Caixa reduz juro de imóvel acima de R$ 500 mil de olho na classe A

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Caixa reduz juro de imóvel acima de R$ 500 mil de olho na classe A
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Não é brincadeira
Na seara do Google
Uma visita às fábricas de brinquedos
na China revela um cenário pouco
divertido nas relações de trabalho. ➥ P38
Mark Zuckerberg anuncia lançamento
do Graph Search, um serviço de
“busca social” do Facebook. ➥ P17
Brian Snyder/Reuters
PUBLISHER RICARDO GALUPPO
DIRETOR JOAQUIM CASTANHEIRA
DIRETOR ADJUNTO OCTÁVIO COSTA
QUARTA-FEIRA, 16 DE JANEIRO, 2013
O
ANO 5 | N 849 | R$ 3,00
Caixa reduz juro de imóvel acima
de R$ 500 mil de olho na classe A
A decisão da Caixa, o maior agente imobiliário do país, amplia as opções para o público de média e alta renda e vai tornar ainda
mais acirrada a competição entre os bancos nos segmentos de maior valorização no mercado do Rio e de São Paulo. ➥ P31
Fabio Chiba
Gás de xisto vai
mudar a matriz de
energia do país
Para especialistas, o gás é a fonte
de combustível que mais crescerá
nos próximos vinte anos. ➥ P4
Reajuste de tarifas
e da gasolina pode
elevar a inflação
Economistas dizem que a margem
de ação do governo ficou mais
curta neste início de ano. ➥ P6
O passo a passo
da Piccadilly para
dobrar de tamanho
Cassio Calil, presidente da
gestora do JP Morgan no
Brasil: renegociação nos EUA
pode gerar instabilidade
Fabricante de calçados aposta
na modernização da marca e no
lançamento de modelos. ➥ P18
Novos outlets vão
alegrar quem corre
atrás de descontos
Estão previstas no decorrer
de 2013 inaugurações de vários
destes centros de compras
em São Paulo, Rio de Janeiro,
Salvador e outras capitais. ➥ P35
INDICADORES
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
JUROS
Selic (ao ano)
BOLSAS
Bovespa — São Paulo
Dow Jones — Nova York
FTSE 100 — Londres
COMPRA
15.1.2013
VENDA
2,0350
2,7153
2,0370
2,7163
META
EFETIVA
VAR. %
ÍNDICES
7,25%
-0,57
0,20
0,15
7,11%
61.727,61
13.534,89
6.117,31
Brasil continua atraente para
investimentos, diz JP Morgan
Banco vislumbra janelas de oportunidades tanto em papéis privados, incluindo a Bolsa, como em títulos
públicos, que mantêm a rentabilidade, apesar da queda da Selic de 10,5% para 7,25% no ano passado. ➥ P30
STFinicia2013com Pão de Açúcar já é
732casosparajulgar maior que o Casino
Casos pendentes aumentam ano a ano causando
preocupação às bancas, que consideram a
indefinição prejudicial ao ambiente de negócios. ➥ P12
Com faturamento de ¤ 5,8 bilhões no último
trimestre de 2012, a rede de varejo brasileiro supera,
pela primeira vez, a matriz do grupo na França. ➥ P16
2 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Avanço
CARTAS
ROGÉRIO MORI
Professor da Escola de Economia de São Paulo
da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP)
Divulgação
Quanto ao artigo de Júlio Gomes de
Almeida “O longo caminho de volta”
(publicado em 14/1/2013), a grande verdade
é que, ao invés de fazer o que é preciso
fazer, a indústria brasileira só sabe reclamar
do câmbio e dos juros e pedir ao deus
Estado proteção contra os “malvados”
do mercado exterior. Como sempre há
políticos sem consistência, sem visão
estratégica, sem capacidade de lidar
com a realidade e desejando a perpetuação
no poder, a indústria sempre se alia a eles
e providencia seu financiamento em troca
de proteção mútua. O resultado disso
é a reconstrução dos anos 70 do século
passado, com vistas aos anos 80.
Inflação de 80% ao mês, Plano Cruzado,
Plano Bresser, Plano Collor, Plano Verão...
Aí vamos nós outra vez. Isso cansa!!!
Ermes Lucas
Niterói (RJ)
OPINIÃO
Comercial da Coca-Cola
Veiculado nos Estados Unidos
A fabricante de bebidas colocou no ar
uma campanha publicitária que alerta para
os riscos da obesidade, reconhece que os
refrigerantes colaboram para o aumento
de peso, mas destaca o aumento da oferta
de produtos menos calóricos.
Retrocesso
Divulgação
Em referência à matéria “Em crise,
Unimed Paulistana corta CEO e reduz
diretoria” (publicada em 11/1/2013),
realmente a Unimed deixa meio de lado
nós que pagamos rigorosamente e
com muito sacrifício nossos planos de
saúde para ficar patrocinando jogos
de futebol, casas de show e outros que
nada tem a ver com assistência médica,
é só precisar de um especialista para
vermos a dificuldade em encontrar.
Rosemary de Carvalho Lopes
São Paulo (SP)
ERRATA
Diferentemente do que consta na
chamada que complementa o título da
matéria "Mercado de franquias
avança 15% mesmo com a economia mais
fraca", publicada na edição de final
de semana 11/12 e 13 de janeiro de 2013,
o faturamento das empresas de
franquia fechou o ano passado acima
de R$ 100 bilhões e não US$ 100 bilhões.
Roseane Jatobá Lins
Ex-prefeita de Juquiá da Praia (Alagoas)
A Justiça Federal decretou a indisponibilidade
dos bens da ex-prefeita de Jequiá da Praia ,
atendendo a recurso do Ministério Público em
Alagoas pelo desvio de R$ 230,8 mil repassados
pela Fundação Nacional de Saúde para execução
de melhorias sanitárias domiciliares.
CONECTADO
conectado@brasileconomico.com.br
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Está disposto a seguir uma nova
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necessidade do usuário.
O software apresenta programas
para quem quer baixar
o colesterol, eliminar toxinas,
aderir ao vegetarianismo ou
simplesmente perder peso. Dispõe
de cardápios e lista de compras.
Há vários aplicativos que
transformam a canção favorita
do usuário no toque de chamada
do smartphone, mas poucos
permitem editar a faixa de MP3,
tocando imediatamente o refrão
ou uma parte específica da
música. Com esse programa é
possível personalizar o ringtone
de seu celular, deixando do
jeitinho desejado. Para tanto,
basta selecionar o ponto exato
da faixa e salvar o arquivo.
Aplicativo desenvolvido para
quem gosta de reviver ou
compartilhar experiências
gastronômicas bacanas. Com ele
é possível registrar fotos de
refeições, organizá-las por data,
local, ou qualquer outra
informação, e ainda incluir
títulos, comentários e legendas.
Também é possível registrar
passo a passo o preparo de
receitas e ainda compartilhar o
conteúdo nas redes sociais.
Grátis
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As mensagens devem conter nome completo, endereço, telefone e assinatura.
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O que vem
por aí?
O ano de 2012 não foi dos melhores em termos econômicos para
o governo brasileiro. Apesar dos seus esforços, os resultados foram decepcionantes em vários pontos e com perspectivas não
tão positivas para este ano. Talvez a maior decepção tenha ficado por conta do crescimento econômico. As perspectivas iniciais eram de um crescimento do PIB superior a 3%. A realidade
dos fatos, no entanto, se mostrou mais dura nesse sentido: estima-se que o PIB brasileiro tenha crescido em torno de 1%, o
que significa que o PIB per capita declinou no ano passado. Dentre os emergentes, o Brasil foi o país que registrou uma das menores taxas de crescimento, tendo ficado atrás dos EUA, cuja
economia ainda segue claudicante.
As ações monetária e fiscal se mostraram insuficientes para
promover uma reação mais robusta da economia brasileira em
2012. Do ponto de vista da oferta, o segmento que mais foi atingido foi a indústria, que amargou um ano muito ruim. Parte desse
resultado está conectada com o comportamento da demanda doméstica, mas parte significativa desse fenômeno se deve ao fato
de que o real se encontra extremamente apreciado frente às demais moedas, o que afeta duramente a competitividade de vários
setores comercializáveis com o exterior da economia brasileira,
em particular a indústria. Ao mesmo tempo, a inflação recuou
muito menos que o esperado em 2012. O resultado do ano passado mostra que a inflação ainda se encontra muito acima da meta
estabelecida para o IPCA, de 4,5%. Contextualizando esse fenômeno sob a ótica dos elementos apresentados anteriormente, é
evidente a gravidade do resultado obtido, pois foi obtido considerando-se uma economia estagnada. Sob essa lógica, caso a economia brasileira dê sinais mais concretos de recuperação em 2013,
não deve ser descartada a possibilidade de uma inversão na trajetória da inflação e que a mesma volte a exibir uma trajetória de
alta, ou seja, a convergência para o centro da meta ainda neste
ano é muito pouco factível e as críticas ao Banco Central têm sido
muito contundentes acerca do foco da política monetária.
Os resultados fiscais de 2012 coroaram um
ano complicado do ponto de vista econômico
Os resultados fiscais relativos a 2012 coroaram um ano extremamente complicado para o governo do ponto de vista econômico. As metas propostas não iriam ser atingidas e o governo se
valeu de artifícios para construir um resultado que se mostrasse
compatível com as metas propostas. As críticas às manobras
executadas não foram poucas e, com razão, levantaram questões acerca da transparência das contas públicas.
Mesmo o real, apesar da depreciação observada no ano, ainda
se encontra relativamente distante do patamar considerado adequado para tornar a produção brasileira de bens comercializáveis
com o exterior competitiva frente aos demais países. De fato, essa
é uma variável econômica extremamente sensível, uma vez que
seu comportamento também afeta direta e indiretamente a inflação. Resta saber neste começo de ano o que o governo fará, uma
vez que boa parte do arsenal foi utilizado em 2012. De qualquer forma, economistas ao redor do mundo já não traçam um quadro tão
favorável para nossa economia em relação às demais. ■
NESTA EDIÇÃO
Apoio aos empreendedores
Maior site de financiamento coletivo dos Estados Unidos,
o Kickstarter conseguiu a soma de US$ 319,7 milhões
e garantiu a execução de 18 mil projetos. ➥ P15
Burberry Group fatura mais
A maior produtora de artigos de luxo do Reino Unido obteve
receita 7% maior no terceiro trimestre fiscal e ultrapassou
expectativas de analistas com vendas de US$ 985 milhões. ➥ P25
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 3
MOSAICO POLÍTICO
CLÁUDIO CONZ
Presidente da Associação Nacional
dos Comerciantes de Material
de Construção (Anamaco)
PEDRO VENCESLAU
pvenceslau@brasileconomico.com.br
Wilson Dias/ABr
Brasil marca presença em
convenção de varejo
Pesquisa da IBM revelou que 84%
dos entrevistados tinham feito
a sua última compra em lojas físicas
As super sessões da NRF viraram keynote e o primeiro painel desse tipo foi apresentado por Melvin Landes e Alison Lewis da Coca
Cola que falaram sobre a grande variedade de produtos da empresa
para agradar ao máximo possível de clientes, além de parcerias com
a rede Walgreens e com outras varejistas, da preocupação da empresa com a questão da sustentabilidade e a intenção de compartilhar
emoções e valores. Alison Lewis explicou o reposicionamento da
marca com relação a era mobile e citou, por exemplo, que a própria
página da empresa no Facebook não foi criada pela companhia e
sim por dois clientes da Califórnia que adoram o produto. A CocaCola ainda apresentou diversos vídeos e ações de marketing que deram certo. Na segunda keynote do dia, Jill Pulleri, da IBM, falou sobre uma pesquisa realizada pela empresa e que revelou que 84%
dos entrevistados tinham feito a sua última compra em lojas físicas,
mas que apenas 56% deles pretendiam voltar a fazer isso. Outros
9% tinham intenção de fazer a próxima compra on-line e 35% não
sabiam qual canal utilizariam. Na sequência, Erik Qualman, autor
do livro “Socialnomics” falou sobre como as redes sociais estão influenciando o comportamento de compra dos consumidores.
Como nos anos anteriores, a delegação brasileira é uma das
maiores do evento. A brincadeira dos bastidores é de que metade da audiência é do Brasil, tanto que pelos corredores só se ouve português. O setor de material de construção está representado nas várias delegações. Trata-se de uma excelente oportunidade para aprendizado e networking. ■
A bomba-relógio de Fernando Haddad
Ao decidir indicar aliados de vereadores para todas as chefias de gabinete das 31 subprefeituras de
São Paulo, o prefeito Fernando Haddad pode ter armado uma bomba-relógio. Na gestão de Marta
Suplicy, quando esse mesmo modelo foi adotado, petistas de alas rivais “dividiam” a gestão dos
bairros. “É muito arriscado lotear a subprefeitura entre representantes de correntes adversárias. Se
o chefe de gabinete não é afinado com o subprefeito, o serviço pode ser prejudicado”, alerta Felipe
Sigolo, ex-subprefeito de Vila Prudente e Sapopemba. À coluna, um interlocutor do secretário de
Coordenação das Subprefeituras, Chico Macena, pontuou que, hoje, todos os 31 subprefeitos da cidade são técnicos de carreira escolhidos pessoalmente por Haddad. Essa solução, porém, é provisória
e deve mudar. O risco de que os petistas entrem em guerras fratricidas se torna maior em 2013 em
função da eleição direta pelo comando da legenda. ■
Prefeitura diz que exige ficha
limpa e história na região
Companhia Paulista de Obras
e Serviços sob nova direção
A prefeitura informa que todas as indicações
e sugestões de nomes para chefiar os gabinetes
das subprefeituras serão analisadas com lupa.
O critério central seria a ficha limpa, o currículo
e a história do candidato ao cargo na região
em que ele trabalhará.
Ex-prefeito de São José dos Campos, o tucano
Eduardo Cury deve assumir o comando da
Companhia Paulista de Obras e Serviços. Ele era
cotado para um cargo maior — Desenvolvimento
Metropolitano —, mas seu candidato perdeu a eleição
na capital do Vale do Paraíba e o vento mudou.
CURTAS
➤
●
O senador Randolfe
Rodrigues (Psol-AP),
que é sósia do personagem
Harry Potter, decidiu disputar
a presidência do Senado
contra o peemedebista Renan
Calheiros (PMDB-AL), que
é o franco favorito ao cargo.
➤
●
Ação digital da Land Rover convida os consumidores para
irem às lojas para verem a continuidade da campanha,
como forma de engajar o consumidor na estratégia. ➥ P28
Randolfe, único
representante do pequeno
Psol no Senado, não estará
sozinho em sua cruzada digna
de Brancaleone. O senador e
ex-ministro Cristovam Buarque
(PDT-DF) será seu fiel escudeiro.
A decisão da dupla acontece
no mesmo momento, que Renan
Calheiros começa a ser alvo
do fogo amigo no Congresso.
A esquerda e o governo militar
➤
●
Land Rover reforça laços com consumidor
O articulista Rodrigo Sias avalia o desenvolvimento da
esquerda já no regime militar e as ações que acabaram
por beneficiar a ascenão do PT. ➥ P39
Ex-prefeito de São
Caetano, José Aurichio
Júnior, disse em sua posse
no cargo de secretário estadual
de Esportes e Lazer que
seu nome foi escolhido por
ser do ABC, e não do PTB.
➤
●
A presidente Dilma
Rousseff mandou
preparar o avião. Na sexta-feira,
ela embarca para o Piauí.
PRONTO, FALEI
“Qualquer
cidadão tem
o direito de
manifestar sua
opinião, contra
ou a favor de
uma decisão”
➤
●
Existe vida sem Marina
Silva. É isso que o Partido
Verde tentará provar amanhã
em seu programa de 10
intermináveis minutos em
cadeia nacional de rádio e TV.
➤
●
Petistas do comando
nacional da sigla
decidiram não polemizar
com os companheiros gaúchos
que andam soltando farpas
contra os réus do mensalão.
Aldo Rebelo Ministro do
Esporte, sobre o protesto
no Rio contra a demolição
do Estádio Célio de Barros
➤
●
Murillo Constantino
Esta semana, varejistas de todo o mundo se encontram para a
Convenção Anual da National Retail Federation em Nova York,
um dos eventos mais importantes para o comércio mundial. O
evento ocorre há 102 anos e oferece muitas oportunidades de negócio, aprendizado e networking, além de trazer salão de exposições enormes, repleto de tecnologia e novas soluções. Este
ano, todas as sessões serão traduzidas em português, o que mostra a importância da economia do nosso país no cenário internacional e valorização da presença maciça dos brasileiros no evento. Outra novidade é que o pavilhão que recebe os expositores
de soluções para o varejo cresceu e terá agora dois corredores.
São mais de 450 empresas, além de apresentações dos fornecedores no mesmo auditório em que acontecerão algumas das palestras mais importantes desta edição.
A feira proporciona, ainda, um dia inteiro de palestras voltadas
ao pequeno e médio varejo. O Brasil tem destaque na programação. No último domingo, Roberto Sampaio, da Marisa, Marcos
Gouvêa de Souza e Alberto Serrentino, da GS&MD, falaram sobre
consumidores emergentes em países emergentes juntamente
com o mexicano Esteban Galindez, do Grupo Elektra. Entre os
pontos abordados, os palestrantes falaram sobre o equilíbrio entre preço e satisfação do cliente, a utilização do cross channel e a
ampliação do portfólio de serviços. Sampaio ainda explicou como
a Marisa está trabalhando cada dia mais o visual e merchandising,
além de buscar oferecer ao cliente mais formas de pagamento.
A proposta de emenda
à Constituição que
obriga dirigentes de agências
reguladoras a prestar contas
anualmente ao Senado está
pronta e deve ser a primeira
da fila da Câmara depois
do recesso parlamentar
que termina em fevereiro.
4 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
DESTAQUE
Editado por Ivone Portes e Patrycia Monteiro Rizzotto redacao@brasileconomico.com.br
Mercado se anima com leilão
para explorar gás de xisto
Possibilidade de realização de uma primeira licitação ainda este ano deixou empresários otimistas
Cláudia Bredarioli
EM ESTUDO
cbredarioli@brasileconomico.com.br
Desenvolvimento da exploração
de gás a partir do xisto começa
a conquistar interesse mundial
RISCOS DA PRODUÇÃO
O aumento do preço do gás natural na
América do Norte ainda não foi definido.
Atualmente, o fornecimento excede a
procura
Ainda não se sabe como o desenvolvimento
do shale gas irá impactar o investimento em
fontes de energia renovável e quanto a
regulamentação ambiental das atividades
relacionadas a produção deste insumo vai
atrair de investimento
Com a incerteza de preços, o gerenciamento
de custos e riscos de financiamento são as
principais prioridades para a indústria
O nível de desenvolvimento futuro do gás
dependerá de capacidade da indústria para
controlar a de reputação e gerenciar a
opinião pública, minimizando o impacto
ambiental
A influência dos fatores políticos em função
da mudança na oferta e na demanda na
geração de energia mundial causada pela
entrada do shale gas no mercado
As expectativas sobre a possibilidade de o Brasil passar a fazer
parte do rol de países que exploram recursos de gás não convencional ganharam novo fôlego
no fim da semana passada, depois que a presidente Dilma
Rousseff recomendou ao ministro das Minas e Energia, Edison
Lobão, a realização, ainda neste
ano, da primeira licitação específica com essa finalidade.
“O Brasil precisa criar um
choque de oferta de gás para
compor sua matriz energética,
que tem necessidade de diversificação”, afirma Ricardo Pinto,
responsável pela área de Energia Térmica da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace) e Coordenador do projeto +Gás Brasil.
“O gás é o combustível que apresenta maior perspectiva de crescimento nos próximos 20 anos.
Essa é uma aposta muito feliz
ra terá tratamento de destaque
do governo”.
por parte do governo brasileiro.
Segundo o especialista, estimaNo Brasil, conforme explica Ritivas mostram que o Brasil tem
cardo Pinto, os principais focos
um potencial de recursos recupede extração estão localizados na
ráveis em gás não convencional
Bacia do São Francisco, e utilizam
200 vezes superior às reservas de
tecnologia e matéria-prima basgás disponíveis atualtante semelhantes às
mente. “Outra granadotadas nos EUA paGoverno
de vantagem está na
ra o xisto. “No médio
garante que
possibilidade de inteprazo, as indústrias
área terá
riorização da oferta
vão precisar de muide gás, que hoje se
to mais gás e atualtratamento
concentra basicamente há tecnologia
de destaque
mente na costa, ensuficiente para minino Brasil
volvendo altos cusmizar todos os riscos
tos de transporte paque esse tipo de exra chegar aos consumidores do intração poderia trazer. É hora de o
terior do país”, diz Ricardo Pinto.
Brasil se envolver com essa meta,
Não à toa, ao ouvir a solicitapor isso criamos o projeto +Gás
ção da presidente, Edison Lobão
Brasil na Abrace.”
lembrou que a viabilização da proOcorre que tanto o mundo
dução do gás não convencional
quanto as opiniões dos especiaprovocou uma revolução energélistas ainda se dividem quando
tica nos Estados Unidos — onde a
o assunto é apostar na extração
extração é feita especialmente a
de gás não convencional como
partir do xisto betuminoso —,
recurso energético para ser utiliatraiu a atenção do mundo e agozado em grande escala. De um
lado, a alta na oferta de gás e xisto betuminoso na América do
Norte tem abalado a ordem
energética mundial, ao fornecer uma fonte barata de hidrocarbonetos aos países ocidentais. Mas, apesar disso, há previsão de que o Oriente Médio mantenha seu papel central de fornecedor de energia.
Ao mesmo tempo, a perspectiva de produção em larga escala de gás não convencional pela
Europa, por exemplo, ainda permanece duvidosa. Investidores
europeus esperam os Estados
Unidos decidirem se vão ou não
desenvolver suas capacidades
como um exportador para depois avaliarem a viabilidade de
investirem na extração por contra própria. Na China, novas parcerias com empresas estrangeiras devem ser formadas, a fim
de ajudar a adquirir as habilidades e as tecnologias necessárias
para desenvolver e explorar
suas reservas de shale gas. ■
PRINCIPAIS RESERVAS
ESTADOS UNIDOS
Há sinais de que os Estados Unidos
estão prestes a se tornar jogador
importante no mercado global de gás
natural, deixando de ser importador
para ser exportador. Atualmente, eles
têm atividade de produção de shale
gas em grande escala em locais
como Pensilvânia, Louisiana e Texas,
e com novas reservas descobertas
em Marcellus e Eagle Ford
Fonte: KPMG
CANADÁ
Com as fontes convencionais de gás
natural em declínio, a indústria do
país está se voltando para fontes
não convencionais, incluindo o shale
gas. O Canadá é o terceiro maior
produtor mundial de gás natural,
com uma produção média anual de
6,4 trilhões de metros cúbicos. O
país é tradicionalmente conhecido
por possuir reservas significativas
de gás convencional
ARGENTINA
Levantamento preliminar na
América do Sul sugere que os
maiores depósitos de shale
gas encontram-se na
Argentina, no Brasil e na
Colômbia. Mas a Argentina é o
único país sul-americano que
parece ter definido investir na
produção em grande escala do
insumo, principalmente, na
Bacia de Neuquén
EUROPA OCIDENTAL
Na Europa Ocidental, quantidades
consideravelmente grande de
shale gas e outras fontes de
combustíveis não convencionais
podem ser encontradas em
países como o Reino Unido,
Holanda, Alemanha, França,
Escandinávia e Noruega. A
atividade de exploração, ainda
pequena, está ocorrendo através
de joint ventures entre empresas
EUROPA ORIENTAL
O potencial de desenvolvimento
do shale gas da Polônia é alto,
enquanto a Turquia e a Ucrânia
têm apenas alguma
probabilidade. A predominância
da Rússia na produção de gás
convencional é considerada um
obstáculo para as empresas que
procuram desenvolver a
capacidade de produção do
shale gas na região
AUSTRÁLIA
A Austrália é um dos países
mais ricos do mundo quando
se trata de fornecimento de
gás convencional, e empresas
do país também têm feito
investimentos significativos
na produção de gás de carvão.
O shale gas da Austrália está
localizado em áreas distantes,
tornando ainda mais cara a
comercialização
CHINA
Em 2010, o governo chinês começou a
produção de shale gas. Embora não
existam estatísticas oficiais, estima-se
que a China tenha mais de 1.275 trilhões
de metros cúbicos de depósitos do
recurso. O produto pode ser considerado
a maior fonte chinesa de energia
on-shore. E o país está procurando
desenvolvê-lo com o objetivo de diminuir
a dependência da Rússia e de outras
fontes estrangeiras de gás natural
Brasil tem potencial para ser grande produtor
Se investisse na extração de
gás de xisto, país ficaria atrás
apenas dos Estados Unidos
Estudo da KPMG afirma que o
Brasil tem potencial para ser o
segundo maior produtor, depois dos Estados Unidos, de gás
não convencional, mas destaca
que tem havido pouco interesse
e falta de investimento na exploração do recurso no país.
Segundo a Agência Interna-
cional de Energia (AIE), o Brasil
aparece em 10˚ lugar entre os
países produtores de shale gas
no mundo com reservas estimadas de 226 trilhões de metros cúbicos. Depois dele, aparecem
apenas a Polônia e a França. Nas
três primeiras posições estão a
China (1.275 trilhões de metros
cúbicos), os Estados Unidos
(8620) e a Argentina (774).
“O shale gas está tornando o
mercado mundial de energia
mais competitivo e ampliando
presença em vários países, uma
vez que novas tecnologias para
a extração estão sendo desenvolvidas. A produção poderá
transformar países que tradicionalmente importam gás em produtores. E várias empresas
vêm demonstrando a intenção
de utilizar o insumo como forma de abastecer as suas unidades”, avalia Manuel Fernandes,
sócio da KPMG no Brasil e líder
para a área de Petróleo e Gás.
O levantamento da KPMG
aponta também que, no mundo, a demanda pelo gás de xisto será impulsionada por dois
fatores: o aumento da população mundial e o crescimento
da demanda de energia que,
em 2030, será 40% maior, de
acordo com dados divulgados
pela AIE.
Apesar de aparecer de forma
abundante em alguns países,
ser mais barato do que o gás natural e considerado o combustível da transição de uma matriz
energética suja para uma mais
limpa por reduzir as emissões
de gases de efeito estufa, o gás
extraído do xisto ainda enfrenta
resistência em algumas regiões.
Isso porque há riscos ambientais que podem ser encontrados
durante o processo de fraturamento hidráulico que é feito para a extração. ■ C.B.
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 5
Andrey Rudakov/Bloomberg
ESTADOS UNIDOS
Novas tecnologias reduzem riscos ambientais
O último relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), divulgado
em novembro, comprovou que, além de agora serem autossuficientes
em gás, os Estados Unidos vão se tornar os maiores produtores de
petróleo do mundo em 2017, tudo graças à exploração do xisto, também
conhecido como shale gas ou shale oil. A constatação reabriu o debate
em países como a França, rica em reservas de gás e petróleo de xisto,
mas que se recusa a explorá-las devido aos riscos ambientais.
Petrobras avaliará custos de produção
A companhia aprovou um
programa voltado para produção
do gás não convencional no país
Erica Ribeiro
eribeiro@brasileconomico.com.br
A Petrobras aprovou um programa voltado para a produção de gás não convencional,
que inclui também o gás de xisto (ou shale gas). Será a primeira incursão da estatal nesse
mercado, já que ainda não há
produção desse combustível.
O Programa Onshore de Gás
Natural (PRON-GÁS) é voltado para a exploração, produção e monetização do gás natural das bacias sedimentares
terrestres brasileiras, em reservatórios convencionais e
não convencionais. Seu principal objetivo é identificar o potencial de gás natural nas bacias sedimentares terrestres
brasileiras e avaliar os custos
para o seu aproveitamento. Para isso, as áreas de Exploração
& Produção, Gás & Energia e
da Área Internacional,vão trabalhar de forma integrada. O
que a Petrobras já tem em produção na cidade de São Mateus do Sul, no Paraná, é o
óleo de xisto, dentro de um
projeto da própria empresa
chamado Petrosix. São três
mil barris de óleo por dia para
a indústria petroquímica.
Estimativas da consultoria
Gas Energy apontam que o Brasil tem um potencial de reservas provadas de 13 tcf (trilhões
de pés cúbicos) e 226 tcf de reservas em pesquisa. O potencial
de gás de xisto é grande, afirma
a Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP). Segundo o órgão, o Brasil tem chances de se tornar um
produtor importante de gás não
convencional. No entanto, ainda não existem reservas confirmadas oficialmente deste tipo
de gás. Ainda segundo a ANP,
Novo programa
da estatal visa
prospectar reservas
e analisar potencial
energético
e de negócios
com base em informações geológicas das quais eles dispõem sobre as chamadas bacias de “Nova Fronteira”, e tomando como
exemplo a região pioneira na
produção de gás não convencional dos Estados Unidos, chamada Barnett Shale”, se o Brasil tiver rochas com as mesmas características das encontradas naquela região será possível uma
produção de gás não convencional nas bacias do Parecis, Parnaíba e Recôncavo. Um estudo
preliminar da ANP aponta que
há possibilidades de ocorrência
de volumes da ordem de 200 tcf
nessas três bacias. Mas é apenas
uma analogia e uma sugestão sobre que caminho seguir.
Para a ANP, o Brasil tem possibilidade de desenvolver a pro-
Fontes alternativas são mal aproveitadas
Dado Galdieri/Bloomberg
Uso de terras para produção
de biocombustível está bem
aquém do potencial brasileiro
As oportunidades de aproveitamento dos recursos disponíveis
por meio de combustíveis alternativos no Brasil estão em curso,
mas o potencial de utilização dessas técnicas ainda poderia ser
melhor aproveitado no país.
De acordo com o especialista
em biodiesel e diretor do portal
BiodieselBr, Miguel Angelo Vedana, o mundo inteiro busca alternativas para os combustíveis
fósseis e o Brasil tem uma grande quantidade de terras para a
produção de biocombustível
além da escala que é utilizada
atualmente.
“O programa do biodiesel foi
lançado em 2003 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na
época, pensava-se que os empresários não investiriam tanto
nessas fontes alternativas de
energia. Mas aconteceu o contrário e eles investiram expressivamente, a ponto de as metas
projetadas de adição de 5% de
biodiesel no diesel para 2013 serem cumpridas em 2010”, diz
Miguel Angelo Vedana.
