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www.brasileconomico.com.br mobile.brasileconomico.com.br O sindicalista Marco Maia está na iminência de assumir a presidência da Câmara em meio à discussão sobre valor do salário mínimo. ➥ P12 R$ 3,00 Chris Ratcliffe/Bloomberg SEGUNDA-FEIRA, 31 DE JANEIRO, 2011 | ANO 3 | Nº 360 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA Uma economia global mais forte depende de maior regulação das instituições financeiras, diz Dominique Strauss-Kahn, do FMI. ➥ P38 Empresas aéreas ampliam rotas domésticas para driblar gargalos Maior número de voos rumo a cidades do interior faz parte da estratégia para atender o público emergente das classes C e D O aumento crescente do número de passageiros que procuram o transporte aéreo, cuja expansão é calculada em 18%, neste ano, pela Tam, líder do mercado, leva as companhias a ampliar a frota, com aquisição de jatos de maior porte. É o caso da Trip, que vai incorporar 14 aviões e aumentar a oferta de assentos em 70%. A Azul, que receberá mais 12 aeronaves, também olha para o interior. “O Brasil tem mais de 5,5 mil municípios”, diz Adalberto Flebiano, diretor da companhia. ➥ P4 Novas regras da Anac para os aeroportos são vistas como porta aberta à iniciativa privada. Murillo Constantino Eduardo Gouveia, da Multiplus: modelo atrai investidor estrangeiro Randon e AmstedMaxion triplicam produção de vagões e projetam forte crescimento nas vendas em 2011 ➥ P22 Oi e Telefônica desenvolvem novas estratégias para impulsionar banda larga ultrarrápida ➥ P18 Escolas aderem ao computador portátil para atrair alunos, incentivar a leitura e economizar INDICADORES ▲ ▲ ▼ ▼ ▲ ▲ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ ▼ Multiplus tem valor quase igual ao da Tam Após um ano da abertura de seu capital, companhia de programas de fidelidade tem valor de mercado de R$ 5 bilhões, enquanto o da Tam, empresa da qual foi segregada, é de R$ 6 bilhões. ➥ P32 TAXAS DE CÂMBIO Dólar Ptax (R$/US$) Dólar comercial (R$/US$) Euro (R$/€) Euro (US$/€) Peso argentino (R$/$) JUROS Selic (a.a.) BOLSAS Bovespa - São Paulo Dow Jones - Nova York Nasdaq - Nova York S&P 500 - Nova York FTSE 100 - Londres Hang Seng - Hong Kong ➥ P16 28.1.2011 COMPRA VENDA 1,6774 1,6782 1,6850 1,6830 2,2798 2,2812 1,3591 1,3593 0,4198 0,4192 META EFETIVA 11,25% 11,17% VAR. % ÍNDICES -1,99 66.697,57 -1,39 11.823,70 -2,48 2.686,91 -1,79 1.276,34 -1,40 5.881,37 -0,68 23.617,02 Semana volátil para o Ibovespa Investidores aguardam com apreensão os dados sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos. ➥ P34 Principal corredor que liga o Rio de Janeiro a São Paulo receberá R$ 1,2 bilhão para melhorar a fluidez do tráfego ao longo de seus 402 km 2 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 NESTA EDIÇÃO Divulgação Em alta Work sai atrás de novos mercados Especializada em móveis para escritórios e há 40 anos atuando na capital paulista, onde tem onze pontos de venda, empresa decidiu expandir sua rede para outros estados, através do sistema de franquias. ➥ P27 Divulgação Coleta automática de garrafas e latinhas Susten Trading, representante da norueguesa Tomra, tenta popularizar coleta de embalagens recicláveis de alumínio e de garrafas Pet, através de máquinas automáticas, semelhantes às que vendem refrigerantes e salgadinhos. ➥ P25 Indústria de vagões entra nos trilhos e triplica produção Favorecida pelo bom desempenho da economia do país, a indústria brasileira de vagões produziu 3,3 mil unidades no ano passado, com acentuada expansão sobre 2009 quando foram fabricados 1,02 mil. A AmstedMaxion, líder no segmento, fechou 2010 com mais de dois mil vagões entregues no Brasil e no exterior. Para este ano, a empresa prevê aumento dos pedidos para mais de 2,6 mil unidades somente para o mercado interno. Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), prevê que nesta década haverá demanda para a 4 a 5 mil vagões por ano. ➥ P22 Andre Penner Banda larga ultrarrápida da Telefônica e Oi Serviço é oferecido por meio de fibra óptica, mas como se trata de investimento elevado, exige mais fontes de receita. Restrições à atuação das teles na oferta de TV a cabo, pode ser uma barreira, segundo analistas. ➥ P18 Murillo Constantino MMM reforça marca com loja temporária Pertencente ao grupo Irani, de celulose, a fabricante de móveis, não tem loja física e atende os consumidores apenas pela internet. São vendidas 2,5 mil unidades por mês, diz Ronald Heinrichs, diretor, revelando que o Acre é o único estado brasileiro que ainda não comprou móveis da MMM. ➥ P26 Aumentam os recalls de veículos Modelo de produção das montadoras, que privilegia a quantidade em vez da qualidade leva ao aumento do número de carros que deixam a linha de montagem com defeitos, na avaliação do consultor Marcos Morita. ➥ P11 PNLT movimenta a indústria ferroviária Plano Nacional de Logística de Transporte (PNLT), que projeta 50 mil quilômetros de estradas de ferro no país, em 2015, impulsiona industria de equipamentos para trens no país. Atualmente, a malha ferroviária é de 30 mil quilômetros. ➥ P19 Divulgação Brasil passa a ser mercado prioritário para a Ceva A compra de empresas menores ou com atuação em segmentos complementares é uma das alternativas da filial da companhia holandesa de logística integrada, oriunda da fusão, em 2007, das divisões da TNT e da Eagle Global Logística, para manter a expansão no mercado brasileiro. O crescimento do mercado automobilístico, importação de produtos eletrônicos em ritmo acelerado e os investimentos no pré-sal conduziram o Brasil ao topo das prioridades globais da Ceva holandesa, que impôs metas elevadas de vendas à representação brasileira. Em 2011, a receita deve superar R$ 1 bilhão, prevê Wagner Covos, vice-presidente de marketing. ➥ P24 TAXAS DE CÂMBIO Cotação de fechamento para venda em 28/1/2011 PAÍS MOEDA Argentina Peso Canadá Dólar Chile Peso China Iuane Coreia do Sul Won União Europeia Euro Estados Unidos Dólar Índia Rúpia Japão Iene México Peso Paraguai Guarani Reino Unido Libra Uruguai Peso Rússia Rublo Venezuela Bolívar forte Fontes: Banco Central e Brasil Econômico R$ US$ 4,0012 0,4198 0,9998 1,6789 0,0035 484,5500 6,5860 0,2548 0,0015 1.114,0000 1,3593 2,2812 1,0000 1,6782 45,7625 0,0367 82,1300 0,0204 12,1779 0,1378 0,0004 4.680,000 1,5835 2,6574 19,8500 0,0854 29,8939 0,0565 4,3000 0,3913 Multiplus vale quase o mesmo que a Tam Nascida como programa de milhagem da companhia aérea, a empresa presidida por Eduardo Gouveia foi segregada, abriu o capital há um ano e já tem valor mercado quase igual ao da empresa-mãe. ➥ P32 Charutos baianos para os chineses Com uma produção anual em torno de dez milhões de unidades, a indústria de charutos do Recôncavo Baiano ganha fôlego com o aumento dos pedidos vindos da China. Os charutos da Bahia perdem, em qualidade, apenas para o cubanos, líderes disparados na preferência dos consumidores. ➥ P28 Tablets substituem o material didático A popularização dos eventos culturais A Estácio de Sá vai distribuir 5 mil equipamentos aos alunos no Rio e Espírito Santo, com investimento de R$ 40 milhões, que inclui uma plataforma on-line de cursos e aulas. A rede COC também estuda iniciativa semelhante. ➥ P16 Criador da agência Ponte Ativação, voltada para as classes C e D, o publicitário André Torreta critica a elitização cultural e defende o acesso da massa trabalhadora e consumidora à arte, cultura e educação. ➥ P30 Andrew Harrer/Bloomberg A FRASE “Portugal não necessita do FMI nem de seus conselhos” José Sócrates, primeiro-ministro português, voltando a negar que o país vá recorrer à ajuda internacional para resolver seus problemas orçamentários. Sócrates reafirmou que, em 2007, o déficit público foi reduzido mais que o previsto, para 7,3% do PIB, em comparação com 9,3% em 2009. Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 3 EDITORIAL Henrique Manreza ALCIDES TROLLER PINTO, VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO DA GVT Criatividade contra gargalos, em terra e nos ares Perto de 9 milhões de brasileiros vão experimentar, neste ano, as emoções da primeira viagem de avião, mais de 1,5 milhão somente nestas férias de verão. Esse público que debuta nos ares provoca mudanças de comportamento, algumas curiosas, nos segmentos ligados ao transporte aéreo. Funcionários das companhias, por exemplo, passam por uma espécie de reciclagem e têm de recordar, em terra e no ar, um bê-á-bá há muito deixado de lado no trato com os passageiros. Também cresce a oferta de guias, impressos e virtuais, com dicas para os estreantes nas viagens aéreas. Nos próximos anos, muita gente vai voar pela primeira vez, e quem estreou neste ano vai querer voar de novo “A velocidade do acesso e da infraestrutura disponível para chegar às casas vai evoluir à medida que houver valor para o cliente”, prevê Alcides Troller Pinto, vice-presidente executivo da GVT. A operadora se expande com redes próprias nas cidades onde começa a atuar. ➥ P19 Diretor de Redação Ricardo Galuppo Diretor Adjunto Costábile Nicoletta Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra Mascarenhas Vasconcellos Diretor-Presidente José Mascarenhas Diretor-Vice-Presidente Ronaldo Carneiro Diretores Executivos Alexandre Freeland, Paulo Fraga e Ricardo Galuppo redacao@brasileconomico.com.br BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A. Redação, Administração e Publicidade Avenida das Nações Unidas, 11.633 - 8º andar, CEP 04578-901, Brooklin, São Paulo (SP), Tel. (11) 3320-2000. Fax (11) 3320-2158 Editores Executivos Arnaldo Comin, Gabriel de Sales, Jiane Carvalho, Thaís Costa, Produção Editorial Clara Ywata Editores Carla Jimenez (Brasil), Conrado Mazzoni (On-line), Fabiana Parajara (Destaque), Márcia Pinheiro (Finanças), Rita Karam (Empresas) Subeditores Estela Silva, Isabelle Moreira Lima (Empresas), Luciano Feltrin (Finanças), Marcelo Cabral (Brasil), Micheli Rueda (On-line) Repórteres Amanda Vidigal, Ana Paula Machado, Ana Paula Ribeiro, Bárbara Ladeia, Carolina Alves, Carolina Pereira, Cintia Esteves, Claudia Bredarioli, Daniela Paiva, Domingos Zaparolli, Dubes Sônego, Elaine Cotta, Eva Rodrigues, Fabiana Monte, Fábio Suzuki, Felipe Peroni, Françoise Terzian, João Paulo Freitas, Juliana Rangel, Karen Busic, Luiz Silveira, Lurdete Ertel, Maria Luiza Filgueiras, Mariana Celle, Mariana Segala, Martha S. J. França, Michele Loureiro, Natália Flach, Nivaldo Souza, Paulo Justus, Pedro Venceslau, Priscila Dadona, Priscila Machado, Regiane de Oliveira, Ruy Barata Neto, Thais Folego, Vanessa Correia, Weruska Goeking Brasília Maeli Prado, Simone Cavalcanti Rio de Janeiro Daniel Haidar, Ricardo Rego Monteiro Arte Pena Placeres (Diretor), Betto Vaz (Editor), Evandro Moura, Letícia Alves, Maicon Silva, Paulo Roberto Argento, Renata Rodrigues, Renato B. Gaspar, Tania Aquino (Paginadores), Infografia Alex Silva (Chefe), Anderson Cattai, Monica Sobral Fotografia Antonio Milena (Editor), Marcela Beltrão (Subeditora), Evandro Monteiro, Henrique Manreza, Murillo Constantino, Rafael Neddermeyer (Fotógrafos), Angélica Breseghello Bueno, Carlos Henrique, Fabiana Nogueira, Thais Moreira (Pesquisa) Webdesigner Rodrigo Alves Tratamento de imagem Henrique Peixoto, Luiz Carlos Costa Secretaria/Produção Shizuka Matsuno Departamento Comercial Paulo Fraga (Diretor Executivo Comercial), Mauricio Toni (Diretor Comercial), Júlio César Ferreira (Diretor de Publicidade), Ana Carolina Corrêa, Sofia Khabbaz, Valquiria Rezende, Wilson Haddad (Gerentes Executivos), Paulo Fonseca (Gerente Comercial), Celeste Viveiros, Mariana Sayeg (Executivos de Negócios), Jeferson Fullen (Gerente de Mercados), Andréia Luiz (Assistente Comercial) Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), João Felippe Macerou Barbosa, Samara Ramos (Coordenadores), Daiana Silva Faganelli (Analista), Solange Santos (Assistente Executiva) Atentas, as companhias correm para conseguir atender essa demanda crescente e, com criatividade, procuram contornar o gargalo na infraestrutura aeroportuária. Com participação ainda pequena na comparação com as líderes Tam e Gol, a Trip e a Azul investem em jatos de maior porte, ampliando a oferta de assentos, ao mesmo tempo em que criam novas rotas pelo interior do país. É uma espécie de descentralização para atender o público emergente, cujo destino preferencial é justamente as cidades médias. A Trip voa hoje para 82 cidades e planeja ampliar esse número para 90 neste ano, incluindo regiões nordestinas onde ainda não está presente. Plano semelhante tem a Azul, que também orienta seus radares em direção às cidades do interior, onde os gargalos inexistem ou são contornáveis. Diante desse quadro, a semana passada trouxe duas notícias animadoras para a aviação comercial no país. Na primeira, o Conselho Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (Consema) concedeu a licença ambiental prévia para a ampliação do aeroporto de Viracopos. Na sexta-feira, a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) estabeleceu regras para os reajustes tarifários nos terminais, obrigando a Infraero a cumprir requisitos de eficiência. Na prática, significa uma porta aberta para a concessão de aeroportos à iniciativa privada. Afinal, pelo menos nestes próximos anos, ainda vai haver muita gente voando pela primeira vez. E quem estreou nos aviões neste ano certamente vai querer voar de novo. ■ Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade Legal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo), Adriana Araújo, Valério Cardoso, Carlos Flores (Executivos de Negócios), Solange Santos (Assistente Comercial) Departamento de Marketing Evanise Santos (Diretora), Rodrigo Louro (Gerente de Marketing), Giselle Leme, Roberta Baraúna (Coordenadores de Marketing). Rua do Riachuelo, 359 – 5º andar - CEP 20230-902 – Rio de Janeiro – RJ - Tel.: (21) 2222-8151 e 2222-8707 Operações Cristiane Perin (Diretora) Departamento de Mercado Leitor Nido Meireles (Diretor), Nancy Socegan Geraldi (Assistente Diretoria), Denes Miranda (Coordenador de Planejamento) Central de Assinantes e Venda de Assinaturas Marcello Miniguini (Gerente de Assinaturas), Helen Tavares da Silva (Supervisão de Atendimento), Conceição Alves (Supervisão) Assinatura Nacional Trimestral Semestral Anual R$ 165,00 R$ 276,00 R$ 459,00 São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 De segunda a sexta-feira - das 6h30 às 18h30. Sábados, domingos e feriados - das 7h às 14h. assinatura@brasileconomico.com.br Central de Atendimento ao Jornaleiro (11) 3320-2112 Sucursal RJ Leila Garcia (Diretoria Comercial), Cristina Diogo (Gerente Comercial) Jornalista Responsável Ricardo Galuppo TABELA DE PREÇOS* *Preços de assinatura com desconto de 13%, 27% e 39% para vigências trimestral, semestral e anual, respectivamente, em relação ao preço de capa Condições especiais para pacotes e projetos corporativos (circulação de segunda a sexta, exceto nos feriados nacionais) Auditado pela BDO Auditores Independentes Impressão: Editora O Dia S.A. (RJ) Nova Forma (SP) FCâmara Gráfica e Editora Ltda. (DF/GO) 4 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 DESTAQUE AVIAÇÃO Empresas aéreas adotam voo solo Independentemente das melhorias em infraestrutura, companhias investem alto para ampliar atuação no Brasil Carolina Alves Cláudia Bredarioli redacao@brasileconomico.com.br Incentivadas pelo aumento crescente da quantidade de brasileiros dentro de seus aviões, as companhias aéreas nacionais têm apostado alto para atender aos passageiros, tentando driblar os problemas de infraestrutura no setor aeroportuário nacional. “A demanda vem crescendo muito, puxada pelo aumento da renda. Mas, a infraestrutura dos aeroportos brasileiros não está acompanhando esse movimento”, afirma Evaristo Mascarenhas, diretor de marketing e vendas da Trip. “Muitas vezes tivemos que fazer mudanças nas nossas rotas para adaptá-las às deficiências de espaço e horário dos aeroportos”, completa. Para isso, a Trip investiu na aquisição de jatos maiores para operar no mercado doméstico. Este ano, a empresa aguarda a chegada de 14 novos aviões à frota. Hoje, a companhia trabalha com 43 aeronaves. De acordo com Mascarenhas, os novos jatos devem ampliar a oferta em até 70% este ano. Com isso, a empresa pretende reforçar a atuação nas classes C e D, atuando especialmente no interior do país. “Há 30 cidades, de baixa e média densidade demográfi- Todas as companhias preveem compra e recebimento de novas aeronaves para este ano ca, onde só a Trip atua. Queremos ampliar esses destinos”. As cidades do interior também estão no foco de expansão da Azul. “O grande potencial de crescimento do setor hoje não está nas metrópoles, mas sim nas pequenas cidades”, analisa Adalberto Febliano, diretor de Relações com Investidores da companhia. “Os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no setor estão centralizados nas 20 principais cidades brasileiras, mas o Brasil tem mais de 5,5 mil municípios”, compara Febliano. A Azul deve receber este ano 12 novas aeronaves, somando investimentos de US$ 700 milhões. A medida deve elevar a oferta de assentos em 50%, visto que a empresa conta- biliza 26 aviões atualmente. “Queremos ampliar nossa rota para mais 20 destinos, além de elevar a frequência dos vôos em regiões onde já atuamos”, diz. “O Brasil vem conseguindo popularizar o transporte aéreo e não pode parar esse movimento por insuficiência de infraestrutura”. A Gol espera terminar o ano com um total de 115 aeronaves operacionais. Estão previstos quatro processos de devolução de aviões e há cerca de 30 novos destinos sendo avaliados pela companhia. “A Gol está adaptada ao crescimento do mercado e trabalha em conjunto com os órgãos competentes para monitorar a qualidade dos aeroportos e desenvolver alternativas inteligentes”, acrescenta Rodrigo Alves, diretor de Mercado de Capitais da Gol. A Tam, líder de mercado, é a companhia que calcula o maior crescimento da demanda para o setor em 2011, de 18%. A base para essa conta está no desempenho do ano passado: “Em 2010, constatamos uma mudança no perfil de passageiros, com a migração de viajantes de ônibus para o transporte aéreo, principalmente em viagens acima de 800 quilômetros”, afirmou em nota, Líbano Barroso, presidente de Tam Linhas Aéreas. ■ Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 5 LEIA MAIS Novas regras de reajuste tarifário da Anac podem levar Infraero a ter que cumprir requisitos de eficiência para os 67 aeroportos que administra, dos quais 22 são superavitários. Crescimento do movimento de passageiros no Brasil incentiva a importação de aeronaves prejudicando a balança de comércio, mas também ampliando a produção local. Aeroviários e aeroportuários conseguiram, depois de mais de 100 dias de negociação com empresas, aumento salarial de 8,75% para as duas categorias. Rafael Neddermeyer “ Muitas vezes tivemos que fazer mudanças em nossas rotas para adaptá-las às deficiências de espaço e horário dos aeroportos Desempenho será positivo em 2011 “ Os investimentos do PAC no setor estão centralizados nas 20 principais cidades brasileiras, mas o Brasil tem mais de 5,5 mil municípios Evaristo Mascarenhas, Adalberto Febliano, diretor de marketing e vendas da Trip diretor de relações com investidores da Azul Em 2010, crescimento apresentado pelas empresas foi de 23,47% em relação ao ano anterior, segundo dados da Anac Resultados registrados pelas companhias aéreas crescem na esteira do aumento da demanda A demanda de passageiros pelo transporte aéreo cresceu 18,62% nas rotas domésticas, em dezembro, na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo balanço da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). A expectativa para este ano é de novo aumento substancial, de cerca de 15%. É com base nessa perspectiva que as companhias aéreas fazem suas estimativas de aumento de movimento para 2011. Devem ampliar ganhos sobre o desempenho positivo registrado no ano passado. Em 2010, as companhias aéreas brasileiras acumularam crescimento de 23,47% no mercado nacional em relação ao ano anterior, segundo relatório da Anac. A ocupação nos voos domésticos aumentou de 65,76%, em 2009, para 68,81%, no ano passado. Nas rotas internacionais realizadas pelas empresas brasileiras, a expansão em dezembro foi de 17,66% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, o crescimento foi de 20,38% na comparação com 2009. Para fomentar a expansão do setor aeroportuário, a segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deve injetar R$ 3 bilhões em obras de infraestrutura nos aeroportos brasileiros. O foco, contudo, será para as 12 cidades que sediarão a Copa de 2014. Se a velocidade dos investimentos repetir o desempenho da primeira edição do programa, a estra- tégia de fomento para o setor pode não ser suficiente. Em 2007, foram anunciados (também) R$ 3 bilhões para ampliação e melhoria de 20 aeroportos em todo o país. Desse total, apenas R$ 281,9 milhões foram desembolsados. Ao todo, 12 empreendimentos foram concluídos em dez aeroportos — a previsão era de 25 empreendimentos. A intenção é tornar acessível o transporte aéreo para mais brasileiros. “Hoje no Brasil pelo menos 100 milhões de pessoas já têm condições de voar e ainda não o fazem”, afirma Rodrigo Alves, diretor de Mercado de Capitais da Gol. ■ C.A. e C.B. NAS ALTURAS Crescimento da demanda puxa investimentos na frota MOVIMENTO OPERACIONAL, EM MILHÕES 2009 2010 EXPANSÃO 3,0 2,5 2 5 TAXA DE OCUPAÇÃO 15,2% 2009 78,00 EXPANSÃO 165 165,00 2,64 22,29 29 154,32 154,3 76,30% 72,25 68,81% 143,75 143 14 75 128,13 2,0 122 122,50 1,5 10 101,25 1,0 20,4% Fontes: Infraero e Anac 66,50 69,20% 65,76% 60,75 80 80,00 0 VÔOS 2010 PASSAGEIROS 55,00 VÔO DOMÉSTICO VÔO INTERNACIONAL 6 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 DESTAQUE AVIAÇÃO Novas regras da Anac são ‘porta aberta’ para concessões privadas Com mudança na regulação, Infraero terá que cumprir requisitos de eficiência; aeroportos com capacidade para atender mais passageiros com menores custos, como Congonhas, terão metas menos ambiciosas André Penner Juliana Rangel jrangel@brasileconomico.com.br O estabelecimento de regras para reajustes tarifários anunciado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na semana passada é visto por especialistas como uma porta aberta para futuras concessões de aeroportos à iniciativa privada. O consenso é de que empresas que venham a se interessar pelo modelo, a ser elaborado na Casa Civil, precisam ter alguma definição em relação ao marco regulatório e critérios para remuneração de atividades. “Isso torna o processo mais interessante para o futuro concessionário porque permite ao operador do aeroporto estabelecer preços diferentes para horários distintos”, diz o consultor Respício do Espirito Santo, do Instituto Cepta, que faz estudos sobre o setor. “Se você quer ter um regime de concessão, é necessário que haja regras claras de como será a alteração de tarifas”, concorda uma fonte de uma empresa aérea, que também enxergou uma boa sinalização do governo na mudança. O gerente de Regulação Econômica da Anac, Rogério Coimbra, nega que a fixação de regras para reajuste seja uma pista de que o governo adotará o modelo de concessões privadas. Atualmente, são poucos os aeroportos concedidos nesse formato, como o de São Gonçalo do Amarante, em Natal, em construção. “Essas regras serão aplicadas a todos os aeroportos brasileiros, com exceção daqueles concedidos à iniciativa privada. Estes têm critérios de reajuste definidos nos contratos de concessão”, diz. Coimbra, no entanto, admite que as regras para reajuste previstas nos contratos são muito parecidas com as que foram divulgadas pela Anac. Pelos novos critérios, haverá um reajuste anual de tarifas para embarque, cobradas de passageiros, e de taxas para pouso e permanência em aeroportos, pagas por empresas aéreas. A correção de preços será determinada pela variação da inflação, descontados os ganhos de produtividade do operador aeroportuário. Além disso, de cinco em cinco anos, os critérios para fixação de metas de produtividade, que balizarão as novas tarifas, serão revistos. Segundo a Anac, em momentos de pico, a Infraero Hoje, a Infraero administra 67 aeroportos, mas apenas 22 são superavitários. Na fixação de tarifas, a Anac observará os subsídios que aeroportos mais lucrativos dão aos que têm prejuízos Aeroportos, como o de Cumbica, em Guarulhos (SP), serão medidos por eficiência poderá cobrar até 20% mais que o teto da tarifa fixada, mas terá que compensar a alta em outros períodos de baixa. Meta menor para Congonhas As metas de eficiência levarão em conta quantos passageiros ou volume de carga o aeroporto consegue transportar por determinado custo. Na medição, um passageiro equivale a 100 quilos de carga. “A tendência é de que aeroportos mais eficientes, que conseguem transportar mais passageiros e carga por um determinado valor, tenham metas menos ousadas que outros”, diz Rogério Coimbra. “É que os aeroportos mais eficientes têm menos gordura para queimar”. Segundo ele, o aeroporto mais eficiente, e que deverá ter a menor meta, é Congonhas. Mas a nova regulação não deixará de considerar os subsí- dios cruzados, que permitem à Infraero ter tarifas mais altas em aeroportos superavitários para compensar a atividade dos que são deficitários. Hoje, a empresa administra 67 aeroportos, sendo apenas 22 superavitários. “A conta que levará ao reajuste tem como premissa o subsídio cruzado. Se não fosse assim, haveria redução das tarifas em aeroportos com alta eficiência e aumento brutal nos deficitários”. ■ Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 7 TAXA DE EMBARQUE VIAGEM INTERNACIONAL PASSAGEIROS VIRACOPOS I VIRACOPOS II R$ 19,62 R$ 1,67/tn 154 milhões 9 milhões 18 ressalvas É o valor máximo cobrado em voos domésticos. O valor mínimo é R$ 8,01, reajustado em 2005. Para voos internacionais, a taxa vai de US$ 12 a US$ 36 e a última correção foi em 1997. É a tarifa máxima cobrada das empresas aéreas para pousos. As tarifas de permanência no pátio de manobras é de R$ 0,09 a R$ 0,33 por tonelada/hora. Não há reajustes desde 1994. Foi a quantidade de pessoas transportada por meio dos aeroportos da Infraero no ano passado. Por eles também passaram 1.174.396.073 de quilos em carga. de passageiros é a capacidade anual de transporte que Viracopos passará a ter depois de sua expansão, autorizada na semana passada. Atualmente, a capacidade é de 5 milhões. Foram impostas pela secretaria do Meio Ambiente de São Paulo para liberar a obra. A expansão vai custar R$ 823 milhões e prevê a construção de uma nova pista e um segundo terminal. ● O novo secretário de aviação civil deve definir quem será o substituto de Solange Paiva na presidência da Anac, cujo mandato vence em março. ● A Anac aprovou as novas metas de aeroportos e suas tarifas na última sexta-feira. As informações serão publicadas essa semana em uma Resolução. ● Valerá para o passageiro a tarifa de embarque informada na data da compra da passagem, mesmo se houver reajuste ou redução do preço mais tarde. NOVO GOVERNO, NOVAS REGRAS ● A formatação de um novo modelo do setor aéreo no Brasil será dirigida pelo Ministério da Casa Civil e não mais pelo Ministério da Defesa. ● A expectativa é de que o governo anuncie em breve o nome que ocupará a Secretaria Especial de Aviação Civil, a ser criada. 