Flavio Miguez de Mello

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Flavio Miguez de Mello
A Ocorrência de Inseguranças que Possam Causar
Acidentes em Barragens e em suas Estruturas Anexas
Flavio Miguez de Mello
PAÍSES COM MAIS DE 200 GRANDES BARRAGENS
China
> 40.000
EUA
9.265
Índia
5.102
Japão
3.108
Brasil
1.392
Coréia do Sul 1.306
Canadá
1.170
África do Sul 1.114
Espanha
1.082
Turquia
972
Irã
802
França
712
Reino Unido
México
Austrália
Itália
Noruega
Alemanha
Albânia
Zimbabue
Romênia
Tailândia
Portugal
596
571
570
542
335
307
307
254
246
218
217
LEIS APLICADAS À SEGURANÇA DE BARRAGENS
1. A LEI MAIS ANTIGA ( 1772 AC) – CÓDIGO DE HAMURABI - BABILÔNIA

Caso haja colapso no dique, o proprietário deve ressarcir todos os danos
materiais causados.
 Caso não tenha recursos para cobrir os danos, o proprietário transfere seus bens
e escravos aos atingidos pela inundação.
 Caso as duas condições acima ainda não cobrirem os danos causados, o
proprietário se torna escravo dos atingidos pela inundação.
LEI RECENTE (século XX)
1ª LEI DE MURPHY

If something may go wrong, it will go wrong at the very worst moment.
 Se alguma coisa pode dar errado, ela vai dar errado no pior momento possível.
“ A História prova que se as barragens não tivessem sido construídas,
não haveria desenvolvimento humano. Existem aproximadamente 45.000
grandes barragens ao redor do mundo servindo à sociedade por meio de
fornecimento de água para uso doméstico, industrial e irrigação, gerando
energia elétrica e evitando enchentes.”
III World Water Forum (Kyoto, 2003).
A Engenharia tem consciência de que barragens são obras hidráulicas
que devem ter segurança gerenciada ao longo de toda vida útil.
A Comissão Internacional de Grandes Barragens contribui para
segurança de barragens desde os anos 20 do século passado.
O Comitê Brasileiro de Barragens que vem atuando com destaque desde
1961, sempre esteve atento à necessidade de implantação de política e
de legislação sobre segurança de barragens.
ICOLD CONGRESSES WITH QUESTIONS DIRECTLY RELATED TO SAFETY,
PERFORMANCE, DETERIORATION, AND REHABILITATION OF DAMS
Q1 (first, 1933)
Deterioration by ageing of the concrete of weight dams
Q9 (third,1948)
Methods and instruments for measuring stresses and strain in earth and concrete dams.
Q17 (fifth, 1955)
Economics and safety of different types of concrete dams.
Q21 (sixth,1958)
Observations of stresses and deformations in dams and their foundation and abutments;
and comparison of these observations with computations and tests on small scale models.
Q29 (eighth, 1964)
Results and interpretation of measurements made on large dams of all types,
including earthquake observations.
Q31 (eighth, 1964)
Design, methods of construction and performance of high rockfill dams.
Q32 (ninth, 1967)
The safety of dams from the point of view of foundations and the safety of reservoir banks.
Q34 (ninth, 1967)
The behavior and deterioration of dams.
ICOLD CONGRESSES WITH QUESTIONS DIRECTLY RELATED TO SAFETY,
PERFORMANCE, DETERIORATION, AND REHABILITATION OF DAMS
Q38 (tenth,1970)
Supervision of dams and reservoirs in operation.
Q49 (thirteenth, 1979)
Deterioration or failure of dams.
Q52 (fourteenth,1982)
Safety of dams in operation.
Q54 (fourteenth, 1982)
Reservoir sedimentation and reservoir slope stability. Technical and environmental effects.
Q56 (fifteenth, 1985)
Dam and foundation monitoring.
Q59 (fifteenth, 1985)
Rehabilitation of dams to ensure safety.
Q65 (seventeenth,1991)
Ageing of dams and remedial measures.
