implantação de programas de redução de - Coppead
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS JUR ÍDICAS E ECONÔMICAS INSTITUTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINI STRAÇÃO IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS NA INDÚSTRIA BRASILEIRA: UM ESTUDO DE CASOS Helvécio Luiz Reis Mestre em Ciências (M . SC . ) Pro f . Kleber Fossati Figueiredo Orientador Rio de Janeiro 1994 \ IMPLANTAÇAO DE PROGRAMAS DE REDUÇAO DE DESPERDíCIOS NA INDúSTRIA BRASILEIRA: UM ESTUDO DE CASOS HELVtCIO LUIZ REIS TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO COPPEAD - INSTITUTO DE PÓS GRADUAÇAO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇAO - DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESS�RIOS A OBTENÇAO DO GRAU DE MESTRE EM CItNCIAS (MSc). APROVADA POR: EDO PAULO FERNANDO FLEURY DA SILVA E SOUZA (COPPEAD/UFRJ) CARLOS ALBERTO PIRES GALVAO HEMAIS (lMA/UFRJ) Rio de Janeiro, RJ - Brasil Abril de 1994 iii REI S , Helvécio Luiz . Implantação de de programas de redução desperdicios na indústria bra s i l e ira: um estudo Tese de de casos/Helvécio Mestrado. Rio Luiz de Reis . Janeiro: COPPEAD , 1 9 9 4 . x, 205 p . , i l . Dissertação - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD . 1 . Gerência da Produção . - Programas . 3 . produção - 3. Tese Titulo . (Mestrado 2. Produção Desperdicios . COPPEAD /UFRJ ) . I . iv "Tudo o que nos resta é mudar tudo . " Tom Peters v A Adriana , minha inspiração, 'A Gabriel , meu f i lho , A meus pais . vi AGRADECIMENTOS À prof . Anna Maria Campos , pelo exemp l o . Ao Prof . João Bosco de Castro Teixeira , Diretor Executivo da FUNREI , pela confiança . Ao meu orientador , Prof . Kleber Fossati Figueiredo , pela paciênc i a , pela luz e pelo incentivo. Aos funcionários da Marcopo lo S / A , da WEG Motores Ltda . e da White Martins Soldagem Ltda . pela contribuição , sem a qual não ter ia s ido possível este traba lho . Ao Paulo Lobo , ao Eugênio e ao Antônio C l aret do Núcleo de Informática da FUNREI . Aos professores do Departamento de Ciências Admini strativas e Contábe i s . A todos que , anonimamente , s e esforçaram por me aj udar a vencer mais esta etapa . A todos , o meu reconhecimento , a minha gratidão , a minha amizade . Rio , abril de 1 9 9 4 . vii PARTE RESUMO DA TESE APRESENTADA À COPPEAD/UFRJ COMO INTEGRANTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CI�NCIAS (M . Sc . ) Implantação de Proqramas de Redução de Desperdícios na Indústria Brasileira: Um Estudo de Casos Helvécio Luiz Reis Abril/199. Orientador: Pro f . Kleber Fossati Fiqueiredo proqrama: Administração o obj etivo central deste trabalho é identificar os programas implementados pela indústria brasileira e sua e f i c iência para a redução de desperdicios . Entre os desperd icios examinados , destacam-se os : proven ientes da produção excessiva , do tempo de espera ( provenientes do tempo de preparação das máquinas ou set-up e os associados ao tempo de manutenção ou downtime ) , com estoques supér f luos , provocados por unidades defeituosas , com movimentos desnecessários , do processamento inútil e relativos ao excesso de transporte . Os programas de redução de desperd ícios mai s encontrados n a l iteratura pertinente são : Just-in-Time ( J I T ) , MRP/ MRP -I I , Produção Nivelada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades , Desenvolvimento de Fornecedores , Produção "Puxada" Monitorada por Kanban s , Automação de Baixo Custo , Qualidade no Processo Fabr i l , Tecnologia Avançada de Manufatura (AMT ) , Limpeza e Organização da Fábrica , Envolvimento do Operário , Padronização e simp l i f icação de Produtos e Processos , Manutenção Produtiva Total ( TPM) e OPTo Três casos de empresas brasileiras (MARCOPOLO S / A , WEG MOTORES LTDA . e WHITE MARTINS SOLDAGEM LTDA . ) foram ana l i s ados com o obj etivo de aferir a efic iência dos programas implementados por estas empresas no que tange à redução de desperd ícios . viii ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO COPPEAD/UFRJ AS PARTIAL FULFILLMENT FOR TIIE DEGREE OF MASTER OF SCIENCES (M.Sc.) IMPLANTAÇÃO DE PROGRAMAS DE REDUÇÃO DE DESPERDíCIOS: UM ESTUDO DE CASOS HELVÉCIO LUIZ REIS ABRIL/ 1 9 9 4 CHAIRMAN : PROF. KLEBER FOSSATI FIGUEIREDO DEPARTMENT : ADMINISTRATION The central obj ective of this work is to identify the programmes implemented by the bra z i l ian industry and its effic iency for the reduction of wastes . Among the examined wastes , the fol lowing are to be pointed out : the ones deriving from excessive product ion , from waiting time ( deriving from machines set-up time and machines downtime ) , the ones with unnecessary inventor ies , the ones deriving from defective unit s , the ones with unnecessary movements , the ones deriving from useless processing and the ones relating to the excess of transportation . The wastes reduction programmes which are mostly found on their spec i f ic literature , are : Just-in-Time ( J I T ) , MRP/MRP-I I , leveled and mixed production of smal l lot s i z e s , supp l ier's development , kanbans-monitored pul l system, low-cost automat ion, quality in manufacturing process , advanced manufacturing technology (AMT) , housekeeping ( cleaning and workplace organization ) , worker's involvement , products and processes standard i z ation and simpl if ication , total productive maintenance ( TPM) and optimized product ion technology (OPT) . Three cases of bra z i l ian companies ( MARCOPOLO S / A , WEG MOTORES LTDA and WHITE MARTINS SOLDAGEM LTDA) have been analysed with the objective of checking the efficiency of those programmes that have been imp lemented by those companies with respect to reduction of wastes . ix LISTA DE ILUSTRAÇÕES I - Ouadros Quadro 1 - Principais Indicadores Operac iona is . Quadro 2 - Automação e Técnicas Gerenciais • . . . . Pág . 5 8 Quadro 3 - Quadro-Resumo de Causas/ Fontes e Consequênc ias dos Desperd ícios e Programas de Redução por Tipo de Desperdício . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 Quadro 4 - Caracter ísticas Gerais das Empresas . 99 Quadro 5 - Programas de Redução de Desperdícios Implementados pelas Empresas Pesqu isadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 Quadro 6 - Quadro-Resumo da Análise dos Resultados dos Casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Quadro 7 - Resultados Obtidos com a Implantação de Programas de Redução de Desperdí- 185 elOS. . . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 187 Figura 1 - s i stema Inpu t-Processo-output . . . . . . . 13 Figura 2 - Lote Econômico.................. . .................... .. .. 18 F igura 3 - Os Reflexos da Produção Just-in-Time 37 Figura 4 - Estrutura Organi zacional da White Martins so ldagem - Modelo Anterior . . 103 Figura 5 - Estrutura Organ izacional da white Martins Soldagem - Modelo Atua l . . . . . 111 I I - F iguras x SUMÁRIO 1. 1. 1. 1.2. 1.3. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. .. . .. . .. .. O Assunto e sua Importância O Desempenho da Indústr ia Bras ileira . . . . . . . Objetivos e Organizaçâo do Estudo . . . . . . . . . . 2. 2.1. 2.2. 2.3. 2.4. 2 . 5. Revisão de Literatura Introdução .. .. .. .. ....... .. . . . . . . . . . . . .. . . .... . . Desperdícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tipos de Desperdícios . . . . . . . . . . . . . . . . Programas de Redução de Desperdícios . Resumo 3. Metodologia . • . • . . . 5. 5.1. 5.2. 5.3. 5.4. • • . . . • . • . • . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . 10 10 10 16 34 74 . . . . . . . 93 . . . . . . . . . . . . . . . • • • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . .. . .. .... .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Descrição dos Casos 4. 4 . 1 . Introdução 4 . 2 . Descrição dos Casos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • • • . . . . . . . . . . . . . . . . • • . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • ANÁLISE DOS RESULTADOS Introdução Tipos de Desperdícios e suas Causas Programas de Redução de Desperd ícios . . . . . . . A Eficiência dos Programas Implementados pa ra a Redução de Desperdícios . . . . . . . . . . . . • • . . . • . . • • • . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . • • • • • • . • 167 . . . . • . • . . . . . . . . • . . . . . . . . 6. RESUMO , CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 .. 1 . Resumo . . . . . . . . . . .. .. . .. .. .. .. .. .... .. .. .. .. .. .. .. ...................... 6 .. 2 .. Conclusões .................. .. .. .. .... .. ........ .. .............. .. .. .. .. .. .... 6 . 3 . Novos Temas para Pesquisas . 179 179 180 189 . 191 • 198 . . . • • . • • • . . . . . . . . . 7. ANEXOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8. BIBLIOGRAFIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . 98 98 100 152 152 152 160 . . . Pág . 1 1 3 7 1 CAPíTULO I - INTRODUÇÃO 1 . 1 - O Assunto e sua Importância o mundo está em meio a uma grande revolução de Qual idade . Caracterizado por consumidores cada vez mai s exigentes , instáveis e diferenciados no que tange a gostos e preferências por produtos , o per f i l da demanda destes novos tempos parece colocar em xeque o paradigma fordista da economia de escala : que a produção de grandes lotes de produtos , com pouca variedade de modelo s , reduz os custos de fabricação e , conseqüentemente , os preços . Hoj e , já não basta às indústr ias produ z i r grandes lotes de produtos padroni z ados que satisfaçam , estritamente , às espec if icações médias de seus c l ientes , traduz idas por níveis de qualidade aceitável e regras de norma l i z ação . As indústr ias , além de garantir a qualidade dos seus produtos , precisam colocar diferentes modelos cus tom designed a preços mais baixos , o que é paradoxal pelo trade-off tradicional fordista . Algumas empresas de vanguarda , antecipando-se a este novo cenário , estão empreendendo um ritmo acelerado de inovações , seja nas técnicas de gerenciar seus processos fabr i s , sej a no desenvolvimento de novas tecnologias e de novos produtos . E , principa lmente , têm procurado resolver o d i l ema variedade de produtos-custos via ganhos de produti vidade . Dentre estas empresas , um número cada vez crescente percebeu que muitos dos recursos da produção são desperdiçado s , devido a erros , atrasos e defeitos nos processos fabris , e vem ap l icando programas que visem redu z ir tais desperdícios , custos , ganhando produt ividade , melhorando a e l iminando qualidade de seus produtos , diminuindo preços e obtendo vantagens competitivas . A unif icação dos países da Comunidade Européia , a democrat i zação e abertura das economias dos países do Leste Europeu e a g loba l i z ação preocupam as nações que não podem oferecer , atualmente , produtos de alta qua l idade e baixo preço para concorrer com países asiático s , como Japão , Coréia do Su l , Taiwa n , Hong Kong , Cingapura e outros . Até bem pouco tempo , os produtos brasileiros , por exemplo , eram vistos como caros e de qualidade , muitas vez es , como conseqüência dos baixa desperdícios exi stentes nas indústr ias do país . Melhorar a produtividade e a qualidade , através da redução dos desperdícios , passou a ser uma iniciat iva cada vez ma is comum no Bras i l . É desta forma que as empresas brasileiras pretendem tornar-se compet itivas em relação aos concorrentes de nações comercialmente mais fortes, atender às exigências do consumidor , reduzir seus custos , manter ou aumentar sua participação no mercado interno e incrementar suas exportações . o Jornal "O GLOBO", de 0 9 / 0 6 /9 1 , sob o título "Casa da Moeda recebe de volta lote de cédulas com defeito " , registrou 2 um lamentável exemplo das contradições vividas no Bra s i l quanto a desperdicios provenientes da fraca qualidade de nossos produtos : 3 % das 1 0 0 mi lhões de cédulas encomendadas pelo Equador e produ z idas pela Casa da Moeda apresentaram defeito , devido ao corte incorretol• Mais lamentável que o motivo da not icia , entretanto , foi o comentário associado à reportagem e que d i z ia "que este problema não prej udicava a imagem do fabricante" , uma vez que todas as notas defeituosas seriam subst ituidas . Isto é apenas um exemplo da forma de pensar que dominava o pais não faz muito tempo . A inspeção 1 0 0 % , a reimpressão das notas defeituosas e o custo do transporte , sem contar os efeitos sobre a sua imagem , certamente representaram desperdicios para a Casa da Moeda e poderiam ter s ido evitados . Felizmente , ao que tudo indica , exemplos como este podem tornar-se uma página virada da história industri a l bras i l e ira , em decorrência da crescente conscienti zação dos empresários. Entretanto, não é o Bras i l o único pais do mundo a sentir-se interessado em melhorar o desempenho de sua indústr ia . Os Estados Unidos e as nações da Europa Ocidental têm debatido , j á há a lgum tempo , a produtividade de suas empresas e a qualidade de seus produtos , preocupados , também , com a perda de mercado para indústr ias japonesas e sulcoreanas , dentre outras . Em artigo veiculado na " Fortune,, 2s , constata-se que a preocupação com a redução de custos não é tão recente . Ronald HENKOFF , autor do artigo , numa pesquisa real i z ada entre as 5 0 0 empresas " Fortune" , defende a hipótese de que cortar custos não se faz simplesmente demitindo pessoa l , mas e l iminando o trabalho desnecessário com inspeções e retrabalhos e outras formas de desperd icios : a produtividade das empresas pesquisadas dec l inou no periodo de 1 9 8 4 até 1 9 8 8 , apesar dos cortes na folha de pagamento . Isto significa que as empresas que adotaram o downsizing, reduzindo pessoal como f orma de ganhar produt ividade , não têm resolvido seus problemas . Af ina l , elas cortaram "múscul o , além da gordura" , conclui Henko f f . Como será visto no tópico seguinte , há um razoável número de empresas que vêm-se esforçando na apl icação de programas de redução de desperdicios . A contribuição deste trabalho é examinar a experiência de a lgumas empresas do Bra s i l neste campo , relac ionando-se o s programas de gerenciamento de produção empregados e sua efic iência na redução de determinados tipos de desperd icios . de Certamente , há de se encontrar quem atribua os problemas competitividade da indústria brasileira à instabil idade Casa da Moeda recebe de volta lote de cédulas defeito . O G lobo . Rio de Jane iro , 09 j un 19 9 1 , p . 5 9 . 2 HENKOFF , Rona ld . Cost cutting: how Fortune . V . 2 1 , n . 8 , p . 2 6 -3 3 , Apr i l 1 9 9 0 . to do it com r ight . 3 econômico-f inanceira do país , à pesada carga tributária e ao atraso tecno lógico , resultante dos tímidos investimentos do setor na modernização e expansão do parque fabril durante longo período . É possível que ainda se pense no paternali smo e no protecioni smo do Governo como solução . No entanto, em meio a esse quadro supostamente desfavoráve l , este trabalho pretende mostrar determinados procedimentos e novas formas de organização da produção , que têm levado algumas indústr ias bra s i l e iras ao sucesso . 1 . 2 - O Desempenho da Indústria Brasileira Pesqu isas rea l i z adas por ROCCO ( 19 9 0 ) e FERNANDES ( 1 9 9 1 ) há cerca de 3 ano s , deram conta do prejuízo que o s desperdícios estavam dando para a economia do Bras i l . Os números , embora conf l itantes de uma pesquisa para outra , eram preocupantes : de US$ 30 a US$ 4 1 bilhões eram desperdiçados anualmente , representando entre 8 e 1 1 % do PIB brasi leiro . Estas mesmas pesqu isas apontavam o setor manufatureiro como responsável por cerca de 2 0% destes números . Outras pesquisas rea l i z adas recentemente por price Waterhouse - divulgada em seu informativo !NFASE ( em 19 9 3 ) - e pela Ernst & Young , com o apoio da Câmara Americana de Comércio , pub l icada por NETZ ( 19 9 0) , indicam que a indústria bras i l eira tem dado sinais positivos de reação , mostrando números que comprovam melhorias nos índices de produtividade das fábricas e na qualidade dos produtos nacionais . Ou sej a , o setor manufatureiro está procurando ut ili zar melhor seus recursos , e l iminando tudo o que não agrega valor ao produto . Na pesquisa publicada no informativo !NFASE ( Série Relatórios Especia i s ) , 1 1 1 Sondagem de 19 9 3 , a price Waterhouse procura comparar os índices de qualidade e produtividade das empresas consultadas com os da concorrênc ia . Aproximadamente 90% dos entrevistados consideram seus níveis de produtividade no mín imo semelhantes àqueles dos concorrentes . Para cerca de 2 , 9 % , os índices de suas indústrias são inferiores . Esta sensação de conforto, segundo as conclusões dos pesquisadores , pode ser injustif icada se a percepção de concorrentes para as empresas sondadas restringe-se ao mercado interno . Numa economia global i z ada , o padrão comparativo de excelência é o mercado internacional . Neste sentido , uma outra pesquisa e fetuada também pela price Waterhouse , em 19 9 2 , revelou que 3 9 , 8 % das empresas reconheciam índices de desempenho inferiores aos das estrange iras . Em que pese o relativo otimismo da indústria naciona l , percebe-se que o trato de temas de qualidade e produtividade ( Q&P ) no Bras i l , embora crescente , não é o idea l . Se se considerar a abertura da economia , a velocidade de resposta das empresas ainda é baixa . De acordo com as conclusões da price em 1 9 9 3 , 8 , 5 % das empresas consultadas não têm implantado qualquer 4 programa de melhoria ( contra 18 , 0% em 1 9 9 2 ) e 2 1 , 4% começam a elaborar programas desta natureza ; 42 , 6 % implantaram planos de aumento de produtividade e qua lidade há menos de dois anos . Entre as empresas pesquisadas , 2 4 , 8 % adotam medidas de melhoria há dois anos ou mais . o gap exi stente entre os padrões brasile iros de produção das melhores indústrias nacionais e os a lcançados pelos melhores fabricantes do mundo ainda é muito grande . Às vez es , a distância do desempenho local é até centenas de vezes pior que a média internaciona l . Muitos produtos brasileiros preservam a imagem de má qualidade e são caros , o giro dos estoques é lento , o atendimento aos pedidos dos cl ientes é vagaroso , devido à falta de flexibil idade da produção na maioria das vezes , e , fina lmente , as empresas menosprezam seus c l ientes . Felizmente , a l ista das i lhas de excelênc i a , as empresas que vicejam em meio a este mar de inefic iência , desperd ício e má administração , vem crescendo . A empresa de consultoria Ernst & Young , com o apoio da Câmara Americana de Comérci o , realizou uma pesquisa entre as indústrias f i l iadas à FIESP sobre o seu desempenho em relação aos padrões internaciona is . Publicada por NETZ3 na Revista Exame de 1 2 / 1 2 / 9 0 , a pesquisa revelou , por exemplo , que , em média , eram rej e itadas por defeito de fabricação 2 5 7 1 6 em cada mi lhão de peças produz idas no pa ís . O padrão mund ial é de 2 00 peças em cada milhão . Há indústrias que chegavam a perder 2 00 m i l peças por milhão . Os cl ientes da produção nacional reclamavam de 24 componentes em cada mil fabricados , enquanto , mundo afora , a média encontra-se abaixo de dez . Outras informações fornecidas pela pesquisa mostravam um quadro um tanto quanto desolador : o prazo que a indústr i a bra s i l e ira l evava , em média , para atender o pedido d e um c l i ente era de 3 7 dias ( a média mund ial é de 48 horas ) ; e a rotatividade média dos estoques era de 10 vezes / ano , enquanto a média mund ial é de 7 5 vezes/ano . O relatório da price Waterhouse sobre a pesquisa de 1 9 9 3 , cuj os números são apresentados no Quadro 1 , indica números bem mais animadore s : o índice de refugo caiu para 2 , 0% entre as empresas entrevistadas , o prazo de atendimento do pedido do c l i ente reduziu-se para 2 8 , 5 dias , em média , e a rotatividade dos estoques de matérias-primas , na média , aumentou para cerca de 14 vezes ( o de produtos acabados foi a inda melhor , 23 vezes ) . Os números apresentados demonstram que há , a inda , um longo caminho para se percorrer , se se qu�ser a j ustar a indústria bra si leira aos padrões internacionais de compet içã o . 3 Exame , NETZ, Clayton . Muitas pedras e pouco ouro nas empresas . São Paulo , V . 2 2 , n . 2 5 , p . 9 2 - 8 , 1990. 5 Quadro 1 Principais Indicadores Operacionais I Indicadores Operaciona is ocios idade da mão-de-obra ( % ) I 1992 I 1993 22 , 6 18 , 2 ocios idade dos equipamentos (% ) 31,7 28 , 2 í ndice de lotes inspecionados no recebimento ( % ) 75 , 8 73 , 3 í ndice de reprovação dos lotes no recebimento ( % ) 6, 4 5,9 í ndice de refugo ( % ) 2,4 2,0 í ndice de devolução de produtos por parte do c l i ente ( % ) 1,4 0,9 Índice de reclamações dos cl ientes ( % ) 3,2 2,2 Prazo de produção ( dias ) 26 , 5 23 , 7 Praz o médio de entregas ( dias) 33,5 28 , 5 Cobertura do estoque de matéria-prima (dias) 31,2 26,3 I 15 , 6 Cobertura d o estoque de produtos 19 , 0 acabados ( d i a s ) ( Fonte : "INDICADORES de Quall.dade e Produtl.vl.dade " . � nfase . Uma publl.caçao da Prl.ce Waterhouse . I I I Sondagem 1 9 9 3 ) . - A exemplo das conclusões da pesquisa da Price , que associa a redução dos custos com financiamento de estoques à apl icação de modernas técnicas de gestão , dentre as qua is o Just-in-Time , muitas empresas nacionais precisam passar seus programas tradicionais de produção por uma transformação profunda . Só assim , seria possivel atingir niveis de desempenho a inda superiores e competitivo s . Só assim se conseguiria resultados mais consi stentes para a redução de um dos maiores males destas empresas : os desperdicios . As indústrias brasileiras têm tido uma outra boa razão para melhorarem a produtividade de suas fábricas e a qualidade de seus produtos : o Brasil vem experimentando uma mudança substancial em seus padrões de competiçã o . No passado , o programa de substituição de importações serviu de suporte para um modelo fechado , fortemente o l igopo l izado , que protegeu o atraso da indústria nacional através da reserva de mercado contra a concorrência externa . Além disto , era grande a presença do Estado na economia, sem contar os subsidios e os incentivos f i scais em alguns casos concedidos a empresas inef icientes e mal-administradas . 6 A partir de 1 9 9 0 , profundas alterações estão ocorrendo a partir de dois fatores principais . O primeiro deles é a abertura da economia à concorrência internaciona l , permitindo a entrada de novos produtos , tecnologicamente mais avançados , de melhor qual idade e mais baratos que os naciona i s . Cabe aqui ressaltar os dados divulgados no relatório anual do World Competitiveness Report , organi z ado pelo IMD de Lausanne , Suiça , publicado no Bras i l ( em 1990) e citado por FLEURY e PROENÇA ( 1 9 9 3 ) : entre as nações recentemente industrial i z adas , o Bras i l ocupa o ültimo lugar em termos de compet itividade econômica , perdendo para países como Cingapura , Malásia , Taiwan , Coréia , Méx ico , Índia , dentre outro s . A pesquisa da Ernst & Young citada anteriormente - revela que nove em cada dez empresas seriam reprovadas num exame mais severo sobre padrões de desempenho e níveis de efic iência . O segundo fator é a da do diminuição da intervenção Estado , através desregul amentação de setores e privat iz ação de empresas . ARKADER e FLEURY (1993) ana l i sam o mercado de distribuição de combustíveis no Brasil antes e depo is destas recentes mudanças em seu ambiente de compet ição . Este trabalho é uma boa amostra do quadro geral das indüstrias bras i leiras . Novos concorrentes vieram com a abertura da economia , e as di stribuidoras até então existentes buscaram na inovação de produtos e processos e no marketing uma forma de reequ i l ibrar as forças competitivas neste mercado . Um fato ocorrido na Shell Bras i l , citado por NETZ ( 19 9 0) , i lustra bem o comportamento atual das di stribuidoras de derivados de petró leo . Uma mistura incorreta de aditivos na produção de lubr i f icantes desta empresa ocas ionava a rejeição de 13 em cada 100 bateladas fabricadas . Com as melhorias adotadas , reduziram-se estes desperdícios para 0 , 5% . Exemp l os , como o da She l l , tornam-se cada vez mais comuns entre as empresas brasileiras , preocupadas como estão com a concorréncia externa . Os desperd ícios da indüstria tornaram-se alvo fácil para a apl icação de programas de redução , porque representavam preços maiores , menor compet itividade , baixa produtividade e fraca qua l idade . Em revistas especiali zadas , dentre elas a Exame , encontra-se um nümero crescente de situações sobre a redução de desperdícios e sobre os programas implementados que têm permitido redu z i los . Aque l e mesmo autor , em seu artigo para a revista Exame , cita a lguns dos programas de redução de desperdícios empregados pelas empresas no Bras i l : Just-in-Time , Qualidade no Processo Fabr i l com o emprego do Contro le Estat ístico do Processo , Produção " Puxada" Monitorada por Kanban , MRP , Manutenção Produtiva Total (TPM) , Rac ionalização do Uso do Espaço por meio de Células de Fabricaçã o , Envolvimento do Operário , Tecnologia Avançada de Manufatura através da automação industrial , dentre outros . O " Estudo da competitividade da Indústria Bra s i leira " , rea l i z ado no primeiro semestre de 1 9 9 3 e f inanciado pelo FINEP , 7 procurou sondar a situação de 6 6 0 empresas bras i l e iras . Entre a s questões formuladas , duas são de particular importânc i a para um trabalho sobre desperdícios . Uma delas diz respeito aos estoques , apontados como um dos principais desperdícios das empresas pesquisadas . 8 7 , 5 % das empresas do ramo eletro e letrônico , por exemp l o , têm adotado estratégias que visam, preferencia lmente , a redução dos custos dos estoques . Na média de todos os setores consultados , os estoques representam um problema para cerca de 4 6 , 3 % das empresas respondentes . Uma segunda questão re levante trata dos principais programas implementados pelas empresas inquiridas para a redução de desperdícios . As empresas têm aplicado , principa lmente , programas de automação , círculos de control e de qualidade ( envolvimento do operário ) , controle estat ístico do processo ( qual idade no processo fabr i l ) , métodos de tempos e movimentos ( padronização e simp l i f icação de produtos e processos ) , células de produção ( rac iona l i zação do uso do espaço) e just-in-time interno . Há setores da economia bra s i leira que a inda revelam um certo cetic ismo , dentre os quais destacam-se agroindústria , vestuários e calçados , química , mobi l iário , para citar alguns ( Quadro 2 ) . Este estudo conf irma o movimento de adaptação da indústria bras ileira a um mercado que sofreu estreitamento pela recessão e que se tornou mais competitivo , inclusive , como conseqüência da abertura econômica . As empresas perqu iridas apontam programas que objet ivam a eliminação de desperd ícios e à redução de custos , porque preço baixo e a lta qualidade parecem ser as estratégias preferidas para o enfrentamento da concorrência e a manutenção do cliente . Embora possam existir limitações em relação aos números de a l gumas das pesqu isas citadas e sobre os fatos apresentados , não é possível continuar tentando , a exemp lo do que diz o dito popu l ar , "tapar o sol com a peneira " . O que se fez até agora é pouco . As indústrias brasileiras precisam continuar tomando providências mais incis ivas , sob pena de perderem posições , aqui dentro e no mercado internaciona l . I sto sem contar as perdas de divisas para o pa ís . 1 . 3 - Objetivos e Organiz acão do Estudo Conforme foi antecipado , o objetivo deste trabalho é ident i f icar programas que vêm sendo implantados para a redução de desperd ícios na produção . O capítulo 1 1 apresenta a revisão de literatura do tema . Esta revisão inclui o levantamento dos tipos de desperdícios tratados neste trabalho e dos programas de redução empregados para reduz i-los . Ao f inal deste capítulo , será construído um quadro-resumo , no qual serão relacionados os programas de redução de desperdícios a cada um dos tipos de desperdícios que 8 Quadro 2 Automação e Técnicas Gerenc iais ( em percentual do total de empresas pesquisada s ) Setores Just in Time Automação CCQ CEP Tempos e Movimentos Célula Produção Agroindústria 11, 4 10 , 3 13 , 1 10 , 6 8,0 15 , 2 Quimica 34 , 1 14 , 3 21,0 26 , 2 20, 0 17 , 5 Metalurgia 68 , 8 29 , 4 33,4 44 , 4 33 , 3 27 , 8 Bens de capita l 30,7 22 , 9 18 , 6 38 , 0 21,5 30, 0 Materi a l de Transporte 35,9 23 , 6 51 , 9 58 , 0 47 , 0 39,2 E l etroeletrônicos 76, 3 22 , 7 54 , 5 65 , 0 28 , 6 40, 9 F i ação e Tecelagem 20 , 1 16 , 7 41,3 28 , 8 20 , 0 14 , 0 Vestuário e C a lçados 15 , 0 11,2 11 , 7 23 , 7 24 , 5 24,7 Papel e Celulose 44,7 12 , 9 29 , 0 20 , 0 10 , 0 13 , 3 5,4 14 , 3 13 , 2 20,7 20,7 11, 3 Mobi l iário ( Fonte .. CNI ) e les possibil itam reduzir . No capitulo 111, será descrita a metodologia empregada para ver i f icar as relações , constantes do quadro-resumo proposto ao f inal do capitulo 11, entre os programas e os tipos de desperdicios que aqueles procuram reduzir , nas empresas da amostra . Serão tratado s , ainda nesse capitulo , os critérios de seleção das empresas anal isadas , bem como a forma como as entrevistas se desenrolaram e outros aspectos relacionados à elucidação da coleta dos dados . No capitulo IV, são apresentados os três casos pesquisados : o da Marcopo lo S/A, o da WEG Motores S / A e o da White Martins soldagem Ltda . Fazem parte dos casos as informações obtidas das entrevistas rea l i z adas no per iodo de fevereiro de 1 9 9 2 a novembro de 19 9 3 . A apresentação destas informações procurará dist inguir os programas ap l icados no passado , os programas de redução de desperdicios implementados e os resultados obt idos com a apl icação de tais programas vis- 9 à-vis os tipos de desperdic ios reduzidos . o capitulo V ana l isa comparativamente os casos tendo como pano de fundo o quadro-resumo proposto no f inal do Capitulo II , destacando-se os pontos mais importantes em comum entre eles ou suas principais diferenças . Fina lmente , o capitulo VI trata do fechamento deste trabalho , s a l i entando as principais conclusões e procurando levantar outras pesquisas que podem ser rea l i z adas e relacionadas ao tema em questã o . 10 CAPíTULO 11 - REVISÃO DE LITERATURA 1 1 . 1 - I ntroducão Uma razoável literatura sobre desperdicios permite dizer que o assunto não é contemporâneo , remontando aos tempos de Henry Ford e Frederic W . Taylor. O objetivo deste capitulo é fazer uma revisão de l iteratura sobre os desperdicios nas indústrias , identi f icando tipos de desperdicios e os programas uti l i z ados para a sua redução . Na prime ira parte , será esboçada uma conceituação de procurando-se levanta r , também , outras desperdicios , nomenclaturas semanticamente semelhantes a desperdicios . A segunda parte caracteri zará os tipos de desperd icios que ocorrem no interior das fábricas e que serão tratados nesta revisão . Serão abordados os desperdicios proven ientes da produção excessiva , os desperdicios do tempo de espera , os provocados por unidades defeituosas , com estoques supérf luos , com movimentos desnecessários , os desperdicios do processamento inút i l e os relativos ao excesso de transportes dentro das fábricas . Na terceira e última parte , serão examinados os mais importantes programas de redução de desperdicios , tratados pela literatura , tais como Just-in-Time , MRP , Automação de Baixo Custo , Produção "Puxada" Monitorada por Kanbans , TPM, dentre outros . Este capitulo se encerra com um quadro-resumo , no qual será demonstrado o link entre os programas de redução de desperd i cios e os principais tipos de desperdicios que possibi l itam redu z i r . 11.2 - Desperd i cios Os desperdic ios têm s ido motivo de crescente preocupação num razoável número de publicações e estão sendo discutidos , invariavelmente , pelos mais di ferentes segmentos da atividade humana . Contudo , não se pode dizer que o tema é atua l . Antes mesmo de o pessoal da Toyota retomar a discussão sobre este mal das empresas (SCHONBERGER , 19 8 4 ; SUZAKI , 19 8 7 ; OHNO , 198 8 ) , outros autores citaram esforços no combate aos desperdicios dentro das fábricas . Henry Ford , por exemp l o , em sua época , como ele mesmo relatou em seu l ivro " Os Principios da Prosperidade" (FORO , 19 ) , sentiu necess idade de cuidar melhor do emprego dos recursos de sua empresa , diagnosticando falhas de fabricação que desperdiçassem os escassos recursos disponiveis . Em sua 11 obra , não é raro encontrar exemplos de economias obtidas graças à sua dedicaçã o , como é o caso do melhor aproveitamento das f o lhas de aço , matéria-prima para a fabricação de carters e de suportes de pára-brisas para os automóve i s . A padron i z ação do tamanho e do corte das chapas de aço gerou uma grande economia de recursos na produção de automóvei s . HALL ( 19 8 8 ) não considera originais a s idéias de Henry Ford s obre desperdic ios ; contudo , considera sua teoria do va lor do trabalho uma excelente contribuição para o entendimento do conceito de desperdicios . Vej a-se uma das passagens da teoria do valor de Ford : "Minha teoria do desperdício vem da coisa em si até o trabalho de produ zi-la. Queremos obter um valor total do trabalho para que possamos pagar um valor honesto. É o U80 não a conservação - que nos interessa. Queremos usar o material até o limite, a fim de que o tempo do homem não s e j a perdido . O material não custa nada. E l e têm pouca importância até chegar à s mãos da gerência. A e conomia do materia l , porque é materia l , e a economia do material , porque representa trabalho, podem parecer a mesma coisa. Mas o enfoque faz muita diferen ç a . Us aremos o material com mais cuidado se pensarmos nele como trabalho . Por exemplo , não vamos mais desperdiçar material à toa simplesmente porque podemos recuperá-lo -pois o salvamento envolve trabalho. O ideal é não ter nada para salvar . " - A referência que os autores fazem aos desperdicios está sempre associada a perdas , a a lgo prejudicia l , em qualquer s ituação . Haj a vista o que diz LOPES DE ABREU ( 19 9 0 ) sobre o assunto : "O desperdício é o uso dos recursos disponiveis de forma descontrolada, abusiva , irracional e inconseqüente . É o u s o sem necessidade , sem finalidade e sem objetivo definido. É o usar só para gastar, para mostrar a posse de al guma coisa. O desperdício não está ligado , necess ariamente , ao uso de quantidades acima das necessidades que se tem. Às vezes se gasta pouc o , mas se gasta ma l , e isto também é desperdício . Pode se manifestar através do uso de recursos em quantidades e especificações diferentes das que são necessárias . Quando quantidade e qualidade estão acima do necessário, depara-se com as sobras, com o uso desnecessário e com custos exagerado s . São as chamadas 'gorduras'. Se a utilização é abaixo das necessidades , têm-se resultados deficientes e que não satisfazem . " Este autor fornece uma contribuição importante em sua argüição . E l e questiona , entre outras coisas , o método convenc ional de avaliação dos resultados e do desempenho nas empresas : a comparação entre valores previstos e rea l i zados . Se se continua a dar grande importância a esta comparaçã o , é bem possivel que haj a esforços no sentido de que os va lores rea l i z ados sej am menores que os previstos . Procedendo-se desta forma , o gerente corre o risco de cometer outros tipos de desperdicios , tais como o da " economia à base da porcaria" . o subsidio de Lopes de Abreu trata de forma geral os desperd icios . A nivel de fábrica , a f im de viab i l i z a r a implementação de programas que visem a redução dos desperd icios ident i f icados , prec isa-se de algo mais operaciona l i z áve l . 12 A monograf ia de SUSHIL ( 19 9 0 ) sobre administração de a desperdícios é outro exemp lo de contribu ição para conceituação do assunto , muito embora trate da questão a nível macroeconômico ( naciona l ) , mencionando a experiência da í ndia . Vale a pena descrever alguns pontos do trabalho de Sush i l . Em primeiro lugar, a definição de desperdícios é tratada sob a concepção s i stêmica ( Figura 1 ) . "Desperdício pode ser qualquer inpu t desnecessário , ou qualquer output indesej áve l , num s istema,,4 Sem comprometer seu significado , a concepção s i stêmica apl icável neste caso ao macrossistema de uma Nação a í ndia em particular - é , perfeitamente , compat ível com a noção s i stêmica da empresa ( microssi stema , ou s istema menor) e , mais especi ficamente , do processo produtivo ( subsi stema da empresa) e seus vários estágios conectados . Estas conclusôes foram t i radas de OPTNER ( 19 7 1 ) , BERTALANFFY ( 19 7 4 ) e MARSHALL et a I . ( 19 7 5 ) e podem ser resumidas na Figura 1 . Em segundo lugar, SUSHIL ( 1990) ident if ica como desperdícios todo tipo de recurso " j ogado fora " . O seu enunciado considera impl ícitos : os recursos gastos a lém do necessário ; os gastos aquém do necessar10, porém , mal empregados com pre j u í z o da qualidade do produto ; o uso indevido dos recursos disponíve i s , bem como o uso dos recursos errados ; o uso pelo uso . Desta forma , este autor, além de sua visão s istêmica , importante para uma conceituação dos desperdícios a nível de fábrica , corrobora LOPES DE ABREU ( 19 9 0 ) . Uma por SUZARI a inda mais de Abreu e outra def inição especia lmente importante , atribuída ( 1 9 8 7 ) a Fuj io Cho, homem de fábrica da Toyota , é operacional que as contribuições examinadas de Lopes Sush i l : " Será tanto melhor, quanto menos se usa de equipamento , materiais , peças , espaço e tempo de mão-de-obra , de acorda com o absolutamente e s sencial para adicionar valor ao produto . Se não for assim, é desperdic io " . A idéia de desperdícios como um problema nas fábricas tem atravessado os tempos , desde Henry Ford , sem que sua defin ição tenha sofrido mudanças . Independentemente do foco de Ford e do pessoal da Toyota , os programas adotados visavam ating ir os mesmos obj etivos : reduz i r os desperdícios , porque eles só prejudicavam os resultados das empresas . Para eles , tudo o que "não adiciona valor, é desperdício"s. de A citação de Fuj io Cho parece , então , ser a definição desperdícios mais adequada ao presente escopo e não 4 5 Este conceito é encontrado em SUSHIL ( 1 9 8 9 e 1 9 9 0 ) . citado por SUZARI ( 1 98 7 ) . Fiqura 1 SISTEMA INPUT-PROCESSO-OUTPUT DESPERDICIOS INPUT PROCESSO FONTE: SUSHIL 'Waste Management A SysIems Pe!spedive.' VoI. 90. N.5, 1990. �_�&oma� ........... . 14 contraria outras definições mais gera is j á citadas 19 8 9 e 19 9 0 ; LOPES DE ABREU , 1 9 9 0 ) . ( SUSHI L , Do ponto de vista da concepção sistêmica introduz ida por SUSHIL ( 1 9 8 9 e 19 9 0 ) , Fuj io Cho considera desperdícios quando as quantidades introduz idas ( inputs) no subsistema de produção ( process o ) não correspondem ao mínimo e ao estritamente necessário para a fabricação dos produtos ( outputs ) . Do ponto de vista da preocupação de LOPES DE ABREU ( 19 9 0 ) , que entende por desperdícios não s6 o fato de se gastar mais , mas , também , gastar menos , porém, comprometendo-se a qual idade do produto , a defin ição de Fuj io Cho é satisfatória . Embora apropriada , esta definição de desperdíc ios , ou perdas , como SCHONBERGER ( 19 8 4 ) e FERRO ( 19 9 0 ) costumam referir-s e , requer outra tentativa no sentido de se entender um pouco mais o que vem a ser adic ionar valor ao produto . Esclarecendo este ponto , HAY ( 19 8 8 ) defende a tese de que as atividades que não modif icam fisicamente um produto não lhe ad ic ionam valor ; são apenas custos . São , portanto , desperdícios , passíveis de e l iminação . Para este autor , atividades como a inspeção , o mover algo de um lado para outro , arma zena r , dentre outras , muitas das qua is aux i l i ares da produção , enquadram-se , perfei tamente , no contexto dos desperdíc ios . Por outro lado , o mesmo autor ident i f ica outras atividades que poderiam adicionar valor ao produto , basicamente relacionadas com a produção , tais como : montagem , soldagem , moldagem , empacotamento , fundição etc . Nem todos os autores que procuram tratar dos desperd ícios enfocam l iteralmente sua definição e acabam se desviando da rota , identif icando tipos de desperd ícios . Muito embora a inda não seja o momento para se tratar das tipolog ias , é preciso abrir um parênteses para se considerar estas di screpãnc ias , em termos estritamente conceituais . Os autores de contabil idade de custos e gerenc ial JR. et a I . , 199 0 ) , podem servir de bom exemp lo para isto . Norma lmente , as publicações nesta área identif icam os wastes e os spoilages ao tratarem dos métodos de reconhecimento dos desperdícios em sistemas de custos . Tanto os wastes quanto os spoilages são desperdícios , contudo , são terminologias empregadas para ident i f icar desperdícios diferentes . (HORNGREN, 19 7 2 ; SHILLINGLAW , 1977 ; BIERMAN O termo wastes é usado freqüentemente por aqueles autores , quando querem se referir à porção dos inputs de mater iais que desaparecem no processo de produção ou não têm valor econômico . Exemp los citados por eles incluem a evaporação de l íquidos , a serragem da madeira , as aparas de metal e as reduções no volume do materia l , provocadas pelo encolhimento . O termo spoilages é emprestado à class i f i cação dos materiais em processo ou produtos acabados dados como inüteis , sej a por defeito de acabamento ou de mater ia l . Estes 15 desperd ícios ocorrem depois que a matéria-prima é introduz ida no processo de fabricação, mas não é inerente ao projeto do produto ou às caracter ísticas da matéria-prima . Examinando os métodos de registro dos desperdícios abordados pelos citados autore s , encontram-se outras formas de desperd í cios , cuj as palavras do inglês não são traduz íveis ao pé da letra para o português como desperd ícios . É o caso dos scraps ( sucata s ) e dos reworkings ( retrabalhos ) . As sucatas resultam da matéria-prima em processamento , cuj as dimensões de comprimento , largura e espessura não conferem com as exigências para o produto que está sendo fabricado . Além disto , incluem matérias-primas inúteis para a fabricação . Os retrabalhos ocorrem nos casos de produtos que , não atendendo às especif icações de qua l idade , possam ser ainda recuperados e , posteriormente , vendidos como unidades "boas " . As tentativas de HORNGREN ( 19 7 2 ) , SHILLINGLAW ( 1 9 7 7 ) e JR. et al o ( 1 9 9 0 ) de conceituar genericamente os desperdícios não passam do tratamento dos diferentes tipos de desperdícios no sistema de custos das empresas . Enquanto os wastes são um tipo de desperd ício inevitáve l , os spoilages , as sucatas e os retrabalhos parecem ser desperdícios evitáve is 6• B IERMAN no parágrafo anter ior , ao Os autores citados diferenciarem a metodologia de interpretação e registro dos desperdícios evitáveis e inevitáve i s , acabam por concordar com autores , a exemp lo de SUSHIL ( 1 9 9 0 ) , que reconhecem que alguns desperdícios são inevitáveis no funcionamento de qualquer s i stema . Assim sendo , de preferência , o objetivo principal de qualquer administração deveria ser a redução de todas as formas de desperdícios , de modo a se fazer melhor uso dos recursos disponíveis . Um exemp lo de DEMING ( 19 8 2 e 1 9 8 6 ) parece muito adequado para ilustrar esta questão . Uma fundição perdia 1 2 % de sua produção em unidades defeituosas . Desta forma , de cada $ 100 , $ 12 eram consumidos em defeitos . Depois de promover uma melhoria no processo , a fundição passou a perder apenas 5% da produção . Com o mesmo inpu t , percebe-se uma elevação de cerca de 8 % na produção ( de 8 8 para 95 unidades "boas" ) e o custo por unidade cai ( de $ 1 , 1 4 para $ 1 , 0 5 ) . Se o preço de venda permanecer inalterad o , observa-se uma elevação nos lucros , equivalente a o valor total da venda das sete unidades adiciona is . E não houve necessidade de se fazer nenhum invest imento maciço para se alcançar um 6 Algumas vezes as sucatas podem ser inevitáve i s , especia lmente quando não se encontra fornecedores de matér ias primas nas espec i f icações ( inclusive dimensões) apropr iadas . 16 desempenho melhor, a não ser o esforço em detectar as causas que geravam tantas unidades defeituosas e a adoção de programas de redução de desperdício s . Para DEMING ( 1 982 e 1 9 8 6 ) , o s esforços n o sentido de redu z i r , ou cortar, ou e l iminar, os desperdícios relativos a unidades defeituosas não parariam por a í , nem se restringiriam a este t ip o de desperdícios . lHAI ( 19 8 8 ) , complementando DEMING ( 1 9 8 2 e 1 9 8 6 ) , d i z que tais esforços deveriam ser uma espécie de f i l osofia empresarial , uma forma de kaizen dos desperdícios . Isto é , uma melhoria contínua dos níveis de desempenho da empresa , através do diagnóstico e da prática de programas de redução de desperdícios . A cada novo padrão de desperdícios atingido , outros padrões seriam estabelecidos , e eles seriam cada vez ma is altos , representando níveis de desempenho constantemente melhores . o sistema , cada vez mais aperfeiçoado , aprove itaria melhor o input tota l , produz indo mais output desejável ou út i l com os mesmos recursos , ganhando com isto a empresa , o s c l ientes , a natureza e toda a humanidade ( SUSHIL , 1 9 9 0 ) . 11. 3 - Tipos de Desperdícios A própria definição de desperdícios amp l i a raz oavelmente as possibil idades quanto aos tipos . Contudo , por ra zões práticas , há de se di scutir os tipos de desperdícios que têm se caracterizado como os mais sérios problemas fabris das indústrias em gera l . OHNO ( 1 9 8 8 ) , em sua tarefa de desvendar os problemas no s istema de produção da Toyota , conseguiu identif icar alguns destes tipos de desperdícios . São eles : 1 desperdícios ou superproduçã o ; 2 desperdícios 3 desperdícios 4 desperdícios 5 desperdícios 6 desperdícios 7 - desperdícios - - - - - - provenientes da produção excessi va do tempo de espera ; provocados por unidades defeituosas; com estoques supérf luos ; com movimentos desnecessários ; do processamento inúti l ; e relativos ao excesso de transportes . Igua lmente importante para SUSHIL ( 19 9 0 ) são os desperdícios inerentes a dej etos industriais ( resíduos do processo ) . Eles , também , são abordados na l iteratura e têm sido a lvo de muitos estudos e críticas , especia lmente no momento em que o mundo ganha consciência ecológica . No entanto , estes desperdícios , apesar de relevantes , fogem ao escopo deste traba lho . I sto não impede supor que a prática de programas de redução de desperdícios possa resulta r , ainda , no melhor aproveitamento destes resíduo s , reduz indo-os tanto em quantidade quanto em sua ação poluente quando for o caso . 17 o tratamento dos tipos de desperdícios de forma individua l i zada se dá apenas por razões metodológicas . Pode ocorrer que o tratamento de um dos tipos de desperdícios estej a , por exemp l o , associado a mais de uma fonte . E que uma fonte sej a a causa de mais de um dos desperdícios citados , o que pode d i f i cultar a aná l ise individual . Além disto , decidiu-se reunir em um mesmo tópico as discussões sobre os desperdícios com movimentos desnecessários , relativos ao excesso de transportes e do processamento inút i l , onde o tratamento em separado pareceu menos efica z . 1 1 . 3 . 1 - Desperdícios Superproducão Provenientes da Producão Excessiva ou A produção excess iva , representada pela fabricação de lotes em quantidade superior à da demanda imediata do mercado , não só f ormando estoque s , mas camuflando as perdas com unidades defe ituosas , atrasos e erro s , é atribuída por KAPLAN ( 19 8 3 ) , ANTUNES JR et a I . ( 19 8 9 ) e STALK JR ( 198 9 ) ao modelo tradicional de administração da produção , à f i losofia Just-in Case . A fábrica trad icional , segundo a fi losofia Just-in-Case , base ia-se nos conceitos de l inha de montagem para produção em massa 7 , que Henry Ford introduziu na Ford Motor company , no início deste sécu l o , como resposta às necessidades de racionali zação de custos , redução de desperdícios e simultânea aceleração da produção (TAUILE , 1 9 9 0 ) . o modelo " fordista" supunha ( KAPLAN , 198 3 ; ANTUNES JR et aI . , 1 9 8 9 ; STALK JR., 1 9 8 9 ) acentuar a automação da fábrica para uns poucos produtos padronizado s , reduz indo-se , então , os custos de produção vinculados à variedade de produtos , tais como : os custos do set-up, da manipulação de materiais , de estoques e outros overheads da fábrica . Devido â rígida organiz ação do chão da fábrica , estes custos podem crescer rapidamente à medida que se expande a l i nha de produtos . Não é à toa que a Ford Motor, como citada por TAUILE ( 1 9 9 0 ) , produ z i a p o r volta dos anos 2 0 cerca d e 800 carros por dia , d e um único modelo - o famoso modelo T . Uma frase de FORD ( 19 2 5 ) tornou-se célebre por expressar bem o princípio básico da economia de esca l a , ou da produção em grandes lotes , que fundamenta o modelo tradicional de fábrica , uma das maiores fontes dos desperdícios provenientes da produção excessiva : "ofereço-lhe um automóvel de qualquer 7 A produção em massa é atribuída por alguns autores a Henry Ford , embora Iacocca em sua autobiogra f ia o negue . Vej a NETO ( 19 89 ) . 18 cor, desde que sej a preta" . A prãtica da f i losofia Just-in-Case procurava e l iminar os desperd i cios da capacidade de produção , otimizando-se o uso dos meios de produçã o , reduz indo ao mãximo sua ociosidade e minim i z ando-se os efeitos dos custos f ixos impostos pelas instalações , mãquinas fabris e da mão-de-obra sobre o custo unitãrio do produto (ANTUNES JR. et a I . , 1 9 8 9 ) . Neste caso , o modelo previa a produção em grandes lote s , com o emprego da noção de " lote econômico" ( Figura 2 ) . o mode lo de inventãrio simples e deterministico do " l ote econômico" (Economic arder Quantity EOQ ) , cuj a fórmu la SCHONBERGER ( 19 8 4 ) atribui a Ford Harris e R. H . W i lson , interpretava o trade-off entre os custos de preparação das mãquinas - por vezes onerosa e consumidora de tempo - e os custos da manutenção dos estoques , bem como os efeitos da f lutuação constante da produção . Contudo , os idea l i z adores do EOQ não se atinaram pelos desperdicios proven ientes da superprodução que seu modelo produ z ia , especia lmente os provenientes da formação de estoques intermediãrios que se espalham pelo chão da fãbrica reduz indo os espaços de movimentação e gerando p i lhas de matéria-prima e produtos acabados , que não têm saida e amontoam-se no almoxari fado . Os custos com a preparação de mãquinas , por exemp lo, são expressivos e podem ser reduz idos com a implementação de programas de redução dos desperdicios do tempo de espera ( especia lmente do set-up) • Ao passo que os custos de manutenção dos estoques são inamoviveis . F igura 2 I 11000 ! 8000 ! LOTE ECONOMICO 10000 9000 7000 8000 6000 4000 \ " \ " \ " \ '. \ 3000 2000 1000 o " . ....... Legenda '. " ..... .... . . ' '- Custo Preparaçao " Custo ManutertÇaO Cumo Total " �������-�-�-��=T=r�� 1 2 3 4 6 6 7 e 9 1011 12131416181718 Quantidade Fonte : SCHONBERGER e KNOD JR. ( 19 9 1 ) . 19 Além disto , o EOQ aumenta os ciclos de produção , ocasionando atrasos nas entregas dos pedidos aos c l i entes . Em alguns casos , vão de cinco a seis meses , como é o caso das indústrias americanas de máquinas-ferramentas . o modelo EOQ desviou a atenção dos gerentes dos problemas de qualidade do produto , dos refugo s , da motivação dos operários e da produtividade da fábrica , todos s ignif icat ivamente influenciados pelo tamanho dos lotes fabricados , para concentrar-se nos custos de manutenção de estoques e da preparação de máquinas ou de pedido de compras , por sua evidênc i a . SORAL e HOWARD ( 19 8 8 ) acham que , embora tais custos sej am reais , são dif iceis de se estimar na prática . Todav i a , a sen s ib i l idade do lote econômico aos custos estimados é baixa , isto é , se os custos de manter e preparar /pedir forem subestimados em 2 0 % , o EOQ "real" seria , presumive lmente , 1 0 % maior que o EOQ calculado . Na opinião dos mesmos autores , a ut i l idade do lote econômico é , também , limitada , quando pressupõe demanda estatisticamente estável e constante . Ao contrár io , a demanda é raramente estável e muito menos constante , e , neste caso , o EOQ expressa uma quantidade cada vez menos ótima , à medida que cresce a variabil idade da demanda . do EOQ : SCHONBERGER e KNOD JR . ( 1 9 9 1 ) analisam as contradições a ) O modelo pressupõe que os espaços de arma z enamento não possam ser faci lmente convertidos em outros usos . Assim sendo , pensava-se que a redução do tamanho dos lotes de produção para diminuir os estoques não resultará em economia de a lugue l , de prateleiras e de seguros . Ao contrári 0 , mesmo que não encontre uti l idade imediata , o espaço l iberado pela redução dos desperdicios provenientes da produção excessiva estará deixando de gerar custos da manutenção de estoques , pelo menos . b) O modelo subentende que a empresa pode l imitar o valor do invest imento em estoques . I sto quer d i z er que a administração da empresa pode recusar-se a adotar o EOQ , se o tamanho dos lotes de produtos demandasse maior capital que o orçado . Ao contrár i o , se não houvesse l imites arbitrários para os investimentos em estoques e se o tamanho dos lotes de produção fosse cada vez menor , a necessidade de capital seria menor . Para suportar o crescimento da freqüência de lotes menore s , a empresa deve desenvolver programas que visem a redução de desperd icios do processamento inútil e do tempo de espera - especialmente do set-up. c) O modelo supõe que as pessoas envolvidas com o processamento de ordens e com a preparação de máquinas , quando for o cas o , não possam ser faci lmente treinadas e remane j adas . Neste sent ido , o fato de se emitir menor número de ordens não redundará em redução dos custos associados ao set-up 20 e a o processamento das ordens . Ao contrário , operár ios podem desempenhar múltiplas funções ao invés de tarefas rígidas ; as ordens serão s impl i f icadas e reduz idas , permitindo que tanto os responsáveis pelo seu processamento da parte do comprador como os do f ornecedor tenham mais tempo para dedicar-se a outras atividades que agreguem valor ao produto . Além disto , as at ividades de preparação das máquinas serão s implificadas para que se j ustif ique a redução do tamanho dos lotes à medida que aumenta a freqüência de trocas . CORRlllA e GIANESI ( 19 9 3 ) , por sua ve z , acham que os desperdícios provenientes da produção excessiva devem-se , também , ao fato de se tentar antecipar demandas na programação de produção , " empurrando-se" a produção sob a suposição de que a capacidade da fábrica está balanceada (push system ) . Reconhecem estes autores que as empresas também incorrem nos desperd ícios provenientes da superprodução como que ocultando suas deficiências com relação ao set-up, com a manutenção , com o layout , com o recebimento de matérias-pr imas e peças e com as unidades defe ituosas . No caso particular da antecipação de demandas (BARMON e PETERSON , 1 9 9 1 ) , as vendas futuras são , sem dúvida , uma terrível incógnita para as empresas e , geralmente , dif íceis de serem acertadas . Neste caso , a produção excessiva de a lguns itens é definida , prior itariamente , pela disponibilidade de recursos . Quanto aos demais , a produção pode ser insufic iente para atender as demandas não previstas , ocas ionando atrasos nas entrega s , perdas de vendas e de imagem , tanto pre j udiciais quanto os desperdícios provenientes da produção excessiva . No que tange ao balanceamento da fábrica, BARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) acreditam que a cadência da produção excessiva , ou em grandes lote s , é um pressuposto da garantia de uma produção constante e uniforme, por um período mais longo de tempo . Isto parece eficaz na e l iminação dos problemas provocados pelas mudanças de capacidade para atender a demandas variáve i s , especia lmente os relac ionados à contratação , transferência entre setores , aumento ou redução de j ornadas , pagamento de horas extras e dispensa de operár ios da fábrica . No entanto , a superprodução , nas épocas de vendas baixa s , desperdiça importantes recursos escassos com a formação de estoques de produtos acabados , irrecuperáve is mesmo nos períodos seguintes de vendas crescentes . Segundo SUZAKI ( 1 9 8 7 ) e HAY ( 19 8 8 ) , a f i l osofia Just-in trata do balanceamento da capacidade , empregando o conceito da taxa de uti l i z ação da máquina . O esforço no sentido de se a lcançar os 1 0 0 % da capacidade da máquina resulta na acumu lação de estoques supérf luos . Case Os desperdícios provenientes da produção excessiva escondem, normalmente , o verdadeiro quadro de operações das empresas ( SUZAKI , 1 9 8 7 ) . Os operadores parecem ocupados , as máquinas trabalham desnecessariamente e equipamentos adicionais • 21 podem ser comprados sob a errada suposição de que são importantes e de que a empresa estaria operando com ef ic iência . 1 1 . 3 . 