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Entrevista eline bullock desvenda a geração y e mostra o que as empresas podem aprender com ela Fecomércio-RS BENS&SERVIÇOS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 89 / setembro 2012 segurança do trabalho Entenda mais sobre Cipa e Sipat marcas O que faz uma marca forte no mercado tendência as demandas do consumidor do futuro Avenida Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – ascom@fecomercio-rs.org.br www.revista.fecomercio-rs.org.br EXPEDIENTE Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Presidente: Zildo De Marchi Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, sumário Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, Jaime Gründler Sobrinho, João Francisco Micelli Vieira agenda Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso notícias & negócios Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt palavra do presidente sustentabilidade guia de gestão opinião entrevista marcas tendência saiba mais segurança do trabalho Conselho Fiscal Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel Suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná segmento Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster tributos Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Liziane de Castro, Luana Trevisol, Simone Barañano e Sinara Oliveira PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações equipes Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) CHEFE DE Reportagem: Luísa Kalil visão tributária Reportagem: Ana Paula Sardá, Belisa Lemes da Veiga, Luísa Kalil, Marcelo Salton Schleder, Patrícia Campello e Rafael Tourinho Raymundo Priscilla Buais Avila e Ricardo Setyon Edição de Arte: Silvio Ribeiro Revisão: Flávio Dotti Cesa Impressão: Pallotti Selo FSC É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. glossário visão trabalhista mais & menos FOTO DE CAPA: Carlota Pauls Tiragem: 25,5 mil exemplares sesc senac Coordenação Editorial: Simone Barañano Colaboração: Edgar Vasques, Luiza Muttoni, personalidade Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC (Forest Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente responsável da matéria-prima florestal. visão política 06 07 08 12 14 17 18 24 26 32 34 36 38 39 40 42 44 46 47 48 49 50 & BENS SERVIÇOS Tendência 26 Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 O futuro chegou Pesquisas apontam tendências para o consumo e as principais demandas do consumidor em 2020 a pesquisadora da juventude Eline Kullock é uma das maiores especialistas em Geração Y empresas podem aprender com ela entrevista 18 no país. Saiba quais são os traços dessa geração e o que as estacionar é um ótimo negócio Tudo o que você precisa saber sobre as vantagens segmento 36 em estacionamentos equipes 44 e os cuidados necessários para investir como empreendedor flexibilidade na cultura empresarial flexibilização de horários e em quais casos essa iniciativa pode trazer melhores resultados 05 Conheça a história de empresas que apostam na A G E N D A setembro / outubro 4/09 12 e 13/09 De 25/09 a 05/10 DROGADIÇÃO O objetivo do evento produzido pelo Senac Centro é de conscientizar os jovens sobre as drogas. A palestra será ministrada pelo Denarc em dois turnos: manhã (a partir das 10h) e tarde (a partir das 14h30). Site: www. senacrs.com.br/comunidade. FEIRA DE PROJETOS A Feira de Projetos do Senac-RS ocorre no Sesc Campestre (Av. Protásio Alves, 6220 – Porto Alegre), com o tema No que é possível inovar para melhorar ou aprimorar o desenvolvimento da vida de modo sustentável. Mais informações pelo site www.portal.senacrs.com.br/site/ eventos_feira_projetos.asp. TURNÊ O espetáculo Oxigênio, da Companhia Brasileira de Teatro (PR), participante do Circuito Nacional Palco Giratório, do Sesc, estará em cartaz em Gravataí, Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Passo Fundo e Ijuí. 5/09 WEB DESIGNER O Senac São Leopoldo e o docente Ademir Felipe Flores Meissinger ministram a palestra Web Designer: A mídia, o mercado e a criação. O valor da inscrição é 1kg de alimento não perecível ou um brinquedo. Para mais informações acesse www.senacrs. com.br/saoleopoldo. 26/09 ANIVERSÁRIO Para comemorar os cinco anos da Unidade Senac Santana do Livramento, uma palestra será oferecida ao público: Gestão, Congestão e Indigestão – Os problemas de gestão que as empresas e gestores encontram nas suas rotinas diárias, a administração das mudanças e adaptação das mudanças às novas realidades de mercado, com César Augusto Pancinha Costa. Site: www. senacrs.com.br/santanadolivramento. 19/09 EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA Senac Cachoeira do Sul realizará exposição fotográfica dos alunos do curso de Fotografia Digital com Photoshop. Contato pelo telefone: (51) 3722-3187 ou pelo site www. senacrs.com.br/cachoeiradosul. Até 14/09 PROJETO eRICO VERiSSIMO Em comemoração aos 50 anos da publicação de O tempo e o vento, o Sistema Fecomércio-RS/Sesc e a Associação Lígia Averbuck promovem a turnê do espetáculo O Sobrado, do Grupo Cerco, e com apoio da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho distribuem livros a escolas de oito cidades gaúchas. Myra Gonçalves 29 e 30/09 JOGOS O Sesc promoverá a final estadual da segunda edição do Jogos Sesc de Masters e Sêniors, em Erechim. O objetivo da iniciativa é incentivar a prática do esporte para pessoas com 40 anos ou mais. 30/09 06 CORRIDA O Circuito Sesc de Corridas chega a Ijuí, com prova adulta (a partir de 16 anos) nas modalidades de 3 km, 5 km e 10 km; e percurso infantil com 1 km e 2 km. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 Divulgação/ Fecomércio-RS Palavra do Presidente Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac A s mudanças do amanhã O consumo permeia todos esses aspectos: ele pode ser praticado de forma mais consciente, transparente e colaborativa. E isso não depende apenas das exigências dos consumidores, mas de nós, empreendedores do comércio de bens e serviços. A Fecomércio-RS está atenta a essas tendências, e estamos certos de que o futuro que está por vir será glorioso. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 Ainda em 2010 um estudo realizado pelo Sistema Fecomércio/Sesc/Senac apontou que, em 2020, devemos registar um aumento na população idosa, e que jovens adultos entre 20 e 40 anos ocuparão, em média, 30% da pirâmide etária no Estado. Com a promessa de que a renda familiar e individual aumentará nos próximos anos, o consumo permanecerá em alta, apenas mais focado nesses públicos. Não há bola de cristal que revele exatamente o que irá acontecer, mas uma medida simples a ser tomada pelas empresas é o acompanhamento dessas mudanças. Inevitáveis, elas não precisam ser interpretadas como algo negativo, e sim, como o aprimoramento da vida, tal como a conhecemos. Temos a chance de criar um futuro melhor não apenas para as gerações mais novas, mas para nós mesmos. 07 Como será o consumidor em 2020? Quais serão suas demandas e que tipo de marca ou empresa ele valorizará? Quais serão as empresas de maior destaque no mercado? Essas perguntas e muitas outras vêm sendo respondidas, aos poucos, por meio de estudos que apontam possíveis tendências. Algumas já estão sendo comprovadas pelo mercado, outras ainda estão por vir. Dois pontos são inegáveis: a tecnologia e a sustentabilidade chegam com uma força suprema. Enquanto a primeira facilita inúmeros aspectos da vida humana, a segunda firma-se como a questão central para o futuro de nossa sobrevivência. Os três setores da economia – agricultura, indústria e comércio –, se antenados a estas tendências e unidos ao governo, terão a capacidade de transformar o cenário econômico de uma cidade, estado ou país. Í C I A S Edgar Vasques N O T 08 Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac celebra, no dia 3 de agosto, os 67 anos de sua luta pelas melhores condições de trabalho aos comerciantes do setor de bens e de serviços do Rio Grande do Sul. O começo da história foi em 1945, quando a mais antiga federação varejista abria as portas no Estado, ao lado de outras quatro representações similares. Em janeiro de 2000 elas se uniram e deram corpo a esta entidade que hoje abriga 112 sindicatos patronais e 580 mil empresas responsáveis pela geração de 1,4 milhão de empregos formais e de 47,5% do PIB gaúcho. Para presidente do BC, economia está reagindo Durante sua participação no 12º Congresso Fenabrave (Feira de Negócios da Distribuição Automotiva), em São Paulo, em agosto, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, demonstrou otimismo com a reação da economia, em tempos nos quais o PIB está sendo apontado como um dos mais baixos da história do país. “Estimativas do mercado e dos organismos internacionais apontam para a aceleração do crescimento nos próximos trimestres, em um ambiente de preços sob controle, com inflação convergindo para a meta”, disse. Para ele, o choque de oferta é ocasionado por fatores climáticos que dificultam a produção de determinados insumos fundamentais nas lavouras. A saída para isso tudo são os estímulos ao crédito que o Governo vem preparando, além da ascensão de empregos e, consequentemente, de renda. “O mercado de crédito reúne condições pelo lado da oferta e da demanda para continuar se expandindo de forma sustentável pelos próximos anos”, conclui. ilker/Stock.xchng Sistema Fecomércio comemora aniversário & & José Eduardo Ramos da Silva N E G Ó C I O S Sesc terá nova USSP no Estado Laureano Bittencourt Com o objetivo de auxiliar na qualidade de vida da população de baixa renda dos 496 municípios gaúchos, o Sesc contará com a segunda Unidade Sesc de Saúde Preventiva (USSP) no Rio Grande do Sul, a partir do ano que vem. Através da ajuda de aparelhos que reduzem o tempo de diagnóstico, o projeto pioneiro no país permite o acesso da comunidade à exames como mamografias, ultrassom (ambos sob prescrição médica), citopatológicos de colo de útero, colesterol, triglicerídeos, diabetes, hipertensão e eletrocardiogramas. No segundo semestre de 2009, a primeira USSP circulou no Estado e partir daí, já passou por 16 cidades e realizou cerca de 22 mil assistências gratuitas. Tendências de moda para as próximas estações Esporte chic: tecidos em nylon, plástico e emborrachados aparecem nos acessórios (bolsas, óculos e relógios). As roupas são feitas com materiais que auxiliam a pele a respirar, além de ser muito confortáveis. O design apela para as listras, para as roupas mais folgadas e decotes de nadador. Estampas de natureza: Flores, frutas e animais dão vida a vestidos, sapatos, shorts, blusas e bolsas. Tons pastel: As empresas devem apostar em produtos com essa cartela de cores, mas com cautela. Os consumidores tendem a enjoar desses tons. Saias Mullet: Mantém a assimetria da frente curta e a das costas longa para vestidos e maxi saias. Transparências: Ideal para o calor, tecidos leves, esvoaçantes, frescos e leves, como os transparentes, são a peça-chave do guarda-roupa de verão. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 Entre os dias 14 e 26 de janeiro do próximo ano, o 3º Festival Internacional Sesc de Música desembarca na cidade de Pelotas, no sul do Estado. A programação cultural contará com 40 espetáculos gratuitos, como recitais, música de câmara, concertos e música instrumental. Além disso, os participantes poderão participar de 30 oficinas instrumentais e de canto, entre elas cordas, madeiras, metais, piano, coral, choro e jazz. Os alunos que se cadastrarem poderão optar pelo turno das aulas (manhã ou tarde) e compartilharão experiências com 203 artistas do Brasil, do Mercosul, da Ásia e da Europa. As inscrições estão abertas até 5 de outubro deste ano. Para isso, além de acessar o www. sesc-rs.com.br/festival, os interessados devem publicar um vídeo no Youtube informando nome de professores, escolas e obras que executam. Para aqueles que já atuam em orquestras profissionais, é necessário dizer o nome da instituição e a função exercida. Os participantes selecionados serão divulgados no site no dia 29 de outubro. 09 Inscrições abertas para Festival de Música Os comerciantes que trabalham com o setor de vendas de roupas e acessórios e ainda não totalizaram seus pedidos para primavera/verão 2012 devem garantir desde já as peças que serão hits nessas estações. Entre as novidades apresentadas nas semanas de moda dos principais centros fashionistas mundiais – como Londres, Paris, Nova Iorque, Milão e São Paulo – estão: N O T Í C I A S Divulgação/Fecomércio-RS Fecomércio-RS lança Agenda Legislativa 2012 No início de agosto, O Sistema Fecomércio-RS lançou a Agenda Legislativa de 2012, cujo intuito é mostrar a visão da entidade a respeito dos projetos de lei que interessam ao setor terciário gaúcho, e que ainda estão em tramitação na Assembleia Legislativa. Dos 32 citados na publicação, 81,25% não agradaram a Federação, por terem ideias que vão à contramão do que é defendido pelo Sistema. Segundo o presidente Zildo De Marchi, os itens polêmicos são a formalização e longevidade das empresas, racionalização dos impostos e modernização na relação entre capital e trabalho. Tendo o material em mãos, empresários do setor e autoridades políticas poderão cobrar retornos dos parlamentares com o subsídio necessário para isso. Alternativas sustentáveis na Feira do Empreendedor 10 Panorama sobre diferentes mídias no país Senac-RS marcou presença na Courovisão 2012 A publicação anual lançada pelo Ibope Media, o Media Book, agrupa dados sobre o consumo de meios de comunicação de massa em 13 países da América Latina. A edição de 2012 traz dados referentes à penetração desses veículos no cotidiano das famílias brasileiras. A plataforma mais consumida continua sendo a televisão aberta, com 97% de ingresso, seguida pelo rádio, com 76%, internet (53%), jornais (46%), TV por assinatura (35%) e revistas (33%). Já a atração mais assistida continua sendo a novela, que angariou 38,5 pontos de audiência em 2011. O maior aplicador foi o setor do comércio, que contabilizou aos cofres das empresas U$$ 11 bilhões, sendo a TV a cabo e os jornais os que mais se beneficiaram desse montante, apresentando índices de 53% e 20%, respectivamente. A edição 2012 da Courovisão, que aconteceu nos dias 28, 29 e 30 de agosto na Fenac, em Novo Hamburgo, contou com a presença do Senac-RS. No dia 28, os alunos do curso Técnico em Criação e Coordenação de Moda apresentaram um desfile com 30 looks próprios. Já no dia 29, houve a palestra Moda e Comportamento, com a participação da estilista Isabela Capeto e da jornalista Ana Clara Garmendia, e mediação do coordenador de moda do Senac-RS, Márcio Weiss. Nesse dia, os participantes da feira também puderam conferir o Estúdio Courovisão, com os alunos de Canoas e Novo Hamburgo. Fábio Winter e Lu Freitas/Divulgação Fenac Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 O Sebrae-RS promove a Feira do Empreendedor, que acontece entre os dias 27 e 30 de setembro, das 14h às 21h, no Centro de Exposições da Fiergs, em Porto Alegre. No espaço Onde boas idéias viram ótimos negócios, serão apresentadas vinte orientações, oriundas de pesquisas realizadas pela entidade, sobre dados necessários para quem pretende abrir uma empresa ecologicamente correta, socialmente