EVOLUÇÃO DO HELICÓPTERO PARA FINS MILITARES DAS
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EVOLUÇÃO DO HELICÓPTERO PARA FINS MILITARES DAS
EVOLUÇÃO DO HELICÓPTERO PARA FINS MILITARES DAS ORIGENS A GUERRA DO VIETNÃ Relativamente mais pesado que um avião de asa fixa, o helicóptero é uma máquina que se sustenta no ar em virtude de suas asas rotativas. Esta característica faz com que o aparelho possa elevar-se sem necessidade de pista de rolamento. Porém, consome grande quantidade de energia durante o vôo regular, o que não ocorre com os aviões de asa fixa. O helicóptero é hoje uma máquina extremamente sofisticada e de conseqüência ainda decisivamente custosa, entretanto, é indubitavelmente insubstituível em uma gama de utilização, tanto na área militar como na civil. Introdução Embora possua certas desvantagens, devido a complexidade mecânica de seus rotores e o grande adestramento que exige de seus pilotos, o que, no conjunto, fazem a inversão de capital e o custo de funcionamento e manutenção muito mais elevado que dos aviões de asa fixa, por tonelada/quilômetro, o helicóptero também apresenta limitações quanto a velocidade e altura máxima em que pode operar. Por outro lado, possui grandes vantagens, já que pode decolar e aterrizar verticalmente, além de poder manter-se suspenso sobre um determinado ponto, não precisando de campos de pouso como os aviões. Hoje é inconcebível a uma nação não possuir este equipamento, principalmente na área militar, onde tem sido empregado para as mais variadas funções, como transporte pesado, ataque, guerra anti-submarina, transporte de tropas, reconhecimento tático e observação, etc. Dentro de sua evolução, na atualidade, eles estão cada vez mais versáteis, podendo elevar pesos, empregarem armamentos leves e pesados, contarem com blindagens que lhe garantam uma maior sobrevivência no campo de batalha, operam em situações adversas graças aos sofisticados equipamentos optrônicos para controle de navegação e interação com os modernos e sofisticados armamentos. Histórico – de 1483 ao fim do século XIX O mais antigo projeto de uma máquina de asa giratória surgiu em 1483, quando Leonardo Da Vinci, projetou um “Giroscópio Aéreo” que assim descreveu: “acho que se este instrumento como um parafuso for bem feito – isto é, feito de linho, cujos poros sejam fechados com goma – e for girado rapidamente, o mencionado parafuso fará suas espirais no ar e alçar-se-á ao alto”. Da Vinci tinha sua asa giratória fixada no lugar por meio de arames com uma pequena plataforma, na qual uma pessoa poderia permanecer e girar a asa semelhante a um parafuso. Muito embora ele não tenha descrito seu giroscópio aéreo com fins militares, é bem provável que seria utilizado para esse fim, pois sua inclinação para armas e arte de guerra é bem conhecida. Entretanto, passaram-se 271 anos até que em 1754 Mikail V. Lomonosov, o “pai da ciência russa”, demonstrasse um modelo auto-acionado de uma hélice ascensora à Academia de Ciências Russas, que assim descreveu sua invenção: “...o honorário conselheiro Lomonosov demonstrou sua invenção denominada aerodinâmica a ser usada para a finalidade de pressionar o ar por meio de asas giradas horizontalmente nas direções opostas, pela função de uma mola do tipo usada em relógios, a fim de alçar a máquina às camadas superiores do ar”. Em 1768 o matemático francês J.P.Pancton publicou um tratado denominado “Teoria do Parafuso de Arquimedes”, onde descrevia uma máquina voadora acionada pelo homem com duas hélices, uma para sustentação da máquina no vôo e outra para fornecer propulsão para frente. Tal projeto era inconcebível, mas levou os europeus a discutirem e construírem máquinas voadoras que pudessem decolar e aterrizar verticalmente, algumas das quais podem até ter flutuado no ar. Sir George Cayley, inventor inglês, em 1843, apresentou um pequeno modelo de helicóptero caracterizado por dois suportes laterais gêmeos montados de cada lado a um par de rotores sobrepostos. A potência era fornecida ao rotores através de uma máquina pequena a vapor, muito embora o mesmo não fosse viável. Já em 1862, Ponton