Captação e gravação de gaita
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Captação e gravação de gaita
REPORTAGEM Captação e gravação de gaita A captação da gaita é realmente algo muito especial. Por não ser um instrumento amplamente utilizado, muitas vezes os gaitistas encontram dificuldades pelo simples fato do desconhecimento. Esses músicos estão trabalhando para reverter essa situação e falam como produzem um som particular. Karyne Lins karynelins@backstage.com.br F lavio Guimarães foi o primeiro a utilizar a gaita diatônica, que era praticamente desconhecida no Brasil, que já tinha uma tradição de gaita cromática e a popularização da diatônica começa na segunda metade dos anos 80 com a fundação do Blues Etílicos, que tinha na gaita uma sonoridade totalmente diferente. Ela era usada por artistas como Bob Dylan para estilos de folk e rock. Flavio se especializou e neste tipo de gaita e passou a ser requisitado para gravações em discos de Rita Lee, Ed Motta, Titãs, Cássia Eller, Luiz Melodia e outros. No estúdio Foto: Divulgação Os músicos passam as idéias e ouvem os palpites de captação dos técnicos. Os técnicos não precisam necessariamente saber dominar este instrumento, mas precisam conhecer pelo menos o tipo de som que querem da gaita. “O ideal é que seja um trabalho em conjunto. De uma forma geral, já tenho uma idéia do resultado que quero obter, mas o técnico é importante para auxiliar na obtenção deste objetivo”, disse José Staneck, gaitista de jazz e clássico. Em sua vasta experiência, Jefferson Gonçalves disse que a maioria dos técnicos gosta de gaita limpa, captada pelo microfone de voz. Porém, este som nem sempre fica bom para o tipo de música que vai ser gravada. A parceria em estúdio começa quando o instrumentista mostra outras possibilidades e deixa a critério do técnico escolher a melhor. “Nos meus CDs, eu sempre trabalho em parceria com o técnico do estúdio. Gosto de gravar a gaita por último e para cada música eu testo maneiras diferentes de captação, como aconteceu no meu primeiro solo Gréia”, disse Jefferson Gonçalves. Flavio Guimarães 48 www.backstage.com.br “Em gravações de outros artistas ou bandas, na maioria das vezes o produtor do CD ou o próprio técnico do estúdio já sabem como fazer isso” (Jefferson) Especialização em gaita Daniel Cheese, Fábio Mesquita e Roberto Reis são alguns exemplos de técnicos que estão acostumados a gravar e trabalhar em shows com bandas que possuem gaitistas e isso facilita muito na hora da gravação. “Se o técnico é também músico e conhece os fundamentos, pequenos problemas podem ter solução rápida apenas com uma breve olhada na partitura. É preciso sensibilidade, acuro auditivo e conhecer bem os equipamentos e como eles resultam em seu estúdio”, opinou Staneck. “O Blues abre um leque inesgotável de improvisos. Com isso, posso me dar ao luxo de experimentar novas alternativas de gravação. Já consegui ótimos resultados com o Jefferson Gonçalves e o Flávio Guimarães Foto: Divulgação Guta Menezes prefere que tudo seja feito a dois. “Cada músico tem sua maneira de tocar. Logo, a captação deve ser feita de acordo com a concepção de cada músico, respeitando o conhecimento do profissional do som”, disse Guta. Johnny Rover, músico brasileiro morando atualmente nos EUA, concorda que depende do tipo de produção, experiência do músico e do técnico de gravação. “Eu tenho o meu conceito próprio para gravar, mas estou sempre aberto a sugestões do técnico do estúdio ou do produtor”, disse. Foto: Juliana Vieira/Divulgação REPORTAGEM Jefferson Gonçalves Luiz Avellar e José Staneck (em pé) na área de blues, e com o José Staneck, Mauricio Einhorn e o Gabriel Grossi na área de jazz brasileiro”, confirmou Daniel Cheese, que já gravou quase todos os artistas em 20 anos de carreira. Jefferson não adota um conceito único ou uma regra. Foi testando e procurando um som diferente para cada estilo. Testa várias possibilidades de captação e principalmente configurações de equipamento. “Em