Marcia Gerheim Por - AVM Faculdade Integrada
Transcription
Marcia Gerheim Por - AVM Faculdade Integrada
i UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS PROJETO A VEZ DO MESTRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO: ALIADOS NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Por: Marcia Gerheim Por: Marcia Souza Gerheim Prof. Orientador: Sérgio Majerowicz Rio de Janeiro 2010 1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS PROJETO A VEZ DO MESTRE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO: ALIADOS NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos Por: Marcia Souza Gerheim 2 AGRADECIMENTOS Listar as pessoas a quem eu devo agradecimentos, remete-me a uma brincadeira, que será citada mais adiante neste estudo. Nesta, as peças de um dominó são arrumadas de tal forma que, ao cair a primeira peça, inicia-se um processo no qual cada peça que cai derruba outra que, por sua vez, faz cair mais peças e assim por diante. Sem deixar de pensar em todos os nomes que eu deveria incluir aqui, quero agradecer especialmente à Sofia, Daniel e David, que tornam o dia-a-dia da minha vida uma rica fonte de inspiração. 3 DEDICATÓRIA Aos professores, colegas e mestres. Aos meus alunos, com quem aprendo o que é aprender. 4 RESUMO Este estudo analisa de que forma a avaliação de desempenho funciona como estímulo ao desenvolvimento profissional e contribui para o aumento ou a diminuição da satisfação no trabalho. A relação entre avaliação de desempenho, satisfação no trabalho e desenvolvimento profissional é estabelecida a partir de definição conceitual e contextualização histórica. Como desenvolvimento desta análise, faz-se uma correlação entre idéias teóricas e a experiência profissional de um professor de instituições de ensino voltadas para alunos de classe média da zona sul do Rio de Janeiro. Observase como esta trajetória redundou em formas particulares de se buscar avaliação de desempenho profissional. Por fim, conclui-se que esta prática de feedback contribuiu para um aumento da satisfação no trabalho tal qual agiu como um estímulo ao desenvolvimento. Finalmente deve-se mencionar que esta pesquisa poderá servir como objeto de reflexão e aprendizagem tanto para professores quanto para organizações voltadas para o ensino. 5 METODOLOGIA A partir de uma ampla revisão bibliográfica, buscaremos definir e contextualizar o conceito de satisfação no trabalho, observando como a avaliação de desempenho pode ser um poderoso instrumento para o seu aumento ou diminuição. Para tanto, deveremos estabelecer uma relação entre avaliação de desempenho, satisfação no trabalho e desenvolvimento profissional, assim como traçar uma definição conceitual de avaliação de desempenho a fim de descrever as suas práticas atuais, observar a sua importância, estudar a sua eficácia e levantar as principais críticas que lhe têm sido direcionadas. Observado este panorama conceitual, remeteremo-nos a um tratamento mais empírico do assunto. Através de um relato da experiência profissional de um professor de instituições de ensino voltadas para alunos de classe média da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, delinearemos uma trajetória pessoal que redundou em formas particulares de se buscar avaliação de desempenho profissional. Por fim, entremeando revisão teórica e prática profissional, concluiremos sobre formas de se avaliar desempenho que funcionam como um fator de aumento da satisfação no trabalho e estímulo ao desenvolvimento profissional. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO, 8 CAPÍTULO I - A SATISFAÇÃO NO TRABALHO, 9 CAPÍTULO II - A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 14 CAPÍTULO III - O EFEITO DOMINÓ DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 23 CONCLUSÃO, 29 BIBLIOGRAFIA, 30 ÍNDICE, 32 FOLHA DE AVALIAÇÃO, 33 7 INTRODUÇÃO Construir casa, tirar medidas, serrar as tábuas, Forjar o ferro, soprar o vidro, produzir pregos, fabricar tonéis, cobrir com teto de zinco, alinhar as telhas, Montar navios, construir diques, curar os peixes, a pavimentação das calçadas por lajeadores, A bomba, o bate-estacas, a grande grua, o forno de carvão e o forno de olaria, As minas de carvão e tudo o que está lá embaixo, as lamparinas na escuridão, ecos, canções, quantas reflexões - Walt Whitman, “Uma canção às ocupações” É objetivo deste estudo, analisar de que modo a avaliação de desempenho contribui para o aumento ou a diminuição da satisfação no trabalho. Deseja-se, também, investigar de que modo avaliar desempenho funciona como estímulo ao desenvolvimento profissional. Esta reflexão pretende estabelecer uma relação entre avaliação de desempenho, satisfação no trabalho e desenvolvimento profissional. Em seguimento à definição e contextualização destes conceitos dentro de uma perspectiva histórica, iremos traçar a definição conceitual de avaliação de desempenho a fim de descrever as suas práticas atuais, observar a sua importância, estudar a sua eficácia e levantar as principais críticas que lhe têm sido direcionadas. Delineado este panorama, apontaremos para a avaliação de desempenho como um poderoso instrumento para o aumento da satisfação no trabalho bem, como um estímulo ao desenvolvimento profissional. Em desenvolvimento a esta análise uma correlação entre idéias teóricas e experiência profissional será estabelecida através de um relato da experiência profissional de um professor de instituições de ensino voltadas para alunos de classe média da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. As práticas que tiveram uma influência determinante no processo de desenvolvimento deste profissional serão descritas. Estas experiências, associadas ao estudo, treinamento e desejo de autodesenvolvimento, moveram este professor a criar formas próprias de obter feedback dos seus alunos sobre o seu desempenho profissional. Por fim, volto o meu olhar para o efeito que tais práticas – de buscar feedback do trabalho - imprimiram sobre a minha satisfação e desenvolvimento profissional. 