D`Amécourt, um engenheiro francês, exibiu um pequeno modelo de helicóptero de sustentação vertical, impulsionado por uma máquina de alumínio de dois cilindros, que transmitia energia a dois pequenos rotores, montados um sobre o outro no eixo vertical comum. Os sistemas de rotor giravam em sentido contrário para contrabalançar o par motor. Esse aparelho pesava 2kg, e elevou-se verticalmente até uma altura de vários metros, provando desse modo que era possível elevar-se do solo, mas não teve utilização prática. Por volta de 1877, Enrico Forlanini, engenheiro italiano, construiu um artefato contragiratório, coaxial, impulsionado a vapor, que elevou-se a 12 metros do solo, permanecendo em vôo livre durante cerca de vinte minutos. Esse aparelho pesava 3kg e a máquina a vapor desenvolvia 1/2 HP. Essas demonstrações de vôos livres durante o século XIX convenceram os engenheiros de muitos países que era possível uma máquina voadora transportar um homem. Foram feitas várias tentativas para se construir um helicóptero de grande tamanho que pudesse transportar um tripulante, mas os resultados foram poucos animadores. Um dos motivos desses fracassos foram a falta de motores potentes e compactos, visto que os motores desta época eram a vapor, muito volumosos, pesados e de potência insuficiente. Mas com o advento do século XX e o grande interesse do homem por veículos mecânicos, chegou-se a criar os primeiros motores a gasolina, mais compactos e confiáveis e que passaram a ser imediatamente adotados para as máquinas voadoras. O século XX – de 1907 a 1939 Em 1907 o francês Paul Cornu construiu o primeiro helicóptero de com bons resultados. Ele possuía dois rotores, um montado no extremo dianteiro da fuselagem e outro no extremo traseiro, mediam 6 metros de diâmetro, giravam em sentido contrário com a finalidade de compensar o efeito do par motor de 24 CV e possuíam correias de transmissão que iam do eixo do motor até cada sistema do rotor, fazendo com que girassem a grande velocidade. Cornu elevou-se verticalmente a um altura de 20 metros a 30 centímetros do solo, mas seus vôos duravam poucos segundos. Estava dado o primeiro passo para o helicóptero tornar-se realidade. Helicóptero de Paul Cornu. Foto National Air and Space Museum, Smithsonian Institution (SI Neg. No. 93-640) Nesse mesmo ano, outro francês, Louis Charles Bréguet, construiu um grande helicóptero de quatro rotores, sendo que cada um possuía quatro pás biplanas e os pares de rotores opostos giravam em direções contrárias. Esse helicóptero nunca elevou-se do solo, mas serviu para mostrar a grande imaginação dos entusiastas das asas rotativas. Durante a primeira guerra mundial, o tenente Petroczy, o professor Von Kárman e o engenheiro Zurovec construíram dois helicópteros denominados PKZ-1 e PKZ-2, sendo que o PKZ-1 era ligado ao chão, através de cabos, dirigido por um motor elétrico que ficava abaixo do observador, pois era alimentado por corrente direta gerada por um dínamo movido a gasolina e transmitido para o helicóptero através de um cabo de alumínio com 2.265 pés. Este helicóptero ficou pronto em março de 1918 e realizou vários vôos, chegando inclusive a levar três tripulantes a uma altitude de 20 pés, mas no seu quarto vôo o motor pegou fogo e foi impossível repará-lo. Em 10 de junho de 1918 o PKZ-2 foi apresentado às autoridades austro-húngaras, mas devido a uma falha técnica, não despertou interesse junto aos militares. O PKZ-2 possuía uma fuselagem triangular, modulada, de forma a facilitar a desmontagem e o transporte e que deveria servir para observação. Embora preso ao solo o helicóptero se automovia com três motores rotativos de 100HP cada. Logo em seguida foram substituídos por outros de 120HP Le Rhône, aprontado para ser dirigido com rotação contrária e pesadas hélices. O observador ficava em cima das hélices numa espécie de tambor. Este aparelho efetuou mais de 30 vôos de testes, chegando mesmo a manter-se no ar durante uma hora e meia. Mais tarde foi capturado pelos italianos. PKZ 1 PKZ 2 O Espanhol Juan de La Cierva assombrou os defensores da asa rotativa, quando em 1928 