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Revista Locus Científico
A Revista Locus Científico é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores (ANPROTEC). Seu escopo de ação engloba a divulgação de artigos técnicos inéditos, avaliados por um
renomado Conselho Editorial.
EXPEDIENTE
ESTRUTURA DA PUBLICAÇÃO
A revista é composta de textos e artigos de divulgação da cultura do empreendedorismo inovador e
artigos inéditos referendados por revisores "ad-hoc".
MISSÃO
Publicar informações relevantes, artigos técnicos
originais e trabalhos de revisão na área do
Empreendedorismo Inovador.
EDITOR
Josealdo Tonholo (ANPROTEC/UFAL)
DIAGRAMAÇÃO
Consenso Editora Gráfica (48) 3028 2924
TIRAGEM
5.000 exemplares
IMPRESSÃO
Gráfica Brasil - Uberlândia
CONSELHO EDITORIAL
Afrânio Craveiro (PADETEC)
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Conceição Vedovello (FAPESP)
Desirée M. Zouain (IPEN)
Esteban Cassin (Univ. de San Martín, Argentina)
Fernando Dolabela (Fundação Dom Cabral)
Guilherme Ary Plonski - (ANPROTEC/USP)
Jorge Audy (PUC/RS)
José Carlos Assis Dornelas (EMPREENDE)
Josemar Xavier de Medeiros (UnB)
Luís Afonso Bermúdez (UnB)
Maria Alice Lahorgue (UFRGS)
Norman de Paula Arruda Filho (FGV/PR)
Paulo Alvim (SEBRAE)
Renato de Aquino Faria Nunes (UNIFEI)
Roberto Sbragia (USP)
ANPROTEC
DIRETORIA:
Guilherme Ary Plonski – Presidente - USP
Gisa Bassalo – UFPA
Francilene Procópio Garcia – UFCG
Josealdo Tonholo – UFAL
Paulo Roberto de Castro Gonzalez – CIENTEC
Silvestre Labiak Junior – UFTPR
Sheila Oliveira Pires – Superintendente executiva
Locus Científico - Uma revista ANPROTEC
Editor: editor@anprotec.org.br
ISSN - 1981-6790 - versão impressa
ISSN - 1981-6804 - versão digital
Associação Nacional de
Entidades Promotoras
CONSELHO CONSULTIVO
Fernando Kreutz (Diretor da FK Biotecnologia)
José Eduardo Fiates (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor da Fundação Certi)
Luís Afonso Bermúdez (ex-presidente da ANPROTEC, Diretor do CDT/UNB)
Marco Antônio Raupp (Presidente da SBPC)
Maurício Pereira Guedes (ex-presidente da ANPROTEC, COPPE/UFRJ)
Newton Lima Neto (Prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar)
Rafael Lucchesi (Diretor de Operações da CNI)
EQUIPE TÉCNICA ANPROTEC
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de Empreendimentos Inovadores
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ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo de caso, embora preliminar e exploratório, confirmou o enunciado por diversos autores que afirmam os Parques Científicos e Tecnológicos serem organizações complexas cujos resultados somente podem ser avaliados com a utilização de um conjunto de indicadores que dêem conta dos
diferentes interesses dos seus principais stakeholders. Os indicadores precisam ser, ao mesmo tempo, em número tal que
permita sua coleta e acompanhamento regular, e completos
o suficiente para permitir a gestão operacional e estratégica
dos PCTs. Também precisam permitir a medição dos impactos
causados pelos PCTs, sua instalação e operação nos âmbitos
econômico e social, no desenvolvimento científico e tecnoló-
gico, na geração de inovação e no progresso local, da região
e do país. Este não é um desafio simples e, tanto em nível
nacional, quanto internacional, as pesquisas neste campo ainda são incipientes e devem continuar.
Como limitação
deste estudo, destaca-se o número de representantes de
stakeholders entrevistados e o fato de serem todos de um
único PCT. Como sugestão para estudos futuros, visando aumentar a representatividade estatística da pesquisa, serão
estudos outros PCTs no Brasil e no exterior e será ampliado o
número de representantes de stakeholders, por exemplo, com
a inclusão de “acadêmicos-empresários”, “agentes financeiros e venture capitalists” e “agências de desenvolvimento”
[VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN, 2006].
LOCUS
CIENTÍFICO
SUMÁRIO
EDITORIAL
Josealdo Tonholo ................................................................................................................................................
3
ARTIGOS ORIGINAIS
Promoção de Empreendimentos Orientados para Desenvolvimento Local e Setorial (DLS)
A incubadora de empresas como mecanismo de apoio ao surgimento de empresas inovadoras: o caso da
incubadora tecnológica do CDT
Business Incubator - promoting the creation of inovative interprises: the case of CDT/UNB
Tatyana Aranda Andrade da Silva, Eduardo Raupp de Vargas, Luís Afonso Bermúdez,
Ednalva Fernandes Costa de Moraes , Maria Carolina Rocha Pinto .........................................................................
04-12
Habitats de Inovação Sustentáveis (HIS)
Abordagem histórica do Sistema Nacional de Inovação e o papel das Incubadoras de Empresas na interação
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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30
Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
entre agentes deste sistema.
An historical approach of Brazil’s National System of Innovation and the Business Incubator’s role in the
interaction among this system’s agents
Tais Nasser Villela, Lygia, Alessandra Magalhães Magacho .....................................................................................
13-21
Indicadores de avaliação de desempenho para o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – Tecnopuc, na
percepção de seus principais stakeholders
Performance indicators for the PUCRS´ Science and Technology Park - TECNOPUC, through the perception
of representatives of key stakeholders of the Park
Rui Jung Neto, Edemar Antônio Wolf de Paula .......................................................................................................
22-30
EDITORIAL
Prezados Empreendedores ,
Com alegria começamos mais um ano, com a promessa de bons dividendos para o setor de Ciência, Tecnologia e
Inovação em função dos investimentos previstos para o período. O começo do aporte do PRIME, a estruturação do
SIBRATEC, os projetos Estruturantes dos Estados –apoiado pela FINEP/MCT, as bolsas de Desenvolvimento Tecnológico do
CNPq, o programa de Subvenção Econômica, o Programa RHAE na Empresa, entre tantos outros elementos criativos
aportados pelo Sistema Nacional de CTI nos fazem acreditar que é possível ao brasileiro superar com maestria as imposições da crise econômica que assola o mundo.
Para aumentar o otimismo do ano novo, nada como apresentar casos de sucessos contaminantes. Neste número
temos o artigo da equipe do Centro de Desenvolvimento Tecnológico da Universidade de Brasília, que não só apresenta
o consolidado modelo, mas também expõe a forma de disseminação, que já se espalha geograficamente em toda região
Centro-Oeste. De outro lado, atuando no ambiente macro, temos as equipes das PUC´s, com o Rio de Janeiro fazendo
um relato histórico da relação do Sistema Nacional de Inovação com as incubadoras de empresas e a PUC gaúcha, que
aqui apresenta uma proposta de acompanhamento do desempenho para Parques Tecnológicos. Três casos de excelência,
que clamam por uma leitura acurada.
Josealdo Tonholo
Editor
editor@anprotec.org.br
3
ARTIGO CIENTÍFICO
PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA
DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS)
LOCUS
ISSN -1981-6790 - versão impressa
CIENTÍFICO
ISSN -1981-6804 - versão digital
A incubadora de empresas como mecanismo de apoio ao
surgimento de empresas inovadoras: o caso da incubadora
tecnológica do CDT
Business Incubator – promoting the creation of innovative enterprises: the
case of CDT/UnB
Tatyana Aranda Andrade da Silva¹, Eduardo Raupp de Vargas², Luís Afonso Bermúdez1,*, Ednalva Fernandes Costa de
Moraes1 e Maria Carolina Rocha Pinto1
1
Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico - CDT/UnB. Campus Universitário Darcy Ribeiro, Edifício CDT. Cep: 70904-970.
Brasília - DF - Brasil.
2
Universidade de Brasília, Reitoria, Departamento de Administração.
Instituto Central de Ciências - Ala Norte - Campus Universitário Darcy Ribeiro - subsolo - módulo 25
Asa Norte. Cep: 70910-900 - Brasilia - DF - Brasil.
E-mails: tatyana@cdt.unb.br | ervargas@unb.br | bermudez@cdt.unb.br | ednalva@cdt.unb.br | mcarolina@cdt.unb.br
*autor de contato: Tatyana Aranda Andrade da Silva
Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2009, aceito em 30 de março de 2009
RESUMO
As incubadoras de empresas surgem como mecanismos
de incentivo, apoio e promoção da inovação, sobretudo no
que diz respeito a aproximação entre conhecimento científico e demandas industriais. Além de maximizarem a utilização do conhecimento e dos recursos humanos, financeiro e
matérias que pequenos empreendedores têm a disposição.
Muito se conhece do papel desempenhado pela incubadora
junto as empresas apoiadas e a sociedade como um todo.
No entanto, a perspectiva das empresas incubadas também
é essencial para a avaliar se a instituição está cumprindo o
seu papel de incentivar a inovação, facilitar a consolidação
de empreendimentos e contribuir para o desenvolvimento
sócio-econômico da região. O presente estudo avalia a percepção das empresas incubadas, que estão passando ou que
já passaram pelo processo de incubação. Pode-se concluir
da avaliação que as empresas consideram a incubadora essencial para o seu desenvolvimento e consolidação, apesar
de possuir alguns pontos a serem melhorados.
4
ABSTRACT
The business incubators emerge as a mechanism to
encourage, support and promote innovation, particularly
approximating scientific knowledge and industrial demands. They also maximize the use of knowledge and human
resources, financial and material that small entrepreneurs
have the provision. Much is known about the incubation
process and the support that is offered to the small businesses and to the society as a whole. However, the prospect of the incubated companies is also essential to assess
whether the institution is fulfilling its role of encouraging
innovation, facilitating the consolidation of business and
contributing to the development of social economy of a
region. This study evaluates the perception of incubated
companies, which are in the process of incubation or have
already experienced it. We conclude that companies consider the incubator process essential for their development
and consolidation, although some points have to be improved.
PALAVRAS-CHAVE:
KEYWORDS:
• incubadoras de empresa,
• inovação tecnológica,
• relação universidade-empresa.
• business incubator,
• technological innovation,
• university-industry relationship.
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
6.3 Aspectos Competitivos e de Infra-estrutura e
Sustentabilidade
Nesta dimensão foram enquadrados os indicadores citados por um dos stakeholders, preocupado em medir, tanto a
produtividade da mão-de-obra, que o próprio respondente
afirma ser “difícil de medir”, quanto a ação internacional e os
acordos de cooperação firmados por empresas e organizações no âmbito do PCT. Também o indicador de “Inclusão do
PCT no PPD” foi incluído nesta perspectivas, uma vez que ele
pode se revelar com um importante fator de atração de empresas que, ao se enquadrarem nas políticas de incentivo,
venham a se instalar no PCT para delas usufruírem. Nesta
dimensão os autores enquadraram também, os indicadores
citados por dois dos stakeholders, preocupados em avaliar o
“Custo”, as facilidades decorrentes da localização do PCT e a
sua sustentabilidade social: “proximidade com rotas de transporte público e vias principais de acesso”; “Restaurantes...,
hotéis...”; “Infra-estrutura do PCT e região, transporte, energia, link de dados, alimentação, estacionamento”; “...dos prédios disponíveis..., auditórios, segurança...”; “...para portadores de necessidades especiais”; “Fatores de Sustentabilidade (meio ambiente e responsabilidade sociais)” no âmbito
do PCT e da região onde ele está instalado. Esta dimensão se
aproxima da perspectiva “aprendizagem e crescimento” do
BSC, pois engloba não só os aspectos de produtividade e qualificação dos recursos humanos, cooperação e trabalho em
rede, sustentabilidade ambiental e social, bem como a infraestrutura disponível para garantir a operação e o crescimento futuro do PCT. Os indicadores desta dimensão podem ser
vistos no Quadro 10 a seguir.
Quadro 10 – Aspectos Competitivos e de Infra-estrutura e Sustentabilidade.
Produtividade por postos de trabalho
Número de empresas de atuação internacional
Acordos para trabalho em Rede
Inclusão do PCT no PPD – Programa de P&D do Governo Federal (Lei de Informática e outras de incentivo à P&D)
Quantidade e disponibilidade de mão-de-obra qualificada formada na região e pela mantenedora do PCT nas áreas de
conhecimento do PCT
Acesso ao PCT, proximidade com rotas de transporte público e vias principais de acesso
Infra-estrutura do PCT e região: tamanho dos prédios, peso suportado, transporte, energia, link de dados, restaurantes,
estacionamentos, auditórios, segurança, hotéis, etc.
Custos de instalação (locação, condomínio, etc.)
Infra-estrutura para portadores de necessidades especiais
Fatores de Sustentabilidade (meio ambiente e responsabilidade social)
7. Proposta de indicadores a partir dos dados
coletados
Levando-se em conta os indicadores propostos por,
pelo menos, dois dos entrevistados (stakeholders) bem
como a análise realizada com base na literatura, os autores propõem preliminarmente um conjunto de indicadores
a ser validado em estudos futuros, conforme o quadro 11
a seguir.
Quadro 11 – Indicadores sugeridos pelos autores com base nas respostas dos stakeholders.
Aspectos Financeiros e Sociais
Postos de trabalho gerados
Número de empresas instaladas por segmento de atuação
Número de empresas geradas/graduadas por segmento de atuação
Faturamento total
Aspectos de Gestão e Científicos e Tecnológicos
Qualificação da equipe gestora (incluindo flexibilidade)
Número de projetos de P&D/ano com Universidades e Institutos de Pesquisa, (mantenedora) ou da região do PCT.
Áreas de conhecimento ou competência do PCT e da Universidade
Número de Pesquisadores por área de conhecimento/competência do PCT
Aspectos Competitivos e de Infra-estrutura e Sustentabilidade
Quantidade e disponibilidade de mão-de-obra qualificada formada na região e pela mantenedora do PCT nas áreas de
conhecimento do PCT
Infra-estrutura do PCT e região: tamanho dos prédios, peso suportado, transporte, energia, link de dados, restaurantes,
estacionamentos, auditórios, segurança, hotéis, etc.
Custos de instalação (locação, condomínio, etc.)
Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
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ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
6. CATEGORIAS CRIADAS A PARTIR DAS ENTREVISTAS
Os respondentes abordaram diversos indicadores de forma semelhante. Para melhor analisá-las as respostas foram
divididas em perspectivas baseadas nas apresentadas no modelo BSC de Kaplan & Norton (Financeira, Clientes, Processos Internos e Aprendizagem e Crescimento), adaptadas pelos autores, consolidando as repostas obtidas:
6.1 Aspectos Financeiros e Sociais
Nesta dimensão foram enquadrados os indicadores citados pelos stakeholders para demonstrar os benefícios sociais
e econômicos para a região onde o PCT está instalado. Seja
na geração de trabalho, renda, salários, impostos, seja no
estímulo à formação de mão-de-obra qualificada, pela demanda gerada pelas empresas localizadas no PCT e na sua
região, corroborado pelo seguinte comentário: “Embora eu
não tenha de forma clara quais são os indicadores, mas eu
penso que o parque tecnológico serve no atual estágio do
Brasil como um foco de pesquisa e desenvolvimento e um
aproximador da empresas e do mercado com a universidade”. De certa forma, esta dimensão se aproxima das perspectivas “Clientes” e “Financeira” do BSC, na medida em que
nela estão retratados os resultados de faturamento, impostos, empregos, etc. que são de interesse direto das categorias
“Governo” e “Empresa”. Saliente-se aqui que apenas o representante da categoria Governo citou “impostos arrecadados”
e “impostos arrecadados / valor pago em salário”, como indicadores a serem medidos, um exemplo das percepções diferentes inerentes a cada categoria de stakeholder. Os indicadores desta dimensão podem ser vistos no Quadro 8 a seguir.
Quadro 8 – Aspectos Financeiros e Sociais.
