empresas - Brasil Econômico

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O sindicalista Marco Maia está na
iminência de assumir a presidência
da Câmara em meio à discussão
sobre valor do salário mínimo. ➥ P12
R$ 3,00
Chris Ratcliffe/Bloomberg
SEGUNDA-FEIRA, 31 DE JANEIRO, 2011 | ANO 3 | Nº 360 | DIRETOR RICARDO GALUPPO | DIRETOR ADJUNTO COSTÁBILE NICOLETTA
Uma economia global mais forte depende
de maior regulação das instituições
financeiras, diz Dominique
Strauss-Kahn, do FMI. ➥ P38
Empresas aéreas ampliam rotas
domésticas para driblar gargalos
Maior número de voos rumo a cidades do interior faz parte da estratégia para atender o público emergente das classes C e D
O aumento crescente do número de passageiros que procuram o transporte aéreo,
cuja expansão é calculada em 18%, neste
ano, pela Tam, líder do mercado, leva as
companhias a ampliar a frota, com aquisição de jatos de maior porte. É o caso da
Trip, que vai incorporar 14 aviões e aumentar a oferta de assentos em 70%. A
Azul, que receberá mais 12 aeronaves,
também olha para o interior. “O Brasil tem
mais de 5,5 mil municípios”, diz Adalberto
Flebiano, diretor da companhia. ➥ P4
Novas regras da Anac para os
aeroportos são vistas como
porta aberta à iniciativa privada.
Murillo Constantino
Eduardo Gouveia,
da Multiplus:
modelo atrai
investidor
estrangeiro
Randon e AmstedMaxion triplicam
produção de vagões e projetam forte
crescimento nas vendas em 2011
➥ P22
Oi e Telefônica desenvolvem
novas estratégias para impulsionar
banda larga ultrarrápida
➥ P18
Escolas aderem ao computador
portátil para atrair alunos,
incentivar a leitura e economizar
INDICADORES
▲
▲
▼
▼
▲
▲
▼
▼
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▼
▼
▼
Multiplus tem valor
quase igual ao da Tam
Após um ano da abertura de seu capital, companhia de programas
de fidelidade tem valor de mercado de R$ 5 bilhões, enquanto
o da Tam, empresa da qual foi segregada, é de R$ 6 bilhões. ➥ P32
TAXAS DE CÂMBIO
Dólar Ptax (R$/US$)
Dólar comercial (R$/US$)
Euro (R$/€)
Euro (US$/€)
Peso argentino (R$/$)
JUROS
Selic (a.a.)
BOLSAS
Bovespa - São Paulo
Dow Jones - Nova York
Nasdaq - Nova York
S&P 500 - Nova York
FTSE 100 - Londres
Hang Seng - Hong Kong
➥ P16
28.1.2011
COMPRA VENDA
1,6774
1,6782
1,6850
1,6830
2,2798
2,2812
1,3591
1,3593
0,4198
0,4192
META EFETIVA
11,25%
11,17%
VAR. % ÍNDICES
-1,99 66.697,57
-1,39 11.823,70
-2,48 2.686,91
-1,79
1.276,34
-1,40
5.881,37
-0,68 23.617,02
Semana volátil
para o Ibovespa
Investidores aguardam com
apreensão os dados sobre
o mercado de trabalho
nos Estados Unidos. ➥ P34
Principal corredor que liga
o Rio de Janeiro a São Paulo
receberá R$ 1,2 bilhão para
melhorar a fluidez do tráfego
ao longo de seus 402 km
2 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
NESTA EDIÇÃO
Divulgação
Em alta
Work sai atrás de novos mercados
Especializada em móveis para escritórios e há 40 anos
atuando na capital paulista, onde tem onze pontos de
venda, empresa decidiu expandir sua rede para outros
estados, através do sistema de franquias. ➥ P27
Divulgação
Coleta automática de garrafas e latinhas
Susten Trading, representante da norueguesa Tomra, tenta
popularizar coleta de embalagens recicláveis de alumínio e de
garrafas Pet, através de máquinas automáticas, semelhantes
às que vendem refrigerantes e salgadinhos. ➥ P25
Indústria de vagões entra nos
trilhos e triplica produção
Favorecida pelo bom desempenho da
economia do país, a indústria brasileira de
vagões produziu 3,3 mil unidades no ano
passado, com acentuada expansão sobre
2009 quando foram fabricados 1,02 mil.
A AmstedMaxion, líder no segmento,
fechou 2010 com mais de dois mil vagões
entregues no Brasil e no exterior. Para este
ano, a empresa prevê aumento dos pedidos
para mais de 2,6 mil unidades somente
para o mercado interno. Vicente Abate,
presidente da Associação Brasileira da
Indústria Ferroviária (Abifer), prevê que
nesta década haverá demanda para
a 4 a 5 mil vagões por ano. ➥ P22
Andre Penner
Banda larga ultrarrápida da Telefônica e Oi
Serviço é oferecido por meio de fibra óptica, mas como se
trata de investimento elevado, exige mais fontes de receita.
Restrições à atuação das teles na oferta de TV a cabo,
pode ser uma barreira, segundo analistas. ➥ P18
Murillo Constantino
MMM reforça marca com loja temporária
Pertencente ao grupo Irani, de celulose, a fabricante de
móveis, não tem loja física e atende os consumidores apenas
pela internet. São vendidas 2,5 mil unidades por mês, diz
Ronald Heinrichs, diretor, revelando que o Acre é o único
estado brasileiro que ainda não comprou móveis da MMM. ➥ P26
Aumentam os recalls de veículos
Modelo de produção das montadoras, que privilegia a
quantidade em vez da qualidade leva ao aumento do
número de carros que deixam a linha de montagem com
defeitos, na avaliação do consultor Marcos Morita. ➥ P11
PNLT movimenta a indústria ferroviária
Plano Nacional de Logística de Transporte (PNLT), que projeta
50 mil quilômetros de estradas de ferro no país, em 2015,
impulsiona industria de equipamentos para trens no país.
Atualmente, a malha ferroviária é de 30 mil quilômetros. ➥ P19
Divulgação
Brasil passa a ser mercado
prioritário para a Ceva
A compra de empresas menores ou com
atuação em segmentos complementares é
uma das alternativas da filial da companhia
holandesa de logística integrada, oriunda
da fusão, em 2007, das divisões da TNT
e da Eagle Global Logística, para manter
a expansão no mercado brasileiro.
O crescimento do mercado automobilístico,
importação de produtos eletrônicos em
ritmo acelerado e os investimentos no
pré-sal conduziram o Brasil ao topo das
prioridades globais da Ceva holandesa,
que impôs metas elevadas de vendas à
representação brasileira. Em 2011, a receita
deve superar R$ 1 bilhão, prevê Wagner
Covos, vice-presidente de marketing. ➥ P24
TAXAS DE CÂMBIO
Cotação de fechamento para venda em 28/1/2011
PAÍS
MOEDA
Argentina
Peso
Canadá
Dólar
Chile
Peso
China
Iuane
Coreia do Sul
Won
União Europeia
Euro
Estados Unidos Dólar
Índia
Rúpia
Japão
Iene
México
Peso
Paraguai
Guarani
Reino Unido
Libra
Uruguai
Peso
Rússia
Rublo
Venezuela
Bolívar forte
Fontes: Banco Central e Brasil Econômico
R$
US$
4,0012
0,4198
0,9998
1,6789
0,0035 484,5500
6,5860
0,2548
0,0015 1.114,0000
1,3593
2,2812
1,0000
1,6782
45,7625
0,0367
82,1300
0,0204
12,1779
0,1378
0,0004 4.680,000
1,5835
2,6574
19,8500
0,0854
29,8939
0,0565
4,3000
0,3913
Multiplus vale quase o mesmo que a Tam
Nascida como programa de milhagem da companhia
aérea, a empresa presidida por Eduardo Gouveia
foi segregada, abriu o capital há um ano e já tem valor
mercado quase igual ao da empresa-mãe. ➥ P32
Charutos baianos para os chineses
Com uma produção anual em torno de dez milhões de unidades,
a indústria de charutos do Recôncavo Baiano ganha fôlego
com o aumento dos pedidos vindos da China. Os charutos
da Bahia perdem, em qualidade, apenas para o cubanos,
líderes disparados na preferência dos consumidores. ➥ P28
Tablets substituem o material didático
A popularização dos eventos culturais
A Estácio de Sá vai distribuir 5 mil equipamentos aos alunos
no Rio e Espírito Santo, com investimento de R$ 40 milhões,
que inclui uma plataforma on-line de cursos e aulas.
A rede COC também estuda iniciativa semelhante. ➥ P16
Criador da agência Ponte Ativação, voltada para as classes
C e D, o publicitário André Torreta critica a elitização
cultural e defende o acesso da massa trabalhadora e
consumidora à arte, cultura e educação. ➥ P30
Andrew Harrer/Bloomberg
A FRASE
“Portugal não necessita do
FMI nem de seus conselhos”
José Sócrates, primeiro-ministro português, voltando a negar que o país vá
recorrer à ajuda internacional para resolver seus problemas orçamentários.
Sócrates reafirmou que, em 2007, o déficit público foi reduzido mais
que o previsto, para 7,3% do PIB, em comparação com 9,3% em 2009.
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 3
EDITORIAL
Henrique Manreza
ALCIDES TROLLER PINTO, VICE-PRESIDENTE EXECUTIVO DA GVT
Criatividade
contra gargalos,
em terra e nos ares
Perto de 9 milhões de brasileiros vão
experimentar, neste ano, as emoções da
primeira viagem de avião, mais de 1,5
milhão somente nestas férias de verão.
Esse público que debuta nos ares provoca mudanças de comportamento, algumas curiosas, nos segmentos ligados ao
transporte aéreo. Funcionários das
companhias, por exemplo, passam por
uma espécie de reciclagem e têm de recordar, em terra e no ar, um bê-á-bá há
muito deixado de lado no trato com os
passageiros. Também cresce a oferta de
guias, impressos e virtuais, com dicas
para os estreantes nas viagens aéreas.
Nos próximos anos, muita
gente vai voar pela primeira
vez, e quem estreou neste
ano vai querer voar de novo
“A velocidade do acesso e da infraestrutura disponível para chegar às casas vai evoluir à
medida que houver valor para o cliente”, prevê Alcides Troller Pinto, vice-presidente executivo
da GVT. A operadora se expande com redes próprias nas cidades onde começa a atuar. ➥ P19
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Projetos Especiais Márcia Abreu (Gerente), João Felippe Macerou Barbosa, Samara Ramos (Coordenadores), Daiana Silva Faganelli (Analista), Solange
Santos (Assistente Executiva)
Atentas, as companhias correm para
conseguir atender essa demanda crescente e, com criatividade, procuram
contornar o gargalo na infraestrutura
aeroportuária. Com participação ainda
pequena na comparação com as líderes
Tam e Gol, a Trip e a Azul investem em
jatos de maior porte, ampliando a oferta
de assentos, ao mesmo tempo em que
criam novas rotas pelo interior do país.
É uma espécie de descentralização para
atender o público emergente, cujo destino preferencial é justamente as cidades médias. A Trip voa hoje para 82 cidades e planeja ampliar esse número
para 90 neste ano, incluindo regiões
nordestinas onde ainda não está presente. Plano semelhante tem a Azul,
que também orienta seus radares em direção às cidades do interior, onde os
gargalos inexistem ou são contornáveis.
Diante desse quadro, a semana passada trouxe duas notícias animadoras
para a aviação comercial no país. Na
primeira, o Conselho Estadual do Meio
Ambiente de São Paulo (Consema) concedeu a licença ambiental prévia para a
ampliação do aeroporto de Viracopos.
Na sexta-feira, a Agência Nacional da
Aviação Civil (Anac) estabeleceu regras
para os reajustes tarifários nos terminais, obrigando a Infraero a cumprir requisitos de eficiência. Na prática, significa uma porta aberta para a concessão
de aeroportos à iniciativa privada.
Afinal, pelo menos nestes próximos
anos, ainda vai haver muita gente voando pela primeira vez. E quem estreou
nos aviões neste ano certamente vai
querer voar de novo. ■
Publicidade Legal Marco Panza (Diretor de Publicidade
Legal e Financeira), Marco Aleixo (Gerente Executivo),
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4 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
DESTAQUE AVIAÇÃO
Empresas aéreas
adotam voo solo
Independentemente das melhorias em infraestrutura,
companhias investem alto para ampliar atuação no Brasil
Carolina Alves
Cláudia Bredarioli
redacao@brasileconomico.com.br
Incentivadas pelo aumento
crescente da quantidade de
brasileiros dentro de seus
aviões, as companhias aéreas
nacionais têm apostado alto
para atender aos passageiros,
tentando driblar os problemas
de infraestrutura no setor aeroportuário nacional.
“A demanda vem crescendo
muito, puxada pelo aumento
da renda. Mas, a infraestrutura dos aeroportos brasileiros
não está acompanhando esse
movimento”, afirma Evaristo
Mascarenhas, diretor de marketing e vendas da Trip. “Muitas vezes tivemos que fazer
mudanças nas nossas rotas
para adaptá-las às deficiências
de espaço e horário dos aeroportos”, completa.
Para isso, a Trip investiu na
aquisição de jatos maiores para
operar no mercado doméstico.
Este ano, a empresa aguarda a
chegada de 14 novos aviões à
frota. Hoje, a companhia trabalha com 43 aeronaves.
De acordo com Mascarenhas, os novos jatos devem
ampliar a oferta em até 70%
este ano. Com isso, a empresa
pretende reforçar a atuação
nas classes C e D, atuando especialmente no interior do
país. “Há 30 cidades, de baixa
e média densidade demográfi-
Todas as
companhias
preveem compra
e recebimento
de novas aeronaves
para este ano
ca, onde só a Trip atua. Queremos ampliar esses destinos”.
As cidades do interior também estão no foco de expansão
da Azul. “O grande potencial
de crescimento do setor hoje
não está nas metrópoles, mas
sim nas pequenas cidades”,
analisa Adalberto Febliano, diretor de Relações com Investidores da companhia. “Os investimentos do Programa de
Aceleração do Crescimento
(PAC) no setor estão centralizados nas 20 principais cidades
brasileiras, mas o Brasil tem
mais de 5,5 mil municípios”,
compara Febliano.
A Azul deve receber este ano
12 novas aeronaves, somando
investimentos de US$ 700 milhões. A medida deve elevar a
oferta de assentos em 50%,
visto que a empresa conta-
biliza 26 aviões atualmente.
“Queremos ampliar nossa rota
para mais 20 destinos, além de
elevar a frequência dos vôos
em regiões onde já atuamos”,
diz. “O Brasil vem conseguindo popularizar o transporte
aéreo e não pode parar esse
movimento por insuficiência
de infraestrutura”.
A Gol espera terminar o ano
com um total de 115 aeronaves operacionais. Estão previstos quatro
processos de devolução de aviões
e há cerca de 30 novos destinos
sendo avaliados pela companhia.
“A Gol está adaptada ao crescimento do mercado e trabalha em
conjunto com os órgãos competentes para monitorar a qualidade
dos aeroportos e desenvolver alternativas inteligentes”, acrescenta Rodrigo Alves, diretor de
Mercado de Capitais da Gol.
A Tam, líder de mercado, é a
companhia que calcula o
maior crescimento da demanda para o setor em 2011, de
18%. A base para essa conta
está no desempenho do ano
passado: “Em 2010, constatamos uma mudança no perfil de
passageiros, com a migração
de viajantes de ônibus para o
transporte aéreo, principalmente em viagens acima de
800 quilômetros”, afirmou em
nota, Líbano Barroso, presidente de Tam Linhas Aéreas. ■
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 5
LEIA MAIS
Novas regras de reajuste
tarifário da Anac podem
levar Infraero a ter que cumprir
requisitos de eficiência para os
67 aeroportos que administra,
dos quais 22 são superavitários.
Crescimento do
movimento de passageiros
no Brasil incentiva a importação
de aeronaves prejudicando a
balança de comércio, mas também
ampliando a produção local.
Aeroviários e
aeroportuários
conseguiram, depois de mais
de 100 dias de negociação com
empresas, aumento salarial de
8,75% para as duas categorias.
Rafael Neddermeyer
“
Muitas vezes tivemos
que fazer mudanças
em nossas rotas
para adaptá-las
às deficiências
de espaço e horário
dos aeroportos
Desempenho
será positivo
em 2011
“
Os investimentos do
PAC no setor estão
centralizados nas
20 principais cidades
brasileiras, mas
o Brasil tem mais de
5,5 mil municípios
Evaristo Mascarenhas,
Adalberto Febliano,
diretor de marketing e
vendas da Trip
diretor de relações com
investidores da Azul
Em 2010, crescimento
apresentado pelas
empresas foi de
23,47% em relação ao
ano anterior, segundo
dados da Anac
Resultados registrados pelas
companhias aéreas crescem na
esteira do aumento da demanda
A demanda de passageiros pelo
transporte aéreo cresceu 18,62%
nas rotas domésticas, em dezembro, na comparação com o
mesmo período do ano passado, segundo balanço da Agência Nacional de Aviação Civil
(ANAC). A expectativa para este
ano é de novo aumento substancial, de cerca de 15%.
É com base nessa perspectiva que as companhias aéreas
fazem suas estimativas de aumento de movimento para 2011.
Devem ampliar ganhos sobre o
desempenho positivo registrado no ano passado. Em 2010, as
companhias aéreas brasileiras
acumularam crescimento de
23,47% no mercado nacional
em relação ao ano anterior, segundo relatório da Anac. A
ocupação nos voos domésticos
aumentou de 65,76%, em 2009,
para 68,81%, no ano passado.
Nas rotas internacionais
realizadas pelas empresas brasileiras, a expansão em dezembro foi de 17,66% em relação ao
mesmo mês do ano anterior.
No acumulado do ano, o crescimento foi de 20,38% na comparação com 2009.
Para fomentar a expansão do
setor aeroportuário, a segunda
edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deve
injetar R$ 3 bilhões em obras de
infraestrutura nos aeroportos
brasileiros. O foco, contudo,
será para as 12 cidades que sediarão a Copa de 2014. Se a velocidade dos investimentos repetir o desempenho da primeira edição do programa, a estra-
tégia de fomento para o setor
pode não ser suficiente. Em
2007, foram anunciados (também) R$ 3 bilhões para ampliação e melhoria de 20 aeroportos
em todo o país. Desse total,
apenas R$ 281,9 milhões foram
desembolsados. Ao todo, 12 empreendimentos foram concluídos
em dez aeroportos — a previsão
era de 25 empreendimentos.
A intenção é tornar acessível
o transporte aéreo para mais
brasileiros. “Hoje no Brasil pelo
menos 100 milhões de pessoas
já têm condições de voar e ainda
não o fazem”, afirma Rodrigo
Alves, diretor de Mercado de
Capitais da Gol. ■ C.A. e C.B.
NAS ALTURAS
Crescimento da demanda puxa investimentos na frota
MOVIMENTO OPERACIONAL,
EM MILHÕES
2009
2010
EXPANSÃO
3,0
2,5
2
5
TAXA DE OCUPAÇÃO
15,2%
2009
78,00
EXPANSÃO
165
165,00
2,64
22,29
29
154,32
154,3
76,30%
72,25
68,81%
143,75
143
14
75
128,13
2,0
122
122,50
1,5
10
101,25
1,0
20,4%
Fontes: Infraero e Anac
66,50
69,20%
65,76%
60,75
80
80,00
0
VÔOS
2010
PASSAGEIROS
55,00
VÔO DOMÉSTICO
VÔO INTERNACIONAL
6 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
DESTAQUE AVIAÇÃO
Novas regras da Anac são ‘porta
aberta’ para concessões privadas
Com mudança na regulação, Infraero terá que cumprir requisitos de eficiência; aeroportos com capacidade
para atender mais passageiros com menores custos, como Congonhas, terão metas menos ambiciosas
André Penner
Juliana Rangel
jrangel@brasileconomico.com.br
O estabelecimento de regras
para reajustes tarifários anunciado pela Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac) na semana
passada é visto por especialistas como uma porta aberta para
futuras concessões de aeroportos à iniciativa privada. O consenso é de que empresas que
venham a se interessar pelo
modelo, a ser elaborado na
Casa Civil, precisam ter alguma
definição em relação ao marco
regulatório e critérios para remuneração de atividades.
“Isso torna o processo mais
interessante para o futuro concessionário porque permite ao
operador do aeroporto estabelecer preços diferentes para horários distintos”, diz o consultor
Respício do Espirito Santo, do
Instituto Cepta, que faz estudos
sobre o setor.
“Se você quer ter um regime
de concessão, é necessário que
haja regras claras de como será
a alteração de tarifas”, concorda uma fonte de uma empresa
aérea, que também enxergou
uma boa sinalização do governo na mudança.
O gerente de Regulação Econômica da Anac, Rogério Coimbra, nega que a fixação de regras para reajuste seja uma
pista de que o governo adotará
o modelo de concessões privadas. Atualmente, são poucos os
aeroportos concedidos nesse
formato, como o de São Gonçalo do Amarante, em Natal,
em construção.
“Essas regras serão aplicadas
a todos os aeroportos brasileiros, com exceção daqueles concedidos à iniciativa privada. Estes têm critérios de reajuste definidos nos contratos de concessão”, diz.
Coimbra, no entanto, admite
que as regras para reajuste previstas nos contratos são muito
parecidas com as que foram divulgadas pela Anac. Pelos novos
critérios, haverá um reajuste
anual de tarifas para embarque,
cobradas de passageiros, e de
taxas para pouso e permanência
em aeroportos, pagas por empresas aéreas. A correção de
preços será determinada pela
variação da inflação, descontados os ganhos de produtividade
do operador aeroportuário.
Além disso, de cinco em cinco anos, os critérios para fixação
de metas de produtividade, que
balizarão as novas tarifas, serão
revistos. Segundo a Anac, em
momentos de pico, a Infraero
Hoje, a Infraero
administra 67
aeroportos, mas
apenas 22 são
superavitários.
Na fixação de tarifas,
a Anac observará
os subsídios que
aeroportos mais
lucrativos dão aos
que têm prejuízos
Aeroportos, como o de
Cumbica, em Guarulhos (SP),
serão medidos por eficiência
poderá cobrar até 20% mais que
o teto da tarifa fixada, mas terá
que compensar a alta em outros
períodos de baixa.
Meta menor para Congonhas
As metas de eficiência levarão
em conta quantos passageiros ou
volume de carga o aeroporto
consegue transportar por determinado custo. Na medição, um
passageiro equivale a 100 quilos
de carga. “A tendência é de que
aeroportos mais eficientes, que
conseguem transportar mais
passageiros e carga por um determinado valor, tenham metas
menos ousadas que outros”, diz
Rogério Coimbra. “É que os aeroportos mais eficientes têm
menos gordura para queimar”.
Segundo ele, o aeroporto mais
eficiente, e que deverá ter a menor meta, é Congonhas.
Mas a nova regulação não
deixará de considerar os subsí-
dios cruzados, que permitem à
Infraero ter tarifas mais altas em
aeroportos superavitários para
compensar a atividade dos que
são deficitários. Hoje, a empresa
administra 67 aeroportos, sendo
apenas 22 superavitários. “A
conta que levará ao reajuste tem
como premissa o subsídio cruzado. Se não fosse assim, haveria
redução das tarifas em aeroportos com alta eficiência e aumento brutal nos deficitários”. ■
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 7
TAXA DE EMBARQUE
VIAGEM INTERNACIONAL
PASSAGEIROS
VIRACOPOS I
VIRACOPOS II
R$ 19,62
R$ 1,67/tn
154 milhões
9 milhões
18 ressalvas
É o valor máximo cobrado em
voos domésticos. O valor mínimo
é R$ 8,01, reajustado em 2005.
Para voos internacionais, a taxa
vai de US$ 12 a US$ 36 e a
última correção foi em 1997.
É a tarifa máxima cobrada das
empresas aéreas para pousos.
As tarifas de permanência no
pátio de manobras é de R$ 0,09
a R$ 0,33 por tonelada/hora.
Não há reajustes desde 1994.
Foi a quantidade de pessoas
transportada por meio
dos aeroportos da Infraero
no ano passado. Por eles
também passaram 1.174.396.073
de quilos em carga.
de passageiros é a capacidade
anual de transporte que
Viracopos passará a ter depois
de sua expansão, autorizada
na semana passada. Atualmente,
a capacidade é de 5 milhões.
Foram impostas pela secretaria
do Meio Ambiente de São Paulo
para liberar a obra. A expansão
vai custar R$ 823 milhões
e prevê a construção de uma
nova pista e um segundo terminal.
● O novo secretário de aviação
civil deve definir quem será o
substituto de Solange Paiva na
presidência da Anac, cujo
mandato vence em março.
● A Anac aprovou as novas
metas de aeroportos e suas
tarifas na última sexta-feira.
As informações serão publicadas
essa semana em uma Resolução.
● Valerá para o passageiro
a tarifa de embarque informada
na data da compra da passagem,
mesmo se houver reajuste
ou redução do preço mais tarde.
NOVO GOVERNO, NOVAS REGRAS
● A formatação de um novo
modelo do setor aéreo no Brasil
será dirigida pelo Ministério
da Casa Civil e não mais
pelo Ministério da Defesa.
● A expectativa é de que
o governo anuncie em
breve o nome que ocupará
a Secretaria Especial de
Aviação Civil, a ser criada.
8 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
DESTAQUE AVIAÇÃO
Paulo Fridman/Bloomberg
A fabricante brasileira Embraer
encerrou o ano de 2010
com 246 jatos entregues
Crescimento da demanda interna
eleva a importação de aeronaves
Cenário não favorece a balança de comércio, mas, ao mesmo tempo, impulsiona fabricantes nacionais,
como a Embraer, que concorre com as companhias chinesas no segmento de aviões de menor porte
Carolina Alves
Cláudia Bredarioli
redacao@brasileconomico.com.br
O crescimento da renda do brasileiro, que tem aumentado a frequência das classes C e D nos saguões de aeroportos em todo o
mundo, está levando também o
volume de importações de aeronaves e peças às alturas. Segundo
dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (Mdic), em 2010 o Brasil
importou US$ 2,29 bilhões em
aviões e partes, uma expansão de
138% em cinco anos. Em 2005, o
volume adquirido do exterior não
passava de US$ 967,6 milhões.
