(formato pdf) da Edição nº 4182 de 03.01.2013
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3 de Janeiro de 2013 3 Janeiro 2013 SEMANÁRIO REGIONALISTA DE INSPIRAÇÃO CRISTÃ Ano LXXXII – N.º 4182 Diretor: ALBERTO GERALDES BATISTA Autorizado pelos C.T.T. a circular em invólucro de plástico fechado. Autorização N.º D.E. DE00192009SNC/GSCCS «Bem-aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). fendem e promovem a vida humana em todas as suas dimensões: pessoal, comunitária e transcendente. A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida. Cada ano novo traz consigo a expectativa de um mundo melhor. Nesta perspetiva, peço a Deus, Pai da humanidade, que nos conceda a concórdia e a paz a fim de que possam tornar-se realidade, para todos, as aspirações duma vida feliz e próspera. À distância de 50 anos do início do Concílio Vaticano II, que permitiu dar mais força à missão da Igreja no mundo, anima constatar como os cristãos, Povo de Deus em comunhão com Ele e caminhando entre os homens, se comprometem na história compartilhando alegrias e esperanças, tristezas e angústias, anunciando a salvação de Cristo e promovendo a paz para todos. As bem-aventuranças proclamadas por Jesus (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 2023) são promessas. Com efeito, na tradição bíblica, a bem-aventurança é um género literário que traz sempre consigo uma boa nova, ou seja um evangelho, que culmina numa promessa. Assim, as bem-aventuranças não são meras recomendações morais, cuja observância prevê no tempo devido – um tempo localizado geralmente na outra vida – uma recompensa, ou seja, uma situação de felicidade futura; mas consistem sobretudo no cumprimento duma promessa feita a quantos se deixam guiar pelas exigências da verdade, da justiça e do amor. Há necessidade de propor e promover uma pedagogia da paz. Esta requer uma vida interior rica, referências morais claras e válidas, atitudes e estilos de vida adequados. Com efeito, as obras de paz concorrem para realizar o bem comum e criam o interesse pela paz, educando para ela. Pensamentos, palavras e gestos de paz criam uma mentalidade e uma cultura da paz, uma atmosfera de respeito, honestidade e cordialidade. Por A paz envolve o ser humano na sua integridade e supõe o empenhamento da pessoa inteira: é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação. Como escreveu o Beato João XXIII na Encíclica Pacem in terris– cujo cinquentenário terá lugar dentro de poucos meses –, a paz implica principalmente a construção duma convivência humana baseada na verdade, na liberdade, no amor e na justiça. Caminho para a consecução do bem comum e da paz é, antes de mais nada, o respeito pela vida humana, considerada na multiplicidade dos seus aspetos, a começar da conceção, passando pelo seu desenvolvimento até ao fim natural. Assim, os verdadeiros obreiros da paz são aqueles que amam, de- isso, é necessário ensinar os homens a amarem-se e educaremse para a paz, a viverem mais de benevolência que de mera tolerância. Incentivo fundamental será « dizer não à vingança, reconhecer os próprios erros, aceitar as desculpas sem as buscar e, finalmente, perdoar », de modo que os erros e as ofensas possam ser verdadeiramente reconhecidos a fim de caminhar juntos para a reconciliação. Isto requer a difusão duma pedagogia do perdão. Na realidade, o mal vence-se com o bem, e a justiça deve ser procurada imitando a Deus Pai que ama todos os seus filhos (cf. Mt 5, 21-48). É um trabalho lento, porque supõe uma evolução espiritual, uma educação para os valores mais altos, uma visão nova da história humana. É preciso renunciar à paz falsa, que prometem os ídolos deste mundo, e aos perigos que a acompanham; refiro-me à paz que torna as consciências cada vez mais insensíveis, que leva a fechar-se em si mesmo, a uma existência atrofiada vivida na indiferença. Ao contrário, a pedagogia da paz implica serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança. De vários lados se reconhece que, hoje, é necessário um novo modelo de desenvolvimento e também uma nova visão da economia. Quer um desenvolvimento integral, solidário e sustentável, quer o bem comum exigem uma justa escala de bensvalores, que é possível estruturar tendo Deus como referência suprema. Não basta ter à nossa disposição muitos meios e muitas oportunidades de escolha, mesmo apreciáveis; é que tanto os inúmeros bens em função do desenvolvimento como as oportunidades de escolha devem ser empregues de acordo com a perspetiva duma vida boa, duma conduta reta, que reconheça o primado da dimensão espiritual e o apelo à realização do bem comum. Caso contrário, perdem a sua justa valência, acabando por erguer novos ídolos. Desejo veementemente reafirmar que os diversos obreiros da paz são chamados a cultivar a paixão pelo bem comum da família e pela justiça social, bem como o empenho por uma válida educação social. Ninguém pode ignorar ou subestimar o papel decisivo da família, célula básica da sociedade, dos pontos de vista demográfico, ético, pedagógico, económico e político. Ela possui uma vocação natural para promover a vida: acompanha as pessoas no seu crescimento e estimula-as a enriquecerem-se entre si através do cuidado recíproco. De modo especial, a família cristã guarda em si o primordial projeto da educação das pessoas segundo a medida do amor divino. A família é um dos sujeitos sociais indispensáveis para a realização duma cultura da paz. É preciso tutelar o direito dos pais e o seu papel primário na educação dos filhos, nomeadamente nos âmbitos moral e religioso. Na família, nascem e crescem os obreiros da paz, os futuros promotores duma cultura da vida e do amor. PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS 2350-999 TORRES NOVAS TAXA PAGA Preço 0,50 € c/ IVA Mensagens de Ano Novo Patriarca de Lisboa em defesa da família “É caso para perguntar: para quando uma autêntica política de proteção à família?” “Somos um país a lutar corajosamente para vencer um período difícil da história” “Mas olhemos corajosamente para o que está a acontecer às famílias: leis permissivas que não valorizam o aprofundamento dos seus valores constitutivos, leis fiscais que penalizam a família”. Presidente da República apela à união dos portugueses “Precisamos de recuperar a confiança dos portugueses. Não basta recuperar a confiança externa dos nossos credores. Temos de trabalhar para unir os portugueses e não dividi-los”. “O País não está em condições de se permitir juntar uma grave crise política à crise económica, financeira e social em que está mergulhado”. Página 4 Bispo do Porto pede aos católicos atitudes concretas de proteção da vida Página 7 Bispo da Guarda diz que se deve pôr em causa a lei do aborto Página 7 RELIGIÃO 2 – Notícias de Beja 3 de Janeiro de 2013 D. Jorge Ortiga, 25 anos de bispo Epifania do Senhor Arcebispo de Braga dirige mensagem à comunidade católica no ano em que assinala as bodas de prata episcopais O arcebispo de Braga escreveu uma mensagem sobre a fé, dirigida aos membros da comunidade católica minhota, para celebrar os 25 anos da sua ordenação episcopal que se assinalaram no dia 3. “Crer em Deus é crer em todos. Crer é amar Deus e os outros. Crer é esperar uma arquidiocese unida para que todo o mundo acredite”, refere D. Jorge Ortiga, num texto publicado pela página diocesana na internet. O prelado fala da fé como “dom maravilhoso a acolher para partilhar” e convida à “fraternidade com todos”, antes de se dirigir, em particular, aos vários membros da Igreja diocesana. Neste contexto, a mensagem aborda os que habitam o “silêncio da fé”, frisando que este “não é sinónimo de ausência”. “A fé é dom e fidelidade. Espero, peço-te, a fidelidade à procura sincera e, porventura, a decisão consciente de mergulhar no mistério de Deus, mesmo quanto tudo aquilo que ouves é silêncio”, observa o arcebispo de Braga. Aos padres, D. Jorge Ortiga sublinha a importância de “partir o pão da amizade e a desatar os nós do sofrimento”: “Espero ter-te sempre próximo, para anunciarmos Cristo a todos que o procuram de coração sincero”. A mensagem elogia também os religiosos, deixando votos de que continuem a “suscitar o espanto da fé”. O arcebispo dirige-se às famílias, para a construção de “um mundo mais humano e unido”, e aos jovens, “esperança do amanhã”, para destacar a sua “procura inquieta, que antecipa o nascimento de um mundo melhor”. O texto deixa uma palavra de estímulo aos que vivem “uma situação de fragilidade” com “espírito de heroica e silenciosa coragem”. “Dificilmente estamos preparados para momentos inesperados, mas a cruz, que também Cristo carregou, não tem a última palavra sobre a vida. Espero que sintas esta minha frágil e silenciosa presença por meio da oração, na certeza duma comunhão permanente com as tuas debilidades”, escreve. A mensagem conclui-se com interpelações às crianças e aos cristãos de outras Igrejas, para que partilhem