Contacto SVD - verbo divino
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Contacto SVD - verbo divino
Diretor António Leite Publicação bimestral Ano XXXVI | número 217 setembro - outubro 2016 preço 0,50€ foto: Grupo Jovens Nisa p. 2 VENCIDOS E os vencidos? Que é feito deles e como os acolhemos e tratamos? p. 3 TOCADO PELA SANTA DE CALCUTÁ Tocado pelas mãos de Madre Teresa de Calcutá! Uma experiência vivida naquelas circunstâncias de 1987. Era a visita de Madre Teresa e também aquela criança entrou na fila. Hoje é padre e conta-nos como foi. p. 4 O SABOR DOS PRIMEIROS FRUTOS Depois das dificuldades, a alegria dos primeiros frutos de uma comunidade cristã que se deixou evangelizar por outras comunidades. Caminhos surpreendentes do Evangelho! p. 6 e 7 DEIXAR O SOFÁ E CALÇAR OS SAPATOS Jornada Mundial da Juventude De Nisa a Cracóvia para um acontecimento marcante: participar na Jornada Mundial da Juventude. Com um guia especial, P. Jacek Baginski, os jovens de Nisa não perderam a oportunidade. Deixaram outros caminhos e avançaram por aquele que os levava a Cracóvia, Polónia. E nem as malas perdidas os fizeram desistir. Tudo aquilo que os aguardava falava mais alto. Queriam estar lá… e quanto puderam tocar de perto! PENSAMENTO p. 5 MISSÃO AMAR(ES) EM MOÇAMBIQUE S. José Freinademetz O requisito primordial da missão consiste no testemunho de vida dos missionários. Podemos e devemos insistir neste ponto. p. 8 BRAGA EM PERSPETIVA MISSIONÁRIA p. 9 É CONTIGO p. 10 OLHARES SOBRE O CUIDADO DOS IDOSOS NO JAPÃO p. 12 PELOS MONTES DE ALMODÔVAR O Grupo Diálogos decidiu avançar para uma nova missão. A região de Almodôvar acolheu aqueles que durante alguns dias do mês de agosto deixaram outras possibilidades e procuraram a proximidade dos que estão mais sozinhos. DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 23 OUTUBRO 2016 2 NÃO DIGAS...FAZ ANTÓNIO AUGUSTO LEITE Superior Provincial Em inícios de ano pastoral, escolar,… não nos ficaria nada mal parar um pouco frente à reação do Papa Francisco. Que veem os outros nas comunidades cristãs? Que veem nas comunidades religiosas? Que veem nas equipas de pastoral, nos grupos paroquiais, nas equipas sacerdotais…? foto: Lusa O mês de outubro procura, de maneira mais acentuada, despertar nos cristãos o sentido da Missão. Somos cristãos num contexto determinado em comunhão com toda a Igreja, para que o Evangelho seja uma Boa Notícia para todos. A Igreja apresenta-nos, logo no primeiro dia de outubro, a figura de Santa Teresa do Menino Jesus que manifestou o seu desejo de ser missionária “não apenas durante alguns anos mas queria tê-lo sido desde o princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos”. E, ao descobrir o grande alicerce e o sentido do caminho a percorrer pela Igreja, vai afirmar que “a minha vocação é o amor” porque sem ele nada de verdadeiramente importante acontece. Alguns dias mais tarde é a figura de São Francisco que se nos apresenta. E com ela não poderemos esquecer, no contexto destas linhas, que o santo de Assis, ao enviar os seus frades, lhes confia a missão de evangelizar e, se for preciso, que usem da palavra. Caminhos de evangelização! Quanto se tem falado e escrito sobre métodos, estratégias, meios,…e, por que não deixar por momentos essas preocupações e atender à interpelação do Papa Francisco àquele jovem?! Que vamos nós também, missionários do Verbo Divino, leigos missionários,… fazer, ser,… para que outros se sintam interpelados e nos possam perguntar? • JOSÉ AMARO joseamaro1954@gmail.com meditação foto: Internet “A última coisa que deves fazer é dizer algo. Começa a fazer e ele verá o que fazes e perguntar-te-á; e quando ele te perguntar, tu dizes”. Assim recordava há pouco o Papa Francisco aquilo que tinha dito a um jovem na Polónia, quando este lhe perguntara o que devia dizer a um amigo ateu. mãos férteis Vencidos E os vencidos? Os da vida (pobres, refugiados, migrantes, doentes, exilados, sem abrigo, analfabetos...), os do desporto, os da religião (ateus, pecadores). Que é feito deles e como os acolhemos e tratamos? Nas nossas sociedades, em que se procura transformar tudo em vitórias (às vezes até morais), é sempre difícil lidar com a derrota seja ela em que domínio for. É facto que a vida não está para os vencidos e derrotados, como se em cada vitória não houvesse uma série de vencidos (derrotados) que também trabalharam, também treinaram, também se sacrificaram e... no fim, só lhes restou a desilusão pela vitória não alcançada e o desânimo, a tristeza e a dor pelo tempo e esforço despendidos, que desaguou num vislumbre e numa miragem que, às vezes, deu a impressão, ainda que momentânea, de que não ia acontecer. À medida que se aproximava a meta, aquele pontinho ínfimo que todos miram com o sonho de lá chegar em primeiro acaba por se afastar sempre e sempre mais à medida que os perseguidores se aproximam. Gosto dos vencidos e admiro alguns vencedores pela nobreza com que o sabem ser. Gosto de quem corre até ao fim mesmo sabendo que vai chegar em último. É a grandeza dos humildes e simples a brilhar em frente da meta que os espera, mesmo que por vezes já só restem os que limpam a pista que foi glória para uns e é agora tristeza e solidão para outros. Emociono-me quando, por exemplo, vejo um ciclista trepar a montanha animado na sua força e alicerçado no sacrifício. É uma luta titânica completamente desproporcional entre a força da montanha e os músculos doridos do atleta que vai tentando não se deixar engolir pelo desânimo e pela dor para depois abrir os braços de satisfação se, de repente, não aparecer uma ave de rapina que lhe rouba esforço e sonho. • desafio que representava mas, infelizmente, não foi além de discursos, mais ou menos piedosos os quais resultaram em nada ou pouco mais que nada. Portas Santas abriram-se muitas, mais ou menos vistosas, em catedrais, santuários, igrejas... mas temo que o ano tenha ficado muito por aí: pelas portas. Penso que se esqueceu o perdão como linha e trave mestra da misericórdia. É certo que se trata de um verbo um pouco “antiquado”. Perdoar? Mas para quê e porquê? Simples: para traduzir o amor ao próximo como a si mesmo. Trata-se de algo que não é fácil nem cómodo, mas haverá forma mais bela e sublime de amar e ser amado? Para amar alguém não é necessário que ele o mereça, é só necessário que seja próximo por mais absurdo que isso, por vezes, nos pareça. • Misericórdia O ano jubilar da misericórdia teve início no dia 08 de dezembro de 2015 e vai terminar no dia 20 de novembro de 2016. Ao longo destes meses a palavra misericórdia andou nas bocas do mundo cristão e não só mas, objetivamente, temos de convir que não foi muito além disso à exceção de uma ou outra atividade ou momento mais significativos e emblemáticos. Era um ano que prometia muito pelo O OLHAR DO ZÉ DA FONTE setembro | outubro 2016 3 IGREJA E MISSÃO “As mãos que ajudam são mais sagradas do que os lábios que rezam” TOCADO PELAS MÃOS DE MADRE TERESA DINIS BHALRAI Teresa e para com as suas Irmãs, fui celebrar a Missa em Aashadham, naquela mesma instituição onde, como criança, tinha sido abençoado pelas mãos de Madre Teresa. foto: Lusa Muito se disse, e se dirá, sobre Madre Teresa. No contexto da sua canonização realizada a 4 de setembro, temos a possibilidade de ouvir alguém que, em criança, foi tocado pelas mãos santas de Teresa de Calcutá. Olhando por mim lá do Céu Hoje, toda a Índia, e o mundo em geral, reconhece a sua simplicidade, humildade e dedicação aos mais pobres e marginalizados. Ela nunca mais voltou ao seu país; deu toda a sua vida à missão de Deus até ao último suspiro em Calcutá, em 1997. O dia da canonização de Madre Teresa de Calcutá foi uma bênção para mim e para toda a Igreja. No ano da misericórdia, a Igreja canoniza aquela a quem chamam o anjo da misericórdia! Tocar as feridas Depois de ter entrado na Congregação do Verbo Divino, cruzei-me de novo com a obra de Madre Teresa. Foi em Mysore, no estado de Karnatka, em 2001. Como seminaristas devíamos fazer um estágio. Nessa altura, trabalhei duas semanas com os Missionários da