1,19 MB - Companhia de Teatro de Almada
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1,19 MB - Companhia de Teatro de Almada
LOCAL COMPANHIA ESPECTÁCULO | AUTOR | ENCENADOR João Grosso PÁG. IDIOMA Manucure | Mário de Sá-Carneiro | João Grosso 23 Português 0.40m Pia Fraus Farsa Quixotesca | Hugo Possolo 13 Português 1h20 Teatro dos Aloés Os Guardas do Museu de Bagdad | José Peixoto 30 Português 1h30 Centro Dramático Galego Ricardo III I William Shakespeare | Manuel Guede Oliva 12 Carlos Martínez Hand Made | Carlos Martínez 15 Troupe théâtrale IBDAE (création) La Folie de Salim | Abdelkader Alloula | Jamil Benhamamouch 17 L'Explose La Mirada del Avestruz | Tino Fernández 19 Comuna A Cabra, ou Quem é Sílvia? | Edward Albee | Álvaro Correia 35 Português 1h40 Teatro Meridional A Montanha da Água Lilás | Pepetela | Natália Luiza 28 Português 1h20 Nao d'Amores Auto de los Cuatro Tiempos | Gil Vicente | Ana Zamora 14 Castelhano 1h10 Efémero | Companhia de Teatro de Aveiro A Cosmética do Inimigo | Amélie Nothomb | Rui Sérgio 32 Português 1h20 Companhia de Teatro de Almada Poder | Nick Dear | Joaquim Benite 24 Português 2h20 Dante - Produciones Adolfo Simón S.L. 11M - Voces Contra la Barbarie | Vários autores | A. Simon 18 Castelhano 1h15 Artistas Unidos Tão só o fim do mundo | Jean-Luc Lagarce | Alberto Seixas Santos 31 Português 1h25 ABC.π Apologia de Sócrates | Platão | Rogério de Carvalho 33 Português 1h30 NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA Companhia de Teatro de Almada Num Bairro Moderno | Cesário Verde | Joaquim Benite 36 Português 1h10 PR. DA LIBERDADE | ALMADA Ale Hop Voluminaires | Ale Hop Teatro | José Maria Silva 20 1h10 CCB (Grande Auditório) Compagnie Philippe Genty Ligne de Fuite | Philippe Genty 10 1h20 CCB (Pequeno Auditório) Suzana Borges / António Calpi Rainha Viva | Henry de Montherlant | Suzana Borges 34 Português 1h30 CCB (Sala de Ensaio) Artistas Unidos Music-Hall | Jean-Luc Lagarce | François Berreur 29 Português 1h15 Ubu - Compagnie de Création Nous Étions Assis sur la Rivage du Monde… | José Pliya | Denis Marleau 11 Francês * 1h20 Odéon – Théâtre de l’Europe La Rose et la Hache | Shakespeare | Carmelo Bene | Georges Lavaudant 08 Francês * 1h00 CULTURGEST Teatro Praga Agatha Christie | Teatro Praga 25 Português 2h00 21h30 21h30 21h30 21h30 TEATRO DO BAIRRO ALTO / CORNUCÓPIA Teatro da Cornucópia A Cadeira | Edward Bond | Luís Miguel Cintra 26 Português 1h30 21h30 21h30 21h30 21h30 21h30 17h00 Artistas Unidos As Regras da Arte... | Jean-Luc Lagarce | Andreia Bento 27 Português 1h10 22h00 22h00 22h00 22h00 22h00 22h00 Fabbrica Radio Clandestina | Ascanio Celestini 16 Italiano 1h00 PALCO GRANDE DA ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA FÓRUM ROMEU CORREIA AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA TEATRO DA TRINDADE / INATEL TEATRO TABORDA DURAÇÃO 04 Seg 05 Ter 06 Qua 07 Qui 08 Sex 09 Sáb 10 Dom 11 Seg * 15 Sex 22h00 22h00 22h30 22h00 1h10 22h30 1h10 * * LEGENDADO EM PORTUGUÊS 16 Sáb 17 Dom 18 Seg 22h00 1h10 Árabe dialectal 13 Qua 14 Qui 22h00 2h30 Galego 12 Ter 22h00 18h00 17h00 18h00 19h00 18h30 17h00 16h00 22h00 17h00 17h00 18h00 21h30 22h00 21h00 21h00 21h00 21h30 17h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h30 21h30 17h00 22h00 22h00 22h00 21h30 21h30 21h30 21h30 21h30 21h30 21h30 19h00 19h00 19h00 O NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA | PROJECTO DO ARQ. MANUEL GRAÇA DIAS E ARQ. EGAS JOSÉ VIEIRA ÍNDICE ÍNDICE 04 05 06 Na arte de representar, a solidariedade e amizade entre os povos por Maria Emília Neto de Sousa, Presidente da Câmara Municipal de Almada Um novo ciclo por Joaquim Benite, Director do Festival de Almada Homenagem a Artur Ramos PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS 08 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 La rose et la hache | William Shakespeare / Carmelo Bene | Georges Lavaudant Ligne de fuite | Philippe Genty Nous étions assis sur la rivage du Monde… | José Pliya | Denis Marleau Ricardo III | William Shakespeare | Manuel Guede Oliva Farsa quixotesca | Hugo Possolo Auto de los cuatro tiempos | Gil Vicente | Ana Zamora Hand made | Carlos Martínez Radio clandestina | Ascanio Celestini Homk Salim OU la folie de Salim | Abdelkader Alloula | Jamil Benhamamouch 11 M – Voces contra la Barbarie | vários autores | Adolfo Simón La mirada del avestruz | Tino Fernández Les voluminaires | Ale Hop Teatro | José Maria Silva PRODUÇÕES PORTUGUESAS 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Manucure | Mário de Sá-Carneiro | João Grosso Poder | Nick Dear | Joaquim Benite Agatha Christie | Criação colectiva do Teatro Praga A Cadeira | Edward Bond | Luís Miguel Cintra As regras da arte... | Jean-Luc Lagarce | Andreia Bento A montanha da água lilás | Pepetela | Natália Luiza Music-Hall | Jean-Luc Lagarce | Francois Berreur Os guardas do Museu de Bagdad | José Peixoto Tão só o fim do Mundo | Jean-Luc Lagarce | Alberto Seixas Santos A cosmética do inimigo | Amélie Nothomb | Rui Sérgio A apologia de Sócrates | Platão | Rogério de Carvalho Rainha viva | Henry de Montherlant | Suzana Borges A cabra, ou quem é Sílvia? | Edward Albee | Álvaro Correia Num bairro moderno | Cesário Verde | Joaquim Benite ACT0S COMPLEMENTARES 39 40 41 42 43 44 45 46 Exposições, Colóquios e Música Exposições | A Alma(da)Casa | Do palco à fotografia Exposições documentais | Artur Ramos | Jaime Salazar Sampaio Exposições | Poder | O vagar do tempo Colóquios e debates | Teatro e Democracia Colóquios e debates | Abdelkader Alloula e o seu papel no Teatro Argelino | Encontro com Nick Dear Colóquios e debates | Jean-Luc Lagarce e o teatro francês contemporâneo | Encontro com Georges Lavaudant Música 03 NA ARTE DE REPRESENTAR, A SOLIDARIEDADE E AMIZADE ENTRE OS POVOS A cada ano, na primeira metade do mês de Julho, Almada inteira, a nossa terra, veste-se de uma forma especial para sentir, viver, apreciar, a arte de bem representar o Teatro do Mundo que, em cada nova edição, marca a sua notável presença no Festival Internacional de Teatro de Almada. Em 2005 assim acontecerá de novo, entre 4 e 18 de Julho. A arte milenar de representar as venturas e desventuras da vida irá subir, uma vez mais, aos palcos do nosso Concelho, colorindo o nosso quotidiano numa vasta programação que espelha múltiplas linguagens e sensibilidades estéticas, reúne artistas, autores e técnicos das diferentes partidas do Mundo, cruza saberes, tradições e experiências, num programa diversificado e multifacetado, preenchendo quinze dias de espectáculos de grande qualidade. Quando reflectimos sobre o percurso desta grande iniciativa cultural, um percurso de mais de duas décadas, percebemos sem dificuldade a imensa qualidade e seriedade do trabalho de promoção da cultura, do saber e do conhecimento que o Festival Internacional de Teatro de Almada encerra. Em cada edição do Festival, participam sempre companhias profissionais de primeira qualidade de Portugal e de nações tão distintas como as que estarão entre nós em 2005, e que nos chegam de Espanha, França, Itália, Brasil, Canadá, Colômbia e Argélia. Trazem-nos as suas experiências próprias, deixam-nos uma parte do seu saber, permitem-nos o contacto com outras realidades sociais e culturais. Pela via da arte, permitem-nos viver a solidariedade e a amizade entre os Povos, condição essencial ao desenvolvimento e ao progresso da Humanidade, na afirmação dos valores da Paz de que o Teatro é, enquanto arte universal, mensageiro privilegiado. O Festival presta este ano homenagem a um grande e ilustre Senhor do Teatro Português – Artur Ramos. Grande impulsionador da divulgação da arte de representar em Portugal, encenador, comunicador por excelência que soube, de forma exemplar, traduzir a linguagem do palco para outras linguagens e outros meios de comunicação, e cuja carreira, constituindo um exemplo de dedicação e amor à sua arte, justifica o nosso mais vivo, sentido e público reconhecimento. A todos quantos participam nesta grande Festa do Teatro, em particular à Companhia de Teatro de Almada e ao seu Director Joaquim Benite, enquanto organizadores deste grande acontecimento da arte e da cultura do nosso Concelho, aos actores, encenadores, coreógrafos e técnicos, às Companhias de Teatro portuguesas e estrangeiras, ao público fantástico deste Festival, a todos dirijo uma saudação fraternal e calorosa. Almada, Cidade Educadora, da Cultura e do Conhecimento, agradece o vosso inestimável contributo. O mais vivo aplauso pelo que nos têm dado, ajudando a construir e fortalecer este nosso projecto de Cidade. Bem vindos a Almada! Viva o Teatro! MARIA EMÍLIA NETO DE SOUSA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ALMADA 04 UM NOVO CICLO O Festival de Almada, que em 2004 completou vinte anos de existência, ao longo dos quais registou um permanente desenvolvimento, entra, este ano, num novo ciclo. A inauguração do novo Teatro Municipal de Almada, concretização de um velho sonho da Companhia, se, por um lado, constitui um ponto de chegada, representa, também, um novo e estimulante ponto de partida. Todo o percurso da Companhia de Teatro de Almada está, nesta cidade, intimamente ligado ao apoio da Autarquia. O novo teatro — um edifício que, pelas suas características arquitectónicas, condições de funcionamento e qualidade do equipamento, constitui um importante factor de valorização do tecido nacional de espaços de criação artística e actividade cultural — é o resultado directo da produtiva colaboração entre a Companhia e a Autarquia. E pode, muito bem, neste sentido, ser apontado como um exemplo de como, à margem da burocracia dos diplomas, que criam realidades virtuais sem cuidar das condições práticas da execução das respectivas determinações, uma conjugação tríplice de esforços entre o Governo central, o poder Autárquico e os agentes culturais poderia muito bem, a partir da existência de projectos consolidados de cooperação, alterar substancialmente a circunstância cultural do País. É da mais elementar justiça lembrar que uma política de novos equipamentos culturais foi lançada, nessa base, pelo Ministério da Cultura do tempo de Manuel Maria Carrilho. Este novo edifício, que honra a cidade de Almada e o País, é a cabal demonstração do muito que se pode fazer, sem esbanjamento de recursos e sem megalomania, quando a cooperação é o método e o meio de projectar o futuro, com ambição, mas, ao mesmo tempo, com lucidez e consistência. Em todo o processo que levou à realização desta obra, o Festival de Almada, concebido e realizado ao longo de anos pela Câmara Municipal de Almada e pela Companhia de Teatro de Almada, representou, naturalmente, um papel importante. Os equipamentos culturais que nas últimas décadas a Autarquia foi construindo permitiram o desenvolvimento do Festival. No Fórum Romeu Correia, por exemplo, apresentaram-se companhias internacionais célebres, entre as quais a própria Schaübhunne am Lenhiner Platz. Mas faltava, naturalmente, um equipamento que pudesse receber espectáculos que, até aqui, não podiam ser apresentados em Almada. É, designadamente, por isso que um novo ciclo pode começar agora. Um ciclo em que o Festival, que há anos abrange também Lisboa, pode ter em Almada um novo centro, ao nível dos melhores equipamentos da capital. Mas não só por isso. O novo Teatro Municipal não é apenas o resultado de um desejo ou de uma legítima ambição. Ele corresponde a uma necessidade intrínseca a um processo de desenvolvimento em que o Festival de Almada ocupa, obviamente, um lugar central. Por isso, em cada edição — e apesar das crescentes dificuldades orçamentais que nos últimos anos tenho vindo regularmente a denunciar com a esperança remota de vir a ser ouvido — procuramos, mantendo os traços próprios e tradicionais, a renovação e a modernidade. A presença em Portugal, pela primeira vez, de uma companhia como a do Odéon - Théâtre de l’Europe, dirigida por Georges Lavaudant, inscreve-se nesse esforço. No mesmo plano se incluem os espectáculos de Philippe Genty e Denis