com todos a mensagem de Jesus. D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga nasceu a 5 de março de 1944, na freguesia de Brufe, Concelho de Vila Nova de Famalicão (Diocese de Braga) e uma vez terminados os estudos, foi ordenado padre no dia 9 de julho de 1967, juntamente com 24 colegas, na igreja de Lousado (Famalicão). Com 43 anos, o Papa João Paulo II nomeou-o bispo titular de Nova Bárbara e auxiliar de Braga, a 9 de novembro de 1987. A 3 de janeiro de 1988, foi ordenado bispo pelo então arcebispo primaz de Braga, D. Eurico Dias Nogueira, na cripta do Sameiro, escolhendo como lema episcopal a passagem do capítulo 17 do Evangelho segundo São João: ‘Ut unum sint’ (que sejam um). Este momento foi evocado dia 3 de Janeiro, com uma assembleia geral do clero e com uma eucaristia de ação de graças na Sé de Braga. Ao ritmo do Ano da Fé Estrelas de Belém, hoje Foi há uns 30 anos. No dia de Reis, na missa com as crianças na Igreja do Carmo, perguntei como se chama a estrela, aquela pessoa que os levou a Jesus. A Joana, respondeu de imediato: “ a minha avó Glória.” Filha de pais não praticantes, frequentava a catequese e preparava-se para o batismo pelo zelo apostólico dos avós maternos. Na verdade, para sermos o que somos e vivermos a fé que vivemos, quantas estrelas nos precederam e iluminaram com o seu testemunho e coerência de vida. É gratificante evocar as pessoas concretas que nos levaram a Jesus. A profecia de Balaão não nos fala de astros siderais, mas do Messias que há-de ser como que uma estrela que conduzirá os seus concidadãos para Deus:”vejo, mas não agora; contemplo, mas não está próximo; uma estrela sai de Jacob e um cetro flamejante surge no seio de Israel.”(Nm.24,17) Também o profeta Daniel afirma: “Os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão como estrelas por toda a eternidade” (Daniel, 12,3b).Por sua vez, no 2º poema do Servo Sofredor, afirma Isaias:” vou fazer de ti a Luz das nações, a fim de que a minha salvação chegue aos confins da terra”(Isaías,49,6c). Também o hino do Ano da Fé, no segundo conjunto, especifica: “És para nós a estrela da manhã, CREIO; SENHOR; CREIO.” Mas a Estrela não cometeu um erro grave ao levar os Magos a Herodes? Não podia levá-los diretamente a Belém? Não, não podia. O Povo Judeu era o guardião da Torah, das Sagradas Escrituras. O judaísmo conserva a sua posição de privilégio: só por sua mediação se podia chegar ao Salvador. Foi o judaísmo, na pessoa de Herodes que levou os Magos a Jesus. Melhor dito: a verdadeira estrela que levou os Magos a Jesus, foi a Sagrada Escritura. Mas o judaismo oficial na pessoa de Herodes, rejeita Jesus. Sendo assim, fica o caminho aberto para os pagãos irem diretamente a Jesus pela estrela e luz da fé… Qualquer privilégio tem a sua obrigação correspondente. O judaísmo renuncia voluntariamente à sua posição singular recusando ir ao encontro do Messias. Considera-o um usurpador, uma ameaça, um perigo. “Deu-se o endurecimento duma parte de Israel, até que a totalidade dos gentios tenha entrado, e então Israel inteiro será salvo conforme está escrito: há-de vir de Sião o libertador; removerá a impiedade do meio de Jacob(Romanos11,25-26.) Eis o segredo e urgência, eis o desafio da Solenidade da Epifania, ser estrela para levar os Irmãos a Jesus. A Igreja de Beja está pobre rotineira, sem grandes sinais de credibilidade e profecia porque tem um grande défice da Palavra de Deus e perdeu, em grande parte, a dimensão apostólica. Muitos de nós vivemos tranquilos na nossa relação com Deus, pelo facto de participarmos na missa de domingo. Em vez desta nos pôr inquietos e dinâmicos, fazendo-nos passar da missa para a missão, deixa-nos quietos e parados, sem fogo, entusiasmo e alegria. Somos luz (Mt.5,14), somos estrelas para levar os outros a Jesus. Estrelas de Belém, precisam-se. António Aparício, Pároco de S. João Batista (Beja) 6 de Janeiro de 2013 A Epifania (palavra grega que significa “manifestação”, aparição) é o complemento do Natal. O Natal celebra Deus que se esconde e humilha, ao assumir a nossa natureza, para nos salvar. A Epifania celebra a Manifestação do Senhor como Deus e Rei universal, ao mesmo tempo que exalta a glória divina e a contempla brilhando no rosto da Igreja, Sua Esposa, a nova Jerusalém, depositária dos tesouros imensos da graça, oferecidos a todos os Povos, à semelhança do que aconteceu com o Povo Judeu. I Leitura Is 60, 1-6 O profeta anunciou outrora a glória que ia brilhar sobre Jerusalém depois dos tempos do cativeiro. Hoje, na solenidade da Epifania ou Manifestação do Senhor, a Igreja fala a si mesma, em todas as assembleias do povo de Deus, para proclamar que o Filho de Deus feito homem é a sua luz, é para ela como o clarão de um novo dia, que se destina a iluminar todos os homens e de todos fazer o Povo de Deus. Leitura do Livro de Isaías Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Vê como a noite cobre a terra e a escuridão od povos. Mas, sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração, pois a ti afluirão os tesouros do mar, a ti virão ter as riquezas das nações. Invadir-te-á uma multidão de camelos, de dromedários de Madiã e Efá. Virão todo os de Sabá, trazendo ouro e incenso e provlamando as glórias do Senhor. Salmo Responsarial Salmo 71 (72) Refrão: Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra II Leitura Ef 3, 2-3a.5-6 “Mistério” é a palavra com que o Apóstolo designa aqui o plano eterno de Deus. Só em Jesus Cristo Deus revelou completamente esse seu plano de salvação acerca da humanidade. Assim nos foi revelado que todos os homens, não só os do antigo povo escolhido, os Judeus, mas também os pagãos são chamados à salvação. Cristo realizou, de facto, a reconciliação da humanidade, reunindoa num mesmo Corpo, a sua Igreja. Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Efésios Irmãos: Certamente já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo. Nas gerações passadas, ele não foi dado a conhecer aos filhos dos homens como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus santos apóstolos e profetas: os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho. Evangelho Mt 2, 1-12 Depois da festa do Natal, que apresentou Jesus como o Filho de Deus, descendente de David, realizando as promessas feitas aos Filhos de Israel, hoje, a Epifania manifesta-O como Salvador de todos os homens. É o que significa esta leitura, em que os pagãos, ma pessoa dos Magos, são guiados aos pés de Jesus para O reconhecerem e adorarem e Lhe oferecerem os seus presentes. A Epifania é assim a festa das primícias dos pagãos e da universalidade do Reino de Deus. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente. “Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’Oº. Ao ouvir esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles responderam: “Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’.” Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: “Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O” Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, caindo de joelhos, prostraram-se diante d’Ele e adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho. OPINIÃO 3 de Janeiro de 2013 Notícias de Beja – 3 Aberto o caminho, não faltem os caminhantes Quando há grandes acontecimentos muito falados a nível geral da Igreja - dá-se o mesmo com outras instituições - há sempre quem interrogue sobre o que ficou de um tal alarido para o presente e para o futuro. Realizou-se há menos de dois meses um tal acontecimento, o Sínodo dos Bispos sobre o tema da Nova Evangelização. Não tarda que os ventos do dia a dia soprem os fumos levantados, a não ser que daí se colha algo de concreto que estimule o zelo apostólico a criatividade pastoral. O Papa quis, ele mesmo, fazer a síntese e deixou à Igreja três linhas conclusivas que são outros caminhos em aberto. Assinala, em primeiro lugar, a existência da iniciação cristã, reafirmando a necessidade de uma catequese adequada para o Batismo, a Confir- mação e a Eucaristia, não esquecendo a Reconciliação, como sinal da misericórdia de Deus. Em segundo lugar, está a urgência de anunciar Jesus Cristo àqueles que ainda O não conhecem. Uma terceira linha de ação tem a ver como acordar e formar os batizados que deixaram adormecer a graça e as exigências do seu Batismo. Por fim, faz apelo a novos métodos e ao uso de uma nova linguagem evangelizadora, adequada à realidade que se vive e à cultura moderna, capaz de transmitir um anúncio mais jubiloso que qualquer outro. Ninguém que esteja atento desconhece a urgência deste caminho, aberto para que se ande com decisão e sem mais demora. As rotinas matam a criatividade. Sem esta, a Igreja, fiel à verdade e à vida concreta, ficará cada vez mais envelhecida e mais fora do tempo. A Igreja não pode quedar-se a ver passar a vida ao seu lado, dando apenas conselhos ou fazendo juízos morais. Então os problemas das pessoas se agravam sempre