Best Bairro Brands
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Best Bairro Brands O que as marcas de bairro têm a ensinar às grandes marcas Best Bairro Brands interbrandsp.com.br/best-bairro-brands 4 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Irvine, CA 92618 Tel: + 1 949 595 5240 Fax: + 1 949 595 5231 Contato: Jim Williamson, SVP Operations (GMT -8:00) __________________________________ AMSTERDAM Interbrand Prof. W.H. Keesomlaan 4 1183 DJ Amstelveen The Netherlands Tel: + 31 (0) 20 406 5750 Fax: + 31 (0) 20 406 5760 Contato: Patrick Stal, MD (GMT +1:00) __________________________________ AUCKLAND Interbrand Level 6, 80 Greys Avenue PO Box 91193 Auckland, New Zealand Tel: + 64 9 354 1380 Contato: Karen Jones, GM (GMT +13:00) __________________________________ BEIJING Interbrand No.4 Sanlitun, Gongti North Road Beijing 100027, P.R. China Tel: + 86 (10) 6508 1500 Fax: + 86(10) 6508 3500 Contato: James Yang, GM (GMT +8:00) __________________________________ BERLIN Interbrand GmbH Neue Schoenhauser Strasse 3-5 D-10178 Berlin, Germany Tel: + 49 30 240 84 101 Fax: + 49 30 240 84 500 Contato: Nina Oswald, MD PA: Anja Schierer Contato: J Justus Schneider, CEO CEE PA: Anja Schierer (GMT+1:00) __________________________________ BRANDWIZARD 130 Fifth Avenue New York, NY 10011 Tel: + 1 212 798 7600 Fax: + 1 212 798 7672 Contato: Tim Newby, CEO PA: Amy Palomo (GMT -5:00) __________________________________ BUENOS AIRES Interbrand La Pampa 1351 1428 Buenos Aires, Argentina Tel: + 54 11 4 788 9665 Fax: + 54 11 4 782 5803 Contato: Maximo Rainuzzo, President Contato: Adriana Grillo, ED PA: Maria Jose Daura (GMT -3:00) __________________________________ CINCINNATI Interbrand 4000 Smith Road, Suite 200 Cincinnati, OH 45209 Tel: + 1 513 421 2210 Fax: + 1 513 421 2386 Contato: Josh Feldmeth PA: Leslee Wermuth (GMT -5:00) __________________________________ COLOGNE Interbrand GmbH Weinsbergstrasse 118a D-50823 Cologne, Germany Tel: + 49 221 951 720 Fax: + 49 221 951 72100 Contato: Nina Oswald, MD PA: Anja Schierer (GMT +1:00) __________________________________ DAYTON Interbrand Design Forum 7575 Paragon Road Dayton, OH 45459 Tel: + 1 937 439 4400 Fax: + 1 937 439 4340 Contato: Dirk Defenbaugh, MD (GMT -5:00) __________________________________ HAMBURG Interbrand GmbH Zirkusweg 1 D-20359 Hamburg, Germany T: + 49 40 355 366 0 F: + 49 40 355 366 66 Contato: Nina Oswald, MD PA: Anja Schierer (GMT +1:00) __________________________________ JOHANNESBURG Interbrand SampsonDeVilliers 118, 4th Street Parkmore, Johannesburg 2196 South Africa Mauritius, Nairobi & Lagos Offices Tel: + 27 (0) 11 783 9595 Fax: + 27 (0) 11 783 9596 Contato: Doug de Villiers, CEO Contato: Ray Chasenski, COO/CFO (GMT +2:00) __________________________________ KUALA LUMPUR Interbrand Malaysia 3 Jalan Semantan 2 Damansara Heights 50490 Kuala Lumpur, Malaysia Tel: + 65 6534 0567 Fax: + 65 6534 5057 Contato: Stuart Green, CEO, Asia-Pacific PA: Yi Hui Koh (GMT +8:00) __________________________________ LISBON Interbrand Praça do Principe Real, 18 1250-184 Lisboa-Portugal Tel: + 351 211 978 978 Fax: + 351 211 978 978 Contato: Pedro Veloso, MD (GMT +0.00) __________________________________ LONDON Interbrand 85 Strand London WC2R 0DW Tel: + 44 (0) 207 554 1000 Contato: Simon Bailey, CEO EMEA PA: Liz Apsett (GMT +0:00) __________________________________ InterbrandHealth EU Tel: + 44 207 554 1401 Fax: + 44 207 554 1041 Contato: Marylyn Djie, Sr Dir, Europe TA: Jean Marie Coffey __________________________________ HMKM 14-16 Great Pulteney Street London W1F 9ND Tel: + 44 (0)20 7494 4949 Fax: + 44 (0)20 7494 4950 Contato: Alison Cardy, MD __________________________________ LOS ANGELES Interbrand Design Forum 4 Studebaker MADRID Interbrand Luchana,23. 3 pl. 28010 Madrid, Spain Tel: + 34 91 789 30 00 Fax: + 34 91 789 30 49 Contato: Nancy Villanueva, MD PA: Yomar Espinosa (GMT +1:00) __________________________________ MELBOURNE Interbrand 7 Electric Street Richmond, Victoria 3121 Australia Tel: + 613 8416 3200 Fax: + 613 8416 3250 Contato: Nick Davis, GM Contato: Damian Borchok, CEO (GMT +10:00) __________________________________ MEXICO CITY Interbrand Montes Urales No. 770 P.4 Desp.402 Col. Lomas de Chapultepec C.P. 11000, Mexico, D.F. Tel: + 52 55 5202 1777 Fax: + 52 55 5540 2870 Contato: Isabel Blasco, MD (GMT -6:00) __________________________________ MILAN Interbrand Italia S.r.I. Via Tortona 15 20144 Milano, Italy Tel: + 39 02 83 10171 Fax: + 39 02 89 4012 98 Contato: Manfredi Ricca, MD (GMT +1:00) __________________________________ MUMBAI Interbrand Mudra House Opp. Grand Hyatt Santacruz (E) Mumbai 400 055 India Tel: + 91 22 3308 0808 Contato: Ashish Mishra, MD (GMT +5:30) __________________________________ NEW YORK Interbrand 130 Fifth Avenue New York, NY 10011 Tel: + 1 212 798 7500 Fax: + 1 212 798 7831 Contato: Beth Viner, CEO PA: Nancy Shaw (GMT -5:00) __________________________________ > INTERBRAND PELO MUNDO 5 InterbrandHealth Global Tel: + 1 212 739 7798 Fax: + 1 212 739 9682 Contato: Jane Parker, CEO PA: Aileen Mateo __________________________________ Tel: + 65 6534 0567 Fax: + 65 6534 5057 Contato: Julian Barrans, MD PA: Yi Hui Koh (GMT +8:00) __________________________________ PARIS Interbrand 50/54 rue de Silly 92513 Boulogne Billancourt Cedex Tel: + 33 1 49 09 6464 Fax: + 33 1 49 09 6430 Contato: Bertrand Chovet, MD PA: Catherine Vassilieff (GMT +1:00) __________________________________ SYDNEY Interbrand 46-52 Mountain Street Ultimo, Sydney 2007 Australia Tel: + 61 2 8260 2244 Fax: + 61 2 8260 2444 Contato: David Storey, GM Contato: Damian Borchok, CEO (GMT +10:00) __________________________________ SAN FRANCISCO Interbrand 555 Market Street, Suite 900 San Francisco, CA 94105 Tel: + 1 415 848 5000 Fax: + 1 415 848 5020 Contato: Beth Viner, CEO (GMT -8:00) __________________________________ SÃO PAULO Interbrand Rua Olimpiadas, 242 - 6 andar Sao Paulo, SP – 04551-000 Brazil Tel: + 55 11 3707 8500 Fax: + 55 11 3707 8501 Contato: Beto Almeida, MD Daniella Bianchi, MD PA: Sintia Leal (GMT -4:00) __________________________________ SEOUL Interbrand 6th Floor, Intellex Bldg. 261 Nonhyeon-dong Kangnam-gu, Seoul 135-832 South Korea Tel: + 82 2 515 9150 Fax: + 82 2 515 9152 Contato: Jihun Moon, MD PA: Eryn Park (GMT +9:00) __________________________________ SHANGHAI Interbrand Room 902-905, Acendas Plaza No. 333 Tianyao Qiao Road Shanghai 200030 China Tel: + 86 21 61925200 Fax: + 86 21 6124 8148 Contato: Darren Yao, GM PA: Sandy Zheng (GMT +8:00) __________________________________ SINGAPORE Interbrand Pte Ltd. 25 Church Street, #02-02 Capital Square Three Singapore 049482 TOKYO Interbrand Kawakita Building 18 Ichiban-cho Chiyoda-ku Tokyo 102-0082 Japan Tel: + 81 332 30 1075 Fax: + 81 332 30 1612 Contato: Yukihiro Wada, CEO PA: Wakaba Kamijo (GMT +9:00) __________________________________ TORONTO Interbrand 33 Bloor Street East, Suite 1301 Toronto, Ontario M4W 3H1 Canada Tel: + 1 416 366 7100 Fax: + 1 416 366 7711 Contato: Carolyn Ray, MD (GMT -5:00) __________________________________ ZURICH Interbrand AG Kirchenweg 5 Zurich 8008, Switzerland Tel: + 41 44 388 7878 Fax: + 41 44 388 7790 Contato: Michel Gabriel, MD PA: Irmgard Lehmann (GMT +1:00) DDB NYC 437 Madison Avenue New York, NY 10022 Tel: + 1 212 415 3240 Fax: + 1 212 415 3411 Contato: Chuck Brymer PA: Ann Wrynn 6 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br ÍNDICE > APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO EXPEDIENTE 09 EU SOU BAIRRO E ME MANIFESTO 10 METODOLOGIA E APRENDIZADOS 12 QUEM SÃO AS BEST BAIRRO BRANDS 16 CATEGORIAS 22 HOMENAGEM 36 MARCAS DA MEMÓRIA Cadão Volpato 42 WAZE: INOVAÇÃO QUE NÃO PARA NO TRÂNSITO 46 UMA LAGOA QUENTE EM UM DIA FRIO Gilberto Dimenstein 52 E OS BAIRROS NÃO SAEM DO TOM 56 EU JÁ FUI UMA MARCA DE BAIRRO 58 SE ESSA RUA FOSSE MINHA EU MANDAVA SEGMENTAR 64 A GENTE QUER COMIDA, DIVERSÃO E ARTE 70 CASA É CASA. LAR É MAIS 76 MARCAS DE BAIRRO: UM TOQUE DE REALIDADE NA FICÇÃO 82 A CURIOSIDADE FEZ CARINHO NO GATO Marcelo Duarte 84 DE DONA ONÇA A SUJINHO, NAMING É PURA INSPIRAÇÃO 90 BOA VIZINHANÇA Pablo Saborido 96 O DE CIMA SOBE E O DE BAIXO DESCE 100 SOMOS TODOS ANIMAIS SOCIAIS 102 CRÉDITOS 104 Todos os anos publicamos, com muito orgulho, junto com o Ranking das Marcas Brasileiras Mais Valiosas, um estudo que resume as tendências e desafios encontrados nas trincheiras de nosso escritório. Já falamos sobre a relação das Marcas com a Cidadania Corporativa, com Fusões e Aquisições e sobre o caminho das principais marcas brasileiras para se internacionalizar. Este ano, o assunto está diretamente relacionado com as marcas e a sua capacidade de criar comunidades. E, não por acaso, também tem tudo a ver com o assunto principal do Best Global Brands: A Era do Você. O Best Bairro Brands, numa primeira olhada, pode parecer provocação. Mas não é – ou talvez seja um pouco. Afinal, o que levou a consultoria responsável pelos rankings das Marcas Globais Mais Valiosas ou das Marcas Brasileiras Mais Valiosas a pensar nas marcas de bairro? Simples, nós achamos que elas têm muito para ensinar. Numa era em que o poder da mensagem mudou de mãos e foi claramente transferido para os consumidores; em que as grandes marcas estão preocupadíssimas em aproveitar suas toneladas de dados para definir um público-alvo (que não dá mais para ser o mundo todo) e estabelecer uma relação mais pessoal, transparente com seus clientes. Em que o propósito ou a capacidade de contribuir com suas comunidades são palavras de ordem nas corporações, o conhecimento das marcas que têm um ponto de vista super local, importa e muito. Durante os meses em que passamos estudando as marcas de bairro aprendemos que essas marcas são fortes pelos mesmos motivos que as marcas grandes são fortes. Aprendemos também que muitas delas funcionam como perfeitos ecossistemas (ou mundos mesmo) para seus clientes, integrando produto, serviço, informação e entretenimento na medida certa. Coincidência ou não, essa é a exata busca dos gestores das grandes marcas. Tratamos de compilar nesse estudo os principais pontos de vista das marcas de bairro e testemunhos de como muitas delas foram capazes de construir identificação, diferenciação e lealdade sem grandes recursos e ferramentas. Num mundo cheio de estímulos, onde a luta das marcas pelo coração e pelo bolso dos consumidores se torna cada dia mais atrevida e por vezes invasiva, sofremos uma angústia diária por nossas escolhas. A oportunidade de respirar e de decidir num ambiente familiar é cada vez mais valorizada. Ainda resolvemos grande parte da nossa vida quando voltamos ao conforto de nosso pequeno universo. Afinal, o nosso bairro é sempre o melhor do mundo. Boa leitura! Beto Almeida Diretor Executivo Interbrand São Paulo Daniella Giavina-Bianchi Diretora Executiva Interbrand São Paulo 7 www.interbrandsp.com.br Foi no dia 13 de outubro de 1880 que a Telephone Company of Brazil, empresa que tinha como objetivo oferecer serviço de telefonia no Brasil, foi criada em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Um decreto, em 1881, concedeu à Companhia Telefônica do Brazil (como foi chamada por aqui) autorização para construir linhas telefônicas no Rio de Janeiro. Foi nessa ocasião que algo muito especial aconteceu: a publicação da primeira lista telefônica do Brasil, que inspirou a criação da identidade do Best Bairro Brands. > EXPEDIENTE EQUIPE EDITORIAL COLABORARAM Daniella Giavina-Bianchi Diretora Executiva daniella.bianchi@interbrand.com Laura Garcia Diretora de Estratégia de Marca laura.garcia@interbrand.com Juliana Batah Designer juliana.batah@interbrand.com Beto Almeida Diretor Executivo beto.almeida@interbrand.com Rodrigo Marques Gerente de Estratégia de Marca rodrigo.marques@interbrand.com Leandro Strobel Designer leandro.strobel@interbrand.com Felipe Valério Diretor de Criação e Head de Identidade Verbal felipe.valerio@interbrand.com Elaine Baio Consultora de Estratégia de Marca elaine.baio@interbrand.com Fabio Testa Designer fabio.testa@interbrand.com Paula Camarão Consultora de Estratégia de Marca paula.camarao@interbrand.com Carlos Teles Designer carlos.teles@interbrand.com Rafael Dias Consultor de Estratégia de Marca rafael.dias@interbrand.com Natalia Zomignan Designer natalia.zomignan@interbrand.com Fernanda Leite Arquiteta Senior fernanda.leite@interbrand.com Alfio Presutti Designer alfio.presutti@interbrand.com Camila Papin Arquiteta camila.papin@interbrand.com Olivia Guerra Analista de Estratégia de Marca olivia.guerra@interbrand.com Gil Bottari Gerente de Criação gil.bottari@interbrand.com Lucas Gini Estagiário de Design lucas.gini@interbrand.com Shingo Sato Designer Senior shingo.sato@interbrand.com Camilla Cossermelli Estagiária de Identidade Verbal camilla.cossermelli@interbrand.com Daniela Moniwa Designer daniela.moniwa@interbrand.com Thais Cirenza Estagiária de Estratégia de Marca thais.cirenza@interbrand.com Fabio Brazil Designer fabio.brazil@interbrand.com Daniela Klepacz Estagiária de Estratégia de Marca daniela.klepacz@interbrand.com Sergio Cury Diretor de Criação sergio.cury@interbrand.com André Matias Diretor de Estratégia e Avaliação de Marca andre.matias@interbrand.com Fernando Andreazi Consultor de Identidade Verbal Senior fernando.andreazi@interbrand.com Marcelo Ferrarini Consultor de Estratégia e Avaliação de Marca marcelo.ferrarini@interbrand.com Claudia Weber Gerente de Operações claudia.weber@interbrand.com Jeferson Martins Marketing e Comunicação jeferson.martins@interbrand.com Tata Scaroni Estagiária de Identidade Verbal tais.scaroni@interbrand.com Lara Junqueira Estagiária de Marketing e Comunicação lara.junqueira@interbrand.com Lucas Machado Designer lucas.machado@interbrand.com 9 10 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Eu sou bairro e me manifesto MANIFESTO | POR FELIPE VALÉRIO Olá, eu sou o bairro. Isso mesmo, aquele lugar em que você, sua família, seus amigos, seu peixe beta, sua planta boa de conversa e tudo de mais especial vivem. Digo isso não para me achar, mas porque sei que as melhores coisas se encontram aqui. E sou assim desde pequeno. Não é à toa que eu vivo dizendo que aqui se vive melhor. Eu sou a banca de jornal do Seu João, o pão quentinho do Seu Jeremias, o barzinho que fecha a porta com sua turma do lado de dentro e a chapelaria que sabe que, sim, as pessoas ainda usam chapéu. Sim, eu falo muito de pessoas. Não, isso não é à toa. Aqui, elas se conhecem, se conversam e se entendem. É bom dia, boa tarde e boa noite. E dentro de mim vive o que há de melhor em cada uma delas. Pode soar curioso, mas eu quero que as pessoas se sintam em casa quando saírem de casa. Tanto é que eu fico bem feliz quando ouço alguém dizer “olhe para os dois lados antes de atravessar a rua”. É que assim as pessoas enxergam tudo de bom que eu tenho para oferecer. Quando eu disser “volte sempre”, pode ter certeza de que eu nem quero que você vá. Mas se alguém perguntar “como eu faço para chegar em tal lugar?”, eu vou perguntar de volta: “Você me leva junto?”. É que o meu sentimento vive aqui e lá. Eu sou o sotaque que não sai de moda, a gíria que não incomoda. Arigatô, bello. É nóis. Eu sou a vontade de estar sempre perto. Eu sou a segunda à direita, logo depois da sapataria descolada, uma calçada antes daquela senhora passeando com seu cachorrinho de colo. Eu sou a soma de todas as ruas, de um jeito maior. Eu sou você, do seu jeito melhor. 11 12 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br > METODOLOGIA E APRENDIZADOS 13 METODOLOGIA E APRENDIZADOS O melhor jeito de contar a história do Best Bairro Brands é de trás pra frente. No momento em que aquela marca de bairro nasceu e fez a gente nascer junto. No momento em que a gente descobriu algo ali que não existia em nenhuma outra. No momento em que ela era simplesmente uma marca feita para as pessoas. É isso. O Best Bairro Brands é feito por pessoas e para pessoas. Que se juntaram para descobrir não só as melhores marcas de bairro, mas também as melhores histórias. Pessoas que uniram cabeça e coração para decifrar o que existe de mais especial nessa geografia afetuosa apelidada de bairro. Agora, a gente sabia que missão tão prazerosa não poderia ficar apenas nas mãos das pessoas que fazem a Interbrand todos os dias. Pensando nisso, abrimos o convite para que todos enviassem suas marcas de bairro preferidas. E quer saber? Foi uma delícia ler cada uma. As indicações que recebemos não apenas nos mostraram que as marcas de bairro exercem um fascínio especial nas pessoas, mas também são protagonistas de histórias memoráveis. E como somos uma consultoria de branding que vive e respira o assunto, pensamos: por que não usar nossas metodologias e ferramentas para definir as marcas de bairro mais bacanas? Foi isso que fizemos. Todas as marcas recebidas foram analisadas pela nossa equipe sob a ótica dos critérios de Força de Marca. Até porque esse estudo não tem a pretensão de ser exaustivo e aborda apenas as marcas da cidade de São Paulo, que, de alguma forma, representam um universo muito mais complexo e vasto do que nossos olhos - ainda que atentos - de consultores e consumidores poderiam alcançar. De um jeito bem resumido, a Força de Marca é uma ferramenta que nos ajuda a entender a performance de uma marca em comparação com o mercado. Ou seja, marcas fortes geram clientes mais leais, reduzem o risco do negócio, e aumentam o valor da marca. Para isso, 10 dimensões são consideradas : 4 internas (grandes marcas nascem de dentro para fora) e 6 externas (marcas mudam o seu mundo). Para avaliar as marcas de bairro, nos inspiramos nas dimensões externas da ferramenta, e adaptamos os critérios para a realidade e os desafios do bairro: Autenticidade Possui mais de três décadas de existência? O dono está sempre presente? Possui um fator marcante na sua história? Relevância Soube se adaptar com o passar do tempo? Possui bom desempenho no que o consumidor valoriza? Diferenciação Possui uma identidade visual/verbal única? Possui produtos ou serviços únicos? Consistência O ambiente digital é consistente com o físico? A proposta está em sintonia com o bairro? Possui uma identidade consistente? Presença Possui uma presença relevante nas redes sociais? Possui presença relevante na mídia não paga? É um ponto de referência do bairro? Entendimento É uma marca próxima da comunidade? Possui consumidores fiéis (habitués)? Possui atitudes ou programas para manter o cliente fidelizado? A partir do universo de sugestões, as marcas que melhor se saíram nestas dimensões acabaram recebendo destaque nesse estudo. *Nota sobre a análise de Força de Marca: A análise de Força de Marca é parte da metodologia da Interbrand para calcular o valor financeiro de marcas. É essa metodologia, criada pela Interbrand em 1988 em conjunto com a London Business School, que é usada nos rankings de todo o mundo e, mais importante, nos projetos para empresas que precisam de um diagnostico complete da sua marca e de ideias de como torná-la mais forte e pertinente ao negócio. 5 ensinamentos das marcas de bairro para os gestores das grandes marcas: 1. São altamente consistentes, um dos maiores desafios para qualquer marca, de qualquer tamanho. O digital combina com o físico, o avental combina com o cardápio, e as marcas estão sempre em sintonia com o bairro. 