gravações de outros artistas ou bandas, na maioria das vezes o produtor do CD ou o próprio técnico do estúdio já sabem como fazer isso. Quando acho que posso dar algum palpite eles me deixam a vontade, mas na maioria dessas gravações o padrão do timbre é bem limpo, sem uso de amplificadores. A captação é feita por um microfone de voz”, explicou Jefferson. “Muitos gaitistas gostam de captar o som junto ao corpo do instrumento, mas dependendo do estilo podem tentar outras captações”, disse Guta Menezes. José Staneck disse que esse conceito se desenvolve de acordo com cada um. “É cla- Conceito de gravação e captação Johnny Rover disse que esse conceito depende do estilo e objetivo do trabalho, do músico e da produção. Para cada estilo musical onde se insere a gaita há um tipo de timbragem específica. Para cada padrão de gravação e para cada estilo existe um tipo de regulagem e timbragem diferentes para o instrumento, assim como a guitarra. Não se grava uma guitarra de jazz da mesma forma que uma guitarra de rock, o equipamento e a regulagem são completamente diferentes e na gaita acontece o mesmo. Modelos de Gaitas Existem vários modelos de gaitas. As mais usadas são a cromática e a diatônica. Dentre esses dois modelos existe uma infinidade de configurações. Existem gaitas com corpo em madeira, ABS, metal, plástico, etc. Quando se fala de gaita com corpo de madeira, abre-se um leque muito maior, pois dependendo do tipo de madeira usada o timbre da gaita muda. Além do corpo outra parte da gaita que influencia na sonoridade e no timbre é a placa de proteção. Dependendo do tamanho dessa placa e do modelo, ela produz um som diferente. As placas de vozes (nome da parte da gaita onde ficam as palhetas) também ajudam na timbragem, pois dependendo da espessura das placas de vozes o timbre também muda. Isso tudo somado à regulagem que cada gaitista faz em suas gaitas mais o modo que segura e como sopra e aspira a gaita, cada um vai ter uma sonoridade particular. Por isso que não adianta usar a mesma gaita, o mesmo amplificador ou o mesmo microfone de um determinado gaitista, pois o som que você vai tirar é completamente diferente. Cada um tem um tipo de arcada dentária, tamanho de língua, mão, etc. Essas coisas interferem diretamente no som que sai do instrumento. www.backstage.com.br 49 REPORTAGEM Foto: Divulgação ro que, dependendo do estilo musical, pretendemos obter um resultado diferente, mas isso passa pela execução e não pela captação”, opina Staneck. Guta lembrou que existe uma procura de informação para o aprimoramento das técnicas de captação e gravação. Seja na utilização de novos microfones ou mesmo na experimentação com novos modelos de gaitas. O básico na captação No blues, a maioria das gaitas é gravada com o uso de um amplificador valvulado e de um microfone estilo Bullet, pode ser o Astatic ou o 520D. Esses são modelos que se encontram no mercado, mas existem aqui no Brasil e no exterior pessoas que pegam microfones antigos e fazem modificações para usar na gaita. Na grande maioria, esses microfones têm um som bem parecido, sujos e graves, dependendo do tipo da cápsula usada ele distorce mais ou menos. Essa saturação ouvida nas gaitas de blues é feita com a combinação do microfone e do amplificador. As válvulas que são usadas nos amplificadores de gaita têm um ganho menor e por isso pode aumentar o volume sem ter microfonia. Assim, as válvulas produzem Jehovah da Gaita uma saturação natural. Essa configuração é bastante usada em gaitas diatônicas, mas alguns gaitistas usam essa configuração para gaita cromática também. A captação é bem parecida com a captação feita para guitarra. Coloca-se o amplificador em uma sala e a captação é feita por um microfone colocado na frente de auto falante do amplificador e enviado para o sistema de gravação. Para country, pop, jazz ou até mesmo no blues pode-se usar essa mesma configuração mudando apenas o microfone usado na gaita. Jeohvah da Gaita Jeohvah da Gaita toca