Marleau. Trata-se, em todos os casos, de personalidades fundamentais da cena internacional contemporânea, criadores ligados a universos teatrais muito diferentes, que suscitarão, certamente, o interesse do público português. Um ciclo sobre Jean-Luc Lagarce — um dos nomes fundamentais da dramaturgia moderna — liga-se com a apresentação de vários autores contemporâneos e, como é hábito, de autores clássicos. Novos criadores estrangeiros e portugueses valorizam também esta riquíssima edição de 2005, que contará com quatro estreias absolutas. Como sempre, também, um vasto programa de actos complementares acentuará a vertente de reflexão e de troca de experiências, um dos traços caracterizadores do Festival de Almada — lugar de convívio e de cruzamento de culturas e linguagens. Espero que o ciclo que agora se abre represente uma nova etapa de desenvolvimento. E que o Festival possa manter-se fiel à sua mais reconhecível vocação: a de crescer, rejuvenescendo. JOAQUIM BENITE, DIRECTOR DO FESTIVAL 05 HOMENAGEM ARTUR RAMOS Artur Ramos, o homenageado deste ano do Festival de Almada, é uma personalidade artística que marcou profundamente a vida cultural portuguesa do século XX. Encenador, cineasta, realizador de televisão, ensaísta, tradutor, Artur Ramos, nos seus vários papéis, foi sempre um intelectual, um artista que procurou fazer avançar as coisas, que estudava e se informava, nas difíceis condições da época que lhe coube viver, e encontrou, ainda, tempo para uma actividade de divulgação que, até hoje, nunca abandonou. Foi, entre nós, um pioneiro da televisão, o primeiro realizador efectivo da RTP, depois de se ter incumbido das emissões experimentais na Feira de Palhavã. Em toda a sua carreira esteve sempre presente o interesse pela literatura portuguesa contemporânea, como se vê, por exemplo, nos seus filmes Pássaros de Asas Cortadas, de Luís Francisco Rebello, ou A Noite e a Madrugada, de Fernando Namora, de quem adaptou também Retalhos da Vida de um Médico, numa famosa série que dirigiu para a RTP, ou na divulgação, que empreendeu com entusiasmo, das obras de Jaime Salazar Sampaio, Teresa Rita Lopes, Augusto Sobral, Luís Francisco Rebello, Romeu Correia, Manuel da Fonseca ou Bernardo Santareno. Foi, também, um divulgador da dramaturgia moderna, tendo dirigido textos de Beckett (estreia em português de Os Dias Felizes, com Glicínia Quartin), Peter Shaffer, Michael Franders, Alec Coppel, Harold Pinter, John Osborne, Frederic Knott, Kafka, Arthur Miller, Mitkiewicz, Tancred Dorst, Peter Weiss, Rolf Hochhuth, Heiner Kippartt, Jordi Texidor, Brecht, Egon Wolf, etc. Na Companhia de Teatro de Almada dirigiu duas obras: Os Retratos, de Julio Mauricio, e O Fim da Enfermeira João, de Franck Markus. Na sua actividade de realizador de teleteatro, na RTP, dirigiu numerosas peças de autores como Tchecov, Carlos Selvagem, John Milligton Synge, João Pedro de Andrade, Marivaux, Molière, Gervásio Lobato, Gozzi, Garrett, Gil Vicente, Calderón, Thorton Wilder, Oscar Wilde, Lope de Vega, Eugene O’Neill, Cervantes, Bernard Shaw, Mrozeck, Ribeiro Chiado, D. Francisco Manuel de Melo, Eça de Queiroz, Luís de Sttau Monteiro, Alfredo Cortez, Marcel Pagnol, Miguel Rovisco, António Ferreira, entre muitos outros. Esta lista de autores dá uma ideia da intensa actividade de Artur Ramos no plano da divulgação cultural. Muitos dos que hoje o admiram e estimam retiraram deste intenso labor uma parte considerável da sua formação. A um tempo artista criador e homem de Cultura, Artur Ramos é alguém que sempre quis inscrever-se e envolver-se na sua época e na modernidade. E que soube, com exemplar coerência e convicção, assumir sempre uma atitude cívica que é o reflexo do seu interesse pelos outros e da sua imensa e discretíssima generosidade. Em Artur Ramos o Festival de Almada 2005 homenageia um criador, um homem de Cultura, e uma personalidade humanista e tolerante, a quem devemos, todos os que trabalhamos no teatro, um exemplo de qualidade artística, de escrupulosa seriedade e de permanente energia. Esta homenagem é uma forma modesta de lhe agradecer o que fez e o que, certamente, continuará a fazer pelo teatro. J. B. 06 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS LA ROSE ET LA HACHE (A ROSA E O MACHADO) DE WILLIAM SHAKESPEARE / CARMELO BENE | TEATRO EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO DA TRINDADE ODÉON – THÉÂTRE DE L’EUROPE ENCENAÇÃO DE GEORGES LAVAUDANT FRANÇA O Théâtre de l’Odéon. Inaugurado em 1782, o Théâtre de l’Odéon, modelo de arquitectura do século das Luzes, foi construído para albergar a Comédie Française. Junto ao jardim do Luxembourg, no coração da margem esquerda de Paris, foi e continua a ser o testemunho de várias contracorrentes artísticas e políticas. Estreitamente ligado ao Estado francês, é actualmente um dos cinco teatros nacionais de França inteiramente subvencionados pelo Ministério da Cultura. Teatro da Europa desde 1990, o Odéon ganhou então a sua plena independência com a missão de “favorecer o trabalho em comum de encenadores, actores e outros praticantes europeus da arte dramática, com vista a criar novas obras e vivificar o património artístico da Europa”. Georges Lavaudant sucedeu a Lluis Pasqual em Março de 1996. Dirige um teatro cujas missões foram clarificadas, afirmando a sua vontade de renovar certas práticas que lhe são caras: um elenco permanente, a descoberta de autores contemporâneos, um teatro móvel, a Cabane, que permita a exploração de novas formas. Se a escrita shakesperiana, desde os seus tempos de escola, sempre o intrigou, esta peça é feita para si. A Rosa e o Machado consiste no texto de Ricardo III “limpo da sua complexidade histórica”. Trata-se de uma sucessão vertiginosa, partindo de um plano bastante alargado, acerca da fealdade e das fraquezas de um homem (dos homens), do destino trágico de um rei (dos reis). Era uma vez Ricardo, Duque de Gloucester, ser disforme, imperfeito, “acabado pela metade”, que se irá servir das suas deficiências, físicas e… morais, para atingir os seus fins. Um actor brilhante. “É um tipo que nunca fez parte da lista dos pré-selecionados”, diz Lavaudant, divertido. Mas que “se vai safar”, como é costume dizer-se. Neste sentido, a personagem anuncia uma das famosas divisas do século XX: “Just do it!”. Neste texto os sonhos, os pesadelos, a crueza e o desespero de um homem sucedem-se numa alternância de instantes de loucura e de lucidez extremas. A Rosa e o Machado é a dança macabra de Ricardo III. Georges Lavaudant. Após vinte anos de teatro em Grenoble, com a companhia do Théâtre Partisan no início, e, depois, na co-direcção do Centre Dramatique National des Alpes (a partir de 1976), e da Maison de la Culture de Grenoble (em 1981), Georges Lavaudant torna-se co-director do TNP em 1986. A sua primeira encenação no TNP, em 1987, foi Le Régent, de Jean-Christophe Bailly. Procurava iniciar dessa forma a corrente encetada no início dos anos 70 em Grenoble: apresentar autores contemporâneos em alternância com os clássicos. Encenou textos de Denis Roche (Louve Basse), Pierre Bourgeade ( Palazzo Mentale ), Jean-Christophe Bailly (Les Cépheides e Pandora), Michel Deutsch ( Féroé, la nuit... ), Le Clézio (Pawana) e, após alguns anos, as suas próprias peças: Veracruz, Les Iris, Terra Incognita, Ulysse/Matériaux, entrecruzadas com o teatro de Musset, Shakespeare, Tchecov, Brecht, Labiche, Pirandello, Genet ... As suas encenações, criadas principalmente em Grenoble até 1986, depois em Villeurbanne até 1996, também viram a luz do dia na Comédie ERIC ANGELICA A t é a o s e u d e s a p a r e c i m e n t o , em 2002, Carmelo Bene foi o cruzamento onde todos os criadores artísticos da escrita e da cena, do visual e do vocal, se associaram para produzir, durante meio século, um fenómeno sem outro nome senão o seu próprio. Bene praticou todos os géneros, que abordava com um espírito violentamente crítico, que fez dele, desde os anos 60, uma das maiores figuras da avant-garde italiana, mas também um dos grandes inspiradores (ao lado de Grotowski ou de Kantor) da modernidade teatral europeia. Cada uma das suas aparições em cena manifestou o desvario de uma fábrica de desregrar, de subverter, uma pelo outro, a cena e o real, a voz do sujeito e o rumor inorgânico das coisas. JEAN-PAUL MANGANARO 08 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS LA ROSE ET LA HACHE (A ROSA E O MACHADO) (CONTINUAÇÃO) Française (Lorenzaccio, Le Balcon, Hamlet); na Ópera de Paris (Roméo et Juliette, de Gounod); na Ópera de Lyon (L’enlèvement au sérait, de Mozart, Malcom , de Gérard Maiomone, Rodrigue et Chimène de Debussy) e, além fronteiras, no México: Le Balcon, Pawana ; em Montevideu: Isidore Ducasse/Fragments; em Bhopal: Fedra; em Hanói: Woyzeck; e em Sampetersburgo: Reflets. Em 1995 e 1996 criou Lumières (I), Près des ruines, Lumières (II), e Sous les arbres, espectáculos da autoria de Jean-Christophe Bailly, Michel Deutsch, Jean-François Duroure e dele próprio. Dirigiu os actores do Théâtre Maly de Sampetersburgo na adaptação russa de Lumières: Reflets, apresentado no Odéon em 1997. No mesmo ano encenou a criação mundial de Prova d’orchestra, de Giorgio Battisteli, na Opéra du Rhin. É director do Odéon Théâtre de L’Europe desde Março de 1996. Com a companhia do Odéon criou: Le roi Lear, de Shakespeare (1996); Bienvenue, de Lavaudant (1996); Reflets, de Jean-Christophe Bailly (1997); Ajax et Philoctête, de Sófocles (Petit Odéon, 1997); Histoires de France, em colaboração com Michel Deutsch (1997); La noce chez les petits bourgeois e Tambours dans la nuit, de Bertolt Brecht (1998); L’Orestie , de Ésquilo (1999); Fanfares (2000); Un Fil à la patte, de Feydeau .. (2001), La Mort de Danton, de Buchner (2002); El Pelele, de Jean-Christophe Bailly (Maio de 2003); La Cerisaie, de Tchecov (Janeiro de 2004). Repôs ainda algumas das suas encenações mais recentes: Un chapeau de paille d’Italie, de Eugène Labiche (1997); La dernière nuit, de Lavaudant (Petit Odéon, 1997); Pawana, de Jean -Marie Le Clézio (1997) e Les Géants de la Montagne, de Pirandello (1999, em catalão). MC2: MAISON DE LA CULTURE DE GRENOBLE EM CO-REALIZAÇÃO COM O FESTIVAL DE OUTONO DE PARIS. Intérpretes Astrid Bas, Babacar M’baye Fall, Ariel Garcia Valdès, Georges Lavaudant e Céline Massol Luz Georges Lavaudant Figurinos e adereços Jean-Pierre Vergier Maquilhagem Sylvie Cailler Som Jean-Louis Imbert Coreografia Jean-Claude Gallotta assistido por Mathilde Altharaz Duração 1h00 Língua francês (legendado em português) TEATRO DA TRINDADE SALA PRINCIPAL (LISBOA) 21h30 21h30 21h30 09 Terça Quarta Quinta 12 13 14 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS LIGNE DE FUITE (LINHA DE FUGA) DE PHILIPPE GENTY | TEATRO EM CO-APRESENTAÇÃO COM O CENTRO CULTURAL DE BELÉM COMPAGNIE PHILIPPE GENTY ENCENAÇÃO DE PHILIPPE GENTY FRANÇA MCNN | MAISON DE LA CULTURE DE NEVERS ET DE LA NIÈVRE EM CO-PRODUÇÃO COM THÉÂTRE NATIONAL DE CHAILLOT, PARIS; THÉÂTRE VIDY-LAUSANNE E.T.E.; THÉÂTRE DES CÉLESTINS, LYON; FESTIVAL DE PÉRÉLADA, ESPAGNE; THÉÂTRE ANDRÉ MALRAUX, RUEIL MALMAISON; ESPACE JACQUES PRÉVERT, AULNAY-SOUS-BOIS; LA COURSIVE, SCÈNE NATIONALE DE LA ROCHELLE; L'ODYSÉE, SCÈNE CONVENTIONNÉE DE PÉRIGUEUX; FESTIVAL MIMOS, VILLE DE LORIENT – GRAND THÉÂTRE DE LORIENT Construtor de paisagens mentais, fantasmagorias surrealistas, Philippe Genty conjuga os seus bailarinos, actores e marionetistas num puzzle vertical povoado por animalejos imaginários. Um mergulhador de escafandro, dependurado, ondula por cima de mares inesperados e abismos sem fundo. Com um apetite e um humor devastadores, um ogre auto-devora-se. Os aventureiros de Linha de Fuga espalham-se no horizonte, repousam lá. Na sua odisseia cruzam-se com uma dançarina caprichosa, um mestre manipulador irrisório e patético, um cleptomaníaco controlador do tempo a meio-tempo, e outros exploradores de tamanho variável consoante o tempo e o ambiente. Assistência de encenação Mary Underwood Música René Aubry Desenho de luzes Patrick Rioux Figurinos Charline Bauce Actores | manipuladores