar,
em 3/4 da porção apical do dente............................................. 214
FIGURA 33
Representação esquemática da inserção das fibras do
ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar,
em 1/2 da porção apical do dente............................................. 214
FIGURA 34
Representação esquemática da inserção das fibras do
ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar,
em 1/4 da porção apical do dente............................................. 215
FIGURA 35
Representação esquemática da ausência de organização
das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao
osso alveolar, em toda a porção apical do dente..................... 215
FIGURA 36
Representação esquemática do limite da obturação do canal
radicular: 1- Material obturador contido no canal cementário... 216
FIGURA 37
Representação esquemática do limite da obturação do canal
radicular: 2- Material obturador discretamente além do
forame apical............................................................................ 217
FIGURA 38
Representação esquemática do limite da obturação do canal
radicular: 3- Material obturador ultrapassa o forame apical até
a metade da espessura do ligamento periodontal.................... 217
FIGURA 39
Representação esquemática do limite da obturação do canal
radicular: 4- Material obturador ocupa toda a espessura do
ligamento periodontal ou ultrapassa esse limite....................... 218
FIGURA 40
Notar ramificação do delta apical com selamento biológico
(seta). No canal principal observa-se que o cimento
obturador ultrapassou o forame apical e foi envolvido pelo
cemento neoformado que promoveu selamento biológico. HE
40X………………………………………………………………… 225
FIGURA 41
Maior aumento da figura anterior, detalhando selamento
biológico do canal principal (seta), ligamento periodontal e
tecido ósseo. HE 100X............................................................. 225
FIGURA 42
Maior aumento da Figura 40, exibindo canal do delta apical
com selamento biológico por cemento neoformado, com
cimento obturador em sua intimidade. Ligamento periodontal
(LP) bem organizado e com células inflamatórias (seta) do
tipo crônico na porção inferior. HE 100X.................................. 226
FIGURA 43
Notar, do lado esquerdo, canal do delta apical com
selamento biológico e partículas do cimento obturador na
intimidade do cemento neoformado (seta) e no ligamento
periodontal. Na porção central e no lado direito, pequenas
ramificações do delta apical com selamento biológico. HE
40X………………………………………………………………… 226
FIGURA 44
Resíduos do cimento obturador nas paredes do canal
principal e na superfície do cemento neoformado que selou o
canal do delta apical. Esse canal exibe partículas do cimento
obturador na intimidade do tecido conjuntivo (seta). HE 200X. 227
FIGURA 45
Canal do delta apical do lado direito exibe selamento
biológico e fragmentos de dentina (seta) na superfície do
cemento neoformado. Na porção central o canal principal
exibe cemento neoformado depositado nas paredes laterais.
No lado esquerdo nota-se tecido conjuntivo no interior de
duas ramificações apicais. Partículas do material obturador
podem ser visualizadas no ligamento periodontal que exibe
infiltrado inflamatório do tipo crônico. HE 100X........................ 227
FIGURA 46
Cimento obturador junto à parede do canal principal do lado
direito. Cemento neoformado repara áreas de reabsorção.
Intenso processo inflamatório do tipo crônico no ligamento
periodontal espessado. HE 100X............................................. 228
FIGURA 47
Vista panorâmica mostrando a porção cementária do canal
principal, preenchido por tecido conjuntivo, com partículas do
material obturador. No ligamento periodontal, um pouco
espessado, próximo ao forame apical, há partículas do
material obturador. HE 40X...................................................... 228
FIGURA 48
Maior aumento da figura anterior detalhando área do
ligamento periodontal com partículas do material obturador.
Presença de processo inflamatório do tipo crônico e células
gigantes. HE 100X.................................................................... 229
FIGURA 49
Presença de canal do delta apical com selamento biológico
em sua porção coronária (seta). Ligamento periodontal (LP)
com raras células inflamatórias do tipo crônicas. HE 100X...... 233
FIGURA 50
Notar presença de selamento biológico do forame do canal
principal por cemento neoformado. HE 100X........................... 233
FIGURA 51
O cemento neoformado recobriu as paredes do canal
principal, promovendo selamento biológico um pouco
distante do forame apical. HE 40X........................................... 234
FIGURA 52
Maior aumento da figura anterior, evidenciando o local em
que ocorreu o selamento biológico. HE 100X........................... 234
FIGURA 53
Maior aumento da figura 51, mostrando o forame apical do
canal principal revestido por cemento neoformado (CN).
Notar ligamento periodontal com poucas células inflamatórias
do tipo crônicas. HE 100X........................................................ 235
FIGURA 54
O cemento neoformado revestiu toda a porção cementária do
canal principal, alcançando a parede de dentina (D) do lado
direito e promovendo selamento biológico de ramificação
apical (seta) do lado esquerdo. HE 40X................................... 235
FIGURA 55
Neste espécime o cemento neoformado (setas) revestiu
apenas parcialmente a porção cementária do canal principal.
O ligamento periodontal espessado abriga células
inflamatórias crônicas e agudas. HE 40X................................. 236
FIGURA 56
O cemento neoformado está em contato com o material
obturador e ultrapassa o forame apical. Cemento neoformado
recobre o cemento apical. O ligamento periodontal está
infiltrado por poucos linfócitos. HE 100X.................................. 240
FIGURA 57
Maior aumento da figura anterior. Cemento neoformado
dentro do canal principal ultrapassa o forame apical. Na parte
superior envolve partícula do material obturador. Cemento
neoformado envolve o cemento pré-existente, cemento que
ultrapassou o forame e partícula de cemento fragmentado
(seta). HE 200X........................................................................ 240
FIGURA 58
Cemento neoformado invade o canal principal, atingindo o
cimento obturador e promovendo selamento biológico.
Tecido ósseo do lado direito com reabsorção ativa. HE 100X. 241
FIGURA 59
Cemento neoformado (CN) revestiu as paredes cementárias
(C) do canal principal, atingindo suas paredes de dentina (D).
Fragmentos do material obturador estão dispersos pelo
tecido conjuntivo contido no canal principal. HE 40X............... 241
FIGURA 60
Maior aumento da figura anterior. Notar cemento neoformado
(CN) envolvendo a extremidade do tecido conjuntivo e
promovendo selamento biológico (seta). Várias partículas do
material obturador, dispersas no tecido conjuntivo, estão
sendo envolvidas por cemento neoformado. HE 200X............. 242
FIGURA 61
O material obturador atingiu as proximidades do forame
apical. Cemento neoformado foi depositado junto ao forame
apical. Observar ligamento um pouco espessado e com
intenso infiltrado inflamatório, com células do tipo crônica e
neutrófilos. HE100X.................................................................. 242
FIGURA 62
Maior aumento da figura anterior mostrando material
obturador e, junto a ele, tecido conjuntivo envolvido
lateralmente por cemento neoformado. HE 200X..................... 243
FIGURA 63
O cemento neoformado promove o selamento biológico dos
canais do delta apical. HE 40X................................................. 247
FIGURA 64
Notar selamento biológico do canal principal por cemento
neoformado (CN). HE 40X........................................................ 247
FIGURA 65
Maior aumento da figura 64, evidenciando o selamento
biológico do canal principal. O cemento neoformado (CN)
promove o selamento biológico e reparo de algumas áreas
de reabsorção (setas). HE 100X............................................... 248
FIGURA 66
Notar selamento biológico do canal principal e canais do
delta apical por cemento neoformado. Ligamento periodontal
bem organizado e isento de processo inflamatório. HE 40X.... 248
FIGURA 67
Presença de selamento biológico do canal principal (seta).
Ligamento periodontal bem organizado e isento de infiltrado
inflamatório. HE 40X................................................................. 249
FIGURA 68
Observar cemento neoformado revestindo as paredes do
canal principal em profundidade, atingindo, do lado esquerdo,
a parede de dentina. Na porção superior, presença de
selamento biológico parcial e tecido conjuntivo infiltrado por
células inflamatórias. HE 40X................................................... 249
FIGURA 69
Ocorrência de selamento biológico parcial do canal principal.
Presença de processo inflamatório do tipo crônico e também
de poucos neutrófilos no ligamento periodontal. HE 40X......... 250
FIGURA 70
Durante o ato da obturação do canal principal, pequena
porção do material obturador atingiu o forame apical.
Observar delgada camada de cemento neoformado entre os
resíduos do cone de guta percha e as paredes do canal
principal. Há pequeno infiltrado inflamatório do tipo crônico 250
no ligamento periodontal. HE 100X..........................................
FIGURA 71
Influência dos cimentos empregados nos resultados gerais
obtidos...................................................................................... 252
FIGURA 72
Influência do emprego do curativo nos resultados gerais
obtidos...................................................................................... 253
FIGURA 73
Resultado geral dos escores atribuídos aos quatro grupos
experimentais........................................................................... 255
FIGURA 74
Escores médios atribuídos aos diferentes itens do cemento
para os quatro grupos experimentais....................................... 256
FIGURA 75
Escores médios atribuídos aos diferentes itens células
inflamatórias para os quatro grupos experimentais.................. 258
FIGURA 76
Escores médios atribuídos aos diferentes itens espessura e
organização do ligamento periodontal para os quatro grupos
experimentais............................................................................ 259
FIGURA 77
Escores médios atribuídos ao item organização do ligamento
periodontal para os quatro grupos experimentais..................... 261
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1
Composição química aproximada do cimento Sealapex™....
177
QUADRO 2
Composição química do ProRoot™ MTA...............................
178
QUADRO 3
Especificações técnicas do Propilenoglicol............................. 179
QUADRO 4
Composição química do Otosporin® por mL...........................
181
QUADRO 5
Resumo dos procedimentos nos quatro grupos experimentais
182
QUADRO 6
SealapexTM sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos
aos vários eventos histomorfológicos observados nos
espécimes analisados............................................................. 224
QUADRO 7
MTA sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos
vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes
analisados............................................................................... 232
QUADRO 8
SealapexTM com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos
aos vários eventos histomorfológicos observados nos
espécimes analisados............................................................. 239
QUADRO 9
MTA com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos
vários
eventos
histomorfológicos
observados
nos
espécimes analisados............................................................. 246
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Teste U de Mann-Whitney para os cimentos utilizados..........
251
TABELA 2
Teste U de Mann-Whitney para a utilização ou não do 252
curativo....................................................................................
TABELA 3
Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados
referentes aos quatro grupos experimentais........................... 254
TABELA 4
Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados
referentes ao item cemento.................................................... 256
TABELA 5
Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados
referentes ao infiltrado inflamatório......................................... 257
TABELA 6
Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados
referentes ao ligamento periodontal........................................ 258
TABELA 7
Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados
referentes à organização do ligamento periodontal................ 260
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
=
–
Igual
>
–
Maior
<
–
Menor
%
–
Porcento
ºC
–
Graus Celcius (grandeza de temperatura)
ABNT
–
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ADA
–
American Dental Association
ANOVA
–
Análise de variância
ANVISA
–
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BAG
–
Vidro bioativo
BBO
–
Bibliografia Brasileira de Odontologia
BD
–
Becton-Dickinson
BHI
–
Brain Heart Infusion
BMP
–
Proteína morfo-genética óssea
CAS
–
Chemical abstract service
CDC
–
Canal dentina Canal
CEMA
–
Centro de Experimentação em Modelos
Animais
CEPHA
–
Comitê de Ética em Pesquisa Humana e
Animal
CIV
–
Cimento de inonômero de vidro
CO2
–
Dióxido de carbono
cm
–
Centímetro
COBEA
–
Colégio Brasileiro de Experimentação
Animal
CP
–
Cimento Portland
CRCS
–
Calcibiotic Root Canal Sealer
CRD
–
Comprimento real do dente
CRT
–
Comprimento real de trabalho
DFL
–
Dental Filling Lab.
DSP
–
Sialoproteína dentinária
EBA
–
Ácido etoxibenzóico
EDTA
–
Ácido etienodiaminotetracético
ELISA
–
Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay
FC
–
Formocresol
FCS
–
Faculdade de Ciências da Saúde
FDA
–
Food and Drugs Administration
FDI
–
Federação Dentária Internacional
FS
–
Sulfato férrico
g
–
Grama
GMC
–
Geraldo Maia Campos
HE
–
Hematoxilina e eosina
IRM
–
Material intermediário de restauração
ISO
–
International Standards Organization
Kg
–
Quilograma
LILACS
–
Literatura Latino-americana em Ciências da
Saúde
LN
–
Long Nech
LRS
–
Espectroscopia em laser Raman
LTDA
–
Limitada
MBPc
–
Pasta cirúrgica Moraes/Berbert
MEV
–
Microscopia Eletrônica de Varredura
mg
–
Miligramas
MH
–
Müller Hinton
min
–
Minutos
mL
–
Mililitros
µm
–
Micrometros
mm
–
Milímetro
MPC
–
Pasta de hidróxido de cálcio da marca Kerr
MSDS
–
Material Safety Data Sheet
MTA
–
Agregado de Trióxido Mineral
MTA C
–
MTA com curativo
MTA SU
–
MTA sessão única
MTT assay
–
Tetrazolium Microplate Assay
NHI
–
National Institute of Health
ns
–
Não significante
OZ
–
Óxido de zinco
OZE
–
Óxido de zinco e eugenol
p
–
probabilidade de igualdade
PA
–
Pró-análise
PDL
–
Ligamento periodontal
pH
–
Potencial hidrogeniônico
PHC
–
Pasta de hidróxido de cálcio
PM
–
Pré-molares
PMC
–
Paramonoclorofenol
PMCC
–
Paramonoclorofenol canforado
PMCF
–
Paramonoclorofenol furacinado
PVC
–
Cloreto de Polivinil
PVP-I
–
Polivinil Pirrolidona Iodado
rpm
–
Rotações por minuto
s
–
Significante
SealapexTM C
–
SealapexTM com curativo
SealapexTM SU
–
SealapexTM sessão única
SF
–
Sulfato férrico
TCF
–
Tricresol formalina
TCP
–
Cimento de fosfato tricálcico
UI
–
Unidade Internacional
UNESP
–
Universidade Estadual Paulista
UNIMAR
–
Universidade de Marília
Vol.
–
Volume
Vol./Vol.
–
Volume/volume
W
–
Watt
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO........................................................................
36
2
REVISÃO DA LITERATURA..................................................
45
3
PROPOSIÇÃO........................................................................
166
4
MATERIAIS E MÉTODOS......................................................
168
4.1
PROCEDIMENTOS INICIAIS..................................................
169
4.2
FORMAÇÃO DOS GRUPOS..................................................
176
4.3
PROCEDIMENTOS ENDODÔNTICOS..................................
183
4.4
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS...................................
196
4.4.1
Processamento Histológico: Fixação, Desmineralização,
Inclusão, Microtomia e Coloração....................................... 196
4.5
CRITÉRIOS
EMPREGADOS
PARA
A
ANÁLISE
HISTOMORFOLÓGICA E HISTOMICROBIOLÓGICA.......... 198
4.5.1
Critérios para Atribuições de Escores ao Item Cemento..
202
4.5.1.1
Quanto ao cemento neoformado............................................
202
4.5.1.1.1
Espessura do cemento neoformado.......................................
202
4.5.1.1.2
Extensão do cemento neoformado.........................................
202
4.5.1.1.3
Selamento biológico dos canais do delta apical por cemento
neoformado............................................................................. 203
4.5.1.1.4
Selamento biológico do canal principal apical por cemento
neoformado.............................................................................. 205
4.5.1.1.5
Reabsorção do cemento pré-existente.................................... 208
4.5.2
Reabsorção do Tecido Ósseo..............................................
208
4.5.3
Presença de Bactérias..........................................................
208
4.5.4
Infiltrado Inflamatório Periapical Agudo ou Crônico.........
209
4.5.4.1
Quanto à intensidade..............................................................
209
4.5.4.2
Quanto à extensão..................................................................
210
4.5.5
Ligamento Periodontal.........................................................
212
4.5.5.1
Espessura do ligamento periodontal.......................................
212
4.5.5.2
Organização do ligamento periodontal...................................
213
4.5.6
Limite da Obturação.............................................................. 216
4.5.7
Presença de Detritos............................................................
4.5.8
Presença de Células Gigantes: Número Médio de
Células em Campos de 400X............................................... 219
4.6
ANÁLISE ESTATÍSTICA.........................................................
219
5
RESULTADOS.......................................................................
221
5.1
GRUPO I: SEALAPEXTM – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN®
222
5.2
GRUPO II: MTA – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN®......... 230
5.3
GRUPO III: SEALAPEXTM – COM CURATIVO DE OTOSPORIN® 237
5.4
GRUPO IV: MTA – COM CURATIVO DE OTOSPORIN®....... 244
5.5
ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS OBTIDOS...... 251
5.5.1
Conclusões Estatísticas.......................................................
261
6
DISCUSSÃO...........................................................................
262
6.1
DA METODOLOGIA................................................................ 265
6.1.1
Do Modelo Experimental Animal........................................
6.1.2
Da Seleção dos Dentes......................................................... 271
218
267
6.1.3
Do Preparo Biomecânico dos Canais Radiculares............
274
6.1.4
Do Curativo de Demora........................................................
278
6.1.5
Da Obturação dos Canais Radiculares...............................
282
6.1.6
Do Tempo Pós-Operatório Empregado............................... 283
6.1.7
Do Processamento Histológico...........................................
6.1.8
Dos
Critérios
para
Análise
dos
Resultados
Histomorfológicos e Histomicrobiológico......................... 286
6.2
DOS
MATERIAIS
OBTURADORES
DE
CANAIS
RADICULARES....................................................................... 287
6.2.1
Do Cimento SealapexTM acrescido de Iodofórmio.............
289
6.2.2
Do MTA Manipulado com Propilenoglicol..........................
297
6.3
DO PROPILENOGLICOL COMO VEÍCULO........................... 307
6.4
DOS RESULTADOS HISTOLÓGICOS OBTIDOS.................. 314
6.4.1
Dos Resultados Histológicos nos Grupos I e II.................
315
6.4.2
Dos Resultados Histológicos nos Grupos III e IV..............
319
6.4.3
Dos Resultados Histológicos nos Quatro Grupos
Experimentais....................................................................... 321
7
CONCLUSÕES.......................................................................
8
REFERÊNCIAS....................................................................... 330
9
ANEXO.................................................................................
374
10
ÍNDICE REMISSIVO ..............................................................
376
285
328
1 INTRODUÇÃO
Dissertação – Jefferson José de Carvalho Marion
1
INTRODUÇÃO
A procura por um material ideal para a obturação do sistema de canalis
radiculares motiva pesquisadores desde os primórdios da odontologia. A
composição dos cimentos obturadores tem recebido cada vez mais atenção dos
profissionais, porque ela pode influenciar em sua biocompatibilidade aos tecidos
apicais e periapicais.
Segundo Spängberg (2004), um material obturador deve ter propriedades
físico-químicas que permitam selar permanentemente e de forma eficaz o canal
radicular e protegendo os tecidos apicais e periapicais da invasão microbiana e
impedindo sua subseqüente infecção e inflamação, já que a cavidade bucal abriga
uma grande variedade de microrganismos patogênicos.
Há muitos anos são difundidos métodos de obturação dos canais
radiculares com a utilização de um material em estado sólido associado a um
cimento obturador. O material sólido é a guta percha, que segundo Ribeiro e Lima
(1998), foi introduzida no campo odontológico em 1850, por Hell, e aperfeiçoada
por J. Foster Fragg. Na endodontia, sua utilização se deu a partir de Bowman, em
1867, o que sugere a fabricação dos cones no início do século XX. Trata-se, até
hoje, da substância obturadora mais utilizada no sistema de canais radiculares,
talvez pela facilidade de seu emprego e por ser bem tolerada pelos tecidos vivos,
não interferindo no processo de reparo, que ocorre após a obturação dos canais
ou quando de seu implante em tecido de animais (LEONARDO; LEAL, 2005;
PAIVA; ANTONIAZZI, 1988).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Introdução
- 38 -
Em relação aos cimentos, com diferentes formulações químicas, vêm
sendo
exaustivamente
estudados,
principalmente
em
relação
às
suas
propriedades biológicas e à sua capacidade de selamento, propriedades
primordiais para o sucesso clínico, radiográfico e histológico após o tratamento
endodôntico. Dessa forma, são indicados atualmente cimentos à base de óxido de
zinco e eugenol (OZE), de hidróxido de cálcio, de ionômero de vidro (CIV), de
silicone e, mais recentemente, os sistemas resinosos.
Em 1920 Hermann introduziu o hidróxido de cálcio, o que se tornou um
marco histórico nos tratamentos de canais radiculares. A partir dessa época,
várias outras substâncias foram propostas; no entanto, as pesquisas em busca de
um material ideal não param, estimulando cada vez mais os estudos na área.
As propriedades biológicas do hidróxido de cálcio, principalmente as
relacionadas com a deposição de tecido duro, observadas em polpas dentais
expostas (HOLLAND, 1971a), passaram a sugerir ser interessante seu emprego
na formulação de cimentos obturadores de canal. Assim, surgiram os cimentos à
base de hidróxido de cálcio.
Esses cimentos foram idealizados com o objetivo de reunir em um cimento
obturador as excelentes propriedades biológicas do hidróxido de cálcio puro,
adequando-o às propriedades físico-químicas necessárias a um bom selador de
canal radicular. Assim, nos anos 80 surge comercialmente a família de cimentos
obturadores de canais radiculares à base de hidróxido de cálcio, dentre os quais o
Sealapex, que foi comercializado mundialmente a partir de 1985 (HOLLAND;
SOUZA, 1985). É um cimento do tipo pasta / pasta, composto por duas bisnagas,
uma contendo a base e a outra o catalisador. Desde então, esse cimento tem sido
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Introdução
- 39 -
exaustivamente analisado, principalmente em relação a sua solubilidade elevada,
indesejável para o selamento coronário, por teoricamente permitir a infiltração
(ZMENER, 1987; WU; WESSELINK; BOERSMA et al., 1995; SCHÄFER;
ZANDBIGLARI, 2003).
Em contrapartida às suas indesejáveis propriedades físico-químicas, o
Sealapex apresenta excelente tolerância tecidual. Sua propriedade de induzir o
selamento do forame apical por tecido mineralizado tem sido observada em
algumas pesquisas (HOLLAND; SOUZA, 1985; LEONARDO; LEAL, 2005). Assim,
os resultados biológicos observados com o Sealapex, quando comparados aos de
outros cimentos à base de OZE ou de resina plásticas, têm mostrado sua
acentuada superioridade (HOLLAND; SOUZA, 1985; TRONSTAD; BARNETT;
FLAX, 1988; YESILSOY et al., 1988; TAGGER; TAGGER, 1989; BONETTI
FILHO, 1990; SONAT; DALAT; GUNHAN, 1990; SILVA, 1995; TANOMARU
FILHO, 1996; KAPLAN et al., 2003).
Antecedendo o aparecimento dos cimentos à base de hidróxido de cálcio,
em 1978 Berbert acrescentou esse fármaco a um cimento resinoso, em um
experimento em dentes de cães. Observou que o hidróxido de cálcio melhorou as
propriedades biológicas desse cimento. Baseada nesses resultados preliminares,
a Dentsply do Brasil lançou no comércio, na década de 90, o primeiro cimento
resinoso contendo 37% de hidróxido de cálcio no pó (HOLLAND et al., 2000a).
No início da década de 90, a equipe de pesquisadores da Universidade de
Loma Linda, Califórnia-EUA, liderada por Torabinejad, estudou um novo material
com o objetivo de selar todas as comunicações entre o sistema de canais
radiculares e a superfície externa do dente. O material, denominado em inglês de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Introdução
- 40 -
Mineral Trioxide Aggregate (MTA) (LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993), e em
português de Agregado de Trióxido Mineral (MTA), é constituído principalmente
por trióxidos e por outros óxidos minerais, em menor quantidade. O primeiro
trabalho realizado no Brasil com esse material foi idealizado por Soares (1996),
estudando a resposta pulpar ao MTA, comparada ao hidróxido de cálcio, em
pulpotomias, em dentes de cães.
O MTA foi utilizado experimentalmente durante anos, mas só teve sua
aprovação para uso em humanos pela FDA (Food and Drugs Administration,
USA) em 1998 (SCHWARTZ et al., 1999). Foi lançado comercialmente pela
Dentsply – Tulsa Dental com o nome de ProRoot MTA.
A partir de então, vários estudos foram realizados com esse material,
analisando-se sua biocompatibilidade (TORABINEJAD et al., 1995e,f; 1997;
HOLLAND et al., 1999b, 2001a), suas propriedades físicas e químicas
(TORABINEJAD; MacDONALD; PITT FORD, 1995g; ESTRELA et al., 2000),
antimicrobianas (TORABINEJAD et al., 1995e; ESTRELA et al., 2000),
citotoxicidade
(TORABINEJAD
et
al.,
1995d;
OSÓRIO
et
al.,
1998;),
mutagenicidade (KETTERING; TORABINEJAD, 1995), capeamento pulpar
(TZIAFAS et al., 1992; SOARES, 1996; PITT FORD et al., 1996; FARACO
JÚNIOR, 1999; ROCHA et al., 2000; FARACO JÚNIOR; HOLLAND, 2001;
HOLLAND et al., 2001d; TZIAFAS et al., 2002), análise da capacidade seladora
em obturações retrógradas (TORABINEJAD; WATSON; PITT FORD, 1993;
TORABINEJAD et al., 1994, 1995a; BATES; CARNES; DEL RIO, 1996;
FISCHER; ARENS; MILLER, 1998; WU; KONTAKIOTIS; WESSELINK, 1998;
ADAMO et al., 1999; AQRABAWI, 2000; ZANETTI et al., 2000; DALÇÓQUIO et al.,
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Introdução
- 41 -
2001; FOGEL; PEIKOFF, 2001; KUBO; GOMES; MANCINI, 2006; SCHEERER;
STEIMAN; COHEN, 2001), adaptação marginal em Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV) (TORABINEJAD et al., 1994; KUBO; GOMES; MANCINI, 2006),
bem como a sua utilização em perfurações radiculares (LEE; MONSEF;
TORABINEJAD, 1993; PITT FORD et al., 1995; ARENS; TORABINEJAD, 1996;
SLUIK; MOON; HARTWELL, 1998; NAKATA; BAE; BAUMGARTNER, 1998;
HOLLAND et al., 2001c).
Estudando a composição química do MTA, observou-se que suas
propriedades eram semelhantes às do cimento Portland (CP), que é utilizado em
construção. Segundo Bernabé e Holland (2003), a denominação cimento Portland
pelo construtor e químico inglês Joseph Aspdin, em 1824, ococrreu por
apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às das
rochas da ilha de Portland (Inglaterra).
Também
estudando
a
composição
química
do
MTA
e
do
CP,
Wucherpfenning e Green (1999) e Estrela et al. (2000) concluíram que os
materiais apresentavam os mesmos elementos químicos, com exceção do óxido
de bismuto encontrado no MTA. Holland et al. (2001a) avaliaram o
comportamento biológico do MTA, do CP e do hidróxido de cálcio, concluindo que
o mecanismo de ação dos materiais estudados eram similares. Em 2001 foi
introduzido no mercado odontológico nacional o MTA-Ângelus (SILVA NETO;
MORAES, 2003).
Lee, Monsef e Torabinejad (1993) informaram que o MTA é um pó que
pode ser branco ou cinza, composto por partículas hidrofílicas finas de silicato
tricálcico, aluminato tricálcico, óxido tricálcico e óxido de silicato, e que endurece
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Introdução
- 42 -
na presença de umidade. Também contém pequenas quantidades de outros
óxidos minerais, que modificam suas propriedades físicas e químicas. Tem sido
adicionado pó de óxido de bismuto para que o MTA se torne radiopaco
(SCHWARTZ et al., 1999; ESTRELA et al., 2000; DALÇOQUIO et al., 2001). A
hidratação do pó resulta em um gel coloidal com um pH inicial de 10,2,
alcançando 12,5, semelhante ao do hidróxido de cálcio. O material endurece em
aproximadamente 4 horas (TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999; SCHMITT; LEE;
BOGEN, 2001).
A capacidade de formação de tecido mineralizado do MTA pode ser
atribuída à sua habilidade de selamento, biocompatibilidade, alcalinidade, ou até
mesmo por outras propriedades a ele associadas (TORABINEJAD; CHIVIAN,
1999).
Com a finalidade de melhor analisar o assunto, Holland et al. (1999a)
implantaram MTA e hidróxido de cálcio em tecido subcutâneo de ratos. Notaram
os mesmos resultados com ambos os materiais, ou seja, formação de uma
camada de granulações de calcita e, abaixo dessas granulações, uma ponte de
tecido duro Von Kossa positivo. Concluíram que o mecanismo de ação do
hidróxido de cálcio e o do MTA é similar.
Além das indicações clínicas já citadas, o MTA também foi estudado como
selador em casos de dentes com rizogênese incompleta (SHABAHANG et al.,
1999; FELIPPE; FELIPPE; ROCHA, 2006) e como material obturador de canal
(HOLLAND et al., 1999b, 2001e, 2007a; PANZARINI et al., 2007). Quando
empregado nessas circunstâncias, foi observado que havia neoformação
cementária que determinava a ocorrência de selamento biológico do canal. No
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Introdução
- 43 -
caso de sobreobturação houve também neoformação cementária nos dentes
humanos com rizogênese incompleta (SHABAHANG et al., 1999; FELIPPE;
FELIPPE; ROCHA, 2006) e ausência de selamento biológico, incluindo processo
inflamatório na obturação de canal de dentes de cães (HOLLAND et al., 2001e).
Deve-se considerar que aqueles que obturaram canais radiculares com
MTA com veículo aquoso (soro fisiológico ou água destilada) notaram dificuldade
em preencher os canais com esse material (HOLLAND et al., 1999b, 2001e).
Sendo assim, Holland et al. (2007a), pesquisaram o emprego de um veículo
diferente de água ou soro fisiológico, que facilitasse a utilização do MTA como
material obturador de canal. Esse veículo foi o propilenoglicol, empregado por
Laws (1962), há muitos anos, quando da utilização de pasta de hidróxido de
cálcio. Foi observado que o MTA preparado com os veículos água destilada ou
propilenoglicol
comportou-se
biologicamente
de
forma
semelhante,
independentemente do nível da obturação do canal. Foi observado também que a
pasta de MTA preparada com o propilenoglicol é mais facilmente introduzida no
canal radicular do que quando preparada com água destilada (HOLLAND et al.,
2007a).
Diante das excelentes propriedades apresentadas por MTA e SealapexTM,
já descritas na literatura, optou-se por estudar o MTA manipulado com
propilenoglicol comparado ao cimento SealapexTM, na obturação do sistema de
canais radiculares, associados aos cones de guta percha. Acrescenta-se, ainda, a
importância de verificar se a ação desses dois cimentos seria influenciada pelo
emprego da solução de corticosteróide – antibiótico (Otosporin®) como curativo de
demora. Mesmo em se tratando em casos de polpa viva, os objetivos de se
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Introdução
- 44 -
empregar esse curativo de demora, segundo Estrela et al. (1995), são: modulação
o processo inflamatório do remanescente pulpar em níveis aceitáveis para o
organismo, uma vez que o mesmo é dotado de papel fundamental no processo de
reparo; dificuldade clínica de se estabelecer o real estágio evolutivo do processo
inflamatório no nível apical; prevenção da contaminação do sistema de canais
radiculares e minimização da sintomatologia dolorosa observada no pósoperatório. E ainda, para Sant’Anna Júnior (2001), as vantagens hipotéticas de se
preservar o coto pulpar consistem em ele auxiliar no controle da incidência de
sobreobturações e também influenciar na qualidade de reparação. Optou-se ainda
por utilizar o Otosporin® por nos embasar nos trabalhos publicados por Holland et
al. (1980b, 1981b) e Souza et al. (1981), os quais observaram que esse
medicamento oferece as vantagens de não ser irritante, preservar a vitalidade do
coto pulpar e controlar a intensidade e a extensão do processo inflamatório que
decorre do ato operatório da pulpectomia.
Portanto, o objetivo desta investigação foi comparar in vivo o processo de
reparo de dentes de cães após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares
com os cimentos SealapexTM e ProRootTM MTA manipulado com propilenoglicol
associados ao efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróideantibiótico (Otosporin®).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
2 REVISÃO DA
LITERATURA
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
2
REVISÃO DA LITERATURA
Diversos autores preocupam-se em pesquisar os processos de inflamação
e reparo teciduais provocados por materiais endodônticos, principalmente os
cimentos obturadores, os quais apresentam diversas composições. Sabendo-se
que os componentes dessas formulações podem causar mais ou menos danos
para os tecidos periapicais, destaca-se a necessidade de comparar estudos
encontrados na literatura e considerar os resultados com diferentes materiais e
metodologias (NASSRI, 2003b).
Assim, nesta revisão de literatura foram destacados três pontos principais,
a saber: materiais obturadores (MTA e Sealapex), o uso do corticosteróide
antibiótico (Otosporin®) como medicação intracanal e o veículo propilenoglicol.
Julga-se que tal divisão facilita a compreensão pertinente ao estudo ora
desenvolvido. Optou-se por apresentar a literatura cronologicamente, ou seja, por
ordem de publicação. Porém, ao final desta obra encontra-se o índice remissivo
apenas da Revisão da Literatura, onde os artigos estão separados por assunto,
afim de facilitar ao leitor uma busca mais direcionada sobre os itens descritos.
A extensa literatura encontrada sobre o cimento Sealapex e sobre o MTA
determinou que apenas aquelas publicações com relacionamento muito próximo
ao experimento que pretendia-se realizar constassem desta revisão e, por
conseqüência, a maioria dos trabalhos são de estudos in vivo e com polpa viva.
Consta da revisão a associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) e o
veículo propilenoglicol, sobre os quais a literatura apresenta escassez de estudos
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 47 -
específicos. Devido a isso, abrangeu-se um pouco mais a seleção dos artigos
para esta revisão; porém, sem se distanciar dos objetivos.
Em relação ao veículo propilenoglicol, foi selecionado casos de
necropulpectomia, pois normalmente esse fármaco é usado na odontologia como
veículo para o hidróxido de cálcio em casos onde há necessidade de uma
permanência mais prolongada da medicação no interior do canal radicular.
Este capítulo evidencia estudos empreendidos entre os períodos de 1977 a
novembro de 2007. Como fonte para o tombamento foram utilizadas as bases de
dados Medline, Pub Med, BBO, Lilacs, Scielo, arquivo da Biblioteca da
Universidade de Marília (UNIMAR) e da Universidade do Estado de São Paulo –
campus Araçatuba (UNESP), e também o arquivo da disciplina de endodontia da
UNESP de Araçatuba. O último tombamento foi realizado em 30 de novembro de
2007.
Souza et al. (1977) analisaram in vivo a resposta do tecido conjuntivo
subcutâneo de rato a várias pastas à base de hidróxido de cálcio (a- hidróxido de
cálcio + água destilada; b- hidróxido de cálcio DFL; c- hidróxido de cálcio +
paramonoclorofenol canforado (PMCC); d- hidróxido de cálcio + iodofórmio; eCalxyl, Pulpdent; f- Dycal; g- MPC; h- Formagen; i- pasta A, Composta por
hidróxido de cálcio + óxido de zinco (OZ) + propilenoglicol; j- pasta B, composta
por hidróxido de cálcio + subnitrato de bismuto + OZ + óleo de cravo + bálsamo
Canadá + propilenoglicol; k- Calvital), após a realização de implante de tubos de
dentina humana contendo essas diferentes substâncias. Com objetivo de verificar
a possível influência da dimensão da área de contato dos materiais com o tecido
conjuntivo, os tubos de dentina apresentaram abertura com dois diferentes
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 48 -
diâmetros nas suas extremidades. Decorridos os períodos experimentais de 2, 7,
15, 30, 60 e 180 dias, os animais foram mortos, e as peças removidas e
preparadas para o exame microscópico. Embasados nos resultados obtidos, os
autores chegaram às seguintes conclusões: (1) a resposta do tecido conjuntivo
subcutâneo do rato foi semelhante nas duas aberturas dos tubos de dentina; (2)
hidróxido de cálcio + água destilada, Calxyl, Pulpdent, DFL, hidróxido de cálcio +
iodofórmio, hidróxido de cálcio + PMCC, Calvital e pasta A estimularam a
deposição de uma barreira de tecido calcificado nas extremidades dos tubos de
dentina, isolando o material do tecido conjuntivo adjacente; (3) o Formagen
produziu somente a deposição de barreiras parciais de tecido duro em alguns
espécimes; (4) Dycal, MPC e pasta B não produziram deposição de barreira de
tecido duro; (5) o acréscimo de aditivos ao hidróxido de cálcio pode reduzir a sua
capacidade de estimular a deposição de tecido calcificado.
Holland et al. (1980b) estudaram in vivo o comportamento do coto pulpar e
de tecidos periapicais de dentes de cães após biopulpectomia e aplicação tópica
de três diferentes marcas de associação corticosteróide-antibiótico (Panotil,
Otosporin®, Otosynalar), comumente empregados no tratamento de problemas
otológicos. Foram utilizados nesse estudo todos os dentes anteriores e primeiros
e segundos pré-molares de um cão adulto jovem, sem raça definida. Concluído o
preparo biomecânico dos canais radiculares, foram preenchidos com os
medicamentos estudados, sendo dez raízes para cada tipo de medicamento. Os
canais foram mantidos em posição com o auxílio de cones de papel absorvente,
protegidos com uma bolinha de algodão na câmara pulpar, sendo a abertura
coronária selada com guta percha e OZE. Após 2 dias, os animais foram mortos e
os espécimes processados para análise histopatológica. Os resultados foram
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 49 -
melhores para o Otosporin®, que preservou a vitalidade do coto pulpar e controlou
mais adequadamente a intensidade e a extensão do processo inflamatório
decorrente do ato cirúrgico da pulpectomia. Diante do exposto, os autores
concluíram que se pode indicar o Otosporin® como curativo intracanal nos casos
de biopulpectomia, porque esse medicamento oferece as vantagens de não ser
irritante, de preservar a vitalidade do coto pulpar e de controlar a intensidade e a
extensão do processo inflamatório que decorre do ato operatório da pulpectomia.
Oferece também as vantagens de ser um medicamento que tem vida útil
relativamente longa, podendo ser armazenado fora do refrigerador, além de ser
hidrossolúvel e apresentar-se na forma líquida, o que facilita sua aplicação e
remoção do interior dos canais radiculares.
Souza et al. (1981) compararam in vivo o comportamento do coto pulpar de
tecidos periapicais de dentes de cães frente às associações de corticosteróides
com antibióticos (Otosporin®) ou com clorexidina (Dexatopic e TS-74) na forma
pastosa. Foram utilizados 24 pré-molares, totalizando 48 raízes, de três cães
adultos, sendo 16 espécimes para cada grupo experimental. Após o preparo
biomecânico sobreinstrumentação a 1 mm além do ápice radicular, os canais
foram preenchidos com os medicamentos Otosporin®, Dexatopic e TS-74. As
câmaras pulpares foram seladas com guta percha e OZE. Decorridos 7 dias os
animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. A
análise dos resultados demonstrou melhor comportamento tecidual nos casos em
que se utilizou a associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Os autores
sugerem ainda que um novo estudo deva ser realizado, com associação de
corticosteróide e clorexidina na forma líquida.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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A fim de determinar se o Sealapex induzia realmente a deposição de tecido
duro, finalizando com o selamento biológico, o primeiro trabalho publicado sobre
esse cimento foi o de Holland e Souza (1985), que avaliaram in vivo a capacidade
do Sealapex, do hidróxido de cálcio PA com água destilada, e do Kerr Pulp Canal
Sealer de induzir o selamento apical, utilizando 160 dentes de cães e 80 dentes
de macacos. Num grupo de dentes foi realizada uma pulpectomia parcial, com
limas Hedströen (1mm aquém do ápice radiográfico), e em outro grupo,
pulpectomia total, com limas K (perfurando e alargando o ápice radiográfico). Em
seguida, os canais foram obturados, pela técnica da condensação lateral, com
guta percha e Sealapex ou Kerr Pulp Canal Sealer, ou obturados com hidróxido
de cálcio misturado com água destilada, restando canais não obturados que
serviram como controle. Após 180 dias os animais foram mortos, e as maxilas e
mandíbulas foram fixadas e descalcificadas para o exame histológico. Não houve
diferença estatisticamente significativa entre as reações observadas nos dentes
de cães comparadas com os dentes de macacos. Foi observado que o Sealapex
e o hidróxido de cálcio permitiram a indução do selamento apical por deposição
de uma barreira de cemento. Além disso, o selamento apical completo foi mais
freqüentemente observado nos dentes submetidos à pulpectomia parcial do que
nos dentes em que a polpa foi totalmente removida. Os autores concluíram que
tanto o Sealapex quanto o hidróxido de cálcio podem induzir o selamento
biológico apical por deposição de cemento. Além disso, o Sealapex apresentou
melhores resultados do que o hidróxido de cálcio e o Kerr Pulp Canal Sealer,
quando utilizado nos dentes com pulpectomia completa.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 51 -
Lim e Tidmarsh (1986) avaliaram in vitro a infiltração dos cimentos
Sealapex e AH 26 durante 26 semanas, usando uma técnica eletroquímica.
Foram utilizados 30 dentes humanos anteriores extraídos, divididos em dois
grupos de 14 dentes cada, sendo os dois restantes utilizados como controle
positivo e negativo. Os canais foram preparados pela técnica escalonada, com
auxílio de brocas Gates Glidden, e o batente apical realizado 1 mm aquém do
forame. A obturação foi realizada com utilização da técnica clássica de
condensação lateral, sendo os dentes impermeabilizados com esmalte de unha,
exceto no forame apical. Foi aplicado o método eletroquímico para monitorar a
quantidade de infiltração em torno da guta percha e dos cimentos. Os resultados
demonstraram que o Sealapex infiltrou significativamente menos que o AH 26 até
a 12ª semana, sendo essa diferença não significativa a partir desse período.
Teixeira (1987) teve por finalidade verificar in vivo o sucesso clínico e
radiográfico após pulpotomia e proteção do remanescente pulpar, valendo-se de
uma
associação
corticosteróide-antibiótico
(Otosporin®)
e
sua
posterior
substituição por uma pasta de hidróxido de cálcio mais água destilada. Foram
utilizados 80 primeiros molares permanentes, superiores e inferiores, de pacientes
com idade de 7 a 14 anos, divididos em dois grupos: grupo 1- Pulpotomia
imediata e curativo de Otosporin® por 10 minutos e no grupo 2- Pulpotomia e
curativo de Otosporin® por 7 dias. Após a Pulpotomia os dentes foram
radiografados , decorridos 6 meses foram feitas novas radiografias, para serem
comparadas com as iniciais. Os resultados demonstraram que no grupo 1 houve
92,3% de sucesso clínico e 63,8% de casos com formação de ponte de dentina;
no grupo 2 houve 89,1% de sucesso clínico e 45,4% de casos com formação de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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ponte de dentina. Dessa maneira foi possível ao autor concluir que a aplicação da
associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) por 10 minutos e posterior
substituição pela pasta de hidróxido de cálcio mostrou ser um método por demais
eficiente, principalmente em se tratando de odontologia social.
Haensch (1987) avaliou in vivo o comportamento do tecido pulpar de cães,
frente a quatro materiais empregados no recobrimento de polpas dentais
humanas. Foram realizadas 96 pulpotomias, em dentes de quatro cães adultos
jovens. Os materiais foram constituídos dos seguintes grupos: grupo 1recobrimento com pasta de hidróxido de cálcio PA + propilenoglicol; grupo 2recobrimento com cimento de OZ; grupo 3- recobrimento com pasta de OZ +
propilenoglicol; e grupo 4- recobrimento com Sealapex. Após 90 dias os animais
foram mortos por perfusão, e os espécimes processados para análise
histopatológica, que avaliou a presença de barreira de tecido duro e as condições
do tecido pulpar adjacente. Com base nos resultados obtidos nos exames ao
microscópio foi possível à autora concluir que: a) a pasta de hidróxido de cálcio e
propilenoglicol permitiu e/ou criou condições para que houvesse a formação da
barreira de tecido duro. b) nos casos em que se utilizou o cimento à base de OZE
e a pasta de OZ + propilenoglicol não foram detectadas barreiras de tecido
mineralizado. c) nas polpas recobertas com Sealapex houve a formação de
dentina em 87,5% dos casos, porém em quatro espécimes observou-se a
presença de grânulos negros, geralmente acompanhados de algumas células do
processo inflamatório crônico, e muitas hemácias. Assim, os melhores resultados
foram observados no grupo 4 (Sealapex) e no grupo 1 (pasta de hidróxido de
cálcio + propilenoglicol).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Leal, Holland e Esberard (1988), em um estudo in vivo, analisaram
comparativamente a biocompatibilidade de dois cimentos à base de hidróxido de
cálcio (Sealapex e Calcibiotic Root Canal Sealer (CRCS)), com dois cimentos à
base de OZE (Fill Canal e N-Rickert) em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos.
Foram usados nesse estudo 15 ratos machos adultos, divididos em três grupos,
de acordo com os períodos de observação de 7, 21 e 60 dias. Os cimentos,
manipulados conforme as orientações dos fabricantes e colocados no interior dos
tubos de polietileno, que tinham uma das extremidades fechadas, foram
implantados nas regiões dorsais dos ratos. Decorridos os períodos experimentais
os ratos foram mortos, e as peças removidas e preparadas para análise
histopatológica. Os resultados mostraram que todos os materiais foram irritantes,
porém em intensidades que variaram entre si e em decorrência do tempo. Assim,
no período inicial o Sealapex e o N-Rickert exibiram resultados próximos e com
características de que denunciavam menor irritação tecidual do que a observada
com o CRCS e o Fill Canal. Na fase final o Sealapex, CRCS e o N-Rickert
exibiram discreta reação tecidual. O Fill Canal determinou irritação um pouco mais
acentuada que os demais. Com base nesses achados os autores concluíram que,
dentre os quatro materiais obturadores estudados, o Sealapex foi o único que
mostrou evidências de deposição de sais de cálcio semelhante às deposições
observadas em outros estudos quando do implante de hidróxido de cálcio,
caracterizadas pela presença de áreas basófilas e granulações birrefringentes à
luz polarizada.
Yesilsoy et al. (1988) avaliaram in vivo a citotoxicidade de vários cimentos
obturadores de canal radicular injetados em tecido subcutâneo de 12 porcos da
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Guiné. Foram avaliados os cimentos de Grossman, Eucapercha, Endofill, CRCS,
Sealapex e Hypocal, sendo utilizada, como controle a solução salina estéril.
Todas as variáveis foram testadas em um mesmo animal. Posteriormente, grupos
de quatro animais foram mortos, nos períodos de 6, 15 e 80 dias. Os espécimes
foram processados e preparados para avaliação. A análise microscópica mostrou
que os cimentos Sealapex e Endofill apresentaram reação inflamatória moderada
nos períodos experimentais de 6 e 15 dias. Os outros cimentos, Grossman, CRCS
e Hypocal revelaram, predominantemente, reações inflamatórias severas em
todos os períodos de tempo, exceto aos 80 dias. A Eucapercha mostrou resposta
inflamatória severa somente aos 6 dias, sendo suave aos 15 e 80 dias.
Calcificações difusas foram encontradas principalmente nas preparações à base
de hidróxido de cálcio, CRCS, Sealapex e Hypocal. Eucapercha e Endofill
apresentaram áreas de calcificação localizadas e reduzidas. Com base nos
resultados encontrados foi possível aos autores concluírem que: 1- devido aos
bons resultados clínicos e histológicos com o Sealapex e a eucapercha, esses
materiais parecem ser clinicamente úteis. No geral, os cimentos à base de
hidróxido de cálcio (Sealapex, CRCS) poderiam ser úteis em casos onde o reparo
de tecido duro é importante (por exemplo, perfuração, ápices abertos, áreas de
patologia periapical amplas); 2- o Endo-Fill é satisfatório com base histológica,
mas são necessários mais estudos clínicos e de infiltração antes de ele ser
recomendado clinicamente; 3- clinicamente, os cimentos à base de OZE, como o
cimento de Grossman e o CRCS, tiveram bom desempenho. Então, não pode ser
declarado que os cimentos à base de OZE não deveriam ser usados. Porém,
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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parece que os materiais menos irritantes e que induzem mais calcificação
deveriam ser usados clinicamente sempre que possível.
Com o objetivo de avaliar a biocompatibilidade de cimentos endodônticos
com a base de hidróxido de cálcio, Zmener, Guglielmotti e Cabrini (1988)
compararam quantitativamente, in vivo, a resposta tecidual a Sealapex e CRCS,
após implante no tecido subcutâneo de ratos. Tubos de silicone foram
preenchidos com os cimentos Sealapex ou CRCS, recém-manipulados e
implantados imediatamente no tecido subcutâneo dorsal de 30 ratos Wistar
machos. Cada rato recebeu três implantes, um de cada material testado e um
controle, representado por uma barra sólida de silicone. Os animais foram mortos
em grupos de dez, após 7, 30, e 90 dias. Os implantes foram removidos, fixados,
incluídos, seccionados e corados pela hematoxilina e eosina (HE). Para a
quantificação celular, o número total de células inflamatórias, linfócitos, leucócitos,
polimorfonucleares, macrófagos, células gigantes multinucleadas, plasmócitos e
fibroblastos foi registrado pela contagem celular em três campos de visão
separados. Os resultados desse trabalho mostraram graus diferentes de reação
tecidual, entre os materiais testados. Os resultados quantitativos revelaram um
tecido granulomatoso, com numerosas células gigantes multinucleadas de corpo
estranho, e macrófagos com material em seu citoplasma, bem como numerosos
fibroblastos e vasos sangüíneos em contato com Sealapex, cuja reação foi maior,
progressivamente, após 30 e 60 dias. Com relação ao CRCS, detectou-se uma
inflamação aguda nos tecidos em contato com esse material, reação que com o
tempo decresceu em severidade e parece ter sido resolvida no período de 90 dias
de observação. Os autores concluíram que, levando-se em conta as limitações do
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 56 -
modelo experimental usado nesse estudo, mais experiências extensivas são
necessárias a fim de extrapolar tais achados, para a situação clínica atual.
Kuga, Moraes e Berbert (1988) avaliaram in vitro a infiltração marginal em
obturações realizadas com o cimento Sealapex puro ou agregado ao iodofórmio.
Para tanto, 24 dentes caninos humanos extraídos tiveram seus canais radiculares
preparados biomecanicamente e obturados pela técnica de condensação lateral
passiva com cimento Sealapex puro ou acrescido de iodofórmio, na proporção de
2:1 ou 4:1 em volume. As aberturas coronárias foram seladas, e as raízes imersas
em solução de azul de metileno 2% por 7 dias, a 37ºC. Depois, os dentes foram
lavados, radiografados para comprovar a confiabilidade da obturação e
seccionados longitudinalmente para permitir medições, da extensão da infiltração
do corante ao longo da obturação, feitas em microscópio óptico com luz refletida e
ocular micrométrica. Os resultados encontrados demonstraram que o acréscimo
de iodofórmio determinou menor infiltração marginal do que o cimento Sealapex
puro.
Tronstad, Barnett e Flax (1988) avaliaram in vivo a solubilidade e a
biocompatibilidade de dois cimentos à base de hidróxido de cálcio (Sealapex e
CRCS), de um cimento à base de OZE convencional, e de uma pasta de hidróxido
de cálcio e soro fisiológico, acondicionados em cilindros de teflon e implantados
em perfurações efetuadas no tecido ósseo das mandíbulas de quatro cães. Duas
fileiras de perfurações com 2 mm de profundidade, 2 mm de diâmetro e 10 mm de
distância entre elas foram realizadas nas mandíbulas. Os cilindros de teflon
foram preenchidos com materiais recentemente manipulados e imediatamente
colocados nas cavidades, de maneira que os materiais entrassem em contato
com o osso na base da cavidade. Decorridos 60 dias os animais foram mortos, e
os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados da análise
microscópica mostraram que, no grupo da pasta de hidróxido de cálcio e soro
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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fisiológico, o material havia sido completamente solubilizado, os cilindros foram
preenchidos com tecido ósseo, não sendo observado processo inflamatório nos
tecidos adjacentes. No grupo do cimento Sealapex, este havia sido parcialmente
solubilizado e, na maioria dos casos, substituído por tecido conjuntivo com severa
reação macrofágica e leve reação inflamatória. Em todos os casos analisados, o
CRCS e o cimento de OZE permaneceram nos cilindros, sem invaginação de
tecido para seu interior. Ocorreu severa reação inflamatória junto ao CRCS,
enquanto reação inflamatória suave foi observada junto ao cimento de OZE. Com
base resultados os autores concluíram que os dois cimentos à base de hidróxido
de cálcio têm comportamentos diferentes em contato com tecidos e fluidos
tissulares.