2 - Desperdícios do Tempo de Espera Muitas empresas no mundo , dos ma is variados setores , como que redescobrindo um velho slofan do comércio que d i z que "tempo é dinheiro" ( time is money) , têm voltado a dedicar espec ial atenção à administração do tempo , capita l i z ando com isto uma nova fonte de vantagem compet itiva . um dos primeiros autores de FORO ( 19 8 8 ) foi administração que se têm notícia a preocupar-se com os desperd í cios de tempo . Uma frase deste autor retrata seus cuidados sobre o assunto : UDe sperdício de tempo difere do desperdício de material pelo fato de que não pode haver recuperação. O mais f ã c i l de todos os desperdícios , e o mais difícil de ser corrigido, é o desperdício de tempo, porque o tempo desperdiçado não se espalha pelo chão da fábrica como o material desperdiçado . Em nossas fábricas , pensamos em tempo como energia humana . " Ma is recentemente , autores como GOLOSBROUGH ( 1 9 8 8 ) , ( 1 9 8 9 ) e STALR JR . e HOUT ( 19 9 3 ) estão se devotando ao estudo do tempo nos dias de hoj e . Para estes autore s , o tempo é um fator cruc ial em cada passo do processo . Os desperdícios do tempo , por exemplo , aumentam o tempo de produção e obr igam a manutenção de estoques desnecessár ios , mesmo entre os processos , ocasionando perdas com a sua armazenagem e manutenção , com o espaço ocupado e com a movimentação dentro da fábrica , e reduz indo os lucros das empresas . STALR JR . Para aqueles autores , el iminar perdas de tempo para entregar o produto mais rápido ao c l iente , por exempl o , se é , de um lado um forte requisito de satisfação do consumidor , por outro , representa operar com menores estoques , menos desperd ícios , menores custos . O foco dos desperdícios do tempo de espera l imita-se aqui ao exame das perdas decorrentes do tempo de produção , ou lead time , ou tempo de espera : o tempo que , segundo FORO ( 19 8 8 ) , YAMASHINA ( 1 9 8 8 ) e ANTUNES JR. et a 1 . ( 19 8 9 ) , se leva para processar um produto , desde o recebimento da matéria-prima até o produto f ina l . Além da j á examinada produção excessiva , SCHONBERGER ( 19 8 4 ) , MOURA ( 1 9 8 7 ) e BRICR et aI . ( 19 8 9 ) citam outras fontes de desperdícios do tempo de espera : o set-up ou tempo de 8 STALR JR . Frank 1 i n • e HOUT ( 1 9 9 3 ) atribuem esta frase a Benjamin 22 preparação das máquina s , incluindo o changeover ( t empo de troca de ferramentas nas máqu inas) , e o downtime ( tempo de manutenção das máquinas ) . a ) Desperd ícios do Tempo de Espera Proven ientes do Tempo de Preparacão das Máquinas : Set-up o tempo de preparação das máquinas é aquele exigido para se colocar uma máquina em condições de funcionamento . Compreende o ajustamento da máquina e o posic ionamento da matéria-prima na máquina para a fabricação de um produto ( P ERONI , 1 9 8 5 ) . SCHONBERGER ( 19 8 4 ) e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) incluem, no cômputo do tempo de preparação , a movimentação de ferramentas e as regulagens seguidas , num processo experimenta l d e amostras o u não , até que a máquina devidamente a j ustada produz a a primeira peça "boa" . Não descartam a possib i l idade de perdas de matéria-prima durante a etapa de aj uste das máqu inas . o tempo de preparação , como observaram STALK JR . ( 19 8 9 ) e STALK JR. e HOUT ( 199 3 ) , cresce na proporção das trocas de produto no processo fabri l . No modelo de fábrica tradiciona l , a troca de produtos no processo só se j usti f ica se a demanda for grande a ponto de permitir ganhos de esca la com volumes elevados de produçã o . No entanto , s e a s vendas caírem, estas fábricas preferirão redu z ir seus custos de produção , restringindo suas l i nhas de produto e , conseqüentemente , as trocas de produto no processo . Os mesmos autores acham que tal medida é o mesmo que atacar os sintomas em vez de ir à ra i z das causas dos custos . Para SCHONBERGER ( 1984 ) , MOURA e BRICK ( 19 8 7 ) et a l o ( 198 9 ) , o tempo de preparação das máquinas , normalmente a lto , é raramente lembrado como fonte de redução de desperdícios - quiçá de custos - , porque a administração das empresas tende a foca l i z a r , por exemp l o , mais os custos de mão de-obra e os defeitos de produção , por suas naturezas aparentemente evidentes . Entre as empresas que descobriram fontes de desperdí cios nas modalidades de set-up, a troca de ferramentas nas máquinas ( changeover) tem sido apontada como sendo a ma is importante . A dif iculdade do operário em saber o que fazer e como fazer, freqüentemente devido à falta de normatização do traba lho , conc luem HARMON e PETERSON ( 199 1 ) , é uma das causas de desperdícios , porque ocasionam demoras no changeover . Além d i sto , sem treinamento adequado para operar a máquina , não acostumados a fazer trocas (porque isto não é comum em seu ambiente) e com dispositivos de regu lagem e ajuste das máquinas ( gabaritos , escalas graduadas , medidores ) malconservados - ou 23 em alguns casos até mesmo sem eles - , o s operários , tidos como mágicos por seus gerentes , acabam desperdiçando bom tempo , num j ogo de tentativa-e-erro, durante a preparação das máquinas . Os mesmos autores l evantam outros focos de desperdícios do tempo de espera associados ao changeover: a) Os dispositivos de posic ionamento na máquina , que precisam ser a f rouxados , removido s , e depo is substituídos e apertados , não são proj etados pela engenharia para assegurar rap ide z bastante nas trocas de ferramentas ou nos a j ustes das máquinas . b ) As matérias-primas , ferramentas , moldes e documentação f icam distantes das máquinas , guardados em setores de ferramentaria e a lmoxarifado foca l i z ados . Os operadores de máquinas f icam obrigados a deslocar-se de seu local de trabalho para apanhar os dispositivos de set-up ou para devolvê-los , quando for o cas o . Este des locamento consome em torno de um terço do tempo dos operadores . c ) Os moldes e os instrumentos são proj etados individua lmente sem preocupação com a padronização e , por esta ra z ã o , acabam constituindo um grande número de itens que o operador prec isará manipular. d ) O transporte de moldes e instrumentos entre o local da armaz enagem e a máquina , especialmente quando o s i stema não é rudimentar , pode requerer empi lhadeiras , cuj o número não é sufic iente para atender a todos os operadores . Este é o caso dos moldes para prensas perfuradoras . e ) O layout da fábrica , muitas vez e s , é inadequado e impõe aos operários movimentos desnecessários , que aumentam o tempo para se apanhar ou devolver ferramentas e moldes aos setores foca l i z ados de arma zenagem. f ) Em vez de melhorar as j á existentes , os gerentes têm , tradicionalmente , preferido adquirir máquinas novas , às vez es muito sofisticadas , automati zadas , de alto custo e que podem não atender as necess idades da fábrica . Embora máquinas novas possam trazer maior rapidez na troca de f erramentas , não é esta a única maneira de se consegu ir redução dos desperdíc ios do tempo de espera . g ) Finalmente , a dispon ibil idade de f erramente iros é , também , pequena . Os ferramenteiros dividem , norma lment e , seu tempo de trabalho entre o reparo de f erramentas quebradas ou gastas e o desenvolvimento de ferramentas para novos produtos . 24 b ) Desperdícios do Tempo de Espera Associados de Manutencão das Máguinas : Down time ao Tempo CRASE e AQUILANO ( 19 7 7 ) , SCHONBERGER ( 19 8 4 ) , MONKS ( 1 9 8 7 ) , MOURA ( 19 8 7 ) , BRICK et aI. ( 1 9 8 9 ) e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) examinam a outra fonte de desperdícios do tempo de espera : o tempo de manutenção ou downtime . As discussões abaixo sobre este assunto foram extraídas destes autores . o down time refere-se ao tempo em que a máquina não está operando por razões de manutenção . Inclui o tempo gasto no diagnóstico de falhas , quebras ou problemas potenciais e na reparação propriamente dita , emergencial ou não . Teoricamente , tem-se distinguido dois tipos de manutenção : preventiva e corretiva . A grande questão , que se di scute , tradicionalmente , em manutenção , é o momento em que as máquinas devam ser consertadas : antes que a lguma falha ocorra (manutenção preventiva) versus esperar que a falha ocorra e , então , consertar (manutenção corretiva ) . No primeiro caso, seriam embut idos os custos da manutenção preventiva que surgem da inspeção e do a j ustamento das máquinas e da subst ituição ou reparação de peças . da No segundo , aos custos manutenção corretiva incorporam-se os desperdícios do tempo de espera ( ma ior tempo de produção , operários e máquinas ociosos ) , os custos dos atrasos na programação e os gastos inerentes à reparação de emergênci a . I sto não inclui o fato de se ver , comumente , o pessoa l da manutenção forçado a trabalhar tanto mais rápido quanto possíve l , a f im de recolocar o equipamento em condições de operaçã o , às vezes funcionando ma l , ou fabricando produtos defeituosos ou arriscando novas paralisações . De um lado , a inexistência de manutenção preventiva aumenta os riscos de quebras das máquinas e tende a elevar os custos da manutenção corret iva , comparativamente ma is danosos , mesmo porque sua ocorrênc ia é imprevisível . E , quanto menos disponíveis as máquinas estiverem , menor será o ritmo da produção ( RIBEIRO , 19 8 4 ; MOURA , 1987 ; YAMASHINA, 1 9 8 8 ) . Não é raro ter a falsa impressão de que há falta de máquinas , e que seriam necessários investimentos para se manter uma dada programação de produção . Por outro lado , a manutenção preventiva convencional pode parecer a solução para os problemas de quebras de máquinas . Porém, autores como NAKAJIMA ( 19 8 9 ) acham-na insufic iente para estes casos . Normalmente , a manutenção preventiva é rea l i z ada por pessoal da manutenção , num período previamente programado . Muitas vezes , as quebras ocorrem não pelo desgaste natural da máqu ina , mas por falhas no seu projeto de fabricação e por falhas dos seus operadore s , que se esquecem de lubrif icá-las ou de apertar seus parafusos durante o uso , ou 25 deixam-nas suj as . Existiriam cinco grandes causas para os problemas de quebras de máquinas (SUZAKI , 1 9 8 7 ) : falhas provenientes da fa lta de manutenção das necess idades fundamentai s das máquinas ( lubr i f icaçã o , parafusos apertados ) e das condições operac iona is corretas ( temperatura , vibração , pressão, velocidade , torque ) , falhas ocasionadas pela falta de hab i l idade dos operadores e do pessoal de manutenção , f a lhas provenientes da deterioração - por exemp lo das engrenagens e dos rolamentos e falhas decorrentes da deficiência do proj eto . HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) conseguiram levantar outras importantes fontes de desperdícios do tempo de espera relat ivos à manutenção das máquinas , dentre as quais destacam- se : a fa lta de peças de reposição em estoque que obriga o pessoa l de manutenção a deixar a máquina total ou parcia lmente desmontada e ocios a , enquanto se providencia a compra ; a loca l i zação do estoque de peças de reposição e das ferramentas de manutenção e a manutenção foca l i z ada , norma lmente distantes da l inha e atendendo a toda a fábrica ; e a falta de f lexibi l i dade na substituição automática de uma máquina defeituosa por outra em perfeitas condições de operação , na maioria das vezes porque as empresas não mantêm máquinas sobressa lentes . SCHONBERGER ( 19 8 4 ) acrescenta à l i sta de HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) a sofisticação das máquinas de produçã o , as chamadas " supermáquinas" , cuja manutenção é muito comp l exa . Além do que , tais máquinas não possuem mecanismos de diagn6stico pr6prio . Um mau funcionamento pode comprometer um lote inteiro de produtos . 11 . 3 . 3 - Desperdícios Provocados por Unidades Defe ituosas Boa parte do que se vê nas empresas que empregam métodos tradicionais de inspeção é imputável ao modelo de otim i z ação dos custos de qualidade de JURAN ( 19 7 9 ) . Segundo e l e , qualidade custa caro . Em seu modelo matemático , à medida que os custos das fa lhas tendem a zero , os custos de prevenção e ava l iação crescem ass intoticamente , tornando-se infin itos ao nível de 1 0 0 % de conformidade do produto . Os defeitos parecem um mal menor, necessário . WILD ( 19 7 2 ) , por sua vez , comenta a respeito do tratamento , na fábrica tradiciona l , dos fatos inevitáveis e imprevi síveis . Segundo ele , as quebras de máquinas e a incidência de unidades defeituosas , por exempl o , por sua inevitabi l idade e imprevisibilidade , j ustif icam a produção excessiva e os estoques supérf luos com o intuito de as segurar o desenvolvimento ininterrupto das operações fabris e o atendimento da demanda . No caso das unidades defe ituosas , a empresa estaria obrigada a iniciar sua produção com um tamanho 26 de lote um pouco maior que suas necessidades, de modo que, expurgadas as unidades " ruins" ao final do processo, sobrassem apenas unidades "boas" em quantidade sufic iente para se cumprir as programações . Outros autores, a exemp lo de ANTUNES JR . et a I . ( 19 89 ) , associam este modo de pensar e de agir na fábrica tradicional à Lei de Murphy, através da qual " se a lguma coisa pode dar mais cômodo transferir o errado, dará,, 9 . Seria muito problema para os custos e para os clientes, nos preços, que buscar medidas que reduz i ssem os desperdícios existentes na empresa . Necessárias ou inevitáve is, as unidades defeituosas respondem por sérios desperdícios nas empresas . Segundo SUZAKI em ( 19 87 ) , a lém das conseqüências termos de produção excessiva e estoques supérf luos, os desperdícios provocados unidades defeituosas aumentam, a inda, o tempo de por espera, em decorrência do processamento de lotes de tamanhos maiores . Serão desperdícios provocados por unidades defeituosas os custos de todos os materiais adicionados ao produto, e que não possam ser recuperados ao final do processo, e os custos do trabalho de fabricação ( SUZAKI, 1987 ; NETO , 1 9 8 9 ) . Neste caso, quanto mais distante do final da etapa de inspeção de qual idade estiver a causa do defeito, mais material e tempo estarão sendo consumidos desnecessariamente num produto que, poss ivelmente, poderá ser refugado . FEIGENBAUM ( 19 7 7 ) estima que entre 2 5 e 4 0 % dos custos dos produtos norte-americanos correspondem a desperdícios provocados por unidades defeituosas . Estes números confirmam o que d i z DEMING ( 198 6 ) . Os desperdícios provocados por unidades defei tuosas não saem de graça : "a lguém os produz , e é pago para fazê-los " . Os desperdícios provocados por unidades defeituosas não representam apenas os custos das unidades refugadas ( SUZAKI , 1 9 8 7 ) . É possível que o produto não seja de todo refugado pela inspeção de qual idade e que retraba lhos de recuperação sej am neces sários . Estes também são desperdícios . Os retraba lhos não parecem de todo ef icazes para a empresa . Se, por um lado, podem recuperar produtos tidos como parcia lmente " ruins" pela inspeção de qual idade, por outro, adic ionam trabalho para se desmontar e remontar o produto, bem como para ident if icar e substituir um componente defeituoso . E tudo isto é custo . 9 Extraído do l ivro : BLOCH, Arthur. A lei de Murphy : e outros motivos por que tudo dá errado ! 2 . ed . Rio de Janeiro : Editora Record, 1 97 7 , p . 2 1 . 27 Viu-se , por exemp l o , em HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) , que a manutenção precária das máquinas e o set-up ma l fe ito podem ser algumas das fontes dos desperdícios provocados por unidades defeituosas . Entretanto , a inspeção de qua l i dade foca l i z ada é apontada por SUZARI ( 1 987 ) como outra fonte geradora , porque materiais e trabalho são perdidos com os testes . DEMING ( 19 8 6 ) concorda com esta tes e , ao criticar os s ign i f icativos gastos comprometidos com a manutenção de pessoas enga j adas na descoberta e na reparação de unidades defeituosas . MIRSHAWKA ( 1 9 9 0 ) , ana l isando as contr ibuições de Deming sobre inspeção como fonte de desperdíc ios provocados por unidades defeituosas , ident i f ica a prática tradicional de se fazer inspeção na indústria oc identa l . seja por amostragem , sej a 1 0 0 % , a inspeção vem sendo uma tarefa de aprimorar a qua l i dade pelo reconhec imento de que o processo de produção não está capacitado a atender às espec i f icaçõe s . Assim sendo , ela é tardia , d i spendiosa e equivale a planej ar e a aceitar a inevitab i l idade das unidades defeituosas . Este mesmo autor acredita , ainda , que nem o fato de s e aprovar um produto como "bom" , por estar dentro das especi f icações dos nívei s aceitáveis de qual idade ( AQL) 10 , vem garantindo qua l i dade ao c l iente . Haj a vista os casos registrados de reclamação , de devolução de produtos e os custos com ass istência técnica , que mostram a vulnerabi l idade dos métodos trad icionais empregados , pouco ef icazes na detecção de todas as unidades defeituosas . É possível que lotes inteiros s e j am rej e itados , porque a média de unidades defe ituosas encontradas na amostragem não satisfaça aos níve i s aceitáveis de qua l idade . ou , ainda , que um lote seja aceito porque a taxa de defe ituosos na amostra é satisfatória . A título de i lustração do que isto representa , SCHERKENBACH ( 1 9 9 0 ) cita o exemp lo das engrenagens que , mesmo aprovadas pelo controle de qua l idade do fornecedor, vibravam, quando instaladas nas transmissões dos veículos . Não importa se o fornecedor substituirá as engrenagens defeituosas . Os desperdíc ios provocados por unidades defeituosas serão , i rremediave lmente , contab i l i zados tanto pelo comprador, através de custos de aquisição mais elevados (porque incorporam a taxa de defeituosos do fornecedor , o tempo de espera e de estoques de segurança ) , quanto pelo fornecedor, representados pelos retraba lho s , tempo de trabalho e energia , mater i a i s e peças possivelmente dani f icados . Outros autore s , como LUBBEN ( 1 9 8 9 ) e NETO ( 1 9 8 9 ) , têm procurado examinar outras fontes de desperdíc ios provocados por unidades defe ituosas . Destacam, em seus estudos , as imp l icações 10 A abreviatura vem de Acceptable Quality Level . 28 das compras de matérias-primas e peças para a produção , serão tratadas adiante . que Muitas vezes , prefere-se economi zar no preço de aqu i s ição das matérias-primas sem se importar com a sua qua l idade . Além disto , a regra costuma ser , também , trabalhar com dois ou ma is f ornecedores não-confiáveis que ofereçam preços mais acessíveis . A resultante destas concepções é que mais desperdícios provocados por unidades defeituosas podem estar sendo pagos , especia lmente se se considera que dois fornecedores não conseguem oferecer produtos com espec i f icações igua i s . Ainda segundo os mesmos autores , a s empresas costumam , também , gastar com a manutenção de um setor de inspeção de recebimento para aferir as propriedades para o uso das matérias-pr imas e peças em seus produtos , sem contar os custos dos teste s . comumente , a s economias obtidas na compra de matér ias primas e peças não representam vantagem a lguma . Podem ocorrer fa lhas na inspeção e itens fora das especificações podem ser introduz idos no process o . Tais itens "ruins" só agregam custos ao produto e , ao fina l , ou são reprovados pelo control e de qua l idade , ou são retrabalhados , ou devolvidos pelo c l iente , ou podem ir parar na ass istência técnica com algum problema de funcionamento . Em todas estas possibil idades , a empresa pagou muito mais pelos desperdícios provocados por unidades defeituosas . 1 1 . 3 . 4 - Desperd ícios com Estoques Supérf luos Os estoques podem ser a " face oculta" de var�os tipos de desperdícios . Como di zem HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) , os estoques atenuam o impacto das incertezas sobre o processo e sobre as vendas , protegendo o si stema produtivo dos problemas que podem afetar o fluxo de produção . Os estoques podem ser encontrados em todos os pontos da fábrica ( LUBBEN, 198 9 ) : na inspeção de recebimento , no a lmoxarifad o , como estoque de segurança ou em processo , aguardando retraba lho , na inspeção final , como produtos acabados , como devoluções . Entretanto , s e , por um lado , são amortecedores do si stema , por outro , representam um dos itens mais onerosos para as empresas . KAPLAN ( 19 8 3 ) e CORR�A e G1ANES1 ( 1 9 9 3 ) encontram no modelo de fábrica tradicional razões para a formação de estoques . Além do comentado balanceamento da produção como forma de nivelar os picos e vales da demanda ( HARMON e PETERSON, 1 9 9 1 ) , aqueles autores citam o emprego do também citado modelo EOQ na definição do " lote econômico de compra " , . o ponto que minimiza a soma dos custos de manter estoques com 29 o s custos d e pedir . Continuando a examinar a contribuição daqueles autore s , tal qual n a determinação do " lote econômico d e produção" , com o qua l as fábricas tradicionais preferiram conviver com os problemas de set-up , não houve esforços no sentido de e l iminar as fontes dos desperdicios , especialmente as geradoras dos custos dos pedidos de compras , dentre as qua is a burocracia , as cotações constantes e as inspeções de recebimento de rotina . llARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) são alguns dos autores que imputam grande parte dos desperdicios com estoques supérfluos às incertezas nas entregas das compras de matérias-primas , peças e componentes pelos fornecedores . Em seu importante trabalho sobre o assunto , apresentam a lgumas razões pelas quais se f ormam estes estoques nas empresas : a ) Os fornecedores produzem grandes lotes para compensar seus custos de set-up, e isto , às ve z e s , impõe aos c l i entes pedidos maiores que desrespeitam, inclus ive , o tamanho ótimo de compra . b) Os atrasos dos fornecedores nas entregas dos pedidos , sej a pela demora com que as informações de vendas são assimiladas pelas programações de produção , sej a por acharem inviável interromper um longo ciclo de produção em andamento para atual i zar ou rever suas programações sem elevar muito o custo de set-up . c ) A produção de mater iais de reparo ou subst ituição . defeituosos que necessitam Estes autores têm razão em se preocupar com as matérias primas e peças . Seus custos afetam significativamente o custo f inal do produto . HALL ( 19 8 8 ) conf irma esta hipótese . D i z ele que , em média , 50% do custo médio de produção de um fabricante podem ser atribuido à matéria-prima . O modelo tradicional de fornecimento de matérias-primas procura estabelecer , também , a divisão do volume total das necess idades de compras das empresas entre dois ou mais fornecedores (LUBBEN, 1 9 8 9 ) . Entre outras razões apontadas para a existência de fontes múltiplas , os gerentes costumam apontar a segurança contra possiveis atrasos na entrega ou mesmo a impossibil idade do fornecedor único ter o que entregar quando necessár io . Os estoques , tradicionalmente , procuraram cumprir duas funções básicas (MAGEE , 1 9 6 7 ) : a ) A de amortecer o impacto do lead time da produção , do tempo de cada processo e do tempo de movimentação de produtos dentro da fábrica . 30 b) E a do outro . de manter a independência de um processo CORRb e GIANESI ( 1 9 9 3 ) acham que , no desempenho da primeira funçã o , os estoques deixaram de ser exceção para ser regra . O lead time longo transformou-se no maior responsável pelo excesso de estoques de produtos acabados e pelo amontoamento de estoques intermed iários dentro das empresas , gerando desperd ícios . Sua formação evitava perdas de vendas e paradas do processo . Contudo , o demorado tempo de produção dos fornecedores obrigava os cl ientes a incorrer em outros desperdícios : a manutenção de estoques de matérias-primas e peças , a f im de minimizar o risco das faltas de materiais nas operações fabr i s . De acordo com SUZAKI ( 19 8 7 ) , os estoques são a raiz de todo mal . O excesso de estoques aumenta os custos do produto e requer espaço extra , manuseio extra , funcionários adiciona is e burocracia extra . Isto para não dizer do custo do capita l adicional necessário para a sua manutenção , das matérias-pr imas e peças consumidas e dos salários pagos para se produz ir a lgo supérf luo . Quanto ã segunda função , estoques-pulmão , como HARMON ( 1 9 9 1 ) denominam , são mantidos como garantia do balanceamento da capacidade de produção da fábrica . Este procedimento imped iria que um estágio parasse a produção dos processos segu inte s , ou parasse suas própr ias operações em decorrência de problemas ocorridos nos processos anteriores . Assim , cada processo disporia de um estoque intermediário que garant iria a continuidade do traba lho . e PETERSON GOLDRATT e FOX ( 1 9 9 2 ) estabelecem uma analogia entre a formação dos estoques e uma tropa de soldados em marcha , para esclarecer uma das mais sérias fontes de desperd ícios com estoques supérf luos : os estoques em processo nas fábricas . Segundo essa analogia , o estoque intermediário representaria a distância entre a f i leira da frente - a que converte matéria prima em estoque em processo e a última f i leira , que transfere estoque em processo para produtos acabados . Na opinião destes autores , a idéia de bal ancear a capacidade - e não o fluxo - é uma das grandes fontes geradoras de desperdícios com estoques supérfluos . Reconhece a veloc idade individual de cada process o , cada um trabalhando num ritmo d iferent e , f ormando estoques na frente ou atrás : claros e maior d i spersão na analogia da tropa . Além do mai s , nos processos considerados não-garga los , esta mental idade não admit iria o fato da mão-de-obra permanecer ociosa , sem nada para fazer . Os operários seriam ocupados com produção desnecessár ia , desperdiçando-se superf luamente recursos com estoques . SUSAKI ( 19 8 7 ) e HAY ( 1 9 8 8 ) defendem a tese de que os desperdícios com estoques supérf luos , muitas vez es , têm por fontes o absenteí smo , a comunicação defic iente , as quebras de 31 máqu inas , o transporte longo , a fábrica suj a e desarrumada , os problemas de qualidade (un idades defeituosa s ) e a programação incipiente , para citar algumas . As fontes possíveis de desperdícios com estoques supérf luos é pro l í f ica de autor para autor. Porém , todos os autores , a exemplo de HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) , concordam que a manutenção de estoques impõe necessidades de espaço para a armazenagem de p i lhas imensas de matérias-primas , peças e produtos acabado s , bem como de produtos em processo . Há caso s , como o das instalações d e Watsonville d a Tandem computers , USA , fabricante de placas de circuitos impresso s , na qual um estudo revelou que 8 0 % do seu espaço de armazenamento eram ocupados superf luamente . IMAI ( 19 8 8 ) conclui : os estoques não são apenas uma ameaça financeira à saúde da empresa , são , também , uma ameaça f ísica à segurança f í s ica dos operários . 1 1 . 3 . 5 - Desperdícios Processamento Transportes com Movimentos Desnecessários « Inútil e Relativos ao Excesso do de Ao francês M . Perronet i , citado por MORROW ( 19 57 ) , corresponde o primeiro registro de uma tentativa organ i z ada de estudo de métodos de trabalho na fabricação de a l f inetes . I sto data de 1 7 6 0 . RODGERS ( 19 7 0 ) , complementando , menciona ainda Char les Babbage que , por volta de 18 3 0 , rea l i zou estudos semelhantes apl icados igua lmente ao processo de fabricação de a l f inetes . Neste esforço de se levantar os autores que trataram dos tempos e movimentos dentro das fábricas , não se pode omitir os princípios da administração científica de Taylor . Trabalhando na Midvale e na Bethlehem Steel e visando raciona l i z ar os métodos de trabalho e fixar padrões de tempos para a execução das operações e tare fas , a obra de Taylor deixou importantes contribuições . GILBRETH e GILBRETH ( 19 1 7 ) também produziram interessantes conclusões sobre os movimentos . e GILBRETH , 1 9 1 7 i MORROW , 1 9 7 0 i TAYLOR , 1 9 7 1 ) mostram que a preocupação Os autores citados (GILBRETH 1 9 5 7 i RODGERS , com os desperdícios com movimentos desnecessários não é recent e . Há muito temp o , são fontes de perdas para a s empresas a fa lta de padronização e a forma emp írica como o trabalho é rea l i z ado , na maioria das vezes , em decorrência de planos incipientes e ma l formulados , e da absoluta ausência de noção da tarefa executável . Além das fontes mencionadas , que per se reconhecem a não-necess idade de grande parte dos movimentos , BARNES ( 19 7 7 ) , a inda , acrescenta outras , tais como : o emprego de mater iais e ferramentas não-padroni zados , obrigando o operário a rea l i z ar movimentação extra i a ociosidade do operário por falta de 32 trabalho ou devido a problemas de defeito da máquina operatr iz ; e as demoras na preparação dos dispositivos de set-up . É muito d i f i c i l citar todas as prováve is fontes de movimentos desnecessários . No entanto , boa parte deles estaria relacionada a comportamentos de trabalho . A titulo de exemp l o , lHAI ( 19 8 8 ) fala de uma das exper iências de Ohno na Toyota sobre o movimento "gambá " ll . Normalmente , os funcionários não se dão conta dele , porém , o movimento de " o lhar para trás " , rea l i z ado desnecessariamente ao se passar de uma máquina para outra , por operários que controlam várias máquinas , não agrega valor ao produto , só adiciona custos . Certos movimentos não significariam trabalho ( S UZAKI , seus 1 9 8 7 ) . O fato de um operário estar movendo suas mãos , pés e seu corpo dentro da fábrica não quer di zer necessariamente adic ionar valor ao produto . Apanhar e colocar peças e ferramentas nas máquinas e andar pela fábrica , por exemp l o , são , na opinião desse autor , movimentos desnecessár ios . Muitas empresas , buscando atenuar os problemas de movimentação , adotaram o método "big-bang" de aumento da produtividade ( ENGLISH e HARCHIONE , 1 9 8 3 ) , investindo em equipamentos e em fábricas tecnologicamente sof isticadas . A maioria delas achava que a automação e l iminaria os desperdicios com movimentos desnecessários . Contrariamente , estes desperdicios foram automatizados . A fábrica de Lordstown da GM é um exemplo das contrad ições no uso da tecno logia . Inúmeros problemas surgiram na fábrica , a ponto de aumentar seus desperd icios , reduzindo sua produt ividade . O excesso de transportes , além de registrar desperd icios espec i f i cos , pode gerar , também, movimentos e etapas no processo desnecessários ( SUZAKI , 1 9 8 7 ) . Algumas vez es , o excesso de transporte provém da existência de depósitos dedicados para o armaz enamento de matérias-primas nas fábricas tradiciona is , normalmente posic ionados em locais distantes das l inhas de produção . Não obstante , o número de vezes , que estes mater iais são manuseados ( recebimento , inspeção , arma zenagem, expedição ) antes de serem processado s , pode ser duas ou três ve zes mais do que o necessário , adic ionando custos ao produto . A organização formal dos almoxarifados demandou contratações adicionais de pessoa l , transportadores internos , papelada , custos extras para o produto ( HARMON e PETERSON , 199 1 ) . Na mesma l inha de racioc inio , encontram-se as foca l i z ações dos setores de ferramentaria e de manutenção . YAMASHINA ( 19 8 8 ) ava l ia , a titulo de i lustração , os desperdicios provocados pelo posicionamento de ferramentas e 11 A analogia com o gambá f a z sentido , n o que este anima l , sempre que está sendo perseguido , costuma parar e olhar para trás . 33 dispositivos de trabalho a uns 3 passos da máquina operatr iz : o operário poderia percorrer desnecessar iamente 2 km por dia . Outras fontes geradoras de desperdícios relat ivos ao excesso de transportes , apontadas por SUZAKI ( 1 9 8 7 ) , são : a ) A f a lta de coordenação dos processos , gerando idas e vindas ( movimentação desnecessár ia) de operários , especia lmente entre o local de trabalho e a área de armaz enamento . b ) Os métodos de transporte empregados convencionalmente , seja entre fábrica s , sej a dentro da fábrica entre o almoxarifado e o processo fabril e entre as l inhas de produção . Tais métodos aumentam , ainda , os movimentos de carga e descarga das matérias-primas dos caminhões de entrega , da colocação e retirada dos mater iais e f erramentas nas máquinas ou nostransportadore s , dentre outros . c ) A desorgan i z ação , os estoques buffers e a sujeira do chão da fábrica , que além de ocupar espaços , expõem os operários e as empi lhadeiras a desvios em suas rotas de trâns ito , a riscos de ac idente e geram, também , movimentos desnecessár ios . As discussões abaixo ainda são do mesmo autor . Ele aponta o modelo tradicional de fábrica como o responsável pelo excesso de transporte , pelos movimentos desnecessários e pelo processamento inút i l . Estas fábricas cons ideram a inter-relação entre os diferentes estágios de produção , competindo aos estoques intermediários formados a coordenação destes estágios . O layout é funcional ou orientad9 para processo s , sob a crença de que tipos iguais de máquinas e operações podem ser melhor controlados quando agrupados na mesma área . Há , norma lment e , um supervisor para cada área . E , além disto , a falta de visão do projeto de processo nestas fábricas , especia lmente nas expansões , leva a desordens , pois colocam-se setores novos onde há espaço di sponível . Segundo KARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) , o layout funcional acarreta maior tempo de produção , maior volume de estoques , maior área ocupada , maiores custos indiretos , assim como ocas i ona maior incidência de defeituosos , de movimentação e de transporte . Estes autores levantam , ainda , outros problemas associados ao arranjo da fábrica , a saber : a lgumas peças costumam trafegar centenas de metros dentro da fábrica , acarretando maior custo de manipu lação dos materiais ; os containers uti l i zados são , também , malproj etados e costumam ser muito grandes , ocupando espaço e armazenando maior volume de estoques supérf luos ; as l inhas de montagem , via de regra , são mais compridas do que o necessário , com prej u í z o da 34 rentabil idade devido ao maior ciclo de produção , maior volume de estoques intermed iários , maior investimento em instalações e máquina s , supervisão mais cara , maior movimentação e transporte ; e as l inhas em uso são , normalmente , retas ( I ) ou em L e podem exigir pallets e outros meios de carga de d i f í c i l manipulação e que obstam o s locais de movimentação e transporte ( s istema transfer) 12 . Além disto , a organiz ação tradicional de fábr ica , baseada nos métodos de Taylor de descrição rígida da tarefa , criou funções fabris , hoj e desnecessárias , mas concebidas à luz da teoria sobre a curva de aprend izagem (MONDEN , 19 8 4 ; HAY , 1 9 8 8 ; ROESCH e ANTUNES , 1 9 9 0 ) . Nem mesmo a existência de operadores multimáquina atenuará esses desperdícios . Nesses arranJos trad iciona i s , é muito provável que estes operários estejam trabalhando em máquinas igua i s , e cada grupo de máqu inas fabricando uma peça diferente do produto . Finalmente , em HALL ( 19 8 8 ) , as longas distâncias a serem percorr idas , a forma de acondicionamento das cargas e a modalidade de transporte ( exclusivo por fornecedor) são , também , possíveis fontes de desperdícios . 1 1 . 4 - Programas de Reducão de Desperd ícios o escopo deste trabalho procurará l imitar-se aos programas de redução de desperdícios mais citados na literatura espec i a l i zada . Os programas serão caracterizados individualmente . Percebe-se que cada um deles pode concorrer direta ou indiretamente para a redução de um ou ma is tipos de desperd ícios . Assim sendo , pretende-se estabelecer a relação entre o programa e os principais desperdícios que sua prática permite redu z ir . Embora esta organização sej a estr itamente prát ica , é questionável que as evidênc ias empíricas apresentadas sej am resultado da aplicação de um programa espec í f ico isoladamente . Muitas vezes , os números podem derivar da combinação de um conjunto de programas . 1 1 . 4 . 1 - Just-in-Time (J1TI O Just-in-Time ( J1T) merece destaque especia l , pelo fato de ter cada vez ma is um maior número de adotantes . 12 s i stema Transfer é a denominação citada por MOURA ( 1 9 8 7 ) para o transporte de peças em pallets ou estrados de carga dentro das fábricas de produção em massa . 35 Alguns gerentes de empresas ocidentais acham que o Just in -Time se resume , simplesmente , num programa que visa a redução de estoques , a transferência de responsabil idades para os fornecedores e a reparação rápida quando a produção se torna inefic iente ( FERRO , 199 0 ) . o JIT tem uma concepção ainda mais ampla . Para MONDEN ( 1 9 8 4 ) , a idéia central do JIT é produz ir os tipos de unidades necessárias no tempo necessário e na quantidade necessár ia . ORNO ( 19 8 2 ) , por sua vez , formula um conceito ainda mais extenso : "Produzir e entregar produtos acabados no exato momento em que serão vendidos e submontagens no exato momento que serão empregadas na montagem de produtos acabados , fabricar peças no exato momento que serão u t i l i zadas na produção de submontagens e comprar materiais no exato momento que forem requis itados para a fabricação de peças " . Na visão de SUZAKI ( 19 8 7 ) e KAY ( 19 8 8 ) , independentemente dos conceitos examinados , o JIT é uma f i losofia de redução dos desperdícios do processo fabr i l , isto é , de tudo aquilo que não adiciona valor ao produto . Neste caso , faz sentido a existência de metas ( CORR�A e GIANESI , 1 9 9 3 ) , tais como zero defeito s , tempo zero de preparação , estoques z ero , movimentação zero , quebra zero , lead time zero e lote unitário de produção (uma peça ) . Como f i l osofia , o JIT não é um pacote fechado , é uma espécie de "guarda-chuva" (LUBBEN , 1 9 8 9 ) que compreende , na SCHONBERGER opinião de EBRAHIMPOUR e SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) , ( 1 9 8 4 ) , SUZAKI ( 1 9 8 7 ) , KAY ( 19 8 8 ) , ANTUNES JR. et al o ( 19 8 9 ) e KARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) , a aplicação de um conj unto de programas de redução de desperdícios , a saber : a ) produção nivelada ou mesclada de lotes de pequenas quantidades ; b) desenvolvimento de fornecedores ; c ) produção "puxada " , monitorada por kanbans ; d ) raciona lização do uso do espaço , com a adoção do layout por produto e organização de células de fabricaçã o ; e ) automação de baixo custo ; e f ) padroni z ação e simplif icação de produtos e processos . Estes programas podem ser implementados individualmente com a geração de resultados favoráveis do ponto de vista da redução de desperdícios . Como se pode ver em BARCELLOS ( 19 9 1 ) , há empresas que dizem estar adotando JIT , mas não conseguiram , até hoj e , desenvolver fornecedores ; outras não têm implantado o programa de raciona lização do uso do espaço, mediante layout por produt o . Por outro lado , há empresas que, por exemp l o , têm adotado a programa de produção "puxada " , mas não se cons ideram adotantes do JIT . Por esta razão , cada um dos programas acima enumerados será examinado de "per se" ao longo deste trabalho . 36 MILLAR ( 19 9 0 ) descreve os principais resultados apurados pela Shotts Engine Plant com a implementação do conj unto de programas da f i losofia Just-in-Time : 1 ) Os estoques em , no minimo , 9 4 % . de produtos em processo foram reduzidos 2 ) O iead time foi diminuido em mais de 2 0 dias para , em alguns caso s , menos de 1 dia . 90%, ou de 3 ) O changeover , que durava 9 horas , deixou de existir em a l gumas máquinas e, em outras , não leva mais que 1 , 5 hor a . da fábrica 4) As distâncias percorridas dentro e as necess idades de espaço chegam a ser 9 7 % menores que aque las nas condições anteriores . dos lotes de produção foi redu z ido : 5 ) O tamanho em a lguns casos de 5 0 para 2 0 , em outros de 5 0 para 1 . Uma experiência brasileira de implantaçâo do Just-in pode ser encontrada em BARCELLOS ( 19 9 1 ) . Na empresa Max ion , o giro dos estoques , que antes do JIT era de 7 a 8 vezes por ano , em 1 9 8 8 alcançou 2 0 vezes por ano e em 1 9 8 9 chegou a 2 5 . I sto reduziu em US$ 2 0 milhões ( aprox imadamente 4 % do faturamento da empresa ) a s necessidades de capital de giro . Além disto , esta empresa demorava 1 5 dias para fabricar um trator ; no inicio de 19 9 0 , depois de introdu z i r o JIT , passou a produ z i - lo em 48 horas somente. Time Outros indicadores comprovam a eficácia do Just-in-Time . O indice de sucata sobre o mater ial processado caiu de 0 , 2 5 % para 0 , 12 % , em menos de um ano de programa . Foram e l iminados 2 5 0 fornecedores entre 1988 e final de 1 98 9 . SCHONBERGER ( 19 8 4 ) , através da Figura 3 , i lustra a cadeia dos principa1s beneficios direta e indiretamente apurados em decorrência do uso do Just-in-Time : redução dos desperdicios com estoques supérfluo s , unidades defeituosas , tempo de esper a , produção excessiva , movimentos desnecessár ios , excesso de transporte e processamento inút i l . 1 1 . 4 . 2 - MRP /MRP-I I Outro importante programa empregado com o obj etivo de redu z i r desperd icios é o MRP (Materiais Requirements Pianning) . O MRP é um programa de computador ( software ) , um dos primeiros para a gestão de materiais a empregar conceitos de cálculo de necessidades (CORR!lA e GIANESI , 1 9 9 3 ) . É ma i s apropriado para as fábricas de montagem e para as empresas que vendem um grande número de peças (AGGARWAL e AGGARWAL , 1 9 8 5 ) . F I GURA 3 OS REFLEXOS DA PRODUCAO JUST- I N-T I ME I \ \ J R E T I RADA D E L I BERADA DOS ESTOQUES AMORTECEDORES E/OU TRABALHADORES (F) / CONSCIENCIA '\ I MAIS ACENTUADA DOS PROBLEMAS E RESPECTIVAS CAUSAS I IDEIAS PARA REDUZ I R O TAMANHO DOS LOTE S \ IDElAS PARA MELHORAR A EXECUCAO DAS ENTREGAS NO J J: T (H) MENOS ESTOQUES AMORT ECEDORES E/OU RABALHADORE \! I IDE IAS PARA CONTROLAR OS DEFEITOS (E) I J + 1 (B) \ RAPIDA REALI MENTACAO EM RELACAO AOS DEFEITOS \ REDUCOES NO TAMANHO DOS LOTES I CONTROLE _\ [ SOBRE � EFUGOS PRODUCAO J J: T \ SOBRE QUALIDADE .iQ ! I � "- - (I) / MENOS '\ DESPESAS INDIRETAS COM, JUROS SOBRES OS ESTOQUES OCIOSOS. ESPACOS E EQUIPAMENTOS PARA A ARMAZENAGEM DOS ESTOQUES. CONTABI L I ZACAO DOS ESTOQUES E CONTROLE F I S I CO DOS MESMOS J \.. I I I r--------J I I I I I I I I I (C) I MENOS \ \ / HORAS DE MAO-DE-OBRA NO TRABALHO I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I S; t I I I I I I I I I (G) I ·1--1 I MENO ESTOQUE NO S I STEMA \ LI \ / I \ RITMOS DE PRODUCAO MAIS REGULARES \ J (D) MENOR DESPERDICIO DE MATERIAIS '\ J , MENOS MAT E R I A L . MENOS MAO-DE-OBRA E MENOS INSUMOS INDIRETOS PARA CONSEGUIR A ME SMA PRODUCAO OU UMA PRODUCAO MAIOR · MAIOR PRODUTIVIDAD E . MENOS ESTOQUE N O SISTEMA · RESPOSTAS MAI S RAPIDAS A O MERCADO. ( FO N T E : SCHOHBERGER. Oswa l do C h i quetto. R i chard J. 3. ed. Tecn l cas Indust r i a i s Japonesas : Sao Pau l o . P i on e i ra . 1984. p . 41 ) MELHOR PREVI SAO E MENOS ADMINI STRACAO. Nove l i coes Sobre 8 S i mp l i c i dade ; trad. de 38 o programa MRP , de acordo com RIBERA ( 1 9 8 6 ) , é uma solução para clâss icos problemas de controle e coordenação de mater iais : como obj etivo , os mater iais estariam disponíveis no momento que fossem requis itados pela produção , sem a concomitante necessidade de manutenção de estoques supérf luos . o mesmo autor descreve os passos de funcionamento do programa MRP . Em primeiro lugar , a empresa precisa definir o plano- mestre de produção , em condições tais que permita o seu aj uste às demandas de mercado . Neste plano , seriam , a inda , f ixados os prazos de entrega aos c l i entes e as quantidades de produtos acabados , caracter i z ando-se o que se denomina demanda independente . Num segundo momento , em função destas quantidades de produtos acabados , haveria uma explosão de necessidades de submontagens e mater iais , espec ificando-s e , portanto , a demanda dependente para o cumpr imento do p lano-mestre de produção . Esta explosão acontece com base na estrutura do produto , que f a z parte d o banco d e dados do programa MRP , e é organ i z ada por etapas do processo de fabricação . Assim sendo , os pra zos de compra de materiais e dados sobre os estoques existentes tornam-se , também , fundamentais para a ut i l i z ação eficaz deste programa . SCHROEDER et a I . ( 1 9 8 2 ) divulgaram , através da American Production and I nventory Society , os resultados de um estudo sobre a prâtica do programa MRP entre 4 2 2 empresas usuârias . Reduz iram-se os desperdícios com estoques supérf luos , porque os estoques passaram a girar mais ( 4 , 3 vezes em média contra 3 , 2 de ante s ) e porque os prazos passaram a ser melhor cumpridos . Diminuíram-se os desperdícios do tempo de espera , porque ordens de produção não paravam tanto no processo em decorrência da fa lta de mater ia i s . o mesmo estudo revela o controle de estoques e de produção como sendo os principais fatores de motivação para a implementação do programa MRP . Entretanto , salienta-se que , por se tratar de um programa de computador , a ef icâcia do MRP depende da qual idade dos dados que são inseridos pelos técnicos de processamento (RIBERA, 1 9 8 6 ) . Daí , reconhece KARMARKAR ( 19 8 9 ) a razão por que o MRP é criticado como um programa ultrapassado para a necessidade de redução de desperdícios , por aplicar conceitos tradicionais de fâbrica . Dentre estes conceitos , sobressai -se o de lote econômico de produção . A título de exemplo , este autor defende a compatibil idade do programa MRP a programas da f i l osofia JIT , a partir destas críticas que advogam exatamente o contrâr io . Estas a l egam que o MRP é um programa criado para " empurrar" a produção , mediante antecipação da demanda , enquanto o JIT inclui programas que visam "puxar" a produção . Entretanto , esquecem de que o JIT obj etiva , entre outros desperdícios , 39 redu z i r o l ead time . Neste sentido , não há nada que torne o MRP inconsistente com o Just-in-Time . Para este autor , em certos ambientes , alguns programas são ma is e f icazes que o MRP . Assim como, em a lgumas situações , o MRP pode melhor prevenir a empresa contra perdas de vendas . contudo , não há nada que prove que o MRP e o JIT sej am mutuamente exclusivos . Ao contrário , a melhor solução costuma ser a híbrida , a que combina MRP com JIT, como é o caso de um processo de produção de di ferentes modelos de emba lagens plást icas para shampoos : a célula de inj eção de modelagem seria orientada por kanban , enquanto a previsão das necess idades de poliet i leno f icaria a cargo do programa MRP . Ainda que represente um programa passivo de gestão , por não prever , em sua lógica , autocr ítica dos desperd ícios embut idos nos parãmetros e o fato de ser rodado periodicamente , o programa MRP é um instrumento adequado para ambientes fabris em que as mudanças são constantes . Outrossim , é ef icaz quando se obj etiva cumprir prazos - por exemp lo de entrega e de compra - e redu z i r estoques intermediários ( SCHONBERGER , 1 9 8 2 ) . O MRP é um programa j á di fundido entre as grandes empresas . A star Manufacturing Company , de Oklahoma city , citada por AGGARWAL e AGGARWAL ( 19 8 5 ) , é um bom exemp l o de apl icação bem-sucedida de MRP . Em 19 7 5 , às voltas com a fa lência , a empresa adotou este programa no desespero . Em pouco tempo , o giro dos estoques subiu de 2 , 3 para 5 , 3 e redu z iu o número de mater iais obsoletos , os custos das compras e os lead times . Com a popularização do MRP , percebeu-se que o programa poderia ser estendido do cálculo de necessidades de mater iais para o p l anej amento de outros recursos de produçã o , dentre o s qua i s necess idades de mão-de-obra e d e máquinas ( CORR�A e GIANESI , 1 9 9 3 ) . Assim sendo , surgiu o MRP 1 1 (Manufacturing Resources Planning ) , que acrescentou ao programa MRP um módulo para o planej amento das necessidades de capacidade ( CRP ) . Outros módu los fazem parte do MRP 1 1 , a saber : planej amento da produção , plano-mestre da produção e controle do p i so de fábrica . O MRP 1 1 é um programa de computador grande , complexo , muitas vezes , caro e que , em gera l , é difícil de a j ustar às necess idades da empresa usuár i a . Para sua implantação , CORR�A ( 19 8 8 ) recomenda alguns cuidados : a ) A alta direção da empresa deve estar comprometida com os seus resultados , não importando somente o envolvimento . b ) Aná l ise da adequação do MRP 1 1 ao sistema produtivo da empresa e , depois disto, a escolha do software e hardware mais apropriados para o ambiente fabril . c ) Treinamento para os usuários diretos e indiretos 40 do programa não s ó para a sua minimiz ação das resistências . d ) Gerenciamento da cuidadosa e coordenada . famil iarização , implantação de forma mas para a criter iosa , que e ) Acuidade dos dados de entrada , sem o o programa pode tornar-se desacreditado pelos seus usuários . 1 1 . 4 . 3 - Programa da Producão Nivelada de peguenas Quantidades e Mesclada de Lotes Na opinião de SCHONBERGER ( 19 84 ) , SUZAKI ( 198 7 ) , HAY e CORR�A e GIANESI ( 199 3 ) , a demanda por modelos variados para se atender à diversidade de gostos e preferências dos c l ientes estabelece o ritmo das operações nos parques fabris atua is . Viu-se , porém , que os sistemas rígidos legados de Henry Ford dificultam a adaptação das fábricas a tais cenários . Além disto, aumentam o tempo de espera e impõem às fábricas desperdícios provenientes da produção excessiva e com a formação de estoques intermediários supérfluos . ( 19 8 8 ) Para as empresas conseguirem a j ustar-se a este novo ambiente , diversificando o nümero de modelos fabricados e produzindo pequenas quantidades por mode l o , é preciso ter f lexibil idade \3 no processo para a troca constante de produtos . A implementação do programa de produção nive l ada ( l eveled production ) e mesclada (mixed production ) 14 de lotes de pequenas quantidades é uma maneira para se conseguir isto . Pela produção nivelada , di stribuem-se homogeneamente as necessidades mensais agregadas do mercado a cada dia , ao longo do mês . Pela produção mesclada , distribui-se homogeneamente a fabricação mensal de cada produto a cada dia , ao longo do mês . I sto , certamente , em lotes de pequenas quantidades : a meta é o lote unitário . Desta forma , dois conceitos revelam-se particularmente importantes no emprego do programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades : o do tempo do ciclo ( cycle time) e o da carga do nível ( leveI l oading ) . O primeiro d i z respeito à taxa de produção e o segundo , à freqüência de 13 O conceito f lexível esteve , no si stema de Produção Toyota , relacionado , particularmente , à automação de baixo custo do processo de fabricação (pseudo-robôs) , como pode ser l ido em MONDEN ( 19 8 4 ) e SCHONBERGER ( 19 84 ) . No entanto , é mais freqüente encontrá- lo associado aos programas de tecnologia avançada de manufatura (MOURA, 19 8 7 ; SUZAKI , 1987 ) . 14 Esta expressão foi tomada por empréstimo de CORRiA , GIANESI ( 19 9 3 ) . 41 produção . A produção tradicional de grandes lotes , com a final idade de evitar interrupções para a preparação das máquinas , causa , por um lado, desperd icios provenientes da superprodução e com estoques , na média mais elevados quando da "mixagem" dos produtos ao longo do mês . Estes desperdicios podem ser reduz idos com a implementação do programa de produção ni velada e mesclada de lotes de pequenas quantidades : os di ferentes produtos seriam "mixados" a cada d i a , a cada hora , a cada minuto , de modo a atender estritamente ao demandado . Na méd i a , a produção é a mesma : as trocas de produtos no processo é que foram intens if icadas . Um exempl o citado por SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) é pertinente para i lustrar esta questão . Uma fábrica , que produz e transfere , diariamente , bateladas de 5 0 unidades de um estágio para outro , teria em média um estoque diário em processo de 5 0 unidades . Entretanto , se cada estágio processasse e transferisse um lote menor - de uma , duas ou talvez cinco - de modo que , ao longo do dia , a produção fosse de 5 0 unidades , o estoque em processo seria raz oavelmente menor , talvez desprez íve l . Por outro , SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) , SUZAKI ( 1 9 8 7 ) , HAY ( 1 9 8 8 ) acham que a programação da produção e GIANESI ( 19 9 3 ) numa fábrica tradicional determina , norma lmente , uma meta mensal a cumpr ir , como se quisesse dar a impressão de que a s l inhas de produção estivessem ocupadas . Nestes casos , d i ferenças na demanda em relação às expectativas podem gerar acúmulos de estoques de matérias-primas , de produção em processo e de produtos acabados indevidamente , aumentando-se os desperdícios . e CORRÊA o programa da produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades orienta o estabelecimento de períodos mais curtos para o horiz onte da programação e uma coordenação mais efetiva entre vendas e produção . Assim sendo , o nive lamento e a mesclagem da produção por curtos períodos de tempo proporcionam o a j ustamento da programação ao f inal de cada período em função das osci lações da demanda , redu z indo-se , conseqüentemente , os estoques supérfluos . A implementação deste programa de redução de desperdícios não foca somente os estoques de produtos acabados . Se isto acontecess e , deixaria passar para os processos fabris os efeitos das flutuações da demanda , podendo gerar aumentos nos estoques de produtos em processo e de matérias-primas . Um certo vo lume de estoque de produtos acabados - menor que o que se f a z convenciona lmente - é necessário para quebrar ou imped ir que as oscilações das vendas se ref l itam nas l inhas . Até porque , a partir do emprego deste programa de redução de desperdícios , as empresas têm em estoque o que vendem e produz em para repor o que venderam : empresas , que tradicionalmente fabricavam para estoque , operam , agora , 42 praticamente por pedido . CUSUMANO ( 19 8 8 ) , a exemplo do que conf irma o trabalho de KRACFIR ( 1 9 8 8 ) , atribui à prática do programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades o fato da Toyota e Nissan terem conseguido dobrar o número de modelos que fabricavam entre os meados de 1 9 6 5 e 1 9 8 0 e , ainda , melhorar a qua l i dade de seus automóveis . A titulo de i lustração , a Toyota , que , no inicio de 1 9 5 1 , produzia dois modelos Coro l l a 3 4 , depois de introduzir o mesmo programa , passou a fabricar 8 modelos di ferentes de automóvel (HAYASHIDA e RONDO , 1 9 8 2 ) . Em todos o s casos citado s , as empresas conseguiram redu z i r os desperdicios do tempo de espera , provenientes da superprodução e com estoques supérf luos , mesmo aumentando o número das trocas de produtos no processo . Numa experiência de implantação do programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades em uma subs idiária de multinacional no Bras i l , RIBEIRO ( 1 9 8 4 ) revela ter reduz ido os desperd icios provenientes da produção excessiva . Infe l i zmente , como que repetindo o comportamento de outros especial istas , este autor não teve autor i z ação para divulgar os números a lcançados . Outro caso de apl icação bem-sucedida deste programa é o da Lockheed , fabricante de aviões de guerra e outros produtos bél icos (HARMON e PETERSON , 1 9 9 1 ) . Esta empresa conseguiu redu z ir 5 0 % dos estoques de produtos acabado s , 9 0 % dos estoques intermediários e 9 0 % do tempo de produção , em seu parque fabr i l d e Burbank , n a Califórnia . É comprovável a eficiência do programa da produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades sobre os desperdicios provenientes da produção excessiva , com os estoques intermediários e com o tempo de espera . A decisão de adotá- l o , no entant o , está longe de ser lucrativa , se nada for feito para a redução do tempo de preparação das máquinas , que cresce com o número de trocas de produtos . SUZAKI ( 19 8 7 ) lembra , entretanto , que a implementação da produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quant idades , por si s ó , é um pal iativo para a redução de desperdicios com estoques intermed iários e de produtos acabados . Na opinião dele , para se assegurar o fluxo regular da produção , outras fontes de desperd icios devem ser s imultaneamente e l iminadas , a saber : a) o layout orientado por processos , por aumentar o tempo de estocagem, por manter altos os niveis de estoques e por d i f icultar a avaliação do que é ma is prioritário produ z ir ; b) a l inha desbalanceada , por gerar estoques intermediários e prejudicar a coordenação do trabalho , no caso de o processo não estiver sincronizado ; c ) o tempo longo de set-up ou de troca de ferramentas , 43 ou por criar estoques em processo ou por atrasar a produção ; d ) as quebras de mâquinas , porque podem para l i sar a l inha de produção ou acumular estoques ; e ) o s problemas de qualidade , por provocar paradas de produção e acumular estoques ; e f ) o absenteismo , por colocar em risco o funcionamento da l inha , especialmente se não houver operários para substituir os ausentes . 1 1 . 4 . 