Caridade, ramo masculino fundado por Madre Teresa. A tarefa que me foi atribuída não era nada fácil. Recordo que bem cedo tinha de pedalar a bicicleta para percorrer a distância entre o seminário e o instituto. Depois, era acordar os portadores de deficiência e outros doentes e dar-lhes banho, limpar as camas e vesti-los. Durante o dia devia cortar o cabelo, as unhas, lavar a roupa, jogar e rezar com eles. Ao regressar ao seminá- rio, no fim do dia, o meu apetite para comer tinha desaparecido devido ao forte cheiro das feridas dos doentes e às imagens que levava comigo das dores daquela gente. Foi, sem dúvida, uma experiência que me tornou mais forte na minha vocação. Agradecer Entrevistada por um jornalista que lhe perguntara onde é que ia buscar todas aquelas forças e apoios para trabalhar pelos pobres e doentes, com toda a firmeza, Madre Teresa respondeu: «Eu recebo toda a mifoto: Internet Madre Teresa começou a obra missionária e uma vida de autêntica santidade nas ruas de Calcutá, Índia, entre os mais pobres dos pobres, em 1929. Anos mais tarde, em 1950, fundou as Missionárias da Caridade, sendo que a sua marca era a dedicação aos pobres, marginalizados, leprosos, órfãos, portadores de deficiência e todo o tipo de pessoas discriminadas pela sociedade. Inicialmente, Madre Teresa não teve aceitação junto de fundamentalistas das várias religiões, assim como de grupos radicais contra o cristianismo. Contudo, ela nunca perdeu a fé e esperança em Deus. São bem conhecidas as suas palavras: “Deus não me chamou para ser uma pessoa de sucesso, mas para ser uma pessoa de fé.” Quando reflito sobre a minha vida missionária, vejo-me num grande e maravilhoso plano de Deus através das bênçãos de Madre Teresa. Sinto como ela vai olhando por mim lá do Céu. Não sei quantos doentes terão sido curados na Índia ou noutras partes do mundo através do toque das mãos santas de Madre Teresa, mas acredito que o seu toque trouxe, para a minha vida, bênçãos de alegria e fé. Em 2012 fui ordenado sacerdote. Para surpresa minha, encontrei muitas das Irmãs Missionárias de Madre Teresa entusiasmadas com o apoio espiritual na minha ordenação. Assim, depois de uma semana, com toda a gratidão para com Madre Tocado pelas mãos de Madre Teresa Nunca poderia imaginar que aquela criança que ela estava a abençoar poderia, agora, como sacerdote, testemunhar a sua bênção. Talvez nem tenha beijado a mão desta santa mulher, pois a atenção estava mais nos chocolates. Hoje, sinto com alegria a grandeza e a santidade dela na minha vida. • foto: Missionárias da Caridade No decurso da visita que Madre Teresa fez às Irmãs da sua Congregação, vivi uma situação bem particular. Foi, para mim, uma bênção de Deus, que a minha cabeça tivesse sido tocada pelas mãos de Madre Teresa. Decorria o ano de1987 e ela foi à diocese de Khandwa, Madhya Pradesh, para visitar a comunidade chamada Aashadham, centro de portadores de deficiência, órfãos e também lar de idosos. Todas as crianças que frequentavam a escola católica perto daquela instituição foram levadas para receber a bênção de Madre Teresa. Embora eu nem soubesse bem, naquela altura, quem era aquela mulher, também fui com as outras crianças e fiquei na fila para receber a bênção, sendo que estaríamos, certamente, mais atentos às prendas e chocolates que as Irmãs costumavam oferecer. nha força e o apoio do Santíssimo Sacramento e do Senhor Eucarístico”. Dali partia Madre Teresa para encontrar Cristo no rosto daqueles que ninguém queria olhar. Entende-se, então, a profundidade da frase de Madre Teresa usada logo no ínicio desta página: “As mãos que ajudam são mais sagradas do que os lábios que rezam.” • 4 Jornadas Missionárias Nacionais 2016 MISSÃO COM HISTÓRIAS DE MISERICÓRDIA Africana, partilhou a Missão de uma Igreja perseguida até à morte por grupos armados de fundamentalistas islâmicos e não islâmicos que semeiam o pânico entre as populações e querem erradicar o cristianismo de África. Lembrou o momento forte que foi a visita do Papa Francisco a Bangui, onde abriu a Porta da Misericórdia antes ainda de o fazer em Roma. Como bispo é um construtor de pontes. Contra a violência, a Diocese opta sempre por construir escolas e projetos de desenvolvimento. Tempos fortes destas jornadas foram os momentos de celebração, quer no auditório dos encontros quer nas celebrações oficiais do santuário, sobretudo a Eucaristia presidida por D. Manuel Linda, em que foram enviados em Missão seis Missionários. Em contexto de Jubileu do Centenário das Aparições de Fátima, as Jornadas Missionárias Nacionais 2017 serão realizadas a 16 e 17 de setembro. • foto: João Cláudio que caraterizam a vida de Jesus: débil, companheiro e maternal. Na Amazónia, o Luis Fernandez, leigo da Consolata, partilhou a sua vida e luta em defesa dos povos indígenas da Amazónia. Partiu com a esposa e lá nasceram três filhos. Viveram as alegrias e angústias de um povo espezinhado, ajudando a formar líderes e construir comunidade. Lembrou que ‘o desafio maior da Missão é ouvir o clamor da terra e dos pobres. É defender a vida’. A tarde de sábado foi preenchida por cinco workshops que enriqueceram os participantes com partilhas e reflexões sobre o desenvolvimento, o voluntariado, a ecologia integral, a inclusão e a reconciliação. A Irmã Myri, natural de Mafra e Monja na Síria, partilhou a experiência da sua comunidade monacal em contexto de guerra civil. O Convento nasceu por causa do empenho pela unidade dos cristãos e do diálogo com todos os crentes. Lembrou que, ‘cada um de nós é uma história de misericórdia onde somos convidados a olhar para Cristo e ver no irmão a presença d`Ele’. O trabalho dos missionários na Síria é de alto risco porque sem armas na mão, partilhando os sofrimentos de um povo pobre e mártir. D. Juan José Aguirre, bispo de Bangassou, na República Centro As Jornadas Missionárias Nacionais 2016 decorreram a 17 e 18 de setembro, no Centro Paulo VI, em Fátima, com a participação de aproximadamente 250 pessoas, vindas de todo o país. O P. António Lopes, diretor nacional das Obras Missionárias Pontifícias, deu as boas-vindas. D. Manuel Linda, Presidente da Comissão Episcopal ‘Missão e Nova Evangelização’, abriu as Jornadas com uma palavra de incentivo missionário. No ‘ide por todo o mundo’, não obstante a escassez de Missionários/as, vivemos tempos de aumento de geminações entre dioceses e paróquias de Portugal e dos quatro cantos do mundo. É necessário avivar o ardor missionário e o tema escolhido atrai e faz partir ao encontro do outro como Missão recebida de Jesus. É urgente aprofundar a comunhão e colaboração com a Igreja local. Os participantes puderam olhar três rostos de misericórdia. No Sudão do Sul, o P. José Vieira, comboniano, viveu a Missão da misericórdia não como um conceito abstrato mas um encontro de corações no contexto de uma guerra civil que continua a massacrar um povo pobre. No Japão, o P. Adelino Ascenso, Missionário da Boa Nova, viveu a sua Missão, traduzida por três simples adjetivos O SABOR DOS PRIMEIROS FRUTOS ASHWIN VAS convidaram-nos e, quando fomos, encontrámos 11 pessoas que já tinham preparado um espaço ao ar livre onde se juntavam para rezar. A região continua a ser difícil, princifoto: Ashwin Vas Em 2013, quando cheguei a Cacolo, um grande desafio estava à minha espera: iniciar as novas comunidades na zona da Baixa do Minungo. Não foi possível realizá-lo no primeiro ano; primeiro tinha que conhecer e atender as comunidades que já existiam. Em 2014, no tempo do cacimbo, fui à Baixa do Minungo com dois catequistas. Foi um sofrimento. Não tomamos banho durante dois dias, comemos só uma vez, dormimos no chão… para não falar dos caminhos. Cheguei a um ponto que tive que comprar um pacote de bolachas para poder continuar a conduzir. Entretanto, houve sinais de esperança. A 21 de agosto de 2016, na comunidade de Chingumo, que faz parte da zona da Baixa do Minungo, celebrámos cinco batismos e um matrimónio. Não consigo explicar a minha alegria, mas em tudo, humildemente, vejo a graça de Deus a operar. Além disso, num outro bairro chamado Samuquix, quando nós passámos em 2014, ninguém se mostrou interessado no nosso trabalho, mas ao ver o que tem sucedido ao longo de dois anos noutras comunidades, palmente pelo acesso. É uma zona em que há escavação artesenal de diamante em grande escala e com forte influência do feitiço. Preocupa-me ver o Catequista Regional com a idade que tem, a sofrer sem um transporte digno, a empurrar a mota cansada nas subidas. Com tudo isso, o sabor dos primeiros frutos é ...