O biodiesel corresponde a
uma produção média anual de
2,8 bilhões de litros (segundo
dados de 2012). A alternativa
mais usada é a soja, que fica
com 76% da produção, seguida
do sebo, com 18% e o algodão,
com 5%. Vedana afirma que já
existem programas prontos para incentivar o aumento da produção de biodiesel e também de
etanol. Mas ainda falta decisão
política, de acordo com ele.
dução de shale gas nas diversas bacias terrestres como a Bacia do Paraná (Centro-Sul brasileiro), Bacia dos Parecis (Mato Grosso), Bacia do Parnaíba
(Maranhão, Piauí e Tocantins),
Bacia do Recôncavo (Bahia) e
São Francisco (Minas Gerias e
Bahia). Não estão descartadas
as bacias amazônicas e marítimas. Os estudos que estão sendo feitos pela ANP na Bacia do
Paraná ainda estão no início e
o solo tem muito basalto — o
que dificulta a pesquisa porque a rocha, de cor escura, não
permite ver o subsolo. Por fim,
a Bacia do São Francisco está
sob concessão e as diversas empresas operadoras, estatais e
privadas , estão avaliando o potencial de produção. ■
FONTE DE ENERGIA
O Brasil utiliza hoje 5% de
biodiesel na composição do
diesel vendido no país
PROGRAMA DE BIODIESEL
Início: 2005
Uso obrigatório da mistura: 2008
Meta de mistura de 5% no diesel: 2013
Resultados: percentual foi atingido em 2011
Produção anual: 2,8 bilhões de litros*
PRINCIPAIS MATÉRIAS-PRIMAS
DO BIODIESEL NACIONAL
Soja: alternativa mais usada e que
corresponde a 76% da produção anual de
biodiesel
Sebo: segunda fonte mais usada, responde por
18% da produção
Algodão: representa 5% de toda a produção
de biodiesel
ETANOL
Início: década de 70
Parada: final dos anos 80 até anos 2000, por
conta da desconfiança do consumidor com
carros a álcool
Retomada: a partir de 2003 com a chegada
dos carros flex
Produção 2011/2012: 22 bilhões de litros
Usina de etanol: o biodiesel corresponde a uma produção média anual de 2,8 bilhões de litros
Marco regulatório
“O marco regulatório do biodiesel já existe, mas não foi enviado ao Congresso. O país tem capacidade de produzir 6 bilhões
de litros por ano. Temos estrutura, mas o biodiesel é mais caro
que o diesel. Além disso, aumentar seu percentual na mistura levaria o governo a crer que poderá mexer nas metas de inflação.
Mas isso não procede”, afirma.
Para afirmar isso, Vedana se
baseia nos dados da Associação
dos Produtores de Biodiesel,
que calculou que o aumento na
produção e na mistura com o
diesel teriam impacto na inflação na terceira casa decimal.
“Isso não compromete tanto a inflação, mas reduziria a
importação de diesel. Em novembro, Petrobras comprou
1,5 bilhão de litros de diesel e
gastou US$ 1,24 bilhão. A alta
deve ter sido por conta do acionamento das térmicas. E a média mensal normal de importação é de 620 milhões de litros,
ao custo de US$ 510 milhões.
Com mais biodiesel não seria
necessário importar tanto”,
defende.
No caso do etanol, o caminho
seria o mesmo. Com o governo
regulando o preço da gasolina,
o etanol, que precisa ter 70% do
valor da gasolina, acaba registrando margens reduzidas, segundo o especialista. Para produzir mais etanol é preciso ter
uma política de preços que não
condene o etanol. Hoje, são 2,2
bilhões de litros por ano, mas
pode ser mais. ■ E.R.
Movimentação: o etanol movimenta mais de
R$ 30 bilhões no país
OUTRAS FONTES
Mamona: programa de incentivo ao
plantio foi criado antes de 2008 pela
Petrobras. A estatal compra a mamona
produzida e utiliza em outros projetos e vende
no mercado para a indústria de química fina
Canola: há quatro anos foi iniciada a produção
no Sul do país ainda sem volume expressivo
Dendê: programa criado em 2011 para uso do
óleo de palma destina 2 milhões de hectares
para a produção, com destaque para o Pará.
Mas as mudas só se tornarão árvores em 2018
Fonte: Portal BiodieselBr, com base em dados
de empresas, governo e entidades do setor
*Dados de 2012
6 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
BRASIL
Editora: Ivone Portes iportes@brasileconomico.com.br
Subeditora: Patrycia Monteiro Rizzotto pmonteiro@brasileconomico.com.br
Inflação pode passar dos 6%
este ano com alta da gasolina
Custos de energia com uso das térmicas e reajuste de tarifas de ônibus também vão pressionar o IPCA
Dado Galdieri/Bloomberg
Rafael Abrantes
rabrantes@brasileconomico.com.br
Enquanto a atividade econômica retoma o expediente em janeiro, as perspectivas para a inflação oficial do país já trazem pessimismo para o resto do ano. O estopim para a preocupação de
economistas é a manutenção da
tendência de alta do IPCA, segundo dados do último boletim
Focus, após o principal indicador de inflação extrapolar a meta central (4,5%) do Banco Central e fechar 2012 em 5,84%.
A análise, agora, é que a projeção de 5,53% do BC deve manter
viés elevado e alcançar a terceira
semana consecutiva de expansão, com possibilidades de superar a marca de 6%. “Há espaço pa-
ra o índice subir, com aumento
dos riscos”, afirma Elson Teles,
economista do Itaú-Unibanco. A
instituição prevê, no momento,
um IPCA de 5,6% até o fim do
ano, com tendência para cima. A
projeção, contudo, é a menor ouvida pelo BRASIL ECONÔMICO.
A previsão de reajuste do preço da gasolina na bomba — em
torno de 5,5%, segundo Teles —
e o acúmulo de três pontos percentuais na conta de luz do consumidor devido ao uso recente
pelo governo das usinas termelétricas são os dois principais “riscos” para uma maior pressão sobre os preços. O índice de reajuste do combustível calculado pelo banco é menor que os 7% divulgados ontem pelo jornal “O
Estado de São Paulo”.
AMEAÇA DO DRAGÃO
Após fechar 2012 acima da meta, inflação oficial com
tendência de alta preocupa
2013
ÚLTIMO BOLETIM
HÁ 4 SEMANAS
JANEIRO
ÚLTIMO BOLETIM
HÁ 4 SEMANAS
IPCA
5,53%
5,42%
0,78%
0,69%
IGP-DI
5,39%
5,27%
0,55%
0,51%
IGP-M
5,35%
5,29%
0,58%
0,54%
IPCA/2012
5,84%
Fonte: Boletim Focus
META*
4,50%
*Inclui tolerância de dois pontos percentuais, para mais ou para menos
Para Luis Afonso Lima, economista da Sociedade Brasileira de
Estudos de Empresas Transnacionais (Sobeet), o governo mal começa o ano com uma “margem
de segurança muito pequena”.
Segundo ele, os riscos em janeiro
já são “enormes” para o resto do
ano. “A probabilidade de atingirmos 6% (no IPCA) em 2013 é crescente”, avalia. Sua estimativa para o ano é de 5,7%. Ele também
considera em suas contas o custo
das termelétricas em operação e
um novo preço para a gasolina. O
resultado, calcula, seria um aumento de 0,2 e 0,3 ponto percentual na inflação oficial ao longo
do ano, respectivamente.
A elevação das tarifas de ônibus em capitais como São Paulo
e Rio de Janeiro, outro fator importante na composição do índice de preços, podem agora apenas ser postergadas, observa
Afonso, atendendo a pedidos
do Ministério da Fazenda. Já a
sazonalidade dos alimentos não
é motivo para preocupação,
com preços “em acomodação”.
A necessidade do governo de
lançar mão de energia produzida a gás também levou a Tendências Consultoria a revisar ontem sua previsão para o IPCA
deste ano. O índice subiu de
5,6% para 5,8%. Segundo Alessandra Ribeiro, o setor de serviços deve mostrar a maior elevação no ano, de 8,6%. Embora
Combustíveis devem sofrer reajuste e atingir as prévias do IPCA
menor que o registrado no ano
passado (8,75%), o patamar ainda é muito alto, diz a economista. Seguindo o viés de pressão
sobre os preços, ela lembra do
retorno escalonado Impostos sobre Produtos Industrializados
(IPI) para automóveis e linha
branca até julho. “O quadro é
realmente problemático. Qualquer choque sazonal pode levar
o IPCA para acima de 6%”, afirma, referindo-se à taxa de
0,78% em janeiro, apontada pelo último boletim Focus.
Mais pessimista, o economista
Alexandre Schwartsman, acusa
os dados do BC de “otimismo”.
Nesta linha, ele já aponta uma inflação oficial entre 6% e 6,5% em
dezembro. A taxa, assim, poderia
repetir o número de 2011, quando
o IPCA atingiu o topo da tolerância para sua meta, de dois pontos
percentuais para mais e para menos. “O mercado de trabalho ainda é a principal fonte de pressão
sobre os preços, principalmente
em serviços”, observa Schwartsman. Ele ressalta que o acumulado da inflação no primeiro trimestre já está previsto em 1,6%, valor acima do 1,2% considerado pelo BC em seu último relatório. ■
Augustin diz desconhecer decisão sobre reajuste
Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Em dezembro, porém, o ministro
da Fazenda, Guido Mantega,
já havia sinalizado aumento
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, disse ontem desconhecer qualquer decisão sobre aumento nos preços
da gasolina.
Ao chegar à sede do Ministério da Fazenda, Augustin foi
questionado se haveria aumento de preços do combustível.
“Desconheço qualquer decisão do governo sobre esse assunto”, afirmou Augustin, que
no momento ocupa o cargo de
ministro interino da Fazenda.
Ontem, o jornal “O Estado
de São Paulo” publicou notícia
informando que o governo deve reajustar a gasolina em 7% e
o óleo diesel entre 4% e 5%,
mas sem indicar a fonte da informação.
Também ontem, o secretário
de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, foi questionado ao chegar ao prédio da pasta em Brasília sobre a decisão do governo
de elevar a gasolina em 7%,
mas desconversou e não quis
comentar o assunto.
Uma fonte do governo que
participa das reuniões do Conselho da Petrobras, que tem o
monopólio do refino no país,
informou que o aumento da gasolina e do diesel não foi tratado em reunião realizada na semana passada no conselho da
companhia.
A decisão do governo de elevar o preço da gasolina foi admitida pelo ministro da Fazenda,
Guido Mantega, em dezembro.
Na época, ele comentou que
“certamente” o preço dos combustíveis aumentará em 2013,
mas sem indicar em que momento esse reajuste seria feito.
Na época, o ministro avaliou
também que “não há nada de
excepcional” em aumentar os
preços da gasolina e do diesel.
■ Reuters
Augustin ocupa, no momento, cargo de ministro interino da Fazenda
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 7
Divulgação
COMÉRCIO EXTERIOR
Exportação de carne de frango cai em 2012
As vendas para o mercado externo de carne de frango caíram 6,7% em
2012, de US$ 8,253 bilhões, em 2011, para os atuais US$ 7,703 bilhões.
Em volume, a redução foi de 0,6%, somando 3,918 milhões de
toneladas em 2012, de acordo com balanço da União Brasileira de
Avicultura (Ubabef). A produção também apresentou queda de 3,17%
no ano passado, de 13,05 milhões de toneladas, em 2011, para 12,64
milhões de toneladas no último ano. ABr
Dado Galdieri/Bloomberg
Comércio
desacelera e
cresce só 0,3%
em novembro
Para especialistas, a alta deve
ser mantida em 2013, mas
ficará aquém da média de 2012
Gabriela Murno, do Rio
gmurno@brasileconomico.com.br
O varejo brasileiro perdeu fôlego em novembro, evidenciando a dificuldade da recuperação da atividade econômica
no final de 2012 e antecipando
a continuidade dos problemas
da indústria. O volume de vendas do comércio varejista brasileiro cresceu 0,3% de outubro para novembro, segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi
o sexto crescimento consecutivo do volume de vendas. O resultado, entretanto, mostra
desaceleração no ritmo de
crescimento das vendas, já
que em outubro a alta mensal
havia sido de 0,8%. “Foram
seis meses de crescimento,
mas não dá para falar em um
padrão de expansão”, afirmou
a economista do IBGE, Aleciana Gusmão.
Para Mariana Oliveira, analista do setor de comércio varejista da Consultoria Tendências, a
desaceleração foi provocada pela antecipação do consumo em
meses anteriores, devido, principalmente, à redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os bens duráveis, como móveis e eletrodomésticos. Mariana explica que
em dezembro a alta deve ter sido maior. No entanto, deve ficar abaixo do resultado visto
no final de 2011.
Sobre o ano anterior, as vendas do varejo brasileiro registraram alta de 8,4% em novembro, um crescimento menor do
que do mês anterior, de 9,2%,
segundo os dados revisados pelo IBGE.
Nos acumulados do ano e
dos 12 meses anteriores, o vo-
Perspectiva é de que resultado de dezembro tenha apresentado melhora, mas ainda abaixo de 2011
lume de vendas teve altas de
8,9% e 8,6%, respectivamente. Com os resultados, segundo o instituto, o varejo brasileiro deve fechar 2012 com alta
perto de 8,5%. Já a Fecomércio-RJ prevê um crescimento
MAIS QUE O PIB
Apesar do resultado de novembro, setor cresceu mais que
a economia do país, de 1%
VAREJO
PERÍODO
Novembro/Outubro
Média Móvel Trimestral
Novembro 2012/Novembro de 2011
Acumulado de 2012
Acumulado em 12 meses
VOLUME
DE VENDAS
0,30%
0,50%
8,40%
8,90%
8,60%
VAREJO AMPLIADO
RECEITA
NOMINAL
0,80%
1,00%
13,70%
12,50%
12,20%
VOLUME
DE VENDAS
-1,20%
-1,20%
7,20%
8,40%
8,00%
RECEITA
NOMINAL
-0,10%
-0,70%
9,40%
9,70%
9,40%
Fonte: IBGE
próximo a 9% para o encerramento de 2012.
Segundo o IBGE, cinco das
oito atividades comerciais
apresentaram crescimento no
volume de vendas: outros e artigos de uso pessoal e doméstico (4,2%); tecidos, vestuário e
calçados (2,1%); hipermercados, supermercados, produtos
alimentícios, bebidas e fumo
(0,6%); artigos farmacêuticos,
médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,6%) e
livros, jornais, revistas e papelaria (0,1%).
Considerando as atividades
comerciais de veículos e autopeças e material de construção,
do chamado Varejo Ampliado, o
setor apresentou queda de
1,2%, no volume de vendas de
novembro em comparação ao
mês anterior, puxado pelas per-
das de 5% do segmento de Veículos e de 0,9% da Construção.
Previsões para 2013
Os especialistas ouvidos pelo
BRASIL ECONÔMICO acreditam que,
nos primeiros meses de 2013, o
comércio varejista brasileiro
continue crescendo. Para a Fecomércio-RJ, o resultado de novembro está dentro do esperado e os fundamentos para a evolução das vendas em 2013 estão
mantidos. Gilberto Braga, economista do Ibmec-RJ concorda
e acredita que este ano teremos
a manutenção da média de crescimento de 2012: 0,7%.
Entretanto, apesar de acreditar na expansão do setor, Mariana diz que a taxa deve perder fôlego, nos primeiros meses do
ano, ficando abaixo da média
de crescimento de 2012. ■
Diminui intenção de investimento industrial
Marcos Issa/Bloomberg
Este ano, 85,4% das empresas
pretendem investir, contra
86,6% em 2012, diz CNI
A intenção de investimento das
indústrias para 2013 é a menor
em quatro anos, segundo pesquisa da Confederação Nacional da
Indústria (CNI). O estudo mostra
que 85,4% dos empresários planejam investir este ano. No início de
2012, o percentual dos que pretendiam fazer investimentos naquele ano era de 86,6%. Em 2011, o índice alcançou 92% das intenções.
Segundo a CNI, os dois principais riscos para a decisão de
investimento em 2013 continuam sendo “a incerteza econômica e a reavaliação da de-
manda ou ociosidade elevada”.
Na avaliação do gerente-executivo de política econômica da
CNI, Flavio Castelo Branco, a
continuidade da instabilidade
econômica mundial refletiu na
dificuldade das empresas em
cumprir os investimentos planejados em 2012. “Foi um ano sem
crescimento. Foi difícil paras as
empresas realizarem projetos
como planejado”, disse. Apesar
da intenção de investimentos
de 86,6% para 2012, apenas
80,2% foram efetivados.
A sondagem revela ainda que
a obtenção de crédito e a dificuldade de contratação de mão de
obra também desestimulam os
investimentos e preocupam os
empresários. Segundo a pesquisa, os percentuais subiram de
18,3% para 23,6% e 19,8% para
22,7%, respectivamente.
Segundo a CNI, a participação dos investimentos previstos
para atender ao mercado externo é o menor dos últimos dez
anos. Na pesquisa, 80,6% das
empresas que pretendem investir em 2013, “têm como objetivo somente ou principalmente
o mercado doméstico”. Apenas
4,7% das empresas têm como foco o mercado externo.
O levantamento foi feito entre
os dias 25 de outubro e 30 de novembro. Ao todo, 584 empresas
de pequeno, médio e grande porte foram consultadas. ■ ABr
Incerteza econômica e reavaliação da demanda preocupam indústria
8 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Divulgação
BRASIL
INDICADOR
Endividamento das famílias paulistanas cai
O endividamento das famílias paulistanas caiu em dezembro para
46,3%, ante o nível atingido de 47,4% em novembro, segudo a
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de
São Paulo (FecomercioSP). Segundo a federação, cerca de 1,659 milhão
de famílias tinham alguma dívida em dezembro, o que representou
queda em relação ao mês anterior, quando 1,699 milhão de famílias
paulistanas estavam endividadas. ABr
Concessionárias já estudam medidas
judiciais contra regra da renovação
Empresas elétricas que não aceitaram MP 579 buscam escritórios de advocacia para avaliar reação à norma
Dado Galdieri/Bloomberg
possibilidade de questionamento está em análise pelo setor”,
diz Guilherme Schmidt, sócio
do escritório L.O.BaptistaSVMFA no Rio de Janeiro, que
esteve ontem em São Paulo reunido com representantes de
uma grande geradora. “As estratégias ainda estão em debate.
Mas vale discutir por que a renovação não foi apresentada na
forma original.”
A expectativa é que os questionamentos venham, especialmente, das geradoras, embora a
medida também tenha afetado
distribuidoras e transmissoras.
Isso porque a principal condição da renovação antecipada —
Juliana Garçon
jgarcon@brasileconomico.com.br
Mal a MP 579, que prorroga as
concessões do setor elétrico, foi
convertida em lei (12.738) e assinada por Dilma Rousseff, e companhias que não aderiram à proposta do governo já estudam
questioná-la judicialmente. Entre as que ficaram fora do acordo estão Cesp, Cemig e Copel.
Quando as companhias assinaram os contratos iniciais, havia possibilidade de renovação
a critério do poder concedente,
mas dentro das condições já previstas. “A renovação em novas
condições desperta dúvidas, e a
Mercado livre
CARGA MÁXIMA
Participação na matriz elétrica brasileira
2010
2011
79,60%
HIDRÁULICA
6,30%
6,50%
BIOMASSA
81,70%
6,60%
GÁS NATURAL
4,60%
DERIVADOS DE PETRÓLEO
2,90%
2,50%
NUCLEAR
2,60%
2,70%
1,50%
1,40%
CARVÃO E DERIVADOS
EÓLICA
desconto na amortização de investimentos — tem impacto
maior neste segmento.
Outro escritório de grande
porte foi procurado e marcou
reunião com produtores independentes para discutir o que
pode ser feito, ou seja, se ingressarão com ação. “Há a intenção, mas nenhuma certeza”,
disse uma fonte que prefere não
se identificar.
Os advogados dizem que uma
das possibilidade é demandar algum tipo de compensação para
as concessionárias que não aderiram aos termos propostos.
Consultado sobre o tema, o
Ministério das Minas e Energia
não se manifestou.
0,30%
0,50%
Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (EPE)
Agentes do mercado livre de
energia elétrica comemoraram
a sanção do artigo 25 da lei, que
possibilita a comercialização do
excedente contratado.
Trata-se de um antigo pleito
do setor, pois os consumidores
livres geralmente contratam
boa parte de sua energia para horizontes de médio e longo prazo, de modo a se prevenir contra os períodos de altas dos preços, explica Luis Gameiro, diretor da Trade Energy, comercializadora de energia. “E as variações de consumo inerentes
às atividades industrial ou comercial são difíceis de prever.”
Estimativas feitas pelos comercializadores davam conta
de que existem cerca de 400
MW médios de sobra de lastro
físico “oculta” nos contratos.
Sem a liberdade para comer-
Geradoras foram as mais afetadas pelo desconto em amortizações
cializar os excedentes, os consumidores ficavam “amarrados” à
projeção feita meses ou até anos
antes da utilização de fato. Mas,
da forma como a lei foi assinada, o excedente foi reinserido
no mercado. “Resta agora a regulamentação da matéria pela
Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica), para esclarecer detalhes”, diz Gameiro, que
aposta na redução do custo final para o consumidor livre como consequência da norma.
Além disso, o setor também
se beneficiará da redução das tarifas das concessões de distribuição e transmissão renovadas, si-
métrica à obtida pelo mercado
cativo. A redução, estimada em
12%, beneficia os consumidores
especiais, que têm demanda superior a 500 kW e menor que 3
MW e negocia apenas energia
suprida por fontes renováveis.
Outro tópico bem recebido
foi a inclusão da energia solar
no rol das fontes incentivadas.
A expectativa é que, a recente regulamentação da Aneel,
que incentiva a mini e a microgeração, combinada a avanços
tecnológicos, propicie custos
mais baixos e dê um impulso ao
segmento, afirma Luis Gameiro, da Trade Energy. ■
Na AL, Brasil é o que usa mais energia na produção
Segundo Cepal, crescimento
de setores de alto consumo
justifica realidade brasileira
Dados do Anuário Estatístico
da América Latina e Caribe
2012 indicam que os países da
América Latina e Caribe requerem cada vez menos energia para produzir, enquanto no Brasil
a tendência é diferente.
A publicação da Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) mostra
que, entre 1990 e 2011, a quantidade de energia (renovável ou
não) necessária para produzir
uma unidade monetária de produção caiu de 1,42 para 1,28, na
região.
No Brasil, esse indicador subiu de 1,38 para 1,42. Na Argentina o índice reduziu de 1,99 para 1,59. O mais elevado da região foi registrado em Trinidad
e Tobago, com 5,03, em 2011,
sendo que em 1990 era 3,58.
O indicador da Cepal é calculado com base no coeficiente
de consumo total de energia e o
PIB em dólares a preços constantes de 2005. De acordo com
a Cepal, a relevância desse indicador está no fato de que o aumento do consumo energético
para alcançar um Produto Interno Bruto (PIB) maior se traduz
em mais pressão sobre os recursos naturais.
Intensidade energética
O diretor da Divisão de Recursos Naturais e Infraestrutura da
Cepal, Hugo Altomonte diz que
não se pode afirmar concretamente que a intensidade energética do Brasil tenha crescido
substancialmente. Pode-se afir-
mar que permaneceu aproximadamente constante, pois os valores encontrados e os supostos
crescimentos estão no limite do
estatisticamente significativo.
Para Altomonte um fator determinante dessa realidade foi
o forte crescimento que tiveram nos últimos anos outros setores produtivos energético-intensivos, como o setor de construção, a indústria de manufatura, e a extrativa e mineral.
“Com o crescimento destes
setores altamente consumidores de energia, mais que pro-
porcionalmente em relação ao
PIB agregado, é evidente que a
demanda energética dos mesmos será equivalentemente
maior.
Por isso, este crescimento deverá se refletir como um incremento na intensidade energética agregada ou ao menos na estabilidade do seu valor, se considerarmos os esforços que o Brasil vem fazendo para promover
o uso racional e eficiente da
energia”, disse o diretor da Cepal sobre a questão da intensidade energética no Brasil. ■ ABr
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 9
Diego Vara/Folhapress
SECA
Municípios entram em estado de emergência
A Secretaria Nacional de Defesa Civil reconheceu ontem situação de
emergência em 12 municípios de cinco estados, 11 deles atingidos pela
estiagem. Na lista há oito cidades catarinenses: Abdon Batista, Ipira,
Jaborá, Lindoia do Sul, Paial, Peritiba, Presidente Castello Branco e
Vargeão. Vicência (PE), Rio do Antônio (BA) e Igaci (AL) também sofrem
os efeitos da falta de chuva. A única cidade incluída por deslizamento
de terra e pedras foi Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. ABr
Lobão descarta racionamento
e mantém planos para o setor
Ueslei Marcelino/Reuters
Com volta das chuvas, térmicas
podem começar a ser desligadas
entre abril e maio, diz ministro
O governo está seguro de que
não há risco de racionamento
de energia elétrica e não vai promover mudanças em seu planejamento para o setor elétrico
diante de temores que foram gerados nas primeiras semanas do
ano pela baixa dos reservatórios
das hidrelétricas, disse ontem o
ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão.
Questionado se o governo poderia lançar políticas para reforçar o parque de termelétricas,
por exemplo, Lobão respondeu
que “não muda nada”.
“A situação atual é meramente conjuntural. Podemos transmitir a garantia de que não haverá desabastecimento. Essa era ficou para trás, há mais de dez
anos”, completou, referindo-se
ao racionamento de energia enfrentado pelo país entre 2001 e
2002, no fim do governo de Fernando Henrique Cardoso.
No fim do ano passado, o governo mandou acionar as usinas termelétricas para poupar
água nos reservatórios das hidrelétricas, que na virada de dezembro para janeiro estavam no
pior nível em 10 anos.
Segundo Lobão, as termelétricas que estão acionadas permanecerão funcionando “pelo tempo que for necessário”. Porém,
o ministro disse que, com a volta das chuvas, já é possível imaginar que as térmicas podem começar a ser desligadas entre
abril e maio.
“Os reservatórios já começam
a melhorar seu nível, com as
chuvas intensas que estão caindo no Brasil inteiro. Mas há uma
Chuva ainda
não permite
desligar
térmicas
Avaliação foi feita ontem
por Maurício Tolmasquim ,
presidente da Empresa
de Pesquisa Energética (EPE)
Lobão: “Situação é conjuntural. Podemos transmitir a garantia de que não haverá desabastecimento”
certa demora no preenchimento
go e ontem, subindo de 29,33%
deles pelo fato de que as principara 29,62%, segundo dados do
pais nascentes se encontram
Operador Nacional do Sistema
aqui no Planalto Central e em MiElétrico (ONS). No Sudeste/Cennas Gerais”, disse.
tro-Oeste, o nível
As chuvas dos úlde armazenamento
As usinas
timos dias estão ajurepresas avantermelétricas nas
dando a recompor
çou de 29,83% para
foram
os níveis dos lagos
30,43%. Entretandas hidrelétricas,
acionadas no to, o nível dos resermas a capacidade de
vatórios em todas
fim do ano
armazenamento ainregiões ainda está
passado
da não permite deslientre os mais baigar as térmicas.
xos dos últimos dez
Os reservatórios de hidrelétrianos e o ONS mantém quase tocas da região Nordeste tiveram
das as termelétricas disponíveis
leve recuperação entre dominligadas para garantir o forneci-
mento de energia elétrica no
país (leia mais ao lado).
Lobão voltou a garantir que
não faltará gás natural nem para
as indústrias e nem para as termelétricas, e confirmou que a
usina de Uruguaiana, no Rio
Grande do Sul, de 640 megawatts (MW), começará a gerar energia até o fim deste mês, mas não
a plena carga.
O país está, atualmente, com
cerca de 11,8 mil megawatts
médios sendo gerados em usinas termelétricas, o equivalente a cerca de 20% da carga total. ■ Reuters
Apesar da melhora nos níveis
dos reservatórios das hidrelétricas, ainda não é possível desligar térmicas, segundo o presidente da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. Os reservatórios de
usinas hidrelétricas da região
Nordeste apresentaram uma leve recuperação, subindo de
29,33% no domingo para
29,62% ontem, segundo dados
do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
A região Nordeste vinha sendo a única a apresentar redução
do nível das represas, diariamente, depois que reservatórios em outras regiões começaram a dar sinais de recomposição em meados da semana passada. O nível dos reservatórios
em todas regiões, no entanto,
ainda está entre os mais baixos
dos últimos dez anos e o ONS
mantém quase todas as termelétricas disponíveis ligadas para
garantir o fornecimento de energia elétrica no país.
Os reservatórios do Sudeste/
Centro-Oeste continuam subindo e passaram de 29,83% no domingo para 30,43% ontem. Nesse subsistema, o reservatório
de Furnas está com 16,25% de
armazenamento, Emborcação
com 31,21% e Nova Ponte com
26,83%. Essas três represas são
as maiores da região. No Sul, o
nível dos reservatórios subiu
de 49,04% para 49,58%, enquanto no Norte o armazenamento passou de 42,04% para
42,47%. ■ Reuters
Lei de incentivo à compra de caminhão é aprovada
Entretanto, mecanismo foi
sancionado com 12 vetos da
presidente Dilma Rousseff
A presidente Dilma Rousseff sancionou com vários vetos o mecanismo de depreciação acelerada
de caminhões e de vagões e locomotivas, criado no ano passado
para estimular a indústria em um
momento de tombo nas vendas e
produção de veículos comerciais.
O mecanismo, anunciado no final de agosto, permite a redução
da base de cálculo do Imposto de
Renda de veículos comprados ou
encomendados entre setembro e
o final de 2012.
O incentivo foi decidido junto
com um amplo pacote que também reduziu juros de financiamentos para aquisição de bens
de capital.
Segundo o texto da lei 12.788,
de 14 de janeiro, “para efeito de
apuração do imposto sobre a renda, as pessoas jurídicas tributadas
com base no lucro real terão direi-
to à depreciação acelerada, calculada pela aplicação da taxa de depreciação usualmente admitida
multiplicada por três, sem prejuí-
Benefício faz parte
de um amplo pacote
que também reduziu
juros de crédito
para aquisição de
bens de capital
zo da depreciação contábil”.
Vetos
A lei foi sancionada pela presidente com 12 vetos. Um deles
barrou que o benefício se aplicasse também a carros de passageiros de metroferroviários,
equipamentos portuários e embarcações mercantes.
A presidente justificou o veto
afirmando que os dispositivos
“ampliam o escopo da medida
original, sem, no entanto, apon-
tarem os devidos estudos de impacto de caráter orçamentáriofinanceiro necessários à renúncia de receita”.
Houve veto também à inclusão de produtor rural pessoa física como pessoa jurídica capaz
de receber o benefício.
A lei foi sancionada com inclusão de autorização à União
para concessão de crédito no valor de R$ 15 bilhões aos agentes
financeiros do Fundo da Marinha Mercante. ■ Reuters
10 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Divulgação
BRASIL
OAB
Prova objetiva tem aprovação de 16,67%
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) divulgou
ontem a lista definitiva dos aprovados na prova objetiva do Exame
de Ordem Unificado, realizada em 19 de dezembro do ano passado,
já incluindo o resultado dos recursos que foram interpostos. Do total
de 118.217 examinandos inscritos para a primeira fase, 114.763
estiveram presentes e, destes, 19.134 conseguiram êxito na prova, o que
representa um percentual de aprovação de 16,67% entre os presentes.
Estudo inglês diz que Código Florestal
do país combate mudanças climáticas
Lei brasileira é uma das iniciativas mundiais destacada na pesquisa feita pela London School of Economics
Divulgação
Com poucos avanços estabelecidos pelos tratados internacionais sobre a redução de gases de
efeito estufa e a dificuldade de
se chegar a um acordo global,
um estudo indica que os países
estão criando suas próprias leis
para combater as mudanças climáticas. Entre os exemplos, a
pesquisa - feita pelo Grantham
Institute, da London School of
Economics (LSE), e pela ONG
Globe International - destaca a
aprovação do novo Código Florestal Brasileiro.
O estudo avaliou 33 países e
identificou progressos significativos na criação de leis nacionais de combate às mudanças
climáticas em 18 deles. Outros
14 apresentaram avanço limitado. De modo geral, os países em
desenvolvimento apresentaram
mais avanços, enquanto nos países desenvolvidos eles ocorreram em menos quantidade.
