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Entrevista SÔNIA hess, presidente da dudalina, fala sobre empreendedorismo e sucessão familiar Fecomércio-RS BENS&SERVIÇOS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 96 / ABRIL 2013 sustentabilidade Atitudes que fazem a diferença tendências As propriedades da nanotecnologia tributos guerra fiscal ainda sem solução Avenida Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – ascom@fecomercio-rs.org.br www.revista.fecomercio-rs.org.br EXPEDIENTE Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Presidente: Zildo De Marchi Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, Jaime Gründler Sobrinho, João Francisco Micelli Vieira Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt Conselho Fiscal Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel Suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster sumário agenda palavra do presidente notícias & negócios sustentabilidade guia de gestão opinião entrevista recursos humanos tributos saiba mais tendências Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Liziane de Castro, Luana Trevisol e Simone Barañano nicho personalidade sesc Coordenação Editorial: Simone Barañano senac PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) negociação CHEFE DE Reportagem: Luísa Kalil Reportagem: Andréa Lopes, Luísa Kalil, visão econômica Marcelo Salton Schleder e Rafael Tourinho Raymundo Colaboração: Edgar Vasques, Günther Staub, José Carlos Ignácio, Luiza Muttoni e Priscilla Buais Avila Edição de Arte: Silvio Ribeiro Impressão: Pallotti Selo FSC Revisão: Flávio Dotti Cesa FOTO DE CAPA: Carlota Pauls Tiragem: 25,5 mil exemplares É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC (Forest Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente responsável da matéria-prima florestal. glossário visão política mais & menos negócios 06 07 08 12 14 17 18 24 26 32 34 36 39 40 42 44 46 47 48 49 50 & BENS SERVIÇOS Tributos 26 Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 ofensiva para um estado competitivo Melhorias sinalizam o avanço no embate travado entre estados. Mesmo assim, ainda há muito a ser feito para combater a guerra fiscal multiplicando ações em prol do meio ambiente conhecidas pelas empresas. Ir além de práticas como a coleta seletiva enriquece a vida dentro e fora do escritório sustentabilidade 12 Uma postura sustentável pode contribuir tanto quanto ações já a líder que veste a camisa À frente da Dudalina, Sônia Hess fala sobre a importância da está preparando a sua sucessão entrevista 18 transparência e profissionalização nas empresas hoje e como tecnologia em escala atômica indústria automotiva até o vestuário tendências 05 ela começa a se fazer presente nos mais diferentes campos: da 34 De que forma a nanotecnologia influenciará nossa rotina e como A G E N D A abril 10/04 15/04 17 a 20/04 Inauguração O Sistema Fecomércio-RS realiza a inauguração das instalações do Balcão Sesc/Senac em Guaíba e do Sindilojas Guaíba (Av. Nestor de Moura Jardim, 1250). Serão oferecidos cursos de qualificação nas áreas de Gestão, Idiomas, Informática e Saúde. Interessados também terão acesso aos cursos gratuitos oferecidos por meio do Pronatec. Frederico Westphalen Sistema Fecomércio-RS inaugura a Unidade Operacional do Sesc Frederico Westphalen, que contará com o Espaço do Saber, Academia de Ginástica e Musculação, consultório odontológico e serviços de Turismo Social e ações de programas como o Maturidade Ativa e Arte Sesc. Exposição de Videogames Unidade Senac 24h promove evento gratuito, na sede da escola. A exposição ficará aberta aos visitantes das 10h às 18h. É na avenida Assis Brasil, 3522, sala 137, em Porto Alegre. Mais informações no site: www.senacrs.com.br/24horas . 14/04 CIRCUITO DE CORRIDAS A Etapa Camaquã do Circuito Sesc de Corridas 2013 já tem data marcada. As inscrições podem ser feitas junto às unidades e balcões Sesc/Senac do município, ou pelo site www.sesc-rs.com.br/ circuitodecorridas. 17/04 PALCO GIRATÓRIO Lançamento do 8º Festival Palco Giratório Sesc POA na Cafeteria do Sesc, em Porto Alegre. O evento reunirá a classe artística, parceiros e imprensa. Divulgação Senac-RS 06 Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Certificação Internacional Ocorre em Gramado a certificação em Pro Chef I para docentes do Senac Brasil. Quatro profissionais da região Sul estarão entre os participantes: Gustavo Ruffato, Ana Loureiro, Letícia da Silva e Gabriel Rossi. Na ocasião, também estarão presentes profissionais da Culinary Institute of America (CIA) para a certificação. A unidade do Senac Gramado fica na rua São Pedro, 663. Informações para contato: (54) 3286-4445. 24/04 Até 14/04 Loucura por sapatos Senac Novo Hamburgo participa da feira que terá, entre outras atrações, desfiles de moda com as roupas da Chocofest 2013. Durante a programação da feira, o Senac também oferecerá serviços gratuitos de Cabelo, Maquiagem, Manicure, Oficinas de Moda e Customização. Mais informações no telefone (51) 3594-6133 ou pelo site: http://www. feiradaloucuraporsapatos.com.br. De 19/04 a 8/05 23/04 Centro Histórico Senac promove inauguração da unidade Centro Histórico, em Porto Alegre, onde serão disponibilizados cursos de formação e aperfeiçoamento nas áreas de Moda, Beleza, Idiomas e Saúde. Telefone para contato: (51) 32262883 ou informações pelo site www.senacrs.com.br/centrohistorico. SAÚDE PREVENTIVA Lançamento da Unidade Sesc de Saúde Preventiva em Condor. A unidade móvel disponibilizará exames gratuitos, entre eles mamografias, ultrassom, exames oftalmológicos e citopatológicos de colo de útero. 24 A 28/04 ALDEIA SESC CAPILÉ A 8ª Aldeia Sesc Capilé, em São Leopoldo, conta com apresentações de artes cênicas, música, oficinas e exposições de artes visuais. Divulgação/ Fecomércio-RS Palavra do Presidente Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac Àespera de um novo cenário A esperança de um ponto final não será destruída, mas a longa espera provoca – inevitavelmente – o desgaste de quem trava essa batalha continuamen- Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 A urgência de uma reforma tributária é inquestionável; é uma bandeira que jamais devemos nos desestimular a erguer. No entanto, vemos um empresariado gaúcho preocupado em cumprir as regras ao máximo e, infelizmente, obtendo retornos mínimos, para não dizer nulos. Para somar, o Rio Grande do Sul acarreta prejuízos provocados por decisões imaturas de outros estados. A guerra fiscal entre os estados, como qualquer guerra, é um embate exaustivo e, sem dúvidas, desnecessário. te. Nós, do Sistema Fecomércio-RS/ Sesc/Senac, ansiamos por um tratado que estabeleça o que poderemos, talvez, chamar de paz fiscal. Será o dia em que assumir riscos em nome do empreendedorismo será unicamente um desafio saudável, e não uma ponte para uma burocracia pesada, envelhecida. Será o dia em que fazer o certo terá resultados visíveis a todos, não apenas aos empresários contribuintes. Será o dia em que olharemos para trás e teremos a certeza de que a guerra fiscal não será mais um ponto de discussão, mas, sim, apenas um momento de nossa história. 07 A guerra fiscal não é um assunto novo entre o empresariado gaúcho. Aliás, não é novidade para a sociedade brasileira de forma geral. O ponto delicado com relação ao empreendedorismo é ver milhares de profissionais sedentos por um país que estimule o desenvolvimento e a inovação acima de tudo. Ao final, o cenário com o qual nos deparamos é uma carga tributária elevadíssima, sem nenhuma garantia de retorno em infraestrutura e demais necessidades básicas. Í C I A S Edgar Vasques N O T 08 Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Brasil sedia congresso global de empreendedorismo Após ter passado pelas cidades de Kansas City, nos Estados Unidos, Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, Xangai, na China, e Liverpool, na Inglaterra, o Global Entrepreneurship Congress (Congresso Global de Empreendedorismo, em português) chegou ao Rio de Janeiro. Entre os dias 18 e 21 de março, investidores, pesquisadores, empresários e governantes de 125 países debateram sobre políticas públicas e mudanças necessárias para estimular o empreendedorismo no Brasil. Promovido pela Endeavor Brasil, Semana Global do Empreendedorismo e Kauffman Foundation, o evento foi transmitido ao vivo pelo site www.endeavor.org.br. Foi a primeira vez que um país da América Latina recebeu o Congresso. Logomarca do Senac conquista prêmio internacional O case da nova logomarca do Senac Nacional foi o vencedor na categoria Mais Notável do prêmio Rebrand. A conquista traz reconhecimento internacional para o Senac. A logomarca lista entre as 100 marcas de maior destaque mundial no reposicionamento e redesenho de sua identidade visual. Lançada em agosto de 2012 e usada em 27 departamentos regionais da instituição, a nova logomarca do Senac foi inspirada em conceitos como leveza, alegria, liberdade e inovação. O escritório de design Packaging Brands foi o responsável pela inscrição no prêmio. Saiba mais sobre a premiação no site www.rebrand.com/notable-senac & & João Alves/Divulgação Sesc-RS N E G Ó C I O S Sesc apresenta balanço do Sorrindo para o Futuro Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS, afirmou que 2013 será um ano bom: “Os salários continuarão crescendo acima da inflação, principalmente nas faixas de renda mais baixas”. A constatação foi feita durante o Café com Lojistas, promovido pelo Sindilojas Porto Alegre. Para ela, os motivos para o otimismo são o baixo índice de desemprego no Estado e o menor endividamento das famílias. Para driblar a escassez de mão de obra, Patrícia defendeu que o empregador deve aumentar o salário dos que têm qualificação, exigindo, porém, que a produtividade também cresça. “Se os salários sobem e a produtividade diminui, o custo do lojista aumenta e resulta em um preço final maior para o consumidor”, disse. E com o aumento dos custos surge também a preocupação com as compras parceladas. Segundo a economista, o papel de informar a sociedade quanto ao uso do crédito é do empresário. “O lojista pode criar um material informativo sobre o assunto, por exemplo. Entregar ao consumidor essa informação e ajudá-lo a planejar o tipo de crédito que utiliza é de grande valia para a economia.” Fecomércio realiza fórum de gestão No dia 22 de março, a Fecomércio realizou o 24º Fórum Estadual de Gestão, no Teatro do Sesc, em Porto Alegre. Pela manhã, foi oferecido aos sindicatos das empresas do comércio de bens, serviços e turismo um acompanhamento das diretrizes de gestão. No período da tarde, o público presente teve a oportunidade de conferir um workshop para executivos. O evento contou ainda com a palestra Os desafios dos líderes para esta década, ministrada por Danilo Talanskas, que atuou como CEO em diversas multinacionais. Mais benefícios ao consumidor No Dia do Consumidor, celebrado em 15 de março, a presidente Dilma Rousseff anunciou a criação do Plano Nacional de Consumo e Cidadania (Plandec). Entre os seus benefícios está a Lei de Fortalecimento dos Procons, que permite a determinação de medidas corretivas às empresas. Alguns exemplos comuns são a restituição de cobranças indevidas, a substituição ou reparação de produtos e a prestação adequada de informações. O e-commerce também ganhou regulamentações específicas. A partir de agora, os sites de vendas deverão prestar informações claras sobre os produtos, e o consumidor terá direito de arrependimento. Outra mudança é que o Conselho Monetário Nacional (CMN) passa a requerer das instituições financeiras informações sobre a diferença de custos nas tarifas bancárias. Elas precisarão destacar a composição dos custos nas operações de crédito e câmbio. As empresas de telecomunicações, por sua vez, terão os serviços regulamentados e os canais de atendimento ampliados, oferecendo mecanismos para comparação de planos. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Economia em 2013: um ano bom 09 Jacqueline Oliveira/Sindilojas Porto Alegre O 8º Encontro Estadual do Programa Sesc Sorrindo para o Futuro apresentou o balanço da iniciativa a centenas de profissionais da saúde e professores de escolas públicas do Estado. O evento aconteceu no Centro de Eventos do Plaza São Rafael, em Porto Alegre, no dia 19 de março. Entre os dados, um alerta: 49% dos 93 mil estudantes avaliados no ano passado precisam de tratamento clínico odontológico. Porém, também há boas notícias. Segundo estimativas da entidade, 74% dos alunos de escolas públicas participantes apresentaram melhoria ou mantiveram boa condição de saúde bucal. Os municípios de Agudo, Formigueiro, Mormaço, Viamão e Xangri-Lá receberam os troféus do prêmio Destaque em Melhoria na Saúde Bucal. Atualmente, são 244 mil alunos de mais de 3 mil escolas em 409 municípios participantes. O Rio Grande do Sul é contemplado pelo programa desde 2003. A ação visa à melhoria das crianças a partir da formação de hábitos saudáveis. Divulgação/Senac-RS N O T Í C I A S Guaíba recebe novas instalações do Balcão Sesc/Senac No dia 10 de abril, às 19h, será inaugurada a nova sede do Balcão Sesc/Senac em Guaíba. Visando ampliar os atendimentos em áreas como Esporte, Turismo e Educação, entre outras, o novo espaço oferece 263 m2 e está localizado na Avenida Nestor de Moura Jardim, 1250. Dirigentes estaduais da Fecomércio-RS/ Sesc/ Senac e outros convidados devem presenciar a cerimônia de inauguração. Com investimento total de R$ 300 mil, a nova sede deve realizar mais de 2,5 mil atendimentos ao ano. Amplamente equipado, o balcão contará com duas salas de aula, laboratório de informática e área administrativa. Também serão oferecidos cursos de qualificação nas áreas de gestão, idiomas, informática e saúde, bem como cursos gratuitos por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). A comunidade local permanecerá tendo acesso a atividades de saúde, esporte, lazer, saúde, cultura, maturidade ativa e turismo social oferecidas pelo Sesc. Além de Guaíba, o balcão atenderá a mais dez municípios da área de abrangência. Mais informações sobre os cursos e atividades realizadas no local podem ser obtidas pelo telefone (51) 3402-2106. Adesão dos municípios à Lei Geral ainda é baixa Segundo estimativas do Governo do Estado, menos de 20% dos municípios brasileiros aderiram à Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. O projeto, que entrou em vigor em 2006, busca possibilitar uma maior participação das MPEs em compras públicas. Até agora, 25% das cidades do país já implementaram normas próprias para colocar o regulamento em ação. Entre os municípios gaúchos, 70 aderiram à lei e 429 desenvolveram legislações próprias para regulamentá-la. Para promover a aplicação da Lei Geral, o Sebrae e os tribunais de contas estaduais realizaram um seminário em 20 capitais brasileiras, em março. Em Porto Alegre, o Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul (TCE-RS) sediou o evento. Palco Giratório Sesc acontece em maio 10 Bob Sousa/Divulgação Sesc-RS No mês de maio, a Fecomércio-RS inova mais uma vez com o lançamento de um novo produto, o qual promete facilitar o dia a dia dos empresários. É o Monitor de Juros, publicação mensal que tem por objetivo auxiliar as empresas no processo