mais, sem resposta nem solução. O caminho em aberto é de seriedade, interioridade, coragem. Sem delongas nem restrições, sem queixumes nem juízos que distribuem culpas, porque muitas vezes os que passam são campo onde a Igreja nunca entrou. O Papa não falou do Matrimónio, campo minado e fonte de desgraças e dores para muita gente que o pensa à maneira do tempo e o procura de modo descomprometido. A família e o Matrimónio de onde ela nasce são, para a Igreja, valores inestimáveis. A família é a maior riqueza humana e social. Nesta convicção a Igreja não pode deixar de preparar bem o casamento, de o celebrar com dignidade, de o acompanhar com cuidado e dedicação. Também aqui a criatividade pastoral não pode ficar à superfície. A rotina instalou-se e, em muitos casos, não se vai além do que se fazia há quarenta anos, apenas se foram juntando uns pós baratos de uma cosmética vistosa. Em campo tão importante a bola está do lado dos mais responsáveis. Serão as equipas pastorais capazes de jogar no mesmo sentido? Falei de equipas propositadamente. A renovação de métodos não é de cariz clerical, mas eclesial. É preciso dar lugar aos leigos, não como simples executores, mas como protagonistas de um trabalho e de um mundo de preocupações que lhes se colaram à vida do dia a dia. Formar leigos para agir, escutá-los, colher sempre mais da sua experiência de vida, programar com eles as ações que se impõem, é caminho indispensável na evangelização, seja das pessoas em geral, seja das famílias. Não sei se alguém pensa que as linhas de ação traçadas por Bento XVI como conclusão do Sínodo se podem implementar apenas com o contributo dos padres e dos diáconos. O número dos leigos, pastoralmente ativos, cresceu visivelmente depois do Vaticano II. Os problemas da vida não se perceberão só a partir dos livros, mas sempre mais a partir das pessoas que os vivem. Na Igreja e em ordem à sua missão evangelizadora, a luz virá sempre mais da periferia, onde se luta e sofre, do que do centro do poder. Sem um laicado adulto, bem formado e atuante, a evangelização é impossível e as comunidades de praticantes permanecerão sempre menores e dependentes e a Igreja não terá futuro. No meio dos ruídos dos acontecimentos eclesiais ninguém se pode esquecer que o objetivo é dar a conhecer Jesus Cristo, como único Redentor e Salvador. Ai se não fosse a família que o não é de sangue... É notícia todos os dias e, por vezes, os casos rondam por aqui por perto. Mais um daqui, marcado pela falta de vergonha e de sensibilidade. Era uma senhora de 91 anos. Vivia só. Três criminosos assaltam-lhe a casa às três da manhã, embuçados, prendem -na, roubam-na, deixam-na apavorada. Gritou, ninguém a ouviu. Há tanta gente a gritar sem que alguém a ouça. Que gritos poderão ouvir-se de uma senhora de mais de noventa anos dominada pelo medo e pelas ameaças de uns energúmenos, que não respeitam nada, nem ninguém. Por arrastamento, lembrei-me de tantos irmãos idosos que, em lares ou isolados na sua casa, esperam, em vão, o carinho de filhos ou de netos, que, para eles, já deixaram de ter tempo... Que não lhes falte o carinho dos vizinhos, dos visitadores paroquiais, de gente anónima que descobriu a alegria e a riqueza de fazer bem. Que posso ser eu ou tu... António Marcelino, Bispo emérito de Aveiro A.M. Entre ‘já’ e ‘ainda não’... vivendo ‘talvez’! pastoral, Gaudium et spes, sobre a Igreja no mundo actual (números 40 a 45) se refere a função da Igreja no mundo... pela cidadania cristã onde cada qual vive e aponta para mais Além... Se usarmos a linguagem teológica, decorrente da mentalidade expressa, de sobremaneira, no Concílio Vaticano II, saberemos que a conjugação das expressões ‘já’ e ‘ainda não’ se reportam à condição de contingência da presença da Igreja no mundo, na medida em que já vive a plenitude de Deus, mas ainda não a exprime de forma plena... Concretamente na constituição dogmática, Lumen gentium, sobre a Igreja (números 48 a 51) se fala na índole escatológica da Igreja peregrina e a sua união com a Igreja celeste, bem como na constituição 1. Situação do ‘já’... presente e escatológico Sem pretendermos entrar em lições de natureza teológica, poderemos interpretar o tempo em que vivemos – concretamente o futuro do novo ano – como a oportunidade que nos é concedida para percebermos o que ‘já’ aconteceu de real e vivenciado, tendo em conta a força radical em Jesus, Verbo encarnado e redentor: n’Ele, por Ele e com Ele o ‘já’ da história tem novo significado e a nossa condição terrena e temporal de crentes, sobretudo, em Cristo, ganha outra dimensão e actualização. Num tempo bastante marcado pelo relativismo imediatista, onde, por vezes, cada pessoa faz de si mesma uma espécie de ‘absoluto’, que tenta aniquilar os outros relativos, como que se torna urgente encontrar as marcas divinas em cada um dos nossos companheiros de caminhada e/ou interlocutores: assinalados pela dimensão divina – onde pela força do baptismo será ainda mais notável e indelével da graça de Deus em nós! – somos chamados a viver no ‘já’ de relação com os outros, apresentando uma dignidade divinizante e divinizadora. 2. Condição do ‘ainda não’... em memória prospectiva De facto, há vivências – sobretudo para os cristãos – que têm no desígnio divino a marca do presente escatológico em situação do ‘já’, embora em proposição do ‘ainda não’: estamos salvos, mas em contingência de pecadores; estamos glorificados, mas em condição de penitentes; estamos a viver o Reino de Deus, mas em condescendência de sementes... para a eternidade. Quantas vezes sentimos e vivemos o ‘ainda não’ da vitória sobre a nossa condição pecadora. Quem não se escandaliza com as faltas – leves, graves ou mortais – de tantos dos cristãos, a começar pelos seus ministros! Quem não será susceptível à vaga de críticas aos erros da Igreja – sobretudo na dimensão católica – particularmente por ocasião das principais festas religiosas tradicionais, do Natal e da Páscoa! Com que furor – nalguns casos a roçar a fúria! – são expostas algumas das mazelas morais de membros do clero, desde que possam desviar a atenção de outros grupos e influentes sectores mais ou menos conhecidos... no âmbito da política contra a família, anti-vida e (até) no alcance da justiça... adiada! 3. Vivendo sob conjugação do ‘talvez’! De verdade a ditadura do relativismo em que nos movemos como que pode condicionar a atitude de vida de muitos dos cristãos: vivemos numa certa era do descartável, onde pessoas e coisas se tornaram aparentemente importantes se delas nos aproveitamos mais ou menos com interesse... Depois duma moral rigorista – e quase estóica, senão no pensamento pelo menos na práxis! – agora vivemos num quase epicurismo popular e num hedonismo inteletual, procurando cada qual tirar proveito de si e dos outros como se fôssemos meros objetos de consumo... a curto prazo. Nesta etapa do ‘talvez’ torna-se fundamental uma nova educação para os valores, tendo em conta os transcendentais – uno, bem, belo e verdade – e a sua aplicação à cultura de cada um. Com efeito, o ‘talvez’ poderá fazer a ponte entre o ‘já’ do ser e o ‘ainda não’ do existir, criando as condições mínimas e suficientes para que possamos viver nesta condição terrena de designados por Deus para sermos, neste mundo e neste tempo, os sinais divinos de Cristo e as centelhas do Espírito de Deus em cada lugar... António Sílvio Couto ATUALIDADE 4 – Notícias de Beja 3 de Janeiro de 2013 Mensagem de Ano Novo do Presidente da República Boa noite, A todos desejo um Bom Ano Novo. O ano de 2012 foi particularmente difícil para os Portugueses. O desemprego, em especial entre os jovens, atingiu uma dimensão preocupante. Muitas famílias foram obrigadas a reduzir as suas despesas do dia-adia, mesmo em bens essenciais a uma vida digna. Muitas pequenas e médias empresas encerraram as suas portas, devido à quebra da procura de bens e serviços. Temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva, em que a redução drástica da procura leva ao encerramento de empresas e ao agravamento do desemprego. De acordo com as previsões oficiais, as dificuldades das famílias não irão ser menores no ano que agora começa. O Orçamento do Estado para 2013, aprovado pela Assembleia da República, visa cumprir o objetivo de redução do défice acordado com as instituições internacionais que nos têm emprestado os fundos necessários para enfrentar a situação de emergência financeira a que Portugal chegou no início de 2011. A execução do Orçamento irá traduzir-se numa redução do rendimento dos cidadãos, quer através de um forte aumento de impostos, quer através de uma diminuição das prestações sociais. Todos serão afetados, mas alguns mais do que outros, o que suscita fundadas dúvidas sobre a justiça na repartição dos sacrifícios. Por minha iniciativa, o Tribunal Constitucional irá ser chamado a pronunciar-se sobre a conformidade do Orçamento do Estado para 2013 com a