justa e economicamente viável. Além disso, a entidade disponibilizará consultores para esclarecer dúvidas e ajudar os aspirantes a empreendedor a escolherem o melhor momento para abrir um negócio, através de etapas de análise de mercado e projeção de faturamento, que mostrarão para o empresário onde, como, quando e para quem oferecer seus produtos e serviços. & & N E G Ó C I O S Divulgação/Senac-RS O Senac-RS oferece diversas opções de cursos de especialização para aqueles que buscam crescer profissionalmente ou até mesmo ampliar os horizontes dentro da área de atuação. Entre as opções, destacam-se os setores de Artes, Educação, Gestão, Informática, Meio Ambiente e Saúde. Se o tempo está curto e o estudante almeja conciliar tarefas, a opção EAD é a melhor escolha. As aulas são a distância e o material didático é disponibilizado online, permitindo que o aluno participe de fóruns de discussão com os colegas e professores através do computador. As inscrições encerram no dia 15 de setembro. Para mais informações acesse www.senacrs.com.br/pos ou ligue para (51) 3284-1990. Empreendedores Individuais ultrapassarão MPEs Criada em 2009, a categoria de Empreendedores Individuais (EIs) vem adquirindo cada vez mais mercado. É o que comprova um apontamento realizado pelo Sebrae Nacional. Hoje, são 2,1 milhões pessoas que abriram seu negócio sozinhas, enquanto as pequenas companhias totalizam 3,9 milhões. A estimativa para 2014 é que haja aumentos para 4,3 milhões de empreendedores individuais e 4,2 milhões para empresas, o que indica tempos favoráveis para quem deseja se tornar um EI. Ainda segundo a pesquisa, o comércio e os serviços são os setores que mais abrigam empresários individuais, sendo a lista encabeçada pela venda de roupas (214 mil proprietários solo), seguida por cabeleireiros (151 mil), obras de alvenaria (62 mil), lanchonetes (59 mil), e minimercados (54 mil). três perguntas Considerado um dos gurus da área de gestão, César Souza alerta para a importância das empresas reorganizarem seus processos a partir das demandas do século 21. Essa transformação também requer uma nova postura do líder, mais customizada e menos por “atacado”. Carlota Pauls Pós-graduação a distância Pessoas felizes produzem mais. Com uma relação mais próxima é possível realizar ações individualizadas e menos por “atacado” capazes de gerar felicidade? Souza Sem dúvidas. A maioria das pessoas é infeliz no local trabalho, em função das corporações não permitirem que os colaboradores tenham autonomia para desenvolver seu potencial e exercer a criatividade. Assim como hoje há um apagão de profissionais, há também um apagão de lideranças? Souza Com certeza. Há três anos fiz uma pesquisa com 1.065 representantes de empresas. Perguntei se a organização dispunha de líderes na quantidade e na qualidade necessárias para o momento de crise da economia: 71% disseram que não. Recentemente, em um congresso, questionei novamente e o número aumentou para 87%. Esses dados graves mostram que é preciso tomar uma providência urgente no sentido de recapacitar os líderes da atualidade. 11 Souza É importante o neolíder entender que as pessoas não querem mais ser tratadas como um “cargo”, pois isso não estimula produtividade e comprometimento. A liderança precisa aprender a customizar a relação com as pessoas, entender quem é aquele ser, seus sonhos e necessidades. Os bons líderes que eu conheço dedicam aproximadamente 40% do seu tempo às pessoas. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 No livro A neoempresa, o senhor aborda as características necessárias para uma empresa crescer no século 21, entre elas, o perfil do novo líder. Esse profissional precisaria customizar a relação com o liderado. Como é possível aplicar essa teoria na prática? S ustentabilidade um jeito “verde” de ser Para que um empreendimento seja sustentável, vale cuidar os detalhes que o compõe, desde sua concepção, se possível. Seja a redução do consumo de energia ou embalagens de papel reciclado, o que importa é estar atento às demandas do planeta (e dos clientes) 12 comum imaginar que todo projeto sustentável custa caro e que o retorno não é imediato. Albert Koelln, arquiteto, prova que as coisas não são bem assim. “Sustentabilidade é, primeiro, respeitar a geografia, e isso não é caro.” Alguns materiais e tecnologias, como o coletor solar, sim, têm um valor elevado. No entanto, nesse caso, a média de redução de gastos com eletricidade é de 30%. Sendo assim, o investimento inicial se transforma em economia e ajuda a gerar energia limpa, gratuita e infinita. A inspiração para abrir a empresa de arquitetura sustentável surgiu quando Koelln e sua sócia, Ingrid Dahm, estagiaram na Alemanha. Lá, eles perceberam a existência de vários escritórios como o que vieram a montar em 2009, em Porto Alegre, o Cubo Verde. “Já tinha a ideia, mas lá identifiquei o foco do negócio”, lembra. A partir daí, ele passou a dispensar os projetos convencionais para se dedicar apenas aos ecológicos, que demandam ainda mais criatividade Bens & Serviços / Julho 2012 / Edição 87 e adaptação. “Sustentabilidade é um ciclo, é pensar desde o anteprojeto, passando pela supervisão até o descarte de materiais”, descreve. Koelln conta que é procurado por curiosos que ainda não sabem como funciona um investimento assim. Quem realmente fecha um contrato com o Lúcia Simon É Texto: Belisa Lemes da Veiga Para construir o Café Bonobo, Marcelo Guidoux Kalil inspirou-se no período que morou em Londres Cubo Verde é porque quer realizar uma obra com o mínimo de desperdício e investir em fontes menos poluentes de energia. “São pessoas de todos os ramos que querem agregar sustentabilidade ao negócio”, esclarece. Diferente de quando se constrói do zero, no caso de uma reforma, às vezes é necessário adaptar. É o caso do sistema de captação de água da chuva, que depende da gravidade para ser implantado. Koelln relata que já foi necessário enterrar uma caixa d’água no solo, pois o local não comportava um reservatório suspenso. Hoje não é mais necessário comprar móveis novos para equipar uma sala ou um restaurante. Trabalhando também com arquitetura de interiores, o arquiteto conta que é possível reutilizar os já existentes, diminuindo o consumo de madeira. Ele dá o exemplo de um bar, em Porto Alegre, que foi decorado apenas com mobiliário já existente nos fundos da casa. “Eles tinham um depósito e todos os móveis saíram dali”, relembra. silvio ribeiro Marcelo Guidoux Kalil e Valesca Kuhn sempre tiveram a ideia de abrir um restaurante sustentável, onde quase toda a matéria-prima dos pratos saísse do próprio quintal. Em 2009, se estabeleceram no bairro Bom Fim, em Porto Alegre, e deram início ao Café Bonobo. O antigo sobrado, que já abrigou uma galeria de arte, agora é um lugar que serve comida vegana (que elimina o uso de produtos de origem animal). “As pessoas vêm porque a comida é gostosa. A maioria nem é vegana”, conta. Com as próprias mãos, eles reformaram a casa, transformando a garagem em sala de estar e depois em um salão, com capacidade para 30 pessoas. O conceito de sustentabilidade abrange toda decoração do local, onde parte das cadeiras, mesas, molduras, estantes e quadros foi adquirida no lixo. O restante foi comprado em lojas de móveis usados. Marcelo conta que a inspiração veio do tempo em que morou em Londres. “Lá, conheci um formato que se assemelha mais a uma cooperativa”, relata. Na horta, há árvores nativas, feijão vermelho e uma grande variedade chás. O que não cresce ali, é adquirido na feira de produtos ecológicos do bairro. “Compramos pronto suco de uva, cerveja (de produtores artesanais da região) e vinho (chileno, sem conservantes).” Para regar as plantas e limpar a casa, eles montaram uma estrutura caseira de reutilização da água da chuva. O sistema para captação de energia solar funciona desde o ano passado e já trouxe resultados. “O primeiro painel solar custou R$ 2 mil, e, em menos de um ano, já economizamos o equivalente a um mês de energia elétrica.” Para reduzir ainda mais o consumo, eles planejam adquirir o segundo em breve. As lâmpadas que iluminam o café são de LED e custam cerca de R$ 20 cada. Não há ar-condicionado, mas dois ventiladores de teto. Para incentivar o uso de bicicletas, o Café Bonobo implantou um bicicletário. Mas, como revela Kalil, “a maioria das pessoas ainda vêm de carro”. Junto ao caixa, é possível levar para casa uma muda de planta, como o abacateiro. Eles não vendem refrigerantes e a água servida aos clientes não é mineral, mas potável, evitando a eliminação de resíduos ao meio ambiente. Loja Eco Planejada com foco na ecoeficiência, a C&A Eco, no centro da capital gaúcha, foi a primeira loja ambientalmente sustentável da rede no Brasil, seguindo o modelo da primeira no mundo da marca, localizada em Mainz, na Alemanha. O projeto foi elaborado com o objetivo de reduzir emissões de carbono e racionalizar o consumo de água e energia. Toda a concepção da loja e sua operação funcionam de maneira sustentável, desde a utilização de produtos corretos até a criação de um espaço de sustentabilidade ao cliente. Para isso, a loja adotou um coletor de lixo eletrônico, paredes claras que melhoram as condições térmicas (reduzindo, assim, o uso do ar-condicionado) e sacolas oxibiodegradáveis, em substituição às de plástico, além de papel reciclado nas embalagens de presente e em todo o material de papelaria utilizado pela empresa, entre outras soluções. Bens & Serviços / Julho 2012 / Edição 87 13 Da horta à decoração G uia de Gestão Curtindo a interação digital As mídias sociais promoveram, na última década, mudanças no relacionamento entre empresas e o público-alvo. Conheça as particularidades das principais redes e como elas podem ser usadas para impulsionar o seu negócio 14 s mídias sociais deixaram de ser novidade. Em 2012, Twitter e Facebook são quase tão familiares para os usuários de internet quanto o e-mail e os comunicadores instantâneos. Para as empresas, é uma oportunidade de tornar seus produtos e serviços mais conhecidos, sem a necessidade de investir muitos recursos financeiros. Essa aparente facilidade de veicular as marcas para os consumidores esconde armadilhas e ainda hoje é comum encontrar companhias sem uma estratégia adequada para a rede. Como qualquer estratégia de comunicação, é preciso estudar qual a tática correta para atingir o públicoalvo e potencializar a divulgação da marca. O primeiro passo para obter sucesso nas mídias sociais é compreender o seu funcionamento. Os blogs corporativos são mais indicados para Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 quem deseja publicar conteúdo mais longo, e são frequentados por um público que conhece ou tem interesse em saber mais sobre a marca. Já as redes sociais se baseiam em relacionamentos e tem uma dinâmica veloz. Uma interação inadequada é capaz de gerar um impacto negativo sobre o negócio. Para fortalecer a presença na internet, as organizações recorrem a profissionais especializados no meio digital. Eles auxiliam a identificar o interesse de potenciais clientes, estabelecer objetivos, planejar ações e promoções, além de fazer um acompanhamento constante para eventuais mudanças de cenário. Sócio-proprietário da agência de comunicação digital Sudhouse, Duda Miralha diz que as relações com o público sempre fizeram parte da rotina das empresas. Na avaliação do especialista, a principal mudança – e que assusta muitos gestores – é a rapidez com que as interações acontecem. “Há um abismo entre o que era realizado até uma década atrás, o que está sendo feito hoje e as projeções das novas tecnologias”, explica. Carlos Eduardo Azevedo A Texto: Marcelo Salton Schleder Miralha: é necessário monitorar e acompanhar a repercussão das postagens uma estratégia. Usar da criatividade é essencial para levar aos clientes temas de interesse e que tenham relação com o negócio da empresa. Depois disso, com o acompanhamento da repercussão das postagens, é possível direcionar as novas interações de acordo com os interesses do público. Um exemplo consagrado de ação nas mídias sociais são as ofertas exclusivas. Elas permitem às organizações criar uma base de seguidores. Outras práticas aconselháveis são dicas de uso de produtos, avisos sobre serviços e compartilhamento de causas relacionadas à atuação da empresa. Entretanto, Miralha ressalta que a eficiência das ações podem sofrer grandes variações. “O certo é que não há fórmula. O que deu certo pela manhã pode causar um grande ruído no final da tarde, porque do outro lado existem pessoas, que alternam suas opiniões em função das mais diversas motivações”, comenta. CASOs DE SUCESSO INFORMAÇÃO Ter um relacionamento próximo com os consumidores é o sonho de qual- quer organização. As mídias sociais permitem isso, mas é preciso oferecer atrativos para que os usuários acompanhem as ações da empresa. Conhecer o receptor é fundamental. “Para falar você deve ouvir primeiro, por isso é tão importante uma etapa inicial de monitoramento, que produzirá uma matriz de conteúdo dos principais temas de interesse de cada público”, destaca Miralha. A partir desse monitoramento, há elementos suficientes para a criação de Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 15 Independentemente da empresa optar pela ausência nas mídias sociais, os clientes estarão lá, prontos para dar depoimentos sobre a qualidade dos produtos e do atendimento, a pontualidade da entrega e o processo de pós-venda. É o tradicional boca a boca, porém nas mídias digitais ele é mais forte. A gerente de Marketing da franquia da Pizza Hut no Rio Grande do Sul, Dana Chmelnitsky, avalia que a sensibilidade é um emento-chave para o sucesso nas mídias sociais. “Gerenciar um perfil é mais baseado em um exercício de empatia do que de técnica.” Na empresa, há uma preocupação constante em ser cordial e útil aos seguidores. “Por ser uma ferramenta extremamente segmentada e espontânea, temos que ter o cuidado em postar conteúdo de relevância e não sermos invasivos.” A estratégia deu certo. Através da divulgação de campanhas promocionais e lançamento de produtos, a Pizza G uia de Gestão Hut superou a marca de 3 mil seguidores no Twitter e de 10 mil no Facebook. “É necessário entender as movimentações da sociedade e caminhar no mesmo sentido. A forma de se comunicar mudou, e precisamos entender isso e nos adequar. As redes sociais nos permitem criar um relacionamento que não esteja baseado no processo de compra e venda”, comenta Dana. A rede de lojas Gang tem como público-alvo os adolescentes, categoria de consumidor mais inserida no ambiente online. “A prioridade é o conteúdo que envolva as promoções. Ainda assim, postamos muito conteúdo sobre os lançamentos e tendências da moda, sempre tentando relacionar com os nossos produtos e com o interesse dos clientes”, diz a coordenadora de Marketing da empresa, Letícia Steibel. Na Gang, todo o conteúdo de mídias sociais é programado com uma semana de antecedência. Contudo, a empresa não deixa de acompanhar os assuntos mais comentados e promove modificações conforme a necessidade. Hoje, são 9,4 mil seguidores no Facebook e 8,5 mil no Twitter, além de um blog e página no Orkut. DIFERENÇAS Facebook, Twitter, Orkut, Google+, Pinterest. Com tantas opções, fica a questão: como