profissionalmente há quarenta e sete anos e já gravou com importantes artistas do Nordeste, como o trio harmônico Alcymar Monteiro (Canhoto da Paraíba), Cláudio Almeida, Reginaldo Rossi, CDs internacionais com a cantora Teça Calazans, editados na França, entre outros. Ele contou um pouco da história da introdução da gaita no Nordeste. Esse fato data de épocas imemoriais, pelo fato de ser um instrumento extremamente melancólico e de muito baixo custo, muito identificado com o sofrimento do povo nordestino, como já é de conhecimento da maioria das pessoas na obra de Zé Dantas, Humberto Teixeira, Luiz Gonzaga, Catulo da Paixão 50 www.backstage.com.br Cearence, entre outros. A tristeza e a saga deste povo é abordada não somente na música, mas também na literatura, como a de Euclides da Cunha, que versa sobre a saga do nordestino e sua capacidade de resistir a todo tipo de obstáculo. A principal característica da música nordestina é a utilização do modo grego Mixolídio, forma que consiste na utilização de escala com aplicação da sétima diminuta e a quinta aumentada na melodia, o que dá um caráter de música árabe. A harmônica é conhecida no Nordeste por pelo menos uma dezena de nomes, começando por Zonofona-Harmoinca (a grafia é esta mesmo), vialêjo-realejo, gaitinha, e enfim, gaita de boca. A preferência particular por salas e microfones Quando Jefferson vai gravar com amplificador, procura usar a mesma sala onde são colocados os amplificadores de guitarra e quando grava gaita limpa, direta no microfone de voz, usa a mesma sala de gravação de voz. Quando se tem uma sala com boa reverberação ele usa o reverb natural da sala e dispensa pedais de reverb. “Na minha opinião, uma boa sala trabalhada em conjunto com uma boa captação é o ideal para uma boa gravação. Eu já gravo o som com todos os efeitos e regulagens prontas e o que vale é a captação. Não gosto de gravar e depois acertar timbres em programas de gravação. O máximo que faço é passar o que foi captado do meu som por um pré-valvulado e assim fazer a mixagem”, disse Jefferson. Staneck já teve oportunidade de gravar em várias salas e disse gostar das não muito reverberantes e menores. “Hoje não tenho a menor dúvida de que o melhor microfone para gravação de gaita cromática, para desespero de todos os técnicos e durante muito tempo para mim também, ainda é o SM58 segurado na mão. Por isso prefiro salas menores onde o som acústico fica mais envolvente”, opinou José Staneck. Guta Menezes lembra que, a principio, já que é captado o som colado ao instrumento, a reverberação da sala não é usada. Porém, no caso de se usar outro microfone condensador para ambiência, a sala terá influência no som. Como se especializou em gaita cromática, prefere usar os microfones SM58 ou Audix Fireball desenvolvido para o instrumento. “Ambos são microfones dinâmicos e cardióides. Gravo segurando o microfone junto ao corpo da gaita para pegar o som direto e captar mais os médios e graves. Porém, se quiser somar, pode-se usar mais um microfone condensador para captar a ambiência, como o AKG 414 BTLII ou Neumann U87”. Flávio Guimarães já usou um banheiro de estúdio para captar a ambiência do local e dispensar reverb. “Ficou muito bom. Depois, o dono do estúdio adaptou o banheiro numa sala mais viva”, lembrou Flávio. Johnny Rover concorda com Flávio Guimarães. “Se a sala tiver uma reverberação natural, isso é muito bom. Por isso é normal utilizar um corredor ou até colocar amplificadores no banheiro. Gosto de microfonar o(s) amplificador (es) usando dois microfones (um perto do amplificador e o outro mais distanciado) para mesclar as captações na mixagem e assim poder escolher a dinâmica e timbre mais ideal para o estilo da música”, disse Johnny Rover. Mauricio Einhorn iniciou sua carreira em 1947, aos 10 anos, no programa das gaitas Hering, na Rádio Nacional, e já são sessenta anos tocando profissionalmente. Ele lembra que o processo de captação e gravação era feito com um único microfone e um