água - Roteiro Brasília
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vem aí a segunda edição do festival internacional de cinema de brasília Ano XII • nº 217 Junho de 2013 R$ 5,90 em poucas palavras Divulgação “E no oitavo dia Deus fez o milagre brasileiro: um país todo de jogadores e técnicos de futebol”, escreveu um dia Millôr Fernandes (1923/2012). Essa frase do gênio do humor tupiniquim sempre fica mais verdadeira quando se aproximam os torneios mundiais do porte da Copa das Confederações e, principalmente, da Copa do Mundo. Desta vez, então, que seremos os anfitriões de ambas, até quem não liga muito para o esporte outrora bretão, como é o meu caso, se arrisca a dar seus palpites sobre a escalação dos sonhos para a seleção brasileira de futebol. É nesse clima de contagem regressiva e batimentos cardíacos acelerados que apresentamos a nossa Roteiro de junho, com matéria de capa pouco usual por aqui, por ser totalmente dedicada a uma competição que tem a capacidade de unir flamenguistas e vascaínos, petistas e tucanos, paulistas e cariocas, católicos e evangélicos... Todos torcendo pela mesma camisa amarelinha (leia a partir da página 34). Na seção Luz Câmera Ação, o destaque vai para o Festival Internacional de Cinema de Brasília, que entre 13 e 26 deste mês apresenta produções de todos os cantos do mundo, debates e lançamentos de diretores estrangeiros do porte de Bernardo Bertolucci e Sofia Coppola. Na eclética programação da Mostra Competitiva, 12 filmes concorrem a prêmios no valor de R$ 100 mil, inclusive uma produção do Paraguai, país que ficou 40 anos sem cinema (página 40). Uma injustiça que o cantor Billy Paul seja lembrado apenas por seu sucesso Me and Mrs. Jones, lamenta o jornalista Heitor Menezes. Quem for ao show do cantor, dia 15, comprovará o talento do americano de 78 anos que começou a cantar aos 12 em programas de rádio na Filadélfia, onde nasceu (página 31). Para quem curte mágica, a arte de iludir, que por vezes escapa à lógica, tem este mês um espetáculo imperdível: Os ilusionistas. No palco estarão sete mágicos internacionais, muitos deles premiados, como Brett Daniels, considerado o mago dos magos, ou Dan Sperry, chegado a truques com sangue, lâminas de barbear e serras circulares (página 30). Na gastronomia, a principal novidade é a chegada a Brasília de mais um grande restaurante paulista, o Baby Beef Rubaiyat, de um grupo de casas com filiais em Madri e Buenos Aires. A estrela do cardápio é a carne selecionada produzida na Fazenda Rubaiyat, em Dourados, Mato Grosso do Sul. Trata-se do gado brangus, uma mistura do abeerden-angus, de origem escocesa, com a rusticidade do brahman indiano (página 6). 40 luzcâmeraação A bela que dorme, do italiano Marco Bellocchio, está na programação do Festival Internacional de Cinema de Brasília 6 18 20 21 22 24 28 31 32 34 águanaboca picadinho garfadas&goles pão&vinho doisespressoseaconta dia&noite queespetáculo graves&agudos brasiliensedecoração copadasconfederações Boa leitura e até julho. Maria Teresa Fernandes Editora ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda. | Setor Hoteleiro Sul, Quadra 6, Bloco C, Sala 1612, Brasília-DF - CEP 70.316-109 Endereço eletrônico revistaroteirobrasilia@gmail.com | Tel: 3961.6261 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Editora Maria Teresa Fernandes Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Capa André Sartorelli | Colaboradores Adriana Nasser, Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos Santos Franco, Ana Cristina Vilela, Beth Almeida, Cláudio Ferreira, Eduardo Oliveira, Elaina Daher, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luiz Recena, Mariza de Macedo-Soares, Melissa Luz, Pedro Brandt, Sérgio Moriconi, Súsan Faria, Vicente Sá | Fotografia Gadelha Neto, Rodrigo Oliveira, Sérgio Amaral | Para anunciar 3961.6261| Impressão Editora Gráfica Ipiranga | Tiragem: 20.000 exemplares. 5 www.roteirobrasilia.com.br facebook.com/roteirobrasilia @roteirobrasilia água na boca Está chegando o Rubaiyat Por Beth Almeida B 6 rasília recebe, neste mês de junho, mais uma grife gastronômica paulistana. A partir do dia 13, os brasilienses poderão saborear as premiadas carnes do Baby Beef Rubaiyat, primeira casa do grupo no Brasil fora de São Paulo. No cardápio, o que há de melhor nas três casas paulistanas: cortes de carnes como a Picanha Summus, o Baby Beef e o Master Beef. “Os clientes brasilienses que frequentavam o Rubaiyat de São Paulo sempre pediam uma casa aqui, por isso nossa proposta foi unir em Brasília o conceito das três casas de São Paulo: a tradição dos Rubaiyat, as “terraças” da Figueira e os produtos exclusivos da Fazenda Rubaiyat”, resume o presidente do grupo, o espanhol Belarmino Iglesias Filho. O espaço escolhido para o novo restaurante também aproveita uma das melhores paisagens da cidade, a do Lago Paranoá. Localizada no Setor de Clubes Sul, a casa conta com 330 lugares, sendo 100 localizados na grande varanda arborizada com plantas nativas do Cerrado, com uma vista privilegiada da nossa “praia do Planalto Central”. O projeto assinado pelo arquiteto Marcos Perazzo segue o estilo contemporâneo das demais casas do grupo, com uma grande adega de cristal localizada no salão principal, um bar e uma entrada lounge. Todo o espaço é envidraçado, sendo possível não só comtemplar a paisagem do Lago, mas também observar o movimento da cozinha, uma delícia para todo gourmet. Para Belarmino, a proposta será bem recebida na cidade, porque o brasiliense adora churrasco, adora farofa e respeita muito uma gastronomia de produto. “E é o que sabemos fazer”, conclui. Mesmo assim, ele acredita que o funcionamento da nova casa é um grande desafio, inclusive porque será uma espécie de laboratório para os novos restaurantes que fazem parte do plano de expansão do grupo nos próximos anos. “Ao abrirmos uma nova casa, sempre aprendemos e aperfeiçoamos processos”, avalia. Em outubro, o grupo Rubaiyat desembarca na Cidade do México e em janeiro do próximo ano em Santiago do Chile. Ainda estão prospectando novos espaços no Rio de Janeiro e em Bogotá, na Colômbia, onde esperam inaugurar também em 2014. A notoriedade da grife Rubaiyat se deve especialmente ao trabalho desenvolvido seguindo o conceito “da fazenda ao Fotos: Divulgação prato”. O grupo mantém desde 1968 uma fazenda em Dourados, no Mato Grosso do Sul, onde iniciou em 1988 um trabalho de melhoramento genético de uma nova raça bovina, a brangus, que soma a qualidade do gado escocês abeerden-angus com a rusticidade do brahman indiano, mais adequada ao clima tropical. É de lá que vem boa parte das carnes servidas nas casas do grupo. Além dos cortes bovinos, também vêm de lá o frango da raça francesa label rouge e uma linhagem especial de suínos, chamada de baby-pork. Seguindo conceitos “verdes” de produção, os animais não ficam confinados e a alimentação é à base de cereais e pasto. Outro resultado do trabalho desenvolvido na fazenda e que hoje está no cardápio é o Tropical Kobe Beef, carne suculenta que é fruto da mistura do gado brangus com o wagyu, de origem japonesa, com duas opções de cortes, o baby beef e o bife de chorizo. A carta de vinhos, uma das paixões de Belarmino, é mais um destaque da casa. A adega de cristal do salão principal comporta 5 mil garrafas. São nada menos que 700 rótulos procedentes de 15 países, desde os tradicionais franceses, espanhóis, italianos e portugueses até os provenientes da África do Sul e Estados Unidos, além dos nacionais, obviamente. A adega é considerada uma das mais completas e variadas da América Latina. Baby Beef Rubaiyat Brasília Setor de Clubes Esportivos Sul, Trecho 1 Lote 1A (3443.5000). De 2ª a sábado, das 12 à 0h30; domingo, das 12 às 18h. Estacionamento com manobrista: R$ 10. Como muitos europeus nos difíceis tempos do pós-guerra, o espanhol Belarmino Fernandez Iglesias, pai do Iglesias Filho que hoje preside o grupo (na foto ao lado), desembarcou no Porto de Santos em 1951 em busca de oportunidades no ainda chamado Novo Mundo. Começou a trajetória em São Paulo, lavando pratos, e o crescimento profissional o fez chegar à posição de maitre da churrascaria A Cabana, na época considerada a melhor da capital paulista. Em 1957 foi convidado pelos patrões para ser sócio de uma nova casa. Aí nasce a primeira Rubayiat, da qual Iglesias se tornou o único dono em 1962. Hoje, essa casa, que funcionava no centro de São Paulo, já fechou, mas quando isso aconteceu, em 1988, o grupo já contava com as da Faria Lima (inaugurada em 1974) e da Alameda Santos (1976). Depois, em 2001, foi aberta a Figueira. Hoje a família também é proprietária da Cabaña Las Lilas, em Buenos Aires, e também abriu, em 2006, uma casa em Madri. O plano de expansão internacional começou no ano passado, quando o grupo se associou ao Mercapital, um fundo espanhol de investimento. 7 água na boca O neto do sertão Por Ana Cristina Vilela E m época de lei seca, nada melhor que ter um bar perto de casa. Muita gente vem mudando os hábitos em consequência da nova legislação, enquanto os proprietários têm à frente não só desafios, mas também oportunidades. Quem vem se dando bem nessa história são os moradores de cidades antes desprovidas de opções de aonde ir para tomar um chope, um drinque, encontrar os amigos. O Mandaka Chapa & Chopp, no Pistão Sul de Taguatinga, inaugurado em fevereiro deste ano, é uma das novas casas desse novo tempo. Um dos motivos que levaram o restaurateur Thiago Lucena a escolher Ta- 8 guatinga foi exatamente o fato de os moradores da cidade estarem com poucas opções e gostarem de curtir o que a própria cidade oferece: “Sempre saí muito em Taguatinga e observei uma característica do público daqui, de valorizar o que é do local. Com a lei seca, isso tende a aumentar”. O ponto também foi estrategicamente pensado. Além de ter conseguido um espaço para 700 pessoas a custo mais baixo do que conseguiria em Águas Claras, por exemplo, o bar e restaurante está localizado em frente às principais boates da cidade, que ficam do outro lado da pista. Assim, o objetivo é fazer da casa um espaço pré-balada. Mandaka era o apelido de infância de Thiago, por causa do restaurante nordestino que o pai teve em Brasília, o Mandacaru. A primeira casa foi inaugurada em 1980, na 408 Sul. O pai de Thiago chegou a ter três restaurantes, todos posteriormente vendidos. “Foi a primeira carne de sol de Brasília”, afirma. Com irmãos e tios no ramo de bares e restaurantes, e tendo acompanhado o pai durante boa parte da vida, o resultado só podia ser um, apesar de Thiago ser formado em Ciência da Computação e ter uma empresa de comunicação visual: “Quando meu pai vendeu tudo, fiquei com vontade de ter algo meu”. A origem nordestina foi o prato principal na hora de Mandaka, o neto do sertão, pensar o Mandaka, restaurante. O pai veio de Caicó, no Rio Grande do Norte, conhecida como “a capital da carne de sol”, em 1967. A mãe fez as malas em Barra do Corda, no Maranhão. Por isso, carne de sol e macaxeira não faltam no sonho concretizado de Thiago, que nasceu no Guará, onde mora até hoje. Para montar o cardápio da casa, teve a seu lado o chef Bruno Canatto. “O Bruno consegue efetivar as minhas ideias”, elogia Thiago, responsável pela aprovação de todos os pratos. Bruno é criterioso e uma das suas regras é que tudo, da carne de sol ao molho de tomate, doces e pães, seja feito no local. O cardápio acompanha a ideia de Thiago de ter um espaço que atenda a públicos variados, desde a família até o trabalhador do meio de semana e a moçada que quer curtir a noite ou a happy hour. A carne de sol é o carro-chefe. O prato Carne de Sol Caicó é completo, incluindo macaxeira frita, queijo coalho, feijão fradinho e paçoca, mas com um diferencial: o arroz de leite (por R$ 85, serve até quatro pessoas). Uma das dicas do chef, que se apega e defende algumas de suas criações, são os Camarões ao Mediterrâneo: arroz à grega, coberto com ca- e Lampião, recriação do clássico Romeu e Julieta, um cheesecake feito de polvilho e queijo coalho, coberto com goiabada cascão produzida na casa (R$ 14,90). De segunda a sexta são servidos os pratos executivos, que vão de R$ 19,90 a R$ 34,90. Com 80 rótulos de vinhos e um total de 500 garrafas (também servem-se taças), chope Brahma, destilados (cachaças, tequilas, vodcas, uísques etc.) e mais de 20 tipos de drinques, além de sucos variados, o Mandaka não deixa a desejar no quesito bebidas. Tem o Frozen de Capim-Santo (R$ 15,90) e o The Walking Dead, o preferido da moçada, feito com Amarula, licor de pêssego e Grenadine (R$ 11,90). O 50 Tons de Verde, à base de vodca, espumante, pepino, limão taiti, limão siciliano e Sprite (R$ 15,90) brinca com a trilogia Cinquenta tons de cinza. O espaço do Mandaka tem toques de rusticidade. O ambiente é à meia-luz, criando uma aura harmônica e agradável. A casa não tem música ao vivo. O som é ambiente e variado, numa altura que não incomoda e nem atrapalha uma boa conversa. Além da área comum, interna e externa, há outra para eventos, no mezanino, com capacidade para até 200 pessoas. O espaço é independente, com banheiros à parte, bar e elevador climatizado para os pratos. E se filho de peixe peixinho realmente é, como diz o velho ditado popular, Thiago, é claro, não vai ficar por aí. Um bar-restaurante só é muito pouco para esse neto do sertão. O empresário já pensa em montar outras duas casas. “Este é o primeiro de uma rede.” Os próximos lugares em que está de olho? Guará, sua cidade natal, e a Asa Sul. Enquanto isso, quem quiser tomar uma dose de 50 Tons de Verde ou experimentar os pasteizinhos do chef Bruno vai ter mesmo que pôr o pé na estrada e sair do eixo Asa Sul/Asa Norte. Mandaka Chapa & Chopp QSD 23 – Lote – Pistão Sul – Taguatinga (3967.6060). Diariamente, das 11h30 às 24h Fotos: Divulgação marões empanados, molho de tomate, gratinado com mussarela (por R$ 89, serve até três pessoas). Tem também a tradicional Moqueca Capixaba (R$ 89, também para três pessoas), a Picanha do Chef, o Mandakinha Kids, guarnições à parte e muito mais. Vários petiscos são invenções próprias e empolgam o chef Bruno, a começar pelo queijo do sertão, servido em cubos envoltos em gergelim (R$ 19,90). Outra sugestão é o carpaccio de carne de sol, com fatias bem finas de carne de sol crua, salpicadas com cebola roxa e manteiga de capim-santo, finalizadas com lascas de queijo coalho (R$ 27,90). Os escondidinhos e arrumadinhos não podiam faltar. Destaque para o escondidinho de camarão (R$ 65 para duas pessoas e R$ 35 para uma). Mas tem sempre aquela menina dos olhos, o petisco que quase todo mundo pede ou volta para comer mais. No Mandaka, os pasteizinhos Correio do Sertão são a estrela dos petiscos. O segredo? Bruno afirma ser a massa feita na casa, o que dá o grande diferencial e o gosto de quero mais. Os recheios são variados: linguiça suína com pimenta de