4 - Programa de Desenvolvimento de Fornecedores Muitos dos desperdicios provocados por unidades defeituosas e com estoques supérfluos têm fontes loca l i z adas nos fornecedores . Algumas empresas perceberam isto , a exemplo da Xerox e da Toyota , e começaram a implementar um programa de desenvolvimento de fornecedores para atacar as fontes de tais desperdicios . o caso Xerox , a titulo de i lustração , tem se tornado referência para mu itos autores (HAY , 1 9 8 8 ; HALL , 1 9 8 8 ) , devido aos resultados apresentados após a implementação do programa , a partir de 1 9 8 1 . Em 1 9 8 0 , a empresa possuia cerca de 5 0 0 0 fornecedores e seus custos indiretos com o pessoal de compras representavam 9% do orçamento total de materiai s . Em 1 9 8 5 , a empresa traba lhava com somente 300 fornecedores , tendo e l iminado os dema is , reduziu seus custos indiretos de compras para 3 , 3 % do orçamento de materiais e conseguiu diminuir seus custos de produção em 4 8 % . o caso Toyota , por sua vez , foi citado por STALK JR . ( 19 8 9 ) . Um dos fornecedores levava cerca de 1 5 dias para fabricar um certo componente para a Toyota , contados desde o recebimento da matéria-prima . A redução do tamanho dos lotes de produção do f ornecedor foi a primeira providênc i a . Tal iniciat iva fez com que o ciclo de produção do fornecedor se reduz isse para seis dias . A seguir , mudanças no layout e a e l iminação das causas dos estoques em processo do fornecedor conseguiram baixar este tempo para apenas um dia . o programa de desenvolvimento de fornecedores , segundo LEENDERS ( 19 8 9 ) HAHN et aI. ( 1990) , é um esforço e organi z acional si stemâtico para criar e manter uma rede de fornecedores competentes . Segundo eles , este programa compreende a seleção de novas fontes de fornecimento , quando os fornecedores não se di spõem a atender adequadamente as necess idades da fâbrica-compradora . Prevê, ainda , uma fase de implementação de ações com o objetivo de melhorar e aperfeiçoar as capacidades tecnológica s , a qualidade , a entrega e o s custos dos fornecedores existentes . CORRtA e GIANESI ( 19 9 3 ) acrescentam , a inda , a possibil idade da fábrica-cliente ceder seus funcionários com o propósito de melhorar as capacidades do fornecedor , obj etivando 44 e l iminar as fontes de desperd ícios identi f icadas na fábrica fornecedora . Do ponto de vi sta dos desperdícios com estoques supérfluo s , boa parte deles é imputável ao modelo tradicional de compras , que procura preços melhores e a lternativas de fornecimento contra a possibil idade de o processo vir a parar por fa lta de matérias -primas (HAY , 1 9 8 8 ) . A empresa pode mudar como suas relações com os fornecedores , de adversários para parecem ser vendedores e compradores tradicionais parceiros que buscam benef ício mútuo . Alguns autores , dentre os quais HAY ( 1 9 8 8 ) e CORR�A e GIANESI ( 1 9 9 3 ) , observam que o programa de desenvolvimento de fornecedores é , também , apropriado para se romper com as relações comerciais tradicionais e , além disto , redu z i r os desperdícios com estoques de matérias-primas e com unidades defeituosas . Pode , também , garantir que a matéria-pr ima chegue com qual idade assegurada à fábrica . Com isto , dispensa a inspeção de recebimento , devido à confiança no desempenho do fornecedor , e e l imina fatores que só adicionam custos ao produto , porque são desperdícios ( HAY , 1 9 8 8 ) . o programa de desenvolvimento de fornecedores compreende , inicialmente , a fixação de compromissos de longo praz o , a redução da base de fornecedores e a seleção dos melhores fornecedores dentre os cadastrados ( HALL , 1 9 8 8 ; HARMON e PETERSON , 1 9 9 1 ) . Uma das principais metas do programa é o fornecedor único ( single sourcing) . HALL ( 1 9 8 8 ) def ine , com muita propriedade , a diferença entre o fornecedor de fonte exclusiva e o fornecedor de fonte única . O primeiro é o único capaz de atender às necessidades do comprador . O segundo é o que foi eleito para atender à total idade das necessidades de compras do c l iente numa dado item e , se fa lha na execução , há outras a lternativas . É o caso da Kawasak i , de Lincoln , que , por não ver lealdade em um dos distribuidores , passou a comprar 3 0% de suas necessidades de tubo de aço da Brownie Manufacturing Co . ( SCHONBERGER, 1 9 8 4 ) . Além da proximidade da fábrica-c liente , este fornecedor dava s inais de empenho na melhoria da qualidade de seus produtos . Foi visto que o mode lo convenc ional de compras defende a aquisição de grandes quant idades , mediante o emprego do modelo determinístico do lote econômico . Este comportamento induz a formação de desperd ícios com estoques supérfluos . O programa de redução de desperdícios através do desenvolvimento de fornecedores pode contribuir para a solução deste problema . Uma de suas características é a fixação para os fornecedores de entregas freqüentes de pequenas quantidades de matérias-primas , no momento certo para a produção ( SCHONBERGER e GILBERT , 1 9 8 3 ; SCHONBERGER , 1 9 8 4 ) . A seguir , examinam-se as contribuições destes mesmos autores sobre os requisitos que devem ser observados para a 45 operacional i z ação das entregas freqüentes . Um primeiro requ isito é a s impl i f icação das espec ificações das matér ias primas . Em comparação com os procedimentos tradicionais , esta condição impõe uma mudança : confia-se menos nas especificações rigidas e nas caracteristicas do proj eto , que incluem detalhes sobre a matéria-prima , bem como tolerãncias admi s s iveis , para se acreditar ma is no desempenho do fornecedor . Um segundo requisito para a aplicação das entregas freqüentes no programa de desenvolvimento de fornecedores é o recebimento das quantidades exatas . O ponto máximo da observação a tal condição é o emprego de emba lagens reut i l i záveis de tamanho padrão . Por exemp l o , a quantidade de matéria-prima pode ser pintada na parte de fora da caixa , dispensando contagens e veri f icações . As emba lagens são , também , reforçadas para proteger seu conteúdo contra danos no transporte . Este procedimento colabora para a redução de desperd icios com movimentos desnecessários , do processamento inút i l e relativos ao excesso de transporte . Um terceiro requisito igualmente importante é mudar o s i stema de transporte tradic ionalmente empregado . A matéria prima não pode chegar à fábrica nem antes nem depois do necessár io , muito menos ficar retida num ponto entre o fornecedor e o comprador . Os transportadores de carga procuram atuar , convenciona lmente , em busca do aproveitamento ótimo de seus motor i stas , armazéns , reboques e containers , e esta menta l idade pode comprometer a eficácia do programa de desenvolvimento de fornecedores para a redução de desperdicios com estoques supér f luos , movimentos desnecessários e relat ivos ao excesso de transporte . Um dos grandes obstáculos à implementação das entregas freqüentes é a distância que separa o fornecedor da fábrica compradora (NETO , 1 9 8 9 ) . O lead time aumenta , a f lexibil idade é menor e o custo de transporte , devido ao frete e à segurança encarece , à medida que a distãncia cresce . Casos como o de várias fábricas de produtos eletrônicos norte-americanas serão um dia exceção : elas compram a matéria-prima nos EUA , expedem na para submontagem , via marit ima , para o Extremo Oriente e depois para o México ; finalmente , retornam-na aos EUA para montagem f ina l . O ciclo de produção destas empresas é de quatro meses , impondo desperdicios com estoques supérf luos , com movimentos desnecessários e relativos ao excesso de transporte que só agregam custos ao seus produtos acabados . citada por SCHONBERGER ( 19 8 4 ) , a TRI-CON , subsidiária da Tokyo Seating Co . , optou por instalar uma fábrica de s e l ins para motocicletas , a cerca de 3 qu ilômetros da Kawasak i , de Linco ln . Em 1 9 8 2 , começou a investir numa segunda fábrica próxima à Honda , em Marysvi lle ( EUA) . Estas decisões são o extremo das relações promovidas pelo programa de desenvolvimento de fornecedores e proporcionaram , a lém do estreitamento das negoc iações , redução do tempo de espera , de estoques supér f luo s , do excesso de transporte e movimentos 46 desnecessár ios , tanto para compradores como para o fornecedor . Para CORR�A e GIANESI ( 1 9 9 3 ) , um programa de redução de desperdícios com estoques supérfluos , como o de desenvolvimento de fornecedores , possibilita o comparti lhamento de informações comerciais e de projeto entre fornecedores e compradores e - ao contrário do que é possível prever - uma redução imediata nos custos de aquisição das matérias-primas . Outros custos poderão ser cortados , a partir do momento que forem e l iminadas etapas do processo que não adicionam valor ao produto , somente custos , tais como inspeção e checagem das quantidades recebidas , armazenamento e movimentos desnecessários de matérias-primas . Entretanto , nem tudo é muito fácil na implementação do programa de desenvolvimento de fornecedores . NETO ( 1 9 8 9 ) dedicou uma parte de sua obra especia lmente à discussão dos resultados registrados no Bras i l . A exemp lo do que previra outros autores , como SUZAKI ( 1 9 8 7 ) , é difícil a tarefa de envolver e comprometer os fornecedores num programa deste port e . Muitas vezes , o fornecedor resiste a aceitar a idé ia num primeiro instante , porque ela contraria toda a sua concepção tradicional de fábrica . Na tese de BARCELLOS ( 19 9 1 ) , o caso Maxion S / A . registra um bom exemplo destas dif iculdades . Durante o processo de convencimento dos fornecedores a participar do programa , alguns deles preferiram ser cortados a mudarem seus programas correntes de gestão da produção e suas concepções tradicionai s . Muitos temiam que esta fosse uma estratégia da Maxion para a transferência dos seus estoques para eles ( fornecedores ) . 1 1 . 4 . 5 - Programa da producão "Puxada" Monitorado por Kanbans Segundo as contribuições de MONDEN ( 1 9 8 4 ) , PEGELS ( 19 8 4 ) , SUZAKI ( 19 8 7 ) e HAY ( 1 9 8 8 ) , que são examinadas adiante , uma meta da f i losofia JIT é a produção da quantidade necessária , no tempo necessár i o , com a melhor qualidade e o mais baixo custo, evitando-se , ainda , os desperdícios do l ead time e desperd ícios com a formação de estoques supérfluos de produtos acabados , de produtos em processo e de matérias prima s . D i f i c i lmente , as empresas conseguirão atingir esta meta se continuarem operando pelo programa convencional de " empurrar" a produção . É necessário controlar e coordenar as di ferentes atividades do processo, a fim de que a produção se aj uste aos problemas e às variações da demanda . P e 1 o programa tradicional de produção , produz ia-se e " empurrava-se" para o estágio subseqüente os seus lotes de produção , de acordo com uma programação preestabelecida . Problemas que , porventura , viessem a causar atraso s , sej a em decorrência de máquinas quebradas , sej a no caso de unidades defeituosas , eram resolvidos com a produção de lotes maiores e formação de estoques-pulmão . 47 o programa d e "puxar" a produção (pull system) , por seu turno , requer que o processo subseqüente retire a quantidade necessária de matérias-prima s , peças e produtos do processo precedente . Assim sendo , a montagem reporia aos estoques o suficiente para a venda daque le d i a , a fundição fabricaria as peças necessárias ao consumo daque le dia da produção do setor de montagem e os fornecedores entregariam as quantidades mínimas apropr iadas à fabricação daquele dia , num processo em cade i a . Uma máquina quebrada , por exemp l o , interromperia tanto o processo seguinte quanto o processo anter ior , até que o problema fosse sanado . Isto é o contrár io do que , norma lment e , ocorre com as fábricas que empregam o programa d e "empurrar" a produção . No entanto , o conceito de produção "puxada" não significa operar a fábrica ao nível das vendas , acompanhando se l iteralmente as flutuações da demanda . As mudanças bruscas no volume de produção poderiam trazer sér ias d i f iculdades para as fábricas , no que tange ao atendimento dos pedidos dos clientes tão mais rápido quanto possíve l . Para resolver esta situação aparentemente paradoxa l , recomenda-se que a produção seja nivelada , a exemp lo do que já se discutiu antes . NO programa da produção "puxada" , é ideal o f luxo suave desde a fábrica dos fornecedores de matérias-primas até a expedição para o c l iente ( ORNO , 1 9 8 8 ) . Contudo , a distância entre processos pode comprometer a suavização do fluxo , sendo necessária a manutenção de algum dispositivo que mantenha os processos j untos e conectados . O kanban seria este dispositivo . HAY ( 1 9 8 8 ) discute o equívoco comet ido por algumas empresas que confundem kanban com JIT . Kanban é tão somente um cartão , uma ferramenta de controle da produção , que é eficaz em ambientes de produção de pequenos lotes e curto set-up. A l iás , se o f luxo fosse de uma peça por vez , num programa de "puxar" , o ambiente poderia ser JIT e o cartão seria di spensável para s in a l i z ar o ritmo da produção . SUZAKI ( 19 8 7 ) comenta outra falácia . comumente , interpreta-se mal o conceito de kanban como se fosse um s i stema de controle de estoque s . Por certo , o kanban contribui para a redução dos desperdícios provenientes da produção excessiva e com estoques supérfluos . Porém , este é um dos resultados que podem ser obtidos quando de seu emprego em conjunto com a aplicação de programas de redução de desperdícios . Para este autor , duas são as funções do cartã o : controle da produção e melhoria do processo , contendo-se as possibil idades de geração de desperdícios . BARKON e PETERSON ( 19 9 1 ) consideram duas tecno l ogias na emissão do kanban : o cartão convenciona l , que é manua l , e o e l etrônico , feito por redes de computadores , com com sign i f i cativa vantagem do ponto de vista da velocidade que a informação atravessa a fábrica . Além destes , 48 MONDEN ( 19 8 4 ) descreve outras modalidades de cartão , dentre os quais parecem importantes : o kanban expresso ( que determina a falta de uma peça e pode ser operado em simultaneidade com o andon ) ; a carreta , o container , o carrinho , a estante e a caixa que funcionam como o kanban ( d ispensando o uso de etiquetas ou cartões de identificação ) . Um caso de aplicação bem-sucedida do programa de produção "puxada" monitorada por kanban é o da Inland , divisão da GM . Esta empresa , decorridos seis meses de introdução do programa , registrou uma redução de 7 1 para 3 1 dias no tempo de rea l i z ação do cronograma dos pedidos de cl ientes (HARMON e PETERSON , 1 9 9 1 ) . SUZAKI ( 19 8 7 ) cita outro : o de uma fábrica de pneus do Canadá que , com dois anos de programa de produção "puxada" monitorada por kanban , conseguiu reduzir seus desperdi c ios com estoques supérfluos em processo de 12 para 4 dia s . Concomitantemente , seus desperd icios provocados por unidades defeituosas reduziram-se de 11 para 6% das vendas tota i s . Ao comentar estes números , o mesmo autor reconhece , entretanto , que o cartão soz inho não teria feito muita coisa e suas conclusões são discutidas a seguir . Os resultados desta fábrica só foram possiveis com a implementação de programas de envolvimento do operári o , organização do local de traba lho , redução do tempo de preparação das máquinas e controle estatistico do processo . Assim sendo , a lgumas providências são indispensáveis e concorrem para uma maior eficácia do kanban . São elas : a ) O pessoal de vendas e o pessoal de produção devem gerar , j unto s , uma programação de produção que satisfaça os conceitos de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades e de troca constante de ferramentas . b ) O cartão deve ser afixado e deve circular freqüentemente . em pequenos containers c ) Atualizar as informações contidas no cartão e rever o número de kanbans em circulação , se houver mudanças nas vendas , com o propósito de manter minimo o nivel de estoques . Para itens cuj a requis�çao não é freqüente , como acontece nas indústrias automobilisticas por exemp l o , onde o número de modelos de uma peça pode variar significativamente , 49 o s i stema broadcastl5 seria mais apropriado . O cartão , nestes ambientes , não é eficaz e pode requerer maior espaço para estocagem e maior volume de estoques . Conectando fábrica e fornecedores , o kanban do fornecedor é outro tipo que a j uda a viabi l i z ação do programa de desenvolvimento de fornecedores para a redução de desperd ícios , foi examinado anteriormente ( SCHONBERGER e GILBERT , 1 9 8 3 ) . Os compradores podem acessar os fornecedores ma is freqüentemente , com economia de papel e de burocracia na emissão de pedidos , bem como o s fornecedores podem ut i l i z ar o próprio cartão como fatura . Um exemplo mencionado por HARKON e PETERSON ( 19 9 1 ) é o da fábrica de forros para bancos da GM , em Grand Rapids , que está interligada à fábrica- fornecedora de tecido por kanban eletrôn ico . Diariamente , as fábricas se comunicam , fac i l itando a implementação das entregas freqüentes do programa de desenvolvimento de fornecedores . Por melhor que funcionasse o programa anterior , os estoques de tecidos na fábrica de Grand Rapids não eram inferiores ao consumo de meia semana . Após as mudanças , os desperdícios com estoques supérf luos foram cortados em 8 0 % . 1 1 . 4 . 6 - Programa da Racionali zacão do Uso do por Produto e Células de Fabricacão Espaco : Layout O modelo de layout funcional ou por processo não é efica z , primeiro , porque os produtos podem exigir operações em d iferentes máquinas operatr izes , local i z adas em seções f ixas distantes umas das outras e , segundo , porque as preparações de máqu inas com múltiplas f ina lidades que fabricam peças di ferentes para diferentes modelos de produtos - podem durar mais tempo do que deveriam ( SCHONBERGER , 1 9 8 4 ) . Segundo HAY ( 1 9 8 8 ) , o estudo sobre o arranjo fís ico e a disposição de máquinas dentro da fábrica é conhecido por Tecnologia de Grupo ( GT ou Group Technology) , e não é contemporâneo . No entanto , pOde-se perceber uma evolução na apl icação deste estudo . Antigas versões do GT criaram uma 15 Pelo s istema broadcast numa montadora de automóve i s , a sequencia da montagem do veículo seria eletronicamente despachada e comunicada às linhas de submontagem . Estas , por sua vez , produz iriam transmissões , motores e poltronas numa seqüência tal que os f i zesse chegar à linha de montagem final a tempo de serem uti l i z adas no veiculo ao qual se destinavam . O inconveniente deste sistema é que qualquer problema de defeito ou de atraso de informação pode comprometer todo o programa . Em tais s ituações , é aconselhável separar os estágios de produção de componentes de uso comum dos componentes de uso opciona l . 50 célula de mâquinas que nâo tem por meta transferir uma unidade por vez , nem consegue operar com a flexibi l idade e lotes de pequenas quantidades , implementados por empresas que empregam as células de fabricação . Sal ienta-se que as fâbricas de processamento continuo , a exempl o das petroquimicas e as que produzem aluminio e vidro , podem operar sem lotes e com si stemas de administração menos sofisticados (SCHONBERGER , 198 4 ) . Normalmente , estas fábricas conseguem produtividade rea lizando investimentos de capita l . É siderúrgica j aponesa a ltamente o caso da Nippon Kokan , automati z ada e com um bom nivel de shojinka ( número reduz ido de operadores de mâquinas ) . Estes modelos fogem ao escopo deste trabalho . As l inhas de montagem , por seu turno , que requerem um alto nive l de gerência e maior concentração de mão-de-obra , e podem gerar estoques-pulmão , alcançariam, para SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) , maior produtividade se suas seções fixas , dedicadas por máquinas , fossem trans formadas em linhas de produto . Esta providência não descarta a necessidade de se estudar o set-up das máquinas , com o fim de se redu z ir o tamanho dos lotes de produção e aumentar a f lexibil idade . Em arranjos por produto , os diferentes processos são mantidos uns ma is próximos dos outros , encurtando o percurso pelo qual a matéria-pr ima deva passar desde sua introdução na fabricação até a saída como produto acabado . SUZAKI ( 1 9 8 7 ) aponta a lgumas vantagens e obstâculos para a mudança do arranj o f i sico da fábrica , que são sumarizados a seguir . Uma grande vantagem para a conversão de l ayouts funcionais em layouts por produto é a amp l iação das habil idades dos trabalhadores : de operários especial istas de função para operários de l inha , de operadores de uma máquina para operadores de mâqu inas de processos di ferentes ( operârio multifunção) . Entre os obstâculos mencionados , há o que trata da confusão que a nova estrutura poder i a , inicialmente , causar entre os operários , sem saber a quem deveriam se reportar . Um outro é a restrição potencial da capacidade das mâquinas que , quando a l ocadas por produto , poderia determinar aumento no número de máquinas , exigindo investimentos de capita l . Ainda como obstácu lo , a lgumas máqu inas são caras , grandes e sofist icadas e , nem sempre , a fâbrica tem recursos para adquirir uma outra . E , por fim, os arranjos funcionais fac i l itam o treinamento e a supervisão do pessoal de área ; se máquinas quebram ou não funcionam . bem , podem ser substituidas mais prontamente . No entanto , há a lternativas para se resolver tais d i lemas . No caso das máquinas grandes e caras , poderia se incentivar a criatividade entre os funcionâr ios , a f im de se desenvolver máquinas mais baratas . As perdas decorrentes da 51 subut i l ização das capacidades de mâquinas e de investimentos em mâquinas adicionais seriam mais que compensadas pelo aumento da produtividade da mão-de-obra nas l inhas dedicadas por produto . Os gargalos , num arranj o por produto , ficar iam mais evidentes , permitindo que se aflorem soluções de aumento da capacidade das mâquinas-garga l o . Um exemp lo d o mesmo autor tenta elucidar a s vantagens da implementação do programa de raciona l i z ação do uso do espaço com a adoção do layout por produto sobre o funciona l . Uma empresa fabrica um produto que passa por quatro processos diferentes . Devido à distância entre os processos , organizados funciona lmente , fabrica lotes de 5 unidades a cada 5 minutos e o s passa para a etapa seguinte . O ciclo de produção desta fâbrica é de 2 0 minutos e seu estoque em processo pode chegar a 1 5 peças . Esta empresa resolve , todavia , mudar-se para um arran j o por produto . Teoricamente , seu ciclo de produção seria redu z ido para 8 minutos para a produção das mesmas 5 unidades e seu estoque em processo não ultrapassaria 3 unidades . Não satisfeito com os resultados que esta anâl ise teórica poderia gerar , SUZARI ( 19 8 7 ) menciona dados empír icos de um fabricante de lareiras de chapas metâlicas que reduz iu em 5 2 % o estoque de produtos intermediârios , aumentou em 2 8 % a produtividade da mão-de-obra e diminuiu para 1 / 3 o pra z o de entrega de seus produtos aos clientes , adotando-se , entre outros programas de redução de desperdícios , o de raciona l i zação do uso do espaço com a adoção do layout por produto . Mesmo assim, produziu 14 produtos di ferentes contra 9 modelos exi stentes antes de iniciar as mudanças . O redesenho do layout como parte do programa que visa dedicar as operações por produto , de acordo com o mesmo autor , tem por meta reduzir desperdícios relativos ao excesso de transporte e el iminar etapas de processo que só agregam custos aos produtos e movimentos desnecessârios . É o caso do a lmoxarifado de ferramentas , da manutenção e inspeção especial i z ados . Numa nova concepção , mu itas das ferramentas podem ser guardadas próximas às mâquinas que delas se utili zam, e boa parte da manutenção e inspeção pode ser desenvolvida pelo própr io operador . Nas us inagens , uma concepção do programa de racional i z ação do uso do espaço com a adoção do layout por produto seria o agrupamento de mâquinas d iferentes por produto , consti tuindo-se células de fabricação (HARMON e PETERSON , 1 9 9 1 ) . Existem mâquinas sofisticadas que executam múltiplas operaçõe s , com expressivo consumo de tempo de preparação . Jâ numa célula de fabricação , as peças seriam movimentadas , uma a uma , de uma mâquina para outra . O inconveniente deste programa em relação às mâquinas sofisticadas é a necessidade de investimentos de capital . As células de fabricação podem, também , ser mais caras , quando as mâquinas que as const ituem são controladas e interligadas por computador , a exemplo dos s istemas Flexíveis de Manufatura . 52 vej a o caso d a Dumore corporation , citado por HARMON e ( 19 9 1 ) . A Dumore é uma pequena empresa norte americana , cuj o l ayout era funcional na área destinada à fabricação de induzidos para a produção de sua l inha de motores elétrico s . Grandes f i las de estoques buffers acarretavam excessivo l ead time e as perdas com unidades defeituosas eram grandes . Após aplicar o programa de raciona l i z ação do uso do espaço com a imp lantação do layout por produto e redesenhando o antigo arranj o para a criação de células de fabricaçã o , a empresa conseguiu obter os seguintes resultados : economia de 5 0 % de espaço f í s ico , redução de 8 1 % dos estoques e decréscimo de 7 5 % nos custos de unidades defeituosas . PETERSON A seguir , continuam a ser examinadas outras contribuições dos mesmos autores . Outra faceta do programa de raciona l i z ação do uso do espaço com a aplicação do l ayout por produto é a forma e extensão da l inha . I sto é apl icável tanto nas áreas de usinagem como nas áreas de montagem de produtos . É importante a criação de l inhas pequenas , cuj o arran j o tenha a forma de U , ou de serpentina . A maior vantagem das l inhas pequenas em U é a prox imidade f ísica com que trabalham os operadores de máquinas . Nas montadoras de automóve i s , por exemp l o , onde as linhas de montagem são muito compr idas , o funcionário de uma extremidade quase não estabelece contato com o funcionário de outr a . Um exemp lo citado por HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) pode i lustrar bem a eficiência do programa de raciona l i zação do uso do espaço f í s ico na redução dos desperdícios . A Harley-Davidson Motor Company redesenhou seu arranjo fí sico de máquinas tip icamente funcional ( mandr is , fresadoras , tornos , plainas) para adotar o programa de raciona l i z ação do uso do espaço com a instalação do l ayout por produto e com as máquinas agrupadas em células de fabricação sob a forma de U . Em decorrência disto , registrou como benefício uma redução em 9 0 % dos estoques é intermediários e do ciclo de produção . Alêm disto , praticamente zero o manuseio de materiais dentro da célul a . SUZAKI ( 19 8 7 ) reconhece, também , como benefício do l ayout por produto em forma de U a redução dos desperdícios com movimentos desnecessários , especialmente no que tange ao tempo e distáncia de percurso dentro das fábricas , alêm de outros j á mencionados . É provável que uma redução dos desperd ícios com movimentos fac i l ite a implementação de programas para a redução dos desperdícios provenientes da produção excessiva : os operár ios , tradicionalmente , considerando cansativas as idas e vindas de um lado para outro no chão da fábrica , acham ma is cômodo operar lotes maiores de produção . cita o mesmo autor , como exemp l o , um fabricante de autopeças que , adotando o programa de raciona l i zação do uso do espaço com l ayout por produto em U , teria reduz ido em cerca de 3 0 0 0 metros quadrados o espaço ut i l i zado pela produção, economi zado a diminuição dos estoques $ 390000 com intermediários , aumentado de 9 a 56% a produt ividade da mão-de- 53 obra e poupado $ 2 , 1 mi lhões por ano . 1 1 . 4 . 7 - Programa da Automacão de Baixo Custo Autores como YAMASHINA ( 1988 ) , NAKAJIMA ( 19 8 9 ) , NETO ( 1 9 8 9 ) e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) , di scutiram inúmeras poss ibil idades para a redução dos desperdícios do tempo de espera . Numa delas , focalizaram no tempo perdido com a preparação de máquinas , sobretudo por ocasião do changeover . A meta é a troca de ferramentas em minuto singular ( SMED , ou Single Minute Exchange Die ) . Desta forma , um programa que visa a redução do set-up, além de contribuir para a minimização do lead time e viab i l i z a a produção de lotes de pequenas quantidades e a minimização de unidades defeituosas . Neste momento , pretende-se examinar um programa de redução do set-up baseado na automação de baixo custo , existindo outros programas alternativos que ensejam invest imentos mais s ignif icativos nos equipamentos . HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) tratam da questão e mostram que a automação de baixo custo nada mais é que melhorias das máqu inas-ferramentas existentes nas fábricas . Nos últimos anos , muitas empresas decidiram investir pesadamente em automação , adquirindo robôs , si stemas flexíveis de manufatura e centros de us inagem - dentre outros - para se aumentar a capacidade de produção . Perceberam , posteriormente , que não foi uma boa deci são : seus custos de produção cresceram e suas rentabil idades caíram . As melhorias das máqu inas podem não s ó s a i r m a i s barato para a s fábricas , como funcionar com a mesma produtividade que as opções de maior custo . o programa de redução de desperdícios da automação de baixo custo constitui-se de a lgumas etapas . Uma primeira delas é a monitoração da preparação das máquinas (YAMASHINA , 1 9 8 8 ; HARMON e PETERSON , 1 9 9 1 ) . Esta monitoração consiste , por exemp l o , da instalação de câmeras de vídeo no processo e do delineamento dos dispositivos de set-up necessários , dos locais para o armaz enamento das ferramentas , moldes e gabaritos ut i l i z ados , dos mecanismos de transporte e da seqüência do traba lho . Numa segunda etapa , as operações de preparação das máquinas ser�am , então , a partir desta monitoração , c lassif icadas em uma das duas modalidades de set-up levantadas por SHINGO ( 19 8 7 ) : interno (mainline ou o que pode ser feito enquanto a máquina está parada) , externo ( offline ou o que pode ser fe ito enquanto a máquina estiver operando ) . Normalmente , separar desta forma o tempo de set-up não era importante antes no modelo tradicional de fábrica . A regra nestes casos era considerar corno interna todas as preparações . Urna vez conhecidas as moda l idades de preparação das 54 máquinas , seriam ident i f icadas , logo após , numa terceira etapa , as alternativas para a conversão de set-ups internos em externos . sem se gastar dinheiro com as máquinas . YAMASHINA ( 19 8 8 ) cita a lguns métodos de trabalho nesta l inha , tais como : o pre-setting ( fixação de dispositivos de aj ustes nas máquinas ) ; a fixação de ferramentas e moldes nas máquinas ou sua preparação e aj uste na fase da preparação externa ; e a instalação de guincho s , talhas , roldanas , transportadoras , esferas em mesas planas , dentre outros meios de transporte , que venham a facil itar a carga e descarga de ferramentas , suportes , moldes , e assim por diante . Numa quarta etapa , de acordo com o mesmo autor , seriam implementados métodos para a redução das operações internas de preparação , com vistas a fac i l itar ou simp l i f i car sua rea l i zação . Entre eles , seriam encontradas a norma l i z ação funcional ( padroni z ação de formatos , por exemp l o ) de moldes e ferramentas e as melhorias nas operações de aj uste , como , por exemplo , a padroni z ação de porcas e parafusos suj eitos ao aj ustament o , a redução do número de roscas e de parafusos a j ustáveis e a adoção de novas técnicas de aj uste . Na apl icação do programa de automação de baixo custo para a redução do tempo de preparação , o mesmo autor ainda advoga a apl icação preferencial de procedimentos que el iminem as necessidades de a j ustamento das máquinas , reduz indo-se de 4 0 a 5 0 % dos desperdícios atribuíveis às operações de a j ustes . Por exemp l o , desenvolver operações parale lamente com o destacamento de pessoal que se encarregaria exclusivamente da preparação das máquinas poderia ser um destes procedimentos . Desta maneira , os operadores de máquina não teriam que deixar seu loca l de trabalho para percorrer longas distâncias até o loca l onde os disposit ivos de set-up estivessem armaz enados . Finalmente , SUZAKI ( 19 8 7 ) examina , ainda , uma outra etapa em que outros programas de melhoria dos set-ups externos poderiam ser ap l icados , de tal forma a gerar maiores efeitos sobre o tempo de preparação das máquinas . Destaca , entre eles , o programa de organi z ação e limpeza do local de trabalho . SUZAKI ( 1 9 8 7 ) e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) registram casos de redução de desperdícios atribuíveis à implementação de um programa de automação de baixo custo . Num deles , a SKF , da Espanha , fabricante de rolamento s , conseguiu diminuir seus custos de preparação de máquinas em 7 8 % . Noutro , a Philips , da Itá l i a , registrou custos de set-up 8 8 % menores . Como estes , um pequeno fabricante de produtos domést icos do Ocidente , cuj o nome não foi revelado por estes mesmos autores , conseguiu reduzir , em cerca de seis meses , o tempo de preparação de uma prensa de 2 0 0 t de 7 0 minutos para 1 5 minutos , apl icando o s citados programas d e redução de desperdício s : exame do tempo de preparação da máquina , l impeza 55 e organi zação d a fábrica e e l iminação d o a j uste d a a ltura dos moldes na máqu ina . Além deste caso , outros exemp los de redução dos desperdicios do tempo de espera provenientes do tempo de set-up são : a Toyota baixou de 4 horas ( 19 4 5 ) para 3 minutos ( 1 9 7 1 ) a preparação de uma prensa de 1 0 0 0 ton i a Mazda cortou de mais de 6 horas ( 19 7 6 ) para 1 0 minutos ( 19 8 0 ) a preparação de fresas i e um fabricante norte-americano de aparelhos elétricos reduziu o set-up de uma de suas máquinas de 50 minutos ( 19 8 2 ) para 2 minutos ( 19 8 3 ) . Todavia , o caso Matsushita , fábrica j aponesa de aparelhos e l étricos , é o que melhor expressa o resultado do esforço de implantação de um programa de automação de baixo custo para a redução dos desperdicios do tempo de espera provenientes do set-up ( SUZAKI , 1 9 8 7 ) . A empresa conseguiu redu z ir o tempo de preparação das máquinas na operação de pintura da l inha de fabricação de refrigeradores . Além de lhe possib i l itar aumentar o número de modelos de produtos oferecidos para os cl ientes , ela registrou uma s igni f icativa redução do lead time . Com isto , cresceram suas venda s , seu lucro e seu market share , para desespero da concorrência . 1 1 . 4 . 8 - Programa de Qualidade no Processo Fabril Atr ibuir a incidência de unidades defeituosas à Lei de Murphy , ou pensar que sej a inevitável ou necessár i o , j ustif icando-a pela concepção de que qualidade custa caro , parece dar lugar , em algumas empresas , à f i losofia do Controle de Qual idade Total ( TQC ) . SCHNEIDERMAN ( 19 8 6 ) é partidário da hipótese de que qual idade custa menos , e não ma i s , e de que a s f i losofias TQC e d o zero defeitos não são nenhuma utopia . Segundo este autor , a Yokogowa Hewlett-Packard conseguiu redu z i r suas falhas de so ldagem em cerca de 5 0 % , a cada 3 , 6 meses , ao longo de mais de 3 6 meses de programa . Curiosamente , o equipamento empregado por ela tinha sido descartado como obsoleto por uma fábrica co- irmã amer icana . WILLIAMS ( 19 8 4 ) conta um caso de implementação de programa de redução de desperdicios provocados por unidades defeituosas na Stacoswitch , bem como dos desperd icios provenientes da superprodução . Após a instalação do programa , houve setores da empresa que chegaram a aumentar sua produção em 2 1 % e a reduz ir em 50% os custos da mão-de-obra direta , sem prej udicar a qualidade dos produtos . Pelo contrár io , os refugos foram redu z idos a 0 , 1% do total produz ido e os custos com qual idade diminuiram 2 1 % no segundo ano do programa e mais 1 3 % n o terceiro ano . Segundo o mesmo autor , os cl ientes da Stacoswitch perceberam as melhorias promovidas pela empresa , tanto que as vendas cresceram 3 6 % e os lucros foram 1 2 4 % maiores . Além da concepção de que qua l idade custa menos , a 56 stacoswitch desenvolveu um programa que transferia as responsabil idades da inspeção da qualidade d o produto para o operário : fazer certo da primeira vez e impedir que defeitos pudessem ser transferidos para as etapas seguintes do processo , produzindo desperdícios provocados por unidades defeituosas , sem contar os provenientes da produção excessiva ( SUZARI , 198 7 ) . Este programa é o da qualidade no processo cuj a s contribuições abaixo foram extraídas de ( 1 9 8 4 ) , SUZARI ( 19 8 7 ) , HAY ( 19 8 8 ) e NETO ( 19 8 9 ) . fabr i l , MONDEN O programa de redução de desperdícios "qual idade no processo fabr i l " pode impedir a expedição de produtos defeituosos para a próxima etapa do process o , ou para o c l iente . É uma forma de se introdu z ir a mentalidade da prevenção antes do fato , uma vez que a inspeção de f im de l inha , nos moldes tradiciona is , não é suf iciente para garantir um produto 1 0 0 % l ivre de defeitos . Além disto , sabe-se que quanto mais tempo se leva para descobrir um defeito , maiores são os desperdícios provocados por unidades defeituosas . No chão da fábrica , qualidade no processo fabr i l s ign i f ica d i z er que o operário deva estar em condições de detectar problemas de defeitos , erros em operações e falhas nas máquinas , enquanto estiver rea l i zando o seu traba lho . A exemplo da manutenção descentrali zada , a inspeção fixa seria distribuída aos operadores que fabricam o produto , amp l iando a inda mais o seu pape l . Ainda dentro da fábrica , a construção de dispositivos aux i l i ares de " autonomação" , ou jidoka , poderia a j udar a comunicar a idéia da prevenção contra irregularidades e trabalhos malfeitos nas máquinas e nas linhas de produção , e contra os desperdícios provocados por unidades defeituosas , tempo de espera e movimentos desnecessários . Não se deve confundir "autonomação" com automação . Os mecanismos da autonomação permitem que as máquinas operem de forma autônoma , com dispositivos de diagnóstico e de parada automát ica sempre que algo de errado estiver acontecendo . A parada automática de uma máqu ina , devido a a lguma falha , normalmente é transmitida a toda a fábrica , de modo que os processos anterior e posterior interrompam , também , suas operações ( IMAI , 1988) . Esta possibi l idade e l imina a necess idade de manutenção de estoques-pulmão para amortecer os problemas provocados por tais paradas . Na Toyota , por exemp lo , a parada de uma máquina da fábrica de Tsutsumi pode repercutir na fábrica de Kamigo ( fabricante de motore s ) , que pára também , sobretudo se a fonte dos desperd ícios recair no processo de produção da fornecedora . Este é um caso de coordenação entre os processos levada muito a sério . Um dos mecanismos de "autonomação" mais conhecidos é o 57 poka-yoke I6 • Este dispositivo funciona como sondas que procuram desperdícios ou os fatores causadores do mau funcionamento e do desgaste das ferramentas e alerta toda vez que se detecta defeitos , erros e falhas no processo ( SCHONBERGER , 1 9 8 4 ) . Há certos dispositivos que desl igam a máquina automaticamente , sempre que ela demonstrar erros de operaçã o . Como um exemp lo de poka-yoke , SUZARI ( 19 8 7 ) menciona em seu trabalho o caso de um fabricante ocidental de equipamentos de telecomunicações que, volta e meia , se via obrigado a retrabalhar algumas p lacas de circuito impresso , empregadas na montagem do seu produto . Freqüentemente , seus operários soldavam um certo capacitor na placa de forma errada , e o defeito só era descoberto na área reservada ao test e . Um funcionár io , percebendo estes desperdícios provocados por unidades defeituosas , teve a idéia de fazer um diagrama em p lástico , contendo as posições e os tipos de capaci tores uti l i z ados na montagem da placa . Este diagrama , uma vez colado na placa , permitiu a e l iminação dos erros de soldagem dos componentes e proporcionou benef ícios para a empresa . Um d i spositivo de poka-yoke muito conhecido é o Andon , ou quadro de luzes , que fica, normalmente , instalado a uma certa a ltura do chão da fábrica , de modo que possam ser avistados por todos (MONDEN, 1984 ) . As luzes são acionadas pelos operadores e indicam problemas . Se um operador precisar de a j uda , acende uma luz amare la , por exemplo . Se precisar parar a l inha , acende uma luz verme lha , e assim por diante . Outros exemplos de controle visual (andon ) , citados por SUZAKI ( 19 87 ) , ut i l i zados para a redução de desperdício s , são : o desenho de ferramentas nos quadros onde elas f icam penduradas ; os indicadores de estoque máximo permitido ; as marcas no chão da fábrica que assinalam os corredores de trânsito e os locais de trabalho ; os indicadores de condições norma is de operação , tais como as cores dos manômetros que informam os pontos de pressão normal e os pontos de pressão baixa e e l evada ; as placas indicativas com os nomes e telefones das pessoas a quem se deve dirigir sempre que se detectar problemas ; os alto-falantes que divulgam dentro da fábrica o status da l inha ; a forma como os escaninhos são colocados nas prate leiras indicando estoque intermediário suf i c iente ou necessidade de repos ição ; e os grá ficos e quadros que dão feedback aos operários sobre o desempenho da fábrica , apontando padrões e níveis alcançados de produção , produtividade e qua l idade , prêmios por sugestões , pontos de lubrif icação , moral dos funcionários e outros . 16 Terminologia empregada pela tradução de SCHONBERGER ( 198 4 ) . Alguns textos ut i l i zam o termo baka-yoke que é a grafia correta j aponesa do dispos it ivo à prova de falhas . No entanto , a lguns autores têm dado preferência à pa lavra poka-yoke , que é a pronúncia j aponesa daquele termo . 58 Alguns destes controles servem para a redução de desperd ícios com movimentos desnecessários e tempo de espera , que podem ocorrer durante a operação de máquinas . Outros são recursos de motivação que visam a mostrar aos funcionários os resultados advindos de sua participação na implementação de programas de redução de desperdícios . 19 8 9 ) O caso Massey Perkins (ANTUNES JR . et a l . , expressa resultados positivos na redução de desperdícios , a partir do desenvolvimento do programa "qual idade no processo fabr i l " , j unto às máquinas e operadores : a incidência de unidades defeituosas que de 2 % , em 198 6 , caiu para 0 , 2 % , em 1 9 8 8 , e , ainda , a e l iminação da mão-de-obra indireta do setor de controle de qualidade ( antes , processamento inútil ) . As idéias da qualidade no processo fabril devem , também , ser comparti lhadas por um número sempre maior de pessoas e não devem se restringir ao pessoal do chão de fábrica , no entendimento de SUZAKI ( 1 9 8 7 ) . Muitas organiz ações divu lgam as boas idéias nas reuniões , nos boletins de fábrica , nos ou até nos cartazes af ixados pelas paredes . I sto vem memorandos compor o impacto favorável sobre o moral dos funcionários , propiciando motivação para a continuidade do programa . I sto sem contar os benef ícios financeiros e operaciona is que tais programas possam produ z i r . HAY ( 19 8 8 ) sintetiza o programa "qual idade n o processo fabr i l " em três etapas : 1 ) Definição das necessidade s , de modo que a qual idade do produto estej a mais próxima do atingível e fora da concepção da perfeição impossíve l . 2 ) Ter o processo sob control e . Duas peças são fundamenta is neste momento : o envolvimento do operador e o uso de ferramentas de solução de problemas . 3 ) Manter o processo sob control e , envolvendo-se a inda adotando-se o instrumento do controle mais o operador , estatístico do processo ( CEP ) 17 e apl icando-se procedimentos de segurança contra falhas (jidoka ) . Das peças recomendadas pelo mesmo autor , as ferramentas de solução de problemas serão , de uma vez , consideradas . Embora tenha mencionado em seu trabalho a Aná l ise ABC e aná l i se matr icial como importantes ferramentas , são as sete ferramentas de qua lidade que vêm ocupando cada vez maior espaço na l i teratura de solução de problemas de desperd ícios provocados por unidades defeituosas ( ISHlKAWA , 1 9 8 6 ; lHAI , 1 9 8 8 ) . São elas : o gráfico do fluxo , as cartas de controle , o diagrama de causa-e-efeito ( ou diagrama espinha de peixe ou 17 Exi ste l iteratura brasileira Statistical Process Control - em CEP o que traduz o SPC 59 diagrama de I shikawa ) , os histogramas , as plan i lhas de checagem , o diagrama de Pareto e o diagrama de dispersã o . Foge ao escopo deste trabalho maiores detalhes sobre estas ferramentas . citada por lHAI ( 19 8 8 ) , a Ricoh Company , na fábrica de Numazu , uti l i z a continuamente as ferramentas da qua l idade na análise dos dados do local de trabalho e na melhoria dos padrões de qual idade da resina , matéria-prima importante na fabricação do toner PPC . Uma carta de controle do tanque de reação A mostrava um nível de rendimento de 9 9 , 8 % , contudo , cerca de 4 3 % dos pontos demarcados excediam o valor te6rico da empresa . Num primeiro conjunto de medidas para el iminar a causa deste problema , a empresa conseguiu reduzir a 1 4 % o número de pontos acima do valor te6r ico . Numa segunda etapa , e l iminou praticamente o número de desvios acima do valor te6rico , com signif icativa redução de desperd ícios provocados por unidades defe ituosas . Sal ienta-se , entretanto , que as ferramentas de qualidade de nada serviriam se o grupo de qual idade da empresa não soubesse uti l i zá- las . Um conceito importante no programa "qualidade no processo fabr i l " é o da capacidade do processo ( process capabil i ty) 1 8 . Este conceito define a capacidade de se reproduz ir o s resultados n o processo, ou sej a , a magnitude da dispersão dos parâmetros de qual idade do produto ( SUZARI , 19 8 7 ; HALL , 1 9 8 8 ) . Se um produto apresenta defeitos que ocorram a leat6ria e imprevis ivelmente , a capacidade do seu processo não é confiável e o valor dos desperdícios provocados por unidades defeituosas pode ser a lto . Neste caso , precisa-se fazer melhorias de qual idade tanto no projeto do produto quanto no processo de produção para se atingir a confiabil idade e redu z ir tais desperdícios . A redução dos desperdícios , especia lmente dos provocados por unidades defeituosas , passa , portanto , pela aferição da capacidade do process o , a f im de assegurar-lhe produção com menor variaçã o . No estudo da capacidade do processo , vem-se destacando o método de projeto e aná l ise experimental atribuível a Genichi Taguchi ( BARRER , 1 9 8 6 ; KACKAR , 19 8 6 ; TAGUCHI et a I . , 1 9 9 0 ) , cuj as espec ificidades fogem ao escopo deste trabalho . A respeito do controle estatístico do processo , que foi recomendado como instrumento de monitoração do proces s o , trata-se d e uma modalidade d e controle estatístico da qual idade , segundo SOHAL e HOWARD ( 19 8 8 ) . Desenvolvido para as indústr ias há mais de 50 ano s , uma pesquisa recente , rea l i z ada pelos mesmos autores entre gerentes de empresas britân icas , 18 O termo em português foi extraído da trabalho de DEMING ( 19 9 0 ) . A tradução do l ivro de compreende capabil idade . Ambos não parecem muito d i z er o que signif ica a expressão inglesa process tradução do HALL ( 1 9 8 8 ) adequados a capabil i ty . 60 revelou que este instrumento não vem sendo ut i l i z ado a rigor pelas empresas . As bases do controle estatístico do processo em s i , para os mesmos autore s , são a avaliação da qua lidade dos produtos fabricados pelo processo . Esta avaliação fundamenta-se , por sua vez , em fatores obj etivos ( dimensões do produto , por exemp l o ) e fatores subjetivos (gosto e aparência , entre outros ) . O controle estatístico dirá , a partir das leituras de amostras , se o processo está sob controle ou não , em relação a estes fatores obj etivos e subj etivos . E não estando , procurará ident i f icar as causas da falta de controle do processo . As cartas de control e , uma das sete ferramentas da qua l idade , podem fornecer registros visuais do estado do processo . DEMING ( 19 8 6 ) ident ifica dois tipos de causas de variações do processo : as causas comuns que são falhas advindas de todo o s istema produtivo ; e causas especiais ou atribuíveis ao design do process o , que afetam imprevis ivelmente e sem uma explicação adequada o resultado do processo e são e l iminadas por ações desenvolvidas no local onde o problema fora detectado . O processo estará operando sob controle estatístico , quando a ünica fonte de variação sej a de causas comuns ou a leatórias . A f im de se demonstrar evidências sobre a eficiência do controle estatístico do processo como instrumento acessório de programas de redução de desperd ícios , o mesmo autor cita o caso de uma indüstria que possuía nove retí f icas operando atividades de acabamento final de eixos dianteiros . Todas as ret í f icas , conj untamente , produz iam cerca de 3 % de defeituosos . No entanto , o controle estatístico individual das máquinas mostrou que duas destas retíficas estavam produzindo os defeitos . O exame das causas revelou que as máquinas e stavam desreguladas . Depois de procederam ã manutençã o , o nümero de defeitos reduz iu-se a zero . A preocupação com a redução dos desperd ícios provocados por unidades defeituosas em algumas fábricas faz -se notar na nomenclatura dos índices que registram a incidência de defeitos ( HALL , 1988 ) . Antes eram percentua is , agora são expressos em PPM ( peças por milhão ) , uma vez que a quantidade de defeitos desce a percentuais muito pequenos . O programa "qual idade no processo fabr i l " pode complementar o programa de desenvolvimento de fornecedores , quando extrapola os muros da fábrica-cl iente para atuar nos programas de produção dos fornecedores de matérias-primas , e l iminando a s fontes de desperdícios atribuíveis ã fábrica fornecedora (MONDEN, 198 4 ; SUZAKI, 19 8 7 ; HAY, 1 9 8 8 ) . Quanto mais rápido se encontra o defeito, menor é o custo do produto . Haverá , ainda , menos retrabalho , menos refugo , menos interrupção na programação e menos desperdícios . Boa parte dos refugos e retrabalhos é produz ida por 61 matérias-pr imas defeituosas . Assegurar , po i s , qual idade das matérias-pr imas na fábrica dos fornecedores constitui-se num dos principa is requisitos para a redução dos desperd ícios provocados por unidades defeituosas (vendor quality) , dentre os quais o tempo gasto com inspeção de recebimento ( SUZAKI , 1 9 8 7 ; HAY , 1 9 8 8 ) . Sal ienta-se , entretanto , que é d i f í c i l e l iminar este tempo simplesmente por memorando , determinando a extinção dos trabalhos de inspeção de qualidade . É imprescindível obter o envolvimento e o comprometimento dos fornecedores . Obtida tal adesão , servem para eles os mesmos programas e disposit ivos discutidos no escopo deste trabalho com vistas à redução de desperdíc ios . 1 1 . 4 . 9 - Programa de Limpeza e Organiz acão da Fábrica . de Padron i z acão operário Envolvimento do e de e s impl if icacão de Produtos e Processos Neste tópico , foram reunidos os programas que , de um modo gera l , quando implementados , podem produz i r efeitos favorávei s sobre todos os tipos de desperdícios tratados neste trabalho . A reunião dos programas de limpeza e organização da fábrica , de envolvimento do operário e de padron i z ação e simp l i ficação de produtos e processos sob um mesmo item , a lém da j ustif icativa apresentada , atende , também , a obj etivos de organização do estudo . a ) Programa de Limpeza e Organiz acão da Fábrica SUZAKI ( 19 8 7 ) acredita que os programas de l impeza (housekeeping) e de organ ização da fábrica estejam incluídos entre os primeiros passos da administração empenhada na melhoria das atividades da fábrica . "Um lugar para cada coisa , e cada coisa em seu lugar " , é um princípio comumente empregado para a conscientização das pessoas acerca deste programa de redução de desperdícios . Na concepção deste mesmo autor , as práticas do housekeeping revelam a at itude geral da administração para o traba lho . E ser ia , ainda , perfe itamente compreensível o l ink entre os n íveis de l impeza e os desperdícios provocados por unidades defeituosas , do tempo de espera em decorréncia de quebras de máquinas , relativos ao transporte excessivo por causa do f luxo de peças e componentes dentro da fábrica e com estoques supérfluos ( especia lmente os estoques em processo ) , dentre outros . O programa de l impeza e organi z ação da fábrica pode ser dividido em cinco etapas (HALL, 1988 ) , a saber : 1 ) Organ ização e s imp l i ficação : tudo o que não é necessário ao processo deve ser removido , desde estoque em 62 processo até equipamentos e ferramentas em excesso . I sto não se resume simplesmente a j ogar fora o lixo e a dar uma pintura na fãbrica , mas a redu z ir custos de produção . 2 ) Locação : o que for uti l i zado deve ter um loca l f ixo , padrão , para armaz enagem , acessível ao uso . Por exempl o , a s ferramentas que são empregadas por uma mãquina devem ser agrupadas próximas a ela . Porém , não basta apenas emp i lhar estas ferramentas j unto às mãquinas , sem ter noção das simp l i f icações de set-up que esta providência permite . O maior obj etivo desta etapa é tornar visível as rea is condições de operação da fãbrica . Isto permite a detecção de problemas olhando-se s implesmente ao redor . 3 ) Limpe z a : é a insinuação de que se exige um trabalho de qua l idade . Limpeza para evitar problemas de qualidade e manutenção , para evitar problemas de saúde e segurança e para promover a vis ibi l idade . Acred ita-se que o operãrio que faz a l impe za se orgulha do seu trabalho e costuma tratar as mãquinas como se fossem del e . 4 ) Discip l ina : provém do treinamento , d a compreensão e do reforço sobre o quão são importantes para a empresa a l impeza e a organ ização do local de trabalho e sobre a necessidade de ap l icã-Ias diuturnamente com o propósito de se redu z i r desperdícios . 5 ) participação : este programa de redução de desperdícios é trabalho de cada operãr io. Na Tokai Rika , a título de i lustração , os operãrios entenderam o recado , quando viram os executivos da empresa varrendo o chão da fãbrica diante de todos . Algumas semanas depois , um grupo de manutenção em serviço começou a suj ar o chão . Este comportamento provocou total indignação dos operãrios do setor , que obrigou a administração da empresa a adiar a execução dos serviços de reparação para depois do encerramento do expediente . O programa de l impeza e organi z ação da fãbrica e l imina o caminhar de um lado para outro de operãrios em busca de peças e ferramentas (NETO , 198 9 ) . Certa vez , conta este autor , numa fãbrica descobriram-se 4 0 0 0 eixos espalhados irregularmente em seis caixas , após o housekeeping . Destes eixos , 1 5 0 0 foram j ogados fora , poi s , além de oxidado s , suas medidas não eram mais apropriadas aos mode los que estavam sendo fabricados . Os outros 2 5 0 0 eixos foram aproveitados , suprindo a produção de vãrios meses seguintes , isto sem falar na descoberta de itens que antes eram t idos como esgotados no estoqu e . b ) Programa de Envolvimento do Operãrio A eficãcia dos programas de redução de desperdícios depende do grau de envolvimento do operãrio (HUTCHINS , 1 9 9 3 ) . É o efeito gestal t : o sucesso é mais faci lmente atingíve l , à 63 medida que o operariado da fábrica encontra motivação suficiente para empreender as mudanças desejadas . Por outro lado , o fator mais critico do sucesso dos programas de redução de desperdicios é o desenvolvimento das pessoas . HALL ( 1 9 8 8 ) estuda o programa de envolvimento operário , cuj as contribuições são anal isadas a seguir . do o programa de envolvimento do operário começa com o treinamento . Numa fundição de Navistar , os funcionários da empresa receberam instruções básicas que possibil itaram melhorias de qualidade para a empres a . Estes treinamentos são especia lmente indispensáveis na aplicação dos programas TPM e qua l i dade no processo fabril . A D i visão de Direção e Suspensão da TRW , abrangendo quatro fábricas , reorgani zando-se em células de fabricação , investiu no tre inamento de seus operários da usinagem de precl.sao ( GINNADO , 1 9 8 7 ) . Um único funcionário dentro das células obteve capacitação sufic iente para rea l i z ar inúmeras Como tarefas , antes a cargo de operários espec i a l istas . resultado , o refugo caiu de 8 , 5% para 0 , 7 % e o estoque de mater iais em processo reduz iu-se em 7 5 % . Outra forma de envolver as pessoas é pela constituição de pequenos grupos de participação , ou circulos de controle de qua lidade ( CCQ ) . Estes grupos são formados por funcionários da empresa . Na Toyota Motors , por exemplo , os CCQs procuravam desenvolver o senso de responsabilidade como forma de se melhorar as hab i l idades técnicas do pessoal (MONDEN , 1 9 8 4 ) . Em 1 9 8 1 , havia cerca de 4 6 0 0 grupos nesta empresa , com 6 , 4 membros em média em cada um . Estes grupos não se contiveram na discussão de soluções para os problemas da empresa relativos a qua l idade , manutençã o , redução de custos , poluiçã o , segurança e u t i l i zação de recursos alternativo s . No Japão , sociedade orientada para grupos , a participação de operários em CCQs é grande - 7 2 % - e pode ser esta uma das razões do sucesso destas equipes lá ( ISHIKAWA, 1 9 8 5 ; SALEH , 19 8 7 ; HULL et aI . , 1 9 8 8 ) . Nos EUA , estima-se que , voluntariamente , somente 2 5 % dos operários se interessam por este tipo de programa (HALL , 1 9 8 8 ) . SALEH et a I . ( 19 9 0 ) desenvolveram uma pesquisa sobre CCQs entre fábricas de autopeças canadenses . Das 9 9 empresas que responderam ao seu questionário , 65 empregavam os CCQs . 4 8 , 8 % , em méd i a , dos operários partic ipam de CCQs no Canadá . A pesquisa conclui por uma avaliação favorável dos CCQs como forma de envolvimento do operário . Além disto , comprova que discussões dos grupos não se l imitam a temas de qua l idade . De um lado , a pesquisa destes autores reve la , também , uma forte correlação entre número de pessoas que participam 64 deste programa de envolvimento d o operarl.o e melhorias de qual idade e eficiência da organiz ação . Isto confirma a importância do programa para as fábricas que desejam reduzir desperdícios . Por outro lado , o nümero de empresas da amostra que , a inda , não implementaram este programa indica o longo caminho que se tem por percorrer . Os CCQs são , normalmente , constituídos por operar l.os que , de forma voluntária , reünem-se regularmente com o propósito de buscar soluções para os problemas da empresa , particularmente para as incidências de desperdícios (HUTCHINS , 199 3 ) . FREYSSENET e HlRATA ( 19 8 5 ) discutiram os trabalhos rea l i z ados por um grupo de CCQ numa indüstria j aponesa sobre o elevado consumo de energia elétrica de um forno , provocado em função da perda de caloria decorrentes de f i ssuras . Após levantarem todas as possíveis causas e adotarem medidas de correção dos problemas , os membros deste CCQ conseguiram economizar mais de 3 7 mi lhões de ienes para a sua empresa , mediante redução de desperd ícios com energia , tempo de trabalho e manutenção . Outra modalidade de envolvimento do operário é o s istema de sugestões . Na Canon , a sugestão de um operário permitiu à empresa que se substituisse papéis caro s , empregados na l impeza de lentes , por hastes de algodão , vendidas nos supermercado s , melhores para o serviço e muito mais baratas ( IMAI , 1 9 8 8 ) . Em 198 1 , a Nissan Chemical implantou 9 2 8 sugestões que resultaram numa economia de US$ 2 , 5 mi lhões e consumiram US$ 6 4 0 mil em prêmios e investimentos de execução . Segundo MONDEN ( 19 84 ) , o obj etivo aparente de um si stema de sugestões é implementar as idéias dos funcionários a respeito das melhorias das operações . Contudo , desenvolver a lealdade e o orgulho pela empresa é seu cerne . HULL et a l o ( 19 8 8 ) promoveram uma pesquisa comparativa entre 1 1 0 empresas norte-americanas e 1 1 0 empresas j aponesas com a f inal idade de comprovar a eficácia do s istema de sugestões , cuj as conclusões passa-se a ana l isar . Uma primeira comprovação mostrava que , enquanto a média de sugestões entre as empresas j aponesas era de 1 1 , 2 por empregado , a média entre as empresas dos Estados Unidos girava em torno de 0 . 1 por empregado . A pesquisa demonstrou, ainda , que 7 6 % das empresas j aponesas empregavam Círculos de Qualidade vis-à-vis os 1 8 , 2 % das americanas e que 7 2 % dos trabalhadores das empresas j aponesas pesquisadas partic ipavam dos CCQs , ao passo que nos EUA 1 8 , 5% estavam nos grupo s . Além disto , a exper iência dos autores da pesquisa leva a crer que os j aponeses confiam ma is no treinamento dentro das fábricas , direcionado para o trabalho , que na educação forma l . Os norte-americanos investem maciçamente mais na educação de seus gerentes e no 65 desenvo lvimento de habil idades desempenhadas pelos operários . orientadas para as tarefas Examinando a avaliação da motivação dos trabalhadores das empresas pesquisadas , o salário médio pago pelas empresas norte-americanas é mais de duas vezes maior que o salário médio nas empresas do Japã o . Recomenda-se considerar estes números com certo cuidado . Por outro lado , os trabalhadores j aponeses recebem , aprox imadamente , quatro vezes mais pelas sugestões que seus companheiros ocidenta is . Outra real idade conf irmada pela pesquisa d i z respeito ao sentido de equipe . As empresas do Japão enfat izam o fato de " todos os funcionários estarem num mesmo barco - e que podem f lutuar ou afundar todos juntos " . 9 7 % destas empresas exigem que seus funcionários estejam uniformizados . 7 9 % delas fazem a chamada cerimônia matina l . 