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Faculdade de Ciências da Saúde Universidade de Marília – UNIMAR JEFFERSON JOSÉ DE CARVALHO MARION PROCESSO DE REPARO DE DENTES DE CÃES APÓS BIOPULPECTOMIA E OBTURAÇÃO DOS CANAIS RADICULARES COM OS CIMENTOS SEALAPEXTM OU MTA MANIPULADO COM PROPILENOGLICOL, ASSOCIADOS AO EFEITO DO EMPREGO OU NÃO DE UM CURATIVO DE CORTICOSTERÓIDE-ANTIBIÓTICO Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Marília (UNIMAR), como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Clínica Odontológica – Área de concentração em Endodontia. ORIENTADOR: PROF. TITULAR DR. ROBERTO HOLLAND CO-ORIENTADOR: PROF. TITULAR DR. VALDIR DE SOUZA MARÍLIA – SP 2008 Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Dissertação, por processos fotocopiadores e outros meios eletrônicos. Marília, 26 de março de 2008. M341p Marion, Jefferson José de Carvalho Processo de reparo de dentes de cães após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com os cimentos SealapexTM ou MTA manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróide-antibiótico./ Jefferson José de Carvalho Marion -- Marília: UNIMAR, 2008. 377f. Dissertação (Mestrado em Clínica Odontológica – área de concentração em Endodontia)- Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Marília, Marília, 2008. 1. Endodontia 2. Biopulpectomia 3.Propilenoglicol 4. Agregado de Trióxido Mineral (MTA) 5.Sealapex 6.Otosporin 6. Medicação de Corticosteróide-Antibiótico 7. Tratamento de Canais Radiculares I. Marion, Jefferson José de Carvalho II. Processo de reparo de dentes de cães... CDD – 617.634 UNIVERSIDADE DE MARÍLIA – UNIMAR REITOR: MÁRCIO MESQUITA SERVA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PRÓ-REITORA: PROFª. DRA. SUELY FADUL VILLIBOR FLORY FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DIRETOR: PROF. DR. ARMANDO CASTELO BRANCO JÚNIOR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CLÍNICA ODONTOLÓGICA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM ENDODONTIA ORIENTADOR: PROF. TITULAR DR. ROBERTO HOLLAND CO-ORIENTADOR: PROF. TITULAR DR. VALDIR DE SOUZA DADOS CURRICULARES JEFFERSON JOSÉ DE CARVALHO MARION Data de Nascimento 20 de janeiro de 1971 Nova Esperança – PR Filiação Jair de Carvalho Lourdes Catarina Marion de Carvalho 1991-1995 Curso de Graduação em Odontologia, na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR, Brasil). 1995-1996 Curso de Pós-Graduação Latu Senso em Endodontia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). 1996-1997 Segundo Tenente Dentista, prestando serviços técnicos especializados ao Comando Militar do Sul, 5º Batalhão de Suprimentos Formação Sanitária (5º BSup). Curitiba, PR, Brasil. 1997 – Atual Serviços técnicos especializados em Endodontia, Consultório Odontológico J Marion Endodontias, Brasil. 2003-2004 Professor auxiliar no Curso de Odontologia na disciplina de Endodontia da Faculdade Ingá, UNINGÁ, Brasil. 2006-2008 Curso de Mestrado Pós-Graduação em Universidade de Clínica Marília, Strictu Senso, Odontológica UNIMAR, da Brasil. Orientador: Prof. Titular Dr. Roberto Holland, área de concentração: Endodontia. DEDICATÓRIA A DEUS, fonte de vida e de toda sabedoria, que me concedeu o privilégio de iniciar e concluir este curso de Mestrado, capacitando-me, sustentando-me, protegendo-me e colocando em meu caminho as pessoas certas para que eu pudesse concretizar este trabalho. “...Tu és meu servo, eu te escolhi, e não te rejeitei. Não temas, porque eu estou contigo. Não te assustes, porque eu sou o teu Deus. Eu te dou coragem, sim, eu te ajudo. Sim, eu te seguro com minha mão vitoriosa...” (Is. 41-9,10) A MINHA MÃE LOURDES, exemplo de vida, de honestidade, de caráter, de sabedoria, de força de vontade, carinho, amor e compreensão. Minha eterna gratidão pela formação moral, intelectual e espiritual. Nunca poupou esforços para o meu engrandecimento, sempre acreditou em mim, passou-me confiança e, com muita convicção, fez-me seguir em frente, até nos momentos em que eu mesmo não acreditava ser capaz. Muito obrigado por estar sempre a meu lado, renunciando, em muitos momentos, aos próprios sonhos para que eu pudesse realizar os meus. Eu a amo muito! A senhora é meu incentivo constante, é mãe e também pai. Hoje, mãe, colha comigo um pouco do que tanto lutou para dar a seu filho! “Para completar o homem, Deus fez a mulher... Mas para participar do milagre da vida, Deus fez a mãe. Para liderar uma casa, Deus fez a mulher... Mas para edificar um lar, Deus fez a mãe. Para estudar, trabalhar e competir, Deus fez a mulher... Mas para guiar a criança insegura, Deus fez a mãe. Para os desafios da sociedade, Deus fez a mulher... Mas para o amor, a ternura e o carinho, Deus fez a mãe. Para fazer qualquer trabalho, Deus fez a mulher... Mas para embalar o berço e construir um caráter, Deus fez a mãe. Você é o mais lindo presente de Deus para mim. Eu quero ser uma dádiva de Deus pra você. Te amo, Mãe!” (Autor desconhecido) A MEU PAI, JAIR (in memorian), que empreendeu sua viagem à felicidade eterna, convertido numa estrela no céu, e que me acompanha e me protege com sua luz. “Minha estrela-guia,... minha lágrima e meu riso, meu grande aprendizado, minha maior saudade. Voou como um pássaro... voou, virou estrela... a mais linda estrela do meu céu!” (Mariú Zalaf) A MEUS AVÓS APARECIDA e JOSÉ PAULO MARION, personalidades marcantes em minha vida e em nossa família, pelos quais tenho muito carinho e muita gratidão. Muito obrigado por todos esses anos dedicados a nós, filhos, netos e bisneto, sempre colaborando, incentivando, orientando o meu caminho e participando das minhas decisões. Obrigado por serem meus segundos pais, por marcarem minha educação e formação de maneira tão presente. Pa e Ma, amo vocês! A MEUS FAMILIARES, pelo amor, carinho, companheirismo, apoio, pela confiança e compreensão. Obrigado por entenderem minha ausência, participarem dos meus sonhos e me apoiarem para realizá-los. Com vocês aprendi o verdadeiro significado da palavra cumplicidade. Esta conquista é nossa. “Agradecer é admitir que houve um momento em que se precisou de alguém, É reconhecer que o homem jamais poderá lograr para si o dom de ser auto-suficiente. Ninguém e nada cresce sozinho, é sempre preciso um olhar de apoio, uma palavra de incentivo, um gesto de compreensão, uma atitude de amor.” (Autor desconhecido) A minha secretária, PAULA CARDOSO, por sua fidelidade, cumplicidade, honestidade, profissionalismo e amizade, que me impressionam. Sem você eu jamais conseguiria fazer este curso de Mestrado, e por isso é que esta vitória também é sua. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS A realização deste trabalho só foi possível graças à colaboração direta ou indireta de muitas pessoas. Manifesto minha gratidão a todas elas, e de forma particular às seguintes: A meu orientador PROF. DR. ROBERTO HOLLAND, pelo exemplo de competência, paciência, conhecimento e determinação, e pela forma com que me acolheu: de portas abertas, como um pai acolhe um filho. Sua dedicação, convivência, amizade, além de apoio e incentivo constante trouxeram influências marcantes em minha conduta profissional, científica e pessoal. É um líder, formador de discípulos e o grande responsável pelo desenvolvimento deste trabalho, além de exemplo de pesquisador e defensor da Endodontia Biológica. Muito mais que Endodontia, ensinou-me sua paixão e dedicação pela docência e pela ciência, o que transformou minha vida. Tenho a honra de fazer parte da última turma que o teve como mestre. Expresso meu orgulho, agradecimento e minha felicidade por ter sido seu orientado. Meu sincero respeito e minha gratidão. “Mestre é aquele que caminha com o tempo, propondo paz, fazendo comunhão, despertando sabedoria. Mestre é aquele que estende a mão, inicia o diálogo e encaminha para a aventura da vida. Não é aquele que ensina fórmulas, regras, raciocínios, mas o que questiona e desperta para a realidade. Não é aquele que dá o seu saber, mas aquele que faz germinar o saber do discípulo. Eu serei sempre seu discípulo na escola da vida.” (N. Maccari) A meu co-orientador PROF. DR. VALDIR DE SOUZA, exemplo de humildade e dedicação, pela maneira sábia e paciente como guia e ensina seus alunos. Muito obrigado pelas sugestões, pelo apoio, pela amizade, pelo carinho e pelas muitas vezes que me recebeu em sua casa. Sempre me lembrarei de sua ajuda e de sua presença, que neste trabalho foram fundamentais. Seguirei seus conselhos! “Dádiva é poder regar a árvore para que cresça e dê frutos. Tarefa árdua é ensinar a autodisciplina, e ao mesmo tempo nortear de forma singela.” (Autor desconhecido) À PROFª DRª SUELI MURATA, mulher batalhadora, dedicada, exemplo de pesquisadora, sempre atenta às minhas necessidades, pela ajuda incansável na realização deste trabalho. Sua garra e seu entusiasmo pela pesquisa são contagiantes e dignos de serem seguidos. Obrigado, professora, pelas suas dicas e pelos seus conselhos. A você, meu respeito e reconhecimento. Ao PROF. DR. FRANCISCO SOUZA FILHO, pelo estímulo e incentivo, pelo grande ser humano e pesquisador que sempre contribui para o avanço e crescimento dos que estão a sua volta. Obrigado, por sua amizade e também por mais uma vez aceitar minha solicitação, fazendo parte da banca examinadora. Ao PROF. DR. ESTRELA, grande pesquisador da Endodontia Nacional e Mundial. Obrigado, pelo carinho com que aceitou gentil e prontamente participar e colaborar com este trabalho, fazendo parte da banca examinadora. A meu amigo de mestrado DOMINGOS NETO e sua esposa ELAINE. Vocês me ensinaram que a vida pode ser vivida com leveza e tranqüilidade. Que viver o hoje é mais importante que esperar pelo amanhã. Domingos, obrigado pela paciência, pelos conselhos, pelo acolhimento em sua casa, pelos muitos momentos compartilhados durante o curso. Valeu, meu amigo! Onde quer que você vá, que Deus o acompanhe sempre! A minha amiga de mestrado SUELLEN BORLINA. Sua inteligência e seu caráter farão de você uma mulher de sucesso. Você é exemplo de trabalho e disciplina. Obrigado pela amizade, pelos conselhos e pela ajuda constante nos momentos em que precisei, e também por me deixar fazer parte da sua família. “Hoje nossos caminhos se partem, para que possamos andar sozinhos, na certeza de que todas as estradas se unem em um ponto comum, onde nos encontraremos para falar da vida, das lágrimas, do sorriso e, é claro, dos sonhos que ainda ousaremos realizar. Sentirei saudades. E ter saudades é não ter medo de olhar para trás, é ter coragem de aprender tudo o que se viveu. Afinal, a vida continua, a nossa historia continua... Não fiquemos tristes nas despedidas. Uma despedida é necessária antes de a gente se encontrar outra vez.” (Autor desconhecido) A meu amigo RAPHAEL MATTOSINHO. É difícil colocar em palavras tudo o que você fez para que eu pudesse concluir este curso de Mestrado. Além de realizar quase toda a assessoria de informática, você foi o amigo fiel que abdicou dos seus momentos de lazer e também de alguns momentos profissionais e familiares para que eu pudesse concretizar este trabalho. Seu empenho, carinho, respeito, e sua dedicação, paciência e alegria contagiante me deram forças para continuar. Show, Mattoso! Valeu, fera! Ao amigo RONALDO CECHELA, que também dedicou parte do seu tempo para confeccionar as ilustrações gráficas deste trabalho e se dispôs, nos momentos em que precisei, dando-me segurança e tranqüilidade para obtenção de um bom resultado. Sua dedicação foi muito importante para mim. Obrigado! À amiga NATHÁLIA MACHADO, pela generosidade com que dispôs do seu tempo e de sua energia para que esta Dissertação fosse editada, e pelas sugestões de mudanças na forma e no conteúdo. Ao PROF. CARLOS, pelo auxílio nas traduções de inglês, e pelo respeito a este trabalho. Ao PROF. DR. ELÓI DEZAN JÚNIOR, pela contribuição valiosa e fundamental na elaboração da análise estatística dos resultados. À PROFª DRª JEANETTE DE CNOP, vice-presidente da Academia de Letras de Maringá, pela correção e adequação deste trabalho à luz das normas que regem a Língua Portuguesa. E a HELAINE FERREIRA, pela formatação, diagramação e normalização segundo a ABNT. A ANDRÉA HERMÍNIO e REGINA PEREIRA, secretárias do curso de pósgraduação da UNIMAR, pela extrema dedicação em todos os momentos necessários, pelo carinho e principalmente pela amizade que construímos. Já sinto saudades. A NEUCI VIEIRA, HERMELINDA BREFORE e NEUZA SANTOS, pelo brilhante trabalho no processamento histológico e pelo carinho com que me receberam no laboratório da disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba. À bibliotecária da UNIMAR, CESIRA PORTO, pelo auxílio durante a elaboração deste trabalho. E também aos funcionários SEBASTIÃO, GE, WANESSA e ROSENI, pelo apoio constante durante todo o tombamento bibliográfico realizado. À coordenadora do biotério da UNIMAR, PATRÍCIA BUENO, por apoiar na realização desta pesquisa, colocando-se à disposição em todos os momentos em que foi solicitada. Aos funcionários ROBERTO, PABLO e OSMAR, pela disponibilidade e ajuda na aquisição e manutenção dos cães utilizados neste trabalho. E aos ANIMAIS, por contribuírem em benefício da espécie humana e da ciência endodôntica. Ao PROF. GILBERTO GARUTTI (Giba), pelo acompanhamento durante a disciplina de Estágio à Docência, e ao PROF. SEBASTIÃO DE CARVALHO, responsável pelas disciplinas de Metodologia Científica, Metodologia da Pesquisa e Bioestatística, pela confiança e pelo incentivo demonstrados, além do apoio no decorrer do curso. “Nos bastidores do palco iluminado, resultado da empatia e convivência, acontece o verdadeiro espetáculo.” (Autor desconhecido) Às PROFas ÉRICA LOPES e VÂNIA WESTPHALEN, por terem despertado em mim o amor pela Endodontia e pelo ensino. Vocês plantaram uma semente que agora começa a gerar frutos. O seu eterno aluno lhes agradece pelas oportunidades durante a graduação e a especialização, pois vocês me orientaram a encontrar o rumo a ser seguido. A PROFª BEATRIZ FRANÇA, que me ensinou a amar a Odontologia, sendo base na construção do meu caráter e da minha personalidade profissional. Exemplo de dignidade e profissionalismo a serem seguidos. Agradeço pelo seu incentivo, sua confiança, sua amizade e, agora, por mais esta vitória. “Vivemos com o que recebemos, mas marcamos a vida com o que damos.” (Winston Churchill) A DONA NETA, esposa e companheira do Prof. Dr. Valdir de Souza, pela amizade e carinho manifestado em todas as vezes em que me recebeu em sua casa e, também, nas conversas informais que tanto contribuiu para nossa amizade. A TODOS OS AMIGOS que participaram, direta ou indiretamente, da minha formação profissional e humana, e que torceram por mim em ações e orações. “Quando me lembro de tantos momentos que passamos juntos, percebo o quanto vocês são importantes para mim. Ora aprendendo, ora ensinando, às vezes alegre, às vezes de mau humor... respeitando as diferenças e desejando sempre tudo de bom, uns ao outros. Sou muito feliz por poder compartilhar minha vida com vocês.” (Adaptado de Ortega & Gutierres) À amiga MARCIA FRANZONI ARRUDA, responsável pelo meu ingresso neste curso de Mestrado, nesta fase da minha vida. Esta vitória também é sua. Muito obrigado! À minha família em Marília, SUELLEN, DONA NICE, NAIARA e CELSO BORLINA, pelo carinho, acolhimento, pela preocupação e dedicação. Esses dois anos de convivência serão inesquecíveis! Meu agradecimento. As minhas eternas secretárias, EDILEUSA, ALESSANDRA e NEIDE, por vocês cuidarem com tanto carinho e respeito dos meus pacientes e também de mim. Vocês foram pilares sólidos para que eu pudesse conquistar esta vitória. Muito obrigado. À UNIVERSIDADE DE MARÍLIA, na pessoa do magnífico reitor Márcio Mesquita Serva, pela realização deste curso de Mestrado. À Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista, na pessoa do diretor PROF. DR. PEDRO FELÍCIO ESTRADA BERNABÉ, e em especial à disciplina de Endodontia dessa faculdade, por dar suporte e auxiliar em toda a parte laboratorial deste trabalho. Uma nuvem não sabe porque se move em tal direção e em tal velocidade. Sente o impulso... é para este lugar que deve ir. Mas o céu sabe os motivos dos desenhos por trás das nuvens. E você também saberá quando se erguer o suficiente para ver além dos horizontes. (Richard Bach) MARION, J.J.C. Processo de reparo de dentes de cães após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com os cimentos SealapexTM ou MTA manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróide-antibiótico. Marília, 2008. 377f. Dissertação (Mestrado em Clínica Odontológica – Área de Concentração em Endodontia) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Marília, Marília, 2008. RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar in vivo o processo de reparo de dentes de cães após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com SealapexTM ou MTA manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Foram utilizadas 40 raízes de incisivos e pré-molares de cães adultos jovens, fêmeas, da mesma ninhada e sem raça definida, com idade média próxima a 2 anos. Os dentes foram preparados biomecanicamente pela técnica mista invertida, e em seguida foi efetuado o arrombamento da barreira cementária apical até a lima K 25, dando origem ao forame principal. Com a finalidade de permitir a neoformação de um coto pulpar, através da invaginação de um tecido conjuntivo periodontal pelo forame, 20 canais receberam o curativo de demora de Otosporin® por 7 dias. Cada canal foi então obturado pela técnica da condensação lateral com cones de guta percha e um dos materiais estudados. Os demais canais foram obturados em sessão única, utilizando-se a mesma técnica de obturação e cada um dos materiais sem a aplicação do curativo de Otosporin®. Decorridos 90 dias, os animais sofreram processo de eutanásia, por overdose de solução anestésica. As maxilas e mandíbulas foram removidos, e os espécimes preparados para análise histomorfológica e histomicrobiológica. Os resultados estatísticos demonstraram que o curativo de Otosporin® favoreceu o processo de reparo, independentemente dos cimentos utilizados (p=0,03). Assim, com base nos resultados foi possível concluir que a obturação dos canais radiculares com SealapexTM ou MTA manipulado com propilenoglicol, apresentaram comportamento semelhante e que o uso do curativo de Otosporin®, favoreceu o processo de reparo. Palavras-chaves: 1.Endodontia; 2.Biopulpectomia; 3.Propilenoglicol; 4.Agregado de Trióxido Mineral (MTA); 5.Sealapex; 6.Otosporin®; 7.Medicação de corticosteróide-antibiótico; 8.Tratamento do canal radicular. MARION, J.J.C. Healing process of dogs’ teeth after biopulpectomy and root canal filling with Sealapex or MTA with propylene glycol associated to the effect of corticosteroid-antibiotic applying or not. Marília, 2008. 377f. Dissertação (Mestrado em Clínica Odontológica – Área de Concentração em Endodontia) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Marília, Marília, 2008. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the healing process of dogs’ after biopulpectomy and root canal filling with SealapexTM or MTA with propylene glycol associated or not a corticosteroid-antibiotic (Otosporin®) dressing. It were used forty roots of incisives and pre-molars of two young adult mongrel dogs’ from the same litter aging about 2 years old. The teeth were prepared by reverse mixed technique and the cementary barrier was perforated and enlarged up to file K#25, originating a main foramen. Aiming the neoformation of pulp stump with the ingrown a periodontal connective tissue thru the foramen, twenty canals received a dressing with Otosporin® for 7 days aiming to allow the neo-formation of a pulp stump. Each root canal was then filled by the lateral condensation technique with gutta-percha points and one of the studied materials. The 20 canals remaining were filled in just one session using the same root canal filling technique and materials but without the use of Otosporin® dressing. After 90 days, the animals were sacrificed by an overdose of anesthetic, the maxillas and jaws were removed and the teeth were prepared for histomorphological and histomicrobiological analysis. The Otosporin® dressing favored the healing process independently of the studied filling material (p=0.03). It was possible to conclude that the root canal filling with SealapexTM or MTA with propylene glycol showed similar behavior and the use of Otosporin® dressing improved the healing process. Keywords: 1.Endodontics; 2.Biopulpectomy; 3.Propylene glycol; 4.Mineral Trioxide Aggregate (MTA); 5.Sealapex; 6.Otosporin®; 7.Corticosteroid-antibiotic dressing; 8.Root canal treatment. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 CEMA (Centro de Experimentação em Modelos Animais) da UNIMAR.................................................................................... 169 FIGURA 2 Vista panorâmica parcial do canil da UNIMAR......................... FIGURA 3 A- Cão 1; B- Cão 2; C- Incisivos centrais e mediais anteriores; D- Segundos, terceiros e quartos pré-molares superiores e inferiores; E- Película em posição para tomada radiográfica; F- Radiografia dos incisivos; G- Radiografia dos pré-molares.............................................................................. 172 FIGURA 4 A- Injeção intramuscular na coxa do cão; B- Drogas utilizadas para anestesiar os cães; C- Depilação da pata do cão; DColocação do scalp; E- Solução de Ringer; F- Animal sendo hidratado; GComplementação anestésica no 174 scalp....................................................................................... FIGURA 5 Sealapex™ (SybronEndo – SDS)............................................. 177 FIGURA 6 ProRoot™ MTA (Dentsply)....................................................... FIGURA 7 Propilenoglicol PA (CAQ – Casa da Química Ind. e Com. LTDA.)...................................................................................... 179 FIGURA 8 Otosporin® (FQM – Farmoquímica SA).................................... FIGURA 9 A- Delimitação do campo operatório; B- Antissepsia com taça de borracha; C- Antissepsia da cavidade oral; D- Isolamento, com dique de borracha, dos pré-molares; E- Isolamento, com dique de borracha, dos incisivos; F- Antissepsia do campo operatório.................................................................................. 184 FIGURA 10 A- Abertura coronária; B- Abertura coronária com exposição pulpar dos incisivos; C- Abertura coronária com exposição pulpar dos pré-molares; D- Pulpectomia dos incisivos; EPulpectomia dos pré-molares................................................... 186 FIGURA 11 A- Realização da odontometria dos incisivos; B- Realização da odontometria dos pré-molares; C- Radiografia de odontometria dos incisivos; D- Radiografia de odontometria dos pré-molares........................................................................ 187 170 178 181 FIGURA 12 A- Abertura com ampliador de orifício; B- Abertura com broca de Gates Glidden; C- Arrombamento da barreira cementária com alargador mecânico; C1- Representação esquemática do arrombamento da barreira cementária com alargador mecânico; D- Irrigação/aspiração da solução irrigadora........... 189 FIGURA 13 A- Preenchimento do canal com Otosporin®; B- Canal preenchido com Otosporin®; C- Selamento com guta percha; D- Dente com restauração provisória....................................... 191 FIGURA 14 A- Sealapex™ sendo manipulado; B- Sealapex™ sendo levado ao canal; C- MTA sendo manipulado; D- MTA envolvendo o cone principal na espátula; E- MTA sendo levado ao canal; F- Cone principal + cone secundário + espaçador no pré-molar; G- Grupos de incisivos com MTA e Sealapex™; H- Grupos de pré-molares com MTA e cones de guta percha obturando o canal; I- Hollemback 3S cortando os cones; J- Condensando a obturação; K- Dentes com restauração definitiva em amálgama; L- Radiografia final de obturação.................................................................................. 194 FIGURA 15 Maxila e mandíbula dissecadas................................................ 195 FIGURA 16 A- Maxila e mandíbula desmineralizadas; B- Dente sendo separado da maxila; C- Dente sendo preparado para inclusão na parafina; D- Dente incluído na parafina; E- Corte seriado; F- Cortes sendo preparados para serem montados nas lâminas; G- Cortes nas lâminas; H- Máquina corando por HE; I- lâmina corada por HE; J- lâmina corada pelo método de Brown e Brenn.......................................................................... 197 FIGURA 17 Representação esquemática do dente trabalhado................... FIGURA 18 Locais pré-estabelecidos em que foram efetuadas as medidas das espessuras do cemento neoformado e do ligamento periodontal. Além disso, os 4 segmentos obtidos foram utilizados para avaliar a organização do ligamento periodontal: Pontos 1 a 5 - locais do início da circunferência apical; Ponto 3 - local correspondente ao vértice apical; Pontos 2 e 4 - locais correspondentes, respectivamente, às distâncias médias entre os Pontos 1 e 3 e os Pontos 3 e 5..... 200 FIGURA 19 Representação esquemática do selamento biológico completo de todos os canais do delta apical............................ 203 FIGURA 20 Representação esquemática do selamento biológico completo na maioria dos canais do delta apical....................... 204 198 FIGURA 21 Representação esquemática do selamento biológico completo em poucos canais do delta apical............................. 204 FIGURA 22 Representação esquemática da ausência do selamento biológico nos canais do delta apical......................................... 205 FIGURA 23 Representação esquemática do selamento biológico completo do canal principal...................................................... 206 FIGURA 24 Representação esquemática do selamento biológico parcial do canal principal...................................................................... 206 FIGURA 25 Representação esquemática da deposição de cemento apenas nas paredes laterais do canal principal........................ 207 FIGURA 26 Representação esquemática da ausência de cemento neoformado junto ao canal principal........................................ 207 FIGURA 27 Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 1- Células inflamatórias ausentes.............................................................. 210 FIGURA 28 Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 2- Células inflamatórias localizadas dentro das ramificações apicais ou junto aos forames..................................................................... 211 FIGURA 29 Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 3- Células inflamatórias pouco além dos forames apicais......................... 211 FIGURA 30 Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico evidenciando: 4- Células inflamatórias em grande parte do espaço periodontal.............. 212 FIGURA 31 Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em toda porção apical do dente. É evidenciado o ligamento totalmente organizado.............................................................. 213 FIGURA 32 Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 3/4 da porção apical do dente............................................. 214 FIGURA 33 Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 1/2 da porção apical do dente............................................. 214 FIGURA 34 Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 1/4 da porção apical do dente............................................. 215 FIGURA 35 Representação esquemática da ausência de organização das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em toda a porção apical do dente..................... 215 FIGURA 36 Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 1- Material obturador contido no canal cementário... 216 FIGURA 37 Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 2- Material obturador discretamente além do forame apical............................................................................ 217 FIGURA 38 Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 3- Material obturador ultrapassa o forame apical até a metade da espessura do ligamento periodontal.................... 217 FIGURA 39 Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 4- Material obturador ocupa toda a espessura do ligamento periodontal ou ultrapassa esse limite....................... 218 FIGURA 40 Notar ramificação do delta apical com selamento biológico (seta). No canal principal observa-se que o cimento obturador ultrapassou o forame apical e foi envolvido pelo cemento neoformado que promoveu selamento biológico. HE 40X………………………………………………………………… 225 FIGURA 41 Maior aumento da figura anterior, detalhando selamento biológico do canal principal (seta), ligamento periodontal e tecido ósseo. HE 100X............................................................. 225 FIGURA 42 Maior aumento da Figura 40, exibindo canal do delta apical com selamento biológico por cemento neoformado, com cimento obturador em sua intimidade. Ligamento periodontal (LP) bem organizado e com células inflamatórias (seta) do tipo crônico na porção inferior. HE 100X.................................. 226 FIGURA 43 Notar, do lado esquerdo, canal do delta apical com selamento biológico e partículas do cimento obturador na intimidade do cemento neoformado (seta) e no ligamento periodontal. Na porção central e no lado direito, pequenas ramificações do delta apical com selamento biológico. HE 40X………………………………………………………………… 226 FIGURA 44 Resíduos do cimento obturador nas paredes do canal principal e na superfície do cemento neoformado que selou o canal do delta apical. Esse canal exibe partículas do cimento obturador na intimidade do tecido conjuntivo (seta). HE 200X. 227 FIGURA 45 Canal do delta apical do lado direito exibe selamento biológico e fragmentos de dentina (seta) na superfície do cemento neoformado. Na porção central o canal principal exibe cemento neoformado depositado nas paredes laterais. No lado esquerdo nota-se tecido conjuntivo no interior de duas ramificações apicais. Partículas do material obturador podem ser visualizadas no ligamento periodontal que exibe infiltrado inflamatório do tipo crônico. HE 100X........................ 227 FIGURA 46 Cimento obturador junto à parede do canal principal do lado direito. Cemento neoformado repara áreas de reabsorção. Intenso processo inflamatório do tipo crônico no ligamento periodontal espessado. HE 100X............................................. 228 FIGURA 47 Vista panorâmica mostrando a porção cementária do canal principal, preenchido por tecido conjuntivo, com partículas do material obturador. No ligamento periodontal, um pouco espessado, próximo ao forame apical, há partículas do material obturador. HE 40X...................................................... 228 FIGURA 48 Maior aumento da figura anterior detalhando área do ligamento periodontal com partículas do material obturador. Presença de processo inflamatório do tipo crônico e células gigantes. HE 100X.................................................................... 229 FIGURA 49 Presença de canal do delta apical com selamento biológico em sua porção coronária (seta). Ligamento periodontal (LP) com raras células inflamatórias do tipo crônicas. HE 100X...... 233 FIGURA 50 Notar presença de selamento biológico do forame do canal principal por cemento neoformado. HE 100X........................... 233 FIGURA 51 O cemento neoformado recobriu as paredes do canal principal, promovendo selamento biológico um pouco distante do forame apical. HE 40X........................................... 234 FIGURA 52 Maior aumento da figura anterior, evidenciando o local em que ocorreu o selamento biológico. HE 100X........................... 234 FIGURA 53 Maior aumento da figura 51, mostrando o forame apical do canal principal revestido por cemento neoformado (CN). Notar ligamento periodontal com poucas células inflamatórias do tipo crônicas. HE 100X........................................................ 235 FIGURA 54 O cemento neoformado revestiu toda a porção cementária do canal principal, alcançando a parede de dentina (D) do lado direito e promovendo selamento biológico de ramificação apical (seta) do lado esquerdo. HE 40X................................... 235 FIGURA 55 Neste espécime o cemento neoformado (setas) revestiu apenas parcialmente a porção cementária do canal principal. O ligamento periodontal espessado abriga células inflamatórias crônicas e agudas. HE 40X................................. 236 FIGURA 56 O cemento neoformado está em contato com o material obturador e ultrapassa o forame apical. Cemento neoformado recobre o cemento apical. O ligamento periodontal está infiltrado por poucos linfócitos. HE 100X.................................. 240 FIGURA 57 Maior aumento da figura anterior. Cemento neoformado dentro do canal principal ultrapassa o forame apical. Na parte superior envolve partícula do material obturador. Cemento neoformado envolve o cemento pré-existente, cemento que ultrapassou o forame e partícula de cemento fragmentado (seta). HE 200X........................................................................ 240 FIGURA 58 Cemento neoformado invade o canal principal, atingindo o cimento obturador e promovendo selamento biológico. Tecido ósseo do lado direito com reabsorção ativa. HE 100X. 241 FIGURA 59 Cemento neoformado (CN) revestiu as paredes cementárias (C) do canal principal, atingindo suas paredes de dentina (D). Fragmentos do material obturador estão dispersos pelo tecido conjuntivo contido no canal principal. HE 40X............... 241 FIGURA 60 Maior aumento da figura anterior. Notar cemento neoformado (CN) envolvendo a extremidade do tecido conjuntivo e promovendo selamento biológico (seta). Várias partículas do material obturador, dispersas no tecido conjuntivo, estão sendo envolvidas por cemento neoformado. HE 200X............. 242 FIGURA 61 O material obturador atingiu as proximidades do forame apical. Cemento neoformado foi depositado junto ao forame apical. Observar ligamento um pouco espessado e com intenso infiltrado inflamatório, com células do tipo crônica e neutrófilos. HE100X.................................................................. 242 FIGURA 62 Maior aumento da figura anterior mostrando material obturador e, junto a ele, tecido conjuntivo envolvido lateralmente por cemento neoformado. HE 200X..................... 243 FIGURA 63 O cemento neoformado promove o selamento biológico dos canais do delta apical. HE 40X................................................. 247 FIGURA 64 Notar selamento biológico do canal principal por cemento neoformado (CN). HE 40X........................................................ 247 FIGURA 65 Maior aumento da figura 64, evidenciando o selamento biológico do canal principal. O cemento neoformado (CN) promove o selamento biológico e reparo de algumas áreas de reabsorção (setas). HE 100X............................................... 248 FIGURA 66 Notar selamento biológico do canal principal e canais do delta apical por cemento neoformado. Ligamento periodontal bem organizado e isento de processo inflamatório. HE 40X.... 248 FIGURA 67 Presença de selamento biológico do canal principal (seta). Ligamento periodontal bem organizado e isento de infiltrado inflamatório. HE 40X................................................................. 249 FIGURA 68 Observar cemento neoformado revestindo as paredes do canal principal em profundidade, atingindo, do lado esquerdo, a parede de dentina. Na porção superior, presença de selamento biológico parcial e tecido conjuntivo infiltrado por células inflamatórias. HE 40X................................................... 249 FIGURA 69 Ocorrência de selamento biológico parcial do canal principal. Presença de processo inflamatório do tipo crônico e também de poucos neutrófilos no ligamento periodontal. HE 40X......... 250 FIGURA 70 Durante o ato da obturação do canal principal, pequena porção do material obturador atingiu o forame apical. Observar delgada camada de cemento neoformado entre os resíduos do cone de guta percha e as paredes do canal principal. Há pequeno infiltrado inflamatório do tipo crônico 250 no ligamento periodontal. HE 100X.......................................... FIGURA 71 Influência dos cimentos empregados nos resultados gerais obtidos...................................................................................... 252 FIGURA 72 Influência do emprego do curativo nos resultados gerais obtidos...................................................................................... 253 FIGURA 73 Resultado geral dos escores atribuídos aos quatro grupos experimentais........................................................................... 255 FIGURA 74 Escores médios atribuídos aos diferentes itens do cemento para os quatro grupos experimentais....................................... 256 FIGURA 75 Escores médios atribuídos aos diferentes itens células inflamatórias para os quatro grupos experimentais.................. 258 FIGURA 76 Escores médios atribuídos aos diferentes itens espessura e organização do ligamento periodontal para os quatro grupos experimentais............................................................................ 259 FIGURA 77 Escores médios atribuídos ao item organização do ligamento periodontal para os quatro grupos experimentais..................... 261 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 Composição química aproximada do cimento Sealapex™.... 177 QUADRO 2 Composição química do ProRoot™ MTA............................... 178 QUADRO 3 Especificações técnicas do Propilenoglicol............................. 179 QUADRO 4 Composição química do Otosporin® por mL........................... 181 QUADRO 5 Resumo dos procedimentos nos quatro grupos experimentais 182 QUADRO 6 SealapexTM sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados............................................................. 224 QUADRO 7 MTA sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados............................................................................... 232 QUADRO 8 SealapexTM com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados............................................................. 239 QUADRO 9 MTA com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados............................................................. 246 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Teste U de Mann-Whitney para os cimentos utilizados.......... 251 TABELA 2 Teste U de Mann-Whitney para a utilização ou não do 252 curativo.................................................................................... TABELA 3 Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes aos quatro grupos experimentais........................... 254 TABELA 4 Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao item cemento.................................................... 256 TABELA 5 Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao infiltrado inflamatório......................................... 257 TABELA 6 Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao ligamento periodontal........................................ 258 TABELA 7 Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes à organização do ligamento periodontal................ 260 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS = – Igual > – Maior < – Menor % – Porcento ºC – Graus Celcius (grandeza de temperatura) ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ADA – American Dental Association ANOVA – Análise de variância ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária BAG – Vidro bioativo BBO – Bibliografia Brasileira de Odontologia BD – Becton-Dickinson BHI – Brain Heart Infusion BMP – Proteína morfo-genética óssea CAS – Chemical abstract service CDC – Canal dentina Canal CEMA – Centro de Experimentação em Modelos Animais CEPHA – Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal CIV – Cimento de inonômero de vidro CO2 – Dióxido de carbono cm – Centímetro COBEA – Colégio Brasileiro de Experimentação Animal CP – Cimento Portland CRCS – Calcibiotic Root Canal Sealer CRD – Comprimento real do dente CRT – Comprimento real de trabalho DFL – Dental Filling Lab. DSP – Sialoproteína dentinária EBA – Ácido etoxibenzóico EDTA – Ácido etienodiaminotetracético ELISA – Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay FC – Formocresol FCS – Faculdade de Ciências da Saúde FDA – Food and Drugs Administration FDI – Federação Dentária Internacional FS – Sulfato férrico g – Grama GMC – Geraldo Maia Campos HE – Hematoxilina e eosina IRM – Material intermediário de restauração ISO – International Standards Organization Kg – Quilograma LILACS – Literatura Latino-americana em Ciências da Saúde LN – Long Nech LRS – Espectroscopia em laser Raman LTDA – Limitada MBPc – Pasta cirúrgica Moraes/Berbert MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura mg – Miligramas MH – Müller Hinton min – Minutos mL – Mililitros µm – Micrometros mm – Milímetro MPC – Pasta de hidróxido de cálcio da marca Kerr MSDS – Material Safety Data Sheet MTA – Agregado de Trióxido Mineral MTA C – MTA com curativo MTA SU – MTA sessão única MTT assay – Tetrazolium Microplate Assay NHI – National Institute of Health ns – Não significante OZ – Óxido de zinco OZE – Óxido de zinco e eugenol p – probabilidade de igualdade PA – Pró-análise PDL – Ligamento periodontal pH – Potencial hidrogeniônico PHC – Pasta de hidróxido de cálcio PM – Pré-molares PMC – Paramonoclorofenol PMCC – Paramonoclorofenol canforado PMCF – Paramonoclorofenol furacinado PVC – Cloreto de Polivinil PVP-I – Polivinil Pirrolidona Iodado rpm – Rotações por minuto s – Significante SealapexTM C – SealapexTM com curativo SealapexTM SU – SealapexTM sessão única SF – Sulfato férrico TCF – Tricresol formalina TCP – Cimento de fosfato tricálcico UI – Unidade Internacional UNESP – Universidade Estadual Paulista UNIMAR – Universidade de Marília Vol. – Volume Vol./Vol. – Volume/volume W – Watt SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................ 36 2 REVISÃO DA LITERATURA.................................................. 45 3 PROPOSIÇÃO........................................................................ 166 4 MATERIAIS E MÉTODOS...................................................... 168 4.1 PROCEDIMENTOS INICIAIS.................................................. 169 4.2 FORMAÇÃO DOS GRUPOS.................................................. 176 4.3 PROCEDIMENTOS ENDODÔNTICOS.................................. 183 4.4 PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS................................... 196 4.4.1 Processamento Histológico: Fixação, Desmineralização, Inclusão, Microtomia e Coloração....................................... 196 4.5 CRITÉRIOS EMPREGADOS PARA A ANÁLISE HISTOMORFOLÓGICA E HISTOMICROBIOLÓGICA.......... 198 4.5.1 Critérios para Atribuições de Escores ao Item Cemento.. 202 4.5.1.1 Quanto ao cemento neoformado............................................ 202 4.5.1.1.1 Espessura do cemento neoformado....................................... 202 4.5.1.1.2 Extensão do cemento neoformado......................................... 202 4.5.1.1.3 Selamento biológico dos canais do delta apical por cemento neoformado............................................................................. 203 4.5.1.1.4 Selamento biológico do canal principal apical por cemento neoformado.............................................................................. 205 4.5.1.1.5 Reabsorção do cemento pré-existente.................................... 208 4.5.2 Reabsorção do Tecido Ósseo.............................................. 208 4.5.3 Presença de Bactérias.......................................................... 208 4.5.4 Infiltrado Inflamatório Periapical Agudo ou Crônico......... 209 4.5.4.1 Quanto à intensidade.............................................................. 209 4.5.4.2 Quanto à extensão.................................................................. 210 4.5.5 Ligamento Periodontal......................................................... 212 4.5.5.1 Espessura do ligamento periodontal....................................... 212 4.5.5.2 Organização do ligamento periodontal................................... 213 4.5.6 Limite da Obturação.............................................................. 216 4.5.7 Presença de Detritos............................................................ 4.5.8 Presença de Células Gigantes: Número Médio de Células em Campos de 400X............................................... 219 4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA......................................................... 219 5 RESULTADOS....................................................................... 221 5.1 GRUPO I: SEALAPEXTM – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN® 222 5.2 GRUPO II: MTA – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN®......... 230 5.3 GRUPO III: SEALAPEXTM – COM CURATIVO DE OTOSPORIN® 237 5.4 GRUPO IV: MTA – COM CURATIVO DE OTOSPORIN®....... 244 5.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS OBTIDOS...... 251 5.5.1 Conclusões Estatísticas....................................................... 261 6 DISCUSSÃO........................................................................... 262 6.1 DA METODOLOGIA................................................................ 265 6.1.1 Do Modelo Experimental Animal........................................ 6.1.2 Da Seleção dos Dentes......................................................... 271 218 267 6.1.3 Do Preparo Biomecânico dos Canais Radiculares............ 274 6.1.4 Do Curativo de Demora........................................................ 278 6.1.5 Da Obturação dos Canais Radiculares............................... 282 6.1.6 Do Tempo Pós-Operatório Empregado............................... 283 6.1.7 Do Processamento Histológico........................................... 6.1.8 Dos Critérios para Análise dos Resultados Histomorfológicos e Histomicrobiológico......................... 286 6.2 DOS MATERIAIS OBTURADORES DE CANAIS RADICULARES....................................................................... 287 6.2.1 Do Cimento SealapexTM acrescido de Iodofórmio............. 289 6.2.2 Do MTA Manipulado com Propilenoglicol.......................... 297 6.3 DO PROPILENOGLICOL COMO VEÍCULO........................... 307 6.4 DOS RESULTADOS HISTOLÓGICOS OBTIDOS.................. 314 6.4.1 Dos Resultados Histológicos nos Grupos I e II................. 315 6.4.2 Dos Resultados Histológicos nos Grupos III e IV.............. 319 6.4.3 Dos Resultados Histológicos nos Quatro Grupos Experimentais....................................................................... 321 7 CONCLUSÕES....................................................................... 8 REFERÊNCIAS....................................................................... 330 9 ANEXO................................................................................. 374 10 ÍNDICE REMISSIVO .............................................................. 376 285 328 1 INTRODUÇÃO Dissertação – Jefferson José de Carvalho Marion 1 INTRODUÇÃO A procura por um material ideal para a obturação do sistema de canalis radiculares motiva pesquisadores desde os primórdios da odontologia. A composição dos cimentos obturadores tem recebido cada vez mais atenção dos profissionais, porque ela pode influenciar em sua biocompatibilidade aos tecidos apicais e periapicais. Segundo Spängberg (2004), um material obturador deve ter propriedades físico-químicas que permitam selar permanentemente e de forma eficaz o canal radicular e protegendo os tecidos apicais e periapicais da invasão microbiana e impedindo sua subseqüente infecção e inflamação, já que a cavidade bucal abriga uma grande variedade de microrganismos patogênicos. Há muitos anos são difundidos métodos de obturação dos canais radiculares com a utilização de um material em estado sólido associado a um cimento obturador. O material sólido é a guta percha, que segundo Ribeiro e Lima (1998), foi introduzida no campo odontológico em 1850, por Hell, e aperfeiçoada por J. Foster Fragg. Na endodontia, sua utilização se deu a partir de Bowman, em 1867, o que sugere a fabricação dos cones no início do século XX. Trata-se, até hoje, da substância obturadora mais utilizada no sistema de canais radiculares, talvez pela facilidade de seu emprego e por ser bem tolerada pelos tecidos vivos, não interferindo no processo de reparo, que ocorre após a obturação dos canais ou quando de seu implante em tecido de animais (LEONARDO; LEAL, 2005; PAIVA; ANTONIAZZI, 1988). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Introdução - 38 - Em relação aos cimentos, com diferentes formulações químicas, vêm sendo exaustivamente estudados, principalmente em relação às suas propriedades biológicas e à sua capacidade de selamento, propriedades primordiais para o sucesso clínico, radiográfico e histológico após o tratamento endodôntico. Dessa forma, são indicados atualmente cimentos à base de óxido de zinco e eugenol (OZE), de hidróxido de cálcio, de ionômero de vidro (CIV), de silicone e, mais recentemente, os sistemas resinosos. Em 1920 Hermann introduziu o hidróxido de cálcio, o que se tornou um marco histórico nos tratamentos de canais radiculares. A partir dessa época, várias outras substâncias foram propostas; no entanto, as pesquisas em busca de um material ideal não param, estimulando cada vez mais os estudos na área. As propriedades biológicas do hidróxido de cálcio, principalmente as relacionadas com a deposição de tecido duro, observadas em polpas dentais expostas (HOLLAND, 1971a), passaram a sugerir ser interessante seu emprego na formulação de cimentos obturadores de canal. Assim, surgiram os cimentos à base de hidróxido de cálcio. Esses cimentos foram idealizados com o objetivo de reunir em um cimento obturador as excelentes propriedades biológicas do hidróxido de cálcio puro, adequando-o às propriedades físico-químicas necessárias a um bom selador de canal radicular. Assim, nos anos 80 surge comercialmente a família de cimentos obturadores de canais radiculares à base de hidróxido de cálcio, dentre os quais o Sealapex, que foi comercializado mundialmente a partir de 1985 (HOLLAND; SOUZA, 1985). É um cimento do tipo pasta / pasta, composto por duas bisnagas, uma contendo a base e a outra o catalisador. Desde então, esse cimento tem sido Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Introdução - 39 - exaustivamente analisado, principalmente em relação a sua solubilidade elevada, indesejável para o selamento coronário, por teoricamente permitir a infiltração (ZMENER, 1987; WU; WESSELINK; BOERSMA et al., 1995; SCHÄFER; ZANDBIGLARI, 2003). Em contrapartida às suas indesejáveis propriedades físico-químicas, o Sealapex apresenta excelente tolerância tecidual. Sua propriedade de induzir o selamento do forame apical por tecido mineralizado tem sido observada em algumas pesquisas (HOLLAND; SOUZA, 1985; LEONARDO; LEAL, 2005). Assim, os resultados biológicos observados com o Sealapex, quando comparados aos de outros cimentos à base de OZE ou de resina plásticas, têm mostrado sua acentuada superioridade (HOLLAND; SOUZA, 1985; TRONSTAD; BARNETT; FLAX, 1988; YESILSOY et al., 1988; TAGGER; TAGGER, 1989; BONETTI FILHO, 1990; SONAT; DALAT; GUNHAN, 1990; SILVA, 1995; TANOMARU FILHO, 1996; KAPLAN et al., 2003). Antecedendo o aparecimento dos cimentos à base de hidróxido de cálcio, em 1978 Berbert acrescentou esse fármaco a um cimento resinoso, em um experimento em dentes de cães. Observou que o hidróxido de cálcio melhorou as propriedades biológicas desse cimento. Baseada nesses resultados preliminares, a Dentsply do Brasil lançou no comércio, na década de 90, o primeiro cimento resinoso contendo 37% de hidróxido de cálcio no pó (HOLLAND et al., 2000a). No início da década de 90, a equipe de pesquisadores da Universidade de Loma Linda, Califórnia-EUA, liderada por Torabinejad, estudou um novo material com o objetivo de selar todas as comunicações entre o sistema de canais radiculares e a superfície externa do dente. O material, denominado em inglês de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Introdução - 40 - Mineral Trioxide Aggregate (MTA) (LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993), e em português de Agregado de Trióxido Mineral (MTA), é constituído principalmente por trióxidos e por outros óxidos minerais, em menor quantidade. O primeiro trabalho realizado no Brasil com esse material foi idealizado por Soares (1996), estudando a resposta pulpar ao MTA, comparada ao hidróxido de cálcio, em pulpotomias, em dentes de cães. O MTA foi utilizado experimentalmente durante anos, mas só teve sua aprovação para uso em humanos pela FDA (Food and Drugs Administration, USA) em 1998 (SCHWARTZ et al., 1999). Foi lançado comercialmente pela Dentsply – Tulsa Dental com o nome de ProRoot MTA. A partir de então, vários estudos foram realizados com esse material, analisando-se sua biocompatibilidade (TORABINEJAD et al., 1995e,f; 1997; HOLLAND et al., 1999b, 2001a), suas propriedades físicas e químicas (TORABINEJAD; MacDONALD; PITT FORD, 1995g; ESTRELA et al., 2000), antimicrobianas (TORABINEJAD et al., 1995e; ESTRELA et al., 2000), citotoxicidade (TORABINEJAD et al., 1995d; OSÓRIO et al., 1998;), mutagenicidade (KETTERING; TORABINEJAD, 1995), capeamento pulpar (TZIAFAS et al., 1992; SOARES, 1996; PITT FORD et al., 1996; FARACO JÚNIOR, 1999; ROCHA et al., 2000; FARACO JÚNIOR; HOLLAND, 2001; HOLLAND et al., 2001d; TZIAFAS et al., 2002), análise da capacidade seladora em obturações retrógradas (TORABINEJAD; WATSON; PITT FORD, 1993; TORABINEJAD et al., 1994, 1995a; BATES; CARNES; DEL RIO, 1996; FISCHER; ARENS; MILLER, 1998; WU; KONTAKIOTIS; WESSELINK, 1998; ADAMO et al., 1999; AQRABAWI, 2000; ZANETTI et al., 2000; DALÇÓQUIO et al., Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Introdução - 41 - 2001; FOGEL; PEIKOFF, 2001; KUBO; GOMES; MANCINI, 2006; SCHEERER; STEIMAN; COHEN, 2001), adaptação marginal em Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) (TORABINEJAD et al., 1994; KUBO; GOMES; MANCINI, 2006), bem como a sua utilização em perfurações radiculares (LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993; PITT FORD et al., 1995; ARENS; TORABINEJAD, 1996; SLUIK; MOON; HARTWELL, 1998; NAKATA; BAE; BAUMGARTNER, 1998; HOLLAND et al., 2001c). Estudando a composição química do MTA, observou-se que suas propriedades eram semelhantes às do cimento Portland (CP), que é utilizado em construção. Segundo Bernabé e Holland (2003), a denominação cimento Portland pelo construtor e químico inglês Joseph Aspdin, em 1824, ococrreu por apresentar cor e propriedades de durabilidade e solidez semelhantes às das rochas da ilha de Portland (Inglaterra). Também estudando a composição química do MTA e do CP, Wucherpfenning e Green (1999) e Estrela et al. (2000) concluíram que os materiais apresentavam os mesmos elementos químicos, com exceção do óxido de bismuto encontrado no MTA. Holland et al. (2001a) avaliaram o comportamento biológico do MTA, do CP e do hidróxido de cálcio, concluindo que o mecanismo de ação dos materiais estudados eram similares. Em 2001 foi introduzido no mercado odontológico nacional o MTA-Ângelus (SILVA NETO; MORAES, 2003). Lee, Monsef e Torabinejad (1993) informaram que o MTA é um pó que pode ser branco ou cinza, composto por partículas hidrofílicas finas de silicato tricálcico, aluminato tricálcico, óxido tricálcico e óxido de silicato, e que endurece Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Introdução - 42 - na presença de umidade. Também contém pequenas quantidades de outros óxidos minerais, que modificam suas propriedades físicas e químicas. Tem sido adicionado pó de óxido de bismuto para que o MTA se torne radiopaco (SCHWARTZ et al., 1999; ESTRELA et al., 2000; DALÇOQUIO et al., 2001). A hidratação do pó resulta em um gel coloidal com um pH inicial de 10,2, alcançando 12,5, semelhante ao do hidróxido de cálcio. O material endurece em aproximadamente 4 horas (TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999; SCHMITT; LEE; BOGEN, 2001). A capacidade de formação de tecido mineralizado do MTA pode ser atribuída à sua habilidade de selamento, biocompatibilidade, alcalinidade, ou até mesmo por outras propriedades a ele associadas (TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999). Com a finalidade de melhor analisar o assunto, Holland et al. (1999a) implantaram MTA e hidróxido de cálcio em tecido subcutâneo de ratos. Notaram os mesmos resultados com ambos os materiais, ou seja, formação de uma camada de granulações de calcita e, abaixo dessas granulações, uma ponte de tecido duro Von Kossa positivo. Concluíram que o mecanismo de ação do hidróxido de cálcio e o do MTA é similar. Além das indicações clínicas já citadas, o MTA também foi estudado como selador em casos de dentes com rizogênese incompleta (SHABAHANG et al., 1999; FELIPPE; FELIPPE; ROCHA, 2006) e como material obturador de canal (HOLLAND et al., 1999b, 2001e, 2007a; PANZARINI et al., 2007). Quando empregado nessas circunstâncias, foi observado que havia neoformação cementária que determinava a ocorrência de selamento biológico do canal. No Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Introdução - 43 - caso de sobreobturação houve também neoformação cementária nos dentes humanos com rizogênese incompleta (SHABAHANG et al., 1999; FELIPPE; FELIPPE; ROCHA, 2006) e ausência de selamento biológico, incluindo processo inflamatório na obturação de canal de dentes de cães (HOLLAND et al., 2001e). Deve-se considerar que aqueles que obturaram canais radiculares com MTA com veículo aquoso (soro fisiológico ou água destilada) notaram dificuldade em preencher os canais com esse material (HOLLAND et al., 1999b, 2001e). Sendo assim, Holland et al. (2007a), pesquisaram o emprego de um veículo diferente de água ou soro fisiológico, que facilitasse a utilização do MTA como material obturador de canal. Esse veículo foi o propilenoglicol, empregado por Laws (1962), há muitos anos, quando da utilização de pasta de hidróxido de cálcio. Foi observado que o MTA preparado com os veículos água destilada ou propilenoglicol comportou-se biologicamente de forma semelhante, independentemente do nível da obturação do canal. Foi observado também que a pasta de MTA preparada com o propilenoglicol é mais facilmente introduzida no canal radicular do que quando preparada com água destilada (HOLLAND et al., 2007a). Diante das excelentes propriedades apresentadas por MTA e SealapexTM, já descritas na literatura, optou-se por estudar o MTA manipulado com propilenoglicol comparado ao cimento SealapexTM, na obturação do sistema de canais radiculares, associados aos cones de guta percha. Acrescenta-se, ainda, a importância de verificar se a ação desses dois cimentos seria influenciada pelo emprego da solução de corticosteróide – antibiótico (Otosporin®) como curativo de demora. Mesmo em se tratando em casos de polpa viva, os objetivos de se Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Introdução - 44 - empregar esse curativo de demora, segundo Estrela et al. (1995), são: modulação o processo inflamatório do remanescente pulpar em níveis aceitáveis para o organismo, uma vez que o mesmo é dotado de papel fundamental no processo de reparo; dificuldade clínica de se estabelecer o real estágio evolutivo do processo inflamatório no nível apical; prevenção da contaminação do sistema de canais radiculares e minimização da sintomatologia dolorosa observada no pósoperatório. E ainda, para Sant’Anna Júnior (2001), as vantagens hipotéticas de se preservar o coto pulpar consistem em ele auxiliar no controle da incidência de sobreobturações e também influenciar na qualidade de reparação. Optou-se ainda por utilizar o Otosporin® por nos embasar nos trabalhos publicados por Holland et al. (1980b, 1981b) e Souza et al. (1981), os quais observaram que esse medicamento oferece as vantagens de não ser irritante, preservar a vitalidade do coto pulpar e controlar a intensidade e a extensão do processo inflamatório que decorre do ato operatório da pulpectomia. Portanto, o objetivo desta investigação foi comparar in vivo o processo de reparo de dentes de cães após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com os cimentos SealapexTM e ProRootTM MTA manipulado com propilenoglicol associados ao efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróideantibiótico (Otosporin®). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 2 REVISÃO DA LITERATURA Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 2 REVISÃO DA LITERATURA Diversos autores preocupam-se em pesquisar os processos de inflamação e reparo teciduais provocados por materiais endodônticos, principalmente os cimentos obturadores, os quais apresentam diversas composições. Sabendo-se que os componentes dessas formulações podem causar mais ou menos danos para os tecidos periapicais, destaca-se a necessidade de comparar estudos encontrados na literatura e considerar os resultados com diferentes materiais e metodologias (NASSRI, 2003b). Assim, nesta revisão de literatura foram destacados três pontos principais, a saber: materiais obturadores (MTA e Sealapex), o uso do corticosteróide antibiótico (Otosporin®) como medicação intracanal e o veículo propilenoglicol. Julga-se que tal divisão facilita a compreensão pertinente ao estudo ora desenvolvido. Optou-se por apresentar a literatura cronologicamente, ou seja, por ordem de publicação. Porém, ao final desta obra encontra-se o índice remissivo apenas da Revisão da Literatura, onde os artigos estão separados por assunto, afim de facilitar ao leitor uma busca mais direcionada sobre os itens descritos. A extensa literatura encontrada sobre o cimento Sealapex e sobre o MTA determinou que apenas aquelas publicações com relacionamento muito próximo ao experimento que pretendia-se realizar constassem desta revisão e, por conseqüência, a maioria dos trabalhos são de estudos in vivo e com polpa viva. Consta da revisão a associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) e o veículo propilenoglicol, sobre os quais a literatura apresenta escassez de estudos Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 47 - específicos. Devido a isso, abrangeu-se um pouco mais a seleção dos artigos para esta revisão; porém, sem se distanciar dos objetivos. Em relação ao veículo propilenoglicol, foi selecionado casos de necropulpectomia, pois normalmente esse fármaco é usado na odontologia como veículo para o hidróxido de cálcio em casos onde há necessidade de uma permanência mais prolongada da medicação no interior do canal radicular. Este capítulo evidencia estudos empreendidos entre os períodos de 1977 a novembro de 2007. Como fonte para o tombamento foram utilizadas as bases de dados Medline, Pub Med, BBO, Lilacs, Scielo, arquivo da Biblioteca da Universidade de Marília (UNIMAR) e da Universidade do Estado de São Paulo – campus Araçatuba (UNESP), e também o arquivo da disciplina de endodontia da UNESP de Araçatuba. O último tombamento foi realizado em 30 de novembro de 2007. Souza et al. (1977) analisaram in vivo a resposta do tecido conjuntivo subcutâneo de rato a várias pastas à base de hidróxido de cálcio (a- hidróxido de cálcio + água destilada; b- hidróxido de cálcio DFL; c- hidróxido de cálcio + paramonoclorofenol canforado (PMCC); d- hidróxido de cálcio + iodofórmio; eCalxyl, Pulpdent; f- Dycal; g- MPC; h- Formagen; i- pasta A, Composta por hidróxido de cálcio + óxido de zinco (OZ) + propilenoglicol; j- pasta B, composta por hidróxido de cálcio + subnitrato de bismuto + OZ + óleo de cravo + bálsamo Canadá + propilenoglicol; k- Calvital), após a realização de implante de tubos de dentina humana contendo essas diferentes substâncias. Com objetivo de verificar a possível influência da dimensão da área de contato dos materiais com o tecido conjuntivo, os tubos de dentina apresentaram abertura com dois diferentes Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 48 - diâmetros nas suas extremidades. Decorridos os períodos experimentais de 2, 7, 15, 30, 60 e 180 dias, os animais foram mortos, e as peças removidas e preparadas para o exame microscópico. Embasados nos resultados obtidos, os autores chegaram às seguintes conclusões: (1) a resposta do tecido conjuntivo subcutâneo do rato foi semelhante nas duas aberturas dos tubos de dentina; (2) hidróxido de cálcio + água destilada, Calxyl, Pulpdent, DFL, hidróxido de cálcio + iodofórmio, hidróxido de cálcio + PMCC, Calvital e pasta A estimularam a deposição de uma barreira de tecido calcificado nas extremidades dos tubos de dentina, isolando o material do tecido conjuntivo adjacente; (3) o Formagen produziu somente a deposição de barreiras parciais de tecido duro em alguns espécimes; (4) Dycal, MPC e pasta B não produziram deposição de barreira de tecido duro; (5) o acréscimo de aditivos ao hidróxido de cálcio pode reduzir a sua capacidade de estimular a deposição de tecido calcificado. Holland et al. (1980b) estudaram in vivo o comportamento do coto pulpar e de tecidos periapicais de dentes de cães após biopulpectomia e aplicação tópica de três diferentes marcas de associação corticosteróide-antibiótico (Panotil, Otosporin®, Otosynalar), comumente empregados no tratamento de problemas otológicos. Foram utilizados nesse estudo todos os dentes anteriores e primeiros e segundos pré-molares de um cão adulto jovem, sem raça definida. Concluído o preparo biomecânico dos canais radiculares, foram preenchidos com os medicamentos estudados, sendo dez raízes para cada tipo de medicamento. Os canais foram mantidos em posição com o auxílio de cones de papel absorvente, protegidos com uma bolinha de algodão na câmara pulpar, sendo a abertura coronária selada com guta percha e OZE. Após 2 dias, os animais foram mortos e os espécimes processados para análise histopatológica. Os resultados foram Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 49 - melhores para o Otosporin®, que preservou a vitalidade do coto pulpar e controlou mais adequadamente a intensidade e a extensão do processo inflamatório decorrente do ato cirúrgico da pulpectomia. Diante do exposto, os autores concluíram que se pode indicar o Otosporin® como curativo intracanal nos casos de biopulpectomia, porque esse medicamento oferece as vantagens de não ser irritante, de preservar a vitalidade do coto pulpar e de controlar a intensidade e a extensão do processo inflamatório que decorre do ato operatório da pulpectomia. Oferece também as vantagens de ser um medicamento que tem vida útil relativamente longa, podendo ser armazenado fora do refrigerador, além de ser hidrossolúvel e apresentar-se na forma líquida, o que facilita sua aplicação e remoção do interior dos canais radiculares. Souza et al. (1981) compararam in vivo o comportamento do coto pulpar de tecidos periapicais de dentes de cães frente às associações de corticosteróides com antibióticos (Otosporin®) ou com clorexidina (Dexatopic e TS-74) na forma pastosa. Foram utilizados 24 pré-molares, totalizando 48 raízes, de três cães adultos, sendo 16 espécimes para cada grupo experimental. Após o preparo biomecânico sobreinstrumentação a 1 mm além do ápice radicular, os canais foram preenchidos com os medicamentos Otosporin®, Dexatopic e TS-74. As câmaras pulpares foram seladas com guta percha e OZE. Decorridos 7 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. A análise dos resultados demonstrou melhor comportamento tecidual nos casos em que se utilizou a associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Os autores sugerem ainda que um novo estudo deva ser realizado, com associação de corticosteróide e clorexidina na forma líquida. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 50 - A fim de determinar se o Sealapex induzia realmente a deposição de tecido duro, finalizando com o selamento biológico, o primeiro trabalho publicado sobre esse cimento foi o de Holland e Souza (1985), que avaliaram in vivo a capacidade do Sealapex, do hidróxido de cálcio PA com água destilada, e do Kerr Pulp Canal Sealer de induzir o selamento apical, utilizando 160 dentes de cães e 80 dentes de macacos. Num grupo de dentes foi realizada uma pulpectomia parcial, com limas Hedströen (1mm aquém do ápice radiográfico), e em outro grupo, pulpectomia total, com limas K (perfurando e alargando o ápice radiográfico). Em seguida, os canais foram obturados, pela técnica da condensação lateral, com guta percha e Sealapex ou Kerr Pulp Canal Sealer, ou obturados com hidróxido de cálcio misturado com água destilada, restando canais não obturados que serviram como controle. Após 180 dias os animais foram mortos, e as maxilas e mandíbulas foram fixadas e descalcificadas para o exame histológico. Não houve diferença estatisticamente significativa entre as reações observadas nos dentes de cães comparadas com os dentes de macacos. Foi observado que o Sealapex e o hidróxido de cálcio permitiram a indução do selamento apical por deposição de uma barreira de cemento. Além disso, o selamento apical completo foi mais freqüentemente observado nos dentes submetidos à pulpectomia parcial do que nos dentes em que a polpa foi totalmente removida. Os autores concluíram que tanto o Sealapex quanto o hidróxido de cálcio podem induzir o selamento biológico apical por deposição de cemento. Além disso, o Sealapex apresentou melhores resultados do que o hidróxido de cálcio e o Kerr Pulp Canal Sealer, quando utilizado nos dentes com pulpectomia completa. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 51 - Lim e Tidmarsh (1986) avaliaram in vitro a infiltração dos cimentos Sealapex e AH 26 durante 26 semanas, usando uma técnica eletroquímica. Foram utilizados 30 dentes humanos anteriores extraídos, divididos em dois grupos de 14 dentes cada, sendo os dois restantes utilizados como controle positivo e negativo. Os canais foram preparados pela técnica escalonada, com auxílio de brocas Gates Glidden, e o batente apical realizado 1 mm aquém do forame. A obturação foi realizada com utilização da técnica clássica de condensação lateral, sendo os dentes impermeabilizados com esmalte de unha, exceto no forame apical. Foi aplicado o método eletroquímico para monitorar a quantidade de infiltração em torno da guta percha e dos cimentos. Os resultados demonstraram que o Sealapex infiltrou significativamente menos que o AH 26 até a 12ª semana, sendo essa diferença não significativa a partir desse período. Teixeira (1987) teve por finalidade verificar in vivo o sucesso clínico e radiográfico após pulpotomia e proteção do remanescente pulpar, valendo-se de uma associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) e sua posterior substituição por uma pasta de hidróxido de cálcio mais água destilada. Foram utilizados 80 primeiros molares permanentes, superiores e inferiores, de pacientes com idade de 7 a 14 anos, divididos em dois grupos: grupo 1- Pulpotomia imediata e curativo de Otosporin® por 10 minutos e no grupo 2- Pulpotomia e curativo de Otosporin® por 7 dias. Após a Pulpotomia os dentes foram radiografados , decorridos 6 meses foram feitas novas radiografias, para serem comparadas com as iniciais. Os resultados demonstraram que no grupo 1 houve 92,3% de sucesso clínico e 63,8% de casos com formação de ponte de dentina; no grupo 2 houve 89,1% de sucesso clínico e 45,4% de casos com formação de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 52 - ponte de dentina. Dessa maneira foi possível ao autor concluir que a aplicação da associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) por 10 minutos e posterior substituição pela pasta de hidróxido de cálcio mostrou ser um método por demais eficiente, principalmente em se tratando de odontologia social. Haensch (1987) avaliou in vivo o comportamento do tecido pulpar de cães, frente a quatro materiais empregados no recobrimento de polpas dentais humanas. Foram realizadas 96 pulpotomias, em dentes de quatro cães adultos jovens. Os materiais foram constituídos dos seguintes grupos: grupo 1recobrimento com pasta de hidróxido de cálcio PA + propilenoglicol; grupo 2recobrimento com cimento de OZ; grupo 3- recobrimento com pasta de OZ + propilenoglicol; e grupo 4- recobrimento com Sealapex. Após 90 dias os animais foram mortos por perfusão, e os espécimes processados para análise histopatológica, que avaliou a presença de barreira de tecido duro e as condições do tecido pulpar adjacente. Com base nos resultados obtidos nos exames ao microscópio foi possível à autora concluir que: a) a pasta de hidróxido de cálcio e propilenoglicol permitiu e/ou criou condições para que houvesse a formação da barreira de tecido duro. b) nos casos em que se utilizou o cimento à base de OZE e a pasta de OZ + propilenoglicol não foram detectadas barreiras de tecido mineralizado. c) nas polpas recobertas com Sealapex houve a formação de dentina em 87,5% dos casos, porém em quatro espécimes observou-se a presença de grânulos negros, geralmente acompanhados de algumas células do processo inflamatório crônico, e muitas hemácias. Assim, os melhores resultados foram observados no grupo 4 (Sealapex) e no grupo 1 (pasta de hidróxido de cálcio + propilenoglicol). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 53 - Leal, Holland e Esberard (1988), em um estudo in vivo, analisaram comparativamente a biocompatibilidade de dois cimentos à base de hidróxido de cálcio (Sealapex e Calcibiotic Root Canal Sealer (CRCS)), com dois cimentos à base de OZE (Fill Canal e N-Rickert) em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos. Foram usados nesse estudo 15 ratos machos adultos, divididos em três grupos, de acordo com os períodos de observação de 7, 21 e 60 dias. Os cimentos, manipulados conforme as orientações dos fabricantes e colocados no interior dos tubos de polietileno, que tinham uma das extremidades fechadas, foram implantados nas regiões dorsais dos ratos. Decorridos os períodos experimentais os ratos foram mortos, e as peças removidas e preparadas para análise histopatológica. Os resultados mostraram que todos os materiais foram irritantes, porém em intensidades que variaram entre si e em decorrência do tempo. Assim, no período inicial o Sealapex e o N-Rickert exibiram resultados próximos e com características de que denunciavam menor irritação tecidual do que a observada com o CRCS e o Fill Canal. Na fase final o Sealapex, CRCS e o N-Rickert exibiram discreta reação tecidual. O Fill Canal determinou irritação um pouco mais acentuada que os demais. Com base nesses achados os autores concluíram que, dentre os quatro materiais obturadores estudados, o Sealapex foi o único que mostrou evidências de deposição de sais de cálcio semelhante às deposições observadas em outros estudos quando do implante de hidróxido de cálcio, caracterizadas pela presença de áreas basófilas e granulações birrefringentes à luz polarizada. Yesilsoy et al. (1988) avaliaram in vivo a citotoxicidade de vários cimentos obturadores de canal radicular injetados em tecido subcutâneo de 12 porcos da Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 54 - Guiné. Foram avaliados os cimentos de Grossman, Eucapercha, Endofill, CRCS, Sealapex e Hypocal, sendo utilizada, como controle a solução salina estéril. Todas as variáveis foram testadas em um mesmo animal. Posteriormente, grupos de quatro animais foram mortos, nos períodos de 6, 15 e 80 dias. Os espécimes foram processados e preparados para avaliação. A análise microscópica mostrou que os cimentos Sealapex e Endofill apresentaram reação inflamatória moderada nos períodos experimentais de 6 e 15 dias. Os outros cimentos, Grossman, CRCS e Hypocal revelaram, predominantemente, reações inflamatórias severas em todos os períodos de tempo, exceto aos 80 dias. A Eucapercha mostrou resposta inflamatória severa somente aos 6 dias, sendo suave aos 15 e 80 dias. Calcificações difusas foram encontradas principalmente nas preparações à base de hidróxido de cálcio, CRCS, Sealapex e Hypocal. Eucapercha e Endofill apresentaram áreas de calcificação localizadas e reduzidas. Com base nos resultados encontrados foi possível aos autores concluírem que: 1- devido aos bons resultados clínicos e histológicos com o Sealapex e a eucapercha, esses materiais parecem ser clinicamente úteis. No geral, os cimentos à base de hidróxido de cálcio (Sealapex, CRCS) poderiam ser úteis em casos onde o reparo de tecido duro é importante (por exemplo, perfuração, ápices abertos, áreas de patologia periapical amplas); 2- o Endo-Fill é satisfatório com base histológica, mas são necessários mais estudos clínicos e de infiltração antes de ele ser recomendado clinicamente; 3- clinicamente, os cimentos à base de OZE, como o cimento de Grossman e o CRCS, tiveram bom desempenho. Então, não pode ser declarado que os cimentos à base de OZE não deveriam ser usados. Porém, Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 55 - parece que os materiais menos irritantes e que induzem mais calcificação deveriam ser usados clinicamente sempre que possível. Com o objetivo de avaliar a biocompatibilidade de cimentos endodônticos com a base de hidróxido de cálcio, Zmener, Guglielmotti e Cabrini (1988) compararam quantitativamente, in vivo, a resposta tecidual a Sealapex e CRCS, após implante no tecido subcutâneo de ratos. Tubos de silicone foram preenchidos com os cimentos Sealapex ou CRCS, recém-manipulados e implantados imediatamente no tecido subcutâneo dorsal de 30 ratos Wistar machos. Cada rato recebeu três implantes, um de cada material testado e um controle, representado por uma barra sólida de silicone. Os animais foram mortos em grupos de dez, após 7, 30, e 90 dias. Os implantes foram removidos, fixados, incluídos, seccionados e corados pela hematoxilina e eosina (HE). Para a quantificação celular, o número total de células inflamatórias, linfócitos, leucócitos, polimorfonucleares, macrófagos, células gigantes multinucleadas, plasmócitos e fibroblastos foi registrado pela contagem celular em três campos de visão separados. Os resultados desse trabalho mostraram graus diferentes de reação tecidual, entre os materiais testados. Os resultados quantitativos revelaram um tecido granulomatoso, com numerosas células gigantes multinucleadas de corpo estranho, e macrófagos com material em seu citoplasma, bem como numerosos fibroblastos e vasos sangüíneos em contato com Sealapex, cuja reação foi maior, progressivamente, após 30 e 60 dias. Com relação ao CRCS, detectou-se uma inflamação aguda nos tecidos em contato com esse material, reação que com o tempo decresceu em severidade e parece ter sido resolvida no período de 90 dias de observação. Os autores concluíram que, levando-se em conta as limitações do Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 56 - modelo experimental usado nesse estudo, mais experiências extensivas são necessárias a fim de extrapolar tais achados, para a situação clínica atual. Kuga, Moraes e Berbert (1988) avaliaram in vitro a infiltração marginal em obturações realizadas com o cimento Sealapex puro ou agregado ao iodofórmio. Para tanto, 24 dentes caninos humanos extraídos tiveram seus canais radiculares preparados biomecanicamente e obturados pela técnica de condensação lateral passiva com cimento Sealapex puro ou acrescido de iodofórmio, na proporção de 2:1 ou 4:1 em volume. As aberturas coronárias foram seladas, e as raízes imersas em solução de azul de metileno 2% por 7 dias, a 37ºC. Depois, os dentes foram lavados, radiografados para comprovar a confiabilidade da obturação e seccionados longitudinalmente para permitir medições, da extensão da infiltração do corante ao longo da obturação, feitas em microscópio óptico com luz refletida e ocular micrométrica. Os resultados encontrados demonstraram que o acréscimo de iodofórmio determinou menor infiltração marginal do que o cimento Sealapex puro. Tronstad, Barnett e Flax (1988) avaliaram in vivo a solubilidade e a biocompatibilidade de dois cimentos à base de hidróxido de cálcio (Sealapex e CRCS), de um cimento à base de OZE convencional, e de uma pasta de hidróxido de cálcio e soro fisiológico, acondicionados em cilindros de teflon e implantados em perfurações efetuadas no tecido ósseo das mandíbulas de quatro cães. Duas fileiras de perfurações com 2 mm de profundidade, 2 mm de diâmetro e 10 mm de distância entre elas foram realizadas nas mandíbulas. Os cilindros de teflon foram preenchidos com materiais recentemente manipulados e imediatamente colocados nas cavidades, de maneira que os materiais entrassem em contato com o osso na base da cavidade. Decorridos 60 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados da análise microscópica mostraram que, no grupo da pasta de hidróxido de cálcio e soro Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 57 - fisiológico, o material havia sido completamente solubilizado, os cilindros foram preenchidos com tecido ósseo, não sendo observado processo inflamatório nos tecidos adjacentes. No grupo do cimento Sealapex, este havia sido parcialmente solubilizado e, na maioria dos casos, substituído por tecido conjuntivo com severa reação macrofágica e leve reação inflamatória. Em todos os casos analisados, o CRCS e o cimento de OZE permaneceram nos cilindros, sem invaginação de tecido para seu interior. Ocorreu severa reação inflamatória junto ao CRCS, enquanto reação inflamatória suave foi observada junto ao cimento de OZE. Com base resultados os autores concluíram que os dois cimentos à base de hidróxido de cálcio têm comportamentos diferentes em contato com tecidos e fluidos tissulares. Com o objetivo de avaliar a infiltração coronária de diferentes cimentos obturadores de canal radicular, Madison e Wilcox (1988) realizaram estudo in vivo utilizando 64 dentes posteriores de macacos. Após o preparo biomecânico, os canais foram obturados pela técnica da condensação lateral da guta percha com os cimentos AH 26, Sealapex e Roth. As aberturas coronárias foram seladas com algodão e Cavit durante 72 horas, sendo removidas a seguir, deixando os canais expostos à cavidade oral por 1 semana. Decorrido esse período os macacos foram mortos, os dentes removidos e colocados em tinta nanquim por 48 horas. Após a remoção do corante, os dentes foram descalcificados, desidratados e diafanizados para permitir a visualização do corante. Os resultados mostraram que houve penetração considerável do corante em todos os grupos experimentais, não havendo diferença estatisticamente significativa entre os cimentos, embora os canais obturados com o Sealapex tenham exibido menores valores de infiltração. Com o propósito de determinar in vivo a capacidade de obturação de CRCS e Sealapex, Barnett et al. (1989) utilizaram 160 dentes humanos Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 58 - unirradiculares, sendo os canais radiculares instrumentados até a lima 80 e obturados com um cone de guta percha principal tamanho 70 e com os cimentos Sealapex, CRCS e Roth 801 (cimento à base de OZE). Nove raízes serviram como controle positivo e foram obturadas com guta percha e sem cimento. Cinco raízes serviram como controle negativo e foram deixadas vazias. As 160 raízes foram implantadas subcutaneamente em cinco coelhos, nos períodos de 90 dias e 1 ano. Após os períodos experimentais os animais foram mortos, as raízes removidas, cobertas com esmalte de unha, exceto os 2 mm apicais, e colocadas em tinta nanquim por 7 dias. Após o enxágüe com água corrente, as raízes foram seccionadas longitudinalmente e a infiltração avaliada, usando-se um estereomicroscópio. Ocorreu significativamente menos infiltração com os cimentos à base de hidróxido de cálcio do que com o cimento à base de OZE. Após 90 dias, a infiltração mais significativa foi observada com Sealapex e com Roth 801. Os resultados com Sealapex após 1 ano foram melhores que no período de 90 dias. Com o objetivo de estudar in vivo a reação periapical, a longo prazo, de três cimentos obturadores de canais radiculares: CRCS, Sealapex e AH 26 (regular, com prata), Tagger e Tagger (1989) utilizaram 31 dentes unirradiculares de três macacos. Os canais foram preparados de forma convencional, sendo que em seis raízes o comprimento de trabalho não foi respeitado, e o forame apical foi alargado para permitir a sobreobturação. A obturação foi realizada pela técnica híbrida da compactação termomecânica da guta percha. Decorridos os períodos experimentais de 7, 8 e 14 meses os animais foram mortos e os espécimes processados por métodos histológicos de rotina e corados com HE e Brown e Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 59 - Brenn, para detectar microrganismos. Foram avaliadas mudanças nos tecidos calcificados, no coto pulpar e no ligamento periodontal. Os resultados mostraram que tanto o AH 26 quanto o Sealapex apresentaram uma reação inflamatória de moderada a severa nos diferentes períodos estudados, sendo a reação mais leve junto ao CRCS. O cimento que apresentou menor infiltração bacteriana foi o AH 26, e o que apresentou a maior foi o Sealapex. Em contraste, o Sealapex foi o cimento que apresentou a maior quantidade de ápices fechados por tecido mineralizado. Os autores concluíram que tanto AH 26 quanto Sealapex foram irritantes, por um longo tempo, quando presentes no osso e que, apesar dos resultados interessantes com Sealapex, pesquisa adicional é necessária antes de seu uso ser incondicionalmente recomendado. Esse cimento ainda não foi testado em casos infectados, e sua capacidade de ser reabsorvível, que é uma vantagem quando precede a substituição por tecido calcificado, pode se tornar uma desvantagem se não for seguido pela obliteração apical. Sonat, Dalat e Günhan (1990) compararam, in vivo, a resposta do tecido periapical das raízes de dentes de cães obturadas com Sealapex ou com pó puro de hidróxido de cálcio, e investigaram a formação de tecido duro apical após diferentes períodos. Após a extirpação pulpar os canais radiculares foram alargados, irrigados e secos. Os dentes do primeiro grupo foram obturados somente com pontas de guta percha, os do segundo grupo foram obturados com hidróxido de cálcio puro e guta percha, e aqueles do terceiro grupo foram obturados com Sealapex e guta percha. Os animais foram mortos após 7, 30, e 90 dias, e as secções histológicas de cada espécime foram preparadas para análise histopatológica. Os resultados encontrados evidenciaram que a formação Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 60 - de tecido duro foi mais pronunciada após a obturação com Sealapex do que com hidróxido de cálcio ou pontas de guta percha. Os autores concluíram que: a) o Sealapex e hidróxido de cálcio encorajam o reparo apical por meio da deposição de cemento; b) o reparo periapical foi mais pronunciado com Sealapex do que nos outros grupos; c) ambos, Sealapex e hidróxido de cálcio, causam uma reação inflamatória crônica quando o material for extravasado. Birman et al. (1990) realizaram in vivo um estudo histológico com o cimento à base de hidróxido de cálcio, Sealapex, visando à deposição de tecido duro subcutâneo após implante. Para isso foram utilizados 30 camundongos, divididos em grupos de cinco animais para cada tempo (3, 7, 15, 30 e 60 dias), tendo recebido dois implantes de lamínulas de vidro circulares (13 mm), recobertas pelo cimento, e foi separado um grupo controle (N-Rickert) compreendendo três animais para cada tempo. Após o processo de eutanásia dos animais, o tecido subcutâneo foi recortado e fixado (Bouin). Para a avaliação do escoamento, o cimento estudado foi espatulado na consistência clínica usual e levado na quantidade de 0,1 mm à parte superior de uma placa de vidro polido, medindo 30 x 30 cm. O cimento N-Rickert foi usado para comparação. As placas com os espécimes foram imediatamente levadas à estufa, a 37° C e umidade relativa de 100%, permanecendo em posição vertical. As leituras dos resultados eram feitas em três diferentes tempos (01, 24 e 168 horas). Para a avaliação da adesividade foram usadas 30 amostras, constituídas por duas fatias de dentina radicular, submetidas a um preparo químico mecânico. Nos tempos pré-estabelecidos (01, 24 e 168 horas) as amostras eram submetidas a tração, na tentativa de separálas. Quanto ao escoamento, comparativamente ao controle utilizado (N-Rickert) Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 61 - os resultados foram menores em relação aos parâmetros fixados em milímetros. Na adesividade o Sealapex não suportou a tração, pois no período de 168 horas ocorreu a separação, o que não foi observado no grupo controle (N-Rickert). Histologicamente, a reação morfológica foi intensa e persistente, não induzindo, nos tempos estudados, formação, maturação e estabilização de cápsula fibrosa e de focos de calcificação. Assim sendo, os autores concluíram que o grau de escoamento do Sealapex é discreto e tende a desaparecer ao final do experimento (168 horas). Soares et al. (1990b) avaliaram in vivo a resposta tecidual periapical de dentes de cães a Sealapex, CRCS e OZE. Cento e vinte canais radiculares de dentes de cães foram limpos, modelados, e obturados com guta percha e cimento, usando-se a técnica da condensação lateral. Os animais foram mortos após 30 ou 180 dias e os espécimes examinados histologicamente. O Sealapex e o CRCS causaram uma resposta tecidual periapical semelhante aos achados com o OZE. Foi notada invaginação de células inflamatórias crônicas nos casos em que o material alcançou a barreira apical. Indiferentemente quanto ao cimento usado, foi observada deposição de novo tecido duro ao longo do canal radicular, o que causou o selamento parcial do forame apical. No grupo do Sealapex e do CRCS, partículas de cimento foram achadas a uma distância considerável do ápice. Todos os espécimes sobreobturados causaram reações inflamatórias crônicas nos tecidos periapicais. Os autores concluíram que selamento biológico total não foi observado em nenhum espécime, o que contrasta com os achados de Holland e Souza (1985), os quais usaram o Sealapex em dentes de cães e macacos. Por causa de imprevisibilidade, dentes de cães podem não ser um bom Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 62 - modelo experimental para analisar selamento apical. Além disso, existem variações anatômicas, assim como diferenças na resposta biológica periapical, o que limita o uso de dentes de cães como a única base para o uso dos cimentos em dentes humanos. Zmener, Guglielmotti e Cabrini (1990) avaliaram in vivo a resposta do tecido conjuntivo subcutâneo de rato a um Sealapex experimental no qual o dióxido de titânio foi removido da fórmula. Tubos de silicone contendo o Sealapex experimental foram implantados no tecido conjuntivo subcutâneo dorsal de rato. Barras de silicone sólidas, do mesmo tamanho que os tubos, também foram implantadas e usadas como controles inertes. A reação tecidual para esses materiais foi histometricamente e quantitativamente analisada no microscópio comum e eletrônico. Após 7, 30 e 90 dias da implantação, foram registrados graus diferentes de reação tecidual para os materiais testados. Um tecido granulomatoso contendo numerosas células gigantes e macrófagos com partículas engolfadas nos citoplasmas foram descobertos inicialmente, em contato com o material teste. Além disso, muitos fibroblastos e vasos neoformados também foram observados nesas áreas. Os resultados revelaram que essas reações aumentaram progressivamente aos 30 e 90 dias de observações. A análise microscópica eletrônica dos tecidos granulomatosos mostraram a presença de componentes pesados no material experimental. Baseados em seus resultados os autores concluíram que a remoção do dióxido de titânio do Sealapex não melhorou a compatibilidade desse cimento. Holland et al. (1990) observaram in vivo se o acréscimo do iodofórmio ao Sealapex determina alterações no processo de reparo dos tecidos periapicais de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 63 - dentes de cães após a biopulpectomia e a obturação de canal com esse material. Os autores empregaram 30 raízes de dentes de dois cães machos adultos jovens, submetidos à pulpectomia com sobreinstrumentação e, a seguir, obturados junto com Sealapex, acrescido ou não de iodofórmio. A condição do material obturador empregado determinou três diferentes grupos experimentais, de dez raízes cada: Grupo I- Sealapex manipulado em consonância com as instruções do fabricante; Grupo II- Sealapex acrescido de 30 mg de iodofórmio; Grupo III- Sealapex acrescido de 112 mg de iodofórmio. As aberturas coronárias foram seladas com OZE, de presa rápida, e amálgama de prata. Decorridos 6 meses os animais foram mortos, e as peças removidas para estudo. Os resultados histológicos mostraram que não foi possível observar diferenças significativas quando se acrescentou ou não iodofórmio ao Sealapex. Com base nos achados os autores puderam concluir que o acréscimo do iodofórmio ao Sealapex, em pequena ou grande quantidade, não modifica suas propriedades biológicas, pelo menos em relação ao que se pôde analisar do ponto de vista morfológico. Visando avaliar in vivo a biocompatibilidade de quatro técnicas de obturação de canais radiculares, Bonetti Filho (1990) utilizou dentes de cães com rizogênese completa, os quais após arrombamento apical, instrumentação e irrigação de seus canais radiculares, tiveram esses canais obturados com as técnicas: clássica (Fill Canal), biológica controlada (Fill Canal), técnica com colocação apical de hidróxido de cálcio (Fill Canal) e clássica (Sealapex). Os dentes do grupo controle, após arrombamento apical e instrumentação dos canais radiculares, foram secos com cones de papel absorvente, e uma mecha de algodão autoclavada foi colocada na câmara pulpar, sendo as aberturas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 64 - coronárias seladas com amálgama de prata. Decorridos 180 dias os animais foram mortos, e as peças submetidas ao processamento histológico. Os resultados permitiram classificar as técnicas, de acordo com o grau de sucesso, em: 1ª técnica clássica (Sealapex), 2ª técnica com colocação apical de hidróxido de cálcio (Fill Canal) e técnica biológica controlada (Fill Canal), 3ª técnica clássica (Fill Canal) e 4ª grupo controle. O autor concluiu que os melhores resultados observados com o Sealapex provavelmente decorreram do fato de ser mais estável em presença de coágulo sanguíneo advindo do arrombamento apical. Holland et al. (1991c) observaram in vivo se a colocação intracanal de cones de papel mantidos em ambiente com vapores de formaldeído (pastilhas de formol) ou esterilizados em estufa pode produzir algum dano, do ponto de vista biológico, ao coto pulpar e a tecidos periapicais de dentes de cães. Foram utilizadas 40 raízes de pré-molares de três cães adultos jovens sem raça definida. Após o preparo biomecânico os canais foram secos com cones de papel esterilizados em estufa e subdivididos em quatro grupos com dez raízes cada, conforme o procedimento que se seguiu: grupo I- cone de papel seco mantido por 7 dias em ambiente com pastilhas de formol; grupo II- cone de papel seco esterilizado em estufa por 90 min; grupo III- canal preenchido com Otosporin®, mantendo-o no interior do canal com cones de papel que permaneceram em ambiente com pastilhas de formol; grupo IV- canal preenchido com Otosporin®, mantendo-o no interior do canal com cones de papel, porém esterilizados em estufa. A abertura coronária de todos os dentes foi selada com guta percha e OZE. Após 5 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados histológicos mostraram que a manutenção Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 65 - dos cones de papel em ambiente com vapores de formaldeído não produz irritação junto ao coto pulpar e em tecidos periapicais, bem como não altera a conhecida atuação do Otosporin® nessa condição de emprego. Os cones esterilizados em estufa despertam maior reação inflamatória do coto pulpar e de tecidos periapicais do que os cones mantidos em ambientes com vapores de formaldeído. Os autores concluíram ainda que, quando do emprego do Otosporin®, não se nota diferença de resposta biológica, em decorrência do tipo de esterilização do cone de papel empregado. Holland et al. (1991e) realizaram um estudo in vitro em 40 dentes humanos extraídos para avaliar a difusão de três soluções à base de antibiótico e corticosteróide sobre a dentina: Panotil, Otosynalar e Otosporin®. Foram preparadas cavidades padronizadas no terço cervical, vestibular e lingual de todos os dentes. As soluções foram coradas com azul de metileno e levadas às cavidades por 5 minutos. Logo após esse período as cavidades foram lavadas e secas, e a seguir realizado o seccionamento longitudinal dos dentes. As áreas de infiltração foram fotografadas e a seguir mensuradas com um planímetro de compensação polar. A mesma metodologia descrita foi utilizada com as duas drogas com maior poder de infiltração em um outro grupo, porém, antes do seu uso as cavidades foram irrigadas com ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) por 2 minutos. Os autores encontraram diferenças estatisticamente significativas entre os resultados obtidos, evidenciando-se o maior poder de penetração, na dentina, da solução denominada Otosporin®. Observou-se, também, que o emprego do EDTA por 2 minutos no interior da cavidade aumenta significativamente a penetração das soluções estudadas. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 66 - Saad Neto et al. (1991) analisaram in vivo, histologicamente, o reimplante imediato de incisivos de ratos que tiveram a superfície e o canal radicular tratados com uma associação de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Foram utilizados 36 ratos Wistar, machos, divididos em dois grupos de 18 animais cada. Os animais do grupo 1, após a extração do dente, tiveram os canais preenchidos e a superfície radicular irrigada com Otosporin®, e seu ápice radicular, obliterado com fragmento de “cera óssea”, sendo o dente imediatamente reimplantado. Procedimentos semelhantes foram realizados nos espécimes do grupo 2, empregando-se soro fisiológico, para servir de controle. Decorrido cada tempo experimental (10, 30 e 60 dias), seis animais de cada grupo foram mortos, e os espécimes processados e analisados histopatologicamente. De acordo com os resultados encontrados aos 10, 30 e 60 dias após o reimplante, foi possível aos autores concluírem que: o Otosporin®, aos 10 dias pós reimplante, ocasionava necrose e intensa reabsorção da parede óssea alveolar; aos 30 e 60 dias favorecia neoformação e deposição de matriz cementária; impedia a reabsorção radicular inflamatória, mas não a de superfície e anquilose alvéolo-dental. Campos (1991) comparou in vivo, radiográfica e histologicamente, a reabsorção de três cimentos obturadores dos canais radiculares, Fill Canal, Endoform e Sealapex. Os cimentos foram inoculados em tecido conjuntivo subcutâneo de dez ratos Wistar. Após 365 dias das inoculações os animais foram mortos, e ao exame radiográfico somente o Sealapex havia desaparecido completamente, porém ao microscópio mostrou-se presente em todos os espécimes. Histologicamente, os três cimentos mostraram tendência a encapsulação por tecido conjuntivo denso e fibroso. O cimento Fill Canal mostrouse em massa mais compacta. O Endoform apresentou lacunas, provavelmente Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 67 - pela rápida reabsorção do iodofórmio. O cimento Sealapex mostrou-se menos compacto, com maior dispersão de partículas. Assim, o autor concluiu que pode haver considerável diferença entre a reabsorção de cimentos obturadores de canais radiculares, quando comparada radiográfica e histologicamente, isso porque o endurecimento, a solubilidade, a dispersão, a maior ou menor facilidade com que são fagocitados, a composição química, a técnica de manipulação empregada, a consistência no momento da aplicação, a homogeneização no ato da espatulação, o tempo de proservação, a ação dos fluídos teciduais na dissolução da massa ou fragmentos de material obturador extravasado e a circunscrição e encapsulação desses ccimentos pelo organismo são fatores determinantes quando se realiza uma avaliação radiográfica comparada a uma imagem microscópica. O exame radiográfico é um recurso clínico não capaz de mostrar se houve reabsorção total do material ou até que ponto ele foi reabsorvido pelo orgamnismo, enquanto histologicamente isso é possível de se avaliar. Os cimentos Fill Canal e Endoform mostraram reabsorção demasiadamente lenta, o que sugere um maior período de proservação. Ferreira Júnior (1991) analisou in vivo o reparo periodontal na face lingual de incisivos de ratos, reimplantados imediatamente, e que tiveram o canal radicular preenchido por 5 minutos com Otosporin®, seguido da remoção de seu excesso e obliteração do ápice com “cera óssea”, para observar se essa solução pode ser empregada previamente ao reimplante e se ela evita reabsorções e anquilose alvéolo-dental. Foram utilizados 36 ratos Wistar machos, que tiveram o incisivo superior direto luxado e extraído, evitando-se maiores danos à superfície radicular. Cada dente foi mantido por sua porção mais coronária com uma gaze Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 68 - umedecida em soro fisiológico. A papila dental foi excisada com lâmina de bisturi número 11, renovando-se a polpa dental com lima K 15. A irrigação do canal radicular foi realizada com soro, e a aspiração com seringa Luer acoplada a uma agulha 25x7. Os dentes foram divididos em dois grupos: grupo 1- canal preenchido com solução de Otosporin® por 5 minutos, e após esse período o conteúdo foi aspirado e o ápice radicular obliterado com fragmentos com 0,5 centímetros de “cera óssea”; e grupo 2- os dentes receberam tratamento similar ao grupo 1, sendo, no entanto, empregada solução de soro fisiológico, ao invés de Otosporin®. Logo após, todos os dentes foram reimplantados e contidos com amarria de fio para sutura 4-0. Decorridos 10, 30 e 60 dias do pós-operatório os animais foram mortos em grupos de seis, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que o emprego do Otosporin® tem uma função benéfica, quando em pequena quantidade e por um tempo curto, no interior do canal radicular. O autor concluiu que a solução de Otosporin® favorece a neoformação cementária e atenua as reabsorções radiculares de superfície, por substituição e por inflamatória e a ocorrência de anquilose alvéolo-dental. Holland et al. (1992) avaliaram in vivo o comportamento dos tecidos periapicais de dentes de cães com rizogênese incompleta após obturação de canal com diferentes materiais obturadores. Para tanto, foram empregadas 40 raízes com rizogênese incompleta de três cães machos jovens. Foi realizada a abertura coronária e a pulpectomia, procurando-se fazer sempre uma sobreinstrumentação para assegurar a eliminação de todo o órgão pulpar. Terminado o preparo biomecânico, os canais foram totalmente obturados com os Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 69 - seguintes materiais: Sealapex, Endoapex, hidróxido de cálcio associado ao iodofórmio em partes iguais, tendo como veículo o silicone líquido, e pasta de Frank (hidróxido de cálcio associado ao PMCC). Após 1 ano os animais foram mortos, e as peças removidas e preparadas para análise histopatológica. Os resultados encontrados para os quetro materiais estudados mostraram que o Endoapex em nenhum dos casos apresentou presença de selamento apical. O Sealapex mostrou-se ineficiente quando levado aos tecidos periapicais em forma de sobreobturação, pois esse material pode não ser reabsorvido naquela área, dificultando a ocorrência do selamento biológico pretendido. Por outro lado, em ápices pouco abertos, em que o limite da obturação pode ser convenientemente controlado, é provável que esse material seja de grande utilidade, principalmente quando não há oportunidade de se proceder a trocas do hidróxido de cálcio ao longo do tempo. Já a pasta de Frank, e o hidróxido de cálcio associado a iodofórmio e silicone, evidenciaram um expressivo número de selamentos parciais e ausência de selamento. Dessa forma os autores puderam concluir que, dentre os quatro materiais estudados, a pasta de Frank foi a que evidenciou os melhores resultados, e que as trocas da pasta de hidróxido de cálcio, durante o tratamento de rizogênese incompleta, é um procedimento clínico que ainda não pode ser descartado. Os autores ainda propõem que a obturação final com cimento à base de hidróxido de cálcio, além de efetuar a obturação definitiva, contribuiria, por suas propriedades biológicas conhecidas, para a correção de possíveis falhas da barreira apical. Leonardo (1992) avaliou microscopicamente, em dentes de cães, a reação dos tecidos apicais e periapicais frente à obturação dos canais radiculares com Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 70 - dois cimentos à base de hidróxido de cálcio, Sealapex e CRCS, quanto à magnitude do infiltrado inflamatório e quanto a reparação. Utilizou 16 raízes de pré-molares inferiores de dois cães. Foram realizados os seguintes procedimentos: abertura coronária, odontometria, remoção da polpa radicular e arrombamento do delta apical. A seguir, os canais radiculares foram instrumentados pela técnica escalonada, no comprimento do início do delta apical, obtendo-se o “batente apical”. Os canais foram secos e obturados pela técnica clássica de condensação lateral ativa, utilizando-se cones de guta percha e um dos dois cimentos obturadores testados. Após limpeza da câmara pulpar, os dentes foram restaurados com amálgama de prata. Transcorrido o período de 1 ano os animais foram mortos, e as mandíbulas removidas e preparadas para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que ambos os cimentos, Sealapex e CRCS, causaram inflamação crônica de magnitude moderada e induziram a deposição de tecido mineralizado na região apical. No grupo obturado com Sealapex foi observada a interposição de tecido fibroso entre o material e o tecido mineralizado, e no grupo do CRCS a deposição de tecido mineralizado ocorreu diretamente na sua superfície. Dessa forma, o CRCS pareceu ter seu comportamento melhor que o Sealapex; porém, sem diferença estatisticamente significante. Lee, Monsef e Torabinejad (1993) testaram in vitro, pela primeira vez, um novo material, denominado Mineral Trioxide Aggregate (MTA), para selamento de perfurações radiculares laterais. Nesse estudo experimental os autores simularam uma perfuração lateral em 50 molares humanos hígidos extraídos, que foram selados com os materiais amálgama, Material Intermediário de Restauração (IRM) Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 71 - e MTA. Os dentes foram mantidos em um dispositivo contendo solução salina, a fim de simular as condições de umidade encontradas clinicamente. Após, as perfurações foram seladas com os materiais estudados, e em seguida os dentes foram mantidos por 4 semanas nessa solução. Então foram mergulhados em solução azul de metileno 2% por 48 horas, cortados e analisados sob microscópio óptico. Os resultados indicaram que o MTA teve significativamente menos infiltração marginal do corante, seguido do IRM, e amálgama respectivamente (p<0,05). Os autores também concluíram que o MTA mostrou menor tendência a extravasar, enquanto o IRM mostrou maior tendência. Leonardo et al. (1994a) fizeram in vivo uma avaliação microscópica da reação apical e periapical frente a dois cimentos obturadores de canais radiculares à base de hidróxido de cálcio, Sealapex e CRCS. Foram utilizados dois cães com idade de 1 ano e da mesma ninhada. Dezesseis canais de prémolares inferiores foram selecionados e preparados biomecanicamente, sendo os ápices arrombados com a lima k 30 para simular um forame apical. Os canais foram divididos em dois grupos. Um grupo foi obturado com Sealapex e guta percha e o outro com CRCS e guta percha. Após as obturações, as câmaras pulpares foram limpas e seladas com verniz copal e amálgama. Decorrido 1 ano, os cães foram mortos e as peças removidas e preparadas para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que os dois cimentos causaram inflamação crônica de magnitude moderada e induziram a deposição de tecido mineralizado na região apical. No grupo obturado com Sealapex notou-se a interposição de tecido fibroso entre o material e o tecido mineralizado, o que não ocorreu no grupo do CRCS, no qual a deposição de tecido duro ocorreu Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 72 - diretamente na sua superfície. Assim, os autores concluíram que o CRCS pareceu ter-se comportado melhor que o Sealapex; porém, sem aval estatístico significante. Wakabayashi et al. (1994) estudaram in vivo, com o propósito de avaliar o potencial de quatro cimentos obturadores de canal radicular contendo hidróxido de cálcio para induzir a formação de uma barreira de precipitado de sais de cálcio no tecido conjuntivo, por meio do uso da técnica de câmara na orelha do coelho, combinada com MEV e microanálises de raios-X. Nesse estudo foram utilizados quatro cimentos obturadores de canal radicular contendo hidróxido de cálcio (Sealapex, Calvital, Dentalis KEZ e New A). Como controle foram utilizados dois cimentos à base de OZE (Canals e New B). A câmara da orelha do coelho foi desenvolvida com um poço através do qual o material podia ser introduzido dentro do tecido vascular vivo, sobre a mesa de observação da câmara. A interação entre o tecido vascular e os cimentos obturadores foi observada sob um biomicroscópio imediatamente após a aplicação de cada material, após 3, 6, 12, 24, 48 e 72 horas, depois de 5 dias e uma vez por 9 semanas. Os resultados demonstraram que houve diferenças entre os quatro cimentos obturadores à base de hidróxido de cálcio, do ponto de vista da sua habilidade em induzir calcificação distrófica do tecido conjuntivo vascular. Assim, os autores reclassificaram os cimentos obturadores de acordo com o que eles realmente causam no tecido e não de acordo com sua formulação. O primeiro grupo foi constituído por Sealapex e Calvital, que rapidamente criaram uma barreira de precipitado de fosfato de cálcio no tecido conjuntivo, induzindo a calcificação. O grupo 2, formado por Dentalis KEZ e Canals, causou desordens moderadas na microcirculação, sem Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 73 - calcificação. E o grupo 3, com New A e New B, teve boa compatibilidade com os microvasos, mas eles não induziram nenhuma calcificação e se desintegraram rapidamente no tecido. Pitt Ford et al. (1995) realizaram um estudo in vivo em 28 perfurações intencionais de furcas de pré-molares mandibulares de sete cães Beagles adultos, com o propósito de analisar histologicamente a resposta dos tecidos a essas perfurações seladas com amálgama ou MTA. As perfurações foram realizadas no assoalho da furca, e metade dessas imediatamente obturadas com MTA ou amálgama. A outra metade foi deixada aberta por 6 semanas, para permitir a contaminação bacteriana e a formação de lesões inflamatórias na furca, que foram confirmadas por imagem radiográfica. Essas perfurações foram então limpas com hipoclorito de sódio, secas com bolinhas de algodão e seladas com MTA ou amálgama. Após 4 meses os animais foram mortos, e as peças preparadas para exame histopatológico. Os resultados mostraram que, no grupo em que a perfuração foi selada imediatamente, todas as peças com amálgama estavam associadas com a presença de inflamação, enquanto, somente uma peça em seis, com MTA, exibia inflamação. Além disso, as cinco peças não inflamadas com MTA apresentavam cemento sobre o reparo. No grupo obturado posteriormente, todos os espécimes com amálgama estavam associados à presença de inflamação. Em contraste, somente quatro de sete espécimes com MTA estavam inflamados. Conseqüentemente, os autores concluíram que o MTA parece ser um material muito mais adequado para o selamento de perfurações, particularmente quando usado imediatamente após a perfuração. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 74 - Siqueira Júnior e Fraga (1995) avaliaram in vitro o efeito de curativos intracanais com pastas de hidróxido de cálcio em três veículos (soro fisiológico, propilenoglicol e azeite de oliva) sobre o selamento apical proporcionado pela obturação do canal radicular. Para tanto foram utilizados 40 dentes humanos unirradiculares, recém-extraídos, que antes do seu uso estavam estocados em solução salina estéril. Os dentes foram preparados, e ao término da instrumentação os canais foram inundados com solução de EDTA 17%, por 3 minutos, com o objetivo de remover smear layer. Então os dentes foram divididos equitativamente em quatro grupos: Grupo I- hidróxido de cálcio + soro fisiológico; Grupo II- hidróxido de cálcio + propilenoglicol; Grupo III- hidróxido de cálcio + azeite de oliva; Grupo IV –sem medicação, servindo como grupo controle. Os canais foram preenchidos com as respectivas pastas, com o auxílio de uma broca lentulo, e as aberturas coronárias seladas com cimento de OZE. Após uma semana foram removidas as pastas, e os canais foram obturados pela técnica de condensação lateral com guta percha e Sealapex. Após 5 dias os dentes foram imersos em solução azul de metileno 2%, por 7 dias. Os resultados obtidos demonstraram que não há interferência negativa dos curativos com pastas contendo hidróxido de cálcio em diferentes veículos, no selamento apical final, e que entre os veículos utilizados o soro fisiológico apresentou menor grau de infiltração apical. Assim sendo, os autores concluíram que os curativos intracanais com pastas de hidróxido de cálcio não prejudicam o selamento apical da obturação definitiva do canal, e que houve uma melhora do selamento apical final quando os curativos de hidróxido de cálcio foram realizados. Concluíram ainda Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 75 - que o menor índice de microinfiltração foi verificado quando uma pasta com veículo aquoso precedeu a obturação. A citotoxicidade in vitro de três cimentos à base de hidróxido de cálcio foi testada por Beltes et al. (1995), com a utilização de culturas de células L929 (fibroblastos da pele de ratos) e BHK 21/C13 (fibroblastos de rim de filhote de hamster), que foram mantidas em meio de cultura a 37°C, numa umidade de 5% de CO2. Os cimentos utilizados, Sealapex, CRCS, e Apexit foram preparados de acordo com as recomendações dos fabricantes, sob condições assépticas, sendo introduzidos 0,05 de cada cimento no centro de uma placa tipo Petri. Os cimentos tomaram presa por 24 horas a 37°C, sob luz ultravio leta, para prevenir a contaminação bacteriana, e a seguir foram colocados em contato com as células. Suspensões de células também foram colocadas em placas com discos de Teflon, as quais serviram como controle. Todas as placas foram incubadas a 37°C, e após 24, 48 e 72 horas o meio de cultura fo i removido e a viabilidade celular foi avaliada sob microscópio de luz. Os resultados demonstraram que o Sealapex foi o cimento mais citotóxico nos três períodos observados, quando comparado com CRCS e Apexit, causando uma diminuição significante na densidade celular. O Apexit permitiu a maior taxa de viabilidade celular nos três períodos experimentais, provando ser o material menos tóxico. Torabinejad et al. (1995e), em um estudo in vivo, implantaram tubos de teflon obturados com super EBA ou MTA em cavidades ósseas preparadas na mandíbula de sete cobaias, com o objetivo de avaliar a reação tecidual. Como controle, duas cavidades ósseas foram preparadas da mesma forma em um animal e deixadas sem tratamento. Após 60 dias, os animais foram mortos e as peças preparadas para análise histopatológica. Os resultados demostraram a reação tecidual de que a implantação do MTA foi um pouco menor do que aquela Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 76 - com o implante do super EBA. Todas as cinco amostras do super EBA apresentaram tecido conjuntivo fibroso próximo ao cimento, enquanto o osso foi observado imediatamente adjacente a uma das cinco amostras de MTA. Todos os implantes com super EBA apresentaram inflamação leve, enquanto três dos cinco implantes de MTA estavam livres de inflamação. Células inflamatórias encontradas ao redor de ambos os materiais eram predominantemente macrófagos e células gigantes. O tecido conjuntivo fibroso adjacente ao super EBA era mais espesso do que aquele visto próximo ao MTA. Torabinejad et al. (1995f) realizaram um estudo in vivo cujo propósito foi examinar a resposta dos tecidos perirradiculares de cães ao MTA e ao amálgama. Para tanto, foram utilizados os terceiros e quartos pré-molares mandibulares esquerdo e direito de seis cães Beagles. Houve a indução de lesão pela exposição da polpa através de uma abertura coronária por 2 semanas, que foi então selada com Cavit por 4 semanas. Em metade das raízes os canais foram instrumentados e obturados com guta percha e cimento obturador (Roth), e suas aberturas coronárias seladas com MTA. Os canais radiculares remanescentes foram instrumentados e obturados com guta percha sem cimento obturador, e as aberturas coronárias não foram seladas, ficando expostas ao meio oral. Após 2 semanas da obturação dos canais, os cães foram preparados para a cirurgia de acesso radicular. As raízes foram cortadas entre o terço médio e apical. E cavidades de 2 mm de profundidade foram preparadas com uma broca troncocônica invertida, número 35. Para cada raiz do pré-molar em questão, uma cavidade foi selada com MTA e a outra com amálgama sem zinco. A resposta tecidual foi avaliada histologicamente, 2 a 5 e 10 a 18 semanas após a cirurgia Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 77 - perirradicular. Os resultados demonstraram que a formação de cemento não foi observada sobre qualquer das amostras de amálgama, enquanto algum cemento estava presente, sobre o MTA, em uma das 11 amostras no período de tempo de 2 a 5 semanas, e sobre 10 de 10 amostras no período de 10 a 18 semanas. A análise estatística dos resultados mostrou menos inflamação perirradicular e mais cápsulas fibrosas adjacentes ao MTA do que ao amálgama. Os autores concluíram que o MTA é provavelmente capaz de ativar os cementoblastos para produzir uma matriz de cemento. Mittal, Chandra e Chandra (1995) avaliaram in vivo a toxicidade tecidual de OZE, Tubli Seal, Sealapex e Endoflas F.S pela sua injeção no tecido conjuntivo subcutâneo da superfície dorsal de ratos e pelo estudo da resposta histológica do tecido. Os animais foram mortos após o intervalo de tempo de 48 horas, 7 dias, 14 dias, 1 mês e 3 meses; as secções teciduais foram obtidas dos locais da injeção. O exame histológico das secções teciduais revelou que todos os cimentos causaram alguma inflamação, que diminuiu com o tempo, exceto no caso do OZE, onde aumentou da 48ª hora ao 7º dia, e depois disso mostrou uma tendência de diminuição. Os autores concluíram que, no geral, o Sealapex mostrou a menor reação inflamatória, comparada com os outros cimentos estudados, porque mostrou inflamação moderada com 48 horas, mas que se tornou branda em períodos posteriores. OZE, Tubli seal, e Endoflas F.S. foram severamente tóxicos com 48 horas e 7 dias. Essa toxicidade diminuiu gradualmente em períodos posteriores. Nenhuma reação inflamatória foi vista com 3 meses, em nenhum dos cimentos estudados. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 78 - Souza, Holland e Souza (1995) tiveram como propósito analisar in vivo, a curto e médio prazo, a resposta dos tecidos periapicais, de dentes com polpa vital ao tratamento endodôntico em uma ou duas sessões, realizado com ou sem a utilização de curativos de demora à base de uma associação de corticosteróideantibiótico ou hidróxido de cálcio. Para tanto, foram utilizados 128 raízes de dentes de quatro cães adultos machos, que tiveram suas polpas removidas e seus canais preparados biomecanicamente. Os dentes foram então divididos em quatro grupos, de acordo com as variáveis a serem utilizadas na seqüência do tratamento, a saber: Grupo I- obturação dos canais com cones de guta percha e cimento de OZE; Grupo II- obturação de canais com pasta de hidróxido de cálcio e água destilada; Grupo III- curativo de demora com associação de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) durante 7 dias, seguindo-se a obturação do canal com cones de guta percha e cimento de OZE; Grupo IV- curativo de demora com pasta de hidróxido de cálcio e água destilada por 7 dias, seguindo-se obturação do canal com cimento de OZE e cones de guta percha. Concluído o tratamento endodôntico, todas as coroas foram seladas com OZE e restauradas com amálgama de prata. Decorridos os períodos experimentais de 7 e 180 dias após o tratamento os cães foram mortos. As peças foram preparadas, e os resultados analisados histologicamente. Os dados obtidos permitiram aos autores concluir que: a) os canais obturados com hidróxido de cálcio evidenciaram melhores resultados do que aqueles obturados com OZE; b) a associação corticosteróide-antibiótico determinou, 7 dias após o tratamento, infiltrado inflamatório menos expressivo que o observado nos casos obturados com OZE em sessão única (no tempo de 180 dias não houve diferença de resultados entre Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 79 - esses dois grupos experimentais); c) o curativo com hidróxido com cálcio por 7 dias, antes da obturação com OZE, determinou a ocorrência de resultados similares aos obtidos quando os canais foram preenchidos apenas com hidróxido de cálcio. Holland et al. (1995) analisaram in vitro a infiltração apical em dentes obturados pela técnica de condensação lateral, depois de medicação com hidróxido de cálcio em propilenoglicol. Cento e vinte dentes humanos extraídos foram preparados biomecanicamente pelo uso exclusivo do movimento de limagem com limas K até o nº 40. Metade dos dentes recebeu um curativo de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, por 3 dias. A medicação foi removida por irrigação e movimento de limagem, com limas K 40 até 70. Os dentes foram divididos em seis grupos experimentais, de acordo com as dimensões dos instrumentos usados. Os canais radiculares foram obturados, e posteriormente os dentes foram colocados em uma solução corante de azul de metileno 2% dentro de um frasco, que foi anexado a uma bomba de vácuo. A infiltração foi mensurada linearmente, e os resultados mostraram uma infiltração significativamente menor (p<0,01) nos grupos experimentais que receberam os curativos de hidróxido de cálcio do que nos grupos controle. Os resultados persistiram mesmo após a remoção de 300 µm de dentina das paredes de dentina do canal radicular. Holland et al. (1996b) fizeram uma análise in vitro da obturação apical de canais radiculares obturados com cones de guta percha experimentais contendo hidróxido de cálcio. Foram usados 110 dentes permanentes humanos, recentemente extraídos, com uma única raiz. Os canais radiculares foram preparados biomecanicamente, e alguns receberam um curativo de hidróxido de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 80 - cálcio em propilenoglicol por 7 dias. Os canais radiculares que não receberam os curativos foram obturados pela técnica de condensação lateral, com cones de guta percha regulares ou de hidróxido de cálcio. Os canais radiculares com curativo foram obturados com os mesmos cones contendo ou não hidróxido de cálcio. Os espécimes foram colocados em uma solução corante de azul de metileno 2% sob vácuo, e a infiltração apical foi avaliada linearmente. Os grupos experimentais com os curativos de hidróxido de cálcio em propilenoglicol e aqueles com cones de guta percha contendo hidróxido de cálcio exibiram uma infiltração significativamente menor (p<0,05) do que os grupos obturados com cones de guta percha regulares. Os resultados obtidos indicaram que os cones de guta percha contendo hidróxido de cálcio produziram uma melhora na qualidade da obturação apical do canal radicular. Leonardo et al. (1996) avaliaram in vivo a resposta histológica dos tecidos apicais e periapicais de dentes de cães, após biopulpectomia, e utilização de diferentes curativos à base de hidróxido de cálcio, associados ou não a compostos fenólicos. Foram utilizados nesse estudo pré-molares, com vitalidade pulpar, de seis cães sem raça definida, com idade de 1 ano, totalizando 120 raízes, as quais foram divididas em cinco grupos de 15 raízes cada, e analisadas nos períodos de 7, 15 e 30 dias. Todos os materiais foram testados em um mesmo animal. Após remoção da polpa e preparo biomecânico dos canais radiculares, estes foram preenchidos, na mesma sessão de tratamento, com os seguintes curativos: Grupo 1- pasta Calen (à base de hidróxido de cálcio); Grupo 2- pasta Calen + Paramonoclorofenol (PMC); Grupo 3- pasta Calen + PMCC; Grupo 4- controle positivo, em que os canais foram preenchidos com Otosporin®; Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 81 - e Grupo 5- controle negativo, em que os canais foram deixados vazios. Após os períodos experimentais os animais foram mortos, e as raízes submetidas ao processo histopatológico. Com base nos resultados da avaliação histopatológica foi possível aos autores concluírem que: a) a pasta Calen, em todos os períodos experimentais, e o Otosporin® no período de 7 dias, apresentaram a melhor resposta tecidual; b) a adição do PMCC e PMC ao hidróxido de cálcio conferiu às pastas maior capacidade de agressão aos tecidos, em todos os períodos, sendo essa resposta mais acentuada na pasta contendo PMC; c) o grupo controle negativo foi o que apresentou a pior resposta tecidual. Pitt Ford et al. (1996) realizaram um estudo in vivo em 12 incisivos mandibulares de macacos, com o propósito de comparar as respostas da polpa dental após o emprego do MTA ou Dycal no capeamento pulpar. Através de um acesso lingual foram realizadas exposições pulpares padronizadas com 1 mm de diâmetro com o auxílio de brocas esféricas n.01. Após o capeamento com Dycal as cavidades coronárias foram seladas com amálgama. Para realizar o capeamento com o MTA manipulou-se o pó do MTA com solução salina estéril numa proporção de 3:1, que foi inserida na totalidade da cavidade de acesso. Após 5 meses os animais foram mortos e os espécimes removidos e processados para a análise histopatológica. Os resultados mostraram que todas as polpas protegidas com MTA formaram ponte de dentina, e apenas uma apresentava inflamação. Em contrapartida, somente duas polpas protegidas com Dycal apresentavam pontes de dentina, e todas apresentavam inflamação. Assim sendo, os autores concluíram que o MTA parece ir ao encontro dos requerimentos para materiais de capeamento pulpar. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 82 - Souza, Holland e Souza (1996) analisaram in vivo a resposta da polpa dental após preparo cavitário e aplicação tópica de algumas associações de corticosteróide-antibiótico, com diferentes potenciais antiinflamatórios, em tempo pós-operatório curto. Foram utilizados 40 dentes de cães jovens, sem raça definida, nos quais foram preparadas cavidades profundas na face vestibular. A seguir, em 20 dentes foi aplicado EDTA por 3 min para remover a smear layer, e nos outros dentes não foi aplicado EDTA. As cavidades foram secas, e as soluções de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®, Maxitrol e Panotil) foram aplicadas no assoalho das cavidades por 5 min. Decorrido esse período as cavidades foram secas com bolinhas de algodão e o assoalho recoberto por uma fina camada de parafina, com selamento final com cimento de OZE. Após 24 horas os animais foram mortos, de acordo com a técnica de perfusão, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Baseados nos resultados, os autores concluíram que não ocorreram diferenças entre os grupos com ou sem EDTA; não houve diferença de resultados entre as três associações de corticosteróide-antibiótico estudadas; os grupos tratados com as associações corticosteróide-antibiótico evidenciaram uma reação inflamatória ligeiramente menor do que a observada no grupo controle. Soares (1996), num estudo in vivo, avaliou histologicamente a resposta pulpar ao MTA comparada ao hidróxido de cálcio, em dentes de cães submetidos à pulpotomia. Foram utilizados 40 dentes de três cães, constituídos em dois grupos: grupo 1- 12 pulpotomias, cujas polpas foram revestidas com pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, e grupo 2- 28 pulpotomias, em que as polpas foram revestidas com MTA. Após a aposição do material de revestimento foi colocada uma camada de hidro C e foi feita restauração final com amálgama. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 83 - Após 90 dias, os animais foram mortos por perfusão e os espécimes preparados para análise histopatológica, por meio de uma análise descritiva e de uma análise quantitativa. Pelos resultados obtidos, foi possível à autora concluir que houve a formação de tecido duro em 91,66% dos casos tratados com hidróxido de cálcio e em 96,43% dos casos tratados com MTA. Os percentuais de casos que apresentaram, simultaneamente, barreira de tecido duro e tecido pulpar normal foram de 66,66% dos casos tratados com hidróxido de cálcio e de 82,14% nos dentes em que se utilizou o MTA. A autora sugere a realização de estudos clínicos experimentais para avaliar o comportamento do MTA como material de recobrimento pulpar. Com o propósito de investigar in vivo a resposta dos tecidos periapicais de macacos ao MTA e amálgama como materiais de obturação de canal, Torabinejad et al. (1997) removeram as polpas de todos os incisivos maxilares de três macacos, sendo os canais radiculares instrumentados e obturados pela técnica de condensação lateral com guta percha e cimento obturador. Cavidades na porção apical das raízes foram preparadas, e metade delas obturadas com MTA, enquanto a outra metade foi obturada com amálgama. Os animais foram mortos 5 meses mais tarde, e as peças preparadas para análise histopatológica. Os resultados encontrados não mostraram nenhuma inflamação periapical adjacente a cinco das seis raízes obturadas com MTA, além de haver uma camada completa de cemento sobre o material obturador. Por outro lado, todas as raízes obturadas com amálgama mostraram inflamação periapical, e o cemento não se formou sobre o material de obturação, embora estivesse presente sobre a porção final da raiz. Os autores concluíram que existem duas possibilidades para a fonte do novo cemento sobre o MTA: ou ele é derivado do ligamento periodontal Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 84 - remanescente e houve crescimento lateral, ou ele é derivado a partir do tecido conjuntivo invaginado para o osso. Dessa forma, o MTA é recomendado como material de obturação apical em humanos. Leonardo et al. (1997) avaliaram in vivo o reparo apical e periapical dos dentes de cães após biopulpectomia e obturação de canal com diferentes cimentos contendo hidróxido de cálcio. Oitenta canais radiculares de pré-molares de quatro cães, com polpa vital, foram instrumentados e obturados em sessão única, com os cimentos Sealapex, CRCS, Sealer 26 e Apexit. O animais foram mortos após 180 dias, e suas maxilas e mandíbulas foram removidas e fixadas em formalina 10%. Após o processamento histológico rotineiro, as secções foram coradas com HE e tricrômico de Mallory. A análise histopatológica mostrou que o Sealapex foi o cimento que melhor permitiu a deposição de tecido mineralizado no nível apical, e foi o único cimento que promoveu selamento biológico completo (37,5% dos casos). Os autores concluiram que com o uso do Sealapex nenhum infiltrado inflamatório ocorreu e não houve reabsorção de tecidos mineralizados. Em contraste, selamento parcial e infiltrado infIamatório moderado ocorreu com o uso do CRCS. Quando o Apexit e o Sealer 26 foram usados, a ausência de selamento foi freqüente e a reabsorção ativa dos tecidos mineralizados aconteceu em muitos casos. O infiltrado inflamatório predominante com o uso do Apexit foi do tipo severo, enquanto com o uso do Sealer 26 foi brando ou não existiu. Os autores observaram também que, em todos os dentes em que ocorreu extravasamento do material obturador, não houve selamento biológico apical parcial nem completo, independentemente do material obturador utilizado. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 85 - Salineiro, Okamoto e Aranega (1997) estudaram comparativamente, in vivo, o processo de reparo do reimplante mediato de incisivo superior de rato, após o preenchimento do canal radicular, com associação de corticosteróideantibiótico (Otosporin®) sob forma líquida e pastosa. Nesse estudo foram utilizados 36 ratos Wistar machos. O incisivo superior direito de cada animal foi luxado, extraído deixado em gaze estéril sobre a bancada, e após 2 horas sofreu pulpectomia. Os animais foram divididos em três grupos. Os do grupo 1- tiveram os dentes reimplantados sem curativo intracanal; os do grupo 2- tiveram seus canais preenchidos com Otosporin® e reimplantados; os do grupo 3- tiveram seus canais preenchidos com Betnovate N e da mesma forma foram reimplantados. Após o tempo experimental de 10 e 60 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histológica qualitativa, que levou em consideração o infiltrado inflamatório e a presença de reabsorção e anquilose. Com base sultados os autores concluíram que a ausência do curativo intracanal resultou em intensa reabsorção radicular; o emprego do Otosporin® mostrou-se efetivo na redução da reabsorção radicular; a forma pastosa dos medicamentos apresentou melhores resultados do que a forma líquida. Holland et al. (1998a) avaliaram in vitro o poder de difusão na dentina de três associações de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®, Ofticor e Maxitrol). Foram utilizados 60 dentes humanos unirradiculares extraídos. Foram preparadas cavidades nas faces vestibulares de dimensões padronizadas, no terço cervical da raiz dos dentes, nas quais previamente se aplicou ou não EDTA, por 3 min. A seguir as cavidades receberam as associações medicamentosas estudadas, marcadas com azul de metileno 2% por 5 min. Decorrido esse tempo, as Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 86 - cavidades foram lavadas e o excesso dos medicamentos removidos. Os dentes foram seccionados ao meio, fotografados, as áreas de infiltração foram dimensionadas em papel e os dados obtidos foram submetidos à análise estatística. Baseados nos resultados, os autores concluíram que o produto que exibiu maior poder de penetração na dentina foi o Otosporin®; o Maxitrol e o Ofticor exibiram poder de difusão semelhante; o emprego de EDTA aumentou significativamente a penetração dos medicamentos na dentina. Torabinejad et al. (1998) realizaram estudo in vivo para examinar a reação tecidual a implante de MTA, amálgama, IRM e super EBA, em tíbias e mandíbulas de cobaias. Tubos de teflon foram obturados com os materiais de teste e implantados em cavidades padronizadas, realizadas nas tíbias dos animais. Dez dias mais tarde, tubos de teflon obturados com os mesmos materiais também foram implantados em cavidades preparadas na mandíbula dos mesmos animais. Após 80 dias os animais foram mortos, e os tecidos preparados para o exame histopatológico. Foi observada a presença de inflamação, tipo de célula predominante e a espessura do tecido conjuntivo fibroso adjacente a cada implante. Os resultados mostraram que a reação tecidual ao implante com MTA em ambos os locais foi a mais favorável, por se mostrar livre de inflamação. Na tíbia o MTA foi o material mais freqüentemente observado, com aposição óssea direta. Portanto, baseados nesses resultados os autores puderam concluir que o MTA possui características de material biocompatível. Holland et al. (1998b) realizaram estudo in vivo em 60 dentes de cães para avaliar o comportamento dos tecidos periapicais após biopulpectomia e curativos com hidróxido de cálcio em água destilada, ou uma associação de corticosteróide- Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 87 - antibiótico (Otosporin®), antes da obturação do canal com dois cimentos diferentes, OZE e o Sealapex. Os dentes foram sobreinstrumentados, e curativos foram colocados por 7 dias antes da obturação do canal radicular. Esse procedimento foi realizado com base em estudos que relatam que o não uso de um curativo biocompatível ou outro tipo de curativo pode causar injúria ao coto pulpar, ou aos tecidos periapicais. Os animais foram mortos 180 dias após o tratamento, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados encontrados pelos autores mostraram que, quando o forame apical principal foi obturado com Sealapex, independentemente do curativo utilizado, apresentou um maior número de casos com selamento biológico do que quando obturados com OZE, e que os melhores resultados apresentados com OZE ocorreram nos casos em que o curativo de hidróxido de cálcio foi utilizado. Além disso, quando o cimento obturador foi o Sealapex, houve maior incidência de selamento biológico dos canais acessórios quando o Otosporin® foi utilizado como curativo. Portanto, os dados desse trabalho apontam para a importância do uso de um curativo na organização de um novo coto pulpar, em casos de sobreinstrumentação, e conseqüentemente para que haja melhor performance do hidróxido de cálcio contido no cimento obturador de canal. Koh et al. (1998) avaliaram in vitro a citomorfologia de osteoblastos na presença de MTA e examinaram a produção de citocina, com o propósito de descobrir a razão pela qual a cementogênese parece ser induzida pelo MTA. Foram colocados em placas de Petri distintas, semeados com osteoblastos MTA e IRM. Após 7 dias ao exame com MEV foi possível observar células saudáveis em contato com o MTA, as quais, em contraste com as células em contato com o Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 88 - IRM, pareciam estar arredondadas. Para avaliação da produção de citosina, as células foram cultivadas sozinhas e em outras placas contendo materiais de teste, por 1 a 144 horas. Por meio do teste de ELISA foram observados níveis aumentados para todas as interleucinas, em todos os períodos, quando as células foram cultivadas na presença do MTA. Por outro lado, as células cultivadas sozinhas ou com o IRM produziram quantias indetectáveis. Os autores concluíram que o MTA parece oferecer um substrato biologicamente ativo para células ósseas e estimular a produção de interleucinas. Holland et al. (1998c) analisaram in vivo o efeito do material obturador de canal radicular e o nível de injúria cirúrgica sobre a cicatrização periodontal em dentes de cães. Foram utilizados 24 canais radiculares de dentes de dois cães com aproximadamente 1 ano e meio de idade. Os canais foram instrumentados e obturados, pela técnica de condensação lateral, com dois tipos de cimentos obturadores: Sealapex e OZE, em uma única sessão. Na segunda sessão, o tecido ósseo foi exposto, e uma cavidade foi feita no terço apical da raiz e outra na borda entre os terços coronais e médios, ambos penetrando no canal radicular. Seis meses mais tarde os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. O estudo demonstrou resultados significativamente melhores nas injúrias feitas nos terços coronários e médios, e foram observados melhores resultados com o uso do Sealapex do que com o cimento de OZE. Assim, os autores concluíram que o tipo de material obturador e o nível da injúria periodontal expondo o canal radicular pode influenciar o processo de cicatrização (p<0,01). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 89 - Delben (1998) avaliou in vivo, microscopicamente, a resposta do complexo dentino-pulpar humano à aplicação de cimentos forradores à base de ionômero de vidro (XR-Ionomer), hidróxido de cálcio (Dycal) e OZE, precedidos ou não do emprego de solução à base de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®). Foram utilizados 96 primeiros pré-molares superiores e inferiores com indicação ortodôntica para extração, que se apresentavam hígidos, de pacientes com idade entre 10 e 13 anos. Foram confeccionadas cavidades de classe I profundas, as quais foram forradas com os cimentos XR-Ionomer, Dycal e OZE, e em metade da amostra, antes da inserção dos cimentos, foi aplicada a solução de Otosporin® por 5 minutos. As cavidades foram restauradas com amálgama. Decorridos os períodos experimentais de 2, 7, 15 e 30 dias, os dentes foram extraídos e processados para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que OZE foi mais irritante do que XR-Ionomer e Dycal. Com a utilização prévia do Otosporin® verificou-se a presença de células inflamatórias mononucleares, enquanto, sem o uso prévio desse medicamento, notou-se um infiltrado de polimorfonucleares neutrófilos. Exceção foi observada para a Dycal, não havendo diferença na reação inflamatória com ou sem aplicação do Otosporin®. Com base nos resultados foi possível ao autor concluir que o Dycal foi o material que apresentou melhores resultados para o complexo dentino-pulpar, e o Otosporin® reduziu a inflamação inicial com o emprego de XR-Ionomer e OZE. Shabahang et al. (1999), em um estudo in vivo, compararam a eficácia da proteína-1 osteogênica e MTA com aquela do hidróxido de cálcio, na formação de tecido duro em raízes com ápices incompletos de cães. Foram utilizados nesse estudo 64 raízes de pré-molares de cães da raça Beagle com 6 meses de idade. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 90 - Os dentes foram abertos, as polpas removidas e os canais expostos à flora oral por 14 dias, para que houvesse contaminação e ocorresse a formação de lesões periapicais, comprovadas radiograficamente. Após esse período as câmaras pulpares foram seladas com Cavit por mais 14 dias. Então, os canais dos dentes foram instrumentados e modelados com instrumentos rotatórios de níquel titânio, e preenchidos com hidróxido de cálcio por 1 semana. Os dentes foram então divididos aleatoriamente em quatro grupos, com oito elementos cada, obturados com cada material estudado. Todos os grupos tiveram suas cavidades de acesso seladas com MTA. Os animais foram mortos 12 semanas após, e as peças removidas e preparadas para análise histopatológica, que avaliou o grau de formação de tecido duro e a quantidade de inflamação. Os resultados dessa análise mostraram que o MTA produziu uma formação de tecido duro apical quantitativamente superior ao hidróxido de cálcio e semelhante à proteína-1 osteogênica, porém a análise estatística feita pelo teste ANOVA, X² e KruscalWallis, não mostrou diferença significativa. Assim sendo, os autores concluíram que o emprego do MTA pode ser uma alternativa à terapia convencional de longo prazo com o uso de hidróxido de cálcio. Holland et al. (1999a), em estudo in vivo, observaram a reação do tecido conjuntivo subcutâneo de 40 ratos a tubos de dentina implantados após obturação com MTA, hidróxido de cálcio. Os espécimes não descalcificados foram preparados para análise histológica com luz polarizada e técnica de Von Kossa para tecidos mineralizados. Observou-se que junto às aberturas dos tubos de dentina havia granulações Von Kossa positivas birrefringentes à luz polarizada e também uma ponte de tecido irregular. No interior dos tubos, junto às paredes de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 91 - dentina, foi possível observar também uma camada, em diferentes profundidades, de estrutura altamente birrefringente à luz polarizada, que, de acordo com Holland (1971), são cristais de calcita provenientes da reação do cálcio, presente no hidróxido de cálcio, com o gás carbônico do tecido pulpar. Isso sugere que o hidróxido de cálcio atua sobre o tecido subcutâneo da mesma forma que na polpa. A deposição dos cristais de calcita dentro dos túbulos dentinários pode acarretar uma menor permeabilidade dentinária. Nesse estudo, os autores concluíram que os mecanismos de ação dos materiais estudados parecem ser similares entre si. Porém, perguntam-se como isso pode ocorrer se o MTA não tem hidróxido de cálcio na sua fórmula. Consideram que o MTA, por conter óxido de cálcio, poderia reagir com os fluidos teciduais para formar o hidróxido de cálcio. Holland et al. (1999b), em um estudo in vivo em dentes de cães, observaram a reação dos tecidos apicais após instrumentação e obturação dos canais radiculares, pela técnica de condensação lateral com MTA, e um CIV (Ketac-Endo). Os resultados da análise histológica, 6 meses após o tratamento, não mostraram reação inflamatória do tecido apical, exibindo selamento biológico do forame apical para todos os dentes obturados com o MTA. Os dentes obturados com o Ketac-Endo mostraram dois casos de selamento biológico parcial e diferentes intensidades de reação inflamatória crônica. Assim, os autores concluíram que ambos os materiais estudados são biocompatíveis, mas o MTA exibiu propriedades biológicas melhores. Os resultados sugerem que o MTA possui algumas das propriedades biológicas que o recomendam como material para a obturação de canais radiculares. Contudo, esse produto precisa ser Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 92 - modificado em algumas de suas propriedades físicas para facilitar seu uso como material obturador de canal. Estrela et al. (2000), em um estudo in vitro, investigaram a ação antimicrobiana de MTA, CP e pasta de hidróxido de cálcio em solução salina, Sealapex e Dycal, além de analisar os elementos químicos do MTA e de duas amostras de CP. Esse estudo foi realizado devido ao fato de que produtos contendo hidróxido de cálcio na sua formulação possam ter um mecanismo de ação semelhante. Para tanto, foram utilizadas quatro cepas bacterianas padrão: Staphylococcus aureus (ATCC6538), Enterococcus (ATCC2912), Pseudomonas aeruginosa (ATCC27853), Bacillus subtilis (ATCC6633), um fungo selvagem, Cândida albicans (ICB/USP-562), e uma mistura desses. Trinta placas de Petri com 20 mL de ágar BHI foram inoculadas com 0,1 mL das suspensões experimentais. Em cada placa de ágar foram feitas três cavidades usando-se uma bala de cobre, cada uma mensurando 4 mm de profundidade e 4 mm de diâmetro. Tais cavidades foram então completamente preenchidas com os produtos testados. As placas foram pré-incubadas por 1 hora, à temperatura ambiente, e então incubadas por 48 horas a 37º C, quando então os diâmetros das zonas de inibição microbiana foram mensuradas. Amostras de lados de difusão e inibição foram extraídas e imersas em 7 mL de caldo BHI e incubadas por 48 horas a 37º C. As análises dos elementos químicos presentes no MTA e nas duas amostras de CP foram realizadas por um espectômetro de raios-X fluorescente. Os resultados dos testes mostraram que a atividade antimicrobiana da pasta de hidróxido de cálcio foi superior a todas as outras substâncias testadas, mostrando zonas de inibição que variaram entre 6 e 9,5 mm, e zonas de difusão que variaram entre 10 e 18 mm. MTA, CP e Sealapex apresentaram somente zonas de difusão, sendo que o Sealapex apresentou a maior zona. O Dycal não apresentou halos de inibição, nem de difusão. Os CPs contêm os mesmos Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 93 - elementos químicos que o MTA, com a exceção de que MTA também contém, na sua fórmula, o bismuto. Os autores sugeriram que mais estudos comparativos do MTA, do CP e do hidróxido de cálcio sejam realizados, por causa das similaridades entre os mecanismos de ação de hidróxido de cálcio e MTA, e a presença dos mesmos elementos químicos no MTA e no CP. Holland et al. (2000a) avaliaram in vivo o comportamento biológico dos tecidos apicais e periapicais de dentes de cães com canais obturados com o cimento experimental Sealer Plus, após biopulpectomia. Foram empregadas 24 raízes de um cão adulto jovem, sem raça definida. Após o preparo biomecânico, os canais foram preenchidos com uma associação de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®), objetivando a neoformação do coto pulpar junto ao novo canal cementário, criada com o arrombamento da barreira apical. O curativo foi mantido em posição com o auxílio de cones de papel, por 7 dias. Decorrido esse período, o curativo foi removido e os canais obturados com cones de guta percha e com os cimentos Sealer Plus ou Fill Canal. Após 180 dias os animais foram mortos, e os espécimes processados para análise histopatológica. Com base nos resultados, os autores concluíram que o cimento Sealer Plus exibiu melhores propriedades biológicas que o Fill Canal, caracterizadas pela ocorrência de selamento biológico e menor reação inflamatória periapical. Holland et al. (2000b) avaliaram in vivo o comportamento do coto pulpar e dos tecidos periapicais de dentes de cães frente a obturações endodônticas realizadas com OZE ou Sealapex, as quais foram expostas ou não ao meio oral por um tempo determinado. Foram utilizados 56 canais de dentes de dois cães machos, com 2 anos de idade e raça indefinida. Os canais foram preparados biomecanicamente, imediatamente obturados com os cimentos estudados e Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 94 - cones de guta percha, realizando-se a condensação lateral e vertical. As aberturas coronárias foram seladas com 6 mm de OZE, com consistência dura. Após 15 dias, as restaurações coronárias foram removidas em metade dos espécimes até que a massa de guta percha ficasse exposta, mantendo-se assim até o final do experimento. Na outra metade, sob isolamento absoluto, foram retirados 4 mm do cimento temporário, para em seguida colocar duas camadas de verniz cavitário, condensando-se amálgama na cavidade. Dessa forma foram obtidos quatro grupos com 14 raízes cada um: a) OZE com abertura coronária selada; b) OZE com abertura coronária aberta; c) Sealapex com abertura coronária selada; d) Sealapex com abertura coronária aberta. Após 60 dias desse passo, ou 75 dias após a obturação dos canais, os cães foram mortos, e as peças preparadas para análise histopatológica. Os resultados mostraram que, depois desse período, na maioria dos casos em que a obturação com guta percha e OZE ficou exposta ao meio oral, observou-se inflamação crônica de intensidade variável nos tecidos periapicais, relacionada com a contaminação do canal. Nos outros três grupos (selado e com OZE, selado e com Sealapex, e Sealapex exposto), esses tecidos se encontravam dentro de parâmetros normais. Embasados nos resultados, os autores concluíram que a exposição aos fluídos orais das obturações endodônticas pode contaminar o sistema de canais, fato influenciado pelo tipo de cimento endodôntico. Keiser, Johnson e Tipton (2000) investigaram in vitro a citotoxidade do MTA em comparação com Super EBA e Amálgama, usando fibroblastos do ligamento periodontal humano por meio de um ensaio de viabilidade celular para a atividade de dehidrogenase mitocondrial nos fibroblastos, após 24 horas de exposição a concentrações variáveis dos materiais teste, tanto na sua forma fresca quanto após seu endurecimento. O metil-metacrilato 2% (Vol./Vol.) serviu como controle Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 95 - positivo, e o meio de cultura completo como controle negativo. No estado fresco, a seqüência de toxidade foi amálgama > Super EBA > MTA. No estado endurecido, após 24 horas, a seqüência de citotoxidade a uma concentração baixa do estrato foi super EBA > MTA > Amálgama, enquanto numa concentração de extrato mais alta foi super EBA > amálgama > MTA. Os autores concluíram que o MTA pode ser usado na região apical das raízes como material retrobturador. Valera et al. (2000) analisaram in vitro a morfologia das partículas dos cimentos à base de hidróxido de cálcio (Sealapex, Apexit e Sealer 26) e do cimento à base de ionômero de vidro (Ketac-Endo), por meio da microscopia de força atômica, para verificar as características de suas partículas após obturação dos canais e após um período de 6 meses de contato com o plasma sangüíneo humano. Foram utilizados 16 dentes unirradiculares humanos extraídos, que foram divididos em quatro grupos. Após o preparo biomecânico, os dentes foram incluídos em blocos de resina, e procedeu-se à obturação dos canais com os cimentos testados. As amostras foram levadas para análise no microscópio de força atômica, e em seguida as raízes foram imersas individualmente em plasma sangüíneo humano, trocado semanalmente ou a cada 15 dias. Decorridos 6 meses, as raízes foram retiradas do plasma e analisadas. Os resultados demonstraram que o cimento Apexit foi o que mais sofreu desintegração, seguido por Ketac Endo e Sealapex. Sealer 26 mostrou-se mais uniforme e com menor desintegração. Dessa forma, os autores concluíram que: o contato com o plasma sangüíneo humano provocou alterações na estrutura dos cimentos; de todos os cimentos estudados o Apexit apresentou maior perda de estrutura, seguido por Ketac Endo e Sealapex; Sealer 26 apresentou desintegração mínima após 6 meses de contato com plasma sangüíneo humano. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 96 - Safavi e Nakayama (2000) avaliaram in vivo a extensão de dissociação do hidróxido de cálcio em dois veículos não aquosos (glicerina e propilenoglicol) usados com finalidade endodôntica. O estudo se justifica porque os efeitos antimicrobianos das preparações aquosas de hidróxido de cálcio foram demonstrados no passado. O hidróxido de cálcio, quando dissolvido em água, dissocia-se em hidroxila e cálcio. A presença dos íons hidroxila na solução torna-a antimicrobiana. Recentemente foi demonstrado que o uso da glicerina como veículo facilita a colocação do hidróxido de cálcio nos canais radiculares. A influência de um veículo não aquoso na dissociação do hidróxido de cálcio não é conhecida claramente. Nesse estudo, a condutividade das soluções aquosas e não aquosas de hidróxido de cálcio foram mensuradas. Misturas (25 mL) de glicerina ou propilenoglicol com água ultra pura foram preparadas em tubos cônicos de centrífuga de 50mL, por meio de consecutivas diluições (0-100%). O hidróxido de cálcio foi adicionado às soluções (0,3 g) e as soluções saturadas foram preparadas por meio da movimentação dos tubos. O hidróxido de cálcio não dissolvido foi então separado pela centrifugação (3.000 rpm; 10 minutos). Um metro de condutividade foi calibrado usando-se uma condutividade padrão, e a condutividade dos líquidos foi mensurada a 23°C, 30 °C, e 37°C. Como controle, a condutividade das soluções sem hidróxido de cálcio foi medida. Os valores de condutividade para soluções saturadas de hidróxido de cálcio em água foi de 7,3 ± 3 mS/cm. A condutividade do hidróxido de cálcio em glicerina pura ou com propilenoglicol foi praticamente zero. Tendo em vista esses achados e considerando os resultados da experiência, os autores concluíram que o uso de altas concentrações de glicerina ou propilenoglicol como veículos pode diminuir a efetividade do hidróxido de cálcio como curativo intracanal. Otoboni Filho (2000) estudou in vivo o processo de reparo de dentes de cães com lesão periapical, obtido experimentalmente, após o tratamento Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 97 - endodôntico em uma ou duas sessões, tendo como variáveis o tempo de ação do curativo de demora e o tipo de cimento obturador. Como curativo de demora foi utilizada a pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, por 7 e 14 dias, e como materiais obturadores Sealapex e Sealer 26 modificado. Foram utilizados dentes de seis cães com lesões periapicais crônicas, provocadas experimentalmente e comprovadas radiograficamente. Os dentes foram preparados biomecanicamente, e após esse procedimento 32 raízes foram obturadas de imediato com os cimentos estudados. As demais 64 raízes receberam o curativo de demora à base de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, de acordo com os tempos experimentais, antes da obturação com os referidos cimentos. Doze raízes não foram tratadas e serviram como grupo controle. Após 6 meses os cães foram mortos, e os espécimes processados para análise histopatológica. De posse dos resultados foi possível ao autor concluir que o tratamento em duas sessões foi superior ao realizado em sessão única, assim como o curativo de hidróxido de cálcio em propilenoglicol por 14 dias foi mais eficiente do que por 7 dias. Além disso, verificou que o cimento Sealapex proporcionou melhores resultados do que o cimento Sealer 26 modificado. Holland et al. (2001a) observaram in vivo a reação do tecido subcutâneo de ratos a tubos de dentina, preenchidos com MTA, CP ou hidróxido de cálcio, com a finalidade de observar se as estruturas calcificadas relatadas anteriormente, com hidróxido de cálcio, também ocorrem com MTA e CP. Tubos de dentina humana foram preenchidos com MTA, CP ou hidróxido de cálcio, todos em água destilada, e imediatamente implantados em tecidos subcutâneos na região dorsal de 30 ratos. Amostras não descalcificadas foram preparadas para análise histológica com luz polarizada, pela técnica de Von Kossa para tecidos mineralizados. Os Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 98 - autores observaram resultados similares para os materiais estudados. Na abertura dos tubos havia grânulos Von Kossa positivos, que eram birrefringentes à luz polarizada. Próximo a essas granulações havia um tecido como uma ponte, que era Von Kossa positivo. As paredes de dentina dos tubos exibiram uma estrutura altamente birrefringente à luz polarizada, no interior dos tubos, formando uma camada em diferentes profundidades. Diante do observado é possível que os mecanismos de ação dos materiais estudados sejam semelhantes. Duarte et al. (2001) avaliaram in vitro a capacidade antimicrobiana dos cimentos endodônticos Sealer 26, Sealapex, Apexit, AH Plus e Sealer Plus. O método de escolha para avaliação antimicrobiana das substâncias em estudo foi a difusão do agente de forma radial no ágar de cultura. As bactérias utilizadas para a avaliação foram: Staphylococcus aureus (S. aureus ATCC Enterococcus faecalis (E. faecalis ATCC aeruginoza ATCC # # # 25923); 29212); Pseudomonas aeruginosa (P. 27853); Bacillus subitilis e a Cândida albicans (ATCC # 10231). Em seguida os cimentos foram manipulados e inseridos com seringa tipo Luer Look em escavações no agar. Depois de 2 horas em temperatura ambiente (pré-incubação), as placas foram levadas à estufa a 37º C, por 24 horas. Após este período realizou-se a evidenciação da formação de halo de inibição ou não. Os resultados mostraram que AH Plus inibiu o crescimento de quatro microrganismos dos cinco testados; Sealapex, três; e Sealer 26, dois. Apexit e Sealer Plus não apresentaram ação antimicrobiana. Diante do exposto os autores concluíram que AH Plus foi o que apresentou melhor ação antimicrobiana, seguido de Sealapex e Sealer 26; que Apexit e Sealer Plus não inibiram os microrganismos testados; que a realização da pré-incubação é condição essencial para esse tipo de teste. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 99 - Holland et al. (2001b), avaliaram in vitro se os cimentos à base de hidróxido de cálcio alcalinizam o meio ambiente ao redor do ápice, bem como o interior do canal radicular. Para tanto, 48 dentes humanos unirradiculares extraídos foram preparados biomecanicamente e impermeabilizados com Araldite, com exceção da abertura coronária e do forame apical. A seguir, os canais foram obturados com pasta de hidróxido de cálcio quimicamente puro em água destilada, Sealapex, Apexit, CRCS, Sealer 26, e um grupo com canais vazios foi tomado como controle. As aberturas coronárias foram seladas. Os espécimes foram mergulhados em frascos contendo 20 mL de água destilada, e o pH da água foi avaliado de 0 a 30 dias. Isso feito, os dentes foram partidos ao meio e mergulhados em nova água destilada, sendo o pH novamente avaliado no tempo de 0 a 30 dias. Os resultados encontrados mostraram que os cimentos estudados determinaram, por meio do forame apical, pH ao redor de 8, fato também observado com a pasta de hidróxido de cálcio. Por outro lado, quando os dentes foram partidos ao meio, apenas o Sealapex exibiu pH (12,3) próximo ao da pasta de hidróxido de cálcio (pH 12,65). Assim, pareceu lícito aos autores concluírem que, dentre os quatro cimentos obturadores estudados, aquele que determinou o pH mais alto no sistema de canal radicular foi Sealapex, cujo pH foi o que mais se aproximou do hidróxido de cálcio quimicamente puro. Concluíram também que Sealapex seria o cimento obturador mais indicado, por determinar pH mais elevado, fundamentalmente por sua maior solubilidade. Holland et al. (2001c) intencionalmente perfuraram lateralmente, in vivo, 48 raízes de dentes de quatro cães jovens, sem raça definida, a fim de verificar seu reparo com o uso do MTA, e o emprego de cimento de hidróxido de cálcio Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 100 - (Sealapex) serviu ,como controle. Os dentes dos cães foram instrumentados e obturados, e após a remoção parcial da obturação uma perfuração intencional foi feita com uma broca Long Neck (LN) na borda, entre os terços coronário e médio da raiz. Após o controle da hemorragia, as perfurações foram imediatamente seladas com MTA ou Sealapex. Os animais foram mortos 30 e 180 dias após o tratamento e as peças preparadas para exame histopatológico. Os resultados mostraram uma deposição de cemento sobre o MTA, enquanto, com Sealapex houve uma pequena deposição de cemento sobre esse material em somente três casos. O tecido protegido com o MTA não mostrou processo inflamatório, enquanto com o emprego do Sealapex ocorreu a presença de processo infamatório crônico em todos os espécimes. Com esses dados em mãos, os autores concluíram que os melhores resultados exibidos pelo MTA apóiam o seu uso para casos de reparação de perfuração radicular. Também concluíram que outros estudos são necessários para se analisar o comportamento desse material em perfurações contaminadas e não contaminadas, e que os procedimentos clínicos para controle do nível de obturação devem ser mais bem investigados. Com o intuito de efetuar estudo comparativo entre MTA e CP, Holland et al. (2001d) analisaram in vivo o comportamento da polpa dental de cães após pulpotomia e capeamento pulpar direto com esses materiais. O estudo foi realizado em 26 raízes de dentes de um cão jovem, sem raça definida. Assim, após a realização da pulpotomia as polpas foram protegidas com MTA ou CP. O animal foi morto 60 dias após o tratamento, sendo as peças removidas e preparadas para análise histopatológica. Os resultados mostraram que houve formação de ponte de tecido duro tubular em quase todos os espécimes. Para os Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 101 - outros critérios analisados os resultados obtidos também foram semelhantes, o que levou os autores a concluírem que MTA e CP possibilitam a obtenção de resultados semelhantes, a despeito do fato de que MTA possui óxido de bismuto na sua formulação. Faraco Júnior e Holland (2001), em estudo in vivo de 30 dentes de três cães, compararam a resposta pulpar após o capeamento feito com MTA ou um cimento de hidróxido de cálcio (Dycal). Sessenta dias após o tratamento, os animais foram mortos, e os segmentos da mandíbula e maxila descalcificados para análise histopatológica. Os resultados mostraram que, com o uso de Dycal, a formação de pontes de tecido duro completas foram observadas em somente cinco dentes, enquanto com MTA essas foram observadas em todos os espécimes. Além disso, reação inflamatória crônica em níveis variáveis de intensidade e extensão ocorreu em 12 espécimes quando o cimento de hidróxido de cálcio foi usado, enquanto nenhum infiltrado inflamatório ou microorganismos foram vistos nos espécimes tratados com MTA. Os autores concluíram que o MTA é superior ao cimento de hidróxido de cálcio, nos procedimentos de capeamento pulpar. Ainda comentaram que isso se deve ao fato de as propriedades do MTA serem semelhantes às do hidróxido de cálcio, além de promover um selamento que impede a penetração de bactérias. Koh et al. (2001) relataram dois casos clínicos distintos com o propósito de apresentação do uso do MTA ao invés do hidróxido de cálcio como material de capeamento pulpar, no tratamento profilático de dens invaginatus. Realizaram pulpotomia parcial e recobriram o remanescente pulpar com MTA. Após 6 meses, por motivo ortognático os dentes foram extraídos Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion e processados Revisão da Literatura histopatologicamente. - 102 - Mostraram uma formação de ponte de dentina aparentemente contínua sobre o MTA, e as polpas estavam livres de inflamação. Portanto os autores concluíram que o MTA pode ser usado como um material de pulpotomia no tratamento profilático de dens invaginatus como alternativa aos materiais existentes, tais como o hidróxido de cálcio. Holland et al. (2001e) analisaram in vivo o processo de reparo dos tecidos periapicais de dentes de cães após pulpectomia e obturação dos canais com MTA ou CP. Para realizar esse estudo utilizaram dez pré-molares, num total de 20 raízes, divididas em dois grupos, com dez raízes cada. Noventa dias depois da obturação o animal foi morto, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados obtidos foram semelhantes para os dois cimentos, tendo ocorrido selamento biológico completo e ausência de inflamação na maioria dos casos. Foi possível aos autores concluírem que: 1) a reparação dos tecidos periapicais dos dentes de cães foi semelhante com os dois cimentos estudados, quando empregados na obturação dos canais radiculares; 2) o reparo observado com os dois cimentos estudados foi caracterizado fundamentalmente pela ocorrência de selamento biológico completo por cemento neoformado, e também pela ausência de processo inflamatório no ligamento periodontal. Moro et al. (2002) compararam in vivo os resultados obtidos após reimplantes experimentais de dentes de cães, que receberam ou não uma medicação intracanal de hidróxido de cálcio em soro fisiológico e calcitonina, empregados isoladamente ou associados, antes da obturação dos canais radiculares com o cimento Sealapex. Foram utilizados 32 incisivos superiores e inferiores de oito cães adultos, cujos dentes foram cuidadosamente extraídos e Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 103 - mantidos fora do alvéolo por 10 min e então reimplantados e contidos com fios de aço e resina fotopolimerizável. Após 7 dias, os dentes foram preparados biomecanicamente, e o smear layer removido com EDTA por 3 min. A seguir os dentes foram divididos em cinco grupos. Grupo I- curativo de calcitonina; grupo IIcurativo de hidróxido de cálcio em soro fisiológico. Grupo III- curativo de calcitonina e hidróxido de cálcio; grupo IV- obturações dos canais com Sealapex; grupo V (controle)- canais vazios e selamento coronário. Decorridos 7 dias as contenções foram removidas, e nos grupos I, II e III os curativos foram renovados por mais 10 dias. Somente após esse período os grupos I, II e III tiveram os canais obturados com Sealapex e cones de guta percha. Após 6 meses os cães foram mortos e os espécimes processados para análise histopatológica. A análise demonstrou resultados similares nos quatro grupos experimentais, com áreas de reabsorção de pequena extensão e profundidade, reparadas com cimento neoformado. Esses eventos foram ligeiramente mais pronunciados no âmbito do terço cervical, e mais discretos, ou mesmo ausentes, nos terços médio e apical. Porém, no grupo controle foram observadas reabsorções radiculares apicais ativas e presença de bactérias. Baseados nos resultados, os autores concluíram que a utilização de substâncias que interfiram nos mecanismos da reabsorção de estruturas mineralizadas é importante para que as inevitáveis reabsorções iniciais, que ocorrem em conseqüência das lesões no ligamento periodontal, não evoluam e possam ser reparadas. Holland et al. (2002c) estudaram in vivo a reação do tecido conjuntivo subcutâneo de rato ao implante de tubos de dentina humana obturados com MTA branco. Os tubos foram implantados em dez ratos, que foram mortos 7 e 30 dias Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 104 - após o implante. As peças não descalcificadas foram preparadas e analisadas histologicamente pela técnica de Von Kossa, com luz polarizada. Os resultados, analisados após 7 e 30 dias, foram os mesmos, sendo que foi possível observar, próximo às aberturas dos tubos e geralmente em contato com o material de obturação, numerosas granulações birrefringentes à luz polarizada, Von Kossa positivas. Próximas a essas granulações havia áreas extensas de tecido irregular Von Kossa positivo, além de uma estrutura altamente birrefringente, observada no interior dos túbulos dentinários. Os autores concluíram que o mecanismo de ação do MTA branco é muito semelhante ao daquele relatado anteriormente para o MTA cinza (HOLLAND et al., 1999a; 2001a). Tanomaru Filho, Faleiros e Tanomaru (2002) avaliaram in vitro a capacidade seladora do Sealapex associado ao OZ, do CIV, do compômero, e de dois tipos de materiais à base de MTA, quando empregados no selamento de perfurações radiculares laterais. Foram utilizados 50 dentes humanos unirradiculares extraídos, que tiveram seus canais radiculares instrumentados e obturados com cimento de OZE. Em seguida, foi confeccionada uma cavidade na face distal da raiz, simulando uma perfuração radicular. Os dentes foram separados aleatoriamente em 5 grupos de dez dentes cada, que tiveram suas cavidades preenchidas com os seguintes materiais: Grupo 1- Sealapex + OZ; Grupo 2- Compômero (Dyract AP); Grupo 3- CIV (Vitremer); Grupo 4- ProRoot MTA; e Grupo 5- MTA-Ângelus. Logo após o preenchimento das cavidades, as raízes foram imersas em solução de azul de metileno 2% por 48 horas, em ambiente com vácuo, e após esse período a infiltração marginal foi analisada por meio de escores. De acordo com a metodologia empregada e os resultados Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 105 - obtidos, foi possível aos autores concluírem que os materiais avaliados (Sealapex + OZ; Vitremer; Dyract AP; ProRoot MTA e MTA-Ângelus) apresentaram capacidade seladora satisfatória, com infiltração média menor que a porção média da cavidade; a capacidade seladora dos materiais estudados foi semelhante (p>0,05). Holland et al. (2002a) realizaram trabalho com o objetivo de apresentar, por meio de uma revisão da literatura, o MTA, quanto a composição, mecanismo de ação, comportamento biológico e emprego clínico. Segundo os autores, o MTA mostra excelentes resultados biológicos quando empregado diretamente sobre a polpa dental, em obturações de canal e cirurgias parendodônticas. A resposta tecidual usualmente é caracterizada por neoformação de tecido duro, depositado em contato direto com o material e por ausência de infiltrado inflamatório. O mecanismo de ação do MTA mostrou ser semelhante ao já descrito para o hidróxido de cálcio. Vários trabalhos experimentais demonstraram também que tanto a composição quanto o comportamento tecidual do MTA são semelhantes ao do CP. Huang et al. (2002) avaliaram in vitro a citotoxicidade de seis cimentos obturadores de canais radiculares, N2, Endomethasone, AH 26, AH Plus, Canals e Sealapex. A avaliação foi realizada pelo método de MTT assay, utilizando-se duas diferentes culturas de células: células primárias de ligamento periodontal humano (PDL) e células permanentes V79. Os cimentos foram manipulados de acordo com as recomendações dos fabricantes e colocados em um molde de vidro, em forma de cilindro, de 10 mm de comprimento e 3 mm de diâmetro, para produzir amostras em forma cilíndrica, que logo foram colocadas em contato com Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 106 - as células. Cada amostra de cimento foi realizada em triplicata, sendo uma para cada tipo de célula e outra para controle. Os resultados demonstraram que todos os cimentos testados apresentaram uma reação citotóxica moderada ou severa, imediatamente após a presa. De acordo com o estudo, as células do PDL foram mais sensíveis aos efeitos citotóxicos dos materiais, embora a diferença com as células V79 não tenha sido estatisticamente significante. Os resultados mostraram que a ordem decrescente dos cimentos, de acordo com a sua citotoxicidade, foi: N2, Endomethasone, AH 26, AH Plus, Canals e Sealapex. Holland et al. (2002b) implantaram, em tecido conjuntivo subcutâneo de 60 ratos, tubos de dentina humana obturados com cimentos à base de hidróxido de cálcio (MTA, Sealapex, CRCS, Sealer 26 e um material de obturação experimental – Sealer plus). Como grupo controle, tubos de dentina humana vazios também foram implantados em dez ratos. Os animais foram mortos após 7 e 30 dias, e preparados para análise histopatológica. As peças não descalcificadas foram analisadas com luz polarizada, após serem coradas de acordo com a técnica de Von Kossa para cálcio. Os resultados mostraram que o CRCS foi o único material que não exibiu nenhuma estrutura calcificada que fosse Von Kossa positiva ou birrefringente, à luz polarizada. Por outro lado, o MTA e o Sealapex apresentaram estruturas Von Kossa positivas maiores e mais extensas que a dos demais cimentos. Foi admitida a hipótese de que isso possivelmente se deva à solubilidade e à maneira de liberação dos íons cálcio desses materiais, e de que o CRCS seja o cimento obturador com menor possibilidade de encorajar a deposição de tecido duro. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 107 - Regan, Gutmann e Witherspoon (2002), em um estudo in vivo, avaliaram comparativamente o potencial de MTA e Diaket para promover a regeneração tecidual periapical quando usados como materiais de obturação apical. Para tanto, foram utilizados sete cães, que tiveram os canais radiculares dos prémolares mandibulares preparados biomecanicamente e obturados com Diaket. As cavidades de acesso coronário foram restauradas com IRM. Posteriormente realizou-se um acesso cirúrgico expondo o terço apical dessas raízes. Os ápices foram removidos, e no final das raízes foram preparadas cavidades usando-se pontas ultra-sônicas. Para promover uma hemostasia local utilizou-se a Collaplug. Para se fazer a obturação final da raiz foram utilizados aleatoriamente o MTA e o Diaket, preparados com consistência espessa. Os tecidos foram então reposicionados e suturados. Após 60 dias os animais foram mortos, os dentes removidos e processados para análise histopatológica com o auxílio de um microscópio de luz. A avaliação dos resultados indicou que não houve diferenças estatísticas entre as respostas regenerativas observadas nos tecidos para os dois materiais de obturação do final da raiz. Os autores concluíram que tanto o Diaket quanto o MTA podem auxiliar na regeneração quase completa do periodonto perirradicular, quando usados como materiais de obturação apical, na cirurgia perirradicular de dentes não infectados. Tziafas et al. (2002) estudaram in vivo a resposta pulpar precoce e o início da reparação dentinária, após o capeamento de polpas expostas de dentes permanentes de cães, com MTA. Trinta e três dentes de trs cães, entre 12 e 18 meses de idade, tiveram suas polpas expostas mecanicamente via cavidade classe V. O ProRoot MTA foi colocado no local da exposição, e leve pressão foi Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 108 - aplicada com uma bolinha de algodão umedecida. As cavidades foram restauradas com amálgama, e as reações do tecido pulpar foram avaliadas no microscópio eletrônico após intervalos de reparo de 1, 2 ou 3 semanas. Os resultados evidenciaram uma zona homogênea de estruturas cristalinas inicialmente ao longo da interface polpa-MTA, enquanto células pulpares mostrando mudanças no seu estado citológico e funcional estavam arranjadas ao redor dos cristais. Deposição de tecido duro de formas osteotípicas foi encontrada em todos os dentes, em contato direto com o material capeador e as estruturas cristalinas associadas. Formação de dentina reparadora foi consistentemente relacionada a uma zona firme de osteodentina. Os autores cocluíram que o MTA é um material capeador pulpar efetivo, capaz de estimular a formação de uma ponte de tecido duro durante o processo inicial de reparo pulpar. Favinha et al. (2002) avaliaram in vivo a quantidade mínima de hidróxido de cálcio que deve ser acrescentada a um cimento à base de resina plástica (OZ, Urotropina e Salol), a fim de se obterem os melhores resultados biológicos. Foram utilizados 49 canais de dentes de cães com vitalidade pulpar, os quais após o preparo biomecânico e arrombamento da barreira apical receberam um curativo de demora de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®), por 7 dias. Passado esse período, o curativo foi removido, e os canais obturados com o cimento estudado, acrescido ou não de hidróxido de cálcio, nas proporções de 10, 20, ou 30%. Para o acréscimo do hidróxido de cálcio reduziu-se a quantidade de OZ nas mesmas proporções. Após 6 meses os cães foram mortos, e os espécimes processados para análise histopatológica. Observou-se que os melhores resultados ocorreram com o cimento resinoso que continha 30% de hidróxido de cálcio, e resultado Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 109 - semelhante foi observado para o cimento resinoso sem hidróxido de cálcio ou acrescido de 10% dessa substância. Assim, os autores concluíram que, sob o ponto de vista biológico, o acréscimo de maiores quantidades de hidróxido de cálcio favorece o reparo; contudo, sugerem mais estudos para saber se o acréscimo de maiores proporções de hidróxido de cálcio a um cimento não interfere na qualidade do selamento marginal apical. Cruz et al. (2002) avaliaram in vitro a penetração de propilenoglicol e água destilada no interior dos túbulos dentinários, por meio do acréscimo do corante Safranin O a essas substâncias. Foram utilizados dentes humanos extraídos, preparados biomecanicamente com e sem camada artificial de smear layer. As soluções foram introduzidas no interior dos canais. A difusão do corante foi determinada espectrofotometricamente, e a extensão da penetração foi avaliada usando-se o Adobe Photoshop e um software de imagens NIH. Os resultados desse estudo demonstraram que a área e a profundidade da penetração do corante com propilenoglicol foi significativamente maior do que com água destilada (p<0,0001), e que a camada de smear layer impediu a penetração do corante. Isso reforça a necessidade de se remover essa camada antes da introdução dos medicamentos no interior dos canais radiculares. Os autores concluíram que o propilenoglicol, embora viscoso quando comparado com água destilada, tem uma tensão de superfície baixa, o que lhe confere vantagem de ser capaz de penetrar os túbulos dentinários, o que não foi observado quando a água destilada foi usada como veículo. Sendo assim, consideraram o propilenoglicol um excelente veículo para medicação intracanal. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 110 - Dezan Júnior et al. (2002) avaliaram in vitro a qualidade seladora do OZE, com ou sem acetato de zinco, do Cavitec e do Coltosol, submetidos à influência ou não de resíduos de diferentes formulações de hidróxido de cálcio associado ao propilenoglicol, ou solução anestésica, ou pasta L&C, ou Calen com PMCC. Foram utilizados 260 dentes humanos unirradiculares extraídos com um só canal, que tiveram suas coroas e ápices seccionados de modo a se obter um espécime de 8 mm de comprimento. Na porção coronária e na porção apical foi preparada uma cavidade cilíndrica padronizada. A cavidade da porção apical foi selada com uma camada de guta percha e Lumicon. A seguir os espécimes foram completamente envolvidos com Araldite, exceção feita à abertura coronária. Na seqüência, os dentes receberam no interior das cavidades uma das formulações de hidróxido de cálcio por 5 min, a qual após esse período foi removida com o auxílio de curetas e bolinha de algodão, e então as cavidades foram preenchidas com os quatro cimentos estudados, formando 24 grupos experimentais com dez espécimes cada um. Todos os espécimes, após o selamento, foram mergulhados em saliva artificial e mantidos em estufa a 37º, por 7 dias, submetidos à ciclagem térmica. Decorrido esse período, foram mergulhados em solução azul de metileno 2%, em ambiente com vácuo, a fim de se avaliar a infiltração ocorrida nos grupos experimentais. Os resultados foram submetidos à análise estatística, que apontarau melhor resultado para o cimento Coltosol, seguido do OZE com acetato, e resultado semelhante entre OZE e Cavitec. Baseados nos resultados encontrados, os autores concluíram que as diferentes formulações do hidróxido de cálcio não alteram a qualidade seladora dos materiais testados. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 111 - Masioli (2002) estudou in vivo a resposta histológica do tecido pulpar de terceiros molares humanos hígidos, após exposição provocada e contato direto com diferentes materiais: hidróxido de cálcio pró-análise (PA), MTA, Primer & Bond 2.1 e resina composta Z-250. O reparo pulpar, as alterações celulares e a capacidade de formação de tecido mineralizado foram comparados. Foram utilizados 19 terceiros molares superiores hígidos com extração indicada, em pacientes de 18 a 30 anos. Foram divididos em quatro grupos, segundo a forma de tratamento: após 105 e 125 dias os dentes foram radiografados e extraídos, e então processados para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que, nos 2 grupos tratados, Primer & Bond 2.1 e Resina composta, apesar de calcificações distróficas, a cura não se processou por completo, não houve formação de barreira dentinária. Nos grupos tratados com MTA e hidróxido de cálcio PA houve formação de barreira de tecido mineralizado de forma contínua e regular, ocorrendo por completo o processo de cura. Em conclusão autor indica o MTA e hidróxido de cálcio PA como materiais protetores pulpares, e contra-indica o sistema adesivo e a resina composta. Costa, Bacalhau e Hebling (2003) avaliaram in vivo a biocompatibilidade dos cimentos MTA, CP, hidróxido de cálcio e OZE, quando implantados no tecido conjuntivo subcutâneo de ratos. Foram utilizados 42 ratos Hotzman, machos, divididos em quatro grupos. Grupo 1- MTA; grupo 2: CP; grupo 3- OZE; grupo 4controle (cimento de hidróxido de cálcio). Os tubos de polietileno preenchidos com os materiais de teste foram implantados no tecido conjuntivo subcutâneo dorsal dos ratos. Após os períodos experimentais de 7, 30 e 90 dias os animais foram mortos, e os espécimes removidos e processados para análise histopatológica. A Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 112 - reação do tecido conjuntivo do animal em contato com os materiais testados foi avaliada microscopicamente. Os resultados demonstraram que aos 7 dias todos os materiais desencadearam reação inflamatória. Porém, o MTA foi menos irritante, sendo o OZE o material que provocou reação inflamatória mais significante. Com o decorrer dos períodos, houve regressão no quadro inflamatório. Com base nos resultados foi possível aos autores concluírem que todos os materiais avaliados foram considerados biocompatíveis quando implantados em tecido subcutâneo de ratos. Porém, o MTA foi o cimento que causou menor irritação tecidual em todos os períodos avaliados, quando comparado aos demais materiais experimentais. Nassri, Lia e Bombana (2003a) analisaram in vivo, comparativamente, dois cimentos à base de hidróxido de cálcio, Sealapex e Apexit, em relação às reações provocadas no tecido subcutâneo de ratos, frente à implantação de tubos de polietileno preenchidos pelos materiais, em períodos de 7, 21 e 45 dias. Para esse estudo foram utilizados 12 ratos, machos, com idade entre 3 a 5 meses, divididos em três grupos de acordo com o tempo experimental. Na linha média dos animais foram feitas quatro incisões, duas pélvicas e suas escapulares, onde foram implantados os tubos de polietileno preenchidos com os cimentos estudados. Decorrido cada período experimental os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica qualitativa dos resultados. Foi observada constante atividade macrofágica com o uso dos dois materiais, tendo o cimento Apexit provocado uma reação tecidual mais agressiva em relação ao cimento Sealapex, ao mesmo tempo que este último mostrou melhores resultados quando analisadas a intensidade inflamatória provocada e a evolução da Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 113 - reparação tecidual. De acordo com a análise dos eventos histopatológicos ocorridos nos diferentes períodos de observação os autores concluíram que os materiais testados (Sealapex e Apexit) mostraram-se irritantes ao tecido subcutâneo de ratos e que, entre os grupos experimentais, o Sealapex apresentou menor agressividade e menor dispersão no tecido subcutâneo, obtendo melhores resultados em relação ao cimento Apexit. Holland et al. (2003) estudaram in vivo o processo de cicatrização de dentes de cães com periodontite apical depois do tratamento do canal radicular em uma ou duas sessões. Os dentes anteriores e pré-molares dos cães tiveram os seus canais radiculares abertos ao ambiente oral por 6 meses para introdução da lesão, antes de serem tratados. Depois desse período, os canais radiculares foram preparados biomecanicamente e obturados pela técnica de condensação lateral com pontas de guta percha e Sealapex, em uma sessão, ou depois de um curativo com hidróxido de cálcio em propilenoglicol, por 7 e 15 dias. Seis meses depois do tratamento os animais foram mortos, e os tecidos preparados para análise histopatológica. Os escores atribuídos aos diferentes eventos histomorfológicos foram submetidos à analise estatística, que resultou na classificação dos grupos experimentais do melhor para o pior da seguinte maneira: (a) hidróxido de cálcio em propilenoglicol por 15 dias; (b) hidróxido de cálcio em propilenoglicol por 7 dias; e (c) uma sessão. Os autores concluíram que o uso do curativo de hidróxido de cálcio em propilenoglicol ajuda a alcançar melhores resultados (p<0,01) do que o tratamento em somente uma sessão. Zhu e Xia (2003a) compararam in vivo as respostas pulpares dentais em cães depois que o MTA e o hidróxido de cálcio (Dycal) foram aplicados como Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 114 - materiais de capeamento pulpar. Doze cúspides de trs cães Beagles adultos e saudáveis foram divididas em dois grupos aleatoriamente. MTA ou Dycal foi usado para selar o local exposto, criado com uma broca de fissura e uma peça de mão de alta rotação, com um jato de água abundante no acesso cervical vestibular. Posteriormente as cavidades foram seladas com CIV. Quatro meses mais tarde, os espécimes foram processados para o exame histológico. Os resultados evidenciaram que cinco das seis amostras capeadas com MTA estavam livres de inflamação pulpar, e tinham formação de ponte de dentina. Em contraste, todas as amostras capeadas com Dycal mostraram inflamação pulpar, e a formação de ponte de dentina ocorreu somente em duas amostras. Os autores concluíram que o MTA é um material biocompatível que pode promover a formação de ponte dentina. Pode ser usado como material de capeamento pulpar direto, durante a terapia de polpa vital. Zhu, Xia e Xia (2003b) investigaram in vivo a resposta histológica ao reparo imediato de diferentes tamanhos de perfuração de furca usando-se MTA, Dycal e CIV. Quarenta e dois dentes posteriores em tres cães Beagles adultos foram aleatoriamente divididos em dois grupos: o de perfurações pequenas e o de perfurações grandes. Cada grupo foi então dividido em três subgrupos, que foram reparados com MTA, Dycal e CIV, respectivamente. Os cães foram mortos 4 meses depois, sendo os espécimes processados e examinados sob microscópio de luz. Inflamação, proliferação epitelial e formação de tecido duro sobre o material foram avaliadas. Os resultados demonstraram que nos dentes tratados com MTA, cinco casos estavam livres de inflamação, e os outros nove estavam associados com inflamação leve ou moderada. Houve a formação de cemento Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 115 - com cementoblastos ao redor, em quatro casos. No grupo com Dycal, todos os espécimes tiveram inflamação moderada ou severa. A deposição de tecidos calcificados irregulares, assim como uma quantidade grande de células inflamatórias, foram encontradas em dois casos de perfuração pequena. Seis casos apresentaram proliferação epitelial. No grupo com CIV, inflamação moderada ou severa foi vista em todos os casos, exceto em um caso de perfuração grande com tecido fibroso e células inflamatórias esparsas ao redor do material. Quatro casos apresentaram proliferação epitelial. Houve alguma relação entre a proliferação epitelial e o tamanho da perfuração. Assim, os autores concluíram que o MTA é superior ao CIV e ao Dycal no reparo imediato de perfurações de furca em cães, devido à sua irritação menor aos tecidos circundantes e à sua capacidade de induzir a formação de tecido duro. Aeinehchi et al. (2003), em um estudo in vivo, compararam MTA com o hidróxido de cálcio (Dycal) no capeamento pulpar de dentes humanos. Para realizar este estudo os autores selecionaram indivíduos jovens entre 20 e 25 anos de idade que necessitavam de extração dos terceiros molares hígidos. Utilizaram 11 pares de terceiro molares maxilares, nos quais foi realizado um preparo cavitário tipo classe I, e com uma broca esférica de alta rotação foi feita uma exposição pulpar padronizada de 0,5 mm. As polpas expostas foram capeadas com MTA ou com Dycal, protegidas com OZE e finalmente foram realizadas restaurações com amálgama. Após uma semana, 2, 3, 4 e 6 meses, um total de 14 dentes foram extraídos e preparados para análise histológica. Essa análise demonstrou menos inflamação, hiperemia, necrose e uma ponte de dentina mais espessa, e uma forma de camada odontoblástica mais freqüente quando o MTA Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 116 - foi utilizado, comparativamente ao Dycal. A despeito do pequeno número de dentes utilizados nesse estudo, os autores concluíram que o MTA é superior ao Dycal no capeamento pulpar de dentes humanos expostos mecanicamente. Saidon et al. (2003) compararam in vitro o efeito citotóxico, e in vivo a reação tecidual do MTA e do CP na implantação óssea nas mandíbulas de porcos da Guiné. Observaram que esses produtos têm muitas propriedades físicas, químicas e biológicas semelhantes. O CP tem mostrado potencial promissor como material endodôntico em muitos estudos in vitro e in vivo. Pratos de cultura inseridos com os materiais recém-espatulados ou já com a presa tomada foram colocados em pratos de cultura já com células L929. Após o período de incubação de 3 dias, a morfologia celular e a contagem celular foram estudadas. Os porcos da Guiné adultos e machos foram anestesiados sob assepsia rígida, durante a qual uma incisão submandibular foi feita para expor a sínfise mandibular. Cavidades ósseas bilaterais foram preparadas, e aplicadores de teflon com os materiais misturados foram inseridos nas cavidades ósseas. Cada animal recebeu dois implantes, um obturado com ProRoot MTA e um com CP. Os animais foram mortos após 2 ou 12 semanas, e os tecidos foram processados para avaliação histopatológica por meio de microscópio comum. Os resultados demonstraram que não houve diferença nas reações celulares in vitro. O reparo ósseo e a resposta inflamatória mínima adjacente aos implantes de ProRoot MTA e CP foram observados em os ambos períodos experimentais, o que sugere que ambos os materiais são bem tolerados. Os autores concluíram que o MTA e o CP mostraram biocompatibilidade comparativa quando avaliadas in vitro e in vivo. Os Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 117 - resultados indicam que o CP tem potencial para ser usado como material obturador menos caro. Chambrone et al. (2003) revisaram a literatura publicada referente ao MTA, observando suas características físicas e biológicas e a resposta de reparação provocada frente aos tecidos envolvidos. Dentro dos diversos estudos realizados, tanto in vivo quanto in vitro, são nítidas as vantagens apresentadas pelo MTA quando comparado a outros materiais. Em relação ao selamento apical em casos de obturação retrógradas do canal radicular, quando comparadas a materiais restauradores como amálgama, cimentos à base de OZE e cimentos à base de ionômero de vidro, o MTA mostrou melhor selamento. Essas mesmas características de selamento também foram observadas em tratamentos de perfurações de furca. O MTA só não é superior quando comparado ao cimento de hidróxido de cálcio na inibição bacteriana (ESTRELA et al., 2000). Outro fato observado é a boa compatibilidade. Suas aplicações também têm evidenciado, em achados histológicos, a deposição de cemento radicular e baixa proliferação epitelial em áreas que não estejam em contato direto com a cavidade oral. Formação de periósteo, osso e deposição de cemento, provocando um estímulo regenerador nas regiões periapicais foi observada, provavelmente devido à boa adaptação dos osteoblastos sobre o MTA e à deposição de cristais em áreas em contato com o tecido conjuntivo (HOLLAND et al., 1999a). Assim, os autores, após sua revisão da literatura, concluíram que a utilização do MTA como material obturador, tanto internamente quanto externamente, dos canais radiculares e de perfurações apresentou resposta biológica superior aos outros materiais testados, proporcionando melhor reparação tecidual dos tecidos envolvidos. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 118 - Pacios et al. (2003) avaliaram quantitativamente a liberação in vitro de proteínas hidroxiproline e fósforo, em partes da dentina imersa em soluções de hidróxido de cálcio misturadas com veículos diferentes, por diferentes períodos de tempo. O pH também foi avaliado. Vinte e oito incisivos extraídos foram mantidos por 35 dias em soluções aquosas de hidróxido de cálcio, preparadas em digluconato de clorexidina, propilenoglicol, solução anestésica, PMCC, e PMCC + propilenoglicol. A solução de controle continha hidróxido de cálcio sem veículo. Os resultados demonstraram que os valores do pH mudaram pouco durante a experiência. As concentrações das proteínas hidroxiproline e fósforo subiram para todas as soluções. A análise estatística dos dados dos grupos controle e experimental revelou um aumento na concentração de proteínas quando a clorexidina, a solução anestésica e propilenoglicol foram usados; um aumento nos níveis de hidroxiproline quando o PMCC + propilenoglicol, PMCC, e as soluções de propilenoglicol foram usadas; e um aumento no fósforo quando os veículos propilenoglicol e clorexidina foram usados. As autoras concluíram que: a) as soluções de teste com a dentina radicular permaneceram alcalinas; b) liberação de proteínas hidroxiproline e fósforo foi observada; c) os achados não permitiram recomendar um veículo particular para um medicamento intracanal. Todos os veículos mantiveram a alcalinidade, responsável pela ação antibacteriana; d) a estrutura química da dentina pode não ser afetada nas aplicações clínicas, dado que um período de menos que 35 dias é geralmente usado. Motta et al. (2003) avaliaram in vivo as reações morfológicas que se seguem ao implante de tubos de polietileno, no tecido conjuntivo subcutâneo de ratos, contendo substâncias como o MTA, comparando com tubos contendo pasta Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 119 - de hidróxido de cálcio (Calen) e com tubos simplesmente vazios. Para esses estudos foram utilizados ratos, divididos em três grupos. Grupo 1- animais controle com implantes de tubos vazios; grupo 2- animais com implantes de tubos com Calen; e grupo 3- animais com implantes de tubos com MTA. Os tubos foram implantados no tecido subcutâneo de ratos Wistar, machos. Após o tempo experimental de 7, 14 e 30 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. A reação dos tecidos foi graduada como leve, moderada e severa, de acordo com os critérios sugeridos por Olsson et al. (1981) e Orstavik e Mijor (1988). Os resultados demonstraram que próximo às aberturas do tubo foi constatada a presença de intenso infiltrado inflamatório, que no período de 30 dias se apresentou leve. Portanto, embasados nos resultados os autores concluíram que o MTA e o Calen apresentaram pequena reação inflamatória com cápsula fibrosa ao seu redor; que no MTA não foi observada formação de áreas basófilas calcificadas; e que somente o Calen apresentou formação de áreas basófilas calcificadas. Kaplan et al. (2003) determinaram in vivo o fluxo e as reações nos tecidos subcutâneos de cinco cimentos endodônticos (Sealapex, Procosol, AH 26, Endomethasone e Endion). Os cimentos foram preparados seguindo-se as instruções dos fabricantes, e 0,075 mL de cada material foi colocado numa superfície de vidro e marcada a sua posição inicial. Após essa marcação os vidros foram girados em 90º e as amostras foram armazenadas a 37 °C e 95% de umidade. O deslocamento do cimento foi registrado medindo-se a diferença entre sua posição original e a posição registrada em 15 e 60 min, sendo utilizadas três amostras de cada material. A biocompatibilidade foi avaliada pela implantação de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 120 - dois tubos de silicone no dorso de 30 ratos Wistar. Os tubos apresentavam 1 mm de diâmetro e 1 cm de comprimento, sendo um dos tubos preenchido com um dos materiais estudados, enquanto o outro permanecia vazio, servindo como controle. Foram estabelecidos cinco grupos experimentais, um para cada cimento, sendo cada grupo formado por seis ratos. Quatorze dias após a implantação os animais foram mortos e amostras da pele contendo os tubos foram processadas histologicamente. Avaliações histológicas e histomorfométricas dos tecidos mostraram que os valores mais altos de fluxo foram obtidos com o Sealapex, seguido pelo AH 26, e os menores valores de fluidez foram observados junto ao Procosol e Endomethasone. O tempo afetou significativamente o fluxo e o material. Os cimentos AH 26, Endomethasone e Sealapex apresentaram reação inflamatória leve, com presença de poucas células e uma cápsula fibrosa, enquanto o Procosol e Endion apresentaram uma severa reação inflamatória. Os autores também concluíram que a capacidade de fluidez dos cimentos testados não apresentou correlação com o grau de resposta inflamatória. Andelin et al. (2003) realizaram estudo para identificar tecido duro formado em exposições pulpares experimentais capeadas com MTA ou BMP-7 (proteína morfogenética óssea), usando Dentina Sealoproteína (DSP) como marcador para odontoblasto. Para tanto foram utilizados 35 dentes de dez ratos machos, que tiveram seus primeiros, segundos e terceiros molares com exposição pulpar intencional, capeadas com MTA e BMP-7. As cavidades de acesso nos dois grupos foram seladas com MTA. Os animais foram mortos 2 semanas mais tarde, e os espécimes preparados e avaliados histopatologicamente. Os resultados mostraram que as polpas capeadas com MTA formaram um tecido duro que Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 121 - demonstrava significativamente mais imunocoloração ao DSP quando comparado ao BMP-7. Além disso, as polpas capeadas com MTA também mostraram uma formação de ponte significativamente mais completa que o BMP-7. Em contraste, o BMP-7 produziu um tecido duro parecido com osso, mas que não possuía a imunocoloração para DSP. Os autores concluíram que, aparentemente, a DSP pode ser usada como um marcador para a atividade odontoblástica e para avaliação da qualidade da formação de tecido duro em polpas expostas experimentalmente, uma vez que a formação de tecido duro que mais se assemelhou à dentina na sua morfologia também demonstrou imunocoloração semelhante ao DSP. Trindade, Oliveira e Figueiredo (2003) avaliaram in vivo o comportamento biológico, em tecido subcutâneo de ratos, ao implante de tubos de polietileno contendo MTA, CP, CP acrescido de 20% de óxido de bismuto e CP acrescido de 30% de óxido de bismuto. Foram utilizados 30 ratos Wistar, machos, divididos em três grupos de dez espécimes cada, de acordo com os tempos experimentais de 7, 15 e 30 dias. Cada animal recebeu quatro amostras, uma de cada material em teste, no tecido subcutâneo, na região dorsal. Decorridos os períodos experimentais os animais foram mortos por deslocamento cervical, as peças foram encaminhadas para análise histopatológica, sendo os eventos inflamatórios classificados de acordo com os critérios de severidade da resposta tecidual. A análise estatística dos dados mostrou não haver diferenças estatisticamente significativas entre os diferentes materiais testados, para todos os eventos observados. Dessa forma, os autores puderam concluir que o grau de inflamação geral diminuiu significativamente no decorrer dos tempos experimentais, de forma Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 122 - semelhante para todos os materiais avaliados. Sugeriram ainda aos fabricantes do MTA o acréscimo de maior proporção de radiopatizante à fórmula, o que facilitaria sua visualização radiográfica naqueles procedimentos em que a espessura do material não é suficiente para destacar sua presença. Fridland e Rosado (2003), em um estudo in vitro, determinaram a solubilidade e a porosidade do MTA manipulado com diferentes proporções água/pó e estabeleceram a composição química dos sais dissolvidos da mistura, uma vez que é importante se conhecer como a proporção água/pó afeta as propriedades do MTA. Quatro grupos de espécimes usaram as seguintes proporções da relação água/pó, em diferentes consistências: 0,26 – 0,28 – 0,30 e 0,33 gramas de água/grama de cemento, sendo esta ultima a recomendada pelo fabricante. Além disso, acima de 0,33 a mistura resultante é muito fluida para ser manipulada. Para cada proporção foram preparadas 6 espécimes em uma única operação. Os materiais foram pesados em balança analítica por um único operador. O pó e a água foram pesados e misturados, e os espécimes preparados em menos de 10 minutos e inseridos num anel de metal circular e armazenados em uma câmara por 21 horas a 37 ± 1ºC e 100% de umidade relativa, quando então foram secos por 24 horas em um forno a 105º C, até que alcançassem um peso constante. Então, procedeu-se aos testes para avaliação da solubilidade e da porosidade. Os resultados mostraram que o grau de porosidade e solubilidade aumentaram à medida que a proporção água/pó também aumentou. Dferenças significativas foram encontradas entre os espécimes. A análise química dos sais dissolvidos pelo MTA na água identificou a presença de cálcio como o principal componente químico. Além disso, o nível de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 123 - pH da solução era altamente alcalino, variando de 11,94 a 11,99. Os autores concluíram que o cálcio encontrado na solução deveria estar em seu estado hidróxido nesse nível de pH. Tal capacidade de liberar hidróxido de cálcio pode ter uma importância clínica relacionada à capacidade do MTA de induzir mineralização. Também afirmaram que é lógico concluir que uma proporção água/pó alta pode ser benéfica. Contudo, a quantidade de água incorporada na mistura está limitada pela sua perda de consistência na presença excessiva de líquido. Essa limitação representa um sério problema de manipulação no transporte e na compactação do material. Portanto, a proporção recomendada pelo fabricante de 0,33 seria a ideal. Quando usada em algumas aplicações, tal proporção pode resultar numa mistura muito líquida; entretanto, essa inconveniência pode ser resolvida esperando-se que o material adquira uma consistência adequada sob uma gaze umedecida. Estrela e Holland (2003) realizaram estudo por meio de revisão da literatura, baseado em evidências científicas, sobre as principais funções do hidróxido de cálcio, com atenção especial para manter os princípios biológicos endodônticos. Observaram que as características do hidróxido de cálcio se desenvolveram a partir da dissociação em íons de cálcio e hidroxila. A ação desses íons nos tecidos e nas bactérias explica as características biológicas e antimicrobianas dessa substância. Por meio da retrospectiva da literatura, foi possível aos autores afirmarem que: 1- a dentina é considerada a melhor proteção pulpar, e o hidróxido de cálcio provou, em numerosos estudos, sua capacidade de induzir a formação de barreira mineralizada sobre o tecido pulpar; 2- é necessário, sempre que possível, dar tempo à pasta de hidróxido de cálcio Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura com seus diferentes - 124 - veículos (solução salina, solução anestésica e propilenoglicol) para manifestar seu potencial de ação sobre os microrganismos presentes nas infecções endodônticas. A manutenção de alta concentração de íons hidroxila pode alterar a atividade enzimática bacteriana e promover sua inativação; 3- o sítio de ação dos íons de hidroxila e de cálcio inclui as enzimas presentes na membrana citoplasmática. Essa medicação tem um largo espectro de ação, independentemente da capacidade metabólica dos microrganismos. As membranas citoplasmáticas são similares, independentemente das características morfológicas, tintoriais e respiratórias dos microrganismos, o que significa que essa medicação atua de forma similar sobre bactérias aeróbicas, anaeróbicas, gram-positivas e gram-negativas; 4- o hidróxido de cálcio como medicação intracanal, entre sessões, promove melhores resultados no processo de reparação periapical do que o tratamento em sessão única. Salako et al. (2003) avaliaram in vivo a resposta pulpar dental, em molares de ratos Sprague Dawley, quando vidro bioativo (BAG), MTA, Sulfato Férrico (FS) e formocresol (FC) foram usados como agentes de pulpotomia. Executaram-se 80 pulpotomias em primeiros molares superiores, cujos remanecentes foram cobertos por BAG, FC, FS, e MTA. A análise histopatológica foi realizada com 2 e 4 semanas depois do tratamento. As amostras experimentais foram comparadas com os primeiros molares superiores contra-laterais normais. Em 2 semanas, o BAG mostrou mudanças inflamatórias na polpa. Depois de 4 semanas, algumas amostras mostraram polpa histológica normal, com evidência de vasodilatação. Em 2 semanas, as amostras de MTA mostraram algumas células inflamatórias agudas ao redor do material, com evidência de macrófagos na polpa radicular. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 125 - Formação de ponte dentinária com polpa histológica normal foi um achado consistente em 2 e 4 semanas, com o MTA. O FS mostrou inflamação pulpar moderada com necrose difundida na polpa coronária, em 2 e 4 semanas. O FC mostrou zonas de atrofia, inflamação, e fibrose. A fibrose foi mais extensa em 4 semanas, com evidência de calcificação em certas amostras. Os autores concluíram que entre os materiais testados, o MTA demonstrou-se ideal como agente de pulpotomia, causando formação de ponte dentinária, enquanto manteve simultaneamente a polpa histologicamente normal. Parece que o BAG induziu uma resposta inflamatória em 2 semanas, com resolução da inflamação em 4 semanas. Economides et al. (2003) realizaram um estudo in vivo para avaliar a resposta, a curto prazo, dos tecidos perirradiculares ao MTA, quando usado como material de obturação apical em condições teciduais favoráveis. Para tanto foram utilizados dois cães saudáveis, dos quais 24 canais radiculares de pré-molares foram preparados e obturados endodonticamente, e suas cavidades de acesso seladas com amálgama. Ainda na mesma sessão procedeu-se a uma cirurgia para a ressecção dos ápices radiculares, e cavidades retrógradas com 3 mm foram preparadas e obturadas com IRM ou MTA. Os procedimentos endodônticos e cirúrgicos obedeceram a uma seqüência, de forma a criar períodos de observação de 1, 2, 3 e 5 semanas. Os animais foram mortos, e as peças removidas para análise histológica. Os resultados mostraram que a reação tecidual mais característica ao MTA foi a presença de tecido conjuntivo após a primeira semana pós-operatória. Inflamação foi vista ocasionalmente. Eventos de cicatrização tecidual precoce após a obturação apical com MTA foram Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 126 - caracterizados pela formação de tecido duro, ativada progressivamente a partir das paredes radiculares periféricas, ao longo da interface MTA tecido mole. Em contraste, tecido duro não foi visto junto à obturação apical com IRM. Assim sendo, os autores concluíram que MTA é um material biocompatível que estimula o reparo tecidual perirradicular apical. Entretanto, sugerem que a natureza desse novo tecido formado, tais como células formadoras e mecanismos que controlam a formação de tecido duro ativada pelo MTA necessitam de uma elucidação mais ampla. Tanomaru Filho, Tanomaru e Ishikawa (2003) avaliaram in vitro a capacidade de selamento apical em obturações retrógradas por diferentes materiais retrobturadores. Foram utilizados 48 caninos humanos extraídos, que tiveram seus canais radiculares preparados biomecanicamente e obturados com cone único de guta percha, adaptado ao canal radicular e ao cimento de OZE. As raízes foram submetidas à apicectomia, e as cavidades retrógradas foram então realizadas. As raízes foram divididas aleatoriamente em quatro grupos de 12 raízes cada. Foram realizadas as obturações retrógradas utilizando-se os quatro diferentes materiais, assim divididos: grupo 1- Sealer 26; grupo 2- OZE; grupo 3ProRoot MTA; e grupo 4- MTA-Ângelus. Em seguida os dentes foram imersos em solução azul de metileno 2%, por 48 horas, em ambiente com vácuo. Decorrido esse período as raízes foram seccionadas longitudinalmente, e a infiltração analisada. Baseados na análise dos resultados, de acordo com as condições da pesquisa, os autores concluíram que: a) todos os materiais avaliados permitiram infiltração apical; b) cimento Sealer 26, ProRoot MTA e MTA-Ângelus Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 127 - apresentaram selamentos apicais semelhantes (p>0,05); c) o cimento de OZE mostrou capacidade seladora inferior à dos demais (p<0,05). Garcia (2003) avaliou in vivo o processo de reabsorção do cimento Sealapex com e sem iodofórmio, e OZE, nos períodos de 10, 30 e 60 dias, pela radiografia digital e pela microscopia óptica. Foram utilizados 45 ratos machos adultos, divididos em três grupos, conforme os cimentos estudados, e cada grupo foi subdivididos em três subgrupos, de acordo com os períodos experimentais. Os cimentos foram preparados de acordo com os fabricantes, acondicionados em tubos plásticos até tomarem presa e após foram removidos dos tubos plásticos e implantados no tecido subcutâneo dos animais e imediatamente radiografados. Decorridos os tempos experimentais os animais foram mortos, e em seguida feita uma radiografia final. A análise radiográfica digital apresentou alteração do material implantado, mas as diferenças significativas ocorreram aos 30 e 60 dias, por conta do cimento Sealapex acrescido de iodofórmio. Os resultados microscópicos demonstraram, ao final dos períodos, uma maior dissolução do cimento Sealapex acrescido de iodofórmio, caracterizada por uma quantidade intensa de partículas negras fagocitadas pelos macrófagos. De posse dos resultados a autora concluiu que, dentre os três cimentos estudados, o Sealapex acrescido de iodofórmio foi o que apresentou, de modo mais eficiente, sinais de reabsorção, e que o OZE não demonstrou sinais de reabsorção. Morais (2003) teve como propósito avaliar in vivo, microscopicamente, a intensidade da reação inflamatória, e o grau de fibrosamento do tecido conjuntivo subcutâneo de ratos, à implantação de tubos de polietileno preenchidos com os cimentos MTA, CP com iodofórmio e pasta de Lysanda®. Foram utilizados 18 Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 128 - ratos Wistar, machos, distribuídos em três grupos de seis animais para cada período experimental: 07, 30 e 60 dias. Cada animal recebeu quatro implantes de tubos de polietileno, sendo três preenchidos com os materiais avaliados e um tubo ficou vazio, servindo como controle. Após os períodos experimentais os animais foram mortos, os espécimes preparados para análise microscópica e analisados de forma descritiva e quantitativa. Os resultados mostraram que não houve diferença estatística significante entre os grupos nos períodos de 7 e 30 dias. A pasta Lysanda® provocou menor reação inflamatória, estatisticamente significante em comparação aos demais grupos, no período de 60 dias. Não houve diferença estatística significante quanto à intensidade de reação inflamatória entre os materiais ProRoot® MTA e CP com iodofórmio, aos 60 dias. Baseado nesses dados, o autor concluiu que a adequada biocompatibilidade dos materiais avaliados assegura maior confiabilidade na realização das cirurgias parendodônticas com obturação retrógrada. Nassri (2003b) analisou in vivo reações teciduais apicais e periapicais em pré-molares de cães, hígidos e com vitalidade pulpar, quando instrumentados e obturados com dois cimentos contendo hidróxido de cálcio (Sealapex e Apexit). O registro de seus eventos histopatológicos se deu em períodos de 7, 21 e 45 dias, comparando os fenômenos de inflamação e de reparação. Após os períodos os cães foram mortos, e os espécimes preparados para análise histológica. Empregando-se a análise quantitativa e qualitativa verificou-se que o cimento Sealapex promoveu inflamação entre discreta e moderada em todos os períodos, melhorando significativamente aos 45 dias. Com cimento Apexit houve maior dispersão no tecido periapical, intensificando-se os fenômenos de inflamação Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 129 - mesmo aos 45 dias. Foi possível à autora concluir que ambos os cimentos provocaram necrose em algumas ramificações do delta apical, sendo em maior número nos dentes obturados com Apexit. Na comparação entre o emprego dos cimentos, o Sealapex foi o que apresentou melhor tolerância tecidual e, por conseqüência, evolução reparacional mais favorável. Ogata (2003) estudou, in vivo, o comportamento dos tecidos apicais e periapicais de dentes de cães, após obturação dos canais com os cimentos Sealapex e Endofill, e imediato preparo para pino, deixando os remanescentes das obturações protegidos ou não com um plug de Super Bonder, expostos ao meio oral. Realizou-se o tratamento endodôntico em 40 canais de dentes de cães, e as obturações foram feitas por meio da técnica da condensação lateral com cones de guta percha e com os cimentos estudados. Seguiu-se o preparo para pino imediato, deixando remanescentes de 5 e 4 mm. Os remanescentes de 4 mm foram protegidos com um plug de 1 mm de adesivo Super Bonder. Os canais permaneceram expostos ao meio oral por 90 dias, quando então os animais foram mortos, e as peças preparadas para análise histopatológica. A análise estatística dos resultados mostrou que os dados obtidos com o Sealapex foram significantemente melhores que os com Endofill. O autor concluiu que os grupos com um plug protetor não exibiram diferenças significantes quando seus resultados foram comparados com os obtidos nos grupos sem plug. Rocha (2003) avaliou in vivo a capacidade seladora do MTA como material retrobturador, por via coronária, comparado ao cimento de OZE consistente. Analisou também os possíveis efeitos que essa via de contaminação provocaria nos tecidos periapicais de dentes de cães. Utilizou 48 raízes de 24 pré-molares Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 130 - superiores e inferiores distribuídos em quatro grupos experimentais: grupo I- OZE aberto e grupo II- MTA aberto. Nesses dois grupos, os dentes com canais radiculares sem obturação foram expostos ao meio bucal durante todo o período experimental, e obturação retrógrada foi realizada com o material de cada grupo. Grupo III- OZE obturado e Grupo IV- MTA obturado. Nesses dois grupos os dentes tiveram seus canais radiculares e a obturação retrógrada obturados com o material de cada grupo. Após 180 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. A análise dos resultados permitiu ao autor concluir que o MTA, independentemente do tipo de tratamento executado, apresentou resultados mais favoráveis que aqueles exibidos pelo OZE consistente. Os efeitos da infiltração marginal coronária são minimizados com o emprego de um material retrobturador eficiente do ponto de vista de selamento marginal, como é o MTA. Dentre os materiais retrobturadores utilizados, o único que estimulou a deposição de tecido cementário em íntimo contato com o material selador foi o MTA. Silva (2003), com o objetivo de desenvolver in vivo novas estratégias de tratamento na terapia de polpa vital, analisou microscopicamente a resposta do comportamento da polpa dentária de dentes de cães, após pulpotomia e proteção direta do remanescente pulpar, com MTA-Ângelus, ProRoot MTA, CP e CP branco. Foram utilizados para esse trabalho 76 dentes de quatro cães, machos, sem raça definida, com idade de 2 a 3 anos. Foram abertas cavidades tipo classe V na região vestibular de caninos, mais incisivos, e também na fase oclusal dos pré-molares. A polpa coronária foi cuidadosamente removida, e os materiais levados à cavidade e assentados sobre o remanescente pulpar. As cavidades Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 131 - foram seladas com uma camada de Coltosol, e em seguida restauradas com amálgama de prata. Todos os cães receberam os quatro materiais pesquisados como capeadores pulpares. Após o período de 120 dias os animais foram mortos, os espécimes removidos e preparados para análise histopatológica. Os resultados encontrados demonstraram que os efeitos sobre o complexo dentino-pulpar, após pulpotomia em dentes de cães e recobrimento pulpar com ProRoot MTA, MTAÂngelus, CP e CP branco, foram semelhantes. O autor concluiu que os resultados desse estudo e a enorme semelhança entre os componentes químicos de CP e CP branco com MTA, sugerem mais pesquisas experimentais, visando à aprovação do Ministério da Saúde para uso clínico. Apaydin e Torabinejad (2004a) realizaram um estudo in vivo para determinar o efeito do sulfato de cálcio sobre a cicatrização do tecido duro após a cirurgia perirradicular em cães, uma vez que não se tem conhecimento se o sulfato de cálcio de fato melhora a cicatrização dentoalveolar nesses locais. Para tanto foram utilizadas 24 raízes de segundos, terceiros e quartos pré-molares de quatro cães Beagle, de 2 anos de idade. Os dentes foram tratados endodonticamente, e durante a obturação dos canais os 5 mm finais das raízes foram obturados com guta percha para facilitar a preparação apical ultra-sônica durante a cirurgia perirradicular. A porção remanescente do canal foi obturada com MTA. Após 2 semanas procedeu-se à cirurgia perirradicular, sendo o MTA utilizado como material obturador perirradicular. Já para preencher os sítios de osteotomia, no grupo experimental, utilizou-se o sulfato de cálcio, enquanto nos sítios de osteotomia do grupo controle permitiu-se apenas a formação do coágulo. Após 4 meses os cães foram mortos, e as peças preparadas e analisadas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 132 - histopatologicamente quanto à cicatrização do tecido duro. Os resultados demonstraram que todas as amostras tinham evidências de deposição de cemento adjacente às obturações perirradiculares e regeneração óssea nos sítios de osteotomia. Os autores puderam concluir que aparentemente o potencial do MTA em induzir a regeneração do tecido duro apical não é alterado quando o sulfato de cálcio é colocado nos sítios de osteotomia. Além disso, parece que o sulfato de cálcio não melhora a cicatrização alveolar ou dentoalveolar após a cirurgia perirradicular. Apaydin, Chabahang e Torabinejad (2004b) realizaram estudo in vivo para examinar a cicatrização do tecido duro adjacente ao MTA fresco ou endurecido, como material obturador apical em cães. Para tanto foram utilizadas 24 raízes dos segundos, terceiros e quartos pré-molares de quatro cães Beagle com 2 anos de idade. Os dentes foram divididos em dois grupos, sendo que 12 dentes inteiramente obturados com MTA, enquanto nos outros 12 dentes foram obturados os 5 mm finais com guta, e o restante do canal e a porção coronária foram obturados com MTA. Após 2 semanas os cães foram submetidos a uma cirurgia perirradicular. Nos cães cujas raízes estavam completamente obturadas com MTA houve apenas a rececção da porção final da raiz e o MTA endurecido ficou exposto, já nos cães cujos 5 mm finais de raiz foram obturados com guta percha houve a rececção da sua porção final. Então houve um preparo com instrumentação ultrassônica e esses dentes foram preenchidos com MTA fresco. Após 4 meses os animais foram mortos, e as peças preparadas para análise histopatológica. Os resultados indicaram que, embora o MTA fresco resultasse em uma formação de cemento significativamente mais alta, não houve diferença Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 133 - significativa na quantidade de cemento ou na cicatrização óssea com o uso do MTA fresco ou endurecido, como material de obturação apical. Fiedler, Dalben e Gentil (2004) tiveram por objetivo relatar três casos clínicos de perfurações dentais em humanos, nos quais se utilizou MTA com aparente sucesso clínico, uma vez que tais elementos dentários estavam fadados a procedimentos de extração. Foram realizados dois tratamentos de perfurações na região de furca de dois molares superiores direitos e um tratamento de perfuração radicular em um segundo pré-molar, inferior direito. Para os três casos utilizou-se MTA para o fechamento das perfurações, e um controle clínicoradiográfico de no mínimo 4 meses se efetivou. Nos três casos pôde-se observar, por meio do controle, que a área reparada com MTA apresentou-se livre de sintomatologia dolorosa, sem presença de fístula, e por meio de radiografia não foi verificada destruição óssea na região correspondente à perfuração. Assim os autores concluíram que, pelo presente êxito clínico obtido nesses três casos, acredita-se que o MTA é atualmente material indicado para resolver as complicações de perfuração radiculares e de furca. Martin et al. (2004) tiveram por objetivo discutir in vivo um caso clínico, em humano, de perfuração lateral da raiz do dente 22, resultante da colocação inadequada de núcleo intra-radicular; com a utilização do material MTA-Ângelus como material selador. O paciente queixava-se de pequeno inchaço e dor na região do dente 22. Ao exame clínico intraoral observou-se que o elemento dental era portador de prótese fixa, com presença de edema e fístula. O exame radiográfico inicial indicou presença de perfuração lateral da face distal da raiz e inadequada colocação de um núcleo metálico fundido, com conseqüente perda óssea. Foi planejada a remoção do pino intracanal, e ainda o selamento da Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 134 - perfuração via canal radicular. A remoção do núcleo intra-radicular foi realizada com auxílio de saca-pinos M&V, e o selamento da perfuração radicular, com cimento MTA. Após o selamento da perfuração foi colocado um novo retentor intraradicular e uma coroa provisória, e realizou-se então a tomada radiográfica final. Após um período de 10 meses de proservação, o paciente retornou para controle e relatou a ausência de qualquer tipo de sinal e sintoma durante o período. O exame clínico mostrou ausência de inflamação. O exame radiográfico mostrou que a área afetada começava a apresentar sinais de reparação óssea. Baseados nesses achados clínicos os autores concluíram que o MTA é um material indicado para casos como esse, de perfuração radicular, pois dessa maneira se evita a perda do elemento dental. Kowalski et al. (2004) avaliaram in vivo, comparativamente, a resposta histológica ao implante, em tubos de polietileno, dos cimentos ProRoot MTA e MTA-Ângelus. Para o estudo foram utilizados 12 ratos Wistar machos. Foram empregados 24 tubos de polietileno, com as extremidades abertas, sendo 12 preenchidos com ProRoot MTA e 12 com MTA-Ângelus. Para o primeiro período experimental (7 dias), foram utilizados seis ratos, sendo implantado, na submucosa direita de cada um deles, um tubo contendo ProRoot MTA, e na esquerda, um tubo com MTA-Ângelus. Para o segundo período experimental (60 dias), foram utilizados também seis ratos, seguindo-se a mesma regra para distribuição dos tubos implantados na submucosa. Após cada período experimental os ratos foram mortos e as peças preparadas para análise histológica. Os resultados mostraram reação tecidual similar para ambos os materiais. Observou-se uma resposta inflamatória leve no período de 7 dias, que praticamente desapareceu após 60 dias. Portanto, com base na metodologia e Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 135 - nos resultados do presente estudo, foi lícito os autores concluírem que ambas as marcas comerciais de MTA testadas tiveram comportamentos semelhantes e, também, que o cimento MTA, de ambas as marcas comerciais, produziram reação tecidual satisfatória nos tempos experimentais. Lee et al. (2004), utilizando um microscópio de mapeamento eletrônico, difração de raios-X (XRD) e testes de microdurezas, avaliaram como vários ambientes fisiológicos afetam o comportamento de hidratação e as propriedades físicas do MTA. Os autores relataram que a microestrutura do MTA hidratado consiste de cristais tipo cubos e agulhas. O primeiro formava a estrutura principal do MTA, enquanto o segundo era menos proeminente e se formava nos espaços entre os grãos de cristais cúbicos. Amostras de MTA foram hidratadas em água destilada, salina normal, pH 7, e pH 5. Contudo, nenhum cristal tipo agulha foi observado nos espécimes de pH 5, e erosão das superfícies dos cristais cúbicos foi percebida. XRD indicou um pico correspondendo a Portlandite, um produto de hidratação do MTA, e o pico diminuiu notavelmente no grupo de pH 5. A microdureza dos espécimes pH 5 foi também significativamente mais fraca, comparada aos outros três grupos (p<0,0001). Esses achados sugerem que os efeitos ambientais fisiológicos sobre a formação do MTA são determinados, em parte, pelo pH ambiental e pela presença de íons. Em particular, um ambiente ácido de pH 5 adversamente afeta tanto as propriedades físicas quanto o comportamento de hidratação do MTA. Faraco Júnior e Holland (2004) estudaram in vivo a resposta da polpa dental frente ao capeamento pulpar com o uso do MTA branco em 15 dentes de cães. Após 60 dias os cães foram mortos, e as peças preparadas para a Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 136 - realização de um estudo histomorfológico, cujos critérios de avaliação foram: 1- ponte de tecido duro: continuidade, morfologia, espessura e localização; 2- polpa dental: intensidade da reação inflamatória, extensão da reação inflamatória, estado geral da polpa, presença de células gigantes, partículas de materiais de capeamento e presença de microrganismos. Esse estudo mostrou que houve formação completa de ponte de tecido duro em todos os espécimes. Porém, em cinco casos não havia dentina tubular, mas foi possível observar uma estrutura morfológica com aspecto interessante, semelhante ao material de capeamento e com coloração diferente. Somente dois casos apresentaram inflamação pulpar. Em um deles houve uma reação inflamatória crônica e aguda, enquanto no outro houve apenas uma pequena presença de células inflamatórias. Assim sendo, os autores puderam concluir que o mecanismo de ação do MTA branco é muito semelhante ao do MTA cinza. Também puderam verificar, durante a manipulação desses materiais, que o tempo de presa do MTA cinza foi menor do que o do MTA branco. Yaltirik et al. (2004) examinaram in vivo a biocompatibilidade de MTA e amálgama de alto-cobre, implantados no tecido conjuntivo subcutâneo de ratos, por 7, 15, 30, 60, e 90 dias. Esses materiais foram colocados em tubos de polietileno e implantados em tecido conjuntivo dorsal de ratos Wistar albinos, e biópsias teciduais foram coletadas e examinadas histologicamente após os tempos experimentais depois do procedimento de implantação. Presença de inflamação, tipo de célula predominante, calcificação e espessura do tecido conjuntivo fibroso foram registrados. Foram definidos escores, como segue: zero – nenhuma ou poucas células inflamatórias, sem reação; 1, <25 células, reação Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 137 - branda; 2, de 25 a 125 células, reação moderada; 3, >=125 células, reação severa. Cápsula fibrosa foi categorizada como fina quando a espessura foi <150 µm, e espessa a >150 µm. Foram registradas necrose e formação de calcificação. Os autores concluíram que ambos os materiais foram bem tolerados pelos tecidos em um período de avaliação de 90 dias. Um achado notável é a presença de calcificação