cheiro, carne de sol ralada com mussarela e bacalhau (12 unidades por R$ 19,90). O cardápio do Mandaka é extenso. Para petiscar enquanto se bate papo com os amigos, tem ainda moela ao vinho, camarão, tulipas de frango... Para adoçar o paladar e a vida, Brigadeiro de Panela (R$ 9,90) e Maria Bonita 9 água na boca Para uma noite muito especial 10 Barbacoa – Espaço Gourmet do ParkShopping (3028.1530) Truta com amêndoas, acompanhada de purê de mandioquinha e rúcula (R$ 46,90, com acesso livre ao bufê de saladas). De brinde, uma garrafa de 375ml do espumante Salton Brut. e a invenção brasileira acabou vingando. Atualmente o Dia dos Namorados é a terceira melhor época para o comércio. Só perde, em vendas, para o Natal e o Dia das Mães. A tradição de trocar presentes é também acompanhada, entre os namorados, pelo costume de sair para um jantar romântico com cardápio caprichado, à luz de velas, com um vinho para brindar, etc e tal. Os restaurantes da cidade, claro, se apressam em divulgar seus menus do Dia dos Namorados para atrair mais e mais casais apaixonados. Eis aqui alguns deles: Camarão 206 – 206 Sul, Bloco A (3443.4841) Menu-degustação: entrada, risole de camarão e feijão branco com marisco e alcarávia; prato principal, camarão grelhado com arroz de moqueca (foto) ou filé mignon com batata folha assada e molho Malbec; sobremesa, creme inglês com frutas vermelhas. Cortesia: duas taças de espumante Gran Legado ou Rio Sol ou do vinho tinto Norton Malbec. Preço por casal: R$ 136. Divulgação Rafael Wainberg ão é só com beijos que se prova o amor”. Foi com essa frase que o publicitário João Dória, da Standart Propaganda, conseguiu alavancar as vendas de uma loja paulista, a Exposição Clíper, em junho de 1949. Era um mês fraco, sem nenhum feriado comercial, e ele resolveu decretar o 12 de junho, véspera do Dia de Santo Antônio (conhecido como santo casamenteiro) como o Dia dos Namorados. A inspiração do publicitário veio do Valentine’s Day, comemorado a 14 de fevereiro na Europa e nos Estados Unidos, Rômulo Juracy “N Esquina Gourmet – Acampamento DFL, Rua 1, Vila Planalto (3081.0404) Camarão na moranga, acompanhado de arroz branco. Preço: R$ 84,70 (serve até três pessoas). Divulgação Divulgação Mercado 153 e Couvert – Terraço Shopping (3363.2145) O mesmo menu nos dois restaurantes: entrada, mescllun de mini folhas, lâminas de manga, chips de presunto cru e molho de limão; prato principal, carré de cordeiro com couscous marroquino ao molho de frutas vermelhas ou camarão grelhado com fondue de queijo brie; sobremesa, petit gâteau. Cortesia: meia garrafa de vinho. Preço por casal: R$ 180. Divulgação Nirá Sushi Menu-degustação: entrada, carpaccio e gyosa especial (quatro unidades); pratos frios, sashimi (oito unidades) e sushi (20 unidades); prato quente, teppanhaki de salmão; sobremesa, tempura de banana com calda de doce de leite. Preço por casal: R$ 120. Your’s – QI 11, Lago Sul (3248.0184) Filé ao molho de alecrim e arroz cremoso de burrata com berinjela agridoce (R$ 59,90). Rômulo Juracy Divulgação Sushi Way – Conjunto Nacional (3317.8069) e Vitrinni Shopping de Águas Claras (3381.8051) A cada R$ 30 em compras o cliente ganhará um cupom para concorrer a duas diárias no Hotel Lake Side. Além disso, o casal premiado será presenteado com uma barca de sushis e sashimis. Respeitável Burger - 402 Sul, Bloco B (3224.8852) Hambúrguer de picanha em pão australiano com cogumelo, burrata e crisp de presunto de Parma (R$ 29,90). Divulgação Antiquarius Grill – Espaço Gourmet do ParkShopping (3047.5181) Misto de frutos do mar grelhados ao molho Moçambique (salmão, camarão, vieira, cavaquinha, polvo, lula e patinha de caranguejo), acompanhado de batata cozida, arroz com brócolis e uma rodela de abacaxi, também grelhada. Preço por pessoa: R$ 83. Cantina Italiana Unanimità 408 Sul, Bloco C (3244.0666) Ravióli de lagostin ao molho de limão cremoso e shitake (R$ 64,90). Bhumi – 113 Sul, Bloco C (3345.0046) Menu especial: prato principal, papardelle integral orgânico com três opções de molho (branco, vermelho e curry); sobremesa, ganache de chocolate. Preço por pessoa: R$ 39,90. Café do Chef 108 Norte, Bloco A (3222.0021) Café da manhã especial para casal: duas xícaras de café com leite ou chocolate grande ou chai, dois sucos de laranja, cesta de pães, baguete tostada com manteiga, dois croissants, seis pães de queijo, duas fatias de bolo, mamão, uva e kiwi. Preço por casal: R$ 30 (até o dia 16). Parrilla Madrid – 408 Sul, Bloco D (3343.0698) Menu especial: entrada, seleção de antepastos da casa; prato principal, fraldinha com molho de gorgonzola e batatas bravas (foto), filé com molho parrillero e batatas bravas, bife de chorizo com manteiga de chim ichuri e arroz parrillero ou robalo com ervas e arroz cremoso de tomate; sobremesa, petit panqueca de doce de leite, mousse de chocolate com sorvete, goiabada cascão com crosta de castanha ou abacaxi com hortelã. Preço por pessoa: R$ 86. Belini Pães e Gastronomia 113 Sul, Bloco D (3345.0777) Menus especiais: entrada, pães italianos com manteiga de vinho, terrine mista suína e bovina e azeite de tomilho ao molho de páprica (R$ 9,50); prato principal, várias opções, entre elas o risoto de queijo brie e peras com toques de parmesão (R$ 37,90) e o medalhão de filé ao molho de vinho italiano, acompanhado de pappardelle ao molho de damasco e gorgonzola (R$ 48); sobremesa, petit gâteau com sorvete de creme (R$ 16) ou brownie de chocolate com castanha do Pará, acompanhado por sorvete de cupuaçu ( R$ 18). 11 Divulgação Da Noi – Hotel Golden Tulip Brasília Alvorada (3429.8100) Filé de salmão ao molho de queijo brie e arroz cremoso de damasco (R$ 55,90). Divulgação Divulgação água na boca Galeto’s – Shopping Iguatemi (3577.5261) Menu especial: prato principal, ½ galeto desossado com uma guarnição à escolha (batata frita, verdes da estação, creme de espinafre e creme de milho, entre outras) ou penne ao molho rosso, pesto, quatro queijos ou bianco; sobremesa, cheesecake de frutas vermelhas ou amarelas. Cortesia: duas taças de vinho tinto ou branco. Preço por casal: R$ 80 (até o dia 16). É preciso fazer a compra antecipada no site www.galetos.com.br André Borges Babel – 215 Sul, Bloco A (3345.6042) Apenas 11 mesas serão atendidas com um menu especial batizado de Babel in love: de entrada, pomodorini com torradas com queijo cremoso e tomates cereja ou bruschettas de tomate, berinjela, abobrinha e filé; prato principal, filé com gorgonzola acompanhado de espaguete fresco ao gamberoni, preparado com camarões gigantes grelhados, espaguete puxado no azeite com frutos do mar ao molho de camarão ou risoto de funghi sechi hidratado com vinho tinto e finalizado com parmesão. Cortesia: meia garrafa de champanhe brut Tradicional. Preço por casal: R$ 380 (+ 10% de serviço). Hotel Vila Velluti – Km 24 da BR-060, no sentido Brasília-Goiânia (3262.0570) Pacote especial, com estadia, jantar à luz de velas e café da manhã (entrada no hotel a partir das 12h do dia 12 e saída até as 16h do dia 13). Pratos principais do jantar: filé de tilápia à moda Vila Velluti, filé mignon à Moraes, filé de peito de frango à Cordon Bleu e talharini com lulas, camarões, vôngole e polvo ao molho pomodoro. Preços da diária (casal): entre R$ 463 e R$ 720. Divulgação Santa Pizza – 207 Sul, Bloco B (3244.1415) Menu especial: entrada, salada caprese ou focaccia de pesto; prato principal, pizza de cogumelos frescos (foto) ou “pizza da peste” (mussarela de búfala, queijo boursin de leite de cabra, abobrinha, pimenta de cheiro e pimenta dedo de moça); sobremesa, petit-gâteu ou pizza de nutela (bananas cobertas com creme de avelã, sorvete de creme e castanha). Preço por casal: R$ 65. Divulgação 12 Dudu Camargo Bar Restaurante 303 Sul, Bloco A (3323.8082) Filé ao molho de foie gras e batata gratin com uvas ao vinho tinto (R$ 71,90). Taypá – QI 17, Fashion Park, Lago Sul (3248.0403) Cardápio com novas criações do chef peruano Marco Espinoza em parceria com o compatriota Giancarlo Tamashiro Arakaki. Na compra de uma garrafa de Veuve Clicquot, o casal ganha outra, além de uma alça para servir o champanhe. Santé 13 – 413 Norte, Bloco (3037.2132) Menu especial: entrada, cesta de parmesão recheada com carbonata e creme de bacalhau; prato principal, filé mignon em cubos com risoto de espinafre e açafrão da terra ao molho de vinho do porto; sobremesa, petitgâteau de chocolate com calda de frutas vermelhas. Preço por pessoa: R$ 69,90. Azeites da terrinha I mpossível ficar indiferente aos azeites de oliva portugueses depois de ouvir Cinira Cordeiro Duarte discorrer sobre eles, contar com sua voz mansa e segura como é cuidadoso e trabalhoso o processo de sua produção. Também pudera: tanta intimidade com esse assunto vem das muitas idas dessa paulista de nascimento a Portugal para ver a família, não apenas a sua (é filha, neta, bisneta e por aí vai, de portugueses), mas também a de seu marido Jorge Cordeiro Duarte, que nasceu na freguesia da Vinha da Rainha, distrito de Coimbra, filho de dona Etelvina, que tinha no quintal um olival centenário, bem cuidado, onde todos da casa trabalhavam, na época da colheita. Conta Cinira: “Eram tempos antigos e a colheita, artesanal, começava em outubro e terminava em dezembro. Em outubro eram colhidas as azeitonas verdes, em dezembro as maduras, pretas, e a produção era lavada e enviada para o ‘lagar’, onde uma moenda com pedra entrava em ação para extrair das olivas o azeite. Da produção separava-se a ‘maquia’ (porção) do moleiro e a da família ia para um pote de cerâmica para o uso diário.” Vai adiante Cinira com explicações, esclarecimentos que só os muito familiarizados com azeite de oliva podem forne- cer, e agora discorre sobre a acidez (1%, 2% e 3%) desse produto que, informa com segurança, “é diretamente ligada ao fruto da oliveira e à sua colheita, e por isso o azeite de quinta (propriedade rural portuguesa) é o melhor, porque vem de produção pequena, de plantação, colheita e ‘lagar’ no mesmo lugar”. Explica ainda que os melhores azeites são os de um e dois por cento de acidez, mas o de três também é bom e todos eles, depois de engarrafados, mantêm suas características, sua qualidade. E encerra com mais uma informação preciosa, dessa vez sobre azeites de sabores diferentes, pequenas e discretas notas de amêndoas, maçãs, damascos: “O vento leva para as azeitonas o sabor, o aroma sutil de plantações outras das redondezas dos olivais”. Dessa paixão toda, desse conhecimento, surgiu a Companhia do Azeite, loja virtual de Cinira e Jorge Cordeiro Duarte que trabalha apenas com os “premium/gourmet”, azeites sem química, resultados do sumo da fruta natural, por isso biológicos (orgânicos) e todos certificados. Com três meses de existência, tem no estoque 16 rótulos dos “premium/gourmet”, entre os já nacionalizados e os de importação própria. Mas o objetivo dos Cordeiro Duarte é, a médio prazo, trabalhar com 40 rótulos, todos de insuspeita excelência. O www.companhiadoazeite.com.br é a vitrine virtual onde se pode conferir o estoque mantido numa espécie de depósito elegante que fica no Sudoeste, no Edifício Miami Center. Entre os biológicos à disposição de todos, um desperta a cobiça dos admiradores do bom azeite: o Acushla (a grande estrela da Companhia do Azeite, produzido em Trás-os-Montes, no Alto Douro, na Quinta do Prado em Lodões), disponível em duas versões – 250ml em garrafa de aço inoxidável (no destaque) e 500ml em lata de alumínio. Os preços? Razoabilíssimos. Variam entre R$ 38 e R$ 100. A entrega? Via Sedex ou motoboy. Como comprar depois de escolher pela internet? Pelo e-mail contato@companhiadoazeite.com.br. Fotos: Divulgação Por Mariza de Macedo-Soares 13 água na boca Finos queijos Cartão postal candangos por Heitor Menezes C ginado pelos idealizadores de Brasília. Sesana refere-se à história da caprinocultura no DF, cujas principais páginas levam a assinatura de seu marido, o médico radiologista, pioneiro, ex-secretário de Saúde e incansável homem que encarava cabras Wilson Eliseu Sesana. Nos anos 1960, quando da criação do curso de Medicina na Universidade de Brasília, Wilson Sesana já desenvolvia trabalho com cabras, apostando nas propriedades peculiares desse animal. “No passado, o leite de cabra era tratado como remédio”, destaca Norma Sesana, lembrando que, nos difíceis anos de ocupação do solo candango, as cabras eram distribuídas às famílias nas áreas rurais, em projeto pioneiro de saúde pública, para que tomassem conta do animal e dele extraíssem o saudável leite, um item essencial na alimentação das crianças. “É preciso lembrar que o leite de cabra é um alimento funcional, apreDivulgação onta o saudoso Millôr Fernandes, em A Bíblia do caos, que o general Charles De Gaulle disse da França: “É absolutamente impossível governar um país com 452 espécies de queijo”. “Impossível mesmo”, retruca Millôr, “é governar um país que só tem queijo-de-minas e catupiri”. Que o Millôr entendia tanto de queijos quanto de outras coisas, não se discute. Certo é que, no Brasil, a dita dura dos queijos citados já vai longe. Pois, tirando a mussarela ordinária que vendem fatiada por aí, associada ao fato de que a história do queijo tem mais de 12 mil anos, sim, nós temos excelentes exemplares nacionais no varejo. Aliás, queijos de altíssimo nível, produzidos no quadrilátero do Distrito Federal, mais precisamente nas cercanias de Sobradinho. Vale a pena conhecer o trabalho e os produtos desenvolvidos pela queijaria Kapra, legítima agroindústria candanga que, aos poucos, nos apresenta uma variedade de finos queijos produzidos a partir do leite de cabra. Por enquanto disponíveis na loja da Emater-DF, na Torre de TV Digital, os queijos Kapra (ricota fresca caprina, minas frescal, minas padrão, os do tipo montanhês, boursin, ariche, chancliche e o maturado), além de promoverem um assalto aos sentidos da degustação, trazem o charme de serem produzidos em solo brasiliense e, interessante, revelam uma história que legitima e enaltece sua origem. Conta a proprietária da marca, Norma Sesana, que os queijos Kapra materializam anos de trabalho familiar e de ocupação da terra candanga. Ocupação no sentido do bom uso das terras, para a produção de alimentos e irradiação de cultura saudável e natural, tal qual ima- 14 senta baixa lactose, é mais saudável e de equilíbrio orgânico”, arremata. Toda a ciência da caprinocultura, associado ao fator cultural da gastronomia decorrente da ascendência italiana de Wilson Sesana, culminou no desenvolvimento da Kapra, queijaria artesanal, especializada em leite de cabra e derivados. Na propriedade, localizada no núcleo rural de Sobradinho, Norma Sesana e família conseguiram estabelecer as condições especiais de terroir candango, a fim de obter a produção de 170 litros diários de leite caprino. Além do carinho, o manejo dos animais da raça saanen, de origem suíça (“moças com nome e sobrenome”, destaca Norma), conta com o apoio do Hospital Veterinário da UnB e o processo de industrialização, que inclui câmaras de resfriamento e pasteurização, segue padrões de saúde, higiene e segurança alimentar. “Em termos comparativos, a saanen é como se fosse uma vaca holandesa. Quando se oferece condições ideais, esse animal apresenta alta produção leiteira. Fotos: Heitor Menezes Norma Sesana apresenta a linha de produtos da Kapra: resultado de muitos anos de trabalho familiar. Na propriedade da dona Norma temos cabras que produzem cerca de dez litros de leite por dia. É um padrão muito alto para uma cabra”, orgulha-se o médico veterinário Fabio Ximenes, que assiste o plantel caprino dos Sesana. Ximenes até arrisca um palpite, baseado em conhecimento de causa: “O queijo artesanal produzido pela dona Norma é certamente um dos melhores do Brasil”. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), grande incentivadora da criação do queijo candango, não só em- presta a expertise em laticínios aos produtores do DF como emitiu certificado de qualidade dos produtos da queijaria. Uma vitória para a nossa agroindústria. Quanto ao Millôr, certamente sua cisma foi lançada quando a produção brasileira de queijo não era o que é hoje. Brasília não é Minas Gerais, onde o queijo é tombado como patrimônio nacional cultural imaterial, mas, se depender de queijeiros como os Sesana, em breve o produto candango será lembrado como os nacionais consagrados Canastra, Araxá, Serro e Serra do Salitre. Pesto de manjericão com queijo de cabra do cerrado Kapra (tipo montanhês) Receita italiana originalmente feita com queijo pecorino (à base de leite de ovelha) e pignoli. Ingredientes • 1 maço de manjericão fresco • 6 dentes de alho • um punhado de castanhas que estiver disponível (do Pará, caju, baru, nozes, amêndoas) • 100 gramas de queijo de cabra do cerrado Kapra (tipo montanhês, que lembra o parmesão) • 500 ml de azeite de oliva extra virgem • pimenta do reino moída na hora a gosto • duas colheres de sopa de gergelim tostado (opcional) Modo de preparo No liquidificador ou processador, triturar as folhas lavadas de manjericão com as castanhas, o alho e o queijo montanhês. Acrescentar o azeite aos poucos, apenas para ajudar na trituração. Transferir a mistura para uma tigela de louça ou vidro e acrescentar o gergelim, pimenta do reino, lascas de queijo e de castanhas. Manter uma lâmina de azeite para evitar que resseque. Servir, acompanhado de vinho, sobre massas, bruschettas, pão, pizza, sanduíches, saladas, carnes e peixes assados. 15 Comida nordestina Por Súsan Faria Fotos Rodrigo Oliveira Q ue tal um Arretadinho? E um Oxêntinho? Um Xôxo? Um Sevado ou um Pai D’Égua? São criativos os nomes e o sabor das refeições servidas no recém-inaugurado Cerrado Capital, localizado em um ponto estratégico, na esquina da entrequadra 303 Norte. O nome do restaurante é uma homenagem a Brasília, mas a comida é 16 Os sócios Paulo Portela e Dogival Alves. no Cerrado nordestina. Às sextas-feiras e aos sábados, das 20 às 24h, oferece MPB ao vivo com Jerê Brasil (voz e violão). O couvert é baratinho: R$ 5. Inaugurado em abril, o restaurante pertence a Dogival Alves e Paulo Portela – um do Ceará, outro do Piauí. Os dois são sócios há 15 anos. Começaram com um pequeno negócio, uma padaria na Ceilândia, e depois mudaram de ramo – pizzaria e, em seguida, restaurante em cidades-satélites como Riacho Fundo, Águas Claras e Taguatinga. Há dois anos estão no Plano Piloto. Dogival era artesão da Torre de TV; Paulo, contador. O segredo do sucesso da parceria? “Temos pensamentos parecidos, caminhamos no mesmo sentido”, diz Paulo. Ele explica que os nomes dos pratos servidos no Cerrado Capital remetem à região e à cultura nordestinas. Oxêntinho e Oxênte são picanha grelhada, arroz, feijão de corda, mandioca, paçoca e vinagre. O primeiro prato é individual, bem servido (R$ 31). Já o Oxênte (R$ 83,90) serve até quatro pessoas. Pai D’Égua é um prato de carne de sol feita no jerimum (abóbora), com molho de queijo coalho, a R$ 69,80. Sevado é um espeto de carne de sol, peito de frango e linguiça toscana (R$ 63,80). E o Xôxo é um filé de peixe grelhado, com arroz branco. O restaurante também oferece porções de caldos, canja, sobremesas, petiscos, cachaças e licores. De terça-feira a sábado, o almoço é self-service, a R$ 26,90 o quilo. Aos domingos, o serviço é à la carte. A dona de casa Francisca Sória Perez, 77 anos, residente no Lago Sul, foi conhecer o Cerrado Capital junto com a filha e amigos. E gostou: “É um restaurante familiar e a comida é muito bem feita”. Além da boa comida e dos preços acessíveis, a casa é também uma opção para a happy hour ou para assistir a jogos de futebol. No mesmo bloco do Cerrado Capital ficam o Café Martinica e a igualmente recém-inaugurada BSB Meme. O Martinica, um dos mais tradicionais cafés da capital, este ano completa 23 anos de sucesso, com deliciosas tortas, doces, chocolates e cafés. Ponto de encontro de intelectuais, pertence aos jornalistas Adeildo Bezerra e Jurema Baes e a Joel Baes. Já a BSB Meme oferece aos turistas souvenirs em forma de copos, quadros, postais, imãs e quadros água na boca com a cara de Brasília. Interessante conhecer ou voltar à esquina da 303 Norte, onde não faltam gosto e dedicação. Dogival Alves, do Cerrado Capital, esculpe frutas e legumes para decorar pratos, bufês, mesas, tábuas de frios e bandejas de café. O encanto pelo carving, como é conhecida essa técnica, surgiu em 2008, quando Dogival recebeu por e-mail a foto de uma rosa feita de melancia. Ficou matutando como seria dar acabamento tão belo a uma polpa tão frágil. A partir daí, tentou fazer um curso sobre a técnica, e conseguiu uma aula-show em Goiânia. “A moça fazia as demonstrações. Dava para olhar, mas não para praticar. Prestei muita atenção”, lembra. Determinado, ele comprou faquinhas tailandesas, próprias para esculpir frutas, e tentou criar uma escultura. Depois, conseguiu fazer o curso de garde manger (profissional que trabalha com frios e carving) e logo começou a aparecer em programas de televisão, como o Tudo é possível, da TV Record. Em 2010, conquistou medalha de bronze no primeiro campeonato nacional da arte, na abertura da Equipotel (feira de hotelaria e gastronomia), em São Paulo. Em 2011 levou medalha de ouro e, em 2012, de prata, no mesmo evento. Em setembro deste ano, volta a disputar o campeonato em São Paulo. Dogival tem feito trabalhos para com por cenários e atendido a encomendas. Dá aulas e faz exposições e demonstrações sobre a arte. Participou da 1ª e 2ª Rodadas de Negócios da Acessibilidade, em 2011 e 2012, em Brasília, para chamar a atenção dos portadores de necessidades especiais esculpindo frutas e legumes. Segundo ele, para aprender não é preciso saber desenhar. “Necessário é ter as ferramentas, pegar a técnica, gostar, usar a criatividade e praticar, utilizando padrões corretos de higiene”. Qualquer fruta pode ser esculpida. As mais comuns são melancia, mamão e melão. Cerrado Capital 303 Norte – Bloco A (3563.1406). Diariamente das 11 às 24h. 17 PICADINHO Só na happy hour Por apenas R$ 32 os frequentadores do Outback Steakhouse (ParkShopping e Iguatemi) podem degustar, na happy hour (das 18 às 20h), uma porção com seis mini-hambúrgueres acompanhados de queijo, ketchup, mostarda, picles, cebola roxa e batatas fritas. A novidade é um aperitivo ideal para acompanhar uma das nove versões das Aussie Caipirinhas (de R$ 17,50 a R$ 21,50) ou o Wallaby Darned, combinação frozen de espumante, pêssego, vodka e secret mixers Outback (R$ 19,50). Delícias a vácuo o restaurante Couvert, do Terraço Shopping, decidiu: toda quarta-feira tem dose dupla de champanhe ou qualquer outro espumante. Assim, esposas, noivas e namoradas poderão beber estrelas em dobro enquanto suas caras metades estiverem sofrendo, em frente aos telões do vizinho Mercado 153, com as brilhantes atuações do Vasco, Flamengo, Santos, Palmeiras... A Pentonila de Agnelo (panelinha feita com carne de pescoço de cordeiro) é uma das novidades introduzidas pela chef Myriam Carvalho no cardápio da Cantina Sanfelice (206 Sul). A carne é feita por cozimento sous vide, processo no qual o alimento é selado a vácuo e cozido a uma temperatura relativamente baixa, mantendo as propriedades dos ingredientes e preservando sua textura, aroma e sabor. A carne de pescoço de cordeiro é muito consumida no norte do país e em vários países europeus. Para acompanhar, risoto de parmesão, legumes grelhados e tagliatelle ao molho pomodoro. Preços: R$ 65 (para três pessoas) e R$ 35 (individual). Nota máxima Ótima lembrança Esse suculento Steak à Fiorentina – bife ancho grelhado, acompanhado de capellini com molho de tomates, preparado com vinho tinto, alho, balsâmico, azeite trufado e manjericão (R$ 98) – é o Prato da Boa Lembrança de 2013 do restaurante Oliver (Clube de Golfe). A iguaria tem uma história tão antiga quanto a cidade italiana que lhe deu o nome. Reza a lenda que o prato surgiu num longínquo 10 de agosto, durante a festa de São Lourenço, comemorada com uma fogueira em que 18 Fotos: Divulgação grande quantidade de carne era assada e distribuída à população da cidade. “Embora o Oliver seja referência em frutos do mar, as carnes representam quase 40 % dos pedidos de nossos clientes. Então, decidimos colocar essa receita no Prato da Boa lembrança 2013”, justifica o proprietário, Rodrigo Freire. Ao pedir a iguaria, o cliente leva para casa um prato pintado pela artista gramadense Margot Rost. Já foram fabricados e vendidos mais de um milhão e duzentos mil pratos. Vingança feminina A noite de quarta-feira é o momento em que, tradicionalmente, a rapaziada só pensa naquilo: o jogo de seu time no Campeonato Brasileiro. Então, para que a mulherada não fique sem ter o que fazer, O Barbacoa (Espaço Gourmet do ParkShopping) acaba de ser certificado pela Secretaria de Saúde com o novo selo de excelência de condições sanitárias. De uma centena de bares e restaurantes vistoriados nos últimos dois meses pela Vigilância Sanitária, apenas 12 receberam a nota mais alta. Essa avaliação, inspirada em iniciativas de outros países, tem como objetivo aprimorar a qualidade dos produtos e do atendimento até a Copa do Mundo de 2014. Chocolate No dia 17 de junho, o premiado chocolatier espanhol Javier Guillén realiza em Brasília um workshop sobre chocolate. Vai ser no restaurante Oliver, aberto a empresários do setor de alimentação e chefs com interesse no assunto. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo 9272.5032. Javier Guillén veio da Espanha para desenvolver receitas e Crepes saudáveis Seis versões de crepes acabam de foram os produzidos com as cepas Sauvignon Blanc e Gewürztraminer, cultivadas na região da Campanha Gaúcha. O diretor-técnico e enólogo da Salton, Lucindo Copat, garante que a safra foi excepcional, o que resultou em vinhos brancos e espumantes de altíssima qualidade e boa acidez: “A boa temperatura durante o dia e o tempo fresco no período da noite beneficiaram as uvas precoces, que superaram as expectativas no quesito qualidade. Com certeza, os produtos provenientes dessas uvas são muito especiais”. O Sauvignon Blanc combina com frutos do mar, queijos leves e frescos e massas; o Gewürztraminer com carnes brancas, queijos picantes, embutidos e massas. Fotos: Divulgação ministrar aulas com a Linha Harald Melken Unique no Brasil. Algumas de suas criações, além de serem preparadas com cacau fino 100% brasileiro, levam ingredientes típicos da gastronomia brasileira, como o bolo com cobertura de chocolate e dendê e o bombom com perfume de coentro. Direto de Itu ser lançadas pela Salad Creations (ParkShopping e Brasília Shopping): salmão com brócolis, rosbife e parmesão (ambos a R$ 20,90), peito de peru e passas (R$ 18,90), frango com milho, quatro queijos e atum apimentado (os três a R$ 16,90). Todos cobertos por salada verde regada com azeite e queijo parmesão ralado. Patroni Pizza Acaba de abrir as portas na praça de alimentação do Conjunto Nacional a terceira franquia brasiliense da Patroni Pizza, maior rede de pizzarias do país, com 154 unidades (36 ainda a serem inauguradas). As outras ficam no Boulevard Shopping, também na Asa Norte, e no Alameda Shopping, em Taguatinga. Mais duas unidades serão inauguradas brevemente no Ceilândia Shopping e no Outlet Premium Brasília, em Alexânia. Brancos da Salton Chegam ao mercado os vinhos brancos da linha Volpi, safra 2013, da Vinícola Salton. Os primeiros colocados à venda Esse generoso filé à parmegiana, que custa R$ 169 mas serve até cinco pessoas, é o carro-chefe do Bar do Alemão, recentemente inaugurado no Setor de Hotéis de Turismo Norte, ao lado do antigo Museu de Arte de Brasília (MAB). O tamanho só surpreende quem ignora que o Bar do Alemão original, fundado em 1930, fica na cidade de Itu, cuja marca principal é o exagero. “Como lá tudo é grande, a porção do nosso filé não poderia ser diferente“, justifica Luna Mirah, proprietária do bar em sociedade com o ex-deputado Celso Russomanno e Hebert Steiner. Tamanho é o que não falta também ao próprio bar: são mais de 3.000m² divididos em quatro ambientes, com capacidade para receber até mil pessoas. Café do Chef Pelo segundo ano consecutivo, o Café do Chef, de Brasília, conquistou o prêmio Melhores Cafés do Brasil na principal categoria, a Diamante. Três rótulos foram premiados: Café do Sul de Minas, produzido na Fazenda Monte Verde, em Carmo de Minas, Café do Cerrado Mineiro (foto), da Fazenda Apucarana, em Patrocínio, e Café de São Paulo Mogiana, cultivado na Fazenda Recreio, em São Sebastião da Grama. Os três estão à venda no Café do Chef, na 108 Norte, Bloco A (3222.0021). Novo sanduba no Bob’s Custa R$ 5,90 o Double Barbecue, novo sanduíche “de combate” da rede de lanchonetes Bob’s, composto por duas carnes de hambúrguer, alface americana, queijo, pão e molho barbecue e já disponível em todas as lojas das regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro Oeste. Os clientes que quiserem algo ainda mais em conta podem optar pelo Bob's Burguer, que custa apenas R$ 3,90 (mesmo preço da bata e do sundae pequenos). 