2. A entrega é sempre muito relevante: é útil e inspira. Recebem as melhores notas em sites como o Foursquare e o Kekanto. 3. O cliente faz muito da marca. Ele é ator protagonista na construção das experiências. Na maioria dos casos, o pessoal do bairro se sente meio dono das marcas. Torce por elas, tem orgulho das suas evoluções e chora quando elas acabam. 4. A mão do dono ainda está em tudo, e a marca ganha em autenticidade. O cliente percebe o diálogo, a transparência e a evolução no produto, no serviço. A marca de Bairro sabe do que faz e fala e não fala antes de fazer! 5. Tempo é essencial. O tempo cria aprendizados, tradição, e um laço verdadeiro com os clientes e o bairro que blindam o negócio e garantem a sua sobrevivência no longo prazo. para estar em Harmonia, Simpatia 6 > BEST BAIRRO BRANDS 17 7 www.interbrandsp.com.br QUEM SÃO AS BEST BAIRRO BRANDS > quem são > LORENS as bairro EGEST brands DONEC 2001 Av. Paulista, 726 - Bela Vista São Paulo - SP ................................+55 (11) 3251-1044 Bar do Museu Av. Ipiranga, 324, Sede da Associação dos Amigos do MAM ............................................................... Bolinha - A Casa da Feijoada Av. Cidade Jardim, 53 - Jardim Europa São Paulo - SP, 01453-000 ................................+55 (11) 3061-2010 A Casa do Churro R. Rodrigues Barbosa, 232 - Água Rasa São Paulo - SP, 03334-040 ................................+55 (11) 2671-7180 Bar do Nico R. Moreira e Costa, 538 - Ipiranga São Paulo - SP, 04266-010 ................................+55 (11) 2273-4811 Bologna Rotisserie R. Marquês de Paranaguá, 379 Consolação, São Paulo - SP, 01305-000 ................................+55 (11) 3256-6370 A Chapa R. Melo Alves, 238 - Cerqueira César São Paulo - SP, 01417-010 ................................+55 (11) 3081-3000 Bar do Zé Batidão R. Bartolomeu dos Santos, 797 Jardim São Luís - São Paulo - SP ................................+55 (11) 5891-7403 Botequim do Hugo R. Pedroso Alvarenga, 1014 - Itaim Bibi Itaim-Bibi - São Paulo - SP, 04531-004 ................................+55 (11) 3079-6090 A Fidalga R. Quintino Bocaiúva, 148 São Paulo - SP, 01004-010 ............................................................... Bar Estadão Viaduto Nove de Julho, 193 - Centro São Paulo - SP, 01050-060 ................................+55 (11) 3242-5093 Ca’d’oro R. Augusta - Consolação Centro, São Paulo - SP ............................................................... A Figueira Rubaiyat R. Haddock Lobo, 1738 - Cerqueira César - São Paulo - SP, 01414-002 ................................+55 (11) 3087-1399 Baratos e Afins Av. São João, 439 - Centro São Paulo - SP, 01035-000 ................................+55 (11) 3223-3629 Café Aprendiz R. Belmiro Braga, 186 - Vila Madalena São Paulo - SP, 05432-020 ................................+55 (11) 3819-1035 A Lareira Av. Dep. Emílio Carlos, 718 - Vila Prado São Paulo - SP, 02721-000 ................................+55 (11) 2858-4400 Barbearia 9 de Julho R. Purpurina, 299 - Vila Madalena São Paulo - SP, 05435-030 ................................+55 (11) 3283-0170 Café Floresta Av. Rebouças, 3970 - Loja 1042 Pinheiros, São Paulo - SP ................................+55 (11) 3816-0310 Almanara R. Oscar Freire, 523 - Cerqueira César São Paulo - SP, 01426-001 ................................+55 (11) 3085-6916 Barcelona R. Armando Penteado, 33 - Consolação São Paulo - SP, 01242-010 ................................+55 (11) 3826-4689 Café Girondino R. Boa Vista, 365 - Centro São Paulo - SP, 01014-010 ................................+55 (11) 3229-4574 Arpege: Itaim R. Pedroso Alvarenga, 970 - Itaim Bibi São Paulo - SP, 04331-011 ................................+55 (11) 3167-3859 Barraca do Zé Viaduto Jabaquara, 3180 - Planalto Paulista, São Paulo - SP, 04046-500 ................................+55 (11) 2578-2198 Caixa Belas Artes (Cine B.A) R. da Consolação, 2423 - Consolação São Paulo - SP, 01301-100 ................................+55 (11) 2894-5781 Auto Escola Jóia R. Turiassu, 1040 - Perdizes São Paulo - SP, 05005-001 ................................+55 (11) 3879-4333 Basilicata R. Treze de Maio, 614 - Bela Vista São Paulo - SP, 01327-000 ................................+55 (11) 3289-3111 Cantina 1020 R. Barão de Jaguara, 1012 - Cambuci São Paulo - SP, 01520-010 ................................+55 (11) 3208-9199 Banca Cidade Jardim | Varanda Praça Deputado Dario de Barros, 401 Cidade Jardim - São Paulo - SP ................................+55 (11) 3035-5855 Bella Paulista R. Haddock Lobo, 354 - Cerqueira Cesar São Paulo - SP, 01414-000 ................................+55 (11) 3214-3347 Casa Aerobrás R. Major Sertório, 192 - Vila Buarque São Paulo - SP, 01222-001 ................................+55 (11) 3255-0544 Bar Brahma Av. São João, 677 - Centro São Paulo - SP, 01036-000 ................................+55 (11) 3224-1250 Benjamin Abrahão R. Maranhão, 220 - Consolação São Paulo - SP, 01240-000 ................................+55 (11) 3258-1855 Casa Godinho R. Líbero Badaró, 340 - Sé São Paulo - SP, 01009-000 ................................+55 (11) 3104-1520 Bar da Dona Onça Av. Ipiranga, 200 loja 27-29 - República São Paulo - SP, 01046-925 ................................+55 (11) 3257-2016 Biena Boulangerie R. Pedroso Alvarenga, 436 - Itaim Bibi São Paulo - SP, 04530-000 ................................+55 (11) 3168-3068 Casa Manon Av. Ibirapuera, 2956 - Moema, São Paulo - SP, 04028-002 ................................+55 (11) 5542-5166 8 > BEST 18 > BEST BAIRRO BAIRRO BRANDS BRANDS 19 9 www.interbrandsp.com.br > quem são > LORENS as bairro EGEST brands DONEC Casa Mathilde Praça Antônio Prado, 76 - Centro São Paulo - SP, 01010-010 ................................+55 (11) 3106-9605 Circolo Italiano R. Ecaúna, 85 - Umarizal São Paulo - SP, 05754-040 ................................+55 (11) 5845-2672 Espaço Parlapatões Praça Franklin Roosevelt, 158 Consolação, São Paulo - SP ................................+55 (11) 3258-4449 Haikai R. Armando Penteado, 44 - Pç. Vilaboim Higienópolis, São Paulo, SP - 01242-010 ................................+55 (11) 3663-4616 Laboratório Buenos Ayres R. Sergipe, 120 - Higienópolis São Paulo - SP, 01239-001 ................................+55 (11) 3829-8100 Padaria do Mosteiro R. Barão de Capanema, 416 - Jd. Paulista São Paulo - SP, 01239-0 01 ................................+55 (11) 3063-0522 Casa Santa Luzia Alameda Lorena, 1471 - Jardim Paulista São Paulo - SP, 01424-001 ................................+55 (11) 3897-5000 Circus Hair R. Pamplona, 1115 - Jardim Paulista São Paulo - SP, 01405-200 ................................+55 (11) 3262-2127 Estádio do Pacaembu Praça Charles Miller - Pacaembu São Paulo - SP, 01234-010 ................................+55 (11) 3664-4650 HM Vídeo Pç Vilaboim, 20 - Higienópolis São Paulo, SP - 01242-010 ................................+55 (11) 3826-8696 Livraria da Vila R. Fradique Coutinho, 915 - Pinheiros São Paulo - SP, 05416-011 ................................+55 (11) 3814-5811 Pandoro: Jardins R. Oscar Freire, 809 - Cerqueira César São Paulo - SP, 01426-003 ............................................................... Casa Tody R. Augusta, 2634 - Cerqueira César São Paulo - SP, 01412-000 ................................+55 (11) 3062-2784 Clube Atlético São Paulo (SPAC) R. Visc. de Ouro Preto, 119 - Consolação São Paulo - SP, 01303-060 ................................+55 (11) 3120-4290 Estúdio Lâmina Av. São João, 108 sala 41. Vale do Anhangabaú, São Paulo - SP, 01036-000 ................................+55 (11) 3228-6815 Hospital das Bonecas R. Cap. Avelino Carneiro, 110 - Penha São Paulo - SP, 03603-010 ................................+55 (11) 2643-2630 Loja MO.D R. Alagoas, 503 - Higienópolis São Paulo - SP, 01242-001 ................................+55 (11) 3031-3237 Paribar Praça Dom José Gaspar, 42 - República São Paulo - SP, 01047-010 ................................+55 (11) 3237-0771 Cateto Comer e Beber Artesanal R. Fernando Falcão, 810 - Vila Cláudia São Paulo - SP, 03180-000 ................................+55 (11) 2367-7521 Clube Piratininga: Consolação Alameda Barros, 376 - Santa Cecília São Paulo - SP, 01232-001 ................................+55 (11) 3825-1211 Famiglia Mancini R. Avanhandava, 81 - Bela Vista São Paulo - SP, 01306-000 ................................+55 (11) 3256-4320 Ikesaki R. Galvão Bueno, 37 - Liberdade São Paulo - SP, 01506-000 ................................+55 (11) 3346-6944 Luiza Sato R. Pamplona, 52 -Bela Vista São Paulo - SP, 01405-000 ................................+55 (11) 3263-0280 Pasitifício Primo R. Alagoas, 28 - Higienópolis São Paulo - SP, 01239-001 ................................+55 (11) 3368-2299 Catraca Livre R. Gonçalo Afonso, 55 - Pinheiros São Paulo - SP, 05436-100 ................................+55 (11) 3813-1645 Danceteria Love Story R. Araújo, 232 - República São Paulo - SP, 01220-020 ................................+55 (11) 3231-3101 FrangÓ Bar Largo da Matriz de N. Sra. do Ó, 168 Freguesia do Ó, São Paulo - SP, 02925-040 ................................+55 (11) 3932-4818 Il Sogno di Anarello R. Il Sogno Di Anarello, 58 - V. Mariana São Paulo - SP, 04012-040 ................................+55 (11) 5575-4266 Madame R. Conselheiro Ramalho, nº 873 Bela Vista, São Paulo - SP, 01325-001 ................................+55 (11) 2592-4474 Pastelaria Yokoyama Av. Lins de Vasconcelos, 1365 - Cambuci São Paulo - SP, 01537-001 ................................+55 (11) 3207-9613 CEAGESP Av. Dr. Gastão Vidigal, 1946 Vila Leopoldina, São Paulo - SP, 05316-900 ................................+55 (11) 3643-3700 Delicari R. Lourenço de Almeida, 819 - Vila Nova Conceição, São Paulo - SP, 04508-001 ................................+55 (11) 3044-2624 FreeBook R. Joaquim Antunes, 187 - Pinheiros São Paulo - SP, 05415-010 ................................+55 (11) 2528-0409 Instituto Brincante R. Purpurina, 428 - Vila Madalena São Paulo - SP, 05435-030 ................................+55 (11) 3816-0575 Maksoud Plaza Alameda Campinas, 150 - Jardins, São Paulo - SP, 01404-900 ................................+55 (11) 3145-8000 PASV Avenida São João, 1145 - Republica São Paulo - SP, 01035-100 ................................+55 (11) 3221-2715 Chapelaria El Sombrero R. do Seminário - Centro São Paulo - SP ............................................................... Di Cunto R. Borges de Figueiredo, 61 - Mooca São Paulo - SP, 03110-010 ................................+55 (11) 2081-7100 Frevo R. Oscar Freire, 603 - Jardim Paulista São Paulo - SP, 01426-001 ................................+55 (11) 3082-3434 Instituto Educativo Choque Cultural R. Capitão Salomão, 26 - Centro São Paulo - SP, 01034-020 ................................+55 (11) 3227-2024 Matilha Cultural R. Rego Freitas, 542 - República São Paulo - SP, 01220-010 ................................+55 (11) 3256-2636 Pizzaria Camelo Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 151 Itaim Bibi, São Paulo - SP, 04543-010 ................................+55 (11) 3842-1341 Chapelaria Paissandú Largo do Paissandú - R. Cap. Salomão, 110 Centro, São Paulo - SP, 01034-020 ................................+55 (11) 3222-0239 Doctor Feet - Shopping Anália Franco Av. Regente Feijó, 1739 - Vila Regente Feijó, São Paulo - SP, 03342-000 ................................+55 (11) 2673-0333 Frida e Mina R. Artur de Azevedo, 1147 - Cerqueira César, São Paulo - SP, 05404-013 ................................+55 (11) 2579-1444 Instituto Moreira Salles R. Piauí, 844 - 01° Andar - Consolação São Paulo - SP, 01241-001 ................................+55 (11) 3825-2560 Meli-Melo Press Praça Olavo Bilac, 95 - cj 26 - Campos Elíseos, São Paulo - SP, 01201-050 ................................+55 (11) 3628-8890 Ponto Chic Praça Oswaldo Cruz - Paraíso São Paulo - SP, 04004-070 ................................+55 (11) 3289-1480 Choperia Liberdade R. da Glória, 523 - Liberdade São Paulo - SP, 01510-001 ................................+55 (11) 3207-8783 Dulca R. Oscar Freire, 778 - Jardim Paulista São Paulo - SP, 01426-002 ................................+55 (11) 2769-9003 Fundação Oscar Americano Avenida Morumbi, 4077 - Morumbi São Paulo - SP, 05650-000 ................................+55 (11) 3742-0077 Joakin’s R. Joaquim Floriano, 163 - Itaim Bibi São Paulo - SP, 04530-040 ................................+55 (11) 3168-0030 Mercadão de Santo Amaro R. Min. Roberto Cardoso Alves, 953 Santo Amaro, São Paulo - SP, 04742-001 ................................+55 (11) 5687-2707 Praça das Artes Av. São João, 281 - Centro São Paulo - SP ................................+55 (11) 3053-2100 Cine Lumière - Itaim R. Joaquim Floriano, 339 - Itaim Bibi São Paulo - SP, 04534-010 ............................................................... Empório Alto de Pinheiros R. Vupabussu, 305 - Pinheiros São Paulo - SP, 05429-040 ................................+55 (11) 3031-4328 Galeria dos Pães R. Estados Unidos, 1645 - Jardim América, São Paulo - SP, 01427-000 ................................+55 (11) 3086-2439 Juliana Bicudo R. Girassol, 170 - Pinheiros São Paulo - SP, 05433-000 ................................+55 (11) 3031-7802 Mocotó Av. N. Sra. do Loreto, 1100 - Vila Medeiros São Paulo - SP, 02219-001 ................................+55 (11) 2951-3056 Queijaria da Vila R. Aspicuelta, 35 - Vila Madalena São Paulo - SP, 05433-010 ................................+55 (11) 3812-6449 Cine Marrocos Av. São João, 473 - 7º andar - Centro São Paulo - SP, 01035-000 ................................+55 (11) 3331-3813 Empório Chiappetta R. da Cantareira, 306 - Centro São Paulo - SP, 01024-000 ................................+55 (11) 3313-4674 Galeria Metrópole Av. São Luís, 187 - Centro São Paulo - SP, 01046-001 ................................+55 (11) 3214-1120 Korin R. Morgado de Mateus, 77 - Vila Mariana São Paulo - SP, 04015-050 ................................+55 (11) 5083-8088 O C* do Padre - Bar das Batidas R. Padre de Carvalho, 799 - Pinheiros São Paulo - SP, 05427-100 ................................+55 (11) 2856-0927 Quitanda R. Mateus Grou, 167 - Pinheiros São Paulo - SP, 05415-050 ................................+55 (11) 2975-6094 Cinema Gemini Av. Paulista - Bela Vista São Paulo - SP ............................................................... Empório Sagarana R. Aspicuelta, 271 - Alto de Pinheiros São Paulo - SP, 05433-010 ................................+55 (11) 3031-0816 Galinhada do Bahia R. Azurita, 46 - Canindé São Paulo - SP, 03034-050 ................................+55 (11) 3315-8614 La Casserole Largo do Arouche, 346 - Centro São Paulo - SP, 01219-010 ................................+55 (11) 3331-6283 O Rei do Filet - Filet do Moraes Praça Júlio Mesquita, 175 - Centro São Paulo - SP, 01209-010 ................................+55 (11) 3221-8508 Ramona Avenida São Luís, 282 - Consolação São Paulo - SP, 01046-000 ................................+55 (11) 3258-6385 10 > BEST BAIRRO BRANDS 20 www.interbrandsp.com.br Restaurante Acrópoles R. da Graça, 364 - Bom Retiro São Paulo - SP, 01125-001 ................................+55 (11) 3223-4386 Satyros Praça Franklin Roosevelt, 222 Consolação, São Paulo - SP, 01303-020 ................................+55 (11) 3258-6345 Veríssimo Bar R. Flórida, 1488 - Brooklin Paulista São Paulo - SP, 04570-000 ................................+55 (11) 5506-6748 Restaurante do Pateo do Collegio Largo Pateo Do Colégio, 2 - Próximo à R. Boa Vista - Sé - São Paulo - SP ................................+55 (11) 3105-6899 Sesc Pompéia R. Clélia, 93 - Vila Pompéia São Paulo - SP, 05042-000 ................................+55 (11) 3871-7700 Z Carniceria: Bela Vista R. Augusta, 934 - Bela Vista São Paulo - SP, 01304-001 ................................+55 (11) 2936-0934 Restaurante Ita R. Boticário, 31 - Centro São Paulo - SP, 01040-010 ................................+55 (11) 3223-3845 Sorveteria Alaska R. Doutor Rafael de Barros, 70 - Paraíso São Paulo - SP, 04003-040 ................................+55 (11) 3889-8676 Z Deli Sandwich Shop R. Haddock Lobo, 1386 - Cerqueira César, São Paulo - SP, 01414-000 ................................+55 (11) 3083-0021 Ritz Alameda Franca, 1088 - Jardim Paulista São Paulo - SP, 01422-001 ................................+55 (11) 3062-5830 Speranza R. Treze de Maio, 1004 - Bixiga São Paulo - SP, 01327-000 ................................+55 (11) 3288-8502 Riviera Av. Paulista, 2584 - Consolação São Paulo - SP, 01310-300 ................................+55 (11) 3258-1268 Sujinho R. da Consolação, 2063 - Consolação São Paulo - SP, 01239-050 ................................+55 (11) 3231-5207 Rosima R. Pamplona, 1738 - Jardim Paulista São Paulo - SP, 01405-002 ................................+55 (11) 3887-3165 Tag & Juice R. Gonçalo Afonso, 99 - Jd. das Bandeiras São Paulo - SP, 05436-100 ............................................................... Rovigo R. Aracaju, 239 - Consolação São Paulo -SP, 01240-030 ................................+55 (11) 3661-3855 Talho Carnes: Alto de Pinheiros Av. Diógenes Ribeiro de Lima, 2314 Alto de Pinheiros - São Paulo - SP ................................+55 (11) 3021-0250 Rubi Wine Bar Alameda Jaú, 1595 - Jardins São Paulo - SP, 01420-002 ................................+55 (11) 4323-1667 Teatro Oficina R. Jaceguai, 520 - Bela Vista São Paulo - SP, 01315-010 ................................+55 (11) 3104-0678 Santa Etienne R. Harmonia, 693 - Vila Madalena São Paulo - SP, 05435-001 ................................+55 (11) 3032-5441 Teatro Ruth Escobar R. dos Ingleses, 209 - Bela Vista São Paulo - SP, 01329-000 ................................+55 (11) 3251-4881 Santa Marcelina R. Vieira de Moraes, 328 (R. Br. do Triunfo), São Paulo - SP, 04602-005 ................................+55 (11) 5525-0510 Terraço Itália Av. Ipiranga, 344 - República São Paulo - SP, 01046-010 ................................+55 (11) 2189-2929 Santo Grão R. Oscar Freire, 413 - Jardins São Paulo - SP, 01426-001 ................................+55 (11) 3082-4892 Theatro São Pedro R. Dr. Albuquerque Lins, 207 - Campos Elíseos, São Paulo - SP, 01230-000 ................................+55 (11) 3661-6600 Sapataria Busso R. Major Sertório, 452 - Vila Buarque São Paulo - SP, 01222-000 ................................+55 (11) 3256-9435 União Fraterna R. Guaicurus, 33 - Água Branca São Paulo - SP, 05033-000 ................................+55 (11) 3864-2657 > LORENS EGEST DONEC 11 21 22 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 23 RIA EGO CAT > CATEGORIA TRADIÇÃO O DIÇÃ TRA Casa Santa Luzia Empório de mercadorias seletas, especialmente para os paulistanos amantes da gastronomia. ________________________________ Dulca Sua história começa na Itália. Ao chegar aqui no Brasil, foi decisiva para tornar o Panettone uma verdadeira tradição paulistana. ............................................................... Pizzaria Speranza Não ouse pedir 1/2 Margherita. Essa eles não dividem. Foram os primeiros a trazer a receita original da Itália e ainda respeitam a tradição do preparo. ________________________________ A Figueira Rubaiyat No meio do restaurante, uma imponente figueira centenária. Daí que vem o nome dessa famosa unidade do Rubaiyat. ............................................................... La Casserole Um bistrô quatro estrelas. No mínimo, refinado. Os pratos típicos fazem de lá um verdadeiro pedacinho da França em território brasileiro. ________________________________ Ponto Chic ................................ Todo mundo já conhece o Bauru. E foi lá no Ponto Chic que nasceu o Bauru do jeito que a gente gosta. Sabor de tradição Marcas que fazem do seu cardápio um sabor atemporal É dia das mães. Graduação do mais velho. Aniversário do pai. E a família sempre se reúne na mesma cantina ou restaurante. No cardápio, memórias. Duas, três, quatro décadas se passaram. Parece que tudo em volta mudou. Mas esses lugares continuam lá. Sabor história. Frangó Abriu rotisserie. Hoje, é bar. Sua coxinha já tem fama mas não tem igual, diretamente do simpático bairro da Freguesia do Ó. ............................................................... Sujinho Um lugar de personalidade. Frequentado por personagens controversas no passado, hoje é o dominado pelos boêmios da noite paulistana. ________________________________ Di Cunto O melhor brigadeiro de chocolate meio-amargo e gostoso por inteiro. Casa dos bolos, doces e quitutes mais tradicionais da cidade. ............................................................... Casa Godinho A tradição é tanta que foi oficialmente reconhecida como patrimônio cultural imaterial da cidade. Uma viagem no tempo para a São Paulo do século XIX. ________________________________ Bolinha Tudo começou quando o taxista Bolinha preparou uma feijoada para seus amigos, depois do jogo de domingo. ............................................................... Cantina 1020 As receitas dessa digníssima cantina são passadas de geração a geração desde 1948. Assim, são preservados os melhores sabores trazidos da Itália. ________________________________ Acrópoles O restaurante, especializado em culinária grega, dispensa formalidades: nem cardápio tem! Mas quem vai, diz que a comida é dos deuses. ............................................................... Filé do Moraes (O Rei do Filet) Dizem que Adoniram Barbosa compôs “Trem das Onze” sentado à mesa do restaurante, saboreando um autêntico filé do Moraes. ________________________________ Casa Mathilde Era fornecedora oficial de queijadinhas para a Casa Real portuguesa na época do Rei D. Fernando II, de Portugal. Tinha até carimbo para marcar os quitutes! ............................................................... Empório Chiappetta Com mais de 100 anos de tradição e há três gerações da família Chiappetta na gerência, o Empório oferece os produtos mais diferenciados do Mercadão. ________________________________ Ita restaurante Simplicidade, bom atendimento e preço baixo. O famoso bacalhau, servido às sextas-feiras, atrai a clientela desde 1953. ________________________________ Botequim do Hugo Um genuíno botequim! Aberto por um imigrante português em 1927, hoje serve os mais apetitosos pasteis de carne, queijo e palmito da região. ............................................................... Galinhada do Bahia Para comer e comer muito. Lá, é servido o rodízio da melhor galinhada e comida nordestina da cidade. ________________________________ Sorveteria Alaska São mais de 100 anos de experiência fabricando os sorvetes mais incríveis que essa cidade já provou. As cassatas são sua marca registrada. ............................................................... Il Sogno Di Anarello O sonho: abrir uma cantina que não precisasse funcionar aos fins-desemana. Virou realidade. ________________________________ Rosima Esfihas, quibes, e outras maravilhas da culinária libanesa são preparadas no capricho, sempre respeitando a tradição das receitas da fundadora. ............................................................... Joakin’s Uma das primeiras lanchonetes de São Paulo, tem sua única sede na Joaquim Floriano. Funciona madrugada afora, servindo o X-salada que todo paulistano já ouviu falar. ............................................................... Arpege Bar Onde a cerveja está sempre gelada e o papo sempre gostoso. Em meio aos barzinhos badalados do Itaim Bibi, tem clima e comida de casa. ________________________________ Z Deli Sanduíches Inspirado nas delicatessen novaiorquinos, foi inaugurado na década de 1980 e continua servindo delícias da culinária judaica até hoje. ________________________________ PASV Gerido por uma família espanhola e atendimento feito por senhores que conhecem a tradição da casa. Preza pela simplicidade da boa comida. ............................................................... Restaurante do Pateo do Collegio Tomar um café ou fazer um lanche por ali é visitar um pedaço da história de São Paulo. ............................................................... Café Floresta O Edifício Copan abriga 5 mil moradores e um café com visual e aroma de uma São Paulo que parou no tempo. ________________________________ 24 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 25 RIA EGO CAT > CATEGORIA EVOLUÇÃO ÃO LUÇ EVO Família Mancini .............................. Em 30 anos, já atendeu mais de 10 milhões de pessoas. A ideia é não preparar receitas e sim o seu coração para um momento de felicidade. Korin A missão é muito clara: produzir e comercializar alimentos que promovam a saúde e o bem-estar do consumidor. ............................................................... Santo Grão Um café que tem uma cultura de verdade. Que acredita que se cada pessoa estiver fazendo aquilo que gosta, coisas boas acontecem naturalmente. ________________________________ Livraria da Vila O digital precisou pedir passagem para uma marca que fez do livro um negócio e da literatura o seu principal propósito. ............................................................... Doctor Feet Um passo de cada vez e a Doctor Feet se tornou a referência em cuidados para os pés na cidade de São Paulo. ________________________________ Ikesaki No coração da Liberdade, a hiperloja do profissional de beleza. São 50 anos de história e mais de 1 milhão de clientes. ............................................................... Pizzaria Camelo Começou como um tradicional restaurante árabe. Se tornou uma das principais pizzarias da cidade. Mais uma daquelas histórias que só acontecem em SP. ________________________________ Luiza Sato No meio da cidade que não para, um espaço para relaxar e equilibrar o corpo e a alma. ............................................................... Pastelaria Yokoyama Começou com um pequeno balcão e algumas opções de pastéis e kibes. Agora tem pizzas, bolos empadas e até coxinha. Viva a mistura. ________________________________ A Chapa A lanchonete inaugurou na época em que hambúrguer ainda era coisa de americano. Pouco tempo depois os lanches conquistaram o paladar e a simpatia de paulistanos de todas as partes da cidade. ............................................................... Ritz Fundado em 1981, o Ritz se tornou o ponto de encontro da comunidade intelectual e artística paulistana. ________________________________ Almanara 1950: O Almanara trazia para São Paulo as delícias árabes, como o kibe e a esfiha. Hoje, eles já fazem parte da cultura gastronômica brasileira. ________________________________ Marcas que se adaptaram ao longo do tempo sem perder a essência Frevo Chamado de Frevinho pelos clientes, a casa era pitstop obrigatório de Ayrton Senna, que se deliciava com o beirute. ............................................................... Barraca do Zé Começou com uma barraca de madeira e uma cobertura de lona. Ganhou mais espaço e uma especialidade: o açaí. ............................................................... Na velocidade do relógio mudam-se as formas de pensar. Surgem novos hábitos e tendências de consumo. Num dia dançamos iê-iê-iê tomando milk shake, no outro a moda é dança do ventre. Shake só se for diet. Para uma marca sobreviver a essas transformações constantes, um segredo: adaptar-se sem perder a essência. Estas conseguiram. Quitanda Um jeito simples de fazer a feira: ambiente aconchegante, variedade de produtos e a certeza de que todos os itens foram selecionados um por um. ________________________________ Banca Cidade Jardim - Varanda Qualidade e atendimento próximo: é nisso que a marca acredita desde quando era uma barraca no final da Ponte Cidade Jardim. ________________________________ Família Mancini Em constante evolução 26 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br > CATEGORIA PADARIAS 27 RIA EGO CAT RIAS A PAD Benjamin Abrahão Benjamin se apaixonou pela cozinheira da concorrência e, ao lado dela, criou uma das mais tradicionais padarias da cidade. ________________________________ Galeria dos Pães ................................. É a única! Nada de franquias ou filiais. Só tem um endereço onde se pode provar essa galeria de sabores. St. Etienne Uma “padoca” pra lá de requintada. Trouxe da Europa sabores diferentes para encantar os paulistanos. ............................................................... Barcelona Por 7 anos consecutivos foi eleita pela Veja São Paulo como a padaria que faz o melhor pãozinho da cidade. ________________________________ Santa Marcelina: Santo Amaro Sr. Amaral, um pastor de ovelhas português chegou ao Brasil ainda jovem. Desde 1978 vem construindo uma marca de sabor e tradição. ............................................................... Bella Paulista Uma padoca que funciona no ritmo de SP e no coração da cidade. A Bella Paulista serve sabores de todo tipo, a qualquer hora. ________________________________ Galeria dos Pães Melhores marcas de padaria Marcas que, além de pães e sonhos, fazem história Marca boa tem cheiro. Branding aromático ou Aromarketing é o nome desse conceito. Mas isso é coisa que as padarias já fazem há muito tempo, em forma de pão fresquinho. É passar na frente para perceber: aqui se encontra uma padaria das boas. O pão de cada dia, a fominha no meio da tarde. Você sabe que pode contar com elas todos os dias e, com algumas, durante a noite também. Bem-vindo ao mundo das padocas. Para uma marca sobreviver a essas transformações constantes, um segredo: adaptar-se sem perder a essência. Estas conseguiram. A Lareira Festivais de mini-rocamboles e sonhos que a clientela participa e sempre pede mais. É lá na Zona Norte, no Bairro do Limão. ............................................................... Padaria do Mosteiro As receitas são seculares, passadas de monge para monge. Estavam guardadas no arquivo da abadia. ________________________________ Bologna: Augusta Com 88 anos de história, esta padoca conta com empregados com 25 anos de casa. Tudo para manter o sabor de sempre. ............................................................... Bienal No coração do Itaim, uma padaria conhecida por tratar seus clientes com o mesmo carinho que faz seus pães. ________________________________ 28 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 29 RIA EGO CAT > CATEGORIA HERANÇAS DA CIDADE AS ANÇ HER Casa Tody .............................. Nas paredes, caixas até o teto. Nas vitrines, modelos de sapatilhas, sapatos e botas. Nos pés de muitas gerações, tradição e muitos calçados. CEAGESP Fundado em 1969 e desde então centraliza o abastecimento do país nas áreas de comercialização e armazenagem de grãos. ............................................................... Terraço Itália O restaurante tem diversos diferenciais: Estar localizado no coração de São Paulo, pratos de qualidade, ambiente único e, principalmente, a vista de Sampa, que fica ainda mais bonita do 41o andar. ________________________________ Basilicata A receita do pão italiano da Basilicata chegou ao Brasil em 1915. Até hoje é feito do mesmo jeitinho. ............................................................... Hospital das Bonecas Plantão médico. Berçário. Ambulância. Centro cirúrgico. Tudo para salvar a vida de um brinquedo. ________________________________ Bar Brahma Já traduziu Caetano: alguma coisa acontece nesse esquina que pulsa a energia de ser Sampa. ............................................................... Casa Tody Heranças da cidade Marcas que fazem de São Paulo a São Paulo que conhecemos São Paulo é Sampa porque tem lugares como estes. Lugares que se misturam com a história de uma das maiores capitais do mundo. Para os paulistanos, um orgulho. Para os turistas, uma parada obrigatória. Bar do Nico “Nem só de museu vive o Ipiranga”. É nisso que acredita o pessoal do Bar do Nico, um autêntico boteco a 500 metros de um dos mais importantes museus de SP. ________________________________ Casa Aerobrás Quem diria, um espaço de aeromodelismo que há 70 anos reúne pessoas com o sonho de voar cada vez mais alto. ............................................................... A Fidalga Há mais de 80 anos no centro da cidade, a marca se tornou referência em calçados e até ganhou espaço no conto “Sapato Novo”, do escritor José Altino Machado. ________________________________ Café Girondino Um dos protagonistas do início do século XX, durante o auge da expansão cafeeira. Ainda mantém a vida e o glamour que esbanjava na época. ________________________________ Bar Estadão Expediente 24 horas, 30 peças de pernil de 7 a 8 kg consumidas por dia e 46 anos de história. Tudo isso para fazer do Bar Estadão o título de melhor sanduíche de pernil e um marco da madruga de Sampa. ............................................................... O C* do Padre Além dos mais de 50 anos de história e da variedade de drinks, o que mais chama atenção no Bar das Batidas é seu apelido, que surgiu pelo fato de estar localizado exatamente atrás de uma igreja. ________________________________ Casa Manon A loja cresceu no ritmo da cidade, harmonizando produtos variados do mundo da música: livros, partituras e, claro, bons instrumentos. Os atendentes vivem e entendem do assunto. ________________________________ Circolo Italiano Com forte veia italiana, esse clube tem história. Chegou a ser fechado pelo governo durante a segunda guerra mundial. Voltou no fim da guerra e até hoje funciona a todo vapor. ............................................................... Chapelaria Paissandú Fazendo a cabeça do paulistano há mais de meio século, a Chapelaria Paissandu é a essência da tradição. ________________________________ Laboratório Buenos Ayres Há quatro gerações manipulando remédios de um jeito humano e tradicional. Já ganharam até um prêmio por serem bons patrões. ............................................................... Choperia Liberdade Para beber, comer e soltar o gogó! O típico karaokê do bairro da Liberdade, com direito a lamparinas japonesas e muito saquê. ________________________________ Baratos Afins Uma joia da Galeria do Rock. Além de vender discos, também é selo de diversos artistas. O selo foi ideia de Arnaldo Baptista, ex-Mutantes, quando procurava lançar seu segundo álbum solo de forma independente. ............................................................... Sapataria Busso Aqui são fabricados, à mão, calçados sob medida para os fiéis clientes. Verdadeiro artesanato. ________________________________ Auto Escola Joia Formando os novos motoristas do trânsito de São Paulo desde 1965. ............................................................... Selaria São José São Paulo fascina pelo inusitado. E no coração desta selva urbana, funciona até hoje uma selaria completa e tradicional. ________________________________ 30 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 31 RIA EGO CAT > CATEGORIA CULTURA A TUR CUL Café Aprendiz Unir o gostoso ao solidário. Esse é o propósito de um espaço que traz cultura e comida para quem tem fome de saber. ________________________________ Bar do Zé Batidão .............................. Na Chácara Santana, um boteco é conhecido por ser um ponto cultural da região. Promove o Cinema Laje, com exibição de curtas. A pipoca também é grátis. Catraca Livre Um imenso portal para quem busca conviver melhor com menos dinheiro. Já são mais de 4 milhões de seguidores no Facebook. ............................................................... Matilha Cultural Um centro cultural independente na região central, a Matilha é fruto do ideal de um coletivo formado por profissionais de diferentes áreas. ............................................................... Theatro São Pedro Espaço da ópera e da Sinfônica do Estado, o Theatro São Pedro, fundado em 1917, é um remanescente da geração de casas de espetáculo do século XIX. ________________________________ Brincante Brincante é o modo como os artistas populares se autodenominam: ao realizar um espetáculo, eles dizem que vão “brincar”. ________________________________ Pacaembu Casa de tantos clássicos históricos do nosso futebol. Fundado em 1940, sua história se mistura com a dos grandes clubes paulistanos. ............................................................... Satyros Além de uma premiada companhia de teatro, Os Satyros estão fazendo da Praça Roosevelt um antro de cultura e convívio social. ________________________________ Teatro Oficina No bairro do Bixiga vive uma das principais companhias de teatro do país. Ali foi lançado um importante manifesto da cultura brasileira, o Tropicalismo. ............................................................... Bar do Zé Batidão Marcas que fazem arte Marcas que espalham arte, cultura e novas perspectivas pela cidade Cidade sem arte é como praia sem mar. E, para esses espaços, arte nunca é demais. Eles reúnem artistas do Brasil e do mundo, disseminando novas ideias e inspirando um público com cada vez mais sede de cultura. Vivem da emoção, e vivem lotados. Fundação Maria Luisa e Oscar Americano Em meio a plantas e árvores de vários tipos, do pau-brasil ao pé de café, uma linda casa passeia por 4 séculos da história do Brasil. ________________________________ Sesc Pompéia Inaugurado em 1982, o espaço recebe diariamente cerca de cinco mil pessoas com sede de cultura, música e arte. ............................................................... Instituto Eduqativo Choque Cultural Arte urbana, arquitetura, criatividade, inovação. O Choque coloca as novas gerações em contato com tudo isso. ________________________________ Instituto Moreira Salles A instituição prefere atuar em iniciativas que ela própria concebe nas áreas de: Fotografia, literatura, biblioteca, artes plásticas e música brasileira. ............................................................... Mercadão de Santo Amaro Inaugurado em 1897, teve um papel importante no abastecimento de São Paulo. Hoje funciona como Casa de Cultura Santo Amaro. ________________________________ Espaço Parlapatões Em 2006, na Roosevelt, a festa de inauguração. Começou na rua, e os Parlapatões derrubaram as torres gêmeas (encenada) contra todos os preconceitos. ............................................................... Teatro Ruth Escobar Desde sua estreia, em 1963, com “A Ópera dos Três Vinténs”, de Brecht, o teatro deixou claro seu caráter revolucionário. ________________________________ Praça das Artes Um grande projeto arquitetônico para um espaço de cultura, música e dança no centro de São