Com o objetivo de avaliar a infiltração coronária de diferentes cimentos
obturadores de canal radicular, Madison e Wilcox (1988) realizaram estudo in vivo
utilizando 64 dentes posteriores de macacos. Após o preparo biomecânico, os
canais foram obturados pela técnica da condensação lateral da guta percha com
os cimentos AH 26, Sealapex e Roth. As aberturas coronárias foram seladas com
algodão e Cavit durante 72 horas, sendo removidas a seguir, deixando os canais
expostos à cavidade oral por 1 semana. Decorrido esse período os macacos
foram mortos, os dentes removidos e colocados em tinta nanquim por 48 horas.
Após a remoção do corante, os dentes foram descalcificados, desidratados e
diafanizados para permitir a visualização do corante. Os resultados mostraram
que
houve
penetração
considerável
do
corante
em
todos
os
grupos
experimentais, não havendo diferença estatisticamente significativa entre os
cimentos, embora os canais obturados com o Sealapex tenham exibido menores
valores de infiltração.
Com o propósito de determinar in vivo a capacidade de obturação de
CRCS e Sealapex, Barnett et al. (1989) utilizaram 160 dentes humanos
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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unirradiculares, sendo os canais radiculares instrumentados até a lima 80 e
obturados com um cone de guta percha principal tamanho 70 e com os cimentos
Sealapex, CRCS e Roth 801 (cimento à base de OZE). Nove raízes serviram
como controle positivo e foram obturadas com guta percha e sem cimento. Cinco
raízes serviram como controle negativo e foram deixadas vazias. As 160 raízes
foram implantadas subcutaneamente em cinco coelhos, nos períodos de 90 dias e
1 ano. Após os períodos experimentais os animais foram mortos, as raízes
removidas, cobertas com esmalte de unha, exceto os 2 mm apicais, e colocadas
em tinta nanquim por 7 dias. Após o enxágüe com água corrente, as raízes foram
seccionadas
longitudinalmente
e
a
infiltração
avaliada,
usando-se
um
estereomicroscópio. Ocorreu significativamente menos infiltração com os
cimentos à base de hidróxido de cálcio do que com o cimento à base de OZE.
Após 90 dias, a infiltração mais significativa foi observada com Sealapex e com
Roth 801. Os resultados com Sealapex após 1 ano foram melhores que no
período de 90 dias.
Com o objetivo de estudar in vivo a reação periapical, a longo prazo, de
três cimentos obturadores de canais radiculares: CRCS, Sealapex e AH 26
(regular, com prata), Tagger e Tagger (1989) utilizaram 31 dentes unirradiculares
de três macacos. Os canais foram preparados de forma convencional, sendo que
em seis raízes o comprimento de trabalho não foi respeitado, e o forame apical foi
alargado para permitir a sobreobturação. A obturação foi realizada pela técnica
híbrida da compactação termomecânica da guta percha. Decorridos os períodos
experimentais de 7, 8 e 14 meses os animais foram mortos e os espécimes
processados por métodos histológicos de rotina e corados com HE e Brown e
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Brenn, para detectar microrganismos. Foram avaliadas mudanças nos tecidos
calcificados, no coto pulpar e no ligamento periodontal. Os resultados mostraram
que tanto o AH 26 quanto o Sealapex apresentaram uma reação inflamatória de
moderada a severa nos diferentes períodos estudados, sendo a reação mais leve
junto ao CRCS. O cimento que apresentou menor infiltração bacteriana foi o AH
26, e o que apresentou a maior foi o Sealapex. Em contraste, o Sealapex foi o
cimento que apresentou a maior quantidade de ápices fechados por tecido
mineralizado. Os autores concluíram que tanto AH 26 quanto Sealapex foram
irritantes, por um longo tempo, quando presentes no osso e que, apesar dos
resultados interessantes com Sealapex, pesquisa adicional é necessária antes de
seu uso ser incondicionalmente recomendado. Esse cimento ainda não foi testado
em casos infectados, e sua capacidade de ser reabsorvível, que é uma vantagem
quando precede a substituição por tecido calcificado, pode se tornar uma
desvantagem se não for seguido pela obliteração apical.
Sonat, Dalat e Günhan (1990) compararam, in vivo, a resposta do tecido
periapical das raízes de dentes de cães obturadas com Sealapex ou com pó puro
de hidróxido de cálcio, e investigaram a formação de tecido duro apical após
diferentes períodos. Após a extirpação pulpar os canais radiculares foram
alargados, irrigados e secos. Os dentes do primeiro grupo foram obturados
somente com pontas de guta percha, os do segundo grupo foram obturados com
hidróxido de cálcio puro e guta percha, e aqueles do terceiro grupo foram
obturados com Sealapex e guta percha. Os animais foram mortos após 7, 30, e
90 dias, e as secções histológicas de cada espécime foram preparadas para
análise histopatológica. Os resultados encontrados evidenciaram que a formação
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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de tecido duro foi mais pronunciada após a obturação com Sealapex do que com
hidróxido de cálcio ou pontas de guta percha. Os autores concluíram que: a) o
Sealapex e hidróxido de cálcio encorajam o reparo apical por meio da deposição
de cemento; b) o reparo periapical foi mais pronunciado com Sealapex do que nos
outros grupos; c) ambos, Sealapex e hidróxido de cálcio, causam uma reação
inflamatória crônica quando o material for extravasado.
Birman et al. (1990) realizaram in vivo um estudo histológico com o cimento
à base de hidróxido de cálcio, Sealapex, visando à deposição de tecido duro
subcutâneo após implante. Para isso foram utilizados 30 camundongos, divididos
em grupos de cinco animais para cada tempo (3, 7, 15, 30 e 60 dias), tendo
recebido dois implantes de lamínulas de vidro circulares (13 mm), recobertas pelo
cimento, e foi separado um grupo controle (N-Rickert) compreendendo três
animais para cada tempo. Após o processo de eutanásia dos animais, o tecido
subcutâneo foi recortado e fixado (Bouin). Para a avaliação do escoamento, o
cimento estudado foi espatulado na consistência clínica usual e levado na
quantidade de 0,1 mm à parte superior de uma placa de vidro polido, medindo 30
x 30 cm. O cimento N-Rickert foi usado para comparação. As placas com os
espécimes foram imediatamente levadas à estufa, a 37° C e umidade relativa de
100%, permanecendo em posição vertical. As leituras dos resultados eram feitas
em três diferentes tempos (01, 24 e 168 horas). Para a avaliação da adesividade
foram usadas 30 amostras, constituídas por duas fatias de dentina radicular,
submetidas a um preparo químico mecânico. Nos tempos pré-estabelecidos (01,
24 e 168 horas) as amostras eram submetidas a tração, na tentativa de separálas. Quanto ao escoamento, comparativamente ao controle utilizado (N-Rickert)
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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os resultados foram menores em relação aos parâmetros fixados em milímetros.
Na adesividade o Sealapex não suportou a tração, pois no período de 168 horas
ocorreu a separação, o que não foi observado no grupo controle (N-Rickert).
Histologicamente, a reação morfológica foi intensa e persistente, não induzindo,
nos tempos estudados, formação, maturação e estabilização de cápsula fibrosa e
de focos de calcificação. Assim sendo, os autores concluíram que o grau de
escoamento do Sealapex é discreto e tende a desaparecer ao final do
experimento (168 horas).
Soares et al. (1990b) avaliaram in vivo a resposta tecidual periapical de
dentes de cães a Sealapex, CRCS e OZE. Cento e vinte canais radiculares de
dentes de cães foram limpos, modelados, e obturados com guta percha e
cimento, usando-se a técnica da condensação lateral. Os animais foram mortos
após 30 ou 180 dias e os espécimes examinados histologicamente. O Sealapex e
o CRCS causaram uma resposta tecidual periapical semelhante aos achados com
o OZE. Foi notada invaginação de células inflamatórias crônicas nos casos em
que o material alcançou a barreira apical. Indiferentemente quanto ao cimento
usado, foi observada deposição de novo tecido duro ao longo do canal radicular, o
que causou o selamento parcial do forame apical. No grupo do Sealapex e do
CRCS, partículas de cimento foram achadas a uma distância considerável do
ápice. Todos os espécimes sobreobturados causaram reações inflamatórias
crônicas nos tecidos periapicais. Os autores concluíram que selamento biológico
total não foi observado em nenhum espécime, o que contrasta com os achados
de Holland e Souza (1985), os quais usaram o Sealapex em dentes de cães e
macacos. Por causa de imprevisibilidade, dentes de cães podem não ser um bom
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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modelo experimental para analisar selamento apical. Além disso, existem
variações anatômicas, assim como diferenças na resposta biológica periapical, o
que limita o uso de dentes de cães como a única base para o uso dos cimentos
em dentes humanos.
Zmener, Guglielmotti e Cabrini (1990) avaliaram in vivo a resposta do
tecido conjuntivo subcutâneo de rato a um Sealapex experimental no qual o
dióxido de titânio foi removido da fórmula. Tubos de silicone contendo o Sealapex
experimental foram implantados no tecido conjuntivo subcutâneo dorsal de rato.
Barras de silicone sólidas, do mesmo tamanho que os tubos, também foram
implantadas e usadas como controles inertes. A reação tecidual para esses
materiais foi histometricamente e quantitativamente analisada no microscópio
comum e eletrônico. Após 7, 30 e 90 dias da implantação, foram registrados graus
diferentes
de
reação
tecidual
para
os
materiais
testados.
Um
tecido
granulomatoso contendo numerosas células gigantes e macrófagos com
partículas engolfadas nos citoplasmas foram descobertos inicialmente, em contato
com o material teste. Além disso, muitos fibroblastos e vasos neoformados
também foram observados nesas áreas. Os resultados revelaram que essas
reações aumentaram progressivamente aos 30 e 90 dias de observações. A
análise microscópica eletrônica dos tecidos granulomatosos mostraram a
presença de componentes pesados no material experimental. Baseados em seus
resultados os autores concluíram que a remoção do dióxido de titânio do
Sealapex não melhorou a compatibilidade desse cimento.
Holland et al. (1990) observaram in vivo se o acréscimo do iodofórmio ao
Sealapex determina alterações no processo de reparo dos tecidos periapicais de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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dentes de cães após a biopulpectomia e a obturação de canal com esse material.
Os autores empregaram 30 raízes de dentes de dois cães machos adultos jovens,
submetidos à pulpectomia com sobreinstrumentação e, a seguir, obturados junto
com Sealapex, acrescido ou não de iodofórmio. A condição do material obturador
empregado determinou três diferentes grupos experimentais, de dez raízes cada:
Grupo I- Sealapex manipulado em consonância com as instruções do fabricante;
Grupo II- Sealapex acrescido de 30 mg de iodofórmio; Grupo III- Sealapex
acrescido de 112 mg de iodofórmio. As aberturas coronárias foram seladas com
OZE, de presa rápida, e amálgama de prata. Decorridos 6 meses os animais
foram mortos, e as peças removidas para estudo. Os resultados histológicos
mostraram que não foi possível observar diferenças significativas quando se
acrescentou ou não iodofórmio ao Sealapex. Com base nos achados os autores
puderam concluir que o acréscimo do iodofórmio ao Sealapex, em pequena ou
grande quantidade, não modifica suas propriedades biológicas, pelo menos em
relação ao que se pôde analisar do ponto de vista morfológico.
Visando avaliar in vivo a biocompatibilidade de quatro técnicas de
obturação de canais radiculares, Bonetti Filho (1990) utilizou dentes de cães com
rizogênese completa, os quais após arrombamento apical, instrumentação e
irrigação de seus canais radiculares, tiveram esses canais obturados com as
técnicas: clássica (Fill Canal), biológica controlada (Fill Canal), técnica com
colocação apical de hidróxido de cálcio (Fill Canal) e clássica (Sealapex). Os
dentes do grupo controle, após arrombamento apical e instrumentação dos canais
radiculares, foram secos com cones de papel absorvente, e uma mecha de
algodão autoclavada foi colocada na câmara pulpar, sendo as aberturas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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coronárias seladas com amálgama de prata. Decorridos 180 dias os animais
foram mortos, e as peças submetidas ao processamento histológico. Os
resultados permitiram classificar as técnicas, de acordo com o grau de sucesso,
em: 1ª técnica clássica (Sealapex), 2ª técnica com colocação apical de hidróxido
de cálcio (Fill Canal) e técnica biológica controlada (Fill Canal), 3ª técnica clássica
(Fill Canal) e 4ª grupo controle. O autor concluiu que os melhores resultados
observados com o Sealapex provavelmente decorreram do fato de ser mais
estável em presença de coágulo sanguíneo advindo do arrombamento apical.
Holland et al. (1991c) observaram in vivo se a colocação intracanal de
cones de papel mantidos em ambiente com vapores de formaldeído (pastilhas de
formol) ou esterilizados em estufa pode produzir algum dano, do ponto de vista
biológico, ao coto pulpar e a tecidos periapicais de dentes de cães. Foram
utilizadas 40 raízes de pré-molares de três cães adultos jovens sem raça definida.
Após o preparo biomecânico os canais foram secos com cones de papel
esterilizados em estufa e subdivididos em quatro grupos com dez raízes cada,
conforme o procedimento que se seguiu: grupo I- cone de papel seco mantido por
7 dias em ambiente com pastilhas de formol; grupo II- cone de papel seco
esterilizado em estufa por 90 min; grupo III- canal preenchido com Otosporin®,
mantendo-o no interior do canal com cones de papel que permaneceram em
ambiente com pastilhas de formol; grupo IV- canal preenchido com Otosporin®,
mantendo-o no interior do canal com cones de papel, porém esterilizados em
estufa. A abertura coronária de todos os dentes foi selada com guta percha e
OZE. Após 5 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para
análise histopatológica. Os resultados histológicos mostraram que a manutenção
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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dos cones de papel em ambiente com vapores de formaldeído não produz
irritação junto ao coto pulpar e em tecidos periapicais, bem como não altera a
conhecida atuação do Otosporin® nessa condição de emprego. Os cones
esterilizados em estufa despertam maior reação inflamatória do coto pulpar e de
tecidos periapicais do que os cones mantidos em ambientes com vapores de
formaldeído. Os autores concluíram ainda que, quando do emprego do
Otosporin®, não se nota diferença de resposta biológica, em decorrência do tipo
de esterilização do cone de papel empregado.
Holland et al. (1991e) realizaram um estudo in vitro em 40 dentes humanos
extraídos para avaliar a difusão de três soluções à base de antibiótico e
corticosteróide sobre a dentina: Panotil, Otosynalar e Otosporin®. Foram
preparadas cavidades padronizadas no terço cervical, vestibular e lingual de
todos os dentes. As soluções foram coradas com azul de metileno e levadas às
cavidades por 5 minutos. Logo após esse período as cavidades foram lavadas e
secas, e a seguir realizado o seccionamento longitudinal dos dentes. As áreas de
infiltração foram fotografadas e a seguir mensuradas com um planímetro de
compensação polar. A mesma metodologia descrita foi utilizada com as duas
drogas com maior poder de infiltração em um outro grupo, porém, antes do seu
uso as cavidades foram irrigadas com ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) por
2 minutos. Os autores encontraram diferenças estatisticamente significativas entre
os resultados obtidos, evidenciando-se o maior poder de penetração, na dentina,
da solução denominada Otosporin®. Observou-se, também, que o emprego do
EDTA por 2 minutos no interior da cavidade aumenta significativamente a
penetração das soluções estudadas.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Saad Neto et al. (1991) analisaram in vivo, histologicamente, o reimplante
imediato de incisivos de ratos que tiveram a superfície e o canal radicular tratados
com uma associação de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Foram utilizados
36 ratos Wistar, machos, divididos em dois grupos de 18 animais cada. Os
animais do grupo 1, após a extração do dente, tiveram os canais preenchidos e a
superfície radicular irrigada com Otosporin®, e seu ápice radicular, obliterado com
fragmento de “cera óssea”, sendo o dente imediatamente reimplantado.
Procedimentos semelhantes foram realizados nos espécimes do grupo 2,
empregando-se soro fisiológico, para servir de controle. Decorrido cada tempo
experimental (10, 30 e 60 dias), seis animais de cada grupo foram mortos, e os
espécimes processados e analisados histopatologicamente. De acordo com os
resultados encontrados aos 10, 30 e 60 dias após o reimplante, foi possível aos
autores concluírem que: o Otosporin®, aos 10 dias pós reimplante, ocasionava
necrose e intensa reabsorção da parede óssea alveolar; aos 30 e 60 dias
favorecia neoformação e deposição de matriz cementária; impedia a reabsorção
radicular inflamatória, mas não a de superfície e anquilose alvéolo-dental.
Campos (1991) comparou in vivo, radiográfica e histologicamente, a
reabsorção de três cimentos obturadores dos canais radiculares, Fill Canal,
Endoform e Sealapex. Os cimentos foram inoculados em tecido conjuntivo
subcutâneo de dez ratos Wistar. Após 365 dias das inoculações os animais foram
mortos, e ao exame radiográfico somente o Sealapex havia desaparecido
completamente, porém ao microscópio mostrou-se presente em todos os
espécimes.
Histologicamente,
os
três
cimentos
mostraram
tendência
a
encapsulação por tecido conjuntivo denso e fibroso. O cimento Fill Canal mostrouse em massa mais compacta. O Endoform apresentou lacunas, provavelmente
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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pela rápida reabsorção do iodofórmio. O cimento Sealapex mostrou-se menos
compacto, com maior dispersão de partículas. Assim, o autor concluiu que pode
haver considerável diferença entre a reabsorção de cimentos obturadores de
canais radiculares, quando comparada radiográfica e histologicamente, isso
porque o endurecimento, a solubilidade, a dispersão, a maior ou menor facilidade
com que são fagocitados, a composição química, a técnica de manipulação
empregada, a consistência no momento da aplicação, a homogeneização no ato
da espatulação, o tempo de proservação, a ação dos fluídos teciduais na
dissolução da massa ou fragmentos de material obturador extravasado e a
circunscrição e encapsulação desses ccimentos pelo organismo são fatores
determinantes quando se realiza uma avaliação radiográfica comparada a uma
imagem microscópica. O exame radiográfico é um recurso clínico não capaz de
mostrar se houve reabsorção total do material ou até que ponto ele foi
reabsorvido pelo orgamnismo, enquanto histologicamente isso é possível de se
avaliar.
Os
cimentos
Fill
Canal
e
Endoform
mostraram
reabsorção
demasiadamente lenta, o que sugere um maior período de proservação.
Ferreira Júnior (1991) analisou in vivo o reparo periodontal na face lingual
de incisivos de ratos, reimplantados imediatamente, e que tiveram o canal
radicular preenchido por 5 minutos com Otosporin®, seguido da remoção de seu
excesso e obliteração do ápice com “cera óssea”, para observar se essa solução
pode ser empregada previamente ao reimplante e se ela evita reabsorções e
anquilose alvéolo-dental. Foram utilizados 36 ratos Wistar machos, que tiveram o
incisivo superior direto luxado e extraído, evitando-se maiores danos à superfície
radicular. Cada dente foi mantido por sua porção mais coronária com uma gaze
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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umedecida em soro fisiológico. A papila dental foi excisada com lâmina de bisturi
número 11, renovando-se a polpa dental com lima K 15. A irrigação do canal
radicular foi realizada com soro, e a aspiração com seringa Luer acoplada a uma
agulha 25x7. Os dentes foram divididos em dois grupos: grupo 1- canal
preenchido com solução de Otosporin® por 5 minutos, e após esse período o
conteúdo foi aspirado e o ápice radicular obliterado com fragmentos com 0,5
centímetros de “cera óssea”; e grupo 2- os dentes receberam tratamento similar
ao grupo 1, sendo, no entanto, empregada solução de soro fisiológico, ao invés
de Otosporin®. Logo após, todos os dentes foram reimplantados e contidos com
amarria de fio para sutura 4-0. Decorridos 10, 30 e 60 dias do pós-operatório os
animais foram mortos em grupos de seis, e os espécimes preparados para
análise histopatológica. Os resultados demonstraram que o emprego do
Otosporin® tem uma função benéfica, quando em pequena quantidade e por um
tempo curto, no interior do canal radicular. O autor concluiu que a solução de
Otosporin® favorece a neoformação cementária e atenua as reabsorções
radiculares de superfície, por substituição e por inflamatória e a ocorrência de
anquilose alvéolo-dental.
Holland et al. (1992) avaliaram in vivo o comportamento dos tecidos
periapicais de dentes de cães com rizogênese incompleta após obturação de
canal com diferentes materiais obturadores. Para tanto, foram empregadas 40
raízes com rizogênese incompleta de três cães machos jovens. Foi realizada a
abertura
coronária e
a
pulpectomia, procurando-se fazer sempre
uma
sobreinstrumentação para assegurar a eliminação de todo o órgão pulpar.
Terminado o preparo biomecânico, os canais foram totalmente obturados com os
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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seguintes materiais: Sealapex, Endoapex, hidróxido de cálcio associado ao
iodofórmio em partes iguais, tendo como veículo o silicone líquido, e pasta de
Frank (hidróxido de cálcio associado ao PMCC). Após 1 ano os animais foram
mortos, e as peças removidas e preparadas para análise histopatológica. Os
resultados encontrados para os quetro materiais estudados mostraram que o
Endoapex em nenhum dos casos apresentou presença de selamento apical. O
Sealapex mostrou-se ineficiente quando levado aos tecidos periapicais em forma
de sobreobturação, pois esse material pode não ser reabsorvido naquela área,
dificultando a ocorrência do selamento biológico pretendido. Por outro lado, em
ápices pouco abertos, em que o limite da obturação pode ser convenientemente
controlado, é provável que esse material seja de grande utilidade, principalmente
quando não há oportunidade de se proceder a trocas do hidróxido de cálcio ao
longo do tempo. Já a pasta de Frank, e o hidróxido de cálcio associado a
iodofórmio e silicone, evidenciaram um expressivo número de selamentos parciais
e ausência de selamento. Dessa forma os autores puderam concluir que, dentre
os quatro materiais estudados, a pasta de Frank foi a que evidenciou os melhores
resultados, e que as trocas da pasta de hidróxido de cálcio, durante o tratamento
de rizogênese incompleta, é um procedimento clínico que ainda não pode ser
descartado. Os autores ainda propõem que a obturação final com cimento à base
de hidróxido de cálcio, além de efetuar a obturação definitiva, contribuiria, por
suas propriedades biológicas conhecidas, para a correção de possíveis falhas da
barreira apical.
Leonardo (1992) avaliou microscopicamente, em dentes de cães, a reação
dos tecidos apicais e periapicais frente à obturação dos canais radiculares com
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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dois cimentos à base de hidróxido de cálcio, Sealapex e CRCS, quanto à
magnitude do infiltrado inflamatório e quanto a reparação. Utilizou 16 raízes de
pré-molares
inferiores
de
dois
cães.
Foram
realizados
os
seguintes
procedimentos: abertura coronária, odontometria, remoção da polpa radicular e
arrombamento do delta apical. A seguir, os canais radiculares foram
instrumentados pela técnica escalonada, no comprimento do início do delta apical,
obtendo-se o “batente apical”. Os canais foram secos e obturados pela técnica
clássica de condensação lateral ativa, utilizando-se cones de guta percha e um
dos dois cimentos obturadores testados. Após limpeza da câmara pulpar, os
dentes foram restaurados com amálgama de prata. Transcorrido o período de 1
ano os animais foram mortos, e as mandíbulas removidas e preparadas para
análise histopatológica. Os resultados demonstraram que ambos os cimentos,
Sealapex e CRCS, causaram inflamação crônica de magnitude moderada e
induziram a deposição de tecido mineralizado na região apical. No grupo obturado
com Sealapex foi observada a interposição de tecido fibroso entre o material e o
tecido mineralizado, e no grupo do CRCS a deposição de tecido mineralizado
ocorreu diretamente na sua superfície. Dessa forma, o CRCS pareceu ter seu
comportamento melhor que o Sealapex; porém, sem diferença estatisticamente
significante.
Lee, Monsef e Torabinejad (1993) testaram in vitro, pela primeira vez, um
novo material, denominado Mineral Trioxide Aggregate (MTA), para selamento de
perfurações radiculares laterais. Nesse estudo experimental os autores simularam
uma perfuração lateral em 50 molares humanos hígidos extraídos, que foram
selados com os materiais amálgama, Material Intermediário de Restauração (IRM)
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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e MTA. Os dentes foram mantidos em um dispositivo contendo solução salina, a
fim de simular as condições de umidade encontradas clinicamente. Após, as
perfurações foram seladas com os materiais estudados, e em seguida os dentes
foram mantidos por 4 semanas nessa solução. Então foram mergulhados em
solução azul de metileno 2% por 48 horas, cortados e analisados sob microscópio
óptico. Os resultados indicaram que o MTA teve significativamente menos
infiltração marginal do corante, seguido do IRM, e amálgama respectivamente
(p<0,05). Os autores também concluíram que o MTA mostrou menor tendência a
extravasar, enquanto o IRM mostrou maior tendência.
Leonardo et al. (1994a) fizeram in vivo uma avaliação microscópica da
reação apical e periapical frente a dois cimentos obturadores de canais
radiculares à base de hidróxido de cálcio, Sealapex e CRCS. Foram utilizados
dois cães com idade de 1 ano e da mesma ninhada. Dezesseis canais de prémolares inferiores foram selecionados e preparados biomecanicamente, sendo os
ápices arrombados com a lima k 30 para simular um forame apical. Os canais
foram divididos em dois grupos. Um grupo foi obturado com Sealapex e guta
percha e o outro com CRCS e guta percha. Após as obturações, as câmaras
pulpares foram limpas e seladas com verniz copal e amálgama. Decorrido 1 ano,
os cães foram mortos e as peças removidas e preparadas para análise
histopatológica. Os resultados demonstraram que os dois cimentos causaram
inflamação crônica de magnitude moderada e induziram a deposição de tecido
mineralizado na região apical. No grupo obturado com Sealapex notou-se a
interposição de tecido fibroso entre o material e o tecido mineralizado, o que não
ocorreu no grupo do CRCS, no qual a deposição de tecido duro ocorreu
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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diretamente na sua superfície. Assim, os autores concluíram que o CRCS
pareceu ter-se comportado melhor que o Sealapex; porém, sem aval estatístico
significante.
Wakabayashi et al. (1994) estudaram in vivo, com o propósito de avaliar o
potencial de quatro cimentos obturadores de canal radicular contendo hidróxido
de cálcio para induzir a formação de uma barreira de precipitado de sais de cálcio
no tecido conjuntivo, por meio do uso da técnica de câmara na orelha do coelho,
combinada com MEV e microanálises de raios-X. Nesse estudo foram utilizados
quatro cimentos obturadores de canal radicular contendo hidróxido de cálcio
(Sealapex, Calvital, Dentalis KEZ e New A). Como controle foram utilizados dois
cimentos à base de OZE (Canals e New B). A câmara da orelha do coelho foi
desenvolvida com um poço através do qual o material podia ser introduzido dentro
do tecido vascular vivo, sobre a mesa de observação da câmara. A interação
entre o tecido vascular e os cimentos obturadores foi observada sob um
biomicroscópio imediatamente após a aplicação de cada material, após 3, 6, 12,
24, 48 e 72 horas, depois de 5 dias e uma vez por 9 semanas. Os resultados
demonstraram que houve diferenças entre os quatro cimentos obturadores à base
de hidróxido de cálcio, do ponto de vista da sua habilidade em induzir calcificação
distrófica do tecido conjuntivo vascular. Assim, os autores reclassificaram os
cimentos obturadores de acordo com o que eles realmente causam no tecido e
não de acordo com sua formulação. O primeiro grupo foi constituído por Sealapex
e Calvital, que rapidamente criaram uma barreira de precipitado de fosfato de
cálcio no tecido conjuntivo, induzindo a calcificação. O grupo 2, formado por
Dentalis KEZ e Canals, causou desordens moderadas na microcirculação, sem
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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calcificação. E o grupo 3, com New A e New B, teve boa compatibilidade com os
microvasos, mas eles não induziram nenhuma calcificação e se desintegraram
rapidamente no tecido.
Pitt Ford et al. (1995) realizaram um estudo in vivo em 28 perfurações
intencionais de furcas de pré-molares mandibulares de sete cães Beagles adultos,
com o propósito de analisar histologicamente a resposta dos tecidos a essas
perfurações seladas com amálgama ou MTA. As perfurações foram realizadas no
assoalho da furca, e metade dessas imediatamente obturadas com MTA ou
amálgama. A outra metade foi deixada aberta por 6 semanas, para permitir a
contaminação bacteriana e a formação de lesões inflamatórias na furca, que
foram confirmadas por imagem radiográfica. Essas perfurações foram então
limpas com hipoclorito de sódio, secas com bolinhas de algodão e seladas com
MTA ou amálgama. Após 4 meses os animais foram mortos, e as peças
preparadas para exame histopatológico. Os resultados mostraram que, no grupo
em que a perfuração foi selada imediatamente, todas as peças com amálgama
estavam associadas com a presença de inflamação, enquanto, somente uma
peça em seis, com MTA, exibia inflamação. Além disso, as cinco peças não
inflamadas com MTA apresentavam cemento sobre o reparo. No grupo obturado
posteriormente, todos os espécimes com amálgama estavam associados à
presença de inflamação. Em contraste, somente quatro de sete espécimes com
MTA estavam inflamados. Conseqüentemente, os autores concluíram que o MTA
parece ser um material muito mais adequado para o selamento de perfurações,
particularmente quando usado imediatamente após a perfuração.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Siqueira Júnior e Fraga (1995) avaliaram in vitro o efeito de curativos
intracanais com pastas de hidróxido de cálcio em três veículos (soro fisiológico,
propilenoglicol e azeite de oliva) sobre o selamento apical proporcionado pela
obturação do canal radicular. Para tanto foram utilizados 40 dentes humanos
unirradiculares, recém-extraídos, que antes do seu uso estavam estocados em
solução salina estéril. Os dentes foram preparados, e ao término da
instrumentação os canais foram inundados com solução de EDTA 17%, por 3
minutos, com o objetivo de remover smear layer. Então os dentes foram divididos
equitativamente em quatro grupos: Grupo I- hidróxido de cálcio + soro fisiológico;
Grupo II- hidróxido de cálcio + propilenoglicol; Grupo III- hidróxido de cálcio +
azeite de oliva; Grupo IV –sem medicação, servindo como grupo controle. Os
canais foram preenchidos com as respectivas pastas, com o auxílio de uma broca
lentulo, e as aberturas coronárias seladas com cimento de OZE. Após uma
semana foram removidas as pastas, e os canais foram obturados pela técnica de
condensação lateral com guta percha e Sealapex. Após 5 dias os dentes foram
imersos em solução azul de metileno 2%, por 7 dias. Os resultados obtidos
demonstraram que não há interferência negativa dos curativos com pastas
contendo hidróxido de cálcio em diferentes veículos, no selamento apical final, e
que entre os veículos utilizados o soro fisiológico apresentou menor grau de
infiltração apical. Assim sendo, os autores concluíram que os curativos intracanais
com pastas de hidróxido de cálcio não prejudicam o selamento apical da
obturação definitiva do canal, e que houve uma melhora do selamento apical final
quando os curativos de hidróxido de cálcio foram realizados. Concluíram ainda
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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que o menor índice de microinfiltração foi verificado quando uma pasta com
veículo aquoso precedeu a obturação.
A citotoxicidade in vitro de três cimentos à base de hidróxido de cálcio foi
testada por Beltes et al. (1995), com a utilização de culturas de células L929
(fibroblastos da pele de ratos) e BHK 21/C13 (fibroblastos de rim de filhote de
hamster), que foram mantidas em meio de cultura a 37°C, numa umidade de 5%
de CO2. Os cimentos utilizados, Sealapex, CRCS, e Apexit foram preparados de
acordo com as recomendações dos fabricantes, sob condições assépticas, sendo
introduzidos 0,05 de cada cimento no centro de uma placa tipo Petri. Os cimentos
tomaram presa por 24 horas a 37°C, sob luz ultravio leta, para prevenir a
contaminação bacteriana, e a seguir foram colocados em contato com as células.
Suspensões de células também foram colocadas em placas com discos de
Teflon, as quais serviram como controle. Todas as placas foram incubadas a
37°C, e após 24, 48 e 72 horas o meio de cultura fo i removido e a viabilidade
celular foi avaliada sob microscópio de luz. Os resultados demonstraram que o
Sealapex foi o cimento mais citotóxico nos três períodos observados, quando
comparado com CRCS e Apexit, causando uma diminuição significante na
densidade celular. O Apexit permitiu a maior taxa de viabilidade celular nos três
períodos experimentais, provando ser o material menos tóxico.
Torabinejad et al. (1995e), em um estudo in vivo, implantaram tubos de
teflon obturados com super EBA ou MTA em cavidades ósseas preparadas na
mandíbula de sete cobaias, com o objetivo de avaliar a reação tecidual. Como
controle, duas cavidades ósseas foram preparadas da mesma forma em um
animal e deixadas sem tratamento. Após 60 dias, os animais foram mortos e as
peças preparadas para análise histopatológica. Os resultados demostraram a
reação tecidual de que a implantação do MTA foi um pouco menor do que aquela
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 76 -
com o implante do super EBA. Todas as cinco amostras do super EBA
apresentaram tecido conjuntivo fibroso próximo ao cimento, enquanto o osso foi
observado imediatamente adjacente a uma das cinco amostras de MTA. Todos os
implantes com super EBA apresentaram inflamação leve, enquanto três dos cinco
implantes de MTA estavam livres de inflamação. Células inflamatórias
encontradas ao redor de ambos os materiais eram predominantemente
macrófagos e células gigantes. O tecido conjuntivo fibroso adjacente ao super
EBA era mais espesso do que aquele visto próximo ao MTA.
Torabinejad et al. (1995f) realizaram um estudo in vivo cujo propósito foi
examinar a resposta dos tecidos perirradiculares de cães ao MTA e ao amálgama.
Para tanto, foram utilizados os terceiros e quartos pré-molares mandibulares
esquerdo e direito de seis cães Beagles. Houve a indução de lesão pela
exposição da polpa através de uma abertura coronária por 2 semanas, que foi
então selada com Cavit por 4 semanas. Em metade das raízes os canais foram
instrumentados e obturados com guta percha e cimento obturador (Roth), e suas
aberturas coronárias seladas com MTA. Os canais radiculares remanescentes
foram instrumentados e obturados com guta percha sem cimento obturador, e as
aberturas coronárias não foram seladas, ficando expostas ao meio oral. Após 2
semanas da obturação dos canais, os cães foram preparados para a cirurgia de
acesso radicular. As raízes foram cortadas entre o terço médio e apical. E
cavidades de 2 mm de profundidade foram preparadas com uma broca troncocônica invertida, número 35. Para cada raiz do pré-molar em questão, uma
cavidade foi selada com MTA e a outra com amálgama sem zinco. A resposta
tecidual foi avaliada histologicamente, 2 a 5 e 10 a 18 semanas após a cirurgia
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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perirradicular. Os resultados demonstraram que a formação de cemento não foi
observada sobre qualquer das amostras de amálgama, enquanto algum cemento
estava presente, sobre o MTA, em uma das 11 amostras no período de tempo de
2 a 5 semanas, e sobre 10 de 10 amostras no período de 10 a 18 semanas. A
análise estatística dos resultados mostrou menos inflamação perirradicular e mais
cápsulas fibrosas adjacentes ao MTA do que ao amálgama. Os autores
concluíram que o MTA é provavelmente capaz de ativar os cementoblastos para
produzir uma matriz de cemento.
Mittal, Chandra e Chandra (1995) avaliaram in vivo a toxicidade tecidual de
OZE, Tubli Seal, Sealapex e Endoflas F.S pela sua injeção no tecido conjuntivo
subcutâneo da superfície dorsal de ratos e pelo estudo da resposta histológica do
tecido. Os animais foram mortos após o intervalo de tempo de 48 horas, 7 dias,
14 dias, 1 mês e 3 meses; as secções teciduais foram obtidas dos locais da
injeção. O exame histológico das secções teciduais revelou que todos os
cimentos causaram alguma inflamação, que diminuiu com o tempo, exceto no
caso do OZE, onde aumentou da 48ª hora ao 7º dia, e depois disso mostrou uma
tendência de diminuição. Os autores concluíram que, no geral, o Sealapex
mostrou a menor reação inflamatória, comparada com os outros cimentos
estudados, porque mostrou inflamação moderada com 48 horas, mas que se
tornou branda em períodos posteriores. OZE, Tubli seal, e Endoflas F.S. foram
severamente tóxicos com 48 horas e 7 dias. Essa toxicidade diminuiu
gradualmente em períodos posteriores. Nenhuma reação inflamatória foi vista
com 3 meses, em nenhum dos cimentos estudados.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Souza, Holland e Souza (1995) tiveram como propósito analisar in vivo, a
curto e médio prazo, a resposta dos tecidos periapicais, de dentes com polpa vital
ao tratamento endodôntico em uma ou duas sessões, realizado com ou sem a
utilização de curativos de demora à base de uma associação de corticosteróideantibiótico ou hidróxido de cálcio. Para tanto, foram utilizados 128 raízes de
dentes de quatro cães adultos machos, que tiveram suas polpas removidas e
seus canais preparados biomecanicamente. Os dentes foram então divididos em
quatro grupos, de acordo com as variáveis a serem utilizadas na seqüência do
tratamento, a saber: Grupo I- obturação dos canais com cones de guta percha e
cimento de OZE; Grupo II- obturação de canais com pasta de hidróxido de cálcio
e água destilada; Grupo III- curativo de demora com associação de
corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) durante 7 dias, seguindo-se a obturação
do canal com cones de guta percha e cimento de OZE; Grupo IV- curativo de
demora com pasta de hidróxido de cálcio e água destilada por 7 dias, seguindo-se
obturação do canal com cimento de OZE e cones de guta percha. Concluído o
tratamento endodôntico, todas as coroas foram seladas com OZE e restauradas
com amálgama de prata. Decorridos os períodos experimentais de 7 e 180 dias
após o tratamento os cães foram mortos. As peças foram preparadas, e os
resultados analisados histologicamente. Os dados obtidos permitiram aos autores
concluir que: a) os canais obturados com hidróxido de cálcio evidenciaram
melhores resultados do que aqueles obturados com OZE; b) a associação
corticosteróide-antibiótico determinou, 7 dias após o tratamento, infiltrado
inflamatório menos expressivo que o observado nos casos obturados com OZE
em sessão única (no tempo de 180 dias não houve diferença de resultados entre
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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esses dois grupos experimentais); c) o curativo com hidróxido com cálcio por 7
dias, antes da obturação com OZE, determinou a ocorrência de resultados
similares aos obtidos quando os canais foram preenchidos apenas com hidróxido
de cálcio.
Holland et al. (1995) analisaram in vitro a infiltração apical em dentes
obturados pela técnica de condensação lateral, depois de medicação com
hidróxido de cálcio em propilenoglicol. Cento e vinte dentes humanos extraídos
foram preparados biomecanicamente pelo uso exclusivo do movimento de
limagem com limas K até o nº 40. Metade dos dentes recebeu um curativo de
hidróxido de cálcio em propilenoglicol, por 3 dias. A medicação foi removida por
irrigação e movimento de limagem, com limas K 40 até 70. Os dentes foram
divididos em seis grupos experimentais, de acordo com as dimensões dos
instrumentos usados. Os canais radiculares foram obturados, e posteriormente os
dentes foram colocados em uma solução corante de azul de metileno 2% dentro
de um frasco, que foi anexado a uma bomba de vácuo. A infiltração foi mensurada
linearmente, e os resultados mostraram uma infiltração significativamente menor
(p<0,01) nos grupos experimentais que receberam os curativos de hidróxido de
cálcio do que nos grupos controle. Os resultados persistiram mesmo após a
remoção de 300 µm de dentina das paredes de dentina do canal radicular.
Holland et al. (1996b) fizeram uma análise in vitro da obturação apical de
canais radiculares obturados com cones de guta percha experimentais contendo
hidróxido de cálcio. Foram usados 110 dentes permanentes humanos,
recentemente extraídos, com uma única raiz. Os canais radiculares foram
preparados biomecanicamente, e alguns receberam um curativo de hidróxido de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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cálcio em propilenoglicol por 7 dias. Os canais radiculares que não receberam os
curativos foram obturados pela técnica de condensação lateral, com cones de
guta percha regulares ou de hidróxido de cálcio. Os canais radiculares com
curativo foram obturados com os mesmos cones contendo ou não hidróxido de
cálcio. Os espécimes foram colocados em uma solução corante de azul de
metileno 2% sob vácuo, e a infiltração apical foi avaliada linearmente. Os grupos
experimentais com os curativos de hidróxido de cálcio em propilenoglicol e
aqueles com cones de guta percha contendo hidróxido de cálcio exibiram uma
infiltração significativamente menor (p<0,05) do que os grupos obturados com
cones de guta percha regulares. Os resultados obtidos indicaram que os cones de
guta percha contendo hidróxido de cálcio produziram uma melhora na qualidade
da obturação apical do canal radicular.
Leonardo et al. (1996) avaliaram in vivo a resposta histológica dos tecidos
apicais e periapicais de dentes de cães, após biopulpectomia, e utilização de
diferentes curativos à base de hidróxido de cálcio, associados ou não a
compostos fenólicos. Foram utilizados nesse estudo pré-molares, com vitalidade
pulpar, de seis cães sem raça definida, com idade de 1 ano, totalizando 120
raízes, as quais foram divididas em cinco grupos de 15 raízes cada, e analisadas
nos períodos de 7, 15 e 30 dias. Todos os materiais foram testados em um
mesmo animal. Após remoção da polpa e preparo biomecânico dos canais
radiculares, estes foram preenchidos, na mesma sessão de tratamento, com os
seguintes curativos: Grupo 1- pasta Calen (à base de hidróxido de cálcio); Grupo
2- pasta Calen + Paramonoclorofenol (PMC); Grupo 3- pasta Calen + PMCC;
Grupo 4- controle positivo, em que os canais foram preenchidos com Otosporin®;
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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e Grupo 5- controle negativo, em que os canais foram deixados vazios. Após os
períodos experimentais os animais foram mortos, e as raízes submetidas ao
processo histopatológico. Com base nos resultados da avaliação histopatológica
foi possível aos autores concluírem que: a) a pasta Calen, em todos os períodos
experimentais, e o Otosporin® no período de 7 dias, apresentaram a melhor
resposta tecidual; b) a adição do PMCC e PMC ao hidróxido de cálcio conferiu às
pastas maior capacidade de agressão aos tecidos, em todos os períodos, sendo
essa resposta mais acentuada na pasta contendo PMC; c) o grupo controle
negativo foi o que apresentou a pior resposta tecidual.
Pitt Ford et al. (1996) realizaram um estudo in vivo em 12 incisivos
mandibulares de macacos, com o propósito de comparar as respostas da polpa
dental após o emprego do MTA ou Dycal no capeamento pulpar. Através de um
acesso lingual foram realizadas exposições pulpares padronizadas com 1 mm de
diâmetro com o auxílio de brocas esféricas n.01. Após o capeamento com Dycal
as cavidades coronárias foram seladas com amálgama. Para realizar o
capeamento com o MTA manipulou-se o pó do MTA com solução salina estéril
numa proporção de 3:1, que foi inserida na totalidade da cavidade de acesso.
Após 5 meses os animais foram mortos e os espécimes removidos e processados
para a análise histopatológica. Os resultados mostraram que todas as polpas
protegidas com MTA formaram ponte de dentina, e apenas uma apresentava
inflamação. Em contrapartida, somente duas polpas protegidas com Dycal
apresentavam pontes de dentina, e todas apresentavam inflamação. Assim
sendo, os autores concluíram que o MTA parece ir ao encontro dos requerimentos
para materiais de capeamento pulpar.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Souza, Holland e Souza (1996) analisaram in vivo a resposta da polpa
dental após preparo cavitário e aplicação tópica de algumas associações de
corticosteróide-antibiótico, com diferentes potenciais antiinflamatórios, em tempo
pós-operatório curto. Foram utilizados 40 dentes de cães jovens, sem raça
definida, nos quais foram preparadas cavidades profundas na face vestibular. A
seguir, em 20 dentes foi aplicado EDTA por 3 min para remover a smear layer, e
nos outros dentes não foi aplicado EDTA. As cavidades foram secas, e as
soluções de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®, Maxitrol e Panotil) foram
aplicadas no assoalho das cavidades por 5 min. Decorrido esse período as
cavidades foram secas com bolinhas de algodão e o assoalho recoberto por uma
fina camada de parafina, com selamento final com cimento de OZE. Após 24
horas os animais foram mortos, de acordo com a técnica de perfusão, e os
espécimes preparados para análise histopatológica. Baseados nos resultados, os
autores concluíram que não ocorreram diferenças entre os grupos com ou sem
EDTA; não houve diferença de resultados entre as três associações de
corticosteróide-antibiótico estudadas; os grupos tratados com as associações
corticosteróide-antibiótico evidenciaram uma reação inflamatória ligeiramente
menor do que a observada no grupo controle.
Soares (1996), num estudo in vivo, avaliou histologicamente a resposta
pulpar ao MTA comparada ao hidróxido de cálcio, em dentes de cães submetidos
à pulpotomia. Foram utilizados 40 dentes de três cães, constituídos em dois
grupos: grupo 1- 12 pulpotomias, cujas polpas foram revestidas com pasta de
hidróxido de cálcio em propilenoglicol, e grupo 2- 28 pulpotomias, em que as
polpas foram revestidas com MTA. Após a aposição do material de revestimento
foi colocada uma camada de hidro C e foi feita restauração final com amálgama.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Após 90 dias, os animais foram mortos por perfusão e os espécimes preparados
para análise histopatológica, por meio de uma análise descritiva e de uma análise
quantitativa. Pelos resultados obtidos, foi possível à autora concluir que houve a
formação de tecido duro em 91,66% dos casos tratados com hidróxido de cálcio e
em 96,43% dos casos tratados com MTA. Os percentuais de casos que
apresentaram, simultaneamente, barreira de tecido duro e tecido pulpar normal
foram de 66,66% dos casos tratados com hidróxido de cálcio e de 82,14% nos
dentes em que se utilizou o MTA. A autora sugere a realização de estudos
clínicos experimentais para avaliar o comportamento do MTA como material de
recobrimento pulpar.
Com o propósito de investigar in vivo a resposta dos tecidos periapicais de
macacos ao MTA e amálgama como materiais de obturação de canal,
Torabinejad et al. (1997) removeram as polpas de todos os incisivos maxilares de
três macacos, sendo os canais radiculares instrumentados e obturados pela
técnica de condensação lateral com guta percha e cimento obturador. Cavidades
na porção apical das raízes foram preparadas, e metade delas obturadas com
MTA, enquanto a outra metade foi obturada com amálgama. Os animais foram
mortos 5 meses mais tarde, e as peças preparadas para análise histopatológica.
Os resultados encontrados não mostraram nenhuma inflamação periapical
adjacente a cinco das seis raízes obturadas com MTA, além de haver uma
camada completa de cemento sobre o material obturador. Por outro lado, todas as
raízes obturadas com amálgama mostraram inflamação periapical, e o cemento
não se formou sobre o material de obturação, embora estivesse presente sobre a
porção final da raiz. Os autores concluíram que existem duas possibilidades para
a fonte do novo cemento sobre o MTA: ou ele é derivado do ligamento periodontal
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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remanescente e houve crescimento lateral, ou ele é derivado a partir do tecido
conjuntivo invaginado para o osso. Dessa forma, o MTA é recomendado como
material de obturação apical em humanos.
Leonardo et al. (1997) avaliaram in vivo o reparo apical e periapical dos
dentes de cães após biopulpectomia e obturação de canal com diferentes
cimentos contendo hidróxido de cálcio. Oitenta canais radiculares de pré-molares
de quatro cães, com polpa vital, foram instrumentados e obturados em sessão
única, com os cimentos Sealapex, CRCS, Sealer 26 e Apexit. O animais foram
mortos após 180 dias, e suas maxilas e mandíbulas foram removidas e fixadas
em formalina 10%. Após o processamento histológico rotineiro, as secções foram
coradas com HE e tricrômico de Mallory. A análise histopatológica mostrou que o
Sealapex foi o cimento que melhor permitiu a deposição de tecido mineralizado no
nível apical, e foi o único cimento que promoveu selamento biológico completo
(37,5% dos casos). Os autores concluiram que com o uso do Sealapex nenhum
infiltrado inflamatório ocorreu e não houve reabsorção de tecidos mineralizados.
Em contraste, selamento parcial e infiltrado infIamatório moderado ocorreu com o
uso do CRCS. Quando o Apexit e o Sealer 26 foram usados, a ausência de
selamento foi freqüente e a reabsorção ativa dos tecidos mineralizados aconteceu
em muitos casos. O infiltrado inflamatório predominante com o uso do Apexit foi
do tipo severo, enquanto com o uso do Sealer 26 foi brando ou não existiu. Os
autores observaram também que, em todos os dentes em que ocorreu
extravasamento do material obturador, não houve selamento biológico apical
parcial nem completo, independentemente do material obturador utilizado.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Salineiro, Okamoto e Aranega (1997) estudaram comparativamente, in
vivo, o processo de reparo do reimplante mediato de incisivo superior de rato,
após o preenchimento do canal radicular, com associação de corticosteróideantibiótico (Otosporin®) sob forma líquida e pastosa. Nesse estudo foram
utilizados 36 ratos Wistar machos. O incisivo superior direito de cada animal foi
luxado, extraído deixado em gaze estéril sobre a bancada, e após 2 horas sofreu
pulpectomia. Os animais foram divididos em três grupos. Os do grupo 1- tiveram
os dentes reimplantados sem curativo intracanal; os do grupo 2- tiveram seus
canais preenchidos com Otosporin® e reimplantados; os do grupo 3- tiveram seus
canais preenchidos com Betnovate N e da mesma forma foram reimplantados.
Após o tempo experimental de 10 e 60 dias os animais foram mortos, e os
espécimes preparados para análise histológica qualitativa, que levou em
consideração o infiltrado inflamatório e a presença de reabsorção e anquilose.
Com base sultados os autores concluíram que a ausência do curativo intracanal
resultou em intensa reabsorção radicular; o emprego do Otosporin® mostrou-se
efetivo na redução da reabsorção radicular; a forma pastosa dos medicamentos
apresentou melhores resultados do que a forma líquida.
Holland et al. (1998a) avaliaram in vitro o poder de difusão na dentina de
três associações de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®, Ofticor e Maxitrol).
Foram utilizados 60 dentes humanos unirradiculares extraídos. Foram preparadas
cavidades nas faces vestibulares de dimensões padronizadas, no terço cervical
da raiz dos dentes, nas quais previamente se aplicou ou não EDTA, por 3 min. A
seguir as cavidades receberam as associações medicamentosas estudadas,
marcadas com azul de metileno 2% por 5 min. Decorrido esse tempo, as
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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cavidades foram lavadas e o excesso dos medicamentos removidos. Os dentes
foram seccionados ao meio, fotografados, as áreas de infiltração foram
dimensionadas em papel e os dados obtidos foram submetidos à análise
estatística. Baseados nos resultados, os autores concluíram que o produto que
exibiu maior poder de penetração na dentina foi o Otosporin®; o Maxitrol e o
Ofticor exibiram poder de difusão semelhante; o emprego de EDTA aumentou
significativamente a penetração dos medicamentos na dentina.
Torabinejad et al. (1998) realizaram estudo in vivo para examinar a reação
tecidual a implante de MTA, amálgama, IRM e super EBA, em tíbias e mandíbulas
de cobaias. Tubos de teflon foram obturados com os materiais de teste e
implantados em cavidades padronizadas, realizadas nas tíbias dos animais. Dez
dias mais tarde, tubos de teflon obturados com os mesmos materiais também
foram implantados em cavidades preparadas na mandíbula dos mesmos animais.
Após 80 dias os animais foram mortos, e os tecidos preparados para o exame
histopatológico. Foi observada a presença de inflamação, tipo de célula
predominante e a espessura do tecido conjuntivo fibroso adjacente a cada
implante. Os resultados mostraram que a reação tecidual ao implante com MTA
em ambos os locais foi a mais favorável, por se mostrar livre de inflamação. Na
tíbia o MTA foi o material mais freqüentemente observado, com aposição óssea
direta. Portanto, baseados nesses resultados os autores puderam concluir que o
MTA possui características de material biocompatível.