8 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 DESTAQUE AVIAÇÃO Paulo Fridman/Bloomberg A fabricante brasileira Embraer encerrou o ano de 2010 com 246 jatos entregues Crescimento da demanda interna eleva a importação de aeronaves Cenário não favorece a balança de comércio, mas, ao mesmo tempo, impulsiona fabricantes nacionais, como a Embraer, que concorre com as companhias chinesas no segmento de aviões de menor porte Carolina Alves Cláudia Bredarioli redacao@brasileconomico.com.br O crescimento da renda do brasileiro, que tem aumentado a frequência das classes C e D nos saguões de aeroportos em todo o mundo, está levando também o volume de importações de aeronaves e peças às alturas. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), em 2010 o Brasil importou US$ 2,29 bilhões em aviões e partes, uma expansão de 138% em cinco anos. Em 2005, o volume adquirido do exterior não passava de US$ 967,6 milhões. “As companhias aéreas estão investindo pesado, com foco na ampliação do atendimento doméstico, que é a demanda que mais cresce. Contudo, muitos aeroportos estão operando com capacidade limite, como os de São Paulo e Brasília”, diz Marcos José Barbieri Ferreira, especialista em indústria aeronáutica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para amenizar esse problema, o governo anunciou investimentos de mais de R$ 6 bilhões em obras para expansão de 20 aeroportos. Os recursos, provenientes de duas edições do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), prometem atender ao crescimento da demanda interna e do futuro aumento do tráfego com os eventos esportivos de 2014 e 2016. Enquanto eles não se concretizam, as empresas ficam engessadas para investir. “O Brasil, que não está acostumado a crescer, verá o setor aéreo ser ampliado em cerca de 15% ao ano. Mas, sem tradição de investir a longo prazo, o país acumulou sérios gargalos em infraestrutura aeroportuária”, analisa Ferreira, explicando a dificuldade de o país solucionar as questões que hoje impedem o bom funcionamento do setor. BALANÇA COMERCIAL Importação e exportação de aeronaves e partes cresce exponencialmente em cinco anos, em US$ bilhões Importação Exportação 1,23 2006 3,44 1,91 2007 5,06 2,8 2008 5,9 2,21 2009 4,19 2,29 2010 4,36 0,00 1,32 2,64 4 3,96 5,28 EXPANSÃO EXPANSÃO 86% 26,7% Fonte: MDIC 6,60 De dentro O aumento da demanda também tem impulsionado a produção por fabricantes nacionais, especialmente a Embraer. “O mercado externo de aeronaves sofreu muito com a crise, tornando o próprio país o alvo potencial de crescimento dos negócios”, afirma o especialista. Ele ressalta que a Embraer não tinha uma fatia significativa do mercado brasileiro. “Hoje, a Azul é a principal cliente da companhia”, complementa. A Embraer entregou 92 jatos no quarto trimestre de 2010, dos quais 30 para o mercado de aviação comercial, 61 para o de aviação executiva e um para o segmento de defesa. Com isso, a empresa encerrou 2010 com 246 jatos entregues. A carteira de pedidos firmes a entregar fechou o ano em US$ 15,6 bilhões, valor 2% maior que o registrado em 30 de setembro de 2010. Ferreira alerta, contudo, sobre potencial chinês neste mercado. “Os chineses ainda não possuem aeronaves compatíveis em qualidade às da Embraer para competir com a brasileira no mercado externo, mas é uma questão de tempo para que a China ameace o setor, como tem feito com os demais segmentos da economia no mundo todo”, diz. Mas até mesmo no mercado chinês a fabricante brasileira tem conseguido se posicionar: no início de janeiro anunciou a venda de 10 aviões comerciais para a chinesa CDB Leasing, em um negócio estimado em US$ 400 milhões a preços de tabela. As aeronaves Embraer 190 serão usadas pela China Southern, a maior companhia aérea do país e a terceira do mundo. ■ Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 9 Negociação salarial demorou mais de 100 dias Mesmo com definição de reajuste em 8,75%, aeronautas e aeroviários têm ainda várias questões a serem discutidas com as empresas, que envolvem, entre outros pontos, o cumprimento das escalas, uma das principais causas dos atrasos dos voos Fabio Gonçalves/O Dia Além da infraestrutura, outra questão que tem pautado as discussões em torno do crescimento do setor aéreo é a oferta de mão de obra. Mas, nem mesmo diante da escassez de profissionais, os trabalhadores conseguiram fazer valer suas reivindicações nas últimas negociações salariais que quase levaram a uma greve na antevéspera do Natal no ano passado. Foi somente depois de mais de cem dias de negociações — terminadas há uma semana —, que aeronautas e aeroviários assinaram acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA) para garantir o reajuste de 8,75% nos salários, diárias, cesta básica e seguros, e 10% de aumento nos pisos salariais. O resultado das negociações significou uma alta real nos salários de 2,52% e 3,70%, respectivamente, para aeronautas e aeroviários, acima do índice da inflação (6,08%), além da renovação de todas cláusulas sociais por mais dois anos. Há várias questões ainda a serem discutidas entre patrões e empregados para tentar evitar Aeroviários pediam aumento de 13% e aeronautas de 15% no início das negociações Manifestações dos trabalhadores foram frustradas com suspensão de greve pela Justiça em 2010 novos impasses como as ameaças de greve em períodos de grande movimento. Por isso, no acordo ficou definido também que em março será realizada a primeira reunião bimestral do ano entre patrões e empregados, quando serão discutidos alguns assuntos fundamentais para a categoria, entre eles as condições de trabalho (escalas de voo), diárias internacionais e recebimento de auxílio creche. No início das negociações, os trabalhadores aeroviários (que atuam em terra) exigiam aumento salarial de 13% e alta de 30% no piso. Já os aeronautas (que trabalham em voo) queriam índice de reajuste de 15%. Por sua vez, o Snea chegou a sugerir a alteração da data-base (período de renegociação salaria da categoria) para março, em vez de dezembro. Os trabalhadores recusaram a proposta. Ao longo de 2010, várias companhias aéreas atrasaram ou cancelaram voos em razão de falta de tripulantes. ■ 10 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 OPINIÃO Sergio Vale Marcelo Mariaca João Galassi Economista-chefe da MB Associados Presidente do conselho de sócios da Mariaca e professor da Brazilian Business School Presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas) e supermercadista de Campinas Inflação Caia na rede, mas... Discurso ambiental Já se disse que a história se repete como farsa, após ter sido escrita inicialmente como tragédia. Isso se parece cada vez mais com nosso processo inflacionário. Ele já foi uma vez tragédia, tanto nos números em si quanto nos malfadados planos para derrubá-la. Mas hoje os desacertos para tentar debelar a inflação começam a se repetir, dessa vez escamoteada por falsas acusações de culpados e tentativas espúrias de mecanismos de controle inflacionário. Os mais recentes desses artifícios se chamam inflação de alimentos e controle de crédito. O primeiro é uma ameaça real. Mas já era real na época de FHC e assim será nos próximos dez anos ou mais. Uma simples análise da inflação aberta nos governo FHC e Lula mostra que os preços de bens nãoduráveis, majoritariamente alimentos, subiram praticamente a mesma coisa nos dois governos. E deverá continuar a subir nos próximos anos pelos crescimentos da China e da Índia. Não apenas por China, mas agora pela Índia, cujo processo de crescimento desponta como uma das forças nos próximos anos e deverá colocar pressão em commodities agrícolas, como soja e milho. Isso nos leva a crer que a inflação que virá de alimentos deve ser um processo mais permanente do que temporário, o que exigiria do governo um cuidado extra com os outros componentes da inflação. Mas a farsa aqui é culpar a alimentação pela inflação geral e tratá-la como meramente temporária ou sem riscos de contaminação de outros elementos, como alimentação fora do domicílio. Com a internet e as redes sociais, as pessoas estão cada vez mais conectadas, o que facilita o chamado networking, instrumento poderoso para abrir as portas do mercado de trabalho e dos negócios. No entanto, com a diversidade de ferramentas, o fantástico número de usuários e a tendência ao caos que a rede sugere, os profissionais têm dificuldades de administrar de forma eficiente e tirar proveito dos relacionamentos virtuais. Afinal, como ganhar visibilidade e aparecer de forma diferenciada na rede social, quando todos se apresentam com clichês como motivado, inovador, dinâmico, focado em resultados? Como se conectar a pessoas certas e tornar produtivos esses relacionamentos? Como entrar em grupos sem se sentir ou ser considerado um “penetra” chato e indesejável? Desde que a preocupação ambiental passou a fazer parte da agenda obrigatória de empresas e governantes, a partir do final dos anos 1970, diversos planos, projetos, teorias e estratégias foram elaborados como caminhos para reduzir o impacto da atividade humana sobre os recursos naturais. Nesse período, o foco da discussão foi gradativamente passando da mera preservação da natureza para a sobrevivência da espécie humana. A tomada de consciência, como é natural em qualquer processo de mudança de mentalidade, foi lenta. Houve avanços progressivos na legislação, alguns setores de maior impacto passaram a ser fiscalizados mais rigorosamente, mas o fato é que a emissão de poluentes só cresceu nas últimas décadas. É verdade que nesse período o debate também cresceu, ganhou corpo internacional, mas o esforço de eventos como os realizados em Kyoto, Rio e Copenhague surtiram pouco efeito prático. Com 40 anos, a discussão é madura, mas muitos projetos continuam se mostrando frágeis em termos de implementação, seja pela incapacidade, seja pela falta de vontade política de agir. Apesar desse cenário de poucas atitudes concretas, o assunto conquista corações e mentes na busca por um mundo melhor e, principalmente, porque tem seu alicerce no conceito de sustentabilidade. No varejo um conjunto de pequenas ações agregadas tem um impacto significativo em termos econômicos, pois permite reduzir desperdícios e perdas, diminuir custos e gerar receitas adicionais, aproximando e engajando os igualmente preocupados. Entre os exemplos de ações ambientalmente corretas, a extinção das sacolas plásticas continua sendo a principal bandeira do setor supermercadista. A Associação Paulista de Supermercados (Apas) tem se consolidado como fórum de discussões que tenham como objetivo tornar os supermercados mais sustentáveis e implantar mudanças culturais e de mentalidade de forma mais efetiva na sociedade em prol do meio ambiente, mostrando que buscar um mundo melhor pode ser fonte de bons negócios. Simples exercícios econométricos mostram que em serviços, que são o principal vilão da inflação hoje, não é o crédito que importa, mas a renda Aqui entra a “arma” que tem sido usada pelo governo, o controle de crédito. Desde o final de dezembro o governo começou a editar medidas macroprudenciais, que, apesar do nome pomposo, nada mais são que elementos para controlar a expansão do crédito ao consumo. Mas se a principal razão de crescimento da inflação fosse bens duráveis, a desaceleração do crédito seria muito bem-vinda. Entretanto, simples exercícios econométricos mostram que para serviços, que é o principal vilão da inflação hoje, não é o crédito que importa, mas a evolução da renda. Afinal, o pagamento da TV a cabo ou do cabeleireiro dependem essencialmente de haver renda ou não. Esses exercícios mostram que depois de dez meses o impacto do crédito nos preços de serviços é zero, enquanto um aumento de 1 ponto percentual na renda levaria a um crescimento de 0,6 ponto em serviços. Fica claro que para combater a inflação de serviços não adianta só controlar o crédito, mas sim a renda. Para isso, a melhor opção é a taxa de juros, pois afeta a economia de forma generalizada. A política de crédito às vezes me lembra um vício que o governo tem de escolher vencedores ou perdedores, como se faz no BNDES. Tenta-se ajustar um pedaço da economia o que pode causar mais distorção do que ajuste. De um lado, o Ministério da Fazenda insiste nos preços de alimentos e, de outro, o BC foca o crédito como razão central para controlar a inflação. Mas há quem diga que o governo começou muito bem. ■ Planeje sua entrada na rede social. Defina objetivos, avalie ferramentas e calibre a imagem. Não seja um franco atirador A rede social tem uma lógica: o usuário aumenta conexões com pessoas que realmente conhece ou com quem mantém algum tipo de relacionamento – e, a partir desses contatos, ele se conectará progressivamente a pessoas que não conhece no mundo físico. Ou, seja, no networking virtual, o céu é o limite. Mas, apesar desse caráter, digamos permissivo, da rede, o profissional precisa ter organização, objetividade, foco e persistência. Alguns conselhos: Planeje sua entrada na rede social. Não caia na rede apenas porque todo mundo está lá. Defina objetivos, avalie as ferramentas, calibre a imagem e as mensagens que queira transmitir. Não seja um franco atirador. Não convide desconhecidos apenas para alavancar sua rede. Procure se conectar a pessoas e grupos com os quais tenha interesses em comum. Não confunda alhos com bugalhos. Todas as ferramentas contribuem para o networking, mas cada uma tem uma funcionalidade específica. Se você quiser apresentar seu currículo, procurar contatos em sua área, prospectar negócios ou participar de discussões profissionais de seu interesse, o LinkedIn é a melhor ferramenta, pois tem um foco mais corporativo. O Facebook é mais democrático e serve para você compartilhar novidades, idéias, falar de sua vida. Isso não quer dizer que deva ser descartada para relacionamento de caráter profissional, pelo contrário. Vá além dos clichês. Procure, quando oportuno, mostrar suas experiências profissionais concretas, como projetos que liderou, resultados que obteve, desafios que superou. Divida conhecimentos, é uma forma de você se diferenciar na rede. Tenha bom senso. Não entre em grupos de discussões de temas que não o interessam ou que você não domina. Você será visto como bobo, ingênuo e oportunista. Tente trazer para o mundo real os relacionamentos virtuais. Aproveite oportunidades para conhecer pessoalmente gente com a qual mantém contatos virtuais – em eventos, congressos, feiras, festas corporativas, campeonatos ou happy hours, Mas sem forçar a barra. Se você acha que albatroz, birdie e eagle só existem na ornitologia, não convide ninguém para jogar golfe. Por fim, trabalhe as redes de forma sistemática e metódica, pois incursões eventuais não constroem relacionamentos. ■ Com 40 anos, a discussão ambiental é madura, mas muitos projetos continuam se mostrando frágeis em termos de implementação A cidade de Jundiaí é exemplo de que a iniciativa privada com apoio público pode gerar resultados sustentáveis surpreendentes. Três meses depois de implantar um projeto pioneiro de substituição das sacolas plásticas tradicionais por métodos alternativos de transporte de mercadorias, os supermercados de Jundiaí praticamente extinguiram a utilização das sacolas plásticas tradicionais (80 toneladas mensais de plástico), implantando em 99% dos supermercados a opção retornável. No futuro próximo, a conscientização ambiental chegará a um nível tão elevado, que o supermercadista será pressionado pelos próprios consumidores a oferecer mercadorias e serviços sustentáveis em sua área de vendas. Assim, nada mais inteligente do que antecipar a tendência e favorecer essa onda positiva, em vez de tentar se opor a ela. ■ Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 11 Divulgação Ex-integrante lança novo WikiLeaks Um grupo liderado pelo ex-vice-chefe do WikiLeaks lançou um novo site para ajudar informantes a vazar informações dos bastidores da reunião entre a elite do mundo de negócios global em Davos. Daniel Domscheit-Berg, antigo braço direito do chefe do WikiLeaks, Julian Assange, afirmou que o Openleaks.org pretende ser um canal que facilite e torne mais seguro o vazamento de informações por pessoas normais, de forma anônima, e sua divulgação para a mídia e o público em geral. Referência no mercado para implementar IFRS / CPCs. www.grupofbm.com.br Peter Parks/AFP O ANO DO COELHO Começa amanhã o ano do coelho, que, segundo o horóscopo chinês, é período de paz, diplomacia e calma. Para os asiáticos, é um excelente momento para as negociações políticas. Na China, as ruas estão repletas de decorações alusivas à data e milhões de pessoas lotam trens e rodovias para comemorar o novo ciclo lunar junto aos familiares que vivem no interior do país. As festas devem se prolongar por vários dias. ENTREVISTA MARCOS MORITA Consultor em marketing e planejamento estratégico Modelo de produção provoca mais recalls A terceirização da produção de veículos dificulta a identificação dos responsáveis pelas falhas Micheli Rueda mrueda@brasileconomico.com.br A convocação de veículos para o reparo de defeitos tornou-se recorrente para os brasileiros. Dentre os motivos, Marcos Morita, consultor em marketing e planejamento estratégico, destaca o processo produtivo adotado pelas montadoras, que pri- vilegia a quantidade produzida em detrimento da qualidade. Por que a quantidade de recalls tem aumentado? Basicamente quatro pontos têm influenciado. O primeiro deles é o aumento de produção. O segundo fator é a velocidade de lançamentos. O ciclo de vida dos automóveis encurtou. O Fusca, por exemplo, ficou 40 anos no mercado. As montadoras tinham tempo para encontrar os defeitos. Outro elemento é a terceirização da produção. Antiga- Divulgação “O recall virou algo intrínseco ao modelo, pois todas as montadoras estão inseridas neste sistema” mente, era tudo verticalizado. Hoje, vem tudo de fora. Com isso, fica difícil encontrar um culpado por possíveis falhas. O último ponto diz respeito aos consumidores, que se tornaram mais conscientes. O que pode ser feito para evitar os recalls? O problema está no processo produtivo. A terceirização tornou-se parte do modelo de negócios que existe hoje. A urgência de produção leva aos defeitos. A empresa que demora para lançar um produto torna-se menos competitiva. Qual seria a melhor estratégia para empresas envolvidas em recall? As empresas têm que unir rapidez, transparência e alinhamento de mensagem e procedimento. Isso vai revelar o grau de impacto que o recall terá sobre os consumidores. ■ Leia versão completa em www.brasileconomico.com.br 12 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 BRASIL Sindicalismo de resultado chega Formado nas fileiras da CUT, o deputado petista Marco Maia, 45, deve assumir amanhã a Câmara dos Deputados Pedro Venceslau pvenceslau@brasileconomico.com.br Em meados do último mês de dezembro, um dia depois de conceder uma entrevista à revista Veja, na qual criticou duramente o sindicalismo, o deputado federal Cândido Vacarezza (PT-SP), líder do governo e pré-candidato à presidência da Câmara, cruzou com o colega Paulinho da Força (líder da Força Sindical) nos corredores da casa. A conversa foi rápida, mas reveladora. “Eu vou perdoar a entrevista porque sei que você estava falando para a direita. Só não sei se os seus colegas do PT farão o mesmo”, disse Paulinho. Ele estava certo. Ao bater de frente com o sindicalismo, Vacarezza perdeu o apoio do setor mais barulhento e articulado da bancada em sua campanha para ser o nome da legenda na sucessão de Michel Temer (PMDB-SP). Era o que faltava para que uma conjunção de forças imponderáveis virasse um jogo certo. Apesar do apoio do Planalto e da equipe de transição, Vacarezza foi derrotado internamente em um embate que ganhou ares de crise. E assim o nome de Marco Maia, um sindicalista gaúcho de 45 anos, formado nas fileiras da CUT, emergiu como terceira via e acabou se tornando o candidato franco favorito para assumir o terceiro cargo mais importante da República. De perfil conciliador, ele deve ser eleito amanhã com folga, já que conseguiu o apoio de quase todos os partidos que habitam a casa, com exceção do pequeno e radical Psol — há 22 partidos representados na Casa. “O PT aprendeu com a divisão. O processo de escolha do nosso candidato foi duro, mas está cicatrizado”, pondera o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), novo líder do partido na Câmara. A pergunta que todos se fazem, entretanto, é qual será a postura de Maia diante da primeira grande polêmica do parlamento depois da posse da nova legislatura: o valor do salário mínimo. “O mar não está para peixe para o aumento do mínimo. De qualquer forma, o Marco é um conciliador. Ele ouve muito e processa as coisas“, diz Teixeira. Para o cientista político Rudá Ricci, um ex-militante petista com trânsito na CUT, é um engano achar que o perfil de Maia facilitará a vida dos sindicalistas “ (Michel) Temer tinha muito domínio sobre as normas, o regimento e a Constituição. Acredito que o Marco Maia terá uma certa dificuldade nesse sentido Jô Moraes, deputada federal do PCdoB-MG no debate sobre o salário mínimo. “Os sindicalistas ‘cutistas’ se dizem, desde a criação da CUT, inflexíveis só nos princípios. Tanto a Força (Sindical) quanto a CUT estão no Ministério do Trabalho. Eles aprenderam a fazer a grande política.” Para ilustrar o pragmatismo dos sindicalistas, Rudá lembra que nos anos 1980, dirigentes sindicais da CUT e da Federação das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp) acertavam suas diferenças no restaurante do luxuoso hotel Macksoud Plaza. Diferenças e semelhanças A comparação entre Maia e seu antecessor, Michel Temer, é inevitável. Os dois têm perfis bem diferentes, mas que não chegam a ser diametralmente opostos. “O Temer tinha muito domínio sobre as normas, o regimento e a Constituição. Acredito que o Maia terá uma certa dificuldade nesse sentido. Mas acho que ele tornará os caminhos da Câmara mais acessíveis. O encanto do poder não o contaminou”, avalia a deputada mineira Jô Moraes, do