Paulo. ............................................................... Galeria Metrópole Um empate para eleger a melhor proposta arquitetônica para o prédio. Gasperini e Candia, então, uniram forças para desenvolver um projeto único. ________________________________ 32 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 33 RIA EGO CAT > CATEGORIA NOVIDADES ES IDAD NOV Queijaria da Vila .............................. Lar dos queijos mais ricos e saborosos do Brasil. A fabricação é 100% nacional – nada de roquefort ou camembert! Mocotó O restaurante e seu dono seguem o lema: simplicidade e trabalho. Com raízes lá no sertão pernambucano, chegou pra conquistar os corações e paladares de São Paulo. ________________________________ Gráfica Meli Melo Nas manifestações de junho de 2013, se disponibilizou para imprimir cartazes de protesto, sem custo nenhum para os ativistas de São Paulo. ............................................................... Juliana Bicudo Pura poesia nos pés. Os calçados desta designer, dizem, te fazem se sentir como se andasse em nuvens. ............................................................... Queijaria da Vila As novidades Marcas com pouco tempo de vida, mas com muita relevância São Paulo é assim. Em um piscar de olhos algo novo aparece. Alguns deles já nascem surpreendendo. É que quando a ideia é boa, não precisa de muito tempo para ganhar relevância e o coração dos paulistanos. São marcas mais recentes, não por isso menos emblemáticas. Estúdio Lâmina Incubador da arte contemporânea, em todas as suas formas, o estúdio transborda inspiração. Provoca a criação e o debate. ............................................................... Z Carniceria O Z Carniceria foi montado no que um dia foi o primeiro açougue e matadouro da Rua Augusta, criado em idos de 1950: o Açougue Z. O bar manteve em sua decoração todos os elementos do antigo abatedouro. ________________________________ Barbearia 9 de julho Com alma vintage, os barbeiros da 9 de julho transformam os clientes em verdadeiros cavalheiros do século XX. Detalhe: Eles fabricam sua própria cerveja. ............................................................... Talho Carnes Talho significa açougue, em Portugal, uma referência à origem da família dos donos. ________________________________ Rovigo Uma típica casa italiana: receitas que passam de pai para filho, ingredientes de qualidade e carinho no preparo. ............................................................... Empório Sagarana Sagarana é uma pausa. Um jeito de fugir a rotina e, por algumas horas, se perder entre sabores, sensações e momentos únicos. ............................................................... Delicari Com o conceito “alimentos feitos com tempo”, a marca carrega em si um toque de nostalgia e carinho, que são reforçados pelo sabor dos produtos. ________________________________ Pastifício Primo Com receitas da Ligúria que passaram de geração em geração, a marca não abandona os rituais da boa cozinha italiana. Os amigos e a família em volta da mesa deram origem ao slogan: Viver é massa! ............................................................... A Casa Do Churro Especialistas na popular sobremesa, decidiram agigantar seu carro-chefe: lá, acredite, você encontra churros de 3,30 metros de comprimento. ________________________________ Ramona Cozinha contemporânea, rock paulista de raiz, ambiente descolado. Tudo bem no centro da cidade. Pouco mais de dois anos e o Ramona já é uma referência de Sampa. ________________________________ Bar da Dona Onça Com um nome tão carismático, o bar não podia ser diferente. Suas caipirinhas e comidinhas de mãe são as favoritas do cardápio. ............................................................... Empório Alto de Pinheiros Quem gosta de uma boa cerveja não vai querer sair de lá. São mais de 750 opções, além de 33 chopes, vinhos, cachaças e outras bebidas. ............................................................... Cateto Comer e beber artesanal. Esse é o conceito do Cateto para montar um ambiente aconchegante e caseiro, no aroma e no sabor. ............................................................... Circus Hair Um espaço que une cabeleireiro, brechó e entretenimento. Um lugar alternativo e inclusivo, com a cara de São Paulo. ________________________________ Loja Mo.D É como ter uma casa decorada por designers. Todos os produtos são modernos, bonitos, além de muito úteis para o lar. ________________________________ Frida e Mina Lá na Frida e Mina eles preparam, todos os dias, sorvetes com gemas, leite, creme de leite e ingredientes naturais. Sempre em pequenas quantidades. ________________________________ Rubi Wine Bar O vinho caiu no gosto do brasileiro e o Rubi não perdeu tempo. Com ambiente que remete à Toscana, convida os clientes para uma viagem de mais 110 rótulos. ________________________________ 34 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br > CATEGORIA HERÓIS 35 RIA EGO CAT ÓIS HER Boate Love Story Sofás carmim, espelhos e mastros de pole dancing. Ali, os paulistanos protagonizam histórias de amor ou “loucura da boa”, como a atriz Luana Piovani define o lugar. ............................................................... Caixa Belas Artes .............................. Está no nome. Esse cinema foi um dos pioneiros do filme de arte na cidade. Nos tempos áureos, viveu o mote “espetáculo, polêmica e cultura”. Voltou forte em 2014. Caixa Belas Artes Heróis da resistência Marcas que seguem firmes e fortes, desafiando o tempo e um mercado em transformação O arquétipo nos ensinou que o verdadeiro herói é aquele que enfrenta grandes desafios antes da glória. Essas marcas vivem provando que é possível se manter forte em um mercado em constante mudança. Nada vem fácil. Algumas chegaram a fechar, mas voltaram: heroicas, imbatíveis, históricas. Riviera Presente em grandes acontecimentos da cultura brasileira, este carismático bar fechou as portas em 2006. Reabriu em 2013. ________________________________ Paribar Uma homenagem ao antigo Paribar, onde já festejaram figuras políticas, intelectuais e boêmias da cidade, o bar apresenta um novo jeito de entender São Paulo. ............................................................... Madame A Augusta antes da Augusta. Um mundo alternativo de alma, estilo e vanguarda. Uma balada muito querida pelos paulistanos da noite. ________________________________ Maksoud Plaza Lá, Frank Sinatra pedia feijoada de madrugada, João Gilberto tocava para os cozinheiros e Collor se hospedou por meses, após o impeachment. ________________________________ Haikai Cantinho de encantos. A livraria se especializa em livros de design, arquitetura e moda e é uma das prediletas dos leitores paulistanos. ............................................................... 2001 Os cinéfilos de São Paulo já sabem: essa vídeo-locadora é a mais completa da cidade. Os atendentes entendem e indicam o melhor da sétima arte. ________________________________ FreeBook Criada em pleno regime militar, a livraria preza pela liberdade de conhecimento. ............................................................... SPAC: Clube Inglês O clube mais antigo de São Paulo. É berço do futebol brasileiro, além de também cenário da estreia de esportes como tênis, badminton, críquete e rugby. ............................................................... União Fraterna A União Fraterna ajudou a construir em São Paulo uma identidade italiana multifacetada. ________________________________ Clube Piratininga Seus grandiosos e tradicionais bailes e festas têm fama entre paulistanos de todas as idades. ________________________________ 36 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 37 RIA EGO CAT > HOMENAGEM GEM ENA HOM HM Home Video ............................................ Acervo diferenciado e atendentes que entendem de cinema. Assim a locadora HM Vídeo se segurou enquanto pôde em uma indústria decadente. Bar do Museu Tapete vermelho, obras de arte espalhadas pelo espaço e uma história que será pra sempre lembrada. ________________________________ Tag & Juice Uma loja que passou por São Paulo para disseminar cultura urbana e a alegria de pedalar. ............................................................... Cine Marrocos Inaugurado em 1951, ficou conhecido como o melhor e mais luxuoso cinema da América do Sul. ________________________________ Gemini O cinema mais querido dos paulistanos. Após 35 anos, fechou as portas. Na última sessão, por ironia, exibiu o filme “Cabeça à prêmio”. ............................................................... Chapelaria El Sombrero Era o ponto dos chapéus mais elegantes da cidade. Fechou após 78 anos de uma história que não nos sai da cabeça. ________________________________ HM Home Video Passa-se o ponto Marcas que fecharam as portas, mas continuam vivas na memória e no coração do paulistano Gilberto Gil avisou: o tempo é compositor de destinos. E o dessas marcas era fechar as portas. Tudo bem, foi bom enquanto durou. As razões para fecharem o ponto são inúmeras. Mas o motivo para estarem neste estudo é apenas um: elas ainda fazem parte da história da nossa cidade. Serão para sempre marcas. Pandoro: Jardins Um marco da vida noturna de SP. Foi o ponto de encontro de endinheirados, intelectuais e curiosos paulistanos. Fechou aos 53 anos de idade. ............................................................... Ca’d’Oro O primeiro hotel 5 estrelas da cidade de São Paulo. Elegante e vistoso, em plena rua Augusta. Fechou em 2009 após 57 anos de história. ________________________________ Cine Lumière O aluguel aumentou e o bairro do Itaim perdeu um de seus ícones. “A Datilógrafa”, comédia francesa, foi a última exibição do Lumière, em 2013. ............................................................... 38 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 39 Augusta nasceu na praça Andava de skate Toda estilosa, uma graça 42 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br > CRÔNICA | CADÃO VOLPATO Marcas da memória CRÔNICA | POR CADÃO VOLPATO Vivi em muitos bairros de São Paulo, e cada um deles deixou a sua marca na minha memória. São padarias, restaurantes e lojas que você vai deixando para trás como se fossem velhas amizades naturalmente diluídas no fluxo da vida. Às vezes você esquece o nome delas, mas isso não tem importância. Você percebe que envelheceu quando não consegue ligar as pessoas aos nomes e também quando esquece o nome daqueles estabelecimentos tão familiares que você frequentava. Tudo bem: as memórias são mesmo feitas desse tipo frágil de impressão. Mas ainda sou capaz de associações que acabam me levando ao ponto certo, em algum lugar do passado. Se penso no primeiro disco que comprei – e foi o “Imagine”, de John Lennon –, chego facilmente à loja que me vendeu, na Praça da Árvore (que não tinha árvore alguma). Esta lojinha não tem nome, não existe mais e no entanto está ali, guardada na minha memória, bem como a agradável sensação de procurar os LPs na estante, sacar o que você procura, apreciar a capa, ler o encarte, retirar o disco do invólucro e levá-lo para ser testado, um trecho de cada vez, pulando de faixa em faixa. Tudo isso hoje parece pré-histórico. Ainda que tenha sido fundado na pré-história do rock de São Paulo, o Madame Satã ainda funciona (sem o Satã do nome). Eu e meus amigos íamos a pé até lá, quando dividíamos um apartamento rock’n’roll na rua Major Quedinho, no centro (o mesmo que teve como hóspede o Renato Russo – mas isso é outra história). O Satã já era o casarão meio sombrio, com um neon na porta, frequentado pela nata do underground paulista. Um lugar ecumênico, em que punks chamados “Crânio” batiam papo com atores chamados “Edson Celulari”, e bandas como o Fellini e a Plebe Rude tocavam no mesmo porão escuro em que o RPM também se apresentava – com ombreiras. Era o tempo das casas noturnas. Já a palavra padaria me lembra daquela que fica na esquina da Artur de Azevedo com a João Moura, em Pinheiros, cujo nome, é claro, esqueci. Ela ainda existe, mas na minha memória tem a ver com as manhãs frias de 1979, quando eu saía da república onde morava, na Cristiano Viana, e ia tomar café antes de ir para a USP. Não importa que fizesse sol. Na minha memória daquele tempo, havia sempre uma névoa poética no caminho daquela padaria. Ali perto ficava (e fica, acho) um restaurante chamado Degas. Ali, eu e meus companheiros de república comíamos um filé à cubana que era o melhor do mundo, melhor até do que em Cuba. E já que estamos falando de pré-história, se o assunto for barbearia (um tipo de estabelecimento em aparente extinção), tenho inúmeras lembranças para contar. Mas a mais recente tem a ver com uma barbearia da Rua Augusta, que descobri por acaso. Hoje ele está dominando o universo, com filiais em muitos bairros da cidade, mas quando entrei no Salão 9 de Julho pela primeira vez, há uns cinco ou seis anos, achei que tivesse descoberto uma dobra no tempo: o chão era quadriculado em preto e branco, as cadeiras eram robustas, de ferro, os barbeiros pareciam rockabillies e fotos de pin-ups decoravam as paredes. Por isso virei freguês. Atravessando a rua e seguindo pela calçada, muitos anos antes, eu costumava entrar no Longchamp, um restaurante e lanchonete em que os garçons tinham sido jóqueis um dia, baixinhos e gentis. Você ficava ali no balcão fazendo amizades enquanto comia uma lasanha com creme de espinafre. Claro que a maior parte desses estabelecimentos, se não desapareceu, está com os dias contados. Como aquela famosa locadora da praça Vilaboim, em Higienópolis, que acaba de se extinguir, deixando órfã uma legião de cinéfilos. O mesmo aconteceu com os cinemas de bairro, que, em sua maioria, perderam a batalha para os carros e viraram estacionamentos. Nesse mesmo bairro, onde moro agora, há uma livraria, a Hai-Kai, que teima em permanecer de pé. Prefiro mil vezes ficar caçando um livro dentro dela, meio sem destino, a mergulhar e me perder numa dessas megalivrarias de shopping – não que elas sejam feias, ao contrário: é que a oferta é demais para aficionados vagarosos como eu. Espero que a Hai-Kai dure para sempre e que a padaria Barcelona não saia nunca do lugar. Aliás, por falar em eternidade, talvez alguém aí possa me esclarecer um dos grandes mistérios do bairro. O daquela loja de discos na mesma praça Vilaboim que sempre está vazia, mas continua ali, no mesmo lugar, os Cds rigorosamente alinhados na prateleira, à espera – talvez de mim ou de você. Cadão Volpato nasceu em São Paulo em 1956. Além de escritor, é músico (fundador da banda Fellini, um clássico dos anos 80, com a qual lançou seis discos), jornalista e ilustrador. Escreveu quatro livros de contos (Ronda noturna, Dezembro de um verão maravilhoso, Questionário e Relógio sem sol, todos lançados pela editora Iluminuras) e o infantojuvenil Meu filho, meu besouro (Cosac Naify, 2011), ilustrado pelo autor. Pessoas que passam pelos sonhos é seu primeiro romance. “AS MEMÓRIAS SÃO MESMO FEITAS DESSE TIPO FRÁGIL DE IMPRESSÃO” 43 44 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 45 46 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Waze: inovação que não para no trânsito POR DANIELLA BIANCHI | FELIPE VALÉRIO | JEFERSON MARTINS O Waze não para no trânsito. O Waze não para de inovar. O Waze não para. É que o aplicativo não se trata de um simples GPS, e sim de uma ideia colaborativa, divertida e genial. Julie Mossler, Head of Global Communications & Creative Strategy da Waze, conta como uma startup de Israel se tornou a menina dos olhos do Google. Também mostra como o Waze anda transformando o relacionamento entre marcas locais e consumidores. Interbrand: É fato: o Waze está ajudando paulistanos no trânsito todos os dias. Qual é o segredo da marca para fazer isso? Waze: Eu acho que nossa marca cresceu e se tornou amada de forma tão rápida porque o trânsito é um problema universal, não apenas dos paulistanos. Não importa qual a sua cidade, sua história, se você é homem ou mulher... Outra coisa: o trânsito geralmente acontece todos os dias. E nós queremos ajudar a solucionar esse problema. Por isso, prestamos atenção para realmente construir um produto em torno do que os motoristas querem. O resto, o crescimento, o amor, vem naturalmente. Interbrand: E como o Waze, que começou como uma startup de Israel e, agora, faz parte do Google, cresce sem perder sua essência? Waze: Eu acho que o coração da nossa empresa é a comunidade. Somos somente 150 empregados, mas temos milhares de editores de mapa, voluntários que modificam o mapa manualmente a partir dos problemas que os motoristas reportam. Começamos em Israel pedindo ajuda na construção dos nossos mapas, já que não nos baseamos em nenhum outro mapa já existente. A empresa cresceu, mas para se tornar global contamos com a ajuda de pessoas de cada região. Esse orgulho da nossa história e da nossa comunidade faz parte do Waze. E o Google não quer nem vai mudar isso. Crescemos devagar porque queremos manter uma cultura perfeita. Interbrand: São quantos editores de mapa espalhados pelo mundo? Waze: 200.000. E esse é o nível “sênior-sênior”. Ou seja, pessoas que trabalharam no mapa por muitos anos ou fizeram mais de 1 milhão de edições. Interbrand: Como o Waze encontra as pessoas certas para fazer a marca acontecer? E como vocês transmitem essa essência para elas? Waze: Ainda em Israel, éramos um projeto aberto de edição de mapas e informações formado por pessoas criativas e digitais. Em seguida, fomos expandindo, uma cidade de cada vez. Se você baixa o Waze e vai para a lua, nós estaremos lá. Porque basta ligar seu celular para nos ajudar a construir o mapa, onde quer que seja. O Waze não força as comunidades a fazerem nada, só damos suporte a elas por meio de tutoriais, vídeos no YouTube, encontros etc. Interbrand: Por ser um app colaborativo, como vocês fazem em relação às regiões não transitadas pela maioria dos usuários? Muitas vezes, são favelas, que acabam não mapeadas. Waze: Essa é uma questão social importante e um problema para nós, como empresa. É muito difícil dizer “essa área é muito perigosa para transitar”, pois nós não queremos fazer julgamentos. Nesses casos, contamos com a ajuda da nossa comunidade e dos nossos gerentes locais para acessar essas regiões, sinalizar as principais ocorrências nessas vias e tomar as melhores decisões relativas àquela área. Já que nós não nos mantemos tão próximos daquele mapa quanto o gerente, confiamos em seu julgamento. De qualquer > ENTREVISTA | JULIE MOSSLER 47 48 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br forma, aqui a ideia principal é cobrir a maior área possível sem colocar motoristas em risco. Interbrand: E como vocês fazem para reportar os imprevistos no trânsito? Waze: Seria impossível acompanhar o mundo todo sem os voluntários, que são muito dedicados. Nos EUA, em dia de tornados e nevascas, eles saem pelas ruas reportando o estado das vias no mapa. Empresas tradicionais encaminhariam os avisos para moderadores. Toda essa burocracia tornaria o processo lento. Aqui, os voluntários têm liberdade para editar e vão evoluindo a cada contribuição, já que quanto mais você edita, maior será a área que você pode editar. Interbrand: Nós ouvimos falar que vocês desenvolveram um projeto com o departamento de trânsito do Rio de Janeiro. Como foi isso? Waze: Foi incrível. Com a visita do Papa em 2013 e os Jogos Olímpicos vindo em 2016, o Governo do Rio de Janeiro também previu vários problemas de trânsito. Então, entraram em contato com o Waze para encontrar uma solução. Como nunca tínhamos recebido um pedido assim, tivemos que analisar os recursos do aplicativo para ver como podíamos ajudar. No fim, o Waze se tornou o único mapa em tempo real capaz de ajudar o governo a acompanhar o trânsito. Foi uma solução tão futurista e criativa que criamos o Connective Citizens, lançado em Nova Iorque, que permite que todos os departamentos de transporte ao redor do mundo usem os nossos dados – e isso começou no Brasil. Interbrand: Outra curiosidade nossa é em relação aos dados. O Waze, provavelmente, agora guarda muitos dados a respeito dessas marcas locais. Como vocês obtêm e aproveitam o uso dessas informações ao máximo? Waze: Acabamos de lançar uma nova versão do aplicativo semana passada, > ENTREVISTA | JULIE MOSSLER o Places. Quando o motorista chega ao destino, o app solicita uma foto ou informações sobre o lugar. Já que a maioria dos motoristas não edita o mapa, enviar uma foto já é uma grande ajuda para outros usuários. Tudo para tornar mais fácil ser um Wazer. Gostamos também de usar recursos de jogos para o Waze, a fim de direcionar os motoristas para áreas com pouca informação e aumentar nosso banco de dados. Também mostramos anúncios específicos de acordo com o dia e momento coerentes. Estamos trabalhando com essas marcas locais e engajando as pessoas como o marketing nunca fez antes. 