Atlântico Expresso - Universidade dos Açores

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Atlântico Expresso - Universidade dos Açores
Atlântico Expresso
Fundado por Victor Cruz - Director: Américo Natalino de Viveiros - Director-Adjunto: Santos Narciso - 5 de Maio de 2014 - Ano: XVI - N.º 85703 - Preço: 0,90 Euro - Semanário
NOTA DE ABERTURA
NOVE OBSERVADORES VÃO FISCALIZAR PESCA DO ATUM
O feliz
“regresso à terra”
APESAR DA ÁGUA ESTAR FRIA
ESPERA-SE QUE HAJA ATUM
EM ABUNDÂNCIA
Começou este mês de Maio, cheio de festas, eventos e comemorações, com um acontecimento que é sempre querido a
todos quantos fazem parte da “família” do jornal Correio dos
Açores, cuja empresa pertence também este Atlântico Expresso. Foram assinalados os 94 anos de existência do jornal
fundado por José Bruno Carreiro e Francisco Luís Tavares,
em 1920, e agora dirigido por Américo Viveiros que pretendeu marcar a data com um vasto e bem concebido e executado suplemento sob o tema “Regresso à Terra”.
Nada mais oportuno, pela necessidade e pela actualidade
e até temporalidade dos muitos testemunhos que ali ficaram
arquivados e que servem de exemplo do muito que se tem
feito e estímulo para muito que há para fazer, em termos políticos, empresariais e sociais, para que esse “regresso” possa
ser uma realidade pujante em todas as nossas ilhas. De facto, o “regresso à terra”, como sinónimo de (re)interesse pela
agricultura, em contraciclo com a monocultura que tem caracterizado os últimos decénios da vida açoriana, pode e deve
ser um sinal de que é possível fazer, em termos modernos
e tecnologicamente avançados, aquilo que fizeram os nossos
antepassados e que resultou em períodos de grande prosperidade, como aconteceu com o ciclo do pastel, dos cereais, da
laranja e mesmo do ananás em São Miguel ou dos vinhos, no
Pico e na Terceira.
Este regresso à terra, mais do que resposta a uma crise,
é um chamamento que deve ser ouvido e entendido porque
consubstancia história e vida social que importa reter. Os
testemunhos lidos nos muitos trabalhos daquele Suplemento
do Correio dos Açores encaminham-nos para duas realidades
incontornáveis, mas às vezes esquecidas. Em primeiro lugar
a dimensão e em segundo, a diversificação. O “regresso à terra” apenas pela subsistência, pode ser um mal menor, mas
não deixa de ser um mal. O salto a dar é o da valorização
da agricultura, adequada à nossa dimensão insular, com o
fito primeiro de evitar importações, tendo o cuidado de ter
preços competitivos, o que já se provou ser possível e que
está a acontecer, por exemplo, na floricultura. Pensar em escalas incomportáveis para o nosso sistema de transportes é
erro condenável desde o início e que tem travado muitas das
iniciativas destes últimos anos. A dimensão é essencial e o
tão falado “mercado interno” é o passo essencial para que
este “regresso à terra” seja um êxito. Só o mercado integrado
de todas as ilhas proporcionará a segunda vertente de que falámos: a diversificação! A riqueza dos Açores está acima de
tudo na capacidade de termos coisas diferentes em diferentes
ilhas, com qualidade que pode impulsionar a quantidade que
seja suficiente para todas as ilhas e ainda para um importante
mercado que é o “mercado da saudade”, sempre ávido dessa
ligação com os produtos da terra-mãe. Esse “mercado da saudade”, bem implementado, dará origem a outro “regresso à
terra”, desta feita com as visitas dos emigrantes e das novas
gerações nascidas fora dos Açores e que, pelos produtos, acabam por querer conhecer a terra dos seus antepassados.
Criar a mentalidade de que não existem “parentes pobres”
dentro da agricultura e que a diversidade agrícola não prejudica em nada a importância do sector dominante que é o do
leite e da carne é um trabalho longo e que requer políticas
concretas e de proximidade. Por isso mesmo foi de grande
importância este tema escolhido pelo jornal Correio dos Açores para assinalar estes 94 anos, precisamente num início de
Maio, tempo em que verdejam os campos, florescem os jardins e as quintas que ainda resistem e tudo nos convida a um
contacto com a natureza sempre pródiga destas ilhas, desde
que lhe dêem carinho, atenção e trabalho. Que seja um feliz
“regresso à terra”!
Santos Narciso
pág.s 2 e 3
PRESIDENTE DA VILA DE RABO DE PEIXE
HABITAÇÃO DEGRADADA
E DESEMPREGO
SÃO PROBLEMAS GRAVES
O presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, Jaime Vieira, revela
que o desemprego é um dos principais problemas com que se debate a vila. No
entanto, “ao contrário de outros tempos”, o autarca entende que a sociedade
está a mudar e as pessoas já chegam à Junta de Freguesia a pedir emprego.
“Noto que as pessoas querem trabalhar, e noutras alturas seria impensável dizer
às pessoas irem varrer a rua durante 4 horas por 100 euros”, afirma o presidente
pág.s 8 e 9
da Junta que diz que já lhe chegaram 200 pedidos de trabalho.
FENAIS DA LUZ DE COSTAS
PARA O MAR E COM O VINHO
A GANHAR TERRENOpág.s 12 e 13
NUTRICIONISTA IVONE MACHADO
MIGUEL BRILHANTE DESVENDA
ALIMENTOS SAUDÁVEIS
DEVEM TER TAXAS
MAIS BAIXAS
COLISEU RECHEADO
DE ACTIVIDADES PARA
CELEBRAR 97.º ANO
pág.s 10 e 11
pág. 4
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Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Entrevista
“Esperemos que haja atum em
abundância nas nossas águas
para que tudo corra bem”
Miguel Machete fala do Programa POPA 2014,
este ano com 9 observadores
Já passaram pelo POPA - Programa de Observação para as Pescas dos Açores mais de 150 observadores de
várias nacionalidades, sendo que a maior parte deles vem do Continente Português. Geralmente são biólogos,
altamente motivados, que querem conhecer a realidade das pescas nos Açores e que têm o desejo de contribuir
para a conservação dos recursos e do meio ambiente. São pessoas com um perfil muito especial, que conseguem
inserir-se no meio da pesca comercial, permanecerem embarcados (com tudo o que isso implica) e desenvolver
um trabalho exigente e de grande responsabilidade. Este ano embarcam nos atuneiros dentro de dias, nove,
alguns repetentes na matéria, sendo que, sendo todos portugueses, três são açorianos.
No final da década de 90 tornouse claro que a indústria atuneira dos
Açores seria penalizada se não conseguisse garantir o estatuto “Dolphin
safe” para os seus produtos e derivados. Tornou-se por isso urgente encontrar uma solução. O Programa de
Observação para as Pescas dos Açores
(POPA) surgiu como resposta a essa
necessidade em 1998, assegurando
que as capturas de atum nos Açores
não provocavam mortalidade ou molestação intencional de cetáceos. Que
balanço é possível fazer destes 16 anos
em que o programa já decorre?
O balanço é muito positivo. O POPA,
gerido pelo Centro do IMAR da Universidade dos Açores, não só tem vindo a
conseguir garantir os certificados Dolphin safe e Friend of the Sea para a região (essenciais à exportação de produto
para vários países), como também, com a
estreita colaboração de vários parceiros
(investigadores, administração regional
que é aliás a entidade financiadora, armadores e indústria conserveira) tem recolhido informação crucial à gestão dos
recursos pesqueiros e a espécies associadas à actividade da pesca (cetáceos,
tartarugas e aves marinhas) que é depois
utilizada para produzir resultados muito
significativos para a região.
Quais são os resultados mais visíveis do POPA na Região?
Para além de possibilitar a exportação valorizada do produto da pesca, os
dados recolhidos pelo Programa têm
sido solicitados com frequência para
Miguel Machete, Coordenador do POPA
os mais diversos fins, porque neste momento possuímos uma base com um histórico de peso (16 anos de informação)
que se revela única no contexto Euro-
peu e até mundial. Actualmente,
quando se pretende ter informação
sobre a pesca de atum nos Açores
(espécies e quantidades capturadas,
Grandes atuns patudos pescados nos Açores
Entrevista
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dos Açores é sustentável?
A pescaria de salto e vara
é provavelmente a forma mais
sustentável de pescar atum. A
questão é que estamos a falar
de recursos migradores, que
não são exclusivos da região
(distribuem-se por todo o
Atlântico). Infelizmente, nem
todas as frotas do Atlântico
pescam recorrendo a esta forma artesanal.
Jovens biólogos do continente português muito interessados no mar dos Açores
“Foi porque a pescaria se
processava de uma forma
sustentável que recebeu
a certificação Friend of
the Sea. O que poderia
ter seguido outro rumo
era o enquadramento
desta actividade nos
mercados. O estatuto
Friend of the Sea dignifica e valoriza a pescaria
de atum nos Açores
e isso é reconhecido
por todos...”
Já passaram pelo POPA
mais de 150 observadores de várias nacionalidades, sendo que a maior
parte deles vem do Continente Português. Geralmente são biólogos
(embora já tenham passado por cá vários com
outro tipo de formação)
altamente motivados,
que querem conhecer
a realidade das pescas
nos Açores ...”
operação de pesca, dinâmicas, distribuição) e não só (porque também já monitorizámos outras pescarias ao longo
dos anos), o POPA torna-se uma fonte
incontornável. Os resultados produzidos com base nos dados do POPA encontram-se actualmente nos relatórios
da ICCAT, do ICES e nas mais diversas
publicações científicas (por exemplo já
este ano, foi publicado um artigo muito
relevante que caracteriza a distribuição
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
espacial e temporal de todas as espécies de cetáceos nos Açores). Acrescento ainda que quando é necessário
contextualizar os Açores no âmbito da
política comum de pescas, na Europa,
os dados do POPA contribuem para fornecer a informação necessária à discussão. Mas também há outros resultados
visíveis que não podem deixar de ser
mencionados: o POPA (instituído por
portaria regional em 1999) é um programa que pode monitorizar qualquer pescaria nos Açores. Os seus observadores
têm a capacidade de, para além de recolher informação robusta, criar elos com
a comunidade piscatória e possibilitar o
surgimento de pontes entre os profissionais da pesca e os restantes grupos do
sector.
O POPA, para além de possibilitar
este certificação, revelou-se também
crucial na obtenção de outro estatuto - Friend of the Sea – que certifica a pescaria nos Açores como uma
actividade sustentável e amiga do
ambiente, onde não ocorre sobrexploração de recursos nem
danificação dos ecossistemas a
eles associados. Esta, foi a primeira pescaria de atum a nível mundial, a usufruir de tal
estatuto. Hoje, passados mais
de dez anos, acredita que, sem
esta classificação, a nossa pesca poderia ter seguido outro
rumo?
O rumo da pesca ou da pescaria não se alterou com a atribuição do estatuto, aliás, foi
porque a pescaria se processava de uma forma sustentável que recebeu a certificação
Friend of the Sea. O que poderia ter seguido outro rumo era o
enquadramento desta actividade
nos mercados. O estatuto Friend
of the Sea dignifica e valoriza a
pescaria de atum nos Açores e
isso é reconhecido por todos os
intervenientes (desde o comprador até ao consumidor).
A pesca que se faz no mar
Quantos observadores já
passaram pelo POPA? De
que nacionalidades? O que
os motiva? Há quem repita
a experiência?
Já passaram pelo POPA
mais de 150 observadores de
várias nacionalidades, sendo
que a maior parte deles vem
do Continente Português. Geralmente são biólogos (embora já tenham passado por cá vários com outro
tipo de formação) altamente motivados,
que querem conhecer a realidade das
pescas nos Açores e que têm o desejo
de contribuir para a conservação dos
recursos e do meio ambiente. São pessoas com um perfil muito especial, que
conseguem inserir-se no meio da pesca
comercial, permanecerem embarcados
(com tudo o que isso implica) e desenvolver um trabalho exigente e de grande
responsabilidade.
Em 2013 concorreram ao POPA
191 candidatos. A avaliação do projecto do ano passado já está concluída, que conclusões há a tirar?
De facto tem havido um número elevado de candidatos ao POPA. O período
que atravessamos certamente que justifica também essa afluência. Em 2013,
depois de algumas desistências por razões pessoais, tivemos uma equipa que
conseguiu criar uma dinâmica forte e
coesa. Fez-se um excelente trabalho.
Para 2014, a equipa já está escolhida. Quantos observadores foram seleccionados e de que nacionalidades?
Foram seleccionados nove observadores, todos Portugueses, três dos quais
açorianos.
Neste momento, os futuros observadores do POPA estão em formação.
Que tarefas vão os mesmos desempenhar e em que período temporal?
Terminada a formação, os 9 elementos irão embarcar e desenvolver as suas
tarefas até ao final da safra (provavelmente Setembro/Outubro). O trabalho
do observador, como já referido, centrase na recolha de dados sobre a pescaria
e espécies associadas. Essa recolha é
realizada através de formulários, informatizada pelos próprios diariamente e é
agilizada através de vários equipamentos que cada um dispõe – gps, binóculos, computadores portáteis, etc..
As embarcações onde seguem os
observadores são escolha de quem?
Quais os requisitos que devem preencher as mesmas? Como é que os pescadores/armadores recebem o POPA?
A APASA, Associação de produtores
de atum e similares dos Açores é parceira do POPA. Os seus associados (os armadores da pescaria de atum) colaboram
com o Programa, permitindo o embarque
dos observadores e disponibilizando as
condições necessárias para que os mesmos possam trabalhar. Todas as embarcações registadas nos Açores com mais
de 20 metros podem embarcar um observador.
Quais as perspectivas para o POPA
2014?
São as melhores. A equipa está a responder muito bem ao período de formação e encontra-se muito motivada. Resta saber se teremos atum em abundância
nas nossas águas. Esperemos que sim.
A safra atuneira ainda não começou este ano em força...
Ana Coelho
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Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
reportagem
Miguel Brilhante, Director-Geral da maior casa de espectáculos dos Açores
“Coliseu Micaelense pretende
ser uma casa aberta e disponível
a todos quantos nos queiram visitar”
Mário Laginha Trio vai actuar no mesmo dia em que o Coliseu Micaelense vai comemorar o seu 97.º aniversário.
Dois dias depois, ou seja, no dia 12 de Maio, decorrerá uma homenagem a um dos grandes impulsionadores da história do
Coliseu Micaelense, nomeadamente, Pedro de Lima Araújo que proporcionou à cidade de Ponta Delgada e à ilha de São
Miguel, durante mais de 30 anos, espectáculos de Cinema, Teatro, Circo, Teatro de Revista e um conjunto de diversões sociais
que incluíram os tradicionais Grandes Bailes de Carnaval, entre outras acções.
Estas e outras novidades, foram reveladas ao nosso jornal, pelo Director-Geral do Coliseu Micaelense, Miguel Brilhante.
O Coliseu Micaelense prepara-se para
comemorar o seu 97.º aniversário, com um
grande concerto do prestigiado pianista Mário
Laginha, mas não só, como nos referiu Miguel
Brilhante. “A encerrar a comemoração do 97.º
aniversário, faremos uma homenagem a um
grande impulsionador e empreendedor que
está inscrito na história do Coliseu Micaelense.
Falo de Pedro de Lima Araújo que proporcionou à cidade de Ponta Delgada e à ilha de São
Miguel, durante mais de 30 anos, espectáculos
de Cinema, Teatro, Circo, Teatro de Revista e
um conjunto de diversões sociais que incluíram os tradicionais Grandes Bailes de Carnaval entre outras acções de nível humanitário
que, nesta data comemorativa, merecem ser
enaltecidas e reconhecidas não só pelo município de Ponta Delgada, mas também pela actual
gestão do Coliseu Micaelense”.
Uma homenagem protagonizada pela Câmara Municipal de Ponta Delgada, através
da sua Comissão Municipal de Toponímia,
agendada para o dia 12 de Maio, às 18h30,
no hall da entrada principal do Coliseu
Micaelense.
No que toca ao concerto de Mário Laginha, que acontecerá no dia 10 de Maio, o Director-Geral do Coliseu Micaelense destacou
que será uma apresentação em palco num trio
de outros grandes artistas, nomeadamente Nelson Cascais (contrabaixo) e Alexandre Frazão
(bateria), às 21h30.
“Este projecto em trio de Mário Laginha
nasceu para o mundo com a gravação em
2007 do CD ´Espaço´”, uma encomenda que
desafiou o pianista a articular relações entre
a arquitectura e a música, de que resultou um
trabalho imediatamente reconhecido como um
marco do jazz feito em Portugal.
Passados três anos e depois de muitas dezenas de concertos dados em Portugal e no estrangeiro, um novo disco ´Mongrel´, surgido
também de um desafio feito a Mário Laginha,
reafirmou e reforçou o trio como uma voz muito própria no mundo do jazz, desta feita num
registo algo arriscado mas superado de forma
brilhante pelo pianista e compositor: a gravação de um conjunto de temas construídos a
partir de obras de Chopin, encaradas de forma
muito livre por Mário Laginha, de tal modo
que, sendo reconhecível o seu ´pai´ autoral, se
afirmam acima de tudo como emanações da
linguagem própria do pianista.
A base do concerto no Coliseu Micaelense
terá, entre outros, temas destes dois trabalhos
quadra em questão. Uma quadra que respeitamos e valorizamos através de uma oferta cultural que vá ao encontro de todos os que têm o
Coliseu Micaelense no coração e as manifestações artísticas tradicionais na memória”.
Açoriana Mariana e outros grandes
eventos em agenda
e ainda adaptações para trio de ´Canções e
Fugas´, o primeiro álbum a solo gravado em
2006 por Mário Laginha.
É particularmente estimulante, para um
grupo como o de Mário Laginha, tocar numa
sala de espectáculos com o significado e a história do Coliseu Micaelense, sobretudo numa
data como o 10 de Maio. Um dos três Coliseus
do país, o Micaelense é, desde logo, uma maisvalia inquestionável para a Região, sobretudo
em termos de dinamização cultural e de promoção turística”.
Festa do Emigrante e dois espectáculos
de revista
Questionado, se será a Festa do Emigrante, um dos eventos agendados para os tempos
mais próximos na maior casa de espectáculos dos Açores, Miguel Brilhante respondeu
positivamente à pergunta, destacando que o
Coliseu Micaelense continua a preservar as
iniciativas que enaltecem as nossas tradições.
“A homenagem que dirigimos, anualmente,
a toda a comunidade emigrante que visita os
Açores por ocasião das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres continua a merecer
expressiva e prioritária atenção por parte da
direcção do Coliseu Micaelense. Desde logo,
pela tradição. Preservamos as iniciativas que
enaltecem as nossas tradições e, essencialmente, aquilo que nos faça reviver o tão reconhe-
cido percurso artístico que essa manifestação
tem na nossa história comum. Mas também,
a nossa abertura e disponibilidade. O Coliseu
Micaelense pretende, com a nova gestão, ser
uma casa aberta e disponível a todos quantos
nos queiram visitar, quer para assistir aos espectáculos que agendamos, quer para visitar
as nossas instalações pelo registo histórico que
ela representa. Ainda mais quando falamos de
todos aqueles que nos chegam carregados de
saudade”.