8 CAPÍTULO I A SATISFAÇÃO NO TRABALHO “Segundo Frankl, sem um ‘objetivo último na vida’, os homens e mulheres não têm qualquer razão para continuar vivendo. Muitos prisioneiros dos campos sofriam uma espécie de ‘morte emocional’. ’Deixavam de viver para o futuro. ‘ Um trabalhador desempregado’, notava Frankl, encontrava-se ‘numa posição semelhante’. ‘Sua existência tornou-se provisória e, em certo sentido, ele não pode viver para o futuro ou ter em vista uma meta” – Christopher Lasch, “O Mínimo Eu: sobrevivência psíquica em tempos difíceis”. Hoje, o trabalho é um ponto central na vida do homem. Através dele, buscamos obter qualidade de vida e satisfação. Porém, em um passado até bem recente, o trabalho tinha a função primordial de suprir as necessidades básicas de subsistência do ser humano. Este capítulo pretende analisar esta evolução, contextualizando os conceitos de qualidade de vida e satisfação no trabalho a partir de uma perspectiva histórica. 9 1.1 - O TRABALHO SEGUNDO UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA Quando, no final do século XIX, Frederick Taylor desenvolveu seus princípios da administração científica, acreditava-se que era possível melhorar a eficiência da produção através da engenharia precisa e da padronização dos trabalhos das pessoas. Taylor concebe a fórmula: E = P / H, que quer dizer que a eficiência (E) é igual à produção (P) dividida pelo número de horas de trabalho (H). (De Masi, D. 2000) As preocupações administrativas com a melhoria da produção encontraram o seu ápice nestas idéias de Taylor. Estes estudos contribuíram para que as organizações obtivessem um aumento na produtividade, baseando-se em procedimentos que visavam diminuir o número de horas trabalhadas, tais como a divisão de tarefas e a especialização dos trabalhadores. Durante aquele período, o ser humano era visto como mero coadjuvante no processo produtivo. De acordo com Rouleau (2001), o trabalhador era percebido como um ser cuja única motivação estava vinculada aos ganhos econômicos que seu trabalho lhe proporcionava. O século XX trouxe os estudos de Elton Mayo e as experiências realizadas nas usinas de Hawthorne que demonstraram, pela primeira vez, que a atenção aos recursos humanos permitia aumentar a produtividade. O trabalhador já não era mais aquele ser cuja única motivação estava vinculada aos ganhos econômicos que seu trabalho lhe proporcionava. A passagem a seguir, de E. Mayo, expressa bem a sua tese de que o fator humano de motivação para o trabalho é um considerável fator de produtividade. “...o desejo de estar bem com seus colegas de trabalho, aquilo que a gente chama de instinto humano de associação, supera facilmente o simples interesse individual e a lógica de raciocínio sobre os quais vários princípios de administração são fundados”. Este mesmo período histórico assistiu ao surgimento do escritório pessoal que, futuramente, veio a se transformar no departamento de recursos humanos tal como o conhecemos hoje. Criou-se o secretário do bem-estar, cuja função era auxiliar os trabalhadores em relação à moradia, assistência médica, recursos educacionais, recreação e melhoria nas condições de trabalho. Tal escritório abrigava estudos e pesquisas dos teóricos da ciência comportamental que resultaram nas técnicas de seleção e treinamento bem como nas teorias sobre motivação e dimensionamento do trabalho. 10 1.2 – A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO És importante para ti, porque é a ti que te sentes. És tudo para ti, porque para ti és o universo, E o próprio universo e os outros Satélites da tua subjetividade objetiva. - Fernando Pessoa, “Poemas de Álvaro de Campos” Chiavenato (1999) demonstra que o ser humano do século XX se torna parte ativamente integrante das organizações. A teoria estrutural de Max Weber, que entende que os funcionários deveriam ser divididos entre simples executores, planejadores e “pensadores”, cede lugar à ideia de que todo trabalhador deve participar e não se alienar das decisões. Para Walton (1973:11) “(...) A expressão Qualidade de Vida tem sido usada com crescente freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico”. O seu modelo entende Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) a partir de oito variáveis que contemplam remuneração, segurança, saúde, oportunidade, integração social, relevância social, equilíbrio entre o trabalho, família e lazer, bem como os direitos e deveres dos trabalhadores. Araújo (1996) aponta que Hackman e colaboradores também trazem uma contribuição definitiva quanto ao conceito de QVT quando delineiam a importância do conhecimento dos resultados do trabalho (feedback), bem como da significância e responsabilidade percebida para uma tarefa. Westley (1979) aponta como pontos fundamentais da QVT, os indicadores econômicos (equidade no salário e no tratamento recebido); políticos (segurança no emprego, direito a trabalhar e não ser discriminado); psicológicos (conceito de auto-realização) e os sociológicos (conceito de participação ativa em decisões sobre o processo de trabalho). Como vimos, as evoluções históricas descritas propiciaram o surgimento do conceito de QVT. Este conceito contribui para a análise da relação indivíduo-trabalhoorganização, tendo como base a satisfação do trabalhador no seu trabalho e em relação a ele (Rodrigues, 1991). Atualmente, a qualidade de vida no trabalho é medida não só por fatores econômicos mas também por fatores psicológicos, tais como a satisfação pessoal. O 11 trabalhador é visto como um complexo biopsicossocial aonde o biológico, o psicológico e o social são interdependentes e respondem às condições de vida de forma única em suas características de história de vida. Robbins (2002) mostra que, para Mary Parker Follet e Chester Barnard, as organizações voltadas para o trabalho são vistas como sistemas pessoais de cooperação humana aonde o gerente, que harmoniza e coordena os esforços do grupo, é visto mais como um líder que conta mais com a sua perícia e conhecimento do que com a sua autoridade formal. A união da equipe é promovida, já que o potencial individual é entendido como algo a ser liberado através da associação do grupo. Dentro deste panorama, a satisfação e qualidade de vida no trabalho são fatores fundamentais para a expansão e sobrevivência das organizações. 