Dominique Cattani, Marjorie Currenti, Sónia Enquin, Meredith Kitchen, Scott Koehler e Lionel Ménard Técnicos | manipuladores Didier Carlier, Franck Girodo, Pascal Laajili e Grâce Rondier Desenho de Luzes Martin Lecarme Efeitos especiais Nick von der Borch Concepção de objectos de cena Stéphane Puech PIERRE NOTTE Na nossa abordagem do teatro, a cena é um espaço que não se parece com nenhum outro. Não se trata do lugar da vida, mas doutro espaço. Um espaço que não se pode habitar tentando reproduzir a vida, tentando ser naturalista. Trata-se de um espaço entre parêntesis. Não se trata do espaço do sonho mas de um espaço que, tal qual como o sonho, é de uma outra natureza que não a realidade. A cena existe para nos fazer escorregar para os abismos. Como nas nossas criações anteriores, utilizo por vezes a magia e a ilusão para fazer explodir o racional e fazer-nos resvalar para o universo do subconsciente, deixando o espectador prolongar as imagens que lhe são propostas, de forma a reenviá-lo aos seus próprios espelhos. A primeira imagem é essencial. Ao entrar na sala o espectador descobre um plano vertical. Linhas brancas sobre um fundo negro como um projecto de um arquitecto, reunindo-se num ponto, ao centro, formando um traçado em perspectiva. Ao longe, uma pequena cadeira dá a sensação de profundidade. A partir desse ponto concreto, no início do espectáculo, vai materializar-se a personagem central. De um plano em duas dimensões, entramos no tridimensional, convidando o espectador a deixar-se transportar para uma realidade de sonho. Língua francês (legendado em português) Duração 1h20 CENTRO CULTURAL DE BELÉM GRANDE AUDITÓRIO (LISBOA) 21h00 17h00 21h00 PHILIPPE GENTY 010 9 Sábado Domingo 10 Segunda 11 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS NOUS ÉTIONS ASSIS SUR LA RIVAGE DU MONDE… (ESTÁVAMOS SENTADOS NA MARGEM DO MUNDO…) DE JOSÉ PLIYA | TEATRO EM CO-APRESENTAÇÃO COM O TEATRO DA TRINDADE. EM CO-PRODUÇÃO COM O THÉÂTRE FRANÇAIS DU CENTRE NATIONAL DES ARTS DU CANADA, O FESTIVAL DE THÉÂTRE DES AMÉRIQUES, O FESTIVAL LES FRANCOPHONIES EN LIMOUSIN E O C.C.R. FOND SAINT-JACQUES MARTINIQUE, REALIZADO COM O APOIO DO MINISTÉRIO DA CULTURA E DA COMUNICAÇÃO – DRAC MARTINIQUE, DO CONSELHO REGIONAL DA MARTINICA, DO ETC CARAÍBAS E DO CONSULADO GERAL DA FRANÇA NO QUEBEQUE. A UBU AGRADECE O SEU APOIO FINANCEIRO AO CONSELHO DAS ARTES E DAS LETRAS DO QUEBEQUE, AO CONSELHO DAS ARTES DO CANADÁ E AO CONSELHO DAS ARTES DE MONTRÉAL. COM O APOIO DA EMBAIXADA DO CANADÁ EM LISBOA. UBU - COMPAGNIE DE CRÉATION ENCENAÇÃO DE DENIS MARLEAU CANADÁ D e n i s M a r l e a u j á t i n h a lido Estávamos Sentados na Margem do Mundo... antes de conhecer pessoalmente José Pliya em Otava, em 2004. Tinha sido seduzido pela beleza violenta dessa linguagem por vezes bastante elaborada, não deixando de lhe recordar Koltès, mas também ligada à oralidade, revelando os corpos de forma directa e sensível. Tornou-se desde logo evidente que se trabalharia com actores de Guadalupe e da Martinica, onde a peça fora encomendada e escrita originalmente por José Pliya, no quadro de uma residência de criação. As audições realizaram-se a partir de Junho de 2004, permitindo compor a distribuição com quatro actores provenientes das duas ilhas. Normand Chaurette, Le Passage de L’Indiana (1996) e Le Petit Kochel (2000), criadas no Festival de Avignon. No quadro de uma residência artística, concebe e realiza uma fantasmagoria tecnológica a partir de Os Cegos, de Maurice Maeterlinck, apresentada posteriormente no Festival de Avignon, no Festival de Edimburgo e no Festival de Almada. Recentemente, criou La Moine noir, de Tchecov. Denis Marleau é igualmente director artístico do Théâtre Français du Centre national des Arts de Otava desde 2001. José Pliya, dramaturgo, actor e encenador francês nascido no Benim em 1966, é autor de uma quinzena de peças traduzidas e representadas actualmente em diversos países. Paralelamente aos estudos universitários, onde obteve, entre outros, um doutoramento em Letras Modernas (em 20012002), ocupa diferentes cargos no estrangeiro. Está na origem da criação de vários grupos de teatro na Guiné Equatorial e nos Camarões. Quando chegou a Roseau en Dominique revitalizou a criação teatral local, estabelecendo laços com vários formadores profissionais. Autor associado à Scène Nationale de Martinique em 2002-2003, José Pliya é actualmente director artístico da associação Escritas Teatrais Contemporâneas no Caribe. Intérpretes Nicole Dogué, Ruddy Sylaire, Éric Delor e Mylène Wagram Colaboração artística Stéphanie Jasmin Cenógrafo Denis Marleau Figurinista Daniel Fortin Iluminador Marc Parent Ambiente sonoro Nancy Tobin Coreógrafo de combate Huy-Phong Doan Assistente de encenação Bénédicte Marino Assistente de cenografia Stéphane Longpré Director técnico | director de cena Jean-François Gélinas Operador de luz | som Christine Chu Director de produção Martin Émond Agradecimentos Angelo Barsetti Adaptador, cenógrafo, e encenador, Denis Marleau funda a UBU-COMPAGNIE DE CRÉATION, em 1982 na cidade de Montreal. Realizou mais de uma trintena de produções cénicas, das quais a maior parte realizou digressão na Europa. Entre as obras cénicas mais significantes do seu percurso há a destacar: os primeiros espectáculos-colagens Merz Opera, segundo Kurt Schwitters (1987) e Oulipo Show (1988); as adaptações tiradas de Antigos Mestres, segundo Thomas Bernhard (1996) e Os três últimos dias de Fernando Pessoa, segundo Antonio Tabucchi (1997), em que inaugura a sua experimentação sobre o vídeo ao serviço da personagem; e as duas peças do autor do Quebeque Duração 1h20, sem intervalo. Língua francês (com legendagem) TEATRO DA TRINDADE SALA PRINCIPAL (LISBOA) 21h30 21h30 011 Quinta Sexta 7 8 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS RICARDO III DE WILLIAM SHAKESPEARE | TEATRO CENTRO DRAMÁTICO GALEGO ENCENAÇÃO DE MANUEL GUEDE OLIVA ESPANHA Tradução Manuel Guede Oliva Interpretação Xosé Manuel Olveira “Pico”, Marcos Viéitez, Manuel Areoso, Artur Trillo, Muriel Sánchez, Miguel López Varela, Maxo Barjas, Miguel Pernas, Xulio Lago, Luísa Merelas, Toño Casais, Rodrigo Roel, Agustin Vega, Elina Luaces e Pancho Martínez Espaço cénico Francisco Oti Ríos Desenho de luzes Juanjo Amado Espaço sonoro Guillermo Vázquez Figurinos Argimiro Rodríguez e Concha Abad Estudo crítico Manuela Palacios Construção de máscaras e efeitos especiais Spencer Hartman e SFX efeitos especiais Coreografia Xosé Candal (Colectivo Danzón) Fotografia Miguel Fernández Práticas de produção Luís Usón Pérez Produção Francisco Oti Rios Aspirante de encenação Xosé Lueiro Assistência de encenação Inma António Ricardo III , comédia negra que Shakespeare escreveu por volta de 1593, quando tinha cerca de trinta anos, efectua, com a crueldade de uma cerimónia desapiedada, uma visita pavorosa ao seio dos sentimentos humanos. Num galope frenético para o trono de Inglaterra, para o cume de um país sombrio e mesquinho, o Duque de Gloucester põe em marcha, com uma precisão diabólica, um perfeito e sanguinário mecanismo que o converterá em rei, deixando pelo caminho onze cadáveres e mostrando-nos, na sua atroz travessia, a maldade do poder em estado puro, encoberto, isso sim, por uma fina e eficacíssima cautela. A vingança, a mentira, o assassinato, são as cruéis constantes desta paisagem na qual o génio de Shakespeare dispôs o seu misterioso poder estético com escândalo para qualquer ideologia, como precisou, lucidamente, Harold Bloom. Duração 2h30, com intervalo Língua Galego Autor, tradutor e encenador, Manuel Guede Oliva (Venezuela, 1956) é director do Centro Dramático Galego desde 1991. Após terminar os estudos no Institut del Teatre de Barcelona, funda o teatro Caritel de Ourense, onde faz a tradução e dramaturgia de vários espectáculos. Dirigiu várias encenações para o Centro Dramático de Viana do Castelo. Publicou também duas obras de poesia: Às doce e sereno e O nome dos disfarces. PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) 22h00 012 Segunda 11 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS FARSA QUIXOTESCA DE HUGO POSSOLO | TEATRO EM COLABORAÇÃO COM O CELCIT. COM O APOIO DA SOCIEDADE ESTATAL DAS COMEMORAÇÕES CULTURAIS DO MINISTÉRIO DA CULTURA DE ESPANHA. PIA FRAUS TEATRO ENCENAÇÃO DE HUGO POSSOLO BRASIL Interpretação Hugo Possolo, Raul Barreto, Marcelo Castro, Claudinei Brandão, Beto Andretta, Henrique Stroeter e Junia Busch Técnico de luzes Wagner Freire Técnico de som Marcos Loureiro Músico Téo Ponciano Voz off José Celso e Martinez Correa Banda Sonora Téo Ponciano Figurinos Sonia Ushiyama Cenografia Hugo Possolo e Teatro Pia Fraus Desenho de luzes Wagner Freire Criação de marionetas e adereços Pia Fraus Teatro Coordenação circense Domingos Montagner Assistência de encenação Marcos Loureiro Confecção do vestuário Leci Andrade, Maria de Lourdes e Antonia Ávilla Pintura do cenário Luis Frúgoli Confecção das marionetas e adereços José Toro-Moreno, Marcelo Stolai, Maria Cecília Meyer e Rosa Rodrigues Realização cenográfica Alejandro Ferrari, Tudo Rústico Marcenaria, Gravino Metalúrgica e Jorge Mercante Programação visual Carlos de Arruda Camargo Coordenação de produção e administração Marlene Salgado Na comemoração do quarto centenário da publicação de D. Quixote, o Festival de Almada apresenta um espectáculo de temática quixotesca e cervantina. Cervantes foi um Quixote. A sua vida atribulada e cheia de decepções não o impediu de sonhar e escrever uma obra que penetrou profundamente na história da Humanidade. O louco que luta contra moinhos de vento tem a força dos ditos populares que são citados em qualquer parte do planeta. Desta universalidade incontestável partiu-se para conceber esta loucura: uma encenação onde Dulcineia, a amada que Quixote nunca encontrou, contasse a sua visão sobre o herói da triste figura. Pia fraus, em latim, quer dizer “mentira ou logro perpetrado com boa intenção”. Da diversidade da formação dos seus componentes (teatro, dança, teatro de fantoches e de máscaras, circo e artes plásticas) surgiu a linha de trabalho da companhia: desenvolver uma linguagem que unisse dramaticamente cada uma destas áreas e as integrasse, consolidando um repertório com características muito particulares, buscando o aprofundamento da investigação e a integração dos recursos do teatro de animação nos de outras linguagens. Neste período produziu treze espectáculos, apresentando-se nos principais festivais do Brasil e além-fronteiras. Duração 1h20 Língua português PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) 22h00 013 Quarta 6 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS AUTO DE LOS CUATRO TIEMPOS (AUTO DOS QUATRO TEMPOS) DE GIL VICENTE | TEATRO NAO D’AMORES TEATRO ENCENAÇÃO DE ANA ZAMORA DIRECÇÃO MUSICAL DE ALICIA LÁZARO ESPANHA Tradução Ana Zamora Interpretação e manipulação de títeres David Faraco / Luís Moreno e Elena Rayos Interpretação musical Sofía Alegre / Alba Fresno (viola de gamba), Alicia Lázaro (alaúde), Elvira Pancorbo (flautas), Nati Vera (voz) e Isabel Zamora (cravo) Música original, arranjos e direcção musical Alicia Lázaro Títeres e cenografia David Faraco Figurinos Deborah Macias Iluminação Miguel Ángel Camacho (A. A. I.) Versificação Ernesto Arias Realização do vestuário María Ángeles Martín Realização de cenografia David Faraco, Déborah Macías, Proescen, Diagonal 80 Fotografia Iván Caso Desenho gráfico Gara Koan Vídeo promocional Alejandro Siguenza Página web Ástor Ayllón / (Thosleaf) Jesús Óscar de San Norberto O Auto de los Cuatro Tiempos, tal como o Auto de la Sibila Casandra, texto sobre o qual trabalhámos na temporada passada, figura no índice da Compilaçam de 1562, sob a imprecisa epígrafe de “obras de devoção.” Trata-se de um auto religioso, escrito para ser representado num espaço sagrado, a capela de S. Miguel, no Paço lisboeta da Alcáçova, fazendo parte do ofício litúrgico do Natal. As discrepâncias da crítica acerca da data desta primeira representação ainda não foram resolvidas, mas deve ter ocorrido algures entre 1503 e 1511. Apesar das semelhanças que apresenta com outros autos de Natal, o Auto de los Cuatro Tiempos, tanto quanto às fontes como à sua estrutura, afasta-se de qualquer tradição dramática anterior ou posterior. Esta obra destaca-se das restantes pela sua riqueza simbólica, e pela correspondência entre elementos pagãos e cristãos. A singularidade do Auto de los Cuatro Tiempos radica na associação de Júpiter, divindade máxima do Olimpo pagão, com a adoração de Cristo no dia 25 de Dezembro, data do nascimento de um novo sol e de um novo ano nas crenças pagãs. Duração: 1h10 Língua: Castelhano FÓRUM ROMEU CORREIA AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA (ALMADA) 18h00 19h00 ANA ZAMORA Nao D’amores é uma companhia criada no Verão de 2001, sob a direcção de Ana Zamora, com o apoio e colaboração artística dos profissionais que constituem a Noviembre Compañía de Teatro. O seu primeiro espectáculo, Comedia Llamada Metamorfosea, de Joaquín Romero de Cepeda, estreado em 2001 durante o XXIV Festival Internacional de Teatro Clássico de Almagro, recebeu o Prémio José Luís Alonso da Associação de Encenadores Espanhóis para a melhor encenação da temporada. A segunda produção da companhia, Auto de la Sibila Casandra, de Gil Vicente, estrear-se-ía também no Festival de Almagro (2003), realizando posteriormente uma digressão que a levou a participar em diversos Festivais. 