• setembro | outubro 2016 ECOS DO TEMPO MISSÃO AMAR(ES): UM PROJETO, UMA PROPOSTA DE VIDA! BERNARDINO SILVA bernardino.silva@gmail.com “Um sacrifício, para ser real, tem que custar, tem que doer, tem que nos esvaziar.” As férias de verão são uma oportunidade para realizar tantas atividades com tantas escolhas diversas e ocupar o tempo de forma diferente do habitual. Uma dessas escolhas é o voluntariado internacional. A oportunidade de se ampliar um desafio pessoal que ao longo do ano se vai incrementando, e que nas férias o podemos estender por um período maior de tempo dedicando-o aos outros, é a razão de tantos jovens e adultos cumprirem esta escolha nas suas férias de verão. O voluntariado é, hoje, um movimento que mobiliza em todo o mundo um grande número de jovens e adultos, sendo um instrumento de participação da sociedade civil nos mais diversos domínios de atividade. Esta prática não se restringe ao campo social, mas alarga-se à cultura, à educação, à justiça, ao ambiente, ao desporto e a outras dimensões do nosso quotidiano e tem vindo a responder às questões que continua-mente emergem do tecido social, económico ou político. Neste contexto, nasceu o projeto Missão Amar(es) para os alunos do Ensino Secundário da Escola Secundária de Amares, que através de um conjunto de ações de interesse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada pelos alunos, no âmbito de projetos sociais vários, procura, além de incentivar o voluntariado em contexto escolar, ao mesmo tempo, promover o agir local e o pensar global. A Educação para o Voluntariado acaba por ocupar, deste modo, um lugar ímpar na preparação integral dos alunos e ajudá-los a construir uma identidade pautada no bem comum. Acreditamos que, sempre que uma Santa Teresa de Calcutá instituição educativa promove atividades de voluntariado, mediadas e animadas pela escola, oferece aos seus alunos a oportunidade de participar ativamente na construção de uma sociedade mais coesa e mais solidária. Sempre que uma instituição educativa promove atividades de voluntariado, mediadas e animadas pela escola, oferece aos seus alunos a oportunidade de participar ativamente na construção de uma sociedade mais coesa e mais solidária. Partindo das experiências realizadas e da formação adquirida ao longo do Ensino Secundário, desejamos incutir nos alunos que participam no Clube da Solidariedade e do Voluntariado da Escola Secundária de Amares um espírito de partilha e experiências globais, nomeadamente em contextos de países em vias de desenvolvimento e, preferencialmente, de língua portuguesa. Assim, quisemos que o projeto Missão Amar(es) proporcionasse uma oportunidade a três alunos (duas jovens e um jovem) de realizarem uma experiência de voluntariado internacional. Neste caminhar contínuo, conseguimos realizar a nossa experiência no passado mês de agosto em Moçambique, dividindo a missão entre Mavalane e Hulene, na província de Maputo e em Chibuto, província de Xai-Xai – Gaza. Definitivamente, uma experiência única de estar com os outros mais desfavorecidos de contextos sociais e culturais bem diferentes do nosso. Construir pontes entre nós e estes povos ajudam ao desenvolvimento local, porque é na proximidade que se consegue obter o sucesso de uma relação que permita num curto período de tempo deixar a marca da nossa missão, porque enquanto homens e mulheres procuramos o equilíbrio e a justiça social entre todos. A Missão Amar(es) que tem como lema um projeto, uma proposta de vida, é justamente uma opção distinta de viver o verão. Sabemos que a humildade não nos torna melhores que ninguém, mas acredito que nos torna diferentes de muitos. Desejo que a Missão Amar(es) como projeto e proposta de vida, se perpetue com humildade. • QUANDO O LIXO MATA A FOME JOSÉ ANTUNES Surabaya é uma das cidades da Indonésia que mais cresce devido sobretudo ao seu movimentado porto e à presença de empresas e indústrias. A cidade atrai muitas pessoas do interior da ilha de Java e de outras ilhas da Indonésia em busca de emprego e melhores condições de vida. No entanto, muitas não encontram um emprego adequado nem a vida que sonharam e, para sobreviverem, tornam-se catadores de lixo ou condutores de ciclo-riquixá (pedicab), um meio de transporte de tração humana. A maioria destas famílias vive nas favelas em condições de extrema pobreza. Há alguns anos, o P. Pius Killa conseguiu organizar os condutores de pedicab numa associação para poderem lutar mais facilmente pelos seus direitos. Mais tarde, o P. Yosef Due, com a colaboração de alguns leigos, retomou o trabalho do P. Pius mas dando especial atenção a duas atividades principais: criar um sistema que facilitasse os catadores a vender o lixo que recolhiam e organizar aulas de inglês para as crianças de famílias pobres. Uma tarde, o P. Yosef levou-nos através das favelas de Benowo, em Surabaya, para visitar um centro onde os coletores de lixo classificam e separam o lixo recolhido. O senhor Kasmadi e a sua família recebeu-nos com genuína hospitalidade muçulmana. Depois explicou-nos que também ele já tinha sido um pequeno catador de lixo, mas agora era um intermediário. A sua tarefa consiste em comprar o lixo aos pequenos catadores. O lixo, por exemplo, papel, livros usados, revistas, eletrónica, artigos de plástico, é depois separado e vendido à fábrica de reciclagem. Não é fácil ser catador de lixo, pois leva muito tempo para acumular a quantidade de resíduos necessários para serem vendidos. A fábrica só aceita remessas de duas ou mais toneladas. Além disso, há um grande estigma social em relação a estas pessoas, que estão nos últimos degraus da escala social da sociedade javanesa. O dinheiro da venda é uma grande ajuda para essas famílias pobres. Parte do dinheiro também é usado para pagar os professores das aulas de inglês, frequentadas por 35 crianças, todas muçulmanas provenientes das famílias dos catadores de lixo e dos motoristas de triciclo. Este projeto é pequeno e envolve poucas dezenas de pessoas. Todavia, dá um pouco de dignidade e de pão aos habitantes mais pobres das favelas de Surabaya. • BÍBLIA ANTÓNIO LOPES ESPÍRITO QUE SURPREENDE Estamos muito acostumados a ver o Espírito Santo como doçura e delicadeza. Mas Lucas nos Atos dos Apóstolos apresenta-o como um personagem que incomoda, que age com força e, exercendo o entusiasmo da misericórdia, convida os apóstolos a excederem-se por caminhos que talvez nunca tivessem imaginado. Em At 2,1-13, o Espírito, ao surgir de maneira ruidosa faz com que os discípulos deixem o calor da “sala de cima” e saiam com paixão à praça pública onde Pedro, sem medo nem entraves, faz um discurso cheio de ardor e emoção. Em Atos 10, Pedro vai a casa de Cornélio e apesar de muitas reticências declara: “Reconheço, na verdade, que Deus não faz aceção de pessoas, mas acolhe, em qualquer nação, aquele que o teme e põe em prática obras justas”(At 10,34-35). E enquanto Pedro pronuncia o seu discurso, o Espírito Santo decide interrompê-lo e “descer sobre todos os que escutavam a Palavra” (10,44). Batizar um pagão, toda a sua família e todos os seus servos, normalmente devia ser motivo de alegria e ação de graças. Mas não. A reação está longe de ser positiva e Pedro tem de dar grandes explicações. Fá-lo com ardor e emoção e narra, por três vezes (o número da perfeição) o papel que teve o Espírito Santo nos acontecimentos que levaram à “conversão” de Pedro, de Cornélio e de todos quantos ouviam a Palavra. Um outro episódio que o Espírito Santo vai fazer ultrapassar barreiras é quando Paulo e Barnabé batizam os pagãos sem lhes imporem nenhuma das regras tradicionais