cruzou o Canal da Mancha, pilotando um “AUTOGIRO” (termo criado por ele) de sua fabricação. Tratava-se de uma aparelho com fuselagem similar à de um avião, com uma grande hélice sobre a mesma, sendo que o motor juntamente coma hélice normal à frente da fuselagem era a que produzia a tração para a decolagem, ao passo que a grande hélice não era impulsionada pelo motor, mas sim pela força do vento (como as pás de um moinho) e para que isso ocorresse era necessário que o mesmo voasse a 50km/h, pelo menos, a fim de assegurar o fluxo de ar para movimentar a grande hélice, dando sustentação de vôo a aeronave. O Autogiro de La Cierva chegou a ser produzido sob licença na Inglaterra, França, Alemanha, Japão e Estados Unidos, inclusive para fins militares. Autogiro la Cierva C-19 Mark IV preservado no Museu Aeronáutico da Espanha Por volta de 1931, a marinha dos Estados Unidos efetuou vôos experimentais com autogiros em porta-aviões, e no ano seguinte utilizou um deles em operações antiguerrilha. Tratava-se de autogiros PITCAIRN (OP-1), versão americana do autogiro La Cierva. Durante a década de 30 houve um amplo interesse no aperfeiçoamento do autogiro, todo ele baseado no trabalho de La Cierva, exceto alguns esforços soviéticos como o TsAGI I-A que foi o primeiro helicóptero soviético construído entre 1929 e 1930 sob a direção de B.N.Yuryev no Instituto Central de Hidrodinâmica Aérea (TsAGI) em Moscou. O I-A era quase idêntico ao 3-A e era experimental, mas bem à frente de seus contemporâneos no oeste da Europa e Estados Unidos. O I-A possuía uma fuselagem de tubos de aço soldados sem entelamento e um assento para um ocupante bem à frente dos motores e quatro hélices. Efetuou vários vôos com sucesso até acidentar-se. Já o 3-A nunca chegou a voar, servindo apenas como banco de provas, embora fosse ligeiramente diferente do I-A. Mais de 500 autogiros foram fabricados até a morte de La Cierva, em dezembro de 1936, na Inglaterra, num desastre de avião. Em 1936 o Exército dos Estados Unidos adquiriu um autogiro Pitcairn, designado YG-2. Em 1937 surge o primeiro helicóptero prático satisfatório quando Henrich Karl Johann Focke, na Alemanha, demonstrou o FOCKE-ACHGELIS 61 (Fw-61), estabelecendo vários recordes internacionais, como: autonomia de uma hora e vinte minutos; velocidade de 122 km/h, podendo atingir 3.427 metros de altura. Chegou, inclusive, a voar dentro de um grande hall de exposições, em Berlin, o qual media 33 x 100 metros, sendo pilotado por uma mulher, a famosa aviadora e piloto de provas Hanna Reitsch. Este aparelho possuía dois grandes rotores montados lado a lado sobre suporte que se estendiam lateralmente, duma fuselagem do avião Fw-44 Stieglitz. Estes rotores giravam em direções opostas para compensar o par motor. Os sistema de rotor eram impulsionados por um motor radial de 160 HP. A Segunda Guerra Mundial – 1939 – 1945 Com a eclosão da segunda guerra mundial em 1939, a Alemanha, Japão, Estados Unidos e União Soviética empregaram helicópteros para fins militares. Os soviéticos os empregaram para reconhecimento e lançamento de folhetos de propaganda, sendo os mais usados os modelos 2-3 A desenvolvidos por I.B.Bratukhin e V. A. Kuznetsov que haviam entrando em serviço operacional a partir de 1933; o TsAGI A-4 tornou-se operacional a partir de 1934; o A-7 que chegou a ser usado em julho de 1941 para observar o avanço alemão em Smolensk, a 200 milhas a sudoeste de Moscou. Helicópteros soviéticos TsAGI A-4 usados durante a segunda guerra mundial. Por sua vez os alemães usaram helicópteros para missões logísticas e no mar para operações anti-submarinas, como o FLETTNER FL 282 KOLIBRI, o primeiro a ser empregado em operações militares e produzido em série, tanto para a Luftwaffe como para a Kiegsmarine. Outro modelo usado em larga escala foi o FOCKE ACHGELIS Fa 223 DRACHE, que foi o primeiro a ser utilizado para serviço comercial. Entretanto, no final da guerra a Inglaterra capturou três exemplares, levados em vôo para as ilhas britânicas, os primeiros militares a atravessarem o Canal da Mancha. Posteriormente, no pós-guerra, foram produzidos