19 GARFADAS & GOLES Luiz Recena lrecena@hotmail.com Novidades baianas Nos últimos quinze anos, os prêmios gastronômicos proliferaram tanto ou mais do que os programas de chefs em canais de tevê aberta ou fechada. Ao contrário destes, sempre muito marcados pela vaidade e estrelismo dos titulares, os prêmios se renovaram e democratizaram a participação dos envolvidos. Os chefs, claro, mantiveram seu protagonismo. Afinal, são os criadores do rango, que, em última instância, é o que atrai o consumidor. Mas sobrou, também, para os estabelecimentos, o atendimento, o ambiente, as marcas e patrocinadores. Um conjunto de elementos, enfim, que correm para um mesmo destino: o sucesso. E os prêmios, diga-se ainda, melhoraram muito no quesito forma de eleição dos premiados. O vetusto, antiquado, quase monolítico Júri Especial, de poucos e quase “infalíveis oráculos”, foram ampliando seus universos, admitindo e fomentando participações de outros especialistas midiáticos e do consumidor, o povo em geral. Em Salvador, o mais recente exemplo dessa evolução é o Comida di Buteco, com mais uma edição encerrada no final do mês passado. Espanha, Minas, Bahia A invenção é mineira, “belzontina”, onde o botequim é quase religião. E o prêmio, na versão original ou com variações, adaptou-se bem em todos os lugares onde o bar ainda dá as cartas nas relações públicas e/ou domésticas, não necessariamente nessa ordem. O bar, boteco, pé sujo, limpo ou “cacete armado”, no dizer baiano, virou instituição. E a Espanha entra na notícia com o DonaEva, o bar campeão deste ano. Aipim com chorizo Os dois ingredientes principais deste ano, escolhidos para equalizar a disputa, foram a macaxeira e a calabresa, dois dos mais tradicionais tira-gostos por esse Brasil afora. A partir daí, criatividade solta, mas sempre com a presença da dupla indicada. Wagner e sua turma do DonaEva têm raízes espanholas e nessas fontes buscaram o prato campeão: Macaxeira Espanhola, uma tortilha de aipim cozido com linguiça. Acompanham tomate cereja, salada verde e molho. Preço: R$ 25. Simples, criativo e saboroso, foi o escolhido 20 num universo formado por especialistas, jornalistas do ramo e pelos consumidores, que votaram diretamente. Foi a terceira participação do bar, que ano passado chegou em quinto lugar. Ele fica na rua Gilberto Freire, bairro de Stella Maris. Bode em segundo O segundo lugar foi para o bar Sabor Regional, com um surpreendente Bode Preguiçoso. São pedaços de bode em leito de aipim, maionese e requeijão cremoso. Acompanha farofa de milho com linguiça defumada, banana da terra e vinagrete. Preço: R$ 23. Fica no bairro do Garcia. Para fechar O terceiro lugar ficou com o bar e restaurante Escondidinho. Prato: Trouxa Cheia. O quarto lugar para o Bar do Nei – point do bode, com Bode na Brasa. E o Espaço da Nya.com levou o quinto lugar com prato Misturinha. A bebida preferida foi sempre a cerveja, com algumas variáveis e combinações. Se estômago e fígado permitirem, voltaremos ao tema. Salud! PÃO & VINHO ALEXANDRE FRANCO pao&vinho@agenciaalo.com.br Pra não dizer que não falei de flores Os leitores devem ter estranhado que neste 2013 não comentei a Expovinis. É que, infelizmente, pela primeira vez em muitos anos, não pude a ela comparecer, tendo em vista que estava em viagem à Espanha, conforme relatei na última edição. Todavia, nada temam! Esta época do ano é dada a muitas feiras e duas boas oportunidades ocorreram já em maio. A ambas compareci, ávido por degustar bons vinhos para abrandar a falta da visita à Expovinis. Não me decepcionei: a primeira foi a da Vinci Vinhos, importadora de rótulos que busca mais que tudo a boa relação custo x benefício e que apresentou sua exposição no Hotel Tivolí Mofarrej. Tudo muito bom, exceto pelo estacionamento: embora acostumado a gastar muito para estacionar o carro, como é comum em Sampa, nunca tinha pago por três horas de estacionamento a bagatela de R$ 44. Inacreditável! Ao menos os vinhos estavam muito bons e, não podendo falar de todos, selecionei alguns que mais me impressionaram, em especial os italianos. O primeiro, um velho conhecido, incluído no meu livro, o Alto Adige Sauvignon Blanc Lahn 2009, da San Michele Appiano, com 90 pontos de Parker e 91 meus, amarelo-palha com tons esverdeados, aromas incríveis e típicos de maracujá com toques de mel e uma acidez maravilhosamente equilibrada. Grande! Da Toscana, o produtor Sezzana apresentou seu IGT 2003, com inacreditáveis aromas de azeitonas, alguma fruta vermelha ao fundo e uma boca muito saborosa, de taninos leves e finos, com ótima acidez gastronômica. Um 100% sangiovese bastante diferente, mas ainda assim excelente. Talvez o que mais me impressionou, em razão da alta qualidade e preço muito reduzido, foi o Memoro Rosso, do produtor toscano Piccini, já nosso velho conhecido. A inovação aqui foi grande: criou um assemblage não só de castas, mas também de regiões, pois cada uma das quatro castas utilizadas foi produzida em uma região diferente da Itália, obtendo ao final um fantástico resultado: 40% Primitivo, 30% Montepulciano, 20% Nero D’Avola e 10% Merlot. De rubi brilhante e nariz a frutas vermelhas, com leve morango e toques de café e chocolate, apresentou uma boca excelente, saborosa, com boa acidez e taninos finíssimos, com madeira bem trabalhada. E tudo isso por US$ 27,90 (mais ou menos R$ 55) é imperdível. Depois tivemos a feira da Grand Cru: o Grand Tasting 2013. Realizado no Clube Nacional, no coração do bairro do Pacaembu, em São Paulo, trouxe-nos novamente muitos e bons vinhos. Tantos que, é claro, não poderíamos comentar todos, e optamos então por escolher alguns rótulos menos comuns do ótimo portfólio da importadora. Por lá, iniciamos pelas borbulhas: das champanhes Gosset não há o que falar. Sempre ótimas. Prefiro comentar a boa surpresa da Cava Castellroig Brut Nature. Excepcional, com tostados e panificação em boca seca e cremosa. Um corte de 70% Xarel-lo, 15% Macabeo e 15% Parellada, com resultado digno dos bons champanhes. Mesmo ao preço não tão barato de R$ 118, ainda é uma grande opção de espumante. Nos brancos, tivemos muita variedade e qualidade, mas optei por comentar o Chardonnay Backhouse 2011, californiano de ótimo preço. Por apenas R$ 51, traz um típico nariz com manteiga, baunilha, caramelo e toque de mel em boca de fundo doce, redonda e sedosa. Grande negócio. E finalmente, pra não dizer que não falei de flores, dos tintos cito o Siciliano Feudo Maccari Saia 2009, dos melhores Nero d’Avola que já provei. Aliás, um merecido Tre Bicchieri pelo justo preço de R$ 155. Embora com nariz ainda um pouco fechado, já nos traz frutas vermelhas e negras maduras, com boca cheia, plena, frutada e saborosa, taninos firmes mas muito elegantes e agradável fundo doce. Em três anos, creio que será majestoso. 21 DOIS ESPRESSOS E A CONTA cláudio ferreira claudioferreira_64@hotmail.com Apagar as velinhas Fazer aniversário é, em regra geral, muito bom: presentes, comida e bebida boas, família e amigos por perto. Mas, como tudo na vida, tem o lado “mico”, principalmente se você vai comemorar fora de casa. Se o aniversariante é mais extrovertido e tem cabeça fria, leva na brincadeira. Se é mais tímido, tem que se armar de toda a coragem possível para enfrentar essas situações. Para os mais reservados, o simples coral do “Parabéns pra você” em público já é constrangedor. Bares e restaurantes ajudam nesse quesito: se esmeram nas velas escandalosas, espetadas em bolos, brownies e bolas de sorvete. Mesmo quando a família e/ou os amigos do aniversariante trazem o bolo, os estabelecimentos providenciam os pratos de sobremesa e os talheres para a comilança. Pior para os tímidos é quando os garçons e garçonetes resolvem fazer uma performance para acompanhar o parabéns. Em alguns locais, eles se fantasiam, executam coreografias e fazem o aniversariante se sentir especial – especialmente envergonhado por estar em evidência. As fantasias, por vezes, se estendem ao aniversariante, que ganha chapéu ou outro acessório. Aí, para aumentar o “mico”, existe a tecnologia. Primeiro, os celulares com máquinas fotográficas potentes. Depois, a facilidade de exportar esse momento tão lindo para as redes sociais. Antes que a primeira fatia do bolo seja servida, o aniversariante já está no Facebook com cara de espantado. O “mico” não escolhe idade – dos bebês de colo aos grisalhos, todos têm seu momento de protagonista da grande mesa armada no bar ou no restaurante. Também não tem preconceito de classe social: o que pode mudar 22 são a comida ou os enfeites, mas a animação é a mesma. Pelo menos uma cadeira tem que ser reservada para os presentes. Aviso aos navegantes: nada de sinceridade exagerada! Todo presente tem seu valor, é o carinho do amigo ou do parente que vale. Se você sentiu vontade imediata de trocar o que recebeu, guarde para si. Depois vá discretamente à loja, faça a troca e volte para casa contente. Com o tempo, você avisa a quem deu o presente. Na festa, nada de comentários desabonadores sobre a estampa da camisa, a cor do jarro ou o tamanho da roupa. É bom deixar as farpas para um ambiente entre quatro paredes. Quem paga a conta? Nos estabelecimentos onde a comanda é individual, tudo fica mais fácil. Quando é fuma conta só, aí o bicho pega. Às vezes, é justamente o coitado do aniversariante que tem que se preocupar com a divisão da conta – e se o destino não ajudar e a soma não fechar, é ele quem arca com o prejuízo. Presente inesperado, não é? E quando a festa não quer acabar? É o aniversariante também quem tem que, sutilmente, avisar aos convidados que tem trabalho no dia seguinte ou que o restaurante já está fechando. Tem sempre aquele convidado que bebeu um pouco a mais e fica na fronteira da inconveniência, quando não a ultrapassa; as crianças que despertaram justamente na hora de ir embora; ou o casal que está se entendendo no apagar das luzes. Para todos esses, a comemoração não deveria ter hora para acabar mesmo. O problema é que os outros já se cansaram das conversas, da comida e da bebida. Só querem ir para casa e esperar pelo próximo aniversário. 23 Adriano Bastos dia & noite prazer Divulgação “Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra pra frente”. Esse trecho do Livro dos prazeres, de Clarice Lispector, inspirou a Companhia Mineira Luna Lunera a criar o espetáculo Prazer, em cartaz no CCBB até 30 de junho. Num país qualquer, quatro amigos brasileiros se reencontram e lidam com seus “apesares” cotidianos, depois que decidiram deixar a cidade em que se conheceram e estudaram para morar no exterior. São eles: Isadora (Isabela Paes), uma artista plástica que abandona sua arte para acompanhar o marido médico Osório (Odilon Esteves); o comissário de bordo Marcos (Marcelo Souza) e Camilo (Cláudio Dias), um executivo que decide tirar um ano sabático. “Não tivemos a pretensão de adaptar um dos textos de Clarice Lispector ou de construir uma encenação que traduzisse seu universo simbólico”, explica Isabela Paes, codiretora do espetáculo juntamente com Zé Walter Albinati. “A concepção partiu das reflexões, afetos e movimentos internos gerados por essas leituras, ou seja, sua obra norteou o processo como fonte de inspiração e alimento poético”, conclui. Sextas e sábados, às 21h, e domingos, às 20h. Ingressos a R$ 6. luanegra Divulgação Esse é o nome do espetáculo de dança contemporânea concebido e dirigido por Cleani Marques Calazans e interpretado pela bailarina Marcela Brasil e que será apresentado dia 14, no Teatro Newton Rossi (SESC de Ceilândia), às 20 horas, e nos dias 18 e 19, no Teatro Paulo Autran (SESC de Taguatinga), às 19h30. Chama-se Lua negra porque foi inspirado no fenômeno pelo qual a lua não reflete a luz do sol, não necessitando dela para existir. Uma metáfora para a condição da mulher invisível nas sociedades patriarcais. De acordo com Cleani, “nesse estado a mulher se recusa a se submeter às imposições dos homens, permanecendo passiva e invisível diante dos olhos do sol (masculino), mas existente e necessária, e determinando os ciclos da vida e suas fases”. Ao final de cada apresentação a filósofa e bailarina Gigliola Mendes vai mediar um debate sobre a condição da mulher na sociedade contemporânea. Entrada gratuita. O poeta Torquato Neto (1944/1972) viveu somente 28 anos, mas é lembrado como um dos ícones do Tropicalismo. Teve poemas musicados por Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jards Macalé e Edu Lobo, entre outros. O poeta Sérgio Sampaio (1947/1994) morreu aos 47 anos, vítima de complicações devido ao excesso de álcool Torquato Neto e drogas. Raul Seixas, seu amigo e parceiro no disco Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, comentava que perto de Sergio se sentia a mais careta das criaturas. Pois esses dois poetas transgressores serão homenageados pelo cantor Eduardo Rangel e pelo pianista Joaquim França em show que farão dia 20, às 21 horas, no Teatro dos Bancários (314/315 Sul). O público irá reconhecer músicas que hoje despontam nas vozes de talentos da MPB, como Zeca Baleiro, Sérgio Sampaio Chico César, Isabella Taviani e Titãs, entre outros. Além disso, ouvirá histórias curiosas sobre a vida dos homenageados, como a origem da música Cajuína, que Caetano Veloso compôs, ao retornar do velório de Torquato, para o pai do poeta suicida: “Existirmos, a que será que se destina...” e o restante do poema de Torquato go back, que teve um trecho musicado pelo “Titã” Sérgio Brito: “Você me chama / Eu quero ir pro cinema / Você reclama ...”