Postos de trabalho gerados
Qualificação dos postos de trabalho gerados
Número de empresas instaladas por segmento de atuação
Nº de empresas geradas/graduadas (se houver Incubadora de empresas no PCT), por segmento de atuação
Impostos arrecadados
Impostos arrecadados / valor pago em salário
Faturamento total
Faturamento total / Impostos arrecadados
Faturamento médio por funcionário (head count)
Recursos públicos aplicados / empregos gerados
Impactos do PCT para a região
6.2 Aspectos de Gestão e Científicos e Tecnológicos
Nesta dimensão foram enquadrados os indicadores citados por alguns dos stakeholders para medir e ressaltar a
importância de uma gestão profissional e capacitada, dada
a complexidade das demandas do “habitat” constituído no
âmbito do PCT. Nesta perspectiva, também foram colocados os indicadores citados pelos stakeholders para avaliar a
capacitação do PCT nas várias áreas de conhecimento, sua
importância em impulsionar os processos de inovação e as
interações entre os vários atores envolvidos no processo (governo, agências de fomento, entidades empresariais, empresas, universidade, institutos de pesquisa, etc.). Em relação ao modelo BSC, a dimensão se relaciona com a perspectiva “Processos Internos”, onde Kaplan & Norton [1996,
2001] recomendam que sejam avaliados os processos de
inovação, de operações e de serviços de pós-venda. Os indicadores desta dimensão podem ser vistos no Quadro 9 a
seguir.
Quadro 9 – Aspectos de Gestão e Científicos e Tecnológicos.
Qualificação da equipe gestora (incluindo flexibilidade)
Estabilidade da equipe gestora
Nº de interações das empresas com Universidades e Institutos de Pesquisa (IPs)
Nº de patentes/licenças geradas com e sem interação com Universidades e IPs
Nº de projetos de P&D/ano com Universidades e IPs, (da mantenedora) ou da região do PCT.
O que as empresas desenvolvem no PCT: pesquisa ou produto
Áreas de conhecimento ou competência do PCT e da Universidade
Número de Pesquisadores por área de conhecimento/competência do PCT
Número de Professores envolvidos em projetos com empresas do PCT
Número de publicações geradas pelos projetos de P&D do PCT
Número de bolsistas financiados pelos projetos de P&D do PCT
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Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
1. INTRODUÇÃO
Com a abertura comercial e a conseqüente globalização
de mercados, no início dos anos 90, o aumento da competitividade das empresas nacionais passou a ser essencial para fazer
frente a diversidade de empresas e produtos estrangeiros que
entravam no Brasil. Tal fato levou o governo, com o apoio de
organizações não governamentais, a promover ações que visavam o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da interação entre a universidade e a empresa.
Para manter a competitividade, as empresas deveriam ter
a capacidade de promover inovação, se adaptarem facilmente
às mudanças e possuir a capacidade de constituir parcerias estratégicas.
As políticas de incentivo a inovação que passaram a fazer
parte das políticas públicas do país tinham ligação direta com a
intensificação do relacionamento universidade-empresa. A intensificação dessa relação refletiu diretamente na criação de
vários mecanismos institucionais de transferência de tecnologia e de conhecimento e na presença de instituições com forte
articulação e com grande infra-estrutura de ciência e tecnologia, que ajudaram a fortalecer o Sistema Nacional de Inovação.
As incubadoras de empresas são parte desse Sistema de
Inovação e surgem como um mecanismo de incentivo, apoio e
promoção da inovação, sobretudo no que diz respeito a aproximação entre conhecimento científico e demandas industriais.
Além disso, maximizam a utilização do conhecimento e dos
recursos humanos, financeiro e matérias que pequenos empreendedores têm a disposição. Neste aspecto, as incubadoras têm
representado uma estrutura essencial para o aumento do índice de sobrevivências das micro e pequenas empresas, pois atuam como suporte nas dificuldades inicias que enfrentam os
empreendedores [ANPROTEC, 2006].
Nesse contexto, o presente estudo busca apresentar a
Multincubadora de empresas do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico – CDT, e, mais especificamente, a Incubadora Tecnológica, que representa uma das quatro modalidade
existente no Centro.
E ainda, considerando que o processo de incubação é considerado um dos mecanismos mais eficientes quando da formação de empreendimentos sólidos, reduzindo em aproximadamente 20% a taxa de mortalidade das empresas, segundo
dados da ANPROTEC, o presente estudo também visa avaliar o
trabalho realizado com os empreendimentos incubados, verificando se a instituição está cumprindo o seu papel de incentivar
a inovação, facilitar a consolidação de empreendimentos e contribuir para o desenvolvimento sócio-econômico da região. A
maneira utilizada aqui para realizar essa avaliação foi buscando a percepção das empresas que passam pelo processo de
incubação quanto ao papel da incubadora na oferta de serviços que promovam o desenvolvimento de novos empreendimentos tecnológicos.
2. O CONCEITO DE SISTEMA DE INOVAÇÃO E O CASO
BRASILEIRO
A partir dos estudos de Schumpeter [ANDREASSI, T.; CAM-
PANÁRIO, M. A.; SBRAGIA, R.; STAL, E., 2005], o tema inovação
passou a ser explorado visando o entendimento do processo
de mudança tecnológica. Ele buscou entender os efeitos positivos da inovação de processos e produtos e como eles afetavam
o desenvolvimento econômico. Nesse contexto, analisou também a função desempenhada pelas empresas e pelos empreendedores.
Os estudos de Schumpeter revelaram que o empreendedor exerce papel fundamental no desenvolvimento econômico,
na medida em que a introdução de inovações é realizada pelo
empresário, quando das várias combinações dos meios de produção disponíveis. Essas combinações podem referir-se tanto
a criação de novos produtos quanto a introdução de novos
métodos de produção.
Ao inovar, um empreendedor é seguido por seus concorrentes, os quais investem recursos para produzir, imitar e melhorar os produtos e processos anteriores. Dessa maneira, a
onda de investimentos de capital ativa a economia e acelera o
desenvolvimento econômico. A esse processo de introdução
do novo, Schumpeter chamou de “Destruição Criadora”. Quando inicia-se o declínio de um produto ou processo, outro produto inicia seu ciclo adicionado do fator inovação. É importante ressaltar que nesse processo o crescimento do ciclo de um
produto desacelera o ciclo do produto anterior.
Mais recentemente, de acordo com o Manual de Oslo, o
tema inovação compreende a introdução de produtos ou processos tecnologicamente novos ou melhorias significativas em
produtos e processos existentes num período de referência. Para
que a implementação da inovação tecnológica seja efetiva é
necessário que ela tenha sido introduzida no mercado (inovação de produto) ou utilizada no processo de produção (inovação de processo).
2.1. O Sistema de Inovação brasileiro
Com o intuito de entender como os países adquirem competitividade e percorrem períodos de desenvolvimento econômico, foi introduzido o conceito de Sistema de Inovação [FERNANDES, 2007]. Os Sistemas Nacionais de Inovação podem ser
definidos como sendo um sistema que engloba todos os elementos e as relações envolvidas na produção, difusão e uso de
um conhecimento novo e comercializável.
A preocupação do governo brasileiro com o desenvolvimento científico e tecnológico do país começou mais ativamente
no final da década de 1960 [MORAES e STAL, 2004]. A criação
de planos e programas específicos para a área de P&D incluía a
concepção e/ou reformulação de instituições responsáveis por
apoiar e orientar as atividades desenvolvidas na área de P&D.
A política de C&T no Brasil esteve mais voltada para o apoio
a oferta de tecnologia do que para as necessidades de inovação do setor produtivo. Esse quadro demonstra a distância histórica entre universidade e empresa. A dificuldade de interação
entre as duas instituições se origina de seus próprios objetivos
primordiais, que são conflitantes. A Universidade tem como
foco o investimento em geração do conhecimento e julga a
tecnologia como sendo necessária ao desenvolvimento da so-
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
5
ARTIGO CIENTÍFICO
PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA
DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS)
ciedade em geral. Já a empresa busca o lucro, sem o qual ele
não sobrevive e não realiza a função social de gerar empregos
e atender às demandas da sociedade e, julga a tecnologia como
instrumento estratégico para a sua permanência no mercado
[MORAES; STAL, 2004].
Na década de 1960, juntamente com o projeto de universidade moderna (criação da Universidade de Brasília – UnB e da
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP), que unia o
ensino e a pesquisa, surgiram, também, os primeiros institutos
e fundações associados a universidades, que foram criados com
vistas a fazerem uma articulação entre pesquisas científicas e
tecnológicas e, ainda, prestavam serviços à indústrias e ao governo.
Ao longo da década de 1990, o governo brasileiro passou
a dar uma importância cada vez mais significativa para a associação entre universidades e empresas com o intuito de modernizar tecnologicamente o parque industrial nacional. Para isso
criou diversos mecanismos que tinham a finalidade de estimular à inovação e a parceria universidade-empresa, entre eles os
núcleos de informação tecnológica e industrial e os escritórios
de transferência de tecnologia.
Uma das iniciativas foi a implementação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, cuja finalidade principal
era capacitar as empresas para que obtivessem a certificação
de acordo com a ISO 9000. Foi ao final da década de 1990 que
o tema inovação ganhou força. A criação de Fundos Setoriais, a
partir de 1999, visava apoiar financeiramente projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de buscar a aproximação do setor produtivo com a universidade. [HIRATA, 2007].
O governo também criou, no âmbito estadual, as Fundações de Amparo à Pesquisa - FAP’s -, os programas como o de
Parceria para a Inovação Tecnológica – PITE – e o de Parceria
para Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas – PIPE. Algumas Fundações de Amparo à Pesquisa implantaram, por meio
da FINEP/MCT, o Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas –
PAPPE – entre outras iniciativas.
Em 2004, visando a criação de ações estratégicas voltadas
para a Política Industrial, o governo lançou a Política Industrial,
Tecnológica e de Comércio Exterior. A PITCE se constitui em um
mecanismo de longo prazo que tem como objetivo fortalecer e
ampliar a base industrial brasileira, melhorando a capacidade
de inovação das empresas.
Uma iniciativa mais recente a fim de apoiar a inovação no
Brasil é a criação da Lei de Inovação (LEI nº 10.973, de dezembro de 2004). De acordo com seu art. 1º, a Lei de Inovação
pretende incentivar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, visando a capacitação, a autonomia tecnológica e o desenvolvimento industrial do País.
3. INCUBADORA DE EMPRESAS
3.1. Interação Universidade-Empresa
Com a crescente transformação da sociedade industrial para
a sociedade do conhecimento, a necessidade de conhecimento
científico para alcance de progressos técnicos e aumento da
competitividade das empresas vem exigindo dos atores envol-
6
vidos no processo de geração e difusão de inovações esforços
para ampliar e fortificar as práticas de cooperação tecnológica
[FUJINO, 2004].
As necessidades de cooperação entre a universidade e a
empresa não são recentes, elas se intensificaram em meados
dos nos 80, quando se iniciou o processo de abertura econômica, que consolidou dois processos interligados, a abertura comercial e a inovação tecnológica.
O interesse da Universidade por essa interação aumentou
quando os os recursos públicos destinados para a pesquisa e
compra de insumos e equipamentos foram reduzidos. E as
empresas se depararam com dificuldades cada vez maiores em
acompanharem a velocidade, complexidade e alto custo do
processo de inovação tecnológico, que eram fatores imprescindíveis a manutenção de sua posição competitiva.
Um dos principais modelos criados com o intuito de analisar a relação universidade-empresa, foi o modelo da HéliceTripla, o qual toma como base a relação entre universidade, empresa e governo. O conceito de Hélice Tripla [ETZKOWITZ, 1996
apud WOLFFENBUTTEL, 2001] procura integrar universidade,
empresa e governo no intuito de unir ciência, tecnologia e governo. Tal modelo contrasta com a abordagem tradicional, em
que o fluxo de conhecimento correria por uma via única, da
pesquisa básica para a inovação. No modelo da Hélice Tripla o
fluxo ocorre também inverso, fazendo o curso do conhecimento para a academia.
Para Etzkowitz [2005] o sistema de Hélice Tripla se constitui em um componente fundamental para qualquer estratégia
de inovação no século XXI, considerando que é responsável
por movimentar os agentes para além da fronteira de suas instituições, visando adquirir uma visão multifuncional de todo o
processo.
Quadro 5 – Resposta entrevistado “D”.
3.2. Incubadora de Empresas e o Histórico do
Movimento
De acordo com a ANPROTEC [2007] as Incubadoras de
Empresas são ambientes providos de capacidades técnica, gerencial e de infra-estrutura adequada para apoiar o estágio
inicial das empresas. Tem como objetivos principais atuar na
criação de empreendimentos de sucesso, minimizar o risco dos
investimentos e contribuir para o surgimento de novas oportunidades de inovação para os diversos segmentos econômicos. Além disso, se contituem em um mecanismo flexível e
facilitador do processo de desenvolvimento de novos empreendimentos, na medida em que oferece orientação técnica e
profissional, além de suporte e serviços compartilhados,tais
como: laboratórios, serviços de secretaria em geral, área física, treinamentos específicos e consultorias.
As incubadoras de empresas são intituições mantidas por
entidades governamentais, universidades ou grupos comunitários [DORNELAS, 2002]. São um importante elo de interação
entre a centros de ensino e pesquisa e o empresariado local e
buscam influenciar o meio em que estão situadas promovendo o desenvolvimento produtivo da região para uma inserção
competitiva no mercado.
Quadro 7 – Resposta entrevistado “F”.
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
Entrevistado:
Função:
Organização:
Data:
Resposta:
5.4 Resposta “D”
“D”
Dirigente de Associação empresarial localizada no TECNOPUC
“Associação localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa)
25/03/2009
- quantidade de pessoas empregadas no Parque;
- quantidade de empresas por segmento;
- o que as empresas desenvolvem no Parque: se é pesquisa ou produto;
- quantidade de projetos de P&D em conjunto com Universidade (mantenedora, parceira ou da região
do Parque);
- quais as áreas de competência do Parque e da Universidade;
- quantidade pesquisadores por área;
- quantidade de mão-de-obra de nível superior formada por ano pela Universidade (mantenedora,
parceira ou da região do Parque) nas várias áreas de competência do Parque.
Quadro 6 – Resposta entrevistado “E”.
Entrevistado:
Função:
Organização:
Data:
Resposta:
Entrevistado:
Função:
Organização:
Data:
Resposta:
5.5 Resposta “E”
“E”
Gestor de infra-estrutura
“Empresa localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa)
25/03/2009
- Acesso do parque, proximidade de rotas de transporte público e vias principais de acesso;
- Disponibilidade de talentos, mão de obra, na região ou no parque;
- Qualidade da mão de obra, região e formada pelo parque;
- Flexibilidade em negociar e atender as necessidades das empresas (cada empresa é diferente);
- Custos de instalação (locação, condomínio, etc.);
- Infra-estrutura no parque e da região, transporte, energia, link de dados, alimentação, estacionamento, etc..- Inclusão dos programas do parque no Programa de P&D do Governo Federal (Lei de
Informática e outras de incentivo à P&D);
- Organização administrativa do parque e vinculação a uma instituição de ensino.
5.6 Resposta “F”
“F”
Diretor de Tecnologia
“Empresa localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa)
20/03/2009 (gravada)
Meu nome é “F”, eu trabalho na área de T.I.Tive a experiência em outra organização da qual eu fui dirigente, a
“Z”, de escolher o TECNOPUC para instalar a nossa área de P&D. Embora eu não tenha de forma clara quais são
os indicadores, eu penso que o parque tecnológico serve no atual estágio do Brasil como um foco de pesquisa
e desenvolvimento e um aproximador da empresas e do mercado com a Universidade. Dentro deste contexto
eu acho que os indicadores devem começar focando esta integração, ou seja: - quantas empresas tão instaladas dentro do parque;
- algo que mensure o potencial destas empresas, como a soma dos seus faturamentos globais;
- as diferentes ciências que estão sendo pesquisadas no parque; como por exemplo, no TECNOPUC a gente
vê que não e um parque tecnológico voltado só para a Tecnologia da Informação, mas também para outras
áreas do conhecimento. Então, o número de áreas do conhecimento que o parque aborda;
- o número de projetos de pesquisa/ano desenvolvidos no parque;
- o número de professores envolvidos em projetos com empresas que estão no parque;
- o número de publicações geradas a partir de projetos que estão sendo desenvolvidos junto com o parque;
- o número de bolsistas financiados pelo parque;
- o número de pessoas que desenvolvem o seu trabalho diário dentro do parque.