1.3 - A SATISFAÇÃO NO TRABALHO Fui inspirado pelos homens do píer a esboçar um hino à inteligência, à peculiaridade, à beleza e ao horror do ambiente de trabalho moderno, assim como à sua extraordinária pretensão de, junto com o amor, ser capaz de nos oferecer a origem capital do sentido da vida. - Alain de Botton, “Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho” Segundo Lasch (1979), a nossa sociedade evoluiu de tal forma que hoje vivemos sob a obrigação universal de sentir prazer. A expectativa das gratificações imediatas de forma hedonista, que orienta nossas ações para o presente, tornou o lazer e a qualidade de vida pontos centrais de nossas existências. A propaganda exorta o consumidor a comprar agora e pagar mais tarde e só os tolos deixam para o dia seguinte o prazer que podem ter hoje. Estas mudanças na estrutura da nossa sociedade redirecionaram a ênfase da produção capitalista para o consumo. “A busca do próprio interesse, a princípio identificada com a busca racional de ganhos e a acumulação de riquezas, tornou-se uma busca do prazer e da sobrevivência psíquica”. (Lasch, C. 1979. p.97) Com isto, a ética do trabalho também se transformou. O trabalho árduo e disciplinado, que era direcionado para a acumulação paciente e diligente de bens materiais, cedeu lugar para o trabalho visto como um meio de satisfação e realização pessoal. 12 De acordo com Chiavenato (2005), a satisfação no trabalho está relacionada à forma como um indivíduo percebe os resultados do seu trabalho. “Os resultados percebidos pela pessoa – seja em termos de alcançar os objetivos organizacionais ou individuais ou em termos de recompensas recebidas pela empresa – provocam um determinado grau de satisfação pessoal.” (Chiavenato, I. 2005. Pg. 247) Assim sendo, estabelece-se um círculo no qual o grau de satisfação, que é fruto dos resultados obtidos pelo desempenho de uma tarefa, retro-alimenta de modo positivo ou negativo a motivação para o desempenho. FIGURA 1: RELAÇÃO ENTRE SATISFAÇÃO NO TRABALHO E DESEMPENHO As empresas de hoje buscam novas formas de se alcançar bons resultados e, para tanto, procuram meios de fortalecer e garantir a continuidade do círculo representado acima. Um dos instrumentos mantenedor e estimulador deste ciclo é a avaliação de desempenho, objeto de análise do próximo capítulo. 13 CAPÍTULO II A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO “Na sociedade atual, trabalho significa “quem somos” (...) se acreditarmos que nosso trabalho possui valor genuíno para a empresa na qual trabalhamos (ainda que tal “empresa” seja nós mesmos) e que fazemos algo útil em nosso trabalho essa crença sustenta o nosso sentido de identidade.” - Clotaire Rapaille, “O Código Cultural: por que somos tão diferentes na forma de viver, comprar e amar?” Este capítulo irá traçar uma definição conceitual de avaliação de desempenho, bem como descrever as suas práticas atuais, observar a sua importância, estudar a sua eficácia e levantar as principais críticas que lhe têm sido direcionadas. Já foi posto que o trabalho, hoje, é visto como um meio de satisfação e realização pessoal. Ao lado da necessidade de encontrar satisfação e realização no seu trabalho, o indivíduo contemporâneo traz em si ambivalências, temores e anseios. Ao mesmo tempo em que ele deseja conhecer a opinião do outro sobre si, ele a nega ou a rejeita. Deseja expressar seu julgamento sobre as pessoas e, ao mesmo tempo, teme fazê-lo. Portanto, não é de se surpreender que refletir sobre avaliação de desempenho envolva um pensamento sobre a complexidade, a ambivalência e o paradoxo. (Bergamini & Beraldo, 1988) Visto isto, pode-se esperar que o sucesso do processo da avaliação de desempenho dentro de uma empresa esteja mais associado com atitude e relacionamento interpessoal do que com técnicas. Chiavenato (2005: 264) observa que “(...) a avaliação de desempenho não é um fim em si mesma, mas uma ferramenta, um meio de melhorar os resultados do desempenho e proporcionar condições e oportunidades de crescimento profissional e de participação pessoal.” 14 2.1 – A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Desempenho significa cumprimento de tarefa ou obrigação, o que geralmente está associado a uma função ou papel dentro de uma organização. Associa-se, também, ao estado motivacional e esforço de um indivíduo no sentido de realizar uma tarefa e atingir um objetivo. O conceito de desempenho adiciona os fatores potencial e competências à definição do que é trabalho o qual, por si, pode ser compreendido como labor, ocupação, atividade física ou intelectual que visa a algum objetivo. As competências de um sujeito fazem referência a um patrimônio pessoal construído ao longo de uma vida que engloba conhecimentos, habilidades e atitudes (Zarifian, 2001). Segundo Vera Lúcia de Souza & colaboradores (2009, p. 20), potencial humano deve ser entendido como “recursos internos, cuja dinâmica viabiliza possibilidades, em qualquer âmbito da vida pessoal e profissional”. Para Bergamini e Beraldo (1988, p.34), “avaliação de potencial não garante o desempenho futuro. É apenas estimativa a ser confirmada pelo processo