do judaísmo. A situação tornou-se bastante conflituosa, sobretudo que os cristãos da Judeia diziam aos recém-batizados que “se não aceitarem a circuncisão segundo o costume de Moisés, não podem ser salvos” (cf. At 15,1). Este conflito levou à realização da “Assembleia de Jerusalém”. E no final houve uma decisão espetacular: de agora em diante, os não-judeus podem tornar-se cristãos sem passarem pelo judaísmo (At 15, 19-20). A Igreja tornou-se verdadeiramente católica, quer dizer universal. É verdade que aqui o Espírito Santo parece agir na sombra. Contudo quando a Igreja de Jerusalém transmite as decisões tomadas em assembleia, sublinha que “o Espírito Santo e nós próprios decidimos não vos impor outras obrigações…” (At 15,28). O Espírito Santo, na sua misericórdia, age sempre de maneira imprevisível. Ele sopra onde não pensamos. E isso é um apelo para que nós hoje tenhamos a audácia de nos aventurarmos em terrenos desconhecidos, nessas “periferias” que nos chamam a testemunhar o Evangelho de maneira sempre renovada, com paixão e misericórdia. • 5 6 DEIXAR O SOFÁ E CALÇAR Jornada Mundial da Juventude Alegria de ser cristão foto: Grupo Jovens Nisa foto: Grupo Jovens Nisa Um grupo de jovens da comunidade paroquial de Nisa, acompanhado pelo P. Jacinto Baginski, peregrinou até às terras dos apóstolos da misericórdia, São João Paulo II e Santa Faustina Kowalska, para participar na Jornada Mundial da Juventude com o lema “Bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão misericórdia”. Chegados dia 19 de julho a Szprotawa, acolhidos calorosamente pela família Baginski, prontos para participar na pré-jornada (dias da diocese) de Zielona Gòra. Fomos surpreendidos positivamente por uma cultura diferente desde a gastronomia, passando pela paisagem, até à própria vivência. Nos primeiros cinco dias em que participámos na pré-jornada deixámos a nossa marca lusitana, entre outros, num muro grafitado pelos vários participantes internacionais. Foram dias intensos com diversos encontros e atividades e que culminaram com um festival de música e Eucaristia junto à maior estátua do mundo do Cristo Rei, localizada em Swiebodzin. Antes de partirmos para Cracóvia, tivemos a oportunidade de visitar o campo de concentração de Auschwitz - Birkenau, onde pudemos compreender melhor o horror e a crueldade ali vivenciada. Eis que chega o dia 25 de julho, em que partimos para Cracóvia ansiosos pelo encontro com o Papa Francisco e por participar nos vários momentos da Jornada. Convocados para a Missa de abertura, presidida pelo cardeal de Cracóvia, lá fomos nós em direção ao parque Blonia. Envolvidos na imensidão de jovens de todo o mundo e contagiados pela alegria que nos unia, iniciámos a grande jornada. Fomos recebidos na paróquia de Rainha Santa Edwiges, juntamente com vários outros grupos de língua portuguesa, onde participámos nas várias catequeses sobre Misericórdia proferidas por bispos do Brasil e de Portugal e tivemos oportunidade de ouvir vários testemunhos de jovens que se sentiram tocados por Jesus. No segundo dia, depois de termos o privilégio de ver de perto o Papa Francisco ao passar nas ruas da cidade, dirigimo-nos novamente ao parque Blonia para a cerimónia de receção ao Pastor Universal. O Papa convidou-nos a ser jovens alegres e a testemunhar essa alegria num mundo marcado pela tristeza. “Não podemos reformar a nossa juventude antes do tempo” e “temos que ser jovens sonhadores, capazes de transformar o mundo com a Misericórdia de Deus” – foram algumas das mensagens que o Santo Padre nos deixou. Um dos momentos mais marcantes foi a Via-Sacra, na sexta-feira, onde, em cada estação, meditámos nas obras de misericórdia. Durante os vários dias da Jornada tivemos oportunidade de participar em vários festivais que decorriam foto: Grupo Jovens Nisa Dias inesquecíveis! Palavras, gestos, olhares que aqueceram os corações! Nisa esteve na Jornada Mundial da Juventude, na Polónia. nas praças da cidade e também o privilégio de ouvir o Papa Francisco, da assim chamada “janela papal” (da qual São João Paulo II costumava conversar com os jovens em diversas ocasiões). Foi aí que fomos relembrados das três palavras que nos devem acompanhar ao longo da nossa caminhada: “Por favor, Obrigado e Desculpe”. Aproximando-se a reta final da Jornada Mundial da Juventude, peregrinamos rumo ao Campo da Misericórdia, a 14 km do centro da cidade, para participar na Vigília e na Missa de envio. O “Campus Misericordie”, iluminado pela luz de dois milhões de jovens movidos pela mesma fé em Jesus, e que passaram a noite em Vigília de oração, constituiu uma imagem inesquecível. Aos primeiros raios de sol, os peregrinos começaram a preparar-se para a Missa de envio. Ao olharmos o campo, recordávamos a imagem bíblica das ovelhas que pastam nos prados verdejantes ao redor do Bom Pastor. Escutando a Palavra de Deus e a homilia do “Pedro dos nossos tempos”, fomos convidados a “descer depressa” como Zaqueu e a sermos jovens ativos na sociedade. Com o que temos, marcados pela nossa fragilidade humana, mas fortes com Cristo Misericordioso, conseguimos transformar o mundo. Regressámos a Portugal cansados mas com o coração cheio e com muita vontade de transmitir aos outros a alegria de ser Cristão. Como o Papa Francisco nos disse: queremos ser jovens “com sapatos” de caminhada e “deixar o sofá” do comodismo, para podermos levar Cristo a toda a gente. Grupo de Jovens de Nisa setembro | outubro 2016 7 foto: Lusa R OS SAPATOS de ser, que nos traz uma lição. Na vida temos de fazer sacrifícios, mas existem sempre muitos benefícios, tal como a sorte que tive neste período que passei na Polónia. As Jacek Baginski Não estamos sozinhos Regressei no dia 3 de agosto de 2016 de uma viagem de 16 dias que me encheu o corpo e a alma. Estive num país distante do meu, não só em quilómetros como em culturas. Não foi fácil, mas foi algo a que me habituei, pelo que cheguei a Portugal e respondia “Tak” (sim) ou “Dziekuje” (obrigado). Nestes dias, tive o privilégio de participar na Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, na Polónia. Foi uma experiência que nunca irei esquecer: tudo o que vi, senti, rezei, conversei… está tudo marcado no meu coração. Decerto não estava à espera de ver a imensidão de gente que me rodeou durante duas longas semanas, desde as pessoas presentes nos dias da pré-jornada em Zielona Góra, até às pessoas na Jornada em Cracóvia. E foi essa multidão que me tocou… saber que todos estes jovens correm pelo mesmo que eu, pela fé e pelo amor em Cristo... “Não, não estás sozinha”, este foi o meu pensamento. Quando havia missas, orações, ver que todos passamos a mesma mensagem, embora por idiomas tão diferentes que eu não entendo. Mas Ele entende. Durante a Jornada aprendi a ver Deus nas pequenas coisas, porque até quando nos acontece algo menos bom, tudo tem a sua razão foto: Grupo Jovens Nisa Este verão tive ocasião de visitar, mais uma vez, a minha Polónia pátria. O caso em si não teria nada de extraordinário, não fossem os contornos da viagem. O motivo que me levou, a mim, e ao grupo de jovens da paróquia de Nisa, neste deslocarmo-nos para o centro geográfico da Europa foi a vontade de participar na XXXI Jornada Mundial da Juventude, organizadas na antiga capital da Polónia – Cracóvia. Assim, entre 19 de julho e 3 de agosto, ‘mergulhámos’ nas terras polacas com o intuito de viver a grande aventura e de beber avidamente toda a riqueza espiritual, cultural e humana que brotava da dinâmica do evento. Desde logo vimo-nos envoltos em entusiasmo, alegria e sinais eloquentes da fé daquela multidão de jovens provindos de todos os cantos do globo que, como nós, procuram viver com sentido a sua relação com Jesus Cristo morto e ressuscitado. Foram dias de autêntica fraternidade, convívio e oração nos quais a juventude demostrou, mais uma vez, que se sente atraída pelo Senhor Jesus – única fonte de felicidade genuína e profunda, capaz de desinstalar do “sofá” do comodismo, para calçar os “sapatos” de viajante, seguindo o Cristo nos caminhos que levam à plenitude da vida. Tendo