de tomada de crédito, disseminando informações coletadas pelo Banco Central junto às instituições financeiras. O Monitor de Juros contribuirá com o acesso às informações necessárias ao compilar as taxas de juros médias praticadas pelos bancos com maior abrangência territorial no Rio Grande do Sul, para modalidades de crédito à pessoa jurídica. errata Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Fecomércio-RS lança Monitor de Juros O mês de maio será movimentado para os amantes da cultura. Durante 25 dias – de 3 a 28 – acontecerá o 8º Festival Palco Giratório Sesc POA, na capital gaúcha. Fazem parte da programação do evento espetáculos culturais, atividades formativas, palestras e exposições. Além disso, o Arte Sesc – Cultura por toda parte, realizador da iniciativa, promove a integração dos participantes com o público, através de conversas, oficinas e debates sobre artes cênicas. Entre os grupos que se apresentarão já estão confirmadas as bandas Latão e Galpão. As peças apresentadas serão: Luis Antônio Gabriela, A divina comédia, História de lenços e ventos, As quatro chaves, O miolo da história, Insone, Aventuras do fundo do mar, Coração randevu, Landel de Moura, O mundo de Camila e La perseguida. Na edição do ano passado, 43 mil pessoas passaram pelo local do evento. Diferentemente do que foi publicado na edição de nº 94 (fevereiro/2013), na página 11, Ronald Degen implantou o primeiro curso de empreendedorismo no Brasil em 1980, e não em 2000. E na edição de nº 95 (março/2013), na página 38, o nome correto do sócio-proprietário do Bom Fim Hostel é Cristiano Zanin, e não Ganin. & & N E G Ó C I O S Porto Alegre: a capital dos serviços A capital do Rio Grande do Sul figura como um polo de oportunidades para investidores do ramo de serviços. Enquanto a parcela de alvarás ativos para empresas do setor equivale a 59,76% do total registrado em Porto Alegre, apenas 1,35% é referente à atividade industrial. Os dados são da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic). Dos 1.434 alvarás industriais ativos, 357 representam a confecção de roupas; 60, a impressão gráfica e 56, a indústria metalúrgicoserralheira. Conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), há 14.906 estabelecimentos industriais em Porto Alegre, os quais representam 14 tipos de atividades neste âmbito. Economistas apontam que a valorização do setor de serviços na Capital em substituição à atividade industrial, a qual tende a migrar para cidades menores, é um processo natural. “O foco do desenvolvimento econômico de Porto Alegre hoje está no setor de serviços”, aifrmou o secretário-adjunto da Smic José Peres. Turismo e Hotelaria são atividades em alta no setor. Encontro Nacional dos Sindicatos acontece em maio Empresários, dirigentes, executivos e assessores jurídicos de sindicatos do comércio de bens, serviços e turismo de todo o país estão convidados a participar do 29º Encontro Nacional dos Sindicatos Patronais (ENSP). O evento acontece entre os dias 15 e 17 de maio, no Expo Unimed Curitiba, em Curitiba (PR). Na programação, diversos debates e painéis estão sendo preparados para os participantes, a fim de fomentar a troca de conhecimentos e a análise de temas ligados ao desenvolvimento das entidades. Também serão entregues os prêmios Lair Montenegro, ao melhor trabalho apresentado em reuniões dos setores, e Paulo Braga, destinado aos advogados dos sindicatos. O ENSP é promovido pelo Sindicato dos Representantes Comerciais do Paraná (Sirecom-PR) e pelo Sindilojas Curitiba. Conta com o apoio da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e da Fecomércio-PR. Divulgação/Positivo Informática três perguntas Ele começou como professor de Informática para o Ensino Superior e hoje preside o Grupo Positivo e a Positivo Informática, que atua nas áreas de tecnologia e educação. Hélio Rotenberg ganhou o mérito Executivo de Valor na categoria Tecnologia da Informação/Indústria pelo jornal Valor Econômico seis vezes consecutivas. Graduado em Engenharia Civil, é também Mestre em Informática. Quais os desafios do mercado de TI, cada vez mais competitivo, daqui para frente? Rotenberg O mercado de TI se mostra a cada dia mais competitivo e a liderança do mercado de computadores nos impõe condições únicas. Entender o consumidor e traduzir isso em produtos adequados se tornam obrigações do dia a dia. Buscar soluções inovadoras e apropriadas ao nosso mercado nos faz trabalhar cada vez mais. Como é possível alcançar o êxito aliando educação, tecnologia e inovação? Rotenberg É impossível de se obter êxito sem a união desses três conceitos, especialmente no mercado em que a companhia está inserida. De maneira geral, o conjunto dessas palavras está intrinsecamente ligado à evolução da Positivo Informática nos últimos anos. Como costumo dizer, a educação sempre fez parte de todos nós, já que a companhia teve origem no Grupo Positivo. 11 Rotenberg A cada ano, aumenta a satisfação com esse reconhecimento, sobretudo porque mostra o quanto a Positivo Informática está bem posicionada no mercado e que temos uma equipe capacitada e comprometida com a manutenção desta posição. Para isso é preciso tomar decisões rapidamente e estar atento às oportunidades de mercado. Essa visão nos levou a diversificar os negócios da companhia nos últimos dois anos para muito além da fabricação e venda de computadores e de soluções em tecnologia educacional. Nós estreamos nos segmentos de tablets, smartphones e celulares no Brasil, e investimos em outros mercados, com o início da operação na Argentina, o que nos deixa bastante otimistas para os próximos períodos. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Qual é a estratégia para se manter como um Executivo de Valor por seis anos consecutivos? S ustentabilidade multiplicando ações em prol do meio ambiente Adotar ações sustentáveis no dia a dia, em empresas e residências, é mais fácil do que se imagina. É possível ir além das regras da empresa, levando do trabalho para casa (e vice-versa) conhecimentos que podem fazer a diferença para o meio ambiente 12 sustentabilidade virou um dos temas mais apregoados nas empresas. Ser sustentável é ser moderno. O tema rende prêmios e reconhecimentos, justos, a instituições e corporações que se preocupam com a questão e a difundem entre seus funcionários e parceiros por meio de atitudes e ações efetivas. Mas e a equipe, o que faz para garantir a sobrevivência de bens naturais como a água, por exemplo, no seu dia a dia, em casa, no trabalho, na faculdade? Primeiro é preciso saber que ser sustentável é uma cultura, um hábito, que ainda não está arraigado no cotidiano das pessoas. “A questão é tratada de forma mais eficaz nas empresas e em pequenos grupos que têm mais acesso à informação”, afirma Willian Siqueira, sócio responsável pela unidade KeySul da Keyassociados, líder no mercado brasileiro de desenvolvimento de soluções sustentáveis para as áreas pública e privada há mais de 15 anos. “Há leis que obrigam instituições e corporações Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 a seguirem e aplicarem determinadas regras de conduta, o que ajuda a disseminar atitudes sustentáveis, mas é preciso fazer muito mais.” Siqueira resume o conceito de forma simples e clara: “Sustentável é aquilo que você tirou ou usou e pode repor ou reaproveitar de alguma forma, nem que seja transformando em outra coisa, sem esquecermos que para cada ação há uma reação”. Um pensamento perene a respeito do não desperdício e do reaproveitamento tem tudo a ver com uma atitude sustentável. “Temos a criatividade e Divulgação/AEs Sul A Texto: Andréa Lopes Josué Claudio Metz, da AES Sul: a educação para a sustentabilidade começou em casa a tecnologia como grandes aliadas nessa tarefa”, assinala. “E ser sustentável tem a ver não só com a fauna e a flora, como se associava há alguns anos. Ser sustentável é uma ação também social. Veja quantas famílias se mantêm com a reciclagem, por exemplo.” Atitude que vem de casa Josué Claudio Metz, 34 anos, é formado em Ciências Biológicas e sempre teve preocupação e atenção com o meio ambiente. “Aprendi com minha mãe a separar o lixo seco do orgânico e a desligar luzes, televisão e torneira quando não as estivesse utilizando. São medidas simples que promovem economia financeira e também ajudam a poupar o meio ambiente”, ensina. Ele não se intimida e incentiva os colegas a tomarem atitudes simples. “Com o passar do tempo passei a ficar incomodado com a falta de cuidado que colegas, e mesmo amigos e familiares, tinham com questões básicas como a separação de resíduos, o desper- taram o uso de materiais descartáveis e produziram a menor quantidade possível de resíduos. “Utilizamos garrafas usadas de vidro na decoração com as flores, toalhas laváveis, bebidas servidas em garrafas retornáveis e, como lembranças para os convidados, distribuímos sacolas retornáveis de algodão, produzidas pela minha avó”, relata, orgulhoso. “Os resíduos de metal e vidro foram encaminhados para uma cooperativa de reciclagem. No momento do discurso ainda fiz questão de falar para os convidados que tivemos este cuidado para com o meio ambiente, na tentativa de incentiválos a pensar mais em sustentabilidade e levá-la, de fato, para o dia a dia.” Agora o casal se prepara para mudar para o apartamento novo. “Vou precisar comprar alguns eletrodomésticos e fazer umas reformas. Nesta etapa estou atentando para equipamentos com selo A do Procel, o que indica eficiência energética. Para os móveis quero saber se a empresa que vai instalar os tampos das pias possui licença ambiental e saber se a madeira tem o certificado da origem.” O novo apartamento fica próximo ao trabalho de Josué Metz e ele já providenciou uma bicicleta e umas caronas dos amigos para economizar combustível e colaborar para a redução da poluição – e dos engarrafamentos. “Estas atitudes às vezes implicam um investimento levemente maior, mas que com o tempo se paga com economia no consumo de água ou energia. Entendo que temos que valorizar as empresas que investem em qualidade ambiental”, propõe. Mesmo com toda essa dedicação, o biólogo acredita que pode fazer mais. “Ainda preciso avançar na utilização do carro particular, reduzindo seu uso, e observar a origem dos gêneros alimentícios, priorizando aqueles produzidos sem defensivos agrícolas e em regiões próximas aos supermercados, evitando que os alimentos façam longas viagens.” Ele deu as dicas. Agora é só praticá-las. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 13 dício da água e da energia elétrica. Eu procuro conversar com todos e tento influenciar para pensarem no que fazem e que podem fazer diferente.” Metz trabalha há 14 anos na AES Sul. Reconhece o incentivo da empresa no que se refere a questões sustentáveis e à promoção de eventos e atividades que estimulam o pensamento e a ação ambiental em seus funcionários. “Quem não traz o hábito de casa acaba incorporando na empresa mesmo”, conta. “Interessante é que a maioria das pessoas apoia e se preocupa com a causa ambiental, mas não consegue enxergar o que faz contra essa mesma bandeira no seu dia a dia. Isso porque as ações inadequadas, muitas vezes, são hábitos adquiridos na infância. Por isso que esse trabalho de educação é contínuo, um trabalho de formiguinha mesmo. E nisso a empresa pode contribuir e muito.” Metz foi sustentável até no casamento, realizado em abril de 2012. Nos preparativos para a festa, os noivos evi- G uia de Gestão FALANDO dentro dos padrões Capacidade de comunicar-se bem é uma qualidade procurada pela maioria das empresas. Para que isso aconteça, é necessário ter desempenho satisfatório no domínio da língua-mãe – um esforço que parte tanto dos colaboradores quanto dos gestores A 14 comunicação é feita de linguagem, seja oral ou escrita. A chamada norma culta de uma língua – a “maneira correta” de se expressar no idioma – nada mais é que uma tentativa de padronização, de maneira que indivíduos de diferentes círculos sociais possam se entender. Gírias, regionalismos, jargões e até palavrões são comuns, dependendo do momento. Contudo, no meio empresarial, procura-se utilizar os termos mais socialmente aceitos, por uma questão de respeito e formalidade. A relações-públicas e cerimonialista Camila Quintana trabalha com organização de eventos. Em meio a detalhes operacionais e rotinas do protocolo, um fator importante para que tudo corra bem são as pessoas. Colaboradores preparados para exercer suas funções são essenciais para que as cerimônias ocor- Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 ram como o planejado e os convidados ou participantes tenham uma boa impressão do encontro. A apresentação das pessoas a serem contratadas é inevitável, diz Camila. Vestir-se e, principalmente, comportarse de acordo com a ocasião são características procuradas em qualquer profissional da área. Discrição e dinamismo são algumas das qualidades apontadas pela cerimonialista. Porém, de nada adianta uma postura condizente com a função a ser exercida, se faltar uma comunicação adequada, ou uma linguagem correta. “Concordância, uso correto do plural e conhecimento de vocabulário, inclusive técnico, são fatores que influenciam em contar com esta pessoa ou não”, enumera Camila. A relações-públicas também destaca os pontos negativos, em se tra- tando de comunicação oral e escrita. As gírias, por exemplo, são vetadas. “É horrível ver as pessoas falando gírias em ambientes profissionais. Essas palavras não se inserem neste contexto – tampouco abreviações, como se usa em email. Ambiente profissional requer uma linguagem formal. Isso muda tudo em relação à credibilidade de um serviço.” Camila também alerta que um vício de linguagem comum, mas que deve ser evitado, é o uso constante do “né”: “Além de ser irritante, demonstra que a pessoa tem pouca linguagem e uma necessidade excessiva de concordância com o que fala. Cansa o ouvido e esgota qualquer paciência com o bom português”. E esse é apenas um caso. Aprimorar a capacidade de falar bem e comportar-se adequadamente com o público, para Camila, vem com a Linguagem correta A comunicação é fundamental para a empresa ir bem. É isso que afirma Adriana Cardoso, gerente de Recursos Humanos e headhunter da Prisma RH. Escrever e falar com clareza e seguindo a norma culta do português garante um diálogo mais efetivo entre pares e com os clientes. É algo que tem de estar na base da formação não só de gerentes e diretores, mas de todos os profissionais. “Muitas pessoas fazem curso de inglês sem saber a própria língua-mãe. Em entrevistas, pedimos que os candidatos escrevam uma redação. A dificuldade é imensa, mesmo para pessoas com nível superior de ensino”, garante Adriana. A headhunter acredita que esta dificuldade já vem da escola. Os alunos não são estimulados a falar em voz alta, nem a fazer ditados ou resumir um livro. São atividades básicas e simples, mas que auxiliam no desempenho futuro do jovem no mercado de trabalho. Outro problema apontado pela profissional de RH é o costume de se utilizar os sites de redes sociais. “Muitos jovens não conseguem separar a linguagem da internet da do ambiente de trabalho. Criar um email à diretoria ou direcionado a toda a empresa, digamos, é difícil. Eles abreviam muito e não se fazem entender.” Muitas