Acredito que seriam estes alguns dos principais indicadores.
Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
27
ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
Quadro 2 – Resposta entrevistado “A”.
Entrevistado:
Função:
Organização:
Data:
Resposta:
5.1 Resposta “A”
“A”
Gestor do TECNOPUC (Representando também a categoria Universidade)
Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC
16/03/2009
1- postos de trabalho gerados;
2- recursos públicos aplicados/emprego gerados;
3- produtividade por postos de trabalho (difícil de medir);
4- nº de empresas instaladas;
5- se tiver incubadora, nº de empresas graduadas;
6- qualificação dos postos de trabalho gerados;
7- nº de interações com universidade e instituto de pesquisa;
8- qualificação da equipe gestora;
9- estabilidade da equipe gestora;
10- nº de empresas de atuação internacional;
11- acordos para trabalho em rede;
12- faturamento total do parque/impostos gerados;
13- impactos do parque para a região;
14- nº de patentes/licenciamentos gerados;
15- nº de tecnologias licenciadas/geradas pela interação universidade-empresa.
Quadro 3 – Resposta entrevistado “B”.
Entrevistado:
Função:
Organização:
Data:
Resposta:
5.2 Resposta “B”
“B”
Vereador Municipal de Porto Alegre
Câmara Municipal de Porto Alegre (representante da categoria Governo)
16/03/2009
- número de empregos gerados;
- faturamento das empresas do parque Tecnológico;
- imposto arrecadado nas diversas esferas (federal, estadual, municipal);
- valor do imposto arrecadado sobre valor pago em salário;
- Numero de empresas geradas;
- faturamento médio por funcionário (head count).
Quadro 4 – Resposta entrevistado “C”.
Entrevistado:
Função:
Organização:
Data:
Resposta:
26
5.3 Resposta “C”
“C”
Gestor de infra-estrutura
“Empresa localizada no TECNOPUC” (representante da categoria Empresa)
18/03/2009
1) Infra-estrutura dos prédios disponíveis (energia, dados, tamanho dos prédios, peso lajes, auditórios,
segurança);
2) Restaurantes no parque, hotéis nos arredores;
3) Estacionamentos;
4) Infra para portadores de necessidades especiais;
5) Fatores de Sustentabilidade (meio ambiente e responsabilidade social).A “empresa X” sempre teve a
expectativa que em um parque tecnológico as propostas de “energias alternativas” fossem fator de
desempenho e eliminatório na escolha das empresas. Isto porque as maiores despesas fixas nas grandes empresas são alugueis e energia (30% na média).Hoje as empresas estão trabalhando forte em
“Sustentabilidade” este indicador será cada vez mais eliminatório.
Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
Elas são categorizadas de acordo com o tipo de empresa
que recebem. A literatura atual aponta três principais categorias nas quais as incubadoras são classificadas, são elas: Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, Incubadora de Empresas dos Setores Tradicionais e Incubadora de Empresas Mistas. Outras categorias de incubadoras estão sendo formadas e
as principais são aquelas de caráter social e cultural, representando 3 e 4% ,respectivamente, do número existente no Brasil
em 2006.
As incubadoras surgem no contexto mundial como um
mecanismo de incentivo a interação universidade-empresa e
como fruto da necessidade de se obter conhecimento científico para alcance de progressos técnicos e aumento da competitividade das empresas.
Essa iniciativa teve início na década de 1930, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e visava estímular os
estudantes a transformarem seu conhecimento acadêmico em
produtos inovadores e a iniciarem novos negócios a fim de
produzi-los e comercializá-los. [PACKARD, 1995 apud MORAES, C; FIRMO, D., 2004]. Segundo o autor, a Universidade de
Stanford, na década de 50, criou o Stanford Research Park,
que deu origem ao Vale do Silício, visando a intensificação de
transferência de tecnologia das universidades para as empresas e ainda, a criação de novas empresas, principalmente ligadas ao setor de eletrônica.
No Brasil, o movimento de incubadoras passou a ser incorporado à política nacional a partir de meados da década
de 1980, visando o fortalecimento das condições estruturais a
fim de que as empresas e as indústrias se tornassem cada vez
mais competitivas frente ao mercado mundial, não priorizando a formação dos preços, mas a habilidade de inovar. Foram
pioneiras na implantação de incubadoras de empresas as universidades federais de São Carlos (SP), Campina Grande (PB),
Florianópolis (SC) e do Rio de Janeiro (RJ). As razões inerentes
a essa implantação foram a criação de empresas tecnológicas
em locais carentes de mão-de-obra qualificada e com uma
economia estagnada, desenvolviemtno do potencial tecnológico da região, a transformação da pesquisa aplicada em produtos, o incentivo ao empreendedorismo e o incentivo à cooperação entre a universidade e a sociedade.
Até o início de 1990 o Brasil contava com apenas 7 incubadoras. Em 2006, segundo os dados da ANPROTEC, já existiam 377 incubadoras em todo o país, 20 % a mais que no ano
anterior. Essas incubadoras encontram-se espalhadas por todo
o território nacional, destacando-se as regiões Sul e Sudeste,
com 127 incubadoras cada uma. Das 377 incubadoras existentes até 2006, 209 tinham menos de 5 anos de atividade e
cerca de 10 instituições estavam em operação a mais de 15
anos.
Atualmente, existem mais de 400 incubadoras no Brasil,
espalhadas por 25 unidades da Federação (ANPROTEC, 2009).
4. METODOLOGIA
4.1. Tipo de Pesquisa
Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva, pois
pretende descrever as percepções e expectativas dos empreendedores participantes do programa de incubação de empresas do CDT.
Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa baseada em
um estudo de caso, pois pretende analisar a Incubadora Tecnológica, considerada individualmente, e de maneira aprofundada e detalhada a fim de tentar ilustrar a situação atual da
organização.
4.2. Técnicas e Instrumentos de Coleta de Dados
Os dados foram coletados a partir de fontes primárias e
secundárias. As fontes primarias que foram utilizadas consistem em entrevistas pessoais e semi-estruturadas com os empreendedores responsáveis por empresas que fizeram ou fazem parte do processo de incubação. Os dados coletados a
partir de fontes secundárias são provenientes de análise do
site do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico –
CDT; análise de documentos provenientes da organização; e
análise de documentos que tratam do sujeito do estudo.
Utilizando a técnica de entrevistas semi-estruturadas, foram entrevistados quatro empreendedores participantes do
processo de incubação de empresas da Incubadora Tecnológica do CDT. Para que a visão do processo fosse mais diversificada, foram escolhidas empresas em diferentes etapas do processo de incubação: uma empresas que está iniciando o processo, duas empresas que estão no meio do processo e uma
empresas que já está graduada.
4.3. Plano de Análise dos Dados
Os dados aqui coletados foram analisados de maneira qualitativa buscando responder aos objetivos propostos. A primeira parte da análise tem o intuito de apresentar a Incubadora de Base Tecnológica do Programa Multincubadora do CDT
e, também, caracterizar a incubadora quanto aos seus serviços e facilidades ofertadas às empresas incubadas.
A segunda parte da análise consiste em avaliar a percepção dos empreendedores de empresas incubadas sobre a influência da incubadora no desenvolvimento de seus negócios.
Foram realizadas entrevistas com empreendedores que estão
vivendo o processo de incubação e com aqueles que já passaram pelo processo de incubação do Programa Multincubadora, na modalidade de Incubadora de Base Tecnológica.
Para permitir maior entendimento das diversas etapas e
procedimentos que englobam o processo de incubação, a análise das entrevistas será feita por meio de uma categorização
dos cinco pontos mais significativos do processo de incubação. São eles: processo de seleção; infra-estrutura e serviços
diversos; suporte gerencial especializado; capacitação e treinamento; e acompanhamento.
5. ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1. Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico - CDT
O Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT)
foi criado em 1986 e é vinculado a Universidade de Brasília
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
7
ARTIGO CIENTÍFICO
PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA
DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS)
por meio do Decanato de Pesquisa e Pós Graduação e da Reitoria. Sua missão é: “Apoiar e promover o desenvolvimento
tecnológico, a inovação e o empreendedorismo, em âmbito
nacional, por meio da integração entre a universidade, as
empresas e a sociedade em geral, contribuindo para o crescimento econômico e social.”
O CDT, que conta com uma equipe multidiciplinar de mais
de 150 funcionários, pode ser considerado uma iniciativa pioneira no que diz respeito a implementação de ações visando o
desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento de mecanismos de cooperação entre empresas e instituições de P&D.
Visando cumprir sua missão, o CDT tem hoje 8 programas e projetos que buscam incentivar o empreendedorismo e
oferecer serviços especializados para a sociedade em geral:
Escola de Empreendedores; Programa Empresa Júnior; Serviço
Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT; Programa Disque Tecnologia; Parque Tecnológico; Núcleo de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia – NUPITEC; Hotel de Projetos e
Programa Multincubadora.
5.1.1. Programa Multincubadora
O Programa Multincubadora de Empresas, inaugurado em
1989, apóia a criação, desenvolvimento e consolidação de micro e pequenas empresas caracterizadas pela inserção de inovação. Esse apoio consiste na capacitação dos empreendedores, suporte em áreas estratégicas para as empresas incubadas e orientações referentes a elaboração de projetos. Além
disso, proporciona um ambiente favorável a realização de parcerias e compartilhamento de informações e conhecimento
empresarial. O público-alvo do programa abrange empresas
que já atuam no mercado, empresas recém criadas e empreendedores informais do DF e entorno.
Para cumprir com seus objetivos e proporcionar às empresas incubadas um ambiente favorável à consolidação de
seus empreendimentos, a incubadora oferece serviços diversos, que são compartilhados entre as empresas. Entre eles estão: assessorias gerenciais; infra-estrutura individualizada e
compartilhada; capacitação estratégica e gerencial dos empreendedores; consultorias nas áreas administrativa, financeira, jurídica e comercial; apoio na identificação de linhas de
financiamento e fomento; participação em feiras e eventos
promovidos pela incubadora e por seus parceiro e facilidade
de acesso à Universidade de Brasília, aos departamentos e professores.
Atualmente, a estrutura da Multincubadora contém quatro modalidades de incubação: base tecnológica, setor tradicional, design, e social e solidária. Todas as modalidades apóiam empresas em sua fase inicial e que já estejam devidamente
formalizadas. Existe ainda o Hotel de Projetos, que é um programa ligado a Multincubadora, destinado a realizar a préincubação, ou seja, apoiar projetos de empresas ainda não
constituídas. É importante ressaltar que a incubação pode ser
feita também à distância. Nesse tipo de incubação, as empresas têm acesso igualmente facilitado a toda infra-estrutura e
serviços compartilhados que são oferecidos, mas não estão
8
presentes fisicamente na incubadora.
O Programa Multincubadora já apoiou mais de 100 empreendimentos desde a sua inauguração e tem se destacado e
obtido resultados significativos nos últimos anos. Em 2001 e
2003 teve três empresas premiadas no “Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica”, nas categorias de melhor processo e melhor produto. E no ano de 2006 recebeu o prêmio FINEP de
Inovação Tecnológica 2006.
A modalidade de incubação de base tecnológica, objeto
de estudo deste trabalho, tem o objetivo de apoiar empreendimentos que tenham a aplicação de conhecimento científico
e que agreguem inovação em seus produtos e serviços oferecidos. Na realização de suas atividade a Incubadora segue os
princípios gerais do Programa Multncubadora, mas possue sua
própria missão, que é a de “estimular a criação e o desenvolvimento de empreendimentos no DF, através de ações e serviços
que contribuam para o sucesso destes negócios, contribuindo
assim para o fomento tecnológico, para o desenvolvimento
econômico, para a auto-sustentabilidade regional e para a inclusão social”.
Para oferecer toda a infra-estrutura, serviços e facilidades
às empresas incubadas, a Incubadora de base Tecnológica conta
com o aporte financeiro de várias instituições como a própia
Universidade de Brasília, SEBRAE, FINEP, CNPQ e outros.
Atualmente, a Incubadora Tecnológica do CDT possui nove
empresas em fase de incubação, considerando as empresas
residentes nas dependências da incubadora e empresas incubadas à distância. Possui ainda oito empreendimentos no Programa Hotel de Projetos, que estão se preparando para a formalização de suas empresas; e uma empresa associada, que já
está atuante no mercado, mas ainda conta com o suporte da
incubadora.
5.1.2. Processo de Incubação de Empresas
Após 18 anos de existência, o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico – CDT – vem adquirindo experiência
na metodologia de processo de incubação de empresas. O processo atual, que começou a ser implementado em 2006 se
apóia em três pontos principais: a metodologia de seleção, o
planejamento das atividades e acompanhamento das empresas.
O processo de incubação é iniciado a partir da prospecção de empreendimentos, em que o gestor define o público a
ser alcançado pelo programa.
O primeiro passo para todos os empreendedores que desejarem entrar na Multincubadora é apresentação do formulário de inscrição, disponível no site da instituição, e dos documentos descritos no referido formulário. Após a convocação
de no mínimo 20 propostas, os empreendedores recebem um
treinamento específico em plano de negócio, para que elabore o plano de negócios de sua empresa. Depois de pronto o
plano é entregue para uma equipe ad hoc, que emitem pareceres financeiro, tecnológico e de mercado. Esse plano, já devidamente analisado, é apresentado a uma banca avaliadora.
A banca define, então, considerando o plano de negócios em
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
a concepção, procurou abandonar a noção de transferência
de tecnologia para a empresa como uma dádiva da Universidade, substituindo-a por uma visão mais ampla, que abrangesse uma troca bidirecional contínua entre os parceiros. O
Parque é uma estratégia universitária com total ênfase na
interação Universidade – Empresa, sendo indispensável à realização de um projeto de pesquisa a ser desenvolvido em
conjunto para que uma empresa venha a se instalar. A Universidade participa ativamente desde o processo de instalação até a operação de empresa. Os atores do PCT são empresas de vários portes (incluindo as empresas-âncora das
áreas de TIC e biotecnologia), a Incubadora RAIAR (que abriga
prioritariamente projetos spin-offs oriundos dos projetos de
P&D da Universidade), entidades empresariais, organizações
públicas e privadas de desenvolvimento científico, tecnológico e econômico, Institutos e Unidades Acadêmicas de Pesquisa da PUCRS, a Agência de Gestão Tecnológica da PUCRS
– AGT, e o Escritório de Transferência de Tecnologia da PUCRS - ETT. O Parque ocupa uma área física aproximada de
5,4 ha, sendo parte integrante do Campus Central da PUCRS, Com uma área construída de aproximadamente 21.000
m2 e, em fase final de construção, o Portal TECNOPUC, prédio com mais de 22.000 m2 [AUDY et al. 2006; 2003, PUCRS, 2009]. Em um esforço taxonômico como o proposto
pelo estudo realizado em conjunto pela ANPROTEC e pela
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI,
em 2008 (pág. 10), o TECNOPUC se apresenta com forte
“Base de Ciência e Tecnologia – C&T”, calcada na estrutura
de P&D da PUCRS e nos indicadores de C&T da região metropolitana de Porto Alegre. Também, o TECNOPUC revela
uma forte “Base Empresarial”, apoiada nas empresas-âncora de TIC: Dell, HP, Microsoft e Tlantic/Sonae; aliadas a empresas nacionais, tais como: Stefanini, TOTVS, DBServer,
Datum IT, etc.; empresas nacionais da área de Eletroeletrônica, tais como: Datacom, Novus, Parks, etc., empresas de
Biotecnologia, tais como: 4G, Radiopharmacus, etc., afirmando-se como um dos principais pólos de alta tecnologia do
Estado e do Brasil, que se tornou uma referência internacional, principalmente em termos de América Latina.