conciliar ações em redes tão diferentes? Para responder, os gestores devem considerar o perfil do público a ser atingido, as ferramentas de cada serviço, se o conteúdo é de foco promocional ou institucional e qual o objetivo da estratégia. Há empresas que optam em criar conteúdo diferente para cada rede social, em razão dos diferentes tipos de interação e consumo. Outro grupo prefere integrar as contas, concentrando a maior parte do conteúdo em uma delas. Miralha esclarece que, além das ferramentas, o tempo de vida de uma postagem costuma variar de acordo com a rede. “A interface do Twitter torna seu uso direcionado para pessoas que con- Passo a passo Saiba como montar uma estratégia de sucesso nas mídias sociais Conheça o público alvo: classe social, sexo, faixa etária e interesses Estude a maneira mais adequada de se relacionar: tipo de mensagem com maior aceitação e hábitos de uso da internet Ouça e interaja: o cliente se sente valorizado Poste conteúdo relevante: relacione os produtos da empresa com a utilidade para o consumidor Aprenda a ser sucinto: o texto não deve ultrapassar poucas linhas Mantenha os contatos atualizados: aumente as chances de interação 16 Crie metas periódicas: revise a linha de ação constantemente Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 sigam estar atentas às postagens no momento em que surgem, e daí repassam para o seu grupo. Já no Facebook, ocorre um consumo de interesse e pesquisa, onde o comportamento é de busca por assuntos interessantes na linha do tempo e o comentário, por vezes com grande lapso de tempo da postagem original, ainda assim pode desencadear um novo debate”, ensina. A Pizza Hut faz um trabalho específico para cada rede que atua, com resultados variados. “A interatividade é muito maior, no Facebook, pois além de ter mais de 140 caracteres, pode se postar imagens, e é possível fazer comentários, que geram interação e efeito viral entre os amigos de quem curte nossa página. O tempo de vida da publicação é muito maior do que no Twitter”, relata Dana. Só as experiências de cada companhia irão determinar quais as escolhas corretas. O importante é que as empresas estejam preparadas para aproveitar a oportunidade de interação da melhor forma, com respostas rápidas e monitoramento para identificar oportunidades. Nas mídias sociais, a interação amplia o poder do consumidor. Dessa forma, é comum que clientes insatisfeitos façam reclamações públicas e cabe às empresas estar preparadas para um retorno veloz para solucionar o problema. “Quando recebemos alguma reclamação, vamos in loco entender o que houve para dar um retorno personalizado e real para cada situação”, relata a gerente de Marketing da franquia da Pizza Hut. O importante é encerrar o processo como uma oportunidade de melhoria do produto ou do serviço, assim como seria feito por telefone ou no balcão. Opinião Divulgação Ricardo Setyon Jornalista e professor do MBA Gestão e Marketing Esportivo da Trevisan Escola de Negócios “É na capacidade de gestão de um grande evento que temos que nos aproximar de Londres e dar conta de responder a tamanha responsabilidade.” sonalidade dos povos que os sediam. A conexão Londres-Rio de Janeiro teve início lá, no Estádio Olímpico, onde pudemos mostrar as nossas características, os nossos valores e tradições. E fizemos bonito. E os ingleses, assim como os demais, das mais diversas nacionalidades ali presentes, gostaram do que viram. E aplaudiram. Em pouco tempo, fomos capazes de mostrar que o Brasil é também samba e mulher bonita. Mas não só. Somos o contraste do gari Sorriso e do gringo “cintura dura”. Mas somos Marisa Monte e Heitor Villa Lobos. A conexão Londres-Rio começou quando o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Jacques Rogge, passou a bandeira olímpica às mãos do prefeito carioca, Eduardo Paes. O Rio de Janeiro será responsável pela primeira Olimpíada na América Latina desde 1968, quando a cidade do México foi sede. É na capacidade de gestão de um grande evento que temos que nos aproximar de Londres e dar conta de responder a tamanha responsabilidade. Nossas tradições, valores e traços culturais serão mais bem vistos e percebidos se tivermos competência e recursos profissionais para pensar, planejar, organizar e realizar algo tão grandioso! 17 A cidade de Londres realizou uma Olimpíada impecável, apostando na grandiosidade de suas tradições, na organização, na educação de seu povo e, como não poderia deixar de ser, na gestão adequada e profissional de cada detalhe. As tradições estavam presentes nas festas de abertura e fechamento. Estavam nas provas de rua, onde se viram por dias os belíssimos cartões postais da cidade. Estavam na pontualidade das provas e na constante presença da família Real. A população londrina aproveitou cada momento. Marcou presença nas competições, recebeu os turistas com educação e orgulho, manteve todos os serviços funcionando impecavelmente. O povo britânico tem a característica de manter tudo com extrema organização, talvez com uma certa dose de inflexibilidade que causa estranheza a personalidades latinas. Nesses jogos, era impossível não observar o que classifico como over organization, uma prática de delinear normas, definir regras, ter tudo em tabelas e planilhas que, no final, causa um certo engessamento. Mas não podemos deixar de considerar que eventos como Copa do Mundo e Olímpiadas carregam grande dose da cultura e da per- Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 C onexão Londres-Rio Eline Kullock FOTOS: Daniel Kullock/Divulgação E N T R E V I S T A A pesquisadora da juventude À frente do Grupo Foco, consultoria que fundou há 19 anos, Eline Kullock tem vasta experiência no que diz respeito à pesquisa sobre tendências de comportamento dos jovens, fazendo da executiva uma das maiores especialistas no país sobre os desejos e anseios da conhecida Geração Y Eline Em primeiro lugar, a Geração Y não está acostumada ao ‘tempo’ de outras gerações. Meu conceito, meu modelo mental de ‘rápido’ é diferente do modelo mental de alguém da Geração Y. O meu modelo é do tempo da carta – em que uma correspondência levava dez dias para chegar ao seu destinatário – e uma mistura disso com o Twitter, dos tempos atuais. O modelo mental do jovem percebe somente o Twitter. Nossos tempos são distintos e não nos damos conta disso. Em segundo lugar, eles são de uma época em que não há mais manuais: tudo é aprendido por tentativa e erro. Eu sou da época dos manuais. Nós líamos antes para aprender como uma geladeira funcionava. Hoje o aprendizado deve ser por tentativa e erro, e os mais velhos ainda esperam pelo modelo de ‘manual’, desconhecido pelos membros da Geração Y. Um terceiro aspecto a considerar é que eles aprendem com os pares, não com pais, professores e chefes. Em um mundo em que a tecnologia avança muito rapidamente, onde se compartilha tudo, é mais fácil entrar num site para tirar dúvidas, ou para escolher um hotel, um computador ou uma moto, por exemplo. Em quarto lugar, está a questão da autoridade, que também mudou. A família deixou de ser autoritária para ser mais compreensiva e tornar-se ‘amiga’ dos filhos. São eles que escolhem onde se almoça no domingo ou aonde a família vai. Na escola, a figura autoritária do professor também perdeu espaço. Na empresa, chegam tratando todos de igual para igual. Como está a inserção desses jovens no mercado de trabalho? Eline Esses jovens estão entrando num mercado de trabalho mais aquecido do que em outras épocas, o que reforça a alta autoestima. Eles não passaram pelos árduos tempos da hiperinflação, do país subdesenvolvido, da ditadura. Nasceram e cresceram sob o contexto de um ‘Brasil BRICS’ (sigla para o agrupamento Brasil-Rússia-Índia-ChinaÁfrica do Sul). A cultura brasileira Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 19 O que é essencial saber sobre a geração Y? Entrevista é muito diferente, neste momento, da cultura espanhola, por exemplo, em que um em cada três jovens estão desempregados. Eles podem optar, como o fazem. E não criam os mesmos vínculos que eram criados no passado. Podem decidir sair para ‘mochilar’ por um tempo, ou criar uma banda ou um projeto que os interesse muito. Isto porque viram um modelo falido de seus pais que não podem se aposentar aos 60 anos ou 70 anos e têm que ganhar a vida até seus 80, 90 anos. Os jovens da Geração Y querem ter prazer agora e não depois, porque não sabem quando este ‘depois’ surgirá. E qual o perfil do líder admirado por essa geração? Quais as principais características desses jovens? Eline Eu faço essa pergunta para plateias, sobre quem é o ídolo dessa geração, e é muito interessante, porque essa moçada não sabe dizer. Essa é a geração do ‘muito’. Na minha época de jovem, tínhamos poucas opções sobre o que decidir: a marca da televisão, do automóvel, os tipos de cursos nas universidades eram poucos. Hoje em dia, a quantidade de cursos dentro do campo da engenharia, por exemplo: os jovens ficam perdidos porque têm muitas opções. É a geração do ‘muito’ em relação à cor da capa do celular, ao modelo de carro, etc. Essa geração nem se dá conta de como tem opões de escolha. Eles falam muito do Steve Jobs, mas eles todos sabem que o Jobs tinha um gênio muito difícil para lidar numa organização. O líder que for difícil vai gerar muita insatisfação e frustração. O líder (que eles admiram) será aquele que escuta; esses jovens querem ter voz e um líder que os engaje desde o início em um projeto. Eles estão acostumados a falar o que pensam do presidente, das marcas: dar voz é importante e engajá-los desde o início também. O líder que fizer isso, além de liderar pelo exemplo, vai ter melhor aceitação. Eline São tecnológicos, questionadores, voltados para resultado, com uma tomada de decisão muito rápida, de bom humor. Só aceitam a liderança pela admiração, são mais egoístas que os membros de outras gerações, querem ter prazer instantâneo e têm mais dificuldade de receber feedback negativo. Você costuma chamar essa geração de “questionadores”. Por quê? 20 “A família deixou de ser autoritária para ser mais compreensiva e tornar-se ‘amiga’ dos filhos.” Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 Eline Porque a eles foi permitido, pela família, o questionamento. Seus pais já os educaram dizendo ‘não pode fazer isso por tal e tal motivo’. As explica- ções já lhes foram passadas pelos pais, que não queriam educar seus filhos de uma forma rígida como foram educados. A família passou a exercer uma autoridade menor sobre os filhos, que aprenderam a não aceitar ‘não’ como resposta. Querem a explicação de por que não lhes é permitida alguma coisa e querem contra-argumentar, e ter voz ativa nas organizações como têm em casa. “Os jovens da Geração Y querem ter prazer agora e não depois, porque não sabem quando este ‘depois’ surgirá.” Quais os benefícios desse tipo de comportamento? uma nova percepção sobre o raciocínio no mundo do ‘muito’ e do ‘pouco’. No mercado profissional, o que as empresas podem aprender com a Geração Y? Eline Podem aprender os seguintes aspectos: primeiramente, o seu ritmo, que é acelerado, como demandam os novos tempos da economia. Em segundo lugar, podem aprender o pensamento sobre um universo maior, porque os jovens estão inseridos num contexto maior que o nosso (há mais opções de tudo para se analisar a decisão de compra de um determinado produto, há mais variáveis intervenientes num processo, já que o mundo é plano). Por último, podem aprender a funcionar pelo método tentativa e erro, que é uma tendência, para aprender, sem esperar um ‘professor’. E o contrário? Eline Os jovens devem aprender com os membros de outras gerações: a ter maior resistência a frustração; a pensar a mais longo prazo; a analisar as situações de forma mais profunda e a aprimorar seu autoconhecimento. E quais dificuldades as empresas podem encontrar na Geração Y, como profissionais? Eline Todos os pontos citados na questão anterior. Essa geração se conhece pouco, porque recebeu muito feedback positivo de seus pais. É a geração ‘Yes, you can’ da campanha do (Barack) Obama. Tudo lhes era permitido, como diziam os educadores do nosso tempo, para que não crescessem frustrados, com baixa autoestima. Com a necessi- Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 21 Eline Eles fazem você questionar se sua afirmativa é valida ou não. Esses jovens são as melhores pessoas para você falar sobre uma ideia, porque essa contra-argumentação te ajuda a racionar melhor do que se você fizesse isso sozinho. Quando você é questionado a todo tempo você tem que se reformular. Você tem que ter certeza da resposta que tem que dar, e eles fazem você se questionar o tempo todo. Nesse sentido é uma contribuição enorme que a Geração Y está oferecendo em comparação a outras gerações que simplesmente concordavam ou discordavam sem contra-argumentar. Em uma empresa, acredito que ajuda a repensar a estratégia. Eles não estão viciados em um modelo. Como exemplo: uma loja que vende normalmente no mundo físico e de repente vem um jovem que sugere vender no modelo virtual. Você pode estar matando um modelo tradicional, mas é melhor você mesmo fazer isso do que um concorrente. Esses jovens não estão presos a um modelo, podem te ajudar a perceber oportunidades que estão no mundo 2.0. Eles podem oferecer Entrevista dade de tomar decisões rápidas, o processo de análise pode ser superficial. Como não sabem como serão em um mundo em mudança acelerada, não têm pensamento de longo prazo. Essa geração não aprendeu a ser contrariada, porque foram mais mimados, de maneira geral, se comparados a outras gerações. Assim, essa geração tem menor resistência à frustração. E de que forma é possível contornar essa situação? Como esses jovens podem adquirir mais autoconhecimento e lidar melhor com a frustração? algo que você aprende em um livro, são exercícios cotidianos, e que precisamos fazer com eles. Ajudá-los a pensar, pois talvez eles não dediquem muito tempo para fazer isso no mundo prático que eles têm. Então, o papel da chefia é fazer com que esses jovens repensem eles mesmos, baseado muito no coaching, e com base na ação do que esse jovem fez, ajudá-lo a pensar sobre ele. E quando o jovem desanimar com um projeto, buscar nominar essas possíveis dificuldades, tais como a frustração, para que toda vez que esse assunto surgir seja possível voltar a ele e discutir. Eline Tanto a resistência à frustração quanto o autoconhecimento não são Alguns estudos apontam a dificuldade da Geração Y em respeitar 22 “Esta geração se conhece pouco, porque recebeu muito feedback positivo de seus pais. É a geração ‘Yes, you can’ da campanha do Obama.” Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 superiores. Isso ainda acontece com frequência no mercado ou é um comportamento que está mudando? Eline Acontece e acontecerá com maior frequência. Em função de não verem mais os pais nem seus professores como uma fonte de autoridade, o conceito dessa palavra muda muito no desenvolvimento do novo modelo mental. Seu chefe não é mais uma autoridade, nem o presidente de sua empresa, nem o especialista. Ele pesquisa o que quer em ‘real time’, contra-argumenta com os médicos, questiona a autoridade e não aceita um ‘porque não’ como resposta. Que tipos de consequência essa atitude pode trazer para a carreira? Eline Acredito que a impaciência possa levar a decisões precipitadas. Tem a ver com a geração delete/restart. Às vezes deletamos algo e nos damos conta depois que não devíamos ter deletado. É uma geração que está muito acostumada ao jogo: perde, deleta, recomeça. Acredito que a consequência dessa impaciência pode acarretar decisões muito precipitadas na vida, de uma maneira geral, e no trabalho. Eu já ouvi de um jovem executivo que, em uma reunião com o presidente de uma empresa, havia feito uma série de sugestões e que o presidente fez perguntas muito óbvias, e ele se deu conta de que não tinha uma opinião formada com base em dados reais, mas na opinião própria, sem embasamento suficiente. Ele poderia fazer uma campanha inteiramente errada. Acredito que muitos vão errar nisso. E eles precisam ser confrontados, porque só vão aprender na hora em que isso acontecer. Esse executivo me disse que aquele contato com o presidente o ajudou muito na sua carreira porque ele viu que estava fazendo apologia de uma campanha sem embasamento algum. O que o mercado deve saber sobre o consumo vindo da Geração Y? Como as empresas podem aproveitar ao máximo o potencial desse jovem como profissional? Eline Deixá-los criar, escutá-los, dar espaço para ouvir suas ideias. Argumentar com eles, fazê-los desenvolver uma análise mais profunda para ver se sustentam sua argumentação, o que irá torná-la mais forte (a argumentação). Que perfil de líder essa geração formará (ou já está formando)? Eline Essa geração liderará de forma mais impessoal, partindo do pressupos- “Essa geração liderará de forma mais impessoal, partindo do pressuposto de que todos sabem os seus próprios papéis.” to de que todos sabem os seus próprios papéis. Conduzirá mais reuniões virtuais, por estar acostumada ao modelo virtual. Dará tarefas e não cobrará o andamento da tarefa, por ser mais concentrada em resultados. Pode ser que falte o líder inspirador, inflamado com suas ideias e ideais. O que esperar para depois da Geração Y? Quem é a geração Z? Eline Eu tenho certa dificuldade em falar em Geração Z porque eu gosto de dar nomes de acordo com as características que elas têm, e essa geração que vem por aí nós ainda não sabemos que modelo mental terá. E uma geração, para ser de fato uma geração, tem que ter um modelo mental próprio, e eu não sei se essa geração que vem aí terá um modelo mental diferente. Mas certamente esses jovens vêm com uma questão ecológica mais bem preparada para lidar com o mundo por uma questão de necessidade, não por questão de conceito. Certamente terão uma visão de mundo mais diferente dessa que está aí, porque eles irão entrar em um mundo onde o empowerment das pessoas será maior, porque elas poderão criar ou destruir uma marca. Ela já vem com a segurança de que a opinião dela conta muito, a geração que está aí começa a viver isso, mas não é algo nativo. Então a próxima vai ter essa noção de empowerment mais forte. É que nem o tabuleiro de xadrez: o poder do peão é muito maior do que andar para frente uma casa. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 23 Eline Eles serão menos fiéis às marcas, exigirão respostas rápidas. Inserção nas mídias sociais (onde eles podem ser mais iguais); estarão mais inseridos no consumo ecológico que outras gerações, estarão prontos a experimentar o novo. Estarão extremamente ligados a tudo o que puder acelerar seu tempo, o que for prático. Vão se vestir de forma a transmitir, pelas roupas, seu estilo de vida. Irão misturar o que é de marca com o prático, barato, numa forma de mostrar como pensam. M arcas Conceito para além dos olhos O logotipo é a representação visual de uma marca. Para evitar más interpretações e transmitir a mensagem que se pretende, é necessário planejamento estratégico e estar atento às transformações do mundo sem perder de vista a identidade do negócio U Luiz Meurer/Divulgação ma marca forte é construída com um posicionamento bemdefinido. Por trás do nome, existe uma estratégia de mercado – quem é a empresa, qual a sua identidade, que valores ela quer transmitir para o público. O conceito deve perpassar todos os âmbitos do negócio, da filosofia interna de trabalho à relação com o cliente. No entanto, ele é mais perceptível por meio de um elemento-chave: o logotipo. Desenvolver um logo não é simples. A imagem, além de esteticamente aprazível, deve ser funcional e adequada aos objetivos da marca. Para isso, é preciso que o desenho esteja atrelado à mensagem que se quer passar. Trata-se de um símbolo, de uma representação visual para várias ideias. Porém, muitos empresários ainda tratam o logotipo apenas como uma mera ilustração. E isso pode prejudicar o sucesso do empreendimento. Valores alinhados 24 Paula: “Deve-se entender a relevância da marca no mercado” Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 O primeiro passo para criar um bom logo é entender o próprio negócio. É preciso ter metas definidas, assim como missão, visão e valores bem-delineados. “Todos têm que entender o âmbito da marca, tanto o público interno quanto o público externo”, explica o consultor de branding Helio Moreira. Feito isso, a empresa se posiciona estrategicamente no mercado buscando diferenciação, destaque no segmento em que atua. Atrelada a esses fatores, vem a pesquisa. Busca-se conversar com dirigentes, colaboradores e consumidores. Reuniões e entrevistas com esses grupos auxiliam a entender a percepção que se tem da marca. Compreender o contexto em que a empresa está inserida também é importante. A publicitária Paula Quintas, sócia-diretora do Estúdio Bergamota, afirma que a marca precisa “ter a noção do segmento com que ela conversa: saber quais os sinais e signos que o público entende, como pode falar com ele e, principalmente, como pode se diferenciar”. Mais que estética Com todos estes âmbitos encaixados, parte-se para a concepção do lo- Lúcia Simon Cada um vê de um jeito A interpretação está ligada a questões culturais. “Toda marca, por ser emocional, vai ter olhares e relações diferentes em relação a ela. Questões cromáticas, de simbologia e conceituais não vão ser lidas de uma maneira tão homogênea”, explica Jeff Barros, sóciodiretor da agência Packaging. Em outras palavras, nem sempre se pode prever um impacto negativo – apenas minimizá-lo. Mudanças sociais como a ascensão da classe C e a vigente preocupação com sustentabilidade também afetam as marcas. Um bom logo costuma ser atemporal, mas há vezes em que certas alterações são necessárias. “A CocaCola muda seguidamente, mas faz pequenos ajustes – uma tonalidade, o desenho da letra. É quase como lapidar um diamante. As marcas bem-desenhadas são lapidadas”, compara Paula. É o chamado redesign, ou redesenho, quando são necessárias somente leves modificações. Por outro lado, há marcas que simplesmente não alcançam sucesso de público e precisam ser completamente alteradas para se adequar à realidade contemporânea. A maior concorrente da Coca-Cola, a Pepsi, costuma trocar de identidade visual a cada dez ou quinze anos. Nestes casos mais extremos, as mudanças podem assustar o público. Paula cita a marca de sucos Tropicana. Num reposicionamento de mercado, as embalagens do produto foram trocadas por versões minimalistas. Perdeu-se, assim, o apelo de bebida saudável. As vendas despencaram e, alguns meses depois, a empresa voltou atrás. Aconteceu algo semelhante com a grife de roupas Gap. O novo logo repercutiu tão negativamente entre os consumidores que, em poucos dias, a empresa decidiu permanecer com a marca clássica. Na realidade das PMEs, uma mudança de logo pode ser interpretada como transformação de todo o negócio. Clientes podem pensar que a loja mudou de dono, por exemplo. Por isso, cabe a recomendação: entender a função da empresa. “O segredo é estar sempre com os olhos no mundo, entender sua relevância no mercado. Com isso, a marca acompanha”, explica a publicitária. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 25 gotipo. A essência da marca será transformada numa figura cuidadosamente planejada. Cores, tipografia e demais elementos são combinados de maneira que remetam às ideias a serem passadas. Quando bem-feito, o resultado positivo do logo é inegável. Nike e McDonald’s, por exemplo, têm representações visuais icônicas. Basta ver o logotipo para saber do que se trata. A representação visual demanda o trabalho de profissionais. “Muitas micro e pequenas empresas contratam contabilista, advogado, arquiteto, mas não uma agência especializada para fazer a sua marca, que é a principal fonte de comunicação com o cliente”, alerta Moreira. Assim, alguns empreendimentos optam por um “desenho bonito”, sem considerar a funcionalidade e as interpretações possíveis da figura. T E N D Ê N C I A Texto: Luísa Kalil O futuro já chegou Estamos em fase de transição. A tecnologia e a sustentabilidade tornam-se cada vez mais presentes nas vivências de uma sociedade; os consumidores estão mais bem informados e ávidos por novidades. Neste 27 N ão há dúvidas sobre a crescente velocidade com que tudo se transforma hoje, em especial a partir do constante progresso tecnológico, provocando impactos tanto em hábitos individuais quanto coletivos. Em pouquíssimo tempo, redes sociais, smartphones e o e-commerce passaram a integrar a rotina de crianças, adultos e idosos, tanto homens quanto mulheres, no ambiente profissional e familiar. Fato é que o avanço na tecnologia não irá parar por aqui, e por isso é necessário estar atento às tendências para os próximos anos. No caso do comércio, quais serão as principais mudanças nos hábitos de consumo? E, com base nisso, qual será o perfil do consumidor? Um estudo da Deloitte Touche Tohmatsu Limited, divulgado no ano passado, aponta alguns traços do consumidor em 2020 e antecipa mudanças a serem acompanhadas pelas empresas. Um arquivo de 28 páginas revela, entre gráficos e texto, como o cenário em que vivemos hoje irá se apresentar em um futuro não muito distante. Afinal, faltam apenas oito anos para 2020 se tornar uma realidade. Segundo a pesquisa, uma mudança crucial na economia global irá mudar a forma como varejistas e as marcas registram crescimento. Neste novo cenário, uma das prioridades dos consumidores será a busca pelo preço baixo. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 aspecto, quem é o consumidor do futuro e quais serão as suas demandas? T endência Negócio da China A crise na economia norte-americana e a turbulência no continente europeu alteraram certos aspectos no comportamento do consumidor. Na terra do Tio Sam, as mudanças apontam o aumento de refeições feitas em casa e no consumo de produtos de marca própria. Mesmo que a economia se recupere, é possível que esse comportamento permaneça. De qualquer forma, o que pode mudar são os requisitos necessários para que varejistas e marcas obtenham sucesso entre consumidores. Na China, a crise no setor de exportação – provocada pela crise na economia global – levou a um desemprego massivo. Ainda assim, o consumo continuou a crescer. O estudo da Deloitte aponta que, mesmo quando a economia global estiver integralmente recuperada, os chineses continuarão a consumir de forma crescente. Entretanto, a maior população do mundo permanecerá um país pobre. O alerta é que isso vale igualmente para Marco Quintana/Divulgação Vonpar outras economias emergentes, como a Índia, o México, a Rússia e o Brasil. Mas o que isso quer dizer? Conforme aponta o estudo da Deloitte, isso significa que, para continuar atendendo a esses consumidores – classificados como classe média –, é necessário compreender o que eles entendem como valor. Neste aspecto, está incluída uma forte sensibilidade ao preço, o que reservará um bom espaço do mercado para compras com desconto. O papel dos emergentes “O melhor preparo é não resistir às mudanças.” Ricardo Vontobel 28 Presidente da Vonpar Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 O contínuo crescimento dos países emergentes é esperado, e com isso cresce também o mercado de consumidores de classe média. O destaque vai para os BRICS – Brasil, Russia, Índia, China e, mais recentemente, a África do Sul –, além de Indonésia, México, Turquia e Vietnã. Esses países são gigantes não apenas em território, mas também por tamanho econômico, crescimento e por concentrarem um potencial significativo. O estudo da Deloitte revela que, até 2020, o Brasil deve crescer acompanhado do rápido aumento no número de pessoas com poder aquisitivo relativamente médio. Na continuidade, a pesquisa aponta que, à medida que os países se tornam mais desenvolvidos, uma série de fatores levará as pessoas a ter menos filhos; com a diminuição da população, a mão de obra atuante e o poder de consumo também diminuirão, enfraquecendo o potencial de crescimento da produção econômica do país. Entretanto, um país em desenvolvimento garantirá mais oportunidades para que mais mulheres estudem e integrem o mercado. A questão é: com mais mulheres no mercado, a tendência é que casem cada vez mais tarde, tenham filhos mais tarde ou, ainda, tenham menos filhos. O desenvolvimento de um país também exigirá que o profissional seja mais bem qualificado, o que implicará um custo maior da educação e também a elevação do custo de vida. Com as famílias desencorajadas a ter mais filhos, sobra mais espaço para o consumo de produtos indi- RS, esta será a primeira vez que haverá um caráter de equilíbrio na estrutura etária do Rio Grande do Sul. Claro que essas transformações terão impacto no consumo. O aumento no número de idosos e o envelhecimento da população surtirão reflexos positivos no que diz respeito aos gastos com bens e serviços relacionados à saúde. No Brasil, estudos apontam que, em 2020, o país deve registrar um aumento em 10 milhões de idosos. Haverá, também, mais pessoas morando sozinhas: cerca de 15 milhões. Entre as dez capitais onde o consumo mais crescerá, Porto Alegre aparece na nona posição, com R$ 6,8 bilhões. O cenário gaúcho Realizado pelo Sistema FecomércioRS/Sesc/Senac em 2010, o estudo Rio Grande do Sul 2020: o novo cenário socioeconômico e seu impacto sobre os negócios revela que a população gaúcha, atualmente de 10,70 milhões, deve chegar a 2020 com 11,41 milhões, segundo a mais recente estimativa do IBGE (2008). O estudo também aponta uma redução nas taxas de natalidade, revelando predominância da maturidade na pirâmide etária gaúcha, isto é, menos jovens e crianças. A previsão é de que, em 2020, a parcela de pessoas com 65 anos ou mais chegue a 12,1%. Atualmente, é de 8,9%. Os jovens entre 10 e 20 anos hoje engordarão o centro da pirâmide, e jovens adultos (entre 20 e 40 anos) responderão por, aproximadamente, 30% da população. De acordo com o estudo da Fecomércio- Saúde e bem-estar Para Luiz Goes, sócio-sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza, são muitas as tendências relacionadas ao consumo no futuro. Uma delas é a intensificação dos cuidados pessoais, isto é, produtos relacionados à saúde e ao bem-estar – “O que fazer a respeito dessas mudanças irá surgir ao longo do tempo.” Luiz Goes Sócio-sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza artigos de beleza, perfumaria e higiene pessoal, entre outros. “Fabricantes terão que incorporar