014 Segunda 11 12 Terça PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS HAND MADE (FEITO À MÃO) DE CARLOS MARTÍNEZ | MÍMICA ENCENAÇÃO DE CARLOS MARTÍNEZ ESPANHA Intérprete Carlos Martínez Duração 1h10 Espectáculo de Honra 2005. Este foi o espectáculo eleito pelo público na edição de 2004 como o Espectáculo de Honra, pelo que é este ano reposto. Hand Made consiste num repertório de dez peças que fazem parte dos correntes programas de mímica de Carlos Martínez. As peças são especialmente desenhadas para estabelecer um diálogo com audiências que possam não estar a par do trabalho do actor. Embora o espectáculo seja tipicamente espanhol, os sketches são todos criados com a técnica internacional da mímica, o que faz com que possam ser entendidos no Mundo inteiro. Estes sketches são os leais companheiros de viagem do actor e os seus próprios tradutores imaginativos: os que sobem ao palco e “falam” por ele. PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) 22h30 Seguindo a sua paixão pela arte dramática, Carlos estudou pantomima em Barcelona, na escola Taller de Mimo y Teatro Contemporâneo (1980), assim como na escola El Timbal (1981), e interpretação teatral sob a orientação de professores como Manuel Carlos Lillo e Jorge Vera (1982-1987). Desde 1986, tem trabalhado como mimo, criando um mundo de gestos que combinam o seu espírito e humor mediterrâneos com um ritmo preciso e uma técnica apurada. Esta linguagem pessoal é também universal, o que lhe proporcionou a liberdade de actuar não só em Espanha como também no resto da Europa, na Ásia e Américas. 015 Quarta 13 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS RADIO CLANDESTINA (RÁDIO CLANDESTINA) DE ASCANIO CELESTINI | TEATRO A PARTIR DO TEXTO DE ALESSANDRO PORTELLI FABBRICA ENCENAÇÃO DE ASCANIO CELESTINI ITÁLIA Interpretação Ascanio Celestini Música original Matteo D’Agostino A 25 de Março de 1944 é publicado um artigo que anuncia a morte de 320 pessoas: trata-se do massacre das Fosse Ardeatine. “Esta história das Ardeatine é uma história que poderia ser contada num minuto ou numa semana”. É uma história que se inicia no fim do século XIX, quando Roma se torna na capital da Itália, e continua nos anos em que se constroem as aldeias, continua com a guerra em África e em Espanha, com as leis racistas de 1938, com a Segunda Guerra, até ao bombardeamento de San Lorenzo, até ao armísticio de 1943. É a história da ocupação que não acaba com o bombardeamento de Roma. É a história dos homens sepultados por toneladas de terra numa pedreira da Ardentina e das mulheres que vão à sua procura, das esposas que trabalham nos anos 50 e dos filhos e dos netos que agora contam essa história. Duração 1h00 Língua italiano (legendado em português) TEATRO TABORDA (LISBOA) 19h00 19h00 19h00 Esta parece uma história que começa num dia e acaba dois dias depois, que se consuma em poucas horas. Mas num livro publicado no ano passado, L’Ordine è già Stato Eseguito, de Alessandro Portelli, vencedor do Premio Viareggio, esta história de poucas horas é inserida na história dos nove meses de ocupação nazi em Roma, e depois na dos cinco anos de guerra, dos vinte anos de fascismo: na história oral de Roma, que se torna capital e começa rapidamente a mudar. “O livro baseia-se em cerca de duzentas entrevistas individuais”, testemunhando que esta não é a história daqueles três dias, mas qualquer coisa de vivo e ainda reconhecível na memória de uma cidade inteira. 016 Terça Quarta Quinta 12 13 14 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS HOMK SALIM OU LA FOLIE DE SALIM (A LOUCURA DE SALIM) DE ABDELKADER ALLOULA | TEATRO TROUPE THÉÂTRALE IBDAE - (CRÉATION) DE LA FONDATION ABDELKADER ALLOULA ENCENAÇÃO DE JAMIL BENHAMAMOUCH ARGÉLIA Interpretação Rihab Alloula, Amine Missoum, Houari Bouabdallah e Mustapha Missoum Assistência de encenação Ghalem Bouachria Cenário Abdelhalim Rahmouni Operação de luzes Nabila Guermesli Operação de som Ghalem Bouachria Produção Nabila Guermesli A Loucura de Salim relata o lento e inexorável avanço da loucura no espírito de um pequeno burocrata. A análise psicológica da personagem desenvolve-se no quadro da representação de manifestações, específicas da Argélia, do fenómeno da burocracia. Salim, esse “pequeno” funcionário, apaixona-se por Raja, a filha do director. Paralelamente, o idílio entre Loubana, a cadela burguesa de Raja, e Atik, o cão proletário do mecânico, permite a Salim — através do correio sentimental de Loubana — penetrar nos mistérios da vida da sua apaixonada. Duração 1h10 Língua árabe dialectal (legendado em português) PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (Almada) 22h00 Abdelkader Alloula, dramaturgo argelino, nasceu em 1929 e foi assassinado em 1994. Nasceu em Ghazaouet, na Argélia ocidental, e estudou teatro em França. Juntou-se ao Teatro Nacional Argelino desde a sua criação, em 1963, seguindo depois um caminho independente. Os seus trabalhos, normalmente em árabe argelino vernáculo, incluem: A Trela (1969), uma sátira à corrupta administração pública; Pão (1970); A Loucura de Salim (1972), um monólogo baseado no Diário de um Louco, de Gogol; O Banho de Deus (1975), baseado no Inspector Geral, de Gogol; e a trilogia Os Provérbios (1980); Os Generosos (1984); e O Véu (1989). Estava a trabalhar numa versão árabe de Tartufo quando foi assassinado por dois membros da Frente Islâmica para a Jihad Armada, durante o Ramadão, a 10 de Março de 1994, quando saía de sua casa, em Oran. A sua viúva, Raja Alloula, e alguns amigos fundaram a Fundação Abdelkader Alloula, em sua memória. 017 Quinta 14 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS 11 M – VOCES CONTRA LA BARBARIE (11M - VOZES CONTRA A BARBÁRIE) A PARTIR DE TEXTOS DE LAILA RIPOLL, YOLANDA PALLÍN, YOLANDA DORADO, MARGARITA REIZ, RAUL HERNÁNDEZ E JÚLIO SALVATIERRA | TEATRO DANTE – PRODUCIONES ADOLFO SIMÓN S. L. ENCENAÇÃO DE ADOLFO SIMÓN ESPANHA Interpretação Maria josé Alfonso, Chete Guzmán, María Castillo e Issac Cuende, Tatiana C. Andrada, Manuel García e Amparo Marín, Victoria Rodríguez Composição Musical El bosque de los Ausentes Antón García Abril Interpretação ao violoncelo Asier Polo Vestuário e figurinos Maria Luis Engel Desenho e realização do traje de Clitmenestra Lorenzo Caprile Cenário e iluminação Juan Sanz e Miguel Ángel Coso Construção de cenografia Talleres TAMAL, S. C. e Antiqua Escena Construção do elemento cénico Luis Castilla Desenho do cartaz Juan Genovés Cortina de cena Lucía Gironés Esboços cenográficos Christian Caillet Grafismo Antonio Ibáñez Espaço sonoro SGAE Radio Círculo (gravações), Zinka (montagem) e Wildtrack (efeitos) Fotografia Pablo Gonzáles e Guillermo Ruiz Montagem audiovisual Paula Segura Produção Pedro Juán Gironés Assistência de encenação Milagro Lalli Vozes contra a Barbárie do 11M surge da necessidade de falar, através do teatro, daquelas experiências vividas pelo cidadão comum para as quais não existe uma terapia aliviadora. Tal como na Grécia, temos de participar na catarse teatral para conseguir que a dor se desloque e ocupe um lugar no nosso imaginário que nos permita continuar a assistir ao ritual da vida sem ter a sombra da morte e da tragédia em nosso redor. Quando a impotência se instala no cérebro e não há saída possível, o teatro surge como ferramenta de solidariedade, e a partir daí temos de estabelecer um discurso ético e social para com os cidadãos. Por isso decidi levar a cabo este projecto, aspirando apenas a que na memória persistam as imagens e os sentimentos que nos mortificaram durante aquele terrível 11-M, prestando assim uma homenagem aos que injustamente perderam a vida ou viram truncado o curso dos seus dias. ADOLFO SIMÓN Os autores Laila Ripoll, Yolanda Pallín, Yolanda Dorado, Margarita Reiz, Raul Hernández e Júlio Salvatierra são editados constantemente, premiados e, sobretudo, estreados, o que afinal de contas é o mais importante para uma obra; que voe do papel para a cena: sem este último passo não se completa o seu ciclo vital. Todos se envolveram entusiasticamente neste projecto, pelo tema que aborda e porque sabem que a cena precisa de uma conexão com a realidade. A soma dos seus textos conforma um puzzle inquietante sobre os terríveis acontecimentos do 11-M. Duração 1h15 Língua castelhano TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA SALA PRINCIPAL (ALMADA) 22h00 018 Domingo 10 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS LA MIRADA DEL AVESTRUZ (O OLHAR DA AVESTRUZ) DE TINO FERNÁNDEZ | DANÇA L’EXPLOSE COREOGRAFIA E ENCENAÇÃO DE TINO FERNÁNDEZ COLÔMBIA Intérpretes Angela Bello, Wilman Romero, Paola Escobar, Vladimir Rodríguez, John Henry Gerena, Leyla Castillo, Marvel Benavides, Natália Orozco e Tino Fernández Desenho de luzes Humberto Hernández Figurinos Eunice García (Canesú) Fotografia Carlos Lema, Zoad Humar Produção Zoad Humar Cenografia Victor Sánchez Vídeo Charles le Pick Dramaturgia Juliana Reyes Encenação e coreografia Tino Fernández Nove personagens sem nome, com histórias próximas e estranhas ao mesmo tempo, falam-nos da sua própria marca, do sua exclusão e das suas contradições, numa peça de dança que procura reflectir sobre a realidade do país. Uma metáfora que pretende, num espaço cénico feito de terra negra, moldar sentimentos, emoções e vivências pessoais, relacionados com a evasão a que às vezes recorremos para, como a avestruz, escapar à realidade. A metáfora que sustenta este trabalho propõe diferentes níveis de significação: o primeiro tem que ver com o olhar que todos parecemos centrar na nossa vida individual, onde nos refugiamos em consequência de um mecanismo de evasão, de sobrevivência. Mas, o que sucede nesses espaços das vidas individuais? Aí mesmo é que estão presentes, sob formas muito subtis e profundas, os traços da violência. Duração 1h10 PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) 22h30 A companhia L’Explose foi fundada por Tino Fernández em Paris e posteriormente na Colômbia, fruto de um intenso trabalho de investigação em dança contemporânea, e celebrou recentemente o seu 14º ano de actividade. O grupo surgiu da necessidade de expressão própria, encontrando o seu caminho na ênfase do aspecto emocional, mais do que no movimento. O resultado é que na realização do seu trabalho, e através de uma energia rude e violenta, consegue expressar o seu encontro com a realidade e a recusa de codificar um imaginário íntimo numa sociedade de artifícios. Os seus objectivos essenciais são a promoção e a divulgação da dança contemporânea. L’Explose é também um lugar de encontro de artistas de diferentes disciplinas para a realização de projectos coreográficos propostos pelo seu director. 