. Ingressos a R$ 30 e R$ 15. Informações: 3262.9090. harmoniosacombinação Divulgação 24 adoráveismalditos A colonização e a formação do país trazem o pau-brasil como espécie para contextualizar o Manifesto Pau Brasil, de Oswald de Andrade, e o Modernismo. As espécies cravo e canela são cenário para abordagem sobre as Especiarias, Grandes Navegações, Plantação no Brasil, Nordeste e o Ciclo do Açúcar. A obra Gabriela cravo e canela, de Jorge Amado, é utilizada para a reflexão sobre Meio Ambiente e Sociedade. A seringueira contextualiza o Ciclo da Borracha e a Exploração da Amazônia. Entre os seringais, de Euclides da Cunha, foi escolhida como obra para se estudar a relação entre Meio Ambiente e Política. Assim, unindo Literatura e Meio Ambiente, é que vai se desenvolver o programa educativo Bosque literário, na área verde do CCBB. Todos os domingos, às 16 horas, esse encontro vai promover também a plantação de espécies nativas do cerrado. Informações: occbbeoprofessor.wordpress.com/ Renato Acha sósamba velhosdiscos My funny valentine, It had to be you, além de outros clássicos do jazz, estão no repertório da cantora Muriel Tabb, que se apresenta dia 27 no projeto Quinta mais, da Creperia C’est Si Bon (213 Norte), em companhia de seu filho, o também cantor e guitarrista Tico de Moraes. No encontro musical intitulado Velhos discos, mãe e filho vão interpretar canções do repertório de Tico inspiradas na linguagem musical de autores como George Gershwin, Cole Porter e Irving Berlin. Muriel Tabb é paranaense e canta desde 1985. Seu primeiro disco, em parceria com o violonista Paulo André Tavares, foi lançado em 1993. Já participou dos projetos musicais Temporadas Populares, Arte por Toda Parte e Viva Brasília, entre outros. Tico de Moraes cresceu numa família musical (seu avô, Herald Tabb, também era músico) e começou a se apresentar aos 13 anos. Em 2006 participou do programa Talentos, da TV Câmara, sendo convidado logo depois para participar do Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga, no Ceará. A partir das 20h30, com couvert a R$ 10. Adla Marques O melhor das rodas de samba brasilienses e cariocas. Esse é o mote do Semente da Vila, projeto que este mês sacode o palco do Rotary Club (Setor de Clubes Sul, Trecho 3) e tem como destaque Makley Matos, um capixaba que começou sua carreira no grupo Nó na Madeira, mas conseguiu destaque nas rodas de samba candangas antes de ir para o bairro carioca da Lapa, onde ficou conhecido pelo grande público. Na sextafeira, 14, o projeto terá participações das cantoras Ana Reis e Anna Christina. No sábado, 15, além de Makley, estarão na roda os cantores Teresa Lopes e Nelsinho Felix. Também participam os músicos Juninho Alvarenga (voz e cavaco), Raphael Paulista (violão), Larissa Umaytá (pandeiro), Biel Teixeira (percussão) e Thiago Viégas (percussão geral). Ingressos para os dois dias custam R$ 40 (primeiro lote) e R$ 50 (segundo lote), e para um dia R$ 25 e R$ 30. Classificação indicativa: 18 anos. Informações: 9267.1108. arraialjogodecena Divulgação Divulgação Divulgação arraialdoccbb Grupo de Dança Folclórica Sanfona Lascada. Triscou Queimou. Forró de Vitrola. Forró das Comadres no Terreiro de Marinês. Essa turma pra lá de animada vai transformar o gramado do CCBB num grande “arraiá” a partir das 17 horas de domingo, 23 de junho. A edição especial do projeto Todos os Sons vai reunir grupos de quadrilha, forró, música eletrônica e rap integrado à música de raiz para esquentar o clima das festas juninas. As quadrilhas Sanfona Lascada e a Triscou Queimou vão mostrar coreografias premiadas em diversos concursos pelo Brasil. No palco, o violeiro Cacai Nunes se transforma em DJ e apresenta o Forró de Vitrola. Depois, a poeta Lília Diniz toma a cena acompanhada do grupo Caco de Cuia com o Festejo das Comadres no Terreiro de Marinês. Em seguida, o candango-cearense RAPadura mostra seu som que mistura rap e maracatu, coco, forró, baião e cantigas de roda. Fechando a noite, os DJs Barata, Pezão e Oops acendem a Fogueira Criolina, para combater o frio e colocar todo mundo para dançar. Várias barraquinhas terão quentão e comidas típicas para garantir a energia dos festeiros. Entrada franca. Como acontece todos os anos, o programa de Welder Rodrigues e Ricardo Pipo do mês de junho tem uma pegada junina, inspirada nas festas de Santo Antônio, São João e São Pedro. Devidamente travestidos em Nhô Welder e Nhô Pipo, os apresentadores comandarão as brincadeiras de palco ao som da trilha sonora do DJ Chuchu. Coordenação de James Fensterseifer. Dia 18, excepcionalmente terçafeira, no Teatro da Caixa. Ingressos a R$ 20 e R$ 10, à venda apenas na bilheteria da Caixa Cultural : 3206.6456. Classificação etária: 14 anos. 25 Divulgação dia & noite contemplação As paisagens nascidas dos pincéis de Rosa Aurélia nos remetem a lugares que nossa memória afetiva identifica e nos convidam a entrar na tela e reviver bons momentos. A luminosidade, a apurada técnica e o esmerado acabamento apresentado em cada quadro proporcionam momentos de contemplação e paz. As pinturas em óleo sobre tela da artista plástica Rosa Aurélia podem ser vistas até 20 de julho na Casa Thomas Jefferson (606 Norte). Cearense radicada em Brasília, professora e educadora, a artista já participou de inúmeras exposições, recebeu diversos prêmios e se inspira no mar, nas paisagens e, principalmente, nas flores. De segunda a sexta, das 9 às 21h, e sábados, das 9 às 12h. Entrada franca. Divulgação cinemarusso Divulgação Considerado um dos maiores cineastas da atualidade, Alexander Sokurov confessou que só faz os filmes que tem vontade de fazer. Público e crítica podem segui-lo ou não. Nascido em 1951 em Podorvikha, Rússia, Sokurov estudou na famosa escola de cinema VGIK, em Moscou. Apesar de depreciado pelos dirigentes da escola, que consideraram seu cinema como anti-soviético, ele conseguiu se formar em 1979. Seu primeiro longametragem, A voz solitária do homem, realizado quando ainda estava na escola, só foi exibido dez anos depois. De 11 a 30 de junho o CCBB apresenta a mostra Sokurov – poeta visual, uma retrospectiva com 30 filmes do cineasta. Com curadoria de Arndt Roskens e Fábio Savino, inclui todos os seus longas-metragens de ficção e uma seleção de documentários, médias e curtas-metragens. Ele é conhecido no Brasil principalmente pela sua Tetralogia do poder – Moloch, Taurus, O sol e Fausto (foto). Entrada franca, com senhas distribuídas uma hora antes de cada sessão. Programação em bb.com.br/cultura. blended328 26 Caroline Bittencourt maracatueciranda Ele nasceu na cosmopolita Recife, em família que até hoje mantém forte ligação com as origens rurais. Sérgio Roberto Veloso de Oliveira, mais conhecido como Siba, cresceu entre a cidade e o interior e se inspirou nesses dois mundos para exercitar sua arte. Hoje é reconhecido como um dos principais mestres da nova geração do maracatu e dos cirandeiros. Ex-integrante das bandas Mestre Ambrósio e Fuloresta, o cantor e compositor pernambucano se apresenta dia 21 de junho, às 20 horas, no Teatro Oi Brasília. Em janeiro de 2012, Siba lançou o primeiro disco solo, intitulado Avante, nome também dado ao show. Suas músicas embaralham sons de Jimi Hendrix, Cream, Lemmy (Motörhead), Jimmy Page, Jack White, como também de Ivanildo Vila Nova, Manoel Chudu, Zé Galdino, o congo, poemas suspensos, canções de repentistas e outros elementos. Avante tem um pouco de Rio de Janeiro, Dakar, Recife, Nazaré, São Paulo, Curitiba, Praia dos Carneiros, Teresópolis, Campina Grande, além de sombras de lugares que o artista nunca foi, como Kinshasa ou as montanhas do Hindu Kush. Ingressos a R$ 20 e R$ 10, à venda na bilheteria do teatro. Informações: 3424.7121. Ainda dentro das comemorações de seu 50º aniversário, a Casa Thomas Jefferson, em parceria com a Embaixada dos Estados Unidos, realiza um show de reinauguração do seu espaço de shows ao ar livre na sede da Asa Sul. A convidada é a banda norte-americana Blended 328, definida pela imprensa especializada como country music para o mundo, por sua visão global, com ações afirmativas pelo fim da discriminação racial e a promoção da igualdade, do respeito e da paz por meio do ritmo tipicamente norte-americano. O repertório tem músicas com diferentes influências étnicas e mescla composições dos grandes mestres da country music de raiz com a dos novos compositores e intérpretes. A banda virou sucesso instantâneo em Nashville, em 2011, e realizou inúmeros shows com lotação esgotada no The Hard Rock Cafe, The Bluebird Cafe e o 12th & Porter. Sexta-feira, 5 de julho, às 20 horas, na Casa Thomas Jefferson (706/906 Sul). Entrada franca. Divulgação brasílianovamentecenário Divulgação multinacional Tangos, boleros, música brasileira e pitadas de rock e pop estão presentes no repertório da cantora Sol Alac, que apresenta seu show La luz de mis ojos, dia 14 de junho, às 21h, no Teatro Oi Brasília. Nascida na Argentina, ela vive há quatro anos no Brasil e é casada com o ex-jogador argentino Sorín, que já atuou na seleção de seu país e no Cruzeiro. Após passar dois meses na Europa para compor novas canções, Sol Alac começou 2013 com a nova turnê, onde é acompanhada por uma banda “multinacional” formada pelo francês Olivier Manoury (bandoneon), pelo franco-argentino Javier Estrella (bateria), pelo uruguaio Pajaro Canzani (violão) e pelo brasileiro Alexandre Mourão (baixo). Ingressos a R$ 40 e R$ 20, à venda na bilheteria do teatro. Informações: 3424.7121. quartetocapital teatronaestação Marcelo Dischinger Daniel Cunha e Igor Macarini nos violinos, Daniel Marques na viola e Augusto Guerra Vicente no violoncelo. Esses são os integrantes do conjunto de cordas formado por músicos da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Criado há oito anos, o Quarteto Capital executa repertório que transita do classicismo à atualidade. Dia 14, às 20 horas, ele estará na Casa Thomas Jefferson (606 Norte) para apresentar o Quarteto nº 42 de Haydn, também conhecido como Kaiser-Quartett, uma das obras-primas do grande compositor austríaco criador da formação quarteto de cordas. A melodia de seu segundo movimento ecoa nos dias de hoje como Hino da Alemanha. Entrada franca. Weber Pádua Depois das estreias de Somos tão jovens e Faroeste caboclo, nossa cidade volta a aparecer nas telonas em ângulos pouco explorados no curta-metragem que está sendo exibido em junho nos cinemas da rede Cinemark. Trata-se de Econiemeyer, do cineasta Bruno Bastos, produzido pela agência YouCreate para a Johnnie Walker. O mote do filme é a transformação que a arte proporciona. Em off, o músico Marcelo Yuka dá voz aos pensamentos do grafiteiro Marcelo Eco: “Esta cidade me faz pensar em como a arte nos faz alcançar lugares inimagináveis e como a arte liberta tanto o artista quanto os seus apreciadores”. Rodado em dezembro, o filme mostra a interação do artista plástico Marcelo Eco com a capital do país. Do alto do hotel Meliá, Eco admira o Eixo Monumental, avistando a Torre de TV. Parte, então, para uma caminhada reflexiva pelos cartões postais da cidade: Catedral, Museu da República, Praça dos Três Poderes e Congresso Nacional. “Como cineasta, sempre fui movido pelo espírito Keep Walking; afinal, não era fácil produzir um filme no Brasil. A ousadia de entregar a voz da marca para produtores independentes me conquistou de cara”, afirma o diretor. A partir do dia 20, e nos dois últimos sábados de cada mês, o usuário do metrô vai poder assistir à peça Reivax X - uma comédia cotidiana de amor muda, de Magno Assis. Ela faz parte do projeto Cultura nos Trilhos, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, em cartaz até o último sábado de agosto. A estreia será às 12 e às 14 horas do dia 20, na estação Shopping (Guará). De maneira sutil e bem humorada, o espetáculo conta a história de um solitário romântico, solteiro, com casa própria, que busca alguém para amar. Além de ridicularizar as situações mais banais da vida cotidiana, retrata de forma cômica a solidão do ser humano e a insignificância de sua existência. Programação em www.reivaxx.blogspot.com. 27 que espetÁCULO Mulheres revolucionárias Por Alexandre Marino D uas mulheres fora do comum marcarão presença no III Festival de Ópera de Brasília, que acontece de 12 de junho a 7 de julho na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional. Mais do que marcar presença, elas são a razão de ser desta edição do festival, que deve repetir o sucesso das anteriores. A rebelde Carmen e a militante comunista Olga Benário, personagem da História do Brasil, são as personagens-título das duas óperas que serão apresentadas no evento. Completa a programação um concerto em homenagem aos compositores Giuseppe Verdi e Richard Wagner, que completam 200 anos de nascimento. O maestro Cláudio Cohen faz a direção geral do festival, que terá nove apresentações das óperas. Carmen, de Georges Bizet, terá regência do próprio Cláudio Cohen e direção de Willian Pereira, que também assina o cenário e os figurinos. No elenco estarão a mezzo soprano croata Biljana Kovac e a brasileira Janete Dornellas, que se revezarão no papel da cigana, e o tenor alemão Martin Muehler, que interpretará Don José; a espanhola Ana Luisa Espinosa, que fará Micaela, e o brasileiro Homero Velho, que viverá o toureiro Scamillo. Carmen será apresentada nos dias 12, 14, 16, 17, 19 e 20 de junho, sempre às 20h, no Teatro Nacional. Diane Souza Festival de Ópera de Brasília traz espetáculos sobre figuras de grande força 28 Diane Souza to da guerra civil espanhola, transformando-a numa figura revolucionária, que tenta abalar a masculinidade do contexto social por meio do canto e da dança. “Carmen retrata a tragédia de um crime passional, que nada tem a ver com a Espanha folclórica ou turística”, explica. A segunda ópera, Olga, de Jorge Antunes, tem no elenco Martha Herr no papel-título, Adriano Pinheiro como Luiz Carlos Prestes, Homero Velho como Filinto Müller e Cris Dantas como Carmen Ghioldi. Willian Pereira derrama elogios para a obra do maestro. “É a ópera mais importante feita no Brasil nas últimas décadas”, afirma ele. “É absolutamente contemporânea, foge dos padrões musicais líricos, o público ficará chocado com o resultado.” Antunes terminou a composição de Divulgação A outra ópera que completa a programação será Olga, do maestro brasiliense Jorge Antunes, que terá regência de Mateus Araújo. A direção e os figurinos também são de Willian Pereira, que procurou extrair das duas personagens femininas a energia revolucionária que guiou suas vidas – a primeira, Carmen, na ficção; a segunda, Olga, na História. “São duas mulheres revolucionárias, e ambas trazem, na sua essência, o conceito de liberdade, que é o laço mais forte entre elas”, explica Willian Pereira. “Enquanto Carmen, personagem de ficção, tenta impor seus desejos em um mundo masculino, Olga representa a resistência política. E ambas personalizam a tragédia.” A proposta do diretor Willian Pereira também não é nada convencional. Ele coloca a personagem Carmen no contex- Olga em 1996, mas a primeira e única montagem da ópera aconteceu em 2006, no Teatro Municipal de São Paulo. Antes disso, em 2003, ele promoveu uma exposição na Universidade de Brasília, com 60 cartas de empresários negando patrocínio para sua obra. “Creio que o tema Olga Benário era mal visto pelo establishment, até que a Rede Globo fez um filme”, ironiza o maestro. Da exposição na UnB resultou um abaixo-assinado com 10.775 assinaturas que pedia ao governo do DF o patrocínio da ópera. Razão de uma das preocupações do maestro, que considera insuficientes as três récitas previstas, nos dias 3, 5 e 7 de julho. “Só 3.300 pessoas vão poder assistir”, observa. Ele também se preocupa com o pouco tempo para a produção e ensaios, mas garante confiar no talento do maestro Mateus Araújo e de toda a equipe. As escolhas do diretor geral do festival, Claúdio Cohen, não foram aleatórias. Carmen fechou o festival do ano passado com enorme sucesso, e muitas pessoas não conseguiram assistir. “Vamos dar-lhes essa nova oportunidade”, afirma o maestro. Quanto a Olga, será a segunda temporada da obra e a primeira em palcos brasilienses. “Estamos valorizando o talento local”, diz Cohen, lembrando que Jorge Antunes é professor da Universidade de Brasília e muito conhecido na cidade. III Festival de Ópera de Brasília Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, sempre às 20h, com ingressos a R$ 30. Dias 12, 14, 16, 17, 19 e 20/6: Carmen; 25 e 26/6: Concerto; 3, 5 e 7/6: Olga. 29 Divulgação que espetÁCULO Acredite se quiser Por Melissa Luz “S 30 ó acredito vendo!”