esse tipo de perfil de consumidor”, constata. Goes também aposta na aproximação de faixas etárias, abordando o conceito da jovialização. Ele O que está por vir A Trendwatching.com é uma referência mundial entre empresas que trabalham com pesquisas de tendências e inovação. No mês de agosto, em evento promovido pela empresa em São Paulo, a diretora da Trendwatching.com na América Latina, Luciana Stein, apontou tendências a serem acompanhadas pelo mercado. Confira algumas: Newism: busca pelo novo, inédito e personalizado Flex life: consumo curto, rápido e flexível, para que o consumidor aproveite o máximo de oportunidades Bright is beautiful: valorização do conhecimento, do estudo, possibilitado pelo crescimento profissional e pelo aumento da renda Eco status: a sustentabilidade ganha posto de status, tanto para consumidores quanto para marcas I love my city: iniciativas que ajudam a sociedade a lidar com o caos e descuido urbano Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 29 viduais, como viajar e comer fora de casa, bem como diminui o gasto com produtos relacionados a crianças ou adolescentes. Eduardo de Souza/Divulgação GS&MD–Gouvêa de Souza T endência explica que, antigamente, pessoas de 50 anos tinham hábitos de consumo muito diferente daquelas de 20 ou 30 anos. “Hoje são mais próximos, e a tendência é que se igualem ainda mais. A diferença entre o modo de se vestir e utilizar alguns equipamentos eletrônicos será cada vez menor”, exemplifica. Outra tendência, revela Goes, e que acontecerá independentemente da classe social, é a valorização do ambiente da casa. Os cuidados dispensados à casa se intensificarão, agregando mais momentos de lazer em família ou entre amigos. Um fator relevante é a crescente urbanização do Brasil. E em nome de uma consciência sustentável, que guarda seu lado ambiental, os consumidores buscarão maior qualidade de vida nas cidades. “Isso, de certa forma, acaba afetando as relações de consumo.” Em vez de estimular o deslocamento por carro ou transporte urbano, o consumidor irá investir com Jefferson Bernardes/Divulgação Lojas Renner “Vemos a importância do crescimento do e-commerce, mas a loja ainda carrega muito lazer, muita emoção.” José Galló 30 Diretor-presidente das Lojas Renner Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 força no comércio eletrônico. “Alguns estudos apontam que, ao comprar um produto online, você promove a redução de um terço do carbono que você emitiria se comprasse na loja física.” Além do ecommerce, a busca por lugares mais próximos de casa para fazer compras também pode ser uma alternativa. Luiz Goes afirma que há dois pontos fundamentais quando o assunto são as demandas do consumidor no futuro: sustentabilidade e relacionamento. “Trata-se de um relacionamento expandido, isto é, de que forma aquela marca se relaciona com o consumidor? Ela o escuta? Oferece oportunidades diferenciadas ao cliente fiel? Trata-se do grau de envolvimento que o cliente tem com a marca e vice-versa”, conta. Por isso, é crucial que as empresas acompanhem essas mudanças nas demandas e no perfil do consumidor. “Monitorar o que está mudando e em qual direção. Não importa o tamanho da corporação, é importante estar bem preparado para absorver as mudanças em geral”. Goes lembra que o preparo da empresa para se tornar mais flexível e monitorar as mudanças é uma medida que já pode ser tomada agora. “O que fazer a respeito dessas mudanças irá surgir ao longo do tempo.” O estudo realizado pela Deloitte Touche Tohmatsu Limited reforça o depoimento de Luiz Goes, registrando que as empresas devem ir “aonde seus consumidores vão” e que a maneira mais fácil de engajar consumidores é por meio do seu quadro de funcionários. Estes por sua vez, estão sempre em contato não apenas com os clientes da empresa em que atuam, mas também consumidores e colaboradores em ambientes externos ao do trabalho. Postura sustentável A atenção especial aos fatores que compõem a sustentabilidade não começou hoje. O debate sobre as condições do planeta em que vivemos também permeia as questões relacionadas ao consumo. E a tendência é que a sustentabilidade ganhe cada vez mais força. Caberá às empresas não apenas comprovar a prática do discurso sustentável que adotarem, mas também orientar seus consumidores a realizarem escolhas sustentáveis. Isso pode ser feito tanto no local de venda quanto por meio de uma embalagem com informações claras e simples. O presidente da Vonpar, empresa responsável pela Coca-Cola no Estado, Ricardo Vontobel, adianta: uma das preocupações do consumidor será o alinhamento da imagem de um produto ou marca à postura ética da empresa, o que inclui tanto questões ambientais quanto sociais. De uma forma geral, é crucial que as empresas acompanhem os rumos da economia e da sociedade, com o intuito de estar por dentro das mudanças de cenário. “O melhor preparo é não resistir às mudanças”, avalia Vontobel. Até 2020, mais consumidores deverão ter incorporado a prática da sustentabilidade em suas vivências e caberá às empresas não apenas engajar seus consumidores, mas também formar parcerias com governos. Desses, são esperadas iniciativas e programas de incentivo a uma economia mais sustentável. Segundo estudo da própria Vonpar, entre as tendências para o consumidor de 2020, além da maior preocupação com sustentabilidade e ética, estão: mais mulheres, mais idosos, mais Carlos Sillero/Divulgação Box 1824 pessoas morando sozinhas, mais itens de marca própria, produtos mais customizados, classe C consumindo ainda mais e consumo multiocasiões. A experiência da compra “A mudança é clara, e já está acontecendo.” Analista de tendências da Box 1824, especializada em descobrir e entender o que pensam jovens de 18 a 24 anos como fortes influenciadores do consumo, Eduardo Biz revela quais serão as principais demandas do jovem consumidor no futuro. Como será o jovem consumidor em 2020? Se caracterizará pela difusão de alguns caminhos que hoje começam a engatinhar no mercado. O poder dos serviços transformadores e das experiências de compra que vão além do formato tradicional do consumo estará presente em todos os setores, despertando uma busca constante pelo inédito. Quais serão suas principais exigências no mercado? A demanda será, cada vez mais, por produtos que exerçam um papel além de sua função. O ‘consumo do conhecimento’, com produtos que educam informalmente, é uma vontade que já se percebe hoje, e que em um futuro próximo será uma exigência essencial do consumidor para marcas que queiram se destacar e se manter em sintonia com o zeitgeist. Algumas empresas já estão trilhando este caminho de colaboração e compartilhamento e se adaptando a esta nova maneira de ver o mundo. Como as empresas podem se preparar para atender às demandas desse consumidor? O primeiro e maior passo é adotar uma postura de transparência com o consumidor. Uma revolução de linguagem é o que distingue empresas arcaicas das líderes do mercado no futuro. Esse update não acontece de forma radical, mas aos poucos, gradativamente. A mudança é clara, e já está acontecendo. Uma postura institucional mais alinhada com o nosso tempo será mais eficiente do que televisionar um comercial em horário nobre. O que será priorizado pelo jovem consumidor ao escolher uma marca ou produto/serviço? Além de todos esses pontos trazidos nas respostas anteriores (educação informal, experiência de compra, linguagem transparente), que são percebidos pelo consumidor de maneira tão orgânica que ele pode nem ter a consciência clara dessas vontades, há também um apreço cada vez maior pelo design. A estética deixará de ser um luxo e passará a ser prioridade na decisão de compra. Outro fator valorizado será o poder de transformação constante de uma marca, renovando-se incansavelmente, mas sem nunca perder seu DNA. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 31 A tecnologia mudou para sempre a forma como o consumidor se relaciona com os produtos, serviços e marcas que consome. Seja por praticidade ou mesmo por questões ambientais, comprar não significa mais apenas ir à loja física. Entretanto, não é o fim do comércio como o conhecemos. Pelo contrário, sugere apenas uma adaptação. De acordo com o diretor-presidente das Lojas Renner, José Galló, o futuro da loja física permanece intacto. “Do ponto de vista dos produtos, estamos inseridos em um negócio em que temos rápida adaptação. Vemos a importância do crescimento do e-commerce, mas a loja ainda carrega muito lazer, muita emoção. Vemos melhorias no que diz respeito às tecnologias, nas formas de encontrar o produto, mas o ponto de venda em si continuará existindo.” As pesquisas comprovam: os consumidores não apenas estão mudando, como o estão fazendo com uma velocidade voraz. Os desafios para as empresas, não importa o setor ou tamanho, são inúmeros. Conforme apontado por Luiz Goes e Ricardo Vontobel, o acompanhamento e monitoramento das mudanças, por parte dos empreendimentos, é essencial para seguir em frente. O estudo elaborado pela Deloitte reitera: as empresas precisam estar onde seus consumidores estiverem, garantindo que eles tenham uma experiência positiva em qualquer lugar, em qualquer momento, em qualquer estágio do consumo. S aiba mais CONSUMO Cresce demanda por vestuário De acordo com o Estudo dos Canais de Varejo, elaborado pela Iemi Inteligência de Mercado e pela Associação Brasileira do Varejo (Abvtex), a participação de hipermercados em volume de vendas de roupas cresceu 35,5% em 4 anos. Já as redes de pequenas lojas registraram um aumento no volume de vendas de 32,6% no período, enquanto as lojas de departamento especializado cresceram 36%. O varejo de roupas em geral deve movimentar neste ano R$ 160,5 bilhões, uma alta de 7% em relação ano passado. Isso se deve ao fato de que os consumidores que demandam mais peças de vestuário pertencem às classes B e C, somando 79,3% da aquisição de novos modelos. REDES SOCIAIS Ante Vekic/Stock.xchng imagina só! A comunicação online das empresas 32 O levantamento da E.life realizado entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012 comprova que, cada vez mais, o consumidor investe no contato com suas marcas preferidas pela internet. No Facebook, 74% dos entrevistados disseram curtir uma determinada empresa, sendo a oferta de produtos a principal causa para a decisão (35,2%). Eles citam ainda o interesse pelo conteúdo publicado no perfil (30,8%), o suporte online (15,9%) e o fato de já serem clientes da companhia (12,2%). Os dados apontam ainda que apenas 3,7% dos internautas recorreram do ato, enquanto 17% nunca o fizeram. No Twitter, 54,1% das pessoas seguem algum selo, sendo 33,9% devido às oportunidades exclusivas oferecidas ao público, 29,4% por considerarem útil o que é postado, 19,7% por causa dos serviços, e 11% por já serem fregueses antes de tornarem-se seguidores. Apenas 13,3% nunca seguiram uma marca no Twitter. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 Um pit-stop no meio do dia Muitas vezes, em pleno expediente ou antes de uma reunião importante bate aquele cansaço, e só o que se pensa é em dormir um pouco. Mas aonde seria possível fazer isso? Uma tendência de mercado que já faz sucesso em grandes centros, como no Japão e Estados Unidos, chegou a São Paulo. A empresa Cochilo oferece cabines de descanso com cama, iluminação especial e até fones de ouvido com diversas opções de música. As cabines já estão disponíveis em shoppings e aeroportos por um custo bem acessível. Para cochilar durante 15 minutos, o valor médio é de R$ 15, já para uma hora, a “dormidinha” sai por R$ 30. Esse tipo de empreendimento faz parte do que é conhecido como flex life, uma nova maneira de consumir algo que tenha curta duração e seja flexível, podendo ser utilizado no horário e no local desejados pelos clientes. em tempo ALIMENTAÇÃO Setor de moda ainda é precário no país Setor de refeições coletivas apresenta crescimento Cada vez mais os consumidores brasileiros buscam produtos com tecidos, design e qualidade diferenciados. Porém, a demanda destes itens ainda é precária no país e, portanto, os empresários do setor têxtil se veem obrigados a importar inúmeros itens, como os artigos de inverno. Essas informações são embasadas também pelo Estudo do Consumo Aparente de Artigos de Vestuário no Brasil, elaborado pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI). As importações verde e amarelas ocupam a 37ª posição do ranking mundial, e o índice de comercialização dos mesmos no varejo equivale a 13,8%, dados que indicam um mercado nacional fechado, segundo a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex). Christa Richert/Stock.xchng Dados coletados pela Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (Aberc) indicam bons números para o setor em 2012. O mercado potencial teórico de refeições está estimado em 24 milhões/ dia para empregados de empresas, e em 17 milhões nas escolas, hospitais e Forças Armadas. O faturamento do setor em 2011 chegou a R$ 13,4 bilhões, e em 2012, deve ultrapassar os R$ 15 bilhões. Por dia, em 2011 foram gastos R$ 10,5 milhões por pessoa em refeições, enquanto em 2012, esse valor já chega a R$ 11,2 milhões. NEGÓCIOS ilker/Stock.xchng O setor de fusões e aquisições do país teve baixa de 36,4% no primeiro semestre do ano, em comparação com igual período de 2011, informa a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). Em 2012 foram 69 transações, que totalizaram R$ 52,6 bilhões. No ano passado, foram anunciadas 85 operações, 18,8% a mais. Na relação entre o primeiro e o segundo trimestre houve um crescimento significativo. Enquanto de janeiro a março foram 30 negócios fechados, que somaram R$ 16,2 bilhões, de abril a junho o número chegou a 39 fusões/aquisições com montante de R$ 36,4 bilhões. Mais informações na edição 85 da B&S Percentual de fusões e aquisições apresenta queda INDÚSTRIA Previdência Privada cresce no primeiro semestre Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 33 Em relação ao primeiro semestre de 2011, neste ano a indústria de Previdência Privada registrou aumento de 32% de arrecadação no mesmo período, que somou R$ 33 bilhões. O relatório foi feito pela Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). Os líderes em investimentos são os poupadores individuais, com aportes de R$ 28,6 bilhões, um aumento de 36,33%. Os planos de previdência VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livre), por sua vez, lideram a expansão, com 38,24% e uma arrecadação de R$ 28 bilhões. A área que apresentou menor crescimento foi a de planos PGBL (Plano Gerador de Benefícios Livre), com R$ 3,2 bilhões de contribuições e 8,50% a mais do que no ano passado. S egurança do trabalho Proteção no ambiente de trabalho Reduzir os riscos de acidentes laborais é uma preocupação tanto de empresários quanto dos colaboradores. No país, foram instituídas as comissões internas de prevenção a acidentes, para melhorar as condições de trabalho P ara a maioria das empresas do comércio de bens e de serviços, a legislação não exige a instalação de uma Comissão Interna de Prevenção a Acidentes (Cipa). No varejo, os riscos são bem menores e restritos em relação à indústria, mas ainda assim é possível preveni-los. Independentemente do texto da lei, qualquer