Holland et al. (1998b) realizaram estudo in vivo em 60 dentes de cães para
avaliar o comportamento dos tecidos periapicais após biopulpectomia e curativos
com hidróxido de cálcio em água destilada, ou uma associação de corticosteróide-
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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antibiótico (Otosporin®), antes da obturação do canal com dois cimentos
diferentes, OZE e o Sealapex. Os dentes foram sobreinstrumentados, e curativos
foram colocados por 7 dias antes da obturação do canal radicular. Esse
procedimento foi realizado com base em estudos que relatam que o não uso de
um curativo biocompatível ou outro tipo de curativo pode causar injúria ao coto
pulpar, ou aos tecidos periapicais. Os animais foram mortos 180 dias após o
tratamento, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os
resultados encontrados pelos autores mostraram que, quando o forame apical
principal foi obturado com Sealapex, independentemente do curativo utilizado,
apresentou um maior número de casos com selamento biológico do que quando
obturados com OZE, e que os melhores resultados apresentados com OZE
ocorreram nos casos em que o curativo de hidróxido de cálcio foi utilizado. Além
disso, quando o cimento obturador foi o Sealapex, houve maior incidência de
selamento biológico dos canais acessórios quando o Otosporin® foi utilizado como
curativo. Portanto, os dados desse trabalho apontam para a importância do uso
de um curativo na organização de um novo coto pulpar, em casos de
sobreinstrumentação, e conseqüentemente para que haja melhor performance do
hidróxido de cálcio contido no cimento obturador de canal.
Koh et al. (1998) avaliaram in vitro a citomorfologia de osteoblastos na
presença de MTA e examinaram a produção de citocina, com o propósito de
descobrir a razão pela qual a cementogênese parece ser induzida pelo MTA.
Foram colocados em placas de Petri distintas, semeados com osteoblastos MTA
e IRM. Após 7 dias ao exame com MEV foi possível observar células saudáveis
em contato com o MTA, as quais, em contraste com as células em contato com o
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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IRM, pareciam estar arredondadas. Para avaliação da produção de citosina, as
células foram cultivadas sozinhas e em outras placas contendo materiais de teste,
por 1 a 144 horas. Por meio do teste de ELISA foram observados níveis
aumentados para todas as interleucinas, em todos os períodos, quando as células
foram cultivadas na presença do MTA. Por outro lado, as células cultivadas
sozinhas ou com o IRM produziram quantias indetectáveis. Os autores concluíram
que o MTA parece oferecer um substrato biologicamente ativo para células
ósseas e estimular a produção de interleucinas.
Holland et al. (1998c) analisaram in vivo o efeito do material obturador de
canal radicular e o nível de injúria cirúrgica sobre a cicatrização periodontal em
dentes de cães. Foram utilizados 24 canais radiculares de dentes de dois cães
com aproximadamente 1 ano e meio de idade. Os canais foram instrumentados e
obturados, pela técnica de condensação lateral, com dois tipos de cimentos
obturadores: Sealapex e OZE, em uma única sessão. Na segunda sessão, o
tecido ósseo foi exposto, e uma cavidade foi feita no terço apical da raiz e outra
na borda entre os terços coronais e médios, ambos penetrando no canal radicular.
Seis meses mais tarde os animais foram mortos, e os espécimes preparados para
análise histopatológica. O estudo demonstrou resultados significativamente
melhores nas injúrias feitas nos terços coronários e médios, e foram observados
melhores resultados com o uso do Sealapex do que com o cimento de OZE.
Assim, os autores concluíram que o tipo de material obturador e o nível da injúria
periodontal expondo o canal radicular pode influenciar o processo de cicatrização
(p<0,01).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Delben (1998) avaliou in vivo, microscopicamente, a resposta do complexo
dentino-pulpar humano à aplicação de cimentos forradores à base de ionômero
de vidro (XR-Ionomer), hidróxido de cálcio (Dycal) e OZE, precedidos ou não do
emprego de solução à base de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Foram
utilizados 96 primeiros pré-molares superiores e inferiores com indicação
ortodôntica para extração, que se apresentavam hígidos, de pacientes com idade
entre 10 e 13 anos. Foram confeccionadas cavidades de classe I profundas, as
quais foram forradas com os cimentos XR-Ionomer, Dycal e OZE, e em metade
da amostra, antes da inserção dos cimentos, foi aplicada a solução de Otosporin®
por 5 minutos. As cavidades foram restauradas com amálgama. Decorridos os
períodos experimentais de 2, 7, 15 e 30 dias, os dentes foram extraídos e
processados para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que OZE
foi mais irritante do que XR-Ionomer e Dycal. Com a utilização prévia do
Otosporin® verificou-se a presença de células inflamatórias mononucleares,
enquanto, sem o uso prévio desse medicamento, notou-se um infiltrado de
polimorfonucleares neutrófilos. Exceção foi observada para a Dycal, não havendo
diferença na reação inflamatória com ou sem aplicação do Otosporin®. Com base
nos resultados foi possível ao autor concluir que o Dycal foi o material que
apresentou melhores resultados para o complexo dentino-pulpar, e o Otosporin®
reduziu a inflamação inicial com o emprego de XR-Ionomer e OZE.
Shabahang et al. (1999), em um estudo in vivo, compararam a eficácia da
proteína-1 osteogênica e MTA com aquela do hidróxido de cálcio, na formação de
tecido duro em raízes com ápices incompletos de cães. Foram utilizados nesse
estudo 64 raízes de pré-molares de cães da raça Beagle com 6 meses de idade.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Os dentes foram abertos, as polpas removidas e os canais expostos à flora oral
por 14 dias, para que houvesse contaminação e ocorresse a formação de lesões
periapicais, comprovadas radiograficamente. Após esse período as câmaras
pulpares foram seladas com Cavit por mais 14 dias. Então, os canais dos dentes
foram instrumentados e modelados com instrumentos rotatórios de níquel titânio,
e preenchidos com hidróxido de cálcio por 1 semana. Os dentes foram então
divididos aleatoriamente em quatro grupos, com oito elementos cada, obturados
com cada material estudado. Todos os grupos tiveram suas cavidades de acesso
seladas com MTA. Os animais foram mortos 12 semanas após, e as peças
removidas e preparadas para análise histopatológica, que avaliou o grau de
formação de tecido duro e a quantidade de inflamação. Os resultados dessa
análise mostraram que o MTA produziu uma formação de tecido duro apical
quantitativamente superior ao hidróxido de cálcio e semelhante à proteína-1
osteogênica, porém a análise estatística feita pelo teste ANOVA, X² e KruscalWallis, não mostrou diferença significativa. Assim sendo, os autores concluíram
que o emprego do MTA pode ser uma alternativa à terapia convencional de longo
prazo com o uso de hidróxido de cálcio.
Holland et al. (1999a), em estudo in vivo, observaram a reação do tecido
conjuntivo subcutâneo de 40 ratos a tubos de dentina implantados após obturação
com MTA, hidróxido de cálcio. Os espécimes não descalcificados foram
preparados para análise histológica com luz polarizada e técnica de Von Kossa
para tecidos mineralizados. Observou-se que junto às aberturas dos tubos de
dentina havia granulações Von Kossa positivas birrefringentes à luz polarizada e
também uma ponte de tecido irregular. No interior dos tubos, junto às paredes de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 91 -
dentina, foi possível observar também uma camada, em diferentes profundidades,
de estrutura altamente birrefringente à luz polarizada, que, de acordo com Holland
(1971), são cristais de calcita provenientes da reação do cálcio, presente no
hidróxido de cálcio, com o gás carbônico do tecido pulpar. Isso sugere que o
hidróxido de cálcio atua sobre o tecido subcutâneo da mesma forma que na
polpa. A deposição dos cristais de calcita dentro dos túbulos dentinários pode
acarretar uma menor permeabilidade dentinária. Nesse estudo, os autores
concluíram que os mecanismos de ação dos materiais estudados parecem ser
similares entre si. Porém, perguntam-se como isso pode ocorrer se o MTA não
tem hidróxido de cálcio na sua fórmula. Consideram que o MTA, por conter óxido
de cálcio, poderia reagir com os fluidos teciduais para formar o hidróxido de
cálcio.
Holland et al. (1999b), em um estudo in vivo em dentes de cães,
observaram a reação dos tecidos apicais após instrumentação e obturação dos
canais radiculares, pela técnica de condensação lateral com MTA, e um CIV
(Ketac-Endo). Os resultados da análise histológica, 6 meses após o tratamento,
não mostraram reação inflamatória do tecido apical, exibindo selamento biológico
do forame apical para todos os dentes obturados com o MTA. Os dentes
obturados com o Ketac-Endo mostraram dois casos de selamento biológico
parcial e diferentes intensidades de reação inflamatória crônica. Assim, os autores
concluíram que ambos os materiais estudados são biocompatíveis, mas o MTA
exibiu propriedades biológicas melhores. Os resultados sugerem que o MTA
possui algumas das propriedades biológicas que o recomendam como material
para a obturação de canais radiculares. Contudo, esse produto precisa ser
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 92 -
modificado em algumas de suas propriedades físicas para facilitar seu uso como
material obturador de canal.
Estrela et al. (2000), em um estudo in vitro, investigaram a ação
antimicrobiana de MTA, CP e pasta de hidróxido de cálcio em solução salina,
Sealapex e Dycal, além de analisar os elementos químicos do MTA e de duas
amostras de CP. Esse estudo foi realizado devido ao fato de que produtos
contendo hidróxido de cálcio na sua formulação possam ter um mecanismo de
ação semelhante. Para tanto, foram utilizadas quatro cepas bacterianas padrão:
Staphylococcus aureus (ATCC6538), Enterococcus (ATCC2912), Pseudomonas
aeruginosa (ATCC27853), Bacillus subtilis (ATCC6633), um fungo selvagem,
Cândida albicans (ICB/USP-562), e uma mistura desses. Trinta placas de Petri
com 20 mL de ágar BHI foram inoculadas com 0,1 mL das suspensões
experimentais. Em cada placa de ágar foram feitas três cavidades usando-se uma
bala de cobre, cada uma mensurando 4 mm de profundidade e 4 mm de diâmetro.
Tais cavidades foram então completamente preenchidas com os produtos
testados. As placas foram pré-incubadas por 1 hora, à temperatura ambiente, e
então incubadas por 48 horas a 37º C, quando então os diâmetros das zonas de
inibição microbiana foram mensuradas. Amostras de lados de difusão e inibição
foram extraídas e imersas em 7 mL de caldo BHI e incubadas por 48 horas a 37º
C. As análises dos elementos químicos presentes no MTA e nas duas amostras
de CP foram realizadas por um espectômetro de raios-X fluorescente. Os
resultados dos testes mostraram que a atividade antimicrobiana da pasta de
hidróxido de cálcio foi superior a todas as outras substâncias testadas, mostrando
zonas de inibição que variaram entre 6 e 9,5 mm, e zonas de difusão que
variaram entre 10 e 18 mm. MTA, CP e Sealapex apresentaram somente zonas
de difusão, sendo que o Sealapex apresentou a maior zona. O Dycal não
apresentou halos de inibição, nem de difusão. Os CPs contêm os mesmos
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 93 -
elementos químicos que o MTA, com a exceção de que MTA também contém, na
sua fórmula, o bismuto. Os autores sugeriram que mais estudos comparativos do
MTA, do CP e do hidróxido de cálcio sejam realizados, por causa das
similaridades entre os mecanismos de ação de hidróxido de cálcio e MTA, e a
presença dos mesmos elementos químicos no MTA e no CP.
Holland et al. (2000a) avaliaram in vivo o comportamento biológico dos
tecidos apicais e periapicais de dentes de cães com canais obturados com o
cimento experimental Sealer Plus, após biopulpectomia. Foram empregadas 24
raízes de um cão adulto jovem, sem raça definida. Após o preparo biomecânico,
os canais foram preenchidos com uma associação de corticosteróide-antibiótico
(Otosporin®), objetivando a neoformação do coto pulpar junto ao novo canal
cementário, criada com o arrombamento da barreira apical. O curativo foi mantido
em posição com o auxílio de cones de papel, por 7 dias. Decorrido esse período,
o curativo foi removido e os canais obturados com cones de guta percha e com os
cimentos Sealer Plus ou Fill Canal. Após 180 dias os animais foram mortos, e os
espécimes processados para análise histopatológica. Com base nos resultados,
os autores concluíram que o cimento Sealer Plus exibiu melhores propriedades
biológicas que o Fill Canal, caracterizadas pela ocorrência de selamento biológico
e menor reação inflamatória periapical.
Holland et al. (2000b) avaliaram in vivo o comportamento do coto pulpar e
dos tecidos periapicais de dentes de cães frente a obturações endodônticas
realizadas com OZE ou Sealapex, as quais foram expostas ou não ao meio oral
por um tempo determinado. Foram utilizados 56 canais de dentes de dois cães
machos, com 2 anos de idade e raça indefinida. Os canais foram preparados
biomecanicamente, imediatamente obturados com os cimentos estudados e
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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cones de guta percha, realizando-se a condensação lateral e vertical. As
aberturas coronárias foram seladas com 6 mm de OZE, com consistência dura.
Após 15 dias, as restaurações coronárias foram removidas em metade dos
espécimes até que a massa de guta percha ficasse exposta, mantendo-se assim
até o final do experimento. Na outra metade, sob isolamento absoluto, foram
retirados 4 mm do cimento temporário, para em seguida colocar duas camadas de
verniz cavitário, condensando-se amálgama na cavidade. Dessa forma foram
obtidos quatro grupos com 14 raízes cada um: a) OZE com abertura coronária
selada; b) OZE com abertura coronária aberta; c) Sealapex com abertura
coronária selada; d) Sealapex com abertura coronária aberta. Após 60 dias desse
passo, ou 75 dias após a obturação dos canais, os cães foram mortos, e as peças
preparadas para análise histopatológica. Os resultados mostraram que, depois
desse período, na maioria dos casos em que a obturação com guta percha e OZE
ficou exposta ao meio oral, observou-se inflamação crônica de intensidade
variável nos tecidos periapicais, relacionada com a contaminação do canal. Nos
outros três grupos (selado e com OZE, selado e com Sealapex, e Sealapex
exposto), esses tecidos se encontravam dentro de parâmetros normais.
Embasados nos resultados, os autores concluíram que a exposição aos fluídos
orais das obturações endodônticas pode contaminar o sistema de canais, fato
influenciado pelo tipo de cimento endodôntico.
Keiser, Johnson e Tipton (2000) investigaram in vitro a citotoxidade do MTA
em comparação com Super EBA e Amálgama, usando fibroblastos do ligamento
periodontal humano por meio de um ensaio de viabilidade celular para a atividade
de dehidrogenase mitocondrial nos fibroblastos, após 24 horas de exposição a
concentrações variáveis dos materiais teste, tanto na sua forma fresca quanto
após seu endurecimento. O metil-metacrilato 2% (Vol./Vol.) serviu como controle
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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positivo, e o meio de cultura completo como controle negativo. No estado fresco,
a seqüência de toxidade foi amálgama > Super EBA > MTA. No estado
endurecido, após 24 horas, a seqüência de citotoxidade a uma concentração
baixa do estrato foi super EBA > MTA > Amálgama, enquanto numa concentração
de extrato mais alta foi super EBA > amálgama > MTA. Os autores concluíram
que o MTA pode ser usado na região apical das raízes como material
retrobturador.
Valera et al. (2000) analisaram in vitro a morfologia das partículas dos
cimentos à base de hidróxido de cálcio (Sealapex, Apexit e Sealer 26) e do
cimento à base de ionômero de vidro (Ketac-Endo), por meio da microscopia de
força atômica, para verificar as características de suas partículas após obturação
dos canais e após um período de 6 meses de contato com o plasma sangüíneo
humano. Foram utilizados 16 dentes unirradiculares humanos extraídos, que
foram divididos em quatro grupos. Após o preparo biomecânico, os dentes foram
incluídos em blocos de resina, e procedeu-se à obturação dos canais com os
cimentos testados. As amostras foram levadas para análise no microscópio de
força atômica, e em seguida as raízes foram imersas individualmente em plasma
sangüíneo humano, trocado semanalmente ou a cada 15 dias. Decorridos 6
meses, as raízes foram retiradas do plasma e analisadas. Os resultados
demonstraram que o cimento Apexit foi o que mais sofreu desintegração, seguido
por Ketac Endo e Sealapex. Sealer 26 mostrou-se mais uniforme e com menor
desintegração. Dessa forma, os autores concluíram que: o contato com o plasma
sangüíneo humano provocou alterações na estrutura dos cimentos; de todos os
cimentos estudados o Apexit apresentou maior perda de estrutura, seguido por
Ketac Endo e Sealapex; Sealer 26 apresentou desintegração mínima após 6
meses de contato com plasma sangüíneo humano.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 96 -
Safavi e Nakayama (2000) avaliaram in vivo a extensão de dissociação do
hidróxido de cálcio em dois veículos não aquosos (glicerina e propilenoglicol)
usados com finalidade endodôntica. O estudo se justifica porque os efeitos
antimicrobianos das preparações aquosas de hidróxido de cálcio foram
demonstrados no passado. O hidróxido de cálcio, quando dissolvido em água,
dissocia-se em hidroxila e cálcio. A presença dos íons hidroxila na solução torna-a
antimicrobiana. Recentemente foi demonstrado que o uso da glicerina como
veículo facilita a colocação do hidróxido de cálcio nos canais radiculares. A
influência de um veículo não aquoso na dissociação do hidróxido de cálcio não é
conhecida claramente. Nesse estudo, a condutividade das soluções aquosas e
não aquosas de hidróxido de cálcio foram mensuradas. Misturas (25 mL) de
glicerina ou propilenoglicol com água ultra pura foram preparadas em tubos
cônicos de centrífuga de 50mL, por meio de consecutivas diluições (0-100%). O
hidróxido de cálcio foi adicionado às soluções (0,3 g) e as soluções saturadas
foram preparadas por meio da movimentação dos tubos. O hidróxido de cálcio
não dissolvido foi então separado pela centrifugação (3.000 rpm; 10 minutos). Um
metro de condutividade foi calibrado usando-se uma condutividade padrão, e a
condutividade dos líquidos foi mensurada a 23°C, 30 °C, e 37°C. Como controle, a
condutividade das soluções sem hidróxido de cálcio foi medida. Os valores de
condutividade para soluções saturadas de hidróxido de cálcio em água foi de 7,3
± 3 mS/cm. A condutividade do hidróxido de cálcio em glicerina pura ou com
propilenoglicol foi praticamente zero. Tendo em vista esses achados e
considerando os resultados da experiência, os autores concluíram que o uso de
altas concentrações de glicerina ou propilenoglicol como veículos pode diminuir a
efetividade do hidróxido de cálcio como curativo intracanal.
Otoboni Filho (2000) estudou in vivo o processo de reparo de dentes de
cães com lesão periapical, obtido experimentalmente, após o tratamento
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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endodôntico em uma ou duas sessões, tendo como variáveis o tempo de ação do
curativo de demora e o tipo de cimento obturador. Como curativo de demora foi
utilizada a pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, por 7 e 14 dias, e como
materiais obturadores Sealapex e Sealer 26 modificado. Foram utilizados dentes
de seis cães com lesões periapicais crônicas, provocadas experimentalmente e
comprovadas radiograficamente. Os dentes foram preparados biomecanicamente,
e após esse procedimento 32 raízes foram obturadas de imediato com os
cimentos estudados. As demais 64 raízes receberam o curativo de demora à base
de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, de acordo com os tempos
experimentais, antes da obturação com os referidos cimentos. Doze raízes não
foram tratadas e serviram como grupo controle. Após 6 meses os cães foram
mortos, e os espécimes processados para análise histopatológica. De posse dos
resultados foi possível ao autor concluir que o tratamento em duas sessões foi
superior ao realizado em sessão única, assim como o curativo de hidróxido de
cálcio em propilenoglicol por 14 dias foi mais eficiente do que por 7 dias. Além
disso, verificou que o cimento Sealapex proporcionou melhores resultados do que
o cimento Sealer 26 modificado.
Holland et al. (2001a) observaram in vivo a reação do tecido subcutâneo de
ratos a tubos de dentina, preenchidos com MTA, CP ou hidróxido de cálcio, com a
finalidade de observar se as estruturas calcificadas relatadas anteriormente, com
hidróxido de cálcio, também ocorrem com MTA e CP. Tubos de dentina humana
foram preenchidos com MTA, CP ou hidróxido de cálcio, todos em água destilada,
e imediatamente implantados em tecidos subcutâneos na região dorsal de 30
ratos. Amostras não descalcificadas foram preparadas para análise histológica
com luz polarizada, pela técnica de Von Kossa para tecidos mineralizados. Os
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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autores observaram resultados similares para os materiais estudados. Na
abertura dos tubos havia grânulos Von Kossa positivos, que eram birrefringentes
à luz polarizada. Próximo a essas granulações havia um tecido como uma ponte,
que era Von Kossa positivo. As paredes de dentina dos tubos exibiram uma
estrutura altamente birrefringente à luz polarizada, no interior dos tubos, formando
uma camada em diferentes profundidades. Diante do observado é possível que os
mecanismos de ação dos materiais estudados sejam semelhantes.
Duarte et al. (2001) avaliaram in vitro a capacidade antimicrobiana dos
cimentos endodônticos Sealer 26, Sealapex, Apexit, AH Plus e Sealer Plus. O
método de escolha para avaliação antimicrobiana das substâncias em estudo foi a
difusão do agente de forma radial no ágar de cultura. As bactérias utilizadas para
a avaliação foram: Staphylococcus aureus (S. aureus ATCC
Enterococcus faecalis (E. faecalis ATCC
aeruginoza ATCC
#
#
#
25923);
29212); Pseudomonas aeruginosa (P.
27853); Bacillus subitilis e a Cândida albicans (ATCC
#
10231). Em seguida os cimentos foram manipulados e inseridos com seringa tipo
Luer Look em escavações no agar. Depois de 2 horas em temperatura ambiente
(pré-incubação), as placas foram levadas à estufa a 37º C, por 24 horas. Após
este período realizou-se a evidenciação da formação de halo de inibição ou não.
Os resultados mostraram que AH Plus inibiu o crescimento de quatro
microrganismos dos cinco testados; Sealapex, três; e Sealer 26, dois. Apexit e
Sealer Plus não apresentaram ação antimicrobiana. Diante do exposto os autores
concluíram que AH Plus foi o que apresentou melhor ação antimicrobiana,
seguido de Sealapex e Sealer 26; que Apexit e Sealer Plus não inibiram os
microrganismos testados; que a realização da pré-incubação é condição essencial
para esse tipo de teste.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Holland et al. (2001b), avaliaram in vitro se os cimentos à base de hidróxido
de cálcio alcalinizam o meio ambiente ao redor do ápice, bem como o interior do
canal radicular. Para tanto, 48 dentes humanos unirradiculares extraídos foram
preparados biomecanicamente e impermeabilizados com Araldite, com exceção
da abertura coronária e do forame apical. A seguir, os canais foram obturados
com pasta de hidróxido de cálcio quimicamente puro em água destilada,
Sealapex, Apexit, CRCS, Sealer 26, e um grupo com canais vazios foi tomado
como controle. As aberturas coronárias foram seladas. Os espécimes foram
mergulhados em frascos contendo 20 mL de água destilada, e o pH da água foi
avaliado de 0 a 30 dias. Isso feito, os dentes foram partidos ao meio e
mergulhados em nova água destilada, sendo o pH novamente avaliado no tempo
de 0 a 30 dias. Os resultados encontrados mostraram que os cimentos estudados
determinaram, por meio do forame apical, pH ao redor de 8, fato também
observado com a pasta de hidróxido de cálcio. Por outro lado, quando os dentes
foram partidos ao meio, apenas o Sealapex exibiu pH (12,3) próximo ao da pasta
de hidróxido de cálcio (pH 12,65). Assim, pareceu lícito aos autores concluírem
que, dentre os quatro cimentos obturadores estudados, aquele que determinou o
pH mais alto no sistema de canal radicular foi Sealapex, cujo pH foi o que mais se
aproximou do hidróxido de cálcio quimicamente puro. Concluíram também que
Sealapex seria o cimento obturador mais indicado, por determinar pH mais
elevado, fundamentalmente por sua maior solubilidade.
Holland et al. (2001c) intencionalmente perfuraram lateralmente, in vivo, 48
raízes de dentes de quatro cães jovens, sem raça definida, a fim de verificar seu
reparo com o uso do MTA, e o emprego de cimento de hidróxido de cálcio
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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(Sealapex) serviu ,como controle. Os dentes dos cães foram instrumentados e
obturados, e após a remoção parcial da obturação uma perfuração intencional foi
feita com uma broca Long Neck (LN) na borda, entre os terços coronário e médio
da raiz. Após o controle da hemorragia, as perfurações foram imediatamente
seladas com MTA ou Sealapex. Os animais foram mortos 30 e 180 dias após o
tratamento e as peças preparadas para exame histopatológico. Os resultados
mostraram uma deposição de cemento sobre o MTA, enquanto, com Sealapex
houve uma pequena deposição de cemento sobre esse material em somente três
casos. O tecido protegido com o MTA não mostrou processo inflamatório,
enquanto com o emprego do Sealapex ocorreu a presença de processo
infamatório crônico em todos os espécimes. Com esses dados em mãos, os
autores concluíram que os melhores resultados exibidos pelo MTA apóiam o seu
uso para casos de reparação de perfuração radicular. Também concluíram que
outros estudos são necessários para se analisar o comportamento desse material
em perfurações contaminadas e não contaminadas, e que os procedimentos
clínicos para controle do nível de obturação devem ser mais bem investigados.
Com o intuito de efetuar estudo comparativo entre MTA e CP, Holland et al.
(2001d) analisaram in vivo o comportamento da polpa dental de cães após
pulpotomia e capeamento pulpar direto com esses materiais. O estudo foi
realizado em 26 raízes de dentes de um cão jovem, sem raça definida. Assim,
após a realização da pulpotomia as polpas foram protegidas com MTA ou CP. O
animal foi morto 60 dias após o tratamento, sendo as peças removidas e
preparadas para análise histopatológica. Os resultados mostraram que houve
formação de ponte de tecido duro tubular em quase todos os espécimes. Para os
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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outros critérios analisados os resultados obtidos também foram semelhantes, o
que levou os autores a concluírem que MTA e CP possibilitam a obtenção de
resultados semelhantes, a despeito do fato de que MTA possui óxido de bismuto
na sua formulação.
Faraco Júnior e Holland (2001), em estudo in vivo de 30 dentes de três
cães, compararam a resposta pulpar após o capeamento feito com MTA ou um
cimento de hidróxido de cálcio (Dycal). Sessenta dias após o tratamento, os
animais foram mortos, e os segmentos da mandíbula e maxila descalcificados
para análise histopatológica. Os resultados mostraram que, com o uso de Dycal, a
formação de pontes de tecido duro completas foram observadas em somente
cinco dentes, enquanto com MTA essas foram observadas em todos os
espécimes. Além disso, reação inflamatória crônica em níveis variáveis de
intensidade e extensão ocorreu em 12 espécimes quando o cimento de hidróxido
de cálcio foi usado, enquanto nenhum infiltrado inflamatório ou microorganismos
foram vistos nos espécimes tratados com MTA. Os autores concluíram que o MTA
é superior ao cimento de hidróxido de cálcio, nos procedimentos de capeamento
pulpar. Ainda comentaram que isso se deve ao fato de as propriedades do MTA
serem semelhantes às do hidróxido de cálcio, além de promover um selamento
que impede a penetração de bactérias.
Koh et al. (2001) relataram dois casos clínicos distintos com o propósito de
apresentação do uso do MTA ao invés do hidróxido de cálcio como material de
capeamento pulpar, no tratamento profilático de dens invaginatus. Realizaram
pulpotomia parcial e recobriram o remanescente pulpar com MTA. Após 6 meses,
por
motivo
ortognático
os
dentes
foram
extraídos
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
e
processados
Revisão da Literatura
histopatologicamente.
- 102 -
Mostraram
uma
formação
de
ponte
de
dentina
aparentemente contínua sobre o MTA, e as polpas estavam livres de inflamação.
Portanto os autores concluíram que o MTA pode ser usado como um material de
pulpotomia no tratamento profilático de dens invaginatus como alternativa aos
materiais existentes, tais como o hidróxido de cálcio.
Holland et al. (2001e) analisaram in vivo o processo de reparo dos tecidos
periapicais de dentes de cães após pulpectomia e obturação dos canais com MTA
ou CP. Para realizar esse estudo utilizaram dez pré-molares, num total de 20
raízes, divididas em dois grupos, com dez raízes cada. Noventa dias depois da
obturação o animal foi morto, e os espécimes preparados para análise
histopatológica. Os resultados obtidos foram semelhantes para os dois cimentos,
tendo ocorrido selamento biológico completo e ausência de inflamação na maioria
dos casos. Foi possível aos autores concluírem que: 1) a reparação dos tecidos
periapicais dos dentes de cães foi semelhante com os dois cimentos estudados,
quando empregados na obturação dos canais radiculares; 2) o reparo observado
com os dois cimentos estudados foi caracterizado fundamentalmente pela
ocorrência de selamento biológico completo por cemento neoformado, e também
pela ausência de processo inflamatório no ligamento periodontal.
Moro et al. (2002) compararam in vivo os resultados obtidos após
reimplantes experimentais de dentes de cães, que receberam ou não uma
medicação intracanal de hidróxido de cálcio em soro fisiológico e calcitonina,
empregados isoladamente ou associados, antes da obturação dos canais
radiculares com o cimento Sealapex. Foram utilizados 32 incisivos superiores e
inferiores de oito cães adultos, cujos dentes foram cuidadosamente extraídos e
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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mantidos fora do alvéolo por 10 min e então reimplantados e contidos com fios de
aço e resina fotopolimerizável. Após 7 dias, os dentes foram preparados
biomecanicamente, e o smear layer removido com EDTA por 3 min. A seguir os
dentes foram divididos em cinco grupos. Grupo I- curativo de calcitonina; grupo IIcurativo de hidróxido de cálcio em soro fisiológico. Grupo III- curativo de
calcitonina e hidróxido de cálcio; grupo IV- obturações dos canais com Sealapex;
grupo V (controle)- canais vazios e selamento coronário. Decorridos 7 dias as
contenções foram removidas, e nos grupos I, II e III os curativos foram renovados
por mais 10 dias. Somente após esse período os grupos I, II e III tiveram os
canais obturados com Sealapex e cones de guta percha. Após 6 meses os cães
foram mortos e os espécimes processados para análise histopatológica. A análise
demonstrou resultados similares nos quatro grupos experimentais, com áreas de
reabsorção de pequena extensão e profundidade, reparadas com cimento
neoformado. Esses eventos foram ligeiramente mais pronunciados no âmbito do
terço cervical, e mais discretos, ou mesmo ausentes, nos terços médio e apical.
Porém, no grupo controle foram observadas reabsorções radiculares apicais
ativas e presença de bactérias. Baseados nos resultados, os autores concluíram
que a utilização de substâncias que interfiram nos mecanismos da reabsorção de
estruturas mineralizadas é importante para que as inevitáveis reabsorções iniciais,
que ocorrem em conseqüência das lesões no ligamento periodontal, não evoluam
e possam ser reparadas.
Holland et al. (2002c) estudaram in vivo a reação do tecido conjuntivo
subcutâneo de rato ao implante de tubos de dentina humana obturados com MTA
branco. Os tubos foram implantados em dez ratos, que foram mortos 7 e 30 dias
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 104 -
após o implante. As peças não descalcificadas foram preparadas e analisadas
histologicamente pela técnica de Von Kossa, com luz polarizada. Os resultados,
analisados após 7 e 30 dias, foram os mesmos, sendo que foi possível observar,
próximo às aberturas dos tubos e geralmente em contato com o material de
obturação, numerosas granulações birrefringentes à luz polarizada, Von Kossa
positivas. Próximas a essas granulações havia áreas extensas de tecido irregular
Von Kossa positivo, além de uma estrutura altamente birrefringente, observada no
interior dos túbulos dentinários. Os autores concluíram que o mecanismo de ação
do MTA branco é muito semelhante ao daquele relatado anteriormente para o
MTA cinza (HOLLAND et al., 1999a; 2001a).
Tanomaru Filho, Faleiros e Tanomaru (2002) avaliaram in vitro a
capacidade seladora do Sealapex associado ao OZ, do CIV, do compômero, e de
dois tipos de materiais à base de MTA, quando empregados no selamento de
perfurações
radiculares
laterais.
Foram
utilizados
50
dentes
humanos
unirradiculares extraídos, que tiveram seus canais radiculares instrumentados e
obturados com cimento de OZE. Em seguida, foi confeccionada uma cavidade na
face distal da raiz, simulando uma perfuração radicular. Os dentes foram
separados aleatoriamente em 5 grupos de dez dentes cada, que tiveram suas
cavidades preenchidas com os seguintes materiais: Grupo 1- Sealapex + OZ;
Grupo 2- Compômero (Dyract AP); Grupo 3- CIV (Vitremer); Grupo 4- ProRoot
MTA; e Grupo 5- MTA-Ângelus. Logo após o preenchimento das cavidades, as
raízes foram imersas em solução de azul de metileno 2% por 48 horas, em
ambiente com vácuo, e após esse período a infiltração marginal foi analisada por
meio de escores. De acordo com a metodologia empregada e os resultados
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 105 -
obtidos, foi possível aos autores concluírem que os materiais avaliados (Sealapex
+ OZ; Vitremer; Dyract AP; ProRoot MTA e MTA-Ângelus) apresentaram
capacidade seladora satisfatória, com infiltração média menor que a porção média
da cavidade; a capacidade seladora dos materiais estudados foi semelhante
(p>0,05).
Holland et al. (2002a) realizaram trabalho com o objetivo de apresentar, por
meio de uma revisão da literatura, o MTA, quanto a composição, mecanismo de
ação, comportamento biológico e emprego clínico. Segundo os autores, o MTA
mostra excelentes resultados biológicos quando empregado diretamente sobre a
polpa dental, em obturações de canal e cirurgias parendodônticas. A resposta
tecidual usualmente é caracterizada por neoformação de tecido duro, depositado
em contato direto com o material e por ausência de infiltrado inflamatório. O
mecanismo de ação do MTA mostrou ser semelhante ao já descrito para o
hidróxido de cálcio. Vários trabalhos experimentais demonstraram também que
tanto a composição quanto o comportamento tecidual do MTA são semelhantes
ao do CP.
Huang et al. (2002) avaliaram in vitro a citotoxicidade de seis cimentos
obturadores de canais radiculares, N2, Endomethasone, AH 26, AH Plus, Canals
e Sealapex. A avaliação foi realizada pelo método de MTT assay, utilizando-se
duas diferentes culturas de células: células primárias de ligamento periodontal
humano (PDL) e células permanentes V79. Os cimentos foram manipulados de
acordo com as recomendações dos fabricantes e colocados em um molde de
vidro, em forma de cilindro, de 10 mm de comprimento e 3 mm de diâmetro, para
produzir amostras em forma cilíndrica, que logo foram colocadas em contato com
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 106 -
as células. Cada amostra de cimento foi realizada em triplicata, sendo uma para
cada tipo de célula e outra para controle. Os resultados demonstraram que todos
os cimentos testados apresentaram uma reação citotóxica moderada ou severa,
imediatamente após a presa. De acordo com o estudo, as células do PDL foram
mais sensíveis aos efeitos citotóxicos dos materiais, embora a diferença com as
células V79 não tenha sido estatisticamente significante. Os resultados mostraram
que a ordem decrescente dos cimentos, de acordo com a sua citotoxicidade, foi:
N2, Endomethasone, AH 26, AH Plus, Canals e Sealapex.
Holland et al. (2002b) implantaram, em tecido conjuntivo subcutâneo de 60
ratos, tubos de dentina humana obturados com cimentos à base de hidróxido de
cálcio (MTA, Sealapex, CRCS, Sealer 26 e um material de obturação
experimental – Sealer plus). Como grupo controle, tubos de dentina humana
vazios também foram implantados em dez ratos. Os animais foram mortos após 7
e 30 dias, e preparados para análise histopatológica. As peças não
descalcificadas foram analisadas com luz polarizada, após serem coradas de
acordo com a técnica de Von Kossa para cálcio. Os resultados mostraram que o
CRCS foi o único material que não exibiu nenhuma estrutura calcificada que fosse
Von Kossa positiva ou birrefringente, à luz polarizada. Por outro lado, o MTA e o
Sealapex apresentaram estruturas Von Kossa positivas maiores e mais extensas
que a dos demais cimentos. Foi admitida a hipótese de que isso possivelmente se
deva à solubilidade e à maneira de liberação dos íons cálcio desses materiais, e
de que o CRCS seja o cimento obturador com menor possibilidade de encorajar a
deposição de tecido duro.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 107 -
Regan, Gutmann e Witherspoon (2002), em um estudo in vivo, avaliaram
comparativamente o potencial de MTA e Diaket para promover a regeneração
tecidual periapical quando usados como materiais de obturação apical. Para
tanto, foram utilizados sete cães, que tiveram os canais radiculares dos prémolares mandibulares preparados biomecanicamente e obturados com Diaket. As
cavidades de acesso coronário foram restauradas com IRM. Posteriormente
realizou-se um acesso cirúrgico expondo o terço apical dessas raízes. Os ápices
foram removidos, e no final das raízes foram preparadas cavidades usando-se
pontas ultra-sônicas. Para promover uma hemostasia local utilizou-se a Collaplug.
Para se fazer a obturação final da raiz foram utilizados aleatoriamente o MTA e o
Diaket, preparados com consistência espessa. Os tecidos foram então
reposicionados e suturados. Após 60 dias os animais foram mortos, os dentes
removidos e processados para análise histopatológica com o auxílio de um
microscópio de luz. A avaliação dos resultados indicou que não houve diferenças
estatísticas entre as respostas regenerativas observadas nos tecidos para os dois
materiais de obturação do final da raiz. Os autores concluíram que tanto o Diaket
quanto o MTA podem auxiliar na regeneração quase completa do periodonto
perirradicular, quando usados como materiais de obturação apical, na cirurgia
perirradicular de dentes não infectados.
Tziafas et al. (2002) estudaram in vivo a resposta pulpar precoce e o início
da reparação dentinária, após o capeamento de polpas expostas de dentes
permanentes de cães, com MTA. Trinta e três dentes de trs cães, entre 12 e 18
meses de idade, tiveram suas polpas expostas mecanicamente via cavidade
classe V. O ProRoot MTA foi colocado no local da exposição, e leve pressão foi
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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aplicada com uma bolinha de algodão umedecida. As cavidades foram
restauradas com amálgama, e as reações do tecido pulpar foram avaliadas no
microscópio eletrônico após intervalos de reparo de 1, 2 ou 3 semanas. Os
resultados evidenciaram uma zona homogênea de estruturas cristalinas
inicialmente ao longo da interface polpa-MTA, enquanto células pulpares
mostrando mudanças no seu estado citológico e funcional estavam arranjadas ao
redor dos cristais. Deposição de tecido duro de formas osteotípicas foi encontrada
em todos os dentes, em contato direto com o material capeador e as estruturas
cristalinas associadas. Formação de dentina reparadora foi consistentemente
relacionada a uma zona firme de osteodentina. Os autores cocluíram que o MTA
é um material capeador pulpar efetivo, capaz de estimular a formação de uma
ponte de tecido duro durante o processo inicial de reparo pulpar.
Favinha et al. (2002) avaliaram in vivo a quantidade mínima de hidróxido de
cálcio que deve ser acrescentada a um cimento à base de resina plástica (OZ,
Urotropina e Salol), a fim de se obterem os melhores resultados biológicos. Foram
utilizados 49 canais de dentes de cães com vitalidade pulpar, os quais após o
preparo biomecânico e arrombamento da barreira apical receberam um curativo
de demora de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®), por 7 dias. Passado esse
período, o curativo foi removido, e os canais obturados com o cimento estudado,
acrescido ou não de hidróxido de cálcio, nas proporções de 10, 20, ou 30%. Para
o acréscimo do hidróxido de cálcio reduziu-se a quantidade de OZ nas mesmas
proporções. Após 6 meses os cães foram mortos, e os espécimes processados
para análise histopatológica. Observou-se que os melhores resultados ocorreram
com o cimento resinoso que continha 30% de hidróxido de cálcio, e resultado
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 109 -
semelhante foi observado para o cimento resinoso sem hidróxido de cálcio ou
acrescido de 10% dessa substância. Assim, os autores concluíram que, sob o
ponto de vista biológico, o acréscimo de maiores quantidades de hidróxido de
cálcio favorece o reparo; contudo, sugerem mais estudos para saber se o
acréscimo de maiores proporções de hidróxido de cálcio a um cimento não
interfere na qualidade do selamento marginal apical.
Cruz et al. (2002) avaliaram in vitro a penetração de propilenoglicol e água
destilada no interior dos túbulos dentinários, por meio do acréscimo do corante
Safranin O a essas substâncias. Foram utilizados dentes humanos extraídos,
preparados biomecanicamente com e sem camada artificial de smear layer. As
soluções foram introduzidas no interior dos canais. A difusão do corante foi
determinada espectrofotometricamente, e a extensão da penetração foi avaliada
usando-se o Adobe Photoshop e um software de imagens NIH. Os resultados
desse estudo demonstraram que a área e a profundidade da penetração do
corante com propilenoglicol foi significativamente maior do que com água
destilada (p<0,0001), e que a camada de smear layer impediu a penetração do
corante. Isso reforça a necessidade de se remover essa camada antes da
introdução dos medicamentos no interior dos canais radiculares. Os autores
concluíram que o propilenoglicol, embora viscoso quando comparado com água
destilada, tem uma tensão de superfície baixa, o que lhe confere vantagem de ser
capaz de penetrar os túbulos dentinários, o que não foi observado quando a água
destilada foi usada como veículo. Sendo assim, consideraram o propilenoglicol
um excelente veículo para medicação intracanal.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 110 -
Dezan Júnior et al. (2002) avaliaram in vitro a qualidade seladora do OZE,
com ou sem acetato de zinco, do Cavitec e do Coltosol, submetidos à influência
ou não de resíduos de diferentes formulações de hidróxido de cálcio associado ao
propilenoglicol, ou solução anestésica, ou pasta L&C, ou Calen com PMCC.
Foram utilizados 260 dentes humanos unirradiculares extraídos com um só canal,
que tiveram suas coroas e ápices seccionados de modo a se obter um espécime
de 8 mm de comprimento. Na porção coronária e na porção apical foi preparada
uma cavidade cilíndrica padronizada. A cavidade da porção apical foi selada com
uma camada de guta percha e Lumicon. A seguir os espécimes foram
completamente envolvidos com Araldite, exceção feita à abertura coronária. Na
seqüência, os dentes receberam no interior das cavidades uma das formulações
de hidróxido de cálcio por 5 min, a qual após esse período foi removida com o
auxílio de curetas e bolinha de algodão, e então as cavidades foram preenchidas
com os quatro cimentos estudados, formando 24 grupos experimentais com dez
espécimes cada um. Todos os espécimes, após o selamento, foram mergulhados
em saliva artificial e mantidos em estufa a 37º, por 7 dias, submetidos à ciclagem
térmica. Decorrido esse período, foram mergulhados em solução azul de metileno
2%, em ambiente com vácuo, a fim de se avaliar a infiltração ocorrida nos grupos
experimentais. Os resultados foram submetidos à análise estatística, que
apontarau melhor resultado para o cimento Coltosol, seguido do OZE com
acetato, e resultado semelhante entre OZE e Cavitec. Baseados nos resultados
encontrados, os autores concluíram que as diferentes formulações do hidróxido
de cálcio não alteram a qualidade seladora dos materiais testados.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 111 -
Masioli (2002) estudou in vivo a resposta histológica do tecido pulpar de
terceiros molares humanos hígidos, após exposição provocada e contato direto
com diferentes materiais: hidróxido de cálcio pró-análise (PA), MTA, Primer &
Bond 2.1 e resina composta Z-250. O reparo pulpar, as alterações celulares e a
capacidade de formação de tecido mineralizado foram comparados. Foram
utilizados 19 terceiros molares superiores hígidos com extração indicada, em
pacientes de 18 a 30 anos. Foram divididos em quatro grupos, segundo a forma
de tratamento: após 105 e 125 dias os dentes foram radiografados e extraídos, e
então processados para análise histopatológica. Os resultados demonstraram
que, nos 2 grupos tratados, Primer & Bond 2.1 e Resina composta, apesar de
calcificações distróficas, a cura não se processou por completo, não houve
formação de barreira dentinária. Nos grupos tratados com MTA e hidróxido de
cálcio PA houve formação de barreira de tecido mineralizado de forma contínua e
regular, ocorrendo por completo o processo de cura. Em conclusão autor indica o
MTA e hidróxido de cálcio PA como materiais protetores pulpares, e contra-indica
o sistema adesivo e a resina composta.
Costa, Bacalhau e Hebling (2003) avaliaram in vivo a biocompatibilidade
dos cimentos MTA, CP, hidróxido de cálcio e OZE, quando implantados no tecido
conjuntivo subcutâneo de ratos. Foram utilizados 42 ratos Hotzman, machos,
divididos em quatro grupos. Grupo 1- MTA; grupo 2: CP; grupo 3- OZE; grupo 4controle (cimento de hidróxido de cálcio). Os tubos de polietileno preenchidos com
os materiais de teste foram implantados no tecido conjuntivo subcutâneo dorsal
dos ratos. Após os períodos experimentais de 7, 30 e 90 dias os animais foram
mortos, e os espécimes removidos e processados para análise histopatológica. A
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 112 -
reação do tecido conjuntivo do animal em contato com os materiais testados foi
avaliada microscopicamente. Os resultados demonstraram que aos 7 dias todos
os materiais desencadearam reação inflamatória. Porém, o MTA foi menos
irritante, sendo o OZE o material que provocou reação inflamatória mais
significante. Com o decorrer dos períodos, houve regressão no quadro
inflamatório. Com base nos resultados foi possível aos autores concluírem que
todos os materiais avaliados foram considerados biocompatíveis quando
implantados em tecido subcutâneo de ratos. Porém, o MTA foi o cimento que
causou menor irritação tecidual em todos os períodos avaliados, quando
comparado aos demais materiais experimentais.
Nassri, Lia e Bombana (2003a) analisaram in vivo, comparativamente, dois
cimentos à base de hidróxido de cálcio, Sealapex e Apexit, em relação às reações
provocadas no tecido subcutâneo de ratos, frente à implantação de tubos de
polietileno preenchidos pelos materiais, em períodos de 7, 21 e 45 dias. Para
esse estudo foram utilizados 12 ratos, machos, com idade entre 3 a 5 meses,
divididos em três grupos de acordo com o tempo experimental. Na linha média
dos animais foram feitas quatro incisões, duas pélvicas e suas escapulares, onde
foram implantados os tubos de polietileno preenchidos com os cimentos
estudados. Decorrido cada período experimental os animais foram mortos, e os
espécimes preparados para análise histopatológica qualitativa dos resultados. Foi
observada constante atividade macrofágica com o uso dos dois materiais, tendo o
cimento Apexit provocado uma reação tecidual mais agressiva em relação ao
cimento Sealapex, ao mesmo tempo que este último mostrou melhores resultados
quando analisadas a intensidade inflamatória provocada e a evolução da
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 113 -
reparação tecidual. De acordo com a análise dos eventos histopatológicos
ocorridos nos diferentes períodos de observação os autores concluíram que os
materiais testados (Sealapex e Apexit) mostraram-se irritantes ao tecido
subcutâneo de ratos e que, entre os grupos experimentais, o Sealapex
apresentou menor agressividade e menor dispersão no tecido subcutâneo,
obtendo melhores resultados em relação ao cimento Apexit.
Holland et al. (2003) estudaram in vivo o processo de cicatrização de
dentes de cães com periodontite apical depois do tratamento do canal radicular
em uma ou duas sessões. Os dentes anteriores e pré-molares dos cães tiveram
os seus canais radiculares abertos ao ambiente oral por 6 meses para introdução
da lesão, antes de serem tratados. Depois desse período, os canais radiculares
foram preparados biomecanicamente e obturados pela técnica de condensação
lateral com pontas de guta percha e Sealapex, em uma sessão, ou depois de um
curativo com hidróxido de cálcio em propilenoglicol, por 7 e 15 dias. Seis meses
depois do tratamento os animais foram mortos, e os tecidos preparados para
análise
histopatológica.
Os
escores
atribuídos
aos
diferentes
eventos
histomorfológicos foram submetidos à analise estatística, que resultou na
classificação dos grupos experimentais do melhor para o pior da seguinte
maneira: (a) hidróxido de cálcio em propilenoglicol por 15 dias; (b) hidróxido de
cálcio em propilenoglicol por 7 dias; e (c) uma sessão. Os autores concluíram que
o uso do curativo de hidróxido de cálcio em propilenoglicol ajuda a alcançar
melhores resultados (p<0,01) do que o tratamento em somente uma sessão.
Zhu e Xia (2003a) compararam in vivo as respostas pulpares dentais em
cães depois que o MTA e o hidróxido de cálcio (Dycal) foram aplicados como
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 114 -
materiais de capeamento pulpar. Doze cúspides de trs cães Beagles adultos e
saudáveis foram divididas em dois grupos aleatoriamente. MTA ou Dycal foi
usado para selar o local exposto, criado com uma broca de fissura e uma peça de
mão de alta rotação, com um jato de água abundante no acesso cervical
vestibular. Posteriormente as cavidades foram seladas com CIV. Quatro meses
mais tarde, os espécimes foram processados para o exame histológico. Os
resultados evidenciaram que cinco das seis amostras capeadas com MTA
estavam livres de inflamação pulpar, e tinham formação de ponte de dentina. Em
contraste, todas as amostras capeadas com Dycal mostraram inflamação pulpar,
e a formação de ponte de dentina ocorreu somente em duas amostras. Os
autores concluíram que o MTA é um material biocompatível que pode promover a
formação de ponte dentina. Pode ser usado como material de capeamento pulpar
direto, durante a terapia de polpa vital.
Zhu, Xia e Xia (2003b) investigaram in vivo a resposta histológica ao reparo
imediato de diferentes tamanhos de perfuração de furca usando-se MTA, Dycal e
CIV. Quarenta e dois dentes posteriores em tres cães Beagles adultos foram
aleatoriamente divididos em dois grupos: o de perfurações pequenas e o de
perfurações grandes. Cada grupo foi então dividido em três subgrupos, que foram
reparados com MTA, Dycal e CIV, respectivamente. Os cães foram mortos 4
meses depois, sendo os espécimes processados e examinados sob microscópio
de luz. Inflamação, proliferação epitelial e formação de tecido duro sobre o
material foram avaliadas. Os resultados demonstraram que nos dentes tratados
com MTA, cinco casos estavam livres de inflamação, e os outros nove estavam
associados com inflamação leve ou moderada. Houve a formação de cemento
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 115 -
com cementoblastos ao redor, em quatro casos. No grupo com Dycal, todos os
espécimes tiveram inflamação moderada ou severa. A deposição de tecidos
calcificados irregulares, assim como uma quantidade grande de células
inflamatórias, foram encontradas em dois casos de perfuração pequena. Seis
casos apresentaram proliferação epitelial. No grupo com CIV, inflamação
moderada ou severa foi vista em todos os casos, exceto em um caso de
perfuração grande com tecido fibroso e células inflamatórias esparsas ao redor do
material. Quatro casos apresentaram proliferação epitelial. Houve alguma relação
entre a proliferação epitelial e o tamanho da perfuração. Assim, os autores
concluíram que o MTA é superior ao CIV e ao Dycal no reparo imediato de
perfurações de furca em cães, devido à sua irritação menor aos tecidos
circundantes e à sua capacidade de induzir a formação de tecido duro.
Aeinehchi et al. (2003), em um estudo in vivo, compararam MTA com o
hidróxido de cálcio (Dycal) no capeamento pulpar de dentes humanos. Para
realizar este estudo os autores selecionaram indivíduos jovens entre 20 e 25 anos
de idade que necessitavam de extração dos terceiros molares hígidos. Utilizaram
11 pares de terceiro molares maxilares, nos quais foi realizado um preparo
cavitário tipo classe I, e com uma broca esférica de alta rotação foi feita uma
exposição pulpar padronizada de 0,5 mm. As polpas expostas foram capeadas
com MTA ou com Dycal, protegidas com OZE e finalmente foram realizadas
restaurações com amálgama. Após uma semana, 2, 3, 4 e 6 meses, um total de
14 dentes foram extraídos e preparados para análise histológica. Essa análise
demonstrou menos inflamação, hiperemia, necrose e uma ponte de dentina mais
espessa, e uma forma de camada odontoblástica mais freqüente quando o MTA
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 116 -
foi utilizado, comparativamente ao Dycal. A despeito do pequeno número de
dentes utilizados nesse estudo, os autores concluíram que o MTA é superior ao
Dycal no capeamento pulpar de dentes humanos expostos mecanicamente.
Saidon et al. (2003) compararam in vitro o efeito citotóxico, e in vivo a
reação tecidual do MTA e do CP na implantação óssea nas mandíbulas de porcos
da Guiné. Observaram que esses produtos têm muitas propriedades físicas,
químicas e biológicas semelhantes. O CP tem mostrado potencial promissor como
material endodôntico em muitos estudos in vitro e in vivo. Pratos de cultura
inseridos com os materiais recém-espatulados ou já com a presa tomada foram
colocados em pratos de cultura já com células L929. Após o período de incubação
de 3 dias, a morfologia celular e a contagem celular foram estudadas. Os porcos
da Guiné adultos e machos foram anestesiados sob assepsia rígida, durante a
qual uma incisão submandibular foi feita para expor a sínfise mandibular.