. A frase, normalmente dita pelos mais céticos, pode ser perigosa quando o assunto é ilusionismo. Afinal, quem nunca se assustou ao ver com os próprios olhos um truque bem feito? De 27 a 30 de junho, os céticos e não-céticos têm uma oportunidade única de conferir de perto se os olhos são realmente as melhores testemunhas dos fatos. Desembarca em Brasília Os Ilusionistas, maior espetáculo de magia e ilusionismo em cartaz atualmente no mundo. O projeto traz ao Brasil sete ilusionistas internacionais, muitos vencedores de prêmios como melhor show do milênio e mágico mais original do mundo, concedidos pelo Word Magic Awards. Dan Sperry, Brett Daniels, Kevin James, Mark Kalin, Jinger Leigh, Andrew Basso e Joaquin Kotkin misturam no palco técnicas, estilos e influências. “Nós temos que ser justos e democráticos quando criamos algo desse nível. Uma pessoa pode, por exemplo, fazer algo que outra pessoa queria fazer. Então, é muito delicado, são muitos egos envolvidos, afinal, eles são mágicos talentosos e mundialmente famosos”, explicou o norte-americano Brett Daniels, diretor do espetáculo, em recente passagem pela Austrália, onde o grupo se apre- sentou para uma lotada Sydney Opera House. Daniels é considerado por muitos como o mago dos magos por sua genialidade em manipular a matéria e desafiar as leis da física. Conhecido como “o grande ilusionista”, sua performance trabalha a ilusão em meio a uma grande teatralidade. Já Dan Sperry, com seu visual à la Marilyn Manson, gosta de fazer truques com sangue, lâminas de barbear, serras circulares e apetrechos de vodu. Tudo isso ao som da romântica Magic Moments, com Perry Como. Paradoxal? Pois é exatamente isso que ele quer. “Quando eu era mais novo vi Cães de aluguel, do Tarantino, e me lembro de ter gostado da cena em que o personagem do Michael Madsen corta a orelha do policial dançando ao som de Steelers Wheel. Eu achei aquilo tão dicotômico... É um momento desconfortável, mas que você não consegue parar de olhar”, explicou Sperry, “o anti-mago”, também durante a turnê do espetáculo por Sydney. Cadeados e correntes são as matérias-primas do italiano Andrew Basso, uma espécie de Harry Houdini moderno. Chamado de “O escapista”, Basso foi, em 2005, o mais jovem vencedor do título principal da Convenção Mundial de Escapologia, realizada anualmente em Los Angeles. Já o mexicano Joaquin Kotkin, codinome “o surrealista”, cria nú- meros capazes de impressionar profissionais da mágica do porte de David Copperfield. Certa vez, ao passar pelo México, o famoso mágico norte-americano bateu na porta de Kotkin querendo comprar o truque The scorpion, o mesmo que abriu as portas do projeto Os ilusionistas para o mexicano. Outro que também impressionou Copperfield foi Kevin James, mais conhecido como “o inventor”. Os números do mágico, sempre recheados de humor, são investigados e estudados pelo mundo. Alguns são usados até como efeitos especiais por diretores de Hollywood. O grupo que chega ao Brasil se fecha com a dupla Mark Kalin e Jinger Leight. “O cavalheiro” e “a encantadora”, respectivamente, são conhecidos pelo número em que fazem um avião desaparecer. Brett Daniels define em uma frase a importância dos sete profissionais para o mundo do ilusionismo: “Esse grupo está ampliando os limites do que se acredita ser uma boa mágica”. E então? Vai ver pra crer? Os ilusionistas Dias 27 e 28/6, às 20h30, 29/6, às 15 e 21h, e 30/6, às 15h, na Arena Brasília (Shopping Iguatemi, no Lago Norte. Ingressos (meia): de R$ 140 (cadeira vip nos dias úteis) a R$ 200 (cadeira premium no fim de semana). À venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping, ingressorapido.com.br ou 4003.1212. Divulgação Graves & Agudos Ouro negro de alto quilate Por Heitor Menezes U ma injustiça que o cantor Billy Paul seja apenas lembrado pelo retumbante sucesso romântico de Me and Mrs. Jones, canção do trio Kenny Gamble, Leon Huff e Gary Gilbert premiada com o Grammy, e que desde o longínquo ano de 1972 acalma as feras e enternece os corações apaixonados. Injustiça porque Billy Paul, atração do dia 15 de junho na Arena Brasília, do Shopping Iguatemi, não se resume a essa canção, verdadeira ode ao amor que pula a cerca. Do alto de seus 78 anos, e já tendo perdido a conta de quantas vezes passou pelo Brasil (incluindo Brasília), Billy Paul volta para defender o que se conhece por “Philadelphia soul”, estilo musical único, ouro negro da música norte-americana do mais puro quilate. Os fãs, claro, tanto vão aproveitar para tascar uns amassos quanto para dançar ao irresistível som de pepitas conhecidas como July, July, July, July, Thanks for saving my life e Only the strong survive, da lavra de Gamble & Huff, ou em covers poderosas como Let’em in, de Paul McCartney, e Your song, de Elton John, que Billy Paul incorporou de tal maneira ao seu repertório. E aí é que vem a coisa. Billy Paul canta com aquela malemolência, com aquele registro vocal único e que permanece intacto, mas no fundo é um cantor versátil, prova de que o “Philadelphia soul” é o amálgama de elementos preciosos vindos do jazz, do rhythm’n’blues, do pop, do funk e do rock. No currículo, consta que Billy Paul – cuja carreira começou lá nos anos 1950 – dividiu espaço com monstros sagrados, tipo Miles Davis, Charlie Parker, Nina Simone, Sammy Davis Jr. e Roberta Flack. Além dos citados, ele já gravou Paul Simon, Bob Dylan, Carole King, Al Green, John Fogerty, a fina flor da canção popular norte-americana. Billy Paul pode não ser nenhuma novidade para o brasiliense que passa ao largo da produção pop/rock internacional contemporânea. Mas é sempre bom tê-lo ao alcance, uma vez que os mestres sempre têm algo a nos ensinar. Billy Paul 15/6, às 22h, na Arena Brasília (estacionamento do Shopping Iguatemi). Ingressos (mesa para quatro pessoas, com bebidas alcoólicas incluídas): Setor 1, R$ 1.200; Setor 2, R$ 900. À venda na Central de Ingressos do Brasília Shopping e Central de Vendas do Iguatemi. Mais informações: 9806.2316 / 9274.7227 / 8407.0488. Frejat novamente só Enquanto o Rock In Rio IV não vem, Roberto Frejat segue cuidando da carreira. O líder do Barão Vermelho reuniu os velhos companheiros para comemorar os 30 anos do primeiro disco da banda (a turnê passou por Brasília em fevereiro) e, tirando a homenagem que será prestada a Cazuza, no dia 20 de setembro, na abertura do megafestival, o lance é tocar o barco. Frejat volta a Brasília com a turnê A tal da felicidade (versão 2013), dia 23 de junho, no Autódromo Nélson Piquet. O cantor e guitarrista retoma a carreira solo, cuja ênfase, óbvio, são as músicas dos discos Amor pra recomeçar (2001), Sobre nós dois e o resto do mundo (2003) e Intimidade entre estranhos (2008). Como o Rock In Rio é algo marcante na vida de Frejat, o músico deve aproveitar parte do repertório incluído no CD/DVD Frejat – Rock In Rio 2011, que marcou dez anos de carreira solo e registra a apresentação na última versão do festival, aquele que teve Axl Rose cantando com uma esquisita capa de chuva amarela. Além das canções do Barão (Exagerado, Bete balanço, Puro êxtase) e da homenagem a Cássia Eller (Malandragem), Frejat deve tocar músicas que fazem parte da turnê, como Vambora, Mais uma vez e A felicidade bate à sua porta, esta uma releitura de antigo sucesso das Frenéticas. Roberto Frejat - A tal da felicidade 23/6, às 23h, no Autódromo Nélson Piquet 31 BRASILIENSE dE CORAÇÃO Poeta da 32 diplomacia Acontecimento Quando estou distraído no semáforo E me pedem esmola Me acontece agradecer Por Vicente Sá fotos rodrigo oliveira O poeta nos recebe à porta de sua casa. O poeta é também um diplomata, não só por ter feito carreira no Itamaraty, mas muito mais pelo modo como seu corpo se apresenta e nos garante que é, ele também, um ser perdido entre as coisas. Herdou das Minas Gerais esse jeito de inquietude mansa e do Rio de Janeiro a sede por largos horizontes. Nascido em Araxá com o nome de Francisco Soares Alvim Neto, o pouco de lá que levou aos dois anos de idade foi herdado do pai, que fora prefeito por vários anos à época de Vargas. Chico também nasceu nessa dura época, em 1938. Logo aos dois anos foi para o Rio de Janeiro, onde aprendeu a ser menino e a caminhar olhando o mar atrás de carrinhos de picolé. Voltou aos sete anos para Minas, onde um Belo Horizonte fechava-se sobre as lembranças do Rio. A irmã mais velha, Maria Ângela, mostrou a ele, ainda aos 13 anos, um caminho de pedrinhas e poesia. “Ela chegou a ter seu primeiro livro comentado por Carlos Drummond em artigo de jornal”, lembra Chico Alvim. E Drummond a achara promissora, quase feita. De volta ao Rio, a vida da família transcorre numa casa sempre cheia de escritores, pintores, agregados pelas duas irmãs artistas. E ele lá, ensaiando sempre mais e mais versos. O caminho de pedrinhas ele seguiria mais tarde, sozinho ou apoiado em livros, muitos livros. No começo dos anos 60 ingressou na Universidade Federal do Rio de Janeiro, para fazer o curso de Direito, que depois abandonou. Acreditava que a carreira de di- plomata tinha mais a ver com seu jeito. Então, lá se foi para o Instituto Rio Branco, onde conheceu Zuca Sardan, também poeta, que viria a ser um daqueles amigos eternos. Desses que duram até hoje. Durante alguns anos trabalhou no Rio, mas em 1968, um ano antes de embarcar para sua primeira missão em Paris, junto à Unesco, lançou o primeiro livro, Sol dos cegos, que teve boa acolhida da crítica. Naquela época, Chico Alvim ainda não conhecia bem Antônio Carlos de Brito, Cacaso, mas seus trabalhos pareciam ter vozes assemelhadas, o que os deixaria lado a lado no futuro. De volta ao Brasil, lançou em 1974 o livro Passatempo, pela coleção Frenesi, composta ainda por Grupo escolar, de Cacaso, Motor, de João Carlos Pádua, e Em busca do Sete Estrelo, de Geraldo Carneiro, entre outros livros. É por essa época que sai a coletânea 26 poetas hoje, de Heloísa Buarque de Holanda, que daria muita projeção aos integrantes do movimento que veio a ser chamado de poesia marginal: Chacal, Charles, Eudoro Augusto, Ana Cristina Cesar, Wally Salomão, Capinam, Torquato Neto e o próprio Chico Alvim. Todos eles, e mais alguns, estão nesse livro que mistura estilos e cores de toda a poesia produzida naquele período. Já um tanto conhecido nos meios literários, Chico Alvim chegou a Brasília no final dos anos 70 e, junto com Eudoro Augusto, que estivera com ele na coletânea de Heloísa Buarque de Holanda, lançou Dia sim dia não, livro que começou como uma troca de figurinhas, onde cada um mostrava um poema novo ao outro. Eudoro lembra que um crítico de jornal elogiou o trabalho do Chico Alvim, citando erradamente um poema dele. Chico não deixou barato e foi até o crítico pedir que mantivesse o elogio, mas reconhecesse tratar-se de um poema de Eudoro. Chico permaneceu em Brasília por aproximadamente 20 anos, participando da organização da coletânea Águas Emendadas, da festa/espetáculo Progressália, com o poeta Luís Turiba, e de vários eventos poéticos. Talvez tenha sido ao longo desse período que ele se apaixonou pela cidade. Depois tornou a viajar pelo Itamaraty e, na volta, optou por morar aqui. Em sua casa no Lago Norte, Chico não deixa expostos os dois prêmios Jabuti que ganhou, mas pode-se es- corregar os olhos por paredes cheias de livros que sempre o acompanharam nas viagens de serviço, tanto por Barcelona quanto por Roterdã. Suas mais recentes publicações foram Elefante, em 2000, e Metro nenhum, em 2011, que o colocaram de vez entre os maiores poetas brasileiros da atualidade. Começamos a nos despedir e vejo espalhados pelo escritório dezenas de livros de poetas ditos marginais, ou da “geração mimeográfo”. Avisa que cedeu alguns para uma exposição que está sendo montada, mas acredita que serão devolvidos. Na vida apessoal, Chico sempre foi muito recatado, talvez um pouco do DNA mineiro que lhe tenha restado. “Diferente da maioria dos poetas, estou unido à minha esposa Clara há tanto tempo que quase nos esquecemos de comemorar os quarenta anos de casados”, brinca. Um casal de filhos completa a família. Já na porta, meio sem graça, Chico confessa que não tem saído muito, a não ser para caminhar e ver o céu de Brasília, que o encanta até hoje. Ao sair de sua casa, olho para trás e ele está lá, quase sorrindo, da sacada, olhando o céu. Ou será o contrário? 33 copa das COnfederações A emoção está de volta O futebol não é um assunto muito frequente nas páginas da Roteiro. Mas não dá para ficar indiferente ao clima festivo que toma conta da cidade às vésperas da Copa das Confederações. Por Adriano Lopes de Oliveira “O s primeiros dez minutos foram inteiramente dominados pelo Brasil. Riva, porém, foi o primeiro a chutar em gol, no primeiro minuto. Félix mandou a escanteio, fazendo espetacular intervenção. Aos 4 minutos, falta de Cera em Pelé. Rivelino cobrou com violência e o arqueiro Albertosi defendeu bem. Aos 5, Everaldo chutou no canto direito, Albertosi defendeu e saiu com a bola pela linha de fundo. O juiz não marcou o escanteio”. Difícil lembrar se foi André Gustavo Stumpf, José Natal ou este escriba o autor dessas mal traçadas. Os três, jovens repórteres do Correio Braziliense no distante ano de 1970, haviam sido escala- 34 dos pelo chefe de reportagem, Wamir Soares, para fazer a cronologia do jogo final da Copa do México. Uma tristeza: logo no dia em que o Brasil poderia se tornar tricampeão mundial, eles teriam que ficar, alternadamente, 15 minutos em frente à TV e outros 15 maltratando as pretinhas, a despejar no papel o desenrolar do jogo, minuto a minuto. Fim de jogo, Brasil 4 a 1, tarefa cumprida, a “tristeza” cedeu lugar à explosão coletiva de alegria que, naquele 21 de junho de 1970, tomou conta da cidade – e de todo o país – com a conquista definitiva da Taça Jules Rimet pela seleção canarinho. No fusquinha de André, na companhia de algumas colegas do jornal, o trio foi se esbaldar na festa que rolava noite adentro na velha Fonte Luminosa, ao lado da Torre de TV, e depois ao longo da W-3 Sul, onde se concentrava a maior parte dos torcedores. A brilhante vitória da seleção nacional em gramados mexicanos deu aos brasileiros a oportunidade de extravasar toda a alegria contida desde que, em 1964, o país mergulhara numa ditadura militar. Dois dias depois, tive o privilégio de acompanhar, do alto do caminhão da imprensa, o carro do Corpo de Bombeiros que conduzia pelas avenidas da cidade Pelé, Tostão, Rivelino, Gérson, Jairzinho e os outros heróis do tricampeonato. Uma emoção jamais experimentada por alguém que somente no último dia daquele mês atingiria a maioridade. Passados 43 anos, a emoção está de volta. Brasília respira novamente futebol, à medida que se aproxima a festa de abertura da Copa das Confederações, espécie de aperitivo para o espetáculo principal, a Copa do Mundo de 2014. Desacreditada, ocupando um inédito 19º lugar no ranking da FIFA, nossa seleção ainda não empolgou a maioria dos torcedores brasileiros, mas estejam certos: tudo muda a partir de 15 de junho, quando Neymar e companhia entram em campo para enfrentar o Japão no Estádio Nacional Mané Garrincha. Teoricamente, o Brasil está longe de figurar entre