Constituição da República. O Orçamento entrou hoje em vigor, no primeiro dia do ano de 2013. Se tal não acontecesse, o País ficaria privado do mais importante instrumento de política económica de que dispõe e as consequências para Portugal no plano externo seriam extremamente negativas. Portugueses, São muitos, e cada vez mais, os que se interrogam sobre a razão dos sacrifícios que lhes são exigidos e se esses sacrifícios serão realmente necessários e úteis. Os cidadãos anseiam saber se vale a pena o esforço que estão a fazer e se, no final, o País chegará a bom porto. É essencial que todos compreendam que as dificuldades que Portugal atravessa derivam do nível insustentável da dívida do Estado e da dívida do País para com o estrangeiro. A dívida do Estado ultrapassa o total da produção nacional durante um ano. Os juros absorvem 20% do total dos impostos que são cobrados. Enquanto se mantiver esta situação, em que as despesas do Estado são maiores do que as receitas arrecadadas, vamos acumulando dívida à dívida já existente e o montante dos juros vai subindo. Por outro lado, a dívida externa do País é mais do dobro da produção anual, implicando o pagamento ao estrangeiro de um montante de juros muito elevado. Esta situação é insustentável e limita, de forma drástica, as possibilidades de financiamento do País. Para corrigi-la, Portugal está a executar o programa de assistência financeira negociado pelo Governo anterior com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional. Deixar de honrar os compromissos internacionais que subscrevemos não é uma opção credível. Tentar negociar o perdão de parte da dívida do Estado não é uma solução que garanta um futuro melhor. Poderia criar uma ilusão momentânea, mas, no final, estaríamos numa situação dramática, pior do que aquela em que nos encontramos. Ninguém de bom senso pode desejar essa situação para o nosso País. Por isso, temos de cumprir as obrigações internacionais que assumimos. Temos de equilibrar as contas públicas e reduzir a dívida externa. Enquanto não o fizermos, a nossa independência financeira será sempre limitada. Mas não podemos ignorar que, em 2012, ficou claro que um processo de redução do desequilíbrio das contas públicas acompanhado de um crescimento económico negativo tende a tornar-se socialmente insustentável. O próprio objetivo de equilíbrio das contas públicas torna-se mais difícil de alcançar, porque a austeridade orçamental conduz à queda da produção e à obtenção de menor receita fiscal. Segue-se mais austeridade para alcançar as metas do défice público, o que leva a novas quedas da produção e assim sucessivamente. É um círculo vicioso que temos de interromper. Precisamos de recuperar a confiança dos Portugueses. Não basta recuperar a confiança externa dos nossos credores. Temos de trabalhar para unir os Portugueses e não dividi-los. No coração das dificuldades do País está um problema fulcral: a falta de crescimento da nossa economia. É aí, no crescimento económico, que temos de concentrar esforços. Caso contrário, de pouco valerá o sacrifício que os portugueses estão a fazer. A nossa economia tem sofrido impactos muito negativos vindos do exterior, que estão fora do nosso controlo e não foram previstos aquando da negociação do acordo de assistência financeira. É o caso da recessão na Zona Euro e, em particular, a crise económica que afeta Espanha, o principal destino das nossas exportações. Para alcançar o crescimento são particularmente importantes os apoios da União Europeia ao investimento e à competitividade, assim como a melhoria das condições de financiamento das empresas junto do sistema bancário. As nossas empresas pagam pelos empréstimos taxas de juro muito superiores às suas congéneres da União Europeia. Temos argumentos – e devemos usá-los com firmeza – para exigir o apoio dos nossos parceiros europeus, de modo a conseguir um equilíbrio mais harmonioso entre o programa de consolidação orçamental e o crescimento económico. Em mais de 25 anos de pertença à União Europeia, mostrámos ser um parceiro credível do processo de integração. É do nosso interesse, mas também do interesse da União, que a coesão e a solidariedade não sejam meras palavras de circunstância. É nas alturas difíceis que se testa a solidez do projeto europeu. Na situação em que o País se encontra, os agentes políticos e sociais têm de atuar com grande sentido de responsabilidade. A resolução dos problemas nacionais pressupõe diálogo e consenso, entendimentos feitos a pensar nos Portugueses e no País como um todo. Devemos ter presente que o programa de assistência financeira foi apoiado por partidos que representam 90% dos deputados à Assembleia da República, deputados eleitos num sufrágio que teve lugar há pouco mais de um ano e meio. O País não está em condições de se permitir juntar uma grave crise política à crise económica, financeira e social em que está mergulhado. Iríamos regredir para uma situação mais penosa do que aquela em que nos encontramos. Devemos, pois, trabalhar em conjunto e unir esforços para encontrar as soluções que melhor sirvam o povo português. O ano 2013 vai ser um ano difícil. Mas pode ser também um ano em que se comece a alterar a tendência negativa que se verifica na produção nacional e no emprego, um ano em que o clima de confiança melhore e o investimento das empresas comece a crescer. Desejo que, com sentido patriótico, e a pensar acima de tudo nos Portugueses, o Governo, as forças políticas e os parceiros sociais trabalhem ativamente para que, já em 2013, se inicie um ciclo de crescimento da economia. Se todos fizerem bem o que lhes compete, é possível que o crescimento seja uma realidade no ano que agora começa. Pela minha parte, tenho esperança que isso aconteça. Sei que temos a solidariedade de vários países da União Europeia, países que reconhecem o nosso esforço e consideram que, para bem de toda a União, Portugal deve e merece ser ajudado. Diversos gestores de empresas estrangeiras, com quem tenho contactado, apontam Portugal como um país onde vale a pena investir, um destino com grandes potencialidades. Tenho encontrado jovens empresários de grande mérito, com espírito inovador, que exportam aquilo que produzem e que devem ser incentivados pelas entidades públicas e apoiados pelo sistema bancário. Os parceiros sociais, com quem tenho dialogado frequentemente, demonstram possuir uma visão realista e moderna das relações empresariais e laborais, e estão preparados para responder às exigências dos tempos que vivemos. Mas a minha esperança funda-se, acima de tudo, no modo como os Portugueses têm reagido às adversidades e aos sacrifícios. O povo português tem dado mostras de um sentido de responsabilidade que deveria servir de exemplo para os nossos agentes políticos. Os Portugueses estão conscientes de que vivem tempos difíceis, mas não têm baixado os braços na hora em que é necessário ajudar os que mais precisam. É com emoção que vemos o extraordinário espírito de solidariedade e de entreajuda do nosso povo. Os Portugueses merecem um tempo melhor, para si e para os seus filhos, para as novas gerações. Com esperança num tempo melhor, desejo a todos os Portugueses um Bom Ano Novo. 01.01.2013 Frases “Temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva, em que a redução drástica da peocura leva ao encerramento de empresas e ao agravamento do desemprego” “A execução do Orçamento irá traduzir-se numa redução do rendimento dos cidadãos, quer através de um forte aumento de impostos quer através de uma diminuição das prestações sociais. Todos serão afetados, mas alguns mais do que outros, o que suscita fundadas dúvidas sobre a justiça na repartição dos sacrifícios.” “Tentar negociar o perdão da parte da dívida do Estado não é uma solução que garanta um futuro melhor. Poderia criar uma ilusão momentânea, mas, no final, estaríamos numa situação dramática, pior do que aquela em que nos encontramos”. “Mas não podemos ignorar, que, em 2012, ficou claro que um processo de redução do desequilíbrio das contas públicas acompanhado de um crescimento económico negativo tende a tornar-se socialmente insustentável”. “Precisamos de recuperar a confiança dos portugueses. Não basta recuperar a confiança externa dos nossos credores. Temos de trabalhar para unir os portugueses e não dividi-los”. “O País não está em condições de se permitir juntar uma grave crise política à crise económica, financeira e social em que está mergulhado”. DIOCESE 3 de Janeiro de 2013 Animação Missionária na Diocese de Beja A família, comunidade evangelizadora Estamos em tempo natalício, tempo para a família, momento para manter e reforçar laços, iluminados pela Luz daquele que quis nascer numa família, ser acolhido num regaço de mãe e acariciado pelas mãos trabalhadoras de um carpinteiro, seu pai adoptivo. À luz deste quadro terno e exemplar, pode-se descobrir o papel evangelizador da família. Ainda não vai