Cavidades ósseas bilaterais foram preparadas, e aplicadores de teflon com os
materiais misturados foram inseridos nas cavidades ósseas. Cada animal recebeu
dois implantes, um obturado com ProRoot MTA e um com CP. Os animais foram
mortos após 2 ou 12 semanas, e os tecidos foram processados para avaliação
histopatológica por meio de microscópio comum. Os resultados demonstraram
que não houve diferença nas reações celulares in vitro. O reparo ósseo e a
resposta inflamatória mínima adjacente aos implantes de ProRoot MTA e CP
foram observados em os ambos períodos experimentais, o que sugere que ambos
os materiais são bem tolerados. Os autores concluíram que o MTA e o CP
mostraram biocompatibilidade comparativa quando avaliadas in vitro e in vivo. Os
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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resultados indicam que o CP tem potencial para ser usado como material
obturador menos caro.
Chambrone et al. (2003) revisaram a literatura publicada referente ao MTA,
observando suas características físicas e biológicas e a resposta de reparação
provocada frente aos tecidos envolvidos. Dentro dos diversos estudos realizados,
tanto in vivo quanto in vitro, são nítidas as vantagens apresentadas pelo MTA
quando comparado a outros materiais. Em relação ao selamento apical em casos
de obturação retrógradas do canal radicular, quando comparadas a materiais
restauradores como amálgama, cimentos à base de OZE e cimentos à base de
ionômero de vidro, o MTA mostrou melhor selamento. Essas mesmas
características de selamento também foram observadas em tratamentos de
perfurações de furca. O MTA só não é superior quando comparado ao cimento de
hidróxido de cálcio na inibição bacteriana (ESTRELA et al., 2000). Outro fato
observado é a boa compatibilidade. Suas aplicações também têm evidenciado,
em achados histológicos, a deposição de cemento radicular e baixa proliferação
epitelial em áreas que não estejam em contato direto com a cavidade oral.
Formação de periósteo, osso e deposição de cemento, provocando um estímulo
regenerador nas regiões periapicais foi observada, provavelmente devido à boa
adaptação dos osteoblastos sobre o MTA e à deposição de cristais em áreas em
contato com o tecido conjuntivo (HOLLAND et al., 1999a). Assim, os autores,
após sua revisão da literatura, concluíram que a utilização do MTA como material
obturador, tanto internamente quanto externamente, dos canais radiculares e de
perfurações apresentou resposta biológica superior aos outros materiais testados,
proporcionando melhor reparação tecidual dos tecidos envolvidos.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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Pacios et al. (2003) avaliaram quantitativamente a liberação in vitro de
proteínas hidroxiproline e fósforo, em partes da dentina imersa em soluções de
hidróxido de cálcio misturadas com veículos diferentes, por diferentes períodos de
tempo. O pH também foi avaliado. Vinte e oito incisivos extraídos foram mantidos
por 35 dias em soluções aquosas de hidróxido de cálcio, preparadas em
digluconato de clorexidina, propilenoglicol, solução anestésica, PMCC, e PMCC +
propilenoglicol. A solução de controle continha hidróxido de cálcio sem veículo.
Os resultados demonstraram que os valores do pH mudaram pouco durante a
experiência. As concentrações das proteínas hidroxiproline e fósforo subiram para
todas as soluções. A análise estatística dos dados dos grupos controle e
experimental revelou um aumento na concentração de proteínas quando a
clorexidina, a solução anestésica e propilenoglicol foram usados; um aumento nos
níveis de hidroxiproline quando o PMCC + propilenoglicol, PMCC, e as soluções
de propilenoglicol foram usadas; e um aumento no fósforo quando os veículos
propilenoglicol e clorexidina foram usados. As autoras concluíram que: a) as
soluções de teste com a dentina radicular permaneceram alcalinas; b) liberação
de proteínas hidroxiproline e fósforo foi observada; c) os achados não permitiram
recomendar um veículo particular para um medicamento intracanal. Todos os
veículos mantiveram a alcalinidade, responsável pela ação antibacteriana; d) a
estrutura química da dentina pode não ser afetada nas aplicações clínicas, dado
que um período de menos que 35 dias é geralmente usado.
Motta et al. (2003) avaliaram in vivo as reações morfológicas que se
seguem ao implante de tubos de polietileno, no tecido conjuntivo subcutâneo de
ratos, contendo substâncias como o MTA, comparando com tubos contendo pasta
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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de hidróxido de cálcio (Calen) e com tubos simplesmente vazios. Para esses
estudos foram utilizados ratos, divididos em três grupos. Grupo 1- animais
controle com implantes de tubos vazios; grupo 2- animais com implantes de tubos
com Calen; e grupo 3- animais com implantes de tubos com MTA. Os tubos foram
implantados no tecido subcutâneo de ratos Wistar, machos. Após o tempo
experimental de 7, 14 e 30 dias os animais foram mortos, e os espécimes
preparados para análise histopatológica. A reação dos tecidos foi graduada como
leve, moderada e severa, de acordo com os critérios sugeridos por Olsson et al.
(1981) e Orstavik e Mijor (1988). Os resultados demonstraram que próximo às
aberturas do tubo foi constatada a presença de intenso infiltrado inflamatório, que
no período de 30 dias se apresentou leve. Portanto, embasados nos resultados os
autores concluíram que o MTA e o Calen apresentaram pequena reação
inflamatória com cápsula fibrosa ao seu redor; que no MTA não foi observada
formação de áreas basófilas calcificadas; e que somente o Calen apresentou
formação de áreas basófilas calcificadas.
Kaplan et al. (2003) determinaram in vivo o fluxo e as reações nos tecidos
subcutâneos de cinco cimentos endodônticos (Sealapex, Procosol, AH 26,
Endomethasone e Endion). Os cimentos foram preparados seguindo-se as
instruções dos fabricantes, e 0,075 mL de cada material foi colocado numa
superfície de vidro e marcada a sua posição inicial. Após essa marcação os vidros
foram girados em 90º e as amostras foram armazenadas a 37 °C e 95% de
umidade. O deslocamento do cimento foi registrado medindo-se a diferença entre
sua posição original e a posição registrada em 15 e 60 min, sendo utilizadas três
amostras de cada material. A biocompatibilidade foi avaliada pela implantação de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 120 -
dois tubos de silicone no dorso de 30 ratos Wistar. Os tubos apresentavam 1 mm
de diâmetro e 1 cm de comprimento, sendo um dos tubos preenchido com um dos
materiais estudados, enquanto o outro permanecia vazio, servindo como controle.
Foram estabelecidos cinco grupos experimentais, um para cada cimento, sendo
cada grupo formado por seis ratos. Quatorze dias após a implantação os animais
foram mortos e amostras da pele contendo os tubos foram processadas
histologicamente. Avaliações histológicas e histomorfométricas dos tecidos
mostraram que os valores mais altos de fluxo foram obtidos com o Sealapex,
seguido pelo AH 26, e os menores valores de fluidez foram observados junto ao
Procosol e Endomethasone. O tempo afetou significativamente o fluxo e o
material. Os cimentos AH 26, Endomethasone e Sealapex apresentaram reação
inflamatória leve, com presença de poucas células e uma cápsula fibrosa,
enquanto o Procosol e Endion apresentaram uma severa reação inflamatória. Os
autores também concluíram que a capacidade de fluidez dos cimentos testados
não apresentou correlação com o grau de resposta inflamatória.
Andelin et al. (2003) realizaram estudo para identificar tecido duro formado
em exposições pulpares experimentais capeadas com MTA ou BMP-7 (proteína
morfogenética óssea), usando Dentina Sealoproteína (DSP) como marcador para
odontoblasto. Para tanto foram utilizados 35 dentes de dez ratos machos, que
tiveram seus primeiros, segundos e terceiros molares com exposição pulpar
intencional, capeadas com MTA e BMP-7. As cavidades de acesso nos dois
grupos foram seladas com MTA. Os animais foram mortos 2 semanas mais tarde,
e os espécimes preparados e avaliados histopatologicamente. Os resultados
mostraram que as polpas capeadas com MTA formaram um tecido duro que
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 121 -
demonstrava significativamente mais imunocoloração ao DSP quando comparado
ao BMP-7. Além disso, as polpas capeadas com MTA também mostraram uma
formação de ponte significativamente mais completa que o BMP-7. Em contraste,
o BMP-7 produziu um tecido duro parecido com osso, mas que não possuía a
imunocoloração para DSP. Os autores concluíram que, aparentemente, a DSP
pode ser usada como um marcador para a atividade odontoblástica e para
avaliação da qualidade da formação de tecido duro em polpas expostas
experimentalmente, uma vez que a formação de tecido duro que mais se
assemelhou à dentina na sua morfologia também demonstrou imunocoloração
semelhante ao DSP.
Trindade, Oliveira e Figueiredo (2003) avaliaram in vivo o comportamento
biológico, em tecido subcutâneo de ratos, ao implante de tubos de polietileno
contendo MTA, CP, CP acrescido de 20% de óxido de bismuto e CP acrescido de
30% de óxido de bismuto. Foram utilizados 30 ratos Wistar, machos, divididos em
três grupos de dez espécimes cada, de acordo com os tempos experimentais de
7, 15 e 30 dias. Cada animal recebeu quatro amostras, uma de cada material em
teste, no tecido subcutâneo, na região dorsal. Decorridos os períodos
experimentais os animais foram mortos por deslocamento cervical, as peças
foram encaminhadas para análise histopatológica, sendo os eventos inflamatórios
classificados de acordo com os critérios de severidade da resposta tecidual. A
análise estatística dos dados mostrou não haver diferenças estatisticamente
significativas entre os diferentes materiais testados, para todos os eventos
observados. Dessa forma, os autores puderam concluir que o grau de inflamação
geral diminuiu significativamente no decorrer dos tempos experimentais, de forma
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 122 -
semelhante para todos os materiais avaliados. Sugeriram ainda aos fabricantes
do MTA o acréscimo de maior proporção de radiopatizante à fórmula, o que
facilitaria sua visualização radiográfica naqueles procedimentos em que a
espessura do material não é suficiente para destacar sua presença.
Fridland e Rosado (2003), em um estudo in vitro, determinaram a
solubilidade e a porosidade do MTA manipulado com diferentes proporções
água/pó e estabeleceram a composição química dos sais dissolvidos da mistura,
uma vez que é importante se conhecer como a proporção água/pó afeta as
propriedades do MTA. Quatro grupos de espécimes usaram as seguintes
proporções da relação água/pó, em diferentes consistências: 0,26 – 0,28 – 0,30 e
0,33 gramas de água/grama de cemento, sendo esta ultima a recomendada pelo
fabricante. Além disso, acima de 0,33 a mistura resultante é muito fluida para ser
manipulada. Para cada proporção foram preparadas 6 espécimes em uma única
operação. Os materiais foram pesados em balança analítica por um único
operador. O pó e a água foram pesados e misturados, e os espécimes
preparados em menos de 10 minutos e inseridos num anel de metal circular e
armazenados em uma câmara por 21 horas a 37 ± 1ºC e 100% de umidade
relativa, quando então foram secos por 24 horas em um forno a 105º C, até que
alcançassem um peso constante. Então, procedeu-se aos testes para avaliação
da solubilidade e da porosidade. Os resultados mostraram que o grau de
porosidade e solubilidade aumentaram à medida que a proporção água/pó
também aumentou. Dferenças significativas foram encontradas entre os
espécimes. A análise química dos sais dissolvidos pelo MTA na água identificou a
presença de cálcio como o principal componente químico. Além disso, o nível de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 123 -
pH da solução era altamente alcalino, variando de 11,94 a 11,99. Os autores
concluíram que o cálcio encontrado na solução deveria estar em seu estado
hidróxido nesse nível de pH. Tal capacidade de liberar hidróxido de cálcio pode
ter uma importância clínica relacionada à capacidade do MTA de induzir
mineralização. Também afirmaram que é lógico concluir que uma proporção
água/pó alta pode ser benéfica. Contudo, a quantidade de água incorporada na
mistura está limitada pela sua perda de consistência na presença excessiva de
líquido. Essa limitação representa um sério problema de manipulação no
transporte e na compactação do material. Portanto, a proporção recomendada
pelo fabricante de 0,33 seria a ideal. Quando usada em algumas aplicações, tal
proporção
pode
resultar
numa
mistura
muito
líquida;
entretanto,
essa
inconveniência pode ser resolvida esperando-se que o material adquira uma
consistência adequada sob uma gaze umedecida.
Estrela e Holland (2003) realizaram estudo por meio de revisão da
literatura, baseado em evidências científicas, sobre as principais funções do
hidróxido de cálcio, com atenção especial para manter os princípios biológicos
endodônticos. Observaram que as características do hidróxido de cálcio se
desenvolveram a partir da dissociação em íons de cálcio e hidroxila. A ação
desses íons nos tecidos e nas bactérias explica as características biológicas e
antimicrobianas dessa substância. Por meio da retrospectiva da literatura, foi
possível aos autores afirmarem que: 1- a dentina é considerada a melhor
proteção pulpar, e o hidróxido de cálcio provou, em numerosos estudos, sua
capacidade de induzir a formação de barreira mineralizada sobre o tecido pulpar;
2- é necessário, sempre que possível, dar tempo à pasta de hidróxido de cálcio
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
com
seus
diferentes
- 124 -
veículos
(solução
salina,
solução
anestésica
e
propilenoglicol) para manifestar seu potencial de ação sobre os microrganismos
presentes nas infecções endodônticas. A manutenção de alta concentração de
íons hidroxila pode alterar a atividade enzimática bacteriana e promover sua
inativação; 3- o sítio de ação dos íons de hidroxila e de cálcio inclui as enzimas
presentes na membrana citoplasmática. Essa medicação tem um largo espectro
de ação, independentemente da capacidade metabólica dos microrganismos. As
membranas citoplasmáticas são similares, independentemente das características
morfológicas, tintoriais e respiratórias dos microrganismos, o que significa que
essa medicação atua de forma similar sobre bactérias aeróbicas, anaeróbicas,
gram-positivas e gram-negativas; 4- o hidróxido de cálcio como medicação
intracanal, entre sessões, promove melhores resultados no processo de
reparação periapical do que o tratamento em sessão única.
Salako et al. (2003) avaliaram in vivo a resposta pulpar dental, em molares
de ratos Sprague Dawley, quando vidro bioativo (BAG), MTA, Sulfato Férrico (FS)
e formocresol (FC) foram usados como agentes de pulpotomia. Executaram-se 80
pulpotomias em primeiros molares superiores, cujos remanecentes foram
cobertos por BAG, FC, FS, e MTA. A análise histopatológica foi realizada com 2 e
4 semanas depois do tratamento. As amostras experimentais foram comparadas
com os primeiros molares superiores contra-laterais normais. Em 2 semanas, o
BAG mostrou mudanças inflamatórias na polpa. Depois de 4 semanas, algumas
amostras mostraram polpa histológica normal, com evidência de vasodilatação.
Em 2 semanas, as amostras de MTA mostraram algumas células inflamatórias
agudas ao redor do material, com evidência de macrófagos na polpa radicular.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 125 -
Formação de ponte dentinária com polpa histológica normal foi um achado
consistente em 2 e 4 semanas, com o MTA. O FS mostrou inflamação pulpar
moderada com necrose difundida na polpa coronária, em 2 e 4 semanas. O FC
mostrou zonas de atrofia, inflamação, e fibrose. A fibrose foi mais extensa em 4
semanas, com evidência de calcificação em certas amostras. Os autores
concluíram que entre os materiais testados, o MTA demonstrou-se ideal como
agente de pulpotomia, causando formação de ponte dentinária, enquanto
manteve simultaneamente a polpa histologicamente normal. Parece que o BAG
induziu uma resposta inflamatória em 2 semanas, com resolução da inflamação
em 4 semanas.
Economides et al. (2003) realizaram um estudo in vivo para avaliar a
resposta, a curto prazo, dos tecidos perirradiculares ao MTA, quando usado como
material de obturação apical em condições teciduais favoráveis. Para tanto foram
utilizados dois cães saudáveis, dos quais 24 canais radiculares de pré-molares
foram preparados e obturados endodonticamente, e suas cavidades de acesso
seladas com amálgama. Ainda na mesma sessão procedeu-se a uma cirurgia
para a ressecção dos ápices radiculares, e cavidades retrógradas com 3 mm
foram preparadas e obturadas com IRM ou MTA. Os procedimentos endodônticos
e cirúrgicos obedeceram a uma seqüência, de forma a criar períodos de
observação de 1, 2, 3 e 5 semanas. Os animais foram mortos, e as peças
removidas para análise histológica. Os resultados mostraram que a reação
tecidual mais característica ao MTA foi a presença de tecido conjuntivo após a
primeira semana pós-operatória. Inflamação foi vista ocasionalmente. Eventos de
cicatrização tecidual precoce após a obturação apical com MTA foram
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 126 -
caracterizados pela formação de tecido duro, ativada progressivamente a partir
das paredes radiculares periféricas, ao longo da interface MTA tecido mole. Em
contraste, tecido duro não foi visto junto à obturação apical com IRM. Assim
sendo, os autores concluíram que MTA é um material biocompatível que estimula
o reparo tecidual perirradicular apical. Entretanto, sugerem que a natureza desse
novo tecido formado, tais como células formadoras e mecanismos que controlam
a formação de tecido duro ativada pelo MTA necessitam de uma elucidação mais
ampla.
Tanomaru Filho, Tanomaru e Ishikawa (2003) avaliaram in vitro a
capacidade de selamento apical em obturações retrógradas por diferentes
materiais retrobturadores. Foram utilizados 48 caninos humanos extraídos, que
tiveram seus canais radiculares preparados biomecanicamente e obturados com
cone único de guta percha, adaptado ao canal radicular e ao cimento de OZE. As
raízes foram submetidas à apicectomia, e as cavidades retrógradas foram então
realizadas. As raízes foram divididas aleatoriamente em quatro grupos de 12
raízes cada. Foram realizadas as obturações retrógradas utilizando-se os quatro
diferentes materiais, assim divididos: grupo 1- Sealer 26; grupo 2- OZE; grupo 3ProRoot MTA; e grupo 4- MTA-Ângelus. Em seguida os dentes foram imersos em
solução azul de metileno 2%, por 48 horas, em ambiente com vácuo. Decorrido
esse período as raízes foram seccionadas longitudinalmente, e a infiltração
analisada. Baseados na análise dos resultados, de acordo com as condições da
pesquisa, os autores concluíram que: a) todos os materiais avaliados permitiram
infiltração apical; b) cimento Sealer 26, ProRoot MTA e MTA-Ângelus
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 127 -
apresentaram selamentos apicais semelhantes (p>0,05); c) o cimento de OZE
mostrou capacidade seladora inferior à dos demais (p<0,05).
Garcia (2003) avaliou in vivo o processo de reabsorção do cimento
Sealapex com e sem iodofórmio, e OZE, nos períodos de 10, 30 e 60 dias, pela
radiografia digital e pela microscopia óptica. Foram utilizados 45 ratos machos
adultos, divididos em três grupos, conforme os cimentos estudados, e cada grupo
foi subdivididos em três subgrupos, de acordo com os períodos experimentais. Os
cimentos foram preparados de acordo com os fabricantes, acondicionados em
tubos plásticos até tomarem presa e após foram removidos dos tubos plásticos e
implantados no tecido subcutâneo dos animais e imediatamente radiografados.
Decorridos os tempos experimentais os animais foram mortos, e em seguida feita
uma radiografia final. A análise radiográfica digital apresentou alteração do
material implantado, mas as diferenças significativas ocorreram aos 30 e 60 dias,
por conta do cimento Sealapex acrescido de iodofórmio. Os resultados
microscópicos demonstraram, ao final dos períodos, uma maior dissolução do
cimento Sealapex acrescido de iodofórmio, caracterizada por uma quantidade
intensa de partículas negras fagocitadas pelos macrófagos. De posse dos
resultados a autora concluiu que, dentre os três cimentos estudados, o Sealapex
acrescido de iodofórmio foi o que apresentou, de modo mais eficiente, sinais de
reabsorção, e que o OZE não demonstrou sinais de reabsorção.
Morais (2003) teve como propósito avaliar in vivo, microscopicamente, a
intensidade da reação inflamatória, e o grau de fibrosamento do tecido conjuntivo
subcutâneo de ratos, à implantação de tubos de polietileno preenchidos com os
cimentos MTA, CP com iodofórmio e pasta de Lysanda®. Foram utilizados 18
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 128 -
ratos Wistar, machos, distribuídos em três grupos de seis animais para cada
período experimental: 07, 30 e 60 dias. Cada animal recebeu quatro implantes de
tubos de polietileno, sendo três preenchidos com os materiais avaliados e um
tubo ficou vazio, servindo como controle. Após os períodos experimentais os
animais foram mortos, os espécimes preparados para análise microscópica e
analisados de forma descritiva e quantitativa. Os resultados mostraram que não
houve diferença estatística significante entre os grupos nos períodos de 7 e 30
dias. A pasta Lysanda® provocou menor reação inflamatória, estatisticamente
significante em comparação aos demais grupos, no período de 60 dias. Não
houve diferença estatística significante quanto à intensidade de reação
inflamatória entre os materiais ProRoot® MTA e CP com iodofórmio, aos 60 dias.
Baseado nesses dados, o autor concluiu que a adequada biocompatibilidade dos
materiais avaliados assegura maior confiabilidade na realização das cirurgias
parendodônticas com obturação retrógrada.
Nassri (2003b) analisou in vivo reações teciduais apicais e periapicais em
pré-molares de cães, hígidos e com vitalidade pulpar, quando instrumentados e
obturados com dois cimentos contendo hidróxido de cálcio (Sealapex e Apexit). O
registro de seus eventos histopatológicos se deu em períodos de 7, 21 e 45 dias,
comparando os fenômenos de inflamação e de reparação. Após os períodos os
cães foram mortos, e os espécimes preparados para análise histológica.
Empregando-se a análise quantitativa e qualitativa verificou-se que o cimento
Sealapex promoveu inflamação entre discreta e moderada em todos os períodos,
melhorando significativamente aos 45 dias. Com cimento Apexit houve maior
dispersão no tecido periapical, intensificando-se os fenômenos de inflamação
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 129 -
mesmo aos 45 dias. Foi possível à autora concluir que ambos os cimentos
provocaram necrose em algumas ramificações do delta apical, sendo em maior
número nos dentes obturados com Apexit. Na comparação entre o emprego dos
cimentos, o Sealapex foi o que apresentou melhor tolerância tecidual e, por
conseqüência, evolução reparacional mais favorável.
Ogata (2003) estudou, in vivo, o comportamento dos tecidos apicais e
periapicais de dentes de cães, após obturação dos canais com os cimentos
Sealapex e Endofill, e imediato preparo para pino, deixando os remanescentes
das obturações protegidos ou não com um plug de Super Bonder, expostos ao
meio oral. Realizou-se o tratamento endodôntico em 40 canais de dentes de cães,
e as obturações foram feitas por meio da técnica da condensação lateral com
cones de guta percha e com os cimentos estudados. Seguiu-se o preparo para
pino imediato, deixando remanescentes de 5 e 4 mm. Os remanescentes de 4
mm foram protegidos com um plug de 1 mm de adesivo Super Bonder. Os canais
permaneceram expostos ao meio oral por 90 dias, quando então os animais foram
mortos, e as peças preparadas para análise histopatológica. A análise estatística
dos resultados mostrou que os dados obtidos com o Sealapex foram
significantemente melhores que os com Endofill. O autor concluiu que os grupos
com um plug protetor não exibiram diferenças significantes quando seus
resultados foram comparados com os obtidos nos grupos sem plug.
Rocha (2003) avaliou in vivo a capacidade seladora do MTA como material
retrobturador, por via coronária, comparado ao cimento de OZE consistente.
Analisou também os possíveis efeitos que essa via de contaminação provocaria
nos tecidos periapicais de dentes de cães. Utilizou 48 raízes de 24 pré-molares
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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superiores e inferiores distribuídos em quatro grupos experimentais: grupo I- OZE
aberto e grupo II- MTA aberto. Nesses dois grupos, os dentes com canais
radiculares sem obturação foram expostos ao meio bucal durante todo o período
experimental, e obturação retrógrada foi realizada com o material de cada grupo.
Grupo III- OZE obturado e Grupo IV- MTA obturado. Nesses dois grupos os
dentes tiveram seus canais radiculares e a obturação retrógrada obturados com o
material de cada grupo. Após 180 dias os animais foram mortos, e os espécimes
preparados para análise histopatológica. A análise dos resultados permitiu ao
autor concluir que o MTA, independentemente do tipo de tratamento executado,
apresentou resultados mais favoráveis que aqueles exibidos pelo OZE
consistente. Os efeitos da infiltração marginal coronária são minimizados com o
emprego de um material retrobturador eficiente do ponto de vista de selamento
marginal, como é o MTA. Dentre os materiais retrobturadores utilizados, o único
que estimulou a deposição de tecido cementário em íntimo contato com o material
selador foi o MTA.
Silva (2003), com o objetivo de desenvolver in vivo novas estratégias de
tratamento na terapia de polpa vital, analisou microscopicamente a resposta do
comportamento da polpa dentária de dentes de cães, após pulpotomia e proteção
direta do remanescente pulpar, com MTA-Ângelus, ProRoot MTA, CP e CP
branco. Foram utilizados para esse trabalho 76 dentes de quatro cães, machos,
sem raça definida, com idade de 2 a 3 anos. Foram abertas cavidades tipo classe
V na região vestibular de caninos, mais incisivos, e também na fase oclusal dos
pré-molares. A polpa coronária foi cuidadosamente removida, e os materiais
levados à cavidade e assentados sobre o remanescente pulpar. As cavidades
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 131 -
foram seladas com uma camada de Coltosol, e em seguida restauradas com
amálgama de prata. Todos os cães receberam os quatro materiais pesquisados
como capeadores pulpares. Após o período de 120 dias os animais foram mortos,
os espécimes removidos e preparados para análise histopatológica. Os resultados
encontrados demonstraram que os efeitos sobre o complexo dentino-pulpar, após
pulpotomia em dentes de cães e recobrimento pulpar com ProRoot MTA, MTAÂngelus, CP e CP branco, foram semelhantes. O autor concluiu que os resultados
desse estudo e a enorme semelhança entre os componentes químicos de CP e
CP branco com MTA, sugerem mais pesquisas experimentais, visando à
aprovação do Ministério da Saúde para uso clínico.
Apaydin e Torabinejad (2004a) realizaram um estudo in vivo para
determinar o efeito do sulfato de cálcio sobre a cicatrização do tecido duro após a
cirurgia perirradicular em cães, uma vez que não se tem conhecimento se o
sulfato de cálcio de fato melhora a cicatrização dentoalveolar nesses locais. Para
tanto foram utilizadas 24 raízes de segundos, terceiros e quartos pré-molares de
quatro cães Beagle, de 2 anos de idade. Os dentes foram tratados
endodonticamente, e durante a obturação dos canais os 5 mm finais das raízes
foram obturados com guta percha para facilitar a preparação apical ultra-sônica
durante a cirurgia perirradicular. A porção remanescente do canal foi obturada
com MTA. Após 2 semanas procedeu-se à cirurgia perirradicular, sendo o MTA
utilizado como material obturador perirradicular. Já para preencher os sítios de
osteotomia, no grupo experimental, utilizou-se o sulfato de cálcio, enquanto nos
sítios de osteotomia do grupo controle permitiu-se apenas a formação do coágulo.
Após 4 meses os cães foram mortos, e as peças preparadas e analisadas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 132 -
histopatologicamente quanto à cicatrização do tecido duro. Os resultados
demonstraram que todas as amostras tinham evidências de deposição de
cemento adjacente às obturações perirradiculares e regeneração óssea nos sítios
de osteotomia. Os autores puderam concluir que aparentemente o potencial do
MTA em induzir a regeneração do tecido duro apical não é alterado quando o
sulfato de cálcio é colocado nos sítios de osteotomia. Além disso, parece que o
sulfato de cálcio não melhora a cicatrização alveolar ou dentoalveolar após a
cirurgia perirradicular.
Apaydin, Chabahang e Torabinejad (2004b) realizaram estudo in vivo para
examinar a cicatrização do tecido duro adjacente ao MTA fresco ou endurecido,
como material obturador apical em cães. Para tanto foram utilizadas 24 raízes dos
segundos, terceiros e quartos pré-molares de quatro cães Beagle com 2 anos de
idade. Os dentes foram divididos em dois grupos, sendo que 12 dentes
inteiramente obturados com MTA, enquanto nos outros 12 dentes foram
obturados os 5 mm finais com guta, e o restante do canal e a porção coronária
foram obturados com MTA. Após 2 semanas os cães foram submetidos a uma
cirurgia perirradicular. Nos cães cujas raízes estavam completamente obturadas
com MTA houve apenas a rececção da porção final da raiz e o MTA endurecido
ficou exposto, já nos cães cujos 5 mm finais de raiz foram obturados com guta
percha houve a rececção da sua porção final. Então houve um preparo com
instrumentação ultrassônica e esses dentes foram preenchidos com MTA fresco.
Após 4 meses os animais foram mortos, e as peças preparadas para análise
histopatológica. Os resultados indicaram que, embora o MTA fresco resultasse
em uma formação de cemento significativamente mais alta, não houve diferença
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 133 -
significativa na quantidade de cemento ou na cicatrização óssea com o uso do
MTA fresco ou endurecido, como material de obturação apical.
Fiedler, Dalben e Gentil (2004) tiveram por objetivo relatar três casos
clínicos de perfurações dentais em humanos, nos quais se utilizou MTA com
aparente sucesso clínico, uma vez que tais elementos dentários estavam fadados
a procedimentos de extração. Foram realizados dois tratamentos de perfurações
na região de furca de dois molares superiores direitos e um tratamento de
perfuração radicular em um segundo pré-molar, inferior direito. Para os três casos
utilizou-se MTA para o fechamento das perfurações, e um controle clínicoradiográfico de no mínimo 4 meses se efetivou. Nos três casos pôde-se observar,
por meio do controle, que a área reparada com MTA apresentou-se livre de
sintomatologia dolorosa, sem presença de fístula, e por meio de radiografia não
foi verificada destruição óssea na região correspondente à perfuração. Assim os
autores concluíram que, pelo presente êxito clínico obtido nesses três casos,
acredita-se que o MTA é atualmente material indicado para resolver as
complicações de perfuração radiculares e de furca.
Martin et al. (2004) tiveram por objetivo discutir in vivo um caso clínico, em
humano, de perfuração lateral da raiz do dente 22, resultante da colocação
inadequada de núcleo intra-radicular; com a utilização do material MTA-Ângelus
como material selador. O paciente queixava-se de pequeno inchaço e dor na
região do dente 22. Ao exame clínico intraoral observou-se que o elemento dental
era portador de prótese fixa, com presença de edema e fístula. O exame
radiográfico inicial indicou presença de perfuração lateral da face distal da raiz e
inadequada colocação de um núcleo metálico fundido, com conseqüente perda
óssea. Foi planejada a remoção do pino intracanal, e ainda o selamento da
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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perfuração via canal radicular. A remoção do núcleo intra-radicular foi realizada
com auxílio de saca-pinos M&V, e o selamento da perfuração radicular, com
cimento MTA. Após o selamento da perfuração foi colocado um novo retentor
intraradicular e uma coroa provisória, e realizou-se então a tomada radiográfica
final. Após um período de 10 meses de proservação, o paciente retornou para
controle e relatou a ausência de qualquer tipo de sinal e sintoma durante o
período. O exame clínico mostrou ausência de inflamação. O exame radiográfico
mostrou que a área afetada começava a apresentar sinais de reparação óssea.
Baseados nesses achados clínicos os autores concluíram que o MTA é um
material indicado para casos como esse, de perfuração radicular, pois dessa
maneira se evita a perda do elemento dental.
Kowalski et al. (2004) avaliaram in vivo, comparativamente, a resposta
histológica ao implante, em tubos de polietileno, dos cimentos ProRoot MTA e
MTA-Ângelus. Para o estudo foram utilizados 12 ratos Wistar machos. Foram
empregados 24 tubos de polietileno, com as extremidades abertas, sendo 12
preenchidos com ProRoot MTA e 12 com MTA-Ângelus. Para o primeiro período
experimental (7 dias), foram utilizados seis ratos, sendo implantado, na
submucosa direita de cada um deles, um tubo contendo ProRoot MTA, e na
esquerda, um tubo com MTA-Ângelus. Para o segundo período experimental (60
dias), foram utilizados também seis ratos, seguindo-se a mesma regra para
distribuição dos tubos implantados na submucosa. Após cada período
experimental os ratos foram mortos e as peças preparadas para análise
histológica. Os resultados mostraram reação tecidual similar para ambos os
materiais. Observou-se uma resposta inflamatória leve no período de 7 dias, que
praticamente desapareceu após 60 dias. Portanto, com base na metodologia e
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 135 -
nos resultados do presente estudo, foi lícito os autores concluírem que ambas as
marcas comerciais de MTA testadas tiveram comportamentos semelhantes e,
também, que o cimento MTA, de ambas as marcas comerciais, produziram
reação tecidual satisfatória nos tempos experimentais.
Lee et al. (2004), utilizando um microscópio de mapeamento eletrônico,
difração de raios-X (XRD) e testes de microdurezas, avaliaram como vários
ambientes fisiológicos afetam o comportamento de hidratação e as propriedades
físicas do MTA. Os autores relataram que a microestrutura do MTA hidratado
consiste de cristais tipo cubos e agulhas. O primeiro formava a estrutura principal
do MTA, enquanto o segundo era menos proeminente e se formava nos espaços
entre os grãos de cristais cúbicos. Amostras de MTA foram hidratadas em água
destilada, salina normal, pH 7, e pH 5. Contudo, nenhum cristal tipo agulha foi
observado nos espécimes de pH 5, e erosão das superfícies dos cristais cúbicos
foi percebida. XRD indicou um pico correspondendo a Portlandite, um produto de
hidratação do MTA, e o pico diminuiu notavelmente no grupo de pH 5. A
microdureza dos espécimes pH 5 foi também significativamente mais fraca,
comparada aos outros três grupos (p<0,0001). Esses achados sugerem que os
efeitos ambientais fisiológicos sobre a formação do MTA são determinados, em
parte, pelo pH ambiental e pela presença de íons. Em particular, um ambiente
ácido de pH 5 adversamente afeta tanto as propriedades físicas quanto o
comportamento de hidratação do MTA.
Faraco Júnior e Holland (2004) estudaram in vivo a resposta da polpa
dental frente ao capeamento pulpar com o uso do MTA branco em 15 dentes de
cães. Após 60 dias os cães foram mortos, e as peças preparadas para a
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 136 -
realização de um estudo histomorfológico, cujos critérios de avaliação foram:
1- ponte de tecido duro: continuidade, morfologia, espessura e localização;
2- polpa dental: intensidade da reação inflamatória, extensão da reação
inflamatória, estado geral da polpa, presença de células gigantes, partículas de
materiais de capeamento e presença de microrganismos. Esse estudo mostrou
que houve formação completa de ponte de tecido duro em todos os espécimes.
Porém, em cinco casos não havia dentina tubular, mas foi possível observar uma
estrutura morfológica com aspecto interessante, semelhante ao material de
capeamento e com coloração diferente. Somente dois casos apresentaram
inflamação pulpar. Em um deles houve uma reação inflamatória crônica e aguda,
enquanto no outro houve apenas uma pequena presença de células inflamatórias.
Assim sendo, os autores puderam concluir que o mecanismo de ação do MTA
branco é muito semelhante ao do MTA cinza. Também puderam verificar, durante
a manipulação desses materiais, que o tempo de presa do MTA cinza foi menor
do que o do MTA branco.
Yaltirik et al. (2004) examinaram in vivo a biocompatibilidade de MTA e
amálgama de alto-cobre, implantados no tecido conjuntivo subcutâneo de ratos,
por 7, 15, 30, 60, e 90 dias. Esses materiais foram colocados em tubos de
polietileno e implantados em tecido conjuntivo dorsal de ratos Wistar albinos, e
biópsias teciduais foram coletadas e examinadas histologicamente após os
tempos experimentais depois do procedimento de implantação. Presença de
inflamação, tipo de célula predominante, calcificação e espessura do tecido
conjuntivo fibroso foram registrados. Foram definidos escores, como segue: zero
– nenhuma ou poucas células inflamatórias, sem reação; 1, <25 células, reação
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 137 -
branda; 2, de 25 a 125 células, reação moderada; 3, >=125 células, reação
severa. Cápsula fibrosa foi categorizada como fina quando a espessura foi <150
µm, e espessa a >150 µm. Foram registradas necrose e formação de calcificação.
Os autores concluíram que ambos os materiais foram bem tolerados pelos tecidos
em um período de avaliação de 90 dias. Um achado notável é a presença de
calcificação distrófica no tecido conjuntivo adjacente ao MTA, achado coincidente
com a hipótese de indução de tecido duro por esse material.
Menezes et al. (2004a) investigaram in vivo a resposta pulpar de dentes de
cães após pulpotomia e capeamento com MTA-Ângelus e CP branco. Nesse
estudo foram utilizados 38 dentes de quatro cães sem raça definida, com 12 a 18
meses de idade. Realizaram a pulpotomia na porção coronária, os remanescentes
pulpares foram protegidos com MTA-Ângelus e CP branco, e as cavidades foram
obturadas com Coltosol e restauradas com amálgama. Após 120 dias os animais
foram mortos, e os espécimes foram removidos e preparados para análise
histopatológica.
Os
resultados
mostraram
que
pontes
mineralizadas
satisfatoriamente espessas foram formadas, fechando as aberturas de acesso em
todos os casos. Em muitos casos uma camada quase odontoblástica foi
observada. Não foram registradas inflamação, necrose ou calcificações.
Baseados nesses resultados os autores concluíram que ambos os materiais se
mostraram efetivos como protetores pulpares após pulpotomia em dentes de
cães, e que o CP e o CP branco têm potencial para serem usados em situações
clínicas semelhantes àquelas nas quais o MTA está sendo usado.
Agamy et al. (2004) realizaram estudo in vivo em crianças, com o propósito
de comparar o sucesso relativo do uso do MTA cinza, MTA branco e formocresol
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 138 -
como protetores pulpares em dentes decíduos pulpotomizados, por meio do uso
de exames clínicos, radiográficos e histológico. Em relação ao estudo histológico,
ambos os tipos de MTA induziram a formação de uma ponte de dentina espessa
nos sítios de amputação, enquanto o formocresol induziu uma ponte de dentina
fina e calcificada. Além disso, os dentes foram tratados com MTA cinza
demonstraram arquitetura pulpar mais próxima da polpa normal, pela preservação
da camada odontoblástica e da delicada matriz fibrocelular, ainda que algumas
poucas células inflamatórias ou corpos calcificados isolados fossem vistos. Os
dentes tratados com MTA branco mostraram um padrão fibrótico mais denso, com
mais calcificações isoladas no tecido pulpar, juntamente com formação de dentina
secundária. Baseados nos resultados, os autores concluíram que o MTA cinza é
superior ao MTA branco e ao formocresol, quando utilizado como curativo pulpar
em dentes decíduos pulpotomizados, e sugerem que mais estudos sejam
realizados com MTA branco para essas circunstâncias.
Menezes et al. (2004b), num estudo in vivo, avaliaram a resposta pulpar de
dentes de cães frente a dois tipos de MTA, um CP regular e um CP branco,
quando usados como material capeador após pulpotomia. Foram utilizados 76
dentes de quatro cães sem raça definida, que tiveram suas polpas
mecanicamente expostas através de cavidades classe V e cavidades oclusais.
Realizou-se, então, a pulpotomia da porção coronária dessas polpas, sendo os
remanescentes pulpares cobertos com MTA-Ângelus, ProRoot MTA, CP regular e
CP branco. Após 120 dias os cães foram mortos, e as peças preparadas para
análise histopatológica. Os resultados demonstraram que todos os materiais
mantiveram a vitalidade pulpar em todos os espécimes, estando as polpas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 139 -
protegidas por uma ponte de tecido duro. Os autores concluíram que os materiais
usados nesse estudo foram igualmente efetivos como materiais de proteção
pulpar após pulpotomia.
Valera et al. (2004) avaliaram in vivo a biocompatibilidade dos cimentos
endodônticos Sealapex, Apexit, Sealer 26 e Ketac-Endo. Para isso, tubos de
polietileno preenchidos com os quatro tipos de cimentos endodônticos foram
implantados no tecido conjuntivo subcutâneo de 40 ratos. Os animais foram
mortos após 14 e 90 dias. Primeiramente foi realizada uma análise descritiva das
reações encontradas no tecido conjuntivo em contato com os cimentos. A
magnitude do infiltrado inflamatório, presença e predominância de tipos celulares
e sua distribuição com relação ao cimento empregado, fenômenos reparativos tais
como proliferação angioblástica e fibroblástica e formação de cápsula fibrosa
também foram subjetivamente quantificadas. A análise dos resultados mostrou
estatisticamente que todos os cimentos apresentaram, após 90 dias, redução de
reação inflamatória, formação de cápsula fibrosa em contato com a abertura do
tubo que continha o material de preenchimento e redução na proliferação
fibroblástica. A proliferação angioblástica estava reduzida somente no grupo dos
cimentos Sealer 26 e Ketac-Endo. Os autores concluíram que todos os cimentos
foram parcialmente ou totalmente fagocitados e permitiram a colocação de uma
cápsula tecidual fibrosa ao redor dos materiais. A menor resposta inflamatória foi
encontrada no grupo do cimento Sealer 26, em ambos os períodos de avaliação.
Sousa et al. (2004) avaliaram in vivo as propriedades biológicas e a reação
tecidual de uma variedade de materiais usados como obturadores retrógrados,
usando um modelo experimental recomendado pela FDI (1980) e pela ADA
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 140 -
(1982). A técnica de implante intraósseo foi usada para testar os seguintes
materiais: OZE, MTA e resina fotopolimerizável Z-100. Trinta porcos da Guiné,
dez para cada material, divididos em períodos experimentais de 4 e 12 semanas,
receberam um implante de cada lado da sínfise mandibular. A resposta do tecido
conjuntivo lateral ao tubo serviu como controle negativo para a técnica. Ao
término dos períodos de observação os animais foram mortos, e os espécimes
preparados para o exame histopatológico. Os resultados demonstraram que a
reação tecidual dos materiais diminuiu com o tempo. O cimento OZE foi altamente
tóxico durante as 4 semanas de período experimental, mas esse perfil mudou
significantemente
após
12
semanas,
quando
exibiu
características
de
biocompatibilidade. MTA e Z-100 mostraram biocompatibilidade nesse teste
modelo em ambos os períodos de tempo. Os autores concluíram que: 1) o nível
de toxicidade dos materiais testado diminuiu com o tempo; 2) o cimento à base de
OZE foi altamente tóxico durante o período experimental de 4 semanas, mas esse
perfil mudou significantemente após 12 semanas, quando mostrou características
de
biocompatibilidade;
3)
todos
os
materiais
estudados,
exceto
OZE,
apresentaram níveis de biocompatibilidade aceitáveis, dentro dos dois períodos
analisados;
4)
MTA
apresentou
excelentes
qualidades
biológicas,
com
crescimento ósseo em contato com o material e nenhum tecido conjuntivo se
interpondo; 5) MTA e Z-100 indicaram biocompatibilidade nesse teste secundário.
Pacios et al. (2004) tiveram por objetivo determinar in vivo e in vitro a
influência do veículo no pH das pastas de hidróxido de cálcio. Os canais
radiculares de incisivos de 180 pacientes foram instrumentados e obturados com
pastas
de
hidróxido
de
cálcio
contendo
água
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
destilada,
clorexidina,
Revisão da Literatura
- 141 -
propilenoglicol, solução anestésica, PMCC e PMCC com propilenoglicol. O pH da
pasta nos canais radiculares dos pacientes foi mensurado em 7, 14 e 21 dias.
Semelhantemente, o pH foi medido in vitro até 21 dias. O pH de todas as pastas
permaneceu constante ao longo dos períodos avaliados. A combinação de
hidróxido de cálcio e água mostrou, significantemente, maior pH que as outras
pastas, em uso clínico. As análises comparativas mostraram que os valores do pH
da
solução
anestésica,
PMCC
e
PMCC
com
propilenoglicol
foram
significantemente mais altos in vitro. O tipo de veículo foi mostrado para
influenciar o pH final das pastas. Porém, a alcalinidade de todas as pastas foi
mantida, com o passar do tempo, sob as condições experimentais. As autoras
concluíram que o pH de todas as pastas de hidróxido de cálcio, tanto in vitro
quanto clinicamente, permaneceu constante ao longo dos intervalos do tempo
examinado. De acordo com esse critério, qualquer um dos veículos testados é
satisfatório para uso clínico, como medicamento intracanal.
Anjos Neto et al. (2005) relataram um caso clínico de dois dentes com
extensa lesão periapical crônica, tratados com o objetivo de se observar a
influência do curativo demora de hidróxido de cálcio em propilenoglicol e do
cimento obturador à base de hidróxido de cálcio (Sealapex), no reparo de lesão
periapical extensa, sem complementação cirúrgica. Os dentes em questão eram:
incisivo central superior direito e incisivo lateral superior direito, os quais após
testes clínico e radiográfico, foram submetidos a tratamento endodôntico. Na
primeira sessão foi efetuada abertura coronária, irrigação com hipoclorito de sódio
1% e curativo com tricresol formalina. Na segunda sessão efetuou-se o preparo
biomecânico
por
meio
da
técnica
de
recuo
progressivo
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
(ápice-coroa)
Revisão da Literatura
- 142 -
complementado por brocas Gates Glidden. Após o preparo e o preenchimento
dos canais com EDTA 17%, por 3 minutos, e nova irrigação com hipoclorito de
sódio 1%, os canais foram secos e preenchidos com medicação intracanal à base
de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, a qual foi trocada mensalmente durante
o período de 120 dias. Após esse período, procedeu-se à obturação dos canais
radiculares com cones de guta percha e cimento Sealapex, por meio da técnica
híbrida de McSpadden. Após os períodos de 6 meses e de 1 ano de proservação
foi possível observar a completa reparação dos tecidos periapicais, e também
após 6 anos e 4 meses, e 8 anos de proservação à distância, foi possível
observar a manutenção dessa integridade de reparo. Assim, os autores puderam
concluir clinicamente que, nesse relato de caso, a técnica da renovação da pasta
de hidróxido de cálcio em propilenoglicol como curativo de demora é uma
alternativa clínica para o tratamento de dentes com lesões periapicais, sendo
possível diminuir a indicação de procedimentos cirúrgicos. Concluíram ainda que
o cimento Sealapex, devido as suas propriedades químicas, físicas e biológicas,
também contribuiu para a reparação da lesão, e que, quando extravasado para os
tecidos apicais, é possível observar radiograficamente sua reabsorção.
Yildirim et al. (2005) investigaram in vivo a resposta histológica ao MTA ou
Super EBA quando usados para o reparo de perfurações de furca induzidas nos
dentes de cães. Noventa pré-molares mandibulares e molares de nove cães
foram usados nesse estudo. Os dentes foram divididos em três grupos. Foram
tratados 72 dentes com MTA ou com Super EBA (36 cada), e 18 dentes não
foram tratados e foram usados como controles negativos. Todos os grupos foram
examinados histologicamente, 1, 3 e 6 meses depois do tratamento. Avaliação
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 143 -
histológica foi feita a respeito da inflamação e do tipo de reparo. O grupo do Super
EBA mostrou inflamação moderada em 1 mês; a inflamação diminuiu com o
passar do tempo, mas a maioria dos espécimes mostrou reação inflamatória de
branda a severa ao término de 6 meses. A área da perfuração foi preenchida pelo
tecido conjuntivo nos espécimes onde nenhuma inflamação foi vista. No grupo do
MTA foi vista inflamação branda em 1 mês, que diminuiu em 3 meses, e nenhuma
inflamação foi observada em 6 meses. Neoformação cementária foi vista em
quatro espécimes em 1 mês, em oito espécimes em 3 meses, e em todos os
espécimes em 6 meses. Os autores concluíram que o MTA mostrou menos
inflamação que o Super EBA. Os espécimes do MTA mostraram reparo com
neoformação cementária na área da perfuração, enquanto os espécimes do
Super EBA, nos quais nenhuma inflamação foi vista, mostraram reparo do tecido
conjuntivo. Em conclusão, os achados apóiam a idéia de que o MTA é superior ao
Super EBA para o reparo de perfurações de furca.
Parirokh et al. (2005), em estudo in vivo, compararam o MTA cinza e o
MTA branco quando usados como agentes de capeamento pulpar em dentes de
cães. Foram utilizados 24 dentes de quatro cães Beagles, machos, com 18 a 24
meses de idade. Após realizar acesso coronário pela face vestibular dos dentes,
exposições pulpares padronizadas foram obtidas. Os sítios expostos e as
cavidades foram protegidos e preenchidos com MTA. Após intervalos de 1 e 2
semanas, uma fixação de perfusão vital foi realizada, e os dentes e seus tecidos
adjacentes foram removidos e preparados para análise histológica. Os resultados
demonstraram que uma ponte calcificada podia ser vista após 1 semana do
tratamento, sem nenhuma diferença significativa entre os dois materiais. Após 2
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 144 -
semanas foi possível observar a formação de uma ponte calcificada completa
imediatamente abaixo do sítio exposto em todos os espécimes, exceto em duas
amostras com MTA cinza.
Broon et al. (2005) avaliaram microscopicamente, in vivo, a resposta dos
tecidos periodontais interradiculares de dentes de cães perfurados e selados
imediatamente com ProRoot MTA e MTA-Ângelus. Concluído o tratamento dos
canais, realizaram-se em cada dente perfurações na raíz mesial, na entrada do
canal radicular, em direção à furca. Noventa dias depois os cães foram mortos por
perfusão, e as amostras processadas para estudo microscópico. Os resultados
mostraram neoformação de tecido mineralizado, selando totalmente a perfuração
em todos os casos, e mínima inflamação do tipo crônico, consequência do
extravasamento do material selador. A prova não-paramétrica de Kruskal-Wallis
demonstrou não existir diferença estatisticamente significante entre ambos os
materiais. Os autores concluíram que o ProRoot MTA e o MTA-Ângelus são
materiais com adequadas propriedades biológicas e criam condições ideais para
que ocorra a reparação dos tecidos periodontais interradiculares, em dentes de
cães.
Sipert et al. (2005) determinaram, in vitro, a atividade antimicrobiana de Fill
Canal, Sealapex, MTA, CP e EndoRez em várias espécies de microrganismos. O
método de difusão em ágar de Müller-Hinton (MH) foi empregado. Uma camada
básica foi feita usando-se o ágar de MH, e cinco poços foram feitos para remover
o ágar dos pontos eqüidistantes. Os cimentos foram colocados em poços
imediatamente após a manipulação. Microrganismos Enterococcus faecalis ATCC
29212, Escherichia coli ATCC 25922, Micrococcus luteus ATCC 9341,
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 145 -
Staphylococcus aureus ATCC 25923, Staphylococcus epidermidis ATCC 12228,
Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 e Cândida albicans ATCC 10231 foram
semeados. Os pratos foram mantidos em temperatura ambiente por 2 horas para
pré-difusão, e então incubados a 37ºC, por 24 horas. Alíquotas de 10 mL de
0,05% de gel de cloridrato de trifeniltetrazolium foram adicionadas para
otimização, e as zonas de inibição foram mensuradas. Os resultados
evidenciaram que o Sealapex e o Fill Canal demonstraram atividade
antimicrobiana para todas as amostras. Para MTA e CP, somente a E. coli não foi
inibida. Nenhuma atividade antimicrobiana foi detectada para o EndoRez. Os
autores, baseados nesses achados laboratoriais, concluíram que os cimentos Fill
Canal e Sealapex demonstraram atividade inibitória contra todas as amostras
facultativas testadas. Uma vez mais, MTA e CP mostraram semelhança de
comportamento, com atividade inibitória para seis das sete amostras testadas.
Propriedades antimicrobianas não foram achadas para o EndoRez.