2 2 % praticam o canto do lema da empresa . Nenhuma empresa norte-americana , dentre as pesquisadas , praticava a lguma coisa parecida . A voluntariedade no Japão é mais alta que nos Estados Unido s , conclui a pesquisa sobre o desempenho humano . O índice de dias parados por greves , de absenteísmo e de turnover é mais baixo naquele país que neste , ratif icando a lealdade dos funcionários j aponeses para com as suas empresas . Percebe-se , também , que a produtividade do operar1o j aponês é maior que a do norte-americano em decorrência tanto dos níveis de esforços dos trabalhadores como dos investimentos em automação industria l : enquanto a venda por operário norte americano é de 99 , 5 mil dólares , no Japã o , a venda é de $ 2 08 , 3 em média por operário . O número de inovações nas fábricas do Japão é surpreendemente mais elevado . Os autores da pesquisa perceberam , finalmente , que havia raz oável correlação entre as taxas de sugestões nas indústr ias j aponesas e as melhorias de qua l idade que , de acordo com o escopo conceitual do traba lho , representam redução de desperdícios com materiais , reparos , unidades defeituosas . Portanto , as elevadas taxas de sugestões no Japão expl icam , em part e , o melhor desempenho das indústrias deste paí s . c ) Programa de Padronizacão e Simpl if icacão de e Processos Produtos Uma frase de Juran , citada por FALCONI CAMPOS ( 19 9 0 e 1 9 9 2 ) , expressa bem a importância da padron i z ação como programa de redução de padron i z ação" . desperdícios : "não existe controle sem Sem padrões , o potencial de redução de desperd ícios é muito mais l imitado . A padronizaçâo impede o uso indiscriminado de procedimentos di ferentes na rea l i zação de uma mesma tarefa . 66 Três são o s obj etivos apontados por MONDEN ( 1 9 8 4 ) para a padroni z ação das operações , com as devidas precauções com a segurança no trabalho e qualidade do produto : a ) obter alta produtividade através de trabalho dedicado ; b ) obter o balanceamento de l inha entre todos os processos em termos de tempo de produção ; e c ) manipular somente uma quantidade minima de material em processo como número minimo de unidades necessárias para as operações padroni z adas . Como SUZAKI ( 1 9 8 7 ) observou, o trabalho de padronizar a s operações v1sa , em linhas gera i s , atingir o máximo desempenho com o min imo de desperdicios . Tempo de ciclo , rotina ou seqüência das operações e quantidade mínima de estoques intermediários são elementos que constituirão as planilhas da padron i zação , porque é a partir destes dados que poderão ser efet ivados os estudos para a redução de desperdi c ios com movimentos , transportes e processos inúteis . Todavia , num ambiente que requer mudanças constantes , a padron i z ação , segundo o mesmo autor , deve ser revista , também , permanentemente , a fim de incorporar novos métodos , novas máquinas , novas ferramentas . Neste estudo é importante , também, o envolvimento do operário , de tal modo que os procedimentos e os tempos definidos sej am factíveis em niveis de chão de fábrica . As operações devem ser examinadas , de tal f orma que sej am relacionadas aquelas que agregam valor ao produto , e , indispensáveis ao processo , e aquelas que portanto , representam desperdícios , s6 agregam custos e devam ser e l iminadas (MONDEN, 1 9 8 4 ) . FALCONI CAMPOS ( 19 9 2 ) , em seu trabalho sobre padron i zação , ident if ica dois tipos de padrões : os técnicos e o s de s istemas . Entre os padrões técnico s , por exemplo , ele class i f ica a padron ização do produto , dos materiai s , do processo , dos procedimentos operacionai s , da inspeção . Na padronização , o obj etivo da engenharia da empresa neste campo é conceber um projeto de produto de fácil produção , tendo como referência a satisfação do cl iente (KALL , 1 9 8 8 ) . Neste a f ã , um conjunto de metas norteará a concepção do produto , a definição dos métodos de produção , do f luxo do processo , das matérias-primas a serem empregadas , do tempo de ciclo e das rotinas de operações . S egundo FALCONI CAMPOS ( 1 9 9 2 ) , a padronização não s6 possibil ita o aumento da produção , a redução de custos e a melhoria da qualidade, como facilita o treinamento do pessoa l . Ma is a inda , a padronização viabiliza a administração por obj etivos , o estabelecimento de metas e de ações s itemáticas que obj etivam a melhoria dos resultados e a redução dos 67 desperdicios . A d i f iculdade de se reduz ir desperd icios , segundo SUZAKI ( 19 87 ) , é que muitos não dir igem seus esforços para ident i f icá los e , posteriormente , eliminá- los . No entanto , todos querem que seu trabalho sej a mais simples , mais rápido , ma is barato , melhor e mais seguro . Entre os programas básicos para se conseguir isto , existe a simplif icação . Este mesmo autor apresenta um exemp lo interessante para a s imp l i f icação de procedimentos , visando a redução de desperdicios . Um funcionário ut i l i zava duas peças diferentes , com caracter isticas similares , em dois produtos diferentes e , ocasionalmente , montava a peça errada . A solução inicia lmente encontrada para resolver o problema foi a de pintar os escaninhos das peças com cores diferentes . Ma is tarde , a engenharia de projetos da empresa passou a pintar as peças com cores diferentes , e l iminando-se de vez , com uma solução s imples , os transtornos e as perdas provocadas pelos erros do operár io . I I . 4 . 10 - Programas de Tecnologia Avancada de Manufatura/ CAMTl Foi dito que o programa de automação de baixo custo é muitas vezes preferivel , porque as melhorias rea l i z adas nas máquinas não demandam investimentos de capita l . Contudo , há casos em que programas de tecnologia avançada de manufatura , ma is caros , são necessários (SUZAKI , 1987 ) . Neste contexto , s ituam-se robôs , máquinas com controle numérico ( CN ) ou com control e numérico computadorizado ( CNC) , CAD ( computer-aided design ) , CAE ( computer-aided engineering) , CAM ( computer-aided manufacturing) e FMS ( s istemas f lexiveis de manufatura ) . Embora não sej am solução para todos os problemas , quando implantados com prudência , sua alta precisão e sua troca automática de ferramentas podem contribuir para a fabricação de produtos em pequenos lotes e redução dos desperdicios do tempo de espera provocados pelo tempo de set-up e por unidades defeituosas . SARAPH GINGERICH e PEERY ( 19 84 ) , KRAJEWSKI e RITZMAN ( 19 8 7 ) , GUIMARãES ( 19 9 1 ) e DILWORTH ( 19 9 3 ) tratam dos s istemas e CAD , CAM e CAD j CAM , em cujas contribuições baseiam-se as d iscussões a seguir . O CAD representa uma revolução na área de desenhos e pro j etos . ut i l i zando-se de um computador , um técnico em processamento pode produz ir um desenho de peça ou de um produto interativamente com o aparelho , manipulando suas dimensões e caracteristicas diretamente no modelo proj etado no vide o . O modelo , estando pronto , é armazenado num arquivo de dados . O CAD pode funcionar com ou sem CAM . Se ele estiver integrado ao CAM , os dados produz idos pelo CAD são transferidos por softwares espec i f icos , capazes de fazer a interface entre os dois s istemas e gerar , diretamente , outputs para as máquinas-ferramentas . 68 o CAE pode usar a descrição do produto para anal isar a lguns dos aspectos de seu desempenho e estimar o comportamento de suas peças sob condições di ferentes de carga . Vários projetos podem estar suj eitos a testes preliminares , em s ituações em que não há tempo sufic iente para a produção de um protótipo . Há quem af irme que o CAE não passa de um módulo de um programa CAD mais sofisticado . o CAM , por sua vez , é uma rede de computadores gerenciando o processo fabril a partir de um arquivo de dados . Por meio deste s istema , é possível gerar diagramas e instruções de processos para equipamentos controlados por computador , com mais rapide z , consistência e exatidão do que pelos típ icos métodos manua i s . O CAM pode incluir quai squer das ap l icações de computador para assistir o processo de produção , dentre as qua i s destacam-se : controle numérico , robôs e MRP . As máquinas operatrizes de CN podem ser programadas manua lmente ou pelo s i stema CAD/ CAM . Especia lmente quando o nümero de peças produ z idas é pequeno , o custo de programas preparados manualmente nestas máquinas pode aumentar o custo de produção . Nestes casos , o sistema CAD/ CAM torna-se um processo mais simples e mais barato . Ligado ao MRP , o CAD pode processar os pedidos de c l ientes para a montagem ou fabricação de um produto . Estes pedidos são " explodidos" numa relação de necessidades de mater iais e , com base nestas informações , o MRP desencadeia as ordens de compra ou a programação de produção de todos os componentes . A integração do CAD ao CAM pode ser vista como um passo mais avançado na hierarquia dos programas de tecnologia avançada de manufatura (ADLER e HELLELOID, 1 9 9 0 ) . Por meio deste s i stema , o programador define o desenho da peça que quer produ z i r , especif icando os movimentos necessários para a ferramenta executar detalhadamente o projeto e gerando output de operação , direto para as máquinas operatrizes ( GENGERICH e PEERY , 1 9 8 4 ; BADHAM, 1 9 8 9 ) . ADLER ( 1 9 8 9 ) destaca alguns benef ícios decorrentes do uso destes programas . Para o CAD , especifica a fac i l idade de padron i z ação de peças e a aj uda para a minimização da variedade de a j ustes , redu z indo-se , com isto , tempo de design e comp l exidade de fabricação . O CAD permite que as imagens da tela do vídeo sejam manipuladas , corrigidas e refinadas pelo técnico de processamento . O CAM , com a automação fabr i l , aumenta a preC 1sao , a confiabil idade e a eficiência do processo . O programa integrado CAD/ CAM oferece extraordinárias possibil idades para a simplificação do s istema de controle e gestão para a estimativa de custo s , programação de lote s , ordens d e compras , mater iais e acompanhamento d o desempenho . por um Um s istema de máquinas-ferramentas e robôs interl igados computador centra l a programas CADj CAM e a outros 69 dispositivos microeletrônicos , com a final idade d e automat i z ar a fabricação , constitui-se no que se denomina FMS , ou s i stema f lexivel de manufatura ( RATTNER , 1987 ) . Este programa de tecnologia avançada de manufatura proporciona redução substancial dos desperdicios do tempo de espera (tempo de preparação menor ) , especialmente porque permite que os centros de usinagem , por exemp l o , rea lizem maior número de operações de uma só vez numa única peça ( FERNANDES , 1990 ) . JAIKUMAR ( 19 8 6 ) revela , n o entanto , que a s empresas norte-amer icanas têm sofrido por fa lta de f lexibil idade , mesmo com a uti l i zação do FMS . Estas empresas não estão apl icando adequadamente este programa de tecnologia avançada de manufatura por deficiência administrativa , e não por l imitações dos recursos tecnológicos . Uma pesquisa rea l i zada por HUANG e SAKURAI ( 19 9 0 ) revelou alguns dos fatores que justificam a implementação de programas de tecnologia avançada de manufatura entre empresas j aponesas . Dentre eles , a redução dos custos da mão-de-obra parece ser o principal para a maioria das entrevistadas , sendo , inclus ive , apontado como razão de vantagem compet itiva . Para comprovar isto , uma empresa teria diminuido seus custos de mão de-obra direta em 3 5 % com o uso do FMS i este número é a inda mais expressivo se se considerar que o custo da mão-de-obra desta empresa representava 5 0 % dos custos das vendas ( DUNN , 1 9 84 ) . suas A Yanmar , outro exemplo, redu z iu em 72% necess idades de operários por dia (RATTNER , 1 9 87 ) . Já para HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) particularmente , os beneficios de redução do custo da mão-de-obra são os menos importantes na avaliação de programas de tecnologia avançada de manufatura . HUANG e Outro fator importante considerado pela pesquisa de SAKURAI ( 19 9 0 ) diz respeito às melhorias de qualidade que tal programa pode viabil izar . A partir da i , com grau de relevância decrescente , vem: f l exibilidade da produçã o , diminuição d o lead time , redução de desperdicios com estoques supér f luos , aumento da uti l i zação dos equipamentos , redução dos desperdicios provocados pelo set-up, crescimento do volume de produção e vantagens de marke ting. A mesma pesquisa sondou, também , os principais problemas de introdução e implementação de programas de tecnologia avançada de manufatura . Disparadamente , o custo alto dos equipamentos foi lembrado como sendo o maior obstáculo . Outro problema , segundo do ranking de importância para as empresas , é o custo dos softwares , e logo depois o tempo necessário para desenvolvê-los . O treinamento da mão-de-obra foi também citado , em razão do conhecimento técnico indispensável em ambientes tecnologicamente ma is sofisticados . Para citar a lguns exemplos de empresas que se ut i l i zaram da alta tecnologia para reduzir seus desperdicios (RATTNER , 1 9 87 ) , a Divisão Kawasaki da Toshiba Tungalloy reduziu seu lead time de 19 para 4 dias e diminuiu em 5 0 % os custos das operações fabris depois dos investimentos rea l i zados em s istemas f lexiveis de manufatura . A Nippon Yusoki e l iminou 7 5 % 70 do seu ciclo de produção . A Alcoa conseguiu diminuir o lead time de um de seus produtos de 3 4 para 16 dias, após investir em tecnologia avançada para a sua ferramentar ia , conseguindo melhorar em 2 0 0 % a produtividade d o setor (LEON, 1 9 9 2 ) . No Bras i l , uma pesquisa real izada por FENSTERSEIFER e ( 19 8 8 ) revela que as empresas brasi leiras ut i l i z am ainda de forma incipiente os programas de redução de desperdicios "tecnologia avançada de manufatura" . BASTOS 1 1 . 4 . 1 1 - Manutencão Produtiva Total (TPMl SUZAKI ( 1 9 8 7 ) e NAKAJlMA ( 1 9 8 9 ) tratam dos programas de redução dos desperdicios do tempo de espera , unidades defeituosas e superprodução decorrentes das paradas para manutenção ( downtime ) . Entre eles , destacam o programa da Manutenção Preventiva Total (TPM) . Segundo estes autores , o TPM visa reduz ir a zero as f alhas e paradas das máquinas , atacando diretamente as j á citadas cinco grandes causas dos problemas das máquinas . Cuida , inicia lmente , para que a manutenção assegure as condições norma is de operação das máquinas , identificando tanto mais rápido quanto possivel os seus sintomas de problema s . A manutenção preventiva é apenas uma etapa do programa TPM (HAY, 1988) . Outro procedimento indispensável para a disseminação do é a TPM e a conseqüente redução de desperdicios a descentra l i zação da manutenção , partir da qual são transferidas operações de manutenção para os próprios operadores de máquinas . Pressupõe-se que os operadores poderiam ser preparados para detectar sintomas de problemas de máqu inas , aproveitando-se do fato de que as conhecem bem . A descentrali zação da manutenção expande o papel dos operadores dentro da fábrica, para além da preocupação de fabricar produtos . Através de treinamentos , os operadores passariam a conhecer melhor a estrutura , a funçã o , os métodos de a j ustamento , os procedimentos operacionais apropriados e o s pontos d e checagem diária d e suas máquinas . Por outro lad o , uma inspeção rea l i z ada diariamente poderia aj udar estes operadores de máquinas a se fam i l iarizarem mais com o seu novo papel . Outra etapa do programa TPM importante para a redução de desperdicios do tempo de espera associados ao downtime é o da l impeza da máquina pelo seu próprio operador . Gastar tempo com l impe za pode representar , para muito s , perda de produção ; todavia , quanto maior for o cuidado com as máquinas , menos para l i sações posteriores acontecerão para manutenção corretiva . 71 NAKAJlMA ( 1989) relac iona alguns indicadores que comprovam a e f iciência do programa TPM na redução de desperdícios do tempo de espera . Há casos de incremento de 2 6 pontos percentuais no índice operacional das máquinas ( o tempo de funcionamento dividido pelo tempo total disponível ) : máquinas , que operavam a cerca de 5 5 % do seu tempo total disponíve l , chegaram a operar 8 1 % deste tempo . o mesmo autor cita casos de paradas de máquinas de até 1 0 0 0 vezes/mês que , com a aplicação de tal programa , reduz iram se a aproximadamente 2 0 vezes/mês . Outros desperdícios , também , puderam ser redu z idos com o programa TPM , a saber : o estoque de produtos acabados diminuiu em cerca de 50% , de 1 1 para 5 dias , bem como os números de produtos defeituosos e refugos no processo diminuíram a 10% e 1 / 3 , respect ivamente , do que representavam antes das mudanças . Os custos de manutençã o , por seu turno , chegaram a ser 3 0% menores . SUZARI ( 19 8 7 ) fala de uma fábrica j aponesa que , só cuidando do reaperto de dezenas de mi lhares de parafuso s , conseguiu redu z ir em 8 0 % a s quebras de máquinas d e uma s ó vez . A Ayase Works da Topy Industr ies , fabricante de rodas para automóve i s , implantou o TPM por volta de 19 8 0 em sua fábrica ( IMAI , 1 9 8 8 ) . Foram mini strados cursos de lubrif icação , de como apertar porcas e parafusos , de eletricidade bás ica , de hidráu l i ca , de pneumática e de mecanismos de direção para os operár ios . Entre outras coisas , perceberam que óleo em excesso às vezes provocava o superaquecimento das máqu inas. Após três anos de TPM , o número de avarias caiu de 1 0 0 0 por mês para cerca de 2 0 0 e o vazamento de óleo foi reduzido de 1 6 0 0 0 l itros por mês para 3 0 0 0 l itro s , representando considerável economia . Como visto , o programa de redução de desperd ícios do TPM , citado por SUZARI ( 19 8 7 ) e NAKAJlMA ( 1 9 8 9 ) , requer o envo lvimento dos operadores . Se isto a j uda a melhorar a prevenção dos problemas das máquina s , não é sufic iente para e l iminá- los . A ef icácia do TPM para a redução de desperdícios também , da compreensão do f luxo operacional de depende , manutenção das máquinas , resumido em quatro etapas ( SUZARI , 1 9 8 7 ) . Na primeira delas , faz-se uma ver i f icação da máquina , a fim de se levantar indícios de deter ioração forçada , normalmente causada por falta de lubr i f icação e parafusos Nesta hipótese , os trabalhos de restauração frouxos . recuperar o nível original de desempenho do devem equipamento . Numa segunda fase , procura-se detectar indícios de deterioração natura l , cuj a ação pode ser interrompida pela manutenção preventiva periódica , assim como pela predef inição dos procedimentos de uso adequado das máquinas j untamente com as normas de l impeza , inspeção e outro s . Além disto , o s operadores são treinados pelo pessoa l de manutenção a identi ficar , continuamente , condições anorma is de 72 funcionamento de suas próprias máquinas , e a proceder a reparação de qualquer problema percebido , cuidando-se para que não se cometam erros que ocasionem problemas futuros . Peças podem ser reproj e tadas com o propósito de estender a vida úti l das máqu inas . O poka-yoke , ou mecanismo a prova de falhas ( foolproof) , é um dispositivo que , também , pode ser apl icado nesta fase , complementando-se os esforços do TPM. A quarta fase é a da monitoração das condições das máqu i na s . Este diagnóstico procura assina lar , constante e mais prontamente , suas reais necessidades de manutenção . Existem equipamentos apropriados para a aferição das condições de funcionamento das máquinas , tais como : monitores de vibraçã o , medidores u ltra-sônicos e outros . Estes equipamentos só s e j ustif icam economicamente s e o s operadores ficarem atentos aos sinais de deterioração de suas máquinas e se as máquinas est iverem sendo operadas de acordo com as normas prescritas de funcionamento . A prática do programa TPM para a redução de desperdícios associados ao tempo de manutenção será factível desde que se obtenha o envolvimento e a coordenação de todos os funcionários da empresa : operadores de máquina s , supervisores , equipe de manutenção , engenheiro s , pessoal do controle de qual idade e assim por diante . Isto exige um consistente trabalho de conscientização das pessoa s , pois é preciso entender que , mesmo que a programação da produção estej a apertada , a parada de uma hora para manutenção , por exemp l o , pode representar uma economia de até dez horas de tempo perdido devido a fa lhas das máquinas . 1 1 . 4 . 1 2 - OPT Por f im , FOX ( 19 8 2 a e 1982b) , JACOBS ( 1 9 8 4 ) e CORR ÊA e GIANESI ( 19 9 3 ) examinam outro importante programa de redução de desperdícios , que vem ganhando mais espaço na l iteratura : o Optimized Production Technology ( OPT) , um software de O OPT foi desenvolvido por pesquisadores computador . israelenses , de cuj o grupo fazia parte o f í s ico E l iyahu Goldratt l 9 • Embora possa parecer o contrário, não é um programa otim i zante , no sentido científico do termo . Base ia-se em uma sér ie de procedimentos heur ísticos . Segundo os mesmos autores , o programa OPT defende que o obj etivo básico das empresas é ganhar dinheiro . Assim sendo , refere-se a três termo s , que são empregados para ava l iar a rea l i z ação deste obj etivo : f luxo ( throughpu t ) , estoques e despesas operacionais . Ou sej a , para se ganhar mais dinheiro , é necessário que o f luxo de materiais dentro da fábrica deva 19 E l iyahu Goldratt é autor dos l ivros A Meta e A Corrida ( pela Vantagem Competitiva ) . 73 ser aumentado , enquanto os estoques e a s despesas operacionais diminuído s . o programa OPT considera dois tipos d e recursos a o programar atividades com vistas a o ating imento do obj etivo mencionado : recursos-gargalo e recursos não-gargalos . Consideram-se recursos quai squer elementos necessários à produção , ta i s , corno exemplo , pessoas , equipamentos , dispositivos , ferramentas e espaço . Além disto , o programa OPT norteia-se por nove princíp ios , tão intuitivos quanto úteis para as empresas que desejam alcançar o obj etivo bás ico . São eles : 1 ) Balanceie o f luxo e não a capacidade . 2) A ut i l i zação de um recurso não-gargal o não é determinada por sua disponibil idade , mas por alguma outra restrição do s istema , como , por exemplo , um garga l o . 3 ) ut i l i zação sinônimas . e ativação de um 4 ) Uma hora ganha num recurso-gargalo é uma para o s istema como um todo . 5 ) Uma hora ganha num recurso não-gargalo é só uma miragem. transferência 6 ) O lote de e , freqüentemente , não deveria ser processamento . não recurso - pode igual hora não é são ganha nada , ser não ao lote de 7 ) O lote de processamento deve ser variável e não f ixo . 8 ) Os gargalos não só determinam o o s i stema , mas também def inem seus estoques . f luxo de todo 9 ) A programação de atividades e a capacidade produtiva devem ser consideradas simultaneamente e não seqüenc ia lmente . Lead times são um resultado da programação e não podem ser assumidos a prior i . O programa de redução de desperdícios do OPT pode ser visto como urna a lternativa ao MRP . No entanto , apesar de l idar numa área semelhante ao do MRP (planej amento e programação da produção) , emprega um método bem di ferente dele . O OPT questiona uma série de crenças , pressupostos e práticas tradicionais de produção . Reconhece-se neste programa uma vocação especial para a redução dos desperdícios com estoques e lead times . Há , ainda , pouca referência a resultados obtidos com a sua apl icação . Num destes , a sueca Prestorp AB Company atribui aos três anos de bem-sucedidos efeitos do OPT a redução de 5 0 % de seus níveis médios de estoques e a 74 dup l icação do giro dos estoques para seis vezes AGGARWAL , 1 9 8 5 ) . ( AGGARWAL e 1 1 . 5 - Resumo Todo o esforço deste capitulo teve por objetivo relac ionar os principais programas de redução de desperdicios encontrados na literatura com os tipos de desperd icios que sua apl icação permite reduzir . Esta tentativa culminou com a e laboração do quadro-resumo ( Quadro 3) , no qual estão sumari z adas as principais causas e conseqüências por tipo de desperdicio e os principais programas que , segundo a l i teratura pesquisada , permitem reduzir cada uma das tipologias consideradas . Neste quadro , comprova-se a apl icação de um mesmo programa para a redução de mais de um tipo diferente de desperdi c i o , bem como a existência de mais de um programa para a redução de um mesmo desperdicio . A forma adotada para a apresentação do l ink entre os programas e os desperdicios que aqueles permitem redu z ir não pode ser entendida como se cada programa fosse um "pacote exclusivo " , supondo que o interessado pudesse esco lher um dentre todas os programas di sponiveis com o objetivo de redu z i r u m determinado desperdicio . Os programas não guardam entre s i nenhuma s im i laridade e nem proporcionam, individua lmente , os mesmos resultados , com a mesma eficácia e eficiência . Algumas vezes , será recomendável o uso simultâneo de programas diferentes , especia lmente se se pretende melhorias mais incisivas . 75 Quadro 3 Quadro-Resumo Causas/ Fontes e Consequênc ias dos Desperdícios e Programas de Redução por Tipo de Desperdício 1- DESPERD í CIOS PROVENIENTES DA PRODUÇÃO EXCESSIVA Consegüências Estoques excessivos de uns produtos acabados e faltas de outros ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Estoques intermed iârios espalhados pelo piso de fâbrica ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) Redução dos espaços de movimentação ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) Acúmulos de matérias-primas no almoxari fado ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) Aumento do tempo de produção , com atrasos nas entregas de produtos aos c l i entes ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) Perdas de vendas e de imagem ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Operadores aparentemente ocupados , mâquinas trabalham desnecessariamente e equipamentos adicionais podem ser comprados sem necessidade ; e SUZAKI ( 19 8 7 ) Aumento dos estoques . KAPLAN ( 19 8 3 ) ; ANTUNES JR . et a I . ( 19 8 9 ) ; e STALK JR. ( 19 8 9 ) CausaslFontes Produção de lotes de grandes quant idades , para acobertar unidades defeituosas , atrasos e erros ; KAPLAN ( 19 8 3 ) ; ANTUNES JR . et a ! . ( 19 8 9 ) ; e STALK JR . ( 19 8 9 ) Produção em massa para raciona li zação de custos e simultânea ace leração da produção ; TAUILE ( 19 9 0 ) I ncremento da automação da fâbrica para uns poucos produtos padronizados , com o obj etivo de reduzir os custos vinculados ã variedade de produtos ; KAPLAN ( 19 8 3 ) ; ANTUNES JR. et a ! . ( 19 8 9 ) ; e STALK JR. ( 19 8 9 ) Economia de escala ; FORD ( 19 2 5 ) 76 Quadro 3 ( continuação . . . ) 1 - DESPERD í CIOS PROVENIENTES DA PRODUÇÃO EXCESSIVA Causas[Fontes Antecipação da demanda nas programações , "empurrando-se" a produção CORRÊA e GIANESI ( 19 9 3 ) E l iminação dos desperdícios da capacidade de produção , a fim de se otimizar o uso dos meios de produção, redução de sua ociosidade e minimiz a ção dos efeitos dos custos fixos ; ANTUNES JR . et a l o ( 19 8 9 ) Lote econômico de produção , interpretando o trade-off entre os custos de preparação das máquinas e os custos de manutenção dos estoques , bem como os efeitos da f lutuação da produção ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) Defic iências com relação ao set-up, manutenção e layout ; CORR ÊA e GIANESI ( 19 9 3 ) Balanceamento da capacidade da fábrica , como forma de assegurar produção constante e uniforme ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Operação a taxas de 100% de ut ilização das máquinas . SUZARI ( 19 8 7 ) ; e HAY ( 19 8 8 ) (push system ) ; Programas gue Podem Reduz ir estes DesQerdicios Just-in-Time SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; MILLAR ( 19 9 0 ) ; e CORRÊA e GIANESI ( 19 9 3 ) Produção Nivelada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; SUZARI ( 198 7 ) ; HAY ( 19 8 8 ) ; CORRÊA e GIANESI ( 19 9 3 ) ; e RIBEIRO ( 1 9 8 4 ) Desenvolvimento de Fornecedores STALR JR. Produção "Puxada" Monitorada por MONDEN ( 1984 ) ; PEGELS ( 1984 ) ; SUZARI ( 1987 ) ; e HAY ( 19 8 8 ) Racional i z ação do Uso do EspaÇO : SUZARI ( 1 9 8 7 ) Kanbans Layou t por Produto e células de Fabricação ( 19 8 9 ) 77 Quadro 3 ( continuação . . . ) 1 - DESPERD í CIOS PROVENI ENTES DA PRODUÇÃO EXCESSIVA Programas gue Podem Reduz ir estes DesIlerdicios Automação de Baixo Custo NAKAJlMA ( 1 9 8 8 ) ; YAMASHINA ( 1 9 8 8 ) ; NETO ( 1 9 8 9 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Qualidade no Processo Fabril SUZARI ( 19 8 7 ) Limpeza e Organ i z ação da Fábrica SUZARI ( 19 8 7 ) Envolvimento d o Operário HUTCHINS ( 1 9 9 3 ) Padron i z ação e S imp l ificação de Produtos e Processos SUZARI ( 1 9 8 7 ) ; e FALCONI CAMPOS ( 1 9 9 0 AMT SUZAKI ( 19 8 7 ) TPM SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e NAKAJlMA ( 1 9 8 9 ) e 19 9 2 ) 78 Quadro 3 ( continuação . . . ) 2 - DESPERD í CIOS COM O TEMPO DE ESPERA Consegüênc ias Aumento do tempo de produção (menor ritmo ) ; GOLDSBROUGHT ( 19 8 8 ) ; STALR JR . ( 19 89 ) ; e STALR JR . e HOUT ( 19 9 3 ) Manutenção de estoques desnecessários , mesmo entre processos ; GOLDSBROUGHT ( 19 8 8 ) ; STALR JR . ( 19 8 9 ) ; e STALR JR. e HOUT ( 19 9 3 ) Perdas com espaço ocupado e movimentação , dentro da fábrica ; GOLDSBROUGHT ( 19 8 8 ) ; STALR JR. ( 19 8 9 ) ; e STALR JR. e HOUT ( 19 9 3 ) Perdas d e materiais durante o a j ustamento das máquina s ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Custos com a manutenção preventiva ; CRASE e AQUILANO ( 19 7 7 ) ; SCHONBERGER ( 19 84 ) ; MONRS ( 19 87 ) ; MOURA ( 19 8 7 ) ; BRICR et a ! . ( 19 8 9 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Maior tempo d e produção e máquinas , operários ociosos , custos dos atrasos na programação e gastos devido à manutenção corretiva ; CRASE e AQUILANO ( 19 77 ) ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; MONRS ( 19 8 7 ) ; MOURA ( 19 8 7 ) ; BRICR et a ! . ( 19 89 ) ; e HARMON e PETERSON (1991) Novas paradas e a fabricação de unidades defeituosas , em decorrência da manutenção precár i a ; CRASE e AQUILANO ( 19 77 ) ; SCHONBERGER ( 198 4 ) ; MONRS ( 19 87 ) ; MOURA ( 19 8 7 ) ; BRICR et a ! . ( 19 8 9 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Falsa impressão de que há falta de máquinas e que seria necessário investimentos ; e RIBEIRO ( 19 8 4 ) ; MOURA ( 19 87 ) ; e YAMASHINA ( 19 8 8 ) Produção de lotes grandes . CORR�A e GIANESI ( 19 9 3 ) 79 Quadro 3 ( continuação . . . ) 2 - DESPERDíCIOS COM O TEMPO DE ESPERA Causas[Fontes Relacionadas ao TemQo de PreQaração das Mãguinas Crescimento na proporção das trocas de produto no processo ; STALK JR. ( 19 8 9 ) ; e STALK JR . e HOUT ( 19 9 3 ) Demoras n a troca de ferramentas nas mãquinas ( changeover) ; HARMON (1991) Falta de normatização do trabalho ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Treinamento inadequado ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Falta d e costume com trocas constantes de produtos no process o ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Disposit ivos de set-up malconservados , ou inexistentes ou malproj etados ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Processo de a j ustamento das mãqu inas na base da tentativa-e-erro ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Matér ias-prima s , ferramentas , moldes e documentação d istantes das mãquinas , guardados em setores foca l i zados , obrigando inclusive a deslocamentos desnecessãr ios ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Moldes e instrumentos prol iferos , devido à falta de padroni zação ; HARMON ( 19 9 1 ) Transporte precãrio entre o local de armaz enagem e a mãquina ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Mãquinas novas , às vezes sofisticadas , automat i z adas , de alto custo , que não respondem às necess idades da fãbrica ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Número insufic iente de pessoal ; e HARMON e PETERSON (1991) Set-up dado ( EOQ) . SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; MOURA ( 19 8 7 ) ; e BRICK et a l o ( 19 8 9 ) e e PETERSON PETERSON Causas[Fontes Re lac ionadas com o TemQo de Manutenção das Mãgu inas Desgaste natural da mãquina ; NAKAJlMA ( 19 8 9 ) • 80 Quadro 3 ( continuação . . . ) 2 - DESPERDíCIOS COM O TEMPO DE ESPERA Causas[Fontes Re lac ionados com o Temºo de Manutenção das Máguinas Fa lhas do proj eto de fabricação da máquina ; SUZARI ( 19 8 7 ) Falta de lubr i f icaçã o , d e asseio e de aperto de parafusos e das máquinas ( necessidades fundamentais ) ; SUZARI ( 19 8 7 ) ; e NAKAJIMA ( 19 8 9 ) Falhas devido à falta de habil idade dos operadores e do pessoal de manutenção ; SUZARI ( 19 8 7 ) Falta de manutenção das condições operac ionais corretas das máquinas ; SUZARI ( 19 8 7 ) Almoxarifado de peças e ferramentas de manutenção e setor de manutenção d istantes das l inhas d e produção ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Falta de peças de reposição em estoque ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Falta d e f lexib i lidade na substituição automática da máquina defeituosa por outra em boas condições de func ionamento ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Inexistência de máqu inas sobressalentes ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Tamanho da equipe de manutenção insu fic iente para atender a toda fábrica ; CRASE e AQUILANO ( 19 7 7 ) ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; MONRS ( 19 8 7 ) ; MOURA ( 19 8 7 ) ; BRICR et a i . ( 19 89 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) S o f i st i cação das " supermáquinas" que às vezes não têm mecani smos de diagnóstico própri o ; SCHONBERGER ( 19 8 4 ) Manutenção precária ; e CRASE e AQUILANO ( 19 7 7 ) ; SCHONBERGER ( 1984 ) ; MONRS ( 19 8 7 ) ; MOURA ( 19 8 7 ) ; BRICR et a i . ( 1 9 8 9 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) 81 Quadro 3 ( continuação . . . ) 2 - DESPERDíCIOS COM O TEMPO DE ESPERA Causas[Fontes Relacionados com o TemQo de Manutenção das Mâguinas Manutenção preventiva convenciona l . NAKAJIMA ( 19 8 9 ) Programas gue Podem Reduzir estes DesQerdicios Just-in-Time SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; MILLAR ( 19 9 0 ) ; BARCELLOS ( 19 9 1 ) ; e CORRF!A e GIANESI ( 19 9 3 ) ; MRP/MRP I I SCHONBERGER ( 19 8 2 ) ; SCHROEDER et a l o ( 19 82 ) ; SUZARI ( 19 8 7 ) ; e CORRF!A e GIANESI ( 19 9 3 ) Produção Nivelada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; SUZARI ( 19 8 7 ) ; HAY ( 19 8 8 ) ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) ; e CORRíiA e GIANESI ( 19 9 3 ) Desenvolvimento de Fornecedores SCHONBERGER ( 19 84 ) ; NETO ( 198 9 ) ; STALR JR . ( 19 8 9 ) ; e CORRÊA e GIANESI ( 19 9 3 ) Produção "Puxada" Monitorada por Kanbans MONDEN ( 19 8 4 ) ; PEGELS ( 198 4 ) ; SUZARI ( 19 8 7 ) ; HAY ( 19 8 8 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Racion a l i zação do Uso do Espaço : Layou t por Produto e Células de Fabricação SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; SUZARI ( 19 87 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Automação de Baixo Custo YAMASHINA ( 19 8 8 ) ; NAKAJIMA ( 19 8 9 ) ; NETO ( 19 8 9 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Qualidade no Processo Fabr i l MONDEN ( 19 8 4 ) ; SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; SUZARI ( 19 87 ) ; e NETO ( 19 8 9 ) Limpeza e Organização da Fábrica SUZARI ( 19 8 7 ) 82 Quadro 3 ( continuação . . . ) 2 - DESPERDíCIOS COM O TEMPO DE ESPERA Programas gue Podem Redu z ir estes Desl2erdicios Envolvimento do Operário HUTCHINS Padroni z ação e simp l i ficação de Produtos e Processos SUZAltI ( 1 9 8 7 ) ; e FALCONI CAMPOS ( 1 9 9 0 e 199 2 ) AMT SUZAltI ( 1 9 8 7 ) ; HUANG e SAltURAI ( 19 9 0 ) ; e LEON ( 1 9 9 2 ) TPM NAKAJIMA ( 19 8 9 ) OPT AGGARWAL e AGGARWAL ( 19 8 5 ) ( 19 9 3 ) 83 Quadro 3 ( continuação . . . ) 3 - DESPERDíCIOS PROVOCADOS POR UNIDADES DEFEITUOSAS Consegüências Produção excessiva e estoques supérf luos ( estoques de segurança) para imped ir para l i sações das operações fabri s e para o atendimento da demanda ; WILD ( 1 9 7 2 ) ; e SUZAKI ( 1 9 8 7 ) Tamanho dos lotes maior que o necessár i o , prevendo-se o expurgo de unidades defeituosas ; WILD ( 19 7 2 ) Transferência de custos para os preços e para os c l ientes ; ANTUNES JR . et a l o Aumento d o tempo d e espera devido ao processamento de lotes maiores ; SUZAKI Perdas de materiais adicionados ao produto e de custos de fabricação (mão-de-obra , por exemplo) nas unidades refugadas ; SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e NETO ( 1 9 8 9 ) Custo do retrabalho (mater ial substituido e tempo gasto ) ; SUZAKI ( 19 8 7 ) Perda de materiais e de trabalho ( pessoal engajado) nos testes de inspeção f ina l ; SUZAKI Devolução , reclamações de c lientes e custos com assistência técnica ; MIRSHAWKA ( 1 9 9 0 ) Matérias-primas com especif icações d iferentes , comprometendo a capacidade de processo ; e LUBBEN ( 19 8 9 ) ; e NETO ( 19 8 9 ) Manutenção de um setor de inspeção de recebimento - e , nem por isso , consegue assegurar qual idade - sem contar os custos com os testes . LUBBEN ( 1 9 8 9 ) ; e NETO ( 1 9 8 9 ) ( 19 8 9 ) ( 1987 ) ( 19 8 7 ) CausaslFontes Otim i z ação dos custos da qual idade ; SCHNEIDERMAN ( 1 9 8 6 ) Mental idade segundo a qual qua li dade custa caro ; SCHNEIDERMAN ( 1 9 8 6 ) 84 Quadro 3 ( continuação . . . ) 3 - DESPERDíCIOS PROVOCADOS POR UNIDADES DEFEITUOSAS CausasLFontes Inevitabi l idade e imprevisibilidade das quebras de máquinas e da incidência de unidades defeituosas (Lei de Murphy ) ; ANTUNES JR. et a l o Manutenção precária das máquinas ; HARMON e PETERSON Set-up malfe ito ; HARMON e PETERSON Inspeção foca l izada ; SUZAKI Compras visando preços melhores sem preocupação com a qua l idade dos mater i a i s ; LUBBEN ( 1 9 8 7 ) ; e NETO ( 1 9 8 9 ) Inspeção baseada no AQL; HIRSHAWKA ( 19 9 0 ) ; e DEHING ( 1 9 8 6 ) Fornecedores não-confiáveis , que só asseguram preços acessiveis ; e LUBBEN ( 1 9 87 ) ; e NETO ( 1 9 8 9 ) Fornecedores operando segundo as concepções tradicionais de fábrica . SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; e SUZAKI ( 19 8 7 ) ( 19 8 9 ) ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) ( 19 8 7 ) Programas gue Podem Redu z ir estes Desl2erd ic ios Just-in-Time SHONBERGER ( 19 8 4 ) ; SUZAKI ( 1 9 87 ) ; HAY ( 1 9 8 8 ) ; e CORRÊlA e GIANESI ( 19 9 3 ) Desenvolvimento de Fornecedores CORRÊlA e GIANESI Racion a l i z ação do Uso do Espaço : Layout por Produto e Células de Fabricação HARMON e PETERSON Automação de Baixo Custo YAHASHINA ( 1 9 8 8 ) ; NAKAJlMA ( 1 9 8 9 ) ; NETO ( 19 8 9 ) ; e HARMON e PETERSON ( 1993 ) ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) 85 Quadro 3 ( continuação . . . ) 3 - DESPERDíCIOS PROVOCADOS POR UNIDADES DEFEITUOSAS Programas gue Podem Redu z ir estes Des12erd icios Qua l idade no Processo Fabri l SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; WILLIAMS ( 19 8 4 ) ; DEMING ( 19 8 6 ) ; ISHlKAWA ( 1 9 8 6 ) ; SCHNEIDERMAN ( 1 9 8 6 ) ; SUZAKI ( 19 8 7 ) ; lMAI ( 19 8 8 ) ; e ANTUNES JR . et a l o ( 19 8 9 ) Limpeza e Organização da Fábrica SUZAKI Envo lvimento do Operário HUTCHINS ( 19 9 3 ) Padronização e S impl i f icação de Produtos e Processos SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e FALCONI CAMPOS ( 1990 e 199 2 ) AMT SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e ADLER ( 1 9 8 9 ) TPM SUZAKI ( 19 8 7 ) ; e NAKAJlMA ( 1 9 8 9 ) ( 19 8 7 ) 86 Quadro 3 ( continuação . . . ) 4 - DESPERDíCIOS COM ESTOQUES SUPÉRFLUOS Consegüências Atenuação das incertezas sobre o processo e proteção contra problemas ; HARMON e PETERSON Aumento dos custos do produto ; HARMON e PETERSON Necessidade d e espaço , manusei o , funcionários e burocracias extras ; SUZAKI ( 1987) Custo de capital adicional para a manutenção dos estoque s ; SUZAKI ( 19 8 7 ) Gastos com matérias-primas e sa lários na produção de estoques intermediár ios ; SUZAKI ( 19 8 7 ) Ameaça f inanceira à saúde da empresa ; e IHAI ( 19 8 8 ) Ameaça f is ica à segurança dos operários . IHAI ( 19 8 8 ) (1991) ( 19 9 1 ) ; e HALL ( 19 8 8 ) Causasl Fontes Balanceamento da produção como forma de nivelar os picos e vales da demanda e garantir a s incronização de processos com capacidades de produção d iferentes ; HARMON Lote econômico de compra , a f im de minimi z ar os custos de pedido e de manutenção dos estoques ; HARMON Custos associados com os pedidos de compras , tais como burocracia , cotações e inspeções de recebimento ; HARMON Incertezas nas entregas das compras de matérias-primas pelos fornecedores ; HARMON Fornecedores produzem grandes lotes para compensar o set-up ; HARMON Falta de f lexibil idade dos fornecedores ao mexer com suas programações ; HARMON Materi a i s defeituoso s , a exigir reparo ou substituição ; HARMON e PETERSON e PETERSON e PETERSON e PETERSON e PETERSON e PETERSON e PETERSON ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) ( 19 9 1 ) 87 Quadro 3 ( continuação . . . ) 4 - DESPERDíCIOS COM ESTOQUES SUPÉRFLUOS CausasL Fontes Fontes múltiplas de fornecimento de materiais como forma de segurança ; LUBBEN ( 1 9 8 7 ) Lead time longo ; CORRi:A ( 19 9 3 ) Produção excessiva para evitar ocios idade de mão-de-obra e máquina s ; SUZARI ( 1 9 8 7 ) ; HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) ; e GOLDRATT e FOX ( 1 9 9 2 ) e GIANESI Absente ismo , comunicação defi ciente , transporte longo , fábrica suj a e desarrumada e programação incipiente ; HAY ( 1 9 8 8 ) Paradas das máquinas para manutenção ; SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; e SUZARI ( 1 9 8 7 ) Lotes grandes de produção ; e SUZARI ( 1 9 8 7 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Amortecimento dos problemas da empresa . HARMON ( 19 9 1 ) SUZARI ( 19 8 7 ) ; e e PETERSON Programas gue Podem Reduz ir estes Desl2erdicios Just-in-Time SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; SUZARI ( 19 8 7 ) ; HAY ( 19 8 8 ) ; MILLAR ( 1 9 9 0 ) ; BARCELLOS ( 1 9 9 1 ) ; e CORRi:A e GIANESI ( 19 9 3 ) ; MRP/ MRP I I SCHONBERGER ( 1 9 8 2 ) ; SCHROEDER et a l o ( 1 9 8 2 ) ; AGGARWAL e AGGARWAL ( 1 9 8 5 ) ; e SUZARI ( 1 9 8 7 ) Produção N ivelada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades SCHONBERGER ( 19 8 4 ) ; SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; HAY ( 1 9 8 8 ) ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) ; e CORRi:A e GIANESI ( 19 9 3 ) 88 Quadro 3 ( continuação . . . ) 4 - DESPERDíCIOS COM ESTOQUES SUPÉRFLUOS Programas gue Podem Reduzir estes DesI1erdicios Desenvolvimento de Fornecedores SCHONBERGER e GILBERT ( 1 9 8 3 ) ; SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; NETO ( 1 9 8 9 ) ; e CORRtA e GIANESI ( 19 9 3 ) Produção " Puxada" Monitorada por Kanbans MONDEN ( 19 8 4 ) ; PEGELS ( 19 8 4 ) ; SUZAKI ( 19 8 7 ) ; HAY ( 19 8 8 ) ; e HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) Racional i zação do Uso do Espaço : Layout por Produto e Células de Fabricação SUZAKI ( 19 8 7 ) ; e HARMON e PETERSON ( 1991) Automação d e Baixo Custo SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Qual idade no Processo Fabr i l SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; e SUZAKI ( 19 8 7 ) Limpeza e Organização da Fábrica SUZAKI Envolvimento do Operário HUTCHINS Padroni z ação e S imp l if icação de Produtos e Processos SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e FALCONI CAMPOS ( 1 9 9 0 e 1992 ) AMT HUANG e SAKURAI ( 19 9 0 ) TPM NAKAJIMA ( 19 8 9 ) OPT AGGARWAL ( 19 8 5 ) ( 19 8 7 ) ( 19 9 3 ) e AGGARWAL 89 Quadro 3 ( continuação . . . ) 5 - DESPERDíCIOS COM MOVIMENTOS DESNECESSÁRIOS , DO PROCESSAMENTO INÚTIL E RELATIVOS AO EXCESSO DE TRANSPORTES Consegüências Adição de custos extras ao produto ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON Contratação adic iona l de pessoal para os a lmoxarifados ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON Papelada ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON Transportadores internos ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON Riscos internos ; BUZARI Maior tempo de produção ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON Maior volume de estoques ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON Maior área ocupada ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERSON Maiores custos indiretos ; HARMON ( 1991 ) e PETERSON Maior incidência de unidades defeituosas ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERSON Maior custo de manipulação de materiais ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON Prej u ízo para a rentabil idade das empresas ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERSON Maior investimento em instalações e máquinas ; e HARMON ( 19 9 1 ) e PETERSON Supervisão mais cara . HARMON ( 19 9 1 ) e PETERBON ( 19 8 7 ) CausaslFontes Falta de padron ização do trabalho ; GILBRETH e GILBRETH ( 1 9 1 7 ) ; MORROW ( 1 9 5 7 ) ; RODGERS ( 19 7 0 ) ; e TAYLOR ( 19 7 1 ) 90 Quadro 3 ( continuação . . . ) 5 - DESPERDíCIOS COM MOVIMENTOS DESNECESSÁRIOS , DO PROCESSAMENTO INÚTIL E RELATIVOS AO EXCESSO DE TRANSPORTES Causasl Fontes Forma emp ír ica corno o trabalho é rea l i z ado em decorrência de planos incipientes e mal formu lados e da absoluta ausência de noção da tarefa executável ; GILBRETH e GILBRETH ( 19 17 ) ; MORROW ( 1957 ) ; RODGERS ( 19 7 0 ) ; TAYLOR Materiais e ferramentas não-padroni zados ; BARNES ocios idade do operário por falta de trabalho ou devido a problemas de defeito da máquina operatri z ; BARNES ( 1 9 7 7 ) Demora na instalação dos d ispositivos de set-up; BARNES Comportamentos de traba lho ; lHAI Apanhar e colocar peças e ferramentas nas máquinas e andar pela fábr ica ; SUZAKI Máquinas tecnologicamente sofisticadas automat izaram os movimentos desnecessár ios ; ENGLISH e MARCHIONE Depósitos dedicados para a armazenagem d e matérias-prima s ; SUZAKI ( 19 8 7 ) Manuse i o desnecessário de mater i a i s , devido a procedimentos de recebimento , inspeção, armazenagem e expedição ; SUZAKI ( 1987 ) Setores de ferramentaria e de manutenção d istantes das máquinas ; HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) ; e YAMASHINA Falta de coordenação dos processos; SUZAKI ( 19 8 7 ) Métodos convencionais de transporte , que aumentam os movimentos de carga e descarga das matérias-primas dos caminhões de entrega , da colocação e retirada dos materiais e ferramentas nas máquinas ou nos transportadores ; SUZAKI ( 19 8 7 ) Desorganização, estoques buffers e a suj eira do chão da fábr ica ; SUZAKI ( 19 8 7 ) ( 19 7 1 ) ( 19 7 7 ) ( 19 7 7 ) ( 19 8 8 ) ( 19 8 7 ) ( 1983 ) ( 19 8 8 ) 91 Quadro 3 ( continuação . . . ) 5- DESPERDíCIOS COM MOVIMENTOS DESNECESSÁRIOS , DO PROCESSAMENTO INÚTIL E RELATIVOS AO EXCESSO DE TRANSPORTES CausaslFontes Layout funcional ou or ientado para processos ; SUZAKI ( 19 8 7 ) Falta de visão do projeto do processo das fábricas , especialmente em casos de expansões ; SUZAKI ( 1987 ) Containers malproj etados ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERSON Linhas de montagem mais compridas do que o necessár i o ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERSON Uso de meios de carga de dificil manipulação que obstem os loca i s de tráfego ; HARMON ( 19 9 1 ) e PETERSON Descrição r igida de tarefas e concepção de produtividade baseada na curva de aprendizagem; MONDEN ( 19 8 4 ) ; ROESCH e ANTUNES ( 1 9 9 0 ) ; e HAY ( 19 8 8 ) Equipamentos grandes e caros ; e ENGLISH ( 19 8 3 ) Longas d istâncias a partir da local i z ação das fábricas dos fornecedores , a forma de acondicionamento das cargas e a modalidade de transporte ( exclusivo por fornecedor ) . HALL ( 1 9 8 8 ) e MARCHIONE Programas gue Podem Reduzir estes DeSj2erdicios Just-in-Time SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; HAY ( 19 8 8 ) ; MILLAR ( 19 9 0 ) ; e CORR�A e GIANESI ( 1 9 9 3 ) Desenvolvimento de Fornecedores SCHONBERGER e GILBERT ( 19 8 3 ) ; SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) ; HAY ( 19 8 8 ) ; NETO ( 19 8 9 ) ; e CORR�A e GIANESI ( 1 9 9 3 ) Produção " Puxada" Monitorada por Kanbans SCHONBERGER e GILBERT ( 19 8 3 ) ; e SUZAKI ( 1 9 8 7 ) 92 Quadro 3 ( continuação . . . ) 5 - DESPERDíCIOS COM MOVIMENTOS DESNECESSÁRIOS , DO PROCES SAMENTO INÚTIL E RELATIVOS AO EXCESSO DE TRANSPORTES Programas gue Podem Reduz ir estes DeSl2erd icios Racion a l i z ação do Uso do Espaço : Layout por Produto e Células de Fabricação SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Automação de Baixo Custo SHINGO ( 19 8 7 ) ; YAMASHINA ( 19 8 8 ) ; e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Qual idade n o Processo Fabr i l MONDEN ( 1 9 8 4 ) ; SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; HAY ( 1 9 8 8 ) ; lMAI ( 1 9 8 8 ) ; ANTUNES JR. et a I . ( 1 9 8 9 ) ; e NETO ( 19 8 9 ) Limpeza e Organização da Fábrica SUZAKI Envolvimento do Operário HUTCHINS Padroni z ação e S imp l if icação de Produtos e Processos SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; e FALCONI CAMPOS ( 1990 e 1 9 9 2 ) AMT DUNN ( 1 9 8 4 ) ; AIKUMAR ( 1 9 8 6 ) ; RATTNER ( 1 9 8 7 ) ; FERNANDES ( 1 9 9 0 ) ; e HUANG e SAKURAI ( 19 9 0 ) TPM SUZAKI ( 1 9 8 7 ) ; lMAI ( 1 9 8 8 ) ; e NAKAJlMA ( 19 8 9 ) ( 19 8 7 ) ( 19 9 3 ) 93 CAPíTULO 111 - METODOLOGIA o caráter exploratório deste trabalho se deve , praticamente , à inexistência de um estudo si stemático satisfatório sobre os resultados de programas de redução de desperdícios apl icados pela indústria bra s i leira . Sa lvo o trabalho da price Waterhouse , cuj os números podem ser questionados , e o Estudo da Compet itividade da Indústria Bras i l e ira , financiado pela FINEP , ambos citados no capítulo introdutóri o , pouco se tem de informação sobre o estado da arte destes programas no Bras i l . A revisão de l iteratura foi um passo prel iminar em d ireção ao aprofundamento da questão , muito embora tenha ut i l i zado dados de outros países , especialmente Estados Unidos e Japão , para comprovar a ef icácia dos programas de redução de desperdícios examinado s . N o momento seguinte , procura-se validar o conteúdo do quadro-resumo do f inal do Capítulo 1 1 . Desej a-se , com isto , levantar dados das empresas que atestem a ef icácia dos programas de redução de desperdícios implementados também na real idade bras i l e ira . Segundo Platã020 , " aque le que j amais busca números em coisa a l guma não será e l e próprio contado dentre o número dos homens famosos " . Entretanto , nem sempre é possível proceder à aná l ise estr itamente quantitat iva das variáveis relevantes , segundo as técnicas estatísticas e ao mesmo nível de r igor c i ent í f ico . A aná l i se estritamente quantitativa em certas s ituações pode excluir variáveis não-quanti f icávei s de suma importância . CASTRO ( 1 9 7 8 ) é de opinião que a complexidade do real manifesta-se em uma inevitável multidimens ional idade da aná l ise . E , citando N . Georgescu-Roegen , este autor completa d i z endo que os números são importantes enquanto couberem, assim como há casos que não se pode dispor deles . Esta pesquisa , por sua natureza , não pretende gerar maior grau de gener al izações para toda indústria bras i l e ira . Não são absolutos os resultados da prática dos programas de redução de desperdícios nas empresas , isto é , duas empresas implementando o mesmo programa podem obter resultados melhores ou p iores no mesmo horizonte de tempo , ou - se pudessem ter as mesmas metas - poderiam a lcançar os mesmos resultados em tempos d i ferentes . Esta seria uma primeira restrição ao método quant itativo . Por outro lado , não se quer categorizar os resultados , mas considerá-los de tal forma a permitir que f luam , com r iqueza de deta lhe s , as melhorias obtidas pelas empresas com a implementação de programas de redução de desperdíc ios . Esta seria a motivaçâo principal para a escolha de um método mais qual itativo . 20 citado por CASTRO ( 1 97 8 ) . 94 o grau de conhecimento sobre o tema , de acordo com BENTO ( 1 9 8 2 ) , seria outro fator que inf luenciaria na escolha do método de pesquisa . Neste sentido , não há uma estrutura conceitual que possibilite a formulação de hipóteses mais amp las , nem descrições mais precisas dos fenômenos que se des e j a estuda r . Os dados agregados disponíveis não respondem satisfatoriamente às perguntas da pesquisa e algumas variáveis cruci a i s como movimentação dentro da fábrica , tamanho de lotes de produção , dentre outras , não existem de forma agregada . Não há , também , intenção de se proceder a um teste de representatividade nesta pesquisa . Por fim, a efi ciência dos programas de redução de desperdícios pode ser influenciada por fatores qual itativos ( como , por exemp l o , valores culturai s de cada empresa) que d ificultariam sobremaneira o estudo agregado . e FERREIRA Todas estas cons iderações culminaram com a escolha do estudo de casos como método de pesquisa soc i a l empírica . Embora possua suas l imitaçõe s , como qualquer outro método , o estudo de caso , neste particular , deixa por conta da capacidade de j ulgamento do le itor as inferências relativas ao todo ( esprit de finesse ) . Dentre as suas principais l imitações , estariam a questão da representatividade das empresas selecionadas e o período compreendido pela pesquisa . Quanto a esta última , a s mudanças freqüentes n a sociedade contemporânea podem ensej ar a adaptações nas estratégias empresar ia i s ; neste caso , apl icação da mesma metodo logia pode redundar em re latos que expressem modif icações em relação ao observado anteriormente . A coleta de dados processou-se sob a forma de entrevista pessoa l , com perguntas do tipo não-estruturado ( aberta s ) . O pesquisador procurou orientar-se por um roteiro de entrevista ( vide Anexo 1) que abrangia os e l ementos tratados e desenvolvidos no quadro-resumo apresentado ao f inal do capítulo 1 1 ( revisão de literatura) . O roteiro procurou cercar-se das seguintes perguntas da pesquisa : a ) Quais programas sendo implementados? de redução de desperdícios estão b) Estes programas estão melhorando, de fato, os resultados da empresa, a partir da redução dos desperdícios diagnosticados? Os casos foram escrito s , a partir das entrevista s , visando r e l atar a situação em que se encontravam as fábricas no passado e os tipos de desperdícios encontrados nestes programas de redução de desperdícios ambientes , os implementados e os resu ltados obtidos pelas empresas . A seqüência dos assuntos foi decidida pelo entrevistador , orientando-se pela obtenção de dados que descrevessem a situação antes e a decorrente da implementação dos programas de redução de desperdícios . Concomitantemente , o 95 entrevistado f o i encoraj ado a expressar li vremente opiniões e experiências sobre os assuntos colocado s . suas Após o encerramento da fase d e entrevista s , foi necessário o levantamento de dados secundários para a complementação do estudo de casos . Foram ut i l izados como referência relatórios e publicaçóes internas das empresas pesquisadas , notícias divulgadas pela revista Exame e nas edições especiais da revista Maiores e Melhores . A escolha das empresas ocorreu em função do conhecimento de not ícias , mesmo inicialmente precár i a s , sobre a prática de programas , bem-sucedida do ponto de vista da redução de desperdícios . Numa primeira etapa , procurou-se por empresas industriais que operam com processos intermitentes, porque , a exemplo do que sugere a literatura , tal tipo de processo parece ser mais apropriado ao emprego de muitos dos conceitos e procedimentos d iscutidos neste trabalho . Numa segunda etapa , foram selecionados nomes de empresa s , a partir de notícias sobre o assunto , veiculadas na revista Exame . Dentre estas empresas , optou-se por aquelas que tinham notória expressão para a economia brasi l eira , aquelas que a i nda não teriam sido obj eto de estudo de casos no COPPEAD (Metal Leve e Cofap , por exemp l o , foram excluídas por esta condição) e aquelas em cuj o quadro de funcionários houvesse um conhecido como contato para a viab i l i z ação da entrevista . Embora o número de empresas levantadas por este processo tenha sido maior , chegou- se , assim, aos nomes de pelo menos duas das cinco empresas pesquisadas : a MARCOPOLO S/A e a WEG MOTORES LTDA . A Freios Varga S / A , por exemplo , foi contatada , mas impôs restrições à divulgação de seus resu ltados sob a forma de cas o . Par a l e l amente , outras formas para a escolha d e nomes foram consideradas . Uma notícia no Jornal do Bras i l indicou o nome da COMÉRCIO E INDÚSTRIA GOFRA LTDA . ( INEGA JEANS ) . A apresentação no Congresso COPPEAD de 1 9 9 2 condu z i u ao nome da ENINCO LTDA . Finalmente , o nome da WHITE MARTINS SOLDAGEM LTDA . surgiu dos comentários rea l i zados por aluno do COPPEAD que tinha notícia sobre os resu ltados registrados por esta empresa com a implementação de programas de redução de desperdícios . Uma correspondência oficial foi expedida ou ao pres idente ou para algum outro dirigente da empresa s e l ecionada , cuj o prévio conhecimento seria o contato inicial para o pesquisador . Nesta correspondênc ia , indicaram-se os obj etivos da pesqu isa , sua importância e o método de pesquisa escolhido ( estudo de caso ) . Alguns dias depoi s , por telefone , procurou-se tomar ciência da resposta da empresa e , sendo autor i z ada a entrevista , foi agendada a data do primeiro encontro . As entrevistas com as empresas Comércio e Indústr ia Gofra Ltda . e Eninco Ltda . não produz iram dados que pudessem ser anal isados à luz do quadro-resumo proposto ao f inal do Capítu l o 1 1 , por duas razões : a primeira empresa , embora 96 desenvolva um programa de redução de desperdícios bem adiantado , empregando dispositivos de si stemas f lexíveis de manufatura , não autori zou acesso aos dados de seus relatór ios ; e a segunda empresa apresentou informações incipientes , levando a crer que os programas implementados por ela encontram-se , ainda , em fase inicial de implantação . Na White Martins Soldagem , foram entrevistadas as pessoas que coordenam os programas de redução de desperdí cios : o gerente de controle de qual idade e o gerente industri a l . Na Weg e na Marcopol o , diversas pessoas de vários departamentos participaram das entrevistas , em especial aquelas que poderiam prestar informações sobre a prática dos referidos programas nestas empresas : executivos de treinamento , de RH , do Planej amento Estratégico e, principalmente , da área de Produção , durante as visitas às instalações fabri s . Houve s ituações em que o entrevistado não tinha conhecimento suf iciente sobre a questão apresentada pelo entrevistador . Na maioria das vezes , em tais caso s , a solução encontrada fo i colocar o entrevistador em contato direto com o funcionário da empresa que detinha a informação . Noutras vezes , o entrevistado comprometeu-se a obter a informação desej ada e a remetê- la por correspondência . As entrevistas na Marcopolo e na Weg duraram , aproximadamente , 2 0 horas cada uma . Na White Martins , o tempo da entrevista foi ma is curto (variou entre 4 e 6 horas ) , exig indo maior número de visitas à empresa . Norma lmente , os entrevistados encontravam-se atarefados . Em função disto , algumas vis itas foram programadas para os quinze primeiros dias do mês , ocas ião de menor movimento nas fábricas . Não se podem descartar os contatos rea l i z ados pelo telefone com os entrevistados , com o propósito de obter informação adi cional para o estudo dos caso s . o estudo d a eficácia dos programas d e redução de desperdícios obtidos j unto às empresas pesquisadas pode ser l imitado em decorrência da falta de informação em alguns casos . Salvo a Weg Motores , cuj o acervo é inve j áve l , as dema i s empresas pesquisadas somente agora têm se preocupado com o registro de dados , o que é comum na real idade bras i l e ira . I sto os resultados impede que se compare - como se desej ava apurados após a apl icação dos programas de redução de desperdícios com os resultados de antes . Para contornar esta carênci a , procurou-se observar a tendência dos números nos relatórios internos das empresas , mesmo depois da introdução dos programas . É possível que mudanças nos métodos de ava l i ação dos resul tados possam representar também 1 imi tação ao presente estudo . Os resultados serão anal i sados considerando a seqüência adotada na revisão da l iteratura , a saber : 97 a ) Numa primeira etapa , serão considerados os tipos de desperdícios encontrados na empresa , antes da implementação de qua l quer programa de redução . Serão citadas as causas ou fontes destes desperdícios e suas prováveis conseqüências para a empresa . b ) Numa etapa seguinte , far-se-á a descrição dos programas de redução de desperdícios implementados pelas empresas pesquisadas e de algumas de suas caracter ística s . Aproveita-se a oportunidade para s e contar , sucintamente , a h istór i a sobre a introdução destes programas nestas empresas . c ) Finalmente , procurar-se-á relac ionar os programas aos desperdícios que aqueles permitiram reduz i r , destacando-se os resultados obtidos pelas empresas . 