em conta toda a ‘bagagem’ com que regressámos, penso que os objetivos desta nossa peregrinação – rasgar os nossos horizontes e proporcionar-nos um incentivo e um impulso forte para o futuro – foram amplamente atingidos. Agora, de regresso às terras lusitanas, o que se pretende é dar frutos desta experiência única e irrepe- tível, na vida pessoal e na Igreja, baseados sempre numa relação viva com o Senhor, traduzida em oração e fundamentada na força da Eucaristia. foto: Grupo Jovens Nisa Rasgar horizontes pessoas que me acolheram foram exemplo disso; eram muito generosas. Toda a experiência que tive foi a melhor que podia ter. Admirei todas as atividades colocadas no programa, mas as tardes (e noite!) nos campos foram as que mais gostei. A Via-Sacra foi lindíssima. Cada estação teve atuações muito bonitas que me marcaram, a mim e ao meu grupo. A Cerimónia de Abertura com o Papa Francisco mostrou todas as culturas presentes na Jornada que o acolheram tão calorosamente. Levo as palavras do Santo Padre como o lema da minha vida “Trocar o sofá por um par de sapatos” e ponho mãos à obra para construir todas as obras na minha vida daqui em diante. A Jornada Mundial da Juventude enriqueceu-me e deu-me certezas sobre as minhas crenças. Foram dias tão bons na minha vida que não estou triste porque acabaram, mas contente porque aconteceram. Sofia Heitor 8 MUNDO E MISSÃO TESTEMUNHA DO EVANGELHO EM FRANÇA foto: António Leite OLIVIER MATONDO Cheguei a Portugal em 2011. Tinha sido enviado para fazer uma experiência missionária noutra cultura. Depois da aprendizagem da língua, em Lisboa, fui para Tortosendo. Em 2013 regressei ao Congo. Fui ordenado padre em 2014. Nesse mesmo ano fui para as Paróquias de Rosny-Sous-Bois, na diocese de Saint Denis, França. Somos três padres, todos missionários do Verbo Divino. As nossas paróquias têm fiéis muito animados. Trabalhamos com eles. Há uma equipa pastoral formada por três leigos e três padres. Cada um recebeu do bispo uma carta da missão. A equipa pastoral procura ajudar as diversas equipas de animação paroquial. Além dessas equipas temos vários grupos. Sou responsável pelos grupos da catequese. Temos bastantes crianças a frequentar a catequese em cada paróquia. Ao longo do ano, juntamos três vezes todos os grupos para celebrarmos a missa e também para outras atividades. À nossa volta temos cristãos protestantes, ortodoxos e outros. Com eles procuramos fazer caminho em diálogo ecuménico. Faço parte da equipa neste campo, onde procuramos fortalecer laços de amizade e de fraternidade. Encontramo-nos para planearmos as atividades e, sobretudo, para organizarmos os dias de oração ecuménica. Temos também as celebracões interculturais, isto é, a eucaristia celebrada e cantada nas várias línguas e no fim, cada país apresenta algo da sua cultura, sendo que a comida também é partilhada. São momentos que nos ajudam a tomarmos consciência de que a nossa diferença é uma grande riqueza e somos todos irmãos e irmãs na humanidade e em Cristo. Há bastantes portugueses em Rosny e nas nossas paróquias. Celebramos a festa de Nossa Senhora de Fátima. A missa é celebrada em francês, uma das leituras em português e os cânticos em francês e português. Há um ano começamos com um grupo de diálogo com os nossos amigos e vizinhos muçulmanos. Foram já concretizadas algumas atividades em conjunto. Depois dos acontecimentos de julho deste ano (do padre que foi assassinado durante a missa), vimos muitos dos nossos vizinhos muçulmanos a participar para rezar pela paz e denunciar o crime. Gosto do meu trabalho pastoral aqui na França. A experiência que tenho feito com as pessoas ajuda-me a viver a minha fé e a crescer no meu ministério sacerdotal. As celebrações dos sacramentos e as visitas aos lares de pessoas idosas e doentes são momentos muito marcantes no meu ministério. Acolher, escutar e acompanhar as pessoas, sobretudo os jovens, faz parte da minha pastoral. Afinal, estou aqui para anunciar a Boa Nova como Jesus nos mandou. Gosto da vida missionária, mas às vezes não é fácil viver longe da minha terra. Agradeço aos meus amigos de Portugal e a todos os confrades pela amizade. Costumo dizer «sou amigo dos portugueses e gosto de Portugal». • ANO MISSIONÁRIO EM BRAGA foto: Internet † JORGE ORTIGA, ARCEBISPO PRIMAZ Publicação conjunta MissãoPress No itinerário de um Plano Pastoral delineado para cinco anos, e centrado no intuito de redescobrir a identidade cristã, a Arquidiocese de Braga dedicou o Ano Pastoral de 2015-2016 à dinâmica do anúncio da fé. Foi para nós um Ano Missionário. Partimos de Cristo e do anúncio do Reino de Deus para que os cristãos tomassem consciência que a fé deve ser anunciada por todos e em todos os ambientes. O objetivo pretendido resume-se nesta frase: “A alegria de ser discípulo missionário”. A graça batismal não deveria ser dom enterrado mas oferta pelo testemunho e pela palavra. “O batismo não é um título que recebemos, mas um chamamento para o serviço ativo na vida da Igreja, dentro e fora de portas”. Esta responsabilidade foi incrementada pela adesão ao convite do Papa Francisco – em ordem a saborear a Misericórdia de Deus – para se testemunhar a dinâmica da misericórdia em todas as situações e circunstâncias. Importava tocar os males da sociedade e crescer na alegria de prolongar o serviço de Cristo. Era importante alargar horizontes e reconhecer a necessidade de chegar a outras latitudes, onde as necessidades materiais e espirituais são mais tangíveis. Assim, foi constituído o Centro Missionário da Arquidiocese de Braga (CMAB), que se assumiu como dinamizador desta consciência missionária. Já não seria tarefa para um ano ou alguns meses mas uma tarefa ou estado de inquietação permanente. Se muitas foram as atividades realizadas, o caminho continua aberto e vai-se aprendendo para que o futuro missionário permaneça na alma das comunidades. É fundamental uma dinamização missionária! É imperioso aterrar na realidade e chegar aos atos concretos. Foi por isso que a Arquidiocese assinou um protocolo de cooperação missionária com a Diocese de Pemba, em Moçambique. Várias hipóte- ses de intercâmbio eclesial, através de pessoas e meios, foram enumeradas, mas as exigências de uma verdadeira geminação continuam presentes e desafiarão o futuro. Neste momento foi assumida uma paróquia (Ocua) para onde já partiu um sacerdote e dois voluntários: um engenheiro e uma enfermeira. Para além de todos os trabalhos de uma missão, encontra-se em curso a reconstrução de uma escola e de um espaço para a catequese. Também a casa onde os missionários estão a residir já se encontra em recuperação. Trata-se de um pequeno sinal que poderá ser semente para muitas outras iniciativas. Resumindo, este Ano Missionário serviu para recuperar a urgência de uma vida em perspetiva missionária, nos cristãos e nas comunidades. O caminho é longo! Tudo começa por pequenos passos. Os resultados ninguém os pode enumerar. Pessoalmente acredito que a proposta de viver durante este ano “Assim como Eu fiz, fazei vós também” (Jo 13, 15) continuará a ser assumida como critério identificativo do cristão que, sendo discípulo, é necessariamente missionário. • GUIÃO MISSIONÁRIO 2016 / 2017 Na sua paróquia ou no Instituto missionário mais próximo poderá solicitar o Guião Missionário 2016/2017 com boas propostas para animar o mês de outubro e muito mais. setembro | outubro 2016 VOCAÇÃO E MISSÃO O SONHO TORNOU-SE REALIDADE RECOMENDA MARIA MENDES foto: Maria Mendes No último ano letivo, estiveram em Portugal 14 jovens estagiários no 2º Curso de Conservador e Notário. Antes de regressarem para Timor, organizámos uma peregrinação a Fátima, no dia 30 de julho. Rozinda Tilman, porta-voz do grupo, que, pela primeira vez, foi àquele santuário, deu o seguinte testemunho: “A visita a Fátima foi uma vivência muito profunda porque o povo de Timor é profundamente mariano. No caminho para Fátima tivemos orações e reflexões dirigidas pelo diácono Fidelis Fallo e pela Irmã Maria Mendes, que nos fizeram sentir como um dia de recolhimento e de ação de graças. Sentimos como