de avaliação de desempenho”. A avaliação de desempenho no contexto do trabalho sempre existiu. Ela é um fruto natural da preocupação com a eficiência e com a eficácia, com a qualidade e com a produtividade que busca monitorar o trabalho da equipe e de cada membro e os resultados alcançados para compará-los com os resultados esperados. (Chiavenato, 2005) Sendo assim, ela é um elemento fundamental para que exista um elo contínuo entre eficiência, eficácia, grau de satisfação, motivação para desempenho, qualidade de desempenho e, finalmente, produtividade (Figura 2). Os métodos atuais de avaliação de desempenho buscam informações que subsidiem a tomada de decisão dirigida à contínua melhoria do desempenho, buscando agregar valor ao negócio e contribuir para a sua sustentabilidade. Funcionam como uma ferramenta de melhoria que subsidia feedbacks sistemáticos, úteis ao desenvolvimento. Há, neles, um considerável distanciamento da lógica mecanicista que julgava prioritariamente o desempenho das qualidades de uma pessoa na organização. 15 FIGURA 2: RELAÇÃO ENTRE QUALIDADE DE DESEMPENHO E PRODUTIVIDADE Conforme mostra a figura abaixo, podemos visualizar a avaliação de desempenho como uma ferramenta para que se tenha uma visão ampla das práticas de RH, como um meio de se obter dados que, registrados e processados, poderão subsidiar a tomada de decisão e como um instrumento que auxilia o gerenciamento de talentos na organização. (Rocha-Pinto, 2002) FIGURA 3: AS TRÊS DIMENSÕES DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO 16 De acordo com Gil (2001), a avaliação de desempenho torna possível: • definir o grau de contribuição de cada empregado para a organização; • identificar os empregados que possuem qualificação superior à requerida pelo cargo; • identificar em que medida os programas de treinamento têm contribuído para a melhoria do desempenho dos empregados; • promover o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos empregados; • obter subsídios para redefinir o perfil requerido dos ocupantes dos cargos; • obter subsídios para remuneração e promoção; • obter subsídios para elaboração de planos de ação para desempenhos insatisfatórios. Dentre as práticas tradicionais de avaliação de desempenho, podemos citar as escalas gráficas de classificação, os formulários de escolha e distribuição forçada, a pesquisa de campo, a sistemática dos incidentes críticos, listas de verificação. O conjunto de práticas atuais, que engloba a avaliação 360º e a avaliação participativa por objetivos (APPO), também será objeto de analise deste estudo. 2.2 – MÉTODOS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO • ESCALAS GRÁFICAS A escala gráfica de classificação se provou uma metodologia cuja simplicidade e facilidade de compreensão e de utilização a constitui em um instrumento de aferição e comparação do desempenho dos funcionários de muito valor prático. Por outro lado, Chiavenato (2008, pg. 251) levanta importantes considerações a esta prática que, ao avaliar apenas o desempenho passado, reveste o seu processo de uma rigidez e um reducionismo que não deixa espaço para a participação ativa dos funcionários. • ESCOLHA FORÇADA De modo semelhante à metodologia anterior, os formulários de escolha e 17 distribuição forçada não permitem participação ativa do avaliado. Não obstante, esta técnica permite uma avaliação menos subjetiva, uma vez que o avaliador forçosamente opta por frases previamente elaboradas sobre o possível desempenho do avaliado. Tal praticidade de aplicação exige uma complexidade de planejamento e elaboração que coloca este instrumento em uma posição de desvantagem em relação a outras técnicas. • PESQUISA DE CAMPO Esta metodologia envolve um alto custo operacional uma vez que seu processo, lento e demorado, exige assessoria de um especialista. Por outro lado, ela permite planejamento de ações para o futuro (como programas de treinamento, orientação, aconselhamento, etc.) e proporciona profundidade na avaliação do desempenho. • MÉTODO DOS INCIDENTES CRÍTICOS De fácil montagem e utilização, a sistemática dos incidentes críticos avalia apenas o desempenho excepcionalmente bom e aquele excepcionalmente ruim, não se preocupando com aspectos normais do desempenho. Sendo assim, deixa de fora vários aspectos do desempenho que poderiam contribuir de forma significativa para uma menor tendenciosidade e parcialidade. • LISTAS DE VERIFICAÇÃO As listas de verificação funcionam como uma simplificação do método das escalas gráficas, no qual uma lista de fatores a serem avaliados é elaborada de forma a orientar o gerente na tarefa de avaliar cada funcionário. 2.3 – NOVAS ABORDAGENS NA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Os métodos atuais de avaliação de desempenho buscam corrigir certas distorções encontradas de forma recorrente entre as práticas tradicionalmente mais voltadas para o cargo e execução de tarefas. Entre estas correções, destacam-se a inclusão do avaliado na avaliação e a substituição dos resultados quantitativos por modalidades de avaliação que incluem as diferenças individuais, enfatizando a análise e a avaliação ativa do desempenho (Souza, 2002). De acordo com Chiavenato (2008, pgs. 254-257), a maior participação do funcionário em seu próprio planejamento e desenvolvimento pessoal reflete comprometimento com o futuro e com a melhoria de desempenho. Segundo este 18 mesmo autor, podemos incluir na lista das tendências atuais em avaliação de desempenho: 1. Indicadores que visualizam a empresa como um todo – decorrem do planejamento estratégico que define o que, como e quando medir. 2. A observação de um contexto geral. 3. O funcionamento como um elemento integrador das práticas de RH. 4. O embasamento em processos não estruturados. 