“As companhias aéreas estão
investindo pesado, com foco na
ampliação do atendimento doméstico, que é a demanda que
mais cresce. Contudo, muitos
aeroportos estão operando com
capacidade limite, como os de
São Paulo e Brasília”, diz Marcos
José Barbieri Ferreira, especialista em indústria aeronáutica
da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp).
Para amenizar esse problema, o governo anunciou investimentos de mais de R$ 6 bilhões em obras para expansão
de 20 aeroportos. Os recursos,
provenientes de duas edições
do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), prometem
atender ao crescimento da demanda interna e do futuro aumento do tráfego com os eventos esportivos de 2014 e 2016.
Enquanto eles não se concretizam, as empresas ficam engessadas para investir.
“O Brasil, que não está acostumado a crescer, verá o setor
aéreo ser ampliado em cerca de
15% ao ano. Mas, sem tradição
de investir a longo prazo, o país
acumulou sérios gargalos em
infraestrutura aeroportuária”,
analisa Ferreira, explicando a
dificuldade de o país solucionar
as questões que hoje impedem o
bom funcionamento do setor.
BALANÇA COMERCIAL
Importação e exportação
de aeronaves e partes cresce
exponencialmente em cinco anos,
em US$ bilhões
Importação
Exportação
1,23
2006
3,44
1,91
2007
5,06
2,8
2008
5,9
2,21
2009
4,19
2,29
2010
4,36
0,00
1,32
2,64
4
3,96
5,28
EXPANSÃO
EXPANSÃO
86%
26,7%
Fonte: MDIC
6,60
De dentro
O aumento da demanda também tem impulsionado a produção por fabricantes nacionais, especialmente a Embraer.
“O mercado externo de aeronaves sofreu muito com a crise,
tornando o próprio país o alvo
potencial de crescimento dos
negócios”, afirma o especialista. Ele ressalta que a Embraer
não tinha uma fatia significativa
do mercado brasileiro. “Hoje, a
Azul é a principal cliente da
companhia”, complementa.
A Embraer entregou 92 jatos
no quarto trimestre de 2010, dos
quais 30 para o mercado de
aviação comercial, 61 para o de
aviação executiva e um para o
segmento de defesa. Com isso, a
empresa encerrou 2010 com 246
jatos entregues. A carteira de
pedidos firmes a entregar fechou o ano em US$ 15,6 bilhões,
valor 2% maior que o registrado
em 30 de setembro de 2010.
Ferreira alerta, contudo, sobre
potencial chinês neste mercado.
“Os chineses ainda não possuem
aeronaves compatíveis em qualidade às da Embraer para competir com a brasileira no mercado
externo, mas é uma questão de
tempo para que a China ameace o
setor, como tem feito com os demais segmentos da economia no
mundo todo”, diz.
Mas até mesmo no mercado
chinês a fabricante brasileira tem
conseguido se posicionar: no
início de janeiro anunciou a venda de 10 aviões comerciais para a
chinesa CDB Leasing, em um negócio estimado em US$ 400 milhões a preços de tabela. As aeronaves Embraer 190 serão usadas
pela China Southern, a maior
companhia aérea do país e a terceira do mundo. ■
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 9
Negociação salarial demorou mais de 100 dias
Mesmo com definição de reajuste em 8,75%, aeronautas e aeroviários têm ainda várias questões a serem discutidas com as
empresas, que envolvem, entre outros pontos, o cumprimento das escalas, uma das principais causas dos atrasos dos voos
Fabio Gonçalves/O Dia
Além da infraestrutura, outra
questão que tem pautado as discussões em torno do crescimento
do setor aéreo é a oferta de mão de
obra. Mas, nem mesmo diante da
escassez de profissionais, os trabalhadores conseguiram fazer valer suas reivindicações nas últimas
negociações salariais que quase
levaram a uma greve na antevéspera do Natal no ano passado.
Foi somente depois de mais de
cem dias de negociações — terminadas há uma semana —, que aeronautas e aeroviários assinaram
acordo com o Sindicato Nacional
das Empresas Aeroviárias (SNEA)
para garantir o reajuste de 8,75%
nos salários, diárias, cesta básica
e seguros, e 10% de aumento nos
pisos salariais. O resultado das
negociações significou uma alta
real nos salários de 2,52% e
3,70%, respectivamente, para
aeronautas e aeroviários, acima
do índice da inflação (6,08%),
além da renovação de todas cláusulas sociais por mais dois anos.
Há várias questões ainda a
serem discutidas entre patrões e
empregados para tentar evitar
Aeroviários pediam
aumento de 13%
e aeronautas
de 15% no início
das negociações
Manifestações dos trabalhadores
foram frustradas com suspensão
de greve pela Justiça em 2010
novos impasses como as ameaças de greve em períodos de
grande movimento. Por isso, no
acordo ficou definido também
que em março será realizada a
primeira reunião bimestral do
ano entre patrões e empregados, quando serão discutidos alguns assuntos fundamentais
para a categoria, entre eles as
condições de trabalho (escalas
de voo), diárias internacionais e
recebimento de auxílio creche.
No início das negociações, os
trabalhadores aeroviários (que
atuam em terra) exigiam aumento salarial de 13% e alta de
30% no piso. Já os aeronautas
(que trabalham em voo) queriam índice de reajuste de 15%.
Por sua vez, o Snea chegou a
sugerir a alteração da data-base
(período de renegociação salaria da categoria) para março, em
vez de dezembro. Os trabalhadores recusaram a proposta.
Ao longo de 2010, várias
companhias aéreas atrasaram
ou cancelaram voos em razão de
falta de tripulantes. ■
10 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
OPINIÃO
Sergio Vale
Marcelo Mariaca
João Galassi
Economista-chefe da MB Associados
Presidente do conselho de
sócios da Mariaca e professor
da Brazilian Business School
Presidente da Associação Paulista
de Supermercados (Apas) e
supermercadista de Campinas
Inflação
Caia na rede, mas...
Discurso ambiental
Já se disse que a história se repete como farsa, após
ter sido escrita inicialmente como tragédia. Isso se
parece cada vez mais com nosso processo inflacionário. Ele já foi uma vez tragédia, tanto nos números em
si quanto nos malfadados planos para derrubá-la.
Mas hoje os desacertos para tentar debelar a inflação
começam a se repetir, dessa vez escamoteada por
falsas acusações de culpados e tentativas espúrias de
mecanismos de controle inflacionário. Os mais recentes desses artifícios se chamam inflação de alimentos e controle de crédito.
O primeiro é uma ameaça real. Mas já era real na
época de FHC e assim será nos próximos dez anos ou
mais. Uma simples análise da inflação aberta nos governo FHC e Lula mostra que os preços de bens nãoduráveis, majoritariamente alimentos, subiram praticamente a mesma coisa nos dois governos. E deverá
continuar a subir nos próximos anos pelos crescimentos da China e da Índia. Não apenas por China,
mas agora pela Índia, cujo processo de crescimento
desponta como uma das forças nos próximos anos e
deverá colocar pressão em commodities agrícolas,
como soja e milho. Isso nos leva a crer que a inflação
que virá de alimentos deve ser um processo mais permanente do que temporário, o que exigiria do governo um cuidado extra com os outros componentes da
inflação. Mas a farsa aqui é culpar a alimentação pela
inflação geral e tratá-la como meramente temporária
ou sem riscos de contaminação de outros elementos,
como alimentação fora do domicílio.
Com a internet e as redes sociais, as pessoas estão cada
vez mais conectadas, o que facilita o chamado
networking, instrumento poderoso para abrir as portas
do mercado de trabalho e dos negócios. No entanto,
com a diversidade de ferramentas, o fantástico número
de usuários e a tendência ao caos que a rede sugere, os
profissionais têm dificuldades de administrar de forma
eficiente e tirar proveito dos relacionamentos virtuais.
Afinal, como ganhar visibilidade e aparecer de
forma diferenciada na rede social, quando todos se
apresentam com clichês como motivado, inovador,
dinâmico, focado em resultados? Como se conectar
a pessoas certas e tornar produtivos esses relacionamentos? Como entrar em grupos sem se sentir ou
ser considerado um “penetra” chato e indesejável?
Desde que a preocupação ambiental passou a fazer
parte da agenda obrigatória de empresas e governantes, a partir do final dos anos 1970, diversos planos, projetos, teorias e estratégias foram elaborados
como caminhos para reduzir o impacto da atividade
humana sobre os recursos naturais. Nesse período, o
foco da discussão foi gradativamente passando da
mera preservação da natureza para a sobrevivência
da espécie humana.
A tomada de consciência, como é natural em
qualquer processo de mudança de mentalidade, foi
lenta. Houve avanços progressivos na legislação, alguns setores de maior impacto passaram a ser fiscalizados mais rigorosamente, mas o fato é que a emissão
de poluentes só cresceu nas últimas décadas. É verdade que nesse período o debate também cresceu,
ganhou corpo internacional, mas o esforço de eventos como os realizados em Kyoto, Rio e Copenhague
surtiram pouco efeito prático.
Com 40 anos, a discussão é madura, mas muitos
projetos continuam se mostrando frágeis em termos
de implementação, seja pela incapacidade, seja pela
falta de vontade política de agir. Apesar desse cenário de poucas atitudes concretas, o assunto conquista
corações e mentes na busca por um mundo melhor e,
principalmente, porque tem seu alicerce no conceito
de sustentabilidade.
No varejo um conjunto de pequenas ações agregadas tem um impacto significativo em termos econômicos, pois permite reduzir desperdícios e perdas,
diminuir custos e gerar receitas adicionais, aproximando e engajando os igualmente preocupados. Entre os exemplos de ações ambientalmente corretas, a
extinção das sacolas plásticas continua sendo a principal bandeira do setor supermercadista.
A Associação Paulista de Supermercados (Apas)
tem se consolidado como fórum de discussões que
tenham como objetivo tornar os supermercados mais
sustentáveis e implantar mudanças culturais e de
mentalidade de forma mais efetiva na sociedade em
prol do meio ambiente, mostrando que buscar um
mundo melhor pode ser fonte de bons negócios.
Simples exercícios econométricos
mostram que em serviços, que são o
principal vilão da inflação hoje, não
é o crédito que importa, mas a renda
Aqui entra a “arma” que tem sido usada pelo governo, o controle de crédito. Desde o final de dezembro o governo começou a editar medidas macroprudenciais, que, apesar do nome pomposo, nada mais
são que elementos para controlar a expansão do crédito ao consumo. Mas se a principal razão de crescimento da inflação fosse bens duráveis, a desaceleração do crédito seria muito bem-vinda. Entretanto,
simples exercícios econométricos mostram que para
serviços, que é o principal vilão da inflação hoje, não
é o crédito que importa, mas a evolução da renda.
Afinal, o pagamento da TV a cabo ou do cabeleireiro
dependem essencialmente de haver renda ou não.
Esses exercícios mostram que depois de dez meses
o impacto do crédito nos preços de serviços é zero,
enquanto um aumento de 1 ponto percentual na renda levaria a um crescimento de 0,6 ponto em serviços. Fica claro que para combater a inflação de serviços não adianta só controlar o crédito, mas sim a renda. Para isso, a melhor opção é a taxa de juros, pois
afeta a economia de forma generalizada. A política de
crédito às vezes me lembra um vício que o governo
tem de escolher vencedores ou perdedores, como se
faz no BNDES. Tenta-se ajustar um pedaço da economia o que pode causar mais distorção do que ajuste.
De um lado, o Ministério da Fazenda insiste nos
preços de alimentos e, de outro, o BC foca o crédito
como razão central para controlar a inflação. Mas há
quem diga que o governo começou muito bem. ■
Planeje sua entrada na rede social.
Defina objetivos, avalie
ferramentas e calibre a imagem.
Não seja um franco atirador
A rede social tem uma lógica: o usuário aumenta conexões com pessoas que realmente conhece ou com
quem mantém algum tipo de relacionamento – e, a
partir desses contatos, ele se conectará progressivamente a pessoas que não conhece no mundo físico. Ou,
seja, no networking virtual, o céu é o limite. Mas, apesar desse caráter, digamos permissivo, da rede, o
profissional precisa ter organização, objetividade,
foco e persistência. Alguns conselhos:
Planeje sua entrada na rede social. Não caia na
rede apenas porque todo mundo está lá. Defina objetivos, avalie as ferramentas, calibre a imagem e as
mensagens que queira transmitir. Não seja um franco
atirador. Não convide desconhecidos apenas para
alavancar sua rede. Procure se conectar a pessoas e
grupos com os quais tenha interesses em comum.
Não confunda alhos com bugalhos. Todas as ferramentas contribuem para o networking, mas cada
uma tem uma funcionalidade específica. Se você quiser apresentar seu currículo, procurar contatos em
sua área, prospectar negócios ou participar de discussões profissionais de seu interesse, o LinkedIn é a melhor ferramenta, pois tem um foco mais corporativo.
O Facebook é mais democrático e serve para você
compartilhar novidades, idéias, falar de sua vida. Isso
não quer dizer que deva ser descartada para relacionamento de caráter profissional, pelo contrário.
Vá além dos clichês. Procure, quando oportuno,
mostrar suas experiências profissionais concretas,
como projetos que liderou, resultados que obteve,
desafios que superou. Divida conhecimentos, é uma
forma de você se diferenciar na rede. Tenha bom
senso. Não entre em grupos de discussões de temas
que não o interessam ou que você não domina. Você
será visto como bobo, ingênuo e oportunista.
Tente trazer para o mundo real os relacionamentos
virtuais. Aproveite oportunidades para conhecer pessoalmente gente com a qual mantém contatos virtuais –
em eventos, congressos, feiras, festas corporativas,
campeonatos ou happy hours, Mas sem forçar a barra. Se
você acha que albatroz, birdie e eagle só existem na ornitologia, não convide ninguém para jogar golfe. Por fim,
trabalhe as redes de forma sistemática e metódica, pois
incursões eventuais não constroem relacionamentos. ■
Com 40 anos, a discussão ambiental
é madura, mas muitos projetos
continuam se mostrando frágeis
em termos de implementação
A cidade de Jundiaí é exemplo de que a iniciativa
privada com apoio público pode gerar resultados
sustentáveis surpreendentes. Três meses depois de
implantar um projeto pioneiro de substituição das
sacolas plásticas tradicionais por métodos alternativos de transporte de mercadorias, os supermercados
de Jundiaí praticamente extinguiram a utilização
das sacolas plásticas tradicionais (80 toneladas
mensais de plástico), implantando em 99% dos supermercados a opção retornável.
No futuro próximo, a conscientização ambiental
chegará a um nível tão elevado, que o supermercadista será pressionado pelos próprios consumidores a
oferecer mercadorias e serviços sustentáveis em sua
área de vendas. Assim, nada mais inteligente do que
antecipar a tendência e favorecer essa onda positiva,
em vez de tentar se opor a ela. ■
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 11
Divulgação
Ex-integrante lança novo WikiLeaks
Um grupo liderado pelo ex-vice-chefe do WikiLeaks lançou um novo
site para ajudar informantes a vazar informações dos bastidores
da reunião entre a elite do mundo de negócios global em Davos.
Daniel Domscheit-Berg, antigo braço direito do chefe do WikiLeaks, Julian
Assange, afirmou que o Openleaks.org pretende ser um canal que facilite
e torne mais seguro o vazamento de informações por pessoas normais,
de forma anônima, e sua divulgação para a mídia e o público em geral.
Referência no mercado para implementar IFRS / CPCs.
www.grupofbm.com.br
Peter Parks/AFP
O ANO DO COELHO
Começa amanhã o ano do coelho, que, segundo o horóscopo chinês, é período de paz, diplomacia e calma. Para os asiáticos, é um excelente
momento para as negociações políticas. Na China, as ruas estão repletas de decorações alusivas à data e milhões de pessoas lotam trens e
rodovias para comemorar o novo ciclo lunar junto aos familiares que vivem no interior do país. As festas devem se prolongar por vários dias.
ENTREVISTA MARCOS MORITA Consultor em marketing e planejamento estratégico
Modelo de produção provoca mais recalls
A terceirização da
produção de veículos dificulta
a identificação dos
responsáveis pelas falhas
Micheli Rueda
mrueda@brasileconomico.com.br
A convocação de veículos para o
reparo de defeitos tornou-se recorrente para os brasileiros.
Dentre os motivos, Marcos Morita, consultor em marketing e
planejamento estratégico, destaca o processo produtivo adotado pelas montadoras, que pri-
vilegia a quantidade produzida
em detrimento da qualidade.
Por que a quantidade de
recalls tem aumentado?
Basicamente quatro pontos têm
influenciado. O primeiro deles é
o aumento de produção. O segundo fator é a velocidade de
lançamentos. O ciclo de vida dos
automóveis encurtou. O Fusca,
por exemplo, ficou 40 anos no
mercado. As montadoras tinham tempo para encontrar os
defeitos. Outro elemento é a terceirização da produção. Antiga-
Divulgação
“O recall
virou algo
intrínseco
ao modelo,
pois todas as
montadoras
estão inseridas
neste sistema”
mente, era tudo verticalizado.
Hoje, vem tudo de fora. Com
isso, fica difícil encontrar um
culpado por possíveis falhas. O
último ponto diz respeito aos
consumidores, que se tornaram
mais conscientes.
O que pode ser feito
para evitar os recalls?
O problema está no processo
produtivo. A terceirização tornou-se parte do modelo de negócios que existe hoje. A urgência de produção leva aos defeitos. A empresa que demora para
lançar um produto torna-se menos competitiva.
Qual seria a melhor estratégia
para empresas envolvidas em
recall?
As empresas têm que unir rapidez, transparência e alinhamento de mensagem e procedimento. Isso vai revelar o grau de impacto que o recall terá sobre os
consumidores. ■
Leia versão completa em
www.brasileconomico.com.br
12 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
BRASIL
Sindicalismo de resultado chega
Formado nas fileiras da CUT, o deputado petista Marco Maia, 45, deve assumir amanhã a Câmara dos Deputados
Pedro Venceslau
pvenceslau@brasileconomico.com.br
Em meados do último mês de
dezembro, um dia depois de
conceder uma entrevista à revista Veja, na qual criticou duramente o sindicalismo, o deputado federal Cândido Vacarezza (PT-SP), líder do governo
e pré-candidato à presidência
da Câmara, cruzou com o colega
Paulinho da Força (líder da Força Sindical) nos corredores da
casa. A conversa foi rápida, mas
reveladora. “Eu vou perdoar a
entrevista porque sei que você
estava falando para a direita. Só
não sei se os seus colegas do PT
farão o mesmo”, disse Paulinho.
Ele estava certo. Ao bater de
frente com o sindicalismo, Vacarezza perdeu o apoio do setor mais barulhento e articulado da bancada em sua campanha para ser o nome da legenda na sucessão de Michel Temer (PMDB-SP). Era o que faltava para que uma conjunção
de forças imponderáveis virasse
um jogo certo. Apesar do apoio
do Planalto e da equipe de transição, Vacarezza foi derrotado
internamente em um embate
que ganhou ares de crise.
E assim o nome de Marco
Maia, um sindicalista gaúcho de
45 anos, formado nas fileiras da
CUT, emergiu como terceira via e
acabou se tornando o candidato
franco favorito para assumir o
terceiro cargo mais importante
da República. De perfil conciliador, ele deve ser eleito amanhã
com folga, já que conseguiu o
apoio de quase todos os partidos
que habitam a casa, com exceção
do pequeno e radical Psol — há 22
partidos representados na Casa.
“O PT aprendeu com a divisão. O
processo de escolha do nosso
candidato foi duro, mas está cicatrizado”, pondera o deputado
Paulo Teixeira (PT-SP), novo líder
do partido na Câmara.
A pergunta que todos se fazem, entretanto, é qual será a
postura de Maia diante da primeira grande polêmica do parlamento depois da posse da
nova legislatura: o valor do salário mínimo. “O mar não está
para peixe para o aumento do
mínimo. De qualquer forma, o
Marco é um conciliador. Ele
ouve muito e processa as coisas“, diz Teixeira.
Para o cientista político Rudá
Ricci, um ex-militante petista
com trânsito na CUT, é um engano achar que o perfil de Maia
facilitará a vida dos sindicalistas
“
(Michel) Temer
tinha muito domínio
sobre as normas,
o regimento e
a Constituição.
Acredito que
o Marco Maia terá
uma certa dificuldade
nesse sentido
Jô Moraes,
deputada federal do PCdoB-MG
no debate sobre o salário mínimo. “Os sindicalistas ‘cutistas’
se dizem, desde a criação da
CUT, inflexíveis só nos princípios. Tanto a Força (Sindical)
quanto a CUT estão no Ministério do Trabalho. Eles aprenderam a fazer a grande política.”
Para ilustrar o pragmatismo
dos sindicalistas, Rudá lembra
que nos anos 1980, dirigentes
sindicais da CUT e da Federação
das Indústrias do estado de São
Paulo (Fiesp) acertavam suas
diferenças no restaurante do luxuoso hotel Macksoud Plaza.
Diferenças e semelhanças
A comparação entre Maia e seu
antecessor, Michel Temer, é inevitável. Os dois têm perfis bem
diferentes, mas que não chegam
a ser diametralmente opostos.
“O Temer tinha muito domínio
sobre as normas, o regimento e a
Constituição. Acredito que o
Maia terá uma certa dificuldade
nesse sentido. Mas acho que ele
tornará os caminhos da Câmara
mais acessíveis. O encanto do
poder não o contaminou”, avalia a deputada mineira Jô Moraes, do PCdoB, partido que até o
último momento ameaçou lançar a candidatura de Aldo Rebelo
para a presidência da Câmara.
Apenas dois nomes haviam se
apresentado para enfrentar
Maia, ambos sem apoio de seus
partidos. Sandro Mabel, do PRGO, e Jair Bolsonaro, do PP-RJ.
É o tempero que faltava. ■
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 13
Wilson Dias/ABr
Não se garante manutenção do dólar, diz Dilma
O câmbio tem oscilado pouco, mas não se pode descartar desvalorização
do real, disse a presidente Dilma Rousseff em entrevista publicada ontem
por jornais argentinos. “Nos últimos tempos, conseguimos manter o dólar
numa faixa de flutuação. Não tivemos derretimento como se falou por aí.
Oscilou todo o tempo entre R$ 1,60 e R$ 1,70”, explicou. “Agora, ninguém
no mundo pode dizer que garante isso (a não desvalorização).”
Dilma se reúne hoje com a presidente argentina, Cristina Kirchner.
AGENDA DO DIA
● A FGV divulga a sondagem da
indústria relativa ao mês de janeiro.
● Banco Central: Pesquisa Focus
dá expectativa do mercado para
principais indicadores da economia.
● Banco Central: nota
sobre política fiscal relativa
ao mês de dezembro.
José Cruz/ABr
ao poder na Câmara
em meio ao cabo de guerra sobre o valor do salário mínimo
Elza Fiuza/ABr
De perfil conciliador,
Marco Maia conseguiu
o apoio de 21 dos 22
partidos da Câmara
Sarney ocupará
a presidência
pela quarta vez
Sarney fica
mais dois anos
Marta Suplicy foi escolhida pelo PT
para ocupar a vice-presidência,
cargo de grande visibilidade
ANÁLISE
Guerra pelo segundo escalão recomeça na quarta-feira
O clima de paz entre PT e PMDB
deve acabar logo depois das
eleições para as mesas diretoras
do Senado e da Câmara.
Por ordem da presidente Dilma
Rousseff, as negociações para
os cargos de segundo escalão
onde existem disputa partidária
foram congeladas para evitar
a contaminação dos acordos
no Congresso. A partir de
quarta-feira, as conversas serão
retomadas a todo vapor. Entre
outros cargos, estão em jogo
diretorias da Caixa Econômica,
Petrobrás e Anvisa. Ao BRASIL
ECONÔMICO, um alto dirigente do
PMDB revelou que a presidente
Dilma Rousseff mandou um
recado ao partido: quer tudo
resolvido em, no máximo,
15 dias. No PMDB, a avaliação
predominante é que o PT sob
Dilma está decidido a ampliar
seu espaço no governo. E nada
poderá ser feito para evitar
esse movimento. P.V
O senador José Sarney (PMDBAP) repetiu o script de dois anos
atrás. Depois de meses negando
que seria candidato à presidência do Senado, esperou que seu
nome fosse aclamado para só
então assumir uma pretensão
mais do que conhecida nos corredores de Brasília. A articulação foi cuidadosamente feita
pelo PMDB em sintonia com o
Palácio do Planalto e o PT. Ele já
ocupou a Presidência do Senado
em três ocasiões: de 1995 a
1997, de 2003 a 2005 e de 2009
até agora. Na véspera da eleição
para a Mesa Diretora da Casa, o
desafio é evitar que a distribuição dos cargos se transforme
em embate político.
Dois são os cargos mais cobiçados: a vice-presidência e a primeira secretaria, que é uma espécie de prefeitura do Senado e
comanda um orçamento de R$ 3
bilhões. “O PT fez a opção pela
vice-presidência, que é um cargo de grande visibilidade”, ex-
plica o senador Valdir Raupp,
presidente em exercício do
PMDB. Depois de uma longa
disputa interna com José Pimentel (CE), Marta Suplicy conseguiu garantir o posto. Os holofotes da vice-presidência fazem
parte de seu plano de manter-se
em evidência para disputar a
prefeitura de São Paulo em 2012.
Pelo acordo fechado internamente, Pimentel sucederá
Marta. Estreante no Senado,
Lindberg Farias (RJ) foi escolhido para a cobiçada Comissão
de Infraestrutura. Já a primeira
secretaria ficará com o PSDB,
que deve optar pelo senador Cícero Lucena (PSDB-PB). A segunda secretaria, cargo que
responde pelos passaportes especiais dos parlamentares, ficará com o PTB. O senador João
Vicente Claudino, do Piauí,
deve permanecer com a vaga.