estamos a levar o povo de Timor e da Indonésia a Fátima. Rezámos por todos, mas, de modo especial, pelo povo destes dois países. Fátima é um lugar muito especial. Emocionei-me muito quando entrei pela Porta Santa que a Ir. Mendes nos indicou para entrar na Basílica da Santíssima Trindade. Senti algo profundamente muito diferente. Parecia-me que estava a entrar no céu. Depois da missa, fomos à Capelinha das Aparições. Não há palavras para explicar o que brota no coração. Creio que todos nós sentimos o mesmo. Foi uma expe- EMÍLIA MOURA riência muito bela, num lugar de paz, de alegria e de comunhão. Foi uma experiência inesquecível. Fomos visitar também a casa dos três pastorinhos: um lugar tão simples e tão humilde, mas muito bem conservado. Contemplámos a simplicidade e interiorizámos a nossa fé. Na simplicidade brota a paz no coração. Deus escolheu o lugar mais simples para surpreender o mundo. Desde pequeninos os nossos pais sempre nos falavam sobre Fátima. Eu tinha um sonho, mas, ao mesmo tempo, nunca pensei que um dia pudesse chegar a este lugar tão desejado, tão santo. Graças a Deus, posso dizer que o sonho se tornou realidade. Graças a Deus e graças à Mãe, Nossa Senhora de Fátima, e graças aos missionários do Verbo Divino e missionárias Servas do Espírito Santo, que nos acompanharam até Fátima”. Concluo com uma citação de D. António Marto: “O nosso amor a Maria é muito mais do que uma mera devoção sentimental; é, antes, a contemplação da beleza do amor misericordioso de Deus por nós, pela humanidade dispersa que Ele quer reunir; é a contemplação da beleza da Igreja como Povo do Senhor, de que ela é membro eminente e mãe amorosa; e da beleza da vida com Cristo, de quem ela foi mãe e primeira e perfeita discípula”. • AGORA É CONTIGO CONSTANTINO MALU Caro jovem, há pouco relembrei-te da importância da nossa caminhada ao longo dos últimos anos. Alguns objetivos foram alcançados juntos como mencionámos no artigo precedente, e para a tua memória, eis alguns lemas que nos ajudaram na concretização deste projeto. Iniciado no âmbito da celebração do centenário da morte dos santos Arnaldo Janssen e José Freinademetz, o VerbumJovem acompanhou os jovens do seguinte modo: 2008: Santa Catarina: Preciosa é a vida dada à missão. 2009: Lisboa/Prior Velho: Para mim, viver é Cristo. 2010: Tortosendo: Por que procuras? 2011: Lisboa/Prior Velho: Vai e faz o mesmo. 2012: Lisboa/Odivelas: Unidos para dar. 2013: Santa Catarina: Sei em quem acreditei. 2014: Guimarães/S. Torcato: Atende, é para ti. 2015: Nisa: Foi a mim que o fizeste. 2016: Minde: Misericordiosos como o Pai. Caro amigo, neste percurso contigo, interessava-me a tua amizade. Como S. Paulo na carta a Timóteo (4,6-8), deixei a missão que me foi confiada para que continuasses. Sabes que não me cansava de te pedir que seguisses Cristo, estivesses com Ele, continuasses a missão. No meio de tudo isto, continua a ajudar, a partilhar e a acariciar como Cristo que te emprestou os seus pés para correres ao encontro de tantos, as suas mãos para servires os que te esperam, os seus lábios para beijar os que muitos excluíram, a sua língua para dares uma palavra de esperança aos pobres e oprimidos, anunciares e denunciares a mentira e opressões, o seu rosto para sorrires a cada pessoa levando a mensagem de alegria e otimismo, o seu coração para continuares a fazer o bem e amar a todos. Acompanhado pelos missionários e missionárias, adquiriste tudo isto para tornares visível a presença de Cristo no mundo de hoje. Sê confiante em Deus e em ti, coragem e audácia para arriscar na vida. Felicidades e bem-hajas pela tua amizade. • «Vivemos atualmente uma grande revolução que, pela primeira vez, nos transporta para uma era da leveza. O culto da magreza triunfa; a prática de desportos em que se desliza cresce cada vez mais. O mundo virtual está a mudar as nossas vidas. A cultura dos meios de comunicação, a arte, o design e a arquitetura também expressam o culto contemporâneo da leveza, promovendo a ideia da suspensão. A leveza invadiu os nossos hábitos mais comuns remodelando-nos a imaginação e tornando-se um valor, um ideal, um grande imperativo. Nunca tivemos tantas oportunidades de viver levemente, porém, o peso da vida diária parece cada vez mais difícil de suportar.» Como o paradigma da leveza está a mudar as nossas vidas… A revolução da leveza continua a avançar…mas não nos tornou mais felizes; Deslizamos na flutuação social… mas continuamos a tentar esmagar os outros; Esvoaçamos de uma ideia para outra… mas não queremos aprofundar nenhuma; Apresentamos o “leve” como um emblema… mas carregamos os outros de ideias morais e políticas; Preconizamos uma relação agradável com o tempo… mas andamos cada vez mais impacientes; Afirmamos o «culto do menos»… mas o desperdício fala por si; Um livro a não perder… porque aligeirar sim… esvaziar não! • 9 10 QUE É OPINIÃO ONDE ESTÁ DEUS? JORGE FERNANDES jfernandes1875@gmail.com A pergunta é tão velha como a humanidade. E as respostas vão do “não está em parte nenhuma” até ao “está em toda a parte” dos nossos Catecismos. É a grande interrogação que acompanha a vida dos místicos na sua “noite dos sentidos”, à qual o próprio Jesus, na hora de trevas no alto do Calvário, não escapou. O dominicano Jacques Loew, que trabalhou como padre-operário, acabou por ter que confrontar-se também com este mistério. Numa sua publicação, destinada ao mundo do trabalho, aparece a foto de um menino cego e, por cima da mesma, a palavra de Paulo: “Deus quis que O procurássemos às apalpadelas”. As dificuldades vividas pelo P. Loew foram enormes e eu creio que só assim, com os pés descalços, nos podemos avizinhar ao Mistério e tentar gaguejar alguma palavra. Nestes dias a questão da presença ou da ausência de Deus voltou a colocar-se perante o drama que se está a viver na região de Amatrice, depois do terrível terramoto de 24 de agosto. Não resisto a contar, brevemente, a história de Gabriel, um menino de 8 anos. Com a família e uma irmã de 10 anos, deslocara-se à casa dos avós em Amatrice para uns dias de férias. Os pais e a irmã ficaram debaixo dos escombros naquela madrugada terrível de 24 de agosto. O avô foi buscá-lo e trouxe Gabriel para Roma. O pequeno ainda hoje não sabe que a família desapareceu. Como encontrar palavras para lhe relatar o sucedido? Como pode um menino de 8 anos entender a tragédia que se abateu sobre ele? Onde está o Deus Criador e Pai nesta hora de tanto sofrimento para ele e para tantos inocentes mortos no terramoto? Nestes dias recordo uma oração da tradição dos hasidim. Estes Judeus piedosos (que têm uma milenar tradição e existem ainda hoje) são dos Só com os pés descalços nos podemos avizinhar ao Mistério e tentar gaguejar alguma palavra. mais zelosos no seguimento da Lei Mosaica e prometem segui-la mesmo quando isso exigir o sacrifício da própria vida. É de um deles a oração que transcrevo de seguida. Antes devo dizer que a mesma terá sido composta por um condenado aos fornos crematórios de Auschwitz. No meio daquele horror, absolutamente inexplicável, ele rezava assim: “Deus de Israel, fizeste o possível para que eu não acreditasse em Ti. É possível que tenhas pensado que irias conseguir esse objectivo e desviar-me do meu caminho. Mas eu digo-te, meu Deus e Deus dos meus antepassados, não vais consegui-lo. Podes castigar-me, tirar-me tudo o que de mais precioso tenho sobre a Terra, podes atormentar-me perante a perspetiva da morte, mas eu acreditarei sempre em Ti. Amar-Te-ei sempre. Morro como sempre vivi, acreditando firmemente em Ti”. Creio sinceramente que uma tal oração não altera o drama vivido em Amatrice. Os sonhos ali enterrados não se vão poder realizar. Agora trata-se de reconstruir vidas e histórias profundamente feridas. E aquela gente quer um futuro e tem direito a ver reconstruídas as casas onde viveram, amaram e sonharam. No entanto, parece-me que uma tal oração é um raio de luz a apontar caminhos. É o grito na noite de quem sabe adorar e entregar-se, como Jesus, nas mãos do Deus Vivo. Esta é a nossa maior dificuldade: queremos entender