E foi a pensar nos nossos visitantes e também em todos os apreciadores de revista, que
este ano foi criado dois grandes espectáculos
que se prevê venha a ser um sucesso. “Na
sexta-feira, dia de abertura das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres, pelas 21h30,
abrimos as portas à primeira grande noite do
Emigrante, com a estreia regional da peça ‘E
a reforma que não chega’. Uma representação
artística protagonizada pelo Grupo Aprendizagem ao Longo da Vida, da Universidade dos
Açores, altamente reconhecidos pelo sucesso
do seu último trabalho, ‘O Cavalo da Troika’.
Na segunda-feira, dia 26, feriado municipal, às 16h00, apresentamos a peça ´As Quatro
Dolores dos Açores´, uma manifestação artística tipicamente açoriana que pretende ironizar
as pronúncias das nossas ilhas, sob a direcção
de Armando Moreira.
Segundo Miguel Brilhante, “são essas as
nossas apostas para 2014 no que respeita à
Mas as novidades para os próximos tempos
não se ficam por aqui, e o Coliseu Micaelense
tem em agenda três outros grandes espectáculos que se espera venham atrair o maior número de pessoas pela qualidade que carregam.
“A grande surpresa passa, desde logo, pela
digressão do Factor X, o programa da SIC que
celebrizou a nossa açoriana Mariana.
No dia 31 de Maio, às 21h30, e no encerramento das festas do Santo Cristo dos Milagres,
o Coliseu Micaelense abre as portas a este
grande espectáculo que traz a Ponta Delgada
os finalistas do programa Berg, Mariana e D8
e ainda José Freitas e a banda Aurora”.
É uma grande aposta do Coliseu Micaelense
na programação do primeiro semestre. Os bilhetes estarão à venda a partir de terça-feira,
dia 6 de Maio, e terão um preço entre os 12
euros e os 15 euros.
“Outro espectáculo que se espera que possa garantir a presença de muitas pessoas é o da
edição especial do Sharing the Music dedicada
aos autores açorianos. Um espectáculo promovido pelo Vox Cordis e que contará com
nomes sonantes do universo musical regional,
assim como outros nacionais que serão revelados oportunamente.
Uma terceira referência de destaque para
o mês de Junho será o Concurso Filarmonia,
promovido pela Federação de Filarmónicas
dos Açores, e que pretende difundir e partilhar
a qualidade que, cada vez mais, se assiste no
seio do trabalho desenvolvidos pelas filarmónicas.
É um projecto que muito entusiasma o
Coliseu Micaelense não só pela preponderância cultural presente, mas também pela partilha
e interacção musical entre os concorrentes”.
Em suma, são estes os destaques para o
mês de Junho, não esquecendo outras iniciativas dedicadas ao Jazz, ao Fado, a um concerto de piano e voz que também farão parte da
agenda da casa de espectáculos, considerada a
maior dos Açores.
Marco Sousa
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Literatura
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Atlântico Expresso
Sargento-mor recorda os palcos
de guerra em livro no Nordeste
Memórias recordadas na terra natal
Depois de ter sido lançado em Ponta
Delgada, com a presença de autoridades
civis e militares, com prefácio de Carlos
Cordeiro, historiador e professor da
Universidade dos Açores, o livro “O
Militar, a Guerra e a História, Memórias
de um Sargento”, do sargento-mor Manuel
Carvalho Oliveira, teve a feliz coincidência
de ser apresentado, para além de ser na Vila
do Nordeste, terra natal do autor, acontecer
no dia do padroeiro desta vila, São Jorge
(cuja imagem o acompanhou em todas as
expedições que fez para o Ultramar), assim
como a dois dias da celebração dos 40 anos
da Revolução de Abril, e ainda no Dia do
Livro.
“Foi uma satisfação para o município
proporcionar a apresentação de uma obra
que tanto diz aos portugueses, assim como
receber em casa um nordestense”, partilhou
na ocasião o vice-presidente da câmara.
Associou-se ao lançamento o director
regional da Energia, estando a apresentação
do livro a cargo do coronel José Manuel
Salgado Martins, que acompanhou a
iniciativa e o nascimento da obra – com a
chancela da Gráfica Açoreana - por ligação
profissional e amizade ao autor.
Satisfeito por se encontrar entre
familiares e amigos, o sargento-mor
Manuel Carvalho Oliveira (aposentado
desde 2007) comoveu os presentes com
um relato sentido da sua experiência de
militar no campo de guerra, onde cumpriu
três comissões de serviço no ex-ultramar
português.
Destes anos de serviço à pátria, reuniu
várias memórias, que partilha agora
neste livro de relatos, transportando o
leitor para paragens tão diversificadas
como o Portugal continental, os Açores,
a Madeira, Cabo Verde, Angola e Guiné
Bissau, relatando aspectos relacionados
com as gentes, as paisagens e a cultura,
mas também a experiência militar de
um sargento, por vezes dramática, como
é o caso do chamado cerco infernal a
Guidage, Guiné, em 1973, relatório único
do dramático cenário de guerra suportado
pelas forças portuguesas em campanha no
antigo território português.
A primeira edição do livro esgotou,
estando o autor a estudar a possibilidade de
proceder a uma segunda edição.
Manuel Carvalho Oliveira, SargentoMor de Infantaria, nasceu na Vila do
Nordeste há 70 anos, possui o curso geral
dos liceus no antigo Liceu Nacional de
Ponta Delgada, cumpriu três missões no
ultramar, sendo que da sua folha de serviço
constam 15 louvores e várias condecorais,
de que destaca na obra a Medalha de Cobre
de Serviços Distintos de 4ª classe, Mérito
Sargento-mor Manuel Oliveira, vice-presidente da Câmara Municipal do Nordeste, director
regional de Energia, Coronel Salgado Martins e secretária do Gabinete da Presidência do Nordeste
Uma plateia atenta no lançamento da obra do sargento-mor nordestense
Grupo de cantares do Nordeste abrilhantou o evento
Militar de 4º Classe, D. Afonso Henriques de
4ª classe, três medalhas de comportamento
exemplar (cobre, prata e ouro) e as medalhas
comemorativas das campanhas de Angola
e Guiné e a das Forças Expedicionárias a
Cabo Verde. Passou à situação de reserva
em 2000 e está na reforma desde 2007.
Segundo escreveu Carlos Cordeiro
“trata-se de um livro de memórias, que
intercala com uma espécie de diário de
guerra (…). Um relato na primeira pessoa
de um militar orgulhoso de ter integrado
as Forças Armadas Portuguesas, com a
sua tradição e valores. E esses valores vêm
bem evidenciados nestas memórias de um
sargento, pois Manuel Carvalho Oliveira,
mais do que apresentar a sua biografia
militar pretende, se compreendermos bem,
exalar valores que o patriotismo assume
especial destaque”.
Em entrevista recente ao nosso jornal,
o sargento conta que a vida militar para si
“foi um sonho. Foi uma realização pessoal
e profissional. Quando embarquei para o
ultramar sabia que o momento era muito
difícil, mas fui por gosto”.
Recorda que já em Lisboa assistiu aos
embarques das tropas, às famílias a chorar
nas despedidas e compreendia as tristezas
das pessoas, só que também desabafa:
“Apesar de todos os momentos tristes a que
assisti, o que queria mesmo era seguir para
o teatro de operações. Enfrentei tudo muito
bem. Adorei estar em Angola. Estive no
mato em operações e muitas vezes pensava
que andávamos tantos dias e não demos um
tirinho... Gostava daquela vida, daquela
aventura”.
Manuel Carvalho Oliveira diz que os
seus colegas lhe perguntavam: “Açoriano tu
queres seguir a vida militar e não sabemos
como consegues pensar nisso quando vês o
que se sofre aqui… andamos dias e dias nos
matos, com tanto calor, como podes sonhar
com esta vida? Mas eu sempre lhes dizia
que havia um bichinho que me chamava
para esta vida porque gostava daquela
aventura. Quando regressei, declarei
que queria seguir a vida militar, e prestei
provas no quartel-general para furriel. Fui
aprovado e promovido, tendo logo depois
sido mobilizado para Cabo Verde. Fui de
vontade”.
O teatro de guerra não é fácil, como
confessa o Sargento-Mor na reforma, só
que faz questão de sublinhar: “Sempre tive
coragem de enfrentar as situações mais
complicadas. Havia momentos que via a
situação muito difícil mas eu estava sempre
com vontade de estar. Faleceram os dois
primeiros-sargentos da companhia e eu
fiquei tão novinho, aos 28 anos, à frente da
companhia, numa situação tão crítica, com
constantes bombardeamentos de artilharia,
com tantos mortos e feridos, só que devido
ao meu gosto pela vida militar não me
encostava a um canto.
Lembro-me que a nossa secretaria foi
destruída e após o ataque levei as coisas
mais importantes que consegui apanhar,
para uma vala e continuei a vida. Também
me reconheceram e fui louvado pelos meus
feitos lá. Claro que tive momentos de receio
e outros em que dei coragem aos militares
da companhia, para que tivessem sempre
ânimo e não desistissem. Sempre tive uma
palavra de esperança, embora reconheça
que não é fácil ver os colegas morrerem.
Há momentos muito tristes, ficamos com a
moral em baixo, contudo a vida não pode
parar e não podíamos cruzar os braços
porque assim corríamos o risco de ficar lá
todos mortos”.
N.C.
Atlântico Expresso
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Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Reportagem
Reitor do Seminário de Angra
desafia padres a lutarem
contra a indiferença
Quinzena vocacional na Diocese decorre até 18 de Maio
A indiferença e o laicismo que marcam a sociedade contemporânea devem
constituir um estímulo para aqueles que
se querem assumir seguidores de Cristo
refere o Reitor do Seminário Episcopal
de Angra num texto- Padre para os homens de hoje - que o Portal da Diocese
publica na íntegra , no âmbito da quinzena vocacional que decorre a partir do
próximo domingo, até dia 18.
“A vida e o ministério de um padre
apresentam hoje um novo rosto, imensamente provocador, difícil, mas verdadeiramente insubstituível e gratificante”, diz
o Pe Hélder Miranda Alexandre sublinhando que “os candidatos são chamados
a serem padres numa sociedade marcada
por um indiferentismo crescente e desafiador” e o sacerdote “experimenta a fé
em formas de radicalidade diversas de outras formas do passado”.
Para o responsável pelo Seminário,
a única instituição diocesana que forma
sacerdotes nos Açores, o único caminho
para combater essa indiferença é o testemunho da vida concreta.
“O padre é e deve ser um homem de
Deus, que fala de Deus aos homens com
autenticidade - porque ninguém se deixa
levar somente por palavras - e dos homens a Deus, que frequentemente nem
falam com Ele”.
Por isso, conclui, o desafio dos padres
é entregarem-se “ao primeiro anúncio” e
“formar sem cessar” explicando “o essencial da fé cristã”.
O reitor do Seminário destaca, por
último, a consciência que os sacerdotes
devem ter na relação com a sua comunidade, por serem os únicos que podem presidir à Eucaristia e realizar o Sacramento
da Reconciliação.
“Se estes dois sacramentos se tornarem
celebração bem vivida podem ser meios
únicos do encontro do tempo na eternidade, dos homens com Deus, e de uma mistagogia verdadeiramente necessária. Eis a
grandeza do sacerdócio: trazer Jesus aos
que tanto Ele deseja”, conclui.
Para assinalar a quinzena vocacional
o Portal da Diocese ouviu também os
quatro seminaristas que protagonizam o
dia do Bom Pastor, na Diocese de Angra.
Dois deles, alunos do sexto ano, serão ordenados diáconos.
Bruno Espínola encara esta nova etapa
da vida como um desafio.
“Não posso ainda afirmar, na primeira pessoa, se vale ou não a pena ser padre.
As igrejas vazias nos Açores deve ser uma inquietação para os padres...
No entanto, há algo que me move interiormente e que me leva a sonhar com as
comunidades que hei de servir em nome
de Cristo. Tudo aquilo que ao longo destes seis anos, e que na minha capacidade pude apreender e viver neste plano de
formação que o seminário oferece, agora
como que quer desabrochar no meio do
povo de Deus, a Igreja”.
O futuro diácono lembra que ao logo
do sexénio ouviu repetidas vezes a ideia
de que o Seminário “existe e vive para
formar Padres” e reconhece que a expressão “tem razão e significado”, dado que
ser sacerdote “é concretizar o chamamento ao serviço do Evangelho e do mandamento do amor”, conclui deixando uma
nota de “gratidão e reconhecimento” pelo
tempo que passou na Casa.
Também Rúben Pacheco, que no dia
11 de maio será ordenado diácono, lembra os anos que passou no Seminário e
realça o caminho percorrido.
“Cresci muito e vejo muitas coisas de
forma diferente do que via antes. Contudo,
esses sonhos” que o levaram ao Seminário “não deixaram de existir. Assumiram
uma roupagem diferente permanecendo
a essência: o desejo de querer ajudar os
outros na sua caminhada de descoberta e
seguimento de Jesus”.
“Hoje vejo que o mais importante
num caminho é deixar-se guiar por Deus,
mesmo na adversidade porque apesar de
não ser fácil não estamos sozinhos. Deus
está connosco e é capaz de fazer o impossível para que se realize a Sua vontade se
quisermos”, reconhece o seminarista que
sublinha a necessidade desta caminhada
ser feita sempre “de pequenos passos,
sem medo de arriscar e de se entregar”
“ Se queremos que haja esperança no
mundo teremos de ser um sinal desta mesma esperança. Se acreditamos que Cristo
é o Messias Salvador porque não anunciálo? É a melhor oferta que podemos dar”,
conclui.
No próximo dia 11 de maio, Dia do
Bom Pastor, dois outros seminaristas, a
frequentar o quinto ano, serão instituídos
nos ministérios laicais de leitor e acólito.
Gaspar Pimentel lembra que no inicio “não acreditava chegar ao fim”, mas
“Deus foi e tem sido teimoso comigo
dando-me forças para persistir neste caminho”.
Forças que segundo o seminarista, de
São Miguel, residem no apoio de colegas,
de professores e da família.
“Agora acredito que vou ser instituído.
Alegro-me com isso, porque vou receber
mais ferramentas para a minha mochila
que carrego, para ir aonde Deus quer e
para quem Ele quiser. Embora me sinta
um jovem incapaz, estou rendido à graça
de Deus, aos braços do Bom Pastor que
quero imitar”.
Pedro Aguiar tem 24 anos e é outro
dos seminaristas que vai ser instituído no
ministério laical. Recorda o começo desta
caminhada e conta-a na primeira pessoa.
“Era um jovem tímido e reservado,
de missa dominical e catequese, tal como
muitos outros. Nunca tinha revelado qualquer interesse em ir para o Seminário. Até
que um dia tudo mudou. Já com 14 anos,
naquela fase em que os jovens começam a
fazer planos do que vão fazer da sua vida,
senti o chamamento para ir para o Seminário. Como foi esse chamamento? Não
sei, apenas senti a vontade de ser Padre”.
A caminhada tem sido “intensa” mas
sente “que tem crescido intelectual e espiritualmente” e diz-se “contente” por
estar a dar mais um passo rumo ao sacerdócio.
A cerimónia de ordenação e instituição decorre na Sé de Angra, no dia 11 de
maio, pelas 18h00. No dia 10 haverá uma
Vigilia de Oração na Igreja da Ribeirinha
aberta a todos os grupos de jovens da ilha
Terceira.
Carmo Rodeia
Atlântico Expresso
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Ensino
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Antigos Alunos da Escola
Antero de Quental
Coordenação: Nélia Câmara
O “nosso” Liceu
Vasco Alves Cordeiro
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer o
amável convite da Associação dos Antigos Alunos
do Liceu Antero de Quental para integrar, com o
meu testemunho pessoal, o leque de ilustres personalidades que engrandecem esta obra, a qual, em
boa hora, será dada à estampa como documento de
grande relevância sobre a memória e as memórias
do “nosso” liceu.
Gostaria, ainda, de saudar os órgãos sociais da
Associação dos Antigos Alunos pela vitalidade que
têm imprimido à sua acção recente. Considero que
esta Associação assume, não só a missão de ser a
guardiã da história e do rico património do Liceu
Antero de Quental, mas também a de ter um papel
activo na parceria que deve unir os vários agentes
em prol do sistema educativo regional.
O “nosso” liceu é, no fundo, sinónimo de uma
instituição secular onde milhares de jovens criaram
amizades duradoiras e cimentaram os alicerces cívicos, pessoais e académicos, fundamentais para o
seu percurso individual.
No “nosso” liceu, que hoje considero muito
mais do que um mero espaço de aquisição de conhecimentos, moldaram-se personalidades e definiram-se opções de vida, muitas vezes sem nos
apercebermos, realmente, da importância destes
momentos na nossa vida futura.
É, pois, com alguma nostalgia saudável, que
recordo os interessantes momentos passados com
grupos de colegas e professores na magnífica sala
que ainda serve de biblioteca, que nos permitiam
descobrir novos “mundos”, através de obras notáveis de escritores como Júlio Verne, entre muitos
outros.
Na minha memória ficará, ainda, para sempre,
a melancolia sentida quando, ao finalizar o 12º ano
de escolaridade, passei pela última vez pelo portão
do “nosso” liceu, num misto de sentimentos pautados, também, pela ansiedade e expectativa pela
eminente partida de São Miguel rumo a Coimbra.
Instalada no Palácio da Fonte Bela desde 1901,
a “Antero de Quental” continua a ser, hoje, uma
peça essencial do nosso sistema de ensino. Honrando o seu passado, apresenta uma dinâmica e uma
qualidade de ensino condizentes com as exigências
dos tempos actuais.
É, pois, com orgulho que vejo, décadas depois,
o “nosso” liceu a dar continuidade à sua função
centenária de educar e formar, uma tarefa assegurada por quase duas centenas de professores
que, diariamente, moldam as Mulheres e os
Homens que vão também gerir os destinos da
nossa terra.
Na verdade, tenho uma dívida de gratidão
a saldar para com muitos professores que, ao
longo dos anos, contribuíram para a minha
formação cívica e académica. Espero, pois,
que este testemunho possa também ser entendido como um singelo reconhecimento que a
distância dos anos apenas torna mais profundo e sincero.
Do exercício da advocacia
a Presidente do Governo
Vasco Ilídio Alves Cordeiro nasceu a 28 de Março de 1973 na freguesia da Covoada, concelho
de Ponta Delgada. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e fez uma Pós-Graduação em Direito Regional na Universidade Clássica de Lisboa e na Universidade dos Açores. Exerceu Advocacia, entre 1995 e 2003, e leccionou Filosofia, em regime de substituição, na Escola
Secundária Antero de Quental.
No âmbito parlamentar, foi eleito Deputado à Assembleia Legislativa da Região Autónoma
dos Açores, em 1996, assumindo a liderança da bancada parlamentar do PS/Açores (2000/2003).
No poder local, foi eleito Deputado Municipal em Ponta Delgada (1997/2003) e Presidente da
Assembleia de Freguesia de Covoada (1997/2001). No plano partidário, foi presidente da Juventude Socialista dos Açores (1997/1999) e é presidente do PS/Açores desde Janeiro de 2013.
No Governo dos Açores, foi Secretário Regional da Agricultura e Pescas (2003/2004), Secretário Regional da Presidência (2004/2008) e Secretário Regional da Economia (2008/2012). Desde
novembro de 2012, é Presidente do XI Governo da Região Autónoma dos Açores.