organização pode formar um comitê com o objetivo de reduzir os riscos de acidentes. A preocupação com a segurança laboral surgiu no Reino Unido no século 18, quando a Revolução Industrial promoveu a chegada das máquinas. No Brasil, a primeira lei sobre o assunto data de 1919, mas foi só em 1944, um ano depois da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que foi instituída uma norma para a criação de Cipas. Desde então, a legislação passou por diversas alterações. Norma 34 Atualmente, as Cipas são regulamentadas pela NR-5, que dispõe sobre a formação, o dimensionamento, as Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 atribuições e o processo eleitoral. De acordo com a lei, as empresas privadas e públicas, sociedades de economia mista, órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes, associações recreativas e cooperativas, dependendo do risco de sua atividade ou do número de colaboradores, devem manter comissões em funcionamento (veja quadro na página ao lado). Para descobrir se a empresa precisa constituir Cipa, o primeiro passo é considerar a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), presente no CNPJ. Esse número insere a companhia em um grupo de classificação. A partir dessa graduação, são determinadas todas as exigências. De acordo com a NR-5, a instalação de Cipa é necessária para empresas do comércio de produtos considerados perigosos com 21 ou mais funcionários. No setor atacadista, a partir de 31 colaboradores; no varejista, acima de 51; quando no de serviços é somente a partir de 301 contratados. Entretanto, estão previstas exceções. Por essa razão, a melhor forma de conferir a obrigatoriedade é pelo próprio CNAE. Porém, as organizações sem a necessidade legal de contar com uma Cipa devem apontar, entre os seus colaboradores, um responsável pela área. Essa designação precisa ser realizada por escrito e arquivada, para eventual fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Atuação As Cipas têm mandato de um ano e devem ser constituídas por número igual de pessoas indicadas pela empresa e de representantes dos empregados, eleitos através de eleição. Cabe à organização apontar o presidente da comissão. O seu vice é definido entre os representantes dos colaboradores, em um novo pleito no qual apenas os eleitos e suplentes têm direito ao voto. O secretário da Cipa pode ser um membro da comissão ou mesmo um funcionário que não tenha sido indica- fotos: Lúcia Simon Sipat As empresas enquadradas na NR-5 devem realizar todos os anos a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat). O evento é organizado pela Cipa e o objetivo principal é prevenir acidentes e dar orientações aos colaboradores sobre cuidados com a saúde, por meio de dicas de alimentação saudável e dos riscos do sedentarismo. Uma prática comum é a contratação de empresas de consultoria para realizar palestras, treinamentos e atividades lúdicas, como peças de teatro, e a visita de médicos para promover avaliações médicas. A Sipat pode ser usada também como uma ferramenta de gestão, com apresentações motivacionais, em que são destacadas a importância do espírito de equipe. Basta criatividade para adequar o que seria uma obrigação em uma prática de incentivo à solidariedade interna, podendo inclusive ampliar a frequência com que é realizada. Sócio-gerente da consultoria em segurança do trabalho Mundo Ambiente Engenharia, Nelson Agostinho Burille acredita que as empresas que valorizam o bem-estar do colaborador só têm a ganhar. “Quando uma organização investe em segurança, ela preserva o maior patrimônio dela, o funcionário. É ele quem movimenta a companhia e, consequentemente, gera os lucros”, observa. Burille destaca que em um ambiente sadio, com riscos mínimos, o trabalhador se sente mais motivado. “Isso aumenta a produtividade, as pessoas sentem mais satisfação no que fazem e passam a ter mais orgulho de suas atividades. Nessa situação, o trabalho deixa de ser uma obrigação para se transformar em prazer.” O que diz a lei A NR-5 determina o número mínimo de colaboradores para a instalação de Cipas em cada setor. Comércio de produtos perigosos 21 Comércio atacadista 31 Comércio varejista 51 Comércio de serviços 301 Entretanto, há exceções. Para descobrir o caso da sua empresa, confira o CNAE presente no CNPJ. A partir desse número, confira as exigências de acordo com as informações presentes no site: www.dataprev.gov.br Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 35 do pela empresa ou pelo voto. A única restrição é que precisa ser aprovado por todos os membros. A tarefa de mediar os conflitos, definir o calendário de reuniões e formar comissão eleitoral para o mandato seguinte fica a cargo do presidente e do vice. O secretário tem a responsabilidade de cuidar das atas dos encontros. A Cipa tem a função de avaliar e relatar as condições de risco no ambiente de trabalho, além de pedir à empresa uma solução para diminuir ou eliminar eventuais problemas de falta de segurança. As companhias sem a obrigação legal também têm a opção de constituir comissões. Nesse caso, a principal vantagem seria conscientizar os funcionários dos riscos, prevenindo acidentes e estimulando condutas responsáveis. Sócia-proprietária da consultoria Personna Institut, Clarice Reguss avalia que “a comissão passa a enxergar as atividades do dia a dia com um outro olhar, preparado para identificar situações de risco para a segurança”. Além disso, os integrantes criam uma relação de diálogo entre o quadro de colaboradores e os gestores da empresa, e buscam conscientizar todos a respeito das práticas mais indicadas para cada situação de risco. É importante destacar que a Cipa não responde a nenhum setor da companhia. S egmento Estacionar é um ótimo negócio Ramo de estacionamentos acompanha ritmo de crescimento da venda de carros e da valorização imobiliária, ganhando força como alternativa de negócio próprio. Saiba mais sobre este tipo de empreendimento 36 hora para estacionar vale ouro. E a quarta mais cara do país é a de Porto Alegre. A capital do Estado fica atrás apenas do Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, de acordo com dados da pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Estacionamentos (Abrapark), com 12 empresas em 18 capitais. O levantamento, feito no primeiro semestre deste ano, foi subdividido nas seguintes categorias: 1ª hora (hora avulsa) e mensalistas. Nesse último quesito, Porto Alegre foi classificada como a sétima de maior valor, atrás do Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo, Florianópolis, Curitiba e Salvador. Presidente da Abrapark e do Sindicato das Empresas de Garagens, Estacionamentos, Limpeza e Conservação de Veículos do Estado do Rio Grande do Sul (Sindepark-RS), André Piccoli justifica que o alto preço se deve ao momento econômico e à valorização Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 imobiliária no país. Piccoli, que é proprietário da Safe Park Estacionamentos, alerta: “O valor para estacionar em Porto Alegre já está defasado, se comparado a outras cidades, e deve aumentar nos próximos meses”. Assim como quase todos os outros segmentos de mercado, o de garagens Joaquim Pedro Mello Neto/Divulgação A Texto: Belisa Lemes da Veiga André Piccoli alerta: o negócio de estacionamentos exige responsabilidade funciona em círculo e entrelaçado a vários fatores. Se a cada esquina surgem cada vez mais lugares para deixar os carros, é porque há demanda. Essa, por sua vez, é causada pela crescente quantidade de veículos nas ruas, que é decorrência da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e de outras facilidades, como as amplas linhas de crédito. Prova disso são os dados da indústria automobilística que teve, em 2012, o melhor mês de julho em vendas, com 364,2 mil veículos, incluindo caminhões e ônibus. Esse também foi o segundo melhor resultado mensal da história, perdendo apenas para dezembro de 2010, com 381,5 mil unidades. Durante esse período de expansão do setor, entidades representativas são de valiosa importância para trocar informações, discutir normas e procedimentos. Desde 1993, o Sindepark-RS orienta empresários que, em geral, investem no Profissionalização é a meta Tudo começou quando Ricardo Golin era sócio de um estacionamento em Caxias do Sul, cidade onde mora. Em 2002, com o sonho de ter seu próprio negócio, ele abriu mão de uma sociedade e fundou o primeiro RG Park. Nesses últimos dez anos, o empresário acompanhou lado a lado sua terra rumo ao crescimento. Enquanto Caxias passou de 360.419 para 435.482 habitantes (dados do Censo brasileiro de 2010), Golin inaugurou 13 pontos de estacionamento no município. Além disso, abriu outra dezena em cidades da região sul do país, como Bento Gonçalves, Curitiba e Blumenau. O sucesso de Ricardo Golin comprova que o negócio, se bem administrado, torna-se lucrativo. Mais barata do que na Capital, na maior cidade da Serra a Lúcia Simon automáticas casa vez mais precisas e rápidas, o ato de estacionar se torna mais seguro para clientes e funcionários. hora para estacionar varia de R$ 3 a R$ 5, dependendo da localização do estabelecimento. No entanto, assim como em Porto Alegre, a tendência é encarecer devido ao valor do aluguel imobiliário e ao custo de mão de obra. Saiba Mais Confira algumas dicas para quem deseja investir no ramo de estacionamentos Tenha em mente: esse não é um ramo de ganho fácil Quando investir no negócio, priorize os prédios-garagem, que estão mais adequados à proposta atual das cidades Apesar do alto valor, invista em tecnologia, como as cancelas automáticas: são mais rápidas, seguras e precisas Incentive a profissionalização do negócio e de seus funcionários Associa-se a grupos que promovam treinamentos e cursos de capacitação Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 37 negócio, imaginando que ele seja de ganho fácil. “Isso é pura ilusão. O empreendimento exige cuidado com questões trabalhistas e alta responsabilidade, já que qualquer dano que venha a acontecer é culpa da empresa”, salienta Piccoli. O emprego de pessoal, por exemplo, deve ser proporcional ao tamanho do estabelecimento. O empresário também exemplifica que há pontos em shoppings com 110 pessoas trabalhando, desde o menor aprendiz até o manobrista. O primeiro estacionamento para veículos a motor surgiu no ano de 1898, em Boston, nos Estados Unidos. Desde lá, com a modernização das metrópoles e dos carros, muita coisa mudou. Como não existem mais tantos terrenos baldios dentro das cidades, o que mais cresce é o modelo de prédio-garagem, que pode estar dentro ou fora de estabelecimentos comerciais como shoppings, escolas e universidades. Além da verticalização, a tecnologia tem modificado o dia a dia dos estacionamentos. Com cancelas T ributos garantia do benefício social Lançamento da Nota Fiscal Gaúcha oficializa iniciativa que deve estimular a cidadania fiscal e o combate à concorrência desleal. Sistema Fecomércio-RS/Sesc/ Senac é uma das entidades parceiras do programa N A Nota Fiscal Gaúcha deve ser movida por três vetores: empresas, cidadãos e entidades sociais. O Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac é um dos principais parceiros da iniciativa. De acordo com o presidente da entidade, Zildo De Marchi, a NFG é uma promoção que motiva a atitude de cidadania. “Nossa contribuição é garantir o desenvolvimento por meio de processos legais”, afirmou o dirigente. O presidente também afirmou estar pronto para colaborar com o objetivo traçado pela NFG, que estará disponível aos cidadãos a partir do mês de outubro. “Estamos dispostos a colaborar.” 38 Caco Argemi/Palácio Piratini o dia 16 de agosto, autoridades, empresários e a imprensa gaúcha reuniram-se no Palácio Piratini para o lançamento da Nota Fiscal Gaúcha, um projeto que tem por objetivo estimular a educação e a cidadania fiscal, fortalecendo a parceria entre Estado e sociedade gaúcha na arrecadação e aplicação dos recursos públicos. A ideia também é de, por meio do programa, combater a sonegação fiscal. Promovido pela Secretaria da Fazenda (Sefaz), o programa conta com o respaldo das secretarias da Saúde, da Educação, do Trabalho e do Desenvolvimento Social. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 Durante a apresentação do programa, o Secretário de Estado da Fazenda, Odir Alberto Pinheiro Tonollier, enumerou os benefícios que a NFG trará, entre os quais, prêmios mensais de diferentes valores, estando reservado a partir de março de 2013 um prêmio anual extra no valor de R$ 1 milhão. Também devem ser repassados R$ 20 milhões às entidades beneficiárias. Para participar, qualquer indivíduo com CPF pode se cadastrar, ao solicitar a NFG, e acumular pontos para o sorteio. No caso das empresas, o processo de adesão ainda em 2012 será feito de forma voluntária. Os documentos serão enviados eletronicamente à Secretaria da Fazenda. O embrião da NFG é o Programa Solidariedade, que seguirá funcionando paralelamente, até a substituição completa pela Nota Fiscal Gaúcha. O governador Tarso Genro, após assinar o decreto, agradeceu aos envolvidos no desenvolvimento da NFG, afirmando que este é um “programa de continuidade”, o qual estabelece uma “comunhão extraordinária” que beneficiará todos. Divulgação/Fonte Comunicação P ersonalidade um exemplo de liderança para seguir Saiba quais são as características que fazem de Luiza Helena Trajano uma das executivas de maior renome no país. Defensora do relacionamento olho no olho, ela está à frente de uma das maiores redes varejistas do Brasil os 12 anos, as responsabilidades de um adolescente limitam-se, em geral, aos compromissos com a escola. Encerrado o ano letivo, é tempo de curtir as férias de verão. No caso de Luiza Helena Trajano, as férias eram o período de adquirir experiência na empresa da família: o Magazine Luiza. A atual presidente de uma das maiores redes de varejo do país deu seus primeiros passos rumo ao empreendedorismo ainda na adolescência. Era o início de sua formação como futura líder. Natural de Franca, em São Paulo, Luiza Helena é formada em Direto e Administração de Empresas. Mãe de três filhos, a sobrinha de Luiza Trajano Donato – fundadora do Magazine – se destacou entre os demais familiares envolvidos na empresa na hora de escolher um sucessor. De balconista a gerente geral, Luiza Helena assumiu como superintendente em 1991, quando foi criada a holding LTD, que passou a controlar o magazine. Luiza Helena também estava à frente da empresa quando, em um projeto pioneiro, o magazine criou as Lojas Eletrônicas Luiza, hoje chamadas Lojas Virtuais. Sempre investindo no desenvolvimento do grupo e na implantação de políticas de boas práticas, a executiva fortaleceu o relacionamento olho no olho e a descentralização do poder, o que resultou em mais agilidade na tomada de decisões da empresa. Como presidente, ela também foi responsável por possibilitar aos colaboradores a participação nos lucros do Magazine Luiza, desde 1993. O relacionamento próximo e o clima familiar são alguns dos traços mais marcantes de sua administração, e que refletem em cada uma das 734 unidades da rede, presente em 16 estados brasileiros. Não é toa que, há 14 anos, o magazine figura entre as Melhores empresas para trabalhar, nos rankings da revista Exame e do