3 OBJETIVO
O estudo de caso aqui apresentado propõe identificar
indicadores que possam ser utilizados para o acompanhamento do desenvolvimento e da evolução do TECNOPUC,
sob o ponto de vista de representantes dos principais
stakeholders de um dos mais bem conceituados PCTs em
operação em nosso país. Sua utilização como referência se
justifica por ter recebido o prêmio ANPROTEC de melhor
PCT do Brasil em 2004, sendo desde então considerado uma
referência nacional [MORAIS, MATTOS e GASTAL, 2006].
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa caracteriza-se por ser um estudo de caso
exploratório, utilizando uma abordagem qualitativa [Yin,
2005], tendo por base a literatura referente aos Parques Ci-
entíficos Tecnológicos e aos Sistemas de Avaliação de Desempenho. A seguir foram realizadas entrevistas com representantes dos principais stackeholders do TECNOPUC, definidos a partir do proposto por Etzkowitz e Leydesdorff [1991]
no modelo de interação entre Governo, Universidade, e Empresas, denominado de “A Hélice Tripla - “The Triple Helix”.
Os entrevistados foram escolhidos por sua representatividade e conhecimento, seja no tema pesquisado (indicadores), seja no ambiente focado (PCT), visando aumentar o
conhecimento sobre a percepção de stackeholders envolvidos com PCTs, ainda que em nível preliminar e localizado.
Por se tratar de um estudo exploratório, não foram formuladas hipóteses sobre o problema de pesquisa e a análise
realizada procurou descrever as categorias que os autores
consideraram relevantes, a partir do exame das respostas
obtidas. A unidade de análise foi a percepção dos representantes dos principais stackeholders do TECNOPUC.
4.1 Técnica de Coleta de Dados
O instrumento de coleta de dados foi uma entrevista
individual em profundidade através de um instrumento desenvolvido pelos autores com uma pergunta aberta. Os entrevistados são representantes dos principais stackeholders
do TECNOPUC. A aplicação, por solicitação da maioria dos
entrevistados foi por e-mail, com cerca de uma semana de
prazo para o retorno das respostas. Também foi realizada
uma entrevista gravada com data previamente agendada,
registrando-se o resultado através de gravador digital para
posterior degravação.
4.2 Roteiro de Entrevista
Para compor este trabalho e auxiliar na condução da entrevista os autores elaboraram uma pergunta aberta (“na sua
percepção, quais seriam os indicadores para avaliação e comparação de PCTs?”), antecedida de uma breve explicação do
objetivo a ser buscado e, quando necessário, de alguns esclarecimentos verbais sobre indicadores e sua utilização.
4.3 Análise de Dados
Análise é o processo de ordenação dos dados, organizando-os em padrões, categorias e unidades básicas descritivas; interpretação envolve a atribuição de significado
à análise, explicando os padrões encontrados e procurando por relacionamentos entre as dimensões descritivas [Patton, 1980]. Partindo desta afirmação, para analisar os dados obtidos foi realizada uma interpretação de partes significativas das entrevistas, buscando a classificação para
posterior identificação dos indicadores de avaliação e comparação de PCTs.
5 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
As respostas obtidas nas entrevistas foram analisadas
para desenvolver o relatório final do estudo. A seguir são
transcritas as respostas obtidas por e-mail e na entrevista
gravada.
Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
25
ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
presários e acadêmicos-empresários (utilizar resultados das
atividades acadêmicas e de pesquisa de forma a potencializar as próprias atividades de P&D empresarial; potencializar retornos financeiros; acessar recursos humanos qualificados). Agentes financeiros e venture capitalists (investir em novas empresas de base tecnológica com alto e rápido potencial de crescimento econômico e retornos financeiros). Governo e agências de desenvolvimento (apoiar atividades inovadoras nas empresas; revitalizar regiões economicamente deprimidas; gerar empregos). No caso dos
parques científicos e tecnológicos, apesar de lhes serem
apontados diversas vantagens e muitos benefícios, ainda
não se conhece um sistema de medição consolidado capaz
de apoiar a gestão dos PCTs e garantir a satisfação dos seus
principais atores. Fica evidente, porém, que somente sistemas de avaliação de desempenho que contemplem múltiplas dimensões ou perspectivas serão capazes de atender
os diversos interesses envolvidos.
2.3 O Parque Científico e Tecnológico da PUCRS
TECNOPUC
Porto Alegre tem uma localização geográfica privilegiada em relação ao MERCOSUL, com população de 1,4 milhão
de habitantes, possuindo uma região metropolitana com cerca de 3,6 milhões de habitantes. A região tem grande potencial e boa infra-estrutura de ciência e tecnologia, possuindo três universidades de elevado conceito no meio acadêmico (PUCRS, UFRGS e UNISINOS). A Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS, uma universidade
comunitária, situa-se em local privilegiado da capital do Estado do Rio Grande do Sul, possuindo bela urbanização para
acolher seus 30.000 estudantes, mais de 1.600 professores
e mais de 4.000 técnico-administrativos em seus 51 cursos
de graduação, mais de 70 de especialização, 23 de mestrado e 16 de doutorado. Nos seus mais de 60 anos de atividades, formou mais de 133 mil profissionais, mais de 1.100
doutores e mais de 5.600 mestres (Guias do Mundo PUCRS
2009 e da Pós-Graduação PUCRS). Nos Censos de 2002 e
2004 do CNPq, a PUCRS obteve o primeiro lugar na classificação de grupos de pesquisa entre as universidades privadas, contando com uma infra-estrutura para ensino, pesquisa e extensão de altíssimo nível, que incluem, entre outros: o Hospital Universitário São Lucas (HSL); o Museu de
Ciências e Tecnologia (MCT); o Centro de Pesquisa em Tecnologias Wireless; o Instituto do Cérebro; o Instituto do Meio
Ambiente; o Centro de Excelência em Pesquisa sobre Armazenamento de Carbono - CEPAC, em parceria com a Petrobras; o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Tuberculose; O LAIF – Laboratório de Análise de Insumos Farmacêuticos; o LABELO – Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica, e muitos outros. Neste contexto situa-se o TECNOPUC, como resposta a uma demanda crescente do setor
empresarial, que buscou na PUCRS a possibilidade de estabelecer parcerias que permitissem um crescimento mútuo.
A integração proposta no modelo de gestão do TECNOPUC
começa com o envolvimento de empresas, avançando na
busca do envolvimento de outros atores para a consolidação de uma rede de cooperação que contribua na promoção do desenvolvimento científico e tecnológico da cidade
de Porto Alegre, da região e do país.
O Quadro 1 a seguir apresenta os referenciais estratégicos do TECNOPUC (negócio, missão, princípios e visão).
Quadro 1 – Referenciais estratégicos do TECNOPUC – Fonte: PUCRS.
Negócio
Habitat de pesquisa e inovação potencializador do
capital intelectual de seus atores.
Missão
Criar uma comunidade de pesquisa e inovação
transdisciplinar por meio da colaboração entre academia,
empresas e governo visando aumentar a competitividade
dos seus atores e melhorar a qualidade de vida de suas
comunidades.
Princípios
• Zelo pela imagem e cultura da PUCRS;§
Respeito aos princípios da ética;
• Espaço de integração e interação;
• Sinergia nas ações;
• Qualidade e relevância;
• Valorização da iniciativa, criatividade e
da capacidade empreendedora;
• Visão global com atuação local.
O TECNOPUC, em sua concepção e operacionalização é
completamente aderente ao modelo proposto na Hélice Tripla por Etzkowitz e Leydesdorff [1991], e pode ser visualiza-
24
Visão
Em 2010 o TECNOPUC será referência nacional e
internacional pela relevância das pesquisas com a marca
da inovação, promovendo o desenvolvimento técnico,
econômico e social da região.
do como um ambiente de inovação que busca a criação de
valor através da exploração dos fatores de mudança na relação entre Universidade, empresas e órgãos públicos. Desde
Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
si, os pareceres emitidos e o perfil do empreendedor durante
todo o processo, se o empreendimento será incubado ou se
será desqualificado.
Após a divulgação das empresas selecionadas, são iniciadas as fases de monitoramento, avaliação e orientação. Duas
etapas podem ser encontradas nesse período. A primeira etapa consiste no Planejamento Estratégico das empresas. Esse
instrumento é elaborado pela coordenação da incubadora e
contém informações sobre a razão de ser da empresa e sobre
o ambiente em que a empresa se insere. Dessa etapa surge o
plano de ações que a empresa deverá seguir daquele momento em diante.
A etapa seguinte consiste no acompanhamento das empresas incubadas. Essa medida visa verificar a implementação
das ações definidas no Planejamento Estratégico, se estão contribuindo para a evolução do negócio. Todas as informações
dessa etapa são consolidadas em um relatório designado RAE
– Relatório de Avaliação do empreendimento – que é entregue ao gestor da empresa incubada. Avaliações trimestrais
também são utilizadas para garantir que a empresa poderá
continuar na incubadora.
5.2. Análise da Perspectiva das Empresas Incubadas
Para a realização das entrevistas foram consideradas 4
empresas incubadas em diferentes estágios do processo de
incubação. Duas empresas incubadas e que se localizam das
dependências da Incubadora de Base Tecnológica, sendo que
a primeira (X) está iniciando o processo de incubação e a
segunda (Y) já está em fase de preparação para graduar-se.
Outra empresa entrevistada participa do processo de incubação à distância (Z). E a última representa uma empresa já
graduada (K).
5.2.1. Processo de seleção
No que se refere o processo de seleção das empresas incubadas, a empresa K efetivou sua participação por acreditar
que seu projeto agregava inovação tecnológica e por ter conhecimento do papel que iria desempenhar caso fosse selecionado.
Considerando a experiência da empresa Y, esta tomou conhecimento do processo de seleção da Incubadora pela Universidade de Brasília quando seu empresário era estudante e
tinha interesse em abrir seu próprio negócio.
A empresa X decidiu participar do processo seletivo, pois
considerava importante ter um apoio inicial de uma instituição reconhecida, o que facilitaria a criação de uma rede de
contatos e a prospecção de clientes. A empresa surgiu a partir
de um trabalho de graduação dos sócios, que decidiram seguir com o plano de montar um negócio próprio e, paralelamente a isso, passaram a se interessar pelo processo de incubação de empresas oferecido pelo CDT. A empresa passou,
primeiramente, pelo Hotel de Projetos, onde pode estruturar
e constituir legalmente a empresa.
E por último, a empresa Z decidiu participar do processo
seletivo da incubadora por acreditar que o suporte e aval da
universidade seriam diferenciais quando da entrada efetiva da
empresa no mercado. Além disso, acreditava que teria mais
acesso a inovação, aos professores e aos departamentos caso
estivesse dentro da universidade.
A exigência da incubadora para a entrada de todas as
quatro empresas foi a elaboração de um projeto que tivesse
inovação tecnológica e que fosse viável economicamente. Para
cumprir com esta exigências, a incubadora ofereceu um curso
aos empreendedores que auxiliava na elaboração de plano de
negócios.
5.2.2. Infra-estrutura e serviços diversos
Em relação a infra-estrutura e serviços diversos a empresa
K, obteve da incubadora um espaço individualizado subsidiado, um link na internet, equipamentos para escritório como
armário e outros equipamentos que foram sendo necessárias
ao longo do processo. Os empresários tinham livre acesso às
salas de reuniões e outras dependências da incubadora.
Para a empresa Y, a incubadora disponibilizou uma sala
individualizada, um ponto de telefone e um ponto de internet. A empresa possui uma infra-estrutura própria que abrange equipamentos de informática e móveis de escritório. A
empresa tem acesso livre a sala de reunião da incubadora e
utiliza muito o laboratório da universidade.
Considerando a empresa X, os serviços diversos e infraestrutura oferecidos são considerados adequados a sua necessidade. A empresa cita ainda a possibilidade de utilizar esses serviços de maneira compartilhada com outras empresas,
como as salas de reunião e equipamentos necessários para
apresentações de seus serviços aos clientes. Além da sala individualizada, a empresa também conta com luz, ar condicionado e ponto de internet, tudo isso incluido na taxa cobrada
pela incubadora mensalmente.
Por último, o empreendimento Z ressalta que, apesar de
estar incubada a distância, tem a sua disposição a infra-estrutura e os serviços compartilhados da incubadora. Mesmo tendo sua própria infra-estrutura a empresa utiliza salas de reunião e alguns serviços gerais da incubadora de acordo com a
sua necessidade.
5.2.3. Suporte gerencial especializado
O principal suporte oferecidos pela incubadora para as
empresas foram consultorias nas áreas de marketing, júrídica
e financeira.
A respeito das consultorias, a empresa K ressalta que, pelo
fato de as consultorias serem oferecidas a várias empresas simultaneamente, o profissioanal tem uma certa dificuldade em
antender a empresa individualmente. A empresa K cita, ainda,
a possibilidade de obter consultorias de instituições parceiras
da incubadora, como o SEBRAE, que auxiliou a empresa na
elaboração de estudos técnicos. É importante ressaltar que
tais consultorias não seriam possíveis sem a intervenção da
Incubadora, de acordo com a empresa.
A captação de recursos financeiros foi outro tipo de suporte disponibilizado pela incubadora. Nesse sentido, a incu-
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
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ARTIGO CIENTÍFICO
PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA
DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS)
badora ainda disponibilizava um profissional para supervisionar e orientar, de maneira geral, a elaboração dos projetos
que iriam concorrer aos editais. No entanto, ainda ficava a
cargo da empresas a consolidação dos projetos.
Existia ainda, a possibilidade de participar de feiras e eventos na área de tecnologia e ter contato e acesso livre a universidade. Com relação a outras instituições tecnológicas, a empresa não fez muito uso do benefício.
A empresa K acredita que a incubadora foi essencial para
a consolidação de seu negócio e que as grandes contribuições
desse processo estão na possibilidade de interagir com outras
empresas criando vínculos de parcerias e, também, ter como
parceira a Universidade de Brasília e o próprio CDT.
Com relação as consultorias oferecidas, a empresa Y afirma que existe uma certa dificuldade para a obtenção desse
serviço em tempo hábil para atender as necessidades da empresa. É preciso fazer o agendamento dessas consultorias e
assessorias e, muitas vezes a demanda da empresa é urgente
e não pode esperar a diponibilidade dos profissionais.
Quanto a utilização de laboratórios, bibliotecas e serviços
da universidade ou de instituições parceiras a empresa é bem
atendida e faz bastante uso dessas facilidades. Nesse processo, a incubadora tem o papel de auxiliar as empresa com o
contato inicial com as instituições.
A empresa X considera que ainda falta maior interação
das empresas incubadas com a academia. Mesmo sabendo da
existência dessa possibilidade de interação, acredita que isso
pode ser mais difundido e incentivado pela incubadora.
No que se refere a utilização das consultorias e outros
tipo de suporte, a empresa precisa apresentar a demanda a
incubadora e esta tem o papel de solicitar o agendamento
com um consultor especializado na área requisitada. Já o suporte proveniente da Universidade, considerando o contato
com professores, utilização de biblioteca e laboratórios, o acesso é mais facilitado pelo fato de os empresários já terem sido
alunos da universidade. A participação em feiras e eventos realizado pela incubadora e seus parceiros também é citada pela
incubada como um suporte oferecido.
Quanto a identificação de finacimentos e linhas de crédito, a incubadora auxilia propiciando o contato com instituições finaceiras, por meio de eventos no próprio Centro Tecnológico, e na busca de editais de diversos órgãos. Auxiliam, inclusive, na elaboração dos projetos a serem apresentados pelos empresários. A empresa acredita que não teria acesso a
todas as facilidades oferecidas caso não fosse uma empresa
incubada.