longe o tempo em que na família havia praticamente uma comunidade religiosa espontânea. Os pais tinham a preocupação de educar os filhos na fé e nos valores religiosos em que acreditavam. A fé cristã passava de pais a filhos com naturalidade. Hoje damos conta de que os tempos mudaram como mudou a sociedade e o ambiente familiar. São propostos valores novos e desprezados os velhos; a consciência e os costumes sociais modificaramse notavelmente; algumas certezas transformaram-se em dúvidas. Ensina-se mais facilmente a ocupar os primeiros lugares, a ganhar mais, a ser mais espectacular que os outros. A pressão social leva a fazer dos próprios filhos personagens de relevo, atletas, homens e mulheres de sucesso, competitivos na sociedade de bem-estar. E esquece-se o dever de os ajudar a adquirir as virtudes que os tornam verdadeiramente humanos e cristãos: a honestidade, a lealdade, a justiça, a bondade, a fé. O pluralismo cultural da nossa sociedade penetra dentro da família com as mais variadas e contrapostas ideias e modos de viver. Revela-se hoje uma falta geral de comunicação entre as gerações. Os filhos começam a distanciar-se das tradições religiosas e morais dos pais. Os modelos de vida de outrora foram substituídos por outros publicitados com insistência e segundo critérios bem finalizados. A missão evangelizadora da família no projecto criador e salvador de Deus Na celebração do matrimónio, os esposos cristãos assumem, perante Deus e a comunidade cristã, a missão da educação dos filhos na fé. A liturgia do baptismo mostranos como os pais, com o seu amor são colaboradores de Deus na obra da criação ao transmitir o dom da vida e da fé. A missão educadora de toda a família é elevada, pelo sacramento do matrimónio, à dignidade de evangelização e de educação da fé; A missão educadora da família exige que os pais cristãos proponham aos filhos todos aqueles conteúdos que são necessários para o gradual amadurecimento da sua personalidade de um ponto de vista cristão... O Sínodo sobre a Família apresentou a missão educativa da família cristã como um verdadeiro ministério, por meio do qual é transmitido e irradiado o Evangelho de modo que a própria vida familiar se torna itinerário de fé e, de algum modo, iniciação cristã e escola do seguimento de Cristo. Na família, consciente deste dom, como escreveu João Paulo II, “todos os membros evangelizam e são evangelizados” (F. C. 39). Na família “os pais devem ser para os filhos os primeiros anunciadores da fé” (LG.11 e 41); os esposos devem ser “um para o outro e para os filhos testemunhas da fé e do amor de Cristo” (LG. 35); “cooperadores da fé, reciprocamente, em relação aos filhos e a todos os outros familiares” (AA.11). Um casal cristão está pois investido de uma verdadeira missão evangelizadora: ser para os filhos, uma proposta viva e credível de fé. Preocupar-se-á em que a mensagem cristã lhes chegue com o máximo de autenticidade e compreensão. E a mensagem tornar-se-á mais credível pelo testemunho da sua experiência de fé. Missão Popular e a Família Desde logo, a Missão assenta na base familiar ao constituir-se em Assembleias ou Comunidades Familiares. Famílias que abrem as suas portas, que acolhem os vizinhos que, tal como as primeiras comunidades, se reúnem à volta da mesa da Palavra, reflectem e rezam; que abrem a sua “igreja doméstica” e a alargam a outras, para se tornar a comunidade de todos e para todos: crianças, jovens, adultos, homens e mulheres, e se interessa por todos, a começar pelos doentes e sozinhos. Se na primeira semana há o envolvimento das famílias ao ponto de serem o núcleo da comunidade das comunidades, na segunda semana da Missão, torna-se rainha, na Festa da Família, com a participação activa dos casais em toda a celebração, de modo muito particular na renovação do compromisso matrimonial. Pais e filhos, em uníssono, dão graças a Deus pela família, pelo amor, pelo dom e entrega. No pós-missão, na continuação dos encontros das assembleias, a família volta a ter destaque, quando os grupos se juntam para reflectir o tema: Família – Igreja doméstica; Como rezas, como vives? Aqui, de movo se fala dos âmbitos da missão evangelizadora da família que passam pelo testemunho em família, pelo compromisso na edificação da Igreja e pelo compromisso no mundo. “As famílias, quer singularmente, quer associadas, podem e devem dedicar-se a múltiplas obras de serviço social especialmente a favor dos pobres e de todas aquelas pessoas e situações que a organização da previdência e assistência públicas não consegue atingir”. (FC.44). Cultivar a paixão pelo bem comum da família Com as palavras de Bento XVI, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz-2013, nas Missões ou fora delas, deve-se ter muito em conta que “os diversos obreiros da paz são chamados a cultivar a paixão pelo bem comum da família e pela justiça social, bem como o empenho por uma válida educação social” e que “ninguém pode ignorar ou subestimar o papel decisivo da família, célula básica da sociedade, dos pontos de vista demográfico, ético, pedagógico, económico e político, pois ela possui uma vocação natural para promover a vida: acompanha as pessoas no seu crescimento e estimula-as a enriquecerem-se entre si através do cuidado recíproco. De modo especial, a família cristã guarda em si o primordial projecto da educação das pessoas segundo a medida do amor divino. A família é um dos sujeitos sociais indispensáveis para a realização duma cultura da paz. É preciso tutelar o direito dos pais e o seu papel primário na educação dos filhos, nomeadamente nos âmbitos moral e religioso. Na família, nascem e crescem os obreiros da paz, os futuros promotores duma cultura da vida e do amor “ (nº 6). A Sagrada Família fazia parte de um Povo, constantemente em peregrinação, o mesmo é dizer, um povo que se sabe, sempre a caminho: a caminho do Templo e a caminho do seu Deus. Fazem parte de uma caravana, de uma “comunidade de caminho” (synodia). Assim, a exemplo da família de Nazaré, cada um de nós, cada uma das nossas famílias, em diocese e “num só coração e numa só alma”, devemos cultivar a paixão pela família de modo a que estas se tornem autênticas comunidades evangelizadoras. P. Agostinho Sousa CDM/Beja Notícias de Beja – 5 Abela: Testemunhar a Fé “O mundo contemporâneo é sensível à relação entre fé e arte. Neste sentido se aconselha a valorização adequada com função catequética do património das obras de arte presentes nos lugares da acção pastoral”. Em Ano da Fé e à luz de uma das indicações da Congregação para a Doutrina da Fé para a vivência deste acontecimento importante na vida da Igreja, o grupo de catequistas e catequisandos da paróquia da Abela (Nossa Senhora Abella), da unidade pastoral de Santiago do Cacém, assumiu esta forma de dar testemunho da fé. Desde o início do Advento até à Festa do Baptismo do Senhor, na grande igreja paroquial da Abela, está patente ao público uma exposição com motivos religiosos. Muitos habitantes da freguesia têm visitado esta iniciativa, valorizando, deste modo, o trabalho e o empenho dos seus promotores. Para todos, grandes e pequenos, tornou-se uma catequese viva. Incarnação, redenção, oração A exposição, com várias mesas, dá destaque aos mistérios da Incarnação e da Redenção, com muitos presépios e cenas do calvário. Assume uma visibilidade muito grande o tema da oração. Nesta secção, estão expostos mais de duzentos rosários, pertença de uma pessoa da terra. Também é de notar a presença de imagens e medalhas da Virgem Maria, com seus diversos títulos e invocações. As peças, mesmo não sendo de uma arte muito valiosa, exprimem o amor, a ternura e a presença de Deus, na vida das pessoas e são um sinal que as faz chegar até Deus, através da oração e da contemplação. Muitas dessas peças, encontram-se em pequenos altares”, nas casas das pessoas. Entre as mesas temáticas há uma com pinturas, trabalhos em cortiça ou em outros materiais, feitos pelas crianças da catequese e alusivas, sobretudo, à quadra natalícia. Estes trabalhos foram colocados à venda e o seu produto destina-se a apoiar a catequese. A iniciativa, a mobilização, o empenho, a valorização da arte e o testemunho patente na sua beleza e simplicidade, tornaram mais profunda a vivência do Natal e lançaram desafios para novos eventos que ajudem as várias gerações a conhecer e a transmitir a fé em Jesus Cristo, Salvador e Redentor da humanidade. P. Agostinho Sousa SOCIEDADE 6 – Notícias de Beja Testemunhos de vida Registado Os pontos do vigário Ponto um. A previsível melancolia do Natal foi contrariada pela intervenção de Artur Baptista da Silva, autoproclamado economista, alegado alto funcionário da ONU, professor de uma prestigiada e inexistente universidade americana e consultor imaginário do Banco Mundial. Apetrechado destes títulos virtuais, o sr. Baptista da Silva participou numas conferências por aí, mereceu artigos elogiosos na