O progresso mais significativo
de 2012, de acordo com o documento, ocorreu no México, onde
foi aprovada uma lei na qual o
país se compromete a reduzir
em 30% as emissões. Entre os
países pesquisados, o único que
não apresentou nenhum avanço
na legislação ambiental foi o Ca-
nadá, que em 2011 anunciou sua
saída do Protocolo de Kyoto, em
que os países industrializados se
comprometem a reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Em relação ao Brasil, além da
aprovação do código florestal, o
estudo ressalta também o comprometimento do país em reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020. A Globe International é uma organização
fundada em 1989 por parlamentares dos Estados Unidos, de países da Europa, do Japão e da Rússia com o objetivo de apoiar legislações voltadas ao combate
das mudanças climáticas.
Segundo John Gummer, exministro do Meio Ambiente da
Grã-Bretanha e presidente da
Globe International, as mudanças feitas pelos legisladores ocorrem devido ao pleito da população que eles representam, que
não quer deixar o ônus para as
gerações futuras. “Lutando contra as mudanças climáticas, os
legisladores também estão protegendo suas indústrias dos preços cada vez mais altos dos combustíveis e assegurando que não
querem depender de outros países para prover a energia que
precisam.” ■ ABr
Pesquisa celebra a meta nacional que visa reduzir em 80% o desmatamento da Amazônia até 2020
Área irrigada pode dobrar com incentivo fiscal
Valter Campanato/ABr
Política Nacional de Irrigação
que entrou em vigor esta
semana mudou lei de 34 anos
A agricultura irrigada volta a ganhar força com a entrada em vigor da nova Política Nacional de
Irrigação, que substitui diretrizes
implementadas por lei há quase
34 anos. O objetivo da norma é incentivar a ampliação da área agrícola que utiliza a técnica, bem
mais produtiva e menos sujeitas
aos riscos climáticos. “Em Mato
Grosso, por exemplo, com a agricultura de irrigação, algumas culturas já dão três safras por ano”,
explica o secretário nacional de Irrigação do Ministério da Integração Nacional, Guilherme Orair.
Ainda segundo o secretário,
20% da área agricultada brasileira são irrigados, mas a expectativa é dobrar esse percentual nos
próximos seis anos. Atualmente,
só 5,5 milhões de hectares são ir-
Orair diz que nova lei incentiva pequenos e grandes produtores
rigados, mas o potencial é bem
maior: cerca de 30 milhões de
hectares. A antiga Política Nacional de Irrigação era de 25 de junho de 1979 e permaneceu praticamente a mesma ao longo dos
anos, apesar das inovações tecnológicas da agricultura e dos novos parâmetros do setor público
nacional.
O otimismo na ampliação da
agricultura irrigada, que tem a
cana-de-açúcar, soja, laranja, o
arroz e milho como principais
produtos, vem dos incentivos fiscais previstos a partir de agora,
entre outras ações incluídas na
política, como isenções fiscais de
PIS e Confins para a compra de
equipamentos de irrigação e estímulos à contratação de seguro rural por produtores da agricultura irrigada.
A nova lei vai beneficiar tanto
o agricultor familiar como o grande produtor com facilidades consideradas importantes, a exemplo da classificação como obra
de utilidade pública dos açudes e
reservatórios a serem construídos para uso em irrigação. Essa
classificação, que já era dada para reservatórios de hidrelétricas
e mineradoras, facilita o processo de licenciamento ambiental e
outorga da obra.
Outra novidade é a criação do
Conselho Nacional de Irrigação.
O órgão deve ser lançado em junho, durante o Seminário Nacional da Agricultura Irrigada, que
vai ocorrer em Belo Horizonte. O
colegiado será um órgão de assessoramento composto por diversas instituições públicas e privadas. “A ideia é discutir os problemas e encontrar as respostas necessárias para a agricultura irrigada no país”, explicou o secretário Guilherme Orair.
A lei também prevê a criação
de um sistema nacional de informações de apoio à agricultura irrigada. Depois que o sistema for
implantado, o governo vai ter
um diagnóstico da agricultura irrigada no país, com dados de
área utilizada e produtos que estão mais em alta, por exemplo.
Para o produtor, o sistema vai trazer informações variadas, que
vão desde a previsão de tempo e
da situação de estradas até a cotação dos produtos. ■ ABr
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 11
Ueslei Marcelino/Reuters
FINANÇAS PÚBLICAS
Dilma veta prazo maior do Refis da Crise
A presidente Dilma Rousseff vetou a reabertura do prazo de
adesão ao Refis da crise, um programa de renegociação de débitos
de pessoas físicas e jurídicas com a União criado em 2009, ano em
que se agravou a crise financeira mundial. Dilma também vetou a
extensão do parcelamento de dívidas de estados e municípios com
o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público).
Os vetos foram publicados ontem no Diário Oficial da União. ABr
Evaristo Sá/AFP
Professores pedem
plano de carreira
Sindicato que representa
docentes do ensino superior se
reuniu ontem com Mercadante
Patriota, titular das Relações Exteriores, participou da reunião ministerial da Zopacas, em Montevidéu
Antonio Patriota defende
Atlântico Sul livre de armas
Ministro se pronunciou sobre
crise em Guiné-Bissau, durante
reunião realizada no Uruguai
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, defendeu
ontem que os 23 países que integram a Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas)
busquem o fortalecimento interno na tentativa de dirimir conflitos, como o de Guiné-Bissau, e
consolidem o diálogo, a cooperação e uma área livre de armas. Patriota participou, em
Montevidéu, no Uruguai, da
reunião ministerial da Zopacas.
Criada há 30 anos, a Zopacas
se dedica aos temas de proliferação de armas nucleares e futura
redução da presença militar dos
países-membros em outras regiões do mundo. Paralelamente, os 23 países que integram o
grupo se esforçam para a integração e colaboração regional
com cooperação econômica e
comercial, científica e técnica,
política e diplomática. Integram a Zopacas latino-americanos e africanos.
“A região conhece ainda algumas situações que demandam
nossos melhores esforços na
promoção da segurança e da estabilidade institucional. É o caso da Guiné-Bissau”, ressaltou
Patriota. “A crise vivida hoje
por esse país sul atlântico e ademais muito próximo do Brasil,
pelos laços da história e da cultura, é exemplo de uma situação com implicações sérias sobre o espaço do Atlântico Sul e à
qual não podemos ficar indiferentes.”
Em abril de 2012, militares
atacaram com granadas a residência do primeiro-ministro e
principal candidato às eleições
presidenciais de Guiné-Bissau,
Carlos Gomes Júnior. O ataque
foi interpretado como um golpe
de Estado. Houve mortos, feridos e vários políticos de GuinéBissau foram presos. A Assembleia da República Portuguesa
condenou o golpe.
“É imperativo preservar o
Atlântico Sul da introdução de
armas nucleares e outras armas
de destruição em massa. Devemos trabalhar juntos para avançar em direção ao objetivo da caracterização da área como zona
livre de armas nucleares e outras armas de destruição em
massa. É um objetivo estratégico comum aos países membros
da Zopacas”, disse o chanceler.
A região do Atlântico
Sul é estratégica
para o Brasil por ser
a rota de 95%
das exportações e
importações nacionais
Patriota destacou ainda que,
no plano do comércio internacional, áreas marítimas, como
as que englobam os oceanos Índico e Pacífico, atraem atenção,
mas o Atlântico Sul é considerado “decisivo”, pois o Brasil, por
exemplo, é a principal rota comercial na região. Pelo menos
95% das exportações e importações brasileiras passam pelo
Atlântico Sul.
Segundo o chanceler, a Zona
de Paz e Cooperação do Atlântico Sul foi concebida para a promoção de objetivos comuns em
áreas relativas à paz e à segurança, mas também com uma ampla perspectiva de cooperação.
“Embora esses objetivos não tenham conotação diretamente
econômica ou comercial, está
em perfeita consonância com
eles a promoção dos fluxos de
comércio e de investimento entre as duas margens do Atlântico Sul”, ressaltou o ministro.
Patriota disse que o governo
brasileiro tem incentivado, com
base nos acordos de cooperação
definidos no Plano de Ação de
Luanda de 2007 e na Mesa Redonda de Brasília de 2010, cursos de capacitação técnica e profissional nos países que integram a Zopacas. Segundo ele, o
objetivo é “permitir ampla troca de experiências e boas práticas em áreas de interesse mútuo”. ■ ABr
A reunião do Sindicato Nacional
dos Docentes das Instituições
de Ensino Superior (Andes-SN)
com o ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, realizada
na tarde de ontem, foi positiva
e possibilitará a discussão e o
avanço na pauta apresentada pela entidade, que inclui questões
referentes à carreira docente e
condições de trabalho nas Instituições Federais de Ensino
(IFE). A avaliação é da presidenta do Andes-SN, Marinalva Oliveira. Esta foi a primeira audiência com o ministro desde o fim
da greve das universidades federais, em setembro de 2012. Na
próxima semana, o grupo enviará ao ministério documentos
com os assuntos a serem discutidos para o agendamento de novas discussões.
A intenção é que a agenda
com o ministro esteja definida
antes do 32º Congresso do Sindicato Nacional, que ocorre entre
os dias 4 e 9 de março no Rio de
Janeiro, onde serão discutidas
as bandeiras do grupo para
2013. Os principais assuntos
que devem ser tratados serão referentes, entre outros, à carreira, condições de trabalho, concurso, pesquisa, segurança e infraestrutura.
“O ministro assumiu que
precisa ter uma interlocução e
se disponibilizou a agendar co-
nosco uma série de encontros”, disse Marinalva. Ela
acrescentou que é necessário
discutir pontos acordados anteriormente, mas que permanecem problemáticos: “Pedimos a reestruturação da carreira, mas ainda não temos critérios lógicos para tal, mesmo
com a nova regra que deverá
ser implementada. Um professor entra na universidade e
não sabe claramente onde chega”. Na compreensão do movimento docente, a pauta de reivindicações do ano passado
não foi atendida.
No segundo semestre do ano
passado, a greve nas universidades federais e institutos federais
de educação tecnológica durou
mais de 100 dias. Durante as negociações, os professores levaram temas recorrentes, como
salários maiores e realização de
concursos públicos para a contratação de mais profissionais.
Em julho de 2012, o movimento grevista paralisou 56 das 59
universidades federais, além de
34 institutos federais de educação tecnológica. Os professores
reivindicavam a reestruturação
da carreira e melhores condições de infraestrutura nas instituições, além de melhorias salariais. A proposta acordada foi
reajustes que variam entre 25%
e 40%, nos próximos três anos,
e redução do número de níveis
de carreira de 17 para 13. A oferta
terá custo de R$ 4,2 bilhões para
a folha de pagamento. ■ ABr
Antonio Cruz/ABr
Mercadante deve ter uma série de encontros com professores
12 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
BRASIL
JUSTIÇA
STF inicia o ano com 732
casos pendentes para julgar
Entre os processos de maior destaque está a questão dos incentivos fiscais dados sem aprovação do Confaz
Rodrigo Capote
Juliana Garçon
jgarcon@brasileconomico.com.br
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) começaram este ano com um pacote de 732 casos pendentes de julgamento.
Modo geral, dizem os advogados, o resultado dos julgamentos é menos sensível do que a indefinição, que provoca insegurança no ambiente de negócios.
“A cada ano, o volume de processos no STF é maior porque
sua competência é muito ampla. Todas as discussões que,
por alguma minúcia, tocam em
matéria constitucional são remetidas para lá”, explica Jorge
Henrique Zaninetti, sócio do escritório Siqueira Castro.
Veja a seguir os casos apontados por especialistas como os
de maior destaque.
Imunidade tributária
Um caso interessante, diz Fernando Vaisman, advogado do escritório Almeida Advogados, é
o da ação declaratória de inconstitucionalidade (ADI) 773, proposta pelo governador do Rio
de Janeiro em face de dispositivos da Constituição Estadual e
de uma lei local que estendem a
imunidade tributária garantida
a livros, jornais e periódicos aos
veículos de radiodifusão. A alegação é que a imunidade não poderia ser estabelecida por lei estadual, constitucional ou não.
“O STF, na análise da liminar
na medida cautelar preparatória à ADI, mesmo que de forma
provisória, sinalizou seu entendimento de que tal extensão seria inconstitucional, haja vista
que só a Constituição Federal pode versar sobre normas de imunidade. Assim, a corte deferiu a
liminar pleiteada para suspender a imunidade", diz Vaisman,
frisando que os entes tributantes devem seguir ao pé da letra
o que está disposto na Constituição, sob pena de ter o benefício
julgado inconstitucional e, assim, extinto, o que pode gerar
enormes transtornos aos contribuintes que se beneficiaram no
passado de determinada benesse, abalando, dessa forma, a segurança jurídica necessária ao
ambiente dos negócios.”
Também focado em tema tributário, o recurso extraordiná-
À ESPERA DE JULGAMENTO
Maior parte das pautas do STF
é agendada
FORMA DE INCLUSÃO NA PAUTA
A caminho do plenário
Agendamento
Devolução de processo com vista
Total
21
623
88
732
RAMO
Administrativo e outras
matérias de direito público
Tributário
Processual Civil e do Trabalho
Trabalho
Penal
Civil
Processual Penal
Eleitoral e Processo Eleitoral
Previdenciário
Do consumidor
Internacional
Registros públicos
Assunto para processo antigo
423
85
62
32
30
22
18
14
10
6
4
3
1
Fonte: Siqueira Castro Advogados
rio 540829 discute a incidência
de ICMS sobre arrendamento
mercantil na importação. “O caso já teve julgamento desfavorável ao contribuinte, em 2005, e
favorável, em 2007”, lembra
Cristina Cezar Bastianello, sócia
na área de contencioso tributário de Tozzini Freire.
Uma boa discussão virá com
a ADI 4891, acerca dos requisitos para que entidades de assistência social sejam isentas de
Imposto de Renda e PIS/Cofins.
“Uma lei ordinária tentou impor nova exigências — um percentual de gratuidade, como bolsas de estudo — para garantir a
imunidade aplicável também à
cota patronal do INSS. Aqui se
discute a impossibilidade de a
lei ordinária exigir condição a
mais que não prevista em lei
Jorge Zaninetti: “A cada ano, o volume de processos no STF é maior porque sua competência é ampla”
complementar”, diz Zaninetti.
“Não deixa de ser uma iniciativa interessante, mas não pode
ser exigência para que entidade
faça juz à imunidade do pagamento porque não está prevista
em lei complementar.”
Outro assunto de amplo interesse é o do recurso extraordinário 60756: a incidência de ICMS
sobre o fornecimento de água.
“O ICMS se aplica à venda de
mercadorias e, no caso de serviços, a transportes e comunicações”, afirma o Zaninetti. “Mas
o fornecimento de água vai muito além da entrega. Trata-se de
prestação de serviço.”
Já as isenções e incentivos fiscais concedidos pelos estados
sem aprovação do Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz), rejeitados pelos entes
que se sentem prejudicados, serão debatidos no recurso extraordinário 628075, com relatoria de
Joaquim Barbosa, presidente da
Corte. “A rigor, a briga é entre
os estados. Mas, ao rejeitar os
créditos do contribuinte que obteve benefício em outro estado,
é transferido o ônus da divergência para ele”, diz Cristina. ■
TOPO DA PILHA
Principais discussões pendentes no STF
RECURSOS
EXTRAORDINÁRIOS
RELATOR ATUAL
DATA DE
INCLUSÃO
NA PAUTA
540.829
Gilmar Mendes
9/12/11
Incidência de ICMS em arrendamento
mercantil de bens importados
611.586
Joaquim Barbosa
19/11/12
Incidência de Imposto de Renda sobre
lucro de afiliadas no exterior
628.075
Joaquim Barbosa
20/11/12
Estorno de crédito de ICMS por
iniciativa unilateral de um estado
607.056
Dias Toffoli
4/11/11
Incidência de ICMS sobre o
fornecimento de água
684.261
Luiz Fux
20/6/12
Fixação de alíquota do Seguro de
Acidente ao Trabalhador (SAT)
ARE - 665.134
Joaquim Barbosa
20/11/12
Definição de qual estado deve receber
o ICMS de mercadoria importada - o
destinatário físico ou jurídico
ADI* - 4.891
Gilmar Mendes
17/12/2012
Certificação das entidades
beneficentes de assistência social
e procedimentos de isenção de
contribuições para a seguridade social
ASSUNTO EM DEBATE
Fontes: STF e Siqueira Castro
*Recurso Extraordinário com agravo **Ação declaratória de inconstitucionalidade
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 13
MARCOS DA COSTA
É advogado e presidente
da OAB-SP
Antonio Milena
Abalos na segurança
jurídica brasileira
Ministro Luiz Fux é o relator do recurso que questiona o Fator Acidentário Previdenciário (FAP)
Temas de repercussão
geral atraem atenção
Do total de processos, 28
podem servir de parâmetros no
julgamento de casos similares
Diante do crescente acúmulo
de casos a serem analisados pelo STF, o mecanismo da repercussão geral, no qual os casos similares têm solução idêntica,
traz algum alento, embora não
resolva o problema. Dos 732 casos acumulados no STF, 28 são
temas de repercussão geral.
“Só que o mecanismo de repercussão geral nem sempre é
aplicável a um universo significativo de empresas ou pessoas.
Para que STF entenda que deve
ser aplicado, é preciso o convencimento de que não há particularidades ou questões específicas que pudessem ser levadas
em conta. Por isso, é um paliativo, não uma solução”, diz Jorge
Zaninetti, do Siqueira Castro.
Um caso exemplar é o da cobrança de Imposto de Renda e
Contribuição Social sobre Lucro
Líquido (CSLL) de empresa controlada ou coligada no exterior,
cuja repercussão geral já foi reconhecida. O tema foi suscitado
no recurso extraordinário
611586, originado pela Cooperativa Agropecuária Mourãoense.
“Antigamente, a tributação
só ocorria quando os lucros
eram trazidos para o Brasil. Hou-
ve uma alteração na lei e determinou-se que o lucro teria de
ser reconhecido contabilmente
no final do ano e, consequentemente, fica sujeito à tributação”, relembra Zaninetti. O caso já foi decidido para a cooperativa — que perdeu — e, agora,
pode ser estendido para todas
as companhias que têm participação em empresas no exterior.
Alguns ministros
acham que o
Fator Previdenciário
deve ser tratado
como o Seguro de
Acidente de Trabalho
“É um julgamento esperado
há muito tempo e que pode ser
concluído neste ano”, acredita
Cristina Cezar Bastianello, sócia
da área de contencioso do Tozzini Freire Advogados.
Fator previdenciário
Outro dos julgamentos adiados
pelo STF é sobre o FAP (Fator
Previdenciário Acidentário).
As empresas ingressaram com
ações para que fosse declarada a
inconstitucionalidade do fator,
instituído por meio do decreto
6.957, de 2009, que promoveu a
mudança do cálculo da alíquota
do seguro acidente de trabalho,
contrariando o princípio da legalidade tributária.
Em setembro do ano passado, o STF reconheceu a repercussão geral da matéria no recurso extraordinário número
(RE) 684.261. Assim, todos os recursos sobre o tema estão aguardando o julgamento do RE
684.261. Alguns ministros já se
manifestaram, afirmando que o
tema deve ter o mesmo tratamento dispensado ao SAT (Seguro de Acidente de Trabalho).
“Mas os ministros Ayres Brito, Marco Aurélio, Rosa Weber e
Ricardo Lewandowski entenderam, que o caso do FAP é diferente. A ministra Carmem Lúcia e o
ministro Joaquim Barbosa não se
manifestaram. O relator do caso,
ministro Luiz Fux, entende que a
questão já está resolvida com as
reiteradas decisões sobre a constitucionalidade do SAT. Portanto, declarará constitucional o
FAP em seu voto”, aposta Cristina Caltacci Bartolassi, tributarista da Advocacia Lunardelli. “Porém, sua posição não é unânime.
A questão será levada ao plenário. Tudo indica que o tema possa vir a ser tratado de forma diferente e ter uma solução que beneficie os contribuintes.” ■ J.G.
A segurança jurídica é um princípio fundamental para
um país que quer continuar crescendo como Brasil. O ordenamento jurídico nacional precisa ser fator de segurança, afastando qualquer tipo de incerteza quanto à previsibilidade da lei, o devido processo legal e os direitos e garantias fundamentais de todos os cidadãos.
O sistema legal brasileiro tem uma dinâmica que, na
busca de se atualizar e se aperfeiçoar, altera e renova normas legais visando acompanhar as mudanças e os avanços
da sociedade. No entanto, a estabilidade da ordem jurídica nacional é desequilibrada pela nossa cultura legiferante
e sua incalculável capacidade de produzir novas leis.
Por ser um palco de debates e de aprimoramento dos
diplomas legais — onde o legislador, na representação do
povo, busca refletir os anseios da sociedade — o Congresso Nacional é amplamente demandado. Entre as suas atribuições estão a apreciação dos projetos do Executivo e a
elaboração de textos de qualidade, que ajudarão o Judiciário a decidir com base legal sobre os conflitos que lhes
são trazidos.
Contudo, a demora na apreciação de dezenas de Medidas Provisórias e a produção de textos legais que causam
conflitos de interpretações acabam contribuindo para agravar a inseguO sistema legal
rança jurídica nacional,
brasileiro busca
com reflexos negativos
sobre a cidadania e a ecoacompanhar
nomia, além de sobreos avanços da
carregar ainda mais os
sociedade.
tribunais com novos litígios. De 2000 a 2010, o
No entanto,
Supremo Tribunal Fedea estabilidade da
ral julgou quase 3 mil
ordem jurídica
ações diretas de inconstitucionalidade, reconheé desequilibrada
cendo a inconstitucionapela nossa cultura
lidade de 20% das Adins
legiferante e
propostas.
Algumas das MPs que
sua incalculável
aguardam análise de
capacidade de
nossos parlamentares
produzir novas leis
embutem novidades e
alterações legislativas
que contemplam anseios da sociedade, mas que estão com os resultados comprometidos pelo descompasso entre os Poderes Executivo e Legislativo.
Para fomentar o emprego formal, temos a MP 582, que
estendeu para 15 setores da economia a desoneração da folha de pagamentos, substituindo a contribuição previdenciária por alíquota de 1% a 2,5% sobre o rendimento bruto das empresas. Logo depois de editada esta MP, emendas foram apresentadas pela Câmara Federal, ampliando
o número de setores beneficiados.
A medida é louvável, especialmente diante do quadro
de elevada carga tributária, mas os empresários ainda não
potencializaram os possíveis efeitos dela, uma vez que
não há certeza sobre a aprovação da MP e nem mesmo sobre as mudanças que poderá sofrer. Como não há definição, contratar e ampliar o quadro de funcionários neste
momento constitui um impasse para os empreendedores.
Toda nova lei deve buscar contemplar uma perspectiva
republicana, deixando para plano secundário o interesse
parlamentar ou governamental sobre a matéria. Somente, assim, a nova legislação contribuirá para sedimentar a
segurança jurídica nacional, afastando definitivamente a
incerteza e a injustiça e trazendo garantias ao cidadão.
Um arcabouço jurídico estável, capaz de contemplar o
Estado de Direito, a Constituição Federal e as leis infraconstitucionais na regulação das relações em sociedade,
ajudará a sedimentar a ordem jurídica interna e, certamente, atrairá a atenção de novos investidores e contribuirá para impulsionar o fundamental exercício da cidadania. ■
14 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
INOVAÇÃO & GESTÃO
Editor executivo: Gabriel de Sales gsales@brasileconomico.com.br
“Inovar é o caminho para a
empresa perdurar no tempo”
Consultor lembra que não se deve recuar em matéria de inovação, que conta este ano com R$ 8 bilhões da Finep
Jose Pelaez/Image Source
Rafael Palmeiras
rpalmeiras@brasileconomico.com.br
Divulgação
“Falar em inovação é falar de
ideias que muitas vezes só funcionam se tiverem dinheiro investido.” A frase é de André Palma,
presidente da Global Approach
Consulting (GAC) no Brasil, consultoria de recursos para inovação, que informa que as empresas brasileiras precisam conhecer
melhor as oportunidades de financiamento para seus projetos.
Mesmo assim, um levantamento feito pela Amcham, com executivos e consultores da área de
pesquisa e desenvolvimento,
mostra que 66% dos entrevistados informaram que suas empresas já têm uma cultura voltada à
inovação e 19% disseram estar se
André Palma
Presidente da Global Approach
Consulting (GAC) no Brasil
“As empresas vão pisar
fundo no acelerador para
inovar neste ano”
estruturando para implementála num prazo de até dois anos.
E para aqueles que desejam inovar o dinheiro não pode ser considerado como um problema. A Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep) disposta a ampliar o foco
em inovação neste ano anunciou
que vai oferecer recursos de R$ 8
bilhões para as empresas. Segundo o executivo da GAC, atualmente estão disponíveis para as empresas dois tipos de investimentos: os subsidiados pelo governo
ou o crédito fiscal. “Essas ferramentas impulsionam a inovação
dentro das empresas e inovar é
perdurar no tempo”, destaca.
Porém, de acordo com Palma, não são todas as empresas
que utilizam esses recursos disponíveis. “Fizemos um levantamento que mostrou que 50%
das empresas consultadas utilizavam o financiamento. Do restante, muitas delas desconheciam essa possibilidade”, pondera o executivo que em 2012 viabilizou mais de R$ 200 milhões
em projetos de inovação.
E, mesmo em tempos de comportamento modesto da economia brasileira, que cresceu em
torno de 1% em 2012, o executivo destaca que não se deve recuar com os planos de investimento em inovação. “Toda crise é cíclica e as empresas sabem
disso. Cortar a inovação é piorar a situação da empresa. Sem
a inovação não existe competitividade. Acredito que as empresas vão pisar fundo no acelerador quando se tratar de uma iniciativa inovadora.”
Pesquisa mostra que cultura de inovação depende do envolvimento do presidente e lideranças da empresa
De acordo com o Palma, muitos projetos não são aceitos pelas
financiadoras por falta de adequação aos critérios exigidos. “Os
projetos são mal escritos e acabam parados. O governo compreendeu que a inovação tem de
fato que acontecer no Brasil e que
gera grandes benefícios”, alerta.
Desafios
A inovação ganha cada vez mais
espaço dentro das empresas e
os executivos têm papel decisivo para o projeto dar certo.
Dados da Amcham mostram
que para a maior parte dos executivos (97%) a consolidação
de uma cultura de inovação depende diretamente de envolvimento e engajamento do presidente e demais lideranças.
Foram listados como pontoschave também o desenvolvimento e a capacitação das equipes (59%) e a estruturação de
um plano de investimento em
inovação (47%).
Segundo 85% dos entrevistados, o sucesso em inovação passa pelo desenvolvimento estratégico de uma cultura que fomente
o surgimento de novos produtos
e serviços. Ainda de acordo com
a visão dos consultados, a cultura é tão importante quanto o investimento financeiro (44%) e
fundamental para incentivar a
inovação (41%). ■
ALI, do Sebrae, expande atuação no Mato Grosso
Meta do programa em 2013
é atender mil empresas por
meio do programa de inovação
O programa Agentes Locais de
Inovação (ALI), desenvolvido
pelo Sebrae, está atendendo
550 empresas de Cuiabá, Rondonópolis e Sinop, localizadas no
Mato Grosso. A meta do programa é introduzir a semente da
tecnologia e inovação, visando
à competitividade. “As empresas verificaram que para inovar
precisavam melhorar a gestão”,
constata a consultora do Sebrae
no estado, Eliane Chaves.
Ela acrescenta que a presença dos agentes ajuda a identificar onde se pode inovar e cita
exemplos simples, como ouvir
os funcionários e os clientes que
são fontes de informação.
De acordo com o Sebrae, as
empresas atendidas pelo programa buscam melhorias em gestão financeira, visual merchandising, utilização de tecnologia
da informação (TI) e comunicação e marketing.
A meta da entidade em Mato
Grosso para 2013 é atender mil
empresas pelo programa. Eliane destaca que o projeto mostra os caminhos para as empresas buscarem fontes de finan-
ciamentos participando de editais como os do Finep. “Esse é o
caminho para as empresas serem reconhecidas em inovação”, destaca, acrescentando
que cada empresa é atendida
durante dois anos e a partir daí
passam a ter um relacionamento com o Sebrae para dar continuidade ao trabalho.
Dados do Sebrae mostram
que a rede ALI é composta por
20 agentes, cinco consultores e
dois orientadores. Em fevereiro,
será lançado novo edital para nova turma com mais dez agentes
e o projeto será levado também
para Tangará da Serra. “Quanto
maiores as dificuldades, mais
inovador é preciso ser para fazer
o time de colaboradores pensar
estrategicamente, ouvir o cliente e olhar o mercado para se destacar”, diz Eliane. ■
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 15
SUELI BRUSCO
Especialista em
comportamento humano
e diretora executiva
da SimGroup
VAGAS ESCASSAS
Fotos: divulgação
Supervisor de
produção pode
ganhar até R$ 9 mil
Relógio que funciona integrado a smartphones: US$ 10 milhões
“Vaquinha
coletiva” tira
18 mil projetos
do papel
Kickstarter, site americano de
"crowdfunding", somou R$ 650
milhões em investimentos
Pedro Carvalho
www.ig.com
O Kickstarter, maior site de financiamento coletivo dos Estado Unidos, levantou US$ 319,7
milhões (ou R$ 650 milhões, no
câmbio atual) no ano passado,
que ajudaram a tirar do papel
cerca de 18 mil projetos inscritos no portal. O valor representa um aumento de 221% em relação ao registrado em 2011.
O financiamento coletivo,
ou “crowdfunding”, é uma
ideia que ganhou força em
2011, embalada pelo surgimento do Kickstarter.
O usuário cadastra um projeto no site - as ideias vão de curtas-metragens a novas bugigangas eletrônicas - e pede dinheiro para colocá-lo em prática.
Quem colabora pode ganhar
uma recompensa, que vai de vídeos de agradecimento ao próprio produto viabilizado.
O Kickstarter divulga que
2,2 milhões de pessoas ajudaram algum projeto do site em
2012. Pelo menos 50 mil usuários ajudaram dez ou mais projetos, e 452 financiaram 100
projetos ou mais. As doações
vieram de 177 países, ou 90%
das nações do planeta, afirma o
site. A média de doações atingiu US$ 606 por minuto.
Projetos musicais tiveram o
maior número de financiamentos bem sucedidos - o usuário
só embolsa o valor caso atinja o
total pedido, ou precisa devolver as doações, para garantir
que só será dado dinheiro a
ideias que realmente serão colocadas em prática.
Foram mais de 5 mil projetos
do tipo. Mas a categoria que
atraiu mais dinheiro foi “games”, com US$ 83 milhões arrecadados.
Em 2012, 17 projetos arrecadaram mais de US$ 1 milhão no site. O recordista foi o Peeble Watch , um relógio que funciona integrado a smartphones e pode
ser personalizado com vários
aplicativos. A ideia levantou
US$ 10 milhões.
No Brasil, o principal site de financiamento coletivo é o Catarse. O portal já arrecadou R$ 5,6
milhões, que viabilizaram 418
projetos. Outra opção de financiamento coletivo que também
está disponível no país é o Queremos, focado em shows e produções culturais financiadas
por fãs. ■
O profissional, que tem salário
médio entre R$ 6,5 mil e R$ 9 mil,
precisa entender da cadeia
de produção, unir o lado lógico
e o humano para que consiga
lidar com a gestão de pessoas.
Algumas empresas requerem
profissionais especializados
em seu segmento. O tempo
médio do recrutamento pode
levar até 60 dias.