Camilleri et al. (2005) realizaram estudo in vitro com o propósito de avaliar
a biocompatibilidade de MTA, CP e CP acelerado (produzido pela exclusão do
gesso do processo de fabricação), pela avaliação da proliferação e da função
metabólica celular, usando uma nova técnica modificada. A constituição química
dos materiais CP branco e cinza, MTA branco e cinza e CP acelerado foi
determinada pelo uso de uma análise dispersiva de energia com raios-X e uma
análise de difração com raios-X. Por outro lado, a biocompatibilidade dos
materiais foi avaliada usando-se um método de teste direto onde a proliferação
celular foi mensurada quantitativamente usando-se o corante Alamar Blue. Os
resultados mostraram que a constituição química de todos os materiais testados
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 146 -
foi semelhante. Os estudos indiretos mostraram um aumento na atividade celular
após 24 horas. O contato celular direto com os cimentos resultou na queda da
viabilidade celular em todos os momentos estudados. Os autores concluíram que
o teste de biocompatibilidade não mostrou presença de resíduos tóxicos do MTA
branco ou cinza, e que a adição de óxido de bismuto ao CP acelerado não
interferiu com a biocompatibilidade. O crescimento celular foi pobre quando
cultivado em contato direto com os cimentos de teste. Contudo, a substância
formada de hidróxido de cálcio produzida durante a reação de hidratação mostrou
induzir a proliferação celular.
Holland et al. (2005b) avaliaram in vivo o processo de reparo dos tecidos
periapicais de dentes de cães, após biopulpectomia e tratamento endodôntico, em
decorrência da preservação ou não do coto pulpar e do tipo de cimento obturador.
Foram utilizadas 40 raízes de incisivos e pré-molares de dentes de cães cujos
canais, após o preparo biomecânico, tiveram os forames arrombados e alargados
até a lima 25, com a finalidade de permitir a neoformação do coto pulpar, por meio
da invaginação de um tecido conjuntivo periodontal pelo forame. Os canais
receberam um curativo de demora à base de corticosteróide-antibiótico
(Otosporin®) por 7 dias. Após esse período, os canais foram divididos em quatro
grupos: grupo 1- preservação do coto pulpar e obturação dos canais com Sealer
Plus; grupo 2- preservação do coto pulpar e obturação dos canais com Fill Canal;
grupo 3- remoção do coto pulpar e obturação dos canais com Sealer Plus; e
grupo 4- remoção do coto pulpar e obturação dos canais com Fill Canal. Para a
remoção do coto pulpar procurou-se ultrapassar o limite CDC em 2 mm, com uma
lima k 25. A obturação dos canais se deu pela técnica da condensação lateral
com cones de guta percha. Decorridos 60 dias os animais foram mortos, e os
espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados mostraram que
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 147 -
o cimento Sealer Plus evidenciou melhores resultados que o cimento Fill Canal,
quando o coto pulpar foi preservado ou não.
Bodanezi (2005) realizou estudo in vivo com o propósito de investigar
microscopicamente a reação inflamatória e o reparo osteomedular de ratos
quando em contato com o MTA-Ângelus ou pasta de moldagem Zinco-Enólica LS
adicionada a um tipo de substância radiopacificadora (subnitrato de bismuto ou
iodofórmio) e acrescida ou não de hidróxido de cálcio. Para o experimento foram
utilizados 51 ratos Wistar, machos, e implantes foram inseridos no interior da tíbia
e do fêmur direitos de cada um dos 51 ratos, totalizando 102 amostras. Os ratos
foram então divididos em cinco grupos experimentais, com 18 amostras cada, e
um grupo controle com 12 amostras. Para o grupo experimental os cimentos
foram inseridos nos cilindros de PVC (Cloreto de Polivinil). O grupo controle foi
constituído de tubos vazios. Após cada período experimental de 30, 60 e 90 dias
os animais foram mortos, as peças processadas histotecnicamente e analisadas
microscopicamente, e seus fenômenos julgados com base em um sistema de
escores. Os resultados demonstraram que a adição de outro agente
radiopacificador não alterou o caráter inflamatório da pasta, e a incorporação de
hidróxido de cálcio parece não melhorar seu comportamento biológico (p=0,05). O
autor, baseando-se nos resultados, ainda concluiu que há necessidade de mais
pesquisas in vitro ou in vivo estudando a influência da contaminação bacteriana
ou a substituição de componentes da fórmula, para acrescentar qualidades que
levem ao desenvolvimento do material retrobturador ideal.
Bortoluzzi (2005) comparou in vivo, microscopicamente, a resposta do
tecido subcutâneo de ratos frente à implantação de tubos de polietileno contendo
os seguintes materiais: a) ProRoot MTA branco, contendo óxido de bismuto como
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 148 -
radiopacificador; b) MTA-Ângelus branco, contendo sulfato de bário como
radiopacificador; c) MTA-Ângelus branco, contendo óxido de bismuto como
radiopacificador;
e
d)
CP
branco,
contendo
óxido
de
bismuto
como
radiopacificador. Foram utilizados 36 ratos Wistar, machos, distribuídos em três
grupos de 12 animais para cada período experimental, de 15, 30 e 60 dias. Cada
animal recebeu quatro implantes de tubos de polietileno, sendo um de cada tipo
de material, preenchidos com os materiais recém-espatulados de um lado, e o
outro lado, selado com guta percha, serviu como controle. Após o período de
observação os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise
microscópica. Os resultados mostraram que os cimentos induziram respostas
teciduais semelhantes, mesmo com radiopacificadores diferentes na composição.
Diante dos resultados, foi possível ao autor concluir que: a) os cimentos ProRoot
MTA, MTA-Ângelus branco com sulfato de bário ou óxido de bismuto e o CP com
óxido
de
bismuto mostraram
resultados
sem diferença
estatisticamente
significante nos períodos experimentais; b) não se observou diferença entre o
MTA-Ângelus branco com óxido de bismuto ou com sulfato de bário.
Felippe, Felippe e Rocha (2006), num estudo in vivo, avaliaram o efeito da
apecificação e cicatrização periapical em dentes de cães com formação radicular
incompleta e canais contaminados, e também verificaram se a pasta de hidróxido
de cálcio seria necessária antes do uso do MTA. Para esse estudo foram
utilizados 20 pré-molares de dois cães com 6 meses de idade; foram feitas
radiografias pré-operatórias para confirmar a presença de ápices abertos; e então
foi realizada a pulpectomia. Os dentes permaneceram 2 semanas com seus
canais expostos ao meio oral. Após esse período foram realizadas novas
radiografias, que demonstraram a presença de lesão apical de tamanhos
variáveis,
associada
a
todas
as
raízes.
Os
canais
foram
preparados
biomecanicamente e divididos em: a) um grupo controle cujos canais não foram
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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obturados, porém foi feita a restauração coronária; b) um grupo experimental
cujos canais foram obturados no terço apical com uma mistura de MTA e água
destilada na proporção de 3 para 1; c) outro grupo experimental cujos canais
receberam uma pasta de hidróxido de cálcio misturada com propilenoglicol, por 7
dias. Após esse período a pasta foi removida, e os canais obturados no terço
apical com MTA. Todos os dentes foram obturados com IRM e amálgama.
Passados 5 meses os cães foram mortos, e as peças processadas
histologicamente. A avaliação das sessões foi feita de acordo com sete critérios
pré-estabelecidos: formação de uma barreira tecidual calcificada apical, nível de
formação de barreira, reação inflamatória, reabsorção óssea e radicular, extrusão
do MTA e presença de microrganismos. Os resultados encontrados foram
analisados pelos testes não-paramétricos de Wilcoxan´s e o teste de proporções.
Diferenças significativas (p<0,05) foram encontradas em relação à posição da
formação da barreira e à extrusão do MTA. A barreira foi formada no interior do
canal em 69,2% das raízes do grupo 1. No grupo 2, ela se formou além dos
limites das paredes do canal em 75% das raízes. Extrusão do MTA ocorreu
principalmente nas raízes do grupo 2. Houve similaridade ente os grupos para os
outros critérios. Para o grupo controle a avaliação revelou ausência de
complementação apical, reabsorção óssea e radicular severa, reação inflamatória
crônica severa, infiltrado do tecido conjuntivo com células inflamatórias, presença
de microrganismos no canal radicular e túbulos dentinários. Os autores
concluíram que a aplicação do MTA imediatamente após a preparação do canal
radicular favoreceu o estabelecimento de um ligamento periodontal normal e
neoformação óssea e cementária, e quando o MTA é aplicado como plug apical,
favorece apexificação e cicatrização periapical, independentemente do uso prévio
dessa pasta. O uso prévio da pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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esteve associado com extrusão do MTA e formação de barreira além dos limites
das paredes dos canais radiculares.
Marion, Borlina e Anjos Neto (2006) relataram o caso clínico de um
tratamento endodôntico não cirúrgico do canino inferior direito (dente 43) portador
de má formação, conhecida como dens invaginatus, com lesão periapical e ápice
incompletamente formado. O tratamento foi realizado com o objetivo de se
observar a influência do curativo de demora de hidróxido de cálcio com
propilenoglicol no reparo de lesão periapical, sem complementação cirúrgica.
Durante a anamnese, verificou-se também que o dente possuía uma fístula ativa.
O tratamento endodôntico teve início realizando-se na primeira sessão abertura
coronária, irrigação com hipoclorito de sódio 1%, curativo intracanal com tricresol
formalina e restauração provisória. Passados 7 dias, procedeu-se a segunda
sessão, e observou-se que a fístula ainda estava presente, porém em remissão.
Efetuou-se o preparo biomecânico dos canais radiculares por meio da técnica
Crown-Down e optou-se por repetir o curativo de tricresol formalina e restauração
coronária provisória. A terceira sessão foi realizada após uma semana, a fístula
estava ausente, e a medicação intracanal foi substituída pelo hidróxido de cálcio
com propilenoglicol, a qual foi trocada mensalmente por 120 dias. Decorrido esse
período, procedeu-se a obturação dos canais radiculares com cones de gutapercha e o cimento de OZE pela técnica da condensação lateral. Mediante ao
presente estudo, pôde-se concluir que: a anatomia interna do canal radicular do
dens invaginatus, dificulta ainda mais o resultado final da obturação; o sucesso do
tratamento não depende somente da técnica empregada, mas também, da
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 151 -
colaboração do paciente, e a complementação cirúrgica para o dens invaginatus é
indicada para alguns casos.
Borlina, Marion e Anjos Neto (2006) abordaram, através de um relato de
caso clínico, o tema da infiltração marginal coronária contribuindo para o
insucesso do tratamento endodôntico, e apontaram para a necessidade de uma
endodontia que vede hermeticamente os canais radiculares, bem como a
qualidade, durabilidade e eficiência do material restaurador temporário e/ou
definitivo. Os autores discutiram um caso clínico envolvendo o primeiro molar
inferior direito (dente 46) com polpa viva, indicado para tratamento endodôntico,
que após ter sido tratado endodonticamente, teve sua porção coronária
restaurada provisoriamente pelo endodontista com bolinha de algodão e IRM, e
sobre esta, o clínico geral (indicador), realizou uma restauração coronária
definitiva em resina composta. Após um ano e quatro meses foi possível observar
o aparecimento de uma imagem radiográfica na raiz mesial do referido dente,
sugestiva de lesão periapical. Sendo assim, após uma análise minuciosa, deu-se
início ao retratamento endodôntico, usando-se medicação tópica intracanal à base
de hidróxido de cálcio com propilenoglicol por 15 dias, obturação dos canais
radiculares com cimento Sealapex e restauração coronária provisória com bolinha
de algodão, que desta vez foi removida pelo indicador antes do mesmo realizar a
restauração coronária definitiva com resina composta. Seis meses e, um ano e
três meses, após o retratamento endodôntico, foi realizado a proservação do
caso, por meio da radiografia de controle, onde pode-se observar reparação
periapical. Tendo por base as evidências clínicas e os achados literários, os
autores concluíram que: 1- a restauração coronária definitiva deve ser realizada
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 152 -
imediatamente após a obturação endodôntica ou em um curto período de tempo;
2- a restauração coronária provisória deve ser removida antes de se realiza a
restauração coronária definitiva; 3- os materiais seladores provisórios ou
definitivos devem ser selecionados criteriosamente, de acordo com o caso; 4- a
infiltração marginal coronária é fator relevante para o insucesso endodôntico; 5ainda não se chegou a um consenso sobre o melhor material e a melhor técnica
de restauração coronária definitiva, tendo em vista que nenhum dos materiais
existentes possui propriedades adequadas de adesividade em longo prazo; 6- o
profissional que vai executar o procedimento restaurador definitivo além de
conhecimento técnico, necessita estar atualizado com as inúmeras opções de
material restaurador, para poder selecionar o mais adequado ao caso.
Noetzel et al. (2006) examinaram in vivo as reações inflamatórias e
respostas teciduais a um cimento de fosfato tricálcico (TCP) experimental e o
MTA, usados como materiais de selamento de perfuração de furca de dentes de
cães. Nesse estudo foram utilizados 24 pré-molares de seis cães de diversas
raças, com idade entre 2 e 4 anos. Realizou-se o acesso coronário dos dentes e
procedeu-se à pulpotomia a à pulpectomia dos canais radiculares. Então, com
uma broca esférica o assoalho da câmara pulpar foi perfurado na região da furca
até que fosse percebida uma hemorragia. Para selar as perfurações, dois
cimentos (ProRoot MTA e TCP) foram utilizados. Os cimentos foram depositados
sobre as perfurações e condensados com um calcador, e na seqüência os canais
foram preparados biomecanicamente e obturados com o TCP experimental. Os
acessos coronários foram selados com uma resina composta quimicamente
ativada. Após 12 semanas os animais foram mortos, e após o exame radiográfico
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 153 -
os dentes e as estruturas adjacentes foram processados para microscopia de luz.
Os
resultados
demonstraram
que
o
MTA
exibiu
grau
de
inflamação
significativamente menor que o TCP, porém nenhuma furca estava livre de
reações inflamatórias. Inflamação moderada foi observada em 9 dos 12 casos
com MTA, e somente em dois daqueles com TCP. Nenhuma diferença foi
revelada ente o MTA e o TCP em termos de reorganização óssea ou deposição
do tecido conjuntivo fibroso. O grau do exame radiográfico correspondeu ao grau
de inflamação. Segundo os autores, as perfurações na furca dos dentes
permanecem um problema tanto endodôntico quanto periodontal, com um
prognóstico incerto, a despeito dos materiais modernos promissores usados, uma
vez que a perda de osso e a formação de tecido conjuntivo, embora com
extensões variáveis, pode ser detectada na maioria dos espécimes.
Oviir et al. (2006) analisaram e compararam in vitro os efeitos do MTA
cinza e branco sobre a proliferação de células epiteliais e cementoblastos. Para
concretizar esse estudo foram utilizados cementoblastos Murinos imortalizados
(OCCM.30) e ceratócitos imortalizados (OKF6/TERT1), cultivados sobre MTA
branco e cinza após um tempo de presa de 24 horas e 12 dias. Os resultados
demonstraram que o MTA branco aumentou significativamente a proliferação dos
cementoblastos OCCM.30, quando comparado ao controle (sem MTA) e aos
ceratócitos OKF6/TERT1. Ambos os tipos de células crescem significativamente
melhor sobre a superfície do MTA branco, em comparação ao MTA cinza. Além
disso, os dois tipos de células mostraram uma proliferação significativamente
maior quando cultivados sobre o MTA cinza com presa de 12 dias, em
comparação ao MTA cinza com 24 horas de presa. Foi possível aos autores
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 154 -
concluírem que, embora esses resultados houvessem indicado que o MTA branco
seja mais biocompatível do que o MTA cinza, o alto grau de biocompatibilidade
com os cementoblastos demonstrados nesse estudo sugere que MTA cinza e o
MTA branco podem contribuir significativamente para a regeneração do tecido
após o selamento de perfuração radicular. Os autores ainda sugeriram que mais
estudos deveriam também avaliar o potencial de aplicação do MTA branco e cinza
em procedimentos periodontais regenerativos, devido à inibição das células
epiteliais orais.
VanderWeele, Schwartz e Beeson (2006) avaliaram in vitro a resistência ao
deslocamento do MTA branco quando submetido à contaminação sangüínea, e
avaliaram o uso de diferentes veículos em modelos de perfurações de furca.
Foram usados nesse estudo 125 molares multirradiculares recém-extraídos. Os
dentes foram divididos em 12 grupos experimentais, com dez dentes cada, que
tiveram suas furcas perfuradas e reparadas, com e sem contaminação sangüínea,
utilizando o MTA branco misturado ou com o líquido do MTA (água estéril) ou com
lidocaína, ou com solução salina. Grupo com cinco dentes que não tiveram suas
furcas perfuradas foram usados como controle, durante o teste de Instron. As
amostras foram submetidas ao teste de Instron nos tempos experimentais de 24
ou 72 horas e 7 dias. Baseados nos resultados os autores recomendaram que a
hemorragia seja controlada no local da perfuração, e o sangue seja removido de
suas paredes antes da inserção do MTA branco. Esse estudo também
demonstrou que o MTA branco misturado com lidocaína ou solução salina
comparou-se favoravelmente à mistura com água estéril quando não contaminado
com sangue. Durante a inserção da restauração final deve-se tomar cuidado para
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 155 -
que forças excessivas não atuem diretamente contra o MTA. A ausência de
injúrias por 7 dias antes da inserção da restauração coronária pode diminuir as
chances de deslocamento.
Cintra et al. (2006) realizaram um estudo in vivo para verificar as
propriedades biológicas de um novo cimento de resina hepóxica, contendo
hidróxido de cálcio, MBPc. Para tanto foram utilizados 48 ratos Wistar, divididos
em três grupos, cujo incisivo superior direito foi extraído. Após a hemostasia dos
alvéolos houve o implante de tubos de polietileno vazios no grupo controle, e no
grupo 1 e no grupo 2, respectivamente, foram implantados tubos preenchidos com
MTA e MBPc. Os animais foram sacrificados 7, 15 e 30 dias após o implante,
sendo hemomaxilas removidas e preparadas para análise microscópica. Os
resultados demonstraram que o grupo controle, no 7º e no 15º dias de
observação, mostrou uma área preenchida por um tecido de granulação bem
organizado
com
infiltrado
inflamatório
leve,
fibroblastos
jovens,
poucos
macrófagos e linfócitos. No 30º dia o tecido conjuntivo estava bem organizado;
entretanto,
o
osso
experimentais
não
mostraram
estava
completamente
infiltrados
cicatrizado.
inflamatórios
Os
semelhantes
grupos
àqueles
observados no grupo controle para todos os períodos de observação. Contudo,
estatisticamente,
diferenças
significativas
entre
os
materiais
não
foram
observadas, indicando que esses materiais tiveram respostas biológicas
semelhantes. Os autores concluíram que o MTA e o MBPc apresentaram
comportamento semelhante nos alvéolos dentários com diferenças relacionadas
ao tecido mineralizado, e sugeriram ainda que as propriedades biológicas do
MBPc necessitam ser observadas em estudos de maior período.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 156 -
Karimjee et al. (2006) compararam in vitro a biocompatibilidade do MTA
branco misturado com água, ou com o gel KY, com a do cimento Fuji II, ou a do
amálgama de prata. Células do PDL foram cultivadas usando-se procedimentos
laboratoriais padrões. Os materiais de testes foram misturados e colocados em
contato com as células do PDL. A viabilidade celular foi determinada pela
mensuração da atividade enzimática mitocondrial, usando-se o ensaio de sais
internos
3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-5-(3-carboximetoxifenil)-2-(4-sulfofenitil)-2H-
tetrazolio. A citotoxidade também foi determinada, em termos de lise celular,
usando-se o ensaio de dehidrogenase lactada. Os ensaios foram completados em
triplicatas, após intervalos de tempo de 24, 48 e 72 horas. Extratos de todos os
materiais causaram viabilidade celular significativamente menor e mais morte
celular do que o controle (meio somente), em todos os pontos de tempo testados.
Contudo, às 72 horas os extratos do MTA/água, MTA/KY e do amálgama levaram
a uma viabilidade celular significativamente melhor do que os extratos do cimento
Fuji II. Contudo, houve uma lise celular significativamente maior de todos os
extratos dos materiais testados às 72 horas do que às 24 horas. Dentro das
limitações desse estudo in vitro, os autores concluíram que MTA/KY, MTA/água e
o amálgama têm uma biocompatibilidade semelhante em relação aos efeitos de
seus extratos sobre as células do PDL, e extratos de todos os três materiais
demonstram uma biocompatibilidade melhor do que extratos derivados de um CIV
de resina modificado.
Holland et al. (2006) estudaram in vivo a reação da polpa dental após
pulpotomia e proteção pulpar com etil cianoacrilato ou MTA. Foram utilizados prémolares, caninos e incisivos de um cão adulto jovem, sem raça definida,
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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totalizando 20 polpas radiculares (10 para cada grupo experimental). Após
pulpotomia e contenção da hemorragia, os remanescente pulpares foram
protegidos com etil cianoacrilato (Super Bonder) ou ProRoot MTA, que foram
protegidos com uma camada de Dycal, e a abertura coronária foi selada com
OZE. Decorridos 60 dias o animal foi morto, e as peças preparadas para análise
histopatológica. Os resultados mostraram que, no geral, o MTA apresentou
melhor resultado que o etil cianoacrilato. Assim, os autores concluíram que o etil
cianoacrilato não deve ser empregado na proteção direta da polpa dental como
uma terapêutica alternativa ao hidróxido de cálcio. Por outro lado, o MTA pode ser
empregado na proteção direta da polpa dental.
Mohammadi, Modaresi e Yazdizadeh (2006) avaliaram e compararam in
vitro o efeito antifungicida do MTA branco e do MTA cinza, usando um teste de
tubo-diluição. Os preparos de MTA foram misturados e testados após 24 horas
sobre Cândida albicans. O experimento foi realizado sobre placas de cultura de
24 poços. Cinqüenta poços foram usados e divididos em quatro grupos
experimentais: grupo 1- MTA branco, recentemente misturado; grupo 2- MTA
cinza, recentemente misturado; grupo 3- MTA branco, com 24 horas de presa; e
grupo 4- MTA cinza, com 24 horas de presa. Foram utilizados dez poços para
cada grupo experimental e nos grupos controle havia cinco poços cada. Placas de
ágar de Dextrose Sabouraud misturadas com C. albicans serviram como controle
positivo, e placas ágar de Dextrose Sabouraud sem C. albicans serviram como
controle negativo. Inóculos recentes de C. albicans foram preparados pelo
crescimento da cultura durante a noite, a partir de um estoque de cultura.
Alíquotas de C. albicans foram então tomadas do estoque de cultura e colocadas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 158 -
no composto de ágar dos grupos controle e experimentais. Todas as placas foram
incubadas a 37º C por 1, 24, e 72 horas. O crescimento de fungos foi monitorado
diariamente pela presença de turvação. Os resultados mostraram que nos
cimentos de MTA recentemente misturados, e com presa de 24 horas, houve
crescimento de fungos durante 1 hora de incubação, enquanto com o aumento do
tempo de incubação nenhum crescimento fúngico foi observado, em 24 e 72
horas. A conclusão aponta que os cimentos de MTA (recentemente misturados e
com presa de 24 horas) foram efetivos contra a C. albicans.
Rueda (2006) avaliou in vivo a influência da infiltração no sentido coroaápice e o comportamento biológico, por meio da reparação dos tecidos apicais e
periapicais pós-tratamento de canais radiculares de dentes de cães, utilizando
como material obturador um cimento resinoso à base de uretano-dimetacrilato
(Endo-Rez). Foram utilizados 56 canais radiculares de dentes de cães, divididos
em quatro grupos experimentais: grupo1- Endo-Rez com restauração coronária;
grupo 2- SealapexTM com restauração coronária; grupo 3- Endo-Rez sem
restauração coronária; e grupo 4- SealapexTM sem restauração coronária. Os
canais radiculares foram instrumentados pela técnica de condensação lateral,
enquanto os grupos 1 e 3 foram obturados pela técnica do cone único. Após 90
dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise
histopatológica. Os resultados mostraram que os grupos 1 e 3 apresentaram
semelhante infiltrado inflamatório periapical crônico de grau moderado/severo,
severo aumento de espaço periodontal apical e ausência de selamento biológico
apical. O grupo 4 apresentou características similares aos grupos 1 e 3. O grupo 2
apresentou infiltrado inflamatório moderado e espessamento do espaço
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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periodontal apical, predominantemente leve, na maioria dos espécimes, exibindo
selamento apical biológico em apenas um caso; portanto, 10% dos espécimes.
Então, foi possível ao autor concluir que o cimento Endo-Rez apresentou resposta
tecidual insatisfatória, tanto no grupo em que a restauração foi efetuada quanto
naquele e que a cavidade oclusal permaneceu exposta ao meio bucal. Além
disso, nos grupos obturados com o cimento SealapexTM a restauração coronária
influenciou nos resultados histopatológicos, fato esse não observado com o
cimento Endo-Rez.
O tempo de presa prolongado do MTA é a principal desvantagem desse
material. Estudo in vitro realizado por Nandini, Ballal e Kandaswamy (2007)
analisou a influência do CIV sobre a presa do MTA usando a espectroscopia em
laser Raman (LRS). Quarenta moldes de vidro ocos foram utilizados onde o MTA
foi colocado. Nos espécimes do Grupo I, o MTA foi coberto com uma camada de
CIV após 45 minutos. Procedimentos semelhantes foram conduzidos para os
Grupos II e III, em 4 horas e 3 dias, respectivamente. Nenhum CIV foi colocado
sobre os espécimes do Grupo IV, então considerados como as amostras de
controle. Cada amostra foi mapeada em vários intervalos de tempo. Em cada
intervalo a interface entre o MTA e o CIV também foi mapeada (excluindo-se o
Grupo IV). A análise espectral provou que a colocação do CIV sobre o MTA, após
45 minutos, não afetou a reação de presa, e os sais de cálcio podem ser
formados na interface desses dois materiais.
Eldeniz et al. (2007) avaliaram in vitro o nível do pH e da liberação de íons
cálcio exibidos por três cimentos obturadores de canais radiculares – Sealapex,
Apexit, e Acroseal. Os materiais, preparados de acordo com as instruções do
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
- 160 -
fabricante, foram colocados em tubos de 1 cm de comprimento e 4 mm de
diâmetro. Os tubos foram imersos em frascos de vidro contendo 10 mL de água
bidestilada (n=15), selados e armazenados a 37ºC antes que os materiais
obtivessem presa. O grupo controle continha água bidestilada com tubos vazios
(n=12). Em intervalos de tempo pré-determinados (24 e 96 horas, e 7, 15, e 28
dias), o pH da água bidestilada foi avaliado com um medidor de pH, e o cálcio
liberado com a utilização da espectrofotometria. Os dados foram estatisticamente
analisados usando-se a análise de variância de uma via para a comparação dos
materiais em cada ponto no tempo. Quando a diferença foi significativa,
comparações individuais foram feitas pelo teste de comparações múltiplas de
Tukey (α>.05). Os resultados mostraram que o Sealapex produziu um pH maior e
liberou quantias de cálcio significativamente mais altas do que os outros dois
cimentos obturadores, em todos os períodos (p<.05). O Apexit mostrou uma
liberação de cálcio maior do que o Acroseal ao final dos 15 dias (p<.05). Não
houve diferença significativa no pH entre o Apexit e o Acroseal (p>.05). Os
autores concluíram que o novo cimento obturador Acroseal apresentou menor
liberação de íons de cálcio e pH do que o Sealapex, e uma liberação menor de
íons de cálcio do que o obturador Apexit.
Tanomaru Filho et al. (2007) avaliaram in vitro a atividade antimicrobiana
de diferentes materiais para obturação do ápice radicular – Sealer 26, Sealapex
com OZ, OZE, CP branco e cinza, MTA-Ângelus branco e cinza, e ProRoot MTA –
contra seis diferentes cepas de microrganismos. O método de difusão de ágar foi
usado. Uma camada de base foi feita usando-se o ágar MH, e poços foram feitos
com a remoção do ágar. Os materiais foram colocados dentro dos poços
imediatamente depois de manipulados. Os microrganismos usados foram:
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
Micrococcus
luteus
- 161 -
(ATCC9341),
Staphylococcus
aureus
(ATCC6538),
Eschirechia coli (ATCC10538), Pseudomonas aeruginosa (ATCC27853), Cândida
albicans (ATCC10231), e Enterococcus faecalis (ATCC10541). As placas foram
mantidas em temperatura ambiente por 2 horas para a pré-difusão, e então
incubadas a 37o C por 24 horas. Um gel de cloreto de trifeniltetrazolio 0,05% foi
adicionado para otimização, e as zonas de inibição foram mensuradas. Os dados
foram sujeitados aos testes de Kruskal-Wallis e Dunn, num nível de significância
de 5%. Os resultados mostraram que todos os materiais tiveram atividades
antimicrobianas contra todas as cepas testadas. A análise da eficácia desses
materiais contra as cepas microbianas mostrou que o Sealapex com OZ, OZE e o
Sealer 26 criaram halos de inibição maiores do que os cimentos baseados em
MTA e Portland (p, 0,05). Com base na metodologia usada os autores concluíram
que todos os cimentos obturadores endodônticos, os cimentos com base em MTA
e Portland, nesse estudo, possuem atividade antimicrobiana, particularmente os
obturadores endodônticos.
Holland et al. (2007a) analisaram in vivo a influência dos veículos água
destilada e propilenoglicol, na resposta dos tecidos apicais e periapicais de dentes
de cães à obturação de canais com MTA e guta percha, realizada em dois níveis
diferentes. Para execução desse estudo foram utilizadas 40 raízes de dentes de
dois cães. Os dentes foram pulpectomizados, e os canais preparados
biomecanicamente pela técnica mista invertida. Após o preparo biomecânico as
raízes tiveram seu “platô” cementário apical arrombado até a lima k 25. Os dentes
foram então obturados com o cimento ProRoot MTA e guta percha, e divididos em
quatro grupos: grupo I- obturação com MTA em água destilada no limite do canal
cementário; grupo II- sobreobturação com MTA em água destilada; grupo IIIobturação com MTA em propilenoglicol no limite do canal cementário; e grupo IVsobreobturação com MTA em propilenoglicol. Decorridos 90 dias os animais
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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foram mortos, e os espécimes preparados para análise histomorfológica. Os
dados obtidos foram analisados estatisticamente. Os resultados mostraram que o
MTA, com os veículos água destilada ou propilenoglicol, comportou-se de forma
semelhante, independentemente do nível de obturação. As obturações no nível do
canal
cementário
mostraram
resultados
superiores
aos
obtidos
nas
sobreobturações. Nos casos de sobreobturações houve uma tendência de o
veículo propilenoglicol ser superior à água destilada. A pasta de MTA preparada
em propilenoglicol é mais facilmente introduzida no canal radicular do que quando
preparada em água destilada. Baseados nos resultados os autores concluíram
que, na presente condição do estudo, o MTA em propilenoglicol entrou em
contato com os fluidos do tecido conjuntivo periapical, que possui água e gás
carbônico. Essa condição proporcionou a dissociação do MTA, com possibilidade
de o óxido de cálcio desse material reagir com o gás carbônico dos tecidos
periapicais, formando o carbonato de cálcio sob a forma de calcita, isso porque
tanto o MTA em água destilada quanto em propilenoglicol proporcionaram, nesse
trabalho, 80% dos casos com selamento biológico do forame do canal principal
por cemento neoformado. Os autores ainda afirmaram que os dados observados
com o MTA associado ao propilenoglicol são animadores, principalmente quando
se pensa em empregar, futuramente, o MTA como material obturador de canal.
Evidentemente outros detalhes, tais como a remoção desse material obturador do
interior do canal, necessitam ser mais bem analisados futuramente.
Yoshimini, Ono e Akamine (2007) compararam os efeitos de três materiais
de obturação do ápice radicular: MTA, resina 4-META/MMA-TBB (Super Bonder),
o IRM na adesão e proliferação de osteoblastos, e a formação de matriz. As
células MC3T3-E1 foram inoculadas sobre os espécimes do material após ser
manipulado e ter tomado presa. O número de células aderidas a cada material foi
avaliada às 6 horas e aos 3 dias de incubação usando-se o corante Hoechst
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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33258 sob um microscópio de fluorescência. Além disso, no 21º dia da cultura as
áreas em contato com cada superfície do material foram observadas nos níveis
microscópicos de luz e eletrônico. As células cultivadas que aderiram ao MTA e
ao Super Bonder proliferaram significativamente entre 6 horas e 3 dias de cultura.
Além disso, no 21º dia elas produziram uma camada espessa de matriz
diretamente sobre as superfícies do material. Em contraste, o número de células
que aderiram ao IRM diminuiu significativamente com o tempo. O formato dessas
células era redondo na aparência, e nenhuma formação de matriz foi encontrada.
Esses resultados sugerem que o MTA e o Super Bonder têm boa
biocompatibilidade e permitem que células de formação de tecido duro criem uma
camada de matriz, o que pode aumentar a regeneração do tecido apical.
Holland et al. (2007b) avaliaram in vivo o processo de cicatrização de
reparo de perfurações laterais contaminadas e não-contaminadas obturadas com
MTA, e o efeito de previamente obturar as perfurações contaminadas com um
agente antibacteriano (pasta de hidróxido de cálcio). Trinta perfurações
radiculares
laterais
foram
preparadas
em
dentes
de
cães
tratados
endodonticamente, assim formando três grupos com dez espécimes em cada.
Grupo I- as perfurações foram imediatamente obturadas com MTA; grupo II- as
perfurações foram deixadas abertas por 7 dias e então obturadas com MTA;
grupo III- as perfurações foram deixadas abertas por 7 dias, obturadas
temporariamente com uma pasta à base de hidróxido de cálcio por 14 dias e
então obturadas com MTA. Os animais foram mortos após 90 dias, e as peças
preparadas para análise histopatológica. A análise estatística mostrou que o
grupo I exibiu um reparo significativamente melhor do que os grupos II (p<.05) e
III (p<.05), o que valida os resultados superiores obtidos quando o MTA foi
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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imediatamente usado para obturar perfurações radiculares. Os Grupos II e III
tiveram um reparo estatisticamente semelhante (p>.05). Os autores concluíram
que perfurações radiculares laterais obturadas com MTA, após a contaminação,
apresentaram um reparo pior do que perfurações não contaminadas e
imediatamente obturadas. A obturação temporária com um agente bactericida
(pasta à base de hidróxido de cálcio) não melhorou o reparo das perfurações
expostas à contaminação.
Panzarini et al. (2007) analisaram o MTA como um material de obturação
do canal radicular para a reimplantação imediata de dentes de macaco. Foram
utilizados quatro macacos capuchinhos adultos Cebus apella, que tiveram os seus
incisivos laterais mandibulares e maxilares, em ambos os lados, extraídos e
reimplantados depois de 15 min. Durante o período extra-alveolar, os dentes
foram mantidos em solução salina, e depois da reimplantação a retenção foi
realizada com um fio de aço inoxidável e uma resina composta, por 14 dias.
Depois de 7 dias, os dentes reimplantados foram submetidos a tratamento
endodôntico com preparo biomecânico até a lima k 30, e foi feita irrigação dos
canais com uma solução saturada de hidróxido de cálcio. Foram então divididos
em dois grupos: grupo I- canal radicular obturado com uma pasta de hidróxido de
cálcio em propilenoglicol; e grupo II- canal obturado com MTA. Uma seqüência
radiográfica foi realizada aos 30, 60 e 90 dias; e depois de 180 dias os animais
foram mortos e os espécimes processados para a análise histopatológica. Os
resultados revelaram que a maioria dos espécimes de ambos os grupos
apresentou um ligamento periodontal organizado sem nenhuma inflamação. As
reabsorções observadas foram reabsorções de superfície, que haviam sido
reparadas pelo cemento. Os autores concluíram que o MTA e o hidróxido de
cálcio em propilenoglicol foram bons materiais de obturação para os dentes
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Revisão da Literatura
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imediatamente reimplantados, fornecendo um bom reparo e também permitindo a
obturação biológica de alguns canais laterais.
Leonardo et al. (2007) avaliaram in vivo a resposta tecidual perirradicular
depois da obturação do canal radicular com o sistema Epiphany/Resilon,
comparado com uma nova formulação do SealapexTM e guta percha, em dentes
de cães sem ou com restauração coronária. Foram utilizados 60 canais
radiculares com polpa vital de três cães, que após o preparo biomecânico foram
divididos em quatro grupos: Grupo I- obturação com Epiphany/Resilon, com
restauração coronária; Grupo II- obturação com o novo SealapexTM e cones de
guta
percha,
com
restauração
coronária;
Grupo
III-
obturação
com
Epiphany/Resilon, sem restauração coronária; Grupo IV- obturação com o novo
SealapexTM e cones de guta percha, sem restauração coronária. As cavidades
coronárias, quando seladas, foram tratadas com Vitremer e amálgama de prata.
Decorridos 90 dias os animais foram mortos, e as peças processadas para
análise histopatológica. Os resultados demonstraram que os canais radiculares
obturados
com
Epiphany/Resilon,
sem
restauração
coronária,
tiveram
significativamente menos inflamação perirradicular do que os canais obturados
com guta percha e SealapexTM, com restauração coronária (p=0,021). Nenhuma
diferença significativa foi observada na intensidade de inflamação entre os canais
radiculares obturados com Epiphany/Resilon sem restauração, e raízes obturadas
com guta percha e SealapexTM com restauração (p=0,269). Canais obturados com
guta percha e SealapexTM sem restauração coronária mostraram maior grau de
inflamação perirradicular. Baseados nos resultados os autores concluíram que o
sistema Epiphany/Resilon forneceu uma obturação melhor do sistema de canal
radicular in vivo do que guta percha e cimento SealapexTM. Concluíram ainda que
esse estudo mostrou a importância da restauração coronária na prevenção de
reações teciduais perirradiculares desfavoráveis.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
3 PROPOSIÇÃO
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
3
PROPOSIÇÃO
Em decorrência do exposto na introdução e na revisão da literatura, é
propósito deste estudo comparar in vivo o processo de reparo de dentes de cães
após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com os cimentos
Sealapex™ ou MTA manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do
emprego ou não de um curativo de corticosteróide-antibiótico.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
4 MATERIAIS E
MÉTODOS
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
4
MATERIAIS E MÉTODOS
4.1
PROCEDIMENTOS INICIAIS
A parte experimental deste trabalho foi realizada no CEMA (Centro de
Experimentação em Modelos Animais) da
UNIMAR (Figura
1),
e
os
procedimentos laboratoriais de processamento das peças e lâminas para análise
histológica foram realizados no Laboratório de Pesquisa da disciplina de
Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.
FIGURA 1: CEMA (Centro de Experimentação em
Modelos Animais) da UNIMAR
Todos os procedimentos experimentais executados durante a realização
deste trabalho obedeceram aos princípios éticos na experimentação animal
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 170 -
adotados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), e
aprovados em sessão de 18/05/2006 pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Humana e Animal (CEPHA) da Universidade de Marília – UNIMAR (Anexo A).
Durante todo o período experimental, os animais ficaram instalados em
celas especiais, bem limpas e ventiladas (Figura 2), recebendo alimentação à
base de ração Special Dog (Manfrin Industrial e Comércio LTDA. Santa Cruz do
Rio Pardo – SP) e água potável ad libitum. Semanalmente os animais foram
inspecionados clinicamente, não tendo sido constatadas anormalidades.
FIGURA 2: Vista panorâmica parcial do canil da UNIMAR
Para maior segurança, a fim de evitar acidentes e complicações transoperatórias, aproximadamente 12 horas antes dos procedimentos de anestesia
geral e operatório os animais eram submetidos a jejum, voltando a ser
alimentado somente após seu restabelecimento pós-operatório.
O tipo de estudo adotado para a presente pesquisa é definido como
estudo experimental de boca dividida (Split Mouth) (SUSIN e RÖSING, 2004) em
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 171 -
dentes de cães, sendo que para este experimento foram selecionados dois cães
adultos jovens, fêmeas, sem raça definida, da mesma ninhada, com idade média
próxima a 2 anos e com peso aproximado de 10 a 15 kg (Figuras 3A e 3B), do
canil da UNIMAR, devidamente vacinados, medicados, com bom estado de
saúde e sem complicações sistêmicas.
Os dentes dos dois cães selecionados para a concretização deste
experimento foram:
04 incisivos centrais superiores (4 raízes)
(Figura 3C)
04 incisivos mediais superiores (4 raízes)
04 segundos pré-molares superiores (8 raízes)
04 terceiros pré-molares superiores (8 raízes)
(Figura 3D)
04 terceiros pré-molares inferiores (8 raízes)
04 quartos pré-molares inferiores (8 raízes)
No total, foram selecionados 24 dentes e 40 raízes, divididos em quatro
grupos experimentais.
Com a finalidade de observar as condições dos dentes selecionados
foram feitas tomadas radiográficas periapicais com a utilização de um aparelho
de raios-X odontológico espectro II (Dabi Atlante – Indústria Médico
Odontológica LTDA – Lagoinha – Ribeirão Preto – SP) com 60 KVp, e tempo de
exposição de 0,5 segundo. O filme radiográfico utilizado foi Agfa Dentus M2
Speed E/F (Agfa-Geavert N.V., Mortsel – Bélgica), e o processamento de
revelação foi realizado em câmara escura portátil (Odontologic Indústria e
Comércio LTDA – São Paulo – SP), por meio do método de tempo x
temperatura. A técnica da tomada radiográfica periapical, foi a Técnica da
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 172 -
Bissetriz (Figura 3E). Para analisar canais radiculares e tecidos periapicais essas
radiografias serviram como radiografias iniciais do tratamento (Figuras 3F e 3G).
FIGURA 3: A- Cão 1; B- Cão 2; C- Incisivos centrais e mediais anteriores; D- Segundos,
Terceiros e Quartos Pré-molares superiores e inferiores; E- Película em
posição para tomada radiográfica; F- Radiografia dos incisivos; G- Radiografia
dos Pré-molares
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 173 -
Em todas as sessões, para que pudesse ser realizado o ato cirúrgico os
animais foram anestesiados com uma injeção intramuscular (Figura 4A),
constituída pela combinação dos seguintes ingredientes: sulfato de xilazina
(Dopaser® – Laboratório Calier S.A. – Barcelona – Espanha), na dosagem de
0,05 mL/kg, e cloridrato de tiletamina e cloridrato de zolazepan (Zoletil® 50 –
Virbac do Brasil, Indústria e Comércio LTDA, São Paulo – SP), na dosagem de
0,2 mL/kg (Figura 4B). Quando necessário houve suplementação anestésica
com ¼ da dosagem inicial, endovenosamente, a fim de manter o efeito
anestésico durante todo o período operatório, sempre observando os sinais
vitais e reflexos do animal.
Realizou-se a depilação da pata posterior com o auxílio de uma tesoura e
um barbeador Probak II (Gilette do Brasil LTDA – Manaus – Amazonas) (Figura
4C) para se obter um vaso acessível e mantê-lo canulado com um scalp n°21
(Sondoplastic Materiais Médicos Hospitalares – Brasil) (Figura 4D), por onde se
administrou uma solução de Ringer com Lactato de Sódio (JP Indústria
Farmacêutica S.A., Ribeirão Preto – SP) (Figura 4E) durante todo o período
operatório, para manter o animal hidratado (Figura 4F) e também facilitar a
administração suplementar do anestésico (Figura 4G).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 174 -
FIGURA 4: A- Injeção intramuscular na coxa do cão; B- Drogas utilizadas para
anestesiar os cães; C- Depilação da pata do cão; D- Colocação do scalp;
E- Solução de Ringer; F- Animal sendo hidratado; G- Complementação
anestésica no scalp
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 175 -
Todo o instrumental clínico utilizado (limas, brocas, espelhos, pinças,
espaçadores, calcadores, etc), bem como gaze, algodão e campos de tecido de
algodão foram autoclavados (Tuthnauer 2340 EK SISMED AD – Com. Assist.
Técnica LTDA, São Paulo – SP) a 134ºC durante 13 minutos, no Laboratório
de Endodontia da Faculdade de Odontologia da UNESP de Araçatuba. Os
materiais termo-sensíveis foram desinfectados em solução de hipoclorito de
sódio 2,5% (Laboratório de Endodontia da UNESP – Araçatuba – SP) antes de
serem utilizados.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
4.2
- 176 -
FORMAÇÃO DOS GRUPOS
Para realizar o tratamento endodôntico deste experimento foram
selecionados
dois
cimentos
obturadores:
Sealapex™
(SybronEndo
(SDS)/Glendora, C.A – EUA), com recentes alterações na fórmula original feita
pelo fabricante (Figura 5), e MTA (ProRoot™MTA – Dentsply – Tulsa Dental –
USA) (Figura 6), manipulado com propilenoglicol PA (CAQ – Casa da Química
Ind. e Com. LTDA) (Figura 7), cujas composições e fórmulas, de acordo com os
fabricantes, encontram-se a seguir:
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 177 -
FIGURA 5: Sealapex™ (SybronEndo – SDS)
QUADRO 1: Composição química aproximada do cimento Sealapex™
1
Dados extraídos da bula do produto.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
1
Materiais e Métodos
- 178 -
FIGURA 6: ProRoot ™ MTA (Dentsply)
QUADRO 2: Composição química do ProRoot™ MTA2
2
Dados extraídos do PRO ROOT MTA: material reparador de canais radiculares. S.l.: Dentsply
Indústria e Comércio, 1998. CD-ROM Institucional.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 179 -
FIGURA 7: Propilenoglicol PA
(CAQ – Casa da Química Ind. e Com. LTDA.)
QUADRO 3: Especificações técnicas do Propilenoglicol3
3
LIDE (1996/1997), e também do rótulo do produto.
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Materiais e Métodos
- 180 -
O curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin® FQM – Farmoquímica
S/A. Rio de Janeiro – RJ) (Figura 8) foi selecionado com base nos resultados de
alguns trabalhos experimentais (HOLLAND et al., 1980b, 1981b; SOUZA et al.,
1981). A finalidade do uso de tal curativo de demora é que permite a
neoformação de um coto pulpar, pela invaginação do tecido conjuntivo
periodontal, através do canal principal do delta apical, dotando o ápice dos
dentes dos cães de um canal principal com um aspecto mais próximo ao do
dente humano. Sua composição, de acordo com o fabricante, encontra-se no
Quadro 4:
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 181 -
FIGURA 8: Otosporin® (FQM – Farmoquímica SA)
QUADRO 4: Composição química do Otosporin® por mL4
Os dentes selecionados foram divididos em quatro grupos experimentais:
Grupo I (G1) – sem curativo de demora + Sealapex™;
Grupo II (G2) – sem curativo de demora + MTA com Propilenoglicol;
Grupo III (G3) – com curativo de demora + Sealapex™;
Grupo IV (G4) – com curativo de demora + MTA com Propilenoglicol.
4
Dados extraídos da bula do produto.
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Materiais e Métodos
- 182 -
Os grupos foram tratados em duas sessões (G3 e G4) e em uma sessão
(G1 e G2). A obturação dos canais radiculares foi efetuada em sistema de
rodízio, de forma que em um mesmo animal fossem testados todos os grupos
experimentais.
Quando foram realizadas duas sessões (G3 e G4), os dentes que
compreendiam esses grupos foram abertos na primeira sessão, preparados
biomecanicamente e em seguida foi colocado o curativo de demora (Otosporin®).
Na segunda sessão o curativo de demora foi removido, procedendo-se à
obturação dos canais radiculares com os devidos cimentos. Ainda nessa sessão,
os dentes que compreendiam o grupo de sessão única (G1 e G2) foram abertos,
preparados
biomecanicamente,
e
os
canais
radiculares
imediatamente
obturados.
Um resumo dos procedimentos dos quatro grupos experimentais está
contido no Quadro 5, a seguir.
QUADRO 5: Resumo dos procedimentos nos quatro grupos experimentais
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
4.3
- 183 -
PROCEDIMENTOS ENDODÔNTICOS
O tratamento endodôntico nos dois grupos experimentais (G3 e G4) foi
realizado em duas sessões. Na primeira sessão, após a anestesia do animal foi
feita a delimitação do campo operatório com um campo de tecido de algodão
fenestrado e estéril (Figura 9A). Quando necessário, foi realizada a remoção do
tártaro das coroas clínicas dos dentes por meio de raspagem com curetas
periodontais (Maxter – Marília – SP) e polimento com pasta profilática (Pasta
Herjos – Viagodent) e taça de borracha (KG Sorensen Indústria e Comercio
LTDA – Barueri – SP) (Figura 9B). Realizou-se após a antissepsia da cavidade
oral com o auxílio de um chumaço de algodão embebido em polivinilpirrolidona
iodado (PVP- I – Laboridine tópico – Glicolabor Indústria Farmacêutica LTDA –
Canoas – RS) (Figura 9C).
Após esses cuidados iniciais, e para dar seguimento ao tratamento
endodôntico, procedeu-se à instalação do isolamento nos dentes pré-molares
com dique de borracha (Madeitex Indústria e Comércio de Artefatos de Látex
LTDA. São José dos Campos – SP) montado no arco de Young (Farbe –
Produtos Odontológicos LTDA). Foram feitas marcações no dique de borracha
indicando a posição dos dentes a serem tratados. Essas marcações foram
perfuradas por uma pinça perfuradora (Golgran Ind. Com. Instr. Odontológicos
LTDA – São Paulo – SP). Procedeu-se, então, à instalação do dique com o
auxílio de grampos de isolamento para pré-molares humanos (Ivory – SS White
– USA), e pinça porta-grampos (Golgran Ind. Com. Instr. Odontológicos LTDA –
São Paulo – SP). Quando necessário, nas margens entre a gengiva e o dique foi
aplicado o éster de cianoacrilato (Super Bonder – Henkel Lactill Adesivos LTDA,
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 184 -
Itapevi – SP) (Figura 9D) para prevenir a infiltração de saliva. Nos dentes
anteriores (incisivos) o isolamento foi realizado sem o uso dos grampos. Dessa
forma, os dentes foram isolados com a aplicação da cola Super Bonder entre o
dique de borracha e a mucosa gengival (Figura 9E). Procedida a instalação do
dique de borracha, foi realizada a antissepsia do campo operatório com solução
de PVP-I (Figura 9F).
FIGURA 9: A- Delimitação do campo operatório; B- Antissepsia com taça de
borracha; C- Antissepsia da cavidade oral; D- Isolamento, com dique de
borraca, dos pré-molares; E- Isolamento, com dique de borracha, dos
incisivos; F- Antissepsia do campo operatório
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 185 -
Na seqüência foram feitas aberturas coronárias com exposição pulpar dos
dentes em questão, com o auxílio de pontas carbide n.1557 (JET-Beavers
Dental – Canadá) acionada em alta rotação e refrigerada a ar e água (Figura
10A).
Nos incisivos centrais e mediais superiores a abertura coronária foi
realizada no terço cervical da face vestibular (Figura 10B). Nos pré-molares
superiores e inferiores, as aberturas coronárias se deram pela face oclusal, por
meio de duas vias de acesso, sendo uma para o canal mesial e outra para o
canal distal, preservando-se a cúspide do dente com o objetivo de manter a
normalidade do ato mastigatório e de prevenir eventuais fraturas coronárias
(Figura 10C).
Após a abertura coronária, as polpas foram removidas com o auxílio de
extirpa-nervos (Maillefer Instruments – S.A – Ballaigues, Switzerland) de
dimensões apropriadas (Figuras 10D e 10E).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 186 -
FIGURA 10: A- Abertura coronária; B- Abertura coronária com exposição pulpar dos
incisivos; C- Abertura coronária com exposição pulpar dos pré-molares;
D- Pulpectomia dos incisivos; E- Pulpectomia dos pré-molares
Imediatamente após a pulpectomia, abundantes irrigações com solução
fisiológica (JP Industrial Farmacêutica S.A. – Ribeirão Preto – SP) foram
efetuadas. Procedeu-se, então, à exploração do canal radicular e à odontometria
para a detecção do limite canal-dentina-cemento (CDC), por meio da introdução
de uma lima k (Maillefer Instruments S.A. – Ballaigues, Switzerland) de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 187 -
dimensões compatíveis, até que, pela sensibilidade tátil, fosse localizada a
barreira cementária a qual se localiza, geralmente, de 1 a 2 mm do ápice
radicular que abriga o delta apical (Figuras 11A e 11B). As limas eram mantidas
na posição e confirmava-se radiograficamente a odontometria, obtendo-se assim
o comprimento real do dente (CRD) e, conseqüentemente, o comprimento real
de trabalho (CRT) (Figuras 11C e 11D).
FIGURA 11: A- Realização da odontometria dos incisivos; B- Realização da
odontometria dos pré-molares; C- Radiografia de odontometria dos
incisivos; D- Radiografia de odontometria dos pré-molares
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 188 -
Na seqüência, procedeu-se ao preparo biomecânico por meio da Técnica
Mista Invertida, preconizada por Holland et al. (1991a). Dessa forma, a
instrumentação teve início com o emprego dos ampliadores de orifício (Maillefer
Instruments – S.A. – Ballaigues – Switzerland) números 1, 2, 3, que alargaram o
terço cervical do canal (Figura 12A), seguindo-se o uso das brocas Gates
Glidden (Maillefer Instruments – S.A. – Ballaigues – Switzerland) números 3, 2,
1, respectivamente, que ampliaram o terço médio do canal (Figura 12B). Com
limas k ampliou-se o terço apical até a lima K 55 no limite CDC, finalizando-se a
seqüência do preparo com o emprego de limas Hedströen (Maillefer Instruments
– S.A. – Ballaigues – Switzerland) com recuo anatômico natural e progressivo.