PCdoB, partido que até o último momento ameaçou lançar a candidatura de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara. Apenas dois nomes haviam se apresentado para enfrentar Maia, ambos sem apoio de seus partidos. Sandro Mabel, do PRGO, e Jair Bolsonaro, do PP-RJ. É o tempero que faltava. ■ Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 13 Wilson Dias/ABr Não se garante manutenção do dólar, diz Dilma O câmbio tem oscilado pouco, mas não se pode descartar desvalorização do real, disse a presidente Dilma Rousseff em entrevista publicada ontem por jornais argentinos. “Nos últimos tempos, conseguimos manter o dólar numa faixa de flutuação. Não tivemos derretimento como se falou por aí. Oscilou todo o tempo entre R$ 1,60 e R$ 1,70”, explicou. “Agora, ninguém no mundo pode dizer que garante isso (a não desvalorização).” Dilma se reúne hoje com a presidente argentina, Cristina Kirchner. AGENDA DO DIA ● A FGV divulga a sondagem da indústria relativa ao mês de janeiro. ● Banco Central: Pesquisa Focus dá expectativa do mercado para principais indicadores da economia. ● Banco Central: nota sobre política fiscal relativa ao mês de dezembro. José Cruz/ABr ao poder na Câmara em meio ao cabo de guerra sobre o valor do salário mínimo Elza Fiuza/ABr De perfil conciliador, Marco Maia conseguiu o apoio de 21 dos 22 partidos da Câmara Sarney ocupará a presidência pela quarta vez Sarney fica mais dois anos Marta Suplicy foi escolhida pelo PT para ocupar a vice-presidência, cargo de grande visibilidade ANÁLISE Guerra pelo segundo escalão recomeça na quarta-feira O clima de paz entre PT e PMDB deve acabar logo depois das eleições para as mesas diretoras do Senado e da Câmara. Por ordem da presidente Dilma Rousseff, as negociações para os cargos de segundo escalão onde existem disputa partidária foram congeladas para evitar a contaminação dos acordos no Congresso. A partir de quarta-feira, as conversas serão retomadas a todo vapor. Entre outros cargos, estão em jogo diretorias da Caixa Econômica, Petrobrás e Anvisa. Ao BRASIL ECONÔMICO, um alto dirigente do PMDB revelou que a presidente Dilma Rousseff mandou um recado ao partido: quer tudo resolvido em, no máximo, 15 dias. No PMDB, a avaliação predominante é que o PT sob Dilma está decidido a ampliar seu espaço no governo. E nada poderá ser feito para evitar esse movimento. P.V O senador José Sarney (PMDBAP) repetiu o script de dois anos atrás. Depois de meses negando que seria candidato à presidência do Senado, esperou que seu nome fosse aclamado para só então assumir uma pretensão mais do que conhecida nos corredores de Brasília. A articulação foi cuidadosamente feita pelo PMDB em sintonia com o Palácio do Planalto e o PT. Ele já ocupou a Presidência do Senado em três ocasiões: de 1995 a 1997, de 2003 a 2005 e de 2009 até agora. Na véspera da eleição para a Mesa Diretora da Casa, o desafio é evitar que a distribuição dos cargos se transforme em embate político. Dois são os cargos mais cobiçados: a vice-presidência e a primeira secretaria, que é uma espécie de prefeitura do Senado e comanda um orçamento de R$ 3 bilhões. “O PT fez a opção pela vice-presidência, que é um cargo de grande visibilidade”, ex- plica o senador Valdir Raupp, presidente em exercício do PMDB. Depois de uma longa disputa interna com José Pimentel (CE), Marta Suplicy conseguiu garantir o posto. Os holofotes da vice-presidência fazem parte de seu plano de manter-se em evidência para disputar a prefeitura de São Paulo em 2012. Pelo acordo fechado internamente, Pimentel sucederá Marta. Estreante no Senado, Lindberg Farias (RJ) foi escolhido para a cobiçada Comissão de Infraestrutura. Já a primeira secretaria ficará com o PSDB, que deve optar pelo senador Cícero Lucena (PSDB-PB). A segunda secretaria, cargo que responde pelos passaportes especiais dos parlamentares, ficará com o PTB. O senador João Vicente Claudino, do Piauí, deve permanecer com a vaga. Para o presidente do PMDB, os acordos no PMDB e no Senado encerram o período de litígio com o PT. “Depois da eleição para as mesas, os dois partidos caminham para uma pacificação geral”, diz. ■ P.V. 14 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 BRASIL Alexandre Carius GASTOS PÚBLICOS ÁREAS VULNERÁVEIS Despesas do governo central registram expansão de 22,4% em 2010 Governo vai investir R$ 600 milhões na Defesa Civil após tragédia no Rio As despesas do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) tiveram expansão de 22,4% em 2010 na comparação com 2009. O total de despesas atingiu R$ 700,128 bilhões ante os R$ 572,184 bilhões registrados no período anterior. O Tesouro Nacional anunciou que, mesmo com o aumento percentual dos gastos, cumpriu a meta de superávit primário do Governo Central, de 2,15% em relação ao PIB. O governo federal vai investir R$ 600 milhões na estruturação da Defesa Civil nos municípios mais vulneráveis, disse na última sexta-feira a presidente Dilma Rousseff. O projeto prevê a reestruturação de todo o sistema nacional de Defesa Civil e o aumento da responsabilidade das Forças Armadas com a construção de cinco centros regionais militares para atendimento imediato das vítimas de desastres ambientais. Finep planeja se tornar instituição financeira para captar mais recursos Projeto, estudado pelo Banco Central, existe desde 2007 e ganha reforço com novo presidente, Glauco Arbix Patrícia Santos Daniel Haidar, do Rio de Janeiro dhaidar@brasileconomico.com.br A velha ideia de transformar a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em instituição financeira, estudada por um grupo de trabalho do Banco Central desde 2007, ajudaria o órgão de fomento da inovação a captar mais recursos e mitigaria o risco de corte orçamentário pelo governo federal. Isso porque a Finep, como instituição financeira, seria retirada do cálculo do superávit primário como acontece com Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal hoje em dia. “A Finep teria mais liberdade e não afetaria as metas do governo de resultado primário”, diz o diretor-financeiro da Finep, Fernando Ribeiro. A transformação da Finep em banco de fomento de tipo especial virou também bandeira do ministro Aloizio Mercadante e do novo presidente da Finep, Glauco Arbix. A ideia vinha sendo gestada pelo último presidente da agência de fomento, Luís Fernandes, desde que tomou posse em meados de 2007. Segundo ele, há até uma minuta de decreto do Conselho Monetário Nacional preparada para a mudança. A preocupação em ficar fora do superávit primário vem em um momento em que a presidente Dilma Rousseff vai fazer cortes orçamentários que podem afetar o orçamento da Finep de fomento à inovação. Arbix foi empossado presidente da entidade na última sexta-feira (28) com essa preocupação. “Precisamos de um implemento de recursos”, disse o sociólogo Glauco Arbix ao anunciar que pretende dobrar os desembolsos da Finep até 2014. De acordo com balanço do órgão, no ano passado, a Finep desembolsou R$ 4 bilhões, somando empréstimos, subvenções e participações em private equities — de recursos próprios, de fundos setoriais e do Fundo Nacional de Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia (FNDCT). A meta de Arbix é chegar a R$ 8 bilhões até 2014 para conseguir elevar os investimentos do setor privado em pesquisa e desenvolvimento para algo próximo de 0,9% do PIB. Em 2010, esse in- Novo status tiraria Finep do cálculo de superávit primário, o que evitaria restrições orçamentárias para inovação Novo PDP definirá objetivos para aumentar investimentos privados em P&D, diz Arbix vestimento privado em inovação chegou perto de 0,75% do PIB pelas estimativas de Arbix. Uma nova política de desenvolvimento produtivo (PDP) deve definir os objetivos de elevação do investimento em pesquisa. “A ideia é aumentar a porcentagem do faturamento das empresas privadas em pesquisa e desenvolvimento”, afirmou. Para Fernando Ribeiro, diretor-financeiro da Finep, o importante para 2011 é manter os desembolsos atuais. “Vamos tentar manter ao menos esse patamar, já que é ano de ajuste”, disse Ribeiro ao BRASIL ECONÔMICO. ■ 2010 SETOR PRIVADO R$ 4 bi foi o total desembolsado 0,79% do PIB foi o total investido pela Finep em 2010, incluindo o montante relativo a empréstimos, subvenções e participações em private equities. pela iniciativa privada em pesquisa e desenvolvimento no ano passado. A ideia é ampliar essa participação para 0,9%. 2014 SEM RESTRIÇÕES R$ 8 bi é a meta para desembolsos Superávit Meta do atual presidente é da instituição até 2014, aumentando investimentos da iniciativa privada em P&D. tirar a Finep do cáculo do superávit primário para não inibir os investimentos em inovação. Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 15 Murad Sezer/Reuters IMPOSTOS QUALIDADE DE VIDA Empresários que fizeram doações a vítimas das chuvas no Rio terão isenção de ICMS ONU pede qualidade no ambiente de trabalho para evitar doenças crônicas Os empresários que fizerem doações de mercadorias para as vítimas das chuvas das cidades da região serrana do Rio de Janeiro estarão isentos do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). A isenção, autorizada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), vale também para o serviço de transporte das mercadorias doadas. Os benefícios fiscais produzirão seus efeitos até 31 de março de 2011. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, apelou aos empresários para que proporcionem um ambiente saudável de trabalho aos funcionários. Segundo ele, 60% das doenças não transmissíveis – como câncer, diabetes e acidente vascular cerebral (AVC) – podem ser evitadas quando os fatores de risco são reduzidos. As doenças crônicas são responsáveis pela morte de 35 milhões de pessoas por ano no mundo. Douglas Engle/Bloomberg Depois de perder empresas para São Paulo, estado fluminense atrai empresas da cadeia petrolífera Rio tenta resgatar passado econômico Diante de investimentos bilionários, pesquisador vê uma oportunidade para o estado retomar importância do início do século 20 André Urani, fundador, pesquisador e presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), escreveu, em 2008, “Trilhas para o Rio – Do Reconhecimento da Queda à Reinvenção do Futuro.” O livro foi embasado nas pesquisas do IETS e traçou um diagnóstico amplo do Rio, além de sugerir caminhos para que o Rio recuperasse sua importância econômica e lidasse com seu enorme passivo social. A tragédia na região serrana do estado durante o mês de janeiro mostra que a integração entre estado e municipios ainda precisa evoluir para evitar situações como essa, embora haja um certo consenso de que o estado vive um momento especial e que é preciso aproveitá-lo para uma conquista mais duradoura. “Os problemas do Rio como um todo, do próprio Estado, são problemas que foram se acumulando ao longo de décadas. E como bem lembrou Nelson Rodrigues: ‘subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos’, diz Urani. ■ TRÊS PERGUNTAS A... Felipe O’Neill/O Dia ...ANDRÉ URANI Presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS) Não se muda cultura do ‘eu sozinho’ de uma hora para outra Quando e por que o Rio começou a perder a força econômica? Podemos simbolicamente atribuir a transferência da capital para Brasília como um marco inicial de um processo de decadência. Tivemos uma desindustrialização precoce que aconteceu no país com a abertura da economia já nos anos 1970. As agências de publicidade se concentravam aqui no Rio até os anos 1980; perdeu o setor financeiro para São Paulo; perdeu muito em termos de trabalho de boa qualidade, pelo menos no primeiro momento, com a privatização. Tem engenheiro de antigas estatais vendendo cachorro quente. Mas de alguns poucos anos para cá, estamos mudando o sinal. São os investimentos bilionários sendo feitos no estado? Apenas em infraestrutura há uma carteira de investimentos neste triênio 2010-2012 na ordem de R$ 20 bilhões e isso envolve coisas tão diferentes como urbanização de favelas, PAC, a nova versão do favela bairro, que agora se chama Morar Carioca, o corredor T5, que liga o subúrbio à zona de expansão da cidade que é na Barra da Tijuca, o Arco Rodoviário. Sem falar no trem-bala e em investimentos em petroquímica, como a Comperj. O Rio ainda tem problemas complexos como a falta de comunicação entre governo e prefeituras, evidente na tragédia em Nova Friburgo e Teresópolis — um culpa o outro pela falta de verbas para prevenir tragédias. Como avalia essa situação? A falta de entrosamento entre as três esferas de governo sempre foi uma marca do Rio, sobretudo (mas não apenas) na capital. Existe hoje um espírito mais cooperativo, mas não se supera a cultura do “eu-sozinho” de uma hora para outra; é preciso, por exemplo, criar mecanismos que capacitem os técnicos municipais e estaduais a elaborarem os projetos que são necessários para ter acesso às verbas disponíveis em diferentes programas do governo federal. A entrevista foi concedida ao Podcast Rio Bravo. CONHECIMENTO LOCAL EM OPORTUNIDADES GLOBAIS 5ª maior empresa de auditoria e consultoria no Brasil e no mundo. (11) 3138 5314 relacionamento@bdobrazil.com.br www.bdobrazil.com.br 16 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 INOVAÇÃO & EDUCAÇÃO TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA EMPREENDEDORISMO GESTÃO Tablet agrega material didático e Instituições de ensino brasileiras começam a utilizar o novo computador portátil para facilitar o acesso a livros, Regiane de Oliveira roliveira@brasileconomico.com.br As diversas formas de utilização dos tablets ainda estão sendo discutidas no mercado de consumo, mas as empresas de educação já apostam que o novo instrumento será, em breve, indispensável na sala de aula. A Faculdade Interativa COC deve receber na segunda quinzena de fevereiro o primeiro lote de 3 mil equipamentos comprados da China para serem distribuídos para os alunos do primeiro semestre dos cursos à distância. A instituição adquiriu cerca de 20 mil produtos, batizados de Tablet COC, de uma indústria chinesa. E está investindo cerca de R$ 15 milhões no projeto de migração de seu material didático para o tablet — considerando valor dos produtos, licenciamento e autorização da Anatel para que o acesso à internet. A Faculdade interativa COC gasta mais de R$ 1,5 milhão por trimestre com o envio de apostilas para seus 26,5 mil alunos em todo o país. De acordo com Jeferson Fagundes, diretor nacional de educação à distância do COC, apesar de inicialmente mais alto, o custo do tablet vai compensar os gastos logísticos e de impressão de 37 mil livros por trimestre. “A substituição será gradativa, começando pelos cerca de 5 mil alunos ingressantes, mas temos como meta eliminar toda a impressão em papel”, diz Fagundes, que garante que o custo não será repassado aos alunos. Outra rede que aposta na substituição do material didático gratuito enviado aos alunos por material digital, que pode ser acessado pelos tablets é a Estácio. O projeto inicia-se no segundo semestre com a distribuição de 5 mil equipamentos entre alunos os de Direito das faculdades do Rio e Espírito Santo. O material didático da Estácio é feito a partir de capítulos integrais de obras de cada disciplina, fruto de uma parceria entre a instituição e Associação Brasileira dos Direitos Reprográficos. O tablet também vai trazer uma biblioteca virtual, com mais de 1,6 mil obras, projeto pedagógico do curso e os planos de aulas. A instituição não divulgou o nome do equipamento que vai utilizar, pois ainda não fechou a compra, mas isto não a impediu de usar o tablet em sua campanha publicitária para o processo seletivo 2011. “Nosso foco é a empregabilidade. É importante nossos alunos saberem que eles vão aprender a manejar as principais ferramentas tecnológicas”, afirma Pedro Graça, diretor de mercado da Estácio. O material didático da Estácio, que será disponibilizado no tablet, é feito a partir de capítulos integrais de obras de cada disciplina, fruto de uma parceria entre a instituição e a Associação Brasileira dos Direitos Reprográficos. O equipamento também vai trazer uma biblioteca virtual, com mais de 1,6 mil obras, projeto pedagógico do curso e os planos de aulas EDUCAÇÃO PÚBLICA ✽ Governo federal também quer tablets O governo federal vem dando mostras de que o tablet pode ser uma saída para promover uma revolução no acesso à internet e, quem sabe, chegar as salas de aula da escola pública. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, afirmou em visita à Campus Party, em São Paulo, que gostaria de aplicar a mesma política fiscal dos notebooks aos tablets, com a redução de tarifas de importação de peças, com objetivo de baratear o custo de produção. Devido ao alto custo, manter uma sala de aula computadorizada ainda está longe da realidade no Brasil A Faculdade Interativa COC também conseguiu capitalizar com a propaganda do tablet. A empresa iniciou a campanha “1 tablet por aluno” em novembro do ano passado, na mesma época em que o Ipad chegou ao país. De acordo com Jeferson Fonseca, do COC, a ação publicitária teve boa receptividade. Investimentos A Estácio está investindo R$ 40 milhões no projeto, que inclui também a formatação de uma plataforma on-line de currículos unificados e aulas, a fim de padronizar o conteúdo que é ensinado aos alunos em suas diversas unidades em todo o país. De acordo com Paula Calei, diretora executiva de ensino e reitora da Estácio, o projeto de migrar os conteúdos para o ambiente digital foi iniciado há dois anos. “Nosso objetivo é a interação em sala de aula. Testamos a utilização do netbook, mas sabíamos que em dado momento iria surgir um equipamento mais adequado”, afirma. E o tablet atendeu às demandas da instituição, garante a executiva. Os novos alunos vão receber os equipamentos sempre no segundo semestre do curso, para que sejam previamente treinados na nova tecnologia, conta Pedro Graça. “Em cinco anos, esperamos que todo material em papel tenha sido substituído pelo digital”, diz, ressaltando que isto representa tirar do mercado 240 milhões de folhas impressas. Só neste semestre, a instituição gastou R$ 1,2 milhão em papel para o material didático que é impresso e entregue gratuitamente aos alunos. ■ AFINAL, O QUE ESTA NOVA Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 17 QUINTA-FEIRA SEXTA-FEIRA SUSTENTABILIDADE TECNOLOGIA Divulgação internet nas aulas LÉLIA CHACON Jornalista e editora do site e revista Onda Jovem, do Instituto Votorantim reduzir custos e deixar a sala de aula mais interessante Divulgação O que ensinar e de que forma educar? Shannon Stapleton/Reuters TECNOLOGIA VAI TRAZER PARA A ESCOLA? “Os tablets elevam o potencial de gestão do aprendizado”, afirma o professor Tadeu Terra, diretor de material digital da Pearson. “Os recursos multimídia mostram os conteúdos com uma linguagem mais atraente, o que não se consegue no plano”, diz. Dezoito escolas dos sistemas de Ensino COC, Dom Bosco e Pueri Domus, pertencentes à Pearson, vão receber em abril 15 mil tablets. Os equipamentos são destinados a alunos do 6º ano do fundamental e do 1º ano do ensino médio. Em 2012, a empresa pretende levar o produto para toda sua rede de 350 escolas parceiras. Com frequência, pais e professores se assumem pouco equipados para lidar com filhos e alunos na conjuntura atual de inovações tecnológicas constantes e comunicação veloz. Informações e conhecimentos compartilhados em redes lançam ideias, comportamentos e culturas diversas a todo momento. Quem tem a responsabilidade de educar parece enfrentar um dilema que se poderia resumir em: pisar no freio ou no acelerador? Duas notícias recentes traduziram essa apreensão, ao mostrar o trabalho de duas mães americanas que produziram um filme e um livro sobre educação. A cineasta é Vicki Abeles, advogada, que assina o documentário Race to Nowhere (corrida para lugar nenhum). Ela questiona a cultura competitiva que exige de crianças, adolescentes e jovens superperformances escolares. Na disputa por vagas nas melhores universidades dos EUA, até notas do ensino fundamental decidem o futuro do estudante. A pressão é enorme e nem todos respondem bem, chegando a desenvolver problemas físicos, mentais e comportamentais. Abeles critica excessos de todo tipo na rotina educacional dos filhos/alunos. Aparentemente na direção oposta vai a mãe literata Amy Chua, professora, filha de chineses, que lançou o livro Battle Hymn of the Tiger Mother, algo como “o grito de guerra da mãe tigre”. Educadora em casa e na Universidade de Yale, Amy trabalha por um desempenho escolar excepcional das filhas: notas dez, na base cobranças e Quem tem a nada de mimos. Trechos de sua responsabilidade obra, segundo a BBC, foram pinçados pela imprensa para de educar criar polêmica, reforçando diparece enfrentar ferenças culturais na educação um dilema ocidental e oriental. A mensagem resultante foi que se poderia de defesa de uma superioridaresumir em: de dos pais chineses: “Mesmo pisar no freio ou quando os pais ocidentais pensam que estão sendo rígidos, no acelerador? nem sequer se aproximam das mães chinesas”; “Para ser bom em algo é preciso trabalhar, e as crianças nunca querem fazer isso por vontade própria”; “Os chineses acham que a melhor forma de proteger os filhos é prepará-los para o futuro, fazendo-os ver do que eles são capazes”, afirmou a professora, que aplica suas teorias impondo jogo duro às filhas: elas não têm liberdade para escolher atividades extracurriculares, muito menos para ver televisão e brincar com videogames. Estudam horas de piano e violino. Uma mãe pisa no breque, outra no acelerador, o que não significa necessariamente prejudicar filhos estudantes com proteção demais, nem acreditar que forçando a barra com disciplina e esforço o sucesso estará garantido. Por melhor que seja o regime de educação, na escola ou em casa, ele não tem o mesmo efeito em todos os filhos ou alunos. A saída inovadora talvez esteja no exemplo de uma professora de Salvador (BA), Fátima Fraga, que leciona português em uma escola privada. Suas aulas são abertas a colegas professores, pais e curiosos da comunidade. Todos, incluindo os alunos, são observadores participantes, cuja interação permite descobrir novas estratégias de aprendizagem. Se o espírito que nos rodeia é o de balançar fronteiras em todos os sentidos, preocupar-se com educação é premissa básica e compartilhar experiências, o melhor caminho para acertar. ■ POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO GRUPAMENTO DE RADIOPATRULHA AÉREA “JOÃO NEGRÃO” PREGÃO ELETRÔNICO Nº GRPAE - 020/140/10 - PROCESSO Nº GRPAE - 232/140/10 Encontra-se aberto no Grupamento de Radiopatrulha Aérea “João Negrão” (GRPAe), Pregão Eletrônico nº GRPAe - 020/140/10, destinado à contratação de Seguro do Ramo Aeronáutico para a frota das aeronaves da PMESP, do tipo Menor Preço por item. A data de abertura da sessão está prevista para 11 de fevereiro de 2011 às 09h00, e a sessão pública de processamento do Pregão Eletrônico será realizada no endereço eletrônico www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br no dia e hora mencionados. Para maiores informações, colocamo-nos à disposição, em horário comercial, de segunda a sexta-feira, para eventuais dúvidas. As informações estarão disponíveis no sítio www.e-negociospublicos.com.br. Tel.: (11) 2221-7299, ramais 1835 a 1838. 18 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 EMPRESAS Oi e Telefônica fazem planos para ganhar velocidade Banda larga ultrarrápida ainda tem pouca oferta; restrição a teles no mercado de TV a cabo é barreira para investimentos Fabiana Monte fmonte@brasileconomico.com.br Os serviços de banda larga ultrarrápida, oferecidos por meio da tecnologia de fibra óptica, ainda são produtos de nicho, mas as operadoras começam a desenhar estratégias para ampliar a oferta para mais assinantes. “A tendência é essa porque os usuários vão consumir cada vez mais banda”, diz João Paulo Bruder, analista de telecomunicações da consultoria IDC. Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, explica que as redes de banda larga ultrarrápida são baseadas em fibra óptica e permitem às operadoras oferecer pacotes de até 100 megabits por segundo (Mbps). O trecho da rede que chega à casa do cliente pode usar fibra ou outras tecnologias. “É questão de plano de negócios e do investimento inicial que a empresa quer fazer, porque levar fibra até a casa do usuário custa cinco vezes mais do que as soluções de banda larga convencional. Mas essa será a realidade no futuro”. Segundo Tude, a principal barreira para a ampliação das redes de internet ultrarrápida é a restrição legal para que operadoras de telecomunicações ofereçam serviços de TV paga por meio de suas redes. “O investimento é alto e, para justificá-lo, a operadora precisa aumentar suas fontes de receita. O PLC 116 abre essa possibilidade”, diz. O especialista refere-se ao Projeto de Lei da Câmara nº 116/2010 (PLC 116/2010), em tramitação no Senado, que altera a Lei do Cabo, permitindo a atuação das empresas de telecomunicações neste setor. Hoje, elas têm ofertas de TV paga por meio de outras tecnologias, como satélite. “Em um ano vamos combinar banda larga ultrarrápida com TV, mas dependemos do PLC 116/2010, então as coisas acabam amarradas”, “ Banda larga de alta velocidade precisa de aplicabilidade. Nos Estados Unidos, os produtos de fibra estão empacotados com TV paga. A gente também vai por aí Flávia Bittencourt, diretora de marketing da Oi ■ TELEFÔNICA O número de clientes de banda larga ultraveloz é de 13 mil ■ FILMES Com 30 Mbps, tempo para baixar um filme de 2h é 10 minutos ■ GVT O percentual de clientes de banda larga da empresa com planos acima de 10 Mbps é de 39 % ■ MÚSICAS Para baixar uma música com uma conexão de 30 Mbps, leva-se 1 segundo diz Flávia Bittencourt, diretora de marketing da Oi. A atuação da operadora neste mercado será reforçada também pela recente entrada da Portugal Telecom no controle acionário da empresa, não só com maior capacidade de investimento, mas com experiência dos portugueses na área. A rede da Oi está pronta para 900 mil acessos com velocidade superior a 10Mbps, dos quais em 48 mil a fibra chega até a casa do cliente. No próximo ano, a capacidade será de 4,3 milhões de acessos. Há cobertura em regiões de Recife, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Brasília. “Temos áreas piloto, ainda não é muito comercial porque falta escala”, diz Flávia. Comercialmente, o produto é vendido em regiões de Recife, com velocidades de 40Mbps, 60Mbps e 100Mbps, a partir de R$ 259,90. Como comparação, os planos convencionais de acesso à web em banda larga, com 1Mbps e 2Mbps, custam, respectivamente, R$ 39,90 e R$ 49,90. A Telefônica tem 13 mil clientes de banda larga ultrarrápida, o que corresponde a 0,39% de seus 3,3 milhões clientes de banda larga convencional. A meta é ter 1 milhão de assinaturas de fibra em 2015. Hoje, 470 mil casas na grande São Paulo, em Campinas e em Santos estão aptas a contratar o serviço, oferecido junto com o serviço de TV paga da TVA. “A fibra óptica é o Speedy dos próximos dez anos”, diz Mariano de Beer, diretor-geral da Telefônica. O desafio é dar agilidade à venda e à instalação da fibra óptica, tal qual ocorre hoje com o serviço de banda larga tradicional. Investimento, cobertura e qualificação de pessoal são os gargalos, diz o executivo. Em 2010, a empresa aplicou R$ 1 bilhão em banda larga (não só fibra) e pretende, pelo menos, repetir a cifra este ano. ■ Mariano de Beer, da Telefônica, lançou o serviço de banda larga da empresa no Brasil A FRASE “Se o PLC 116 for aprovado, o ritmo de investimentos será acelerado” Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 19 Jack Atley/Bloomberg Apple, Rim e ZTE crescem acima do esperado Conforme estimativa da IDC, o mercado mundial de celulares cresceu 18% no quarto trimestre ante igual período do ano anterior, para 401 milhões de unidades, enquanto as vendas de iPhones, da Apple, dispararam 86% em relação ao ano anterior. A canadense Rim vendeu 35% mais aparelhos BlackBerry no último trimestre fiscal da empresa, encerrado em novembro. As vendas da ZTE subiram 77% na comparação anual. Fotos: Henrique Manreza Com rede mais nova, GVT leva vantagem Operadora aposta no serviço de banda larga e na velocidade para a virada de seu negócio No mundo, Estados Unidos e Japão à frente Japão e Estados Unidos são os países mais avançados em banda larga ultrarrápida. “Nos EUA, a indústria de TV a cabo é forte e o público com renda mora nos subúrbios, onde as construções são horizontais. O cenário é completamente diferente do Brasil”, diz Júlio Puschel, analista sênior da consultoria Informa Telecoms & Media. No mercado americano, a cobertura das redes de TV a cabo é superior à brasileira e essas empresas também oferecem internet ultraveloz. Vale lembrar que, no Brasil, a Net oferece pacotes de até 100 Mbps, mas sua cobertura é inferior à de concorrentes como Oi e Telefônica. Mesmo assim, a Net é a segunda em número de assinantes, segundo dados do terceiro trimestre da consultoria Teleco. Na Europa, acrescenta Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, as empresas estão em momentos de decisão de investimento, semelhante ao Brasil. F.M. Na GVT, assinaturas de banda larga a partir de 10Mbps respondem por cerca de 39% dos 1,1 milhão de clientes do serviço e representam 56% das vendas de 2009. A operadora leva vantagem neste tipo de oferta porque sua rede é mais nova, totalmente digital e preparada para transmitir dados.Seu crescimento baseia-se em expansão geográfica por meio da construção de rede própria em novas cidades. Por outro lado, as redes das competidoras Telefônica e Oi necessitam de atualização tecnológica. Assim, os recursos que Oi e Telefônica investem na modernização ou migração de suas redes, a GVT aplica na construção de uma nova infraestrutura. Além disso, incentivar a difusão de velocidades é parte da estratégia de negócios da GVT, que quer se tornar uma provedora de serviços de comunicações, com a oferta de conteúdo multimídia por meio da banda larga, aproveitando a experiência de sua controladora Vivendi no mercado de vídeo. Por isso, desde novembro, a empresa passou a velocidade mínima de sua banda larga para 5Mbps, por R$ 49. O máximo é 100Mbps. “A velocidade do acesso e da infraestrutura disponível para chegar às casas vai evoluir à medida que houver valor para o cliente”, diz Alcides Troller Pinto, vice-presidente executivo. Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, acrescenta que a GVT também pode oferecer um preço menor por megabit porque o custo operacional da infraestrutura de fibra óptica é inferior ao de tecnologias mais antigas. “O investimento inicial em fibra é alto, mas a manutenção é mais barata, o que reduz o custo por megabit.” Novos hábitos Pinto afirma que velocidades como 100Mbps são usadas por consumidores de nicho, como profissionais liberais que lidam com arquivos pesados e pessoas que usam a internet como ferramenta de entretenimento — para jogos on-line, por exemplo. Ele acredita que isso deve mudar com o tempo, à medida que novas aplicações ganhem força e provoquem mudanças nos padrões de consumo. Alcides Troller Pinto: para crescer, banda larga ultraveloz exige aplicabilidade “ Em condomínios Há quatro anos, o cliente nem sequer precisava de velocidade na casa dos Megabits. A evolução da internet criou novos hábitos Alcides Troller Pinto, vice-presidente executivo da GVT É com a fibra óptica que a mineira Algar Telecom, que detém a marca CTBC, está expandindo serviços para regiões além de sua área original de atuação, que compreende 87 municípios dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul. A empresa contabiliza 200 clientes em 30 condomínios de luxo na região metropolitana de Belo Horizonte (MG) que assinam pacotes de TV paga, telefonia e banda larga via fibra óptica. “Nosso trabalho é identificar áreas com concentração de clientes de classe A e que tenham um parceiro que nos permita adequar nossa oferta”, diz Milton Bonservizzi, diretor de marketing da empresa. ■ 20 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 EMPRESAS Cristiano Trad NEGÓCIOS NO ESPORTE COPA DO MUNDO 2014 Real Madrid eleva faturamento em 197% na última década com receita de R$ 995 mi Justiça suspende obras do Mineirão por ilegalidade na contratação dos serviços O levantamento foi realizado pela empresa especializada em auditoria e consultoria Crowe Horwath RCS, que aponta também uma evolução de 270% nas receitas de marketing do clube espanhol nos últimos dez anos, passando de R$ 86,8 milhões para mais de R$ 315 milhões. Segundo a consultoria, com o faturamento o clube deve ter novamente a maior receita produzida em todo o esporte mundial. A liminar concedida pela Justiça do estado de Minas Gerais foi requerida pelo Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) pela modalidade de licitação utilizada ter sido o pregão. Segundo a entidade, as obras são de natureza complexa e de alta especialização e que o melhor critério seria melhor técnica ou melhor técnica e preço. As obras no estádio do Mineirão para a Copa 2014 estão orçadas em R$ 743 milhões. Adriano Machado/Bloomberg Eletrosul amplia em 495 quilômetros sua rede de transmissão no Paraná Eletrosul adquire negócios de transmissão da espanhola Cymi Companhia investe R$ 163,8 milhões para se tornar sócia majoritária das linhas da Uirapuru e da Artemis Priscila Machado pmachado@brasileconomico.com.br Um mês após vencer a disputa pela concessão da hidrelétrica Teles Pires, a Eletrosul volta ao mercado para fazer aquisições. Desta vez a subsidiária da Eletrobras optou por fortalecer seus ativos em transmissão, investindo R$ 163,8 milhões no aumento da sua participação acionária nas empresas Uirapuru Transmissora de Energia e Artemis, nas quais já detinha 49% das ações de cada uma. O controle acionário de ambas as companhias até então pertencia à espanhola Cymi. Com a aquisição, a Eletrosul passa a ter 100% das ações da Artemis e 75% da Uirapuru. Os 25% restantes foram comprados pela Fundação Elos, que investiu outros R$ 18,7 milhões. Fundação Elos investe R$ 18,7 milhões para ter 25% de participação na Uirapuru Segundo a Eletrosul, a compra, no valor total de R$ 182,5 milhões, representa um acréscimo de aproximadamente R$ 500 milhões em ativos ou 10% da receita anual da companhia, que em 2009 foi de R$ 724 milhões. No total, a rede da empresa foi ampliada em 495 quilômetros. De acordo com Eurides Mescolotto, presidente da Eletrosul, a companhia tem interesse em participar de projetos no Sul do país, incluindo Mato Grosso do Sul, no Centro Oeste, além de Mato Grosso e Rondônia onde já atua. “Há muitos leilões de transmissão que estão por vir”, disse Mescolotto. “Sempre que houver uma oportunidade nessa área vamos atuar”, completou o executivo. Mescolotto destacou ainda o que considera ser um movi- mento reverso ao que tem sido observado no mercado: o fato de uma empresa brasileira estar comprando as espanholas. Perfil A Uirapuru opera o segundo circuito da linha de transmissão Ivaiporã-Londrina, que atravessa 10 municípios paranaenses e entrou em operação em julho de 2006. A concessão foi conquistada em leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em 2009, a empresa apresentou uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 19,6 milhões. Na ocasião foram investidos R$ 105 milhões no empreendimento. Já a Artemis Transmissora de Energia atua na operação da linha que liga Salto Santiago, Ivaiporã e Cascavel Oeste, que tem 372,8 quilômetros de ex- tensão e atravessa 17 cidades do Paraná. Na construção foram investidos R$ 295 milhões e as operações foram iniciadas em outubro de 2005. A RAP foi de R$ 61 milhões em 2009. Geração Além de observar oportunidades de aquisição na área de transmissão, o presidente da Eletrosul mantém o interesse em projetos para produzir energia, inclusive no segmento de fontes renováveis. Em fevereiro, a companhia iniciará o trabalho de montagem dos aerogeradores que serão instalados na usina eólica Cerro Chato, empreendimento que está sendo construído em parceria com a Wobben na cidade de Sant’Ana do Livramento (RS), cuja conclusão deve ocorrer no segundo semestre. ■ Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 21 22 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 EMPRESAS Divulgação SIDERURGIA PCS Sul-coreana Hyundai Steel vai investir US$ 2,7 bi em novo alto-forno Positivo vendeu 1,9 milhão de computadores em 2010, crescimento de 11,3% A companhia sul-coreana afirmou que vai construir um terceiro alto-forno com capacidade de produção de 4 milhões de toneladas de aço por ano. A construção terá início no segundo trimestre deste ano e se estenderá até 2013. A segunda maior siderúrgica da Coreia do Sul, atrás da Posco, concluiu seu primeiro alto-forno em 2010, com uma capacidade anual de 4 milhões de toneladas e construiu a segunda com a mesma capacidade. A Positivo anunciou que teve receita de R$ 2,3 bilhões em 2010, crescimento de 6,4% em relação a 2009. No volume de vendas o aumento foi de 11,3%, totalizando volume de 1,9 milhão de computadores vendidos no ano, o que, segundo a empresa, representa o maior volume de vendas da história da companhia. As vendas para o governo tiveram crescimento de 79,8% no período. 1 2 1 Linha de montagem de vagões da AmstedMaxion, em Hortolândia (SP), que tem capacidade para produzir 10 mil unidades por ano 2 Vagão tipo graneleiro (hopper) da Randon em operação no Brasil Grãos e minério triplicam vendas Encomendas registradas por AmstedMaxion e Randon projetam produção de 4,5 mil unidades neste ano. Em Ana Paula Machado amachado@brasileconomico.com.br A indústria de vagões ganhou novo fôlego com o bom desempenho da economia brasileira no último ano. A produção saiu das 1,02 mil unidades de 2009 para 3,3 mil no fechamento do ano passado. O desempenho positivo ocorreu principalmente pelos incentivos do governo que reduziu as taxas do Finame para a compra de equipamentos. Além disso, a melhora nas exportações de minério de ferro e a boa safra agrícola ajudaram. O diretor-executivo da Randon, Norberto Fabris, disse que a indústria está preparada para atender a demanda crescente por vagões nos próximos anos. “Temos pedidos e opções de compras que nos garantirão em média 4,5 mil equipamentos por ano. Com o Finame PSI, as empresas realizaram as encomendas e até 2012, temos um volume considerável em carteira”, disse o executivo referindo-se a expectativa total de vendas de vagões. A Randon, até setembro do ano passado, produziu 650 unidades, sendo que 90% desse volume foi de vagões tipo graneleiro, utilizados principalmente para o transporte de grãos. A companhia está nesse mercado há dois anos. A AmstedMaxion, empresa do grupo Iochpe-Maxion, líder Em 2008, foram produzidos no país 5,11 mil vagões, o segundo melhor ano para as fabricantes brasileiras. O recorde na produção dos equipamentos foi alcançado em 2005, com 7,6 mil unidades fabricadas na fabricação de vagões e componentes ferroviários com cerca de 70% de participação, fechou o ano passado com 2,1 mil vagões entregues no Brasil e no exterior. No total dos pedidos de vagões entregues, tanto no mercado interno quanto externo, a empresa obteve receita bruta de aproximadamente R$ 484 milhões. Mais encomendas Para este ano, a empresa já prevê um aumento de pedidos em carteira estimando a entrega de mais de 2,6 mil vagões, todos para o mercado interno. O faturamento previsto é de R$ 592 milhões. O diretor de vendas e expor- tação da AmstedMaxion, Vinícius Luiz Alves, disse que a empresa já tem contratos fechados para entregas de 2,6 mil vagões neste ano, sendo que 80% desse volume será de equipamentos para o transporte de minério. “Nossos grandes clientes são as mineradoras instaladas no país, em função disso, desenvolvemos, no ano passado, um vagão maior capaz de transportar 150 toneladas. E das encomendas já firmadas todas são desse novo equipamento”, acrescentou Alves. No ano passado, a AmstedMaxion vendeu 10 vagões deste tipo para testes em ferrovias em que trafegam composições de grande volume. Mas, além Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 23 SeongJoon Cho/Bloomberg AÇÕES RESULTADOS LinkedIn entra com pedido para IPO e pode levantar até US$ 175 milhões Coreana Samsung obtém menor lucro dos últimos seis trimestres O plano do LinkedIn de abrir seu capital este ano pode servir como teste para o apetite dos investidores por sites de redes sociais, antes da aguardada oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) do Facebook. O site anunciou os planos para abrir capital, preparando terreno para que a empresa co-fundada em 2002 por Reid Hoffman, ex-executivo do PayPal, se torne a primeira rede social a entrar em Wall Street. A crescente demanda por celulares inteligentes e computadores tablets vai ajudar a Samsung Electronics a ter melhores resultados neste ano, depois que divulgou o lucro do quarto trimestre, de US$ 2,7 bilhões. A companhia sul-coreana tem conseguido conquistar mercado das rivais Nokia e LG Electronics e lidera um grupo de empresas que tenta conter o sucesso da Apple no segmento de dispositivos móveis. Fotos: divulgação Trilhos entram na pauta das siderúrgicas Plano Nacional de Logística prevê 50 mil quilômetros de estradas de ferro no país DÉCADA EMPERRADA CICLO DE OURO FROTA 28,2 mil 30,6 mil 96 mil É o volume de vagões produzidos no Brasil de 2000 a 2009. A crise econômica interrompeu o ritmo de crescimento e a meta de chegar aos 40 mil unidades. É o maior volume de vagões produzidos no Brasil. A marca foi alcançada na década de 70 e até hoje o número não foi superado pelas fabricantes nacionais. É o número de vagões em operação no Brasil. Segundo cálculos da Abifer, 20% desse volume tem acima de 40 anos, necessitando de renovação. de vagões 2010 foram 3,3 mil ante os 1,02 mil anteriores de vagões para minério, a empresa também desenvolve projetos para o transporte de combustíveis e contêineres. “Hoje, esse tipo de equipamento ainda é pequeno em nossa carteira, mas com os projetos das concessionárias em curso, estaremos preparados para a produção desses vagões”, disse Alves. A AmstedMaxion tem capacidade para produção de 10 mil vagões por ano. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, disse que o mercado vai demandar entre 4 mil e 5 mil vagões por ano nos próximos 10 anos. “Nesta década chegaremos à fabricação de 50 mil unidades.” ■ Além do crescimento econômico, novos projetos para o aumento da malha ferroviária vão impulsionar a indústria de equipamentos para trens e infraestrutura viária no país. A meta do Plano Nacional de Logística de Transporte (PNLT) é de que, até 2015, as estradas de ferro cortarão 50 mil quilômetros pelo centro e litoral do país. Hoje, a malha nacional chega a cerca de 30 mil quilômetros. Com isso, avisa o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, haverá demanda tanto de equipamento ferroviário, vagões e locomotivas, como de materiais para a construção das linhas férreas. “Com a recuperação das ferrovias, mercado existe para a indústria nacional. Por isso, algumas siderúrgicas já estudam a produção local de trilhos”, disse Abate. A Gerdau-Açominas confirmou que está nos planos da empresa a produção de trilhos para abastecer o mercado nacional. Em nota, a companhia informou que possui, desde 2002, um laminador de perfis na usina de Ouro Branco, em Minas Gerais. “Estamos avaliando a possibilidade de produzir trilhos, considerando a nova realidade do setor ferroviário no Brasil”. Estima-se que os investimentos necessários para uma fábrica de trilhos são de aproximadamente US$ 1,5 bilhão. As concessionárias importam o produto de países da Ásia e leste europeu Em 1996, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entrou nesse mercado, mas a falta de demanda abortou o projeto. Para se ter uma ideia, somente em 2010, foram importados 500 mil toneladas de trilhos para a construção de trechos ferroviários e a recuperação da malha existente. A maior parte do material desembarcado no país vem de China e Ucrânia. “Mercado há, mas temos que avaliar se se sustentará ao longo dos anos, por isso, as siderúrgicas ainda não produzem trilhos no país”, ressaltou o presidente da Abifer. É justamente o receio do Instituto Aço Brasil (IAB), que congrega as siderúrgicas. “Ainda não se sabe se todos os projetos para o aumento da malha serão concluídos. Além disso, as regras tributárias atuais não estimulam a produção local.” ■ A.P.M. A FRASE “Hoje, temos tecnologia para desenvolver qualquer tipo de vagão. Não há necessidade de importação” Norberto Fabris, diretor-executivo da Randon AGÊNCIA DE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO DE PROCESSOS – AMGESP AVISO DE ADIAMENTO DE LICITAÇÃO Processo: 4105-014/2010 Modalidade: Pregão Eletrônico Nº. AMGESP 10.004/2011 Tipo: menor preço por item. Objeto: RP para eventual aquisição de cestas básicas destinado ao Estado. Data de realização: 09 de fevereiro de 2011 às 10h00min. A licitação acima fica adiada por prazo indeterminado tendo em vista a necessidade de modificação do edital. Disponibilidade: endereço eletrônico www.comprasnet.gov.br Todas as referências de tempo obedecerão ao horário de Brasília/DF Informações: Fone: 82 3315-3477, Fax: 82 3315-7246/7241 Maceió, 28 de janeiro de 2011 24 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 EMPRESAS Nelson Ching/Bloomberg AGRONEGÓCIOS 1 AGRONEGÓCIOS 2 Receita da Cosan soma R$ 4,7 bilhões no trimestre, expansão de 24,7% Adecoagro reduz previsão de preço de suas ações em oferta pública inicial nos EUA A prévia de resultados da Cosan apontou que a receita líquida da empresa atingiu R$ 4,7 bilhões no terceiro trimestre do exercício social 2011, encerrado em 31 de dezembro de 2010. As vendas de açúcar atingiram R$ 931,9 milhões entre outubro e dezembro, montante 26,3% superior ao verificado um ano antes. No período, o volume vendido foi de 1,046 bilhão de toneladas. A Adecoagro, empresa agroindustrial que tem o bilionário George Soros como maior acionista, reduziu a estimativa de preço de sua oferta pública inicial de ações nos Estados Unidos. A companhia, que esperava conseguir até US$ 15 por ação, agora prevê receber entre US$ 11 e US$ 12, captando ao todo US$ 308 milhões. A maior parte dos recursos será usada para construir a terceira usina de cana da companhia no Brasil. Andre Penner Wagner Covos, da Ceva: logística reversa é nova fronteira de crescimento para a empresa Ceva vai às compras para crescer Companhia holandesa de logística integrada avalia adquirir concorrentes menores e entrar em novos Dubes Sônego dsonego@brasileconomico.com.br Os gestores brasileiros da Ceva, especializada em logística integrada, têm sobre a mesa uma série de opções de aquisição em avaliação. De acordo com Wagner Covos, vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios da companhia no país, a compra de concorrentes menores, ou de empresas com atuação em segmentos complementares, é uma das alternativas em estudo para acelerar o crescimento no mercado local nos próximos anos. Faturamento próximo de R$ 1 bilhão em 2010, puxado pelas demandas das indústrias automobilísticas e de eletroeletrônicos Com o segmento automobilístico em franco crescimento; as importações de eletroeletrônicos em alta, embaladas pelo real forte, e as boas perspectivas para a área de óleo e gás, com os investimentos no pré-sal, a matriz da Ceva, na Holanda, alçou o Brasil ao topo de sua lista de prioridades no mundo, diz Covos. E traçou metas elevadas de vendas para o país — o percentual é mantido em sigilo. Segundo o executivo, não há um orçamento definido para as aquisições, dependerá do perfil do negócio. “Podem ser empresas de logística ou de armazenagem”, afirma. “Ainda não defi- nimos se se queremos nos fortalecer em segmentos onde já estamos ou se vamos abrir novas frentes de atuação”. Resultante da fusão de divisões da TNT e da Eagle Global Logísticas em 2007, a Ceva faturou R$ 868 milhões em 2009 . A maior parte do resultado veio dos mercados automobilístico (60%), de tecnologia (18%) e óleo e gás (3%). Mas a companhia trabalha também nas áreas de produtos industriais, de bens de consumo e varejo. Com a ressalva de que os números de 2010 ainda não estão fechados, Covos diz que a meta de 15% de aumento nas vendas provavel- mente foi alcançada. O que teria elevado a receita da companhia no ano passado a R$ 1 bilhão. Para 2011, o executivo diz que a companhia estipulou como objetivo um crescimento de 13% em receita. Os esforços para tanto serão concentrados no desenvolvimento de negócios nos mesmo segmento de puxaram o resultado no ano passado. Mas será dada ênfase também para logística reversa, em especial no segmento de eletroeletrônicos. Lixo digital Com a aprovação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, no ano passado, as companhias fa- Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 25 Haruyoshi Yamaguchi/Bloomberg MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS SIDERURGIA Voith Paper fecha contrato para reforma de máquina da fábrica de papel-toalha PSA Nippon Steel e JFE reduzem previsões de resultados por alta do carvão O valor do contrato não foi revelado. A reforma vai abranger a troca de um formador mesa plana e da caixa de entrada da máquina MP5 da fábrica São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A