Por fim, a empresa Z, incubada à distância, dispõe do serviços de consultorias técnicas e gerenciais, mesmo não estando fisicamente na incubadora. A empresa apresenta como
um ponto negativo o tempo entre a solicitação da consultoria
e a visita efetiva do consultor. Muitas vezes essa solicitação
deve ser reforçada por mais de uma vez para que seja atendido em tempo hábil. Entretanto, a empresa ainda acredita que
o suporte disponibilizado pela incubadora atende as suas necessidades principais.
10
Em relação ao contato com a universidade, o empresário
afirma ter acesso livre e facilitado por ser uma empresa incubada.
A empresa Z aponta como um ponto positivo da incubadora a criação de uma ambiente favorável a realização de parcerias com outras empresas incubadas.
Uma última observação, no que tange a busca por finaciamentos e linhas de crédito, a empresa acredita que deveria
existir um planejamento de longo prazo para que os empresários tivessem tempo de obter maior número de informações
sobre os editais e fontes de fomento disponíveis e, também,
para a elaboração de projetos mais consistentes.
5.2.4. Capacitação e treinamento
Os treinamentos oferecidos dentro da incubadora, segundo a empresa K, são horizontalizados a fim de atender a todas
as empresas incubadas. Nesse sentido a capacitação disponível é voltada para o gerenciamento do empreendimento. No
entando, caso a empresa solicitasse algum tipo específico de
treinamento, a incubadora buscava atender a demanda, dentro de suas possibilidades. A empresa também tinha a opção
de participar de treinamentos e capacitações oferecidos fora
do ambiente da incubadora. E ainda, os empresários tinham a
possibilidade de participar e interagir com outros programas
do CDT.
A empresa acredita que, caso não fosse uma empresa incubada, não teria a possibilidade de obter o mesmo tipo de
capacitação oferecido, considerando que isso implicaria um
custo razoável e disponibilidade do próprio empresário para
pesquisar treinamentos e de capacitações necessários a sua
demanda.
Considerando os treinamentos e capacitações, a empresa
Y é bem atendida, principalemente no que se refere a instituições parceiras da incubadora, como por exemplo o SEBRAE. A
capacitação oferecida pela incubadora está mais voltada para
atividades gerenciais.
De acordo com a empresa X, a incubadora oferece cursos
de capacitação voltados para o gerenciamento empresarial.
Além de possui convênios com o SEBRAE e outras instituições,
o que permite receber capacitação fora da incubadora. A empresa acredita que a capacitação oferecida atende as demandas do seu cotidiano e entende que não teria o mesmo tipo de
capacitação caso não fosse incubada.
Para a empresa Z, a capacitação e os treinamentos que a
incubadora oferece atendem as suas necessidades. A empresa
destaca a possibilidade de realização de cursos e treinamentos em empresa parceiras, como o SEBRAE. A empresa Z acredita que não obteria a mesma capacitação, considerando a
facilidade de acesso e rapidez, se não estivesse ligada a incubadora. A capacitação que está sendo oferecida está, cada dia
mais, possibilitando ao empresário gerir a empresa de forma
independente da incubadora.
5.2.5. Acompanhamento
No tempo em que esteve incubada a empresa K não rece-
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
gente de entidade empresarial localizada no PCT e um gestor de tecnologia de empresa instalada no Parque, totalizando 6 (seis) respondentes.
2 BASE TEÓRICA
2.1 Parques Científicos e Tecnológicos
Os Parques Científicos e Tecnológicos (PCTs) são empreendimentos que têm como propósito a interação entre
Universidade, Empresas e Governo em uma área física delimitada e especialmente destinada ao desenvolvimento de
projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Os PCTs são
considerados instrumentos de desenvolvimento científico,
tecnológico, de inovação e de geração de empregos e renda. A premissa é que a sinergia entre os atores dos PCTs
estimule o desenvolvimento econômico e social das suas
comunidades, a produção científica e tecnológica e a inovação. Atribui-se a origem do conceito de “parques científicos e/ou tecnológicos” às notórias experiências espontâneas de aglomeração espacial e de sucesso tecnológico do
Vale do Silício, na Califórnia, e da Rota 128, na região de
Boston, Massachusetts, no período compreendido entre os
fins dos anos de 1940 e início dos anos de 1960 [SAXENIAN, 1985a; 1985b; CASTELLS; HALL, 1994].
Para aqueles PCTs ligados às universidades, como é o
caso do objeto do presente estudo, Solleiro [1993] afirma
que representam a oportunidade de obter financiamento
para pesquisa, melhorias na estrutura de P&D, retroalimentação por parte das empresas e, também, um campo de
atuação para os pesquisadores. Para Mitra [1997], as características do Parque Tecnológico são: ligação formal com
universidade ou instituição de ensino superior ou centro
de pesquisa importante; concebido para estimular a criação e o fortalecimento de empresas baseadas no conhecimento científico; estrutura de gestão voltada para transferência de tecnologia e habilidades empresariais para as
organizações estabelecidas no local. A International Association of Science Parks [IASP, 2002], define um parque cientifico como uma organização gerenciada por profissionais especializados cujo principal objetivo é incrementar a
geração de renda e riqueza na comunidade através da promoção da cultura de inovação e competitividade de suas
empresas associadas e instituições baseadas no conhecimento. Buscando o cumprimento de tais metas, um parque científico estimula e gerencia o fluxo de conhecimento e tecnologia entre universidades, instituições de P&D,
empresas e mercados. Um parque facilita a criação e o crescimento de empresas inovadoras através da incubação e
mecanismos de criação de spin-offs e fornece serviços de
valor agregado juntamente com espaço físico de qualidade. Para a IASP, PCTs são ainda, os habitat perfeitos para
negócios e instituições da economia do conhecimento global. No Brasil a ANPROTEC [2006] considera parque tecnológico como um complexo produtivo industrial e de serviços de base científico-tecnológica, planejado, de caráter
formal, concentrado e cooperativo, que agrega empresas
cuja produção se baseia em pesquisa tecnológica desenvolvida nos centros de P&D vinculados ao parque. Trata-se
de um empreendimento promotor da cultura da inovação,
da competitividade, do aumento da capacitação empresarial, fundamentado na transferência de conhecimento e
tecnologia, com o objetivo de incrementar a produção de
riqueza de uma região. São ambientes dotados de capacidade técnica, gerencial, administrativa e infra-estrutura para
amparar o pequeno empreendedor. Eles disponibilizam
espaço apropriado e condições efetivas para abrigar idéias
inovadoras e transformá-las em empreendimentos de sucesso.
2.2 Indicadores de Desempenho
A definição de indicadores de desempenho denota-se
fundamental para o sucesso de um negócio, sendo importantes ferramentas de auxílio para tomadas de decisão e
definições de estratégias. Os indicadores de desempenho
capacitam à organização “saber se está caminhando para
atingir seus objetivos” [ARANHA, 2002] e para representar
“uma base clara e objetiva para alinhar todas as atividades
com as metas da organização” [TACHIZAWA e FARIA, 2002].
A avaliação do desempenho é uma das principais atividades da gerência e, segundo Kaplan & Norton [1996], se
não se mensurar, não se poderá gerenciar. Estes autores
também afirmam que é necessário analisar indicadores financeiros e não financeiros para se obter uma completa
avaliação das organizações, tendo proposto em 1992 o
modelo Balanced Scorecard (BSC), com quatro dimensões
visando avaliar de forma balanceada o desempenho e atender os diferentes interesses das organizações e de seus
stakeholders. O sistema proposto por Kaplan & Norton trabalha sob a ótica de causa e efeito, relacionando os objetivos e os resultados alcançados, compreendendo as seguintes perspectivas ou dimensões: finanças; do cliente; processos internos; e aprendizagem e crescimento. Estas dimensões são perfeitamente adequadas para atender os objetivos propostos pelos autores e para proporcionar aos
stakeholders uma visão equilibrada do desempenho da organização com relação aos fatores ligados aos objetivos
de curto e longo prazos e dos resultados a serem alcançados nas várias dimensões analisadas.
Diversos autores [VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN,
2006; LANGFORD et al., 2006] já identificaram a necessidade imediata de definição de indicadores que possam ser
implantados de forma simples e serem amplamente aceitos pelos atores que participam de um PCT. Vedovello; Judice; Maculan [2006] nos apresentam os principais (atores) stakeholders e seus principais focos de interesse fazendo emergir a necessidade de sistemas de avaliação com
indicadores capazes de aferir os benefícios esperados: Universidades e institutos de pesquisa (comercializar resultados de pesquisa acadêmica e ampliar as fontes de recursos
financeiros; ampliar a missão institucional; ampliar o mercado de trabalho para pesquisadores e estudantes). Em-
Jung Neto, R. e de Pa E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
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ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
LOCUS
ISSN -1981-6790 - versão impressa
CIENTÍFICO
ISSN -1981-6804 - versão digital
Indicadores de avaliação de desempenho para o Parque
Científico e Tecnológico da PUCRS – Tecnopuc, na percepção
de seus principais stakeholders
Performance indicators for the PUCRS´ Science and Technology Park TECNOPUC, through the perception of representatives of key stakeholders
of the Park
Rui Jung Neto* e Edemar Antônio Wolf de Paula
Parque Científico e Tecnológico da PUCRS - TECNOPUC
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS
Av. Ipiranga, 6681 – Caixa Postal 1429 – Porto Alegre – RS – Brasil – CEP 90619 900
E-mails: rui.jung@pucrs.br | edemar.paula@pucrs.br
*autor de contato: Rui Jung Neto
Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2009, aceito em 30 de março de 2009
RESUMO
O artigo apresenta um estudo de caso visando definir
um conjunto de indicadores de desempenho para o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – TECNOPUC, na percepção de representantes dos principais stakeholders do
Parque. Para o estudo foi realizada uma revisão bibliográfica em relação a PCTs, Indicadores e Stakeholders e entrevistados representantes dos principais stakeholders do TECNOPUC, Como resultado são apresentados e analisados os
indicadores relacionados, as limitações do presente estudo e sugeridos trabalhos futuros.
This article presents a case study to set performance
indicators for the PUCRS´ Science and Technology Park - TECNOPUC, through the perception of representatives of key
stakeholders of the Park. The study conducts a review of
Science and Technology Parks, Indicators and Stakeholder
and interviewed representatives of major stakeholders of
TECNOPUC. Results related to indicators. Limitations of this
study and suggested research are also presented.
PALAVRAS-CHAVE:
KEYWORDS:
• Indicadores ,
• Parques Tecnológicos,
• relação universidade-empresa.
• Indicators,
• Science and Technology Park,
• Stakeholders.
1 INTRODUÇÃO
Este artigo visa apresentar a análise qualitativa dos dados obtidos em um estudo de caso relativo a questão: “Definir um conjunto de indicadores que permitam a avaliação do desempenho do Parque Científico e Tecnológico da
PUCRS - TECNOPUC, na percepção de representantes dos
principais stakeholders do Parque”. A forma utilizada para
22
ABSTRACT
responder a questão proposta foi a realização de um estudo de caso exploratório com entrevistas realizadas com representantes dos principais stakeholders do TECNOPUC.
Para o estudo foram entrevistados um representante do
setor Governo; um gestor do PCT, também representando
a Universidade mantenedora do Parque, dois gestores de
infra-estrutura de empresas localizadas no PCT; um diri-
Jung Neto, R. e de Paula E.A.W., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 22-30
beu um acompanhamento contínuo por parte da incubadora. A empresa acredita que deveria ter sido cobrada de maneira mais incisiva quanto aos resultados do desenvolvimento da empresa e quanto ao tempo para alcançar esses resultados. A empresa ressalta, ainda, a importância desse acompanhamento mais próximo e argumenta que a incubadora
poderia adotar um sistema mais rigoroso de acompanhamento e, principalmente, um acompanhamento voltado para o
mercado, para o desempenho da empresa quando da atuação no mercado efetivamente.
Considerando todas as possibilidades que a incubadora
ofereceu, a empresa K acredita que a incubadora foi bastante relevante para o desenvolvimeto e consolidação da empresa. Ressalta ainda que o canal de comunicação entre a
incubadora e as empresas incubadas foi sempre muito aberto e eficiente.
A empresa Y não recebe um acompanhamento adequado as suas características e atividades desempenhadas. Isso
ocorre, de acordo com a própria empresa, pelo fato de ser
um empreendimento diferenciado em relação aos outros incubados. A empresa não trabalha de forma pontual, mas com
projetos de curto e longo prazo. Exatamente pelo fato de os
projetos não serem padronizados, o tipo de acompanhamento
oferecido pela incubadora não se adéqua a empresa.
A empresa X cita o Planejamento Estratégico como uma
forma de acompanhamento por parte da incubadora. O Planejamento Estratégico é elaborado no início do ano pelos
empresários e colaboradores da incubadora. O retorno desse
acompanhamento é feito por meio de relatórios da incubadora que têm uma periodicidade que varia entre três e quatro meses.
Para a empresa Z, a forma utilizada pela incubadora para
acompanhar as empresas e o seu desenvolvimento é o Planejamento Estratégico de cada empreendimento incubado. A
periodicidade de retorno desse acompanhamento por parte
da incubadora se dá a cada três ou quatro meses.
A empresa K acredita que a grande importância da incubadora foi impulsionar a empresa em sua fase inicial, com
infra-estrutura e capacitação gerencial. Além de poder contar com o nome da instituição Universidade de Brasília e do
CDT. E acredita que seu negócio não estaria no mesmo estágio de desenvolvimento caso não tivesse participado do processo de incubação.
A empresa Y afirmam que a maior contribuição da incubadora para o desenvolvimento de seu negócio foi a ligação
com a Universidade de Brasília, o que deu credibilidade à
empresa perante seus clientes.
A empresa X teve bastante apoio da incubadora no que
se refere à prospecção de mercado e de clientes em potencial. Como está em fase inicial do processo de incubação, ainda não tem parâmetros para avaliar se sua empresa estaria
no mesmo estágio em que se encontra hoje. A empresa acredita que um ponto que pode contribuir substancialmente para
o seu desenvolvimento é a interação coma a universidade e
acredita a incubadora deve buscar, de maneira mais incisiva,
essa interação entre a academia e as empresas incubadas.
E, por último, a empresa Z afirma que a maior contribuição da incubadora para o seu desenvolvimento se deu por
meio das capacitações e treinamentos oferecidos aos empreendedores. Ressalta que sem o apoio da incubadora não estaria no mesmo estágio de desenvolvimento que se encontra
atualmente.
6. CONCLUSÕES
O objetivo desse estudo foi analisar a percepção das empresas incubadas pela incubadora tecnológica do CDT sobre o
papel da mesma na oferta de serviços que promovam o desenvolvimento de novos empreendimentos tecnológicos. Para
isso, foram selecionadas categorias que tiveram a finalidade
de abranger todo o processo de incubação de empresas.
Em relação ao processo de seleção, todas as empresas
argumentaram que tinham interesse em abrir seu próprio
negócio, mas que precisavam de um apoio inicial. Além disso, todas se interssaram pela incubadora pelo fato de esta
estar ligada a Universidade de Brasília, o que influenciaria
muito a aceitação das empresas no mercado.
Para participarem efetivamente do processo seletivo foi
exigido dos empreededores a elaboração e apresentação de
um plano de negócios, o qual foi realizado com o auxílio da
incubadora, por meio de um curso especializado nessa metodologia.
A infra-estrutura oferecida pela incubdora foi, principalmente, a sala individualizada para o funcionamento de cada
empresa. Somente a empresa incubada à distância não obteve essa facilidade. Salas de reunião também foram citadas
por todas as empresas como sendo parte da infra-estrutura
oferecida. As empresas que estão fisicamente na incubadora
também citaram a disponibilização de ponto de internet e
de telefone. No que se refere aos serviços diversos, uma das
empresas ressalta que a burocracia da incubadora impede a
utiliação adequada de todos os serviços.