Finalizado o preparo biomecânico, procedeu-se ao arrombamento da
barreira cementária apical com alargador mecânico (Antaeos – Suíça) n.1,
acionado em baixa rotação (Figuras 12C e 12C1). A seguir, fez-se ampliação
manual do canal cementário com limas k 15 a 25, dando, assim, origem ao
forame principal. Dessa forma, o ápice dos dentes ficou com um forame principal
de dimensão padronizada, e forames secundários menores, correspondentes
aos pequenos canais do delta apical (Figura 17).
Durante todo o preparo dos canais foram realizados abundantes e
freqüentes irrigações com solução fisiológica (JP Indústria Farmacêutica S.A.,
Ribeirão Preto – SP), levada ao interior dos canais por uma seringa descartável
(Injex – Indústrias cirúrgicas LTDA – Ourinhos – SP) com capacidade de 5 mL e
uma agulha hipodérmica BD n.4 (Becton – Dickinson Indústrias Cirúrgicas LTDA
– Juiz de Fora – MG), sem bisel e pré-curvada. A aspiração foi feita com sugador
metálico (Golgran – Ind. Com. Instr. Odontológicos LTDA – São Paulo – SP) e
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 189 -
uma cânula aspiradora BD n.20 (Golgran – Ind. Com. Instr. Odontológicos LTDA
– São Paulo – SP) (Figura 12D). Assim, a cada mudança de instrumento foi feita
irrigação/aspiração com 2 mL da solução irrigadora.
FIGURA 12: A- Abertura com ampliador de orifício; B- Abertura com broca de Gates
Glidden; C- Arrombamento da barreira cementária com alargador
mecânico; C1- Representação esquemática do arrombamento da
barreira cementária com alargador mecânico; D- Irrigação/aspiração da
solução irrigadora
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 190 -
Concluído todo o preparo biomecânico, a lima k 25 foi utilizada em todo o
CRT para remoção de possíveis raspas de dentina e resíduos acumulados na
região da abertura foraminal, em decorrência do preparo biomecânico. Após, os
canais foram novamente irrigados, aspirados e secos com cones de papel
absorvente (Dentsply – Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) esterilizados
e de calibre adequado. Então, foram inundados os canais com solução de EDTA
trissódico 17% (Laboratório da disciplina de Endodontia da UNESP de Araçatuba
– SP) pelo tempo de 3 minutos, com a finalidade de remover o lodo dentinário,
ou smear layer. Após esse período realizou-se uma última irrigação com solução
fisiológica e novamente procedeu-se à aspiração e secagem dos canais com
cones de papel absorvente. Nos grupos G3 e G4 os canais foram preenchidos
com o curativo de demora à base de corticosteróide-antibiótico (Otosporin® –
FQM Farmoquímica S/A. Rio de Janeiro – RJ) (Figura 13B). O excesso foi
removido com uma bolinha de algodão estéril, e a medicação foi mantida em
posição no interior do canal com o auxílio de um cone de papel absorvente
(HOLLAND et al., 1980b).
O medicamento foi levado ao interior dos canais radiculares com o auxílio
de uma seringa tipo carpule (Dulflex – S.S. White artigos dentários LTDA – Juiz
de Fora – MG) e agulha BD 30G curta descartável (Becton Dickinson Indústria
Cirúrgica LTDA – Juiz de Fora – MG) (Figura 13A). A medicação de
corticosteróide-antibiótico
foi
acondicionada
previamente
em
tubetes
de
anestésicos vazios esterilizados. Procedeu-se ao selamento coronário com guta
percha em bastão (Dentsply Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) (Figura
13C) e cimento à base de OZE (SS White Artigos Dentários – RJ) (Figura 13D).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 191 -
Esses grupos experimentais permaneceram com o curativo de demora por 7
dias.
FIGURA 13: A- Preenchimento do canal com Otosporin®; B- Canal preenchido com
Otosporin; C- Selamento com guta percha; D- Dente com restauração
provisória
Decorridos 7 dias realizou-se a segunda sessão para os grupos
experimentais (G3 e G4). Os animais foram novamente anestesiados, os dentes
isolados, e foi realizada antissepsia do campo operatório, conforme descrições
feitas na sessão anterior. A remoção dos selamentos coronários provisórios foi
realizada com o auxílio de uma broca diamantada cilíndrica 1090 (KG –
Sorensen – Indústria e Comércio LTDA – Barueri – SP), e a remoção do cone de
papel foi feita com o auxílio de extirpa-nervo de calibre compatível. A medicação
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 192 -
intracanal foi removida com irrigação/aspiração de solução fisiológica. Então,
procedeu-se à secagem dos canais.
Realizou-se seleção e prova do cone principal de guta percha (Dentsply
Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) de acordo com o diâmetro do último
instrumento empregado no CRT durante o preparo biomecânico, confirmando-se
radiograficamente. Para os dentes do G3, a obturação foi feita com o cimento
obturador Sealapex™, espatulado em consistência pastosa e acrescido de
iodofórmio (Quimidrol Com. Ind. Imp. LTDA) na proporção de 3:1 (Figura 14A). O
cimento foi levado para o interior do canal radicular envolvendo o cone principal
selecionado e também através dos cones de guta percha secundários (Dentsply
Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) (Figura 14B), seguindo-se a
condensação lateral ativa com espaçadores palmo-digitais (Maillefer Instruments –
S.A. – Ballaigues, Switzerland), até que fosse obtida a completa obturação do
canal radicular.
Para os dentes do G4, a obturação foi feita com MTA manipulado com
propilenoglicol PA (CAQ – Casa da Química Ind. e Com. LTDA) também em
consistência pastosa a ponto de fio, na proporção de 1gr de MTA para 0,4mL de
propilenoglicol (Figuras 14C, D, E, F), sendo o cimento levado ao canal da
mesma forma descrita para o Sealapex™.
Concluídas as obturações dos canais (Figuras 14G e 14H), procedeu-se
ao exame radiográfico para constatar a eficiência da obturação, e então os cones
de guta percha foram seccionados com um hollemback n.3S (Golgran Indústria e
Comércio de Instrumentos Odontológicos – São Paulo – SP) pré-aquecido, à altura
da entrada dos canais (Figura 14I). Com um condensador tipo Paiva (Golgran
Indústria e Comércio de instrumentos Odontológicos – São Paulo – SP) foi
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 193 -
realizada a condensação vertical do material obturador (Figura 14J). Na
seqüência fez-se a limpeza da cavidade de acesso com mechas de algodão
esterilizadas, umedecidas em álcool, e restauração coronária definitiva com IRM®
(Dentsply Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) e amálgama de prata (SS
White Artigos Dentários LTDA) (Figuras 14K e 14L). Dessa maneira, deu-se por
encerrado o tratamento endodôntico dos grupos experimentais G3 e G4.
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Materiais e Métodos
- 194 -
FIGURA 14: A- Sealapex™ sendo manipulado; B- Sealapex™ sendo levado ao canal; CMTA sendo manipulado; D- MTA envolvendo o cone principal na espátula; EMTA sendo levado ao canal; F- Cone principal + cone secundário +
espaçador no pré-molar; G- Grupos de incisivos com MTA e Sealapex™; HGrupos de pré-molares com MTA e cones de guta percha obturando o canal;
I- Hollemback 3S cortando os cones; J- Condensando a obturação; K- Dentes
com restauração definitiva em amálgama; L- Radiografia final de obturação
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 195 -
Procedeu-se, a seguir, à realização do tratamento endodôntico dos
grupos 1 e 2, realizados em sessão única. Todos os procedimentos de
antissepsia do campo operatório, abertura coronária, odontometria, preparo
biomecânico dos canais, arrombamento da barreira cementária, irrigação/aspiração,
inundação dos canais com EDTA trissódico 17% por 3 minutos, irrigação final
com soro fisiológico e secagem dos canais, seleção dos cones principais,
cimentos obturadores, condensação lateral, condensação vertical e restauração
definitiva foram os mesmos adotados para os grupos 3 e 4.
Os animais foram acompanhados por um período de 90 dias após a
obturação dos canais radiculares, e decorrido esse período os 2 animais
sofreram processo de eutanásia, por meio de uma overdose da solução
anestésica. As maxilas e mandíbulas (Figura 15) foram separadas do restante
do crânio por seccionamento, dissecadas com auxílio de um bisturi, lavadas
em água corrente e fixadas em solução de formalina a 10% tamponada em pH
neutro (Laboratório de Pesquisa da Disciplina de Endodontia da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba – UNESP) por um período de 48 horas.
FIGURA 15: Maxila e mandíbula dissecadas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
4.4
- 196 -
PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS
4.4.1 Processamento Histológico: Fixação, Desmineralização, Inclusão,
Microtomia e Coloração
Passado o período de 48 horas as peças foram lavadas em água corrente
por 12 horas e após desmineralizadas em solução de ácido fórmico (Reagen
Quimibras Indústria Química S.A. – Rio de Janeiro – RJ) e citrato de sódio (Reagen
Quimibras Indústria Química S.A. – Rio de Janeiro – RJ), em partes iguais, por
aproximadamente 3 meses (MORSE, 1945) (Figura 16A). Foi considerado
finalizado o processo de desmineralização quando os dentes apresentavam-se com
consistência borrachóide (de cartilagem), de maneira que permitisse corte no
micrótomo para tecido mole, e também quando radiografados não era possível
observar imagem radiopaca na radiografia.
Logo após esse período os dentes foram separados das maxilas e
mandíbulas individualmente (Figuras 16B e C), diafanizados, incluídos em parafina
(Figura 16D) e cortados seriadamente com 6 µm de espessura no sentido
longitudinal (Figura 16E e F).
A maioria dos cortes obtidos (Figura 16G) foram corados com
hematoxilina e eosina (HE), segundo as orientações de Lillie (1954) para realizar
a avaliação histomorfológica (Figuras 16 H,I). Alguns cortes foram corados pelo
método de Brown e Brenn, segundo o protocolo de Taylor (1966), para avaliação
histomicrobiológica (Figura 16J). A quantidade de cortes corados por HE ou por
Brown e Brenn é feita de acordo com o objetivo do trabalho; por isso, neste trabalho
foram corados em média 80% dos cortes com HE e 20% com Brown e Brenn.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 197 -
FIGURA 16: A- Maxila e mandíbula desmineralizadas; B- Dente sendo separado da
maxila; C- Dente sendo preparado para inclusão na parafina; D- Dente
incluído na parafina; E- Corte seriado; F- Cortes sendo preparados para
serem montados nas lâminas; G- Cortes nas lâminas; H- Máquina corando por
HE; I- lâmina corada por HE; J- lâmina corada pelo método de Brown e Brenn
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
4.5
- 198 -
CRITÉRIOS EMPREGADOS PARA A ANÁLISE HISTOMORFOLÓGICA
E HISTOMICROBIOLÓGICA
FIGURA 17: Representação esquemática do dente trabalhado
Cortes histológicos seriados intercalados foram corados pelo método de
Brown e Brenn para a evidenciação de bactérias, no sistema de canais
radiculares e nas regiões apical e periapical. Os valores obtidos foram
analisados por meio de um item distinto (presença de bactérias).
Para se fazer a análise histomorfológica adotou-se o método semiquantitativo de avaliação microscópica, cuja análise dos resultados foi realizada
avaliando-se as condições histomorfológicas e histopatológicas das estruturas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 199 -
examinadas em itens distintos (num total de 16), atribuindo-se magnitudes
registradas sob a forma de escores de 1 a 4, em que 1 corresponde ao melhor
resultado e 4 ao pior resultado, sendo os escores 2 e 3 equivalentes às posições
intermediárias (HOLLAND et al., 2005b, 2007a).
Assim sendo, com o intuito de facilitar a atribuição dos referidos escores e
tornar esse ato o menos subjetivo possível, o terço apical da raiz do dente foi
subdividido em quatro segmentos, da seguinte forma: no ponto em que se inicia
a circunferência apical foi traçada uma linha (1-5) perpendicular ao longo eixo do
dente; a seguir, traçou-se uma linha (3) perpendicular à anterior, dividindo a
porção apical em duas partes iguais. Os dois ângulos de 90º obtidos foram
divididos ao meio pelas linhas 2 e 4, constituindo, assim, quatro segmentos
iguais (SANT’ANNA JÚNIOR, 2001) (Figura 18).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 200 -
FIGURA 18: Locais pré-estabelecidos em que foram efetuadas as medidas das
espessuras do cemento neoformado e do ligamento periodontal. Além
disso, os quatro segmentos obtidos foram utilizados para avaliar a
organização do ligamento periodontal: Pontos 1 a 5 - locais do início da
circunferência apical; Ponto 3 - local correspondente ao vértice apical;
Pontos 2 e 4 - locais correspondentes, respectivamente, às distâncias
médias entre os Pontos 1 e 3 e os Pontos 3 e 5
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 201 -
Após a definição desses pontos, para se fazer a realização das leituras
foram avaliados os seguintes detalhes:
1 – espessura do cemento neoformado;
2 – extensão do cemento neoformado;
3 – selamento biológico dos canais do delta apical por cemento neoformado;
4 – selamento biológico do canal principal por cemento neoformado;
5 – reabsorção do cemento pré-existente;
6 – reabsorção do tecido ósseo;
7 – presença de bactérias;
8 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical agudo;
9 – extensão do infiltrado inflamatório periapical agudo;
10 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical crônico;
11– extensão do infiltrado inflamatório periapical crônico;
12 – espessura do ligamento periodontal;
13 – organização do ligamento periodontal;
14 – limite da obturação;
15 – presença de detritos;
16 – presença de células gigantes.
A seguir, serão detalhadas as condições correspondentes aos respectivos
escores para cada um dos 16 itens considerados.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 202 -
4.5.1 Critérios para Atribuições de Escores ao Item Cemento
4.5.1.1 Quanto ao cemento neoformado
4.5.1.1.1 Espessura do cemento neoformado
A média das mensurações efetuadas nos quatro segmentos considerados
define a espessura do cemento neoformado.
1 – acima de 60 µm;
2 – de 20 a 59 µm;
3 – de 1 a 19 µm;
4 – ausência de cemento neoformado.
4.5.1.1.2 Extensão do cemento neoformado
1 – cemento neoformado depositado nas áreas de reabsorção ou recobrindo o
cemento pré-existente;
2 – cemento neoformado repara mais de 1/3 das áreas de reabsorção;
3 – cemento neoformado repara até 1/3 das áreas de reabsorção;
4 – nenhum cemento neoformado repara as áreas de reabsorção.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 203 -
4.5.1.1.3 Selamento biológico dos canais do delta apical por cemento
neoformado
1 – selamento completo de todos os canais (Figura 19);
2 – selamento completo da maioria dos canais (Figura 20);
3 – selamento completo de poucos canais (Figura 21);
4 – ausência de selamento biológico (Figura 22).
FIGURA 19: Representação esquemática do selamento biológico completo de todos
os canais do delta apical
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 204 -
FIGURA 20: Representação esquemática do selamento biológico completo na maioria
dos canais do delta apical
FIGURA 21: Representação esquemática do selamento biológico completo em poucos
canais do delta apical
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 205 -
FIGURA 22: Representação esquemática da ausência do selamento biológico nos
canais do delta apical
4.5.1.1.4 Selamento biológico do canal principal apical por cemento neoformado
1 – selamento biológico completo (Figura 23);
2 – selamento biológico parcial: pequena comunicação entre o ligamento
periodontal e o interior do canal (Figura 24);
3 – deposição de cemento nas paredes laterais do canal principal (Figura 25);
4 – ausência de cemento neoformado junto ao canal principal (Figura 26).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 206 -
FIGURA 23: Representação esquemática do selamento biológico completo do canal
principal
FIGURA 24: Representação esquemática do selamento biológico parcial do canal
principal
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 207 -
FIGURA 25: Representação esquemática da deposição de cemento apenas nas
paredes laterais do canal principal
FIGURA 26: Representação esquemática da ausência de cemento neoformado junto
ao canal principal
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Materiais e Métodos
4.5.1.1.5 Reabsorção do cemento pré-existente
1 – ausente, ou áreas de reabsorção completamente reparadas;
2 – áreas de reabsorção reparadas parcialmente;
3 – áreas de reabsorção não reparadas;
4 – áreas de reabsorção ativas.
4.5.2 Reabsorção do Tecido Ósseo
1 – ausente, ou áreas de reabsorção óssea completamente reparadas;
2 – áreas de reabsorção óssea inativas ou parcialmente reparadas;
3 – poucas áreas de reabsorção óssea ativas ou não reparadas;
4 – muitas áreas de reabsorção óssea ativas.
4.5.3 Presença de Bactérias
1 – ausente;
4 – presente.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
- 208 -
Materiais e Métodos
- 209 -
4.5.4 Infiltrado Inflamatório Periapical Agudo ou Crônico
4.5.4.1 Quanto à intensidade
A avaliação da intensidade da reação inflamatória periapical foi realizada
por meio da contagem de células inflamatórias na região periapical. Os cortes
histológicos
corados
pela
HE
foram
selecionados
e
analisados
em
fotomicroscópio binocular com auxílio de uma objetiva de 40X, possibilitando, no
campo delimitado (aumento de 400X), a contagem das células inflamatórias
presentes. Assim sendo, a intensidade do processo foi analisada em
conformidade com o número médio aproximado de células inflamatórias
presentes em diferentes campos de um mesmo espécime (BERNABÉ, 1994;
HOLLAND et al., 2005b, 2007a).
1 – células inflamatórias ausentes ou em número desprezível;
2 – infiltrado inflamatório pequeno: número de células inflamatórias inferior a 10
por campo;
3 – infiltrado inflamatório moderado: número de células inflamatórias entre 10 e
25 por campo;
4 – infiltrado inflamatório intenso: número de células inflamatórias superior a 25
por campo.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 210 -
4.5.4.2 Quanto à extensão
1 – células inflamatórias ausentes (Figura 27);
2 – células inflamatórias localizadas dentro das ramificações apicais ou junto aos
forames (Figura 28);
3 – células inflamatórias pouco além dos forames apicais (Figura 29);
4 – células inflamatórias em grande parte do espaço periodontal (Figura 30).
FIGURA 27: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo
ou crônico, evidenciando: 1- Células inflamatórias ausentes
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 211 -
FIGURA 28: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo
ou crônico, evidenciando: 2- Células inflamatórias localizadas dentro das
ramificações apicais ou junto aos forames
FIGURA 29: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo
ou crônico, evidenciando: 3- Células inflamatórias pouco além dos
forames apicais
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 212 -
FIGURA 30: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo
ou crônico, evidenciando: 4- Células inflamatórias em grande parte do
espaço periodontal
4.5.5 Ligamento Periodontal
4.5.5.1 Espessura do ligamento periodontal
Valores baseados na média das mensurações efetuadas nos cinco pontos
definidos na Figura 18.
1 – até 200 µm;
2 – de 201 a 300 µm;
3 – de 301 a 400 µm;
4 – acima de 401 µm.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 213 -
4.5.5.2 Organização do ligamento periodontal
Para a avaliação deste item considerou-se a divisão da região apical
do dente expressa na Figura 18. Assim, essa região, dividida em quatro partes
iguais, foi analisada para se quantificar em quantos segmentos as fibras do
ligamento periodontal estavam organizadas, inserindo-se no cemento e no osso:
1 – ligamento organizado em toda a porção apical do dente (Figura 31);
2 – ligamento organizado em 3/4 da porção apical do dente (Figura 32);
3 – ligamento organizado em 1/2 (Figura 33) a 1/4 (Figura 34) da porção apical
do dente;
4 – ligamento desorganizado em toda a porção apical do dente (Figura 35).
FIGURA 31: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento
periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em toda a porção
apical do dente. É evidenciado o ligamento totalmente organizado
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 214 -
FIGURA 32: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento
periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 3/4 da porção
apical do dente
FIGURA 33: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento
periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 1/2 da porção
apical do dente
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 215 -
FIGURA 34: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento
periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 1/4 da porção
apical do dente
FIGURA 35: Representação esquemática da ausência de organização das fibras do
ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em toda a
porção apical do dente
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Materiais e Métodos
- 216 -
4.5.6 Limite da Obturação
1 – material obturador contido no canal cementário (Figura 36);
2 – material obturador discretamente além do forame apical (Figura 37);
3 – material obturador ultrapassa o forame apical até a metade da espessura do
ligamento periodontal (Figura 38);
4 – material obturador ocupa toda a espessura do ligamento periodontal ou
ultrapassa esse limite (Figura 39).
FIGURA 36: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 1Material obturador contido no canal cementário
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 217 -
FIGURA 37: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 2Material obturador discretamente além do forame apical
FIGURA 38: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 3Material obturador ultrapassa o forame apical até a metade da espessura
do ligamento periodontal
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 218 -
FIGURA 39: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 4Material obturador ocupa toda a espessura do ligamento periodontal ou
ultrapassa esse limite
4.5.7 Presença de Detritos
1 – detritos ausentes;
2 – pequena quantidade de detritos, impedindo ou não o contato do material
obturador com os cotos pulpares;
3 – moderada quantidade de detritos, impedindo ou não o contato do material
obturador com os cotos pulpares;
4 – grande quantidade de detritos, impedindo o contato do material obturador
com os cotos pulpares, podendo inclusive ter sido condensados de modo a
atingir o ligamento periodontal.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 219 -
4.5.8 Presença de Células Gigantes: Número Médio de Células em Campos
de 400X
1 – ausentes;
2 – de 1 a 3 células por campo;
3 – 4 a 6 células por campo;
4 – 7 ou mais células por campo.
4.6
ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise estatística dos resultados histomorfológicos e histomicrobiológicos
obtidos foi efetuada para se detectar a existência ou não de diferenças significantes
entre as técnicas de tratamento executadas.
Para tanto, levou-se em consideração os escores atribuídos aos dez
espécimes de cada grupo experimental, referente aos 16 critérios previamente
estabelecidos, ou seja:
1 – espessura do cemento neoformado;
2 – extensão do cemento neoformado;
3 – selamento biológico dos canais do delta apical por cemento neoformado;
4 – selamento biológico do canal principal por cemento neoformado;
5 – reabsorção do cemento pré-existente;
6 – reabsorção do tecido ósseo;
7 – presença de bactérias;
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Materiais e Métodos
- 220 -
8 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical agudo;
9 – extensão do infiltrado inflamatório periapical agudo;
10 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical crônico.
11 – extensão do infiltrado inflamatório periapical crônico;
12 – espessura do ligamento periodontal;
13 – organização do ligamento periodontal;
14 – limite da obturação;
15 – presença de detritos;
16 – presença de células gigantes.
Os dados referentes aos achados microscópicos, na forma de escores,
referentes aos 16 critérios histológicos analisados, foram submetidos à análise
estatística. Foram utilizados os teste análise de variância de Kruskal-Wallis para
comparar os grupos segundo os tratamentos (4 grupos independentes) e o teste
de Mann – Whitney, para o efeito do emprego do curativo de corticosteróide
antibiótico (2 grupos independentes) (ARMITAGE E BERRY, 1997). Para tanto,
utilizou-se o Software GMC2002, desenvolvido pelo professor-titular do
departamento de Estomatologia, Dr. Campos, da Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto – USP (CAMPOS, 2002).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
5 RESULTADOS
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
5
RESULTADOS
5.1
GRUPO I: SEALAPEXTM – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN®
Todos os espécimes exibiram cemento neoformado, do tipo eosinofílico,
com espessura que variava de 15 a 70 µm. Este quando depositado sobre o préexistente, reparava pequenas áreas de reabsorção, se presentes. Quando
depositado junto aos canais do delta apical determinou selamento biológico
desses canais em dois espécimes. Em sete espécimes foi notado selamento
biológico da maioria desses canais, e em um caso houve selamento completo de
poucas ramificações do canal principal. Quanto aos canais principais dos
espécimes tratados, foi notado selamento biológico completo em apenas dois
casos (Figuras 40 e 41). Nesses, o cimento obturador, que determinou o
selamento biológico, estava em contato direto com o cemento neoformado.
Nos canais do delta apical também foram observadas partículas do cimento
obturador na superfície coronária do cemento que promoveu o selamento
biológico desses canais (Figuras 40, 42, 43 e 44). Em um espécime, partículas do
cimento obturador foram observadas na superfície do cemento neoformado que
determinou o selamento biológico, bem como no interior do canal junto ao tecido
conjuntivo que formava o coto pulpar dessa ramificação (Figura 44). Eventualmente
foram observadas partículas do material obturador na intimidade do cemento
neoformado que selava a ramificação do canal principal (Figuras 40, 41, 42 e 43).
Em uma ramificação do canal principal foi observada a presença de raspas de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 223 -
dentina na superfície do cemento neoformado que promoveu o selamento
biológico desse canal (Figura 45).
Quanto ao item reabsorção do cemento pré-existente, foi notada a
ausência de reabsorção ou áreas de reabsorção completamente reparadas
(Figuras 46 e 47). O tecido ósseo não exibiu áreas de reabsorção, mostrou áreas
de reabsorção completamente reparadas, ou mesmo parcialmente reparadas, ou
não reparadas (Figuras 40 a 43).
A
coloração
de
Brown
e
Brenn
não
evidenciou
presença
de
microrganismos em nenhum dos espécimes analisados.
No que diz respeito ao infiltrado inflamatório do tipo agudo, foi notada a
presença de poucos neutrófilos, em apenas um espécime, que exibia moderado
infiltrado inflamatório do tipo crônico. Esse último tipo foi observado em todos os
espécimes, variando de intensidade e de extensão, pequena a grande (Figuras 45
a 48).
Quanto à espessura do ligamento periodontal, observou-se que variou de
15 a 50 µm. Sua organização foi considerada boa em toda porção apical, em três
casos, organizado em 3/4 partes em dois espécimes; organizado em 1/4 a 1/2
parte em dois casos e desorganizado em três casos.
O material obturador limitou-se ao interior do canal cementário em 3 casos.
Nos demais ultrapassou o forame apical.
Detritos e células gigantes foram observados cada 1 em 1 espécime.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 224 -
QUADRO 6: SealapexTM sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários
eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 225 -
FIGURA 40: Notar ramificação do delta apical com selamento biológico (seta).
No canal principal observa-se que o cimento obturador
ultrapassou o forame apical e foi envolvido pelo cemento
neoformado que promoveu selamento biológico. HE 40X
FIGURA 41: Maior aumento da figura anterior, detalhando selamento
biológico do canal principal (seta), ligamento periodontal e
tecido ósseo. HE 100X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 226 -
FIGURA 42: Maior aumento da Figura 40, exibindo canal do delta apical
com selamento biológico por cemento neoformado, com
cimento obturador em sua intimidade. Ligamento periodontal
(LP) bem organizado e com células inflamatórias (seta) do tipo
crônico na porção inferior. HE 100X
FIGURA 43: Notar, do lado esquerdo, canal do delta apical com selamento
biológico, e partículas do cimento obturador na intimidade do
cemento neoformado (seta) e no ligamento periodontal. Na
porção central e no lado direito pequenas ramificações do delta
apical com selamento biológico. HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 227 -
FIGURA 44: Resíduos do cimento obturador nas paredes do canal principal
e na superfície do cemento neoformado que selou o canal do
delta apical. Esse canal exibe partículas do cimento obturador
na intimidade do tecido conjuntivo (seta). HE 200X
FIGURA 45: Canal do delta apical do lado direito exibe selamento biológico
e fragmentos de dentina (seta) na superfície do cemento
neoformado. Na porção central o canal principal exibe
cemento neoformado depositado nas paredes laterais. No
lado esquerdo nota-se tecido conjuntivo no interior de duas
ramificações apicais. Partículas do material obturador podem
ser visualizadas no ligamento periodontal que exibe infiltrado
inflamatório do tipo crônico. HE 100X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 228 -
FIGURA 46: Cimento obturador junto à parede do canal principal do lado
direito. Cemento neoformado repara áreas de reabsorção.
Intenso processo inflamatório do tipo crônico no ligamento
periodontal espessado. HE 100X
FIGURA 47: Vista panorâmica mostrando a porção cementária do canal
principal preenchido por tecido conjuntivo com partículas do
material obturador. No ligamento periodontal, um pouco
espessado, próximo ao forame apical, há partículas do
material obturador. HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 229 -
FIGURA 48: Maior aumento da figura anterior, detalhando área do
ligamento periodontal com partículas do material obturador.
Presença de processo inflamatório do tipo crônico e células
gigantes. HE 100X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
5.2
- 230 -
GRUPO II: MTA – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN®
Todos os espécimes exibiram cemento neoformado, com espessura que
variava de 1 a 10 µm, com uma média de 4,5 µm. O cemento neoformado,
quando depositado sobre o pré-existente, aumentou sua espessura ou mesmo
reparou áreas de reabsorção, se existentes. O cemento neoformado podia
promover o selamento biológico dos canais principais ou acessórios. Assim, foi
observado selamento biológico de todos os canais do delta apical em quatro
espécimes; selamento completo da maioria dos canais do delta apical, também
em quatro casos; e selamento completo de poucos canais em dois espécimes
(Figura 49). Selamento biológico completo do canal principal foi observado em
três espécimes. Esse selamento biológico por cemento neoformado ocorreu à
altura do forame apical (Figura 50) ou mesmo um pouco distante do forame
apical, em direção coronária (Figuras 51, 52 e 53). Nos demais espécimes não foi
observado selamento dos forames principais, mas tão-somente selamento
biológico de canais do delta apical. Foi comum observar-se deposição do
cemento neoformado sobre o cemento pré-existente no ápice radicular, como
também nas paredes da porção cementária do canal principal (Figuras 51, 54 e
55). Assim, observou-se deposição de cemento nas paredes cementárias
acompanhada de selamento biológico (Figura 51), deposição de cemento em
profundidade, muitas vezes promovendo selamento biológico de outras
ramificações (Figura 54) ou deposição parcial, em casos de reação inflamatória
intensa do ligamento periodontal (Figura 55). Esse caso da figura 55 exibiu
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 231 -
intensa reação inflamatória do ligamento periodontal, com grande número de
neutrófilos e células características de inflamação crônica.
Reabsorção do tecido ósseo foi observada em cinco casos. Em quatro
desses casos foram notadas áreas de reabsorção inativas ou parcialmente
reparadas, e apenas um caso com poucas áreas de reabsorção ativa e não
reparadas.
O ligamento periodontal exibiu espessura que variava de 15 a 80 µm, com
uma média de 50 µm. Ele mostrou-se organizado, em toda a porção apical, em
quatro casos, organizado em 3/4 partes em três casos, e desorganizado em três
espécimes.
O cimento obturador estava no interior do canal em nove espécimes, tendo
extravasado para os tecidos periapicais em apenas um caso.
A
coloração
de
Brown
e
Brenn
não
evidenciou
microrganismos em nenhum dos espécimes analisados.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
presença
de
Resultados
- 232 -
QUADRO 7: MTA sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos
histomorfológicos nos espécimes analisados
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 233 -
FIGURA 49: Presença de canal do delta apical com selamento biológico em
sua porção coronária (seta). Ligamento periodontal (LP) com
raras células inflamatórias do tipo crônica. HE 100X
FIGURA 50: Notar presença de selamento biológico do forame do canal principal
por cemento neoformado. HE 100X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 234 -
FIGURA 51: O cemento neoformado recobriu as paredes do canal principal
promovendo selamento biológico um pouco distante do forame
apical. HE 40X
FIGURA 52: Maior aumento da figura anterior, evidenciando o local em que
ocorreu o selamento biológico. HE 100X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 235 -
FIGURA 53: Maior aumento da figura 51, mostrando o forame apical do
canal principal revestido por cemento neoformado (CN). Notar
ligamento periodontal com poucas células inflamatórias do
tipo crônica. HE 100X
FIGURA 54: O cemento neoformado revestiu toda a porção cementária do
canal principal, alcançando a parede de dentina (D) do lado
direito e promovendo selamento biológico de ramificação
apical (seta) do lado esquerdo. HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 236 -
FIGURA 55: Neste espécime o cemento neoformado (setas) revestiu
apenas parcialmente a porção cementária do canal principal.
O ligamento periodontal espessado abriga células
inflamatórias crônicas e agudas. HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
5.3
- 237 -
GRUPO III: SEALAPEXTM – COM CURATIVO DE OTOSPORIN®
Em todos os espécimes observou-se presença de cemento neoformado
com espessura variando entre 10 e 60 µm. O cemento neoformado foi depositado,
na maioria das vezes, sobre o pré-existente, ampliando sua espessura e mesmo
reparando pequenas áreas de reabsorção, quando presentes. Em três espécimes
o cemento neoformado promoveu o selamento biológico de todos os canais do
delta apical; em quatro casos ocorreu selamento biológico da maioria desses
canais; em dois espécimes, selamento de poucos canais; e em um caso não
houve selamento. O cemento neoformado promoveu também selamento biológico
completo de três canais principais. Em um espécime, grande parte do canal
principal cementário estava preenchido por cemento neoformado, que se estendia
até um pouco além do forame apical. Partículas do cimento obturador mostraramse envolvidas pelo cemento neoformado.
O ligamento periodontal desse espécime estava organizado e infiltrado por
pequeno número de linfócitos (Figuras 56 e 57). Nos outros dois casos em que
ocorreu selamento biológico, em um deles o cemento neoformado foi depositado
nas paredes do canal cementário, adentrando-o até atingir o cimento obturador,
que estava próximo do forame. O cemento neoformado promoveu selamento
biológico ao ser depositado na superfície do cimento obturador (Figura 58). No
terceiro caso em que ocorreu selamento biológico, o cemento neoformado
adentrou o canal principal em profundidade, atingindo a dentina em um dos lados.
Partículas do material obturador, dispersas na porção mais coronária estavam
envolvidas por cemento neoformado, que promoveu selamento biológico do local
(Figuras 59 e 60).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 238 -
Seis espécimes não exibiram selamento biológico do canal principal.
Nesses espécimes não havia microorganismos. Contudo, todos esses casos
exibiram pequeno infiltrado inflamatório do tipo crônico, à exceção de um caso
que exibiu também presença de neutrófilos (Figuras 61 e 62). Esse caso exibiu
ligamento um pouco espessado, parcialmente desorganizado e com numerosas
células inflamatórias do tipo crônico e neutrófilos (Figura 61). Material obturador
estava muito próximo do forame apical, tendo se tornado um pouco mais distante
pela deposição de cemento neoformado. Houve invaginação do tecido conjuntivo
periodontal, que chegou até o material obturador. As paredes formadas pelo
cemento da raiz do dente e cemento neoformado exibiam uma faixa de cemento
que os recobria e atingia o material obturador (Figuras 61 e 62).
Quanto ao limite da obturação, nove espécimes a exibiam um pouco
aquém do forame apical, tendo sido observado apenas um caso em que o
material obturador ultrapassou o forame apical. Detritos foram observados em
apenas um caso, e células gigantes não foram observadas neste grupo
experimental.
A coloração de Brown e Brenn não evidenciou presença de microrganismos
em nenhum dos espécimes analisados.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 239 -
QUADRO 8: SealapexTM com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários
eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 240 -
FIGURA 56: O cemento neoformado está em contato com o material
obturador e ultrapassa o forame apical. Cemento neoformado
recobre o cemento apical. O ligamento periodontal está
infiltrado por poucos linfócitos. HE 100X
FIGURA 57: Maior aumento da figura anterior. Cemento neoformado dentro
do canal principal ultrapassa o forame apical. Na parte superior
envolve partícula do material obturador. Cemento neoformado
envolve o cemento pré-existente, cemento que ultrapassou o
forame e a partícula de cemento fragmentado (seta). HE 200X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 241 -
FIGURA 58: Cemento neoformado invade o canal principal, atingindo o
cimento obturador e promovendo selamento biológico. Tecido
ósseo do lado direito com reabsorção ativa. HE 100X
FIGURA 59: Cemento neoformado (CN) revestiu as paredes cementárias
(C) do canal principal, atingindo suas paredes de dentina (D).
Fragmentos do material obturador estão dispersos pelo tecido
conjuntivo contido no canal principal. HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 242 -
FIGURA 60: Maior aumento da figura anterior. Notar cemento neoformado
(CN) envolvendo a extremidade do tecido conjuntivo e
promovendo selamento biológico (seta). Várias partículas do
material obturador, dispersas no tecido conjuntivo, estão sendo
envolvidas por cemento neoformado. HE 200X
FIGURA 61: O material obturador atingiu as proximidades do forame apical.
Cemento neoformado foi depositado junto ao forame apical.
Observar ligamento um pouco espessado e com intenso
infiltrado inflamatório, com células do tipo crônica e neutrófilos.
HE100X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 243 -
FIGURA 62: Maior aumento da figura anterior, mostrando material obturador
e, junto a esse, tecido conjuntivo envolvido lateralmente por
cemento neoformado. HE 200X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
5.4
- 244 -
GRUPO IV: MTA – COM CURATIVO DE OTOSPORIN®
Todos os espécimes exibiram cemento neoformado depositado sobre o
cemento pré-existente, com uma espessura que variava de 15 a 60 µm,
reparando áreas de reabsorção, quando existentes. Em cinco espécimes
observou-se selamento biológico de todos os canais do delta apical (Figura 63).
Em três casos houve selamento da maioria desses canais, e em dois espécimes
notou-se selamento biológico de poucos canais. Quanto aos canais principais, foi
observado selamento biológico completo em três espécimes (Figuras 64 à 67).
Em cinco casos ocorreu selamento biológico parcial (Figuras 68 e 69). Em um
espécime houve apenas deposição de cemento nas paredes laterais (Figura 70).
O cemento pré-existente exibiu poucas e pequenas áreas de reabsorção,
que estavam quase sempre reparadas por cemento neoformado. O tecido ósseo,
em seis casos, não exibiu áreas de reabsorção, ou quando presentes, estavam
reparadas.
A coloração de Brown e Brenn não detectou presença de microrganismos
em nenhum dos espécimes estudados.
Quanto à presença de células inflamatórias, foi notada presença de poucos
neutrófilos e moderado infiltrado inflamatório do tipo crônico em um espécime
(Figura 69). Em dois casos não houve presença de células inflamatórias (Figuras
63 e 66), e nos demais o número de células inflamatórias do tipo crônica,
presentes, era pequeno (Figuras 64, 65, 67, 68 e 70).
Quanto à espessura do ligamento periodontal observou-se que, em média,
esteve ao redor de 200 µm. Em relação à organização do ligamento periodontal
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 245 -
foram notados três casos em que havia em toda porção apical. Dois casos em
que estava organizado em 3/4 partes, e três casos em que havia organização em
1/4 a 1/2 parte da porção apical do dente. Foi observado que o material obturador
limitou-se ao interior do canal em oito casos, e em dois ultrapassou o forame
apical.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 246 -
QUADRO 9: MTA com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos
histomorfológicos observados nos espécimes analisados
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 247 -
FIGURA 63: O cemento neoformado promove o selamento biológico dos
canais do delta apical. HE 40X
FIGURA 64: Notar selamento biológico do canal principal por cemento
neoformado (CN). HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 248 -
FIGURA 65: Maior aumento da figura 64, evidenciando o selamento
biológico do canal principal. O cemento neoformado (CN)
promove selamento biológico e reparo de algumas áreas de
reabsorção (setas). HE 100X
FIGURA 66: Notar selamento biológico do canal principal e canais do delta
apical por cemento neoformado. Ligamento periodontal bem
organizado e isento de processo inflamatório. HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 249 -
FIGURA 67: Presença de selamento biológico do canal principal (seta).
Ligamento periodontal bem organizado e isento de infiltrado
inflamatório. HE 40X
FIGURA 68: Observar cemento neoformado revestindo as paredes do canal
principal em profundidade, atingindo, do lado esquerdo, a
parede de dentina. Na porção superior presença de selamento
biológico parcial e tecido conjuntivo infiltrado por células
inflamatórias. HE 40X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 250 -
FIGURA 69: Ocorrência de selamento biológico parcial do canal principal.
Presença de processo inflamatório do tipo crônico e também
de poucos neutrófilos no ligamento periodontal. HE 40X
FIGURA 70: Durante o ato da obturação do canal principal, pequena porção
do material obturador atingiu o forame apical. Observar delgada
camada de cemento neoformado entre os resíduos do cone de
guta percha e as paredes do canal principal. Há pequeno
infiltrado inflamatório do tipo crônico no ligamento periodontal.
HE 100X
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
5.5
- 251 -
ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS OBTIDOS
Os dados referentes aos achados microscópicos, na forma de escores,
referentes aos 16 quesitos histológicos analisados, que se encontram nos
Quadros de n.6, 7, 8 e 9, foram submetidos à análise estatística. O teste de
Kruskal-Wallis é o mais adequado ao modelo em questão, quando testou-se mais
de dois tratamentos, e o Teste de Mann-Whitney para dois tratamentos, por se
tratar de dados não-paramétricos. Para isso utilizou-se o software GMC 2002.
A análise foi feita basicamente em três etapas: análise da influência dos
cimentos, do uso de curativo e dos quesitos cemento, infiltrado inflamatório e
ligamento periodontal.
Inicialmente foi analisada a influência dos dois cimentos estudados,
ProRoot™MTA manipulado com propilenoglicol e Sealapex, na obturação dos
canais cujos resultados se apresentam na Tabela 1.
TABELA 1: Teste U de Mann-Whitney para os cimentos utilizados
Valores de U:
U (1) MTA:
49687
U (2) SEALAPEXTM:
52713
Valor calculado de Z:
-0,6469
Probabilidade de igualdade:
25,89%
Não-significante (p>0,05)
No geral, o MTA apresentou resultado semelhante ao SealapexTM,
independentemente do uso ou não de curativo (p>0,05).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 252 -
FIGURA 71: Influência dos cimentos empregados nos resultados gerais
Na
seqüência
foi
analisada
a
influência
do
uso
do
curativo,
independentemente do cimento utilizado, na Tabela 2.
TABELA 2: Teste U de Mann-Whitney para a utilização ou não do curativo
Valores de U:
U (1) CURATIVO:
46924
U (2) SESSÃO ÚNICA:
55476
Valor calculado de Z:
-1,8283
Probabilidade de igualdade:
3,38%
Significante ao nível de 3,38% (p=0,03)
No geral, o emprego do curativo favoreceu o tratamento, independentemente
do cimento utilizado (p=0,03).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 253 -
FIGURA 72: Influência do emprego do curativo nos resultados gerais
Na Tabela 3 são apresentados os resultados globais, referentes a todos os
quatro grupos experimentais.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 254 -
TABELA 3: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes
aos quatro grupos experimentais
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado:
6,0410
Valor do x2 para 2 graus de liberdade:
6,04
Probabilidade de H0 para esse valor:
10.96%
Não-significante (p>0,05)
Comparação entre as médias dos postos das amostras
Diferenças
Amostras comparadas
entre
(duas a duas)
5
médias
6
MTA C X MTA SU
TM
MTA C X Sealapex
TM
MTA C X Sealapex
7
C
SU
Significância
0,05
0,01
0,001
16,8813
ns
0,3875
ns
36,1813
33,8272
44,5065
56,9560
5%
TM
C
17,2687
TM
SU
19,3000
ns
36,5688
5%
MTA SU X Sealapex
MTA SU X Sealapex
TM
8
Valores críticos (p)
TM
Sealapex C X Sealapex SU
ns
• Embora não haja significância estatística no teste de Kruskal Wallis,
realizando a comparação verifica-se um melhor resultado dos dois
cimentos com curativo (C), em relação ao SealapexTM e MTA manipulado
com propilenoglicol sessão única (SU).
5
MTA C – MTA com curativo.
6
MTA SU – MTA Sessão única.
7
Sealapex
TM
Sealapex
TM
8
C – Sealapex
TM
SU – Sealapex
com curativo.
TM
sessão única.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 255 -
FIGURA 73: Resultado geral dos escores atribuídos aos quatro grupos
experimentais
A partir deste ponto são apresentados os resultados para os quesitos
cemento, infiltrado inflamatório e ligamento periodontal utilizados para análise
estatística dos resultados para os quatro grupos experimentais.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 256 -
Na Tabela 4 estão os resultados referentes ao cemento.
TABELA 4: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao
item cemento
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado:
1,5172
Valor do x2 para 5 graus de liberdade:
1,51
Probabilidade de H0 para esse valor:
67,83 %
Não-significante (p>0,05)
FIGURA 74: Escores médios atribuídos aos diferentes itens do cemento para os
quatro grupos experimentais
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 257 -
Na Tabela 5 estão os resultados referentes aos quatro itens do infiltrado
inflamatório.
TABELA 5: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao
infiltrado inflamatório
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado:
4,3208
Valor do x2 para 5 graus de liberdade:
4,32
Probabilidade de H0 para esse valor:
22,88%
Não-significante (p>0,05)
Comparação entre as médias dos postos das amostras
Amostras comparadas
(duas a duas)
Diferenças
entre
médias
MTA C X MTA SU
0,05
0,01
0,001
Significância
10,0375
ns
0,8250
ns
MTA C X SealapexTM C
MTA C X SealapexTM SU
Valores críticos (p)
16,5375
18,3116
24,1717
31,0920
ns
TM
C
9,2125
TM
SU
6,5000
ns
15,7125
ns
MTA SU X Sealapex
MTA SU X Sealapex
SealapexTM C X SealapexTM SU
ns
Podemos verificar que:
•
Embora não haja significância, houve a tendência de os tratamentos em
sessão única apresentarem maior inflamação.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 258 -
FIGURA 75: Escores médios atribuídos aos diferentes itens células inflamatórias para os
quatro grupos experimentais
Na Tabela 6 estão os resultados referentes aos dois itens do ligamento
periodontal.
TABELA 6: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao
ligamento periodontal
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado:
2,8052
Valor do x2 para 5 graus de liberdade:
2,80
Probabilidade de H0 para esse valor:
42,26%
Não-significante (p>0,05)
Pode-se verificar, quanto ao ligamento periodontal, que:
•
Não houve diferença quanto ao ligamento periodontal.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 259 -
FIGURA 76: Escores médios atribuídos aos diferentes itens espessura e
organização do ligamento periodontal, para os quatro grupos
experimentais
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 260 -
Na Tabela 7 estão os resultados referentes apenas à organização do
ligamento periodontal.
TABELA 7: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes à
organização do ligamento periodontal
Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado:
4,8853
Valor do x2 para 5 graus de liberdade:
4,88
Probabilidade de H0 para esse valor:
18,04%
Não-significante (p>0,05)
Comparação entre as médias dos postos das amostras
Amostras comparadas
(duas a duas)
Diferenças
entre
médias
Valores críticos (p)
0,05
0,01
0,001
Significância
MTA C X MTA SU
1,1500
ns
MTA C X SealapexTM C
6,4500
ns
MTA C X SealapexTM SU
4,1000
9,7400
13,0660
17,2252
ns
TM
C
7,6000
TM
SU
2,9500
ns
10,5500
5%
MTA SU X Sealapex
MTA SU X Sealapex
SealapexTM C X SealapexTM SU
ns
Pode-se verificar quanto ao ligamento periodontal que:
•
Apesar de não haver diferença no teste de Kruskal Wallis, houve
diferença entre os dois grupos SealapexTM e MTA manipulado com
propilenoglicol, sendo favorável o uso do curativo para a organização do
ligamento periodontal.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Resultados
- 261 -
FIGURA 77: Escores médios atribuídos ao item organização do ligamento
periodontal, para os quatro grupos experimentais
5.5.1 Conclusões Estatísticas
•
Os cimentos SealapexTM e MTA apresentaram resultados semelhantes.
•
O curativo de Otosporin® melhorou o resultado, independentemente do
cimento utilizado.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
6 DISCUSSÃO
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
6
DISCUSSÃO
Objetivando elucidar algumas dúvidas que, porventura, permaneçam no
desenvolvimento do presente estudo, passamos a tecer considerações sobre os
pontos que mais tenham ativado o nosso entusiasmo científico, ou que nos
tenham feito parar para raciocinar mais profundamente.
Dentre os materiais mais empregados nos procedimentos de obturação do
sistema de canais radiculares com cones de guta percha e cimentos obturadores
destacam-se os cimentos à base de OZE, de hidróxido de cálcio, de ionômero de
vidro, de silicone, e os cimentos resinosos. Todos esses cimentos apresentam
vantagens e desvantagens.
Nesse contexto é que procurou-se empregar o MTA como um cimento
obturador de canal associado aos cones de guta percha, pela técnica da
condensação lateral. Isto se justifica pelo fato de o MTA ser um material
biocompatível (TORABINEJAD et al., 1995e,f, 1997; HOLLAND et al., 1999b,
2001a) e insolúvel aos fluidos teciduais, apresentando, ainda, estabilidade
dimensional e radiopacidade adequadas (TORABINEJAD; Mac DONALD; PITT
FORD, 1995g).
Porém, uma das dificuldades de se trabalhar o MTA com veículo aquoso
(água destilada) diz respeito ao seu tempo de presa e também à sua dificuldade
de inserção, pois ao ser manipulado com esse veículo o MTA apresenta-se com
aspecto pouco aglutinável (arenoso) e tempo de presa relativamente rápido.
Assim, Holland et al. (2007a) pesquisaram um veículo que suprisse essas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 264 -
deficiências sem alterar o mecanismo de ação do MTA, tendo concluído que o
propilenoglicol é uma substância capaz de conferir ao MTA maior tempo de
trabalho, melhor aglutinação, e por conseqüência inserção, além de não alterar
suas propriedades biológicas.
Para melhor avaliar a resposta inflamatória e a neoformação cementária
frente a esse cimento experimental (MTA manipulado com propilenoglicol),
comparamo-lo ao cimento SealapexTM, à base de hidróxido de cálcio, que possui
mecanismo de ação semelhante ao do MTA (HOLLAND et al., 1999a, 2002b).
Cabe aqui ressaltar, mais uma vez, que o SealapexTM, utilizado neste
experimento,
teve
sua
fórmula
recentemente
alterada
pelo
fabricante
(LEONARDO et al., 2007), o que pode justificar possíveis resultados destoantes.
Holland et al. (2007c) observaram recentemente, em trabalho ainda não
publicado, resultados melhores com o Sealapex de formulação anterior.
Além disso, a fim de observar a influência que o emprego de um curativo
de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) entre sessões exerce sobre a ação do
MTA manipulado com propilenoglicol e SealapexTM de formulação atual, ambos
associados aos cones de guta percha, nos tecidos apicais e periapicais de dentes
de cães, em casos de biopulpectomia, é que julgou-se pertinente realizar este
estudo.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
6.1
- 265 -
DA METODOLOGIA
Após estar comprovada a eficácia dos materiais em pesquisas em modelos
experimentais in vitro e in vivo, e depois de serem aprovados pelos órgãos
competentes (FDA, FDI, ANVISA, ISO, etc.), pode-se realizar trabalhos
histológicos em dentes humanos, desde que já tenham indicação de exodontia
por diferentes razões (indicação ortodôntica, exodontia de terceiros molares, etc.)
e o projeto seja aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa envolvendo seres
humanos (HOLLAND; SOUZA; RUSSO, 1973; LEONARDO; HOLLAND, 1974;
RUSSO; SOUZA; HOLLAND, 1974; HOLLAND et al., 1977a, 1978d; MENDONÇA
et al., 1996; ACCORINTE et al., 2007).
Porém, de acordo com a BS EN (ISO 7045: 1997), todos os materiais e
todas as técnicas devem ser avaliados por meio de estudos in vitro e in vivo em
diferentes modelos experimentais, previamente à indicação para uso clínico em
seres humanos. Assim, para que se possa preconizar o emprego de
determinados materiais em seres humanos é necessário o conhecimento prévio
de suas propriedades físicas, químicas e biológicas.
No tocante ao conhecimento prévio do comportamento biológico, alguns
métodos têm sido descritos para a avaliação da biocompatibilidade de materiais
empregados na endodontia, desde trabalhos in vitro, como cultura de células
(BELTES et al., 1995; KOH et al., 1998; KEISER; JOHNSON; TIPTON, 2000;
HUANG et al., 2002; OVIIR et al., 2006; KARIMJEE et al., 2006), até os que, in
vivo, procuram reproduzir, ao máximo, as condições clínicas de um tratamento
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 266 -
endodôntico (HOLLAND et al., 1980a; SOUZA et al., 1981; HOLLAND; SOUZA,
1985; HAENSCH, 1987; MADISON; WILCOX, 1988; TAGGER; TAGGER, 1989;
HOLLAND et al., 1999b, 2007a).