imprensa, concedeu entrevistas a diversos media, plagiou uma suposta tese de doutoramento e, celebremente, participou numa emissão do Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias. Ponto dois. Os órgãos informativos que engoliram as aldrabices do sr. Baptista da Silva mostram-se agora indignadíssimos com o indivíduo e, a título redentor, fazem questão de exibir o autêntico currículo dele: estada na prisão por burla, autoria de cheques sem cobertura, passagem por uma duvidosa direcção desportiva, autor do atropelamento de duas senhoras em Santo André, militância no PS e outras proezas do género. Nenhuma das televisões, rádios e publicações impressas cujo desleixo permitiu a trapaça se mostra inclinada a retirar autênticas ilações da falta de profissionalismo demonstrada. Ponto três. O Expresso foi de longe o órgão que, sobretudo na pessoa 3 de Janeiro de 2013 do seu director adjunto, mais publicitou as opiniões do sr. Baptista da Silva. Após um artigo apologético e uma entrevista babada, ambos a cargo de Nicolau Santos, o Expresso, novamente através de Nicolau Santos, acaba por admitir com relutância que, conforme "tudo indica" (cito), o sr. Baptista da Silva "não exerce os cargos e as responsabilidades que dizia ocupar". Logo, num gesto sem precedentes, o semanário "resolveu despublicar" (volto a citar) no passado dia 24 a entrevista publicada no dia 15. Faltou explicar de que forma se processa tão ousado exercício. De qualquer maneira, a avançada tecnologia que permite "despublicar" uma entrevista pelos vistos ainda não permite "despublicar" um artigo e "destransmitir" um debate televisivo. Ponto quatro. O sucesso inicial e fulminante do sr. Baptista da Silva prende-se somente com a sua capacidade em reproduzir fielmente os disparates de maior sucesso no País durante os últimos dois ou três anos, a saber: Portugal não tem de pagar nada a ninguém. Os alemães e a Europa em geral têm o dever de sustentar a nossa folia. A troika é má e injusta. A austeridade não se justifica. Etc. Ou seja, o sr. Baptista da Silva diz o que a vasta maioria dos especialistas verdadeiramente encartados tem dito sem- pre que chamados a propósito. E a conclusão inevitável é a de que a posse de diplomas a sério não confere maior lucidez do que os diplomas a brincar. A pior burla é a "legitimada". Ponto cinco. Além de ter dissipado as últimas ilusões sobre a qualidade de certo jornalismo, o sr. Baptista da Silva teve graça. Desde logo, pelas artimanhas que engendrou. Depois, pelas ambições que revelou, aliás típicas da escala caseira. Os charlatães de nível internacional vestem fatos da Brooks Brothers e fazem por se infiltrar no jet set que paira em Saint--Tropez ou nos grupos de decisão que frequentam Washington, consoante os gostos. O charlatão indígena veste-se como Boaventura de Sousa Santos e sonha penetrar uns estúdios televisivos em Carnaxide. Ou, juro pela minha saudinha, pertencer à Academia do Bacalhau de Lisboa. Ponto seis. No final de contas, o caso do sr. Baptista da Silva resume-se a uma vigarice sem especial gravidade, na qual um pobre diabo inventa os cursos e a carreira que nunca teve. Grave seria que um membro do Governo ou, imagine-se por absurdo, o chefe de um governo procedesse de igual modo. Felizmente, disso estamos livres. A fé de ateus em crise Sempre ouvi dizer que nos momentos de aflição todos gritam por Deus e só são ateus os que não precisam dele. Confirma isto mesmo o que se passou com o presidente do Uruguai. A precária saúde do presidente Hugo Chávez conseguiu no passado dia 13 de Dezembro o que muitos uruguaios consideram um milagre: levar o presidente de seu país, José Mujica, ateu confesso, à missa para pedir a recuperação do seu amigo venezuelano. Perante o olhar atento da imprensa do país sul-americano, considerado o mais laico do continente e onde a separação entre Igreja e Estado é cumprida com todo rigor, o veterano Mujica, um ex-guerrilheiro de 77 anos, pouco dado a cerimónias e protocolos, apresentou-se na igreja dos Franciscanos Conventuais de Montevideo para acompanhar as orações pela saúde de Chávez. O templo estava repleto e junto aos habituais paroquianos estava também a esposa de Mujica, a senadora Lucía Topolansky, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Almagro, e do Trabalho, Eduardo Brenta. Mujica acompanhou a cerimónia atentamente no primeiro banco junto com o embaixador venezuelano no Uruguai, Julio Chirinos, e chegou até mesmo a benzer-se enquanto o padre à Eucaristia. “Estou ficando velho e não sei se me estou a aproximar de Deus ou não. Não sou crente. Dentro do meu coração ainda não posso ou não sei crer. Mas eu sei que Chávez acredita. Não encontrei outra opção do que fazer uma coisa destas para praticar um pouco de solidariedade num momento difícil para ele”, disse o presidente aos jornalistas. O próprio Hugo Chavez que tanto mal disse dos bispos da Venezuela e do próprio Papa, logo após a doença mudou completamente de atitude e passou a dar testemunho público da sua fé e do seu respeito para com as autoridades católicas. Alberto Gonçalves, “Diário de Notícias”, 30.12.2012 A fé de um campeão Registamos e agradecemos cartões de boas festas Padre Paulo Condeça, pároco de Aljustrel; Câmara Municipal de Borba; Ovibeja; Pároco de Santo André (Mafra); Casa do Povo de Alvalade, Padre Américo Pires Dias (Seia), Padre Joaquim Teixeira (Seia); António Pereira (Odemira); General António Calixto e Silva (Lisboa); EDIA (Beja); Marisa Angela Atayde (Alvalade); Gráfica Almondina (Torres Novas); Graciete Apolinário (Pedrógão); Alice Guerreiro Palma (Almodôvar); Maria Leonor Nunes (Beja); Hotel Santo Amaro (Fátima), Florinda Barão dos Santos Sequeira (Mértola); Padre José Machado Vicente (Carviçais) e Pároco de Remelhe (Barcelos). Josh Davis foi um dos maiores expoentes da natação norte americana. De entre os seus muitos títulos e prémios, ele chegou a ser detentor do recorde nacional de natação dos Estados Unidos, campeão do mundo nos anos de 1994 e 1998. Mas as suas principais conquistas deram-se nos jogos olímpicos, em 1996. Nas Olimpíadas de Atlanta, ele foi o único atleta a ganhar três medalhas de ouro. Em recente entrevista ao site “The Christian Post”, Josh Davis falou sobre a sua Fé, sobre como tem compartilhado a Palavra de Deus, e também sobre a sua amizade com o escritor cristão Max Lucado. O atleta também falou sobre seu livro “The Goal and the Glory”, “A meta e a glória”, o qual foi prefaciado por Lucado. Davis fez uma compilação de histórias de atletas cristãos neste seu livro e falou ao “The Christian Post” sobre o seu livro e como ele se sentiu depois de ganhar sua primeira medalha de ouro. “Provei o melhor que o mundo tinha a oferecer e era doce. . . Mas, é tão rápido! Tendo saboreado a glória, agora sinto um vazio. Foi decepcionante experimentar o choque de estar no pico e, em seguida, estar tão lá em baixo. Fiquei um pouco confuso e desiludido” – diz o referido campeão. Questionado sobre como conhecera o famoso escritor, Davis respondeu, “Frequento a mesma igreja que ele, então, é fácil encontrálo”. E diz que o conheceu quando ele lhe pediu para o ajudar a treinar natação. Davis tem viajado pelos Estados Unidos, para falar sobre o amor de Deus. A sua meta agora é falar sobre a glória que nos espera se cumprirmos a palavra de Deus. NACIONAL 3 de Janeiro de 2013 Cónego José Amaro Teixeira (1911 - 2013) Morreu o padre mais idoso de Portugal O cónego José Amaro Teixeira, de 101 anos morreu no dia 2 na Casa Sacerdotal de Lisboa. O padre mais idoso de Portugal nasceu a 19 de agosto de 1911, em Belmonte, na Diocese da Guarda, e tinha sido ordenado a 6 de abril de 1935. Como aluno do Seminário dos Olivais, no Patriarcado de Lisboa, esteve presente na inauguração desta instituição, em 1931. Entre outras funções, foi diretor espiritual no Seminário de Almada (1935-1945); vice-reitor do Seminário dos Olivais (1945-1959); pároco de S. Mamede, em Lisboa (1959-1968); governador na diocese na ausência do prelado, durante o Concílio Vaticano II (1962); vigário episcopal (1967-1968); vigário geral-adjunto (1972-1990); foi nomeado pelo Papa capelão da Santa Sé (monsenhor) em 1991; juiz do Tribunal Patriarcal (2000). A celebração das exéquias decorreu no dia 3, na Casa Sacerdotal em Lisboa, sob a presidência do cardeal-patriarca, D. José Policarpo. Bispo do Porto apela à defesa da vida O bispo do Porto faz votos de que o ano de 2013 seja marcado pela defesa da vida, sem “qualquer hesitação”, criticando o “amolecimento cultural ou legal” em relação a esta matéria, que considerou como “um atentado à paz”. “Estando Deus aí mesmo, na vida em gestação, dentro ou já fora do ventre materno, como se torna prioritária a promoção e salvaguarda de cada vida humana, no arco total da sua existência terrena”, disse D. Manuel Clemente, no dia 1, na homilia da missa da solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e Dia Mundial