O meu jardim
Jaime Gama
Frequentei o então Liceu Nacional
de Ponta Delgada de 1958 a 1965, após
ter feito a pré-primária e a primária no
Externato “A Colmeia” e antes de seguir para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Conservo desses anos uma grata recordação académica, cultural, humana,
cívica e, até, geográfica, visto residir
nas traseiras do liceu e, assim, ter ao
meu alcance as suas próprias árvores e
a panorâmica do campo de jogos. Posso
mesmo dizer que o Liceu foi também,
durante todo esse tempo, o meu jardim.
Um corpo docente bem preparado
nas ciências e nas humanidades não
nos deixava sentir insularizados quando ingressávamos no ensino superior. O
facto de ser constituído por professores
próximos dos nossos familiares não o
tornava menos exigente, sem, todavia,
se transformar em autoritário.
A esse ambiente devo boa parte da
minha formação. Não só no plano escolar, mas, num campo mais vasto, propiciado pelas amizades liceais, a minha
aprendizagem cultural tem aí o seu verdadeiro início.
O Liceu era, sem dúvida, para nós,
o coração da cidade por onde passava
a absorção do que acontecia no mundo.
Cinema, novas músicas, páginas literárias, conferências, romagens culturais,
programas radiofónicos, livrarias, cafés da moda, atividades desportivas,
indumentárias juvenis, bailes e festas,
olhares e namoros – tudo nos dava certeza e confiança, como se fossemos
paladinos de uma nova era, a marcar,
com que ousadia, e falta de humildade,
a pequena grandeza dos nossos saberes
redentores.
Procurei ser leal para com o Liceu
onde tanto aprendi, correspondendo
com o cumprimento escrupuloso daquilo a que podemos chamar os deveres do
aluno e do colega. E, no dia da partida
para Lisboa, algures em setembro de
1965, antes de embarcar no “Funchal”,
fiz um longo passeio solitário pelo Liceu, jardim e campo de jogos, revi os
anos da vida aí passados, guardei essa
imagem comigo para sempre.
Nas minhas recordações, muitas
vezes volto a sentir-me aluno do Liceu
Nacional de Ponta Delgada.
De deputado a Presidente
da Assembleia da República
Jaime José Matos da Gama nasceu em 8 de Junho de 1947, na freguesia da Fajã de
Baixo, em S. Miguel. Frequentou o Externato “A Colmeia” e o Liceu Nacional de Ponta
Delgada, tendo-se licenciado em Filosofia pela Universidade de Lisboa. Foi professor do
Ensino Secundário e do Ensino Superior, além de se ter dedicado ao jornalismo.
Militante e dirigente do Partido Socialista, foi deputado de 1975 a 2011, ano em que
se retirou da vida política, tendo sido Presidente da Assembleia da República de 2005
a 2011. Anteriormente, havia desempenhado os cargos de Ministro da Administração
Interna, Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ministro da Defesa Nacional e Ministro
de Estado.
Foi agraciado ao longo da sua vida política com várias condecorações, entre as quais
recebeu a 19 de Abril de 1986 a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, a 2 de
Junho de 1987 a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a 4 de Outubro de 2004 a GrãCruz da Ordem da Liberdade.
Actualmente, é o Presidente do conselho de administração do BES-Açores.
Atlântico Expresso
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Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Entrevista
Habitações degradadas
e desemprego ainda
prejudicam Rabo de Peixe
O presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe, Jaime Vieira, revela que o desemprego é um dos principais problemas com que se debate a vila. No entanto, “ao contrário de outros tempos”, o autarca entende que
a sociedade está a mudar e as pessoas já chegam à Junta de Freguesia a pedir emprego. “Noto que as pessoas
querem trabalhar, e noutras alturas seria impensável dizer às pessoas irem varrer a rua durante 4 horas por
100 euros”, afirma o presidente da Junta que diz que já lhe chegaram 200 pedidos de trabalho.
Apesar das mudanças, Jaime Vieira acredita que muito ainda há a fazer por Rabo de Peixe,
mas reconhece que a falta de verbas é um entrave.
O porto de Rabo de Peixe tem sido uma
obra que tem estado no meio da discórdia,
concorda com aquela obra?
Jaime Vieira - Só um presidente que não tivesse dois dedos de testa é que podia dizer que
não é uma grande obra. Logicamente que é uma
grande obra, vem embelezar aquela zona e veio
também melhorar as condições de vida dos próprios pescadores embora haja uma ou outra voz
que diz que não resolve o problema na totalidade. Mas o produto final, mesmo em termos do
quotidiano dos pescadores, penso que vem melhorar significativamente a vida deles.
Enquanto presidente da Junta de Freguesia
de Rabo de Peixe não posso deixar de dizer que
foi muito bem-vinda esta obra. Não podemos
esquecer que aquela obra vai trazer uma beleza
diferente à nossa zona costeira.
Se perguntar se resolve todos os problemas
dos pescadores, tenho de responder que talvez
não. Resolve alguns, mas o futuro é que dirá
em termos de apoios às embarcações de pesca
e irá trazer a real resposta do investimento feito
naquela zona. Mas foi um bom investimento e
os pescadores estão maravilhados com aquela
obra.
Mas todas as coisas têm um aspecto negativo e aquilo que tenho ouvido é que em termos de
entrada e saída das embarcações, não proporciona a segurança que eles gostariam. Aliás, até há
quem diga que a obra tornou a situação até mais
perigosa porque a entrada ficou encurtada. É o
único aspecto negativo que tenho ouvido da classe piscatória em relação ao porto, mas no âmbito geral foi uma obra muito bem-vinda e como
presidente da Junta estou feliz por esta obra ter
acontecido.
Outra das obras que gerou polémica foi a
capela mortuária, no entanto continua a sua
construção…
A capela mortuária foi um “bebé” que nos foi
deixado nas mãos e não foi fácil lidar com toda
esta situação que mexeu muito com o íntimo das
pessoas. A capela mortuária é uma mais-valia
“Aquilo que as pessoas
cada vez mais sentem
dificuldades e mais precisam é o apoio social,
o apoio ao emprego
e à habitação degradada. Mais do que
isso seria uma grande
irresponsabilidade e falta
de bom senso nesta altura que atravessamos”
Jaime Vieira entende que tem havido estreita colaboração entre a Junta de Freguesia,
o Governo dos Açores e a Câmara Municipal da Ribeira Grande
para Rabo de Peixe, era uma ambição de um
grupo de pessoas, mas podia-se ter evitado uma
ou outra situação porque temos de ir ao encontro
do que são as pretensões das pessoas. A Junta de
Freguesia acha que o processo poderia ter sido
feito de outra forma, os timings também não
foram os mais adequados para a concretização
desta obra. Mas todos os problemas foram ultrapassados, fomos dialogando com as pessoas,
fizemos um fórum onde trouxemos as pessoas e
explicámos o projecto, explicámos porque é que
foi optado por um projecto em vez do outro. O
retrocesso do projecto poderia por em causa a
própria capela mortuária e com s intervenientes
chegámos à conclusão que seria proveitoso para
Rabo de Peixe continuar com o projecto que já
existia. Em conjunto tomámos a decisão que ou
teríamos aquela capela ou dificilmente poderíamos ter outra, porque não foi só a questão do
projecto em si, houve vozes discordantes da própria localização da capela mortuária e tivemos
uns primeiros meses muito agitados para o elenco da Junta. Mas conseguimos reunir as pessoas
e criar algum consenso em torno do projecto e da
localização e agora está a seguir.
Também temos de ter sorte para poder concluir todas as obras porque estamos numa altura
que não é fácil fazer esses investimentos, mas
demos continuidade ao que já tinha sido iniciado
pela anterior Junta de Freguesia. Aliás, o nosso
caminho tem sido esse, queremos finalizar todos
os projectos iniciados porque acreditamos que
foi sempre feito o melhor para esta Vila e também é isso que queremos.
Rabo de Peixe continua a ter casos de habitações em cima da rocha que apresentam
perigo?
Com as novas obras que se fizeram em Rabo
de Peixe houve sempre o lado negativo, que foram as casas junto à rocha. Nós temos tido algumas situações extremamente complicadas, e tínhamos também algumas ali no Largo do Coreto
que devido à reabilitação que vamos fazer ali a
Câmara Municipal já adquiriu algumas daquelas
casas que estavam em risco de ruim. Existem ali
na Rua do Pires algumas moradias que estão em
situação problemática, inclusive de uma senhora
idosa que cada dia que passa sente aumentar o
perigo desta moradia, mas há também outras casas em perigo.
Entrevista
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Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Atlântico Expresso
Apesar do grande investimento que já foi feito em termos de habitação em Rabo de Peixe, ainda há algumas moradias degradadas e habitações em cima da rocha que apresentam risco
Tem havido a indicação que o governo regional pretende inteirar-se do real pértigo da situação, sei que a Câmara Municipal da Ribeira
Grande tem vindo a acompanhar a situação no
sentido de averiguar o perigo imediato dessas
moradias. Tem havido um cuidado também da
nossa parte em acompanhar todo esse processo.
Que existem algumas moradias em risco,
existem, mas acredito que quando terminar a
obra do Porto as situações estarão resolvidas
porque o pior que pode acontecer na vida de uma
pessoa é viver com medo constante. Mas vamos
acreditar que haverá esse cuidado por parte do
governo.
A cooperação com o governo regional
nestes últimos 7 meses tem sido boa?
Acredito que sim, porque quando entrei para
esta missão, porque ser presidente de Junta de
Freguesia é extremamente complicado nestes
dias, o que pretendemos fazer é fazer o melhor
para Rabo de Peixe. Nesse sentido tenho procurado reunir-me com a maioria as secretarias
do governo regional para obtermos a melhor
colaboração possível. Temos tido um feedback
extremamente interessante da parte dos diversos
directores regionais, temos sido bem recebidos,
temos um ou outro projecto com algumas direcções regionais que estamos a equacionar fazer.
Temos trabalhado mais com a direcção regional da habitação porque, dentro daquilo que é
preciso ser feito em Rabo de Peixe a habitação
ainda carece de algum cuidado da nossa parte.
Ao nível da acção social temos os serviços de
acção social que estão muito bem representados
aqui na vila, embora não seja suficiente porque
cada assistente social tem cerca de 100 casos
para resolver e por aí já se vê a realidade da vila
em que os processos se amontoam. Mas não nos
podemos sobrepor em termos de apoios nem em
termos de zonas de acção e os casos que chegam
à Junta de Freguesia ao nível de acção social
tentamos encaminhar para os serviços de acção
social e ao nível da habitação é que não tínhamos quem estivesse mais directamente ligado à
população e uma das nossas grandes bandeiras
foi o combate à habitação degradada. Achamos
que é extremamente importante uma pessoa viver condignamente numa moradia e nisso temos
tido algumas reuniões com o director regional da
habitação, Carlos Faias, e toda a sua equipa e temos tido um bom feedback.
Logicamente que nunca é aquilo que pretendemos, porque pretendemos sempre mais, mas
dentro daquilo que é possível temos tido uma
grande abertura. Estamos até a equacionar um
projecto para poder intervencionar uma ou outra
Novo porto de Rabo de Peixe foi uma obra que não gerou consenso mas que o presidente da Junta
de Freguesia defende e entende ser uma grande obra para a vila
casa, mas sabemos que estamos condicionados
pela parte financeira. Condiciona o governo e
condiciona a Junta, mas temos tido o cuidado
de nos darmos com todas as entidades, independentemente da cor política, porque estamos ao
serviço de Rabo de Peixe e nesse sentido temos
de estar bem com o governo regional, com a Câmara, com a Cáritas ou com quem for.
Dada a actual conjuntura depreendo pelas suas palavras que projectos para o futuro
vão muito no sentido da acção social?
Podemos fazer uma ou outra obra mas a altura das grandes obras já terminou. Actualmente estamos a viver numa altura que eu comparo
com um grande incêndio, estamos com um incêndio a deflagrar numa grande área e temos de
acudir ao que está mais próximo para não chegar às populações e o que está mais próximo é
o que temos de apagar. Aquilo que as pessoas
cada vez mais sentem dificuldades e mais precisam é o apoio social e o apoio do emprego e
da habitação degradada que vamos tentar socorrer. Mais do que isso seria também uma grande
irresponsabilidade e de falta de bom senso nesta
altura que atravessamos.
Outra situação que queremos, e que desde o
início pretendemos, é abrir Rabo de Peixe para
fora. Nós não podemos continuar a olhar para
esta terra como uns coitadinhos ou como uns
“comilões dos subsídios do Estado”. Temos de
potenciar aquilo que são as coisas boas desta
terra porque temos grandes potencialidades e o
que pretendemos é mudar a visão que as pessoas
têm acerca de Rabo de Peixe. Queremos que as
pessoas vejam Rabo de Peixe por outro prisma,
queremos que olhem para esta vila com outros
olhos, de que vale a pena vir cá, que vale a pena
estar cá e vale a pena visitar rabo de Peixe pelos bons motivos. Queremos fazer este esforço,
que será grande porque os estigmas levam muito
tempo a desvanecer-se, e queremos trazer gente
de fora para Rabo de Peixe.
A imagem que as pessoas de Rabo de Peixe só querem viver de subsídios já está a ser
ultrapassada?
Na minha opinião a sociedade mudou, tenho
plena consciência disso até mesmo pela minha
qualificação profissional, e as pessoas mudaram.
Acho que aquilo que muitas vezes se apregoou
sobre Rabo de Peixe, e que até podia ser verdadeiro, hoje em dia as pessoas querem oportunidades, as pessoas batem-me à porta, tenho mais
de 200 pedidos de emprego em cima da secretária. As pessoas olham para o emprego hoje em
dia como uma bóia de salvação e noutros tempos
não sentia isso, muito sinceramente. Às vezes
oiço dizer que as pessoas de Rabo de Peixe não
querem trabalhar mas muito honestamente não
noto isso, noto exactamente o contrário desde
os 7 meses que estou à frente da Junta de Freguesia. Noto que as pessoas querem trabalhar,
e noutras alturas seria impensável dizer às pessoas irem varrer a rua durante 4 horas por 100
euros, prestarem apoio a idosos por 100 euros
ou fazerem apoios a várias instituições por 100
euros. Hoje em dia temos quem peça para ir para
a construção por 100 euros.
Agora já não estão à espera que caia do céu
mas vão à procura e gostávamos de ter outra capacidade para mostrar à pessoa que o caminho
é mesmo esse, do trabalho. O que é engraçado
é que não somos nós que vamos atrás das pessoas, são elas que vêm ter connosco e os cerca
de 900 atendimentos que temos feito até agora,
mais de 200 foram para pedir emprego. À medida que vamos tendo capacidades de fazer o programa FIOS vamos fazendo, só tenho pena de
não termos recursos para fazer mais programas
do PROSA e do RECUPERAR porque embora
não seja o emprego que as pessoas pretendiam é
o que se pode dar. Estamos numa realidade completamente diferente, a mentalidade das pessoas
tem vindo a mudar.
Faço aqui um apelo que é preciso olhar de
forma diferente para Rabo de Peixe porque as
pessoas têm vindo a mudar e temos de aproveitar
isso para lhes dar um pouco de formação prática,
porque as pessoas têm vindo a aprender com a
crise que já nada é igual e que precisam de uma
bóia de salvação.
A diáspora de rabopeixenses queixa-se da
falta de actualização do site da Junta. Haverá
mudanças para breve?
Quando entramos para a Junta de Freguesia
tivemos um grande problema com o site, tivemos algumas falhas de comunicação e estamos a
preparar um novo site. Não queremos avançar já
com isso sem ser pensado nem ter o nosso cunho
pessoal e o novo site está quase pronto. Faltam
uns pequenos detalhes mas acreditamos que no
mês de Maio já estará operacional. Desde já peço
desculpa à nossa diáspora porque como costumo
dizer, Rabo de Peixe não são apenas 9.600 habitantes são mais 9 mil ou 10 mil porque acredito
que existem mais rabopeixenses fora de rabo de
peixe do que na própria vila. No entanto, temos
uma página nas redes sociais que mantemos actualizada.
Carla Dias
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Atlântico Expresso
Reportagem
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
A taxação da alimentação em Portugal
Nutricionista açoriana defende que deve
ser enfatizado o consumo de alimentos
saudáveis e os seus benefícios
A eventual taxação de “produtos que têm efeitos nocivos para a saúde” anunciada há algumas semanas pela
ministra das Finanças - e que incluiria produtos com elevado teor de sal, gordura ou açúcar - divide os especialistas. Para Isabel do Carmo, médica especializada em obesidade e comportamento alimentar ao jornal SOL,
esta é uma ideia correcta: “Foram já tomadas medidas semelhantes noutros países para os produtos com níveis
elevados de sal e de açúcar, com resultados positivos”, diz a endocrinologista, lembrando que as taxas de obesidade não param de aumentar em Portugal. “Em jovens adultos do sexo masculino, as taxas duplicaram, de 2%
para 4%, em nove anos. E a obesidade infantil, directamente ligada ao consumo de açúcar e de sal, tem aumentado de forma alarmante”.
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, corrobora: “A aplicação de taxas e impostos na venda deste tipo de produtos
deve funcionar como uma discriminação positiva para os alimentos
saudáveis, fomentando o seu consumo”. Para José Manuel Silva, “o
Estado deve ter um papel positivo
em modelar o comportamento dos
cidadãos”.
“Muitas vozes se têm levantado contra esta medida, de uma
forma leviana. Mas já existem
variadíssimas situações em que
a política fiscal é utilizada para
promover o bem geral”, lembra o
bastonário, dando como exemplos
a obrigatoriedade de usar o cinto
de segurança nos automóveis e o
capacete quando se anda de mota
e a definição do ensino obrigatório.
Para José Manuel Silva, o princípio
que orienta este tipo de medidas “é
o mesmo” que o da taxação de produtos nocivos para a saúde.
Quanto aos níveis de sal, gordura ou açúcar a partir dos quais um
produto é considerado nocivo, o responsável lembra que há estudos já realizados
que os indicam. “Até no pão, por lei, só é
permitido usar uma determinada quantidade. E sabe-se que a redução de sal tem
um efeito tremendo na diminuição das
doenças cardiovasculares”, sublinha.
Medida ‘só faz sentido
se for integrada em campanhas’
Segundo também o SOL, para a
bastonária da Ordem dos Nutricionistas,
Alexandra Bento, a ideia “só faz sentido
se for integrada noutro tipo de medidas”,
como o “proteccionismo” de produtos benéficos para a saúde e campanhas de pro-
ro de produtos taxados (que pode ir da
simples junk food aos refrigerantes, gelados ou manteiga, por exemplo). Quanto
maior for o número de produtos taxado,
menor deverá ser o valor em cada um.
O ministro da Saúde, apesar de cauteloso, explicou também que esta taxa pode
ajudar a resolver a enorme dívida do Serviço Nacional de Saúde. Isto porque ao
prevenir doenças causadas pela ingestão
deste tipo de produtos - como a diabetes,
a obesidade e a hipertensão - haveria uma
poupança, nomeadamente pela diminuição do recurso aos serviços. Segundo o
ministro, antes de qualquer decisão, o
Estado irá estudar as experiências de outros países: “Iremos ver o que tem mais
impacto em termos de saúde pública e depois o que poderá significar em termos de
receita destinada aos hospitais”.