Para o presidente do PMDB,
os acordos no PMDB e no Senado encerram o período de litígio
com o PT. “Depois da eleição
para as mesas, os dois partidos
caminham para uma pacificação geral”, diz. ■ P.V.
14 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
BRASIL
Alexandre Carius
GASTOS PÚBLICOS
ÁREAS VULNERÁVEIS
Despesas do governo central registram
expansão de 22,4% em 2010
Governo vai investir R$ 600 milhões
na Defesa Civil após tragédia no Rio
As despesas do governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e
Banco Central) tiveram expansão de 22,4% em 2010 na comparação com
2009. O total de despesas atingiu R$ 700,128 bilhões ante os R$ 572,184
bilhões registrados no período anterior. O Tesouro Nacional anunciou
que, mesmo com o aumento percentual dos gastos, cumpriu a meta
de superávit primário do Governo Central, de 2,15% em relação ao PIB.
O governo federal vai investir R$ 600 milhões na estruturação da
Defesa Civil nos municípios mais vulneráveis, disse na última sexta-feira
a presidente Dilma Rousseff. O projeto prevê a reestruturação de todo
o sistema nacional de Defesa Civil e o aumento da responsabilidade das
Forças Armadas com a construção de cinco centros regionais militares
para atendimento imediato das vítimas de desastres ambientais.
Finep planeja se tornar instituição
financeira para captar mais recursos
Projeto, estudado pelo Banco Central, existe desde 2007 e ganha reforço com novo presidente, Glauco Arbix
Patrícia Santos
Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
dhaidar@brasileconomico.com.br
A velha ideia de transformar a Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep) em instituição financeira,
estudada por um grupo de trabalho do Banco Central desde 2007,
ajudaria o órgão de fomento da
inovação a captar mais recursos e
mitigaria o risco de corte orçamentário pelo governo federal.
Isso porque a Finep, como instituição financeira, seria retirada
do cálculo do superávit primário
como acontece com Banco do
Brasil e Caixa Econômica Federal
hoje em dia. “A Finep teria mais
liberdade e não afetaria as metas
do governo de resultado primário”, diz o diretor-financeiro da
Finep, Fernando Ribeiro.
A transformação da Finep em
banco de fomento de tipo especial
virou também bandeira do ministro Aloizio Mercadante e do
novo presidente da Finep, Glauco
Arbix. A ideia vinha sendo gestada pelo último presidente da
agência de fomento, Luís Fernandes, desde que tomou posse em
meados de 2007. Segundo ele, há
até uma minuta de decreto do
Conselho Monetário Nacional
preparada para a mudança.
A preocupação em ficar fora
do superávit primário vem em
um momento em que a presidente Dilma Rousseff vai fazer cortes
orçamentários que podem afetar
o orçamento da Finep de fomento
à inovação. Arbix foi empossado
presidente da entidade na última
sexta-feira (28) com essa preocupação. “Precisamos de um implemento de recursos”, disse o
sociólogo Glauco Arbix ao anunciar que pretende dobrar os desembolsos da Finep até 2014.
De acordo com balanço do
órgão, no ano passado, a Finep
desembolsou R$ 4 bilhões, somando empréstimos, subvenções e participações em private
equities — de recursos próprios,
de fundos setoriais e do Fundo
Nacional de Desenvolvimento de
Ciência e Tecnologia (FNDCT). A
meta de Arbix é chegar a R$ 8
bilhões até 2014 para conseguir
elevar os investimentos do setor
privado em pesquisa e desenvolvimento para algo próximo de
0,9% do PIB. Em 2010, esse in-
Novo status
tiraria Finep do
cálculo de superávit
primário, o que
evitaria restrições
orçamentárias
para inovação
Novo PDP definirá
objetivos para aumentar
investimentos privados
em P&D, diz Arbix
vestimento privado em inovação
chegou perto de 0,75% do PIB
pelas estimativas de Arbix. Uma
nova política de desenvolvimento produtivo (PDP) deve definir os objetivos de elevação do
investimento em pesquisa. “A
ideia é aumentar a porcentagem
do faturamento das empresas
privadas em pesquisa e desenvolvimento”, afirmou.
Para Fernando Ribeiro, diretor-financeiro da Finep, o importante para 2011 é manter os
desembolsos atuais. “Vamos tentar manter ao menos esse patamar, já que é ano de ajuste”, disse
Ribeiro ao BRASIL ECONÔMICO. ■
2010
SETOR PRIVADO
R$
4 bi
foi o total desembolsado
0,79%
do PIB foi o total investido
pela Finep em 2010, incluindo
o montante relativo a
empréstimos, subvenções e
participações em private equities.
pela iniciativa privada em
pesquisa e desenvolvimento no
ano passado. A ideia é ampliar
essa participação para 0,9%.
2014
SEM RESTRIÇÕES
R$
8 bi
é a meta para desembolsos
Superávit
Meta do atual presidente é
da instituição até 2014,
aumentando investimentos
da iniciativa privada em P&D.
tirar a Finep do cáculo do
superávit primário para não inibir
os investimentos em inovação.
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 15
Murad Sezer/Reuters
IMPOSTOS
QUALIDADE DE VIDA
Empresários que fizeram doações a vítimas
das chuvas no Rio terão isenção de ICMS
ONU pede qualidade no ambiente de
trabalho para evitar doenças crônicas
Os empresários que fizerem doações de mercadorias para as vítimas das
chuvas das cidades da região serrana do Rio de Janeiro estarão isentos do
pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
A isenção, autorizada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária
(Confaz), vale também para o serviço de transporte das mercadorias doadas.
Os benefícios fiscais produzirão seus efeitos até 31 de março de 2011.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon,
apelou aos empresários para que proporcionem um ambiente saudável de
trabalho aos funcionários. Segundo ele, 60% das doenças não transmissíveis
– como câncer, diabetes e acidente vascular cerebral (AVC) – podem ser
evitadas quando os fatores de risco são reduzidos. As doenças crônicas são
responsáveis pela morte de 35 milhões de pessoas por ano no mundo.
Douglas Engle/Bloomberg
Depois de perder empresas para São Paulo, estado
fluminense atrai empresas da cadeia petrolífera
Rio tenta resgatar passado econômico
Diante de investimentos bilionários, pesquisador vê uma oportunidade para o estado retomar importância do início do século 20
André Urani, fundador, pesquisador e presidente do Instituto de
Estudos do Trabalho e Sociedade
(IETS), escreveu, em 2008, “Trilhas para o Rio – Do Reconhecimento da Queda à Reinvenção do
Futuro.” O livro foi embasado
nas pesquisas do IETS e traçou
um diagnóstico amplo do Rio,
além de sugerir caminhos para
que o Rio recuperasse sua importância econômica e lidasse
com seu enorme passivo social.
A tragédia na região serrana
do estado durante o mês de janeiro mostra que a integração
entre estado e municipios ainda
precisa evoluir para evitar situações como essa, embora haja
um certo consenso de que o estado vive um momento especial
e que é preciso aproveitá-lo
para uma conquista mais duradoura. “Os problemas do Rio
como um todo, do próprio Estado, são problemas que foram se
acumulando ao longo de décadas. E como bem lembrou Nelson Rodrigues: ‘subdesenvolvimento não se improvisa, é obra
de séculos’, diz Urani. ■
TRÊS PERGUNTAS A...
Felipe O’Neill/O Dia
...ANDRÉ URANI
Presidente do Instituto de Estudos
do Trabalho e Sociedade (IETS)
Não se muda cultura
do ‘eu sozinho’ de
uma hora para outra
Quando e por que o Rio começou
a perder a força econômica?
Podemos simbolicamente atribuir
a transferência da capital para
Brasília como um marco inicial
de um processo de decadência.
Tivemos uma desindustrialização
precoce que aconteceu no país com
a abertura da economia já nos anos
1970. As agências de publicidade
se concentravam aqui no Rio
até os anos 1980; perdeu o setor
financeiro para São Paulo; perdeu
muito em termos de trabalho
de boa qualidade, pelo menos
no primeiro momento, com a
privatização. Tem engenheiro de
antigas estatais vendendo cachorro
quente. Mas de alguns poucos anos
para cá, estamos mudando o sinal.
São os investimentos bilionários
sendo feitos no estado?
Apenas em infraestrutura há
uma carteira de investimentos
neste triênio 2010-2012 na ordem
de R$ 20 bilhões e isso envolve
coisas tão diferentes como
urbanização de favelas, PAC, a
nova versão do favela bairro, que
agora se chama Morar Carioca,
o corredor T5, que liga o subúrbio
à zona de expansão da cidade
que é na Barra da Tijuca, o
Arco Rodoviário. Sem falar no
trem-bala e em investimentos em
petroquímica, como a Comperj.
O Rio ainda tem problemas
complexos como a falta de
comunicação entre governo
e prefeituras, evidente na
tragédia em Nova Friburgo
e Teresópolis — um culpa
o outro pela falta de verbas
para prevenir tragédias.
Como avalia essa situação?
A falta de entrosamento entre as
três esferas de governo sempre
foi uma marca do Rio, sobretudo
(mas não apenas) na capital.
Existe hoje um espírito mais
cooperativo, mas não se supera
a cultura do “eu-sozinho” de uma
hora para outra; é preciso, por
exemplo, criar mecanismos que
capacitem os técnicos municipais
e estaduais a elaborarem os
projetos que são necessários
para ter acesso às verbas
disponíveis em diferentes
programas do governo federal.
A entrevista foi concedida
ao Podcast Rio Bravo.
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16 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
INOVAÇÃO & EDUCAÇÃO
TERÇA-FEIRA
QUARTA-FEIRA
EMPREENDEDORISMO
GESTÃO
Tablet agrega material didático e
Instituições de ensino brasileiras começam a utilizar o novo computador portátil para facilitar o acesso a livros,
Regiane de Oliveira
roliveira@brasileconomico.com.br
As diversas formas de utilização
dos tablets ainda estão sendo
discutidas no mercado de consumo, mas as empresas de educação já apostam que o novo
instrumento será, em breve, indispensável na sala de aula. A
Faculdade Interativa COC deve
receber na segunda quinzena de
fevereiro o primeiro lote de 3 mil
equipamentos comprados da
China para serem distribuídos
para os alunos do primeiro semestre dos cursos à distância. A
instituição adquiriu cerca de 20
mil produtos, batizados de Tablet COC, de uma indústria chinesa. E está investindo cerca de
R$ 15 milhões no projeto de migração de seu material didático
para o tablet — considerando
valor dos produtos, licenciamento e autorização da Anatel
para que o acesso à internet.
A Faculdade interativa COC
gasta mais de R$ 1,5 milhão por
trimestre com o envio de apostilas para seus 26,5 mil alunos
em todo o país. De acordo com
Jeferson Fagundes, diretor nacional de educação à distância
do COC, apesar de inicialmente
mais alto, o custo do tablet vai
compensar os gastos logísticos e
de impressão de 37 mil livros
por trimestre. “A substituição
será gradativa, começando pelos cerca de 5 mil alunos ingressantes, mas temos como meta
eliminar toda a impressão em
papel”, diz Fagundes, que garante que o custo não será repassado aos alunos.
Outra rede que aposta na
substituição do material didático gratuito enviado aos alunos
por material digital, que pode
ser acessado pelos tablets é a Estácio. O projeto inicia-se no segundo semestre com a distribuição de 5 mil equipamentos entre
alunos os de Direito das faculdades do Rio e Espírito Santo. O
material didático da Estácio é
feito a partir de capítulos integrais de obras de cada disciplina,
fruto de uma parceria entre a
instituição e Associação Brasileira dos Direitos Reprográficos.
O tablet também vai trazer uma
biblioteca virtual, com mais de
1,6 mil obras, projeto pedagógico do curso e os planos de aulas.
A instituição não divulgou o
nome do equipamento que vai
utilizar, pois ainda não fechou a
compra, mas isto não a impediu
de usar o tablet em sua campanha publicitária para o processo
seletivo 2011. “Nosso foco é a
empregabilidade. É importante
nossos alunos saberem que eles
vão aprender a manejar as principais ferramentas tecnológicas”, afirma Pedro Graça, diretor de mercado da Estácio.
O material didático
da Estácio, que será
disponibilizado no
tablet, é feito a partir
de capítulos integrais
de obras de cada
disciplina, fruto de
uma parceria entre
a instituição e a
Associação Brasileira
dos Direitos
Reprográficos.
O equipamento
também vai trazer
uma biblioteca
virtual, com mais de
1,6 mil obras, projeto
pedagógico do curso
e os planos de aulas
EDUCAÇÃO PÚBLICA
✽
Governo federal
também quer tablets
O governo federal vem dando
mostras de que o tablet pode
ser uma saída para promover
uma revolução no acesso à
internet e, quem sabe, chegar as
salas de aula da escola pública.
O ministro das Comunicações,
Paulo Bernardo, afirmou
em visita à Campus Party, em
São Paulo, que gostaria
de aplicar a mesma política
fiscal dos notebooks aos tablets,
com a redução de tarifas
de importação de peças,
com objetivo de baratear
o custo de produção.
Devido ao alto custo, manter uma
sala de aula computadorizada ainda
está longe da realidade no Brasil
A Faculdade Interativa COC
também conseguiu capitalizar
com a propaganda do tablet. A
empresa iniciou a campanha “1
tablet por aluno” em novembro
do ano passado, na mesma época em que o Ipad chegou ao país.
De acordo com Jeferson Fonseca, do COC, a ação publicitária
teve boa receptividade.
Investimentos
A Estácio está investindo R$ 40
milhões no projeto, que inclui
também a formatação de uma
plataforma on-line de currículos unificados e aulas, a fim de
padronizar o conteúdo que é
ensinado aos alunos em suas diversas unidades em todo o país.
De acordo com Paula Calei,
diretora executiva de ensino e
reitora da Estácio, o projeto de
migrar os conteúdos para o
ambiente digital foi iniciado há
dois anos. “Nosso objetivo é a
interação em sala de aula. Testamos a utilização do netbook,
mas sabíamos que em dado
momento iria surgir um equipamento mais adequado”, afirma. E o tablet atendeu às demandas da instituição, garante
a executiva.
Os novos alunos vão receber
os equipamentos sempre no segundo semestre do curso, para
que sejam previamente treinados na nova tecnologia, conta
Pedro Graça. “Em cinco anos,
esperamos que todo material
em papel tenha sido substituído
pelo digital”, diz, ressaltando
que isto representa tirar do
mercado 240 milhões de folhas
impressas. Só neste semestre, a
instituição gastou R$ 1,2 milhão
em papel para o material didático que é impresso e entregue
gratuitamente aos alunos. ■
AFINAL, O QUE ESTA NOVA
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 17
QUINTA-FEIRA
SEXTA-FEIRA
SUSTENTABILIDADE
TECNOLOGIA
Divulgação
internet nas aulas
LÉLIA CHACON
Jornalista e editora do site e revista
Onda Jovem, do Instituto Votorantim
reduzir custos e deixar a sala de aula mais interessante
Divulgação
O que ensinar e de
que forma educar?
Shannon Stapleton/Reuters
TECNOLOGIA VAI TRAZER PARA A ESCOLA?
“Os tablets elevam o potencial
de gestão do aprendizado”,
afirma o professor Tadeu Terra,
diretor de material digital da
Pearson. “Os recursos multimídia
mostram os conteúdos com uma
linguagem mais atraente, o que
não se consegue no plano”, diz.
Dezoito escolas dos sistemas de
Ensino COC, Dom Bosco e Pueri
Domus, pertencentes à Pearson,
vão receber em abril 15 mil
tablets. Os equipamentos são
destinados a alunos do 6º ano
do fundamental e do 1º ano do
ensino médio. Em 2012, a empresa
pretende levar o produto para toda
sua rede de 350 escolas parceiras.
Com frequência, pais e professores se assumem pouco equipados
para lidar com filhos e alunos na conjuntura atual de inovações
tecnológicas constantes e comunicação veloz. Informações e conhecimentos compartilhados em redes lançam ideias, comportamentos e culturas diversas a todo momento. Quem tem a responsabilidade de educar parece enfrentar um dilema que se poderia
resumir em: pisar no freio ou no acelerador?
Duas notícias recentes traduziram essa apreensão, ao mostrar o trabalho de duas mães americanas que produziram um
filme e um livro sobre educação. A cineasta é Vicki Abeles, advogada, que assina o documentário Race to Nowhere (corrida
para lugar nenhum). Ela questiona a cultura competitiva que
exige de crianças, adolescentes e jovens superperformances
escolares. Na disputa por vagas nas melhores universidades dos
EUA, até notas do ensino fundamental decidem o futuro do estudante. A pressão é enorme e nem todos respondem bem, chegando a desenvolver problemas físicos, mentais e comportamentais. Abeles critica excessos de todo tipo na rotina educacional dos filhos/alunos.
Aparentemente na direção oposta vai a mãe literata Amy
Chua, professora, filha de chineses, que lançou o livro Battle
Hymn of the Tiger Mother, algo como “o grito de guerra da mãe
tigre”. Educadora em casa e na Universidade de Yale, Amy trabalha por um desempenho escolar excepcional das filhas: notas dez, na base cobranças e
Quem tem a
nada de mimos. Trechos de sua
responsabilidade
obra, segundo a BBC, foram
pinçados pela imprensa para
de educar
criar polêmica, reforçando diparece enfrentar
ferenças culturais na educação
um dilema
ocidental e oriental.
A mensagem resultante foi
que se poderia
de defesa de uma superioridaresumir em:
de dos pais chineses: “Mesmo
pisar no freio ou
quando os pais ocidentais pensam que estão sendo rígidos,
no acelerador?
nem sequer se aproximam das
mães chinesas”; “Para ser bom
em algo é preciso trabalhar, e
as crianças nunca querem fazer isso por vontade própria”; “Os
chineses acham que a melhor forma de proteger os filhos é prepará-los para o futuro, fazendo-os ver do que eles são capazes”,
afirmou a professora, que aplica suas teorias impondo jogo duro
às filhas: elas não têm liberdade para escolher atividades extracurriculares, muito menos para ver televisão e brincar com videogames. Estudam horas de piano e violino.
Uma mãe pisa no breque, outra no acelerador, o que não significa necessariamente prejudicar filhos estudantes com proteção
demais, nem acreditar que forçando a barra com disciplina e esforço o sucesso estará garantido. Por melhor que seja o regime de
educação, na escola ou em casa, ele não tem o mesmo efeito em
todos os filhos ou alunos. A saída inovadora talvez esteja no
exemplo de uma professora de Salvador (BA), Fátima Fraga, que
leciona português em uma escola privada. Suas aulas são abertas a
colegas professores, pais e curiosos da comunidade. Todos, incluindo os alunos, são observadores participantes, cuja interação
permite descobrir novas estratégias de aprendizagem. Se o espírito que nos rodeia é o de balançar fronteiras em todos os sentidos, preocupar-se com educação é premissa básica e compartilhar experiências, o melhor caminho para acertar. ■
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
GRUPAMENTO DE RADIOPATRULHA AÉREA “JOÃO NEGRÃO”
PREGÃO ELETRÔNICO Nº GRPAE - 020/140/10 - PROCESSO Nº GRPAE - 232/140/10
Encontra-se aberto no Grupamento de Radiopatrulha Aérea “João Negrão” (GRPAe), Pregão
Eletrônico nº GRPAe - 020/140/10, destinado à contratação de Seguro do Ramo Aeronáutico
para a frota das aeronaves da PMESP, do tipo Menor Preço por item. A data de abertura
da sessão está prevista para 11 de fevereiro de 2011 às 09h00, e a sessão pública de processamento do
Pregão Eletrônico será realizada no endereço eletrônico www.bec.sp.gov.br ou www.bec.fazenda.sp.gov.br
no dia e hora mencionados. Para maiores informações, colocamo-nos à disposição, em horário
comercial, de segunda a sexta-feira, para eventuais dúvidas. As informações estarão disponíveis no
sítio www.e-negociospublicos.com.br. Tel.: (11) 2221-7299, ramais 1835 a 1838.
18 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
EMPRESAS
Oi e Telefônica
fazem planos para
ganhar velocidade
Banda larga ultrarrápida ainda tem pouca oferta; restrição a
teles no mercado de TV a cabo é barreira para investimentos
Fabiana Monte
fmonte@brasileconomico.com.br
Os serviços de banda larga
ultrarrápida, oferecidos por
meio da tecnologia de fibra
óptica, ainda são produtos de
nicho, mas as operadoras começam a desenhar estratégias
para ampliar a oferta para
mais assinantes. “A tendência
é essa porque os usuários vão
consumir cada vez mais banda”, diz João Paulo Bruder,
analista de telecomunicações
da consultoria IDC. Eduardo
Tude, presidente da consultoria Teleco, explica que as redes
de banda larga ultrarrápida
são baseadas em fibra óptica e
permitem às operadoras oferecer pacotes de até 100 megabits por segundo (Mbps). O
trecho da rede que chega à
casa do cliente pode usar fibra
ou outras tecnologias. “É
questão de plano de negócios e
do investimento inicial que a
empresa quer fazer, porque
levar fibra até a casa do usuário custa cinco vezes mais do
que as soluções de banda larga
convencional. Mas essa será a
realidade no futuro”.
Segundo Tude, a principal
barreira para a ampliação das
redes de internet ultrarrápida é
a restrição legal para que operadoras de telecomunicações ofereçam serviços de TV paga por
meio de suas redes. “O investimento é alto e, para justificá-lo,
a operadora precisa aumentar
suas fontes de receita. O PLC 116
abre essa possibilidade”, diz.
O especialista refere-se ao
Projeto de Lei da Câmara nº
116/2010 (PLC 116/2010), em
tramitação no Senado, que altera a Lei do Cabo, permitindo a
atuação das empresas de telecomunicações neste setor. Hoje,
elas têm ofertas de TV paga por
meio de outras tecnologias,
como satélite. “Em um ano vamos combinar banda larga ultrarrápida com TV, mas dependemos do PLC 116/2010, então
as coisas acabam amarradas”,
“
Banda larga de alta
velocidade precisa
de aplicabilidade.
Nos Estados Unidos,
os produtos de fibra
estão empacotados
com TV paga. A gente
também vai por aí
Flávia Bittencourt,
diretora de marketing da Oi
■ TELEFÔNICA
O número de clientes de
banda larga ultraveloz é de
13
mil
■ FILMES
Com 30 Mbps,
tempo para baixar
um filme de 2h é
10
minutos
■ GVT
O percentual de clientes de
banda larga da empresa com
planos acima de 10 Mbps é de
39
%
■ MÚSICAS
Para baixar uma música
com uma conexão
de 30 Mbps, leva-se
1
segundo
diz Flávia Bittencourt, diretora
de marketing da Oi.
A atuação da operadora neste
mercado será reforçada também
pela recente entrada da Portugal
Telecom no controle acionário
da empresa, não só com maior
capacidade de investimento,
mas com experiência dos portugueses na área.
A rede da Oi está pronta
para 900 mil acessos com velocidade superior a 10Mbps,
dos quais em 48 mil a fibra
chega até a casa do cliente. No
próximo ano, a capacidade será
de 4,3 milhões de acessos. Há
cobertura em regiões de Recife,
Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre e Brasília.
“Temos áreas piloto, ainda não
é muito comercial porque falta
escala”, diz Flávia. Comercialmente, o produto é vendido em
regiões de Recife, com velocidades de 40Mbps, 60Mbps e
100Mbps, a partir de R$ 259,90.
Como comparação, os planos
convencionais de acesso à web
em banda larga, com 1Mbps e
2Mbps, custam, respectivamente, R$ 39,90 e R$ 49,90.
A Telefônica tem 13 mil
clientes de banda larga ultrarrápida, o que corresponde a
0,39% de seus 3,3 milhões
clientes de banda larga convencional. A meta é ter 1 milhão de assinaturas de fibra em
2015. Hoje, 470 mil casas na
grande São Paulo, em Campinas e em Santos estão aptas a
contratar o serviço, oferecido
junto com o serviço de TV
paga da TVA. “A fibra óptica é
o Speedy dos próximos dez
anos”, diz Mariano de Beer,
diretor-geral da Telefônica.
O desafio é dar agilidade à
venda e à instalação da fibra
óptica, tal qual ocorre hoje com
o serviço de banda larga tradicional. Investimento, cobertura
e qualificação de pessoal são os
gargalos, diz o executivo. Em
2010, a empresa aplicou R$ 1
bilhão em banda larga (não só
fibra) e pretende, pelo menos,
repetir a cifra este ano. ■
Mariano de Beer, da Telefônica,
lançou o serviço de banda larga
da empresa no Brasil
A FRASE
“Se o PLC 116 for
aprovado, o ritmo
de investimentos
será acelerado”
Eduardo Tude, presidente da
consultoria Teleco
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 19
Jack Atley/Bloomberg
Apple, Rim e ZTE crescem acima do esperado
Conforme estimativa da IDC, o mercado mundial de celulares
cresceu 18% no quarto trimestre ante igual período do ano anterior,
para 401 milhões de unidades, enquanto as vendas de iPhones,
da Apple, dispararam 86% em relação ao ano anterior. A canadense
Rim vendeu 35% mais aparelhos BlackBerry no último trimestre
fiscal da empresa, encerrado em novembro. As vendas da ZTE subiram
77% na comparação anual.
Fotos: Henrique Manreza
Com rede mais nova,
GVT leva vantagem
Operadora aposta no serviço
de banda larga e na velocidade
para a virada de seu negócio
No mundo, Estados Unidos e Japão à frente
Japão e Estados Unidos são os
países mais avançados em banda
larga ultrarrápida. “Nos EUA,
a indústria de TV a cabo é forte
e o público com renda mora nos
subúrbios, onde as construções
são horizontais. O cenário
é completamente diferente do
Brasil”, diz Júlio Puschel, analista
sênior da consultoria Informa
Telecoms & Media. No mercado
americano, a cobertura das redes
de TV a cabo é superior à brasileira
e essas empresas também
oferecem internet ultraveloz.