Quanto ao suporte gerencial existente, as empresas concordaram que as consultorias são os principais tipos de suporte e que contemplam, principalemente, as áreas jurídica,
financeira e de marketing. Duas empresas apontaram o processo de solicitação de consultorias como sendo demorado e
prejudicando, muitas vezes, as suas atividades. De acordo
com os tipo de suporte que podem ser oferecidos pelas incubadoras, o Programa Multincubadora atende bem as empresas, principalmente por fazer a interação com os outros programas do CDT. Esses programas suprem as necessidade que
os empresários talvez não encotrem na própria incubadora,
como acesso a informações tecnológicas, acesso a informações sobre proteção do conhecimento e acesso a laboratórios da universidade.
Todas as empresas entrevistas citaram a possibilidade de
acesso facilitado a universidade. No entanto, esse acesso se
deu, também, devido ao fato de os empreendedores já terem vínculo acadêmico com a universidade. As empresas também afirmaram que tiveram a possibilidade de participara
Andrade da Silva, T.A. et al., Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 4-12
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ARTIGO CIENTÍFICO
PROMOÇÃO DE EMPREENDIMENTOS ORIENTADOS PARA
DESENVOLVIMENTO LOCAL E SETORIAL (DLS)
de eventos e feiras realizados pela incubadora ou por instituições parceiras. E, com relação a busca por financiamentos
e linhas de crédito as empresas citam o fato de a incubadora
auxiliá-las com a identificação de fontes de fomento e elaboração de projetos para essas instituições. Uma das empresas
ainda cita o contato facilitado pela incubadora às instituições financeiras. Um ponto relevante, citado por uma das
empresas, se refere a falta de planejamento de longo prazo
para a realização de projetos e identificação das melhores
oportunidades de fomento.
Todas as empresas receberam treinamentos e capacitaçãoes da incubadora, principalmente na parte de gestão empresarial. Outros treinamentos também foram oferecidos por
instituições parceiras, sendo a instituição mais citada o SEBRAE. As empresas concordam que não teriam a possibilidade de receber a mesma capacitação caso não participassem
do processo de incubação. A Multincubadora oferece treinamentos voltados para o gerenciamento da empresa e são
horizontalizados, na mediada em atendem as necessidades
básicas de todas as empresas. No entanto, levando em conta
a experiência de algumas incubadoras, seria razoável fazer
um levantamento prévio das necessidades específicas para
que os treinamentos atendam a todos da melhor maneira
possível.
Quanto ao acompanhamento recebido pelas empresas,
todas o consideram restrito no sentido de não apresentar
uma periodicidade determinada e nem uma cobrança rigorosa para com o alcançe de resultados. As duas empresa mais
novas no processo de incubação mencionaram a existência
do planejamento estratégico como forma de acompanhamento e, ainda, a existência de um retorno desse acompanhamento por meio de relatório elaborados pela incubadora em
um período de três a quatro meses. O acompanhamento feito pela Incubadora de Base Tecnológica está em fase de implementação, segundo dados da própria incubadora. Esse
acompanhamento mais próximo é algo que as empresas incubadas, no geral, precisam e sentem falta. Outras experiências de incubadoras que realizam esse acompanhamento de
maneira mais ativa, ressaltam a sua importância. Muitas vezes, esses acompanhamentos são feitos por meio de indicadores e critérios de desempenho, o que possibilita o melhor
atendimento das demandas das empresas e da evolução das
empresas dentro do processo de incubação.
Por fim, os empreendedores acreditam que a incubadora teve um papel muito importante no desenvolvimento e
consolidação de seus empreendimentos e que não estariam
no mesmo estágio que se encontram hoje caso não tivessem
participado do processo de incubação de empresas.
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21
ARTIGO CIENTÍFICO
ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
LOCUS CIENTÍFICO
ISSN -1981-6790 - versão impressa
A graduação é um momento vital para a empresa, tendo
em vista que, apesar de se presumir que a empresa esteja pronta, ela ainda necessita de apoio extra para conseguir se graduar. Para enfrentar o mercado sozinha é importante que a empresa amplie suas operações, conseguindo mais recursos e distribuindo mais ainda o seu produto. A incubadora deve auxiliá-la nesse sentido exatamente nessa fase, criando mecanismos que possibilitem manter o relacionamento com a empresa graduada (algumas incubadoras oferecem serviços e parcerias específicos para empresas graduadas) e dessa forma acompanhar a sua evolução. Nesse estágio, a incubadora gera momentos de integração entre graduados e incubados e pode
juntamente com as empresas graduadas criar uma rede de
atores que contribua para o desenvolvimento sustentável da
região [IDISC, 2009].
Outra questão crítica no Sistema Nacional de Inovação é
o financiamento aos projetos inovadores, nesse sentindo as
empresas nascentes inovadoras nos seus primeiros anos de
vida não têm como depender apenas dos seus próprios recursos precisam de outras fontes, como os recursos públicos, através dos fundos setoriais e os recursos privados, por meio dos
fundos de investimento – venture capital.
Yates [2006] define três modalidades de financiamento
para empresas nascentes: capital semente, capital de risco e
private equity. O autor define o capital semente ou seed money como o “capital fornecido às empresas nascentes em estágio pré-operacional ou em início de operação, na forma de
pequenos aportes financeiros para a construção de um protótipo, a condução de uma pesquisa de mercado,a elaboração
de um plano de negócios e a contratação de executivos, dentre outros”. Esse financiamento inicial geralmente ocorre na
fase de pré-incubação da empresa e envolve as próprias economias do empreendedor, de seus parentes e amigos, de investidores anjo6 e, ainda, os recursos públicos provenientes de
fundos de fomento, como os da FINEP, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico –
CNPq, entre outros.
Já o capital de risco ou venture capital refere-se aos investimentos temporários de financiamento ao crescimento da
empresa, categorizados em diferentes estágios, até que a empresa realize uma oferta pública de suas ações – Inicial Public
Offering (IPO). Os fundos de venture capital podem ser estruturados como fundos de empresas (“corporate venturing”) ou
como um Fundo Mútuo de Investimentos em Empresas Emergentes, modalidade de fundo que segue a Instrução da Comissão de Valores Mobiliários 2097. Segundo a ABVCAP – Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital, estimase que o capital comprometido da Indústria Brasileira de Private Equity e Venture Capital tenha ultrapassado os US$26
bilhões. Entretanto, apesar de significativo, esse valor repre6
Os recursos próprios, de parentes e amigos e de investidores anjo (pessoa
física) às vezes são definidos em uma modalidade anterior à modalidade de
seed money, justamente por essa se caracterizar por ser de recursos provenientes de pessoa jurídica (fundos públicos).
7 Disponível em < http://www.cvm.gov.br/>
20
senta apenas 1,7% do PIB, menos da metade da média mundial de 3,7%.
Por fim, vem a última fase de capitalização dessas empresas (ocorre após a incubação, quando elas já estão graduadas
e estabelecidas no mercado), que fica a cargo dos fundos geralmente representados por investidores institucionais de grande porte, os fundos de private equity (ex: fundos de previdência). Nessa fase a empresa já atingiu uma taxa de crescimento
relativamente estável e já apresenta fluxo de caixa estável e
positivo (estágio avançado do desenvolvimento). Os IPOs (Initial Public Offerings ou Oferta Pública Inicial) constituem uma
das saídas naturais para esses investimentos. A empresa emite
cotas de ações a serem vendidas para o público em geral, deixando de ser privada e passando a ser propriedade de uma
série de investidores.
CONCLUSÃO
No início deste trabalho foi apontada a necessidade da
aproximação entre os diversos atores/agentes envolvidos em
um Sistema Nacional de Inovação - SNI (governo, empresas,
universidades/institutos de pesquisa). Verificou-se que a cooperação entre esses atores/agentes é fundamental para que
haja uma continuidade no processo de inovação no âmbito
de um Sistema Nacional de Inovação.
Além disso, identificou-se, através de um breve relato histórico, um padrão de eficiência do Sistema Nacional de Inovação Brasileiro inferior ao padrão que exibem os países com
sistemas nacionais já “maduros” (enquadrados nas duas primeiras categorias apresentadas por Albuquerque [1996]).
Focando nas incubadoras de empresas, mecanismos eficientes de apoio e favorecimento à transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos nas universidades e institutos de pesquisa e no estímulo ao surgimento e
consolidação de empreendimentos inovadores, buscou-se, então, apresentar tais ambientes como organizações favoráveis
a cooperação e interação entre governo, empresas e universidades/institutos de pesquisa.
Uma incubadora não possui só a função óbvia de provedora de espaço para empresas emergentes. Ela possui diversas outras funções: facilita a criação de novos negócios inovadores e encoraja a inovação nas empresas pré-existentes;
atua junto ao governo na promoção e criação de políticas
públicas voltadas para a criação e apoio de empreendimentos inovadores; favorece a transferência de tecnologia mediante o “networking” com universidades, grandes empresas e
outras estruturas por meio da provisão de “expertise” na análise de oportunidades de mercado e de valoração de tecnologias; fornece apoio à gestão em áreas como marketing e finanças através de consultorias, treinamento e “networking”;
e, ainda, facilita o acesso ao capital semente e de risco e apoiar as empresas na busca de recursos necessários ao seu crescimento.
Finalmente, a incubadora evidencia-se como um elemento-chave na construção da cultura empreendedora e do sistema local de inovação.
Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21
ISSN -1981-6804 - versão digital
Abordagem histórica do Sistema Nacional de Inovação
brasileiro e o papel das Incubadoras de Empresas na
interação entre agentes deste sistema
An historical approach of Brazil’s National System of Innovation and the
Business Incubator’s role in the interaction among this system’s agents
Tais Nasser Villela 1,*, Lygia Alessandra Magalhães Magacho2
¹ Agência PUC-Rio de Inovação
2
Instituto Gênesis
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio
Rua Marquês de São Vicente, 225 – Gávea – Rio de Janeiro – RJ, Brasil, CEP: 22453-900
E-mails: tais@puc-rio.br | lygia@puc-rio.br
*autor de contato: Taís Nasser Villela
Artigo submetido em 28 de fevereiro de 2009, aceito em 30 de março de 2009
RESUMO
ABSTRACT
O artigo aborda historicamente o Sistema Nacional de
Inovação (SNI) Brasileiro elencando seus principais atores e
destacando as incubadoras de empresas como mecanismos
dinamizadores. O SNI é formado por um grupo articulado de
instituições dos setores público e privado cujas ações e interações são decisivas para a promoção da inovação no país. É
consenso na literatura que o Brasil possui um SNI imaturo,
pouco eficiente se comparado aos sistemas de inovação de
países desenvolvidos. Este trabalho apresenta as principais razões históricas para esse fato e destaca o esforço que o país
tem realizado para alavancar o processo de inovação no seu
setor produtivo, dando enfoque especial ao mecanismo de
geração de empreendimentos inovadores denominado Incubadora de Empresas. As Incubadoras são destacadas em função do seu principal papel de aproximação entre os diversos
atores/agentes envolvidos em um Sistema Nacional de Inovação - SNI (governo, empresas, universidades/institutos de pesquisa), e por serem mecanismos eficientes de apoio e favorecimento à transferência de conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos nas universidades e institutos de pesquisa
e no estímulo ao surgimento e consolidação de empreendimentos inovadores.
This paper discusses historically the Brazilian National
System of Innovation listing its main actors and highlighting mechanisms as business incubators. The NSI consist in
a group of articulated institutions of public and private sectors whose activities and interactions are crucial for promoting innovation in the country. There is consensus in the
literature that Brazil has an immature SNI, inefficient compared to innovation systems in developed countries. This
paper presents the main historical reasons for this fact and
highlights the effort that the country has done to leverage
the innovation process in its manufacturing sector. Giving
particular focus to the mechanism of generation of innovative enterprises called business incubator. The business incubators are highlighted according to their main role of rapprochement between the different actors / stakeholders in
a National System of Innovation - NSI (government, enterprises, universities / research institutes), and are efficient
mechanisms to support and encourage the transfer scientific and technological knowledge produced in universities
and research institutes and stimulating the emergence and
consolidation of innovative ventures.
PALAVRAS-CHAVE:
•
•
•
•
Sistema Nacional de Inovação,
Transferência de tecnologia,
Incubadora de empresas,
Hélice tripla.
KEYWORDS:
•
•
•
•
National Innovation System,
Technology transfer,
Business Incubator,
Triple helix.
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ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
INTRODUÇÃO
Os países vivem hoje o desafio de se desenvolverem (ou
continuar se desenvolvendo) dentro de um ambiente econômico baseado no conhecimento e caracterizado pela existência de
mercados dinâmicos e competitivos. Um dos elementos-chave
para transpor esse desafio é sem dúvida a busca pela inovação
constante. Em busca da inovação, cada país deve planejar seu
crescimento, organizar e estruturar ações voltadas para esse
objetivo, ou seja, os países devem construir ambientes favoráveis ao seu crescimento, instituindo seus Sistemas Nacionais de
Inovação - SNI.
Um Sistema Nacional de Inovação pode ser visto como um
grupo articulado de instituições dos setores público e privado
(agências de fomento e financiamento, instituições financeiras,
empresas públicas e privadas, instituições de ensino e pesquisa, etc.) cujas atividades e interações geram, adotam, importam, modificam e difundem novas tecnologias, sendo a inovação e o aprendizado seus aspectos cruciais. É consenso na literatura sobre o tema, que o Brasil possui um SNI imaturo, pouco
eficiente se comparado aos sistemas de inovação de países desenvolvidos. Neste trabalho, pretende-se demonstrar as principais razões históricas para esse fato, destacando o esforço que
o país tem realizado para alavancar o processo de inovação no
seu setor produtivo.
É possível perceber, então, que o nível de articulação entre
os diversos atores que compõem um SNI, principalmente no
que diz respeito à diminuição da distância entre eles, é que
determina a capacidade deste em gerar inovação. Nesse sentido, este artigo aborda o histórico do Sistema Nacional de Inovação e expõe os conceitos e as principais características das
incubadoras de empresas como ambientes propícios à aproximação e à cooperação entre os atores deste sistema.
SISTEMAS NACIONAIS DE INOVAÇÃO
Um dos maiores desafios da sociedade atual é o de gerar,
aplicar e divulgar o conhecimento científico produzido e, mais
além, o de transformar esse conhecimento em inovação tecnológica. O crescimento de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão demonstra como um ambiente nacional favorável
pode ter uma considerável influência no estímulo à atividades
inovativas. Sobre esse “ambiente nacional favorável” desenvolveu-se na literatura dedicada ao tema o conceito de Sistemas
Nacionais de Inovação.
A construção do conceito de Sistemas Nacionais de Inovação teve a contribuição de vários autores, dentre os quais se
destacam os trabalhos de Freeman [1995], Lundvall [1992],
Edquist [2001] e Nelson [1993]. Um dos primeiros a conceituálo, Freeman [1995] definiu o Sistema Nacional de Inovação como
um conjunto de instituições, atores e mecanismos em um país
que contribuem para a criação, avanço e difusão das inovações
tecnológicas. Destacam-se entre essas instituições, atores e
mecanismos, os institutos de pesquisa, o sistema educacional,
as firmas e seus laboratórios de pesquisa e desenvolvimento, as
agências governamentais, a estrutura do sistema financeiro, as
leis de propriedade intelectual e as universidades.
14
A abordagem ao conceito de Sistemas Nacionais de Inovação expandiu-se ao longo dos anos 90 com as obras de Lundvall [1992] e Nelson [1993]. O primeiro desenvolveu um trabalho teórico, investigando o conceito e o desenvolvimento da
estrutura de análise do sistema de inovação. Observando que
as estruturas de produção e a definição institucional são duas
dimensões importantes para definir os sistemas de inovação,
reconhecendo que a organização desses sistemas é influenciada por fatores econômicos, políticos e culturais que ajudam a
determinar a escala, direção e sucesso de todas as atividades
de inovação. O segundo, Nelson [1993], por sua vez, fez um
estudo comparativo de Sistemas Nacionais de Inovação de 15
países, concluindo que diferem significativamente de país para
país, dependendo da sua estrutura econômica, bases de conhecimentos e instituições específicas.