Q68 (eighteenth, 1994)
Safety assessment and improvement of existing dams.
Q71 (eighteeth, 1994)
Deterioration of spillways and outlet works.
ICOLD CONGRESSES WITH QUESTIONS DIRECTLY RELATED TO SAFETY,
PERFORMANCE, DETERIORATION, AND REHABILITATION OF DAMS
Q74 (nineteenth, 1997)
Performance of reservoirs.
Q75 (nineteenth,1997)
Incident and failures of dams.
Q76 (twentieth, 2000)
The use of risk analysis to support dam safety decisions and management.
Q77 (twentieth, 2000)
Monitoring of dams and their foundations.
Q78 (twentieth, 2000)
Gated spillways and other controlled release facilities, and dams safety
Q.82 (twenty first, 2003)
Ageing and Rehabilitation of concrete and masonry dams and appurtenant works
Q.86 (twenty second, 2006)
Safety of earth and rockfill dams
Q.91 (twenty third, 2009)
Dam safety management
Q93 (twenty fourth , 2012 )
Accidents and incidents in dams and reservoirs.
Q98 ( twenty fifth, 2015)
Embankments and tailings dams – Foundation Risks
BOLETINS DO ICOLD
A Comissão Internacional de Grandes Barragens, entidade de referência
desde os anos vinte do século passado, sempre atuou tecnicamente em favor
da segurança de barragens, tendo editado:
•Lessons from Dams Incidents (1974)
•Automated Observations for Safety Control of Dams (1982)
•Deterioration of Dams and Reservoirs (1983)
•Dam Safety Guidelines (1987)
•Dam Monitoring (1988)
•Inspection of Dams Following Earthquakes (1988)
•Monitoring of Dams and their Foundations (1989)
•Dams Failures Statistic Analysis (1985)
•Dams Less than 30m High – Cost Savings and Safety Improvements (1998)
•Rehabilitation of Dams and Appurtenant Works (2000)
•Risk Assessment in Dam Safety Management (2005)
•Safe Passage of Extreme Floods (2012)
•Flood Evaluation and Dam Safety (2016)
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
TEMAS DE SEMINÁRIOS NACIONAIS RELATIVOS A
SEGURANÇA, DESEMPENHO, DETERIORAÇÃO E REABILITAÇÃO
1962 - 2015
II Seminário, 1963 Tema III
IV Seminário, 1965 Tema II
VI Seminário, 1970 Tema I
VI Seminário, 1979 Tema II
VII Seminário, 1971 Tema II
X Seminário, 1975 Tema III
XI Seminário, 1976 Tema III
XII Seminário, 1978 Tema I
XII Seminário, 1978 Tema III
XIII Seminário, 1985 Tema I
XV Seminário, 1983 Tema III
XVI Seminário, 1985 Tema II
XVII Seminário,1985 Tema III
XVII Seminário, 1987 Tema III
XIX Seminário, 1991 Tema I
XIX Seminário, 1991 Tema I
XXI Seminário, 1994 Tema III
XXII Seminário, 1997 Tema II
XXIV Seminário, 2001 Tema IV
XXVI Seminário, 2003 Tema 95
XXVII Seminário, 2007 Tema 101
XXVIII Seminário, 2011 Tema 103
XXVIII Seminário, 2011 Tema 104
XXVIII Seminário, 2011 Tema 105
XXX Seminário , 2015 Tema 113
Acidentes em barragens.
Observação de deformação de Barragens.
Fissuras e outros defeitos em barragens de concreto e em suas estruturas
Fissuras em barragens de terra e em suas estruturas auxiliares.
Fator em segurança em barragens.
Instrumentação em fundações de barragens.
Observações de desempenho e recuperação de barragens e reservatórios.
Fissuramento em concretos de barragens.
Segurança de barragens.
Desempenho de vertedouros.
Segurança de estruturas de concreto em barragens.
Recuperação de barragens e de reservatórios.
Segurança durante a construção.
Riscos e custos de construção.