em série na França e Checoslováquia. Possuía uma autonomia de 320km e velocidade máxima de 185km/h, impulsionado por um motor radial BMW Bramo Fafnir 323 Q3 de 100 HP. Flettner FL 282 Kolibri Abaixo: Fa 223 Drache Outro modelo que foi muito utilizado foi o Focke Achgelis Fa 330 que operava em submarinos, impulsionado por motor elétrico, todo desmontável, servindo para ampliar o campo visual deles em alto mar. Os alemães chegaram a testar a habilidade do helicóptero sobreviver a ataques de aviões de combate com motor a pistão de elevado desempenho. Os Estados Unidos utilizaram o Sikorsky V-S 316 A conhecido como R-4 na sua versão militar, para busca e salvamento, muito embora um foi utilizado em 1944 para transportar um agente secreto numa missão clandestina nos Balcãs. As marinhas Americana e Britânica tamb ém utilizaram o V-S 316 A para testes e vigilância anti-submarina onde receberam a designação de HSN. A guarda costeira americana trabalhou no aperfeiçoamento do HSN, chegando a realizar testes empregando um sonar de mergulho, que era baixado dentro d`àgua enquanto a aeronave se achava em posição de flutuação no ar. Sikorsky XR-4 em testes O Japão empregou os derivados do modelo La Cierva, denominados de Kayaba 1 e 2, que operavam a partir de porta aviões para caçar submarinos inimigos. Kayaba 1 A segunda guerra mundial provou a viabilidade do helicóptero como arma de guerra, mas as grandes operações envolvendo helicópteros começaram a surgir na guerra da Coréia, onde proporcionaram às Forças Armadas Americanas larga experiência na utilização destes aparelhos. Guerra da Coréia – 1950 – 1953 Os primeiros helicópteros militares americanos na Coréia foram quatro Sikorsky H03 S, os quais chegaram com um esquadrão da Marinha durante a desesperada batalha de Pusan, em agosto de 1950. Esta guerra veio proporcionar às Forças Armadas Americanas extensa experiência na utilização de helicópteros em operações de guerra, pois inicialmente a marinha utilizava tais aparelhos, sendo logo em seguida usados também pelo Exército, só que em pequeno número, além é claro da própria Força Aérea, a qual participava de sua primeira guerra como arma independente. A primeira missão realizada por helicóptero na guerra da Coréia ocorreu em 03 de agosto de 1950, quando um H03-S efetuou vôos de reconhecimento sobre as linhas de frente. No dia seguinte foi realizada a primeira evacuação médica, quando foram transportados cinco fuzileiros navais feridos. Os helicópteros foram largamente utilizados para resgatar pilotos abatidos atrás das linhas inimigas, sendo que no desenrolar da guerra, 254 aviadores da Nações Unidas foram resgatados em território inimigo. Em 15 de janeiro de 1951 o primeiro Esquadrão de Helicóptero de Transporte foi formado em El Toro, na Califórnia. Ele possuía dez oficiais e quarenta homens alistados e em agosto daquele ano foram enviados à Coréia, utilizando os mais novos helicópteros de transporte, os Sikorky CH-19 (S-55) de dez lugares. Os helicópteros foram um instrumento importantíssimo nas operações americanas na Coréia, pois em trinta e cinco meses de combate foram evacuados 7.067 soldados, foram feitas 18.607 missões em zonas de combate, além de transportarem 60.046 soldados e 3.426.590kg de carga. O Tenente-General Mxwell Taylor, Comandante do Oitavo Exército dos Estados Unidos, na Coréia, em fevereiro de 1953 disse: “O helicóptero de carga empregado em massa pode aumentar a mobilidade tática do Exército muito além de suas normais capacidades. Espero que o Exército dos Estados Unidos venha fazer amplas provisões para a total exploração do helicóptero no futuro.” A realidade é que as operações americanas com helicópteros na Coréia estiveram sem dúvida em forte contraste com a simultânea experiência francesa na Indochina, pois, com meia dúzia de Sikorky e um par de helicópteros Hiller 360, a contribuição dos mesmos para com as forças francesas que lutavam na Indochina foi praticamente nenhuma, mas o exército francês rapidamente entendeu o significado e a grande importância dos helicópteros. GUERRA DA ARGÉLIA – 1954 – 1962 Em 1954 o descontentamento