5. A atuação como forma de retroação – realimenta os colaboradores de informação sobre suas competências pessoal, tecnológica, metodológica e social. 6. A ênfase nos resultados. O conjunto de práticas atuais, que estão mais perto de englobar as tendências listadas acima, será objeto da breve análise a seguir. • AVALIAÇÃO 360º Ainda baseada no estudo feito pelo autor citado, esta modalidade de avaliação circular, adequada a empresas democráticas e participativas, inova devido a sua estratégia. Ela envolve o compartilhamento de feedbacks, oriundos de múltiplas fontes entre as pessoas afetadas pelos resultados obtidos durante o processo do trabalho. Superiores e gerentes, subordinados e fornecedores, clientes externos e internos avaliam uns aos outros numa reciprocidade que exige, de todas as partes, uma receptividade a críticas. (Figura 1) FIGURA 3: A AVALIAÇÃO 360º (Chiavenato, 2008, pg. 261) 19 Conforme análise de Vera Lúcia de Souza & colaboradores (2009, p. 88), esta prática estimula o autoconhecimento, o envolvimento no processo produtivo, além de ampliar a consciência quanto aos impactos das posturas e comportamentos no próprio desempenho e no dos demais. Por outro lado, este método de avaliação pode abrir espaço para conflitos, conluios, intimidação e ressentimento em detrimento da orientação para a melhoria contínua do desempenho. • AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA POR OBJETIVOS (APPO) Para Chiavenato (2008, pgs. 254-261), uma tendência atual muito significativa em termos de método de avaliação atual envolve a participação ativa entre colaborador e seu gerente. A princípio, há uma formulação consensual de objetivos que redunda em negociação com o gerente sobre a alocação dos recursos e meios necessários para o alcance das metas acordadas. Esta etapa é seguida por uma constante monitoração de resultados e comparação com os objetivos formulados. Num contínuo processo de retroação - muito bem ilustrado na figura a seguir - os objetivos delineados por avaliação conjunta poderão ser redefinidos se houver necessidade. FIGURA 4: AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA POR OBJETIVOS (Chiavenato, 2008, pg. 261) 20 2.4 A EFICÁCIA DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO A fim de se garantir a eficácia da avaliação de desempenho, deve-se definir claramente seus objetivos de forma condizente com a política de RH e a cultura organizacional, trabalhando-se, assim, em sintonia com a alta administração. É oportuno, também, contemplar-se não só o desempenho de cargo como também o alcance de metas e objetivos, nunca se fixando na pessoa. Estimulando-se a análise da consequência, sem conotação de recompensa ou punição, busca-se a aceitação do avaliador e do avaliado, que desta maneira participa ativamente do processo que assim pode ser por ele percebido de forma positiva. Por fim, a ênfase deve estar na avaliação crítica e objetiva do desempenho e não na burocracia (preenchimento de formulários e cumprimento da rotina) para que o feedback se baseie em fatos claros, argumentos concretos e dados comprováveis. 2.5 CRÍTICAS À AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Dentro do contexto social da empresa, é de se esperar que o relacionamento interpessoal, mesmo que cordial, revista-se com uma capa de formalismo e que o contato entre as pessoas tenha um cunho mais formal e artificial do que espontâneo e autêntico. De acordo com Bergamini & Beraldo (1988), “(...) as oportunidades de troca, feedbacks e avaliações interpessoais ou não são aproveitadas ou não são verdadeiras. Isto ocorre também em função de que as pessoas levam dentro de si, qualquer que seja o contexto que frequentam, os sinais de suas lutas mais íntimas, suas buscas e seus desejos mais secretos, a despeito da necessidade comum a todo ser humano de atingir a sua totalidade. Dividir-se ou compartilhar-se com o outro se torna assim difícil, ou em alguns casos impossível.” De acordo com Gil (2001), constatou-se um alto grau de insatisfação em relação à avaliação de desempenho entre um número considerável de executivos. Observou-se que um grande número de gerentes a considera pouco objetiva, injusta e declaram pouco compreender os critérios utilizados. Segundo o mesmo autor, podemos destacar entre as principais críticas que se pode fazer à avaliação de desempenho: 21 • Definição inadequada dos objetivos: com frequência as pessoas envolvidas no processo de avaliação e até mesmo os próprios avaliadores não conseguem perceber programas de treinamento, remanejamento, promoções, entre outros, como conseqüências concretas deste processo. • Baixo nível de envolvimento da alta administração: esta dificuldade só é superada quando os profissionais de recursos humanos conseguem demonstrar que as pessoas não são apenas acessórias, mas essenciais para a gestão do negócio. • Despreparo para administrar pessoas: o treinamento de gerentes com frequência deixa a desejar no que tange ao treinamento específico para avaliar desempenho. • Avaliação circunscrita há um dia: para se superar esta dificuldade é necessário que a avaliação de desempenho seja realizada de forma contínua. • Baixo nível de participação das chefias: ocorre quando a chefia não se compromete com o processo de avaliação, inclusive não participando do estabelecimento de parâmetros e/ou análise dos resultados. • Exclusão dos empregados do processo de planejamento: para minimizar este problema, recomenda-se que chefia e subordinado negociem o desempenho esperado. 