Vale lembrar que, no Brasil, a Net
oferece pacotes de até 100 Mbps,
mas sua cobertura é inferior à de
concorrentes como Oi e Telefônica.
Mesmo assim, a Net é a segunda
em número de assinantes, segundo
dados do terceiro trimestre da
consultoria Teleco. Na Europa,
acrescenta Eduardo Tude,
presidente da consultoria Teleco,
as empresas estão em momentos
de decisão de investimento,
semelhante ao Brasil. F.M.
Na GVT, assinaturas de banda
larga a partir de 10Mbps respondem por cerca de 39% dos
1,1 milhão de clientes do serviço e representam 56% das vendas de 2009. A operadora leva
vantagem neste tipo de oferta
porque sua rede é mais nova,
totalmente digital e preparada
para transmitir dados.Seu crescimento baseia-se em expansão
geográfica por meio da construção de rede própria em novas cidades. Por outro lado, as
redes das competidoras Telefônica e Oi necessitam de atualização tecnológica. Assim, os
recursos que Oi e Telefônica investem na modernização ou
migração de suas redes, a GVT
aplica na construção de uma
nova infraestrutura.
Além disso, incentivar a difusão de velocidades é parte da
estratégia de negócios da GVT,
que quer se tornar uma provedora de serviços de comunicações, com a oferta de conteúdo
multimídia por meio da banda
larga, aproveitando a experiência de sua controladora Vivendi
no mercado de vídeo. Por isso,
desde novembro, a empresa
passou a velocidade mínima de
sua banda larga para 5Mbps, por
R$ 49. O máximo é 100Mbps.
“A velocidade do acesso e da
infraestrutura disponível para
chegar às casas vai evoluir à
medida que houver valor para o
cliente”, diz Alcides Troller Pinto, vice-presidente executivo.
Eduardo Tude, presidente da
consultoria Teleco, acrescenta
que a GVT também pode oferecer um preço menor por megabit porque o custo operacional
da infraestrutura de fibra óptica
é inferior ao de tecnologias mais
antigas. “O investimento inicial
em fibra é alto, mas a manutenção é mais barata, o que reduz o
custo por megabit.”
Novos hábitos
Pinto afirma que velocidades
como 100Mbps são usadas por
consumidores de nicho, como
profissionais liberais que lidam
com arquivos pesados e pessoas
que usam a internet como ferramenta de entretenimento —
para jogos on-line, por exemplo. Ele acredita que isso deve
mudar com o tempo, à medida
que novas aplicações ganhem
força e provoquem mudanças
nos padrões de consumo.
Alcides Troller Pinto:
para crescer, banda
larga ultraveloz
exige aplicabilidade
“
Em condomínios
Há quatro anos,
o cliente nem
sequer precisava
de velocidade na
casa dos Megabits.
A evolução da
internet criou
novos hábitos
Alcides Troller Pinto,
vice-presidente executivo
da GVT
É com a fibra óptica que a mineira Algar Telecom, que detém a marca CTBC, está expandindo serviços para regiões
além de sua área original de
atuação, que compreende 87
municípios dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e
Mato Grosso do Sul. A empresa
contabiliza 200 clientes em 30
condomínios de luxo na região
metropolitana de Belo Horizonte (MG) que assinam pacotes de TV paga, telefonia e banda larga via fibra óptica. “Nosso trabalho é identificar áreas
com concentração de clientes
de classe A e que tenham um
parceiro que nos permita adequar nossa oferta”, diz Milton
Bonservizzi, diretor de marketing da empresa. ■
20 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
EMPRESAS
Cristiano Trad
NEGÓCIOS NO ESPORTE
COPA DO MUNDO 2014
Real Madrid eleva faturamento em 197% na
última década com receita de R$ 995 mi
Justiça suspende obras do Mineirão por
ilegalidade na contratação dos serviços
O levantamento foi realizado pela empresa especializada em auditoria
e consultoria Crowe Horwath RCS, que aponta também uma evolução
de 270% nas receitas de marketing do clube espanhol nos últimos
dez anos, passando de R$ 86,8 milhões para mais de R$ 315 milhões.
Segundo a consultoria, com o faturamento o clube deve ter novamente
a maior receita produzida em todo o esporte mundial.
A liminar concedida pela Justiça do estado de Minas Gerais foi requerida
pelo Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) pela modalidade
de licitação utilizada ter sido o pregão. Segundo a entidade, as obras
são de natureza complexa e de alta especialização e que o melhor critério
seria melhor técnica ou melhor técnica e preço. As obras no estádio do
Mineirão para a Copa 2014 estão orçadas em R$ 743 milhões.
Adriano Machado/Bloomberg
Eletrosul amplia em 495
quilômetros sua rede de
transmissão no Paraná
Eletrosul adquire negócios de
transmissão da espanhola Cymi
Companhia investe R$ 163,8 milhões para se tornar sócia majoritária das linhas da Uirapuru e da Artemis
Priscila Machado
pmachado@brasileconomico.com.br
Um mês após vencer a disputa
pela concessão da hidrelétrica
Teles Pires, a Eletrosul volta ao
mercado para fazer aquisições.
Desta vez a subsidiária da Eletrobras optou por fortalecer
seus ativos em transmissão, investindo R$ 163,8 milhões no
aumento da sua participação
acionária nas empresas Uirapuru Transmissora de Energia e
Artemis, nas quais já detinha
49% das ações de cada uma.
O controle acionário de ambas as companhias até então
pertencia à espanhola Cymi.
Com a aquisição, a Eletrosul
passa a ter 100% das ações da
Artemis e 75% da Uirapuru. Os
25% restantes foram comprados pela Fundação Elos, que investiu outros R$ 18,7 milhões.
Fundação Elos
investe R$ 18,7
milhões para
ter 25% de
participação
na Uirapuru
Segundo a Eletrosul, a compra, no valor total de R$ 182,5
milhões, representa um acréscimo de aproximadamente
R$ 500 milhões em ativos ou
10% da receita anual da companhia, que em 2009 foi de
R$ 724 milhões. No total, a
rede da empresa foi ampliada
em 495 quilômetros.
De acordo com Eurides Mescolotto, presidente da Eletrosul, a companhia tem interesse
em participar de projetos no
Sul do país, incluindo Mato
Grosso do Sul, no Centro Oeste,
além de Mato Grosso e Rondônia onde já atua. “Há muitos
leilões de transmissão que estão por vir”, disse Mescolotto.
“Sempre que houver uma
oportunidade nessa área vamos
atuar”, completou o executivo.
Mescolotto destacou ainda o
que considera ser um movi-
mento reverso ao que tem sido
observado no mercado: o fato de
uma empresa brasileira estar
comprando as espanholas.
Perfil
A Uirapuru opera o segundo
circuito da linha de transmissão Ivaiporã-Londrina, que
atravessa 10 municípios paranaenses e entrou em operação
em julho de 2006. A concessão
foi conquistada em leilão da
Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel). Em 2009, a
empresa apresentou uma Receita Anual Permitida (RAP) de
R$ 19,6 milhões. Na ocasião foram investidos R$ 105 milhões
no empreendimento.
Já a Artemis Transmissora de
Energia atua na operação da linha que liga Salto Santiago,
Ivaiporã e Cascavel Oeste, que
tem 372,8 quilômetros de ex-
tensão e atravessa 17 cidades do
Paraná. Na construção foram
investidos R$ 295 milhões e as
operações foram iniciadas em
outubro de 2005. A RAP foi de
R$ 61 milhões em 2009.
Geração
Além de observar oportunidades de aquisição na área de
transmissão, o presidente da
Eletrosul mantém o interesse
em projetos para produzir energia, inclusive no segmento de
fontes renováveis.
Em fevereiro, a companhia
iniciará o trabalho de montagem dos aerogeradores que serão instalados na usina eólica
Cerro Chato, empreendimento
que está sendo construído em
parceria com a Wobben na cidade de Sant’Ana do Livramento
(RS), cuja conclusão deve ocorrer no segundo semestre. ■
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 21
22 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
EMPRESAS
Divulgação
SIDERURGIA
PCS
Sul-coreana Hyundai Steel vai investir
US$ 2,7 bi em novo alto-forno
Positivo vendeu 1,9 milhão de computadores
em 2010, crescimento de 11,3%
A companhia sul-coreana afirmou que vai construir um terceiro alto-forno
com capacidade de produção de 4 milhões de toneladas de aço por ano.
A construção terá início no segundo trimestre deste ano e se estenderá
até 2013. A segunda maior siderúrgica da Coreia do Sul, atrás da Posco,
concluiu seu primeiro alto-forno em 2010, com uma capacidade anual de
4 milhões de toneladas e construiu a segunda com a mesma capacidade.
A Positivo anunciou que teve receita de R$ 2,3 bilhões em 2010,
crescimento de 6,4% em relação a 2009. No volume de vendas
o aumento foi de 11,3%, totalizando volume de 1,9 milhão de
computadores vendidos no ano, o que, segundo a empresa,
representa o maior volume de vendas da história da companhia.
As vendas para o governo tiveram crescimento de 79,8% no período.
1
2
1 Linha de montagem de
vagões da AmstedMaxion,
em Hortolândia (SP), que
tem capacidade para produzir
10 mil unidades por ano
2 Vagão tipo graneleiro
(hopper) da Randon
em operação no Brasil
Grãos e minério triplicam vendas
Encomendas registradas por AmstedMaxion e Randon projetam produção de 4,5 mil unidades neste ano. Em
Ana Paula Machado
amachado@brasileconomico.com.br
A indústria de vagões ganhou
novo fôlego com o bom desempenho da economia brasileira no
último ano. A produção saiu das
1,02 mil unidades de 2009 para
3,3 mil no fechamento do ano
passado. O desempenho positivo ocorreu principalmente pelos
incentivos do governo que reduziu as taxas do Finame para a
compra de equipamentos. Além
disso, a melhora nas exportações de minério de ferro e a boa
safra agrícola ajudaram.
O diretor-executivo da Randon, Norberto Fabris, disse que
a indústria está preparada para
atender a demanda crescente
por vagões nos próximos anos.
“Temos pedidos e opções de
compras que nos garantirão em
média 4,5 mil equipamentos
por ano. Com o Finame PSI, as
empresas realizaram as encomendas e até 2012, temos um
volume considerável em carteira”, disse o executivo referindo-se a expectativa total de
vendas de vagões.
A Randon, até setembro do
ano passado, produziu 650 unidades, sendo que 90% desse
volume foi de vagões tipo graneleiro, utilizados principalmente para o transporte de
grãos. A companhia está nesse
mercado há dois anos.
A AmstedMaxion, empresa
do grupo Iochpe-Maxion, líder
Em 2008, foram
produzidos no país
5,11 mil vagões, o
segundo melhor ano
para as fabricantes
brasileiras. O recorde
na produção dos
equipamentos
foi alcançado em
2005, com 7,6 mil
unidades fabricadas
na fabricação de vagões e
componentes ferroviários com
cerca de 70% de participação,
fechou o ano passado com 2,1
mil vagões entregues no Brasil
e no exterior. No total dos pedidos de vagões entregues,
tanto no mercado interno quanto externo, a empresa obteve
receita bruta de aproximadamente R$ 484 milhões.
Mais encomendas
Para este ano, a empresa já
prevê um aumento de pedidos
em carteira estimando a entrega de mais de 2,6 mil vagões,
todos para o mercado interno.
O faturamento previsto é de
R$ 592 milhões.
O diretor de vendas e expor-
tação da AmstedMaxion, Vinícius Luiz Alves, disse que a empresa já tem contratos fechados
para entregas de 2,6 mil vagões
neste ano, sendo que 80% desse
volume será de equipamentos
para o transporte de minério.
“Nossos grandes clientes são
as mineradoras instaladas no
país, em função disso, desenvolvemos, no ano passado, um
vagão maior capaz de transportar 150 toneladas. E das encomendas já firmadas todas são
desse novo equipamento”,
acrescentou Alves.
No ano passado, a AmstedMaxion vendeu 10 vagões deste tipo para testes em ferrovias
em que trafegam composições
de grande volume. Mas, além
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 23
SeongJoon Cho/Bloomberg
AÇÕES
RESULTADOS
LinkedIn entra com pedido para IPO
e pode levantar até US$ 175 milhões
Coreana Samsung obtém menor
lucro dos últimos seis trimestres
O plano do LinkedIn de abrir seu capital este ano pode servir como teste
para o apetite dos investidores por sites de redes sociais, antes da
aguardada oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) do Facebook.
O site anunciou os planos para abrir capital, preparando terreno para
que a empresa co-fundada em 2002 por Reid Hoffman, ex-executivo do
PayPal, se torne a primeira rede social a entrar em Wall Street.
A crescente demanda por celulares inteligentes e computadores tablets
vai ajudar a Samsung Electronics a ter melhores resultados neste ano,
depois que divulgou o lucro do quarto trimestre, de US$ 2,7 bilhões.
A companhia sul-coreana tem conseguido conquistar mercado das rivais
Nokia e LG Electronics e lidera um grupo de empresas que tenta conter
o sucesso da Apple no segmento de dispositivos móveis.
Fotos: divulgação
Trilhos entram
na pauta das
siderúrgicas
Plano Nacional de Logística
prevê 50 mil quilômetros
de estradas de ferro no país
DÉCADA EMPERRADA
CICLO DE OURO
FROTA
28,2 mil
30,6 mil
96 mil
É o volume de vagões produzidos
no Brasil de 2000 a 2009.
A crise econômica interrompeu
o ritmo de crescimento e a meta
de chegar aos 40 mil unidades.
É o maior volume de vagões
produzidos no Brasil. A marca foi
alcançada na década de 70 e até
hoje o número não foi superado
pelas fabricantes nacionais.
É o número de vagões em
operação no Brasil. Segundo
cálculos da Abifer, 20% desse
volume tem acima de 40 anos,
necessitando de renovação.
de vagões
2010 foram 3,3 mil ante os 1,02 mil anteriores
de vagões para minério, a empresa também desenvolve projetos para o transporte de
combustíveis e contêineres.
“Hoje, esse tipo de equipamento ainda é pequeno em nossa
carteira, mas com os projetos
das concessionárias em curso,
estaremos preparados para a
produção desses vagões”, disse
Alves. A AmstedMaxion tem
capacidade para produção de 10
mil vagões por ano.
O presidente da Associação
Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, disse que o mercado vai demandar
entre 4 mil e 5 mil vagões por
ano nos próximos 10 anos.
“Nesta década chegaremos à fabricação de 50 mil unidades.” ■
Além do crescimento econômico,
novos projetos para o aumento da
malha ferroviária vão impulsionar a indústria de equipamentos
para trens e infraestrutura viária
no país. A meta do Plano Nacional
de Logística de Transporte (PNLT)
é de que, até 2015, as estradas de
ferro cortarão 50 mil quilômetros
pelo centro e litoral do país. Hoje,
a malha nacional chega a cerca de
30 mil quilômetros.
Com isso, avisa o presidente
da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, haverá demanda
tanto de equipamento ferroviário, vagões e locomotivas, como
de materiais para a construção
das linhas férreas. “Com a recuperação das ferrovias, mercado
existe para a indústria nacional.
Por isso, algumas siderúrgicas já
estudam a produção local de
trilhos”, disse Abate.
A Gerdau-Açominas confirmou que está nos planos da empresa a produção de trilhos para
abastecer o mercado nacional.
Em nota, a companhia informou que possui, desde 2002,
um laminador de perfis na usina
de Ouro Branco, em Minas Gerais. “Estamos avaliando a possibilidade de produzir trilhos,
considerando a nova realidade
do setor ferroviário no Brasil”.
Estima-se que
os investimentos
necessários para uma
fábrica de trilhos são
de aproximadamente
US$ 1,5 bilhão.
As concessionárias
importam o produto
de países da Ásia
e leste europeu
Em 1996, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) entrou nesse mercado, mas a falta de demanda abortou o projeto.
Para se ter uma ideia, somente em 2010, foram importados
500 mil toneladas de trilhos para
a construção de trechos ferroviários e a recuperação da malha
existente. A maior parte do material desembarcado no país vem
de China e Ucrânia.
“Mercado há, mas temos que
avaliar se se sustentará ao longo
dos anos, por isso, as siderúrgicas ainda não produzem trilhos
no país”, ressaltou o presidente
da Abifer. É justamente o receio
do Instituto Aço Brasil (IAB), que
congrega as siderúrgicas. “Ainda
não se sabe se todos os projetos
para o aumento da malha serão
concluídos. Além disso, as regras
tributárias atuais não estimulam
a produção local.” ■ A.P.M.
A FRASE
“Hoje, temos
tecnologia para
desenvolver
qualquer tipo
de vagão. Não
há necessidade
de importação”
Norberto Fabris,
diretor-executivo da Randon
AGÊNCIA DE MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO
DE PROCESSOS – AMGESP
AVISO DE ADIAMENTO DE LICITAÇÃO
Processo: 4105-014/2010
Modalidade: Pregão Eletrônico Nº. AMGESP 10.004/2011
Tipo: menor preço por item.
Objeto: RP para eventual aquisição de cestas básicas destinado ao Estado.
Data de realização: 09 de fevereiro de 2011 às 10h00min.
A licitação acima fica adiada por prazo indeterminado tendo em vista a necessidade de modificação do edital.
Disponibilidade: endereço eletrônico www.comprasnet.gov.br
Todas as referências de tempo obedecerão ao horário de Brasília/DF
Informações: Fone: 82 3315-3477, Fax: 82 3315-7246/7241
Maceió, 28 de janeiro de 2011
24 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
EMPRESAS
Nelson Ching/Bloomberg
AGRONEGÓCIOS 1
AGRONEGÓCIOS 2
Receita da Cosan soma R$ 4,7 bilhões
no trimestre, expansão de 24,7%
Adecoagro reduz previsão de preço de suas
ações em oferta pública inicial nos EUA
A prévia de resultados da Cosan apontou que a receita líquida
da empresa atingiu R$ 4,7 bilhões no terceiro trimestre
do exercício social 2011, encerrado em 31 de dezembro de 2010.
As vendas de açúcar atingiram R$ 931,9 milhões entre outubro
e dezembro, montante 26,3% superior ao verificado um ano antes.
No período, o volume vendido foi de 1,046 bilhão de toneladas.
A Adecoagro, empresa agroindustrial que tem o bilionário George Soros
como maior acionista, reduziu a estimativa de preço de sua oferta
pública inicial de ações nos Estados Unidos. A companhia, que esperava
conseguir até US$ 15 por ação, agora prevê receber entre US$ 11 e US$ 12,
captando ao todo US$ 308 milhões. A maior parte dos recursos será
usada para construir a terceira usina de cana da companhia no Brasil.
Andre Penner
Wagner Covos, da Ceva:
logística reversa é nova
fronteira de crescimento
para a empresa
Ceva vai às compras para crescer
Companhia holandesa de logística integrada avalia adquirir concorrentes menores e entrar em novos
Dubes Sônego
dsonego@brasileconomico.com.br
Os gestores brasileiros da
Ceva, especializada em logística integrada, têm sobre a
mesa uma série de opções de
aquisição em avaliação. De
acordo com Wagner Covos,
vice-presidente de marketing
e desenvolvimento de negócios da companhia no país, a
compra de concorrentes menores, ou de empresas com
atuação em segmentos complementares, é uma das alternativas em estudo para acelerar o crescimento no mercado
local nos próximos anos.
Faturamento próximo
de R$ 1 bilhão
em 2010, puxado
pelas demandas
das indústrias
automobilísticas e
de eletroeletrônicos
Com o segmento automobilístico em franco crescimento;
as importações de eletroeletrônicos em alta, embaladas pelo
real forte, e as boas perspectivas
para a área de óleo e gás, com os
investimentos no pré-sal, a matriz da Ceva, na Holanda, alçou
o Brasil ao topo de sua lista de
prioridades no mundo, diz Covos. E traçou metas elevadas de
vendas para o país — o percentual é mantido em sigilo.
Segundo o executivo, não há
um orçamento definido para as
aquisições, dependerá do perfil
do negócio. “Podem ser empresas de logística ou de armazenagem”, afirma. “Ainda não defi-
nimos se se queremos nos fortalecer em segmentos onde já estamos ou se vamos abrir novas
frentes de atuação”.
Resultante da fusão de divisões da TNT e da Eagle Global
Logísticas em 2007, a Ceva faturou R$ 868 milhões em 2009 . A
maior parte do resultado veio
dos mercados automobilístico
(60%), de tecnologia (18%) e
óleo e gás (3%). Mas a companhia trabalha também nas áreas
de produtos industriais, de bens
de consumo e varejo. Com a
ressalva de que os números de
2010 ainda não estão fechados,
Covos diz que a meta de 15% de
aumento nas vendas provavel-
mente foi alcançada. O que teria
elevado a receita da companhia
no ano passado a R$ 1 bilhão.
Para 2011, o executivo diz que
a companhia estipulou como objetivo um crescimento de 13%
em receita. Os esforços para tanto serão concentrados no desenvolvimento de negócios nos
mesmo segmento de puxaram o
resultado no ano passado. Mas
será dada ênfase também para
logística reversa, em especial no
segmento de eletroeletrônicos.
Lixo digital
Com a aprovação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, no
ano passado, as companhias fa-
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 25
Haruyoshi Yamaguchi/Bloomberg
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
SIDERURGIA
Voith Paper fecha contrato para reforma
de máquina da fábrica de papel-toalha PSA
Nippon Steel e JFE reduzem previsões
de resultados por alta do carvão
O valor do contrato não foi revelado. A reforma vai abranger a troca
de um formador mesa plana e da caixa de entrada da máquina MP5
da fábrica São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. A reforma permitirá
a melhorar formação da folha tissue, possibilitando a diminuição
da gramatura e, consequentemente, reduzindo o consumo de fibras.
Além de redução do consumo de energia e maior velocidade da produção.
A Nippon Steel e a JFE, que estão em quarto e quinto lugares no ranking
mundial de produtores de aço, têm encontrado dificuldade em aumentar
preços para lidar com um salto no custo dos insumos que ganhou força
no mês passado pelas enormes enchentes na Austrália. As empresas
também tem sido pressionadas pela valorização do iene, que prejudica
a competitividade de suas exportações e oferece vantagem a rivais.
Susten recolhe lixo reciclável
com máquinas automáticas
Empresa planeja crescer na esteira do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, aprovado em 2010
Murillo Constantino
Logística integrada
Ceva fecha contratos com
a Levi’s e a Honda no Brasil
Na semana passada, a Ceva
anunciou o fechamento de seus
dois primeiros grandes contratos
no ano. Um com a Honda, de
R$ 13 milhões, prevê a distribuição
de peças de carros e motos
aos concessionários da marca
no estado de São Paulo. O outro,
com a Levi’s, marca famosa por
seus jeans, teve o valor mantido
em sigilo e envolve a rede
internacional da companhia. Pelo
acordo, a Ceva fará a coleta de
matérias primas em fornecedores
localizados em cerca de
20 países, a consolidação da
carga em Cingapura e Hong Kong,
o desembaraço aduaneiro
e a entrega à fábrica no Brasil.
“O próximo passo será oferecer
à Levi’s o armazenamento
dos produtos acabados e
a distribuição ao varejo”, diz
Wagner Covos, vice-presidente de
marketing e desenvolvimento
de negócios da empresa. Presente
em em 170 países, a Ceva faturou
no mundo cerca de € 5,5 bilhões,
em 2009. O Brasil respondeu,
naquele ano, por 4% do total.
no país
nichos de negócios
bricantes, distribuidoras e varejistas de eletroeletrônicos (e de
uma série de outros produtos)
serão responsáveis por garantir
o recolhimento de equipamentos obsoletos e avariados, destinando-os a reciclagem ou a
destruição. Na avaliação da
Ceva, isso abre boas oportunidades de negócio junto à fabricantes de aparelhos celulares,
computadores e brinquedos.
Covos afirma que a Ceva já
tem quatro grandes operações
em andamento em logística reversa, levando em conta os segmento automotivo e de tecnologia. Em 2011, quer ampliar a
atuação para mais seis. ■
Representante da norueguesa
Tomra, a Susten Trading quer
popularizar no Brasil um sistema de coleta de embalagens recicláveis de alumínio e Pet através de máquinas automáticas
semelhantes as vending machines, de venda de refrigerantes,
salgadinhos e chocolates. O
modelo, comum em países europeus como a Alemanha, permite recompensar os consumidores que depositarem o lixo no
equipamento com cupons de
desconto para novas compras.
De acordo com os sócios Felipe Kurc e Thiago Von Gal, a ideia
de trazer o equipamento ao Brasil surgiu no final de 2009, antes
do Plano Nacional de Resíduos
Sólidos, que atribui às empresas
fabricantes, distribuidoras e varejistas a corresponsabilidade
pela destinação final das embalagens de seus produtos. Mas
ganhou impulso após sua aprovação, no final de 2010. “Estamos negociando com grandes
varejistas, fabricantes de bebidas e cosméticos”, afirma Gal.
Para as empresas, o modelo
prevê a possibilidade de exploração das máquinas como mídia
em ponto de venda, garante a
destinação das embalagens para
reciclagem e gera relatórios com
o número de embalagens recolhidas de cada produto após o
consumo, dado que poderão
usar para comprovar o cumprimento das regras do Plano Nacional de Resíduos Sólidos.
Em quatro anos, a Susten
acredita que terá no mercado
cerca de duas mil máquinas.
Neste ano, o objetivo é instalar
pelo menos 40, que garantiriam
receita de R$ 850 mil a R$ 1 milhão. A empresa ganha principalmente com o aluguel dos
equipamentos e com a elaboração dos projetos de mídia. Com
escala, os empresários afirmam
que existiria ainda a possibilidade de discutir com a Tomra a
produção local das máquinas.
As principais concorrentes
da Tomra no mundo são a Envipco, a inglesa Reverse Vending, a também norueguesa Repant e a alemã Wincor Nixdorf,
a única presente n Brasil — mas
não com o equipamento.