98 CAPíTULO IV - DESCRIÇÃO DOS CASOS IV. l - I ntroducão Este capítulo procura relatar as experiências das três empresas pesquisadas com relação à implantação de programas de redução de desperdícios . Cada um dos três casos descritos terá quatro partes . A primeira parte da descrição do caso traz um conjunto de informações de caráter geral sobre a empresa pesquisada , com o obj etivo de s ituar o leitor no contexto da empresa . Um h istórico sumarizado , dados sobre o faturamento, controle acionár i o , principais produtos e mercados são, entre outras , as informações aí descritas . O Quadro 4 sintetiza e compara estas informações para as três empresas . Na segunda parte , serão identif icados os desperdícios detectados pela empresa pesquisada , num passado recente , bem como suas principais fontes . Na terceira parte , serão enumerados os principa i s programas de redução d e desperdícios que a empresa pesquisada passou a implementar nos últimos ano s , visando a redução dos desperdícios da fábrica . Esta parte começa por uma rápida descrição dos principais motivos que levaram a empresa pesqui sada a adotar tais programas . Por fim , a quarta parte examinará os principa i s resultados registrados pe la empresa pesquisada , como conseqüênc ia da implementação dos programas de redução de desperdícios relacionados na terceira parte dos casos . A final idade é mostrar dados que confirmem a e fi ci ência destes programas para a redução dos desperdícios . S a l ienta-se que a redação dos casos procurará manter sempre que possível a relação entre os programas de redução de desperdícios e os tipos de desperdícios que e les reduzem , a exempl o do quadro-resumo apresentado ao f ina l do Capítulo 1 1 deste traba lho . 99 Quadro 4 Caracteristicas Gerais das Empresas Caracter i s t i - Marcopolo S/A cas Controle do Cap ital famil iar Bras i l Local i zação da Fãbrica Caxias do Sul ( RS ) Ramo de Atividade Tipo de Processo Faturamento Anual ( 19 9 3 ) Metalurgia Intermitente Weg Motores Ltda fam i l iar Bras i l Jaraguã do Sul ( S C ) Metalurgia Intermitente white Martins So ldagem Union Carbide USA Rio de Janeiro (RJ) Metalurgia Intermitente US$ 1 8 5 mi lhões US$ 2 0 0 mi lhões US$ 4 2 mi lhões Número de Empregados 4 . 4 00 4 . 0 00 248 Mão-de-Obra D ireta 3 . 4 00 2 . 4 00 240 Principa i s Produtos ônibus rodoviãrio , ônibus urbano e microônibus motores elétricos de corrente a l ternada equipamentos para aqueciment o , so lda e corte de meta i s e para gases Partic ipação no Mercado 5 2 , 6 % ônibus rodoviãr i o , 5 4 % microônibus e 2 2 , 2 % ônibus urbano 70% motores trifãs icos e 5 5 % monofãsicos 6 5 % equipamentos de so lda Volume de Exportação 5 0 % do fatu- 3 0% do faturamento insign i f i cante ramento 100 IV . 2 - Descricão dos Casos WHITE MARTINS SOLDAGEM I nformacões Gerais sobre a Empresa A empresa White Martins Soldagem até 1 9 8 9 era uma unidade ( fábrica de equipamentos de soldagem) da S / A White Martins Gases Industr i a i s , transferindo seus produtos pelo cust o . A partir de 1 9 8 9 , emancipou-se , tornando-se mais uma empresa do grupo S / A White Martins . No Brasi l , este grupo possui várias unidades espalhadas geograficamente . 5 0 , 1 % das ações ordinárias da S / A White Martins pertencem à Ucar Carbon S / A , cuj a propriedade é da empresa norte americana Union Carbide , indüstria do ramo quimico . A fábrica da White Martins Soldagem Ltda . f ica na orla da Avenida Bras i l , na Penha , zona norte do Rio de Janeiro . o faturamento mensal da empresa está em torno de US$ 3 , 5 mi lhões , aproximadamente 7% da S A White Martins , que , em 1 9 9 2 , de acordo com a Revista Exame2 , teria regi strado vendas da ordem de US$ 4 4 9 , 2 mi lhões . As exportações da White Martins Soldagem são , praticamente , insignif icante s , vendendo , quando é o caso , para a Argentina e Paraguai e , eventua lment e , para os Estados Unidos . A empresa é l ider na fabricação e comerc i a l i z ação dos produtos de soldagem . ( A principal l inha de produtos fabricados pela própria White Martins Soldagem é destinada ao aquecimento , solda e corte de meta i s . Consiste de equipamentos oxicombustivel ( reguladores de pressão , bicos de corte , maçaricos etc . ) , de corte ( máquinas portáte i s , máquinas de corte pantográf ica magnét icas e eletrônica s , máquinas de corte CNC etc . ) e para gases ( f luxômetros , dutos , conexões etc . ) . o mix de vendas da Soldagem completa-se com a revenda de produtos de outras empresas, inclusive associadas à S / A White Mart ins . Destacam-se , entre e l es , e letrodos , máquinas de solda e létrica , carbureto de cálcio e arame tubular . Por f im , a white Martins So ldagem vem iniciando parceria para a fabricação de equipamentos post-mix. Boa parte da l inha de produtos da empresa é fabri cada a part ir de peças us inadas na fábrica da White Martins So ldagem , ut i l i z ando-se de matérias-primas do tipo aluminio , cobre , chapa de aço e latã o . Peças p lástica s , consideradas atualmente de 21 Extraido Agosto 19 9 3 . da Revista : "Me lhores e Maiores " , Exame . 101 suma importância terceiros . estratégica , a inda são adquiridas de A f inalidade da White Martins Soldagem é suportar as vendas de gases da White Martins Gases I ndustr i a i s , mediante a oferta de produtos que viabil i z em o consumo de gases ( acet i leno , oX1gen1 o , oxigênio medicinal , gases especiais e outro s ) . Assim sendo , a White Martins Gases é a principal c l iente da Soldagem , comprando boa parte de sua produção . A White Martins Soldagem vem aumentando , recentemente , sua presença no mercado, uti l i zando-se inclusive de revendas da S / A White Martins Gases espalhadas pelo p a i s . Mesmo assim , a ocios idade da So ldagem é grande . Estima-se que suas operações atua is representam 50 a 6 0 % de sua capac idade . Trabalham na White Martins Soldagem, atualmente , 2 4 8 funcionários , dos qua is 2 4 0 , aproximadamente , correspondem à mão-de-obra direta . As insta lações da empresa vem sendo modern i z adas , uma vez que o parque fabr i l j á existe há cerca de 2 7 anos . 102 WHITE MARTINS SOLDAGEM LTDA . A Fábrica do Passado A white Martins So ldagem era uma fábrica concebida sob o enfoque tradiciona l , fordista , programando-se para otimi z ar o uso de sua capacidade de produção . A fabricação de seus produtos era feita por batelada s , em grandes lotes . O almoxarifado de produtos prontos (APP ) achava s e , regularmente , repleto de produtos . Fabricados sob a perspectiva da antecipação da demanda , a lguns niveis de estoques de produtos acabados eram excessivos , enquanto outros produtos faltavam para o atendimento aos pedidos dos c l ientes . O gerente industria l da empresa assim comentava aquel a s ituação : " As peças us inadas iam parar no estoque intermediário do Almox ar i f ado central . O pessoal da área de montagem tinha , normalment e , que procurar as peças que precisava e , então, percebia que a u s inagem tinha fabricado o que não se precisava, mas o que era mais f á c i l para ela fabricar . Tanto na u s i nagem como na montagem, o foco estava na produç ão ; fabricava-se o que era mais f á c i l , o que estava mais à mão " . Produ z ia-se o que era mais "econômico" , evidenciando a prática do conceito do EOQ , especialmente na operação das máquinas . O tamanho ótimo do lote de produtos que uma determinada máquina poderia processar deveria compensar os custos de sua calibragem (set-up) . Por certo , não importava na decisão se a produção excessiva estaria formando estoques de produtos acabados e intermediários de peças . O l ayout , nesta fábrica da White Mart ins , era funcional e orientado para processos ( F igura 4 ) . Dois eram os processos : us inagem e montagem , pe los qua is passavam diferentes peças e produtos . Espec ificamente no setor de us inagem , encontravam-se l i nhas espec i a l i z adas por tipo de equipamento e operários ocupando cargos tradicionais ( especialistas de um tipo de máquina ) . A titulo de exemp l o , algumas das l inhas existentes na organi z ação funcional da fábrica eram : l inha de tornos automáticos , l i nha de tornos-revó lver , l inha de tornos mecânicos , l inha de máquinas de furar e l inha de fresas . Tanto a usinagem como a montagem tinham sua própria supervisão . Estoques intermediários enormes , armazenados no a lmoxar ifado de peças e semi-acabados , mantinham os dois processos s incron i z ados . Existia , também , um setor de PCP ( P l anej amento e Controle da Produção) , que era considerado pelas pessoas entrevistadas como o "todo-poderoso" da empresa . Na real idade, o produto acabado tinha cinco ou seis "donos" dentro da f ábr ica , desde o momento da programação , passando pela entrada das matérias-primas e peças na fabricação e pela montagem, até o momento da venda para o c l i ente . Nenhum F I GURA 4 E S T R U T U R A ORGA N I ZA C I O N A L WH I TE MART I NS M O D E L O SOLDAGEM A N T E R I OR ORGA N I ZACAO PRODUCAO I I PCP MONTAGEM FABRICACAO r PLANEJAMENTO MAT E R I A I S r BICOS - MACARICOS r PROGRAMACAO NONTAGEM r TORNOS MECANICOS - REGULADORES r PROGRAMACAO FABRI CACAO r TORNOS AUTOMAT lCOS r f- TORNOS REVOLVERES '- VALVULAS E f- MAQUINAS DE FURAR - GASES ESPECIAIS L... PRENSAS L L... MOVIMENTACAO (PROVISAO) (FONTE, WH I T E MART I N S SOLDAGEM) CENTRALIZADAS MAQUINAS DE CORTE 104 destes donos estava em sintonia com a s necessidades dos c l ientes . No entanto , eram responsáve i s por maiores custos indiretos , decorrentes da manutenção no quadro de funcionários de grande contingente de mão-de-obra indireta . Há dois anos , por exemp l o , a empresa tinha 6 0 pessoas ocupando funções indiretas só no PCP . Funcionava , nesta fábrica da White Martins Soldagem , o programa tradicional de " empurrar" (push system) , que se passa a descrever a segu ir . Tudo começava com o pessoal da área comercial da White Martins Gases Industrias negociando com o gerente industrial da FES ( fábrica de equipamentos de soldagem) 22 o programa de produção . Estabeleciam-se um programa f irme para 3 meses que não podia ser a lterado , acontecesse o que acontecesse , vendendo ou não , e uma previsão complementar para mais três meses . O programa acertado era entregue ao pessoal do PCP , que , por critérios própr ios , informava as datas de entrega das quantidades de cada produto solicitado . Os prazos de entrega eram , norma lmente , mensa is . A partir daí , o programa MRP da fábrica era processado e emitia ordens de compras de matérias-primas e ordens de fabricação . Não havia coordenação entre os setores da empresa . O PCP planej ava o que achava certo , a fabricação fa z i a o que era mais fácil fazer e a montagem produzia segundo suas próprias conven 1encias . Dentro do PCP , por exemp l o , uma pessoa programava a produção e outra planej ava a produção . Desta forma , podiam acontecer casos de a primeira ter programado a produção de um bico para o dia 10 e a segunda ter planej ado a entrega do mater i a l necessário para a sua fabricação para o dia 12 . O setor de compras de matérias-primas da empresa s implesmente executava as ordens recebidas do MRP e " empurrava" para o setor de us inagem tudo o que comprasse . Além di sto , mesmo que a programação de produção se modif icasse , o setor de compras não cancelava seus pedidos . Alegava-se que os fornecedores já teriam se programado para atender as quantidades e pra zos preestabe lecidos . Desta forma , no almoxarifado , não era raro encontrar matéria-prima , cuj o índice de cobertura tinha sido programado para 1 mês , com quantidade suf iciente para 2 , 3 até 4 meses de produção . Por outro lado , a lguns fornecedores detinham um certo monop ó l i o em seu ramo de atividade , como é o caso da Termomecânica , a única empresa , no Bras i l , a fabricar latão uma das principa is matérias-primas da White Martins soldagem . E o "modus operandi " destes fornecedores era muito parecido ao da Soldagem : produção de lotes grandes , produção excess iva , estoques supér fluos , unidades defeituosas , dentre outros . 22 Esta era a denominação da White Martins So ldagem , quando a inda funcionava como uma unidade da White Martins Gases Industri a i s . 105 o setor de usinagem, tendo recebido a s matérias-primas necessárias , no mesmo ritmo programado de produção , "empurrava" para a montagem as peças fabricadas . O setor de montagem , por sua vez , a lheio a quaisquer mudanças da demanda do mercado , recebia as peças e prosseguia executando o mesmo nível de operaçõe s , " empurrando" para o APP ou para os centros regiona i s d e d istribuição o s produtos acabados . Se a venda não acontecesse conforme previsto , os produtos acabados ficavam retidos no APP e nos pontos de venda da empresa . Houve ocasião que os índices de cobertura de estoques de determinados produtos da empresa chegaram , em média , a ser suf icientes para as vendas de 12 meses . Nesta fábrica do passado , máquinas e mão-de-obra parados representavam problemas sérios para a diretoria da White Martins Soldagem. E mantinham-se um grande contingente de pessoas e o programa de " empurrar" a produção , regi strando desperdícios do tempo de espera , com estoques supérf luos e provenientes da superprodução, sob a suposição de que era preciso operar a 1 0 0 % da capacidade . Era grande , também , o volume de papel manipulado pela burocracia , criada para controlar todos estes programas trad icionais de gestão da produção . Entradas e saídas decorrentes das transferências de matérias-primas e de produtos de um setor para outro movimentavam , para lelament e , uma "montanha" de documento s , na opinião dos entrevistados . Lidando com cerca de 3 0 0 produtos diferentes e 7 0 0 0 códigos ( cada peça que é consumida num produto era um código) , o sistema todo t inha capacidade de circular , mensa lmente , dentro da fábrica , uma quantidade enorme de papéis , sem agregar valor ao produto acabado . Com aprox imadamente 13 modelos de documentos no s i stema , o programa MRP era a limentado por mais de 4 0 0 0 0 formu lários todo mês , um incalculável desperdí c i o . I sto sem falar na tarefa de apontamento do tempo de mão-de-obra . Mesmo com prol í fera papelada em circulação , era , praticamente , impossível impedir que algo sai sse errado . "Um descuido de um funcionário no processamento de dados ' suj ava ' todo o s istema " , expressavam os entrevistados para caracteri zar e, a precariedade das informações dos relatórios conseqüentemente , o grau de incerteza das decisões gerenci ai s . O s istema , se a limentado por dados incorretos , transmitia uma inf inidade de informações inconsistentes , desatua l i z adas e que não revelavam a "verdadeira " situação da White Martins soldagem . poderia ocorrer , por exemp l o , de uma ordem de materi a l ser emitida , porque o sistema estaria lendo sua falta no estoque , quand o , na rea l idade, tal fato não se confirmava : estoques supérf luos , produção excessiva de uns produtos e fa lta de outro s , desperdícios com movimentos desnecessários e do processamento inút i l , que só agregavam custos . Na fábrica do passado da Soldagem, os operários ocupavam 106 cargos definidos rigidamente dentro d a organi z ação . Por exemp l o , o operador só sabia colocar o latão na máquina e fazer funcionar seu equipamento . Havia a figura do cal ibrador , um funcionário que t inha a atribuição de regular as máquinas para a produção , e do inspetor de qual idade , outro cuj a competência era autor izar o início da produção da máqu ina . Este funcionário a feria a cal ibragem , a partir da conferência das medidas da peça e comparava os resultados com as especif icações técnicas da empresa . Havia 3 0 inspetores na empresa . Existia , também , um setor f ixo de l impeza , a quem cabia l impar as máquinas e o piso de fábr ica . E , fina lmente , um funcionário no setor de PCP era o responsável pela movimentação de matérias-primas e peças dentro da empresa . Esta organização funcional ou por processo agregava um custo indireto ma is elevado ao produto . Por outro lad o , operacionalmente , nem sempre funcionava bem . Era comum , por exemp l o , um cal ibrador ser convocado para preparar mai s de uma máquina ao mesmo tempo . Desperdícios do tempo de espera eram a conseqüência disto . Mesmo que o cal i brador estivesse desocupado e pudesse atender à preparação de uma única máqu ina , podia se perder tempo no set -up externo , ou porque não se achava prontamente o desenho da peça que se pretendia produz i r com as especi f icações de medida , ou porque não se encontrava a ferramenta desej ada , ou porque a ferramenta estava sendo usada numa outra máquina . Movimentos desnecessár ios , andando-se de um lado para outr o , de l á para cá , eram norma i s dentro da white Martins Soldagem. Os desperdícios com unidades defeituosas eram grandes : tempo e materiais perdidos num j ogo de tentativa-e-erro até que a primeira peça boa fosse obtida , dando sinais de que a máquina estava pronta para a fabricação . Isto, certamente , não imped ia que a inspeção foca l i z ada de fim de linha detectasse um produto fora da conformidade e determinasse seu refugo ou seu retrabalho : "perda de tempo , sem agregar valor ao produto " , era a opinião dos entrevistados sobre tal situação . Estes fatos todos , que ocorriam na preparação das máquinas , repercut iam dentro de toda a empresa : a máquina e seu operador f icavam parados , formava-se f i la de espera de outras peças que aguardavam sua produção ( a mesma máquina produzia várias peças d iferentes ) , atrasava-se o processo seguinte devido à fa lta de uma peça ainda não-processada e mantinham-se estoques buffers no piso de fábrica para se garantir o funcionamento ininterrupto de submontagens e produtos . À s vezes , um produto ficava parado na l inha de montagem , devido à f a l ta de uma peça relativamente insignif icante . Somavam-se aos desperdícios do tempo de espera as perdas provenientes do downtime . Muitas vezes , a manutenção da máquina estava programada e o PCP não estava informado disto . Este era outro exemplo da falta de coordenação entre os setores da empresa . Como conseqüênc i a , a máquina precisava produz ir e , no entanto , não estava disponíve l . 1 07 Finalmente , o s efeitos do layout funcional ou por processo do ponto de vista dos desperdicios com movimentos desnecessár ios e do tempo de espera eram grandes: uma peça transitava de 4 0 0 a 5 0 0 metros dentro da fábrica para passar de uma máquina para outra . 108 WHITE MARTINS SOLDAGEM LTDA . Programas de Reducão de Desperdícios Implementados A preocupação com os desperdícios dentro da empresa data de 1 98 6 . A diretoria achava que a fábrica , naquela ocasião , era muito antiga , com máquinas que tinham mai s de 1 5 anos e estrutura de meados dos anos 6 0 , e que era preciso modernizá-la e expand i - l a . A atenção dada à moderniz ação teve , a i nda , um outro motivo : a competit ividade . A diretoria percebeu que j á não estava só no mercado . Além dos concorrentes estrangeiros que poderão descobrir o Brasi l como uma oportunidade , há pequenas empresas que podem vir a representar ameaça internamente . Além disto , um dos entrevistados exprime sua percepção do ambiente tradicional da fábrica da So ldagem : "Nós queríamos acabar com a loucura que imperava naquele amb iente, tamanho era o volume de papel que circu lava de um lado para outro, peças empilhadas para todos os lugares , falta de espaço f í s ico . Queríamos ganhar compet itividade, reduzir nossos custo s . As pessoas não suportavam mais trabalhar naquele ambiente .. . . . A f irma de consultoria Arthur Andersen foi convidada a fazer uma aná l ise da situação . No relatório apresentado , o pessoal da área de produtividade desta empresa sugeriu à S / A Whi t e Martins a implementação d e um programa d e redução de desperdícios . Ainda em 1 9 8 6 , a introdução do programa foi iniciada com o sl ogan "Processo White Martins de Qua l idade Tota l " ( PWMQT ) . Visava entre outras metas e l iminar as fontes dos principais desperdícios da empresa , especialmente com estoques supérfluos e com produção exces siva , a fim de que a empresa pudesse recuperar sua competit ividade internamente e , numa segunda etapa , transformar-se numa empresa classe mundi a l . Outra decisão tomada pela diretoria da S / A White Martins , na época , foi a de esco lher como projeto-pi loto a ELARC , uma j oint-venture entre a S / A White Martins e a ESAB para a fabricação de equipamentos de solda . A primeira etapa do programa começou a acontecer em 1 98 7 , quando fo i instalada uma célula de fabricação na fábrica da ELARC , com vistas à implementação da f i l osofia Just-in-Time . A experiência e os primeiros resultados obtidos nesta empresa foram satisfatórios e deram conta da importância de amp l iar a apl icação do programa para outras empresas do grupo . Em 1 98 9 , o proj eto começou a ser colocado em prática na White Martins Soldagem. Pretendia-se introduz i r , também , a f i losof ia JIT , com o objet ivo de dar maior f lexibi l idade ao 109 p i s o d e fábrica e aos estoques desta empresa . N a primeira etapa , foi implementado o programa de raciona l i z ação do uso do espaço , com a rea l i z ação de estudos para mudança do layout existente . o arran j o físico tradicional foi redesenhado para layout por produto ( ou famí l i a de produtos , como comumente se refere dentro da empresa ) . O piso de fábrica foi subdividido em três " fábrica s " : 1 1 , I I IA e I I I B ( ve j a Figura 5 ) . A fábrica 1 1 engloba a "minifábrica" de válvulas , a de centra l i z adas ( onde se fabr icam equipamentos para centrai s de gases ) e a de med icinais (que fabrica produtos de uso medicinal com a assepsia e cuidado condizentes ao fim a que se destinam ) . A fábrica I I IA compreende a "minifábrica" de forj ados e inj etado s , a de bicos , a de reguladores , a de maçaricos e a de ferramentaria ( que , na maior parte das vez es , fabrica os moldes para as operações de usinagem da própria fábrica ) . Por fi m, a fábrica I I I B tem urna "minifábrica" de job shop ( f abricam-se produtos espec iais sob encomenda ) , a de PPU ( conj untos prontos para uso) , a de MC- 4 6 (máquina de corte ) e a de bancos de cort e . Todas estas "mini fábricas" funcionam , praticamente , corno células de fabricação , nas quais usinagem e montagem operam s incronizadas . Exceção deve ser feita à "minifábrica" de forj ados e inj etados . Neste caso , não era viável f inanceiramente adquirir prensas de 4 5 0 toneladas para cada urna das células que poderiam ser criadas . Decidiu-se , portant o , manter tais prensas agrupadas , segundo a s concepções do arranj o funciona l . Os estoques de materiais foram descentral i z ados , sendo armazenados em cada "minifábrica" nos chamados " supermercados" de peças . O programa MRP teve que ser aj ustado para este novo ambiente fabr i l , com a introdução do programa de " puxar" a produção . Atualmente , ele só emite ordens de compra . Mesmo assim , na opinião dos entrevistados , o MRP parece , ainda , ser incompatível com o pull system . Numa segunda etapa , foi implementado o programa de produção "puxada " , monitorada por kanbans . Um dos entrevistados d isserta sobre a f i l osofia deste programa , citando antigo adágio : "Nada acontece até que se venda alguma coisa O c l iente pediu uma certa quant idade, leva a quantidade s o l i c itada no tempo exato que e l e precisa" . . . 4 Entretanto , dentro da White Martins Soldagem, esta noção de c l iente não se restringe ao c l iente externo . Compreende , também , as relações entre os próprios operários no piso de fábrica . I sto é , o operário da montagem é c l iente do operário da fundição que , por sua vez , é c l iente do fornecedor F I G U R A - S E S T R U T U R A O R G A N I Z A C I O N A L WH I TE MART I NS M O D E L O SOLDAGEM A T U A L O R G A N I Z A C A O I I PRODUCAO I FABRICA I I (PLANEJ. MAT E R I A I S E PRODUCAO) I FABRICA I l l A (PLAN E J . MATERIAIS E PRODUCAO) f- MINI FABRICA VALVULAS . - MINI r- MINI FABRICA CENTRALIZADAS '- M I N I FABRICA M E D I C I N A I S ( F O N T E , W H I T E MART I NS SOLDAGEM) FABRICA I l l B (PLANEJ . MATERIAIS E PROOUCAO) FABRICA FORJADOS E I NJETADOS f- MINI FABR ICA JOB SHOP - MINI FABRICA BICOS r- MINI FABRICA PPU - MINI FABRICA REGULADORES f- MINI FABRICA MC-46 - MINI FABRICA MACARICOS '- M I N I FABRICA BANCOS DE CORTE - MINI FABRICA FERRAMENTAR I A 111 de matérias-pr imas . Dois são os tipos de cartão adotados na fábrica : o manual e o e letrônico . O primeiro é empregado pela us inagem para " puxar" matérias-primas e peças compradas do a lmoxari fado e pela montagem ( através de seu " supermercado " ) para "puxar" peças fabricadas da usinagem . Nestes " supermercados " , cada peça é estocada em uma caixinha com um cartão . Esva z i ando-se a caixinha , o montador despacha o kanban manual para a us inagem . Pelo kanban eletrônico , o almoxarifado de produtos prontos requ i s ita produtos da montagem , em pequenas quant idades , e não ma is em grandes lotes . E o que define a ordem de produção não é mais o programa MRP , é a ordem do cartão . O operário da produção só fabrica aqu il o que o kanban determinar , de acordo com a urgência prevista ( num quadro , os cartões mais urgentes são colocados sob a cor vermelha e os norma i s , sob a cor verde ) . Este é um exemplo de apl icação do controle visual ( andon ) . A título de exemplo sobre o funcionamento do cartã o , um certo f luxômetro , um dos produtos fabricados pela White Martins So ldagem , tem um nível de estoque ideal de 3 0 0 unidades . A cada 5 unidades vendidas , um kanban eletrônico é emi tido automaticamente para a área de montagem de sua "minifábrica " , autori z ando a produção de outros 5 fluxômetros para a reposição do estoque do APP aos níveis ideais . A empresa aplicou , ainda , o programa de produção nivelada e mescl ada de lotes de pequenas quantidades . Produ z ia-se o estritamente necessário para atender às vendas diária s , não mais às vendas do mês . Se não se vendesse , não se produ z i a . Os programas de redução de desperdícios da produção ni velada e mesclada de lotes de pequenas quantidades e de produção " puxada" , j untos , previam a manutenção de um estoque de produtos acabados muito inferior ao que , tradicionalmente , se armazenava pelos centros regionais de distribuição e pelo a lmoxarifado de produtos prontos . À medida que o cl iente compra um dado produto , informação pronta e rápida dava sinais de que teria havido uma baixa no estoque , e que era preciso repô- lo . Nesta mesma l i nha de interpretação , encontravam-se os estoques intermed iários de peças . Este comportamento muda a f i l osofia tradic ional de produção da White Martins Soldagem de make-to-stock para maketo-order . Foi criado o nível de estoque ideal ( NEI ) que é a quantidade suficiente para supr�r as demandas de vendas , especia lmente nos momentos de pico , que acontecem, norma lmente , nos últimos dez dias do mês . Isto sem a necessidade do pagamento de horas extras . Para se ter uma idéia de grandez a , 7 0 % das vendas da White Martins So ldagem ocorrem neste período . Por outro lado , o NEI considera o lead time de produção , permitindo que os estoques vendidos sej am repostos a tempo de 112 atender a novos pedidos , sem deixar faltas nem excessos supér f luos . Um dos entrevistados explica melhor o sentido do nível de estoque idea l , a partir de um exemp lo concreto : "Cada produto tem o seu próprio NE I . Vej a o caso do maçarico C5 3 1 , um dos produtos da linha da White Mart ins Soldagem. Determinou-se que seu NEI fosse de 2 1 0 unidade s . O s istema i n forma o que se está vendendo e, no momento que o estoque de cobertura deste maçarico atingir um ponto de fabricação, a montagem recebe uma s o l i c itação de reposição ( kanban ) , preservando-se no máximo 2 1 0 maçaricos em estoque" . Ao que se percebe , o nível de estoques ideal é uma noção de estoque máximo , apl i cável aos conceitos de programas de redução de desperdícios provenientes da produção excessiva e com estoques supérf luos . Normalmente , o NEI não é a lterad o . Se , porventura , a demanda aumenta , a velocidade com que se ressupre os estoques vendidos aumenta , ou sej a , a produção precisaria operar mais rápido em caso de vendas crescentes . Somente os produtos com freqüência regular de venda tiveram seus NEI I S calculados . Os produtos com demanda irregular , isto é , aqueles que são vendidos um hoj e e outro daqui a 5 ou 6 meses , são produz idos sob encomenda . Estes produtos são espec iais e representam de 1 0 a 2 0 % da l inha da empresa . Para viab i l i zar a redução do tamanho dos lotes de produção , a empresa vem implementando concomitantemente três programas , d irec ionados , sobretudo , para melhorias do tempo de set-up: a) O programa de tecnologia avançada de manufatura , com o uso de algumas tornos automát icos CNC , que trocam produtos no processo com maior rapidez que as máquinas operatrizes convenciona is , bem como rea li zam várias trocas de ferramentas ( changeover) em frações de minutos , na operação de usinagem de uma mesma peça . Por tratar-se de programa que demanda maior investimento de capita l , sua apl icação tem s ido , propos italmente , ma is lenta . b ) O programa de automação de baixo custo , mediante a ut i l i zação de dispositivos de set-up mais adequados e mod i f icados para atender as necessidades da White Martins Soldagem . Neste caso , o fato de se treinar o operário para efetuar a cal ibragem de sua própria máqu ina foi uma solução encontrada para a redução do tempo de preparação da máquina . I sto permitiu a extinção do especialista em ca l ibragem de máquinas e todos os problemas de tempo de espera que tal s ituação gerava . A armazenagem de moldes e ferramentas próximas do local onde estão as máquinas foi uma medida de conversão de set-up interno em externo . Além disto , o operador tem seu própr io ki t de ferramentas . c ) E , a inda , um programa de padroni z ação e s imp l i fi cação de produtos e processos , com o objetivo de se reduz i r o número de ferramentas necessár ias . 113 Mais recentemente , a empresa vem implementando o programa de qualidade no processo fabr i l , sob a concepção de que "qual idade é responsabilidade de quem fa z " . A f igura do inspetor de qual idade deixou de existir para dar lugar à auto inspeção . O departamento de qua lidade da empresa cuida , atua lmente , da auditoria do sistema , a fim de se cert i f icar de que os procedimentos estejam sendo empregados pelos operários . Ao operador da máquina , foi-lhe dado treinamento para aplicar algumas rotinas de inspeção , através das quais é poss ível saber se o que está produz indo está dentro das especi f icações . Se não estiver , procura-se resolver a l i , no local , o problema . Especi f icamente na montagem dos produtos , as peças consideradas ruins são separadas para aná l ise no final do dia pelos times de qual idade ( cada "minifábrica" tem seu próprio time ) . Como um instrumento de controle e monitoração do processo , a empresa uti l iza a ferramenta do Controle Estatístico do Processo . Uma primeira área problemática que mereceu especial atenção foi a "mini fábrica" de válvulas . Os operár ios reclamavam insistentemente sobre o desgaste prematuro das máquinas deste setor e sobre os índices a ltos de rej e i ção que a s ituação provocava . Foram implantadas cartas de controle no processo , e estudos foram rea l i z ados com o intuito de se detectar as causas comuns e especiais da variabilidade e medir a capacidade do processo . Dando prosseguimento ao estudo da var iabil idade das válvulas , foram descobertas duas causas : uma relacionada ao vedante da válvu l a , que era comprada de um fornecedor , e a outra relativa à haste da válvula , fabricada pela própria White Martins So ldagem . No fornecedor , descobriu-se que os defe itos no vedante estavam sendo produ z idos pelas ferramentas de inj eção do plástico , a principal matéria-prima deste item , e orientações foram dadas para a reparação . Na So ldagem , detectou-se que al guns dos fusos da máquina de fabricação da haste apresentavam problemas e precisavam de ajustes e de manutenção . A l ém das cartas de control e , mecanismos de poka-yoke foram insta lados , como é o caso da carta de Farol , em cuj o documento s e aponta com vermelho os pontos considerados reprovados , em amarelo aqueles que merecem atenção e em verde , os bons . Nos itens que não estão sendo acompanhados pelo CEP , a White Martins Soldagem os monitora por procedimentos de inspeção . Procedimentos comp lementares de detecção de f a lhas e de aná l i se de valor também foram instituídos com o obj etivo de diminu ir os desperdícios provocados por unidades defeituosas . Por meio del es , são re latados os índices de reprovação de produtos no teste f inal e inventariado seus principais defe itos . 1 14 o treinamento , atividades de grupo ( círculos de qua l idade e times de qua l i dade) e programa de sugestões são os programas de envolvimento do operário desenvolvidos pela White Martins soldagem. Segundo a nova f i losofia de fábrica , o operário passou a rea l i z ar , al ém da produção propriamente dita , outras tarefas , que antes eram desempenhadas por um enorme contingente de mão-de-obra indireta . No programa de treinamento , entre os cursos oferecidos , destacam-se : fundamentos da qual idade , para todos os nívei s h ierárquicos ; l i derança com a qua l idade , para as chef ias ; anál ise de valor ; controle estatístico de processo ; ferramentas da qua l idade ; como trabalhar em grupo ; dentre outros . Os círculos de qual i dade ( CQ ' s ) são grupos compostos por 4 a 7 pessoas , voluntariamente e de forma permanente , visando a solução de problemas de qual idade e a ident i ficação de oportunidades de natureza mais geral . Estes grupos estão , prioritar i amente , dedicados ao estudo dos set -ups da fábrica . Recebem, também , uma premiação , de acordo com as melhorias que conseguirem imp lementar na fábrica . 7 0 % dos operários da produção estão engaj ados nestes grupos , dedicando quinzena lmente 1 hora do seu tempo para as reuniões . Os c írculos concorrem , também , a troféus de mérito . Os times de qualidade ( TQ ' s ) procuram reunir experiência e conhecimentos na solução de problemas ma is espec í f i cos ( proj eto s ) . São grupos temporários que se desfa zem tão logo sua tarefa estej a cumprida . Podem ser constituídos tanto por funcionários da mesma área como de áreas diferentes . O número de integrantes do TQ depende do tamanho e da complexidade do proj eto , não havendo l imite . Os membros são convocados por um dos gerentes da White Martins , que nomei a , também , o l íder . Mais recentemente , foi iniciado o programa de sugestões Trata-se de um programa de participação voluntár ia . A empresa mantém uma caixa de coleta de sugestões em cada área . Foram indicados 5 fac i l itadores , um por área , aos qua i s são encaminhadas as sugestões de melhoria dos funcionários da empresa . Compete , a inda , a estes facil itadores coletar , anal isar e dar um parecer a cada uma das sugestões dada s . As sugestões não são remuneradas , mesmo que sej am aprovadas . Foi dito que as vendas da White Martins concentram-se , normalmente , mais no f inal do mês . Desta forma , é normal a taxa ocupação das máquinas do início do mês ser de s ignificat ivamente menor que a do fim de mês , quando a fábrica opera , prat icamente , a plena carga . Nos períodos em que não está produz indo , o operário está rea l i zando atividades não produt ivas : lubri f i cando , l impando e calibrando sua máquina , ou participando de reuniões dos grupos de qualidade , ou conferindo a qualidade das peças e dos produtos fabricados . Enfim , estará se ocupando de outras tarefas , ampl iando seu papel dentro deste novo ambiente de fábrica . 115 o operador de máquina foi , a i nda , treinado a operar máquinas diferentes daque la com a qual se sentia acostumado , constituindo-se num operário multi função para a Soldagem . Os entrevistados da White Martins Soldagem citam , reiteradas vezes , a apl icação do programa Just-in-Time . Na real idade , ao que tudo indica , vêm sendo apl icados a l guns dos programas que compõem o JIT . 116 WHITE MARTINS SOLDAGEM LTDA . Resultados obtidos com os Programas de Reducão de Desperdícios A empresa só fabrica o que o foi vendido . Não se trabalha mais para estoque i trabalha-se com foco no cl iente : se e l e não pede , não se faz nada . E , normalmente , atende-se para pronta entrega , exceto em caso de pedidos maiores do que o costume , que não podem ser entregues nem mesmo pagando horas extras . A incidência de horas infer iores ã do passado . extras , hoj e em dia , é muito Todavia , o estoque de produtos acabados , que se avolumou em decorrência dos programas tradicionais de gestão de produção , tornou-se de tal forma excess ivo , que , até hoj e , remanesce saldos (pass ivos , no entendimento dos entrevistados ) , nos centros regionais de distribuição que estão sendo gradativamente vendidos para o mercado . Sem contar a pos s i b i l idade de haver produtos obsoletos , cuj os desperd ícios j á teriam s ido contabi l i z ados ( custos afundados) " . Por outro lado , o a lmoxarifado de produtos prontos da fábrica está relat ivamente va z i o . Apesar disto , o s índices de cobertura de estoques de produtos acabado s , antes suficientes para suprir as demandas de 4 a 5 meses de vendas ( em alguns casos poderiam chegar a 1 2 meses ) , redu z i ram-se para cerca de 1 5 dias de vendas24 • H á consciência d e que não será possível reduz i-lo muito mai s , porque , sem estoque de produtos acabados , os efe itos da f lutuação da demanda passariam para o pi so de fábrica , perturbando a cadência da produção . De um modo geral , o estoque de produtos acabados caiu de aproximadamente US$ 4 , 2 mi lhões em j aneiro / 9 2 para US$ 3 , 6 m ilhões ( uma economia de 1 4 % ) em j unho / 9 2 . O período de baixas vendas , devido ã recessão , dificulta a obtenção de um resultado a inda melhor . Em 1 99 2 , proj etava-se uma venda média de 1 6 . 9 6 5 horas/mês d e mão-de-obra , a o passo que , em 1 99 1 , teria s ido registrada uma venda média de 2 0 . 7 4 3 horas/mês : uma queda de 18% . O estoque de produtos em processo reduz iu-se bem mais s ignif icativamente , registrando uma redução de 67% de desperdícios com estoques supérf luos : de US$ 1 , 5 mi lhões 23 Custo afundado se refere a estoques , cuj os gastos para a produção j á estariam pagos . 24 Nestes números não estão embutidos os estoques de produtos destinados ã revenda , produtos que são adqui ridos para revenda , como é o caso das máquinas e létr icas . 117 ( j aneiro j 9 2 ) para U S $ 5 0 0 mi l ( j unhoj 9 2 ) . Ref l etindo o desempenho dos estoques , o giro cresceu de 1 , 6 para 2 , 4 . Parte dos estoques supérfluos de matér ias-primas , na opinião dos entrevistados , também foi cortada . Os a j ustes destes estoques em relação às necessidades ocorrem com maior rapide z , se comparados com a rea l idade da fábrica do passado da White Martins . O tempo de passagem, denominação dada pela empresa ao l ead time de produção , diminuiu de 62 para 1 5 dias, representando uma redução equivalente a 7 6 % dos desperdícios com o tempo de espera . O tamanho dos lotes também diminuiu , o que exige da produção mais agil idade no reconhecimento da venda e maior rap idez no ressuprimento dos estoques aos níveis ideais ( NEI ) . A redução do l ead time pode ser , também , uma conseqüência da redução do tempo de preparação das máquinas . Por exemp l o , l evava-se d e 4 a 8 horas para efetuar uma troca de ferramenta na prensa de 4 5 0 toneladas . Hoj e , o changeover leva cerca de 3 0 minutos , poupando-se de 8 7 a 9 4 % dos desperd ícios inerentes a esta atividade . Nos tornos automáticos , como outro exemp l o , gastavam-se 4 horas para o set-upi atualment e , não se consomem mais que 2 horas , cortando-se 5 0 % dos desperd ícios provocados por esta operação . Signif icati va redução de desperd ícios a empresa consegu i u , também , com a e liminação dos papéis que c irculavam de um lado para outro , para a l imentar o si stema . A White Martins Soldagem conseguiu reduz i r desperdícios com a ferramentaria . Antes , gastavam-se cerca de US$ 80 m i l por mês entre funcionários e consertos e fabricação de ferramentas . Hoj e , os gastos não passam de US$ 3 0 m i l j mês� . A empresa conseguiu reduzir signif icativamente parcela dos custos indiretos . Um dos primeiros setores a ter seu quadro diminuído foi o PCP . Atualmente , 8 funcionários trabalham neste loca l , representando uma poupança de cerca de 8 7 % . A f igura do gerente de materia l foi extinta , transferindo suas atribuições para o gerente de produção . Esta decisão e l iminou as divergências de interesses entre a atividade de produz i r e a de comprar matéria-prima . Esta redução do quadro da mão-de-obra indireta contribuirá com 6 3 % da redução dos custos de manufatura da 25 Foi feita a proporcional idade entre estes números , j á que há d iferença entre os níveis de produção de agora e de outrora . 1 18 White Martins soldagem, proj etada em 1 3 % no período 9 2 / 9 1 . A empresa tem , atualmente , somente 8 inspetores qua l idade , reduz indo seu contingente nesta área em 7 3 % . de o quadro de pessoas especia l izadas em preparação de máquina , especi a lmente os cal ibradores , também foi praticamente e l iminad o . Agora , o próprio operador da máquina é quem fa z este serviço , agregando maior valor ao produto com ganho de tempo para a produção . o efetivo da mão-de-obra direta da empresa diminuiu de 4 0 0 para 2 4 0 , em dois anos . Apesar da queda das vendas , os ganhos de produtividade são evidentes para os entrevistados . Além de operar relativamente com um número menor de operários dada a produção , a empresa conseguiu aumentar a sua capacidade de produção . A capacidade de produção do maçarico de corte , por exemp l o , considerado o produto carro-chefe da empres a , aumentou 5 0 % : antes eram fabricados 1 4 0 unidades/dia e , ainda , pagavam se horas extras ; hoj e 2 1 0 por dia durante o expediente normal de traba lho . Outro exemplo é o do regulador tipo R-72 para oxigên i o : no passado a empresa produ z ia 5 0 unidades por dia ; agora , pode fabricar até 7 0 por d i a , com 4 0 % de ganho de produtividade . De um modo gera l , 6 6 % do tempo do operári o dentro da fábrica são consumidos pela produção . O restante é apl icável em atividades não-produtivas , como é o caso de l impe z a , lubr i f i cação e preparação de máquinas , qual idade e treinamento s . Futuramente , os operár ios estarão desenvolvendo atividades de manutenção , dentro do programa de Manutenção Produtiva Tota l , em fase de introdução . Existem , no momento , 5 6 círculos de qual idade e 3 2 t imes de qual idade . Estes números eram menores , e sua evolução vem demonstrando um grau de participação cada vez maior por parte dos funcionários da empresa . 8 projetos desenvolvidos por CQ ' s foram implantados . Todos os projetos desenvo lvidos pelos TQ ' s encontram-se em andamento . Poucas têm s ido as sugestões dadas pelos funcionários . Nos primeiros meses de 1 9 9 2 , foram 2 3 ao todo , 0 , 03 2 sugestão por funcionário . Um dos entrevistados ava li a os resultados obtidos até então com os programas de envolvimento do operário : princ�p�o, eu estava cético em relação aos circulos de "No qualidade. Achava que isto era uma forma de ' j ogar are i a l nos olhos dos operârios . Eu estava enganado . Na realidade, o s circulos de qual idade são a ferramenta principal para o envolvimento dos operário s . É a partir de l e s , que os operários podem participar com idéias para a melhoria dos resultados da companh i a " . Os benef íc ios advindos dos CCQ ' s para a White Martins Soldagem chegaram , em 199 1 , a US$ 5 8 2 mi l . No que tange aos números de rej eição , a metodo logia 1 19 apl i cada no passado pela fábrica pode dar a impressão de que os nümeros eram melhores antes . Os entrevistados alegam que i sto não é verdade . A metodologia passada não contava como se conta , atualmente , os defeitos na White Martins . Mesmo assim, após a introdução da nova metodo logia de apuração das unidades defeituosas na empres a , o índice de reprovação de produtos no teste f ina l vem caindo mês a mês . Em j aneiro / 9 1 , chegou-se a reprovar cerca de 19 % dos produtos testados . Em dez embro / 9 1 , aproximadamente 3 , 5 % . Houve uma melhoria de 8 1 , 5 % . O índice de falhas na fabricação de maçaricos por quantidade diminuiu de 4 , 8 em j aneiro / 9 1 para 0 , 2 2 em dezembro / 9 1 . Nem todas as áreas conseguiram a lcançar resultados tão expressivo s , mas isto é questão de tempo . Por outro l ad o , 7 0 % das causas dos desperdícios com unidades defeituosas são provenientes de defeitos encontrados nas peças adquiridas dos fornecedores da empresa . Quanto às vá lvulas , cuj a variabil idade foi motivo de estudo , seu índice de rej e1çao baixou simplesmente para zero , bem como aumentou seu nível de vida (durabi l idade ) . Na "mini fábrica" de bicos , a aná l ise dos itens testados no mês de dezembro/ 9 1 mostrou que , das 45 unidades reprovadas ( 1 , 2 6 % do tota l ) , 3 5 ( 7 8 % ) foram em decorrência da furação obstruída . O fato de se conhecer o motivo do defeito permite que ações s e j am implementadas , vi sando a melhoria constante da fábrica . Reduz iram-s e , ainda , os desperd ícios com movimentos desnecessários , do processamento inüt i l e relativos ao excesso de transporte , para se chamar o ca l ibrador , para se buscar matérias-primas e peças e para se apanhar ferramentas . Reduziram-se as paradas para manutenção corretiva , pelo simple s fato d o operário tirar 1 5 minutos do seu tempo di á ri o de trabalho para efetuar a l impeza de sua máquina . 120 WEG MOTORES LTDA . Informacões Gerais sobre a Empresa A empresa Weg Motores Ltda . foi fundada em 19 6 1 , em Jaraguá do Sul , Santa Catarina . É uma das empresas do grupo Weg S / A e uma das maiores fabricantes de motores da América Lat ina . Possui dois parques fabr i s , nos qua i s funcionam 4 unidades de motores , 2 fundições , uma unidade de produção de f ios de cobre ( tref i lação e esmaltação) , uma unidade de ferramentar i a , uma central de processamento de chapas e inj eção de a lumíni o . O f aturamento anual da empresa está em torno d e $ 2 0 0 m ilhões . Suas exportações representam 1 2 % do faturamento . A empresa tem mercado em todo o mundo , sendo seus pr incipai s c l ientes externos o s Estados Unidos , os países da América do Sul e da Europa . Para atender as exigências do comprador estrangeiro quanto a economia e proteção ao meio ambiente , a Weg Motores vem reali z ando importantes trabalhos de pesquisa e desenvolvimento , muitos dos qua is em parceria com outras empresas do grupo . No ano de 19 9 2 , por exemplo , foram lançadas seis novas l inhas de produtos . A principal l inha de produtos fabricados pela Weg Motores é a de motores elétricos trifásicos e monofás icos (motores para produtos domésticos da l inha branca ) . A empresa produz cerca de 2 . 2 5 0 . 0 0 0 motores por ano . Detem 7 0 % do mercado bras i l e iro de motores tri fásicos e 5 5 % dos monofásicos . Seus principais c l ientes são o varejo e o setor mecânico . Juntos , estes dois ramos respondem , aproximadament e , por 5 5 % do faturamento da empresa . Boa parte da l inha de motores elétricos da empresa é fabricada a partir de peças usinadas na própria fábrica da Weg . Suas principa is matérias-primas são as chapas de aço , o a lumínio , cobre e os rolamentos ( boa parte destes importados de fornecedores , tais como SKF e NSK) . Trabalham na Weg Motores Ltda . 4 0 00 funcionários , dos qua i s 2 8 0 0 , aproximadamente , correspondem à mão-de-obra direta . As instalações da empresa vêm sendo ampliadas para acompanhar o crescimento da demanda por seus produtos no Bra s i l e n o exter ior . 121 WEG MOTORES LTDA . A Fábrica do Passado A fábrica da Weg Motores Ltda . do passado caracteri z ava se , principalment e , pelo tempo de espera demorado e pelo volume de unidades defeituosas . Este quadro não incomodava , porque estoques supérf luos , sobretudo intermediários , amontoavam-se pela fábrica e encobriam os problemas da empresa . Um s i stema , denominado PCS (Production Control System ) , era o responsável pela integração e compartilhamento de todas as informações operacionai s . Este s istema baseava-se na produção por bate ladas , lotes grandes de produtos . O PCS era um s istema semi-informat i z ado . A acuracidade das informações por e l e processadas era baixa . Por muito tempo , achou-se normal a convivência com faltas de estoque de uns itens e sobra de outros . Era normal o processo estar precisando , por exemp l o , de duas carcaças de motor ou de 2 0 parafusos, e o s istema estar produz indo 1 única carcaça ou 1 5 parafuso s . Atrasos na fabricação , l inhas paradas , maior lead time e estoques tornavam-se necessários para manter o r itmo das operações . Não se tinha conhecimento dos gargalos da fábri ca . Mais estoques eram formados como garantia do balanceamento dos processos . Uma das grandes causas dos desperdícios do tempo de espera estava relacionada ao tempo de preparação das máquinas da fábrica . Embora cause inve j a a muitos o acervo técnico da Weg , há a lguns anos a produtividade da empresa estava caindo como conseqüência da falta de revisão de suas normas de trabalho . prevalecia a concepção de que os custos de preparação das máquinas eram f ixos e que , por isto, não se poder ia reduz i r o tamanho dos lotes d e produção . A título de i l ustração , são descritos a lguns fatos que e lucidavam per se o quadro de contradições vividas naquela época . O primeiro deles tratava do aj ustamento das máquinas , especia lmente dos tornos copiadores uti l i zados na usinagem de e i xos norma i s . Os técnicos da Weg , por mui to tempo , não perceberam o quão rudimentar era o processo de a j uste de tais máquinas : por tentativa-e-erro , até que o operador conseguisse o acerto adequado para a produção de peças boas . Abaixo , são relacionadas as operações regulares de uma troca de eixos numa destas máquinas , naquelas condições : a ) soltar a contra-ponta do torno , regular a abertura e f ixar ; b ) regular a RPM ( rotação por minuto) e o avanço ; c ) soltar o suporte do eixo-padrão , retirar o e ixo padrão e colocá - lo na bancada ; 122 d ) pegar o eixo-padrão seguinte , posicionando-o no suporte e f ixando-o ; e ) achar a medida e pré-regular f im de cursos do copiador ; f ) regular profundidade dos passes parcialmente ( ut i l i z ando os parafusos próprios ) ; g ) colocar a peça , l igar a máquina , usinar a primeira peça e medi r ; h ) acertar a s medidas do f im d e curso do copiador ; i ) regular as medidas , de acordo com o diâmetr o , comprimento e conicidade d a peça ; j ) colocar a segunda peça , acertar as medidas f inais da profundidade dos passe s ; k ) l igar a máquina , usinar a segunda peça e usina r ; e 1 ) retirar a peça , medir e acertar as medidas f ina i s . Estes procedimentos eram repetidos até que a primeira peça boa fosse produz ida . Além do tempo desperdiçado com este s e t -up, perdas de materiais eram norma i s , sem contar as perdas com movimentos desnecessários , do processamento inút i l e a falsa noção de que todas as máquinas e operários estavam ocupados . Coubera aos estoques intermediários , formados em decorrência do atraso no process o , e buffers constituídos para a manutenção ininterrupta das atividades seguintes a função de garantir a cadência da produção . Este processo de fabricação de eixos norma i s demandava três tornos em l inha : um torno copiador para a us inagem da parte de trás do eixo , outro torno para a us inagem da parte d i anteira do eixo e um terceiro torno mecânico para o torneamento do assento do rotor no eixo . Este processo se completava em 80 minutos . Outro fato se somava aos procedimentos ut i l i zados na fábrica do passado da Weg Motores . D i z respeito ao e l evado consumo de energia elétrica do forno de indução . Um destes fornos estava instalado no parque fabr i l I e consumia , mensalmente , cerca de 6 1 0 0 0 0 Kwh . Outro encontrava-se no parque fabr i l 1 1 e consumia quase 6 3 0000 Kwh/mês . Maus comportamentos no trabalho , entre vícios e descuidos operaciona i s , só agregavam custos para a empresa . Além destes , outras razões concorriam para a operação indevida do forno , dentre as quais : a distância das matérias-prima s , como conseqüênci a da foca l ização dos estoques , e sobrecarga do equipamento , pelo fato do operador achar mais fácil e menos cansativo operá-lo com quantidade maior de meta l . A quantidade de unidades defeituosas era s ignif icativamente a lta na Weg do passado . Para a administração , a incidência de defeitos era inevitável e imprevisíve l , e nada podia ser feito para mudar este fenômeno . Tudo se f a z i a sob a suposição de que , se algo poderia dar errado , dava ( le i de Murphy ) . Assim sendo , um índice de refugo 123 d e 2 , 1 3 (média de 199 0 ) era visto como norma l , e seus custos repassados para os preços dos produtos , sem que se pensasse nos riscos que tal providência teria do ponto de vista da compet itividade . Para demonstrar os efeitos da produção de unidades defeituosas sobre o tamanho dos lotes de produção da empresa , um dos entrevistados apresentou um exemp lo de como a programação era feita no passado . Havia produtos , cuj a índice de refugo era 0 , 5 % ou 0 , 6 % , porém, produtos mais complexos chegavam a registrar refugos de até 1 3 % . A f i l osofia de fábrica da Weg do passado obrigava o pessoal da programação a trabalhar com índices médios de refugo , que na época estavam em torno de 8 % . Se a previsão de vendas era - diga-se - de 1 0 0 unidades , então , programavam-se 108 unidades , de modo que , ao se retirar as 8 unidades ruins previstas , sobrariam exatamente aqu i l o que fosse preciso para atender aos pedidos dos cl ientes . Esta metodologia de programação criou sérios inconvenientes para a Weg . Um deles foi a formação de estoques desnecessár ios , inclus ive os de segurança . Se , como exemp l o , um determinado setor r e j e itasse somente 2 unidades das 1 0 8 produ z idas , 1 0 0 f icavam disponíveis para vendas e 6 unidades f i cavam retidas superf luamente em estoque até que , 15 ou 1 6 dias depois , outros pedidos surgissem. S e surgissem . Algumas vezes , estes estoques eram de peças proj etadas , espe c i ficament e , para um pedido e , se sobrassem, f icavam no estoque , ocupando espaço , gerando custos , obsoletamente , por muito tempo . A duração média dos estoques de matérias-primas era de 1 1 6 d ias na época em que os pressupostos do EOQ orientavam as decisões de compras da Weg . O número de pedidos aumentava os custos f ixos das compras , já que não se concebia uma máquina administrativa funcionando com menos papelada , com menor burocracia . Era preferíve l , segundo a suposição de fábricas trad icionais como a Weg , suportar o custo da manutençã o , mesmo que e l e fosse um pouco mais alto . Outro aspecto concorr ia , também , para a manutenção de estoques de matérias-primas mais e levados : a concepção tradiciona l de fábrica dos fornecedores . A principal matéria prima da Weg é a chapa de aço . No passado , sua produção pertencia a empresas estatais que não forneciam sem um programa f irme . Houve uma ocasião em que o planej amento de compras de chapas ter ia s ido feito , prevendo-se um certo volume de vendas . No entanto , um pacote econômico do Governo Federal foi editado e as venda s , simplesment e , "despencaram" . Não foi possível cancelar os pedidos desta matér ia-prima . Isto poderia s ignif icar a perda de um relevante fornecedor . Outro componente importante dos motores é o rolamento . Grande parte das necess idades deste componente era importado e , desta forma , sua compra dependia da burocracia da extinta Cacex . Os estoques de mater iais em processo chegaram a ser 124 suf icientes para 3 9 dias em j aneiro de 19 8 9 , seu nível mais a lto . A duração média destes estoques entre 1 9 8 7 e 1 990 estava em torno de 1 6 dias . O balanceamento dos processos , os lotes de tamanhos grandes , os longos tempos de preparação e as paradas para manutenção de máquinas colaboravam para o acúmul o de estoques intermediários dentro da fábrica . No s i stema tradicional da Weg Motores , levava-se 1 1 dias para a fabricação de um motor . Os estoques de produtos acabados eram as evidências de um programa de gestão de produção baseado em antecipações de demanda e de lotes de produtos de tamanhos grandes . Produz ia -se o que era mais fác i l e não o que era necessário para o atend imento do c l iente . A duração média desses estoques chegou a ser suficiente para 2 4 dias de vendas em 199 0 . Estes estoques supérfluos impunham uma necessidade de cap ital significavamente grande para o seu f inanciamento . Nem por isso o c l iente sentia-se satisfeito com o atendimento dado pela Weg Motores . Medido pela entrega de pedidos no prazo , o nível de satisfação do cl iente em 1987 não era superior a 1 0 % . Ou sej a , de cada 1 0 pedido s , somente 1 era entregue ao c l i ente no praz o combinado . A manutenção das máquinas era , também , rea l i zada segundo as concepções convencionais . Rea l i z ada por pessoal próprio da manutenção , normalmente , programava-se uma parada periódica para a manutenção preventiva das máqu inas e em outras ocasiões , ações de manutenção corretiva , com a final idade de restabelecer o equipamento às suas condições norma is de operação . Nem uma atividade nem outra conseguiram assegurar níve is ótimos de operação e funcionamento ininterrupto . Aconteceram casos de unidades defeituosas e maior tempo de espera provenientes da precária manutenção efetuada . Muitas vezes , o tempo para o conserto da máquina era pequeno , o quadro de pessoa l de manutenção insuficiente e o número de problemas grande , todos estes motivos combinados contribuíram para o agravamento da s ituação . Os programas de produção da empresa fundamentavam-se no lote econômico ( EOQ) . Lotes de 50 peças eram comuns no processo de fabricação . Normalmente , eram suf icientes para o suprimento da demanda de uma semana . Este tempo chegou a ser menor , mas sempre baseou-se na antecipação da demanda . Por exempl o , se as vendas previstas para uma determinada semana fossem de 5 unidades na segunda , 1 0 na terça , 7 na quart a , 5 na quinta , 1 0 n a sexta e 7 n o sábado , na sexta-feira da semana anter ior , na melhor das hipóteses , todas as 4 4 unidades necessárias para a semana subseqüente estariam prontas . Boa parte das máquinas existentes nos parques fabri s da Weg f o i desenvolvida pelo pessoal da própria empresa e para estas máquinas ninguém teria tido o cuidado de marcar o tempo de set-up. Quanto às máqu inas compradas de fornecedores , este tempo fa zia parte de suas caracter ísticas originais e , segundo 125 um dos entrevistados , a empresa adotava esta informação sem qua l quer questionamento . Para se ter uma noção da demora , um centro de trabalho ( grupo de máquinas) levava em torno de 8 0 minutos para rea l i zar suas operações . Este tempo poderia ser menor , mas não tinha nada a ver com ef iciência de preparação : o mercado pagava pelo set-up, pass ivamente , segundo um dos entrevistados . Por fim , há mais de 5 anos , o layout da fábrica era orientado para processo ou funciona l . Operadores de máquina eram especi a l i stas de máquina . Os almoxarifados estavam d istantes do local onde seriam ut i l izadas as ferramentas , as matêrias-primas e as peças etc . A manutenção era , também , f ixa . Junto às máquinas , mantinha-se uma sina l i z ação de a l erta , controlada pelo operador . A luz acesa era uma forma de sol icitar suprimentos ao a lmoxarife . 