Desempenho não previsto em barragens de terra e de enrocamento.
Reabilitação de barragens e de reservatórios.
Reabilitação de barragens e de suas estruturas hidráulicas.
Lições aprendidas com acidentes e incidentes em barragens.
Desempenho, segurança, recuperação e modernização de barragens
Segurança de barragem
Segurança de barragem – Legislação e desempenho
Reabilitação, reforma e melhoria de barragens existentes
Segurança e controle de riscos na realização e na operação de barragens
Contratação de serviços – Análises críticas visando qualidade e segurança
Segurança de barragens e avaliação de riscos
SIMPÓSIOS SOBRE PEQUENAS E MÉDIAS
CENTRAIS HIDROELÉTRICAS 1998 – 2014
TEMAS RELATIVOS A SEGURANÇA
• IV Simpósio – Tema 16, 2004: Auscultação de obras e recapacitação de barragens
• V Simpósio – Tema 17, 2006: Segurança de barragens
• VI Simpósio – Tema 24, 2008: Auscultação, manutenção e segurança de barragens
• VII Simpósio – Tema III, 2010: Segurança e desempenho de obras
• VIII Simpósio – Tema 31, 2012: Segurança de barragens
• IX Simpósio – Tema 38, 2014: Segurança e qualidade de obras e projetos
COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS
O Comitê Brasileiro de Barragens, entidade de referência em território
nacional, editou:
•Diretrizes para Inspeção e Avaliação de Segurança de Barragens em
Operação (1979 e 1983)
•Recomendações e Verificação de Critérios e Procedimentos de Segurança
de Barragens (1995)
•Cadastro Brasileiro de Deterioração de Barragens e Reservatórios (1996)
•Auscultação e Instrumentação de Barragens no Brasil (1996)
PRINCIPAIS CAUSAS DE DETERIORAÇÃO
DE BARRAGENS E RESERVATÓRIOS
1. Barragens de terra e de enrocamento (maciço e fundações)
 percolação: poropressões excessivas e erosão interna
 carência de resistência ao cisalhamento
 deformações (totais e diferenciais) excessivas
 proteção inadequada de taludes
 carência de selagem entre terra e concreto e terra e rocha
2. Barragens de concreto
 percolação e subpressões excessivas pela fundação e ombreiras
 carência de resistência ao cisalhamento da fundação e ombreiras
 deformabilidade excessiva de fundações e ombreiras
 fissuração
 tensões de tração
3. Estruturas anexas
 falta de capacidade de descarregadores
 funcionamento deficiente de descarregadores
 erosão em descarregadores, dissipadores de energia e a jusante
 limitações de operação de equipamentos
4. Reservatórios e calhas de rio a jusante
 instabilidade de margens
 assoreamento e erosão
PRINCIPAIS NECESSIDADES DE REABILITAÇÃO DE
BARRAGENS E RESERVATÓRIOS
1. Anular efeitos de acidentes e incidentes
2. Adaptar estruturas e equipamentos ao maior grau de conhecimento das
condições locais (naturais e modificadas)
3. Adaptar estruturas e equipamentos a novos critérios de segurança
4. Adaptar estruturas e equipamentos a novos critérios de operação em
função de novas características de demanda de benefícios gerados pela
barragem.
5. Adaptar estruturas e equipamentos às novas características físicas e
hidrológicas das áreas a montante e às novas características sócioeconômicas das áreas a jusante.
6. Contornar problemas associados à ação do tempo em materiais e
equipamentos.