019 Sábado 16 PRODUÇÕES ESTRANGEIRAS LES VOLUMINAIRES - FUTURISTIK FREAKS ALE HOP TEATRO | TEATRO DE RUA ALE HOP TEATRO ENCENAÇÃO DE JOSÉ MARIA SILVA ESPANHA Este é um espectáculo em que se conjuga o teatro de rua mais visual e imaginário, o circo contemporâneo, a estética mais vanguardista, música ao vivo, efeitos especiais, iluminação espectacular e um tratamento pirotécnico de grande efeito, que faz do final do espectáculo uma festa de luz e cor. Tenta-se recrear neste espectáculo aquilo a que se poderia chamar a evolução futurista do circo, do ambiente que, a modo das barracas de feira do século passado, viveríamos numa verdadeira viagem através do tempo. Ale Hop Teatro é uma das companhias de teatro de rua mais carismáticas e vanguardistas da Europa, e é considerada a criadora de um novo conceito de espectáculo; uma forma lúdica e diferente de conceber o teatro na sua mais extensa manifestação. Os seus espectáculos consistem num misto de circo contemporâneo, teatro de impacto, acções e animações de rua, performances, etc. Intérpretes Alejandra Oviedo, Jose Maria Silva, Raúl Rodríguez, Anselmo Siesto, Roberto Rodríguez, Ana Isabel Cantillo, Ángel Estévez, Eugenio Villota, José Manuel Taracido, Emilio Rodríguez, Nacho Flores Músicos Tony Estévez, Fernando López, Miriam Lezcano, Javier Pasara Técnico de luzes Pichi Pitkanen Assistente de espectáculo Ana Carril Assistente de encenação Alejandra Oviedo Gestão Juan Aparicio Espaço cénico Zirko Kreativo Figurinista Alejandra Oviedo Villarreal Execução do vestuário Vokko Pitkanen e Alejandra Oviedo Adereços e estruturas Zirko Kreativo Montagem e desenho técnico Jesús Chacon Desenho de luzes Pichi Pitkanen Som Fernando Escobar Música original Toni Estevez Pirotecnia Manuel Estalella Produção New Chapitó Producciones S. L. Outras colaborações Trust Mecanic, Lonas Galindo, Arlequín FX, Poweriser Duração 1h10 PRAÇA DA LIBERDADE (ALMADA) 22h00 020 Sexta 15 PRODUÇÕES PORTUGUESAS MANUCURE DE MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO | RECITAL DE POESIA ENCENAÇÃO DE JOÃO GROSSO LISBOA Publicado no Orpheu 2, em 1915, Manucure é precedido por Elegia, cuja última estrofe antecipa dois dos motivos presentes no primeiro andamento: «Ó meus cafés de grande vida / Com dançarinas multicores... / – Ai, não são mais as minhas dores / Que a sua dança interrompida...». Será o café o espaço da representação, metamorfoseado em «grande palco a Oiro», onde tudo é encenado, até a dança executada pela «dançarina russa, meia nua», adjectivada por uma multiplicidade cromática: as «grinaldas vermelhas», as «mãos pintadas da Salomé», que ela agita, como se suas não fossem, mas, à semelhança do sujeito poético, dividido entre Eu e Mim, a outra pertencessem, assim ensaiando também um outro tipo de dualidade identitária, mais à frente metamorfoseado no estrangeiro (o outro) que se «assenta» na face do sujeito lírico (o eu), e «desdobra o Matin», e é pretexto para a inclusão no texto das variações tipográficas, notícias de jornal, anúncios – toda a parafernália própria do folclore futurista. Trata-se de expor como aparente a ausência sugerida por «[t]oda essa Beleza-sem-Suporte» (e não esqueçamos que o conjunto formado por Elegia e Manucure, aquando da sua publicação no Orpheu, se intitula precisamente Poemas sem Suporte). Trata-se, em suma, de ensaiar múltiplas identidades, também estéticas, a várias vozes, ou intensidades de voz, o que produz um efeito de choque e sustenta a modernidade do poema, construído sobre «intersecções de planos / Múltiplos, livres, resvalantes,», permitindo «insondáveis divergências», em que o olhar tanto convoca e une como secciona e rarefaz. ANA LUÍSA AMARAL 023 Interpretação João Grosso Produção Culturproject – Gestão de Projectos Culturais Duração 40m Língua português PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) 22h00 Segunda 4 PRODUÇÕES PORTUGUESAS PODER DE NICK DEAR | TEATRO COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA ENCENAÇÃO DE JOAQUIM BENITE ALMADA Poder é uma peça de Nick Dear, um dos mais celebrados dramaturgos britânicos da sua geração. Nascido em 1955, é autor de mais de uma dezena de peças (algumas delas, adaptações de clássicos), de argumentos de filmes e de libretos de ópera, tendo trabalhado com encenadores como Peter Brook e Declan Donnellan. Em Julho de 2003, Poder foi estreada em Londres, no Royal National Theatre. Na peça é focado um dos momentos fulcrais do reinado de Luís XIV: o da tomada do poder. Em 1661, Luís XIV, um jovem rei que logo após a morte do Cardeal Mazarino, incentivado por Colbert, se incompatibiliza com Nicolas Fouquet, o Supertintendente das Finanças, de quem era amigo. Assiste-se então ao processo da queda em desgraça de Fouquet, vindo ele a acabar condenado a prisão perpétua, espoliado do palácio que acabara de estrear em Vaux-le-Vicomte. RUI ROMÃO Até que ponto cria a História as suas personagens e até que ponto são as personagens que criam a História? A chamada “tomada do poder” por Luís XIV, em 1661, na sequência da morte do Cardeal Mazarino (tema que Rosselini consagrará no seu célebre filme La Prise de Pouvoir par Louis XIV), é um desses momentos em que se torna difícil a avaliação do peso das circunstâncias e do das personagens no desencadeamento da crise e na consequente transformação estrutural verificada. Os métodos de que o Rei-Sol se serviu para a construção de uma nova realidade social relevam de uma concepção iminentemente artística - e teatral - da acção política. Como vários ditadores ao longo da História, ele intuiu perfeitamente o papel da encenação e do espectáculo na concretização do poder, a natureza subjectiva e abstracta desse poder, constituído por rituais e pela força da linguagem e da imagem - pelo teatro, em suma. Tradução Rui Romão Intérpretes (por ordem de entrada em cena) Teresa Gafeira, Rui Neto, Bruno Martins, Marques D’Arede, Joana Fartaria, Francisco Costa e Kjersti Kaasa Direcção de produção Paulo Mendes Direcção de cena Joana Fartaria Direcção de montagem Carlos Galvão Montagem António Cipriano, Carlos Ramos e Paulo Horta Assistente de cenografia Sofia Bravo Execução do guarda-roupa Catarina Santos, Lurdes Gonçalves e Piedade Antunes Falcoeiros José Simões, Paulo Mascarenhas e Rui Fortunato Contra-regras Carlos Ramos e Paulo Horta Cabeleiras Miguel Moleno Penteados Vítor Hugo Promoção Rodrigo Francisco e Sónia Benite Colaboração coreográfica Jean Paul Bucchieri Direcção musical Fernando Fontes Desenho de luzes José Carlos Nascimento Figurinos e cenografia Maria João Silveira Ramos Assistentes de encenação Joana Fartaria e Paulo Mendes Duração 2h20, com intervalo Língua português TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA SALA PRINCIPAL (ALMADA) 17h00 16h00 JOAQUIM BENITE 024 Terça Sexta 5 8 PRODUÇÕES PORTUGUESAS AGATHA CHRISTIE CRIAÇÃO COLECTIVA DO TEATRO PRAGA | TEATRO EM CO-APRESENTAÇÃO COM A CULTURGEST TEATRO PRAGA | CULTURGEST ENCENAÇÃO COLECTIVA LISBOA A obra de Agatha Christie, como a da maioria dos escritores de romances policiais, apoia-se numa “descrição e análise cabal do estilo mobiliário” (Walter Benjamin, Rua de Sentido Único) que determina a acção. Ter de acontecer algo nalgum lugar é a base de todo este tipo de literatura – que determina um consentimento implícito do leitor, que se deixa levar por algo que de todo não controla e que só serve para o espantar – e a obra de Mrs. Christie não é excepção: uma técnica literária, de senso comum, muitas vezes considerada menor. O espectáculo do Teatro Praga pretende ser um gesto de mão esquerda desse mesmo método. Um espectáculo de travestis and ordeals, twists and loops, de Sucessos e Fracassos. Não é, contudo, a história de uma velhota do countryside inglês que é assassinada por…si mesma, mas sim a sua exposição teatral. O Teatro Praga é um colectivo que funciona mediante as propostas e os desenvolvimentos pessoais dos membros do grupo, mas sempre com uma perspectiva do percurso e das ansiedades do todo, como uma estrutura permanente que abriga e desenvolve projectos. Pretendemos reflectir sobre um teatro livre de preconceitos formais e estéticos. Pretendemos que o acto de criação seja feito de falhas e de arranques sucessivos, de entidades nebulosas e de pulsões vitais. A Praga – Companhia de Teatro foi fundada em 1995 e tem desde então desenvolvido actividade regular. No ano 2000 conta com o primeiro apoio financeiro por parte do Ministério da Cultura. Mantém parcerias com as mais diversas estruturas artísticas nacionais e internacionais. Em 2003, é distinguida com dois Prémios do “Teatro na Década” – encenação e reposição - com dois espectáculos diferentes, e no mesmo ano vê o seu trabalho uma vez mais reconhecido pelo Serviço Acarte com uma Menção Honrosa. 025 Co-criação e interpretação André Teodósio, Carlos Alves, Cláudia Gaiolas, Cláudia Jardim, Diogo Bento, Patrícia da Silva, Paula Diogo, Pedro Penim, Sandra Simões e Sofia Ferrão Design gráfico Triplinfinito Fotografias Ângelo Fernandes e Sofia Ferrão Desenho de luz e direcção técnica Daniel Worm d’Assumpção Direcção de produção e promoção Pedro Pires Duração 2h00 Língua Português CULTURGEST (LISBOA) 21h30 21h30 21h30 21h30 Terça Quarta Quinta Sexta 5 6 7 8 PRODUÇÕES PORTUGUESAS A CADEIRA DE EDWARD BOND | TEATRO TEATRO DA CORNUCÓPIA ENCENAÇÃO DE LUÍS MIGUEL CINTRA LISBOA Tradução Luís Miguel Cintra Interpretação Catarina Requeijo, Dinis Gomes, Luísa Cruz e Paulo Moura Lopes Cenário e figurinos Cristina Reis Desenho de luz Daniel Worm d’Assumpção Som Vasco Pimentel A Cadeira é uma das mais recentes peças de Edward Bond. Uma cidade no ano 2077. Tudo é policiado. As crianças têm de ser entregues às autoridades logo à nascença. Alice encontrou um bebé abandonado num caixote do lixo. Trouxe-o para casa. Escondeu-o durante 27 anos. Um dia em que espreitou pela janela e pensou reconhecer a sua própria mãe numa prisioneira que era levada por um soldado, desobedece e desce à rua com uma cadeira para o soldado se sentar e falar com essa mulher. O soldado desobedece também e aceita a cadeira. Será acusado. Acaba, em pânico, por matar a prisioneira. Do incidente resulta que Alice é investigada e descoberto o rapaz clandestino. Alice acaba por enforcar-se. Billy fica sozinho e sai para a rua pela primeira vez. Quando espalha as cinzas de Alice num parque de automóveis, à noite, é apanhado e morto pelo vigilante do parque. Um homem-criança é confrontado com um mundo monstruoso. Com a antevisão de um futuro de horror em que todos os comportamentos são programados e a compaixão é impossível, Bond acusa a desumanização da sociedade do nosso tempo. A sua escrita é agora a da mais radical depuração. Duração 1h30 Língua português TEATRO DO BAIRRO ALTO | CORNUCÓPIA (LISBOA) 21h30 21h30 21h30 21h30 21h30 17h00 21h30 21h30 21h30 21h30 21h30 17h00 Nasci às oito e meia da tarde de quarta-feira 18 de Julho de 1934 Havia uma laranja Uma hora antes do meu nascimento a minha mãe lavava as escadas do seu prédio para que estivessem limpas quando a parteira chegasse No bairro onde vivia a minha mãe considerava-se os representantes do corpo médico como agentes da autoridade Fui bombardeado pela primeira vez aos cinco anos O bombardeamento continuou até eu ter onze anos Mais tarde o exército ensinou-me novas formas de matar E aos vinte anos escrevi a minha primeira peça Como todas as pessoas vivas na metade deste século ou nascidas depois Sou cidadão de Auschwitz e cidadão de Hiroshima Sou cidadão do mundo humano ainda por construir. EDWARD BOND 026 Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo 5 6 7 8 9 10 12 13 14 15 16 17 PRODUÇÕES PORTUGUESAS AS REGRAS DA ARTE DE BEM VIVER NA SOCIEDADE MODERNA COM O APOIO DO INSTITUTO FRANCO-PORTUGUÊS. DE JEAN-LUC LAGARCE | TEATRO Tradução Alexandra Moreira da Silva Interpretação Isabel Muñoz Cardoso Cenografia Rita Lopes Alves e João Calvário Figurinos Rita Lopes Alves, Luz Pedro Domingos Luz Pedro Domingos Assistência de encenação Pedro Carraça ARTISTAS UNIDOS ENCENAÇÃO DE ANDREIA BENTO LISBOA Nascer não é complicado. Morrer é muito fácil. Viver entre estes dois acontecimentos não é necessariamente impossível. Para se adaptar, basta seguir as regras e aplicar os princípios, e saber que para toda e qualquer circunstância, existe sempre uma solução, uma forma de reagir e de se comportar, uma explicação para os problemas, porque a vida é apenas e somente uma longa lista de ínfimos problemas, e cada um necessita e deve obter uma resposta. Trata-se de conhecer e de aprender, desde esse instante imediatamente mundano que é o nascimento, a desempenhar o seu papel e a respeitar os códigos que regem a existência. Finalmente, basta controlar as mágoas, chorar em quantidade suficiente e relativa, avaliar a importância da dor e sempre, nos momentos mais difíceis da vida, saber exactamente que lugar lhes concedemos. Duração 1h10 Língua Português TEATRO TABORDA (LISBOA) 22h00 22h00 22h00 22h00 22h00 22h00 22h00 22h00 22h00 Há um livro que tudo rege, todas as circustâncias, organiza tudo, propõe uma solução para todos os instantes da vida, organiza, tranquiliza. É um livro absoluto. Explica como nascer, como estar em harmonia perfeita com o Mundo desde o primeiro dia, como não cometer erros perante o nascimento dos outros, como descobrir a vida – quantas prendas, que presente – que atitude ter no dia do casamento, como preparar uma mesa, como demonstrar o amor ao ser amado e conhecer as palavras que lhe devem ser ditas, como lhe agradecer e como lhe pedir, como dar e obter, quanto dar e quanto receber. E depois, o que também não é de somenos, como morrer, o que dizer, o que fazer, como partir sem complicações, como manter a elegância também nesse momento, e não falhar o papel nem esquecer o texto. 