distrófica no tecido conjuntivo adjacente ao MTA, achado coincidente com a hipótese de indução de tecido duro por esse material. Menezes et al. (2004a) investigaram in vivo a resposta pulpar de dentes de cães após pulpotomia e capeamento com MTA-Ângelus e CP branco. Nesse estudo foram utilizados 38 dentes de quatro cães sem raça definida, com 12 a 18 meses de idade. Realizaram a pulpotomia na porção coronária, os remanescentes pulpares foram protegidos com MTA-Ângelus e CP branco, e as cavidades foram obturadas com Coltosol e restauradas com amálgama. Após 120 dias os animais foram mortos, e os espécimes foram removidos e preparados para análise histopatológica. Os resultados mostraram que pontes mineralizadas satisfatoriamente espessas foram formadas, fechando as aberturas de acesso em todos os casos. Em muitos casos uma camada quase odontoblástica foi observada. Não foram registradas inflamação, necrose ou calcificações. Baseados nesses resultados os autores concluíram que ambos os materiais se mostraram efetivos como protetores pulpares após pulpotomia em dentes de cães, e que o CP e o CP branco têm potencial para serem usados em situações clínicas semelhantes àquelas nas quais o MTA está sendo usado. Agamy et al. (2004) realizaram estudo in vivo em crianças, com o propósito de comparar o sucesso relativo do uso do MTA cinza, MTA branco e formocresol Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 138 - como protetores pulpares em dentes decíduos pulpotomizados, por meio do uso de exames clínicos, radiográficos e histológico. Em relação ao estudo histológico, ambos os tipos de MTA induziram a formação de uma ponte de dentina espessa nos sítios de amputação, enquanto o formocresol induziu uma ponte de dentina fina e calcificada. Além disso, os dentes foram tratados com MTA cinza demonstraram arquitetura pulpar mais próxima da polpa normal, pela preservação da camada odontoblástica e da delicada matriz fibrocelular, ainda que algumas poucas células inflamatórias ou corpos calcificados isolados fossem vistos. Os dentes tratados com MTA branco mostraram um padrão fibrótico mais denso, com mais calcificações isoladas no tecido pulpar, juntamente com formação de dentina secundária. Baseados nos resultados, os autores concluíram que o MTA cinza é superior ao MTA branco e ao formocresol, quando utilizado como curativo pulpar em dentes decíduos pulpotomizados, e sugerem que mais estudos sejam realizados com MTA branco para essas circunstâncias. Menezes et al. (2004b), num estudo in vivo, avaliaram a resposta pulpar de dentes de cães frente a dois tipos de MTA, um CP regular e um CP branco, quando usados como material capeador após pulpotomia. Foram utilizados 76 dentes de quatro cães sem raça definida, que tiveram suas polpas mecanicamente expostas através de cavidades classe V e cavidades oclusais. Realizou-se, então, a pulpotomia da porção coronária dessas polpas, sendo os remanescentes pulpares cobertos com MTA-Ângelus, ProRoot MTA, CP regular e CP branco. Após 120 dias os cães foram mortos, e as peças preparadas para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que todos os materiais mantiveram a vitalidade pulpar em todos os espécimes, estando as polpas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 139 - protegidas por uma ponte de tecido duro. Os autores concluíram que os materiais usados nesse estudo foram igualmente efetivos como materiais de proteção pulpar após pulpotomia. Valera et al. (2004) avaliaram in vivo a biocompatibilidade dos cimentos endodônticos Sealapex, Apexit, Sealer 26 e Ketac-Endo. Para isso, tubos de polietileno preenchidos com os quatro tipos de cimentos endodônticos foram implantados no tecido conjuntivo subcutâneo de 40 ratos. Os animais foram mortos após 14 e 90 dias. Primeiramente foi realizada uma análise descritiva das reações encontradas no tecido conjuntivo em contato com os cimentos. A magnitude do infiltrado inflamatório, presença e predominância de tipos celulares e sua distribuição com relação ao cimento empregado, fenômenos reparativos tais como proliferação angioblástica e fibroblástica e formação de cápsula fibrosa também foram subjetivamente quantificadas. A análise dos resultados mostrou estatisticamente que todos os cimentos apresentaram, após 90 dias, redução de reação inflamatória, formação de cápsula fibrosa em contato com a abertura do tubo que continha o material de preenchimento e redução na proliferação fibroblástica. A proliferação angioblástica estava reduzida somente no grupo dos cimentos Sealer 26 e Ketac-Endo. Os autores concluíram que todos os cimentos foram parcialmente ou totalmente fagocitados e permitiram a colocação de uma cápsula tecidual fibrosa ao redor dos materiais. A menor resposta inflamatória foi encontrada no grupo do cimento Sealer 26, em ambos os períodos de avaliação. Sousa et al. (2004) avaliaram in vivo as propriedades biológicas e a reação tecidual de uma variedade de materiais usados como obturadores retrógrados, usando um modelo experimental recomendado pela FDI (1980) e pela ADA Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 140 - (1982). A técnica de implante intraósseo foi usada para testar os seguintes materiais: OZE, MTA e resina fotopolimerizável Z-100. Trinta porcos da Guiné, dez para cada material, divididos em períodos experimentais de 4 e 12 semanas, receberam um implante de cada lado da sínfise mandibular. A resposta do tecido conjuntivo lateral ao tubo serviu como controle negativo para a técnica. Ao término dos períodos de observação os animais foram mortos, e os espécimes preparados para o exame histopatológico. Os resultados demonstraram que a reação tecidual dos materiais diminuiu com o tempo. O cimento OZE foi altamente tóxico durante as 4 semanas de período experimental, mas esse perfil mudou significantemente após 12 semanas, quando exibiu características de biocompatibilidade. MTA e Z-100 mostraram biocompatibilidade nesse teste modelo em ambos os períodos de tempo. Os autores concluíram que: 1) o nível de toxicidade dos materiais testado diminuiu com o tempo; 2) o cimento à base de OZE foi altamente tóxico durante o período experimental de 4 semanas, mas esse perfil mudou significantemente após 12 semanas, quando mostrou características de biocompatibilidade; 3) todos os materiais estudados, exceto OZE, apresentaram níveis de biocompatibilidade aceitáveis, dentro dos dois períodos analisados; 4) MTA apresentou excelentes qualidades biológicas, com crescimento ósseo em contato com o material e nenhum tecido conjuntivo se interpondo; 5) MTA e Z-100 indicaram biocompatibilidade nesse teste secundário. Pacios et al. (2004) tiveram por objetivo determinar in vivo e in vitro a influência do veículo no pH das pastas de hidróxido de cálcio. Os canais radiculares de incisivos de 180 pacientes foram instrumentados e obturados com pastas de hidróxido de cálcio contendo água Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion destilada, clorexidina, Revisão da Literatura - 141 - propilenoglicol, solução anestésica, PMCC e PMCC com propilenoglicol. O pH da pasta nos canais radiculares dos pacientes foi mensurado em 7, 14 e 21 dias. Semelhantemente, o pH foi medido in vitro até 21 dias. O pH de todas as pastas permaneceu constante ao longo dos períodos avaliados. A combinação de hidróxido de cálcio e água mostrou, significantemente, maior pH que as outras pastas, em uso clínico. As análises comparativas mostraram que os valores do pH da solução anestésica, PMCC e PMCC com propilenoglicol foram significantemente mais altos in vitro. O tipo de veículo foi mostrado para influenciar o pH final das pastas. Porém, a alcalinidade de todas as pastas foi mantida, com o passar do tempo, sob as condições experimentais. As autoras concluíram que o pH de todas as pastas de hidróxido de cálcio, tanto in vitro quanto clinicamente, permaneceu constante ao longo dos intervalos do tempo examinado. De acordo com esse critério, qualquer um dos veículos testados é satisfatório para uso clínico, como medicamento intracanal. Anjos Neto et al. (2005) relataram um caso clínico de dois dentes com extensa lesão periapical crônica, tratados com o objetivo de se observar a influência do curativo demora de hidróxido de cálcio em propilenoglicol e do cimento obturador à base de hidróxido de cálcio (Sealapex), no reparo de lesão periapical extensa, sem complementação cirúrgica. Os dentes em questão eram: incisivo central superior direito e incisivo lateral superior direito, os quais após testes clínico e radiográfico, foram submetidos a tratamento endodôntico. Na primeira sessão foi efetuada abertura coronária, irrigação com hipoclorito de sódio 1% e curativo com tricresol formalina. Na segunda sessão efetuou-se o preparo biomecânico por meio da técnica de recuo progressivo Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion (ápice-coroa) Revisão da Literatura - 142 - complementado por brocas Gates Glidden. Após o preparo e o preenchimento dos canais com EDTA 17%, por 3 minutos, e nova irrigação com hipoclorito de sódio 1%, os canais foram secos e preenchidos com medicação intracanal à base de hidróxido de cálcio em propilenoglicol, a qual foi trocada mensalmente durante o período de 120 dias. Após esse período, procedeu-se à obturação dos canais radiculares com cones de guta percha e cimento Sealapex, por meio da técnica híbrida de McSpadden. Após os períodos de 6 meses e de 1 ano de proservação foi possível observar a completa reparação dos tecidos periapicais, e também após 6 anos e 4 meses, e 8 anos de proservação à distância, foi possível observar a manutenção dessa integridade de reparo. Assim, os autores puderam concluir clinicamente que, nesse relato de caso, a técnica da renovação da pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol como curativo de demora é uma alternativa clínica para o tratamento de dentes com lesões periapicais, sendo possível diminuir a indicação de procedimentos cirúrgicos. Concluíram ainda que o cimento Sealapex, devido as suas propriedades químicas, físicas e biológicas, também contribuiu para a reparação da lesão, e que, quando extravasado para os tecidos apicais, é possível observar radiograficamente sua reabsorção. Yildirim et al. (2005) investigaram in vivo a resposta histológica ao MTA ou Super EBA quando usados para o reparo de perfurações de furca induzidas nos dentes de cães. Noventa pré-molares mandibulares e molares de nove cães foram usados nesse estudo. Os dentes foram divididos em três grupos. Foram tratados 72 dentes com MTA ou com Super EBA (36 cada), e 18 dentes não foram tratados e foram usados como controles negativos. Todos os grupos foram examinados histologicamente, 1, 3 e 6 meses depois do tratamento. Avaliação Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 143 - histológica foi feita a respeito da inflamação e do tipo de reparo. O grupo do Super EBA mostrou inflamação moderada em 1 mês; a inflamação diminuiu com o passar do tempo, mas a maioria dos espécimes mostrou reação inflamatória de branda a severa ao término de 6 meses. A área da perfuração foi preenchida pelo tecido conjuntivo nos espécimes onde nenhuma inflamação foi vista. No grupo do MTA foi vista inflamação branda em 1 mês, que diminuiu em 3 meses, e nenhuma inflamação foi observada em 6 meses. Neoformação cementária foi vista em quatro espécimes em 1 mês, em oito espécimes em 3 meses, e em todos os espécimes em 6 meses. Os autores concluíram que o MTA mostrou menos inflamação que o Super EBA. Os espécimes do MTA mostraram reparo com neoformação cementária na área da perfuração, enquanto os espécimes do Super EBA, nos quais nenhuma inflamação foi vista, mostraram reparo do tecido conjuntivo. Em conclusão, os achados apóiam a idéia de que o MTA é superior ao Super EBA para o reparo de perfurações de furca. Parirokh et al. (2005), em estudo in vivo, compararam o MTA cinza e o MTA branco quando usados como agentes de capeamento pulpar em dentes de cães. Foram utilizados 24 dentes de quatro cães Beagles, machos, com 18 a 24 meses de idade. Após realizar acesso coronário pela face vestibular dos dentes, exposições pulpares padronizadas foram obtidas. Os sítios expostos e as cavidades foram protegidos e preenchidos com MTA. Após intervalos de 1 e 2 semanas, uma fixação de perfusão vital foi realizada, e os dentes e seus tecidos adjacentes foram removidos e preparados para análise histológica. Os resultados demonstraram que uma ponte calcificada podia ser vista após 1 semana do tratamento, sem nenhuma diferença significativa entre os dois materiais. Após 2 Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 144 - semanas foi possível observar a formação de uma ponte calcificada completa imediatamente abaixo do sítio exposto em todos os espécimes, exceto em duas amostras com MTA cinza. Broon et al. (2005) avaliaram microscopicamente, in vivo, a resposta dos tecidos periodontais interradiculares de dentes de cães perfurados e selados imediatamente com ProRoot MTA e MTA-Ângelus. Concluído o tratamento dos canais, realizaram-se em cada dente perfurações na raíz mesial, na entrada do canal radicular, em direção à furca. Noventa dias depois os cães foram mortos por perfusão, e as amostras processadas para estudo microscópico. Os resultados mostraram neoformação de tecido mineralizado, selando totalmente a perfuração em todos os casos, e mínima inflamação do tipo crônico, consequência do extravasamento do material selador. A prova não-paramétrica de Kruskal-Wallis demonstrou não existir diferença estatisticamente significante entre ambos os materiais. Os autores concluíram que o ProRoot MTA e o MTA-Ângelus são materiais com adequadas propriedades biológicas e criam condições ideais para que ocorra a reparação dos tecidos periodontais interradiculares, em dentes de cães. Sipert et al. (2005) determinaram, in vitro, a atividade antimicrobiana de Fill Canal, Sealapex, MTA, CP e EndoRez em várias espécies de microrganismos. O método de difusão em ágar de Müller-Hinton (MH) foi empregado. Uma camada básica foi feita usando-se o ágar de MH, e cinco poços foram feitos para remover o ágar dos pontos eqüidistantes. Os cimentos foram colocados em poços imediatamente após a manipulação. Microrganismos Enterococcus faecalis ATCC 29212, Escherichia coli ATCC 25922, Micrococcus luteus ATCC 9341, Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 145 - Staphylococcus aureus ATCC 25923, Staphylococcus epidermidis ATCC 12228, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 e Cândida albicans ATCC 10231 foram semeados. Os pratos foram mantidos em temperatura ambiente por 2 horas para pré-difusão, e então incubados a 37ºC, por 24 horas. Alíquotas de 10 mL de 0,05% de gel de cloridrato de trifeniltetrazolium foram adicionadas para otimização, e as zonas de inibição foram mensuradas. Os resultados evidenciaram que o Sealapex e o Fill Canal demonstraram atividade antimicrobiana para todas as amostras. Para MTA e CP, somente a E. coli não foi inibida. Nenhuma atividade antimicrobiana foi detectada para o EndoRez. Os autores, baseados nesses achados laboratoriais, concluíram que os cimentos Fill Canal e Sealapex demonstraram atividade inibitória contra todas as amostras facultativas testadas. Uma vez mais, MTA e CP mostraram semelhança de comportamento, com atividade inibitória para seis das sete amostras testadas. Propriedades antimicrobianas não foram achadas para o EndoRez. Camilleri et al. (2005) realizaram estudo in vitro com o propósito de avaliar a biocompatibilidade de MTA, CP e CP acelerado (produzido pela exclusão do gesso do processo de fabricação), pela avaliação da proliferação e da função metabólica celular, usando uma nova técnica modificada. A constituição química dos materiais CP branco e cinza, MTA branco e cinza e CP acelerado foi determinada pelo uso de uma análise dispersiva de energia com raios-X e uma análise de difração com raios-X. Por outro lado, a biocompatibilidade dos materiais foi avaliada usando-se um método de teste direto onde a proliferação celular foi mensurada quantitativamente usando-se o corante Alamar Blue. Os resultados mostraram que a constituição química de todos os materiais testados Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 146 - foi semelhante. Os estudos indiretos mostraram um aumento na atividade celular após 24 horas. O contato celular direto com os cimentos resultou na queda da viabilidade celular em todos os momentos estudados. Os autores concluíram que o teste de biocompatibilidade não mostrou presença de resíduos tóxicos do MTA branco ou cinza, e que a adição de óxido de bismuto ao CP acelerado não interferiu com a biocompatibilidade. O crescimento celular foi pobre quando cultivado em contato direto com os cimentos de teste. Contudo, a substância formada de hidróxido de cálcio produzida durante a reação de hidratação mostrou induzir a proliferação celular. Holland et al. (2005b) avaliaram in vivo o processo de reparo dos tecidos periapicais de dentes de cães, após biopulpectomia e tratamento endodôntico, em decorrência da preservação ou não do coto pulpar e do tipo de cimento obturador. Foram utilizadas 40 raízes de incisivos e pré-molares de dentes de cães cujos canais, após o preparo biomecânico, tiveram os forames arrombados e alargados até a lima 25, com a finalidade de permitir a neoformação do coto pulpar, por meio da invaginação de um tecido conjuntivo periodontal pelo forame. Os canais receberam um curativo de demora à base de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) por 7 dias. Após esse período, os canais foram divididos em quatro grupos: grupo 1- preservação do coto pulpar e obturação dos canais com Sealer Plus; grupo 2- preservação do coto pulpar e obturação dos canais com Fill Canal; grupo 3- remoção do coto pulpar e obturação dos canais com Sealer Plus; e grupo 4- remoção do coto pulpar e obturação dos canais com Fill Canal. Para a remoção do coto pulpar procurou-se ultrapassar o limite CDC em 2 mm, com uma lima k 25. A obturação dos canais se deu pela técnica da condensação lateral com cones de guta percha. Decorridos 60 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados mostraram que Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 147 - o cimento Sealer Plus evidenciou melhores resultados que o cimento Fill Canal, quando o coto pulpar foi preservado ou não. Bodanezi (2005) realizou estudo in vivo com o propósito de investigar microscopicamente a reação inflamatória e o reparo osteomedular de ratos quando em contato com o MTA-Ângelus ou pasta de moldagem Zinco-Enólica LS adicionada a um tipo de substância radiopacificadora (subnitrato de bismuto ou iodofórmio) e acrescida ou não de hidróxido de cálcio. Para o experimento foram utilizados 51 ratos Wistar, machos, e implantes foram inseridos no interior da tíbia e do fêmur direitos de cada um dos 51 ratos, totalizando 102 amostras. Os ratos foram então divididos em cinco grupos experimentais, com 18 amostras cada, e um grupo controle com 12 amostras. Para o grupo experimental os cimentos foram inseridos nos cilindros de PVC (Cloreto de Polivinil). O grupo controle foi constituído de tubos vazios. Após cada período experimental de 30, 60 e 90 dias os animais foram mortos, as peças processadas histotecnicamente e analisadas microscopicamente, e seus fenômenos julgados com base em um sistema de escores. Os resultados demonstraram que a adição de outro agente radiopacificador não alterou o caráter inflamatório da pasta, e a incorporação de hidróxido de cálcio parece não melhorar seu comportamento biológico (p=0,05). O autor, baseando-se nos resultados, ainda concluiu que há necessidade de mais pesquisas in vitro ou in vivo estudando a influência da contaminação bacteriana ou a substituição de componentes da fórmula, para acrescentar qualidades que levem ao desenvolvimento do material retrobturador ideal. Bortoluzzi (2005) comparou in vivo, microscopicamente, a resposta do tecido subcutâneo de ratos frente à implantação de tubos de polietileno contendo os seguintes materiais: a) ProRoot MTA branco, contendo óxido de bismuto como Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 148 - radiopacificador; b) MTA-Ângelus branco, contendo sulfato de bário como radiopacificador; c) MTA-Ângelus branco, contendo óxido de bismuto como radiopacificador; e d) CP branco, contendo óxido de bismuto como radiopacificador. Foram utilizados 36 ratos Wistar, machos, distribuídos em três grupos de 12 animais para cada período experimental, de 15, 30 e 60 dias. Cada animal recebeu quatro implantes de tubos de polietileno, sendo um de cada tipo de material, preenchidos com os materiais recém-espatulados de um lado, e o outro lado, selado com guta percha, serviu como controle. Após o período de observação os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise microscópica. Os resultados mostraram que os cimentos induziram respostas teciduais semelhantes, mesmo com radiopacificadores diferentes na composição. Diante dos resultados, foi possível ao autor concluir que: a) os cimentos ProRoot MTA, MTA-Ângelus branco com sulfato de bário ou óxido de bismuto e o CP com óxido de bismuto mostraram resultados sem diferença estatisticamente significante nos períodos experimentais; b) não se observou diferença entre o MTA-Ângelus branco com óxido de bismuto ou com sulfato de bário. Felippe, Felippe e Rocha (2006), num estudo in vivo, avaliaram o efeito da apecificação e cicatrização periapical em dentes de cães com formação radicular incompleta e canais contaminados, e também verificaram se a pasta de hidróxido de cálcio seria necessária antes do uso do MTA. Para esse estudo foram utilizados 20 pré-molares de dois cães com 6 meses de idade; foram feitas radiografias pré-operatórias para confirmar a presença de ápices abertos; e então foi realizada a pulpectomia. Os dentes permaneceram 2 semanas com seus canais expostos ao meio oral. Após esse período foram realizadas novas radiografias, que demonstraram a presença de lesão apical de tamanhos variáveis, associada a todas as raízes. Os canais foram preparados biomecanicamente e divididos em: a) um grupo controle cujos canais não foram Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 149 - obturados, porém foi feita a restauração coronária; b) um grupo experimental cujos canais foram obturados no terço apical com uma mistura de MTA e água destilada na proporção de 3 para 1; c) outro grupo experimental cujos canais receberam uma pasta de hidróxido de cálcio misturada com propilenoglicol, por 7 dias. Após esse período a pasta foi removida, e os canais obturados no terço apical com MTA. Todos os dentes foram obturados com IRM e amálgama. Passados 5 meses os cães foram mortos, e as peças processadas histologicamente. A avaliação das sessões foi feita de acordo com sete critérios pré-estabelecidos: formação de uma barreira tecidual calcificada apical, nível de formação de barreira, reação inflamatória, reabsorção óssea e radicular, extrusão do MTA e presença de microrganismos. Os resultados encontrados foram analisados pelos testes não-paramétricos de Wilcoxan´s e o teste de proporções. Diferenças significativas (p<0,05) foram encontradas em relação à posição da formação da barreira e à extrusão do MTA. A barreira foi formada no interior do canal em 69,2% das raízes do grupo 1. No grupo 2, ela se formou além dos limites das paredes do canal em 75% das raízes. Extrusão do MTA ocorreu principalmente nas raízes do grupo 2. Houve similaridade ente os grupos para os outros critérios. Para o grupo controle a avaliação revelou ausência de complementação apical, reabsorção óssea e radicular severa, reação inflamatória crônica severa, infiltrado do tecido conjuntivo com células inflamatórias, presença de microrganismos no canal radicular e túbulos dentinários. Os autores concluíram que a aplicação do MTA imediatamente após a preparação do canal radicular favoreceu o estabelecimento de um ligamento periodontal normal e neoformação óssea e cementária, e quando o MTA é aplicado como plug apical, favorece apexificação e cicatrização periapical, independentemente do uso prévio dessa pasta. O uso prévio da pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 150 - esteve associado com extrusão do MTA e formação de barreira além dos limites das paredes dos canais radiculares. Marion, Borlina e Anjos Neto (2006) relataram o caso clínico de um tratamento endodôntico não cirúrgico do canino inferior direito (dente 43) portador de má formação, conhecida como dens invaginatus, com lesão periapical e ápice incompletamente formado. O tratamento foi realizado com o objetivo de se observar a influência do curativo de demora de hidróxido de cálcio com propilenoglicol no reparo de lesão periapical, sem complementação cirúrgica. Durante a anamnese, verificou-se também que o dente possuía uma fístula ativa. O tratamento endodôntico teve início realizando-se na primeira sessão abertura coronária, irrigação com hipoclorito de sódio 1%, curativo intracanal com tricresol formalina e restauração provisória. Passados 7 dias, procedeu-se a segunda sessão, e observou-se que a fístula ainda estava presente, porém em remissão. Efetuou-se o preparo biomecânico dos canais radiculares por meio da técnica Crown-Down e optou-se por repetir o curativo de tricresol formalina e restauração coronária provisória. A terceira sessão foi realizada após uma semana, a fístula estava ausente, e a medicação intracanal foi substituída pelo hidróxido de cálcio com propilenoglicol, a qual foi trocada mensalmente por 120 dias. Decorrido esse período, procedeu-se a obturação dos canais radiculares com cones de gutapercha e o cimento de OZE pela técnica da condensação lateral. Mediante ao presente estudo, pôde-se concluir que: a anatomia interna do canal radicular do dens invaginatus, dificulta ainda mais o resultado final da obturação; o sucesso do tratamento não depende somente da técnica empregada, mas também, da Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 151 - colaboração do paciente, e a complementação cirúrgica para o dens invaginatus é indicada para alguns casos. Borlina, Marion e Anjos Neto (2006) abordaram, através de um relato de caso clínico, o tema da infiltração marginal coronária contribuindo para o insucesso do tratamento endodôntico, e apontaram para a necessidade de uma endodontia que vede hermeticamente os canais radiculares, bem como a qualidade, durabilidade e eficiência do material restaurador temporário e/ou definitivo. Os autores discutiram um caso clínico envolvendo o primeiro molar inferior direito (dente 46) com polpa viva, indicado para tratamento endodôntico, que após ter sido tratado endodonticamente, teve sua porção coronária restaurada provisoriamente pelo endodontista com bolinha de algodão e IRM, e sobre esta, o clínico geral (indicador), realizou uma restauração coronária definitiva em resina composta. Após um ano e quatro meses foi possível observar o aparecimento de uma imagem radiográfica na raiz mesial do referido dente, sugestiva de lesão periapical. Sendo assim, após uma análise minuciosa, deu-se início ao retratamento endodôntico, usando-se medicação tópica intracanal à base de hidróxido de cálcio com propilenoglicol por 15 dias, obturação dos canais radiculares com cimento Sealapex e restauração coronária provisória com bolinha de algodão, que desta vez foi removida pelo indicador antes do mesmo realizar a restauração coronária definitiva com resina composta. Seis meses e, um ano e três meses, após o retratamento endodôntico, foi realizado a proservação do caso, por meio da radiografia de controle, onde pode-se observar reparação periapical. Tendo por base as evidências clínicas e os achados literários, os autores concluíram que: 1- a restauração coronária definitiva deve ser realizada Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 152 - imediatamente após a obturação endodôntica ou em um curto período de tempo; 2- a restauração coronária provisória deve ser removida antes de se realiza a restauração coronária definitiva; 3- os materiais seladores provisórios ou definitivos devem ser selecionados criteriosamente, de acordo com o caso; 4- a infiltração marginal coronária é fator relevante para o insucesso endodôntico; 5ainda não se chegou a um consenso sobre o melhor material e a melhor técnica de restauração coronária definitiva, tendo em vista que nenhum dos materiais existentes possui propriedades adequadas de adesividade em longo prazo; 6- o profissional que vai executar o procedimento restaurador definitivo além de conhecimento técnico, necessita estar atualizado com as inúmeras opções de material restaurador, para poder selecionar o mais adequado ao caso. Noetzel et al. (2006) examinaram in vivo as reações inflamatórias e respostas teciduais a um cimento de fosfato tricálcico (TCP) experimental e o MTA, usados como materiais de selamento de perfuração de furca de dentes de cães. Nesse estudo foram utilizados 24 pré-molares de seis cães de diversas raças, com idade entre 2 e 4 anos. Realizou-se o acesso coronário dos dentes e procedeu-se à pulpotomia a à pulpectomia dos canais radiculares. Então, com uma broca esférica o assoalho da câmara pulpar foi perfurado na região da furca até que fosse percebida uma hemorragia. Para selar as perfurações, dois cimentos (ProRoot MTA e TCP) foram utilizados. Os cimentos foram depositados sobre as perfurações e condensados com um calcador, e na seqüência os canais foram preparados biomecanicamente e obturados com o TCP experimental. Os acessos coronários foram selados com uma resina composta quimicamente ativada. Após 12 semanas os animais foram mortos, e após o exame radiográfico Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 153 - os dentes e as estruturas adjacentes foram processados para microscopia de luz. Os resultados demonstraram que o MTA exibiu grau de inflamação significativamente menor que o TCP, porém nenhuma furca estava livre de reações inflamatórias. Inflamação moderada foi observada em 9 dos 12 casos com MTA, e somente em dois daqueles com TCP. Nenhuma diferença foi revelada ente o MTA e o TCP em termos de reorganização óssea ou deposição do tecido conjuntivo fibroso. O grau do exame radiográfico correspondeu ao grau de inflamação. Segundo os autores, as perfurações na furca dos dentes permanecem um problema tanto endodôntico quanto periodontal, com um prognóstico incerto, a despeito dos materiais modernos promissores usados, uma vez que a perda de osso e a formação de tecido conjuntivo, embora com extensões variáveis, pode ser detectada na maioria dos espécimes. Oviir et al. (2006) analisaram e compararam in vitro os efeitos do MTA cinza e branco sobre a proliferação de células epiteliais e cementoblastos. Para concretizar esse estudo foram utilizados cementoblastos Murinos imortalizados (OCCM.30) e ceratócitos imortalizados (OKF6/TERT1), cultivados sobre MTA branco e cinza após um tempo de presa de 24 horas e 12 dias. Os resultados demonstraram que o MTA branco aumentou significativamente a proliferação dos cementoblastos OCCM.30, quando comparado ao controle (sem MTA) e aos ceratócitos OKF6/TERT1. Ambos os tipos de células crescem significativamente melhor sobre a superfície do MTA branco, em comparação ao MTA cinza. Além disso, os dois tipos de células mostraram uma proliferação significativamente maior quando cultivados sobre o MTA cinza com presa de 12 dias, em comparação ao MTA cinza com 24 horas de presa. Foi possível aos autores Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 154 - concluírem que, embora esses resultados houvessem indicado que o MTA branco seja mais biocompatível do que o MTA cinza, o alto grau de biocompatibilidade com os cementoblastos demonstrados nesse estudo sugere que MTA cinza e o MTA branco podem contribuir significativamente para a regeneração do tecido após o selamento de perfuração radicular. Os autores ainda sugeriram que mais estudos deveriam também avaliar o potencial de aplicação do MTA branco e cinza em procedimentos periodontais regenerativos, devido à inibição das células epiteliais orais. VanderWeele, Schwartz e Beeson (2006) avaliaram in vitro a resistência ao deslocamento do MTA branco quando submetido à contaminação sangüínea, e avaliaram o uso de diferentes veículos em modelos de perfurações de furca. Foram usados nesse estudo 125 molares multirradiculares recém-extraídos. Os dentes foram divididos em 12 grupos experimentais, com dez dentes cada, que tiveram suas furcas perfuradas e reparadas, com e sem contaminação sangüínea, utilizando o MTA branco misturado ou com o líquido do MTA (água estéril) ou com lidocaína, ou com solução salina. Grupo com cinco dentes que não tiveram suas furcas perfuradas foram usados como controle, durante o teste de Instron. As amostras foram submetidas ao teste de Instron nos tempos experimentais de 24 ou 72 horas e 7 dias. Baseados nos resultados os autores recomendaram que a hemorragia seja controlada no local da perfuração, e o sangue seja removido de suas paredes antes da inserção do MTA branco. Esse estudo também demonstrou que o MTA branco misturado com lidocaína ou solução salina comparou-se favoravelmente à mistura com água estéril quando não contaminado com sangue. Durante a inserção da restauração final deve-se tomar cuidado para Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 155 - que forças excessivas não atuem diretamente contra o MTA. A ausência de injúrias por 7 dias antes da inserção da restauração coronária pode diminuir as chances de deslocamento. Cintra et al. (2006) realizaram um estudo in vivo para verificar as propriedades biológicas de um novo cimento de resina hepóxica, contendo hidróxido de cálcio, MBPc. Para tanto foram utilizados 48 ratos Wistar, divididos em três grupos, cujo incisivo superior direito foi extraído. Após a hemostasia dos alvéolos houve o implante de tubos de polietileno vazios no grupo controle, e no grupo 1 e no grupo 2, respectivamente, foram implantados tubos preenchidos com MTA e MBPc. Os animais foram sacrificados 7, 15 e 30 dias após o implante, sendo hemomaxilas removidas e preparadas para análise microscópica. Os resultados demonstraram que o grupo controle, no 7º e no 15º dias de observação, mostrou uma área preenchida por um tecido de granulação bem organizado com infiltrado inflamatório leve, fibroblastos jovens, poucos macrófagos e linfócitos. No 30º dia o tecido conjuntivo estava bem organizado; entretanto, o osso experimentais não mostraram estava completamente infiltrados cicatrizado. inflamatórios Os semelhantes grupos àqueles observados no grupo controle para todos os períodos de observação. Contudo, estatisticamente, diferenças significativas entre os materiais não foram observadas, indicando que esses materiais tiveram respostas biológicas semelhantes. Os autores concluíram que o MTA e o MBPc apresentaram comportamento semelhante nos alvéolos dentários com diferenças relacionadas ao tecido mineralizado, e sugeriram ainda que as propriedades biológicas do MBPc necessitam ser observadas em estudos de maior período. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 156 - Karimjee et al. (2006) compararam in vitro a biocompatibilidade do MTA branco misturado com água, ou com o gel KY, com a do cimento Fuji II, ou a do amálgama de prata. Células do PDL foram cultivadas usando-se procedimentos laboratoriais padrões. Os materiais de testes foram misturados e colocados em contato com as células do PDL. A viabilidade celular foi determinada pela mensuração da atividade enzimática mitocondrial, usando-se o ensaio de sais internos 3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl)-5-(3-carboximetoxifenil)-2-(4-sulfofenitil)-2H- tetrazolio. A citotoxidade também foi determinada, em termos de lise celular, usando-se o ensaio de dehidrogenase lactada. Os ensaios foram completados em triplicatas, após intervalos de tempo de 24, 48 e 72 horas. Extratos de todos os materiais causaram viabilidade celular significativamente menor e mais morte celular do que o controle (meio somente), em todos os pontos de tempo testados. Contudo, às 72 horas os extratos do MTA/água, MTA/KY e do amálgama levaram a uma viabilidade celular significativamente melhor do que os extratos do cimento Fuji II. Contudo, houve uma lise celular significativamente maior de todos os extratos dos materiais testados às 72 horas do que às 24 horas. Dentro das limitações desse estudo in vitro, os autores concluíram que MTA/KY, MTA/água e o amálgama têm uma biocompatibilidade semelhante em relação aos efeitos de seus extratos sobre as células do PDL, e extratos de todos os três materiais demonstram uma biocompatibilidade melhor do que extratos derivados de um CIV de resina modificado. Holland et al. (2006) estudaram in vivo a reação da polpa dental após pulpotomia e proteção pulpar com etil cianoacrilato ou MTA. Foram utilizados prémolares, caninos e incisivos de um cão adulto jovem, sem raça definida, Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 157 - totalizando 20 polpas radiculares (10 para cada grupo experimental). Após pulpotomia e contenção da hemorragia, os remanescente pulpares foram protegidos com etil cianoacrilato (Super Bonder) ou ProRoot MTA, que foram protegidos com uma camada de Dycal, e a abertura coronária foi selada com OZE. Decorridos 60 dias o animal foi morto, e as peças preparadas para análise histopatológica. Os resultados mostraram que, no geral, o MTA apresentou melhor resultado que o etil cianoacrilato. Assim, os autores concluíram que o etil cianoacrilato não deve ser empregado na proteção direta da polpa dental como uma terapêutica alternativa ao hidróxido de cálcio. Por outro lado, o MTA pode ser empregado na proteção direta da polpa dental. Mohammadi, Modaresi e Yazdizadeh (2006) avaliaram e compararam in vitro o efeito antifungicida do MTA branco e do MTA cinza, usando um teste de tubo-diluição. Os preparos de MTA foram misturados e testados após 24 horas sobre Cândida albicans. O experimento foi realizado sobre placas de cultura de 24 poços. Cinqüenta poços foram usados e divididos em quatro grupos experimentais: grupo 1- MTA branco, recentemente misturado; grupo 2- MTA cinza, recentemente misturado; grupo 3- MTA branco, com 24 horas de presa; e grupo 4- MTA cinza, com 24 horas de presa. Foram utilizados dez poços para cada grupo experimental e nos grupos controle havia cinco poços cada. Placas de ágar de Dextrose Sabouraud misturadas com C. albicans serviram como controle positivo, e placas ágar de Dextrose Sabouraud sem C. albicans serviram como controle negativo. Inóculos recentes de C. albicans foram preparados pelo crescimento da cultura durante a noite, a partir de um estoque de cultura. Alíquotas de C. albicans foram então tomadas do estoque de cultura e colocadas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 158 - no composto de ágar dos grupos controle e experimentais. Todas as placas foram incubadas a 37º C por 1, 24, e 72 horas. O crescimento de fungos foi monitorado diariamente pela presença de turvação. Os resultados mostraram que nos cimentos de MTA recentemente misturados, e com presa de 24 horas, houve crescimento de fungos durante 1 hora de incubação, enquanto com o aumento do tempo de incubação nenhum crescimento fúngico foi observado, em 24 e 72 horas. A conclusão aponta que os cimentos de MTA (recentemente misturados e com presa de 24 horas) foram efetivos contra a C. albicans. Rueda (2006) avaliou in vivo a influência da infiltração no sentido coroaápice e o comportamento biológico, por meio da reparação dos tecidos apicais e periapicais pós-tratamento de canais radiculares de dentes de cães, utilizando como material obturador um cimento resinoso à base de uretano-dimetacrilato (Endo-Rez). Foram utilizados 56 canais radiculares de dentes de cães, divididos em quatro grupos experimentais: grupo1- Endo-Rez com restauração coronária; grupo 2- SealapexTM com restauração coronária; grupo 3- Endo-Rez sem restauração coronária; e grupo 4- SealapexTM sem restauração coronária. Os canais radiculares foram instrumentados pela técnica de condensação lateral, enquanto os grupos 1 e 3 foram obturados pela técnica do cone único. Após 90 dias os animais foram mortos, e os espécimes preparados para análise histopatológica. Os resultados mostraram que os grupos 1 e 3 apresentaram semelhante infiltrado inflamatório periapical crônico de grau moderado/severo, severo aumento de espaço periodontal apical e ausência de selamento biológico apical. O grupo 4 apresentou características similares aos grupos 1 e 3. O grupo 2 apresentou infiltrado inflamatório moderado e espessamento do espaço Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 159 - periodontal apical, predominantemente leve, na maioria dos espécimes, exibindo selamento apical biológico em apenas um caso; portanto, 10% dos espécimes. Então, foi possível ao autor concluir que o cimento Endo-Rez apresentou resposta tecidual insatisfatória, tanto no grupo em que a restauração foi efetuada quanto naquele e que a cavidade oclusal permaneceu exposta ao meio bucal. Além disso, nos grupos obturados com o cimento SealapexTM a restauração coronária influenciou nos resultados histopatológicos, fato esse não observado com o cimento Endo-Rez. O tempo de presa prolongado do MTA é a principal desvantagem desse material. Estudo in vitro realizado por Nandini, Ballal e Kandaswamy (2007) analisou a influência do CIV sobre a presa do MTA usando a espectroscopia em laser Raman (LRS). Quarenta moldes de vidro ocos foram utilizados onde o MTA foi colocado. Nos espécimes do Grupo I, o MTA foi coberto com uma camada de CIV após 45 minutos. Procedimentos semelhantes foram conduzidos para os Grupos II e III, em 4 horas e 3 dias, respectivamente. Nenhum CIV foi colocado sobre os espécimes do Grupo IV, então considerados como as amostras de controle. Cada amostra foi mapeada em vários intervalos de tempo. Em cada intervalo a interface entre o MTA e o CIV também foi mapeada (excluindo-se o Grupo IV). A análise espectral provou que a colocação do CIV sobre o MTA, após 45 minutos, não afetou a reação de presa, e os sais de cálcio podem ser formados na interface desses dois materiais. Eldeniz et al. (2007) avaliaram in vitro o nível do pH e da liberação de íons cálcio exibidos por três cimentos obturadores de canais radiculares – Sealapex, Apexit, e Acroseal. Os materiais, preparados de acordo com as instruções do Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 160 - fabricante, foram colocados em tubos de 1 cm de comprimento e 4 mm de diâmetro. Os tubos foram imersos em frascos de vidro contendo 10 mL de água bidestilada (n=15), selados e armazenados a 37ºC antes que os materiais obtivessem presa. O grupo controle continha água bidestilada com tubos vazios (n=12). Em intervalos de tempo pré-determinados (24 e 96 horas, e 7, 15, e 28 dias), o pH da água bidestilada foi avaliado com um medidor de pH, e o cálcio liberado com a utilização da espectrofotometria. Os dados foram estatisticamente analisados usando-se a análise de variância de uma via para a comparação dos materiais em cada ponto no tempo. Quando a diferença foi significativa, comparações individuais foram feitas pelo teste de comparações múltiplas de Tukey (α>.05). Os resultados mostraram que o Sealapex produziu um pH maior e liberou quantias de cálcio significativamente mais altas do que os outros dois cimentos obturadores, em todos os períodos (p<.05). O Apexit mostrou uma liberação de cálcio maior do que o Acroseal ao final dos 15 dias (p<.05). Não houve diferença significativa no pH entre o Apexit e o Acroseal (p>.05). Os autores concluíram que o novo cimento obturador Acroseal apresentou menor liberação de íons de cálcio e pH do que o Sealapex, e uma liberação menor de íons de cálcio do que o obturador Apexit. Tanomaru Filho et al. (2007) avaliaram in vitro a atividade antimicrobiana de diferentes materiais para obturação do ápice radicular – Sealer 26, Sealapex com OZ, OZE, CP branco e cinza, MTA-Ângelus branco e cinza, e ProRoot MTA – contra seis diferentes cepas de microrganismos. O método de difusão de ágar foi usado. Uma camada de base foi feita usando-se o ágar MH, e poços foram feitos com a remoção do ágar. Os materiais foram colocados dentro dos poços imediatamente depois de manipulados. Os microrganismos usados foram: Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura Micrococcus luteus - 161 - (ATCC9341), Staphylococcus aureus (ATCC6538), Eschirechia coli (ATCC10538), Pseudomonas aeruginosa (ATCC27853), Cândida albicans (ATCC10231), e Enterococcus faecalis (ATCC10541). As placas foram mantidas em temperatura ambiente por 2 horas para a pré-difusão, e então incubadas a 37o C por 24 horas. Um gel de cloreto de trifeniltetrazolio 0,05% foi adicionado para otimização, e as zonas de inibição foram mensuradas. Os dados foram sujeitados aos testes de Kruskal-Wallis e Dunn, num nível de significância de 5%. Os resultados mostraram que todos os materiais tiveram atividades antimicrobianas contra todas as cepas testadas. A análise da eficácia desses materiais contra as cepas microbianas mostrou que o Sealapex com OZ, OZE e o Sealer 26 criaram halos de inibição maiores do que os cimentos baseados em MTA e Portland (p, 0,05). Com base na metodologia usada os autores concluíram que todos os cimentos obturadores endodônticos, os cimentos com base em MTA e Portland, nesse estudo, possuem atividade antimicrobiana, particularmente os obturadores endodônticos. Holland et al. (2007a) analisaram in vivo a influência dos veículos água destilada e propilenoglicol, na resposta dos tecidos apicais e periapicais de dentes de cães à obturação de canais com MTA e guta percha, realizada em dois níveis diferentes. Para execução desse estudo foram utilizadas 40 raízes de dentes de dois cães. Os dentes foram pulpectomizados, e os canais preparados biomecanicamente pela técnica mista invertida. Após o preparo biomecânico as raízes tiveram seu “platô” cementário apical arrombado até a lima k 25. Os dentes foram então obturados com o cimento ProRoot MTA e guta percha, e divididos em quatro grupos: grupo I- obturação com MTA em água destilada no limite do canal cementário; grupo II- sobreobturação com MTA em água destilada; grupo IIIobturação com MTA em propilenoglicol no limite do canal cementário; e grupo IVsobreobturação com MTA em propilenoglicol. Decorridos 90 dias os animais Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 162 - foram mortos, e os espécimes preparados para análise histomorfológica. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente. Os resultados mostraram que o MTA, com os veículos água destilada ou propilenoglicol, comportou-se de forma semelhante, independentemente do nível de obturação. As obturações no nível do canal cementário mostraram resultados superiores aos obtidos nas sobreobturações. Nos casos de sobreobturações houve uma tendência de o veículo propilenoglicol ser superior à água destilada. A pasta de MTA preparada em propilenoglicol é mais facilmente introduzida no canal radicular do que quando preparada em água destilada. Baseados nos resultados os autores concluíram que, na presente condição do estudo, o MTA em propilenoglicol entrou em contato com os fluidos do tecido conjuntivo periapical, que possui água e gás carbônico. Essa condição proporcionou a dissociação do MTA, com possibilidade de o óxido de cálcio desse material reagir com o gás carbônico dos tecidos periapicais, formando o carbonato de cálcio sob a forma de calcita, isso porque tanto o MTA em água destilada quanto em propilenoglicol proporcionaram, nesse trabalho, 80% dos casos com selamento biológico do forame do canal principal por cemento neoformado. Os autores ainda afirmaram que os dados observados com o MTA associado ao propilenoglicol são animadores, principalmente quando se pensa em empregar, futuramente, o MTA como material obturador de canal. Evidentemente outros detalhes, tais como a remoção desse material obturador do interior do canal, necessitam ser mais bem analisados futuramente. Yoshimini, Ono e Akamine (2007) compararam os efeitos de três materiais de obturação do ápice radicular: MTA, resina 4-META/MMA-TBB (Super Bonder), o IRM na adesão e proliferação de osteoblastos, e a formação de matriz. As células MC3T3-E1 foram inoculadas sobre os espécimes do material após ser manipulado e ter tomado presa. O número de células aderidas a cada material foi avaliada às 6 horas e aos 3 dias de incubação usando-se o corante Hoechst Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 163 - 33258 sob um microscópio de fluorescência. Além disso, no 21º dia da cultura as áreas em contato com cada superfície do material foram observadas nos níveis microscópicos de luz e eletrônico. As células cultivadas que aderiram ao MTA e ao Super Bonder proliferaram significativamente entre 6 horas e 3 dias de cultura. Além disso, no 21º dia elas produziram uma camada espessa de matriz diretamente sobre as superfícies do material. Em contraste, o número de células que aderiram ao IRM diminuiu significativamente com o tempo. O formato dessas células era redondo na aparência, e nenhuma formação de matriz foi encontrada. Esses resultados sugerem que o MTA e o Super Bonder têm boa biocompatibilidade e permitem que células de formação de tecido duro criem uma camada de matriz, o que pode aumentar a regeneração do tecido apical. Holland et al. (2007b) avaliaram in vivo o processo de cicatrização de reparo de perfurações laterais contaminadas e não-contaminadas obturadas com MTA, e o efeito de previamente obturar as perfurações contaminadas com um agente antibacteriano (pasta de hidróxido de cálcio). Trinta perfurações radiculares laterais foram preparadas em dentes de cães tratados endodonticamente, assim formando três grupos com dez espécimes em cada. Grupo I- as perfurações foram imediatamente obturadas com MTA; grupo II- as perfurações foram deixadas abertas por 7 dias e então obturadas com MTA; grupo III- as perfurações foram deixadas abertas por 7 dias, obturadas temporariamente com uma pasta à base de hidróxido de cálcio por 14 dias e então obturadas com MTA. Os animais foram mortos após 90 dias, e as peças preparadas para análise histopatológica. A análise estatística mostrou que o grupo I exibiu um reparo significativamente melhor do que os grupos II (p<.05) e III (p<.05), o que valida os resultados superiores obtidos quando o MTA foi Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 164 - imediatamente usado para obturar perfurações radiculares. Os Grupos II e III tiveram um reparo estatisticamente semelhante (p>.05). Os autores concluíram que perfurações radiculares laterais obturadas com MTA, após a contaminação, apresentaram um reparo pior do que perfurações não contaminadas e imediatamente obturadas. A obturação temporária com um agente bactericida (pasta à base de hidróxido de cálcio) não melhorou o reparo das perfurações expostas à contaminação. Panzarini et al. (2007) analisaram o MTA como um material de obturação do canal radicular para a reimplantação imediata de dentes de macaco. Foram utilizados quatro macacos capuchinhos adultos Cebus apella, que tiveram os seus incisivos laterais mandibulares e maxilares, em ambos os lados, extraídos e reimplantados depois de 15 min. Durante o período extra-alveolar, os dentes foram mantidos em solução salina, e depois da reimplantação a retenção foi realizada com um fio de aço inoxidável e uma resina composta, por 14 dias. Depois de 7 dias, os dentes reimplantados foram submetidos a tratamento endodôntico com preparo biomecânico até a lima k 30, e foi feita irrigação dos canais com uma solução saturada de hidróxido de cálcio. Foram então divididos em dois grupos: grupo I- canal radicular obturado com uma pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol; e grupo II- canal obturado com MTA. Uma seqüência radiográfica foi realizada aos 30, 60 e 90 dias; e depois de 180 dias os animais foram mortos e os espécimes processados para a análise histopatológica. Os resultados revelaram que a maioria dos espécimes de ambos os grupos apresentou um ligamento periodontal organizado sem nenhuma inflamação. As reabsorções observadas foram reabsorções de superfície, que haviam sido reparadas pelo cemento. Os autores concluíram que o MTA e o hidróxido de cálcio em propilenoglicol foram bons materiais de obturação para os dentes Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Revisão da Literatura - 165 - imediatamente reimplantados, fornecendo um bom reparo e também permitindo a obturação biológica de alguns canais laterais. Leonardo et al. (2007) avaliaram in vivo a resposta tecidual perirradicular depois da obturação do canal radicular com o sistema Epiphany/Resilon, comparado com uma nova formulação do SealapexTM e guta percha, em dentes de cães sem ou com restauração coronária. Foram utilizados 60 canais radiculares com polpa vital de três cães, que após o preparo biomecânico foram divididos em quatro grupos: Grupo I- obturação com Epiphany/Resilon, com restauração coronária; Grupo II- obturação com o novo SealapexTM e cones de guta percha, com restauração coronária; Grupo III- obturação com Epiphany/Resilon, sem restauração coronária; Grupo IV- obturação com o novo SealapexTM e cones de guta percha, sem restauração coronária. As cavidades coronárias, quando seladas, foram tratadas com Vitremer e amálgama de prata. Decorridos 90 dias os animais foram mortos, e as peças processadas para análise histopatológica. Os resultados demonstraram que os canais radiculares obturados com Epiphany/Resilon, sem restauração coronária, tiveram significativamente menos inflamação perirradicular do que os canais obturados com guta percha e SealapexTM, com restauração coronária (p=0,021). Nenhuma diferença significativa foi observada na intensidade de inflamação entre os canais radiculares obturados com Epiphany/Resilon sem restauração, e raízes obturadas com guta percha e SealapexTM com restauração (p=0,269). Canais obturados com guta percha e SealapexTM sem restauração coronária mostraram maior grau de inflamação perirradicular. Baseados nos resultados os autores concluíram que o sistema Epiphany/Resilon forneceu uma obturação melhor do sistema de canal radicular in vivo do que guta percha e cimento SealapexTM. Concluíram ainda que esse estudo mostrou a importância da restauração coronária na prevenção de reações teciduais perirradiculares desfavoráveis. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 3 PROPOSIÇÃO Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 3 PROPOSIÇÃO Em decorrência do exposto na introdução e na revisão da literatura, é propósito deste estudo comparar in vivo o processo de reparo de dentes de cães após biopulpectomia e obturação dos canais radiculares com os cimentos Sealapex™ ou MTA manipulado com propilenoglicol, associados ao efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróide-antibiótico. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 4 MATERIAIS E MÉTODOS Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 4 MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 PROCEDIMENTOS INICIAIS A parte experimental deste trabalho foi realizada no CEMA (Centro de Experimentação em Modelos Animais) da UNIMAR (Figura 1), e os procedimentos laboratoriais de processamento das peças e lâminas para análise histológica foram realizados no Laboratório de Pesquisa da disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. FIGURA 1: CEMA (Centro de Experimentação em Modelos Animais) da UNIMAR Todos os procedimentos experimentais executados durante a realização deste trabalho obedeceram aos princípios éticos na experimentação animal Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 170 - adotados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA), e aprovados em sessão de 18/05/2006 pelo Comitê de Ética em Pesquisa Humana e Animal (CEPHA) da Universidade de Marília – UNIMAR (Anexo A). Durante todo o período experimental, os animais ficaram instalados em celas especiais, bem limpas e ventiladas (Figura 2), recebendo alimentação à base de ração Special Dog (Manfrin Industrial e Comércio LTDA. Santa Cruz do Rio Pardo – SP) e água potável ad libitum. Semanalmente os animais foram inspecionados clinicamente, não tendo sido constatadas anormalidades. FIGURA 2: Vista panorâmica parcial do canil da UNIMAR Para maior segurança, a fim de evitar acidentes e complicações transoperatórias, aproximadamente 12 horas antes dos procedimentos de anestesia geral e operatório os animais eram submetidos a jejum, voltando a ser alimentado somente após seu restabelecimento pós-operatório. O tipo de estudo adotado para a presente pesquisa é definido como estudo experimental de boca dividida (Split Mouth) (SUSIN e RÖSING, 2004) em Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 171 - dentes de cães, sendo que para este experimento foram selecionados dois cães adultos jovens, fêmeas, sem raça definida, da mesma ninhada, com idade média próxima a 2 anos e com peso aproximado de 10 a 15 kg (Figuras 3A e 3B), do canil da UNIMAR, devidamente vacinados, medicados, com bom estado de saúde e sem complicações sistêmicas. Os dentes dos dois cães selecionados para a concretização deste experimento foram: 04 incisivos centrais superiores (4 raízes) (Figura 3C) 04 incisivos mediais superiores (4 raízes) 04 segundos pré-molares superiores (8 raízes) 04 terceiros pré-molares superiores (8 raízes) (Figura 3D) 04 terceiros pré-molares inferiores (8 raízes) 04 quartos pré-molares inferiores (8 raízes) No total, foram selecionados 24 dentes e 40 raízes, divididos em quatro grupos experimentais. Com a finalidade de observar as condições dos dentes selecionados foram feitas tomadas radiográficas periapicais com a utilização de um aparelho de raios-X odontológico espectro II (Dabi Atlante – Indústria Médico Odontológica LTDA – Lagoinha – Ribeirão Preto – SP) com 60 KVp, e tempo de exposição de 0,5 segundo. O filme radiográfico utilizado foi Agfa Dentus M2 Speed E/F (Agfa-Geavert N.V., Mortsel – Bélgica), e o processamento de revelação foi realizado em câmara escura portátil (Odontologic Indústria e Comércio LTDA – São Paulo – SP), por meio do método de tempo x temperatura. A técnica da tomada radiográfica periapical, foi a Técnica da Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 172 - Bissetriz (Figura 3E). Para analisar canais radiculares e tecidos periapicais essas radiografias serviram como radiografias iniciais do tratamento (Figuras 3F e 3G). FIGURA 3: A- Cão 1; B- Cão 2; C- Incisivos centrais e mediais anteriores; D- Segundos, Terceiros e Quartos Pré-molares superiores e inferiores; E- Película em posição para tomada radiográfica; F- Radiografia dos incisivos; G- Radiografia dos Pré-molares Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 173 - Em todas as sessões, para que pudesse ser realizado o ato cirúrgico os animais foram anestesiados com uma injeção intramuscular (Figura 4A), constituída pela combinação dos seguintes ingredientes: sulfato de xilazina (Dopaser® – Laboratório Calier S.A. – Barcelona – Espanha), na dosagem de 0,05 mL/kg, e cloridrato de tiletamina e cloridrato de zolazepan (Zoletil® 50 – Virbac do Brasil, Indústria e Comércio LTDA, São Paulo – SP), na dosagem de 0,2 mL/kg (Figura 4B). Quando necessário houve suplementação anestésica com ¼ da dosagem inicial, endovenosamente, a fim de manter o efeito anestésico durante todo o período operatório, sempre observando os sinais vitais e reflexos do animal. Realizou-se a depilação da pata posterior com o auxílio de uma tesoura e um barbeador Probak II (Gilette do Brasil LTDA – Manaus – Amazonas) (Figura 4C) para se obter um vaso acessível e mantê-lo canulado com um scalp n°21 (Sondoplastic Materiais Médicos Hospitalares – Brasil) (Figura 4D), por onde se administrou uma solução de Ringer com Lactato de Sódio (JP Indústria Farmacêutica S.A., Ribeirão Preto – SP) (Figura 4E) durante todo o período operatório, para manter o animal hidratado (Figura 4F) e também facilitar a administração suplementar do anestésico (Figura 4G). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 174 - FIGURA 4: A- Injeção intramuscular na coxa do cão; B- Drogas utilizadas para anestesiar os cães; C- Depilação da pata do cão; D- Colocação do scalp; E- Solução de Ringer; F- Animal sendo hidratado; G- Complementação anestésica no scalp Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 175 - Todo o instrumental clínico utilizado (limas, brocas, espelhos, pinças, espaçadores, calcadores, etc), bem como gaze, algodão e campos de tecido de algodão foram autoclavados (Tuthnauer 2340 EK SISMED AD – Com. Assist. Técnica LTDA, São Paulo – SP) a 134ºC durante 13 minutos, no Laboratório de Endodontia da Faculdade de Odontologia da UNESP de Araçatuba. Os materiais termo-sensíveis foram desinfectados em solução de hipoclorito de sódio 2,5% (Laboratório de Endodontia da UNESP – Araçatuba – SP) antes de serem utilizados. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos 4.2 - 176 - FORMAÇÃO DOS GRUPOS Para realizar o tratamento endodôntico deste experimento foram selecionados dois cimentos obturadores: Sealapex™ (SybronEndo (SDS)/Glendora, C.A – EUA), com recentes alterações na fórmula original feita pelo fabricante (Figura 5), e MTA (ProRoot™MTA – Dentsply – Tulsa Dental – USA) (Figura 6), manipulado com propilenoglicol PA (CAQ – Casa da Química Ind. e Com. LTDA) (Figura 7), cujas composições e fórmulas, de acordo com os fabricantes, encontram-se a seguir: Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 177 - FIGURA 5: Sealapex™ (SybronEndo – SDS) QUADRO 1: Composição química aproximada do cimento Sealapex™ 1 Dados extraídos da bula do produto. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 1 Materiais e Métodos - 178 - FIGURA 6: ProRoot ™ MTA (Dentsply) QUADRO 2: Composição química do ProRoot™ MTA2 2 Dados extraídos do PRO ROOT MTA: material reparador de canais radiculares. S.l.: Dentsply Indústria e Comércio, 1998. CD-ROM Institucional. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 179 - FIGURA 7: Propilenoglicol PA (CAQ – Casa da Química Ind. e Com. LTDA.) QUADRO 3: Especificações técnicas do Propilenoglicol3 3 LIDE (1996/1997), e também do rótulo do produto. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 180 - O curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin® FQM – Farmoquímica S/A. Rio de Janeiro – RJ) (Figura 8) foi selecionado com base nos resultados de alguns trabalhos experimentais (HOLLAND et al., 1980b, 1981b; SOUZA et al., 1981). A finalidade do uso de tal curativo de demora é que permite a neoformação de um coto pulpar, pela invaginação do tecido conjuntivo periodontal, através do canal principal do delta apical, dotando o ápice dos dentes dos cães de um canal principal com um aspecto mais próximo ao do dente humano. Sua composição, de acordo com o fabricante, encontra-se no Quadro 4: Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 181 - FIGURA 8: Otosporin® (FQM – Farmoquímica SA) QUADRO 4: Composição química do Otosporin® por mL4 Os dentes selecionados foram divididos em quatro grupos experimentais: Grupo I (G1) – sem curativo de demora + Sealapex™; Grupo II (G2) – sem curativo de demora + MTA com Propilenoglicol; Grupo III (G3) – com curativo de demora + Sealapex™; Grupo IV (G4) – com curativo de demora + MTA com Propilenoglicol. 4 Dados extraídos da bula do produto. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 182 - Os grupos foram tratados em duas sessões (G3 e G4) e em uma sessão (G1 e G2). A obturação dos canais radiculares foi efetuada em sistema de rodízio, de forma que em um mesmo animal fossem testados todos os grupos experimentais. Quando foram realizadas duas sessões (G3 e G4), os dentes que compreendiam esses grupos foram abertos na primeira sessão, preparados biomecanicamente e em seguida foi colocado o curativo de demora (Otosporin®). Na segunda sessão o curativo de demora foi removido, procedendo-se à obturação dos canais radiculares com os devidos cimentos. Ainda nessa sessão, os dentes que compreendiam o grupo de sessão única (G1 e G2) foram abertos, preparados biomecanicamente, e os canais radiculares imediatamente obturados. Um resumo dos procedimentos dos quatro grupos experimentais está contido no Quadro 5, a seguir. QUADRO 5: Resumo dos procedimentos nos quatro grupos experimentais Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos 4.3 - 183 - PROCEDIMENTOS ENDODÔNTICOS O tratamento endodôntico nos dois grupos experimentais (G3 e G4) foi realizado em duas sessões. Na primeira sessão, após a anestesia do animal foi feita a delimitação do campo operatório com um campo de tecido de algodão fenestrado e estéril (Figura 9A). Quando necessário, foi realizada a remoção do tártaro das coroas clínicas dos dentes por meio de raspagem com curetas periodontais (Maxter – Marília – SP) e polimento com pasta profilática (Pasta Herjos – Viagodent) e taça de borracha (KG Sorensen Indústria e Comercio LTDA – Barueri – SP) (Figura 9B). Realizou-se após a antissepsia da cavidade oral com o auxílio de um chumaço de algodão embebido em polivinilpirrolidona iodado (PVP- I – Laboridine tópico – Glicolabor Indústria Farmacêutica LTDA – Canoas – RS) (Figura 9C). Após esses cuidados iniciais, e para dar seguimento ao tratamento endodôntico, procedeu-se à instalação do isolamento nos dentes pré-molares com dique de borracha (Madeitex Indústria e Comércio de Artefatos de Látex LTDA. São José dos Campos – SP) montado no arco de Young (Farbe – Produtos Odontológicos LTDA). Foram feitas marcações no dique de borracha indicando a posição dos dentes a serem tratados. Essas marcações foram perfuradas por uma pinça perfuradora (Golgran Ind. Com. Instr. Odontológicos LTDA – São Paulo – SP). Procedeu-se, então, à instalação do dique com o auxílio de grampos de isolamento para pré-molares humanos (Ivory – SS White – USA), e pinça porta-grampos (Golgran Ind. Com. Instr. Odontológicos LTDA – São Paulo – SP). Quando necessário, nas margens entre a gengiva e o dique foi aplicado o éster de cianoacrilato (Super Bonder – Henkel Lactill Adesivos LTDA, Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 184 - Itapevi – SP) (Figura 9D) para prevenir a infiltração de saliva. Nos dentes anteriores (incisivos) o isolamento foi realizado sem o uso dos grampos. Dessa forma, os dentes foram isolados com a aplicação da cola Super Bonder entre o dique de borracha e a mucosa gengival (Figura 9E). Procedida a instalação do dique de borracha, foi realizada a antissepsia do campo operatório com solução de PVP-I (Figura 9F). FIGURA 9: A- Delimitação do campo operatório; B- Antissepsia com taça de borracha; C- Antissepsia da cavidade oral; D- Isolamento, com dique de borraca, dos pré-molares; E- Isolamento, com dique de borracha, dos incisivos; F- Antissepsia do campo operatório Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 185 - Na seqüência foram feitas aberturas coronárias com exposição pulpar dos dentes em questão, com o auxílio de pontas carbide n.1557 (JET-Beavers Dental – Canadá) acionada em alta rotação e refrigerada a ar e água (Figura 10A). Nos incisivos centrais e mediais superiores a abertura coronária foi realizada no terço cervical da face vestibular (Figura 10B). Nos pré-molares superiores e inferiores, as aberturas coronárias se deram pela face oclusal, por meio de duas vias de acesso, sendo uma para o canal mesial e outra para o canal distal, preservando-se a cúspide do dente com o objetivo de manter a normalidade do ato mastigatório e de prevenir eventuais fraturas coronárias (Figura 10C). Após a abertura coronária, as polpas foram removidas com o auxílio de extirpa-nervos (Maillefer Instruments – S.A – Ballaigues, Switzerland) de dimensões apropriadas (Figuras 10D e 10E). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 186 - FIGURA 10: A- Abertura coronária; B- Abertura coronária com exposição pulpar dos incisivos; C- Abertura coronária com exposição pulpar dos pré-molares; D- Pulpectomia dos incisivos; E- Pulpectomia dos pré-molares Imediatamente após a pulpectomia, abundantes irrigações com solução fisiológica (JP Industrial Farmacêutica S.A. – Ribeirão Preto – SP) foram efetuadas. Procedeu-se, então, à exploração do canal radicular e à odontometria para a detecção do limite canal-dentina-cemento (CDC), por meio da introdução de uma lima k (Maillefer Instruments S.A. – Ballaigues, Switzerland) de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 187 - dimensões compatíveis, até que, pela sensibilidade tátil, fosse localizada a barreira cementária a qual se localiza, geralmente, de 1 a 2 mm do ápice radicular que abriga o delta apical (Figuras 11A e 11B). As limas eram mantidas na posição e confirmava-se radiograficamente a odontometria, obtendo-se assim o comprimento real do dente (CRD) e, conseqüentemente, o comprimento real de trabalho (CRT) (Figuras 11C e 11D). FIGURA 11: A- Realização da odontometria dos incisivos; B- Realização da odontometria dos pré-molares; C- Radiografia de odontometria dos incisivos; D- Radiografia de odontometria dos pré-molares Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 188 - Na seqüência, procedeu-se ao preparo biomecânico por meio da Técnica Mista Invertida, preconizada por Holland et al. (1991a). Dessa forma, a instrumentação teve início com o emprego dos ampliadores de orifício (Maillefer Instruments – S.A. – Ballaigues – Switzerland) números 1, 2, 3, que alargaram o terço cervical do canal (Figura 12A), seguindo-se o uso das brocas Gates Glidden (Maillefer Instruments – S.A. – Ballaigues – Switzerland) números 3, 2, 1, respectivamente, que ampliaram o terço médio do canal (Figura 12B). Com limas k ampliou-se o terço apical até a lima K 55 no limite CDC, finalizando-se a seqüência do preparo com o emprego de limas Hedströen (Maillefer Instruments – S.A. – Ballaigues – Switzerland) com recuo anatômico natural e progressivo. Finalizado o preparo biomecânico, procedeu-se ao arrombamento da barreira cementária apical com alargador mecânico (Antaeos – Suíça) n.1, acionado em baixa rotação (Figuras 12C e 12C1). A seguir, fez-se ampliação manual do canal cementário com limas k 15 a 25, dando, assim, origem ao forame principal. Dessa forma, o ápice dos dentes ficou com um forame principal de dimensão padronizada, e forames secundários menores, correspondentes aos pequenos canais do delta apical (Figura 17). Durante todo o preparo dos canais foram realizados abundantes e freqüentes irrigações com solução fisiológica (JP Indústria Farmacêutica S.A., Ribeirão Preto – SP), levada ao interior dos canais por uma seringa descartável (Injex – Indústrias cirúrgicas LTDA – Ourinhos – SP) com capacidade de 5 mL e uma agulha hipodérmica BD n.4 (Becton – Dickinson Indústrias Cirúrgicas LTDA – Juiz de Fora – MG), sem bisel e pré-curvada. A aspiração foi feita com sugador metálico (Golgran – Ind. Com. Instr. Odontológicos LTDA – São Paulo – SP) e Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 189 - uma cânula aspiradora BD n.20 (Golgran – Ind. Com. Instr. Odontológicos LTDA – São Paulo – SP) (Figura 12D). Assim, a cada mudança de instrumento foi feita irrigação/aspiração com 2 mL da solução irrigadora. FIGURA 12: A- Abertura com ampliador de orifício; B- Abertura com broca de Gates Glidden; C- Arrombamento da barreira cementária com alargador mecânico; C1- Representação esquemática do arrombamento da barreira cementária com alargador mecânico; D- Irrigação/aspiração da solução irrigadora Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 190 - Concluído todo o preparo biomecânico, a lima k 25 foi utilizada em todo o CRT para remoção de possíveis raspas de dentina e resíduos acumulados na região da abertura foraminal, em decorrência do preparo biomecânico. Após, os canais foram novamente irrigados, aspirados e secos com cones de papel absorvente (Dentsply – Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) esterilizados e de calibre adequado. Então, foram inundados os canais com solução de EDTA trissódico 17% (Laboratório da disciplina de Endodontia da UNESP de Araçatuba – SP) pelo tempo de 3 minutos, com a finalidade de remover o lodo dentinário, ou smear layer. Após esse período realizou-se uma última irrigação com solução fisiológica e novamente procedeu-se à aspiração e secagem dos canais com cones de papel absorvente. Nos grupos G3 e G4 os canais foram preenchidos com o curativo de demora à base de corticosteróide-antibiótico (Otosporin® – FQM Farmoquímica S/A. Rio de Janeiro – RJ) (Figura 13B). O excesso foi removido com uma bolinha de algodão estéril, e a medicação foi mantida em posição no interior do canal com o auxílio de um cone de papel absorvente (HOLLAND et al., 1980b). O medicamento foi levado ao interior dos canais radiculares com o auxílio de uma seringa tipo carpule (Dulflex – S.S. White artigos dentários LTDA – Juiz de Fora – MG) e agulha BD 30G curta descartável (Becton Dickinson Indústria Cirúrgica LTDA – Juiz de Fora – MG) (Figura 13A). A medicação de corticosteróide-antibiótico foi acondicionada previamente em tubetes de anestésicos vazios esterilizados. Procedeu-se ao selamento coronário com guta percha em bastão (Dentsply Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) (Figura 13C) e cimento à base de OZE (SS White Artigos Dentários – RJ) (Figura 13D). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 191 - Esses grupos experimentais permaneceram com o curativo de demora por 7 dias. FIGURA 13: A- Preenchimento do canal com Otosporin®; B- Canal preenchido com Otosporin; C- Selamento com guta percha; D- Dente com restauração provisória Decorridos 7 dias realizou-se a segunda sessão para os grupos experimentais (G3 e G4). Os animais foram novamente anestesiados, os dentes isolados, e foi realizada antissepsia do campo operatório, conforme descrições feitas na sessão anterior. A remoção dos selamentos coronários provisórios foi realizada com o auxílio de uma broca diamantada cilíndrica 1090 (KG – Sorensen – Indústria e Comércio LTDA – Barueri – SP), e a remoção do cone de papel foi feita com o auxílio de extirpa-nervo de calibre compatível. A medicação Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 192 - intracanal foi removida com irrigação/aspiração de solução fisiológica. Então, procedeu-se à secagem dos canais. Realizou-se seleção e prova do cone principal de guta percha (Dentsply Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) de acordo com o diâmetro do último instrumento empregado no CRT durante o preparo biomecânico, confirmando-se radiograficamente. Para os dentes do G3, a obturação foi feita com o cimento obturador Sealapex™, espatulado em consistência pastosa e acrescido de iodofórmio (Quimidrol Com. Ind. Imp. LTDA) na proporção de 3:1 (Figura 14A). O cimento foi levado para o interior do canal radicular envolvendo o cone principal selecionado e também através dos cones de guta percha secundários (Dentsply Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) (Figura 14B), seguindo-se a condensação lateral ativa com espaçadores palmo-digitais (Maillefer Instruments – S.A. – Ballaigues, Switzerland), até que fosse obtida a completa obturação do canal radicular. Para os dentes do G4, a obturação foi feita com MTA manipulado com propilenoglicol PA (CAQ – Casa da Química Ind. e Com. LTDA) também em consistência pastosa a ponto de fio, na proporção de 1gr de MTA para 0,4mL de propilenoglicol (Figuras 14C, D, E, F), sendo o cimento levado ao canal da mesma forma descrita para o Sealapex™. Concluídas as obturações dos canais (Figuras 14G e 14H), procedeu-se ao exame radiográfico para constatar a eficiência da obturação, e então os cones de guta percha foram seccionados com um hollemback n.3S (Golgran Indústria e Comércio de Instrumentos Odontológicos – São Paulo – SP) pré-aquecido, à altura da entrada dos canais (Figura 14I). Com um condensador tipo Paiva (Golgran Indústria e Comércio de instrumentos Odontológicos – São Paulo – SP) foi Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 193 - realizada a condensação vertical do material obturador (Figura 14J). Na seqüência fez-se a limpeza da cavidade de acesso com mechas de algodão esterilizadas, umedecidas em álcool, e restauração coronária definitiva com IRM® (Dentsply Indústria e Comércio LTDA – Petrópolis – RJ) e amálgama de prata (SS White Artigos Dentários LTDA) (Figuras 14K e 14L). Dessa maneira, deu-se por encerrado o tratamento endodôntico dos grupos experimentais G3 e G4. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 194 - FIGURA 14: A- Sealapex™ sendo manipulado; B- Sealapex™ sendo levado ao canal; CMTA sendo manipulado; D- MTA envolvendo o cone principal na espátula; EMTA sendo levado ao canal; F- Cone principal + cone secundário + espaçador no pré-molar; G- Grupos de incisivos com MTA e Sealapex™; HGrupos de pré-molares com MTA e cones de guta percha obturando o canal; I- Hollemback 3S cortando os cones; J- Condensando a obturação; K- Dentes com restauração definitiva em amálgama; L- Radiografia final de obturação Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 195 - Procedeu-se, a seguir, à realização do tratamento endodôntico dos grupos 1 e 2, realizados em sessão única. Todos os procedimentos de antissepsia do campo operatório, abertura coronária, odontometria, preparo biomecânico dos canais, arrombamento da barreira cementária, irrigação/aspiração, inundação dos canais com EDTA trissódico 17% por 3 minutos, irrigação final com soro fisiológico e secagem dos canais, seleção dos cones principais, cimentos obturadores, condensação lateral, condensação vertical e restauração definitiva foram os mesmos adotados para os grupos 3 e 4. Os animais foram acompanhados por um período de 90 dias após a obturação dos canais radiculares, e decorrido esse período os 2 animais sofreram processo de eutanásia, por meio de uma overdose da solução anestésica. As maxilas e mandíbulas (Figura 15) foram separadas do restante do crânio por seccionamento, dissecadas com auxílio de um bisturi, lavadas em água corrente e fixadas em solução de formalina a 10% tamponada em pH neutro (Laboratório de Pesquisa da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP) por um período de 48 horas. FIGURA 15: Maxila e mandíbula dissecadas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos 4.4 - 196 - PROCEDIMENTOS LABORATORIAIS 4.4.1 Processamento Histológico: Fixação, Desmineralização, Inclusão, Microtomia e Coloração Passado o período de 48 horas as peças foram lavadas em água corrente por 12 horas e após desmineralizadas em solução de ácido fórmico (Reagen Quimibras Indústria Química S.A. – Rio de Janeiro – RJ) e citrato de sódio (Reagen Quimibras Indústria Química S.A. – Rio de Janeiro – RJ), em partes iguais, por aproximadamente 3 meses (MORSE, 1945) (Figura 16A). Foi considerado finalizado o processo de desmineralização quando os dentes apresentavam-se com consistência borrachóide (de cartilagem), de maneira que permitisse corte no micrótomo para tecido mole, e também quando radiografados não era possível observar imagem radiopaca na radiografia. Logo após esse período os dentes foram separados das maxilas e mandíbulas individualmente (Figuras 16B e C), diafanizados, incluídos em parafina (Figura 16D) e cortados seriadamente com 6 µm de espessura no sentido longitudinal (Figura 16E e F). A maioria dos cortes obtidos (Figura 16G) foram corados com hematoxilina e eosina (HE), segundo as orientações de Lillie (1954) para realizar a avaliação histomorfológica (Figuras 16 H,I). Alguns cortes foram corados pelo método de Brown e Brenn, segundo o protocolo de Taylor (1966), para avaliação histomicrobiológica (Figura 16J). A quantidade de cortes corados por HE ou por Brown e Brenn é feita de acordo com o objetivo do trabalho; por isso, neste trabalho foram corados em média 80% dos cortes com HE e 20% com Brown e Brenn. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 197 - FIGURA 16: A- Maxila e mandíbula desmineralizadas; B- Dente sendo separado da maxila; C- Dente sendo preparado para inclusão na parafina; D- Dente incluído na parafina; E- Corte seriado; F- Cortes sendo preparados para serem montados nas lâminas; G- Cortes nas lâminas; H- Máquina corando por HE; I- lâmina corada por HE; J- lâmina corada pelo método de Brown e Brenn Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos 4.5 - 198 - CRITÉRIOS EMPREGADOS PARA A ANÁLISE HISTOMORFOLÓGICA E HISTOMICROBIOLÓGICA FIGURA 17: Representação esquemática do dente trabalhado Cortes histológicos seriados intercalados foram corados pelo método de Brown e Brenn para a evidenciação de bactérias, no sistema de canais radiculares e nas regiões apical e periapical. Os valores obtidos foram analisados por meio de um item distinto (presença de bactérias). Para se fazer a análise histomorfológica adotou-se o método semiquantitativo de avaliação microscópica, cuja análise dos resultados foi realizada avaliando-se as condições histomorfológicas e histopatológicas das estruturas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 199 - examinadas em itens distintos (num total de 16), atribuindo-se magnitudes registradas sob a forma de escores de 1 a 4, em que 1 corresponde ao melhor resultado e 4 ao pior resultado, sendo os escores 2 e 3 equivalentes às posições intermediárias (HOLLAND et al., 2005b, 2007a). Assim sendo, com o intuito de facilitar a atribuição dos referidos escores e tornar esse ato o menos subjetivo possível, o terço apical da raiz do dente foi subdividido em quatro segmentos, da seguinte forma: no ponto em que se inicia a circunferência apical foi traçada uma linha (1-5) perpendicular ao longo eixo do dente; a seguir, traçou-se uma linha (3) perpendicular à anterior, dividindo a porção apical em duas partes iguais. Os dois ângulos de 90º obtidos foram divididos ao meio pelas linhas 2 e 4, constituindo, assim, quatro segmentos iguais (SANT’ANNA JÚNIOR, 2001) (Figura 18). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 200 - FIGURA 18: Locais pré-estabelecidos em que foram efetuadas as medidas das espessuras do cemento neoformado e do ligamento periodontal. Além disso, os quatro segmentos obtidos foram utilizados para avaliar a organização do ligamento periodontal: Pontos 1 a 5 - locais do início da circunferência apical; Ponto 3 - local correspondente ao vértice apical; Pontos 2 e 4 - locais correspondentes, respectivamente, às distâncias médias entre os Pontos 1 e 3 e os Pontos 3 e 5 Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 201 - Após a definição desses pontos, para se fazer a realização das leituras foram avaliados os seguintes detalhes: 1 – espessura do cemento neoformado; 2 – extensão do cemento neoformado; 3 – selamento biológico dos canais do delta apical por cemento neoformado; 4 – selamento biológico do canal principal por cemento neoformado; 5 – reabsorção do cemento pré-existente; 6 – reabsorção do tecido ósseo; 7 – presença de bactérias; 8 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical agudo; 9 – extensão do infiltrado inflamatório periapical agudo; 10 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical crônico; 11– extensão do infiltrado inflamatório periapical crônico; 12 – espessura do ligamento periodontal; 13 – organização do ligamento periodontal; 14 – limite da obturação; 15 – presença de detritos; 16 – presença de células gigantes. A seguir, serão detalhadas as condições correspondentes aos respectivos escores para cada um dos 16 itens considerados. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 202 - 4.5.1 Critérios para Atribuições de Escores ao Item Cemento 4.5.1.1 Quanto ao cemento neoformado 4.5.1.1.1 Espessura do cemento neoformado A média das mensurações efetuadas nos quatro segmentos considerados define a espessura do cemento neoformado. 1 – acima de 60 µm; 2 – de 20 a 59 µm; 3 – de 1 a 19 µm; 4 – ausência de cemento neoformado. 4.5.1.1.2 Extensão do cemento neoformado 1 – cemento neoformado depositado nas áreas de reabsorção ou recobrindo o cemento pré-existente; 2 – cemento neoformado repara mais de 1/3 das áreas de reabsorção; 3 – cemento neoformado repara até 1/3 das áreas de reabsorção; 4 – nenhum cemento neoformado repara as áreas de reabsorção. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 203 - 4.5.1.1.3 Selamento biológico dos canais do delta apical por cemento neoformado 1 – selamento completo de todos os canais (Figura 19); 2 – selamento completo da maioria dos canais (Figura 20); 3 – selamento completo de poucos canais (Figura 21); 4 – ausência de selamento biológico (Figura 22). FIGURA 19: Representação esquemática do selamento biológico completo de todos os canais do delta apical Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 204 - FIGURA 20: Representação esquemática do selamento biológico completo na maioria dos canais do delta apical FIGURA 21: Representação esquemática do selamento biológico completo em poucos canais do delta apical Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 205 - FIGURA 22: Representação esquemática da ausência do selamento biológico nos canais do delta apical 4.5.1.1.4 Selamento biológico do canal principal apical por cemento neoformado 1 – selamento biológico completo (Figura 23); 2 – selamento biológico parcial: pequena comunicação entre o ligamento periodontal e o interior do canal (Figura 24); 3 – deposição de cemento nas paredes laterais do canal principal (Figura 25); 4 – ausência de cemento neoformado junto ao canal principal (Figura 26). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 206 - FIGURA 23: Representação esquemática do selamento biológico completo do canal principal FIGURA 24: Representação esquemática do selamento biológico parcial do canal principal Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 207 - FIGURA 25: Representação esquemática da deposição de cemento apenas nas paredes laterais do canal principal FIGURA 26: Representação esquemática da ausência de cemento neoformado junto ao canal principal Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos 4.5.1.1.5 Reabsorção do cemento pré-existente 1 – ausente, ou áreas de reabsorção completamente reparadas; 2 – áreas de reabsorção reparadas parcialmente; 3 – áreas de reabsorção não reparadas; 4 – áreas de reabsorção ativas. 4.5.2 Reabsorção do Tecido Ósseo 1 – ausente, ou áreas de reabsorção óssea completamente reparadas; 2 – áreas de reabsorção óssea inativas ou parcialmente reparadas; 3 – poucas áreas de reabsorção óssea ativas ou não reparadas; 4 – muitas áreas de reabsorção óssea ativas. 4.5.3 Presença de Bactérias 1 – ausente; 4 – presente. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion - 208 - Materiais e Métodos - 209 - 4.5.4 Infiltrado Inflamatório Periapical Agudo ou Crônico 4.5.4.1 Quanto à intensidade A avaliação da intensidade da reação inflamatória periapical foi realizada por meio da contagem de células inflamatórias na região periapical. Os cortes histológicos corados pela HE foram selecionados e analisados em fotomicroscópio binocular com auxílio de uma objetiva de 40X, possibilitando, no campo delimitado (aumento de 400X), a contagem das células inflamatórias presentes. Assim sendo, a intensidade do processo foi analisada em conformidade com o número médio aproximado de células inflamatórias presentes em diferentes campos de um mesmo espécime (BERNABÉ, 1994; HOLLAND et al., 2005b, 2007a). 1 – células inflamatórias ausentes ou em número desprezível; 2 – infiltrado inflamatório pequeno: número de células inflamatórias inferior a 10 por campo; 3 – infiltrado inflamatório moderado: número de células inflamatórias entre 10 e 25 por campo; 4 – infiltrado inflamatório intenso: número de células inflamatórias superior a 25 por campo. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 210 - 4.5.4.2 Quanto à extensão 1 – células inflamatórias ausentes (Figura 27); 2 – células inflamatórias localizadas dentro das ramificações apicais ou junto aos forames (Figura 28); 3 – células inflamatórias pouco além dos forames apicais (Figura 29); 4 – células inflamatórias em grande parte do espaço periodontal (Figura 30). FIGURA 27: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico, evidenciando: 1- Células inflamatórias ausentes Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 211 - FIGURA 28: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico, evidenciando: 2- Células inflamatórias localizadas dentro das ramificações apicais ou junto aos forames FIGURA 29: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico, evidenciando: 3- Células inflamatórias pouco além dos forames apicais Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 212 - FIGURA 30: Representação esquemática da extensão do infiltrado inflamatório agudo ou crônico, evidenciando: 4- Células inflamatórias em grande parte do espaço periodontal 4.5.5 Ligamento Periodontal 4.5.5.1 Espessura do ligamento periodontal Valores baseados na média das mensurações efetuadas nos cinco pontos definidos na Figura 18. 1 – até 200 µm; 2 – de 201 a 300 µm; 3 – de 301 a 400 µm; 4 – acima de 401 µm. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 213 - 4.5.5.2 Organização do ligamento periodontal Para a avaliação deste item considerou-se a divisão da região apical do dente expressa na Figura 18. Assim, essa região, dividida em quatro partes iguais, foi analisada para se quantificar em quantos segmentos as fibras do ligamento periodontal estavam organizadas, inserindo-se no cemento e no osso: 1 – ligamento organizado em toda a porção apical do dente (Figura 31); 2 – ligamento organizado em 3/4 da porção apical do dente (Figura 32); 3 – ligamento organizado em 1/2 (Figura 33) a 1/4 (Figura 34) da porção apical do dente; 4 – ligamento desorganizado em toda a porção apical do dente (Figura 35). FIGURA 31: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em toda a porção apical do dente. É evidenciado o ligamento totalmente organizado Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 214 - FIGURA 32: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 3/4 da porção apical do dente FIGURA 33: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 1/2 da porção apical do dente Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 215 - FIGURA 34: Representação esquemática da inserção das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em 1/4 da porção apical do dente FIGURA 35: Representação esquemática da ausência de organização das fibras do ligamento periodontal apical do cemento ao osso alveolar, em toda a porção apical do dente Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 216 - 4.5.6 Limite da Obturação 1 – material obturador contido no canal cementário (Figura 36); 2 – material obturador discretamente além do forame apical (Figura 37); 3 – material obturador ultrapassa o forame apical até a metade da espessura do ligamento periodontal (Figura 38); 4 – material obturador ocupa toda a espessura do ligamento periodontal ou ultrapassa esse limite (Figura 39). FIGURA 36: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 1Material obturador contido no canal cementário Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 217 - FIGURA 37: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 2Material obturador discretamente além do forame apical FIGURA 38: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 3Material obturador ultrapassa o forame apical até a metade da espessura do ligamento periodontal Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 218 - FIGURA 39: Representação esquemática do limite da obturação do canal radicular: 4Material obturador ocupa toda a espessura do ligamento periodontal ou ultrapassa esse limite 4.5.7 Presença de Detritos 1 – detritos ausentes; 2 – pequena quantidade de detritos, impedindo ou não o contato do material obturador com os cotos pulpares; 3 – moderada quantidade de detritos, impedindo ou não o contato do material obturador com os cotos pulpares; 4 – grande quantidade de detritos, impedindo o contato do material obturador com os cotos pulpares, podendo inclusive ter sido condensados de modo a atingir o ligamento periodontal. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 219 - 4.5.8 Presença de Células Gigantes: Número Médio de Células em Campos de 400X 1 – ausentes; 2 – de 1 a 3 células por campo; 3 – 4 a 6 células por campo; 4 – 7 ou mais células por campo. 4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística dos resultados histomorfológicos e histomicrobiológicos obtidos foi efetuada para se detectar a existência ou não de diferenças significantes entre as técnicas de tratamento executadas. Para tanto, levou-se em consideração os escores atribuídos aos dez espécimes de cada grupo experimental, referente aos 16 critérios previamente estabelecidos, ou seja: 1 – espessura do cemento neoformado; 2 – extensão do cemento neoformado; 3 – selamento biológico dos canais do delta apical por cemento neoformado; 4 – selamento biológico do canal principal por cemento neoformado; 5 – reabsorção do cemento pré-existente; 6 – reabsorção do tecido ósseo; 7 – presença de bactérias; Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Materiais e Métodos - 220 - 8 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical agudo; 9 – extensão do infiltrado inflamatório periapical agudo; 10 – intensidade do infiltrado inflamatório periapical crônico. 11 – extensão do infiltrado inflamatório periapical crônico; 12 – espessura do ligamento periodontal; 13 – organização do ligamento periodontal; 14 – limite da obturação; 15 – presença de detritos; 16 – presença de células gigantes. Os dados referentes aos achados microscópicos, na forma de escores, referentes aos 16 critérios histológicos analisados, foram submetidos à análise estatística. Foram utilizados os teste análise de variância de Kruskal-Wallis para comparar os grupos segundo os tratamentos (4 grupos independentes) e o teste de Mann – Whitney, para o efeito do emprego do curativo de corticosteróide antibiótico (2 grupos independentes) (ARMITAGE E BERRY, 1997). Para tanto, utilizou-se o Software GMC2002, desenvolvido pelo professor-titular do departamento de Estomatologia, Dr. Campos, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP (CAMPOS, 2002). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 5 RESULTADOS Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 5 RESULTADOS 5.1 GRUPO I: SEALAPEXTM – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN® Todos os espécimes exibiram cemento neoformado, do tipo eosinofílico, com espessura que variava de 15 a 70 µm. Este quando depositado sobre o préexistente, reparava pequenas áreas de reabsorção, se presentes. Quando depositado junto aos canais do delta apical determinou selamento biológico desses canais em dois espécimes. Em sete espécimes foi notado selamento biológico da maioria desses canais, e em um caso houve selamento completo de poucas ramificações do canal principal. Quanto aos canais principais dos espécimes tratados, foi notado selamento biológico completo em apenas dois casos (Figuras 40 e 41). Nesses, o cimento obturador, que determinou o selamento biológico, estava em contato direto com o cemento neoformado. Nos canais do delta apical também foram observadas partículas do cimento obturador na superfície coronária do cemento que promoveu o selamento biológico desses canais (Figuras 40, 42, 43 e 44). Em um espécime, partículas do cimento obturador foram observadas na superfície do cemento neoformado que determinou o selamento biológico, bem como no interior do canal junto ao tecido conjuntivo que formava o coto pulpar dessa ramificação (Figura 44). Eventualmente foram observadas partículas do material obturador na intimidade do cemento neoformado que selava a ramificação do canal principal (Figuras 40, 41, 42 e 43). Em uma ramificação do canal principal foi observada a presença de raspas de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 223 - dentina na superfície do cemento neoformado que promoveu o selamento biológico desse canal (Figura 45). Quanto ao item reabsorção do cemento pré-existente, foi notada a ausência de reabsorção ou áreas de reabsorção completamente reparadas (Figuras 46 e 47). O tecido ósseo não exibiu áreas de reabsorção, mostrou áreas de reabsorção completamente reparadas, ou mesmo parcialmente reparadas, ou não reparadas (Figuras 40 a 43). A coloração de Brown e Brenn não evidenciou presença de microrganismos em nenhum dos espécimes analisados. No que diz respeito ao infiltrado inflamatório do tipo agudo, foi notada a presença de poucos neutrófilos, em apenas um espécime, que exibia moderado infiltrado inflamatório do tipo crônico. Esse último tipo foi observado em todos os espécimes, variando de intensidade e de extensão, pequena a grande (Figuras 45 a 48). Quanto à espessura do ligamento periodontal, observou-se que variou de 15 a 50 µm. Sua organização foi considerada boa em toda porção apical, em três casos, organizado em 3/4 partes em dois espécimes; organizado em 1/4 a 1/2 parte em dois casos e desorganizado em três casos. O material obturador limitou-se ao interior do canal cementário em 3 casos. Nos demais ultrapassou o forame apical. Detritos e células gigantes foram observados cada 1 em 1 espécime. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 224 - QUADRO 6: SealapexTM sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 225 - FIGURA 40: Notar ramificação do delta apical com selamento biológico (seta). No canal principal observa-se que o cimento obturador ultrapassou o forame apical e foi envolvido pelo cemento neoformado que promoveu selamento biológico. HE 40X FIGURA 41: Maior aumento da figura anterior, detalhando selamento biológico do canal principal (seta), ligamento periodontal e tecido ósseo. HE 100X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 226 - FIGURA 42: Maior aumento da Figura 40, exibindo canal do delta apical com selamento biológico por cemento neoformado, com cimento obturador em sua intimidade. Ligamento periodontal (LP) bem organizado e com células inflamatórias (seta) do tipo crônico na porção inferior. HE 100X FIGURA 43: Notar, do lado esquerdo, canal do delta apical com selamento biológico, e partículas do cimento obturador na intimidade do cemento neoformado (seta) e no ligamento periodontal. Na porção central e no lado direito pequenas ramificações do delta apical com selamento biológico. HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 227 - FIGURA 44: Resíduos do cimento obturador nas paredes do canal principal e na superfície do cemento neoformado que selou o canal do delta apical. Esse canal exibe partículas do cimento obturador na intimidade do tecido conjuntivo (seta). HE 200X FIGURA 45: Canal do delta apical do lado direito exibe selamento biológico e fragmentos de dentina (seta) na superfície do cemento neoformado. Na porção central o canal principal exibe cemento neoformado depositado nas paredes laterais. No lado esquerdo nota-se tecido conjuntivo no interior de duas ramificações apicais. Partículas do material obturador podem ser visualizadas no ligamento periodontal que exibe infiltrado inflamatório do tipo crônico. HE 100X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 228 - FIGURA 46: Cimento obturador junto à parede do canal principal do lado direito. Cemento neoformado repara áreas de reabsorção. Intenso processo inflamatório do tipo crônico no ligamento periodontal espessado. HE 100X FIGURA 47: Vista panorâmica mostrando a porção cementária do canal principal preenchido por tecido conjuntivo com partículas do material obturador. No ligamento periodontal, um pouco espessado, próximo ao forame apical, há partículas do material obturador. HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 229 - FIGURA 48: Maior aumento da figura anterior, detalhando área do ligamento periodontal com partículas do material obturador. Presença de processo inflamatório do tipo crônico e células gigantes. HE 100X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados 5.2 - 230 - GRUPO II: MTA – SEM CURATIVO DE OTOSPORIN® Todos os espécimes exibiram cemento neoformado, com espessura que variava de 1 a 10 µm, com uma média de 4,5 µm. O cemento neoformado, quando depositado sobre o pré-existente, aumentou sua espessura ou mesmo reparou áreas de reabsorção, se existentes. O cemento neoformado podia promover o selamento biológico dos canais principais ou acessórios. Assim, foi observado selamento biológico de todos os canais do delta apical em quatro espécimes; selamento completo da maioria dos canais do delta apical, também em quatro casos; e selamento completo de poucos canais em dois espécimes (Figura 49). Selamento biológico completo do canal principal foi observado em três espécimes. Esse selamento biológico por cemento neoformado ocorreu à altura do forame apical (Figura 50) ou mesmo um pouco distante do forame apical, em direção coronária (Figuras 51, 52 e 53). Nos demais espécimes não foi observado selamento dos forames principais, mas tão-somente selamento biológico de canais do delta apical. Foi comum observar-se deposição do cemento neoformado sobre o cemento pré-existente no ápice radicular, como também nas paredes da porção cementária do canal principal (Figuras 51, 54 e 55). Assim, observou-se deposição de cemento nas paredes cementárias acompanhada de selamento biológico (Figura 51), deposição de cemento em profundidade, muitas vezes promovendo selamento biológico de outras ramificações (Figura 54) ou deposição parcial, em casos de reação inflamatória intensa do ligamento periodontal (Figura 55). Esse caso da figura 55 exibiu Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 231 - intensa reação inflamatória do ligamento periodontal, com grande número de neutrófilos e células características de inflamação crônica. Reabsorção do tecido ósseo foi observada em cinco casos. Em quatro desses casos foram notadas áreas de reabsorção inativas ou parcialmente reparadas, e apenas um caso com poucas áreas de reabsorção ativa e não reparadas. O ligamento periodontal exibiu espessura que variava de 15 a 80 µm, com uma média de 50 µm. Ele mostrou-se organizado, em toda a porção apical, em quatro casos, organizado em 3/4 partes em três casos, e desorganizado em três espécimes. O cimento obturador estava no interior do canal em nove espécimes, tendo extravasado para os tecidos periapicais em apenas um caso. A coloração de Brown e Brenn não evidenciou microrganismos em nenhum dos espécimes analisados. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion presença de Resultados - 232 - QUADRO 7: MTA sem curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos nos espécimes analisados Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 233 - FIGURA 49: Presença de canal do delta apical com selamento biológico em sua porção coronária (seta). Ligamento periodontal (LP) com raras células inflamatórias do tipo crônica. HE 100X FIGURA 50: Notar presença de selamento biológico do forame do canal principal por cemento neoformado. HE 100X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 234 - FIGURA 51: O cemento neoformado recobriu as paredes do canal principal promovendo selamento biológico um pouco distante do forame apical. HE 40X FIGURA 52: Maior aumento da figura anterior, evidenciando o local em que ocorreu o selamento biológico. HE 100X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 235 - FIGURA 53: Maior aumento da figura 51, mostrando o forame apical do canal principal revestido por cemento neoformado (CN). Notar ligamento periodontal com poucas células inflamatórias do tipo crônica. HE 100X FIGURA 54: O cemento neoformado revestiu toda a porção cementária do canal principal, alcançando a parede de dentina (D) do lado direito e promovendo selamento biológico de ramificação apical (seta) do lado esquerdo. HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 236 - FIGURA 55: Neste espécime o cemento neoformado (setas) revestiu apenas parcialmente a porção cementária do canal principal. O ligamento periodontal espessado abriga células inflamatórias crônicas e agudas. HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados 5.3 - 237 - GRUPO III: SEALAPEXTM – COM CURATIVO DE OTOSPORIN® Em todos os espécimes observou-se presença de cemento neoformado com espessura variando entre 10 e 60 µm. O cemento neoformado foi depositado, na maioria das vezes, sobre o pré-existente, ampliando sua espessura e mesmo reparando pequenas áreas de reabsorção, quando presentes. Em três espécimes o cemento neoformado promoveu o selamento biológico de todos os canais do delta apical; em quatro casos ocorreu selamento biológico da maioria desses canais; em dois espécimes, selamento de poucos canais; e em um caso não houve selamento. O cemento neoformado promoveu também selamento biológico completo de três canais principais. Em um espécime, grande parte do canal principal cementário estava preenchido por cemento neoformado, que se estendia até um pouco além do forame apical. Partículas do cimento obturador mostraramse envolvidas pelo cemento neoformado. O ligamento periodontal desse espécime estava organizado e infiltrado por pequeno número de linfócitos (Figuras 56 e 57). Nos outros dois casos em que ocorreu selamento biológico, em um deles o cemento neoformado foi depositado nas paredes do canal cementário, adentrando-o até atingir o cimento obturador, que estava próximo do forame. O cemento neoformado promoveu selamento biológico ao ser depositado na superfície do cimento obturador (Figura 58). No terceiro caso em que ocorreu selamento biológico, o cemento neoformado adentrou o canal principal em profundidade, atingindo a dentina em um dos lados. Partículas do material obturador, dispersas na porção mais coronária estavam envolvidas por cemento neoformado, que promoveu selamento biológico do local (Figuras 59 e 60). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 238 - Seis espécimes não exibiram selamento biológico do canal principal. Nesses espécimes não havia microorganismos. Contudo, todos esses casos exibiram pequeno infiltrado inflamatório do tipo crônico, à exceção de um caso que exibiu também presença de neutrófilos (Figuras 61 e 62). Esse caso exibiu ligamento um pouco espessado, parcialmente desorganizado e com numerosas células inflamatórias do tipo crônico e neutrófilos (Figura 61). Material obturador estava muito próximo do forame apical, tendo se tornado um pouco mais distante pela deposição de cemento neoformado. Houve invaginação do tecido conjuntivo periodontal, que chegou até o material obturador. As paredes formadas pelo cemento da raiz do dente e cemento neoformado exibiam uma faixa de cemento que os recobria e atingia o material obturador (Figuras 61 e 62). Quanto ao limite da obturação, nove espécimes a exibiam um pouco aquém do forame apical, tendo sido observado apenas um caso em que o material obturador ultrapassou o forame apical. Detritos foram observados em apenas um caso, e células gigantes não foram observadas neste grupo experimental. A coloração de Brown e Brenn não evidenciou presença de microrganismos em nenhum dos espécimes analisados. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 239 - QUADRO 8: SealapexTM com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 240 - FIGURA 56: O cemento neoformado está em contato com o material obturador e ultrapassa o forame apical. Cemento neoformado recobre o cemento apical. O ligamento periodontal está infiltrado por poucos linfócitos. HE 100X FIGURA 57: Maior aumento da figura anterior. Cemento neoformado dentro do canal principal ultrapassa o forame apical. Na parte superior envolve partícula do material obturador. Cemento neoformado envolve o cemento pré-existente, cemento que ultrapassou o forame e a partícula de cemento fragmentado (seta). HE 200X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 241 - FIGURA 58: Cemento neoformado invade o canal principal, atingindo o cimento obturador e promovendo selamento biológico. Tecido ósseo do lado direito com reabsorção ativa. HE 100X FIGURA 59: Cemento neoformado (CN) revestiu as paredes cementárias (C) do canal principal, atingindo suas paredes de dentina (D). Fragmentos do material obturador estão dispersos pelo tecido conjuntivo contido no canal principal. HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 242 - FIGURA 60: Maior aumento da figura anterior. Notar cemento neoformado (CN) envolvendo a extremidade do tecido conjuntivo e promovendo selamento biológico (seta). Várias partículas do material obturador, dispersas no tecido conjuntivo, estão sendo envolvidas por cemento neoformado. HE 200X FIGURA 61: O material obturador atingiu as proximidades do forame apical. Cemento neoformado foi depositado junto ao forame apical. Observar ligamento um pouco espessado e com intenso infiltrado inflamatório, com células do tipo crônica e neutrófilos. HE100X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 243 - FIGURA 62: Maior aumento da figura anterior, mostrando material obturador e, junto a esse, tecido conjuntivo envolvido lateralmente por cemento neoformado. HE 200X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados 5.4 - 244 - GRUPO IV: MTA – COM CURATIVO DE OTOSPORIN® Todos os espécimes exibiram cemento neoformado depositado sobre o cemento pré-existente, com uma espessura que variava de 15 a 60 µm, reparando áreas de reabsorção, quando existentes. Em cinco espécimes observou-se selamento biológico de todos os canais do delta apical (Figura 63). Em três casos houve selamento da maioria desses canais, e em dois espécimes notou-se selamento biológico de poucos canais. Quanto aos canais principais, foi observado selamento biológico completo em três espécimes (Figuras 64 à 67). Em cinco casos ocorreu selamento biológico parcial (Figuras 68 e 69). Em um espécime houve apenas deposição de cemento nas paredes laterais (Figura 70). O cemento pré-existente exibiu poucas e pequenas áreas de reabsorção, que estavam quase sempre reparadas por cemento neoformado. O tecido ósseo, em seis casos, não exibiu áreas de reabsorção, ou quando presentes, estavam reparadas. A coloração de Brown e Brenn não detectou presença de microrganismos em nenhum dos espécimes estudados. Quanto à presença de células inflamatórias, foi notada presença de poucos neutrófilos e moderado infiltrado inflamatório do tipo crônico em um espécime (Figura 69). Em dois casos não houve presença de células inflamatórias (Figuras 63 e 66), e nos demais o número de células inflamatórias do tipo crônica, presentes, era pequeno (Figuras 64, 65, 67, 68 e 70). Quanto à espessura do ligamento periodontal observou-se que, em média, esteve ao redor de 200 µm. Em relação à organização do ligamento periodontal Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 245 - foram notados três casos em que havia em toda porção apical. Dois casos em que estava organizado em 3/4 partes, e três casos em que havia organização em 1/4 a 1/2 parte da porção apical do dente. Foi observado que o material obturador limitou-se ao interior do canal em oito casos, e em dois ultrapassou o forame apical. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 246 - QUADRO 9: MTA com curativo de Otosporin®. Escores atribuídos aos vários eventos histomorfológicos observados nos espécimes analisados Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 247 - FIGURA 63: O cemento neoformado promove o selamento biológico dos canais do delta apical. HE 40X FIGURA 64: Notar selamento biológico do canal principal por cemento neoformado (CN). HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 248 - FIGURA 65: Maior aumento da figura 64, evidenciando o selamento biológico do canal principal. O cemento neoformado (CN) promove selamento biológico e reparo de algumas áreas de reabsorção (setas). HE 100X FIGURA 66: Notar selamento biológico do canal principal e canais do delta apical por cemento neoformado. Ligamento periodontal bem organizado e isento de processo inflamatório. HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 249 - FIGURA 67: Presença de selamento biológico do canal principal (seta). Ligamento periodontal bem organizado e isento de infiltrado inflamatório. HE 40X FIGURA 68: Observar cemento neoformado revestindo as paredes do canal principal em profundidade, atingindo, do lado esquerdo, a parede de dentina. Na porção superior presença de selamento biológico parcial e tecido conjuntivo infiltrado por células inflamatórias. HE 40X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 250 - FIGURA 69: Ocorrência de selamento biológico parcial do canal principal. Presença de processo inflamatório do tipo crônico e também de poucos neutrófilos no ligamento periodontal. HE 40X FIGURA 70: Durante o ato da obturação do canal principal, pequena porção do material obturador atingiu o forame apical. Observar delgada camada de cemento neoformado entre os resíduos do cone de guta percha e as paredes do canal principal. Há pequeno infiltrado inflamatório do tipo crônico no ligamento periodontal. HE 100X Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados 5.5 - 251 - ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS OBTIDOS Os dados referentes aos achados microscópicos, na forma de escores, referentes aos 16 quesitos histológicos analisados, que se encontram nos Quadros de n.6, 7, 8 e 9, foram submetidos à análise estatística. O teste de Kruskal-Wallis é o mais adequado ao modelo em questão, quando testou-se mais de dois tratamentos, e o Teste de Mann-Whitney para dois tratamentos, por se tratar de dados não-paramétricos. Para isso utilizou-se o software GMC 2002. A análise foi feita basicamente em três etapas: análise da influência dos cimentos, do uso de curativo e dos quesitos cemento, infiltrado inflamatório e ligamento periodontal. Inicialmente foi analisada a influência dos dois cimentos estudados, ProRoot™MTA manipulado com propilenoglicol e Sealapex, na obturação dos canais cujos resultados se apresentam na Tabela 1. TABELA 1: Teste U de Mann-Whitney para os cimentos utilizados Valores de U: U (1) MTA: 49687 U (2) SEALAPEXTM: 52713 Valor calculado de Z: -0,6469 Probabilidade de igualdade: 25,89% Não-significante (p>0,05) No geral, o MTA apresentou resultado semelhante ao SealapexTM, independentemente do uso ou não de curativo (p>0,05). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 252 - FIGURA 71: Influência dos cimentos empregados nos resultados gerais Na seqüência foi analisada a influência do uso do curativo, independentemente do cimento utilizado, na Tabela 2. TABELA 2: Teste U de Mann-Whitney para a utilização ou não do curativo Valores de U: U (1) CURATIVO: 46924 U (2) SESSÃO ÚNICA: 55476 Valor calculado de Z: -1,8283 Probabilidade de igualdade: 3,38% Significante ao nível de 3,38% (p=0,03) No geral, o emprego do curativo favoreceu o tratamento, independentemente do cimento utilizado (p=0,03). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 253 - FIGURA 72: Influência do emprego do curativo nos resultados gerais Na Tabela 3 são apresentados os resultados globais, referentes a todos os quatro grupos experimentais. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 254 - TABELA 3: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes aos quatro grupos experimentais Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado: 6,0410 Valor do x2 para 2 graus de liberdade: 6,04 Probabilidade de H0 para esse valor: 10.96% Não-significante (p>0,05) Comparação entre as médias dos postos das amostras Diferenças Amostras comparadas entre (duas a duas) 5 médias 6 MTA C X MTA SU TM MTA C X Sealapex TM MTA C X Sealapex 7 C SU Significância 0,05 0,01 0,001 16,8813 ns 0,3875 ns 36,1813 33,8272 44,5065 56,9560 5% TM C 17,2687 TM SU 19,3000 ns 36,5688 5% MTA SU X Sealapex MTA SU X Sealapex TM 8 Valores críticos (p) TM Sealapex C X Sealapex SU ns • Embora não haja significância estatística no teste de Kruskal Wallis, realizando a comparação verifica-se um melhor resultado dos dois cimentos com curativo (C), em relação ao SealapexTM e MTA manipulado com propilenoglicol sessão única (SU). 5 MTA C – MTA com curativo. 6 MTA SU – MTA Sessão única. 7 Sealapex TM Sealapex TM 8 C – Sealapex TM SU – Sealapex com curativo. TM sessão única. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 255 - FIGURA 73: Resultado geral dos escores atribuídos aos quatro grupos experimentais A partir deste ponto são apresentados os resultados para os quesitos cemento, infiltrado inflamatório e ligamento periodontal utilizados para análise estatística dos resultados para os quatro grupos experimentais. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 256 - Na Tabela 4 estão os resultados referentes ao cemento. TABELA 4: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao item cemento Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado: 1,5172 Valor do x2 para 5 graus de liberdade: 1,51 Probabilidade de H0 para esse valor: 67,83 % Não-significante (p>0,05) FIGURA 74: Escores médios atribuídos aos diferentes itens do cemento para os quatro grupos experimentais Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 257 - Na Tabela 5 estão os resultados referentes aos quatro itens do infiltrado inflamatório. TABELA 5: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao infiltrado inflamatório Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado: 4,3208 Valor do x2 para 5 graus de liberdade: 4,32 Probabilidade de H0 para esse valor: 22,88% Não-significante (p>0,05) Comparação entre as médias dos postos das amostras Amostras comparadas (duas a duas) Diferenças entre médias MTA C X MTA SU 0,05 0,01 0,001 Significância 10,0375 ns 0,8250 ns MTA C X SealapexTM C MTA C X SealapexTM SU Valores críticos (p) 16,5375 18,3116 24,1717 31,0920 ns TM C 9,2125 TM SU 6,5000 ns 15,7125 ns MTA SU X Sealapex MTA SU X Sealapex SealapexTM C X SealapexTM SU ns Podemos verificar que: • Embora não haja significância, houve a tendência de os tratamentos em sessão única apresentarem maior inflamação. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 258 - FIGURA 75: Escores médios atribuídos aos diferentes itens células inflamatórias para os quatro grupos experimentais Na Tabela 6 estão os resultados referentes aos dois itens do ligamento periodontal. TABELA 6: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes ao ligamento periodontal Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado: 2,8052 Valor do x2 para 5 graus de liberdade: 2,80 Probabilidade de H0 para esse valor: 42,26% Não-significante (p>0,05) Pode-se verificar, quanto ao ligamento periodontal, que: • Não houve diferença quanto ao ligamento periodontal. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 259 - FIGURA 76: Escores médios atribuídos aos diferentes itens espessura e organização do ligamento periodontal, para os quatro grupos experimentais Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 260 - Na Tabela 7 estão os resultados referentes apenas à organização do ligamento periodontal. TABELA 7: Teste de Kruskal-Wallis para os tratamentos realizados referentes à organização do ligamento periodontal Valor (H) de Kruskal-Wallis calculado: 4,8853 Valor do x2 para 5 graus de liberdade: 4,88 Probabilidade de H0 para esse valor: 18,04% Não-significante (p>0,05) Comparação entre as médias dos postos das amostras Amostras comparadas (duas a duas) Diferenças entre médias Valores críticos (p) 0,05 0,01 0,001 Significância MTA C X MTA SU 1,1500 ns MTA C X SealapexTM C 6,4500 ns MTA C X SealapexTM SU 4,1000 9,7400 13,0660 17,2252 ns TM C 7,6000 TM SU 2,9500 ns 10,5500 5% MTA SU X Sealapex MTA SU X Sealapex SealapexTM C X SealapexTM SU ns Pode-se verificar quanto ao ligamento periodontal que: • Apesar de não haver diferença no teste de Kruskal Wallis, houve diferença entre os dois grupos SealapexTM e MTA manipulado com propilenoglicol, sendo favorável o uso do curativo para a organização do ligamento periodontal. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Resultados - 261 - FIGURA 77: Escores médios atribuídos ao item organização do ligamento periodontal, para os quatro grupos experimentais 5.5.1 Conclusões Estatísticas • Os cimentos SealapexTM e MTA apresentaram resultados semelhantes. • O curativo de Otosporin® melhorou o resultado, independentemente do cimento utilizado. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 6 DISCUSSÃO Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 6 DISCUSSÃO Objetivando elucidar algumas dúvidas que, porventura, permaneçam no desenvolvimento do presente estudo, passamos a tecer considerações sobre os pontos que mais tenham ativado o nosso entusiasmo científico, ou que nos tenham feito parar para raciocinar mais profundamente. Dentre os materiais mais empregados nos procedimentos de obturação do sistema de canais radiculares com cones de guta percha e cimentos obturadores destacam-se os cimentos à base de OZE, de hidróxido de cálcio, de ionômero de vidro, de silicone, e os cimentos resinosos. Todos esses cimentos apresentam vantagens e desvantagens. Nesse contexto é que procurou-se empregar o MTA como um cimento obturador de canal associado aos cones de guta percha, pela técnica da condensação lateral. Isto se justifica pelo fato de o MTA ser um material biocompatível (TORABINEJAD et al., 1995e,f, 1997; HOLLAND et al., 1999b, 2001a) e insolúvel aos fluidos teciduais, apresentando, ainda, estabilidade dimensional e radiopacidade adequadas (TORABINEJAD; Mac DONALD; PITT FORD, 1995g). Porém, uma das dificuldades de se trabalhar o MTA com veículo aquoso (água destilada) diz respeito ao seu tempo de presa e também à sua dificuldade de inserção, pois ao ser manipulado com esse veículo o MTA apresenta-se com aspecto pouco aglutinável (arenoso) e tempo de presa relativamente rápido. Assim, Holland et al. (2007a) pesquisaram um veículo que suprisse essas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 264 - deficiências sem alterar o mecanismo de ação do MTA, tendo concluído que o propilenoglicol é uma substância capaz de conferir ao MTA maior tempo de trabalho, melhor aglutinação, e por conseqüência inserção, além de não alterar suas propriedades biológicas. Para melhor avaliar a resposta inflamatória e a neoformação cementária frente a esse cimento experimental (MTA manipulado com propilenoglicol), comparamo-lo ao cimento SealapexTM, à base de hidróxido de cálcio, que possui mecanismo de ação semelhante ao do MTA (HOLLAND et al., 1999a, 2002b). Cabe aqui ressaltar, mais uma vez, que o SealapexTM, utilizado neste experimento, teve sua fórmula recentemente alterada pelo fabricante (LEONARDO et al., 2007), o que pode justificar possíveis resultados destoantes. Holland et al. (2007c) observaram recentemente, em trabalho ainda não publicado, resultados melhores com o Sealapex de formulação anterior. Além disso, a fim de observar a influência que o emprego de um curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) entre sessões exerce sobre a ação do MTA manipulado com propilenoglicol e SealapexTM de formulação atual, ambos associados aos cones de guta percha, nos tecidos apicais e periapicais de dentes de cães, em casos de biopulpectomia, é que julgou-se pertinente realizar este estudo. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão 6.1 - 265 - DA METODOLOGIA Após estar comprovada a eficácia dos materiais em pesquisas em modelos experimentais in vitro e in vivo, e depois de serem aprovados pelos órgãos competentes (FDA, FDI, ANVISA, ISO, etc.), pode-se realizar trabalhos histológicos em dentes humanos, desde que já tenham indicação de exodontia por diferentes razões (indicação ortodôntica, exodontia de terceiros molares, etc.) e o projeto seja aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa envolvendo seres humanos (HOLLAND; SOUZA; RUSSO, 1973; LEONARDO; HOLLAND, 1974; RUSSO; SOUZA; HOLLAND, 1974; HOLLAND et al., 1977a, 1978d; MENDONÇA et al., 1996; ACCORINTE et al., 2007). Porém, de acordo com a BS EN (ISO 7045: 1997), todos os materiais e todas as técnicas devem ser avaliados por meio de estudos in vitro e in vivo em diferentes modelos experimentais, previamente à indicação para uso clínico em seres humanos. Assim, para que se possa preconizar o emprego de determinados materiais em seres humanos é necessário o conhecimento prévio de suas propriedades físicas, químicas e biológicas. No tocante ao conhecimento prévio do comportamento biológico, alguns métodos têm sido descritos para a avaliação da biocompatibilidade de materiais empregados na endodontia, desde trabalhos in vitro, como cultura de células (BELTES et al., 1995; KOH et al., 1998; KEISER; JOHNSON; TIPTON, 2000; HUANG et al., 2002; OVIIR et al., 2006; KARIMJEE et al., 2006), até os que, in vivo, procuram reproduzir, ao máximo, as condições clínicas de um tratamento Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 266 - endodôntico (HOLLAND et al., 1980a; SOUZA et al., 1981; HOLLAND; SOUZA, 1985; HAENSCH, 1987; MADISON; WILCOX, 1988; TAGGER; TAGGER, 1989; HOLLAND et al., 1999b, 2007a). Com relação à avaliação da biocompatibilidade, segundo Browne (1994) o ideal seria que as respostas dos tecidos apicais e periapicais, frente aos diferentes materiais de uso endodôntico, pudessem ser analisadas por meio de estudo histopatológico em humanos. No entanto, essa avaliação exigiria a remoção da porção apical radicular e da região periapical adjacente, não sendo isso condizente com as normas do Comitê de Ética e Pesquisa envolvendo seres humanos. Ou seja, em humanos o efeito biológico de curativos de demora e dos cimentos obturadores dos canais radiculares é investigado, fundamentalmente, pela resposta dos tecidos apicais e periapicais, frente à utilização desses materiais. Na prática clínica, o método de avaliação dessa resposta é representado pelos sinais e sintomas clínicos e pelo aspecto radiográfico dessa região. Assim, a resposta dos tecidos apicais e periapicais ao tratamento endodôntico só poderia ser avaliada em sua plenitude, por meio de exame histopatológico, a partir de material colhido em cirurgia periapical (PATERSON; WATTS, 1990). No entanto, a necessidade de biópsia do elemento dental em conjunto com os tecidos periapicais de suporte é descartado hoje em humanos, por aspectos éticos. Dessa forma, torna-se essencial a utilização de um modelo animal experimental que permita o exame microscópico das respostas celulares periapicais ao material testado (BROWNE,1994). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 267 - 6.1.1 Do Modelo Experimental Animal Em relação ao tratamento endodôntico em dentes de animais, tem-se como opções notadamente dentes de gatos, macacos, cães, porcos, ratos, coelhos etc. O modelo animal escolhido para esse fim deve responder a alguns requisitos, como disponibilidade em quantidade requerida, permitir padronização, bem como possuir padrão mastigatório e de resistência à infecção, estrutura, tamanho e morfologia dental e periodontal compatíveis com os humanos. O seu padrão de crescimento deve manter correlação com o do homem, porém sendo mais rápido ao ponto de possibilitar a obtenção de respostas em intervalos de tempo mais curtos (ROWE, 1980; TANOMARU, 2004). A utilização de gatos como modelo experimental depara-se com dificuldades consideráveis para a execução dos passos operatórios devido ao tamanho e à morfologia de seus dentes, com exceção dos caninos. Esse fato limita o número de dentes viáveis a apenas quatro por animal (ROWE, 1967, 1980). Macacos são animais de custo oneroso, difíceis de serem criados e domesticados, não se adequando a essa modalidade de experimento quando se faz necessária sua manutenção sob anestesia por períodos prolongados (TORNECK; SMITH, 1970; KOENIGS et al., 1975). Segundo Torneck, Smith e Grindall (1973), a semelhança entre os dentes de macacos e os de humanos pode ser enganosa, uma vez que esse animal possui resistência distintamente superior à do homem. Seu tecido pulpar mostra-se altamente resistente aos efeitos de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 268 - contaminação bucal, o que poderia determinar resultados errôneos com relação aos materiais testados. A seleção do cão como modelo experimental, neste estudo, baseou-se em vários trabalhos (HOLLAND et al., 1979b; STEVENS; GROSSMAN, 1983; ALLARD; STROMBERG; STROMBERG, 1987), em que se afirma ser esse o animal no qual as estruturas dentais, assim como os processos de reparação apical e periapical, são os que mais se assemelham aos do homem. Na década de 30, Orban (1933) e Dixon e Rickert (1938) demonstraram suas preferências na utilização de cães como animais de experimento, uma vez que apresentavam menor resiliência, nas estruturas duras (dentina e cemento), que o homem. Por essa razão, se no cão essas estruturas são mais sensíveis, nelas os fenômenos ocorreriam com maior magnitude, e os resultados extrapolados seriam mais satisfatórios no homem. Algumas razões foram enumeradas por Stromberg (1969) para se optar pelo cão como animal experimental: esses animais possuem muitos dentes passíveis de tratamento; a maioria de seus canais são retos e facilmente acessíveis; e, de um modo geral, tem sido observada muita semelhança no processo de reparo entre os dentes humanos e os de cães, após pulpectomia e obturação de canal. Outras evidências também têm sido demonstradas em inúmeros experimentos (KUKIDOME, 1957; MATSUMIYA; KITAMURA, 1960; OSTBY, 1961; SELTZER, 1971; BARKER; LOCKETT, 1972; CITROME; KAMINSKI; HEUER, 1979; HOLLAND et al., 1979b; SILVA, 1991). Constituem também forte apoio a essas observações o número expressivo de diferentes Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 269 - experimentações levadas a efeito desde a década de 70 pela disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. Assim, foi observada estreita relação entre os resultados obtidos no tratamento conservador da polpa de dentes de cães (HOLLAND, 1971a; MELLO; HOLLAND; SOUZA, 1972; OGAWA; HOLLAND; SOUZA, 1974; HOLLAND et al., 1978c, 1981a, 1982, 1983, 1986) com os obtidos em dentes humanos (RUSSO; SOUZA; HOLLAND, 1974; RUSSO; HOLLAND; SOUZA, 1982; GIANSANTE JÚNIOR et al., 1997). Da mesma forma, foram observados resultados correlatos quando comparados os resultados do tratamento de dentes de cães com rizogênese incompleta (HOLLAND et al., 1971c, 1983, 1992) e de humanos (HOLLAND; LEONARDO, 1968; HOLLAND; SOUZA; RUSSO, 1973). Quanto ao tratamento endodôntico em dentes com raízes já formadas, foram estudadas em dentes de cães substâncias empregadas durante o preparo biomecânico (NERY; SOUZA; HOLLAND, 1974; ZINA et al., 1981; HOLLAND et al., 1991c); como curativo de demora (HOLLAND; SOUZA; MILANEZI, 1969; BERNABÉ; HOLLAND; SOUZA, 1972; SOUZA; HOLLAND; SOUZA, 1995); e na obturação dos canais radiculares (SOUZA et al., 1977; LEAL et al., 1979; HOLLAND et al., 1990). Alguns resultados nesses experimentos foram também obtidos em dentes humanos (HOLLAND et al., 1977a, 1978d). Além disso, notou-se que resultados obtidos no tratamento endodôntico de dentes de cães com lesão periapical (SOUZA; HOLLAND, 1992) foram semelhantes aos obtidos em dentes humanos (SOUZA et al., 1989). Assim, a freqüência do emprego de cães como modelo experimental na literatura correlata justifica-se pelas suas vantagens, ou seja, são Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 270 - animais dóceis, cuja obtenção, hospedagem e manutenção, além de fáceis, são bastante viáveis economicamente; possibilitam um acesso fácil ao campo operatório, e as cavidades pulpares dos dentes têm dimensões adequadas às necessidades operacionais. São animais fáceis de serem manipulados e anestesiados, permitindo sua submissão por longos períodos, necessários para a execução dos procedimentos operatórios endodônticos (CITROME; KAMINSKI; HEUER, 1979; HOLLAND; SOUZA, 1985; SOARES et al., 1990b; BONETTI FILHO, 1990; SILVA, 1991; LEONARDO et al., 1994b, 1995; SILVA, 1995; TANOMARU FILHO, 1996; LEONARDO et al., 1997). A ausência quase total de saliva no animal anestesiado possibilita a realização do tratamento sem maiores desconfortos ao cão e ao operador. Este estudo também está de acordo com Rowe (1980), ao afirmar que o cão preenche o requisito de possuir taxa de crescimento rápido o suficiente para permitir a obtenção dos resultados em períodos menos extensos. Os cães empregados neste estudo possuíam idade aproximada de 2 anos o que corresponde, em humanos, à idade de 24 anos (LEBEAU, 1953). Entende-se que todos esses dados do relacionamento entre resultados obtidos em dentes de cães e humanos, aliados aos inúmeros outros obtidos por experimentações de diferentes autores, justificam a escolha quanto ao animal selecionado como modelo experimental para este estudo. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 271 - 6.1.2 Da Seleção dos Dentes Optou-se por usar o maior número de dentes por animal, evitando assim a necessidade de um número elevado de cães. Os dentes de cães utilizados neste estudo foram os incisivos centrais e mediais superiores, segundos e terceiros prémolares superiores e os terceiros e quartos pré-molares inferiores. Esses dentes foram escolhidos por estarem posicionados favoravelmente e por apresentarem semelhanças anatômicas entre eles, câmaras pulpares amplas e de fácil acesso, canais radiculares amplos e retos (BARKER; LOCKETT, 1971a; TZIAFAS et al., 1992; NAKASHIMA, 1994; PITT FORD et al., 1995; TORABINEJAD et al., 1995f; SOARES, 1996; FARACO JÚNIOR, 1999; SHABAHANG et al., 1999; FARACO JÚNIOR; HOLLAND, 2001; HOLLAND et al., 2001c,d; TZIAFAS et al., 2002). Em relação à seleção dos pré-molares ainda é necessário esclarecer que, por apresentarem duas raízes, sendo uma mesial e a outra distal, durante o exame radiográfico por tomada orto-radial é fácil fazer a diferenciação entre elas, e que essa conformação anatômica permite que, durante o procedimento da abertura coronária, o acesso aos respectivos canais radiculares sejam individuais, sem destruição excessiva da coroa dental, sendo possível manter a cúspide oclusal central, considerada como área de reforço e de oclusão, assim diminuindo a ocorrência de fraturas coronárias (SILVA, 1991, LEONARDO et al., 1994b; SILVA, 1995; LEONARDO et al., 1995; TANOMARU FILHO, 1996; LEONARDO et al., 1997; TANOMARU FILHO et al.; 1998; LEONARDO et al., 1999, 2003). Os incisivos centrais e mediais também foram selecionados por possuírem dimensões de tamanho e volume favoráveis ao seu manuseio, e ainda por Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 272 - possibilitarem que as aberturas coronárias fossem realizadas pela face vestibular, permitindo um acesso retilíneo ao interior dos canais radiculares (MURATA, 2007). Assim, os dois grupos dentais selecionados permitem maior padronização dos procedimentos técnicos durante o tratamento endodôntico e o processamento histopatológico. No arco superior os quartos pré-molares foram descartados pelo fato de possuírem três raízes e serem bem maiores que seus homônimos inferiores. No arco inferior, não foram utilizados os primeiros pré-molares por serem unirradiculares, e também porque, não sendo substituídos, são considerados dentes decíduos (EVNAS; CHRISTENSEN, 1979). Os segundos pré-molares inferiores e primeiros pré-molares superiores, por apresentarem suas proporções coronárias menores, dificultam o isolamento com o dique de borracha, o acesso aos canais e o tratamento. Por essas razões foram descartados. Existem diferenças significativas entre os dentes humanos e os dentes de cães, especialmente no terço apical. Os dentes de cães possuem um canal por raiz, e o aspecto anatômico apical difere um pouco do dente humano, porque todos os canais radiculares terminam em um delta apical (HOLLAND; SOUZA; MILANEZI, 1969). Já foi demonstrado que os dentes humanos, em média, possuem ramificações apicais em 42% dos casos (HESS; KELLER, 1988). De Deus (1975) encontrou, em 1166 dentes estudados, 37,2% de deltas apicais. Referindo-se ainda às ramificações apicais em dentes humanos, Seltzer (1971) afirma que suas presenças constituem uma regra e não uma exceção. Esse fato uma vez mais justifica o emprego dos dentes de cães como modelo experimental. Contudo, os dentes humanos com ramificações apicais possuem sempre um Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 273 - forame apical, correspondente ao canal principal, que é usualmente de maior dimensão que os demais, o que não ocorre com os dentes de cães. Procurando solucionar as dificuldades proporcionadas pelo delta apical dos dentes de cães (instrumentação das múltiplas ramificações, maior contato dos materiais com os tecidos periapicais) quando comparados com os dentes humanos, muito embora não seja absolutamente possível extrapolar os resultados de estudos de qualquer animal para as condições humanas, Holland et al. (1978b), sugerem o “arrombamento” (perfuração intencional) do delta apical (“platô” cementário) dos dentes de cães até a lima k 60, com o objetivo de criar um forame mais amplo e que se estenda junto aos tecidos periapicais. Quanto às dimensões desse forame nota-se que, de acordo com os objetivos do estudo, têm variado bastante, desde o correspondente à lima k 25 até a 80 (HOLLAND et al., 1979a; HOLLAND; SOUZA, 1985; SOARES; HOLLAND; SOARES, 1990a; BONETTI FILHO, 1990; HOLLAND et al., 1990; TANOMARU FILHO, 1996). Alguns admitem que a dimensão conferida ao forame do canal principal durante o arrombamento do “platô” cementário pode exercer influência na reparação dos tecidos periapicais, nos casos de tratamento endodôntico em dentes de cães com lesão periapical (SOUZA FILHO; BENATTI; ALMEIDA, 1987). Isso se explica porque quanto maior o diâmetro apical do canal principal, obtido com a sobreinstrumentação, maiores serão também as alterações introduzidas junto aos pequenos canais do delta apical. Esse procedimento pode diminuir, conseqüentemente, o número dessas ramificações, ou mesmo diminuir o comprimento de outras. Contudo, em casos de tratamento endodôntico de dentes Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 274 - com polpas vitais, no que diz respeito às ramificações apicais, não haveria influência significante sobre o resultado do tratamento, motivo pelo qual optou-se pelo arrombamento e alargamento do “platô apical” até a lima k 25 (HOLLAND et al., 1989; SOARES; HOLLAND; SOARES, 1990a; HOLLAND et al., 1990). 6.1.3 Do Preparo Biomecânico dos Canais Radiculares Atualmente, em decorrência do tipo de alimentação (ração balanceada) oferecida, é comum a formação de indultos e tártaro nas faces vestibulares e linguais dos dentes dos cães. Considerando que esses fatores podem levar a alterações gengivais e até mesmo ósseas marginais (FINNE et al., 1977; RUD et al., 1991), é de fundamental importância, antes do inicio da manipulação dos canais radiculares, realizar o preparo inicial de todos os dentes, além da limpeza adequada da região com substâncias antissépticas. Periodontite marginal avançada, segundo Rud e Andreasen (1972), também pode causar inflamação periapical e, conseqüentemente, prejudicar a reparação apical. A aplicação do dique de borracha se faz necessário, naturalmente por proporcionar um melhor campo operatório, com melhores condições de visibilidade e controle da contaminação. As aberturas coronárias nos incisivos foram realizadas pela face vestibular, e nos pré-molares pela face oclusal, preservando-se a cúspide oclusal central, conforme descrito anteriormente. Para o preparo biomecânico dos canais optouse pela técnica Mista Invertida (HOLLAND et al., 1991e), por se tratar de uma Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 275 - técnica do tipo “Crow-Down”. Evidentemente esse tipo de técnica contribui para menor ocorrência de deslocamento de detritos para os tecidos apicais e periapicais. Por meio dessa técnica realizou-se o preparo da porção mais volumosa do canal até a barreira cementária encontrada no ápice dental. A ampliação realizada até esse nível correspondeu ao diâmetro de uma lima k 55, por permitir a confecção de um batente apical, preparar adequadamente os canais radiculares, definir o limite apical da obturação, sem, contudo, desrespeitar suas condições anatômicas. A seguir procedeu-se ao arrombamento e alargamento da barreira cementária (“platô” apical) até a lima k 25, criando um forame principal, procedimento que tem sido preconizado por diferentes autores (HOLLAND et al., 1977a; BONETTI FILHO, 1990; ALMEIDA, 1997). A solução irrigadora utilizada neste estudo, durante todo o preparo biomecânico dos canais, foi soro fisiológico, empregado por Holland, Souza e Milanezi (1969) para o tratamento de canais radiculares de dentes com vitalidade pulpar, ou seja, casos de biopulpectomia. Segundo Murata (2006), no decorrer do preparo biomecânico do tratamento endodôntico, a ação mecânica das limas sobre as paredes dentinárias dos canais radiculares, desgastando-as, além de promover a ampliação da luz do canal radicular há o desprendimento de raspas de dentina que podem, inclusive, ficar englobadas com restos orgânicos, devendo, portanto, serem removidas pela solução irrigadora e por sucção. Todavia, algumas vezes é difícil evitar que esses detritos permaneçam envoltos pelo material obturador ou mesmo interpondo-se entre esse e os tecidos periapicais. Os trabalhos existentes na literatura, em sua maioria, não descrevem presença ou ausência de detritos. Porém, analisando Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 276 - criteriosamente os cortes histológicos contidos nesses artigos, pode-se observar que detritos estão presentes em quantidades variáveis e em diferentes localizações (RUSSO; HOLLAND; NERY, 1976; MATSUMURA, 1983; SILVA, 1995; TANOMARU FILHO, 1996; FAVINHA et al., 2002). É oportuno salientar que a presença de detritos, notadamente raspas de dentina, pode alterar os resultados do tratamento em diferentes situações. A presença de raspas de dentina contaminadas pode ser responsável pela formação de lesão periapical, impedindo a reparação tecidual (HOLLAND et al., 1980a, 1989). Além disso, a presença de detritos, quando é utilizado cimento à base de hidróxido de cálcio nas obturações de canais, pode impedir a ação desse produto por ficarem interpostos entre o material obturador e os tecidos periapicais. Nessa circunstância, os detritos impedem que o hidróxido de cálcio entre em íntimo contato com o tecido conjuntivo apical, não ocorrendo estímulo para a diferenciação e proliferação celular, para promover o reparo (HOLLAND et al., 1978c). Quando são utilizados cimentos à base de OZE, que são irritantes aos tecidos, a presença de detritos constituídos fundamentalmente por raspas de dentina pode interferir nos resultados, inclusive melhorando-os, pois essas raspas funcionarão como um plug, impedindo que o material irritante entre em contato com os tecidos periapicais (HOLLAND et al., 1998c). Além disso, as raspas de dentina, como se sabe, se não estiverem contaminadas podem, por meio de sua proteína osteogênica, agir como indutora na diferenciação e proliferação celular, promovendo o reparo (HOLLAND et al., 1989). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 277 - Porém, todo cuidado na execução da irrigação/aspiração dos canais radiculares com solução irrigadora, por si só, não consegue oferecer paredes dentinárias livres de raspas de dentina e também de uma camada de resíduos (pó dentinário, detritos orgânicos e inorgânicos), os quais podem obstruir a entrada de seus túbulos, sendo denominada de lodo dentinário ou smear layer (BAKER et al., 1975; MCCOMB; SMITH, 1975; MCCOMB; SMITH; BEAGRIE, 1976; GOLDMAN et al., 1981; MARDER; BAUNGARTNER; PETERS, 1984). Segundo Holland (2007d), ao se examinar as lâminas histológicas ao microscópio óptico comum não se vê detalhes do smear layer, mas observam-se detalhes dos “pedaços” de dentina, ou seja, das raspas de dentina, que não penetram nos túbulos dentinários como o smear layer. Com o objetivo de controlar melhor esses fatores, ao final utilizou-se a solução de EDTA 17% por 3 minutos, a fim de remover o smear layer, pois inúmeros trabalhos têm demonstrado que sua remoção é conseguida com o uso desse fármaco (MCCOMB; SMITH, 1975; MCCOMB; SMITH; BEAGRIE, 1976; GOLDBERG; ABRAMOVICH, 1977; YAMADA et al., 1983; CAMERON, 1983; BAUMGARTNER; MARDER, 1987; MERYON; TOBIAS; JAKEMAN, 1987; CENGIZ; AKTENER; PISKIN, 1990). Segundo Panzarini et al. (1998), quatro são as vantagens obtidas com a remoção do smear layer após o preparo biomecânico dos canais radiculares: 1aumentar a permeabilidade dentinária (HAMPSON; ATKINSON, 1964; ZINA et al., 1981), favorecendo a atuação mais profunda do curativo de demora no interior dos túbulos dentinários e das ramificações do canal principal (HOLLAND et al., 1991e); 2- permitir melhor adesão do cimento obturador às paredes dentinárias do Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 278 - canal radicular (OKSAN et al., 1993); 3- proporcionar melhor selamento marginal apical da obturação (KENNEDY; WALKER; GOUGH, 1986; HOLLAND et al., 1991f; SAUNDERS; SAUNDERS, 1992); 4- favorecer o escoamento do cimento obturador pelas ramificações do canal principal (GOLDBERG; SPIELBERG, 1982; HOLLAND et al., 1988). A aplicação do EDTA 17% por 3 minutos foi realizada antes do emprego do curativo de demora. Como já mencionado, após o emprego do EDTA houve nova irrigação com soro fisiológico e secagem dos canais com cones de papel. 6.1.4 Do Curativo de Demora A evolução científica e tecnológica tem permitido à terapia endodôntica atingir altos índices de sucesso. Esse êxito depende de uma seqüência de procedimentos bem realizados, nos quais cada fase operatória possui importância relevante, podendo comprometer o tratamento em curso quando não devidamente executada. Percebe-se hoje que a grande ênfase do tratamento endodôntico está direcionada ao bom preparo biomecânico dos canais radiculares e à sua hermética obturação. Embora esses aspectos do tratamento sejam fundamentais, eles não devem ser encarados como exclusivos na reparação pós-tratamento endodôntico. Por isso outras fases, notadamente a da desinfecção e saneamento, não devem ser relegadas a plano secundário, porque ainda fazem parte dos princípios básicos da endodontia para se chegar ao sucesso no tratamento. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 279 - No que se refere à necessidade ou não do emprego do curativo de demora, é interessante considerar as condições que o canal radicular apresenta. Assim, em casos de canais contaminados a utilização de uma medicação como curativo de demora parece assumir importância fundamental, proporcionando uma redução da microbiota abaixo dos níveis já obtidos pelo preparo biomecânico, principalmente pela penetração em áreas não alcançadas pelos instrumentos e por soluções irrigadoras (PANZARINI, et al., 1998; HOLLAND et al., 2003; OTOBONI FILHO, 2000, KATEBZADEH; HUPP; TROPE, 1999). Nos casos de polpa viva, os objetivos de se empregar o curativo de demora são de prevenir a contaminação do sistema de canais radiculares, uma vez que casos de polpa viva não apresentam microrganismos no interior do sistema de canais radiculares, e sua presença pode significar procedimentos iatrogênicos ou acidentais, e, principalmente, de modular o processo inflamatório do remanescente pulpar em níveis aceitáveis para o organismo, uma vez que constitui papel fundamental no processo de reparo. Assim, estudos foram e são realizados com o propósito de identificar medicamentos não irritantes ao periápice e capazes de modular o processo inflamatório existente nessa região em decorrência da ação dos instrumentos endodônticos. Portanto, a etapa do tratamento endodôntico que trata da medicação intracanal tem sido investigada partindo-se do princípio de que a intervenção endodôntica em dentes com polpa vital se faz necessária a partir de um prévio processo inflamatório. Estrela et al. (1995) ressaltaram que a medicação intracanal, nos casos de polpa viva, encontra respaldo para sua aplicação baseada nos seguintes Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 280 - aspectos: dificuldade clínica de se estabelecer o real estágio evolutivo do processo inflamatório no nível apical; necessidade de se utilizar medicamentos sem poder de irritação aos tecidos apicais e periapicais e com capacidade de modulação do processo inflamatório sem interferência no processo reparacional; necessidade de manutenção da cadeia asséptica no interior do canal radicular, levando-se em consideração que em intervenções endodônticas em tecido pulpar vital a contaminação por microrganismos é mínima ou inexistente; e, necessidade de minimizar a sintomatologia dolorosa observada no pós-operatório. Dessa forma, a medicação intracanal é recomendada entre sessões com tempos de espera e objetivos sediados na condição pulpar (PEDRO, 2003). Dentre as preocupações com a fase experimental deste estudo, uma delas era observar o efeito do emprego ou não de um curativo de corticosteróideantibiótico. Existem controvérsias sobre a questão de se realizar o tratamento endodôntico em duas sessões, nos casos de polpa viva, porém para alguns autores (HOLLAND et al., 1980b, 1981b; SOUZA et al., 1981; PEDRO, 2003) a medicação intracanal continua sendo um procedimento relevante para o tratamento endodôntico não apenas para desinfectar o canal, função essa delegada ao preparo químico-cirúrgico e às substâncias químicas, mas também para o controle do processo inflamatório que se instala em decorrência das manobras cirúrgico-operatórias na região apical e periapical dos dentes submetidos a tratamento endodôntico. Esse controle do processo inflamatório não visa a sua supressão, mas sim sua minimização até níveis compatíveis com o aspecto fisiológico. Nesse caso, o processo inflamatório viabilizará o processo Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 281 - reparacional de maneira rápida e ordenada, com vistas ao objetivo final do tratamento endodôntico, que é o selamento biológico. No presente estudo utilizou-se a associação corticosteróide-antibiótico (Otosporin®), composta de um corticosteróide (Hidrocortisona) e dois antibióticos (Sulfato de polimixina B e sulfato de neomicina). Para que o Otosporin® possa exercer sua função é necessário seu contato direto com o remanescente pulpar ou periodontal. O preenchimento do canal radicular pela medicação intracanal aconteceu pelo uso de uma seringa carpule com a medicação acondicionada em tubetes de anestésico vazios esterilizados e agulha de fino calibre. A medicação foi mantida em posição com o auxílio de cones de papel por 7 dias (HOLLAND et al., 1981b). O seu uso se justifica porque esse medicamento oferece as vantagens de não ser irritante, preservar a vitalidade do coto pulpar e controlar a intensidade e extensão do processo inflamatório que decorre do ato operatório da pulpectomia (HOLLAND et al., 1980b). Assim, a obtenção de um coto pulpar bem organizado, após a sobreinstrumentação (devido ao arrombamento do “platô” cementário), pode ocorrer com a invaginação do tecido conjuntivo periodontal para dentro da porção do canal cementário (correspondente ao canal principal) devido as condições oferecidas pelo emprego do Otosporin® (HOLLAND et al., 1981b; SOUZA et al., 1981). Para Sant’Anna Júnior (2001), as vantagens hipotéticas de se preservar o coto pulpar são: ele ajuda no controle da incidência de sobreobturações e também influencia na qualidade da reparação. Ainda, segundo o autor, a ocorrência ou não de sobreobturações guarda relação com uma série de fatores, tais como a técnica de obturação, bem como pequenas variáveis dentro da Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 282 - técnica, e que nos casos em que se emprega o curativo de Otosporin® e em que não ocorre invaginação do tecido conjuntivo os resultados devem igualar-se àqueles em que esse tecido foi removido no momento da obturação. Quanto à influência do coto pulpar na qualidade da reparação, deve-se ressaltar que Silveira (2000), num estudo in vivo e in vitro, não observou diferença entre os grupos com e sem curativo de Otosporin®, após o arrombamento do “platô” cementário. Holland et al. (1980b, 1981b) e Souza et al. (1981) observaram que canais obturados pela técnica da condensação lateral, após o emprego do Otosporin®, evidenciaram selamento marginal apical significativamente melhor do que aqueles nos quais não se empregou nenhum tipo de tratamento especial. Cumpre ressaltar ainda que a observação de melhor vedamento após a utilização do Otosporin® não foi só observada em obturações de canal, mas também quando da análise do selamento observado com determinados materiais seladores temporários (NAKASAKO et al., 1994). Assim, segundo esses autores, além de proporcionar melhor organização do coto pulpar, o Otosporin® pode também influenciar na qualidade do selamento marginal da obturação. 6.1.5 Da Obturação dos Canais Radiculares Concluído o preparo biomecânico dos canais radiculares, tanto para o grupo de sessão única quanto para o grupo de duas sessões, foram utilizados os dois cimentos (SealapexTM acrescido de iodofórmio ou MTA manipulado com Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 283 - propilenoglicol) e cones de guta percha para realizar a obturação dos canais radiculares. Para efetuar essa obturação, foi empregada a técnica clássica de obturação do canal pela condensação lateral (LEAL, 1972; BONETTI FILHO, 1990), na qual o cone principal de guta percha foi envolto pelo cimento obturador e levado ao interior do canal radicular até o CRT. A seguir procedeu-se à condensação lateral ativa, com o auxílio de espaçadores palmodigitais, até completar-se a obturação do canal radicular, confirmada radiograficamente. Os cones de guta percha foram cortados no nível cervical e foi realizada a condensação vertical. Na seqüência fez-se limpeza das aberturas coronárias e restauração com IRM e amálgama de prata. Optou-se por esse selamento coronário devido à comprovada resistência a fratura e a excelente capacidade de selamento marginal (NAVARRO; PASCOTTO, 1998). 6.1.6 Do Tempo Pós-Operatório Empregado O período pós-operatório de 90 dias está de acordo com as normas BS EN (ISO 7405, 1997) para avaliação da biocompatibilidade dos materiais obturadores de canal radicular e que tem sido empregada com freqüência por vários autores (SOUZA; HOLLAND, 1974; PITT FORD, 1980; SANTANA, 2001; HOLLAND et al., 2007; LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 284 - Em linhas gerais, pode-se dizer que o tempo pós-operatório mínimo exigido nas bio e necropulpectomias tem dimensões diferentes e guarda relação com o que se pretende visualizar. Assim, nas necropulpectomias, a maioria dos trabalhos que analisam a reparação de dentes com lesão periapical tem empregado um tempo mínimo de 180 dias. Nas biopulpectomias, entretanto, quando se pretende observar o reparo final, notam-se diferentes magnitudes de tempo, que varia de 30 dias a 1 ano. No entanto, muitos experimentos analisaram e relataram reparação com tempos que variam de 30 a 90 dias (HOLLAND et al., 1971c; HOLLAND; SOUZA; MILANEZI, 1971b; LEAL et al., 1979; SOARES; HOLLAND; SOARES, 1990). Tem sido observado que a ocorrência de selamento biológico apical pode ser detectada 15 dias após a obturação de canal com hidróxido de cálcio (HOLLAND et al., 1978c). Esse dado é facilmente observado em dentes de cães aos 60 dias (HOLLAND; SOUZA; MILANEZI, 1971b) e também é relatado em dentes humanos aos 30 dias (HOLLAND et al., 1977a). Diante disso, quer-se crer que o tempo pós-operatório adotado seja adequado aos propósitos deste estudo, isto é, um tempo que fosse suficiente para permitir a ocorrência do reparo diante do SealapexTM acrescido de iodofórmio ou MTA manipulado com propilenoglicol, proporcionado pela deposição de cemento neoformado, que usualmente determina o selamento biológico apical. Também, serviu de parâmetro o trabalho de Holland et al. (2001e), os quais, após a sobreinstrumentação, empregaram um curativo de Otosporin® e obturaram os canais de dentes de cães com MTA e observaram, após 90 dias, alta incidência de selamento biológico por cemento neoformado. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 285 - 6.1.7 Do Processamento Histológico Todos os espécimes, após fixação e processamento dos tecidos, e descalcificação, foram incluídos em parafina. Seguiu-se a microtomia seriada, com 6 µm de espessura, por toda a área do ápice que demonstrasse presença de ramificações do canal principal. Os cortes histológicos obtidos dos espécimes estudados foram submetidos a dois diferentes métodos de coloração, HE e Brown e Brenn. A primeira coloração permite análise histomorfológica dos resultados obtidos nos diferentes grupos experimentais. A segunda coloração destina-se a observar se microrganismos estão presentes nos espécimes estudados. Este estudo foi desenvolvido em dentes com polpas vitais e, portanto, com canais radiculares teoricamente isentos de microrganismos. Mesmo sendo usados dique de borracha e instrumentos esterilizados, e sendo realizada a antissepsia do campo operatório, não é viável descartar a possibilidade de eventual e acidental contaminação. Assim, a coloração de Brown e Brenn serviria para detectar microrganismos, auxiliando também a diferenciação de uma resposta inflamatória exclusiva ao ato cirúrgico e ao material obturador, ou também a presença de bactérias (SANT’ANNA JÚNIOR, 2001). Neste estudo, a coloração de Brown e Brenn não evidenciou nenhum espécime com presença de bactérias em nenhum dos grupos experimentais. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 286 - 6.1.8 Dos Critérios para Análise dos Resultados Histomorfológicos e Histomicrobiológico Quanto aos critérios de análise dos resultados histomorfológicos, baseouse em diversos trabalhos publicados pela equipe de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP (BERNABÉ, 1994; OTOBONI FILHO, 2000; HOLLAND et al., 2003, 2005b; HOLLAND; SOUZA; ESTRELA, 2005a; HOLLAND et al., 2007a). Durante a análise dos resultados procurou-se dimensionar as ocorrências histomorfológicas, com os objetivos de possibilitar a realização de uma análise estatística mais adequada, bem como evitar o tratamento subjetivo dos resultados, uma vez que, é comum observar na literatura autores que relatam haver observado pequeno, moderado ou grande processo inflamatório, mas sem especificar o número de células presentes. Da mesma forma, a espessura do ligamento periodontal, ou do cemento neoformado, podem ter dimensões avaliadas conforme o critério pessoal de cada leitor. Dessa maneira, todos os detalhes analisados neste estudo foram quantificados, de modo a procurar não deixar dúvidas na interpretação, procurando-se dar uma idéia bem próxima e a menos subjetiva possível dos resultados obtidos. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão 6.2 - 287 - DOS MATERIAIS OBTURADORES DE CANAIS RADICULARES Constituído por diversas etapas, o tratamento endodôntico é realizado com o auxílio de substâncias e materiais que permitem a desinfecção e a limpeza do sistema de canais radiculares, a manutenção da sanificação e sua obturação. É nessa fase de obturação do canal radicular que são utilizados em conjunto cones de guta percha e cimentos obturadores, que podem ser encontrados com diversas bases e composições, e, por isso, tendem a apresentar diferentes propriedades biológicas e físico-químicas. De acordo com Leal (1998), pode-se relacionar as propriedades dos cimentos endodônticos como biológicas e físico-químicas. Dentre as propriedades biológicas dos cimentos obturadores verifica-se a tolerância tecidual, a reabsorção no periápice nos casos de extravasamento acidentais, propriedade de estimular ou permitir a deposição de tecido mineralizado no nível apical e ter ação antimicrobiana. Como propriedades físico-químicas podem ser relacionadas a facilidade de inserção, a plasticidade no momento de inserção, tornando-se sólido posteriormente, possuir bom tempo de trabalho, propiciar bom selamento em todos os sentidos, não sofrer contrações, não ser permeável, possuir bom escoamento, possuir boa viscosidade e aderência, não ser solubilizado dentro do canal radicular, possuir pH próximo ao neutro, ser radiopaco, não manchar as estruturas dentais, ser estéril ou passível de esterilização e de fácil remoção. Dessa forma, pode-se afirmar que, atualmente, os materiais disponíveis com a finalidade de obturação dos canais radiculares não preenchem completamente os requisitos acima descritos, apesar do esforço de pesquisadores em melhorar cada Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 288 - vez mais as propriedades desses materiais (LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993; HOLLAND et al., 2007a). Tendo conhecimento desse fato, é objetivo de muitos pesquisadores encontrar um cimento que consiga reunir características que o tornem pelo menos próximo do ideal (GROSSMAN, 1958 apud PAIVA; ANTONIAZZI, 1988). Estudos in vitro e in vivo têm sido largamente realizados para se comparar as propriedades dos cimentos que são lançados no mercado todos os anos (HOLLAND; SOUZA, 1985; LIM; TIDMARSCH, 1986; SOARES; HOLLAND; SOARES, 1990a; MITTAL; CHANDRA; CHANDRA, 1995; LEONARDO et al., 1997; HOLLAND et al., 1999c; WILLERSHAUSEN et al., 2000; HUANG et al., 2002; RUEDA, 2006; LEONARDO et al., 2007). É dentro desse panorama descrito na literatura que se encontram razões para a realização de pesquisas que possam auxiliar no conhecimento das propriedades dos cimentos endodônticos, a fim de se chegar a resultados mais conclusivos, que levem a um cimento obturador de canal ideal. Dentre os dois cimentos obturadores de canal radicular analisados, ambos já foram amplamente estudados em diferentes tipos de experimentações, e há longo tempo são empregados em seres humanos. Trata-se do cimento SealapexTM, que recentemente teve sua fórmula alterada pelo fabricante, e até o momento de fechamento do tombamento literário deste estudo havia apenas um trabalho in vivo publicado a respeito, o de Leonardo et al. (2007). O MTA também foi analisado em diferentes trabalhos experimentais, e há quase uma década é usado em seres humanos. Contudo, o trabalho publicado por Holland et al. (2007a) é o único que analisa in vivo o MTA manipulado com propilenoglicol como Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 289 - obturador de canal com cones de guta percha. Assim, as alterações introduzidas nas duas formulações já conhecidas exigiam a realização de novas experimentações, o que ora foi proposto. 6.2.1 Do Cimento SealapexTM acrescido de Iodofórmio O Sealapex surgiu comercialmente na década de 80, pertencente à família dos cimentos obturadores de canais radiculares à base de hidróxido de cálcio. Alguns cimentos ditos à base de hidróxido de cálcio na realidade não contêm esse produto na sua fórmula, como por exemplo o Sealapex. Suas formulações indicam a presença de óxido de cálcio como componente. Esse produto, proveniente da reação de aquecimento (calcinação do carbonato de cálcio), necessita de hidratação para formar o hidróxido de cálcio. As propriedades conferidas ao hidróxido de cálcio se devem à reação de dissociação em íons cálcio e hidroxila, a qual, uma vez ocorrida, permite a alcalinização do meio, promovendo diminuição da atividade microbiana do local, entre outras propriedades biológicas (ESTRELA; ESTRELA, 2002). O primeiro estudo in vivo realizado com esse cimento é de Holland e Souza (1985), que avaliaram sua capacidade em induzir o selamento biológico apical. Observaram que, além de promover o selamento apical pela deposição de cemento neoformado, mostrou melhores resultados do que o Kerr Pulp Canal Sealer e hidróxido de cálcio PA. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 290 - Holland et al. (2002b), demonstraram que os íons cálcio do Sealapex são liberados e combinam-se com o dióxido de carbono tecidual, formando granulações de calcita. Sabe-se que essas granulações têm participação fundamental no processo de reparo pós-tratamento endodôntico, induzindo a diferenciação das células que irão depositar tecido calcificado (SEUX et al., 1991). Em relação ao comportamento biológico do cimento Sealapex, tem sido demonstrado histologicamente, em tratamento endodôntico de dentes vitalizados de animais, que ele estimula a deposição de cemento produzindo, alta incidência de selamento biológico dos forames apicais (HOLLAND; SOUZA, 1985; TAGGER; TAGGER, 1989; SONAT; DALAT; GÜNHAN, 1990; HOLLAND et al., 1992; LEONARDO et al., 1997; HOLLAND et al., 1998b). Por outro lado, sua superioridade em relação a alguns cimentos que não contêm hidróxido de cálcio tem sido apontada em tratamentos de dentes de cães com lesão periapical crônica (TANOMARU FILHO, 1996; PANZARINI et al., 1998; BERBERT, 1999; OTOBONI FILHO, 2000). Isso significa que o Sealapex, na presença de uma lesão periapical, oferece condições para que o organismo desenvolva o processo de reparo. Ainda em relação ao comportamento biológico do Sealapex, diversos trabalhos com diferentes metodologias comparam sua citotoxicidade com cimentos de várias categorias. Assim, quando a comparação é realizada com os cimentos à base de OZE, a maioria das experimentações em tecido subcutâneo de rato tem apontado resultados semelhantes (YESILSOY et al., 1988; MOLLOY et al., 1992; ECONOMIDES et al., 1995); outros, contudo, apontam menor citotoxicidade (LEAL; HOLLAND; ESBERARD, 1988; MITTAL; CHANDRA; Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 291 - CHANDRA, 1995) e até mesmo maior (YESILSOY et al., 1988). Em culturas de células, a resposta pode ser melhor (MATSUMOTO; INOUE; MATSUMOTO, 1989; LEONARDO et al., 1996) ou pior (GEURTSEN et al., 1998; LEONARDO et al., 2000). Finalmente em tecido periapical de dentes de animais, apenas Soares et al. (1990b) encontraram resultados similares entre o Sealapex e o cimento de OZE, enquanto, muitos outros trabalhos apontaram a superioridade do Sealapex (HOLLAND; SOUZA, 1985; BONETTI FILHO, 1990; OGATA, 2003). Em relação aos cimentos resinosos, as comparações efetuadas em tecido subcutâneo são também bem divergentes, tendo sido observado respostas melhores (ECONOMIDES et al., 1995) ou igual (MOLLOY et al., 1992) a do Sealapex. Além disso, Matsumoto, Inoue e Matsumoto (1989) trabalhando em cultura de células observaram que, após a presa, o Sealapex foi mais agressivo do que os cimentos AH26 e Diacket. Contudo, Tagger e Tagger et al. (1989), obturando canais radiculares de dentes de macacos observaram, em períodos mais longos, a presença de inflamação crônica de moderada a severa provocada pelo AH26, e ausente com o Sealapex. Observaram também freqüente presença de selamento biológico com este último. Já Leonardo et al. (2007), obturando dentes de cães com o sistema Epiphany/Resilon ou SealapexTM com a nova formulação, observaram que o primeiro apresentou menos inflamação perirradicular do que os canais obturados com o segundo. Finalmente, comparando o Sealapex com outros cimentos da sua categoria (CRCS, Hypocal e Apexit) em trabalhos realizados em tecido subcutâneo, a maioria apontou melhor comportamento do Sealapex (LEAL et al., 1988; YESILSOY et al., 1988; JACOBOVITZ, 1996; NASSRI; LIA; BOMBANA, 2003a), Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 292 - outros constataram resultados semelhantes (SILVA et al., 1997), ou mesmo piores (ECONOMIDES et al., 1995). Por outro lado, testes realizados com culturas de células ou macrófagos peritoniais apontam maior citotoxicidade do Sealapex (BELTES et al., 1995; LEONARDO et al., 2000). Já em canais radiculares de dentes de cães ou macacos, Tagger e Tagger (1989) e Leonardo et al. (1997) encontraram ausência de inflamação periapical e freqüente deposição de tecido calcificado com o cimento Sealapex, aspectos esses não observados com o Apexit e o CRCS. Dentre os cimentos classificados como à base de hidróxido de cálcio, tem sido observado que o CRCS e o Apexit não têm a capacidade de estimular a deposição de cemento. O CRCS, segundo Tagger e Tagger (1988), devido à presença do eugenol em seu componente líquido, que, reagindo com os íons cálcio, originaria o eugenolato de cálcio, impediria, assim, sua reação com o dióxido de carbono para formar as granulações de calcita. Em relação ao Apexit, provavelmente a baixa porcentagem de hidróxido de cálcio em sua fórmula reduz sua alcalinidade, que é responsável pela não estimulação à deposição de tecido calcificado (SILVA, 1995). Em relação ao Sealer 26, os resultados se aproximam ao obtido com o Sealapex, conforme foi demonstrado por Leonardo et al. (1997) e Holland et al. (2003). Em resumo, os estudos efetuados com os cimentos à base de hidróxido de cálcio deixam claro que as divergências de resultados se devem quase que exclusivamente à metodologia utilizada e a alguns ingredientes presentes na formulação desses cimentos. Assim, quando utilizada a cultura de células, a maioria aponta maior toxicidade do Sealapex. Provavelmente esse resultado pode estar aliado ao Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 293 - tempo pós-operatório, que com essa metodologia sempre é curto, período em que o pH do Sealapex continua alto, certamente desfavorável ao desenvolvimento de cultura de células (NEVES, 2005). Essa hipótese parece ser reforçada quando os testes são efetuados em tecido subcutâneo, onde se observa que é maior a irritação provocada pelo Sealapex nos períodos curtos, sendo atenuada nos períodos mais longos, quando a inflamação pode estar ausente (ZMENER et al., 1980). No que diz respeito à capacidade seladora do Sealapex, os trabalhos que têm comparado o selamento marginal proporcionado por esse cimento com cimentos de outras ou da mesma categoria também apresentam divergências. Assim, alguns autores verificaram que o Sealapex permite menor infiltração marginal de corantes do que alguns cimentos à base de OZE (BONETTI FILHO, LEAL; MENDES, 1987; HOLLAND et al., 1991f; SAHLI et al., 1992; HOLLAND et al., 1996a; KONTAKIOTIS; WU; WESSELINK, 1997; SOUZA et al., 2000). Outros não encontraram diferenças significativas (JACOBSEN et al., 1987; MADISON; SWANSON; CHILES, 1987; ROTHIER et al., 1987; MADISON; WILCOX, 1988; BARKHORDAR; BUI; WATANABE, 1989) e outros ainda apontam maior infiltração (LIM; TIDMARSH, 1986; ANTONIO; MOURA, 1997). Em 2003 Ogata observou, em dentes de cães, infiltração marginal coronária de bactérias em 30% dos canais radiculares obturados com Sealapex e preparados para pinos, e 70% nos canais obturados com um cimento à base de OZE (Endofill). Em relação aos cimentos resinosos, as divergências também aparecem, apontando superioridade (LIM; TIDMARSH, 1986; SAHLI et al., 1992; KONTAKIOTIS; WU; WESSELINK, 1997), igualdade (MADISON; WILCOX, 1988; Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 294 - BARKHORDAR; BUI; WATANABE, 1989), ou inferioridade do Sealapex (LIMKANGWALMONGKOL; ABBOTT; SANDLER, 1992; OGUNTEBI; SHEN, 1992; LEONARDO et al., 2007). Com os cimentos da própria categoria (CRCS, Roth’s Sealer, AH26, Nogenol Sealer), parece que o Sealapex apresenta capacidade seladora marginal semelhante (JACOBSEN et al., 1987; ROTHIER et al., 1987; BARKHORDAR; BUI; WATANABE, 1989) ou mesmo superior (SAHLI et al., 1992; SIRAGUSA; RACCIATTI; SPOLETI, 1997). Como se observa pelos dados anteriores, embora exista alguma contradição de resultados, nota-se que predominam aqueles que atribuem ao cimento Sealapex uma boa capacidade seladora marginal. Provavelmente essa capacidade guarde relação direta com a presença do óxido de cálcio que entra na composição da base do cimento, uma vez que, em presença da umidade, ele origina o hidróxido de cálcio, provocando ligeira expansão do material (CAICEDO; FRAUNHOFER, 1988; HOLLAND et al., 1996a). O Sealapex é um cimento não solúvel no interior do canal (SONAT; DALAT; GÜNHAN, 1990; HOLLAND et al., 1992, 1998c), porém existem algumas divergências em alguns estudos, relatando que o Sealapex apresenta certo grau de solubilidade no interior dos canais radiculares (TRONSTAD; BARNETT; FLAX, 1988; TAGGER; TAGGER, 1989; BARNETT et al., 1989; FIDEL et al., 1994). Segundo Tagger, Tagger e Kfir (1988) e Leonardo (1992), isso poderia estar relacionado à sua constante liberação de íons cálcio e hidroxila, conforme foi demonstrado pelos autores. Como a liberação de íons cálcio está envolvida com a atividade calcificadora, e a liberação de íons hidroxila com a manutenção Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 295 - da alcalinização da dentina, a possível solubilização do cimento Sealapex, considerada por alguns como negativa, parece constituir um fator favorável à manutenção do saneamento microbiológico e à neoformação de cemento na região periapical. A capacidade do Sealapex em promover e manter a alcalinização do ambiente periapical foi demonstrada por Holland et al. (2001b). A capacidade que o cimento tem de influenciar no reparo final do tratamento endodôntico está relacionada também com o seu potencial antimicrobiano. A atuação antimicrobiana do Sealapex se deve à alcalinização do ambiente, pela liberação de íons hidroxila, os quais promoveriam alterações no transporte de nutrientes e componentes orgânicos para o interior da célula bacteriana (ESTRELA et al., 1994). Admite-se que em pH alcalino esse transporte químico pode ser efetuado de maneira direta quando houver influência na atividade específica das proteínas da membrana celular, ou indireta, pelas alterações no estado de ionização dos nutrientes orgânicos (KODUKULA et al., 1988). Essas alterações no sistema enzimático da membrana citoplasmática provocariam alterações em algumas funções fundamentais das células bacterianas, dentre as quais o metabolismo, o crescimento e a divisão celular (BURNET; SCHUSTER, 1982). Além da interferência dos íons hidroxila sobre o sistema enzimático, Rubim e Farber (1990) admitem que eles poderiam atuar diretamente na membrana citoplasmática destruindo alguns de seus componentes, como ácidos graxos insaturados ou fosfolipídios, com perda de sua integridade. Tem sido demonstrado ainda que o hidróxido de cálcio atuaria não só sobre as bactérias, mas também sobre as endotoxinas bacterianas inibindo-as e, conseqüentemente, impedindo a síntese e a liberação da citocina, principal Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 296 - ativadora da osteoclasia, com reflexos benéficos ao tratamento endodôntico (SAFAVI; NICHOLS, 1993, 1994). Assim, em relação ao potencial antimicrobiano, alguns trabalhos têm demonstrado que os cimentos à base de OZE são mais eficientes do que os à base de hidróxido de cálcio (BARKHORDAR; BUI; WATANABE, 1989; ALKHATIB et al., 1990). Contudo, a metodologia utilizada nesses trabalhos é feita pelo contato direto de corpos de prova com bactérias semeadas em meio de cultura, sendo os períodos de incubação sempre pequenos. Por isso, como a atividade antimicrobiana dos produtos que contêm OZE é exercida principalmente pelo líquido do cimento, provavelmente ela se inicie logo após a sua colocação na placa contendo o meio de cultura inoculado, e persiste, de maneira efetiva, até a inativação total do eugenol livre. Por outro lado, a efetividade dos cimentos à base de hidróxido de cálcio depende da atuação dos íons hidroxila. Como a ionização é lenta e prolongada, o Sealapex apresenta uma suave ação inibitória inicial, porém persistente. Os trabalhos realizados por Shalhav, Fuss e Weiss (1996) e Heling e Chandler (1996) confirmam a hipótese de que o potencial antimicrobiano dos cimentos endodônticos pode se alterar com o passar do tempo, e que a atividade antimicrobiana do Sealapex aumenta com o passar do tempo. Diante de todas essas considerações é que optou-se por avaliar o cimento SealapexTM acrescido de iodofórmio, cuja associação foi proposta por alguns autores antes do novo cimento (MAISTO; CAPURRO, 1964; HOLLAND et al., 1977b; KUGA; MORAES; BERBERT, 1988; KUBOTA; GOLDEN; PENUGONDA, 1992) com o propósito de aumentar sua radiopacidade (SILVA; LEONARDO; UTRILLA, 1991; HOLLAND et al., 1992) e reabsorção. Alguns estudos relatam Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 297 - que os materiais obturadores de canais radiculares que contêm iodofórmio são facilmente reabsorvíveis na região periapical e não provocam reações de corpo estranho, além de contribuir com a reparação óssea, devido à liberação do iodo em seu estado nascente (MURUZÁBAL; ERAUSQUIN, 1966; BARKER; LOCKETT, 1971b; CASTAGNOLA; WIRTZ, 1976; RIFKIN, 1980; GARCIAGODOY, 1987). Porém, os relatos da literatura asseguram que esse acréscimo de iodofórmio não compromete as suas propriedades físicas e biológicas (KUGA; MORAES; BERBERT, 1988; HOLLAND, 1990, 1991d, 1992; VALERA et al., 2005). Continuar acrescentando o iodofórmio apenas para conseguir mais radiopacidade do produto não se justifica mais, visto que o fabricante já corrigiu esse problema ao realizar recentes alterações em sua fórmula (LEONARDO et al., 2007). Essas alterações também aumentaram o prazo de validade do produto de 1 para 2 anos. Em nosso estudo foi utilizado o SealapexTM com as recentes alterações da fórmula feitas pelo fabricante, porém o iodofórmio ainda foi acrescentado por não se ter conhecimento desta alteração até o momento em que foi realizada a obturação dos canais. 