canal na mesa. Hoje ele utiliza somente um SM58 onde leva para suas gravações por ser, segundo ele, o mais adequado para cortar os agudos, especialmente quando usa a gaita diatônica. Johnny Rover salientou que a escolha Dicas “É o músico ter o som expressivo e limpo no instrumento. Que só se consegue com dedicação e o passar dos anos”. (Guta Menezes) “Testar de tudo e verificar qual o melhor equipamento e instrumento para suas Gigs”. (Jefferson Gonçalves) “Procure resolver primeiro que tipo de som você quer acusticamente. Este é o principal. Não adianta de nada microfones de todo tipo, estúdios maravilhosos, equipamentos caríssimos, se você não estiver satisfeito com o seu som natural. É ele que vai determinar tudo. Jamais jogue para o equipamento um problema que é seu e de sua gaita”. (Staneck) 52 www.backstage.com.br Foto: Divulgação REPORTAGEM Johnny Rover Guta Menezes dos microfones depende do estilo do trabalho. Quanto a gaita, o corpo pode ser de madeira ou plástico ou metal, e isso interfere no timbre e na resposta. Para o estilo de blues tradicional, os preferidos são os microfones do estilo ‘bullet’, que são microfones mais antigos da Astatic, Turner, etc. Para e gaita limpa, vários microfone de voz são de boa qualidade para a gaita também. Flávio Guimarães acha essencial gravar blues e rock com amplificador valvulado. Ele utiliza um Fender Super Reverb de 1972, um Fender Champ valvulado de 1958 e um microfone Astatic modelo JT30, de 1970. O som da gaita lembra o da guitarra com este sistema de amplificação. Não usa pedais e dependendo do trabalho também usa microfones de voz, que, segundo Flávio, reforçam as freqüências médio graves. “Tenho utilizado Equipamentos Johnny Rover explicou que amplificadores para gaita geralmente são parecidos ou iguais aos de guitarra. A maioria é de valvulados, que podem ser ‘vintage’ tipo um Fender Bassman 1959 ou pode ser um amplificador ‘boutique’ desenvolvido especialmente para a gaita, com falantes e freqüência especialmente ajustados. Hoje existem até ‘virtual-amps’ com componentes eletrônicos que simulam os timbres de um amplificador. Na opinião de Jefferson, o músico ainda deve procurar seu som e experimentar todos os modelos de amplificadores, microfones e pedais possíveis e não se fechar para o que tem de novo no mercado. “Little Walter foi o gaitista que mais experimentou e é chamado de Hendrix da gaita. Ele foi o primeiro a amplificar o instrumento e usar efeitos. Ele experimentou tudo o que tinha na época e criou um estilo de tocar gaita e um som próprio. Por que não fazer isso hoje? Se ele estivesse vivo estaria testando tudo o que fosse possível”, disse o músico. “Gosto de microfonar os amplificadores usando dois microfones para mesclar as captações na mixagem e assim poder escolher a dinâmica” (Rover) microfones customizados e até um clássico SM 58. Antigos amplificadores Fender e Mesa Booguie, mas gostaria de testar os amps nacionais em minhas produções. Tenho ouvido falar muito bem deles. E a diferença pode ser na potência do amp e a curva de equalização”, disse Daniel Cheese. Jefferson Gonçalves usa um modelo de gaita que desenvolveu com a Hering em parceria com o luthier Fabrício Casarejos. Ambos realizaram uma pesquisa detalha- REPORTAGEM da para criar um sistema de afinação pessoal que melhor correspondesse ao seu uso e pegada. “Como toco muito forte e uso muito trato vocal na execução dos intervalos, acordes/ bicordes, criamos uma tabela de afinação ideal para esse estilo de tocar”, revelou Jefferson que usa microfones Astatic JT30, Hohner Blues Blaster, SM 58, Shaker Madcat e Mic-5 Hering Harmônicas. Para gaita amplificada, Johnny Rover gosta de uma combinação de amplificadores grandes e pequenos. Ele utilizou um Fender Concert 1962 e um Valco National ao mesmo tempo na maioria das músicas de seu disco solo que está em fase de gravação. Quanto a microfones ‘bullet’, Johnny tem um 707A, em que o elemento de cristal tem uma resposta superforte, e só usa