Técnico de campo
com disponibilidade
para viagens
O técnico de campo é um dos
profissionais mais requisitados
em empresas de máquinas,
equipamentos e serviços e podem
ganhar salário de até R$ 4 mil. Ele
é responsável pela manutenção
dos equipamentos de clientes
da empresa a qual trabalha.
A maior dificuldade é encontrar
profissionais para viagens
frequentes, o que faz com que
o recrutamento leve 30 dias.
Achar um consultor
em engenharia leva
até dois meses
O profissional muito requisitado
por conta do conhecimento
técnico na área específica da
consultoria pode ganhar até R$ 8
mil. A maior dificuldade, já que o
tempo de contratação pode levar
até 60 dias, é encontrar quem
tenha conhecimento específico e
que apresente um perfil dinâmico
e agressivo de consultoria, além
da disponibilidade para viagens.
Fonte: Page Personal
Motivação não corrige
má gestão empresarial
Motivar equipes foi definitivamente um dos grandes desafios para muitas empresas em 2012, principalmente
para aquelas que investiram pela primeira vez no desenvolvimento de pessoas e na busca por melhores performances. Essa é uma prática que, aos poucos, se consolida no Brasil e estará em alta em 2013, impulsionando o
setor de incentivos já neste primeiro semestre.
Mas é preciso entender melhor o que é o marketing
de incentivo, para que essa estratégia seja aplicada de
maneira adequada. Resumidamente, o incentivo é definido como uma série de estímulos ao indivíduo, para
que ele alcance resultados ou metas previstas e, consequentemente, seja reconhecido e recompensado pelo
resultado obtido.
Na prática, as empresas buscam fortalecer equipes,
alinhar objetivos e render cada vez mais ao desbravar
novos mercados, mais clientes e melhores performances, por exemplo. Por ser uma ferramenta que pode ser
aplicada dos quadros mais altos de liderança até o departamento de telemarketing, pode-se incorrer em grandes pecados dentro do universo motivacional, como
tentar corrigir problemas de má gestão. No entanto,
por esta não ser a função da ferramenta, ela
não funcionará e, conO marketing
sequentemente, não
de incentivo é um
atenderá às expectatiinstrumento que
vas dos gestores.
Primeiramente, a empode ser aplicado
presa precisa estar bem
a curto prazo para
em termos de gestão, de
buscar resultados
processos e com departasazonais e, por isso, mentos funcionando
adequadamente. Se há
o reconhecimento
desmotivação interna, é
das equipes
preciso verificar os motivos e corrigi-los. De natambém deve
da adianta aplicar uma
ser pontual
campanha de incentivo
para o público interno,
por exemplo, com intuito de corrigir a pontualidade, assiduidade ou qualquer atividade inerente ao contrato de trabalho. Essas são questões que precisam ser corrigidas pelo departamento de Recursos Humanos e não com campanhas de incentivo.
Há aqueles que buscam ainda aumentar as vendas e
usam o incentivo aplicado às equipes comerciais, com
promessas de salários maiores. Promoção hierárquica
ou aumento de salário são decisões de gestão estratégica e dependem de questões que envolvem mérito, capacitação e competência na execução de tais funções, das
quais são perenes e não podem estar ligadas a uma campanha temporária.
Portanto, o marketing de incentivo é um instrumento que pode ser aplicado a curto prazo para buscar resultados sazonais e, por isso, o reconhecimento das equipes também deve ser pontual. Essa prática deve estimular pessoas com programas de reconhecimento que estão fora das questões trabalhistas ou de plano de carreira. Idealize uma campanha de incentivo como um
“plus” na empresa, algo a mais, como uma solução que
vai gerar resultados mais rápidos e pontuais aos negócios. É claro que ela pode se tornar perene, pois nada impede que outra ação seja lançada consecutivamente.
Esse é o cenário ideal, o que já ocorre com as empresas do setor de telecomunicação, que estão muito avançadas nas campanhas de incentivo. O importante é que
ela tenha começo, meio e fim, uma vez que campanhas
curtas, bimestrais ou trimestrais geram comprovadamente melhores resultados.
Não queira motivar uma equipe e recompensar somente no final do ano, certamente ocorrerá uma queda
de rendimento no meio do ano. Transformar metas em
novos negócios e desenvolver talentos é a grande aposta para este novo ano. ■
16 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
EMPRESAS
Editora executiva: Jiane Carvalho jcarvalho@brasileconomico.com.br
Subeditoras: Rachel Cardoso rcardoso@brasileconomico.com.br
Patrícia Nakamura pnakamura@brasileconomico.com.br
Pão de Açúcar se torna
maior que o francês Casino
Dinamismo e bom desempenho do mercado interno faz com que vendas da rede brasileira superem as da matriz
AFP
em queda, o Casino teve de fazer promoções e segurar aumenroliveira@brasileconomico.com.br
to de preços para criar um cliEstá explicada a sede do emprema menos pessimista. Os esforsário Jean Charles Naouri, dono
ços pouco fizeram diferença. As
do Casino, pelo controle total
vendas líquidas da empresa no
do Grupo Pão de Açúcar: no quaquatro trimestre na França tivetro trimestre de 2012, as vendas
ram queda de 3,1%, fechando
da rede de supermercado brasiem ¤ 4,7 bilhões.
leira superaram as da empresa
O Pão de Açúcar, por outro lafrancesa. A diferença é grande,
do, teve um aumento de 9,1%
¤ 1 bilhão a mais em vendas panas vendas no período, para ¤
ra a operação brasileira (já levan5,8 bilhões — mesmo assim, os
do em conta as variações camresultados da empresa brasileibiais ), e ajudou o Casino a mosra ainda foram aquém do esperatrar força frente ao combalido
do pelo mercado, uma vez que a
mercado francês.
velocidade de expansão mosNaouri, dono do Casino, assutrou desaceleração no quatro trimiu o controle da rede brasileimestre, em relação aos demais
ra no dia 22 de junho de 2012,
períodos do ano.
um ano marcado por conflitos e
As vendas no conceito mesvárias iniciativas de minar o pomas lojas do Casino, levando-se
der do empresário Abilio Diniz
em consideração apenas unidano Pão de Açúcar — o que vem
des abertas há pelo menos um
fazendo com
ano, despencaprimor, ao ponram 9,9% no
to de o empre- O PESO DO PÃO
último trimessário brasileiro
tre. No Pão de
Grupo Pão de Açúcar é maior
buscar outras
Açúcar, no enque negócios na França
saídas para
tanto, o cresciseus investi- (receita líquida em € bilhões)
mento foi de
mentos além
5,8%.
do Pão de AçúO Casino fe4ºTRI/2011 4ºTRI/2012
car, como é o
chou o ano
Casino França
3,2
3
caso da BRF
com queda de
1,1
1,1
(ver matéria Franprix
1,6% nas venabaixo).
das na França,
Monoprix
0,54
0,55
Paralelamenmas alta de
4,9
4,7
te, o dono do Total
22,1%, para ¤
Casino enfren- INTERNACIONAL
41,9 bilhões,
tou um clima
nas vendas to3,5
6,9
difícil de negó- América Latina
tais do grupo.
cios na França, Grupo Pão de Açúcar*
Isso porque a
5,7
5,8
agravados pela
rede pode con0,75
0,91
crise financei- Ásia
solidar em seu
ra que se alas- Outros
balanço as ven0,25
0,23
tra na Zona do
das do Grupo
Euro. Com a Fonte: Casino e GPA *Conversão para euro
Pão de Açúcar,
confiança dos pela taxa de câmbio média do período
a partir do dia
consumidores
2 de julho de
Regiane de Oliveira
Naouri, dono do Casino: enquanto vendas caem na França, operação brasileira exibe bom desempenho
2012, com a troca do controle.
O grupo destacou ainda boa performance nos negócios da Viavarejo (Casas Bahia e Ponto Frio)
no resultado do Pão de Açúcar,
principalmente por conta das
medidas de isenção de impostos
para eletrodomésticos do governo brasileiro.
O grupo francês ressaltou em
seu balanço que, caso tivesse se
tornado o controlador da rede
brasileira em janeiro de 2012, as
vendas totais da América Latina
no fechamento em 31 de dezembro teriam sido de € 24,9 bilhões, trazendo o total de venda
do grupo para €47,7 bilhões em
2012. A boa notícia é que a em-
presa ainda vai conseguir capitalizar com essa manobra contábil no primeiro semestre deste
ano. Só no quatro trimestre de
2012, com a consolidação do
Pão de Açúcar, as vendas da
área internacional do Casino representam 63% dos negócios
do grupo, em comparação com
48% no quatro trimestre de
2011, segundo informações divulgadas pela empresa.
Na França, o Casino opera basicamente com cinco grandes
bandeiras — Géant Casino (Hipermercados), Casino supermercados (lojas de conveniência), Franprix - Leader Price
(varejo de desconto) e Mono-
prix (loja de departamento). A
maior queda nas vendas no quatro trimestre ficou por conta da
rede de hipermercados do grupo, com vendas 12% menores
no período. Franprix e Monoprix foram as únicas marcas
com leve alta nas vendas, 1% e
0,7%, respectivamente no período.
Os resultados da Ásia também foram destaque no balanço
do grupo francês. A empresa,
que tem lojas na Tailândia e no
Vietnã, teve vendas de ¤ 916 milhões no quatro trimestre, alta
de 21,2% em relação ao mesmo
período de 2011. No ano, a alta
foi de 17,7% nas vendas. ■
Namoro com Abilio Diniz faz BRF ter de se explicar
BRF nega qualquer mudança
relevante em sua composição
de acionistas na última semana
O namoro entre a BRF e o empresário Abilio Diniz, que, amparado pelo fundo Tarpon, estaria investindo pesado na com-
pra de participação do grupo de
alimentos, criou um mal estar
na Comissão de Valores Mobiliários. E a BRF teve de se explicar.
A companhia informa que
não identificou em sua base de
acionistas, nas negociações realizadas até o dia 9 de janeiro, ne-
nhum acionistas, além dos já reportados, com participação acima de 5% ou mais de seu capital. A BRF informa ainda que
não havia recebido “notificação
a respeito de participação acionária relevante, acordo de votos ou qualquer tipo de opera-
ção de aquisição de ações que
implicasse o atingimento de 5%
ou mais do capital da BRF.”
A companhia é obrigada a informar qualquer tipo de transação que mude sua posição acionária. Segundo informações do mercado, o fundo Tarpon está fazen-
do a aproximação de Diniz com a
BRF, com o objetivo de torná-lo
presidente do conselho de administração. Os recursos para investir na empresa Diniz já tem. Na semana passada, captou R$ 1,5 bi
na bolsa com venda de ações do
Pão de Açúcar. ■ R.O.
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 17
Joel Silva/Folhapress
AVIAÇÃO
Tráfego de passageiros da Latam sobe 10%
A recém-criada Latam Airlines informou que seu tráfego de passageiros
cresceu 10% em dezembro e 7,8% no acumulado de 2012, ambos
em base anual. A Latam Airlines, maior aérea da América Latina,
é resultado da aquisição da Tam pela chilena Lan. Em dezembro, o
tráfego brasileiro de passageiros registrou alta de 10,5%, enquanto
o tráfego doméstico de passageiros excluindo o Brasil subiu 10,6%.
O tráfego internacional de passageiroscresceu 9,6% em dezembro.
Robert Galbraith/Reuters
Walmart planeja
gastar US$ 50 bi
Rede varejista vai comprar bens
adicionais produzidos nos EUA
para impulsionar a economia
Jessica Wohl
Reuters
O Walmart comprará, na próxima década, US$ 50 bilhões adicionais em bens produzidos nos
Estados Unidos de segmentos
como esporte e eletroeletrônicos de última geração, em um
movimento que a maior varejista do mundo considera uma
grande ajuda à economia do
país. O maior empregador do setor privado dos Estados Unidos
disse também que planeja contratar nos próximos cinco anos
100 mil militares veteranos dispensados, em uma época na
qual a taxa de desemprego os
EUA está em 7,8%.
A decisão deve ter uma recepção fria por parte dos críticos à
rede, que a acusam de pagar salários baixos e vender muitos
produtos de países de custos
mais baixos de produção, como
a China. A companhia também
está sob pressão por causa das
políticas de fornecimento, após
um incêndio fatal em uma fábrica de roupas em Bangladesh.
No entanto, a unidade norteamericana do Walmart diz, citando dados dos fornecedores,
que cerca de 60% dos bens que
vende são feitos, originados ou
plantados nos próprios Estados
Unidos.
No ano passado, 55% das vendas do Walmart nos EUA foram
de produtos como bebidas e alimentos, além de cuidados com
saúde e beleza, itens para o lar,
como papel higiênico, e para
animais de estimação. Muitos
desses bens geralmente vêm de
fornecedores locais.
Somente 7% do que o Wal-
Mart vendeu nos Estados Unidos foram de roupas, joias e
acessórios, produtos que varejistas geralmente compram de países de baixo custo.
A preferência que o Walmart
dará a produtos nacionais reflete a recente mudança nas relações comerciais dos Estados
Unidos com o restante do mundo. Durante a recessão de 2007
a 2009, produção e importação
caíram bruscamente. O Produto Interno Bruto (PIB) se recuperou, mas as importações líquidas não, um sinal de que o país
está demandando mais bens e
serviços próprios.
O Walmart dos EUA e o seu
Sam's Club aumentarão as compras de produtos dos Estados
Unidos em categorias como
bens esportivos, roupas básicas, caixas para armazenamento, jogos e produtos de papelaria.
O presidente do Walmart local, Bill Simon, anunciou os planos de gastos e contratação durante uma conferência em Nova
York da Federação Nacional dos
Varejistas (NRF, em inglês).
O Walmart não faz parte da
NRF, grande associação da indústria que ressaltou a importância dos empregos no varejo
norte-americano. A NRF diz
que 25% dos empregos norteamericanos são atribuídos ao setor varejista. Em linha com isso, a companhia, a partir do Memorial Day, em maio, planeja
contratrar 100 mil veteranos
nos próximos cinco anos, decisão que a primeira-dama Michelle Obama apoiou.
“Desenvolvemos uma letargia nacional em que todos nós ficamos esperando que alguém fizesse alguma coisa”, afirmou Simon, que serviu ele próprio durante 25 anos na Marinha.■
Robyn Beck/AFP
Preferência do Walmart a produtos nacionais reflete mudanças
Zuckerberg, do Facebook: investida na seara do Google acontece em parceria com a Microsoft
“Busca social” é nova
aposta do Facebook
Ferramenta é vista por
analistas como tentativa de a
empresa retomar credibilidade
Gabriel Ferreira
gferreira@brasileconomico.com.br
“A próxima grande sacada.”
Foi assim, sem qualquer modéstia, que o Facebook apresentou
ontem a última novidade do site, um sistema de busca social.
“Essa é uma das coisas mais incríveis que já fizemos em nossa
história”, afirmou Mark Zuckerberg, presidente da companhia,
no lançamento da ferramenta.
A expectativa era tanta que, horas antes do anúncio oficial, chegou-se a especular que, enfim,
Zuckerberg iria apresentar o celular do Facebook — um antigo
boato, que até hoje parece estar
distante de se tornar realidade.
Tanto barulho não foi em vão
— mas não tem, necessariamente, a ver com a inovação embutida no novo sistema. “Isso tem
todos os elementos de uma publicidade de alto impacto, uma
tentativa de elevar a credibilidade depois de um processo de
IPO que foi considerado decepcionante”, diz Francisco Rizzo,
analista da Frost & Sullivan.
Batizada de “Graph Search”,
a ferramenta é um sistema de
buscas que toma como base de
dados os conteúdos postados pelos usuários na rede social. Com
isso, é possível que a pessoa en-
contre fotos de amigos em lugares específicos ou restaurantes
recomendados por algum grupo determinado de pessoas, por
exemplo. “É uma nova forma
de se ver as informações”, diz
Zuckerberg. Para as buscas que
a base de usuários do Facebook
não conseguir trazer uma resposta, a empresa fechou uma
parceria com a Microsoft, detentora do sistema de buscas Bing.
Essa parceria indica que,
mais do que entrar em um segmento já dominado pelo Google, o Facebook parece querer
dar um novo passo. “A integração com o Bing deve dar aos
usuários buscas semelhantes às
do Google, porém o ‘Graph Search’ deve conseguir resultados
mais profundos, baseados nas
informações que a empresa detém dos usuários”, diz Rizzo.
Rentabilidade
Desde que o Facebook abriu o
capital na bolsa de valores, em
maio de 2012, Zuckerberg é criticado pela baixa rentabilidade
da empresa. Um dos últimos
Questão da
privacidade é um
dos pontos mais
delicados da nova
ferramenta, mas não
deve afetar resultado
movimentos feitos nesse sentido foi o início da cobrança pelo
envio de mensagens para pessoas que não façam parte da lista de amigos do usuário. O sistema está em fase de testes.
Ao ser questionado sobre o
potencial do “Graph Search” de
trazer mais dinheiro para os cofres da empresa, Zuckerberg
afirmou que esse não é o objetivo principal. “Por enquanto, estamos focando na experiência
dos usuários.” Os executivos da
empresa negam até mesmo que
a ferramenta vá influenciar sobre o atual modelo de publicidade. “As pesquisas feitas não vão
interferir nos anúncios que aparecem para os usuários”, diz
Lars Rasmussen, diretor de Tecnologia do Facebook.
Por trás da afirmação há uma
tentativa de a companhia afastar qualquer ideia de que a ferramenta de buscas é mais um ataque à privacidade dos usuários.
O tema foi retomado durante várias vezes ao longo do anúncio,
sempre com a observação de
que nenhum dado hoje oculto
se tornará disponível. “Desde
que o Facebook surgiu, existe
muita preocupação em torno da
privacidade. Apesar disso, a rede nunca parou de apresentar
um crescimento muito consistente em sua base de usuários.
Não acreditamos que esse tema
vá interferir no sucesso do ‘Graph Search’”, diz Rizzo. ■
18 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Loic Venance/AFP
EMPRESAS
HOTEL E TORRE RESIDENCIAL
Accor e AMC investem R$ 52 mi em Santos
A Accor e a AMC Holding vão construir em Santos, litoral de São Paulo,
um complexo composto por torre residencial e hotel da bandeira
supereconômica Ibis budget. Segundo a Accor, a torre residencial terá
98 apartamentos, enquanto o hotel 168 unidades hoteleiras. O
investimento total da obra é na ordem de R$ 52 milhões, sendo R$ 20
milhões para a construção do Ibis budget. Com esse empreendimento,
a Accor soma 85 hotéis ibis em desenvolvimento no Brasil, 17 em SP.
Piccadilly firma os passos no caminho
para dobrar seu tamanho até 2015
Divulgação
Fabricante gaúcha de calçados aposta na reinvenção da
marca e no lançamento constante de novos modelos
Juliana Ribeiro
jribeiro@brasileconomico.com.br
Reinventar. Essa é a palavra
que define a nova estratégia da
fabricante gaúcha de calçados
Grings S/A, dona da Piccadilly.
Há quase 60 anos no mercado,
a marca, conhecida por ser referência de conforto quando se
trata de calçado feminino percebeu que estava ficando para
trás no quesito modernidade e
investiu na reestruturação da
marca e na inovação de seus
modelos. A mudança que teve
início em 2010 deve fazer a
companhia dobrar de tamanho
até 2015.
Ao que tudo indica, a meta será habilmente superada. Nos
três primeiros anos do “Projeto
Ambição 2015”, como foi batizado o plano estratégico da companhia, o objetivo era crescer
55%, percentual que já está na
casa dos 67%. A empresa, que
no ano passado faturou R$ 410
milhões, almeja atingir R$ 450
milhões em vendas neste ano e
crescer 20% em cada um dos últimos dois anos do projeto.
Ana Clara Grings, diretora comercial da empresa, explica
que a inovação tem sido o combustível do crescimento da Piccadilly nos últimos anos. Um
dos canais de divulgação das
novidades são as feiras, como a
Couromoda em São Paulo, onde a empresa vendeu 200 mil
pares de sapatos no ano passado e neste ano quer ainda mais.
Segundo Ana Clara — neta
do fundador da companhia e filha do presidente Paulo Grings
— a companhia investiu na modernização do design de produtos que eram focados em modelos mais clássicos e estão se reposicionando, aliando o conforto às tendências da moda.
Além disso, a constante atualização do portifólio também ajuda no aumento das vendas, já
que a marca faz lançamentos
mensais de produtos. “Também estamos apostando na participação em nichos carentes
do mercado como o infantil,
com a linha Piccadilly for Gril
se e outra de esporte casual, a
Nice”, diz.
A maior parte da produção
de sapatos da companhia, cerca de 75% é destinada ao mercado interno. No ano passado,
dos 8,8 milhões de pares de calçados fabricados pela Piccadilly em suas seis fábricas, 2,2 milhões de pares foram destinados à exportação. A empresa já
conta com 27 lojas no mercado
internacional, em parceria com
empresários e lojistas que usam
a marca como carro-chefe.
Ana Clara explica que o foco
da companhia continua sendo
calçar os pés das brasileiras,
uma vez que “por ser um
mercado mais estável, temos maior facilidade para
manter o controle e reagir de forma rápida às
oscilações da economia”, diz. Além disso, a crise financeira
PASSOS FIRMES
Principais indicadores
da indústriade calçados
PARES,
EM MILHÕES
VALOR, EM
US$ MILHÕES
PRODUÇÃO
2009
813,6
2010
893,9
2011
819,1
9.485,40
12.345,30
MERCADO PROMISSOR
CONSUMO PER CAPITA
DE CALÇADOS, EM PARES
3,7
4,1
3,8
Piccadilly vendeu 200 mil pares de sapatos na Couromoda 2012
na Europa e Estados Unidos
também faz com que, mais do
que nunca, a Piccadilly foque
suas atenções no mercado onde já está consolidada.
Mas ao que parece, as oscilações nas vendas também tiveram efeito no Brasil. Dados da
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados)
apontam que o consumo per capita de calçados, em 2009 foi
3,7 pares, chegou a 4,1 pares em
2010 e caiu para 3,8 em 2011. A
produção passou de 813 milhões
de pares em 2009 para 893 milhões em 2010 e recuou para 819
em 2011. Desses totais, 56% dos
itens produzidos são voltados
para o mercado feminino. No
mesmo triênio, as importações
cresceram e chegaram a 30 milhões de pares em 2009, 28,7 milhões em 2010 e 34 milhões em
2011. Enquanto isso, a exportação ficou em 126 milhões, 146
milhões de pares e 113 milhões
de pares, respectivamente. ■
Couromoda
reúne 1,1 mil
empresas
Desde segunda feira, expositores,
varejistas e atacadistas se reúnem
no Pavilhão de Exposições do
Anhembi, em São Paulo para a
Couromoda 2013. No ano passado,
a feira, que reúne os lançamentos
do mercado de calçados, bolsas e
acessórios para o outono/ inverno,
reuniu 1.100 empresas e atraiu
cerca de 85 mil visitantes,
incluindo delegações de 64 países.
Entre as três mil marcas presentes
estão Arezzo, Via Marte,
Kildare, Olympikus e Dakota.
De acordo com a organização
da feira, cerca de 35% das
vendas anuais do setor têm
suas negociações iniciadas
nos estandes da feira. J.R.
12.994,70
EXPORTAÇÃO
2009
126,6
1.360,00
2010
143
1.487,00
2011
113
1.296,20
IMPORTAÇÃO
2009
2010
2011
30,4
28,7
34
296,50
304,60
427,80
2009
2010
2011
PARTICIPAÇÃO DA INDÚSTRIA POR REGIÃO, EM %
PRODUÇÃO DE 2011 POR GÊNERO, EM %
Feminino
56
Masculino
21
Infantil
Unissex
VENDAS
VENDAS EXPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO NÚMERO DE NÚMERO DE
EM VALOR EM VOLUME
EM VALOR EM VOLUME EMPRESAS EMPREGOS
SUL
SU
U
34
33
46,1
21,5
40,9
37,1
NORDESTE
NORDEST
35
42,8
41,7
71,3
7,7
35,8
11,6
6,7
48,4
25,9
SUDESTE
SUDES
29,6
23,6
20,1
CENTRO-OESTE
CENTRO-OES
1,3
0,5
0,5
0,4
2,8
1,2
2,9
NORTE
NOR
0,1
0,1
0,02
0,02
0,2
0,1
Fonte: Abicalçados
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 19
Giuseppe Aresu/Bloomberg
AUTOMÓVEIS
Fiat negocia programa de demissões na Itália
A Fiat pediu que o governo italiano aprove um programa de demissões
em sua fábrica em Melfi, no sul da Itália, para que a montadora possa
reestruturar a unidade antes do início da produção de novos modelos.
O programa temporário de demissões, que terá início em 11 de fevereiro
e durará até o fim de 2014, permitirá que a Fiat interrompa as linhas
de produção na fábrica. Melfi, uma das unidades mais importantes da
Fiat na Itália, atualmente produz o modelo Punto. Reuters
Divulgação
Cantora Claudia Leitte
ataca de vendedora
Ela profissionalizou sua
empresa e passou a promover
seus produtos licenciados
Cintia Esteves
cesteves@brasileconomico.com.br
Claudia Leitte agora tem uma
nova profissão: vendedora. A
cantora percebeu que promover seus produtos licenciados é
fundamental para os negócios.
Até pouco tempo, participar
do lançamento destes itens
não fazia parte da agenda da artista. Mas ontem, lá estava
Claudia promovendo sua nova
linha de sapatilhas durante a
feira de calçados Couromoda,
que acontece esta semana na
capital paulista. A postura da
cantora é uma recomendação
de Marco Serralheiro, ex-Serasa Experian, e há seis meses diretor de marketing da 2T’s Entretenimento, a empresa criada para cuidar de todos os negócios da artista.
Claudia também possui um
perfume, em parceria com a Jequiti, e prepara-se para lançar
no final do mês uma linha de esmaltes desenvolvida pela Beauty Color. Até o final do ano, a
meta é ter entre oito e dez produtos assinados pela cantora.
“Estamos em fase de negociação com empresas dos segmentos de beleza, higiene pessoal e
moda”, afirma Serralheiro.
Com a nova ocupação, a semana da artista ganhou o agito de
seus shows de axé. Às segundas e terças, ela concilia os
compromissos pessoais com as
ações voltadas para seus produtos. E de quarta-feira a domingo, a agenda está reservada para shows e apresentações na televisão. Assim como acontece
com grande parte dos cantores, o grosso da receita de Claudia vem dos shows.
FAMA DE VENDEDORA
Conheça algumas das
apostas de licenciamento
de Claudia Leitte
PERFUME
Em parceria com a Jequiti, a
artista lançou a colônia Claudia
Leitte Intense. Trata-se da
terceira fragrância assinada por
ela junto com a marca. Em sua
versão 100 ml, o preço sugerido é
de R$ 69,90
SAPATO
A fabricante Ballasox lançou uma
linha de sapatilhas assinada pela
cantora. São sete modelos
inspirados em seu dia a dia. A
artista também será garotapropaganda dos produtos
ESMALTE
Apaixonada por esmalte para
unha, a cantora também resolveu
ganhar dinheiro com o produto.
Está marcado para o dia 30 de
janeiro o lançamento de uma
linha de produtos em parceria
com a Beauty Color
Fontes: 2T’s e empresas
Serralheiro tem a missão de
fazer os produtos licenciados
responderem por 25% do total
faturado pela artista. Hoje estes
itens não chegam a 5%.
Estratégia
Como todo bom vendedor, Claudia também está mostrando que
acredita em seus produtos e
tem feito uso frequente deles,
diz o executivo. “Assim, além
de ajudar na venda, ela consegue dar um retorno para os fabricantes sobre a qualidade e desempenho deles”.
Todo o esforço da artista
tem por trás a vontade de não
ficar tão dependente dos shows. Pensando nisso, Claudia
profissionalizou a 2T’s no final
de 2012, quando tirou os membros de sua família da direção e
convidou Fabio Neves, ex-executivo da empresa de tecnologia Pitney Bowes, para o cargo
de presidente. Agora, os pais, o
irmão e o marido da cantora fazem parte de uma espécie de
conselho de administração e
dão palpites a respeito de decisões estratégicas.
Formadora de opinião
Serralheiro explica que o público dos produtos assinados por
Claudia não se resume aos fãs.
“O fã compra pelo coração, mas
existe uma parcela maior de
consumidores que admira o estilo de vestir e de se comportar
da cantora. As pesquisas mostram que Claudia é vista como
uma pessoa simpática, engraça-
Meta é que os licenciados representem 25% da receita da cantora
da, bastante família e bonita”,
diz. Um exemplo deste poder
foi visto durante a participação
da artista no programa The Voice Brasil, da rede globo. Durante os quase três meses de duração do reality show, as roupas
usadas pela cantora foram responsáveis por grande parte das
ligações feitas para a central de
atendimento ao telespectador
da Globo. Mas neste caso nenhuma das peças utilizadas levavam seu nome. ■
Comércio eletrônico cresceu 29% no ano passado
Jose Pelaez/Folhapress
Setores que mais venderam
foram os de roupas, acessórios,
cosméticos e eletrodomésticos
iG
www.ig.com
Vendas este ano serão impulsionadas por e-book, música e filme
As vendas do comércio eletrônico brasileiro atingiram a cifra
de R$ 24,12 bilhões em 2012,
um crescimento de 29% em relação ao ano anterior, segundo
a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Os setores que registraram
maior crescimento foram roupas, acessórios, cosméticos e
eletrodomésticos.
“Podemos dizer que os resultados estão aliados ao aumento
do consumo na internet e a entrada de grandes grupos internacionais, como a Amazon,
que trouxe oxigênio para o mercado”, afirma Mauricio Salvador, presidente da ABComm,
por meio de nota enviada à imprensa ontem.
O estudo também aponta
que nove milhões de brasileiros fizeram sua primeira compra online em 2012.
Os dados da ABComm levam
em conta ainda as vendas em sites chamados “market places”, aqueles como Mercado Livre e Rakuten, além de negócios de conteúdo digital, como
o comércio dos e-books.
A expectativa da ABComm para
2013 é de alta, impulsionada pelo consumo bens digitais, como
e-books, músicas e filmes “on
demand”. “O crescimento nas
vendas de tablets e smartphones ajuda ainda nessa evolução”, afirma Salvador.
A tendência é que a competitividade continue aumentando e
que grandes varejistas brasileiros inaugurem lojas online este
ano, além dos investimentos de
players internacionais no país,
que devem continuar ao longo
do ano. “ O consumidor brasileiro está mais confiante pra comprar pela internet. As novas gerações que agora entram no mercado de trabalho, já nasceram
em tempos de internet”. ■
20 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Divulgação
EMPRESAS
AERONÁUTICA
AgustaWestland tem acordo de US$ 560 mi
A AgustaWestland, controlada pela Finmeccanica, conquistou um
contrato de venda de oito helicópteros AW159 Wildcat do governo
da Coreia do Sul, que vai usar os aparelhos para reforçar a frota
da marinha do país. Quatro unidades serão entregues em 2015 e
o restante da encomenda ficará pronta em 2016. O contrato entre
o governo sul-coreano e a Agusta é avaliado em US$ 560 milhões.