do povo argelino transformou-se numa rebelião generalizada, conhecida como Guerra da Argélia, pois a França mantinha naquela colônia cerca de 500.000 soldados. Naquela época nenhuma nação poderia alegar, mesmo remotamente, ter tanta experiência de combate em helicópteros como os franceses na Argélia, mesmo apesar de isto não ter sido muito divulgado à época. A realidade é que quando em 1962, época do cessar fogo, os franceses possuíam naquele território nada mais, nada menos, do que 380 helicópteros de transporte Piasecki H-21; 25 Sikorky S-55 e H-19 e aproximadamente 200 helicópteros leves, principalmente do tipo Alouette II, de sua fabricação. O Exército Francês chegou a armar helicópteros com uma variedade de canhões e foguetes, muito embora as montanhas estéreis da Argélia tornassem as operações aéreas mais fáceis do que no Vietnã, onde os resultados obtidos pelos Americanos não foram de muito êxito. Piasecki H-21 de transporte e Alouette II Entretanto, os nacionalistas argelinos logo aprenderam sobre a vulnerabilidade de tais aparelhos, desenvolvendo meios eficazes para emboscá-los e derrubá-los. Nesta época, os franceses começaram a construir uma poderosa indústria nacional de helicópteros que se mantém até os dias de hoje. INTERVENÇÃO BRITÂNICA NO SUEZ – 1956 A indústria de helicópteros britânica remonta a década de 1950 e início da de 60, muito embora tenha desenvolvido modelos e protótipos próprios até mesmo inovadores, fabricou sob licença, além de efetuar compras nos Estados Unidos, e ainda desenvolveu projetos conjuntos com a França. Em novembro de 1956, os britânicos lançaram a partir de porta-aviões o primeiro assalto de helicópteros, quando desembarcaram tropas no Suez, como parte da tentativa de anglo-francesa de tomar aquele canal, os porta-aviões leves britânicos OCEAN e THESEUS utilizaram 16 helicópteros Sikorsky/Westland Whirlwind e Bristol Sycamore para transportar 415 marinheiros e 23 toneladas de munições e equipamentos em apenas 89 minutos. Sikorsky/Westland Whirlwind e Bristol Sycamore Os britânicos após esta operação fizeram extenso uso de helicópteros em suas inúmeros operações de polícia e vigia na África e Ásia, além de operações no Kwait em 1961 e Tanganica (África) em 1964. Durante operações de contra guerrilha na Malásia, Sabah e Bornéu, os helicópteros tornaram-se um espetáculo comum quando apoiavam tropas terrestres britânicas e aliadas. Suas bases eram com freqüência clareiras nas florestas e em alguns terrenos, esteiras e bambus cobriam o chão para os pousos e decolagens. GUERRA DO VIETNÃ – INTERVENÇÃO AMERICANA 1961 - 1975 Foi sem dúvida o grande período de transição do helicóptero e que veio realizar-se no seio das Forças Armadas dos Estados Unidos, já que eram a única nação com capacidade industrial para produzir todos os helicópteros desejados pelos militares. Esta transição foi devida à Guerra do Vietnã. Um acontecimento importante ocorreu em dezembro de 1961, quando o PortaAviões de escolta CARD atracou em Saigon, então Vietnã do Sul e desembarcou 32 helicópteros Piasecki CH-21 do Exército. Este ato foi sem dúvida o primeiro símbolo do poder de combate dos Estados Unidos naquele conflito e o início de uma nova era de mobilidade aérea para o Exército Americano. Esses helicópteros foram submetidos pela primeira vez em ação de combate doze dias após sua chegada, na operação Chopper, quando 1.000 sul vietnamitas foram transportados pelo ar a um complexo suspeito Viet-Cong, a dez milhas de Saigon, onde os pára-quedistas encontraram pequena resistência devido a total surpresa do inimigo com tais aparelhos. Em 09 de abril de 1962, o porta-helicópteros Princeton a pouca distância da praia no Vietnã do Sul lançou um esquadrão de 24 helicópteros Sikorsky UH-34 Seahorse da marinha. Além do grande aumento de forças aéreas, terrestres e navais no Vietnã, que inicialmente eram de instrutores, esta foi acompanhada de uma maciça quantidade de helicópteros. Em fins de 1960 vários milhares deles se encontravam no Vietnã do Sul, pertenciam ao exército, força aérea, marinha e alguns à própria CIA. Por volta de 1961 o