027 Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo Sexta Sábado Domingo 5 6 7 8 9 10 15 16 17 PRODUÇÕES PORTUGUESAS A MONTANHA DA ÁGUA LILÁS DE PEPETELA | TEATRO TEATRO MERIDIONAL ENCENAÇÃO DE NATÁLIA LUIZA LISBOA Perguntar o Mundo, perceber de uma forma simbólica os diferentes momentos em que as sociedades se alteram aportando novas regras sociais, valores e normas; a forma como as sociedades gerem os seus recursos naturais e a forma como a sua utilização comporta para cada sociedade novas aquisições; a apropriação dos ganhos pelos diferentes grupos sociais; a forma como o trabalho, e os ganhos que dele advêm, são distribuídos; como cada um de nós se altera quando as sociedades se alteram; como lidamos com os processos da dissonância... e um infindável ror de questões estão levantadas nesta fábula. Enquanto Teatro Meridional, prosseguimos uma das nossas linhas de pesquisa: trabalhar textos de autores da língua portuguesa e arriscar, uma vez mais, partir de uma obra não teatral tornando-a texto e espectáculo de teatro. E ainda, com a economia cénica que é opção da companhia, dar aos actores a total ocupação do palco, pedindo-lhes que nos contem, nos façam pensar, nos encantem, emocionem e deixem, a todos e a cada um, a questão central que nos move enquanto seres humanos que habitam este tempo do Mundo: como é que se faz para se ser feliz, aqui, agora, amanhã, contigo, comigo, connosco, com os outros, com todos? TEATRO MERIDIONAL Escritor angolano, Pepetela é um dos nomes mais relevantes da literatura contemporânea de língua portuguesa. Conhecer a sua obra implica conhecer um pouco mais da História de Angola. O artista fez um caminho político activo e é um grande conhecedor da História mais recente do país, que transporta para os seus livros. Em 1997 foi galardoado com o Prémio Camões, considerado o mais importante prémio literário para autores de língua portuguesa. 028 Interpretação Carla Chambel, Carla Galvão, Carla Maciel, Martinho Silva, Romeu Costa, Sérgio Gomes Adaptação Natália Luiza Assistência artística e desenho de luz Miguel Seabra Espaço cénico e figurinos Marta Carreiras Música original e espaço sonoro Fernando Mota Atelier de clown Eric de Bont Movimento Ana Rita Barata Fotografia de cena Rui Mateus e Patrícia Poção Realização gráfica João Nuno Represas Montagem e operação técnica José Manuel Rodrigues Assessoria de imprensa Joaquim René Produção executiva Célia Pires Direcção de produção Mónica Almeida Duração 1h20 Língua Português FÓRUM ROMEU CORREIA AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA (ALMADA) 18h00 17h00 Sexta Sábado 8 9 PRODUÇÕES PORTUGUESAS MUSIC-HALL DE JEAN-LUC LAGARCE | TEATRO EM CO-APRESENTAÇÃO COM O CENTRO CULTURAL DE BELÉM. CRIAÇÃO NO FESTIVAL COM O APOIO DO INSTITUTO FRANCO-PORTUGUÊS. TÁ SAFO | ARTISTAS UNIDOS | CCB ENCENAÇÃO DE FRANÇOIS BERREUR LISBOA Usando como pretexto a vida itinerante de uma mulher e dos seus dois boys que apresentam um espectáculo de Music-Hall, Jean-Luc Lagarce questiona o que está em jogo no teatro contemporâneo. Ao contar a vida de artistas confrontados com as lógicas económicas de exploração das salas e com o desinteresse do público, evoca a condição da criação através do retrato desta artista de Music-Hall que recorre à sua vida para criar números e continua a ensaiar incansavelmente mesmo face à incompreensão. É toda a sua vida que é contada, a sua juventude e as suas viagens, os seus sonhos e as suas desilusões, as suas alegrias e os seus dissabores, os seus encontros e os seus amores, mas, sobretudo, para além de tudo, um amor ainda maior: o do teatro. Jean-Luc Lagarce nasceu em Héricourt em 1956. No final dos anos 70, cria uma companhia de teatro, o Théâtre de la Roulotte, onde apresenta os seus primeiros textos, La Bonne Chez Ducatel, Erreur de Construction e Carthage Encore. É no final dos anos 80 que, através de encenadores como Berangère Bonvoisin e Hans Peter Cloos, o seu teatro começa a sair do pequeno círculo regional da companhia e começa a interessar Paris, nomeadamente através da acção do Théâtre Ouvert. Na década de 90, os seus textos são montados por encenadores como Joël Jouanneau, Jean-Pierre Vincent, Alain Fromager, François Berreur, Philippe Delaigue, Philippe Sireuil e Stanislas Nordey. A apresentação da sua peça Estava em Casa e Esperava que a Chuva Viesse, em 1998, no Teatro do Noroeste, em Viana do Castelo, marca a estreia deste autor em Portugal. Jean-Luc Lagarce morreu em 1995. Music-Hall estreou em 1995 numa encenação do autor. Foi posteriormente produzido, em 1999, pelo Théâtre National de Strasbourg. Recentemente, François Berreur fez uma encenação desta peça com Hervé Pierre interpretando o papel de A Rapariga. 029 Tradução Alexandra Moreira da Silva Interpretação Américo Silva, António Simão e Pedro Carraca Cenografia José Manuel Reis Figurinos Rita Lopes Alves Luz Bérnard Guyollet Maquilhagem Eva Graça Coreografia Vitor Linhares Assistência de encenação Andreia Bento, Olinda Gil e Ricardo Carolo Duração 1h15 Língua português CENTRO CULTURAL DE BELÉM SALA DE ENSAIOS (LISBOA) 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 21h00 Sexta Sábado Domingo Segunda Terça Quinta Sexta Sábado Domingo 8 9 10 11 12 14 15 16 17 PRODUÇÕES PORTUGUESAS OS GUARDAS DO MUSEU DE BAGDAD DE JOSÉ PEIXOTO | TEATRO CRIAÇÃO NO FESTIVAL TEATRO DOS ALOÉS ENCENAÇÃO DE JOSÉ PEIXOTO AMADORA O desenvolvimento da ciência e da tecnologia do último século parecia garantir um inigualável progresso para a humanidade, capaz de modificar a vida social de forma incomparável. Essa esperança parece ser, porém, uma utopia adiada para muitos, porque o que verificamos é que esse possível esplendor de civilização beneficia apenas muito poucos. A luta pela sobrevivência, que muitas vezes significa literalmente pela vida, continua o primeiro e quase único esforço da maior parte dos seres humanos, que consomem nele todo o seu tempo, todas as suas energias e todas as suas capacidades. Há forças que comandam o mundo em nome de uma minoria que tudo detém. O regresso à barbárie, ao obscurantismo e à irracionalidade mais fanática é constatação de todos os dias, preenchendo as páginas de todos os jornais. A cultura, que é a matéria que gera o progresso e a liberdade, está prisioneira de orçamentos e desígnios que não pressupõem o bem-estar e a felicidade dos povos. A perplexidade dos guardas das obras da ciência e das artes perante o mundo provoca uma inquietação e uma angustiante impotência, fechando-os muitas vezes no labirinto do saber e na incapacidade de agir no mundo real. Colocada na situação extrema da guerra e escrita em dois planos, o do quotidiano e o da metáfora, Os Guardas do Museu de Bagdad questiona a importância do teatro como alerta e tomada de consciência. OS ALOÉS 030 Intérpretes Jorge Silva, José Peixoto, Elsa Valentim e Leonor Cabral Cenografia e figurinos Ana Brum Música Luís Cília Iluminação Carlos Gonçalves Grafismo João Rodrigues Duração 1h30 Língua português PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) 22h00 Sábado 9 PRODUÇÕES PORTUGUESAS TÃO SÓ O FIM DO MUNDO DE JEAN-LUC LAGARCE | TEATRO ALBERTO SEIXAS SANTOS | ARTISTAS UNIDOS ENCENAÇÃO DE ALBERTO SEIXAS SANTOS LISBOA COM O APOIO DO INSTITUTO FRANCO-PORTUGUÊS. Tradução Alexandra Moreira da Silva Interpretação José Airosa, Joana Bárcia, Américo Silva, Teresa Sobral e Fernanda Montemor Cenografia Jorge Martins Figurinos Rita Lopes Alves Luz Pedro Domingos Assistência de encenação Andreia Bento Construção de cenário José Manuel Reis Uma tragédia que não diz o seu nome. Uma ferida que o Mundo não deixa surgir e que, no entanto, provoca efeitos à sua volta. Um homem, um filho, regressa a casa dos seus, que há muito deixara. Sabe que vai morrer. Volta para lhes dizer. Volta a ver a mãe, a irmã, o irmão e a cunhada. Gostava de lhes falar, de lhes dizer quem é e como anda, os seus desejos e penas. Nada disso consegue. É esta a incrível força desta peça: nada é dito e, no entanto, cada um dos que se cala está entregue às palavras. São lutas improváveis e subterrâneas de que nos fala o teatro de Jean-Luc Lagarce. Para ocupar o lugar vazio de um amor desfeito, incapaz de passar à linguagem. O homem vai-se embora sem nada ter dito. Lagarce volta, seis anos depois, em Le Pays Lointain, a este mesmo rapaz. Duração 1h25 Língua português TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA SALA PRINCIPAL (ALMADA) 17h00 17h00 Tão Só o Fim do Mundo foi escrito por um homem que se sabia condenado. Provavelmente só quem está perto da morte pode ter uma tal preocupação com a justeza das palavras. Em Lagarce, não se trata de preciosismo, esta precisão é a sua escrita, exigente, rigorosa, não naturalista. Esta exigência formal ultrapassa a história da família e dá-lhe um lado universal, como todas as grandes obras literárias. O teatro de Jean-Luc Lagarce é um teatro íntimo, nostálgico, humanista, mas com algum cinismo, onde as palavras contam a história, mas estão recheadas de suspensões, de silêncios, de ausências, de perdas. Pouco representado enquanto vivo, Jean-Luc Lagarce é agora um nome fundamental da dramaturgia contemporânea pela precisão da escrita, a sensibilidade e a justeza da narrativa. 031 Terça Quarta 12 13 PRODUÇÕES PORTUGUESAS A COSMÉTICA DO INIMIGO DE AMÉLIE NOTHOMB | TEATRO EFÉMERO - COMPANHIA DE TEATRO DE AVEIRO ENCENAÇÃO DE RUI SÉRGIO AVEIRO Depois de Combustíveis, a Efémero – Companhia de Teatro de Aveiro regressa ao universo de Amélie Nothomb. Depois do tempo de guerra, depois da procura incessante de armas de destruição maciça, depois da nossa auto-destruição pelos mísseis da perversidade, chega o inimigo com a sua cosmética. A partir do romance A Cosmética do Inimigo, um dos mais poderosos e mais perturbantes romances de Nothomb, é construído um espectáculo negro pelo tremor terrífico e furioso com que as personagens põem em causa a nossa sociedade. A corrupção altera, destrói. Jérôme Textor é, para Jérôme, esse diabo que divide o ser, deforma a realidade, esvaziando todas as certezas. Corrompe o amor pela violação, numa apologia do amor sádico, reduzindo o outro a um simples objecto. Um brilhante duelo entre o bem e o mal, entre Jérôme Angust e Textor Texel. Angust é um homem devorado pela angústia. Textor é um produto do interior de Angust. “Tudo começou num hall de aeroporto. Ele sabia que seria ele. A vítima perfeita. O culpado escolhido de antemão. Bastou-lhe falar. E esperar que a armadilha voltasse a fechar. Tudo acabou num hall de aeroporto”. RUI SÉRGIO Amélie Nothomb nasceu em Kobe, no Japão, em 1967. Até aos cinco anos de idade viveu aí, onde terá tido tempo para aprender japonês. Filha de um diplomata belga, passou a sua infância e parte da adolescência em vários países asiáticos – Japão, Bangladesh, Burma, Laos e China, radicando-se em Bruxelas, onde vive actualmente. Em 1992, com 25 anos, fez a sua estreia no mundo das letras com A Higiene do Assassino, sendo hoje uma das figuras mais mediáticas da cena literária francófona. O seu romance, Temor e Tremor, venceu em 1999 o Grande Prémio de Romance da Academia. 