49 50 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Interbrand: Então, vocês estão ajudando essas marcas a estabelecer uma conversa mais informal com o consumidor do dia a dia? Waze: O que fazemos é trazer sentido para o consumo. Não são anúncios esdrúxulos; é como se alguém estivesse no carro com você compartilhando informações relevantes sobre um lugar. Por exemplo, nos Estados Unidos, uma parceria que fechamos com um programa de TV fez com que pessoas baixassem o aplicativo só para escutar a personagem do programa no aplicativo. Quando se tem o som da marca e se trabalha seu tom de voz – como é o caso dessa parceria –,consegue-se ser exatamente a marca que deseja ser, o que é muito valioso. Interbrand: O Waze mostra a localização de lojas de algumas marcas em seu mapa. Mas são sempre marcas maiores, de redes. Você acha que o Waze poderia trabalhar também com marcas do bairro? Como? Waze: Ainda não encontramos uma forma de trabalhar com negócios de bairro. Temos pouco espaço no mapa para anúncios, então precisamos prospectar marcas que os motoristas vão amar, mas que também nos darão um bom retorno. Ir atrás de marcas de bairro exigiria uma equipe muito maior do que temos. Adoraríamos interagir mais com negócios locais, mas, no momento, nossos parceiros são empresas de abrangência regional ou nacional. Interbrand: O Brasil está sendo afetado por um problema mundial que, em São Paulo, gera o pensamento de que as pessoas deveriam usar menos seus carros. Como o Waze lida com isso? Waze: Somos todos a favor de viver de forma ecologicamente sustentável, mas o carro nunca vai desaparecer. Mesmo que os ônibus se tornem muito eficientes, eles ainda farão várias paradas e podem não ir diretamente ao seu destino. Dependendo do clima da cidade em que você está, usar a bicicleta como meio de transporte pode ser simplesmente inviável. Então, não vejo essa questão como uma ameaça. Na verdade, você não precisa necessariamente estar em um carro para usar o Waze: você pode usar o aplicativo para se informar sobre a interdição de ruas, por exemplo. Interbrand: Há alguns anos, todo mundo tinha GPS. Hoje, todos têm Waze. Como você explicaria esse movimento em massa de abandono do GPS para o aplicativo? Waze: Tem muita relação com o custo. Waze é de graça e você pode ir a qualquer lugar do mundo. Enquanto isso, todos os nossos competidores cobram pelo menos 25 dólares por um mapa, e a cada país que você for e a cada idioma diferente que quiser, terá > ENTREVISTA | JULIE MOSSLER que comprar outro. O mundo está em constante mudança e cada vez mais as pessoas estão envolvidas nisso. Por isso, um GPS, que se atualiza a cada cinco meses, não é mais compatível às demandas da sociedade de hoje. Interbrand: Vocês planejam começar a cobrar para fornecer os dados de vocês? Waze: Não, porque prometemos que não faríamos isso. E não seria justo, já que quem mais precisa desse serviço provavelmente não é quem consegue pagar por ele. Além disso, o Waze é um mapa construído pela comunidade e cobrar iria contra o nosso propósito de tornar a cidade um lugar melhor. Por outro lado, é claro que precisamos lucrar – afinal, somos uma empresa. A renda com anúncios é importante para que a gente opere sem vender dados. 51 52 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Uma lagoa quente em um dia frio ENTREVISTA | GILBETO DIMENSTEIN POR FELIPE VALÉRIO | JEFERSON MARTINS Falar de bairro é falar de Gilberto Dimenstein. Ele entende a cidade como uma fascinante rede social. Criou e faz o Catraca Livre acontecer. Tudo se conecta. Gilberto cresce junto com São Paulo, disseminando tendências, pessoas e projetos por onde passa. Com ele, a cidade se educa, acolhe, cria. Torna-se mais inovadora e inclusiva. Falamos sobre tudo isso. Interbrand: Gilberto, você tem um bairro do coração? O que o torna tão especial? Meu bairro do coração é a Vila Madalena. Aqui estão meus escritórios, meu trabalho comunitário, os restaurantes. É onde eu me sinto numa lagoa quente em um dia frio na cidade de São Paulo. O mundo contemporâneo é um mundo da dificuldade de mobilidade. Como eu não tenho carro nem carteira de motorista, é no bairro que eu resolvo grande parte da minha vida. Boa parte da minha vida é feita a pé em torno de mim. Tento viver aqui boa parte dos meus desafios. Interbrand: Você consome as marcas do bairro? A Vila Madalena em si é uma marca. De todos os bairros paulistanos, é o que mais representa uma marca. Você não tem um bairro paulistano em que pode dizer: “esse é uma marca”. A Vila Madalena virou o bairro da felicidade. A verdade é que não existe delimitação de bairro na cidade de São Paulo. Você não sabe onde um bairro começa e onde termina. Os bairros são definidos por uma relação emocional, por boca a boca. O que é a Vila Madalena? Um estado de espírito. Se você perguntar aos Correios, eles não dizem a você onde é a Vila Madalena. Você entende pelo jeito como as pessoas se vestem, se comportam. As relações do bairro são delimitadas afetivamente. Quando eu falo de afeto, estou dizendo que a pessoa da Mooca se sente na Mooca, a do Tatuapé se sente no Tatuapé. Todos acham que seu bairro é o melhor do mundo. Todo mundo conhece a melhor pizza e o melhor bairro de São Paulo. Interbrand: Como você enxerga a necessidade das pessoas de viverem cada vez mais os bairros? Em São Paulo, as pessoas têm deficit de acolhimento. É uma cidade que deixa você vulnerável, por causa da insegurança, das enchentes, da poluição, do trânsito. Você tem a sensação de que não está protegido. “A VILA MADALENA EM SI É UMA MARCA (...) VIROU O BAIRRO DA FELICIDADE” Você sai de carro e não sabe a que horas vai chegar, as pessoas ficam planejando horas para sair de casa. Esse deficit de acolhimento faz com que você se sinta um estranho na cidade, mesmo que tenha nascido aqui. É uma sensação de estranheza e não familiaridade. Como a cidade não oferece esse acolhimento, as pessoas acabam reproduzindo essa sensação em um espaço simbólico próximo. Por exemplo, a manicure do bairro, o restaurante do bairro. Ali elas se sentem não estrangeiras em sua cidade. É como se a cidade fosse um território ocupado e você tivesse pequenos sensos de resistência simbólicos, que são as comunidades. É por isso que as pessoas preferem pagar mais e comprar no seu bairro. É por isso que as pessoas preferem consumir marcas que tenham a ver com a melhoria da cidade. Grande parte da sua qualidade de vida é medida pelo território em que você vive. Interbrand: Qual é o papel da temática local em um mundo cada vez mais global? A temática local ficou tão importante porque, pela primeira vez na história do Brasil, os temas locais viraram nacionais. Foi o que se viu em junho do ano passado, nas manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus. Se até o século 19 você tinha a era dos impérios, e no século 20, a era dos países, no século 21 você tem o império das cidades e, em alguns casos, dos bairros. É muito mais fácil quem está na Vila Madalena se identificar com Shoreditch, em Londres, ou com West Village, do que com Higienópolis. Assim como é muito mais fácil pessoas que moram em São Paulo, Seattle, Los Angeles, Nova Iorque e Cairo terem uma identificação com os problemas uns dos outros do que com uma cidade próxima a elas. Quando Londres discute o pedágio urbano, está dando respostas que > ENTREVISTA | GILBETO DIMENSTEIN talvez Jundiaí não dê. O mesmo acontece quando Nova Iorque discute o fechamento de ruas em Time Square e Paris discute o compartilhamento de bikes e carros elétricos. Isso nos faz ter um diálogo entre as cidades, mesmo que seja simbólico. São Paulo é uma cidade excludente. Então, qualquer coisa que dê uma sensação de inclusão – por exemplo, a bicicleta – chama a atenção das pessoas. Hoje o Catraca Livre está com 13 milhões de usuários únicos porque de alguma forma a gente conseguiu ter uma relação de acolhimento e pertencimento na cidade. Só por isso. Porque a gente respeita a cidade e acredita que ela é um lugar muito legal de viver. Interbrand: Como você vê a importância da economia criativa na revitalização de uma cidade como São Paulo? Sem isso você não tem economia. A economia criativa na verdade é uma expressão antiga. Hoje você tem economia. Você não consegue imaginar uma economia próspera sem economia criativa, dos designers, arquitetos, músicos, nos grandes centros que não têm indústria. A indústria foi embora, e o que sobrou? O comércio. Mas o comércio não tem tanta pujança criativa. A economia criativa é a economia dos grandes centros. Quando você vai para Londres, Nova Iorque ou Paris, você vai atrás de museus, restaurantes, teatros, quer ver a arquitetura, os musicais. Se você tira isso de uma cidade como São Paulo, não sobra nada. Toda a referência paulistana é a economia criativa. Interbrand: Qual será o próximo grande bairro? O centro tende a ser um case. Vai demorar um pouco, mas é grande marca a ser recuperada em São Paulo. Você encontra muita gente, transporte público e, apesar do que dizem, é uma região segura. 53 56 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br E os bairros não saem do tom FERNANDO ANDREAZI | TATA SCARONI AUGUSTA/ MINHOCÃO VILA POMPEIA “Desce comigo, Augusta. Cantando bem alto esse refrão: Mais vale voar pela cidade numa rolinha Do que pegar um rush no minhocão. Augusta, o que importa é o prazer” “Filho da Pompeia Rock’n’Roll por aqui tá no ar, rebeldia e bebedeira O som não pode parar” Augusta – Trupe Chá de Boldo Bairro é o reduto do poeta. Ele é quem canta o que faz parte do seu cotidiano, da sua história. Jaçanã rima com Adoniran. E o trem que só às 11 passaria ficou guardado pra sempre, em forma de melodia. Músicas narram bairros? Ou bairros inspiram músicas? Talvez nem Mano Brown saiba responder. É que quando falamos de bairro tudo fica meio confuso: o avesso do avesso do avesso do avesso. FREGUESIA DO Ó “Vós tereis um padre Pra rezar a missa Dez minutos antes De virar fumaça Nós ocuparemos A Praça da Paz... Sou um punk da periferia Sou da Freguesia do Ó Ó! Ó Ó Ó Ó Ó Ó Ó! Aqui pra vocês!” Punk da Periferia - Gilberto Gil > E OS BAIRROS NÃO SAEM DO TOM CASA VERDE “Silêncio é madrugada No Morro da Casa Verde a raça dorme em paz E lá embaixo meus colegas de maloca Quando começam a sambar não param mais” Morro da Casa Verde Adoniran Barbosa BRÁS Filho da Pompeia – Banda Matilha CAPÃO REDONDO “Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui, mas aí, minha área é tudo o que eu tenho. A minha vida é aqui, eu não consigo sair. É muito fácil fugir, mas eu não vou. Não vou trair quem eu fui, quem eu sou. Eu gosto de onde eu vou e de onde eu vim, ensinamento da favela foi muito bom pra mim” Fórmula Mágica da Paz Racionais MC’s PINHEIROS 57 PIRITUBA “Ói nóis na ativa... Vários malucos novamente... Pirituba assim que é ainda é a mesma coisa. (...) Um filme triste. Periferia assim mesmo ainda resiste. Periferia assim mesmo ainda resiste” Pirituba Parte II – RZO BIXIGA “Feliz da vida, lá vem o Bixiga Exemplo de comunidade A Música Venceu Refrão O dom é luz que vem de Deus Da emoção Vai-Vai resplandeceu” A Música Venceu (samba enredo da Vai-Vai 2011) – Zeca do Cavaco VILA MADALENA “Lembrar, deixe-me lembrar, Meus tempos de rapaz, No Brás. As noites de serestas, Casais de namorados, E as cordas de um violão, Cantando em tom plangente, Aqueles ternos madrigais” “Foi no bairro de Pinheiros Que eu me entreguei por inteiro Para uma linda moça Que descia a Rebouças” “Eu fui à Vila Madalena apanhar minha pequena Prum programa legal, pegar uma tela e o escambau E na Fradique Coutinho entrei lá no Sujinho” Rapazeada do Brás – Carlos Galhardo Modão de Pinheiros – O Terno Ouriço na Vila – Língua de Trapo 58 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Eu já fui uma marca de bairro e cresceu, sem deixar para trás seu espírito de bairro. POR MARCELO FERRARINI | RAFAEL DIAS | RODRIGO MARQUES O começo da história é sempre parecido: um empreendedor cheio de curiosidade tem uma boa ideia, e algum tempo depois uma nova marca nasce em algum bairro da cidade. Aos poucos ela se desenvolve e focadas apenas em sua vizinhança e clientela local. Outras acreditam que suas ideias podem bater asas e conquistar novos bairros. É aí que crescer e manter o espírito de bairro? Como manter a mesma entrega muitas vezes longe dos olhos do dono? Não é uma tarefa fácil, mas é muitas marcas já conseguiram, com sucesso, expandir suas histórias e fórmula do sucesso? Sem dúvida há muitos fatores, mas acreditamos que da marca fez uma grande diferença. Marcas “que já foram de bairro” conseguiram manter e potencializar > EU JÁ FUI UMA MARCA DE BAIRRO ver gente, passar o tempo, tomar café ou simplesmente ouvir boas histórias. Dá para imaginar uma proposta como essa nascendo no coração da Vila Madalena? Imaginamos que sim, não Estamos falando da Livraria da Vila que, hoje, quase trinta anos depois, eventos culturais e tem oito lojas no país. Mesmo em um mundo cada vez mais digital, a rede viu seu ano, movimentado por cerca de 1,7 milhões de clientes que frequentam as lojas anualmente. E apesar dos arrojados planos de expansão que levaram até mesmo à inauguração de lojas fora capital – a marca já possui empresário Samuel Seibel, dono da Livraria, confessa que sair do bairro não foi tarefa fácil: “Sair da Vila Madalena dia a dia tornou-se mais complexa. do bairro de origem é fundamental. Onde uma marca surge diz muito sobre ela. Você pode até não perceber, mas cada bairro carrega por conta própria uma série de atributos. Dá pra falar em Vila Madalena sem pensar em arte, cultura, boemia, por exemplo? Pois é, de uma forma ou de outra, os atributos de um bairro acabam se associando às suas marcas locais. Nas palavras de Seibel, o destaque no mercado de livros depende da capacidade de se diferenciar; e a Livraria da Vila apostou em seus funcionários. Qualquer um que pede informação em uma loja pode esperar, com certeza, ser atendido por um leitor apaixonado e profundo conhecedor de literatura. A livraria vem crescendo de modo expressivo, mas não abriu mão do que é mais fundamental para a marca: ser um lugar charmoso, Como sabemos, consumidores se interessam cada vez mais por as pessoas a vontade. Todas as unidades respiram este propósito. Na verdade, todas as unidades respiram um pouco de Vila Madalena. origem é, muitas vezes, a sua fonte de originalidade. O bairro reforça atributos que ajudam a construir a personalidade da marca, facilitando Outro caso bem sucedido é o do restaurante Ritz. Inaugurado em 1981, nasceu com a proposta de ser um ambiente descolado, conectado ao pessoas que se relacionam com ela. de várias partes do mundo. Escolheu o bairro do Jardins, na Alameda Franca, para se estabelecer. Resultado? Uma combinação ideal que agradou aos Quer ver alguns exemplos? Em 1985, surgia uma livraria charmosa e acolhedora cujo propósito ia muito além de vender livros – era também um ponto de encontro, um lugar para mais descolados do bairro. Hoje em três endereços, mantém a mesma experiência descontraída e de ar retro. Barbearia 9 de Julho 59 60 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Livraria da Vila Como parte deste sucesso, o que mais se destaca é o seu pioneirismo em apostar em jovens e universitários para seu staff. Falamos muito que as marcas devem ter atributos que as diferenciem. Pois é, certamente os garçons do Ritz são um bom exemplo disso: garantem o clima descontraído e diferenciado da marca. Não muito longe dos Jardins, na Consolação, a Barbearia 9 de Julho também é um desses exemplos. Começou pequena, lá na Galeria Ouro Velho, na Rua Augusta, uma região bastante urbana, referência em moda, estilo e comportamento próprio. Seu nome remete à sua data de inauguração: 9 de julho de 2007. Com o objetivo de recriar um ambiente clássico das barbearias dos anos 40 e 50, seus fundadores inovaram ao se inspirar no passado. Com direito a toalhas quentes, corte com navalha e ao som de um rock clássico, os clientes podem reviver o clima de tradição e cavalheirismo do início do século XX. Hoje a rede já conta com seis unidades na capital. Em todas elas, consegue manter sua personalidade vintage e sem frescura em salões cheios de objetos de época. Segundo o empresário que fundou o negócio em 2007, Tiago Secco, a barbearia demorou três anos para conseguir conquistar clientes dentro e fora do bairro. Em 2010, no entanto, o investimento de quase R$100 mil foi recompensado com receitas triplicadas e uma explosão no número de clientes. O aumento súbito da clientela levou os empresários à prepararem planos arrojados de expansão: abrir duas novas unidades a cada ano e expandir para outras cidades do estado. COMO CRESCER E MANTER O ESPÍRITO DE BAIRRO? Sempre preocupados em acompanhar tendências e proporcionar o máximo possível de experiências inusitadas para seus clientes, a Barbearia lançou em 2014 uma cerveja de fabricação própria para substituir o chope que era oferecido durante os cortes de cabelo. Além disso, inauguraram o primeiro Barber Truck, inspirado nos famosos Food Trucks já populares em São Paulo. Um detalhe caso queira visitá-la: a barbearia não aceita cartões de crédito...Cheia de tradição e estilo próprio, como seu bairro de origem. Caso você não tenha nenhuma destas marcas por perto, saber que alguma delas chegaria ao seu bairro seria uma bela notícia, não? Elas colocaram o consumidor no centro do que fazem e criaram experiências relevantes para sua vida. O Ritz é mais que um restaurante, é um local descontraído para pessoas descoladas. A Livraria da Vila vai além de vender livros, estimula a troca intelectual entre as pessoas. A Barbearia 9 de Julho não é somente sobre corte e barba, é uma pausa com estilo em meio a vida corrida de São Paulo. Quanto mais cresceram, mais elas cuidaram de suas marcas, mantendo sempre o mesmo propósito e o espírito de seu bairro de origem em tudo que fazem. Aliás, este é o segredo do sucesso de qualquer marca, não só daquelas de bairro: entender que sua originalidade vem de sua origem. Pode reparar. 