esse microfone no estúdio. Guta Menezes utiliza as gaitas Hering e gosta de gravar no Pro Tools usando alguns plug-ins como IR-L, Focusrite, Bomb Factory, SSL, entre outros. José Staneck procura usar monitores para que o som fique mais fiel possível e não gosta de caixas amplificadas porque, segundo ele, normalmente alteram muito o som natural. pendendo do objetivo do trabalho”, explicou Johnny Rover. “Certa vez ouvi do músico e arranjador Flávio Paiva que todo gaitista quando entra em estúdio descobre que não gosta do som de seu instrumento. Isso é uma grande verdade. Todos começam a querer criar em estúdio um som que não existe. Para mim, este toque foi fundamental para mudar minha concepção, não só de gravação como também de performance. Faço no máximo um pequeno ajuste nas freqüências de 125 e 3K e nas freqüências altas do reverber utilizado”, disse Staneck. “Certa vez ouvi do músico e arranjador Flávio Paiva que todo gaitista quando entra em estúdio descobre que não gosta do som de seu instrumento” (Staneck) Mixagem Captando graves e agudos Guta Menezes prefere um som encorpado e como a gaita tem um som metálico, se preocupa em atenuar o médio-agudo entre 1k a 4k e dar um ganho na freqüência médio-grave. Dependendo do tipo de microfone que Jefferson está usando numa gravação, às vezes, usa um pedal equalizador e corta algumas freqüências e depois na mixagem regula melhor, isso tudo depende também da tonalidade da gaita. “A gaita naturalmente tem uma freqüência mais aguda, então, captar os sons graves e médio-graves se torna muito importante para evitar aquele timbre super fino e agudo. Um pouco de distorção também é algo a ser considerado de- 54 www.backstage.com.br Segundo Johnny Rover, escolher os microfones ideais, regular o timbre do amplificador, posicionar o amplificador e microfones corretamente facilitará a mixagem. Jefferson dá a dica para pesquisar um bom local na sala de gravação onde serão colocados o amplificador e os microfones. “Vai facilitar na mixagem o uso de equalizadores. Quando gravo no Pro Tools costumo usar o equalizador da Focusrite ou da Waves, às vezes uso uma leve compressão para evitar picos. Um bom instrumento afinado e sem ruídos mecânicos é fundamental num set de gravação. É importante saber se a gravação é 440 ou 442Hz”, opinou Guta Menezes. “Quando adicionam muitos efeitos digitais na mixagem, o timbre natural do instrumento se perde. Se necessário, reverb, delay e compressão devem ser usados com cautela”, disse Flávio Guimarães. Trabalho com os timbres Primeiramente precisa-se saber qual a sonoridade que o gaitista quer. Com a tecnologia existem várias possibilidades. O músico pode usar reverbs, distorção, delay, compressores, equalizadores, uma gama de efeitos. Basta ter o bom senso na hora de usá-los para não descaracterizar o instrumento. “Gosto de usar reverb do tipo Chambers para encorpar o som junto com equalizador e um pré-amplificador (Bomb Factory)”, disse Guta. Johnny Rover prefere um timbre mais encorpado com um pouco de distorção e dinâmica harmônica. José Staneck hoje em dia quase não equaliza a gaita. “Cada vez mais usa o som que eu reproduzo com o mínimo de interferência. É claro que se o local tiver uma reflexão dos agudos exagerada temos que fazer alguns ajustes, pois a gaita já é aguda o suficiente”, disse Staneck. Parceria do técnico e do músico O ideal é uma relação de respeito e diálogo com espaço para criatividade. Não há nenhum empecilho para que alguém escreva bem para gaita, inclusive suas características se encontram em qualquer manual de orquestração moderno. “Eu acho que o técnico precisa saber se comunicar com os músicos de forma que ajude a um ou todos a fazer os ajustes necessários. Para se obter um bom resultado, a parceria entre técnico e músico e muito importante”, disse Rover. “Há técnicos com os quais eu já gravo habitualmente há muitos anos e já sabem o que quero. Porém me deixam à vontade para qualquer diálogo”, confirmou Mauricio Einhorn.