‘Taxa Cola’ em França
Desde 2012, o país tem taxas suplementares em bebidas com adição de açúcar e adoçantes - ou seja, praticamente todos os refrigerantes (cerca de 2 cêntimos
numa lata de 33 cl) .
Controlar a alimentação e optar por alimentos saudáveis...
moção de bons hábitos alimentares.
“Uma medida destas, que deveria ser
anunciada pelo ministro da Saúde, tem de
ser muito bem pensada e sustentada, com
opiniões de peritos de várias áreas”, defende a bastonária, temendo que o facto
de ter sido anunciada pela ministra das
Finanças signifique que se trata de uma
opção baseada em questões económicas.
E levanta uma dúvida: “Será que estas taxas vão garantir que as pessoas deixam de
consumir estes produtos e passam a consumir outros mais saudáveis?”.
José Manuel Silva acredita que sim:
“As campanhas de promoção da saúde
dão poucos resultados práticos, enquanto
que as políticas fiscais resultam”.
A mesma ideia é defendida pelo Ministério da Saúde, refere o SOL, que sublinha que taxar produtos nocivos para a
saúde deve ser encarado como uma política para melhorar o estado de saúde da
população. “Não gostaríamos que estas
medidas fossem olhadas apenas numa
perspectiva orçamental. O nosso primeiro
objectivo é melhorar o estado de saúde da
população”, afirmou esta semana o secretário de Estado Adjunto do Ministro da
Saúde, Leal da Costa.
Os níveis de açúcar, gordura ou sal a
ser taxados ainda não estão definidos - e
determinarão a maior dimensão do núme-
Hungria tem taxas para tudo
É o país com mais taxas sobre alimentos nocivos, desde 2011. Abrangem alimentos e bebidas com alto teor de açúcar,
sal, hidratos de carbono e cafeína (como
biscoitos salgados e açucarados, bebidas energéticas e bolos pré-embalados).
Os produtos aumentaram cerca de 0,037
euros.
Finlândia só castiga o açúcar
Taxas-extra, desde 2011, incidem sobre o açúcar e produtos alimentares como
chocolates, gelados, bolos e compotas
(exemplo: 45 cêntimos num kg de gelado).
‘Taxa de gordura’
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Reportagem
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Atlântico Expresso
Nutricionista açoriana, Ivone
Machado, questiona
Porque não dar ênfase
a alimentos mais
saudáveis?
Ivone Machado lança alguns alertas aos açorianos
cai na Dinamarca
Foi o primeiro país do mundo a
instituir, em 2011, a chamada ‘taxa
de gordura’. para produtos com elevado teor de gordura saturada, como
carne, queijo, manteiga e snacks
- que se traduzia em 2,15 euros por
kg de gordura saturada num produto.
Recuou passado um ano, após concluir que a taxa levou à inflação.
Roménia desiste
Apesar de ter a mais baixa taxa de
obesos na Europa, colocou a hipótese de taxar a junk food (‘lixo alimentar’) em geral, tendo recuado perante
o aumento crescente do preço dos
alimentos.
Coligação não sai beliscada
das divergências sobre taxas
As divergências entre PSD e CDS
sobre as fórmulas para encontrar
novas fontes de receita não estão a
causar mossa na coligação, refere
ainda o SOL. De um lado e de outro desvalorizam-se as “diferenças
de opinião” sobre a criação de taxas
para produtos nocivos para a saúde
e sobre o agravamento das taxas em
sectores como a banca ou a energia.
Mas também há quem admita que o
momento foi aproveitado pelo partido de Portas para marcar terreno.
“São partidos diferentes e é natural que isso se traduza em opiniões
diferentes”, comenta uma fonte do
Governo, garantindo que o ambiente
no Conselho de Ministros não traduz
qualquer desconforto entre os parceiros de coligação. “Não há nenhum
mal-estar. Há ideias diferentes”, sublinha.
Durante toda a semana, os ministros do CDS mostraram-se alinhados
e preocupados em passar a mensagem
de que a ideia de taxar produtos com
elevado teor de açúcar ou sal - avançada por Maria Luís Albuquerque em
conferência de imprensa - não passava de uma hipótese que não foi sequer
discutida em Conselho de Ministros.
Isto, apesar de a ideia ter sido con-
firmada pelo secretário de Estado da
Saúde e de o ministro Paulo Macedo
ter vindo explicar que estará em cima
da mesa na preparação para o Orçamento de 2015, justificando a medida com a necessidade de resolver as
dívidas dos hospitais. Ficou, porém,
clara a posição do CDS: completamente contra taxas sobre produtos
nocivos para a saúde.
Mas também do lado do PSD foram várias as vozes que desvalorizaram a questão, referindo-se-lhe como
“um não assunto”, e garantindo que
o tema não foi abordado no Conselho de Ministros. As únicas hipóteses admitidas, mas adiadas para a
discussão do Orçamento do Estado
em Outubro, “foram as taxas sobre o
álcool e o tabaco”, asseguraram vários governantes sociais-democratas
ao SOL.
Segundo o SOL, o facto de ser
uma medida com implicações negativas em pastas importantes do CDS a Economia e a Agricultura - não foi
alheio a esta estratégia. Mas tanto no
PSD como no CDS há quem leia nesta atitude uma forma de aproveitar o
momento para vincar que o partido
liderado por Paulo Portas não se vai
diluir na coligação e que vai deixar
claras as diferenças que o afastam do
PSD, sem pôr em causa o acordo de
Governo.
“Não deixa de ser curioso que
tenham sido de forma clara e frontal os ministros do CDS que deram
a cara contra a medida”, reconhece
um dirigente centrista, que considera, porém, que o empolamento de
divergências dentro da coligação tem
origem na oposição, já em período
pré-eleitoral.
De resto, no PSD não se viram
as declarações de Pires de Lima e de
Assunção Cristas como um sinal de
afastamento entre os dois partidos.
“A taxa era só uma ideia. Não estava
nada decidido. Não é uma grande divergência”, observa um deputado do
PSD. “Haver diferenças é natural”,
comenta outro social-democrata.
“Há um ditado bem conhecido que diz: “o que
não mata, engorda”. Contudo, esta já não é bem a
nossa realidade. Em concreto, aquilo que engorda pode “ ir matando”, mais ou menos lentamente. O grande problema que aqui efectivamente se
coloca, é se o consumo de produtos alimentares
com substâncias que conduzem ao aumentado da
morbilidade e mortalidade, deverão ter ou não taxas superiores. E aqui, outras questões podem ser
colocadas: qual o objectivo de colocar taxas mais
elevadas? Limitar o seu consumo? Reduzir o seu
consumo? Vedar o seu consumo? Por motivos de
saúde ou por pura estratégia económica? Quanto
à economia não é a minha área, mas no ele respeita a área da saúde e a ingestão alimentar que
condiciona o nosso estado de saúde, isto sim dizme muito!
Pessoalmente faz-me um pouco de confusão,
quando se tenta limitar o consumo de alimentos
menos saudáveis pelo aumento de preço, quando
na realidade o custo de bens essenciais, como o
pão, leite, fruta, produtos hortícolas, fruta e carne/
peixe, aumentam! Quando começamos a comparar o custo de produtos alimentares com o mesmo
fim ou que têm por finalidade constituir uma refeição, como sendo pequeno-almoço ou lanche, leite
e pão com queijo ou refrigerante e bolo, os custos serão muito semelhantes, se não, ligeiramente
inferiores na opção menos saudável. E quando se
fala de uma sociedade cada vez mais gulosa, sujeita a uma maior carga de stress, a opção de escolha será pela menos saudável! Os fabricantes vão
sempre arranjar maneira de contornar a colocação
da taxa, ou reduzem ligeiramente o preço de venda, ou o revendedor tem menos margem de lucro,
mas o certo é que este tipo de alimento continua a
ser vendido e a publicidade cada vez mais agressiva. Então porque não dar ênfase a alimentos mais
saudáveis? Promover campanhas agressivas para
o consumo de alimentos saudáveis?
Não acho que seja o aumento do custo destes
produtos que vá reduzir o seu consumo a ponto
de ter benefícios palpáveis para a saúde, acho sim
que é uma medida pedagógica e que deve ser tomada no sentido de “ensinar” as pessoas a comer
melhor! O que deveria ser mais enfatizado é que
o consumo de alimentos mais saudáveis, além de
mais benéficos para a saúde pode ficar mais barato, não só em termos de saúde como em termos
económicos; mais depressa se consegue mudar de
comportamentos de virmos ou sentirmos e benefício (o contrário também é verdade), e quando mais
“palpável” for este benefício, quanto mais sentido, melhor. Beber água ao invés de refrigerantes,
hidrata, não tem açúcar, e pode ficar substancialmente mais barato, especialmente se bebermos
água canalizada que ainda chega a muitas das nossas casas em óptimas condições, ou pode usar-se
um filtro para a torneira.
Agora, se pensarmos nas escolas em que estes
produtos estão colocados em cantinas e bares de
empresas, se calhar o impacto vai ser diferente:
quando não há, não se come e tem se optar por
outra alternativa, e se esta alternativa for saudável,
melhor! Faz todo o sentido que em instituições
de ensino, onde crianças e adolescentes passam a
maior parte do tempo este tipo de alimentos não
estejam presentes, mas como não existe nenhuma
lei que proíba a venda desde tipo de produtos, pelo
menos a opção saudável deveria estar sempre presente mas com preços bastante mais reduzidos. Só
assim é que o consumidor final no ato de pagamento vai fazer contas, mesmo que opte pela opção mais saudável porque é mais barata.
Sabemos que comparativamente a Portugal
Continental temos um consumo de sal muito superior, grande factor de risco para a hipertensão arterial, diabetes, alterações cardiovasculares e enfarte
de miocárdio, e muitas políticas e programas de
intervenção na área da saúde infantil, exercício físico, com consequente mudança de comportamentos, têm vindo já a ser desenvolvidos.
Onde aplicar as taxas?
Contudo, outro aspecto pode ainda ser realçado: quais os produtos a que vão aplicar estas taxas?
Qual o valor máximo de cloreto de sódio (sal) num
alimento? Não nos podemos esquecer que normalmente produtos com elevado teor de sal também
têm valores elevados de gordura, principalmente
gorduras saturadas e gorduras trans, as mais prejudiciais para a saúde. Qual o valor máximo de
adição de açúcares aos alimentos? O que ė que
ė considerado um valor acima do recomendado/
desejável e integrado numa alimentação saudável
(caso contrário não faria qualquer tipo de sentido
o aumento da taxas nestes produtos)? Será que a
inclusão desta taxa vai exactamente melhorar ou
pelo menos não agravar o estado de saúde dos açorianos e os portugueses em geral? A experiência de
outros países pode nos dar uma ajuda neste sentido, como sendo França, Hungria e Filândia.
Assim, como ponto de partida, estes parâmetros
devem estar bem definidos, assim com quais os
permitidos, ingredientes e suas quantidades, e adição de substâncias que produzem o mesmo efeito
do salgado/ doce (açúcar/adoçante).
Uma outra vertente a considerar será: se o objectivo final do aumento das taxas neste tipo de
produtos é melhorar o estado de saúde dos portugueses, então será lícito concluir que a receita que
daí advém seja aplicada em políticas e programas
de promoção da saúde! E porque não investir em
campanhas de alto impacto para o consumo de
produtos saudáveis?
Finalmente, e para realçar, é importante que
para que estas medidas tenham efeitos eficazes
e duradouros é necessário investir numa cultura
alimentar, em comportamentos alimentares saudáveis que permitam que estas mesmas medidas
perdurem!”
Ana Coelho
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Atlântico Expresso
Reportagem
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
O vinho de maior produção nos Fenais da Luz é
o ‘Quinta da Jardinete’,
tinto com castas Merlot
e Aragonês. São produzidas, anualmente, quatro
mil garrafas deste vinho
de cor carregada, com
carácter frutado a frutos vermelhos e ligeiras
notas de chocolate. Na
boca, este vinho apresenta-se concentrado
e quase seco. É macio,
acompanhado de uma
relação acidez-álcool
equilibrada
Casas à venda nos Fenais da Luz depois de uma segunda ocupação da freguesia por uma sociedade de serviços
A propósito do que devia ser um livro (3)
Fenais da Luz de costas para o mar
com o vinho a ganhar dimensão
Muitos residentes dos Fenais ficaram sem emprego com a drástica redução do sector da construção civil. Muitos
destes residentes encontram, então, trabalho sobretudo na administração pública regional, autárquica e no comércio
e turismo. Mais tarde, com a quebra do emprego no comércio e no turismo, há algumas centenas de residentes que
estão a emigrar, principalmente para o Canadá. Para a elaboração do livro que não chegou a sair, colhemos vários
testemunhos sobre o que será o futuro, a curto prazo dos Fenais da Luz, e há uma certa convicção de que a freguesia
- tal como a ilha de são Miguel e os Açores – vai sofrer, de forma mais evidente, as consequências da crise económica
que atinge Portugal e ainda não terá chegado em toda a sua dimensão ao arquipélago.
III - De costas para o mar
Apesar de a freguesia se estender ao longo
da costa Norte de São Miguel, entre São Vicente
Ferreira e as Calhetas, a esmagadora maioria da
população dos Fenais da Luz viveu sempre, ao
longo do tempo, de costas voltadas para o mar.
Dois tipos de população bem distinta constituem a sociedade que, nos primórdios, ocupava os Fenais à semelhança do que acontece em
outras freguesias próximas da orla marítima na
ilha de São Miguel. Aos Fenais chega uma sociedade sobretudo rural mas também um núcleo
social ligada ao mar que encontra na pesca um
meio de subsistência.
É uma comunidade piscatória que tem pouco acesso ao mar pelo facto de a encosta ser
escarpada. Esta pequena comunidade chega
à beira-mar por três ou quatro acessos onde é
possível arrear pequenos barcos de boca aberta
e outras pequenas embarcações – de segurança
periclitante que são conhecidas como ‘chatas’
por terem o fundo achatado.
Este pequeno núcleo habitacional piscatório
é constituído por pessoas diferentes daquelas
que viviam da terra e que habitavam o interior
da freguesia. São famílias mais pobres, com um
maior número de filhos. São pessoas com mais
dificuldades económicas até porque a vida do
mar é dura e só se vai para a pesca três a quatro
meses por ano.
Este núcleo social piscatório foi,
tendencialmente, desaparecendo até pelas dificuldades de acesso ao mar que não permitiam
ter embarcações de pesca maiores e pelas precárias condições de abrigo. Até porque não havia e
nunca foi projetada a construção de um pequeno
porto de pesca (que não era técnica e financeiramente viável). O grande acesso ao mar naquela
encosta sempre se deu na zona conhecida como
‘Poços de São Vicente’ para as embarcações da
baleia e, mais a poente, o pequeno porto de pesca das Capelas que também continua a não ter as
condições ideais de segurança.
São todas estas dificuldades que levam à
lenta extinção do núcleo social piscatório dos
Fenais da Luz. E esta vocação, sobretudo virada para a pesca de peixe de fundo, não levou
este núcleo social a aventurar-se pela actividade
baleeira. Pelo menos, não há registo conhecido
de pescadores dos Fenais da Luz que se tenham
dedicado à pesca da baleia.
É perceptível, portanto, que a esmagadora
maioria da população seja constituída por uma
sociedade rural que se liga, numa primeira fase,
à produção de pastel e, posteriormente, às quintas de laranja. A época áurea da produção de
laranja ocorre por volta de 1850 aos primeiros
anos da década de 60 e, a partir de então, o ciclo
– tal como acontece em toda a ilha - começa a
perder importância.
IV - A grande emigração
Com o fim do ciclo da laranja, a população
rural (muitos rendeiros e poucos e grandes senhorios) vira-se para a produção de trigo e do
milho, uma agricultura de subsistência que não
gera rendimento suficiente, levando à emigração
das primeiras famílias dos Fenais da Luz.
O auge da produção de trigo e de milho
ocorreu há cerca de 50 anos. E a verdade é que
a zona dos Fenais da Luz, Calhetas e algumas
terras de Rabo de Peixe são um dos celeiros de
trigo, bem como São Vicente Ferreira.
Durante o período anual de moagem do trigo,
havia dois moinhos - a que chamavam engenhos
- que se deslocavam da Bretanha e se instalavam
nos Fenais da Luz. Então, enormes carroças de
bois faziam o transporte do trigo das freguesias
limítrofes para a debulha nos moinhos. Ainda
se recordam, nos Fenais da Luz, as tardes solarengas de Junho em que o adro da igreja estava
repleto de trigo a secar. Era uma época em que
se tinha de trabalhar entre o sol nascente e o sol
poente para se conseguir sobreviver.
As vinhas ocupam, também por esta altura,
alguns espaços nos Fenais, sobretudo aqueles
terrenos pedregosos das vigias propício a determinadas castas de vinha. E tornaram-se famosos
alguns dos vinhos da freguesia.
No presente, há algumas tentativas para recuperar a produção de vinho nos Fenais da Luz.
E uma destas tentativas, da ‘Quinta da Jardinete’, está a alcançar um êxito significativo.
Mas é a partir do período da agricultura de
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Reportagem
Quinta da Jardinete está a ganhar dimensão com vinhos muito apreciados
Há famílias jovens que
recuperam o interior das
antigas habitações rurais
nos Fenais da Luz (fornos de lenha, cozinhas e
quartos rústicos e espaço para alfaias agrícolas...), mantendo a traça
original mas adaptando
os espaços a outras funcionalidades.
subsistência, há cerca de 50 anos, que começa
a ocorrer a grande emigração da população da
generalidade da ilha de São Miguel para os Estados Unidos e Canadá. A emigração começa a
dar-se no início dos anos de 1890. Há emigrantes que saem dos Fenais da Luz por esta altura.
E, depois, várias famílias continuam a deixar a
freguesia em 1900, 1910 e 1920.
Há provas documentais de que muitos habitantes deixaram os Fenais da Luz e a ilha de São
Miguel no início da primeira década do século
XX. Por volta de 1907 é criada por emigrantes
Fenaenses nos Estados Unidos a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Nossa Senhora da
Luz de apoio aos primeiros emigrantes ao nível
da saúde e funerais. É a partir dessa sociedade
que nasceu a Banda Nossa Senhora da Luz de
Fall River.
Mas é evidente que a grande emigração se
dá nos anos 60 do século XX. É por esta altura
que se dá uma grande quebra na população dos
Fenais da Luz.
Há, como consequência, um esvaziamento
de grande parte da população rural e, já no dealbar do século XX, ocorre um repovoamento da
freguesia, agora por pessoas de uma sociedade
que vive do sector terciário.
Uma parte significativa destes novos residentes – como se pode verificar nas estatísticas
dos censos de 2011 – tem habitações para desempenhar funções nos quadros médios e superiores das instituições autonómicas e das empresas que têm sede em Ponta Delgada.
E há também casais jovens à procura da sua
primeira habitação que, por o preços das habitações estar demasiado alto na área limítrofe a
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Ponta Delgada vão mais para Norte à procura de
terrenos mais baratos e, com incentivos governamentais, constroem as suas casas.
Abrem-se vias de comunicação, a rede de
transportes também evolui e a construção civil
ganha dimensão. Surgem outras indústrias de
ocupação de trabalhadores dos Fenais, nomeadamente, a indústria conserveira. É neste período que a Sociedade Corretora, em São Roque,
emprega muitos residentes dos Fenais da Luz,
além das estufas de ananases da Fajã de Baixo.