61 62 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 63 64 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Se essa rua fosse minha eu mandava segmentar POR FELIPE VALÉRIO | ELAINE BAIO | PAULA CAMARÃO Vara telescópica de carbono. Fogão de doze bocas. Balaclava dryfit. Ânfora de porcelana esmaltada. Quadriciclo com roda de alumínio fundido. Brunitor ágata para douração. Tambor djembe de fibra de vidro. Se algum dia você precisou encontrar algum desses produtos, anote a dica: as ruas temáticas de São Paulo são o melhor caminho. De acordo com a São Paulo Turismo, empresa de turismo e eventos da cidade, existem aproximadamente 60 ruas temáticas em São Paulo, trabalhando em mais de 50 segmentos. Desde os lustres multicoloridos da Rua da Consolação aos instrumentos musicais para todos os gostos (e sopros) da Rua Teodoro Sampaio, as ruas temáticas de São Paulo são a pura manifestação de uma cidade que vive um mundo de possibilidades. Essas ruas não apenas se fortalecem pela identidade do bairro em que estão (ou alguém duvida que a melhor alga para sushi está lá na Liberdade?), mas também ajudam a construir uma experiência de compra em que o consumidor tem o poder. Isso acontece porque, para quem compra, as ruas temáticas entregam algo muito valioso: alternativa. Se alguma loja não lhe atendeu, seja pelos produtos, preço ou atendimento, você só precisa caminhar alguns passos e entrar na loja ao lado. Fácil e rápido assim. Mas o que explica esse movimento? Talvez você já tenha parado para pensar por que frequentemente encontramos dois postos de gasolina um em frente ao outro. Intrigante, não? Essa escolha de localização pode nos parecer estranha, pois tendemos a pensar que eles lucrariam mais caso se distanciassem geograficamente em vez de brigar pelos mesmos consumidores. O economista Harold Hotelling pensava diferente. Segundo ele, é mais vantajoso para dois comerciantes que atendem a uma mesma região ficarem juntos do que separados. Vamos explicar. Imagine dois sorveteiros com seus carrinhos dividindo os clientes de uma praia. Considerando que o produto e o preço dos dois sorveteiros sejam equivalentes, os consumidores sempre optarão pelo carrinho mais próximo. Logo, cada sorveteiro vai querer posicionar seu carrinho no melhor ponto, de modo a atrair o maior número de consumidores para si. O problema é que os dois vão tentar fazer isso. Na disputa pelo melhor lugar, o ponto de equilíbrio para os sorveteiros é um ao lado do outro, bem no centro da praia. Isso porque, nesse ponto, ambos maximizam o número de consumidores que podem atender, considerando a concorrência com o outro. Juntos e no centro cada sorveteiro atende a 50% do mercado, um atraindo os consumidores do norte e o outro os do sul. Essa é a melhor divisão possível para os dois. Esse fenômeno de aproximação da oferta, entretanto, não é só geográfico, mas também de produto. Hotelling defende que os negócios com frequência procuram apelar para o “consumidor médio” e acabam oferecendo produtos muito similares na tentativa de conquistar o maior número de consumidores possível. Um exemplo disso é a programação dos jornais da TV. Os diversos canais competem por atenção e acabam > SE ESSA RUA FOSSE MINHA 65 66 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br escolhendo histórias que parecem relevantes para a maioria das pessoas. O resultado é que assistimos sempre às mesmas notícias e nunca iremos saber pelo jornal que, por exemplo, a moda agora é dar indiretas para o seu vizinho pelo nome da sua rede wi-fi. Sem saber disso, talvez você nunca pensasse que a rede sua_musica_e_ irritante_ap61 poderia ser para você. A experiência de criar experiência A lógica “se todo mundo vende a mesma coisa, eu vou acabar vendendo também” não faz tanto sentido quando pensamos em branding e construção de valor para as marcas. Talvez o maior risco para a gestão das marcas em ruas especializadas seja aceitar a comoditização da experiência. Para lidar com a concentração da concorrência e a similaridade da oferta, as lojas especializadas têm nas mãos a chance de se diferenciarem pela experiência. Pense assim: uma coisa é todo mundo começar a vender tambores djembe. Outra coisa bem diferente é o atendente da sua loja ser um tocador profissional desse tipo de > SE ESSA RUA FOSSE MINHA tambor. Em qual loja você acha que o seu cliente gostaria de estar? A experiência passa também pela restauração da própria rua. A Rua João Cachoeira, por exemplo, investiu em um novo projeto de arquitetura – que considerou desde o enterramento da fiação à padronização das calçadas. De acordo com um levantamento feito pela Associação de Lojistas da João Cachoeira, as vendas em dezembro de 2003, período em que a rua já havia sido revitalizada, cresceram 19,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior. E para quem pensa que as ruas temáticas são sinônimo de produtos populares, a Oscar Freire, especializada no consumo de moda de luxo, e a Avenida Europa, atuante desde a década de 30 no segmento de carros e motos de alta performance, mostram que o comércio especializado tem seu lugar garantido também entre consumidores de alta renda. Para que sua marca não fique na mão, separamos algumas dicas que podem fazer toda a diferença entre uma calçada e outra. Três dicas de sobrevivência para marcas em ruas especializadas 1. A EXPERIÊNCIA É SUA MELHOR AMIGA O problema não é vender produtos parecidos, mas fazer isso de um jeito parecido. Crie uma experiência que só você tem. Você já pensou que quando uma noiva prova um vestido ela já está dizendo o primeiro “sim”? Ou que aquele adolescente comprando uma guitarra só precisa ver alguém solando nela para ter certeza de que é a certa? Coloque-se no lugar de quem se relaciona com a sua marca. Só assim você consegue entregar mais do que uma simples vitrine. 2. RESPONDA O QUE NINGUÉM CONSEGUE RESPONDER Para o cliente, ruas especializadas são feitas de lojas especializadas que são feitas de equipes especializadas. Ou seja, se ele perguntar sobre a temperatura exata da chama daquele fogão industrial ou o ângulo da chapa do fogão, responda sem gaguejar. E se puder dar aquela dica que não está no manual, aí o amor é para sempre. 3. ABRACE O DIGITAL Uma coisa é não ter o investimento em comunicação das marcas grandes. Outra bem diferente é achar que sem isso não é possível comunicar. Abrace o digital e comece a conversa antes da loja. Seja mostrando seus produtos de um jeito mais inspirador ou contando algo de especial que a sua marca está colocando em prática, use a mensagem a seu favor. 67 68 > BEST BAIRRO BRANDS 69 www.interbrandsp.com.br PERGUNTAMOS PARA A NOSSA EQUIPE DA INTERBRAND QUAIS AS 5 RUAS TEMÁTICAS QUE NINGUÉM PODERIA DEIXAR DE CONHECER. DEPOIS DE MUITA DISCUSSÃO (E ALGUMAS AMIZADES PERDIDAS), CHEGAMOS A ESTAS AQUI: RUAS TEMÁTICAS DE SP Rua das noivas R. São Caetano Pensando em casar? É na Rua São Caetano, no bairro da Luz, que você precisa estar. A rua não só tem tudo para casamentos (e isso inclui aquele véu quilométrico ou aquela tiara que você sonhou desde criança), mas também atendentes superexperientes na arte de tranquilizar noivas neuróticas - com direito a caixa de lencinho sempre à mão. Rua da música R. Teodoro Sampaio Solte a cabeleira, coloque sua camiseta de banda preferida e dê um mosh na Rua Teodoro Sampaio. É lá que estão as melhores lojas de instrumentos musicais, que vendem desde aquela flauta doce que toda escola pedia à pedaleira que o Andreas Kisser usa para furar os tímpanos dos fãs. Tudo com a ajuda de vendedores que conhecem (e vivem) a música na prática. Ah! Uma dica para não largarem você falando sozinho: nunca teste uma guitarra tocando Stairway to Heaven ou Smoke on the Water (a não ser que você seja os próprios Jimmy ou Ritchie). Rua dos __________________ (preencha o que vier à cabeça) R. 25 de Março A Rua 25 de Março nunca poderia ficar de fora da nossa preferência. Deixando de lado os apelidos de “formigueiro humano” e “rua do empurra-empurra”, é lá que estão, literalmente grudadas umas às outras, as melhores lojinhas de armarinho, tecidos, bijuterias e outras coisas que só chegando perto para entender. Uma dica que funciona como canja de galinha é: vá com tempo e paciência; a 25 de Março é para os fortes de coração (e pernas). Rua dos artigos militares Av. Tiradentes Não estranhe se você entrar em uma das lojas militares da Avenida Tiradentes e se sentir intimidado. Afinal, não é todo dia que a gente se vê no meio de coldres para pistola, coletes calibre 12, facas com bússola, cotoveleiras táticas, algemas de tornozelo, rifle de pressão e, acredite, um cardápio completo de ração militar. A nossa dica aqui é: independentemente do uso que você quer para aquela algema, guarde essa informação para você. Ruas da fotografia R. 7 de Abril R. Conselheiro Crispiniano Seja na Rua 7 de Abril ou na Rua Conselheiro Crispiniano, suas fotos estão em boas mãos. É lá que você encontra, entre flashes, tripés, lentes, filtros e fotômetros, vendedores apaixonados pela arte. E se você estiver cheio de dúvidas se casa ou compra uma câmera, fique tranquilo: os melhores conselhos estão lá. PRA QUEM NÃO DÁ NÓ EM 70 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br > ENTREVISTA | MAURÍCIO SCHUARTZ 71 A gente quer comida, diversão e arte POR FELIPE VALÉRIO | CAMILLA COSSERMELLI Imagine só: um espaço ao ar livre onde pessoas comem, conversam e veem sua comida sendo preparada pelos chefs mais descolados da cidade. Imagine só. O Butantan Food Park. Apesar de recente, já ganhou seu espaço no coração e na agenda dos paulistanos. Não apenas pelos sabores ricos e variados (sim, são muitos), mas também pela envolvente atmosfera do lugar. Maurício Schuartz, sócio da KQi Produções e co-fundador, contou um pouco sobre como tudo começou e sobre os desafios de encher barriga de criaturas urbanas. Viva o convívio, viva o sabor, viva o asfalto e a comida de caminhão. Interbrand: Como nasceu a ideia do Butantan Food Park? O Butantan Food Park é uma continuação de uma série de projetos de comida de rua que realizamos. Tudo começou há três anos com o Chefs na Rua, projeto que contempla a parte de alimentação da Virada Cultural e que levamos 20 chefs famosos para servir seus carroschefes na rua, a preços acessíveis. Mais tarde, há um ano e meio, foi criada a Feirinha Gastronômica, com o intuito de atender a demanda do público na procura pela comida de rua. O projeto deu tão certo que decidimos criar o Butantan Food Park, uma praça de alimentação moderna e urbana, a céu aberto, onde food trucks, bikes, vans e trailers dividem espaço com barracas de comida e que fica aberto todos os dias. Interbrand: Qual o processo de seleção / curadoria para os trucks que participam do espaço? Para participar do espaço, é necessário fazer uma inscrição pelo nosso site www.butantanfoodpark.com.br e preencher a ficha. A curadoria recebe o material, analisa, e chama o candidato para uma conversa e degustação. A partir daí, ele está apto a participar do Butantan Food Park. Interbrand: Existem prérequisitos para se ter um food truck? Quais são? Para estacionar o food truck no Butantan Food Park é necessário Atestado de Saúde Ocupacional e curso de Boas Práticas em Manipulação de alimentos para todos os funcionários. Interbrand: Por que foi escolhido o bairro do Butantan? Como as pessoas do bairro reagiram à iniciativa? O bairro do Butantã é super importante para a história da cidade, porém muito pouco explorado. A aceitação do público foi ótima e, hoje, recebemos cerca de 6 mil pessoas por dia aos finais de semana. Interbrand: Quais os principais diferenciais dos food trucks em relação aos restaurantes tradicionais? Nos food trucks, os chefs tem possibilidade de conversar com o cliente, de assistir à reação dele enquanto prova a primeira mordida do prato e ouvir o feedback. É uma relação amigável e construtiva. Interbrand: Na opinião de vocês, quais motivos levam os paulistanos a aceitar tão bem o conceito de comida de rua? A aceitação da comida de rua pelo paulistano vem de um processo da sociedade conviver mais, viver ao ar livre, explorar a rua. O paulistano é carente de programas diurnos, ao ar livre, e o Butantan Food Park se apresenta como uma ótima opção. Interbrand: Quais os maiores desafios para manter o Butantã Food Park? Existem planos para expandir o conceito para outros bairros/cidades? O Butantan Food Park tem uma agenda diária que muda sempre, e um dos maiores desafios é manter sempre as novidades na programação. Interbrand: Há pouco tempo foi divulgada uma ação entre o Butantan Food Park e a Microsoft. Como vocês enxergam a participação das grandes marcas em iniciativas que nascem de forma mais independente? As grandes marcas estão encontrando meios mais pessoais de estar em contato com seu público. E nenhum lugar melhor que a comida de rua, que tem justamente essa característica: a proximidade. Interbrand: Vocês conseguem nos passar números/curiosidades do Butantan Food Park? O Butantan Food Park recebe uma média de 20 mil pessoas por semana. Só aos domingos, são cerca de 7 mil. Temos cerca de 13 barracas e 12 trucks às sextasfeiras e sábados. Aos domingos, o número aumenta e chegamos em 42 participantes. Quintas e sextasfeiras abrigam o happy hour, com cervejas artesanais e vinhos. 72 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br 73 lá em Moema, tupi é top 76 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br gostaria de ter na sua personalidade ou porque ela tem uma arquitetura que você adoraria ter em casa. Para entender como isso funciona na prática, conversamos com Fabiano Aurélio, um dos sócios do Rubi Wine Bar e Facundo Guerra, dono do Riviera Bar. O Rubi Wine foi construído recentemente, mas imita antigos bares informais de vinhos. Enquanto o Riviera, ícone dos anos 1970 e point dos artistas da época, ainda mantém o estilo de seus tempos áureos desde a reabertura, ano passado. Casa é casa. Lar é mais POR CAMILA PAPIN | FABIO BRAZIL | FERNANDA LEITE Espaço fala. Vinho acompanha Tijolos característicos na parede, garrafas expostas e mesas com um sofá confortável para se tomar um “A premissa para se acreditar na importância da arquitetura é a noção de que somos, queiramos ou não, pessoas diferentes em lugares diferentes e a convicção de que cabe à arquitetura deixar bem claro para nós quem poderíamos idealmente ser.” Alain de Botton Arquitetura da Felicidade Tempo vai, tempo vem, mas a essência de um bairro fica. Não apenas fica. Ela entra. Dentro dos espaços que fazem um bairro: padarias, bares e casas. É arquitetura e design dando vida à essa identidade de bairro. Como se não bastasse ter escolhido morar naquele bairro, a gente insiste em fazer tudo por ali. É barbeiro, feijoada, padaria, sapateiro. É que não escolhemos morar ali à toa. Nos identificamos com aqueles espaços, culturalmente e emocionalmente. Quando esses elementos que nos movem estão presentes nas lojas, restaurantes e negócios da região, uma marca de bairro se torna, sim, irresistível. Esse bairro sou eu Dizem que a gente decora a nossa casa com coisas que nos ajudam a reconhecer quem somos. Então, podemos dizer que ir a essas lojinhas e restaurantes de bairro também são um jeito de lembrar da nossa identidade. Já que, sim, a arte das marcas de bairro é nos fazer se sentir em casa quando fora de casa. É um refúgio. Não apenas físico, mas também psicológico. Seja porque a loja tem elementos que você “O RIVIERA É TÃO VIVO E CHEIO DE ALMA QUANTO QUEM O FREQUENTA.” > CASA É CASA vinho, oferecido pelos próprios donos, que super entendem do assunto. Cores fortes, teto escuro e boa música completam o ambiente acolhedor e intimista do Rubi Wine Bar. O bar foi construído com material reaproveitado de uma antiga e interiorana casinha demolida. As luminárias são garrafas de vinho reformadas e finalizadas na mão dos antigos sócios idealizadores do projeto. De acordo com Fabiano Aurélio, “o que os clientes mais comentam é o ambiente muito aconchegante e integrado com o vinho. Conheço muitos lugares aqui e no exterior, mas poucos são tão simples e ao mesmo tempo sofisticado, com visual que lembram taberna e bar de tapas.” 77 That 70’s Glow O Riviera tem dois andares. No térreo, o bar, com o famoso balcão vermelho reconstruído. Subindo a escada, que tem o mesmo piso do seus áureos anos 70, chega-se ao primeiro pavimento, com mesas iluminadas por luzes indiretas na parede curva que delimita todo o andar. Velas nas mesas criam o ar intimista, mas ao mesmo tempo percebe-se um local cheio de energia e com uma bela vista para a Avenida Paulista e os grafites que levam ao túnel de acesso. A frequência dos artistas dos anos 70 talvez tenha despertado o mesmo sentimento hoje – o Riviera continua point de gente descolada a executivos vindos da região. 