reforma permitirá a melhorar formação da folha tissue, possibilitando a diminuição da gramatura e, consequentemente, reduzindo o consumo de fibras. Além de redução do consumo de energia e maior velocidade da produção. A Nippon Steel e a JFE, que estão em quarto e quinto lugares no ranking mundial de produtores de aço, têm encontrado dificuldade em aumentar preços para lidar com um salto no custo dos insumos que ganhou força no mês passado pelas enormes enchentes na Austrália. As empresas também tem sido pressionadas pela valorização do iene, que prejudica a competitividade de suas exportações e oferece vantagem a rivais. Susten recolhe lixo reciclável com máquinas automáticas Empresa planeja crescer na esteira do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, aprovado em 2010 Murillo Constantino Logística integrada Ceva fecha contratos com a Levi’s e a Honda no Brasil Na semana passada, a Ceva anunciou o fechamento de seus dois primeiros grandes contratos no ano. Um com a Honda, de R$ 13 milhões, prevê a distribuição de peças de carros e motos aos concessionários da marca no estado de São Paulo. O outro, com a Levi’s, marca famosa por seus jeans, teve o valor mantido em sigilo e envolve a rede internacional da companhia. Pelo acordo, a Ceva fará a coleta de matérias primas em fornecedores localizados em cerca de 20 países, a consolidação da carga em Cingapura e Hong Kong, o desembaraço aduaneiro e a entrega à fábrica no Brasil. “O próximo passo será oferecer à Levi’s o armazenamento dos produtos acabados e a distribuição ao varejo”, diz Wagner Covos, vice-presidente de marketing e desenvolvimento de negócios da empresa. Presente em em 170 países, a Ceva faturou no mundo cerca de € 5,5 bilhões, em 2009. O Brasil respondeu, naquele ano, por 4% do total. no país nichos de negócios bricantes, distribuidoras e varejistas de eletroeletrônicos (e de uma série de outros produtos) serão responsáveis por garantir o recolhimento de equipamentos obsoletos e avariados, destinando-os a reciclagem ou a destruição. Na avaliação da Ceva, isso abre boas oportunidades de negócio junto à fabricantes de aparelhos celulares, computadores e brinquedos. Covos afirma que a Ceva já tem quatro grandes operações em andamento em logística reversa, levando em conta os segmento automotivo e de tecnologia. Em 2011, quer ampliar a atuação para mais seis. ■ Representante da norueguesa Tomra, a Susten Trading quer popularizar no Brasil um sistema de coleta de embalagens recicláveis de alumínio e Pet através de máquinas automáticas semelhantes as vending machines, de venda de refrigerantes, salgadinhos e chocolates. O modelo, comum em países europeus como a Alemanha, permite recompensar os consumidores que depositarem o lixo no equipamento com cupons de desconto para novas compras. De acordo com os sócios Felipe Kurc e Thiago Von Gal, a ideia de trazer o equipamento ao Brasil surgiu no final de 2009, antes do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, que atribui às empresas fabricantes, distribuidoras e varejistas a corresponsabilidade pela destinação final das embalagens de seus produtos. Mas ganhou impulso após sua aprovação, no final de 2010. “Estamos negociando com grandes varejistas, fabricantes de bebidas e cosméticos”, afirma Gal. Para as empresas, o modelo prevê a possibilidade de exploração das máquinas como mídia em ponto de venda, garante a destinação das embalagens para reciclagem e gera relatórios com o número de embalagens recolhidas de cada produto após o consumo, dado que poderão usar para comprovar o cumprimento das regras do Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Em quatro anos, a Susten acredita que terá no mercado cerca de duas mil máquinas. Neste ano, o objetivo é instalar pelo menos 40, que garantiriam receita de R$ 850 mil a R$ 1 milhão. A empresa ganha principalmente com o aluguel dos equipamentos e com a elaboração dos projetos de mídia. Com escala, os empresários afirmam que existiria ainda a possibilidade de discutir com a Tomra a produção local das máquinas. As principais concorrentes da Tomra no mundo são a Envipco, a inglesa Reverse Vending, a também norueguesa Repant e a alemã Wincor Nixdorf, a única presente n Brasil — mas não com o equipamento. O uso de máquinas do gênero para o recolhimento de embala- Kurc e Gal: inspiração no modelo europeu de coleta de embalagens recicláveis “ Estamos negociando com grandes varejistas, fabricantes de bebidas e de cosméticos Felipe Kurc e Thiago Von Gal, sócios da Susten Trading gens já foi testado no país, no início da década de 2000, mas não decolou. A Envipco, por exemplo, chegou a instalar cerca de 40 equipamentos em supermercados, mas abandonou o negócio após prejuízos. De acordo com Paulo Roberto Leite, especialista em logística reversa, sistemas de devolução voluntária das embalagens são uma resposta parcial ao problema. Cada produto terá uma solução. Nem todos os consumidores e empresas se engajam em ações proativas. ■ D.S. ■ RECEITA Expectativa da Susten para 2011, com 40 máquinas R$ 1 milhão ■ UNIDADES Em quatro anos, a Susten espera ter uma rede com 2 mil máquinas 26 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 EMPRESAS Reprodução AUTOMOBILÍSTICA 1 AUTOMOBILÍSTICA 2 Lucro trimestral da Ford recua 79% por compensação de dívida e atinge US$ 190 mi Jaguar celebra os 50 anos de seu esportivo E-Type com cronograma de eventos Um ano antes, a companhia havia registrado ganho de US$ 886 milhões. O lucro foi negativamente impactado pelo pagamento de US$ 960 milhões da dívida de US$ 1,9 bilhão da companhia. No ano, o lucro líquido totalizou US$ 6,6 bilhões, valor 141,4% superior ao obtido em 2009. Este foi o maior lucro da Ford em mais de dez anos, e a companhia citou “produtos mais fortes e novos investimentos”. Capaz de atingir 242 km/h e com preço inferior aos seus principais rivais com mesmas capacidades, o E-Type foi vendido entre 1961 e 1974 e ultrapassou as fronteiras do mundo do automóvel. O cronograma de celebrações terá início durante o Salão de Genebra, em março, e continuará dentro do festival anual de Goodwood. Além deles, também estão previstas ações dentro dos festivais da França e da Alemanha. Meu Móvel de Madeira usa loja temporária para garantir mercado Fabricante escolheu Florianópolis para montar sua unidade sazonal e aproveitar o movimento do turismo Fotos: divulgação Amanda Vidigal Amorim avidigal@brasileconomico.com.br Vender móveis sustentáveis para o país inteiro era o sonho da Meu Móvel de Madeira (MMM). A empresa, do grupo Celulose Irani, foi criada em 2006 e atende seus consumidores apenas pela internet. Sem loja física, Ronald Heinrichs, diretor da MMM, afirma que a estratégia foi bem sucedida, e hoje são vendidos cerca de 2,5 mil móveis por mês. O único estado brasileiro que nunca comprou um móvel da empresa é o Acre. “Temos clientes em lugares muito afastados, como Fernando de Noronha e até mesmo no Tocantins, onde muitas empresas afirmam ter dificuldade para vender. Só está faltando o Acre para dizermos que atendemos todo o Brasil”, afirma Heinrichs. Até o ano passado, os móveis, além de ter o design desenvolvido pela MMM, eram também produzidos em uma fábrica própria. Com o crescimento das vendas, — em 2010 foram 65% a mais do que em 2009 — Heinrichs resolveu terceirizar a produção e dedicar 100% da empresa à comercialização dos produtos. Neste verão, para reforçar a marca, a MMM lançou uma loja temporária em Florianópolis. A escolha da cidade e da época para abertura foram propositais. “Florianópolis recebe turistas do Brasil inteiro nesta época. Abrimos a loja em uma das praias mais visitadas da cidade, Jurerê Internacional”, afirma Heinrichs. A loja física segue o conceito da marca, de ter todo o atendimento por meio virtual. São sete ambientes criados com móveis da empresa e nenhum vendedor. Pela loja podem ser encontrados totens com computadores e telefones. No computador estão disponíveis todos os modelos oferecidos pela MMM e, se o cliente tiver alguma dúvida, pode ligar para o número 0800 informado no local e conversar com uma atendente. “Não queríamos uma loja padrão, mas sim algo que seguisse a proposta que criamos em Em 2010, a empresa cresceu 65% na comparação com o ano anterior e para este ano a expectativa é avançar mais 65% Heinrichs, diretor da MMM: ter clientes em todo o Brasil é meta ■ GRUPO IRANI Faturamento até o 3º trimestre em 2010 R$ 425 mi ■ VENDAS Número de móveis vendidos mensalmente pelo site 2,5 mil ■ CRESCIMENTO Empresa prevê expansão em 2011 de 65 % 2006. Tivemos uma aceitação grande e estamos pensando em replicar o modelo em outras cidades. Mas sempre com o objetivo de ser uma loja temporária e com autoatendimento”, afirma o diretor. Para 2011 a empresa espera crescer mais 65% em relação ao último ano, número bem maior do que o do setor moveleiro, que cresceu 14% em 2010. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário, são 17 mil indústrias no país, com uma produção de 354 milhões de peças e faturamento de US$ 968 milhões. ■ LOJA TEMPORÁRIA E COM AUTOATENDIMENTO Em cada espaço montado dentro da loja em Florianópolis, são disponibilizados totens com computadores para que o cliente realize a sua compra Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 27 Simon Dawson/Bloomberg AVIAÇÃO 1 AVIAÇÃO 2 Azul adia início da nova linha de ônibus entre Caxias do Sul e Porto Alegre Airbus minimiza projeções otimistas de Wall Street sobre vendas do modelo A320neo Segundo a companhia, o adiamento aconteceu por questões operacionais. Originalmente, o início da linha estava marcado para segunda-feira, 31/01. A Azul diz que os clientes que já fizeram suas reservas contando com o novo itinerário serão contatados pela companhia que honrará o compromisso. Disse ainda que não há previsão para o início das operações. O Morgan Stanley foi citado em reportagens prevendo que a fabricante europeia de aeronaves poderia vender de 500 a mil unidades do novo avião, que terá motores mais eficientes, até o Paris Air Show, em junho. O diretor de vendas da Airbus John Leahy classificou o número como “excessivamente otimista”, mas reiterou que a empresa espera vender “muitas centenas” de unidades durante o mesmo período. Murillo Constantino Roberto Eiji Kohigashi, diretor da Work Móveis: Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná estão na mira da empresa Aos 40, Work Móveis desenha expansão pelo país por franquias Rede especializada em itens corporativos ampliará sua atuação para além do estado de São Paulo Natália Flach nflach@brasileconomico.com.br Depois de 40 anos de atuação no mercado de móveis corporativos na capital paulista, a Work Móveis decidiu expandir a sua rede de lojas para o restante do país. O método escolhido foi a franquia, segundo Roberto Eiji Kohigashi, diretor da empresa que possui 11 pontos de venda no município. “Queríamos entrar no interior de São Paulo e em outros estados, mas, se fizéssemos isso com recursos próprios, teríamos de investir em centros de distribuição e na contratação de funcionários”, diz. O executivo acrescenta que a meta é ter 20 franqueados, nos próximos três anos. De acordo com Kohigashi, a companhia baseou a sua decisão em um estudo encomendado à Bittencourt Consultoria, que detalhou o plano estratégico da varejista para os próximos anos. A ideia era dar início à expansão, em 2010, mas o projeto foi adiado para este ano. “No ano passado, preferimos investir na capacita- ção dos nossos funcionários antes de repassarmos a marca para os franqueados”, esclarece. A expectativa é que sejam abertas cinco lojas franqueadas no interior de São Paulo, ainda neste ano. “A ideia é começarmos pelas regiões mais próximas para depois irmos ampliando o raio de atuação.” Por isso, as próximas praças escolhidas são Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. “O retorno do investimento deve ocorrer dentro de 26 a 27 meses, e a taxa de franquia servirá para custear o treinamento dos franqueados.” Outro objetivo da Work Móveis, para este ano, é dar continuidade às reformas das lojas, em São Paulo. A unidade no bairro Butantã foi a primeira a ser colocada nos moldes de um showroom. Foram investidos R$ 350 mil e o resultado foi percebido pelo faturamento, que quase dobrou em 2010 em relação a 2009. A receita chegou a R$ 2,1 milhões ante R$ 1,3 milhão, no ano anterior. “Conseguimos esse crescimento sem aumentar o mix de produtos, só com a repaginação da loja”, comemora. O novo plano de expansão da Work Móveis foi montado a partir de um levantamento e um plano estratégico para os próximos cinco anos desenvolvido por uma consultoria O executivo acrescenta que a meta é concentrar os esforços nas outras nove lojas neste ano. No total, serão investidos R$ 2,5 milhões e a expectativa da companhia é aumentar em 70% o seu faturamento global — que encerrou 2010 em R$ 15 milhões — e deve chegar a R$ 25,5 milhões, em 2011. Mais funcionários A Work Móveis tem hoje 90 funcionários, mas, com o crescimento da companhia, deve chegar ao fim do ano com 130 pessoas em seu quadro. “Também estamos estudando aumentar o volume de compras das fabricantes para atender à demanda crescente”, afirma. Sobre a possibilidade de entrar em novos nichos, além de móveis de escritório, Kohigashi nega. “Queremos é incrementar o nosso mix de acessórios.” Segundo o executivo, por mês, são vendidos perto 7 mil itens e a carteira de clientes cadastrados supera 80 mil pessoas. ■ 28 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 ENCONTRO DE CONTAS LURDETE ERTEL Sinal de fumaça As baforadas dos chineses podem ajudar a dar novo fôlego à outrora encorpada indústria de charutos da Bahia. Pedidos de compra vindos da China movimentam os produtores de fumo de charuto do Recôncavo Baiano, reconhecido internacionalmente como um dos melhores do mundo, ao lado do cubano. Atualmente, as oito fábricas da região produzem 10 milhões de unidades por ano. Mas, nos tempos áureos do segmento, entre as décadas de 1960 e 1980, o volume alcançava bitola infinitamente maior: nesta época, a produção baiana alcançava 200 milhões de charutos por ano. Somente a fábrica da Suerdieck fabricava, sozinha, metade deste volume. 1 2 3 4 Fotos: divulgação Desova de relíquias O legendário empresário egípcio Mohamed al Fayed parece estar em uma fase de desapego: depois de vender a famosa loja de departamentos Harrods (Londres) para a Qatar Holdings, agora o magnata está colocando no prego sua fabulosa coleção de carros antigos. O bilionário vai vender no próximo final de semana dez exemplares de preciosidades sobre rodas do acervo que reuniu ao longo das últimas décadas. O lote será leiloado no dia 5 pela Bonhams em Paris, na França, e tem reluzentes exemplares de grifes automotivas como Rolls-Royce e Ferrari. Na lista, está a Ferrari 330 GT (4), de 1965, que já pertenceu ao Beatle John Lennon. A joia pertenceu a Dodi Fayed – filho do empresário e namorado de Lady Di, que morreu com ela no acidente em Paris. Outras atrações do leilão: uma Ferrari 330 GTC Berlinetta, de 1966 (1), uma Ferrari 365 GTC4 Coupe, de 1972 (2) e um Rolls-Royce Phantom V, de 1963 (3). Bodo Marks/AFP Semeador do futuro Com o rasante que fará em Manaus (AM) em março para participar do 2º Fórum Mundial de Sustentabilidade, o ator e ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger vai conferir in loco uma de suas antigas paixões ambientais. Faz anos que a Amazônia está na lupa do astro de “Exterminador do Futuro”: em 2008, como governador da Califórnia, chegou a assinar um acordo de cooperação histórica com o Estado, para a preservação ambiental amazonense. Frota de elite Schwarzenegger aterrissa no Brasil em março na companhia do ex-presidente americano Bill Clinton e do magnata Richard Branson, especialmente a convite do evento promovido a quatro mãos pela Seminars e pelo Lide. No ano passado, o mesmo evento trouxe o cineasta James Cameron e o ex-vice americano Al Gore. À vontade com o estojo de beleza A top alemã Heidi Klum anda dedicada a socializar seus conhecimentos de beleza. Na última semana, a loira ancorou em uma loja de cosméticos de Hamburgo, na Alemanha, para dar dicas de maquiagem em um evento da Astor, marca da gigante Coty da qual é diretora artística e conselheira desde 2010. A relação de Heidi com apetrechos de beleza vem de muito antes de sua estreia no mundo dos flashes e das passarelas: o pai da modelo trabalhou para a marca de cosméticos alemã 4711 durante 20 anos. Ainda em 2011, a top também pretende lançar um site de saúde e beleza, em parceria com um portal americano. “O Brasil de hoje, entre as novas grandes nações, as novas grandes potências, é o país que tem mais argumentos nas mãos e que mais tem construído uma civilização. Isso me impressiona profundamente no Brasil” Alain Tourraine, sociólogo francês. Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 29 Reprodução MARCADO Face to face Com 6 milhões de exemplares vendidos em 25 anos, o famoso jogo de tabuleiro Cara a Cara, da Brinquedos Estrela, ganha uma versão para o Facebook. Idealizado pela DM9DDB, o jogo on-line entra no ar, permitindo que as “caras” do tabuleiro sejam os amigos reais dos internautas extraídos de sua lista de contatos na rede social. Na brincadeira, dois internautas podem se enfrentar utilizando o Facebook. ● A partir de amanhã, o Makro coloca na estrada uma carreta equipada com cozinha experimental que vai percorrer 45 cidades do país até dezembro, para capacitar pequenos e médios empreendedores de food service. A largada é em Interlagos (SP). encontrodecontas@brasileconomico.com.br Pierre Verdy/AFP Tiro de festim Dois em um A fabricante brasileira de armas Taurus, de Porto Alegre (RS), voltou a mostrar bala na agulha no mercado americano. A pistola PT 740 Slim, fabricada pela empresa gaúcha, acaba de faturar o título de Arma do Ano 2011, mais importante distinção da indústria de armas dos Estados Unidos. É a sétima vez que um produto da Taurus é destacado nesta premiação. O segmento de pistolas é o principal responsável pela expansão da Taurus no mercado americano, onde a empresa brasileira disputa liderança com as tradicionais Sturm Ruger e Simth Wesson. Androginia é mesmo a palavra da moda – e não apenas nas passarelas do São Paulo Fashion Week, que teve a transexual brasileira Lea T (abaixo) como uma das estrelas mais badaladas até agora. A exemplo do estilista Alexandre Herchcovitch, que escalou o/a filho/a do ex-jogador Toninho Cerezo para desfilar sua grife no SPFW, também o incensado Jean Paul Gaultier garantiu holofotes na Semana da Moda de Paris, ao escalar o sérvio Andrej Pejic (foto) para exibir o vestido de noiva que culminou a coleção. Com 19 anos, longos cabelos loiros e traços acentuadamente femininos, Pejic virou muso na alta costura. Pela Models.com, já é o 16 º mais influente modelo masculino do mundo. Com a ascensão de Lea T, que acaba de chegar à 40ª posição no ranking (feminino) da Models, se consagra uma nova expressão: femiman. Retirada A Aerolíneas Argentinas vai deixar de voar para o Nordeste brasileiro a partir de março. A companhia tinha frequências semanais entre Buenos Aires e Salvador, na Bahia, há um ano. A rota vai sair do ar por causa da baixa ocupação. Chapa quente A gastronomia será um dos pontos altos do menu do 7º CEO´S Family Workshop, que reunirá 200 CEOs e suas famílias no Guarujá (SP), em fevereiro. Além de almoços e jantares preparados por alguns dos melhores chefs do Brasil, o evento do Grupo Doria levará uma unidade da rede de hambúrguer The Fifties para dentro do luxuoso Sofitel Jequitimar. A lanchonete pop-up reproduzirá duas marcas registradas da rede: o famoso hambúrguer e a ambientação no glamour americano dos anos 50. GIRO RÁPIDO Arte na mesa A rede de restaurantes Spoleto, com 230 unidades no país, vai estender o projeto cultural Arte Urbana, que estampou desenhos de artistas urbanos em séries de copos e pratos no ano passado. A primeira coleção de 2011 será de copos com desenhos de Toz, Chivitz, Binho Ribeiro, Minhau e Mateu Velasco. Doçura A Wondercakes, marca paulistana especializada em cupcakes, inaugura sua quarta loja hoje. No Shopping Nações Unidas. Neste ano, a empresa pretende expandir para fora de São Paulo, por franquias. A meta é inaugurar 10 lojas em 2011. Moda de praia Sempre Paris A hotelaria de Paris, na França, teve um ano de luxo: os hotéis da cidade mais assediada por turistas no mundo registraram 5,9 milhões de pernoites em 2010. O número foi 5,4% superior ao do ano anterior. Curiosamente, o maior crescimento ficou por conta dos visitantes chineses, que se hospedaram nos hotéis da capital francesa por 337 mil noites, 34,7% a mais que em 2009. O balanço não incluiu turistas que optaram por hotéis dos arredores de Paris. Uma noite num hotel em Paris custa, em média de 148,6 euros. Os picolés da Sorvete Itália, do Rio, ganharam roupa nova de grife — literalmente. As embalagens exibem as estampas da coleção 2011 dos biquínis da marca de moda praia Salinas, inspirada nas culturas baiana e cubana. Foram fabricados 150 mil embalagens da série limitada criada com a parceria das duas tradicionais marcas cariocas. Até que demorou: as festanças do primeiro-ministro Silvio Berlusconi com farto plantel de mulheres vão virar tema de um filme pornô. Bunga Bunga, presidente é uma paródia escancarada do caso Ruby R, com foi batizado o novo escândalo sexual com que Il Cavaliere está às voltas e que tem recheado a mídia italiana com fotos de protegidas do “papi”. 30 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 CONSUMO POPULAR PAULO VIEIRA LIMA Thiago Teixeira/O Dia EXPRESSAS Aneel e a queda de braço que vale R$ 12 milhões Continua a dura queda de braço entre a Aneel, consumidores de energia e a classe política. Em Brasília, se espera que, nos primeiros dias de fevereiro, seja apresentado um projeto de decreto legislativo que imponha à Aneel a devolução — com valor corrigido — de R$ 12 milhões que a agência cobrou indevidamente dos consumidores. Indignado, o presidente da CPI das Tarifas de Energia fala em desrespeito. Eduardo da Fonte lembra que a Aneel contraria o apelo de 220 parlamentares. Clientes aumentam uso de celulares para compras Nova classe média vai estimular a realização de grandes eventos populares. Cresce a oportunidade para artistas e empreendedores Ponte Ativação, nascida para cuidar dos novos consumidores Uma canção diz que a gente não quer só comida. Quer diversão, balé... O público da nova classe média já ganhou shopping center com luxo a que todos têm direito. Surgem marcas e empresas ávidas por terem o nome vinculado aos interesses desta população economicamente emergente. Há produtos pensados especialmente para este perfil de consumidor e falta muita coisa na área cultural e esportiva. O publicitário André Torreta vem pesquisando e agindo neste universo. Baiano, radicado em São Paulo, ele é consultor de empresas e especialista em tratar com a base da pirâmide social. Sua percepção é que — passado o momento do consumo desenfreado — a demanda se volta para produtos culturais e educacionais. Ao fundar a agência Ponte Ativação ele abre um canal para a aproximar o público e acontecimentos como os megaeventos até agora acessíveis, apenas, às faixas de renda mais privilegiadas. “ Para este perfil de consumidor, falta muita coisa na área cultural e esportiva Empresas como Claro e Dreher prestigiam projetos nesta linha. O mercado publicitário também tende a prestar atenção a uma camada social absolutamente ignorada pela grande mídia. Estamos vivendo o que os Estados Unidos viveram na década de 50 do século 20. Naquele período, lembra Torreta, foi o momento do blues, do jazz e da fusão entre a cultura negra popular e a música branca. Surgia o rock e outras manifestações que fortaleceram o processo de constituição da cidadania. ■ TRÊS PERGUNTAS A... Murillo Constantino Publicitário critica atenção, apenas, para a música elitizada. Torreta também defende a descentralização de eventos Na sua opinião, como devem ser os eventos culturais? ...ANDRÉ TORRETA Diretor da Ponte Ativação A grande massa trabalhadora e consumidora mora na periferia dos grandes centros urbanos. Esta gente merece ter acesso à arte, cultura e educação elaborada. As políticas públicas caminham na direção certa? Acredito que sim. O que é necessário é fazer com que artistas e produtores culturais cheguem perto do público além dos pontos frequentados pela elite econômica. Dá para promover, prestigiar e descobrir talentos novos e ritmos como o “arrocha” e o “funk” e suas variações. Estão derrubados barreiras e preconceitos contra a periferia? Não vejo por que não derrubar barreiras. Um grande sucesso na internet é a música “Minha mulher não manda em mim”. Tem quem não goste, mas a música tem mais de 4 milhões de acesso no Youtube. Olha, já ouvi dizerem que tenho uma empresa vocacionada a atender um nicho de mercado. Se o público a quem me dirijo representa 80% da população, quem é, mesmo, que se dedica a um nicho de mercado? Nesta quinta-feira a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping realiza, no auditório IBM, em São Paulo, o encontro de Pós-NRF, evento que se realizou este mês em Nova York e que, em termos mundiais, é considerado a maior feira e convenção internacional de varejo. O encontro analisa quais as soluções estão adequadas para o ambiente empresarial brasileiro. Durante a feira, representantes da GS&MD constataram o uso intensivo do celular nas relações do comércio varejista dos EUA. Ecotelhado cresce e faz parceria com empresa espanhola A Ecotelhado — especialista em infraestrutura verde urbana — firmou parceria com a espanhola Mitra, empresa de energia sustentável. Entre as metas estão projetos referentes à Olimpíada de 2016. Segundo João Feijó, diretor da Ecotelhado, já foram instalados no Brasil mais de 55 mil metros quadrados de telhados verdes presentes em vários tipos de construção e o mercado continua receptivo a esta alternativa de cobertura. Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 31 Fábio Gonçalves/O Dia Quanto custa rodar em áreas alagadas Não é preciso que o carro seja totalmente envolvido pelas águas da enchente para que o bolso do seu proprietário sofra sérios danos. Em São Paulo, Denis Marum, diretor da Chevy Auto Center, avalia que os prejuízos podem variar entre R$ 400,00 e R$ 1.200,00. Marum lembra que há situações que podem ser evitadas. Nesta época, rodar com bateria em mau estado, por exemplo, aumenta o risco de sobrecarga na parte elétrica. consumopopular@brasileconomico.com.br Henrique Manreza Consumidor tem mais interesse na “saúde” do veículo O brasileiro nem percebeu, mas está abandonando um velho hábito. Antes era comum deixar de lado o manual do proprietário do veículo. Hoje, há mais interesse em saber como funciona e qual é a saúde do motor. Quando é o momento de uma intervenção mais pontual, o jeito é procurar uma das 3 mil retíficas credenciadas e fiscalizadas em todo o país pelo Conselho Nacional de Retífica de Motores (Conarem). O empresário José Arnaldo Laguna preside o conselho criado em 2000 para disciplinar este setor que anualmente movimenta mais de R$ 900 milhões. Laguna ressalta que as retíficas atuam sob um código de ética em que se impõe manutenção rigorosa e se estabelecem crité- rios ao profissional e à prestadora de serviços. Só o que está no orçamento deve ser feito e qualquer alteração deve ter autorização formal do cliente. Caso ocorra uma penalização, o associado do Conarem terá amplo direito de defesa antes de cumprir a pena de advertência, multa, suspensão ou até de expulsão da rede nacional de retíficas. ■ George Frey/Bloomberg Locais para estacionar bicicletas mudarão o Código de Trânsito Menina sugere lei dos bicicletários Retífica de motores, um setor da economia que movimenta quase R$ 1 bilhão por ano A Câmara dos Deputados está prestes a tornar realidade a proposta de Patrícia Bezerra da Rocha que altera um trecho do Código de Trânsito Brasileiro e torna obrigatória a instalação de bicicletários nas proximidades das escolas e locais de grande circulação de pessoas. Patrícia fez a sugestão enquanto era deputada mirim e seu projeto foi acatado pelo deputado Moreira Mendes, do PPS de Roraima. Este é um resultado prático do trabalho da Câmara Mirim, um programa educativo em que alunos do ensino fundamental agem como deputados e fazem leis de interesse público. Caso o projeto seja apadrinhado por um deputado, a proposta é levada à discussão como projeto e pode virar uma lei. Ao que tudo indica, a sugestão de criar bicicletários tem chances de sucesso. ■ Fotos: divulgação Sem mudanças na educação, é difícil deixar de ser sem-teto O governo promete acabar com irregularidades nas ações de revenda de imóveis dos programas sociais. Um dos cuidados é com o repasse da propriedade a pessoas com perfil de renda que não atende aos requisitos para a aquisição do bem. Feita a revenda, o morador — quase sempre — volta a engrossar o coro daqueles que não têm onde morar. Há pelo menos três décadas circulava a lenda urbana que relatava uma situação trágica e cômica. Ao receber a casa do sistema habitacional, uma senhora não permitia o acesso ao banheiro da residência. A educa- Inaugurado novo centro de distribuição KaBuM! mais TV 3D A loja virtual KaBuM! inaugurou um centro de distribuição com 2.600 m² de área construída, com investimento total de R$ 3,5 milhões, localizado na cidade de Limeira, no interior paulista. O espaço atende a demanda popular por TV 3D. Leandro Ca- margo, diretor da empresa, diz que a capacidade de processamento é de um pedido a cada 7 segundos. Camargo explica que a KaBuM! tem mais de 600 mil clientes em todo o Brasil e, em 2011, espera que seu faturamento cresça até 120%. ■ Para fixar residência se exige mais do que a casa... dora sanitária foi saber a razão. Zelosa, a moradora deixava o local impecavelmente limpo e colocava flores no vaso sanitário. Afinal, era um vaso... Continua, hoje, a carência de orientação aos proprietários dos imóveis populares financiados com verba pública. ■ 32 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 FINANÇAS Um ano após IPO, Multiplus já Valor de mercado da rede de programa de fidelidade soma R$ 5,02 bilhões, ante R$ 6,18 bilhões da companhia aérea Thais Folego tfolego@brasileconomico.com.br Ela nasceu como o programa de milhagens da companhia aérea Tam. Cresceu. Foi segregada. Abriu o capital. Hoje, prestes a completar um ano de independência, vale tanto quanto a sua companhia “mãe”. O atual valor de mercado da Multiplus, que se tornou uma rede de programas de fidelidade, é de R$ 5,02 bilhões, enquanto o da Tam é de R$ 6,18 bilhões. Desde sua estreia na bolsa, no dia 4 de fevereiro do ano passado, as ações da Multiplus dobraram de valor. Tiveram valorização de nada menos que 100%. Os papéis saíram dos R$ 15,81 ao fim do primeiro dia de pregão em fevereiro e chegaram a bater R$ 35,15 em dezembro. Na sexta-feira, os papéis fecharam cotados a R$ 31,10, em dia de forte aversão ao risco no mercado externo. No período, os papéis da Tam subiram 26% na bolsa. O comportamento das ações na sexta, inclusive, reflete uma característica da base acionária da companhia: ter a maioria de investidores entre estrangeiros. Na oferta pública inicial (IPO) da companhia, 82% dos papéis ofertados ficaram com eles. Na composição do capital acionário da Multiplus, a Tam detém 73,2% das ações. Os 26,8% restantes estão espalhados entre diversos investidores de bolsa. “O investidor externo é familiarizado com o nosso modelo de negócios”, diz Eduardo Gouveia, presidente da Multiplus. A inspiração para transformar o programa de fidelidade da Tam em uma rede de coalizão de programas — permitindo que uma cliente junte numa única conta os pontos acumulados nos vários programas de fidelidade de que participa — foi em uma empresa canadense chamada Aeroplan. Desde a estreia na bolsa, em 4 de fevereiro de 2010, as ações do programa de milhagem tiveram valorização de 100% ■ AÇÕES Participação da Tam na Multiplus é de explicar o que a empresa faz. “Eu costumo dizer que somos compradores e vendedores de pontos”, diz Gouveia (leia mais no quadro ao lado). Desde que assumiu a presidência da companhia, há 10 meses, Gouveia já participou de três road shows: Nova York, Canadá e Europa (Londres e Frankfurt). “Foram mais de 1.200 contatos com o investidor, entre road shows, reuniões e conferências com bancos de investimentos”, conta Gouveia. Outro fator foi a cobertura do papel por analistas de bancos de investimentos relevantes. Atualmente são cinco instituições avaliando a companhia: Credit Suisse, Merrill Lynch, BTG, Raymon James e Safra. O objetivo é ter 10 até o final do ano, projeta Gouveia. 73,2 % ■ FATURAMENTO Multiplus deve fechar primeiro ano com R$ 1 bilhão ■ PÚBLICO Número de clientes cadastrados é de 7,6 milhões Resultados Em seu primeiro ano de independência, o Multiplus deve fechar com faturamento de R$ 1 bilhão e 7,6 milhões de clientes cadastrados. Os resultados refletem o esforço comercial da companhia em fechar parcerias. De um lado, com empresas que possuam programas de fidelidade (parceiros de acúmulo). De outro, com empresas em que os clientes podem trocar os pontos por produtos (chamados parceiros de coalizão). “Já temos quase 150 parceiros de acúmulo e 14 de coalizão”, diz Gouveia. ■ Eduardo Gouveia: rede influencia consumo nos parceiros por meio do acúmulo de pontos MULTIPLUS X TAM Valor de mercado das duas companhias se aproxima, em R$ bilhões Multiplus TAM Segregação de 7,5 6,18 6,0 Prática ainda não é comum entre as companhias brasileiras; cenário agora é mais favorável Vanessa Correia 4,81 Avanço A valorização da ação da companhia pode ser vista, apesar de não haver uma outra empresa que atue no mesmo ramo na bolsa brasileira — parâmetro de comparação que os investidores normalmente usam — e ter um modelo de negócios inédito no país. Isso foi conquistado, além de resultados, com muitas “aulas” para o investidor para 5,02 4,5 3,0 1,5 1,89 FEV/10* FEV MAR ABR MAI JUN Fontes: Economatica e Brasil Econômico JUL AGO SET OUT NOV *no dia 4, data do IPO da Multiplus DEZ JAN/11** **no dia 28 vcorreia@brasileconomico.com.br A segregação de unidades de negócios para posterior abertura de capital ainda não é uma prática comum entre companhias brasileiras, mas tende a ganhar força nos próximos anos: Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e Usiminas já confirmaram a intenção de separar os ativos de minério de ferro das operações de siderurgia. Vale e Suzano também são fortes candidatas a engrossar a lista, com os ativos de fertilizantes e energias renováveis, respectivamente. “Antes da crise financeira já se falava em segregar unidades de negócios com o intuito de agregar valor às companhias. Mas os planos foram postergados em função do desempenho pífio do mercado de capitais na ocasião”, lembra Roberto Gonzalez, professor de governança corporativa da Trevisan Escola de Negócios, ressaltando que hoje, a bolsa brasileira Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 33 Henrique Manreza Governo abre espaço para setor de seguros O governo prorrogou para 31 de março a entrada em vigor da resolução que determina que seguradoras e resseguradoras não podem transferir riscos para empresas do mesmo grupo no exterior, prática comum no setor. Publicada em dezembro, a norma foi mal recebida pelo mercado. “O governo aceitou prorrogar o prazo para discutirmos a resolução“, diz Jorge Hilário, presidente da CNSeg. “O mercado quer entender as intenções do governo com a norma para alinhá-las aos interesses do mercado e do público.” AGENDA DO DIA ● Às 8h, a FGV divulga a pesquisa industrial de janeiro. ● Às 8h30, o BC divulga a política fiscal de dezembro e o relatório semanal Focus. ● O Tesouro divulga o resultado primário do governo central de dezembro. vale quase o mesmo que a Tam Murillo Constantino Rede de fidelidade Entenda o que a Multiplus faz e como ganha dinheiro “Não somos um programa de fidelidade, mas sim uma rede de programas.” Essa é a definição de Eduardo Gouveia para o negócio da Multiplus. Ele explica: uma pessoa que é cliente dos postos Ipiranga, por exemplo, acumula pontos no “KM de Vantagens” e, anteriormente, só podia trocar esses pontos dentro do proposto por esse programa de fidelidade. Como a empresa aderiu à rede Multiplus, o cliente da Ipiranga pode juntar seus pontos, transferir para o Multiplus, juntar com os pontos acumulados nos programas de outras empresas que fazem parte da rede e trocar por um produto, serviço, passagem aérea ou hospedagem em hotéis em que não conseguiria nos programas separados. “A rede cria relevância para os programas de fidelidade”, diz Gouveia. Como a Multiplus ganha dinheiro com isso? Ela vende pontos para as empresas que fazem parte da rede de acúmulo de pontos e compra pontos das empresas parceiras em que os “acumuladores” irão trocar os pontos. Ela ganha na diferença dessa transação. unidades tende a ganhar espaço Vale e Suzano são fortes candidatas a engrossar a lista, assim como CSN e Usiminas está em ascensão e cenário macroeconômico é favorável. Carlos Mello, sócio do Lefosse Advogados, afirma que, muitas vezes, o negócio ganha corpo e acaba não sendo precificado corretamente dentro da empresa-mãe. “Por isso, grandes empresas estão olhando para o próprio quintal afim de gerar valor adicional”. Para Pedro Galdi, analistachefe da SLW Corretora, é possível que a ação ganhe vida própria após a segregação, como no caso da Multiplus. “Mas é difícil analisar se uma operação de se- gregação é positiva. Não há histórico no mercado brasileiro para termos base de comparação”, analisa Galdi. Estratégia O principal objetivo de companhias que optam por esse caminho é manter o controle da subsidiária integral que captará recursos na bolsa, de acordo com o professor da Trevisan. “Caso contrário, não vale a pena”, pondera Gonzalez. Na opinião do professor de governança corporativa, outros setores da economia brasileira também poderiam separar unidades de negócios. “Os bancos são fortes candidatos. Poderiam separar as áreas de seguros e cartões, por exemplo. Mas não seria algo imediato”, acredita o especialista da Trevisan. Outro forte candidato a adotar a estratégia para captar recursos é o setor de construção civil. No ano passado, surgiram rumores de que a Cyrela iria abrir o capital da Living, braço que atende os segmentos econômico e supereconômico. A notícia, porém, foi desmentida pela construtora. ■ CANDIDATAS ● CSN já anunciou a intenção de abrir capital da Casa de Pedra. ● Usiminas divulgou que quer listar os ativos de minério na bolsa de valores. ● Vale reestruturaria área de fertilizantes e abriria capital. ● Suzano e Suzano Energias Renováveis. ● Cyrela e Living. 34 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 INVESTIMENTOS RENDA FIXA Mariana Segala msegala@brasileconomico.com.br Semana promete mais volatilidade na bolsa, com dados de emprego nos EUA Possivelmente, o sobe e desce intenso das ações na BM&FBovespa verificado nos últimos dias se repetirá nesta semana. “O mercado anda muito nervoso”, afirma o operador da corretora Icap Carlos Augusto Nielebock. “Os níveis de volatilidade, que estavam baixos, já voltaram a subir.” As justificativas abrangem de questões externas até o cenário interno. Aparentemente, o mercado tem disparado sinais contraditórios, do tipo: se os preços das commodities (matérias-primas) metálicas estão subindo ao redor do globo, por que as ações de empresas dos setores de mineração e siderurgia teimam em cair na bolsa? “Ainda se vê muita aversão ao risco”, avalia Nielebock. Em um primeiro momento, nada faz crer que isso vá mudar radicalmente nos próximos pregões. Para completar, nesta semana tem início a temporada de balanços anuais das empresas, referentes ao exercício de 2010. A estação começa hoje com a divulgação dos números do Bradesco e da Totvs, do setor de tecnologia da informação, e segue, amanhã, com o balanço da Localiza, de aluguel de frotas. Quarta-feira saem os resultados da Redecard e da Santos Brasil, enquanto o Santander divulga os seus na quinta-feira. A semana termina com o balanço da Tractebel. Embora não tendam a provocar efeitos sistêmicos, os balanços têm potencial para causar oscilações pontuais. Agenda econômica Na agenda de indicadores econômicos, o destaque fica por conta dos números de janeiro relacionados ao mercado de trabalho americano. Na quarta-feira, serão divulgados os dados da consultoria ADP, que mede a criação de vagas no setor privado e faz as vezes de prévia dos dados oficiais do governo — o chamado “payroll”, que será divulgado na sexta-feira. Completando a série, na quintafeira sai o número de pedidos de auxílio desemprego feitos nos Estados Unidos na última semana. “O ritmo de crescimento do consumo nos EUA parece ter acelerado no final do ano passado, porém isso não se refletiu em melhora consistente do mercado de trabalho americano”, assinala relatório do economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. A expectativa para a taxa de desemprego do país é de que tenha se elevado para 9,50% neste mês, contra os 9,40% verificados em dezembro. Também devem chamar a atenção alguns dados relativos à atividade econômica americana. Caso do índice de gerentes de compras da região de Chicago, que sai hoje, e o índice de atividade industrial, previsto para amanhã, ambos de janeiro. “Mas o mercado anda apreensivo mais com fatos que com dados de agenda. Nesta sexta, o índice de confiança do consumidor calculado em Michigan foi bom, mas o mercado sofreu”, exemplifica Nielebock, da Icap. Internamente, o destaque fica por conta da produção industrial do mês passado. O dado, calculado pelo IBGE, sai na quartafeira. A projeção do Fator é de que volte a ter crescimento consistente após vários meses de estagnação. Segundo o economista-chefe da instituição, a expansão deve ser de 0,4% na comparação mensal e 5,2% na anual. Esses números serão complementados pelos da indústria automobilística, que saem amanhã e quinta-feira. ■ INDICADORES E EVENTOS DA SEMANA SEGUNDA-FEIRA (31/1) 8h | (Portugal) — Leilão de títulos 8h | (Brasil) — Sondagem da Indústria da FGV (janeiro) 9h | (Brasil) — Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (dezembro) 8h30 | (Brasil) — Pesquisa Focus 10h | (EUA) — Dados do setor hipotecário 11h30 | (EUA) — Índice de Inflação PCE (dezembro) 11h15 | (EUA) — Índice de emprego ADP (janeiro) 12h45 | (EUA) — Índice de Gerentes de Compras de Chicago (janeiro) | (Brasil) — Balanço da Redecard Fundo Data BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI ITAU PERS MAXIME RF FICFI CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI BB RENDA FIXA 200 FIC FI BB RENDA FIXA 50 FIC FI BB RENDA FIXA LP 100 FICFI ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI 27/JAN 27/JAN 28/JAN 27/JAN 27/JAN 28/JAN 28/JAN 28/JAN 27/JAN 28/JAN Rent. (%) 12 meses No ano 9,35 9,34 9,27 8,88 8,31 8,13 6,95 6,46 5,91 5,91 0,71 0,71 0,78 0,70 0,66 0,67 0,59 0,55 0,48 0,52 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 1,00 1,00 1,00 1,10 1,50 2,00 3,00 3,50 4,00 4,00 50.000 80.000 30.000 5.000 5.000 200 50 100 300 DI Fundo Data BB REF DI LP ESTILO FIC FI BB REF DI ESTILO FICFI ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI BB REF DI 5 MIL FIC FI BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI BB REF DI 200 FIC FI HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS ITAU PREMIO REF DI FICFI BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER SANTANDER FIC FI CLAS REF DI 27/JAN 28/JAN 28/JAN 28/JAN 27/JAN 28/JAN 28/JAN 28/JAN 28/JAN 28/JAN Rent. (%) 12 meses No ano 9,51 9,12 9,09 7,46 7,20 6,86 6,70 5,81 5,34 5,04 0,74 0,75 0,76 0,63 0,59 0,59 0,59 0,52 0,48 0,44 Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 0,70 1,00 1,00 2,50 2,47 3,00 3,00 4,00 4,50 5,00 10.000 ND 80.000 5.000 100 200 30 1.000 100 100 AÇÕES Fundo Data BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI CAIXA FMP FGTS VALE I BRADESCO FIC DE FIA BRADESCO FIC DE FIA MAXI BRADESCO FIC DE FIA IV SANTANDER FIC FI ONIX ACOES ITAU ACOES FI UNIBANCO BLUE FI ACOES ALFA FIC DE FI EM ACOES BB ACOES PETROBRAS FIA 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN Rent. (%) 12 meses No ano 21,98 20,86 1,63 1,47 1,42 (1,52) (1,68) (1,70) (4,53) (20,55) 6,96 6,62 (1,77) (1,79) (1,80) (2,64) (2,16) (2,87) (2,09) (2,77) Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,00 1,90 4,00 4,00 ND 2,50 4,00 5,00 8,50 2,00 200 100 1.000 200 200 MULTIMERCADOS Fundo Data SANT FI CAP PROT VGOGH 4 BR MULT ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC ITAU PERS K2 MULTIM FICFI ITAU PERS MULTIE MULT FICFI SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN 27/JAN Rent. (%) 12 meses No ano 12,31 10,84 9,59 9,45 9,32 9,12 6,95 6,21 5,08 3,21 (0,53) 0,40 0,75 0,71 0,78 0,74 0,28 0,24 0,03 (0,45) Taxa Aplic. mín. adm. (%) (R$) 2,30 2,00 1,50 1,50 1,50 1,25 2,00 2,00 2,00 2,50 5.000 5.000 20.000 50.000 5.000 10.000 5.000 5.000 5.000 *Taxa de performance. Ranking por número de cotistas. Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico | (Brasil) — Nota de Política Fiscal do Banco Central (dezembro) | (Brasil) — Balanço do Bradesco QUINTA-FEIRA (3) 7h30 | (Espanha) — Leilão de títulos Bradesco TERÇA-FEIRA (1/2) 10h45 | (Zona do Euro) — Anúncio da taxa de juros Prazo para acionista exercer direito de preferência acaba hoje 8h | (Brasil) — IPC-S (4ª quadri - janeiro) 11h30 | (EUA) — Pedidos de auxílio-desemprego 8h | (Zona do Euro) — Taxa de desemprego (dezembro) 13h 13h | (EUA) — ISM da Indústria (janeiro) Termina hoje o prazo para os acionistas do Bradesco exercerem o direito de preferência de compra de ações no âmbito do aumento de capital que está sendo realizado pelo banco. A operação eleva o capital social do Bradesco em R$ 1,5 bilhão, mediante a emissão de mais de 62 milhões de novas ações, sendo 31 milhões de papéis ordinários e outros 31 de papéis preferenciais. A subscrição particular pelos acionistas é realizada ao preço de R$ 24,06. O direito de preferência permite aos atuais acionistas adquirirem novos papéis na proporção de aproximadamente 1,66% sobre a posição acionária possuída em 17 de dezembro. Eventuais sobras de ações, depois do prazo de exercício do direito de preferência, serão vendidas em leilão na BM&FBovespa. | (EUA) — Encomendas da indústria (dezembro) | (Brasil) — Balanço do Santander | (Brasil) — Vendas domésticas de automóveis da Fenabrave (jan) SEXTA-FEIRA (4) QUARTA-FEIRA (2) 7h | (Brasil) — IPC-Fipe (janeiro) Fontes: MCM e Ativa | (Brasil) — Dados da Anfavea sobre indústria automobilística (jan) 11h30 | (EUA) — Taxa de desemprego (janeiro) Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 35 AÇÕES Desempenho 13,31% Foi a queda acumulada pelos papéis ordinários do Marfrig durante a semana passada, a maior entre as ações do Ibovespa. Na ponta oposta, as ações ordinárias da Usiminas foram as que mais subiram — 4,33%. HOME BROKER NA REDE Ibovespa, fechamento em mil pontos 73,3 71,9 71,,9000003 70,5 70,5000003 69,1 699,1000002 69,0 68,5 67,7 677,7000002 66,3 666,3000001 001 65,0 64,9 644,9000001 001 64,0 63,5 63,,500000 1/OUT 18/OUT 1/NOV 17/NOV 1/DEZ 16/DEZ 3/JAN 17/JAN 28/JAN Fontes: José Faria de Azevedo Filho, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico suporte 1 resistência 1 suporte 2 resistência 2 IBOV Ibovespa em tendência de baixa no curto prazo A piora do cenário externo e a expectativa de novas intervenções do governo brasileiro no crédito aumentaram o mau humor dos investidores e a bolsa brasileira encerrou a semana passada em queda de 3,52%, o pior resultado em dois meses. Na sexta-feira, o Ibovespa caiu 1,99%, movimento afetado, em parte, pelo clima de pessimismo com o quadro internacional, principalmente após os confrontos políticos no Egito. Em janeiro e no ano, o principal índice acionário da BM&FBovespa amarga baixa de 3,76%. Segundo José Faria de Azevedo Filho, analista gráfico da Lopes Filho, numa visão de curto prazo, o Ibovespa está em tendência de baixa, após perder o que os especialistas chamavam de fundo (sucessão de novas mínimas) na sexta-feira, quando encerrou o pregão aos 66.697 pontos. “Está ingressando numa correção da tendência de alta do ano passado”. Para o especialista, os pontos de suporte — patamares que, se perdidos, apontam para uma chance de queda em sequência — estão localizados em 65.000 e 64.000. “Se confirmar, sinaliza uma virada na tendência e poderá levar a uma queda mais prolongada”. Os valores de resistência, ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade de movimento de alta da ação, assinalados por Azevedo Filho são de 69.000 e 68.500 pontos. “A partir daí a expectativa é que a bolsa mostre alguma recuperação”, afirma o especialista. Soja Bolsa dará desconto no 1º mês de negociação de novo contrato A BM&FBovespa está promovendo uma tarifação especial de lançamento dos contratos futuros e de opções de soja com liquidação financeira. Até dia 28 de fevereiro, a bolsa isentará os investidores do pagamento de taxa de registro e permanência e cobrará emolumentos de US$ 0,01 por contrato. Depois desse período, passa a vigorar outra tabela de preços, em que os emolumentos partem de US$ 0,35 por contrato. “Um mundo em que os países veem os problemas globais como um jogo de soma zero é um mundo G-Zero, em vez de um mundo G 20” @Nouriel, professor da Universidade de Nova York Nouriel Roubini, no Fórum Econômico Mundial em Davos “Características para o bom investidor, segundo Peter Lynch: ‘Paciência, bom senso, tolerância à dor, mente aberta, persistência, humildade, capacidade de realizar pesquisas de forma independente e capacidade de admitir erros.’ Conciso e preciso!” @chrinvestor, consultor financeiro Christian Cayre “Chamaram Bernardinho para presidente da bolsa? Vôlei todo dia, levantou... cortou ! E abaixo de 67.000 pontos pode piorar...” @FernandoGoes1, analista gráfico da Link Trade “Quer ganhar mais? Invista em ativos mais agressivos, mantenha o olho neles e espere” @rcinvestimentos, consultor financeiro Raphael Cordeiro Serviços financeiros Banco do Brasil deve ter maior crescimento trimestral nos lucros, avalia Itaú Corretora No segmento de serviços financeiros, a equipe de análise da corretora do Itaú aposta no Banco do Brasil como a empresa que deve registrar o maior crescimento trimestral de lucros, em consequência de receitas contabilizadas a partir do superávit do Plano Previ I. A safra de balanços fechados de 2010 começa hoje com os resultados do Bradesco. “Para os bancos de grande porte do nosso universo de cobertura, espera-se um sólido crescimento nos empréstimos, melhora na qualidade dos ativos, porém com despesas não decorrentes de juros mais elevados”, destacaram em relatório os analistas Regina Longo Sanchez, Thiago Bovolenta Batista e Alexandre Spada. Já os resultados da Cielo serão provavelmente afetados pela concorrência mais acirrada no segmento de cartões de crédito. “Estimamos que a Cielo deve apresentar uma deterioração das margens, devido à concorrência mais acirrada, cujos efeitos principais seriam uma redução das taxas de desconto e da tarifa média de aluguel de POS (a “maquininha”)”. O Itaú recomenda compra para Cetip, Bradesco e Banco do Brasil. 36 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 INVESTIMENTOS Celso de Campos Toledo Neto Economista e diretor da LCA Inflação preocupa, mas mercado parece exagerar Faz algumas semanas que o noticiário econômico tem favorecido as teses inflacionárias mais pessimistas. Os dados mostram um quadro de cotações de commodities em elevação, medidas de inflação pressionadas no atacado e no varejo e taxa de desemprego historicamente baixa. As expectativas de inflação não param de subir, colocando o Banco Central (BC) em uma encruzilhada. O mercado futuro prevê que a taxa de juro deverá subir algo entre 200 e 250 pontos, além dos 50 pontos de janeiro. A meu ver, no entanto, a projeção parece exagerada. A principal preocupação diz respeito ao impacto inflacionário do uso excessivo dos recursos da economia. Para a ala pessimista, o chamado “hiato do produto” estaria perigosamente desalinhado. Há inúmeras medidas de hiato. Tenho preferência por uma média ponderada dos níveis de utilização da capacidade instalada na indústria e da força de trabalho. O hiato ficou positivo no início do ano passado, atingiu um pico no segundo trimestre e encontra-se relativamente estacionado em patamar positivo, mas cerca de um terço do verificado em 2008, antes da crise internacional vir à tona. “ A política econômica não está inerte. A previsão de aumento de juros embutida nos mercados futuros é excessiva e parece não levar em conta as medidas de restrição ao crédito, além da provável contenção fiscal BOLSAS INTERNACIONAIS (COMPORTAMENTO NA SEMANA) (EM MIL PONTOS) DOW JONES 12,00 11,93 11,86 11,79 11,72 24/JAN 28/JAN 24/JAN 28/JAN 24/JAN 28/JAN 24/JAN 28/JAN 24/JAN 28/JAN S&P 500 1,31 1,30 1,29 1,28 1,27 NASDAQ 2,78 A política fiscal deve ajudar. O importante é saber quanto o governo pretende cortar do orçamento e em que medida a política de concessão de crédito subsidiado será contida 2,76 2,74 2,72 2,70 A reação do BC começou com medidas macroprudenciais que têm efeitos negativos sobre o crédito. E, na primeira reunião do Copom em 2011, o juro começou a subir. Isso reforça a tendência de desaceleração da atividade econômica, em curso desde meados de 2010. Além disso, a média diária das concessões de crédito para pessoas físicas apresentou, em dezembro, queda comparável à observada após a quebra do Lehman Brothers. Se o resultado indicar uma tendência, talvez a economia não chegue a crescer 4% no ano. Ao contrário do que ocorreu em 2010, a política fiscal deverá ajudar. O ponto importante é quanto o governo vai cortar do orçamento e em que medida a política de concessão de crédito subsidiado será contida. A LCA calcula que um corte de R$ 40 bilhões tende a ter impacto expressivo sobre a demanda. Na margem, o BNDES já diminuiu sensivelmente o ritmo de concessões. Com relação às commodities, a perspectiva de fortalecimento do dólar — cenário de consenso sobre o qual pairam dúvidas apenas com relação ao timing — tende a deprimir as cotações. Apesar da provável depreciação do real, o evento deve ter impacto líquido deflacionário. A inflação está subindo, mas a política econômica não está inerte. A previsão de aumento do juro embutida nos mercados futuros é excessiva e parece não levar em conta o efeito provável de outras medidas de contenção de crédito — além da provável contenção fiscal. É exagerado afirmar que a inflação está fora de controle. A nosso ver, dois aumentos adicionais de 50 pontos parecem dar conta do recado, garantindo inflação convergente em prazo médio. Nesse cenário, investidores mais propensos ao risco podem desmontar um pouco as posições em DI, aumentando a fatia que aplicam em títulos prefixados. ■ 2,68 DAX 7,16 7,13 7,10 7,07 7,04 FTSE-100 5,98 5,95 5,92 5,89 5,86 Fonte: Rosenberg Consultores Associados (wwwrosenbergcombr) Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 37 POUPANÇA Rendimento 0,57% é quanto rendem cadernetas com aniversário hoje. A data de referência é o dia 1º para contas abertas nos dias 29,30 e 31. Até o dia 24, a poupança teve captação negativa de R$ 630,8 milhões. MOEDAS (COTAÇÕES DE FECHAMENTO) DÓLAR (R$/US$) EURO (US$/€) 1,680 1,372 JURO FUTURO (CDI em % ao ano) COMMODITIES METÁLICAS (Índices - Base: 21/jan=100) 27/DEZ/10 100,4 3, 13,3 1,369 1,675 US$ R$ 27/JAN/11 100,00 1,366 2,, 12,4 1,670 99,66 1,363 99,22 , 11,5 1,665 1,360 1,660 98,88 1,357 24/JAN 28/JAN 98,44 10,66 24/JAN 28/JAN 21/JAN 24/JAN 25/JAN 26/JAN 27/JAN 30d 60d 90d 120d 150d 180d 210d 240d 270d 300d 330d 360d 720d 840d 960d 1800d 3600d Fonte: Rosenberg Consultores Associados (www.rosenberg.com.br) Fonte: FSP. Elaboração: Rosenberg & Associados Balanço da indústria brasileira de fundos RENTABILIDADE ACUMULADA FUNDOS DE INVESTIMENTOS (em %) Tipos AÇÕES Ibovespa Ativo Dividendos IBrX Ativo Livre Sustent/Governança RENDA FIXA Curto Prazo Referenciado DI Renda Fixa Renda Fixa Índices MULTIMERCADOS Macro Multiestrategia Juros e Moedas Semana Mês Ano 12 Meses -1,56 -0,97 -2,01 -1,27 -1,87 2,39 1,09 0,12 0,56 0,61 2,39 1,09 0,12 0,56 0,61 5,33 12,96 5,02 13,19 11,20 0,20 0,21 0,22 -0,14 0,69 0,70 0,76 0,00 0,69 0,70 0,76 0,00 9,87 10,09 11,75 1,86 -0,09 -0,23 0,21 0,68 0,25 0,55 0,68 0,25 0,55 11,52 11,47 10,77 (EM R$ BILHÕES) APLICAÇÕES RESGATES CAPTAÇÃO LÍQUIDA 2.180 2.048 131 2.115 1.998 120 2.050 1.948 109 1.985 1.898 98 1.920 1.848 AGO/10 RENTABILIDADE HISTÓRICA JAN/11 ago/10 JAN/11 CAPTAÇÃO LÍQUIDA HISTÓRICA (em R$ milhões) ÍNDICES CDI Ibovespa IBrX Dólar 2007 12,38 -41,22 -41,77 31,94 DISTRIBUIÇÃO POR CATEGORIA (Patrimônio líquido) Demais 10,34% Renda fixa 27,37% Previdência 11,07% Ações 11,14% Referenciado DI 12,36% 87 AGO/10 Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br) (em %) Curto prazo 4,00% JAN/11 Multimercados 23,72% Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br) 2008 9,88 82,66 72,84 -25,49 2009 9,75 1,04 2,62 -4,31 2010 0,69 0,18 -0,02 0,50 TRIMESTRE 1 2 3 4 2007 30.883,14 -17.892,58 -36.409,83 -32.489,28 2008 9.455,78 17.529,98 52.028,15 12.931,31 2009 29.948,82 27.267,31 36.830,83 20.024,62 2010 17.672,82 0,00 0,00 0,00 CAPTAÇÃO POR CATEGORIA (em R$ milhões) Categorias CURTO PRAZO REFERENCIADO DI RENDA FIXA MULTIMERCADOS CAMBIAL DÍVIDA EXTERNA AÇÕES PREVIDÊNCIA FIDC IMOBILIÁRIO PARTICIPAÇÕES EXCLUSIVO FECHADO OFF-SHORE TOTAL GERAL PL 68.332,30 211.402,06 468.179,06 405.656,68 892,92 500,33 190.543,63 189.344,15 52.283,25 2.740,71 60.205,97 1.385,36 58.862,55 1.710.328,98 Aplicações Semana Resgates Captação líquida Aplicações No Ano Resgates Captação líquida 11.065,87 6.008,56 7.931,40 3.056,50 5,67 0,04 439,50 885,43 1.477,55 NB 0,00 0,00 NB 30.870,52 9.107,41 7.780,81 9.227,55 4.698,58 11,76 0,02 415,01 505,19 3.291,89 NB 8,00 0,00 NB 35.046,22 1.958,46 -1.772,25 -1.296,15 -1.642,08 -6,09 0,02 24,49 380,24 -1.814,35 NB -8,00 0,00 NB -4.175,70 42.328,25 29.712,36 43.959,73 14.876,18 49,95 1,05 1.828,14 6.912,96 9.986,97 0,00 173,90 0,00 0,00 149.829,48 32.347,77 27.052,71 38.494,11 16.679,31 27,82 0,06 5.002,84 2.759,45 9.721,18 0,00 71,42 0,00 0,00 132.156,67 9.980,48 2.659,65 5.465,63 -1.803,14 22,13 0,98 -3.174,70 4.153,51 265,80 0,00 102,48 0,00 0,00 17.672,82 38 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 MUNDO DOMINIQUE STRAUSS-KAHN, DIRETOR-GERENTE DO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL Novos paradigmas políticos para A sensação de segurança que o período de baixa inflação e crescimento estável era falsa e ficou patente com as Johannes Eisele/AFP Project Syndicate Ao longo do último quarto de século, a economia global gozava de um período de crescimento estável e baixa inflação. A chamada “Grande Moderação” [termo que define o período de consolidação do sistema financeiro mundial entre 1985 e 2007] levou uma série de economistas a um falso sentimento de segurança sobre suas habilidades de gestão e capacidade de lidar com crises financeiras. Mas como a “Grande Moderação” materializou-se em uma “Grande Recessão” [iniciada com a crise financeira de 2008], vieram à tona falhas fatais no pensamento em voga. Uma das mais notáveis foi o quão pobre era a percepção em torno das ligações entre o sistema financeiro e a economia como um todo – assim como as ligações entre os países. Hoje, os economistas procuram novos paradigmas para gerir a economia neste e nos próximos anos. Para começar, um melhor entendimento dessas ligações é essencial para promover o crescimento e reduzir o risco de novas crises. Igualmente importante é a clareza de que trabalhando juntos, podemos construir uma economia mais eficiente e mais estável, pelo bem de todos os países. Deixem-me explicar o que isso significa: construir um setor financeiro mais forte e mais seguro, mantendo um crescimento balanceado e mais estável, gerindo grandes fluxos de capitais voláteis. Um sistema financeiro forte e mais seguro é o alicerce de uma economia de sucesso. Isto exige uma regulamentação forte, com um livro de regras sensatas para os mercados financeiros e instituições. E, para garantir que todo mundo siga as regras, as instituições financeiras devem ser supervisionadas de forma intensiva. Agora, mesmo com as melhores regras e boa fiscalização, as crises continuarão a ocorrer — é por isso que precisamos de resoluções que garantam mecanismos eficazes para lidar com as instituições que se metem em problemas. E, finalmente, dado às interações poderosas dentro do setor financeiro e toda a economia, precisamos de um quadro global de gestão de riscos no sistema financeiro. Fórum Econômico Mundial exige maior regulação das atividades de instituições financeiras “ A política monetária tem de olhar para além do seu foco principal, de uma inflação baixa, em prol de uma atenção maior para a estabilidade financeira Muito já foi feito para avançar na direção desta reforma regulatória, a exemplo do acordo recente que visa reforçar o capital dos bancos (Basileia III). Mas ainda estamos longe de ter a supervisão necessária para a correta aplicação das regras. E efetivas resoluções de mecanismos e quadros sistêmicos ainda permanecem evasivos. Mas nós já aprendemos que o crescimento deve ser equilibrado, a fim de ser saudável. Em nível nacional, isto requer ferramentas para prevenir excessos em setores que podem trazer para baixo toda a economia. Em nível global é necessário repartir o crescimento entre os países com o objetivo de evitar desequilíbrios como os atuais. Quais são as implicações para a política macroeconômica? A política monetária tem de olhar para além do seu foco principal de uma inflação baixa e estável em prol de uma atenção muito maior para a estabilidade financeira. O debate agora é como, exatamente, pode-se coordenar o trabalho das autoridades monetárias e reguladoras. Quanto à política fiscal, a crise mostrou a importância de manter a dívida pública e déficits baixos durante os bons tempos: os países com finanças públicas saudáveis têm mais espaço para amortecer o impacto econômico da crise. Mas a Grande Recessão causou crescimento da dívida pública e dos déficits em muitas economias avançadas. O quão rápido a contenção orçamentária deve ser adotada — assim como a definição de bom equilíbrio entre impostos mais altos e redução das despesas — irá variar para cada país, refletindo fatores como a força da recuperação econômica, o apetite do mercado para dívidas, e os gastos iniciais e proporcionais a receita. Mas o objetivo comum para a política fiscal deve ser o de apoiar o crescimento a médio prazo com sustentabilidade e mantendo a criação de emprego. A distribuição de renda é outra questão importante. Nos anos que antecederam a crise, a desigualdade aumentou em muitos países, com consequências preocupantes para a coesão social. Este cenário aumentou a vulnerabilidade à crise: com menos gente capaz de usar suas economias durante os tempos ruins, o impacto sobre o crescimento é ainda maior. Também é uma questão chave, olhando para a dimensão internacional, compreender como as políticas de um país influenciam outras economias. Essa abordagem está no centro dos esforços do G20 para atingir um crescimento global forte, estável e equilibrado. O Fundo Monetário Internacional também está acelerando o seu trabalho nesta área, através de relatórios Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 39 Francois Lenoir/Reuters Emergentes cobram acordos de Doha Na expectativa de retomar as negociações da Rodada Doha, Brasil, China, Índia e África do Sul cobraram na sexta-feira o cumprimento de acordos anteriores por parte da União Europeia e dos Estados Unidos, entre outras nações, que impõem obstáculos às exportações destas regiões. O assunto foi tema de uma reunião do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota com seus homônimos da China, Índia e África do Sul. Eles conversaram no Fórum Mundial Econômico de Davos, na Suíça. AGENDA DO DIA ● EUA divulgam núcleo do índice de preços de dezembro e o índice de atividades de janeiro. ● Zona do Euro informa índice de preços ao consumidor, referente ao mês de janeiro. ● China publica índice PMI do setor manufatureiro de janeiro. o novo mundo econômico falhas que vieram à tona depois da crise. O desafio é encontrar instrumentos para evitar novas crises sistêmicas sobre os efeitos colaterais da crise financeira na China, na Zona do Euro, Japão, Reino Unido e os Estados Unidos. Conseguir um melhor aproveitamento das ligações financeiras entre os países também é importante. Durante a crise, nós vimos o quão rapidamente o capital fugiu de países antes considerados apostas seguras. Hoje, muitos desses locais estão sofrendo um verdadeiro tsunami de retorno de recursos. Formuladores de políticas em muitos países emergentes temem que a entrada de capital eleve o valor da moeda local, “ Falhamos por não entender o quão complexa a rede econômica e financeira tinha se tornado. Que a nossa próxima falha não seja a falta de cooperação desestabilizando os mercados financeiros e sobreaquecendo a econômica. As reações variam de comprar a moeda estrangeira para evitar a valorização do dinheiro local até a adoção de controles de capital — em casos extremos —, para manter o dinheiro de fora do país. A situação tornou-se bastante tensa, com a conversa de “guerras monetárias “ e um risco real de protecionismo financeiro. Claramente, precisamos obter um melhor controle sobre o que está impulsionando esses fluxos de capitais. E também identificar as melhores políticas de como lidar com eles — tendo em conta seu impacto sobre a economia global. Devemos analisar se um sistema de regras globais destinadas a reduzir a volatilidade dos fluxos de capitais seria útil. O seguro financeiro global é outra questão importante. Assim como uma família garante suas economias com algum tipo de seguro, os países devem ser capazes de se apoiar em uma rede de segurança global. Muito já foi alcançado desde a crise, através de mais recursos para o FMI e novos instrumentos de financiamento. Mas é necessário ir além, como explorar a cooperação com os mecanismos de financiamento regionais, e criar novas maneiras de utilizar estes instrumentos em uma crise sistêmica. Um dos principais fracassos políticos na corrida contra a crise foi a falta de imaginação: nós falhamos em entender o quão complexa a rede econômica e financeira global tinha se tornado. Façamos com que a nossa próxima falha não seja o resultado da falta de cooperação. Temos de ultrapassar antigas fronteiras, trabalhar juntos para construir uma economia global mais forte e resiliente. ■ 40 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 BRASIL ECONÔMICO é uma publicação da Empresa Jornalística Econômico S.A, com sede à Avenida das Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000 Central de atendimento e venda de assinaturas: São Paulo e demais localidades 0800 021 0118 Rio de Janeiro (Capital) (21) 3878-9100 - assinatura@brasileconomico.com.br É proibida a reprodução total ou parcial sem prévia autorização da Empresa Jornalística Econômico S.A. ÚLTIMA HORA Asmaa Waguih/Reuters Manifestações são mantidas no Egito Ricardo Galuppo rgaluppo@brasileconomico.com.br Diretor de Redação O presidente do Egito, Hosni Mubarak, se encontrou ontem com o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, com o chefe de gabinete Sami al-Anan, e com outros militares de alto escalão em uma tentativa de se manter no poder diante de protestos por sua saída. Mubarak também se reumiu com o vice-presidente, Omar Suleiman, cuja nomeação no sábado pode ter aberto caminho para uma sucessão. Na tarde de ontem a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que os Estados Unidos querem ver uma transição ordenada de poder no Egito, onde protestos contra o governo permanecem. No mercado de ações do Oriente Médio os valores desabaram ontem, enquanto investidores demonstravam preocupação com as manifestações no Egito e com a possibilidade de a instabilidade se espalhar pela região. A bolsa do Egito estava fechada neste domingo, após ter caído 16% em dois dias na semana passada. A libra egípcia recuou ao menor nível em seis anos. A bolsa egípcia continuará fechada hoje, assim como os bancos. ■ Reuters Dilma e o Mercosul Johannes Eisele/AFP Posco anuncia projeto conjunto com a Vale Davos 2011 conclui com promessas e receios A empresa sul-coreana, que é a terceira maior siderúrgica do mundo, afirmou que chegou a um acordo com a companhia brasileira para desenvolver em conjunto uma mina de carvão em Moçambique. A mina, localizada em Moçambique, teria condições de produzir 11 milhões de toneladas de carvão anualmente. O produto seria usado como matéria-prima ou combustível. ■ Reuters Salviano Machado/Ag. Vale A 41ª edição do Fórum Econômico Mundial (FEM), que terminou ontem em Davos, deixou em evidência as divergências de opiniões em relação à definição de soluções para superar a crise econômica, em meio a um clima de ansiedade provocado pelas revoltas populares na Tunísia e no Egito, principalmente. A reunião confirmou também a maior participação dos países emergentes no poder econômico e terminou com promessa dos grandes países da Organização Mundial do Comércio (OMC) de alcançar um acordo sobre a estagnada Rodada de Doha até julho. ■ AFP Interessados no Panamericano querem ver o balanço Em meio a negociações para a venda do Panamericano, a divulgação do balanço do banco de Silvio Santos é aguardada hoje. Os potenciais interessados estão pressionando a diretoria do banco a apressar a divulgação dos números com o objetivo de baixar o valor a ser pago na operação, diante da informação de que o rombo não é de R$ 2,5 bilhões, e sim de R$ 4 bilhões. A publicação do balanço nesta segunda-feira havia sido prevista pela instituição em comunicado há 15 dias, mas há dúvidas de que consiga cumprir o prazo. No fim de semana, as informações apontavam o BTG Pactual como o mais provável comprador, mas não ficou certo se o negócio será fechado hoje. Outros bancos, como o Citi e o Safra, também estariam interessados. ■ A presidente Dilma Rousseff pode dar, hoje, um passo fundamental para a salvação de um projeto que, a permanecer na rota dos últimos anos, perderá completamente a razão de existir. Ao desembarcar em Buenos Aires, em sua primeira viagem ao exterior como chefe de Estado, ela deve discutir o Mercosul com a presidente Cristina Kirchner. O bloco, que tinha tudo para fortalecer os países que o integram junto ao cenário internacional, derrapou feio e o grande responsável por seu enfraquecimento tem sido a Argentina. Imerso numa crise crônica que ressurge com força sempre que parece caminhar para uma solução, o vizinho tem sido mestre em descumprir acordos e em adotar medidas que ignoram os demais países do bloco. Isso sem falar na eterna mania de jogar sobre os ombros alheios a culpa pelos equívocos que comete. No início de 1999, quando o Brasil se viu forçado a romper o dique que mantinha o real artificialmente valorizado, o então ministro da Fazenda da Argentina, Domingo Cavallo, rugiu. Segundo ele, que havia inventado a quimera cambial que mantinha a paridade entre o peso e o dólar, o Brasil tinha a obrigação de manter o real encostado na moeda americana — única e exclusivamente porque isso era bom para a Argentina. A Argentina é a grande responsável pelo enfraquecimento do Mercosul, que tinha tudo para dar certo Todos os presidentes brasileiros que antecederam Dilma desde que a ideia do bloco foi lançada fizeram concessões movidos pela noção de que, em nome da manutenção do bloco, o Brasil tinha que aceitar o estilo errático dos gestores argentinos. Com ela na Presidência o Brasil tem, pela primeira vez desde a criação do Mercosul, a possibilidade de tratar o tema tecnicamente. E de dizer um basta à série de transgressões cometidas pela Argentina ao puxar as alíquotas de importação dos produtos que lhe interessam e ao tratar o Brasil não como parceiro, mas como um arrimo de família que tem a obrigação de sustentar um irmão desequilibrado. É claro que o Mercosul é importante e sua manutenção deve ser perseguida. Sempre. Mas, pelo comportamento histórico da Argentina, talvez seja a hora de o Brasil começar a falar alto e mostrar aos sócios do bloco que, se virar as costas, o Mercosul desmorona — e os prejuízos serão maiores para os outros do que para ele. A era das concessões acabou. A hora é de parcerias. ■ www.brasileconomico.com.br DESTAQUE MAIS LIDAS NO FINAL DE SEMANA Investidor sai de emergentes e migra para EUA ● Vedetes de 2010 assumem onda vendedora na bolsa Neste final de janeiro, as expectativas de que Estados Unidos e Europa vão crescer mais rápido que o previsto inverteram o alvo dos recursos dos fundos, que saíram dos mercados emergentes rumo aos desenvolvidos. De acordo com a consultoria EPFR, US$ 3 bilhões saíram de Ásia emergente e América Latina na semana passada. ● Panamericano não sabe valor do rombo nas contas ● Bancos devem respeitar tempo máximo de filas ● Em visita, Dilma deve cobrar Cristina por Mercosul ● Economia americana cresce 3,2% no quarto trimestre Acompanhe em tempo real www.brasileconomico.com.br Leia versão completa em www.brasileconomico.com.br ENQUETE Você acredita que há sinais de uma nova bolha de ativos na internet 2.0? Sim 63% Não 37% Fonte: BrasilEconomico.com.br Vote em www.brasileconomico.com.br ESPECIAL 60 ANOS DUTRA SUPLEMENTO – 31 DE JANEIRO, 2011 Principal ligação do Nordeste ao Sul segue em obras Primeira escolha dos caminhoneiros, 70% da receita de pedágios vem do transporte de carga Antonio Milena Os 402 km da rodovia suportam 872 mil viagens por dia B2 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 MODERNIZAÇÃO CONSTANTE Clóvis Ferreira Investimentos priorizam a Serra das Araras não, e o conselho da agência será responsável pela resolução. A metodologia que a ANTT propõe é de fazer investimentos via concessão com a chamada taxa interna de retorno corrigida para níveis atuais, para retratar as