22 CAPÍTULO III O EFEITO DOMINÓ DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO “O bater de asas de uma borboleta no Brasil pode provocar um tornado no Texas.” - Edward Norton Lorenz, “Efeito Borboleta” r”Se realmente entendemos o problema, A resposta virá dele, porque a resposta não está separada do problema.” - Jiddu Krishnamurti (1895 – 1986) Ao longo da minha experiência profissional ¹, pude observar que as organizações constroem seus próprios sistemas de avaliação adequados às suas características diferenciadas. A seguir, vamos nos debruçar sobre práticas que tiveram uma influência determinante no meu processo de desenvolvimento profissional. Estas práticas de avaliação me orientaram para uma reflexão profunda sobre a importância do feedback para o trabalho de professor. Estas experiências, associadas a estudo, treinamento e desejo de autodesenvolvimento, impulsionaram-me a criar formas próprias de obter feedback do meu desempenho profissional diretamente dos meus alunos. _______________________________ ¹ Desde 1997, trabalho como professora de Inglês como Língua Estrangeira em curso livre de língua Inglesa e escola particular, ambos voltados para alunos da classe média-alta, na zona sul do Rio de Janeiro, Brasil. 23 3.1 A SATISFAÇÃO DO CLIENTE E O FEEDBACK DO TRABALHO Pontes (2002, pg. 17) afirma que “(...) a globalização da economia impôs a busca da competitividade nas empresas, sob pena de não sobreviverem. Essa busca incessante por competitividade impõe, além de reestruturação profunda, novos conceitos voltados à flexibilidade, qualidade, produtividade e satisfação de cliente.” Em uma das organizações de ensino na qual estou inserida, isto não se provou diferente. Tendo acompanhado de perto várias ‘Pesquisas Anuais de Satisfação de Cliente’, tenho sido apresentada, junto com todo o corpo docente, aos indicadores numéricos de metas a serem atingidas em contraste a metas que foram, de fato, alcançadas nos 12 meses anteriores. Desta forma, nesta ocasião, faz-se um contraste entre as metas numéricas estabelecidas e as metas alcançadas. Também se indica as metas que deverão ser alcançadas no ano letivo que se inicia. Durante esta reunião de equipe e diante de números muitas vezes pouco favoráveis ao desempenho do professor, o corpo docente mergulha num longo debate sobre técnicas e formas de se atingir as novas metas traçadas. O resultado desta discussão retorna aos professores algumas semanas depois na forma de um plano pedagógico anual. Os resultados desta mencionada pesquisa de satisfação de clientes nos são apresentados como obtidos por um corpo docente de uma filial específica e nunca são desmembrados em resultados para cada professor. Tal forma de análise sempre suscitou em mim a pergunta: Será que os resultados obtidos refletem alguma das minhas turmas de alunos? Esta indagação, associada a estudo, participação em cursos e seminários me levou a desenvolver formas de obter feedback dos meus alunos sobre o meu desempenho profissional. 24 3.2 – A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO CONTEXTO DA MINHA EXPERIÊNCIA Ao longo da minha prática pedagógica, o meu desempenho profissional tem sido avaliado de diversas formas. Entre estas, tive a felicidade de conhecer métodos de avaliação que envolvem a participação ativa entre colaborador e gerente. Pude experimentar a formulação consensual de objetivos a serem alcançados, a partir da observação de aula minha pelo meu gerente. Este procedimento, geralmente seguido de uma nova observação de aula e mais um encontro entre professor e gerente, pretende monitorar as práticas observadas em contraste com os objetivos formulados. Junto a disto, tenho sido anualmente avaliada através de um processo institucional que envolve o preenchimento de um formulário on-line e uma conversa na qual a minha auto-avaliação é discutida e comparada com a avaliação que o meu gerente fez sobre o meu desempenho. Estas práticas de avaliação me orientaram para uma reflexão profunda sobre a importância do feedback para o trabalho do professor. No contexto da prática pedagógica, o professor é de suma importância no que tange ao seu papel de provedor de avaliação de desempenho e feedback dos progressos do aluno. Este feedback pode ser percebido pelos alunos através de uma nota, uma correção, um elogio, um olhar, um gesto e até mesmo através do silêncio. Da mesma forma, o retorno que o aluno dá ao professor sobre a sua prática, pode tornar várias formas tais como: atitudes e comentários em sala, desempenho em testes, assiduidade, pontualidade, etc. Este feedback informal e constante é fundamental para que o professor ajuste as suas práticas de forma a atender os seus alunos-clientes. Apesar de essencial, a avaliação que o aluno faz sobre o trabalho do professor é, muitas vezes, temida, difícil de ouvir e pouco considerada pelo corpo docente. A comunicação e o diálogo entre professor e aluno, motor vital de um processo de aprendizagem rico e 25 produtivo, podem ser entendidos como uma via de mão dupla, aonde o professor avalia o aluno tanto quanto o aluno avalia o professor. (Scrivener, 2005) A percepção disto, associada às experiências relatadas acima, induziram-me a buscar formas próprias de pedir feedback aos meus alunos. As minhas primeiras tentativas se deram de forma improvisada. Eu pedia aos meus alunos que, em um pedaço de papel anônimo, listassem até no máximo 3 pontos positivos e 3 pontos negativos sobre a minha aula e/ou sobre a minha atuação como professora. Logo percebi que esta forma de feedback funcionava perfeitamente com alunos adultos, porém com os alunos adolescentes eu precisaria pensar em algo mais direcionado. Assim sendo, eu criei um formulário de feedback que demanda do aluno uma avaliação sobre critérios pré-estabelecidos, a saber: FIGURA 5: FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DAS AULAS E DO PROFESSOR AVALIAÇÃO DAS AULAS / PROFESSOR A = excelente / B = muito bom / C = bom ou regular / D = insuficiente / E = péssimo 1. ORGANIZAÇÃO 2. RELACIONAMENTO COM OS ALUNOS 3. CONTEÚDO DAS AULAS 4. MATERIAL UTILIZADO 5. ATIVIDADES PROPOSTAS 6. PROJETO(S) REALIZADO(S) 7. CONCEITO FINAL DAS AULAS / PROFESSOR A A A A A A A B B B B B B B C C C C C C C D D D D D D D E E E E E E E Observações: ___________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ Neste formulário, o aluno deve circular o conceito escolhido, bem como escrever quaisquer comentários que deseje em um espaço reservado para isto. Pouco depois de implementar esta avaliação nas minhas salas de aula de alunos adolescentes, percebi que o mais valioso neste processo eram os comentários espontâneos dos alunos, assim como a criação de um espaço para o diálogo entre professor-aluno. 