Sikorsky e Lockheed Martin participaram da licitação. Bloomberg
Indústria mundial de semicondutores
está mais otimista neste ano
Divulgação
Estudo mostra que 75% dos executivos
entrevistados esperam aumento da
receita neste ano em relação a 2012
Carolina Pereira
cpereira@brasileconomico.com.br
A indústria mundial de semicondutores está mais otimista com
o mercado do que no ano passado. É o que aponta um estudo
feito pela consultoria KPMG
com 152 executivos deste segmento e obtido com exclusividade pelo BRASIL ECONÔMICO. A pesquisa diz que 75% dos entrevistados esperam que a receita neste ano seja maior que no ano
passado, enquanto em 2012 o
percentual era de 63%.
De acordo com Marcelo Gavioli, sócio da KPMG, o crescimento do mercado americano é
um dos fatores que está impulsionando o otimismo mundial
da indústria e o aumento do que
ele chama de “índice de confiança”, já que os Estados Unidos ultrapassaram a China como o
mais importante mercado em
termos de receita. “Além do aumento da demanda por semicondutores, há também uma
mudança tecnológica que está
impulsionando o mercado”,
afirma o executivo.
Ele se refere ao crescimento
de novos usos para os chips, como na área de energia, por
exemplo, com os medidores inteligentes. Além disso, há um
peso maior de telecomunicações, como smartphones e equipamentos de telefonia em geral.
Com isso, o percentual de executivos consultados que esperam
aumentar a força de trabalho subiu de 48% em 2012 para 66%
em 2013. A fatia dos que pretendem crescer os investimentos
em pesquisa e desenvolvimento
também aumentou de 65% para
77% de ano para ano. Além disso, 71% dos que responderam
ao estudo dizem que a lucratividade anual da indústria aumentará neste ano. O otimismo vem
após um ano ruim para a indústria. A estimativa é que este mercado tenha fechado 2012 com
uma receita de US$ 298 bilhões,
segundo dados preliminares do
Gartner, queda de 3% na comparação com 2011.
No Brasil
E o otimismo parece estar atingindo também o Brasil. No final
do ano passado, o Ministério do
Desenvolvimento anunciou a
construção de uma fábrica de
chips em Minas Gerais que demandará investimento de R$ 1
bilhão e terá entre seus sócios a
multinacional IBM e o Grupo
Marcelo Gavioli, da KPMG: índice de confiança da indústria de chips está em alta com novo cenário
EBX, do empresário Eike Batista. A empresa é a Six Semicondutores, que contará com financiamento de R$ 267 milhões do
Banco Nacional de Desenvolvi-
O QUE PENSAM OS EXECUTIVOS PARA 2013
Pesquisa aponta recuperação da indústria de
semicondutores neste ano
Esperam aumento na força de trabalho
Esperam crescimento nas fusões e aquisições
Esperam aumento nos gastos com pesquisa e desenvolvimento
Esperam que o crescimento da receitas da empresa seja maior
2012
48%
62%
65%
63%
2013
66%
66%
77%
75%
Fonte: KPMG
mento (BNDES), tem previsão
de início da produção para 2014
e terá como foco aplicações para as áreas industrial e médica.
As companhias, no entanto,
não dão mais detalhes.
A primeira iniciativa do gênero a surgir no país foi o Ceitec,
estatal vinculada ao Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) focada no desenvolvimento e produção de circuitos integrados para RFID (identificação por radiofrequência) e
aplicações específicas. A empresa, em Porto Alegre, tem o papel estratégico de desenvolver a
indústria de microeletrônica no
Brasil. O país, no entanto, não é
uma exceção mundial na escassez de produção local de chips.
Segundo Gavioli, atualmente a
produção está concentrada principalmente na Ásia (Coreia e
China) e Estados Unidos, obrigando a maioria dos países a depender da importação.
Os semicondutores representam 13% do total de importações de eletroeletrônicos, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica (Abinee). A expectativa é que, a partir de 2014,
com a chegada da Six, o percentual possa cair. ■
Videogame da Disney terá personagens de filmes
Plataforma Infinity é o maior
projeto de jogos da empresa, em
termos de personagens e custo
Christopher Palmeri
Bloomberg
A Walt Disney Corporation
anunciou um videogame que reduz o custo de desenvolvimento ao incorporar personagens
de diferentes filmes no mesmo
jogo. A novidade é uma tentativa de melhorar os resultados da
divisão interativa da empresa.
A plataforma Infinity inclui
uma unidade que se conecta a
computadores e consoles de jogos, informou a empresa. Figuras de plástico posicionadas em
cima da unidade aparecem na
tela do videogame quando os jogos são executados. A empresa
venderá os personagens, assim
como discos que acrescentam
cenários e funcionalidades. Um
kit inicial com a base e três personagens custará US$ 75.
Com o Infinity, a Disney será
capaz de adicionar conteúdo
sem desenvolver novos jogos
do zero cada vez que lançar um
filme, segundo John Pleasants,
co-presidente da divisão interativa. Isso é crítico para a divisão
que o presidente do conselho e
presidente da empresa, Robert
Iger, prevê que será lucrativa
em 2013, após perdas de US$ 1,6
bilhão nos últimos seis anos.
Pleasants, que chegou à Disney com a aquisição do fabricante de jogos sociais Playdom
em 2010, pediu a seus designers para “pensar grande” no
desenvolvimento do sistema,
segundo John Blackburn, vicepresidente da unidade Avalan-
che Software, da Disney.
O Infinity é o maior projeto
de jogos da Disney, em termos
de custo e personagens envolvidos, afirmou Blackburn,
sem dar informações financeiras. O lançamento inicial envolverá 20 personagens da Disney e da Pixar. As aventuras
no novo videogame ficarão a
critério do jogador, afirmaram
os executivos. Capitão Jack
Sparrow, de “Piratas do Caribe”, poderia ir a missões com
Buzz Lightyear, um dos personagens de “Toy Story”, usan-
do a carruagem da Cinderella.
A plataforma Infinity estará à
venda em junho e é similar aos
jogos “Skylanders”, da Activision Blizzard, que gerou
US$ 500 milhões em vendas de
jogos e merchandising no ano
passado. A Disney está mudando de direção à medida que as
vendas de videogames tradicionais caíram. As vendas de software para videogame caíram
26%, para US$ 1,54 bilhão em
2012. A empresa lançou seis títulos para consoles no ano passado, ante 23 em 2010. ■
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 21
Alastair Miller/Bloomberg
TELECOMUNICAÇÕES
Regulador da França se opõe a fusões
O regulador antitruste da França se opõe a fusões no setor de
telecomunicação, disse o presidente dele, Bruno Lasserre, ao jornal
Le Figaro. A Iliad e a Vivendi procuraram autoridades de concorrência
para tratar de uma possível fusão das unidades de telefonia móvel,
segundo a rádio BFM no início do mês. Questionado se o regulador
bloquearia as fusões Lasserre respondeu: “Não tenho que me posicionar
em casos que são apenas hipóteses. Mas sou contra tais fusões”.
Java oferece riscos,
alertam os EUA
Receita da SAP fica
abaixo do esperado
Hannelore Foerster/Bloomberg
Resultado do grupo nos três
meses encerrados em dezembro
subiu 12%, para ¤ 5,06 bilhões
Reuters
redacao@brasileconomico.com.br
A produtora alemã de software
corporativo SAP divulgou ontem receita de quarto trimestre
abaixo do esperado, não acompanhando o desempenho da
norte-americana Oracle, sua
principal rival.
A SAP, sob comando de Bill
McDermott, informou que a receita do grupo nos três meses
encerrados em dezembro subiu
12%, para ¤ 5,06 bilhões, abaixo dos ¤ 5,17 bilhões esperados
por analistas, segundo pesquisa
da Reuters. O lucro operacional
cresceu mais lentamente que a
receita, avançando 10%, para ¤
1,96 bilhão. Com isso, a margem de lucro operacional da
SAP recuou 0,8 ponto percentual, para 38,8%.
“Depois da notícia de que a
principal rival deles, Oracle,
Bill McDermott, da SAP: comparações com a principal rival Oracle
conseguiu superar expectativas, muitos investidores esperavam que a SAP poderia seguir o
exemplo”, disse Markus Huber,
da ETX Capital. “Mesmo ficando abaixo do esperado por uma
pequena margem, e apesar deles terem tido um excelente ano
no geral, os investidores estão
manifestando decepção ”, acrescentou Huber.
A Oracle divulgou no mês passado que a receita trimestral
com vendas de software teve alta de 17% e previu vendas fortes
em 2013. A SAP deve divulgar
resultados financeiros completos em 23 de janeiro. ■
Livraria Cultura amplia
oferta de e-readers da Kobo
Rede anuncia disponibilidade de
mais dois modelos concorrentes
do Kindle, produto da Amazon
Reuters
redacao@brasileconomico.com.br
Em novembro a Livraria Cultura deu início a sua mais nova
aposta para elevar as vendas de
livros eletrônicos no país. A rede começa a comercializar o
e-reader da fabricante Kobo,
um dos concorrentes do Kindle, da Amazon, e se torna a primeira parceira da companhia canadense no Brasil. Agora, a empresa intensifica a aposta no
mercado digital e disponibiliza
mais dois modelos do leitor,
que serão vendidos a partir de
22 de janeiro.
O Kobo Mini, que pesa 134
gramas e tem tela de 5 polegadas, será vendido por R$ 289 e
fará frente com o Kindle, da
Amazon, que chegou ao mercado brasileiro em dezembro
por R$ 299 no site do PontoFrio.com e nas lojas da Livraria da Vila.
O outro modelo da Kobo, o
Glo, tem tela de seis polegadas e
custará R$ 449. No caso deste
modelo, o diferencial é a luz voltada para ler no escuro.
Todos os dispositivos da Kobo têm tecnologia e-ink — que
imita o papel convencional com
impressão eletrônica de textos
e imagens — e tela sensível ao
toque. Com os lançamentos a
Livraria Cultura pretende impulsionar a venda de conteúdo digital. A rede conta com um acervo de cerca de um milhão de livros eletrônicos, sendo 12 mil
em português. O Kobo têm tecnologia e-ink. ■
de cartões de crédito e cometem outros tipos de crime de
computação.
A plataforma de software Java, criada na metade dos anos
Reuters
90, permite que desenvolvedoredacao@brasileconomico.com.br
res escrevam códigos de softwaO Departamento de Segurança
re que funcionam tanto em comInterna dos Estados Unidos alerputadores com o Microsoft Wintou que a atualização de segudows quanto nos Macs da Apple
rança do Java para navegadores
e nas máquinas que rodam o Lide internet não é o bastante panux. Embora alguns especialisra proteger os computadores e
tas venham alertando há muito
manteve a orientação de desabitempo que o software tem bugs,
litar o programa da Oracle.
o Java começou a receber mais
“A menos que seja absolutacríticas no ano passado depois
mente necessário
de problemas de seoperar o Java em na- Departamento gurança surgidos
vegadores, desabiliagosto.
de Segurança em“Não
tem-no”, afirmou o
é como se
recomenda
Departamento de Seo Java tivesse ficagurança Interna no
do inseguro de redesabilitar o
próprio site.
É inseguro
programa da pente.
A produtora de
há anos”, disse
Oracle
software disponibiliCharlie Miller. Ele
zou uma atualizaé engenheiro de
ção para o Java no domingo,
computação do Twitter exdias depois que o governo fez o
consultor de segurança de
primeiro alerta sobre o softwagrandes empresas e ex-analisre, afirmando que defeitos no
ta do Departamento de Seguprograma estavam abrindo brerança Interna.
chas para roubo de identidade
O Java foi responsável por
e outros crimes.
50% dos ataques cibernéticos
Especialistas em segurança
em que hackers invadiram
alertaram que os computadores
computadores explorando vulque operam com Java nos navenerabilidades no software, em
gadores podem ser alvos de cri2012, de acordo com a Kasperminosos que roubam números
sky Lab. ■
Atualização de segurança do
programa da Oracle não seria
suficiente para proteger PCs
MercadoLivre e Correios
se unem para entregas
Parceria prevê melhores
tarifas de frete para produtos
negociados na plataforma
Reuters
Divulgação
Duas novas versões serão disponibilizadas no mercado brasileiro
redacao@ brasileconomico.com.br
O site de compra e venda online MercadoLivre anunciou ontem uma parceria com os Correios por meio da qual vai oferecer melhores tarifas de frete
para produtos negociados na
plataforma, num momento em
que o segmento de comércio
eletrônico tem a logística como principal entrave, causando problemas de entregas para
muitas empresas.
Segundo a companhia, o MercadoEnvios é o primeiro serviço de tecnologia de administração de envios no Brasil.
Com adesão opcional e gratuita aos vendedores, o serviço oferece um calculador de frete na
página do anúncio do produto,
permitindo ao comprador escolher entre entrega normal ou expressa. O comprador também
tem a opção de utilizar um serviço em que o frete é pago ao MercadoLivre que, por sua vez, administra diretamente com os
Correios a melhor tarifa.
“O custo do envio fica bem
mais acessível ao consumidor,
pois negociamos com base no
volume gerado por milhares de
vendedores profissionais, não
apenas um”, afirmou o diretor
geral do MercadoLivre para o
Brasil, Helisson Lemos. Segundo ele, o serviço já está disponível em todo o país.
A ferramenta permite também o rastreamento do pedido
por meio de código gerado pelos Correios.
Anteontem os Correios anunciaram o Sedex 12, um novo serviço de entrega rápida. ■
22 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
David Paul Morris/Bloomberg
EMPRESAS
AUTOMÓVEIS
Pressão de concorrência afeta Hertz
A companhia de aluguel de carros Hertz disse que a Europa foi “mais
desafiadora” que o esperado no quarto trimestre e que não há sinais
de recuperação econômica no continente. Além disso, a política de
preços para turistas de negócios nos aeroportos dos EUA permanecem
sob pressão com a concorrência. A companhia espera que a receita
na Europa seja estável em 2013. A Hertz, que comprou a rival Dollar
Thrifty, espera que a aquisição seja “neutra” para os ganhos.
Com jipinho, Honda será concorrente
forte na briga entre EcoSport e Duster
Montadora japonesa apresenta o Urban, que vai chegar ao Brasil em 2015 e deve ser produzido no México
James Fassinger/Reuters
Karina Simões
iG.com.br
O consumidor brasileiro terá
mais uma novidade. A Honda
apresentou no Salão de Detroit
o seu utilitário esportivo, Urban, que vai brigar diretamente
com o renovado Ford EcoSport
e o Renault Duster. O jipinho deverá chegar ao país em 2015.
A primeira versão do novo
modelo da marca japonesa, no
entanto, só estará à venda nos
Estados Unidos em 2014 e a
aposta é que seja produzida na
fábrica que a montadora mantém no México. Aliás, para atender os dois maiores mercados
das Américas, a estratégia mais
eficaz é utilizar as linhas de
montagem mexicanas, já que o
país é vizinho dos americanos e
mantém com o Brasil um acordo automotivo que prevê isenção das taxas para importação.
Segundo a montadora, no Brasil o carro será uma versão “mini” do CR-V, em questão de tamanho e também de preço. Em
termos de estilo, há muito do sedã Accord na sua dianteira e
também lembra o futuro Peugeot 2008, que deve chegar ao
Brasil em 2014. O SUV mede
Segundo a Honda, o Urban SUV será uma versão “mini” do CR-V, modelo já vendido no Brasil
4.30 metros de largura, sendo
20 cm mais longo que o Fit e 23
cm mais curto que o CR-V. A
marca ainda confirmou que novo crossover vai utilizar um dos
novos motores da família Earth
Dreams, um I4 de 1.5 litros combinado com uma transmissão
CVT, continuamente variável.
Como já foi dito anteriormente, o Urban SUV Concept é a
aposta da Honda no segmento
de crossover compactos e expande sua linha de compactos globais, que incluem o Fit e o City.
O plano da marca, com ajuda desse novo modelo, é dobrar suas
vendas até o final de 2016 — a
marca produz atualmente cerca
de 1,5 milhão de carros por ano.
A nova geração do Fit deve
chegar ainda antes do novo crossover. Ambos serão montados
na nova fábrica da Honda no México, que deve entrar em operação em meados de 2014. Um novo sedã, que ainda não foi divulgado, também deverá usar a base do monovolume compacto.
A fábrica de Sumaré, no interior de São Paulo ainda espera
por um novo modelo. Já que a
maior parte da produção do sedã City foi transferida para a Argentina, onde a Honda fez um
investimento para ampliação
da capacidade instalada.
Aqui no Brasil, a montadora
japonesa deverá começar a produção de um compacto. Assim,
a empresa vai entrar forte em
dois segmentos importantes no
mercado brasileiro, o de carros
pequenos e de entrada e o de utilitários esportivos.
No segmento de SUVs a briga
será boa. O Duster, lançado em
2011, em um ano de mercado assumiu a liderança com 17,16% de
participação, 46,8 mil unidades.
O EcoSport, mesmo com a revitalização, vendeu 38,2 mil carros,
14,01% de participação. ■
Rebecca Cook/Reuters
Maserati
apresenta
novo sedã
Quattroporte
Nissan vai reestilizar Tiida
para disputar com Honda Fit
Marca japonesa também trará
para o mercado brasileiro o
sedã Altima e o novo Sentra
Ricardo Meier
Modelo “família” inicia
renovação da marca, que ganha
SUV e carro mais barato
www.ig.com
iG
www.ig.com
A italiana Maserati, marca de luxo controlada pela Fiat, apresentou ontem, no Salão de Detroit,
a nova geração do sedã de luxo
Quattroporte. O modelo começará a ser vendido no mercado
europeu em fevereiro pelo preço inicial de ¤ 110 mil (cerca de
R$ 299 mil, sem contar impostos brasileiros).
Segundo a marca italiana, este carro faz parte de um plano
de expansão bastante ambicioso que pretende aumentar a pro-
Quattroporte, versões a partir de ¤ 110 mil (R$ 299 mil)
dução anual de 7 mil veículos
atuais para 50 mil unidades até
2015. O grande trunfo da montadora é a concepção de um carro
menor, considerado “de entrada”, chamado Ghibli, que deve
ser apresentado ao mercado no
fim deste ano. Em 2014, a Maserati deve lançar seu utilitário Levante - carro que, para uns,
mancha a tradição da italiana,
famosa por seus modelos esportivos arrojados e que transportam apenas duas pessoas.
A Fiat deve investir US$ 1,6 bilhão até 2014 no desenvolvimento dos novos carros da Maserati e na construção de uma
nova linha de produção na Itália. Juntas, Maserati e Ferrari
(também da Fiat) vendem 10
mil unidades por ano. ■
Quando chegou ao Brasil, em
2007, o Tiida já causava uma certa dúvida sobre sua natureza. Seria um hatch ou uma minivan?
Apesar de alguns traços familiares, o modelo da Nissan era mesmo um hatch que tem feito uma
boa carreira em nosso mercado,
mesmo enfrentando nomes de
peso como o Focus e o i30.
Mas essa fase tem data para
acabar. Provavelmente, no segundo semestre deste ano, o
atual Tiida sairá de cena para a
chegada da nova geração que,
ao contrário, tem personalidade definida: trata-se de um monovolume familiar.
A chave desse mistério res-
ponde por Versa Note. O novo
“Tiida” está no Salão de Detroit
e deve começar a ser vendido
nos Estados Unidos nos próximos meses.
Para se distanciar da minivan
Livina, o novo Tiida terá um apelo mais esportivo e ousado. O
preço também deverá ser superior. O estilo, aliás, é bem
atraente, até superior ao do Fit,
seu futuro rival direto.
O modelo pode até ser importado do México, mas é quase certo que ele será o terceiro produto da nova fábrica da Nissan em
Resende, no Rio de Janeiro, onde já está prevista a fabricação
do March e do Versa sedã.
Enquanto o Tiida não muda, a
Nissan prepara o lançamento de
dois novos sedãs no Brasil. O Altima, que brigará no segmento
do Fusion, e o Sentra, que volta
ao mercado renovado e com linhas mais modernas. ■
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 23
Ag. Petrobras
FINANCIAMENTO
Petrobras assina acordo com Noruega
A Petrobras assinou memorando de entendimentos com Agência de
Crédito à Exportação da Noruega que prevê a oferta de até US$ 1 bilhão
em crédito para exportações de empresas norueguesas à estatal.
O documento foi assinado pelo diretor financeiro da Petrobras,
Almir Barbassa, e a presidente do Garanti-Instituttet for Eksportkreditt
(Giek), Wenche Nistad, na sede da companhia, no Rio de Janeiro.
Outro acordo semelhante já havia sido assinado em 2010. Reuters
Matthew Lloyd/Bloomberg
Anglo para jazidas de platina
Mineradora vai cortar 14 mil
empregos e vender uma
mina na África do Sul
Reuters
redacao@brasileconomico.com.br
Tom Albanese, presidente da companhia: crescimento retomado
A Anglo American Platinum
(Amplats), maior produtora de
platina no mundo, vai paralisar
duas minas na África do Sul,
venderá uma jazida e cortará 14
mil postos de trabalho para restaurar sua lucratividade, decisão que pode repetir as greves
que no ano passado resultaram
em 50 mortes.
Na esperada revisão de negócios anunciada pela empresa ontem, a produtora de platina afirmou que planeja cortar a produção em cerca de 20%, para 400
mil onças (pouco mais de 11 to-
neladas do produto). A Anglo
American Platinum é controlada em 80% pela Anglo American. O preço da platina subiu
1,6% ontem nas bolsas de commodities, superando o ouro pela primeira vez em dez meses,
após o anúncio.
A resposta dos trabalhadores
foi imediata, com o líder sindical da Amplats ameaçando
anúncio de greve nas operações
sul-africanas.
“Se colocarem qualquer mina em manutenção, todas as
operações vão parar. Não aceitaremos nada disso”, afirmou o líder sindical Evans Ramogka,
que responde pela base da cidade de Rustenburg, onde haverá
a maioria dos cortes. Os 14 mil
postos que serão cortados representam 3% dos empregos em
China puxará
produção
da Rio Tinto
Mineradora planeja ampliação de
15% neste ano, após salto para
253 mi de toneladas em 2012
James Regan
Reuters
A mineradora global Rio Tinto
planeja aumentar a produção
de minério de ferro em 15%
neste ano, após um salto para
253 milhões de toneladas em
2012, acima da própria meta,
tendo em vista que a recuperação da demanda chinesa favoreceu os preços.
A segunda maior produtora
mundial de minério de ferro,
após a Vale, manteve um agressivo plano de expansão em minério de ferro apesar de receios
sobre a China — maior compradora mundial da commodityterem assombrado o mercado
em 2012. “Os mercados continuam voláteis, mas nosso negócio continua a ter boa performance”, afirmou o presidente
Tom Albanese no anúncio dos
resultados do quarto trimestre.
A Rio Tinto previa produzir
250 milhões de toneladas de minério de ferro em 2012 após 245
milhões no ano anterior. A companhia, que garante no minério
de ferro mais de 60% de sua receita, resistiu aos cortes de plano de expansão apesar de um
longo período de fraqueza no se-
tor no ano passado, por acreditar que seus minérios de qualidade e baixos custos operacionais renderiam margens de lucro ao longo do ciclo.
Ao mesmo tempo, Albanese
avisou que a companhia terá
pouca tolerância com negócios
de resultados abaixo da média.
A companhia já isolou a divisão
de alumínio — a mais custosa —
sob a guarda da Pacific Aluminium, na esperança de uma venda total ou parcial.
O UBS prevê que a Rio Tinto
terá uma queda no lucro antes
de juros e impostos em 2012 para US$ 13 bilhões, ante US$ 15,3
bilhões em 2011, após o preço
do minério de ferro ter ficado
sob pressão em boa parte do
ano. No mês passado, o preço
do minério se recuperou em
30%, apesar de outro rali ainda
depender da demanda da China neste ano.
A Rio Tinto prevê uma produção anual de 290 milhões de toneladas até o fim de 2013 antes
de passar para 360 milhões mediante aprovação do conselho.
Esses números já consideram as
minas de minério no Canadá. A
companhia disse ter a maioria
das aprovações de conselho para aumentar a produção para
360 milhões de toneladas, com
o que passaria a Vale como
maior produtora mundial. ■
mineração na África do Sul, onde a taxa de desemprego é de
25%. Na segunda-feira, a companhia avisou que provavelmente terá prejuízo por causa das
greves em 2012, centradas em
Rustenburg.
A companhia disse que duas
minas em Rustenburg — Khuseleka e Khomanani — serão colocadas em “manutenção e cuidado de longo prazo”, quando as
minas são mantidas, mas não
operadas, para que possam ser
retomadas no futuro.
A companhia também anunciou que fará “desinvestimento
nas minas Union no momento
adequado para maximizar o valor sob outra administração”. A
Reuters tinha adiantado na segunda-feira que a companhia
venderia a Union. ■
Nadine Hutton/Bloomberg
Companhia também anunciou que fará desinvestimentos em algumas reservas para fazer caixa
Gafisa e Brookfield mostram recuperação
Tanto em lançamentos quanto
em vendas as empresas
apresentaram dados positivos
Reuters
redacao@brasileconomico.com.br
Os investidores receberam bem
os dados operacionais para 2012
divulgados por Gafisa e Brookfield Incorporações, com as
ações de ambas registrando forte valorização ontem. A Gafisa
registrou alta de 6,12%, negociada a R$ 5,20, enquanto os papéis da Brookfield subiram
5,46%, para R$ 3,86.
A Gafisa informou, na noite
de segunda-feira, que os lançamentos atingiram R$ 1,49 bilhão no quarto trimestre e fecharam 2012 em R$ 2,95 bilhões, perto do ponto máximo
da estimativa revisada para o
ano, de R$ 2,4 bilhões a R$ 3 bilhões. Em relação ao quarto tri-
mestre de 2011, os lançamentos
dispararam 156%, refletindo a
estratégia de recuperação adotada pela construtora e incorporadora desde o final de 2011,
após ter suas operações prejudicadas pela Tenda. “Vemos o resultado como mais um sinal positivo de que a recuperação da
Gafisa está em curso”, afirmou
a equipe do Bank of America
Merrill Lynch, em nota.
Já a Brookfield, embora tenha apurado queda tanto em
vendas quanto em lançamentos, conseguiu cumprir as esti-
A Gafisa informou
que os lançamentos
fecharam 2012 em
R$ 2,95 bilhões, perto
do ponto máximo da
estimativa revisada
mativas — também revisadas
— para o ano.
Os lançamentos somaram
quase R$ 3,1 bilhões, pouco acima do ponto mínimo da previsão traçada pela incorporadora. As vendas, enquanto isso,
atingiram R$ 3,4 bilhões, dentro da projeção de R$ 3 bilhões
a R$ 3,5 bilhões.
“Os números divulgados foram bem recebidos pelo mercado, sendo a Gafisa a surpresa positiva com forte desempenho
em lançamentos e consumo de
caixa”, afirmou o analista Guilherme Rocha, do Credit Suisse,
em relatório. Quanto à Brookfield, Rocha recomendou cautela, apesar do cumprimento da
estimativa, considerando que a
empresa deve levar mais de um
ano para se recuperar e que a
elevada alavancagem pode resultar em uma nova rodada de
capitalização. ■
24 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 25
Michele Tantussi/Bloomberg
EMPRESAS
AVIAÇÃO
Air Berlin demitirá 900 e vai reduzir frota
A Air Berlin vair demitir 900 funcionários, ou 10% da força de trabalho.
A terceira maior companhia aérea de baixo custo da Europa vai
também reduzir os aviões em operação (de 158 para 142) para
alcançar economias de ¤ 400 milhões até o fim de 2014. O plano
de recuperação da companhia, que começou em outubro, reforçará
suas rotas principais e adotará um modelo mais rigoroso de controle
de seus negócios. Bloomberg
Simon Dawson/Bloomberg
Vendas do Burberry Group
sobem 7% no 3º trimestre
Chris Ratcliffe/Bloomberg
Faturamento alcançou
US$ 985 milhões, segundo
nota divulgada pela empresa
Andrew Roberts
Bloomberg
O Burberry Group, maior produtora de artigos de luxo do Reino
Unido, registrou vendas 7%
maiores no terceiro trimestre
fiscal em relação ao ano anterior, ultrapassando as expectativas de analistas. No período, as
vendas alcançaram US$ 985 milhões, de acordo com nota divulgada pela empresa.
“Estes resultados podem reacender o otimismo da companhia após a queda nas vendas
em setembro. A Burberry parece ter sido mais penalizada com
a crise econômica do que as outras grifes na época”, disse em
nota Kate Calvert, analista da
Seymour Pierce.
Um aumento de 13%nas vendas do varejo, liderado por
maior interesse por produtos de
luxo, mais do que compensaram o fraco desempenho da unidade de vendas por atacado que
levou a Burberry a cortar a previsão de receita desta divisão.
Modelos clássicos responderam
por cerca de metade do cresci-
Empresa é maior produtora de artigos de luxo do Reino Unido
mento nas vendas do varejo.
A Burberry se beneficiou “de
uma semana particularmente
forte nos preparativos para o Natal” em um trimestre difícil,
afirmou a presidente Angela
Ahrendts, em comunicado.
As vendas subiram 16% na região Ásia-Pacífico, lideradas
por Hong Kong e China, e avançaram 4% na Europa e o mesmo
percentual nos Estados Unidos,
excluindo efeitos cambiais, informou a Burberry. Coréia e Itália permaneceram fracas, segundo a companhia.
“Os padrões de negociação
ainda são muito irregulares”,
afirmou a diretora financeira da
empresa, Stacey Cartwright,
em entrevista por telefone. Ainda assim, mais clientes estão
comprando nas lojas, ao invés
de apenas olhar e a Burberry está “confiante graças à recuperação” na China, acrescentou a
executiva.
As vendas da divisão de atacado caíram 5% devido a vendas
mais baixas para pequenas contas especiais na Europa. A receita da unidade nos seis meses
que terminarão em 31 de março
cairá para um dígito, excluindo
variações cambiais, informou a
empresa. Previamente, a Burberry estimou vendas no atacado praticamente inalteradas no
segundo semestre.
“Há uma maior preocupação
da nossa parte sobre a robustez
de credito para algumas dessas
contas na Itália”, disse Cartwright. "Estamos tomando uma atitude muito prudente”. Vendas
em lojas de departamento e aeroportos fora da Europa devem
manter o crescimento. A receita proveniente de licenciamento subiu 4%, excluindo variação cambial, disse a empresa,
mantendo sua previsão para
vendas em todo o ano, que devem ficar inalteradas. ■
Carl de Souza/AFP
Dona da Gucci
volta às compras
Francesa PPR adquire a marca
britânica Christopher Kane,
avaliada em US$ 27 milhões
Bloomberg
redacao@brasileconomico.com.br
A francesa PPR, dona da marca Gucci, comprou 51% da grife britânica Christopher Kane, construindo uma coleção
de etiquetas de luxo que deseja controlar em seu portfólio.
O conglomerado francês vai
ajudar a Christopher Kane —
que é distribuida apenas para
lojas multimarcas — a acelerar
seu crescimento, de acordo
com nota distribuida ontem
pela empresa.
No mês passado, a PPR comprou uma participação na joalheria chinesa Qeelin, mas não
informou qual o valor desta
aquisição.
Os ativos da Christopher Kane valem cerca de US$ 27 milhões, de acordo com estimativas do analista Thomas Mesmin,
da CA Cheuvreux. A compra encaixa-se na estratégia da PPR,
que mira aquisições de grifes de
médio porte. A media vem sendo tomada pelo conglomerado
fashion há tempos, desde quando comprou o controle de outras
marcas britânicas, como a Alexander McQueen e Stella McCartney. Com o respaldo da PPR, as
grifes ganharam força global.