Mas mesmo esta sociedade evolui, com a
quebra de mão-de-obra nas conserveiras e o desaparecimento de muitas estufas de ananases. E,
mais recentemente, muitos residentes dos Fenais
ficaram sem emprego com a drástica redução do
sector da construção civil. Muitos destes residentes encontram, então, trabalho sobretudo na
administração pública regional, autárquica e no
comércio e turismo.
Mais tarde, com a quebra do emprego no
comércio e no turismo, há algumas centenas de
residentes que estão a emigrar, principalmente
para o Canadá.
Para a elaboração do livro que não chegou a
sair, colhemos vários testemunhos sobre o que
será o futuro, a curto prazo dos Fenais da Luz, e
há uma certa convicção de que a freguesia - tal
como a ilha de são Miguel e os Açores – vai sofrer, de forma mais evidente, as consequências da
crise económica que atinge Portugal e ainda não
terá chegado em toda a sua dimensão ao arquipélago. E, a ser assim, a solução é, novamente, a
emigração, com uma nova quebra populacional.
A não ser que se consiga dar a volta rapidamente, o que não é muito plausível.
V - As casas do ‘O’
Uma circunferência envidraçada com um
diâmetro regular em ‘O’ é comum a centenas
de casas nos Fenais da Luz. Estes ‘O’s são úteis
pela luminosidade que perpassa o vidro. Representam, nesta perspectiva, uma fonte de luz e,
portanto, uma economia de electricidade.
Estes ‘O’s são também uma fonte de calor
quando virados ao sol e proporcionam a entrada
de uma aragem na habitação quando metade da
circunferência é movível.
Mas haverá uma perspectiva arquitectónica
no ‘O’ que reduz o consumo de energia, é fonte
de calor e, nos dias mais quentes, proporciona a
entrada de aragens na casa? É possível que sim.
Pelo olhar atento do fotógrafo e do observador
interessado, pode verificar-se que estes ‘O’s
têm diferentes formas que mudam consoante
as épocas em que a casa é construída. E a sua
multiplicidade por toda a freguesia configuram
um determinado estilo arquitectónico que vem
do passado e que, por isso, tem uma história própria. É provável mesmo que se possa localizar
no tempo cada um dos ‘O’s pelo seu estilo de
construção, uma matéria de estudo para os especialistas.
O que há é uma transformação no interior
das habitações, mesmo do núcleo central dos
Fenais da Luz com o desaparecimento da sociedade rural e o repovoamento de muitas destas
habitações por uma sociedade que vive do sector
terciário.
Como já referido, a maior densidade
populacional ocorreu em 1900 (2.435 habitantes) e a menor verificou-se em 1981 (1450 habitantes). Nos últimos anos, instala-se nos Fenais
uma população virada para o sector de serviços
(2009 habitantes em 2011) – período em que
75% dos moradores trabalha no sector de serviços na sede de concelho.
Ora, esta saída de residentes rurais e entrada
de residentes citadinos, tem um impacto normal
e significativo no interior das habitações. Há
uma compreensível alteração da postura e maneira de ser das pessoas na arquitectura interior
das casas (que eram rurais e que os novos residentes querem mais funcionais, apenas quase só
para passar a noite).
Há famílias jovens que recuperam o interior
das habitações rurais (fornos de lenha, cozinhas
e quartos rústicos e espaço para alfaias agrícolas...), mantendo a traça original mas adaptando
os espaços a outras funcionalidades.
VI - A Quinta da Jardinete
Jardinete é uma quinta antiga datada de 1879
com uma área total de quatro hectares, localizada nos Fenais da Luz. Situada em pleno oceano
atlântico, produz vinhos regionais de qualidade,
aprovados pela CVR Açores, a partir de cepas
que melhor se adaptaram ao clima do arquipélago.
O nome deve-se ao facto de a quinta possuir
uma pequena casa, igualmente antiga, conhecida por Jardinete que fica na zona mais alta da
propriedade, de onde se vislumbra uma vista
fantástica para toda a quinta e para o mar.
Esta pequena casa, ‘ex-libris’ dos vinhos, é
toda feita em pedra de basalto e revestida com
barro. Possuía, essencialmente, três funções:
a de lazer – o desfrutar da vista pelo senhorio
e seus convidados; a de trabalho – lugar onde
o senhorio guardava alguns dos utensílios de
jardinagem e ainda lugar de controlo, de onde
o senhorio “vigiava” os muitos contratados que
labutavam ali diariamente.
Esta quinta foi muitos anos conhecida como
a ‘Casa do Sr. Albano Ferreira’, O Senhor Albano
Machado Ferreira era um destacado comerciante de fazendas na cidade de Ponta Delgada.
Albano Ferreira foi proprietário da quinta
durante vários anos. Lá construiu uma Ermida
de invocação a Nossa Senhora do Carmo. Sua
filha veio a casar com Walter Sousa Lima.
A actual Quinta da Jardinete é propriedade
da empresa ‘Kristina Topic Rebelo’, gerida por
Kristina Topic, de ascendência austríaca, e Mário Rebelo, natural de São Miguel.
A quinta produz entre 6 a 8 mil litros que enchem entre 8 a 10 mil garrafas de vinhos que são
muitos apreciados nos Açores e fora da Região.
Todo o vinho está, anualmente, vendido à
empresa distribuidora micaelense ‘PT’, de Paulo Teixeira, um jovem dinâmico empresário de
Ponta Delgada que tem feito prosperar o seu
negócio.
O vinho de maior produção nos Fenais da
Luz é o ‘Quinta da Jardinete’, tinto com castas
Merlot e Aragonês. São produzidas, anualmente, quatro mil garrafas deste vinho de cor carregada, com carácter frutado a frutos vermelhos e
ligeiras notas de chocolate. Na boca, este vinho
apresenta-se concentrado e quase seco. É macio, acompanhado de uma relação acidez-álcool
equilibrada.
É um tinto vinificado por castas em cubas
de inox com maceração peculiar de aproximadamente sete dias. É fermentado a temperatura
controlada em redor dos 28 graus centígrados,
com remontagem diária. É estabilizado naturalmente, com posterior estágio em garrafa de três
meses.
Anualmente são também produzidas na
‘Quinta da Jardinete’ três mil garrafas de vinho
branco das castas Sauvignon Blanc, Fernão Pires e Gewurztraminer em solos de textura franco-arenosos.
Este vinho tem uma cor amarela pálida e um
carácter frutado a frutas exóticas, como o ananás
e maracujá (dois frutos típicos de São Miguel).
É um vinho com um aroma floral, atraente e
jovem. Apresenta-se, na boca, com uma acidez
fresca, acompanhada de uma estrutura alcoólica
equilibrada.
É vinificado de bica aberta com contacto
peculiar, em cubas de inox, com fermentação
prolongada a temperatura controlada em redor
dos 14 a 16 graus centígrados e, posteriormente,
estilizado a frio.
Já da casta Chardonnay da ‘Quinta da Jardinete’ são produzidas, anualmente, à volta de mil
garrafas de vinho branco.
É um vinho de cor amarela pálida, com carácter frutado e um aroma floral, atraente e jovem. Apresenta-se, na boca, com uma acidez
fresca, acompanhada de uma estrutura alcoólica
equilibrada.
É vinificado de bica aberta com contacto
peculiar de seis horas, em cubas de inox, com
fermentação prolongada a temperatura controlada em redor dos 14 a 16 graus centígrados e,
posteriormente, estilizado a frio.
Por fim, A ‘Quinta Jardinete’ produz ainda
mil garrafas anuais de vinho de mesa Rosé das
castas Merlot e Cabernet Sauvignon.
É um vinho de cor rubi com carácter frutado aos frutos vermelhos do Merlot, com notas
florais do Cabernet Sauvignon. Apresenta-se, na
boca, meio concentrado. É macio, acompanhado de uma relação acidez-álcool equilibrada e
com alguma doçura.
É vinificado por castas em cubas de inox. É
fermentado a temperatura controlada em redor
dos 14 graus centígrados e estabilizado naturalmente de forma a manter todo o potencial aromático.
(Continua)
João Paz
Saúde
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Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Atlântico Expresso
Investigadores da Universidade de Coimbra procuram
mulheres voluntárias para participarem em programa
inovador de combate à Obesidade
Provar a eficácia de um programa inovador de intervenção em Obesidade e dificuldades no controlo alimentar, é o objectivo
do projecto de investigação “BeFree”, que
está à procura de mulheres voluntárias para
seguirem o plano com uma duração de três
meses.
Com inscrições gratuitas através do correio electrónico: cineicc@fpce.uc.pt ou do
telefone: 239 851464 – o projecto aceita
candidaturas de mulheres com idades compreendidas entre 18 e 55 anos, residentes
no distrito de Coimbra, com obesidade ou
excesso de peso e dificuldades no controlo
Trata-se de uma infecção aguda nas vias respiratórias com
taxa de mortalidade superior a 40%
Identificados anticorpos contra
coronavírus da Síndrome Respiratória
do Médio Oriente
Investigadores norteamericanos identificaram
anticorpos humanos eficazes contra o coronavírus da
Síndrome Respiratória do
Médio Oriente, abrindo a
via a possíveis tratamentos
contra a doença infecciosa,
muitas vezes mortal, revela a revista Proceedings of
the National Academy of
Sciences.
Não existe, neste momento, qualquer vacina ou antivírus contra a
síndrome, uma infecção
aguda nas vias respiratórias com uma taxa de mortalidade superior
a 40 por cento.
A Síndrome Respiratória do Médio
Oriente apareceu na Arábia Saudita em setembro de 2012 e causou a morte de mais
de cem pessoas, tendo-se estendido a outros
países.
Os anticorpos isolados por investigadores do Instituto do Cancro Dana-Farber, em
Boston, neutralizaram uma parte chave do
vírus, impedindo que se ligasse a receptores
que permitem a infecção de células humanas.
Os virologistas descobriram os anticorpos
- sete num total - num “banco” contendo 27
mil milhões de anticorpos humanos conservados num congelador no instituto.
Os anticorpos são proteínas produzidas
pelo sistema imunitário capazes de reconhecer vírus e bactérias estranhos ao organismo.
Algumas proteínas são capazes de neutralizar agentes patogénicos específicos e impedir que infectem as células humanas.
Dos sete anticorpos capazes de bloquear
especificamente a Síndrome Respiratória do
Médio Oriente, a equipa de cientistas seleccionou um, como sendo o mais promissor
para investigações suplementares e que foi
produzido em quantidade suficiente para começar a ser testado em macacos e ratos.
Segundo os autores do estudo, publicado
na edição desta semana da revista Proceedings of the National Academy of Sciences,
os anticorpos oferecem a possibilidade de
proteger o pessoal hospitalar que cuida dos
doentes mantidos em isolamento.
A ser bem-sucedido, o tratamento será
administrado por injecção e deverá permitir uma protecção contra a síndrome durante
cerca de três semanas.
As origens do coronavírus da Síndrome
Respiratória do Médio Oriente continuam
por descobrir. Foi encontrado entre os dromedários e os morcegos, mas os virologistas
desconhecem como se transmite nos humanos.
O coronavírus é semelhante ao vírus da
Síndrome Respiratória Aguda Severa, que
matou centenas de pessoas na China, em
2002 e 2003.
Lusa
alimentar.
Desenvolvido de raiz por uma equipa do
Centro de Investigação do Núcleo de Estudos
e Intervenção Cognitivo-Comportamental
(CINEICC) da Faculdade de Psicologia e de
Ciências da Educação da Universidade de
Coimbra, que possui uma larga experiência
no tratamento de perturbações alimentares,
o BeFree recorre a elementos de programas
aplicados com sucesso nos EUA e no Reino Unido. O BeFree visa «promover novas
formas de as mulheres que sofrem de obesidade se relacionarem com a alimentação e
com as suas emoções e melhorar o controlo
alimentar e a sua qualidade de vida», explica
o investigador Sérgio Carvalho.
Na prática, o programa desenvolvido no
âmbito de um estudo financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), e
coordenado pelo Professor José Pinto Gouveia, «fornece ferramentas e competências
estratégicas para uma gestão emocional eficaz, ajudando a regular os episódios de descontrolo alimentar. Vários estudos indicam
que a existência de episódios de descontrolo
alimentar está associada a quadros clínicos
de obesidade mais severos e a uma maior dificuldade em perder peso».
Cientistas invertem perda de memória
em ratos com Alzheimer
Alzheimer é provocado por proteínas tóxicas
que destroem as células cerebrais
Cientistas espanhóis anunciaram o uso
pela primeira vez de terapia de genes para
inverter a perda de memória em ratos com
Alzheimer, um avanço que poderá levar a
novos medicamentos para tratar a doença.
A equipa da Universidade Autónoma de
Barcelona injectou em ratos que se encontravam nas fases iniciais da doença um gene que
desencadeia a produção de uma proteína que
está, em doentes com Alzheimer, bloqueada
no hipocampo – uma área do cérebro essencial para o processamento de memórias.
“A proteína que foi reconstituída através
da terapia de genes desencadeia os sinais necessários para activar os genes envolvidos na
consolidação da memória de longo prazo”,
indicou a universidade em comunicado.
A terapia de genes consiste em transplantar genes em células do paciente para corrigir a doença que é, de outra forma, incurável,
causada pela falência de um ou outro gene.
A descoberta foi publicada no Journal of
Neuroscience e surgiu após quatro anos de
investigação.
“A esperança é que este estudo possa
levar ao desenvolvimento de drogas farmacêuticas que possam activar estes genes em
seres humanos e permitir a recuperação da
memória”, disse o líder da equipa de investigação, Carlos Saura, citado pela agência de
notícias francesa, AFP.
A doença de Alzheimer, causada por proteínas tóxicas que destroem células cerebrais,
é a mais comum forma de demência.
Em todo o mundo, 35,6 milhões de pessoas padecem desta fatal doença degenerativa
do sistema nervoso central, que é actualmente incurável, e são anualmente diagnosticados 7,7 milhões de novos casos, de acordo
com um relatório de 2012 da Organização
Mundial de Saúde.
Em 2010, o custo total da demência na
globalidade da sociedade foi estimado em
604 mil milhões de dólares (cerca de 437 mil
milhões de euros), segundo a Alzheimer Disease International, uma federação de associações de Alzheimer de todo o mundo.
Lusa
Atlântico Expresso
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opinião
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
A fisiologia humana
na Era digital
ALTINO PINHEIRO
http://ciberdependenciaportugal.
blogspot.pt/
Estudos científicos recentes admitem
que a tecnologia está alterando a fisiologia
humana. Está a fazer-nos pensar, agir e sentir de forma diferente e até mesmo a fazernos sonhar de forma diferente. Já sabemos,
comprovadamente, que o uso excessivo dos
meios de comunicação digital (internet e
telemóvel) afeta a nossa memória, a falta de
atenção e os ciclos do sono, mas chegar ao
ponto de alterar a nossa estrutura cerebral
cognitiva, vem tornar este assunto ainda
mais complexo.
Alguns especialistas de cognição defendem a ideia que estas alterações são atribuídas a um fenômeno científico conhecido
como neuroplasticidade, a capacidade que
o cérebro tem para alterar o seu comportamento com base em novas experiências.
Neste caso, a quantidade de informações
contidas nos meios digitais.
Quando no ano passado, apresentei a
teoria da “Cibermetatoxina”, estava longe
de imaginar o quão próximo, este particular
estudo poderia estar do campo da neurociência.
O que este trabalho conclui, por mera
intuição lógica, é que a neurotoxina produzida no cérebro, devido à dependência dos
meios digitais, poderia estar contribuindo
para a alteração da estrutura de ADN do ser
humano e que afinal se verifica nestas novas
pesquisas. A conclusão de que a tecnologia
está alterando, não só o que fazemos, mas
sobretudo o que somos, nunca foi tão amplamente aceite na comunidade científica,
confirmada pela manifestação de uma série
de novos padrões fisiológicos.
Quantas vezes deu por si, a ter a estranha
sensação de estar ouvindo o seu telemóvel a
tocar ou a vibrar?
Num estudo de 2012 publicado na revista Computers and Human Behavior, os pesquisadores descobriram que 89% dos 290
pesquisados relataram sentir “vibrações fantasmas”, a sensação física de que o seu telefone estava vibrando, mesmo quando não
estava. É uma sensação muito estranha, que
resulta da excessiva exposição à tecnologia,
manifestada por vezes, através de um ligeiro
desconforto físico, como formigueiro ou comichão em algumas partes do corpo.
Para as pessoas que experimentam estas
“vibrações fantasmas”, estes acontecimentos sensitivos são extremamente stressantes
do ponto de vista emocional. Remetem-lhes
para uma memória anterior ao surgimento
das tecnologias digitais e concluem rapidamente que nem sempre foi assim. O resultado destas sensações, não são mais do que
uma ansiedade criada pelo próprio cérebro,
perante a necessidade de estar sempre “contactável”.
São cada vez mais, os estudos sérios que
estão a surgir, correlacionando a neurociência com a cibernética, e nunca se pesquisou
tanto sobre a esta relação como nos últimos
5 anos.
Os padrões de sono, por exemplo, modificaram-se muito deste o surgimento das
tecnologias digitais. Inclusive já estamos
sonhando a cores. Sim, porque uma pesquisa efetuada em 1900 concluía que os sonhos
das pessoas eram monocromáticos (a preto
e branco).
Os ciclos de sono de uma pessoa que
utiliza excessivamente a internet e os
telemóveis, tornaram-se completamente
irregulares, devido à luminosidade emitida pelos ecrãs de computadores, tablets e
smartphones. Ou seja, estas luzes brilhan-
tes enganam o cérebro, levando-o a pensar
que ainda é de dia, alterando por completo o
relógio biológico do corpo (ritmo circadiano), que por sua vez interfere com os hormônios indutores do sono. Nos planos de
reabilitação da ciberdependência é sugerido
às pessoas que evitem a exposição a estes
aparelhos pelo menos uma hora antes de
irem dormir, sobretudo para aqueles que já
se deparam com problemas de insónia.
Também a forma como nos lembramos
das coisas, ou como nos esquecemos delas,
alterou-se significativamente. Em 2007, um
neurocientista entrevistou 3.000 pessoas e
descobriu que os entrevistados mais jovens,
eram os mais esquecidos, ou com menores
recursos de memória. Não se recordam,
por exemplo, da data de aniversário de um
parente, ou o que fizeram há oito dias atrás
numa determinada hora, ou até mesmo o seu
próprio número de telefone. Com tanto poder tecnológico, estamos ficando cada vez
mais esquecidos!
A nossa memória passou a ser digital,
temos tudo guardado no computador e no
telemóvel…
Mas esta alteração da fisiologia ou
modelo de “humanização digital”, não
se fica por aqui . As próprias capacidades
cognitivas, a criatividade, as habilidades e
os comportamentos estão a ser constante-
mente afetados, sobretudo nos mais jovens.
Um adolescente que passa 4 horas por dia
num jogo tático online, forçado a tomar
decisões rápidas de como “atingir o inimigo” e escapar-se “ileso” dentro do ambiente
virtual, significa que na vida real está mais
propenso a desenvolver reações impulsivas,
geradoras de desconcentração, hostilidade e
agressividade.
As conclusões destes estudos, remetemnos para um espaço de reflexão sério e global.
Como é que o ser humano está a relacionar-se com a tecnologia digital e todas as
suas “fascinantes” aplicações?