dessas competências já são notadas durante a seleção para um emprego. Na entrevista ou na dinâmica de grupo já dá para saber se o candidato é mais introspectivo ou se tem facilidade para expor suas ideias. É claro que cada Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 15 leitura: “Quem lê sempre terá bons argumentos e um diálogo apropriado com o local que se encontra, além de melhores condições de se comunicar, o que é o diferencial em qualquer atendimento nos dias de hoje. Ler é o melhor remédio para escrever e falar corretamente”. Ela lembra, ainda, uma sugestão que costuma passar para suas equipes: “Não precisamos ser um dicionário ambulante, mas é preciso ir atrás das palavras que não conhecemos. Se não sabemos corretamente a sua pronúncia, melhor nem a citarmos”. A prática livra o profissional daquelas gafes causadas pelo excesso de formalismo e pela pretensão de usar os termos mais pomposos, mesmo quando não se tem segurança sobre o significado deles. G uia de Gestão gir todos os dias. O colaborador deve poder dar ideias, receber elogios e um retorno construtor.” Neste ponto, é importante que todos conheçam a visão, a missão e os valores da empresa. Quando se tem em mente os objetivos da organização, é mais fácil encaixar-se na cultura corporativa. Ao mesmo tempo, segundo Adriana, deve haver padrões para atividades do dia a dia, como o palavreado empregado numa mensagem interna ou o padrão de atendimento para ligações telefônicas. O segredo é orientar as equipes. É isso que acontece nos restaurantes da rede de comida australiana Outback. Os colaboradores são treinados de acordo com os princípios e crenças da empresa, sendo que o primeiro deles é o da hospitalidade. Quem chega ao local – sejam executivos em happy hour, sejam famílias com crianças pequenas – deve ser tratado com respeito e cordialidade. “Servir é encantar o cliente, conectar- se, agradar, realmente se doar”, afirma Rita Mauro, gerente de treinamento. A comunicação exerce um papel fundamental no processo. Apesar de ser um ambiente informal, o uso de gírias não é recomendado. “Também procuramos orientar os colaboradores a identificar qual é a forma com que eles vão ter de apresentar o cardápio”, explica Rita, referindo-se aos diferentes públicos atendidos pelo restaurante. Acima de tudo, vem o respeito ao outro, que se estende não só aos clientes, mas também entre colegas e gerências. “A relação entre colaborador e sócio tem que ser um elo, para ter credibilidade.” No momento da contratação, entre algumas características, é avaliada a energia da pessoa, se ela conseguirá se adaptar à filosofia do Outback. O perfil mais procurado são os estudantes universitários. Não à toa, o grau de instrução dos colaboradores contribui para uma melhor comunicação. Divulgação/Outback um tem sua personalidade, mas, no ambiente corporativo, algumas características devem ser trabalhadas. “A pessoa tem que buscar ser comunicativa”, recomenda Adriana. “A empresa espera do profissional que ele se relacione bem e, para isso, ele tem que se comunicar de forma objetiva e clara, transmitir suas ideias claramente. Para tanto, além das competências técnicas, ela precisa falar e escrever bem.” No entanto, não cabe somente ao colaborador fazer tal esforço. Os empregadores também podem estimular seus funcionários de diferentes maneiras. “Empresas de grande porte têm universidade corporativa, aulas online, várias metas comunicacionais. Os gestores priorizam isso”, lembra Adriana. Já empreendimentos menores não precisam ficar atrás. Podem ser realizadas dinâmicas de grupo e reuniões periódicas em que todos os indivíduos sejam incentivados a falar. Disponibilizar jornais, ou mesmo uma biblioteca para os momentos de intervalo, por sua vez, ajuda a instigar à leitura. Comunicação além da linguagem 16 Embora a linguagem seja a base da comunicação, ela não é tudo. Além de utilizar os termos adequados para cada situação, a pessoa tem que se sentir à vontade para apresentar suas ideias e expor problemas, quando necessário. “O funcionário não pode ter medo de se expressar. Ele tem que ter meios para isso”, indica Adriana. Essas ferramentas podem ser desde caixas de sugestões a reuniões de feedback. “O líder e suas equipes têm de intera- Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Outback prioriza a hospitalidade e o respeito entre os colaboradores Opinião Arquivo pessoal Günther Staub Diretor da Staub Comunicação e Marketing “Houve ‘desgauchização’ no comércio, na indústria, na agricultura, na saúde, nas exportações, na educação, na segurança pública, no saneamento básico.” públicas que tivemos e estamos tendo, nossa taxa de investimentos caiu para 5% e, segundo as estatísticas, somos hoje um dos piores estados brasileiros nesse quesito, e, pelo que se observa, continuaremos por algum tempo nessa triste posição. Efetivamente, temos muito a fazer, incluindo investimento e qualificação da educação, maturidade política para evitar rivalidades e rancores e para promover a união das classes em torno de um só objetivo: aumentar os investimentos e a produtividade do setor público e privado por meio da educação. Mas, de fato, quem pode encabeçar essas iniciativas? Sem dúvida contamos com a totalidade da classe política (todos os partidos), a totalidade da classe empresarial da indústria, comércio, agricultura e serviços e todas as entidades que representam esses segmentos. Incluem-se, ainda, universidades, sindicatos de empresas, empregados e empresários, judiciário, forças de segurança e entidades profissionais (mais de 50, ao todo), líderes religiosos e meios de comunicação. É necessário que todos deixem de lado suas rivalidades políticas, religiosas, regionais, raciais, culturais e futebolísticas e se unam em torno de um só objetivo: desenvolver o Rio Grande do Sul. Vamos começar agora? Nós ainda temos ótimos recursos humanos. 17 Ao final da década de 1950, o empresário Paulo Velinho deu uma entrevista ao Diário de Notícias que foi manchete de capa: “O Rio Grande precisa crescer ao ritmo de Brasília”. Isso em plena época dos “50 anos em 5” de Juscelino Kubitschek. Naquela entrevista, Velinho enfatizou a necessidade de o Rio Grande do Sul aumentar sua velocidade de crescimento, pois estava ficando para trás em relação a outros estados. Em meados da década de 1960, o jornalista Franklin de Oliveira escreveu uma série de artigos que depois foram reunidos em um livro, intitulado Rio Grande do Sul: um novo Nordeste. No livro, ele mostrava sua preocupação sobre a menor taxa de desenvolvimento do Rio Grande frente a outros estados, o que estava acarretando um empobrecimento tal que levaria o Estado a um estágio de subdesenvolvimento muito grande. Nesse longo intervalo de tempo, o Rio Grande não conseguiu atingir níveis de excelência em vários aspectos, realmente perdendo posições na indústria. Houve “desgauchização” no comércio, na indústria, na agricultura, na saúde, nas exportações, na educação, na segurança pública, no saneamento básico. Mas o mais grave foi a grande fuga de talentos, pelo fato de aqui faltarem oportunidades. Com as más administrações Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 D esenvolvimento do Rio Grande Sônia Hess FOTOs: divulgação/Dudalina E N T R E V I S T A A líder que veste a camisa Sônia Hess é uma empreendedora nata. O gosto pelo trabalho e a sede por desafios não negam, é uma brasileira admirável. Em sua trajetória, a presidente da Dudalina faz uso de uma receita simples: amor às pessoas, humildade e aprendizado contínuo Sônia Sou filha de uma mulher superempreendedora. Foi minha mãe quem começou a empresa, com 16 filhos e muita garra. Meu pai era poeta, trabalhador, mas não empreendedor. E quando você tem muitos irmãos, a questão de empreender se torna necessária. É quase como uma forma de sobrevivência: todo mundo tem que se virar. O empreendedorismo acaba acontecendo inevitavelmente. Quais são suas lições sobre empreendedorismo a partir da experiência em outras empresas do setor têxtil? Sônia Vamos retomar um pouco a história. A Dudalina nasceu dois anos depois de mim, e vivi na empresa até meus 21 anos. Então, fui convidada para trabalhar fora, em uma empresa de confecção de Minas Gerais. Fiquei trabalhando lá até o final de 1983 e decidi que queria me mudar pra São Paulo, procurar um emprego, me virar. Nesse momento, meus irmãos, que estavam à frente da Dudalina, me convidaram para aceitar um novo desafio: a expansão da empresa para o sudeste do país. Então eu abri esse mercado, e há mais de 30 anos voo toda a semana para Blumenau (onde fica a sede da empresa). Acabou acontecendo que eu passei pela área comercial, pela área de produtos, de marketing, e no final de 2002 o Conselho de Administração me convidou para ser a presidente da Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 19 A senhora acompanha a empresa da família desde a infância. De que forma isso influenciou na sua forma de administrar a companhia? Entrevista empresa. Eu aceitei, e estou como presidente da empresa até hoje. Meu aprendizado nas outras empresas foi, primeiramente, de que eu não precisaria depender da minha família para criar uma carreira ou para ser empreendedora. Eu poderia, talvez, ter seguido outros caminhos como empreendedora, e que era um dos meus sonhos, o de realmente começar um negócio só meu. Mas a vida vai contando outras histórias, então voltei para o negócio da família. Tive um aprendizado antes de me mudar para Minas Gerais: era diretora de uma empresa pequena, mas já tinha um cargo importante. Poderia estar em uma zona de conforto, quando recebi o convite para voltar à Dudalina. E na época, lembro que me aconselhei com um amigo que disse: “Se você for, você pode vir a se arrepender, mas se não for, vai se arrepender para o resto da vida”. Então, nunca me arrependi e acho que essa frase foi muito importante, porque tem algumas horas da sua vida em que a decisão é muito difícil e você se acovarda por esse medo do desconhecido. Na realidade, eu enfrentei esse desconhecido e estou muito feliz com isso, porque acredito que conquistei um espaço bem interessante. A senhora assumiu a Dudalina em 2003 e já tem projetos para deixar o comando executivo e ingressar no Conselho de Administração. Quando isso deve acontecer e como? Sônia Primeiramente, já estou preparando um sucessor. Em qualquer empresa, depois de um certo tamanho, tem que ter muito respeito pela empresa, porque todo mundo é finito. Então, todos as pessoas da nossa empresa que estiverem em cargo de gerência têm que ter um sucessor. Minha meta é: quando a empresa faturar seu primeiro bilhão, ir para o Conselho de Administração e continuar ligada, mas muito mais à estratégia que à parte executiva. Acredito que isso acontecerá em três ou quatro anos. 20 “Quando você tem muitos irmãos, a questão de empreender se torna necessária. É quase como uma forma de sobrevivência: todo mundo tem que se virar.” Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 O próximo presidente não deve ser um membro da família. Como foi realizada a escolha do próximo líder? Sônia O processo de escolha é algo natural. Temos uma liderança muito interessante na empresa. É um executivo que está conosco há quase 30 anos, conhece a empresa profundamente e fez sua carreira lá dentro. Ele está sendo preparado, e sabe disso. É interessante quando o sucessor também aceita que isso levará um tempo e não cria a expectativa de que é amanhã. Se acontecer de amanhã cair um avião em que eu esteja viajando, eu tenho alguém. E tenho um irmão na empresa que é um excelente executivo mas não almeja o posto, e é necessário respeitar cada pessoa. Desta forma, meu sucessor não deverá ser um membro da família. “Hoje não dá mais para você crescer e ter uma empresa decente no mercado se ela não tiver transparência.” Existe fórmula para uma sucessão familiar bem-sucedida? Qual? Qual a importância da profissionalização da gestão em empresas familiares? Sônia Total. A única forma de perenizar uma empresa familiar é profissionalizando. É como falei: tendo governança e profissionalizando, senão, não pereniza. Quantas empresas já vimos, que eram potências, gigantes, perfeitas e lindas enquanto seus fundadores estavam vivos e atuando, e depois começam as próximas gerações. Aí a tendência a ter outras interferências fica muito grande e acaba criando problemas muito sérios. Entre 16 irmãos (11 homens e cinco mulheres), há apenas dois membros da família atuando na empresa. Como foi esse processo? Sônia Meu irmão é diretor de Varejo. É algo que foi acontecendo. Todos são empreendedores e não há espaço para os Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 21 Sônia Você pode ter várias fórmulas. Se for uma empresa de grande porte, normalmente se procura ajuda de coaching, de consultoria, e tudo o mais. Quando é uma empresa do tamanho da nossa, em que temos uma gestão muito compartilhada, ela é mais natural. Não existe uma fórmula pronta, cada empresa tem que procurar a sua. O que sempre sugiro para as empresas familiares, hoje, é que façam primeiramente um acordo de acionistas muito bem feito. Em segundo lugar, que tenham uma boa governança. Terceiro: criem sucessores claros, num processo transparente, e não aquele jogo de esconde-esconde. Hoje não dá mais para você crescer e ter uma empresa decente no mercado se ela não tiver transparência. Entrevista 16 dentro de uma empresa do tamanho da nossa. Logo, cada um foi procurar aquilo que lhe interessava. Tem advogado, médico, dentista, cada um foi procurar o interesse na sua maturidade, e a empresa ficou com dois dos acionistas na executiva e os demais são sócios. O projeto de sustentabilidade da Dudalina é uma de suas prioridades. Fale sobre isso. Sônia Minha mãe sempre foi uma pessoa muito à frente do seu tempo, então ela começou a utilizar os retalhos e, em vez de jogarmos fora, ela começou a bordar, a fazer patchwork com esses retalhos. E com o tempo isso se tornou um projeto do instituto que temos na empresa, o Instituto Dona Adelina. No ano passado deixamos de jogar no lixo 32 toneladas de retalhos, mais os plásticos que são os forros das sacolas, e construímos em torno de 300 ONGs espalhadas pelo Brasil inteiro. Construímos esse projeto de sustentabilidade que é o aproveitamento desses retalhos. Uma das iniciativas importantes que nós temos é a sacola social, que é uma ação mais específica, pois tem vários outros trabalhos, e que ensinamos a fazer: doamos as máquinas, doamos o material e compramos a sacola de volta. É um trabalho de sustentabilidade, de reciclagem, de geração de renda e de inclusão social, porque ele é feito em clube de mães, em institutos, ONGs. São várias instituições que fazem essa sacola. Quais são suas outras prioridades como executiva da empresa? Sônia Minha prioridade hoje é: crescer. Nós geramos mais de 2,3 mil empregos e, como diz o nosso slogan, Com amor à camisa e às pessoas. Isto é, crescer de uma forma sustentável, respeitando todas as instituições: governo, sociedade, pessoas, e tornar a Dudalina a empresa de moda mais admirada do Brasil. Isso está na nossa ideologia. Qual a origem do apelido “embaixatriz da paz”? 22 “Acredito que quando as pessoas compartilham, o resultado vem.” Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Sônia Era algo que meus pais falavam, porque eu sempre fui muito de unir os irmãos, ficava sempre muito disponível, fui a primeira a sair de casa. Se viajava ao exterior, sempre levava alguém junto. Sempre tive um relacionamento muito bom com todos, e por isso meu pai falava que eu seria embaixatriz da paz. Mas é um compromisso muito mais dele que meu (risos). Eu tento, mas nem sempre é possível agradar a todos. Qual a maneira Dudalina de manter a equipe engajada? Sônia Compartilhando, repartindo. Temos a nossa participação nos lucros e este ano devemos restituir seis salários para cada pessoa, do resultado do ano passado. Acredito que quando as pessoas compartilham, o resultado vem. Se a pessoa sabe o nível de responsabilidade que ela tem quando ajuda a empresa a gerar lucro, e ela participa nele, ela tem muito mais a responsabilidade, cada um é dono de um pouco que é o todo. Compartilhar, portanto, é muito importante e fortalece isso. E gostar de gente, seguir adiante e construir, realmente, uma marca poderosa. “A moda é muito rápida, perecível, então você tem que criar não o que as pessoas querem, mas sim o que elas não sabem que querem.” Onde a senhora busca inspiração para a criação de coleções da Dudalina Feminina? Sua rotina é extensa: das 7h às 20h. O que a senhora faz para manter a energia e disposição? Sônia Gostar do que faz e ter uma responsabilidade gigante que é a nossa empresa de 2,3 mil colaboradores, e mais 5 ou 6 mil indiretos. Manter o pique das pessoas e da própria empresa também. Sempre fui muito ativa, trabalho muito, gosto muito do que faço. E quando você gosta do que faz e acredita no seu trabalho, essa energia aparece. Se em algum momento parece que está caindo, olho para frente, rezo um pouco. Sempre digo que tenho dois anjos no céu, que são meus pais, e espero que eles continuem dizendo amém. Como está sendo realizado o processo de internacionalização da marca? Sônia Um aprendizado, pois ainda é um processo muito recente. Estamos aprendendo a vender nossas marcas lá fora, dando um passo por vez, com muita humildade. E está sendo uma grande experiência! Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 23 Sônia No mundo todo, nas pessoas, em tudo. Não há um padrão, eu viajo três, quatro vezes por ano, temos uma equipe fantástica na área de Pesquisa & Desenvolvimento, na área de Inovação, que faz pesquisas fora, tem sites. Temos que estar ligados 24h por dia, porque o que hoje é novo amanhã já deixa de ser. A moda é muito rápida, perecível, então você tem que criar não o que as pessoas querem, mas sim o que elas não sabem que querem. R ecursos Humanos Caminho virtual para a contratação As redes sociais não são apenas um espaço de lazer. Para diversas organizações, os sites de relacionamento são uma oportunidade para conhecer melhor os candidatos a uma vaga de emprego. Confira casos de quem adotou a prática e beneficiou seus negócios P 24 oucas ferramentas tecnológicas simbolizam tão bem o mundo em que vivemos quanto a internet. Acessível em computadores e dispositivos móveis, a rede mundial de computadores se faz a cada ano mais presente no cotidiano das pessoas. De acordo com um estudo divulgado em fevereiro pela companhia de pesquisa online Comscore, o brasileiro costuma gastar 9,7 horas mensais em sites de mídias sociais. As informações dos perfis permitem às organizações traçar um perfil dos hábitos, interesses e consumo dos usuários. Isso não é segredo para ninguém, mas o que talvez muita gente não saiba é que a área de Recursos Humanos tem se utilizado cada vez mais das redes sociais para selecionar o candidato mais preparado para ocupar uma determinada vaga de emprego. Na Manpower Specialist, companhia especializada na seleção de executivos, o Linkedin é um dos recursos mais importantes na etapa de Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 pré-seleção. A rede social permite aos usuários filtrar os perfis de acordo com a formação, a experiência e a localização, entre outros critérios, facilitando ao recrutador montar uma lista de profissionais habilitados para um cargo. “Se alguém se encaixa no que nosso cliente deseja, então é convidado para uma entrevista pessoal. Assim podemos conhecê-lo e fazer uma avaliação mais completa”, explica o gerente da empresa, Thiago Medeiros. Quando se trata de carreira, o Linkedin dá uma visibilidade ao candidato que outras redes sociais, como o Facebook, o Twitter, o Orkut ou o Google+ não oferecem. Entretanto, Medeiros diz que esses sites não são descartados do processo de análise de um profissional, mas são usados em uma etapa posterior, de checagem de referências. “As empresas dificilmente contratam alguém que participa de uma comunidade do tipo ‘eu não gosto de trabalhar’ ou ‘odeio o meu chefe’. É preciso cuidado com o que é colocado na rede”, recomenda o especialista. Para a consultora de Recursos Humanos e diretora de grupos de estudos da ABRH-RS, Cristiane Steigleder, a ascensão das redes sociais como instrumento de recrutamento é a mais recente etapa de um processo evolutivo que já trocou os currículos em papel pelos digitais. O objetivo, entretanto, segue o mesmo: apresentar as competências técnicas e a experiência em outras empresas. Da mesma forma, o momento mais importante continua sendo a entrevista. “Os critérios básicos e tradicionais são a essência. As informações documentais dos candidatos têm seu valor, mas são superficiais. Não dá para desprezar o contato pessoal”, afirma Cristiane. A forma como um profissional se comporta nas redes sociais pode não ser o fator mais importante em um processo seletivo, entretanto não deixa de ser um diferencial competitivo. Na avaliação Lúcia Simon A EXPERIÊNCIa DAs EMPRESAS Com sede em Porto Alegre, a Frigelar é uma rede varejista de equipamentos de refrigeração com atuação em diversos estados brasileiros. Sempre que abre uma vaga de nível gerencial, em qualquer uma das 21 lojas, a empresa recorre ao Linkedin. Uma das respon- sáveis por esse trabalho é a analista de Recursos Humanos, Ana Lúcia Rhoden. “É a ferramenta mais completa, até por ser direcionada para uso profissional. A rede permite localizar pessoas que não estão olhando ativamente para o mercado e até já conseguimos contratar bons colaboradores dessa forma. Outra vantagem é a facilidade de contato com candidatos de outras regiões do país”, comenta. Na maior parte das vagas no grupo Frigelar, ligadas ao setor operacional, as redes sociais não são consideradas. Ana Lúcia revela que, nesses casos, a política da companhia é apostar na eficiência do processo de seleção tradicional. “Nesses casos, não exigimos experiência específica. Optamos pelo rigor na avaliação psicológica e os escolhidos são então desenvolvidos aqui dentro”, declara. Já na Trópico Surf Shop, rede especializada em produtos de surfe, o uso das mídias sociais para a seleção de candidatos a uma vaga é recente. “Não faz nem um ano, mas temos um resultado interessante. Tivemos um retorno bem melhor do que o anúncio em jornal, tanto que abandonamos esse meio de comunicação”, compara a diretora de RH na empresa, Angela Schifino. O Facebook é a rede da preferência da Trópico. “É onde está a maior parte do nosso público, seja externo ou interno”, justifica a executiva. Ainda assim, a empresa também acompanha o Twitter e o Linkedin. Na hora de selecionar os candidatos, uma atenção especial é dada para os candidatos que gostam do esporte e da natureza. Tudo para garantir que empresa e colaborador compartilhem dos mesmos valores. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 25 de Cristiane, um perfil no Facebook ou no Twitter deve coincidir com os valores do candidato. “Por exemplo, se uma empresa precisa de um colaborador que seja criativo, a pessoa interessada em ocupar o cargo necessita demonstrar na internet que tem essa característica. Então tem que haver uma coerência entre o que ela passa pessoalmente e o que é exposto nas mídias sociais”, reflete a diretora da ABRH-RS. T R I B U T O S Texto: Marcelo Salton Schleder Ofensiva para um estado competitivo Apesar da positiva unificação da alíquota interestadual do ICMS sobre os produtos importados, o Rio Grande do Sul ainda terá muitas batalhas pela frente na luta pela competitividade. A guerra fiscal entre os estados é fruto de 27 Q uinto país mais extenso do globo terrestre, o Brasil é uma federação formada por 26 estados e um Distrito Federal. Cada unidade federativa possui características geográficas, humanas e econômicas distintas e tem assegurada pela Constituição Federal a garantia de criar uma legislação específica para a sua realidade local. Essa autonomia permite a cada região estabelecer suas normas tributárias, de forma a estimular o desenvolvimento regional. Entretanto, as práticas competitivas para atrair investimentos deram origem a um conflito entre os estados, popularmente conhecido como guerra fiscal. Desde a década de 1990, o termo aparece com frequência no noticiário econômico. Foi um período em que se tornou comum a concessão de benefícios fiscais e financeiros – normalmente relacionados ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – pelos estados às empresas de grande porte, para incentivá-las a se instalar em seus territórios. Os resultados dessa política de concorrência agressiva são, até hoje, debatidos entre os economistas. Porém, as dúvidas sob a ótica dos tributaristas são poucas. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 uma concorrência acirrada e um entrave para o desenvolvimento do país T ributos Conselheiro de Assuntos Tributários da Fecomércio-RS, Adão Sérgio do Nascimento Cassiano destaca que a Constituição Federal é clara no sentido de que a concessão e a revogação de benefícios fiscais de ICMS estão sujeitas a um prévio convênio entre os estados, a ser acordado em reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz). O órgão é composto por representantes do Ministério e das secretarias estaduais da Fazenda, sendo que qualquer benefício fiscal a ser oferecido precisa ser aprovado por unanimidade entre os presentes, enquanto a revogação de um existente necessita de quatro quintos dos votos. “É fácil perceber que se essas regras fossem cumpridas não haveria guerra fiscal”, afirma o especialista. Na prática, os benefícios têm sido concedidos por decisões unilaterais dos estados, ignorando a discussão no Confaz. Para Cassiano, a União peca ao não Divulgação/Cassiano Advogados “É fácil perceber que se as leis fossem cumpridas não haveria guerra fiscal.” Adão Cassiano 28 Conselheiro de Assuntos Tributários da Fecomércio-RS Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 estabelecer uma política industrial para o país que contemple a igualdade entre as unidades federativas. “A isso se alia ainda certa omissão do Senado Federal, que tem a faculdade constitucional de intervir na matéria mediante a fixação de alíquotas máximas nas operações internas para resolver conflito específico entre estados”, critica. Na prática, os benefícios têm sido concedidos por decisões unilaterais dos estados, ignorando a discussão no Confaz. A redução de alíquotas ou isenção do ICMS têm sido propostas em troca de investimento por parte das empresas contribuintes ou pela criação ou manutenção de empregos em uma região, mas há também casos de companhias favorecidas sem qualquer contrapartida ao erário. O consultor tributário da Fecomércio-RS Rafael Borin diz que algumas unidades federativas optaram em oferecer benefícios através de reduções de base de cálculo do ICMS ou pela concessão de créditos presumidos. Essa estratégia atrai menos a atenção, mas também não cumpre as normas previstas na Constituição. “Exemplos muito claros desses procedimentos são vistos no Paraná e em Santa Catarina, que concederam suspensão e diferimento do ICMS no desembaraço do produto importado. Quando a mercadoria deixa o estabelecimento importador, é concedido um crédito presumido entre 9% e 6%”, conta. VITORIOSOS E DERROTADOS O aumento da competitividade econômica é a principal motivação da guerra fiscal. Nesse fogo cruzado, os maiores vencedores são – ao contrário do que as aparências sinalizam – os próprios estados. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) indica que, de 1997 a 2010, a arrecadação do ICMS registrou crescimento nominal de 354,52%, contra aumentos de 122,76% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que determina a inflação, e 291,31% no Produto Interno Bruto (PIB). Certamente os estados que não seguem a legislação ficam com uma parte significativa desse bolo, mas quem seriam as vítimas dessa disputa? “Parece que os maiores prejudicados são mesmo as empresas e o mercado, na medida em que a Outro ponto de discórdia entre as unidades da federação diz respeito aos produtos importados. Alguns estados decidiram reduzir os impostos sobre as mercadorias que ingressam no país através de seus portos, incentivando a instalação de novas empresas e o consequente aumento no volume de negócios. Tudo isso de forma unilateral, sem a aprovação do Confaz. Conforme explica Borin, a estratégia funcionava de duas maneiras simples: “A primeira era a desoneração do ICMS na chegada do produto, diminuindo as despesas para o importador. A segunda dizia respeito à concessão de um crédito presumido na venda da mercadoria para outros estados”. Para efeito de comparação, quando um artigo ingressa no país pelo porto de Rio Grande, há um custo tributário de 17% relativo ao ICMS, além de uma taxação de 12% na venda para outro estado das regiões Sul e Sudeste. A mesma operação no porto de Paranaguá, no Paraná, recebia um desconto de 12% no valor do ICMS, resultando em uma carga tributária, em média, de 3%. “O custo fiscal nos estados que não entraram nessa guerra chegava, em alguns casos, a ser cinco vezes maior do que participavam”, calcula Borin. Diante dos protestos, o Governo Federal optou em acabar com essa desigualdade. Aprovada pelo Senado Federal, a Resolução nº 13/2012 reduziu a alíquota interestadual do ICMS sobre os produtos importados, de 12% e 7% para 4%. Em vigor desde 1º de janeiro, a norma fez, de acordo com Borin, “com que a diferença de tributos entre Divulgação/Fecomércio-RS “O custo fiscal nos estados que não entraram na guerra dos portos chegava a ser cinco vezes maior.” Rafael Borin Consultor tributário da Fecomércio-RS as unidades da federação fiquem pequenas ou quase inexistentes”. Outras mudanças importantes da lei são a aplicação da alíquota de 4% nas operações com mercadorias industrializadas, desde que o custo de importação seja superior a 40% do valor; a não aplicação da taxação sobre operações de itens sem similar nacional; a criação da ficha de conteúdo de importação; a obrigatoriedade de informar os custos da mercadoria importada na nota fiscal de venda e o cancelamento dos benefícios fiscais concedidos cuja carga tributária final seja igual ou superior a 4%. POSIÇÃO DO GOVERNO GAÚCHO Uma das unidades federativas que mais comemoraram a implantação da Resolução nº 13/2012 foi o Rio Grande do Sul. O secretário estadual da Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 29 ilustração: silvio ribeiro concessão inconstitucional e ilegal de benefícios fiscais traz seríssimos problemas relativos à livre concorrência”, analisa