Posteriores investigações, entretanto, não alteraram substancialmente o conceito. Edquist [2001], por exemplo, considera que um sistema de inovação é composto por todas as
entidades econômicas, organizações sociais e políticas e outros
fatores que influenciam o desenvolvimento, difusão e uso da
inovação. E Albuquerque [1996] o definiu como “uma construção institucional, produto de uma ação planejada e consciente
ou de um somatório de decisões não planejadas e desarticuladas que impulsiona o progresso tecnológico em economias capitalistas complexas”.
Dessa forma, apesar dos diversos enfoques dados ao tema,
evidencia-se na literatura a importância dada pelos autores à
interação entre os numerosos atores e instituições que participam do processo de inovação, cujo desempenho inovador traduz-se em benefícios à sociedade. Um Sistema Nacional de Inovação deve se estruturar de forma a permitir a articulação desses agentes no sentido de promoverem a inovação em um país,
um processo complexo e coletivo.
Agentes do Sistema Nacional de Inovação
Diante da necessidade abordada anteriormente, observase que em um Sistema Nacional de Inovação compõe-se do
envolvimento e integração entre três principais agentes: o Estado, cujo papel principal é o de aplicar e fomentar políticas públicas de ciência e tecnologia; as universidades/institutos de
pesquisa, aos quais cabe a criação e a disseminação do conhecimento e a realização de pesquisas; e, as empresas, responsáveis pelo investimento na transformação do conhecimento em
produto (desenvolvimento) [Santos, Botelho e Silva, 2006].
Esta abordagem conta com a visão de economia baseada
em conhecimento e em inovação, teoria chamada de Hélice Tríplice, desenvolvida a partir dos trabalhos de Etzkowitz e Leydesdorff [1997]. A Hélice Tríplice caracteriza a dinâmica da inovação de maneira evolutiva, onde as relações se estabelecem
entre três esferas institucionais, envolvendo três atores distintos: a universidade, a iniciativa privada e o governo, as três
partes distintas de uma mesma hélice.
O Estado desempenha um papel preponderante tanto no
conceito da Tripla Hélice, quanto em um Sistema Nacional de
Inovação. Friedridh List, em seu livro The National System of
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serviços de apoio, os quais são compartilhados com as outras empresas [serviços operacionais, como secretaria, serviços de design, comunicação, etc.); de assessoria jurídica e
financeira; de consultoria em desenvolvimento de plano de
negócios; de aconselhamentos através de estudos tecnológicos, de viabilidade e de mercado; e, também, através da provisão de treinamentos em marketing, vendas, planejamento
estratégico, entre outros [Vedovello et alii, 2001].
O primeiro passo pelo qual uma empresa (ou apenas uma
idéia de negócio) passa é o processo de seleção. Em geral,
nos processos de seleção, as incubadoras fazem uma rigorosa análise da viabilidade do plano de negócios das empresas
em potencial, verificam a compatibilidade do negócio com
os objetivos da incubadora, a existência de recursos financeiros comprovados para sustentar o negócio na fase inicial e,
principalmente, o quão inovador é o negócio proposto. As
etapas e os critérios desse processo variam de incubadora
para incubadora, entretanto, o objetivo é sempre o mesmo:
identificar as propostas de negócios que possuem maior probabilidade de sucesso [IDISC, 2009]. Uma vez identificados
esses negócios são encaminhados, de acordo com a fase na
qual se encontram para os processos de pré-incubação ou
incubação.
Enquadram-se em pré-incubação, os casos em que os
empreendedores não possuem uma empresa formalizada,
um plano de negócios consistente, um produto testado e
pronto para ser comercializado ou serviço a ser oferecido.
A fase de pré-incubação tem como principal objetivo oferecer o apoio necessário para que os empreendedores transformem suas idéias em uma empresa minimamente estruturada para encarar os primeiros anos críticos no mercado. Durante essa fase, são oferecidos cursos e consultorias, e também são realizados eventos de “networking” e
aproximação com a universidade e seus centros de pesquisa4. A fase de pré-incubação serve para minimizar os riscos
os quais as empresas nascentes enfrentam nos primeiros
anos e potencializar o período de incubação, uma vez que
a empresa muitas vezes perde um tempo precioso para
modelar o produto ou serviço que realmente agrega valor
ao cliente e para encontrar potenciais mercados. Suas principais etapas são: identificar riscos e propor planos para
minimizá-los/evitá-los; identificar pontos fortes/fracos em
relação à concorrência; conhecer o mercado/definir estratégias de marketing para produtos e serviços; analisar o
desempenho financeiro do negócio; e avaliar investimentos e retorno sobre capital investido [IDISC, 2009]. Ao atingir esses três objetivos (formalização jurídica, plano de
negócios formalizado e consistente e produto/serviço pronto para o mercado) a empresa está apta a iniciar a sua fase
de incubação.
A fase de incubação deve estar focada na estruturação
4
Algumas empresas pré-incubadas iniciam a fase de pré-incubação ainda não
instaladas fisicamente nas incubadoras. São as chamadas “empresas pré-incubadas virtuais”. Elas passam a ocupar um espaço físico somente depois de
formalizadas juridicamente.
da empresa, consolidação no mercado e preparação da empresa para que esta seja capaz de criar e implantar estratégias de desenvolvimento e crescimento de acordo com as
forças do mercado onde estão atuando. Este processo se dá
por meio da identificação das necessidades das empresas,
do apoio pontual e, conseqüentemente, tratando as necessidades com ações pró-ativas para alcance dos objetivos traçados nos planos de ação oriundos dos Planos de Negócios
aprovados na seleção e periódicos diagnósticos.
A incubadora deve prover às empresas incubadas mais
do que um espaço físico com serviços operacionais do tamanho apropriado para empresas nascentes, mas principalmente uma junta de especialistas em gestão e outros campos do conhecimento, que serão capazes de orientar os empreendedores na consolidação estratégica e operacional de
seus negócios. Em relação às questões de financiamento para
empresas incubadas, algumas poucas incubadoras oferecem
esse serviço, constituindo elas mesmas fundos de financiamento. Entretanto, a maioria faz o trabalho de identificar
no mercado potenciais investidores [investidores privados,
financiamento público através de programas do governo5),
e ao mesmo tempo ensinam aos seus incubados como aproveitar as opções de financiamento existentes [IDISC, 2009].
Também na incubação é que o relacionamento entre a
empresa incubada e a universidade/instituição de pesquisa
se aprofunda por meio de uma transferência de tecnologia
da universidade para a empresa de forma mais acentuada.
Algumas incubadoras inclusive guiam seus empresários nesse
processo, instruindo-os a como formalizar contratos de
transferência, de cooperação e até mesmo em como proteger as tecnologias desenvolvidas a partir dessa interação nos
órgão oficiais de proteção à propriedade industrial (algumas incubadoras realizam esse tipo de apoio através da interação dessas empresas com os Núcleos de Inovação Tecnológica existentes nas instituições às quais estão vinculadas, e que são os responsáveis pela proteção do que é desenvolvido nessas instituições) [IDISC, 2009].
Finalmente, na fase de incubação a incubadora desenvolve programas formais de promoção das empresas incubadas
nos seus mercados de interesse, promovendo o encontro com
empresários do mesmo ramo, auxiliando na participação dessas empresas em feiras e congressos, criando oportunidades
de comercialização dos seus produtos por meio da aproximação da empresa com seus potenciais clientes, que em sua grande maioria são grandes empresas quando falamos de tecnologia inovadora. O período de incubação dura em média 3 anos,
enquanto que na pré-incubação o período de permanência é
de 06 meses a 01 ano, e após receber os serviços e programas
oferecidos pela incubadora, a empresa deve seguir o seu caminho e enfrentar outros desafios: deixar a incubadora, montar um espaço independente e se consolidar no mercado de
sua escolha [IDISC, 2009].
5
Como já foi abordado na primeira seção deste trabalho, o governo promove
programas de financiamento à inovação em pequenas e micro-empresas através da FINEP, do BNDES entre outros.
Villela, T.N., Magacho, L.A.M, Locus Científico, Vol 03, n.01 (2009), pp 13-21
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ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
te papel no processo de desenvolvimento econômico de regiões pouco desenvolvidas dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, quando os governos, as universidades e as instituições
financeiras locais se reuniram com o objetivo de criar novos
postos de trabalho e gerar renda.
No Brasil, o movimento de incubadoras teve início na década de 80. Em 1982, o governo, sob a égide do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq
fundou o Programa de Tecnologia e Inovação, que tinha como
principal objetivo estimular a relação entre universidades e
empresas. Através do Programa, que foi estendido por mais
dois anos, foram criadas cinco fundações tecnológicas que deram origem a incubadoras de empresas: Campina Grande [PB),
Manaus (AM), São Carlos (P), Porto Alegre (RS) e Florianópolis
(SC) [ANPROTEC, 2009]. A primeira incubadora de empresas
do Brasil e, a mais antiga da América Latina, começou a funcionar no fim de 1984, em São Carlos (SP).
Entretanto, apenas no final dos anos 80 e durante a década de 90 com a criação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC (em 1987) e com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas) passando a apoiar ações destinadas à implantação, desenvolvimento e fortalecimento das incubadoras de empresas é que o movimento passou a ter força
no Brasil3.
Segundo a última pesquisa publicada pela ANPROTEC (Panorama Nacional ANPROTEC 2006), em 2006 o Brasil possuía
377 incubadoras em operação, sendo que a maioria está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do país (totalizando 254
incubadoras). Até 2005 existiam 5.618 empresas (incubadas,
graduadas e associadas) relacionadas ao movimento.
Vedovello et alii [2001] trazem a definição de incubadoras de empresas proposta por Guedes e Fornica [1997] segundo os quais uma incubadora é:
“um arranjo interinstitucional com instalações e infra-estrutura apropriadas, estruturado para estimular e facilitar
a vinculação empresa-universidade (e outras instituições
acadêmicas); o fortalecimento das empresas e o aumento de seu entrosamento; o aumento da vinculação do setor produtivo com diversas instituições de apoio, além das
instituições de ensino e pesquisa, prefeituras, agências
de fomento e financiamentos – governamentais e privadas – instituições de apoio às micro e pequenas empresas
– como o Sebrae no Brasil – e outras”.
A ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores confere as incubadoras um conceito mais “estrutural”, onde as incubadoras são
locais criados especialmente para abrigar empresas oferecendo uma estrutura configurada para estimular, agilizar, ou fa3
18
Em 2005 o MCT instituiu o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de
Empresas e Parques Tecnológicos – PNI. Essa grande iniciativa visa “congregar,
articular, aprimorar e divulgar os esforços institucionais e financeiros de suporte a empreendimentos residentes nas incubadoras de empresas e parques
tecnológicos, a fim de ampliar e otimizar a maior parte dos recursos que deverão ser canalizados para apoiar a geração e consolidação de um crescente
número de micro e pequenas empresas inovadoras” [MCT, 2009]. O programa
existe até hoje.
vorecer a transferência de resultados de pesquisa para atividades produtivas. Com esse objetivo, uma incubadora de empresas oferece uma gama de serviços de apoio gerencial e técnico [serviços de recepção e secretaria, salas de reunião, Internet, telefone, consultoria, assessoria jurídica, etc.) que propiciam excelentes oportunidades de negócios e parcerias.
Existem diferentes tipos de incubadoras de empresas: tradicionais, mistas, tecnológicas, sociais, culturais, de cooperativas etc... As incubadoras tradicionais são aquelas que aceitam empresas dos setores tradicionais e as consideradas mistas, que abrigam empresas de base tecnológica e empresas
dos setores tradicionais [ANPROTEC, 2009].
Porém, em sua maioria, as incubadoras de empresas caracterizam-se por abrigar empresas de base tecnológica, ou
seja, aquelas cujos produtos, processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas, e nos quais
a tecnologia representa alto valor agregado [MCT, 2009]. Neste sentido, fica clara a contribuição das incubadoras de empresas para o Sistema Nacional de Inovação, pois atuam como
mecanismos catalisadores das pesquisas básica e aplicada geradas nas Universidades e centros de pesquisas e a demanda
das empresas por produtos que atendam a diferenciação estratégica necessária para o atendimento às necessidades de
mercado.
No Brasil, algumas incubadoras (como as do Instituto Gênesis da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro –
PUC-Rio, por exemplo) têm apoiado a implantação de ações
voltadas à inovação que não são de base puramente tecnológica, mas que abrigam programas, projetos sociais e empreendimentos que usam tecnologia social e empreendimentos
de base cultural e artística, como grupos de teatro, de cinema
e similares. São as denominadas incubadoras sociais e culturais, respectivamente.
Em suma, incubadoras de empresas são ambientes planejados para auxiliar o nascimento, crescimento e desenvolvimento de empresas, assistidas por uma infra-estrutura comum e, geralmente, na presença de uma universidade fornecedora de pesquisa básica e aplicada necessárias ao processo
de inovação. Desta forma, não só a relação entre as grandes
empresas e a universidade gera inovação, mas também, as
incubadoras por meio das spin-offs dos laboratórios das universidades transformam a tecnologia criada na pesquisa em
produtos, serviços, emprego e renda para a sociedade através da geração de empresas nascentes e inovadoras.
Apesar de existirem diferentes tipos de incubadoras (ligadas a universidades, a empresas, de base tecnológica, tradicional, etc.), estas, em sua maioria, operam de forma bem
semelhante, buscando explorar e potencializar os recursos
existentes, fomentando assim a interação entre as empresas,
o governo, a universidade e o mercado. Desde que empresas
entram na incubadora elas são estimuladas e apoiadas não
só na relação com a pesquisa da universidade ou dos centros
de pesquisa vinculados às incubadoras, mas também por meio
da provisão de instalações físicas adequadas e de qualidade
[a custos inferiores aos custos praticados pelo mercado); de
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Political Economy [1841], deu ênfase ao papel do Estado na
coordenação e execução de políticas de longo prazo para o
desenvolvimento da indústria e da economia como um todo
[Freeman & Soete, 2008]. Cabe a ele formular políticas públicas
de fomento à inovação, promover a diminuição de incertezas e
estimular os demais agentes que compõem o sistema a investir
em inovação tecnológica. Ao criar instituições que regulamentam os setores produtivo e financeiro e promover o uso de políticas fiscal, monetária e cambial em prol da produção de inovação tecnológica, o Estado coordena e direciona o progresso
tecnológico do país.
A inovação ocorre nas empresas, mas o Estado pode influenciar, significativamente, no comportamento, nas estratégias
e nas decisões das empresas em relação a suas atividades inovativas. Da mesma forma, a produção do conhecimento e a
realização de pesquisas (alicerce do processo de inovação) ocorrem nas universidades e instituições de pesquisa, mas o Estado
pode contribuir [através de financiamento público em Pesquisa
e Desenvolvimento - P&D, por exemplo) para o aumento da
produção e qualidade científica.
Como agente indutor da inovação deve o Estado trabalhar
para a manutenção de um ambiente macroeconômico mais
estável, com altas taxas de crescimento, reduzindo assim os
riscos econômicos e alavancando financeiramente as empresas. Ademais o estado deve promover linhas de financiamento
para estimular as empresas e universidades/institutos de pesquisa, e, numa abordagem mais ampla, mas não menos importante, investir no sistema educacional do país, base da formação do capital intelectual de uma nação [De Nigri & Kubota,
2008].
As universidades e os institutos de pesquisa por sua vez
são os responsáveis pelo desenvolvimento do conhecimento
científico e tecnológico, alicerce da atividade inovativa das
empresas. Tais agentes são importantes promotores da inovação, pois concentram grande parte das competências e infraestrutura de pesquisa.
As universidades e institutos de pesquisa não devem ser
responsáveis diretos pela inovação, pelo menos não por grande parte da inovação que se concentra nas firmas, mas participam ativamente deste fenômeno formando recursos humanos,
realizando treinamentos, fazendo pesquisa básica e aplicada e
desenvolvendo protótipos de tecnologias inovadoras. São, portanto, fonte de conhecimento e tecnologia das quais se originam e tem início o processo de transferência de tecnologia para
a iniciativa privada.