6.2.2 Do MTA Manipulado com Propilenoglicol O MTA surgiu no início dos anos 90, como um material experimental estudado por Torabinejad da Universidade de Loma Linda – Califórnia, EUA, com o objetivo de selar as comunicações entre o interior e o exterior do dente. O Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 298 - primeiro trabalho publicado do MTA é de Lee, Monsef e Torabinejad (1993), e originalmente ele foi indicado após a realização de cirurgias como material retrobturador, e em casos de perfurações intrarradiculares e da furca. Nesse trabalho os autores descrevem o MTA como um pó de finas partículas hidrofílicas, que endurecem após a hidratação. O pó é composto principalmente de silicato tricálcico, aluminato tricálcico, óxido tricálcico e óxido de silicato, com pequenas quantidades de outros óxidos minerais e adição do óxido de bismuto, responsável pela sua radiopacidade. Ainda segundo o estudo de Torabinejad, MacDonald e Pitt Ford (1995g), as principais moléculas presentes no MTA são íons de cálcio e fósforo. Segundo os autores, como esses íons também são os principais componentes dos tecidos dentais, conferem ao MTA excelente biocompatibilidade, quando em contato com células e tecidos. As análises efetuadas demonstraram que o óxido de cálcio se apresenta como cristais discretos, e o fosfato de cálcio como uma estrutura amorfa, com aparência granular. A composição média dos prismas é de 87% de cálcio, 2,47% de sílica, e o restante, oxigênio. As áreas da estrutura amorfa contêm 33% de cálcio, 49% de fosfato, 2% de carbono, 3% de cloreto e 6% de sílica. O pH inicial registrado foi de 10,2, sendo que 3 horas após a mistura o pH aumentou para 12,5, quando então permaneceu constante. Os autores concluíram que, pelo fato de o MTA ter um pH alto, semelhante ao do hidróxido de cálcio, é possível que ele possa induzir a formação de tecido duro quando utilizado como material retrobturador. Assim, esse material trouxe uma nova perspectiva para a endodontia, e desde o seu lançamento uma série de trabalhos tem demonstrado a excelente capacidade seladora marginal do MTA como material selador de perfurações Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 299 - radiculares (LEE; MONSEF; TORABINEJAD, 1993; ARENS; TORABINEJAD, 1996; CAICEDO et al., 2000; HOLLAND et al., 2001c, 2007b), como selador de perfurações de furca (HONG et al., 1994; PITT FORD et al., 1995; NAKATA; BAE; BAUNGARTNER, 1998), como material retrobturador em cirurgias parendodônticas (TORABINEJAD; WATSON; PITT FORD 1993; TORABINEJAD et al., 1994, 1995a; BATES; CARNES; DEL RIO, 1996; TORABINEJAD et al., 1997; FISCHER; ARENS; MILLER, 1998; WU; KONTAKIOTIS; WESSELINK, 1998; YATSUSHIRO et al., 1998; AQRABWI, 2000; MARTELL; CHANDLER, 2000; DALÇÓQUIO et al., 2001; BERNABÉ; HOLLAND 1999; BERNABE et al., 2002; TANG; TORABINEJAD; KETTERING, 2002), como barreira intracoronária prévia ao clareamento dentário (CUMMINGS; TORABINEJAD, 1995), e como material selador coronário (SNIDER et al., 1999). Essa habilidade seladora marginal exibida pelo MTA provavelmente se deve à sua natureza hidrofílica e à suave expansão quando é manipulado em ambiente úmido (TORABINEJAD; MacDONALD; PITT FORD, 1995g), prevenindo a infiltração bacteriana (ADAMO et al., 1999) e a infiltração de endotoxinas bacterianas (TANG; TORABINEJAD; KETTERING, 2002). Dentre algumas propriedades que um material obturador deve possuir, uma delas é que apresente algum efeito bactericida ou bacteriostático. Vários trabalhos demonstraram que o MTA possui propriedades antimicrobianas em meio de cultura devido ao halo inibitório alcançado pelo material, e que essa propriedade antimicrobiana está relacionada ao elevado pH e à concentração de íons hidroxila (HONG; TORABINEJAD; KETERRRING, 1993; TORABINEJAD et al., 1995c; ESTRELA et al., 2000). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 300 - Quanto às propriedades biológicas, vários trabalhos têm comprovado que, por ser um material biocompatível, o MTA não promove inflamação tecidual significativa. Somado a este fator, o material permite o processo de reparo em diversas situações, inclusive, segundo os autores, induzindo a deposição de tecido dentinário e osteocementário (TORABINEJAD et al., 1995f; PITT FORD et al., 1996; TORABINEJAD et al., 1997; HOLLAND et al., 1999b; SHABAHANG et al., 1999; HOLLAND et al., 2001c,d,e). Ainda sobre as aplicações do MTA, também é indicado nos casos de tratamentos conservadores da polpa dental (SOARES, 1996; MYERS et al., 1996; PITT FORD et al., 1996; JUNN et al., 1998; FARACO JÚNIOR, 1999; ROCHA et al., 2000; HOLLAND et al., 2001d; SCHMITT; LEE; BOGEN, 2001; FARACO JÚNIOR; HOLLAND, 2001; TZIAFAS et al., 2002; MASIOLI, 2002; ZHU; XIA, 2003; AEINEHCHI et al., 2003; ANDELIN et al., 2003; SALAKO et al., 2003; SILVA, 2003; FARACO JÚNIOR; HOLLAND, 2004; MENEZES et al., 2004a,b; AGAMY et al., 2004; HAM et al., 2005; PARIROKH et al., 2005; HOLLAND et al., 2006), tratamentos de apexigênese e apexificação (TITTLE et al., 1996; SHABAHANG et al., 1999; SHABAHANG; TORABINEJAD, 2000; FELIPPE; FELIPPE; ROCHA, 2006; PRADHAN et al., 2006; SIMON et al., 2007), como material selador de perfurações resultantes de reabsorções internas e externas comunicantes (SCHWARTZ et al., 1999; TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999), como material obturador do sistema de canais radiculares de dentes decíduos (NERY, 2000; O’SULLIVAN; HARTWELL, 2001) e permanentes (HOLLAND et al., 1999b, 2001e, 2007a; PANZARINI et al., 2007), como material reparador de fraturas Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 301 - radiculares verticais (TORABINEJAD; CHIVIAN, 1999) e horizontais (SCHWARTZ et al., 1999) e como plug apical (KWAK et al., 2000). Apesar de o primeiro trabalho do MTA ter sido realizado em 1993, por Lee, Monsef e Torabinejad, seu mecanismo de ação só é descrito pela primeira vez por Holland et al. (1999a), quando realizaram estudo comparando algumas propriedades do MTA com as do hidróxido de cálcio em tubos de dentina preenchidos com materiais implantados em tecido conjuntivo subcutâneo de ratos. Os autores observaram algumas similaridades entre as propriedades dos dois materiais, principalmente com respeito à deposição de novo tecido duro. Tanto com o hidróxido de cálcio quanto com o MTA foram notadas granulações birrefringentes à luz polarizada, não só na intimidade dos tecidos como também no interior dos túbulos dentinários. Essas granulações são cristais de calcita, originários da reação do cálcio do hidróxido de cálcio com o dióxido de carbono do tecido (HOLLAND, 1971a). Surgiu daí a questão: por que esse mesmo fenômeno ocorreu com o MTA se ele não contém hidróxido de cálcio em sua formulação? A hipótese mais provável levantada nesse trabalho foi a de que o MTA não possui hidróxido de cálcio, mas contém o óxido de cálcio, que, após ser manipulado com o veículo aquoso, reage formando o hidróxido de cálcio. Este, por sua vez, em contato com os fluidos do tecido conjuntivo periapical, que possui água e gás carbônico, dissocia-se em íons cálcio e hidroxila. Os íons cálcio, reagindo com o gás carbônico dos tecidos, dão origem às granulações de carbonato de cálcio sob a forma de cristais de calcita. E, segundo Seux et al. 1991), junto a essas granulações há grande acúmulo de fibronectina, que Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 302 - proporciona adesão e diferenciação celular com posterior deposição de tecido duro, havendo na seqüência formação de uma ponte de tecido duro. Portanto, as estruturas birrefringentes à luz polarizada, observada nos túbulos dentinários, são similares àquelas observadas com o hidróxido de cálcio, ou seja, ambas são cristais de calcita, o que levou os autores a concluírem que o mecanismo de ação do MTA, estimulando deposição de tecido duro, seja semelhante ao produzido pelo hidróxido de cálcio. O cimento obturador Sealapex também contém óxido de cálcio em sua composição, e não hidróxido de cálcio, o que iguala seu mecanismo de ação ao MTA. Holland et al. (1999b) realizam pela primeira vez obturação de canais radiculares de dentes de cães com cones de guta percha associados ao MTA ou CIV (Ketac-Endo). As misturas dos cimentos foram aplicadas nas paredes dos canais com uma broca espiral de lentulo, e os dentes foram obturados pela técnica da condensação lateral. Em relação ao MTA, por ser manipulado com um veículo aquoso houve dificuldade de inserção e condensação no interior do canal, segundo os autores. Os resultados mostraram que o MTA tem habilidade de estimular a deposição de tecido duro no nível apical após a obturação do canal radicular. Os autores comentaram que se o selamento total é o objetivo ideal a ser alcançado, depois do tratamento do canal radicular, os resultados obtidos com o MTA alcançam esse objetivo, muito bem. Concluíram sugerindo que o MTA tem algumas propriedades biológicas que o recomendam como um material obturador de canais radiculares. Salientam que o material pode precisar de ser modificado em algumas de suas propriedades físicas para facilitar o seu uso como material obturador de canais radiculares. Concluíram afirmando que ambos os materiais Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 303 - estudados (Ketac-Endo e MTA) são biocompatíveis, mas o MTA exibiu propriedades biológicas melhores. Apesar das muitas pesquisas realizadas com o MTA, só foi lançado comercialmente em 1998, com o nome de ProRoot MTA, distribuído pela Dentsply – Tulsa Dental. Porém, sua origem e composição sempre estavam envoltas por mistérios, sob a alegação de segredo comercial. E esse mistério começou a ser desvendado quando Wucherpfening e Green (1999) publicaram um abstract afirmando que o MTA era quase idêntico macroscopicamente, microscopicamente e pela difração de raios-X ao CP (cimento empregado em construções). Os autores acrescentaram que esses dois materiais tiveram comportamento similar em cultura de células e também quando aplicados em polpas de dentes de ratos. Curiosamente essas observações não foram ainda publicadas, tendo se limitado a esse abstract. Desde então, muitos trabalhos foram realizados comparando o CP ao MTA (ESTRELA et al., 2000; HOLLAND et al., 2001a,d,e; COSTA; BACALHAU; HELBLING, 2003; SAIDON et al., 2003; TRINDADE; OLIVEIRA; FIGUEIREDO, 2003; MORAIS, 2003; SILVA, 2003; MENEZES et al., 2004a,b; SIPERT et al., 2005; CAMILLERI et al., 2005; TANOMARU FILHO et al., 2007), mostrando resultados bastante similares. Segundo Bernabé e Holland (2003), somente no início do ano de 2001 o fabricante do ProRoot MTA modificou algumas informações contidas no MSDS (Material Safety Data Sheet) original, acrescentando que o material é composto por 75% de CP, 20% de óxido de bismuto e 5% de sulfato de cálcio di-hidratado. Em 2001 o MTA-Ângelus foi lançado no mercado odontológico nacional, pois, sabendo da dificuldade em se conseguir o produto importado (ProRoot Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 304 - MTA), a Ângelus Odonto-Lógika Indústria de Produtos Odontológicos LTDA, com sede em Londrina/PR, baseando-se em pesquisas comparativas entre o MTA e o CP, desenvolveu o MTA brasileiro, contendo em sua composição 80% de CP e 20% de óxido de bismuto. Desde então esse produto é vendido no mercado nacional por menor valor, obrigando seu concorrente a se retirar do mercado brasileiro, pois segundo a Dentsply não há como competir com o preço praticado pela Ângelus Odonto-Lógika, devido às altas taxas tributadas sobre o produto importado. Tanto o ProRoot MTA quanto o MTA-Ângelus são encontrados nas cores branca e cinza. Várias pesquisas também foram realizadas comparando os dois tipos de MTA (ProRoot e Ângelus) e também suas duas colorações (branca e cinza), e os resultados sempre foram similares (HOLLAND et al., 2002c; SILVA, 2003; CHAKMAKCHI, 2003; DIAMANTI et al., 2003; KOWALSKI et al., 2004; FERRIS; BAUMGARTNER, 2004; MENEZES et al., 2004b; PARIROKH et al., 2005; BROON et al., 2005; BORTOLUZZI, 2005; OVIIR et al., 2006; MOHAMMADI; MODARESI; YAZDIZADEH, 2006; TANOMARU FILHO et al., 2007). A realização deste estudo, utilizando o MTA manipulado com propilenoglicol associado a cones de guta percha, foi estimulada pelos trabalhos de Holland et al. (1999a,b; 2001e) e Apaydin, Shabahang e Torabinejad (2004b) e pela dissertação de mestrado de Mazuqueli (2006), sendo esta a determinante para a decisão do veículo a ser utilizado para o MTA, pois deve-se considerar que aqueles que obturaram canais radiculares com MTA em veículo aquoso notaram grande dificuldade em preenchê-lo com esse material e também de condensá-lo em seu interior. Mazuqueli (2006) e Holland et al. (2007a) tiveram por objetivo Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 305 - encontrar um veículo que não interferisse nas propriedades do MTA e facilitasse sua inserção no interior dos canais. Realizaram estudo in vivo em dentes de cães observando a influência do veículo água destilada ou propilenoglicol na resposta dos tecidos apicais e periapicais à obturação de canais com MTA e guta percha em dois níveis diferentes. Após o preparo biomecânico dos canais radiculares e arrombamento do “platô” cementário, os dentes foram obturados: dois grupos receberam MTA com água destilada e guta percha, sendo um no limite do canal cementário e um com sobreobturação; e dois grupos receberam MTA com propilenoglicol e guta percha, também sendo um no limite do canal cementário e um com sobreobturação. Os resultados demonstraram que o MTA com água destilada ou propilenoglicol comportou-se de forma semelhante, independentemente do nível de obturação. Os autores concluíram, na presente condição do estudo, que o MTA com propilenoglicol entrou em contato com os fluidos do tecido conjuntivo periapical, que possui água e gás carbônico. Essa condição proporcionou a dissociação do MTA, com possibilidade de o óxido de cálcio desse material reagir com o gás carbônico dos tecidos periapicais, formando o carbonato de cálcio, sob a forma de calcita. Nessa experimentação, tanto o MTA com água destilada quanto com propilenoglicol proporcionaram apreciável incidência de selamento biológico do forame do canal principal por cemento neoformado. Os autores ainda afirmaram que os dados observados com MTA manipulado com propilenoglicol são animadores, principalmente quando se pensa em empregá-lo futuramente como material obturador de canal; a inserção da pasta de MTA com propilenoglicol é de fácil inserção e condensação no interior do Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 306 - canal, porém evidentemente, outros detalhes, tais como a remoção desse material obturador do interior do canal, necessitam ser mais bem analisados futuramente. Por isso, resolveu-se comparar o MTA manipulado com propilenoglicol ao cimento SealapexTM, na obturação do sistema de canais radiculares, associados aos cones de guta percha, por este último possuir um bom comportamento biológico frente aos tecidos periapicais, como já descrito anteriormente, e também porque esses dois materiais possuem uma similaridade em seus mecanismos de ação, e ainda porque quando foram comparados em um mesmo trabalho (ESTRELA et al., 2000; HOLLAND et al., 2001c; TANOMARU FILHO; FALEIROS; TANOMARU, 2002; SIPERT et al., 2005) apresentaram resultados muito próximos. Acrescentou-se ainda um detalhe importante para o estudo, a ação desses dois cimentos em relação ao efeito do emprego ou não do Otosporin® como curativo de demora. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão 6.3 - 307 - DO PROPILENOGLICOL COMO VEÍCULO O propilenoglicol pertence a uma classe de compostos chamados de glicóis (álcoois) que são caracterizados por possuírem duas hidroxilas ligadas em carbonos separados. É conhecido também pelos seus sinônimos: 1,2propanodiol, metileno glicol ou 1,2-dihidróxidopropano. Possui a fórmula estrutural C3H8O2. Quando puro, o propilenoglicol se apresenta na forma de líquido viscoso, límpido e incolor, praticamente inodoro, de sabor ligeiramente picante, sendo completamente miscível em qualquer proporção com água, com acetona e com álcool. Esse composto se solidifica ou cristaliza quando em temperatura – 59ºC, e entra em ebulição a 188ºC. O propilenoglicol não tem origem natural, sendo produzido sinteticamente por meio de reações químicas. Tem como fonte principal a sua obtenção na indústria petroquímica, ou seja, a partir do gás propeno, o qual é convertido no óxido de propileno, e após hidrolisado na presença de catalisadores, no propilenoglicol. Outra maneira de obtê-lo é a partir da hidrólise de epóxidos e cloridrinas, ou pela reclusão catalítica de cetonas e hidroxialdeídos. É registrado no CAS (Chemical Abstract Service) sob o n.057-55-6. Seu peso molecular é 76,1, e possui pH 7. Devido as suas propriedades higroscópicas, o propilenoglicol tem a capacidade de absorver água, apesar de não a possuir em sua formulação química, porém algumas marcas comerciais incorporam uma quantidade mínima de água à sua composição. Apresenta também uma grande capacidade de solubilização de materiais orgânicos (O’NEIL, Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão 2001; LIDE, - 308 - 1996/1997; Sites: ABOISSA; COSMOQUIMICA; MAKENI; QUIMIDROL; CETESB). Propriedades gerais, efeitos e toxicidade do propilenoglicol também foram estudados por Seidenfeld e Hanzlik (1932), os quais relatam que a gravidade específica é de 1.051 a 0ºC. Assim, ele tem aproximadamente a mesma densidade da água, e quando usado como solvente e veículo é menos tóxico que o etilenoglicol e não causa nenhum efeito cumulativo demonstrável. Conforme O’Neil (2001), o propilenoglicol é usado como: anticongelante não tóxico, em cervejarias e estabelecimentos de produtos derivados do leite; substituto para o etilenoglicol e o glicerol; emulsificante, em alimentos; solvente de corantes e aromatizantes de alimentos; auxiliar farmacêutico (umectante e solvente); vapor para desinfecção de ambiente; fumaça artificial para uso teatral; na fabricação de resinas sintéticas e de soluções descongelantes. E ainda, Heine, Parker e Francke (1950) relataram que o propilenoglicol é um composto amplamente usado com diversas aplicações: como conservante para prevenir crescimento e fermentação em xaropes, como umectante para manter a umidade em comidas empacotadas, na indústria farmacêutica como solvente para drogas em forma de dosagem intravenosa, oral e tópica, como estabilizador para vitaminas, e como emoliente em pasta para fins medicinais. Depois da sua absorvição, 12 a 25% do propilenoglicol é excretado sem modificações pela via renal (urina). O resto é oxidado para óxidos lático e pirúvico primariamente, no fígado. Uma das maiores razões para seu amplo uso é a baixa Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 309 - toxicidade sistêmica durante a ingestão crônica (BEDICHEK; KIRSCHBAUM, 1991). A atividade antimicrobiana do propilenoglicol para o uso sistêmico foi estudada por Olitzky (1965), que relatou que soluções concentradas desse composto têm uma eficiência germicida comprovada e que o seu uso como um veículo pode fornecer um potencial para a prevenção ou o tratamento de infecções microbianas. Bhat e Walkevar (1975) e Thomas, Bath e Kotian (1980) relataram que, além de o propilenoglicol ser um veículo bem reconhecido para medicamentos, também tem se mostrado ser menos citotóxico do que outros veículos comumente usados para medicamentos intracanal e possui propriedades antibacterianas altamente benéficas no tratamento endodôntico. Cruz et al. (2002) avaliaram in vitro a penetração do propilenoglicol e da água destilada no interior dos túbulos dentinários, por meio do acréscimo do corante Safranin O a essas substâncias. Quando foram introduzidas em canais de dentes humanos extraídos e preparados biomecanicamente com e sem camada artificial de smear layer, a difusão do corante foi determinada espectrofotometricamente, e a extensão da penetração foi avaliada usando-se o Adobe Photoshop e um software de imagens NIH. Os autores justificam o estudo pela necessidade de se encontrar um veículo apropriado para se acomodar a pasta de medicamentos dentro dos canais radiculares. Para isso ser possível é preciso ser considerado a habilidade do produto para facilitar a difusão dos medicamentos através da dentina radicular e possivelmente do cemento, mesmo Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 310 - na presença de alterações anatômicas, tais como ístimos e calcificações radiculares. Os autores ainda relatam que o propilenoglicol tem sido usado na endodontia quase que exclusivamente como um veículo para o hidróxido de cálcio (SAIIJO, 1957; LAWS, 1962, 1971; SIMON, BATH e FRANCIS, 1995). Porém, infelizmente nenhum estudo foi conduzido para determinar a extensão de penetração do propilenoglicol nos túbulos dentinários ou o tempo requerido para ele se difundir no sistema de canal radicular. Os resultados encontrados por Cruz et al. (2002) demonstraram que a área e a profundidade da penetração do corante com propilenoglicol foi significativamente maior do que com água destilada (p<0,0001), e que a camada de smear layer impediu a penetração do corante. Isso reforça a necessidade de se remover essa camada antes da introdução dos medicamentos no interior dos canais radiculares. Os autores concluíram que o propilenoglicol, embora viscoso quando comparado com a água destilada, tem uma tensão superficial baixa, o que confere a ele a vantagem de ser capaz de penetrar através dos túbulos dentinários, o que não foi observado quando a água destilada foi usada como veículo. Sendo assim, consideraram o propilenoglicol um excelente veículo para medicação intracanal. O estudo de Cruz et al. (2002) contrapõe-se aos resultados encontrados por Safavi e Nakayama (2000), que verificaram a influência dos veículos glicerina pura e propilenoglicol na extensão de dissociação do hidróxido de cálcio em solução. Tal estudo se justifica porque, segundo os autores, a influência do veículo não aquoso na dissociação do hidróxido de cálcio não é conhecida claramente. Misturas (25 mL) de glicerina pura ou propilenoglicol com água Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 311 - destilada foram preparadas em tubos cônicos de centrífuga de 50 mL, em consecutivas diluições (0-100%). Uma quantidade de 0,3 g de hidróxido de cálcio foi adicionada e as soluções saturadas foram preparadas por meio de movimentação dos tubos. Os autores observaram que a condutividade do hidróxido de cálcio em glicerina pura ou com propilenoglicol foi praticamente zero, sugerindo que o hidróxido de cálcio não se dissocia quando em glicerina ou propilenoglicol. Concluíram que o uso de altas concentrações de glicerina ou propilenoglicol como veículo podem fazer decrescer a eficiência do hidróxido de cálcio como curativo de demora. Por outro lado, notaram que pequenas quantidades desses, na água, resultam num aumento da condutividade do hidróxido de cálcio. Ao avaliar-se os resultados de Safavi e Nakayama (2000), observou-se que se justificam quando analisadas as propriedades do propilenoglicol, ou seja, nem o hidróxido de cálcio nem o propilenoglicol possuem água em suas formulações químicas, por isso quanto mais puro estiver o propilenoglicol menos água terá, e menos ele irá auxiliar no mecanismo de ação do hidróxido de cálcio. E a inversa é verdadeira, pois o hidróxido de cálcio precisa de água para se dissociar. Estas observações vêm ao encontro do trabalho realizado por Holland et al. (2007a), que estudaram o MTA manipulado com água destilada ou propilenoglicol associados a guta percha na obturação de canais radiculares de dentes de cães em dois níveis diferentes (limite cementário e sobreobturação). Observaram que, independentemente do nível de obturação, os resultados foram biologicamente Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 312 - semelhantes, que as obturações realizadas no nível do canal cementário mostraram resultados superiores aos obtidos nas sobreobturações. Então, os autores levantam a hipótese de que o MTA com o propilenoglicol, ao entrar em contato com os fluídos do tecido conjuntivo periapical, que possui água e gás carbônico, permite que haja a reação do óxido de cálcio do MTA com a água do tecido, formando o hidróxido de cálcio, e complete assim o seu mecanismo de ação. E também concluíram o estudo dizendo que novas pesquisas sobre as propriedades químicas e físicas sobre essa associação devem ser realizadas. Assim, ao avaliar-se melhor essas propriedades do propilenoglicol, há possibilidade de que ele influa positivamente no mecanismo de ação do MTA, o que se deve ao fato de que, observando os resultados do trabalho de Holland et al. (2007a), no qual eles afirmam que as obturações quando ficaram restritas ao canal cementário proporcionaram resultados melhores, suspeitamos que isso seja justamente pela presença do propilenoglicol, ou seja, ao se restringir o MTA no limite do canal cementário ele teoricamente não está em contato com os fluídos tissulares. Então, o alto poder de penetração do propilenoglicol na dentina, demonstrado por Cruz et al. (2002), faz com que chegue até os líquidos tissulares e, devido às suas propriedades higroscópicas, atraia-os até a presença do MTA, possibilitando que o óxido de cálcio do MTA reaja com a água, dando origem ao hidróxido de cálcio, e que se conclua o mecanismo de ação como já descrito por Holland et al. (1999a) e Seux et al. (1991). Também pode-se concluir que os resultados nas sobreobturações foram piores porque, apesar de o MTA e o propilenoglicol estarem em contato direto com os líquidos tissulares (água e gás Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 313 - carbônico), apenas o propilenoglicol tem a propriedade de ser miscível em água, enquanto o MTA não é reabsorvível e se torna um fator irritante aos tecidos, por sua presença física, apesar da sua boa biocompatibilidade. Por haver poucos trabalhos na área da endodontia a respeito do uso e da aplicação do propilenoglicol como veículo é que resolveu-se conduzir esta discussão dessa forma, pois assim consegue-se justificar melhor o porquê de quando o propilenoglicol é utilizado como veículo para o hidróxido de cálcio os resultados são sempre favoráveis, seja nos trabalhos in vivo (SOUZA et al., 1977; HAENSCH, 1987; OTOBONI FILHO, 2000; HOLLAND et al., 2003; PACIOS et al., 2004; HOLLAND et al., 2007a), in vitro (SIQUEIRA JÚNIOR; FRAGA, 1995; HOLLAND et al., 1995, 1996b; SAFAVI; NAKAYAMA, 2000; PACIOS et al., 2003), ou clínico em humanos (ANJOS NETO et al., 2005; MARION; BORLINA; ANJOS NETO, 2006; BORLINA, MARION; ANJOS NETO, 2006). A propriedade do propilenoglicol em absorver água também pode auxiliar no mecanismo de ação do hidróxido de cálcio. Além disso, sua baixa tensão superficial e penetração profunda pelos túbulos dentinários possivelmente auxiliam na difusão dos íons cálcio e íons hidroxila liberados pelo hidróxido de cálcio nos túbulos dentinários. E quando a pasta de hidróxido de cálcio em propilenoglicol é sobreobturada, o hidróxido de cálcio é reabsorvido pelo organismo e o propilenoglicol é diluído. Devido a esse fato, não são considerados pelo organismo como fator irritante. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão 6.4 - 314 - DOS RESULTADOS HISTOLÓGICOS OBTIDOS Após a conclusão de um tratamento endodôntico, o reparo dos tecidos apicais e periapicais fica condicionado à influência de vários fatores, cuja somatória conduz ao resultado final do tratamento. O primeiro trauma que atinge os tecidos periapicais é a pulpectomia, ou seja, a extirpação da polpa dental determina o rompimento do tecido conjuntivo. Segue-se a irritação produzida pela instrumentação do canal radicular, que especificamente na presente investigação foi mais traumática devido ao arrombamento do “platô” cementário, somado ainda à irritação que pode ser provocada pelas soluções irrigadoras e pelos cimentos obturadores dos canais radiculares. Embora nas biopulpectomias o trauma provocado pelos dois primeiros fatores mencionados seja inevitável, o produzido pelas substâncias utilizadas durante o tratamento endodôntico e os provocados pelos cimentos obturadores dos canais radiculares poderão ser suavizados, desde que se conheça seus comportamentos biológicos (SALINA, 2001). De posse desses conhecimentos é que optou-se por utilizar dois materiais, SealapexTM acrescido de iodofórmio e MTA manipulado com propilenoglicol, que possuem propriedades biocompatíveis aos tecidos apicais e periapicais já descritas neste trabalho. Na tentativa de atenuar os traumas causados pela realização da pulpectomia e pelo preparo biomecânico dos canais é que teve-se por propósito analisar o resultado do emprego ou não do curativo de demora de Otosporin®. Em linhas gerais, quanto aos resultados obtidos neste estudo, levando-se em consideração os grupos tratados, pode-se verificar que eles foram até certo Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 315 - ponto semelhantes. No entanto, aspectos interessantes foram observados e merecem algumas considerações a respeito. Assim, passa-se a discutir os resultados obtidos neste estudo com esse enfoque, comparando os dois grupos que não receberam curativo de Otosporin® com os que receberam. 6.4.1 Dos Resultados Histológicos nos Grupos I e II Nesses dois grupos foram utilizados 20 espécimes (10 para cada grupo), cujos tratamentos foram realizados em sessão única e sem aplicação do curativo de demora de Otosporin®. Os resultados obtidos com a utilização de SealapexTM (grupo I) e MTA manipulado com propilenoglicol (grupo II) mostraram que os espécimes responderam de forma semelhante a ambos os tratamentos, ou seja, não foram verificadas diferenças significativas com uso dos diferentes cimentos na ausência do curativo de Otosporin®. A despeito de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente significativas, foram observadas, no entanto, diferenças histológicas entre os tratamentos. Em relação à deposição de cemento neoformado, embora tenha havido 100% de deposição em ambos os grupos foi notada melhor resposta para o SealapexTM, considerando-se a espessura do cemento, pois para esse grupo 90% dos espécimes apresentaram espessura superior a 20 µm, enquanto no grupo do MTA manipulado com propilenoglicol a espessura de cemento Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 316 - neoformado depositado variou de 1 a 19 µm para 100% dos casos. Porém, quanto à extensão do cemento neoformado e o selamento biológico dos canais do delta apical e canal principal, não houve diferenças histológicas consideráveis. Contudo, a deposição desse cemento neoformado determinou o selamento biológico dos canais do delta apical. Esses resultados são semelhantes aos trabalhos publicados por Holland e Souza (1985), Tagger e Tagger (1989), Sonat, Dalat e Günhan (1990), Leonardo et al. (1992), Holland et al. (1992), Wakabayashi et al. (1994), Torabinejad et al. (1995f), Soares (1996), Torabinejad et al. (1997), Leonardo et al. (1997), Holland et al. (1998b), Shabahang et al. (1999) e Holland et al. (1999a,b; 2001a,d; 2002b; 2007a), e se contrapõem aos resultados encontrados por Soares et al. (1990b) e Leonardo et al. (2007), cujos trabalhos apresentaram os piores resultados de selamento biológico e reação inflamatória para o Sealapex. Para os critérios de reabsorção de cemento pré-existente, os materiais obturadores se comportaram igualmente, pois nos dois tratamentos, em 100% dos espécimes, houve ausência de reabsorção ou as áreas de reabsorção estavam completamente reparadas. Porém, quando foram avaliadas as reabsorções de tecido ósseo, o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou melhor resultado que o SealapexTM, uma vez que apenas 10% dos espécimes obturados com MTA manipulado com propilenoglicol apresentaram poucas áreas de reabsorção óssea ativas ou não separadas, enquanto para o SealapexTM houve 20%. Resultados semelhantes foram encontrados por outros autores (SAIDON et al., 2003; APAYDIN; SHABAHANG; TORABINEJAD, 2004b; FELIPPE; FELIPPE; ROCHA, 2006; PANZARINI et al., 2007). Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 317 - Em relação à presença de infiltrado inflamatório agudo ou crônico, o SealapexTM tendeu a apresentar melhores resultados que o MTA manipulado com propilenoglicol, porém para ambos os tratamentos observamos a presença de duas reações inflamatórias. Os achados deste estudo concordam com os estudos de Leal, Holland e Esberard (1988), Yesilsoy et al. (1988), Tronstad, Barnett e Flax (1988), Leonardo et al. (1994a), Pitt Ford et al. (1995), Torabinejad et al. (1995f), Kaplan et al. (2003), Costa, Bacalhau e Helbing (2003), Saidon et al. (2003) e Noetzel et al. (2006), que também observaram pouca ou moderada reação inflamatória para Sealapex ou MTA. Entretanto, diferem dos trabalhos realizados por Mittal, Chandra e Chandra (1995), Torabinejad et al. (1997), Holland et al. (1999a; 2001a), Zhu e Xia (2003a), Yildirim et al. (2005) e Panzarini et al. (2007), que, ao estudarem o MTA ou Sealapex, observaram ausência do processo inflamatório em ambos os casos. Ainda, os resultados deste estudo também diferem daqueles encontrados por Holland et al. (2001c), que, ao compararem in vivo o MTA com o Sealapex, observaram presença de processo inflamatório apenas para o Sealapex. Avaliando o comportamento do ligamento periodontal frente aos materiais estudados, os resultados encontrados neste estudo estão próximos aos encontrados por Felippe, Felippe e Rocha (2006) e Panzarini et al. (2007), e contrapõem-se aos resultados de Leonardo et al. (2007). Quando da obturação do canal, ao se observar o limite de obturação, os resultados são mais favoráveis ao MTA manipulado com propilenoglicol, pois em 90% dos casos restringiu-se ao limite CDC, ou ficou ligeiramente além, enquanto para o SealapexTM apenas 40% do cimento ficou restrito ao limite CDC, ou Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 318 - ligeiramente além. Porém, para os dois materiais houve situações em que o material obturador ultrapassou o forame apical, atingindo o ligamento periodontal. Quando ocorre essa segunda situação, os trabalhos de Leal, Holland e Esberard (1988), Sonat, Dalat e Günhan (1990), Soares et al. (1990b), Holland et al. (1992), Leonardo et al. (1997), Broon et al. (2005), Leonardo et al. (2007) e Holland et al. (2007a) mostraram que a sobreobturação pode causar leve irritação tecidual, reação inflamatória crônica e ausência de selamento biológico. Esses achados também estão presentes neste estudo. Presença de detritos foi observado em apenas um espécime (10%) do grupo do SealapexTM. Segundo Yusuf (1982), o material, quando deslocado para dentro dos tecidos periapicais, durante a terapia endodôntica, pode causar inflamação ativa ou estar associado à formação de tecido de cicatrização. Holland et al. (1989) afirmam que raspas de dentina freqüentemente estão associadas à formação de tecido duro devido à sua capacidade osteoindutora. Também foi observado, apenas para o SealapexTM, em um espécime (10%), a presença de células gigantes, detalhe também observado por Zmener, Guglielmotti e Cabrini (1990). A coloração de Brown e Brenn não evidenciou presença de microrganismos em nenhum dos espécimes analisados, para os dois tratamentos. Esse mesmo resultado foi observado por Faraco Júnior e Holland (2001), quando da análise do MTA. Frente a todos esses achados observou-se que tanto o SealapexTM quanto o MTA manipulado com propilenoglicol apresentaram bons resultados quando utilizados em biopulpectomia, sem a ação do curativo de demora Otosporin®, Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 319 - concordando com a grande maioria dos estudos realizados com esses produtos. E, ainda, que o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou resultados semelhantes ao SealapexTM na ausência do curativo de demora Otosporin®. 6.4.2 Dos Resultados Histológicos nos Grupos III e IV Nesses dois grupos foram utilizados 20 espécimes (10 para cada grupo), cujos tratamentos foram realizados em duas sessões e com aplicação do curativo de demora de Otosporin®. Como a maioria dos profissionais optam por realizar os tratamentos de biopulpectomia em sessão única, ou seja, sem o uso do curativo de demora (STRINDBERG, 1965; INGLE, 1974; COHEN; BURNS, 1980; MORSE, 1981; WEINE, 1982; WALTON; TORABINEJAD, 1989), a literatura apresenta menos estudos quando o tratamento é realizado em duas sessões, e limita-se mais ainda quando se utiliza o curativo de Otosporin®. Devido a esse fato é que nesta discussão os resultados, quando se referem ao emprego do Otosporin® entre sessões, tem-se um pequeno número de trabalhos para ser referenciado, e ainda esses trabalhos são favoráveis ao uso do curativo devido aos resultados por eles encontrados. Com isso, justifica-se porque não é apresentado nenhum trabalho que se contraponha a este, quando da análise referente ao seu emprego. Assim, nestes tratamentos teve-se por objetivo observar qual a influência que a medicação intracanal inter-sessões exerce no resultado final do tratamento frente aos cimentos utilizados. No geral, os resultados estatísticos não Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 320 - evidenciaram diferenças significativas para o MTA manipulado com propilenoglicol ou SealapexTM quando se fez uso do curativo de Otosporin®. Porém, biologicamente foi possível observar que em relação ao selamento biológico completo dos canais do delta apical e do canal principal houve uma tendência de melhor resultado para o MTA manipulado com propilenoglicol do que para o SealapexTM, porém para ambos os casos houve deposição de cemento isolando o material obturador do tecido conjuntivo apical. Estes achados estão de acordo com o estudo realizado por Holland et al. (1998b), que também observaram um maior número de casos com selamento biológico completo quando se realizou o tratamento em duas sessões com o cimento Sealapex, empregando o Otosporin® como curativo de demora. Quando o critério foi reabsorção do cemento pré-existente, também o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou melhores resultados que o SealapexTM. Porém, em relação à reabsorção de tecido ósseo, o SealapexTM apresentou melhores resultados. Saad Neto et al. (1991), estudando o reimplante imediato de incisivos de ratos que tiveram a superfície e o canal radicular tratados com Otosporin®, observaram que esse fármaco impede a reabsorção radicular inflamatória em períodos mais longos e favorece a deposição de matriz cementária, reparando essas áreas. Quando passou-se a observar a presença de infiltrado inflamatório agudo ou crônico, o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou os melhores resultados histológicos em relação ao SealapexTM, embora não tenha havido diferenças estatísticas. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 321 - Quanto à organização do ligamento periodontal, os resultados são mais favoráveis ao SealapexTM, que apresentou 70% dos casos (sete espécimes) com ligamento organizado em toda a porção apical do dente e apenas 40% dos casos (quatro espécimes) para o MTA manipulado com propilenoglicol. Esses resultados corroboram os encontrados por Holland et al. (1998b). Por haver poucos estudos de biopulpectomia em duas sessões estudando o Sealapex frente ao emprego do curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®), encontrou-se apenas o trabalho de Holland et al. (1998b) e nenhum trabalho do MTA, dificultando o confronto de resultados com outros trabalhos. Podia-se até comparar os resultados encontrados neste estudo com os de outros materiais obturadores de canais radiculares realizados em duas sessões, em casos de biopulpectomia com uso do Otosporin®, porém acredita-se que esses confrontos gerariam mais dúvidas, por causa dos seus mecanismos de ação e composição do que respostas. 6.4.3 Dos Resultados Histológicos nos Quatro Grupos Experimentais O que pode-se observar é que quando os grupos foram comparados entre si, ou seja, quando comparou-se os diferentes resultados entre os dois materiais (MTA manipulado com propilenoglicol e SealapexTM), na presença ou não do curativo de demora de Otosporin®, eles não apresentaram diferenças significativas, porém quando comparou-se a influência do emprego do curativo, ou seja, os grupos que não o utilizaram (G1 e G2 – que corresponde a 20 Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 322 - espécimes), com grupos que o utilizaram (G3 e G4 – que também corresponde a 20 espécimes) independentemente dos materiais testados, observou-se melhores resultados para os grupos que utilizaram o Otosporin® como curativo de demora, e que dentre esses os melhores resultados histológicos foram oferecidos pelo MTA manipulado com propilenoglicol. Como tem-se por objetivo maior observar a influência do emprego ou não do curativo de demora de Otosporin® no resultado final do tratamento, será discutido mais profundamente esse fato. Tal comparação se justifica, pois, nos casos de biopulpectomia, normalmente procura-se executar o tratamento endodôntico em sessão única. Contudo, em determinadas situações é possível que ocorra a necessidade de o tratamento ser concluído numa segunda sessão. Dessa maneira, ganha importância o procedimento clínico que melhor preservar a integridade dos tecidos apicais e periapicais durante o período inter-sessões (HOLLAND et al., 1980b). Assim, o problema da presença de bactérias não alcança tanta importância como nas necropulpectomias, uma vez que nos casos de polpa viva não há presença de microrganismos, e sua presença pode significar procedimentos iatrogênicos ou acidentais. Neste estudo, a coloração de Brown e Brenn não evidenciou presença de bactérias. O que se pretende, ao se fazer o uso da associação de corticosteróideantibiótico (Otosporin®), segundo Holland et al. (1980b), é controlar a intensidade e a extensão do processo inflamatório que se instala em decorrência das manobras cirúrgico-operatórias, como demonstrado por Wolfsohn (1954), Schroeder (1963) e Oynick (1965). É que um dos objetivos a ser atingido após o Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 323 - tratamento endodôntico é a obtenção do selamento biológico dos forames apicais, pela deposição de tecido duro. A preservação do coto pulpar guarda íntima relação com o reparo dos tecidos apicais e periapicais. Com a preservação desse se obtém uma maior deposição de cemento junto aos forames apicais, inclusive promovendo selamento biológico completo (COOLIDGE; KESEL, 1956; DIXON; RICKERT, 1933; OSTBY, 1961, SKINE; MACHIDA; IMANASHI, 1963; HOLLAND; SOUZA; MILANEZI, 1971b). Outros estudos também têm demonstrado que a associação de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) tem a capacidade de preservar a vitalidade do coto pulpar após pulpectomia (HOLLAND et al., 1980b; SOUZA et al., 1981; FERREIRA JÚNIOR, 1991; SOUZA; HOLLAND; SOUZA, 1995; SALINEIRO; OKAMOTO; ARANEGA, 1997; HOLLAND et al., 2005b). Neste estudo, realizou-se o arrombamento do “platô” cementário para simularmos uma situação clínica mais próxima do dente humano. Dessa forma, possivelmente ocorre sobreinstrumentação. Com a aplicação da medicação de Otosporin®, há possibilidade de invaginação de tecido conjuntivo periodontal para dentro do canal cementário, obtendo-se assim um novo coto pulpar de tecido periodontal (HOLLAND et al., 1980b; SOUZA et al., 1981), que estimula a deposição de uma nova camada de cemento neoformado. No presente estudo, quando avaliado o selamento biológico completo do canal principal por cemento neoformado constatou-se que, nos grupos em que não foi aplicado o curativo de Otosporin®, cinco espécimes (25%) apresentaram selamento biológico completo, enquanto nos grupos que fizeram uso do curativo seis espécimes (30%) apresentaram selamento biológico completo. Estes resultados corroboram os de Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 324 - Ferreira Júnior (1991) e Holland et al. (2005b), que também verificaram melhores resultados quando se empregou o curativo. Ainda com relação ao selamento biológico do canal principal por cemento neoformado, sequencialmente do melhor para o pior, verifica-se: MTA manipulado com propilenoglicol com curativo, SealapexTM com curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem curativo, e SealapexTM sem curativo. Houve ausência de reabsorção do cemento pré-existente ou as áreas de reabsorção estavam completamente reparadas em 100% dos casos (20 espécimes) nos grupos 1 e 2, enquanto no grupo 3 e 4 observou-se que 5% dos casos (um espécime) que pertencia ao grupo do Sealapex apresentava áreas de reabsorção ativa. Esse fato pode ter ocorrido porque tal espécime apresentou uma sobreobturação do material obturador. Segundo Soares et al. (1990b), Holland et al. (1992), Leonardo et al. (1997; 2007) e Holland et al. (2007a), a sobreobturação contribuiu para a permanência do processo inflamatório nos tecidos periapicais. Assim, do melhor para o pior, observou-se: MTA manipulado com propilenoglicol com curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem curativo, SealapexTM com curativo, SealapexTM sem curativo. Em relação à reabsorção de tecido ósseo, nos grupos 1 e 2, 15% dos casos (três espécimes) apresentavam poucas áreas de reabsorção óssea ativas ou parcialmente reparadas, e em apenas 45% dos casos (nove espécimes) apresentavam áreas de reabsorção óssea inativas ou parcialmente reparadas, e em apenas 40% dos casos (oito espécimes) havia ausência de reabsorção ou áreas de reabsorção completamente reparadas. Já nos grupos 3 e 4 pode-se Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 325 - observar em 70% dos casos (14 espécimes) ausência de reabsorção ou áreas de reabsorção completamente reparadas, e em 30% dos casos (seis espécimes), áreas de reabsorção ósseas inativas ou parcialmente reparadas. Esses resultados evidenciam a eficiência do curativo quando é usado, e coincidem com os resultados encontrados por Souza et al. (1981), Ferreira Júnior (1991) e Salineiro, Okamoto e Aranega (1997). Dessa maneira, com relação a esse critério do melhor para o pior, observou-se: SealapexTM com curativo, MTA manipulado com propilenoglicol com curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem curativo, SealapexTM sem curativo. Quanto à presença do processo inflamatório agudo, em relação à intensidade e extensão, foram observados em 90% dos casos (18 espécimes) células inflamatórias ausentes ou em número desprezível quando se utilizou o curativo de Otosporin® e em 85% dos casos (17 espécimes) quando não se utilizou o curativo de Otosporin®. Ao se avaliar a presença de infiltrado inflamatório crônico, quanto à intensidade e extensão, verificou-se que em 30% dos casos (seis espécimes) as células inflamatórias estavam ausentes ou em número desprezível quando se utilizou o curativo de Otosporin®, e em apenas 20% dos casos (quatro espécimes), quando não se utilizou o curativo de Otosporin®. Pode ser observado que o uso do Otosporin® contribui para a modelação do processo inflamatório, e que a ação é mais eficiente na redução do processo inflamatório agudo. Esses resultados estão condizentes com os encontrados por Holland et al. (1980b), Souza et al. (1981), Souza, Holland e Souza (1995) e Delben (1998). Assim, relacionando-os do melhor para o pior, observou-se: MTA manipulado com propilenoglicol com curativo, SealapexTM com Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 326 - curativo, MTA manipulado com propilenoglicol sem curativo, SealapexTM sem curativo. Nos espécimes tratados foi possível observar que o ligamento periodontal estava organizado em toda a porção apical do dente em 55% dos casos (11 espécimes) quando se utilizou o curativo de Otosporin®, e apenas em 35% (sete espécimes) quando não se utilizou, evidenciando, mais uma vez, que o emprego do curativo de Otosporin® contribui efetivamente para se manter a integridade dos tecidos periapicais, pois tanto o coto pulpar quanto o ligamento periodontal estão localizados entre paredes duras e inextensivas, estando portanto impossibilitados de se expandir durante a instalação do processo inflamatório. Essa situação favorece, com freqüência, a instalação de graves problemas histopatológicos nessa área, caracterizados de início pela destruição do coto pulpar. Assim, Holland et al. (1980b), Souza et al.(1981); Souza, Holland e Souza (1995) e Holland et al. (2005b) demonstraram a necessidade do emprego do curativo de demora para minimizar e modelar o processo inflamatório. Esses estudos embasam nossos achados. Assim, os resultados deste estudo demonstraram, mais uma vez, que a vitalidade do coto pulpar pode ser preservada. Quando se utilizou o curativo de demora de Otosporin®, o ligamento periodontal apresentouse organizado e sem inflamação, possibilitando o selamento biológico na maioria dos casos, enquanto nos casos tratados sem o uso do curativo de demora a inflamação era mais intensa e extensa, determinando, inclusive, maior incidência de reabsorção óssea e cementária ativas, diminuindo também a incidência de selamento biológico. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion Discussão - 327 - Dessa maneira, os resultados histológicos concordam com os resultados estatísticos quando demonstram que, no geral, o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou resultado semelhante ao SealapexTM, do independentemente do uso ou não do curativo de Otosporin® (p>0,05); que no geral o emprego do curativo de Otosporin® favoreceu o tratamento, independentemente dos cimentos utilizados (p=0,03); e que embora não haja significância estatística no teste de Kruskal Wallis, realizando-se a comparação verificou-se um melhor resultado dos dois cimentos (MTA manipulado com propilenoglicol e SealapexTM) com curativo de Otosporin®, em relação aos dois cimentos (SealapexTM e MTA manipulado com propilenoglicol) sem o uso do curativo. Ainda que houvesse uma tendência de os tratamentos sem o uso do curativo de Otosporin® apresentarem maior inflamação, não houve significância estatística. Também, estatisticamente não houve diferenças para o ligamento periodontal quando se aplicou o teste de Kruskal Wallis, porém houve uma diferença histológica entre os dois grupos de SealapexTM e MTA manipulado com propilenoglicol, sendo favorável o uso do curativo de Otosporin® para a organização do ligamento periodontal. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 7 CONCLUSÕES Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 7 CONCLUSÕES Dentro das condições experimentais do presente estudo, e considerando os resultados obtidos, parece lícito aos autores concluirem que: 1. de maneira geral, o MTA manipulado com propilenoglicol apresentou resultado semelhante ao SealapexTM, independentemente do uso ou não do curativo (p>0,05); 2. o emprego do curativo de corticosteróide-antibiótico (Otosporin®) favoreceu o tratamento, independentemente dos cimentos obturadores utilizados (p=0,03); 3. a obturação dos canais radiculares com SealapexTM ou MTA manipulado com propilenoglicol, apresentaram comportamento semelhante e que o uso do curativo de Otosporin®, favoreceu o processo de reparo. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion 8 REFERÊNCIAS Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion REFERÊNCIAS* ABOISSA ÓLEOS VEGETAIS. Propilenoglicol. 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Sealapex 50, 51, 52, 53, 53, 55, 56, 56, 57, 57, 58, 59, 60, 61, 62, 62, 63, 66, 68, 69, 71, 72, 74, 75, 77, 84, 86, 88, 92, 93, 95, 96, 98, 99, 99, 102, 104, 105, 106, 112, 113, 119, 127, 128, 129, 139, 141, 144, 151, 158, 159, 160, 165. Dissertação de Mestrado – Jefferson José de Carvalho Marion
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