então secretário de defesa Robert Macnamara ordenou um amplo estudo pelo Exército para saber de suas necessidades de aviação. O relatório final apresentado em agosto de 1962, levou à criação da 1ª Divisão de Cavalaria Aérea do Exército americano. Esta divisão foi enviada ao Vietnã no verão de 1965, possuindo 434 aeronaves, sendo que apenas seis não eram helicópteros, além de 16.000 homens. Ela tornou-se a divisão mais taticamente móvel da História Militar. Utilizava helicópteros Bell UH-1B/D; Boeing-Vertol CH-47 A/B para transporte; Sikorsky CH-54 A Tahe , também conhecido como Grua Voadora; Hughes OH-6A para reconhecimento. Helicópteros Bell UH-1B/D em Saigon, 1965. U.S.Army Sikorsky CH-54 A Tahe Os helicópteros foram usados como transportadores de tropas, evacuação de feridos, vigia, guindastes voadores, apoio de fogo onde receberam a designação de “GUNSHIPS”. Partindo dos Gunships que nada mais eram do que simples helicópteros Bell UH-1B Huey convencionais de transporte de tropas, equipados com metralhadoras para fogo de cobertura para sua tropas, foram os responsáveis pelo desenvolvimento de máquinas especializadas e tão difundidas hoje. GUNSHIPS Para se ter uma idéia da grande intensidade de operações realizadas por helicópteros, somente no ano de 1968 houve 42.000 missões de evacuação médica, onde 67.000 soldados americanos feridos e alguns civis sul-vietnamitas foram transportados. Entre 1966/67 a marinha americana formou um esquadrão de helicópteros de ataque composto por 24 Bell UH-1B Huey fortemente armados, unicamente para fornecer estreito apoio às suas amplas operações nas chamadas “águas marrons” no delta do rio Mekong, sendo que a base destes helicópteros eram em navios anfíbios e várias outras embarcações, as quais operavam próximas ao litoral, proporcionando buscas e salvamentos, reabastecimentos no mar de navios de guerra, levantamento oceanográfico e dando apoio às forças navais, sustentando assim o envolvimento americano no Vietnã. Daí também surgiram exigências para o aperfeiçoamento de unidades de helicópteros para operações anti-submarinas e medidas contra minas. Em 1967 entrava em operações no Vietnã o Bell AH-1G Huey-Cobra, primeiro sistema de arma integral na história do helicóptero. Caracterizado de uma seção redonda frontal e de um bom desenho aerodinâmico com a cabine biplace em tandem, o Cobra era dotado de uma torreta ventral armada com um mini-canhão GAU-2B/A de 7,62mm e com lançadores M-129 de 40mm. Foi nessa época que a indústria aeroespacial americana começou sua expansão rápida, produzindo helicópteros. No auge da guerra do Vietnã, a divisão Vertol da Boeing construiu 398 CH-46 e CH-47; a Hughes forneceu 1.129 OH-6 e TH-55, enquanto a Bell Helicpters em apenas um ano construiu 2.485 UH-1, AH-1 e TH-13. A Sikorky que em 1957 havia produzido 467 helicópteros H-19, CH-37 e CH-34, durante o conflito do Vietnã, fabricou menos, porém foi responsável pela produção de grandes helicópteros tais como o CH-53 Sea Stalion e o CH-54 Tarhe . Além disto estas firmas ainda produziram simultaneamente helicópteros para uso civil e serviços militares estrangeiros. Boeing-Vertol CH-47 As operações em larga escala utilizando helicópteros não se verificaram sem custo, de 1961 a 1971, as forças armadas americanas perderam 4.839 helicópteros no Vietnã e para se ter uma idéia, nesta mesma época perderam-se 3.639 aviões na mesma guerra, o que importou num gasto de 10.500 milhões de dólares. As perdas ocorreram tanto quanto tripulados como no solo, sem contar as que ocorreram devido a ataques guerrilheiros em bases americanas e sul-vietnamitas. Outro fato curioso é que os helicópteros foram utilizados para transporte VIP, e dos oito generais que morreram no Vietnã, cinco o foram enquanto se achavam sendo transportados por helicópteros. Sem dúvida o helicóptero como arma militar atingiu a sua maioridade durante a guerra do Vietnã, onde provou todas as sua qualidades e limitações e hoje é inconcebível a sua não utilização em praticamente todos os conflitos, principalmente os que agora acontecem no Iraque, mas isto já é outra história...