As empresas, como já dito anteriormente, são responsáveis diretas pela inovação, o locus do processo inovativo. Elas
possuem a missão de captar o conhecimento científico e tecnológico gerado nas instituições de ensino e pesquisa e desenvolver, produzir, comercializar e difundir a tecnologia dele oriunda, promovendo o desenvolvimento local. Para tanto, devem
ser capazes de produzir conhecimento internamente, possuindo laboratórios de pesquisa, ou, quando necessário, devem
buscar junto a agentes externos, as informações necessárias
para a criação de uma base de geração de idéias e de novos
conhecimentos que suportem esse processo de inovação [Santos et alii, 2006]. Acima de tudo, devem estar atentas para o
que precisam aprender para aperfeiçoar a sua produção tecnológica.
Cabe ressaltar que, como agentes chaves no processo de
constituição de um Sistema Nacional de Inovação, é necessário
que essas empresas inovadoras pertençam de fato ao sistema
na qual se inserem (devem ser empresas de capital e constituição nacional). Não basta que elas produzam no território nacional ou para o mercado nacional, como as subsidiárias de empresas estrangeiras que pertencem a outros sistemas de inovação, e dessa forma, possuem pouca utilidade para uma estratégia de desenvolvimento tecnológico nacional coerente, uma vez
que parte dos resultados desse sistema é remetida a outros
países, não contribuindo para o desenvolvimento local.
Por fim, esses três agentes principais que constituem a base
das relações interinstitucionais de um Sistema Nacional de Inovação devem ainda estar associados: a um sistema educacional
sólido, a um sistema de mercado eficiente e a um sistema financeiro constituído por instituições fortes com capacidade de
investimento, elementos necessários para o crescimento e desenvolvimento do país.
SISTEMA NACIONAL DE INOVAÇÃO BRASILEIRO
Partindo da definição e da conceituação dos Sistemas Nacionais de Inovação trazida por diversos autores, e das heterogeneidades encontradas nos sistemas de inovação de diversos
países, Albuquerque [1996] sugere a divisão desses sistemas
em três categorias: uma primeira, que abrange os sistemas de
inovação que capacitam os países a se manterem na liderança
do progresso tecnológico internacional [sistemas referentes aos
dos principais países capitalistas desenvolvidos); uma segunda,
que envolve os sistemas de países que possuem como principal
objetivo a difusão de inovações, países capacitados a absorver
criativamente os avanços gerados nos centros mais avançados;
e, por fim, uma terceira categoria das quais participam os países cujos sistemas de inovação não se completaram, são imaturos. O Brasil, segundo Albuquerque [1996] e Villaschi [2005],
se enquadra nesta terceira categoria, ou seja, o país construiu
uma infra-estrutura mínima de ciência e tecnologia que, combinada com a sua baixa articulação com o setor produtivo, contribuiu muito pouco com o desempenho econômico do país.
O Brasil caracteriza-se por ser um país cuja industrialização
e criação das instituições de pesquisa e universidades ocorreram em caráter tardio [Suzigan & Albuquerque, 2008]. Várias
faculdades isoladas foram sendo criadas a partir de 1808, com
a vinda da Corte Portuguesa, mas as tentativas de criação de
universidades iniciaram-se apenas em meados de 1920, ainda
que a literatura sobre a formação da comunidade científica brasileira considere que apenas em 1934 tenha sido de fato criada
uma universidade no país, a Universidade de São Paulo – USP.
De fato, a pesquisa científica já era praticada no Brasil antes de
1920, porém, fora do sistema de ensino superior.
Suzigan & Albuquerque [2008] sugerem uma periodização de cinco “ondas de criação de instituições de ensino e
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ARTIGO CIENTÍFICO
HABITATS DE INOVAÇÃO SUSTENTÁVEIS (HIS)
pesquisa” no país. A primeira “onda” é posterior a 1808, e
neste período destaca-se a criação dos cursos de anatomia e
cirurgia no Rio de Janeiro e em Salvador e da Academia Militar (em 1810), além do Jardim Botânico e da Biblioteca Nacional [criação tardia, tendo em vista que os Estados Unidos e
alguns países da América Latina já possuíam diversas universidades nesta mesma época [Suzigan & Albuquerque citando
Maddison, 2001; Schwartzman, 1979). A segunda “onda”
refere-se à criação, dentre outras instituições, entre 1870 e
1900, do Museu Arqueológico e Etnográfico do Pará (1866),
da Escola Politécnica de São Paulo (1894) e dos Institutos Vacinogênico, Bacteriológico e Butantã (entre 1892 e 1899) e da
fundação do Instituto de Manguinhos (1900). Uma “terceira
onda” teria tido lugar entre 1920 e 1934, quando começaram
as iniciativas para a criação de universidades, que culminam
com a fundação da USP em 1934 (entretanto, as faculdades
que integram a maioria destas universidades continuam a atuar
de forma independente). A criação do Centro Brasileiro de
Pesquisas Físicas – CBPF (1949), do Instituto Tecnológico da
Aeronáutica – ITA (1950), do Centro Tecnológico da Aeronáutica – CTA (1951) e de duas importantes instituições coordenadoras (o CNPq – Conselho Nacional de Pesquisas e a CAPES
– Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) identificam a quarta “onda”. A quinta e última “onda” é
identificada pelos autores durante o período do regime militar: destaca-se a criação de centros de pesquisa em empresas
estatais (CENPE da Petrobras e o CPqD da Telebrás); a fundação da Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em 1973; e a criação de instituições e fundos de financiamento para ciência e tecnologia, como o FUNTEC – Fundo de
Desenvolvimento Tecnológico e a FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos.
O Ministério da Ciência e Tecnologia é criado apenas em
1985 e, juntamente com todas as instituições de financiamento
e de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico existentes até então no país, enfrenta uma série crise macroeconômica até meados de 1990. Crise esta, inclusive, que, aliada
ao frágil sistema monetário-financeiro do Brasil [criação de
um Banco Central apenas em 1964 e agentes financeiros estatais como o BNDE e a FINEP apenas nos anos 50 e 60) contribuiu para a extinção de vários Planos Básicos de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT) criados entre 1972 e
1984 [Suzigan & Albuquerque, 2008].
Da mesma maneira, é tardia a industrialização brasileira,
pois a indústria no país só passa a ganhar expressão de fato a
partir da segunda metade do século XX. Ela se inicia nas últimas décadas do século XIX, atrelada ao desempenho da agricultura voltada para a exportação e influenciada pelas condições adversas deixadas pela escravidão [desigualdades sociais, mercado interno limitado, educação e formação de qualificações técnicas deficientes, formação tardia de um mercado
de trabalho assalariado) [Suzigan & Albuquerque, 2008].
No final da década de 20, a crise da economia agrícola
exportadora e a Grande Depressão marcam uma mudança de
rumo no desenvolvimento da economia brasileira. A exporta-
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ção dá lugar às atividades voltadas para o mercado interno. A
partir dos anos 50, a base produtiva brasileira passa a ser fortemente “multinacionalizada” [De Nigri e Kubota, 2008]. O
governo passa a enfatizar a industrialização rápida por meio
do aprofundamento do processo de substituição de importações, através da importação de tecnologias via investimento
direto estrangeiro, dando pouca ênfase às economias de escala e à capacitação do setor produtivo interno [Pacheco,
2003]. Ao invés de serem atraídas para desenvolver novos produtos no país, ou para que se tornassem bases de exportação,
as empresas estrangeiras apenas exploravam o mercado interno. De fato, a participação da grande empresa estrangeira
no processo de industrialização abreviou os passos da industrialização, entretanto, estimular a inovação local não era o
objetivo central das políticas públicas.
Nos anos 60 e 70, como visto anteriormente, novos institutos de pesquisa e estruturas de financiamento foram criados, entretanto, a política nacional-desenvolvimentista adotada pelo governo, apesar de induzirem a fabricação local,
continuaram a não incentivar o desenvolvimento, o projeto
local do produto, ou seja, a inovação local. Em termos de capacitação tecnológica local, os setores que mais obtiveram
avanços foram os setores estatais nas áreas de petróleo, mineração, telecomunicações e aeronáutica [Pacheco, 2003].
Nos anos 80, o desempenho de empresas estatais e laboratórios de pesquisa públicos nas áreas centrais do paradigma técnico-econômico das tecnologias de informação e das
comunicações [base tecnológica do desenvolvimento mundial na época) apontavam, juntamente com o bom funcionamento que vinha ocorrendo na tripla aliança entre empresas
locais, estrangeiras e estatais, para a possibilidade de o Sistema Nacional de Inovação Brasileiro aproveitar algumas “janelas de oportunidades” que emergiam deste novo paradigma
[Villaschi, 2005].
Entretanto, na década de 90, apesar do país ter superado
o problema histórico de instabilidade de preços e do governo
ter introduzido programas de modernização de estruturas produtivas, como o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade (PBQP), alguns fatores fizeram com que a maioria das
“janelas de oportunidades” abertas na década de 80 não fosse aproveitada, são eles: a redução de recursos disponíveis
para o ensino e a pesquisa; o fraco desempenho de investimentos [apesar da criação de vários fundos setoriais de financiamento à pesquisa); a debilidade da política econômica nos
aspectos da estabilidade e flexibilidade necessárias para que
o país desempenhasse um papel relevante no novo paradigma técnico-econômico e a estratégia defensiva em relação à
inovação adotada pelas empresas [Villaschi, 2005].
A tardia industrialização brasileira, a demora na criação
de instituições de ensino e pesquisa, a debilidade de políticas
públicas de incentivo à inovação e a incapacidade do sistema
bancário em financiamentos de longa duração e a baixa articulação entre governo, empresas e universidades são alguns
dos principais eventos que esclarecem o porquê de existir um
consenso na literatura de que o Sistema Nacional de Inovação
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Brasileiro caracteriza-se como imaturo. [Albuquerque e Sicsú,
2000]
Apesar da histórica carência de cultura inovadora e dos
obstáculos enfrentados até então (crises macroeconômicas,
falta de políticas públicas de incentivo à inovação, debilidade
do sistema financeiro) não há como deixar de considerar que
o país têm se esforçado para alavancar o seu sistema de inovação. O Programa de Capacitação de Recursos Humanos –
RHAE do MCT, criado em 1987 com vistas a estimular a criação de equipes de pesquisa tecnológica e de inovação nas
empresas, continua lançando editais até hoje. A Financiadora
de Estudos e Projetos – FINEP e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES possuem diversos instrumentos diferentes de financiamento à inovação em empresas e também nas instituições científicas e tecnológicas, como
por exemplo, os programas Juro Zero, Criatec, Inovar, FUNTEC, Prosoft, entre outros1. O governo federal criou a Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial em 2005
(www.abdi.com.br) e lançou, em 2004, a PITCE - Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior que tem como
objetivo o aumento da eficiência da estrutura produtiva, da
capacidade de inovação das empresas brasileiras e da expansão das exportações. O governo decretou e sancionou a Lei
nº. 10.973/2004, chamada “Lei de Inovação”, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica
no ambiente produtivo, e a Lei nº. 11.196/2005, mais conhecida pela Lei do Bem, que consolidou os incentivos fiscais que
podem ser usufruídos de forma automática por pessoas jurídicas que realizem pesquisa tecnológica e desenvolvimento
de inovação tecnológica [MCT, 2009].
Assim, apesar de inquestionáveis os resultados dos esforços brasileiros2, há ainda muito a avançar, principalmente no
que diz respeito ao estreitamento das relações entre os diversos atores que compõem o Sistema Nacional de Inovação.
A inovação surge através da criação, do uso e da incorporação de novos conhecimentos que, por sua vez, originam-se
da interação entre diversos atores que compõe um Sistema
Nacional de Inovação [governo, estrutura produtiva e a infraestrutura científico-tecnológica de um país). Em 1968, a relevância do papel da cooperação universidade-empresa-governo para o desenvolvimento econômico e social das sociedades era descrito e representado por Jorge Sábato e Natalio
Botana pelo relacionamento coordenado entre governo, estrutura produtiva e infra-estrutura científico-tecnológica através da figura de um triângulo, onde cada um desses elementos fundamentais ocupavam um vértice do triângulo, o Triângulo de Sábato [Wolffenbütel, 2001, citando Plonski, 1995].
Em 1996, esse modelo de interação, onde o fluxo do conhecimento ocorria num sentido único da pesquisa básica para a
1
2
Para maiores informações sobre os programas de financiamento da FINEP e
do BNDES, acesse www.bndes.gov.br e www.finep.gov.br.
Em 2008, o Brasil já possuía mais de 69 mil pesquisadores com nível de doutorado, e em 2007 o país publicou 19.436 artigos científicos (fonte: MCT).
Entretanto, falta direcionar essa produção de conhecimento para setores estratégicos, transformá-lo em novos processos, produtos e geração de renda e
emprego (das 2.435 patentes concedidas pelo INPI em 2007, apenas 233 foram concedidas a residentes; fonte: OMPI).
inovação, foi contrastado pelo surgimento de um novo modelo: o chamado Triple Helix. Esse novo modelo de interação
entre universidade-indústria-governo foi proposto por Henry
Etzkowitz e baseia-se numa espiral onde além do fluxo normal do conhecimento da universidade para o setor produtivo,
ocorre também um fluxo reverso da indústria para a academia [Wolffenbütel, 2001].
Nota-se, então, que, apesar de diferentes propostas existentes, a estratégia básica para se alcançar a inovação em suas
diversas dimensões é a busca pelo estabelecimento de ambientes favoráveis à cooperação entre esses atores, minimizando assim a distância entre os mesmos. E, um bom exemplo
desse tipo de ambiente são as incubadoras de empresas, mecanismos eficientes no processo de transferência de tecnologia/conhecimento da infra-estrutura científico-tecnológica [universidades, institutos de pesquisa, etc.) para a estrutura produtiva (indústria).
Incubadoras de Empresas - mecanismos do Sistema
Nacional de Inovação
As incubadoras tiveram origem em 1937, nos Estados Unidos, mais precisamente a região hoje conhecida como Vale do
Silício, na Califórnia. A Universidade de Stanford apoiou os
fundadores da Hewllett Packard, alunos recém graduados, auxiliando-os a abrir uma empresa de equipamento eletrônico,
concedendo-lhes bolsas e acesso ao laboratório de Radiocomunicação da universidade. Na década de 50, a Universidade
de Stanford criou um Parque Industrial (posteriormente um
parque tecnológico - Stanford Research Park), que tinha como
principais objetivos a promoção da transferência da tecnologia desenvolvida na Universidade para as empresas e a criação de novas empresas intensivas em tecnologia, sobretudo
do setor eletrônico. O sucesso obtido com essa experiência
estimulou a reprodução de iniciativas semelhantes em outras
localidades, dentro e fora dos Estados Unidos [Wolffenbütel,
2001]. Em 1959, uma das fábricas da empresa Massey Ferguson, localizada no estado de Nova Iorque fechou, deixando
um grande número de desempregados e um galpão de quase
80 mil metros quadrados sem utilização. Joseph Mancuso, um
empresário local, resolveu comprar as instalações da fábrica e
passou a sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e serviços. E, uma das
primeiras empresas que ali se instalou foi um aviário, que acabou por conferir ao espaço o apelido de “incubadora” [Aranha et alii, 2002].
Já na Europa, as incubadoras tiveram sua origem na Inglaterra. Com o fechamento de uma subsidiária da British Steel Corporation, houve um estímulo à criação de pequenas empresas em áreas relacionadas com a produção do aço que reaproveitaram as estruturas existentes de prédios que se encontravam subutilizados [INOVATES, 2009].
No entanto, foi somente na década de 70, nos Estados
Unidos que se configurou a estrutura que as incubadoras apresentam atualmente. A partir do final da década de 70 e no
início da década de 80, as incubadoras tiveram um importan-
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