Instituto Great Place do Work. O trabalho de Luiza Helena também foi reconhecido por diversas instituições, como a Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) e a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Em 1999 a empresária foi indicada ao 20 Prix Veuve Clicquot de la Femme D’Affaires, destinado a mulheres de negócios de todo o mundo. Em 2000, foi indicada pela revista IstoÉ como As 100 mulheres do século e, em 2002, recebeu o prêmio Empreendedor do Ano, concedido pela Ernst & Young, na categoria Comércio. Mais recentemente, em 2011, foi indicada como uma das sete mulheres no mundo que fazem sucesso nos negócios, pelo portal Exame. Além disso, também é vice-presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). Neste ano, Luiza Helena foi a única mulher a figurar na lista dos 24 presidentes de companhias premiados no Executivo de valor, do jornal Valor Econômico. Não restam dúvidas de que é um exemplo a ser seguido por empreendedores – homens e mulheres – de todo o país. Bens & Serviços / Agosto 2012 / Edição 88 39 A S esc Expectativa de qualidade de vida Com o aumento da expectativa de vida do brasileiro, cresce a preocupação com o envelhecimento ativo. Ações do Sesc garantem a inclusão dos idosos na sociedade, desenvolvendo potencialidades e aumentando a autonomia dessas pessoas 40 s brasileiros estão vivendo mais. A expectativa de vida no país, que chegava a 48 anos em 1960, hoje é calculada em 73,4 anos, segundo os dados mais recentes do IBGE. As pessoas também estão tendo menos filhos, o que altera a pirâmide etária do país: a base (jovens) encolhe e o topo (idosos) expande, algo já comum em países da Europa, por exemplo. Estas mudanças causam impactos na sociedade. Os núcleos familiares se alteram. Aumenta o número de dependentes da Previdência Social. Questões como essas despertam um importante debate sobre o papel do idoso nas famílias e nas comunidades. Com uma população mais velha, cresce a preocupação com o envelhecimento ativo. “O ser humano ganhou muita quantidade de vida, mas a qualidade nem sempre é boa”, comenta Eduardo Schmitz, coordenador técnico dos Clubes Sesc Maturidade Ativa do Rio Grande do Sul. O objetivo do programa é, justamen- Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 te, promover a autonomia e o protagonismo social do idoso, mostrando que idade não é empecilho para nada. Envelhecimento ativo São 45 Clubes Sesc Maturidade Ativa espalhados pelo Estado. Cada um deles oferece atividades físicas e Ariceu Simão Paiva/divulgação sesc-RS O No Rio grande do Sul, estão em atuação 45 Clubes Sesc Maturidade Ativa sociais, que estimulam e desenvolvem os talentos de pessoas com mais de 50 anos. “Não podemos olhar os idosos como um grupo homogêneo. Eles têm diferenças, têm particularidades. Temos que considerar do que cada um gosta, no que cada um pode contribuir”, explica Schmitz. “Nós envelhecemos, o nosso corpo pode perder algumas capacidades biológicas, mas sempre vamos ter nossa potencialidade de ajudar outras pessoas”, completa. Grupos para a prática de exercícios, teatro e visitas a creches são algumas das atividades propostas pelo programa. As ações do Sesc Maturidade Ativa seguem quatro diretrizes baseadas em resoluções da Segunda Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento, realizada em Madrid, na Espanha, em 2002. A primeira diretriz aborda as relações intergeracionais. Para o Sesc, a aproximação entre gerações ajuda a quebrar estereótipos negativos que crianças e jovens podem ter joão alves/divulgação sesc-rs Completando as quatro diretrizes, tem-se o envelhecimento ativo: o estímulo à prática de exercícios físicos e mentais – leituras, jogos, esportes e artes. As atividades em grupo também estimulam a socialização. “Acaba sendo um espaço de acolhimento, apoio e debate sobre temas do cotidiano”, afirma Schmitz. Aprendendo mais O metalúrgico aposentado Ariceu Simão Paiva, 70 anos, participa do clube Sesc Maturidade Ativa de Santa Rosa desde o ano passado. Conheceu o programa graças a amigos que já o frequentavam e resolveu ocupar-se com outros afazeres. “Eu andava meio acabrunhado. Filho e neto foram embora para Goiânia. Comecei a participar de outras atividades”. Às terças e quintas-feiras, Paiva se reúne com outros idosos para o Jogo de Câmbio – vôlei adaptado, em que é permitido segurar a bola antes de passála adiante; só não vale deixá-la cair no chão. “É muito divertido. O grupo está sempre aumentando”, garante. Com os colegas, ele também já foi para Santo Ângelo e Ijuí, em atividades de integração com outros participantes do programa. Além do esporte, Paiva se dedica às artes. Músico desde criança – toca gaita, cavaquinho, violão e teclado –, ele também tem seis livros publicados. O primeiro veio após a aposentadoria. Depois, o ex-metalúrgico participou de concursos e foi tomando gosto pela escrita. No clube Sesc Maturidade Ativa, ele acabou se envolvendo com as artes cênicas. “Eu nem gostava muito de teatro, mas criamos um grupo e já nos apresentamos fora”. Se depender da vontade, a participação de “seu Ariceu” nas atividades do clube ainda vai longe. “Eu estou aprendendo mais, até quando Deus quiser”, diz ele. No Rio Grande do Sul, entre os dias 27/09 e 04/10, as ações serão intensificadas, pois os Clubes estarão envolvidos com a Semana do Idoso. Para participar Interessados devem se dirigir a uma das unidades do Sesc-RS que oferecem os Clubes Maturidade Ativa. O cadastro e as atividades são gratuitos. Mais informações no site: https://www.sesc-rs.com.br. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 41 dos mais velhos. A ideia é mostrar que pessoas da terceira idade ainda têm o que contribuir, com suas vivências e sua experiência acumulada. A segunda diretriz é tratar a gerontologia (estudo do envelhecimento) como tema universal. Atividades corriqueiras como atravessar a rua ou abrir um recipiente de conserva podem se tornar verdadeiros desafios na velhice. Isso prejudica a independência dessas pessoas. Com a adoção de hábitos saudáveis, garante-se maior autonomia funcional na maturidade. Portanto, é preciso que pessoas de todas as idades entendam como e por que o corpo envelhece. Nesse ponto, palestras e debates sobre o tema entram em pauta. O terceiro aspecto trabalhado é o protagonismo do idoso. Os participantes do Maturidade Ativa tornam-se multiplicadores das atividades do Sesc. Eles organizam, por exemplo, campanhas para arrecadação de donativos como alimentos, agasalhos e materiais de higiene. Dessa maneira, interagindo com as comunidades locais, podem sentir-se reconhecidos, úteis, e perceber que têm potencialidades a desenvolver. S enac oportunidade de capacitação na Serra gaúcha Sistema Fecomércio-RS inaugura unidade do Senac em Gramado. A escola oferece oportunidades de formação e qualificação nas áreas de Gastronomia, Turismo e Hotelaria e Idiomas O de um investimento de R$ 1,5 milhão. O espaço de 800m² é dividido em duas salas de idiomas, uma multiuso, uma cozinha dedicada ao curso de cozinheiro e outra voltada às aulas de padaria e chocolataria, um espaço temático de hotelaria, laboratório de informática, sala de aula para cursos técnicos e uma biblioteca. A escola funciona em três turnos diários e tem capacidade para atender até 150 alunos em cada um deles. Além de Gramado, serão atendidos os muniFotos: Divulgação/Senac-RS Senac-RS ampliou a sua área de atendimento com a abertura de uma unidade na Região das Hortênsias. No dia 7 de agosto, as instalações de Gramado foram inauguradas em cerimônia que contou com a presença do presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac, Zildo De Marchi, dos diretores nacional e regional do Senac, Sidney Cunha e José Paulo da Rosa, respectivamente, e comunidade. Localizada no número 663 da rua São Pedro, a nova unidade é fruto 42 Autoridades prestigiaram a abertura da unidade do Senac-RS em Gramado Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 cípios de Canela, Nova Petrópolis, São Francisco de Paula, Cambará do Sul, Jaquirana e Picada Café. Na inauguração, De Marchi ressaltou o compromisso social importante que o Sistema Fecomércio tem com a região. “O desenvolvimento econômico e empresarial está totalmente ligado ao processo de qualificação profissional. E é desta forma que o Senac Gramado chega para contribuir no constante crescimento do município”, disse. Foco diferenciado A escolha por Gramado não aconteceu por acaso. Com pouco mais de 32 mil habitantes, o município é um dos principais polos turísticos do país. Graças a atrações culturais – como o Festival de Cinema e o Natal Luz, além da decoração herdada dos imigrantes alemães e italianos e as paisagens naturais –, a cidade atrai visitantes de todos os cantos do país durante o ano inteiro. “Quando os turistas chegam a Gramado, eles esperam por um serviço dife- Cursos do Senac Gramado Senac Gramado tem capacidade para atender até 150 alunos por turno renciado. Por isso, há uma forte demanda de profissionais extremamente qualificados. A nossa proposta é de elevar o nível das empresas e do atendimento, que já é bom e por isso se tornou uma referência”, explica o diretor da escola, Alex Poletto. Após a abertura, a resposta dos habitantes de Gramado foi positiva. Os primeiros cursos oferecidos rapidamente tiveram todas as vagas preenchidas, demonstrando a confiança no trabalho desenvolvido pelo Senac-RS. “Somos uma escola de excelente qualidade e o custo não é elevado. A comunidade, de forma geral, clamava bastante pela nossa chegada”, afirma Poletto. Com os cursos, a atividade econômica da região será beneficiada. Pessoas que não tinham acesso à capacitação, seja pela falta de opções ou pelo preço exigido, agora têm uma alternativa real de alavancar a carreira profissional. Isso ameniza os problemas relacionados à falta de mão de obra qualificada, tornando ainda mais forte a atividade turística e gastronômica na região das Hortênsias. Veja as opções para quem busca qualificação profissional. Gastronomia: Cozinheiro Básico Pizzas Técnicas Básicas Confeitaria Idiomas: Inglês Turismo e Hotelaria: Camareira em Meios de Hospedagem Organizador de Eventos ce aulas de culinária e confeitaria. O coordenador da área de Gastronomia, Gustavo Ruffato, revela que a estrutura montada garante a constante participação dos alunos. “A cozinha é didática e difere um pouco do que costumamos ver nas demais escolas. Cada dupla tem a sua bancada, com duas bocas de fogão. O estudante trabalha mais, se comparado com os outros modelos”, conta. Enquanto há cursos com a intenção de formar cozinheiros e padeiro-confeiteiros, a escola conta também com alternativas para quem quer aprender culinária sem se profissionalizar. São disponibilizadas oficinas dedicadas ao preparo de carnes, cupcakes, finger food, massas e molhos, pizzas, risotos e comidas japonesa e mediterrânea. Ruffato declara que, fora das oficinas, “a intenção não é de passar as receitas, mas transmitir as técnicas necessárias para produzi-las”. Em relação à abertura da unidade, o coordenador de Gastronomia vê a comunidade local sensibilizada. “As pessoas estão surpresas porque não imaginam como uma estrutura desse porte foi montada. Isso é motivo de orgulho para quem é de Gramado”, analisa. Um exemplo é Vinícius Loesch, aluno do curso de Inglês. Estudante do Ensino Médio, ele considera a chegada do Senac-RS um avanço: “É uma instituição importante, reconhecida em todo o país. Foi significativa para a cidade a vinda da escola e com isso toda a população tem a ganhar”. Excelência em Gastronomia Área de Gastronomia conta com cozinha altamente equipada para atender à demanda da região Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 43 Gramado é reconhecida pela qualidade dos restaurantes. Para auxiliar ainda mais o setor, o Senac-RS ofere- E quipes Flexibilidade na cultura empresarial Empresas procuram, cada vez mais, adequar seu modo de trabalho à rotina pessoal dos profissionais, visando a resultados atrelados à qualidade de vida. Saiba quais são as vantagens e também os pontos negativos dos horários flexíveis nas organizações T er a liberdade de chegar mais tarde no trabalho na segunda-feira, terminar o expediente mais cedo para levar o filho ao médico ou mesmo para um happy hour com os colegas. Quem não gostaria de trabalhar em um lugar assim? Essa realidade já é possível em algumas empresas, em número menor do que muitos profissionais gostariam, mas pode ser uma tendência para aqueles que buscam bons resultados em vez de apenas cumprir o que lhes foi mandado. Quando pensamos nesse regime diferenciado de trabalho, podem vir à mente Texto: Ana Paula Sardá apenas empresas de tecnologia da informação ou da comunicação, mas outras áreas começam a acompanhar este formato organizacional. É o caso da Unimed Missões, sediada em Santo Ângelo. Com mais de 200 funcionários, a empresa possui um sistema flexível de gestão desde sua fundação, em 1972; trabalhando sempre com a negociação como elo entre colaboradores e seus superiores. A Unimed Missões possui o sistema de banco de horas, em que os funcionários que tiverem que se ausentar ou ficar mais tempo na empresa possam utilizar essas O benefício na balança Confira as vantagens e os cuidados para estabelecer a flexibilidade de horários: Prós Melhora no ambiente de trabalho Alinhamento com objetivos pessoais Possibilidade de negociação Contras 44 Perda do foco Aumento da exigência por resultados Conflitos internos devido à divergência de horários Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 horas quando lhes for necessário. No caso dos colaboradores que estudam, há negociação com seus gestores para que possam sair no horário das aulas e compensar depois. Não são todas as áreas da empresa que adotaram este sistema, como no caso do setor de enfermagem, que trabalha por escalas. “O diferencial da Unimed é que sempre é possível negociar”, relata Vergínia Donadel Forgiarini, supervisora de Recursos Humanos. Ela afirma que a recompensa da flexibilização é maior do que os transtornos, pois a equipe tem mais satisfação no que faz, sabendo que seus objetivos pessoais não serão prejudicados ou influenciarão de forma negativa em seu trabalho. “Gestores e funcionários são treinados desde seu início na empresa para trabalhar com o sistema de negociação.” Home office No Grupo S7, agência especializa em intercâmbios, a flexibilidade é baseada no plano de carreira. De acordo com Marjoli Caeron da Silva, gerente comercial da Lúcia Simon das para que tudo fique regulamentado perante a legislação. Em organizações mais tradicionais não é raro que os colaboradores acompanhem a cultura dos horários delimitados, desta forma, implementar um sistema de trabalho mais aberto se torna mais complexo. Tendências que a parceria funcione ou, do contrário, o benefício pode ser cortado”, finaliza. A pouca caracterização desse tipo de relação trabalhista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) faz com que algumas empresas evitem a flexibilização dos horários de seus funcionários. A Lei 12.551, de 2011, acrescentou alguns pontos em relação ao trabalho de forma não presencial (Home Office), trabalho via celular ou internet, onde os mesmos não se distinguem da forma presencial. Devese ressaltar que um funcionário