126 WEG MOTORES LTDA . Programas de Reducão de Desperdícios Implementados Há muito tempo , a administração da Weg Motores Ltda . tem estado preocupada com os desperdícios na empresa . Em 19 7 4 , foram cr iados os primeiros grupos de raciona l i z ação da qualidade , nos moldes dos CCQ ' s atua i s , com a f inal idade de resolver problemas relacionados com a qua l idade , produtividade , custos , segurança e ambiente do trabalho . Três anos mais tarde , a Weg engaj ava-se num p lano de combate aos desperdícios provocados por unidades defeituosas , inicialmente com a campanha " Zero Defeito" e , depoi s , com a "Guerra contra o Defeito" . Alguns anos depoi s , surgiram, efet ivamente , os primeiros grupos de C í rculo de Controle da Qualidade . Nesta ocasião , foi produz ido um Manual de Qualidade da Empresa . Apesar de todos estes esforços , os custos , no período de 1 9 8 6 a 1 9 9 0 , mais que dobraram , os lucros da empresa caíram , as despesas com pessoal e o número de funcionários dentro da empresa aumentaram . A produção também cre sceu s ignif icativamente na mesma época . Todavia , os resultados não eram satis fatórios , se comparados com a produção , e alguma coisa preci sava ser feita . Introduz-se , então , o Programa Weg de Qual idade e Produtividade ( PWQP) em 19 9 1 , slogan este vi sando convocar o pessoal de todo o grupo Weg a engaj ar-se nos trabalhos especialmente contra os desperdícios e de raciona l iz ação de processos . A Weg Motores foi a última empresa do grupo a implantar este programa . O PWQP procuraria estabelecer ações de melhoria dentro da empresa em três áreas : metas especí f icas , desenvolvimento tecnológico e normal i z ação . O ingrediente forte do Programa Weg , desde então , é a padronização e simp l i f icação de produtos e processos . O acervo técnico da empresa é reconhecidamente r ico de trabalhos de padronização , visando impedir o uso indiscriminado de procedimentos diferentes na r e a li zação de tarefas operaciona i s . Novas concepções de produto , def inição de novos métodos de produção , de fluxos do processo e das matérias-primas a serem empregadas e estudo de tempos e de rotinas de operações são a lguns exemplos de trabalhos desenvolvidos pela empresa . Um procedimento melhorado não é empregado indefinidamente dentro da Weg Motores . Ele é constantemente revisto e estudado , buscando-se novos padrões de desempenho super iores aos praticados . 127 Graças ao programa de padron ização e simpl i f i cação de produtos e processos , foi possível instituir metas de trabalho e ações s istemát icas que , com a participação efetiva da mão-de obra , poss ibil itam a melhoria dos resultados e a redução dos desperdícios da Weg . Periodicamente , as metas são ava l iadas , a f im de se apurar o seu nível de rea l i zação ( norma l , concluída , interrompida ou com problemas) e a necessidade de reforço . Reconhecem os entrevistados que os programas de padron ização e s imp l i ficação de produtos e processos contaram com uma colaboração imprescindível : o envolvimento dos operários da empresa . Na Weg , o funcionário é considerado elemento-chave na estrutura da empresa . Ele é tratado como se fosse o "dono" de um negócio e que , de seu desempenho individual eficaz , depende o sucesso de toda organi zação . o funcionário é tido como colaborador . Ali á s , uma frase do presidente do Conselho de Administração da holding, Eggon João da S i lva , i lustra bem a importância que se dá ao programa de envolv imento do operário nesta empresa : " Se faltam máquinas , você pode compr á - l a s , se não há dinheiro, você toma emprestado; mas, homens você não pode comprar nem pedir emprestado. Homens motivados por uma idéia são a base do ê x it o " . A partir do envolvimento dos operários da empresa , novos programas são apresentados , discutidos e , se aprovados , imp l ementados dentro da empresa . No programa de envolvimento do operário da Weg destacam se o tre i namento , as comissões de traba lho , os grupos de trabalho e os círculos de controle de qua l idade . A empresa paga uma participação sobre os lucros para os empregados como forma de premiação . Acreditam os entrevistados que o lucro é a verdadeira expressão de resultados favorávei s , devido aos programas aplicados . Como atividades de treinamento , cursos são oferecidos regularmente para os funcionários da empres a , desde a alta administração até o operador de máqu ina . Têm s ido rea l i zados cursos sobre qual idade total e tópicos especiais de qua l idade , a l ém de outros espec íf icos para o aperfeiçoamento do operário na rea l i zação de suas tarefas , dentre os quais destacam-s e : operador d e máquinas , montador de acionamentos . A Weg Motores mantem , ainda , um centro de treinamento no parque fabri l da empresa , com a f inalidade de formar mão-de obra qua l i f icada , não disponível na região , e di fundir a cultura da empresa . Em 1 992 , este centro contava com 2 6 0 alunos e oferecia cursos de mecânico de manutenção , ferramentar i a , modelagem, química , serralheria , eletrônica industria l , dentre outros . 128 A s comissões de trabalho são grupos compostos por pessoal de nível médio e geréncias para a discussão de temas espec í f icos da empresa . Cada comissão compõe-se de 8 membros , normalmente indicados e não necessari amente especi a listas dos temas d iscutidos nos encontros . A freqüência das reuniões depende muito da pauta de assuntos . Há quem se reúne pelo menos uma vez por semana . As comissões de trabalho são forma i s : sua constitu içã o , suas atribuições e seus horários de reunião são preestabe lecidos . Os grupos de trabalho são forma is gerente de departamento tem a competéncia de seu setor para a constituição destes para a resolução de temas espec í f icos do e não-voluntários . O de convocar técnicos grupos , constituídos setor . Os círculos de controle de qua l idade , por sua vez , são grupos voluntár ios . Sua f inal idade é desenvolver trabalhos que possib il item a redução de desperdícios dentro da empresa . Uma das tarefas mais importantes deste grupo di z respeito ao estudo do set-up , com o objetivo de se implementar programas de automação de baixo custo para a redução do tempo de preparação das máquinas operatrizes da empresa . Os grupos de trabalho e os círculos de controle de qualidade não têm autonomia para decidir a implementação de uma sugestão de melhoria . À s vezes , nem mesmo o gerente ou o coordenador do grupo têm esta atribuição , cabendo às comissões de trabalho tal responsabi l idade . A título de ilustração do funcionamento do CCQ na Weg , um dos grupos interessou-se pelo excessivo tempo consumido pelos tornos copiadores na usinagem dos eixos norma i s , e decidiu estudá-lo . Numa primeira etapa , foi fe ita a monitoração do processo de usinagem , a f im de se levantar a seqüência do trabalho , e o del ineamento dos dispositivos de set-up necessários e dos loca is onde os e ixos-padrão e ferramentas de ajustamento f icavam armazenados . Comprovou-se , então , nestas operações a existência de desperdícios do tempo de espera , com movimentos desnecessários em decorrência do processo de a j uste por tentativa-e-erro e do processamento inút i l . A falta de normati zação do trabalho e a forma emp ír ica como o trabalho é rea l i zado , em decorrência ' de planos incip ientes , sempre foram uma preocupação da Weg Motores Ltda . Neste sentido , os técnicos da empresa procuram insi stentemente melhores procedimentos e métodos operaciona is , com o propósito de se redu z i r os desperdíc ios existentes . Outro grupo de cCQ formou-se para buscar soluções para o problema do consumo de energia elétrica . O custo da energia e létrica para as indústrias tem-se tornado relevante na p lanilha , por causa da pol ítica de preços praticada pelo 129 Governo . Principalmente nos horários de ponta2. , a s tari fas horo-sazonais empregadas pelas empresas concessionárias de energia encarecem ainda mais estes custos . A primeira tarefa deste grupo de CCQ foi estudar as operações dos fornos de indução dos dois parques fabr i s da empresa , porque estes equipamentos sozinhos respondiam por ma is 7 0 % d a potência nominal instalada . Rea l i zando um fOllow-up das tarefas no loca l , o grupo pôde classif icar as principai s fontes de desperdicios do processamento inút i l destes equipamentos . Seriam estas : a ) inerentes ao processo ; b ) devido às caracteristicas dos fornos ; e c ) da operação . Os desperdicios decorrentes da operação destes fornos eram os mais s ignif icativos e poderiam ser reduzidos com a adoção de programas de treinamento para os operadores e de padronização e s imp l i f icação de processos . Desta forma , seriam e l iminados processamento inúti l , movimentos desnecessários e problemas de preparação que , juntos , agregavam custos aos produtos fabricados . Durante o processo de investigação , detectou-se que a tampa dos fornos era removida pelos operadores inúmeras vezes por d i a , para carga da matéria-pr ima , para a l impeza do forno , para a coleta de amostras , e assim por diante . Às vezes , a tampa permanec ia aberta , devido ao sobrecarregamento ou , s implesmente , por descuidos operacionai s . O grupo chegou à conclusão de que , mantendo-se a tampa aberta , havia uma perda de energia por irradiação do calor , que podia , em certos casos , ser superior a 2 5 % . O tempo de preparação , como visto e exemp l i f icado , passou a ter tratamento especial pelos técnicos da empresa . Aqu i l o que se pensava antes deste tempo , como caracteristica de máquina , ou um dado f ixo , mudou . Um dos entrevistados expressa bem a concepção atual sobre o assunto : "Aqu e l a teoria foi por água abaixo ' . Justamente por causa da redução dos estoque s , senão haveria falta de dinheiro para capital de giro e por que o custo do dinheiro era muito elevado, seria preciso redu z i r o tempo de preparação para que se atingisse a meta de fabricação do lote de tamanho idea l : o unitário " . \ Mudando sua f i losofia , a Weg Motores implantou o programa de automação de baixo custo , que consistia da rea l i z ação de mod ificações muito simples nas caracteristicas das máquinas , com o propósito de se ganhar velocidade nas trocas de ferramentas , moldes e e ixos-padrão . Por exemplo , em 2. Horário de ponta é o horário em que há maior demanda por energia e létrica . 130 vez de s e ter uma régua fixa , de se ter que virar constantemente esta régua , remover e colocar uma outra , apertar e a frouxar parafusos , fazer o aj uste , uma opção mais demorada e envolvendo movimentos desnecessár ios , buscou-se a implementação de uma sugestão mais s imp l e s , de um magaz ine uma espécie de gabarito - que possuía todas as a lternativas de e ixo e não demandava quase nenhum investimento de capita l . Depois disto , o operador só tem o trabalho de virar o magaz ine para real i z ar o aj uste de acordo com as especificações do e i xo que desej a produ zir . Além desta forma de conversão de set-ups internos em externos (pre-setting) , outras , que não estão neste trabalho , foram apl icadas . Outro programa desenvolvido pela empresa diz respeito à produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades . A adoção deste programa j á atinge a 9 9 , 9 % dos produtos da Weg Motores . Atua lmente , o tamanho dos lotes destes produtos , embora a inda este j a distante do idea l , v i sa o atendimento da demanda diária . Ou sej a , como o exemplo de previsão de vendas , tratado na discussão sobre os programas da "Weg Motores Ltda - A Fábrica do Passado" , a empresa estari a , atua lmente , fabricando na sexta-feira da semana anterior somente aqu i l o que venderá na segunda-fe ira seguinte : 5 unidades . Na segunda-fe ira , fabricaria o que venderá na terça ( 1 0 unidades ) , e assim por diante . O tempo de aj ustamento da programação em relação à previsão de vendas também foi obj eto . de estudo . Agora , o aj uste é semana l . Durante a elaboração do Programa Weg de Qualidade e Produtividade , a diretoria da empresa percebeu que os estoques de materiais em processo e o lead time estavam a ltos . Estoques supérfluos e tempo de espera eram responsáve i s por graves desperdícios que só adicionavam custos aos seus produtos . Para reduz i - l o s , decidiu-se pela implementação do programa MRP , um dos módulos que integra o novo si stema de informações da empresa : o TMS (The Manufacturing System) . O MRP possibil ita que a empresa p lanej e suas necess idades de materiais , a partir de um p lano-mestre de produção e do banco de dados de engenharia ( que descreve os componentes de cada um dos produtos ) . Controla os estoques e l ibera ordens de produção e de compras , de acordo com as datas de entrega pref ixadas . Os gargalos da produção foram ident i f icados . As informações em geral são ma is precisas e podem ser obtidas ma is rapidamente . Outro item preocupante para a administração da Weg Motores era os custos dos refugos e retraba lhos , quando comparados com os seus custos de fabricação . Programas de qual idade no processo fabr i l e de desenvolvimento de fornecedores estão sendo implementados com o propósito de redu z ir os desperdícios provocados por unidades defeituosas . 131 Embora se conserve a inspeção de recebimento e de f inal de l inha em muitos dos casos de compras e de fabricação , respect ivamente , a Weg Motores pretende disseminar a f i losofia d o " fa z er certo d a primeira vez " . Espera-se aumentar a re lação de conf iança e assistência mútuas para com os seus fornecedores . Assim sendo , índices de qua l idade foram adotados para a ava l i ação do desempenho dos seus fornecedores , bem como vem-se imp l ementando cursos de treinamento para os operár ios , voltados para TQC , e o controle estatístico de processos ( CEP) com o uso de cartas de control e . Estes trabalhos estão sendo rea l iz ados por consultores da Fundação Christiano ottoni . o instrumento do controle estatístico do processo não está implantado em toda a Weg Motores . No entanto , nos setores onde têm funcionado , as cartas de controle geram importantes informações operacionai s . É o caso da operação de ret í fica do diâmetro do rolamento trazeiro na máquina Zema . Uma das cartas demonstrava uma grande variab i l idade na aná l ise de a l gumas amostras . O índice de capacidade do processo ( Cpk) , calculado para este caso , era de 0 , 47 , ou sej a , o processo era incapaz de atender às especi f icaçõesv . A decisão tomada para se corrigir as distorções foi a de chamar o fabricante para e fetuar um check-up completo no funcionamento da máquina e , determinado o problema , a proceder a manutenção necessár ia . As ações decorrentes das sugestões apresentadas pela Zema foram : tre inamento dos operadores , especia lmente no que tange a a j ustes , mudanças na veloc idaqde do corte e melhoramentos no s istema de medição da máqu ina . A l ém dos programas j á enumerado s , outros encontram-se em fase de implementação . Um deles é o programa de tecnologia avançada de manufatura , com o emprego de CAD / CAE , de tornos CN e de robô . Espec i ficamente sobre o robô , na fábrica está em operação o robô l inear Pos i l i n , de fabricação da Weg Automação Ltda . , uma outra empresa do grupo . Este robô simp l i ficou os trabalhos repetit ivos de posic ionamento , transporte de mater iais , a l imentação de máqu inas e corte de moldes , assegurando grau de perfeição ainda maior que os métodos tradicionais até então empregados . A implementação do programa de tecnologia avançada de manufatura poderia trazer economias de set-up para a Weg . contudo , este não foi o obj etivo origina l . As melhorias no tempo de 'preparação seriam , inicia lment e , alcançadas sem a substituição de máquinas operatri zes convenciona is por máquinas mais sof isticadas . Convém sal ientar que os parques fabri s da Weg Motores compõem-s e , basicamente , de tornos mecânicos convenciona is . v Um Cpk inferior a 1 , 0 0 quer di zer processo incapaz de atender às especi ficaçõe s ; acima de 1 , 0 0 até igual a 1 , 5 0 s ignif ica processo capa z ; maior que 1 , 5 0 , além de capaz , o processo é confiáve l . 132 o programa "manutenção produtiva tota l " ( TPM) é outro , cuj a meta é a redução do a lto número de chamadas para manutenção da empresa . Além disto , a descentral ização de tarefas s imples de manutenção , tais como lubri f icação , troca de fusívei s , bem como sua simp l i f icação , pretendem aj udar na redução do número de paradas de máquinas e , conseqüentemente , dos custos de manutenção da Weg. E , f inalmente , o programa de raciona l i z ação do uso do espaço com a introdução do layout por produto ( ou fam í l i a de produtos , pelo menos ) . Este programa vem sendo desenvolvido há mais tempo , talvez mais de 5 ano s , com o rearranj o de determinadas máquinas e o reagrupamento de grupos de máquinas para a construção de células de fabricação . Visa , a i nda , a descentral iz ação de determinados setores , como é o caso do almoxarifado de ferramentas e da manutenção . As metas do programa são : e l iminar os movimentos desnecessários , redu z ir os custos indiretos do pessoal envolvido em atividades de apoio que não agregam valor ao produto e ganhar temp o , com a melhoria do set-up externo . A primeira célula de fabricação surgiu na us inagem de carcaça e , aos poucos , vem se difundido dentro da empresa . Muitos são os setores que j á se redesenharam por produto . Um dos entrevistados conta uma história que j ustif ica a imp lantação do programa de raciona l i zação do uso do espaço , mediante o redesenho em células de fabricaçã o . Certa vez , um dos d iretores da empresa recusou-se a investir recursos na construção de um novo prédio para o abrigo dos estoques , que , muito grandes , j á não cabiam nos locais exi stentes . A redução dos estoques supérfluos passou a ser imperativa . Além di sto , os problema s , que f icavam camuflados por muito tempo em decorrência da manutenção excessiva de estoques , passariam a ser descobertos mais rapidamente , exigindo do pessoal decisões mais imediatas . Outra vantagem advinda da implantação do programa de raciona l ização do espaço é o enriquec imento do papel do operário dentro da empresa : o operário multi função , capaz de operar mais de uma máquina na célula e de real i zar pequenos reparos , l impar e lubr if icar suas máquinas , dentre outras . Os entrevistados di zem que , passo a passo , programa a programa , a empresa operará , futuramente , todo o pacote de programas Just-in-Time . A Weg adotou, também , o programa de l impe z a e organi z ação da fábrica . Os locais destinados à movimentação e ao trabalho são identi ficados por pinturas diferentes feitas no chão da fábr ica . 133 WEG MOTORES LTDA . Resultados Obtidos com os Programas de Reducão de Desperdícios Em 1 9 8 7 , a Weg Motores Ltda . investia pouco mais de US$ 8 0 0 m i l em treinamento e desenvolvimento de RH . Em 1 99 1 , os investimentos nesta área ultrapassaram os US$ 1 , 4 mi lhão , dedicando-se mais de 5 0 0 0 0 0 horas em capacitação e reciclagem de mão-de-obra . Atualment e , funcionam 4 7 comissões de trabalho e cerca de 7 6 grupos de CCQ na Weg . Cada grupo de CCQ apresentou uma média de 1 1 idéias no ano de 19 9 1 , das qua i s 3 2 % tratavam de qua l idade , 3 0 % de ambiente de trabalho e 2 2 % de custos . O tempo de preparação dos tornos copiadores na usinagem dos e i xos norma is foi reduzido em 7 5 , 8% . As mudanças efetuadas neste processo compreenderam a confecção de um magaz ine para o aloj amento de todos os tipos de eixo-padrão , a substituição do e ixo-padrão por uma placa-padrão e a substituição de parafusos de regulagem dos passes por gabaritos escalonados . Além destas , foram f e itas uma marcação para a regulagem do f im de curso do copiador e o zeramento do eixo-árvore com contra-ponta e sua f ixação com pino-guia para evitar des l ocamentos durante a regulagem . A partir da rea l i zação destas modi f icações , os procedimentos de preparação dos tornos copiadores f i caram resumidos em : a) e f ixar ; b) c) d) e) f) peça ; e g) soltar a contra-ponta do torno , regular a abertura regular a RPM e o avanço ; girar o maga z ine e posic ionar ; regular f im de curso do copiador ; trocar gabarito escalonado dos passes ; colocar peça na máquina , l igar e usinar a primeira retirar a peça , medir e acertar medida f inal . Como pode ser notado , o número de operações neste processo de us inagem de eixos foi sensive lmente redu z id o , com economia para a Weg dos movimentos desnecessários até então rea l izados pelos operadores . Todo o process o , agora , não demora ma is que 1 6 , 2 minutos . Os ganhos de produt ividade com a redução destes desperdícios foram de 8 , 8 % , e os recursos desembolsados foram praticamente irre levantes ( em 2 , 7 meses estariam pagos ) . Estes benef ícios não consideram a redução dos estoques de eixos-padrão . Para a redução dos desperdícios na operação dos fornos de indução , foram tomadas as seguintes medidas : o carregamento dos fornos passou a ser feito de forma mecânica , empregando-se cestos ; a superf ície l íquida era coberta o mais rapidamente possível para evitar perdas de calor ; a tampa era removida nos 134 momentos estritamente necessar10S ; os li ngotes passaram a ser carregados por calhas apropriadas ; os li ngotes começaram a ser armaz enados próximos dos fornos , na posição adequada para o carregamento , a f im de evitar movimentos desnecessários enquanto a tampa estivesse aberta; o operador passou a observar a quantidade de carga dentro dos fornos , de tal forma que não houvesse sobrecargas ; e as amostras do metal fundido passaram a ser retiradas rapidament e . Estes procedimentos possibilitaram uma redução d e 3 7 , 1 5 % n o consumo d e energia em Kwh n o parque fabri l r r , entre setembro de 1 9 9 1 e a média de 19 9 0 : neste ano , o consumo de energia elétrica foi de 2 7 , 08 kwh por motor produz ido , enquanto naquele mês foi de 17 , 0 2 kwhjmotor produ z ido . No parque r , a redução foi de 1 2 , 57 % entre outubroj 9 1 e fevereiroj 9 1 , porém tomou como referência a medida de potência nominal instalada ( CV ) : em fevereiroj 9 1 , consumiu-se 1 4 , 0 0 Kwh por CV ; em outubro j 9 1 , o consumo médio por CV foi de 1 2 , 2 4 Kwh . Não é à toa que este trabalho se conf igura entre os melhores j á produ z idos pelos operários da Weg . Os esforços para a redução do consumo de energia e létrica não se l imitaram aos fornos de indução . Foram rea l i z adas campanhas " c l aro-escuro" para a conscient i z ação dos funcionários sobre a importância da colaboração de cada um e de todos os setores da empresa . Um projeto em parceria com a Celesc ( Centrais E létricas de Santa catarina S j A ) , dentro do programa Proce l , estendeu a campanha para as residências dos func ionários . E , por fim, o rebaixamento da altura das lâmpadas do teto . Todas estas providências culminaram por reduz i r o custo da energia e létrica da Weg em 1 4 % . A redução do tempo de set-up nos vários setores da Weg Motores é um história à parte . Os centros de usinagem do departamento de fabricação rv da Weg Motores , por exemplo , obtiveram economias , em alguns casos , superiores a 3 0 % . Na bobinagem do estator , outro processo-chave para a empresa , as melhorias no tempo de preparação foram , a inda , ma i s sens íve i s , da ordem de 5 0 a 8 0 % . O Programa Weg de Qual idade e Produt ividade enunc iou , em 1 99 1 , 2 5 4 metas só na Weg Motores . Destas , 1 3 7 ( 5 4 % ) foram atingidas . O índice de refugos da empresa reduziu-se para 1 , 14 , uma economia de 4 5 % para a empresa . Casos como o da bobinagem e o da us inagem demonstram os resultados positivos que a weg Motores vem a lcançando . O refugo nestes setores é muito baixo , de acordo com um dos entrevistados . Na us inagem , especi f icamente , além do refugo , o retrabalho caiu sensive lmente , representando um dos números mai s baixos da empresa toda . 135 Alguns dos fornecedores desenvolvem esforços no sentido de melhorar a qua l i dade dos materiais que vendem para a Weg . É o caso da F i lmep l ex , cuj o índice de qualidade ( ca lculado pela Weg Motores) era de 8 8 , 5 em 19 8 9 , e agora chegou a 1 00 % . Além deste exemp l o , há outros exemplos de fornecedores que vêm operando em regime de parceria com a empresa , com contratos de fornecimento e qualidade assegurada pela fonte . Os estoques de matérias-primas duram em torno de 3 0 d ias em 1 9 9 1 , 1 / 4 do que existia ante s , e , ainda , vêm caindo . A duração dos estoques de materiais em processo é a lgo próximo de 5 d ia s , 8 7 % menor que seu nível mais alto de 1 9 8 9 e quase 7 0 % inferior aos níveis médios do passado . Os estoques de matérias-primas não se reduziram em decorrência da adaptação dos fornecedores à nova concepção de fábrica da Weg Motores . É pequeno o número de fornecedores parce iros . A maioria dos fornecedores continua adotando programas tradicionais que não contribuem nem para a redução dos seus desperdícios , nem para a redução dos desperdícios da Weg . Os estoques de produtos acabados , por seu turno , podem não apresentar níveis mais satisfatórias que os do passado . TOdavia , a impressão dos entrevistados é de que os estoques de produtos acabados são mai s adequados ao perf i l da demanda da empresa e seu mix é mais f lexível hoj e em dia do que no passad o . Esta opinião se base i a , fundamenta lmente , em dois fatores : o tamanho dos lotes de produção caiu e o nível de satisfação do c l iente alcança índices de 90% (9 em 1 0 pedidos são entregues no prazo acertado) , 9 vezes melhor que o nível de 198 7 . O lead time de fabricação está , atua lmente , em torno de 5 d ias , representando uma poupança de custos da ordem de 5 5 % . O preço do motor pode ser outro indicador dos resultados obtidos pela empresa na "guerra" contra os desperdícios . Seu preço , em comparação a outros produtos e até mesmo em r elação à inf lação medida pela FGV, vem crescendo relativamente menos . A redução da papelada e de custos indiretos de apontamento é outro importante sinal das melhorias a lcançadas pela Weg . 4 0 % dos apontamentos e dos papéis s implesmente deixaram de existir . Além destes fatos enumerados , existem outras evidências de resultados positivos . Por exemp l o , um operador não leva mai s que 1 5 minutos para efetuar a troca de um fusível em sua máquina , uma tarefa cons iderada rotineira e simples . Antes , um funcionário gastava cerca de 4 5 minutos . Com isto , a máquina está em condições de operação norma l em 1 / 3 do tempo gasto no passado . Noutro exemp l o , a máquina 5070 apresentava 136 constantemente problemas de manutenção : em 19 9 0 , teria tido uma média de paradas para reparos de 5 7 vezes/por mês ; em fevereiro de 199 1 , houve ocasião que esta máquina parou 1 4 5 vezes por motivo de defeitos . Em novembro/ 9 1 , o número de paradas desta máquina teri a caido para 2 1 vezes . Em um outro exemp l o , observa-se a redução do quadro de operários , como consequencia dos ganhos de produtividade registrados pela Weg . Um terceiro turno foi extinto em decorrência de investimentos rea l i zados em uma nova fundição . Sobre a máquina Zema , após terem s ido rea l izadas as correções necessárias , uma nova amostragem foi feita . Desta vez , a carta de controle mostrou que o indice de capacidade do processo ( Cpk) desta máquina teria melhorado para 2 , 3 2 . Este resultado é tão melhor que , além de mostrar um processo capaz de atender às especificações , assegura confiança ( control e ) . A empresa voltou a apurar lucro em 19 9 3 , depois de dois anos no "vermelho " : US$ 5 , 3 milhões , no período de j aneiro a j unho . Por causa disto , os operários dividiram um prêmio de US$ 6 3 6 m i 128 • 28 Dados extraidos da Revista Exame , de 2 9 / 09 / 9 3 , p . 6 3 . 137 MARCOPOLO S / A CARROCERIAS E ÔNIBUS Informacões Gerais sobre a Empresa A Marcopolo S/A tem por SOC 1 0 maj or itári o e pres idente o engenheiro Pedro Paulo Bellini . Sua sede principal está loca l i z ada em Cax ias do Sul , a cerca de 1 3 0 Km de Porto Alegre . Nesta c idade , funcionam duas de suas fábr icas : a V i l a Planalto e a Ana Rech , a mais nova e mais moderna . A empresa tem na fabri cação de carrocerias de ônibus seu principal negócio . Os principa is produtos das fábricas de Caxias do Sul são os ônibus urbanos , os ônibus rodoviários , os microônibus e ônibus espec iais ( como são tratado s , por exemp l o , os ônibus articulados ) . Nestas fábricas , além das l inhas de montagem, a empresa usina boa parte das peças e componentes empregados nas carrocerias de ônibus , inclusive aqueles à base de fiberglass . A produção mensal destas fábricas é de cerca de 2 0 0 ônibus urbanos , 2 2 0 ônibus rodoviários e 3 3 microônibus . A Marcopolo S / A é considerada a maior fábrica da América Latina e a segunda maior do mundo no seu ramo . É l íder do mercado de ônibus rodoviário e microônibus , com, respectivamente , 5 2 , 6 % e 5 4 % de market share . Já no mercado de ônibus urbano , ma is concorrido , o seu share é de 22 , 2 % . A Marcopo l o S/A tem, a i nda , uma pequena fábrica em Porto Alegre onde produz , basicamente , microônibus urbano escolar com chassis Agra l e e faz reformas de ônibus ; uma outra em São José dos Pinhais ( Paraná ) , que é fornecedora de peças de f ibras de vidro para as l inhas de montagem de ônibus Marcopolo ; e , recentemente , a empresa abriu uma pequena fábrica em Portugal para a produção de ônibus rodoviários . O f aturamento da empresa em 1 993 foi de US$ 1 8 5 mi lhões , dos quai s metade corresponde a exportações . Em 1 9 9 2 , o principal mercado externo foi o México . No entanto , a Marcopolo S / A vende , também , para os Estados Unidos , Ch i le , Peru , Kuwait , Argent ina , Urugua i , Paraguai , dentre outros . Atua lmente , a empresa tem 4 4 0 0 funcionár ios , dos quai s 3 4 00 estão trabalhando diretamente na produçã o, em dois turnos de traba lho . 138 MARCOPOLO S/A CARROCERIAS E ÔNIBUS A Fábrica do Passado A Marcopolo S / A era uma fábrica " suj a , bagunçada , desorganizada " , segundo os entrevistados . Neste cenár i o , os estoques serviam de amortecedores , escondendo os inúmeros problemas que ocorriam dentro da empresa . Por outro lado , o estoque excessivo de peças e componentes , espalhados pelo chão da fábrica , Crl.ava d if iculdades , especialmente nas l inhas de montagem . Houve época de as peças se perderem ·em meio a tamanha confusão . E , neste caso , resolvia-se o problema requisitando à fabricação a peça desej ada . Esta medida aumentava os desperdicios provenientes da produção excessiva ou com estoques supér fluos , porque a fabricação nunca produzia uma única peça . Produz ia-se por " bateladas" ( lotes de grandes quantidade s ) . prevalecia a concepção do lote econômico , sob a crença de que era preciso otimi zar os custos de preparação de máquinas na fabricação ou de pedido nas compras com os custos de manutenção dos estoques . Com igual sorte , a introdução na fabricação de uma peça não-programada aumentava o tempo de espera , gerando a inda mais desperd ic ios . Desta forma , atrasava-se a produção das peças e componentes que rea lmente faltavam e , conseqüentemente , f icavam parados nas l inhas de montagem ônibus em processo até que a usinagem entregasse as peças necessárias . Outro fato descrito pelos entrevistados marcava as contradições vividas pela empresa com a manutenção de estoques excessivos . Por volta de 19 8 3 , a empresa percebeu que sua l inha de ôn ibus denominada "Geração 1 1 1 " estava ultrapassada e sentiu a necessidade de um novo produto . Grandes estoques de peças e componentes consumidos pelos ônibus desta geração " abarrotavam" a fábrica , quando se deu o lançamento da nova "Geração IV" . Boa parte destes estoques tornou-se , simplesmente , obsoleto de um dia para outro . Contaram os entrevistados que , naquela ocasião , a empresa teve que conviver com uma cena lamentáve l : balaios e mais bala ios de peças foram colocados fora , representando expressivos recursos j ogados na lata de l ixo . Outra caracteristica da fábrica tradicional da Marcopolo S / A era o baixo moral dos seus funcionár ios . Era uma greve atrás da outra , ocasionando grandes problemas . Houve ocasião em que toda Caxias do Sul trabalhava , enquanto a Marcopol o estava parada . Além disto , os indices de rotatividade e de absenteismo do pessoal eram altos . A taxa de absenteismo , por exemp l o , teria sido de 4 , 5 3 em 1 9 8 7 . Os funcionários não se sent iam motivados a trabalhar na empresa . 139 o processo d e produção de um ônibus era , também , muito comp licado , naquel a fábrica do passado . Para se fazer um ônibus , ut i l iz avam-se cerca de 5 0 gabaritos diferentes , representando desperdicios do tempo de espera , provocados pelo set-up , e desperdicios com estoques supérfluos , devido à manutenção de tamanha quantidade de disposit ivos . Era uma " loucura " , de acordo com os entrevistados , loca l i z ar o gabarito certo para o ônibus que estava em processo de produção . I sto sem considerar o fato que os gabaritos f icavam, normalmente , guardados longe do local onde seriam ut i l i z ados pelo operári o , ocas ionando movimentações desnecessárias d e idas e vindas com esta forma de atuar . Na Marcopolo S / A de antes , um ônibus levava de 1 5 a 2 0 dias s ó para entrar na li nha de montagem . O lead time da de empresa costumava ser 33 dias , com conseqüente comprometimento de sua imagem e de sua participação no mercado . Em 198 7 , o tempo de espera de um ônibus rodoviário era de 14 , 5 1 dias e de um ônibus urbano , de 1 3 , 9 6 dias . O c l i ente sempre foi exigente e sempre gostou de receber suas encomendas tanto mais rápido quanto possível . Neste sent ido , a Ca i o , uma das principais concorrentes , contava com uma vantagem compet itiva : conseguia entregar um ônibus ao cl iente 1 0 a 1 5 dias depois de recebido o pedido . Nesta fábrica do passado , as ferramentas empregadas também não eram padroni zadas . Isto tornava as atividades de set-up mais demoradas . As medidas adotadas para se ganhar tempo neste ambiente davam preferência para a produção de grandes lotes de peças . Um telex relacionava , constantemente , os itens faltantes dentro da empresa . As máquinas , em decorrência deste quadro , encontravam-se , regularment e , ocupadas . Além do número prolífero de disposit ivos de set-up, a variab il idade de modelos de peças de um ônibus era outra fonte de desperdicios do tempo de espera e de atraso na entrega do produto ao c l iente . Ela aumentava , também , o número de itens manipuláveis dentro da fábrica , permitindo a manutenção de maior volume de estoques supérfluos . A titulo de exemplo, a empresa fabricava ônibus com medida de saia2' de 8 50mm, 1 1 00mm , e assim por di ante . Cada um destes modelos representava , na fábrica tradicional da Marcopol o S / A , um ônibus inte iramente di ferente . Cada ônibus tinha um tipo de j anela , e isto signif icava ter mai s de 4 0 t ipos de j anela em estoque ou em processo para suprir a produção de cada um dos modelos de produto da empresa . Esta divers idade só agregava custos aos produtos . Era mais tempo de preparação , ma is estoque porque não se produ z i a uma un�ca unidade , mais atraso s , mais tempo se gastava para atender o pedido de um c l ient e . 2' Saia d o ônibus ( bagageiro) e o chã o . é a distância entre o porta-malas 140 A s compras d e matérias-primas (peças e componentes ) para a produção do ônibus obedeciam ao modelo convencional de compras , possibil itando , também , entre outras coisas , a incidência de desperdícios com estoques supérf luos . A compra de aço , por exemp l o , sempre foi feita por cotas , até por causa das características do mercado brasileiro : a produção não era suf iciente para atender ao consumo interno e havia , a inda , o incentivo para a exportaçã03o • Assim sendo , a empresa preferia comprar grandes quantidades para não parar sua produção por falta de matér ias-primas . o estoque de chassis31 era outro fato que representava bem a f i losofia das compras no passado , sej a por causa do lote econômico de compras , seja por causa da antecipação da demanda . Houve ocasião que o estoque de chassi s era de 2 0 0 peças , e levado demais para as necessidades da empresa , e o custo desta matéria-prima relativamente alto tornava cara sua manutenção . Eram desperdícios que se somavam aos custos , encarecendo o produto . Outra característica predominante nos programas trad ic ionais ut i l izados pelo Marcopolo S / A era o seu push system . A área responsável por compras adquiria matérias prima s , independentemente das necessidades ditadas por venda s , a fabricação produ z i a empurrando a produção para a s l inhas de montagem, sem se preocupar com o que e l as precisassem, e a montagem não era f lexível o suficiente para aj ustar-se às demandas variáveis do mercado consumidor . Um programa MRP administrava as necessidades de materi a i s e as datas de entrega e de compras de matérias-primas da empresa , segundo o push system . A ausência de uma mentalidade a favor da ident i ficação dos desperdícios da empresa e da adoção de programas que pudessem reduz i -los informati z ou , por um lado , a previsão de vendas para longos períodos de tempo . Por outro , os ajustamentos da produção em função da queda ou aumento da demanda eram demorados . Eram praticamente mensa i s . o MRP , neste cas o , como um programa passivo , não era vantaj oso para empresa , porque , sem um 30 Para o fabricante , o preço do aço l á fora era , normalmente , melhor que o interno , devido às interferências do Governo . 31 . A Marcopolo S / A , normalmente , adquire chassis para a pronta-entrega de ônibus a cl ientes . Este estoque é da prôpria empresa . Não deve ser confundido com outros chassis que se encontram pelos pátios da fábrica , que são dos c l ientes e foram comprados por e les diretamente dos fabricantes ( ta i s como Mercedes Benz , Scania , Volvo ) . Estes chassis f icam em consignação com a Marcopolo para a fabricação da carroceria do ônibus e não são contados para efeito de estoque de chassi s da empresa . 141 embutia desperd ícios nas ordens conteúdo discric ionár i o , geradas de fabricação e de compras . Estoques de produtos , de peças e componentes fabricados e de materias comprados , por achavam-se , por causa disto , sempre em níveis exemplo , inconsistentes com a real idade das vendas . À s vezes , faltavam itens no estoque , outras vezes havia excessos . Outra característica do antigo ambiente fabri l da Marcopo lo era sua manutenção precária . O pessoal da área comportava-se como " bombeiro" , mencionavam os entrevistados , aplicando pal i ativos para a resolução dos problemas de quebras e defeitos de máquinas do processo . O número de chamadas era a lto . O tempo perdido por máquinas paradas era a lto , até porque a equipe de manutenção, ocupada com outras máquina s , não tinha como atender pronta e simultaneamente a todos os pedidos . Muitas vezes , o downtime ocorria devido à inadequada lubri f icação e fa lta de asseio do operador com a sua própria I sto não agregava valor ao produto , máquina . somente desperdícios do tempo de espera . A fábrica do passado da Marcopolo foi concebida sob o enfoque do layout orientado para processo . As máquinas estavam organizadas funciona lment e , e seus operadores eram especial i stas que , segundo estas noções , melhoravam seu desempenho à medida que acumu lavam experiência ( curva de aprend izagem) . 142 MARCOPOLO S / A CARROCERIAS E ÔNIBUS Programas de Reducão de Desperdícios Implementados Numa v iagem de visita a empresas do Japão , em 1 9 8 6 , o pres idente da Marcopolo S / A , Pedro Paulo Be l l i n i , e o diretor industria l , C l audio Souza Gomes , trouxeram na bagagem muitas idéias de programas de redução de desperdícios . A primeira providência , que tomaram ao retornar ao Brà s i l , foi a de convocar uma reunião com todos os funcionários da empresa para a apresentação do material colhido junto às empresas j aponesas . De imediato , um grupo de funcionários do setor de p intura , reagindo favoravelmente às explanações , tomou a iniciativa , até então inédita , de l impar , pintar e organizar o seu local de traba lho . Isto tudo acabou culminando com o lançamento do " s i stema Marcopol o " , cuja f i l osofia pode ser sumarizada nos seguintes programas de redução de desperdícios : a ) Envolvimento do Operári o , através do Sumam ( sugestões de melhoramentos do ambiente Marcopolo) , grupos de qualidade ( círculos de controle de qualidade) e treinamento da mão-de obra . b) Produção " Puxada" , monitorada pelo S imps , ou s istema Integrado Marcopolo de Produção Solidár i a , que nada mais é que o kanban . c ) Limpeza e Organi zação , com a di fusão do princípio dos 5 " s " (seiri ou organização , seiton ou ordem , seiso ou l impe za , seiketsu ou conservação e shitsuke ou obediência ) . d ) Qua l i dade no Processo Fabr i l , com de dispositivos à prova de " bobeira" ( poka-yoke ) . o uso e ) Raciona l i zação do Uso do Espaço da fábrica , implementando-se em alguns setores o layout por produto e as células de fabricaçã o . Percebe-se que o sistema Marcopolo revela claras intenções de combate aos desperd ícios . É o que se pode ler em documentos , como o "Manual do Novo Colaborador " , produz ido pelo Centro de Tre inamento da empresa para a divulgação da nova f i losofi a de fábrica entre os funcionár ios . A regra destes programas é e l iminar e evitar tudo o que sej a desperdícios . No que tange especi ficamente ao programa de envolvimento do operár i o , percebe-se total compromisso do si stema com a motivação do operár io . Acredita-se que muitas das melhorias só podem ser rea l i zadas com a participação efetiva dos funcionários da Marcopo l o . Desta maneira , é d i f í c i l separar os resultados obtidos por programa , sem considerar o importante 143 papel ocupado pelo operário no processo . De inicio , no atual ambiente fabri l Marcopo l o , os operários passaram a ser conhecidos como co laboradores e , neste sentido , estão assumindo compromissos com a melhoria do desempenho da empresa . Tre inamento vem sendo a palavra de ordem e , com ele , espera-se que as pessoas da empresa mudem suas mental idades . É a partir deste tipo de programa de envolvimento do operário que a empresa tem conseguido difundir sua nova f i losofi a . Em 1 9 8 9 , foi fundada a Escola de Formação Profissional Marcopol o não só destinada ao desenvolvimento da mão-de-obra do quadro efetivo , mas , também , para a preparação de futuros funcionários para a empresa . F i lhos e parentes de funcionários , entre 14 e 1 6 anos , podem se matricular na escola para receber noções de ferramentaria , eletr icidade , desenho e portugués , dentre outros cursos . Os alunos recebem salários e têm direito aos mesmos benef ic ios pagos aos operários da empres a . Os melhores alunos são , normalmente , admitidos pela Marcopolo . A empresa estimula o rod i z io de funções nos departamentos e , nas células de produção , os operários são multifunciona i s . Esta medida , no entendimento dos entrevistados , contribui favoravelmente para a motivação do operár i o . Um funcionário passa a ter maior oportunidade para a identi f icação de suas aptidões e uti l i z a melhor seu potencial de trabalho a favor de melhores resultados para a empresa . Vár ios quadros foram instalados no interior das fábricas da Marcopol o , aplicando-se , neste caso , o conceito de andon ( um dispositivo de poka-yoke) com objetivos motivaciona i s . Um destes quadros , contendo a fotografia de todos os operários , registra o estado de ãnimo de cada um durante o horário de trabalho . O próprio funcionário colocaria uma cartelinha verde , amarela ou vermelha para assinalar seu estado emocional . Quando o s inal é amare lo , torna-se conhecimento de que o ãnimo do funcionário é regular . Se vermelho , ele está emociona lmente péssimo naquele momento . Um outro quadro registra a sati sfação dos cl ientes internos da empresa , considerando-se cl iente aquele setor que recebe peças , componentes ou submontagens de outros setores anter iores . Neste caso , o responsável por um setor , na qua l idade de c l iente , af ixa na l inha de seu fornecedor uma carinha alegre , ou indiferente , ou aborrecida , dependendo do seu grau de sat isfação quanto às suas relações . Outro quadro registra o desempenho do setor em relação às metas estabelecidas pela empresa , medindo-se a produt ividade de cada um . Nas l inhas , descrevem-se todos os itens ( consumo de materia l , consumo de tempo) , suas respectivas metas , os resultados obtidos e urna cartelinha verde ou vermelha indicando meta ating ida ou não . Há , ainda , gráf icos de controle que assinalam o comportamento do consumo de mater iais e de tempo em 144 cada setor . o Sumam é um grupo responsável pela aná l i se de problemas e de sugestões . É o CCQ da Marcopolo . A participação do operário é espontânea e não há pagamento de prêmios por sugestão . Cada grupo de melhoria do Sumam tem um l íder que pode ser identif icado dentro da fábrica por um crachá azul ( escritos em branco) , a fixado em seu j a leco . Os membros dos Suman ' s também podem ser distinguidos na fábrica , porque portam crachás brancos ( escritos em azul ) . No s istema Marcopolo , a produção passou a ser "puxada " , ao invés de " empurrada " . Este novo programa é monitorado por kanbans ( o Simps ) , destinado à coordenação das l inhas de montagem com a usinagem . De acordo com os entrevistados , somente 8 0 % dos itens fabricados são "puxados" pelo kanban . A empresa tem d i f iculdade de implantar o kanban 1 0 0% especi a lmente nos componentes opcionais . A f i losofia do programa MRP , neste ambiente , também mudou . Lidando com aproximadamente 8 0 0 0 0 peças e componentes , chegou-se à conclusão , na empresa , de que o programa MRP era perfe itamente compatível com os programas do si stema Marcopol o . Norma lmente , um ônibus consome cerca de 5 0 0 0 itens . No atual ambiente fabr i l Marcopol o , o programa MRP mantem interface com um programa CAD . Os pedidos dos c l i entes são , inicialmente , processados no CAD , que produz o design do ônibus com todas as especif icações do mode lo . Em seguida , estas especi f icações são explodidas pelo MRP nas necessidades de peças e componentes para cada pedido . Ou sej a , o programa define que o ônibus va i levar tantas poltronas , recl ináveis ou não , tantas s inaleiras de quê tipo , cor , desenho , e assim por diante . Estes softwares permitem, ainda , o levantamento do número de UP ' s ( unidades de processamento ) , um padrão de desempenho adotado pela Marcopolo S / A , que estima o consumo de tempo e de materiais na fabricação do ônibus , o qual será tomado como referência na medição da produt ividade e no estabelecimento do preço a ser cobrado . Os componentes de fiberglass (paine l , por exemp l o ) e outros itens do acabamento interno do ônibus ( tampa do compartimento do vídeo-cassete , por exemplo) são produz idos , normalmente , carro por carro (de acordo com a programação do MRP) , monitorados por broadcast e transferidos para as l inhas de montagem em containers que ident i f icam a ordem de fabricação na qual serão empregados . Outras peças usinadas na Marcopolo , tais como as colunas laterais e as cavernas do tet o , são mantidas nas pratele iras em dois escaninhos de cor marrom : um de uso e outro de reserva . Há , também , uma pratel e ira para chapas usinadas , cujos compartimentos as separam por ordem de fabricação emitida . é A quantidade de peças e componentes em cada escani nho suf ic iente ou para o consumo diár i o , semanal ou mensa l , 145 dependendo da quantidade que s e gasta e do custo d e manutenção destes estoques . Assim que um escaninho se esva z ia completamente , um funcionário afixa n e le um Simps (kanban ) , do qual constam especif icações do item e quantidade a produ z i r . s imultaneamente , inverte a posição do escaninho na prate leira , para o lado do corredor de acesso do pessoal da repos ição . A posição do escaninho na prateleira é perceptível à di stância . A fabricaçã o , por sua vez , só providencia o ressuprimento do escaninho no tempo necessário e na quantidade certa . Desta forma , só se produz para a reposição do que foi vendido . A quantidade existente em cada escaninho é suf iciente para abastecer a produção durante o lead time da us inagem . o programa MRP pode ident ificar , também , necessidades de compras para os materiais que a Marcopolo adquire de fornecedores , comparando-se estoques existentes com o vo lume de pedidos efetuados . Alguns estoques destes materiai s , como o chicote elétrico da G iacomet ( Caxias do Sul ) , são conservados em escaninhos de cor amarela , nas mesmas pratel e iras que abrigam as peças us inadas pela Marcopol o . Outros estoques são guardados num a lmoxarifado centra l , a exempl o dos pára-brisas e das borrachas de vedação . No que depende da Marcopol o , todos os esforços estão sendo envidados com o objetivo de reduzir os desperdícios provocados por unidades defe ituosas e com estoques supérfluos . No entanto , o nível de estoques e a qua l i dade das matérias primas só não são melhores , porque em a l guns casos a inda não houve condições de se desenvolver fornecedores . No caso das compras de aço , a título de i lustração , a empresa precisa acatar as normas dos fornecedores : compra-se , ainda , por cotas . Fornecedore s , a exemplo da Giacomet , recebem os entã o , rea l i zar a escaninhos va z ios da Marcopolo para , repos ição . A distância entre o fornecedor e a fábrica de õnibus fac i l ita a implantação do programa de desenvolvimento de fornecedores . No entanto , são poucos os fornecedores nesta s ituação . Em setembro de 199 3 , foi lançado o programa de desenvolvimento de fornecedores , cujos obj et ivos principai s 32 são : "Ter fornecedores confiáve i s , isto é , peças certas , na hora certa e quantidade exata, a um preço j u sto, com qualidade constante em todos os fornecedore s , e reduzir custos . A empresa pretende auditar seus fornecedore s , a fim de apresent ar-lhes sugestões de melhor i a " . O s istema Marcopolo mudou , através do simp s , não só a concepção de produção para estoque , de produção empurrada , como também deixou de apl icar a noção do EOQ . O per f i l das vendas compreende pequenas quantidades por modelo de ônibus , 32 Extraído do Polo Informativo ( j orna l interno de divulgação da Marcopolo S/A) , ano 9 , n . 6 9 , set j out/ 9 3 , p . 3 . 146 normalmente 5 a 6 ônibus por c l ient e , podendo chegar no máximo a 1 0 . Isto é vál ido tanto para cl ientes brasi l eiros como para os estrange iros . No caso da us inagem de peças , a produção vem sendo orientada não só pelo Simps , mas também por um programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quant idades . O obj et ivo é redu z i r o tamanho dos lotes de peças e componentes us inados . " Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar" é a f ilosofia norteadora dos comportamentos dos operários da empresa , a partir da difusão do principio dos 5 " s " do sistema Marcopol o , que nada ma is é que a prática dos programas de l impeza e organização da fábrica . As providências do programa foram : organiz ação das peças e componentes em escaninhos e prateleiras , instaladas próximas ao loca l onde seriam empregadas ; pintura da fábrica pelos próprios operários , especia lmente dos pisos , a f im de se separar os loca i s de tráfego dos locais de trabalho ; e l impe za do piso de fábri ca , bem como a conservação da l impeza dos loca is de trabalho . Uma comissão tem a atribuição de f isca l i zar bimestra lmente cada setor , atribuindo- lhe notas do ponto de vista da l impeza , organi z ação e segurança . É a aplicação do " Promasol" , ou Programa Marcopolo de Segurança , Organ i zação e Limpeza . No f inal do bimestre , o setor com menor número de pontos negativos recebe um troféu rotativo . O setor que ganhe este " concurso" por três vezes f ica com o troféu em caráter definitivo . No S istema Marcopolo , são ut i l i z ados , ainda , outros recursos do poka-yoke , tais como os quadros Sumam de acompa �hamento das sugestões de melhoramentos . Qualquer operárlo pode colocar suas sugestões nestes quadros . No entanto , deve-se destacar os quadros que apresentam exemp los de procedimentos corretos e errados em cada seção . Por exemp l o , como a solda deve e como não deve f icar . O quadro de procedimentos é uma orientação importante contra erros que venham a comprometer a qualidade do produto , dentro do programa de qual idade no processo fabr i l . O ônibus , no f inal do processo , passa por uma criteriosa inspeção , a f im de se comprovar a qualidade dos elementos de um extenso check-list . Afinal de contas , a empresa sabe que seu produto é feito para transportar pessoas e é pensando nelas que ele é fabricado . No atual modelo de fábrica da Marcopo lo , alguns setores t iveram seu layout a justado para produto . É o caso da us inagem e do setor de fabricação de poltronas . Nem todos os setores , no entanto , tiveram seu arranjo f i sico redesenhado . As células produzem de acordo com o cronograma do MRP e para as ordens de fabricação de produtos j á vendidos . Não se fabrica para estoques . No caso da us inagem , há células de fabricação (mini fábricas) de chapas grossas e de chapas f i nas 147 que cuidam d o corte , dobra , furaçã o , de solda e pintura destes itens , j anelas , dentre outras . Na célula i lustração , o processo inclui corte aço , colocação do vidro e pintura , j anela sai pronto para instalação . estamparia , pré-montagem célula de fabricação de de j ane las , a título de e moldagem das chapas de ou sej a , o conj unto da Na célula de fabricação de poltronas , adota-se , a inda , o formato em U . A Marcopolo recebe da us inagem a estrutura em aço da poltrona e adquire os demai s mater ia i s , como mo las , curvim, forro de compensado e espuma . No início do tri lho transportador , é instalada a estrutura da poltrona e , à medida que o tri lho se moviment a , os operários vão acrescentando as molas , o forro de compensado , a espuma e o curvim . Ao f inal da célu l a , a poltrona está pronta para a insta lação , de acordo com o broadcast . As poltronas são fabricadas na fábrica da V i l a Planalto . Quando são destinadas para a montagem d e ônibus rodoviár i o , elas são acondicionadas em um caminhão que as transporta até a fábrica de Ana Rech . Normalmente , o que se fabrica em um dia é ut i l i z ado no dia seguinte . Além disto , ferramentari a , manutenção e inspeção , antes f ixas no layout funciona l , estão , agor a , em processo de descentra l i z ação . o grau de descentral ização da manutenção depende das especi f i c idades de cada setor : nas linhas de montagem , por exempl o , os operários receberam treinamento para efetuar a lubr i f i cação de suas máquinas , uma vez que exigem maior cuidado . Além disto , o operár io deve z elar pela l impeza das máquinas constantemente . Estes princípios são o marco inicial do programa de Manutenção Produtiva Total ( TPM) , em fase de implementação . Por f i m , no caso de inspeção , os operários estão sendo treinados para atuarem como professores da qua l idade , em vez de s implesmente como operadores de máquinas . "A melhor qua l idade inicia-se comigo" e "vamos acreditar na qualidade produz ida" são a l guns dos slogans que se espalham pela fábrica e constam dos relat6r ios , como frases de efeito sobre a motivação dos operários . convém destacar o trabalho a empresa vem que desenvolvendo no sentido de padron i z ar e simp l i f icar produtos processos . e Métodos de trabalho , gabaritos , moldes , ferramentas e peças vêm passando por um criterioso exame , com o obj etivo de se reduzir o número de itens manipu lávei s pelos operár ios . 