032 Dramaturgia Carlos Fragateiro e Jorge Fraga Interpretação Carlos Fragateiro, Jorge Fraga, Sofia Santos e Ivo Prata Espaço cénico | Iluminação Vítor Correia Música original Adriano Filipe Silva Figurinos Elsa Marques Costureira Augusta Belinho Produção | Direcção de Cena Eduarda de Almeida Assistente Produção Ivo Prata Designer gráfico Zé Pedro Ramos Duração 1h20 Língua Português FÓRUM ROMEU CORREIA AUDITÓRIO FERNANDO LOPES GRAÇA (ALMADA) 18h30 Quinta 14 PRODUÇÕES PORTUGUESAS A APOLOGIA DE SÓCRATES DE PLATÃO | TEATRO ABC.π ENCENAÇÃO DE ROGÉRIO DE CARVALHO LISBOA A Apologia de Sócrates é um espectáculo que se liberta através do texto e na performance do actor. Visualiza a palavra. O texto desencadeia o processo narrativo, em forma de diálogo: o julgamento de Sócrates que se funde e se ilumina pela enunciação e pela acção corporal. Este trabalho vem na continuidade do que temos vindo a explorar: a enunciação de um texto de natureza filosófica, como forma de representação teatral, e o processo narrativo em que as personagens (no sentido de drama) são eliminadas ou substituídas, na medida em que cada actor passa por vários papéis, e cada papel é interpretado por vários actores. Não se trata de um processo de identificação actor/personagem. Construímos uma dialéctica texto/actor, o que exige precisão e rigor para que a montagem do actor leve o espectador à sua própria montagem. Seguimos o mecanismo da montagem como meio de obter memórias que nos vão surgindo: memória do espectáculo, do texto, do actor, e também do espectador. Procuramos articular estes quatro tipos de memória, sendo de salientar a memória da História na sua relação com a procura das origens (do pensamento, da civilização e da nossa contemporaneidade). ABC.π 033 Tradução do grego António Monteiro Interpretação Laurinda Chiungue, Miguel Eloy e Miguel Sopas Dramaturgia Rogério de Carvalho, Laurinda Chiungue, Miguel Eloy e Miguel Sopas Apoio vocal Natália de Matos Duração 1h30 Língua Português TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA SALA PRINCIPAL (ALMADA) 18h00 Sexta 15 PRODUÇÕES PORTUGUESAS RAINHA VIVA LA REINE MORTE DE HENRY DE MONTHERLANT | TEATRO EM CO-APRESENTAÇÃO COM O CCB CRIAÇÃO NO FESTIVAL ANTÓNIO CALPI E SUZANA BORGES ENCENAÇÃO DE SUZANA BORGES LISBOA ESPECTÁCULO SUBSIDIADO PELO IA| MC. APOIO: CCB E KARNART. ESPECTÁCULO INTEGRADO NAS COMEMORAÇÕES DOS 650 ANOS DA MORTE DE INÊS DE CASTRO. Rainha Viva é a história de Pedro e Inês, em que um rei obscuro, desiludido e quase morto toma a forma humana do destino. Escrita como uma encomenda para a Comédie Française em 1942 e baseada na peça espanhola do séc. XVII Reinar Después de Morir, a peça La Reine Morte tem tido sucessivas encenações um pouco por todo o Mundo. O seu autor, Henry de Montherlant (1895 – 1972), membro da Académie Française, exerceu, durante cinquenta anos de actividade literária, as funções de dramaturgo, romancista, ensaísta e aventureiro. Montherlant sempre frisou o papel das emoções nesta peça, mais importantes do que a razão de Estado. Nesta versão, as quatro personagens: Ferrante, Pedro, Inês e a Infanta, representam menos a intriga política e mais o que as suas almas entrecruzadas exprimem poeticamente sobre um fundo intenso de amor e morte. “Amanhã estará bom tempo; o céu está cheio de estrelas”, diz Inês antes de morrer. Tradução Suzana Borges Intérpretes Uma actriz a designar, António Calpi, Paulo Filipe e Suzana Borges Assistência de encenação Margarida Rosa Rodrigues Adaptação Suzana Borges e António Calpi Cenário e figurinos João Calvário Desenho de luzes Carlos Assis Grafismo Paulo Seabra Produção executiva Margarida Rosa Rodrigues Duração 1h30 Língua português CENTRO CULTURAL DE BELÉM PEQUENO AUDITÓRIO (LISBOA) 21h00 21h00 21h00 034 15 Sexta 16 Sábado Domingo 17 PRODUÇÕES PORTUGUESAS A CABRA, OU QUEM É SÍLVIA? DE EDWARD ALBEE | TEATRO COMUNA ENCENAÇÃO DE ÁLVARO CORREIA LISBOA Martin é um arquitecto de sucesso, e chegou ao topo da sua carreira ao ter entre mãos um projecto para construir uma cidade do futuro. Uma vida familiar preenchida com a esposa que o ama, mais o filho Billy. Mas no dia do seu aniversário algo é revelado. Está apaixonado pela Sílvia. Mas Sílvia é uma cabra. Quando a família se confronta com isso dá-se o desmoronar de todos os alicerces em que o equilíbrio familiar estava construído, onde os tabus não podem ser encarados, como práticas obscenas e pecaminosas de que não se fala. Pode definir-se este texto como uma comédia negra, dado o desconforto e a seriedade com que o tema é tratado, mas este estranho e trágico amor de um homem por uma cabra deixa-nos preparados para aceitar qualquer coisa. O teatro deve mudar as nossas percepções, ou então é apenas decorativo. A Cabra é sobre os limites da nossa tolerância, sobre aquilo que nos permitimos a nós próprios pensar. Vi como procedemos mal quando Susan Sontag escreveu a peça The New Yorker, sobre o 11 de Setembro, na qual tentava colocar o problema num contexto histórico. A Cabra relaciona-se com isso, aquilo que nos permitimos a nós próprios pensar, e eu considero isso uma atitude política. Existe uma cabra verdadeira e alguém que se torna estigmatizado. Esta é uma peça que se vai tornando num abismo à medida que avançamos nela, e penso que vai chocar e incomodar um grande número de pessoas. Com alguma sorte, algumas pessoas levantar-se-ão, outras começarão a torcer as mãos durante o espectáculo e outras atirarão coisas para o palco. Espero bem que assim seja. EDWARD ALBEE 035 Tradução Luís Fonseca Interpretação Carlos Paulo, Cucha Carvalheiro, João Tempera e Victor Soares Assistente de encenação Hugo Franco Cenografia Marta Silva Figurinos Carlos Paulo Guarda-roupa Mestra Fátima Ruela Adereços Joana Simões Desenho de luz Paulo Graça Direcção técnica Abílio Apolinário Cartaz Rota2 Fotografia Susana Paiva Produção Rosário Silva e Carlos Bernardo Programa Carlos Bernardo e Carlos Paulo Operador de luz Alfredo Platas Técnicos Abílio Apolinário, Mário Correia e Alfredo Platas Assistência geral Cremilde Paulo, Alexandre Lopes, Madalena Rocha, Leonor Dias e Emília Salvado Duração 1h40 Língua português PALCO GRANDE ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) 22h00 Domingo 17 PRODUÇÕES PORTUGUESAS NUM BAIRRO MODERNO DE CESÁRIO VERDE | RECITAL DE POESIA CRIAÇÃO NO FESTIVAL COMPANHIA DE TEATRO ALMADA ENCENAÇÃO DE JOAQUIM BENITE ALMADA Interpretação Teresa Gafeira e Isabel Biu (soprano) Direcção musical e piano Fernando Fontes Espaço Manuel Graça Dias e Egas José Vieira Direcção técnica e desenho de luz José Carlos Nascimento Quando Cesário Verde morreu, a 19 de Julho de 1886, as notícias necrológicas limitaram-se a umas poucas linhas de informação circunstancial, em várias se omitindo, mesmo, a qualidade de poeta do defunto. Cento e cinquenta anos depois do seu nascimento, que se comemoram em 2005, Cesário Verde, cuja vida terminou aos 31 anos, surge-nos como um dos pilares da modernidade estética portuguesa, de que foi um evidente percursor. Os ecos da sua influência encontram-se em Guerra Junqueiro, em Fernando Pessoa, em Mário Cesariny de Vasconcelos e em muitos outros poetas modernos. Poeta do “espaço e da memória”, como lhe chamou Jacinto do Prado Coelho, Cesário inaugura uma poesia de descrição, quase de reportagem, renovando a linguagem e introduzindo no discurso termos e conceitos que até aí não faziam parte dele. Em Num Bairro Moderno — que dá o título a este espectáculo — alude-se à vida trepidante e trágica dos novos bairros de Lisboa, nos anos 80 do século XIX. Há um paralelismo entre a visão álacre dessa nova vida que vai surgindo e aquela que hoje temos das novas zonas circundantes da cidade, resultado da explosão demográfica dos anos 50 e 60. Que melhor forma de assinalar a inauguração de um novo teatro num dos novos “bairros modernos” que um espectáculo em que se juntam as referências à modernidade estética, à poesia, fundamento e génese do teatro, e à análise interiorizada do “real quotidiano”, para usar uma expressão de outro grande poeta, Cesariny? Falta a música, função imprescindível de um teatro. Por isso, um piano faz de traço de união entre Cesário Verde e a respectiva contemporaneidade estética, vivida algumas décadas depois da sua morte. Composições de Viana da Motta, Cláudio Carneiro, Alfredo Keill, Luís de Freitas Branco, Croner de Vasconcellos e Joly Braga Santos, entre outros, integram uma segunda parte do espectáculo. Duração 1h10 Língua português NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA) 21h30 036 Segunda 18 ACTOS COMPLEMENTARES EXPOSIÇÕES, COLÓQUIOS E MÚSICA Mais do que um acontecimento teatral consagrado exclusivamente à criação artística, o Festival de Almada tem vindo a afirmar-se, desde as suas primeiras edições, como um espaço de reflexão em torno da cultura e das suas relações com a vida. Este ano, uma vez mais, apresentamos um leque de actividades que inclui exposições, colóquios, música, o lançamento de um livro de Carmelinda Guimarães e o lançamento do terceiro número da revista da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. No que se refere às exposições, para além da tradicional mostra de obras do artista plástico criador do cartaz (este ano, Ana Vidigal) e da relativa à figura homenageada (Artur Ramos), temos ainda uma exposição fotográfica de Jorge Gonçalves, uma outra, documental, referente a Jaime Salazar Sampaio, outra integrada na apresentação de Poder, pela Companhia de Teatro de Almada, e ainda uma exposição fotográfica de Armindo Cardoso sobre espaços fabris abandonados da margem Sul. Quanto aos colóquios e debates, para além dos Encontros da Cerca (que este ano, por motivo de obras do Palácio da Cerca, dividir-se-ão entre o Convento dos Capuchos e o Fórum Romeu Correia), teremos ainda um Encontro com Nick Dear (autor de Poder), um colóquio sobre Jean-Luc Lagarce, de quem os Artistas Unidos apresentam três peças, um encontro com Georges Lavaudant, encenador e director do Odéon – Théâtre de l’Europe, e ainda os Encontros na Esplanada, cujos horários e temas são divulgados durante o Festival. Relativamente à música, para além dos concertos do Palco da Esplanada que precedem as representações no Palco Grande da Escola D. António da Costa, este ano contaremos com actuações do Coro Polifónico de Almada e do conjunto de Jazz Lisbon Swingers, que estarão presentes no novo Teatro Municipal de Almada, dia 18 de Julho. Carmelinda Guimarães, jornalista e crítica de teatro brasileira, apresentará, durante o colóquio realizado no Convento dos Capuchos, em organização conjunta com o Instituto de Teatro do Mediterrâneo, o seu livro Teatro Brasileiro: Tradição e Ruptura. A Associação Portuguesa de Críticos de Teatro lançará no dia 6 de Julho, no Teatro Municipal de Almada, após o Encontro com Nick Dear, o terceiro número da sua revista Sinais de Cena, referente a Junho de 2005. O número inclui um dossier dedicado aos prémios da crítica de 2004. 