que leva o notebook da empresa para casa, por exemplo, não esteja necessariamente trabalhando durante todo o período. A remuneração deve ser a mesma e demais regras como carga horária e horas-extras devem ser seguidas de acordo com a CLT. Acordos coletivos entre categorias, convenção da empresa ou mesmo acordos entre a empresa e funcionários em situações pontuais tem sido saídas encontra- Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 45 unidade Porto Alegre, a intenção é fidelizar o profissional para que, junto às vantagens, venha a vontade de criar raízes na empresa. Após um ano de contratação, o colaborador pode trabalhar em home office a cada 15 dias, no dia escolhido e de acordo com a escala do seu setor. Apenas o setor financeiro não participa desse sistema, pois se torna inviável em função das tarefas que executa. Apesar da baixa faixa etária dos funcionários e do clima descontraído do escritório, eles não são contratados em função do perfil cultural da empresa, mas sim pelas atividades e experiência prévia nas áreas determinadas. Para Marjoli, as vantagens são bem mais significativas do que as desvantagens do sistema. “Poder almoçar em casa, tomar um mate, não precisar enfrentar o trânsito é algo muito positivo. Todos sabem de suas tarefas e que serão cobrados. Portanto, a disciplina e responsabilidade são essenciais para De acordo com Rose Sussenbach, gerente-geral da Place Consultoria e Recursos Humanos, empresas que trabalham com a flexibilização de horários ainda são poucas. Costumam ser de grande porte, como as multinacionais, e estão localizadas, em sua maioria, nas capitais. Uma das saídas está na hora da seleção. De acordo com Rose, se a intenção da empresa é mudar sua cultura, o processo deve ser feito desde sua cúpula, terminando na contratação de pessoas alinhadas a este perfil de trabalho. O funcionário também deve lembrar que a liberdade dada pela empresa muitas vezes pode aumentar a busca por resultados e metas; portanto, a responsabilidade pode ser maior. Segundo a gerente geral, a tendência é que a flexibilidade no ambiente de trabalho seja sucesso no futuro. “Mas, no momento, ainda não estamos preparados para isso.” A melhor forma para se trabalhar em harmonia é que gestores e funcionários tenham em mente a noção de responsabilidade com o cargo que lhes foi proposto, buscando sempre adequar-se aos imprevistos que surgirem. Além disso, é importante negociar e buscar entender as necessidades mais profundamente, para que a liberdade oferecida pela organização não prejudique a vida profissional, pessoal nem a própria empresa. Lúcia Simon Visão Tributária Rafael Pandolfo Consultor tributário da Fecomércio-RS “Não acredito em reformas abruptas, creio num transcurso formado por avanços e pausas. O primeiro passo é a formação do consenso na sociedade, que já se encontra presente.” C rítica e esperança 46 Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 Só tem direito de criticar aquele que pretende ajudar. A frase, atribuída a Abraham Licoln, é uma metacrítica que revela muito sobre a função daqueles que se comunicam com o público, a finalidade da sua mensagem e sua vinculação interna. Criticar a única coisa que se enxerga ou criticar uma alternativa, em detrimento de outra considerada adequada. Há uma diferença, pode se dizer, ontológica, e por isso me identifico com a segunda alternativa. Assim, alinho algumas sugestões sobre medidas que podem ajudar a transformar nosso sistema tributário num dos elementos de fertilidade do ambiente de negócios no Brasil. Aí vão elas: – supressão da contribuição da folha (INSS) sobre os setores do comércio e do serviço, que mais utilizam mão de obra. Os empregos gerados, o aumento do faturamento e do consumo compensarão (IRPF, IPI, Pis/Cofins, ICMS, ISS, Simples) a perda da arrecadação com a supressão; – unificação de todos os tributos federais incidentes sobre o consumo (IPI/ Cofins/Pis); – resolução do conflito existente (ICMS) entre o regime de substituição tributária (instru- mento de arrecadação) e o regime do Simples, que acaba mitigando a garantia constitucional a um tratamento tributário compatível com a respectiva capacidade contributiva; – ampliação e “simplificação” do Simples Nacional; – diminuição de obrigações acessórias (relevante apenas caso o IPI seja unificado com o Pis/Cofins); – ampliação e consolidação dos regimes tributários especiais, ligados ao desenvolvimento de determinados setores e atividades; – solução do passivo dos estados e municípios e do passivo tributário de muitos contribuintes. – desburocratização da economia; – eliminação da guerra fiscal entre os estados. Não acredito em reformas abruptas, creio num transcurso formado por avanços e pausas. O primeiro passo é a formação do consenso na sociedade, que já se encontra presente. Algumas medidas cruciais, como a que envolve o INSS, ainda estão restritas a apenas segmentos específicos da economia. Mas há movimento e, com ele, crítica e esperança. G lossário Participação que motiva a equipe O PPR é uma ferramenta de gestão que incentiva aos colaboradores a atingir metas e otimizar os resultados da empresa. Conheça mais sobre esta prática, que tem seu primeiro registro ainda no início do século 19 oi-se o tempo em que o trabalhador era visto apenas como um cumpridor de tarefas. As políticas de recursos humanos, cada vez mais, enfatizam a ideia de colaboradores: funcionários ativos, que têm poder de decisão e também contribuem para melhorias nos processos das empresas. Junto a isso, vem a noção do prejuízo causado pela demissão de um colaborador. Arca-se com encargos trabalhistas, mas também com a perda da experiência acumulada daquela pessoa. Para engajar as equipes e manter talentos, algumas organizações recorrem a ferramentas de gestão como o Programa de Participação nos Resultados (PPR) – conhecido, em algumas ocasiões, como Programa de Participação nos Lucros (PPL) ou Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Esse recurso funciona, geralmente, sob a forma de metas a serem atingidas. Alcançados os re- sultados, os colaboradores recebem um abono financeiro. O primeiro registro do uso do PPR data de 1812. Na época, o imperador Napoleão Bonaparte concedeu participação nos lucros aos atores da Comédia Francesa. Foram consideradas características como a idade e a fama de cada artista. A partir de então, a prática foi sendo aprimorada em diferentes países. No Brasil, a participação nos lucros e resultados é regulada pela Lei 10.101, em vigor desde dezembro de 2000. Como funciona O PPR não possui natureza salarial. Ou seja, não substitui nem complementa a remuneração devida ao funcionário. Tampouco há encargos trabalhistas envolvidos, como férias, 13º salário e outros benefícios sociais. Trata-se de uma despesa operacional da pessoa jurídica. Entre os fatores que levam à conquista do bônus estão índices de produtividade, qualidade e lucro das organizações, além de programas de metas, prazos e resultados. A definição de como os colaboradores terão direito ao benefício é estipulada previamente. Participam da discussão gestores e equipe – comissão de empregados ou representante sindical, quando for o caso. Adotar o PPR não é obrigatório, mas a prática é uma maneira de estimular os trabalhadores. Com recompensas claramente definidas, eles podem se sentir motivados a tornar os processos do empreendimento mais eficientes. Isso faz com que toda a equipe trabalhe alinhada com os objetivos e valores da empresa, “vestindo a camiseta” do negócio. Além disso, os empregadores se mostram mais transparentes, aumentando a credibilidade perante seus colaboradores. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 47 F Lúcia Simon Visão Trabalhista Flávio Obino Filho Advogado trabalhista-sindical da Fecomércio-RS “Todos estão autorizados a funcionar ou ninguém poderá utilizar a mão de obra comerciária em feriados.” 48 Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 F eriados e acordos de empresa O art. 6º-A da Lei nº 10.101/00, com a redação dada pela Lei nº 11.603/07, é expresso ao permitir o trabalho em feriados nas atividades do comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho. Assim, somente através de ajuste categorial, englobando todas as empresas representadas por sindicato patronal e a totalidade dos comerciários reunidos no sindicato obreiro, é possível a abertura do comércio em feriados. Esta redação foi fruto de discussões entre empresários, comerciários e o Governo, tendo prevalecido o entendimento de que a autorização especial para o funcionamento em feriados deveria abarcar toda a categoria, evitando-se práticas discriminatórias decorrentes de condições especiais negociadas em acordos coletivos de trabalho. Todos estão autorizados a funcionar ou ninguém poderá utilizar a mão de obra comerciária em feriados. Em que pese a regra expressa que resultou de acordo entre as partes envolvidas, várias entidades sindicais de comerciários têm negociado acordos coletivos de trabalho com empresas autorizando o funcionamento em feriados. São acordos inválidos, mas que na prática, por ausência de penalização, vêm cumprindo seu objetivo e criando condições diversas para empresas comerciais de uma mesma localidade. A impunidade se explica pela comunhão de interesses dos envolvidos. Ganham as empresas que funcionam sem concorrentes; empregados comissionados e os sindicatos profissionais que pressionam as entidades patronais para que ajustem para toda a categoria as condições negociadas com algumas empresas. Neste cenário, não há denúncia para a fiscalização do trabalho e ações judiciais. A farra, contudo, parece estar com os dias contados. Neste mês de agosto, o TST, em decisão unânime da Seção de Dissídios Coletivos (SDC), em ação proposta por sindicato patronal, declarou nula cláusula de acordo coletivo que prevê o funcionamento de estabelecimento em feriado, sob a justificativa de que o dispositivo de lei é de interpretação restritiva que, fundada no princípio da proteção ao trabalho, não pode ser alargada para abarcar as autorizações concedidas em sede de acordo coletivo de trabalho. O sinal vermelho do TST deve encorajar sindicatos patronais em todo o Brasil a ingressarem com ações anulatórias de cláusulas de acordos coletivos, restabelecendo a regra de que as autorizações para funcionamento em feriados somente podem ser estabelecidas em acordos categoriais firmados pelo sindicato dos comerciários e o sindicato patronal. & Mais Menos INCLUSÃO DIGITAL NO PAÍS RETOMADA DA ECONOMIA Estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que O relatório Economia Brasileira em Perspectiva, do Ministério da Fazenda, aponta uma recuperação do Produto Interno Bruto do país, que deve chegar a Ivan Prole/Stock.xchng 51,2% da população do Brasil possui acesso à internet, computador em casa, telefone fixo ou celular. 4% ao final do ano. ACESSO À INFORMAÇÃO Em 2012, serão consumidos O International Business Report (IBR) 2012 da Grant Thornton revela que R$ 400 milhões 77% em material escolar, conforme indica pesquisa Pyxis Consumo, do Ibope Inteligência. dos empresários acreditam que as políticas de remuneração e os salários individuais de executivos seniores de companhias abertas devem ser divulgados. Ayhan YILDIZ/Stock.xchng ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS Segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o Impostômetro deve alcançar no último dia do ano a marca de R$ 1,6 trilhão, mobilidade O Brasil registrou crescimento de 46% no acesso à banda larga móvel, de janeiro a julho deste ano. É o que comprova o estudo Balanço da Banda Larga 2012, feito pela consultoria Teleco. Charlie Ferrara/Stock.xchng CONSUMO DE MATERIAL ESCOLAR número recorde. No final do mês de agosto chegou a R$ 1 trilhão. GERAÇÃO Y O Brasil gastou 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 para tratar doenças relacionadas ao tabaco, conforme levantamento feito pela organização não governamental Aliança do Controle do Tabagismo (ACT). 90% da Geração Y não se interessa por política. INVESTIMENTO FEDERAL crise econômica De acordo com o Diário Oficial da União, a Caixa Econômica Federal irá repassar O nível de vida grego caiu 35% nos últimos três anos, segundo o primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras. R$ 5,345 bilhões do FGTS à produção e aquisição de imóveis de planos do Governo. Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 49 custo do tabagismo Pesquisa realizada pela Fecomércio-RS aponta que mais de arquivo/Fecomércio-RS Visão Política Rodrigo Giacomet Consultor Político da Fecomércio-RS “O fato de o dinheiro utilizado na compra do apoio parlamentar ser público nunca interessou a ninguém.” 50 Bens & Serviços / Setembro 2012 / Edição 89 M inistério da Verdade Sete anos se passaram desde que uma desavença política na base do governo federal provocasse a denúncia do “mensalão”. Até então, essa palavra não existia. Hoje, ao escrever esse artigo, vejo que ela ainda não foi adicionada ao dicionário da língua portuguesa, pois o editor de textos automaticamente a sublinha com um traço vermelho. Se ela fosse incluída no Aurélio, talvez pudesse ser descrita como “mecanismo de cooptação de apoio parlamentar, praticado pelo Executivo, mediante o pagamento mensal de uma taxa, em espécie, a membros do Legislativo”. Algo um pouco parecido com a assinatura de um serviço de telefone, televisão ou internet. Talvez fosse possível até o débito em conta, desde que a conta fosse aberta no banco certo, é claro. Não quero dizer que outros governos não utilizaram outros mecanismos para obter apoio no Congresso. Há tempos a distribuição de emendas parlamentares e a distribuição de cargos públicos é moeda corrente no processo de aprovação da agenda legislativa do Executivo. As grandes novidades desse processo foram o uso de dinheiro em espécie, provavelmente público, e o pagamento mensal. Esse episódio serviu para nos mostrar como é possível conduzir a opinião pública quando estão em jogo os interesses do governo. Os en- volvidos conseguiram transformar a compra de apoio parlamentar em um simples caixa dois de campanha. Confessando um crime menor, desviaram o foco da prática institucionalizada de compra de votos no Congresso. O fato de o dinheiro utilizado na compra do apoio parlamentar ser público nunca interessou a ninguém. A opinião pública nunca se manifestou contra isso, pois estava anestesiada pelo aumento da capacidade de consumo e pela ação do governo sobre os movimentos sociais. A palavra “mensalão” virou um simples sinônimo de corrupção, comum a todo o sistema político. Atualmente, são poucos os que conseguem entender a diferença entre esse e outros escândalos de corrupção. E chegamos, finalmente, ao julgamento, pelo STF. A distância dos acontecimentos e a qualidade das argumentações dos advogados dos réus quase nos faz pensar que o crime, ao menos quando é político, compensa – quero dizer, prescreve. Como podemos ter sido tão duros com essas pessoas sete anos atrás? Como posso ter sido tão ingênuo ao acreditar que o “mensalão” aconteceu? Se George Orwell, que escreveu o clássico 1984, estivesse vivo, ele diria que criamos o 38° ministério, o Ministério da Verdade.
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