LEGISLAÇÃO SOBRE SEGURANÇA DE
BARRAGENS EM OUTROS PAÍSES
Legislação nos USA
• Lei autorizando o US Army Corps of Engineers a inspecionar barragens não
federais (1972)
• National Dam Safety Act (1977)
• Ordem presidencial para que o guia de segurança de barragens fosse aplicado
(1979)
• Water Resources Development Act (1986)
Órgãos nos USA que atuam em segurança de barragens em âmbito federal
• Federal Emergency Management Agency
• Interagency Committee on Dam Safety
• Association of State Dam Safety Officials
LEGISLAÇÃO SOBRE SEGURANÇA DE
BARRAGENS EM OUTROS PAÍSES
Portugal:
Regulamento de Segurança de Barragens (1990)
Canadá
Dam Safety Guidelines (1995/1997)
Suécia
Water Rights Act (1918)
Noruega
Decreto Real (1980)
Projeto Norueguês de segurança de barragem (1992)
Finlândia
Dam Safety Colde of Practice / Dam Safety Degree (1984)
Reino Unido
Water Act (1930)
SEGURANÇA DE BARRAGENS
LEGISLAÇÃO DE DIRETRIZES NO BRASIL
• São Paulo: Decreto 10752 (1977) Segurança de Barragens
• Eletrobrás: Critérios de Projeto de Usinas Hidroelétricas
• CEMIG: Critérios de Projeto Civil de Usina Hidroelétricas
• ANEEL/Eletrobrás: Manuais de inventário, de projeto básico e de viabilidade.
• MME: Avaliação de Segurança de Barragens Existentes (SEED) (1987)
• MME: Relatório sobre instrumentação, inspeção, definição de responsabilidades
pelas ações (1989)
• CBDB: Minuta de portaria do MME e proposta de criação do Conselho Nacional de
Segurança de Barragens (1996)
• CBDB: Guia Básico de Segurança de Barragens (1999)
• LEI12.334/2010 Política Nacional de Segurança de Barragens, do deputado
Leonardo Monteiro, sancionado pela Presidência (2010)
SEGURANÇA DE BARRAGENS
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
Embora as ações para implantação de uma legislação federal de
segurança de barragens tenham já cerca de 30 anos no Brasil
(basicamente, ações do CBDB junto ao governo), somente em 2010
foi criada uma lei federal de segurança de barragens:Lei 12.334/2010.
A Lei aplica-se às barragens destinadas à acumulação de água para
quaisquer usos, à disposição final ou temporária de rejeitos e à
acumulação de resíduos industriais.
Evolução da Segurança de Barragens
Principais eventos:
• Código de Hamurabi – 1772 A.C. (282 Leis)
• ICOLD – Lessons from Dam Incidents
• US Army Corps of Engineers – Inspeção de
barragens nos EUA
• Brasil – Lei Federal de Segurança de Barragens 2010
• Brasil – Decreto 8572 – Parágrafo Único, de
13/11/2015
CONTRASTES EXTREMOS
• Código de Hamurabi – 1771 A.C.
Lei de Talião
• Decreto 8572: “... Considera-se também como natural o
desastre decorrente do rompimento ou colapso de barragens
que ocasione movimento de massa, como danos a unidades
residenciais.”
Brasília, 13 de novembro de 2015.
Dilma Rousseff
FATORES NÃO TÉCNICOS
RALPH B. PECK
CASA GRANDE VOLUME
O cliente irrealista
O projetista inseguro
O projetista desleal
O projetista super otimista
O projetista que usa mal seus consultores
O consultor super ocupado
O projetista inexperiente em construção
O abusador do método observacional
O fiscal ineficiente
O empreiteiro “furador”
O empreiteiro financeiramente fraco
O empreiteiro não qualificado
FATORES NÃO TÉCNICOS
EPAMINONDAS MELLO DO AMARAL FILHO
CBDB XIII SEMINÁRIO DE GRANDES BARRAGENS
A inércia dos bons resultados
O preconceito do raciocínio técnico
Mentalidade aberta para novas ideias
Risco da sinonímia: ideia nova = ideia boa
FLAVIO MIGUEZ DE MELLO
CBDB SPMCH, 2016
O chefe de projeto especialista
Influência de políticos
Contratação do tipo EPC
Burocracia na operação
Desvio de recursos
Comando de não técnicos
Menosprezo aos geólogos
Instabilidade financeira
Instabilidade institucional
Excesso de confiança causada por sucessos anteriores
Carência de planos de emergência
Obrigado
flaviomiguez@hotmail.com