O uso de máquinas do gênero
para o recolhimento de embala-
Kurc e Gal: inspiração
no modelo europeu de
coleta de embalagens
recicláveis
“
Estamos
negociando com
grandes varejistas,
fabricantes
de bebidas e de
cosméticos
Felipe Kurc e Thiago Von Gal,
sócios da Susten Trading
gens já foi testado no país, no
início da década de 2000, mas
não decolou. A Envipco, por
exemplo, chegou a instalar cerca de 40 equipamentos em supermercados, mas abandonou o
negócio após prejuízos.
De acordo com Paulo Roberto
Leite, especialista em logística
reversa, sistemas de devolução
voluntária das embalagens são
uma resposta parcial ao problema. Cada produto terá uma solução. Nem todos os consumidores e empresas se engajam em
ações proativas. ■ D.S.
■ RECEITA
Expectativa da Susten para
2011, com 40 máquinas
R$
1
milhão
■ UNIDADES
Em quatro anos, a Susten
espera ter uma rede com
2
mil máquinas
26 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
EMPRESAS
Reprodução
AUTOMOBILÍSTICA 1
AUTOMOBILÍSTICA 2
Lucro trimestral da Ford recua 79% por
compensação de dívida e atinge US$ 190 mi
Jaguar celebra os 50 anos de seu esportivo
E-Type com cronograma de eventos
Um ano antes, a companhia havia registrado ganho de US$ 886 milhões.
O lucro foi negativamente impactado pelo pagamento de US$ 960
milhões da dívida de US$ 1,9 bilhão da companhia. No ano, o lucro líquido
totalizou US$ 6,6 bilhões, valor 141,4% superior ao obtido em 2009.
Este foi o maior lucro da Ford em mais de dez anos, e a companhia
citou “produtos mais fortes e novos investimentos”.
Capaz de atingir 242 km/h e com preço inferior aos seus principais rivais
com mesmas capacidades, o E-Type foi vendido entre 1961 e 1974 e
ultrapassou as fronteiras do mundo do automóvel. O cronograma de
celebrações terá início durante o Salão de Genebra, em março, e
continuará dentro do festival anual de Goodwood. Além deles, também
estão previstas ações dentro dos festivais da França e da Alemanha.
Meu Móvel de Madeira usa loja
temporária para garantir mercado
Fabricante escolheu Florianópolis para montar sua unidade sazonal e aproveitar o movimento do turismo
Fotos: divulgação
Amanda Vidigal Amorim
avidigal@brasileconomico.com.br
Vender móveis sustentáveis para
o país inteiro era o sonho da Meu
Móvel de Madeira (MMM). A
empresa, do grupo Celulose Irani, foi criada em 2006 e atende
seus consumidores apenas pela
internet. Sem loja física, Ronald
Heinrichs, diretor da MMM,
afirma que a estratégia foi bem
sucedida, e hoje são vendidos
cerca de 2,5 mil móveis por
mês. O único estado brasileiro
que nunca comprou um móvel
da empresa é o Acre. “Temos
clientes em lugares muito afastados, como Fernando de Noronha e até mesmo no Tocantins,
onde muitas empresas afirmam
ter dificuldade para vender. Só
está faltando o Acre para dizermos que atendemos todo o Brasil”, afirma Heinrichs.
Até o ano passado, os móveis, além de ter o design desenvolvido pela MMM, eram
também produzidos em uma
fábrica própria. Com o crescimento das vendas, — em 2010
foram 65% a mais do que em
2009 — Heinrichs resolveu
terceirizar a produção e dedicar 100% da empresa à comercialização dos produtos.
Neste verão, para reforçar a
marca, a MMM lançou uma loja
temporária em Florianópolis. A
escolha da cidade e da época
para abertura foram propositais. “Florianópolis recebe turistas do Brasil inteiro nesta
época. Abrimos a loja em uma
das praias mais visitadas da cidade, Jurerê Internacional”,
afirma Heinrichs.
A loja física segue o conceito
da marca, de ter todo o atendimento por meio virtual. São sete
ambientes criados com móveis
da empresa e nenhum vendedor. Pela loja podem ser encontrados totens com computadores e telefones. No computador
estão disponíveis todos os modelos oferecidos pela MMM e, se
o cliente tiver alguma dúvida,
pode ligar para o número 0800
informado no local e conversar
com uma atendente.
“Não queríamos uma loja padrão, mas sim algo que seguisse
a proposta que criamos em
Em 2010, a empresa
cresceu 65% na
comparação com o
ano anterior e para
este ano a expectativa
é avançar mais 65%
Heinrichs, diretor
da MMM: ter
clientes em todo
o Brasil é meta
■ GRUPO IRANI
Faturamento até o
3º trimestre em 2010
R$
425
mi
■ VENDAS
Número de móveis vendidos
mensalmente pelo site
2,5
mil
■ CRESCIMENTO
Empresa prevê expansão
em 2011 de
65
%
2006. Tivemos uma aceitação
grande e estamos pensando em
replicar o modelo em outras cidades. Mas sempre com o objetivo de ser uma loja temporária
e com autoatendimento”, afirma o diretor.
Para 2011 a empresa espera
crescer mais 65% em relação ao
último ano, número bem maior
do que o do setor moveleiro, que
cresceu 14% em 2010.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Mobiliário, são 17 mil indústrias no
país, com uma produção de 354
milhões de peças e faturamento
de US$ 968 milhões. ■
LOJA TEMPORÁRIA E COM AUTOATENDIMENTO
Em cada espaço montado dentro da loja em Florianópolis, são disponibilizados
totens com computadores para que o cliente realize a sua compra
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 27
Simon Dawson/Bloomberg
AVIAÇÃO 1
AVIAÇÃO 2
Azul adia início da nova linha de ônibus
entre Caxias do Sul e Porto Alegre
Airbus minimiza projeções otimistas de Wall
Street sobre vendas do modelo A320neo
Segundo a companhia, o adiamento aconteceu por questões
operacionais. Originalmente, o início da linha estava marcado
para segunda-feira, 31/01. A Azul diz que os clientes que já fizeram
suas reservas contando com o novo itinerário serão contatados
pela companhia que honrará o compromisso. Disse ainda que não
há previsão para o início das operações.
O Morgan Stanley foi citado em reportagens prevendo que a fabricante
europeia de aeronaves poderia vender de 500 a mil unidades do novo
avião, que terá motores mais eficientes, até o Paris Air Show, em junho.
O diretor de vendas da Airbus John Leahy classificou o número como
“excessivamente otimista”, mas reiterou que a empresa espera vender
“muitas centenas” de unidades durante o mesmo período.
Murillo Constantino
Roberto Eiji Kohigashi, diretor
da Work Móveis: Rio de Janeiro,
Minas Gerais e Paraná estão
na mira da empresa
Aos 40, Work Móveis desenha
expansão pelo país por franquias
Rede especializada em itens corporativos ampliará sua atuação para além do estado de São Paulo
Natália Flach
nflach@brasileconomico.com.br
Depois de 40 anos de atuação no
mercado de móveis corporativos na capital paulista, a Work
Móveis decidiu expandir a sua
rede de lojas para o restante do
país. O método escolhido foi a
franquia, segundo Roberto Eiji
Kohigashi, diretor da empresa
que possui 11 pontos de venda
no município. “Queríamos entrar no interior de São Paulo e
em outros estados, mas, se fizéssemos isso com recursos
próprios, teríamos de investir
em centros de distribuição e na
contratação de funcionários”,
diz. O executivo acrescenta que
a meta é ter 20 franqueados, nos
próximos três anos.
De acordo com Kohigashi, a
companhia baseou a sua decisão
em um estudo encomendado à
Bittencourt Consultoria, que detalhou o plano estratégico da varejista para os próximos anos. A
ideia era dar início à expansão,
em 2010, mas o projeto foi adiado
para este ano. “No ano passado,
preferimos investir na capacita-
ção dos nossos funcionários antes de repassarmos a marca para
os franqueados”, esclarece.
A expectativa é que sejam
abertas cinco lojas franqueadas
no interior de São Paulo, ainda
neste ano. “A ideia é começarmos pelas regiões mais próximas
para depois irmos ampliando o
raio de atuação.” Por isso, as
próximas praças escolhidas são
Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Paraná. “O retorno do investimento deve ocorrer dentro de 26
a 27 meses, e a taxa de franquia
servirá para custear o treinamento dos franqueados.”
Outro objetivo da Work Móveis, para este ano, é dar continuidade às reformas das lojas, em São
Paulo. A unidade no bairro Butantã foi a primeira a ser colocada nos
moldes de um showroom. Foram
investidos R$ 350 mil e o resultado
foi percebido pelo faturamento,
que quase dobrou em 2010 em relação a 2009. A receita chegou a
R$ 2,1 milhões ante R$ 1,3 milhão,
no ano anterior. “Conseguimos
esse crescimento sem aumentar o
mix de produtos, só com a repaginação da loja”, comemora.
O novo plano de
expansão da Work
Móveis foi montado
a partir de um
levantamento e um
plano estratégico para
os próximos cinco
anos desenvolvido
por uma consultoria
O executivo acrescenta que a
meta é concentrar os esforços nas
outras nove lojas neste ano. No total, serão investidos R$ 2,5 milhões e a expectativa da companhia é aumentar em 70% o seu faturamento global — que encerrou
2010 em R$ 15 milhões — e deve
chegar a R$ 25,5 milhões, em 2011.
Mais funcionários
A Work Móveis tem hoje 90 funcionários, mas, com o crescimento da companhia, deve chegar ao
fim do ano com 130 pessoas em
seu quadro. “Também estamos
estudando aumentar o volume de
compras das fabricantes para
atender à demanda crescente”,
afirma. Sobre a possibilidade de
entrar em novos nichos, além de
móveis de escritório, Kohigashi
nega. “Queremos é incrementar o
nosso mix de acessórios.”
Segundo o executivo, por mês,
são vendidos perto 7 mil itens e a
carteira de clientes cadastrados
supera 80 mil pessoas. ■
28 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
ENCONTRO DE CONTAS
LURDETE ERTEL
Sinal de
fumaça
As baforadas dos
chineses podem ajudar
a dar novo fôlego
à outrora encorpada
indústria de
charutos da Bahia.
Pedidos de compra
vindos da China
movimentam os
produtores de fumo de
charuto do Recôncavo
Baiano, reconhecido
internacionalmente
como um dos
melhores do mundo,
ao lado do cubano.
Atualmente, as oito
fábricas da região
produzem 10 milhões
de unidades por ano.
Mas, nos tempos áureos
do segmento, entre as
décadas de 1960 e 1980,
o volume alcançava bitola
infinitamente maior:
nesta época, a produção
baiana alcançava
200 milhões de charutos
por ano. Somente a
fábrica da Suerdieck
fabricava, sozinha,
metade deste volume.
1
2
3
4
Fotos: divulgação
Desova de relíquias
O legendário empresário egípcio
Mohamed al Fayed parece estar em uma
fase de desapego: depois de vender a
famosa loja de departamentos Harrods
(Londres) para a Qatar Holdings, agora
o magnata está colocando no prego
sua fabulosa coleção de carros antigos.
O bilionário vai vender no próximo
final de semana dez exemplares de
preciosidades sobre rodas do acervo que
reuniu ao longo das últimas décadas.
O lote será leiloado no dia 5 pela
Bonhams em Paris, na França, e tem
reluzentes exemplares de grifes
automotivas como Rolls-Royce e Ferrari.
Na lista, está a Ferrari 330 GT (4), de 1965,
que já pertenceu ao Beatle John Lennon.
A joia pertenceu a Dodi Fayed – filho do
empresário e namorado de Lady Di, que
morreu com ela no acidente em Paris.
Outras atrações do leilão: uma Ferrari
330 GTC Berlinetta, de 1966 (1),
uma Ferrari 365 GTC4 Coupe, de 1972 (2)
e um Rolls-Royce Phantom V, de 1963 (3).
Bodo Marks/AFP
Semeador do futuro
Com o rasante que fará em
Manaus (AM) em março para
participar do 2º Fórum Mundial
de Sustentabilidade, o ator
e ex-governador da Califórnia
Arnold Schwarzenegger vai
conferir in loco uma de suas
antigas paixões ambientais.
Faz anos que a Amazônia está na
lupa do astro de “Exterminador
do Futuro”: em 2008, como
governador da Califórnia,
chegou a assinar um acordo
de cooperação histórica com
o Estado, para a preservação
ambiental amazonense.
Frota de elite
Schwarzenegger aterrissa no
Brasil em março na companhia
do ex-presidente americano Bill
Clinton e do magnata Richard
Branson, especialmente a convite
do evento promovido a quatro
mãos pela Seminars e pelo Lide.
No ano passado, o mesmo evento
trouxe o cineasta James Cameron
e o ex-vice americano Al Gore.
À vontade com
o estojo de beleza
A top alemã Heidi Klum anda
dedicada a socializar seus
conhecimentos de beleza.
Na última semana, a loira
ancorou em uma loja de
cosméticos de Hamburgo,
na Alemanha, para dar dicas
de maquiagem em um evento
da Astor, marca da gigante
Coty da qual é diretora artística
e conselheira desde 2010.
A relação de Heidi com
apetrechos de beleza vem
de muito antes de sua estreia
no mundo dos flashes e das
passarelas: o pai da modelo
trabalhou para a marca
de cosméticos alemã
4711 durante 20 anos.
Ainda em 2011, a top
também pretende
lançar um site de
saúde e beleza,
em parceria
com um portal
americano.
“O Brasil
de hoje,
entre as novas
grandes nações,
as novas grandes
potências,
é o país que
tem mais
argumentos
nas mãos e
que mais tem
construído uma
civilização.
Isso me
impressiona
profundamente
no Brasil”
Alain Tourraine,
sociólogo francês.
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 29
Reprodução
MARCADO
Face to face
Com 6 milhões de exemplares vendidos em 25 anos,
o famoso jogo de tabuleiro Cara a Cara, da Brinquedos
Estrela, ganha uma versão para o Facebook.
Idealizado pela DM9DDB, o jogo on-line entra no ar, permitindo
que as “caras” do tabuleiro sejam os amigos reais dos internautas
extraídos de sua lista de contatos na rede social. Na brincadeira,
dois internautas podem se enfrentar utilizando o Facebook.
● A partir de amanhã,
o Makro coloca na estrada uma
carreta equipada com cozinha
experimental que vai percorrer
45 cidades do país até dezembro,
para capacitar pequenos e médios
empreendedores de food service.
A largada é em Interlagos (SP).
encontrodecontas@brasileconomico.com.br
Pierre Verdy/AFP
Tiro de festim
Dois em um
A fabricante brasileira de armas
Taurus, de Porto Alegre (RS),
voltou a mostrar bala na
agulha no mercado americano.
A pistola PT 740 Slim,
fabricada pela empresa gaúcha,
acaba de faturar o título
de Arma do Ano 2011, mais
importante distinção da indústria
de armas dos Estados Unidos.
É a sétima vez que um
produto da Taurus é destacado
nesta premiação.
O segmento de pistolas é o
principal responsável pela
expansão da Taurus no mercado
americano, onde a empresa
brasileira disputa liderança
com as tradicionais Sturm
Ruger e Simth Wesson.
Androginia é mesmo a
palavra da moda – e não
apenas nas passarelas do São
Paulo Fashion Week, que teve
a transexual brasileira Lea T
(abaixo) como uma das estrelas
mais badaladas até agora.
A exemplo do estilista
Alexandre Herchcovitch,
que escalou o/a filho/a do
ex-jogador Toninho Cerezo
para desfilar sua grife no SPFW,
também o incensado Jean Paul
Gaultier garantiu holofotes
na Semana da Moda de Paris,
ao escalar o sérvio Andrej Pejic
(foto) para exibir o vestido de
noiva que culminou a coleção.
Com 19 anos, longos cabelos
loiros e traços acentuadamente
femininos, Pejic virou muso na
alta costura. Pela Models.com,
já é o 16 º mais influente
modelo masculino do mundo.
Com a ascensão de Lea T,
que acaba de chegar à 40ª
posição no ranking (feminino)
da Models, se consagra uma
nova expressão: femiman.
Retirada
A Aerolíneas Argentinas vai
deixar de voar para o Nordeste
brasileiro a partir de março.
A companhia tinha frequências
semanais entre Buenos Aires
e Salvador, na Bahia, há um ano.
A rota vai sair do ar por
causa da baixa ocupação.
Chapa quente
A gastronomia será um dos
pontos altos do menu do
7º CEO´S Family Workshop, que
reunirá 200 CEOs e suas famílias
no Guarujá (SP), em fevereiro.
Além de almoços e jantares
preparados por alguns dos
melhores chefs do Brasil, o evento
do Grupo Doria levará uma
unidade da rede de hambúrguer
The Fifties para dentro do
luxuoso Sofitel Jequitimar.
A lanchonete pop-up reproduzirá
duas marcas registradas da rede:
o famoso hambúrguer e a
ambientação no glamour
americano dos anos 50.
GIRO RÁPIDO
Arte na mesa
A rede de restaurantes
Spoleto, com 230 unidades
no país, vai estender
o projeto cultural Arte
Urbana, que estampou
desenhos de artistas
urbanos em séries de copos
e pratos no ano passado.
A primeira coleção de 2011
será de copos com desenhos
de Toz, Chivitz, Binho Ribeiro,
Minhau e Mateu Velasco.
Doçura
A Wondercakes, marca
paulistana especializada
em cupcakes, inaugura
sua quarta loja hoje.
No Shopping Nações Unidas.
Neste ano, a empresa
pretende expandir para fora
de São Paulo, por franquias.
A meta é inaugurar
10 lojas em 2011.
Moda de praia
Sempre Paris
A hotelaria de Paris, na
França, teve um ano de luxo:
os hotéis da cidade mais
assediada por turistas no
mundo registraram 5,9
milhões de pernoites em 2010.
O número foi 5,4%
superior ao do ano anterior.
Curiosamente, o maior
crescimento ficou por
conta dos visitantes chineses,
que se hospedaram nos
hotéis da capital francesa
por 337 mil noites, 34,7%
a mais que em 2009.
O balanço não incluiu
turistas que optaram por
hotéis dos arredores de Paris.
Uma noite num hotel
em Paris custa, em média
de 148,6 euros.
Os picolés da Sorvete Itália,
do Rio, ganharam roupa
nova de grife — literalmente.
As embalagens exibem as
estampas da coleção 2011
dos biquínis da marca
de moda praia Salinas,
inspirada nas culturas
baiana e cubana. Foram
fabricados 150 mil embalagens
da série limitada criada
com a parceria das duas
tradicionais marcas cariocas.
Até que demorou: as festanças do primeiro-ministro
Silvio Berlusconi com farto plantel de mulheres
vão virar tema de um filme pornô.
Bunga Bunga, presidente é uma paródia
escancarada do caso Ruby R, com foi batizado
o novo escândalo sexual com que Il Cavaliere
está às voltas e que tem recheado a mídia
italiana com fotos de protegidas do “papi”.
30 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
CONSUMO POPULAR
PAULO VIEIRA LIMA
Thiago Teixeira/O Dia
EXPRESSAS
Aneel e a queda
de braço que
vale R$ 12 milhões
Continua a dura queda de braço
entre a Aneel, consumidores
de energia e a classe política.
Em Brasília, se espera que,
nos primeiros dias de fevereiro,
seja apresentado um projeto de
decreto legislativo que imponha
à Aneel a devolução — com valor
corrigido — de R$ 12 milhões que
a agência cobrou indevidamente
dos consumidores. Indignado,
o presidente da CPI das Tarifas
de Energia fala em desrespeito.
Eduardo da Fonte lembra
que a Aneel contraria o apelo
de 220 parlamentares.
Clientes aumentam
uso de celulares
para compras
Nova classe média vai estimular a realização de grandes eventos populares. Cresce a oportunidade para artistas e empreendedores
Ponte Ativação, nascida para
cuidar dos novos consumidores
Uma canção diz que
a gente não quer só comida.
Quer diversão, balé...
O público da nova classe média
já ganhou shopping center com
luxo a que todos têm direito.
Surgem marcas e empresas ávidas por terem o nome vinculado
aos interesses desta população
economicamente emergente.
Há produtos pensados especialmente para este perfil de consumidor e falta muita coisa na área
cultural e esportiva.
O publicitário André Torreta
vem pesquisando e agindo neste
universo. Baiano, radicado em
São Paulo, ele é consultor de
empresas e especialista em tratar com a base da pirâmide social. Sua percepção é que — passado o momento do consumo
desenfreado — a demanda se
volta para produtos culturais e
educacionais. Ao fundar a agência Ponte Ativação ele abre um
canal para a aproximar o público e acontecimentos como os
megaeventos até agora acessíveis, apenas, às faixas de renda
mais privilegiadas.
“
Para este perfil
de consumidor,
falta muita coisa
na área cultural
e esportiva
Empresas como Claro e
Dreher prestigiam projetos nesta linha. O mercado publicitário
também tende a prestar atenção
a uma camada social absolutamente ignorada pela grande mídia. Estamos vivendo o que os
Estados Unidos viveram na década de 50 do século 20. Naquele período, lembra Torreta, foi o
momento do blues, do jazz e da
fusão entre a cultura negra popular e a música branca. Surgia
o rock e outras manifestações
que fortaleceram o processo de
constituição da cidadania. ■
TRÊS PERGUNTAS A...
Murillo Constantino
Publicitário critica atenção,
apenas, para a música
elitizada. Torreta também
defende a descentralização
de eventos
Na sua opinião, como devem
ser os eventos culturais?
...ANDRÉ TORRETA
Diretor da Ponte Ativação
A grande massa trabalhadora
e consumidora mora na
periferia dos grandes centros
urbanos. Esta gente merece
ter acesso à arte, cultura
e educação elaborada.
As políticas públicas
caminham na direção certa?
Acredito que sim. O que é
necessário é fazer com que
artistas e produtores culturais
cheguem perto do público além
dos pontos frequentados pela
elite econômica. Dá para promover,
prestigiar e descobrir talentos
novos e ritmos como o “arrocha”
e o “funk” e suas variações.
Estão derrubados barreiras e
preconceitos contra a periferia?
Não vejo por que não derrubar
barreiras. Um grande sucesso
na internet é a música
“Minha mulher não manda
em mim”. Tem quem não goste,
mas a música tem mais de
4 milhões de acesso no Youtube.
Olha, já ouvi dizerem que tenho
uma empresa vocacionada
a atender um nicho de mercado.
Se o público a quem me dirijo
representa 80% da população,
quem é, mesmo, que se
dedica a um nicho de mercado?
Nesta quinta-feira a Associação
Brasileira de Lojistas de Shopping
realiza, no auditório IBM,
em São Paulo, o encontro de
Pós-NRF, evento que se realizou
este mês em Nova York
e que, em termos mundiais,
é considerado a maior feira
e convenção internacional de
varejo. O encontro analisa quais
as soluções estão adequadas para
o ambiente empresarial brasileiro.
Durante a feira, representantes
da GS&MD constataram o uso
intensivo do celular nas relações
do comércio varejista dos EUA.
Ecotelhado cresce
e faz parceria com
empresa espanhola
A Ecotelhado — especialista
em infraestrutura verde
urbana — firmou parceria com
a espanhola Mitra, empresa
de energia sustentável.
Entre as metas estão projetos
referentes à Olimpíada de 2016.
Segundo João Feijó, diretor da
Ecotelhado, já foram instalados
no Brasil mais de 55 mil
metros quadrados de telhados
verdes presentes em vários
tipos de construção e
o mercado continua receptivo
a esta alternativa de cobertura.
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 31
Fábio Gonçalves/O Dia
Quanto custa rodar em áreas alagadas
Não é preciso que o carro seja totalmente envolvido pelas águas
da enchente para que o bolso do seu proprietário sofra sérios
danos. Em São Paulo, Denis Marum, diretor da Chevy Auto Center,
avalia que os prejuízos podem variar entre R$ 400,00 e
R$ 1.200,00. Marum lembra que há situações que podem
ser evitadas. Nesta época, rodar com bateria em mau estado,
por exemplo, aumenta o risco de sobrecarga na parte elétrica.
consumopopular@brasileconomico.com.br
Henrique Manreza
Consumidor tem mais interesse
na “saúde” do veículo
O brasileiro nem percebeu, mas
está abandonando um velho hábito. Antes era comum deixar de
lado o manual do proprietário do
veículo. Hoje, há mais interesse
em saber como funciona e qual é
a saúde do motor. Quando é o
momento de uma intervenção
mais pontual, o jeito é procurar
uma das 3 mil retíficas credenciadas e fiscalizadas em todo o
país pelo Conselho Nacional de
Retífica de Motores (Conarem).
O empresário José Arnaldo Laguna preside o conselho criado
em 2000 para disciplinar este
setor que anualmente movimenta mais de R$ 900 milhões.
Laguna ressalta que as retíficas
atuam sob um código de ética
em que se impõe manutenção
rigorosa e se estabelecem crité-
rios ao profissional e à prestadora de serviços. Só o que está no
orçamento deve ser feito e qualquer alteração deve ter autorização formal do cliente. Caso
ocorra uma penalização, o associado do Conarem terá amplo
direito de defesa antes de cumprir a pena de advertência, multa, suspensão ou até de expulsão
da rede nacional de retíficas. ■
George Frey/Bloomberg
Locais para estacionar bicicletas mudarão o Código de Trânsito
Menina sugere lei
dos bicicletários
Retífica de motores, um setor da economia que movimenta quase R$ 1 bilhão por ano
A Câmara dos Deputados está
prestes a tornar realidade a proposta de Patrícia Bezerra da Rocha
que altera um trecho do Código de
Trânsito Brasileiro e torna obrigatória a instalação de bicicletários
nas proximidades das escolas e
locais de grande circulação de
pessoas. Patrícia fez a sugestão
enquanto era deputada mirim e
seu projeto foi acatado pelo deputado Moreira Mendes, do PPS de
Roraima. Este é um resultado prático do trabalho da Câmara Mirim, um programa educativo em
que alunos do ensino fundamental agem como deputados e fazem
leis de interesse público. Caso o
projeto seja apadrinhado por um
deputado, a proposta é levada à
discussão como projeto e pode virar uma lei. Ao que tudo indica, a
sugestão de criar bicicletários tem
chances de sucesso. ■
Fotos: divulgação
Sem mudanças na educação,
é difícil deixar de ser sem-teto
O governo promete acabar com
irregularidades nas ações de revenda de imóveis dos programas sociais. Um dos cuidados é
com o repasse da propriedade a
pessoas com perfil de renda que
não atende aos requisitos para a
aquisição do bem. Feita a revenda, o morador — quase sempre
— volta a engrossar o coro daqueles que não têm onde morar.