Essas não devem ser as únicas aquisições da PPR no curto
prazo, de acordo com Alexis Babeau, diretor de marketing da
holding durante teleconferência com investidores. A empresa está reorganizando suas operações para concentrar seus esforços em marcas de luxo e de
acessórios esportivos, com o ob-
PPR, controladora de grifes como a Gucci: de olho em aquisições
jetivo de atingir faturamento de
¤ 24 bilhões até 2020. A empresa tem ainda em seu portifólio
marcas como Bottega Veneta e
Puma. A empresa está se desfazendo de ativos que não se encaixam neste perfil. “Não podemos revelar nossos próximos alvos”, disse o executivo. “Estamos buscando por marcas que
complementem nossas linhas”.
O escocês Christopher Kane,
dono da marca que leva seu no-
me, tem 30 anos e criou a marca em 2006. Um dos jovens talentos da moda atual, Kane trabalhou na Versus (uma das etiquetas da Gianni Versace) até o
ano passado.
Cerca de metade das vendas
da grife de Kane são realizadas
na Europa. O escritório está instalado em Londres e tem 26 funcionários. A marca deve ganhar
lojas próprias a partir de 2014,
diz a PPR. ■
HMV: já foi dona do selo Beatles
Deloitte vai
administrar a
falida HMV,
da Inglaterra
Rede de lojas de discos e
DVDs enfrenta a pesada
concorrência dos downloads
AFP
redacao@brasileconomico.com.br
A cadeia britânica de lojas de
música HMV declarou default,
o que faz temer pelos mais de
4.000 empregos nesta mítica
empresa. A consultora Deloitte
assumirá a administração do
grupo, que é o último grande
distribuidor britânico a tentar
encontrar um comprador.
“O conselho de administração lamenta anunciar que não
conseguiu alcançar uma posição na qual possa continuar comercializando sem uma proteção de insolvência”, segundo o
comunicado da empresa. A figura de supervisão judicial permite a uma empresa em dificuldade receber ajuda de especialista
financeiro independente para
continuar sendo operacional enquanto buscam comprador.
Fundada há 92 anos, a His
Master’s Voice (“A voz do dono”), mais conhecida como
HMV, como outros grupos especializados, como a francesa Fnac
e a franco-britânica Virgin, é vítima da crise nos mercados “físicos” do disco e do DVD, e sofre
com a competição da distribuição on-line e dos downloads digitais. Além das dívidas monumentais, suas vendas caíram
13,5% em dezembro.
A primeira loja HMV foi aberta em Londres, em 1921. Pertencia à Gramophone Company,
que emprestou seu logo lendário, o cachorrinho que ouve um
gramofone. Entrou para a história em 1962, quando os Beatles
assinaram com a EMI, selo que
pertenceu à HMV até 1996. ■
26 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
ENCONTRO DE CONTAS
R$ 2 milhões
foi o faturamento obtido no ano
passado pela Insigne Consultoria,
um aumento de 100% sobre 2011.
O crescimento foi impulsionado
pelo aumento de 25% na carteira
de clientes da consultoria.
FÁBIO SUZUKI
encontrodecontas@brasileconomico.com.br
Visibilidade com folia fora de época
Divulgação
Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife
e... Vitória. A capital capixaba quer entrar
para a lista das cidades com os principais
carnavais do país e aposta na antecipação
da folia para ganhar visibilidade. Em vez
de ocorrer na tradicional data da maior festa popular do país, o Carnaval de Vitória será realizado no primeiro fim de semana de
fevereiro. Com essa iniciativa, Vitória obteve acordo com a Rede Bandeirantes para
a transmissão de seus desfiles a todo o
país. “Foi uma estratégia que criamos,
pois não há como concorrer com Rio e São
Paulo”, afirma Paulo Renato Fonseca Júnior, secretário municipal de turismo de
Vitória. Segundo ele, o acordo com a Bandeirantes possibilitará a comercialização
de cotas de patrocínio com empresas de
atuação nacional. Ao todo, serão disponi-
GIRO RÁPIDO
➤
●
Especializada no mercado de software,
a Emphasys adquiriu 75% da AdapWorks,
que atua com treinamento profissional e gestão.
Com o acordo, cujas negociações duraram três
meses, a Emphasys pretende ter mais agilidade em
seus processos e qualificar o atendimento a clientes
do porte de Liberty, Buscapé e Grupo Ultra.
Desfiles antecipados em Vitória-ES
bilizadas oito cotas com faturamento total
em torno de R$ 2,2 milhões. A festa capixaba recebeu investimento na ordem de R$
13 milhões entre verba para reformas do
sambódromo, organização do evento e
apoio às escolas de samba. ■
Preserv fecha 2012 com aumento de 30% nas vendas
A marca de preservativos Preserv comemora 25 anos de mercado com um crescimento de
30% em suas vendas no ano passado em comparação com os resultados obtidos em 2011.
Um dos motivos para a alta foi a ampliação em 40% da equipe comercial da companhia
que detém a marca, a BLAU Farmacêutica, que faturou R$ 250 milhões em 2012.
Já o reforço da Preserv junto aos consumidores foi feito através de iniciativas nos pontos
de venda, realização de ações promocionais e divulgação da marca nas redes sociais.
➤
●
O cineasta Fernando Meirelles irá compor o
júri que avaliará os trabalhos do concurso de
produção independente em vídeo e peças gráficas,
que será realizado pela Johnnie Walker no país.
A premiação total será de R$ 265 mil. O conceito
criativo será o progresso do Brasil e dos brasileiros.
FRASE
“Nenhum país no
mundo sobrevive só
com vendas ao
mercado interno”
Marcos Munhoz
Vice-presidente da GM do Brasil,
sobre o fraco desempenho das
exportações de veículos, que
caíram cerca de 20% em 2011.
Nacho Doce/Reuters
●
Os turistas que irão para a praia neste verão
➤ poderão ter em seus smartphones um
despertador que propõe horário de acordo com a
previsão do tempo e o protetor solar mais indicado
para o usuário. Esses recursos estão no aplicativo
Nivea Sun, lançado pela marca de cosméticos.
➤
●
O jurista Celso Lafer irá presidir o LIDE
Cultura, novo braço do LIDE — Grupo de
Líderes Empresariais que foi criado para formular
e debater temas relacionados à cultura. Ministro
das Relações Exteriores no governo de Fernando
Henrique Cardoso, Lafer ocupa a cadeira de número
14 da Academia Brasileira de Letras desde 2006.
Salmón de Chile prioriza o mercado brasileiro
Murillo Constantino
Marca de salmão chilena elevou
em 50% as exportações do
peixe para o país com marketing
Fábio Suzuki
fsuzuki@brasileconomico.com.br
O salmão está cada vez mais presente nas refeições dos brasileiros e a tendência é que seu consumo aumente ainda mais nos
próximos anos. Um dos motivos é a campanha realizada pela
marca Salmón de Chile no país,
que tem como principal objetivo elevar as exportações desse
peixe chileno para o Brasil. Hoje, o mercado brasileiro é a grande prioridade da marca, que é
uma iniciativa conjunta entre a
ProChile, órgão do governo vizinho que promove exportações,
e a indústria de salmão chilena,
composta por 26 produtores.
Iniciada em julho do ano passado, a campanha realizada pela Salmón de Chile ajudou a impulsionar as vendas do produto
para o Brasil, que no ano passado foi 50% superior a 2011 atingindo 60,4 mil toneladas até o
mês de novembro. A expectativa dos envolvidos na iniciativa
é atingir outra alta de 50% ao
longo deste ano, índice que elevaria as importações do salmão
chileno pelo mercado brasileiro
para mais de 90 toneladas somente neste ano.
“Somos o segundo maior produtor de salmão do mundo e temos de aproveitar todo o poten-
cial de consumo que há no mercado brasileiro”, afirma Melanie Whatmore, gerente da marca Salmón de Chile.
No ano passado, o mercado
chileno produziu 700 mil toneladas de salmão, sendo que mais
de 90% desse total foi exportado. Nesse cenário, o Brasil ocupa a terceira posição entre os
maiores importadores do peixe
produzido no Chile, ficando
atrás apenas dos Estados Unidos e Japão. “Acredito que o Brasil passará a ser o nosso segundo maior mercado no médio prazo pois o mercado japonês já está consolidado”, diz Melanie.
Concentrado nos estados de
São Paulo e Rio de Janeiro, a
atuação da marca tem nos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul como potenciais praças de expansão da Salmón de
Chile para os próximos anos.
NO PRATO DO BRASILEIRO
Importação de salmão
chileno deve aumentar
50% pelo segundo ano
consecutivo, em toneladas
90,6
60,4
40,2
2011
2012
2013*
*expectativa Fonte: Salmón de Chile
“Por enquanto nosso objetivo é
reforçar a presença nos supermercados das regiões onde já
atuamos”, diz a gerente da marca chilena. Segundo ela, o produto já é comercializado nas
grandes redes varejistas do país
como Pão de Açúcar, Walmart e
Carrefour.
Peixe na mídia
Por conta do potencial de crescimento no consumo de salmão,
o Brasil foi o primeiro país a receber as investidas da marca Salmón de Chile. De julho do ano
passado até dezembro deste
ano, a iniciativa chilena contará
com um aporte de US$ 2 milhões (cerca de R$ 4 milhões),
verba dividida entre o governo
chileno e a indústria chilena de
salmão. Entre as ações estão a
veiculação de filmes em canais
pagos da TV, merchandising em
programas do canal GNT, anúncios em jornais e revistas e
ações nas redes sociais.
Um dos destaques da campanha é a página da marca no Facebook, que foi lançada em outubro do ano passado e que hoje já
conta com 67 mil fãs. “Recebemos muitas mensagens de consumidores brasileiros e isso mostra
o interesse que eles têm no produto”, aponta Jorge Wurth, responsável pela campanha de divulgação da marca Salmón de Chile.
As ações de divulgação da
marca estão centradas em três
mensagens principais: divulgar
Melanie prevê o país como 2º maior importador da marca de salmão
a versatilidade de preparo do
salmão, falar das qualidades e
propriedades nutritivas do peixe e reforçar que é um produto
de origem chilena.
Outros mercados
Já está certa a manutenção da
campanha no Brasil até 2014. E
o mercado brasileiro é o único
que receberá as ações da Salmón de Chile em toda a América Latina. “O potencial dos ou-
tros países da região é muito baixo para a divulgação do nosso
produto”, comenta Melanie.
Mas além do Brasil, a iniciativa chilena já tem planos para levar as ações da marca de salmão
para outros mercados pelo mundo. Os próximos a receberem a
iniciativa serão Estados Unidos
e China. “São dois mercados
muito importantes para a expansão da nossa indústria”, completa Wurth. ■
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 27
28 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
EMPRESAS
10
milhões
Foi o número de fãs que o
Guaraná Antarctica conquistou
no Facebook. Para celebrar, foi
lançada uma lata azul do produto.
CRIATIVIDADE E MÍDIA
Wunderman cria em Código
Morse para a Land Rover
Fotos: divulgação
Carolina Marcelino
cmarcelino@brasileconomico.com.br
Com a meta de ampliar sua presença no Brasil em 2013, a Land
Rover, montadora britânica de
veículos de luxo, inicia o ano
com uma plataforma de comunicação inédita para divulgar um
dos seus modelos mais vendidos, o Freelander 2 Diesel. Com
o auxílio da agência Wunderman, a marca lançou um ação
digital, que convida os consumidores a irem as lojas para verem
de perto o final da campanha.
De acordo com o diretor de
marketing da Jaguar Land Rover, Adriano Resende, o objetivo foi gerar uma ação que engajasse o consumidor, mas que ao
mesmo tempo fosse de baixo
custo para a empresa. “Buscamos um engajamento mais forte entre o consumidor, a concessionária e a agência de publicidade”, disse Resende.
A plataforma de comunicação traz o conceito “O espírito
Land Rover em todos os detalhes”. Na primeira etapa, por vários dias, o “espírito Land Rover” vai se manifestar à noite
nas concessionárias emitindo
mensagens em Código Morse,
Ogilvy assina novo
comercial da Philips
COM A PALAVRA...
A Top Alessandra Ambrósio
estampa a campanha publicitária
da linha de depiladores Philips
Satinelle. A peça publicitária foi
feita para a TV, mídia impressa e
online. A marca busca atingir as
consumidoras que ainda possuem
receio em utilizar este método
para depilação. A campanha é
assinada pela Ogilvy.
...ANDRÉ LIMA
SIL patrocina jogos
de futebol no RJ e SP
A SIL, fabricante de fios e cabos
elétricos de baixa tensão,
confirmou o patrocínio da série A
dos Campeonatos Paulista e
Carioca de 2013. A participação
da empresa se dará com a
apresentação de placas estáticas
nos estádios durante os jogos.
Haverá um jingle promocional
em duas rádios também.
por meio dos faróis dos carros.
Paralelamente, diferentes conteúdos — webfilms, manuais de
Código Morse, aplicativo, entre
outros —, publicados nos canais
da Land Rover e nas redes sociais, e veiculados em spots de
rádio, vão estimular as pessoas
a decifrar as mensagens e interagir com a marca.
“Para essa ação, nós desenvolvemos uma tecnologia especial
para que ninguém precisasse ficar dentro do carro emitindo os
PARA LEMBRAR
sinais em Código Morse”, contou o VP de Criação da Wunderman, Paulo Sanna.
A expectativa do diretor de
marketing da Jaguar Land Rover é que em uma semana e
meia cerca de 100 carros serão
vendidos. “Quem comprar vai
ganhar dois benefícios. Será um
voucher para o Land Rover Experience e um voucher no valor
de R$ 2 mil para comprar peças
originas da marca”, completou
Resende. ■
Dove lança filme para
exaltar Dove Pure
Estreia esta semana em rede
nacional o filme “T-shirts” para
promover o novo antitranspirante
Dove Pure. A campanha,
desenvolvida pela Ogilvy London,
foca nas credenciais do produto
que não contém corantes, entre
outras substâncias que podem
afetar peles mais sensíveis.
NO MUNDO DIGITAL
Bacardi Brasil tem jogo virtual no Facebook
A Bacardi Brasil criou um jogo
virtual em sua fanpage com o
tema “esquenta” para promover o
Bacardi Big Apple. O termo faz
referência ao hábito de consumir
bebidas alcoólicas antes das
festas. Para participar, os usuários
precisam personalizar seu
“esquenta virtual”. A pessoa que
convidar mais amigos para fazer
parte de sua criação e se engajar
nas ações digitais propostas pela marca recebe em sua cidade uma
carreta da Bacardi que realiza a festa elaborada pelo vencedor.
VAIVÉM
➤
●
Cenas quentes
“Multiplique-se. 24 horas de MTV é pouco” era a
mensagem que buscava promover o Overdrive,
canal de banda larga da MTV no qual era possível
acessar a programação a qualquer tempo.
O filme, de 2006, mostrava um casal de coelhos
em cenas quentes por várias partes da casa.
CAROLINA ASEVEDO
Responsável pelas operações
nacionais da Page Interim
A Page Interim,
especializada em
recrutamento e seleção de
profissionais temporários e
terceirizados, anunciou a
contratação de Carolina
Asevedo. A executiva, que
assume nacionalmente o
comando da empresa, parte
do PageGroup, será responsável
por todas as operações
nacionais. Formada em Direito e
pós-graduada em Administração,
Carolina terá o auxílio de Pedro
Salles, que assume o cargo
de gerente na região do RJ.
Sócio-diretor
de Criação da NBS
Qual foi o conceito utilizado
na nova campanha do CCAA?
Já é o quarto ano que a gente vai
utilizar o posicionamento de que
o CCAA aumenta a confiança do
aluno na hora de se relacionar
com outras línguas. Muitas vezes,
o maior impeditivo para falar
inglês é a falta de confiança,
mais até do que a falta de
conhecimento. A metodologia
única do CCAA permite ao aluno
ganhar esta segurança.
O posicionamento fica ilustrado
pelo conceito: “Ou você
se garante, ou a língua
derruba você”.
Como foi a escolha do astro
hollywoodiano Samuel L.
Jackson para a ação?
Toda grande ideia publicitária
começa, ou deveria começar,
com uma grande história a se
contar. Neste caso, nós não
começamos pensando em
como usar o Samuel L. Jackson.
Desenvolvemos primeiro a ideia
do gameshow “Talk or Face the
Consequences”. Depois,
decidimos que o personagem
deveria ter uma acidez sarcástica
e um tom divertidamente
assustador. Aí apareceu
naturalmente o Samuel L.
Jackson. Que, além destas
características, é um tremendo
ator, com reconhecimento e
impacto nos diversos públicos.
Qual a importância de fazer
uma interação na internet
com o consumidor?
Nosso target principal de
comunicação tem uma relação
profunda de tempo e
envolvimento com a internet.
Estar ali é uma obrigação. Mas
estando ali, precisamos lembrar
que estamos competindo pela
sua atenção com milhares de
formas de entretenimento. Por
isso, precisávamos criar uma
campanha de web que gerasse
interação e não ficasse limitada
a formas meramente expositivas
de marca. A internet é, por
definição, o território da
interação e acho que a gente
conseguiu explorar muito bem
o potencial que o meio oferece.
Carolina Marcelino
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 29
30 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
FINANÇAS
Editora: Léa De Luca lluca@brasileconomico.com.br
Subeditora: Priscila Dadona pdadona@brasileconomico.com.br
JP Morgan vê ‘janelas’ para
apostas no Brasil em 2013
Bolsa está barata e títulos públicos superam 15 países em relação ao spread sobre papéis da dívida dos EUA
Fabio Chiba/Divulgação
Flávia Furlan
ffurlan@brasileconomico.com.br
Vale a pena incluir ativos do Brasil no portfólio este ano, seja
renda fixa ou variável. Esta é a
indicação feita para cerca de
cem investidores em conferência realizada ontem pelo JP Morgan Asset Management, a gestora de recursos do maior banco
americano em ativos, que tem
US$ 3,4 bilhões de recursos em
gestão e supervisão no mundo.
Em renda fixa, apesar da queda do juro básico — que foi de
10,5% ao ano em janeiro para
7,25% ao ano em novembro de
2012 —, o Brasil ainda se manteve como o país com melhor retorno dos títulos públicos. Em
dezembro, a diferença do rendimento dos ativos brasileiros
frente aos americanos era de
7,8 pontos percentuais, a maior
entre 15 países.
A Índia tinha uma diferença
de 7,4 pontos percentuais, enquanto a da Rússia era de 5,6
pontos percentuais e a da China, de 2,5 pontos percentuais.
“Vale a pena ainda estender o
duration no Brasil”, destaca Julio Callegari, diretor da mesa de
Renda Fixa Brasil da gestora. Como as principais economias
mundiais não devem elevar o juro neste ano, entre elas os Estados Unidos, o spread do pagamento de títulos públicos brasileiros deve se manter.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) já sinali-
Calil: discussão da dívida americana deve trazer instabilidade para o mercado, mas será resolvida
zou que pensará em elevar o juro apenas quando a taxa de desemprego cair a 6,5% ou a inflação passar de 2,5% e, mesmo
com a perspectiva de que a economia americana cresça 2,5%
neste ano, essas condições não
serão atingidas. “Por lá, outro
processo de renegociação da dívida americana pode gerar instabilidade para os investidores,
mas de uma forma ou de outra
vai ser resolvido”, diz o presidente da gestora no Brasil, Cassio Calil.
No Brasil, também não há
perspectiva de elevação do juro, de acordo com a gestora,
uma vez que o governo tem instrumentos para controlar a inflação, que embora não venha a
sair do controle, continuará a
ser uma preocupação por não
ter um caráter pontual. “Os in-
vestidores devem continuar se
protegendo do cenário inflacionário, seja com título soberano
ou crédito ligado à inflação",
diz Callegari.
No caso da renda variável, a
bolsa brasileira teve um dos piores desempenhos entre os emergentes em 2012. O Ibovespa, principal indicador da BM&FBovespa, subiu 7,4%, enquanto no mercado chinês o índice Hang Seng
(Hong Kong) teve avanço de
22,91% e o indiano (CNX-100)
avançou 30,60%. “Apesar da volatilidade, 2012 foi o primeiro
ano positivo desde 2009. O Brasil ficou barato frente aos pares”, diz Jorge Oliveira, gestor
de Renda Variável.
“O cenário-base a trabalhar
é de crescimento menor, inflação um pouco maior, real mais
desvalorizado e grau de intervenção maior.”
No início do ano passado, a
perspectiva era de que o lucro
das empresas listadas no Brasil
aumentasse 30% e, ao final do
ano, notou-se uma queda de
20%. Para 2013, no entanto, é
esperada alta de 12%, sem contar proventos. “O grande atrativo para a bolsa é o ambiente de
juro baixo, que está empurrando os investidores para ativos
de maior risco.”
O gestor indica investimento
em empresas cíclicas, como as
de commodities — tendo em vista o dólar mais valorizado e o
crescimento da economia chinesa —, além das empresas que geram lucro e têm caixa elevado.
“Existem empresas que parecem caras em relação ao histórico, mas que têm potencial de valorização.” Oliveira destaca que
este ano deve ser de retomada
de IPOs (ofertas públicas iniciais) na BM&FBovespa, alguns
deles interessantes. “É onde está a oportunidade de investir
em empresas que, daqui dois
anos, podem dobrar de valor. ■
Gestora IdeiasNet prepara ciclo de investimentos
Aline Massuca/Folhapress
A empresa pretende montar
um fundo com capital entre
US$ 100 mi e US$ 150 mi
Taís Fuoco
Bloomberg
A IdeiasNet, que tem entre seus
acionistas a EBX Investimentos
e o BTG Pactual, prepara novo
ciclo de investimentos como
gestora de fundos de empresas
e planeja montar um fundo com
capital entre US$ 100 milhões e
US$ 150 milhões.
“Hoje, 100% dos investimentos são feitos com capital da própria IdeiasNet”, diz Everson Lopes, diretor de operações. “Agora podemos convidar outros investidores qualificados. Isso aumenta a capacidade de investimento da empresa.”
A IdeiasNet vinha atuando como holding de participações e
investia diretamente nas companhias. O modelo aprovado ontem pelos acionistas permite
que ela administre fundos e carteiras de investimento ligados
BTG, de André Esteves,
é um dos sócios da gestora
ao setor de tecnologia.
A companhia já tem um fundo, com 10 das 13 empresas de
seu portfólio. O próximo passo
é lançar o novo de até US$ 150
milhões entre o segundo semestre de 2013 e o primeiro de
2014, diz Lopes. “No modelo de
fundo, somos remunerados pela gestão do capital, o que abre
uma nova linha de receita”, disse o diretor. A empresa também
espera se beneficiar da isenção
tributária para fazer novos investimentos. “Como os investi-
mentos estarão abaixo de um
fundo, podemos reinvestir sem
pagar impostos.”
A holding IdeiasNet deve permanecer com capital aberto, segundo o executivo. A empresa
foi a primeira do setor de tecnologia a ter ações negociadas, em
2000. “Com o novo modelo, fica mais fácil o mercado entender a companhia e escalar o negócio”, diz.
As ações da IdeiasNet registraram ontem alta de 2,22% para
R$ 1,84 na bolsa. ■
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 31
Divulgação
MERCADO FINANCEIRO
Wells Fargo contrata veterano do HSBC
O Wells Fargo informou ontem a contratação do veterano do HSBC,
Joe Saffire, para liderar suas operações bancárias na Europa, Oriente
Médio e África, em um momento em que continua a expandir suas
operações internacionais. Saffire atuou por 20 anos no HSBC, onde
recentemente foi vice-presidente operacional e chefe de operações
internacionais na Alemanha. Saffire ficará em Londres e responderá a
Sanjiv Sanghvi, chefe do grupo bancário global do Wells Fargo.
Bonsucesso quer
atrair as empresas
Caixa corta juro para
imóveis mais caros
Divulgação
Taxas para bens de R$ 500 mil
ou mais caíram de 8,3% a 9,4%
ao ano e acirram a concorrência
Redação
financas@brasileconomico.com.br
A Caixa Econômica Federal reduziu os juros dos financiamentos de imóveis acima de R$ 500
mil, acirrando assim a concorrência em um segmento mais
demandado nas grandes capitais como São Paulo e Rio de Janeiro. As taxas máximas passaram de 9,9% para 9,4% e as mínimas foram reduzidas de
8,9% para 8,4% — podendo
chegar a R$ 8,3% para servidores públicos. “Dessa vez, ampliaremos as opções também
para o público de média e alta
renda”, afirma o vice-presidente de Habitação e Governo,
José Urbano Caixa. As modificações foram anunciadas e tiveram início ontem.
O banco público é o maior
agente de financiamentos imobiliários do país, com cerca de
70% dos créditos concedidos.
No entanto, é na faixa acima de
R$ 500 mil que, em tese, a instituição enfrenta a maior concorrência. Na faixa inferior, em
que as fontes de recursos são a
poupança e o FGTS - quando a
operação se dá dentro do Sistema Financeiro da Habitação —
a Caixa se beneficia por ter o
maior estoque de aplicações em
caderneta e por ser o agente gestor do fundo.
Os juros menores para esses
financiamentos seguem a lógica
de outras reduções feitas pela
Caixa no programa “Caixa Melhor Crédito”, iniciado em abril
do ano passado. Nesse sistema,
as taxas mais baixas são válidas
para os clientes que possuem relacionamento com o banco e
também recebam o salário na
instituição.
Dados mais recentes, de 21 de
dezembro, mostram que só no
ano passado a Caixa concedeu
R$ 101 bilhões em crédito imobiliário. Esse valor, recorde para a
instituição, representa um crescimento de 33,8% em relação
ao realizado em 2011.
Além de ficar com taxas mais
competitivas, o banco deixa os
juros dos imóveis acima de R$
500 mil mais próximos das taxas cobradas nos financiamentos dentro do SFH, que variam
de 7,8% a 8,85% ao mês.
Também público e atendendo ao desejo do governo federal
de juros mais baixos na econo-
Urbano: Caixa amplia opções para público de média e alta renda
mia, o Banco do Brasil cobra taxas entre 9% e 10% ao ano dos
clientes que financiam imóveis
acima de R$ 500 mil desde junho do ano passado. Procurado, o banco informou que
“constantemente avalia o mercado e oferece taxas extremamente competitivas para o crédito imobiliário”. Mas não informou se planeja novas reduções.
Segmento da
construção civil
reivindica aumento
no teto do
financiamento com
recursos do FGTS
Entre os privados, a menor taxa é do Santander, que é de
9,5% mais a variação da TR para os clientes com conta salário
e relacionamento com o banco.
Sem relacionamento, o juro sobe para 11% ao ano mais a TR.
Em nota, o banco afirmou que
trabalha com taxas que beneficiam os clientes de forma diferenciada, de acordo com o relacionamento de cada um com o
banco. “Contudo, estará sempre avaliando o mercado, de forma a oferecer aos seus clientes
o melhor custo benefício nos
produtos oferecidos.”
Já o Bradesco cobra uma taxa
de juros de 11% ao ano para o financiamento de imóveis avaliados entre R$ 500 mil e R$ 5 milhões e as simulações do Citi
apontam para um juro de
11,95% ao ano mais a TR.
O HSBC não informou as taxas e disse apenas que o juro varia de acordo com o relacionamento do cliente com o banco.
O Citibank, por sua vez, cobra
11,5% ao ano mais a TR.
Especializado em crédito
consignado, instituição usa
benefício para ampliar negócios
lores são destinados à área esportiva. “Esse é o teto, mas posso negociar esses percentuais.”
O banco Bonsucesso encontrou
nas leis de incentivo à cultura e
ao esporte uma forma de atrair
clientes de grande porte. Especializado em crédito consignado, a instituição passou a estruturar e a captar recursos para
projetos culturais de empresas
com o uso da Lei Rouanet e,
mais recentemente, com a Lei
do Esporte. Dessa forma, conseguiu atrair companhias como
TAM, Magnesita e Ambev.
“Essas empresas não seriam
nossas clientes de outra forma.
São clientes corporate e nós somos um banco médio”, afirmou
o diretor executivo do banco,
Jorge Lipiani.
Nesse caso, o trabalho do banco é assessorar esses clientes na
construção desses projetos de
captação. O banco ganha também com uma comissão cobrada sobre o valor captado. “Nosso negócio é assessorar os clientes a usufruir do marketing cultural e esportivo a partir desses
incentivos”, explicou, acrescentando que o banco já intermediou mais de R$ 100 milhões
com base nos incentivos desde
que adotou a estratégia para ampliar seus negócios.
Pela lei em vigor, a comissão
pode ser de até 10% do valor
captado no caso de projetos culturais e de até 7% quando os va-
Lei Rouanet
De fato, são as empresas que
mais se beneficiam das leis de
incentivo. Segundo Lipiani, em
2011 (últimos dados disponíveis
consolidados), a captação para
projetos culturais em todo Brasil com a Lei Rouanet foi de R$
1,3 bilhão, apenas R$ 18 milhões participaram de pessoas físicas, totalizando 16.300 contribuintes que podem abater dessa
contribuição até 6% do imposto
de renda devido.
No caso dos projetos direcionados a projetos esportivos,
cuja lei é de 2006, a captação
foi de R$ 220 milhões, sendo
que a participação da pessoa física foi nula.
Para incentivar essa prática,
por exemplo, o banco Bonsucesso fechou acordos com o Minas
Tênis Clube, em outubro, e com
o Clube Athetico Paulistano, em
dezembro. O objetivo principal
é ajudar no desenvolvimento
de projetos esportivos e realizar
uma campanha de captação junto aos sócios do clube.
“Existe um potencial para a
captação de recursos que não é
explorado. São raras as ações
corporativas nesse sentido”, disse Lipiani. Até agora, foram arrecadados R$ 500 mil. Para o
banco, representa um sinal de
que está no caminho certo. ■
Limites
Bancos e construtoras vinham
pedindo que o governo elevasse
o valor máximo dos imóveis
que pudessem ser comprados
com uso do FGTS - o limite está
em até R$ 500 mil desde 2009.
No mês passado, uma pesquisa da Reuters apontou que sete
de dez analistas previam aumento do teto. Isso ajudaria a sustentar em 2013 uma alta de 5% a
15% por cento dos preços dos
imóveis residenciais, que praticamente já dobraram de valor
nos últimos três anos.
O aumento dos preços diminuiu a quantidade de imóveis à
disposição para compra utilizando saldo do FGTS, especialmente em cidades como São Paulo e
Rio de Janeiro. ■ Com Reuters
Lipiani: “Empresas não seriam nossas clientes sem incentivos”
32 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Murillo Constantino
FINANÇAS
EM DOIS ANOS
Bradesco Celular cresce mais de 1.000%
O Bradesco fechou 2012 com 380 milhões de transações realizadas por
meio de dispositivos móveis, avanço de 1074% ante 2010. Os canais:
Bradesco Celular, Internet Banking, Fone Fácil e Autoatendimento
representam 92% das transações realizadas no banco. Em dezembro,
as transações superaram 52 milhões, alta de 267% ante o ano anterior.
“O Bradesco Celular está deixando de ser um canal alternativo e está se
tornando um canal principal”, diz Luca Cavalcanti, diretor do Bradesco.