26 Com estas indagações em mente, tive a oportunidade de participar de um grupo de estudos sobre prática exploratória². Esta experiência veio de encontro ao meu desejo de desenvolver formas de escuta e diálogo que promovessem uma maior satisfação dos meus alunos com a minha prática. Todavia, se observou que este curso me apontou para a direção de um relevante aumento da minha própria satisfação com o meu trabalho. Allwright (2003) e outros adeptos da prática exploratória me apontaram um horizonte de possibilidades no que diz respeito à escuta e diálogo entre professoraluno. Desta forma, passei a trazer para dentro da minha sala de aula, questões que abrem espaço para conversas que, em si, já trazem uma forma de compreensão das próprias questões levantadas. O que a prática exploratória propõe, não é pesquisa que pode ser analisada de forma quantificada, mas sim uma forma de entendimento contextualizado de questões que retro-alimentam as tomadas de decisão que, como professora, preciso constantemente tomar durante uma aula. (Scrivener, 2005) Tomemos como exemplo a temível questão de como podemos fazer os nossos alunos perceberem as nossas aulas como sendo dinâmicas. Uma vez formulada corretamente, esta indagação, quando levada para dentro de uma sala de aula, gera uma discussão que, embora nem sempre resulte um uma única resposta fechada, quase sempre provoca mais perguntas. Este processo contínuo carrega em si uma maior oportunidade de entendimento da questão inicial ‘O que é uma aula dinâmica?’, tanto pelo professor como pelos seus alunos. Esta reação em cadeia, de perguntas que geram mais perguntas, funciona tal como uma brincadeira na qual as peças de um dominó são colocadas de forma que, ao caírem, derrubam peças que por sua vez derrubam outras peças e assim por diante. Felizmente, o prazeroso conhecimento que surge durante este infindável processo de entendimento contribui para o desenvolvimento tanto do professor quanto de seus alunos aprendizes-participativos. (Scrivener, 2005) _______________________________ ² Este grupo de estudos sobre Prática Exploratória foi oferecido em 2008 pelo Departamento Acadêmico Cultura Inglesa - RJ em parceria com o Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil e foi coordenado pelas professoras Inés Miller, Maria Isabel Cunha, Adriana N. Kuschnir e Isabel Cristina Moraes Bezerra. 27 3.3 - A SATISFAÇÃO NO TRABALHO DENTRO DO CONTEXTO DA PRÁTICA DE ENSINO “Não é normal saber o que queremos. Essa é uma façanha psicológica rara e difícil.” - Abraham Maslow, “Motivação e Personalidade” A aprendizagem está estreitamente relacionada à forma como o sujeito se sente em relação a ele mesmo. Se nos sentimos bem e confiantes em relação a nós mesmos, sentiremo-nos bem em uma situação de aprendizagem. Do contrário, a situação da sala de aula nos faz sentir expostos e fragilizados. (WILLIAMS, M. & BURDEN, R.,1997) Isto nos remete às profundezas de nós mesmos e também ao poderoso elo, ao rapport (Brown, 2001), que se estabelece na relação professor-aluno. Quanto mais forte e positiva for esta ligação, mais propício à aprendizagem será o clima de uma sala de aula. Um professor satisfeito com a produção de seus alunos reflete alunos satisfeitos com a sua aprendizagem. Vários são os fatores associados à satisfação de um professor com o seu trabalho. Ao analisar aquele que se refere à produção dos alunos, pode-se afirmar que a satisfação do professor está diretamente associada ao estabelecimento de objetivos adequados a um grupo de alunos em um determinado contexto pedagógico. (Scrivener, 2005) Podemos afirmar que a satisfação no trabalho do professor está invariavelmente relacionada ao conhecimento dos resultados do seu trabalho, bem como à significância do trabalho realizado não só em termos de resultados alcançados pelos alunos, mas também a partir do processo de aprendizagem que se pode observar. 28 CONCLUSÃO Tenho o privilégio de não saber quase tudo. E isto explica o resto. - Manoel de Barros, “Menino do Mato” Este estudo analisou de que forma a avaliação de desempenho contribui para o aumento ou a diminuição da satisfação no trabalho. Ao lado disto, vimos que avaliar desempenho funciona como estímulo ao desenvolvimento profissional, sendo possível estabelecer uma relação entre avaliação de desempenho, satisfação no trabalho e desenvolvimento profissional. A descrição de práticas atuais de avaliação de desempenho, a observação da sua importância, o estudo da sua eficácia e o levantando das principais críticas que lhe têm sido direcionadas, permitiu-nos delinear este procedimento como um poderoso instrumento para o aumento da satisfação no trabalho, bem como um valoroso estímulo ao processo de desenvolvimento profissional. Dando seguimento a esta análise, estabeleceu-se uma correlação entre idéias teóricas e experiência profissional. Por meio da trajetória de um professor de instituições de ensino voltadas para alunos de classe média-alta da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, delineou-se formas particulares de se buscar avaliação de desempenho. Através do relato de práticas predominantemente empíricas, observou-se que a eficácia destas ferramentas é proporcional ao envolvimento do avaliado no processo. O profissional em questão encontrou um modo de participar mais ativamente da sua avaliação de desempenho ao procurar complementar a prática institucional a qual era sistematicamente submetido com formas próprias de obter feedback que incluíam diferenças individuais e diálogo. Ao lado disto, viu-se que estas práticas podem promover o autoconhecimento e o autodesenvolvimento dos colaboradores assim como auxiliar seus dirigentes na obtenção de subsídios para elaboração de planos de ação para desempenhos insatisfatórios. Por fim, registra-se aqui o desejo de que esta investigação se faça objeto de reflexão e aprendizagem, tanto para professores quanto para organizações voltadas para o ensino. 