tudo, pretendemos um deus à nossa medida, não deixamos Deus ser Deus, não sabemos guardar um respeitoso silêncio perante o Mistério da Vida e da morte. O conhecido realizador Ingmar Bergman costumava dizer que os padres falam demais e que Deus se cala. Talvez a verdade seja outra: Deus fala, mas nós não O ouvimos. E começamos a fabricar imagens do Mistério à medida do nosso cérebro. Se a coisa não funciona, cai-se numa ilusão atrás da outra até que o desânimo nos bate à porta. A sabedoria da Índia fala dos mergulhadores de pérolas, que procuram essa riqueza em águas profundas. Alguns deles chegam a fazer 150 mergulhos sem encontrarem nada. E se não encontram nenhuma pérola? O mais importante é não concluir apressadamente que no mar não existem pérolas. • TENSÕES E DESAFIOS NO CUIDADO DOS IDOSOS DOMINGOS SOUSA d.sousa1@hotmail.com Não há outro Remédio senão Abandonar os Pais. Dispensa-se cuidados, funeral e herança. Este é o título bombástico de um livro recentemente publicado no Japão. No livro o autor pergunta-se: “será que os filhos devem dar prioridade ao cuidado dos pais, sacrificando as suas vidas e atividade profissional?” Declara, ademais, que como cada ser humano morre só, a morte solitária não é necessariamente má. Mais recentemente, o desaforado ministro das finanças, num discurso dirigido a apoiantes partidários, refere que ao ver uma pessoa de 90 anos na televisão mostrando-se preocupada pelo futuro, não pôde deixar de perguntar-se: “quanto tempo mais tencionas viver?”. Já anteriormente havia apelado às pessoas idosas para se apressarem a morrer a fim de aliviar o estado dos elevados custos médicos. A linguagem desbragada destas afirmações revela o mal-estar social perante a magnitude dos desafios, que o crescente envelhecimento da população coloca ao Japão. O Japão está a envelhecer a um ritmo sem precedentes. O número de pessoas acima dos 65 anos representa aproximadamente um quarto da população. Acima dos 75 anos um sexto. A esperança média de vida é de 84 anos. A mais elevada do mundo. O número de pessoas com 100 ou mais anos alcançou o número recorde de 61.568. Mas paralelamente à longevidade, de A sabedoria do passado parece revelar-se insuficiente para responder à magnitude dos desafios do presente. uma população de 127 milhões, 4.6 milhões padece de demência. Os problemas associados ao cuidado de idosos ganham contornos alarmantes. Em 2015 foram dadas como desaparecidas mais de 12 mil pessoas com demência. Embora 98% dessas pessoas tenham sido localizadas dentro de uma semana, algumas centenas acabaram por perecer em consequência de acidentes. Dezenas de pessoas permanecem desaparecidas. Nas últimas décadas ocorreram mais de 600 casos de homicídios contra idosos. Grande parte deles cometi- dos pelos próprios familiares em estado de exaustão física e emocional, causada pela exigência da prestação de cuidados continuados. No passado a família japonesa foi a principal fonte de apoio às pessoas idosas. Sob a influência da ética da piedade filial confucionista, amparar os pais na velhice era um dever indiscutível. Ao filho mais velho incumbia a responsabilidade de cuidar dos pais idosos em troca do direito a receber a herança familiar. Recorrer a instituições para o cuidado dos pais, significava negligência familiar e menosprezo do dever da piedade filial. Porém, a erosão dos valores tradicionais da família trouxe consigo um decréscimo drástico no número de pessoas idosas a serem cuidadas no seio da família. Enquanto em 1980 53% de pessoas com mais de 65 anos vivia junto com os filhos, em 2010 apenas 18% o faz. Confúcio dizia: “Quando teus pais estão vivos, serve-os de acordo com o ritual. Quando eles morrem, enterra-os de acordo com o ritual, oferece-lhes sacrifícios de acordo com o ritual”. Durante muito tempo supôs-se que a ética da piedade filial, arraigada na tradição familiar, iria por si só resolver os problemas do envelhecimento da população. A sabedoria do passado, porém, parece revelar-se insuficiente para responder à magnitude dos desafios do presente. • FEITO DE TI JAIME PAIVA DA ROSA Entrei no seminário SVD tendo feito o 1º ano no Tortosendo, o 2º em Guimarães e, em Fátima do 3º ao 7º, inclusive. Fátima, onde além do estudo havia o coro do Padre Max, onde era solista, as missas polifónicas, o futebol, as flautas (Padre Kondor) e o teatro, destacando o FAUSTO, que o Padre Carlos Diederichs encenou. Nesta peça fiz o papel do protagonista, e houve várias representações dentro e fora do seminário, sempre com grande assistência. Saí após completar o 7º ano. O P. Carlos disse-me que podia sair em paz, porque no dizer do bispo de Leiria, D. João Venâncio, que assistiu ao teatro FAUSTO (que vendeu a alma ao diabo), com a minha representação já tinha convertido mais almas do que muitos padres, situação verificada nos confessionários da diocese. Trabalhei nos Serviços Florestais e Agrícolas. Em 1962 ingressei na Repartição de Finanças da Covilhã. No mesmo ano fiz o Curso de Oficiais Milicianos em Mafra. Ingressei na Força Aérea desempenhando o cargo de tesoureiro do Comando da 1ª Região Aérea. Em 1964 tirei a especialidade de Polícia Aérea. Com um pelotão de polícia aérea assegurei a defesa do Aeródromo Manobra 1 (Base da Nato) entre Ovar e Espinho. Um ano depois comandei a Polícia Aérea da Base Aérea 5 em Monte Real. Em 1966 rumei a Bissau para comandar, como Tenente uma companhia de Polícia Aérea na Base Aérea 12. Em 1968 voltei a Monte Real para comandar a Formação e Polícia Aérea. Em janeiro de 1970 terminei o serviço militar, e entrei na Direção-Geral das Alfândegas. Desempenhei serviços técnicos na Alfândega de Lisboa, fronteiras, e Aeroporto de Lisboa. Reformei-me em 1994. Vou-me entretendo com a jardinagem e mini agricultura na casa que construí e habito em Corroios, com saídas à casa de Manteigas ou apartamento em Quarteira. Valeu a pena ter feito tantos amigos verbitas e mantido a vossa amizade. Abraço para todos. • António Pinto ( responsável por esta coluna) setembro | outubro 2016 11 ATUALIDADE TORTOSENDO À ESPERA DOS ANTIGOS ALUNOS SVD ANTÓNIO PINTO Semana missionária em Almodôvar O Grupo Diálogos levou a cabo, de 20 a 28 de agosto, um projeto de voluntariado bem diferente daqueles que habitualmente realiza no verão. Na mesma linha de orientação que o grupo tem seguido, isto é, ir ao encontro daqueles que a sociedade coloca de lado ou esquece, a região de Almodôvar acolheu um grupo de voluntários para uma semana missionária. Neste sentido, visitaram e animaram lares de terceira idade e, acompanhados por elementos da Guarda Nacional Republicana, visitaram as populações mais isoladas nos “montes”. Alguns jovens e adultos de Almodôvar, assim como os párocos, participaram no projeto. Retiro anual em Dueñas O retiro anual das duas Províncias svd de Portugal e Espanha teve lugar em Dueñas, de 29 de agosto a 3 de setembro. Sob a orientação do P. Renato Gnatta e da Ir. Lídia Kunze, da equipa do Centro de Espiritualidade Arnaldo Janssen, em Steyl, este exercício espiritual contou com um número recorde de 75 participantes, entre eles duas irmãs SSpS. Aproveitando a deslocação de muitos beirões à terra natal pelos Santos e Finados, a Comissão Organizadora promove mais um evento para reunir os antigos alunos no Seminário do Verbo Divino, de Tortosendo, a realizar no último sábado de outubro, dia 29. Reserva a data na tua agenda! Programa: 10h00 – Concentração no átrio de entrada 11h30 – Ensaio de cânticos litúrgicos 12h00 – Missa na Capela 12h50 – Foto de grupo 13h00 – Almoço 14h30 – Convívio musical com vários artistas da casa 17h00 – Magusto e lanche 19h00 – Despedida Comissão Organizadora: Adriano Mendes, Daniel Filipe, Emílio Barroso, Ismael Reis, Joaquim Brázia, José Alberto “Trigais” e José Henriques. Inscrições para: Emílio Barroso 962 879 278 – milo.barroso@hotmail.com INTENÇÕES MISSIONÁRIAS Outubro Para que a Jornada Missionária Mundial renove em todas as comunidades cristãs a alegria e a responsabilidade de anunciar o Evangelho. Novembro Para que, nas paróquias, os sacerdotes e os leigos colaborem no