condições econômicas de hoje, e não as do fechamento do contrato, em 1995. Mondolfo lembra que naquela ocasião o dólar era alto, as taxas de juros elevadas e o risco país também. “As taxas internas de retorno eram da ordem de 18%. Hoje se fala em 8%.” De um total de R$ 1,2 bilhão a ser aplicado até 2025, grande parte vai para o gargalo que são as áreas metropolitanas de São Paulo e Rio, além de trevos, passarelas e vias de acesso às pistas REGIÕES METROPOLITANAS SÃO GARGALO Rodovia Presidente Dutra deverá receber investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão até 2025 em obras de modernização de diversos trechos para melhorar a fluidez do tráfego de veículos ao longo de seus 402 quilômetros. Os pontos que receberão maior atenção são o trecho da Serra das Araras e as áreas das regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, e também serão realizadas obras menores como trevos, passarelas e acesso à pista. A prioridade — segundo avaliação da própria ANTT —Agência Nacional de Transportes Terrestres, encarregada de fiscalizar e regulamentar as vias outorgadas — é o trecho da Serra das Araras, no Rio de Janeiro, com cerca de 8 km, onde as pistas precisam de um novo traçado. “Hoje temos um projeto que foi desenvolvido há alguns anos pela concessionária (a Nova Dutra), mas a agência solicitou que fosse feito um novo e mais arrojado”, declara Mario Mondolfo, superintendente de exploração de infraestrutura rodoviária da ANTT. A agência pediu para a Nova Du- A tra desenvolver um projeto com velocidade diretriz de 80 km por hora, o que implica num traçado independente da antiga pista e muito mais moderno. “Seria como se fosse a Rodovia dos Imigrantes, em São Paulo. Depois o governo poderá definir qual a melhor alternativa para essa obra.” A questão do custo dessa melhoria esbarra no problema de conteúdo do contrato. Uma parte da modernização do trecho da Serra das Araras foi prevista em contrato e o valor também, só que não é mais suficiente para executar toda a obra e poderá exigir o chamado “reequilíbrio do contrato”.Caberá ao governo decidir se a concessionária atual fará a obra ou se a melhor solução será abrir licitação nova. Segundo o engenheiro Marcelo Chaim Rezk, gestor de atendimento da Nova Dutra, o projeto mais arrojado está em elaboração. A ANTT está com a metodologia de reequilíbrio do contrato em audiência pública — a audiência presencial foi no dia 12 de janeiro e ela continua recebendo contribuições por e-mail. Depois disso será feita a tabulação de todas as contribuições, algumas serão acatadas, outras Mauricio Cintrão TEXTO A M A R I L I S BE RTAC HI NI “Há um projeto mais arrojado para a Serra das Araras em elaboração. Poderá haver outra licitação ou o contrato atual será alterado” Marcelo Rezk, gestor de atendimento da Nova Dutra Outros pontos principais para receber investimentos são as regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo, o Vale do Paraíba e a região de São José dos Campos, que têm uma interferência muito grande do tráfego urbano com o tráfego rodoviário. “As cidades acabam usando a rodovia como avenida. Ao longo do tempo temos feito várias marginais nesses segmentos e há várias em obras, tanto em SP quanto em São José dos Campos e Rio, mas é preciso dar continuidade, esse é outro gargalo da rodovia”, explica Mondolfo. Para algumas dessas marginais a ANTT já tem o projeto básico e para outras os planos ainda são principiantes. A questão é que esses trechos estão atingindo o limite de capacidade de dois mil veículos por hora por faixa. “Precisamos planejar para evitar os gargalos. Cada trecho tem uma determinada capacidade dependendo da topografia. A Dutra precisa também de terceiras faixas em alguns pontos. São obras de geralmente um ou dois quilômetros que podem resolver temporariamente alguns pontos onde há demanda crescente, mas onde ainda não se justifica uma marginal. A agência detectou que existem perto de 30 km ao longo da rodovia que precisariam ter faixas adicionais para locais de ultrapassagem. Muitas vezes um veículo BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 | B3 Epitácio Pessoa que continuarão demandando capacidade de escoamento de produção, principalmente nas regiões de Guararema, Rezende, Caçapava, Volta Redonda e Barra Mansa. INVESTIMENTOS DO ANO Região de Cachoeira Paulista. Dos 402 km de extensão total, a Nova Dutra tem 231 km em São Paulo e 171 km no Rio. Em 14 anos de concessão, R$ 7,43 bilhões foram investidos em melhorias. A CCR pagou R$ 1,17 bilhão em impostos. São feitas 870 mil viagens por dia mais lento restringe o fluxo da rodovia. Existe uma série de outras intervenções menores necessárias ao longo de toda a Dutra, como trevos, passarelas, adequações de acesso etc., que estão em andamento. De acordo com Mondolfo, tudo isso aumenta a capacidade da rodovia porque se há um acesso ruim ele acaba travando o tráfego e prejudica o desempenho da rodovia. “Como é muito antiga e foi o eixo de indução do desenvolvimento do Rio e São Paulo, a Dutra é uma rodovia que a gente chama de aberta porque tem muitos acessos. É preci- so fazer uma adequação desses acessos ao longo do tempo”, complementa Mondolfo. “Acho que com investimentos a rodovia pode ter sua capacidade melhorada nesses pontos críticos e com certeza vai continuar sendo a principal ligação Rio-São Paulo. Hoje ela tem às suas margens, grandes indústrias e essa ocupação continua crescendo. É importante investir na Dutra porque além de ligação de longa distância ela dá acessoregionalparaasindústrias”,dizRezk. Vários polos industriais instalaram-se ao longo da Dutra, incluindo automobilísticas, Para 2011 estão programados investimentos de R$ 200 milhões em novas obras. Já foi iniciada a construção de 10 quilômetros de novas pistas marginais em Nova Iguaçu, sendo 6 quilômetros de marginal no sentido São Paulo — Rio de Janeiro e quatro quilômetros no sentido Rio — São Paulo. Também já está em andamento a implantação de uma marginal de cerca de 5 quilômetros em Guarulhos, no sentido São Paulo. Um dos pontos positivos da Dutra, na avaliação de Rezk, é o sistema de resgate e atendimento a vítimas que pode ser comparado aos melhores do mundo. São 11 equipes trabalhando de plantão, cada uma composta por duas viaturas, uma ambulância de resgate e uma viatura de intervenção rápida que é onde vai o médico. Isso corresponde a uma equipe de resgate para cada 35 km de pista. “O grande diferencial é que a equipe conta realmente com um médico, não são paramédicos. O engenheiro destaca também o centro de controle da rodovia que dispõe de uma rede própria de fibra óptica nos 400 quilômetros, com um sistema interligado de câmeras de vídeo que trazem imagens da rodovia para a central, interliga os 30 painéis de mensagens, o sistema de telefone de emergência a cada quilômetro, e viaturas com sistema de rádio de comunicação e GPS que permite ao centro de controle saber a posição de cada viatura. B4 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 VIA DUTRA 60 ANOS PRINCIPAIS OBRAS INVESTIMENTOS RAIO-X Ano do ínicio da concessão Investimentos para esse ano Concessionária Extensão A soma dos investimentos da CCR NovaDutra foram de: 12,1 milhões de m2 de pavimentação Obras e equipamentos R$ 2,6 bilhões 35,7 km de marginais TOTAL: 33 R$ 7,4 bi novas passarelas 318 km de muros de concreto Impostos R$ 1,1 bilhão 16 novos trevos e acessos Custos operacionais R$ 3,6 bilhões Cidades lindeiras População servida Viagens Tráfego R$ 281 milhões 120 km 1996 MG a R$ 200 milhões a CCR 402 km totais sendo 231 km em São Paulo e 171 km no Rio de Janeiro 36 s 23 milhões de habitantes LAVRINHAS CRUZEIRO 870 mil por dia 45% caminhões, 50% automóveis e utilitários e 5% ônibus CANAS somente em ISS para as 36 cidades que margeiam a rodovia de telas antiofuscantes 2,2 milhões de m2 LORENA de sinalização horizontal 54,6 mil m2 GUARATINGUETÁ SÃO JOSÉ DOS CAMPOS de sinalização vertical 25 novas pontes e viadutos PINDAMONHANGABA Recuperação de 75 pontes 33 viadutos 15 passarelas 293 pontos APARECIDA Shopping da Fé CAÇAPAVA ROSEIRA SP de contenção de encostas TAUBATÉ SANTA ISABEL GUARULHOS ARUJÁ SISTEMA ELETRÔNICO DE COMUNICAÇÃO JACAREÍ 33 estações analisadoras de tráfego em 161 faixas 800 telefones de emergência (call boxes) 15 140 GUARAREMA torres de rádio-comunicação unidades de rádio-comunicação 44 câmeras de TV (circuito fechado) SÃO PAULO 34 painéis de mensagens variáveis (04 móveis) O CAMINHO ATRAVÉS DO TEMPO 1908 876 HORAS Foi o tempo gasto pelo Conde Lesdain para percorrer a distância entre Rio e São Paulo através de estradas de boiadeiros e antigas picadas a bordo de um veículo Brassier 1925 144 HORAS Foi quanto demorou a Bandeira Automobilística da Associação de Estradas de Rodagem para seguir de São Paulo ao Rio já em estradas de melhor qualidade 1928 10 HORAS Após a inauguração da antiga Rio-São Paulo, os tempos de viagem foram sensivelmente reduzidos 1948 12 HORAS Apesar da modernização dos veículos, a deterioração da estrada e o aumento no transporte rodoviário de cargas aumentaram o tempo de viagem 1951 Há 60 anos, no dia 19 de janeiro de 1951, o general Eurico Gaspar Dutra, Presidente da República, descerrou a placa de inauguração da BR-2, a Nova Rodovia Rio-São Paulo, em solenidade realizada na altura de Lavrinhas (SP) 6 HORAS Em pistas adequadas para o fluxo e a qualidade dos veículos da época, era possível desenvolver velocidade média de 70 km/h BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 | B5 Infografia: Anderson Cattai RESENDE LEGENDAS PORTO REAL Graal Resende Divisa entre Estados RJ BARRA MANSA Via Dutra QUELUZ Empresas VOLTA REDONDA Cidades PINHEIRAL Fonte: CCR PARACAMBI PIRAÍ ITATIAIA QUEIMADOS SILVEIRAS BELFORD ROXO NOVA IGUAÇU SEROPÉDICA CACHOEIRA PAULISTA MESQUITA SÃO JOÃO DE MIRITI RIO DE JANEIRO ITAGUAÍ SEGURANÇA NA ESTRADA 600 00 Redução da violência do tráfego, em número de mortos 520 56,2% 305 302 300 00 259 242 260 250 240 276 230 246 254 204 228 150 50 0 ocorrências registradas ao dia REDUÇÃO DE 481 45 45 50 0 Sistema Operacional 785 101 ocorrências/dia socorro médico e resgate 173 1996* 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 *Projeção 1967 No dia 23 janeiro devido à chuva torrencial e ao solo instável da região ocorre um trágico acidente na Serra de Araras. Deslizamentos em série castigaram uma área de 30 quilômetros, ceifando entre 1,2 mil a 1,7 mil vidas 1976 Em 22 de agosto morre o ex-presidente Juscelino Kubitschek em acidente de carro no km 165 da Via Dutra, quando viajava de São Paulo para o Rio de Janeiro 1995 Em agosto inicia o processo de licitação pública para a concessão da rodovia. O prazo dessa concessão é de 25 anos de duração ocorrências/dia de guinchamentos Sala de controle 13 ambulâncias-resgate (2 reservas) 13 viaturas de intervenção rápida (2 reservas) 23 guinchos leves 1996 No dia 1º março de 1996 a CCR NovaDutra assume a administração da Via Dutra. A estrada apresentava um cenário de deteriorização. Suas pistas estavam esburacadas, a sinalização era precária, o mato alto tomava conta do canteiro central, as defensas metálicas estavam retorcidas e muita sujeira se estendia ao longo dos seus 402 quilômetros 17 viaturas de inspeção de tráfego 10 guinchos pesados Central monitora a estrada 24 horas por dia 2011 Hoje, após investimentos de mais de R$ 7 bilhões advindos da concessão, a Via Dutra é uma nova rodovia. Calcula-se que 50% do PIB circulam por ela. É a preferida dos caminhoneiros pela segurança de acessos e socorro Há problemas a serem sanados, como congestionamentos, roubos de carga e curvas perigosas B6 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 SISTEMA RODOVIÁRIO As curvas de uma sessentona Até 1928 não havia estradas de rodagem. Em 1951 foi construída a Via Dutra, ligando Rio e São Paulo TEXTO A N A CE CI L I A AM ERI C ANO Via Dutra é uma senhora de muitas histórias. Há 60 anos, um empenho superior a 1,3 bilhão de cruzeiros pareceu para muitos um desvario do então general Eurico Gaspar Dutra. Contudo, a construção da primeira grande rodovia asfaltada do país, no início dos anos 1950, ligando a então capital do Brasil a São Paulo provou-se um ato visionário. Como na época os estados de Rio de Janeiro e São Paulo somavam apenas 190 mil automóveis, o esforço do governo federal para construir a via Dutra soava descabido. Ainda assim, em 19 de janeiro de 1951, uma cerimônia de inauguração em Lavrinhas (SP) entregou ao país uma obra de 405 quilômetros, dos quais 66 quilômetros por pavimentar. Dois trechos — entre Guaratinguetá e Caçapava e um segmento nas imediações de Guarulhos aguardavam finalização. A obra foi gigantesca para a época. Mais de três dezenas de empreiteiras se revezavam na tarefa de construir 115 pontes, viadutos e passagens, além de obras de drenagem, cortes em maciços rochosos e a pavimentação de 2,6 milhões de metros quadrados. A entrega da rodovia, no entanto, coincidiria com o início de um boom industrial sem precedentes em São Paulo. Desde então, o trajeto viário entre as duas cidades ganharia um tráfego crescente que hoje se traduz em 872,7 mil viagens todos os dias, de acordo com a sua concessionária, CCR Nova Dutra. Nas cabeceiras da rodovia, nos trechos metropolitanos, mais de 150 mil veículos trafegam diariamente nos dois sentidos. A colônia em 14 de agosto para ser recebido em São Paulo, em uma cerimônia oficial na Câmara Municipal, onze dias depois. O fato é que, naquele tempo, afora o transporte marítimo, não havia outras ligações entre as duas cidades. O trem só interligou os dois pontos mais de meio século depois da Independência, em 8 de julho de 1877, quando os trilhos da Estrada de Ferro São Paulo (inaugurada em 1867) se uniram com os da Estrada de Ferro D. Pedro II. Ou seja, até o início do século passado, o percurso Rio de Janeiro – São Paulo seria uma temeridade sobre quatro rodas. Mas o progresso impunha-se ao país. Assim, em 1928, foi inaugurada a primeira estrada Rio-São Paulo, hoje lembrada como “a estrada velha”. Seguia um percurso próximo ao litoral, ao longo de 515 quilômetros de desvios, necessários para vencer os obstáculos do caminho. Apesar de inúmeras curvas, a via permitia que se chegasse do Rio a São Paulo em dez horas. Duas décadas mais tarde, finalmente o projeto da Rodovia Dutra encurtou em 111 quilômetros a distância a ser percorrida entre as duas cidades, e a viagem nos dois sentidos pôde ser completada em seis horas. Investimento 1,3 bi de cruzeiros foi o total gasto na construção da Rodovia Presidente Dutra, 60 anos atrás, durante o governo de Eurico Gaspar Dutra. Infraestrutura 1967 INDUTORA DE DESENVOLVIMENTO Nas últimas décadas, coube à estrada que rasgou o vale do Paraíba o papel de indutora do desenvolvimento de cidades em todo o seu percurso. A partir dos anos 1950 empresas como Ericsson do Brasil e General Motors desembarcaram em São José dos Campos (SP), assim como a então estatal Embraer. Outras companhias viriam para localidades vizinhas, a exemplo da Volkswagem que abriu uma unidade em Taubaté (SP) e outra em Resende, no estado do Rio de Janeiro. Passadas seis décadas, é difícil pensar nos percalços existentes para quem se propunha a vencer os mais de 400 quilômetros entre São Paulo e Rio de Janeiro por via terrestre. O jornalista Laurentino Gomes nos dá uma pista em seu livro 1822, quando descreve a antológica viagem de Dom Pedro I entre Rio de Janeiro e São Paulo às vésperas da proclamação da independência. Com a urgência de “apaziguar os ânimos na província” paulista, o jovem príncipe regente teria deixado a capital da foi o ano em que chuvas e deslizamentos na Serra das Araras provocaram mais mortes do que este mês na região serrana. Fluxo de tráfego 872,7 mil viagens é o total diário contabilizado na Via Dutra, principal estrada de ligação entre o Nordeste e o Sul do país. O ex-presidente da Dersa Luiz Célio Bottura sugere obras que permitam curvas abertas e inclinação capaz de neutralizar a força centrífuga dos carros em velocidade, a exemplo da Rodovia Imigrantes, em SP BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 | B7 Fotos: Henrique Manreza O ex-governador Alberto Goldman era ministro dos Transportes quando defendeu a parceria com a iniciativa privada, porque não havia recursos públicos para atualizar a estrada Em 1967, tragédia em Araras matou mais que a de Teresópolis Fatos trágicos também marcaram a Via Dutra. O pior deles deu-se numa noite de chuva torrencial em 23 janeiro de 1967. Um cenário de desolação se formou em um trecho da Serra das Araras, no Rio de Janeiro. Esta formação geológica obriga a rodovia a escalar íngremes 550 metros de altura, costeando um terreno de solo instável. Ali, há 44 anos, o índice pluviométrico no local chegou a 275 mm em apenas três horas. Quase o dobro do volume de água que este mês castigou Teresópolis, no Rio de Janeiro. Deslizamentos em série castigaram uma área de 30 quilômetros, ceifando entre 1,2 mil a 1,7 mil vidas. “Não sabemos o número exato de vítimas, pois era a época dos militares e havia censura”, lembra o engenheiro Luiz Celio Bottura, do Instituto de Engenharia e ex-presidente da empresa Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa). Carros, caminhões e até uma ponte desapareceram perto da Ponte Coberta, em Piraí (RJ). Apenas 300 corpos foram resgatados. A estrada, sob toneladas de lama e pedras, foi interditada por três meses até a sua recuperação. A.C.A. Clóvis Ferreira Deslizamentos em série ocorreram depois de chuva torrencial de três horas e 275 mm, em janeiro de 1967, na Serra das Araras, na Via Dutra, trecho do Rio de Janeiro Ascensão e queda de uma obra essencial Décadas de sucesso foram substituídas por longos anos de vacas magras. Acidentes se multiplicaram m seu início, a via Dutra foi uma obra festejada – afinal era a primeira grande rodovia pavimentada no país. Chegou a passar por sucessivas intervenções até ser totalmente duplicada em 1967. Poucos anos depois, no entanto, a rodovia passou por décadas com investimento zero, o que a tornou alvo de insatisfações e disputas políticas até ser concedida à iniciativa privada em 1996. “Entre os principais desafios tecnológicos da rodovia estavam a Serra das Araras e trechos do Vale do Paraíba”, conta o engenheiro civil e professor de Transportes da Universidade Anhembi Morumbi, Celio Daronchio. “Em outros terrenos é possível dar voltas maiores para vencer o desnível de mais de 500 metros de altura, mas ali isso era muito difícil”, explica. Também a várzea do rio Paraíba — formada de argila expansível — representava problemas. Segundo os arquivos da CCR NovaDutra, no local foi necessário um aterro de 15 metros de profundidade, o que consumiu 12 milhões de metros cúbicos de terra. E Apesar das críticas que marcaram a decisão em 1996, as pesquisas de satisfação realizadas com os atuais usuários da Via Dutra demonstram que a parceria com a iniciativa privada foi uma medida acertada, analisa Alberto Goldman IMIGRANTES COMO REFERÊNCIA Para o engenheiro Luiz Celio Bottura, membro do Instituto de Engenharia e expresidente da empresa Desenvolvimento Rodoviário SA (Dersa) no governo paulista de Franco Montoro, o projeto da rodovia, apesar de complexo, “deixa muito a desejar”. “Por sua importância econômica, deveria ser a melhor estrada do país”, argumenta. Bottura cobra investimentos para deixá-la com o mesmo desempenho de estradas como a Imigrantes, onde as curvas são muito mais abertas e com uma inclinação capaz de neutralizar a força centrífuga dos carros em velocidade. Na década de 1980, com a benção do governador Montoro, Bottura pleiteou ao então presidente José Sarney que a estrada passasse da União ao governo do Estado de São Paulo. “Fui bem recebido pelo Sarney, que me mandou falar no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNER). Mas o assunto não prosperou”, lembra-se ele. ESCALADA DE ACIDENTES Investimentos de porte só viriam ao final da década de 1990. Por falta de manutenção ao longo de décadas, os acidentes se multiplicavam na rodovia, chegando a 434 mortes apenas nos dez primeiros meses de 1996. Diante da“inexistência de recursos no setor público”, o ex-governador Alberto Goldman, que então exercia o cargo de ministro dos Transportes do presidente Itamar Franco, passou a defender como solução uma parceria com a iniciativa privada. “A Dutra necessitava de grandes obras de ampliação, além de reparos no pavimento e a duplicação de trechos urbanos”, lembra o ex-ministro. Segundo ele, “os recursos orçamentários sequer eram suficientes para tapar buracos”. O processo de licitação começou em 1993 e durou anos. “As empresas que não foram vencedoras entraram com ações judiciais”, recorda Goldman. Apesar das críticas que recebeu, o ex-ministro diz-se satisfeito com o resultado. “Antes, quem sustentava a rodovia era o conjunto da sociedade. Agora, apenas os usuários o fazem por meio dos pedágios”, argumenta. A.C.A. B8 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 TRANSPORTES Clóvis Ferreira 1 2 3 4 5 1. Região de Lavrinhas (SP) 2. Trecho rochoso conhecido como garganta ou Viúva Graça 3. A inauguração ocorreu em 1951 sob o governo do general Eurico Gaspar Dutra 4. Os 405 km representaram, na época, redução de 111 km em relação à original em 1928. Duração da viagem era de 12 horas e em 1951 foi reduzida à metade 5. Região de Queimados. Caminhoneiros são 45% do tráfego e 70% da receita de pedágios da Nova Dutra “É uma estrada de 1º Mundo, e os motoristas preferem viajar por ela por causa dos serviços de socorro e segurança”, diz o presidente da União dos Caminhoneiros, José Araújo Silva TEXTO A M UN D S E N L I M EI RA governo não gasta um tostão, mas ganha assim mesmo ao arrecadar impostos que correspondem a 25% da receita da Nova Dutra, a concessionária responsável pela manutenção da Rodovia Presidente Dutra. “O governo poderia muito bem deixar de cobrar esses tributos. Com isso, iria ajudar a baixar os preços dos pedágios em pelo menos 25%”, acredita José Araújo Silva, presidente da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam). “Abrindo mão do imposto, ainda assim o governo estaria ganhando”, acrescenta China, como Silva é conhecido entre a categoria. A proposta, segundo ele, será colocada na pauta das reuniões do GPT-Dutra, o Grupo Paritário de Trabalho que tem a primeira reunião do ano marcada para o próximo dia 8 de fevereiro. Além da Unicam, têm assento no GPT representantes do Ministério dos Transportes, da agência reguladora ANTT, da NTC pelo lado das transportadoras, e dos sindicatos dos trabalhadores do setor. O A Dutra é a mais importante rodovia do Brasil. Faz a ligação entre o Nordeste e o Sul e seus 402 km de extensão ligam as duas metrópoles brasileiras depois de atravessar o rico Vale do Paraíba e passar por 36 cidades onde vivem aproximadamente 23 milhões de habitantes. Por ela são feitas 872 mil viagens por dia, das quais somente 75 mil pagam pedágio. É certo que se tornou a preferida dos ladrões de cargas, mas nem por isso deixou de ter a preferência do seu principal usuário: o caminhoneiro, que atualmente responde por 70% da receita da concessionária Nova Dutra. China diz que não é barato andar pela Dutra, mas reconhece: “É uma rodovia de Primeiro Mundo”. Tanto é assim que a estrada ganhou o reconhecimento de quem depende dela para seu sustento. “Os caminhoneiros preferem rodar por ela por causa dos serviços de socorro e de segurança”, reforça o presidente da Unicam. A concessionária Nova Dutra informa que a rodovia gera mais de 750 ocorrências operacionais por dia, sendo 101 atendi- Por transportar 50% do PIB nacional em cargas e valores, a Rodovia Presidente Dutra também é a preferida dos ladrões de carga mentos de socorro médico e resgate e mais de 173 guinchamentos diários. Para manter o funcionamento dos serviços que oferece ao usuário dispõe de cerca de 500 profissionais treinados, cem viaturas, 11 bases operacionais e um moderno sistema de comunicação comandado a partir do Centro de Controle de Operações, no município de Santa Isabel, na região da Grande São Paulo. Atualmente, cerca de 50 intervenções de melhorias estão sendo realizadas ao longo de todo trajeto da Dutra. Entre elas, a previsão de construção de três novos trevos, um no km 38, em Cachoeira Paulista, outro em Guaratinguetá, na altura do km 58, e um terceiro, ainda em fase de aprovação, no km 92, em Pindamonhangaba. Desde que passou para o controle da Nova Dutra, há quatorze anos, a via Dutra recebeu investimentos acumulados nesse período de R$ 7,4 bilhões, sendo R$ 3,6 bilhões na operação e R$ 2,6 bilhões em equipamentos. Para 2011, a previsão de investimentos na estrada é de R$ 200 milhões, cerca de R$ 50 milhões a menos em relação a 2010.