Há pelo menos três décadas circulava a lenda urbana que relatava uma situação trágica e cômica. Ao receber a casa do sistema habitacional, uma senhora
não permitia o acesso ao banheiro da residência. A educa-
Inaugurado novo centro de distribuição
KaBuM! mais TV 3D
A loja virtual KaBuM! inaugurou
um centro de distribuição com
2.600 m² de área construída,
com investimento total de R$ 3,5
milhões, localizado na cidade de
Limeira, no interior paulista. O
espaço atende a demanda popular por TV 3D. Leandro Ca-
margo, diretor da empresa, diz
que a capacidade de processamento é de um pedido a cada
7 segundos. Camargo explica
que a KaBuM! tem mais de 600
mil clientes em todo o Brasil e,
em 2011, espera que seu faturamento cresça até 120%. ■
Para fixar residência se exige mais do que a casa...
dora sanitária foi saber a razão.
Zelosa, a moradora deixava o
local impecavelmente limpo e
colocava flores no vaso sanitário. Afinal, era um vaso... Continua, hoje, a carência de orientação aos proprietários dos
imóveis populares financiados
com verba pública. ■
32 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
FINANÇAS
Um ano após IPO, Multiplus já
Valor de mercado da rede de programa de fidelidade soma
R$ 5,02 bilhões, ante R$ 6,18 bilhões da companhia aérea
Thais Folego
tfolego@brasileconomico.com.br
Ela nasceu como o programa de
milhagens da companhia aérea
Tam. Cresceu. Foi segregada.
Abriu o capital. Hoje, prestes a
completar um ano de independência, vale tanto quanto a sua
companhia “mãe”. O atual valor
de mercado da Multiplus, que se
tornou uma rede de programas
de fidelidade, é de R$ 5,02 bilhões, enquanto o da Tam é de
R$ 6,18 bilhões.
Desde sua estreia na bolsa, no
dia 4 de fevereiro do ano passado, as ações da Multiplus dobraram de valor. Tiveram valorização de nada menos que 100%.
Os papéis saíram dos R$ 15,81 ao
fim do primeiro dia de pregão
em fevereiro e chegaram a bater
R$ 35,15 em dezembro. Na sexta-feira, os papéis fecharam cotados a R$ 31,10, em dia de forte
aversão ao risco no mercado externo. No período, os papéis da
Tam subiram 26% na bolsa.
O comportamento das ações
na sexta, inclusive, reflete uma
característica da base acionária
da companhia: ter a maioria de
investidores entre estrangeiros.
Na oferta pública inicial (IPO)
da companhia, 82% dos papéis
ofertados ficaram com eles. Na
composição do capital acionário
da Multiplus, a Tam detém
73,2% das ações. Os 26,8% restantes estão espalhados entre
diversos investidores de bolsa.
“O investidor externo é familiarizado com o nosso modelo de negócios”, diz Eduardo
Gouveia, presidente da Multiplus. A inspiração para transformar o programa de fidelidade da Tam em uma rede de coalizão de programas — permitindo que uma cliente junte
numa única conta os pontos
acumulados nos vários programas de fidelidade de que participa — foi em uma empresa canadense chamada Aeroplan.
Desde a estreia
na bolsa, em 4 de
fevereiro de 2010,
as ações do
programa de
milhagem tiveram
valorização de 100%
■ AÇÕES
Participação da Tam
na Multiplus é de
explicar o que a empresa faz.
“Eu costumo dizer que somos
compradores e vendedores de
pontos”, diz Gouveia (leia mais
no quadro ao lado).
Desde que assumiu a presidência da companhia, há 10 meses, Gouveia já participou de três
road shows: Nova York, Canadá
e Europa (Londres e Frankfurt).
“Foram mais de 1.200 contatos
com o investidor, entre road
shows, reuniões e conferências
com bancos de investimentos”,
conta Gouveia.
Outro fator foi a cobertura do
papel por analistas de bancos
de investimentos relevantes.
Atualmente são cinco instituições avaliando a companhia:
Credit Suisse, Merrill Lynch,
BTG, Raymon James e Safra. O
objetivo é ter 10 até o final do
ano, projeta Gouveia.
73,2
%
■ FATURAMENTO
Multiplus deve fechar
primeiro ano com
R$
1
bilhão
■ PÚBLICO
Número de clientes
cadastrados é de
7,6
milhões
Resultados
Em seu primeiro ano de independência, o Multiplus deve fechar com faturamento de R$ 1
bilhão e 7,6 milhões de clientes
cadastrados. Os resultados refletem o esforço comercial da
companhia em fechar parcerias.
De um lado, com empresas que
possuam programas de fidelidade (parceiros de acúmulo). De
outro, com empresas em que os
clientes podem trocar os pontos
por produtos (chamados parceiros de coalizão). “Já temos quase
150 parceiros de acúmulo e 14 de
coalizão”, diz Gouveia. ■
Eduardo Gouveia: rede
influencia consumo
nos parceiros por meio
do acúmulo de pontos
MULTIPLUS X TAM
Valor de mercado das duas companhias se aproxima, em R$ bilhões
Multiplus
TAM
Segregação de
7,5
6,18
6,0
Prática ainda não é comum
entre as companhias brasileiras;
cenário agora é mais favorável
Vanessa Correia
4,81
Avanço
A valorização da ação da companhia pode ser vista, apesar
de não haver uma outra empresa que atue no mesmo ramo na
bolsa brasileira — parâmetro de
comparação que os investidores normalmente usam — e ter
um modelo de negócios inédito
no país. Isso foi conquistado,
além de resultados, com muitas
“aulas” para o investidor para
5,02
4,5
3,0
1,5
1,89
FEV/10* FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
Fontes: Economatica e Brasil Econômico
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
*no dia 4, data do IPO da Multiplus
DEZ JAN/11**
**no dia 28
vcorreia@brasileconomico.com.br
A segregação de unidades de
negócios para posterior abertura de capital ainda não é uma
prática comum entre companhias brasileiras, mas tende a
ganhar força nos próximos
anos: Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN) e Usiminas já
confirmaram a intenção de separar os ativos de minério de
ferro das operações de siderurgia. Vale e Suzano também são
fortes candidatas a engrossar a
lista, com os ativos de fertilizantes e energias renováveis,
respectivamente.
“Antes da crise financeira já se
falava em segregar unidades de
negócios com o intuito de agregar
valor às companhias. Mas os planos foram postergados em função
do desempenho pífio do mercado
de capitais na ocasião”, lembra
Roberto Gonzalez, professor de
governança corporativa da Trevisan Escola de Negócios, ressaltando que hoje, a bolsa brasileira
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 33
Henrique Manreza
Governo abre espaço para setor de seguros
O governo prorrogou para 31 de março a entrada em vigor da resolução
que determina que seguradoras e resseguradoras não podem transferir
riscos para empresas do mesmo grupo no exterior, prática comum no setor.
Publicada em dezembro, a norma foi mal recebida pelo mercado. “O governo
aceitou prorrogar o prazo para discutirmos a resolução“, diz Jorge Hilário,
presidente da CNSeg. “O mercado quer entender as intenções do governo
com a norma para alinhá-las aos interesses do mercado e do público.”
AGENDA DO DIA
● Às 8h, a FGV divulga
a pesquisa industrial de janeiro.
● Às 8h30, o BC divulga
a política fiscal de dezembro
e o relatório semanal Focus.
● O Tesouro divulga
o resultado primário do
governo central de dezembro.
vale quase o mesmo que a Tam
Murillo Constantino
Rede de fidelidade
Entenda o que a Multiplus
faz e como ganha dinheiro
“Não somos um programa
de fidelidade, mas sim uma rede
de programas.” Essa é a definição
de Eduardo Gouveia para o
negócio da Multiplus. Ele explica:
uma pessoa que é cliente dos
postos Ipiranga, por exemplo,
acumula pontos no “KM de
Vantagens” e, anteriormente, só
podia trocar esses pontos dentro
do proposto por esse programa
de fidelidade. Como a empresa
aderiu à rede Multiplus, o cliente
da Ipiranga pode juntar seus
pontos, transferir para o
Multiplus, juntar com os pontos
acumulados nos programas
de outras empresas que fazem
parte da rede e trocar por um
produto, serviço, passagem
aérea ou hospedagem em
hotéis em que não conseguiria
nos programas separados.
“A rede cria relevância para
os programas de fidelidade”,
diz Gouveia. Como a Multiplus
ganha dinheiro com isso? Ela
vende pontos para as empresas
que fazem parte da rede de
acúmulo de pontos e compra
pontos das empresas parceiras
em que os “acumuladores” irão
trocar os pontos. Ela ganha
na diferença dessa transação.
unidades tende a ganhar espaço
Vale e Suzano são
fortes candidatas
a engrossar a lista,
assim como
CSN e Usiminas
está em ascensão e cenário macroeconômico é favorável.
Carlos Mello, sócio do Lefosse Advogados, afirma que,
muitas vezes, o negócio ganha
corpo e acaba não sendo precificado corretamente dentro da
empresa-mãe. “Por isso, grandes empresas estão olhando
para o próprio quintal afim de
gerar valor adicional”.
Para Pedro Galdi, analistachefe da SLW Corretora, é possível que a ação ganhe vida própria após a segregação, como no
caso da Multiplus. “Mas é difícil
analisar se uma operação de se-
gregação é positiva. Não há histórico no mercado brasileiro
para termos base de comparação”, analisa Galdi.
Estratégia
O principal objetivo de companhias que optam por esse caminho é manter o controle da subsidiária integral que captará recursos na bolsa, de acordo com
o professor da Trevisan. “Caso
contrário, não vale a pena”,
pondera Gonzalez.
Na opinião do professor de
governança corporativa, outros
setores da economia brasileira
também poderiam separar unidades de negócios. “Os bancos
são fortes candidatos. Poderiam
separar as áreas de seguros e
cartões, por exemplo. Mas não
seria algo imediato”, acredita o
especialista da Trevisan.
Outro forte candidato a
adotar a estratégia para captar
recursos é o setor de construção civil. No ano passado, surgiram rumores de que a Cyrela
iria abrir o capital da Living,
braço que atende os segmentos
econômico e supereconômico.
A notícia, porém, foi desmentida pela construtora. ■
CANDIDATAS
● CSN já anunciou a intenção de
abrir capital da Casa de Pedra.
● Usiminas divulgou que
quer listar os ativos de
minério na bolsa de valores.
● Vale reestruturaria área de
fertilizantes e abriria capital.
● Suzano e Suzano
Energias Renováveis.
● Cyrela e Living.
34 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
INVESTIMENTOS
RENDA FIXA
Mariana Segala
msegala@brasileconomico.com.br
Semana promete mais volatilidade na
bolsa, com dados de emprego nos EUA
Possivelmente, o sobe e desce intenso das
ações na BM&FBovespa verificado nos últimos
dias se repetirá nesta semana. “O mercado
anda muito nervoso”, afirma o operador da
corretora Icap Carlos Augusto Nielebock. “Os
níveis de volatilidade, que estavam baixos, já
voltaram a subir.” As justificativas abrangem
de questões externas até o cenário interno.
Aparentemente, o mercado tem disparado sinais contraditórios, do tipo: se os preços das
commodities (matérias-primas) metálicas estão subindo ao redor do globo, por que as
ações de empresas dos setores de mineração e
siderurgia teimam em cair na bolsa? “Ainda se
vê muita aversão ao risco”, avalia Nielebock.
Em um primeiro momento, nada faz crer
que isso vá mudar radicalmente nos próximos pregões. Para completar, nesta semana
tem início a temporada de balanços anuais
das empresas, referentes ao exercício de
2010. A estação começa hoje com a divulgação dos números do Bradesco e da Totvs, do
setor de tecnologia da informação, e segue,
amanhã, com o balanço da Localiza, de aluguel de frotas. Quarta-feira saem os resultados da Redecard e da Santos Brasil, enquanto o Santander divulga os seus na quinta-feira. A semana termina com o balanço
da Tractebel. Embora não tendam a provocar efeitos sistêmicos, os balanços têm potencial para causar oscilações pontuais.
Agenda econômica
Na agenda de indicadores econômicos, o
destaque fica por conta dos números de janeiro relacionados ao mercado de trabalho
americano. Na quarta-feira, serão divulgados os dados da consultoria ADP, que mede a
criação de vagas no setor privado e faz as vezes de prévia dos dados oficiais do governo —
o chamado “payroll”, que será divulgado na
sexta-feira. Completando a série, na quintafeira sai o número de pedidos de auxílio desemprego feitos nos Estados Unidos na última semana. “O ritmo de crescimento do
consumo nos EUA parece ter acelerado no final do ano passado, porém isso não se refletiu em melhora consistente do mercado de
trabalho americano”, assinala relatório do
economista-chefe do banco Fator, José
Francisco de Lima Gonçalves. A expectativa
para a taxa de desemprego do país é de que
tenha se elevado para 9,50% neste mês,
contra os 9,40% verificados em dezembro.
Também devem chamar a atenção alguns
dados relativos à atividade econômica americana. Caso do índice de gerentes de compras da região de Chicago, que sai hoje, e o
índice de atividade industrial, previsto para
amanhã, ambos de janeiro. “Mas o mercado
anda apreensivo mais com fatos que com
dados de agenda. Nesta sexta, o índice de
confiança do consumidor calculado em Michigan foi bom, mas o mercado sofreu”,
exemplifica Nielebock, da Icap.
Internamente, o destaque fica por conta
da produção industrial do mês passado. O
dado, calculado pelo IBGE, sai na quartafeira. A projeção do Fator é de que volte a
ter crescimento consistente após vários
meses de estagnação. Segundo o economista-chefe da instituição, a expansão
deve ser de 0,4% na comparação mensal e
5,2% na anual. Esses números serão complementados pelos da indústria automobilística, que saem amanhã e quinta-feira. ■
INDICADORES E EVENTOS DA SEMANA
SEGUNDA-FEIRA (31/1)
8h
| (Portugal) — Leilão de títulos
8h
| (Brasil) — Sondagem da Indústria da FGV (janeiro)
9h
| (Brasil) — Pesquisa Industrial Mensal do IBGE (dezembro)
8h30 | (Brasil) — Pesquisa Focus
10h
| (EUA) — Dados do setor hipotecário
11h30 | (EUA) — Índice de Inflação PCE (dezembro)
11h15 | (EUA) — Índice de emprego ADP (janeiro)
12h45 | (EUA) — Índice de Gerentes de Compras de Chicago (janeiro)
| (Brasil) — Balanço da Redecard
Fundo
Data
BB RENDA FIXA LP 50 MIL FICFI
BB RENDA FIXA LP ESTILO FICFI
ITAU PERS MAXIME RF FICFI
CAIXA FIC EXEC RF LONGO PRAZO
CAIXA FIC IDEAL RF LONGO PRAZO
BB RENDA FIXA 5 MIL FIC FI
BB RENDA FIXA 200 FIC FI
BB RENDA FIXA 50 FIC FI
BB RENDA FIXA LP 100 FICFI
ITAU PREMIO RENDA FIXA FICFI
27/JAN
27/JAN
28/JAN
27/JAN
27/JAN
28/JAN
28/JAN
28/JAN
27/JAN
28/JAN
Rent. (%)
12 meses No ano
9,35
9,34
9,27
8,88
8,31
8,13
6,95
6,46
5,91
5,91
0,71
0,71
0,78
0,70
0,66
0,67
0,59
0,55
0,48
0,52
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
1,00
1,00
1,00
1,10
1,50
2,00
3,00
3,50
4,00
4,00
50.000
80.000
30.000
5.000
5.000
200
50
100
300
DI
Fundo
Data
BB REF DI LP ESTILO FIC FI
BB REF DI ESTILO FICFI
ITAU PERS MAXIME REF DI FICFI
BB REF DI 5 MIL FIC FI
BB NC REF DI LP PRINCIPAL FIC FI
BB REF DI 200 FIC FI
HSBC FIC REF DI LP POUPMAIS
ITAU PREMIO REF DI FICFI
BRADESCO FIC DE FI REF DI HIPER
SANTANDER FIC FI CLAS REF DI
27/JAN
28/JAN
28/JAN
28/JAN
27/JAN
28/JAN
28/JAN
28/JAN
28/JAN
28/JAN
Rent. (%)
12 meses No ano
9,51
9,12
9,09
7,46
7,20
6,86
6,70
5,81
5,34
5,04
0,74
0,75
0,76
0,63
0,59
0,59
0,59
0,52
0,48
0,44
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
0,70
1,00
1,00
2,50
2,47
3,00
3,00
4,00
4,50
5,00
10.000
ND
80.000
5.000
100
200
30
1.000
100
100
AÇÕES
Fundo
Data
BB ACOES VALE DO RIO DOCE FI
CAIXA FMP FGTS VALE I
BRADESCO FIC DE FIA
BRADESCO FIC DE FIA MAXI
BRADESCO FIC DE FIA IV
SANTANDER FIC FI ONIX ACOES
ITAU ACOES FI
UNIBANCO BLUE FI ACOES
ALFA FIC DE FI EM ACOES
BB ACOES PETROBRAS FIA
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
Rent. (%)
12 meses No ano
21,98
20,86
1,63
1,47
1,42
(1,52)
(1,68)
(1,70)
(4,53)
(20,55)
6,96
6,62
(1,77)
(1,79)
(1,80)
(2,64)
(2,16)
(2,87)
(2,09)
(2,77)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,00
1,90
4,00
4,00
ND
2,50
4,00
5,00
8,50
2,00
200
100
1.000
200
200
MULTIMERCADOS
Fundo
Data
SANT FI CAP PROT VGOGH 4 BR MULT
ITAU EQUITY HEDGE MULTIM FI
BB MULTIM TRADE LP ESTILO FICFI
CAPITAL PERF FIX IB MULT FIC
ITAU PERS K2 MULTIM FICFI
ITAU PERS MULTIE MULT FICFI
SANTANDER FIC FI ESTRAT MULTIM
ITAU PERS MULT ARROJADO FICFI
ITAU PERS MULT AGRESSIVO FICFI
SANT FICFI CAP PROT VG 6 BR MULT
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
27/JAN
Rent. (%)
12 meses No ano
12,31
10,84
9,59
9,45
9,32
9,12
6,95
6,21
5,08
3,21
(0,53)
0,40
0,75
0,71
0,78
0,74
0,28
0,24
0,03
(0,45)
Taxa
Aplic. mín.
adm. (%) (R$)
2,30
2,00
1,50
1,50
1,50
1,25
2,00
2,00
2,00
2,50
5.000
5.000
20.000
50.000
5.000
10.000
5.000
5.000
5.000
*Taxa de performance. Ranking por número de cotistas.
Fonte: Anbima. Elaboração: Brasil Econômico
| (Brasil) — Nota de Política Fiscal do Banco Central (dezembro)
| (Brasil) — Balanço do Bradesco
QUINTA-FEIRA (3)
7h30 | (Espanha) — Leilão de títulos
Bradesco
TERÇA-FEIRA (1/2)
10h45 | (Zona do Euro) — Anúncio da taxa de juros
Prazo para acionista exercer direito de preferência acaba hoje
8h
| (Brasil) — IPC-S (4ª quadri - janeiro)
11h30 | (EUA) — Pedidos de auxílio-desemprego
8h
| (Zona do Euro) — Taxa de desemprego (dezembro)
13h
13h
| (EUA) — ISM da Indústria (janeiro)
Termina hoje o prazo para os acionistas do Bradesco exercerem
o direito de preferência de compra de ações no âmbito do aumento
de capital que está sendo realizado pelo banco. A operação eleva o
capital social do Bradesco em R$ 1,5 bilhão, mediante a emissão de mais
de 62 milhões de novas ações, sendo 31 milhões de papéis ordinários
e outros 31 de papéis preferenciais. A subscrição particular pelos
acionistas é realizada ao preço de R$ 24,06. O direito de preferência
permite aos atuais acionistas adquirirem novos papéis na proporção
de aproximadamente 1,66% sobre a posição acionária possuída em
17 de dezembro. Eventuais sobras de ações, depois do prazo de exercício
do direito de preferência, serão vendidas em leilão na BM&FBovespa.
| (EUA) — Encomendas da indústria (dezembro)
| (Brasil) — Balanço do Santander
| (Brasil) — Vendas domésticas de automóveis da Fenabrave (jan)
SEXTA-FEIRA (4)
QUARTA-FEIRA (2)
7h
| (Brasil) — IPC-Fipe (janeiro)
Fontes: MCM e Ativa
| (Brasil) — Dados da Anfavea sobre indústria automobilística (jan)
11h30 | (EUA) — Taxa de desemprego (janeiro)
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 35
AÇÕES
Desempenho
13,31%
Foi a queda acumulada pelos papéis ordinários do Marfrig durante a
semana passada, a maior entre as ações do Ibovespa. Na ponta oposta,
as ações ordinárias da Usiminas foram as que mais subiram — 4,33%.
HOME BROKER
NA REDE
Ibovespa, fechamento em mil pontos
73,3
71,9
71,,9000003
70,5
70,5000003
69,1
699,1000002
69,0
68,5
67,7
677,7000002
66,3
666,3000001
001
65,0
64,9
644,9000001
001
64,0
63,5
63,,500000
1/OUT
18/OUT
1/NOV
17/NOV
1/DEZ
16/DEZ
3/JAN
17/JAN 28/JAN
Fontes: José Faria de Azevedo Filho, Economatica, BM&FBovespa e Brasil Econômico
suporte 1
resistência 1
suporte 2
resistência 2
IBOV
Ibovespa em tendência de baixa no curto prazo
A piora do cenário externo e a expectativa de novas intervenções
do governo brasileiro no crédito aumentaram o mau humor dos
investidores e a bolsa brasileira encerrou a semana passada
em queda de 3,52%, o pior resultado em dois meses. Na sexta-feira,
o Ibovespa caiu 1,99%, movimento afetado, em parte, pelo clima
de pessimismo com o quadro internacional, principalmente após
os confrontos políticos no Egito. Em janeiro e no ano, o principal
índice acionário da BM&FBovespa amarga baixa de 3,76%.
Segundo José Faria de Azevedo Filho, analista gráfico da Lopes
Filho, numa visão de curto prazo, o Ibovespa está em tendência
de baixa, após perder o que os especialistas chamavam de fundo
(sucessão de novas mínimas) na sexta-feira, quando encerrou
o pregão aos 66.697 pontos. “Está ingressando numa correção
da tendência de alta do ano passado”. Para o especialista, os pontos
de suporte — patamares que, se perdidos, apontam para uma chance
de queda em sequência — estão localizados em 65.000 e 64.000.
“Se confirmar, sinaliza uma virada na tendência e poderá levar
a uma queda mais prolongada”. Os valores de resistência,
ponto que, se superado, indica a possibilidade de continuidade
de movimento de alta da ação, assinalados por Azevedo Filho
são de 69.000 e 68.500 pontos. “A partir daí a expectativa é
que a bolsa mostre alguma recuperação”, afirma o especialista.
Soja
Bolsa dará desconto no 1º mês
de negociação de novo contrato
A BM&FBovespa está
promovendo uma tarifação
especial de lançamento dos
contratos futuros e de opções de
soja com liquidação financeira.
Até dia 28 de fevereiro, a bolsa
isentará os investidores do
pagamento de taxa de registro
e permanência e cobrará
emolumentos de US$ 0,01 por
contrato. Depois desse período,
passa a vigorar outra tabela de
preços, em que os emolumentos
partem de US$ 0,35 por contrato.
“Um mundo em que os países
veem os problemas globais como um
jogo de soma zero é um mundo
G-Zero, em vez de um mundo G 20”
@Nouriel, professor da Universidade de
Nova York Nouriel Roubini, no Fórum
Econômico Mundial em Davos
“Características para o bom
investidor, segundo Peter Lynch:
‘Paciência, bom senso, tolerância
à dor, mente aberta, persistência,
humildade, capacidade de
realizar pesquisas de forma
independente e capacidade de
admitir erros.’ Conciso e preciso!”
@chrinvestor, consultor
financeiro Christian Cayre
“Chamaram Bernardinho para
presidente da bolsa? Vôlei todo dia,
levantou... cortou ! E abaixo
de 67.000 pontos pode piorar...”
@FernandoGoes1, analista
gráfico da Link Trade
“Quer ganhar mais? Invista
em ativos mais agressivos,
mantenha o olho neles e espere”
@rcinvestimentos, consultor
financeiro Raphael Cordeiro
Serviços financeiros
Banco do Brasil deve ter maior
crescimento trimestral nos
lucros, avalia Itaú Corretora
No segmento de serviços
financeiros, a equipe de análise
da corretora do Itaú aposta no
Banco do Brasil como a empresa
que deve registrar o maior
crescimento trimestral de lucros,
em consequência de receitas
contabilizadas a partir do
superávit do Plano Previ I. A safra
de balanços fechados de 2010
começa hoje com os resultados
do Bradesco. “Para os bancos de
grande porte do nosso universo
de cobertura, espera-se um sólido
crescimento nos empréstimos,
melhora na qualidade dos ativos,
porém com despesas não
decorrentes de juros mais
elevados”, destacaram em
relatório os analistas Regina
Longo Sanchez, Thiago Bovolenta
Batista e Alexandre Spada.
Já os resultados da Cielo serão
provavelmente afetados pela
concorrência mais acirrada no
segmento de cartões de crédito.
“Estimamos que a Cielo deve
apresentar uma deterioração das
margens, devido à concorrência
mais acirrada, cujos efeitos
principais seriam uma redução das
taxas de desconto e da tarifa média
de aluguel de POS (a “maquininha”)”.