Imaginemos um mundo completamente
dependente da tecnologia; Como isso afetaria o processo evolutivo da humanidade,
coletivamente e individualmente?
Como pensaremos, decidiremos, desenvolveremos os nossos propósitos de vida?
Os nossos valores, convicções, conhecimento, desenvolvimento e descoberta de
nós próprios?
Num futuro próximo, poderemos vir a ser
tão dependentes dos meios digitais, ao ponto
de confundirmos o nosso consciente lógico
com o nosso inconsciente tecnológico.
Seremos inteligentemente artificiais ou
artificialmente inteligentes?
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Ciência
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
«Vender» empregos é o que vai dar!
Engenheiros portugueses lançam plataforma
de recrutamento de funções de carácter tecnológico
reduzir custos e acelerar a identificação de
candidatos mais adequados para funções
cuja procura tem vindo a aumentar nos últimos anos, bem como a usabilidade e facilidade de interacção com a plataforma
são algumas das características que Pedro
Carmo Oliveira considera que contribuirão
para uma rápida habituação de empresas,
candidatos e “recomendadores” a esta nova
forma de actuar no mercado de trabalho.
«No futuro, era bom haver pessoas que
ganham dinheiro a ajudar os amigos a
encontrarem colocações onde se sintam
mais felizes e realizados», conclui.
Os fundadores da Jobbox: Pedro Carmo Oliveira, (à direita na imagem) e José Vicente
Paiva (de camisa)
Recomende um amigo para um emprego e ele consegue o trabalho. Você ganha
uma recompensa por isso. É a proposta
da Jobbox, fundada por dois engenheiros
informáticos portugueses. Acabam de lançar uma plataforma que pretende facilitar e
melhorar o recrutamento de funções de carácter tecnológico de techies para techies.
A JOBBOX é uma plataforma digital que pretende revolucionar a facilidade e rapidez com que as empresas
encontram engenheiros, programadores,
web designers e outros profissionais do
mundo da tecnologia. O serviço, baseado
na recomendação de pessoas que se conhecem pessoal ou profissionalmente, procura
dar resposta à necessidade sentida pelas
empresas de encontrar as pessoas certas
para funções de carácter tecnológico. «Um
utilizador que identifique na sua rede
de contactos a pessoa certa para um dos
job post anunciados no site, pode recomendá-lo para essa função. Caso essa recomendação resulte num recrutamento bem sucedido, o
utilizador recebe uma recompensa que pode chegar
aos milhares de euros», explica Pedro Oliveira Carmo,
co-Fundador Executivo da
JOBBOX.
O facto de facilitar o
trabalho de recrutamento,
A importância de serem techies
Pedro Carmo Oliveira conta que a ideia
da JOBBOX surgiu quando conheceu o seu
sócio, José Vicente Paiva, que trabalhou
muitos anos no sector das TI: «Tínhamos
ambos a noção da dificuldade que o mercado sente em recrutar techies, já que
muitas empresas de recrutamento não
compreendem as competências técnicas
exigidas por essas funções e têm dificuldade em avaliá-las nos candidatos».
Recomendar vai dar!
Por isso mesmo, para além da plataforma, a JOBBOX disponibiliza também
um serviço premium de recrutamento
tecnológico, que inclui todas as fases de um
processo, até à colocação do candidato.
«Neste serviço, concorremos com
outras empresas de recrutamento mas
temos um factor diferenciador, que é
a nossa especialização numa área funcional. Efectuamos testes de competências técnicas aos candidatos, com base
na Conundrum, uma plataforma open
source que desenvolvemos especificamente para o efeito», explica o co-Fundador Executivo. Nos clientes deste serviço incluem-se já a Nova School of Business and Economics, EISA.pt, a Saphety
(Grupo Sonae) e a Zendagui, entre outros,
Com um investimento inicial de 45 mil
euros e uma equipa de oito pessoas, a JOBBOX está sedeada na Startup Lisboa e espera atingir cem colocações bem sucedidas
no seu primeiro ano no mercado. «Antes de
lançarmos a plataforma de recomendações, fizemos testes de customer development, falámos com mais de 50 empresas e
percebemos que o que funciona melhor na
área do recrutamento são, sem dúvida, as
recomendações. Diversos estudos referem
que cerca de 25% a 40% dos candidatos
são recrutados com base em recomendações. Elas trazem um valor acrescentado
que não existe nos processos formais, que
é a confiança. Então, porque não criar
uma plataforma que facilite essa prática
informal?», questiona o co-fundador. Para
2015, está prevista a abertura de um escritório em Londres.
Da sua plataforma de recomendações
lançada em Fevereiro de 2014 constam
já cerca 20 ofertas de trabalho, algumas
das quais internacionais. Entre as empresas clientes desta plataforma encontramse Talkdesk, a Glean, a Small Improvements
Software, a Seedrs, a Typeform, a Imaginary Cloud, a Muzzley, entre outras.
Ciência Hoje
Incapacidade de regenerar axónios tem sido o principal impedimento à recuperação de muitos acidentados
O grande desafio: reparar autoestradas axonais para tratar lesões
Um estudo publicado por uma equipa do
IBMC, liderada por Mónica de Sousa, na revista
The Journal of Neuroscience identifica o transporte de componentes celulares dentro dos neurónios
como o alvo principal na regeneração de lesões
no sistema nervoso. O trabalho traz à luz novos
caminhos para resolver um dos grandes desafios biomédicos: a razão pela qual os neurónios
da espinal medula, ao contrário dos do sistema
nervoso periférico, são incapazes de regenerar os
axónios e ligações perdidas durante uma lesão.
A maioria dos neurónios do sistema nervoso
central é incapaz de regenerar os finíssimos prolongamentos, chamados axónios, que os ligam a
outros neurónios. O caso mais particular é o dos
axónios mais longos, que se prolongam desde o
cérebro, atravessando a espinal medula, até a zo-
nas longínquas do corpo, em extensões de cerca
de um metro.
Estes axónios são essenciais para que a informação rapidamente percorra o caminho entre o
nosso corpo e o cérebro e vice-versa. As lesões na
espinal medula, em consequência de traumatismos,
resultam na maioria das vezes na perda de sensibilidade e na perda de capacidades motoras, simplesmente porque os axónios foram cortados.
A incapacidade de regenerar esses axónios
tem sido uma das frustrações da biomedicina e o
principal impedimento à recuperação de muitos
acidentados.
Por isso, os olhos dos investigadores viraramse para certos neurónios que têm uma dupla posição: têm axónios fora do sistema nervoso central
e axónios dentro. Esta dupla posição confere-lhes
uma plasticidade interessante, pois recuperam de
lesões primárias que sofram na parte periférica
mas não das da parte central.
Porém, se sofrerem lesões múltiplas e sequenciais, mostram ter uma capacidade aumentada de
regenerar o ramo central. De facto, se tiverem sofrido uma lesão prévia no seu ramo periférico, o
ramo central do neurónio também ganha capacidade de regenerar.
Desde esta observação, desdobram-se as
buscas para perceber o que se altera no neurónio
aquando de uma lesão periférica que lhe permite
recuperar uma capacidade que parece perdida no
sistema nervoso central.
O estudo publicado pela equipa do IBMC
mostra que, quando a lesão periférica ocorre, há
um aumento global do transporte axonal, nomea-
damente de proteínas, organelos e vesículas. Este
fenómeno não fica restrito ao axónio periférico
lesionado, estendendo-se ao axónio central. Se
este último, o axónio central, “sofrer uma lesão
subsequente, uma lesão da medula espinal, toda
a maquinaria necessária a montar a regeneração
axonal já estará presente e funcional”, explica
Fernando Mar, primeiro autor do trabalho.
Segundo Mónica Sousa, o maior contributo
deste trabalho é “identificar o transporte axonal
como um alvo importante da investigação em
regeneração axonal”, adiantando que “poderá
ser o futuro no desenvolvimento de terapias
com o fim de aumentar a regeneração axonal
no sistema nervoso central adulto”.
Ciência Hoje
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Opinião
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Notas soltas. Folhas caídas
Amigos “Voluntários da Boa Causa
Social”, não esmoreçam
ROGÉRIO DE OLIVEIRA
Ao colocar sobre a secretária, o caderno
de rascunhos, onde normalmente organizo
e confirmo, ideias alimentadas, que, depois,
são levadas ao computador, e, embora com
propósitos positivos, não concretamente definidos, perante o mundo em que vivemos,
onde é constante, fratricídios entre povos,
quezílias raciais e religiosas, desigualdades
flagrantes, mortandade infantil preocupante,
o desejo do poder pelo poder, as injustiças
num mundo desorientado e cada vez mais
conflituoso, o domínio avassalador dos poderosos, com dissenções civis em vários países
do continente africano , lutas tribais onde
milhões de crianças são afetadas pelos conflitos existentes. Sofrem de nutrição, doenças
e suportam violências. Crianças deslocadas
e sem ajuda devido à insegurança, expulsas
dos seus lares.
Mas a minha “bússola”, orientada, tenta indicar-me um rumo otimista, apesar das
alarmantes noticias, e assim, cavalgo a onda
do texto, para que este descubra o rumo que
ainda não tenho, procurando sublinhar, o que
poderá haver de exaltante, no comportamento humano.
E surge-me na mente, a ideia de que o
mundo desolador que habitamos, recheado de
situações gravíssimas, podia ser ainda muito
pior, se não existissem as “Instituições de Solidariedade Social” espalhadas pelo mundo
fora. E são tantas a levar os bens
mais necessários e contribuindo
para amenizar o sofrimento dos
injustiçados, dos famintos, dos
sem-abrigo, marginalizados, dos
que procuram uma palavra amiga,
um gesto terno, uma atitude meiga
e carinhosa, de conforto, coragem
e esperança, os sem apoios familiares e sociais.
Há a Comissão das Nações
Unidas para os Refugiados, presidida pelo português Engº António
Guterres, com papel determinante,
na resolução de muitas e graves
situações. Há inúmeros Organismos de bem-fazer, a lutar para que
o sofrimento humano seja, pelo
menos, atenuado. Não podemos
esquecer os “Médicos sem Fronteiras” e muitos outros, como a
própria UNICEF.
Mas queremos, sobretudo, realçar e por em destaque, o
VOLUNTARIADO que, por ve-
zes, tem um desempenho quase sobre-humano. Não é preciso sair do país para constatar,
quanto útil e necessário, tem sido as “nossas
equipas de voluntariado” derramadas pelos
quatro cantos do território nacional, suavizando a dor alheia, a solidão, os sem-abrigo, dando auxílio domiciliário, derrotando
a fome, a pobreza envergonhada, visitando
hospitais, cadeias, distribuindo refeições,
fornecendo dormidas, medicamentos e tantos
outros benefícios.
Numa altura em que a solidariedade escasseia, é bom saber, de gente anónima, que
dá tudo para apoiar os mais desfavorecidos.
Não me canso (não me quero cansar), de
louvar os “voluntários do bem-fazer”, que
esquecem muitas vezes as suas dificuldades,
para pensarem nos outros. Isto está a acontecer com bastante frequência, porque o mundo
é assolado por essa solidariedade, dado o fato
das pessoas perceberem, que têm de tomar
iniciativas para diminuírem os sofrimentos
quotidianos.
Tantas vezes, queremos ajudar, mas não
sabemos como. Corremos de um lado para o
outro, como baratas tontas, ocupados em dezenas de tarefas que temos a certeza que mais
ninguém pode cumprir por nós, e vamos arrastando a má consciência, por não ajudarmos, mais e melhor. O tempo não parece chegar, nem para os “nossos”, quanto mais para
os outros. Mas pode chegar, havendo vonta-
de de ajudar, da satisfação do
dever cumprido
Dá-se o caso, de um certo
espírito comunitário irromper
do chão, do quase nada, para
modificar injustiças. Esses
“voluntários” substituem, ás
vezes, as tarefas governamentais que muito deixam a
desejar.
Os velhos pobres e as
crianças abandonadas, por
exemplo, são dois pormenores que não têm fim à vista.
Vivemos um dos períodos
mais complexos da história
da civilização, que se traduz
numa profunda inquietação,
ao nível, do dia-a-dia de todos
os cidadãos.
A insegurança, individual
e coletiva, passou a dominar o
quotidiano de todos os povos,
fato que traduz a falência dos
modelos políticos e administrativos preponderantes neste inicio de milénio.
Ainda há selva no país de Abril, num país
de inúmeros recordes negativos de subdesenvolvimento social e económico, onde o discurso institucional, cuidadoso e ávido, substituído pelas entidades oficiais, é indigente.
Só uma tomada de consciência, para a
paz e para o progresso, determinará a recuperação dos valores que devem caraterizar a
condição humana.
Como seria a sociedade materialista em
que vivemos, sem a colaboração preciosa
dessas maravilhosas “EQUIPAS DE BEMFAZER” espalhadas no seio da comunidade
onde estão inseridas.
Há números impressionantes
que poderão despertar consciências adormecidas, justificando a
interrogação dos mais preocupados
quando dizem: O que seria da pobreza deste país sem este auxílio,
sem estas Organizações ?
“Amigos Voluntários da Boa
Causa Social”, não esmoreçam. Há
muita gente necessitada. Há muita
gente agradecida. Há muita gente
confortada e reconhecida. Aplaudo esses “Grupos de Voluntários”
que dão tudo o que podem e nada
pedem em troca. O agradecimento
da parte da sociedade que está de
mãos dadas com vocês. Os teus
“irmãos” necessitados estão confiantes no vosso altruísmo. Não se
cansem de “bem-fazer”. A recompensa virá …………
Perante tão evidente testemunho de bem-fazer, pergunta-se:
Quantos Santos na terra existem ?
GAIA/VILAR DO PARAÍSO
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Atlântico Expresso
opinião
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Lá Longe 609
Gato com sorte
JOSÉ HANDEL DE
OLIVEIRA
Em Riba d’Ave, Vila Nova de Famalicão,
um gato trepou para cima de uma árvore e
depois teve medo de descer.
Populares condoídos com os miados
aflitivos do felino, chamaram os Bombeiros
Voluntários daquela vila que usando uma
auto-escada, conseguiram retirar o gatinho
da árvore e colocá-lo são e salvo no solo.
Perseguição em pijama
Em Pedorido, Castelo de Paiva, um grupo
de indivíduos assaltou um café de madrugada. Mas o proprietário que vive por cima do
estabelecimento, ouviu barulho e espreitando pelas frinchas da janela, viu os assaltantes
a retirar vários bens do café. Apesar de estar
em pijama, veio para a rua e perseguiu os ladrões que abandonaram a máquina do tabaco
que transportavam e fugiram num carro.
A viatura viria a ser abandonada alguns
quilómetros de distância e a GNR encontrou no seu interior alguns objectos furtados
como foi o caso do aparelho de televisão.
Os prejuízos no café foram de monta
pois os assaltantes para além de partirem
uma janela ainda levaram com eles a caixa
registadora.
Ladrões eficientes
De madrugada, em Terras de Bouro,
três assaltantes vestidos com fatos-macaco
brancos, entraram num Centro Comercial e
depois rebentaram o gradeamento de uma
ourivesaria bem como a porta de correr da
mesma.
Em apenas dois minutos e após silenciarem o alarme da ourivesaria com recurso a
espuma de poliuretano, apropriaram-se de
vários tabuleiros de ouro da montra da loja,
gavetões com peças de ouro e envolveram
numa manta muitas peças de ouro, algumas
das quais ficaram caídas no chão.
O proprietário avalia o furto em 30.000
Euros o que somados aos 150.000 que lhe
furtaram em 2012, levam-no a pensar em fechar o estabelecimento.
Até em casa assaltam as pessoas
De manhã, numa rua de uma freguesia
de Vila Nova de Famalicão, uma senhora de
72 anos, ao ouvir o barulho de um carro e
julgando tratar-se do padeiro que ali costuma
a passar àquela hora, abriu a porta da sua residência, sendo de imediato atacada por dois
indivíduos encapuzados que violentamente lhe roubaram o cordão de ouro, no valor
de 200 Euros que trazia ao pescoço, o que a
deixou magoada embora não precisasse de
tratamento hospitalar.
Com o produto do roubo nas mãos, os
dois homens fugiram numa viatura de cor
branca onde os esperava um comparsa. A
vítima ainda gritou por socorro mas quando
os vizinhos acorreram já os ladrões tinham
fugido.
A GNR está a proceder a averiguações.
Os gritos da senhora alertaram um popular que passava na rua e que perseguiu o
ladrão até conseguir agarrá-lo. Na fuga, o
desempregado tentou deitar fora os objectos
que furtara e que foram recuperados.
Chamada a PSP o indivíduo foi detido
e levado à presença de um Juiz que determinou que ficasse em prisão preventiva, até
porque já tinha cumprido pena de prisão por
furto.
Nem as tampas do saneamento escapam
Um aluno da Escola de Palme, Barcelos,
de 6 anos de idade caiu do primeiro andar
para o rés-do-chão da Escola, de uma altura
de 3 metros.
Imediatamente transportado para o Hospital de Braga, foi-lhe diagnosticado um
traumatismo craniocefálico muito grave.
Mais tarde foi transportado para a Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de S.
João, no Porto, com prognóstico reservado.
Na rua Comendador Domingos José
Braga, em Lomar, freguesia do concelho de
Braga, indivíduos que se faziam transportar numa carrinha de cor branca, mas com
a matrícula tapada, furtaram sete tampas
de caixas de água, o que pôs em perigo os
moradores e os automobilistas que circulam
naquela rua.
Os buracos estão agora assinalados enquanto a Junta de Freguesia aguarda que a
Direcção de Estradas do Distrito de Braga e
as Estradas de Portugal, procedam rapidamente à substituição das tampas furtadas
Popular corajoso
Em vila Nova de Famalicão, um desempregado de 48 anos, assaltou a residência de
uma senhora idosa, situada na Avenida 25 de
Abril. Contudo, foi detectado pela proprietária que gritou por socorro o que fez o assaltante fugir.
Queda na escola
Queda perigosa
Uma senhora com cerca de 60 anos que
se encontrava a limpar as janelas exteriores
de um 5º andar situado na Avenida dos Banhos na Póvoa de Varzim e que é uma moradia de férias já que reside habitualmente
em Guimarães, desequilibrou-se e caiu para
a parte de trás do edifício sobre o telhado das
garagens.
Foi transportada em estado grave para
o Hospital de S. João, no Porto, onde ficou
internada com traumatismo craniano e uma
perfuração pulmonar.
Estiveram no local os Bombeiros da Póvoa de Varzim, com uma ambulância, uma
viatura da VMER de Vila Nova de Famalicão
e uma viatura do Suporte Imediato de Vida.
Moradora atenta
Em Vila Meã, Amarante, a moradora de
um prédio, ouviu, de madrugada, barulhos
estranhos na rua. Sem acender a luz espreitou pela janela e viu três homens a tentarem
rebentar a persiana metálica de uma moradia
pertencente a um emigrante em França.
Alertou a GNR para o que se estava a
passar e os militares chegaram a tempo de
surpreender em flagrante delito os três indivíduos com idades de 16, 19 e 24 anos.
Os detidos já estavam referenciados por
crimes de assalto.
Tentou apagar o fogo e queimou-se
Num café situado nas proximidades da
cidade da Lixa, Felgueiras, explodiu uma
garrafa de gás que provocou um incêndio.