Com relação à avaliação da biocompatibilidade, segundo Browne (1994) o
ideal seria que as respostas dos tecidos apicais e periapicais, frente aos
diferentes materiais de uso endodôntico, pudessem ser analisadas por meio de
estudo histopatológico em humanos. No entanto, essa avaliação exigiria a
remoção da porção apical radicular e da região periapical adjacente, não sendo
isso condizente com as normas do Comitê de Ética e Pesquisa envolvendo seres
humanos. Ou seja, em humanos o efeito biológico de curativos de demora e dos
cimentos obturadores dos canais radiculares é investigado, fundamentalmente,
pela resposta dos tecidos apicais e periapicais, frente à utilização desses
materiais. Na prática clínica, o método de avaliação dessa resposta é
representado pelos sinais e sintomas clínicos e pelo aspecto radiográfico dessa
região. Assim, a resposta dos tecidos apicais e periapicais ao tratamento
endodôntico só poderia ser avaliada em sua plenitude, por meio de exame
histopatológico, a partir de material colhido em cirurgia periapical (PATERSON;
WATTS, 1990). No entanto, a necessidade de biópsia do elemento dental em
conjunto com os tecidos periapicais de suporte é descartado hoje em humanos,
por aspectos éticos. Dessa forma, torna-se essencial a utilização de um modelo
animal experimental que permita o exame microscópico das respostas celulares
periapicais ao material testado (BROWNE,1994).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 267 -
6.1.1 Do Modelo Experimental Animal
Em relação ao tratamento endodôntico em dentes de animais, tem-se como
opções notadamente dentes de gatos, macacos, cães, porcos, ratos, coelhos etc.
O modelo animal escolhido para esse fim deve responder a alguns requisitos,
como disponibilidade em quantidade requerida, permitir padronização, bem como
possuir padrão mastigatório e de resistência à infecção, estrutura, tamanho e
morfologia dental e periodontal compatíveis com os humanos. O seu padrão de
crescimento deve manter correlação com o do homem, porém sendo mais rápido
ao ponto de possibilitar a obtenção de respostas em intervalos de tempo mais
curtos (ROWE, 1980; TANOMARU, 2004).
A utilização de gatos como modelo experimental depara-se com
dificuldades consideráveis para a execução dos passos operatórios devido ao
tamanho e à morfologia de seus dentes, com exceção dos caninos. Esse fato
limita o número de dentes viáveis a apenas quatro por animal (ROWE, 1967,
1980).
Macacos são animais de custo oneroso, difíceis de serem criados e
domesticados, não se adequando a essa modalidade de experimento quando se
faz necessária sua manutenção sob anestesia por períodos prolongados
(TORNECK; SMITH, 1970; KOENIGS et al., 1975). Segundo Torneck, Smith e
Grindall (1973), a semelhança entre os dentes de macacos e os de humanos pode
ser enganosa, uma vez que esse animal possui resistência distintamente superior
à do homem. Seu tecido pulpar mostra-se altamente resistente aos efeitos de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 268 -
contaminação bucal, o que poderia determinar resultados errôneos com relação
aos materiais testados.
A seleção do cão como modelo experimental, neste estudo, baseou-se em
vários trabalhos (HOLLAND et al., 1979b; STEVENS; GROSSMAN, 1983;
ALLARD; STROMBERG; STROMBERG, 1987), em que se afirma ser esse o
animal no qual as estruturas dentais, assim como os processos de reparação
apical e periapical, são os que mais se assemelham aos do homem. Na década
de 30, Orban (1933) e Dixon e Rickert (1938) demonstraram suas preferências na
utilização de cães como animais de experimento, uma vez que apresentavam
menor resiliência, nas estruturas duras (dentina e cemento), que o homem. Por
essa razão, se no cão essas estruturas são mais sensíveis, nelas os fenômenos
ocorreriam com maior magnitude, e os resultados extrapolados seriam mais
satisfatórios no homem.
Algumas razões foram enumeradas por Stromberg (1969) para se optar
pelo cão como animal experimental: esses animais possuem muitos dentes
passíveis de tratamento; a maioria de seus canais são retos e facilmente
acessíveis; e, de um modo geral, tem sido observada muita semelhança no
processo de reparo entre os dentes humanos e os de cães, após pulpectomia e
obturação de canal. Outras evidências também têm sido demonstradas em
inúmeros experimentos (KUKIDOME, 1957; MATSUMIYA; KITAMURA, 1960;
OSTBY, 1961; SELTZER, 1971; BARKER; LOCKETT, 1972; CITROME;
KAMINSKI; HEUER, 1979; HOLLAND et al., 1979b; SILVA, 1991). Constituem
também forte apoio a essas observações o número expressivo de diferentes
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
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experimentações levadas a efeito desde a década de 70 pela disciplina de
Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. Assim, foi
observada estreita relação entre os resultados obtidos no tratamento conservador
da polpa de dentes de cães (HOLLAND, 1971a; MELLO; HOLLAND; SOUZA,
1972; OGAWA; HOLLAND; SOUZA, 1974; HOLLAND et al., 1978c, 1981a, 1982,
1983, 1986) com os obtidos em dentes humanos (RUSSO; SOUZA; HOLLAND,
1974; RUSSO; HOLLAND; SOUZA, 1982; GIANSANTE JÚNIOR et al., 1997). Da
mesma forma, foram observados resultados correlatos quando comparados os
resultados do tratamento de dentes de cães com rizogênese incompleta
(HOLLAND et al., 1971c, 1983, 1992) e de humanos (HOLLAND; LEONARDO,
1968; HOLLAND; SOUZA; RUSSO, 1973). Quanto ao tratamento endodôntico em
dentes com raízes já formadas, foram estudadas em dentes de cães substâncias
empregadas durante o preparo biomecânico (NERY; SOUZA; HOLLAND, 1974;
ZINA et al., 1981; HOLLAND et al., 1991c); como curativo de demora (HOLLAND;
SOUZA; MILANEZI, 1969; BERNABÉ; HOLLAND; SOUZA, 1972; SOUZA;
HOLLAND; SOUZA, 1995); e na obturação dos canais radiculares (SOUZA et al.,
1977; LEAL et al., 1979; HOLLAND et al., 1990).
Alguns resultados nesses experimentos foram também obtidos em dentes
humanos (HOLLAND et al., 1977a, 1978d). Além disso, notou-se que resultados
obtidos no tratamento endodôntico de dentes de cães com lesão periapical
(SOUZA; HOLLAND, 1992) foram semelhantes aos obtidos em dentes humanos
(SOUZA et al., 1989). Assim, a freqüência do emprego de cães como modelo
experimental na literatura correlata justifica-se pelas suas vantagens, ou seja, são
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
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animais dóceis, cuja obtenção, hospedagem e manutenção, além de fáceis, são
bastante viáveis economicamente; possibilitam um acesso fácil ao campo
operatório, e as cavidades pulpares dos dentes têm dimensões adequadas às
necessidades operacionais. São animais fáceis de serem manipulados e
anestesiados, permitindo sua submissão por longos períodos, necessários para a
execução dos procedimentos operatórios endodônticos (CITROME; KAMINSKI;
HEUER, 1979; HOLLAND; SOUZA, 1985; SOARES et al., 1990b; BONETTI
FILHO, 1990; SILVA, 1991; LEONARDO et al., 1994b, 1995; SILVA, 1995;
TANOMARU FILHO, 1996; LEONARDO et al., 1997). A ausência quase total de
saliva no animal anestesiado possibilita a realização do tratamento sem maiores
desconfortos ao cão e ao operador. Este estudo também está de acordo com
Rowe (1980), ao afirmar que o cão preenche o requisito de possuir taxa de
crescimento rápido o suficiente para permitir a obtenção dos resultados em
períodos menos extensos. Os cães empregados neste estudo possuíam idade
aproximada de 2 anos o que corresponde, em humanos, à idade de 24 anos
(LEBEAU, 1953). Entende-se que todos esses dados do relacionamento entre
resultados obtidos em dentes de cães e humanos, aliados aos inúmeros outros
obtidos por experimentações de diferentes autores, justificam a escolha quanto ao
animal selecionado como modelo experimental para este estudo.
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6.1.2 Da Seleção dos Dentes
Optou-se por usar o maior número de dentes por animal, evitando assim a
necessidade de um número elevado de cães. Os dentes de cães utilizados neste
estudo foram os incisivos centrais e mediais superiores, segundos e terceiros prémolares superiores e os terceiros e quartos pré-molares inferiores. Esses dentes
foram escolhidos por estarem posicionados favoravelmente e por apresentarem
semelhanças anatômicas entre eles, câmaras pulpares amplas e de fácil acesso,
canais radiculares amplos e retos (BARKER; LOCKETT, 1971a; TZIAFAS et al.,
1992; NAKASHIMA, 1994; PITT FORD et al., 1995; TORABINEJAD et al., 1995f;
SOARES, 1996; FARACO JÚNIOR, 1999; SHABAHANG et al., 1999; FARACO
JÚNIOR; HOLLAND, 2001; HOLLAND et al., 2001c,d; TZIAFAS et al., 2002). Em
relação à seleção dos pré-molares ainda é necessário esclarecer que, por
apresentarem duas raízes, sendo uma mesial e a outra distal, durante o exame
radiográfico por tomada orto-radial é fácil fazer a diferenciação entre elas, e que
essa conformação anatômica permite que, durante o procedimento da abertura
coronária, o acesso aos respectivos canais radiculares sejam individuais, sem
destruição excessiva da coroa dental, sendo possível manter a cúspide oclusal
central, considerada como área de reforço e de oclusão, assim diminuindo a
ocorrência de fraturas coronárias (SILVA, 1991, LEONARDO et al., 1994b; SILVA,
1995; LEONARDO et al., 1995; TANOMARU FILHO, 1996; LEONARDO et al.,
1997; TANOMARU FILHO et al.; 1998; LEONARDO et al., 1999, 2003). Os
incisivos centrais e mediais também foram selecionados por possuírem
dimensões de tamanho e volume favoráveis ao seu manuseio, e ainda por
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possibilitarem que as aberturas coronárias fossem realizadas pela face vestibular,
permitindo um acesso retilíneo ao interior dos canais radiculares (MURATA,
2007). Assim, os dois grupos dentais selecionados permitem maior padronização
dos procedimentos técnicos durante o tratamento endodôntico e o processamento
histopatológico.
No arco superior os quartos pré-molares foram descartados pelo fato de
possuírem três raízes e serem bem maiores que seus homônimos inferiores. No
arco inferior, não foram utilizados os primeiros pré-molares por serem
unirradiculares, e também porque, não sendo substituídos, são considerados
dentes decíduos (EVNAS; CHRISTENSEN, 1979). Os segundos pré-molares
inferiores e primeiros pré-molares superiores, por apresentarem suas proporções
coronárias menores, dificultam o isolamento com o dique de borracha, o acesso
aos canais e o tratamento. Por essas razões foram descartados.
Existem diferenças significativas entre os dentes humanos e os dentes de
cães, especialmente no terço apical. Os dentes de cães possuem um canal por
raiz, e o aspecto anatômico apical difere um pouco do dente humano, porque
todos os canais radiculares terminam em um delta apical (HOLLAND; SOUZA;
MILANEZI, 1969). Já foi demonstrado que os dentes humanos, em média,
possuem ramificações apicais em 42% dos casos (HESS; KELLER, 1988). De
Deus (1975) encontrou, em 1166 dentes estudados, 37,2% de deltas apicais.
Referindo-se ainda às ramificações apicais em dentes humanos, Seltzer (1971)
afirma que suas presenças constituem uma regra e não uma exceção. Esse fato
uma vez mais justifica o emprego dos dentes de cães como modelo experimental.
Contudo, os dentes humanos com ramificações apicais possuem sempre um
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forame apical, correspondente ao canal principal, que é usualmente de maior
dimensão que os demais, o que não ocorre com os dentes de cães.
Procurando solucionar as dificuldades proporcionadas pelo delta apical dos
dentes de cães (instrumentação das múltiplas ramificações, maior contato dos
materiais com os tecidos periapicais) quando comparados com os dentes
humanos, muito embora não seja absolutamente possível extrapolar os resultados
de estudos de qualquer animal para as condições humanas, Holland et al.
(1978b), sugerem o “arrombamento” (perfuração intencional) do delta apical
(“platô” cementário) dos dentes de cães até a lima k 60, com o objetivo de criar
um forame mais amplo e que se estenda junto aos tecidos periapicais. Quanto às
dimensões desse forame nota-se que, de acordo com os objetivos do estudo, têm
variado bastante, desde o correspondente à lima k 25 até a 80 (HOLLAND et al.,
1979a; HOLLAND; SOUZA, 1985; SOARES; HOLLAND; SOARES, 1990a;
BONETTI FILHO, 1990; HOLLAND et al., 1990; TANOMARU FILHO, 1996).
Alguns admitem que a dimensão conferida ao forame do canal principal durante o
arrombamento do “platô” cementário pode exercer influência na reparação dos
tecidos periapicais, nos casos de tratamento endodôntico em dentes de cães com
lesão periapical (SOUZA FILHO; BENATTI; ALMEIDA, 1987). Isso se explica
porque quanto maior o diâmetro apical do canal principal, obtido com a
sobreinstrumentação, maiores serão também as alterações introduzidas junto aos
pequenos
canais
do
delta
apical.
Esse
procedimento
pode
diminuir,
conseqüentemente, o número dessas ramificações, ou mesmo diminuir o
comprimento de outras. Contudo, em casos de tratamento endodôntico de dentes
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
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com polpas vitais, no que diz respeito às ramificações apicais, não haveria
influência significante sobre o resultado do tratamento, motivo pelo qual optou-se
pelo arrombamento e alargamento do “platô apical” até a lima k 25 (HOLLAND et
al., 1989; SOARES; HOLLAND; SOARES, 1990a; HOLLAND et al., 1990).
6.1.3 Do Preparo Biomecânico dos Canais Radiculares
Atualmente, em decorrência do tipo de alimentação (ração balanceada)
oferecida, é comum a formação de indultos e tártaro nas faces vestibulares e
linguais dos dentes dos cães. Considerando que esses fatores podem levar a
alterações gengivais e até mesmo ósseas marginais (FINNE et al., 1977; RUD et
al., 1991), é de fundamental importância, antes do inicio da manipulação dos
canais radiculares, realizar o preparo inicial de todos os dentes, além da limpeza
adequada da região com substâncias antissépticas. Periodontite marginal
avançada, segundo Rud e Andreasen (1972), também pode causar inflamação
periapical e, conseqüentemente, prejudicar a reparação apical.
A aplicação do dique de borracha se faz necessário, naturalmente por
proporcionar um melhor campo operatório, com melhores condições de
visibilidade e controle da contaminação.
As aberturas coronárias nos incisivos foram realizadas pela face vestibular,
e nos pré-molares pela face oclusal, preservando-se a cúspide oclusal central,
conforme descrito anteriormente. Para o preparo biomecânico dos canais optouse pela técnica Mista Invertida (HOLLAND et al., 1991e), por se tratar de uma
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técnica do tipo “Crow-Down”. Evidentemente esse tipo de técnica contribui para
menor ocorrência de deslocamento de detritos para os tecidos apicais e
periapicais. Por meio dessa técnica realizou-se o preparo da porção mais
volumosa do canal até a barreira cementária encontrada no ápice dental. A
ampliação realizada até esse nível correspondeu ao diâmetro de uma lima k 55,
por permitir a confecção de um batente apical, preparar adequadamente os
canais radiculares, definir o limite apical da obturação, sem, contudo, desrespeitar
suas condições anatômicas.
A seguir procedeu-se ao arrombamento e alargamento da barreira
cementária (“platô” apical) até a lima k 25, criando um forame principal,
procedimento que tem sido preconizado por diferentes autores (HOLLAND et al.,
1977a; BONETTI FILHO, 1990; ALMEIDA, 1997). A solução irrigadora utilizada
neste estudo, durante todo o preparo biomecânico dos canais, foi soro fisiológico,
empregado por Holland, Souza e Milanezi (1969) para o tratamento de canais
radiculares de dentes com vitalidade pulpar, ou seja, casos de biopulpectomia.
Segundo Murata (2006), no decorrer do preparo biomecânico do
tratamento endodôntico, a ação mecânica das limas sobre as paredes dentinárias
dos canais radiculares, desgastando-as, além de promover a ampliação da luz do
canal radicular há o desprendimento de raspas de dentina que podem, inclusive,
ficar englobadas com restos orgânicos, devendo, portanto, serem removidas pela
solução irrigadora e por sucção. Todavia, algumas vezes é difícil evitar que esses
detritos permaneçam envoltos pelo material obturador ou mesmo interpondo-se
entre esse e os tecidos periapicais. Os trabalhos existentes na literatura, em sua
maioria, não descrevem presença ou ausência de detritos. Porém, analisando
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criteriosamente os cortes histológicos contidos nesses artigos, pode-se observar
que detritos estão presentes em quantidades variáveis e em diferentes
localizações (RUSSO; HOLLAND; NERY, 1976; MATSUMURA, 1983; SILVA,
1995; TANOMARU FILHO, 1996; FAVINHA et al., 2002). É oportuno salientar que
a presença de detritos, notadamente raspas de dentina, pode alterar os
resultados do tratamento em diferentes situações. A presença de raspas de
dentina contaminadas pode ser responsável pela formação de lesão periapical,
impedindo a reparação tecidual (HOLLAND et al., 1980a, 1989). Além disso, a
presença de detritos, quando é utilizado cimento à base de hidróxido de cálcio
nas obturações de canais, pode impedir a ação desse produto por ficarem
interpostos entre o material obturador e os tecidos periapicais. Nessa
circunstância, os detritos impedem que o hidróxido de cálcio entre em íntimo
contato com o tecido conjuntivo apical, não ocorrendo estímulo para a
diferenciação e proliferação celular, para promover o reparo (HOLLAND et al.,
1978c).
Quando são utilizados cimentos à base de OZE, que são irritantes aos
tecidos, a presença de detritos constituídos fundamentalmente por raspas de
dentina pode interferir nos resultados, inclusive melhorando-os, pois essas raspas
funcionarão como um plug, impedindo que o material irritante entre em contato
com os tecidos periapicais (HOLLAND et al., 1998c). Além disso, as raspas de
dentina, como se sabe, se não estiverem contaminadas podem, por meio de sua
proteína osteogênica, agir como indutora na diferenciação e proliferação celular,
promovendo o reparo (HOLLAND et al., 1989).
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Porém, todo cuidado na execução da irrigação/aspiração dos canais
radiculares com solução irrigadora, por si só, não consegue oferecer paredes
dentinárias livres de raspas de dentina e também de uma camada de resíduos (pó
dentinário, detritos orgânicos e inorgânicos), os quais podem obstruir a entrada de
seus túbulos, sendo denominada de lodo dentinário ou smear layer (BAKER et al.,
1975; MCCOMB; SMITH, 1975; MCCOMB; SMITH; BEAGRIE, 1976; GOLDMAN
et al., 1981; MARDER; BAUNGARTNER; PETERS, 1984). Segundo Holland
(2007d), ao se examinar as lâminas histológicas ao microscópio óptico comum
não se vê detalhes do smear layer, mas observam-se detalhes dos “pedaços” de
dentina, ou seja, das raspas de dentina, que não penetram nos túbulos
dentinários como o smear layer.
Com o objetivo de controlar melhor esses fatores, ao final utilizou-se a
solução de EDTA 17% por 3 minutos, a fim de remover o smear layer, pois
inúmeros trabalhos têm demonstrado que sua remoção é conseguida com o uso
desse fármaco (MCCOMB; SMITH, 1975; MCCOMB; SMITH; BEAGRIE, 1976;
GOLDBERG; ABRAMOVICH, 1977; YAMADA et al., 1983; CAMERON, 1983;
BAUMGARTNER; MARDER, 1987; MERYON; TOBIAS; JAKEMAN, 1987;
CENGIZ; AKTENER; PISKIN, 1990).
Segundo Panzarini et al. (1998), quatro são as vantagens obtidas com a
remoção do smear layer após o preparo biomecânico dos canais radiculares: 1aumentar a permeabilidade dentinária (HAMPSON; ATKINSON, 1964; ZINA et al.,
1981), favorecendo a atuação mais profunda do curativo de demora no interior
dos túbulos dentinários e das ramificações do canal principal (HOLLAND et al.,
1991e); 2- permitir melhor adesão do cimento obturador às paredes dentinárias do
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canal radicular (OKSAN et al., 1993); 3- proporcionar melhor selamento marginal
apical da obturação (KENNEDY; WALKER; GOUGH, 1986; HOLLAND et al.,
1991f; SAUNDERS; SAUNDERS, 1992); 4- favorecer o escoamento do cimento
obturador pelas ramificações do canal principal (GOLDBERG; SPIELBERG, 1982;
HOLLAND et al., 1988).
A aplicação do EDTA 17% por 3 minutos foi realizada antes do emprego do
curativo de demora. Como já mencionado, após o emprego do EDTA houve nova
irrigação com soro fisiológico e secagem dos canais com cones de papel.
6.1.4 Do Curativo de Demora
A evolução científica e tecnológica tem permitido à terapia endodôntica
atingir altos índices de sucesso. Esse êxito depende de uma seqüência de
procedimentos bem realizados, nos quais cada fase operatória possui importância
relevante, podendo comprometer o tratamento em curso quando não devidamente
executada. Percebe-se hoje que a grande ênfase do tratamento endodôntico está
direcionada ao bom preparo biomecânico dos canais radiculares e à sua
hermética obturação. Embora esses aspectos do tratamento sejam fundamentais,
eles não devem ser encarados como exclusivos na reparação pós-tratamento
endodôntico. Por isso outras fases, notadamente a da desinfecção e saneamento,
não devem ser relegadas a plano secundário, porque ainda fazem parte dos
princípios básicos da endodontia para se chegar ao sucesso no tratamento.
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No que se refere à necessidade ou não do emprego do curativo de demora,
é interessante considerar as condições que o canal radicular apresenta. Assim,
em casos de canais contaminados a utilização de uma medicação como curativo
de demora parece assumir importância fundamental, proporcionando uma
redução da microbiota abaixo dos níveis já obtidos pelo preparo biomecânico,
principalmente pela penetração em áreas não alcançadas pelos instrumentos e
por soluções irrigadoras (PANZARINI, et al., 1998; HOLLAND et al., 2003;
OTOBONI FILHO, 2000, KATEBZADEH; HUPP; TROPE, 1999).
Nos casos de polpa viva, os objetivos de se empregar o curativo de demora
são de prevenir a contaminação do sistema de canais radiculares, uma vez que
casos de polpa viva não apresentam microrganismos no interior do sistema de
canais radiculares, e sua presença pode significar procedimentos iatrogênicos ou
acidentais,
e,
principalmente,
de
modular
o
processo
inflamatório
do
remanescente pulpar em níveis aceitáveis para o organismo, uma vez que
constitui papel fundamental no processo de reparo.
Assim, estudos foram e são realizados com o propósito de identificar
medicamentos não irritantes ao periápice e capazes de modular o processo
inflamatório existente nessa região em decorrência da ação dos instrumentos
endodônticos. Portanto, a etapa do tratamento endodôntico que trata da
medicação intracanal tem sido investigada partindo-se do princípio de que a
intervenção endodôntica em dentes com polpa vital se faz necessária a partir de
um prévio processo inflamatório.
Estrela et al. (1995) ressaltaram que a medicação intracanal, nos casos de
polpa viva, encontra respaldo para sua aplicação baseada nos seguintes
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aspectos: dificuldade clínica de se estabelecer o real estágio evolutivo do
processo inflamatório no nível apical; necessidade de se utilizar medicamentos
sem poder de irritação aos tecidos apicais e periapicais e com capacidade de
modulação do processo inflamatório sem interferência no processo reparacional;
necessidade de manutenção da cadeia asséptica no interior do canal radicular,
levando-se em consideração que em intervenções endodônticas em tecido pulpar
vital a contaminação por microrganismos é mínima ou inexistente; e, necessidade
de minimizar a sintomatologia dolorosa observada no pós-operatório. Dessa
forma, a medicação intracanal é recomendada entre sessões com tempos de
espera e objetivos sediados na condição pulpar (PEDRO, 2003).
Dentre as preocupações com a fase experimental deste estudo, uma delas
era observar o efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróideantibiótico.
Existem controvérsias sobre a questão de se realizar o tratamento
endodôntico em duas sessões, nos casos de polpa viva, porém para alguns
autores (HOLLAND et al., 1980b, 1981b; SOUZA et al., 1981; PEDRO, 2003) a
medicação intracanal continua sendo um procedimento relevante para o
tratamento endodôntico não apenas para desinfectar o canal, função essa
delegada ao preparo químico-cirúrgico e às substâncias químicas, mas também
para o controle do processo inflamatório que se instala em decorrência das
manobras cirúrgico-operatórias na região apical e periapical dos dentes
submetidos a tratamento endodôntico. Esse controle do processo inflamatório não
visa a sua supressão, mas sim sua minimização até níveis compatíveis com o
aspecto fisiológico. Nesse caso, o processo inflamatório viabilizará o processo
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reparacional de maneira rápida e ordenada, com vistas ao objetivo final do
tratamento endodôntico, que é o selamento biológico.
No presente estudo utilizou-se a associação corticosteróide-antibiótico
(Otosporin®), composta de um corticosteróide (Hidrocortisona) e dois antibióticos
(Sulfato de polimixina B e sulfato de neomicina). Para que o Otosporin® possa
exercer sua função é necessário seu contato direto com o remanescente pulpar
ou periodontal. O preenchimento do canal radicular pela medicação intracanal
aconteceu pelo uso de uma seringa carpule com a medicação acondicionada em
tubetes de anestésico vazios esterilizados e agulha de fino calibre. A medicação
foi mantida em posição com o auxílio de cones de papel por 7 dias (HOLLAND et
al., 1981b). O seu uso se justifica porque esse medicamento oferece as
vantagens de não ser irritante, preservar a vitalidade do coto pulpar e controlar a
intensidade e extensão do processo inflamatório que decorre do ato operatório da
pulpectomia (HOLLAND et al., 1980b).
Assim, a obtenção de um coto pulpar bem organizado, após a
sobreinstrumentação (devido ao arrombamento do “platô” cementário), pode
ocorrer com a invaginação do tecido conjuntivo periodontal para dentro da porção
do canal cementário (correspondente ao canal principal) devido as condições
oferecidas pelo emprego do Otosporin® (HOLLAND et al., 1981b; SOUZA et al.,
1981). Para Sant’Anna Júnior (2001), as vantagens hipotéticas de se preservar o
coto pulpar são: ele ajuda no controle da incidência de sobreobturações e
também influencia na qualidade da reparação. Ainda, segundo o autor, a
ocorrência ou não de sobreobturações guarda relação com uma série de fatores,
tais como a técnica de obturação, bem como pequenas variáveis dentro da
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técnica, e que nos casos em que se emprega o curativo de Otosporin® e em que
não ocorre invaginação do tecido conjuntivo os resultados devem igualar-se
àqueles em que esse tecido foi removido no momento da obturação.
Quanto à influência do coto pulpar na qualidade da reparação, deve-se
ressaltar que Silveira (2000), num estudo in vivo e in vitro, não observou diferença
entre os grupos com e sem curativo de Otosporin®, após o arrombamento do
“platô” cementário. Holland et al. (1980b, 1981b) e Souza et al. (1981)
observaram que canais obturados pela técnica da condensação lateral, após o
emprego
do
Otosporin®,
evidenciaram
selamento
marginal
apical
significativamente melhor do que aqueles nos quais não se empregou nenhum
tipo de tratamento especial.
Cumpre ressaltar ainda que a observação de melhor vedamento após a
utilização do Otosporin® não foi só observada em obturações de canal, mas
também quando da análise do selamento observado com determinados materiais
seladores temporários (NAKASAKO et al., 1994). Assim, segundo esses autores,
além de proporcionar melhor organização do coto pulpar, o Otosporin® pode
também influenciar na qualidade do selamento marginal da obturação.
6.1.5 Da Obturação dos Canais Radiculares
Concluído o preparo biomecânico dos canais radiculares, tanto para o
grupo de sessão única quanto para o grupo de duas sessões, foram utilizados os
dois cimentos (SealapexTM acrescido de iodofórmio ou MTA manipulado com
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propilenoglicol) e cones de guta percha para realizar a obturação dos canais
radiculares.
Para efetuar essa obturação, foi empregada a técnica clássica de
obturação do canal pela condensação lateral (LEAL, 1972; BONETTI FILHO,
1990), na qual o cone principal de guta percha foi envolto pelo cimento obturador
e levado ao interior do canal radicular até o CRT. A seguir procedeu-se à
condensação lateral ativa, com o auxílio de espaçadores palmodigitais, até
completar-se a obturação do canal radicular, confirmada radiograficamente. Os
cones de guta percha foram cortados no nível cervical e foi realizada a
condensação vertical. Na seqüência fez-se limpeza das aberturas coronárias e
restauração com IRM e amálgama de prata. Optou-se por esse selamento
coronário devido à comprovada resistência a fratura e a excelente capacidade de
selamento marginal (NAVARRO; PASCOTTO, 1998).
6.1.6 Do Tempo Pós-Operatório Empregado
O período pós-operatório de 90 dias está de acordo com as normas BS EN
(ISO 7405, 1997) para avaliação da biocompatibilidade dos materiais obturadores
de canal radicular e que tem sido empregada com freqüência por vários autores
(SOUZA; HOLLAND, 1974; PITT FORD, 1980; SANTANA, 2001; HOLLAND et al.,
2007; LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993).
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Em linhas gerais, pode-se dizer que o tempo pós-operatório mínimo exigido
nas bio e necropulpectomias tem dimensões diferentes e guarda relação com o
que se pretende visualizar. Assim, nas necropulpectomias, a maioria dos
trabalhos que analisam a reparação de dentes com lesão periapical tem
empregado um tempo mínimo de 180 dias. Nas biopulpectomias, entretanto,
quando se pretende observar o reparo final, notam-se diferentes magnitudes de
tempo, que varia de 30 dias a 1 ano. No entanto, muitos experimentos analisaram
e relataram reparação com tempos que variam de 30 a 90 dias (HOLLAND et al.,
1971c; HOLLAND; SOUZA; MILANEZI, 1971b; LEAL et al., 1979; SOARES;
HOLLAND; SOARES, 1990). Tem sido observado que a ocorrência de selamento
biológico apical pode ser detectada 15 dias após a obturação de canal com
hidróxido de cálcio (HOLLAND et al., 1978c). Esse dado é facilmente observado
em dentes de cães aos 60 dias (HOLLAND; SOUZA; MILANEZI, 1971b) e
também é relatado em dentes humanos aos 30 dias (HOLLAND et al., 1977a).
Diante disso, quer-se crer que o tempo pós-operatório adotado seja adequado
aos propósitos deste estudo, isto é, um tempo que fosse suficiente para permitir a
ocorrência do reparo diante do SealapexTM acrescido de iodofórmio ou MTA
manipulado com propilenoglicol, proporcionado pela deposição de cemento
neoformado, que usualmente determina o selamento biológico apical. Também,
serviu de parâmetro o trabalho de Holland et al. (2001e), os quais, após a
sobreinstrumentação, empregaram um curativo de Otosporin® e obturaram os
canais de dentes de cães com MTA e observaram, após 90 dias, alta incidência
de selamento biológico por cemento neoformado.
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6.1.7 Do Processamento Histológico
Todos os espécimes, após fixação e processamento dos tecidos, e
descalcificação, foram incluídos em parafina. Seguiu-se a microtomia seriada,
com 6 µm de espessura, por toda a área do ápice que demonstrasse presença de
ramificações do canal principal. Os cortes histológicos obtidos dos espécimes
estudados foram submetidos a dois diferentes métodos de coloração, HE e Brown
e Brenn. A primeira coloração permite análise histomorfológica dos resultados
obtidos nos diferentes grupos experimentais. A segunda coloração destina-se a
observar se microrganismos estão presentes nos espécimes estudados. Este
estudo foi desenvolvido em dentes com polpas vitais e, portanto, com canais
radiculares teoricamente isentos de microrganismos. Mesmo sendo usados dique
de borracha e instrumentos esterilizados, e sendo realizada a antissepsia do
campo operatório, não é viável descartar a possibilidade de eventual e acidental
contaminação. Assim, a coloração de Brown e Brenn serviria para detectar
microrganismos, auxiliando também a diferenciação de uma resposta inflamatória
exclusiva ao ato cirúrgico e ao material obturador, ou também a presença de
bactérias (SANT’ANNA JÚNIOR, 2001).
Neste estudo, a coloração de Brown e Brenn não evidenciou nenhum
espécime com presença de bactérias em nenhum dos grupos experimentais.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 286 -
6.1.8 Dos Critérios para Análise dos Resultados Histomorfológicos e
Histomicrobiológico
Quanto aos critérios de análise dos resultados histomorfológicos, baseouse em diversos trabalhos publicados pela equipe de Endodontia da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba – UNESP (BERNABÉ, 1994; OTOBONI FILHO, 2000;
HOLLAND et al., 2003, 2005b; HOLLAND; SOUZA; ESTRELA, 2005a; HOLLAND
et al., 2007a).
Durante a análise dos resultados procurou-se dimensionar as ocorrências
histomorfológicas, com os objetivos de possibilitar a realização de uma análise
estatística mais adequada, bem como evitar o tratamento subjetivo dos
resultados, uma vez que, é comum observar na literatura autores que relatam
haver observado pequeno, moderado ou grande processo inflamatório, mas sem
especificar o número de células presentes. Da mesma forma, a espessura do
ligamento periodontal, ou do cemento neoformado, podem ter dimensões
avaliadas conforme o critério pessoal de cada leitor. Dessa maneira, todos os
detalhes analisados neste estudo foram quantificados, de modo a procurar não
deixar dúvidas na interpretação, procurando-se dar uma idéia bem próxima e a
menos subjetiva possível dos resultados obtidos.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
6.2
- 287 -
DOS MATERIAIS OBTURADORES DE CANAIS RADICULARES
Constituído por diversas etapas, o tratamento endodôntico é realizado com
o auxílio de substâncias e materiais que permitem a desinfecção e a limpeza do
sistema de canais radiculares, a manutenção da sanificação e sua obturação. É
nessa fase de obturação do canal radicular que são utilizados em conjunto cones
de guta percha e cimentos obturadores, que podem ser encontrados com diversas
bases e composições, e, por isso, tendem a apresentar diferentes propriedades
biológicas e físico-químicas.
De acordo com Leal (1998), pode-se relacionar as propriedades dos
cimentos endodônticos como biológicas e físico-químicas. Dentre as propriedades
biológicas dos cimentos obturadores verifica-se a tolerância tecidual, a
reabsorção no periápice nos casos de extravasamento acidentais, propriedade de
estimular ou permitir a deposição de tecido mineralizado no nível apical e ter ação
antimicrobiana. Como propriedades físico-químicas podem ser relacionadas a
facilidade de inserção, a plasticidade no momento de inserção, tornando-se sólido
posteriormente, possuir bom tempo de trabalho, propiciar bom selamento em
todos os sentidos, não sofrer contrações, não ser permeável, possuir bom
escoamento, possuir boa viscosidade e aderência, não ser solubilizado dentro do
canal radicular, possuir pH próximo ao neutro, ser radiopaco, não manchar as
estruturas dentais, ser estéril ou passível de esterilização e de fácil remoção.
Dessa forma, pode-se afirmar que, atualmente, os materiais disponíveis com a
finalidade de obturação dos canais radiculares não preenchem completamente os
requisitos acima descritos, apesar do esforço de pesquisadores em melhorar cada
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 288 -
vez mais as propriedades desses materiais (LEE; MONSEF; TORABINEJAD,
1993; HOLLAND et al., 2007a). Tendo conhecimento desse fato, é objetivo de
muitos pesquisadores encontrar um cimento que consiga reunir características
que o tornem pelo menos próximo do ideal (GROSSMAN, 1958 apud PAIVA;
ANTONIAZZI, 1988).
Estudos in vitro e in vivo têm sido largamente realizados para se comparar
as propriedades dos cimentos que são lançados no mercado todos os anos
(HOLLAND; SOUZA, 1985; LIM; TIDMARSCH, 1986; SOARES; HOLLAND;
SOARES, 1990a; MITTAL; CHANDRA; CHANDRA, 1995; LEONARDO et al.,
1997; HOLLAND et al., 1999c; WILLERSHAUSEN et al., 2000; HUANG et al.,
2002; RUEDA, 2006; LEONARDO et al., 2007).
É dentro desse panorama descrito na literatura que se encontram razões
para a realização de pesquisas que possam auxiliar no conhecimento das
propriedades dos cimentos endodônticos, a fim de se chegar a resultados mais
conclusivos, que levem a um cimento obturador de canal ideal.
Dentre os dois cimentos obturadores de canal radicular analisados, ambos
já foram amplamente estudados em diferentes tipos de experimentações, e há
longo tempo são empregados em seres humanos. Trata-se do cimento
SealapexTM, que recentemente teve sua fórmula alterada pelo fabricante, e até o
momento de fechamento do tombamento literário deste estudo havia apenas um
trabalho in vivo publicado a respeito, o de Leonardo et al. (2007). O MTA também
foi analisado em diferentes trabalhos experimentais, e há quase uma década é
usado em seres humanos. Contudo, o trabalho publicado por Holland et al.
(2007a) é o único que analisa in vivo o MTA manipulado com propilenoglicol como
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 289 -
obturador de canal com cones de guta percha. Assim, as alterações introduzidas
nas
duas
formulações
já
conhecidas
exigiam
a
realização
de
novas
experimentações, o que ora foi proposto.
6.2.1 Do Cimento SealapexTM acrescido de Iodofórmio
O Sealapex surgiu comercialmente na década de 80, pertencente à família
dos cimentos obturadores de canais radiculares à base de hidróxido de cálcio.
Alguns cimentos ditos à base de hidróxido de cálcio na realidade não
contêm esse produto na sua fórmula, como por exemplo o Sealapex. Suas
formulações indicam a presença de óxido de cálcio como componente. Esse
produto, proveniente da reação de aquecimento (calcinação do carbonato de
cálcio), necessita de hidratação para formar o hidróxido de cálcio. As
propriedades conferidas ao hidróxido de cálcio se devem à reação de dissociação
em íons cálcio e hidroxila, a qual, uma vez ocorrida, permite a alcalinização do
meio, promovendo diminuição da atividade microbiana do local, entre outras
propriedades biológicas (ESTRELA; ESTRELA, 2002).
O primeiro estudo in vivo realizado com esse cimento é de Holland e Souza
(1985), que avaliaram sua capacidade em induzir o selamento biológico apical.
Observaram que, além de promover o selamento apical pela deposição de
cemento neoformado, mostrou melhores resultados do que o Kerr Pulp Canal
Sealer e hidróxido de cálcio PA.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 290 -
Holland et al. (2002b), demonstraram que os íons cálcio do Sealapex são
liberados e combinam-se com o dióxido de carbono tecidual, formando
granulações de calcita. Sabe-se que essas granulações têm participação
fundamental no processo de reparo pós-tratamento endodôntico, induzindo a
diferenciação das células que irão depositar tecido calcificado (SEUX et al., 1991).
Em relação ao comportamento biológico do cimento Sealapex, tem sido
demonstrado histologicamente, em tratamento endodôntico de dentes vitalizados
de animais, que ele estimula a deposição de cemento produzindo, alta incidência
de selamento biológico dos forames apicais (HOLLAND; SOUZA, 1985; TAGGER;
TAGGER, 1989; SONAT; DALAT; GÜNHAN, 1990; HOLLAND et al., 1992;
LEONARDO et al., 1997; HOLLAND et al., 1998b). Por outro lado, sua
superioridade em relação a alguns cimentos que não contêm hidróxido de cálcio
tem sido apontada em tratamentos de dentes de cães com lesão periapical
crônica (TANOMARU FILHO, 1996; PANZARINI et al., 1998; BERBERT, 1999;
OTOBONI FILHO, 2000). Isso significa que o Sealapex, na presença de uma
lesão periapical, oferece condições para que o organismo desenvolva o processo
de reparo.
Ainda em relação ao comportamento biológico do Sealapex, diversos
trabalhos com diferentes metodologias comparam sua citotoxicidade com
cimentos de várias categorias. Assim, quando a comparação é realizada com os
cimentos à base de OZE, a maioria das experimentações em tecido subcutâneo
de rato tem apontado resultados semelhantes (YESILSOY et al., 1988; MOLLOY
et al., 1992; ECONOMIDES et al., 1995); outros, contudo, apontam menor
citotoxicidade (LEAL; HOLLAND; ESBERARD, 1988; MITTAL; CHANDRA;
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 291 -
CHANDRA, 1995) e até mesmo maior (YESILSOY et al., 1988). Em culturas de
células, a resposta pode ser melhor (MATSUMOTO; INOUE; MATSUMOTO,
1989; LEONARDO et al., 1996) ou pior (GEURTSEN et al., 1998; LEONARDO et
al., 2000). Finalmente em tecido periapical de dentes de animais, apenas Soares
et al. (1990b) encontraram resultados similares entre o Sealapex e o cimento de
OZE, enquanto, muitos outros trabalhos apontaram a superioridade do Sealapex
(HOLLAND; SOUZA, 1985; BONETTI FILHO, 1990; OGATA, 2003).
Em relação aos cimentos resinosos, as comparações efetuadas em tecido
subcutâneo são também bem divergentes, tendo sido observado respostas
melhores (ECONOMIDES et al., 1995) ou igual (MOLLOY et al., 1992) a do
Sealapex. Além disso, Matsumoto, Inoue e Matsumoto (1989) trabalhando em
cultura de células observaram que, após a presa, o Sealapex foi mais agressivo
do que os cimentos AH26 e Diacket. Contudo, Tagger e Tagger et al. (1989),
obturando canais radiculares de dentes de macacos observaram, em períodos
mais longos, a presença de inflamação crônica de moderada a severa provocada
pelo AH26, e ausente com o Sealapex. Observaram também freqüente presença
de selamento biológico com este último. Já Leonardo et al. (2007), obturando
dentes de cães com o sistema Epiphany/Resilon ou SealapexTM com a nova
formulação,
observaram
que
o
primeiro
apresentou
menos
inflamação
perirradicular do que os canais obturados com o segundo.
Finalmente, comparando o Sealapex com outros cimentos da sua categoria
(CRCS, Hypocal e Apexit) em trabalhos realizados em tecido subcutâneo, a
maioria apontou melhor comportamento do Sealapex (LEAL et al., 1988;
YESILSOY et al., 1988; JACOBOVITZ, 1996; NASSRI; LIA; BOMBANA, 2003a),
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 292 -
outros constataram resultados semelhantes (SILVA et al., 1997), ou mesmo
piores (ECONOMIDES et al., 1995). Por outro lado, testes realizados com culturas
de células ou macrófagos peritoniais apontam maior citotoxicidade do Sealapex
(BELTES et al., 1995; LEONARDO et al., 2000). Já em canais radiculares de
dentes de cães ou macacos, Tagger e Tagger (1989) e Leonardo et al. (1997)
encontraram ausência de inflamação periapical e freqüente deposição de tecido
calcificado com o cimento Sealapex, aspectos esses não observados com o
Apexit e o CRCS.
Dentre os cimentos classificados como à base de hidróxido de cálcio, tem
sido observado que o CRCS e o Apexit não têm a capacidade de estimular a
deposição de cemento. O CRCS, segundo Tagger e Tagger (1988), devido à
presença do eugenol em seu componente líquido, que, reagindo com os íons
cálcio, originaria o eugenolato de cálcio, impediria, assim, sua reação com o
dióxido de carbono para formar as granulações de calcita. Em relação ao Apexit,
provavelmente a baixa porcentagem de hidróxido de cálcio em sua fórmula reduz
sua alcalinidade, que é responsável pela não estimulação à deposição de tecido
calcificado (SILVA, 1995). Em relação ao Sealer 26, os resultados se aproximam
ao obtido com o Sealapex, conforme foi demonstrado por Leonardo et al. (1997) e
Holland et al. (2003). Em resumo, os estudos efetuados com os cimentos à base
de hidróxido de cálcio deixam claro que as divergências de resultados se devem
quase que exclusivamente à metodologia utilizada e a alguns ingredientes
presentes na formulação desses cimentos.
Assim, quando utilizada a cultura de células, a maioria aponta maior
toxicidade do Sealapex. Provavelmente esse resultado pode estar aliado ao
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 293 -
tempo pós-operatório, que com essa metodologia sempre é curto, período em que
o pH do Sealapex continua alto, certamente desfavorável ao desenvolvimento de
cultura de células (NEVES, 2005). Essa hipótese parece ser reforçada quando os
testes são efetuados em tecido subcutâneo, onde se observa que é maior a
irritação provocada pelo Sealapex nos períodos curtos, sendo atenuada nos
períodos mais longos, quando a inflamação pode estar ausente (ZMENER et al.,
1980).
No que diz respeito à capacidade seladora do Sealapex, os trabalhos que
têm comparado o selamento marginal proporcionado por esse cimento com
cimentos de outras ou da mesma categoria também apresentam divergências.
Assim, alguns autores verificaram que o Sealapex permite menor infiltração
marginal de corantes do que alguns cimentos à base de OZE (BONETTI FILHO,
LEAL; MENDES, 1987; HOLLAND et al., 1991f; SAHLI et al., 1992; HOLLAND et
al., 1996a; KONTAKIOTIS; WU; WESSELINK, 1997; SOUZA et al., 2000). Outros
não encontraram diferenças significativas (JACOBSEN et al., 1987; MADISON;
SWANSON; CHILES, 1987; ROTHIER et al., 1987; MADISON; WILCOX, 1988;
BARKHORDAR; BUI; WATANABE, 1989) e outros ainda apontam maior
infiltração (LIM; TIDMARSH, 1986; ANTONIO; MOURA, 1997). Em 2003 Ogata
observou, em dentes de cães, infiltração marginal coronária de bactérias em 30%
dos canais radiculares obturados com Sealapex e preparados para pinos, e 70%
nos canais obturados com um cimento à base de OZE (Endofill).
Em relação aos cimentos resinosos, as divergências também aparecem,
apontando
superioridade
(LIM; TIDMARSH,
1986; SAHLI
et
al., 1992;
KONTAKIOTIS; WU; WESSELINK, 1997), igualdade (MADISON; WILCOX, 1988;
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 294 -
BARKHORDAR; BUI; WATANABE, 1989), ou inferioridade do Sealapex
(LIMKANGWALMONGKOL; ABBOTT; SANDLER, 1992; OGUNTEBI; SHEN,
1992; LEONARDO et al., 2007).
Com os cimentos da própria categoria (CRCS, Roth’s Sealer, AH26,
Nogenol Sealer), parece que o Sealapex apresenta capacidade seladora marginal
semelhante (JACOBSEN et al., 1987; ROTHIER et al., 1987; BARKHORDAR;
BUI; WATANABE, 1989) ou mesmo superior (SAHLI et al., 1992; SIRAGUSA;
RACCIATTI; SPOLETI, 1997).
Como se observa pelos dados anteriores, embora exista alguma
contradição de resultados, nota-se que predominam aqueles que atribuem ao
cimento Sealapex uma boa capacidade seladora marginal. Provavelmente essa
capacidade guarde relação direta com a presença do óxido de cálcio que entra na
composição da base do cimento, uma vez que, em presença da umidade, ele
origina o hidróxido de cálcio, provocando ligeira expansão do material (CAICEDO;
FRAUNHOFER, 1988; HOLLAND et al., 1996a).
O Sealapex é um cimento não solúvel no interior do canal (SONAT;
DALAT; GÜNHAN, 1990; HOLLAND et al., 1992, 1998c), porém existem algumas
divergências em alguns estudos, relatando que o Sealapex apresenta certo grau
de solubilidade no interior dos canais radiculares (TRONSTAD; BARNETT; FLAX,
1988; TAGGER; TAGGER, 1989; BARNETT et al., 1989; FIDEL et al., 1994).
Segundo Tagger, Tagger e Kfir (1988) e Leonardo (1992), isso poderia
estar relacionado à sua constante liberação de íons cálcio e hidroxila, conforme
foi demonstrado pelos autores. Como a liberação de íons cálcio está envolvida
com a atividade calcificadora, e a liberação de íons hidroxila com a manutenção
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 295 -
da alcalinização da dentina, a possível solubilização do cimento Sealapex,
considerada por alguns como negativa, parece constituir um fator favorável à
manutenção do saneamento microbiológico e à neoformação de cemento na
região periapical. A capacidade do Sealapex em promover e manter a
alcalinização do ambiente periapical foi demonstrada por Holland et al. (2001b).
A capacidade que o cimento tem de influenciar no reparo final do
tratamento endodôntico está relacionada também com o seu potencial
antimicrobiano. A atuação antimicrobiana do Sealapex se deve à alcalinização do
ambiente, pela liberação de íons hidroxila, os quais promoveriam alterações no
transporte de nutrientes e componentes orgânicos para o interior da célula
bacteriana (ESTRELA et al., 1994). Admite-se que em pH alcalino esse transporte
químico pode ser efetuado de maneira direta quando houver influência na
atividade específica das proteínas da membrana celular, ou indireta, pelas
alterações no estado de ionização dos nutrientes orgânicos (KODUKULA et al.,
1988). Essas alterações no sistema enzimático da membrana citoplasmática
provocariam
alterações
em
algumas
funções
fundamentais
das
células
bacterianas, dentre as quais o metabolismo, o crescimento e a divisão celular
(BURNET; SCHUSTER, 1982). Além da interferência dos íons hidroxila sobre o
sistema enzimático, Rubim e Farber (1990) admitem que eles poderiam atuar
diretamente
na
membrana
citoplasmática
destruindo
alguns
de
seus
componentes, como ácidos graxos insaturados ou fosfolipídios, com perda de sua
integridade. Tem sido demonstrado ainda que o hidróxido de cálcio atuaria não só
sobre as bactérias, mas também sobre as endotoxinas bacterianas inibindo-as e,
conseqüentemente, impedindo a síntese e a liberação da citocina, principal
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 296 -
ativadora da osteoclasia, com reflexos benéficos ao tratamento endodôntico
(SAFAVI; NICHOLS, 1993, 1994).
Assim, em relação ao potencial antimicrobiano, alguns trabalhos têm
demonstrado que os cimentos à base de OZE são mais eficientes do que os à
base de hidróxido de cálcio (BARKHORDAR; BUI; WATANABE, 1989; ALKHATIB et al., 1990). Contudo, a metodologia utilizada nesses trabalhos é feita
pelo contato direto de corpos de prova com bactérias semeadas em meio de
cultura, sendo os períodos de incubação sempre pequenos. Por isso, como a
atividade antimicrobiana dos produtos que contêm OZE é exercida principalmente
pelo líquido do cimento, provavelmente ela se inicie logo após a sua colocação na
placa contendo o meio de cultura inoculado, e persiste, de maneira efetiva, até a
inativação total do eugenol livre. Por outro lado, a efetividade dos cimentos à base
de hidróxido de cálcio depende da atuação dos íons hidroxila. Como a ionização é
lenta e prolongada, o Sealapex apresenta uma suave ação inibitória inicial, porém
persistente. Os trabalhos realizados por Shalhav, Fuss e Weiss (1996) e Heling e
Chandler (1996) confirmam a hipótese de que o potencial antimicrobiano dos
cimentos endodônticos pode se alterar com o passar do tempo, e que a atividade
antimicrobiana do Sealapex aumenta com o passar do tempo.
Diante de todas essas considerações é que optou-se por avaliar o cimento
SealapexTM acrescido de iodofórmio, cuja associação foi proposta por alguns
autores antes do novo cimento (MAISTO; CAPURRO, 1964; HOLLAND et al.,
1977b; KUGA; MORAES; BERBERT, 1988; KUBOTA; GOLDEN; PENUGONDA,
1992) com o propósito de aumentar sua radiopacidade (SILVA; LEONARDO;
UTRILLA, 1991; HOLLAND et al., 1992) e reabsorção. Alguns estudos relatam
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 297 -
que os materiais obturadores de canais radiculares que contêm iodofórmio são
facilmente reabsorvíveis na região periapical e não provocam reações de corpo
estranho, além de contribuir com a reparação óssea, devido à liberação do iodo
em seu estado nascente (MURUZÁBAL; ERAUSQUIN, 1966; BARKER;
LOCKETT, 1971b; CASTAGNOLA; WIRTZ, 1976; RIFKIN, 1980; GARCIAGODOY, 1987). Porém, os relatos da literatura asseguram que esse acréscimo de
iodofórmio não compromete as suas propriedades físicas e biológicas (KUGA;
MORAES; BERBERT, 1988; HOLLAND, 1990, 1991d, 1992; VALERA et al.,
2005).
Continuar acrescentando o iodofórmio apenas para conseguir mais
radiopacidade do produto não se justifica mais, visto que o fabricante já corrigiu
esse problema ao realizar recentes alterações em sua fórmula (LEONARDO et
al., 2007). Essas alterações também aumentaram o prazo de validade do produto
de 1 para 2 anos. Em nosso estudo foi utilizado o SealapexTM com as recentes
alterações da fórmula feitas pelo fabricante, porém o iodofórmio ainda foi
acrescentado por não se ter conhecimento desta alteração até o momento em
que foi realizada a obturação dos canais.