O Itaú recomenda compra para
Cetip, Bradesco e Banco do Brasil.
36 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
INVESTIMENTOS
Celso de Campos Toledo Neto
Economista e diretor da LCA
Inflação preocupa, mas
mercado parece exagerar
Faz algumas semanas que o noticiário econômico tem favorecido as teses inflacionárias mais pessimistas. Os dados mostram um quadro de cotações de commodities em
elevação, medidas de inflação pressionadas no atacado e
no varejo e taxa de desemprego historicamente baixa. As
expectativas de inflação não param de subir, colocando o
Banco Central (BC) em uma encruzilhada. O mercado
futuro prevê que a taxa de juro deverá subir algo entre
200 e 250 pontos, além dos 50 pontos de janeiro. A meu
ver, no entanto, a projeção parece exagerada.
A principal preocupação diz respeito ao impacto inflacionário do uso excessivo dos recursos da economia.
Para a ala pessimista, o chamado “hiato do produto” estaria perigosamente desalinhado. Há inúmeras medidas
de hiato. Tenho preferência por uma média ponderada
dos níveis de utilização da capacidade instalada na indústria e da força de trabalho. O hiato ficou positivo no
início do ano passado, atingiu um pico no segundo trimestre e encontra-se relativamente estacionado em patamar positivo, mas cerca de um terço do verificado em
2008, antes da crise internacional vir à tona.
“
A política econômica
não está inerte. A previsão
de aumento de juros
embutida nos mercados
futuros é excessiva
e parece não levar em
conta as medidas
de restrição ao crédito,
além da provável
contenção fiscal
BOLSAS INTERNACIONAIS (COMPORTAMENTO NA SEMANA)
(EM MIL PONTOS)
DOW JONES
12,00
11,93
11,86
11,79
11,72
24/JAN
28/JAN
24/JAN
28/JAN
24/JAN
28/JAN
24/JAN
28/JAN
24/JAN
28/JAN
S&P 500
1,31
1,30
1,29
1,28
1,27
NASDAQ
2,78
A política fiscal deve ajudar. O
importante é saber quanto o governo
pretende cortar do orçamento e em
que medida a política de concessão
de crédito subsidiado será contida
2,76
2,74
2,72
2,70
A reação do BC começou com medidas macroprudenciais que têm efeitos negativos sobre o crédito. E, na primeira reunião do Copom em 2011, o juro começou a subir. Isso reforça a tendência de desaceleração da atividade econômica, em curso desde meados de 2010.
Além disso, a média diária das concessões de crédito
para pessoas físicas apresentou, em dezembro, queda
comparável à observada após a quebra do Lehman
Brothers. Se o resultado indicar uma tendência, talvez a
economia não chegue a crescer 4% no ano.
Ao contrário do que ocorreu em 2010, a política fiscal
deverá ajudar. O ponto importante é quanto o governo
vai cortar do orçamento e em que medida a política de
concessão de crédito subsidiado será contida. A LCA calcula que um corte de R$ 40 bilhões tende a ter impacto
expressivo sobre a demanda. Na margem, o BNDES já diminuiu sensivelmente o ritmo de concessões.
Com relação às commodities, a perspectiva de fortalecimento do dólar — cenário de consenso sobre o qual
pairam dúvidas apenas com relação ao timing — tende a
deprimir as cotações. Apesar da provável depreciação do
real, o evento deve ter impacto líquido deflacionário.
A inflação está subindo, mas a política econômica
não está inerte. A previsão de aumento do juro embutida nos mercados futuros é excessiva e parece não levar em conta o efeito provável de outras medidas de
contenção de crédito — além da provável contenção
fiscal. É exagerado afirmar que a inflação está fora de
controle. A nosso ver, dois aumentos adicionais de 50
pontos parecem dar conta do recado, garantindo inflação convergente em prazo médio. Nesse cenário, investidores mais propensos ao risco podem desmontar
um pouco as posições em DI, aumentando a fatia que
aplicam em títulos prefixados. ■
2,68
DAX
7,16
7,13
7,10
7,07
7,04
FTSE-100
5,98
5,95
5,92
5,89
5,86
Fonte: Rosenberg Consultores Associados (wwwrosenbergcombr)
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 37
POUPANÇA
Rendimento
0,57%
é quanto rendem cadernetas com aniversário hoje. A data de
referência é o dia 1º para contas abertas nos dias 29,30 e 31. Até o dia
24, a poupança teve captação negativa de R$ 630,8 milhões.
MOEDAS (COTAÇÕES DE FECHAMENTO)
DÓLAR (R$/US$)
EURO (US$/€)
1,680
1,372
JURO FUTURO
(CDI em % ao ano)
COMMODITIES METÁLICAS
(Índices - Base: 21/jan=100)
27/DEZ/10
100,4
3,
13,3
1,369
1,675
US$
R$
27/JAN/11
100,00
1,366
2,,
12,4
1,670
99,66
1,363
99,22
,
11,5
1,665
1,360
1,660
98,88
1,357
24/JAN
28/JAN
98,44
10,66
24/JAN
28/JAN
21/JAN 24/JAN 25/JAN 26/JAN 27/JAN
30d 60d 90d 120d 150d 180d 210d 240d 270d 300d 330d 360d 720d 840d 960d 1800d 3600d
Fonte: Rosenberg Consultores Associados (www.rosenberg.com.br)
Fonte: FSP. Elaboração: Rosenberg & Associados
Balanço da indústria brasileira de fundos
RENTABILIDADE ACUMULADA
FUNDOS DE INVESTIMENTOS
(em %)
Tipos
AÇÕES
Ibovespa Ativo
Dividendos
IBrX Ativo
Livre
Sustent/Governança
RENDA FIXA
Curto Prazo
Referenciado DI
Renda Fixa
Renda Fixa Índices
MULTIMERCADOS
Macro
Multiestrategia
Juros e Moedas
Semana
Mês
Ano
12 Meses
-1,56
-0,97
-2,01
-1,27
-1,87
2,39
1,09
0,12
0,56
0,61
2,39
1,09
0,12
0,56
0,61
5,33
12,96
5,02
13,19
11,20
0,20
0,21
0,22
-0,14
0,69
0,70
0,76
0,00
0,69
0,70
0,76
0,00
9,87
10,09
11,75
1,86
-0,09
-0,23
0,21
0,68
0,25
0,55
0,68
0,25
0,55
11,52
11,47
10,77
(EM R$ BILHÕES)
APLICAÇÕES
RESGATES
CAPTAÇÃO LÍQUIDA
2.180
2.048
131
2.115
1.998
120
2.050
1.948
109
1.985
1.898
98
1.920
1.848
AGO/10
RENTABILIDADE HISTÓRICA
JAN/11
ago/10
JAN/11
CAPTAÇÃO LÍQUIDA HISTÓRICA
(em R$ milhões)
ÍNDICES
CDI
Ibovespa
IBrX
Dólar
2007
12,38
-41,22
-41,77
31,94
DISTRIBUIÇÃO POR CATEGORIA
(Patrimônio líquido)
Demais
10,34%
Renda fixa
27,37%
Previdência
11,07%
Ações
11,14%
Referenciado DI
12,36%
87
AGO/10
Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br)
(em %)
Curto prazo
4,00%
JAN/11
Multimercados
23,72%
Fonte: Anbima (www.comoinvestir.com.br)
2008
9,88
82,66
72,84
-25,49
2009
9,75
1,04
2,62
-4,31
2010
0,69
0,18
-0,02
0,50
TRIMESTRE
1
2
3
4
2007
30.883,14
-17.892,58
-36.409,83
-32.489,28
2008
9.455,78
17.529,98
52.028,15
12.931,31
2009
29.948,82
27.267,31
36.830,83
20.024,62
2010
17.672,82
0,00
0,00
0,00
CAPTAÇÃO POR CATEGORIA
(em R$ milhões)
Categorias
CURTO PRAZO
REFERENCIADO DI
RENDA FIXA
MULTIMERCADOS
CAMBIAL
DÍVIDA EXTERNA
AÇÕES
PREVIDÊNCIA
FIDC
IMOBILIÁRIO
PARTICIPAÇÕES
EXCLUSIVO FECHADO
OFF-SHORE
TOTAL GERAL
PL
68.332,30
211.402,06
468.179,06
405.656,68
892,92
500,33
190.543,63
189.344,15
52.283,25
2.740,71
60.205,97
1.385,36
58.862,55
1.710.328,98
Aplicações
Semana
Resgates
Captação líquida
Aplicações
No Ano
Resgates
Captação líquida
11.065,87
6.008,56
7.931,40
3.056,50
5,67
0,04
439,50
885,43
1.477,55
NB
0,00
0,00
NB
30.870,52
9.107,41
7.780,81
9.227,55
4.698,58
11,76
0,02
415,01
505,19
3.291,89
NB
8,00
0,00
NB
35.046,22
1.958,46
-1.772,25
-1.296,15
-1.642,08
-6,09
0,02
24,49
380,24
-1.814,35
NB
-8,00
0,00
NB
-4.175,70
42.328,25
29.712,36
43.959,73
14.876,18
49,95
1,05
1.828,14
6.912,96
9.986,97
0,00
173,90
0,00
0,00
149.829,48
32.347,77
27.052,71
38.494,11
16.679,31
27,82
0,06
5.002,84
2.759,45
9.721,18
0,00
71,42
0,00
0,00
132.156,67
9.980,48
2.659,65
5.465,63
-1.803,14
22,13
0,98
-3.174,70
4.153,51
265,80
0,00
102,48
0,00
0,00
17.672,82
38 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
MUNDO
DOMINIQUE STRAUSS-KAHN, DIRETOR-GERENTE DO FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL
Novos paradigmas políticos para
A sensação de segurança que o período de baixa inflação e crescimento estável era falsa e ficou patente com as
Johannes Eisele/AFP
Project Syndicate
Ao longo do último quarto de século, a economia global gozava
de um período de crescimento
estável e baixa inflação. A chamada “Grande Moderação”
[termo que define o período de
consolidação do sistema financeiro mundial entre 1985 e 2007]
levou uma série de economistas
a um falso sentimento de segurança sobre suas habilidades de
gestão e capacidade de lidar com
crises financeiras. Mas como a
“Grande Moderação” materializou-se em uma “Grande Recessão” [iniciada com a crise financeira de 2008], vieram à tona falhas fatais no pensamento em
voga. Uma das mais notáveis foi
o quão pobre era a percepção em
torno das ligações entre o sistema financeiro e a economia
como um todo – assim como as
ligações entre os países.
Hoje, os economistas procuram novos paradigmas para gerir a economia neste e nos próximos anos. Para começar, um
melhor entendimento dessas ligações é essencial para promover o crescimento e reduzir o
risco de novas crises. Igualmente importante é a clareza de que
trabalhando juntos, podemos
construir uma economia mais
eficiente e mais estável, pelo
bem de todos os países.
Deixem-me explicar o que
isso significa: construir um setor financeiro mais forte e mais
seguro, mantendo um crescimento balanceado e mais estável, gerindo grandes fluxos de
capitais voláteis.
Um sistema financeiro forte e
mais seguro é o alicerce de uma
economia de sucesso. Isto exige
uma regulamentação forte, com
um livro de regras sensatas para
os mercados financeiros e instituições. E, para garantir que todo
mundo siga as regras, as instituições financeiras devem ser supervisionadas de forma intensiva.
Agora, mesmo com as melhores regras e boa fiscalização,
as crises continuarão a ocorrer
— é por isso que precisamos de
resoluções que garantam mecanismos eficazes para lidar com
as instituições que se metem em
problemas. E, finalmente, dado
às interações poderosas dentro
do setor financeiro e toda a economia, precisamos de um quadro global de gestão de riscos no
sistema financeiro.
Fórum Econômico Mundial exige
maior regulação das atividades
de instituições financeiras
“
A política monetária
tem de olhar para
além do seu foco
principal, de uma
inflação baixa,
em prol de uma
atenção maior
para a estabilidade
financeira
Muito já foi feito para avançar
na direção desta reforma regulatória, a exemplo do acordo recente que visa reforçar o capital
dos bancos (Basileia III). Mas
ainda estamos longe de ter a supervisão necessária para a correta aplicação das regras. E efetivas resoluções de mecanismos
e quadros sistêmicos ainda permanecem evasivos.
Mas nós já aprendemos que o
crescimento deve ser equilibrado, a fim de ser saudável. Em
nível nacional, isto requer ferramentas para prevenir excessos em setores que podem trazer
para baixo toda a economia. Em
nível global é necessário repartir o crescimento entre os países
com o objetivo de evitar desequilíbrios como os atuais.
Quais são as implicações para
a política macroeconômica? A
política monetária tem de olhar
para além do seu foco principal
de uma inflação baixa e estável
em prol de uma atenção muito
maior para a estabilidade financeira. O debate agora é como,
exatamente, pode-se coordenar
o trabalho das autoridades monetárias e reguladoras.
Quanto à política fiscal, a crise mostrou a importância de
manter a dívida pública e déficits
baixos durante os bons tempos:
os países com finanças públicas
saudáveis têm mais espaço para
amortecer o impacto econômico
da crise. Mas a Grande Recessão
causou crescimento da dívida
pública e dos déficits em muitas
economias avançadas.
O quão rápido a contenção
orçamentária deve ser adotada
— assim como a definição de
bom equilíbrio entre impostos
mais altos e redução das despesas — irá variar para cada país,
refletindo fatores como a força
da recuperação econômica, o
apetite do mercado para dívidas, e os gastos iniciais e proporcionais a receita. Mas o objetivo comum para a política fiscal
deve ser o de apoiar o crescimento a médio prazo com sustentabilidade e mantendo a
criação de emprego.
A distribuição de renda é outra questão importante. Nos
anos que antecederam a crise, a
desigualdade aumentou em
muitos países, com consequências preocupantes para a coesão
social. Este cenário aumentou a
vulnerabilidade à crise: com
menos gente capaz de usar suas
economias durante os tempos
ruins, o impacto sobre o crescimento é ainda maior.
Também é uma questão chave, olhando para a dimensão internacional, compreender como
as políticas de um país influenciam outras economias. Essa
abordagem está no centro dos
esforços do G20 para atingir um
crescimento global forte, estável e equilibrado. O Fundo Monetário Internacional também
está acelerando o seu trabalho
nesta área, através de relatórios
Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011 Brasil Econômico 39
Francois Lenoir/Reuters
Emergentes cobram acordos de Doha
Na expectativa de retomar as negociações da Rodada Doha, Brasil, China,
Índia e África do Sul cobraram na sexta-feira o cumprimento de acordos
anteriores por parte da União Europeia e dos Estados Unidos, entre
outras nações, que impõem obstáculos às exportações destas regiões.
O assunto foi tema de uma reunião do ministro das Relações Exteriores,
Antonio Patriota com seus homônimos da China, Índia e África do Sul.
Eles conversaram no Fórum Mundial Econômico de Davos, na Suíça.
AGENDA DO DIA
● EUA divulgam núcleo do índice
de preços de dezembro e o
índice de atividades de janeiro.
● Zona do Euro informa índice
de preços ao consumidor,
referente ao mês de janeiro.
● China publica índice PMI
do setor manufatureiro de janeiro.
o novo mundo econômico
falhas que vieram à tona depois da crise. O desafio é encontrar instrumentos para evitar novas crises sistêmicas
sobre os efeitos colaterais da
crise financeira na China, na
Zona do Euro, Japão, Reino Unido e os Estados Unidos.
Conseguir um melhor aproveitamento das ligações financeiras entre os países também é
importante. Durante a crise,
nós vimos o quão rapidamente o
capital fugiu de países antes
considerados apostas seguras.
Hoje, muitos desses locais estão
sofrendo um verdadeiro tsunami de retorno de recursos.
Formuladores de políticas
em muitos países emergentes
temem que a entrada de capital
eleve o valor da moeda local,
“
Falhamos por não
entender o quão
complexa a rede
econômica e
financeira tinha
se tornado. Que
a nossa próxima
falha não seja a falta
de cooperação
desestabilizando os mercados
financeiros e sobreaquecendo a
econômica. As reações variam
de comprar a moeda estrangeira para evitar a valorização do
dinheiro local até a adoção de
controles de capital — em casos
extremos —, para manter o dinheiro de fora do país. A situação tornou-se bastante tensa,
com a conversa de “guerras
monetárias “ e um risco real de
protecionismo financeiro.
Claramente, precisamos obter um melhor controle sobre o
que está impulsionando esses
fluxos de capitais. E também
identificar as melhores políticas
de como lidar com eles — tendo
em conta seu impacto sobre a
economia global. Devemos analisar se um sistema de regras
globais destinadas a reduzir a
volatilidade dos fluxos de capitais seria útil.
O seguro financeiro global é
outra questão importante. Assim
como uma família garante suas
economias com algum tipo de
seguro, os países devem ser capazes de se apoiar em uma rede
de segurança global. Muito já foi
alcançado desde a crise, através
de mais recursos para o FMI e
novos instrumentos de financiamento. Mas é necessário ir além,
como explorar a cooperação com
os mecanismos de financiamento regionais, e criar novas maneiras de utilizar estes instrumentos em uma crise sistêmica.
Um dos principais fracassos
políticos na corrida contra a crise foi a falta de imaginação: nós
falhamos em entender o quão
complexa a rede econômica e
financeira global tinha se tornado. Façamos com que a nossa
próxima falha não seja o resultado da falta de cooperação.
Temos de ultrapassar antigas
fronteiras, trabalhar juntos para
construir uma economia global
mais forte e resiliente. ■
40 Brasil Econômico Segunda-feira, 31 de janeiro, 2011
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Nações Unidas, 11.633, 8º andar - CEP 04578-901 - Brooklin - São Paulo (SP) - Fone (11) 3320-2000
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ÚLTIMA HORA
Asmaa Waguih/Reuters
Manifestações são
mantidas no Egito
Ricardo Galuppo
rgaluppo@brasileconomico.com.br
Diretor de Redação
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, se encontrou ontem
com o ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, com
o chefe de gabinete Sami al-Anan, e com outros militares de
alto escalão em uma tentativa de se manter no poder diante
de protestos por sua saída. Mubarak também se reumiu com
o vice-presidente, Omar Suleiman, cuja nomeação no sábado pode ter aberto caminho para uma sucessão.
Na tarde de ontem a secretária de Estado americana,
Hillary Clinton, disse que os Estados Unidos querem ver
uma transição ordenada de poder no Egito, onde protestos contra o governo permanecem.
No mercado de ações do Oriente Médio os valores desabaram ontem, enquanto investidores demonstravam
preocupação com as manifestações no Egito e com a possibilidade de a instabilidade se espalhar pela região. A bolsa do Egito estava fechada neste domingo, após ter caído
16% em dois dias na semana passada. A libra egípcia recuou ao menor nível em seis anos. A bolsa egípcia continuará fechada hoje, assim como os bancos. ■ Reuters
Dilma e o Mercosul
Johannes Eisele/AFP
Posco anuncia projeto
conjunto com a Vale
Davos 2011 conclui com
promessas e receios
A empresa sul-coreana, que é a terceira maior siderúrgica
do mundo, afirmou que chegou a um acordo com a companhia brasileira para desenvolver em conjunto uma
mina de carvão em Moçambique. A mina, localizada em
Moçambique, teria condições de produzir 11 milhões de
toneladas de carvão anualmente. O produto seria usado
como matéria-prima ou combustível. ■ Reuters
Salviano Machado/Ag. Vale
A 41ª edição do Fórum Econômico Mundial (FEM), que terminou ontem em Davos, deixou em evidência as divergências de opiniões em relação à definição de soluções para superar a crise econômica, em meio a um clima de ansiedade
provocado pelas revoltas populares na Tunísia e no Egito,
principalmente. A reunião confirmou também a maior
participação dos países emergentes no poder econômico e
terminou com promessa dos grandes países da Organização Mundial do Comércio (OMC) de alcançar um acordo
sobre a estagnada Rodada de Doha até julho. ■ AFP
Interessados no Panamericano querem ver o balanço
Em meio a negociações para a venda do Panamericano, a
divulgação do balanço do banco de Silvio Santos é
aguardada hoje. Os potenciais interessados estão pressionando a diretoria do banco a apressar a divulgação
dos números com o objetivo de baixar o valor a ser pago
na operação, diante da informação de que o rombo não é
de R$ 2,5 bilhões, e sim de R$ 4 bilhões. A publicação do
balanço nesta segunda-feira havia sido prevista pela
instituição em comunicado há 15 dias, mas há dúvidas
de que consiga cumprir o prazo. No fim de semana, as
informações apontavam o BTG Pactual como o mais
provável comprador, mas não ficou certo se o negócio
será fechado hoje. Outros bancos, como o Citi e o Safra,
também estariam interessados. ■
A presidente Dilma Rousseff pode dar, hoje, um passo fundamental para a salvação de um projeto que, a
permanecer na rota dos últimos anos, perderá completamente a razão de existir. Ao desembarcar em
Buenos Aires, em sua primeira viagem ao exterior
como chefe de Estado, ela deve discutir o Mercosul
com a presidente Cristina Kirchner. O bloco, que tinha tudo para fortalecer os países que o integram
junto ao cenário internacional, derrapou feio e o
grande responsável por seu enfraquecimento tem
sido a Argentina. Imerso numa crise crônica que ressurge com força sempre que parece caminhar para
uma solução, o vizinho tem sido mestre em descumprir acordos e em adotar medidas que ignoram os
demais países do bloco. Isso sem falar na eterna mania de jogar sobre os ombros alheios a culpa pelos
equívocos que comete. No início de 1999, quando o
Brasil se viu forçado a romper o dique que mantinha
o real artificialmente valorizado, o então ministro da
Fazenda da Argentina, Domingo Cavallo, rugiu. Segundo ele, que havia inventado a quimera cambial
que mantinha a paridade entre o peso e o dólar, o
Brasil tinha a obrigação de manter o real encostado
na moeda americana — única e exclusivamente porque isso era bom para a Argentina.
A Argentina é a grande responsável
pelo enfraquecimento do Mercosul,
que tinha tudo para dar certo
Todos os presidentes brasileiros que antecederam
Dilma desde que a ideia do bloco foi lançada fizeram
concessões movidos pela noção de que, em nome da
manutenção do bloco, o Brasil tinha que aceitar o estilo errático dos gestores argentinos. Com ela na Presidência o Brasil tem, pela primeira vez desde a criação do Mercosul, a possibilidade de tratar o tema
tecnicamente. E de dizer um basta à série de transgressões cometidas pela Argentina ao puxar as alíquotas de importação dos produtos que lhe interessam e ao tratar o Brasil não como parceiro, mas como
um arrimo de família que tem a obrigação de sustentar um irmão desequilibrado. É claro que o Mercosul
é importante e sua manutenção deve ser perseguida.
Sempre. Mas, pelo comportamento histórico da Argentina, talvez seja a hora de o Brasil começar a falar
alto e mostrar aos sócios do bloco que, se virar as
costas, o Mercosul desmorona — e os prejuízos serão
maiores para os outros do que para ele. A era das
concessões acabou. A hora é de parcerias. ■
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DESTAQUE
MAIS LIDAS NO FINAL DE SEMANA
Investidor sai de emergentes e migra para EUA
●
Vedetes de 2010 assumem onda vendedora na bolsa
Neste final de janeiro, as expectativas de que Estados
Unidos e Europa vão crescer mais rápido que o previsto
inverteram o alvo dos recursos dos fundos, que saíram
dos mercados emergentes rumo aos desenvolvidos. De
acordo com a consultoria EPFR, US$ 3 bilhões saíram de
Ásia emergente e América Latina na semana passada.
●
Panamericano não sabe valor do rombo nas contas
●
Bancos devem respeitar tempo máximo de filas
●
Em visita, Dilma deve cobrar Cristina por Mercosul
●
Economia americana cresce 3,2% no quarto trimestre
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que há sinais
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Não
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ESPECIAL
60 ANOS DUTRA
SUPLEMENTO – 31 DE JANEIRO, 2011
Principal ligação
do Nordeste ao Sul
segue em obras
Primeira escolha dos caminhoneiros,
70% da receita de pedágios
vem do transporte de carga
Antonio Milena
Os 402 km da rodovia suportam
872 mil viagens por dia
B2 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011
MODERNIZAÇÃO CONSTANTE
Clóvis Ferreira
Investimentos priorizam
a Serra das Araras
não, e o conselho da agência será responsável pela resolução.
A metodologia que a ANTT propõe é de
fazer investimentos via concessão com a
chamada taxa interna de retorno corrigida
para níveis atuais, para retratar as condições econômicas de hoje, e não as do fechamento do contrato, em 1995. Mondolfo
lembra que naquela ocasião o dólar era alto,
as taxas de juros elevadas e o risco país também. “As taxas internas de retorno eram da
ordem de 18%. Hoje se fala em 8%.”
De um total de R$ 1,2 bilhão a ser aplicado até 2025, grande parte
vai para o gargalo que são as áreas metropolitanas de
São Paulo e Rio, além de trevos, passarelas e vias de acesso às pistas
REGIÕES METROPOLITANAS SÃO GARGALO
Rodovia Presidente Dutra
deverá receber investimentos da ordem de R$ 1,2
bilhão até 2025 em obras de
modernização de diversos
trechos para melhorar a
fluidez do tráfego de veículos ao longo de
seus 402 quilômetros. Os pontos que receberão maior atenção são o trecho da Serra
das Araras e as áreas das regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, e
também serão realizadas obras menores
como trevos, passarelas e acesso à pista.
A prioridade — segundo avaliação da
própria ANTT —Agência Nacional de
Transportes Terrestres, encarregada de
fiscalizar e regulamentar as vias outorgadas — é o trecho da Serra das Araras, no Rio
de Janeiro, com cerca de 8 km, onde as
pistas precisam de um novo traçado.