A empregada de 36 anos tentou apagar
as chamas mas acabou por ficar queimada
na face, com queimaduras do 1º grau. Foi
assistida e transportada para o Hospital de
Amarante.
No combate ao fogo estiveram envolvidos nove bombeiros, apoiados por duas viaturas.
Os danos materiais são avultados.
Braga, 27 de Abril de 2014
Desporto
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Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Opinião
Origens com sabor a mar
JOÃO DE BRITO
ZEFERINO
No bairro mais ocidental desta velha urbe
de Ponta Delgada, nasceu há oitenta anos uma
das mais populares colectividades desportivas
de São Miguel e dos Açores, o Marítimo Sport
Clube.
Embora nos registos oficiais conste a data
de 26 de Janeiro de 1935 como fundação do
Clube, na realidade começou a gestação da
popular colectividade da Calheta (que Deus
haja!) um ano mais cedo, quando um grupo de
adeptos da bola, se reuniu para dar o pontapé
de saída na formação do clube dos “pescadores”, já que na altura já existiam U. Micaelense
(estudantes) U. Sportiva (empregados de escritório e caixeiros) Santa Clara e Micaelense
(operários) pese embora alguns reunirem nas
suas fileiras, gentes de outros cargos e ofícios.
Para que conste e se relembre, este grupo de
A melhor equipa da história do Marítimo: Manezinho, Jeremias, José Vilão, António Talefa, Hildeberto e Cabral (em cima), Jaime Lino,
Armando, António Bacalhau, António Viúva e António Carreiro (em baixo). Constituíram a melhor equipa de todos os tempos do Marítimo. Estes jogadores, na maioria pescadores, ganharam diversos campeonatos.
ram na novel colectividade, não só no futebol
como noutras modalidades, incluindo o ciclismo, e nesta modalidade esteve o
nosso saudoso Pai.
Como atrás referimos, o clube
era essencialmente formado pela
classe piscatória, embora o Santa Clara nas suas fileiras também
contasse com alguns homens do
mar, o que logo criou uma certa rivalidade entre os clubes dos
dois extremos citadinos. Sendo
um clube eclético, foi contudo no
futebol e hóquei em patins que assentou mais relevo. Na época de
1941/42 ganha o seu 1º campeonato e a Taça de S. Miguel, e ao
longo dos anos foi enriquecendo
a sua vitrine de troféus, ganhos
em diversas modalidades. Como
curiosidade, a conquista da priPresidente Fernando Pereira Nunes, Pinto da Costa e
meira taça com origem americana,
Liberal Carreiro numa fotografia tirada na Casa do
oferta dum associado, e disputada
Porto de São Miguel, aquando de um jogo entre o clube
no habitual Torneio das Festas do
azul e branco com o Santa Clara
Senhor Santo Cristo, que tinha lugar nas 2ª e 5ª feiras pelas equipas
maritimistas, e salvo algum involuntário es- da cidade de P. Delgada, e que ficou na história
quecimento, era formado pelos cidadãos: José como a “Taça das Pombinhas” por ostentar no
Carvalho Valério, António Olímpio Soares de cimo das quatro colunas outras tantas simpátiSousa, João Ferreira Travassos, João Carvalho cas aves.
Dias, António Medeiros Ramos, Álvaro Soares
Tornou-se filial do Futebol Clube do
do Carmo, José Domingos Cipriano, Joaquim Porto em 1952, e esteve na inauguração do
Arruda Coutinho, José Cristiano de Sousa Jnr. emblemático Estádio das Antas, com uma re, Germano Joaquim Madeira, Paulo Batista presentação formada pelos sócios Fernando
Vasconcelos, Urbano Medeiros Helhazar, Ál- Pereira Nunes, Manuel Pedro Portela e pelo
varo Carreiro, José Hipólito de Melo e Jaime capitão de equipa António Duarte “Viúva”.
Vieira.
E a propósito, o categorizado e correcto
Contam os mais antigos, que alguns atletas “Viúva” que tivemos a felicidade de ver jogar,
em especial do Micaelense Futebol Clube, que terá sido um dos mais correctos jogadores de
moravam para as bandas da Calheta se integra- futebol de sempre, não só a nível S. Miguel
outros que deram o seu melhor pelo clube.
como dos Açores.
Ao assinalar com este breve registo a hisDuma humildade e simpatia só comparáveis à sua grandeza como futebolista, o velho tória de oitenta anos de glória com sabor a mar
capitão ficará para sempre na história do Clu- e sal, com saudade registamos alguns as velhas
be. Aliás a equipa considerada como o “dream glórias do Marítimo, uma delas ainda viva e
team” do Marítimo, será na opinião de muitos residindo ainda na Calheta, o grande “stoper”
(e na nossa também) aquela que a foto docu- Hildeberto, que com seu irmão Manezinho, faziam parte da grande e saudosa equipa.
menta.
E já agora em rodapé, o agradecimento
Muitos foram os treinadores e dirigentes
que pelo clube passaram, recordamos apenas muito reconhecido ao actual elenco directivo,
alguns sem desprimor para
os restantes:
Capitão Néne (o primeiro treinador ) Capitão
Vietas, António Macedo,
Manuel Salsa, Rogério Pontes, António Luis, Pedro
Galvão, Pedro Zeferino (o
primeiro a levar a equipa à
Série Açores) nos dirigentes: Vice-Almirante Ernesto
Allen, Eduardo Pereira Raposo, Joviano P. Raposo,
Luis Lima Paiva, Henrique
Carvalho Valério, Alcindo
Coutinho, Fernando Pereira
Nunes, Manuel Pedro Portela José Raposo, Humberto Na inauguração das Antas, em 1952, Fernando Pereira Nunes,
Rodrigues, Manuel Carva- António Viúva e Manuel Pedro Portela, no primeiro jogo no
lho Valério, Manuel Sousa Estádio das Antas
Castelo, José Dias Vieira,
Liberal Carreiro (primeiro Presidente na Série pela atribuição do troféu que me foi concedido em tempo de festa. Está na minha íntima
Açores).
Conhecendo altos e baixos como todas as montra de recordações, em lugar de destaque
colectividades, o Marítimo a todas foi resis- e honra, pois cá no intimo também tenho uma
tindo, e hoje no hóquei em patins está a nível “costela” do Marítimo da Calheta que já não
nacional, relembrando nesta modalidade gran- existe, a não ser no coração de quantos como
des vultos como os irmãos Cascais, Panagini, eu tiveram a honra de nascer na freguesia de
o treinador João de Lemos (um dos melhores São Pedro.
Parabéns Marítimo, e “ad multos annos”
jogadores de ping-pong) do seu tempo e tantos
Atlântico Expresso
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Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
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Desporto
21
WSBK – Catedral do motociclismo, Assen, teve uma assistência
de 52252 espectadores
GP HOLANDA COM BANDEIRA
VERMELHA E CHUVA NAS VITÓRIAS
DE GUINTOLI E REA
A chuva marcou presença no circuito holandês e perturbou a realização do
horário previsto da segunda manga do WSBK, que foi adiada algumas vezes teve três largadas -, mas, finalmente, conseguiu realizar-se no “Oceano de Assen”, numa “mini-manga” de 10 voltas. Foi uma chuva “abençoada” para Jonathan Rea (2ª manga), que conquistou a sua primeira vitória este ano (12ª da sua
carreira), enquanto que na primeira manga, tempo frio e cinzento, uma bandeira
vermelha exibida aos pilotos, devido a óleo na pista, dava por concluída a corrida
ao fim de 16 das 21 voltas previstas, com Sylvain Guintoli a celebrar a sua segunda vitória em 2014 (6ª da sua carreira). Mesmo com chuva na segunda manga,
Assen conseguiu festejar a corrida número 650 de toda a história do WSBK. No
mundial de Supersport (SSP), o piloto holandês, Michael Van Der Mark, venceu
a prova no seu país, para gáudio dos holandeses presentes no circuito.
O “Circuito de Assen” é sempre
o “Circuito de Assen”, independentemente das condições atmosféricas que
se façam sentir. Conhecida como a
“Catedral” do motociclismo mundial,
o GP Holanda do WSBK brindou a
este campeonato do Mundo e mostrou
ao longo de todo o fim-de-semana,
porquê que as pessoas gostam deste
desporto. Homens de barba rija, no
JOSÉ MANUEL
PINHO VALENTE sentido literal do termo, lutaram pelos melhores lugares do pódio e assinaram excelentes corridas, quer em
SBK, quer em SSP, SKT 1000 ou SKT 600.
Sylvain Guintoli (Aprilia Racing Team) e Jonathan Rea
(PATA Honda World Superbike) repartiram as vitórias de
ambas as corridas e foram aplaudidos por 52252 espectadores, número da assistência presente no dia de domingo no
traçado holandês, demonstrando todo o seu entusiasmo, apesar das condições climatéricas que se agravaram a partir do
princípio da tarde.
Na primeira manga, Guintoli não teve adversários e realizou uma corrida imponente, comandando desde a primeira
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
volta até ao baixar da bandeira de xadrez, que foi à 16ª volta
das 21 previstas, tendo sido mostrada a bandeira vermelha e o
consequente final da manga, devido ao óleo deixado na pista
pela EBR, de Geoff May. O piloto francês, Sylvain Guintoli,
não viu nenhum adversário rodar à sua frente, pelo que controlou a corrida conforme entendeu, enquanto Sykes (2º) e
Rea (3º) lutavam pelos melhores lugares do pódio.
A segunda manga teve alguns contratempos, devido às
péssimas condições climatéricas, que se abateram sobre o circuito. A primeira largada teve quatro voltas, que não contaram
para nada, enquanto a segunda tinha 15. No entanto, o mau
tempo não abrandava e realizou-se uma corrida com apenas
10 voltas. Jonathan Rea foi o mais regular e sortudo nestas
condições e conquistou a vitória na corrida, sendo acompanhado ao pódio por Alex Lowes (2º) e Davide Giugliano (3º).
Foi uma manga prejudicada pelo mau tempo, todavia, aonde os pilotos correndo imensos riscos, não deixaram de dar
espectáculo aos espectadores presentes no circuito e a todos
aqueles que pelo mundo inteiro seguiam a prova via TV.
O actual Campeão do Mundo em título, Tom Sykes, saiu
da Holanda com a liderança da classificação geral e um total
de 108 pontos, seguido por Sylvain Guintoli, 96; Loris Baz,
93; Jonathan Rea, 89; Marco Melandri, 69.
BANDEIRA
DE XADREZ
WSBK: GP HOLANDA COMEÇOU COM RITMO MUSICAL – Como habitualmente é na quinta-feira que antecede o GP,
que se iniciam as actividades inaugurais de cada fim-de-semana do
WSBK, com as primeiras conferências de imprensa e algumas surpresas para os pilotos. E foi ao ritmo da música e coordenação “DJ”
Jeroen Post, que os pilotos começaram com calma e serenidade , a
entrada para o GP Holanda, pois os primeiros estavam a poucas
horas, na manhã do dia seguinte. Os próprios pilotos puseram à
prova todo o seu talento, com uma selecção musical organizada por
eles, enquanto o público holandês presenciava e gostavam do gosto
musical destes “ases” das duas rodas. Entre os “músicos pilotos”
presentes neste evento musical e que marcaram também presença na conferência estavam os pilotos de SBK (Loris Baz, Marco
Melandri, Jonathan Rea, Eugene Laverty, Chaz Davies, Aaron Yates e Cláudio Corti), SBK-EVO (Leon Camier e Christian Iddon),
SSP (Michael van der Mark), juntando-se a este grupo o estreante o
campeonato de STK600, Wayne Tessels).
WSBK: “DORNA WSBK” E “MP & SILVA” NUMA
PARCERIA PARA A ZONA DA AMÉRICA LATINA E
CARIBE – A “Dorna WSBK Organization”, detentora dos direitos comerciais do Campeonato do Mundo “Eni FIM Superbike”
e “MP & Silva”, companhia internacional gestora dos direitos
audiovisuais, assinaram um acordo de cinco anos para a aquisição
dos direitos do WSBK para todos os países da América Latina e
Caribe, à excepção do Brasil. Graças a este acordo com a Dorna
WSBK, a MP & Silva junta mais uma categoria desportiva ao seu
já extenso rol de gestão de direitos desportivos. O Campeonato do
Mundo “Eni FIM Superbike World” é uma das competições de
motociclismo mais importantes a nível internacional e a de maior
prestígio dirigida a motos derivadas de série. O formato de duas
corridas por evento, ao longo de 14 fins-de-semana de competição,
oferece o dobro da emoção e também da luta pelos títulos de Pilotos
e Construtores, num outro grande espectáculo de entretenimento
para todos os seus seguidores através da televisão. O pacote destes direitos inclui todas as categorias do campeonato (Superbike,
Supersport e Superstock), no período de 2014 a 2018, que estarão
disponíveis através das diferentes plataformas e dispositivos. No
momento da assinatura do acordo, Carlo Pozzali, Sócio Fundador da “MP & Silva”, afirmou: “Estamos satisfeitos por incluir o
World Superbike nas nossas ofertas de direitos televisivos. A “MP
& Silva” lidera o mercado de distribuição de direitos internacionais
de futebol e ténis, no entanto, com este acordo aumentamos ainda
mais a nossa presença. Temos investido em diferentes desportos
nos últimos anos e a nossa oferta estende-se à Fórmula 1, aos Jogos Asiáticos, à Copa do Mundo FIBA de Basquetebol, Beisebol,
Voleibol, Badminton e muitos outros”. Por outro lado, Manel Arroyo, Director Geral da Dorna Sports, disse nesta mesmo ocasião:
“Estamos muito satisfeitos por começar a trabalhar com a “MP &
Silva” para a América Latina. Estamos seguros de que com a sua
experiência, o domínio da sua rede audiovisual e capacidade de
distribuição na região, a popularidade do WSBK aumentará consideravelmente. Confiamos em que as emocionantes corridas que
integram o calendário atrairão mais aficionados dos desportos do
motor a este excitante campeonato”.
WSBK: CIRCUITO DE ASSEN – O traçado holandês tem
a designação oficial de “TT Assen Circuit” e integra o WSBK desde a temporada de 1992 e é, actualmente, o segundo circuito mais
visitado por este campeonato, depois do traçado de Phillip Island
(Austrália). Este circuito, também é conhecido como o “Circuito
van Drenthe”, é um dos traçados permanentes mais antigos da Europa. A primeira corrida organizada neste traçado foi em 1926 e
desde esta data, há precisamente 88 anos, o circuito sofreu imensas
modificações. Actualmente, o perímetro do circuito é de 4,542 Km
e tem um total de 17 curvas (6 esquerdas e 11 direitas). Cumpriramse nesta edição do GP Holanda, as corridas números 649 e 650
Os pilotos seleccionando a música para os primeiros sons do fim-de-semana e o pódio da primeira manga do GP
Holanda. (Fotos cedidas pelo Departamento de Imprensa do WSBK, ao Jornal Atlântico Expresso).
WSBK: ITÁLIA RECEBE O PRÓXIMO GP NOS DIAS
9/10/11 DE MAIO – Itália recebe o próximo GP, que se disputa
no Circuito Enzo e Dino Ferrari, no fim-de-semana de 9, 10 e 11 de
Maio. É o quarto GP do presente mundial e o 329ª da sua história,
que celebrará as 651ª e 652ª mangas desde a primeira edição em
1988. O perímetro do traçado de Imola tem 4,936 Km e um total
de 22 curvas.
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Atlântico Expresso
Televisão
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destaque
05:30 Bom Dia
Portugal
09:00 Biosfera
09:30 Especial Saúde
10:00 Olhar o Mundo
10:30 Ingrediente
Secreto
11:00 Jornal do Meio
Dia
12:00 National
Geographic
12:55 Mundo
Automóvel
13:00 Jornal das 14
14:00 Teledesporto
14:50 Bem-vindos A
Beirais
15:35 Espaço Infantil
17:00 Informação
Açores
17:15 Meteorologia
Açores
17:20 Açores Hoje
18:45 Mundo
Automóvel
19:00 Estação de
Serviço
19:45 Ler +, Ler
Melhor
19:55 Meteorologia
Açores
20:00 Telejornal
Açores
20:30 Meteorologia
Açores
20:35 Troféu
21:05 Põe-te a Pau
É o regresso à TV
de uma das figuras
mais emblemáticas
do universo teatral açoriano. O
ator José Maria
Pacheco, cómico
que interpretou
vários papéis no
teatro de revista,
como autor e intérprete e em séries
televisivas de José
Medeiros, ficou
célebre com a figura da Tia Maria de
Nordeste.
21:30 Acores.rtp.pt
22:20 Margens do
Paraíso
23:25 Meteorologia
Açores
23:30 Telejornal
Açores
00:00 Simultâneo
- RTP Açores/RTP
Informação
04:59 Consigo
05:30 Bom Dia
Portugal
09:00 Praça Da
Alegria
12:00 Jornal Da
Tarde
13:15 Os Nossos Dias
- Ep. 154
14:00 Portugal No
Coração
17:00 Portugal Em
Directo
18:00 O Preço Certo
19:00 Telejornal
20:15 Bem-vindos A
Beirais T3 - Ep.
43
Diogo Almada,
um bem sucedido
gestor de contas
numa empresa de
telecomunicações
confronta-se com
problemas graves
de stress e ansiedade, originados pela
constante pressão
em que vive. A situação piora quando sofre um ataque
cardíaco. No hospital, é alertado para
o risco que corre:
se não abrandar
o ritmo, poderá
vir a ter graves
consequências.
21:00 The Voice
Portugal - Diários
21:15 Quem Quer Ser
Milionário
‘Quem Quer Ser
Milionário’ é o
rei dos concursos
de cultura geral e
de conhecimento.
Manuela Moura
Guedes é a anfitriã
da VI temporada
deste concurso.
22:15 5 Para A Meianoite T8 - Ep. 144
23:45 Nunca é Tarde
Demais
01:30 Anatomia De
Grey T9 - Ep. 17
02:15 Éramos Seis
- Ep. 160
03:45 Televendas
06:00 Zig Zag
11:21 Biosfera
11:51 Vida de Mãe
- Ep. 12
12:11 Voo Direto - A
Vida A 900 à Hora
- Ep. 16
12:58 Sociedade Civil
T9 - Ep. 74
14:28 A Fé dos
Homens
15:00 Ténis: Portugal
Open 2014 (Direto)
17:02 Zig Zag
Espaço infantil repleto de magia com
apresentação de
Pedro Leitão. Um
mundo de séries de
aventura e animação
para os mais pequenos. Os desenhos
animados mais divertidos e também
os heróis de sempre
para brincar e jogar
com as crianças.
18:58 NGC: No Vulcão
da Islândia
19:54 A Hora da Sorte
20:00 Jornal 2
20:40 Agora
20:54 Visita Guiada
- Ep. 9
21:21 Reféns - Ep. 10
Ellen pede para
Duncan desistir do
plano de matar o
Presidente, enquanto outros membros
da equipa do presidente tentam fazer
alguma coisa pelas
próprias mãos. Depois de vasculhar os
registos médicos de
Nina, Ellen encontra
alguém que pode ser
um doador viável.
22:08 Portugal 3.0
23:08 Ténis: Portugal
Open 2014
01:13 Escola das Artes
da Universidade
Católica do Porto
01:46 Agora
01:57 Euronews
05:00 SIC Notícias
06:00 Edição Da
Manhã
07:45 A Vida Nas
Cartas: O Dilema
T2 - Ep. 220
09:00 Queridas
Manhãs T1 - Ep.