o conselheiro da Fecomércio-RS. Para os empresários, “há o risco de que, com a eventual anulação pelo Judiciários dos benefícios irregularmente concedidos, os contribuintes venham a ser responsabilizados – inclusive para o passado, pelo período não prescrito – pelo pagamento de valores que deixaram de ser recolhidos”, alerta Cassiano. Para o conselheiro, se os magistrados entenderam que houve boa fé, as vantagens estão protegidas pelos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança. GUERRA DOS PORTOS T ributos Fazenda, Odir Tonollier, acredita que a medida beneficia os estados com uma economia competitiva e que permaneceram responsáveis durante o período da guerra dos portos. “Esse processo foi a radicalização das disputas fiscais. Não era uma concorrência para atrair fábricas, mas um conflito relacionado aos produtos importados, em detrimento da indústria nacional”, sustenta. Com a guerra dos portos, o Rio Grande do Sul perdeu arrecadação, enquanto as indústrias calçadista, petroquímica e têxtil perderam espaço no mercado brasileiro para concorrentes do exterior. “Chegamos ao ponto da irracionalidade no qual a briga deixou de ser para a instalação de empresas em cada estado para ser pela importação com a menor taxação”, lamenta Tonollier. Para 2013, a Sefaz projeta uma receita adicional de R$ 500 milhões, se Eduardo Seidl/Palácio Piratini “A guerra dos portos foi a radicalização das disputas fiscais. Era um conflito que prejudicava a indústria nacional.” Odir Tonnolier 30 Secretário Estadual da Fazenda Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 a medida se mostrar efetiva, sem novos artifícios para driblar a legislação. Depois de as reivindicações sobre a taxação desigual para os importadores terem sido atendidas, o Executivo gaúcho se prepara para ser ressarcido pela União das perdas de receita. “O governo federal se propôs a criar um fundo para cobrir as perdas. Esses recursos, na medida em que deixam de ser instrumento para a atração de indústrias, serão investidos na criação de um fundo de desenvolvimento”, projeta o secretário. A intenção é recolocar a produção agroindustrial, em queda com a concorrência dos importados, na relação dos setores mais competitivos da economia nacional. A REAÇÃO DAS EMPRESAS Representante de um dos segmentos mais beneficiados com o fim da guerra dos portos, o vice-presidente do Sindicato dos Atacadistas do Rio Grande do Sul, Luiz Henrique Hartmann, demonstra satisfação em ver uma antiga demanda ser atendida, embora deixe claro que ainda há avanços a serem conquistados. “Estamos vendo que há estados com um novo benefício sobre os 4%. Ou seja, 3% são creditados, se transformando em benefício. É claro que isso será provisório, mas é preciso regularizar esse caso”, protesta. Uma questão polêmica diz respeito aos custos das mercadorias importadas, informados aos clientes através das notas fiscais. “O governo gaúcho tem feito vistas grossas, mas há o risco de que, de uma hora para outra, isso se transforme em uma obrigação para as empresas”, argumenta Hartmann. Como resultado, o segredo comercial por trás de cada negócio se torna público, prejudicando assim diversas companhias. Além disso, a receita estadual receberia esses dados dados sigilosos, causando não apenas a perda de competitividade, mas também eventuais notificações e multas. DISPUTA NAS CORTES Cada região do Rio Grande do Sul possui matrizes econômicas distintas. Quando se consideram as diferenças entre os estados e regiões do Brasil, as variações são ainda maiores e é difícil encontrar uma solução que agrada a interesses muitas vezes opostos. “O principal problema da federação brasileira é a forma com que é organizada. Lúcia Simon TRATAMENTO DESIGUAL É a questão mais complexa do país e, longe de ser um tema jurídico, é de natureza política”, argumenta o advogado e juiz do Tribunal de Taxas e Impostos do Estado de São Paulo, Luiz Fernando Mussolini Júnior. Mesmo que o Senado Federal tenha aprovado a Resolução 13/2012, o jurista alerta que ainda há movimento nos tribunais relacionado à guerra dos portos. O governo do Espírito Santo contesta a constitucionalidade da decisão do Senado no STF, entendendo que o Legislativo não teria competência para estabelecer uma alíquota única nas operações interestaduais dos importados, além de que representar um aten- Enquanto o empresário contribuinte é tratado com rigor pelo poder público, o Executivo e demais autoridades têm um histórico de não serem penalizados em caso de descumprimento da legislação. “É uma questão cultural”, sustenta o consultor tributário da Fecomércio-RS Rafael Pandolfo. Enquanto a legislação tributária é cumprida nos mínimos detalhes, a responsabilidade fiscal e a improbidade administrativa recebem um tratamento condescendente. O processo de impunidade é fruto de uma reação em cadeia. O primeiro governador concede um benefício fiscal, que permanece em vigor até ser derrubado pelo Supremo Tribunal Federal. Nesse cenário, diversos empresários migram para o estado que concede o privilégio ou optam por pressionar a unidade federativa em que estão instalados a tomar a Lúcia Simon “O rigor com o qual é tratado pelo poder público é uma questão cultural.” Rafael Pandolfo Consultor tributário da Fecomércio-RS mesma atitude. Como ninguém é punido, ao tomar a mesma medida, cada ação resulta em retaliação dos demais. “Ou se termina com esse círculo vicioso através das punições previstas, ou se acaba com toda a credibilidade das leis sancionadas de responsabilidade fiscal ou improbidade administrativa”, declara Pandolfo. Para reduzir os efeitos da guerra fiscal, o consultor da Fecomércio-RS aponta que o Executivo gaúcho precisa superar obstáculos políticos. O posicionamento político nas reuniões do Confaz requer ser ainda mais incisivo, já que ainda se fala de desoneração tributária, não se faça apenas na intenção ou redução de impostos, mas também de procedimentos e políticas públicas coerentes. Se adequar à legislação e às necessidades da iniciativa privada reforça a sensação de segurança jurídica e de confiança dos investidores, caminho essencial para o desenvolvimento. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 31 tado ao princípio da isonomia, criando diferenças entre produtos fabricados no país e no exterior. Entre os movimentos que objetivam enfrentar os estados infratores, um deles é movido pelo Executivo gaúcho. O Rio Grande do Sul tem cobrado na Justiça o ICMS devido futuramente pelo varejista na entrada da mercadoria no Estado. É a chamada cobrança antecipada, com o recolhimento sobre uma margem de lucro presumido. “Contrárias a isso, algumas entidades varejistas entraram com ação no Tribunal de Justiça do Estado. O governo estadual recorreu para o STF e a decisão sobre o recurso terá repercussão no país todo. É a prova de o quanto essas questões envolvem um alto grau de complexidade”, comenta Mussolini. S aiba mais TE C N O L O G I A Área de TIC será cada vez mais carente de profissionais Um estudo da consultoria IDC coloca em alerta o mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC): em dois anos, centenas de milhares de vagas de trabalho estarão sobrando. De acordo com a empresa, os 39,9 mil postos que ficaram em branco no ano de 2011 irão aumentar. Estima-se que em 2015 este número alcançará a marca de 117,2 mil. Ou seja, a demanda por trabalhadores estará 32% acima da oferta. Importante no aprendizado de programação de softwares, o domínio de matemática básica é baixo entre os brasileiros. Segundo levantamento realizado em 2009 pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o Brasil ficou em 57º lugar em matemática entre 65 economias do mundo. legado imagina só! As dicas de Steve Jobs para alavancar a carreira 1. Ame o que faz 2. Não tolere “palhaços” ao seu redor 3. Você não pode fazer tudo sozinho 4. Se você quiser vender algo, se coloque no lugar do comprador 5. Seja o melhor de sua área, mas não seja inacessível 6. Se você não vence a competição, mude as regras 7. Não brinque com sua saúde 8. Não se acomode com o sucesso 9. Não tenha apenas um embrulho, mas também uma apresentação 10. Orgulhe-se de seu trabalho MERCADO Dança das cadeiras nas empresas 32 Jim Frech/Stock.xchng Grande parte dos executivos brasileiros espera trocar de posição dentro da empresa em que trabalha. O dado é de uma pesquisa da Michael Page, realizada com 1,8 mil profissionais do país. Ao todo, 23% dos participantes afirmaram querer mudar de cargo dentro da organização. Em 2012, apenas 11,6% confessaram essa vontade. O desejo é ainda maior nos funcionários de multinacionais, que representam 29% do total. Entre colaboradores de empresas nacionais, o índice cai para 18%. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Refresco sustentável A corrida por produtos sustentáveis pode aposentar em breve o uso recorrente do arcondicionado. Tudo isso porque cientistas da Nasa desenvolveram uma tinta à base de água e microesferas ocas de vidro que possibilita a redução da temperatura e, consequentemente, o consumo de energia em até 60%. O material pode ser aplicado em qualquer tipo de superfície. Quando utilizado para revestir telhados de construções, o efeito refrescante é intensificado, uma vez que a parte externa recebe mais incidência de raios solares. O investimento é 50% menor quando comparado à espuma de poliuretano, que tem como base o petróleo e é utilizada na maior parte das obras de isolamento térmico. O efeito térmico dura aproximadamente cinco anos e a tinta pode ser aplicada pelos proprietários em casas, prédios, indústrias e estabelecimentos comerciais. : Davide Guglielmo/Stock.xchng A revista Forbes publicou um artigo que cita as maiores lições do fundador da Apple, Steve Jobs (1955 – 2011), no que diz respeito a negócios. Confira abaixo: em tempo Brasileiro não planeja aposentadoria E-COMMERCE Mitos do varejo online O estudo O futuro da aposentadoria: uma nova realidade, feito pelo HSBC, revela dados alarmantes. Conforme a análise, os trabalhadores do Brasil esperam viver, em média, 23 anos após pararem suas atividades. Porém, poupam o suficiente para apenas 12 anos. No país, foram ouvidos mais de mil brasileiros, os quais esperam que a aposentadoria cubra 70% do rendimento de seu trabalho, e que 31% da remuneração será proveniente do Estado. Enquanto 19% da população brasileira não realiza nenhuma preparação para a sua aposentadoria, 41% acreditam planejá-la de forma inadequada. Os hábitos de compra dos e-consumidores são analisados todos os anos pela PwC. Na edição de 2013 da pesquisa, a empresa juntou os dez mitos do e-commerce. São eles: As mídias sociais se tornarão um canal de varejo indispensável As lojas físicas servirão mais como showrooms no futuro O tablet em breve ultrapassará o PC como dispositivo preferido para compras online Com a globalização, os consumidores estão ficando parecidos A China é o modelo de varejo online do futuro Os varejistas domésticos têm vantagem sobre os varejistas globais Sites internacionais de vendas online têm vantagem sobre os concorrentes domésticos Os varejistas estão mais bem posicionados do que as marcas, pois têm maior proximidade com os clientes O varejo online está canibalizando outros canais de venda Preço baixo ainda é o maior diferencial para consumidores DRAGÃO ASIÁTICO gênero Mais informações na edição 92 da B&S A Hogan Assessments decidiu comparar os líderes chineses com os ocidentais, por meio de pesquisa feita em quatro países: Estados Unidos, Austrália, Alemanha e China. O estudo revela que os gestores orientais são mais participativos e apoiam mais os esforços de suas equipes. Além disso, eles mostraram se importar com o bem-estar coletivo e valorizar o trabalho individual. Os testes indicaram ainda que os chineses se preocupam com aspectos estéticos, como aparência pessoal, limpeza e organização. Porém, são mais temperamentais, reservados, intimidadores e obsequiosos que os líderes ocidentais. Eva Heinsbroek/Stock.xchng Líderes chineses em prova Mercado de trabalho: cenário permanece desigual Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 33 Pesquisa da Endeavor Brasil revela que ainda existem diferenças no mercado de trabalho entre homens e mulheres. Enquanto 57,7% do público masculino apresenta dificuldades na área de Recursos Humanos ou em processos produtivos, no caso das mulheres este percentual é de 34,6%. Em contraponto, eles conseguem financiamento governamental para suas inovações em 38,5% dos casos. No lado feminino o número cai para 19,2%. A causa seria a menor visibilidade de suas ações, já que as mulheres apresentam maior foco na implementação de novas técnicas de marketing e integração da equipe, por exemplo. Os homens, por sua vez, se concentram em áreas mais tradicionais, como indústria e criação de produtos. As entrevistadas também afirmaram se sentir discriminadas por bancos, governos e financiadores em grau bem maior que os homens. Outra queixa do sexo feminino é o preconceito quanto à idade, reclamação inexistente no gênero oposto. T endências Tecnologia em escala atômica Partículas que medem bilionésimos de metro são responsáveis por avanços na ciência e na indústria. Aprenda mais sobre a nanotecnologia e como ela vem, aos poucos, revolucionando o mundo como o conhecemos U m nanômetro é uma unidade de medida que corresponde a um bilionésimo de metro. Esta escala microscópica serve para mensurar partículas tão pequenas quanto átomos. As assim chamadas nanopartículas, que geralmente não ultrapassam 100 nanômetros de extensão, são a base para a nanotecnologia – como o nome já diz, a manipulação de estruturas numa escala molecular. Devido a seu tamanho ínfimo, as nanopartículas conseguem atuar diretamente nas células ou moléculas. Suas proporções permitem que ultrapassem filtros e barreiras naturais. Com isso, elas podem ligar-se às moléculas, alterando sua constituição e sua composição química. Um potencial animador, mas ao mesmo tempo preocupante. Aplicações variadas 34 As aplicações da nanotecnologia são as mais variadas possíveis – tanto que alguns especialistas falam em nanotec- Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 nologias, no plural. Há contribuições e avanços nos campos da saúde, da estética, da energia e até do vestuário e da indústria automotiva. Tintas para carros tornam-se mais resistentes a arranhões. Tecidos elaborados com nanopartículas repelem líquidos ou rompem com mais dificuldade. Nanossondas medem o nível de glicose no sangue de diabéticos. Nanopartículas de prata presentes em aparelhos de ar condicionado e máquinas de lavar roupas contribuem para a eliminação de vírus e bactérias. Nanofiltros purificam água contaminada. “Estas partículas têm propriedades muito distintas. Não há dúvidas de que a nanotecnologia é o caminho, porque os resultados são diferenciados. Não se consegue obtê-los numa escala macro”, comenta Naira Maria Balzaretti, vicediretora do Centro de Nanociência e Nanotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CNANO). A professora cita outros exemplos, como os fármacos, que, por causa das partículas em escala nano, podem passar pelas barreiras naturais do corpo e agir diretamente no cérebro. No Brasil, as pesquisas na área ainda são incipientes. A maior parte dos materiais é elaborada em nível laboratorial. Porém, alguns produtos já vêm sendo desenvolvidos por indústrias, geralmente em parceria com universidades. A Ufrgs foi uma que se associou a uma empresa da área farmacêutica para criar um protetor solar com fator de proteção 100. A Natura, por sua vez, investe em cosméticos que utilizam os benefícios das nanopartículas. O país ainda registra casos de produção de roupas especiais para bombeiros e lápis com grafite reforçado, além de estudos no setor petroquímico. Controle e normas Embora as potencialidades sejam inúmeras, a nanociência apresenta ris- ilustração: Silvio Ribeiro que diferentes países e órgãos discutem suas próprias regulamentações. Wilson Engelmann, coordenador adjunto do Programa de Pós-Graduação em Direito da Unisinos, reforça a importância de se estabelecerem normas para regulamentar a manipulação e o uso de nanopartículas. O professor, cujas pesquisas tratam dos aspectos jurídicos da nanotecnologia, lembra que, no Brasil, não existe uma posição oficial do Poder Legislativo quanto ao tema. A dificuldade, diz ele, vem do fato de que “a própria ciência ainda não conseguiu estabelecer uma metodologia que possa dizer até onde as nanopartículas são seguras ou podem causar prejuízo a humanos e ao meio ambiente”. Na opinião de Engelmann, estabelecer leis talvez não seja a melhor alternativa para lidar com a questão. “Muitos países criam normas específi- cas para orientar indústria, comércio e consumidor”, afirma. A ISO, da qual o Brasil participa, é uma das organizações internacionais que já definiram normas de controle relativas à saúde do trabalhador e a efeitos tóxicos das nanopartículas. Cada setor, com suas entidades e representantes específicos, pode igualmente criar suas regulamentações próprias – como é o caso da indústria de cosméticos, uma das mais avançadas na aplicação de nanotecnologias no país. Tomadas as devidas precauções, a tendência é que o uso de nanopartículas só traga pontos positivos, como a obtenção de materiais mais leves e duráveis. “Hoje, o empresário deve ver nas nanotecnologias uma grande oportunidade de desenvolvimento econômico e de novos produtos. Dificilmente, na História recente, podemos apontar algo similar”, acredita Engelmann. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 35 cos. No corpo humano, “dependendo da geometria, as nanopartículas podem chegar à corrente sanguínea ou ao pulmão. Elas são pequenas o suficiente para conversar com as células e o cérebro. Sem cuidado, pode haver riscos de uma distorção celular. É muito complicado ter um filtro para elas”, explica Naira. A liberação desse tipo de material no meio ambiente também pode causar problemas, pois as reações químicas podem gerar efeitos tóxicos e comprometer rios e fauna. A pesquisadora garante que os cientistas realizam seus estudos já pensando nessas questões: “Existem fóruns internacionais para regulamentar a área e para fazer as pesquisas de maneira consciente. A própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) participa do fórum brasileiro”. Porém, não existe uma resolução geral, uma vez N icho Cheiro de expansão no ar O mercado de cosméticos e perfumaria revela alto potencial de crescimento no território brasileiro. Geralmente associado ao público feminino, hoje também os homens vêm se apresentando como importante público consumidor á mais de 30 mil anos, quando o homem pré-histórico usava cascas de árvores e terra para pintar e tatuar o corpo, começava a trajetória do que hoje conhecemos como o mercado de cosméticos. Este império formado por marcas como L’Oréal, Avon, Revlon, Estée Lauder e Natura, entre outros, representa um mercado que, somente no Brasil, faturou R$ 29,4 bilhões em 2011, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). No Brasil, há 2.329 empresas atuando no mercado de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Do faturamento total, 73% concentram-se em 20 empresas de grande porte. Os três estados da região Sul somam 448 empresas; dessas, 168 estão no Rio Grande do Sul. rau, no noroeste gaúcho. A farmacêutica Patrícia Foresti Fattini trabalhava em uma farmácia de manipulação quando, em uma visita a um spa situado no Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha, descobriu que havia demanda por cosméticos elaborados à base de vinho. Assim nasceu a Essenza, fundada por Patrícia e seu pai, Lencaster Foresti, em 2005. Boa parte dos produtos desta indústria de pequeno porte é feita à base do óleo de semente de uva, extrato de vinho ou casca de uva branca, mas hoje a Essenza também tem uma linha de produtos à base de cacau e outra rica em propriedades encontradas no tomate. Com a iniciativa, Patrícia tornou-se fornecedora de diferentes empresas na região do Vale Paula Roselini/Divulgação Essenza Cosméticos H Visão de negócio 36 Uma das 168 empresas gaúchas é a Essenza Cosméticos, com sede em Ma- Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Patrícia Fattini, da Essenza Cosméticos: aumento da concorrência é bom para o consumidor Lúcia Simon Franquias midor com o mercado de cosméticos e perfumaria, a empresária é enfática: “Ele ou ela buscam, acima de tudo, um produto de qualidade”. Ainda que isso signifique um preço mais alto, trata-se de um investimento. “O consumidor quer um produto diferenciado e de qualidade.” Quando se trata da diferença entre consumidores por região, a empresária percebe que as gaúchas têm preferência por fragrâncias mais marcantes, doces, enquanto as nordestinas, por exemplo, optam por notas mais suaves e neutras. E os homens? “Este ainda é um mercado mais focado no público feminino, mas o homem está mais vaidoso e cuida-se cada vez mais”, destaca Patrícia, prevendo um aumento na atenção do setor ao público masculino. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 37 dos Vinhedos. Ela destaca que o mercado de cosméticos brasileiro não apenas cresce muito como apresenta forte demanda. “O Brasil é o terceiro maior consumidor de cosméticos no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e Japão, mas logo estará em segundo lugar. Antes não tínhamos muitas empresas no Estado, e agora temos várias com foco em cosméticos, maquiagem e produtos para cabelo, entre outros”, analisa a farmacêutica. Patrícia não nega que a concorrência cresceu, mas enxerga o fato como algo positivo para o setor, pois incentiva as empresas a elaborar continuamente produtos de melhor qualidade e com preços mais competitivos. “Ao final, quem ganha é o consumidor”, reconhece. A respeito do relacionamento do consu- A sede da Essenza Cosméticos em Marau conta com um showroom, mas a primeira loja da marca foi inaugurada em Brasília, no Distrito Federal. Ao visitar o Vale dos Vinhedos, muitos turistas (essencialmente mulheres) adquiriam os produtos da Essenza, porém não os encontravam em outras regiões do país. Assim, empresários de Brasília mostraram interesse em montar a loja, que está funcionando como piloto para o projeto de franquias. “Está servindo de estudo para saber como será o processo”, antecipa Patrícia. A ideia é inaugurar os primeiros quiosques, já no formato de franquias, em 2014. Fundada em 1991, a Mahogany nasceu com o foco de oferecer sofisticados produtos de cuidados pessoais. O relacionamento mais forte, inicialmente, acontecia com lojas de departamento e perfumarias finas, até que, em 1998, a presença da marca foi ampliada para outros pontos de venda. Em 2006, a Mahogany iniciou seu processo de franquias, e atualmente possui mais de 150 unidades em operação distribuídas em 23 estados brasileiros. De acordo com o gerente de Marketing da Mahogany, Brian Drummond, o Brasil é hoje o maior mercado consumidor de perfumes do mundo. “A indústria nacional, vislumbrando esse aumento de demanda, também tem acelerado o investimento em inovação”, destaca. Para Drummond, assim como o carro e a casa própria, a fragrância exerce “um poder aspiracional no consumidor”. “Poder comprar uma fragrância diferenciada é também uma condição de status”, acrescenta. A ascensão da classe N icho Ambiente em xeque Ainda que a loja em Brasília faça parte de um projeto-piloto da Essenza Cosméticos, Patrícia Foresti Fattini elenca alguns aspectos fundamentais em uma loja que revenda artigos de cosméticos e perfumaria. Um deles é investir na decoração do ponto de venda de acordo com datas especiais do calendário varejista, assim como o atendimento personalizado. “Tem que ser um espaço onde o cliente se sinta bem, confortável e bem cuidado”, acrescenta. No caso da Mahogany, há um departamento de treinamento e marketing para a melhor exposição dos produtos da marca na loja. Brian Drummond explica que o franqueado deve seguir “um planograma cuidadosamente estudado que objetiva apresentar a amplitude do portfólio da marca e gerar um tráfego eficiente do cliente na loja”. O gerente de Marketing salienta que é importante que o consumidor perceba rapidamente que a marca oferece soluções de cuidados e beleza. Além disso, o cliente deve se sentir envolvido pelos principais atributos da marca, en- Cenário positivo No panorama de 2011, Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) elencou alguns dos motivos pelos quais o setor cresceu tanto no Brasil. Saiba quais são (mais informações em www.abihpec.org.br): Maior participação da mulher brasileira no mercado de trabalho Uso da tecnologia de ponta e, portanto, aumento da produtividade, favorecendo preços praticados pelo setor (o qual tem aumentos menores que os índices de preços da economia em geral) Lançamento constante de novos produtos 38 Com o aumento da expectativa de vida, surge a necessidade de conservar uma impressão de juventude Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 Divulgação Mahogany C, conforme explica Drummond, é um dos fatores que estimularam a decisão de compra por fragrâncias, “alavancando o resultado da categoria, tornando-se cada vez mais parte do desejo de consumo deste público”. O gerente de Marketing reforça o perfil do consumidor brasileiro de cosméticos, antes descrito por Patrícia Fattini, da Essenza Cosméticos. “Ele é exigente, busca a marca que lhe entrega mais valor e está disposto a pagar por isso.” Desta forma, restam poucas dúvidas de que qualidade é o item número um quando os brasileiros decidem comprar artigos de cosmético ou perfumaria. Está claro também que homens e mulheres apresentam hábitos diferentes de consumo com relação a esse nicho. As mulheres, porém, têm um papel crucial. “Elas são responsáveis por movimentar a indústria, buscando sempre novidades em tratamentos e perfumaria. Elas também são importantes como influenciadoras na tomada de decisão do público masculino, que aos poucos está ampliando seu consumo de cosméticos”, constata Brian Drummond. Gerente de Marketing da Mahogany, Drummond afirma que o consumidor brasileiro é exigente tre eles a perfumação e a eficiência dos produtos. Drummond explica que, na Mahogany, há um cuidado especial na elaboração do material de merchandising. Mesmo assim, o atendimento é um dos pontos altos nas lojas da marca. “Não abrimos mão de oferecer aos clientes um atendimento exclusivo feito por nossas consultoras de venda, para aproximar o consumidor da marca e orientá-lo sobre a melhor forma de atendermos seus apelos de compra”, conclui. Tendências No cenário das tendências, Patrícia Fattini, da Essenza Cosméticos, aposta na aromatização de ambientes. “Velas perfumadas, águas para perfumar lençóis e toalhas. A mulher está estendendo o cuidado que tem com si própria ao cuidado da casa”, afirma. O aroma criado para salas, quartos e cozinhas também é uma tendência no varejo. No caso da Essenza, um dos clientes é uma loja de móveis para a qual foi criada uma essência que identifica a marca. “A tendência é ser exclusivo, cada loja ter um cheiro”, acrescenta Patrícia, referindo-se à oportunidade de outros segmentos, como roupas e calçados, também apostarem na ideia. P ersonalidade história edificante de sucesso A trajetória de Norberto Odebrecht é sinônimo de trabalho e conduta moral. Inovando nos métodos administrativos e operacionais, ele se destaca como um dos empreendedores mais importantes de sua área orberto Odebrecht e família figuram na lista dos mais ricos do Brasil, de acordo com a revista Forbes. A fortuna do empresário é calculada em R$ 9,1 bilhões – um patrimônio que foi construído etapa após etapa, numa história de esforço e inovação. Odebrecht aprendeu desde cedo que a riqueza moral precede a riqueza material: de nada adianta acumular posses, se não há ética na conduta. Foi com este pensamento que ele ingressou na vida de trabalhador aos 15 anos, como pedreiro, na construtora do pai, em Salvador (BA). Em seguida, vieram outras tarefas. O rapaz foi serralheiro, armador, chefe de almoxarifado e responsável pelo transporte dos materiais. Depois dos cargos técnicos, acumularam-se as responsabilidades administrativas e de gerência. Aos 18 anos, seguindo uma tradição de gerações na família, Odebrecht ingressou na Escola Politécnica de Salvador. Alguns anos mais tarde, já assumia os negócios do pai. Para driblar crises na companhia, o jovem empresário baseou-se na ideia de que o mundo corporativo sustenta-se no seguinte tripé: dono do capital; empresário e sua equipe; cliente. Coube a Odebrecht relacionar-se com clientela, fornecedores e banqueiros. Já cada mestre de obra era responsável pelo seu próprio projeto, tendo liberdade para formar sua equipe e atingir os resultados pretendidos. O início de um império Em 1944, Odebrecht abriu a própria empresa. O desafio era conquistar espaço num mercado dominado por gigantes estrangeiras. A solução foi trabalhar mais que a concorrência e agir com criatividade. Ele apostou em novos talentos, identificando-os e integrandoos ao quadro de colaboradores quando ainda eram estudantes da Politécnica. Também foram marca de sua trajetória a distribuição dos lucros entre a equipe, numa época em que tal participação não era cogitada, e a inovação nos métodos de construção da época, que otimizaram tempo e recursos. A produtividade resultou em obras mais rápidas e baratas. Com o passar do tempo, a construtora firmou-se como referência na área, encabeçando obras emblemáticas no cenário nacional e contribuindo para o crescimento do país. A atuação do grupo também foi se diversificando. Ainda que esteja atualmente afastando-se das atividades empresariais, Norberto Odebrecht construiu seu legado. O conglomerado que leva seu sobrenome está presente em três continentes, nas áreas de engenharia, construção e petroquímica. O nome Odebrecht é sinônimo de riqueza, mas uma riqueza conquistada com trabalho e valorização dos colaboradores. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 39 N S esc Educação para a sustentabilidade Uma cultura sustentável requer hábitos que devem ser aprendidos desde cedo. Por isso, as unidades do Sesquinho ensinam as crianças a cuidar do meio ambiente e consumir com consciência pelo bem do planeta P reocupado com o bem-estar dos beneficiários e suas famílias, o Sistema Fecomércio-RS/ Sesc sempre procura promover ações que contribuam para uma melhor qualidade de vida das pessoas. Para isso, projetos culturais e a prática de exercícios físicos são algumas das atividades incentivadas pela entidade. Outra preocupação é disseminar o conceito de sustentabilidade, um pensamento que deve perpassar todos os âmbitos da 40 Uma das atividades previstas em Ijuí é catalogar as plantas da Unidade Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 sociedade. Ter uma postura sustentável não significa apenas proteger a natureza. São atitudes que envolvem aspectos econômicos e sociais, também, de maneira que os cidadãos tenham consciência do seu impacto na sociedade e no mundo. A cultura da sustentabilidade exige adaptações e até mesmo mudanças de paradigmas. Portanto, nada melhor que começar a difundir esse pensamento desde a base da educação, nas séries iniciais. É o que acontece nas Escolas Sesc de Educação Infantil, para crianças a partir de 2 anos de idade até 6 anos incompletos. Além de uma educação de qualidade, num ambiente seguro e com uma equipe qualificada, os filhos dos comerciários têm contato desde pequenos com ações que promovam a sustentabilidade. As crianças são ensinadas, por meio de atividades lúdicas, que cada um deve fazer sua parte para contribuir com o futuro do planeta. “O Sesquinho já vem de longa data trabalhando com assuntos ambientais. Todos os anos, desenvol- vemos projetos pontuais que envolvam essas questões”, afirma Silvana Schorn, supervisora pedagógica da unidade do Sesc em Ijuí. Ao longo de 2013, a escola pretende pôr em prática seu Projeto Corporativo de Sustentabilidade. Trata-se de uma série de ações para conscientizar os pequenos – e, por consequência, os pais e familiares – sobre segurança, consumo de água e luz e reutilização ou descarte adequado do lixo. “As crianças são transformadoras. Nós explicamos de um jeito e elas disseminam de uma forma singular, da maneira delas. Quando elas compreenderem o porquê das ações, levam isso para casa e cobram dos adultos uma atitude correta”, conta Silvana. Reduzir e reutilizar Um dos pontos trabalhados pelo projeto é a utilização consciente da água. Os alunos receberão recomendações tais como fechar a torneira enquanto escovam os dentes e puxar a descarga apenas fotos: Gabriela Michalski Freitag Schmidt/Divulgação SESC Ijuí comer. Afinal, o que sobra no prato poderia alimentar outras pessoas. Entre as ações previstas, estão, ainda, a separação do lixo em recipientes apropriados e o monitoramento da quantidade de lixo produzida, visando à redução. Os materiais também poderão ser reutili- Sustentabilidade em ação O Projeto Corporativo de Sustentabilidade do Sesc Ijuí prevê várias atividades para envolver alunos e familiares. Acompanhe algumas: Catalogar as árvores da Unidade Operacional e instalar placas com os nomes das plantas Organizar uma horta de chás para o lanche das crianças Reforçar que o local é ponto de coleta de vidro, pilhas e lâmpadas, que requerem um descarte especial Realizar palestras sobre segurança com pais e alunos, bem como simulação de evacuação de prédio em caso de emergência Separar os resíduos em lixeiras apropriadas Estimular o consumo consciente da água Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 41 uma vez após utilizar o banheiro. Também faz parte da iniciativa a instalação de um coletor de água para medir o nível de desperdício. Já faz um tempo que as crianças do Sesquinho Ijuí são incentivadas a utilizar uma garrafinha para beber água durante o dia. Porém, foi notado que alguns squeezes eram completamente enchidos, embora seus donos não consumissem tudo. A água que restava era jogada fora. Agora, a ideia é, primeiro, reforçar a necessidade de reduzir o consumo para somente o necessário. Depois, o restante do líquido será despejado num coletor que, ao fim da semana, indicará o quanto de água seria desperdiçado. Essa água será utilizada para regar plantas. A atenção à produção de resíduos é outro aspecto a ser levantado. No que diz respeito aos alimentos, o objetivo é orientar as crianças para que elas se sirvam apenas com o que realmente vão zados, a exemplo do que já vem acontecendo na escola. “Montamos um sucatário onde colocamos tampinhas, botões e palitos. Recorremos a esse local quando realizamos trabalhos de arte. Também envolvemos colaboradores do Sesc, que doaram panelas velhas para serem transformadas em obras de arte pelas crianças. Era um material que iria para o lixo”, lembra a supervisora pedagógica. Envolver a comunidade, aliás, é um dos objetivos do Sesquinho. “Como estamos localizados dentro da unidade do Sesc Ijuí, essas ações podem incentivar as pessoas que circulam por aqui, pela academia”, acredita Silvana. Nesse ponto, os alunos poderão se tornar vetores para levar o conhecimento até suas famílias e inspirar outros adultos. Cuidar do meio ambiente e consumir com responsabilidade. Tais atitudes são a base para a formação de cidadãos preocupados com o futuro do mundo. A cultura sustentável começa com educação, e o Sistema Fecomércio-RS/ Sesc está fazendo sua parte. S enac Conhecer e aprender para ir além Missão Acadêmico-Empresarial da Faculdade Senac Porto Alegre pretende levar empresários e estudantes ao Panamá e à Costa Rica. Fomentar novos negócios e estimular a troca de experiências como aprendizado estão entre os objetivos da iniciativa T de Senac Porto Alegre, com importante apoio do Sistema Fecomércio-RS, realiza a primeira edição de um projeto que promete enriquecer – em todos os sentidos – empreendedores e estudantes gaúchos. É a Missão Acadêmico-Empresarial. Para o lançamento, foram escolhidos como destino dois países da América Central: Costa Rica e Panamá. Com saída do Brasil prevista para o dia 2 de junho e retorno Divulgação/Senac-RS er a oportunidade de uma experiência internacional voltada ao universo dos negócios pode ser uma excelente vantagem competitiva. É uma chance para a troca de experiências e, portanto, de crescimento. Em um mundo cada vez mais globalizado, o empreendedor que deseja alavancar o seu negócio precisa estar atento às demandas do mercado. É com este pensamento que a Faculda- 42 O Canal do Panamá é um dos pontos incluídos no roteiro Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 no dia 11, o roteiro inclui visitas guiadas a importantes centros de negócios nos dois países, como o Canal e a Zona Fraca do Panamá, bem como instituições na Costa Rica, entre outros. O diretor-geral da Faculdade Senac Porto Alegre, Elivelto Nagel da Rosa Finkler, explica que a iniciativa está relacionada a ações da área de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento da Faculdade. Entre outros objetivos, a missão empreende esforços para que a produção de conhecimento da Faculdade seja percebida e geradora de valor aos empresários do comércio de bens, serviços e turismo. “Participar de missões e intercâmbios proporciona vivenciar referências internacionais e construir relacionamentos para identificar práticas de gestão e oportunidades de negócios”, pontua o diretor-geral. A escolha pela América Central como primeiro destino deve-se ao fato de a região funcionar como um ponto de Por que ir Fechando negócios Como a prioridade da missão é fomentar negócios e a troca de experiências entre empresários brasileiros e dos países visitados, o diretor aponta quais áreas reservam maior possibilidade de gerar bons frutos: “Considerando as caraterísticas dos países, eu destaco as oportunidades aos empresários, profissionais dos segmentos de comércio de bens, relações e comércio internacionais, turismo e hospitalidade (hotelaria e gastronomia)”. Vale ressaltar que o aprendizado é uma via de mão dupla, isto é, tanto para os brasileiros quando para os empresários da Costa Rica e do Panamá. “O Panamá é hoje o país mais internacionalizado da América Latina, de acordo com o Índice de Globalizacão das Nações Unidas (ONU), e possui uma posição geográfica estratégica, tornando-se um centro logístico e de comércio mundial”, diz Finkler. A cada ano, cerca de 14 mil navios passam pelo Canal do Panamá, algo em torno de 5% do comércio mundial. Além disso, o governo panamenho pretende atrair 2,5 milhões de visitantes ao ano com foco no ecoturismo. “O principal desafio do Panamá se configurou ao assumir a gestão do Canal em meio a grandes desconfianças mundiais acerca de suas competências para operacionalizar e ampliar os negócios”, explica o Finkler. Ao manter a excelência na gestão, o Canal hoje está sendo ampliado e ganhou a confiança de importantes players do comércio mundial. Para o diretor-geral, isso evidencia a possibilidade de aprender com as “práticas de gestão, competências em planejamento e execução logística excelentes”, bem como com a capacidade de promoção de desenvolvimento de um país. Exemplo de gestão Assim como o Panamá, a Costa Rica também reserva seus ensinamentos. Mundialmente conhecida por suas riquezas naturais, é ainda um exemplo na gestão do turismo e hotelaria. Até 2021, o país pretende neutralizar todas as emissões de carbono em seu território e há projetos sendo realizados em parceria com o governo do Japão para a construção de usinas geotérmicas provenientes de vulcões. “A experiência em gestão da biodiversidade do país coloca a Costa Rica como benchmarking mundial em serviços nos segmentos turístico e de hospitalidade”, comenta o diretor-geral do Senac, ao salientar que o foco principal da missão é realizar o benchmarking, ou seja, aprender com exemplos consagrados nesses países. Da mesma forma, busca-se deixar em evidência a competência de gestão, visão de negócios e de futuro, e empreendedorismo dos empresários e profissionais brasileiros. Troca de experiências O professor da Faculdade Senac Porto Alegre e coordenador da missão, Rogério Bohn, destaca que um importante ponto a ser lembrado é que a iniciativa Objetivos: Prospectar oportunidades de negócios e parcerias Fortalecer a rede de relacionamentos no Panamá e na Costa Rica Incrementar as transações comerciais Conhecer experiências e tendências por meio de visitas a instituições e empresas panamenhas e costa-riquenhas Quem pode participar? Administradores Empresários Professores Representantes e membros de entidades Alunos de cursos das áreas de interesse Público em geral não é voltada apenas a estudantes, uma vez que o projeto também reserva espaço para empresários e dirigentes. “Em uma viagem como essa, é importante realizar a troca cultural, mas também fazer um benchmarking do que pode ser aproveitado de lá, assim como identificar o que temos de melhor aqui. Essa troca é o ponto principal.” No caso dos alunos, Bohn afirma que há elevado interesse pelo projeto, e a busca por alternativas para viabilizar a ida tem sido ampla. “Hoje as empresas têm uma presença internacional cada vez mais forte, e ter uma vivência no exterior é muito importante. Conhecer outros ambientes de negócio além do nosso tem uma vantagem competitiva, e esse conhecimento, por sua vez, será transferido pelos participantes aos demais integrantes de suas organizações.” Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 43 conexão mundial do comércio de mercadorias via zonas francas e o Canal do Panamá. No caso da Costa Rica, trata-se de um exemplo renomado de hotelaria e turismo no mundo todo. Além de reunir os melhores resorts da América Central, a Costa Rica tem um projeto de neutralização da emissão de carbono da população costa-riquenha. A Missão Acadêmico-Empresarial também conta com o apoio do Conselho Regional de Administração (CRARS). Mais informações pelo telefone (51) 3022-9421 ou no site http://portal. senacrs.com.br. N egociação diálogo benéfico a todos Primeiro Encontro Regional de Negociadores da CNCC trouxe ao Rio Grande do Sul os maiores especialistas em negociação coletiva. Representantes da liderança sindical de diferentes estados estiveram reunidos no evento, que ocorreu na sede da Fecomércio-RS N 44 os dias 12 e 13 de março, a Fecomércio-RS sediou o primeiro Encontro Regional de Negociadores da Comissão de Negociação Coletiva do Comércio (CNCC), que integra a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) desde 2012. Nos dois dias de evento, lideranças sindicais gaúcha e de outros estados brasileiros estiveram reunidas para trocar experiências, debater e buscar, em conjunto, soluções que aprimorem e aperfeiçoem o processo de negociação coletiva. Na ocasião, os participantes receberam uma cartilha de apoio que reúne os principais tópicos acerca da negociação coletiva. De acordo com a Convenção 154 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), “a negociação coletiva compreende todas as negociações que tenham lugar entre, de uma parte, o empregador, um grupo de empregadores, uma organização ou várias organizações de empregadores, e, de outra parte, uma Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 ou várias organizações de trabalhadores”. O objetivo principal da negociação coletiva é vencer divergências entre empregadores e empregados, estabelecendo um consenso entre ambas as partes. Tópicos A mesa de abertura foi composta pelo presidente do Sistema Fecomércio-RS/ Sesc/Senac, Zildo De Marchi, e Roberto Tadros, presidente da CNCC. Dirigentes da Fecomércio de Santa Catarina e do Paraná também compuseram a mesa de abertura. “Estamos aqui para encontrar uma matriz que sirva de indicador para todos os estados, e que seja usada de forma harmônica”, anunciou De Marchi. Uma das razões para o Rio Grande do Sul ser escolhido como ponto de partida para os demais encontros (que deverão ser realizados em outras capitais) é a tradição do comércio no Estado, que remonta à presidência de Getúlio Vargas (1982-1954). O ex-presidente gaúcho foi o responsável por criar a CNC. Roberto Tadros enfatizou a importância do comércio como maior empregador no mercado brasileiro, com destaque para as micro, pequenas e médias empresas. Tadros criticou a dificuldade no diálogo entre representantes do segmento patronal e laboral. “Patrão existe em qualquer lugar, inclusive nas ditaduras, mas o direito do trabalhador de escolher o patrão que ele quiser só existe nas democracias. E a democracia se estabelece dentro do critério da racionalidade, da razoabilidade e do diálogo. Se não houver isto, quebra-se o elo, gera-se desemprego e descontentamento. E quando isso acontece, você cai como líder empresarial, porque não demonstrou a competência de vida para negociar e observar as condicionantes do processo.” Panorama nacional A mesa de abertura foi seguida pela apresentação da palestra Panorama da negociação coletiva no Brasil e novas sú- Negociação X Comportamento O segundo dia do evento, que teve como foco experiências em negociação, começou com a palestra Negociação Coletiva no âmbito do Sindicado do Comércio Varejista (Sicomércio), ministrada por Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante e Luiz Gastão Bittencourt da Silva, presidentes da Fecomércio do Piauí e do Ceará, respectivamente. Cavalcante definiu negociar como “uma atividade que você desenvolve”, e que não há receitas. “Negociamos diariamente para sobreviver. Devemos conhecer com A advogada Regina Queiroz foi uma das palestrantes do encontro Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 45 Agora, como eles não podem retirar mais essa vantagem, pensarão duas vezes antes de concedê-la.” Em resumo, o ex-ministro considera a súmula 277 “infeliz”. “Tanto sob o aspecto de proteção ao trabalhador como