os favoritos à conquista da Copa do Mundo – e mesmo da Copa das Confederações, disputada também pela atual campeã mundial (Espanha) e pelos campeões continentais: Uruguai (América do Sul), México (Américas Central e do Norte), Japão (Ásia), Nigéria (África), Taiti (Oceania) e Itália (Europa), que herdou a vaga da Espanha, também campeã europeia. Mas, assim que o juiz apitar o início de Brasil x Japão, no dia 15, às 16 horas, no Estádio Nacional Mané Garrincha, nenhum favoritismo teórico terá importância. Quase 200 milhões de brasileiros (2,6 milhões em Brasília, mais de 70 mil no Mané Garrincha) estarão de mãos dadas na torcida pela seleção brasileira, e isso vale muito. Basta lembrar que o Brasil seguiu desacreditado para pelo menos três Copas que acabou por conquistar – as de 1958, na Suécia, 1970, no México, e 1994, nos Estados Unidos. Esta edição da Copa das Confederações reúne ingredientes inéditos, e que dificilmente irão se repetir. Pela primeira vez entram em campo seleções detentores de nada menos que 12 títulos mundiais: cinco do Brasil, quatro da Itália, dois do Uruguai e um – o mais recente – da Espanha. Os mexicanos, atuais campeões olímpicos, também vêm brigar pelo título, credenciados por suas convincentes vitórias sobre o Brasil nos últimos anos. Nigéria, Japão e Taiti deverão ser meros figurantes – isso se a zebra africana não resolver entrar em campo. A Copa das Confederações será disputada em seis sedes: Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador. Cada sede – com exceção de Brasília, palco apenas do jogo de abertura – receberá três partidas. As semifinais serão no Estádio Castelão, em Fortaleza, e no Mineirão, em Belo Horizonte, e a decisão no Maracanã, dia 30 de junho. Se eu fosse supersticioso como um botafoguense, veria nisso um bom sinal. Onze anos atrás, na manhã de outro 30 de junho, na comemoração dos meus 50 anos, fui presenteado simplesmen te com o penta: Brasil 2 x 0 Alemanha, gols de Ronaldo Fenômeno. Que venham novas e boas emoções! Copa das Confederações Jogos da primeira fase (no horário local) Fotos: Divulgação Grupo A Grupo B Capa histórica da edição do Correio Braziliense de 21 de junho de 1970 35 Lula Marques copa das COnfederações O Secretário Extraordinário da Copa no DF, Cláudio Monteiro, acompanha os últimos retoques no Estádio Mané Garrincha. Um futuro de dúvidas Como numa partida de futebol, o Estádio Nacional Mané Garrincha divide torcidas ferrenhas. Mas está pronto e funcionando. Resta saber como o brasiliense poderá usufruir desse espaço. Por Pedro Brandt M 36 ais do que duas partidas de futebol, Brasiliense x Brasília, pelo campeonato local, e Santos x Flamengo, pelo Brasileirão, se configuraram como as oportunidades que o brasiliense teve até maio para conhecer aquele que é o mais novo e maior espaço para eventos da capital do país. E, pelos comentários, o novo Estádio Nacional Mané Garrincha passou no teste. O sinal de celular deficiente e a água fria nos vestiá rios foram algumas das reclamações, mas a grandeza do local e sua estrutura moderna têm impressionado positivamente quem o visitou. O que não diminui a indignação de outras tantas pes- soas. Afinal, o estádio custou muito caro (fala-se em mais de R$ 1,2 bilhão) e gerou polêmicas. Inegáveis, entretanto, as possibilidades que o estádio traz para a cidade, além das competições esportivas. Para quem realiza eventos de grande porte, por exemplo, a novidade é muito bem-vinda. “Achei um golaço. Se Roma, Nova York Qual será o custo operacional do estádio? Para inserir a capital no calendário de eventos e shows nacionais e internacionais, o Estádio Nacional Mané Garrincha passará por uma licitação internacional e será administrado por uma empresa especializada em entretenimento, que pagará aluguel ao GDF. Com isso, o Mané Garrincha manterá aquecido o setor de serviços (bares, restaurante e hotéis, entre outros) e potencializará o desenvolvimento de Brasília em diversos segmentos. Até o momento não estão definidos os valores para locação da arena. Qual é a expectativa mínima de público Orquestra, holograma e convidados O espetáculo Renato Russo Sinfônico está programado para 29 de junho. Para a homenagem ao cantor (1960-1996), subirão ao palco do Estádio Mané Garrincha a Orquestra do Teatro Nacional, sob regência do maestro Claudio Cohen, e um elenco de conhecidos nomes do pop rock e da MPB. A vedete do show, entretanto, talvez seja a aparição holográfica do homenageado, que será produzida com tecnologia de última geração (com equipamento utilizado pela primeira vez em show no Brasil). Os primeiros convidados divulgados foram Zélia Duncan, Lobão e Ivete Sangalo (a participação da baiana, aliás, gerou bafafá nas redes sociais). A eles se juntam Fernanda Takai, Jerry Adriani, Jorge Du Peixe (vocalista da Nação Zumbi), Sandra de Sá, Luiza e Zizi Possi. De Brasília, foram convidados Alexandre Carlo, vocalista do Natiruts, André Gonzales, vocalista da banda Móveis Coloniais de Acaju, a cantora Ellen Oléria e o bandolinista Hamilton de Holanda. O time será completo pela violinista Ann Marie Calhoun (musicista americana que tem no currículo gravações com Dave Matthews Band, Jethro Tull, Yanni, Bon Jovi e Steve Vai). Outros artistas convidados ainda podem ser anunciados. Os arranjos do espetáculo foram feitos pelo renomado Arthur Verocai, maestro carioca que trabalhou em discos de Jorge Ben, Erasmo Carlos, Gal Costa, Ivan Lins, Marcelo Jeneci, entre outros, e teve a carreira recentemente revalorizada, com o relançamento (em CD e LP) de seu primeiro disco solo, de 1972. A produção musical é de Rafael Ramos (Pitty, Cachorro Grande, Matanza). Andrey Hermuche assina as cenografias e projeções. O espetáculo com orquestra era uma antiga ideia de Renato Russo e o maestro Silvio Barbato (1959-2009) chegou a participou da concepção do projeto. Os ingressos podem ser adquiridos no site www.bilheteriadigital.com. Até o fechamento desta edição, apenas o preço da arquibancada havia sido divulgado: R$ 50 (meia-entrada). Fato ou boato? Por enquanto, o único outro evento cultural anunciado para ocupar o estádio é o show da cantora americana Beyoncé, em 17 de setembro (a data, entretanto, ainda não figura no site da cantora). Corre o boato de uma apresentação dos Rolling Stones no Mané. A respeito disso, a Secretaria de Estado Extraordinária para a Copa 2014 disse não haver informações oficiais sobre um evento com a banda britânica no estádio. Fotos: Divulgação e São Paulo têm estádios assim, por que Brasília não teria? Considero um ótimo investimento para a cidade”, elogia o produtor Marcelo Piano, responsável por shows de Iron Maiden e Shakira na capital. “Você gasta muito dinheiro para montar do zero uma estrutura de show. Um custo que, somado ao cachê do artista e outros gastos, coloca o orçamento do evento lá em cima. Isso, muitas vezes, inviabiliza a realização de determinadas produções. Com a estrutura pronta, você consegue fechar a conta”, pontua. O produtor André Morale, da Mundano Produções, vê o estádio como a chance de ter em Brasília atrações que antes não viriam para cá por, entre outros motivos, a falta de um lugar adequado para receber seus espetáculos. “Estávamos limitados ao Ginásio Nilson Nelson. Com uma arena do porte do Mané Garrincha, Brasília poderia facilmente receber um show do Paul McCartney, do Pearl Jam e de outros artistas que atraem 20, 30, 40 mil pessoas ou mais”. O preço de ocupação do estádio é uma dúvida dos produtores (o Santos pagou apenas R$ 4 mil para o jogo de 26 de maio). “Se eu quiser fazer o Porão do Rock lá, quanto vão me cobrar? Tenho certeza que o lugar é maravilhoso, mas dependendo do preço, inviabiliza a produção”, comenta o produtor Gustavo Sá. Com o Mané Garrincha pronto (ou quase) e funcionando, surgem outros questionamentos. Como o local será ocupado? Com que tipo de programação? Quanto custará sua manutenção? Quem fará isso? Em entrevista à Roteiro, Cláudio Monteiro, Secretário Extraordinário da Copa no DF, aborda esse e outros assuntos. 37 copa das COnfederações que um produtor deverá ter para reali zar um evento no estádio? O público será estimado de acordo com a característica de cada evento a ser realizado e sua dimensão. O estádio tem espaços com capacidade para eventos de pequeno, médio e grande portes. Possui, por exemplo, quatro salões que podem comportar, simultaneamente, eventos para até mil pessoas. Conta com dois restaurantes para até 300 pessoas cada um, prontos para receber eventos corporativos. Por isso, o Mané Garrincha entra para o circuito de grandes eventos, para até 70 mil pessoas, e também dos pequenos. Os produtores de Brasília terão dezenas de opções de eventos nesse novo espaço. de um verdadeiro templo das artes, uma arena voltada a todas as expressões artísticas, culturais e esportivas. Um monumento à sustentabilidade e ao desenvolvimento socioeconômico de nossa cidade, que vai estimular a visitação de brasilienses e turistas de todo o país e do exterior. É uma ecoarena de alto padrão, com capacidade para receber 71 mil expectadores, e espaços modulares para o funcionamento permanente de shopping, cinemas, salas de exposição e de espetáculos, lanchonetes e restaurantes. Esse conceito é o adotado pelas mais importantes arenas do mundo, como o Santiago Bernabéu, do Real Madrid, que é rentável sete dias por semana. Chega a faturar 120 milhões de euros por ano, recebendo mais gente em dias sem jogo do que em dias de rodada do campeonato espanhol. Aluga salas de reuniões, promove tours diários para visitantes de todo o mundo e mantém restaurantes internacionais e uma estrutura de O senhor poderia explicar melhor o termo “arena multiuso”? O termo multiuso significa que o Estádio Nacional Mané Garrincha não é um espaço dedicado apenas ao futebol. Trata-se centro de negócios. O Santiago Bernabéu se tornou o terceiro ponto mais visitado de Madri, superando os museus Rainha Sofia e Prado. Excetuando-se os megaeventos nacionais e internacionais, qual será o tipo de ocupação mais recorrente do novo estádio? O Estádio Mané Garrincha é um complexo multiuso com área de 1,6 milhão de metros quadrados, adaptado para receber eventos culturais ou esportivos de grande porte. A arena contará com área social de passeio e lazer, com bares e restaurantes, garantindo fluxo e aproveitamento, após o Mundial, de toda a população do DF e também dos turistas. Uma das vantagens da capital federal é que o estádio está localizado em um raio de 3 km dos setores hoteleiro e hospitalar, de shoppings, do centro de convenções, entre outros, o que facilita e incentiva o acesso de todos. Tudo pronto? O GDF garante que sim Rodrigo Oliveira A expectativa do Secretário de Turismo, Luiz Otávio Neves, é de que Brasília receba 15 mil turistas na abertura da Copa das Confederações, algo inédito. Apesar dos muitos problemas ocorridos durante os dois jogos testes, sendo o principal deles a dificuldade de acesso ao Estádio Nacional Mané Garrincha, Neves garante que a cidade está preparada para 38 Luiz Otávio Neves, Secretário de Turismo do DF oferecer total apoio aos turistas, brasileiros ou estrangeiros. Para isso, será intensificado o trabalho nos Centros de Atendimento ao Turista do Aeroporto, Rodoviária Interestadual, Torre Digital, Praça dos Três Poderes e Setores Hoteleiros Sul e Norte. Além disso, estão sendo instalados estandes de informações turísticas nas proximidades do Estádio Nacional e dos hotéis localizados na área central da cidade. Dez mil exemplares do Manual do Torcedor serão distribuídos aos visitantes, com mapas da cidade e do estádio, descrição dos principais atrativos turísticos e aplicativo para smartphones e tablets. Entre os dias 13 e 17, segundo o Secretário de Turismo, 950 voluntários estarão a postos para fornecer informações aos turistas. E no dia 15 será realizada uma grande festa na Esplanada dos Ministérios, com atrações nacionais e oito telões espalhados para exibição de Brasil x Japão. O presidente da Embratur, Flávio Dino, disse ter ficado bem impressionado com o relato, feito por Luiz Otávio Neves, sobre os preparativos da cidade para receber os turistas, principalmente os estrangeiros, que necessitam de maior apoio. “Estou certo de que será dado todo o suporte necessário para que os visitantes internacionais sejam bem recebidos e conheçam os atrativos turísticos da cidade”, afirmou Flávio Dino, durante encontro com representantes dos Estados e municípios que vão sediar a Copa das Confederações. Para o presidente da Embratur, essa competição é “o pontapé inicial que estamos dando para uma megaexposição do Brasil”. A divulgação das seis cidades-sede vai diversificar as portas de entrada do turismo brasileiro e fazer com que os visitantes conheçam de perto os atrativos dessas cidades. “É uma grande chance para Brasília, que recentemente alcançou a terceira posição entre as cidades brasileiras que mais receberam congressos e convenções internacionais e tem tudo para continuar aumentando a captação de eventos. Ainda mais se conseguirmos trazer para cá as Universíades, jogos olímpicos universitários, que a Embratur está ajudando o Distrito Federal a captar”, afirma Flávio Dino. Gol na tela O francês Eric Cantona, o marfinense Drogba e o brasileiro Sócrates (nas fotos abaixo) estão em Os rebeldes do futuro Festival exibe 12 filmes sobre o esporte favorito do Brasil. A paixão do brasileiro por futebol é tão grande que chega a parecer estranho o esporte não ser mais explorado na sétima arte. Ainda assim, não dá para dizer que faltam filmes sobre o assunto. O festival Cinefoot é uma prova disso. Durante três dias serão exibidos 12 produções, clássicas e recentes, documentários e ficções, longas e curtas-metragens apresentando casos de amor pela bola, campeonatos históricos, personagens pitorescos e abordagens diferenciadas quando o assunto é futebol. Criado em 2010, o festival é pioneiro em reunir filmes com essa temática. Este ano, será realizado nas seis cidades-sedes da Copa das Confederações. Em Brasília, ocupará a sala de exibição do Museu Nacional da República entre 11 e 13 de ju- nho. Também no dia 13 serão realizadas sessões especiais: à tarde, no Museu, para crianças da rede pública de ensino, e em três horários diferentes no Sesc do Gama. Na noite de abertura será exibido o longa (inédito no Brasil) Os rebeldes do futebol (2012), documentário francês dirigido por Gilles Roff e Gilles Perez. O filme é apresentado por Eric Cantona, ex-jogador francês que virou cineasta depois de pendurar as chuteiras. Cantona aborda a vida – dentro e, principalmente, fora dos campos – de cinco personalidades do futebol que não se limitaram à atuação esportiva, fazendo de sua condição de ídolos das multidões uma maneira de sensibilizar e mudar a sociedade. São eles o marfinense Didier Drogba, o chileno Carlos Caszely, o argelino Rachild Mekhloufi, o bósnio Predrag Pasic e o brasileiro Sócrates (conhecido por sua militância política nos anos 1980). Outros destaques do festival são o documentário em curta-metragem Vai pro gol, sobre futebol de botão, o longa João, abordando o jogador, técnico, jornalista e polêmico João Saldanha, e o curta-metragem Gaúchos canarinhos, sobre o escritor, jornalista, tradutor, desenhista e professor universitário brasileiro Aldyr Schlee e sua maior invenção, a camisa amarela da seleção. Paralelamente ao festival, quem for ao Museu da República poderá conferir a exposição O jogo só acaba quando termina, organizada pelo Goethe Institut do Rio de Janeiro, com videoarte, fotografia e arte sonora de artistas de vários países. Fotos: Divulgação Por Pedro Brandt Cinefoot Tour Brasília 2013 De 11 a 13/6, no Museu Nacional da República, com entrada franca. 