49
12:00 Primeiro
Jornal
13:30 Senhora Do
Destino - Ep. 108
14:30 Boa Tarde T4
- Ep. 65
17:15 Sangue Bom
- Ep. 165
17:45 Em Família
- Ep. 19
18:15 Sangue Bom
- Ep. 166
19:00 Jornal Da Noite
20:45 Sol De Inverno
- Ep. 172
21:45 Amor À Vida
- Ep. 166
22:45 A Guerreira
- Ep. 152
23:45 Mentes
Criminosas T8
- Ep. 18
00:45 Countdown
Rock In Rio ‘14
- Ep. 4
01:00 O ContraAtaque T1 - Ep. 4
01:45 Inesquecível T1
- Ep. 14
Carrie recebe uma
chamada telefónica
de um homem que
afirma que vai matar alguém nos próximos 16 minutos.
Ela duvida da seriedade da chamada até que ele diz
que matou alguém
em New Jersey
na noite anterior.
Carrie consegue
descobrir a localização da chamada,
mas a equipa acaba
por chegar tarde.
02:30 Televendas
05:00 Todos Iguais
05:30 Diário da
Manhã
09:15 Você na TV!
12:00 Jornal da Uma
13:30 A Outra - Ep.
136
15:00 A Tarde é Sua
17:00 Doce Fugitiva
- Ep. 328
Maria Estrela Santos, conhecida por
Estrelinha,
tem
vinte e dois anos
e trabalha no café
do pai, ao mesmo tempo que faz
voluntariado num
lar de acolhimento
para crianças.
19:00 Jornal das 8
20:30 O Beijo do
Escorpião - Ep. 68
Rita
continua
desgastada com o
desaparecimento de
André, e recorda-o
ao olhar para uma
fotografia. Maria,
Natacha, Chico e
Carlos regressam
da discoteca desmoralizados por
não encontrarem
André. Decidem ir
dormir. Madalena
e Natália bebem
um chá, enquanto
conversam. Esta
mostra-se angustiada com o estado de
Manuel.
21:45 Belmonte - Ep.
166
23:00 Giras e Falidas
- Ep. 16
00:00 Psych - Agentes
Especiais T1 - Ep.
5
01:00 Psych - Agentes
Especiais T1 - Ep.
6
02:00 O Teu Olhar
- Ep. 76
04:00 TV Shop
Qualquer
alteração às
programações
que publicamos
é da inteira
responsabilidade
das respectivas
emissoras
O Preço Certo
RTP1
Um dos concursos mais
famosos da Europa com
um ambiente eléctrico onde
quem se senta na plateia
é convidado a jogar. Um
programa de entretenimento com um carácter informativo sobre os preços de
mercado e sobre novos produtos. Junte-se a Fernando
Mendes e divirta-se!
NGC: No Vulcão
da Islândia
RTP2
Documentários sobre
o planeta, os seus habitantes e a sua história e vida.
Desde o grande tubarão
branco, que pode consumir 20 quilos de carne em
apenas uma mordidela,
até à pequena formiga
de fogo, com o seu veneno venenoso, veja que
habilidades únicas estes
predadores usam para se
manter no topo da cadeia
alimentar.
Mentes
Criminosas
SIC
A equipa vai até ao antigo bairro de Morgan, onde
ele enfrenta o seu passado.
23
Curiosidades
Atlântico Expresso
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Ditador da Coreia do Norte
impõe o próprio corte de cabelo
aos homens
Britânico careca viajou
de avião… com o passaporte
da namorada loira
A ditadura de Kim Jong-un, na Coreia do Norte, parece
não querer poupar sequer a aparência dos seus cidadãos. O
último capricho do líder é agora obrigar todos a imitarem
o seu corte de cabelo.
Primeiro, o governo determinou
10 modelos de cortes diferentes para
os homens e 18
para as mulheres.
Agora, em mais
uma demonstração
de autoritarismo e
excentricidade, o jovem ditador decidiu
impor o próprio corte de cabelo a toda a população masculina
do país, noticiou a rádio Free Asia, citada pela BBC.
Com a nova medida, determinada há duas semanas, mas
divulgada na quarta-feira, em breve todos os homens nortecoreanos terão os cabelos raspados nos lados da cabeça e espetados em cima ou, numa rara variação, penteados para baixo e
divididos ao meio, nos moldes do corte do ditador.
Os primeiros a terem os seus estilos redefinidos à moda de
Kim Jong-un foram os estudantes da capital Pyongyang, mas
logo a obrigação foi alargado ao resto da população masculina.
«O corte de cabelo do nosso líder é muito particular, não
fica bem em todos, dado que cada um tem um rosto e um formato de cabeça próprios», disse um norte-coreano cuja identidade não foi revelada.
Segundo a BBC, para incentivar os «do contra», a TV estatal norte-coreana lançou a campanha «Vamos cortar o cabelo
ao estilo de vida socialista».
Em entrevista ao jornal Korea Times, outro norte-coreano
(este radicado na China) não acredita que o corte se vá popularizar no país. Para o entrevistado, cuja identidade também não
foi revelada, o corte «estilo socialista» mais parece o «estilo
contrabandista chinês».
«Até meados dos anos 2000, este corte era conhecido como
´cabelo de contrabandista chinês`», frisou.
Nasceu na Irlanda híbrido
de ovelha e cabra
Nasceu na Irlanda um animal híbrido fruto do cruzamento
de uma ovelha com uma cabra.
De acordo com o The Irish Times, o pastor de ovelhas Pat
Murphy notou a presença de um caprino no seu rebanho há
cerca de cinco meses, mas na altura não deu importância julgando que era impossível uma cabra procriar com sucesso com
uma ovelha.
O Irish Farmers´ Journal divulgou um vídeo onde podemos
ver o homem com o raro espécime com apenas uma semana
de idade.
Sobre criar mais destas «cabrelhas» (ou deveríamos dizer,
«ovelhabras»?), Murphy assegurou «Jesus, não! Isto é um puro
choque para o sistema, é o que isto é. É um caso isolado», referiu, citado pelo Huffingtonpost.
Diário Digital
Um britânico careca
conseguiu viajar de avião
para Espanha, apesar de
ter mostrado duas vezes
o passaporte da sua namorada loira durante os
protocolos de segurança
antes do embarque.
Neil Clulow, de 50
anos, não tem cabelo e usa
barba, mas isso não o impediu de ser confundido com a namorada, Karen Clift, da mesma
idade, uma loira de cabelo longo.
O homem de Halesowen, Inglaterra, só percebeu que tinha
saído de casa com o passaporte errado quando já tinha chegado ao
destino e estava à espera de um táxi com os amigos, para rumar a
um hotel em Benidorm. «Eu e os meus amigos estávamos a comentar como ficámos mal nas nossas fotos de passaporte, e quando olharam para a minha foto disseram: Neil, só tu é que estás
mais atraente na foto do que na vida real», contou o turista.
«Não posso acreditar que uma coisa destas podia acontecer,
especialmente depois de todas as complicações com o avião da
Malaysian Airlines. É incrível», comentou.
«Se eu consegui passar [pelo controlo de segurança], quem
sabe o que podia ter acontecido», alertou Clulow.
O inglês tinha planeado uma viagem de três dias para celebrar
o 50º aniversário de um amigo. Viajou do aeroporto de Birmingham para Alicante. O plano «saiu furado». Neil teve que gastar
70 libras (cerca de 84,58 euros) para que o seu passaporte fosse enviado pelo correio, sem poder sair do hotel. Por azar, um
equívoco levou a que a correspondência quase fosse enviada para
Berlim, na Alemanha, antes de chegar a Espanha.
«As férias ficaram completamente estragadas. Não podia sair
do hotel porque a [empresa] UPS estava sempre a dizer que o meu
passaporte estava prestes a chegar, mas depois atrasava-se sempre». Neil acabou por perder o voo de volta, mas a Monarch Airlines ofereceu-lhe o bilhete de regresso para o dia seguinte.
«Foi um desperdício dos meus dias de férias e ainda faltei a
um dia de trabalho», considerou o homem, que no entanto mostrou-se mais preocupado com a quebra de segurança da parte dos
serviços aeroportuários. Ao chegar ao seu país, Neil foi recebido
por dois representantes da transportadora aérea.
«Eles queriam saber o que tinha acontecido. Perguntaram se
eu estaria disponível para apontar quem tinha sido a senhora que
me validou a passagem com o passaporte da minha namorada,
mas eu não queria fazer isso à mulher, portanto recusei. Desde
então, não voltei a ser contactado».
Uma fonte da Monarch Airlines confirmou que foi aberta uma
investigação, de acordo com o Express.
Diário Digital
Paté de insectos de designer
portuguesa faz sucesso
no Luxemburgo
Biscoitos
cobertos com paté de insectos preparados pela
designer
portuguesa
Susana Soares fizeram
as delícias dos visitantes na abertura de uma
exposição no Museu de
Arte Moderna do Luxemburgo (Mudam), que reúne sete ‘designers’ portugueses e
seis luxemburgueses.
De luvas e avental, Susana Soares preparou várias «fornadas» de biscoitos cobertos com um paté à base de farinha
de larvas de escaravelhos, gafanhotos e louva-a-deus «produzidos para consumo humano», recorrendo a uma impressora
3D, uma tecnologia que a designer portuguesa desenvolve na
London South Bank University.
A ideia do projeto, baptizado «Insects au Gratin», é «encorajar as pessoas a comer insectos, uma alternativa ecológica
à carne, utilizando uma nova tecnologia para os cozinhar e os
tornar mais apelativos», disse a designer portuguesa à Lusa enquanto preparava mais uma dose de aperitivos para a enorme
fila de visitantes que aguardavam a sua vez de provar a exótica
iguaria, frente à «cozinha» improvisada no museu luxemburguês.
Diário Digital / Lusa
EUA: Caixa multibanco avariada
dá 37 mil dólares a sem-abrigo
Um sem-abrigo de South Portland, nos EUA, queria levantar
140 dólares mas a caixa multibanco estava avariada e dispensou
37.000.
A polícia foi chamada a uma repartição do TD Bank em South
Portland, Maine, na quinta-feira, depois de uma mulher que queria
utilizar a caixa ATM ter afirmado que um havia um homem à sua
frente (na fila) a demorar uma quantidade excepcional de tempo
para realizar as suas operações.
Ao chegar ao local, as autoridades encontraram um homem a
encher um saco de compras com notas.
O homem terá usado o seu cartão para levantar uma importância de 140 dólares (101,83 euros), mas a máquina foi dispensando
dinheiro sem parar, fornecendo ao utilizador uma incrível soma de
37.000 dólares (mais de 29,6 mil euros).
«Ele estava a usar o seu cartão bancário para levantar mais
dinheiro», disse à WGME o tenente da polícia de South Portland,
Todd Bernard.
A polícia recuperou o dinheiro e devolveu-o ao banco, que já
confirmou que não pretende apresentar queixa contra o indivíduo.
Uma residente local, Sarah Howard, considera que o banco procedeu bem ao não apresentar queixa. «Acho que é simpático da sua
parte [do banco]. Obviamente [o homem] estava a tentar enganar
o sistema, mas a culpa é parcialmente deles [do banco] por não ter
garantido as medidas de segurança».
Uma fonte do TD Bank atribuiu a ocorrência a um «erro de
código», mas garantiu que as contas dos utilizadores não estiveram em risco.
A caixa automática em questão permanece fora de serviço, de
acordo com o UPI.com.
Diário Digital
Ficha Técnica
Atlântico Expresso
Jornal Semanário
Registo N.º 111846
Tiragem desta edição - 6 650 exemplares
Editor - Gráfica Açoreana, Lda.
Director: Américo Natalino Viveiros. Director Adjunto: Santos Narciso. Sudirector: João Paz Chefe de Redacção: Ana Coelho. Redacção: Nélia Câmara,
Marco Sousa, Carla Dias ; Fotografia: Pedro Monteiro; Marketing: César Botelho, Pedro Raposo. Paginação, Composição e Montagem - João Carlos
Sousa, Flávio Cordeiro e Luís Filipe Craveiro; Economia: Eugénio Rosa; Colaboradores: João Carlos Tavares, Diniz Borges, Ferreira Moreno, Manuel
Calado, Manuel Estrela, Manuel M. Esteves, José Händel Oliveira, Natividade e Carlos Ledo, Orlando Fernandes, Rogério Oliveira. Desporto - José Pinho
Valente, João de Brito Zeferino, João Patrício.
Impressão: Gráfica Açoreana, Lda. - Rua João Francisco de Sousa n.º 14 - Ponta Delgada
Telefones: Adminstração - 296 709886; Redacção - 296 709883
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Número de Registo 200915 - Conselho de Gerência - Américo Natalino de Viveiros, Paulo Hugo Falcão Pereira de Viveiros e Dinis Ponte.
Capital Social: 323.669,97 Euros - Sócios com mais de 10% do capital da empresa - Américo Natalino de Viveiros, Marques SGPS,
Octaviano Geraldo Cabral Mota e Paulo Hugo Viveiros.
E-mail:atlanticoexpresso@correiodosacores.net
Governo dos Açores
Esta publicação tem o apoio do
PROMEDIA - Programa Regional
de Apoio à Comunicação Social Privada
Atlântico Expresso
Ú L T I M A
P Á G I N A
Segunda-feira, 5 de Maio de 2014
Novas portarias de convenções e reembolsos
para “melhorar resposta aos utentes”
O Secretário Regional da Saúde reuniu, em Ponta Delgada, com os representantes da Associação Nacional de
Laboratórios Clínicos (ANL), um encontro que, segundo Luís Cabral, “permitiu
avançar no sentido de um consenso que
serve tanto os interesses do Serviço Regional de Saúde como os interesses dos
laboratórios”.
Luís Cabral salientou que as negociações têm caminhado no sentido de um
entendimento, o que vai permitir que este
regime de reembolsos, que já não existe
no continente nem na Madeira, se possa manter nos Açores “como uma ajuda
do Governo às pessoas que recorrem aos
serviços privados de saúde”.
As alterações, segundo o Secretário
Regional, visam racionalizar o sistema,
de modo a proporcionar “uma melhor
resposta aos utentes que mais precisam”.
O Secretário Regional manifestou
disponibilidade para rever alguns pon-
tos, tendo em conta que o preço base de
algumas análises realizadas nos laboratórios da Região é mais elevado face ao
volume de actos que os laboratórios do
continente realizam.
Luís Cabral reafirmou, por outro
lado, que a limitação prevista para determinados actos se refere unicamente a
situações de rotina, tendo em consideração a regular necessidade dos cidadãos
na vigilância da sua saúde.
Se um utente apresentar qualquer
sintoma que indicie a necessidade de
mais algum exame é porque a sua situação exige outros cuidados e, nesse caso,
deve recorrer aos serviços de saúde,
onde fará todos os exames clinicamente
necessários.
Açores participam na European
Furnas acolhe II Festival
Seafood Exposition em Bruxelas de Vimes com vários artesãos
Os Açores vão estar presentes na European Seafood Exposition, que decorre em
Bruxelas, de 6 a 8 de Maio, e atrai compradores e fornecedores de 145 países nas
áreas de negócio de pescado fresco, congelado ou transformado, sendo o maior
evento mundial da especialidade.
O Governo Regional pretende que
a presença do stand dos Açores neste evento dedicado à transformação e
comercialização de produtos da Pesca e
Aquicultura promova e aumente a visibilidade do pescado e das conservas regio-
nais.
A presença açoriana neste evento mundial visa a promoção de uma forte imagem
de marca do peixe dos Açores, associado
a métodos de pesca sustentáveis em águas
não poluídas, tendo em vista a prospecção
e a abertura de novos mercados.
Na European Seafood Exposition,
além da Lotaçor, estarão presentes representantes das conserveiras regionais, da
Federação das Pescas dos Açores e da Associação de Compradores de Pescado dos
Açores.
Concerto de flauta e piano a 9
de Maio no Palácio de Sant’Ana
O Governo dos Açores promove a realização de um concerto de flauta e piano, com Nuno Inácio e Paulo Pacheco,
a 9 de Maio, pelas 21h30, no Palácio de
Sant’Ana, em Ponta Delgada.
O concerto é de entrada livre, devendo
os bilhetes ser levantados na portaria do
Palácio de Sant’Ana a partir de terça-feira
(6 de Maio), até às 16h00 do dia do espectáculo (9 de Maio).
O programa do concerto é constituído
por obras de Johann Sebastian Bach, Otar
Taktakissvili e Sergei Prokofiev.
Paulo Pacheco, natural dos Açores,
concluiu a licenciatura em Música na Escola Superior de Música de Lisboa, tendo
obtido o mestrado (Master of Music) na
especialidade de Piano na Universidade
do Texas, onde também realizou estudos
em música de câmara no programa de especialização Chamber Music Center, frequentando actualmente o doutoramento
em Artes Musicais na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (UNL)/Escola
Superior de Música de Lisboa.
O pianista, que venceu o 1.º Prémio
de Música de Câmara (nível Superior) do
Prémio Jovens Músicos 1999, é docente
da disciplina de Música de Câmara na Escola Superior de Música de Lisboa e na
Academia Nacional Superior de Orquestra, tendo já participado em inúmeros recitais, a solo ou em música de câmara, no
país e no estrangeiro.
O II Festival de Vimes das
Furnas, organizado pelo Parque
Natural de São Miguel em parceria
com o Centro Regional de Apoio
ao Artesanato, vai decorrer a 10
e 11 de Maio, entre as 10h00 e as
17h00, nas imediações do Centro
de Monitorização e Investigação
das Furnas.
Duas artesãs inglesas, do
Basketmakers Association, e vários artesãos regionais que trabalham com vime, junco, espadana
e palha, fibras naturais disponíveis na natureza açoriana, vão estar presentes neste
evento, que visa promover a inovação e a
troca de técnicas e de produtos finais com
os artesãos locais e o público.
A semana que antecede o Festival, tal
como aconteceu no ano passado, será destinada à execução de peças em vime ao ar
livre, numa perspectiva de conceber novos
usos para esta matéria-prima e assinalar a
paisagem envolvente com pontos de interesse (LandArte).
O fim-de-semana será reservado à descoberta da arte de cestaria e a um conjunto
de workshops, com recurso a fibras naturais, bem como diversas mostras de artesanato local.
Os vimes foram reintroduzidos na paisagem para o controlo da erosão, através
do projecto de Recuperação Ecológica e
Paisagística da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas (Furnas LandLab), sendo promovido nas zonas encharcadas,
enquanto o trigo e o centeio estão a ser
cultivados para produzir palha e a espadana faz parte de uma colecção de culturas
antigas.
Este exemplo de sustentabilidade ecológica, económica e social é uma mais-valia no âmbito de implementação do Plano
de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da
Lagoa das Furnas, que aponta não só para
a promoção dos valores locais, mas também para a diversificação e consolidação
da base económica local.
Os interessados em participar podem
inscrever-se nos workshops através do endereço de correio electrónico parque.natural.smiguel@azores.gov.pt ou do telefone
296 584 436.
Esta iniciativa, que integra o Programa Parque Aberto e assume também um
papel de dinamização e promoção do Parque Natural de São Miguel, tem o apoio
da SATA, da Câmara Municipal da Povoação e da Junta de Freguesia de Água
Retorta.