78 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br ENTREVISTA | FACUNDO GUERRA Interbrand: Você considera importante a ambientação para um espaço comercial, por exemplo? Depende. Existem lugares onde o produto é tão incrível que não importa a arquitetura ou a decoração. Em outros, a decoração é mais importante do que o produto oferecido. E existem aqueles lugares em que o espaço estraga a experiência do produto. Ultimamente tenho acreditado que menos é mais: primeiro deve-se pensar na função, “ULTIMAMENTE TENHO ACREDITADO QUE MENOS É MAIS: PRIMEIRO DEVE-SE PENSAR NA FUNÇÃO, E QUE DELA APAREÇA A FORMA” “ULTIMAMENTE e que dela apareça a forma. Interbrand: Você acha que esse ambiente tem que ser único, inspirador ou ele pode ser apenas o mais conveniente ao serviço? Mais uma vez, depende do serviço. Às vezes é melhor não mexer muito no espaço e deixar a pátina da antiga função ali. Acho que nós, criadores de espaços, precisamos nos esforçar para eliminar as frescuras, as artificialidades, aquilo que não soma ao produto final. Tenho sido mais a favor da ocupação de um determinado espaço, com investimento em infraestrutura, do que na tentativa sempre mentirosa da restauração, da > CASA É CASA 79 emulação de um estilo ou época. Interbrand: Seus projetos estão todos localizados na rua, e não em shoppings centers, por exemplo. Você abriria algum negócio em espaços mais limitados em relação a espaço e marca? Não. Eu acredito na rua como espaço de socialização, não essas caixas climatizadas onde a única intenção é te empurrar algo que você não precisa e criar desejos que você não tem. Odeio os shoppings. Interbrand: O cliente repara ou comenta sobre o espaço nos seus projetos ? Sim, eu vendo álcool superfaturado e pra isso tenho de encontrar uma razão para criar esse delta de preço. No final das contas, seja ambiente ou programação, tudo é montado com esse fim: vender mais álcool, mais caro. Então nos preocupamos sim com o ambiente e acredito que as pessoas reparem nisso. Interbrand: Seus projetos levam muito em conta a questão do espaço e a representação disso pra memória deles ou para a realidade das pessoas que a frequentam. Isso é um partido de projeto ou é uma consequência do que vai surgindo na implementação da ideia? Grande parte das vezes, um partido. Se estou construindo uma narrativa, é muito mais fácil fazer isso a partir de uma história que já foi contada. O recorte é mais rápido, mais fácil, e uma boa pesquisa elimina boa parte do trabalho de criação. No entanto, a armadilha está em se criar um simulacro, uma reprodução disneyana de um espaço. Olhamos para o passado, extraímos sua essência, e o redimensionamos no presente. Sem isso o projeto ficaria temático, e o resultado é triste. Interbrand: O Riviera é um espaço que já existiu e foi reaberto, e tinha espaço e localização bem marcantes na época. Essa questão de já ter uma memória tornou mais fácil a interpretação do novo projeto feito por você? Sim, um bom trabalho de pesquisa, que contratamos de uma jornalista, já nos deu todos os partidos e os pressupostos. A partir daí, atualizamos aquela proposta para a São Paulo dos anos 2010 e ela acabou por se conectar não só com os antigos frequentadores, mas com as gerações que os sucederam. décadas de 1960 e 1970. Mas o Riviera é uma personagem. Foi um burguês decadente no final dos 1950, se politizou nos 1960 e 1970, desbundou nos 1980, decaiu e morreu entre 1990 e 2000. O Riviera é tão vivo e cheio de alma quanto quem o frequenta. Interbrand: Hoje o Riviera é frequentado por diferentes pessoas de diferentes regiões de São Paulo. Sempre foi assim? O Riviera sempre foi um cartão postal paulistano. Frequentado por todos aqueles curiosos que queriam respirar ares de uma liberdade, ainda que festiva e etílica, no meio da repressão das Interbrand: A maioria dos clientes hoje é da região do bar? Não. Gente de toda São Paulo e do Brasil vem pra conhecer o bar, um pouco por causa da sua história, um pouco por ele ter por sócio o Alex Atala. Interbrand: Você poderia contar um pouco sobre a sua experiência na criação de projetos tão marcantes? Seja ele um projeto novinho em folha, que não tem essa referência antiga como o Riviera, ou até esse resgate tão importante que o Bar Riviera já foi para o bairro, tanto como ambiente tanto como marca, criar esses espaços é algo muito forte. Você lida com pulsões de vida e morte o tempo todo. Muitos já se conheceram dentro dos meus espaços e fora dali tiveram crias, muitos se separam dentro de um clube meu, alguns morreram saindo de lá, embriagados atrás do volante. Está aí o meu maior tesão: criar palcos para os dramas humanos. São aquários planejados e reduzem a dimensão humana a fluxos. No fundo, um arquiteto, um 82 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br Marcas de bairro: Um toque de realidade na ficção POR TATA SCARONI Nós adoramos histórias. Eu, você e todo mundo que vive neste planeta. E tão gostoso como ouvir as histórias pela boca de quem sabe contá-las é descobrir que elas são reais ou carregam em si elementos da realidade. “Histórias são a tradução criativa da vida como ela é, de um jeito mais poderoso e explícito, em uma experiência única.” Robert McKee Essa impressão da verdade que algumas obras da ficção conseguem despertar em quem as interpreta se baseia no conceito da verossimilhança. Calma, é mais fácil do que parece: “vero” significa verdadeiro; “símil”, semelhante. Ou seja, é o uso de elementos que pareçam reais e convençam o espectador de que a história é verdadeira. E por que é tão importante? Bom, isso não apenas aproxima quem recebe a mensagem de quem a conta (e isso é extremamente valioso) como também desperta interesse para o conteúdo do que o autor quer passar, tanto em níveis mais claros de entendimento, ou seja, o que está literalmente representado na obra, quanto as submensagens menos explícitas. Uma forma de manter essa proximidade com o universo individual é criar ambientes que pareçam comuns ao espectador, lugares com os quais as pessoas criem conexões emocionais, para assim desenvolver uma narrativa ficcional – mesmo que a história seja surreal. Vamos imaginar uma marca de bairro que poderia estar em algum seriado qualquer: um café da vizinhança, por exemplo. É um cenário em que quase todas as pessoas conhecem e se identificam por situações reais cotidianas. A partir daí, qualquer coisa pode acontecer nesse café. Um grupo de amigos sentados no sofá conversando sobre os problemas da vida ou planos para o futuro. Até que uma das amigas do grupo conhece o amor da sua vida na mesa ao lado. Quem não gostaria de conhecer mais (ou até viver) essa história? Além de gerar identificação com lugares que o público já conhece, aproximando o contexto do espectador, as marcas de bairro da ficção servem como um hub para unir as tramas e personagens do enredo. Por ser um ambiente comum a muitas pessoas, é lá que se cruzam e se desenvolvem as melhores histórias. Não é à toa que essas marcas conquistam o carinho dos telespectadores e se tornam tão especiais na memória de quem se relaciona com elas. E para mostrar que a gente acredita nisso de verdade, separamos algumas marcas de bairro da ficção que a gente adoraria que fizessem parte dos nossos bairros: Central Perk Quem não se lembra do lendário sofá do Central Perk? O café era um símbolo da série Friends e servia como pano de fundo para diversas histórias dos seis personagens principais – Rachel, Ross, Monica, Chandler, Phoebe e Joey. O café da ficção fez tanto sucesso que acabou ganhando um espaço fora da ficção. O Central Perk da vida real funcionou por um mês na cidade de Nova York e foi parte de uma série de ações comemorativas em homenagem aos 20 anos da série. Uma curiosidade: o set do Central Perk era um dos únicos com rua asfaltada. É assim que garantiam um som mais real nas cenas externas. Bar do Moe O Bar do Moe não apenas é a segunda casa (ou seria a primeira?) do Homer Simpson, o cara mais > REALIDADE X FICÇÃO legal do planeta, como também é o ambiente perfeito para os desabafos dos personagens da série. O segredo? É um bar simples e democrático. Pouco importa se você é policial, trabalha numa usina nuclear, se é indiano, branco ou amarelo (ou alguém como o Bart, 83 da série A Grande Família? O personagem e sua pastelaria foram um dos poucos elementos secundários que se mantiveram presentes durante todas as 14 temporadas da série. A série também acertou ao colocar a marca como parte da história dos seus “ÁLCOOL. A CAUSA E A SOLUÇÃO DE TODOS OS PROBLEMAS”. Homer Simpson, frequentador do Bar do Moe que adora passar um trote por telefone). Todo mundo conhece o dono e sabe que é só chegar quando precisar afogar as mágoas, fugir de suas rotinas, bater um papo com os amigos e tomar uma boa gelada ou, no caso, uma boa Duff. Pastelaria do Beiçola Quem nunca teve vontade de provar o pastel do Abelardo, ou Beiçola, como é conhecido o dono da pastelaria de bairro mais divertida personagens. Foi na pastelaria do Beiçola que a Dona Nenê começou a trabalhar em um momento de dificuldade e, a partir daí, construir uma carreira como chefe de cozinha. Outra característica que a Pastelaria do Beiçola tem em comum com as marcas de bairro reais é a hereditariedade: o mesmo lugar em que o Lineu joga sinuca, seu genro Agostinho bebe cerveja e seu neto Florianinho come pastel. 84 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br A curiosidade fez carinho no gato também. Os melhores bairros para morar são aqueles em que você tem a possibilidade de descobrir as coisas sem precisar do carro. Eu sempre morei em bairros assim. Você consegue ir ao banco a pé, tem uma padaria perto, uma sorveteria, um barzinho, um açougue do lado. Eu gosto do bairro em que você tem possibilidade de caminhar para resolver as coisas do dia a dia. ENTREVISTA | MARCELO DUARTE POR FELIPE VALÉRIO Interbrand: O que as grandes marcas têm a aprender com as marcas de bairro? As grandes marcas não têm a figura de um dono, de um funcionário que conhece os clientes pelo nome. Não tem aquela coisa bacana do cara que viu você crescer, que sabe o nome do seu filho quando você vai lá. Isso é uma coisa que todo mundo valoriza. E com essa coisa de globalização todo tipo de serviço parece igual. Quando eu li a primeira edição do Guia dos curiosos, do Marcelo Duarte, pensei: eu acho que esse cara tem o melhor emprego do mundo. Quando, alguns anos depois, ele lançou uma edição especial com curiosidades sobre sexo, eu tive certeza disso. Brincadeiras à parte, Marcelo Duarte é um curioso profissional. Não só garimpa os maiores achados do mundo como se preocupa com a história por trás de cada descoberta. Um dos seus livros, Os endereços curiosos de São Paulo, junta mil lugares inusitados da cidade – motivo mais do que suficiente para a gente bater um papo com ele. Interbrand: Você tem um bairro do coração? O meu bairro do coração é Pinheiros, que foi o bairro onde nasci, vivi minha infância, estudei, onde eu tenho meu escritório, onde meus pais moram. É o bairro em que me sinto mais em casa. Mas até pelo meu trabalho, circulo por muitos bairros e acabo tendo carinho por vários. Eu diria que sou quase um Waze da cidade, conheço vários atalhos. Adoro a Mooca, o Ipiranga, Santana, tenho uma relação muito forte com muitos bairros. Interbrand: Consegue lembrar de alguma história curiosa que viveu nesse bairro? Lembro muito da independência de poder ir para todos os lugares sozinho, de ir para o centro de ônibus. Por ser um bairro muito central, eu tinha a possibilidade de ir para onde quisesse. Com 10 anos, meu pai já me deixava muito solto para ir para o centro da cidade, para o cinema. A melhor história que eu tenho do bairro se passou comigo e outro amigo. Eu morava em uma paralela da Teodoro Sampaio e ele morava na própria Teodoro Sampaio. Nós fundamos um clube de futebol chamado Teodoro Sampaio Esporte Clube. Nosso campinho era uma rua sem saída, a Rua Virgílio de Carvalho Pinto, onde a gente treinava. Aos domingos nós jogávamos na Praça do Relógio, na Cidade Universitária. Como ele é palmeirense e eu corintiano, nós tivemos um grande problema na escolha da cor do time. Ele acabou me enganando na época dizendo que a cor verde fazia uma relação com o pinheiro. Foi a única época em que eu usei um uniforme verde e fiquei feliz com um gol do time verde. Interbrand: O que você acha que torna os bairros tão curiosos? As pessoas. É muito legal quando você cresce em um bairro e tem aquele mecânico que atende você há 20 anos, o garçom naquele restaurante específico, o frentista. Quando as pessoas formam uma comunidade no bairro e que atendem você, sempre é muito bacana. Andar a pé Interbrand: Existem bairros mais curiosos do que outros em São Paulo? A verdade é que existem muitos endereços escondidos nos bairros, que muitas vezes as pessoas não sabem. No Ipiranga, por exemplo, existe o Museu da Mágica, superescondido, que as pessoas não veem quando passam pela frente do lugar. As pessoas muitas vezes não sabem que têm uma curiosidade ou algo pitoresco naquele bairro. É engraçado porque o paulistano gosta muito de novidade. A gente percebe que existe uma competição na cidade para você descobrir um lugar primeiro. Se abriu uma sorveteria perto de casa, parece que você está competindo com o seu vizinho para dizer quem foi lá primeiro. Ao mesmo tempo, existe a dificuldade de locomoção dos próprios bairros. Em alguns dias você não consegue chegar onde quer. Muita gente deixa de conhecer coisas importantes porque estão escondidas ou porque o trânsito atrapalha. No fundo, todo mundo adoraria conhecer aquilo que tem de mais diferente em cada bairro. > ENTREVISTA | MARCELO DUARTE 85 86 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br “UM GRANDE ENGANO DAS PESSOAS É ACHAR QUE TÊM TODAS AS INFORMAÇÕES NA PALMA DA MÃO POR CAUSA DO GOOGLE” > ENTREVISTA | MARCELO DUARTE 12 ENDEREÇOS INUSITADOS QUE ESTÃO NO LIVRO OS ENDEREÇOS CURIOSOS DE SÃO PAULO, DE MARCELO DUARTE, PUBLICADO PELA PANDA BOOKS. PERUCAS E BIGODES POSTIÇOS - NILTA PERUCAS Rua Augusta, 2337, Jardins. 3085-9907 e 3086-3108. www.niltaperucas.com.br ALUGUEL DE REALEJO - BATUQUE DO GATO Av. Turmalina, 175, conjunto 82, Aclimação. 5594-7613 e 5071-3248. www.batuquedogato.com.br BOINAS E CHAPÉUS - PLAS Rua Augusta, 724, Jardins. 3257-9919. www.plas.com.br AULAS DE NATAÇÃO PARA CÃES - LAR DOG’S Rua Doutor Bacelar, 870, Vila Clementino. 5071-1792 e 2276-4328. www.mastiff.com.br DENTISTA PARA COELHOS, MACACOS E SAGUIS - ODONTOVET Avenida Magalhães de Castro, 12, Butantã. 3816-2450. www.odontovet.com.br CAIXAS REGISTRADORAS - A NACIONAL REGISTRADORA Rua Barão de Jaguara, 967, Cambuci. 3341-1822. www.anacional.com.br CONTROLE REMOTO - CASA DO CONTROLE REMOTO Rua General Osório, 256, Santa Ifigênia. 3335-5850. www.casadocontroleremoto.com.br RELÓGIOS CUCO - GIUDICE RELOJOEIROS Rua Piratininga, 660, Brás. 3208-9293 Interbrand: Como nasceu a ideia do seu livro Os Endereços Curiosos de São Paulo? A história começou quando eu trabalhava na Veja São Paulo. Inspiramo-nos em uma matéria que saiu na capa da revista New Yorker, com os endereços secretos da cidade. Aí pensamos: “Será que a gente consegue fazer algo assim em São Paulo?”. Eu e o repórter Alfredo Gaia ficamos um mês procurando lugares diferentes e acabamos fazendo uma matéria maravilhosa. Em 1999, já querendo abrir a minha própria editora, decidi fazer o meu próprio livro. Primeiro eu pensei em chamar de Os endereços secretos de São Paulo, mas como as pessoas me conhecem como “curioso”, ficou Os endereços curiosos de São Paulo. O livro acabou fazendo um grande sucesso. É muito útil nas redações de jornal e rádio, onde a produção precisa de coisas diferentes. E muita gente que está no livro diz que é impressionante como é procurada pela imprensa graças ao livro. Virou uma referência. Como eu achava que no ano seguinte me pediriam para fazer de novo, comecei a guardar coisas que iam aparecendo. Se eu lia no jornal “criador de lhamas”, já guardava. Se passava em um lugar diferente, já ficava antenado. Acabaram não me pedindo para repetir a matéria. Mas como eu tenho um espírito de colecionador, continuei guardando as coisas que encontrava. Interbrand: A sensação que a gente tem hoje é que todo mundo tem acesso a todas as informações. Qual é o papel da curiosidade em um mundo onde todos parecem já saber tudo? Esse é um grande engano das pessoas, que acham que têm todas as informações na palma da mão por causa do Google. Se você sabe o que está procurando, consegue encontrar na Internet. Lugar para consertar caneta, por exemplo, você vai achar, mas nunca vai ser surpreendido com algo que não imagina que exista, por exemplo, um hotel para guardar os seus bonsais quando viaja. Os guias mostram que alguém pensou em mil possibilidades de coisas surpreendentes que talvez você não tenha pensando. Na Internet, você precisa saber o que está procurando, a não ser que siga alguém que surpreenda você. Se eu entrar no site e colocar “sorveteria em Perdizes”, vai aparecer, mas se eu não circular ou alguém me falar que abriu uma loja de bolos nova, não vou saber. No meu bairro, por exemplo, eu descobri uma loja especializada em bolos da Catalunha. Um dia eu estava passando em uma rua onde geralmente não entro e vi uma doceria, meio escondida. Acabei entrando, conversei com a moça, descobri um catálogo de bolos catalães e comentei com o meu vizinho espanhol, que hoje é cliente da loja. AGÊNCIA DE DUBLÊS - ACADEMIA DE DUBLÊS ÁGUIAS DE FOGO Rua Francisco Gomes da Costa, 18, Pirituba. 3462-0186 e 3832-1321. www.aguiasdefogo PLACAS DE TRÂNSITO - MENG ENGENHARIA COMÉRCIO E INDÚSTRIA Rua Taguá, 206/208, Liberdade. 3385-5600. www.meng.com.br AULA DE SUMÔ - ESTÁDIO MIE NISHI Avenida Presidente Castelo Branco, 5446, Parque Residencial da Lapa. 3221-5105 AGÊNCIA ESPECIALIZADA EM ANÕES - ESTAÇÃO DAS ARTES Rua Toledo Barbosa, 368, Belenzinho. 2864-6408 e 2157-0970. www.estacaodasartes.art.br OUTROS GUIAS-GUERREIROS Nem sempre é fácil encontrar o que você quer do jeito que quer. Por isso, separamos mais dois guias que mostram o que existe de melhor nos bairros, mas que nem todo mundo sabe. Guia San Pablo Quer descobrir o que pouca gente descobriu? O Guia San Pablo nasceu de um projeto liderado pelo fotógrafo Pablo Saborido, pelo pesquisador Nicolás Linares e pelo coletivo Vapor 324. A ideia (genial) é ir atrás dos melhores achados gastronômicos nos bairros mais tradicionais de São Paulo. Seja no centro ou no Pari, o que existe de melhor está aqui. Guia da culinária ogra - 195 lugares para comer até cair André Barcinski. O guia perfeito para você que quer conhecer os melhores PFs de São Paulo, mas não quer dividir a conta do almoço em seis vezes. 87 vi lá Mariana, cheia de Saúde 90 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br De Dona Onça a Sujinho, naming é pura inspiração FERNANDO ANDREAZI | CAMILLA COSSERMELLI Dona Onça tem um bar. E no Cu do Padre tem outro. Os dois vivem lotados, acredite ou não. Nesse planeta, nessa cidade de São Paulo. Mas aí você se pergunta: de onde vieram esses nomes? Quem é Dona Onça? Onde fica esse tal Cu do Padre? Quem sabe de naming, avisa: curiosidade não mata. Ao contrário, atrai a curiosidade. Calma que vamos explicar. Naming, como o nome já diz, é a área do branding que define o nome das marcas. E não dá pra falar das marcas de bairro sem tocar nesse assunto. Afinal, em termos de naming, muitas marcas de bairro são verdadeiros cases de sucesso. Vamos lá: supondo que alguém te chame para uma noitada no Cu do Padre, qual seria a sua reação? No mínimo, a conversa não pararia por aí. O oficialmente chamado Bar das Batidas – nome que ninguém usa para se referir ao dito cujo – fica atrás da Igreja de Pinheiros. Daí o apelido. Cá entre nós, Cu do Padre diz muito mais sobre seu jeito de ser: bem-humorado, descontraído, sem-vergonha. Seu nome emergiu das profundezas de sua alma de boteco. E deu certo. Mais do que isso, garante um awareness que seu nome oficial jamais atingiria. É que Bar das Batidas tem de monte por aí. Por trás de cada nome bom, uma história melhor ainda Naming é um processo interessante que resume em uma ou poucas palavras a identidade de uma marca. O que está sendo vendido, como é vendido, para quem e por quem, são questões que destacam uma das outras. Tornar esses fatores perceptíveis faz toda a diferença para o sucesso de um nome. Mas o mais interessante sobre naming quando pensamos em marcas de bairro é o quão ingênuo e informal esse processo pode ser. Nada de profundos pensamentos estratégicos e conceitos. Nomes de bairro normalmente são simples, inocentes e, muitas vezes por isso, geniais. Contam histórias que a gente não se cansa de ouvir. O Bar da Dona Onça é um exemplo perfeito disso. Personifica um animal selvagem com o pronome de tratamento “Dona” e cria uma atmosfera fantasiosa, divertida e original. Conversamos com o pessoal do bar e descobrimos que a história verdadeira por trás do nome se explica pelo fato do marido da dona do bar a chamar de Dona Onça, uma singela homenagem ao seu, digamos, delicado temperamento. O nome colou: Bar da Dona Onça. E é bom que seus clientes estejam avisados. Uma boa história também deu nome à cantina Il Sogno Di Anarello, lá da Vila Mariana. Infelizmente, o idealizador e realizador desse sonho, Giovanni Bruno, não está mais com a gente para contar a origem do nome direitinho. Mas descobrimos que Anarello era o seu apelido e que seu sonho sempre foi abrir uma cantina que não funcionasse aos finais de semana. De fato, só em um sonho um restaurante conseguiria se sustentar apenas funcionando em dias de semana. Mas virou realidade. E, de segunda a sexta, funciona até hoje a tal cantina Il Sogno Di Anarello. Escrito assim, em italiano e comprido. Do jeito que o dono sonhou. E você conseguiria imaginar um restaurante chamado Sujinho? À primeira vista, pode parecer autodepreciativo. Mas ao trazer este nome, a marca se posiciona forte e confiante, como quem diz “sou bom do jeito que sou, sabor vem na frente da higiene”. E este nome vai além. Também narra a história e passado da marca. Relembra sua fase na década de 1960, em que sua sede na Rua da Consolação era frequentada por celebridades, prostitutas e figuras controversas da noite paulistana. Todos esses ingredientes, além do sabor incomparável de sua famosa bisteca de boi, fortalecem um nome tão inusitado. São fatores que contribuíram para fazer do Sujinho o que é hoje: uma marca de personalidade forte e comida boa. Claro, de sujinho, não tem mais nada. Nomes que provocam experiências e sensações não são novidade; é o que acontece com a sorveteria Alaska, localizada no Paraíso, há mais de cem anos. Fundada em 1910, a Alaska gera uma conexão direta entre as características de seu produto e a origem de seu nome: o clima gélido do estado do Alasca (EUA) se relaciona à baixa temperatura do sorvete. Ao adotar esse nome, a sorveteria se apropria de características do Estado do Alasca para promover seu produto, sua imagem, sua marca. O que pode ser mais gostoso do que um sorvete à temperatura do Alasca em um tórrido dia de sol? Criar associações positivas é tudo que os namers (pessoas que criam nomes de marcas) mais querem. Foi nisso que a sapataria Casa Tody, na Rua Augusta, decidiu apostar. Conversamos com Vanessa Borger, neta do fundador da loja, o Húngaro André Frank, para tentar entender a história por trás do nome. Segundo ela, em 1953, ano da inauguração da loja (que abriu como uma loja de calçados infantis), o achocolatado Toddy foi lançado. Frank, procurando por um nome que remetesse à infância e crianças, adotou o título Casa Tody para sua sapataria. Uma decisão ingenuamente estratégica para uma marca cheia de história. Deu certo. > NAMING É MUITA INSPIRAÇÃO NOMES DE BAIRRO NORMALMENTE SÃO SIMPLES, INOCENTES E, MUITAS VEZES POR ISSO, GENIAIS. CONTAM HISTÓRIAS QUE A GENTE NÃO SE CANSA DE OUVIR. 