6.2.2 Do MTA Manipulado com Propilenoglicol
O MTA surgiu no início dos anos 90, como um material experimental
estudado por Torabinejad da Universidade de Loma Linda – Califórnia, EUA, com
o objetivo de selar as comunicações entre o interior e o exterior do dente. O
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 298 -
primeiro trabalho publicado do MTA é de Lee, Monsef e Torabinejad (1993), e
originalmente ele foi indicado após a realização de cirurgias como material
retrobturador, e em casos de perfurações intrarradiculares e da furca. Nesse
trabalho os autores descrevem o MTA como um pó de finas partículas hidrofílicas,
que endurecem após a hidratação. O pó é composto principalmente de silicato
tricálcico, aluminato tricálcico, óxido tricálcico e óxido de silicato, com pequenas
quantidades de outros óxidos minerais e adição do óxido de bismuto, responsável
pela sua radiopacidade. Ainda segundo o estudo de Torabinejad, MacDonald e
Pitt Ford (1995g), as principais moléculas presentes no MTA são íons de cálcio e
fósforo. Segundo os autores, como esses íons também são os principais
componentes
dos
tecidos
dentais,
conferem
ao
MTA
excelente
biocompatibilidade, quando em contato com células e tecidos. As análises
efetuadas demonstraram que o óxido de cálcio se apresenta como cristais
discretos, e o fosfato de cálcio como uma estrutura amorfa, com aparência
granular. A composição média dos prismas é de 87% de cálcio, 2,47% de sílica, e
o restante, oxigênio. As áreas da estrutura amorfa contêm 33% de cálcio, 49% de
fosfato, 2% de carbono, 3% de cloreto e 6% de sílica. O pH inicial registrado foi de
10,2, sendo que 3 horas após a mistura o pH aumentou para 12,5, quando então
permaneceu constante. Os autores concluíram que, pelo fato de o MTA ter um pH
alto, semelhante ao do hidróxido de cálcio, é possível que ele possa induzir a
formação de tecido duro quando utilizado como material retrobturador.
Assim, esse material trouxe uma nova perspectiva para a endodontia, e
desde o seu lançamento uma série de trabalhos tem demonstrado a excelente
capacidade seladora marginal do MTA como material selador de perfurações
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 299 -
radiculares (LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993; ARENS; TORABINEJAD,
1996; CAICEDO et al., 2000; HOLLAND et al., 2001c, 2007b), como selador de
perfurações de furca (HONG et al., 1994; PITT FORD et al., 1995; NAKATA; BAE;
BAUNGARTNER,
1998),
como
material
retrobturador
em
cirurgias
parendodônticas (TORABINEJAD; WATSON; PITT FORD 1993; TORABINEJAD
et al., 1994, 1995a; BATES; CARNES; DEL RIO, 1996; TORABINEJAD et al.,
1997; FISCHER; ARENS; MILLER, 1998; WU; KONTAKIOTIS; WESSELINK,
1998; YATSUSHIRO et al., 1998; AQRABWI, 2000; MARTELL; CHANDLER,
2000; DALÇÓQUIO et al., 2001; BERNABÉ; HOLLAND 1999; BERNABE et al.,
2002; TANG; TORABINEJAD; KETTERING, 2002), como barreira intracoronária
prévia ao clareamento dentário (CUMMINGS; TORABINEJAD, 1995), e como
material selador coronário (SNIDER et al., 1999). Essa habilidade seladora
marginal exibida pelo MTA provavelmente se deve à sua natureza hidrofílica e à
suave expansão quando é manipulado em ambiente úmido (TORABINEJAD;
MacDONALD; PITT FORD, 1995g), prevenindo a infiltração bacteriana (ADAMO
et al., 1999) e a infiltração de endotoxinas bacterianas (TANG; TORABINEJAD;
KETTERING, 2002).
Dentre algumas propriedades que um material obturador deve possuir, uma
delas é que apresente algum efeito bactericida ou bacteriostático. Vários
trabalhos demonstraram que o MTA possui propriedades antimicrobianas em
meio de cultura devido ao halo inibitório alcançado pelo material, e que essa
propriedade antimicrobiana está relacionada ao elevado pH e à concentração de
íons hidroxila (HONG; TORABINEJAD; KETERRRING, 1993; TORABINEJAD et
al., 1995c; ESTRELA et al., 2000).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 300 -
Quanto às propriedades biológicas, vários trabalhos têm comprovado que,
por ser um material biocompatível, o MTA não promove inflamação tecidual
significativa. Somado a este fator, o material permite o processo de reparo em
diversas situações, inclusive, segundo os autores, induzindo a deposição de
tecido dentinário e osteocementário (TORABINEJAD et al., 1995f; PITT FORD et
al., 1996; TORABINEJAD et al., 1997; HOLLAND et al., 1999b; SHABAHANG et
al., 1999; HOLLAND et al., 2001c,d,e).
Ainda sobre as aplicações do MTA, também é indicado nos casos de
tratamentos conservadores da polpa dental (SOARES, 1996; MYERS et al., 1996;
PITT FORD et al., 1996; JUNN et al., 1998; FARACO JÚNIOR, 1999; ROCHA et
al., 2000; HOLLAND et al., 2001d; SCHMITT; LEE; BOGEN, 2001; FARACO
JÚNIOR; HOLLAND, 2001; TZIAFAS et al., 2002; MASIOLI, 2002; ZHU; XIA,
2003; AEINEHCHI et al., 2003; ANDELIN et al., 2003; SALAKO et al., 2003;
SILVA, 2003; FARACO JÚNIOR; HOLLAND, 2004; MENEZES et al., 2004a,b;
AGAMY et al., 2004; HAM et al., 2005; PARIROKH et al., 2005; HOLLAND et al.,
2006), tratamentos de apexigênese e apexificação (TITTLE et al., 1996;
SHABAHANG et al., 1999; SHABAHANG; TORABINEJAD, 2000; FELIPPE;
FELIPPE; ROCHA, 2006; PRADHAN et al., 2006; SIMON et al., 2007), como
material selador de perfurações resultantes de reabsorções internas e externas
comunicantes (SCHWARTZ et al., 1999; TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999), como
material obturador do sistema de canais radiculares de dentes decíduos (NERY,
2000; O’SULLIVAN; HARTWELL, 2001) e permanentes (HOLLAND et al., 1999b,
2001e, 2007a; PANZARINI et al., 2007), como material reparador de fraturas
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 301 -
radiculares verticais (TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999) e horizontais (SCHWARTZ
et al., 1999) e como plug apical (KWAK et al., 2000).
Apesar de o primeiro trabalho do MTA ter sido realizado em 1993, por Lee,
Monsef e Torabinejad, seu mecanismo de ação só é descrito pela primeira vez
por Holland et al. (1999a), quando realizaram estudo comparando algumas
propriedades do MTA com as do hidróxido de cálcio em tubos de dentina
preenchidos com materiais implantados em tecido conjuntivo subcutâneo de
ratos. Os autores observaram algumas similaridades entre as propriedades dos
dois materiais, principalmente com respeito à deposição de novo tecido duro.
Tanto com o hidróxido de cálcio quanto com o MTA foram notadas granulações
birrefringentes à luz polarizada, não só na intimidade dos tecidos como também
no interior dos túbulos dentinários. Essas granulações são cristais de calcita,
originários da reação do cálcio do hidróxido de cálcio com o dióxido de carbono
do tecido (HOLLAND, 1971a). Surgiu daí a questão: por que esse mesmo
fenômeno ocorreu com o MTA se ele não contém hidróxido de cálcio em sua
formulação?
A hipótese mais provável levantada nesse trabalho foi a de que o MTA não
possui hidróxido de cálcio, mas contém o óxido de cálcio, que, após ser
manipulado com o veículo aquoso, reage formando o hidróxido de cálcio. Este,
por sua vez, em contato com os fluidos do tecido conjuntivo periapical, que possui
água e gás carbônico, dissocia-se em íons cálcio e hidroxila. Os íons cálcio,
reagindo com o gás carbônico dos tecidos, dão origem às granulações de
carbonato de cálcio sob a forma de cristais de calcita. E, segundo Seux et al.
1991), junto a essas granulações há grande acúmulo de fibronectina, que
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 302 -
proporciona adesão e diferenciação celular com posterior deposição de tecido
duro, havendo na seqüência formação de uma ponte de tecido duro. Portanto, as
estruturas birrefringentes à luz polarizada, observada nos túbulos dentinários, são
similares àquelas observadas com o hidróxido de cálcio, ou seja, ambas são
cristais de calcita, o que levou os autores a concluírem que o mecanismo de ação
do MTA, estimulando deposição de tecido duro, seja semelhante ao produzido
pelo hidróxido de cálcio. O cimento obturador Sealapex também contém óxido de
cálcio em sua composição, e não hidróxido de cálcio, o que iguala seu
mecanismo de ação ao MTA.
Holland et al. (1999b) realizam pela primeira vez obturação de canais
radiculares de dentes de cães com cones de guta percha associados ao MTA ou
CIV (Ketac-Endo). As misturas dos cimentos foram aplicadas nas paredes dos
canais com uma broca espiral de lentulo, e os dentes foram obturados pela
técnica da condensação lateral. Em relação ao MTA, por ser manipulado com um
veículo aquoso houve dificuldade de inserção e condensação no interior do canal,
segundo os autores. Os resultados mostraram que o MTA tem habilidade de
estimular a deposição de tecido duro no nível apical após a obturação do canal
radicular. Os autores comentaram que se o selamento total é o objetivo ideal a ser
alcançado, depois do tratamento do canal radicular, os resultados obtidos com o
MTA alcançam esse objetivo, muito bem. Concluíram sugerindo que o MTA tem
algumas propriedades biológicas que o recomendam como um material obturador
de canais radiculares. Salientam que o material pode precisar de ser modificado
em algumas de suas propriedades físicas para facilitar o seu uso como material
obturador de canais radiculares. Concluíram afirmando que ambos os materiais
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 303 -
estudados (Ketac-Endo e MTA) são biocompatíveis, mas o MTA exibiu
propriedades biológicas melhores.
Apesar das muitas pesquisas realizadas com o MTA, só foi lançado
comercialmente em 1998, com o nome de ProRoot MTA, distribuído pela Dentsply
– Tulsa Dental. Porém, sua origem e composição sempre estavam envoltas por
mistérios, sob a alegação de segredo comercial. E esse mistério começou a ser
desvendado quando Wucherpfening e Green (1999) publicaram um abstract
afirmando que o MTA era quase idêntico macroscopicamente, microscopicamente
e pela difração de raios-X ao CP (cimento empregado em construções). Os
autores acrescentaram que esses dois materiais tiveram comportamento similar
em cultura de células e também quando aplicados em polpas de dentes de ratos.
Curiosamente essas observações não foram ainda publicadas, tendo se limitado a
esse abstract. Desde então, muitos trabalhos foram realizados comparando o CP
ao MTA (ESTRELA et al., 2000; HOLLAND et al., 2001a,d,e; COSTA;
BACALHAU; HELBLING, 2003; SAIDON et al., 2003; TRINDADE; OLIVEIRA;
FIGUEIREDO, 2003; MORAIS, 2003; SILVA, 2003; MENEZES et al., 2004a,b;
SIPERT et al., 2005; CAMILLERI et al., 2005; TANOMARU FILHO et al., 2007),
mostrando resultados bastante similares.
Segundo Bernabé e Holland (2003), somente no início do ano de 2001 o
fabricante do ProRoot MTA modificou algumas informações contidas no MSDS
(Material Safety Data Sheet) original, acrescentando que o material é composto
por 75% de CP, 20% de óxido de bismuto e 5% de sulfato de cálcio di-hidratado.
Em 2001 o MTA-Ângelus foi lançado no mercado odontológico nacional,
pois, sabendo da dificuldade em se conseguir o produto importado (ProRoot
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 304 -
MTA), a Ângelus Odonto-Lógika Indústria de Produtos Odontológicos LTDA, com
sede em Londrina/PR, baseando-se em pesquisas comparativas entre o MTA e o
CP, desenvolveu o MTA brasileiro, contendo em sua composição 80% de CP e
20% de óxido de bismuto. Desde então esse produto é vendido no mercado
nacional por menor valor, obrigando seu concorrente a se retirar do mercado
brasileiro, pois segundo a Dentsply não há como competir com o preço praticado
pela Ângelus Odonto-Lógika, devido às altas taxas tributadas sobre o produto
importado. Tanto o ProRoot MTA quanto o MTA-Ângelus são encontrados nas
cores branca e cinza.
Várias pesquisas também foram realizadas comparando os dois tipos de
MTA (ProRoot e Ângelus) e também suas duas colorações (branca e cinza), e os
resultados sempre foram similares (HOLLAND et al., 2002c; SILVA, 2003;
CHAKMAKCHI, 2003; DIAMANTI et al., 2003; KOWALSKI et al., 2004; FERRIS;
BAUMGARTNER, 2004; MENEZES et al., 2004b; PARIROKH et al., 2005;
BROON et al., 2005; BORTOLUZZI, 2005; OVIIR et al., 2006; MOHAMMADI;
MODARESI; YAZDIZADEH, 2006; TANOMARU FILHO et al., 2007).
A
realização
deste
estudo,
utilizando
o
MTA
manipulado
com
propilenoglicol associado a cones de guta percha, foi estimulada pelos trabalhos
de Holland et al. (1999a,b; 2001e) e Apaydin, Shabahang e Torabinejad (2004b) e
pela dissertação de mestrado de Mazuqueli (2006), sendo esta a determinante
para a decisão do veículo a ser utilizado para o MTA, pois deve-se considerar que
aqueles que obturaram canais radiculares com MTA em veículo aquoso notaram
grande dificuldade em preenchê-lo com esse material e também de condensá-lo
em seu interior. Mazuqueli (2006) e Holland et al. (2007a) tiveram por objetivo
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 305 -
encontrar um veículo que não interferisse nas propriedades do MTA e facilitasse
sua inserção no interior dos canais. Realizaram estudo in vivo em dentes de cães
observando a influência do veículo água destilada ou propilenoglicol na resposta
dos tecidos apicais e periapicais à obturação de canais com MTA e guta percha
em dois níveis diferentes. Após o preparo biomecânico dos canais radiculares e
arrombamento do “platô” cementário, os dentes foram obturados: dois grupos
receberam MTA com água destilada e guta percha, sendo um no limite do canal
cementário e um com sobreobturação; e dois grupos receberam MTA com
propilenoglicol e guta percha, também sendo um no limite do canal cementário e
um com sobreobturação. Os resultados demonstraram que o MTA com água
destilada
ou
propilenoglicol
comportou-se
de
forma
semelhante,
independentemente do nível de obturação. Os autores concluíram, na presente
condição do estudo, que o MTA com propilenoglicol entrou em contato com os
fluidos do tecido conjuntivo periapical, que possui água e gás carbônico. Essa
condição proporcionou a dissociação do MTA, com possibilidade de o óxido de
cálcio desse material reagir com o gás carbônico dos tecidos periapicais,
formando o carbonato de cálcio, sob a forma de calcita. Nessa experimentação,
tanto o MTA com água destilada quanto com propilenoglicol proporcionaram
apreciável incidência de selamento biológico do forame do canal principal por
cemento neoformado.
Os autores ainda afirmaram que os dados observados com MTA
manipulado com propilenoglicol são animadores, principalmente quando se pensa
em empregá-lo futuramente como material obturador de canal; a inserção da
pasta de MTA com propilenoglicol é de fácil inserção e condensação no interior do
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 306 -
canal, porém evidentemente, outros detalhes, tais como a remoção desse
material obturador do interior do canal, necessitam ser mais bem analisados
futuramente.
Por isso, resolveu-se comparar o MTA manipulado com propilenoglicol ao
cimento SealapexTM, na obturação do sistema de canais radiculares, associados
aos cones de guta percha, por este último possuir um bom comportamento
biológico frente aos tecidos periapicais, como já descrito anteriormente, e também
porque esses dois materiais possuem uma similaridade em seus mecanismos de
ação, e ainda porque quando foram comparados em um mesmo trabalho
(ESTRELA et al., 2000; HOLLAND et al., 2001c; TANOMARU FILHO; FALEIROS;
TANOMARU, 2002; SIPERT et al., 2005) apresentaram resultados muito
próximos. Acrescentou-se ainda um detalhe importante para o estudo, a ação
desses dois cimentos em relação ao efeito do emprego ou não do Otosporin®
como curativo de demora.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
6.3
- 307 -
DO PROPILENOGLICOL COMO VEÍCULO
O propilenoglicol pertence a uma classe de compostos chamados de glicóis
(álcoois) que são caracterizados por possuírem duas hidroxilas ligadas em
carbonos separados. É conhecido também pelos seus sinônimos: 1,2propanodiol, metileno glicol ou 1,2-dihidróxidopropano. Possui a fórmula estrutural
C3H8O2. Quando puro, o propilenoglicol se apresenta na forma de líquido viscoso,
límpido e incolor, praticamente inodoro, de sabor ligeiramente picante, sendo
completamente miscível em qualquer proporção com água, com acetona e com
álcool. Esse composto se solidifica ou cristaliza quando em temperatura – 59ºC, e
entra em ebulição a 188ºC.
O propilenoglicol não tem origem natural, sendo produzido sinteticamente
por meio de reações químicas. Tem como fonte principal a sua obtenção na
indústria petroquímica, ou seja, a partir do gás propeno, o qual é convertido no
óxido de propileno, e após hidrolisado na presença de catalisadores, no
propilenoglicol. Outra maneira de obtê-lo é a partir da hidrólise de epóxidos e
cloridrinas, ou pela reclusão catalítica de cetonas e hidroxialdeídos.
É registrado no CAS (Chemical Abstract Service) sob o n.057-55-6. Seu
peso molecular é 76,1, e possui pH 7. Devido as suas propriedades
higroscópicas, o propilenoglicol tem a capacidade de absorver água, apesar de
não a possuir em sua formulação química, porém algumas marcas comerciais
incorporam uma quantidade mínima de água à sua composição. Apresenta
também uma grande capacidade de solubilização de materiais orgânicos (O’NEIL,
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
2001;
LIDE,
- 308 -
1996/1997;
Sites:
ABOISSA;
COSMOQUIMICA;
MAKENI;
QUIMIDROL; CETESB).
Propriedades gerais, efeitos e toxicidade do propilenoglicol também foram
estudados por Seidenfeld e Hanzlik (1932), os quais relatam que a gravidade
específica é de 1.051 a 0ºC. Assim, ele tem aproximadamente a mesma
densidade da água, e quando usado como solvente e veículo é menos tóxico que
o etilenoglicol e não causa nenhum efeito cumulativo demonstrável. Conforme
O’Neil (2001), o propilenoglicol é usado como: anticongelante não tóxico, em
cervejarias e estabelecimentos de produtos derivados do leite; substituto para o
etilenoglicol e o glicerol; emulsificante, em alimentos; solvente de corantes e
aromatizantes de alimentos; auxiliar farmacêutico (umectante e solvente); vapor
para desinfecção de ambiente; fumaça artificial para uso teatral; na fabricação de
resinas sintéticas e de soluções descongelantes. E ainda, Heine, Parker e
Francke (1950) relataram que o propilenoglicol é um composto amplamente
usado com diversas aplicações: como conservante para prevenir crescimento e
fermentação em xaropes, como umectante para manter a umidade em comidas
empacotadas, na indústria farmacêutica como solvente para drogas em forma de
dosagem intravenosa, oral e tópica, como estabilizador para vitaminas, e como
emoliente em pasta para fins medicinais.
Depois da sua absorvição, 12 a 25% do propilenoglicol é excretado sem
modificações pela via renal (urina). O resto é oxidado para óxidos lático e pirúvico
primariamente, no fígado. Uma das maiores razões para seu amplo uso é a baixa
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 309 -
toxicidade sistêmica durante a ingestão crônica (BEDICHEK; KIRSCHBAUM,
1991).
A atividade antimicrobiana do propilenoglicol para o uso sistêmico foi
estudada por Olitzky (1965), que relatou que soluções concentradas desse
composto têm uma eficiência germicida comprovada e que o seu uso como um
veículo pode fornecer um potencial para a prevenção ou o tratamento de
infecções microbianas.
Bhat e Walkevar (1975) e Thomas, Bath e Kotian (1980) relataram que,
além de o propilenoglicol ser um veículo bem reconhecido para medicamentos,
também tem se mostrado ser menos citotóxico do que outros veículos comumente
usados para medicamentos intracanal e possui propriedades antibacterianas
altamente benéficas no tratamento endodôntico.
Cruz et al. (2002) avaliaram in vitro a penetração do propilenoglicol e da
água destilada no interior dos túbulos dentinários, por meio do acréscimo do
corante Safranin O a essas substâncias. Quando foram introduzidas em canais de
dentes humanos extraídos e preparados biomecanicamente com e sem camada
artificial
de
smear
layer,
a
difusão
do
corante
foi
determinada
espectrofotometricamente, e a extensão da penetração foi avaliada usando-se o
Adobe Photoshop e um software de imagens NIH. Os autores justificam o estudo
pela necessidade de se encontrar um veículo apropriado para se acomodar a
pasta de medicamentos dentro dos canais radiculares. Para isso ser possível é
preciso ser considerado a habilidade do produto para facilitar a difusão dos
medicamentos através da dentina radicular e possivelmente do cemento, mesmo
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 310 -
na presença de alterações anatômicas, tais como ístimos e calcificações
radiculares. Os autores ainda relatam que o propilenoglicol tem sido usado na
endodontia quase que exclusivamente como um veículo para o hidróxido de cálcio
(SAIIJO, 1957; LAWS, 1962, 1971; SIMON, BATH e FRANCIS, 1995). Porém,
infelizmente nenhum estudo foi conduzido para determinar a extensão de
penetração do propilenoglicol nos túbulos dentinários ou o tempo requerido para
ele se difundir no sistema de canal radicular. Os resultados encontrados por Cruz
et al. (2002) demonstraram que a área e a profundidade da penetração do corante
com propilenoglicol foi significativamente maior do que com água destilada
(p<0,0001), e que a camada de smear layer impediu a penetração do corante.
Isso reforça a necessidade de se remover essa camada antes da introdução dos
medicamentos no interior dos canais radiculares. Os autores concluíram que o
propilenoglicol, embora viscoso quando comparado com a água destilada, tem
uma tensão superficial baixa, o que confere a ele a vantagem de ser capaz de
penetrar através dos túbulos dentinários, o que não foi observado quando a água
destilada foi usada como veículo. Sendo assim, consideraram o propilenoglicol
um excelente veículo para medicação intracanal.
O estudo de Cruz et al. (2002) contrapõe-se aos resultados encontrados
por Safavi e Nakayama (2000), que verificaram a influência dos veículos glicerina
pura e propilenoglicol na extensão de dissociação do hidróxido de cálcio em
solução. Tal estudo se justifica porque, segundo os autores, a influência do
veículo não aquoso na dissociação do hidróxido de cálcio não é conhecida
claramente. Misturas (25 mL) de glicerina pura ou propilenoglicol com água
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 311 -
destilada foram preparadas em tubos cônicos de centrífuga de 50 mL, em
consecutivas diluições (0-100%). Uma quantidade de 0,3 g de hidróxido de cálcio
foi adicionada e as soluções saturadas foram preparadas por meio de
movimentação dos tubos. Os autores observaram que a condutividade do
hidróxido de cálcio em glicerina pura ou com propilenoglicol foi praticamente zero,
sugerindo que o hidróxido de cálcio não se dissocia quando em glicerina ou
propilenoglicol. Concluíram que o uso de altas concentrações de glicerina ou
propilenoglicol como veículo podem fazer decrescer a eficiência do hidróxido de
cálcio como curativo de demora. Por outro lado, notaram que pequenas
quantidades desses, na água, resultam num aumento da condutividade do
hidróxido de cálcio.
Ao avaliar-se os resultados de Safavi e Nakayama (2000), observou-se
que se justificam quando analisadas as propriedades do propilenoglicol, ou seja,
nem o hidróxido de cálcio nem o propilenoglicol possuem água em suas
formulações químicas, por isso quanto mais puro estiver o propilenoglicol menos
água terá, e menos ele irá auxiliar no mecanismo de ação do hidróxido de cálcio.
E a inversa é verdadeira, pois o hidróxido de cálcio precisa de água para se
dissociar.
Estas observações vêm ao encontro do trabalho realizado por Holland et al.
(2007a), que estudaram o MTA manipulado com água destilada ou propilenoglicol
associados a guta percha na obturação de canais radiculares de dentes de cães
em dois níveis diferentes (limite cementário e sobreobturação). Observaram que,
independentemente do nível de obturação, os resultados foram biologicamente
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 312 -
semelhantes, que as obturações realizadas no nível do canal cementário
mostraram resultados superiores aos obtidos nas sobreobturações. Então, os
autores levantam a hipótese de que o MTA com o propilenoglicol, ao entrar em
contato com os fluídos do tecido conjuntivo periapical, que possui água e gás
carbônico, permite que haja a reação do óxido de cálcio do MTA com a água do
tecido, formando o hidróxido de cálcio, e complete assim o seu mecanismo de
ação. E também concluíram o estudo dizendo que novas pesquisas sobre as
propriedades químicas e físicas sobre essa associação devem ser realizadas.
Assim, ao avaliar-se melhor essas propriedades do propilenoglicol, há
possibilidade de que ele influa positivamente no mecanismo de ação do MTA, o
que se deve ao fato de que, observando os resultados do trabalho de Holland et
al. (2007a), no qual eles afirmam que as obturações quando ficaram restritas ao
canal cementário proporcionaram resultados melhores, suspeitamos que isso seja
justamente pela presença do propilenoglicol, ou seja, ao se restringir o MTA no
limite do canal cementário ele teoricamente não está em contato com os fluídos
tissulares. Então, o alto poder de penetração do propilenoglicol na dentina,
demonstrado por Cruz et al. (2002), faz com que chegue até os líquidos tissulares
e, devido às suas propriedades higroscópicas, atraia-os até a presença do MTA,
possibilitando que o óxido de cálcio do MTA reaja com a água, dando origem ao
hidróxido de cálcio, e que se conclua o mecanismo de ação como já descrito por
Holland et al. (1999a) e Seux et al. (1991). Também pode-se concluir que os
resultados nas sobreobturações foram piores porque, apesar de o MTA e o
propilenoglicol estarem em contato direto com os líquidos tissulares (água e gás
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 313 -
carbônico), apenas o propilenoglicol tem a propriedade de ser miscível em água,
enquanto o MTA não é reabsorvível e se torna um fator irritante aos tecidos, por
sua presença física, apesar da sua boa biocompatibilidade.
Por haver poucos trabalhos na área da endodontia a respeito do uso e da
aplicação do propilenoglicol como veículo é que resolveu-se conduzir esta
discussão dessa forma, pois assim consegue-se justificar melhor o porquê de
quando o propilenoglicol é utilizado como veículo para o hidróxido de cálcio os
resultados são sempre favoráveis, seja nos trabalhos in vivo (SOUZA et al., 1977;
HAENSCH, 1987; OTOBONI FILHO, 2000; HOLLAND et al., 2003; PACIOS et al.,
2004; HOLLAND et al., 2007a), in vitro (SIQUEIRA JÚNIOR; FRAGA, 1995;
HOLLAND et al., 1995, 1996b; SAFAVI; NAKAYAMA, 2000; PACIOS et al., 2003),
ou clínico em humanos (ANJOS NETO et al., 2005; MARION; BORLINA; ANJOS
NETO, 2006; BORLINA, MARION; ANJOS NETO, 2006). A propriedade do
propilenoglicol em absorver água também pode auxiliar no mecanismo de ação do
hidróxido de cálcio. Além disso, sua baixa tensão superficial e penetração
profunda pelos túbulos dentinários possivelmente auxiliam na difusão dos íons
cálcio e íons hidroxila liberados pelo hidróxido de cálcio nos túbulos dentinários. E
quando a pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol é sobreobturada, o
hidróxido de cálcio é reabsorvido pelo organismo e o propilenoglicol é diluído.
Devido a esse fato, não são considerados pelo organismo como fator irritante.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
6.4
- 314 -
DOS RESULTADOS HISTOLÓGICOS OBTIDOS
Após a conclusão de um tratamento endodôntico, o reparo dos tecidos
apicais e periapicais fica condicionado à influência de vários fatores, cuja
somatória conduz ao resultado final do tratamento. O primeiro trauma que atinge
os tecidos periapicais é a pulpectomia, ou seja, a extirpação da polpa dental
determina o rompimento do tecido conjuntivo. Segue-se a irritação produzida pela
instrumentação do canal radicular, que especificamente na presente investigação
foi mais traumática devido ao arrombamento do “platô” cementário, somado ainda
à irritação que pode ser provocada pelas soluções irrigadoras e pelos cimentos
obturadores dos canais radiculares. Embora nas biopulpectomias o trauma
provocado pelos dois primeiros fatores mencionados seja inevitável, o produzido
pelas substâncias utilizadas durante o tratamento endodôntico e os provocados
pelos cimentos obturadores dos canais radiculares poderão ser suavizados,
desde que se conheça seus comportamentos biológicos (SALINA, 2001).
De posse desses conhecimentos é que optou-se por utilizar dois materiais,
SealapexTM acrescido de iodofórmio e MTA manipulado com propilenoglicol, que
possuem propriedades biocompatíveis aos tecidos apicais e periapicais já
descritas neste trabalho.
Na tentativa de atenuar os traumas causados pela realização da
pulpectomia e pelo preparo biomecânico dos canais é que teve-se por propósito
analisar o resultado do emprego ou não do curativo de demora de Otosporin®.
Em linhas gerais, quanto aos resultados obtidos neste estudo, levando-se
em consideração os grupos tratados, pode-se verificar que eles foram até certo
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 315 -
ponto semelhantes. No entanto, aspectos interessantes foram observados e
merecem algumas considerações a respeito.
Assim, passa-se a discutir os resultados obtidos neste estudo com esse
enfoque, comparando os dois grupos que não receberam curativo de Otosporin®
com os que receberam.
6.4.1 Dos Resultados Histológicos nos Grupos I e II
Nesses dois grupos foram utilizados 20 espécimes (10 para cada grupo),
cujos tratamentos foram realizados em sessão única e sem aplicação do curativo
de demora de Otosporin®.
Os resultados obtidos com a utilização de SealapexTM (grupo I) e MTA
manipulado com propilenoglicol (grupo II) mostraram que os espécimes
responderam de forma semelhante a ambos os tratamentos, ou seja, não foram
verificadas diferenças significativas com uso dos diferentes cimentos na ausência
do curativo de Otosporin®.
A despeito de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente
significativas, foram observadas, no entanto, diferenças histológicas entre os
tratamentos. Em relação à deposição de cemento neoformado, embora tenha
havido 100% de deposição em ambos os grupos foi notada melhor resposta para
o SealapexTM, considerando-se a espessura do cemento, pois para esse grupo
90% dos espécimes apresentaram espessura superior a 20 µm, enquanto no
grupo do MTA manipulado com propilenoglicol a espessura de cemento
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 316 -
neoformado depositado variou de 1 a 19 µm para 100% dos casos. Porém,
quanto à extensão do cemento neoformado e o selamento biológico dos canais do
delta apical e canal principal, não houve diferenças histológicas consideráveis.
Contudo, a deposição desse cemento neoformado determinou o selamento
biológico dos canais do delta apical. Esses resultados são semelhantes aos
trabalhos publicados por Holland e Souza (1985), Tagger e Tagger (1989), Sonat,
Dalat e Günhan (1990), Leonardo et al. (1992), Holland et al. (1992),
Wakabayashi et al. (1994), Torabinejad et al. (1995f), Soares (1996), Torabinejad
et al. (1997), Leonardo et al. (1997), Holland et al. (1998b), Shabahang et al.
(1999) e Holland et al. (1999a,b; 2001a,d; 2002b; 2007a), e se contrapõem aos
resultados encontrados por Soares et al. (1990b) e Leonardo et al. (2007), cujos
trabalhos apresentaram os piores resultados de selamento biológico e reação
inflamatória para o Sealapex.
Para os critérios de reabsorção de cemento pré-existente, os materiais
obturadores se comportaram igualmente, pois nos dois tratamentos, em 100%
dos espécimes, houve ausência de reabsorção ou as áreas de reabsorção
estavam completamente reparadas. Porém, quando foram avaliadas as
reabsorções de tecido ósseo, o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou
melhor resultado que o SealapexTM, uma vez que apenas 10% dos espécimes
obturados com MTA manipulado com propilenoglicol apresentaram poucas áreas
de reabsorção óssea ativas ou não separadas, enquanto para o SealapexTM
houve 20%. Resultados semelhantes foram encontrados por outros autores
(SAIDON et al., 2003; APAYDIN; SHABAHANG; TORABINEJAD, 2004b;
FELIPPE; FELIPPE; ROCHA, 2006; PANZARINI et al., 2007).
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 317 -
Em relação à presença de infiltrado inflamatório agudo ou crônico, o
SealapexTM tendeu a apresentar melhores resultados que o MTA manipulado com
propilenoglicol, porém para ambos os tratamentos observamos a presença de
duas reações inflamatórias. Os achados deste estudo concordam com os estudos
de Leal, Holland e Esberard (1988), Yesilsoy et al. (1988), Tronstad, Barnett e
Flax (1988), Leonardo et al. (1994a), Pitt Ford et al. (1995), Torabinejad et al.
(1995f), Kaplan et al. (2003), Costa, Bacalhau e Helbing (2003), Saidon et al.
(2003) e Noetzel et al. (2006), que também observaram pouca ou moderada
reação inflamatória para Sealapex ou MTA. Entretanto, diferem dos trabalhos
realizados por Mittal, Chandra e Chandra (1995), Torabinejad et al. (1997),
Holland et al. (1999a; 2001a), Zhu e Xia (2003a), Yildirim et al. (2005) e Panzarini
et al. (2007), que, ao estudarem o MTA ou Sealapex, observaram ausência do
processo inflamatório em ambos os casos. Ainda, os resultados deste estudo
também diferem daqueles encontrados por Holland et al. (2001c), que, ao
compararem in vivo o MTA com o Sealapex, observaram presença de processo
inflamatório apenas para o Sealapex.
Avaliando o comportamento do ligamento periodontal frente aos materiais
estudados, os resultados encontrados neste estudo estão próximos aos
encontrados por Felippe, Felippe e Rocha (2006) e Panzarini et al. (2007), e
contrapõem-se aos resultados de Leonardo et al. (2007).
Quando da obturação do canal, ao se observar o limite de obturação, os
resultados são mais favoráveis ao MTA manipulado com propilenoglicol, pois em
90% dos casos restringiu-se ao limite CDC, ou ficou ligeiramente além, enquanto
para o SealapexTM apenas 40% do cimento ficou restrito ao limite CDC, ou
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 318 -
ligeiramente além. Porém, para os dois materiais houve situações em que o
material obturador ultrapassou o forame apical, atingindo o ligamento periodontal.
Quando ocorre essa segunda situação, os trabalhos de Leal, Holland e Esberard
(1988), Sonat, Dalat e Günhan (1990), Soares et al. (1990b), Holland et al. (1992),
Leonardo et al. (1997), Broon et al. (2005), Leonardo et al. (2007) e Holland et al.
(2007a) mostraram que a sobreobturação pode causar leve irritação tecidual,
reação inflamatória crônica e ausência de selamento biológico. Esses achados
também estão presentes neste estudo.
Presença de detritos foi observado em apenas um espécime (10%) do
grupo do SealapexTM. Segundo Yusuf (1982), o material, quando deslocado para
dentro dos tecidos periapicais, durante a terapia endodôntica, pode causar
inflamação ativa ou estar associado à formação de tecido de cicatrização. Holland
et al. (1989) afirmam que raspas de dentina freqüentemente estão associadas à
formação de tecido duro devido à sua capacidade osteoindutora. Também foi
observado, apenas para o SealapexTM, em um espécime (10%), a presença de
células gigantes, detalhe também observado por Zmener, Guglielmotti e Cabrini
(1990).
A
coloração
de
Brown
e
Brenn
não
evidenciou
presença
de
microrganismos em nenhum dos espécimes analisados, para os dois tratamentos.
Esse mesmo resultado foi observado por Faraco Júnior e Holland (2001), quando
da análise do MTA.
Frente a todos esses achados observou-se que tanto o SealapexTM quanto
o MTA manipulado com propilenoglicol apresentaram bons resultados quando
utilizados em biopulpectomia, sem a ação do curativo de demora Otosporin®,
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 319 -
concordando com a grande maioria dos estudos realizados com esses produtos.
E, ainda, que o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou resultados
semelhantes ao SealapexTM na ausência do curativo de demora Otosporin®.
6.4.2 Dos Resultados Histológicos nos Grupos III e IV
Nesses dois grupos foram utilizados 20 espécimes (10 para cada grupo),
cujos tratamentos foram realizados em duas sessões e com aplicação do curativo
de demora de Otosporin®.
Como a maioria dos profissionais optam por realizar os tratamentos de
biopulpectomia em sessão única, ou seja, sem o uso do curativo de demora
(STRINDBERG, 1965; INGLE, 1974; COHEN; BURNS, 1980; MORSE, 1981;
WEINE, 1982; WALTON; TORABINEJAD, 1989), a literatura apresenta menos
estudos quando o tratamento é realizado em duas sessões, e limita-se mais ainda
quando se utiliza o curativo de Otosporin®. Devido a esse fato é que nesta
discussão os resultados, quando se referem ao emprego do Otosporin® entre
sessões, tem-se um pequeno número de trabalhos para ser referenciado, e ainda
esses trabalhos são favoráveis ao uso do curativo devido aos resultados por eles
encontrados. Com isso, justifica-se porque não é apresentado nenhum trabalho
que se contraponha a este, quando da análise referente ao seu emprego.
Assim, nestes tratamentos teve-se por objetivo observar qual a influência
que a medicação intracanal inter-sessões exerce no resultado final do tratamento
frente aos cimentos utilizados. No geral, os resultados estatísticos não
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 320 -
evidenciaram diferenças significativas para o MTA manipulado com propilenoglicol
ou SealapexTM quando se fez uso do curativo de Otosporin®. Porém,
biologicamente foi possível observar que em relação ao selamento biológico
completo dos canais do delta apical e do canal principal houve uma tendência de
melhor resultado para o MTA manipulado com propilenoglicol do que para o
SealapexTM, porém para ambos os casos houve deposição de cemento isolando o
material obturador do tecido conjuntivo apical.
Estes achados estão de acordo com o estudo realizado por Holland et al.
(1998b), que também observaram um maior número de casos com selamento
biológico completo quando se realizou o tratamento em duas sessões com o
cimento Sealapex, empregando o Otosporin® como curativo de demora. Quando o
critério foi reabsorção do cemento pré-existente, também o MTA manipulado com
propilenoglicol apresentou melhores resultados que o SealapexTM. Porém, em
relação à reabsorção de tecido ósseo, o SealapexTM apresentou melhores
resultados. Saad Neto et al. (1991), estudando o reimplante imediato de incisivos
de ratos que tiveram a superfície e o canal radicular tratados com Otosporin®,
observaram que esse fármaco impede a reabsorção radicular inflamatória em
períodos mais longos e favorece a deposição de matriz cementária, reparando
essas áreas.
Quando passou-se a observar a presença de infiltrado inflamatório agudo
ou crônico, o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou os melhores
resultados histológicos em relação ao SealapexTM, embora não tenha havido
diferenças estatísticas.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 321 -
Quanto à organização do ligamento periodontal, os resultados são mais
favoráveis ao SealapexTM, que apresentou 70% dos casos (sete espécimes) com
ligamento organizado em toda a porção apical do dente e apenas 40% dos casos
(quatro espécimes) para o MTA manipulado com propilenoglicol. Esses resultados
corroboram os encontrados por Holland et al. (1998b).
Por haver poucos estudos de biopulpectomia em duas sessões estudando
o Sealapex frente ao emprego do curativo de corticosteróide-antibiótico
(Otosporin®), encontrou-se apenas o trabalho de Holland et al. (1998b) e nenhum
trabalho do MTA, dificultando o confronto de resultados com outros trabalhos.
Podia-se até comparar os resultados encontrados neste estudo com os de outros
materiais obturadores de canais radiculares realizados em duas sessões, em
casos de biopulpectomia com uso do Otosporin®, porém acredita-se que esses
confrontos gerariam mais dúvidas, por causa dos seus mecanismos de ação e
composição do que respostas.
6.4.3 Dos Resultados Histológicos nos Quatro Grupos Experimentais
O que pode-se observar é que quando os grupos foram comparados entre
si, ou seja, quando comparou-se os diferentes resultados entre os dois materiais
(MTA manipulado com propilenoglicol e SealapexTM), na presença ou não do
curativo
de
demora
de
Otosporin®,
eles
não
apresentaram
diferenças
significativas, porém quando comparou-se a influência do emprego do curativo, ou
seja, os grupos que não o utilizaram (G1 e G2 – que corresponde a 20
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 322 -
espécimes), com grupos que o utilizaram (G3 e G4 – que também corresponde a
20 espécimes) independentemente dos materiais testados, observou-se melhores
resultados para os grupos que utilizaram o Otosporin® como curativo de demora,
e que dentre esses os melhores resultados histológicos foram oferecidos pelo
MTA manipulado com propilenoglicol. Como tem-se por objetivo maior observar a
influência do emprego ou não do curativo de demora de Otosporin® no resultado
final do tratamento, será discutido mais profundamente esse fato.
Tal comparação se justifica, pois, nos casos de biopulpectomia,
normalmente procura-se executar o tratamento endodôntico em sessão única.
Contudo, em determinadas situações é possível que ocorra a necessidade de o
tratamento ser concluído numa segunda sessão. Dessa maneira, ganha
importância o procedimento clínico que melhor preservar a integridade dos
tecidos apicais e periapicais durante o período inter-sessões (HOLLAND et al.,
1980b).
Assim, o problema da presença de bactérias não alcança tanta importância
como nas necropulpectomias, uma vez que nos casos de polpa viva não há
presença de microrganismos, e sua presença pode significar procedimentos
iatrogênicos ou acidentais. Neste estudo, a coloração de Brown e Brenn não
evidenciou presença de bactérias.
O que se pretende, ao se fazer o uso da associação de corticosteróideantibiótico (Otosporin®), segundo Holland et al. (1980b), é controlar a intensidade
e a extensão do processo inflamatório que se instala em decorrência das
manobras cirúrgico-operatórias, como demonstrado por Wolfsohn (1954),
Schroeder (1963) e Oynick (1965). É que um dos objetivos a ser atingido após o
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 323 -
tratamento endodôntico é a obtenção do selamento biológico dos forames apicais,
pela deposição de tecido duro.
A preservação do coto pulpar guarda íntima relação com o reparo dos
tecidos apicais e periapicais. Com a preservação desse se obtém uma maior
deposição de cemento junto aos forames apicais, inclusive promovendo
selamento biológico completo (COOLIDGE; KESEL, 1956; DIXON; RICKERT,
1933; OSTBY, 1961, SKINE; MACHIDA; IMANASHI, 1963; HOLLAND; SOUZA;
MILANEZI, 1971b). Outros estudos também têm demonstrado que a associação
de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) tem a capacidade de preservar a
vitalidade do coto pulpar após pulpectomia (HOLLAND et al., 1980b; SOUZA et
al., 1981; FERREIRA JÚNIOR, 1991; SOUZA; HOLLAND; SOUZA, 1995;
SALINEIRO; OKAMOTO; ARANEGA, 1997; HOLLAND et al., 2005b).
Neste estudo, realizou-se o arrombamento do “platô” cementário para
simularmos uma situação clínica mais próxima do dente humano. Dessa forma,
possivelmente ocorre sobreinstrumentação. Com a aplicação da medicação de
Otosporin®, há possibilidade de invaginação de tecido conjuntivo periodontal para
dentro do canal cementário, obtendo-se assim um novo coto pulpar de tecido
periodontal (HOLLAND et al., 1980b; SOUZA et al., 1981), que estimula a
deposição de uma nova camada de cemento neoformado. No presente estudo,
quando avaliado o selamento biológico completo do canal principal por cemento
neoformado constatou-se que, nos grupos em que não foi aplicado o curativo de
Otosporin®, cinco espécimes (25%) apresentaram selamento biológico completo,
enquanto nos grupos que fizeram uso do curativo seis espécimes (30%)
apresentaram selamento biológico completo. Estes resultados corroboram os de
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 324 -
Ferreira Júnior (1991) e Holland et al. (2005b), que também verificaram melhores
resultados quando se empregou o curativo. Ainda com relação ao selamento
biológico do canal principal por cemento neoformado, sequencialmente do melhor
para o pior, verifica-se: MTA manipulado com propilenoglicol com curativo,
SealapexTM com curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem curativo, e
SealapexTM sem curativo.
Houve ausência de reabsorção do cemento pré-existente ou as áreas de
reabsorção estavam completamente reparadas em 100% dos casos (20
espécimes) nos grupos 1 e 2, enquanto no grupo 3 e 4 observou-se que 5% dos
casos (um espécime) que pertencia ao grupo do Sealapex apresentava áreas de
reabsorção ativa.
Esse fato pode ter ocorrido porque tal espécime apresentou uma
sobreobturação do material obturador. Segundo Soares et al. (1990b), Holland et
al. (1992), Leonardo et al. (1997; 2007) e Holland et al. (2007a), a sobreobturação
contribuiu para a permanência do processo inflamatório nos tecidos periapicais.
Assim, do melhor para o pior, observou-se: MTA manipulado com propilenoglicol
com curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem curativo, SealapexTM com
curativo, SealapexTM sem curativo.
Em relação à reabsorção de tecido ósseo, nos grupos 1 e 2, 15% dos
casos (três espécimes) apresentavam poucas áreas de reabsorção óssea ativas
ou parcialmente reparadas, e em apenas 45% dos casos (nove espécimes)
apresentavam áreas de reabsorção óssea inativas ou parcialmente reparadas, e
em apenas 40% dos casos (oito espécimes) havia ausência de reabsorção ou
áreas de reabsorção completamente reparadas. Já nos grupos 3 e 4 pode-se
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 325 -
observar em 70% dos casos (14 espécimes) ausência de reabsorção ou áreas de
reabsorção completamente reparadas, e em 30% dos casos (seis espécimes),
áreas de reabsorção ósseas inativas ou parcialmente reparadas. Esses
resultados evidenciam a eficiência do curativo quando é usado, e coincidem com
os resultados encontrados por Souza et al. (1981), Ferreira Júnior (1991) e
Salineiro, Okamoto e Aranega (1997). Dessa maneira, com relação a esse critério
do melhor para o pior, observou-se: SealapexTM com curativo, MTA manipulado
com propilenoglicol com curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem
curativo, SealapexTM sem curativo.
Quanto à presença do processo inflamatório agudo, em relação à
intensidade e extensão, foram observados em 90% dos casos (18 espécimes)
células inflamatórias ausentes ou em número desprezível quando se utilizou o
curativo de Otosporin® e em 85% dos casos (17 espécimes) quando não se
utilizou o curativo de Otosporin®. Ao se avaliar a presença de infiltrado
inflamatório crônico, quanto à intensidade e extensão, verificou-se que em 30%
dos casos (seis espécimes) as células inflamatórias estavam ausentes ou em
número desprezível quando se utilizou o curativo de Otosporin®, e em apenas
20% dos casos (quatro espécimes), quando não se utilizou o curativo de
Otosporin®. Pode ser observado que o uso do Otosporin® contribui para a
modelação do processo inflamatório, e que a ação é mais eficiente na redução do
processo inflamatório agudo. Esses resultados estão condizentes com os
encontrados por Holland et al. (1980b), Souza et al. (1981), Souza, Holland e
Souza (1995) e Delben (1998). Assim, relacionando-os do melhor para o pior,
observou-se: MTA manipulado com propilenoglicol com curativo, SealapexTM com
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 326 -
curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem curativo, SealapexTM sem
curativo.
Nos espécimes tratados foi possível observar que o ligamento periodontal
estava organizado em toda a porção apical do dente em 55% dos casos (11
espécimes) quando se utilizou o curativo de Otosporin®, e apenas em 35% (sete
espécimes) quando não se utilizou, evidenciando, mais uma vez, que o emprego
do curativo de Otosporin® contribui efetivamente para se manter a integridade dos
tecidos periapicais, pois tanto o coto pulpar quanto o ligamento periodontal estão
localizados entre paredes duras e inextensivas, estando portanto impossibilitados
de se expandir durante a instalação do processo inflamatório. Essa situação
favorece, com freqüência, a instalação de graves problemas histopatológicos
nessa área, caracterizados de início pela destruição do coto pulpar. Assim,
Holland et al. (1980b), Souza et al.(1981); Souza, Holland e Souza (1995) e
Holland et al. (2005b) demonstraram a necessidade do emprego do curativo de
demora para minimizar e modelar o processo inflamatório. Esses estudos
embasam nossos achados. Assim, os resultados deste estudo demonstraram,
mais uma vez, que a vitalidade do coto pulpar pode ser preservada. Quando se
utilizou o curativo de demora de Otosporin®, o ligamento periodontal apresentouse organizado e sem inflamação, possibilitando o selamento biológico na maioria
dos casos, enquanto nos casos tratados sem o uso do curativo de demora a
inflamação era mais intensa e extensa, determinando, inclusive, maior incidência
de reabsorção óssea e cementária ativas, diminuindo também a incidência de
selamento biológico.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
Discussão
- 327 -
Dessa maneira, os resultados histológicos concordam com os resultados
estatísticos quando demonstram que, no geral, o MTA manipulado com
propilenoglicol
apresentou
resultado
semelhante
ao
SealapexTM,
do
independentemente do uso ou não do curativo de Otosporin® (p>0,05); que no
geral
o
emprego
do
curativo
de
Otosporin®
favoreceu
o
tratamento,
independentemente dos cimentos utilizados (p=0,03); e que embora não haja
significância estatística no teste de Kruskal Wallis, realizando-se a comparação
verificou-se um melhor resultado dos dois cimentos (MTA manipulado com
propilenoglicol e SealapexTM) com curativo de Otosporin®, em relação aos dois
cimentos (SealapexTM e MTA manipulado com propilenoglicol) sem o uso do
curativo.
Ainda que houvesse uma tendência de os tratamentos sem o uso do
curativo de Otosporin® apresentarem maior inflamação, não houve significância
estatística. Também, estatisticamente não houve diferenças para o ligamento
periodontal quando se aplicou o teste de Kruskal Wallis, porém houve uma
diferença histológica entre os dois grupos de SealapexTM e MTA manipulado com
propilenoglicol, sendo favorável o uso do curativo de Otosporin® para a
organização do ligamento periodontal.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
7 CONCLUSÕES
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
7
CONCLUSÕES
Dentro das condições experimentais do presente estudo, e considerando
os resultados obtidos, parece lícito aos autores concluirem que:
1. de maneira geral, o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou
resultado semelhante ao SealapexTM, independentemente do uso ou
não do curativo (p>0,05);
2. o emprego do curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®)
favoreceu o tratamento, independentemente dos cimentos obturadores
utilizados (p=0,03);
3. a obturação dos canais radiculares com SealapexTM ou MTA
manipulado
com
propilenoglicol,
apresentaram
comportamento
semelhante e que o uso do curativo de Otosporin®, favoreceu o
processo de reparo.
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
8 REFERÊNCIAS
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
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9 ANEXO
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10
ÍNDICE REMISSIVO
Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
10
ÍNDICE REMISSIVO
Este índice refere-se apenas ao capítulo de revisão da literatura.
Assunto
MTA
Páginas
70, 73, 75, 76, 81, 82, 83, 86, 87, 89, 90, 91, 92, 94, 97, 99,
100, 101, 101, 102, 103, 104, 105, 106, 107, 107, 111, 111,
113, 114, 115, 116, 117, 118, 120, 121, 122, 124, 125, 126,
127, 129, 130, 131, 132, 133, 133, 134, 135, 135, 136, 137,
137, 138, 139, 142, 143, 144, 144, 145, 147, 147, 148, 152,
153, 154, 155, 156, 156, 157, 159, 160, 161, 162, 163, 164.
Otosporin®
48, 49, 51, 64, 65, 66, 66, 67, 78, 80, 82, 85, 85, 86, 89, 93,
108, 146.
Propilenoglicol 47, 52, 74, 79, 79, 96, 96, 109, 110, 113, 118, 123, 140, 141,
150, 151, 161, 164.
Sealapex
50, 51, 52, 53, 53, 55, 56, 56, 57, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 62, 63,
66, 68, 69, 71, 72, 74, 75, 77, 84, 86, 88, 92, 93, 95, 96, 98, 99,
99, 102, 104, 105, 106, 112, 113, 119, 127, 128, 129, 139, 141,
144, 151, 158, 159, 160, 165.
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