“Mrs. Watanabe” troca bônus
em reais por lira da Turquia
Gestores de fundos de varejo no Japão fogem dos papéis brasileiros devido a impostos
Selcuk Gokoluk
Bloomberg
Bônus emitidos por empresas japonesas (conhecidos como bônus uridashi) em lira da Turquia
estão ganhando a preferência
absoluta dos gestores de fundos
voltados a investidores individuais japoneses. No ano passado, o dinheiro investido nesses
papéis superou o investido em
bônus emitidos em moedas de
todos os outros mercados emergentes. A razão é simples: no
ano passado, a inflação turca desacelerou e os papéis brasileiros
perderam apelo, devido a aumentos de impostos e uma moeda enfraquecida.
A quantidade de títulos “uridashi” emitidos em liras saltou
72% em 2012 para uma alta recorde equivalente a US $ 3,7 bilhões, perdendo apenas para os
títulos em dólares australianos
(US$ 6,7 bilhões), de acordo
com dados da Bloomberg. O volume de “uridashi” em reais
caiu 27% no ano passado, para
US$ 3,05 bilhões.
Os investidores estrangeiros
aumentaram aplicações em títulos turcos a um patamar recorde frente ao ano anterior, atraídos por rendimentos de cerca
de 8,4% por papéis de dois
anos. Investidores japoneses,
confrontando com um rendimento de 0,81% em títulos de
10 anos e uma moeda de enfraquecimento, podem ser estimulado a comprar ativos estrangeiros, incluindo títulos em liras,
de acordo com o UBS AG.
“A Turquia deu aos investido-
res uma oportunidade de diversificar”, diz Mariya Gancheva,
estrategista de mercados emergentes da Mitsubishi UFJ Securities International. O apetite dos
investidores japoneses para a dívida em liras foi apoiado por um
movimento, “talvez pouco ortodoxos, mas muito bem sucedido, do banco central da Turquia
para manter tudo sob controle,
quando a Europa estava sob
pressão”, disse ela.
As vendas de títulos chamados uridashi, emitidos no Japão
e denominados em moedas estrangeiras, totalizaram US$ 19,5
bilhões em 2012, em compara-
ção com US$ 21,8 bilhões um
ano antes, de acordo com dados
compilados pela Bloomberg. Negócios envolvendo empréstimos em países de baixo custo
para investir e em economias
com maiores taxas de juros têm
sido muito populares entre os
investidores no Japão, onde títulos do governo têm a segunda
rentabilidade mais baixa, depois da Suíça. Esses investidores são, por vezes chamado de
“Sra. Watanabe” — uma referência para investidores que, como
donas de casa, controlam os orçamentos familiares.
Papéis denominados em liras
turcas valorizaram 30% no ano
passado, em ienes — o melhor
desempenho em mercados
emergentes após o zloty polonês e o forint húngaro, de acordo com dados compilados pela
Bloomberg. Os investidores que
aplicaram em ienes em papéis
da dívida local brasileira ganharam 9,8% no período.
A Fitch Ratings elevou a nota
da dívida da Turquia em moeda
estrangeira para BBB- em 5 de
novembro, citando um abrandamento dos riscos econômicos e
baixo nível de endividamento,
o primeiro investment grade do
país em 18 anos. ■
Kiyoshi Ota/Bloomberg
Interesse de investidores japoneses fez emissões em lira saltarem 72% em 2012, para US$ 3,7 bilhões
Susep aperta
o cerco sobre
títulos de
capitalização
A medida visa proteger os
diretos do consumidor e reprimir
irregularidades no setor
A Superintendência de Seguros
Privados (Susep) estabeleceu
normas sobre distribuição, cessão, subscrição e publicidade
na comercialização de títulos de
capitalização. A medida tem como objetivo proteger os diretos
do consumidor e reprimir qualquer tipo de irregularidade que
por ventura aconteça no setor.
As empresas deverão informar
à Susep a relação de distribuidoras do produto previamente ao
início das operações. A norma
entra em vigor após 180 dias de
sua publicação.
Com o intuito de apurar ou
mesmo sanar possíveis irregularidades, a Coordenação-Geral
de Fiscalização da Susep
(CGFIS) poderá convocar os distribuidores ou a sociedade de capitalização para prestar esclarecimentos sobre suas operações.
Caso sejam constadas ilegalidades, a Coordenação-Geral de
Produtos poderá propor a suspensão, em âmbito nacional ou
regional, dos produtos comercializados fora das normas estabelecidas que causem danos ao
consumidor.
Os sócios e administradores
dos distribuidores de títulos de
capitalização deverão ter reputação ilibada e não poderão estar condenados por crime falimentar, sonegação fiscal, prevaricação, corrupção ativa ou passiva, entre outras. A Susep poderá determinar recusa ou suspensão do contrato com o distribuidor quando não atendidas às
condições estipuladas. ■
“Buscapé” dos seguros entra no ar ainda neste mês
MJV e Baeta & Associados
lançam MeSegura, primeiro site
de busca de seguros do país
Redação
financas@brasileconomico.com.br
Na esteira de sites de buscas de
compras como o Buscapé e Todaoferta, acaba de sair do forno um website com cotações
de seguros, o MeSegura. O novo website fará cotações simultâneas e em tempo real junto as
principais corretoras e segura-
doras do Brasil, como SulAmérica, Bradesco Seguros, Tokio
Marine, Porto Seguro, Azul,
Itaú Seguros, Marítima, Generali e Zurich. O portal foi desenvolvido pela MJV Tecnologia e
Inovação e pela Baeta & Associados Assessoria de Seguros
Por meio do MeSegura, o consumidor receberá cotações
sem precisar acessar uma a
uma das corretoras online.
“Queremos encurtar o caminho do consumidor. Ao invés
de ter que pesquisar ele mesmo
em várias corretoras diferentes, nós já fazemos esse caminho, apurando em até 15 corretoras em tempo real. Como resultado, ele economizará tempo e terá um preço mais vanta-
O serviço será
gratuito e estará
disponível
no dia 21 de janeiro
no endereço:
www.mesegura.com.br
joso, já que a diferença de preços entre as corretoras pode
chegar a 20%, para uma mesma seguradora”, afirma Ysmar
Vianna, sócio-diretor da MJV.
A modalidade de comparação de preços, envolvendo
mais de uma corretora, é inédita no país, pois coloca em contato direto corretores de seguros e os consumidores.
“O resultado é que o cliente
poderá receber até 70 cotações
diferentes, por conta da variedade de corretoras consulta-
das”, completa João Arthur Baeta sócio-diretor do MeSegura.
O serviço é gratuito e estará
funcionando a todo vapor a
partir de 21 de janeiro, no endereço www.mesegura.com.br.
Inicialmente, os seguros a serem cotados serão para automóveis, mas em breve também estarão disponíveis as modalidades: residencial, vida,
saúde, viagem e eletrônicos. A
cotação pode ser feita tanto
por pessoas físicas quanto por
empresas. ■
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 33
Simon Dawson/Bloomberg
SETOR BANCÁRIO
Banco indiano deve comprar o inglês RBS
O banco indiano Yes Bank está em conversas para comprar operações
de varejo e de banco comercial do Royal Bank of Scotland (RBS), disse
uma fonte. O plano do RBS, controlado pelo governo britânico, de vender
sua filial na Índia para o HSBC fracassou em novembro, mais de dois
anos após os bancos terem iniciado as conversações. O Yes é o quarto
maior banco privado da Índia, com ativos de US$ 11 bilhões. Já o RBS está
se desfazendo de alguns ativos para fortalecer sua posição de capital.
BOLSAS
JUROS
EUA desgastam
e Ibovespa recua
DIs sobem à espera de
alta dos combustíveis
Com temor de recessão
americana, índice teve queda
de 0,57%, aos 61.727 pontos
Niviane Magalhães
nmagalhaes@brasileconomico.com.br
Mais uma vez a força externa
pressionou o principal índice da
bolsa brasileira. Notícias negativas na Europa e nos Estados Unidos reduziram o apetite dos investidores por ativos de risco.
Em meio a isto, o Ibovespa encerrou em queda de 0,57%, aos
61.727 pontos. O giro financeiro
ficou em R$ 6,64 bilhões.
Por aqui, entre as maiores altas da sessão brasileira, destaque para o setor de construção,
após a divulgação de números
preliminares positivos do quarto trimestre e a projeção para
este ano.
As ações da Gafisa (GFSA3) e
da Brookfield (BISA) lideraram
os ganhos, com avanços de
6,12% e 5,46%, respectivamente. Na outra ponta, os papéis da
Lojas Renner (LREN3) e da Cia.
Hering (HGTX3) perderam
3,51% e 3,48%, nesta ordem.
As blue chips Vale e Petrobras
também caíram ontem 0,30% e
0,15%, respectivamente
A possível recessão que os Estados Unidos podem entrar neste ano voltou a pesar nos principais mercados ontem. O presidente americano, Barack Oba-
ma, segue pressionando os republicanos para aprovar o teto da
dívida, pois a partir da segunda
semana de fevereiro o país teria
que declarar “default”.
Timothy Geithner, secretário do Tesouro do país, fez um
novo alerta de que o país pode
atingir o limite da dívida já no
próximo mês. Com isso, seria
configurado um calote e a economia americana poderia entrar em recessão.
Na Europa, as bolsas
fecharam sem
tendência, com
Londres subindo
0,15% e Frankfurt
caindo 0,69%
Neste contexto, a agência de
classificação de risco Fitch alertou que se o acordo chegar na última instância, como aconteceu
em 2011, o país pode sofrer corte na sua nota soberana, atualmente em AAA.
No final de 2012, a dívida do
governo federal atingiu o limite
legal de endividamento, somando US$ 16,4 trilhões.
Para Pedro Galdi, analistachefe de investimentos da SLW
Corretora, a situação está ficando desgastante com o fato de
aprovarem as medidas sempre
no final do prazo. “A Fitch já
percebeu isso e não vai concordar”.
Além disso, o presidente do
Federal Reserve (Fed, banco
central americano), Ben Bernanke, disse anteontem que a
economia ainda não teve uma
retomada consistente e diante
disso o QE3 (pacote de estímulos) ainda irá continuar.
Mesmo em meio a este cenário, Wall Street fechou sem tendência ontem, com Dow Jones
subindo 0,20%, o S&P 500 avançando 0,11% e o Nasdaq, por outro lado, caindo 0,22%.
Notícia de que o governo vai
reajustar gasolina e óleo elevou
os contratos de DI ontem
O mercado de juros futuros registrou mais um pregão de alta,
ontem, após notícia de que o governo poderia reajustar a gasolina em 7% e o óleo diesel entre
4% e 5%, segundo a Reuters.
Mesmo com o secretário do
Tesouro, Arno Augustin, negan-
do qualquer aumento, os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DI) subiram. “Desconheço qualquer decisão do governo sobre esse assunto”, afirmou Augustin. O contrato com
vencimento para janeiro de
2014 avançou de 7,10% para
7,11%, o DI para janeiro 2015
passou de 7,69% para 7,71% e
janeiro de 2017 de 8,47% para
8,50%. ■ Redação e Reuters
Europa
Na Europa, nem notícias positivas na Grécia e na Espanha conseguiram manter o bom humor
dos investidores. Os dois países
mais endividados da Zona do
Euro venderam títulos com taxas super baixas, com uma demanda alta.
A divulgação do Produto Interno Bruto da Alemanha, que
cresceu apenas 0,7% em 2012,
contra 3,1% em 2011, ofuscou o
ambiente positivo.
Com isso, as principais bolsas
da região não definiram tendência única. O CAC 40, de Paris, recuou 0,29%; o DAX, da Alemanha, retrocedeu 0,69%; enquanto o FTSE 100, de Londres,
subiu apenas 0,15%. ■
MOEDAS
Calmaria do dólar não
deve ser duradoura
Esta é avaliação de Sidnei
Nehme, da NGO; moeda está
em R$ 2,03 desde 3 de janeiro
O dólar teve mais um pregão de
poucos negócios no mercado
cambial doméstico ontem.
Em linha com a tendência
que prevaleceu no exterior, a
moeda americana teve valorização ante a brasileira, mas mais
uma vez sem grande intensidade — fechou com alta de 0,19%,
a R$ 2,037 para venda.
Desde o último dia 3 de janeiro que a cotação está em R$
2,03. No entanto, essa calmaria
não deve ter vida longa. Ao me-
nos essa é a expectativa de Sidnei Nehme, diretor-executivo
da NGO Corretora.
O especialista acredita que o
governo fará uso de um real
mais apreciado para controlar
as pressões inflacionárias, uma
vez que várias sinalizações de
representantes da autoridade levam a crer que a Selic não será
usada com esse propósito.
Caso esse cenário se confirme, diminui a probabilidade de
retomada da indústria, que continuará refém dos produtos importados. Com a economia nacional ainda aquém do desejado, a atração para os estrangei-
ros virem operar no mercado de
ações fica menor, dificultando
a entrada de fluxo para o país.
Tendo em vista que a inflação
alta e a Selic baixa não torna o
mercado de renda fixa mais
atraente é que Nehme afere a
pouca duração da falta de emoção que estamos tendo esses
dias no câmbio. “O cenário
prospectivo para o câmbio é bastante complexo e exigirá muitas
intervenções da autoridade monetária” , afirma. “Esta calma
aparente neste início do ano
não será duradoura no nosso entendimento”, emenda o especialista. ■ Lucas Bombana
DERSA DESENVOLVIMENTO RODOVIÁRIO S.A.
C.N.P.J. Nº 62.464.904/0001-25
AVISO DE ABERTURA
CC 009/2012 - PROC 52.445/12 – Fica designada para o dia 23/01/2013 às 15:00 horas, na Rua Iaiá,
126 - 4º andar, Itaim Bibi, São Paulo, a abertura do invólucro “B” (Proposta Comercial), em sessão
pública. Comissão Especial de Licitação.
Secretaria de Logística
e Transportes
34 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
FINANÇAS
REGINALDO GONÇALVES
Coordenador de Ciências
Contábeis da Faculdade
Santa Marcelina
OGX PETRÓLEO ON (OGXP3)
Cuidado com promessas
de rentabilidade
(Fechamento em R$)
166,20
6,20
6,15
5,83
5,65
5,65
5,41
5,17
5,105,10
5,20
4,97
Aquisição da Excelência é
positiva, mas sem impacto
financeiro relevante, diz Ativa
4,55
4,55
4,00
4,00
ANHANGUERA
Objetivo
28/SET 9/OUT
Suporte
Resistência
07/NOV
07/DEZ
Objetivo 2
15/JAN
Fontes: Wagner Caetano, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico
OGX sinaliza movimento de inversão
Após cair 77% em 2012 entre a máxima de R$ 18,41, atingida em
fevereiro, e a mínima de R$ 4,15, verificada em dezembro, a ação
da exploradora e produtora de óleo e gás natural OGX acumula
alta de 20% este ano. “É uma ação bastante volátil, que teve forte
desvalorização e representou uma grande queda no Ibovespa em
2012”, pontua Wagner Caetano, diretor da Top Traders. Porém, no
pregão de ontem, apresentou um sinal de reversão do movimento,
de acordo com o analista. Ontem, o papel fechou em queda de
3,36%, a R$ 5,18, e investidores interessados em operações de
curto prazo, os swing traders, podem vender o papel caso perca
o seu suporte, a cotação de R$ 5,17, mínima registrada na sessão
de ontem. “No pregão, a ação deu sinal de reversão ao registrar
o padrão 'engolfo de baixa', que sinaliza forte ação vendedora.
Isso porque a ação abriu em alta e passou o resto do dia caindo.
Caso perca o suporte, deve buscar o patamar de R$ 4,97”, explica
o analista. “Como o papel é bastante líquido, o investidor que
decidir vendê-lo pode comprá-lo posteriormente com facilidade”,
completa. Apesar da tendência de baixa ser mais provável que
a de valorização, caso a ação consiga romper a região de R$ 5,41,
a cotação do papel pode buscar o objetivo de R$ 5,83, o que
significa uma valorização de cerca de 5%. “A ação fez topos
e fundos ascendentes recentemente, e pode apresentar
tendência de alta”, diz Caetano. Marília Almeida
MOMENTO DESFAVORÁVEL
NOVA BOLSA
A Anhanguera Educacional
adquiriu 100% das quotas de
emissão do Instituto Excelência
por R$ 18 milhões. A instituição
está localizada em Salvador na
Bahia, e possuía, em dezembro,
3 mil alunos matriculados.
Para este ano, espera-se que
a escola tenha receita líquida de
R$ 15 milhões e lucro líquido de
R$ 2,5 milhões. Segundo equipe
de analistas da Ativa Corretora,
coordenada por Ricardo Correa,
a notícia é positiva para as ações
da empresa, embora não tenha
impacto relevante em termos
financeiros. De acordo com
a Ativa, a aquisição coloca a
empresa na maior cidade do
Região Nordeste, Salvador,
reforçando o projeto de expandir
o escopo de atuação da
Anhanguera, descentralizando
as atividades do estado de São
Paulo. “Embora não tenha um
efeito no curto prazo, a compra
agrega valor para a empresa
e está dentro do orçamento
R$ 40 milhões para M&A neste
ano”, afirma Correa, em relatório.
Ontem, as ações da Anhanguera
na bolsa de valores registraram
perda de 1,47% a R$ 32,80.
No ano, os papéis da empresa
acumulam queda de 5,12%.
EMISSÃO DE AÇÕES
Vix Logística Direct Edge Alliansce
desiste de
perto de
eleva capital
abrir capital atuar no país em R$ 58 mi
A Vix Logística informou ontem
ter pedido à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) cancelamento de registro para oferta
pública inicial de ações (IPO) estimada em torno de R$ 600 milhões. A companhia anunciou
no ano passado que pretendia
realizar oferta pública primária
e secundária de ações, mas as
“momentâneas condições desfavoráveis do mercado de capitais
nacional e internacional” colocaram os planos em espera. A
Reuters antecipou semana passada a suspensão do IPO. ■
Direct Edge, quarta maior operadora de bolsas dos EUA, deve
submeter nas próximas semanas pedido de aprovação da
CVM)para operar no Brasil, disse ontem à Reuters um executivo da companhia. O plano é parte dos esforços da Direct Edge
de crescer fora dos Estados Unidos em mercados com alto potencial de crescimento, diz Anthony Barchetto, diretor de estratégia da Direct Edge, responsável pelos negócios de crescimento e parcerias da empresa,
em Nova Jérsei. ■
O conselho de administração da
Aliansce aprovou aumento de
capital em R$ 58,3 milhões
com emissão de 2,5 milhões de
ações, em razão do exercício integral da opção outorgada ao
BTG Pactual e eleva o capital total a R$ 1,4 bilhão. O preço é o
mesmo aprovado em 12 de dezembro de 2012, de R$ 23,25. Na
ocasião, a empresa movimentou R$ 447,6 milhões com oferta primária subsequente de
ações. Os recursos serão usados
para aquisição e desenvolvimento de shoppings e expansão. ■
O mercado internacional está bem sensível a qualquer
notícia relacionada à crise, seja na Eurozona, nos EUA
ou China. Infelizmente, parece que a luz no final do túnel não está tão perto e cada nova alternativa de acordo
ou de ajuste acaba se agravando. Para os países emergentes é muito importante a exploração do mercado interno, de maneira a não se criar impactos negativos em
sua economia e minimizar a dependência de recursos
estrangeiros. Isso, obviamente, é difícil e complicado,
em virtude da globalização.
No Brasil, várias alternativas para aquecer o mercado
estão sendo utilizadas, inclusive com a redução dos juros, com o objetivo de gerar “oxigênio” para as empresas conseguirem melhorar sua produção e vendas e
manter ou melhorar a empregabilidade. Com a queda
dos juros e fixação da taxa Selic em 7,25% ao ano, as
aplicações financeiras acabaram sendo desestimuladas.
Muitas chegam a gerar prejuízos, principalmente as que
são efetuadas par a um curto espaço de tempo.
As propostas de aplicações disponibilizadas pelas instituições financeiras, que precisam captar recursos com
custo cada vez menor para emprestá-los, podem implicar alto risco ao investidor, principalmente quando se
tratar de bancos de segunda linha que proponham rendimentos fora da realidade. Uma das aplicações
que podem gerar alto reTodo cuidado é
torno é o mercado de
pouco em uma
ações, mas deve ser efesituação em que
tuado somente por
quem dispõe de recura economia não
sos para o longo prazo.
apresenta aos
Para o curto, a única
investidores
aplicação aparentemente melhor é a poupança.
oportunidades
Recentemente, vem
de grandes ganhos. sendo discutida uma alAtenção às
ternativa que, de acordo
com especialistas, propropostas fora
põe redução do imposto
da realidade
de renda e é bem mais
rentável e com menos
risco: o FIP (Fundo de
Investimento em Participações). Constituído em forma
de condomínio fechado, como os fundos tradicionais, esses administram recursos destinados às diversas modalidades, como aquisição de ações, debêntures, bônus de
subscrição ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de companhias abertas ou fechadas. Esses fundos participam do
processo decisório da companhia na qual investem.
O grande problema desses investimentos é saber
quem está gerindo a carteira e quais são os limites. O
prazo de resgate é longo, de no mínimo cinco anos. Essa
situação já limita o investimento de pessoas mais humildes e que não têm recursos para o longo prazo. Outra observação importante é que os FIPs não têm a segurança,
em caso de quebra, do Fundo Garantidor de Crédito,
que banca o aplicador no valor limite de R$ 70 mil.
Todo cuidado é pouco em uma situação em que a economia não apresenta aos investidores oportunidades de
grandes ganhos. Qualquer opção diferente deve gerar
desconfiança. Não há como as instituições assumirem
rendimentos fora da realidade do mercado, buscando
capitalizar-se. O risco de perda é grande para o poupador. Vejam o exemplo recente do Cruzeiro do Sul, em
que vários investidores perderam seus recursos.
Os FIP´s nada mais são do que recursos aplicados pelos investidores, sendo direcionados para investimentos em várias empresas, inclusive em construção civil,
para participar de um empreendimento. Os ganhos são
gerados por meio dos juros sobre aportes que possam
ser efetuados através de debêtures, ou através de juros
sobre o capital próprio e dividendos das empresas onde
houve a compra de ações. ■
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 35
ESTILO DE VIDA
5
É o número de centros de
compras com descontos que
serão inaugurados neste ano no
país: três em São Paulo, um no
Rio de Janeiro e outro na Bahia.
Hoje, existem dois abertos.
COMPRAR
Nova safra de outlets turbina
as compras com desconto
Saiba o que oferecem e como aproveitar os descontos nestes centros de compras; ofertas chegam a 80%
Marília Almeida
malmeida@brasileconomico.com.br
Consumidores que adoram descontos têm razões para comemorar. Neste semestre devem
ser inaugurados outlets na região metropolitana e interior de
São Paulo e também em outros
Estados, como Rio de Janeiro e
Salvador. Ao menos cinco novos empreendimentos serão
inaugurados no período, e outros devem ser construídos nos
próximos anos.
O Catarina Fashion Outlet,
na Rodovia Castelo Branco,
em São Paulo, terá mais de 120
lojas de marcas como The North Face, Michael Kors, Jimmy
Choo e Emilio Pucci. Ao lado,
terá um condomínio comercial e residencial e um aeroporto. O diferencial será uma
área de entretenimento, e a
inauguração está prevista para
este semestre.
Outro outlet, administrado
pela BR Malls, também está sendo construído na região em parceria com uma administradora
internacional Simon Property
Group, responsável por outlets
renomados nos Estados Unidos.
A previsão é de que seja inaugurado este ano.
Em junho, o Casa Outlet, que
será especializado em lojas de
decoração, deve ser inaugurado
na região de Taboão da Serra,
em São Paulo. Serão cerca de 60
lojas de móveis, revestimentos,
ferragens, acessórios para banheiro e peças decorativas com
descontos de 30% a 70%.Entre
as marcas já confirmadas, estão
By Kamy, Vallvé e Brentwood,
presentes em ruas tradicionais
do segmento.
O empreendimento terá estacionamento coberto, redes de
restaurantes, café e serviços. O
conjunto é composto por um
prédio comercial e um hotel.
De acordo com Arnaldo Kochen, responsável pela comercialização e implantação do Casa Outlet, o destino é indicado
para quem precisa fazer uma
grande compra, para a construção de uma segunda casa.
“É uma comodidade encontrar tudo em um mesmo lugar.
Serão oferecidos itens de ponta
de estoque, de coleções passadas. Por exemplo, podem ser
estado, de acordo com empresa
administradora.
Desde o primeiro outlet
inaugurado no mundo, em
Reading, na Pensilvânia, em
1970, o mercado tem crescido.
Atualmente, nos Estados Unidos, existem mais de 300 operações e, em todo o mundo
(América do Norte, Europa e
Ásia), este número ultrapassa
400 shoppings, com mais de
20 mil lojas. Até o final de
2014 a General Shopping Brasil pretende ter sete outlets
em funcionamento no país.
Isso porque há cada vez mais
necessidade da indústria de escoar sua produção, de forma a
conseguir girar mais rapidamente o estoque e dar espaço para
novas coleções.
COMPRAS COM DESCONTOS
Estabelecimentos que já estão em funcionamento
e que ainda devem ser inaugurados
CASA OUTLET
Administrador: Grupo de
investimento particular
Onde: Rodovia Régis Bittencourt,
km 271,5
Projeto: especializado em
decoração, terá dois pisos com
cerca de 60 lojas que oferecerão
descontos de 30% a 70% em
peças descontinuadas, pontas de
estoque. Entre as marcas, By
Kamy, de tapetes, Clami Design,
Amazonia, Sierra e Brentwood, de
móveis. Também terá lojas de
acabamentos, tecidos, acessórios
para banheiro, ferragens e
revestimentos. O espaço irá
oferecer restaurantes, serviços
de conveniência e estacionamento gratuito. O empreendimento terá também um prédio
comercial e um hotel. A previsão
de inauguração é junho
OUTLET DE MODA
Administrador: BR Malls
Onde: Rodovia Castello
Branco, no interior de São
Paulo
Projeto: em parceria com
uma administradora de
outlets no exterior, como
Woodburry, em Nova York, e
Las Vegas Premium, o novo
empreendimento terá o
vestuário como foco. Seu
projeto pode ser divulgado
em breve e deve ser
inaugurado ainda este ano
OUTLET PREMIUM
Administrador: General Shopping
Onde: São Paulo e Brasília (em funcionamento)
e Rio de Janeiro e Salvador (em construção)
Projeto: oferece até 80% de desconto em
coleções passadas e atuais de vestuário e
reúne mais de 80 lojas de grifes como Lacoste,
Nike, Ricardo Almeida, Hugo Boss e Daslu. Tem
restaurantes, sanitários, fraldário e sala para
amamentação, cadeiras motorizadas e
estacionamento gratuito. O desconto médio das
peças, na unidade de São Paulo, é de 52%
comprados jogos de mesa com
menos cadeiras que o original.
Todas as peças serão para pronta entrega e estarão em exposição”, explica.
Expansão
A nova oferta de empreendimentos chega após o Outlet Premium de São Paulo, inaugurado
em 2009 em Itupeva, no interior do estado.
O outlet administrado pela
General Shopping Brasil está
em fase de expansão. Após
inaugurar uma unidade em Brasília em julho do ano passado,
outras duas serão inauguradas
este ano: uma na rodovia Washington Luis, km 109, no município de Duque de Caxias, no
Rio de Janeiro e outra na Estra-
Dicas
CATARINA FASHION OUTLET
Administrador: JHSF
Onde: Km 60 da Rodovia
Castello Branco
Projeto: terá área de 25 mil
metros quadrados, com mix de
120 lojas de grifes nacionais e
internacionais, área de lazer e
entretenimento, restaurantes e
serviços de conveniência. Está
previsto para ser inaugurado
neste semestre
Fonte: empresas
da do Coco, 099, perto de Salvador, na Bahia.
O conceito será o mesmo: grifes de vestuário nacionais e internacionais com até 80% de
desconto. Já o projeto pode ter
mudanças conforme a praça.
“Para os dois projetos além
das marcas consagradas que estão conosco em São Paulo e Brasília, teremos um espaço regional em que os consumidores po-
Centro de lazer e
lojas de compras com
produtos regionais
são algumas
novidades dos
empreendimentos
derão comprar artigos locais, como rendas e artesanato em Salvador, por exemplo. 60% das
marcas de São Paulo já estão conosco em Brasília e estarão em
Salvador e Rio”, diz Alexandre
Dias, diretor de marketing e varejo da General.
Por ser um shopping a céu
aberto, com ausência de escadas-rolantes e ar condicionado
central, o custo operacional para o lojista é até 70% menor. Esse é um diferencial que permite
que os itens possam ser vendidos com desconto, segundo informações da General.
Ao longo do tempo, novas
marcas foram agregadas ao mix
do outlet, inclusive de cosméticos. As peças vendidas são de
coleções passadas em perfeito
Para quem está acostumado a
comprar em outlets em Miami,
Orlando e até na Europa, Nuno
Fouto, coordenador de estudos
e pesquisas do Programa de Administração do Varejo (Provar),
da FIA, alerta que os itens oferecidos no país tendem a sofrer
mais oscilações. Isso porque ainda não existe no Brasil uma produção própria das marcas para
os outlets.
“Quem busca peças exclusivas, vai ser mais difícil encontrar por aqui. Isso também interfere no planejamento da compra. Os produtos vendidos ficam ao sabor de giro de estoque. Em uma ida ao outlet, o
consumidor pode encontrar
muitas oportunidades. Em outras, pode faltar diversidade e
até numeração.”
Para se prevenir destas situações, os empreendimentos geralmente oferecem o envio de
promoções por e-mail. O consumidor pode se cadastrar para receber ofertas esporádicas.
É preferível também fazer
compras maiores, pois é necessário incluir na conta os custos
de deslocamento até o local, e ir
armado com referências de preços que possam validar ou não o
desconto oferecido.
Diferenciais, como bons restaurantes, áreas externas e de lazer, podem fazer diferença. “É
uma compra cansativa. Serviços e um bom projeto suavizam
isso”, diz Fouto. ■
36 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
MUNDO
Editor executivo: Gabriel de Sales gsales@brasileconomico.com.br
Zona do Euro surpreende
com superávit de ¤ 13,7 bi
Em novembro, as exportações registraram salto de 5%, enquanto as importações permaneceram estáveis
David Ramos/Bloomberg
Jan Strupczewski e Axel Bugge
Reuters, Bruxelas e Lisboa
A Zona do Euro registrou superávit comercial acima do esperado em novembro graças ao aumento das exportações e à estabilidade das importações, de
acordo com dados divulgados
ontem, indicando alta da competitividade do bloco e demanda doméstica reprimida.
A agência de estatísticas da
União Europeia, Eurostat, informou que o superávit comercial
não ajustado nos 17 países que
usam o euro foi de ¤ 13,7 bilhões
em novembro, ante ¤ 4,9 bilhões
um ano antes, uma vez que as exportações saltaram 5% e as importações ficaram estáveis.
Nos 11 primeiros meses de
2012, as exportações do bloco subiram 8% contra o mesmo período
de 2011, enquanto as importações
cresceram apenas 2%. Detalhes
do período entre janeiro e novembro ainda não foram divulgados,
mas dados mostraram que entre
janeiro e outubro as exportações
de maquinário, carros e outros
produtos manufaturados da Zona
do Euro compensaram os custos
de importações de óleo e gás.
Ajustado sazonalmente, o superávit comercial foi de ¤ 11 bilhões em novembro, ante ¤ 7,4
bilhões em outubro, uma vez
que as exportações subiram
0,8% na comparação mensal e
as importações caíram 1,5%.