“Hoje temos um projeto que foi desenvolvido há alguns anos pela concessionária (a Nova Dutra), mas a agência solicitou
que fosse feito um novo e mais arrojado”,
declara Mario Mondolfo, superintendente
de exploração de infraestrutura rodoviária
da ANTT. A agência pediu para a Nova Du-
A
tra desenvolver um projeto com velocidade diretriz de 80 km por hora, o que implica num traçado independente da antiga
pista e muito mais moderno. “Seria como
se fosse a Rodovia dos Imigrantes, em São
Paulo. Depois o governo poderá definir
qual a melhor alternativa para essa obra.”
A questão do custo dessa melhoria esbarra no problema de conteúdo do contrato. Uma parte da modernização do trecho
da Serra das Araras foi prevista em contrato e o valor também, só que não é mais suficiente para executar toda a obra e poderá
exigir o chamado “reequilíbrio do contrato”.Caberá ao governo decidir se a concessionária atual fará a obra ou se a melhor
solução será abrir licitação nova.
Segundo o engenheiro Marcelo Chaim
Rezk, gestor de atendimento da Nova Dutra, o projeto mais arrojado está em elaboração. A ANTT está com a metodologia de
reequilíbrio do contrato em audiência
pública — a audiência presencial foi no
dia 12 de janeiro e ela continua recebendo
contribuições por e-mail. Depois disso
será feita a tabulação de todas as contribuições, algumas serão acatadas, outras
Mauricio Cintrão
TEXTO A M A R I L I S BE RTAC HI NI
“Há um projeto mais
arrojado para a
Serra das Araras em
elaboração. Poderá
haver outra licitação
ou o contrato
atual será alterado”
Marcelo Rezk,
gestor de atendimento
da Nova Dutra
Outros pontos principais para receber investimentos são as regiões metropolitanas
do Rio e de São Paulo, o Vale do Paraíba e a
região de São José dos Campos, que têm
uma interferência muito grande do tráfego urbano com o tráfego rodoviário. “As
cidades acabam usando a rodovia como
avenida. Ao longo do tempo temos feito
várias marginais nesses segmentos e há
várias em obras, tanto em SP quanto em
São José dos Campos e Rio, mas é preciso
dar continuidade, esse é outro gargalo da
rodovia”, explica Mondolfo.
Para algumas dessas marginais a ANTT
já tem o projeto básico e para outras os
planos ainda são principiantes. A questão
é que esses trechos estão atingindo o limite de capacidade de dois mil veículos
por hora por faixa. “Precisamos planejar
para evitar os gargalos. Cada trecho tem
uma determinada capacidade dependendo da topografia.
A Dutra precisa também de terceiras
faixas em alguns pontos. São obras de geralmente um ou dois quilômetros que podem resolver temporariamente alguns
pontos onde há demanda crescente, mas
onde ainda não se justifica uma marginal.
A agência detectou que existem perto de
30 km ao longo da rodovia que precisariam ter faixas adicionais para locais de ultrapassagem. Muitas vezes um veículo
BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 | B3
Epitácio Pessoa
que continuarão demandando capacidade
de escoamento de produção, principalmente nas regiões de Guararema, Rezende, Caçapava, Volta Redonda e Barra Mansa.
INVESTIMENTOS DO ANO
Região de Cachoeira
Paulista. Dos 402 km
de extensão total, a Nova
Dutra tem 231 km em
São Paulo e 171 km no Rio.
Em 14 anos de concessão,
R$ 7,43 bilhões foram
investidos em melhorias.
A CCR pagou R$ 1,17 bilhão
em impostos. São feitas
870 mil viagens por dia
mais lento restringe o fluxo da rodovia.
Existe uma série de outras intervenções
menores necessárias ao longo de toda a Dutra, como trevos, passarelas, adequações de
acesso etc., que estão em andamento. De
acordo com Mondolfo, tudo isso aumenta a
capacidade da rodovia porque se há um
acesso ruim ele acaba travando o tráfego e
prejudica o desempenho da rodovia.
“Como é muito antiga e foi o eixo de indução do desenvolvimento do Rio e São Paulo,
a Dutra é uma rodovia que a gente chama de
aberta porque tem muitos acessos. É preci-
so fazer uma adequação desses acessos ao
longo do tempo”, complementa Mondolfo.
“Acho que com investimentos a rodovia
pode ter sua capacidade melhorada nesses
pontos críticos e com certeza vai continuar
sendo a principal ligação Rio-São Paulo.
Hoje ela tem às suas margens, grandes indústrias e essa ocupação continua crescendo. É importante investir na Dutra porque
além de ligação de longa distância ela dá
acessoregionalparaasindústrias”,dizRezk.
Vários polos industriais instalaram-se ao
longo da Dutra, incluindo automobilísticas,
Para 2011 estão programados investimentos de R$ 200 milhões em novas obras. Já
foi iniciada a construção de 10 quilômetros
de novas pistas marginais em Nova Iguaçu,
sendo 6 quilômetros de marginal no sentido São Paulo — Rio de Janeiro e quatro quilômetros no sentido Rio — São Paulo. Também já está em andamento a implantação
de uma marginal de cerca de 5 quilômetros
em Guarulhos, no sentido São Paulo.
Um dos pontos positivos da Dutra, na
avaliação de Rezk, é o sistema de resgate e
atendimento a vítimas que pode ser comparado aos melhores do mundo. São 11 equipes
trabalhando de plantão, cada uma composta por duas viaturas, uma ambulância de
resgate e uma viatura de intervenção rápida
que é onde vai o médico. Isso corresponde a
uma equipe de resgate para cada 35 km de
pista. “O grande diferencial é que a equipe
conta realmente com um médico, não são
paramédicos. O engenheiro destaca também o centro de controle da rodovia que
dispõe de uma rede própria de fibra óptica
nos 400 quilômetros, com um sistema interligado de câmeras de vídeo que trazem
imagens da rodovia para a central, interliga
os 30 painéis de mensagens, o sistema de telefone de emergência a cada quilômetro, e
viaturas com sistema de rádio de comunicação e GPS que permite ao centro de controle saber a posição de cada viatura.
B4 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011
VIA DUTRA 60 ANOS
PRINCIPAIS OBRAS
INVESTIMENTOS
RAIO-X
Ano do ínicio
da concessão
Investimentos
para esse ano
Concessionária
Extensão
A soma dos investimentos da CCR
NovaDutra foram de:
12,1 milhões de m2
de pavimentação
Obras e equipamentos
R$ 2,6 bilhões
35,7 km
de marginais
TOTAL:
33
R$ 7,4 bi
novas passarelas
318 km
de muros de concreto
Impostos
R$ 1,1 bilhão
16
novos trevos e acessos
Custos operacionais
R$ 3,6 bilhões
Cidades
lindeiras
População
servida
Viagens
Tráfego
R$ 281 milhões
120 km
1996
MG
a
R$ 200 milhões
a
CCR
402 km totais sendo 231
km em São Paulo e 171 km
no Rio de Janeiro
36
s
23 milhões de habitantes
LAVRINHAS
CRUZEIRO
870 mil por dia
45% caminhões, 50%
automóveis e utilitários
e 5% ônibus
CANAS
somente em ISS para as 36 cidades
que margeiam a rodovia
de telas antiofuscantes
2,2 milhões de m2
LORENA
de sinalização horizontal
54,6 mil m2
GUARATINGUETÁ
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
de sinalização vertical
25
novas pontes e viadutos
PINDAMONHANGABA
Recuperação de
75 pontes
33 viadutos
15 passarelas
293 pontos
APARECIDA
Shopping da Fé
CAÇAPAVA
ROSEIRA
SP
de contenção de encostas
TAUBATÉ
SANTA ISABEL
GUARULHOS
ARUJÁ
SISTEMA ELETRÔNICO DE COMUNICAÇÃO
JACAREÍ
33
estações analisadoras
de tráfego em 161 faixas
800
telefones de emergência
(call boxes)
15
140
GUARAREMA
torres de
rádio-comunicação
unidades de
rádio-comunicação
44
câmeras de TV
(circuito fechado)
SÃO PAULO
34
painéis de mensagens
variáveis (04 móveis)
O CAMINHO ATRAVÉS DO TEMPO
1908
876 HORAS
Foi o tempo gasto pelo
Conde Lesdain para
percorrer a distância
entre Rio e São Paulo
através de estradas de
boiadeiros e antigas
picadas a bordo de um
veículo Brassier
1925
144 HORAS
Foi quanto demorou a
Bandeira Automobilística da Associação
de Estradas de
Rodagem para seguir
de São Paulo ao Rio já
em estradas de melhor
qualidade
1928
10 HORAS
Após a
inauguração da
antiga Rio-São
Paulo, os tempos
de viagem foram
sensivelmente
reduzidos
1948
12 HORAS
Apesar da modernização
dos veículos, a deterioração da estrada e o
aumento no transporte
rodoviário de cargas
aumentaram o tempo de
viagem
1951
Há 60 anos, no dia 19 de
janeiro de 1951, o general
Eurico Gaspar Dutra,
Presidente da República,
descerrou a placa de
inauguração da BR-2, a Nova
Rodovia Rio-São Paulo, em
solenidade realizada na
altura de Lavrinhas (SP)
6 HORAS
Em pistas
adequadas para o
fluxo e a qualidade
dos veículos da
época, era possível
desenvolver
velocidade média
de 70 km/h
BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 | B5
Infografia: Anderson Cattai
RESENDE
LEGENDAS
PORTO REAL
Graal Resende
Divisa entre Estados
RJ
BARRA MANSA
Via Dutra
QUELUZ
Empresas
VOLTA REDONDA
Cidades
PINHEIRAL
Fonte: CCR
PARACAMBI
PIRAÍ
ITATIAIA
QUEIMADOS
SILVEIRAS
BELFORD ROXO
NOVA IGUAÇU
SEROPÉDICA
CACHOEIRA PAULISTA
MESQUITA
SÃO JOÃO DE MIRITI
RIO DE JANEIRO
ITAGUAÍ
SEGURANÇA NA ESTRADA
600
00
Redução da violência do tráfego, em número de mortos
520
56,2%
305 302
300
00
259 242 260 250 240 276
230 246 254 204 228
150
50
0
ocorrências
registradas ao dia
REDUÇÃO DE
481
45
45
50
0
Sistema Operacional
785
101
ocorrências/dia
socorro médico e resgate
173
1996* 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
*Projeção
1967
No dia 23 janeiro devido à
chuva torrencial e ao solo
instável da região ocorre
um trágico acidente na
Serra de Araras.
Deslizamentos em série
castigaram uma área de
30 quilômetros, ceifando
entre 1,2 mil a 1,7 mil vidas
1976
Em 22 de agosto morre
o ex-presidente
Juscelino Kubitschek
em acidente de carro
no km 165 da Via Dutra,
quando viajava de São
Paulo para o Rio de
Janeiro
1995
Em agosto inicia
o processo de
licitação pública
para a concessão
da rodovia. O
prazo dessa
concessão é de
25 anos de
duração
ocorrências/dia
de guinchamentos
Sala de controle
13
ambulâncias-resgate (2 reservas)
13
viaturas de intervenção
rápida (2 reservas)
23
guinchos leves
1996
No dia 1º março de 1996 a CCR NovaDutra
assume a administração da Via Dutra.
A estrada apresentava um cenário de
deteriorização. Suas pistas estavam
esburacadas, a sinalização era precária,
o mato alto tomava conta do canteiro
central, as defensas metálicas estavam
retorcidas e muita sujeira se estendia ao
longo dos seus 402 quilômetros
17
viaturas de inspeção
de tráfego
10
guinchos pesados
Central monitora a estrada
24 horas por dia
2011
Hoje, após investimentos de
mais de R$ 7 bilhões
advindos da concessão, a Via
Dutra é uma nova rodovia.
Calcula-se que 50% do PIB
circulam por ela. É a
preferida dos caminhoneiros
pela segurança de acessos e
socorro
Há problemas a
serem sanados, como
congestionamentos,
roubos de carga
e curvas perigosas
B6 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011
SISTEMA RODOVIÁRIO
As curvas de
uma sessentona
Até 1928 não havia estradas de rodagem. Em 1951
foi construída a Via Dutra, ligando Rio e São Paulo
TEXTO A N A CE CI L I A AM ERI C ANO
Via Dutra é uma senhora de
muitas histórias. Há 60
anos, um empenho superior a 1,3 bilhão de cruzeiros
pareceu para muitos um
desvario do então general
Eurico Gaspar Dutra. Contudo, a construção da primeira grande rodovia asfaltada
do país, no início dos anos 1950, ligando a
então capital do Brasil a São Paulo provou-se um ato visionário. Como na época os
estados de Rio de Janeiro e São Paulo somavam apenas 190 mil automóveis, o esforço do governo federal para construir a
via Dutra soava descabido.
Ainda assim, em 19 de janeiro de 1951,
uma cerimônia de inauguração em Lavrinhas (SP) entregou ao país uma obra de
405 quilômetros, dos quais 66 quilômetros
por pavimentar. Dois trechos — entre
Guaratinguetá e Caçapava e um segmento
nas imediações de Guarulhos aguardavam
finalização. A obra foi gigantesca para a
época. Mais de três dezenas de empreiteiras se revezavam na tarefa de construir 115
pontes, viadutos e passagens, além de
obras de drenagem, cortes em maciços rochosos e a pavimentação de 2,6 milhões de
metros quadrados.
A entrega da rodovia, no entanto, coincidiria com o início de um boom industrial
sem precedentes em São Paulo. Desde então, o trajeto viário entre as duas cidades
ganharia um tráfego crescente que hoje se
traduz em 872,7 mil viagens todos os dias,
de acordo com a sua concessionária, CCR
Nova Dutra. Nas cabeceiras da rodovia,
nos trechos metropolitanos, mais de 150
mil veículos trafegam diariamente nos
dois sentidos.
A
colônia em 14 de agosto para ser recebido
em São Paulo, em uma cerimônia oficial
na Câmara Municipal, onze dias depois.
O fato é que, naquele tempo, afora o
transporte marítimo, não havia outras ligações entre as duas cidades. O trem só interligou os dois pontos mais de meio século depois da Independência, em 8 de julho
de 1877, quando os trilhos da Estrada de
Ferro São Paulo (inaugurada em 1867) se
uniram com os da Estrada de Ferro D. Pedro II. Ou seja, até o início do século passado, o percurso Rio de Janeiro – São Paulo
seria uma temeridade sobre quatro rodas.
Mas o progresso impunha-se ao país.
Assim, em 1928, foi inaugurada a primeira
estrada Rio-São Paulo, hoje lembrada
como “a estrada velha”. Seguia um percurso próximo ao litoral, ao longo de 515 quilômetros de desvios, necessários para vencer
os obstáculos do caminho. Apesar de inúmeras curvas, a via permitia que se chegasse do Rio a São Paulo em dez horas. Duas
décadas mais tarde, finalmente o projeto da
Rodovia Dutra encurtou em 111 quilômetros
a distância a ser percorrida entre as duas cidades, e a viagem nos dois sentidos pôde
ser completada em seis horas.
Investimento
1,3 bi
de cruzeiros foi o total gasto
na construção da Rodovia
Presidente Dutra, 60 anos
atrás, durante o governo
de Eurico Gaspar Dutra.
Infraestrutura
1967
INDUTORA DE DESENVOLVIMENTO
Nas últimas décadas, coube à estrada que
rasgou o vale do Paraíba o papel de indutora do desenvolvimento de cidades em todo
o seu percurso. A partir dos anos 1950 empresas como Ericsson do Brasil e General
Motors desembarcaram em São José dos
Campos (SP), assim como a então estatal
Embraer. Outras companhias viriam para
localidades vizinhas, a exemplo da
Volkswagem que abriu uma unidade em
Taubaté (SP) e outra em Resende, no estado do Rio de Janeiro.
Passadas seis décadas, é difícil pensar
nos percalços existentes para quem se
propunha a vencer os mais de 400 quilômetros entre São Paulo e Rio de Janeiro por
via terrestre. O jornalista Laurentino Gomes nos dá uma pista em seu livro 1822,
quando descreve a antológica viagem de
Dom Pedro I entre Rio de Janeiro e São
Paulo às vésperas da proclamação da independência. Com a urgência de “apaziguar
os ânimos na província” paulista, o jovem
príncipe regente teria deixado a capital da
foi o ano em que chuvas
e deslizamentos na Serra
das Araras provocaram mais
mortes do que este mês
na região serrana.
Fluxo de tráfego
872,7 mil
viagens é o total diário
contabilizado na
Via Dutra, principal estrada
de ligação entre o
Nordeste e o Sul do país.
O ex-presidente da Dersa
Luiz Célio Bottura sugere
obras que permitam curvas
abertas e inclinação capaz de
neutralizar a força centrífuga
dos carros em velocidade, a
exemplo da Rodovia
Imigrantes, em SP
BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011 | B7
Fotos: Henrique Manreza
O ex-governador Alberto
Goldman era ministro dos
Transportes quando defendeu
a parceria com a iniciativa
privada, porque não havia
recursos públicos para
atualizar a estrada
Em 1967, tragédia em Araras matou mais que a de Teresópolis
Fatos trágicos também marcaram
a Via Dutra. O pior deles deu-se
numa noite de chuva torrencial em
23 janeiro de 1967. Um cenário de
desolação se formou em um trecho
da Serra das Araras, no Rio de
Janeiro. Esta formação geológica
obriga a rodovia a escalar íngremes
550 metros de altura, costeando
um terreno de solo instável.
Ali, há 44 anos, o índice
pluviométrico no local chegou a
275 mm em apenas três horas.
Quase o dobro do volume de água
que este mês castigou Teresópolis,
no Rio de Janeiro. Deslizamentos
em série castigaram uma área de
30 quilômetros, ceifando entre
1,2 mil a 1,7 mil vidas. “Não sabemos
o número exato de vítimas, pois era a
época dos militares e havia censura”,
lembra o engenheiro Luiz Celio
Bottura, do Instituto de
Engenharia e ex-presidente da
empresa Desenvolvimento
Rodoviário S.A. (Dersa).
Carros, caminhões e até uma ponte
desapareceram perto da Ponte
Coberta, em Piraí (RJ). Apenas
300 corpos foram resgatados.
A estrada, sob toneladas de lama
e pedras, foi interditada por três
meses até a sua recuperação. A.C.A.
Clóvis Ferreira
Deslizamentos em
série ocorreram depois
de chuva torrencial de
três horas e 275 mm,
em janeiro de 1967,
na Serra das Araras,
na Via Dutra, trecho
do Rio de Janeiro
Ascensão e queda de uma obra essencial
Décadas de sucesso foram substituídas por longos anos de vacas magras. Acidentes se multiplicaram
m seu início, a via Dutra foi
uma obra festejada – afinal
era a primeira grande rodovia
pavimentada no país. Chegou a passar por sucessivas
intervenções até ser totalmente duplicada em 1967. Poucos anos
depois, no entanto, a rodovia passou por
décadas com investimento zero, o que a
tornou alvo de insatisfações e disputas políticas até ser concedida à iniciativa privada em 1996.
“Entre os principais desafios tecnológicos da rodovia estavam a Serra das Araras e
trechos do Vale do Paraíba”, conta o engenheiro civil e professor de Transportes da
Universidade Anhembi Morumbi, Celio
Daronchio. “Em outros terrenos é possível
dar voltas maiores para vencer o desnível
de mais de 500 metros de altura, mas ali
isso era muito difícil”, explica. Também a
várzea do rio Paraíba — formada de argila
expansível — representava problemas. Segundo os arquivos da CCR NovaDutra, no
local foi necessário um aterro de 15 metros
de profundidade, o que consumiu 12 milhões de metros cúbicos de terra.
E
Apesar das críticas
que marcaram
a decisão em 1996,
as pesquisas de
satisfação realizadas
com os atuais
usuários da
Via Dutra
demonstram que a
parceria com a
iniciativa privada foi
uma medida
acertada, analisa
Alberto Goldman
IMIGRANTES COMO REFERÊNCIA
Para o engenheiro Luiz Celio Bottura,
membro do Instituto de Engenharia e expresidente da empresa Desenvolvimento
Rodoviário SA (Dersa) no governo paulista de Franco Montoro, o projeto da rodovia, apesar de complexo, “deixa muito a
desejar”. “Por sua importância econômica, deveria ser a melhor estrada do país”,
argumenta. Bottura cobra investimentos
para deixá-la com o mesmo desempenho
de estradas como a Imigrantes, onde as
curvas são muito mais abertas e com uma
inclinação capaz de neutralizar a força
centrífuga dos carros em velocidade.
Na década de 1980, com a benção do
governador Montoro, Bottura pleiteou ao
então presidente José Sarney que a estrada passasse da União ao governo do Estado de São Paulo. “Fui bem recebido pelo
Sarney, que me mandou falar no Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNER). Mas o assunto não
prosperou”, lembra-se ele.
ESCALADA DE ACIDENTES
Investimentos de porte só viriam ao final
da década de 1990. Por falta de manutenção ao longo de décadas, os acidentes se
multiplicavam na rodovia, chegando a
434 mortes apenas nos dez primeiros
meses de 1996. Diante da“inexistência de
recursos no setor público”, o ex-governador Alberto Goldman, que então exercia o cargo de ministro dos Transportes
do presidente Itamar Franco, passou a
defender como solução uma parceria
com a iniciativa privada.
“A Dutra necessitava de grandes
obras de ampliação, além de reparos no
pavimento e a duplicação de trechos urbanos”, lembra o ex-ministro. Segundo
ele, “os recursos orçamentários sequer
eram suficientes para tapar buracos”. O
processo de licitação começou em 1993 e
durou anos. “As empresas que não foram vencedoras entraram com ações judiciais”, recorda Goldman. Apesar das
críticas que recebeu, o ex-ministro diz-se satisfeito com o resultado. “Antes,
quem sustentava a rodovia era o conjunto da sociedade. Agora, apenas os
usuários o fazem por meio dos pedágios”, argumenta. A.C.A.
B8 | BRASIL ECONÔMICO - ESPECIAL 60 ANOS DUTRA | Segunda-feira, 31.1.2011
TRANSPORTES
Clóvis Ferreira
1
2
3
4
5
1. Região de Lavrinhas (SP) 2. Trecho
rochoso conhecido como garganta ou Viúva
Graça 3. A inauguração ocorreu em 1951
sob o governo do general Eurico Gaspar
Dutra 4. Os 405 km representaram, na
época, redução de 111 km em relação à
original em 1928. Duração da viagem era de
12 horas e em 1951 foi reduzida à metade 5.
Região de Queimados.
Caminhoneiros são 45% do tráfego e 70%
da receita de pedágios da Nova Dutra
“É uma estrada de 1º Mundo, e os motoristas preferem viajar por ela por causa dos serviços de
socorro e segurança”, diz o presidente da União dos Caminhoneiros, José Araújo Silva
TEXTO A M UN D S E N L I M EI RA
governo não gasta um tostão, mas ganha assim mesmo ao arrecadar impostos
que correspondem a 25%
da receita da Nova Dutra, a
concessionária responsável
pela manutenção da Rodovia Presidente
Dutra. “O governo poderia muito bem
deixar de cobrar esses tributos. Com isso,
iria ajudar a baixar os preços dos pedágios
em pelo menos 25%”, acredita José Araújo
Silva, presidente da União Nacional dos
Caminhoneiros (Unicam). “Abrindo mão
do imposto, ainda assim o governo estaria
ganhando”, acrescenta China, como Silva
é conhecido entre a categoria.
A proposta, segundo ele, será colocada
na pauta das reuniões do GPT-Dutra, o
Grupo Paritário de Trabalho que tem a primeira reunião do ano marcada para o próximo dia 8 de fevereiro. Além da Unicam,
têm assento no GPT representantes do Ministério dos Transportes, da agência reguladora ANTT, da NTC pelo lado das transportadoras, e dos sindicatos dos trabalhadores do setor.
O
A Dutra é a mais importante rodovia do
Brasil. Faz a ligação entre o Nordeste e o
Sul e seus 402 km de extensão ligam as
duas metrópoles brasileiras depois de
atravessar o rico Vale do Paraíba e passar
por 36 cidades onde vivem aproximadamente 23 milhões de habitantes. Por ela
são feitas 872 mil viagens por dia, das quais
somente 75 mil pagam pedágio.
É certo que se tornou a preferida dos ladrões de cargas, mas nem por isso deixou
de ter a preferência do seu principal usuário: o caminhoneiro, que atualmente responde por 70% da receita da concessionária Nova Dutra.
China diz que não é barato andar pela
Dutra, mas reconhece: “É uma rodovia de
Primeiro Mundo”. Tanto é assim que a estrada ganhou o reconhecimento de quem
depende dela para seu sustento. “Os caminhoneiros preferem rodar por ela por
causa dos serviços de socorro e de segurança”, reforça o presidente da Unicam.
A concessionária Nova Dutra informa
que a rodovia gera mais de 750 ocorrências
operacionais por dia, sendo 101 atendi-
Por transportar 50%
do PIB nacional em
cargas e valores, a
Rodovia Presidente
Dutra também
é a preferida dos
ladrões de carga
mentos de socorro médico e resgate e mais
de 173 guinchamentos diários. Para manter
o funcionamento dos serviços que oferece
ao usuário dispõe de cerca de 500 profissionais treinados, cem viaturas, 11 bases operacionais e um moderno sistema de comunicação comandado a partir do Centro de
Controle de Operações, no município de
Santa Isabel, na região da Grande São Paulo.
Atualmente, cerca de 50 intervenções
de melhorias estão sendo realizadas ao
longo de todo trajeto da Dutra. Entre elas, a
previsão de construção de três novos trevos, um no km 38, em Cachoeira Paulista,
outro em Guaratinguetá, na altura do km
58, e um terceiro, ainda em fase de aprovação, no km 92, em Pindamonhangaba.
Desde que passou para o controle da
Nova Dutra, há quatorze anos, a via Dutra
recebeu investimentos acumulados nesse
período de R$ 7,4 bilhões, sendo R$ 3,6 bilhões na operação e R$ 2,6 bilhões em
equipamentos. Para 2011, a previsão de investimentos na estrada é de R$ 200 milhões, cerca de R$ 50 milhões a menos em
relação a 2010.