da Paz. O prelado considerou “estranho” que se apresentem como “progressos civilizacionais” aquilo que denominou de “autênticas regressões de dois mil anos, desprotegendo a vida em todo seu verdadeiro percurso, pré e pósnatal”. Após desejar as “maiores felicidades” pessoais, familiares e sociais, para o ano que começa, o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa alertou para as ameaças que se podem levantar à paz das famílias e de sociedades inteiras, se “contemporizarem com qualquer tipo de antinatalismo ou reducionismo existencial”. “A fragilidade da vida uterina ou a fraqueza e enfermidade que a atinjam depois, são outros tantos apelos a que acorramos céleres – como os pastores do Evangelho – ao seu cuidado preciso, solidário e eficaz”, acrescentou. D. Manuel Clemente pediu aos católicos atitudes “concretas de salvaguarda e proteção da vida”, num momento “complexo e exigente” para o país e a Europa, “sobretudo nas famílias, de dificuldades acrescidas nos tempos que correm”. “Não lhes falte a esperança, com a fé e a caridade em que a vida divina se faz sua também, nelas continuando o que o Evangelho nos deu a contemplar”, disse, na Sé do Porto. D. Manuel Felício pede coragem para pôr em causa lei do aborto O bispo da Guarda afirmou, no dia 1, que a sociedade portuguesa tem de ter a “coragem” para repensar e pôr em causa a lei do aborto. “Se nós portugueses queremos ser, de verdade, cidadãos sérios e responsáveis pela sustentabilidade da sociedade que nos está confiada, temos de assumir a coragem de pôr em causa esta lei e procurar caminhos novos de acolhimento às crianças, que são de facto o nosso futuro”, afirmou D. Manuel Felício na homilia na solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. A taxa de natalidade portuguesa é “aflitiva” e o “grande fator de desequilíbrio que mais nos afeta” sustenta o bispo que preconiza a necessidade de se promover a família. “Temos de ter também a coragem de promover as nossas famílias e darlhes condições para exercerem com dignidade o seu estatuto de serviço à sociedade”, refere na homilia que assinala também o Dia Mundial da Paz, instituído em 1967 pelo Papa Paulo VI. Para o prelado os portugueses devem “questionar” a legislação familiar, pois, refere, “não há direito de querer confundir as autênticas famílias organizadas num matrimónio estável, feitas de marido e esposa, pais e filhos com outros supostos modelos de família que não passam de uniões de facto”. D. Manuel Felício dirige ainda uma palavra aos decisores políticos para que se “empenhem em criar condições para que todos possam trabalhar”, mesmo sem a oferta dos empregos tradicionais. Nas zonas de interior “já bastante desertificadas”, continuam a existir “potencialidades próprias, capazes de produzir bens que outros meios não produzem” e que com “imaginação e criatividade” podem ajudar a “abrir caminhos novos do desenvolvimento e da economia”. Notícias de Beja – 7 SERAFIM DA SILVA JERÓNIMO & FILHOS, LDA Sinos Órgãos Clássicos Viscount | Rodgers | Roland Relógios de Torre Lampadários Electrónicos de Madeira e Metal Máquinas de contagem de Dinheiro Fabricantes e distribuidores em exclusividade para Portugal e Espanha Rua Cidade do Porto - Ferreiros - 4705-084 Braga Telefone 253 605 770 | Fax 253 605 779 www.jeronimobraga.com.pt | geral@jeronimobraga.com.pt Leia, assine e divulgue “Notícias de Beja”, o jornal da Diocese Dr. Rui Miguel Conduto CARDIOLOGISTA CONSULTAS: Sábados Rua Heróis Dadra, 5 - Beja – Telef. 284 327 175 Marcações das 17 às 19.30 h., pelo Telef. 284 322 973/914 874 486 Quartas-Feiras Cardio Luxor Avenida da República, 101, 2.º A-C-D Lisboa - Tel.: 217 993 338 Publ. Cartório Notarial de Ourique - Notária Maria Vitória Amaro Certificado Certifico, para fins de publicação, que no dia catorze de Dezembro do ano dois mil e doze, no Cartório Notarial de Ourique, a folhas dezoito e seguintes do Livro de Notas para Escrituras Diversas número Cinquenta e Um - D, se encontra exarada uma escritura de Justificação, na qual Sérgio Manuel Conceição Parreira Graça, divorciado, natural da freguesia e concelho de Aljustrel, residente na Rua General Humberto Delgado, n.º 33, freguesia de Rio de Moinhos, concelho de Aljustrel, NIF 158 525 434, se declara dono e legitimo possuidor, com exclusão de outrém, dos seguintes prédios situados na freguesia de Rio de Moinhos, concelho de Aljustrel: a) - Urbano, sito na Rua General Humberto Delgado, n.º 29, constituído por uma morada de casas térreas destinadas a habitação composto por oito compartimentos e quintal, com a superfície coberta de cento e cinquenta e sete virgula cinquenta metros quadrados e descoberta de dois mil duzentos e vinte metros quadrados, inscrito na respectiva matriz em nome de João Honório, sob o artigo 45, com o valor patrimonial de 4.276,99 euros, igual ao atribuído, omisso na Conservatória do Registo Predial de Aljustrel; e b) - Urbano, sito na Rua General Humberto Delgadoi, n.º 33, constiuído por uma morada de casas térreas destinadas a habitação composto por dois quartos, cozinha, casa de banho, corredor, sala, marquise, com a superfície coberta de cento e nove virgula vinte e cinco metros quadrados e descoberta de centop e noventa e quatro virgula setenta e cinco metros quadrados, inscrito na respectiva matriz em nome do justificante, sob o artigo 673, com o valor patrimonial de 13.578,61 euros, igual ao atribuído, omisso na Conservatória do Registo Predial de Aljustrel. Que o justificante não possui qualquer título para efetuar o registo a seu favor, destes prédios, na Conservatória, embora sempre tenha estado, há mais de vinte e dois anos, na detenção e fruição dos citados prédios, os quais vieram à sua posse por doação, feita por seus pais, Dolores da Conceição e marido Francisco Parreira Graça, casados que foram segundo o regime de comunhão geral de bens e residentes em Rio de Moinhos, Aljustrel, prédios estes que foram herdados, por seus pais, de João Honório, solteiro, maior, residente que foi em Rio de Moinhos, Aljustrel em dia, mês e ano que não pode precisar. Que tal doação não foi reduzida a escritura pública, mas que desde logo entrou na posse e fruição dos prédios, em nome próprio, posse que assim detém há mais de vinte e dois anos, sem interrupção ou ocultação de quem quer que seja, de modo a poder ser conhecida por todo aquele que pudesse ter interesse em contrariá-la. Esta posse assim mantida e exercida, foi-o sempre em seu próprio nome e interesse, e traduziu-se nos factos materiais conducentes ao integral aproveitamento de todas as utilidades dos prédios designadamente, utilizando-os, fazendo as necessárias obras de conservação, e pagando os respectivos impostos. É assim tal posse pacífica, pública e contínua e durando há mais de vinte anos, facultandolhe a aquisição do direito de propriedade dos citados prédios por usucapião, direito pela sua natureza, não pode ser comprovado por qualquer título formal extrajudicial. Ñestes termos, e não tendo qualquer outra possibilidade de levar o seu direito ao registo, vem justificá-los nos termos legais. Está conforme o original. Cartório Notarial em Ourique, da Notária, Maria Vitória Amaro, aos catorze de Dezembro de 2012. A Notária Maria Vitória Amaro 3 Janeiro P r o p r i e dade da D i o c e s e d e B e j a Contribuinte Nº 501 182 446 Diretor: Alberto Geraldes Batista Redacção e Administração: Rua Abel Viana, 2 - Apartado 95 - 7800-440 Beja Telef. 284 322 268 / Fax: 284 322 386 E-mail: noticiasdebeja@mail.telepac.pt http://www.diocese-beja.pt Assinatura 28 Euros anuais c/IVA NIB 001000003641821000130 Composição e Impressão: Gráfica Almondina - Torres Novas Tel. 249 830 130 - Zona Industrial - Torres Novas 2013 Registo N.º 102 028 Depósito Legal N.º 1961/83 Editado em Portugal Tiragem 3.000 ÚLTIMA PÁGINA 3 de Janeiro de 2013 O fim do Credo / O último artigo do Credo 1. No anuário da Diocese de Beja vêm, nas páginas 30-32, os nomes dos padres e bispos falecidos desde 1954. O quadro não pede crisântemos, antes aviva o tesouro de família. Neste fim de ano, pus-me a ler essas páginas e pude encontrar os nomes e datas da morte de D. José do Patrocínio Dias (+1965), de D. Manuel dos Santos Rocha (+1983), de D. António Cardoso Cunha (+2004, em Chaves) e de D. Manuel Franco Falcão (+2012). Conheci-os a todos quatro: do primeiro guardo a imagem de um soldado e bispo medalhado e fixei-o nas suas deslocações a Braga durante os meus anos de estudo no Seminário da diocese; do segundo retenho o seu ar de pessoa otimista e li alguns livros escritos para a formação dos militantes da Acção Católica; o terceiro foi bispo de Vila Real, com quem trabalhei durante quatro anos como Coadjutor, e dele ouvi referências pastorais aos seus tempos de Coadjutor de Beja; do terceiro conservo a memória viva dos muitos, variados e generosos trabalhos na Conferência episcopal. Dos padres ali citados, que trabalharam numa zona distante da minha, ouvi falar, mormente do padre Fatela e do padre Joaquim Maria Lourenço, tradutor zeloso dos livros de Tiámer Toth, destinados á educação da juventude e que devorei há sessenta anos. Por isso é que, neste agonizar de 2012, aqueles nomes vieram ao meu encontro vencendo a distância e o esquecimento. É possível que alguns deles estejam gravados em ruas e instituições. Mesmo assim, a névoa do tempo tudo ameaça encobrir. 