91 92 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrand.com.br www.interbrandsp.com.br Marcas de bairro também sabem brincar com palavras em seus nomes. É o caso da lanchonete A Chapa. Ou seria Achapa, tudo junto? Sinceramente, não sabemos. A verdade é que ninguém sabe, mas a pronúncia é tão próxima que a marca já utiliza Achapa, escrito assim mesmo, em materiais oficiais. Mas esse nome tem mais um fator interessante. Ao se auto nomear “A Chapa”, a marca se coloca acima de qualquer outra chapa que se encontra por aí. Assim, a tão falada chapa é colocada como protagonista da marca. É naquela chapa que a mágica acontece, trazendo a cultura da marca de maneira muito clara em seu nome. E tudo graças a uma letrinha: o artigo! Sim, ele muda tudo. Chapa é uma coisa. A Chapa é outra muito melhor. Repare que esse recurso de naming já foi adotado por várias marcas: O Boticário, A Trigueira, Le Lis Blanc (O Lírio Branco, em francês). Legenda Casa Tody Vemos outra jogo de palavras no nome da lanchonete Joakin’s, que leva > NAMING > LORENS É MUITAEGEST INSPIRAÇÃO DONEC esse título graças à rua em que sua primeira e única loja se encontra: Rua Joaquim Floriano (só que escrita do seu próprio jeito). Fora esse jogo, se nota a valorização da localização por si só, não pelo que já havia na região antes da inauguração da lanchonete, mas pela presença da própria marca. É como se o Joakin’s fosse a lanchonete da Joaquim Floriano, lógica similar ao nome A Chapa. Marcas de bairro levam à risca a premissa “o cliente tem sempre razão”. Tanto é que, como já vimos, muitas chegam a adotar o nome popular (ou seja, o nome que a clientela escolheu) como nome oficial. O restaurante Filé do Moraes nasceu do jeito que os clientes se referiam ao restaurante: “vou lá fazer uma boquinha no filé do Moraes”. Pronto, pegou. E assim o carro-chefe da casa virou marca, e virou nome. De novo, mostra que não é qualquer filé – é o Filé do Moraes! Mesmo quem nem conhece o Moraes vai querer provar o filé preparado por 93 ele. Pensamos: “esse tal de Moraes deve saber o que está fazendo”. É um posicionamento confiante da marca que se destaca de seus concorrentes. Este nome nos faz imaginar o Moraes preparando aquele filé, batendo, temperando, fritando... Vemos que a história por trás daquele filé, daquela marca, é contada por seu nome. Ouvir a clientela é algo que as marcas globais estão tentando aprender com as menores. A colossal rede de restaurantes fast-food não apenas tem seu nome reconhecido de Tóquio ao Texas, mas ainda o valoriza quase que religiosamente ao inserir o prefixo “Mc” no início do nome de quase todos os produtos. Mas, quem diria, o bom e velho Mc resolveu abrir mão de seu nome. Durante o mês de Janeiro do ano passado, o McDonald’s da Austrália adotou o nome “Macca’s” em selecionados restaurantes através do país, em homenagem ao Dia da Austrália, no mesmo mês. O novo nome é um apelido popular da marca na Austrália. Agora, você me diz: o 94 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br COMO TRADUZIR E RESUMIR A FILOSOFIA DE UMA MARCA, SEUS VALORES, SUAS CRENÇAS E SONHOS EM UMA OU DUAS PALAVRAS? NAMING É SIMPLESMENTE EXTRAORDINÁRIO. que leva uma marca de proporções monstruosas a modificar seu nome tão consolidado em nome de apenas uma fatia de seu público consumidor? Tudo se explica porque chegamos ao que chamamos na Interbrand de Era do Eu. Hoje, as marcas priorizam, acima de tudo, o consumidor como indivíduo, não como número. O consumidor-pessoa está no centro, podendo influenciar em fatores decisivos de marca. No caso do McDonald’s, até o nome da megaempresa precisa estar atento aos desejos e vontades do consumidor. Mais interessante do que isso, ainda, é perceber que, enquanto gigantescas como McDonald’s demoram anos para aderir esse conceito, marcas de bairro já adotavam essa filosofia desde sempre, quase que essencialmente e, encantadoramente, de forma inconsciente. Para elas, escutar seus apaixonados e fiéis consumidores sempre foi uma obrigação. Até quando o assunto é a escolha do nome. Pra finalizar o pensamento de naming, um ponto importante: diferenciação. Poderia um nome contribuir para a difícil missão de diferenciar uma marca da concorrência? Ah, se pode. O exemplo da pizzaria Camelo ilustra isso muito bem. Em meio a tantas pizzarias e cantinas com nomes em italiano – como Il Sogno Di Anarello – uma das mais famosas se chama Camelo, nome que não tem nada a ver com Itália ou pizza. Acontece que, antes de se especializar em pizzas, a Camelo oferecia um cardápio predominantemente de pratos árabes. Foi aí que a relação entre árabe, deserto e camelo rendeu o nome desse restaurante. Quando entraram no ramo das pizzas, mantiveram o nome – o que acabou sendo conveniente, no fim das contas. Assim. Inocente. Quando olhamos para as marcas de bairros e seus nomes, percebemos o jeito destemido, sem amarras, muitas vezes ingênuo e bem-humorado em que pensaram seus negócios e suas marcas. Construíram um mundo de histórias e experiências únicas, em cantinhos só delas. Inovaram sem perceber, surpreenderam sem fazer alarde. Como traduzir e resumir a filosofia de uma marca, seus valores, suas crenças e sonhos em uma, duas palavras em um pedaço de papel? Naming é simplesmente extraordinário. O bonito é perceber que não envolve apenas palavras – nunca são apenas palavras. 95 96 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br > CRÔNICA | PABLO SABORIDO Boa vizinhança CRÔNICA E FOTOS | POR PABLO SABORIDO Ibrahim, dono do Al Soltan Marcelo, da Mercearia Man Bok espanhol. Mas com senhas e gestos simpáticos explica para que serve cada produto do mercado. Trazendo consigo tradições e hábitos coreanos que não podem nem devem ser esquecidos. Cheiro de bolacha entrando pelo nariz e por todos os neurônios. É o que você sente quando chega ao Pari pelo meu caminho tradicional, descendo no metrô Armênia. Se for um domingo, logo depois desse cheiro você entra em uma feira que o faz esquecer São Paulo e o coloca na Bolívia. Essa feira, nesse lugar, deixa claro que nesse bairro tem uma grande colônia boliviana. Cabeleireiros, com desenhos feitos à mão que ilustram os cortes de cabelo. Alguns com álbuns de fotos de festas populares onde você se procura. Barracas de empanadas e pratos típicos. Isso é só a entrada do bairro do Pari. Por trás de tudo isso se encontra uma comunidade muito mais low profile. A dos coreanos. Os maiores símbolos deles no bairro são imensas igrejas coreanas cristãs – talvez evangélicas, não sei. Elas convivem tranquilamente com as mesquitas dos libaneses. O Pari conseguiu, em cem metros, uma sensação de harmonia que a humanidade não atingiu em séculos. Dentro desse contexto, descobri lugares maravilhosos para comer. Sou atendido pelos frequentadores das mesquitas, da feira boliviana e das igrejas coreanas. Existe um mercado coreano com uma diversidade de produtos desconhecidos para mim. Coisas para cozinhar, preparar chás e utensílios para o lar que são maravilhosos. Tem até pantufas ortopédicas. Panelas de cerâmica e bebidas alcoólicas indecifráveis. Foi um desafio poder circular livremente dentro desse mercado. O proprietário cada vez me perguntava o que eu estava procurando. Tive de comprar uma infinidade de chás, tipos de mel estranhos e quilos e quilos de bolacha de gergelim para ele ficar à vontade com minha presença. Num desses dias, fui pagar e, na hora que abri a carteira, ele viu aparecer timidamente meu RNE, Registo Nacional de Estrangeiro. Eu fui mais dez vezes ao mercado para tentar conhecer o coreano. E aí ele era meu conterrâneo. ** Pela primeira vez ele me fez uma pergunta. “Você é estrangeiro também?” E eu respondi “sim, sou da Argentina”. Eu já tinha percebido que ele tinha um sotaque hispano e perguntei: “Você já morou em um país hispano?”. Ele respondeu: “En realidad, yo soy porteño”. ** No canto mais escondido do Pari existe uma família coreana argentina que migrou para o Brasil há mais de uma década e preserva tradições familiares com o leve sotaque de Buenos Aires. O pai do Marcelo, El Porteño, não fala português nem Na hora que eu entro em lugares como esse mercado ou como os restaurantes do bairro, eu sinto que não estou simplesmente comprando algo ou experimentando uma receita. Eu estou vivenciando uma tradição familiar, um ato social de confraternização e de compartilhamento de culturas. Tem também o Ibrahim, dono do Al Soltan. Ele é cristão, mas no restaurante dele não se serve álcool. Grande parte da comunidade libanesa que frequenta o lugar é muçulmana, e por respeito a eles não é possível consumir bebidas ali. A tolerância do Pari é um fragmento da grande virtude que eu vejo na cidade que escolhi como minha. “O PARI CONSEGUIU EM CEM METROS O QUE A HUMANIDADE NÃO ATINGIU EM SÉCULOS” Pablo Saborido, fotógrafo, é argentino da Patagônia e virou paulistano por amor à cidade. Ele é um dos autores do Guia San Pablo, “o melhor guia de restaurantes do mundo”, que está em sua terceira edição. Já falou de casas latinas no centro, dos lugares secretos do Pari e do Kintarô, um bar japonês na Liberdade cujos donos são lutadores de sumô. 97 de onde vem tudo ixto? De lá da Benedito Calixto! 100 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br O de cima sobe e o de baixo desce ANTES POR ELAINE BAIO | LUCAS MACHADO | PAULA CAMARÃO | DANIELA KLEPACZ “(...) GENTRIFICAÇÃO É O PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DO VALOR IMOBILIÁRIO E DE REVITALIZAÇÃO DE REGIÃO CENTRAL DA CIDADE APÓS PERÍODO DE DEGRADAÇÃO; ENOBRECIMENTO DE LOCAIS ANTERIORMENTE POPULARES. Bairro é vivo, muda com o tempo. Novos moradores chegam, se instalam, fazem parte. Escolhem um bairro pela localização, pela mobilidade, pela valorização. E quando a população muda, muda também a personalidade do bairro e as marcas que vivem ali. Esse fenômeno tem nome: gentrificação. Está no Dicionário Caldas Aulete: gentrificação é o processo de recuperação do valor imobiliário e de revitalização de região central da cidade após período de degradação; enobrecimento de locais anteriormente populares. Geralmente, são grandes investimentos públicos ou privados que dão início ou aceleram o movimento de gentrificação. A construção de novos edifícios, shoppings centers, espaços de lazer, pontos de mobilidade, especialmente o metrô e oportunidades de empregos. Graziela Rodrigues é doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, onde investiga a ressignificação urbana no bairro de Pinheiros. Para ela, um exemplo emblemático e atual deste processo acontece na Rua dos Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. Considerada um novo corredor gastronômico da capital, a região atrai novos restaurantes, bares e cafés, sempre com uma proposta mais sofisticada. Rua dos Pinheiros Em um movimento contrário, grande parte dos pequenos estabelecimentos que existiam na rua, como borracharias, pequenos comércios, botecos e salões de beleza não conseguiram acompanhar os elevados custos e a mudança do perfil do público. Fecharam as portas. É possível observar a modernização das fachadas. As cores, os materiais de acabamento, o estilo de decoração e paisagismo ganham um tom mais sóbrio e requintado, reflexo do novo público que frequenta esses estabelecimentos. Rua Mateus Grou A busca por uma cidade mais verde, com mais cultura, qualidade de vida, lazer e mobilidade também interfere na organização dos bairros. O projeto Centro Aberto, do Largo São Francisco e Paissandu está transformando a região em um espaço para lazer durante dois meses. Foi contruído um deck de madeira, com cadeiras para as pessoas sentarem e participarem de shows, sessões de cinema, feiras z Gehl. Considerando todas as possibilidades de evolução nos bairros da cidade, fica um recado para as marcas: só participa do movimento quem tem coragem para se mexer. Rua dos Pinheiros > O DE CIMA SOBE DEPOIS 101 102 > BEST BAIRRO BRANDS www.interbrandsp.com.br > ANIMAIS SOCIAIS Somos todos animais sociais Iniciativas tentam trazer de volta o convívio em comunidade na cidade de São Paulo. POR FELIPE VALÉRIO | FERNANDO ANDREAZI | TATA SCARONI | LUCAS GINI Uma verdade: o homem é um animal social. E mesmo quando a cidade cresce, a gente quer mesmo é fazer parte de um grupo, de uma comunidade. Igrejas, padarias, pizzarias, praças, clubes esportivos, escolas, escolas de samba e bares são alguns dos hubs que nutrem essa nossa vontade de viver e conviver. Nascem os bairros. Uma segunda verdade: estamos mudando nosso jeito de interagir. Crescem as redes sociais, diminui o convívio com vizinhos. Passamos mais horas no trânsito e no trabalho e menos horas andando pelo bairro onde vivemos. Mas tem gente querendo mudar essa realidade e resgatar o nosso sentimento de bairro. Em São Paulo, não são poucas as ideias que buscam trazer de volta a conexão entre os vizinhos de porta ou de rua. Iniciativas que tentam nos fazer lembrar que, sim, ainda somos animais sociais. Centro aberto Quem já foi ao centro de São Paulo sabe que Caetano tinha razão: alguma coisa acontece. Vemos uma mistura de todas as versões de Sampa: banqueiros, mendigos, comerciantes, o antigo, o novo, o elegante e o nem tanto. Tudo tem espaço. Pouco, mas tem. E essa mistura só podia ser cinza. Muitos tons de cinza. A beleza está ali, mas não é tão fácil de enxergar. Nas últimas décadas, a região andou abandonada. Ficou perigosa, mal falada e mal entendida. Paulistanos da classe média e da classe alta se afastaram. Levaram suas vidas e seus domingos de lazer para outras bandas mais periféricas. Mas esse cenário vem se transformando. E uma iniciativa chegou com tudo para mostrar que o centro paulistano ainda é tudo aquilo que Caetano tentou nos explicar. O projeto Centro Aberto chega para revitalizar a região, que vai receber novos bancos, canteiros e decks. Shows, feirinhas e projeções de cinema estão acontecendo no centro, tirando os paulistanos de suas casas e os agrupando novamente em torno da cultura e da arte. A arte do convívio. Almoço na Praça Se o ser humano já é um animal social, é na hora do almoço que essa característica transparece ainda mais. A palavra almoço vem do latim e quer dizer “a morder”. Mas, em muitas culturas, esse horário vai muito além da nutrição. No almoço, colocamos as conversas em dia, misturamos risadas com boas histórias e nos preparamos para a segunda jornada de trabalho. É bem verdade que em países como os Estados Unidos o almoço não é lá um horário de muita conversa ou de muita comida. Mas em São Paulo, Brasil, uma boa conversa faz parte do cardápio. Para incrementar ainda mais esse traço da nossa cultura, comerciantes e moradores da Vila Madalena criaram o Almoço na Praça. Uma vez por semana, pessoas se reúnem e compartilham seus alimentos em um piquenique coletivo, em uma das praças do bairro – ao ar livre e para quem quiser ir. O Almoço na Praça ajuda a nutrir e fortalecer esse sentimento bom de pertencer a uma comunidade. QuadrAmiga Quem cresceu e conviveu em comunidade sabe que existem muitos donos por ali. Tem o dono do açougue, o dono da banca, o dono da farmácia e até o dono da bola. Ali são eles que mandam. Mas e o dono da rua? Não, não estamos falando do simpático cachorro vira-lata que ataca qualquer motoqueiro que passa. Na verdade, o dono da rua é quem vive e cuida dela. Foi com esse pensamento que nasceu o projeto QuadrAmiga, que está mudando a cara de quarteirões no bairro da Pompeia. São iniciativas criativas e simples, como construir pequenas hortas, pintar a passagem de pedestres e instalar porta-jornais comunitários. A ideia é que essas pequenas ações não apenas mudem a rua para melhor como também promovam o convívio entre os vizinhos. O Farol Ver São Paulo do alto é enxergar a poesia no cimento em movimento. Pleno Anhangabaú e um grupo de artistas, arquitetos e educadores avistaram lá de cima a chance de criar um espaço novo para quem quer cultura e arte. Nasceu o Farol. Em um pequeno prédio, esses caras criaram um espaço de experimentos e convivência criativa. Tem de tudo: sede educativa, central de jornalismo, artes manuais e digitais e até comidinhas feitas por quem entende. No último andar, um lounge com uma vista que já vale cada segundo. 103 CRÉDITOS Edição Daniella Giavina-Bianchi, Felipe Valério e Fernando Andreazi Projeto gráfico Sergio Cury Colaboraram | arte Designers Daniela Moniwa, Natalia Zomignan, Gil Bottari, Fabio Brazil, Fabio Testa, Lucas Machado, Juliana Batah, Leandro Strobel, Carlos Teles, Alfio Presutti e Lucas Gini Colaboraram | fotos Camila Papin, Fabio Brazil e Lucas Gini Revisão Paulo Oliveira Nosso obrigado especial Gilberto Dimenstein, Marcelo Duarte, Samuel Seibel, Julie Morsler, Cadão Volpato, Pablo Saborido, Maurício Schuartz, além de todas as pessoas que dividiram com a gente suas marcas de bairro do coração. Realização: Apoio: Interbrand - São Paulo Tel + 55 3707 8500 interbrand.sp@interbrand.com Para saber mais sobre o que a gente faz e acredita: www.interbrandsp.com.br www.interbrand.com