por ausência de fundamentos jurídicos, já que o tribunal não tinha outros casos, outros precedentes. Ficou parecendo que o tribunal estava legislando.” Nede Losida Fabiano Freitas/Divulgação Fecomércio-RS mulas, apresentada pelo ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ventuil Abdala. Com a cartilha em mãos, o público ouviu atentamente as pontuações de Abdala, em especial as referentes à súmula 277, que diz respeito à “convenção coletiva de trabalho ou acordo coletivo de trabalho”. Na visão do exministro, esta é a súmula mais “polêmica”, porque estabelece que as causas dos acordos e convenções coletivas incorporam o contrato de trabalho. “Não havia um precedente jurisprudencial nesse sentido, de tal maneira que os empresários vinham simplesmente agindo de acordo com a lei e de acordo com a jurisprudência.” O estabelecimento de uma súmula neste sentido, segundo Abdala, pode criar um ônus econômico para os empregados desde cinco anos para cá. “Isto pode vir a prejudicar os próprios trabalhadores, que é a quem a legislação se destina a proteger. Muitas vezes, os empresários, em situações econômicas melhores, tendem a conceder benefícios aos seus trabalhadores. quem vamos negociar”, ressaltou. Em sua fala, Silva apontou dificuldades no setor e lamentou o fato de muitos sindicatos verem na negociação coletiva “algo do qual se deve fugir”. E afirmou: “A essência do sindicalismo é nossa principal ferramenta, e não a estamos usando de forma adequada”. Em seguida, a advogada Regina Queiroz, integrante do Comitê Jurídico da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), e Ivo Dall’Acqua Júnior, presidente do Conselho de Relações Sindicais da Fecomércio-SP, apresentaram cases de negociação coletiva. Para encerrar o turno da manhã, aspectos comportamentais da negociação coletiva foram apresentados por Alencar Naul Rossi, diretor da Alencar Rossi Negociações Coletivas, e Magnus Ribas Apostólico, coordenador da Comissão de Negociações da Febraban. Junto ao público, os palestrantes elencaram aspectos essenciais para obter sucesso em uma negociação coletiva, como saber ouvir, realizar um diálogo claro e flexível e respeito mútuo. À tarde, antes do encerramento do encontro, Rossi e Apostólico coordenaram uma oficina de negociação. joão alves: Divulgação Fecomércio-RS Visão Econômica Marcelo Portugal Consultor econômico da Fecomércio-RS “É importante notar que, infelizmente, o combate à inflação nos próximos meses poderá ser influenciado por eleitorais.” A umentar ou não aumentar (os 46 Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 juros): eis a questão A inflação continua a mostrar resultados negativos no curto prazo. A taxa de inflação terminou o ano de 2012 em 5,8%, superou os 6%, em janeiro, e atingiu 6,3% em fevereiro. Em março, há indicações de que a inflação poderá ultrapassar o limite máximo de 6,5% estabelecido pelo sistema de metas de inflação. As reduções de impostos, primeiro sobre a energia elétrica e agora sobre os produtos da cesta básica, embora sempre bem-vindas, não estão sendo suficientes para conter a inflação. A causa principal da inflação atual é o excesso de demanda que pressiona os preços. No caso de produtos e serviços que podem ser importados, a pressão inflacionária é menor, pois o excesso de demanda gera aumento de importações, as quais abastecem o mercado doméstico, e os preços sobem menos. Contudo, para aqueles bens e, principalmente, serviços que não podem ser importados, o excesso de demanda se traduz integralmente em elevação de preços. Desde outubro de 2012, o Banco Central vinha mantendo um discurso oficial de que a melhor estratégia para fazer com que a inflação convergisse para a meta, de 4,5% ao ano, era a manutenção dos juros básicos (taxa Selic) em 7,25% ao ano. Na última reunião do Copom esse discurso mudou. A aceleração da inflação obrigou o Banco Central a voltar a considerar a possibilidade de elevar os juros. O anúncio do Banco Central foi claro: se a inflação continuar a subir em abril e maio, a taxa de juros terá de ser aumentada. Em outras palavras, estamos dependentes do cenário prospectivo da inflação. A intensidade e o timing desse ciclo de aperto monetário vão depender dos resultados da inflação nos próximos meses. A elevação dos juros deverá ser “moderada”, de forma que a Selic não voltará a atingir os dois dígitos. Por outro lado, o timing do aperto monetário fica condicionado aos resultados da inflação. É importante notar que, infelizmente, o combate à inflação nos próximos meses poderá ser influenciado por eleitorais. Estamos a cerca de um ano e meio das eleições presidenciais, e é importante, para a agenda política do governo, que a taxa de inflação se mostre descendente ao longo dos meses que antecedem a eleição. G lossário arte de contar e encantar Contar histórias é um processo que remonta à origem do homem. Hoje, no mundo dos negócios, o storytelling é um processo utilizado para fortalecer o engajamento de uma marca e encantar o consumidor final omem sofre acidente em alto-mar e sobrevive morando em ilha durante quatro anos. Sozinho. Ele, a ilha e uma bola da marca de artigos esportivos Wilson. Se você pensou no filme Náufrago, estrelado pelo oscarizado ator Tom Hanks, acertou. A produção norteamericana conta, de forma resumida, a capacidade do homem de sobreviver às situações (e ambientes) mais adversas. Contudo, o filme é também um case de sucesso quando se fala em storytelling. A arte de engajar um determinado público por meio de uma narrativa é uma forma (simples, diga-se de passagem) de definir o storytelling. A verdade é que, além do contar uma história, o storytelling pode ser visto como uma importante ferramenta para compartilhar conhecimento. Afinal, lembramos mais facilmente de um fato quando é possível associá-lo a algo – ou alguém – com o qual nos identificamos. Se desmembrarmos a palavra story telling, veremos que ela é composta pelos termos story e telling. Em português, traduz-se para história e contar. A pergunta é: como contar (bem) uma boa história? Para isso, o processo conta com algumas etapas, a exemplo de um roteiro de cinema. Ao longo do início, meio e fim da narrativa, é preciso que a história conte com um protagonista, com o qual o público se identifique. Assim como ele, é importante a presença de um antagonista, isto é, o obstáculo do herói, o vilão. Uma história sem emoção dificilmente provoca engajamento, e portanto é necessário haver momentos de conflito. Uma trama que não provoca ansiedade em torno das cenas do próximo capítulo e pula direto para o final feliz pode facilmente cair no esquecimento. No mundo dos negócios, o storytelling envolve um processo de aprendizado junto ao cliente. Ouvir, trocar ideias e explorar as demandas do cliente são algumas das etapas para que o resultado seja a comunicação mais eficiente e o encantamento do consumidor final. Novamen- te, o storytelling não se resume apenas a contar uma história, mas sim, fazer isso de modo que as pessoas se sintam envolvidas, conectadas, que se identifiquem e se encantem – sejam elas colaboradores ou gestores de uma empresa, consumidores de uma marca ou mesmo a sociedade em geral. Dessa forma, o storytelling pode ser aplicado em campanhas de comunicação interna, até em criações que visam ao engajamento ou reposicionamento de uma marca perante seu público. Podese, igualmente, recorrer a este processo para vender um produto ou serviço. Outro case renomado de storytelling é a campanha O primeiro sutiã a gente nunca esquece, criada pelo publicitário brasileiro Washington Olivetto para a marca de moda íntima Valisère. Com o objetivo de rejuvenescer a marca, a propaganda não apenas conquistou um público mais jovem como permanece entre as campanhas publicitárias mais premiadas e lembradas desde 1987. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 47 H arquivo/Fecomércio-RS Visão Política Rodrigo Giacomet Consultor Político da Fecomércio-RS “As reformas que são feitas na equipe de governo continuam privilegiando a acomodação de aliados, e não o perfil técnico dos gestores.” 48 Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 D ebate antecipado A agenda política nacional pode ser classificada em duas, basicamente. Uma é a agenda eleitoral, dedicada à conquista e à manutenção do poder. A segunda pode ser chamada de agenda de gestão, em que acontecem os debates sobre políticas públicas, ou seja, sobre o funcionamento do governo. Desde a redemocratização, com a realização de eleições a cada dois anos, a agenda eleitoral tem superado a agenda de governo, ao ponto de iniciarmos 2013 com as atenções voltadas para outubro de 2014. Os resultados tímidos do crescimento econômico dos últimos dois anos têm alimentado as esperanças de partidos de oposição e também de aliados do governo, que vislumbram a possibilidade de suceder a presidente ao final de seu primeiro mandato. Esses partidos e seus pré-candidatos avaliam que uma eventual redução na capacidade de consumo do brasileiro pode gerar insatisfação com relação à condução da política econômica, e uma consequente piora nos índices de aprovação do governo. Esse não é o cenário apresentado pelas últimas pesquisas de opinião pública. A política não tem seguido a pauta econômica, e a presidente Dilma Rousseff, além de manter a simpatia dos eleitores que a escolheram em 2010 na esteira da popularidade de Lula, também conquista um eleitorado cativo, próprio, identificado com o seu modo de governar. Com um posicionamento político discreto, poucos discursos e perfil de gestora austera, a presidente tem conseguido manter sua imagem distante dos indicadores econômicos e dos problemas surgidos na base aliada, principalmente na esplanada dos ministérios. No entanto, isso não tem sido suficiente para afastar os efeitos negativos de um debate eleitoral antecipado. As reformas que são feitas na equipe de governo continuam privilegiando a acomodação de aliados, e não o perfil técnico dos gestores. As decisões que são tomadas na esfera econômica privilegiam resultados imediatos, comprometendo a economia no longo prazo, e o país continua sem condições de realizar investimentos, resolver suas deficiências em infraestrutura e, por consequência, de competitividade. Em outras palavras, a agenda eleitoral ainda é mais forte que a agenda de governo. & Mais Menos Philippe Ramakers/Stock.xchng Svilen Milev/Stock.xchng ENDIVIDAMENTO GLOBAL Desde o início da crise econômica mundial, em 2007, o endividamento dos governos, empresas não financeiras e famílias aumentou em US$ 30 trilhões. MERCADO PUBLICITÁRIO O faturamento do mercado publicitário brasileiro em 2012 foi de R$ 44,85 bilhões, um crescimento de 6% em relação ao ano anterior. Os números foram revelados pelo Projeto Inter-Meios, do Grupo Meio & Mensagem em parceria com a Price waterhouseCoopers. O montante representa 40% do PIB mundial, segundo os dados do Banco Internacional de Compensações (BIS). CIGARRO X MULHERES O Brasil possui 10 milhões de mulheres fumantes, segundo o IBGE. O vício no tabagismo é responsável por 40% das mortes de pessoas do sexo feminino antes dos 65 anos. Em contrapartida, os homens brasileiros estão cada vez mais decididos a largar o hábito, segundo a pesquisa. ÀS ESCURAS Os brasileiros ficaram, em média, 18 horas sem energia elétrica durante o ano de 2012, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O número ultrapassa em três vezes o limite estabelecido pela companhia. Ove Tøpfer/Stock.xchng FACEBOOK BRASIL CATOLICISMO O número total de católicos no mundo chega a 1.195.671.000. US$ 814 milhões no ano passado. O número representa um acréscimo de 3,24% em relação a 2011. Segundo a Global Business Travel Association, os gastos dos brasileiros em viagens corporativas devem chegar a US$ 34,5 bilhões em 2013. Na comparação com o ano passado, o índice representa um crescimento de 14,3%. PAGAMENTOS ELETRÔNICOS Segundo a consultoria Capgemini, o Brasil é o 2º maior mercado de cartões de crédito e débito, em número de transações, no mundo. O ritmo de crescimento dos pagamentos eletrônicos no país é o maior em relação a todos os outros. Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 49 VIAGENS CORPORATIVAS Um balanço da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira apontou que a corrente comercial entre o Brasil e os países árabes aumentou em 67 milhões. Dados divulgados pelo Facebook indicam ainda que o número representa um aumento de 458%. As Américas têm menor presença no Vaticano, porém possuem mais devotos. Ao todo, a Igreja Católica conta com 207 cardeais. COMÉRCIO EXTERIOR O número de brasileiros cadastrados no Facebook saltou de 12 milhões, em 2011, para atuais Divulgação Negócios José Carlos Ignácio Palestrante “Não existe justificativa para uma sociedade se não houver sinergia entre os sócios.” D icas para melhorar 50 Bens & Serviços / Abril 2013 / Edição 96 o dia a dia com o seu sócio A relação entre sócios, principalmente quando se trata de gestores, pode significar a chave de sucesso ou de fracasso na vida empresarial e pessoal de cada um. A possibilidade de gerar sinergia em um projeto conjunto, alavancando energia e dividindo responsabilidades de forma salutar, pode levar cada sócio ao sucesso financeiro, ao destaque profissional e à adequada qualidade de vida, com equilíbrio entre trabalho e família. Em contrapartida, tudo (ou seja, dia a dia pessoal, conquistas empresariais e financeiras e dedicação à família) pode ser seriamente prejudicado se a relação diária com o sócio for traumática. O que pode levar uma relação entre sócios a ser traumática ou não sinergética? Em primeiro lugar, claro, a falta de sinergia. Não existe justificativa para uma sociedade se não houver sinergia entre os sócios. E só haverá se houver complementaridade, ou seja, se os objetivos em relação à empresa, a especialidade profissional, o estilo de gestão e a dedicação forem somatórios (e não conflitantes). Infelizmente, a análise racional desses pontos é evitada na maior parte dos casos, sendo empurradas para debaixo do tapete as divergências e as insatisfações em relação ao sócio. E tudo isso poderia perfeitamente ser tratado e negociado de forma construtiva. O que é ignorado se transforma em bomba relógio contra a sinergia. Em segundo lugar, um grande ofensor a uma boa relação entre sócios é a falta de regras e agenda para discussão e tomada de decisões. Todo sócio gestor se depara com uma série de decisões diárias referentes à organização e a sua gestão. Torna-se necessário, então, separar o que é assunto da sociedade (societário) do que é do dia a dia (gestão), além de se definirem as regras de poder e autonomia para as decisões (Acordo de Cotistas/Acionistas e Regime de Competência e Delegação de Poderes ). E, então, definir uma rotina de reuniões entre sócios visando à discussão e à tomada de decisões. Infelizmente, a maior parte das sociedades não dispõe de tais instrumentos básicos de funcionamento, e essa falha geralmente causa conflitos societários, com prejuízos para todos os sócios, familiares, empresa e colaboradores. Encarar de frente a realidade da sociedade e diagnosticar o seu perfil é o primeiro passo para melhorar o dia a dia com o seu sócio!
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