148 MARCOPOLO S /A CARROCERIAS E ÔNIBUS Resultados Obtidos com os Programas de Reducão de Desperd ícios A fábrica tradicional "bagunçada " , na fala dos entrevistados , deu lugar a uma fábrica l impa e organ izada . Ganhou-se espaço antes ocupado com peças e mais peças amontoadas pelos cantos , espalhadas pelo chão com r i scos de acidente do trabalho . Neste espaço economi zado , os funcionários puderam construir pequenos " j ardins" , onde poderiam ter a lgum passatempo nas horas de descanso e de refeição : j ogando , conversando com os colegas , lendo revistas , ou assistindo a programas de televisão . Foram construídas pelos próprios operários cabinas próprias para fumantes , de modo que estes não incomodariam os demais nem colocariam em ri sco a fábrica ( que l ida com diversos materiais inf lamáve i s ) . Além disto , a movimentação dentro da fábrica , de um modo gera l , f icou melhor . Parte da mão-de-obra indireta , contratada antes para a rea l ização de serviços de l impeza , manutenção e inspeção , pôde ser e liminada ( só em setembro / 9 3 , foram dispensados 1 4 0 funcionários , tota l i zando 5 0 0 n o ano) . Estas tarefas foram transferidas Para o próprio operário de produção . O número de chamadas para manutenção de máquinas vem caindo . Ao que tudo indica , máqu inas mais l impas e lubr i f i cadas desgatam-se menos . Os resultados obtidos com os banheiros da empresa são uma i lustração positiva . O usuário é quem se incumbe de sua l impez a . Nas entradas destes recintos , existem f eltros que o usuário coloca sob o sapato , sempre que quiser adentrar-se . Desta forma , ao des l i zar-se sobre os feltros , va i lustrando o chão dos banheiros e poupando a empresa dos custos de uma equipe de l impeza . Por todos os pontos da fábrica por onde se passa , não se vê ao menos uma ponta de cigarro , sequer um pedaço de papel j ogado pelo chão . Mesmo em setores críticos , como o da pintura e o da serraria , o grau de l impeza é impressionante . Os operários não disputam mais seu lugar com peças e com empi lhade i ras . Tudo se encontra no lugar certo . Ainda hoj e , são dadas sugestões para o uso mai s racional do espaço . A título de i lustração , dois funcionários foram f lagrados pintando no chão o local onde seriam colocadas f l oreiras para direcionar o fluxo de pessoas . Alegavam que a invasão de operários estaria prejudicando os trabalhos daque le setor , bem como colocando em risco a segurança dos colaboradores . 149 Os estoques intermed iários da empresa foram s ignif icativamente reduzidos . Os níveis dos estoques são a lgo em torno de 7 0 % inferiores aos mantidos antes do S i stema Marcopol o . Agora , as quantidades de peças e componentes armazenados nos escaninhos e nos containers são suficientes para suprir o consumo diário das l inhas de montagem , sem fa ltas que comprometam o lead time do ônibus . Nem mesmo as peças , que antes sumiam em meio à confusão , desaparecem mai s . Não s e registram, também , excessos desnecessários de estoques , conforme opinam os entrevistados . Por exemp l o , o estoque de chassis da empresa reduziu-se para 1 4 0 unidades , e plane j a-se manter em estoque um número ainda menor . Outra conseqüência positiva da redução dos desperdícios com estoques supérf luos é a queda nas perdas com peças obsoleta s . Em outubro de 1 99 2 , deu-se o lançamento da " Geração V" de ônibus Marcopolo e não foi registrado nenhum dos fatos que marcaram, com grandes perdas , o advento da "Geração IV" . Desta vez , tudo foi planej ado com antecedênc ia , de modo que nenhum estoque de peças e componentes tornou-se obsoleto com o lançamento da nova série . Foram os bala ios do passado que perderam o seu sentido dentro desta fábrica . Estas mudanças repercutiram favoravelmente dentro da empresa . A motivação cresceu entre os trabalhadores . Como evidência de que a motivação aumentara , as greves na Marcopol o acabaram . Há muito não acontece uma . Por outro lad o , entre 1 9 8 7 e 1 9 9 1 , o salário médio da empresa cresceu 4 5 % em dólares . Os salários atua is podem, ainda , não ser os melhores de Cax ias do Sul , mas é a empresa que , prati camente , dita os níveis salariais da cidade . A evolução das taxas de absente ísmo e rotatividade da mão-de-obra nos últimos anos pode ser outro indício de motivação . A taxa de absenteísmo melhorou 3 8 % em 1 9 9 1 , registrando um índice de 2 , 8 3 . A meta da empresa é fechar 1 9 9 3 com uma taxa d e 2 , 5 . O turnover , por sua vez , caiu para menos de 1 % . A Marcopolo investiu US$ 1 9 0 m i l em sessões de treinamentos em 1 9 9 0 e US$ 5 5 8 mi l em 1 9 9 2 . Na Escola de Formação Profiss ional Marcopol o , foram ministrados 2 0 a 3 0 cursos . Em 1 9 9 2 , os operários deram cerca de 1 1 0 0 0 sugestões . 2 6 % do quadro da empresa partic ipavam dos grupos de qual idade ( c írcu los de contro l e de qualidade ) . Embora no passado os números s e j am melhores que estes , os entrevistados não acreditam que a redução possa ser atribuível à desmotivação . Segundo e les , antes havia maior número de problemas que demandavam esforço de maior contingente de mão-de-obra . 150 Durante a vis ita , ocorreu um fato que i lustra bem o ambiente Marcopolo atua l . Alguém percebeu que havia r isco de que as peças armazenadas em um con tainer poderiam cair ao menor choque . E , se isto acontecess e , poderia provocar acidentes de trabalho . Imediatamente , o coordenador do setor e um responsável pelo Sumam foram comunicados para que se tomassem providências . Foi dada uma sugestão para a colocação de uma a l ça no container, de modo que as peças f icassem presas a e l a . Tanto o problema como a sugestão foram parar no quadro Sumam . Enquanto isto , noutro quadro Sumam , l ia-se que o consumo de aço , plástico e resinas , por exemp l o , estava dentro da meta f ixada ( uma cartelinha verde assinalava isto) . Por outro lado , as metas do consumo de tintas , fórmica , alumínio , vidros e carpete não tinham sido atingidas (uma cartel inha vermelha chamava a atenção para estes detalhes ) . Para os entrevistados , o fato de se apontar os resultados vis-à-vis as metas preestabelecidas possibil ita a geração de ações e sugestões de melhori a s , num processo contínuo . Estudos real iz ados na Marcopolo apontavam problemas no setor de fabricação de j anelas . Chegou-se à conclusão de que a d istância entre a armaz enagem dos itens e o local de montagem dos conj untos era responsável pelo l ead time mais alto e pela f alta de segurança dos operários . Uma mudança na estrutura das prat ele i ras combinada com a implantação do kanban foram rea l i z adas com importantes benefícios para a empresa . Em prime iro lugar , houve uma redução dos estoques intermed iários de peças neste setor : agora , as peças são fabricadas de acordo com a necessidade . E , em segundo , o ciclo de produção das j anelas diminuiu de 3 para 2 , 5 dias . o número de gabaritos foi reduz ido para 1 : com e l e se faz ia as duas laterais e o teto do ônibus , cuj o conjunto se denominava " casulo " , com grandes economias de recursos para a Marcopo l o . A estrutura , que antes gastava enorme tempo para seu aj ustament o , é preparada , hoj e , muito mais rapidamente . O único gabarito hoj e empregado é reguláve l , de acordo com o tamanho do ônibus , com grande redução do tempo de set-up . Para resolver seus problemas com o tempo de pintura do ônibus , a Marcopolo está construindo um novo setor de pintura mais moderno e ma is automat izado ( não é " rOboti zado " ) . Esta decisão permitirá que a pintura deixe de ser gargalo . Além d isto , a empresa deixará de pagar horas extras e o produto f lu i rá ma is rápido no processo . dias e 33 O l ead time do ônibus rodoviário reduziu-se para 7 , 2 do ônibus urbano para 5 , 2 dias33 • A redução de Nos meses de fér ias coletivas , a empresa mantem trabalhando cerca de 10% do quadro de funcionários . Nesta ocasião , o tempo de espera é , substancialment e , mais e levado . 151 desperdícios me lhorou de 6 3 a 5 0 % o tempo de espera da empresa . Quanto ao tamanho dos lotes , a empresa preferia produ z ir lotes de pequenas quantidades ( 5 a 6 ônibus por c l ient e , no máximo 1 0 ) , porque isto representava atender um número maior de c l ientes . A produt ividade� da empresa passou de 1 , 6 1 em 1 9 9 1 para 2 , 17 em 19 9 2 . Os custos de produção do ônibus diminuíram em torno de 3 0 % . 1 99 2 , S imultaneamente , a Marcopolo cresce no mercado : só em suas vendas cresceram 4 0% em relação ano anter ior . � Dados divulgados pela Exame agosto j 1 9 9 2 e agosto j 19 9 3 . (Melhores e Maiores) de 152 CAPÍTULO V - ANÁLISE DOS RESULTADOS V . 1 - Introducão o obj etivo principal deste capitulo é ana l isar , a parti r das informações contidas nos três casos descritos anteriormente , as diferenças e semelhanças em r e lação ao quadro-resumo proposto ao final do capitulo da revisão de l iteratura . Assim sendo , na primeira parte deste capítu l o , pretende-se destacar o s tipos de desperd ícios diagnosticados nos casos em estudo , bem como suas principai s fontes . Em seguida , serão ana l i sados os programas de redução de desperdícios empregados pelas empresas pesquisadas . Finalmente , o cap ítulo será concluído com a aná l i s e dos dados que evidenciam a efic iência dos programas , face aos desperdícios por eles e l iminados ou reduzidos . V . 2 - T ipos de Desperdícios e suas Causas É possível que uma única causa se ja responsável pela geração de ma is de um tipo diferente de desperdicio . Como é possível igua lmente que um tipo de desperdício s e j a causa de outro . Em qualquer cas o , a organi zação dada para a aná l ise a seguir é uma questão de ordem prática . Nos casos descritos anteriorment e , foram ident i ficados todos os tipos de desperdícios levantados por OHNO ( 1 9 8 8 ) no sistema de produção da Toyota , e , que se encontram sumari zados no quadro-resumo proposto ao f inal do capítulo 1 1 deste trabalho : 1 ) Desperdícios ou superprodução . provenientes da produção excessiva 2 ) Desperdícios do tempo de espera , especi a lmente aqueles provenientes do tempo de preparação das máquinas ( set up) e os assoc iados ao tempo de manutenção das máquinas ( downtime ) . 3 ) Desperdicios provocados por unidades defeituosa s . 4) Desperdicios com estoques supêrf luos . 5 ) Desperd icios com movimentos desnecessár ios , do processamento inúti l e relativos ao excesso de transporte . Os desperdícios provenientes da produção excessiva têm como fonte principa l a concepção tradicional de fábrica a f i losofia Just-in-case , o modelo " fordista" de gestão da 153 produção , corroborando KAPLAN ( 19 8 3 ) , ANTUNES JR. et a l o ( 19 8 9 ) e STALK JR . ( 19 8 9 ) . Nas três empresas , foram encontradas evidências que comprovam esta conclusão , dentre as qua i s podem ser destacadas : produção em massa , com o objetivo de raciona l izar os custos e , s imultaneamente , acelerar a produção das empresas ; a economia de escal a ; e a e liminação dos desperdicios da capacidade de produção , a f im de se otimiz ar o uso dos meios de produção , redu z i r sua ociosidade e minimi zar os efeitos dos custos fixos das empresas . Outra fonte de desperdicios provenientes da superprodução era o emprego do modelo do " lote econômico" de produção ( EOQ) , que procura interpretar o trade-ott entre os custos de preparação das máqu inas e os custos de manutenção dos estoques , confirmando a tese de SCHONBERGER ( 19 84 ) . As empresas não sabiam l idar com o set-up, sob a impressão de que estes custos f ixos não pudessem ser raciona l i z ados . Na WHITE MARTINS SOLDAGEM , por exemp l o , a tarefa de calibragem das máquinas consumia uma parcela significativa de custos . Na WEG MOTORES , o tempo de preparação de máquinas desenvolvidas pela própr ia empresa nem era considerado ; o de máquinas comprada s , para esta empresa , era def inido pelos fornecedore s , e l idava-se com ele como se fosse imutáve l . Os s istemas empregados no passado mormente baseavam-se na antecipação da demanda nas programações e em casos , como o da WHITE MARTINS SOLDAGEM e da MARCOPOLO , f icou clara a prática da produção "empurrada" (push system) , a exemplo do que c itaram CORR!A e GIANESI ( 19 9 3 ) . A WEG MOTORES ut i l i z ava um sistema PCS e a WHITE MARTINS SOLDAGEM o programa MRP , segundo a concepção da produção " empurrada" . Toda esta prática resultava na produção de lotes de tamanhos grandes , na produção batch (por bateladas ) , muitas vezes prior i z ando-se o que era mais fácil fazer , e não o que era preciso . Este quadro se agravava , primeiro , com a formação de estoques supér fluos , muitos com ri scos de se tornarem obsoleto s , a exemplo do que aconteceu na MARCOPOLO por ocas ião do lançamento da "Geração IV" de ônibus ; segundo , com o aumento do lead time , aumentando-se os atrasos nas entregas de produtos aos c l ientes ; e , terce iro , comprometendo a organi z ação das fábricas . Os desperdicios do tempo de espera foram subd ivididos naqueles que são provenientes do tempo de preparação e os associ ados com o tempo de manutenção das máquinas , respeitando se a classif icação das principais fontes destas perdas , segundo SCHONBERGER ( 19 8 4 ) , MOURA ( 1 987 ) e BRICK et a I . ( 1989 ) . Os desperdicios do tempo de espera provenientes do tempo de preparação das máquinas tinham origem , principa lmente , no changeover . A falta de padron i z ação dos di spositivos de set up, a d istância em que estes dispositivos eram armazenados ( em setores foca l i zado s , longe das máquinas onde seriam empregados ) , a precariedade das ferramentas e o processo 154 rudimentar de aj uste das máquinas por tentativa-e-erro caracterizavam os métodos tradicionais de trocar ferramentas nas máquinas , com grandes perdas de temp o , e permitem confirmar muitas das hipóteses l evantadas por HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) Às sobre este assunto . vez e s , em decorrência da indisponibil idade de uma ferramenta , urna máquina e seu operador f i cavam parados e comprometiam todo o ritmo da produção . Outras vezes , corno foi possível ver na MARCOPOLO , perdia-se um tempo enorme para se loca l izar o gabarito certo , porque o número de gabaritos era pro l ífero e ainda estavam mal-organ i z ados . A demora na troca das ferramentas ( changeover) , também , era decorrência do acúmul o de serviço dos operários encarregados do set-up ( especia l i stas de função ) , ou do treinamento inadequado da mão-de-obra , ou da falta de costume com trocas constantes de produtos nas máquinas (mais comum , à medida que a empresa reduzi a o tamanho dos lotes ) . Daí , comprovam-se as preocupações destes c itados autores quando d i z em que decisões isoladas que visam a redução do tamanho dos lotes de produção são l imitadas , quando não há nenhuma iniciativa para a redução do tempo de preparação das máquinas . Os desperdícios do tempo de espera assoc iados ao tempo de manutenção das máquinas eram atribuíveis à manutenção precár i a . Os desperd ícios se avolumam com a reinc idência de defeitos e com as novas paradas . Muitas vezes , corno a WHITE MARTINS e a MARCOPOLO observaram , os defeitos surgiam da falta de cuidados e l ementares na operação da máquina : lubr i f icação , l impeza e aperto e reaperto de parafusos . O a lto número de chamadas e a existência de um setor especi a l i z ado em manutenção , com um quadro insufic iente para toda a fábrica , eram fatores comp l icadores que concorriam para a deterioração dos trabalhos de recuperação das máquinas . Nem mesmo os programas convencionais de manutenção prevent iva eram adequados para resolver os problemas dos desperdícios ocasionados por uma máquina parada . Norma lmente , e les dependiam de pessoal e de programação , quase sempre incompatíveis ao atendimento das necessidades fundamenta i s das máquinas . Ou sej a , como apregoara NAKAJlMA ( 1 98 9 ) , as quebras ocorrem menos como conseqüência do desgaste natural das máquinas e mais por falhas dos seus próprios operadores . Havia casos de falta de coordenação entre as áreas de planej amento e a de manutenção , na WHITE MARTINS SOLDAGEM, especialmente quando se tratavam de áreas f ixas : este parou uma máqu ina para rea l i zar a manutenção e aquele contava com a sua d isponib i l idade para a produção . Embora somente esta empresa tenha revelado tais desencontros , o problema era comum às empresas que se norteavam pela f i losofia tradiciona l de fábrica . Os desperdícios provocados por unidades defeituosas eram tratados nas empresas pesquisadas como um fato inexorável . 155 Não podiam ser previstos e muito menos evitados , como WILD ( 19 7 2 ) conc luíra . Ou como ANTUNES JR. et a I . ( 19 8 9 ) d i z em ao associar este modo de pensar e agir na fábrica tradiciona l à apl icação mais exata da Lei de Murphy . As três empresas reclamam dos seus fornecedores e de seus programas tradicionais , atribuindo-lhes parte da responsab i l idade dos pre j u í zos reg istrados com refugos , retrabalhos e reclamações de c l i entes . Na MARCOPOLO , não houve informação suf i ciente para o levantamento de desperd ícios provocados por unidades defe ituosas , muito embora possa-se inferir sobre a sua existência e relacionar algumas iniciativas desta empresa à tentativa de reduz i- los , como , por exemp l o , a f i xação de control e s visuais que aj udam o operário a ident i f icar erros na instalação de componentes dos ônibus . Certamente , qualquer que seja o pretexto para se expl icar a existência das unidades defe ituosa s , estas questões eram vivenciadas tanto por fornecedores como por compradores e eram resultantes da menta l idade tradicional legada de JURAN ( 19 7 9 ) : o modelo de otimização dos custos de qua l idade , sob cuj o enfoque qua l i dade custa caro ; e um certo volume de desperdícios provocados por unidades defeituosas era preferíve l , desde que minimizasse os custos das falhas vis-à vis os custos de prevenção e ava li ação . As empresas continuam a rea l i zar a inspeção de recebimento , consumindo-se tempo , pessoal e materiais de teste que não agregam valor aos produtos . O uso da inspeção focal i z ada baseada no nível aceitável de qual idade (AQL) , a inda , era um fato e não era suficiente para impedir o input de matérias-primas defe ituosas no processo fabr i l . E o que é p ior : somente a inspeção f inal detectava os defe itos e , então , refugava ou retrabalhava os itens rej eitados . Quando nem e l a fosse e f ica z , o defe ito era percebido pelo c l iente , com perda de imagem e de mercado para o fabricante . Todas estas passagens conf irmam as hipóteses de DEMING ( 1 98 6 ) , SUZAKI ( 1 9 8 7 ) e MIRSHAWKA ( 19 9 0 ) sobre a prática pouco e f icaz da inspeção e do nível aceitável de qua l idade no que tange à redução dos desperdícios provocados por unidades defe ituosas . Lidando com fornecedores com qua l i dade pouco ou nada con f i áve l , a WEG MOTORES e a WHITE MARTINS SOLDAGEM , por exemp l o , encontraram muitos indícios de defeitos nas peças e componentes comprados . A manutenção de setor espec i a l i z ado na inspeção de recebimento , per se , é uma prova da falta de conf i ança que compradores sentem em relação às empresas fornecedoras . Pouquíssimos são os casos de parcer ia . Conf irmando SUZAKI ( 1 987 ) , a incidência de desperd í cios provocados por unidades defe ituosas refletia-se no tamanho dos lotes de produçã o , cuj a quantidade era tal que , expurgados os refugos , restavam somente as unidades " boas" necessárias para o atend imento dos pedidos dos c l ientes . A WEG MOTORES conseguiu 156 demonstrar isto perfeitamente , ao mostrar como eram embutidos os indices médios de defeituosos na definição do tamanho dos lotes . No entanto , esta metodo logia não assegurava melhores resul tados . Ocorreu , em a 19uns momentos , de a produção de unidades defeituosas ter sido menor que a prevista , colaborando com a formação de estoques supérfluos . Noutros momentos , as peças excedentes pertenciam a um pedido espec í f ico , e não havia garantias de que pudessem ser uti l i zadas novamente : mais estoques supérfluos se acumu lavam , desta vez de peças prat icamente obsoletas , cujos custos de manutenção e de fabricação só agregavam custos aos produtos das empresas . No passado , não houve indicios de que a produção de unidades defeituosas teria sido um problema para as empresas . Naquela época , era ma is fácil transferir os custos dos refugos e dos retrabalhos para os preços . Norma lmente , os c l ientes pagavam passivamente estas perdas , a exemplo do que acontecia com a fábrica de cervej as [ uma situação descrita por DEMING ( 19 8 2 ) para abordar o assunto ) , que comprava garrafas de um determinado fornecedor e não se incomodava com o fato de encontrar a l gumas unidades defe ituosas , porque o fornecedor as substituía por outras unidades "boas " . Os desperdícios com estoques supérf luos , tal vez , tenham sido um dos ma is graves nas empresas pesquisadas . Em muitas s ituações , como que relembrando as opiniões de LUBBEN ( 198 9 ) , os estoques serviam de amortecedores de todas as anoma li a s do processo . Se o tempo de produção era longo , estoques maiores de produtos acabados poderiam servir para acobertar este problema . Se o processo não estava sincroni zado , estoques se formavam à frente e atrás com o propósito de garantir o trabalho ininterrupto de homens e máquinas . Se , circunstancialmente , faltassem vendas , a fábrica não podia ficar parada : a f i l osofia trad ici onal orientaria a produção para estoque . Se se registras se , norma lmente , perdas com unidades defeituosas , era prefer ível precaver-se com estoques . Se o l ayout era orientado para processo , as distâncias entre os setores poderiam ser minim i z adas com a produção do mesmo item , numa quantidade que não obrigasse o operário a andar freqüentemente de um lado para outro , dentro da fábrica . As causas para a formação dos estoques poderiam ser outras , como , por exemp l o , a estrutura do mercado fornecedor , em muitas áreas o l igopol i z ado . Nestes casos , o poder de barganha do fornecedor é ma is a lto e torna-se uma fonte de incertezas nas entregas das matérias-primas para as fábricas compradoras . HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) tratam desta questão ao examinar as prováveis fontes dos desperdícios com estoques supérf luos . A WHITE MARTINS SOLDAGEM citou , a título de exemp l o , o caso da Termomecânica , a única empresa brasi leira a produ z ir o latão , sua mais importante matéria-prima . Como não tem s ido possível mudar a menta l idade deste fornecedor , a WHITE MARTINS encontrou um bom pretexto para j ustificar os seus a ltos níveis 157 de estoques de matérias-primas . Para ela , a matéria-prima é f lexíve l , porqu e , enquanto tal , poderia ser transformada em qua lquer um dos produtos de sua l inha . Flexível ou não , o certo é que ter um nível de estoque para dois meses custava muito mais para ela que se tivesse o suficiente para a produção do dia , por exemplo . Além deste motivo , havia outras razões que j ustif icavam a incorrência de desperd ícios com estoques supér fluos , corroborando HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) . De um lado , os fornecedores produz iam , igualmente , em grandes lotes de produção , por batch , porque acreditavam na economia de esca l a , a exempl o d e qualquer outra empresa que adotasse a f i losof ia Just-in-Case , impondo com isto aos c l ientes pedidos maiores ; e porque fabricavam unidades "ruins" que seriam excluídas . Seu tempo de produção era , simi larmente , grande , pelas mesmas raz ões das empresas que l idavam com o set-up como um dado constante , e faltavam- lhe s , com isto , a f lexibil idade necessária para a lterar suas programações . Aliás , a falta de f lexib i l idade , não só do fornecedor como da fábrica compradora , era imputável freqüentemente ao pressuposto do balanceamento da fábrica , com o f im de se manter a produção uniforme e constante . O que , por sina l , é muito coerente com as conclusões dos mesmos autores ao tratar da matéria . Esta providência evitaria os transtornos com a demissão de pessoa l , nas épocas de vendas baixas , e da contratação nos momentos de demanda mais a lta . Não era concebível imaginar um operador de um torno , por exempl o , sem ter o que produ zir , ocupando-se com a l impe za e manutenção de sua máquina , com a participação em círculos de controle de qua l idade. Operário ocioso dentro de uma fábrica tradicional era s intoma de grave problema . Acontece que , nos dias de hoj e , a demanda é raramente estável e freqüentemente variáve l . Este cenário traz compl icações para as empresas que insistem na prática do balanceamento , a não ser que não se incomodem com a formação de mais estoques supérfluos . De outro lado , era cómodo para as empresas transferir a culpa pelos estoques supérfluos para os fornecedores . Em a l guns casos , costumava ser econômico adquirir determinadas quantidades de matérias-primas , peças e componentes . É isto que determina o " lote econômico" de compras . Seguindo-se a prática do mode l o de fábrica tradiciona l , sustentado por KAPLAN ( 1 9 8 3 ) , HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) e CORR�A e GIANESI ( 19 9 3 ) , estoques eram mantidos sob a suposição de que , assim, compensariam os custos dos pedidos : a burocracia dos pedidos , as cotações constantes e as inspeções de recebimento . Certamente , os estoques de matér ias-pr imas não eram os únicos indíc ios de excesso desnecessário . Ratif icando GOLDRATT e FOX ( 1 9 9 2 ) em sua analogia à tropa de soldados e HARMON e 158 PETERSON ( 19 9 1 ) , sob a suposição do balanceamento d a capacidade da fábr ica , estoques intermed iários espalhavam-se pelo pi so de fábr i c a , comprometendo espaço e a movimentação de operários e mater iais e consumindo importantes recursos f inanceiros . Independentemente da cadência individual de um processo em relação a outr o , estoques-pulmão eram formados para se garantir o r itmo da produção e a ocupação de máquinas e operár ios . A WEG MOTORES precisou conviver com o pedido de recursos de capital para a construção de um novo prédio , que abrigaria estoques j á sem lugar para depósito, para reconhecer o pesado custo f inanceiro imposto pela manutenção de estoques incontrolavelmente crescentes . A MARCOPOLO experimentou perdas em decorrência do desaparecimento de peças e componentes em meio à desorganização em que se envolveram seus estoques , uma das prováve i s fontes de desperdícios com estoques supérf luos no entendimento de SUZAKI ( 19 8 7 ) e HAY ( 19 8 8 ) . Além disto , lamentou , numa época em que sua s ituação f inanceira era instável , o descarte de uma quantidade signif icativa de itens obsoletos : recursos que foram desperdiçados sob a forma de materiais irrecuperávei s , assim como salár ios e outros custos incorridos para a sua produção . o layout orientado para processo ou funcional foi a principal fonte de desperdícios com movimentos desnecessários , do processamento inút i l e re lativos ao excesso de transporte . Entre as conseqüênc ias deste modelo de fábrica tradiciona l , apontadas por HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) , as peças na WHITE MARTINS SOLDAGEM , por exemplo, chegavam a percorrer de 4 0 0 a 5 0 0 metros para passar de um processo para outro . I sto acarretava , ainda , desperdícios do tempo de espera , com estoques supérfluos e maior necessidade de espaço , para citar alguns . Outras vezes , as fábricas se aproveitavam do espaço que tinham e eram pródigas na criação de setores foc a l i z ados , normalmente distantes dos locais onde teriam que efetivamente atuar . Por exemp l o , a existência de um setor longe das máquina s , que cuidava , exclus ivamente , das ferramentas e outros d ispositivos de set-up , contribu í a , ainda , com a geração de desperdícios do tempo de espera provenientes do tempo de preparação . O funcionamento de um setor de manutenção , igualmente d istante das máquinas , aumentava os desperdícios do tempo de espera , desta vez daque les associados com o tempo de manutenção . Não se estava considerando o fato de que estes setores , na maioria das vezes , não tinham quadro de pessoal sufic iente para atender satisfatoriamente toda a fábrica . Setores de l impeza também eram constituídos com o propósito de desempenhar funções específ icas e não agregavam valor ao produto , somente custos . Inspeção e a lmoxarifado f ixos não melhoravam o desempenho das empresas . Ao contrário , permitiam o manuseio desnecessário de materiais dentro das 159 fábricas , gerando desperdícios . Apesar de tantas fontes de desperdícios , a impressã o , que se tinha ao observar a s coisas acontecendo nestas fábri cas , era a de que os operários estavam ocupados e trabalhando . Movimento não s ignifica trabalho nem acrescenta valor ao produto , disse SUZAKI ( 1987 ) . Na verdade , perdia-se muito tempo nestas empresas andando-se de um lado para outro , a f im de se resolver problemas simples de natureza operacional . Neste ambiente , o operário era espec i a l ista de uma única máquina e de uma única funçã o . Era possível deparar-se com um operário comandando , ao mesmo tempo , um grupo de máquinas , todavia , todas rea l i z avam a mesma operação . Suas tarefas eram rig idamente def inidas . Estes comportamentos embasavam-se nos conceitos legados de Taylor e nos pressupostos da curva de aprendizagem, conf irmando-se as proposi ções de MONDEN ( 19 8 4 ) , HAY ( 1988 ) e ROESCH e ANTUNES ( 1 9 9 0 ) . A forma empírica como o trabalho era executado naquelas fábricas do passado da MARCOPOLO e WHITE MARTINS SOLDAGEM era outra grave causa de desperdícios com movimentos desnecessários , do processamento inút i l e relativos ao excesso de transporte . Freqüentemente , isto decorria da falta de planos ou da ut i l i z ação de planos incipientes e ma lformulados , que não conseguiam definir adequadamente os procedimentos de uma operação . Como se viu em experiências descritas por Perroneti em 1 7 6 0 [ c itado por MORROW ( 1 9 5 7 ) ] , por GILBRETH e GILBRETH ( 1 9 1 7 ) e por Taylor , dentre outros , estas fontes existem há mui to tempo e algumas delas até chegaram a ser obj eto de programas de redução . contudo , as melhor ias obtidas foram incipientes . A WEG MOTORES foi um bom exemplo di sto . Há mui to , pre � �up �va-se com o estudo do trabalho , ana l isando sua sequenc l a , medindo seu tempo e examinando os movimentos rea l izados para a sua execução mais racional possíve l . Porém, nenhum destes estudos era defini ti vo nesta empresa . Sempre existia a possibil idade de a lguém achar uma alternativa ma is econômica para a rea l i z ação da mesma tarefa . A desorgan ização e a suj eira no piso de fábr i ca , outra conj ectura de SUZAKI ( 1 987 ) também contribuíam, comprovadamente , para a geração de desperdícios . Os operários e as emp i lhadeiras , por exemp l o , precisavam desviar-se dos itens que iam se avolumando pelo caminho . Além de movimentos desnecessários e excesso de transporte , os riscos de acidente de trabalho faz iam parte do quotidiano destas fábricas . Na MARCOPOLO , registravam-se desperdíc ios com movimentos desnecessár ios , do processamento inút i l e relat ivos ao excesso de transporte na transferência de poltronas da fábrica de V i l a Planalto para a fábrica de Ana Rech , quando da montagem do ônibus rodoviár i o . Checagem das ordens , carregamento , descarregamento e nova checagem eram a lguns dos _ 160 possíveis manuseios que esta empresa podia estar repetindo rot ineiramente , e nenhum deles agregava valor ao produt o ; isto sem contar a poss ibil idade de danos para as poltronas durante o transporte . Como conseqüência da prática de procedimentos que só agregavam custo s , a manutenção de um quadro de funcionários maior que o necessár io , especia lmente de mão-de-obra indireta ( supervisão mais cara ) , e a papelada pareciam ser as mais relevantes . Na WHITE MARTINS SOLDAGEM , o s istema processava mensalmente 4 0 0 0 0 formu lários e , nem por isto, e l e era s inônimo de e f icáci a . V.3 - Programas de Reducão de Desperd ícios o Quadro 5 sumar iza os programas de redução de desperdícios abordados nos casos transcritos no capítulo anterior . Além disto , procurou-se identi ficar os programas de redução que , embora anal isados no capítulo da revisão de l iteratur a , não estej am sendo adotados pelas empresas pesquisadas . Ressalta-s e , em alguns programas , a existência de planos de imp lantação , assim declarados pelos entrevistados nas empresas pesquisadas . Outras vez es , nem mesmo se cogitou a possib il idade de se implementar alguns dos programas li stados . Cabe fazer algumas considerações sobre o s ignificado de a lguns programas constantes do Quadro 5 . Assim, quando se f a l a em envolvimento do operário , está-se refer indo à implementação de programas de treinamento , de sugestões e de atividades de grupo ( como é o caso dos círculos de controle de qua l idade ) . Na Weg Motores , ocorreu o único caso de não-adoção do programa de sugestões . Nesta empresa , o programa de envolvimento do operário compreende os programas de treinamento e a s atividades de grupo . Quando se fala em Just-in-Time , estará se refer indo à introdução do "pacote" de programas que o compõem , a saber : programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades , programa de desenvolvimento de fornecedores , programa de produção "puxada" monitorada por kanban s , programa de raciona l ização do uso do espaço mediante layout por produto e células de fabricaçã o , programa de automação de baixo custo e padronização e simp l i ficação de produtos e processos . Igua lmente , o programa tecnologia avançada de manufatura pode incluir CAD , CAE , CAM , CAD/ CAM , Robôs , máquinas CNC , dentre outros . De todos os programas de redução de desperdícios l i stados no quadro-resumo ao f inal do capítulo da revisão de l iteratura , o OPT é o único programa que não foi adotado por nenhuma das três empresas pesquisadas . Entre as razões apontadas para isto , percebe-se que se trata de um software 161 Quadro 5 Programas de Redução de Desperdícios Implementados pelas Empresas Pesquisadas Programa s \ Empresas White Martins Weg Motores Marcopolo FI FI PI MRP/MRP I I I I Produção Nivelada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades I I I PI FI FI Produção " Puxada" Monitorada por Kanbans I NI I Raciona l iz ação do Uso do Espaço I FI I Automação de Baixo Custo I I I Qua li dade no Processo Fabr i l I FI I Limpez a e Organização da Fábrica I I I Envolvimento do Operário I I I Padronização e Simp l i f icação de Produtos e Processos I I I Tecno logia Avançada de Manufatura (AMT) FI FI FI Manutenção Preventiva Total ( TPM) FI FI FI Just-in-Time Desenvolvimento de Fornecedores OPT Legenda : I NI NI NI I - Programa 1mplantado FI = Programa em fase de introdução PI Há planos de introdução NI = Não se cogita a introdução = 162 mais novo , menos difundido , mais caro e complexo que o MRP . Ao que tudo indica , há empresas , como a WEG MOTORES , que só recentemente começaram a ut i l izar o MRP e que ainda não se fam i l ia r izaram totalmente com as peculiar idades de um ambiente informat i zado . Esta pode ser outra razão para a não-adoção do OPT o Embora o quadro mostre que vários programas estej am implantados nas empresas , é possível afirmar com as observações rea l i z adas pelo pesquisador que o programa de envolvimento do operário é o mais presente nas empresas , em função até da antiguidade com que vem sendo apl icado , como é o caso da WEG MOTORES , cuj os círculos de controle de qua l idade ( CCQ ' s ) estão em funcionamento há mais de 10 anos . As empresas parecem concordar com HUTCHINS ( 1 9 9 3 ) que atribui a este programa o empreendimento eficaz das mudanças pretendidas . Este mesmo autor aponta o desenvolvimento dos operários como o fator mais crítico do sucesso dos programas de redução de desperd ícios . I sto confirma o crescimento das sessões de treinamento como forma de capacitação do operário para ambientes de melhoria constante de desempenhos e redução de desperdícios . A MARCOPOLO criou uma escola de formação prof iss ional e a WEG MOTORES e a WHITE MARTINS SOLDAGEM mantêm centros de treinamento , onde cursos são oferecidos para seus funcionários e para futuros operários da empresa . Nestas "sa la s d e aul a " , o s operários aprendem a executar tarefas antes a cargo de especialistas do quadro de funcionários , cuja existência só agregava custos aos produtos destas empresas . Tarefas , como a de preparar sua própria máqu ina para a produção e as de l impar , lubr if icar , fazer aj ustes e reapertos de parafusos nas máquinas , fazem parte , agora , das atribuições dos operadores , atualmente multifuncionais . As empresas implementaram , também , o programa de automação de baixo custo . Muitas veze s , as melhorias surgem de sugestões dos grupos de qualidade das empresas pesquisadas . Estas sugestões proporcionam modificações simp l e s , e quase não requerem invest imento de capita l , com grandes economias de desperdícios para as empresas . É a instalação de um maga z ine ( gabarito) no lugar de uma régua , como ocorreu na WEG MOTORES , ou a s imp l i f icação dos gabaritos para a fabricação do "casulo" do ônibus , na MARCOPOLO . Estes são a lguns dos inúmeros exemplos que poderiam ser citado s , conf irmando-se os tratados sobre o assunto procedentes de YAMASHINA ( 1 988 ) , NAKAJlMA ( 1 98 9 ) , NETO ( 19 8 9 ) e HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) . Monitoração da preparação das máquinas , classif icação do set-up e procedimentos de melhorias fazem parte do quot idiano das empresas que buscam redu z ir seus desperd ícios do tempo de espera . Outro programa mencionado durante as entrevistas foi o Just-in-Time ( JIT) . O JIT é uma f i losofia "guarda-chuva " , no entendimento de LUBBEN ( 1 987 ) , que engloba a implementação de um conj unto de programa s , a saber : programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quant idades , programa 163 d e desenvo lvimento de fornecedores , programa de produção " puxada" monitorada por kanbans , programa de raciona l i zação do uso do espaço mediante layout por produto e células de fabricação , programa de automação de baixo custo e padron i z ação e s imp l i f icação de produtos e processos . Segundo a noção de EBRAHIMPOUR e SCHONBERGER ( 1 9 8 4 ) , SCHONBERGER ( 19 8 4 ) , SUZAKI ( 1 98 7 ) , HAY ( 1 9 8 8 ) e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) , somente a MARCOPOLO tem mostrado evidências de implementação da f i l osofia JIT . A WHITE MARTINS SOLDAGEM reconhece que o Just-in-Time não está totalmente imp lantado na fábr ica , mas é um objetivo a a lcançar . Ela não introdu z iu , a inda , o programa de desenvolvimento de fornecedores , uma das peças-chaves da f i losofia JIT . A WEG MOTORES , por sua ve z , nem mesmo considerou o assunto . Esta empresa tampouco aplicou , a inda , o programa de produção "puxada" monitorada por kanbans . Entre os programas MRP e MRP-I I , as empresas pesquisadas estão implementando basicamente o programa MRP . A MARCOPOLO e a WEG MOTORES pretendiam , com este programa , conseguir maior ef iciência na redução dos desperdí c ios com estoques supér f luos , perfeitamente compatível - na opinião da primeira empresa - a ambientes onde a f i l osofia JIT é apl icada . A WEG MOTORES , particul armente , estabeleceu uma outra meta para o MRP : redu z i r o lead time de fabricação de seus motores e l étricos . A WHITE MARTINS SOLDAGEM , por seu turno , reconhece o MRP como um programa passivo , criado para se " empurrar" a produção , a exemplo da crítica discutida por KARMARKAR ( 19 8 9 ) . Todos , porém , concordam com RIBERA ( 19 8 6 ) , quando d i z que a e ficácia do MRP depende da qualidade dos dados ut i l i zados . Outros programas estão empresas pesquisadas . São eles : sendo implementados pelas a ) Produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades , cuj o objetivo é atingir um nível tal de f lexibil idade que se tenha condições de operar com lotes pequenos de produção , quiçá unitár ios . As programações , antes f irmes e imutáveis para um mês ou mais , e " empurrando" a produção sob a concepção da antecipação da demanda , agora prevêem volumes suficientes para atender as vendas diárias , sob o reg ime da reposição dos estoques vendidos . Certif icando-se SCHONBERGER ( 19 8 4 ) , SUZAKI ( 19 8 7 ) , HAY ( 19 8 8 ) e CORRtA e GIANESI ( 19 9 3 ) , os pressupostos deste programa nas empresas determinam que as necess idades mensa i s agregadas são d istribuídas , homogeamente , pelos dias de efetivo trabalho do mês e os produtos revezam-se no processo diariamente . b ) Qual idade no processo fabr i l , com a transferência da responsabi l idade da qualidade para o operário que fabr i ca . Presume-se com isto que o funcionário terá condições de detectar problemas de defeitos , erros em operações e falhas nas máquinas , enquanto estiver trabalhando . A prática deste programa de redução de desperdício é urna evidência de que as empresas implementam as idéias da f i loso f ia do TQe , 164 convencidas , a exemplo de SCHNEIDERMAN ( 1 98 6 ) , d e que qual idade custa menos . "O operário pode fazer certo da primeira ve z " , c itada por SUZAKI ( 19 8 7 ) , é uma a f ina frase que se perfeitamente aos modos de agir e pensar mai s modernos das empresas e sa l i enta a preocupação com o assunt o . Dispositivos de j i doka são introduz idos com o f im de prevenir erros e defe itos , dentre os quais destacam-se os mecanismos de poka yoke ( especia lmente os controles visua i s ) . Além d isto , as empresas procuram divulgar os resultados nos quadros espalhados pelas fábricas e em seus boletins informativo s . É que o comparti lhamento por um número sempre maior de pessoas causa impacto favorável sobre o moral dos trabalhadores , segundo SUZAKI ( 1 9 8 7 ) , propiciando motivação para o prosseguimento dos programas . HAY ( 19 8 7 ) ao procurar sintetizar as etapas do programa "qual idade no processo fabri l " , ident i ficou o CEP como sendo um dos principa is instrumentos de monitoração do processo . a Empregado pela WHITE MARTINS SOLDAGEM e WEG MOTORES , aplicação do controle estatistico do processo tem permitido a rea l i zação do diagnóstico das causas da variabi l idade do processo , mantendo-o capaz e confiáve l . c ) Tecnologia avançada de manufatura (AMT ) , com a apl icação de máqu inas-robôs na WEG MOTORES e na WHITE MARTINS SOLDAGEM , CAD na MARCOPOLO e máquinas CNC nas três empresa s . Este programa impõe maciços investimentos d e capital e , por esta razão , as empresas pesquisadas o aplicam com restrições e sob r igoroso orçamento , o que ainda confirma os resultados da pesquisa de FENSTERSEIFER e BASTOS ( 198 8 ) , mesmo depois de alguns anos de sua rea l i z ação . O programa CAD da MARCOPOLO é integrado ao programa MRP , permitindo que o pedido de um ônibus s e j a traduz ido em um design e , a partir deste , na expl osão das necess idades de peças e componentes para a sua fabricação , na l iberação de ordens de fabricação e de compras de peças e componentes , quando for o cas o . Além disto , o CAD imprime os r i scos com os desenhos que serão pintados na carroceria do ôn ibus , com grande economia de tempo , como deduz ira ADLER ( 19 8 9 ) . Os robôs e as máqu inas visam s impl i f icar as operações de troca de ferramentas , mais demoradas nas máquinas convenciona is , rea l i zando de uma só vez várias etapas do processo . d ) Manutenção preventiva total ( TPM) . Todas as empresas começaram a desenvolver este programa muito recentemente , coexist indo , ainda , com setores foca l i zados de manutenção . As empresas pretendem , futuramente , transferir as tarefas de manutenção básica para os operár ios , e l iminando uma das principais causas dos defeitos das máquinas . Há s inais de a lguns avanços neste sentido , como acontece na MARCOPOLO , onde os operadores , depois de receberem treinamento para ta l , j á lubr i f icam e l impam rotineiramente suas máquinas . Esta é , sem dúvida , uma das etapas do TPM: como o ataque direto proposto 165 por SUZAKI máquinas . ( 1987) à s cinco grandes causas dos problemas das e ) Padroni zação e simpl i f icação de produtos e processos . Empresas , como a WEG MOTORES , há muito se preocupam com os métodos de trabalho , com a multip l i c idade de d ispositivos e ferramentas de set-up . Muitas das melhorias advindas da apl icação de outros programas de redução de desperdícios não se concreti zam , se não há procedimentos de padron i z ação e s imp l i f i c a ç ã o sendo empre g a d o s concomitantemente . Como disse FALCONI CAMPOS ( 19 9 0 e 1 9 9 2 ) , "não existe controle sem padronização" . f ) Racional ização do uso do espaço, com o redesenho dos layouts tradicionais ( or ientado para processo ou funciona l ) . De um modo gera l , as empresas não conseguem implementar este programa para toda a fábrica . Como aconteceu na WHITE MARTINS SOLDAGEM , uma "minifábrica" ( célula de fabricação) de forj ados e inj etados fo i criada , porque seria inviável a aqui s ição de prensas de 4 5 0 toneladas para cada um dos produtos , sem contar o fato de que estas máquinas f icariam praticamente ociosa s . Desta forma , esta empresa preferiu criar células de fabricação somente no processo de montagem . Esta é uma constatação de um dos obstáculos levantados por SUZAKI ( 19 8 7 ) para a implementação deste programa de redução de desperdí ci os nas empresas . Na MARCOPOLO , alguns processos foram transformados em célu l a , como aconteceu com o processo de fabricação de j anelas , da produção de poltronas e com boa parte da fábrica de usi nagem de chapas . Contudo , a lguns setores conservam , ainda , o desenho tradicional por processo . A descentral ização de setores antes foca l i z ados , tais como l impe za , ferramentaria e almoxarifados , como teri a dito SUZAKI ( 19 8 7 ) , é outra experiência pela qual passam as empresas pesquisadas , associável ao programa de raciona l i z ação do uso do espaço . As questões que di zem respeito a seus fornecedores são tratadas com muita parcimôn i a . O mercado fornecedor para estas empresas é constituído por poucos vendedores . Em a l gumas situações , como o do fornecimento de latão ( uma das principais matérias-primas para a WHITE MARTINS SOLDAGEM) , o fornecedor é exclusivo e detem maior poder de barganha . Nestes casos , a WEG MOTORES e a MARCOPOLO têm encontrado di f iculdades na implementação do programa de desenvolvimento de fornecedores . Para a WHITE MARTINS SOLDAGEM, desenvolver fornecedores é um obj etivo futur o . Mesmo assim, esta empresa antecipa os prob lemas que há de enfrentar futuramente . Os fornecedores acham que o programa é uma forma de se transferir estoques do comprador para o vendedor e obstam a prática das programações de produção de entregas freqüentes . Muitos deles não concordam a " intromi ssão" dos cl ientes nos negócios internos com 166 das empresas , mesmo que o propósito sej a o de melhorar suas capacidades , como determinaram CORRtA e GIANESI ( 1 9 93 ) . As r e lações comerciais ainda são muito conservadoras . São relações d istantes , como se adversários fossem compradores e fornecedores , em nada contrapondo o que di ssera HAY ( 1 9 8 8 ) . Certamente , para se chegar a praticar o que SCHONBERGER e GILBERT ( 19 8 3 ) e SCHONBERGER ( 19 8 4 ) denominam por entregas freqüentes , as empresas precisarão percorrer um longo caminho . Neste sentido , envolver e comprometer os fornecedores é pr imord ia l , antevendo-se , ao se tentar empreender esta taref a , as mesmas d ificuldades narradas por SUZAKI ( 19 8 7 ) e NETO ( 19 8 9 ) , algumas das quais puderam ser comprovadas por BARCELLOS ( 19 9 1 ) no caso Maxion . Outro programa implementado pela MARCOPOLO e WHITE MARTINS SOLDAGEM é o da produção "puxada" , monitorada por kanbans . Na Marcopo l o , o disposi ti vo que procura manter os processos j untos e conectados recebeu o nome especi a l de S imps ( S istema Integrado Marcopolo de Produção Sol idár i a ) e é ut i l i z ado para a requis ição de peças da usinagem pela montagem . Além d isto , esta empresa adota um instrumento complementar - o broadcast - que requ isita a fabricação de peças , que serão usadas espec i f icamente em um pedido . Na WHITE MARTINS SOLDAGEM , um cartão manual e um eletrônico são ut i l i zados dentro da fábrica . A MARCOPOLO por ser urna praticante do JIT e a WHITE MARTINS por pretender implementar esta f i losof i a têm a lgo em comum . E l a s estão procurando colocar em prática as idéias defendidas por MONDEN ( 1984 ) , PEGELS ( 1 98 4 ) , SUZAKI ( 1 9 8 7 ) e HAY ( 19 8 8 ) , segundo os quais a meta da f i losofia JIT é a produção da quantidade necessár i a , no tempo necessári o , com a melhor qua l idade e o mais baixo custo, para se evitar desperdícios do tempo de espera e com estoques supérf luos . E complementam que isto não seria possível se a produção continuasse a ser "empurrada " , como no modelo de fábrica tradiciona l . As empresas pesquisadas , a despeito da preocupação de ( 19 8 8 ) , não confundem kanban com Just-in-Time . Outra falácia comumente cometida é o de tratar o kanban como se fosse um s i stema de controle de estoques . A MARCOPOLO dá s inais com seu s imps de que o cartão em sua fábrica procura cumpr i r as duas funções definidas por SUZAKI ( 198 7 ) : o controle da produção e a melhoria do process o , contendo-se as possib il idades de geração de desperdícios . HAY Finalmente , o programa de l impe za e organi z ação da fábrica representa , para as três empresas pesquisadas um espelho perfeito das mudanças ocorridas no ambiente fabri l . A MARCOPOLO passou a perceber resultados na fábr ica , quando um grupo de funcionários do setor de pintura decidiu por l impar , organi zar e pintar seu local de trabalho . Este comportamento em nada contradiz SUZAKI ( 1 987 ) no que ele considera ser os 167 prime iros passos d a administração empenhada na melhoria das atividades . Piso de fábrica l impo , estoques intermediários organi z ados em " s upermercados" e em loca i s adequados , loca i s pr6prios para movimentação e para trabalho , e prédios com a p i ntura renovada pelos pr6prios operários são alguns dos principais indícios da prática deste programa nas empresas . V . 4 - A Eficiência dos Programas Implementados para de Desperdícios a Reducão Ao se d iscutir os resultados , com o f im de se comprovar a e f i ciência dos programas nas empresas pesquisadas , é necessár io considerar a possibi l idade de um mesmo programa ser apl i cável a mais de um tipo de desperdício . Além d isto , um mesmo desperdício pode ter s ido reduzido pela ação e f i ciente , s imultânea ou não , de mais de um programa diferente . Portanto , a citação de a lgum resultado em referência a um único programa obedece a uma discipl ina meramente prát ica . TOdavia , optou-se por concluir esta parte com números que tenham s ido resultados , direta ou indiretament e , da apl icação do conjunto de programas de redução de desperdícios implementados pelas empresas pesquisadas . Ou sej a , de uma certa for a , estoques supérfluos e lead time são atacados por todos os programas de redução de desperdícios referenciados neste trabalho . Começando pela f i losofia Just-in-Time , ela vem proporcionando importantes resultados para a MARCOPOLO . Dentre e les , podem ser destacados : a ) Através da implementação do programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades , reduçâ o , sobretudo, dos desperdícios provenientes da produção excess iva . D iminuiu-se s ignif icativamente o tamanho dos lotes de produção de peças e componentes . A empres a , agora , s6 fabrica o que for requis itado para a reposição dos escaninhos vaz ios das pratel eiras , das áreas de montagem . Ou o estritamente necessário para a montagem de Um ônibus , cOrnO , por exemp l o , as chapas de aço que serão empregadas na estrutura da carroce r i a , a s poltronas e o s conjuntos de j anelas . Alêm d isto , a restrição da empresa ao tamanho do pedido dos cl ientes é , também , evidência de que não é mais fonte de ganhos para a MARCOPOLO a produção em massa de dezenas de ônibus l iteralmente iguais . Para ela , o lote idea l é de 5 a 6 , no máximo 1 0 ônibus por cliente . O programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades contribuiu para a redução dos desperd ícios do tempo de espera e com estoques supérf luos . b ) Devido ao programa de produção "puxada " , moni torada 16 8 por kanbans , a produção e a compra de peças e componentes passaram a ser real izadas no exato momento em que se tornavam necessárias para a montagem . A manutenção de um volume bem menor de peças e componentes em estoque para suprir as necess idades de vendas proporcionou , de imediato , uma melhor coordenação entre os estágios de produção do ônibus . Os ônibus não param mais na l inha de montagem por falta de peças . Economizaram-se desperdícios do tempo de espera , com movimentos desnecessários , do processamento inútil e relativos ao excesso de transporte . O estoque passou a ser melhor monitorado pelos kanbans . Menor que os níveis do passado , e l e não desaparece , não se perde por obsolescênc i a , nem faltam nas prateleiras e nos containers . Os bala ios empregados para l ivrar-se dos estoques de peças e componentes , que se tornaram obsoletos com o lançamento da "Geração IV" de ônibus , são coisas do passado . O kanban tornou ainda mais viável a redução desperdícios provenientes da produção excessiva . dos Para a lguns itens , o kanban foi substituído pelo sistema broadcast com igual ef iciência . c ) O programa de raciona l i zação do uso do espaço , com a implantação do layout por produto e células de fabricação em a lguns setores , possibil itou a redução dos desperdícios . Reconhece-se que nem toda a fábrica aj ustou-se ao novo arran j o f ís ico . Mas , entre aqueles setores que conseguiram implementá l o , há fortes indícios que confirmam a eficiência deste programa para a redução de desperdícios do tempo de espera , com movimentos desnecessár ios , do processamento inút i l e relat ivos ao excesso de transporte . Este programa tem contribuído para a descentral i z ação de tarefas , antes a cargo de um setor fixo . A l impeza das máquinas , de banheiros e do piso de fábrica e a manutenção básica das máquinas ( lubri ficação , aperto e reaperto de parafusos) foram transferidas para o pr6pr io operador . As ferramentas foram instaladas em local junto às máqu inas nas qua is serão ut i l izadas . Algumas tarefas de inspeção são , agora , de responsab i l idade do pr6prio operár i o que produz . Conseqüentemente , parte do quadro da mão-de-obra indireta , paga pela MARCOPOLO para a rea l i z ação destas tarefas no passado , f icou ociosa . Até setembro de 1 99 3 , por exemp l o , a empresa pôde demitir 500 funcionários sem comprometer seu n ível de produtividade atual . d ) Foram reduzidos desperdícios do tempo de espera , especi almente daqueles provenientes do set-up , com a adoção do programa de automação de baixo custo . A simp l i f icação do número de gabaritos , reduzindo-se de 50 gabaritos empregados antes para um únic o , é uma demonstração das pequenas modi f icações implementadas pela empresa com grandes vantagens do ponto de vista de tempo , sem grandes investimentos de capita l . 169 Certamente , acredita-se que a redução d o tempo de preparação de máquinas tenha sido crucial para a continuidade do programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades . e) O programa de padroni z ação e s imp l i f icação de produtos e processo s , como parte da f iloso f i a JIT , tem proporcionado importantes resultados do ponto de vista da redução de desperdícios para essa empresa . A redução do número de gabaritos de 5 0 para 1 , como j á citado , é um bom exempl o das vantagens proporcionadas pela apl icação deste programa . Menos tempo se perde em loca l i zar o gabarito correto para a construção do "casulo" do õnibus , menos movimentação desnecessária , menos processamento inút i l . A simp l i f i cação do número de modelos de j anelas e de outras peças contribuiu para a redução dos estoques destes i tens e do tempo de espera , porque a a lternância de componentes na fabricação fo i minimi zada . f ) Acerca do programa de desenvolvimento de fornecedores , parcerias j á estão sendo estabelecidas com os fornecedores da empresa . É o caso da Giacomet , fornecedora de chicotes e létricos , cuj a fábrica está em Caxias do Sul . Os benef ícios destes programas são previs íveis tanto para a redução de desperdícios provocados por unidades defeituosas como para os estoques supérf luos . A loca l i z ação da Giacomet , também , é outro que se soma ao elenco de fatores que favorecem a obtenção de bons resultados para a empresa . NETO ( 1 9 8 9 ) disse que a d istância do fornecedor seria um dos grandes obstáculos à implementação das entregas freqüentes . Os resultados apurados pela MARCOPOLO confirmam a noção gener a l i z ada de SUZAKI ( 19 8 7 ) e HAY ( 1 9 8 8 ) sobre o Just-in Time , quando d izem que se trata de uma fi losofia de redução de desperdícios , que procura e l iminar tudo aqui l o que não agrega valor ao produto . Embora os resultados a inda estej am d istantes do idea l , como discorrido por CORR!A e GIANESI ( 1 9 9 3 ) , zero defeitos , tempo zero de preparação, estoques zero , movimentação zero , quebra zero , lead time zero e lote unitário de produção são metas que norteiam os planos desta empresa e, continuamente , impõem desafios ainda mais auspiciosos . Na WEG MOTORES e MARCOPOLO , são reconhecidos os resultados positivos do programa MRP como forma de redução dos desperdíc ios , princ ipa lmente daqueles com estoques supérfluos e do tempo de espera . Nestas empresas , o MRP tem sido um excelente instrumento de gerência de programações ( prazos e estoques ) . Para a MARCOPOLO , particu larmente , é perfeitamente compat ível com o pull system , o que confirma as teses de KARMARKAR ( 19 8 9 ) . A WHITE MARTINS SOLDAGEM, por sua ve z , quando critica a ef icácia do MRP , pode estar interpretando-o ma l . A empresa conviveu com graves problemas provocados pela falta de acurácia 170 dos dados inseridos no programa no passado e isto , como ( 19 8 6 ) , pode ter deixado uma falsa impressão MRP . Trata-se de um programa passivo de gestão com benef icios , como comprovaram SCHROEDER et a I . ( 19 8 2 ) , redução de estoques e de tempo de espera . RIBERA di ssera sobre o grandes para a Na WEG MOTORES e na WHITE MARTINS SOLDAGEM , o programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades conseguiu fornecer importantes contribuições para a redução dos desperdicios provenientes da produção excessiva e com estoques supérfluos. Estas empresas produzem , agora , o suficiente para atender às vendas diãrias . Seus lotes de produção são , atualment e , sensive lmente menores . Um fato pode revelar o beneficio intangivel que podem auferir as empresas que praticam este programa de redução de desperdícios . Antes de adotar o programa para a redução do tamanho dos lotes de produção, a WEG MOTORES não era ef icaz na entrega dos pedidos dos c lientes . A cada 10 pedidos , 1 era expedido no prazo combinado . Depois de reduz i r o tamanho dos lotes , esta empresa estã a lcançando níveis de desempenho bem melhores : agora 9 dentre 10 são despachados no pra z o certo . Ao que tudo indica , a WEG tem resolvido os problemas de f lexibi l idade que lhe acometiam no passado . Para quem vende no mundo todo , este resultado não poderia ser melhor . A h ipótese de SCHONBERGER ( 1 984 ) , SUZAKI ( 198 7 ) , HAY ( 1 9 8 8 ) e CORRtA e GIANESI ( 1 9 9 3 ) sobre o foco do programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades é confirmada nestas empresas . É perceptivel a redução dos estoques de produtos acabado s . Todavia , não se pretende e l iminã-Ios , porque esta decisão deixaria passar para o piso de fãbrica as oscilações da demanda , com a formação de estoques intermed iãrios supér fluos . Por outro lado , o programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades tem e fi ci ência l imitada , se outras medidas de melhoria não forem imp l ementadas , dentre as qua is aquelas recomendadas por SUZAKI ( 19 8 7 ) , relativas ao layou t , ao desbalanceamento da l i nha , ao set-up , às quebras de mãquinas , aos problemas de qua l i dade e ao absentei smo . Jã o programa de desenvolvimento de fornecedores , em fase de introdução na WEG MOTORE S , a inda não proporcionou resultados s igni f icativos . Repetindo outras exper iências , esta empresa espera encontrar dif iculdades em convencer seus fornecedores a adotar programas de redução de desperdícios . Certamente , com a aquiescência dos fornecedores em parcerias , os custos de aquisição das matérias-primas ( chapas de aço , cobre , rolamentos , a lumínio) poderiam ser minorados e a qual idade destes mesmos itens poderia contribuir para a redução dos desperd ícios provocados por unidades defeituosas . O programa de produção "puxada" monitorada por kanbans 171 apresenta resultados posit ivos para a WHITE MARTINS SOLDAGEM . contribui sobremaneira com a redução dos desperdícios provenientes da produção excessiva . Esta empresa só produz para repor o que foi vendido . Converteu-se numa fábrica make-to arder . Como resultado , a incidência de horas extras decresceu expressivamente . Os estoques de peças e componentes da WHITE MARTINS , armazenados no denominado " supermercado" da "mini fábri ca " , são repostos apenas quando se esgotam nos escaninhos . A usinagem, por sua vez , retira matéria-prima ( latão , cobre , alumínio) do a lmoxarifado apenas no momento exato em que dela necessita para a produção de peças . O a lmoxarifado de matérias-primas interrompe esta cadeia , por não estar l igado diretamente ao fornecedor pelo kanban . O método de compra continua sendo o tradiciona l : a empresa ainda não adotou o programa de desenvolvimento de fornecedores , embora tenha planos de fazê- lo . Importante ressaltar que o estoque de produtos acabados desta empresa ainda está em níve l muito acima do suf ic iente . Este é o resultado de anos e mais anos da prática de programas de " empurrar" a produção : boa parte deste estoque não é compatível com as necess idades atua is dos c l ientes . Apesar d isto , são perfe itamente perceptíveis as melhorias registradas por esta empresa no que tange à redução dos desperd ícios com estoques supér fluos , o que torna possível acrescentar estas experiências ao conj unto de casos de apl i cação bem-sucedida do pu11 system , ci tados por SUZARI ( 19 8 7 ) e HARMON e PETERSON ( 19 9 1 ) . Além destes , a WHITE MARTINS SOLDAGEM obteve , com a produção "puxada" , redução dos desperdícios do tempo de espera , com movimentos desnecessários , do processamento inút i l e relativos ao excesso de transporte . O f luxo do produto dentro da fábrica é , agora , bem menos tumu ltuado . E o fato de se produ z i r o necessário para atender a demanda dos cl ientes dá mais sentido ao trabalho dos operários . A apl icação do programa de produção "puxada" monitorada por kanbans não teria apresentado , por si s ó , resultados muito expressivos se as empresas não tivessem adotado outros programas de redução de desperdícios , a exempl o do programa de l impeza e organização da fábrica , de redução do tempo de preparação das máquinas , para citar alguns . Esta conclusão coincide com as de SUZARI ( 1 9 8 7 ) ao fazer comentários sobre os resultados apurados por um fabricante canadense de pneus . O programa de raciona l i z ação do uso do espaço é responsável pela redução dos desperdícios com movimentos desnecessários , do processamento inút i l e relat ivos ao excesso de transporte , tanto na WEG MOTORES e WHITE MARTINS SOLDAGEM . A reunião de máquinas que real i zam operações diferentes no processo em células de fabricação viab i l i z a a instituição do 172 operário multifunciona l , conforme preceituara SUZAKI ( 1 9 8 7 ) : um único operário comanda um grupo de máquinas , rea l i z ando operações d iferentes no processo , como pode ser visto na WEG MOTORES . Outros resultados corroboram a tese do mesmo autor . Tarefas antes sob a responsabi l idade da manutenção , da l impe z a , da inspeçã o , da ferramentaria e de encarregados da calibragem estão , agora , passando para os operadores de máquinas , na WHITE MARTINS . Esta medida tornou possi vel a redução de parte do contingente de mão-de-obra indireta da empresa . 