11/6 – Às 20h, abertura com exibição de Gaúchos canarinhos (RS) e Os rebeldes do futebol (França). 12/6 – Às 19h, O pai do gol (SP) e João (RJ); às 21h, Atlético Clube Seridó (DF), Vai pro gol (SP), Canal 100: Santos bicampeão mundial (RJ) e Canal 100: Santos tricampeão paulista – Milésimo gol (RJ). 13/6 – Às 10, 14 e 15h, no Sesc Gama, e a partir das 15h, no Museu Nacional, Mostra Dente-de-leite (sessões para escolas e instituições agendadas), com a exibição de Gaúchos canarinhos (RS), Zimbú (SP), Ernesto no país do futebol (SP), O primeiro João (RJ) e Mauro Shampoo – Jogador, cabeleireiro e homem (RJ/PE). 39 luz câmera ação Tesis sobre un homicidio, de Hernán Goldfrid O cinema de todos os continentes BIFF traz a Brasília produções de todos os cantos do mundo, mostras informativas e debates, além de lançamentos de filmes de importantes diretores estrangeiros. Os filmes da Mostra Competitiva Don Jon Estados Unidos/2013, 95min. Direção: Joseph Gordon-Levitt. Comédia romântica estrelada, escrita e dirigida por Joseph Gordon-Levitt, conta a história de Jon Martello, moderno Don Juan que tem a capacidade de atrair as mulheres. Mas seu vício em pornografia o deixa insatisfeito e ele sai numa jornada para encontrar uma vida sexual mais gratificante. Com um elenco de estrelas de peso – Scarlett Johansson, Julianne Moore, Brie Larson e Tony Danza – o filme estreou no Festival de Cinema de Sundance em janeiro de 2013. 40 Tesis sobre un homicidio Argentina/2013, 105min. Direção: Hernán Goldfrid. Roberto Bermudez é um especialista em Direito Criminal cuja vida se torna um caos quando ele se convence de que Gonzalo, um de seus melhores alunos, cometeu um assassinato brutal em frente à Faculdade de Direito. Determinado a descobrir a verdade, começa uma investigação pessoal que logo vira uma obsessão e o leva inevitavelmente a lugares sombrios. Com Ricardo Dárin. Primeiro filme do diretor, sua estreia no Brasil está prevista para julho. 7 cajas Paraguai/2012, 100min. Direção: Juan Carlos Maneglia e Tana Schémbori. Assunção, Paraguai. Víctor, caminhoneiro de 17 anos, se distrai imaginando ser famoso e admirado na televisão de uma loja de DVD’s em pleno Mercado 4, o que causa a perda de um cliente para outro caminhoneiro que se adiantou. O mundo do mercado é hostil, competitivo e há milhares como ele esperando levar as compras dos clientes em troca de uma pequena remuneração. Victor entende que precisa se mexer para conseguir algum dinheiro nesse dia. Então recebe uma proposta incomum: transportar 7 caixas cujo conteúdo ele desconhece, em troca de uma nota rasgada de 100 dólares. Il futuro Itália/Chile/Alemanha/Espanha/2012, 98min. Direção: Alicia Scherson. Com Rutger Hauer, o filme é baseado no conto Una nuvelita lumpen, de Roberto Por Sérgio Moriconi C Bolaño, e conta a história de dois irmãos adolescentes, chilenos, obrigados pela ditadura a exilar-se com a família na Itália. Ao ficarem órfãos, eles são empurrados para uma vida criminosa por dois delinquentes que se fingem amigos. Quem os salva é Maciste, um ex-astro do cinema, cego, mas sempre fascinante, musculoso e com um coração gigante. Terceiro longa-metragem da chilena Alicia Scherson, que já conquistou o prêmio de melhor direção no Tribeca Festival por Play, longa de 2005. Tall as the baobab tree Senegal/Estados Unidos/2012, 82min. Direção: Jeremy Teicher. Em uma isolada vila na zona rural do Senegal, na África, uma adolescente elabora um plano secreto para resgatar e impedir o casamento da irmã, de apenas 11 anos de idade, que foi prometida pelos pais. Eu e você, de Bernardo Bertolucci Fotos: Divulgação om filmes de todos os continentes, além de promover pré-estreias de obras de diretores importantes como Bernardo Bertolucci (Eu e você), Marco Bellochio (A bela que dorme) e Sofia Coppola (A gangue de Hollywood), a segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Brasília (BIFF, na sigla em inglês) reafirma sua vocação para ser mais do que um mero painel da produção cinematográfica mundial. Suas cinco mostras paralelas (Crisis, America Del Sur, Independentes Americanos, Panorama África e Mundo Animado) demonstram a preocupação dos curadores Nilson Rodrigues (diretor do festival) e Anna Karina de Carvalho de proporcionar uma reflexão crítica sobre algumas das questões cruciais do mundo contemporâneo. Muitos dos longa-metragens nelas contemplados são janelas que se abrem para países e regiões cujo cinema está inteiramente ausente das nossas salas comerciais de exibição. Há quanto tempo não se exibe em Brasília, e também em outras capitais, filmes africanos e latino-americanos, exceção feita à produção argentina e, em menor medida, à mexicana? Esse conceito “não-ortodoxo” – isso para dizer o mínimo – já está evidenciado na eclética programação da Mostra Competitiva. Entre os 12 filmes que concorrerão a prêmios no valor de R$ 100 mil estão obras dos Estados Unidos (Don Jon, de Joseph Gordon-Levitt), da Argentina (Tesis sobre un homicidio, de Hernán Goldfrid), Paraguai (!) (7 cajas, de Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori), uma co-produção Itália/Chile (Il futuro, de Alicia Scherson), outra co-produção Senegal/Estados Unidos (Tall as the baobab tree, de Jeremy Teicher), Turquia (Watchtower, de Pelin Esmer), China (Fly with the crane, de Rui Jun Li), Nova Zelândia (The red house, de Alex Duncan), Taiwan (Touch of the light, de Rong-Ji Chang), Espanha (Blancanieves, de Pablo Berger), mais uma co-produção, desta vez México/Alemanha (Workers, de José Luis Valle), e por fim Suécia (Eat sleep die, de Gabriela Pichler). Você deve ter percebido a exclamação junto ao filme paraguaio. Acredite, esse país ficou simplesmente 40 anos sem cinema. O jejum terminou em 2006, quando La hamaca paraguaya, de Paz Encina, longa-metragem bastante premiado, surgiu. O 7 cajas, de Juan Carlos Maneglia e Tana Schémbori filme faz referência à guerra e mostra casais relembrando histórias, falando guarani e se comunicando sobretudo através do silêncio. Ao contrário de outros países do continente, o Paraguai não conta com políticas de incentivo à produção cinematográfica. As chamadas nações andinas (Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e mesmo Venezuela) têm à disposição, desde os anos 90, leis de incentivo e fundos de fomento cinematográfico. Os resultados apareceram na virada do século. Hoje já se vê por lá uma produção regular que varia de três a 14 longas por ano. Além das obras latino-americanas já mencionadas que participam da competição oficial, a mostra America Del Sur vai possibilitar ver a quantas anda a atividade cinematográfica dos nossos vizinhos. Filmes da Venezuela (Reverón, de Diego Risquez), da Colômbia (Cronica del fin del mundo, de Maurício Cuer- Watchtower Turquia/2012, 100min. Direção: Pelin Esmer Um homem e uma mulher procuram refúgio do mundo: Nihat na torre de incêndio de uma floresta remota, Seher em seu quarto numa estação rural de ônibus. Longe dos outros, e travando suas batalhas pessoais com a consciência, eles acabarão se encontrando e iniciando uma luta. O filme foi premiado no Festival Internacional de Toronto. Fly with the crane China/2012, 99min. Direção: Li Ruijun. O velho Ma acredita que os pássaros grous brancos levam os corpos dos mortos para o paraíso e está completamente assustado com a ideia de ser cremado depois de morto. Quando o governo implementa a prática de cremação, ele procura a ajuda dos netos. The red house Nova Zelândia/2012, 85min. Direção: Alyx Duncan. “Sua casa é o lugar de onde você vem ou o que você carrega dentro de si onde quer que vá?”. Esta é a essência do drama que mostra a vida de um casal na faixa dos 60 anos de idade. Lee é um ativista experiente ainda ligado a fazer planejamentos locais. Jia é uma refugiada chinesa. Eles se conheceram 20 anos antes. Agora, ela deve voltar à China, para ver seus parentes idosos, que ainda vivem no apartamento em que ela cresceu, numa cidade que mudou muito desde que ela foi embora. O filme acompanha a viagem do casal pelo mundo e por aquilo que eles criaram para si, a casa vermelha no mato, cheia de livros e memórias. Touch of de light Taiwan/2012, 110min. Direção: Chang Jung-chi. 41 vo Rincón), Uruguai (Tanta água, de Ana Guevara e Letícia Jorge), Bolívia (Lo más bonito y mis mejores años, de Martin Boulocq), Equador (Prometeo deportado, de Fernando Mieles), outra vez Chile (Miguel de San Miguel, de Matias Cruz,) e Argentina, certamente (Paisajes devoradas, do veterano Eliseo Subiela, autor de clássicos do realismo mágico, como, por exemplo, o esotérico Homem olhando a sudeste (1986), e do muito mais recente (e muito menos esotérico) Lifting do coração (2006), história de um homem casado com filhos que, durante uma viagem de negócios, se apaixona por uma mulher muito mais jovem. Apesar do tema banal e tantas vezes visto no cinema deste último filme, Subiela deixa sua marca ao narrar com grande perspicácia a angústia da personagem que vê sua vida estável e tranquila se esvanecer como uma bola de sabão. Dissipados como uma bola de sabão também foram os anos da euforia de Wall Street. Muitas de suas funestas consequências estão dramatizadas nos longas que participam da Mostra Crisis. Alguns títulos são auto-explicaticos: Mercados futuros (Espanha), de Mercedes Alvarez, e 99% ocuppy Wall Street (Estados Unidos), de Aaron Aites e Audrey Ewell, já dizem a que vieram. Fatal assistance (França/ EUA/Haiti/Bélgica), do haitiano Raoul Peck, fala do colossal trabalho de reconstrução depois do terrível terremoto que assolou o país alguns anos atrás. Sushi – the global catch (Estados Unidos), de Mark Hall, é uma curiosa especulação sobre as consequências que a mania mundial pela comida japonesa, originária de TóO pianista cego Huang Yu-Siang protagoniza sua própria história no filme de estreia de Chang Jung-chi. Siang é um prodígio do piano que nasceu com deficiência visual na área rural de Taiwan. A narrativa ficcional acompanha sua entrada na universidade para estudar música e o confronto com colegas e desafios. Por outro lado, a bela Jie trabalha como vendedora de chá e sonha em se tornar uma dançarina. O encontro entre os dois acende uma chama em Siang (que se apaixona pela voz suave de Jie) e pode libertar os dois de suas prisões. O filme conquistou a crítica de Taiwan e o público dos festivais de Taipei e Busan. 42 Blancanieves Espanha/2012, 104min. Direção: Pablo Berger. Era uma vez uma menina que nunca conheceu a mãe. Aprendeu a arte do pai, um fa- Divulgação luz câmera ação 99% ocuppy Wall Street, de Aaron Aites e Audrey Ewell quio, poderá trazer no futuro. Mais politicamente chocante, Vol Special (França), de Fernand Melgar, aborda iniquidades do governo suíço em relação a imigrantes ilegais encarcerados num campo de detenção à espera de um “voo especial” que os levará de volta a seus países de origem, muito embora não tenham colocado os pés por lá há mais de duas décadas. Também político, Calles de la memória, da argentina Carmem Guarini, fala dos desaparecidos durantes os anos da ditadura militar em seu país. Outros que desafiam o “coro dos contentes” vêm da nação considerada a besta-fera causadora de todas as mazelas do mundo: os EUA. Mas a democracia ali funciona e produz contra-discursos (e também discursos) como aqueles explicitados em alguns dos filmes presentes na mostra Independentes Americanos. Todavia, não espere panfletos engajados politicamente. Com exceção de Detroit unleaded, de Rola Nashef, abordando questões relativas à perda de identidade da co- munidade árabe dos EUA, os outros filmes preferem discutir aspectos da vida cotidiana (e amorosa) dos cidadãos, normalmente negligenciados pelo cinema dos grandes estúdios. E a África, onde fica nisso tudo? O BIFF nos dá mais uma chance de testemunhar o que vem acontecendo cinematograficamente por lá. Realizadores da Argélia, do Senegal, da Nigéria (país que experimentou uma explosão cinematográfica a partir do suporte do vídeo), da África do Sul e de Moçambique. Não dá para deixar passar. Se o Senegal e a Argélia costumam frequentar festivais por aqui e no exterior, em grande parte através de co-produções com a França, os cinemas de África do Sul pós-apartheid e de Moçambique pós-descolonização não deixam de ser uma avis rara em qualquer canto do planeta. moso toureiro, mas era odiada por sua malvada madrasta. Um dia, fugiu com uma companhia de anões e se transformou numa lenda. Ambientado no sul da Espanha, nos anos 1920, o filme é um tributo ao cinema mudo. Premiado com dez prêmios Goya, incluindo melhor filme e atores, foi selecionado para o Oscar 2012. sua herança para o cachorro e só no caso de morte do animal o dinheiro passará às mãos dos empregados. Do seu jeito e em silêncio, ambos começaram uma luta: ele contra a empresa; ela contra o cachorro. Curiosamente, são lutas que não se veem. Com Susana Salazar e Jesús Padilla. Workers México/Alemanha/2013, 120min. Direção: José Luis Valle. Rafael e Lídia viveram uma história de amor no passado e continuam ligados pela memória de um filho morto. Ele, depois de toda uma vida de trabalho numa fábrica em Tijuana, descobre que por um erro de papelada não conseguirá sua tão sonhada aposentadoria. Ela fica sabendo que, depois de décadas como empregada de uma grande casa, sua patroa ao morrer deixou toda BIFF – Festival Internacional de Cinema de Brasília De 13 a 23/6 no Cine Cultura Liberty Mall e Museu da República. Ingressos: R$ 16 e R$ 8. Mais informações em www.biffestival.com. Eat sleep die Suécia/2012, 100min. Direção: Gabriela Pichler O filme conta a história da jovem Rasa, de origem muçulmana, que tem 20 anos de idade e vive com o pai doente em uma pequena cidade no sul da Suécia. Quando a fábrica em que trabalha reduz seu pessoal, ela perde o emprego. O filme então segue sua luta para encontrar um novo emprego e cuidar do pai ao mesmo tempo. Com Nermina Lukac, Milan Dragisic, Jonathan Lampinen, Peter Fält e Ruzica Pichler.
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