O superávit da Alemanha,
maior exportador da Europa,
atingiu ¤ 158 bilhões , ante ¤ 129
bilhões um ano antes. Mas, a
maior melhora, proporcionalmente, foi registrada na Itália,
que atingiu superávit de ¤ 6,6 bilhões nos 10 primeiros meses de
2012 ante um déficit de ¤ 25,3 bilhões um ano antes.
Ontem, o Banco de Portugal,
banco central do país, reduziu
sua perspectiva econômica para
o país, estimando uma queda na
atividade de 1,9% em 2013, uma
vez que o crescimento global
mais fraco afeta a demanda por
exportações e o consumo doméstico recua.
O BC disse que o PIB deve se recuperar e registrar crescimento
de 1,3% em 2014, mas isso depende de mais medidas de austeridade serem lançadas sob os termos
do acordo com o resgate de Portugal pela União Europeia e Fundo
Monetário Internacional (FMI). ■
Grécia terá
nova parcela
de ¤ 9,2 bi
Exportações da Zona do Euro aumentaram 8% em 11 meses
A Grécia teve sinais positivos
de que vai receber a parcela
de janeiro da ajuda financeira
internacional no valor de
¤ 9,2 bilhões, após a aprovação
de aumentos de impostos e
outras reformas, afirmou o
ministro das Finanças do país,
Yannis Stournaras.
No mês passado, os credores
europeus concordaram em liberar
¤ 49,1 bilhões ao país até o fim de
março. Já foram injetados ¤ 34,3
bilhões para evitar o default
soberano. O restante será pago
em três parcelas assim que a
Grécia implementar as reformas
determinadas pelos credores.
Stournaras disse na noite de
segunda-feira ter sido informado
por Bruxelas de que será
recomendado aos ministros das
Finanças dos países que integram
a Zona do Euro o pagamento da
parcela de janeiro. Reuters
Jonas Ekstromer/Reuters
TREM DA MADRUGADA
PIB da Alemanha desacelera
e sobe apenas 0,7% no ano
Projeção para 2013 deverá ser
de expansão de 0,4%, inferior
à estimativa anterior de 1%
Uma funcionária de limpeza roubou um trem e saiu dos trilhos, invadindo uma casa
na Suécia. Não ficou claro como a mulher, que tem cerca de 20 anos, conseguiu as
chaves necessárias para ligar o trem. Ela foi levada ao hospital com ferimentos graves,
mas o trem não transportava passageiros, uma vez que era de madrugada, e ninguém
na casa ficou ferido. O trem descarrilou após o final da linha e passou por cima de
uma rua que separa a casa da ferrovia, colidindo com uma varanda e invadindo um
quarto no andar de baixo de uma casa, no subúrbio refinado de Saltsjobaden. Reuters
O Produto Interno Bruto (PIB) da
Alemanha encolheu 0,5% no
quarto trimestre de 2012, pior
performance trimestral desde
que a Alemanha caiu em recessão durante a crise financeira global de 2008/09, e apenas a segunda contração desde que essa fase
acabou. Com isso, o crescimento
da atividade econômica alemã
no ano passado desacelerou drasticamente para 0,7%, bem abaixo dos 3% de expansão registrados em 2011 e dos 4,2% de 2010,
um recorde pós-unificação.
O governo deve publicar uma
estimativa para o crescimento de
2013 na quarta-feira. Uma autoridade do Ministério da Economia
antecipou que a previsão será de
expansão de 0,4% este ano, menos da metade da atual estimativa do governo de 1%.
Até agora o desemprego permanece baixo e os salários devem subir de novo neste ano. Mas se as
famílias alemãs sentirem as adversidades da crise do euro em ano
eleitoral, as esperanças da chanceler Angela Merkel de um terceiro
mandato podem ser afetadas.
“Nos dois anos anteriores
(2011 e 2010), o crescimento do
PIB foi bem maior por conta do
processo de recuperação após a
crise de 2009”, informou a agência federal em comunicado.
Andreas Scheuerle, do Dekabank, classificou o resultado de
2012 de “decepcionante” à primeira vista. “Mas,levando-se em conta as dificuldades na Zona do Euro
e a fragilidade dos mercado, podemos ficar contentes.” ■ Reuters
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 37
Jumana ElHeloueh/Reuters
INTERVENÇÃO
França espera força conjunta africana no Mali
O presidente da França, François Hollande, disse ontem, numa base
militar francesa em Abu Dhabi que o envio de uma força conjunta
da África ao Mali, onde tropas francesas enfrentam militantes ligados
à Al Qaeda, deve levar uma semana. A França planeja enviar 2.500
soldados para sua ex-colônia e trabalhar com mais 3.300 de países do
oeste africano esperados para implementar um plano de intervenção
autorizado pela ONU, a ser liderado pelos africanos. Reuters
Número de famílias
pobres cresce nos EUA
Spencer Platt/AFP
No final de 2011, cerca de
47,5 milhões de americanos
viviam próximos da pobreza
Susan Heavey
Reuters, Washington
O número de famílias que enfrentam a pobreza apesar de terem emprego continuou crescendo nos Estados Unidos em
2011, quando mais gente voltou
a trabalhar, mas principalmente
em funções mal remuneradas no
setor de serviços, revela uma
análise divulgada ontem. Mais
chefes de família aceitaram vagas como caixas, empregados domésticos, garçons e outros empregos em setores que oferecem
baixos salários, baixa carga horária e poucos benefícios, segundo
o Projeto dos Pobres Trabalhadores, um esforço com financiamento privado voltado para a
melhora da segurança econômica para famílias de baixa renda.
O resultado é que em 2011 havia 200 mil famílias de “pobres
trabalhadores” a mais do que
em 2010, segundo o relatório,
que se baseia na análise dos dados recentes do Censo. Cerca de
10,4 milhões dessas famílias ou 47,5 milhões de americanos
- agora vivem próximas da pobreza, definida nos EUA como
sendo uma renda inferior ao limite oficial de pobreza, que é
de US$ 22.811 por ano para uma
família de quatro pessoas.
No geral, quase um terço das
famílias trabalhadoras atual-
Em 2011, EUA tinham mais 200 mil famílias pobres que em 2010
Consumo americano
registra avanço “sólido”
Vendas no varejo subiram
0,5% em dezembro ignorando a
ameaça de impostos mais altos
As vendas no varejo nos Estados Unidos subiram a um ritmo
sólido em dezembro, uma vez
que os americanos ignoraram a
ameaça de impostos mais altos
e compraram automóveis e diversos outros bens, sugerindo
vigor nos gastos.
O Departamento do Comércio informou que as vendas no
varejo subiram 0,5% em dezembro após alta de 0,4% em novembro, segundo dados revisados. Inicialmente, foi informado que as vendas de novembro
tinham subido 0,3%. As vendas
avançaram 4,7% ante dezembro de 2011 e no acumulado de
2012 registraram alta de 5,2%.
O segundo mês seguido de ganhos nessa medida sugere que
os gastos do consumidor aceleraram no quarto trimestre depois de subirem a um ritmo
anual de 1,6% no período entre
julho e setembro.
Um segundo relatório do Departamento do Comércio mostrou que os estoques empresariais nos Estados Unidos avançaram modestos 0,3% em novembro, reforçando opiniões de que
o reabastecimento não vai fomentar o crescimento econômico no quarto trimestre.
Embora um acordo de última
hora do Congresso dos EUA tenha
evitado o pior do chamado abismo fiscal, ou US$ 600 bilhões em
cortes automáticos de gastos do
governo e tributos mais altos, as
famílias verão reduções em seus
rendimentos a partir de janeiro.
Economistas afirmam que isso
pode contribuir para manter os
gastos dos consumidores em banho-maria no início deste ano. Estimam que os aumentos tributários podem reduzir até 1,2 ponto
percentual dos gastos do consumidor norte-americano neste trimestre. ■ Reuters
Peter Macdiarmid/AFP
mente enfrenta dificuldades, segundo a análise. Em 2007, quando a recessão nos EUA começou, eram 28%. “Embora muita
gente esteja voltando a trabalhar, elas estão muitas vezes assumindo vagas com salários menores e menos segurança no emprego, em comparação aos empregos de classe média que tinham antes da crise econômica”, diz o relatório.
As conclusões ocorrem quase
três anos depois de o país ter oficialmente deixado a recessão,
no segundo semestre de 2009.
Os dados mostram que os
20% mais ricos dos EUA receberam 48% de toda a renda nacional, enquanto os 20% mais pobres ficaram com apenas 5%.
O efeito da quase pobreza sobre o crescente número de
crianças que vive nessas famílias - aumento de quase 2,5 milhões de menores em cinco
anos - também preocupa. Em
2011, 23,5 milhões (ou 37%) das
crianças dos EUA viviam em famílias trabalhadoras pobres,
contra 21 milhões (33%) em
2007, segundo o relatório. ■
“NÃO É PECADO SER BONITO”
Fitch ameaça reduzir nota
Contudo, agência considera
fraco risco de os EUA deixarem
de honrar seus compromissos
A agência de classificação financeira Fitch ameaçou, ontem, degradar a nota de crédito dos Estados Unidos, atualmente a melhor (AAA), se não houver um
acordo no Congresso para aumentar o teto da dívida.
“O fracasso na hora de aumentar o teto da dívida em seu
devido tempo provocará um
exame formal das classificações
soberanas dos Estados Unidos",
adverte a Fitch.
A agência considera, no entanto, que a possibilidade de
que a maior economia mundial
deixe de pagar suas dívidas é
“extremamente fraca”. Atualmente, o limite legal da dívida
americana está situado em
US$ 16,4 trilhões, valor que será atingido no fim de fevereiro.
No Congresso, democratas e
republicanos mantêm duras discussões em torno do aumento
deste teto. Na segunda-feira, o
presidente Barack Obama e o líder do Federal Reserve, Ben Bernanke, insistiram na necessidade de um acordo para que o país
possa cumprir seus pagamentos
pendentes. Entre eles encontram-se os pagamentos da segurança social, os subsídios dos veteranos de guerra, os salários de
militares e dos controladores aéreos, além dos contratos com
pequenas empresas.
“É muito, muito importante
que o Congresso adote as medidas necessárias para se evitar que
o governo fique sem a capacidade de honrar seus pagamentos”,
declarou Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve Bank
(FED) em discurso segunda-feira
à noite na Universidade de Michigan. “Elevar o limite do endividamento simplesmente permite
que o governo honre seus atuais
compromissos. Isto não criará novos gastos”, destacou Bernanke.
O presidente Barack Obama
já havia pedido na segunda-feira aos republicanos, que controlam a Câmara dos Representantes, para aceitar um compromisso sobre a dívida e “evitar uma
nova crise econômica”. ■ AFP
OarcebispoGeorgGanswein,secretárioparticulardo
papaBento16,quefoiapelidadode“GorgeousGeorge”
(“GeorgeBonitão”)pelosmeiosdecomunicaçãoitalianos,
virouestreladacapadaVanityFair.Acapadaedição
italianadarevistamostraoarcebispode56anossorrindo,
seusolhosazuisbrilhando,acimadeumamanchete
quediz“PadreGeorg-Nãoépecadoserbonito”.Arevista
chamaGansweinde“OGeorgeClooneydeSãoPedro”
edizquededicouumareportagemdecapaparahonrar
asuarecentepromoçãoaopostodearcebispoecomo
reconhecimentodoseupodercrescentenaIgrejaCatólica
Romana.Alemãocomoopapa,eletambémfoipromovido
paraocargodePrefeitodaCasaPontifícia.Reuters
38 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
Jerome Favre/Bloomberg
MUNDO
NA REDE
São 564 milhões de chineses com acesso à web
O número, referente a 2012, mostra aumento de 51 milhões em relação
a 2011, anunciou o Centro de Informação sobre a Internet na China
(CNNIC). A taxa de penetração da internet no país mais populoso do
mundo, que é também aquele com o maior número de internautas,
subiu para 42,1%, contra 38,3% registrado no final de 2011, de acordo
com a agência oficial. Quase três quartos destes internautas (74,5%)
acessam a rede por meio de um telefone celular, diz a agência. AFP
Um cenário nada divertido por trás
da indústria de brinquedos da China
O que se vê em Shenzhen são maquinários antigos operados por trabalhadores sem equipamento de segurança
AFP
Micheli Rueda, de Hong Kong
mrueda@brasileconomico.com.br
Quarta maior economia da China, a cidade de Shenzhen - pouco maior que São Paulo, com
1,99 mil quilômetros quadrados
- é o centro da alta tecnologia e
da fabricação, além da ligação
direta com Hong Kong.
Todo poderio financeiro da
região, no entanto, se esconde
por trás de extensas avenidas
povoadas por prédios sequenciais de fábricas e seus respectivos dormitórios. Costume na
China, morar literalmente ao lado do trabalho ganha ares de utilidade quando se tem longas jornadas de serviço.
Mas esses dormitórios estão
longe do que se pode chamar de
lar. As grades nas janelas avançam os contornos dos edifícios
e quase provocam uma intersecção com o prédio vizinho. Uma
medida de segurança contra suicídios, em um país de regime político severo e reclusão social.
Shenzhen também é um pólo
na produção de brinquedos,
abrigando cerca de 5 mil fábricas do setor e, dessa forma, dá
sua contribuição para que a China mantenha a liderança isolada nessa atividade. O país res-
ponde por 70% da fabricação
mundial de brinquedos.
A realidade encoberta atrás
do famoso “made in China” é
precária. Longe de ter uma linha de produção de última geração, o que se vê são maquinários antigos operados por trabalhadores sem qualquer equipamento de segurança individual.
“Uma fábrica nessas condições
estaria fechada no Brasil e o dono preso”, afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq).
A resignação dos chineses
com o trabalho reluz aos olhos
de quem caminha entre uma
mesa e outra de montagem de
peças. Mas um progresso tem
que ser notado: a erradicação
do trabalho infantil nas fábricas
de brinquedos chinesas, certificada pela International Council
of Toy Industries (ICTI).
São essas condições - baixo investimento em infraestrutura industrial e trabalhista - que asseguram a competitividade do produto chinês. As mudanças estão em
progresso, ainda que lentamente
e em um padrão distante do brasileiro, com a sindicalização e profissionalização dos funcionários.
O aumento de salários e a con-
Fábrica chinesa de brinquedos: profissionalização e benefícios sociais preocupam empresários
cessão de benefícios sociais, porém, têm levado a ajustes nos
preços finais e preocupado o empresário chinês.
O Brasil, por exemplo, pretende reduzir a participação de brinquedos importados da China para 50% neste ano, contra 60% no
ano passado. Em cinco anos, esse
número deve ser limitado a 30%.
Considerado um mercado im-
portante, os chineses também
estão alertas ao câmbio brasileiro. “A taxa de câmbio está matando os negócios”, resume
George Chang, gerente geral da
Team Creation. Chang atua como um intermediário. Ele é responsável por fazer a ponte entre empresas internacionais e fabricantes chineses.
O executivo chinês destaca
que em 2012 os contratos foram
fechados com o dólar a R$ 1,65
e, agora, a taxa está a R$ 2,03.
A solução imposta por essa nova configuração de aumento do
custo da mão de obra chinesa
aliada a um momento econômico mundial mais frágil é a busca
por novos centros de fabricação, dentre os quais despontam
o Vietnã e o Camboja. ■
George Burns/Reuters
CONFISSÃO NO AR
Futuro premiê vê solução
da poluição só a longo prazo
Li Keqiang é o primeiro membro
do Politiburo a se manifestar
abertamente sobre o tema
O jornal USA Today informou em sua edição de segunda-feira que o ex-ciclista Lance
Armstrong confessou ter usado doping no Tour de France, principal prova do ciclismo
mundial, e que lhe custou o banimento definitivo do esporte. A confissão foi feita
em entrevista a Oprah Winfrey, que vai ao ar amanhã na rede OWN, de propriedade
da apresentadora. Em uma aparição no programa “This Morning”, da CBS, ontem,
Oprah não chegou a confirmar uma confissão e disse que deixaria aos outros
decidirem se Armstrong tinha se mostrado arrependido na entrevista. Agências
Dias depois de uma fumaça asfixiante cobrir a capital da China,
o próximo primeiro-ministro
do país somou sua voz aos apelos para conter a fumaça tóxica,
mas ofereceu poucos detalhes e
disse que não há solução rápida.
Os comentários do vice-premiê Li Keqiang, que deve assumir o cargo de primeiro-ministro em um congresso nacional
em março, marcaram a primeira vez que um membro do Comitê Permanente do Politburo do
Partido Comunista abordou os
níveis de poluição que atingiram patamares recordes durante o fim de semana.
As condições tinham melhorado um pouco ontem, mas o ar
perigoso provocou comentários
irritados de alguns dos 20 milhões de moradores de Pequim
e inspirou a mídia estatal geralmente complacente a criticar a
inércia do governo.
“Houve um acúmulo de longo prazo para este problema, e a
solução vai exigir um processo
de longo prazo. Mas temos de
agir”, disse a rádio estatal citando Li, três dias após as medidas
de poluição ultrapassarem os recordes anteriores.
“Por um lado, temos que aumentar a força da gestão ambiental e outras tarefas oficiais,
e, por outro lado, devemos lembrar ao público para reforçar a
proteção pessoal. Esta situação
exige conscientização e participação de todas as pessoas e nossa administração conjunta”,
afirmou. ■ Reuters
Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013 Brasil Econômico 39
PONTO DE VISTA
Prisão do primeiro-ministro no Paquistão
A Suprema Corte do Paquistão ordenou a prisão do primeiro-ministro
Raja Pervez Ashraf por ligação com um caso de corrupção em projetos
de energia, noticiaram canais de televisão ontem, afundando o país em
uma nova turbulência política. A decisão foi tomada ao mesmo tempo
que um clérigo populista, o qual se acredita receber apoio dos militares,
exigia a renúncia do governo, comandando protestos com a presença
de milhares de seguidores no coração da capital Islamabad. Reuters
IDEIAS/DEBATES
pontodevista@brasileconomico.com.br
ANDRÉA RUSSO
RODRIGO SIAS
Diretora de Desenvolvimento e Projetos
do Grupo Troiano de Branding
Economista pelo Instituto de Economia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
O didatismo fala a linguagem
da nova consumidora?
O ex-ministro
Golbery e o PT
A velha classe média ou subiu ou desceu de patamar, e a saída foi correr
atrás do novo. A nova classe média aumentou seus gastos na escala do consumo e as empresas se viram obrigadas a rever a forma de conversar com
estes consumidores. Como se aproximar deste público que nem sempre tem
as mesmas referências, anseios e forma de agir que a classe média anterior?
Manter o mesmo tom na conversa, ícones e referências não funciona. O
novo consumidor não se identifica com a velha mensagem. Percebemos
que as marcas que sempre tiveram um trabalho consistente saíram na frente, pois se prepararam para a mudança, buscando conhecer e ouvir os novos clientes. Estas marcas estão na vantagem. Assumiram nova forma de
conversar e dosaram com equilíbrio uma pitada de didatismo com ousadia.
No Grupo Troiano de Branding, reforçamos a importância de uma marca inovar sem perder a essência. Não dá para tentar ser uma coisa que não
é real, a comunicação fica oca e os públicos não se identificam. O maior
perigo é perder a mão e se distanciar do seu público fiel e defensor da sua
marca, sem nem atingir o novo.
Como consumidora que perdeu a identidade com algumas marcas ou
apenas como expectadora, fui atraída por esse jeitão descontraído e divertido de ser da nova classe média. Menos preconceito, mais cor, movimento e tudo ao mesmo tempo. Observando o comportamento, estilo de vida
e atitudes dos novos consumidores, o primeiro destaque foi sobre as mulheres deste grupo, elas possuem um papel diferente na comunidade que
habitam, são independentes financeiramente e conquistaram uma posição profissional de destaque nas famílias.
Conhecido como o principal ideólogo do governo militar brasileiro iniciado
em 1964 e ministro-chefe da Casa Civil dos dois últimos generais-presidentes, Golbery do Couto e Silva foi também o grande arquiteto da abertura do
regime que ajudou a criar. A distensão, “lenta, gradual e segura”, iniciada
sob seu comando já no governo Geisel, prepararia o retorno da democracia
ao país e a volta dos partidos políticos. Segundo os cálculos de Golbery, uma
vez que a esquerda revolucionária armada já havia sido derrotada no campo
de batalha, uma nova esquerda poderia assumir seu lugar.
Para o “bruxo”, o problema da esquerda combatida pelo regime era o fato
de ser, justamente por seu caráter revolucionário, um movimento antissistêmico. Sua ideia era patrocinar a criação de uma esquerda ligada aos sindicatos e às reinvidicações trabalhistas usuais — ou seja, uma esquerda sistêmica
— que não fosse revolucionária e respeitasse as regras.
O colaborativismo está mais presente
e as marcas precisam se relacionar
de forma mais amiga e próxima da mulher
Visitando as casas e convivendo algumas horas juntas em estudos etnográficos com estas mulheres, algumas verdades (até então inquestionáveis
para a velha classe média) deixaram de existir. Esta nova consumidora veste de uma forma supernatural uma roupa curta, justa e deixa as “gordurinhas” à mostra e ainda sai feliz e se achando linda para mostrar a quem quiser e puder ver. E neste momento, surge uma nova versão feminina, sem a
vergonha do corpo cheinho e sem qualquer forma de adoração a magreza.
Outra descoberta foi sobre o sentido da palavra colaborativismo (mais
uma palavra da moda?), que é muito mais verdadeiro, e até porque não dizer, vivenciado ao pé da letra entre elas: cansou de uma roupa, troca com
uma amiga; se não dá pra comprar uma bolsa sozinha, compro e divido
com minha amiga, cada final de semana é uma que usa; compartilhar computador e o cartão de crédito, também vale e por aí vai. E para as marcas
isso significa que é preciso se relacionar de forma mais amiga e próxima
dessa mulher.
Sim, existe uma forma mais sincera e simples de agir, uma fórmula de
viver que parece descomplicada. E não adianta falar com elas com todo didatismo do 1+1, pois não é isso que querem. Elas querem ser simplesmente
felizes, mas com muita vida, agito e brilho junto com a família e amigos.
Tudo isso é valorizado pela nova consumidora. Será que não são elas que
estão certas? ■
Apesar da propaganda atual, já nos anos 1970 as
esquerdas e suas ideias passaram a dominar o ambiente
com o beneplácito do próprio governo militar
O ideólogo acreditava que o sindicalismo do final dos anos 1970 e início
dos anos 1980 estaria divorciado da concepção de “lutas de classes” e priorizaria disputas e acordos salariais. Golbery alimentou os opositores do regime — entre eles, o próprio ex-presidente Lula, na época, líder das greves do
ABC paulista — cedendo-lhes espaço, acreditando que estava preparando a
oposição democrática ao legado de 1964. Por isso, apesar da propaganda
atual, já nos anos 1970, as esquerdas e suas ideias passaram a dominar o ambiente universitário, os sindicatos, as produções culturais e a imprensa, com
o beneplácito do próprio governo militar.
O plano parecia perfeito. No entanto, havia um grave erro de cálculo. Quando Golbery pôs em prática seu plano de abertura política, a esquerda revolucionária já tinha há algum tempo entrado em profundo processo de reformulação
metodológica, cujo símbolo maior era a adoção da doutrina do italiano Antônio Gramsci. A doutrina grasmciana supunha que a sociedade capitalista contava com espaços que comportariam a militância revolucionária de esquerda,
sem que esta tivesse de bater de frente com o sistema capitalista. Segundo Gramsci, o “Partido Príncipe” deveria paulatinamente criar as condições para sua
ascensão final ao poder, crescendo dentro do sistema capitalista e democrático, até que, poderoso o suficiente, poderia dominá-lo completamente e transformá-lo em instrumento da revolução. Como condição prévia para a tomada
de poder, portanto, seria preciso ocupar espaços, conquistar “corações e mentes” e preparar o ambiente cultural para a revolução comunista.
Com a adoção do gramscismo, a esquerda revolucionária passou a ser sistêmica, frustrando as maquinações de Golbery. Muitos militares ainda hoje
não se deram conta do caráter sistêmico assumido pelos “subversivos” de
outrora. Por isso, muitos votaram no PT em 2002, não entendem o porquê
da “Comissão da Verdade” e estranham o apoio diplomático dado aos “bolivarianos” da América do Sul. Golbery e os militares anticomunistas de outrora (e de hoje) perderam a batalha político-ideológica por uma razão simples:
lutaram a guerra presente achando que esta seria combatida como foi a anterior, ou seja, bastaria derrotar a guerrilha para derrotar os revolucionários.
Foi este erro crasso que possibilitou a ascensão do PT. ■
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40 Brasil Econômico Quarta-feira, 16 de janeiro, 2013
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Um aceno em direção
à velha classe média
Imagem da nota de 50 cruzados novos, que homenageou o poeta Carlos Drummond
de Andrade. A moeda foi lançada há exatos 24 anos em consequência da reforma
monetária promovida pelo Plano Verão, instituído pelo então ministro da Fazenda,
Maílson da Nóbrega. Sob o símbolo “NCz$”, o cruzado novo entrou em vigência no dia
16 de janeiro de 1989 e permaneceu no mercado por pouco mais de um ano. Além da
nota de 50, havia também as cédulas de 100, 200 e 500 cruzados novos, e as moedas de
1, 5, 10 e 50 centavos, e de 1 cruzado novo. As notas foram reaproveitadas no padrão
seguinte, denominado Cruzeiro, moeda que foi emitida a partir do Plano Collor.
As moedas mais utilizadas no país
Entre o final da década de 80 e
início dos anos 90, o Brasil teve
quatro denominações de moedas em pouco mais de cinco
anos por conta da instabilidade
monetária e dos altíssimos índices de inflação. O cruzeiro
real, por exemplo, foi a moeda
que teve o menor período em
circulação, com um total de
apenas 10 meses. Já a moeda
que ficou em vigência por mais
tempo foi o cruzeiro, que circulou por mais de 24 anos entre
as décadas de 40 e 60. Mas tudo indica que o real passará a
ser a moeda com mais tempo
de circulação. Em vigência desde 1994, ela assumirá a liderança do ranking em 2019. ■
TEMPO É DINHEIRO
Cruzeiro foi utilizado para denominar a moeda
brasileira em três períodos diferentes
MOEDA
Cruzeiro*
Real
PERÍODO
TEMPO TOTAL
1º/11/1942 a 12/02/1967
24 anos e 3 meses
Desde 1º/07/1994
18 anos e 6 meses
Cruzeiro**
15/05/1970 a 27/02/1986
15 anos e 9 meses
Cruzeiro***
16/03/1990 a 31/07/1993
3 anos e 4 meses
Cruzeiro Novo
13/02/1967 a 14/05/1970
3 anos e 3 meses
Cruzado
28/02/1986 a 15/01/1989
2 anos e 11 meses
Cruzado Novo
16/01/1989 a 15/03/1990
1 ano e 2 meses
Cruzeiro Real
1º/08/1993 a 30/06/1994
10 meses
Fonte: Banco Central
A Caixa Econômica Federal
atrair as pessoas que, pelas esanunciou ontem a redução dos
tatísticas do governo, foram injuros cobrados sobre os empréscorporadas ao universo do contimos para a compra de imósumo. As companhias aéreas
veis com preços superiores a
passaram a vender mais passaR$ 500 mil. Pelas regras que vigens para brasileiros que emgoraram até agora, casas e aparbarcavam num avião pela pritamentos acima deste valor timeira vez. O varejo voltou seu
nham regras de financiamento
marketing e sua linha de promais apertadas do que as válidutos a pessoas que, no passadas para os chamados imóveis
do, não tinham chance de enpopulares. Ainda continuam astrar num supermercado. As
sim. Mas que a situação melhomontadoras, a indústria da
rou, isso melhorou. A partir de
construção, os bancos, a indúsagora, quem não é cliente da
tria de alimentos, enfim, toda
Caixa pagará pouco menos de
a economia brasileira se voltou
9,5% ao ano sobre os empréstipara o atendimento de uma pomos para a compra de imóveis
pulação que estivera à margem
mais caros. Quem é cliente padas possibilidades de consumo
gará 8,4% ao ano. Ainda são junos últimos tempos. Só que, ao
ros salgados, quando se trata
fazer isso, acabou discriminande financiamendo os brasileito imobiliário.
ros que já tiA
redução
dos
No mundo inteinham algum pojuros imobiliários
ro, os juros desder de compra
ses financiae também mepela Caixa é o
mentos são irrilhoraram de viinício do fim do
sórios. No Brada nos últimos
preconceito contra anos. Era como
sil, esses empréstimos ainse o sucesso rea velha classe
da são caros colativo que já timédia
e
as
novas
mo todos os denham anteriorClasses A e B
mais — e mesmente os dispenmo com o esforsasse de ter meço feito pelo governo para redulhores condições para consumir
zir os juros ao longo de 2012, as
e continuar melhorando de vida.
taxas brasileiras continuam eleA decisão da Caixa represenvadíssimas quando comparata um movimento discreto —
das às internacionais. Seja comas, de qualquer forma, um momo for, a atitude da Caixa é muivimento — em direção à nova
to mais positiva do que pode paclasse média alta e, também, à
recer à primeira vista. Ela reprevelha classe média. E isso é exsenta um aceno importante na
tremamente positivo, sobretudireção de um grupo que, nos
do num momento em que a ecoúltimos anos, praticamente
nomia precisa reagir. Políticas
não recebeu atenção dos chamais abrangentes, que criem
mados “agentes econômicos”.
condições de consumo mais faTrata-se das novas classes A
voráveis para todos os brasileie B — que emergiram no mesros podem indicar um bom camo processo que originou as
minho para estimular a econonovas classes C e D, mas foram
mia. Além de representar a reabandonadas à própria sorte.
dução de algo que muita gente
Nos últimos anos, todos os monão considera, mas que no funvimentos feitos pelo chamado
do, no fundo, era (e ainda é) um
“mercado” destinaram-se a
grande preconceito. ■
DESTAQUES DO PORTAL
➤
●
Embora o comércio
varejista tenha
apresentado desaceleração em
seu ritmo de crescimento no
mês de novembro, o movimento
é visto como algo temporário.
"A tendência de alta na qual
o varejo está desde 2003
parece longe do fim", afirmam
economistas do Espírito Santo
Investment Bank, em relatório.
➤
●
Com a ausência de Joaquim
Barbosa, presidente do
Supremo Tribunal Federal,
Ricardo Lewandowski assume o
comando da corte interinamente.
O magistrado avaliará demandas
urgentes do Judiciário. Em 2013,
o STF deve concluir o processo
do mensalão e julgar a revisão
da poupança dos planos Bresser,
Verão, Collor 1 e Collor 2.
➤
●
O indicador de vendas no
varejo dos Estados Unidos
mostrou que os gastos dos
consumidores americanos foram
impulsionados por redução
nos preços de combustíveis
e pelo efeito do furacão Sandy.
O volume de vendas cresceu
0,5% em dezembro, ante o
mês anterior, ficando acima do
consenso dos analistas, de 0,2%.
PERSONAGEM DA SEMANA
RESULTADO PARCIAL DA ENQUETE EM REAL TIME*
71,5%
Carlos Takahashi, vice presidente da Anbima
17,5%
Laércio Cosentino, presidente da Totvs
8,8%
Sissi Freeman, herdeira do grupo Granado
Paulo Barbanti, fundador da Intermédica 0,8%
Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq 0,8%
Ricardo Flores, presidente da Brasilprev 0,6%
0 10 20 30 40 50 60 70 880
*até as 18h do dia 15
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