2. Perante essa agressão do nevoeiro, sobe-me do coração insofrida a pergunta metafísica: onde está toda essa gente – bispos e padres, e também as religiosas e os leigos que os ouviram e com eles trabalharam? Um dos bispos repousa neste «mar de pedra» de Vila Real, e os outros noutros mares de terra. Nunca mais os tornaremos a ver? Ficam cortados para sempre os laços afetivos e de gatidão? O Catecismo da Igreja Católica traz a resposta consoladora: na terra ficam somente os restos mortais; as suas almas, melhor, os seus «eus», vivem com Deus. Sinto, porém, necessidade de insistir na pergunta, para que a resposta ultrapasse a frieza da tabuada e faça sentir nos leitores a sua aderência anímica: estão vivos, mais vivos que nunca, para além das limitações do tempo e do espaço, da fisiologia e da memória. A permanência da sua vida resulta do diálogo que estabeleceram com Deus que é Vida e faz viver. Após a purificação sofrida no encontro/julgamento pessoal com Deus a seguir à morte, entraram na visão da face de Deus e da face dos seus eleitos. Nos cemitérios ficaram os restos mortais de cada um desses «eus», mas estes continuam vivos, como todos os que acreditam em Jesus Cristo. Só podem ficar excluídos da Vida os que voluntariamente, conscientemente, teimosamente, rejeitaram esse diálogo e essa luz. 3. Não me perguntem «onde» é o céu, pois o «onde» está preso ao espaço material, e eles vivem fora das coordenadas do espaço e do tempo, num «estado» de vida que «a gente não pode dizer», como se exprimia o Francisco de Fátima acerca de Deus e do céu Nem me perguntem «como» é esse viver, pois «nem os olhos viram, nem os ouvidos ouviram, nem jamais passou pela mente humana o que Deus preparou para os seus eleitos», garantiu S. Paulo. Sei que veem a Deus e são vistos por Deus, que veem os eleitos e são vistos por eles, numa comunhão de vida que nos ultrapassa, e isso basta.. É consolador o último artigo do Credo: «Creio na vida eterna» O «Ámen» final é um termo quase igual ao hebraico, e que praticamente condensa tudo o que diz a palavra «creio». Por isso se repete antes da Comunhão e noutros momentos importantes : «Ámen» = creio. O «Ámen» do Credo prolonga, como o bronze do sino, o que professamos ao dizer: creio que Deus faz participar da sua vida eterna aqueles que iniciaram na terra o diálogo com Jesus Cristo morto e ressuscitado: «eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância» ( Jo 10,10). O profeta Isaías chama a Deus o «Deus do Ámen», da fidelidade; e o Apocalipse diz que Jesus é um «Ámen à vontade do Pai». ( Catecismo da Igreja Católica, 1061-1065) O ano de 2012 vai morreu e não volta mais. O tempo vivido com Deus também não volta atrás, mas sobe e entra na contagem dos «dias do Senhor». Joaquim Gonçalves (Bispo emérito de Vila Real) Deste Mundo e do Outro Papa inaugurou presença no Twitter e já é seguido por mais de 2 milhões O Papa inaugurou a sua presença na rede social Twitter no dia 12 de Dezembro, com uma mensagem de agradecimento e três respostas a questões sobre fé. “Queridos amigos, é com alegria que entro em contacto convosco via twitter. Obrigado pela resposta generosa. De coração vos abençoo a todos”, escreveu Bento XVI, no primeiro texto publicado. Os pequenos textos são publicados com autorização de Bento XVI em oito idiomas: inglês, espanhol, italiano, português, alemão, poláco, árabe e francês. A conta do Papa naquela rede social - @pontifex - já superou os dois milhões de seguidores, dos quais mais de 51 mil seguidores em língua portuguesa. Numa primeira fasem os “tweets” da conta são lançados às quartasfeiras, dia da audiência pública semanal. O presidente do Conselho Pontifício das Comunicações Sociais (Vaticano) refere que as novas tecnologias deram origem a “uma nova cultura” que a Igreja Católica não pode ignorar. “O desejo do Papa era o de estar onde as pessoas moram e ficar ao seu lado com palavras de cerdade”, explica o arcebispo italiano D. Claudio Celli. O twitter é a ferramenta de microblogging mais difundida no mundo das comunicações virtuais, com mais de 500 milhões de utilizadores, permitindo a distribuição de pequenos textos contendo no máximo 140 carateres. Educação ateísta O massacre ocorrido na escola primária Sandy Hook, na pequena cidade de Newtown, Connecticut, reacendeu os debates entre personalidades e políticos norte americanos acerca do controle de armas. Porém, o ex-governador do estado do Arkansas comentou o episódio afirmando que um controle mais rígido sobre os armamentos não irá impedir novas tragédias desse tipo, e que novos tiroteios não serão impedidos “a menos que se possa mudar o coração das pessoas”. Huckabee argumentou, na Fox News, que tragédias como a do tiroteio em Sandy Hook serão evitadas apenas formando as pessoas na lei de Deus, não aumentando o controle de armas. – Perguntamos por que há violência nas nossas escolas, mas nós temos sistematicamente removido Deus de nossas escolas. Deveríamos estar tão admirados que as escolas se tivessem tornado um lugar para a carnificina, se nós fizemos delas um lugar onde não se fala sobre a eternidade, a vida, a responsabilidade, a prestação de contas? – questionou Huckabee. Ex-candidato presidencial do Partido Republicano, Huckabee já expressou esta linha de raciocínio após outros massacres que aconteceram no país. Quando do tiroteio num cinema em Aurora, Colorado, em julho, quando James Holmes matou 12 pessoas, Huckabee afirmou que tais episódios de violência acontecem por que as pessoas não são educadas nos bons princípios religiosos e a nação está a sofrer com a remoção da religião da esfera pública. Terras abandonadas As terras abandonadas vão poder ser vendidas 15 anos depois de serem consideradas como “sem dono conhecido”, segundo a lei que cria a bolsa de terras e que foi publicada há dias no “Diário da República”. Durante este período, os terrenos podem ser disponibilizados na bolsa de terras pela entidade designada para o efeito (Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural), sendo devolvidos se for feita, entretanto, prova de propriedade. O proprietário não pode, no entanto, extinguir unilateralmente os contratos existentes e poderá ter de ressarcir a entidade gestora da bolsa de terras pelas despesas e “benfeitorias” realizadas nos seus terrenos. O Estado vai poder também arrendar os terrenos agrícolas abandonados enquanto dura o processo de reconhecimento da propriedade, pelo prazo máximo de um ano. Se o dono aparecer enquanto dura este processo, o terreno será devolvido e o proprietário tem direito a receber “rendas e outros proveitos entretanto recebidos pelo Estado, deduzido do valor das despesas e/ou benfeitorias necessárias realizadas no prédio”, bem como uma taxa de gestão cujo valor será fixado numa portaria. Escolas Agrícolas Cerca de dois mil jovens frequentam, neste ano, as 16 escolas profissionais agrícolas do país. O número triplicou em cinco anos. A alta taxa de empregabilidade parece explicar a aposta nos cursos ligados à terra. “As pessoas têm de se convencer de que o futuro do país passa pela agricultura e que temos de revitalizar o setor com mão-de-obra jovem e bem formada. As escolas profissionais agrícolas, face à sua componente letiva fundamentalmente prática, são as únicas capazes de formar quadros intermédios que acabam os seus cursos e estão prontos a trabalhar”, defende o diretor da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos, distrito de Aveiro. Luís Barradas, líder da Associação Portuguesa de Escolas Profissionais Agrícolas, diz que, nos últimos cinco anos, tem havido um “aumento generalizado de procura dos cursos ligados à terra” e uma “viragem dos jovens para o trabalho rural”. Bom humor Apetite de saber A professora diz ao aluno: - Mas... O que é que tu estás a comer? - Os trabalhos de casa, senhora professora. - Mas porquê? - A professora é que disse que eles eram canja... * Partilha de bens Ela: Vê bem, Paulo, desde a roupa toda da casa até ao mobiliário, tudo o que está aqui fui eu que o trouxe. Tu, antes do nosso casamento, o que é que tinhas para me dar? Ele: Paz e sossego, Alice! * Tão querido! - Olha o que diz o jornal: “Um homem trocou a mulher por um cavalo.”. Tu não farias uma coisa destas, pois não? - pergunta a mulher. - Não. Preferia um automóvel! * Amigas da felicidade - Grande parte da minha felicidade devo-a a dois livros, diz uma. - E que livros são esses? - pergunta a outra. - O livro de cozinha da minha mãe e o livro de cheques do meu pai. A.B.