7 3 % dos inspetores de qual idade , por exemplo , foram di spensados . O pessoal da calibragem foi , em quase toda sua tota l idade , demitido . A e l iminação de parte da mão-de-obra indireta redundou num ganho de produtividade de , aproximadamente , 8 % nos custos de fabricação da WHITE MARTINS SOLDAGEM . De um modo gera l , esta empresa consegue executar os mesmos níve i s de operações , que precedem a apl icação dos programas de redução de desperdícios , com 6 0 % do número anterior de funcionários . O programa de automação de baixo custo tem dado às empresas que o praticam excelentes resultados do ponto de vista da redução dos desperd ícios do tempo de espera , principa lmente dos provenientes do set-up. Os benef ícios obtidos da apl icação deste programa podem atestar a precisão das l ições de YAMASHINA ( 198 8 ) , NAKAJlMA ( 1 9 8 9 ) , NETO ( 19 8 9 ) e HARMON e PETERSON ( 1 9 9 1 ) . Na WEG MOTORES , ganhos de produt ividade da ordem de 8 , 8% são resu ltados de pequenas modif icações , efetuadas nas características dos seus tornos copiadores . Estas pequenas mod if icações demandaram poucos recurso s , mas foram o bastante para tornar ma is ágil a troca de produtos nestas máqu inas . A título de i lustração , consumiam-se 8 0 minutos no changeover desses tornos copiadores ; com o programa de automação de baixo custo , a troca de ferramentas dura pouco mais de 16 minutos . Outros resultados certificam a eficiência deste programa no combate aos desperdícios do tempo de esper a : nos centros de u sinagem da fabricação I V , gastam-se menos 3 0 % com o set-up das máqu inas ; e , no setor de bobinagem do estator , a redução chegou a 8 0 % do tempo de preparaçã o, em certos casos . Na WHITE MARTINS SOLDAGEM , alterações simples s impl i f i caram em 50% o tempo de preparação dos tornos automát icos . A prensa de 4 5 0 toneladas , cuj o set-up variava de 4 a 8 horas , não leva mais que 3 0 minutos para estar preparada para a produção . É muito provável que as melhorias na preparação das máquinas tenham proporcionado outros benef ícios : tamanho de lotes menor , menor movimentação e menos transporte ( os d ispositivos f icam mais próximos das máqu inas que os ut i l izam) , menor processamento ( el iminação da f igura do preparador e do inspetor de qual idade na estrutura da empresa) e menor estoque 173 de segurança rapidamente ) . (a produção consegue suprir as vendas ma is A descentra l i zação da qualidade para o operador de máqu i na , motivando-o a f iscali zar o seu próprio trabalho e a inspecionar o material que recebe , traduz-se em resultados concretos do ponto de vista da redução dos desperdícios provocados por unidades defeituosas . O produto não precisa mais chegar ao f inal do processo para ser refugado ou submeter-se ao retrabalho , com perda de material e tempo . Em qualquer etapa do processo , em sendo detectado o mínimo def e i to, o produt o , inacabado a inda , seria submet ido à recuperaçã o , se isto fosse possíve l , e em qualquer situação com grandes economias de tempo e de materiais . É a introdução da mental idade da prevenção antes do fato , como MONDEN ( 198 4 ) , SUZAKI ( 198 7 ) , HAY ( 19 8 8 ) e NETO ( 19 8 9 ) cons ideraram . Na MARCOPOLO , particularment e , acham-se a f i xados em quadros exemp los de operações corretas e incorretas , que aux i l i am o operador a detectar erros . Assim, é ma i s fá ci l e mais rápido saber se uma solda está certa ou não , se a f i ação f o i instalada adequadamente ou não , sem ter que aguardar pela inspeção f ina l . A descentra l ização da qual idade é um dos aspectos do programa de qua lidade no processo fabr i l . O controle estatí st ico do processo é um instrumento que pode ser uti l izado para a checagem do process o . Na WHITE MARTINS SOLDAGEM e na WEG MOTORES , onde o programa vem sendo implementado , os resultados para a redução dos desperdícios provocados por unidades defeituosas são evidentes . Nesta empresa , o índice médio de refugo era de 2 , 13 antes do programa ; com o programa , baixou para 1 , 14 . Naque l a , o índice de re je ição das válvulas é zero atua lmente , enquanto no passado o número de defeitos era a larmante ; entre os maçari co s , em um ano de programa , o índice de rej e ição caiu de 4 , 8 para 0 , 2 2 ; o índice de reprovação dos produtos da empresa no teste f inal simplesmente "despencou" de 1 9 % para 3 , 5% , em doze meses . Muitos destes resultados tornaram-se possíve is com o uso de cartas de controle ( CEP) no processo . Máquina s , que não eram cap a z e s , foram ident i f icada s , passaram por um processo de a j ustamento e manutenção , e foram recuperadas . É o caso de urna máquina Zema , na WEG MOTORES , cuj o Cpk , antes 0 , 4 7 , melhorou substancialmente ( 2 , 3 2 depois das correções) . Exemplos poderiam perfeitamente suplementar a l iteratura espec i a l izada no assunto , de nada devendo aos casos citados por autores corno DEMING ( 1 9 8 6 ) . Outros benef ícios surgiram a partir dos resultados proporcionados pelo programa de qualidade no processo fabr i l . Na WEG MOTORES , por exemp l o , o tamanho dos lotes de produção pôde ser reduzido ainda mais , porque , no passado , o índice méd io de unidades defe ituosas era considerado para efe ito de estabelec imento da programação da produção ( como se fossem os 174 defeitos inevitáve i s ) . Estoques supérf luos deixaram , também , de ser formados . Desperdícios com movimentos desnecessários , do processamento inúti l e relativos ao excesso de transporte foram poupados . A l impeza e a organização da fábrica compõem outro importante programa de redução de desperdícios . " Cada coisa em seu lugar e um lugar para cada coisa " . Este é o slogan citado por SUZARI ( 19 8 7 ) que tem servido para a promoção deste programa dentro das empresas . Nas três empresas pesquisadas , os resultados são impressionantes . pi sos de fábrica inteiramente l impos , máquinas asseadas , estoques no lugar , ferramentas próximas das máquinas , estas são algumas das rea l izações decorrentes da prática deste programa . Na MARCOPOLO , particularmente , a l impeza e a organ i z ação do piso de fábrica não só trouxeram economias do ponto de vista dos estoques como raciona l i z aram o uso do espaço . Nos espaços vagos , os operários construíram áreas de lazer , a lgumas das qua i s como recursos para a reorgani zação do tráfego dentro da fábrica . Não é preciso ver números para se convencer de que o programa de l impeza e organi z ação da fábrica gera , a inda , redução dos desperdícios provocados por unidades defeituosas , com movimentos desnecessários , do processamento inúti l e relativos ao excesso de transporte . o programa de envolvimento do operário , por seu turno , é cruc i a l para que os dema is programas possam efet ivamente produ z ir a lgum resultado positivo . As três empresas pesquisadas o empregam , revelando-se inúmeros casos em que sua apl icação tenha s ido bem-sucedida . A WHITE MARTINS e a MARCOPOLO desenvolveram , ainda , o programa de sugestões no contexto do envolvimento do operário . Embora o resultado desta empresa seja sensivelmente superior ao daque l a , quanto ao número de sugestões recebidas , o melhor dos resultados está longe dos padrões j aponeses . Como fator determinante do sucesso deste programa nas indústrias j aponesas , aponta-se a remuneração por sugestão paga ao seu trabalhador ; a lém disto , as sugestões dos operárlos das empresas do Japão concorrem a prêmios . Nem a MARCOPOLO nem a WEG remuneram as sugestões dos trabalhadores , tal vez achando-se n isto resposta para o baixo número encontrado . Por outro lado , nos círculos de control e de qua l idade importantes e em outras modal idades de envolvimento , contribuições estão aparecendo , com grandes economias de recursos para as empresas . Na WHITE MARTINS SOLDAGEM , cerca de US$ 6 0 0 mi l foram poupados a partir de sugestões dadas pelos seus CCQ ' s . 175 N a WEG MOTORES , por exemp l o , economias de 1 4 % no consumo ger a l de energ�a e létrica foram l ideradas pela adoção de mudanças nos procedimentos de operação dos fornos de indução , onde as perdas por irradiação de calor pOderiam chegar a 2 5 % . As sugestões foram propostas por um dos grupos de CCQ da empresa . A l iás , um fato semelhante foi narrado por FREYSSENET e HlRATA ( 19 8 5 ) em seu trabalho sobre os CCQ ' s numa indústr ia j aponesa . O envolvimento do operário pode repercut ir , direta ou indiretamente , em beneficios de redução de desperdicios do tempo de espera ( sugestões de melhorias do set-up e da manutenção ) , com estoques supérf luos , unidades defe ituosas , movimentos desnecessários , processamento inút i l e excesso de transporte . As empresas acreditam que a eficiência do programa só é possivel se o operário for envolvido . Dai , os investimentos em treinamento têm s ido cada vez mais altos . Na MARCOPOLO , de 1990 para 1 99 2 , os gastos com treinamento quase que tripl icaram , atingindo a casa de US$ 5 6 0 mi l . Na WEG MOTORES , foram investidos US$ 1 , 4 mi lhão em 1 9 9 1 contra US$ 8 0 0 m i l em 1987 . O programa de padronização e simp l i f icação de produtos e processos é uma espécie de coadj uvante do programa de automação de baixo custo , de limpeza e organi z ação da fábrica e de qualidade no processo fabr i l . Como FALCONI CAMPOS ( 19 9 0 e 1 9 9 2 ) concluira, sem padrões o potenc i a l de redução de desperdicios f ica bastante l imitado . Desta forma , a redução do número de operações de 12 para 7 , na preparação dos tornos copiadores na WEG MOTORES , dentre outros , adicionou relevante valor ao produto destas empresas . A WHITE MARTINS SOLDAGEM redu z iu seus gastos mensa i s com ferramentas de US$ 8 0 mil para US$ 3 0 mi l , graças à padron i z ação . Além dos desperdicios do tempo de espera e l iminados , menos estoques , menores lotes de produção e menos unidades defeituosas poderiam também acontecer , só para se ter conhecimento de alguns dos benef icios proporcionados pela adoção deste programa . A implementação do programa de Tecnologia Avançada de Manufatura (AMT) tem produz ido importantes resultados concernentes à redução dos desperdicios , confirmando os resultados apontados pela pesquisa de HUANG e SAKURAI ( 1 9 9 0 ) j unto à s empresas j aponesas . Entre os desperdicios redu z idos , destacam-s e : a ) os movimentos desnecessários , o processamento inút i l e o tempo d e espera provenientes do tempo d e preparação , na MARCOPOLO i b) o tempo de espera provenientes do tempo 176 d e preparação , produção excessiva , estoques supérf luos e unidades def eituosas , na WHITE MARTINS SOLDAGEM ; e c ) a produção excessiva , o tempo de espera provenientes do tempo de preparação , os movimentos desnecessários , o processamento inút i l , o excesso de transport e , os estoques supérf luos e as unidades defeituosas , na WEG MOTORES . Nesta empresa , um torno-robô é capaz de desenvolver várias operações em um único eixo , com maior con fiabi l idade , menos desperdicios provocados por unidades defeituosas , menor de espera e menor movimentação que os tornos tempo convenciona i s . Na WHITE MARTINS SOLDAGEM , um máquina operatr i z CNC r ea l i z a várias operações , procedendo várias trocas de ferramentas em questões de minutos . Convenciona lmente , esta operação envolveria um grupo de máquinas e tomaria muito mai s t empo . Sal ientam-se , também , as expressivas economias de tempo de espera que a MARCOPOLO passou a obter com a implantação do programa CAD , especia lmente para o design da pintura e desenho da carroceria do ônibus . Antes , este processo era tota lmente rudimentar ( os r iscos sob a estrutura da carroceria do ônibus eram f eitos manualmente ) . Por f i m , o programa de manutenção produtiva tota l , mes�,? em fase de introdução nas três empresas pesquisadas , J a consegue registrar vantagens . Entre as primeiras experiências advindas da implantação do TPM , destaca-se a transferência de pequenas tarefas de manutenção básica para o operador da máquina . Como dados ainda prel iminares do programa TPM , a MARCOPOLO a lega que houve redução do número de chamadas para manutenção só com a prática de limpeza e lubrif icação das máquina s , exatamente como apregoara NAKAJIMA ( 1989 ) . A WEG MOTORES demonstra uma redução substancial no tempo de troca de fusiveis queimados , um defe ito muito comum dentro da fábr i ca . Antes , levava-se 4 5 minutos para se efetuar uma destas trocas ; hoj e , somente 1 5 minutos . Quanto menos tempo f icar parada a máquina , ma i s e l a está d isponivel para a produção, menor seria o tamanho dos lotes , menos estoques de segurança . Quanto mais e f icaz for a manutenção , menos se perde com novas paradas e com a produção de un idades defeituosas . Na WEG , havia uma máquina que j á chegou a parar 1 4 5 vezes num único mês : atualmente , e l a tem reg i strado números bem menores ( 2 1 vezes num mês ) . Os dados a seguir podem comprovar a e ficiência dos programas de redução de desperd icios de forma general i zada para a WHITE MARTINS SOLDAGEM . Os indices de cobertura de produtos acabado s , que antes eram suficientes para 12 meses de vendas , hoj e abastecem a demanda de 4 a 5 meses . Si na l i zando as 177 melhor ias , sobram espaços nos a lmoxarifados de produtos prontos da empresa , antes repletos . Os estoques intermediários equival em a 1 / 3 dos níveis de antes , uma economia equivalente a US$ 1 mi lhão . O estoque de matérias-primas é menor , porque , hoj e , o obj etivo não é a ut i l ização de 1 0 0 % da capacidade da fábrica . Só acontece alguma coisa na produção se ocorrer efetivamente uma venda . O giro dos estoques da WHITE MARTINS subiu de 1 , 6 para 2 , 4 , no primeiro semestre de 1 992 . O lead time é outro elemento que revela impressionante melhoria nesta empresa . De 62 dias , ante s , o tempo médio de produção baixou para 15 dias . Com a redução de tantos desperdícios , a WHITE MARTINS SOLDAGEM elevou sua capacidade de produção sem rea l izar qua lquer investimento de capital e sem precisar pagar horas extras . Por exemp l o , a produção de maçaricos de corte passou de 1 4 0 unidades / dia para 2 1 0 unidades/dia e a de reguladores R-72 , de 5 0 unidades/dia antes subiu para 7 0 unidades/ dia hoj e . Entre os números f inais da WEG MOTORES , destacados : poderiam ser a ) os níve is de estoque de matérias-primas baixaram de 1 1 6 para 3 0 dias ; b ) os estoques de materiais em processo reduz iram-se de até 3 9 para 5 dias ; e, agora , c ) o lead time de um motor era de 1 1 dias é de 5 d ias ; e d ) a empresa , que operou com prejuí zos nos últ imos anos , fechou o primeiro semestre de 1 9 9 3 com lucro . O conj unto de programas adotados pela MARCOPOLO permitiu-lhe que seus níveis de estoques se redu z issem em cerca de 7 0 % . Mai s especif icamente , a título de i lustração, o estoque de chassis de ônibus caiu de 2 0 0 para 1 4 0 peças e o estoque de peças e componentes para a produção de j anelas diminuiu s ignificativamente . O lead time de um ônibus rodoviári o , que era de 14 , 5 1 dias , baixou para 7 , 2 dias ; o do ônibus urbano me lhorou substancialmente de 1 3 , 9 6 dias para 5 , 2 dias ; o da fabricação de j anelas , particularmente , conseguiu melhorar sua produtividade entregando um conjunto em 2 , 5 d i a s , em média , quando antes isto não acontecia antes de 3 d ias . A produtividade da empresa cresceu de 1 , 6 1 , em 1 99 1 , para 2 , 17 , valendo-lhe isto o título de melhor empresa no seu ramo , segundo a revista Exame (Maiores e Melhores) . Por outro lado , a MARCOPOLO atravessa um momento espec ial . Seu quadro de pessoal nunca esteve , como agora , tão motivado e enga j ado na busca de novas fontes de melhoria s . Estes conjuntos de resultados confirmam a efic i ência dos programas de redução de desperd ícios nas três empresas 178 pesquisadas . Não é possivel dizer , entretanto , qual deles tenha dado maior contribuição para a obtenção destes números , porque a precariedade das informações impede uma aná l i se amiúde da s ituação . Por outro lado , a combinação de todos os programas enumerados pode ter viabi lizado a redução dos desperdícios mencionados de forma mais efetiva . 179 CAPíTULO V I - RESUMO, CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS VI . 1 - Resumo o obj etivo deste trabalho foi ident i ficar programas de redução de desperdicios implementados pela indústria bra s i l e ira . Inicialmente , procedeu-se à revisão de l iteratura , onde se procurou fazer uma conceituação de desperd ic ios , uma de desperdicios classificação dos tipos princ�pa�s diagnosticados nas indústrias e um estudo sobre os principa i s programas de redução de desperd icios . Entre os tipos d e desperdicios , este trabalho l imitou-se a d iscutir aqueles tratados por ORNO ( 19 8 8 ) no S i stema de Produção Toyota , a saber : provenientes da produção excessiva ou superprodução , do tempo de espera , provocados por unidades defeituos a s , com estoques supérfluos e com movimentos desnecessários , processamento inút i l e relativos ao excesso de transportes . Os programas considerados neste trabalho , cuj a prática permite redu z i r estes desperdicios , foram: Just-in-Time (JIT) , MRP/MRP l I , Produção Nive lada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades , Desenvolvimento de Fornecedores , Produção " Puxada" Monitorada por Kanbans , Raciona l i zação do Uso do Espaço com o emprego do Layout por Produto e Células de Fabricaçã o , Automação d e Baixo Custo , Qualidade n o Processo Fabr i l , Limpeza e Organização da Fábrica , Envolvimento do operári o , Padron i z ação e S imp l i ficação de Produtos e Processos , Tecnologia Avançada de Manufatura (AMT) , Manutenção Produtiva Total ( TPM) e optimized Production Technol ogy ( OPT) . A revisão de l i teratura foi concluida com a apresentação de um quadro-resumo , no qual se propôs relacionar os programas de redução de desperdicios aos tipos de desperdicios que aqueles permitem reduz i r . Para se ver if icar a abrangência das relações contidas no quadro-resumo , foram rea l i z ados três estudos de casos , cuj a metodo logia acha-se no capitulo 1 1 1 deste trabalho . Os casos referem-se às empresas White Martins So ldagem Ltda . , Weg Motores Ltda . e Marcopolo S/A Carrocer ias de Ô nibus . Eles foram descritos no capitulo IV, com a preocupação de se narrar , numa primeira parte , informações gerais que caracterizam cada uma das empresas pesquisadas . Numa segunda parte , foram apresentados os principais fatos que se passaram nas fábricas destas empresas no passado e representavam fontes de desperdi cios . Numa terceira parte , foram examinados os principai s programas implementados pelas citadas empresas , com 180 o propósito d e redu z ir o s desperdícios diagnosticados . Concluem-se os casos com a menção dos principai s resultados obtidos por cada uma das empresas . E , f inalmente , a análise dos resultados está descrita no cap ítulo anterior . Nela , procurou-se relacionar a revisão de l iteratura com os casos examinados . As principa is conclusões serão d iscutidas a seguir . VI . 2 - Conclusões É conveniente ressa ltar que foi possível diagnosticar nas empresas pesquisadas todos os tipos de desperdícios considerados por OHNO ( 1 988 ) , de acordo com os estudos que empreendera na fábrica j aponesa da Toyota . Tudo leva a crer que as indústrias em geral padecem ou j á padeceram dos mesmos males : produção excessiva , tempo de espera e l evado , alto índice de unidades defeituosas , baixo giro de estoques , movimentações desnecessári a s , etapas do processo que não agregam nenhum valor ao produto e longas distâncias são percorridas desde a aqu i sição da matéria-prima , dentro da fábrica , e na logística que faz chegar o produto ao c liente . Embora na Marcopol o não se tenha discutido os desperdícios provocados por unidades defeituos a s , isto quer dizer que a empresa não tinha i nformação satisfatória ã época da pesquisa para descrever este tipo particular de desperdício . A convivéncia com estas perdas pode representar um obstáculo para a recuperação da competitividade das empresas bras i leiras , especialmente quando se l eva em conta a abertura da economia , a globa l i z ação dos mercados e o comportamento de um consumidor cada vez mai s exigente . Alguns destes desperdícios parecem ser mais quant if icáveis que outros . Convém assinalar , também , que , de empresa para empresa, podem ser constatadas variações na incidência dos desperdícios , sej a no passado ( antes da implantação dos programas de redução) ou no presente . Entre os programas considerados , a pesquisa revelou que os seguintes programas j á teriam sido implementados por todas as empresas sondadas : MRP/MRP 1 1 , produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quant idades , automação de baixo custo , l impeza e organização da fábrica , envolvimento do operári o , e padronização e s impl i ficação de produtos e processos . Outros programas foram implementados por pelo menos duas das empresas ana l i sadas : produção "puxada" moni torada por kanbans , raciona l i z ação do uso do espaço mediante layout por produto e células de fabricação e qual idade no processo fabr i l . Da relação de programas , o TPM e o AMT começaram a ser implementados recentemente nestas empresas . O Just-in-Time está sendo desenvolvido em duas das empresas inquiridas , l evando-se em conta que se trata de f i losofia "guarda-chuva " . Ou sej a , o JIT compõe-se de um conjunto de programas , que podem ser 181 apl i cados individualmente com resultados favoráveis do ponto de vista da redução de desperdícios . É o caso da Weg Motores que , embora não sej a adotante do JIT, introdu z iu os programas produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades , o de automação de baixo custo e o da padron i z ação e s imp l i ficação de produtos e processos , e vem registrando resultados positivos com tal iniciativa . o OPT é o único programa da relação que não está sendo apl icado pelas empresas e nem há planos de ut i l i z ação . O MRP tem s ido o software mais di fundido entre as empresas . É possível constatar que a lguns programas parecem mais fáceis de ser apl icados e podem produzir resultados mais imediatos que atestariam sua eficiéncia no combate aos desperdícios das indústrias . São os casos , por exemp l o , do programa de l impeza e organi zação da fábrica e do programa de envolvimento do operário . A l impeza e a organização da fábrica parecem tornar mais vis ívei s os problemas das empresas , a partir do momento que o " l ixo" é reconhecido como l ixo ; o estoque é ident i ficado e criteriosamente ava l iado ; os lugares , onde as ferramentas , as matér ias-primas e os operários se encontram , tornam-se mais aparentes , e assim por diante . Os resultados parecem mostrar que o envolvimento do operário é considerado a gestal t dos programas de redução de desperd ícios . Ou sej a , em todas as experiências de implantação destes programas , o operariado pode viab i l i zar ou ser um obstáculo ao sucesso das mudanças desej adas pelas empresas . Os relatos podem revelar que o operário , motivado , orgulha-se da l impeza e da manutenção de sua máquina e ferramentas e assume seu papel de responsável pela qua l idade do produto , compart i lhando disto com outros funcionários . Pode-se perceber , ainda , que o envolvimento do operário não se l imita a uma área especí f ica . Nas situações examinadas , os funcionários das empresas discutem soluções , ao mesmo tempo , para problemas de qual idade , manutenção, redução de custos , poluição , segurança e utili zação de recursos a lternativos . Em que pese o relativo otimismo dos entrevistados em relação ao moral dos trabalhadores , comprovável pelas taxas de absenteísmo e turnover do pessoal , certas constatações podem vir a transformar-se num problema em suas empresas , podendo comprometer o envolvimento do operári o . Um primeiro destes fatos seria o salário atualmente pago pelas empresas . As empresas a legam ter conseguido motivar seu pessoal na busca de soluções para os desperdícios da fábrica , mesmo com salár ios não muito atrativos . Não se pode esquecer que , à época da pesquisa , uma forte recessão assolava o Paí s . Muitas empresas usaram disto como pretexto para procederem a 182 cortes de pessoa l . Só o tempo poderia dizer s e a percepção do top management das empresas pesquisadas não f ica pre j udicada pelo momento histórico del icado do Pa í s . poderiam existir , por exemp l o , funcionários que optaram por colaborar com a implementação do programa como forma de garantir seus empregos . Um segundo fato , sobretudo na aplicação dos programas de sugestões , d iz respeito à premiação pecuniária . Tudo indica que sa lários baixos e a não-participação nos benefícios que suas idéias podem ter gerado sejam explicação para a fa lta de interesse do operário em dar sugestões de melhor ia . Se existir correlação entre o número de sugestões e a redução dos desperdícios , as empresas no Brasil poderiam levar muito mais tempo para a lcançar resultados expressivos que outras congêneres estrangeiras . Ao implementarem programas que contem com o envolvimento do operári o , as empresas parecem encontrar nos tre inamentos um dos el ementos fundamentais para a operac ional i z ação de seus p lanos . As entrevistas revelam o quão têm crescido os empresas , investimentos em educação formal dentro das confirmando a proposição de HUTCHINS ( 1 9 9 3 ) ao considerar o desenvolvimento das pessoas o elemento mais crítico do sucesso dos programas de redução de desperdícios . Os exemplos citados nos casos parecem concluir pela ef iciência do programa de envolvimento do operário para a redução dos desperdícios das empresas , j ustif icando-se , pelo menos até o término da pesquisa , tal inic iativa . Outros programas parecem requerer maior tempo para sua implantação . É o caso da produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades , que pode ser apl icado no contexto da f i losofia Just-in-Time . A meta principal daque l e programa , segundo CORRÊA e GIANESI ( 1 9 9 3 ) é o lote unitár i o , que é uma das metas JIT . Ao que tudo demonstra , mesmo apl icando o programa de produção nivelada e mesclada de lotes de pequenas quantidades , as empresas não têm conseguido operar nestes níve i s , confessando a existência de desperdícios provenientes da produção excessiva . Fe l i zment e , tais desperdícios parecem ser menores que os registrados no passado . A redução dos desperdícios provenientes da produção excessiva em decorrência da redução do tamanho do lote depender ia de outras melhorias internas , tais como nas condições do set-up, da diminuição do número de unidades defeituosas e da e l iminação dos movimentos desnecessários , do processamento inút i l e do excesso de transporte . Depender ia , por outro lado , de melhorias no processo tradicional de compras das empresas : redução da burocracia , maior envolvimento do fornecedor , maior confiabil idade da matéria-prima , maior compromisso da transportadora , pronta-entrega dos mater iais adquiridos , minimização dos prováveis efeitos da extensão territor i a l do País que distancia os fornecedores das fábricas compradoras . Enfim, envolveria a solução de questões di fí ce i s , 183 muitas das quais parecem fazer parte da cultura d a sociedade brasi leira . Sem estas providências , a redução do tamanho dos lotes poderia redundar em novos problemas , como o não cumprimento dos prazos de entrega dos pedidos dos c l i entes (maior l ead time ) e maior custo de produção . o nível de melhoria e o tempo que levaram para obter os resultados quanto a desperdícios são meras referências . É importante reconhecer que não há um f im para as melhorias das empresas . HULL et a I . ( 19 8 8 ) procuraram provar que a produtividade j aponesa devia-se , de um lado , ao envolvimento do operário e , de outr o , aos investimentos em tecnologia avançada de manufatura . Se se tomar como referência as empresas aqui pesquisadas , o número de robôs empregados nestes parques fabris é muito pequeno , quase que insignificante . Com exceção de a l gumas poucas máquinas CNC , as empresas brasil e iras empregam, preponderantemente , máquinas convenciona i s . No entanto , os fatos mencionados nas empresas pesquisadas parecem mostrar um campo profícuo para a prática de pequenas modificações ( automação de baixo custo ) , que demandariam bem menos recursos que as formas conceituadas de tecnologia avançada de manufatura . A liás , SCHONBERGER ( 19 8 7 ) escreveu interessante artigo sobre as melhorias da fabricação que não colocam em ri sco o futuro da empresa . Este autor acredita que pequenas reformas em máquinas antigas possam e l iminar as causas de muitos desperdícios provocados por unidades defeituosas . Além di sto , permitem reduzir o lead time da produção . As a lternativas de maior custo importam aquis ição de máqu inas maiores e mais sof i st icadas ( como é o caso de algumas opções oferecidas pelo programa de tecnologia avançada de manufatura ) . Em algumas s ituações , poderão ser um salto caro que pode esva z iar os cofres da empres a , sobretudo se ela pudesse resolver seus problemas com um passo s implesment e : tirando o máximo proveito das máquinas convencionais e das instalações atuais antes de colocar em prática proj etos exóticos de automat i z ação f lexíve l . Crescendo como vem a demanda por modelos variados de produtos para se atender à diversidade de gostos e preferências dos c l ientes , as empresas precisam de soluções mais s imp l es , máquinas ma is baratas , adaptávei s , quiçá "descartáve is " , bem como dos operários , cujas idéias podem servir de motor de melhoramentos . Os fatos parecem mostrar que as empresas pesquisadas mais propensas ao conceito de fábrica frugal de SCHONBERGER ( 19 8 7 ) como forma de reduzir seus desperd ícios , seus custos e ganhar competitividade , que ao conceito de produtividade j aponesa considerado por HULL et a I . ( 19 8 8 ) . As empresas bra s il eiras redesenham seus layouts funcionai s para adaptá-los por produto , ut i l izam os recursos do poka-yoke como forma de diagnóstico automático de falhas e defeitos e instalam estão 184 ferramentas próximas das máquinas que delas se util i z arã o , l impam o piso d e fábrica , dentre outras medidas . Entretanto , não é possível prever se estas empresas adotariam estes mesmos recursos s imples se tivessem capital sufic iente para a aquisição das chamadas " supermáquinas " . o estudo dos três casos transcritos neste trabalho em relação ao quadro-resumo proposto ao final do capítulo 1 1 leva a crer que os principais resultados da aplicação dos programas de redução de desperdícios convergem direta ou indiretamente para os estoques e o tempo de espera . A redução no tamanho dos lotes de produção , do nümero de unidades defeituosas , do set-up e do tempo de manutenção , e as melhorias do espaço fís ico , para se evitar movimentos desnecessár ios , processamento inütil e excesso de transporte culminam , de um modo gera l , com a redução dos desperdícios com estoques supérfluos e do tempo de espera . Como disse SUZAXI ( 1 987 ) , "estoque é a ra i z de todo ma l " . Menores estoques podem significar diminuição dos espaços ocupados com armazenamento dentro da fábrica , menos itens manuseáve i s , perdas decrescentes com itens obsoletos , movimentação melhor . Por outro lado , " tempo é dinheiro " . Com a redução do tempo de espera , as empresas poderiam produ z i r mais rápido quantidades menores de produtos , com correspondente d iminuição das necessidades de estoques de segurança e de estoques intermediários . Em todas estas possibilidades , não se pode deixar de considerar a melhoria da qual idade dos produtos fabri cados e os ganhos de produtividade para as indüstrias , naque les casos de apl icação dos programas de redução de desperdícios . O Quadro 6 (na folha seguinte ) pretende resumir , de um lado , os programas de redução de desperdícios encontrados nas empresas pesquisadas e , de outr o , os tipos de desperdícios , cuj as evidências de redução permitem assoc iá-los aos programas considerados . A forma como os programas foram esboçados no Quadro 6 não deve ser interpretada como se eles fossem a lternativas equivalentes para a solução de um mesmo desperdício . Para i st o , recomenda-se o que HAYES e PISANO ( 19 9 4 ) disseram ao estudar as mais recentes estratégias de produção . Segundo eles , estas estratégias não podem mais l imitar-se a prioridades confl itantes como custos , qualidade e flexibil idade , nem os gerentes podem se dar ao luxo de adotar o programa ma is adequado ou escolher a empresa com quem pretendem concorrer . Os exige concorrentes surgem de todos os lados , o que continuamente a busca pela empresa de novos meios de d iferenciação destes competidores . Para estes autores , isto seria possível se a empresa transformasse sua fábrica em fonte de vantagem compet itiva , aprove itando-se do maior nümero possível de programas ao mesmo tempo . Aqu i , caberia contar uma pequena estória : a do homem 185 Quadro 6 Quadro-Resumo Anál ise dos Resultados dos Casos Desperd ícios Programas Just-ín-Tíme produção Excessiva X MRP/MRP I I prod . N ivelada e Mesclada X Desenvo lvimento de Fornecedores MPT (*) Estoques Supérf luos Unidades Defeituosas X X X X X X X X X X X NI Tempo de Espera Prod . Puxada Monitorada por Kanbans X X X Racional i zação do Uso do Espaço NI X X X X X X X X X X NI X X X X NI X X X X Padronização e S imp l i f i cação X X X X X AMT X X X X X TPM X X X X NI Automação de Baixo Custo Qualidade no Processo Fabri l Limpeza e Organ i z ação da Fábrica Envolvimento do Operário X NI X X OPT NI NI Legenda : MPT - Movlmentos Desnecessárlos , Processamento Inut l l e Relativos ao Excesso de Transporte N I - Não h á registro ( inclus ive devido a o fato de ainda não ter sido implementado) - 186 cego e do elefante . " Um primeiro homem cego tocou a tromba do e lefante e achou que se tratava de uma enorme serpente ; um segundo homem cego tocou a orelha do e lefante e pensou tratar se de um denso cobertor ; e um terceiro homem cego tocou o pé do e lefante e imaginou estar diante de um tronco de árvore . " Esta estóri a encerra uma importante mensagem: todo cuidado é pouco ao se ava l i ar o quadro geral das empresas , com os resu ltados decorrentes do conj unto de programas implementados . I sto evitari a conclusões otimistas precipitadas e autoconf iança exagerada . Não há como negar a relevância destes resultados para as empresas , contudo , muita coisa ainda pode e deve ser f eita , em busca de melhorias continuamente . A titulo de s i ntese , o Quadro 7 procura apresentar as principai s evidências acerca da e ficácia da implantação de programas no que tange a redução de desperdicios . A anál i s e dos resultados revelou um dado interessante : tudo leva a crer que a Marcopolo e a White Martins soldagem reali zam mudanças bem mai s incisivas que a Weg Motores . No entanto , isto não parece estar comprometendo a posição de l iderança desta empresa no mercado de motores e létricos monofásicos e trifásicos , nem mesmo sua competitividade internacional . HAYES et a I . ( 19 8 8 ) estudam esta s ituação aparentemente paradoxal . Para estes autores , a empresa poderá ser considerada de "produção classe-mund i a l " se for melhor que quase todas as suas concorrentes em pe lo menos um dos aspectos importantes da produção , constituindo uma vantagem compet itiva . Em princip i o , acreditava-se que um conj unto de decisões estruturais e de infraestrutura de manufatura35 contribui para a obtenção desta vantagem competi ti va . Contudo , mais recentemente , surgem casos de empresas que , mesmo não tendo equipamentos e fábricas excepcionai s , conseguem s ignificat iva vantagem competitiva graças ao espirito de equipe e à d isposição dos operários , por exemplo . Os resultados apurados pelas empresas ana l i sadas parecem não ser o melhor que se pode registra r , sobretudo , se se tomar como referência os padrões internac ionais . Contudo , o passo dado por empresas , como Marcopol o , White Martins Soldagem e Weg Motores , demonstra que as empresas industriais bras i leiras 35 Por decisões estruturais de manufatura , HAYES e outros ( 19 8 8 ) entendem capacidade de produção , instalações , tipo de máquinas e s istemas que seriam empregados , a definição dos mater i a i s , serviços e si stemas que seriam fabricados internamente e dos que seriam comprados de fornecedores , relações com fornecedores , dentre outros ; por decisões de infraestrutura : pol iticas e práticas de recursos humanos , incluindo politicas de treinamento e seleção ; si stemas de controle e de qualidade as segurada ; sistemas de controle de estoques e de planej amento da produçã o ; processos de desenvolvimento de novos produtos ; sistemas de remuneração e ava l i ação de desempenhos ; e projeto e estrutura organi z aci ona l . 187 Quadro 7 Resultados obtidos com a Implantação d e Programas de Redução d e Desperdícios Indicadores Estoque de Matérias-Primas White Martins del2ois : são menores Weg Motores antes : 1 1 6 dias del2ois : 3 0 dias antes : 3 9 dias Estoques Intermediários del2ois : 1 / 3 do estoque anterior , economia anual de US$ 1 mi lhão Estoque de Produtos Acabados antes : 12 meses del2ois : 4 a 5 meses Lead Time antes : 62 dias del2o i s : 15 dias Marcopolo del2oi s : os recursos imob i l i zados em estoques foram reduz idos em 7 0 % del2o i s : 5 dias - antes : 11 dias del2ois : 5 dias Consumo de Energia E l étrica - Redução de 1 4 % Índice de Refugo antes : 1 9% del2oi s : 3 , 5% antes : 2 , 1 3 % del2ois : 1 , 1 4 % Tempo de Preparação (Set-up) antes : 4-8 horas del2ois : 3 0 minutos antes : 8 0 minutos del2ois : 1 6 minutos Não existe antes : 14 dias del2ois : 5 dias - antes : 50 gabaritos del2oi s : 1 gabarito parecem reagir e evidenciam a revolução particular do Bra s i l no campo da qualidade e da produtividade . É por estas razões , e por outras , que estas empresas vice j am como " i lhas de excelênc ia " . A l ém dos aspectos até então abordados , outros mereceriam a lgum comentár i o . Um deles diz respeito ao comprometimento e participação da a lta administração das empresas na implementação dos programas de redução de desperd ícios . Apesar de não existir referência direta ao top management , a cúpula 1 88 admini strativa precisa acreditar nas mudanças que t a is programas possam proporcionar . Tudo leva a crer que , sem este envolviment o , a implementação seria mais di fí ci l . Nas empresas pesquisadas , os programas foram disseminados a partir do interesse da a lta administração ( top-down ) . Um outro aspecto que necessita de algumas considerações refere-se à instabil idade da economia brasi l eira . A literatura c ita casos de empresas que operam em países com economia estáve l : baixa inflação e pequenas taxas de j uros . Tudo indica que inf lação e taxas de j uros elevadas ( custo do dinheiro) podem comprometer a eficácia dos programas de redução de desperdícios . A incerteza dos empresários e dos trabalhadores é um e l emento que pesa contra a implementação tranqüila destes programas . Além d isto , um programa pode ser interrompido ou sofrer perturbações que podem colocar em ri sco seus resultados , à medida que se agrava o estado de instabi l idade da economi a . Uma forma de enfrentar o acirramento da concorrênci a , como conseqüênc ia da abertura da economia , e disputar mercados globa l izados e mercados emergentes seria conceder l inhas espec i a i s de crédito às empresas que mostrassem interesse em modern i z ar-s e . Estas l inhas de crédito não deveriam s igni f icar o subsídio e o protecionismo que , num passado recent e , permitiram agravar o atraso e a s defic iências das empresas bra s i l e iras , entre outras coisas . Por outro lado , uma fi sca l i z ação ma is atuante e efetiva por parte do Governo poderia coibir a existência de empresas que não cumprem as leis , sonegam impostos e praticam, desta forma , uma concorrência desleal em relação àquelas mai s organ i z adas . A sociedade brasileira , de um modo geral , parece desperdiçar mui tos recursos . Este comportamento ocorre de forma habitua l . I a água que " j orra pe lo ralo" , ê a energia e l étrica que se desperdiça , são os a l imentos . Enf im , uma cultura que pratica os desperdícios , herdada da fartura como supunha o " m i l agre bras ile iro " . Educação formal nas esco las contra os desperdícios poderia ser outra sugestão para a obtenção de resultados mais expressivos da prática de programas de redução de desperd íc ios . Acredita-se que o obj etivo tenha sido atingido , embora se s aiba que a visão apresentada não tenha sido exaustiva . Para os problemas principai s , pUderam-se apresentar a lguns resultados e conclusões satisfatórios . Pode que se tenha assumido posições parecer excessivamente dogmáticas e conservadoras em alguns momentos . Este descuido ocorreu por razões de expressão e linguagem e não por intransigência e ceticismo. 189 VI . 3 - Novos Temas para Pesquisa o obj eto desta pesquisa foi ana l isado à luz das percepções da diretoria das empresas pesquisadas . Seria interessante que se aferisse o grau de lea ldade e de orgulho dos operár ios , a partir da implementação dos programas de redução de desperdícios . Isto permitiria estabelecer um confronto entre as percepções da diretoria e a dos funcionários . Alguns números das empresas pesquisadas neste trabalho são registros de 1 9 9 1 e 19 9 2 . Poucos são os de 1 9 9 3 . Seria interessante que urna nova pesquisa procurasse aprofundar , no futuro , os resultados obtidos pelas mesmas três empresas . Este novo trabalho possibilitaria estabelecer , num plano , uma tendência para a prática dos programas de redução de desperdícios entre estas empresas . Noutro plano , poderia checar se a prática dos programas continua a garantir efic iência e sucesso para as mesmas empresas . Outro tema poderia pesquisar os fatores que colaboram programas de e os que impedem o estabelecimento de desenvolvimento de fornecedores no Bras i l . Além disto , setores especí ficos poderiam passar pelo crivo de uma pesqu isa , a f im de se aferir o grau de preocupação que e l e s têm tido com os seus desperdícios . Os setores de a l imentos e da construção civil são apontados como vi lões dos desperdícios e poderiam ser o ponto de partida de um trabalho desta natureza . Desde que a revisão de l iteratura deste trabalho fora concluída , novos programas surgiram. Seria interessante uma nova pesquisa que procurasse tratar destes programas em relação à sua e f i c iência para a redução dos desperdícios das indústrias . A l iteratura trata de resultados obtidos por empresas numa economia estáve l . Uma pesquisa comparativa pretender ia af erir , por exemplo , os efeitos de urna economia instável , como a do Bras i l , na prática de programas de redução de desperdíc ios . E , f ina lmente , uma pesquisa poderia estudar as mudanças pelas qua i s passa a contabi l idade das empresas para apresentar em seus relatórios e demonstrações contábeis as melhorias de qual idade e os ganhos de produt ividade a lcançados pelas empresas brasi l eiras . Ressalta-se o estado de incipiência dos indicadores atualmente ut i l i zados , dentre os qua i s a taxa de retorno do investimento e a forma de mensuração dos lucros . A ausência de indicadores operacionais pode deturpar as conclusões sobre o estado econômico-f inanceiro das empresas . Como pôde ser visto , este estudo foi exploratório e 190 procurou levantar a efic iência dos programas del imitados neste trabalho para a redução de desperdícios na indústria . Seria oportuno que outras pesquisas levantassem hipóteses e , com um número maior de indústrias , as testassem . Entre estas hipótese s , poderiam ser examinadas a relação entre a ef iciência dos programas de redução de desperdicios e o envolvimento dos operários das empresas , a eficiência comparativa dos setores da economia e a incidência de algum dos desperdícios tratados neste trabalho em algum setor em particular . 191 ANEXO 1 ROTEIRO DE ENTREVISTA 1 . Data da Implementacão dos Programas . 2 . Fatores que motivaram a implementacão . 3 . Descricão da Empresa : 3 . 1. 3.2. 3.3. 3.4. 3.5. 3.6. 3.7. 3.8. Ra zão Social da Empresa . Época de Fundação da Empresa . Control e do Capita l . Principa is Acionistas . Ramo de Atividade . Unidades Fabris e Loca l ização . Faturamento Anual . Volume d e Exportação (percentual em re lação ao Faturamento Anua l ) . 3 . 9 . Principais Mercados de Exportação . 3 . 10 . Número de Empregados . 3 . 1 1 . Total da Mão-de-Obra Direta . 3 . 12 . Linhas de Produtos . 3 . 13 . Market Share (principa lmente do produto carro chefe ) . 3 . 14 . Pr incipais Matérias-Primas Empregadas . 4 . I ntroducão dos Programas de Reducão de Desperdícios 4 . 1 . A Fábrica do Passado: Programas . Antes da Introdução destes a ) Desperdícios Provenientes da Produção Excess iva : - Tamanho dos Lotes . - Modelo de Decisão para a Definição do Tamanho dos Lotes . - Programação da Produção (Push System ) . - Níveis de Ut i l ização de Máquinas e Mão-deObra . - Níveis dos Estoques de Produtos Acabados e sua Adequação à Demanda . - Demora nos Atendimentos dos Pedidos dos C l ientes . b ) Desperdícios do Tempo de Espera : - Proporção das Trocas de Produtos no Process o . - Troca de Ferramentas nas Máquinas . 192 - Treinamento dos Operadores d e Máquina para os Procedimentos de Preparação das Máquinas . - Dispositivos de Set-Up Empregados . - Processo de Ajustamento das Máquinas . - Local de Armazenagem dos Dispositivos de Se tUp (Moldes e Ferramentas) e de Matérias Primas . - Grau de Padronização dos Dispos itivos de Set Up . - Transporte entre o Local de Armaz enagem e a Máquina . - Suficiência de Número de Funcionários para Atender a todas as Solicitações de Preparação das Máquinas . - Estado da Manutenção das Necess idades Fundamentais das Máquinas : Lubri f icação , Assei o , Aperto e Reaperto de Parafusos . - Hab i l idade dos Operadores e do Pessoal de Manutenção no Desempenho de suas Tarefas . - Qual idade da Manutenção . - Incidência de Para l isações . - Tempo Perdido devido a Máquinas Paradas . - Suficiência de Tamanho da Equipe de Manutenção para o Atendimento de todos os Pedidos . - Manutenção de Máquinas Sof isticadas . - E f icácia da Manutenção Prevent iva . - Lead Time da Produção . c ) Desperdicios Provocados por Unidades Defeituosas : - Mentalidade quando à Qua l idade . - Procedimentos Adotados para se compensar a Perda de Unidades Defeituosas no Processo . - Existência do Setor de Inspeção . - Procedimentos de Inspeção de Produtos e de Matérias-Primas . - Relação Mantida com os Fornecedores . - F i l osof ia de Fábrica Praticada pelos Fornecedores . - Qual idade das Matérias-Primas Compradas . - Repasse dos Custos das Unidades Defeituosas para os Cl ientes . - índices de Retrabalhos . - índices de Refugos . - índices de Reclamações e de Devoluções dos C l ientes acerca de Defeitos do Produto . - Capacidade do Processo . d ) Desperdicios com Estoques Supérf luos : - N iveis dos estoques de matérias-primas , intermed iários e de produtos acabados . - Organi z ação dos estoques intermed iários piso de fábrica . - Compras por lotes . de no 193 Flexibil idade da programação d e compras . - Grau de aceitação dos fornecedores às alterações nos pedidos de matérias-primas . - sat isfatoriedade dos prazos de entrega dos pedidos de matérias-primas . - Necessidades adicionais de espaço surgiram em decorréncia do crescimento dos estoques . - Giro dos estoques . - Fontes de fornecimento de matérias-primas . - Produção para estoques em épocas de vendas baixas . e ) Desperdícios com Movimentos Desnecessários , do Processamento Inút i l e Relativos ao Excesso de Transport e : - Papelada em circulação n a empresa . - Per f i l da mão-de-obra indireta e custo da supervisão . - Grau de padron ização do trabalho . - satisfação e moral do operário . - Nível de movimentação dentro da fábri ca . - Processos exi stentes na fábrica . - Layout funcional ou orientado para processos . - Processos que não agregam valor ao produto . - Setores de ferramentaria , manutenção e almoxarifado foca l i zados . - Ef icácia da coordenação entre processos . - Métodos de transporte dentro e fora da fábrica . - Tamanho das l inhas de montagem . - Descrição das tarefas . - Distâncias entre processos . 4 . 2 . Programas Implementados pela Empresa : a ) Just-in-Time ( JIT) : - Produção Nivelada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades . - Desenvolvimento de Fornecedores . - Produção "Puxada" Monitorada por Kanbans . - Raciona li z ação do Uso do Espaç o : Layout por Produto e Células d e Fabricação . - Automação de Baixo Custo . - Padronização e S impl i ficação de Produtos e Processos . - Estágio de implementação . b ) MRP /MRP I I . - Estágio de implementação . 194 c ) Produção Nivelada e Mesclada de Lotes de Pequenas Quantidades . - Estágio de implementação . d ) Desenvolvimento de Fornecedores . - Estágio de implementação . e ) Produção " Puxada" Monitorada por Kanbans . - Estágio de implementação . f ) Racional i zação do Uso do Espaço : - Layout por Produto . - Células de Fabricação . - Estágio de implementação . g ) Automação de Baixo Custo . - Estágio de implementaçã o . h ) Qua lidade no Processo Fabr i l : - CEP o Ferramentas da Qua l idade . Capacidade do Processo . Qua lidade na Fonte . F ilosofia TQC . Estágio de implementação . i ) Limpeza e Organização da Fábr ica . - Estágio de implementaçã o . j ) Envolvimento d o Operário : - Sugestões . CCQ ' s e outros grupos de melhor i a . Treinamento . Estágio de implementação . k ) Padroni zação Processos . e simp l i f icação de Produtos - Estágio de implementação . 1 ) Tecnologia Avançada de Manufatura (AMT ) : - CAD . CAE . CAM . Robôs . s istemas Flexiveis de Manufatura . e 195 - Máquinas Operatri zes CN/ CNC . - Estágio de implementação . m ) Manutenção Produtiva Total ( TPM) . - Estágio de implementação . n ) optimized Production Technology ( OPT) . - Estágio de implementação . após 4 . 3 . Resultados Obtidos Programas no que tange aos : a Implementacão dos a ) Desperdícios Provenientes da Produção Excessiva : - Redução do tamanho dos lotes . - Programação atual da produção (pull system ) . Níve i s recentes de ut i l i zação de máquinas e mão-de-obra . - Novos níveis dos estoques de produtos acabados e sua adequação à demanda . - Melhoria dos prazos nos atendimentos dos pedidos dos cl ientes . b ) Desperdícios do Tempo de Espera : - Incremento das trocas de produtos no processo . - Ag i l i z ação das trocas de ferramentas nas máquinas . - Sessão de treinamento dos operadores para os procedimentos de preparação das máquinas . - Melhoria dos dispositivos de set-up empregados . - Automação do aj ustamento das máqu inas . - Aproximação dos dispositivos de set-up (moldes e ferramentas ) e de matérias-primas das máquinas . - Padroni zação dos dispositivos de set-up . - Operador multifunção , com a competência de efetuar as trocas de ferramentas nas máquinas . - Manutenção das necessidades fundamentais das máquinas ( lubr i ficação e asse i o , aperto e reaperto de parafusos) por conta do próprio operador . - Treinamento para a manutenção descentra l i zada . - Melhoria das condições de manutenção . - Redução das incidências de para l i sações das máquinas . - Redução do tempo perdido devido a máquinas paradas . - Instalação de dispositivos à prova de bobeira ( foolproof) . - Dispositivos de poka-yoke . 19 6 - Controles visuais (andon ) . - Lead time da produção . - Procedimentos para o estudo do set-up e do set-up externo . interno c ) Desperdícios Provocados por Unidades Defeituosas : - Mentalidade atual quanto à qua l i dade . Qua l idade na fonte . Parceria com fornecedores . Desenvolvimento de programas de melhoria nas fábricas dos fornecedores . Melhoria da qual idade das matérias-primas comprada s . Redução dos índices d e retrabalhos . Redução dos índices de refugo . Redução dos índices de reclamações e de devoluções dos clientes acerca de defeitos do produto . Melhoria da capacidade do processo . d ) Desperdícios com Estoques Supérfluos : - Redução dos níveis dos estoques de matérias primas , intermediários e de produtos acabado s . - Maior organi zação dos estoques intermediários no piso de fábrica . - Compras por kanban . - Entregas freqüentes . Maior flexibi l idade da programação de compras . - Alterações nos pedidos de compras mais toleráveis pelos fornecedores . - Redução dos prazos de entrega dos pedidos de matérias-primas . - Redução dos espaços ocupados por estoques . - Aumento do giro dos estoques . - Fontes de fornecimento de matérias-primas . - Produção para vendas . e ) Desperdícios com Movimentos Desneces sár i o s , Processamento Inútil e Relativos ao Excesso Transporte . do de - Redução da burocracia e da papelada em circulação na empresa . - Redução do quadro da mão-de-obra indireta . - Padroni zação do traba lho . - Melhoria da satisfação e do moral do operár i o . - Maior participação d o operári o n a resolução dos problemas da empresa . - Redução da movimentação dentro da fábrica . - Layout por produto . - Células de fabricação com o agrupamento de diferentes máquinas . 197 - Operário multifunção : o que fazem nos momentos em que não se está vendendo . - Redução dos processos que não agregam valor ao produto . - Setores de ferramentar i a , manutenção e almoxarifado descentral i z ados . - Maior coordenação dentro da fábri ca . - Novos métodos de transporte dentro e fora da fábrica . - Redução do tamanho das l inhas de montagem . - Descrição f lexível das tarefas . - Diminuição das distâncias entre processos . 4 . 4 . Relatos de fatos que i lustrem a situacão anterior e posterior à implementacão dos Programas de Reducão de Desperdícios . 4 . 5 . Procedimentos adotados na solucão de problemas com Desperd ícios em decorrência dos programas implementados . 5 . Quai s o s próximos passos? 198 REFER�NCIAS BIBLIOGRÁFICAS 0 1 . ADLER , Paul S . CAD/ CAM : manager ial challenges and research issues . IEEE Transactions on Engineering Management . V . 3 6 , n . 3 , p . 2 02 - 2 1 5 , August 1 9 8 9 . 0 2 . ADLER, Paul S . i HELLELO I D , Duane A . Effective implementa t i on of integrated CAD/ CAM : a mode l o I EEE Transactions on Engineering Management . V . 3 7 , n . 2 , p . 1 0 2 - 1 0 8 , May 1990. The management 0 3 . AGGARWAL , Sumer C . ; AGGARWAL , Sudhis . of manufactur ing operations : an appra isa I of recent developments . International Journa l of Operations & Production Management . V . 5 , v . 3 , p . 2 1- 3 8 , July 1 98 5 . 0 4 . 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