039 EXPOSIÇÕES A ALMA(DA)CASA ANA VIDIGAL EM COLABORAÇÃO COM A CASA DA CERCA Há muito que Ana Vidigal tem vindo a construir o seu discurso visual a partir da recolha de mate“H riais, pistas e despojos dos dias, que posteriormente combina com engenhos insuspeitos de alquimista. Sobre tela, em qualquer outro suporte ou espaço operativo, cada coisa adquire, sob o seu olhar, singular valência e, sob o seu toque, a enigmática transmutação capaz de subverter a natureza das matérias antes dada como certa. Porque, nem na pintura, nem nos objectos, o que se vê é só aquilo que parece ser. Por isso as obras de Ana Vidigal se expõem à fruição como sedutores desafios lançados à atenção do espectador, accionando mecanismos de memória, prolongando no tempo histórias já contadas ou abrindo novas páginas num diário, muito pessoal, onde cabe tudo aquilo que se viu, leu ou ouviu e todos os modos de sentir o que se viveu. (...) A Alma(da) Casa foi concebida especialmente para a grande sala do piso superior, de paredes descontinuadas pela sucessão de janelas e pavimento de invulgar presença. De forma a tirar partido das características arquitectónicas do lugar e a provocar o sistema perceptivo do espectador, a artista modifica o espaço em torno ao elaborar o que diz ser `uma peça de chão´.” ANA RUIVO Ana Vidigal foi a artista convidada para conceber o cartaz do Festival de Almada 2005. A frase “Almada, um dos corações do Mundo”, aproveitada por Ana Vidigal, é o título de um artigo de Gilles C o s t a z s o b r e o F e s t i v a l d e A l m a d a , p u b l i c a d o n a r e v i s t a f r a n c e s a UBU, n . º 3 3 , d e O u t u b r o d e 2 0 0 4 . Ana Vidigal nasceu em Lisboa em 1960. Concluiu o Curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1984. Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian (1985-1987). Fez um estágio de Gravura em meatl com Bartolomeu Cid, na Casa das Artes de Tavira (1989). Foi pintora residente do Museu de Arte Contemporânea - Fortaleza de São Tiago, Funchal (1998-1999). Em 1995 foi convidada pelo Metropolitano de Lisboa para a execução de um painel de azulejos na estação de Alvalade. Em 1997 executou, a convite do Instituto Português do Património Arquitectónico, uma chávena em porcelana integrada no projecto Um Artista, um Monumento. Em 2002 executou, a convite do Metropolitano de Lisboa, vários painéis de azulejo para a estação de Alfornelos. Recebeu os prémios Maluda (1995) e Amadeo de Souza-Cardoso (2003). CONVENTO DOS CAPUCHOS (ALMADA) De 16 de Junho a 4 de Setembro. De Quarta a Domingo das 10h30 às 18h30. DO PALCO À FOTOGRAFIA JORGE GONÇALVES EM COLABORAÇÃO COM A CASA DA CERCA E OS ARTISTAS UNIDOS As cerca de uma centena de imagens de Jorge Gonçalves aqui reunidas percorrem, entre 1999 e “A 2005, a actividade dos Artistas Unidos que, com a Galeria Municipal de Arte de Almada (e em colaboração com o Festival de Almada) organizaram esta exposição, mostrando 35 peças realizadas antes, durante e depois d’A Capital (Teatro Paulo Claro).” ANA ISABEL RIBEIRO GALERIA MUNICIPAL DE ARTE (ALMADA) De 19 de Maio a 31 de Julho. De Segunda a Sexta das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00. Sábados das 14h00 às 18h00. 040 EXPOSIÇÕES ARTUR RAMOS – EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL EXPOSIÇÃO ORGANIZADA POR FERNANDO FILIPE Exposição sobre a obra e a vida de Artur Ramos, encenador e realizador, figura homenageada pelo Festival de Almada 2005. ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA (ALMADA) De 4 a 18 de Julho. Todos os dias das 17h00 às 24h00. JAIME SALAZAR SAMPAIO – EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL EXPOSIÇÃO CEDIDA PELO MUSEU DO TEATRO Jaime Salazar Sampaio, poeta, ficcionista, mas sobretudo autor dramático, é identificado no teatro português como tendo uma preferência acentuada pela linguagem do “absurdo” a que o próprio prefere chamar “perplexidade”. Tem 45 peças publicadas, na sua maioria em um acto, das quais uma grande parte já foi representada. Actualmente colabora com a Sociedade Portuguesa de Autores, orientando o projecto O Dramaturgo e a Prática Teatral. TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA) De 8 a 18 de Julho. Todos os dias das 17h00 às 22h00. 041 EXPOSIÇÕES PODER COMPANHIA DE TEATRO DE ALMADA Exposição documental sobre a época de Luís XIV, a propósito da peça Poder, de Nick Dear. TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA) De 4 a 8 de Julho. Todos os dias das 17h00 às 22h00. O VAGAR DO TEMPO ARMINDO CARDOSO EM COLABORAÇÃO COM A CÂMARA MUNICIPAL DO SEIXAL Fotografias de Armindo Cardoso sobre espaços fabris abandonados na Margem Sul. ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA SALA POLIVALENTE (ALMADA) De 4 a 18 de Julho. Todos os dias das 17h00 às 24h00. 042 COLÓQUIOS E DEBATES ENCONTROS DA CERCA Para nós que, a partir do espaço da criação artística, temos sempre defendido a igualdade entre as pessoas e a necessidade de as colocar no centro da construção política, este é um tempo especialmente importante. Porque, justamente, o que a História contemporânea nos tem ensinado é que a democracia se apoia na existência de uma cultura democrática, ou, como dizia Alain Touraine, na criação de “sujeitos democráticos”, para quem não seja um problema a conciliação entre a sua liberdade pessoal e a defesa do bem comum. Este ano, por motivo da realização de obras na Casa da Cerca, os encontros tradicionalmente organizados naquele Centro de Arte Contemporânea são transferidos para o Convento dos Capuchos e para o Fórum Municipal Romeu Correia. TEATRO E DEMOCRACIA EM COLABORAÇÃO COM O INSTITUTO INTERNACIONAL DE TEATRO DO MEDITERRÂNEO (IITM) PARTICIPAM : António Coimbra Martins (Investigador, Embaixador, antigo Ministro da Cultura) | Portugal Joaquim Benite (Encenador) | Portugal José Monleón (Ensaísta, dramaturgo e director do IITM) | Espanha Liberto Cruz (Poeta, ensaísta e investigador) | Portugal Manuel Gusmão (Poeta, ensaísta e professor universitário) | Portugal Michel Simonot (Dramaturgo e encenador) | França CONVENTO DOS CAPUCHOS (ALMADA) Domingo, dia 10, pelas 10h30. O tema deste ano do tradicional colóquio organizado em colaboração com o IITM tem que ver com as relações entre o teatro e os processos sociais. No texto que serve de introdução ao debate José Monleón escreve: “Há que dizê-lo no lugar adequado: não há democracia sem cultura democrática. E não há cultura democrática sem a libertação desse imaginário, secularmente atemorizado, que só através da Arte conseguiu mostrar o seu rosto. O pensamento democrático da Grécia Antiga deve muito mais aos tragediógrafos dos que aos seus legisladores e governantes. Não basta que o afirmem simbolicamente as instituições. A Arte e a cultura são bens fundamentais. Será esse o tema do nosso debate.“ 043 ACTOS COMPLEMENTARES ABDELKADER ALLOULA E O SEU PAPEL NO TEATRO ARGELINO EM COLABORAÇÃO COM A FUNDAÇÃO ABDELKADER ALLOULA. PARTICIPAM : Abdelhamid Abdaoui (Conselheiro da Embaixada da Argélia em Lisboa) | Argélia Jamil Benhamamouch (Encenador) | Argélia Marina da Silva (Jornalista) | França Raja Alloula (Presidente da Fundação Abdelkader Alloula) | Argélia Ziani Cherif Ayad (Encenador, ex-director do Teatro Nacional da Argélia) | Argélia FÓRUM MUNICIPAL ROMEU CORREIA SALA PABLO NERUDA (ALMADA) Sábado, dia 16, pelas 15h00. Pierre Bourdieu tinha escrito, após a morte do dramaturgo Abdelkader Alloula: “Era uma das figuras simbólicas que fazem a ligação entre a cultura nacional e a voz do povo argelino, um dos espíritos independentes que recusam as tutelas e o doutrinamento. Era também a voz de uma cidade, a alma da sua vida associativa. A sua consciência política punha-o à escuta de todos os sofrimentos. Morreu de tudo isso. Foi tudo isso que se visou”. (in Les Idées en Mouvement, Maio de 1994). No colóquio, examinaremos o papel que teve Abdelkader Alloula na renovação de um teatro argelino popular, a sua pertinência política, estética e ética, sucessivamente. Para este homem de teatro que queria “romper com a concepção do espectador-voyeur, passivo, consumidor”, e cujos heróis eram “gente do dia a dia, gente comum”, havia uma imbricação total entre as transformações sociais e a prática artística: “A função social principal do teatro é a de ajudar o homem a melhor apreender a vida, a melhor compreender os outros para melhor aceitar a diferença”. ENCONTRO COM NICK DEAR TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA) Quarta, dia 6, pelas 18h00. O autor de Poder fala sobre o seu texto e sobre o teatro inglês contemporâneo. A introdução e apresentação estarão a cargo de Maria Helena Serôdio, ensaísta, crítica de teatro e professora universitária. 044 ACTOS COMPLEMENTARES JEAN-LUC LAGARCE E O TEATRO FRANCÊS CONTEMPORÂNEO PARTICIPAM : Alberto Seixas Santos (Realizador de cinema e encenador) Alexandra Moreira da Silva (Tradutora) Andreia Bento (Encenadora) François Berreur (Encenador) Jean-Pierre Han (Ensaista, crítico teatral e director da revista) Jorge Silva Melo (Encenador e dramaturgo) José Martins (Encenador) TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA (ALMADA) Sábado, dia 9, pelas 14h30. Jean-Luc Lagarce nasceu em 1956 e morreu em 1995. Actor e dramaturgo, fundou uma pequena companhia de teatro com a qual representou várias das suas peças. O seu teatro foi descoberto na década de 90 por encenadores como Joel Jouanneau, Jean-Pierre Vincent, Alain Fromager, François Berreur e Stanislas Nordey, tornando-se num dos principais nomes do teatro francês contemporâneo. Lagarce escreve sem recorrer a efeitos, numa língua simples e bela, com um grande rigor. O seu teatro interroga-se sobre o sentido do destino humano e exprime as nossas esperanças e desencantos. ENCONTRO COM GEORGES LAVAUDANT TEATRO DA TRINDADE (LISBOA) Quinta, dia 14, pelas 16h00. O director do Odéon-Théâtre de l’Europe conversa com o público acerca do teatro e da sua obra. Introdução e apresentação a cargo de Maria Helena Serôdio. 045 MÚSICA Para além das actuações no Palco da Esplanada, no dia 18, no Novo Teatro Municipal de Almada, realizam-se as actuações da banda de jazz Lisbon Swingers e do Coro Polifónico de Almada. Os Lisbon Swingers são uma BIG BAND constituída por um grupo de músicos amadores e profissionais, interessados em interpretar grandes temas de Jazz, nomeadamente dos clássicos americanos da era do swing. Ensaiam sob a direcção do consagrado trombonista, maestro e arranjador Claus Nymark. Claus Nymark é de nacionalidade dinamarquesa e está radicado em Portugal há cerca de 20 anos. É professor na Escola de Jazz do Hot Clube de Portugal e integra diversos agrupamentos e projectos musicais na área do Jazz. Actualmente, os Lisbon Swingers contam com 21 elementos, com a seguinte composição: cinco saxofones, um clarinete, cinco trompetes, quatro trombones, secção rítmica (piano, guitarra, contrabaixo e bateria), e uma voz masculina e outra feminina. Já realizaram concertos por todo o país. Os seus gostos são ecléticos mas procuram, tipicamente, aproximar os sons de orquestras como as de Count Basie, Duke Ellington e Glen Miller. O Coro Polifónico de Almada foi fundado em 4 de Outubro de 1983 por iniciativa de um grupo de amigos, entre os quais Ivo Reis Miranda e Simão Barreto, seu primeiro maestro. É filiado na Associação de Coros da Área de Lisboa. Realizou até ao presente mais de setecentas actuações, quer na sua área de actividade e concelhos limítrofes (colaboração assídua com as Câmaras Municipais de Almada, Seixal e Lisboa, bem como com diversas comunidades), quer em deslocações (distritos de Setúbal, Lisboa, Portalegre, Leiria, Faro, Évora, Coimbra, Beja, Castelo Branco, Santarém, Aveiro, Porto e Viseu ). Já se apresentou no México e em Espanha. É dirigido pelo maestro João Baptista Branco. PALCO DA ESPLANADA NOVO TEATRO MUNICIPAL DE ALMADA BLUEPRINT Segunda, dia 4, pelas 21h00. CORO POLIFÓNICO DE ALMADA Segunda, dia 18, pelas 23h00. ROGER SEXTETO Quarta, dia 6, pelas 21h00. LISBON SWINGERS Segunda, dia 18, pelas 00h00. TRIO DE GUITARRAS Sábado, dia 9, pelas 21h00. PAT SILVA TRIO Sábado, dia 11, pelas 21h00. SABER A CUBA Quarta, dia 13, pelas 21h30. SONG BOOK Quinta, dia 14, pelas 21h00. TRIO DE JAZZ ENGROOVE Sábado, dia 16, pelas 21h30. RETRATO LUSO-BRASILEIRO Domingo, dia 17, pelas 21h00. 046
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