serviço à comunidade sem ceder à tentação do desânimo. EM AGENDA 7-9 outubro Verbum Jovem, Minde 17-22 outubro Assembleia de Provinciais SVD/Europa, Fátima 23 outubro Dia Mundial das Missões 8-11 novembro Assembleia dos Institutos Missionários Ad Gentes, Almada 14-15 novembro Assembleia dos Superiores dos Institutos Religiosos, Fátima foto: Mission World MANEIRA DE COLABORAR COM A MISSÃO Também você poderá ajudar os missionários, enviando pedidos de intenções de missas e trintários gregorianos. Desta maneira estará a contribuir para a subsistência dos missionários. Bem haja! Secretariado Missionário do Verbo Divino Ap. 2 - 2496-908 Fátima Telefone: 249 534 116 Missão no Sudão do Sul Desde o dia 3 de agosto que os nossos cinco missionários verbitas a trabalharem na missão do Sudão do Sul se encontram no Quénia, aguardando a definição do futuro da mesma. Estes missionários tiveram que sair daquele território africano depois de passarem por momentos dramáticos de uma guerra iminente naquela missão. Visita especial a Toronto, Canadá Pela primeira vez, na arquidiocese de Toronto, Canadá, vai acontecer a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, de 5 a 14 de outubro. O P. André Grecki, missionário do Verbo Divino a trabalhar naquela arquidiocese, encontra-se verdadeiramente empenhado nesta visita especial. Primeira missa do primeiro padre mongol A Catedral dos Santos Pedro e Paulo, em Ulaanbaatar, Mongólia, foi testemunha da primeira missa do primeiro sacerdote nativo da Mongólia. O P. Joseph Enkh foi ordenado sacerdote no dia 28 de agosto e celebrou a sua “missa nova” no dia seguinte. Durante a homilia afirmou que o “eis-me aqui” (Isaías 6) foi uma passagem decisiva na sua vida. Uma agenda feita a pensar em ti. Uma companhia alegre para todos os dias do ano. Agenda Jovem - 2€ Uma companhia interessante... uma janela aberta para a Missão. Calendário Missionário - 0,70€ Missionários do Verbo Divino - Ap. 2 - 2496-908 FÁTIMA Tel: 249 534 116 - Fax: 249 534 117 proc.missoes.fatima@verbodivino.pt - www.verbodivino.pt NOVAS ASSINATURAS 2016 Porque queremos servir melhor a Missão... Ajude-nos com o envio de novas assinaturas. Nome: _______________________________________________ Morada: _____________________________________________ Código Postal: ______ - _____ _________________________ Data nascimento: _____ /_____ /______ ________________ __________________________________ (Assinatura 3€) Missionários do Verbo Divino * Apartado 2 * 2496-908 FÁTIMA 249 534 116 * proc.missoes.fatima@verbodivino.pt PT50 0010 0000 0251 9710 0017 8 12 Vidas que falam PARADOS NÃO FAZEMOS MAL… MAS TAMBÉM NÃO FAZEMOS BEM FOTOS DIÁLOGOS Almodôvar e Viseu foram espaços onde mãos e olhares se cruzaram, onde aconteceu voluntariado organizado pelo Grupo Diálogos. Francisco Batista A frescura do olhar De 8 a 20 de agosto decorreu um projeto de voluntariado em Almodôvar. Criar proximidade com as pessoas idosas que vivem sozinhas e isoladas foi o principal desafio. As atividades foram muito enriquecedoras. As pessoas que íamos visitar contavam-nos histórias da sua vida e gostavam de falar connosco. Foi excelente para mim regressar a Almodôvar e reencontrar as pessoas, pois atualmente vivo em Leiria, mas durante 13 anos vivi na vila de Almodôvar. O grupo de voluntários, apesar de pequeno, conseguiu criar profundos laços de amizade. Ao longo do projeto, nas atividades desenvolvidas ao longo do dia, sempre pudemos contar com a participação de alguns jovens da catequese. frescura do olhar das pessoas com quem tivemos o privilégio de estar. Dar continuidade a este projeto, pelo bem que me fez, é o grande desafio que deixo ao Grupo Diálogos! Eu sou uma missão nesta terra Penso que esta envolvência deixou marcas que podem fazer a diferença no dia-a-dia daquelas pessoas. É tempo de dizermos não à indiferença ou de pensarmos que tudo gira à nossa volta. Pelo contacto que tivemos com os jovens que nos acompanharam sentimos que eles desconheciam a realidade daqueles idosos! Fomos abrir caminhos… agora é dar continuidade. Fazer a diferença, não para ser notícia, mas porque nos sentimos comprometidos com os outros. «Parados não fazemos mal… mas também não fazemos bem» (Papa Francisco). Isto nos fez andar… desbravar caminhos…parar para escutar quem vive apenas com a sua própria companhia! O calor intenso daqueles dias… foi amenizado pela A Missão leva-nos onde a Palavra de Deus é necessária. Assim, um grupo de voluntários, através do Grupo Diálogos, rumou até Almodôvar para realizar a sua primeira semana missionária. O acolhimento foi fantástico, com pessoas muito atenciosas, sempre prontas a ajudar, comida sempre na mesa e os melhores sorrisos que qualquer missionário pode receber. Cada um deu um pouco de si a esta Missão e isso resultou numa semana de alegria e aprendizagem. Percorremos montes alentejanos, perdidos na solidão dos campos, onde apenas vivia um número reduzido de pessoas com os seus animais de estimação e o som do vento como companhia. Sempre acompanhados por elementos da GNR, verdadeiros missionários, fomos visitar as pessoas que vivem mais isoladas, no meio dos montes! As pessoas alegravam-se com a nossa chegada e recebiam-nos em suas casas de um modo muito familiar. O Centro Social e Paroquial de Santa-Clara-A-Nova mostrou-nos uma realidade muito semelhante àquela que encontramos nos montes: pessoas idosas carentes de carinho, apoio e companhia. Devemos enaltecer o trabalho das funcionárias deste Centro que sempre nos acompanharam e por quem os idosos sentem um enorme respeito e amizade. Os dias passaram rapidamente e “terminou” a nossa Missão! Ficou o desafio da GNR de que este trabalho tenha continuidade, com residentes em Almodôvar, principalmente pelos jovens. A Missão nunca acaba pois «Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo.» Tiago Botelho Não sou religioso… mas hoje vi Deus “Cada ser é único e maior que o mundo” e nos merece tudo! O voluntariado no Centro de Multideficiência Santo Estevão, em Viseu, de 5 a 14 de agosto, foi uma experiência e uma vivência que nunca esquecerei. Ficou gravada no coração e na alma! Entende-se as fragilidades físicas, as debilidades cognitivas… mas eu senti seres humanos íntegros, sem disfarces, almas puras! Publicação bimestral de formação e informação missionária Os sorrisos que nos dirigiam, os abraços partilhados, o repousar as suas mãos nas nossas, estar na sua presença… e com eles, sente-se uma atmosfera de alegria e conforto imensurável de identificação, compaixão, misericórdia! Quanto amor ali se sente na interação, na partilha, na sinergia criada entre seres humanos mais capazes que cuidam e seres humanos mais frágeis que retribuem esses cuidados com a alma! São frutos divinos que alimentam o nosso espírito. É percetível a harmonia, como um só corpo ou organismo que funciona bem com tantas assimetrias e fragilidades palpáveis! A simbiose perfeita feita de amor e dedicação aos mais debilitados! O ser humano é grandioso quando se dedica de coração a ser o outro, a ver-se no outro. Sentir a unidade que somos! Cada missão é única e sempre concluímos: Nós levamos uma gota e recebemos um oceano de amor! Levantar do chão, cuidar de quem, sem o nosso apoio, não sobreviveria… reconforta e enriquece porque chegamos à plenitude da espiritualidade! Um companheiro italiano com quem partilhei outra missão, no mesmo contexto, no momento da despedida disse-me: Não sou religioso…mas hoje vi Deus! Propriedade: Seminário Missionário do Verbo Divino (www.verbodivino.pt) Redação e Administração: Apartado 2 - 2496-908 FÁTIMA - Tel. 249532163 - Fax 249534117 Diretor: António Augusto Lopes Leite – E-mail: contacto.svd@verbodivino.pt Redatores: José Amaro, Joaquim D. Luís, José Jerónimo e Feliciano Sila Composição: Brigite Martins Impressão: Gráfica Almondina - Torres Novas Depósito legal: nº 55413/92 - Registo ICS: nº 124514 Tiragem: 4.000 exemplares Assinatura anual: 3,00 € (IVA incluído) - IBAN: PT50 0010 0000 0251 9710 0017 8 Sérgio Bastos Associação de Imprensa Missionária Associação de Imprensa de Inspiração Cristã