29 BIBLIOGRAFIA ALLWRIGHT, D (2003) Planning for Understanding: A New Approach to the Problem of Method. Pesquisas em Discurso Pedagógico, Volume 2, Number 1, Vivenciando a Escola. ARAÚJO, A. B. (1996) – Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): os lucros advindos de um lugar excelente para se trabalhar. In: Anais da 20ª Reunião Anual da ANPAD. Angra dos Reis. 375-94. BARROS, Manoel de (2010) – Menino do Mato. São Paulo, Ed. Leya. BERGAMINI & BERALDO (1988) – Avaliação do desempenho humano na empresa. 4ª Edição. São Paulo, Ed. Atlas. BOTTON, Alain de (2009) – Os Prazeres e os Desprazeres do Trabalho: reflexões sobre a beleza e o horror de ambiente de trabalho moderno. Rio de Janeiro, Rocco Ed. BROWN, D. (2001) – Teaching Principles, Londres, Ed. Longman. CHIAVENATO, Idalberto. (1999) - Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 14ª Ed. Rio de Janeiro: Campus. CHIAVENATO, Idalberto. (2005) – Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier. CHIAVENATO, Idalberto. (2008) – Gestão de pessoas 3ª Ed. Rio de Janeiro: Campus-Elsevier. DAVEL, E., VERGARA, S. C. (2009) – Gestão de Pessoas, Subjetividade e Objetividade nas Organizações. In Davel & Vergara, Gestão de Pessoas e Subjetividade, 3ª Ed. Atlas Editora. DE MASI, Domenico (2000) – O Ócio Criativo. Rio de Janeiro, Ed. Sextante GIL, Antonio Carlos (2001) – Gestão de Pessoas: enfoque nos papéis profissionais. São Paulo, Ed. Atlas. LASCH, Christopher. (1983) – A Cultura do Narcisismo: a vida americana numa era de esperanças em declínio. Rio de Janeiro, Imago Ed. LASCH, Christopher. (1984) – O Mínimo Eu: sobrevivência psíquica em tempos difíceis. São Paulo, Editora Brasiliense. LIMONGOI-FRANÇA, Ana Cristina (2009) – Qualidade de Vida no Trabalho – QVT: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. 2ª Ed. São Paulo. Ed. Atlas. LORENZ, EDWARD NORTON - “Efeito Borboleta”, http://www.pensenisso.net/autores.asp?letra=E. MOSCOVICI, FELA (2004) – Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 14. Ed. Rio de janeiro, José Olympio Ed. PESSOA, Fernando (1888-1935) - Poemas de Álvaro de Campos, in Poesia de todos os tempos. Rio de Janeiro, Nova Fronteira Ed. 1985. RAPAILLE, Clotaire (2007) – O Código Cultural: por que somos tão diferentes na forma de viver, comprar e amar? Rio de Janeiro Elsevier Ed. ROCHA-PINTO, SANDRA REGINA & COLABORADORES (2002) – Dimensões funcionais da gestão de pessoas. 4 Ed. Rio de Janeiro, FGV Editora. ROBBINS S. P. (2002) – Comportamento Organizacional. 8ª Ed. JC Editora. 30 RODRIGUES, M. V. C. (1991) - Qualidade de Vida no Trabalho: evolução e análise no nível gerencial. UNIFOR, Fortaleza. ROULEAU, L. (2001) - Emoção e Repertórios de Gênero nas Organizações. In Davel & Vergara Gestão de Pessoas e Subjetividade, 3ª Ed. Atlas Editora: 221. SOUZA, VERA LÚCIA (2002) – Gestão de Desempenho: julgamento ou diálogo?. 3. Ed. Rio de Janeiro, FGV Ed. SOUZA, VERA LÚCIA & COLABORADORES (2009) – Gestão de Desempenho. 2. Ed. Rio de Janeiro, FGV Editora. SCRIVENER, JIM (2005) - Learning English. McMillan Publishers Ltd. ZARIFIAN, PHILIPPE (2001) – Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo, Ed. Atlas. VASCONCELOS, ANSELMO FERREIRA. (2001) - Qualidade de Vida no Trabalho: origem, evolução e perspectivas. Cadernos de Pesquisas em Administração, São Paulo, vol. 08, no 1 jan/mar. WALT WHITMAN - “Uma canção às ocupações” http://poesiadewhitman.com/uma-cancao-paraprofissoes.html WALTON, R. E. (1973) - Quality of Working Life: What is it? Sloan Management, 15(1): 11-21. WILLIAMS, M. & BURDEN, R. (1997) - Psychology for Language Teachers. Cambridge University Press. 31 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO, 2 AGRADECIMENTO, 3 DEDICATÓRIA, 4 RESUMO, 5 METODOLOGIA, 6 SUMÁRIO, 7 INTRODUÇÃO, 8 CAPÍTULO I - A SATISFAÇÃO NO TRABALHO, 9 1.1- O TRABALHO SEGUNDO UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA, 10 1.2 - A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO, 11 1.3 – A SATISFAÇÃO NO TRABALHO, 12 CAPÍTULO II - A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO,14 2.1 – A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 15 2.2 – MÉTODOS TRADICIONAIS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 17 2.3 – NOVAS ABORDAGENS NA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 18 2.4 - A EFICÁCIA DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 21 2.5 – CRÍTICAS À AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 21 CAPÍTULO III - O EFEITO DOMINÓ DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, 23 3.1- A SATISFAÇÃO DO CLIENTE E O FEEDBACK DO TRABALHO, 24 3.2- A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO CONTEXTO DA MINHA EXPERIÊNCIA, 25 3.3- A SATISFAÇÃO NO TRABALHO DENTRO DO CONTEXTO DA PRÁTICA DE ENSINO, 28 CONCLUSÃO, 29 BIBLIOGRAFIA, 30 ÍNDICE, 32 FOLHA DE AVALIAÇÃO, 33 32 FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - PROJETO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Título da Monografia: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E SATISFAÇÃO NO TRABALHO: ALIADOS NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL Autor: Marcia Souza Gerheim Data da entrega: Maio 2010 Avaliado por: Conceito: Sérgio Majerowicz 33